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INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO
TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
Hugo Renan Bolzani
Janaina de Melo Franco Domingos

INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO
TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Edição 1

Belém-PA

2022
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B694

Bolzani, Hugo Renan

Introdução às principais características e etapas do tratamento de esgoto sanitário /


Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos. – Belém: RFB, 2022.

Livro em PDF

54 p.

ISBN: 978-65-5889-296-0
DOI: 10.46898/rfb.9786558892960

1. Esgotos. I. Bolzani, Hugo Renan. II. Domingos, Janaina de Melo Franco. III.
Título.

CDD 628.3

Índice para catálogo sistemático

I. Esgotos
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 9
ESGOTO SANITÁRIO.................................................................................................... 11
Características do esgoto sanitário.................................................................................. 14
Características físicas......................................................................................................... 15
Temperatura.......................................................................................................................... 15
Cor e turbidez........................................................................................................................ 16
Matéria sólida....................................................................................................................... 16
Odor...................................................................................................................................... 17
Características químicas.................................................................................................... 17
Potencial hidrogênionico....................................................................................................... 18
Oxigênio dissolvido............................................................................................................... 18
Determinação de matéria orgânica....................................................................................... 18
Óleos e graxas....................................................................................................................... 19
Fósforo total.......................................................................................................................... 19
Nitrogênio............................................................................................................................. 20
Características biológicas.................................................................................................. 21
Metais pesados................................................................................................................... 21
Estação de tratamento de esgoto..................................................................................... 22
Tratamento preliminar...................................................................................................... 24
Gradeamento......................................................................................................................... 25
Desarenadores....................................................................................................................... 27
Tratamento primário......................................................................................................... 29
Tratamento secundário..................................................................................................... 29
Reator anaeróbio de leito fluidizado...................................................................................... 31
Filtro biológico percolador e decantadors secundário........................................................... 33
Centrifugação e caleação....................................................................................................... 35
IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELAS ETES.................................................. 36
CONFIABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE ESGOTO.......................................... 45
PADRÕES DE LANÇAMENTO...................................................................................... 47
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 48
ÍNDICE REMISSIVO....................................................................................................... 53
APRESENTAÇÃO
O impacto do lançamento de efluentes de estações de tratamento de esgotos
em corpos d’água sempre foi um motivo de grande preocupação. Uma série de
legislações ambientais procura influir tanto nas condições de descarga quanto no
nível de tratamento exigido para minimizar os impactos ambientais negativos pro-
vocados pelo despejo.

No entanto, como comentam Johnstone e Norton (2000), definições adequadas


dos padrões a serem alcançados e vários esclarecimentos se tornam necessários,
dentre os quais: (a) se o desempenho deve ser baseado em valores absolutos ou
em uma porcentagem de remoção, (b) se os parâmetros usados como medidas de
controle devem estar incluídos nas licenças para lançamento, (c) se o regime de
amostragem deve ser baseado em amostras simples ou compostas, (d) se deve exis-
tir uma freqüência requerida de amostragens e análises, (e) qual deve ser o período
de julgamento do cumprimento (se deve ser considerada a amostra diária, a média
mensal, a média anual ou um valor percentual medido em um certo período de
tempo).

As pesquisas realizadas com o intuito de avaliar o desempenho de estações


de tratamento de esgoto se mostram fundamentais no planejamento e projeto de
sistemas de tratamento, uma vez que o alcance dos padrões de lançamento esta as-
sociado com um bom desempenho na tratabilidade do esgoto. Vários fatores podem
levar a problemas e instabilidades nos processos que ocasionará efeitos adversos no
tratamento do esgoto, pois não existe apenas uma variável responsável pela quali-
dade do mesmo.

Além do impacto do lançamento dos efluentes de Estações de Tratamento de


Esgoto (ETE) nos corpos d’água, os impactos ambientais provenientes das peculia-
ridades do sistema e das unidades operacionais também devem ser estudados. O
conhecimento prévio dos problemas associados à implantação e operação de um
empreendimento, por meio de instrumentos de avaliação de impacto e planejamen-
to ambientais, pode levar a adoção de medidas que evitem ou atenuem tais impac-
tos, reduzindo os danos ambientais e, conseqüentemente, os custos envolvidos na
sua remediação ou correção.

É importante que os processos de tratamento de esgotos sejam avaliados tam-


bém em relação à análise da qualidade que envolvem diferentes índices e indica-
dores, fornecendo informações que podem subsidiar a seleção de um determinado
sistema de tratamento e permitindo a avaliação do desempenho real de uma ETE,
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

no que se refere ao atendimento aos requisitos legais estabelecidos ou às metas de


eficiência definidas durante o projeto.

Condições de funcionamento dos equipamentos, além de detalhes de proje-


to, construção, operação e manutenção, devem ser analisadas de maneira conjunta,
para se tentar estabelecer e entender as relações existentes em uma ETE. Portanto, é
de fundamental importância que o funcionamento do tratamento seja acompanha-
do por um monitoramento que inclua aspectos importantes à operação do sistema.

O estudo dos diversos fatores que envolvem os processos em ETEs, como pro-
blemas mecânicos, operacionais e ambientais, bem como problemas de gestão do
empreendimento é uma ferramenta poderosa para a gestão ambiental sob vários
aspectos: possibilita localizar fontes poluidoras; possibilita identificar fatores de ris-
co; possibilita a tomada de medidas preventivas; e possibilita a tomada de medidas
corretivas.

A análise dos processos fornece também subsídios para tomada de decisão


com vistas à melhoria na eficiência dos processos e da qualidade do esgoto final.
Neste sentido, este livro é de grande relevância para a área de tratamento de es-
gotos, uma vez que se propõe a levantar as principais características de uma ETE,
utilizando como base as estações operadas no estado do Paraná.

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CAPÍTULO 1

ESGOTO SANITÁRIO
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

O termo esgoto é usado para caracterizar os efluentes gerados a partir dos


diversos tipos de uso das águas, tais como o uso doméstico, industrial,
hospitalar, agrícola, entre outros (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

O esgoto sanitário, segundo definição da NBR 9.648 (ABNT, 1986) é o des-


pejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a
contribuição pluvial parasitária. A especificidade de cada elemento integrante dos
esgotos é descrita da seguinte forma (SANEPAR, 2005a):
࣑ O despejo doméstico provém de qualquer edificação que contenha al-
gum dispositivo de utilização da água para fins domésticos;
࣑ O despejo industrial provém de qualquer utilização da água para fins
industriais e, dependendo do processo industrial, acabam adquirindo
características próprias;
࣑ A água de infiltração é aquela proveniente do subsolo, que penetra nos
condutos de esgotos através de juntas defeituosas dos tubos rompidos e
das paredes dos poços de visita;
࣑ A contribuição pluvial parasitária é a parcela de drenagem superficial
que é absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário (ligações clandes-
tinas de águas pluviais através dos orifícios dos tampões de visita).

O sistema separador absoluto, adotado pelo Brasil, faz com que as águas plu-
viais possuam uma rede exclusiva para sua coleta. Com isso, os esgotos sanitários
são constituídos apenas de despejos domésticos, uma parcela de águas pluviais (li-
gações irregulares ou clandestinas) e águas de infiltração (tubos, conexões, juntas e
paredes de poços de visita defeituosos).

Pode existir uma parcela de despejos industriais diluídos nos esgotos sanitá-
rios desde que os mesmos não interfiram no sistema de coleta e, principalmente, no
tratamento dos mesmos. Nesse livro serão estudados somente esgotos sanitários,
pois a política da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) é de não re-
ceber despejos industriais, em quantidade ou qualidade, que afetem o tratamento
biológico realizado em uma ETE.

As condições que indicam o estado do esgoto provêm da natureza e extensão


das ações dos microrganismos sobre os sólidos existentes no mesmo. O esgoto pos-
sui três estados (SANEPAR, 2005a):
࣑ Esgoto fresco: estado inicial, logo após sua geração, de cor cinza, turvo.
Não tem odor desagradável, possui pequenas quantidades de oxigênio
dissolvido proveniente da água de abastecimento;
࣑ Esgoto séptico: já envelhecido, o esgoto não possui oxigênio dissolvido,
com cor negra e desprendendo gases fétidos de cheiro ofensivo;
࣑ Esgoto estabilizado: possui sólidos inertes que já foram decompostos,
agora com pequenas quantidades de oxigênio, sem odor ofensivo e com
pouca quantidade de sólidos em suspensão.

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INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

A composição do esgoto sanitário é altamente variável, apresentando maior


teor de impurezas durante o dia, em horários mais utilizados para o banho e tra-
balhos domésticos. A matéria orgânica, especialmente fezes humanas, confere, ao
esgoto sanitário, suas principais características, que se modificam com o tempo,
sofrendo diversas alterações até completa mineralização e estabilização (GASI et
al., 1988). O Quadro 1 apresenta as origens de algumas substâncias constantes nos
esgotos.

Como carregam substâncias agressivas ao ambiente, os esgotos devem ser en-


caminhados a um tratamento adequado. As razões que recomendam o tratamento
dos esgotos podem ser resumidas por meio dos seguintes pontos (AZEVEDO NE-
TTO; HESPANHOL, 1977):
࣑ Saúde pública: evitar a contaminação das águas receptoras e as conseqü-
ências para os abastecimentos de água situados a jusante;
࣑ Ecológicas: manter as condições adequadas para o meio natural, evitan-
do alterações prejudiciais e a degradação do ambiente;
࣑ Econômicas: relacionadas com o valor das propriedades situadas a ju-
sante e com os prejuízos para a pesca e para as indústrias em geral, que
se abastecem com águas dos rios receptores;
࣑ Estéticas e de conforto: evitar o mau aspecto, desprendimento de gases,
mau cheiro, a presença de sujeira e materiais suspeitos etc. Os cursos de
água muito poluídos causam corrosão, descoloração de pinturas, altera-
ção de metais etc;

Razões legais: relacionadas às exigências legais, proteção ao homem, à pro-


priedade e aos bens materiais e aos direitos de comunidades, indústrias e proprie-
tários marginais prejudicados pelo lançamento de despejos.

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Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Quadro 1 - Substâncias presentes nos esgotos sanitários brutos


Tipos de Substâncias Origem Observações
A maioria contém o nutriente
Detergentes Lavagem de louças e roupas fósforo na forma de
polifosfato.
Sabões Lavagem de louças e roupas -
Substâncias córneas,
ligamentos da carne e fibras Fezes humanas
vegetais não digeridas
Porção de amido e de
Fezes humanas Vão se constituir na porção de
protéicos
matéria orgânica em
Urobilína, pigmentos
Urina humana decomposição entrada nos
hepáticos
esgotos.
Mucos, células de
Fezes humanas
descamação epitelial
Vermes, bactérias, vírus,
Fezes humanas
leveduras
Cada pessoa elimina 7 a 13
Cloreto de sódio Cozinhas e urina humana
g.d-1.
Fosfatos Detergentes e urina humana Cada pessoa elimina 1,5 g.d-1.
Sulfatos Urina humana -
Carbonatos Urina humana -
Uréia, amoníaco e ácido Cada pessoa elimina de 4 a 14
Urina humana
úrico gramas de uréia.d-1.
Gorduras Cozinhas e fezes humanas -
Areia: infiltrações nas redes de
Areia, plásticos, cabelos, coleta, parcela de águas pluviais, Areias: produções nas ETEs -
sementes, madeira, etc. etc. Demais substâncias são média de 0,041 L.m-3
lançadas nos vasos sanitários.
Fonte: Adaptado de Nuvolari (2003)

CARACTERÍSTICAS DO ESGOTO SANITÁRIO

O esgoto varia qualitativamente em função da composição da água de abas-


tecimento e dos diversos usos que são dados a essas águas. Além disso, varia em
função de diversas variáveis, desde o clima, hábitos culturais e também se modifica
ao longo do tempo, tornando sua caracterização complexa.

