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MEDICINA DO

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1ª EDIÇÃO

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2022 - GUARUJÁ - SP
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M489 Medicina do exercício e do esporte: evidências científicas para uma abordagem multiprofissional / José Martins Juliano
Eustaquio (Organizador), Octávio Barbosa Neto (Organizador). – Guarujá-SP: Científica Digital, 2022.
Formato: PDF
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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5360-126-0
DOI 10.37885/978-65-5360-126-0

1. Medicina. 2. Saúde. I. Eustaquio, José Martins Juliano (Organizador). II. Barbosa Neto, Octávio (Organizador). III.
Título.

2022
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APRESENTAÇÃO

Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores,


estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões neste
espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações
de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas áreas do
conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de
abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais
nacionais e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a
formação continuada dos profissionais da educação, por meio da produção e socialização
de conhecimentos das diversas áreas do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o
desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de
instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de
ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.

José Martins Juliano Eustaquio


Octávio Barbosa Neto
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
ABORDAGEM DA MORTE SÚBITA CARDÍACA NO ATLETA
Maria Laura Oliveira Morais; Sérgio Corrêa Prata

' 10.37885/220508960........................................................................................................................................................................ 10

CAPÍTULO 02
DIFFERENT TYPES OF MECHANICAL VIBRATION APPLICATION ON EMG RESPONSE AND STRENGTH PERFORMANCE
Aler Ribeiro de Almeida; Marcos D. M. Drummond; Leszek A. Szmuchrowski; Gustavo F. Pedrosa; Bruno P. Couto

' 10.37885/220308256......................................................................................................................................................................... 26

CAPÍTULO 03
DOR NA VIRILHA DO ATLETA: PORQUE PREFERIR O TERMO INGUINOMALACIA EM SUBSTITUIÇÃO A HÉRNIA DO
ATLETA?
José Martins Juliano Eustaquio

' 10.37885/220508957......................................................................................................................................................................... 44

CAPÍTULO 04
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DA CREATINA SOBRE A FUNÇÃO RENAL: REVISÃO DA LITERATURA
Álvaro Emilio Baldin; Cristiane Pinheiro Fucolo Zuliani; Suzana Bender; Vagner Fagnani Linartevichi

' 10.37885/220609063........................................................................................................................................................................ 52

CAPÍTULO 05
EXERCÍCIO FÍSICO PARA O PORTADOR DE OSTEOARTROSE
José Martins Juliano Eustaquio; Octávio Barbosa Neto

' 10.37885/220508956......................................................................................................................................................................... 68

CAPÍTULO 06
EXERCÍCIOS, CATECOLAMINAS E IMUNOSSENESCÊNCIA: UMA REVISÃO NARRATIVA DE LITERATURA
Anne Sulivan Lopes da Silva Reis; Grasiely Faccin Borges; Ana Clara Silva dos Santos ; Adryane Gomes Mascarenhas ;
Iulas de Souza Ramos

' 10.37885/220509018......................................................................................................................................................................... 75
SUMÁRIO

CAPÍTULO 07
LEISURE-TIME PHYSICAL ACTIVITY AS A PROTECTIVE FACTOR FOR FUNCTIONAL CAPACITY LOSS IN COMMUNITY
DWELLING ELDERS

Maria Claudia Martins Ribeiro; Adriana Sañudo; Luiz Roberto Ramos

' 10.37885/220408530......................................................................................................................................................................... 95
CAPÍTULO 08
LESÕES DO JOELHO NO CORREDOR

José Martins Juliano Eustaquio ; Octávio Barbosa Neto

' 10.37885/220508955......................................................................................................................................................................... 107


CAPÍTULO 09
NOVA PRÁTICA RECREATIVA ASSOCIADA À TRANSMISSÃO DE VERRUGAS VULGARES

Felipe Cupertino; Felipe Nazareth de Matos Pinto de Carvalho; Bernardo Lofiego Caffaro

' 10.37885/220508923......................................................................................................................................................................... 117


CAPÍTULO 10
TREINADORES DE HANDEBOL BRASILEIROS E SEU CONHECIMENTO SOBRE OS MÉTODOS DE ENSINO DOS ESPORTES
COLETIVOS
Lucas de Castro Ribeiro; Lucas Savassi Figueiredo; Rafael Pombo Menezes; Pedro Weldes da Silva Cruz; Gustavo Ferreira Pedrosa;
Henrique De Oliveira Castro; Lidiane Aparecida Fernandes; Rodrigo Fabio Bezerra da Silva; Fabiano de Souza Fonseca

' 10.37885/220509031......................................................................................................................................................................... 125


CAPÍTULO 11
UTILIZAÇÃO DO TREINAMENTO MUSCULAR INSPIRATÓRIO ASSOCIADO A EXERCÍCIOS RESISTIDOS EM INDIVÍDUOS
TABAGISTASC
Rodrigo Boff Daitx; Letícia Müller da Silva; Jaqueline de Oliveira Germann; Verônica Farias de Vargas; Taís Espíndula Brehm; Marcelo
Baptista Dohnert

' 10.37885/220308217.......................................................................................................................................................................... 142


CAPÍTULO 12
VELOCIDADE DE ONDA DE PULSO E RESISTÊNCIA VASCULAR EM IDOSOS HIPERTENSOS PRATICANTES DE
CAMINHADA
Elohim Lima de Sousa; Carlos Eduardo Urbano da Silva; Pedro Lucas Ferreira das Chagas; Regina Brena de Lima Costa; Francisco
Saullo Xavier Ribeiro; José Rian Rodrigues Camelo; Lucas Gabriel de Fontes Sousa; Lara Cristine Ribeiro dos Santos; Marcos Antônio
Tenório Machado Oliveira; Carla Cristina de Sordi

' 10.37885/220609099........................................................................................................................................................................ 158

SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................................................................. 172

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 173


01
Abordagem da morte súbita cardíaca no
atleta

Maria Laura Oliveira Morais


Universidade de Uberaba - Uniube

Sérgio Corrêa Prata


Universidade de Uberaba - Uniube

'10.37885/220508960
RESUMO

Os benefícios da atividade esportiva regular para prevenção de eventos cardiovasculares


são bem reconhecidos na literatura médica. No entanto, em pessoas com distúrbios cardio-
vasculares ocultos, o risco de morte súbita cardíaca (MSC) durante o esforço é aumentado.
Estudos sugerem que a participação em esportes competitivos pode conferir um risco au-
mentado de evento cardíaco devido à natureza da doença cardíaca subjacente e ao efeito
do exercício no coração. A detecção precoce de distúrbios potencialmente letais em atletas
pode diminuir a morbidade e mortalidade cardiovascular por meio da estratificação de risco,
das intervenções específicas da doença e, também, das modificações impostas pelo exer-
cício. A avaliação cardiovascular precedente à participação esportiva para indivíduos de
todas as faixas etárias é imperativa para minimizar estes episódios, tornando-se um objetivo
comum entre as organizações médicas e desportivas.

Palavras-chave: Morte, Súbita, Atleta.


INTRODUÇÃO

Os benefícios da atividade esportiva regular para prevenção de eventos cardiovascu-


lares são bem reconhecidos na literatura médica. No entanto, em pessoas com distúrbios
cardiovasculares ocultos, o risco de morte súbita cardíaca (MSC) durante o esforço é au-
mentado (Morentin, 2019). Diante deste contexto controverso, tornam-se imprescindíveis
a realização aprimorada da triagem cardiovascular, a avaliação inicial e o manejo dos pa-
cientes, com pequenas variações de acordo com as especificidades dos esportistas, a fim
de promover a saúde cardiovascular (Sierbert, et al., 2020).
A morte súbita cardíaca é definida como uma morte inesperada devido a uma causa
cardíaca, ou uma morte repentina em um coração estruturalmente normal sem outra explica-
ção e com uma história relacionada ao coração, ocorrendo geralmente dentro de uma hora
do início dos sintomas (Peterson, 2020). Embora rara, a morte súbita cardíaca em atletas é
importante devido ao seu impacto na comunidade desportiva e a comunidade geral.
A doença cardiovascular (DCV) continua sendo a principal causa de morte nos Estados
Unidos (Heron, 2018). Embora essa estatística talvez não cause grande impacto quando diz
respeito a pacientes idosos com fatores de risco clássicos, como hipertensão ou dislipidemia,
o evento cardíaco súbito também é responsável pela maioria das mortes relacionadas ao
exercício em jovens atletas (Harmon, 2015).
De fato, a MSC é a principal causa de mortalidade relacionada ao esporte e ao exercício
em atletas (Harmon, 2015). A avaliação cardiovascular precedente à participação esportiva
para indivíduos de todas as faixas etárias é imperativa para minimizar estes episódios, tor-
nando-se um objetivo comum entre as organizações médicas e desportivas (Drezner, 2017).

EPIDEMIOLOGIA

As doenças cardiovasculares são responsáveis ​​por aproximadamente 17 milhões de


mortes a cada ano no mundo, com aproximadamente 25% delas por morte súbita cardíaca
(World Health Organization, 2011).
A morte súbita cardíaca em atletas é a principal causa de morte médica neste subgru-
po. Os primeiros estudos citam a incidência de morte súbita cardíaca como aproximadamente
1:200.000 atletas por ano nos EUA, com cardiomiopatia hipertrófica (CMH) representando
um terço dos casos (Maron, et al., 2016). Estudos mais recentes estimaram a incidência de
MSC na faixa de 1:50.000 a 1:80.000 atletas por ano. Estes números se comparam com
um risco da população geral de 1,0 a 1,9:100 000 em adolescentes e adultos jovens (Meyer,
et al., 2012). Uma incidência semelhante de 1,8 por 100.000 por ano foi encontrada após
uma revisão de certidões de óbito na Inglaterra e no País de Gales (Papadakis, et al., 2009).

Medicina do Exercício e do Esporte: evidências científicas para uma abordagem multiprofissional - ISBN 978-65-5360-126-0 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022
12
As evidências atuais mostram que há um risco relativo maior estratificados por sexo,
raça e modalidade esportiva. As taxas de incidência, em atletas jovens, são consistentemente
mais altas em atletas do sexo masculino, atletas negros de ascendência afro-americana e
atletas de basquete (EUA) e futebol (Europa) (Harmon, et al., 2016).
Há um risco um pouco maior de MSC na faixa etária mais jovem, entre os 20 a 40 anos,
caracterizado por um aumento acentuado do risco do grupo adolescente para o grupo de adul-
tos jovens, correspondendo ao surgimento de cardiopatia isquêmica (Myerburg, et al., 2001).

ETIOLOGIAS

Em pessoas com uma doença cardíaca genética ou outra anormalidade cardíaca, o


exercício pode predispor a um risco aumentado de óbito de causa cardíaca (Corrado, et al.,
2006). Estudos sugerem que a participação em esportes competitivos pode conferir um risco
aumentado de evento cardíaco devido à natureza da doença cardíaca subjacente e efeito
do exercício no coração. Esta condição prévia fornece um substrato, como hipertrofia ou
fibrose no coração, e o exercício proporciona um estímulo para geração de arritmias atra-
vés de alterações fisiológicas induzidas, como aumento de catecolaminas níveis, acidose e
desidratação (Corrado, et al., 2006).
O treinamento intenso e sistemático realizado por atletas, particularmente exercícios
de resistência, induz remodelação funcional e elétrica do coração, que pode manifestar-se
como aumento cardíaco e padrões anormais no eletrocardiograma (ECG), como bradicardia
e anormalidades de repolarização, dentre outras, sendo chamado de “coração de atleta”
(Prior, et al., 2012).
Essas mudanças geralmente não são prejudiciais e representam adaptações fisiológicas
que auxiliam o desempenho dos atletas. No entanto, existem alguns problemas cardiovas-
culares, como as cardiomiopatias, que podem sobrepor-se ao fenótipo do coração do atleta,
sendo importante distinguir estas duas condições (Prior, et al., 2012).
Alterações estruturais sugestivas de “coração de atleta” dependem da forma de ativi-
dade realizada e incluem hipertrofia excêntrica, com maior tamanho da cavidade ventricular
esquerda naqueles envolvidos em exercícios dinâmicos (como corrida de longa distância)
e hipertrofia concêntrica com dimensões da cavidade mais próximas da faixa normal em
atletas que praticam exercício estático (como levantadores de peso). Muitas destas altera-
ções conseguimos encontrar no ECG convencional, auxiliando no diagnóstico diferencial
com algumas patologias e/ou alertando ao médico a necessidade de uma investigação mais
detalhada (Prior, et al., 2012).

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13
Causas cardíacas em atletas abaixo de 35 anos

Em atletas com idade abaixo de 35 anos, as principais causas se relacionam com


doença estrutural congênita ou adquirida e desordens elétricas, dentre elas cardiomiopatia
hipertrófica, anomalias coronarianas, cardiomiopatia dilatada, cardiomiopatia arritmogênica
do ventrículo direito, miocardite e distúrbios arritmogênicos primários (como a síndrome
congênita do QT longo e a síndrome de Brugada). Outras causas menos comuns incluem
síndrome de Marfan e espasmo coronariano em jovens (Doolan, et al., 2019).
Muitas dessas causas cardíacas de morte súbita cardíaca em crianças e adultos jovens
têm um base genética (Wilde, et al., 2013). Para algumas dessas condições, certos atletas
podem ter apresentado um quadro prévio ao episódio, como dores no peito, síncope ou arrit-
mias ventriculares, enquanto outros não apresentam sintomas anteriores (Patel, et al., 2012).

