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AFROEMPREENDEDORISMO NO MARANHÃO: antecedentes, atores, discursos e

práticas do movimento

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa preocupa-se em iniciar/ampliar a discussão sobre a importância do

afroempreendedorismo no estado do Maranhão, destacando seus principais antecedentes, os

atores, seus discursos e práticas. Além disso, levanta questionamentos sobre a necessidade de

políticas públicas voltadas para a valorização da identidade negra, para a inclusão

socioeconômica e promoção do desenvolvimento humano dessa população.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Em Assembleia Geral, a Organização das Nações Unidas, por meio de sua Resolução

nº 68/237, de 23 de dezembro de 2013, instituiu a Década Internacional dos Afrodescendentes

que vai de 2015 a 2024. Com o tema ‘Povos Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e

desenvolvimento’, a comunidade internacional reconhece os povos afrodescendentes como um

grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos (GOMES;

MIRANDA, 2018). Tal fato constitui-se como um importante marco para se desenvolver

estratégias de redução do preconceito e da desigualdade de renda, além de configurar-se como

um período de fortalecimento da representatividade e identidade negra no Brasil e no Mundo.

Lima e Benevides (2018) destacam que, apesar de diferentes ações, a emancipação da

população negra continua sem números expressivos. No Brasil, por exemplo, o impacto do

racismo estrutural tem limitado a visão da sociedade em relação ao afrodescendente

(RIBEIRO; FERREIRA; COSTA JÚNIOR, 2019), tornando-se necessário combater ações

discriminatórias. Uma das vias para reduzir as distorções é o empoderamento econômico

dessa população (SIMÃO, 2017; NASCIMENTO, 2018), dando origem ao

afroempreendedorismo.
O fato é que, conforme assinala Davies (2009, p. 78), “subsistem condições

segregadoras de participação dos grupos raciais e de gênero em nossa estrutura produtiva.

Essas condições se cristalizam com surpreendente durabilidade na história do país”. Nesse

diapasão, para além dos problemas sociais desencadeados pela segregação social, o

Afroempreendedorismo é tratado como atividade essencial para o desenvolvimento

socioeconômico do país (VILLAVERDE, 2014) em função da criação de empregos e renda

para milhões de cidadãos negros (MONTEIRO, 2001; DOWBOR, 2013).

Assim, o afroempreendedorismo se refere à prática, da população declarada negra ou

parda, de empreender (LIMA; BENEVIDES, 2018; AMARTINE, 2019), cujos produtos e

serviços oferecidos mantêm relação direta com a valorização da identidade estética/cultural

africana e afro-brasileira (NASCIMENTO, 2018). É preciso destacar, deste modo, que como

movimento político, o afroempreendedorismo “reflete não apenas a face meramente

empresarial, mas o foco daquele empreendimento em difundir a cultura negra, alterar as

concepções racistas existentes na sociedade, fortalecer a identidade negra e estimular a

autoestima das pessoas negras” (AMARTINE, 2019, p. 35).

Nessa seara, autores como Almeida (2013) e Campos (2018) apontam as ações

oriundas do afroempreendedorismo como atos de resistência a um mercado com

empreendedores majoritariamente brancos. Assim, a estratégia adotada pelos

afroempreendedores baseia-se na atuação mercadológica a partir da condição étnica, através

da exploração de mercados que visam à comercialização de produtos intrínsecos às

necessidades do indivíduo, vontades, escolhas, das suas identificações que são a origem da

concepção da sua identidade.

É interessante notar que as estratégias de qualquer empreendimento no mundo

contemporâneo têm como foco último a busca de lucro. Entretanto, o afroempreendedor está

sempre envolto com questões que transcendem o campo mercantil (ALMEIDA, 2013). Logo,
o foco do afroempreendedorismo não está apenas no interesse financeiro, mas sobretudo nos

pressupostos ideológicos (LEMOS, 2019), para os quais a cultura gera negócios e os negócios

suportam a cultura (LIGHT, 2008).

Vale ressaltar que cada produto cultural é único mesmo que seja produzido

industrialmente e seguindo uma estratégia de preço mercadológica (HERSCOVICI, 1995).

Isto porque, para o autor, é o valor de uso que torna um produto cultural único, ou seja,

mantém o universo simbólico no consumo e é preservado o gesto artístico de seu criador.

Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias de adequação visando uma oferta

direcionada ao público consumidor (BÁNKUTI; BÁNKUTI, 2014), no caso os

afroconsumidores.