Grady et al. (1999) citam que os poluentes encontrados nos esgotos podem
apresentar em diferentes aspectos:
࣑ Aspectos físicos: solúvel e insolúvel;
࣑ Aspectos químicos: orgânico e inorgânico;
࣑ Suscetibilidade a alteração por microrganismos: biodegradáveis e não
biodegradáveis;
࣑ Origem: biogênico e antropogênico;
࣑ Efeitos: tóxicos e não tóxicos.

Segundo Von Sperling (2005) o esgoto sanitário é constituído de, aproxima-


damente, 99,9% de água e 0,1% de material sólido, caso não haja contribuição sig-
nificativa de lançamentos industriais. É por essa fração de 0,1% de sólidos que há

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INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

necessidade de tratar os esgotos, devido a presença de materiais orgânicos e inorgâ-


nicos, suspensos e dissolvidos, bem como microrganismos.

Para caracterizar o esgoto sanitário, são utilizadas determinações físicas, quí-


micas e biológicas, cujos valores permitem conhecer o grau de poluição, dimensio-
nar e determinar a eficiência das ETEs. De acordo com Metcalf e Eddy (2002) por
meio das características físicas e químicas, o esgoto pode ser classificado em forte,
médio e fraco, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 - Classificação do esgoto por meio das características físicas e químicas


Características (mg.L-1) Forte Médio Fraco
Sólidos Totais 1.200 720 350
Sólidos Dissolvidos 850 500 250
Sólidos Dissolvidos Fixos 850 500 250
Sólidos Dissolvidos Voláteis 525 300 145
Sólidos em Suspensão Totais 350 220 100
Sólidos Sedimentáveis 20 10 05
DBO5 400 220 110
DQO 1.000 500 250
Nitrogênio Total - NTK 85 40 20
Nitrogênio Orgânico 35 15 08
Nitrogênio Amoniacal 50 25 12
Fósforo Total 15 08 04
Cloreto 100 50 30
Sulfato 50 30 20
Óleos e Graxas 150 100 50
Fonte: Metcalf e Eddy (2002)

Características físicas

As características físicas dos esgotos sanitários a serem observadas são: tempe-


ratura, cor, turbidez, matéria sólida e odor.

✔ Temperatura
A temperatura dos esgotos sanitários no Brasil em geral está numa faixa de 20
a 25ºC e pode ter importância em certos casos. De acordo com Karl e Imhoff (2002)
ela influencia tratamentos de natureza biológica, nas operações que ocorre o fenô-
meno da sedimentação e na transferência de oxigênio.

O aumento da temperatura faz com que a velocidade dos processos de decom-


posição acelere, a viscosidade diminua melhorando as condições de sedimentação e
diminuindo a solubilidade do oxigênio.

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Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

✔ Cor e turbidez
A cor e a turbidez indicam de imediato o estado de decomposição do esgoto,
ou seja, servem como indicadores de seu estado de septicidade (JORDÃO; PESSÔA,
1995). Um esgoto com tonalidade branca-acizentada, acompanhada de alguma tur-
bidez, muito provavelmente, é esgoto fresco. Já a cor cinza-escura é típica de esgoto
séptico e de uma decomposição parcial.

Deve-se distinguir entre a cor aparente e a cor verdadeira. Na primeira pode


estar incluída uma parcela devida à presença de sólidos suspensos. Quando esta é
removida, obtém-se a cor verdadeira que é atribuída aos sólidos dissolvidos.

A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através


da água, conferindo uma aparência turva à mesma. Geralmente é causada por uma
grande variedade de sólidos em suspensão. Nos esgotos mais frescos ou mais con-
centrados geralmente a turbidez é maior.

De acordo com Jordão e Pessôa (1995) nos esgotos sanitários, a turbidez não é
usada como forma de caracterização do esgoto bruto, mas pode ser medida para ca-
racterizar a eficiência do tratamento secundário, uma vez que pode ser relacionada
à concentração dos sólidos em suspensão.

✔ Matéria sólida
Segundo Dacach (1991) os sólidos de esgoto classificam-se de acordo com o
tamanho de suas partículas, que podem ser minerais ou orgânicas.

A presença de sólidos, mesmo em pequenas proporções, assume grande im-


portância sanitária em virtude de seus efeitos nocivos sobre o ambiente. Além disso,
são eles que apresentam, dentro das características físicas, a maior importância em
termos de dimensionamento e controle de operação das unidades componentes em
uma ETE, pois sua remoção determina uma serie de operações de tratamento.

Os sólidos totais (ST) do esgoto podem ser definidos como a matéria que
permanece como resíduo após a evaporação a 103ºC. Se este resíduo é calcinado
a 600ºC, as substâncias orgânicas se volatizam (sólidos voláteis - SV) e as minerais
permanecem sob forma de cinza (sólidos fixos - SF) (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

Os sólidos totais classificam-se também em sólidos em suspensão totais (SST)


e dissolvidos totais (SDT). Dacach (1991) denomina os SST como as partículas reti-
das em papel de filtro que só permita a passagem daquelas com diâmetro inferior a

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INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

um milésimo de milímetro, e SDT com diâmetro inferior a esse último limite, pas-
sando através do filtro.

Existe a fração de sólidos sedimentáveis (SSed) constituída daquele material


em suspensão de maior tamanho e de densidade maior que a água, que se deposita
quando o sistema está em repouso. O SSed é um dado importante na verificação da
necessidade e no dimensionamento de unidades de sedimentação do tratamento de
esgotos. O método usualmente empregado para a medição do resíduo sedimentável
é o volumétrico do Cone de Imhoff.

✔ Odor
Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no
processo de decomposição.

Em esgoto fresco há predominância de odor de mofo, razoavelmente suportá-


vel, pois os poluentes contidos ainda não entraram em franca decomposição. Já nos
esgotos sépticos, o odor tem característica de ovo podre, devido a formação de gás
sulfídrico proveniente da decomposição do lodo (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

Características químicas

A composição química é extremamente variável dos esgotos sanitários e suas


características são classificadas em dois grupos: da matéria orgânica e da matéria
inorgânica. Segundo Von Sperling (2005), os principais constituintes orgânicos são
proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais orgânicos e componen-
tes dos produtos saneantes. Já os principais constituintes inorgânicos são sais for-
mados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potás-
sio, ferro e magnésio).

A matéria inorgânica existente nos esgotos é proveniente de águas de lava-


gens e mesmo sendo um material inerte, é necessário se ater às possibilidades de
entupimento e saturação de filtros e tanques, quando há grande quantidade deste
material.

A composição química dos esgotos é determinada principalmente pelos parâ-


metros: potencial hidrogênionico (pH), oxigênio dissolvido (OD), demanda química
de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), óleos e graxas (OG),
fósforo total (PT) e nitrogênio (N) em suas diversas formas - nitrogênio Kjeldahl
total (NKT), nitrogênio amoniacal (NH4+), nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-).

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Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

✔ Potencial hidrogênionico
Fator determinante na eficiência de alguns sistemas de tratamento de esgotos,
o valor de pH indica o caráter ácido e básico dos esgotos. É o logaritmo inverso da
concentração de íons hidrogênio no esgoto e varia de 0 a 14, sendo 7 o valor neutro.

Segundo Metcalf e Eddy (2002) a faixa de concentração adequada para a exis-


tência de vida é muito estreita e crítica, tipicamente 6 a 9. Despejos com concentra-
ção inadequada do íon H+ são difíceis de serem tratados por métodos biológicos.

Na presença de microrganismos da decomposição, um esgoto geralmente en-


velhece com a redução do valor pH. A digestão anaeróbia do lodo, em digestores,
tem início na fase ácida e termina na fase alcalina. O retorno à fase ácida é indício de
anormalidade no tratamento (DACACH, 1991).

✔ Oxigênio dissolvido
O OD é necessário para respiração de microrganismos aeróbios bem como
outras formas aeróbias de vida.

De acordo com Metcalf e Eddy (2002) a quantidade de oxigênio que pode estar
presente no esgoto é regulada por vários fatores, tais como: a solubilidade do gás, a
pressão parcial do gás na atmosfera, a temperatura e a concentração de impurezas.

✔ Determinação de matéria orgânica


Uma forma de se determinar a matéria orgânica é através das análises de DQO
e DBO5, sendo importantes para se conhecer o grau de poluição do esgoto, para se
dimensionar as ETEs e medir sua eficiência A DQO corresponde à quantidade de
oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica de uma amostra que seja oxi-
dável pelo permanganato ou dicromato de potássio em solução ácida, ou seja, por
meio de uma reação com oxidantes energéticos (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

Braile e Cavalcanti (1993) citam que a quantidade da matéria orgânica obtida


por meio da DQO é sobremaneira importante, pois verifica os despejos que contêm
substâncias tóxicas à vida.

A DQO leva em consideração qualquer fonte que necessite de oxigênio, seja


esta mineral ou orgânica. A rapidez das respostas de DQO (2 horas) também pode
ser citada como uma grande vantagem com relação à DBO5 (5 dias). Como desvan-
tagem, pode apresentar a falta de especificação da velocidade com que a bio-oxida-
ção possa ocorrer.

18
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

De acordo com Dacach (1991) o valor da DQO supera o da DBO5, por ser oxida-
da pelo dicromato tanto a matéria orgânica putrescível como a não biodegradável.
Pelo teste da DBO5 é determinada a quantidade de oxigênio dissolvido consumida
por microrganismos durante a degradação da matéria orgânica, que seria extraída
de um manancial superficial de água saturado do mesmo gás, se esse manancial
viesse a ser poluído pelo esgoto testado.

A DBO5 se processa em dois estágios: um primeiro, em que a matéria carbo-


nácea é oxidada, e um estágio subseqüente, em que ocorre uma nitrificação. Para
efeito de controle de operação, ou como parâmetro de projeto, usa-se a DBO de 5
dias. Ainda segundo os autores, além da DBO5 requerer maior tempo de resposta
que a DQO, o teste dessa última engloba não somente a demanda de oxigênio satis-
feita biologicamente (como a DBO5), mas tudo o que é susceptível de demandas de
oxigênio, em particular sais minerais oxidáveis (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

✔ Óleos e graxas
A matéria graxa e os óleos se encontram presentes nos despejos domésticos e
sua origem, em geral, se dá pelo uso de manteiga, óleos vegetais, carnes etc. Além
disso, podem estar presentes nos despejos produtos não tão comuns, como quero-
sene e óleo lubrificante.

De acordo com Giordano (1999) essas substâncias estão presentes tendo as


mais diversas origens. É muito comum a origem nos restaurantes industriais. As
oficinas mecânicas, casa de caldeiras, equipamentos que utilizem óleo hidráulico,
além de matérias primas com composição oleosa como gordura de origem vegetal,
animal e óleos minerais.