Cardiomiopatia hipertrófica

A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma condição caracterizada pelo aumento da


espessura (> 15mm) em um ou mais segmentos da parede ventricular esquerda, geralmente
assimétrica e envolve o septo interventricular. Espessura anormal da parede combinada
com movimento sistólico anterior do válvula mitral pode levar à obstrução da via de saída do
ventrículo esquerdo e sintomas potenciais de dispneia de esforço, dor torácica ou síncope,
mas a maioria dos casos em jovens são assintomáticos antes do evento sentinela da MSC.
Esta síndrome decorre de uma arquitetura miocárdica desorganizada e focos arritmogênicos
de fibrose intersticial (Maron, et al., 2015).
A CMH é a primeira causa de MSC em atletas jovens. Até recentemente, um diagnós-
tico desta cardiopatia implicava em contraindicação absoluta à prática esportiva competitiva.
Atualmente, dada a prevalência considerável desta condição e ao fato de que o risco de
MSC durante a atividade esportiva não ser tão alto quanto o esperado, a estratificação de
risco se torna necessária. O ecocardiograma pode ser suficiente para diagnóstico inicial,
porém, caso ele seja negativo, não se exclui CMH nos pacientes que apresentem alterações
eletrocardiográficas sugestivas. A ressonância nuclear magnética, nestes casos, deve ser
feita de rotina (Finocchiaro, et al., 2019).

Anomalias coronarianas

As anomalias das artérias coronárias são uma das principais causas de MSC em atletas
jovens. As anomalias incluem a artéria coronária esquerda que surge do seio de Valsalva
direito ou a artéria coronária direita que surge do seio de Valsalva esquerdo. Estudos suge-
rem que menos de 50% dos atletas com AF de uma artéria coronária anômala apresentavam

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sintomas de alerta preexistentes de sua condição, como dor torácica ao esforço ou síncope
(Basso, et al., 2000).
Anomalias das artérias coronárias parecem precipitar MSC como consequência de
alterações isquêmicas decorrentes do posicionamento ou formação anormal da artéria,
promovendo fibrose miocárdica, que pode predispor a arritmias ventriculares. As artérias
coronárias anômalas estão entre as condições mais difíceis de detectar em seu estado pré-
-clínico. Uma alta suspeita clínica deve ser mantida no atleta com dor torácica ao esforço
ou síncope. As artérias coronárias podem ser avaliadas satisfatoriamente em mais de 90%
dos atletas com ecocardiografia transtorácica focalizada, sugerindo que, se não puderem
ser visualizadas em um atleta com sintomas cardiovasculares inexplicáveis, a angiotomo-
grafia computadorizada (TC) ou ressonância magnética cardíaca deve ser considerada
(Edwards, et al., 2010).

Cardiomiopatia dilatada

A cardiomiopatia dilatada (CMD) é caracterizada por disfunção sistólica do ventrículo


esquerdo ou biventricular, com ou sem dilatação, que não é explicada por condições anor-
mais de carga ou doença arterial coronariana. As possíveis causas incluem predisposição
genética, miocardite, drogas, toxinas (Pinto, et al., 2016).
O diagnóstico de cardiomiopatia dilatada é desafiador devido à adaptação do VE em
atletas, pois não é incomum observar dilatação do VE e disfunção leve em atletas de espor-
tes de resistência. A avaliação da função diastólica (normal no caso de coração de atleta),
ecocardiografia de estresse (aumento da contratilidade no caso de coração de atleta) e ava-
liação funcional durante o teste de esforço cardiopulmonar podem ser úteis para distinguir
essas condições (Galderisi, et al., 2015).
A avaliação genética tem um papel importante, pois ambas as mutações da lâmina A/C
e da filamina C estão relacionadas a um maior risco de MSC. A avaliação da elegibilidade
esportiva deve incluir história de síncope inexplicada, palpitação, arritmias ventriculares
durante o teste ergométrico e função/morfologia do ventrículo esquerdo por ecocardiografia
e, às vezes, ressonância magnética. Exercícios de alta intensidade e esportes competitivos
devem ser evitados em pacientes com essas características (Sinagra, et al., 2016).

Displasia arritmogênica do ventrículo direito

A displasia arritmogênica do ventrículo direito (DAVD) é definida patologicamente pela


presença de substituição fibrogordurosa do ventrículo direito ventrículo e clinicamente por
arritmias ventriculares com risco de vida. O genótipo, neste caso, pode ter valor prognóstico.
Nesta patologia, vários estudos relataram que portadores de múltiplas variantes patogênicas

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no mesmo gene desmossômico ou mutações em dois ou mais genes podem ter um risco arrít-
mico quase quatro vezes maior do que aqueles com uma única mutação (Rigato, et al., 2013).
A influência da atividade esportiva é particularmente marcante em pacientes com esta
patologia, nos quais o exercício físico intenso pode levar à progressão da doença (Calkins,
et al., 2017). Independentemente do risco estimado de MSC, existem evidências científicas
que sustentam o conceito de que exercícios de alta intensidade e esportes competitivos de-
vem ser evitados. Uma história de síncope inexplicável e sintomas induzidos por exercício
são os marcadores de risco mais relevantes de MSC. O paciente pode apresentar alterações
eletrocardiográficas que auxiliam no diagnóstico, porém, a confirmação será dada pela eco-
cardiografia e, principalmente, a ressonância magnética (Towbin, et al., 2019).

Causas arritmogênicas

Dentre as arritmias mais comumente relacionadas à morte súbita cardíaca, estão a


síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), a síndrome do QT Longo (SQTL), a taquicardia
ventricular polimórfica catecolaminérgicas e a síndrome de Brugada (Priori, et al., 2015).
A Síndrome de Wolff-Parkinson-White é definida como a presença de arritmias supra-
ventriculares em pacientes com pré-excitação ventricular (durante o ritmo sinusal) devido a
uma via AV acessória com condução anterógrada. A maioria dos pacientas são assintomá-
tico, mas podem desencadear sintomas, como arritmias e palpitações. O risco de MSC em
pacientes com síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) varia em torno de 6,8% (Peterson,
et al., 2020) e, geralmente, ocorre durante o exercício ou estresse emocional, quando o
aumento da atividade simpática pode levar à fibrilação atrial com rápida ativação ventricular
pela via acessória, potencialmente precipitante de fibrilação (Obeyesekere, et al., 2012).
A síndrome do QT longo é uma canalopatia complexa e multifatorial que predispõe
os indivíduos a arritmias ventriculares potencialmente fatais, geralmente precipitadas por
estresse emocional ou físico. A última diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia sugere
limites superiores de 480ms no eletrocardiograma, tanto para homens quanto para mulhe-
res (Priori, et al., 2015). Mais de 11 anormalidades genéticas envolvendo canais cardíacos
de potássio e sódio que dão origem à SQTL foram identificadas e desempenham papéis
importantes na repolarização cardíaca. Atletas sintomáticos com suspeita ou diagnóstico
de canalopatia cardíaca devem ser totalmente informados sobre sua condição e abster-se
de todos os esportes competitivos até que uma avaliação abrangente seja concluída e o
tratamento iniciado (Maron, et al., 2015).

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Miocardite

A miocardite é uma doença inflamatória não isquêmica do miocárdio, que pode cau-
sar disfunção cardíaca e arritmias. A miopericardite é definida como uma pericardite pri-
mária com inflamação miocárdica e evidência de biomarcadores de necrose de miócitos
(Sinagra, et al., 2016).
A miocardite é uma importante causa de MSC em atletas (Pelliccia, et al., 2020). Esta
patologia se enquadra na categoria de cardiomiopatias inflamatórias e pode causar disfun-
ção do VE com subsequente arritmias fatais. As cardiomiopatias inflamatórias podem ter
causas infecciosas (virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias) e químicas (farmacológicas
inclusive drogas e tóxicas), e incluem várias formas, como sarcoidose cardíaca, miocardite
autoimune no contexto de doença do tecido conjuntivo, miocardite de células gigantes ou
cardiomiopatias eosinofílicas (Greulich, et al., 2020).
A miocardite viral relacionada ao COVID-19 foi relatada em vários relatos de casos e
artigos de revisão. Apesar do mecanismo de lesão cardíaca nesta patologia ainda permane-
cer pouco compreendido, foram levantadas várias hipóteses potenciais sobre a patogênese
da miocardite nesse caso incluindo dano direto aos cardiomiócitos pelo vírus circulante
(Gheblawi, et al., 2020); síndrome grave de liberação de citocinas por resposta imune des-
regulada, com uma resposta inflamatória sistemática grave resultando na hipóxia e apoptose
dos cardiomiócitos; e superativação do sistema autoimune com possível hiperativação me-
diada por interferon de sistemas imunes inatos e adaptativos (Channappanavar, et al., 2020).
Além disso, o abuso de drogas que melhoram o desempenho, como cocaína, me-
tanfetamina ou efedrina, pode incitar a inflamação do miocárdio. A apresentação clínica é
altamente variável e inclui arritmias supraventriculares ou ventriculares, bloqueio atrioven-
tricular avançado, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico ou morte súbita cardíaca
(Greulich, et al., 2020).

Prolapso valvar mitral

O prolapso valvar mitral (PVM) é uma condição genética resultante do espessamento e


da redundância dos folhetos e cordas valvares, gerando flacidez dos folhetos e consequente
regurgitação mitral (RM). As complicações da insuficiência mitral por PVM incluem hiperten-
são pulmonar, doença cardíaca direita e aumento da probabilidade de fibrilação atrial (FA),
com consequente risco aumentado de eventos tromboembólicos (Baumgartner, et al., 2017).
O prolapso valvar mitral pode estar associada a um risco aumentado de MSC, embora
ainda não esteja claro se esse risco se deve aos efeitos hemodinâmicos da RM grave ou
se há uma predisposição genética subjacente (Drezner, et al., 2017). Os fatores de risco

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para desenvolvimento de morte súbita incluem cicatriz miocárdica, disjunção anular da valva
mitral, inversão da onda T nas derivações inferiores e arritmias ventriculares provenientes
do ventrículo esquerdo (Dejgaard, et al., 2018). Além disso, os sinais clínicos sugestivos da
patologia incluem história de síncope com arritmia documentada, história familiar de morte
súbita, insuficiência mitral grave, disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, evento tromboem-
bólico prévio e ECG ambulatorial mostrando arritmias significativas (Drezner, et al., 2017).
Devido à natureza relativamente benigna do PVM, pacientes assintomáticos com re-
gurgitação leve ou moderada, na ausência dos fatores de risco mencionados, estão aptos a
participarem de esportes competitivos e de lazer. Pacientes assintomáticos com RM grave,
mas nenhum dos marcadores de alto risco podem competir em esportes de intensidade baixa
a moderada, após discussão prévia com seu especialista. Por fim, pacientes sintomáticos
com PVM e qualquer uma das características de alto risco mencionadas não devem par-
ticipar de esportes recreativos ou competitivos. No entanto, o exercício aeróbico de baixa
intensidade deve ser incentivado para melhorar a capacidade funcional e o bem-estar geral
(Pellicia, et al., 2020).

Causas cardíacas em atletas acima de 35 anos

A doença arterial coronariana aterosclerótica é a causa predominante de morte súbita


cardíaca em atletas com mais de 35 anos de idade, e o esforço físico vigoroso está asso-
ciado a um risco aumentado de IAM e MSC (Marijon, et al., 2015).

Doença arterial coronariana

Em atletas com idade mais avançada, superior a 35 anos, o cuidado cardiovascular


deve ser centrado na maior prevalência de doença arterial coronariana (DAC) aterosclerótica
e no potencial de síndromes coronarianas agudas induzidas pelo exercício decorrentes de
ruptura da placa aterosclerótica com trombose ou estenose fixa. Em atletas de endurance o
balanço entre oferta e consumo de oxigênio pode levar a uma isquemia resultante de placa
calcificada estável e estenose fixa (Thompson, et al. 2005).
A apresentação clínica dessas síndromes inclui infarto agudo do miocárdio e morte
súbita cardíaca, sem sintomas anteriores ou sinais de alerta em aproximadamente 50% dos
casos (Marijon, et al., 2016).
O teste de esforço em adultos assintomáticos e de baixo risco não é recomendado
pela American Heart Association devido aos baixos valores preditivos. Teste de esforço
em adultos com 1 ou mais fatores de risco para DAC, no entanto , demonstrou ter melhor
valor preditivo e pode ajudar a informar a modificação e as intervenções do fator de risco
(Fletcher, et al., 2013).

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A pontuação de cálcio da artéria coronária (CAC) por tomografia computadorizada re-
presenta uma promessa significativa na identificação de DAC subclínica. Escores elevados de
CAC estão fortemente associados ao risco futuro de um evento cardiovascular, independente
dos fatores de risco ou sintomas clássicos de DAC (Budoff, et al., 2018; Mitchell, et al., 2018).
O risco de MSC e IAM aumentam de 3 a 17 vezes durante a prática de exercícios
vigorosos e se mantém elevados até 30 minutos após seu término, porém a prática regular
em atividades vigorosas reduz o risco quando comparados a indivíduos com o mesmo score
de cálcio e níveis de atividades menores (Arnson, et al., 2017).