Entende-se por adequação estratégica o alinhamento, a orientação e a aderência à

estratégia (MAYRINK; MACEDO-SOARES; CAVALIER, 2009). Cunha (1996) acrescenta

que a adequação estratégica deve ser entendida como um processo de ajuste recíproco entre a

organização e o ambiente, pressupondo que tanto a organização quanto o ambiente passarão

por modificações.

Motta (2001) reforça tal pensamento ao apontar que os empreendimentos precisam

desenvolver um processo de adaptação estratégica para lidar de forma eficiente com as

questões da racionalidade do consumidor. Nesse sentido, entende-se que o fim último da

adequação estratégica é criar condições para que o produto tenha os principais atributos de

modo a atender aos anseios dos consumidores (OLIVA et al., 2010).

Aponta-se, deste modo, para a adequação estratégica dos produtos culturais ofertados

por afroempreendedores, tendo em vista que os mesmos precisam responder a questões,

organizacionais, gerenciais (MILES; SNOW, 1978), histótico-políticas e ideológicas

específicas (LEMOS, 2019). Afinal, conforme defende Gomes (2003), discutir sobre a cultura

negra exige um posicionamento e comproetimento político explícito diante da questão racial,


entendida aqui como indissoluvelmente ligada ao conjunto de questões sociais, culturais,

históricas e políticas do nosso país.

Nessa mesma linha de pensamento, Almeida (2003 p. 122) aponta para o fato de que a

produção e o consumo de bens étnicos apresentam uma conotação política comunicacional,

uma vez que expressam “a posição de um grupo, a produção e reprodução de uma

determinada forma de subjetividade que atua como processo que, por sua vez, auxilia os

afrodescendentes no reconhecimento enquanto tais”.

Diante disso, tendo em vista a importância de estudos relacionados a adoção de

estratégias de adequação, ao afroempreendedorismo e ao mercado de produtos culturais,

estabeleceu-se o seguinte problema de pesquisa: Que estratégias são adotadas por

afroempreendedores das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA) atuantes no mercado de

produtos culturais?

1.2 JUSTIFICATIVA

No que tange às justificativas e contribuições da pesquisa, deve-se colocar as seguintes

considerações. Esse estudo se justifica e contribui ao buscar propor estratégias de adequação

para afroempreendedores atuantes no mercado de produtos culturais das cidades de São Paulo

(SP) e São Luís (MA). Dessa forma, o avanço teórico pode ser evidenciado a partir do

levantamento das estratégias adotadas por afroempreendedores na oferta dos produtos

culturais. Além disso, o estudo far-se-á uso de análise comparada de sujeitos de duas capitais

com características culturais distintas, fato esse que enriquece o estudo. Acrescenta-se, ainda,

como fator relevante, o uso de uma abordagem metodológica mista, tendo em vista a

necessidade de compreender as representações sociais de afroempreendedorismo que os

afroempreendedores possuem.

É sabido que a temática do afroempreendedorismo ganhou destaque com a pesquisa

‘Os Donos de Negócio no Brasil’, feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE, a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD) entre os anos de 2002 a 2012 e publicada em 2013.

A versão mais recente da pesquisa, tendo por base dados da Pnad do período de 2001 a

2014, aponta para um crescimento de 47% no número de donos de negócio negros no país,

passando de 8,7 milhões para 12,8 milhões de pessoas (SEBRAE, 2016). Esse aumento

deveu-se ao fato de, na última década, ter havido uma expansão expressiva do número de

pessoas que se autodeclaravam negras (pretas e pardas) (UFRJ, 2013).

Além disso, a população negra no Brasil movimenta em torno de R$ 1,7 trilhão na

economia nacional. Em termos absolutos, 14 milhões de negros possuem o seu negócio

próprio e fazem circular em torno de R$ 359 bilhões em renda própria por ano (GASPAR;

ROSA, 2020).

No tocando às justificativas de escolhas dos espaços de pesquisa, tem-se que o estado

de São Paulo, em 2011, possuía 4,2 milhões de Donos de Negócio, sendo que 30% deles eram

pretos ou pardos. Por sua vez, o estado do Maranhão, no mesmo ano, possuía 865 mil Donos

de Negócio, sendo que 77% deles eram pretos ou pardos (SEBRAE, 2013).

