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Alterações da Fala

Profª Simone Biangolino


Alterações da Fala (linguagem)

 Esta parte do registro


descreve as características Produção Qualidade

físicas da FALA em termos


de sua:
Velocidade

Quantidade
 A FALA pode ser rápida ou lenta,
pressionada, hesitante, emotiva,
dramática, monótona, alta, sussurada
arrastada, em staccato ou confusa

 Prejuízos da FALA tais como gagueira, estão incluídos


nessa seção.
 Ritmos incomuns (chamados de disprosódia) e
qualquer sotaque presente devem ser notados!
 A linguagem, particularmente na sua forma verbal, é
uma atividade especificamente humana, talvez a
mais característica de nossas atividades mentais.

 É o principal instrumento de comunicação dos seres


humanos
 Além disso, é fundamental na elaboração e na
expressão do pensamento.
Embora de difícil definição e delimitação,
sempre foram de grande interesse para a
Alterações da linguagem secundária lesão
neural identificável
Afasia
Parafasias
Agrafia
Disartria
Distonia e Disfemia
Dislalia
 Tais alterações ocorrem geralmente associadas
a acidentes vasculares cerebrais, tumores
cerebrais, malformações arterio-venosas, etc
 Há, portanto, alterações neuronais
identificáveis, evidentes, que produzem esses
sintomas.

AVC Tumor cerebral


 Namaioria dos casos, as lesões ocorrem no
hemisfério esquerdo, nas regiões ditas
áreas cerebrais da linguagem (frontal
póstero-inferior, temporal póstero-
superior_
É comum, portanto, que os déficts
orgânicos da linguagem venham
acompanhados de hemiparesias do domínio
direito do corpo
 É a perda da linguagem, falada e escrita, por
incapacidade de compreender e utilizar os símbolos
verbais.

 Refere-se sempre a uma perda de habilidade


linguística que foi previamente adquirida no
desenvolvimento cognitivo do indivíduo

 Tal perda se refere, em regra, a lesão neuronal do


SNC
 É, por definição, um distúrbio orgânico da
linguagem, na ausência de incapacidade motora (do
órgão fonador) para produzi-la.

 Também importante para o diagnóstico de afasia é


que não haja perda global e grave da cognição como
um todo.
Principais tipos de afasia
Afasia da expressão ou Afasia de compreensão Afasia Global
de Broca ou de Wernicke

Trata-se da afasia não-fluente, Consiste na afasia fluente, Geralmente é uma afasia


na qual o indivíduo, apesar do em que o indivíduo grase, não-fluente,
órgão fonador preservado, continua podendo falar, acompanhada por
não consegue falar ou fala mas a sua fala é muito hemiparesia direita, mais
com dificuldades, de forma defeituosa, às vezes acentuada no braço.
monótona, pois seus incompreensível. O
pronunciamentos são curtos, paciente não consegue Deve-se a lesões amplas da
com latência aumentada nas compreender a linguagem região perisilviana
respostas e sem contorno (falada e escrita) e tem esquerda
melódico. dificuldades para a
repetição.
Tipos de Afasia e suas características clínicas
(Adaptado de Cumming, Trimle, 1995)
Tipo de Afasia Fluência Compreensão Repetição Localização no hemisfério esquerdo

Wernicke Fluente Comprometida Comprometida Temporal póstero-superior

Transcortical Fluente Comprometida Intacta Giro angular


sensorial
Talâmica Fluente Comprometida Intacta Tálamo (início com mutismo, disartria e
grave hemiparesia)
De condução Fluente Intacta Comprometida Fascículo arqueado

Anômica Fluente Intacta Intacta Temporal anterior, giro angular

Broca Não-Fluente Intacta Comprometida Frontal inferior

Transcortical motora Não-Fluente Intacta Intacta Frontal medial, ou área superior de


Broca
Transcortical Mista Não-Fluente Comprometida Intacta Lesões das afasias transcorticais
motoras e sensoriais
 São formas mais discretas de déficit de linguagem,
nas quais o indivíduo DEFORMA DETERMINADAS
PALAVRAS, como: designar de “camela” a cadeira

“ibro”, ao invés de livro

Ocorre muitas vezes no início


“cameila”, ao invés de
das síndromes demenciais
cadeira
 É a perda por lesão orgânica, da
linguagem escrita, sem que haja
qualquer déficit motor ou perda
cognitiva global.