Causas não-cardíacas

Outra limitação da análise de dados de MSC em atletas centra-se em causas não car-
díacas, algumas das quais mimetizam eventos cardíacos. Dentre estas causas, incluem-se
acidente vascular cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), tromboembo-
lismo pulmonar (TEP), hipernatremia/hiponatremia e anemia falciforme (Maron, et al., 2016).
Algumas substâncias utilizadas como doping são capazes de provocar repercussões
deletérias, especialmente no aparelho cardiovascular, inclusive a MSC. Dentre as substâncias
mais usadas, destacam-se os esteroides anabolizantes, a efedrina e as anfetaminas. Dentre
as drogas sociais, o destacam-se o uso da cocaína, e da 3,4-metilenodioximetanfetamina
(MDMA), conhecida como ecstasy (Ghorayeb, et al., 2019).

CONDUTAS

A detecção precoce de distúrbios potencialmente letais em atletas pode diminuir a


morbidade e mortalidade cardiovascular por meio da estratificação de risco, intervenções
específicas da doença e modificações no exercício (Malhotra, et al., 2018). A triagem car-
diovascular composta por história e exame físico e/ou por eletrocardiograma (ECG) apre-
senta desafios e limitações, como a baixa sensibilidade e alta taxa de resposta positiva dos
questionários de história pré-participação (Williams, et al., 2019).
A triagem pré-participação visa identificar atletas portadores de doenças cardiovas-
culares, que podem apresentar um maior risco de morte súbita cardíaca durante o espor-
te. Os programas de triagem incluem alguns fatores relevantes para o diagnóstico, como
história familiar e pessoal, exame físico e ECG de 12 derivações (com achados positivos
desencadeando exames adicionais, como ecocardiograma, teste de esforço, Holter de 24
horas e ressonância magnética cardíaca) (Ghorayeb, et al., 2019). Considerando-se que,
na maioria dos casos, a MSC relacionada com o esporte é provocada por cardiopatias

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conhecidas ou não diagnosticadas, todo candidato à prática de atividade física necessita se
submeter ao exame clínico prévio, independentemente da faixa etária (Mont, et al., 2016).
Na história clínica básica, é essencial a inclusão de questionamentos sobre síncope
prévia, sintomas durante o exercício, como palpitações e pré-síncope, e história familiar
de doença cardíaca ou morte súbita cardíaca em jovem (abaixo de 40 anos). O exame
físico deve incluir a medição da frequência cardíaca e da pressão arterial, podendo indi-
car um aumento da área cardíaca, representado por um batimento apical deslocado no
tórax. Além disso, a ausculta visa a identificação de sopros ou sons cardíacos incomuns.
Investigações posteriores, como ecocardiograma, teste de esforço, ECG de 24 horas (Holter),
e demais exames cardiológicos, podem então serem analisados e requeridos se necessário
(Semsarian, et al., 2015).
O acompanhamento do atleta deve ser feito de forma integral e multidisciplinar, sendo
importantes medidas preventivas básicas, como nutrição e hidratação adequadas, respei-
tar os períodos de repouso, além de evitar treinamentos e competições nos horários mais
quentes do dia. O acompanhamento e a observação dos atletas nos locais de treinos e
competições por profissionais qualificados da equipe médica é de extrema importância, em
casos de situações emergenciais, visto que a morte súbita cardíaca pode ocorrer durante a
prática do exercício, na primeira hora após e nas 23 horas seguintes (Ghorayeb, et al., 2019).
Além de todo o material necessário ao atendimento de uma parada cardiorrespira-
tória, o treinamento efetivo voltado à reanimação cardiorrespiratória é essencial, devendo
ser elaborado um plano de contingência médica nos locais de treinos e competições, para
a situações de emergência clínica ou cardiovascular, otimizando o transporte dos atletas
para unidade hospitalar de maior complexidade, quando necessário (Siebert, et al., 2018).
O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um equipamento computadorizado que
tem a capacidade de identificar a ocorrência de fibrilação e taquicardia ventricular, ritmos
cardíacos passíveis de choque. Ele deve estar disponível para sua utilização em menos
de 5 minutos nos locais de treinos e competições, com equipe treinada em reanimação
cardiopulmonar (Herdy, et al., 2014). Entre atletas jovens, as paradas cardiorrespiratórias
ocorrem, geralmente, após sessões de treinamento intenso ou durante uma competição.
Embora a ocorrência destes eventos não seja tão comum, um pronto atendimento efetivo e
uma reanimação bem sucedida aumenta a sobrevida em longo prazo (Capucci, et al., 2016).
Portanto, uma sequência de ações interdependentes é necessária para o tratamento
efetivo de um atleta que sofre uma parada cardiorrespiratória súbita, aumentando a sobrevida
das vítimas, o que é denominado pela American Heart Association (AHA) de “corrente da
sobrevivência”, formada por: acesso rápido, reanimação cardiopulmonar precoce, desfibri-
lação precoce e Suporte Avançado de Vida Cardiovascular (SAVC) precoce. A maior parte

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das paradas cardiorrespiratórias súbitas em atletas ocorre devido à fibrilação ventricular,
(Panhuyezen-Goedkoop, et al., 2017) a qual é tratada com desfibrilação e reanimação car-
diopulmonar imediata. A redução da mortalidade dos atletas vítimas de MSC depende de
socorristas equipados e treinados para reconhecer emergências, ativar o sistema de emergên-
cia, prover reanimação cardiopulmonar de qualidade e usar o DEA (Ghorayeb, et al., 2019).
Importante marcador de risco, a APP deve ser obrigatória para praticantes de ativi-
dades esportivas, visando detectar alterações cardiovasculares que predisponham à MSC.
Apesar das divergências internacionais, existe um consenso no que diz respeito à realização
de história clínica, exame físico e ECG de 12 derivações em todos os atletas, complemen-
tando a investigação com outros exames, quando necessário. Esportistas vítimas de MSC
devem ser prontamente atendidos e necessitam de reanimação cardiopulmonar imediata,
realizando a desfibrilação de 3 a 5 minutos após o início do colapso. Como na maioria dos
casos o ritmo pós-desfibrilação não é capaz de atingir uma perfusão efetiva, a reanimação
cardiopulmonar deve ser reiniciada imediatamente após o choque (Ghorayeb, et al., 2019).
Portanto, a diminuição do número de casos de MSC em atletas e o aumento da sobre-
vida das vítimas dependem de alguns fatores como a avaliação médica periódica, um efetivo
protocolo local para emergências e socorristas treinados em Suporte Básico de Vida (SBV),
capazes de prover ressuscitação cardiopulmonar de qualidade e desfibrilação precoce, e
com contato rápido com centros habilitados em SAVC (Ghorayeb, et al., 2019).

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25
02
Different types of mechanical vibration
application on EMG response and strength
performance

Aler Ribeiro de Almeida Gustavo F. Pedrosa


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Marcos D. M. Drummond Bruno P. Couto


Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Leszek A. Szmuchrowski
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

'10.37885/220308256
ABSTRACT

The present study aimed to compare the strength performance and the neuromuscular activity
during one maximum repetition test (1RM), and the maximum voluntary isometric contractions
(MVIC) performed with whole-body vibration (WBV), local vibration (LV), and no vibration (NV).
Methods: The sample consisted of 15 males, experienced in strength training for at least 6
months, which performed all strength tests in the barbell curl exercise across randomized
trials on the following conditions: NV, WBV, and LV. During all tests, the normalized root
means square values of the electromyographic signals (EMGRMS) of the biceps brachii and
brachioradialis were recorded and compared between the conditions. The one-way ANOVAs
with repeated measures were used to compare the results of 1RM and MVIC tests and the
normalized EMGRMS between the conditions. When necessary, a post hoc Scott-Knott test
was used to identify the differences reported in the ANOVAs. The significance level adopted
was α < 0.05. Results: The EMGRMS response of the biceps brachii and brachioradialis mus-
cles during the 1RM and MVIC tests presented significantly higher values at LV compared
to WBV, and NV (p < 0.001). The 1RM tests, and the MVIC results were similar between
conditions (p = 0.9803; p = 0.061, respectively). Conclusion: These results indicate that the
application of MV was not sufficient to increase strength performance.

Keywords: Muscle Spindle, Electromyography, Strength Training, one Maximum Repetition Test.
INTRODUCTION

In the search of incrementing gains in muscle strength, researchers have been using me-
chanical vibration (MV) in their studies protocols1–6. However, the outcomes of applying MV to
improve muscle strength are still controversial7,8. This incongruence, at least in part, seems
to be due to different combinations of mechanical parameters, as the time of exposure, fre-
quency, and amplitude of MV. Variations on either MV frequency or amplitude may modify
the vibratory impulse accelerations applied to the body9–11. This fact may alter the neurophy-
siological response to MV10. In addition, two types of MV have been the focus of the investi-
gation; the whole-body vibration (WBV)12, and local vibration (LV)13. However, no study has
yet compared the neuromuscular response by using both types of MV.
The WBV may be attained with a person standing on a vibration platform while performing
an exercise, such as jumps and squats14 or even in elbow flexion exercises14. The MV from
the platform is transmitted along the body, activating the alpha-motorneuron as a response
to stretch reflex via muscle spindles15, improving strength generation to higher levels that,
probably, would not be achieved without vibration in a similar stimulus16. However, during
the vibration transmission along the body, a dissipation of the vibratory impulse may occur
reducing its effects17. Thus, muscle groups located nearby the vibratory source tend to present
greater effects on strength development in comparison to further muscle groups12. Therefore,
the use of WBV by a vibration platform may not be efficient when the muscle strength increase
is wanted for upper limbs. However, exercises for upper limbs performed with WBV can be
prescribed by coaches in sports and fitness, such as biceps curl, rows, and other exercises
with barbell and dumbbell. Nevertheless, the possible attenuation of the vibratory impulse
between the source of the vibration and the target muscle in strength performance has yet
to be investigated.
Aiming to minimize the vibratory impulse loss, the LV seems to be an interesting alter-
native7,13,18. The LV occurs when the MV is applied directly on the muscle belly13, on the ten-
don of the target muscle12, on the weight to be lifted19, or yet, in the direction of the resultant
force of the contracting muscles8,20,21. In this last case, the vibratory impulse generates small
muscle stretches that may elicit greater muscle spindles stimulation and perhaps, greater
muscle strength development in comparison to other types of MV8.
The MVs, applied by LV,22, and WBV23, may increase the excitability of the neuromus-
cular sensors by the tonic vibration reflex22 and increasing the electric muscle activity23. The
registration and analysis of the amplitude of the electromyographic signal (EMGamplitude) may
contribute to the understanding of the neurophysiological responses in both conditions, LV,
and WBV. The EMGamplitude response represents the degree of muscle activation and, at least
in part, the recruitment of motor units24. Nevertheless, no studies were found comparing the

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effects of applying WBV, and LV on the resultant force direction on isometric and dynamic
strength response of upper limbs. In addition, it is not yet known what would be the strength
response by the one maximum repetition test (1RM), or by the maximum voluntary isometric
contractions (MVIC) test between the conditions LV and WBV.
Some studies adopt the result of the 1RM test, performed without vibrations, as a
reference for the prescription of training intensity with and without the MV25. Therefore, the
weight to be used during the exercises to which the volunteers will be submitted by MV is
based on percentage values of the maximum weight displaced in the 1RM test without vi-
bration. As the application of MV during the 1RM test may influence the result of this test25,
the intensity of strength training performed with vibration prescribed based on the 1RM test
performed without vibration may be underestimated, highlighting the importance of verifying
the effects of MV on this test.
Thus, the objective of the present study was to investigate and compare the strength
response, and the neuromuscular activity of the biceps brachii and brachioradialis in isometric
and dynamic contractions during the barbell curl exercise with WBV and LV. We hypothe-
sized the LV will lead to greater neural activity by higher EMGamplitude, and a greater strength
response, regardless of the type of test (isometric or dynamic).

METHODS

Samples

The sample consisted of 15 male volunteers, with a mean age of 25.6 ± 3.96 years, mean
height of 178 ± 3.87 cm, and mean body fat of 13.9 ± 1.93%. Volunteers were selected from
the Federal University of Minas Gerais, through personal contact, for 4 months. The sample
size was calculated using the GPower 3.1 software based on data of a pilot study, following
the guidelines proposed by Beck26. In this pilot study, it was noticed the EMG response during
the 1RM test performance of the WBV condition on the biceps brachii presented the greatest
values of coefficient of variation between the conditions and muscles analyzed. Therefore,
the mean (M1) and standard deviation (SD1) values of the EMG biceps brachii from the WBV
during the 1RM test were used to calculate the effect size (Cohen’s d26). For the effect size
calculation, the mean (M2) and standard deviation (SD2) of the EMG values of biceps brachii
during the 1RM test of NV condition was used as control values on the following equation:

(1)

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where Mean 1 = biceps brachii mean EMG values of WBV values during the 1RM test,
and the Mean 2 = biceps brachii mean EMG values of NV values during the 1RM test, and
the . The result of Cohen’s d equation (effect size = 0.25) was inser-
ted in the GPower 3.1 software. Thus, an effect size of 0.25, power of 80%, α = 0.05, the
correlation between repeated measurements of 0.75, three groups (NV, WBV, and LV), six
measurements (1RM test, MIVC, EMG in these two tests for two muscles) were adopted for
the sample size calculation.
All volunteers were regularly enrolled in a strength training program for at least six
uninterrupted months, being considered as recreationally trained27. Exclusion criteria were
the incidence of lesions, musculoskeletal diseases in either lower and upper limbs for the
last 12 months, or any heart disease. All volunteers received complete information about
the objectives and methodological procedures and signed a consent term. The local ethics
committee approved this study (under the number: 240.834, year: 2013, process number:
13683413.6.0000.5149), which complied with international standards.

