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Cristina Berger Fadel

Claudia Regina Biancato Bastos


(Orgs.)

Saberes e
Práticas Extensionistas

científica digital
EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA
Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.com.br - contato editoracientifica.com.br

Diagramação e Arte Edição © 2023 Editora Científica Digital


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S115 Saberes e práticas extensionistas / Organizadoras Cristina Berger Fadel, Claudia
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA

Regina Biancato Bastos. – Guarujá-SP: Científica Digital, 2023.


E-BOOK
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui Bibliografia
ISBN 978-65-5360-527-5
DOI 10.37885/978-65-5360-527-5

1. Educação. I. Fadel, Cristina Berger (Organizadora). II. Bastos, Claudia Regina Biancato
(Organizadora). III. Título.
CDD 370

Elaborado por Janaína Ramos – CRB-8/9166

Índice para catálogo sistemático:


I. Educação
2023
Cristina Berger Fadel
Claudia Regina Biancato Bastos
(Orgs.)

Saberes e Práticas Extensionistas

1ª EDIÇÃO

científica digital

2023 - GUARUJÁ - SP
CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Humberto Costa
Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo Neto
Prof. Dr. Jónata Ferreira de Moura
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APRESENTAÇÃO

Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores,


estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões
neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e
de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais
diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação
Superior públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Tem como
objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais e internacionais com redes
de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conheci-
mentos das diversas áreas do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para
o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra
sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos
diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.

As organizadoras
SUMÁRIO
Capítulo 01
ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS ATENDIMENTOS DA CLÍNICA DE ATENÇÃO BÁSICA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Alessandra de Lima; Julien de Paula; Cristina Berger Fadel
10.37885/231215196 ........................................................................................................................................ 8

Capítulo 02

CONSTRUYENDO CONCIENCIA ECOLÓGICA EN COMUNIDADES NATIVAS


DE LA SELVA CENTRAL: PRÁCTICAS EXTENSIONISTAS PARA LA SOSTENIBILIDAD
Lupe Marilu Huanca Rojas; Andrés Arias Lizares
10.37885/231115102........................................................................................................................................ 26

Capítulo 03

ECOTOXICOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


Yure Jefferson da Cruz do Nascimento; Danilo Serrão Moutinho; Irina Sofia Cardoso de Carvalho;
Erika Monteiro dos Santos; Danilo da Silva Costa; Amanda Julião da Silva; Lucas Raphael Silva
Borges; Halisson Matheus Farias do Nascimento; Lílian Lund Amado
10.37885/231115063....................................................................................................................................... 44

Capítulo 04

EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO FERRAMENTA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE


COM PÚBLICO INFANTO-JUVENIL EM COMUNIDADE SOCIOECONOMICAMENTE
VULNERÁVEL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Adriane Bonotto Salin; Bruna Alessandra Araújo Souza; Larissa Ferreira Campo; Susiane Alves da Cunha
10.37885/231115069....................................................................................................................................... 56

Capítulo 05

EXPERIÊNCIA DE EFETIVAÇÃO DO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO


PROJETO NUMAPE UEPG: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA ENFRENTAMENTO
DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
Roseni Inês Marconato Pinto; Sílvia Elaine da Silva Nicolau; Ana Paula Aparecida Marins de
Oliveira; Luiza Regiane Gaspar Ienke; Rita Rafaely Soares; Nara Luiza Valente
10.37885/231115095....................................................................................................................................... 66
SUMÁRIO

Capítulo 06

NA TRILHA DA TECNOLOGIA E REDES SOCIAIS: UMA EXPERIÊNCIA


EXTENSIONISTA PARA PROMOÇÃO DA LIBRAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA
EM BRAGANÇA, PARÁ
Jane do Socorro Borges Conde; Karolayne Antonia Fonseca da Silva; Ingrid Niemes de Souza;
Clara Gondim Melo; Maria Pollyana Costa Silva; Cristian da Silva Ramos; Jefferson Marcelo Brito
Borges; Gracielle Araújo da Rosa; Marcelly Naheda Miranda Alves; Gláucia Caroline Silva-Oliveira
10.37885/231115043....................................................................................................................................... 87

SOBRE AS ORGANIZADORAS ................................................................................................. 100


ÍNDICE REMISSIVO................................................................................................................................. 102
01

ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM


SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS ATENDIMENTOS DA CLÍNICA DE
ATENÇÃO BÁSICA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Alessandra de Lima
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Julien de Paula
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Cristina Berger Fadel

10.37885/231215196
RESUMO

Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) é fundamental, sendo o ponto


inicial de contato com o sistema de saúde e transformando o foco curativo
em modelo preventivo e coletivo na odontologia brasileira desde 2000. Obje-
tivo: O objetivo deste trabalho foi relatar a experiência de acadêmicas de Odon-
tologia durante o estágio na Clínica de Atenção Básica, destacando a integração
dos princípios da Atenção Primária à Saúde na prática clínica. Metodologia:
Foram descritas as principais demandas odontológicas na Clínica de Atenção
Básica da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Em seguida, foi feita uma
análise dos casos e sua relação com os atributos da APS. Resultados: Obser-
vou-se que os atributos da APS foram alcançados. Discussão: Ressalta-se as
principais demandas por atendimento odontológico, a discrepância observada
entre a queixa do paciente e a visão clínica do cirurgião-dentista e necessidade
de uma abordagem multidisciplinar para lidar com uma gama diversificada de
condições. Conclusão: Destaca-se a experiência prática das estudantes de
Odontologia na Clínica de Atenção Básica, realçando o desenvolvimento de
habilidades clínicas, empatia e compreensão da importância da prevenção,
ressaltando a formação profissional centrada no paciente e comprometida com
a saúde bucal da comunidade.

Palavras-chave: Odontologia, Atenção em Saúde, Atenção Primária.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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INTRODUÇÃO

A Atenção Primária à Saúde (APS) é reconhecida globalmente como um


pilar essencial na organização dos serviços de saúde, servindo como o ponto
inicial de contato para indivíduos, famílias e comunidades com o sistema nacional
de saúde (BATISTA et al., 2023). Seu propósito fundamental é garantir o acesso
da população a uma gama de ações e serviços de saúde, transformando o
foco tradicional de tratamento individual, curativo e hospitalar em um modelo
abrangente, coletivo, preventivo, territorializado e participativo (STARFIELD
et al., 2005). No Brasil, a inclusão da odontologia na APS teve início no ano
2000 (ROSELINO et al., 2020).
Os atributos-chave da Atenção Primária em Saúde incluem: acessibilidade,
integralidade, longitudinalidade, coordenação do cuidado e orientação familiar
e comunitária (MOREIRA et al., 2021). A acessibilidade garante a facilidade de
acesso aos serviços de saúde para todas as pessoas, considerando fatores
geográficos, financeiros, culturais e sociais (BARRA et al., 2020). A integralidade
visa fornecer cuidados completos que atendam às necessidades de saúde em
todas as dimensões - física, emocional e social (ROCHA et al., 2021).
A longitudinalidade busca estabelecer uma relação contínua entre pacien-
tes e profissionais de saúde, permitindo uma compreensão mais profunda das
necessidades individuais e uma coordenação mais eficaz do cuidado (CRISTIANE
et al., 2021). A coordenação do cuidado visa articular diferentes serviços de
saúde, especialidades e profissionais, promovendo uma abordagem integrada
para aprimorar a eficiência e eficácia do tratamento (MENDES et al., 2021).
Por fim, a orientação familiar e comunitária valoriza a família e a comunidade
como elementos cruciais na promoção da saúde, levando em consideração seu
contexto social, cultural e ambiental (NEVES et al., 2020).
Ademais, é relevante ressaltar que esses atributos foram estabelecidos
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua Declaração de Alma-Ata,
em 1978, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento e forta-
lecimento dos sistemas de saúde em nível global (ALVES, 2020).
Este relatório tem como objetivo principal trazer um relato de experiência
das atividades realizadas durante o segundo semestre na disciplina de Estágio

Saberes e Práticas Extensionistas


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em Clínica de Atenção Básica da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
e na Unidade de Saúde Sharise Angélica Arruda (UBS), no estado do Paraná.

METODOLOGIA

Este trabalho consiste em um relato de experiência das acadêmicas de


Odontologia quanto aos atendimentos na Clínica de Atenção Básica (CAB).
Para isto, será apresentada uma tabela que inclui o local de atendimento, idade
do paciente, SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação, Plano) e o procedimento
realizado. Após isso, foi feita uma análise dos casos, relacionando-os com os
Atributos da Atenção Primária em Saúde e a percepção das acadêmicas do
quinto ano de Odontologia quanto aos atendimentos.
É importante ressaltar também o serviço intitulado como plantão, o qual
acontece nas clínicas de Atenção Básica da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, no qual os acadêmicos devem, em determinado dia, atender somente
pacientes que chegam na demanda espontânea com quadro de dor.

RELATO DAS ATIVIDADES REALIZADAS

Operadora 1:
Local do
Idade SOAP Procedimento Realizado
atendimento
UBS 27 Subjetivo: “quero fazer uma avaliação”. Exame clínico e agendamento.
Objetivo: presença de cálculo supra-
gengival nos elementos 33, 32, 31, 43,
42, e 41.
Avaliação: necessidade de raspagem
supragengival nos elementos ântero-
-inferiores.
Plano: devido a demanda de pacien-
tes neste dia com dor, a paciente foi
agendada para realizar o tratamento
periodontal.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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Local do
Idade SOAP Procedimento Realizado
atendimento
UBS 11 Subjetivo: “quero colocar aparelho”. Como o paciente é soldado e não tinha
Objetivo: presença de lesão cariosa nos muito tempo disponível, nesta consulta
elementos 17 (O), 27 (O), 36 (O), 37 (O), foi realizado raspagem supragengival
46 (OV) e 47 (O). Presença também de superior e inferior com aparelho sônico
biofilme e cálculo supragengival em e profilaxia, OHB e agendamento para
todos os elementos. as restaurações.
Avaliação: necessidade de raspagem
supragengival de todos os elementos e
restauração classe I (17, 27, 36, 37 e 47)
e classe II (46).
Plano: raspagem supragengival e res-
tauração dos elementos com lesão
cariosa.
UEPG 54 Subjetivo: “minha prótese quebrou e Exodontia dos elementos 32 e 38 e pres-
quero trocar”. crição de ibuprofeno.
Objetivo: ausência dos elementos 14, 23,
24, 25, 31, 36, 37, 41, 42 e 45. Portador
de PPR superior e inferior. Presença de
mobilidade grau III nos elementos 32 e
38. Fratura coronária do elemento 46,
LCNC nos dentes 33 e 34. Avaliação:
necessidade de exodontia dos elemen-
tos 32 e 38, tratamento restaurador nos
elementos 33, 34 e 46 e confecção de
nova PPR inferior.
Plano: exodontia dos elementos 32 e 38,
tratamento restaurador nos dentes 33 e
34 (classe V) e 46 (classe II) e confec-
ção de nova PPR inferior.
UBS 63 Subjetivo: “quero colar meu dente”. Cimentação provisória de coroa total do
Objetivo: ausência dos elementos 14, 15, dente 21 encaminhamento para UEPG.
17, 18, 24, 27, 28, 36, 37, 38, 46, 47 e 48.
Presença de raiz residual no elemento
45, prótese fixa do 21 e PPR superior.
Avaliação: necessidade de exodon-
tia da raiz residual do 45, cimentação
provisória da coroa do 21 e tratamento
periodontal.
Plano: optou-se pela realização da ci-
mentação provisória do elemento 21 e
encaminhamento para a UEPG para
confecção de nova prótese fixa e ava-
liação endodôntica do elemento 44.
UEPG 22 Subjetivo: “meu dente inchou, preciso Exame clínico, radiografia periapical
(PLANTÃO) continuar o tratamento de canal”. (MIE), troca de medicação intracanal
Objetivo: presença de lesão cariosa no (PMCC).
37 (M), 46 (OV) e elemento 36 já inicia-
do o tratamento endodôntico. Avaliação:
necessidade de restauração classe II no
elemento 37 e 46 e continuidade do tra-
tamento de canal do 36.
Plano: optou-se pela troca de curativo
intracanal do elemento 36 e encaminha-
mento para continuidade do tratamento
endodôntico e restaurações.

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Local do
Idade SOAP Procedimento Realizado
atendimento
UEPG 48 Subjetivo: “preciso de prótese fixa”. Exame clínico, radiografia, abertura do
(PLANTÃO) Objetivo: ausência dos elementos 15, dente 17, medicação com Otosporin.
24, 25, 36, 37, 38 e 46. Presença de raiz
residual do elemento 16 e lesão cariosa
extensa (DO) com envolvimento pulpar
no elemento 17.
Avaliação: necessidade de exodontia
da raiz residual do elemento 16, con-
fecção de PPR superior, tratamento
endodôntico e restauração classe II do
elemento 17.
Plano: optou-se pela realização de tra-
tamento endodôntico do elemento 17
e encaminhamento para exodontia e
confecção de PPR.
UBS CIRCULANTE
UBS 43 Subjetivo: “caiu a massinha do meu den- Exame clínico, profilaxia, OHB, restau-
te e a gengiva sangra”. ração classe III no elemento 11 e classe
Objetivo: ausência dos elementos 12, 16, V no 21. Agendamento para a próxima
17, 18, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 36, 37, 38, restauração.
47 e 48. Presença de lesão cariosa dos
elementos 15 (V) e 11 (MD) e fratura da
restauração do elemento 21.
Avaliação: necessidade de restauração
dos elementos 11 (classe III), 21 (classe
V) e 15 (classe V).
Plano: optou-se pela realização de res-
tauração dos elementos 11 e 21 e agen-
damento para a próxima restauração.
UEPG 32 Subjetivo: “tenho dor no dente”. Início da desobturação do elemento 37 e
Objetivo: presença de fratura coronária medicação intracanal com PMCC.
abaixo do nível gengival no elemento 37
com tratamento endodôntico insatisfa-
tório.
Avaliação: necessidade de aumento de
coroa clínica, retratamento endodônti-
co e tratamento restaurador com pino
de fibra de vidro e resina composta no
elemento 37.
Plano: aumento de coroa clínica, re-
tratamento endodôntico e tratamento
restaurador.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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Local do
Idade SOAP Procedimento Realizado
atendimento
UEPG 48 Subjetivo: “preciso de prótese fixa”. Odontometria e instrumentação do
Objetivo: ausência dos elementos 15, elemento 17. Solicitação de tomografia
24, 25, 36, 37, 38 e 46. Presença de raiz computadorizada deste mesmo ele-
residual do elemento 16 e lesão cariosa mento.
extensa (DO) com envolvimento pulpar
no elemento 17.
Avaliação: necessidade de exodontia
da raiz residual do elemento 16, con-
fecção de PPR superior, tratamento
endodôntico e restauração classe II do
elemento 17.
Plano: optou-se pela realização de tra-
tamento endodôntico do elemento 17
e encaminhamento para exodontia e
confecção de PPR.
UBS 58 Subjetivo: “sinto meus dentes moles e Exame clínico, OHB, remoção de teci-
um dente quebrou”. do cariado e reconstrução do elemento
Objetivo: ausência dos elementos 13, 16, 11 (V, P, M, D). Encaminhamento para
18, 26, 28, 36, 37, 46, 47, 48. Presença de UEPG.
fratura no elemento 11 e 35. Mobilidade
grau II nos elementos ântero-inferiores.
Avaliação: necessidade de tratamento
periodontal dos ântero-inferiores e res-
taurador dos elementos 11 e 35.
Plano: optou-se pela realização de res-
tauração do elemento 11 e encaminha-
mento para continuidade do tratamento
na UEPG.
UEPG CONEX
UEPG 21 Subjetivo: “estou com dor no dente”. Instrumentação completa e medicação
Objetivo: presença de lesão cariosa intracanal com hidróxido de cálcio e
extensa com envolvimento pulpar do Otosporin no elemento 37. Encaminha-
elemento 37 (O), 38 (O) e 26 (O) mento para exodontia e tratamento en-
Avaliação: necessidade de tratamento dodôntico do 26.
endodôntico no elemento 37 e 26 e exo-
dontia do 38.
Plano: tratamento endodôntico do ele-
mento 37 e 26 e encaminhamento para
exodontia do 38.
UEPG 43 Subjetivo: “meu dente quebrou”. Exame clínico inicial e agendamento
(PLANTÃO) Objetivo: presença de desgastes nas para restauração (paciente posterior-
incisais dos dentes anteriores supe- mente faltou na consulta agendada).
riores e inferiores devido ao bruxismo
e LCNC do elemento 24. Avaliação:
necessidade de tratamento restaurador
nas incisais dos dentes anteriores e no
elemento 24 (classe V) e confecção de
placa miorrelaxante.
Plano: restauração das incisais dos den-
tes anteriores e encaminhamento para
confecção de placa miorrelaxante.

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Local do
Idade SOAP Procedimento Realizado
atendimento
UEPG 48 Subjetivo: “preciso de prótese fixa”. Foi tentado agendar a paciente diversas
Objetivo: ausência dos elementos 15, vezes para continuidade do tratamento,
24, 25, 36, 37, 38 e 46. Presença de raiz no entanto, no dia da consulta ela faltou.
residual do elemento 16 e lesão cariosa
extensa (DO) com envolvimento pulpar
no elemento 17.
Avaliação: necessidade de exodontia
da raiz residual do elemento 16, con-
fecção de PPR superior, tratamento
endodôntico e restauração classe II do
elemento 17.
Plano: optou-se pela realização de tra-
tamento endodôntico do elemento 17
e encaminhamento para exodontia e
confecção de PPR.
UEPG 75 Subjetivo: “quebrou um pedacinho do Exame clínico, radiografia, abertura do
(PLANTÃO) meu dente por conta da prótese.” 23, intrsumentação completa e medica-
Objetivo: ausência dos elementos 12, 13, ção com HC + PMCC. Paciente encami-
16, 18, 21, 22, 24, 28, 34, 35, 36, 37, 38, 44, nhado para continuidade do tratamento
46, 47 e 48. Portador de PPR superior na disciplina de Endo-Prótese.
e inferior. Fratura na face palatina do
elemento 23.
Avaliação: após exame radiográfico,
verificou-se necessidade de tratamen-
to endodôntico do elemento 23. Plano:
tratamento endodôntico e restaurador
do elemento 23 e ajuste da PPR superior.
UBS 5 Subjetivo: a mãe relatou querer uma Exame clínico, profilaxia, OHB e ART do
avaliação dos dentes da filha. elemento 64.
Objetivo: presença de lesão cariosa (IC-
DAS 3) na face oclusal do 64.
Avaliação: necessidade de restauração
classe I do dente 64. Plano: Profilaxia e
ART do elemento 64.
UEPG 33 Subjetivo: “estou com dor de dente”. Exame clínico, radiografia, abertura en-
Objetivo: presença de restauração dodôntica do dente 26, instrumentação,
extensa de amálgama fraturada com medicação intracanal com Otosporin e
infiltração no elemento 26. Avaliação: solicitação de tomografia computado-
necessidade de tratamento endodôntico rizada.
e restaurador do elemento 26.
Plano: tratamento endodôntico e restau-
rador do elemento 26.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


15
Operadora 2:
Local do
Idade SOAP Procedimento realizado
procedimento
UBS 5 Subjetivo: a mãe relatou que o filho Exame clínico, OHB e encaminhamen-
estava com dor no dente. to para a clínica de Odontopediatria
Objetivo: presença de lesão cariosa da UEPG.
54, 55, 64, 65, 74, 75, 85 e 85. Avalia-
ção: paciente já havia sido atendido
com abscesso no elemento 85, o qual
foi feito drenagem e prescrição de an-
tibiótico. A dor relatada era no mesmo
elemento, o qual possui também ex-
tensa destruição coronária.
Plano: encaminhamento para a clínica
de Odontopediatria da UEPG.
UBS 34 Subjetivo: “meu dente dói”. Exame clínico, irrigação dos canais
Objetivo: presença de fratura coroná- com hipoclorito de sódio 1%, medi-
ria extensa com envolvimento pulpar cação com PMCC e colocação de
do elemento 26 e cálculo supragengi- material obturador temporário. Enca-
val nos dentes ântero-inferiores. minhamento para UEPG.
Avaliação: necessidade de tratamento
periodontal, endodôntico e restaura-
dor do elemento 46.
Plano: encaminhamento para trata-
mento endodôntico do elemento 46
na UEPG.
UEPG 38 Subjetivo: “estou com dor, foi mexido Exame clínico, abertura do dente 21,
(PLANTÃO) no meu dente quinta-feira passada”. drenagem via dental da coleção pu-
Objetivo: paciente havia iniciado trata- rulenta, irrigação com hipoclorito de
mento de canal do elemento 21, o qual sódio 1%, medicação intracanal com
apresentava-se com edema. HC + PMCC e prescrição de antibió-
Avaliação: necessidade de tratamento tico (amoxicilina).
endodôntico do elemento 21.
Plano: tratamento endodôntico do
elemento 21.
UEPG 31 Subjetivo: “fiz canal no ano passado e Restauração classe II (OM) do ele-
meu dente quebrou.” mento 25.
Objetivo: presença de restauração
com ionômero de vidro nos dentes
24 e 25. Após radiografia, verificou-se
lesão apical no dente 24.
Avaliação: necessidade de retrata-
mento endodôntico e tratamento
restaurador.
Plano: retratamento endodôntico do
dente 24, colocação de pino de fibra
de vidro no dente 24 e restauração
classe II nos dentes 24 e 25.

