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BATERIA

DE EXERCÍCIOS
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Técnicas de análise e de interpretação textual -
Relação entre textos

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Interpretação de texto TEXTO II
Técnicas de análise e de interpretação textual - Bye bye Brasil
Relação entre textos (...) Mulher Nordestina: Meu santo, minha família foi em-
bora, meu santo... Olha, fiquei só com meu velho que mor-
◢ 1. (ENEM) reu semana passada. Mas quero ver o meu povo, onde
ele estiver, cê me entende, não? Meu santo, me diga, ocê
tá me ouvindo, onde é que eles foram, meu santo? (...)
Lord Cigano: E eu sei lá? Como é que vô saber? (...) Ei, pêra
aí, deixa eu ver! Olha, eu tô vendo: eles estão num vale mui-
to verde onde chove muito, as árvores são muito compri-
das e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza

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lá, que ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem
nunca e os jovens não perdem sua força. É uma terra tão
verde... Altamira! (...)
(in: filme Bye bye Brasil. Escrito e dirigido por Cacá Diegues)

A respeito de elementos textuais presentes nos fragmentos


dos textos de Cacá Diegues e de Bocage, considerando a re-
lação de significados e a contextualização, avalie as infor-
mações contidas nas cinco afirmativas a seguir:
I. Na locução emotiva da personagem nordestina de
Diegues, o vocábulo “povo” representa os seus familia-
res já mortos.
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um II. O diálogo das personagens no texto de Cacá é reprodu-
intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, zido pelo discurso indireto.
painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destrui- III. No diálogo das personagens do texto de Diegues há ele-
ção provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da mentos da linguagem não padrão e da função fática.
Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, re- IV. A vírgula, usada tanto para separar todas as ocorrên-
cebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por cias do termo “Meu santo”, na fala da mulher nordesti-
lotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal na no texto de Diegues, como para separar o termo “ó
contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Pi- Marília”, no primeiro verso do poema de Bocage, tem a
casso e a charge, ao explorar função de isolar o vocativo.
V. O estilo neoclássico do qual Bocage foi representante
a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, es- caracteriza-se, entre outros aspectos, pela inversão da
clarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quan- ordem sintática normal, como ocorre na primeira es-
to da obra de Picasso. trofe do texto poético lido.
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da
forma verbal “é”, evidenciando-se a atualidade do tema O correto está em: 2
abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo char- a) I, III, IV e V, apenas. c) II, III e IV, apenas.
gista brasileiro. b) III e IV, apenas. d) I, II e V, apenas.
c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a ima-
gem negativa de mundo caótico presente tanto em ◢ 3. (ENEM/PPL)
Guernica quanto na charge.
d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à per-
manência de tragédias retratadas tanto em Guerni-
ca quanto na charge.
e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, re-
metendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contex-
to do trânsito brasileiro.

◢ 2. (UNAMA)
TEXTO I
Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos
a beleza, Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfei-
ções da natureza!
(BOCAGE. Obras de Bocage)
Ao relacionar o problema da seca à inclusão digital, essa a) opressão física e moral, que gera rancor nos meninos.
charge faz uma crítica a respeito da b) repressão policial e social, que gera apatia nos meninos.
c) polêmica judicial e midiática, que gera confusão entre
a) dificuldade na distribuição de computadores nas áre- os meninos.
as rurais. d) concepção educacional e carcerária, que gera comoção
b) capacidade das tecnologias em aproximar realidades nos meninos.
distantes. e) informação crítica e jornalística, que gera indignação
c) possibilidade de uso do computador como solução de entre os meninos.
problemas sociais.
d) ausência de políticas públicas para o acesso da popula- ◢ 6. (ENEM/PPL)
ção a computadores.

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e) escolha das prioridades no atendimento às reais neces-
sidades da população.

◢ 4. (ENEM)
Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. Ele está comprome-
tido de monge.
De tarde deambula no azedal entre torsos de cachorro, Na tira, o recurso utilizado para produzir humor é a
trampas, trapos, panos de regra, couros, de rato ao podre, a) transformação da inércia em movimento por meio do
vísceras de piranhas, baratas albinas, dálias secas, verga- balanço.
lhos de lagartos, linguetas de sapatos, aranhas dependura- b) universalização do enunciador por meio do uso da pri-
das em gotas de orvalho etc. etc. meira pessoa do plural.
Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento Foi en- c) polissemia da palavra balanço, ou seja, seus múltiplos
contrado em osso. sentidos.
Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. d) pressuposição de que o ócio é melhor que o trabalho.
BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002. e) metaforização da vida como caminho a ser seguido con-
tinuamente.
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poe-
ma, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque ◢ 7. (ENEM)
a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de orató- TEXTO I
rios perdidos. SEIS ESTADOS ZERAM FILA DE ESPERA PARA TRANS-
b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação PLANTE DE CÓRNEA
divina. Seis estados brasileiros aproveitaram o aumento no núme-
c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ru- ro de doadores e de transplantes feitos no primeiro semes-
ínas e a tradição. tre de 2012 no país e entraram para uma lista privilegiada:
d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da a de não ter mais pacientes esperando por uma córnea.
natureza. Até julho desse ano, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, 3
e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas. Paraná, Rio Grande do Norte e São Paulo eliminaram a lista
de espera no transplante de córneas, de acordo com balan-
◢ 5. (ENEM) ço divulgado pelo Ministério da Saúde, no Dia Nacional de
Doação de Órgãos e Tecidos. Em 2011, só São Paulo e Rio
QUERÔ Grande do Norte zeraram essa fila.
DELEGADO Então desce ele. Vê o que arrancam desse sacana.
SARARÁ só que tem um porem. Ele é menor. TEXTO II
DELEGADO Então vai com jeito. Depois a gente entrega pro
juiz. (Luz apaga no delegado e acende no repórter, que se
dirige ao público.)
REPORTER E o Querô foi exprimido, empilhado, esmagado
de corpo e alma num cubículo imundo, com outros meni-
nos. Meninos todos espremidos, empilhados, esmagados
no corpo e alma, alucinados pelos seus desesperos, cega-
dos por muitas aflições.Muitos meninos, com seus deses-
peros e seus ódios, empilhados, espremidos, esmagados de
corpo e alma no imundo cubículo do reformatório. E foi lá
que o Querô cresceu.
MARCOS. P. Melhor teatro, São Paulo: Global, 2003 (fragmento)