PROCEDURES

Materials

In this study, a cable crossover machine was used (Pedalar®, Brazil), containing on
each side 16 plates of 5 kg. For LV application, a three-phase induction motor (WEG W22
PLUS, 2 cv, 3385 rpm, 220-380 V - Siemens®) was used. An eccentric shaft with a pulley at
the end was attached to the motor, in which the crossover cable passed around this pulley
allowing performing the exercise. The motor was fixed to the ground, facing one side of the
crossover, making the cable assuming a vertical trajectory between the crossover sheave
and the motor. Figure 1 shows the equipment.

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Figure 1. Motor positioning for localized location application.

For the WBV application, a vibrating platform (Planet for Fitness®, model PT 004
Professional - USA), adapted with a motor identical to the one used in LV was used. Both
the platform and the LV motor were connected to a frequency inverter (WEG, model CFW
09). The vibratory platform was positioned close to the motor at a distance that allowed the
cable goes to a vertical trajectory and parallel to the volunteer body. Figure 2 shows how
WBV was performed.

Figure 2. Platform positioning for whole-body vibration application.

The motors from LV and the vibratory platform were only switched on under LV and
WBV conditions, respectively. The vibration frequency and amplitude for both cases were
26 Hz and 6 mm, respectively21,28. The time of exposure to vibration was restricted to the time
needed to perform the exercise. The frequency inverter was used to control the vibration
frequency. The LV amplitude was determinate by the eccentric shaft, which was connected to
the cable and in the WBV platform. Subjects were instructed to keep their knees flexed (10°),

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feet parallel, and positioned at a predetermined location to ensure a peak-to-peak amplitude
of 6 mm. To verify the severity of human body exposure to vibration, the estimated vibration
dose value (eVDV) was calculated from the head acceleration. The eVDV was 10.77 and 9.93
for the WBV and LV respectively. Values of eVDV greater than 17 are considered harmful
to the human organism29.
To collect EMG data, surface electrodes of the 3M brand (3M, Brazil) were used, fixed
in the biceps brachii muscle, according to SENIAM project guidelines, and in the brachiora-
dialis at the greater portion of the muscle belly (right arm), located after a voluntary contrac-
tion31. The range of motion was controlled by an electrogoniometer (Mega Electronics Ltda,
Finland) with its axis of rotation fixed on the lateral epicondyle of the humerus of the left arm.
All devices were connected to a biomonitor (Mega Electronics Ltda, Finland - model ME6000)
responsible for amplification, analog-to-digital conversion (1000 Hz), and signal transmission
to a portable computer, with a sampling rate of 1000 Hz. The EMG and the electrogoniometry
data were recorded and analyzed using MegaWin software version 3.0 (Mega Electronics
Ltda, Finland). To record the peak force during the MVIC, a load cell (Zb Staniak, Poland)
with 1000 Newtons capacity, calibrated, connected to a signal amplifier and decoder (WTM
005-2T / 2P, Jaroslaw Doliriski Systemy Mikroprocesorowe, Poland) was used. The amplifier
was connected to a computer interface with the program MAX5 (version 5.1, JBA, ZbStaniak,
Poland), which allows analysis of the force curve as a function of time with a sampling fre-
quency of 1000 Hz. For both the EMG, and the electrogoniometer data, a bandpass filter with
a lower limit of 26 Hz and an upper limit of 450 Hz, and a 60 Hz band-reject filter were used.

Familiarization

The volunteers came to the laboratory on 7 different days, with, at least, 48 h of rest
between days. On the first day, before familiarization begins, subjects performed a single
set of 10 maximum repetitions in the barbell curl exercise. The weight lifted was based on
the subjects experience and it was used to estimate the value for one maximum repetition
(1RM), by using the equation adopted by Shaw et al.30, presented below:

(2)

After five minutes of resting, the familiarization protocol for each experimental condition
(WBV, LV, and NV) was started. The familiarization protocol was composed of 2 sets with 2
repetitions at 95% of the estimated 1RM value. Three minutes rest between sets, and five
minutes between each experimental condition were respected.

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The barbell curl exercise constituted the bilateral flexion of the elbow, starting from the
full elbow extension position, going to maximum elbow flexion, and returning to the initial
position. To control the elbow´s range of motion, a rope passing just above and close to
the left shoulder of the volunteer was used, in the sagittal plane. The end of the concentric
action was considered maximal when the volunteer’s left fist touched the rope. Shoulder
flexion was not allowed and was controlled by the evaluator’s observation. The hands held
a straight bar, in the supinated position, at the width of the shoulders. In all day’s tests, the
subjects respected the initial position, in which they remained standing on a platform, keeping
the knees semi-flexed (10° degrees of knee flexion - 0° = knees fully extended) and the feet
parallel and positioned in a predetermined place.

Experimental sessions

The other six days were reserved for experimental sessions, consisting of the 1RM
test and the MVIC test with the same exercises of familiarization for the following conditions:
WBV, LV, and NV. Each condition was performed in two subsequent days, separated by an
interval of exactly 48 h. The order of conditions in the test sessions was randomized. In all test
procedures, data of the surface electromyography (EMG) activity were collected. The mean
values of isometric force (MVIC), 1RM, and EMG from the two days tests (each condition)
were used for analysis. An interval of exactly 120 h between pairs of sessions of the same
experimental condition was respected.
At the beginning of all experimental sessions, the maximum voluntary isometric contrac-
tion normalization test (MVICn) was performed with and without vibration. The MVICn consis-
ted of three maximal isometric contractions lasting six seconds with five-minute rest between
attempts17. During this test, the root means square electromyographic activity (EMGRMS) of
the biceps brachii and brachioradialis muscles of the right arm, and the maximum peak force
was recorded (window of 250 ms). The highest value of the EMGRMS was used to normalize
the electromyographic data, recorded during the 1RM and MVIC tests (window of 250 ms).
For the accomplishment of MVICn, the volunteers adopted the initial position (same as the
familiarization), keeping the elbows flexed at 90° (0° = elbow fully extended), gauged using
the electrogoniometer.
Respecting a 10 min resting after the MVICn, volunteers started the 1RM test in one of
the study conditions (WBV, LV, or NV), adopting the same positioning and execution used
during familiarization. The test consisted of five maximum attempts, with five-minute rest
between each attempt17. The initial weight was 5% lower than the estimated 1RM value32.
The progression of the weight was gradual in the function of the subjective perception of
the volunteers and evaluators. Each volunteer was instructed to perform only one repetition

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per attempt. Whenever the movement was performed improperly, or if the volunteer used
accessory movements, the weight lifted in the previous attempt was considered the maxi-
mum weight (1RM).
After the 1RM test, respecting a 30-min interval, the MVIC test was performed in one of
the study conditions (WBV, LV, or NV), and its data was used to verify the effects of MV on
electromyographic activity and peak force. The procedures and positioning of the volunteers
were the same as used in the MVICn tests.

STATISTICAL ANALYSIS

Initially, the analyses of descriptive data were performed, and Shapiro Wilk tested the
normality of data. The interclass coefficient correlation (ICC3,1) and the normalized stan-
dard error of measurement (% SEM- SEM/mean data multiplied by 100) were calculated
with data collected in sessions with the same experimental condition for EMG, MVIC, and
1RM. To analyze the ICC and SEM, the highest value of EMG, the force peak during the
MVIC, and the 1RM test result, found in each of the two sessions for the same condition,
were considered. One-way ANOVAs with repeated measures with post hoc of Scott-Knott
(when necessary) were used to compare the conditions. The significance level adopted as
α < 0.05. Additionally, the eta-squared (ƞ2) was also calculated as effect size (SSeffect/SStotal,
where SSeffect = sum of squares for the effect, and SStotal = total sum of squares), considering
the following interpretation: < 0.06 = small; 0.06-0.14 = moderate; > 0.14 = large32. All statis-
tical procedures were performed using the software SISVAR 5.7.

RESULTS

ICC and SEM for 1RM test, MVIC, and EMGRMS

Regarding the data collection reliability between day 1 and 2 for each condition (NV,
LV, WBV), the ICC3,1 and normalized SEM values were, respectively, for 1RM test = 0.999
and 1.17-1.18%; for MVIC = 0.996-0.997 and 1.00-1.40%; for EMGRMS (biceps brachi and
brachioradialisis) = 0.991-0.999 and 0.7-2.6%.

RM EMG values

The normalized EMGRMS values of biceps brachii during the 1RM test were 98.04 +
5.68%, 116.79 ± 11.76%, and 106.07 ± 7.67% for NV, LV and WBV, respectively. According
to ANOVA these values are different between conditions (F2,42 = 17.362; p < 0.001; ƞ2 =

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0.452: large). Post hoc of Scott-Knott detected that LV presented greater values than WBV
and NV, and the WBV presented higher values than NV.
The normalized EMGRMS values of brachioradialis presented mean values of 102.56 ±
6.60%, 120.47 ± 11.87%, and 110.90 ± 12.74% for NV, LV and WBV, respectively. According
to ANOVA these values are different between conditions (F2,42 = 10.408; p < 0.001; ƞ2 = 0.331:
large). Post hoc of Scott-Knott detected that LV presented greater values than WBV and NV,
and the WBV presented higher values than NV. Figure 3 shows the comparisons among the
conditions for both muscles.

Figure 3. Normalized EMGRMS of the brachii and brachioradialis biceps during the 1RM. NV = No vibration; LV = Local
Vibration; WBV = whole-body vibration. Vertical lines = standard errors. *: Greater than NV and WBV. #: Greater than
NV. Significance level at α < 0.05. test.

MVIC EMG values

The normalized EMGRMS values of biceps brachii during the MVIC presented 99.94 ±
1.90%, 122.09 ± 12.67%, and 111.15 ± 7.21% for NV, LV and WBV, respectively. According to
ANOVA test there were differences between the conditions (F2,42 = 25.536; p < 0.001; ƞ2 = 0.54:
large). LV presented greater values than NV and WBV, and WBV values were higher than NV.
The normalized EMGRMS values of brachioradialis during the MVIC presented 101.01 ±
3.30%, 123.30 ± 11.85%, and 112.20 ± 10.33% for NV, LV and WBV, respectively. According
to ANOVA test there were differences between the conditions (F2,42 = 21.646; p < 0.001; ƞ2 =
0.50 - large). LV presented greater values than NV and WBV, and WBV values were higher
than NV. Figure 4 shows the comparisons among the conditions for both muscles.

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Figure 4. Normalized EMGRMS of the biceps brachii and brachioradialis during the MVIC. MVIC = maximum voluntary
isometric contraction. NV = No vibration; LV = Local Vibration; WBV = whole-body vibration. Vertical lines = standard
errors. *: Greater than NV and WBV. #: Greater than NV. Significance level at α < 0.05.

RM

The mean weight lifted during the 1RM test in NV, LV and WBV were 69.03 ± 8.15
kg, 69.17 ± 8.12 kg and 69.6 ± 8.12 kg, respectively. According to ANOVA, there was no
difference in the 1RM values between the conditions (F2,42 = 0.020; p = 0.9803; ƞ2 = 0.001:
small) (Figure 5).

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Figure 5. - Weight lifted during the 1RM test. NV = No vibration; LV = Local Vibration; WBV = whole body vibration. Vertical
lines = standard errors.

MVIC test

The isometric peak force values during the MVIC test were 459.33 ± 38.94 N, 498.87
± 49.58 N, and 478.42 ± 43.14 N, respectively for NV, LV and WBV. According to ANOVA
test there were no differences between conditions, only a trend (F2,42 = 2.983; p = 0.061; ƞ2
= 0.12: moderate) (Figure 6).

Figure 6. Comparison of maximum isometric voluntary contraction. NV = No vibration; LV = Local Vibration; WBV = whole
body vibration. Vertical lines = standard errors.