São indesejáveis em um sistema de tratamento de esgotos, pois aderem às pa-


redes, produzem odores desagradáveis, além de formarem uma camada de escuma
que pode vir a entupir os filtros, prejudicar a vida biológica e trazer problemas de
manutenção (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

✔ Fósforo total
O fósforo é fundamental aos processos energéticos dos seres vivos, sendo pre-
judicial por excesso ou escassez, uma vez que é indispensável aos microrganismos
promotores da oxidação bioquímica do esgoto e ao mesmo tempo favorece o desen-
volvimento de algas nos corpos d’água receptores (DACACH, 1991).

19
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

De acordo com Von Sperling (2005) e Metcalf e Eddy (2002) nos esgotos, o fós-
foro se apresenta nas seguintes formas:
࣑ Ortofosfatos: são diretamente disponíveis para o metabolismo biológi-
co, sem necessidade de conversões a formas mais simples. As principais
fontes dessa forma são: o solo, detergentes, fertilizantes, despejos indus-
triais e esgotos sanitários. As formas dos ortofosfatos se apresentarem
nas águas variam de acordo com o pH;
࣑ Polifosfatos: são moléculas mais complexas com dois átomos ou mais
de fósforo. Os polifosfatos se transformam em ortofosfatos por hidrólise
em solução aquosa, esta hidrólise é geralmente lenta.
࣑ Fósforo orgânico: é normalmente de menor importância nos esgotos sa-
nitários típicos. Nos sistemas de tratamento e nos corpos receptores so-
fre conversão em ortofosfatos.

A remoção de fósforo nas estações de tratamento, segundo Chernicharo (2001),


é muito difícil na maioria dos casos em que não se tem elevada diluição dos esgotos
da ETE, mesmo com o uso de tratamento com processos aeróbios convencionais,
a não ser que sejam projetadas especificamente para a sua remoção. Lora (2002)
complementa que nos sistemas de tratamentos, os organismos responsáveis pela
remoção do fósforo são as cianobactérias, o que possibilita a associação de dois ou
mais tipos de tratamentos biológicos.

Os órgãos de controle ambiental têm-se preocupado com o fósforo apenas nos


casos em que há problemas de eutrofização dos corpos d’água.

✔ Nitrogênio
A química do nitrogênio é complexa, devido aos diversos estados de oxidação
que o nitrogênio pode assumir na natureza.

Segundo Von Sperling (2005) nos esgotos domésticos, o nitrogênio, é prove-


niente dos próprios excrementos humanos, mas atualmente têm fontes importantes
nos produtos de limpeza domésticos e/ou industriais tais como detergentes e ama-
ciantes de roupas.

No esgoto o nitrogênio apresenta-se na forma de nitrogênio orgânico, nitrogê-


nio amoniacal, nitrito e nitrato. De acordo com Dacach (1991) o nitrogênio orgânico
das proteínas e aminoácidos, presente no esgoto recente, acaba por converter-se
durante a oxidação bioquímica, sucessivamente, em nitrogênio amoniacal, nitritos
e nitratos.

Os nitritos são muito instáveis no esgoto e se oxidam facilmente para a forma


de nitratos, portanto sua presença indica uma poluição mais antiga. Já os nitratos
são a forma final de uma estabilização, e podem ser utilizados por algas e outras

20
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

plantas para a formação de proteínas, que por sua vez, podem ser utilizados por
animais para formar proteína animal (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

O nitrogênio, assim como todo o nutriente, pode causar problemas de super-


produção de algas nos corpos receptores de ETEs. Esta superprodução é resultado
de sistemas de tratamento de esgotos mal projetados e executados que não são ca-
pazes de retirar a quantidade necessária de nitrato. A remoção de nitrato em exces-
so, nos esgotos tratados por processos biológicos, pode ser feita por meio de um
tratamento terciário.

Características biológicas

Para indicar a poluição de origem humana e para medir a grandeza dessa


contribuição, utilizam-se como organismos indicadores de poluição do grupo dos
coliformes. As bactérias constituem o elemento mais importante do grupo de orga-
nismos presentes nos esgotos sanitários, pois são responsáveis pela decomposição e
estabilização da matéria orgânica nas unidades de tratamento biológico e na natu-
reza. As principais bactérias responsáveis na remoção da DBO são as heterotróficas.

Segundo Jordão e Pessôa (1995) as bactérias coliformes são típicas do intestino


do homem e de outros animais de sangue quente e ela sozinha não é capaz de trans-
mitir doença, porém se excretada por um indivíduo doente, ela virá acompanha de
um organismo patogênico capaz de trazer doenças de veiculação hídrica.

Metais pesados

O esgoto exclusivamente residencial apresenta baixos teores de metais pesa-


dos, aumentando progressivamente com a contribuição industrial nas redes de co-
leta. O Quadro 2 apresenta os principais metais pesados observados nos esgotos,
sua origem e porque são problemáticos do ponto de vista sanitário e ambiental.

21
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Quadro 2 - Principais metais pesados observados em esgoto, principais fontes e implicações


Metal Origem Implicações
Ambiente: não essencial, altamente
Combustíveis, agrotóxicos,
tóxico, biocida.
Arsênio (As) metalurgia, componentes eletrônicos,
Saúde: problemas digestivos,
indústrias químicas, laboratórios.
neurológicos, carcinogênico.
Metalurgia, indústrias químicas,
Selênio (Se) pigmentos e corantes, tintas e Saúde: não essencial, carcinogênico.
vernizes, têxtil, material fotográfico.
Bário (Ba) Água, agrotóxicos, fertilizantes. Saúde: carcinogênico
Ambiente: não essencial, altamente
Termômetro, agrotóxicos, amalgama
Mercúrio tóxico, biocida.
dentária, tintas, lâmpadas
(Hg) Saúde: afeta sistema nervoso e sensorial,
fluorescentes.
pulmões, carcinogênico.
Ambiente: não essencial, altamente
Materiais odontológicos, fertilizantes,
tóxico a microrganismos.
Cádmio (Cd) agrotóxicos, galvanoplastia, baterias,
Saúde: problemas respiratórios e
tintas, indústria de plásticos e vidros.
vasculares.
Ambiente: não essencial, altamente
Baterias, pilhas, soldas, agrotóxicos, tóxico.
Níquel (Ni)
fertilizantes, cabelos. Saúde: afeta o fígado, rim, baço, pulmão
e cérebro.
Baterias, tintas, combustíveis,
Chumbo (Pb) Saúde: deficiências neurológicas.
pesticidas, papel impresso.
Ambiente: não essencial.
Galvanoplastia, curtumes, Saúde: afeta fígado, rim, sistema
Cromo (Cr)
componentes elétricos e eletrônicos. digestivo, pulmonar e circulatório.
Carcinogênico.
Metalurgia, galvanoplastia, Ambiente: essencial em baixas
tubulações, metais, beneficiamento da concentrações.
Cobre (Cu)
madeira, componentes elétricos e Saúde: difícil de ocorrer, afeta a
eletrônicos. absorção de outros elementos.
Ambiente: essencial em baixas
Metalurgia, recicladores, tubulações,
concentrações.
Zinco (Zn) galvanoplastia, têxtil, hospitais,
Saúde: raros. Toxidez adufa: náuseas,
material fotográfico, lavanderia.
vômito, diarréia, etc.
Fonte: Sanepar (2005d)

Geralmente esses metais são lançados na rede de esgotamento sanitário de


forma clandestina pelas indústrias e, uma vez no esgoto, esses elementos natural-
mente acabam concentrando no lodo e sua remoção é inviável sob o ponto de vista
econômico.

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Para haver o lançamento do esgoto em melhores condições de assimilação pe-


los corpos receptores e também devido a existência das legislações ambientais, fo-
ram construídas as ETEs que são definidas por La Rovere (2002) como:
Unidades ou estruturas projetadas com o objetivo de tratar os esgotos, no qual o
homem, por meio de processos físicos, químicos e/ou biológicos, simula ou in-
tensifica as condições de autodepuração que ocorrem na natureza, dentro de uma
área delimitada, onde supervisiona e exerce algum controle sobre os processos
de autodepuração, antes de devolver o esgoto ao ambiente (LA ROVERE, 2002).

22
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Os processos físicos, químicos e biológicos existentes nas ETEs são descritos


por Jordão e Pessôa (1995) da seguinte forma:
࣑ Processos físicos: caracteriza-se principalmente pelos processos de re-
moção de substâncias fisicamente separáveis dos líquidos ou que não se
encontram dissolvidas. Basicamente tem por finalidade separar as subs-
tâncias em suspensão no esgoto.
࣑ Processos químicos: há a utilização de produtos químicos e são rara-
mente usados em esgotos sanitários. O uso de produtos químicos tem
sido a principal causa do pouco emprego do processo e sua utilização
é realizada quando os empregos de processos físicos e biológicos não
atendem ou não atuam eficientemente nas características que se deseja
reduzir ou remover.
࣑ Processos biológicos: dependem da ação de microrganismos presentes
nos esgotos. Os fenômenos de nutrição são predominantes na transfor-
mação de componentes complexos em compostos mais simples, tais
como: sais minerais, gás carbônico e outros. Estes processos procuram
reproduzir os fenômenos biológicos observados na natureza, condicio-
nando-os em área e tempo economicamente justificáveis.

Segundo Hammer (1979) no Brasil o projeto de estações de tratamento é nor-


matizado pela NB-570, e as ETEs são projetadas, convencionalmente, com base
na vazão e conteúdo orgânico do esgoto bruto. O grau de tratamento necessário
é determinado a partir do padrão do corpo receptor e da qualidade exigida para o
efluente. Jordão e Pessôa (1995) complementam que haverá sempre o interesse mí-
nimo em termos de tratamento, por razões de ordem financeira.

Alguns requisitos importantes da NB-570 (ABNT, 1990) englobam:


࣑ Relatório do estudo do sistema de esgotamento sanitário;
࣑ População atendida nas diversas etapas do plano;
࣑ Características requeridas para o efluente tratado nas diversas etapas do
plano;
࣑ Definição do ponto onde será lançado o esgoto;
࣑ Sondagens preliminares de reconhecimento do subsolo;
࣑ Cota máxima de enchente na área selecionada.

A localização da ETE varia de acordo com vários fatores, porém deve propi-
ciar simplicidade, flexibilidade e economia para a estação, harmonizando-a com
a vizinhança. Dacach (1991) afirma que o local ideal seria aquele que dispensasse
recalque, sifões e travessias onerosas, facilitasse a disposição do efluente e do lodo,
mesmo em circunstâncias anormais, e redundasse em perfeita compatibilidade da
ETE com a paisagem existente.

