FIDELINO DE FIGUEIREDO

A Cátedra Garrett, de forma a valorizar a tradição, tenciona contribuir para a difusão da história dos
estudos portugueses no Brasil, a partir de um resgate da memória do setor de Literatura Portuguesa
da UERJ. Em razão disso, serão feitas minibiografias de professores e professoras de Literatura
Portuguesa não apenas da UERJ, uma das maiores difusoras dos estudos portugueses no Brasil, mas
também de outras universidades brasileiras que implementaram o ensino e a pesquisa nessa área.

Neste post, a Cátedra Garrett resgata e prestigia o professor Fidelino de Sousa Figueiredo (1889-1967),
destacando sua importância e contribuição para os estudos portugueses no Brasil.

De nacionalidade portuguesa, Fidelino formou-se em Geografia e História, no Curso Superior de

Letras de Lisboa, em 1910, e ingressou no magistério secundário. Organizou e dirigiu a Sociedade
Portuguesa de Estudos Históricos (SPEH), a Biblioteca Nacional de Lisboa e a Revista de História,
editada pela Sociedade. Na Espanha, onde permaneceu entre 1927 e 1929, foi professor de literatura
portuguesa e espanhola na Universidade Central, em Madri. Introdutor do ensino de Literatura
Portuguesa no Brasil, em 1938, esse célebre professor implementou a cadeira de literatura portuguesa
na USP, onde começou a ministrar um curso de literatura luso-brasileira e a realizar atividades
científicas com vista à publicação de produções críticas.

É importante também destacar que Fidelino de Figueiredo foi introdutor dos estudos de Literatura
Comparada no Brasil, de modo que dedicou-se a aprofundar a crítica comparativa das duas literaturas
peninsulares, isto é, a de Espanha e a de Portugal. No início da década de 1940, Figueiredo também
colaborou na fundação da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, onde organizou, em 1940 e 1941, o curso
de literatura portuguesa da Faculdade Nacional de Filosofia, hoje Faculdade de Letras da UFRJ. Para
aprimorar os recursos de ensino e pesquisa, propôs à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em
1948, a criação de um Instituto de Literatura, mais tarde, Instituto dos Estudos dos Portugueses da
USP (hoje Centro de Estudos Portugueses), uma iniciativa que inspirou a criação de vários outros
centros semelhantes no país, efetivando e disseminando, assim, o ensino e a pesquisa em estudos
portugueses no Brasil. Atualmente, esse grande estudioso é patrono da cátedra na Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), cujo foco é o estudo, pesquisa e divulgação da história, cultura, língua e
literatura luso-afro-brasileira com ênfase para a obra de Fidelino de Figueiredo.

Suas produções acadêmicas relacionam-se principalmente às seguintes linhas de pesquisa:

hispanismo; historiografia literária; crítica literária; relações entre filosofia e literatura; épica
portuguesa; e a ambiência heróica em Portugal no século XVI;

Relacionadas a essas pesquisas, editou/publicou artigos, ensaios, novelas, boletins, antologias, atuou
como difusor cultural da USP, deu conferências, palestras, etc.

Acreditamos que esse resgate, deve necessariamente incluir a divulgação de textos acadêmicos
importantes desses professores/pesquisadores, objetivando torná-los fonte para pesquisas e
discussões, além de promover uma história da crítica de literatura portuguesa no Brasil. Logo abaixo,
seguem alguns dos trabalhos da produção acadêmica de Fidelino de Figueiredo. São eles:

- Estudos de Literatura - Boletins da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (1951): Já

no final de 1938, Fidelino começa a publicação desses boletins como forma de apresentar os
resultados de suas pesquisas. São 8 boletins no total, sendo três de sua autoria e dois com o
seu prefácio. O boletim Letras n° 7, de sua autoria, contém estudos sobre Antero de Quental,
Almeida Garrett, a épica portuguesa, entre outros. Está disponível em PDF através do link:

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.literaturabrasileira.ufsc.
br/documentos/%3Faction%3Ddownload%26id%3D92249&ved=2ahUKEwiO1Jqht5ztAhUGLL
kGHW9wBKkQFjAJegQIFxAB&usg=AOvVaw3Ul1TTdgEBDiWuTf-PNy9p

- Pyrene (1935) - O livro tem, em sua gênese, as anotações de um curso ministrado por Fidelino,
em 1931, nos Estados Unidos. Compiladas na obra “Pyrene”, em 1935, essas anotações criaram
um ponto de partida para a introdução à história comparada das literaturas portuguesa e
espanhola. Esgotada nas livrarias desde há muitos anos, a obra foi recentemente reeditada
pela Cátedra Fidelino Figueiredo, na Universidade do Estado da Bahia. Está disponível para
compra no site da Eduneb:

https://portal.uneb.br/eduneb/livros/pyrene/

- História da Literatura Romântica Portuguesa, 1825-1870 (1913) - Nessa obra, Fidelino abrange
todo o período literário do romantismo português, estabelecendo um nexo entre o que o
 precedera e o que se pretendia abordar para, segundo o autor, medir a força inovadora do
romantismo e sua originalidade. Disponível para download no site Scribd:

https://pt.scribd.com/document/123371882/Historia-da-litteratura-romantica-portuguesa-1825-
1870-por-Fidelino-Figueiredo

- Fidelino de Figueiredo e a crítica da teoria literária positivista (2007): Publicada pelo Instituto
Piaget, a presente obra crítica é a tese de doutoramento de José Cândido de Oliveira Martins,
Doutor em Teoria da Literatura, docente e pesquisador da Universidade Católica Portuguesa
(Braga). É um estudo inteligente, sólido e rigoroso do pensamento e da obra de Fidelino de
Figueiredo. Fundado no conhecimento exaustivo do autor da bibliografia ativa de Fidelino,
que beneficiou-se das informações colhidas sobre o pensamento e a atividade docente e
investigadora do Mestre, durante uma estada como bolseiro da Fundação Calouste
Gulbenkian na USP, tendo trabalhado assiduamente na Biblioteca Fidelino de Figueiredo
doada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o autor contextualiza e amplia o
conhecimento sobre esse importante intelectual. Um dos grandes méritos desta tese consiste
na análise, a partir dos textos de Fidelino, de questões fulcrais da teoria da literatura da
primeira metade do século XX e de algumas problemáticas nucleares, sob o ponto de vista
histórico-literário, periodológico, comparativista e antropológico da literatura portuguesa.
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