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DISCUSSION

The present study aimed to compare the EMG response and the strength performance in
dynamic and isometric tests performed with LV, WBV, and NV. We hypothesized the LV would
lead to a greater strength response and neural activity. According to the results, the EMG
response of the biceps brachii and brachioradialis during the 1RM and MVIC tests presen-
ted values significantly higher in LV in relation to the WBV and NV. Thus, the hypothesis of
the present study was partially confirmed. The 1RM test performance and the MVIC values
were not different between conditions (LV, WBV, and NV). These results indicate that the
application of MV did not improve the strength performance.
However, the results showed a significant increase in the EMGRMS in either muscle
when the MV was applied. Some studies have also demonstrated an increase in EMG du-
ring MV application compared to exercises performed without vibration34,35. Cardinale and
Bosco36 found that four sets of 60 s of WBV, with the frequency of 30 Hz and amplitude of
10 mm, were able to significantly increase the EMGRMS in the muscles of the upper limbs
during the elbow flexion exercise performed dynamically. Hazzel, Jakobi, and Kenno37 found
an increase in EMG in the muscles of the lower and upper limbs. In this study, squat and
elbow flexion exercises were performed, both isometric and dynamic, with frequencies of
25, 30, 35, 40, and 45 Hz. The presence of tonic vibration reflex may justify the higher EMG
activity of the muscles exposed to vibration13,36. Thus, perhaps the MV may have interfered
with the EMG values and consequently the interpretation of the results. Notwithstanding,
no study that compared the EMG response in activities performed with LV, and WBV were
found. We suggest that new studies investigate this possibility.
During the WBV, the vibration impulse may have dissipated during its transmission
through the body tissues12. The oscillation amplitude of the elbow joint in the WBV condition
may have been smaller in comparison to the LV, generating smaller accelerations. Greater
amplitude of displacement is associated with greater tonic vibration reflex and consequently,
activation of several muscle spindles11. This phenomenon may explain the lower values
of EMGRMS found during the WBV when compared to the LV that received the same fre-
quency of vibration.
The MVIC tests did not show significant differences between the experimental condi-
tions. Oliveira et al.38 corroborate these results, as they verified that the application of MV, in
the frequencies of 10, 20, 30, and 40 Hz was not able to increase the strength production in
trained individuals. According to Oliveira et al.38, the fact that MV does not increase strength
in MVIC tests may be related to individual characteristics, such as the level of experience
in training with vibration and the MV settings. Still, Warman, Humphrtes, and Purton39 also
did not find significant differences in the isometric strength with or without the MV. The

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38
non-increase in the MVIC indicates that the higher EMG generated by the vibratory stimulus
was not sufficient to recruit additional motor units that promoted greater force production in the
specific task evaluated. The angle at which the MVIC test is performed can also influence the
transmissibility of the vibratory impulse since changes in the angle interfere with the tension
present in the target muscle39. In the present study, only the 90° angle of elbow flexion was
used during the test, and future studies are needed to assess the effect of MV application at
different angles during the MVIC.
No significant differences were found in the 1RM tests between conditions. Hammer,
Joshua, and Linton40 also found no significant differences in the 1RM test with and wi-
thout MV application. According to these authors, the vibratory stimulus may not have been
specific enough to promote increases in strength in trained individuals. Cochrane41 also did
not find an increase in the concentric strength in the elbow flexion exercise with MV applica-
tion. However, the findings of the present study oppose the result presented by the previous
studies18,19,35, which found a positive effect of MV application in the 1RM tests in upper and
lower limb exercises. Such divergence may be since the response to the vibratory stimulus
depends on aspects such as the time of exposure to vibration42, the frequency of vibration9,10,
the range of displacement11, and/or type of muscle action10.
It was expected a greater strength performance during MVIC and 1RM tests with MV appli-
cation because of the presence of tonic vibratory reflex due to muscle stretches that occurred
throughout contractions with MV 43. According to Issurin et al.7, Torniven et al.43, and Mileva
et al.18, the tonic vibratory reflex may improve the synchronization firing discharges and
causing a larger number of motor-units recruitment, leading to greater strength production.
However, the result of this study does not corroborate this reasoning. Perhaps, the higher
EMG response for MV application was not sufficient to promote significantly higher strength
production. Other MV configurations can be effective to generate higher strength performance.
This suggests that other studies with different MV parameters could be conducted to respond
to this literature gap.
Some studies adopt the result of the 1RM test, performed without the application of
vibrations, as a reference for the prescription of training intensity with and without the applica-
tion of mechanical vibrations7,25, therefore the results of the study may contribute to decisions
regarding of application of VM or the type of VM in future works or the physical training. The
limitations of the study, we can mention the need of using filters in the EMG signal, aiming to
exclude the noise from cable vibrations; and the non-measurement of the cross-talks effect.
Additionally, the results found in the present study should be limited to the vibration para-
meters. Further studies are required using different vibration parameters to verify the effects
of MV on strength development.

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CONCLUSION

The MV application resulted in higher EMG activity in the 1RM and MVIC tests,
The LV promotes higher EMG than WBV. However, the MV application was not able to increa-
se the strength production compared to the non-application of MV in the 1RM and MVIC tests.

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43
03
Dor na virilha do atleta: porque preferir o
termo inguinomalacia em substituição a
hérnia do atleta?

José Martins Juliano Eustaquio


Universidade de Uberaba - UNIUBE

'10.37885/220508957
RESUMO

A síndrome de dor na virilha do atleta acomete com alta incidência os esportistas e, devido
principalmente à complexidade anatômica da região pélvica e ao difícil manejo de suas pa-
tologias, é motivo de grande debate na comunidade científica. Uma dessas discordâncias
é em relação à nomenclatura empregada na hérnia do atleta, pois não traduz a realidade
quanto aos seus achados fisiopatológicos. Na prática, não há um saco herniário nessa afec-
ção, mas uma fraqueza da parede posterior do canal inguinal e, com isso, a protusão da
gordura do omento (pré-peritoneal). Nesse artigo, propõe-se a criação e utilização do termo
“inguinomalacia” em substituição à “hérnia do atleta.”

Palavras-chave: Atleta, Virilha, Hérnia.


INTRODUÇÃO

A síndrome de dor na virilha (ZUCKERBRAUN; CYR; MAURO, 2020), apesar de ser


um termo inespecífico e muito discutido na literatura, é um diagnóstico sindrômico válido
na propedêutica dos atletas com uma desordem neste segmento anatômico. Em geral,
inclui patologias que são de difíceis diagnóstico e tratamento, bem como muitos diagnós-
ticos diferenciais que apresentam características fisiopatológicas e clínicas semelhantes
(WEIR et al., 2015).
Além disso, algumas dessas patologias podem coexistir, com destaque para os casos de
osteíte púbica (pubalgia do atleta) e hérnia do atleta (ELATTAR et al., 2015). Na comunidade
científica, ambas patologias são muito discutidas, principalmente em referência aos seus tra-
tamentos e à nomenclatura da hérnia do atleta (KINGSTON et al., 2014; WEIR et al., 2015).

DESENVOLVIMENTO

Por que preferir o termo Inguinomalacia no lugar de hérnia do atleta?

A nomenclatura hérnia do atleta é motivo de debate entre diferentes autores (WEIR


et al., 2015; KINGSTON et al., 2014; WEIR et al., 2015), uma vez que a condição patológi-
ca não envolve a protrusão de um saco herniário com vísceras abdominais, característica
da hérnia clássica, mas a protrusão de gordura omental na região inguinal (Figura 1). Esta
protrusão ocorre devido ao enfraquecimento multifocal da parede posterior do canal inguinal
(MATSUDA et al., 2011; VAN VEEN et al., 2007), com a consequente compressão de nervos
sensoriais inguinais (COMIN et al., 2013).

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Figura 1. Imagem ilustrativa das camadas anatômicas do canal inguinal e dos pontos de fragilidade da parede posterior
do canal inguinal, que caracteriza a inguinomalacia.

Fonte: Arquivo próprio do autor.

Além disso, alguns autores consideram que hérnia do atleta e osteíte púbica são sinô-
nimos da mesma patologia (ELATTAR et al., 2015; ZUCKERBRAUN; CYR; MAURO, 2020),
uma vez que podem compartilhar sinais e sintomas e até ocorrer em conjunto no mesmo
paciente. No entanto, observa-se na prática clínica que são patologias distintas e, como tal,
devem ser abordadas de formas diferentes.
Apesar das recentes recomendações de Consensos sobre as expressões apropriadas
em referência à hérnia do atleta (SHEEN et al., 2014; WEIR et al., 2015), não se observa o uso
rotineiro na prática clínica. Como exemplos, o Consenso da Sociedade Britânica de Hérnia,
publicado em 2014, sugeriu a utilização do termo “Inguinal disruption” (SHEEN et al., 2014),
ao passo que a Conferência Mundial sobre Dor na Virilha em Atletas, realizada em Doha,
em 2014, sugeriu a adoção da expressão “Inguinal-related groin pain” (WEIR et al., 2015).
Devido a esses fatores, a utilização de um termo alternativo à hérnia do atleta torna-se
válida pois a terminologia atual não exprime, de forma clara, a sua fisiopatologia e ainda
causa confusão entre os profissionais de saúde. Nesse sentido, como a patologia é carac-
terizada por uma fraqueza anatômica do assoalho do canal inguinal, propõe-se a utilização
do termo inguinomalacia no lugar de hérnia do atleta.
O sufixo “malacia” é normalmente empregado na literatura médica para expressar altera-
ções patológicas semelhantes às encontradas neste distúrbio (HYSINGER, 2021; KIM et al.,
2021). Assim, com esta nomenclatura, é permitida uma noção mais objetiva da patologia,
sem referência a expressões mais genéricas, além de evitar a confusão com o termo hérnia.

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Investigação diagnóstica e conduta terapêutica da Inguinomalacia

A dor na região inguinal, que é uma das alterações que caracterizam a síndrome da dor
na virilha do atleta, é comumente encontrada em atletas que praticam exercícios relaciona-
dos com movimentos pliométricos e rotacionais, especialmente no futebol (CANDELA et al.,
2021). Em grande proporção das pessoas afetadas, esta condição evolui com limitações
significativas do desempenho esportivo.
As principais patologias que apresentam diagnóstico diferencial dessa síndrome, nos
atletas, são a osteíte púbica, a lesão proximal dos músculos adutores, as patologias intra-
articulares do quadril e as hérnias inguinais (KRAEUTLER et al., 2021). Essas patologias
compartilham frequentemente alterações clínicas semelhantes, o que torna o diagnóstico
clínico difícil de ser realizado.
A principal queixa em comum é dor nas regiões da virilha e dos adutores, que se agrava
com movimentos de rotação e adução ativa do quadril contra a resistência (ZUCKERBRAUN;
CYR; MAURO, 2020). O cenário clássico do atleta quando procura cuidados médicos é de
uma patologia crônica com agudizações rotineiras e, muito comumente, baseada em diag-
nósticos prévios equivocados, o que torna o tratamento cada vez mais complexo.
Além disso, a presença concomitante de algumas dessas patologias é frequente, prin-
cipalmente porque compartilham mecanismos fisiopatológicos semelhantes (KRAEUTLER
et al., 2021). Nestes casos, além do estresse mecânico suprafisiológico na região pélvica,
típico de algumas modalidades, observam-se também desequilíbrios musculares entre o
segmento abdominal e a região proximal dos membros inferiores, geralmente com um maior
predomínio relativo dos músculos adutores (ZUCKERBRAUN; CYR; MAURO, 2020). A asso-
ciação mais observada é a do atleta com inguinomalacia e também osteíte púbica (CANDELA
et al., 2021; ELATTAR et al., 2015; KRAEUTLER et al., 2021).
Quanto à inguinomalácia, o seu diagnóstico é possível através de exames de imagem
dinâmicos, especialmente a ultrassonografia inguinal (Figura 2) (VASILEFF et al., 2017).
Neste exame, o radiologista solicita que o paciente realize a manobra de Valsalva, de di-
ferentes maneiras, a fim de aumentar a pressão no canal inguinal e permitir a protusão do
tecido adiposo. Os exames estáticos não são capazes de diagnosticar essa patologia. Outros
exames de imagem da pelve, como a radiografia panorâmica e a ressonância magnética,
ajudam na investigação do diagnóstico diferencial (BOU ANTOUN et al., 2018).

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Figura 2. Imagens ultrassonográficas dinâmicas da região inguinal de atleta com diagnóstico de inguinomalacia, sem (A)
e com (B) esforço pela manobra de Valsalva.

Fonte: Arquivo próprio do autor.

Com base nos conhecimentos atuais (CASTLE et al., 2021; CHOI et al., 2016; DRAGER;
RASIO; NEWHOUSE, 2020), propõe-se um algoritmo prático como opção de tratamento
prioritário para casos de osteíte púbica, inguinomalacia e suas associações, de acordo
com o nível de desempenho do atleta (Figura 3). Além disso, uma vez feito o diagnóstico
da inguinomalácia, o seu tratamento deve ser priorizado em relação a outras patologias da
região inguinal.

Figura 3. Tratamentos recomendados para osteíte púbica, inguinomalacia e associação de ambos, em atletas amadores
e profissionais.

Fonte: Arquivo próprio do autor.

Assim, para o atleta recreativo, na presença isolada dessa patologia, é indicada uma ten-
tativa de tratamento conservador durante três a seis meses. Se o mesmo falhar, o tratamento
cirúrgico é indicado. No entanto, na presença conjunta com osteíte púbica, está indicado
o tratamento cirúrgico da inguinomalacia e o tratamento conservador da osteíte (Figura 3).
Em relação aos atletas profissionais, mais precisamente nas modalidades que envol-
vem movimentos pliométricos e rotacionais, o tratamento cirúrgico é indicado sempre que
a inguinomalacia estiver presente, independente da presença associada de osteíte púbica
(Figura 3). A dinâmica destas modalidades envolve o aumento das pressões abdominal
e inguinal, que é precisamente o mecanismo precursor da dor. Portanto, devido a essa

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fisiopatologia, à exigência profissional e também para encurtar o tempo de afastamento no
esporte, é indicado o tratamento cirúrgico.
A cirurgia de correção da inguinomalacia baseia-se na estabilização mecânica da pa-
rede do canal inguinal, através do procedimento de herniorrafia, com ou sem a colocação
de tela cirúrgica, e isso inclui tanto abordagens cirúrgicas abertas quanto minimamente
invasivas (HATEM; MARTIN; BHARAM, 2021; MINNICH et al. , 2021; ZUCKERBRAUN;
CYR; MAURO, 2020). Esse procedimento é realizado pelo cirurgião geral. Se for indicado
o tratamento cirúrgico em conjunto com o da osteíte púbica, é necessária a presença tanto
do cirurgião geral quanto do cirurgião ortopédico (KRAEUTLER et al., 2021).