Nas ETEs os processos de tratamento são utilizados de maneira combinada e


direcionada ao tipo de poluente que se deseja remover e ao nível de eficiência que

23
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

se deseja obter, de maneira que se enquadre nos parâmetros de lançamento exigidos


pela legislação ambiental. O Quadro 3 apresenta os principais poluentes removidos
nas operações e processos de cada etapa de tratamento.
Quadro 3 - Alguns dos tratamentos utilizados para remoção de poluentes em esgotos
Poluente Processo ou Sistema de Tratamento
- Gradeamento
- Remoção de areia
Sólidos em suspensão
- Sedimentação
- Disposição no solo
- Lagoas de estabilização e variações
- Lodos ativados e variações
Matéria orgânica
- Filtros biológicos e variações
biodegradável
- Tratamento anaeróbio
- Disposição no solo
- Lagoas de maturação
- Disposição no solo
Patogênicos
- Desinfecção com produtos químicos
- Desinfecção com radiação ultravioleta
- Nitrificação e desnitrificação biológica
Nitrogênio - Disposição no solo
- Processos físico-químicos
- Remoção biológica
Fósforo
- Processos físico-químicos
Fonte: Von Sperling (2005)

A classificação dos processos por tratamento físico, químico e biológico é rea-


lizada segundo os fundamentos teóricos nos quais se baseia a obtenção de seus
parâmetros de dimensionamento e operação. Porém na literatura também é usual a
subdivisão dos processos de tratamento em fases ou estágios, baseados na eficiência
de remoção dos poluentes, que seriam: tratamento preliminar, tratamento primário,
tratamento secundário e tratamento terciário.

Tratamento preliminar

O tratamento preliminar destina-se a remover, por ação física, o material gros-


seiro e uma parcela das partículas maiores em suspensão no esgoto, a fim de prepa-
rá-lo para tratamentos subseqüentes, evitando danos e prejuízos a estes. De acordo
com Water Environmental Federation (WEF, 1994), se o tratamento preliminar é
mal projetado, operado ou conservado, o processo inteiro de tratamento é afetado.

Segundo Azevedo Netto e Hespanhol (1977) as unidades de tratamento podem


ser: grades, peneiras ou desintegradores; caixas de areia (desarenadores), e tanques
de remoção de óleos e graxas e outros sólidos flutuantes. Além dessas estruturas, o
tratamento preliminar também é composto por bombeamento, extravasor, by pass
e medidor de vazão. Hammer (1979) afirma também que a coagulação química é, às

24
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

vezes, incorporada para aumentar a remoção na decantação primária. Entretanto,


este processo é aplicado somente em caso de sobrecarga na estação.

Várias ETEs do estado do Paraná não possuem os tratamentos preliminares


que retiram óleos e graxas, portanto estas unidades não serão abordadas no livro.

Gradeamento

A operação de gradeamento é realizada por meio de cestos e grades de barras


dispostas de modo a permitir a retenção e a remoção do material contido no esgoto.

Os cestos são recipientes de chapas metálicas perfuradas ou grades espaçadas,


localizadas no interior do poço de sucção das bombas nas elevatórias, presas com
correntes para facilitar a sua retirada (SANEPAR, 2005b).

As grades são dispositivos constituídos por barras metálicas paralelas, per-


pendiculares ou inclinadas e igualmente espaçadas, de modo a permitir o fluxo
normal dos esgotos, evitando grandes perdas de carga (JORDÃO; PESSÔA, 1995).
Segundo Hammer (1979) e Azevedo Netto e Hespanhol (1977) as grades protegem
as bombas, tubulações, válvulas, registros, equipamentos e evitam que os sólidos
de grande diâmetro passem para as etapas seguintes, assim, são sempre colocadas
a montante de todas as outras unidades.

Segundo Jordão e Pessôa (1995) as principais características de uma unidade


de remoção de sólidos grosseiros constituída de grade são:
࣑ Espaçamento das barras: as grades de barras são classificadas em grades
grosseiras, médias e finas em função do tipo de material que se deseja
reter. As grades de 2,0 a 4,0 cm de abertura são as mais comumente em-
pregadas nas ETEs;
࣑ Dimensões das barras: as barras deverão ser suficientemente robustas
para suportar os impactos e esforços devidos a procedimentos opera-
cionais. As barras de grandes dimensões geram grandes e geralmente
indesejáveis perdas de cargas no sistema;
࣑ Inclinação das barras: podem ser instaladas na vertical ou inclinadas.
Geralmente as de limpeza manual são inclinadas para facilitar esta ope-
ração. Esta inclinação varia entre 30º a 45º com a horizontal para grades
grosseiras e de 45º a 60º para grades médias e finas. Inclinações menores
que 30º geram grandes extensões do canal da grade e inclinações maio-
res que 60º são utilizadas para grades de limpeza mecanizada contínua,
pois o material retido pode se desprender da grade e voltar ao canal
afluente nos intervalos de limpeza.

Em um sistema de grades, um elemento que deve ser levado em consideração


é a perda de carga, sendo admitida para efeito de manutenção da velocidade e per-
fil hidráulico a obstrução de 50% da lâmina d’água no canal da grade. O material

25
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

retido nas grades deverá ser removido rapidamente para evitar que ocorra a perda
de carga, pois pode causar o acúmulo de esgoto a montante das grades e aumento
da velocidade do esgoto entre as barras, deslocando alguns resíduos que deveriam
ser retidos. Segundo Azevedo Netto e Hespanhol (1977) diversas fórmulas foram
propostas para o cálculo da perda de carga, porém a precisão das mesmas tem pou-
co significado prático, pois nas instalações de tratamento de esgotos a acumulação
de materiais altera rapidamente e significativamente a resistência oferecida pelas
barras limpas.

Com relação à limpeza, os dispositivos de remoção dos sólidos podem ser ma-
nuais ou mecanizados. De acordo com Jordão e Pessôa (1995) os sistemas manuais
são usados para estações de pequeno porte ou em estações de grande porte, com
espaçamento grande entre barras, para a proteção do sistema mecanizado de limpe-
za a jusante, e consistem na limpeza das grades com a utilização de um ancinho. Já
os dispositivos mecanizados são utilizados em estações de médio a grande porte ou
em sistemas com espaçamento pequeno entre as barras, que exigem uma limpeza
contínua.

As grades de barras curvas, presentes em duas das três ETEs avaliadas no


presente trabalho, são recomendadas somente para canais rasos, no máximo 2,5 m
de profundidade. Em função do movimento do rastelo, podem ser de um braço (sis-
tema de operação hidráulica) ou de dois braços diametralmente opostos (sistema de
acionamento mecânico de rotação contínua (SANEPAR, 2005b).

A limpeza contínua de um sistema mecanizado é inviável economicamente


devido a pequena quantidade de material arrastado em cada passagem do ancinho.
Segundo Sanepar (2005b) o operador da ETE pode ajustar um intervalo de tempo
para que o rastelo se movimente em uma limpeza descontínua, fazendo com que a
parada seja automática no final da limpeza.

A quantidade de material gradeado é influenciada pelas condições locais, há-


bitos da população, época do ano etc. A educação sanitária da população exerce
grande importância no processo, pois como afirmam Azevedo Netto e Hespanhol
(1977) o resíduo retido no gradeamento constitui-se principalmente de papéis, tra-
pos e detritos de cozinha, apresentam 70 a 90% da água e pesam mais de 1,00 kg.L-1.

Os resíduos removidos podem passar por alguns processos antes de serem


encaminhados ao destino final, tais como (JORDÃO; PESSÔA, 1995):
࣑ Lavagem: poderá ser realizada manualmente por meio de jatos d’água
ou mecanicamente por meio de transportadores, com bocais de jatos
d’água;

26
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

࣑ Secagem: elimina parte da água contida no material, reduzindo o volu-


me e inconvenientes ao transportá-lo úmido;
࣑ Adição de substâncias químicas: utilizadas em casos de emissão exces-
siva de odores desagradáveis ou proliferação de insetos, inibindo tais
efeitos. A prática mais utilizada é o emprego de óxido de cálcio (CaO).

O material removido, seco ou úmido, poderá ser encaminhado para a incine-


ração e aterros industriais.

Desarenadores

Os desarenadores destinam-se a remover do esgoto partículas de areia com


diâmetro, via de regra, igual ou superior a 0,20 mm e peso específico de 2,65 g.cm-3.
Misturadas com essa areia, outras partículas são também removidas, a exemplo de
sementes, pó de café, cinza, argila, pedrisco e partículas orgânicas leves (DACA-
CH,1991). Hammer (1979) menciona que caso esses materiais não sejam removidos
ocorrerá abrasão excessiva no equipamento mecânico dos decantadores primários
e nas bombas de lodo, causar entupimento de tubulações pela deposição e poderão
acumular-se nos tanques de armazenamento de lodo e nos digestores.

O mecanismo básico de retenção da areia é o da sedimentação. Os grãos de


areia devido às suas maiores dimensões e densidade vão para o fundo do tanque,
enquanto que a matéria orgânica sujeita à sedimentação mais lenta, permanece em
suspensão, seguindo para as unidades a jusante.

Os desarenadores podem ser classificados em função de algumas característi-


cas, as quais apresentadas no Quadro 4.

Quadro 4 - Tipos de desarenadores e respectivas características


Característica Tipologia
Prismática (seção retangular ou quadrada)
De acordo com a classificação
Cilíndrica (seção circular)
De acordo com a separação sólido- Por gravidade (natural ou aerada)
líquido Por centrifugação (vortex ou centrífuga)
Manual
Ciclone separador
De acordo com a remoção
Mecanizada (raspador, bombas centrífugas,
parafuso, air lift, caçambas transportadoras)
Plano (prismática com poço)
De acordo com o fundo Inclinado (prismática aerada)
Cônico (vortex)
Fonte: Jordão e Pessôa (1995)

Os dois tipos de desarenadores que normalmente são empregados são por


gravidade e aerada. O princípio de funcionamento dos desarenadores por gravida-
de baseia-se na característica de rápida decantação da areia, e o condicionamento da

27
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

velocidade do fluxo do esgoto em seu interior (SANEPAR, 2005b). Segundo Jordão


e Pessôa (1995) o material retido é acumulado em compartimentos especificamente
construídos, os quais deverão ter capacidade de retenção suficiente para armazenar
a quantidade de areia conduzida pelos esgotos durante o intervalo entre cada lim-
peza sucessiva desse material.

Os desarenadores por gravidade podem ser do tipo canais paralelos, caixa


quadrada e ciclônico (Air Lift). O desarenador adotado em algumas das ETEs do
Paraná é do tipo prismático quadrado com remoção mecanizada de areia e com os
vertedouros de entrada e saída situados em lados opostos. Esse tipo de desarenador
remove a areia por ação da gravidade, é geralmente mecanizado, a remoção de areia
é feita por meio de raspagem de fundo com braços duplos de movimento circular
até depósito lateral e a elevação da areia é feita por meio de rosca transportadora ou
rastelo excêntrico mecânico (HAMMER, 1979).

Segundo Sanepar (2005b) os desarenadores ciclônicos tipo vortex, presentes


em algumas ETEs do Paraná, são construídos com a forma cônica, com entrada
tangencial, de modo a estabelecer um movimento em espiral, sem necessidade de
equipamento para que ocorra isso. A areia é retirada pelo sistema de elevação por
ejetor a ar comprimido denominado Air Lift que significa suspensão pelo ar, ou
seja, é um equipamento usado para retirar a areia decantada de um desarenador,
por meio de ar comprimido e levá-la a uma caixa de onde depois de drenada seja
colocada em caçambas.

Geralmente o que é removido pelo desarenador é predominantemente um


material inerte e relativamente seco. Entretanto, a composição do resíduo do de-
sarenador pode ser altamente variável, com a umidade variando de 13 a 65% e os
sólidos voláteis de 1 a 56%. Resíduos do desarenador não lavados podem conter
até 50% ou mais de matéria orgânica, tendo assim um odor desagradável e, se não
forem prontamente dispostos, podem atrair insetos e roedores (METCALF; EDDY,
2002).

