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práticas do movimento
1 INTRODUÇÃO
atores, seus discursos e práticas. Além disso, levanta questionamentos sobre a necessidade de
Em Assembleia Geral, a Organização das Nações Unidas, por meio de sua Resolução
que vai de 2015 a 2024. Com o tema ‘Povos Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e
grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos (GOMES;
MIRANDA, 2018). Tal fato constitui-se como um importante marco para se desenvolver
população negra continua sem números expressivos. No Brasil, por exemplo, o impacto do
afroempreendedorismo.
O fato é que, conforme assinala Davies (2009, p. 78), “subsistem condições
diapasão, para além dos problemas sociais desencadeados pela segregação social, o
africana e afro-brasileira (NASCIMENTO, 2018). É preciso destacar, deste modo, que como
Nessa seara, autores como Almeida (2013) e Campos (2018) apontam as ações
necessidades do indivíduo, vontades, escolhas, das suas identificações que são a origem da
contemporâneo têm como foco último a busca de lucro. Entretanto, o afroempreendedor está
sempre envolto com questões que transcendem o campo mercantil (ALMEIDA, 2013). Logo,
o foco do afroempreendedorismo não está apenas no interesse financeiro, mas sobretudo nos
pressupostos ideológicos (LEMOS, 2019), para os quais a cultura gera negócios e os negócios
Vale ressaltar que cada produto cultural é único mesmo que seja produzido
Isto porque, para o autor, é o valor de uso que torna um produto cultural único, ou seja,
afroconsumidores.
que a adequação estratégica deve ser entendida como um processo de ajuste recíproco entre a
por modificações.
adequação estratégica é criar condições para que o produto tenha os principais atributos de
Aponta-se, deste modo, para a adequação estratégica dos produtos culturais ofertados
específicas (LEMOS, 2019). Afinal, conforme defende Gomes (2003), discutir sobre a cultura
Nessa mesma linha de pensamento, Almeida (2003 p. 122) aponta para o fato de que a
determinada forma de subjetividade que atua como processo que, por sua vez, auxilia os
afroempreendedores das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA) atuantes no mercado de
produtos culturais?
1.2 JUSTIFICATIVA
para afroempreendedores atuantes no mercado de produtos culturais das cidades de São Paulo
(SP) e São Luís (MA). Dessa forma, o avanço teórico pode ser evidenciado a partir do
culturais. Além disso, o estudo far-se-á uso de análise comparada de sujeitos de duas capitais
com características culturais distintas, fato esse que enriquece o estudo. Acrescenta-se, ainda,
como fator relevante, o uso de uma abordagem metodológica mista, tendo em vista a
afroempreendedores possuem.
‘Os Donos de Negócio no Brasil’, feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
A versão mais recente da pesquisa, tendo por base dados da Pnad do período de 2001 a
2014, aponta para um crescimento de 47% no número de donos de negócio negros no país,
passando de 8,7 milhões para 12,8 milhões de pessoas (SEBRAE, 2016). Esse aumento
deveu-se ao fato de, na última década, ter havido uma expansão expressiva do número de
próprio e fazem circular em torno de R$ 359 bilhões em renda própria por ano (GASPAR;
ROSA, 2020).
de São Paulo, em 2011, possuía 4,2 milhões de Donos de Negócio, sendo que 30% deles eram
pretos ou pardos. Por sua vez, o estado do Maranhão, no mesmo ano, possuía 865 mil Donos
de Negócio, sendo que 77% deles eram pretos ou pardos (SEBRAE, 2013).
Gaspar e Rosa (2020) reforçam esses espaços como ambientes relevantes de pesquisa
culturais e físicas muito específicas e as estratégias adotadas são genéricas, voltadas, em sua
ainda são muito incipientes, com destaque para a carência de abordagens quantitativas e
que pesquisas sobre relações raciais são importantes (RIBEIRO; FERREIRA; COSTA
JÚNIOR, 2019) pela escassa produção de trabalhos que abordem a população negra na
administração. Tais pesquisas são necessárias para uma compreensão histórica da “forma com
que as pessoas se veem, se assumem e se colocam nas relações do cotidiano” (ROSA, p. 256,
2014).
1.3 OBJETIVOS
produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA).
de produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);
mercado de produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);
2013). Diante disso, Santos (2017) aponta que há dificuldade de se estabelecer um conceito
para o termo e que a expressão não aparece no dicionário e não há registros de quem ou onde
foi criado.
movimento, a cada dia, ganha mais força tanto no contexto dos agentes (afroempreendedores)
quanto no contexto do mercado (afroconsumidores) (FRANÇA; DIAS; OLIVEIRA, 2018;
econômico (SCHUMPETER, 1982). Por outro lado, o movimento carrega, em sua essência,
uma ideologia cuja proposta é reafirmar a cor e a raiz de um determinado grupo (DAVIES,
2009; AMARTINE, 2019), servindo, deste modo, como um importante canal de discussões
Uma das primeiras tentativas de conceituação do termo foi empreendida pelo Serviço
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE em estudo cujo objetivo foi analisar o
afroempreendedor seria o “pequeno empresário que se declara negro e que manufatura e/ou
comercializa produtos voltados para sua própria etnia” (SEBRAE, 2017, p. 15). Entretanto, a
Essa restrição conceitual é esclarecida por Nascimento (2018). Para a autora, cabe
entendido como o sujeito que se autodeclara preto ou pardo e decide produzir e/ou ofertar
segundo é uma pessoa que também se autodeclara preta ou parda e desenvolve um negócio
Mesmo com suas restrições, o estudo realizado pelo SEBRAE traz muitas
construíram seu negócio a partir da história pessoal de exclusão e são propensos a valorizar os
aspectos culturais relacionados ao comércio. Estima-se que 18,9% dos afroempreendedores
(SEBRAE, 2017).