CONCLUSÃO

Inguinomalacia é um termo que traduz com maior acurácica a fisiopatologia da hérnia


do atleta, patologia que apresenta alta morbidade entre atletas amadores e profissionais.

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04
Efeitos da suplementação da creatina
sobre a função renal: revisão da literatura

Álvaro Emilio Baldin Suzana Bender


Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz

Cristiane Pinheiro Fucolo Zuliani Vagner Fagnani Linartevichi


Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz

'10.37885/220609063
RESUMO

Introdução: a suplementação da creatina tem sido amplamente utilizada para melhorar o


desempenho atlético, no entanto, alguns aspectos relacionados à sua segurança e efetividade
não estão claros na literatura. Objetivo: analisar por meio de uma revisão os efeitos do uso
crônico da creatina sobre a função renal. Metodologia: trata-se de uma revisão argumen-
tativa, de base técnica quantitativa descritivo-exploratória. As amostras pesquisadas foram
advindas de periódicos, disponíveis no Scielo e PubMed, nacionais e internacionais, publica-
dos entre os anos de 2011 e 2021. Resultados: A suplementação da creatina tem mostrado
vários benefícios como o aumento da massa muscular e seu conteúdo nos músculos, no
desenvolvimento de maior potência, aumento de força durante o exercício e menos fadiga
durante os treinos. Os atletas que mais se beneficiam são os praticantes de alta performan-
ce e curta duração. Nesta revisão, dos trabalhos coletados, oito realizaram testes clínicos
comparando a suplementação ou não de creatinina diária por até 8 semanas. Marcadores
da função renal e outros metabólitos foram dosados e nenhum parâmetro bioquímico, exceto
creatinina, obteve uma diferença superior a 4,5% comparado com o grupo controle. De modo
que, nestes trabalhos não foram encontradas evidências de dano fisiológico, incluindo re-
nal. Dois estudos mostraram que, em indivíduos saudáveis, a suplementação crônica com
creatinina produziu um aumento reversível de aproximadamente 30% da creatinina sérica e
concomitante aumento da creatinina urinária. Nenhuma alteração foi vista na taxa de filtração
glomerular. Todos os participantes do referido estudo tiveram a diminuição dos valores de
creatinina após a suspensão do uso. Além disso, a suplementação diária de baixas doses
por até 5 anos não produziu efeito deletério sobre a função renal, comparado com o grupo
controle. Neste contexto, o presente estudo não encontrou evidências científicas de que a
suplementação da creatina prejudique a saúde de indivíduos saudáveis.

Palavras-chave: Creatina, Aumento do Músculo Esquelético, Suplementação Alimentar.


INTRODUÇÃO

O suplemento de creatina tem sido amplamente utilizado para melhorar o desempenho


atlético. Além disso, recentes descobertas indicam que este suplemento tem um importante
efeito terapêutico em muitas doenças caracterizadas por atrofia, fraqueza muscular e doenças
metabólicas (músculos, ossos, pulmão e cérebro) (BALDIN et al., 2021; MELO et al., 2016).
A creatina (ácido metilguanidinoacético) é um aminoácido que pode ser produzido
endogenamente além de ser encontrado em certos alimentos, esse processo envolve ór-
gãos como rins, pâncreas e fígado e usa outros aminoácidos (glicina, metionina e arginina)
como substratos. A creatina existe nas formas livre (C) e fosforilada (CP), e 95% de toda
a creatina humana é armazenada no músculo esquelético. Quando a creatina é produzida
pelo próprio corpo, ela passa por dois tipos processos: primeiro, o grupo amino da argini-
na se combina com o aminoácido glicina por meio da ação da glicina transaminase para
formar o ácido guanidinoacético. Na segunda, a metiltransferase de guanidinoacetato de
metila catalisa a metilação do grupo produzido pela primeira reação, ou seja, o grupo. O gru-
po metil em S-adenosilmetionina é adicionado ao grupo anterior para formar creatina (DE
OLIVEIRA et al., 2018).
Pessoas que iniciam a manipulação da creatina com o propósito de melhorar o de-
sempenho, rápido desenvolvimento muscular e encurtamento do tempo de recuperação, na
maioria das vezes buscam benefícios por impulso, Sem prestar atenção aos suplementos
e seus efeitos colaterais, alguns estudos mostraram que até 20 gramas de creatina por dia
não são prejudiciais à saúde, entretanto, ainda não há evidências de que tenha segurança
em longo prazo. Antes de iniciar a suplementação com creatina, é melhor buscar um pro-
fessional porque você pode prejudicar sua saúde ou até mesmo o desempenho esportivo.
Está cientificamente comprovado que quantidades excessivas de aminoácidos e proteínas
aceleram a perda de função renal em pacientes que já tenham insuficiência renal crônica,
portanto, o uso de creatina nesses pacientes é proibido (OLIVEIRA et al., 2017).
A creatina é um produto da decomposição do pool de creatina, incluindo creatina livre
e creatina fosfato. O pool é principalmente limitado ao músculo esquelético, que represen-
ta 95% de toda a piscina de creatina e os 5% restantes são órgãos, como rins e cérebro.
Tanto a creatina quanto o fosfato de creatina ciclam espontaneamente em creatinina em um
processo constante, irreversível e não enzimático com cerca de 1,1% da creatina do corpo
e 2,6% do fosfato de creatina do corpo ciclando em creatinina. Esses estoques de creatina
cíclicos são reabastecidos diariamente a partir da creatina da dieta proveniente da carne
ou da síntese de novo usando um processo de duas etapas envolvendo o rim e o fígado
(FEIGENBAUM et al.,2017).

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Por muito tempo, acreditou-se que o aumento da massa magra obtida com a suplemen-
tação com creatina se devia à retenção de água causada pela creatina, mas alguns estudos
mostraram que a proteína contrátil é afetada por mudanças no conteúdo de água intracelular.
Uma explicação para o aumento da massa muscular é a diminuição da degradação que
causa um aumento da síntese de proteínas. O edema celular causado pela retenção de água
reduz a taxa de degradação de proteínas ao reduzir a liberação de aminoácidos de cadeia
ramificada (leucina, valina, isoleucina) e retorna ao normal quando as células voltarem ao
normal, indicando que a creatina diminui a proteólise muscular (CONFORTIN et al., 2016).
Embora existam vários relatos sobre os efeitos nocivos da suplementação de creatina,
incluindo cãibras, disfunções renais e hepáticas, hipertermia e desidratação, não existem
evidências científicas que comprovem essas informações, talvez o único efeito adverso que a
creatina causa seja a retenção hídrica, que possui algumas repercussões negativas sobre o
desempenho físico, isso também vai depender da modalidade esportiva que a pessoa pratica.
Não há nenhuma evidência específica na literatura de que a creatina possa ter quaisquer
sinais de riscos à saúde ou efeitos colaterais óbvios para homens saudáveis (STABILE et al.,
2017). O presente trabalho, teve como principal objetivo, analisar por meio de uma revisão
da literatura os efeitos do uso crônico da creatina sobre a função renal.
Trata-se de uma revisão argumentativa da literatura, de base técnica quantitativa des-
critivo-exploratória (conforme caracterizado por PEREIRA, 2018). As amostras pesquisa-
das foram advindas de periódicos, nacionais e internacionais, publicados entre os anos
de 2011 e 2021. Os artigos foram adquiridos dos bancos de dados eletrônicos Scielo e
PubMed. As palavras-chave utilizadas foram “creatinina” AND/OR “uso crônico” AND/OR
“função renal”. A pesquisa se utilizou da análise de conteúdo como técnica de instrumento
de coleta de dados, seguida de uma pré-seleção de periódicos, nacionais e internacionais,
sendo utilizados os seguintes critérios de inclusão aos mesmos: (1) conteúdos publicados
entre os anos de 2011 e 2021, (2) bases textuais que detenham de entendimentos relacio-
nados a, uso crônico da creatina e função renal, e (3) periódicos que seguiram indexados
no banco de dados selecionado ou estivessem junto a esse disponíveis a pesquisa. Foram
incluídos na pesquisa artigos com publicações a partir de 2011, a fim de ter informações
mais atuais sobre o tema e trazer clareza sobre o tema proposto. Os critérios de exclusão
foram: artigos data anterior a 2011 e que não trouxessem lucidez para o tema explorado.
Apenas artigos publicados no idioma português ou inglês foram considerados. Artigos com
testes in vitro ou animal foram descartados. Os artigos pré-selecionados, após empregados
os critérios para coleta de dados (conforme organizado por MINELLA & LINARTEVICHI,
2021), passaram por uma nova seleção, com base na leitura de seus resumos, sumários e

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prefácios, mantendo como fontes, somente, os que se mostraram mais fielmente adequados
ao desenvolvimento pretendido.

DESENVOLVIMENTO

A creatina foi descoberta pelo francês Michel Chevreu em 1835, quando ele relatou
que um novo ingrediente orgânico foi extraído da carne. Justus Liebig em 1847, confirmou
a existência da creatina como um componente regular da carne. O pesquisador destacou
ainda que raposas selvagens que sobreviveram à caça têm 10 vezes mais creatina em sua
carne do que raposas presas, sugerindo que o trabalho muscular pode levar ao acúmulo
dessa substância (FARIA, 2018).
A função básica da creatina no corpo humano está diretamente ligada ao metabolismo
energético, portanto, reservas corporais insuficientes podem limitar a função física, especial-
mente em atletas com formas explosivas de esportes, como levantamento de peso olímpico,
futebol e basquete, ou aumentar a massa muscular como a musculação (BOUZAS et al.,
2015). Atualmente, a creatina existe na forma de monohidrato, micronizado, básico, etílico,
fosfato e éster, e pode existir na forma de pós, géis, líquidos, barras. O fosfato de creatina é
menos utilizado devido ao seu custo de produção ser mais elevado, mas ela tem o mesmo
efeito sensibilizante na massa muscular (OLIVEIRA et al, 2017).
A creatina pode ser encontrada em alimentos especialmente carnes e peixes. No en-
tanto, é impraticável obter altas doses de creatina desses alimentos, cada 250 gramas de
carne crua contêm apenas 1 grama de creatina, então a procura por esse suplemento é alta
(TEIXEIRA et al., 2020).
A figura 1 mostra os inúmeros os fatores que a creatina influencia para a formação de
massa muscular. A creatina funcionará de várias maneiras durante o processo de hipertro-
fia, começando com a inibição da miostatina, um fator que regula o crescimento muscular,
que promove o ambiente de reforço muscular. A inibição da miostatina irá ativar as células
satélites, o que promoverá o aumento de mionúcleos, aumentando a transcrição.

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Figura 1. Influência da creatina na hipertrofia muscular e mediadores moleculares envolvidos.

Abreviações: IGF-1(fator de crescimento semelhante à insulina); FRM (fator regulador miogênico); mTOR (alvo de
rapamicina em mamíferos); PCr (fosfocreatina); RO (reativas ao O2); CS (células satélites); AKT (gene); FOX O3(gene
responsável por proteólise muscular).
Adaptado (CHILIBECK et al. 2017).

A creatina ativará o fator regulatório miogênico (FRM) que estimulará as células saté-
lites. Ela será também responsável conforme podemos observar na figura 1 pelo aumento
de fator de crescimento semelhante à insulina IGF-1 que estimulará a produção de FRM,
também ativa o gene AKT que ativa o gene (alvo de rapamicina em mamíferos mTOR
que é responsável pelo aumento da transdução proteica. Além disso o gene AKT, age
inibindo o FOXO3 que é responsável pela proteólise muscular. Finalmente, o efeito mais
conhecido da creatina que é o aumento de fosfocreatina PCR e glicogênio no músculo que
permite a pessoa uma maior capacidade e força durante o exercício, que leva à hipertrofia
(CHILIBECK et al., 2017).
Estudos têm mostrado que os suplemento de creatina deve ser usado em combinação
com carboidratos simples, porque essa combinação vai aumentar o transporte da creatina
para os músculos. Esse processo é mediado pela insulina, que estimula a enzima ATPase
na bomba Na + / K +, que por sua vez promove o transporte simultâneo de Na + / creatina
(cada creatina possui duas moléculas de sódio) para manutenção ou recuperação gradiente
normal de Na+ e potencial de membrana (PRESTES et al., 2016).
Além disso, a suplementação da creatina ajuda a manter altos níveis de ATP durante a
atividade física. Alguns autores acreditam que a suplementação da creatina pelos praticantes
não tem efeito porque suas reservas estão cheias antes do uso, pois a absorção da creatina
pelas fibras musculares é limitada, então o efeito ergogênico é ocorrido pelo aumento da
concentração da creatina, quando seus estoques estão reduzidos (SANTOS et al., 2021b).