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16
Local do
Idade SOAP Procedimento realizado
procedimento
UEPG 15 Subjetivo: “minha gengiva incomoda e Instrumentação do canal DL do den-
sangra, tenho dor no dente.” te 36, prova do cone, medicação com
Objetivo: presença de gengivite severa PMCC.
com crescimento e inchaço gengival,
sangramento espontâneo e lesões
cariosas.
Avaliação: necessidade de tratamento
endodôntico, periodontal e restaura-
dor.
Plano: tratamento endodôntico dos
elementos 36, 37, 46, 47.
Restauração classe II no elemento 15
e tratamento periodontal.
UEPG 15 Subjetivo: “minha gengiva incomoda e Obturação do elemento 36 e restaura-
sangra, tenho dor no dente.” ção classe I (OL) em resina composta.
Objetivo: presença de gengivite severa
com crescimento e inchaço gengival,
sangramento espontâneo e lesões
cariosas.
Avaliação: necessidade de tratamento
endodôntico, periodontal e restaura-
dor.
Plano: tratamento endodôntico dos
elementos 36, 37, 46, 47.
Restauração classe II no elemento 15
e tratamento periodontal.
UEPG 49 Subjetivo: “foi feito canal no meu den- Exame clínico, radiografia e aumento
te e preciso restaurar.”. de coroa clínica no elemento 17.
Objetivo: ausência dos dentes 45 e 48.
Presença de fratura coronária abaixo
do nível gengival no elemento 17. Por-
tador de prótese fixa do elemento 12
ao 21. Presença de cálculo nos dentes
ântero-inferiores.
Avaliação: necessidade de aumento
de coroa clínica e restauração no 17
e tratamento periodontal na região
ântero-inferior.
Plano: aumento de coroa clínica, res-
tauração no elemento 17 raspagem
supragengival nos dentes ântero-in-
feriores.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


17
Local do
Idade SOAP Procedimento realizado
procedimento
UEPG 59 Subjetivo: “meu dente dói e quero ou- Exame clínico inicial, radiografia peria-
(PLANTÃO) tra prótese.” pical (PMSD), raspagem e alisamento
Objetivo: ausência dos elementos 11, radicular supra e subgengival do 13 e
12, 18, 21, 22, 28, 31, 36, 37, 46, 47 e 48. 23. Encaminhamento para a Clínica
Portador de prótese fixa do elemento Integrada.
14 ao 24. Presença de doença perio-
dontal severa com bolsas profundas
nos elementos 13 e 23.
Avaliação: necessidade de tratamento
endodôntico e restaurador no elemen-
to 14, tratamento periodontal e confec-
ção de nova PF.
Plano: encaminhamento para a Clínica
Integrada.
UBS 33 Subjetivo: “tenho dor e sensibilidade.” Exame clínico, colocação de ionôme-
Objetivo: presença de lesão cariosa ro de vidro no dente 36 e encaminha-
no dente 18 (O) e fratura coronária do mento para UEPG.
elemento 36.
Avaliação: necessidade de exodontia
do elemento 18 e coroa total no dente
36.
Plano: encaminhamento para UEPG
para confecção de prótese fixa e exo-
dontia do elemento 18.
UEPG 21 Subjetivo: “estou com dor no dente”. Exame clínico, radiografia periapical
(PLANTÃO) Objetivo: presença de lesão cariosa (MIE), remoção de pólipo pulpar e
extensa com envolvimento pulpar do medicação com Otosporin. Paciente
elemento 37 (O), 38 (O) e 26 (O) agendada para retorno.
Avaliação: necessidade de tratamen-
to endodôntico no elemento 37 e 26 e
exodontia do 38.
Plano: tratamento endodôntico do
elemento 37 e 26 e encaminhamento
para exodontia do 38.
UBS 37 Subjetivo: “estou com sensibilidade e Exame clínico, OHB, restauração clas-
um dente quebrado”. se II do elemento 25, aplicação de flúor
Objetivo: presença de fratura coro- gel para sensibilidade. Agendamento
nária na mesial do elemento 25. Pre- para a próxima restauração.
sença de lesão cariosa classe V no
dente 26.
Avaliação: necessidade de tratamento
restaurador nos elementos 25 e 26.
Plano: tratamento restaurador dos
elementos 25 e 26.

Saberes e Práticas Extensionistas


18
Local do
Idade SOAP Procedimento realizado
procedimento
UEPG 41 Subjetivo: “estou com dor no dente.” Exame clínico, radiografia periapi-
Objetivo: presença de tratamento en- cal (ICS), profilaxia, OHB, raspagem
dodôntico satisfatório nos dentes 11 e subgengival dos incisivos centrais
21. Paciente portadora de aparelho or- superiores.
todôntico fixo, porém não frequentava
as manutenções.
Avaliação: necessidade de tratamen-
to periodontal e remoção do aparelho
ortodôntico fixo.
Plano: orientação para remoção do
aparelho e raspagem supragengival.
UEPG 27 Subjetivo: “estou com dor no siso”. Exame clínico, prescrição de ibupro-
(PLANTÃO) Objetivo: presença de grande quan- feno e dipirona e encaminhamento
tidade de biofilme. Apresentava-se para a ABO.
com trismo. Avaliação: necessidade de
tratamento exodontia do elemento 18.
Plano: encaminhamento para a ABO
para exodontia do elemento 18 e pres-
crição de AINE e analgésico.
UEPG 50 Subjetivo: “meu dente da frente é Reparo na faceta do dente 11.
escuro”.
Objetivo: presença de necropulpecto-
mia por trauma no elemento 11.
Avaliação: necessidade de tratamento
endodôntico, clareamento interno e
faceta no elemento 11.
Plano: tratamento endodôntico, clare-
amento interno e tratamento restaura-
dor com faceta em resina composta
no elemento 11.
UBS 5 Subjetivo: a mãe relatou que a filha Exame clínico, profilaxia, OHB e ART
está com cárie. do elemento 63.
Objetivo: presença de lesão cariosa
(ICDAS 3) na face vestibular do ele-
mento 63.
Avaliação: necessidade de restaura-
ção classe V do dente 63. Plano: Pro-
filaxia e ART do elemento 63.
UBS 38 Subjetivo: “estou com dor no dente”. Exame clínico e encaminhamento para
Objetivo: ausência dos elementos a UEPG.
18, 28 e 46. Presença de raiz residual
do 36. Dente 26 com restauração em
amálgama fraturada com infiltração.
Presença de cálculo nos dentes ân-
tero-inferiores.
Avaliação: necessidade de exodontia
da raiz residual do 36, tratamento pe-
riodontal e possível tratamento endo-
dôntico do dente 26.
Plano: encaminhamento para UEPG
para radiografia do elemento 26 e exo-
dontia de raiz residual do 36.

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19
RESULTADOS

Os casos clínicos apresentados refletem a aplicação dos princípios da


Atenção Primária em Saúde (APS) na prática odontológica. Através da integrali-
dade, os profissionais não apenas trataram das queixas imediatas dos pacientes,
mas também identificaram outras condições bucais, oferecendo uma avaliação
global e tratamento abrangente.
A longitudinalidade foi evidenciada pela consideração das necessidades a
longo prazo dos pacientes. Os planos de tratamento não se limitaram à resolução
imediata dos problemas, mas também propuseram cuidados contínuos, enca-
minhamentos e acompanhamento para garantir uma saúde bucal sustentável.
A coordenação entre os diversos procedimentos, como restaurações,
tratamentos endodônticos, periodontais e exodontias, demonstra a abordagem
integral dos cuidados odontológicos. Isso reflete a acessibilidade aos serviços
necessários e a organização das intervenções de forma articulada, priorizando
a eficácia e a continuidade do tratamento.
Além disso, a abordagem familiar e a compreensão das necessidades
específicas dos pacientes, como desejos por tratamentos específicos, per-
mitiram uma interação mais próxima e uma compreensão mais holística das
condições bucais, promovendo uma relação de confiança entre o paciente e o
profissional de saúde.
Segue abaixo um quadro exemplificando alguns casos clínicos aplicados
a cada atributo, bem como uma explicação deste.

Saberes e Práticas Extensionistas


20
Quadro 1. Atributos da Atenção Primária em Saúde (APS) sendo aplicados na prática. 2023.
ATRIBUTO DA APS CASO CLÍNICO EXPLICAÇÃO
Integralidade “quero fazer uma avaliação” Há a necessidade de diferentes avaliações
e tratamentos, buscando cuidado completo.
“quero colar meu dente”. Exige uma visão integral do tratamento,
considerando diferentes procedimentos
para restauração.
“meu dente da frente é escuro”. O escurecimento do dente anterior de-
manda uma abordagem completa para
diagnosticar e fornecer tratamento estéti-
co adequado.
“estou com sensibilidade e um A presença de sensibilidade e fratura den-
dente quebrado” tária requer uma abordagem integral para
resolver ambas as questões.
Longitudinalidade “preciso de prótese fixa” Mostra a continuidade do cuidado, com tra-
tamentos anteriores e planejamento futuro.
“sinto meus dentes moles e um Apresenta um acompanhamento anterior
dente quebrou”. e o planejamento de tratamentos futuros.
Coordenação do cuidado “meu dente inchou, preciso conti- Demonstra a necessidade de uma coorde-
nuar o tratamento de canal”. nação entre diferentes estágios do trata-
mento.
“fiz canal no ano passado e meu A quebra do dente após um tratamento an-
dente quebrou”. terior ressalta a importância da continuida-
de do cuidado odontológico para monitorar
e prevenir complicações.
“estou com dor, foi mexido no meu O histórico de tratamento recente e a per-
dente quinta-feira passada”. sistência da dor demonstram a importância
da continuidade do cuidado para garantir o
sucesso do tratamento.
Acessibilidade “estou com dor no dente” Busca-se atendimento imediato para aliviar
a dor, destacando a facilidade de acesso
aos serviços de saúde.
“estou com dor no siso” A presença de dor no siso exige um aces-
so rápido aos serviços odontológicos para
avaliar e tratar a condição.
“caiu a massinha do meu dente e Destaca a facilidade de acesso aos servi-
a gengiva sangra” ços odontológicos para resolver problemas
específicos, como a perda de restaurações.
Fonte: os autores.

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21
DISCUSSÃO

Principais causas da procura por atendimento odontológico na Clínica de


Atenção Básica

A demanda por atendimentos odontológicos na disciplina de Clínica de


Atenção Básica da Universidade Estadual de Ponta Grossa reflete uma gama
diversificada de necessidades clínicas e sociais dos pacientes. Nesse sentido, a
dor dentária surge como um dos principais motivos, frequentemente associada
a cáries extensas, fraturas ou processos infecciosos (ECHEVERRIA et al., 2020).
Ademais, pesquisas indicam que a dor dental continua sendo uma das razões
mais comuns para buscar atendimento odontológico (CASSOL et al., 2021).
Observa-se também uma considerável demanda por próteses den-
tárias em várias faixas etárias, evidenciando a importância dos tratamentos
de reabilitação oral para restaurar a função mastigatória e a estética dental
(CORDEIRO et al., 2023).
Os procedimentos odontológicos executados foram diversos, abrangendo
desde intervenções conservadoras, como restaurações de diferentes classes (I,
II, III, IV, V), tratamentos endodônticos e exodontias, até procedimentos estéticos,
como clareamentos e facetas. Esses procedimentos refletem a necessidade de
cuidados multidisciplinares, com enfoque tanto na funcionalidade quanto na
estética dental.
Adicionalmente, a sensibilidade dentária tem se mostrado uma queixa
recorrente, demandando tratamentos específicos, como o uso de dessensibilizan-
tes e restaurações, nos casos em que haja desgastes dentários (ZENATTI et al.,
2016). Tal condição, muitas vezes, vem relacionada ao hábito de apertamento
dentário, o bruxismo, evidenciado como uma desordem que vem aumentando
consideravelmente, principalmente devido a fatores externos, como estresse
no trabalho, ansiedade, distúrbios psicológicos, entre outros.
Esta diversidade de queixas e procedimentos ressalta a importância da
atuação multidisciplinar na Odontologia, que abarca não somente aspectos
clínicos, mas também psicológicos e sociais dos pacientes. Tal abordagem
contribui para uma assistência integral e personalizada no cuidado odontológico
(MAMELUQUE et al., 2005).”

Saberes e Práticas Extensionistas


22
Percepção subjetiva do paciente versus a percepção objetiva (clínica) do
cirurgião-dentista

Os casos clínicos ilustram a complexidade das queixas subjetivas dos


pacientes em comparação com os achados objetivos durante o exame clínico
odontológico. A diferença entre o que o paciente relata e o que o dentista iden-
tifica muitas vezes revela a necessidade de uma avaliação mais aprofundada
para um diagnóstico preciso.
As queixas dos pacientes geralmente variam de dor, desconforto, neces-
sidade de avaliação ou desejo de tratamentos específicos, como colocação de
aparelho, troca de prótese ou colagem de dente. No entanto, os diagnósticos
objetivos frequentemente revelam condições mais complexas, como fraturas
extensas, lesões cariosas, ausência de dentes, mobilidade dentária, lesões
periodontais, entre outros problemas odontológicos.
Essa discrepância entre as queixas subjetivas e os achados objetivos
pode ser explicada por vários motivos. Por vezes, os pacientes não possuem
conhecimento técnico sobre suas condições dentárias e descrevem os sintomas
de maneira simplificada, focando apenas na área de desconforto. Além disso, a
dor referida nem sempre está associada diretamente à área afetada, dificultando
o diagnóstico inicial.
Os casos também destacam a importância da avaliação longitudinal e
abrangente na prática da Atenção Primária em Saúde Bucal. Essa abordagem
permite identificar não apenas o problema imediato relatado pelo paciente,
mas também outras condições que podem estar presentes e requerem aten-
ção. Por exemplo, a necessidade de tratamento periodontal, endodôntico,
restaurador ou a ausência de dentes, que podem não ter sido mencionados
inicialmente pelo paciente.
É crucial estabelecer uma comunicação eficaz entre o paciente e o den-
tista, incentivando o relato detalhado dos sintomas para facilitar um diagnóstico
mais preciso. A prática da APS (Atenção Primária em Saúde) demanda não só
a resolução do problema atual, mas a consideração do contexto geral da saúde
bucal do paciente, garantindo um tratamento abrangente e contínuo.
Essa discrepância entre a percepção do paciente e o diagnóstico clí-
nico ressalta a importância da abordagem holística e da colaboração entre o

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23
paciente e o profissional de saúde, a fim de garantir a compreensão completa
das necessidades e condições bucais, promovendo assim uma melhor qualidade
de cuidados odontológicos.

CONCLUSÃO

Torna-se claro, portanto, que os atributos da Atenção Primária em Saúde


foram alcançados na Clínica de Atenção Básica da Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Além disso, pode-se observar também que houveram discrepâncias
entre o subjetivo (queixa do paciente) e o objetivo (o que o cirurgião-dentista
observou que precisava ser feito).
O envolvimento dos estudantes de Odontologia da Universidade Estadual
de Ponta Grossa proporcionou um contato direto com a realidade clínica, aliado
aos atributos da Atenção Primária em Saúde, contribuindo para formar profis-
sionais sensíveis às necessidades sociais e individuais dos pacientes. A abor-
dagem integral do cuidado odontológico, considerando não apenas os aspectos
biológicos, mas também os sociais, psicológicos e culturais dos pacientes, foi
valorizada. A experiência permitiu o aprimoramento das habilidades clínicas, o
desenvolvimento da empatia e a compreensão da importância da prevenção
e promoção da saúde bucal. Essa integração foi essencial na formação como
cirurgiões-dentistas, nos preparando não apenas tecnicamente, mas também
para uma prática profissional centrada no paciente e comprometida com o
bem-estar da comunidade.

REFERÊNCIAS
ALVES, Maria Teresa Garcia. Reflexões sobre o papel da Atenção Primária à Saúde na pandemia de
COVID-19. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 15, n. 42, p. 2496-2496, 2020.

BARRA, Jhayne Fonda et al. Acessibilidade na atenção primária: como avaliam os profissionais de
saúde?. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v. 10, 2020.

BATISTA, Claudio Lucas Farias et al. Atributos da atenção primária à saúde: a teoria e a prática em
uma unidade de saúde da família na perspectiva de acadêmicos de medicina. Arquivos de Ciências
da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 2, p. 829-842, 2023.

Saberes e Práticas Extensionistas


24
CASSOL, Henrique Jordan Segalin; CARPES, Alexia Catarina; PIARDI, Carla Cioato. Urgências
odontológicas associadas à dor de origem pulpar e ou/periapical: uma revisão de literatura. Revista
da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, v. 51, n. 2, 2021.

CORDEIRO, Jhonnayce Figueredo et al. Importância de próteses totais imediatas no processo de


reabilitação oral. Revista Cathedral, v. 5, n. 3, p. 117-128, 2023.

CRISTIANE, Maura et al. Longitudinalidade na atenção primária à saúde: revisão integrativa da literatura.
Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 13, n. 2, p. 1381-1387, 2021.

ECHEVERRIA, Mariana Silveira; DUMITH, Samuel Carvalho; SILVA, Alexandre Emidio Ribeiro.
Prevalência e fatores associados a dor dentária-estudo de base populacional com adultos e idosos
do sul do Brasil. Revista de Odontologia da UNESP, v. 49, 2020.

MAMELUQUE, Soraya et al. Abordagem integral no atendimento odontológico à gestante. Revista


Unimontes Científica, v. 7, n. 1, p. 67-76, 2005.

MENDES, Lívia dos Santos et al. Experiência de coordenação do cuidado entre médicos da atenção
primária e especializada e fatores relacionados. Cadernos de Saúde Pública, v. 37, p. e00149520, 2021.

MOREIRA, Diane Costa et al. Avaliação do trabalho dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e
Atenção Báscia (NASF-AB) por usuários, segundo os atributos da atenção primária. Cadernos de
Saúde Pública, v. 36, p. e00031420, 2021.

NEVES, Aline Tatsch et al. Avaliação dos atributos coordenação da atenção, orientação familiar e
comunitária na atenção primária à saúde: perspectiva de cuidadores de crianças/adolescentes. 2020.

ROCHA, Vanessa Carvalho Leite Gama et al. Avaliação da integralidade na Atenção Primária à Saúde
pelo usuário idoso: estudo transversal. Revista de APS, v. 24, n. 2, 2021.