Os resíduos do desarenador podem sofrer alguns tipos de tratamentos simi-


lares aos realizados nos resíduos do gradeamento, com o objetivo de se reduzir o
seu volume, controlar seus aspectos negativos tais como exalação de odores e proli-
feração de moscas, facilitar seu manuseio e destinação final. Geralmente, o destino
desejável para esse tipo de resíduo é um aterro industrial.

28
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Tratamento primário

Predominam os mecanismos físicos e químicos nesta etapa (decantação, di-


gestão, flotação, digestão e secagem do lodo). De acordo com Ercole (2003) visa a
remoção dos sólidos em suspensão sedimentáveis (entre 60 a 70%) e de parte da
matéria orgânica, relativa à DBO5 em suspensão. Além disso, também remove entre
30 a 40% dos coliformes.

Nesta etapa procede-se a equalização e neutralização da carga do efluente a


partir de um tanque de equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente,
ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos de flocula-
ção e sedimentação, utilizando floculadores e decantador primário.

O processo de coagulação, ou floculação, consiste na adição de produtos quí-


micos que promovem a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem remo-
vidas, tornando o peso especifico das mesmas maior que o da água, facilitando a
decantação (METCALF; EDDY, 2002).

A decantação primária consiste na separação sólido-líquido por meio da sedi-


mentação das partículas sólidas. Segundo Von Sperling (2005) o principal equipa-
mento usado na decantação primária é o tanque de decantação que pode ser circular
ou retangular. O esgoto flui vagarosamente dentro do decantador, permitindo que
os sólidos em suspensão sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo
primário bruto, que é removido por uma tubulação ou através de raspadores mecâ-
nicos e bombas. Materiais flutuantes, como graxas e óleos, tendo uma menor densi-
dade que o líquido circundante, flutuam no tanque onde são coletados e removidos
para posterior tratamento.

Tratamento secundário

O tratamento secundário é caracterizado por princípios da oxidação biológica


que pode ser subdividida e classificada de várias formas:
࣑ Processos aeróbios e anaeróbios, em que essas duas modalidades se as-
sociam, obtendo com isso importantes vantagens técnicas e econômicas;
࣑ Tipo de reator, que pode ser de crescimento em suspensão na massa
líquida ou de biomassa aderida;
࣑ Retenção ou não de biomassa.

Com relação ao tratamento anaeróbio, as principais vantagens e desvantagens


são mostradas no Quadro 5.

29
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Umas das vantagens da digestão anaeróbia sobre o tratamento aeróbio são


relacionadas com a produção de gás e de sólidos. Nos sistemas anaeróbios, verifi-
ca-se que a maior parte do material orgânico biodegradável presente no despejo é
convertida em biogás (cerca de 70 a 90%) e apenas uma pequena parcela do mate-
rial orgânico é convertida em biomassa microbiana (cerca de 5 a 15%), vindo a se
constituir no lodo excedente, se apresentando mais concentrado e com melhores
características de desidratação. Já nos sistemas aeróbios ocorre cerca de 40 a 50% de
degradação biológica, com a consequente conversão em CO2. Cerca de 50 a 60% da
biomassa microbiana vem a se constituir no lodo excedente do sistema (CHERNI-
CHARO, 2001).

Quadro 5 - Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios


Vantagens Desvantagens
Baixa produção de sólidos, cerca de 5 a 10
As bactérias anaeróbias são susceptíveis à
vezes inferior à que ocorre nos processos
inibição por um grande número de compostos;
aeróbios;
Baixo custo de energia, usualmente associado
a uma elevatória de chegada. Isso faz com que A partida do processo pode ser lenta, na
os sistemas tenham custos operacionais muito ausência de lodo de semeadura adaptado;
baixos;
Alguma forma de pós-tratamento é
Baixa demanda de área;
usualmente necessária;
A bioquímica e a microbiologia da digestão
Baixos custos de implantação; anaeróbia são complexas e ainda precisam ser
mais estudadas;
Produção de metano, um gás combustível de Possibilidade de geração de maus odores,
elevador teor calorífico; porém controláveis;
Possibilidade de preservação da biomassa, Possibilidade de geração de efluente com
sem alimentação do reator, por vários meses; aspecto desagradável;
Tolerância a elevadas cargas orgânicas;
Remoção de nitrogênio, fósforo e patógenos
Aplicabilidade em pequena e grande escala;
insatisfatória.
Baixo consumo de nutrientes.
Fonte: Adaptado de Chernicharo (2001)

Porém, mesmo apresentando vantagens em relação ao tratamento aeróbio, a


eficiência de remoção da matéria orgânica da digestão anaeróbia costuma se situar
na faixa de 70 a 80%, o que, em alguns casos, pode inviabilizar o lançamento direto
dos esgotos tratados no corpo receptor, sendo necessário incluir uma etapa de pós-
-tratamento para este processo.

Chernicharo (2001) relata que o principal papel do pós-tratamento é o de com-


pletar a remoção da matéria orgânica, bem como o de proporcionar a remoção de
constituintes pouco afetados no tratamento anaeróbio, como nitrogênio, fósforo e
organismos patogênicos.

30
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Em algumas ETEs do estado do Paraná, os sistemas anaeróbios e aeróbios se


associam e as unidades que compõem o tratamento secundário são: reator anaeró-
bio de leito fluidizado (RALF) e filtro biológico percolador, seguido de decantador
secundário e câmara de contato.

Reator anaeróbio de leito fluidizado

Os reatores anaeróbios, como os RALFs, são unidades destinadas ao tratamen-


to anaeróbio de esgotos sanitário, onde ocorre em seu interior a decomposição da
matéria orgânica por meio das reações bioquímicas, pela ação das bactérias anaeró-
bias do manto de lodo presente no interior do reator.

De acordo com Sanepar (2005c), o RALF é um reator formado por um tronco


de cone com base menor, com pequena inclinação, e com paredes inclinadas a 45º
com relação a horizontal, encimadas por um canal periférico coletor dos esgotos
tratados. Os reatores de manta de lodo são delineados por três parâmetros básicos:
taxa de aplicação volumétrica, velocidade de líquido e altura do reator.

O esgoto sanitário é introduzido na câmara central divisora de vazão, distri-


buído pelos tubos difusores sob um manto de lodo anaeróbio denso e de elevada
atividade metabólica anaeróbia, onde é filtrado biologicamente por este manto, pela
ação de bactérias anaeróbias e ação de retenção física das partículas do esgoto bruto
(SECCO, 2000).

A distribuição adequada do esgoto no interior no reator é importante, pois


uma boa condição de mistura proporciona o contato ótimo, evitando caminhos pre-
ferenciais. A mistura ocorre devido ao fluxo ascensional de líquido e às bolhas de
gás.

O manto de lodo presente no reator é constituído por bactérias anaeróbias que


hidrolisam e digerem os sólidos orgânicos biodegradáveis do esgoto, convertendo-
-os em bolhas de biogás.

O biogás é um dos principais produtos gerados no RALF, sendo formado pela


mistura de gás metano (CH4), gás sulfídrico (H2S), gás carbônico (CO2), nitrogênio
(N2) e outros gases. O gás mais prejudicial é o sulfídrico, que além de sua toxicida-
de, é o grande responsável pelo mau cheiro gerado nas ETEs.

Um lodo anaeróbio de boa qualidade pode ser conseguido durante o processo


cuidadoso de partida do sistema, em que haverá uma seleção prévia da biomassa.
O lodo mais leve, de má qualidade, será arrastado para fora do sistema, enquanto o

31
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

lodo de boa qualidade é retido. O lodo mais pesado normalmente se desenvolve no


junto ao fundo do reator e apresenta uma concentração de sólidos totais na ordem
de 40 a 100 g ST.L-1 (CHERNICHARO, 2001).

O lodo excedente, produzido pelas novas bactérias que se reproduziram, ne-


cessita ser removido periodicamente. Caso isto não ocorra, os mesmos são liberados
com o esgoto e a eficiência do reator se torna menor. O lodo retirado deve ter um
destino adequado, sem prejuízo ao ambiente e/ou à saúde pública. Uma das solu-
ções é dispor o lodo em leitos de secagem ou centrifugá-lo e dispor em pátios de
cura.

Um RALF costuma obter uma eficiência média de 65% de remoção de DQO


e 70% de remoção de DBO5. Normalmente, tratando esgotos sanitários, o efluente
apresenta uma máxima concentração de DBO inferior a 120 mg.L-1 e de SST inferior
a 80 mg.L-1, valores esses influenciados pelo tempo de detenção hidráulica.

Os elementos que compõem um RALF são (SANEPAR, 2005c):


࣑ Divisor central de vazão: divide a vazão uniformemente para alimentar
os tubos difusores;
࣑ Tubos difusores: conduz o esgoto sanitário do topo a base do reator, dis-
tribuindo de forma uniforme e homogênea no fundo, onde se encontra
o manto de lodo;
࣑ Manto de lodo: a espessura da camada de lodo varia de acordo com a
vazão, com a produção de bolhas de biogás, reprodução bacteriana e
retenção de material sólido no manto de lodo;
࣑ Vertedor periférico: coleta o esgoto;
࣑ Retentor de escuma: reter e armazenar escuma no reator (na zona de
digestão/decantação), evitando o seu arraste com o esgoto;
࣑ Canaleta de coleta de esgoto: coleta e transporta o esgoto;
࣑ Gasômetro: armazena o biogás no espaço livre superior interno do
RALF;
࣑ Sistema de coleta e descarte de gases: descarta os gases para a atmosfera,
queima ou reaproveita para fins energéticos.

Embora o RALF seja um reator que inclua amplas vantagens, principalmente


no que diz respeito a requisitos de área, simplicidade de operação, projeto e manu-
tenção e redução média de matéria orgânica, é importante que seja incluída uma
etapa de pós-tratamento para este processo. Em algumas ETEs do Paraná, o pós-tra-
tamento adotado é constituído de filtro biológico percolador seguido de decantador
secundário.

32
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Filtro biológico percolador e decantadors secundário

De acordo com Jordão e Pessôa (1995) os filtros biológicos são unidades aeró-
bias de tratamento constituídas de dispositivos que aplicam uniformemente os es-
gotos previamente decantados em meios de cultura biológica imobilizados em só-
lidos inertes.

Os filtros biológicos são constituídos de três partes principais: meio filtrante,


dispositivos de distribuição de esgotos, sistema de drenagem.

Geralmente são usados como meio filtrante pedregulhos, cascalhos, pedras


britadas, entre outros. O ar circula pelos espaços vazios do enchimento, fornecen-
do oxigênio para respiração dos microrganismos. O esgoto sanitário é aplicado em
fluxo descendente sobre o enchimento através de um distribuidor rotativo, que fun-
ciona por ação de deslocamento do líquido.

Segundo Da-Hin et al. (2008) os distribuidores rotativos consistem de uma


tubulação horizontal que gira em torno de um eixo vertical situado no centro do
filtro biológico. O esgoto, introduzido por esse eixo, escoa através dos dois braços
perfurados, formados pela tubulação horizontal. As perfurações são dispostas hori-
zontalmente ao longo de cada braço, em lados opostos. Ao escoar por esses orifícios
o líquido forma um sistema de forças tipo binário que faz a tubulação horizontal
se movimentar, girando em torno do eixo central, em um efeito idêntico ao do mo-
linete hidráulico, dessa forma distribuindo homogeneamente o líquido por toda a
superfície da unidade.