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No início do século 20, vários estudos mostraram que nem toda a creatina que é
ingerida é excretada na urina, levando à descoberta de que parte dela é armazenada pelo
corpo. A partir disso, surgiram novas descobertas, como a influência da ingestão da Creatina
sobre a composição muscular, conteúdo total no organismo humano e existência de outras
formas deste composto, como, por exemplo, a fosfocreatina (PCr). Mais recentemente, es-
tudos investigam sobre o seu potencial uso como recurso ergogênico (ASSIS et al., 2021;
BOUZAS et al., 2015).
Apesar de algumas alegações não comprovadas, as funções do fígado (enzimas,
ureia) e rins (filtração de ureia glomerular e taxa de excreção de albumina) não tiveram
nenhuma alteração significativa em pessoas saudáveis que suplementavam com creatina,
mesmo durante vários meses e até anos, em populações jovens e idosas. Os efeitos po-
tenciais (produção de aminas heterocíclicas) de mutagenicidade e carcinogenicidade que
foram induzidas pela suplementação de creatina foram reivindicados pela Agência Sanitária
Francesa (AFSSA), o que pode colocar os consumidores em risco. Mesmo que haja um li-
geiro aumento (dentro da faixa normal) da excreção pela urina de metilamina e formaldeído
após uma carga pesada de creatina (20 g / dia), isso não afeta a função renal. A busca pela
excreção de aminas heterocíclicas ainda é uma tarefa no futuro, a fim de excluir claramente
as reivindicações não comprovadas de certas instituições nacionais. Aconselhamos que a
suplementação de creatina em altas doses (> 3-5 g / dia) não deve ser usada por indivíduos
com doença renal preexistente ou aqueles com risco potencial de disfunção renal (diabetes,
hipertensão, taxa de filtração glomerular reduzida (KIM et al., 2011).
A falta de provas bioquímicas sobre uma eventual perda da função renal em estudos
controlados em humanos depende, pelo menos em parte, das dificuldades relacionadas à
medição da taxa de filtração glomerular (TFG). Como a creatina é transformada em creati-
nina, a suplementação da creatina pode interferir na determinação do valor da creatinina e,
consequentemente, superestimar o valor do clearance de creatinina, uma estimativa clás-
sica da TFG. Para evitar o viés da interferência analítica pela creatinina secretada tubular,
métodos padrão-ouro, como a depuração de inulina, devem ser usados. Com tudo, estudos
em humanos são difíceis de realizar porque a inulina precisa ser injetada e o procedimento
é demorado (FERREIRA et al., 2015).
A creatina monohidratada é um dos poucos suplementos nutricionais para os quais
as pesquisas têm demonstrado vários benefícios ergogênicos. Além disso, vários benefí-
cios potenciais para a saúde foram relatados com a suplementação da creatina. As opiniões
públicas e as políticas relacionadas à suplementação da creatina devem ser baseadas na
avaliação cautelosa das evidências científicas dos ensaios clínicos bem controlados; não
relatos anedóticos infundados, desinformação publicada na Internet e / ou pesquisas mal

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elaboradas que apenas divulgam mitos sobre a suplementação de creatina. Dados todas
as vantagens bem conhecidas e perfis de segurança favoráveis de suplemento de creatina
relatados na literatura científica e médica, é a visão do ISSN que legislaturas governamentais
e organizações esportivas que restringem e / ou desencorajam o uso de creatina podem estar
colocando os atletas em maior risco - particularmente em esportes de contato que apresentam
risco de traumatismo craniano e / ou lesão neurológica, abrindo-se assim para responsabi-
lidade. Isso inclui adolescentes e crianças atletas envolvidos em eventos esportivos que os
colocam em risco de lesão na cabeça e / ou medula espinhal (KREIDER et al., 2017).
O conteúdo de reservatório de creatina de um adulto de 70 kg é de aproximadamente
120-140g. A produção diária de fígado é de cerca de 2g a ingestão diária com uma dieta
normal de carne é de 1 g. 95% são encontrados nos músculos e o restante nos rins, fíga-
do, cérebro e testículos. O CR armazenado no músculo é de 40% como CR e 60% como
fosfocreatina. Diariamente entre 1 e 3% do conteúdo total de creatina (ambas as formas) é
transformado espontaneamente (sem participação enzimática) de forma constante e irre-
versível em creatinina (CRN), conforme figura 2, que passa para o sangue, é filtrado pelos
glomérulos e excretado na urina. Uma proporção variável de CRN é secretada pelo túbulo
proximal por meio da secreção de ânions orgânicos (BOUZAS et al., 2015).

Figura 2. Conversão reversível de creatina em fosfocreatina pelo fosfato inorgânico.

A conversão reversível de creatina em fosfocreatina pelo fosfato inorgânico por ação


da enzima creatinase. A reação reversa produz ATP do ADP e creatinina como um pro-
duto residual, que é excretado na urina. Pi = fosfato inorgânico; H2O = água. Adaptado
(BOUZAS et al., 2015).

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Uma vez que doses supra fisiológicas de suplementação de creatina poderiam facilitar
a demonstração de seu potencial para efeitos colaterais em nível de tecido, neste estudo
foram usadas análises histopatológicas e enzimáticas para esclarecer o possível efeito pro-
tetor do exercício durante a suplementação de altas doses de Cr. Em geral, a doença renal
é caracterizada por qualquer grau de dano morfológico e também por qualquer anomalia
bioquímica, embora possa haver uma doença renal séria sem sinais clínicos ou mudanças
laboratoriais que indicam insuficiência renal. Portanto, os níveis plasmáticos de ureia e crea-
tinina são marcadores clássicos da função renal, pois representam um marcador simples de
filtração glomerular (TEIXEIRA et al., 2020).
O uso de suplementos nutricionais de creatina pode elevar temporariamente os níveis
de creatinina sérica e simular a existência de uma nefropatia. Quando o uso de creatina
está associado a uma dieta rica em proteínas, a elevação resultante do nitrogênio da ureia
pode aumentar essa suspeita. Dada a prática atual dos laboratórios clínicos de relatar a
taxa de filtração glomerular estimada, usando fórmulas que incluem creatinina, uma eleva-
ção da creatinina por essa causa pode levar a um sobre um diagnóstico de uma possível
insuficiência renal crônica, com consequências importantes para pacientes e pacientes
(SANTOS et al., 2021a).
Após a ciclagem, a creatinina deixa o tecido muscular para se difundir na corrente
sanguínea e, finalmente, é filtrada através do glomérulo do rim para excreção. O processo
de ciclagem não enzimática da creatina em creatinina é razoavelmente constante, de modo
que a creatinina pode ser usada como um indicador da massa muscular existente. Por
exemplo, um homem de 70kg com ~ 120 g de creatina corporal total produz cerca de 2g /
dia de creatinina a partir dessas reservas (CARVALHO et al., 2011).
A creatina é frequentemente utilizada por pessoas que tem a pratica de exercícios
físicos regularmente, fisiculturistas e por atletas profissionais como uma substância ergo-
gênica. Seu uso se popularizou nas Olimpíadas de Barcelona em 1992 e é aceito como
produto legal pela agência mundial antidoping. A suplementação da creatina tem mostrado
vários benefícios como o aumento da massa muscular e seu conteúdo nos músculos, no
desenvolvimento de maior potência e aumento de forças durante o exercício e menos fa-
diga durante os treinos. Os atletas que mais se beneficiam são aqueles que tem a pratica
exercícios de alta performance e curta duração (por exemplo, corrida, salto). Desde que seu
uso se tornou massivo entre os atletas (mais de 400 milhões de dólares em suplementos
de RC são vendidos anualmente), foi sugerido que sua suplementação poderia ter efeitos
deletérios sobre a função renal (BALDIN et al., 2021).
Um protocolo de 20g / 7 dias pode simular doença renal porque aumentará os níveis de
creatinina sérica e portanto, mudará sua TFG (Taxa de Filtração Glomerular), que depende

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do valor da creatina sérica a ser calculada, resultando em danos aos rins. Isso porque,
por não ser considerado um medicamento, o paciente não informará ao médico seu uso
durante o exame. Nesta área, existem poucos estudos em pacientes que já apresentam
doença renal, por isso é recomendado não usar este suplemento. Já que o armazenamen-
to da creatina ocorre basicamente no início da suplementação, o excesso de creatina será
excretado na urina nos dias seguintes, portanto, uma das possíveis reações adversas mais
discutidas na comunidade científica é a suspeita de suplementação da creatina pode causar
um estresse renal, no entanto, diversos estudos indicam que o uso agudo ou crônico em até
10 semanas deste composto até 30 gramas por dia não altera a função renal em pessoas
saudáveis. Além disso, a suplementação diária de baixas doses (1,5 gramas) por até 5
anos não tem efeito sobre a função renal. Portanto, até o momento, não existem evidências
científicas de que a suplementação da creatina prejudique a saúde de indivíduos saudáveis
(BOUZAS et al., 2015).
Em um estudo foi investigado os possíveis malefícios da suplementação da creatina
em mulheres e homens, onde se utilizou de 26 parâmetros clínicos. Um estudo composto
por 48 pessoas fisicamente ativos, em 7 grupos, com o objetivo de avaliar os protocolos de
“saturação” de creatina (20g/ao dia durante 5 dias) e “manutenção” (3g ao dia ao durante 8
semanas). As pessoas que foram submetidas ao protocolo de “saturação” foram avaliadas
após 1 dia e 6 semanas após o termino da suplementação. Já os indivíduos que foram sub-
metidas ao protocolo de “manutenção” foram divididos em grupos que realizavam ou não
treinamento de força (ASSIS et al., 2021).
Os pesquisadores acreditam que a suplementação com creatina não apresenta nenhum
risco. No entanto, concentrações elevadas de creatinina e uréia foram registradas no grupo
de suplementação de creatina por 5 dias e 8 semanas, respectivamente. Essas alterações
foram interpretadas como de “baixa relevância clínica”, citando primeiro as limitações da
creatinina como marcador da taxa de filtração glomerular. Curiosamente, os pesquisadores
só usaram os níveis plasmáticos de creatinina, potássio, sódio e ureia para avaliar a função
renal. Embora esses métodos (a própria equipe de pesquisa) sejam geralmente reconheci-
dos como imprecisos, eles concluíram que a suplementação de creatina não afeta a função
renal, não causa qualquer risco óbvio na função renal (de OLIVEIRA et al., 2020).
Em um relato de um caso clinico, em que um paciente procura um hospital relatando
de um edema na perna, ele tinha uma creatinina sérica de 2,2 mg / dl e um eVFG de 33
ml / min. Uma semana depois, sua creatinina sérica era de 2,56 mg / dl e eVFG de 28 ml /
min. A avaliação por especialista não revelou outras alterações renais. O paciente relatou
treinar 5 vezes por semana e ingerir 8 comprimidos diários de CR-EE (32 g) por 4 meses.
Ele foi instruído a descontinuar os suplementos de CR-EE e 2 semanas depois seu CRN

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era 1,17 mg / dl e eVFG era 70 ml / min. Concluiu-se que a ingestão de CR-EE foi respon-
sável pelo aumento do CRN e pelo diagnóstico equivocado de insuficiência renal aguda
(WILLIAMSON & NEW, 2014).
Willis et al., (2011) relataram o caso de um homem que consultou por causa de um
quadro viral prolongado e diagnosticou infecção por HIV. Sua função renal estava nor-
mal. Um mês após o início da terapia antirretroviral, seu CRN era de 1,88 mg / dl e eVFG
(valor de filtração glomerular) era de 41 ml / min. Suspeitou-se de a nefropatia estava rela-
cionada ao HIV ou efeito colateral do medicamento. A avaliação renal estava normal. O pa-
ciente relatou que frequentava uma academia e consumia 24-30 g de suplemento proteico
e 5-10 g de creatina monohidratada. Ele foi orientado a descontinuar os suplementos e o
CRN diminuiu para 1,33 mg / dl e o eVFG aumentou para 61 ml / min. Concluiu-se que os
suplementos foram os responsáveis pela alteração.
Em um caso de um jovem de 18 anos, saudável, que iniciou um quadro de vômitos,
náuseas e dor epigástrica após a ingestão de 20 g de Creatina durante 5 seguidos de 1 g por
dia durante 6 semanas. Sua pressão arterial era 150/90 mmHg e sua creatinina sérica era
de 2,28 mg / dL, que subiu para 4,55 mg / dL durante a internação. A biópsia renal revelou
necrose tubular aguda. Após suspensão do suplemento por 25 dias, a pressão arterial voltou
ao normal e os indicadores de função renal voltaram aos valores anteriores ao suplemento.
Este é o único caso de lesão renal aguda conhecida na literatura que ocorreu quando uma
dose convencional de creatina foi suplementada em um paciente sem qualquer patologia
prévia (SANTOS et al., 2021a).
Com o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação nas funções, 35 homens sau-
dáveis, foram divididos em três grupos (denominados de placebo, CRE1 e CRE2), durante
um período de 8 semanas de treinamento especifico de musculação. Os grupos placebo
e CRE1 fizeram o consumo de 0,03g/Kg de seus suplementos (maltodextrina e creatina,
respectivamente), enquanto o grupo CRE2 fez o consumo de 5g/Kg. O grupo de controle
(PLA) teve diminuição de 4,7% da atividade renal, já nos grupos CRE1 e CRE2 foi observado
aumento na atividade renal, porém, esses valores estiveram dentro dos limites de normali-
dades considerados de relevância clínica. Este estudo demonstrou que a suplementação da
creatina em associação ao treinamento não altera a função renal, sendo assim totalmente
segura para a sua suplementação (CARVALHO et al., 2011).
Dezoito homens realizando treinamento de resistência três vezes por semana foram
suplementados com creatina monohidratada 0,3 g / kg por dia por 7 dias e comparados
com controles pareados suplementados com dextrosol. Amostras de urina e sangue foram
coletadas antes e 30 dias após a suplementação para avaliar 41 parâmetros bioquímicos
e da sua função renal. A suplementação da creatina monohidratada não causou eventos