Gaspar e Rosa (2020) reforçam esses espaços como ambientes relevantes de pesquisa

ao mencionarem que afroempreendedores e mercados afroconsumidores são mais

frequentemente encontrados na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Maranhão, sendo

que o afroempreendedorismo e o afroconsumo são incentivados, nesses territórios, como

estratégias de enfrentamento das vulnerabilidades econômica e social.

Entretanto, existem condições de mercado desfavoráveis aos afroempreendedores que

são decorrentes de um mercado centrado na população branca (ALMEIDA, 2003; GOMES,

2003). Noutras palavras, o afroempreendedor desenvolve produtos com características

culturais e físicas muito específicas e as estratégias adotadas são genéricas, voltadas, em sua

maioria, ao mercado racializado.


É relevante apontar que os estudos que tratam do fenômeno do afroempreendedorismo

ainda são muito incipientes, com destaque para a carência de abordagens quantitativas e

qualitativas que possibilitem compreender o empreendedorismo no país a partir da perspectiva

da população negra (OLIVEIRA; PEREIRA; SOUZA, 2013). Em contrapartida, defende-se

que pesquisas sobre relações raciais são importantes (RIBEIRO; FERREIRA; COSTA

JÚNIOR, 2019) pela escassa produção de trabalhos que abordem a população negra na

administração. Tais pesquisas são necessárias para uma compreensão histórica da “forma com

que as pessoas se veem, se assumem e se colocam nas relações do cotidiano” (ROSA, p. 256,

2014).

Portanto, justifica-se a realização deste estudo, voltado para o estudo do

afroempreendedorismo e do desenvolvimento de estratégias de adequação de produtos

culturais ofertado por afroempreendedores, pela possibilidade de aplicação dos resultados

encontrados na formulação e reformulação de políticas públicas de fomento ao

empreendedorismo de natureza afrodescendente, visando a inclusão econômica e o

empoderamento da população negra, além da redução das vulnerabilidades socioculturais.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

 Analisar as estratégias adotadas por afroempreendedores atuantes no mercado de

produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA).

1.3.2 Objetivos Específicos

 Identificar o perfil dos afroempreendedores atuantes no mercado de produtos culturais

das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);


 Identificar as representações sociais de afroempreendedorismo de empreendedores

negros das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);

 Elencar estratégias de negócio adotadas por afroempreendedores atuantes no mercado

de produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);

 Comparar as estratégias de negócio adotadas por afroempreendedores atuantes no

mercado de produtos culturais das cidades de São Paulo (SP) e São Luís (MA);

 Propor uma modelo de adequação estratégica para o mercado de produtos culturais.


2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo aborda uma construção teórica dos temas afroempreendedorismo,

mercado de produtos culturais e estratégias de adequação. Assim, são apresentados conceitos

e antecedentes do afroempreendedorismo, bem como os fundamentos que justificam a

relevância da adoção de estratégias de adequação por afroempreendedores atuantes no

mercado de produtos culturais.

2.1 AFROEMPREENDEDORISMO: UM QUADRO TEÓRICO

São consensuais os estudos que inserem o fenômeno do afroempreendedorismo no

modelo de economia étnica (HADDAD, 2002; FERREIRA, 2002; SAMPAIO; MANCINI,

2007), cujos objetivos situam-se no fortalecimento da atuação da população negra na

economia brasileira (OLIVEIRA; PEREIRA; SOUZA, 2013) e na afirmação de sua cultura e

identidade (TEIXEIRA, 2017).

É preciso, no entanto, relatar a incipiência de pesquisas de natureza acadêmica que

tratam do tema (FRANÇA; DIAS; OLIVEIRA, 2018; OLIVEIRA; PEREIRA; SOUZA,

2013). Diante disso, Santos (2017) aponta que há dificuldade de se estabelecer um conceito

para o termo e que a expressão não aparece no dicionário e não há registros de quem ou onde

foi criado.

Nesse sentido, Almeida (2013, p. 247) aponta que


Uma das principais dificuldades que um pesquisador enfrenta ao investigar um
objeto como esse é a escassez de contribuições acadêmicas que discutam em termos
de quem é e como pensa o empresário e empreendedor negro. Há pouco interesse do
mundo acadêmico em trabalhar com esse público. Em um contexto social marcado
pelo racismo e pela ideologia do branqueamento, ser empresário(a) negro(a) tem um
significado adicional: a cor interfere nas suas estratégias, o racismo
institucionalizado na sociedade brasileira atua como fator importante, ora
inviabilizando as tentativas desses empresários, ora lhes proporcionando
dificuldades adicionais.