O fluxo de líquido sobre o enchimento deve ser contínuo e a matéria orgânica


fica retida no biofilme para sua estabilização enquanto o líquido é drenado na parte
inferior do tanque e encaminhado para o decantador secundário.

No filtro biológico existe um sistema de drenos no fundo, após atravessar o


meio percolante, o esgoto é removido através de um sistema de drenos formado por
canais cobertos com grelhas ou por telas drenantes, assentadas no fundo da unida-
de. Os drenos convergem para um canal central que escoa o líquido para fora do
filtro, cujo fundo é ligeiramente inclinado no sentido do canal central. Além disso, o
sistema de drenos também é responsável pela circulação do ar no interior do meio
percolante (DA-HIN et al., 2008).

Tendo em vista que existe arraste de sólidos no filtro biológico, principalmente


no de alta taxa, é necessária a utilização de um decantador secundário para remover
os sólidos sedimentáveis.

33
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Os decantadores secundários ocupam um papel de relevância no conjunto,


uma vez que neles se processa a decantação e retirada do lodo. Há interesse em que
o lodo retorne de forma rápida e imediata ter sedimentado para o inicio do sistema,
evitando condições de septicidade. Em decorrência disto, os decantadores de forma
circular têm sido utilizados, sendo os mais eficazes aqueles que dispõem dispositi-
vos de aspiração do lodo sedimentado (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

O decantador secundário utilizado em uma das ETEs abordadas no presente


trabalho é do tipo convencional, executado em estrutura circular de concreto arma-
do com sistema mecanizado de raspagem de lodo do fundo e remoção superficial
da escuma. Segundo Dacach (1991) caso não exista decantadores primários na ETE,
como é o caso das ETEs de Maringá/Paraná, os decantadores secundários deverão
ter cortinas de retenção de escuma e meios de removê-la, de forma a impedir que
esta saia junto com o esgoto.

De acordo com Sanepar (2005c), para a remoção do lodo e escuma, o decanta-


dor é equipado com uma ponte rotativa e a ela são fixos: na parte inferior um siste-
ma de lâminas para raspagem e concentração do lodo e na parte superior lâminas
para remoção de escuma e concentração na caixa coletora de escuma.

O lodo gerado pelo filtro percolador e separado por sedimentação é removido


do fundo do decantador secundário e enviado por recalque para digestão no rea-
tor. A estação elevatória de lodo excedente possui as seguintes funções (SANEPAR,
2005c):
࣑ Recalcar o lodo do decantador para digestão no RALF;
࣑ Retirar o lodo continuamente. O lodo no decantador pode se tornar
anaeróbio e flotar, prejudicando a sedimentação;
࣑ Recircular o lodo no RALF, misturado com o esgoto bruto evitando im-
pacto na digestão e arraste de lodo.

O lodo do decantador secundário, quando descartado diretamente nos leitos


de secagem, exige um tempo maior para secar, por isso deve-se enviá-lo ao reator
continuamente.

34
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Quadro 6 - Vantagens e desvantagens dos leitos de secagem


Vantagens Desvantagens
Baixo valor de investimento Requer extensas áreas de implantação
Simplicidade operacional Necessidade de estabilização prévia do lodo
Influência significativa do clima no
Baixo nível de atenção exigido do operador
desempenho operacional do processo
Requer pouca qualificação da mão de obra Retirada lenta do lodo seco
Baixo ou inexistente consumo de energia
Operação manual
elétrica
Baixo ou inexistente consumo de produtos Necessidade elevada de mão de obra para
químicos retirada do lodo
Risco de liberação de odores desagradáveis e
Baixa sensibilidade a variações nas
de proliferação de moscas durante o
características do lodo
desaguamento
Torta com alto teor de sólidos (>40%) --
Fonte: Adaptado de Metcalf e Eddy (2002)

Centrifugação e caleação

De acordo com Da-Hin (2008) a principal característica de uma centrífuga é


possuir um elemento rotatório dotado de pás, denominado rotor, responsável pelo
fornecimento da energia cinética ao líquido. Na voluta, a energia cinética é conver-
tida em energia de pressão.

A centrifugação é um processo de separação sólido/líquido por meio do uso


da força centrífuga, muito utilizada para separação de fases de densidades distintas,
adensar e desaguar lodos provenientes de reatores anaeróbios. Segundo a Sanepar
(2005d), têm sido uma das alternativas mais adequadas para o desaguamento de
lodos, principalmente devido à concentração de sólidos obtida no lodo desaguado
(17 a 24% ST).

O lodo centrifugado necessita passar por um processo de higienização, devido


o mesmo ser o ponto de concentração de maior parte dos agentes patogênicos dis-
persos no esgoto sanitário. Dentre os processos mais usuais, destaca-se a caleação
que corresponde a um método de higienização química através da adição de cal
virgem ou hidratada ao lodo, em dosagens de 20 a 50% em peso da concentração de
ST. A mistura de cal ao lodo provoca uma alcalinização brusca ao meio, elevando o
valor de pH a níveis acima de 12 e liberando grande quantidade de amônia, fatores
que resultam na destruição ou inativação de maior parte dos patógenos no lodo
(SANEPAR, 2005d).

As vantagens e desvantagens dos processos de centrifugação e caleação po-


dem ser visualizadas no Quadro 7.

35
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Quadro 7 - Vantagens e desvantagens dos processos de centrifugação e caleação


Centrífuga Caleação
Simplicidade operacional, comparado a
Processo compacto: ocupa áreas reduzidas
processos mais sofisticados de higienização
Vantagens

Operam sobre alta taxa de carregamento Dispensa mão de obra qualificada


A torta apresenta %ST superior a prensa
(cerca de 5%) Bons níveis de higienização
Sistema fechado (reduz problema de odor)
Acréscimo de sólidos para disposição final,
Ruído e vibrações
aumentando os custos de transporte
Odor associado principalmente a liberação de
Desgaste da rosca e componentes internos amônia, demandando cobertura do pátio de
Desvantagens

por abrasão estocagem, e inviabilizando o processo em ETEs


muito próximas a área urbana
Alto consumo de energia na partida

Exige mão de obra qualificada para Necessidade de estocagem por no mínimo 30


operação e manutenção dias, demandando pátio impermeabilizado e
coberto
Ajustes complexos e demorados de
partida
Fonte: Adaptado de Sanepar (2005d)

IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELAS ETES

De acordo com a Resolução CONAMA 01/1986 (BRASIL, 1986) impacto am-


biental pode ser definido como:
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio am-
biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativi-
dades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade
dos recursos ambientais (BRASIL, 1986).

Em geral, atribuem-se conotações negativas aos impactos ambientais, porém,


seu verdadeiro significado se refere às mudanças no ambiente, sejam benéficas
ou prejudiciais, que se observam ao comparar os efeitos das ações de um projeto
(OKMAZABAL, 1988).

Dos instrumentos de política e gestão ambiental que tratam da questão de im-


pacto ambiental, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um dos mais discutidos
e adotados. No processo de AIA, são caracterizadas todas as atividades impactantes
e os fatores ambientais que podem sofrer impactos dessas atividades, os quais po-
dem ser agrupados nos meios físico, biótico e antrópico, variando com as caracterís-
ticas e a fase do projeto (SILVA, 1994).

Dentre os principais métodos de AIA empregados estão listas de controle (che-


cklists) e matrizes de interação.

36
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

As listas de controle são listas de atributos ambientais que podem ser afetadas
pelo projeto em análise. Variam de simples listas de impactos ambientais causados
pelo projeto até complexos inventários que podem incluir escala e significância de
cada impacto sobre o meio ambiente (UNEP, 2002).

As Matrizes são como tabelas que podem ser usadas para identificar a intera-
ção entre atividades de projeto e características ambientais. Usando a tabela, uma
interação entre uma atividade (ação-proposta) e uma dada característica ambiental
(fator ambiental), pode ser notada na célula que é comum a ambas na “rede” (MOR-
RIS; THERIVEL, 1995; UNEP, 2002). Segundo Pastakia e Jensen (1998) os comentá-
rios nas matrizes poderão ser feitos nas células para realçar severidade do impacto
ou outras características relacionadas à natureza do impacto, por exemplo, símbolos
podem identificar o tipo de impacto (como direto ou indireto).

Apesar do tratamento de esgotos sanitários ser de fundamental importância


para a preservação da qualidade da água no ambiente, esses tipos de unidades pro-
vocam impactos ambientais consideráveis, devido à natureza dos processos de tra-
tamento envolvidos e a elevada carga orgânica dos esgotos e subprodutos gerados
(GIULIANO; GIULIANO, 2004; LINS, 2010; BOLZANI et al. 2011; HIRATA et al.,
2012).

De modo geral, os impactos ambientais gerados em ETEs podem ser classifi-


cados em positivos e negativos. Os positivos são resultantes do próprio objetivo das
ETEs, qual seja de proteger o ambiente ao remover ou reduzir substâncias nocivas
presentes nos esgotos, como a matéria sólida que assoreia rios e cursos d’água; as-
pectos sanitários prejudiciais à saúde humana e os de depleção da flora e da fauna
aquáticas. Por outro lado, toda ETE apresenta impactos negativos, muitas vezes
oriundos de falhas no processo de tratamento oi mesmo interrupções ocasionais
(LA ROVERE, 2002).

Além dos aspectos relacionados com a tratabilidade do esgoto e seu lançamen-


to no corpo receptor, é importante destacar os aspectos de contaminação do solo e
corpos d’água por subprodutos do tratamento de esgoto, geração de gases combus-
tíveis explosivos, atração de vetores, saúde ocupacional dos operadores de ETE e
geração de maus odores.

Segundo Silva (2007) um dos aspectos relevantes da poluição ambiental pro-


venientes das emanações de odores das estações de tratamento de esgotos urbanos
é o incômodo olfativo, tal incômodo é causado pelos odores liberados continua-
mente ou em ocasiões esporádicas. Esses gases odorantes são a maior causa para a

37
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

insatisfação do público em relação às ETEs. Por isso o seu controle e monitoramento


são de alta prioridade.

Outro grande problema em relação à emissão de gases odorantes é a falta de


padrões adequados que possam orientar as autoridades e os gestores ambientais
das empresas responsáveis pela emanação desses poluentes, quanto à caracteriza-
ção do problema e ao nível de controle necessário para a solução do incômodo.

O tratamento do esgoto resulta também uma geração de lodo, que é um re-


síduo que necessita de uma adequada disposição final para não causar problemas
ambientais. Entre as diversas alternativas existentes para a disposição sob o ponto
de vista ambiental, a reciclagem agrícola do lodo de esgoto é uma das mais conve-
nientes, propiciando também economia de energia e reservas naturais, na medida
em que diminui as necessidades de fertilização mineral.

De acordo com Bettiol e Camargo (2006) vários estudos são realizados com a
finalidade de avaliar o impacto ambiental do uso agrícola de lodo de esgoto. Estão
sendo estudados os efeitos nas comunidades de organismos, nos teores de metais
pesados, na mineralização do nitrogênio e nas propriedades físicas e químicas dos
solos, entre outros. Dentre os impactos estudados na comunidade de organismos,
a ocorrência de doenças de plantas, causadas por microrganismos patogênicos que
habitam o solo, constitui um dos mais importantes devido aos prejuízos que podem
ocasionar aos agricultores. Por ser rico em matéria orgânica, o lodo de esgoto pode
colaborar no controle de doenças de plantas, principalmente pela capacidade de
estimular os microrganismos benéficos que também habitam o solo. Entretanto, a
aplicação do lodo tem efeitos diferentes para cada doença, podendo estimular al-
guns fitopatógenos.