ROSELINO, Patrícia Laguna; DAMASCENO, Jaqueline Lopes; FIGUEIREDO, Glória Lúcia Alves. Saúde
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Revista de Odontologia da UNESP, v. 48, 2020.

STARFIELD, Barbara; SHI, Leiyu; MACINKO, James. Contribution of primary care to health systems
and health. The milbank quarterly, v. 83, n. 3, p. 457-502, 2005.

ZENATTI, Enatielli U.; PAVOSKI, Luana; ZASSO, Fernanda Malgarim. SENSIBILIDADE DENTÁRIA.
Anais de Odontologia/ISSN 2526-9437, v. 1, n. 1, p. 25-26, 2016.

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25
02

CONSTRUYENDO CONCIENCIA
ECOLÓGICA EN COMUNIDADES NATIVAS
DE LA SELVA CENTRAL: PRÁCTICAS
EXTENSIONISTAS PARA LA
SOSTENIBILIDAD

Lupe Marilu Huanca Rojas


Universidad Nacional Intercultural de la Selva Central
Juan Santos Atahualpa (UNISCJSA) - Perú

Andrés Arias Lizares


Universidad Nacional del Altiplano(UNAP) - Perú

10.37885/231115102
RESUMEN

Objetivo: Este estudio se sumerge en la complejidad de las comunidades nati-


vas de la Selva Central del Perú, explorando cómo la conciencia ecológica se
entrelaza con prácticas cotidianas fundamentadas en principios de sostenibili-
dad. La investigación aborda no solo la adopción de conocimientos ambientales,
sino cómo estas comunidades incorporan prácticas extensionistas para forjar un
compromiso activo y duradero con su entorno natural. Métodos: Se adopta un
enfoque metodológico integral que combina métodos cuantitativos y cualitativos.
Las encuestas estructuradas a estudiantes y entrevistas en profundidad con
padres de familia proporcionan una panorámica completa de las percepciones
y acciones que conforman la conciencia ecológica en este contexto específico.
Resultados: Los resultados revelan una convergencia de percepciones entre
estudiantes y padres de familia, destacando áreas críticas como la gestión de
residuos y la insuficiencia de educación formal en asuntos ambientales. Se observa
un compromiso activo de las familias en acciones concretas para preservar la
biodiversidad y mitigar la contaminación, demostrando que la conciencia ecoló-
gica va más allá de la teoría. Conclusiones: Este estudio resalta la importancia
crucial de las enseñanzas tradicionales y la participación activa de las familias
en la construcción de la educación ambiental. Además, subraya la necesidad de
intervenciones educativas estratégicas para salvaguardar la integridad ambien-
tal en la Selva Central. En última instancia, la investigación ofrece una visión
profunda de cómo estas comunidades no solo adoptan la conciencia ecológica,
sino que la arraigan en su identidad a través de prácticas extensionistas que
fomentan la sostenibilidad y la armonía con su entorno.

Palabras-clave: Conciencia Ecológica, Comunidades Nativas, Prácticas y


Percepciones, Prácticas Extensionistas, Sostenibilidad Ambiental.

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27
INTRODUCCIÓN

La conciencia ecológica, un entramado complejo de experiencias, cono-


cimientos y vivencias, refleja la interacción activa y subjetiva del individuo con
el medio ambiente. Desde la perspectiva de Prada (2003), esta conciencia se
manifiesta en acciones proambientales, donde el individuo realiza esfuerzos
dirigidos a favorecer y contribuir positivamente al entorno físico-ecológico.
Tomar conciencia va más allá de un simple reconocimiento; implica respaldar
y sostener responsabilidades en cada nivel de decisión, instando a las per-
sonas a asumir sus deberes ambientales y, simultáneamente, a defender sus
derechos ecológicos.
Para capturar la complejidad de la conciencia ecológica, Skolimowski
(2007) propone la imagen de un mándala, donde cada característica se entre-
laza, alimenta y define el conjunto, ofreciendo una representación visual más
completa y holística de este fenómeno.
La formación de la conciencia ecológica, señala Corraliza y Collado (2019),
se ve influenciada de manera crucial por la experiencia ambiental durante la
infancia, ya sea mediante el contacto directo o vicario con la naturaleza. Este
punto adquiere relevancia significativa al considerar la importancia de involucrar
a las comunidades nativas de la Selva Central, donde la conexión con el entorno
natural es intrínseca a su forma de vida.
Pacheco (2011) enfatiza que para alcanzar un equilibrio duradero con
la naturaleza, la humanidad debe orientarse hacia la ecología y establecer
una línea directriz desde la cual organizar la futura sociedad. Esta orientación
comienza con la toma de conciencia desde diversos ámbitos, incluyendo el
hogar, la educación, la empresa y el gobierno local y regional, convergiendo
en políticas estatales. La responsabilidad ambiental se presenta como un
compromiso transversal que va más allá de un grupo selecto de estudiosos o
ideólogos del ecologismo.
Sin embargo, las reflexiones críticas de Teruel (1999) destacan una brecha
entre el reconocimiento de la conciencia ecológica y la acción efectiva. ¿De qué
sirve proclamar la defensa del medio ambiente, generar leyes o unirse contra
la globalización si, de manera pasiva, observamos la degradación de nuestros
bosques amazónicos y la contaminación de la cordillera blanca sin aplicar

Saberes e Práticas Extensionistas


28
medidas preventivas o sanciones efectivas contra las entidades responsables,
ya sean nacionales o transnacionales? Teruel va más allá al afirmar que la
conciencia ecológica no solo nos reconecta con el mundo, sino también con
nuestro yo más profundo, identificándonos como parte del humus en lugar de
simples individuos aislados.
En este contexto, se presenta el proyecto “Construyendo Conciencia
Ecológica en Comunidades Nativas de la Selva Central: Prácticas Extensio-
nistas para la Sostenibilidad”, que busca no solo transmitir información, sino
inspirar un cambio arraigado en la comprensión profunda de la importancia
de preservar y vivir en armonía con la naturaleza. Este esfuerzo no solo aspira
a ser una iniciativa temporal, sino un catalizador para la construcción de una
conciencia ecológica duradera y profundamente arraigada en las comunidades
nativas. Mientras nos aventuramos en este viaje, reconocemos la complejidad
de los desafíos ambientales y la necesidad de acciones colectivas para lograr
una verdadera sostenibilidad en la Selva Central.

Figura 1. Retrato Representativo de un Habitante Nativo de la Selva Central Abordado en esta


Investigación.

Fuente: Foto original tomada por los autores.

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MÉTODOS

La metodología de trabajo para este proyecto se desarrolló en un con-


texto único, marcado por la emergencia sanitaria global del COVID-19, que
resultó en restricciones significativas a nivel social, económico y educativo,
como confinamientos y limitaciones de transporte. A pesar de estos desafíos,
se implementaron ajustes durante la investigación para superar las dificultades
inherentes a este entorno.
Este estudio adoptó un enfoque mixto, combinando elementos cuan-
titativos y cualitativos con un carácter teórico-descriptivo. La elección de la
investigación cuantitativa permitió clasificar datos para describir la realidad de
la Educación Ambiental desde la perspectiva de estudiantes de comunidades
en la Selva Central del Perú, asegurando la validez externa al considerar una
muestra representativa de la UNISCJSA. El componente cualitativo complementó
la investigación, ofreciendo una comprensión más profunda de las perspectivas
y emociones de los padres de familia de las comunidades nativas.
El diseño descriptivo del estudio se centró en obtener información sobre
las prácticas relacionadas con la interacción entre el hombre y la naturaleza en la
Selva Central. Se emplearon diversas técnicas e instrumentos, como encuestas
y entrevistas, para recopilar información tanto de estudiantes como de padres
de familia. La triangulación de datos se llevó a cabo mediante la construcción de
guías de entrevistas basadas en el análisis de los resultados de las encuestas.
La investigación se desarrolló, considerando el espacio geográfico de
las comunidades nativas de la Selva Central, más precisamente la provincia de
Satipo de la región Junín donde se alberga una biodiversidad inmensa y juega un
papel preponderante en el clima de una gran parte de la región. Ocupa el 44%
del territorio regional y tiene tres grandes cuencas además de una población
indígena. Posee las siguientes características principales:

Superficie: 1’950,015 Haó 19,500.15 Km2.

Altitud desde 236 - 4832 m.s.n.m.

16 zonas de vida de las 23 existentes a nivel regional

09 Climas identificados

Saberes e Práticas Extensionistas


30
Fisiografia muy heterogénea.

Existen 37 series de suelos

17 comunidades vegetales

29 especies endémicas de fauna

La cuarta parte de su superficie está compuesta por cabeceras de


cuenca

Cuentacon03 Áreas Naturales Protegidas (430,764Ha)

La capital de la provincia se ubica a 40 Km del nevado más cercano


y a 80 Km del Huaytapallana (ACR) (Comisión Ambiental Municipal
Satipo - CAMS)

La población de la investigación se dividió en dos dimensiones: La primera


estudiantes universitarios de la UNISCJSA, que en total son 215 encuestados
de un total de 480 matriculados en las Facultades de Ingeniera Ambiental,
Educación y Administración, en la Sede de Pichanaki y la filial de Satipo. En la
segunda dimensión, participaron 28 padres de la familia de comunidades del
ámbito de la Selva Central de la región Junín. Ellos proporcionaron una serie de
información a las entrevistas no estructuradas. Es decir, respondieron a una guía
de preguntas y respuestas. El estudio abarcó un período de tiempo transversal,
desde 2020 hasta 2021.
Los padres de familia son de las comunidades nativas de Yavirironi,
Milagros, Valle Samaria, Kubantia, Santa Teresita, San Sebastián, Shimashiro,
Los huérfanos San Martín de Pangoa, Atahualpa, imagen referencial figura 2 y 3.

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31
Figura 2. Viviendas nativas de las personas entrevistadas (padres de familia).

Fuente: Foto original tomada por los autores.

Figura 3. Fotografia referencial de las personas nativas de la zona.

Fuente: Foto original tomada por los autores.

RESULTADOS

Los resultados que se presentan corresponden a la información cuantitativa


y cualitativa ofrecida por las unidades de estudio, a nivel de las perspectiva de
la educación no formal e informal que ejercen los padres de familia y de cómo
van desarrollando su capacidades de tomar conciencia ambiental en las futuras
generaciones de ciudadanos, en un espacio tan valioso como es la Selva Central.

Saberes e Práticas Extensionistas


32
Grafico 1. Actuación en contra de la contaminación en los padres de familia de la comunidad nativa.

Fuente: Elaboración Equipo de Investigación-Conciencia Ambiental (2021).

Respecto al deseo de saber si las comunidades nativas actúan contra


situaciones de contaminación, los estudiantes universitarios consideraron que
es muy favorable en un 39.1 % y de manera regular 36.3%. Este resultado es
un indicador importante porque permite inferir que hay reconocimiento frente
a situaciones de contaminación y que la población manifiesta su preocupa-
ción. Por lo tanto, la actuación para detener situaciones de irresponsabilidad
que dañan el ambiente natural es evidente. Hay un temor a poner en riesgo
la sostenibilidad ecológica a futuro. En opinión de los padres de familia de las
comunidades nativas, se encontró, en consecuencia, respuestas interesantes
para reconocer que no hay contaminación alarmante. Sin embargo, reconocen
que existen aspectos que son preocupantes y que a futuro pueden ser difíciles
de controlar. Dicha preocupación es evidente en la manifestación de las per-
cepciones siguientes:
1”En la comunidad nos preocupa porque los colonos que vienen de otro
sitio queman las chacras que compran, hacen contaminación del humo, (...)
también nos preocupa el desagüe de que sale de los baños de la cárcel porque
está conectado con nuestro rio donde nosotros pescamos y nos bañamos, ese
desagüe pasa de frente al rio ”
2“ Los visitantes cuando van de paseo llevan plásticos de botellas, táper
y lo dejan botado ( ... ) bueno, la situación de contaminación acá es lo que preo-
cupa, es eh, en acceso de abundancia de plásticos; mayormente abundan cuando
empiezan el año escolar, llegan alimentos de Kalliwarma, dejan enlatados de

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33
leche y las latas de atún y eso es cuando no vienen a recoger rápido, también
ya empiezan a oler no, a oler feo, también aumenta la contaminación del aire.”

Grafico 2. La familia educadora en el cuidado de plantas y animales silvestres.

Fuente: Elaboración Equipo de Investigación-Conciencia Ambiental (2021).

En las respuestas ofrecidas por los estudiantes, se aprecia que el 39 .5


% educan a sus hijos para cuidar animales y plantas silvestres de una manera
aceptable. El 33% estos procesos educativos informales se realizarían de manera
regular. Si la mayoría de los padres de familia asumen esta responsabilidad,
están contribuyendo a la práctica del modelo de desarrollo sostenible y así
mismo del buen vivir. Esto demuestra que la cosmovisión indígena considera
a la naturaleza como un todo, que abarca lo material, lo espiritual y lo humano;
es la vida misma y no puede ser utilizada para enriquecerse individualmente.
Esta cosmovisión tiene una serie de principios que parten de la idea de que
se debe cuidar y respetar al conjunto de seres vivientes que coexisten en el
ecosistema, conservar y fomentar la tierra, proteger los productos de consumo
humano, para mejorar el nivel de vida de la familia y de la comunidad (Ávila,
2014). En tal sentido, en el diálogo con los padres de familia, se constata que,
en su subconsciente colectivo, está la perspectiva de la crianza de las nuevas
generaciones en promover el bienestar colectivo con alto sentido de familiari-
dad y de valores de respeto por la vida de la naturaleza, de manera que se dan
testimonios como siguen:
1”Los comuneros, cuando hacen chacra, primero limpian y así pueden
quemar una parte y no todo eso. Es la orientación que le damos a nuestros hijos,
le explicamos que es prohibido ese quemado y le enseñamos como deben hacer”.

Saberes e Práticas Extensionistas


34
2”Orientándoles con prácticas, enseñándoles a sembrar con las semillas
de las plantas que se encuentran para tener sus recursos”
3”Enseñar a nuestros menores hijos que ellos valoren nuestros recursos,
que hay dentro de nuestra comunidad, no solamente los mismos recursos, valorar
nuestra tierra por que nuestros abuelos nos dijeron que, sin tierra, no hay vida”.
4”Mandar a los hijos a estudiar para que aprendan con sus mismos esfuer-
zos, ya que ellos en un futuro puedan conservar mejor el medio ambiente y tener
las fortalezas de poder cuidarlos de lo que los hijos han aprendido durante su
aprendizaje y así enseñar a los líderes que gobierna la comunidad”.
Los testimonios de los padres de familia evidencian el efecto positivo que
realizan a través de los procesos de una Educación Ambiental informal, com-
prendiendo cómo podemos generar aprendizajes a través de experiencias del
currículo oculto que contiene la vida misma, de manera cotidiana y desarrollar
competencias para desempeñarse en la vida en relación con su entorno natu-
ral de una manera positiva y proactiva, cumpliéndose así uno de los objetivos
centrado en formar personas proactivas y comprometidas con el cuidado de
la naturaleza. Es decir, la Educación Ambiental Informal, en las comunidades
nativas de la selva central del Perú, se experimenta como un proceso cultural
de generación a generación con la finalidad de afirmar la conciencia ambiental,
conocimiento ecológico, actitudes y valores a favor del medio ambiente para
tomar un compromiso de acciones y responsabilidades que tengan por fin el uso
racional de los recursos y poder lograr así un desarrollo adecuado y sostenible
y sea la ciudadanía ecológica que se forme desde el hogar para relacionarse
respetuosamente con el medio ambiente, lo cual genere una nueva conciencia
que provoque una acción cotidiana de protección ambiental (Rengifo et al.,
2012). En tal sentido, los padres de familia aportan a los hijos conocimientos que
ayudan a valorar el ambiente natural, a superar los problemas latentes, adqui-
riendo valores sociales que los haga cambiar de actitud y a la vez fomentando
las aptitudes necesarias para resolver dichos problemas ambientales, para lo
cual deberán explorar su capacidad de actuar en forma responsable sobre la
naturaleza (Gamarra, 2006).

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Grafico 3. La familia y el cuidado de las aguas de los ríos.

Fuente: Elaboración Equipo de Investigación-Conciencia Ambiental (2021).

Del conjunto de muestras procesadas, el 14.9 % considera de estudiantes


consideran, en las comunidades nativas de la selva central del Perú, el cuidado
de los ríos es muy aceptable; el 45.6 %, aceptable; el 27%, regular; y segmento
de 11.2 %, poco aceptable. Esta información da cuenta que el agua es el espejo
de nuestras buenas o malas prácticas respecto al cuidado del agua en un país,
una región, una cuenca, una microcuenca, una ciudad, un barrio, una comunidad
o un hogar. Se puede deducir el interés, la cultura, los principios y valores de una
sociedad en función a estas prácticas (Bernex et al., 2017). Los padres de familia
al ser entrevistados, sobre la situación del uso del agua en las comunidades
nativas nos han informado, que tienen cuidado porque valoran el recurso agua
para la salud, alimentación e higiene en la familia; así como para la producción
pecuaria y agrícola, que son importantes para la subsistencia familiar. En las
entrevistas se detallan cómo utilizan el recurso del agua en la vida comunal:
1”En los tratamientos del agua, tenemos costumbres, tomamos aguas
entubadas en la comunidad, también en las chacritas tomamos agua de los
riachuelos, pero, también hay unas hierbitas que masticamos antes de toma”.
2”El agua lo cuidamos mucho, ya que es muy lejos el reservorio, donde
se saca el agua, es muy importante ya que eso nos satisface a cada uno
como comuneros “.
3”Nosotros tenemos agua que es muy importante para nuestra salud,
porque sin agua nadie vive y es por eso lo cuidamos. Además, en el reservaría
dónde sacan el agua está prohibido hacer rosos o chacras, porque se puede
secar, por esa razón cuidamos mucho ya que con eso vivimos y porque vivimos
en una zona de altura”.

Saberes e Práticas Extensionistas


36
El uso del agua está inmerso en todas las actividades del ser humano.
Desde los hogares, donde empleamos el agua para las funciones vitales, el
aseo personal, la limpieza y la preparación de los alimentos y la recreación.
Asimismo, el uso del agua está ligado a todas las actividades productivas, como
la fabricación de la vestimenta, la elaboración de artefactos y muebles, la pro-
ducción de alimentos, la minería, entre otros. También, la empleamos para la
obtención de la energía necesaria para la industria y la vida en las ciudades, y
como medio de transporte fluvial. Ella también forma parte esencial del cuidado
del medio ambiente. La lista de aquello para lo cual utilizamos el agua puede
seguir indefinidamente (Bernex et al., 2017).

Grafico 4. Conocimiento del valor nutritivo de los productos de la comunidad nativa.

Fuente: Elaboración Equipo de Investigación-Conciencia Ambiental (2021).

De la opinión de los estudiantes universitarios, se interpreta que el


46.9% de los padres de familia de las comunidades nativas de la selva central
conocen el valor nutritivo de los productos alimenticios a nivel de aceptable
y muy aceptable. Esta información valiosa permitirá la implementación de las
acciones de fortalecimiento de las capacidades para la mejora de la salud de
las familias de la zona. Este elevado porcentaje positivo constatado en las res-
puestas de los entrevistados constituyen una información fundamenta mental
de las condiciones ecológicas favorables de la Selva Central para la obtención
de alimentos de alto valor nutritivo. En ese sentido, las respuestas obtenidas
fueron las siguientes:
1”La yuca, el plátano y la Chonta, sanani, cupte y quirquincho”.
2”Nosotros sembramos la yuca para el consumo y el plátano para vender
y consumir porque es nutritivo”.