A verdade é que existem tentativas nascentes no campo e informativos de que o

movimento, a cada dia, ganha mais força tanto no contexto dos agentes (afroempreendedores)
quanto no contexto do mercado (afroconsumidores) (FRANÇA; DIAS; OLIVEIRA, 2018;

SANTOS, 2017; TEIXEIRA, 2017).

Lemos (2019) destaca que o afroempreendedorismo carrega um duplo aspecto. Por um

lado, sustenta-se na lógica do empreendedorismo, configurando-se como um movimento de

mudança econômica, capaz de gerar empregos, introduzir inovações e promover crescimento

econômico (SCHUMPETER, 1982). Por outro lado, o movimento carrega, em sua essência,

uma ideologia cuja proposta é reafirmar a cor e a raiz de um determinado grupo (DAVIES,

2009; AMARTINE, 2019), servindo, deste modo, como um importante canal de discussões

sobre assuntos como a inserção social, o racismo e o empoderamento (THEODORO, 2008;

NOGUEIRA; MICK, 2013).

Uma das primeiras tentativas de conceituação do termo foi empreendida pelo Serviço

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE em estudo cujo objetivo foi analisar o

mercado das Feiras de Afroempreendedores no Rio de Janeiro. Para a entidade, o

afroempreendedor seria o “pequeno empresário que se declara negro e que manufatura e/ou

comercializa produtos voltados para sua própria etnia” (SEBRAE, 2017, p. 15). Entretanto, a

concepção supracitada é restrita (AMARTINE, 2019).

Essa restrição conceitual é esclarecida por Nascimento (2018). Para a autora, cabe

diferenciação entre afroempreendedor e empreendedor negro. Assim, o primeiro deve ser

entendido como o sujeito que se autodeclara preto ou pardo e decide produzir e/ou ofertar

produtos ou serviços intimamente ligados à identidade afro-brasileira, enquanto que o

segundo é uma pessoa que também se autodeclara preta ou parda e desenvolve um negócio

não necessariamente correlacionado com a questão étnico-racial negra.

Mesmo com suas restrições, o estudo realizado pelo SEBRAE traz muitas

contribuições. Uma delas diz respeito ao reconhecimento de que afroempreendedores

construíram seu negócio a partir da história pessoal de exclusão e são propensos a valorizar os
aspectos culturais relacionados ao comércio. Estima-se que 18,9% dos afroempreendedores

ingressaram neste ramo para suprir as demandas consumeristas da população negra

(SEBRAE, 2017).

Reforçando tais concepções, a Consultoria ETNUS, na pesquisa intitulada

‘Afroconsumo - pesquisa sobre comportamento e hábitos de consumo dos afrodescendentes

da cidade de São Paulo’, datada de 2016, aponta que o afroempreendedorismo, e por

consequência o afroconsumo, surgem “como expressões das demandas de sujeitos ainda

invisíveis aos olhos do mercado em sua totalidade (comunicação, produção industrial etc),

que passam a exigir que suas individualidades e especificidades sejam consideradas e

respeitadas” (ETNUS, p. 13, 2016). Diante disso, Nascimento (2018) aponta que não se pode

negligenciar a questão racial que envolve os dois movimentos, a qual não aparece como pano

de fundo, mas como elemento central para essa atividade econômica que tem crescido

consideravelmente no país.

Aquino e Silva Júnior (2012) apontam o afroempreendedorismo como um movimento

de resistência responsável pela consolidação da identidade afrodescendente. Assim, nesse

processo de construção da identidade negra – tarefa eminentemente política – torna-se

necessário romper com o modelo da branquitude e organizar as condições de possibilidade

que lhe permitirão ter um rosto próprio (SOUSA, 1990). É nesse contexto que o

afroempreendedorismo toma forma.

2.2. O MERCADO DE PRODUTOS CULTURAIS E ESTRATÉGIAS DE ADEQUAÇÃO

NO CONTEXTO DO AFROEMPREENDEDORISMO

Antes de apresentar o conceito de produtos culturais, torna-se relevante entender o

papel do consumo, e mais especificamente do consumo de produtos culturais, na formação da

identidade de indivíduos e grupos.