 Ocorre de forma pura (agrafia pura,


por lesão da segunda circunvolução
frontal) e em forma associada às
afasias
 É a perda, de origem neurológica, da capacidade
previamente adquirida para a leitura.

 Dá-se associada às afasias e às agrafias.

 Pode ocorrer de forma pura e isolada


 É uma disfunção leve de leitura, encontrada
principalmente em crianças que apresentam
dificuldades diversas no aprendizado da linguagem
escrita
 É a incapacidade de articular corretamente as
palavras devida a alterações neuronais referentes ao
aparelho fonador, alterações essas que produzem
paresias, paralisias ou ataxias da musculatura da
fonação.
A paresia é a disfunção ou interrupção dos movimentos de
um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos e
conforme o grau do comprometimento ou tipo de
acometimento fala-se em paralisia ou paresia. O termo
paresia refere-se quando o movimento está apenas
limitado ou fraco. O termo paresia vem do grego PARESIS e
significa relaxação, debilidade.
 A fala é pastosa, aparentemente “embriagada”; a
articulação das consoantes labiais e dentais é muito
defeituosa, tornando, às vezes, difícil a compreensão.

 Foram descritas formas flácidas, espásticas, hiper e


hipocinéticas de disartria.
 Ocorrem em inúmeras patologias neuro-psiquiátricas e
neurológicas, particularmente na paralisia geral
progressiva associada à neurossífilis, no complexo
cognitivo-motor da AIDS e nas paralisias bulbares e
pseudobulbares.
 Alteração da fala produzida pela mudança da
sonoridade das palavras.

Tal alteração é causada por


uma disfunção do aparelho
fonador ou de um defeito da
respiração durante a fala

 Forma acentuada de
disfonia, na qual o indivíduo
não consegue emitir
qualquer som ou palavra.
 Alteração da linguagem falada sem qualquer lesão ou
disfunção orgânica, determinada por conflitos e
fatores psicogênicos.
 Também pode ser denominada como AFEMIA.

 Está comumente associada


a estados emocionais
intensos.
 É um tipo frequente de disfemia.

 Trata-se da dificuldade ou da impossibilidade de


pronunciar certas sílabas, no começo ou ao longo de
uma frase, com repetição ou intercalação de
fonemas (ga, gue, qui, que, etc) ou somente
trepidação na elocução (chamada gagueira clônica),
conseguindo o paciente, ao final, terminar a frase
normalmente
 Gagueira tônica: Tipo de gagueira na qual o paciente
não consegue pronunciar determinada palavra,
manifestando evidente esforço, acabando por dizê-la
de forma expulsiva ou sibilante e rápida.
 A gagueira pode ocorrer tanto devido a defeitos
mecânicos da fonação – excessiva rapidez de emissão
de voz, uso de tons inacabados, respiração viciosa –
como devido a fatores emocionais como ansiedade e
timidez
 Alteração da linguagem falada que resulta da
deformação, da omissão ou da substituição dos
fonemas, não havendo alterações identificáveis nos
movimentos dos músculos que participam da
articulação e emissão das palavras.
 A DISLALIA ORGÂNICA resulta de defeito da lingua,
dos lábios, da abóboda palatina ou de qualquer outro
componente do aparelho fonador.
 Nas DISLALIAS FUNCIONAIS, não se observam
alterações orgânicas do aparelho fonador sendo a sua
origem geralmente psicogênica, por conflitos
interpessoais ou por imitação.
Alterações da linguagem associadas a
Transtornos Mentais Primários
Logorréia Tiques verbais ou fonéticos
e coprolalia
Loquacidade
Glossolalia
Bradifasia
Perseveração e
Mutismo estereotipia verbal
Ecolalia
Palilalia e logocionia
LOGORREIA

 Produção aumentada e acelerada


(taquifasia) da linguagem verbal.