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3”La yuca lo usan para sacar derivados como el masato y mazamorra de
yuca, en el pescado, rallan la yuca y se espesa”.
4”Sembrar para nuestros mismos cultivos, como yuca, pitucas y entre otros
que son consumibles para sobrevivir con nuestros hijos”.
5”Nosotros sembramos yuca, plátano, pitucas, mahona y entre muchas
frutas que hay en el bosque y es muy primordial para nutrirnos y estar sanos”.
6”Nosotros sembramos yuca, maíz, plátano frutas del mismo bosque y
entre muchos que se pueda consumir, y que son nutritivos para nuestros hijos
y para nosotros”.
Como se aprecia, los alimentos de mayor consumo para las poblaciones
nativas de la selva central del Perú son: yuca, plátano, pituca, pescado, cupte, entre
otros. Pero es importante precisar el valor nutritivo de tales alimentos. La yuca
no es un alimento de alta densidad nutricional, sino que si queremos consumirlo
debería ser en el marco de una alimentación variada que garantice vitaminas y
minerales, así como proteínas de calidad que este tubérculo no tiene. El plátano,
en su estado maduro, contiene azúcares simples -glucosa, dextrosa y sacarosa
- que se transforman en energía inmediata. Por eso es muy recomendable en
todas las edades para recuperar energía entre comidas o mientras se está
realizando un gran esfuerzo fisico. Es también fuente de numerosas vitaminas
y minerales beneficiosos para la salud. Por ejemplo, los hilos del plátano son
ricos en vitamina B6, calcio, antioxidantes y fibra.

Grafico 5. Enseñanzas de generaciones pasadas para el cuidado de la naturaleza.

Fuente: Elaboración Equipo de Investigación-Conciencia Ambiental (2021).

Respecto a las generaciones pasadas, refieren que los abuelos de las


comunidades han transmitido saberes muy importantes a las nuevas generaciones

Saberes e Práticas Extensionistas


38
sobre el cuidado de la naturaleza. El 63.3 % de estudiantes opinan de una manera
muy favorable y favorable al respecto. En consecuencia, la información permite
señalar que la perspectiva de sostenibilidad ecológica es favorable.
La sostenibilidad ecológica implica que determinadas acciones a favor
del medio ambiente se prolonguen indefinidamente en el tiempo, sin depender
de factores finitos. Por tanto, significa que tenemos la capacidad de conservar
el medioambiente indefinidamente. Es decir, las actividades humanas deben
reducir su impacto sin causar una degradación irreversible (ya sea del aire, del
agua, del suelo, de la biodiversidad, etc.), sin menoscabar los recursos naturales
que deben ser renovables (NATURTABLE, 2021 ). En las entrevistas, se expresan
algunas enseñanzas que se transmitieron oralmente de generación en generación:
1”Yo cuido a mi comunidad que tiene árboles y no es bueno que le termine
talando, es bueno lo que siembro como el cacao abonar con producto natural
como: hacer abono de las cascaras de yuca, cacao; también, la riqueza que hay
lo que es el quirquincho, añuje, majas, cupte, sachavaca, debemos cazar solo
unos o dos, nada más para no poder extinguir a los animales “.
2”Cultivamos diferentes tipos de plantas ya sea medicinales y como produc-
tivos, y también en el tema de los animales domesticamos lo poco que se pueda
domesticar ya que actualmente muchos están en peligro de extinción y eso debe-
mos de evitar que se casen más animales ya que con esos la naturaleza es viva “.
3”Sembramos diferentes tipos de madera, sembramos para nuestro propio
consumo, en caso de la flora, cuidamos los animales domesticando y cuidar su
propio habitad para que no sigan en peligro de extinción “.
4”No matar muchos animales solo poco para consumir al día a día”.
5”La siembra de la pituca, cultivamos tinkochi, con los residuos orgánicos
para su abono”.
6”Siembra orgánica, y abonan con desechos de los excrementos del cuy [
... ]No usamos abono solo usamos, naturalmente, curan con ceniza, maíz natural
para los peces “.
En las comunidades nativas, la enseñanza tiene origen tradicional; el
conocimiento se transmite en forma horizontal y, en este marco, los abuelos son
los responsables de su transmisión a las generaciones siguientes. Los abuelos
cuentan historias de la cultura para explicar el origen del mundo, las distintas
formas relacionarse con la naturaleza y la naturaleza con el ser humano. Algunos

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parámetros sagrados, al interior de la cultura, cumplen con el propósito de
proteger y conservar los recursos naturales (Alzate, 2018).
La sostenibilidad, en las comunidades nativas, son parte de la heren-
cia cultural, comprendida como el patrimonio material e inmaterial que ha
sido legado para ser conservado y transmitido a las generaciones siguientes.
Incluye creencias, saberes, expresiones artísticas, normas y valores, prácticas
sociales, productivas, tradiciones y costumbres, lugares, objetos y cualquier
otra expresión de la cultura. Por ejemplo, el conocimiento acerca de la vida y
la naturaleza poseían los hombres mayores con capacidad de adquirirlo en la
maloca, conservarlo y distribuirlo entre los miembros. En segundo lugar, las
mujeres, en los bordes de las malocas, cocinaban, tejían y cumplían un proceso
pasivo de escucha y de enseñanza a sus hijos en temas como la chacra o la
cocina(Alzate, 2018).

DISCUSIÓN

1. Actuación Contra la Contaminación: La contundente acción con-


tra la contaminación no es simplemente una respuesta reactiva; es
un testimonio viviente de una conciencia ecológica arraigada. Aquí,
la comunidad no solo reconoce los desafíos ambientales, sino que se
embarca activamente en la preservación del entorno, transformando
la conciencia en un compromiso tangible y duradero.

2. Familia Educadora en el Cuidado de la Biodiversidad: En la in-


teracción íntima entre la familia y la educación sobre el cuidado de
plantas y animales silvestres, encontramos un pilar fundamental. Esta
conexión ancestral va más allá de la transmisión de conocimientos; se
convierte en la esencia de una conciencia ecológica arraigada en las
interacciones diarias, donde la familia no solo vive en armonía con la
biodiversidad, sino que también educa activamente a las generacio-
nes futuras.

Saberes e Práticas Extensionistas


40
3. Cuidado de las Aguas de los Ríos: La preocupación y el cuidado me-
ticuloso de las aguas de los ríos revelan una comprensión profunda de
la interconexión entre el agua y la vida. Aquí, la conciencia ecológica
se manifiesta en acciones diarias, donde cada gota de agua es con-
siderada vital para el ecosistema. Esta actitud refleja un compromiso
tangible con la salud ambiental y la sostenibilidad a largo plazo.

4. Conocimiento del Valor Nutritivo Local: La búsqueda del valor nu-


tritivo de los productos locales no es solo un esfuerzo culinario; es
un indicador de una conciencia ecológica activa. Aquí, la comunidad
reconoce la importancia de los recursos naturales locales no solo para
la alimentación, sino también para la sostenibilidad de su entorno.
Este conocimiento informado se traduce en elecciones cotidianas que
refuerzan la conexión entre la comunidad y su entorno.

5. Enseñanzas Ancestrales para el Cuidado de la Naturaleza: Valo-


rar las enseñanzas de generaciones pasadas en el cuidado de la na-
turaleza se convierte en el latido cultural de la conciencia ecológica.
Aquí, las prácticas actuales se entrelazan con la sabiduría ancestral,
demostrando que la conciencia ecológica es una narrativa continua,
arraigada en la historia y la identidad de la comunidad.

CONCLUSIÓN

En el tejido cultural de las comunidades nativas de la Selva Central,


emergen sólidas bases de Educación Ambiental, revelando un compromiso
arraigado con la preservación de su entorno. Estudiantes universitarios y padres
de familia, guardianes de conocimientos ancestrales, expresan una conciencia
ecológica que refleja la intrínseca conexión entre el hombre y la naturaleza.
A pesar de estos cimientos robustos, la identificación de áreas específi-
cas de necesidad, como la gestión de residuos y prácticas sostenibles, arroja
luz sobre oportunidades estratégicas para prácticas extensionistas. Estas
estrategias, respaldadas por la confirmación de la hipótesis, no solo abordan
carencias, sino que se erigen como vehículos para amplificar las fortalezas

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preexistentes, enriqueciéndolas con enfoques que respetan y honran la riqueza
de saberes ancestrales.
En este escenario, las prácticas extensionistas no son meramente res-
puestas a demandas puntuales, sino puentes hacia una conciencia ecológica
profundamente arraigada en la cultura y tradición. La implementación de
programas de extensión se vislumbra como un catalizador esencial para la
construcción no solo de prácticas sostenibles, sino también de una conciencia
ecológica más sólida. Este proceso se propone no solo como una respuesta a
desafíos ambientales, sino como un homenaje y fortalecimiento a la identidad
y la conexión inherente con la naturaleza que caracteriza a las comunidades
nativas de la Selva Central.

REFERENCIAS
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de Ciencias Sociales, vol. 9, n.º 1, p. 43-72, 2014. ISSN-e 1989-1385.

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BEMEX, N.; YAKABI, K.; ZÚÑIGA, A.; ASTO, L.; VERANO, C. Aprovechamiento del agua. 2017.
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CORRALIZA, José A; COLLADO, Silvia. Conciencia ecológica y experiencia ambiental en la infancia.


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PACHECO VARGAS, M. E. K. Conciencia ecológica: garantía de un medioambiente sano. 2011. Tesis


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Saberes e Práticas Extensionistas


42
RENGIFO, A.; QUITIAQUEZ, L.; MORA, F. La Educación Ambiental: una estrategia pedagógica que
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ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


43
03

ECOTOXICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Yure Jefferson da Cruz do Nascimento


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Danilo Serrão Moutinho


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Irina Sofia Cardoso de Carvalho


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Erika Monteiro dos Santos


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Danilo da Silva Costa


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Amanda Julião da Silva


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Lucas Raphael Silva Borges


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Halisson Matheus Farias do Nascimento


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Lílian Lund Amado


Universidade Federal do Pará (UFPA)

10.37885/231115063
RESUMO

A Ecotoxicologia é uma ciência multidisciplinar, porém sem eixos temáticos


determinados de forma clara na educação básica brasileira. Desse modo, utili-
zamos uma sequência didática com foco em fundamentos, objetivos e práticas
da ecotoxicologia para alunos do Ensino Médio de uma escola pública na cidade
de Belém-PA, norte do Brasil. A atividade de extensão, intitulada “Ecotox nas
Escolas”, dividiu-se em três momentos principais: exposição de conceitos básicos
(utilizando ferramentas como apresentação de slides e cartilhas); fontes, desti-
nos e impactos dos contaminantes no ambiente (através de uma demonstração
realizada com maquetes); análises laboratoriais e uso de organismos modelo
(com a exposição de métodos aplicados no Laboratório de Ecotoxicologia da
Universidade Federal do Pará). A metodologia apresentada buscou aproximar
os saberes científicos, frequentemente restritos ao meio acadêmico, à realidade
dos discentes, o que a torna uma atividade essencial para a sensibilização do
público estudantil frente às preocupações da comunidade científica diante da
liberação indevida de resíduos e consequente poluição ambiental.

Palavras-chave: Transporte de Contaminantes, Resíduos Tóxicos, Ensino Médio.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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INTRODUÇÃO

A Ecotoxicologia é uma ciência multidisciplinar que estuda os efeitos


tóxicos de compostos químicos, desde níveis moleculares até níveis mais com-
plexos, como a biosfera, além do destino e transporte destes contaminantes no
ambiente (Newman, 2014). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), docu-
mento que elege os conteúdos, competências e habilidades a serem abordados
na educação básica, não faz menção direta sobre o ensino da ecotoxicologia
nesta fase de ensino (Brasil, 2018). No entanto, por se tratar de uma ciência
multidisciplinar (Santos Filho et al., 2020), seus conceitos podem ser abordados
como eixos transversais, unindo saberes de modo interdisciplinar, associados à
realidade dos estudantes, como por exemplo aulas sobre poluição, ações para
a conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
Ao longo da história moderna houveram vários episódios de problemas
envolvendo o uso ou descarte incorreto de substâncias tóxicas ou que possuem
potencial tóxico quando despejadas no ambiente natural. Um desses episó-
dios é o Caso de Minamata, onde em 1956, na região da Baía de Minamata, no
Japão, houve registros de doenças e problemas neurológicos em decorrência
do descarte incorreto, feito por uma empresa local, de resíduos industriais, o
que levou à biomagnificação do organometal metilmercúrio na cadeia alimentar
(Murata e Karita, 2022). Outro evento está relacionado à ampla distribuição do
pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) durante a Segunda Guerra Mun-
dial (Bravo, Sánchez e Aceves, 2020), e que posteriormente foram descobertas
as suas propriedades de bioacumulação e biomagnificação, afetando diversos
organismos, principalmente as aves, as quais encontram-se em altos níveis
tróficos (Carson, 1962).
Infelizmente, a relação do homem com o ambiente continua sendo bas-
tante paradoxal. Necessitamos dos recursos naturais para nossa sobrevivên-
cia, porém, sua exploração e uso continuam conflitantes. Não são poucos os
exemplos da atualidade que demonstram isso: queimadas e desflorestamento
na região amazônica (Santos et al., 2017), transbordamentos de represas como
em Mariana e Brumadinho (Armada, 2021), uso desenfreado de pesticidas
(Rodrigues e Féres, 2021), descarte inadequado de resíduos em escala industrial
e doméstica. De fato, com o intenso aumento populacional nas últimas décadas,

Saberes e Práticas Extensionistas


46
houve também o aumento da problemática dos resíduos de origem industrial e
doméstica, uma vez que sua produção acompanhou o crescimento exacerbado
das populações humanas (Cardoso e Machado, 2019). O descarte irregular de
resíduos pode gerar problemas ambientais como contaminação dos corpos
d’água, bem como a eutrofização, e isso se deve a liberação de substâncias
potencialmente tóxicas e ocorrência de efeitos danosos sobre as espécies
aquáticas (Magalhães e Ferrão Filho, 2008). Nesse sentido, abordar conceitos
e aspectos inerentes à ecotoxicologia na educação básica pode ser uma abor-
dagem útil para sensibilização da comunidade sobre o descarte indevido de
resíduos e no que diz respeito à conservação do meio ambiente. Desse modo,
realizamos uma atividade de extensão universitária em uma escola pública
brasileira com o objetivo de sensibilizar o público discente sobre as temáticas
de contaminação do ambiente aquático e ferramentas da ecotoxicologia no
monitoramento ambiental.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

A atividade de extensão teve como público-alvo três turmas de terceiro ano


do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Dr.
Justo Chermont, localizada na cidade de Belém, capital do estado do Pará, região
Norte do Brasil. A atividade de extensão consistiu em uma sequência didática
com apresentação do tema e conceitos básicos; demonstração visual através de
maquetes; aplicações, ferramentas e práticas da ecotoxicologia em laboratório.

Conceitos Básicos em Ecotoxicologia

Para a realização desta atividade foram confeccionadas duas cartilhas: a


primeira sobre o uso de animais na ciência (Figura 1 A-D) e a segunda abordou
sobre os Micropoluentes Emergentes (Figura 1 E-H). O conteúdo dessas cartilhas
também foi exposto na forma de apresentação de slides. Esta primeira etapa
objetivou a compreensão dos seguintes conceitos: Definição de Ecotoxicologia;
Diferença entre Contaminantes e Poluentes; Conceito de Biomarcadores e
exemplos; Diferença entre Organismos Biomonitores e Bioindicadores; Definição
de Micropoluentes Emergentes.

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Figura 1. Cartilhas desenvolvidas para auxiliar a compreensão do uso de animais na ciência (A-D) e
abordar os conceitos básicos sobre Micropoluentes Emergentes e Ecotoxicologia (E-H).

Fonte: Autores (2023).

Dinâmica dos Contaminantes no Ambiente

Nesta etapa ocorreram as exibições de duas maquetes. A primeira demons-


trou de maneira lúdica as fontes de liberação de contaminantes associado ao seu
carreamento para os corpos hídricos (Figura 2 A-B). Em sua concepção, foram
determinados os seguintes pontos como fontes dos contaminantes: o primeiro
sendo em uma fazenda, na qual há a incidência de pesticidas na agricultura; a
segunda exibe uma fábrica a qual descarrega seus efluentes em um riacho dis-
tante; a última inclui uma cidade, na qual há a liberação de resíduos pelo esgoto.

Saberes e Práticas Extensionistas


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Figura 2. Maquetes expostas na atividade de extensão “Ecotox nas Escolas”. A primeira aborda
fontes e destino de contaminantes (A-B) e a segunda demonstra a transformação da paisagem
diante da urbanização (C-D).

Fonte: Autores (2023).

Estas fontes, seja direta ou indiretamente, são capazes de poluir os


corpos d’água, uma vez que fatores ambientais, principalmente as chuvas, são
responsáveis pelo transporte destas substâncias para os riachos (Mayes et al,
2016), que futuramente desembocam em rios e, por fim, em estuários e oceanos.
Nestes ambientes, os contaminantes, destacados na maquete como pequenas
esferas de isopor com cores diversas, são levadas pelo fluxo das águas e entram
em contato com os organismos residentes (representados pelas figuras de um
peixe e um gastrópode, posicionados ao final da maquete), demonstrando que,
apesar da distância da fonte destas substâncias, estas ainda são capazes de
atingir diversos ambientes e inúmeros animais.
A segunda maquete demonstrou impactos maiores em relação à trans-
formação da paisagem (Figura 2 C-D), influenciados principalmente pelas
atividades de origem antropogênica, como a urbanização. Esta maquete exibe
dois lados, sendo o anterior a representação de uma floresta nativa, com o
mínimo de influência antrópica, e à sua frente um lago, envolto da mata ciliar
(Figura 2 C). O lado posterior (Figura 2 D) representa a mesma área, porém com
a inserção de uma cidade, dominando a maior parte do que antes era floresta
nativa, e o lago apresenta-se eutrofizado, uma vez que a água apresenta uma

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intensa floração de algas e de macrófitas, resultado da liberação de efluentes
domésticos sobre este mesmo lago. A mudança, neste cenário, tem foco em
escala macroscópica, a nível ecológico, e são efeitos que podem ser avaliados
de maneira preditiva e alertados através de estudos ecotoxicológicos e pelo
monitoramento ambiental.

Métodos de Análise em Laboratório

A parte final da sequência didática foi realizada no laboratório de ciências


da escola, onde foi apresentado aos alunos aplicações da ecotoxicologia, meto-
dologias utilizadas em suas análises e a utilização de animais como sistemas
biológicos de referência em pesquisas nesta área, com uma breve exposição
dos organismos biomonitores utilizados no Laboratório de Ecotoxicologia da
Universidade Federal do Pará (Figura 3 A).

Figura 3. Apresentação no laboratório de ciências da escola.Exposição de organismos biomonitores


(A); Atividade prática para determinação de proteínas totais (B); Resultado da prática com diferentes
substâncias (C); Análise no microscópio da escola referente ao teste do micronúcleo (D).

Fonte: Autores (2023).