Baudrillard (1998) aponta que o foco dos estudos sobre consumo está, sobretudo, nos

processos de socialização, uma vez que a circulação, a compra, a venda e a apropriação de

objetos e de signos diferenciados transformaram-se em mecanismos de comunicação na

sociedade moderna, a sociedade de consumo. O consumo, deste modo, assume papel de

construção e de afirmação de identidades, um meio de diferenciação, de exclusão e de

inclusão social que media as relações e as práticas sociais (BARBOSA, 2004).

Nessa sociedade, a de consumo, “as coisas não são possuídas por si mesmas, mas pelo

que dizem, por sua potência comunicativa através da linguagem” (COSTA et al., p. 7, 2003).

Noutras palavras, tudo que se possui e que se compra nada mais são do que figurações e

enunciados especiais dos objetos, embebidos de significados que vão além do seu valor de

uso. Os bens são símbolos e os símbolos, bens.

Assim, entende-se produto cultural como aquele que carrega em si uma carga

simbólica ainda mais forte, quando comparado aos demais produtos (HOLT, 1998). Apesar da

notoriedade da transformação da cultura em mercadoria, destaca-se que é seu valor social que

a distingue dos demais produtos. Isto porque, enquanto um produto comum esgota seu valor

social no ato do seu consumo, o produto cultural tem seu valor social reproduzido ao longo do

tempo (SILVA, 2008).

No tocante às classificações de produtos culturais, Ponte e Mattosso (2014) apontam

que vários autores empreenderam movimentos em prol de buscar um padrão capaz de defini-

los e de estabelecer-lhes o tipo ou o segmento a que pertencem. Nesse estudo, opta-se pela

classificação de Canclini (1997) por suas contribuições no campo da análise das

desigualdades culturais.

Aponta-se, deste modo, para a existência de quatro circuitos paralelos de produção e

circulação de bens e serviços culturais, a saber: a) o circuito das manifestações artísticas

strictu sensu, representado pela cultura de elite, erudita; b) o circuito histórico-territorial,


manifestado principalmente, no patrimônio histórico e na cultura popular tradicional; c) a

cultura de mídia, marcada pelos grandes espetáculos transmitidos pelos meios de

comunicação de massa, rádio, televisão, cinema, vídeo, DVD’s e outros suportes; d) os

sistemas de informação e comunicação como os satélites, os computadores, os celulares, ainda

restritos a uma elite de usuários (CANCLINI, 1997; RABÊLO NETO et al., 2014).

Avançando um pouco a discussão, McCracken (2003) e Baudrillard (1995) afirmam

que, na sociedade contemporânea, os significados e a importância atribuídos a produtos e a

serviços ultrapassam sua funcionalidade e seu valor comercial, agregando a eles, deste modo,

a capacidade de transmitir e de comunicar significados culturais. Silva (2000) acrescenta que

o consumo de produtos culturais, e mais precisamente dos seus significados, produz

diferenciação e poder. E é nesse diapasão que surgem as discussões acerca de quão relevante

é a atuação afroempreendedores no mercado de produtos culturais.

Empreender, no campo dos produtos culturais, para um afroempreendedor, configura-

se como uma forma de empoderamento tanto de quem empreende como de quem consome.

Entretanto, Bolognesi (1996) afirma que, no Brasil, o mercado dos bens simbólicos obedece a

mesma dinâmica de oferta do material, marcado pela adoção de estratégias voltadas,

majoritariamente, para a população branca.

Reforçando a informação supracitada, tem-se que 77% dos afroconsumidores de São

Paulo não se sentem representados esteticamente nos anúncios e propagandas de marcas que

consome. Além disso, 61% deles diz que ter afro-brasileiros nas propagandas de produtos

oriundos do afroempreendedorismo influenciam, direta ou indiretamente, na decisão de

compra (ETNUS, 2016).

Diante disso, é necessário que afroempreendedores desenvolvam estratégias

específicas visando entregar os produtos culturais que ofertam com maior efetividade. O

propósito do uso de estratégias adequadas é dar coerência e direção às ações e decisões do


empreendimento, de modo a melhorar e sustentar o alcance da visão e dos objetivos do

movimento afroempreendedor (GRANT, 1998).

Nesse contexto, Chicco et al. (2001) apontam que a eficácia da oferta de produtos e

serviços está no desenvolvimento de estratégias baseadas nos clientes. Assim, é preciso

conhecer seus comportamentos, anseios, valores (SILVA; RABÊLO NETO, 2018).