 Um fluxo incessante de palavras e


frases, frequentemente associado ao
taquipsiquismo geral, podendo haver
perda da lógica do discurso.
LOQUACIDADE

 Aumento da fluência verbal sem


qualquer prejuízo da lógica do discurso
BRADIFASIA

 Alteração da linguagem na qual o


paciente fala muito vagarosamente, as
palavras seguem-se umas às outras de
forma lenta e difícil.

Geralmente está
associada a quadros
depressivos graves ou
com sintomas
negativos
MUTISMO

 Ausência de resposta verbal oral por


parte do doente.

 Os fatores causais são muito variáveis,


podendo ser de natureza
neurobiológica, psicótica ou
psicogênica
 O mutismo nas síndromes psiquiátricas é, na maior
parte das vezes, uma forma de negativismo verbal,
de tendência automática a se opor às solicitações do
ambiente no que concerne a resposta e à produção
verbal.
 O mutismo é observado nos vários tipos de estupor,
em quadros esquizofrênicos, principalmente
catatônicos e em depressões graves.
 Em crianças, observa-se com certa frequência, o
Mutismo Eletivo ou Seletivo, forma psicogênica de
mutismo ocasionada por dificuldades interpessoais,
principalmente na escola, dificuldades de
relacionamento familiar, frustrações, medos,
ansiedade social, intensa timidez ou hostilidade não-
elaborada por meio de uma comunicação mais clara
Mutismo Acinético

 Termo utilizado em neurologia para descrever uma


variedade de estados nos quais há completa não-
responsividade do indivíduo com manutenção dos
olhos abertos.

Ex: Coma com movimentos


oculares preservados em
pacientes com lesões
mesencefálicas.
PERSEVERAÇÃO OU
ESTEREOTIPIA VERBAL

 Repetições automáticas de palavras ou


trechos de frases, de modo
estereotipado, mecânico e sem
sentido.

 Pode ser o indicativo de lesões


orgânicas, particularmente as áreas
cerebrais pré-frontais.
ECOLALIA

 É a repetição da última ou das últimas


palavras que o entrevistador (ou
alguém no ambiente falou ou dirigiu ao
paciente.

 É um fenômeno quase que automático,


involuntário, realizado sem
planejamento ou controle.

É encontrada principalmente na esquizofrenia catatônica e


nos quadros psico-orgânicos
PALILALIA

 Repetição automática e estereotipada


pelo paciente da última ou das últimas
palavras que ele próprio emitiu.

 Ocorre de forma involuntária, sem


controle.
Ex: “ Eu moro em uma casa em Jundiaí, casa
em Jundiaí, Jundiaí, Jundiaí” (Dalgalarrondo, p. 241)
LOGOCLONIA

 É um fenômeno semelhante à palilalia,


sendo que aqui a repetição automática
e involuntária é das últimas sílabas
que o paciente pronunciou

Ex: “ Eu moro em uma casa em Jundiaí, aí,


aí, aí” (Dalgalarrondo, p. 241)
Palilalia

Logoclonia

Ocorrem principalmente
nos quadros demenciais,
em especial na demência
de Pick e de Alzheimer.

Formas de alteração da linguagem que indicam a


destruição do controle voluntário complexo da linguagem
e sua substituição por mecanismos mais automáticos e
estereotipados de comportamento verbal.
Doença de Pick ou PiD
 É uma doença neurodegenerativa
incomum causada por excesso
de proteína tau nos neurônios
conhecidos como corpos de Pick.
Geralmente afeta o lobo
frontal ou/e o lobo
temporal danificando a capacidade
de raciocínio, expressão de
linguagem e auto-controle. É
semelhante a doença de Alzheimer,
mas na doença de Pick os sintomas
comportamentais aparecem muito
antes da perda de memória
começando por volta dos 40-60
anos
Tiques verbais
ou fonéticos e
coprolalia

 São produções de fonemas ou palavras de forma


recorrente, imprópria e irresistível.

 No tique verbal, o paciente produz geralmente sons


guturais, abruptos e espasmódicos.

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