Em relação às aplicações e metodologias utilizadas na ecotoxicologia,


discorremos sobre técnicas úteis para o biomonitoramento ambiental. Com o

Saberes e Práticas Extensionistas


50
auxílio de um microscópio óptico foram expostas lâminas de esfregaço sanguí-
neo para teste de micronúcleo (Figura 3 D), para que os alunos observassem
esse tipo de alteração que pode ocorrer nos organismos em situações de
contaminação por substâncias tóxicas. Além disso, realizamos uma prática de
quantificação de proteínas através do teste do Biureto (Figura 3 B), para tal
utilizamos três tubos de ensaio contendo a solução de quantificação (Biureto)
e algumas amostras para ilustrar essa técnica: água da torneira como nosso
controle; albumina bovina, sendo o padrão utilizado neste teste em pesquisas
científicas; e gema de ovo, para ilustrar a quantidade de proteínas existentes
em um alimento comum na vida cotidiana dos alunos (Figura 3 C).
A exposição dos organismos biomonitores trouxe três dos principais
organismos utilizados no Laboratório de Ecotoxicologia da Universidade Fede-
ral do Pará: Tetra Bandeira (Hyphessobrycon heterorhabdus) espécie de peixe
nativa amazônica; Zebrafish (Danio rerio) espécie de peixe asiática utilizada
como organismo modelo altamente difundido no meio científico; o caramujo
Neritina (Vitta zebra) uma espécie de gastrópode encontrado em água doce e
estuários da costa do continente sul-americano. Em seguida, foram realizadas
explicações sobre o porquê destas espécies serem utilizadas na Ecotoxicologia
e sua importância como organismos biomonitores.
O Tetra Bandeira vem sendo utilizado como potencial organismo bio-
monitor para o território amazônico por ser uma espécie nativa e ter ampla
distribuição no território amazônico (Santos et al., 2019). Já o Zebrafish é um
organismo modelo amplamente utilizado ao redor do mundo por suas similari-
dades genéticas e fisiológicas compartilhadas com outros vertebrados, incluindo
os seres humanos, sensibilidade a poluentes, desenvolvimento embrionário
rápido e ciclo de vida curto (Campos, 2016), tornando possível a realização de
diversas análises em laboratório para a avaliação de efeitos de contaminantes
(Santos et al., 2020). E a Neritina, dada a sua facilidade de coleta e manuseio,
hábitos bentônicos e ampla distribuição geográfica (Barroso et al., 2012), possui
potencial como organismo biomonitor em estudos ecotoxicológicos.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


51
DISCUSSÃO

A abordagem de temas que são inerentes ao ensino superior na educação


básica pode ser um desafio, porém de suma importância para sensibilização,
conscientização e construção de conhecimentos sobre temáticas diversas.
Nesse contexto, as atividades de extensão são essenciais nesses processos,
além de fazer parte do tripé da universidade pública no Brasil: Ensino, Pesquisa
e Extensão (Chesani et al., 2017). Em nossa sequência didática demonstramos
para os alunos da escola EEEFM Dr Justo Chermont conceitos e aplicações da
ecotoxicologia e sobre sua importância no cotidiano dos estudantes através da
abordagem da temática do descarte correto de resíduos e abordagem do tema
de micropoluentes emergentes.
Os alunos mostraram-se atentos e interessados nos conceitos difundidos
durante a atividade de extensão, sobretudo quando trouxemos exemplos da vida
cotidiana e realidade local a qual estão inseridos. Ao incorporar os conceitos
teóricos (durante a apresentação de slide e nas cartilhas) com as atividades
práticas e visuais (com o auxílio das maquetes; e as aplicações e práticas da
ecotoxicologia vistas no laboratório de ciências da escola) tivemos uma maior
compreensão dos assuntos abordados durante a sequência didática descrita,
uma vez que a integração entre a teoria e a prática possibilita o direcionamento
do conhecimento para a construção do saber (Menegon et al., 2013). E com
o uso de materiais didáticos, como as maquetes, favorece a aprendizagem
significativa, uma vez que são capazes de despertar o interesse dos alunos e
tornar as aulas mais dinâmicas e motivadoras (De Oliveira e Caneguim, 2023)
e apresentarem um mecanismo palpável de visualização dos conceitos apren-
didos em sala de aula.
Em relação à apresentação de animais como organismos modelo para
análises ecotoxicológicas, os alunos foram capazes de identificar a importân-
cia da avaliação da qualidade ambiental através do biomonitoramento. Nesse
sentido, o uso destes organismos favorece a compreensão de efeitos, do ponto
de vista biológico, das atividades antrópicas, o que pode refletir na população
humana, principalmente por meio de mudanças no corpo social e na legislação
(Magalhães e Ferrão Filho, 2008), impactando diretamente no modo de vida
dos alunos e da sociedade como um todo.

Saberes e Práticas Extensionistas


52
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossa sequência didática apresentou aos alunos fundamentos, aplicações


e análises básicas da ecotoxicologia, mais especificamente sobre a importância
do descarte correto de resíduos. Tais atividades objetivaram problematizar esta
temática, levantando questionamentos e exemplos acerca da realidade local dos
alunos. Esta sequência didática ofereceu uma oportunidade para promover a
educação ambiental, despertando a curiosidade sobre quais organismos podem
ou não serem utilizados como sentinelas da qualidade ambiental, incentivando
o desenvolvimento de habilidades científicas e uma compreensão mais apro-
fundada dos sistemas biológicos e ecológicos. Essa abordagem, integrando
conhecimento teórico e atividades práticas, pode inspirar o interesse dos alunos
nas ciências e capacitá-los a tomar decisões dotados de repertório científico
sobre questões ambientais ao longo de suas vidas, como pode ser observado
durante as atividades realizadas. Com isso, atividades de extensão desta natu-
reza tornam-se cruciais para sensibilização da população em geral sobre o
manejo correto dos resíduos produzidos, assim como seu descarte adequado,
possuindo consciência dos efeitos que estes podem ocasionar no ambiente.

Agradecimentos

Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES) pelas bolsas concedidas aos alunos de doutorado Yure J. C.
do Nascimento (Número do processo: 88887.688681/2022-00) e Irina S. C. de
Carvalho (Número do processo: 88887.892654/2023-00), e à aluna de mestrado
Erika M. dos Santos (Número do processo: 88887.688665/2022-00). Ao Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa
de produtividade em pesquisa concedida a Profa. Dra. Lílian Lund Amado
(processo no. 309628/2022-9). Ao Professor Lúcio Oliveira e aos funcionários
da escola E.E.E.F.M. Dr. Justo Chermont pelo apoio e oportunidade de realizar
essa atividade de extensão.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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04

EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO


FERRAMENTA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE
COM PÚBLICO INFANTO-JUVENIL EM
COMUNIDADE SOCIOECONOMICAMENTE
VULNERÁVEL: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Adriane Bonotto Salin


(Unisapiens)

Bruna Alessandra Araújo Souza


(Unisapiens)

Larissa Ferreira Campo


(Unisapiens)

Susiane Alves da Cunha


(Unisapiens)

10.37885/231115069
RESUMO

Compreende-se, na contemporaneidade, a importância da utilização dos recursos


lúdicos como base de diversas práticas, principalmente no que tange à educa-
ção em saúde – uma das ações mais importantes desenvolvidas pela atenção
básica, cuja equipe é multidisciplinar. Objetivando mostrar, na prática, o valor
da educação em saúde como mudança de vida do indivíduo, o seguinte artigo
busca descrever a experiência do planejamento e da implementação da educação
em saúde utilizando recursos lúdicos interacionais a fim de promover a saúde
bucal e higiene corporal, atuando com um público infanto-juvenil. Trata-se de um
relato de experiência, descritivo-reflexivo vivenciado por acadêmicos membros
de um Projeto de Extensão Universitária intitulado – Faça sua parte – DoeAção,
em que as experiências foram vivenciadas em uma comunidade socioeconomi-
camente vulnerável, no distrito de Jaci Paraná, município de Porto Velho – RO.

Palavras-chave: Educação em Saúde, Bem-Estar Infantil, Higiene Pessoal.

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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INTRODUÇÃO

Segundo o Diário Oficial da União de 2018, a Extensão na Educação Supe-


rior Brasileira é uma atividade estudantil que integra às matrizes curriculares o
incentivo à organização científica, estruturada por processos interdisciplinares,
que incentivam às atuações políticas, educacionais, culturais, científicas e tec-
nológicas, ao mesmo tempo em que promove a interação entre os discentes das
instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, incentivando a
aplicação do conhecimento, em articulação constante com o ensino e a pesquisa.
Vilela e Col. (2020) definem que tal processo tem como característica
primordial a capacidade de promover a troca de saberes entre o meio acadê-
mico e o meio popular, estabelecendo a concepção de que o conhecimento
provém do confronto entre a teoria e a realidade prática, tornando o ensino
democratizado, além de expandir-se para a participação efetiva da comunidade
no meio universitário.
Dessa maneira, este relato de experiência correlaciona os efeitos da
ludicidade com a compreensão da educação em saúde. Chagas e Medeiros
(2020) definem que as atividades lúdico-pedagógicas são imprescindíveis
para o conhecimento de estratégias dos profissionais de saúde na promoção
da saúde, tendo em vista que contribui positivamente para o tema abordado,
além de facilitar a interação dos públicos, e por meio disso, sendo o público
infanto-juvenil o alvo deste relato de experiência, compreende-se que jogos
e brincadeiras podem ser um meio educacional eficiente, tendo em vista que
esses rodeiam e norteiam a criança em suas interações com o meio, objetivando
pôr em atividade os aspectos cognitivos, emocionais e físicos do público alvo.
A educação em saúde, segundo Junior e Col. (2020), pode ser conside-
rada uma das principais ações de promoção da saúde, pois provou ser de suma
importância não só na prevenção e reabilitação de doenças, mas também no
despertar-se como cidadão, obtendo responsabilidades pessoais e sociais. À face
do exposto, é imprescindível analisar a atuação da criança nos estágios da
atenção à saúde, pois de acordo com Martin e col. (2018), a criança participa
ativamente como membro da prevenção e promoção à saúde no âmbito em que
reside, visto que, por meio dos processos de percepção e compreensão daquilo
ensinado, ela tende a repassar as informações e os novos hábitos a familiares

Saberes e Práticas Extensionistas


58
e amigos, mantendo o ciclo em pleno funcionamento. Portanto a educação em
saúde é essencial para esse processo, e o emprego desta como ferramenta de
promoção de saúde com a aplicabilidade da ludicidade propicia a autonomia
das crianças, uma vez que promove a formação da cidadania, como indivíduos
que visam às mudanças benéficas do ambiente e implementação de hábitos
saudáveis, como definem Da Silva e Col. (2021).
Acreditando que as mudanças podem ser feitas a partir das ações rea-
lizadas por meio da educação em saúde, o seguinte artigo objetiva dissertar
acerca das atividades vivenciadas por extensionistas de Enfermagem, Odon-
tologia e Psicologia, no atual Distrito de Jaci Paraná, localizado no estado de
Rondônia, no extremo norte do país, a cerca de 80 km da capital, os quais pro-
curaram promover hábitos de higiene para crianças de 4 a 12 anos utilizando
de recursos lúdico-pedagógicos, estabelecendo os contatos entre o meio
acadêmico e a comunidade.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

Trata-se de um relato de experiência referente a uma atividade desen-


volvida na ação de Páscoa do Projeto de Extensão Universitária, Faça Sua
Parte: DoeAção, vinculado ao curso de Enfermagem da faculdade UniSapiens
(RO), atrelada à Associação Beradeiro e promovida pela SEMUSA (Secretaria
Municipal de Saúde), no distrito de Jaci Paraná, município de Porto-Velho,
Rondônia. Durante a prática, os extensionistas promoveram um momento de
educação em saúde, sobre higiene bucal e corporal, para crianças de 4 a 12 anos
socioeconomicamente vulneráveis. A atividade foi desenvolvida pelos exten-
sionistas voluntários de diferentes especialidades da saúde, e supervisionados
pela idealizadora e coordenadora do projeto. Segundo Ribeiro et.al (2018) “a
promoção em saúde é um processo constante de criação do conhecimento e de
busca da transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana”.
As atividades foram realizadas no atual Distrito de Jaci Paraná, região
banhada pelos rios Jaci Paraná e Madeira, localizada no estado de Rondônia
a cerca de 80 km da capital, ao extremo norte do país. A localidade passou
por diversos avanços ao longo dos anos, e seu desenvolvimento teve grande
influência das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, as quais utilizam

ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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os recursos hídricos da região tornando o Rio Jaci um grande reservatório de
água (Santana e Silva, 2019).
A construção da usina é entrelaçada com a história do distrito de Jaci
Paraná, localizado no estado de Rondônia e possibilitou o crescimento do fluxo
econômico local, à medida que aumentou a vulnerabilidade social, ou seja, o corpo
social ficou exposto a riscos e desigualdades sociais, que tange não somente
aos fatores socioeconômicos, mas também aos culturais, influenciando nos
comportamentos individuais e coletivos. Assim, a reprodução dos hábitos está
associada as condições de vida dos indivíduos, como a falta de saneamento
básico, problemas de infraestrutura no distrito e a falta de ações pedagógicas
dos agentes de saúde, que atinge o bem-estar da população. (DELANI, 2018)
À vista disso, as atividades realizadas na ação contribuíram para amenizar
os efeitos da vulnerabilidade social que a comunidade infanto-juvenil de Jaci
Paraná vivencia cotidianamente, além de interligar a experiência universitária
a práticas com a comunidade. O déficit no saneamento básico afeta nas con-
dições de higiene dessas pessoas, e as deixam suscetíveis às infecções por
microrganismos patogênicos, logo realizar atividades que promoveram a prática
da higiene corporal e bucal proporcionou mudanças nos hábitos de vida que
podem ser propagados, e desta forma contribuiu para melhores condições de
vida da população.

Planejamento

Inicialmente, foram definidas: (1) temáticas que seriam abordadas; (2)


construção de materiais e (3) atividades que poderiam ser realizadas. A meto-
dologia escolhida foi a lúdico-pedagógica, com o teatro, a utilização de tintas
para demonstrar a forma correta e efetiva de higienização das mãos, e protótipos
gigantes de arcadas dentárias e escovas de dente.
Os extensionistas, juntamente com a coordenadora, criaram um script
e confeccionaram fantasias para peça teatral, sendo a personagem Doutora
Higiene a mediadora da atividade responsável por explicar acerca dos cuida-
dos corporais essenciais, além de exemplificar visualmente como as crianças
poderiam portar germes, vírus e bactérias. Objetivando explanar o conteúdo de
maneira visual e descontraída, as precauções e a maneira correta de higienizar-se

Saberes e Práticas Extensionistas


60
foram apresentadas por pessoas fantasiadas de cada item de higiene (sabonete,
shampoo, pente, desodorante, escova de dente, creme dental e fio dental), os
quais explicavam seu devido objetivo e forma de uso.
Para a ação também foi confeccionada uma caixa de papelão semelhante
a caixa de luz negra, “a caixa da verdade”, para a dinâmica de higienização das
mãos, sempre objetivando estabelecer o contato das crianças e jovens com o
ato rotineiro de maneira didática e recreativa, aprendendo as maneiras efetivas
de autocuidado corporal.

Prática

No dia do evento, as atividades tiveram início com a apresentação teatral,


em que os materiais necessários para a higienização básica foram introduzidos
e explicados, dando margem para as crianças e os jovens interagirem à própria
maneira. Logo após a finalização da peça, o público foi dividido em dois grupos,
a fim de otimizar o trabalho dos extensionistas, salienta-se que os participantes
fizeram rotação nas duas estações, os quais intercalavam entre si no espaço
de tempo em que iam terminando as dinâmicas.
Um grupo ficou na estação de higienização das mãos na “caixa da
verdade”, em que foi abordado como as pessoas, que rotineiramente, podem
estar lavando as mãos de maneira errada. Nesta estação primeiramente os
participantes recebiam orientações e simulavam juntos aos extensionistas os
passos corretos da higienização das mãos. Logo após, executar sozinhos a
técnica dentro da caixa, utilizando tinta guache. Ao final da técnica os espaços
sem tinta revelavam uma lavagem malsucedida, evidenciando que se deve
prestar a devida atenção à maneira como a lavagem das mãos é executada.
Ademais, pôs-se em prática tanto os traços cognitivos quanto perceptivos do
público infanto-juvenil.
Enquanto isso, o segundo grupo participava da orientação quanto à
escovação e ao uso do fio dental. Com o auxílio da arcada dentária e da escova
de dente, as crianças foram instruídas sobre a maneira correta da escovação
e a importância da execução de tal hábito, com a finalidade de prevenir o
acometimento de cárie, tártaro, gengivites e a perda parcial ou total dos den-
tes. As crianças puderam realizar o passo a passo da escovação nos protótipos,

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e após as orientações e práticas de simulação, as mesmas recebiam um kit
de higiene bucal, contendo escova de dente, creme dental e fio dental, e eram
direcionadas ao escovódromo, e com auxílio e supervisão de acadêmicos
realizavam a escovação com o kit disponibilizado. Com isso, tornou-se possí-
vel visualizar a necessidade de cada criança, encaminhando-as, conforme a
carência, para o atendimento com profissionais de odontologia que estavam
atuando durante a ação.
Além das atividades lúdico-pedagógicas, a equipe de extensionistas
dispôs de um dos participantes do projeto fantasiado de coelho da Páscoa, que
descontraía e distribuía guloseimas às crianças durante a ação.

DISCUSSÃO

A ação de Páscoa do projeto de extensão universitária, “Faça sua Parte:


DoeAção em Jaci Paraná”, visou a promoção da saúde com atividades sobre
higiene em formato dinâmico e interativo de educação em saúde, voltadas ao
público infanto-juvenil no distrito de Jaci Paraná, município de Porto-Velho,
Rondônia. Assim, a higiene, de acordo com Junior e José (2020), por ser um fator
determinante para a saúde pública, é primordial para a manutenção da mesma.
Ademais, Ramos e Col. (2020) definem que a educação em saúde tornou-se
uma estratégia importante para o desenvolvimento de bons hábitos de higiene.
Desse modo, para a realização da ação voltada a este público, é necessário
um planejamento com métodos que atraiam as crianças para o conhecimento
que está sendo repassado, assim, a metodologia ativa e lúdica foi escolhida pelos
extensionistas para ser utilizada, como teatro com fantasias de cada elemento
usado na higiene, tinta guache na demonstração da higienização das mãos e a
arcada dentária em tamanho macro, feito de papelão e garrafa pet. Como afirma
Pedroso (2023), a atividade lúdica estimula de forma ativa o aprendizado das
crianças e no desenvolvimento cognitivo, instigando a imaginação e o raciocínio.
Diante disso, ao ser demonstrada a higiene corporal e a bucal de forma
lúdica-pedagógica para o público infanto-juvenil, estimula-se as crianças
sobre hábitos saudáveis, em que torna-se relevante e atraente para eles a
temática apresentada.

Saberes e Práticas Extensionistas


62
Nas atividades desenvolvidas, são representadas cada função dos itens
utilizados na higiene corporal, a higienização correta das mãos e a higiene bucal,
utilizando macro arcadas dentárias de maneira interacional e com participação
ativa das crianças, as indagando sobre seus conhecimentos sobre cada momento
e os explicando de forma simples, objetiva e descontraída a maneira correta de
serem manuseados e realizados os processos.
De acordo com Medeiros e Chagas (2020), as atividades caracterizadas
como lúdica-pedagógicas direcionadas à educação em saúde são relevantes
para a temática abordada, como também para mudanças de comportamentos
e qualidade de vida individual e coletiva. Conseguinte, a promoção de medidas
educativas voltadas à higiene pessoal de maneira lúdica ao público infanto-juvenil
é fundamental para a adoção de hábitos saudáveis da população, visto que,
desperta o interesse das crianças e jovens em realizar cuidados de higiene, e a
partir disso, os mesmos transferem as práticas para outros, garantindo assim
a consolidação desses costumes.
Além disso, é um ato benéfico para ambas as partes, tanto para a
comunidade, quanto para os acadêmicos, visto que a extensão universitária
propicia a aproximação da vivência com a prática da futura profissão de forma
multidisciplinar na promoção da saúde e para comunidade a absorção de
novos conhecimentos ou reforçar aprendizados que são ensinados durante a
vida. Em paralelo com Pinheiro e Narciso (2022), a extensão universitária é uma
via de mão dupla, sendo uma transmissão de saberes e difusão de conhecimentos
dos acadêmicos e dos populares, por meio de experiências em comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das atividades realizadas, tornou-se possível perceber a impor-


tância de fazer parte de um projeto de Extensão Universitária, tendo em vista as
habilidades e capacitações que, como membro, os estudantes são propícios a
adquirir e fortalecer competências, além de alcançar uma forma mais humana
de atuação profissional. É fundamental que os estudantes estejam na vanguarda
das atividades de educação em saúde para crianças e adolescentes, atrelados
aos métodos de ensino lúdicos, pois tornam o conhecimento acionável de forma
didática e transformadora. Vale ressaltar a importância do desenvolvimento de

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ações de extensão sistemáticas, utilizando estrategicamente métodos ativos
direcionados aos públicos-alvo, visando disseminar o conhecimento, garantir
a conscientização e consolidação da prática efetiva das medidas ministradas,
trazendo assim benefícios às comunidades atendidas.

