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TEMA: IGREJA, QUE SER É ESSE?

Prof. Eliseu GP (eliseugp@yahoo.com.br) — canal: https://www.youtube.com/channel/UC7fLvblK2VUrTsyc1Xta3pQ


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LIÇÃO 02 — IGREJA VISIVEL E INVISIVEL, LOCAL E UNIVERSAL

1) INTRODUÇÃO
a) Revisão: no encontro passado, falamos sobre instituição e institucionalização da igreja.
b) Tema: o que queremos dizer com igreja invisível? Igreja local?
c) Objetivo: hoje, quero destacar outro aspecto, visando ajudar a corrigir/esclarecer a compreensão.

2) SIGNIFICADO BÁSICO:
i) visível, do verbo ‘ver’, visto, viso, visibile; visível é o que se pode ver;
ii) invisível: o que não se pode ver; por quê? Porque os olhos não captam; não significa que não
existe, mas que sua realidade não pode ser percebida pelo olho humano.
iii) Aplicação à Igreja: quando falamos em igreja visível ou invisível, o que queremos dizer?

3) CONCEITO:
a) O que é conceito? ‘concebido’ (= con + caber); não é o mesmo que ‘significado’; é a maneira de
‘conceber’ intelectualmente; um modo de pensar; não reflete o sentido literal, mas conceitual.
b) Igreja visível (igreja local): “A igreja visível é a igreja como a vemos” na história; a igreja no
sentido formal; singular; concreto; institucional; que tem endereço certo; visibilidade pública.
c) Igreja invisível (universal/católica): “A igreja invisível é a igreja como Deus a vê” (WGruden);
o corpo de Cristo em relação ao seu Cabeça, Cristo; somente Deus conhece; reúne todo o povo de
Deus, de todas as épocas, de todos os lugares; todos os que atendem o chamado de Jesus, seguem
sua revelação e cumprem sua missão. “O Senhor conhece os que lhe pertencem” (2Tm 2.19).

4) HISTÓRICO E JUSTIFICATIVAS:
a) Por que falamos em igreja visível e invisível?
b) Igreja católica: no período após Constantino-Teodósio, a igreja se tornou religião oficial do
Império Romano; logo depois, com a queda do Império Ocidental (476), Roma entrou em conflito
com a igreja de Constantinopla, capital do Império Oriental; após o cisma (1054), surgiu uma forte
discussão sobre quem era a igreja verdadeira, pois ambas afirmavam a única igreja de Jesus.
c) Reforma Protestante: a confusão aumentou, quando os protestantes romperam com a igreja
católica e fundaram diversas igrejas, não ligadas a uma autoridade central.
d) Conclusão:
i) A Igreja Católica mantém seu status de igreja única, portanto, a instituição = corpo de Cristo.
“Fora da igreja [católica] não há salvação”. Para os católicos, igreja visível é propriamente é a
Igreja Católica Apostólica Romana; a igreja invisível é a igreja Católica de todos os tempos, que
inclui os católicos de hoje, do céu e do purgatório.
ii) Para os protestantes, a igreja visível é toda igreja local e igreja invisível é a igreja verdadeira
que está presente em todas as igrejas formais e informais. Fora de Cristo não há salvação.
iii) Cristo passa a ser o centro da salvação e a igreja é relativizada.
iv) Agostinho: “Muitas ovelhas estão fora e muitos lobos estão dentro”. — há descrentes na igreja
visível e há crentes fora da igreja visível.
5) BASE BÍBLICA:
a) Igreja local: a palavra ‘igreja’ é aplicada a qualquer grupo de pessoas que se reúnem em nome
de Jesus, podendo ser até mesmo uma casa, cidade, região ou do mundo todo.
i) Casa: “à igreja que está em sua casa” (Fm 1.1-2); “saudai a igreja que se reúne na casa deles
(Rm 16.5); na casa de Aquila e Priscila (1Co 16.19);
ii) Cidade: mesmo que fosse composta de diversos locais de reunião, era uma igreja só — “à igreja
de Deus que está em Corinto” (1Co 1.2); “à igreja dos tessalonicenses” (1Ts 1.1);
iii) Região: a igreja da Judeia, Galileia e Samaria (At 9.31).
b) Igreja geral (mundo todo): “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25);
“Deus estabeleceu na igreja, primeiramente apóstolos” (1Co 12.28).
c) Conclusão: o conceito de igreja padece de uma certa fragilidade inerente; é impossível se
apropriar da ‘igreja’ e dar a ela uma forma única e segura. A igreja não é a somatória simples das
igrejas locais, mas a igreja local expressa a igreja de Cristo.

6) IMPLICAÇÕES E RESSALVAS:
a) O conceito de igreja invisível e visível não implica em duas igrejas, mas, sim, em uma mesma
igreja vista de duas formas.
b) É possível que esse conceito dê margem a discussões, ressalvas e más-interpretações, mas, como
todo conceito, ele não explica tudo nem serve para resolver todos os problemas relacionados à igreja.
c) Igreja invisível não serve como desculpa para os pecados/erros da igreja visível: a igreja será
julgada por sua existência histórica, empírica, não abstrata.
d) É verdade que a liberdade institucional torna as igrejas cristãs evangélicas mais vulneráveis aos
desvios da sã doutrina, e requer dependência do Espírito Santo para conhecer a verdade (C.Westm).
e) Entre essas falhas, a liberdade institucional permite que haja cristãos falsos nas melhores
igrejas e cristãos verdadeiros nas igrejas falsas.

7) VANTAGENS:
a) Ajuda a situar a unidade na Igreja de Cristo na unidade do Espírito e nas afirmações doutrinárias
essenciais, mesmo que haja divergências em conceitos teológicos periféricos.
b) Impede que qualquer igreja arrogue para si o título de igreja única.
c) Evitar a síndrome de “igreja pura”, ou comunidade isenta de erros.
d) Obriga cada igreja a se portar com temor e humildade, buscando a santidade e a perfeição que
agradam a Deus.
e) Defende o direito de ser Igreja, não permitindo que nenhuma instituição assuma o monopólio e a
exclusividade da fé cristã, preservando a liberdade de todos os crentes quanto à revelação de Deus.

8) PARA REFLETIR
a) Não usar o conceito de igreja visível/invisível para excluir uma ou outra igreja da fé cristã.
b) Reconhecer que a graça da salvação extrapola livremente os limites de sua igreja.
c) Os cristãos não-católicos, por força da própria história e eclesiologia, são obrigados a concluir
que a igreja de Cristo traspassa e perpassa, atravessa e não se restringe a nenhuma instituição.
d) Características da Igreja de Cristo: submissão a Cristo, prática do Evangelho e santidade de vida.

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