Acrescenta-se, ainda, que a adequação estratégica (estrategic fit) pressupõe

consistência entre todos os fatores estrategicamente significativos (produto, comunicação,

relacionamento com o cliente etc) (HOFER; SCHENDEL, 1978). E que a falta de

consistência entre a estratégia perseguida pela afroempreendedor e os ambientes externos e

internos do negócio constitui uma das principais razões para a ineficácia da estratégia

(GRANT, 1998).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o desenvolvimento desta pesquisa será empregada uma metodologia mista, a qual

permite a coleta de dados qualitativos e quantitativos (CRESWELL; CLARK, 2013). Diante

deste aspecto, na parte qualitativa serão aplicadas entrevistas semiestruturadas com

afroempreendedores atuantes no setor das indústrias criativas. Estas entrevistas serão

analisadas por meio da estratégia de análise de conteúdo (BARDIN, 2011).

Creswell (2010) afirma que a metodologia qualitativa é um processo de pesquisa

norteado pelo estudo das subjetividades e dos significados que envolve questões emergentes,

análise e interpretação de dados construídos individualmente tendo em vista fenômenos

sociais. No que se refere à análise de conteúdo, Bardin (2011) informa que ela representa um

conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter indicadores (quantitativos

ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Na parte quantitativa buscar-se-á uma perspectiva descritiva do tipo levantamento ou

survey, por meio de dados coletados de parte da população objetivando uma avaliação da

distribuição e inter-relações dos fenômenos que ocorrem naturalmente no ambiente

pesquisado (MARSDEN; WRIGHT, 2010). Para tanto será elaborado um questionário

levando em consideração as informações obtidas na revisão bibliográfica, nos dados

secundários obtidos por meio dos relatórios/pesquisas do IBGE, UNCTAD e FIRJAN e, nas

escalas identificadas em estudos anteriores.

Nesse sentido, considerar-se-á o agrupamento de assuntos sobre Políticas Públicas

(Fomento, Capacitação dos Agentes Atuantes, Infraestrutura de Distribuição e Informalidade),

Indústria Criativa e, por fim, questões sobre Desenvolvimento Socioeconômico (Emprego e

Renda, Empreendedorismo, Desenvolvimento Humano e Urbanização) (conforme figura 2).


Essa pesquisa terá como respondentes os gestores e formuladores de políticas públicas,

além de empreendedores das indústrias criativas do Estado do Piauí. A análise dos dados

quantitativos será feita com o auxílio do Software SPSS 22.0 (Statistical Package for Social

Sciences) para análises das técnicas multivariadas e do Software SmartPLS- 2.0, para a

análise de equações estruturais. Nesse estudo serão utilizadas técnicas de interdependência,

por se tratar de um estudo com uma variável dependente para várias variáveis independentes

(HAIR et al., 2009). Para identificar o formato das distribuições e os padrões de respostas,

serão realizadas análises descritivas de média, desvio-padrão, coeficiente de variação, índices

de assimetria e curtose dos indicadores propostos para os constructos do estudo. Será utilizada

a Análise Fatorial Exploratória (AFE), como forma de avaliação inicial de medida dos

constructos e como forma de explicar as variáveis pelas cargas fatoriais para cada fator. O

método utilizado será o de Componentes Principais (ACP), objetivando a identificação de

uma combinação linear entre as variáveis, de forma que o máximo da variância seja explicado

por essa combinação. A confiabilidade das escalas de medidas dar-se-á a partir do cálculo do

Alpha de Cronbach, por meio de testes de consistência interna que representa uma medida de

intercorrelação existente em um conjunto de itens (HAIR et al., 2009).

Com o objetivo de identificar as relações entre os constructos e o desenvolvimento

socioeconômico, será realizada análise de regressão. Essa técnica possibilita prever o poder de

variáveis dependentes (variável prevista ou explicada), em função das variáveis independentes

(variáveis explanatórias ou preditoras) possibilitando, também, um poder analítico nas

relações entre as variáveis (HAIR et al., 2009).


5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

SEMESTRES/ETAPAS 2021.1 2021.2 2022.1 2022.2 2023.1 2023.2 2024.1 2024.2

Integralização dos créditos

Levantamento bibliográfico

Elaboração do projeto de
qualificação

Qualificação
Coleta de dados
Análise dos dados

Redação do trabalho

Revisão e redação final

Entrega da Dissertação

Defesa da Dissertação
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