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ISBN 978-65-5360-527-5 - Vol. 1 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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05

EXPERIÊNCIA DE EFETIVAÇÃO DO
ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO
PROJETO NUMAPE UEPG: UMA
CONTRIBUIÇÃO PARA ENFRENTAMENTO
DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Roseni Inês Marconato Pinto


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

Sílvia Elaine da Silva Nicolau


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

Ana Paula Aparecida Marins de Oliveira


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

Luiza Regiane Gaspar Ienke


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

Rita Rafaely Soares


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

Nara Luiza Valente


Núcleo Maria da Penha (UEPG)

10.37885/231115095
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre um relato de experiência


realizado por estagiárias do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de
Ponta Grossa, junto do Núcleo Maria da Penha, projeto de extensão que presta
atendimento social, jurídico e psicológico às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar, e também realiza ações preventivas que transcorrem o
tema. A experiência em questão se trata de um projeto de intervenção realizado
no ano de 2023, que visou, sobretudo, adentrar aspectos fundamentais e estrutu-
rais da violência contra a mulher. Tal projeto foi realizado com profissionais dos
Centros de Referência de Assistência Social do município de Ponta Grossa, com
o intuito de trazer conhecimentos basilares a respeito de temas como o Direito
de Família, desigualdade de gênero e violência contra a mulher. Tendo como
metodologia palestra, realizada no formato de oficina, utilizou-se de material
audiovisual, trabalho com grupos e materiais físicos impressos. Conclui-se que
a aplicação do projeto de intervenção alcançou seus objetivos, demonstrando
o forte potencial em intervenções para com o público em geral, e também de
auxiliar a experiência acadêmica e profissional.

Palavras-chave: Violência Contra a Mulher, Direito de Família, Relato de


Experiência de Estágio, Projeto de Intervenção, Extensão Universitária.

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INTRODUÇÃO

A Proteção Social Básica, conforme apresentado na Política Nacional de


Assistência Social (PNAS) (2004), destina-se à população que vive em situação
de vulnerabilidade social ou fragilização de vínculos afetivos. Os serviços da
Proteção Social Básica são realizados através dos Centros de Referência da
Assistência Social (CRAS). Ainda, conforme descrito na PNAS, esses serviços
devem se articular com as demais políticas públicas, buscando o “[...] protago-
nismo das famílias e indivíduos atendidos, de forma a superar as condições de
vulnerabilidade e a prevenir as situações que indicam risco potencial” (BRA-
SIL, 2004, p. 35).
O CRAS, por sua vez, tem suas atividades voltadas para as famílias e
indivíduos, uma delas refere-se ao desenvolvimento do Programa de Atenção
Integral às Famílias (PAIF), assim sendo um local privilegiado para a identifi-
cação das demandas relacionadas a violência contra as mulheres. Além disso,
é bastante comum que sejam estabelecidos vínculos entre os usuários e os
profissionais, conforme as autoras Silva, Pereira e Tavares (2018), o vínculo tem
suma importância para as intervenções profissionais, ou seja, por vezes os pro-
fissionais do CRAS são mais propensos a receberem demandas relacionadas a
violência contra mulher pelo vínculo já estabelecido com as usuárias, podendo
assim realizar orientações e encaminhamentos.
Diante disso, considerou-se a necessidade que as equipes técnicas
tenham noções básicas a respeito do direito de família e conheçam a rede de
enfrentamento à violência contra mulher no município, podendo realizar as
orientações de maneira informada e conveniente, assim como encaminhamen-
tos mais assertivos.
A ideia da realização de uma oficina com os profissionais que atendem
nos CRAS surgiu justamente após a realização de ações preventivas em alguns
desses locais dentro do município, as quais foram realizadas no PAIF.
Observou-se que as ações resultaram em muitos agendamentos para
atendimento no Núcleo Maria da Penha da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (NUMAPE UEPG), os quais tinham por finalidade desde o acesso a infor-
mações relacionadas ao Direito de Família até pedidos de Medidas Protetivas de

Saberes e Práticas Extensionistas


68
Urgência (MPU). Assim, observou-se a necessidade de promover este espaço
de formação e debate com as equipes técnicas dos CRAS.
Este projeto foi desenvolvido pelas estagiárias de Serviço Social do
NUMAPE, sob supervisão da Assistente Social supervisora de campo, da pro-
fessora coordenadora do projeto de extensão e orientadora do Serviço Social
do NUMAPE UEPG e acompanhamento do supervisor pedagógico, com apoio
do restante da equipe, em especial da equipe de Direito.
Assim, o presente capítulo tem o objetivo de discorrer sobre um relato
desta experiência realizada por três estagiárias do curso de Serviço Social
da Universidade Estadual de Ponta Grossa, junto do Núcleo Maria da Penha
(NUMAPE), projeto de extensão que presta atendimento social, jurídico e psi-
cológico às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, e também
realiza ações preventivas que perpassam o tema.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

O curso de graduação de Bacharelado em Serviço Social na Universidade


Estadual de Ponta Grossa conta com um regulamento de estágio, aprovado pela
Resolução do Conselho Ensino, Pesquisa e Extensão n° 085, de 14 de Dezembro
de 2011. Neste documento está evidenciado que:

Considera-se Estágio Curricular as atividades de aprendizagem


social, profissional e cultural, proporcionadas ao acadêmico pela
participação em situações reais da prática profissional, realizadas em
entidades de direito público e privado, na comunidade em geral ou
na Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob a responsabilidade
e coordenação desta Instituição (PARANÁ, 2011, Artº 1).

Além disso, neste documento está previsto como instrumento de avaliação


sobre o desempenho do acadêmico no processo de estágio, a construção de
um referencial teórico, que fundamenta sua atuação no campo como estagiá-
rio, a elaboração e operacionalização de um projeto de intervenção, seguido
de sua avaliação.
Desta forma, a observação da demanda vinda dos CRAS do município
após ações preventivas, instigou-se a realização do projeto de intervenção aqui

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detalhado. Existindo a possibilidade de ser aplicado em conjunto, três estagiárias
passaram a desenvolvê-lo.
Inicialmente desenvolveram a parte escrita do projeto, incluindo o refe-
rencial teórico. Descrevendo os objetivos do projeto, sua justificativa, ambos
aqui já mencionados, e a metodologia prevista. Na reunião mensal da rede a
coordenadora do projeto de extensão comunicou que a equipe do NUMAPE
realizaria esta ação e, na sequência, realizou-se o agendamento de uma reunião
com a equipe da Gestão da Proteção Social Básica do município, vinculada à
Fundação de Assistência Social (FASPG).
Nesta ocasião, as estagiárias, acompanhadas da Assistente Social super-
visora de campo e da professora orientadora do Serviço Social do NUMAPE
apresentaram para a equipe da Gestão, onde receberam a autorização para
aplicação do projeto.
Após a autorização, encaminharam-se ofícios para cada um dos CRAS,
convidando a equipe técnica para participação na oficina. Destaca-se que esta
ocorreu no mês de agosto de 2023, em alusão a campanha “Agosto Lilás” a
respeito de enfrentamento à violência doméstica e familiar. A oficina foi plane-
jada e executada em dois períodos, matutino e vespertino, para que todos os
técnicos pudessem participar.
A metodologia baseou-se em palestra, realizada no formato de oficina,
onde foi utilizado material audiovisual, trabalho com grupos e materiais físicos
impressos. Tendo título “Oficina: a violência contra mulher e o direito de famí-
lia”, esta iniciou-se de modo expositivo, com uma fala de abertura da atividade,
mencionando que a mesma era resultado do projeto de intervenção da disciplina
de estágio obrigatório das estagiárias do NUMAPE.
Na sequência realizaram-se dinâmicas interativas e um breve estudo de
caso, com o objetivo geral de contribuir para o aprofundamento teórico e crítico
das equipes técnicas dos CRAS do município de Ponta Grossa - PR acerca do
enfrentamento à violência contra à mulher. Os objetivos específicos do projeto
foram: dimensionar os 5 tipos de violência doméstica que constam na Lei nº
11.340/2006, para que as profissionais possam compreender e identifica-las;
apresentar a rede de enfrentamento à violência contra a mulher no município;
e contribuir para a ampliação do conhecimento acerca do Direito de Família,

Saberes e Práticas Extensionistas


70
a fim de que as profissionais sejam capazes de informar a população atendida
de maneira correta.
Apresentou-se uma breve análise de conjuntura a partir de dados sobre
violência contra as mulheres, provenientes do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2022, com
destaque ao número de registros de casos de feminicídio1 no Brasil, sendo 1.341
no ano de 2021. O registro de 2.028 tentativas de feminicídio no país, no mesmo
período. E o número de Medidas Protetivas de Urgência concedidas no país,
também em 2021, foi 370.209 (BRASIL, 2022).
Assim sendo, tendo a perspectiva de compreender como o machismo
estrutural e a desigualdade de gênero impactam na sociedade e culminam,
muitas vezes, em situações de violência doméstica e familiar, foram promovi-
das reflexões acerca do assunto. Em relação a isso, a desigualdade de gênero,
conforme María Jesús Izquierdo (1998), está posta na relação de reprodução
e dominação, seja na vida pública ou privada, enquanto produto do regime de
exploração. Para Izquierdo (1998), a desigualdade de gênero pode ser estudada
em termos de estrutura social, considerando que, de certa forma, a sociedade
produz e reproduz a vida humana. Tal fato representa a relação entre a reprodu-
ção e dominação, a qual se baseia em condições de dependência em respeito
ao setor dedicado ao crescimento e desenvolvimento.
Em se tratando do machismo estrutural, considera-se que este se funda
em “relações sociais estruturais de opressão-exploração-dominação que orga-
nizam a sociedade.” (CFESS, 2019, p. 7). Conforme Hintze (2020), “O machismo
estrutural é um sistema estruturado de controles e opressões que produz,
significa, hierarquiza e trata o ‘masculino’ como valor fundante da moral e, em
consequência disso, o ‘feminino’ como inferior ao ‘masculino’”. É, portanto, um
sistema de dominação e exercício do poder que elimina as possibilidades de
construção de uma sociedade com equidade de gênero, com o respeito neces-
sário a todos os seres humanos. Dessa forma, são incentivados ou aceitos pela

1 O termo surgiu para denominar os assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. No Brasil, a Lei
n.° 13.104/2015, Lei do Feminicídio, torna-o como um homicídio qualificado, configurado por crime hediondo
(BRASIL, 2015).

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sociedade atos de violência, dentre eles o preconceito, a discriminação e o ódio,
baseados na classificação destes elementos.
Por se tratar de uma forma de opressão e desigualdade de gênero, o
machismo estrutural se encontra arraigado nas estruturas sociais, políticas,
econômicas e culturais de uma sociedade. O machismo estrutural resulta em
limitações de oportunidades para as mulheres, discriminação salarial, violência
de gênero, desequilíbrio na representação política e em outras formas de desi-
gualdade. Enfrentar o machismo estrutural requer esforços amplos e sistêmicos,
incluindo mudanças em políticas, legislações e normas sociais, e também uma
transformação cultural que promova a igualdade de gênero, a valorização das
contribuições das mulheres e o empoderamento feminino.
Além disso, dados como os apresentados no Gráfico 35 do Anuário Bra-
sileiro de Segurança Pública de 2022 tornaram pertinente o debate e a reflexão
sobre a categoria interseccionalidade:

Gráfico 1. GRÁFICO - 35 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 que apresenta o


número de vítimas de feminicídios e demais mortes violentas intencionais de mulheres, por raça/
cor no Brasil em 2021.

Fonte: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022.

Uma reflexão a respeito de como as questões raciais atravessam a vida


das mulheres coloca em pauta a categoria interseccionalidade. Este conceito
foi pensado “[...] por feministas negras cujas experiências e reivindicações

Saberes e Práticas Extensionistas


72
intelectuais eram inobservadas tanto pelo feminismo branco quanto pelo
movimento antirracista, a rigor, focado nos homens negros.” (AKOTIRENE,
2019, p. 14). Portanto, o entendimento de interseccionalidade é um sistema
de opressão interligado, que acirra processos de desigualdades sociais para
determinados grupos.
Seguido disso, foi apresentada a história de Maria da Penha Maia Fernan-
des, uma mulher brasileira que sofreu violência na década de 1980 por parte do
seu marido, que tentou matá-la, deixando-a paraplégica. A história dela tornou-
-se um símbolo para o enfrentamento à violência contra as mulheres, uma vez
que sua busca por justiça levou cerca de 19 anos. Seu agressor tentou matá-la
duas vezes, o mesmo passou por duas audiências nos anos 1990, porém saiu
em liberdade das duas (INSTITUTO MARIA DA PENHA, 2023).
Em 1998 Maria da Penha, junto com o Centro para a Justiça e o Direito
Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa
dos Direitos da Mulher (CLADEM), denunciaram o Brasil à Comissão Interame-
ricana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/
OEA), uma vez que o Estado estava omisso frente à situação. Assim, o Estado
foi responsabilizado por negligência e anos mais tarde foi promulgada a lei
Maria da Penha, que leva esse nome em homenagem a sua história (INSTITUTO
MARIA DA PENHA, 2023).
A lei 11.340 foi promulgada em 7 de agosto de 2006 (BRASIL, 2006), a
qual criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as
mulheres. Dispõe sobre criação das Delegacias de Atendimento à Mulher e os
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Sendo nesta lei
abordados os tipos de violência e as Medidas Protetivas de Urgência.
Na aplicação da oficina, foram destacados alguns artigos da lei, como o
artigo 7° que descreve cinco tipos de violência: violência psicológica, violência
moral, violência patrimonial, violência física e sexual (BRASIL, 2006). Além de
ressaltar que as Medidas Protetivas de Urgência são compreendidas enquanto
mecanismos de proteção às mulheres que se encontram em situação de risco,
sendo apenas, em 2018, com a promulgação da lei n° 13.641/2018 (BRASIL, 2018)
que tornou o descumprimento das Medidas Protetivas de Urgência como crime.

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Dinâmica da teia

Após esse primeiro momento expositivo, realizou-se, conforme previsto, a


“dinâmica da teia”. Essa dinâmica consistiu na utilização de um rolo de barbante,
onde a pessoa mediadora explicou a dinâmica, com a finalidade de apresentar
a Rede de Enfrentamento à Violência contra mulher do município de Ponta
Grossa/PR de maneira didática.
A mediadora segurou a ponta do barbante e entregou o rolo para outra
pessoa, nomeando um órgão da rede, a pessoa que recebeu o rolo fez o mesmo
e assim por diante, no fim, o barbante formou uma grande teia pelos integrantes
do grupo. Dessa forma, as pessoas ao olharem o emaranhado puderam perceber
as articulações na rede de proteção.
O trabalho em redes de proteção surgiu enquanto uma proposta para
intervir frente às demandas apresentadas pela população, de modo a promover
também a troca de saberes entre diversos equipamentos, Pereira e Teixeira (2013,
p. 120) citam que no Brasil isso se deu a partir do processo de democratização
política, desta forma o conceito de redes:

[...] remete para a noção de interconexão, articulação, parceria,


interação, cooperação entre organizações governamentais e
não governamentais, portanto, na defesa do pluralismo de bem-
estar social, da corresponsabilização de todos, não apenas do
financiamento das políticas sociais, mas na prestação de serviços
sociais e na utilização dos recursos mobilizados por cada tipo de
organizações.

Conforme a Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra


Mulheres, o conceito de rede é entendido como a articulação entre instituições
para identificação e encaminhamento adequado das mulheres em situação de
violência, visando um atendimento de maior qualidade, e também o desenvol-
vimento de atividades de cunho preventivo (BRASIL, 2011).
Em Ponta Grossa as mulheres em situação de violência contam com
uma rede de proteção estruturada. Em 07 de julho de 2023 tornou-se público
o Decreto Municipal n° 22.064 (PONTA GROSSA, 2023), que formaliza a Rede
de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, existente há mais de 10 anos,
ampliando-a. Na dinâmica alguns destes órgãos foram mencionados, entre eles:

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O Juizado de Violência Doméstica e Familiar: Órgão do poder judiciário
criado por meio da Lei Maria da Penha, que entre suas atribuições estão a
concessão de Medidas Protetivas de Urgência (PIMENTEL et al, 2019).
A Patrulha Maria da Penha: criada através da Lei Municipal n° 12.451/2016,
é composta por um agrupamento dentro da Guarda Municipal de Ponta Grossa,
tem por objetivo “[...] fiscalizar o cumprimento das medidas protetivas de
urgência deferidas pelo Poder Judiciário” (CHOCIAI et al, 2019, p. 149). Desde
o início das atividades da Patrulha Maria da Penha observou-se uma diminui-
ção considerável nos descumprimentos das Medidas Protetivas de Urgência
(CHOCIAI et al, 2019).
A Casa Corina Portugal: Casa de acolhimento para mulheres em situação
de violência que se encontram em risco iminente de morte. Compõe também
a proteção social especial, porém se enquadra como um serviço de alta com-
plexidade, garante a proteção integral das mulheres e seus filhos através da
moradia, alimentação e higienização (BRASIL, 2004).
O Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CRAM): Órgão
especializado no atendimento a mulheres em situação de violência doméstica,
conta com equipe multidisciplinar especializada e faz articulação com outras
instituições para viabilizar o acesso aos direitos dessas mulheres (BRASIL, 2019).
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM): Criada após
o surgimento da Lei Maria da Penha. A lei abrange procedimentos que devem
ser adotados por policiais durante atendimentos de situações de violência, os
quais referem-se a escuta da ofendida, a elaboração do boletim de ocorrência,
realizar a solicitação de Medidas Protetivas de Urgência, se for o caso, dentro do
prazo, requisitar exames de corpo delito se houver a necessidade (BRASIL, 2006).
Por fim, foi apresentado o NUMAPE UEPG, que se trata de um programa
estratégico do governo do Paraná, contando com onze núcleos em funciona-
mento no estado. Em Ponta Grossa, iniciou suas atividades em janeiro de 2018
e possui, atualmente, um atendimento multidisciplinar nas áreas de Serviço
Social, Psicologia e Direito. É um projeto de extensão universitária que atende
a mulher em situação de violência, de forma humanizada, faz o acolhimento,
escuta qualificada e encaminhamentos necessários. Mulheres com renda de
até três salários mínimos têm acesso a atendimento jurídico gratuito para ajui-
zar ações de divórcio e dissolução de união estável, inclusive com pedidos de

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regulamentação de guarda, convivência e alimentos, bem como para o requeri-
mento de Medidas Protetivas de Urgência e o acompanhamento nas ações penais
decorrentes das situações de violência doméstica e familiar (PARANÁ, 2021).