Em geral, nas obras de saneamento básico, pela própria natureza da interven-


ção prevista, os impactos ambientais esperados sobre a população são predominan-
temente positivos. Trazem melhoria nas condições de saúde pública a diversas par-
celas da população, principalmente na parcela de menor poder aquisitivo, muitas
vezes afastadas dos benefícios do saneamento básico, sem condições de recorrer a
meios próprios para o afastamento de esgoto (DAMATO; MACUCO, 2002).CON-
TROLE OPERACIONAL E DE MANUTENÇÃO DE UMA ETE

A qualidade e variabilidade do efluente de uma ETE dependem de variações


na carga afluente; condições ambientais; natureza do esgoto a ser tratado; presença
de substâncias tóxicas; variabilidade inerente aos processos de tratamento bioló-
gicos; falhas mecânicas e humanas no sistema. Todos estes fatores podem levar a

38
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

problemas e instabilidade nos processos, o que ocasionará efeitos adversos na tra-


tabilidade do esgoto (OLIVEIRA; VON SPERLING, 2005a; OLIVEIRA; VON SPER-
LING, 2005b).

A literatura nacional é bastante precária no que se refere ao estudo dos pro-


blemas operacionais e de manutenção de ETEs (EMBRAPA, 2010; BOLZANI, 2011).
Poucos são os artigos que tratam sobre esta questão e a maioria trata de estudos
relativos ao desempenho dos diversos processos/operações componentes do tra-
tamento, como os trabalhos encontrados em publicações da Companhia de Sanea-
mento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2018).

Segundo Sampaio e Gonçalves (1999) as poucas informações existentes fazem


com que os profissionais que atuam nesse setor, tenham constantemente que recor-
rer às informações obtidas na experiência internacional, que, muitas vezes, guar-
dam pouca similaridade com a da realidade local.

Um fator importante a ser considerado é que o bom desempenho operacional


de qualquer sistema de tratamento, seja ele isolado ou combinado com outros siste-
mas, só poderá ser alcançado se o projeto da estação de tratamento for bem conce-
bido, bem implantado e, também, que a referida estação seja corretamente operada
(CRUZ; LIMA, 2007).

De acordo com Metcalf e Eddy (2002), novas considerações devem estar pre-
sentes ao se operar e projetar estações de tratamento de esgotos: (a) necessidade
de otimização de desempenho das estações; (b) programas que visem manutenção
e controle operacional; (c) confiabilidade de processos de tratamento e seleção de
parâmetros adequados de projeto; (d) controle de odor; (e) estratégias de controle
de processo; (f) expansão da capacidade de tratamento e (g) eficiência energética
nos processos de tratamentos de esgotos.

A implantação de um serviço de manutenção requer o estabelecimento de


uma estrutura organizacional treinada e equipada para minimizar as causas das in-
disponibilidades de operação no âmbito do processo produtivo, garantindo o pleno
funcionamento da ETE. Além disso, garante as condições necessárias para a segu-
rança e o bem-estar dos operadores.

O operador de uma ETE auxilia na conservação dos equipamentos, operan-


do-os de acordo com os procedimentos determinados pelos fabricantes, e também
identifica anormalidades em seu funcionamento, comunicando-as aos responsáveis
pelo setor de manutenção. Portanto, para desempenhar essa função, é preciso ter

39
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

conhecimentos básicos acerca do manuseio correto e do funcionamento dos equipa-


mentos, bem como do sistema de tratamento de esgoto como um todo.

Segundo Da-Hin et al. (2008) do ponto de vista dos equipamentos, pode-se


caracterizar resumidamente o funcionamento de uma ETE como um conjunto de
instalações elétricas, hidráulicas e mecânicas, que proporciona os meios necessários
para a operação de tratamento de esgotos. As falhas verificadas nos equipamentos
costumam ser variadas, mas de forma genérica, pode-se identificá-las como vibra-
ção excessiva, elevação da temperatura, ruídos anormais, corrosão e sujeira.PRIN-
CIPAIS CAUSAS DE PROBLEMAS OPERACIONAIS NAS ETES

O levantamento das principais causas prováveis que levam a ocorrência de


problemas operacionais nas ETEs, bem como as medidas de prevenção e controle
realizadas através de entrevistas abertas com os operadores das ETEs e também
levantadas em pesquisas na literatura (SANEPAR, 2005; JORDÃO; PESSÔA, 1995;
VON SPERLING, 2005; LA ROVERE, 2002; KARL; IMHOFF; 2002) pode ser visua-
lizado no Quadro 8 ao Quadro 15.

Quadro 8 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle no gradeamento


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
Incrustações na  Acúmulo de resíduos sólidos  Lançar jatos de água com mangueira
grade na grade. para remover todos os detritos.
 Paralisação por falta de
 Acionar imediatamente a equipe de
Problemas de energia elétrica;
manutenção;
funcionamento  Falha mecânica do motor;
 Acionar a companhia de energia.
 Falha elétrica dos comandos.

Quadro 9 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos desarenadores


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
 Reduzir área do desarenador;
 Regularizar vazão no vertedouro de
Excesso de
saída;
sedimentação de  Velocidade muito baixa
 Diminuir o número de câmaras
matéria orgânica (≤0,3 m.s-1), com tempo de
usadas;
no material retenção muito alto.
 Reduzir o comprimento da câmara
removido
por meio de deslocamento do vertedor
de saída.
 Velocidade muito alta  Remover com maior freqüência a areia
Arraste da areia
(≤0,36 m.s-1), com tempo de acumulada;
no efluente
retenção muito baixo.  Aumentar a área do desarenador.
Entupimento do  Acúmulo de areia no  Retirar a areia com auxilio de
desarenador fundo do desarenador. equipamentos de sucção.
Falha no raspador  Falha de energia elétrica.  Acionar a companhia de energia.

40
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Quadro 10 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle em unidades diversas


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
 Presença de detergentes,
Formação de
sabões, etc. nos esgotos  Utilização de antiespumantes que devem ser
espumas
sanitários; dosados nos pontos de sua formação na ETE.
excessivas
 Relação F/M muito alta.
 Inspecionar periodicamente, as condições
operacionais dos conjuntos moto-bombas,
principalmente quando a vazamentos, ruídos e
vibrações;
 Manter o sistema dos conjuntos moto-bombas
com operação automática e contínua;
Problema  Acionar manualmente os conjuntos moto-
 Erros operacionais e falha no
nas bombas, caso a operação não seja automática;
inspecionamento;
elevatórias Executar periodicamente a leitura no horímetro,
tensão e corrente dos conjuntos moto-bombas;
 Inspecionar periodicamente o estado de
conservação da estrutura e seus componentes,
como: corrosão da parte civil, fios elétricos,
tubulações, registros, válvulas e quadro de
comando.

Quadro 11 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos RALFs


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
Obstrução dos  Presença de materiais que
 Remoção com auxilio de rastelo
vertedouros nos possam obstruir as
ou pá.
divisores de vazão tubulações.
 Utilizar canos de PVC para fazer
a desobstrução;
Presença de zonas
 Obstrução dos tubos  Executar a remoção de
mortas e caminhos
difusores que levam o esgoto materiais sedimentáveis do
preferenciais pelo
até o fundo dos RALFs. fundo da bacia dos RALFs
manto de lodo
aproximadamente a cada 3
meses com caminhão fossa.
Formação de
 Compactação do lodo  Verificar deficiência de remoção
“empastamento”,
anaeróbio pela presença de areia no desarenador.
dificultando a
excessiva de areia nos  Realizar limpeza dos RALFs
passagem do esgoto
RALFs. com caminhão fossa.
pela camada de lodo
 Verificar deficiência de remoção
 Substituição do lodo
Mineralização do de areia no desarenador.
anaeróbio ativo por lodo
lodo  Realizar limpeza dos RALFs
inerte (areia).
com caminhão fossa.
 Vazão afluente maior que a
máxima de projeto;
Perda do manto de  Verificar ligações clandestinas;
 Ausência de descarte do
lodo ativo que tende  Em dias de chuva, utilizar o “by-
lodo;
a ser expulso para pass”;
 Rompimento da lona da
fora dos RALFs  Efetuar descarga de lodo.
zona de decantação ou da
cortina defletora de escuma.
 Para que o processo retorne na
 Ausência das bactérias
fase metanogênica deve-se
Acidificação do metanogênicas ativas,
elevar o pH para 7,3 a 7,5 com
manto de lodo ativo havendo liberação do gás
solução de hidróxido de sódio
sulfídrico.
ou cálcio.

41
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Formação de escuma  Rompimento da lona de


 Remoção periódica da escuma
na parte superior dos PVC - zona de separação
formada.
RALFs trifásica.
 Instalação de dispositivo de
 Ausência de tratamento de queima dos gases;
Liberação de gases
gases;  Inspecionar periodicamente
para atmosfera
 Vazamentos pelo concreto. possíveis vazamentos, devido a
corrosão.
 Verificar problemas nas bombas
Diminuição da taxa
de recirculação;
de recirculação de  Problemas de reciclo.
 Verificar entupimento nas
lodo
linhas de recirculação.

Quadro 12 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos filtros biológicos


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
 Remover a camada biológica
excessiva por meio de
lavagem;
Ocorre quando os vazios do
 Aplicar jatos de água com
recheio de pedras são preenchidos
pressão na região afetada;
com camada biológica de lodo
 Parar o distribuidor rotativo
devido à:
sobre a camada afetada
Empoçamento do  Material de preenchimento
provocando alta taxa de
meio filtrante inadequado;
arraste;
 Carga orgânica excessiva em
 Clorar o afluente ao filtro
relação à carga hidráulica;
biológico;
 Acúmulo de folhas e galhos de
 Desativar a unidade por 24
árvores.
horas para ressecar a camada
biológica;
 Substituir o meio filtrante.
 Aplicação de carga hidráulica
contínua (as cargas
intermenientes e baixas
favorecem a proliferação de
moscas);
 As moscas de desenvolvem  Remover a camada biológica;
Proliferação de
em ambientes úmidos e secos  Inundar o meio suporte por
moscas
alternadamente. pelo menos 24 horas;
 Aplicar cloro no afluente ao
filtro de 0,5 a 1,5 ppm durante
algumas horas;
 Lavar rigorosamente as
paredes internas do filtro.
 Manter condições aeróbias do
afluente do filtro mediante
recirculação do efluente do
 Decomposição anaeróbia do decantador secundário, e/ou
Odor desagradável
lodo da camada biológica. injetar ar comprimido no
afluente do filtro;
 Clorar o afluente do filtro
biológico.
 Verificar o sistema de
Falha no distribuidor
 Falha na engraxadora. lubrificação do distribuidor
rotativo
rotativo.