invisíveis aos olhos do mercado em sua totalidade (comunicação, produção industrial etc),
respeitadas” (ETNUS, p. 13, 2016). Diante disso, Nascimento (2018) aponta que não se pode
negligenciar a questão racial que envolve os dois movimentos, a qual não aparece como pano
de fundo, mas como elemento central para essa atividade econômica que tem crescido
consideravelmente no país.
que lhe permitirão ter um rosto próprio (SOUSA, 1990). É nesse contexto que o
NO CONTEXTO DO AFROEMPREENDEDORISMO
Nessa sociedade, a de consumo, “as coisas não são possuídas por si mesmas, mas pelo
que dizem, por sua potência comunicativa através da linguagem” (COSTA et al., p. 7, 2003).
Noutras palavras, tudo que se possui e que se compra nada mais são do que figurações e
enunciados especiais dos objetos, embebidos de significados que vão além do seu valor de
Assim, entende-se produto cultural como aquele que carrega em si uma carga
simbólica ainda mais forte, quando comparado aos demais produtos (HOLT, 1998). Apesar da
notoriedade da transformação da cultura em mercadoria, destaca-se que é seu valor social que
a distingue dos demais produtos. Isto porque, enquanto um produto comum esgota seu valor
social no ato do seu consumo, o produto cultural tem seu valor social reproduzido ao longo do
que vários autores empreenderam movimentos em prol de buscar um padrão capaz de defini-
los e de estabelecer-lhes o tipo ou o segmento a que pertencem. Nesse estudo, opta-se pela
desigualdades culturais.
restritos a uma elite de usuários (CANCLINI, 1997; RABÊLO NETO et al., 2014).
serviços ultrapassam sua funcionalidade e seu valor comercial, agregando a eles, deste modo,
diferenciação e poder. E é nesse diapasão que surgem as discussões acerca de quão relevante
se como uma forma de empoderamento tanto de quem empreende como de quem consome.
Entretanto, Bolognesi (1996) afirma que, no Brasil, o mercado dos bens simbólicos obedece a
Paulo não se sentem representados esteticamente nos anúncios e propagandas de marcas que
consome. Além disso, 61% deles diz que ter afro-brasileiros nas propagandas de produtos
específicas visando entregar os produtos culturais que ofertam com maior efetividade. O
Nesse contexto, Chicco et al. (2001) apontam que a eficácia da oferta de produtos e
internos do negócio constitui uma das principais razões para a ineficácia da estratégia
(GRANT, 1998).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento desta pesquisa será empregada uma metodologia mista, a qual
norteado pelo estudo das subjetividades e dos significados que envolve questões emergentes,
sociais. No que se refere à análise de conteúdo, Bardin (2011) informa que ela representa um
survey, por meio de dados coletados de parte da população objetivando uma avaliação da
secundários obtidos por meio dos relatórios/pesquisas do IBGE, UNCTAD e FIRJAN e, nas
além de empreendedores das indústrias criativas do Estado do Piauí. A análise dos dados
quantitativos será feita com o auxílio do Software SPSS 22.0 (Statistical Package for Social
Sciences) para análises das técnicas multivariadas e do Software SmartPLS- 2.0, para a
por se tratar de um estudo com uma variável dependente para várias variáveis independentes
(HAIR et al., 2009). Para identificar o formato das distribuições e os padrões de respostas,
de assimetria e curtose dos indicadores propostos para os constructos do estudo. Será utilizada
a Análise Fatorial Exploratória (AFE), como forma de avaliação inicial de medida dos
constructos e como forma de explicar as variáveis pelas cargas fatoriais para cada fator. O
uma combinação linear entre as variáveis, de forma que o máximo da variância seja explicado
por essa combinação. A confiabilidade das escalas de medidas dar-se-á a partir do cálculo do
Alpha de Cronbach, por meio de testes de consistência interna que representa uma medida de
socioeconômico, será realizada análise de regressão. Essa técnica possibilita prever o poder de
Levantamento bibliográfico
Elaboração do projeto de
qualificação
Qualificação
Coleta de dados
Análise dos dados
Redação do trabalho
Entrega da Dissertação
Defesa da Dissertação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. Pesquisa de métodos mistos. 2. ed. Porto Alegre: Penso,
2013.
HAIR, J. et al. Análise Multivariada de Dados. Tradução Adonai Schlup Sant Ánna e
Alselmo Chaves Neto. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
HOFER, C.; SCHENDEL, D. E. Strategy formulation. St. Paul, MN: West Pub. Co., 1978.