Direito de Família

O direito de família é uma das ramificações do direito civil. A jurista


Maria Berenice Dias (2021) menciona que o direito de família busca a proteção
das famílias, refere-se a “famílias” no plural de maneira a abranger as diversas
formatações dessas, sem discriminações.
As legislações passaram por um longo processo de evolução e perma-
necem em constante atualização. Somente a partir da Constituição Federal
de 1988 que os homens e as mulheres passaram a ter direito a proteção de
forma igualitária (DIAS, 2021). Em 2003 entrou em vigor o Código Civil, o qual
buscou atualizar alguns elementos referentes ao direito de família, representou
alguns avanços e extinguiu o uso de alguns termos. A jurista Dias (2021, p. 47)
menciona que “[...] pelo tempo que tramitou e pelas modificações profundas
que sofreu, já nasceu velho”.
Na experiência aqui relatada, uma das advogadas da equipe jurídica
do NUMAPE UEPG fez a explanação de alguns processos de família entre os
quais são realizados pelo referido Núcleo, sendo eles: divórcio, dissolução de
união estável, regularização da guarda dos filhos e visitas, bem como ação de
alimentos e sua execução.
O divórcio dissolve o casamento, com ele o estado civil é alterado e,
assim, as pessoas passam a ser divorciadas. Quando há filhos na relação con-
jugal, destaca-se que os deveres dos genitores não são alterados por conta do
seu estado civil e a família não meramente se encerra, mas sim se transforma.
A ação para requerer o divórcio pode ser consensual ou litigiosa. Na oca-
sião frisou-se que, ao contrário do que acontecia há algum tempo e que ainda
vive no imaginário popular, não é necessário que a outra parte “dê o divórcio”
e nem mesmo concorde com isso, já que se trata de um direito individual de
cada pessoa e que pode ser exercido a qualquer tempo (ROSA, 2020). E com o

Saberes e Práticas Extensionistas


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divórcio há a possibilidade de prosseguir a ação com a partilha de bens2, caso
haja algo a ser dividido entre as partes (DIAS, 2021).
A união estável surge a partir da convivência, com “contornos” de casa-
mento. A lei elenca características para a união estável, sendo elas: a convivência
pública, contínua e duradoura, que possui por objetivo a constituição de família
(DIAS, 2021). Um diferencial do casamento refere-se a alteração do estado
civil, uma vez que com o casamento e/ou divórcio há uma modificação, com a
união estável isso não ocorre, assim as pessoas se mantém com o estado civil
de solteiras. A dissolução da união estável acontece quando o vínculo afetivo
e de convivência são rompidos.
Os processos de regularização de guarda, visitas e alimentos são feitos
especialmente para filhos menores de 18 anos. Rosa (2021, p. 522) dispõe que “a
guarda é atributo do poder familiar e, principalmente após a ruptura conjugal dos
genitores, permitirá definir de que forma acontecerá a gestão da vida da prole”.
O processo de regularização de guarda se dá quando os genitores se
separam, ou quando os filhos são frutos de um relacionamento não reconhecido
legalmente. No Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei n° 8.069/90)
a guarda é abordada, no artigo n° 33 está posto que:

A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e


educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor
o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser
deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela
e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros (BRASIL, 1990).

Existem tipos de guarda, sendo elas: a guarda unilateral, que refere-se ao


processo em que apenas um dos genitores exercerá o poder familiar de forma
mais efetiva, não abstendo o outro genitor do seu direito a conviver com a criança;
a guarda compartilhada, que refere-se ao exercício do poder familiar em coo-
peração entre genitores, independentemente de estes estarem separados; e a

2 A jurista Dias (2020), explica que se existem patrimônios entre os cônjuges e estes se divorciam, é necessá-
rio a partilha de bens, sendo a forma ideal de partilha a forma consensual. Vale destacar que existem regimes
de bens no momento do casamento, sendo eles: comunhão parcial de bens, comunhão universal de bens e
separação total de bens.

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guarda alternada, que por vezes é confundida com a guarda compartilhada, mas
na realidade se trata de outro tipo de guarda na qual a criança passa períodos
específicos com cada genitor e nesses períodos o poder familiar efetivo muda
de um para outro (ROSA, 2020; DIAS, 2021).
A guarda alternada não possui regulamentação jurídica no Brasil e é
usada em raríssimas exceções, já que não se mostra benéfica para as crianças.
Como regra, é aplicada a guarda compartilhada e a guarda unilateral é utilizada
excepcionalmente, devendo a alegação de sua necessidade ser acompanhada
de farto conjunto probatório.
Recentemente, a Lei nº 14.713/2023 estabeleceu o risco de violência
doméstica ou familiar como causa impeditiva ao exercício da guarda compar-
tilhada, e impôs ao juiz o dever de indagar previamente o Ministério Público e
as partes sobre situações de violência doméstica ou familiar que envolvam o
casal ou os filhos (BRASIL, 2023). Trata-se de um grande avanço na garantia
da segurança das mulheres vítimas de violência doméstica e de seus filhos.
O direito de convivência refere-se ao direito que o genitor que não está
com a guarda do filho possui de passar algum tempo com ele. Pelo texto da
legislação civil vigente, tal direito era chamado de direito de visitas, mas atual-
mente entende-se que se trata de um conceito equivocado, já que pai e mãe não
visitam o filho, mas sim convivem com ele. Assim discorre Dias (2021, p. 392):

Os encargos inerentes ao poder familiar não se limitam a assegurar


ao genitor o direito de ter o filho em sua companhia em determinados
períodos de tempo. A locução de visitas evoca uma relação de
índole protocolar, mecânica, como uma tarefa a ser executada
entre ascendente e filho, com as limitações de um encontro de
horário rígido e de tenaz fiscalização.
Daí a preferência por direito de convivência ou regime de
relacionamento, eis que é isso que deve ser preservado, mesmo
quando pai e filho não vivem sob o mesmo teto.

A autora Dias (2021) menciona que muito frequentemente esse direito é


suspenso a partir de denúncias de abuso sexual. No contexto da Lei Maria da
Penha, também é possível pedir a suspensão da convivência em decorrência de
situações de violência doméstica e familiar, embora seja necessário demonstrar

Saberes e Práticas Extensionistas


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riscos concretos à criança para que isso ocorra, não bastando que se demonstre
a violência contra a genitora.
E o processo que se refere aos alimentos é conhecido como “pensão”, trata
sobre um valor pago, geralmente para os filhos, com a finalidade de suprir suas
necessidades básicas. Destaca-se que usamos a palavra “alimentos” mas o valor
não se limita aos gastos referentes exclusivamente com a alimentação, podendo
ser utilizado para moradia, vestuário, educação e saúde, entre outros. Em caso
da ausência de pagamento dos valores devidos, é possível fazer sua execução,
por meio de uma ação pela qual se busca o cumprimento da decisão proferida.
Foi pertinente a explicação de tais conceitos, ainda que de forma breve,
para que os profissionais dos CRAS possam auxiliar as mulheres que pretendem
buscar a separação em decorrência da violência, seja pelo divórcio ou pela dis-
solução da união estável. Conhecer esses direitos e possibilidades é essencial
nesse processo de encerramento de uma relação abusiva, posto que, muitas
vezes, a questão da guarda, da convivência ou dos alimentos é utilizada como
forma de amedrontar a mulher para que ela permaneça no relacionamento.

Estudo de caso

O estudo de caso foi planejado para ambos os períodos, porém, executado


apenas no período vespertino. Pela manhã acreditou-se que o tempo destinado
a realização deste estava restrito e que não haveria tempo hábil de finalizá-lo.
Desta forma, estimulou-se que os participantes apresentassem suas dúvidas
até a finalização do horário. Algumas pessoas interagiram pontualmente, e
para finalizar a equipe reforçou informações sobre as Medidas Protetivas de
Urgência. A equipe reavaliou a questão do tempo utilizado pela manhã e, sendo
assim, no período da tarde o estudo de caso foi realizado.
Solicitou-se a separação dos participantes em quatro grupos. Foram entre-
gues quatro casos fictícios, um para cada grupo, e os mesmos foram orientados
a ler, realizando um breve estudo de caso, pontuando aspectos apreendidos
na oficina. Posteriormente, cada grupo fez a explanação do caso, associando
com os conteúdos explanados na oficina, como os tipos de violência previstos
na Lei Maria da Penha e encaminhamentos pertinentes em relação à temática
do direito de família.

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DISCUSSÃO

A atividade ocorreu em dois períodos, pela manhã se fizeram presentes


19 pessoas. No período da tarde 17 pessoas. Entre elas, estavam 21 Assistentes
Sociais, 7 psicólogas, 1 pedagoga e 7 pessoas que compõem a equipe da Casa
da Mulher. Destaca-se que técnicos de todos os CRAS de Ponta Grossa/PR
compareceram na oficina, inclusive da Unidade Móvel. Também duas Assis-
tentes Sociais representando a divisão de Proteção Social Básica da Fundação
de Assistência Social (FASPG).
De modo geral a oficina foi realizada da maneira que foi planejada, cum-
prindo com a metodologia proposta. Observou-se que o estudo de caso estimulou
o debate, instigando a participação, onde apresentaram colocações, identifi-
cando as formas de violência presentes no caso, possíveis encaminhamentos
e demais considerações. Além disso, alguns dos participantes apresentaram
suas dúvidas, as quais foram prontamente esclarecidas.
Ao final, compartilhou-se um QR Code com um formulário avalia-
tivo. As questões eram objetivas, tendo apenas uma descritiva para sugestões
ou comentários. Em relação às questões objetivas, essas eram afirmativas, suas
alternativas de respostas eram: concordo totalmente; concordo; não discordo
nem concordo; discordo; discordo totalmente.
A primeira afirmativa era: “O conteúdo apresentado é importante para
uma atuação profissional comprometida com o enfrentamento à violência contra
as mulheres”. Das respostas, 87,1% responderam que concordam totalmente.
12,9% responderam que concordam.
Em seguida, sobre a organização e postura das ministrantes, 80,6%
concordaram totalmente que foram adequadas e 19,4% concordaram. Sobre o
tempo de duração da atividade, 64,5% concordaram totalmente que o tempo
foi adequado, 35,5% concordaram.
Quando afirmado que “obtive novos aprendizados ou conhecimentos a
respeito do tema”, 67,7% concordaram totalmente e 32,3% concordam. Quando
afirmado: “compreendo a importância da articulação da Rede de Proteção às
Mulheres em Situação de Violência” as respostas se apresentaram 80,6% con-
cordam totalmente e 19,4% responderam que concordam.

Saberes e Práticas Extensionistas


80
Sobre as sugestões e/ou comentários, algumas destacaram-se, entre
elas comentários como:

“Parabéns a toda equipe envolvida, pela segurança na fala das


acadêmicas. Que possamos levar para toda rede a atuação do
NUMAPE”; “Parabéns pela organização, postura e empenho,
visível a dedicação para a execução do projeto de intervenção”;
“Sugiro estender a atividade para todos os CRAS, informando
diretamente os usuários”; “Foi ótimo, mas seria importante a fala
da psicóloga e relato sobre o trabalho que realiza no NUMAPE”;

Destaca-se, sobre uma das sugestões descritas, que as atividades


junto aos usuários do CRAS já são desenvolvidas através da participação do
NUMAPE nos grupos do PAIF, possivelmente quem sugeriu não fazia parte da
equipe do CRAS onde atua quando nossa equipe realizou a ação. Referindo-se
a outra sugestão, seria uma grande contribuição a participação da psicóloga,
compondo a explanação, abrangendo aspectos psicológicos que atravessam
a questão da violência.
Desse modo, compreendendo que a maioria das afirmativas obtiveram
respostas onde concordam totalmente, compreende-se que os objetivos da
oficina foram alcançados, visto que o objetivo geral da oficina era proporcionar
um aprofundamento teórico para as técnicas acerca da violência contra mulher
e o direito de família.
Ainda, segundo Chiavenato (2014) a capacitação é processo que visa
desenvolver competências, habilidades e conhecimentos dos colaboradores
de uma organização, que envolve uma série de ações e estratégias voltadas
para o aprimoramento profissional, e tem objetivo de aprimorar o desempenho
profissional, preparando-os para a prática no cotidiano. Destaca-se, então,
a importância da capacitação para os técnicos, e ressalta-se que a oficina
contribuiu para que o conhecimento acerca desses temas fosse ampliado, de
maneira a impactar positivamente nos encaminhamentos realizados pelos
técnicos dos CRAS, além das orientações acerca da violência contra mulher e
o direito de família.
O Núcleo Maria da Penha tem um grande impacto na formação dos aca-
dêmicos, visto que exerce um papel fundamental enquanto projeto de extensão
junto a Rede de enfrentamento às violências contra a mulher no município

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de Ponta Grossa. No Art. 207 da Constituição Federal (1988) está previsto o
princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Conhecido
como o tripé da Universidade. A extensão universitária tem por objetivo apro-
ximar a universidade da comunidade, levando em consideração a atuação de
professores, acadêmicos, técnicos administrativos, pós-graduandos e também
estagiários nessa articulação, visando assim uma rica troca de saberes. Com
isso, compreende-se a potencialidade dos projetos de extensão, no processo
de formação, onde não há separação entre a aprendizagem teórica e prática
(RIBEIRO; MENDES; SILVA, 2018).
Portanto, o Núcleo Maria da Penha UEPG, contribui de forma significativa
para o processo de formação das graduandas, visto que com a inserção do
aluno na extensão, é perceptível que as atividades que ocorrem no dia-a-dia no
Núcleo Maria da Penha impactam diretamente no aprendizado, não apenas na
prática, mas no desenvolvimento de um olhar crítico em conjunto com a área
de estudo com o Serviço Social.
Durante o período de janeiro a outubro de 2023, embora a curricularização
ainda estivesse em processo de implementação na Universidade Estadual de
Ponta Grossa, o Núcleo Maria da Penha ofereceu uma experiência multidis-
ciplinar a 8 acadêmicos envolvidos em atividades de extensão, contribuindo
indiretamente para essa curricularização.
Desta forma, entende-se que o Núcleo Maria da Penha promove discus-
sões e soluções em questões sociais e jurídicas, oferecendo um conhecimento
importante e essencial para a formação dos acadêmicos, em parceria com a
sociedade. Isso destaca a importância fundamental dos conhecimentos adqui-
ridos nesse espaço para a formação acadêmica dos graduandos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a aplicação do projeto de intervenção alcançou seus obje-


tivos pela realização, com total êxito, das explanações programadas. A equipe
obteve sucesso na organização, embora tenham ocorrido pequenas diferenciações
na aplicação da oficina entre os dois períodos, o que possibilitou aprendizado
referente à administração do tempo.

Saberes e Práticas Extensionistas


82
Além disso, a aplicabilidade das dinâmicas se deu de maneira assertiva,
sendo um momento de descontração e aprendizado. A atuação multidisciplinar
também se destacou, demonstrando a importância de articular saberes tendo
como objetivo o atendimento integral e humanizado com qualidade.
As dúvidas apresentadas pelos participantes evidenciaram que diversos
mitos relativos ao Direito de Família persistem, ainda que muitas informações
sejam divulgadas na atualidade a esse respeito. Nota-se que o trabalho de difu-
são de informações sobre o tema é essencial para que as mulheres consigam
quebrar o ciclo de violência e sair de um relacionamento abusivo, de modo
especial quando se trata de um casal com filhos.
Muitas vezes acredita-se que algumas informações já foram suficien-
temente difundidas e que não haveria necessidade de explicar novamente o
assunto, mas as dúvidas apresentadas tanto nas visitas do NUMAPE UEPG aos
grupos do PAIF quanto na oficina realizada demonstram que toda informação
é válida e deve ser veiculada, pois certamente atingirá alguém que dela neces-
sitava e não possui tal conhecimento.
Ainda, constata-se que há necessidade de trabalho contínuo com o ciclo
de palestras nos grupos do PAIF e com as oficinas para os profissionais, já que
o público muda frequentemente, e os componentes das equipes dos CRAS tam-
bém, e informações tão importantes para o enfrentamento à violência doméstica
e familiar contra as mulheres precisam ser difundidas sempre que possível.

Agradecimentos

Agradecemos a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior pelo


financiamento do Núcleo Maria da Penha, a Fundação de Assistência Social de
Ponta Grossa, por aceitarem a atividade com o quadro de técnicos dos Centros
de Referência em Assistência Social do município e a Pró Reitoria de Extensão e
Assuntos Culturais – PROEX/UEPG pelo apoio não apenas na realização desta
oficina, mas em todos os projetos realizados pelo NUMAPE UEPG

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REFERÊNCIAS
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dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do
crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol
dos crimes hediondos. Diário Oficial da União, Brasília, 10 mar. 2015. Disponível em: https://www.
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BRASIL. Lei n.º 14.713, de 30 de outubro de 2023. Altera as Leis nºs 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), para estabelecer o risco
de violência doméstica ou familiar como causa impeditiva ao exercício da guarda compartilhada,
bem como para impor ao juiz o dever de indagar previamente o Ministério Público e as partes sobre
situações de violência doméstica ou familiar que envolvam o casal ou os filhos. Diário Oficial da União,
Brasília, 31 out. 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/
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Saberes e Práticas Extensionistas


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2016-autoriza-o-poder-executivo-a-instituir-no-ambito-da-cidade-de-ponta-grossa-as-patrulhas-
maria-da-penha-e-da-outras-providencias?q=patrulha+maria+da+penha. Acesso em: 22. mai. 2023.

RIBEIRO, Mayara Rodrigues Fernandes; MENDES, Francisco Fabiano de Freitas; SILVA, Etevaldo
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152X2018000300007#:~:text=A%20ideia%20de%20v%C3%ADnculo%20presente,recurso%20
ainda%20s%C3%A3o%20os%20afetos. Acesso em: 13 nov. 2023.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Resolução


nº 085, de 14 de Dezembro de 2011. Aprova Regulamento de Estágio do Curso de Bacharelado
em Serviço Social, da UEPG. Disponível em: https://www2.uepg.br/deservi/wp-content/uploads/
sites/185/2021/04/ResCEPE085_Reg.-de-ESTAGIO-CURSO-S.SOCIAL.pdf Acesso em: 26. nov. 2023.

Saberes e Práticas Extensionistas


86
06

NA TRILHA DA TECNOLOGIA E REDES


SOCIAIS: UMA EXPERIÊNCIA
EXTENSIONISTA PARA PROMOÇÃO DA
LIBRAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA EM
BRAGANÇA, PARÁ

Jane do Socorro Borges Conde


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Karolayne Antonia Fonseca da Silva


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Ingrid Niemes de Souza


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Clara Gondim Melo


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Maria Pollyana Costa Silva


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Cristian da Silva Ramos


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Jefferson Marcelo Brito Borges


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Gracielle Araújo da Rosa


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Marcelly Naheda Miranda Alves


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Gláucia Caroline Silva-Oliveira


Universidade Federal do Pará (UFPA)

10.37885/231115043
RESUMO

O presente relato de experiência descreve a vivência de um grupo de univer-


sitários da Universidade Federal do Pará em uma atividade de extensão como
culminância da disciplina de Libras. O local da ação foi uma escola pública
localizada em Bragança-Pará. A ação envolveu a aplicação de uma dinâmica
gamificada para a aquisição vocabular de sinais de tecnologia e redes sociais
com alunos do sexto ano do ensino fundamental. O desenvolvimento desta ação
extensionista apresentou grande riqueza de experiência aos universitários, e
muita curiosidade para os alunos que estavam tendo o primeiro contato com
esta língua de sinais, sendo esta uma experiência que permite a reflexão sobre
o ensino de Libras como estratégia para a construção de uma sociedade mais
inclusiva para a pessoa surda.

Palavras-chave: Práticas Interdisciplinares, Gamificação, Redes Sociais.

