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EVANGELION, BATALHA REAL E A ESTÉTICA NOVENTISTA JAPONESA (animes psicologicos)

*AVISO* ESSE VÍDEO CONTÉM SPOILERS

INTRODUÇÃO
Antes de entrar no tópico principal, um breve contexto: após o fim da Segunda
Guerra o Japão estava destruído, sua capacidade industrial foi drasticamente
reduzida e todas as suas colônias foram perdidas, para conseguir se adaptar ao
cenário moderno o país teve que ser reerguer com a ajuda dos Estados Unidos e isso
deu muito certo, com um modelo economico misto o crescimento econômico foi recorde
e em algumas décadas o Japão virou um país simbolo do desenvolvimento humano, o
país do futuro.

Os anos 80 no Japão foram uma década de liberdade e inovações, com uma população
cosmpolita que deixava sua marca cultural no Mundo com a Sony, a Nintendo, a Toyota
e o grandioso City Pop, as expectativas eram boas e a população estava otimista com
o seu paraíso capitalista na Terra, mas eles não sabiam que esse era o início do
fim.

Os anos 90 chegarem chutando a porta e o milagre econômico acabou, o mercado de


ações foi pro ralo, bancos ficaram a beira da falência e empresas deixaram de ser
rentáveis, os danos dessa crise foram tão sérios que mesmo após 3 décadas ainda não
se recuperaram dessa crise; voltando aos anos 90 no meio desse caos controlado
surge Neon Genesis Evangelion.

EVA
Evangelion começou a ser publicado em 94 e o anime saiu em 95, a série conta
história de Shinji Ikari um adolescente problemático tendo que viver em um Mundo
pós-apocaliptico distópico, Shinji subtamente é convocado pelo seu pai para a
cidade futurista de Tóquio-3 onde ele vai ter que pilotar um "robô" chamado EVA
para impedir que criaturas alienigenas chamados de "Anjos" destruam oque resta da
humanidade, tendo que lidar com conflitos internos e externos, Shinji é subitamente
obrigado a encarar oque sempre fugiu e tem que escolher entre a vida e a
inexistência; o seu descontrole emocional é evidente durante todo o seriado, afinal
assim como todos os personagens, Shinji é apenas mais um produto do seu meio, já
que diferente do apocalipse econômico da década de 90 aqui algo realmente
catastrófico aconteceu.

Desde o início da série nos é apresentado o Segundo Impacto, o evento de extinção


em massa que aconteceu nos anos 2000; as pessoas que não foram de base pelo
incidente acabaram indo pra vala em guerras por recursos e com isso metade da
população mundial foi pro saco e mesmo que após 15 anos de esforço e que a
sociedade tenha se recuperado de tal evento as cicatrizes ainda estão lá,
mentalmente eu quero dizer.

Apesar de ser uma das obras mais influentes da história dos animes e ter
influenciado até mesmo animações estadunidenses, Evangelion foi considerado
controvérso pela sua violência e brutalidade; na mesma época (1996) é escrito um
livro que influenciaria tanto a cultura pop que o caldo rende até hoje, seu nome?
Battle Royale.

B.R
Após a publicação do livro e do mangá, Battle Royale ou em português Batalha Real
foi adaptado para os cinemas em 2000, o filme mostra Shuya Nanahara um adolescente
que teve sua excurção escolar raptada e tem que sobreviver em uma ilha junto com
seus antigos colegas, 21 garotos e 21 garotas, todos tem que se eliminarem até que
reste apenas um, esse é o conceito do programa BR, uma lei criada pra colocar os
jovens rebeldes na linha; não só Shuya mas todos ali são obrigados a colocarem suas
vidas em risco e lidar com situações que imaginavam serem surreais até pouco tempo,
enquanto ainda lidam com suas próprias emoções e desejos, a violência e o desespero
é algo estampado no filme todo, afinal a constante ameaça de destruição é algo
realmente assustador, é interessante analisar o peso de cada cena de óbito no
filme, por meio delas que você consegue entender os personagens, suas origens e
motivações, diferente de qualquer filme de terror genérico que você vá ver, pois na
Batalha Real toda ação tem uma reação.

Dando um maior contexto sobre a obra, em contraste com a já citadas políticas pós-
guerra a educação japonesa passou a receber significativos investimentos do
governo, os alunos eram educados para serem os melhores, o seu comportamento e
desempenho eram controlados para que estivessem apitos para o mercado de trabalho e
manter a máquina girando e os professores eram vistos como hérois nacionais... mas
tudo isso acabou, em Battle Royale por conta da decadência econômica e moral da
sociedade japonesa o país caiu no totalitarismo e se tornou a República da Grande
Ásia Oriental, em resposta os alunos começaram a se rebelar e declararam greve ás
aulas e esse foi o estopim para a criação da competição.

Apesar de Batalha Real ter sido um best seller e a maior bilheteria do ano na sua
estréia, o filme foi condenado pela Dieta Nacional do Japão.

Análise e Semelhanças
Se analisarmos bem, ambas as obras são considerados clássicos de seus respectivos
genêros e por terem adolescentes como protagonistas encaixam de forma quase
universal as inseguranças, o bullying, a violência, os conflitos e os
descobrimentos ( ͡° ͜ʖ ͡°); dentre tantos milhões os protagonistas foram escolhidos
para participar de um implacável jogo mortal, mas não é só de emoções juvenis que
uma obra é feita eu tô falando sobre algumas das peças de mídia japonesas mais
influentes das últimas décadas e não de Malhação ou qualquer outra série teen
genérica que a Maria de 13 anos gosta de assistir enquanto lê fanfics medíocres no
Wattpad, não, eu tô falando sobre o pico da ficção, eu tô falando sobre o
existencialismo, a identidade, enquanto em Evangelion os personagens constantemente
enfrentam questões sobre sua identidade e propósito no Mundo, em outra mão os
personagens de Batalha Real tem as suas habilidades colocadas em xeque quando são
obrigados sobreviverem por si só em uma floresta enquanto deixam sua humanidade de
lado tendo que se churrasquarem pela chance de ver o sol nascer no dia seguinte,
tudo isso vale a pena afinal?

CONCLUSÃO
Como já foi dito Battle Royale e Evangelion receberam inicialmente uma recepção
crítica positiva, no entanto acabaram sendo considerados controversos devido ao seu
assunto brutal, ainda mais quando o público alvo é exatamente os jovens... E afinal
talvez seja esse o ponto; a retratação crua da brutalidade humana em um quadro
realista é oque torna tudo tão vivo e único, afinal é pra isso que serve a arte,
gerar reação, quando você se dá conta um anime sobre robôs gigantes acaba trazendo
mensagens filosóficas profundas, e isso somado ao drama, o mistério e o espetáculo
visual conecta Evangelion e Batalha Real e por isso são tão especiais pra tantas
pessoas.

FUN FACTS: A dubladora japonesa da Asuka tá nesse filme e o dublador brasileiro do


Shinji é o protagonista.

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