No discurso do repórter, a repetição causa um efeito de


sentido de intensificação, construindo a ideia de
A notícia e o cartaz abordam a questão da doação de ór- é um cuidar que ganha em se perder.
gãos. Ao relacionar os dois textos, observa-se que o cartaz é É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
a) contraditório, pois a notícia informa que o país superou é ter com quem nos mata, lealdade.
a necessidade de doação de órgãos. Mas como causar pode seu favor
b) complementar, pois a notícia diz que a doação de ór- nos corações humanos amizade,
gãos cresceu e o cartaz solicita doações. se tão contrário a si é o mesmo Amor?
c) redundante, pois a notícia e o cartaz têm a intenção de (Camões)
influenciar as pessoas a doarem seus órgãos.
d) indispensável, pois a notícia fica incompleta sem o car- Assinale a alternativa CORRETA.
taz, que apela para a sensibilidade das pessoas. a) Em Monte Castelo, Renato Russo dialoga com dois tex-

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e) discordante, pois ambos os textos apresentam posições tos distintos: o poema de Camões Amor é fogo que arde
distintas sobre a necessidade de doação de órgãos. sem se ver; e a Bíblia, no Capítulo 13 da 2ª Carta de Pau-
lo aos Coríntios, quando fala do Amor como um bem
◢ 8. (UPE) A relação entre textos sempre existiu como supremo, além de o título aludir a uma batalha da Se-
retomada de um texto mais novo de outro que o antecede, gunda Guerra Mundial, da qual participaram soldados
contudo o termo intertextualidade foi usado pela primei- brasileiros.
ra vez por Julia Kristeva, que, baseando-se nos estudos de b) Partindo do conceito de intertextualidade, expresso por
Bakhtin sobre o discurso, concluiu: “todo texto se constrói Julia Kristeva, pode-se afirmar que Renato Russo não
como mosaico de citações, todo texto é absorção e trans- devia ter lançado mão de partes da Bíblia Sagrada para
formação de um outro texto”. montar a letra de uma música profana.
(Fonte: KRISTEVA, Julia. Introdução à Semanálise. c) O diálogo entre textos conduz indiscutivelmente ao plá-
São Paulo: Perspectiva, 1974. p.72.) gio; dessa maneira, a montagem, como paródia de três
diferentes textos, realizada por Renato Russo, não o
Sobre intertextualidade, analise os textos 1 e 2. isenta da responsabilidade de ter usado indevidamente
a produção de autores que o antecederam.
TEXTO 1 d) Monte Castelo não foi uma montagem de dois textos, pois
Ainda que eu falasse a língua dos homens não houve intencionalidade do poeta em realizar tal fa-
E falasse a língua dos anjos çanha. A semelhança entre os textos é mera coincidência.
Sem amor eu nada seria e) O trabalho artístico do compositor brasileiro não pode
É só o amor, é só o amor ser considerado arte, porque não apresenta originali-
Que conhece o que é verdade dade e ineditismo; trata-se de uma mera paráfrase de
O amor é bom, não quer o mal textos anteriores a ele. Inadmissível de acordo com as
Não sente inveja ou se envaidece concepções dos dois autores: Bakhtin e Kristeva.
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente ◢ 9. (ENEM)
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer 4
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário
É um ter com quem nos mata a lealdade de consumo quando sua função é vender um produto. No
Tão contrário a si é o mesmo amor texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e ex-
[...] tralinguísticos para divulgar a atração “Noites do Terror, de
(Renato Russo, Monte Castelo) um parque de diversões.

TEXTO 2 O entendimento da propaganda requer do leitor


Amor é fogo que arde sem se ver, a) a identificação com o público-alvo a que se destina o
é ferida que dói, e não se sente; anúncio.
é um contentamento descontente, b) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de
é dor que desatina sem doer. terror.
É um não querer mais que bem querer; c) a atenção para a imagem da parte do corpo humano se-
é um andar solitário entre a gente; lecionada aleatoriamente.
é nunca contentar-se de contente;
d) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e a) a digitalização dos textos é importante para que os lei-
um dito popular. tores possam compreender seus romances.
e) a percepção do sentido literal da expressão “noites do b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importan-
terror”, equivalente à noites de terror”. te porque deixou uma vasta obra literária com temática
atemporal.
◢ 10. (ENEM) “Ele era o inimigo do rei”, nas pa- c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da
lavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um ro- digitalização, demonstra sua importância para a histó-
mancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pe- ria do Brasil Imperial.
dro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá impor-
de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O gua- tante papel na preservação da memória linguística e da
rani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. identidade nacional.

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Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas e) o grande romancista José de Alencar é importante por-
nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folheti- que se destacou por sua temática indianista.
nista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advoga-
do, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar
na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do GABARITO
século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. 10. [D] 8. [A] 6. [C] 4. [E] 2. [A]
História Viva, n.° 99, 2011. 9. [D] 7. [B] 5. [A] 3. [E] 1. [E]
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alen-
car e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que

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