Saberes e Práticas Extensionistas


88
INTRODUÇÃO

A extensão universitária cria pontes entre a universidade e a sociedade


(PENACHIONE; HASSE, 2023). Dessa articulação emergem contextos que
potencializam as aprendizagens dos sujeitos em formação, ao mesmo tempo
em que, beneficia as comunidades com os conhecimentos e as produções
desenvolvidas em ambiente acadêmico (FLORIANO et al., 2017).
Constituindo assim, a tríade ensino-pesquisa-extensão; a extensão tor-
nou-se componente curricular obrigatório estando presente em pelo menos
10% da carga horária do total dos cursos superiores no Brasil (BRASIL, 2014;
2018). Outra inclusão à grade curricular do ensino superior foi a disciplina de
Libras (Língua Brasileira de Sinais), em caráter optativo, para cursos de bacha-
relado e, em caráter obrigatório, para curso de licenciaturas e fonoaudiologia
(BRASIL, 2005).
A partir de 2005, a Libras tem ganhado mais evidência no Brasil (BRASIL,
2005). Dessa forma, um número cada vez maior de pessoas tem tido contato
e acesso a essa língua de sinais, contribuindo para desmistificar muitos este-
reótipos e mitos existentes sobre a comunicação com pessoas surdas (KLEIN;
SANTOS, 2015). Além disso, o desenvolvimento de políticas de inclusão e
linguísticas têm ampliado e influenciado debates sobre a inclusão da Libras
como componente curricular no ensino básico, sendo que alguns municípios
brasileiros já a adotaram como disciplina (MORET et al., 2021). E como qual-
quer língua, o contato e a aquisição precoce da língua possibilita considerável
desenvolvimento de fluência essa estratégia pode auxiliar muito no desenvol-
vimento de sujeitos conhecedores dessa questão e de fato constituidores de
uma sociedade mais inclusiva.
Em Bragança, Pará a Libras não é disciplina no ensino básico, ela está
acessível em espaços e centros de educação especial/inclusiva e nas univer-
sidades. Pensando nesta problemática surgiu o projeto de extensão Libras nas
escolas, que visa estabelecer essa ponte em prol da popularização da Libras
aproveitando a riqueza que a extensão possibilita à aprendizagem dos uni-
versitários. Assim, o presente relato de experiência visa mostrar como se deu
essa vivência para um grupo de estudantes do curso de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Pará.

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DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

Este relato de experiência apresenta as atividades de extensão viven-


ciadas na disciplina Libras II, no curso de Ciências Biológicas, do Instituto de
Estudos Costeiros (IECOS) da Universidade Federal do Pará (UFPA). A institui-
ção parceira desta ação foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Padre Luiz Gonzaga, localizada na cidade de Bragança, Pará, e o público alvo
foram 25 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental, a ação ocorreu em 05
de outubro de 2023.
Inicialmente, a professora responsável pela disciplina apresentou a
proposta de extensão e em seguida sorteou a temática que seria abordada no
desenvolvimento de uma estratégia didática, dentre elas um jogo, ou dinâmica
que gerasse competição e engajamento do público alvo. Após a seleção da
temática deu-se início á elaboração dos materiais para a ação extensionista.

Produção do material para atividade de extensão

A temática selecionada pela presente equipe foi tecnologia e redes sociais.


Dessa forma, realizou-se a busca pelos sinais em sites, dicionários e sinalários
de Libras (https://www.youtube.com/watch?v=6215zF9s1Lg). Assim, foram
selecionados os sinais android, computador, e-mail, instagram, internet, netflix,
tiktok, whatsapp, wi-fi e youtube (Figura 01).

Saberes e Práticas Extensionistas


90
Figura 1. Sinais em Libras selecionados para tecnologia e redes sociais.

Android Computador E-Mail Instagram

Internet Netflix TikTok Whatsapp

Wi-Fi Youtube
Fonte: Autoria própria.

Além disso, pensou-se em uma forma de contextualizar os sinais e


assim elaborou-se 10 frases em Libras que tivessem relação com o cotidiano
dos alunos. Para incluí-las a proposta foram criadas 10 cartas, que serviriam
como componente do jogo e direcionariam as produções em Libras, cada uma
com uma frase para ser retirada ao longo da dinâmica de jogo: 1-Amo Filmes
da netflix; 2-Tenho seguidores no instagram; 3-Recebi e-mail da diretora da
escola; 4-Minha internet está lenta; 5-Preciso fazer uma pesquisa no com-
putador; 6-Muito legal o vídeo do youtube; 7-Professora preciso da senha do

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wi-fi; 8-Quero fazer dancinha no tiktok; 9-Tenho muitos grupos no whatsapp;
10-Estudo pelo meu celular android.
Para servir de base e marcação da competição, similar ao estilo jogo
de tabuleiro, optou-se por produzir um suporte que também representasse o
avanço dos jogadores ao longo da dinâmica. Então, com o auxílio de uma folha
de isopor revestida por papel camurça verde anexou-se um ponto de partida e
outro de chegada, bem como, duas colunas contendo círculos numerados de 1
a 5, que indicariam o estágio do jogo que o participante estava. Para demarcar
esse posicionamento utilizaram-se dois carrinhos de brinquedo e as cartas
preparadas, anteriormente, ficavam dentro de um envelope e após utilizadas
ficavam posicionadas ao lado de cada círculo numerado (Figura 2).

Figura 2. Materiais construído para suporte a dinâmica desenvolvida. A-Tabuleiro. B-Cartas com
frases, C-Imagens auxiliares para os ícones.

Fonte: Autoria própria.

Saberes e Práticas Extensionistas


92
Produção do instrumento de avaliação

Para servir de balizador sobre o aproveitamento nas atividades foi criado


um instrumento avaliativo. Dessa forma, selecionaram-se de forma aleatória cinco
sinais trabalhos criando uma lista simples com duas colunas para associação
entre sinal e palavra. O foco deste instrumento era identificar o que os alunos
conheciam antes da ação e se haviam retido algo após a intervenção (Figura
3). Esperava-se que na sondagem do conhecimento final os alunos superasse
o desempenho que haviam demonstrado na sondagem inicial.

Figura 3. Instrumento de avaliação elaborado e utilizado nas sondagens.

Fonte: Autoria própria.

Dinâmica da ação na escola

Para ação na escola foi solicitado um espaço fora da sala de aula, amplo
para que a dinâmica pudesse ser realizada, com duração de aplicação em
torno de 30 a 40 minutos para cada grupo de seis alunos. Após as apresenta-
ções em Libras dos extensionistas foi aplicado o instrumento de sondagem do

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conhecimento inicial seguida de apresentação do vocabulário, dinâmica com o
jogo criado e por fim, a aplicação de um novo papel com as questões utilizadas
anteriormente, mas agora se constituiria de uma sondagem do conhecimento final.

Vivência promovida pela extensão

A possibilidade de apresentação de uma atividade para um grupo de


pessoas sobre um assunto que estávamos conhecendo em uma disciplina na
universidade tornou este momento cheio de medos e expectativas. Pois, nós
alunos participantes dessa experiência extensionista ainda não tínhamos estado
fora de nossa sala de aula, sequer fora dos muros da universidade para iniciar os
estágios de docência. Dessa forma, essa foi a nossa primeira experiência com a
comunidade externa e em uma disciplina da qual não estávamos sendo formados
para atuar como professores, a Libras. Tal situação gerou muito desconforto e
insegurança, e também um pouco mais de preocupação. Essas situações foram
agentes de pressão que impulsionaram ao engajamento da equipe elaboradora
e aplicado da proposta. Teríamos que estudar mais para dominar a temática, a
produção dos sinais e lidar com o público externo pela primeira vez.
Inicialmente a produção deste material que ora descrevemos levou cerca
de 10 horas, teve-se que pensar na forma que iríamos envolver os alunos para
que tivessem uma experiência proveitosa e divertida.
Todo o planejamento, organização e preparo dos materiais foi realizado
em 10 horas. Na escola durante a ação, a turma de alunos foi dividida em quatro
grupos e a cada 40 minutos atendiam um grupo fazendo rodizio com outras
equipes de trabalho que também estavam apresentando seus jogos no momento.
Esta experiência foi de grande importância para nós, pois permitiu manipular o
conhecimento trabalhado na disciplina de Libras na UFPA, materializando-o na
forma de um jogo e para alunos que não haviam estudado o quanto nós. Apesar
das dificuldades encontradas na produção do material até o momento de apli-
cação consideramos que essa atividade contribuiu de forma significativa para
a nossa aprendizagem da Libras, nos permitindo assimilar estes conteúdos de
forma rápida e sucinta. A ideia de sair do tradicional e adotar uma abordagem
mais inovadora faz com que os alunos demonstrem maior interesse pelo tema
da aula e, como consequência obtenha um aprendizado mais significativo. Essa

Saberes e Práticas Extensionistas


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foi uma experiência ímpar, pois sentimos de perto a realidade da vida escolar,
uma relação professor-aluno, momento de muita descontração, aprendizado,
interação, simpatia, carinho, atenção e companheirismo, foram alguns dos
sentimentos que perpassaram pela nossa prática extensionista (Figura 4).

Figura 5. Atividade de extensão e o recurso desenvolvido.

Fonte: Autoria própria.

Com os resultados obtidos nas sondagens podemos observar que houve


um ganho de aprendizagem por meio do jogo criado, pois a maioria apresentou
um desempenho superior na segunda sondagem. Além disso, foi perceptível
o ganho de interação e motivação dos alunos ao iniciar o jogo, que em muitas
situações a timidez era superada pela vontade de ganhar o oponente em grande
postura de competição entre eles. É preciso destacar também que todos os
alunos participaram da dinâmica, e os participantes de números 8, 14 e 25, não
pontuaram a AV1, possivelmente não conheciam e nem quiseram opinar sobre
o sinal correspondente, mas após a atividade de intervenção demonstraram um
bom desempenho na AV2 como podemos observar na Figura 5.

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Figura 5. Resultado da sondagem inicial (cinza) e final (preto) das atividades desenvolvidas.

Fonte: Autoria própria.

DISCUSSÃO

O compartilhamento dos saberes sempre guiou a disseminação do conhe-


cimento na humanidade, por isso, a irmã mais nova da tríade basilar do ensino
superior, a extensão universitária, pode oferecer valiosas experiências por possi-
bilitar que o saber acadêmico adentrasse as inúmeras realidades sociais. Como
a escola é o território que possibilita, antes de qualquer coisa, a aproximação e a
convivência, isto é, um local inventado para que todos que o frequentam saiam
com marcas profundas no modo de ser e de estar no mundo. Corroborando
com estes entendimentos Santos (2012) argumenta que as atividades extensio-
nistas além de contribuírem para a aprendizagem profissional dos estudantes
universitários, neste contexto na formação de professores, possibilita também
o alcance de progressos no campo político, econômico, cultural, tecnológico
e científico. Penachione e Hasse (2023) afirmam que a extensão universitária
pode ser considerada como uma “ferramenta essencial aos acadêmicos para
o desenvolvimento da cidadania e para a vivência no ambiente profissional,
complementando a formação acadêmica e possibilitando transformação social
para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”.
No caso da disciplina de Libras em que se trabalha a aquisição de uma
língua de sinais (L2) e o entendimento sobre a cultura surda, aspectos relacio-
nados à família e a surdez (GESSER (2009); STROBEL (2018)), por si só ela atua
como agente ampliador das percepções dos universitários sobre estas temáticas
tornando-os mais sensíveis às questões de inclusão da pessoa surda. Ir à escola
e compartilhar esse novo saber potencializou as aprendizagens e permitiu a
aquisição de um novo olhar sobre o processo de aprender e de divulgar um saber.

Saberes e Práticas Extensionistas


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É nesse pensar facilitador que surge o interesse em desenvolver dinâmicas
que utilizam alguns princípios de jogos como intermediadores desse processo
de compartilhamento de informações tornando estas gamificadas (FADEL;
ULBRICHT, 2014). De fato, ao pensar no desenvolvimento das atividades com
tais princípios foi possível gerar mais curiosidade, engajamento e compromisso
dos participantes com a aprendizagem.
Tal fato gerou um demanda de organização e planejamento no momento
de elaborar a dinâmica que seria aplicada na escola. Com isso também, a
equipe pode internalizar mais o vocabulário selecionado, e também observar
melhor a assimilação das produções sinalizadas que iriam apresentar, pois
haveriam de descrever como executar o sinal e para isso haveriam de evocar
as aprendizagens realizadas durante a disciplina de Libras como, por exemplo,
os parâmetros fonológicos que compõem os sinais.
Ao observar-se o desempenho nas sondagens pode-se perceber
que a maioria dos alunos conseguiu avançar em termos de assimilação de
sinais. No entanto, por esta ser uma ação pontual não se pode estabelecer que
esta aprendizagem foi de fato significativa (MOREIRA, 2021), pois seria necessário
o retorno a escola para compreender o que realmente se estabeleceu a base
cognitiva desses alunos. De forma geral, a inclusão da atividade de extensão à
disciplina de Libras trouxe riqueza de experiências aos universitários e demons-
trou que é possível compartilhar saber mesmo sem tanta experiência e que a
organização, planejamento e empenho de toda a equipe é fundamentais para
uma atividade de extensão exitosa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que as atividades propostas foram de grande relevân-


cia para um novo contato com o desconhecido, no caso o ensino de Libras e
a comunidade externa a UFPA. E que foi muito promissora ao permitir maior
sensibilidade ao dialogar sobre a cultura das pessoas surdas e do universo
movido pelo uso de sinais e pela visualidade (CAMPELLO, 2008). Observamos
que nossos objetivos foram alcançados e este fato é muito relevante para nós,
pois deixamos a nossa contribuição para a popularização da Libras na educação
básica em prol do desenvolvimento de uma sociedade mais inclusiva.

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Entretanto, é importante lembrar que para a construção dessa sociedade
tão almejada é imprescindível ter noções básicas de como funciona a comu-
nicação com as pessoas surdas e isso pode acontecer ainda no ensino infantil
ou fundamental, sem necessariamente acontecer somente no ensino superior.
Dessa forma, finalizamos este relato de experiência como algo proveitoso que
promoveu em nós diferentes oportunidades de interação com situações reais e
com indivíduos diversos que compõem a escola como espaço cultural e plural.

Agradecimentos

A direção da escola EEEFM Padre Luiz Gonzaga que nos disponibilizou


horário e local para as atividades. A Pro-Reitoria de Ensino de Graduação da UFPA
pelo fomento a criação do Laboratório Interdisciplinar de Libras que ofereceu
a infraestrutura para organização e planejamento das atividades de extensão.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.00, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá
outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/
l13005.htm. Acesso em: 29 nov. 2023.

BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e
dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.
htm#:~:text=Entende%2Dse%20como%20L%C3%ADngua%20Brasileira,de%20pessoas%20
surdas%20do%20Brasil. Acesso em: 29 nov. 2023

BRASIL. Decreto 5626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de


2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/decret/2005/decreto-5626-22-dezembro-2005-539842-publicacaooriginal-39399-pe.
html. Acesso em: 29 nov. 2023.

CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Aspectos da visualidade na educação de surdos. 2008. 245f. Tese
(Doutorado em Educação). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis 2008.

FADEL, Luciana Maria; ULBRICHT, Vania Ribas. Educação Gamificada: valorizando os aspectos
sociais. Gamificação na educação. São Paulo: Editora Pimenta Cultural, 2014.

FLORIANO, Mikaela Daiane Prestes; MATTA, Isabela Braga da; MONTE BLANCO, Felipe Leindecke
ZULIANI, André Luís Baumhardt. Extensão universitária: a percepção de acadêmicos de uma
universidade federal do estado do Rio Grande do Sul. Revista em Extensão, v.16, n.1, p. 9-35, 2017.

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GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e
da realidade surda. São Paulo: Editora Parábola Editorial, 2009.

KLEIN, Madalena; SANTOS, Angela Nediane dos. Disciplina de Libras: o que as pesquisas acadêmicas
dizem sobre a sua inserção no ensino superior? Reflexão E Ação, v. 23, n.3, p.9-29, 2015.

MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2021.

MORET, Márcia Cristina Florencio Fernandes; ROCHA, Alexia Cabezas da; MENDONÇA, João
Guilherme Rodrigues. A necessidade da disciplina de Libras no ensino fundamental. Iniciação &
Formação Docente, v.8, n.4, p.828- 848, 2021.

PENACHIONE, Regina; HASSE, Simone Hedwig. Vivências extensionistas e o impacto na vida dos
universitários. Revista de Educação, v.14, p.36-49, 2023.

SANTOS, Marcos Pereira dos. Extensão Universitária: espaço de aprendizagem profissional e suas
relações com o ensino e a pesquisa na educação superior. Revista Conexão, v.8, n.2, p.154-163, 2012.

STRÖBEL, Karin.As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora UFSC. 2018.

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SOBRE AS ORGANIZADORAS
Cristina Berger Fadel
Possui graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa -PR
(1996), mestrado em Odontologia Social pela Universidade Camilo Castelo Branco
-SP (2001), doutorado em Odontologia Preventiva e Social pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho- SP (2009) e pós-doutorado pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho- SP (2016). Atualmente é professora
associada do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, onde atua nas disciplinas de Saúde Coletiva e Práticas de Saúde Bucal
do curso de Odontologia. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação
em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde atua
na disciplina de Triangulação de Métodos de Pesquisa.Tem experiência na área
de Saúde Coletiva e de Odontologia, com ênfase em Saúde Pública, atuando
principalmente nos seguintes temas: Sistema Único de Saúde, Saúde Bucal Coletiva,
Epidemiologia, Educação e Saúde, Recursos Humanos, Política de Saúde. Tem
experiência em Métodos Qualitativos de Pesquisa.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1560667474007580

Claudia Regina Biancato Bastos


Possui graduação em Bacharelado em Enfermagem pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa (2005), especialização em Enfermagem Oncológica pelo Hospital Erasto
Gaertner (2008), Mestrado em Tecnologia em Saúde pela PUCPR (bolsista CAPES
2015-2017), doutoranda em Tecnologia em Saúde pela PUCPR (bolsista CAPES);
curso de Hipnose Clínica (2015), curso de Podiatria Clínica (2017), Laserterapia
(2017). Tem experiência nas áreas: assistencial, educação continuada, oncologia,
registro hospitalar de câncer, controle de infecção hospitalar, acreditação hospitalar,
implantação da sistematização da assistência de enfermagem, informatização do
processo de enfermagem, gestora na implantação de hospital de ensino, gerência
de enfermagem, consultoria de enfermagem, ensino e pesquisa. Conquistou prêmios
relevantes na área de enfermagem como: enfermeira destaque no ano 2014 pelo
COREN-PR, durante sua permanência como gerente de enfermagem obteve
premiação como melhor serviço de enfermagem de hospital privado do PR pelo
COREN PR no ano de 2014 e também premiação como case de sucesso no ano
de 2013 pelo Unimed Nacional devido o desenvolvimento de um novo método
de identificação de leitos por estratificação de risco e, no ano de 2016 conquistou
novamente o título na modalidade destaque pelo COREN PR. Atualmente é
coordenadora do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Sagrada
Família e docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3237219914055089
Sostenibilidad Ambiental: 27
ÍNDICE V
REMISSIVO Violência Contra a Mulher: 67, 70

A
Atenção em Saúde: 9
Atenção Primária: 8, 9, 10, 11, 20, 21, 23, 24, 25

B
BNCC: 46

C
Comunidades Nativas: 26, 27, 28, 29, 30, 31,
33, 35, 36, 37, 39, 40, 41, 42
Conciencia Ecológica: 26, 27, 28, 29, 40, 41, 42,
43
Contaminantes: 45, 46, 47, 48, 49, 51

D
Direito de Família: 67, 68, 70, 76, 79, 81, 83, 86

E
Educação: 44, 45, 46, 47, 52, 53, 54, 56, 57, 58,
59, 62, 63, 64, 79, 89, 97, 98, 99
Ensino Médio: 45, 47
Extensão: 45, 47, 49, 52, 53, 54, 57, 58, 59, 62,
63, 64, 65, 66, 67, 69, 70, 75, 81, 82, 83, 85, 86, 88,
89, 90, 94, 95, 96, 97, 98, 99
Extensão Universitária: 47, 57, 59, 62, 63, 64,
65, 67, 75, 82, 89, 96, 98, 99

I
Infanto-Juvenil: 56, 57, 58, 60, 61, 62, 63

O
Odontologia: 9, 10, 11, 22, 24, 25, 59, 62

P
Poluição: 45, 46
Prácticas Extensionistas: 26, 27, 29, 41, 42
Prácticas y Percepciones: 27
Projeto de Intervenção: 67, 69, 70, 81, 82

R
Relato de Experiência de Estágio: 67

S
Saúde: 8, 9, 10, 11, 20, 21, 23, 24, 25, 55, 56, 57, 58,
59, 60, 62, 63, 64, 65, 79
científica digital

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