42
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Quadro 13 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos decantadores secundários


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
 Decomposição do lodo,
provocando arraste deste  Remover o lodo com maior
Lodo flutuando
material para a superfície do freqüência.
líquido.
 Reduzir a seção transversal;
 Agitar o fluxo no canal por algum
meio que evite o acúmulo de sólidos;
 Inundar o meio suporte por pelo
Sedimentação  Velocidade baixa na seção
menos 24 horas;
excessiva no canal transversal do canal ou
 Aplicar cloro no afluente ao filtro de
afluente tubulação.
0,5 a 1,5 ppm durante algumas
horas;
 Lavar rigorosamente as paredes
internas do filtro.
Superfícies sujas e  Escovar com freqüência a superfície
 Acumulação de sólidos
vertedores com em contato com os esgotos;
contidos nos esgotos.
sólidos de esgoto  Clorar os esgotos.
 Ajustar a operação das bombas em
função da variação da vazão;
 Alta intermitência na  Adaptar dispositivos destinados à
Descargas bruscas e
operação de recalque das amortecer as velocidades das
interminentes
bombas. descargas afluentes e distribuir
uniformemente ao longo da unidade;
 Instalar inversores de freqüência.
 Vistoriar periodicamente;
 Substituir peças defeituosas e
Falhas nos quebradas;
 Carga excessiva para o
dispositivos de  Melhorar a eficiência da remoção do
dispositivo de raspagem.
raspagem lodo;
 Remover o lodo acumulado com
maior freqüência.
 Melhorar o sistema de remoção do
 Alto teor de areia ou outro lodo;
material facilmente  Diluir o material compactado;
Lodo muito denso compactável;  Reverter o fluxo na tubulação
para ser removido  Baixa velocidade de obstruída;
descarga na tubulação de  Recalcar o lodo com maior
transporte do lodo. freqüência;
 Inspecionar as canalizações de lodo.
Aumento do manto
 Elevação do nível de lodo.  Aumentar recirculação de lodo.
de lodo
 Elevado manto de lodo;
 Aumentar reciclo de lodo;
 Sedimentabilidade pobre.
Saída de sólidos no  Descartar lodo;
Checar concentração;
decantador  Checar vazões;
 Sobrecarga hidráulica;
 Checar sistema de recirculação.
 Perda da taxa de reciclo.

43
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

Quadro 14 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle na centrífuga


Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle
 Ajuste da vazão da bomba;
 Alta taxa de alimentação;
 Ajuste da velocidade do tambor e
Alta umidade na  Baixa velocidade do tambor;
da rosca;
torta  Dosagem incorreta de
 Dosagens maiores ou menores
polímeros.
interferem na eficiência.
 Troca por material mais
Desgaste da rosca  Abrasão.
resistente.
Alta concentração de  Dosagem incorreta de  Fazer testes para determinar a
sólidos no polímero; dosagem ideal;
clarificado  Taxa de alimentação alta.  Reduzir a alimentação do lodo.
 Material encrustado entre o
Tambor não roda  Lavar o tambor;
tambor e a rosca travado;
livre  Troca do suporte.
 Suporte principal.
 Taxa de alimentação elevada;
 Diferença de velocidade entre
 Se o sistema roda livre, reduzir
Sistema de rotação rosca e tambor baixa;
alimentação;
do tambor e rosca  Presença excessiva de sólidos
 Se travado, constatar manutenção
bloqueado na etapa de compactação;
para substituição das peças.
 Sistema de descarte da torta
quebrado.
Raspador de lodo  Lodo encrustado na câmara
 Limpar o raspador com água.
preso do raspador de sólidos.
 Mancal desgastado;
 Contatar a manutenção para
 Lodo encrustado entre a
O equipamento substituir mancal;
superfície dos mancais;
vibra  Limpar e lubrificar os mancais;
 Suporte do tambor ou da
excessivamente  Substituir suporte;
rosca desgastado;
 Substituir peças.
 Partes móveis desgastadas.

44
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

Quadro 15 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos leitos de secagem

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle

 Aguardar até que o lodo


apresente teor de sólidos para
retirada (cerca de 35% ST),
removê-lo e limpar bem o leito de
 Lâmina de lodo aplicada
secagem;
excessiva.
 Verificar necessidade de
remontagem da camada suporte;
 Aplicar lâmina de lodo
compatível com o teor de ST.
 Remover o lodo após a secagem;
 Limpar adequadamente a
 Aplicação do lodo com limpeza
Ciclo de camada suporte do leito,
inadequada do leito de
desaguamento removendo resíduos de lodo e
secagem.
prolongado plantas quando existentes, se
necessário recolocando areia.
 Checar a areia e substituir se
observado problema de
colmatação;
 Sistema de drenagem obstruído  Remontagem da soleira de
ou tubulações quebradas. drenagem, verificando as
condições e substituindo se
necessário as tubulações de coleta
do percolado.
 Proteger o leito contra as
 Condições climáticas da região.
intempéries.
 Abrir totalmente as válvulas no
 Acúmulo e compactação de início do descarte do lodo para
sólidos residuais de descartes limpeza da tubulação;
anteriores.  Aplicar jatos de água, se
Tubulação de
necessário.
alimentação do leito
 Aplicar jatos de água
de secagem
continuamente no poço de lodo
bloqueada
para redução da concentração de
 Lodo muito denso.
ST e bombeamento do lodo;
 Manter da aplicação até que todo
o lodo seja retirado.

Odor quando o lodo é  Problemas no processo de  Estabelecer correta operação do


aplicado operação e digestão. processo de digestão.

Surgimento de torrões  Remover o lodo do leito quando


e pó do lodo  Inadequada digestão do lodo. conseguir concentração ST ente
desidratado de 35 e 50 %.

CONFIABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE ESGOTO

A confiabilidade de um sistema pode ser definida como a probabilidade de


se conseguir um desempenho adequado por um período específico de tempo, sob
determinadas condições. Em termos de desempenho de uma ETE, a confiabilidade

45
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

pode ser entendida como a porcentagem de tempo em que se conseguem as concen-


trações esperadas no efluente para cumprir com os padrões de lançamento. Assim,
uma ETE será confiável se não houver violação dos limites preconizados pelas legis-
lações ambientais (OLIVEIRA; VON SPERLING, 2007).

De acordo com Eisenberg et al. (2001), a confiabilidade das ETEs está rela-
cionada a dois aspectos: a confiabilidade mecânica e a confiabilidade do processo
operar em condições satisfatórias. A confiabilidade mecânica é determinada, ini-
cialmente, com a identificação dos componentes mecânicos da planta, cujas falhas
podem comprometer a qualidade do efluente final e, em seguida, determina-se a
probabilidade de falhas desses componentes. A confiabilidade do processo pode
ser caracterizada pela estimativa das distribuições de probabilidades acumuladas,
relativas a um contaminante específico, em cada etapa do processo de tratamento.

Várias pesquisas sobre confiabilidade em ETEs estão disponíveis e podem ser


utilizadas como base para estudos técnicos (MONTEIRO, 2009; LOBÃO, 2009; SIL-
VEIRA, 2011; LOBÃO, 2014; BOLZANI, et al., 2017; PONCE et al., 2019).

Um estudo efetuado por Niku et al. (1979), avaliou a confiabilidade de proces-


sos de lodos ativados, analisando 43 estações de tratamento em operação nos Esta-
dos Unidos. Foi desenvolvido um coeficiente de confiabilidade, onde a concentra-
ção média do constituinte (valor de projeto) se relaciona aos valores limites a serem
cumpridos em uma análise de probabilidade. A partir do modelo de confiabilidade
obtido, os autores concluíram que é possível a utilização da distribuição lognormal
para predizer tanto a qualidade do efluente em termos de concentrações de DBO e
SST quanto à confiabilidade e ao desempenho de estações de tratamento de esgotos.

Outro trabalho realizado por Niku et al. (1981) desenvolveu métodos e proce-
dimentos para a introdução de conceitos de estabilidade e confiabilidade na opera-
ção e projeto de estações de tratamento de esgotos. Nesse estudo, a estabilidade foi
definida como a capacidade de ajuste a uma referência ou norma e o valor utilizado
para análise foi a concentração média anual do constituinte. As variações diárias
foram comparadas à média anual e o desvio padrão foi considerado como o melhor
indicador de estabilidade. A conclusão obtida foi que, para atingir o mesmo nível
de estabilidade para ambos, as ETEs devem ser projetadas para produzir concentra-
ções efluentes de SS menores que as de DBO efluente.

Devido às inúmeras incertezas presentes no projeto e operação de estações


de tratamento, existem alguns riscos de falha que são inevitáveis e as ETEs devem
ser projetadas com base em uma medida aceitável de risco ou violação e também

46
INTRODUÇÃO ÀS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ETAPAS DO TRA-
TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

projetadas para produzir uma concentração média efluente abaixo dos padrões de
lançamento.

PADRÕES DE LANÇAMENTO

No Brasil, as legislações classificam seus corpos d’água em função dos seus


usos preponderantes e estabelecem, para cada classe de água, os padrões de quali-
dade a serem obedecidos. Estes padrões de qualidade são utilizados principalmente
para a proteção da qualidade da água, de forma a assegurar os usos previstos.

Os padrões de lançamento são constituídos da mesma forma que os padrões


de qualidade, considerando um conjunto de parâmetros e os respectivos limites que
devem ser atendidos pelos efluentes lançados por qualquer fonte poluidora, direta
ou indiretamente, nos corpos d’água, para não prejudicar o seu uso (OLIVEIRA,
2006).

A Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONANA


(BRASIL, 2005) juntamente com a Resolução 397/2008 (BRASIL, 2008) e Resolução
430/2011 (BRASIL, 2011), foi criada com o objetivo de assegurar os usos preponde-
rantes previstos dos corpos d’água e nortear o controle de lançamento dos efluentes
líquidos por meio de parâmetros de controle. Os órgãos ambientais estaduais, como
o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), usualmente baseiam-se nos padrões dessas
Resoluções, mantendo-os, complementando-os ou aplicando padrões mais restriti-
vos para o lançamento dos efluentes gerados nas ETEs.

47
Hugo Renan Bolzani, Janaina de Melo Franco Domingos

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52
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TAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

ÍNDICE REMISSIVO
A 24, 25, 29, 30, 32, 38, 39, 42, 43, 54, 55, 59,
60, 61, 62, 63
Acordo 15, 16, 18, 19, 20, 23, 24, 25, 28, 31, 32,
34, 38, 39, 42, 43, 54
Água 12, 13, 14, 16, 18, 19, 20, 25, 26, 28, 38, 39,
58, 59, 61
Ambiental 20, 21, 23, 38, 39, 59, 60, 61, 62

Condições 12, 13, 15, 22, 26, 33, 40, 42, 54, 59

Esgoto 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23,
24, 25, 26, 27, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 39, 40,
42, 43, 59, 60, 61, 63

Lodo 17, 18, 22, 23, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34,
35, 39, 40, 59, 63

Matéria 13, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 27, 28, 30, 32,
33, 38, 39, 40

Operação 16, 19, 24, 25, 26, 32, 42, 43, 54, 55, 60,
62
Orgânico 14, 19, 20, 22, 29

Problemas 19, 20, 39, 42, 46, 63


Processos 15, 19, 20, 22, 23, 24, 26, 28, 30, 35, 38,
42, 54

Qualidade 5, 12, 23, 31, 38, 42, 54, 58, 59, 61, 63

Remoção 16, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28, 30, 32,
33, 34

Sistema 12, 17, 19, 23, 25, 26, 28, 29, 31, 32, 33,
34, 42, 43, 54
Sólidos 12, 14, 16, 24, 25, 28, 29, 31, 32, 33, 35

Tratamento 12, 13, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23,

53
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