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adversos e, como esperado, promoveu aumento do desempenho e do peso corporal. Não
foram encontradas nenhuma modificação dos parâmetros de glóbulos vermelhos, perfil de
glóbulos brancos, perfil de lipídios do sangue, marcadores metabólicos e urinários, função
hepática e renal foram observados no grupo suplementado (ALMEIDA et al., 2020).
Um dos efeitos esperados dos suplementos orais de creatina é o crescimento da massa
muscular. O peso corporal aumentou de 1,0% a 2,3%, o que é atribuído à massa corporal
magra e, mais especificamente, à massa muscular esquelética. Embora seja improvável
que a retenção de água possa explicar completamente essas mudanças, nunca foi observado
uma elevação na síntese de proteína muscular após suplementar com creatina. Evidências
indiretas baseadas em análises de mRNA sugerem que a transcrição de certos genes é
aumentada. Embora o efeito da creatina na síntese de proteína muscular pareça irrefutável
de acordo com a publicidade, essa alegação permanece em debate na literatura científi-
ca. Os rins parecem manter sua funcionalidade em indivíduos saudáveis que suplementam
com creatina, mesmo ao longo período (ANTONIO et al., 2021).
Não existem evidências na literatura que sustentem que a creatina pode representar
um risco para a saúde de homens saudáveis, mas há muitos casos na literatura que mos-
tram que a creatina possa prejudicar a função renal com o uso indiscriminado, para não
trazer riscos à saúde, recomenda-se que indivíduos saudáveis que fazem uso regular desse
suplemento não ultrapassem 5g ao dia, pois não existem evidências científicas suficientes
para garantir a ingestão segura acima dessa dose por muito tempo. É comum observar
vários especialistas em saúde condenarem o consumo de creatina, especialmente com a
afirmação de que esse suplemento é prejudicial à função renal. A dedução é simples e até
mesmo lógica: a creatina é convertida espontaneamente a creatinina, a qual é excretada
pelos rins. O excesso de creatina obtida pela suplementação geraria uma sobrecarga renal
ao ser excretada, assim aumentando a creatinina, exame utilizado como marcador renal
(VEIRA JUNIOR et al., 2021; FALCÃO, 2016).
As alterações na função renal continuam sendo a principal preocupação entre os médi-
cos. Há varias evidências conflitantes sobre se o consumo de creatina em usuários saudáveis
tem efeito sobre os níveis de creatinina sérica ou urinária (MARESE et al., 2019; SILVA &
LINARTEVICHI, 2021). Várias evidências sugerem que o efeito é mínimo em indivíduos
saudáveis, com aumento reversível de aproximadamente 30% da creatinina sérica e con-
comitante aumento da creatinina urinária, não tem evidencias que altera a taxa de filtração
glomerular (AMARAL & NASCIMENTO, 2020).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diversos estudos, a maioria realizado em homens realizando treinamento resistido


três vezes por semana foram suplementados com monohidrato de creatina em diferentes
concentrações, por 7 dias e comparados com controles pareados suplementados com dex-
trosol. Vários testes foram realizados, em alguns deles, amostras de sangue e urina foram
coletadas antes e 30 dias após a suplementação no qual inúmeros parâmetros bioquímicos
e função renal foram avaliados. A suplementação de creatina monohidratada não causou
eventos adversos e, como esperado, promoveu aumento do desempenho e do peso corporal.
Conclusões: o presente estudo não encontrou na literatura, evidências que sustentem que a
creatina pode representar um risco para a saúde de homens saudáveis. No entanto, casos
na literatura sugerem que a creatina pode prejudicar a função renal com o uso indiscrimina-
do, para não trazer riscos à saúde, recomenda-se que indivíduos saudáveis que fazem uso
regular desse suplemento não ultrapassem 5g/dia.
O farmacêutico tem como papel orientar esses pacientes ao uso correto da creatina,
que se usado da maneira correta possui vários benefícios como citado acima. Pode também
orientar a fazer a monitorização de exames laboratoriais para controle, orientar também ao
possível efeito sobre a creatinina, que como citado a cima pode vir alterada causando um
falso diagnostico de função renal, ao qual se acontecer, fazer as orientações corretas. Com
base nessa revisão de literatura, sugere-se que, o uso de suplementos da creatina em indi-
víduos saudáveis por longos períodos é seguro para a saúde e não há evidências clínicas
de que cause danos renais crônicos.
Novos estudos, sejam eles clínicos, ou revisões sistemáticas devem ser realizados
para que outras populações sejam avaliadas e novos parâmetros sejam estudados, uma
vez que, o uso indiscriminado da creatina é um fato e estudos que busquem traçar limites
seguros para utilização da mesma devem ser estimulados.

Conflito de interesse

Os autores declaram não haver conflito de interesse.

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05
Exercício físico para o portador de
osteoartrose

José Martins Juliano Eustaquio


Universidade de Uberaba - Uniube

Octávio Barbosa Neto


Universidade Federal do Ceará - UFC

'10.37885/220508956
RESUMO

O treinamento físico é a medida não farmacológica mais eficaz no tratamento conservador


da osteoartrose. Porém, o portador de doença articular degenerativa apresenta algumas
particularidades clínicas e ortopédicas que demandam cuidados no momento da prescrição
de exercício físico. Além disso, pelo próprio período de adaptação fisiológica ao treinamento,
é esperada uma agudização da dor durante os primeiros três meses, fato que deve ser bem
manejado pelo profissional da saúde. Em suma, devido aos seus benefícios, essa prescri-
ção deve ser individualizada e incentivada de forma global aos portadores de osteoartrose.

Palavras-chave: Exercício Físico, Osteoartrose, Articulação.


INTRODUÇÃO

A osteoartrose é uma doença crônica degenerativa das articulações, caracterizada


por alta prevalência em ambos os sexos, além de consideráveis gastos demandados em
seu tratamento, o que caracteriza na prática um problema de saúde pública (QUICKE et al.,
2022). Por isso, há uma necessidade crescente de estudo e aperfeiçoamento das aborda-
gens tanto preventiva quanto terapêutica.
Quanto aos fatores etiológicos, sabe-se que alguns deles, como a obesidade, a síndro-
me metabólica, a sarcopenia e as microlesões condrais, são fatores direta e indiretamente
preveníveis através do exercício físico (ABRAMOFF; CALDERA, 2020). Destaca-se, assim,
que o exercício físico atua não apenas como uma medida terapêutica, mas também preven-
tiva às alterações articulares degenerativas.
A osteoartrose cursa, em sua fisiopatologia, com alterações biológicas e mecânicas
(COLLINS et al., 2018). Para que se tenha sucesso em seu tratamento, é necessário a abor-
dagem de ambas alterações. Nesse sentido, em atuação direta sobre os fatores biológicos,
tem-se os condroprotetores (ou nutracêuticos), a viscussuplementação e o exercício físico.
Sobre os fatores mecânicos destacam-se os dispositivos externos, como os braces e as
palmilhas, e também o exercício físico.
Percebe-se, portanto, que o fator comum de ambos é o exercício físico, motivo
pelo qual destaca-se a importância dessa medida no tratamento conservador e cirúrgico
da osteoartrose.

DESENVOLVIMENTO

Importância do exercício físico na fisiopatologia da osteoartrose

Em linhas gerais, a osteoartrose está associada a um quadro fisiopatológico mais amplo


, e não apenas a um acometimento articular isolado. Está, portanto, relacionada a diferentes
patologias metabólicas e alterações inflamatórias sistêmicas, que vão colaborar no surgimento
e principalmente na perpetuação do quadro articular degenerativo (PAGNOTTI et al., 2019).
Esse é um dos motivos que justifica os benefícios do exercício físico ao portador de
osteoartrose. Sabe-se que, com o avançar da idade, ocorre naturalmente um aumento do
comportamento sedentário, com consequente diminuição do gasto energético e surgimento
da obesidade. Além disso, de forma direta, tanto a idade quanto a obesidade vão desenca-
dear, por razões metabólicas e mecânicas, o surgimento da osteoartrose.
Todos esses fatores associados estão envolvidos em um quadro mais abrangente
de diminuição de força muscular, inflamação crônica e doenças metabólicas, conhecido

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70
como obesidade osteosarcopênica (COLLINS et al., 2018; PAGNOTTI et al., 2019). Nota-
se, portanto, essa importante interação entre fatores metabólicos e mecânicos na gênese
da osteoartrose, cujo fator essencial para desencadear toda essa cascata de eventos é a
inatividade física.
Portanto, o exercício físico promove respostas anabólicas tanto para o tecido ósseo
quanto para o tecido muscular, além de frear os fatores de desgaste cartilaginoso naturais
da idade e prevenir o surgimento da obesidade, o que naturalmente vai inibir o processo
inflamatório que culmina no surgimento e na perpetuação das alterações articulares dege-
nerativas (GODZIUK et al., 2018).

Abordagem do treinamento físico para o portador de osteoartrose: visão geral

Os dados da literatura (LIAO et al., 2020; ZHU et al., 2020) evidenciam que, para o
paciente portador de osteoartrose, os exercícios físicos resistidos (musculação) são os mais
efetivos para se tratar a sarcopenia (ou mais precisamente a dinapenia), patologia essa muito
relacionada com a gênese da osteoartrose.
Porém, é sempre importante explicar ao paciente que, diante de qualquer programa
de treinamento físico, os efeitos benéficos ocorrerão a longo prazo, após um período médio
de três meses, e que inicialmente a dor será exacerbada. Essa informação ao paciente é
essencial mesmo de forma preventiva, pois é muito comum a interrupção dos exercícios já
no primeiro quadro de intensificação da dor. Destaca-se, portanto, a necessidade da par-
ticipação ativa do profissional da saúde em educar o paciente sobre essa neurociência da
dor e explicar, de forma clara, sobre a evolução natural do processo.
Além disso, o paciente com artrose geralmente é um paciente idoso, com diferentes
limitações tanto físicas quanto psicológicas, além de muitas vezes ter sido sedentário a vida
inteira, o que desencadeia um quadro de cinesiofobia, ou seja, medo de realizar exercício
físico. Logo, o profissional que atua com esse paciente deve compreender que a complexa
interação entre fatores físicos, sociais e psicológicos pode ser uma das causas de insuces-
so no tratamento.
Porém, é importante considerar também que o envelhecimento está associado a uma
maior resistência ao anabolismo (LIAO et al., 2020), motivada por um maior catabolismo
protéico, uma menor perfusão sanguínea da musculatura esquelética e uma menor sensi-
bilidade das enzimas responsáveis pela hipertrofia muscular.
Assim, com o objetivo de ganho de massa muscular, será necessária uma preocupação
maior com o aspecto nutricional, baseado por exemplo em uma suplementação protéica (ou
de aminoácidos) para estimular o anabolismo. Essa suplementação deve ser individualizada
de acordo com o estilo de vida e as patologias de base do portador de osteoartrose.

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Abordagem do treinamento físico para o portador de osteoartrose: especificidades
de cada segmento corporal

Com relação à osteoartrose da coluna vertebral, sabe-se que o treinamento físico


é fundamental para o alívio da dor e deve ser focado em uma abordagem multiprofissio-
nal. As principais opções de modalidades são a yoga, o pilates, a hidroterapia e os exercícios
resistidos (ZHU et al., 2020).
Para os portadores de artrose dos membros superiores, observa-se na literatura uma
maior escassez de estudos relacionados ao treinamento físico (BOBOS et al., 2019; MAGNI;
MCNAIR; RICE, 2017), sendo que os estudos disponíveis focam principalmente nos exer-
cícios resistidos, que mostram uma baixa evidência de melhora da função e da dor a curto
prazo e moderada evidência de melhora da função a médio e longo prazos.
Já para a artrose dos segmentos do membro inferior, sobre a qual a literatura apre-
senta resultados mais robustos (IMOTO et al., 2019; HISLOP et al., 2020; PEREZ-HUERTA
et al., 2020), observa-se que os melhores desfechos ocorrem através da associação de
treinamentos de flexibilidade, força e aeróbio de baixo impacto. Além disso, conforme já
dito, a melhora ocorre a médio e longo prazos, ao redor do terceiro mês após o início do
treinamento, desde de que seja prescrito em intensidade moderada e em frequência de três
vezes por semana, no mínimo.
Porém, de todos esses exercícios, aquele que de forma isolada traz melhores benefí-
cios são os resistidos, que também devem ser prescritos em intensidade moderada e com
atenção especial ao complexo lombo-pélvico-quadril (HISLOP et al., 2020). Sabe-se que
não há benefícios desse treinamento em alta intensidade, como ocorre por exemplo nos
programas de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), cujo exemplo mais comum
atualmente é o CrossFit (MESSIER et al., 2021).
Para os pacientes com quadros mais graves de osteoartrose, sem condições ou in-
dicações cirúrgicas, a literatura é mais escassa, mas mostra evidência de bons resultados
com o treinamento de Tai Chi Chuan, o qual ajuda na melhora dos parâmetros funcionais
(YOU et al., 2021). Outra opção são os exercícios resistidos com restrição de fluxo sanguí-
neo, conhecidos também como pré-condicionamento isquêmicos, os quais são baseados na
realização de exercícios com baixa carga e que, devido à restrição de fluxo sanguíneo, há
a formação de um ambiente bioquímico propício para o anabolismo (FERLITO et al., 2020).
Para os casos em que há indicação de tratamento cirúrgico, o exercício físico também
está indicado como medida de preparo pré-operatório, através de fisioterapia ou de treina-
mento físico, pois leva a melhores resultados funcionais após a cirurgia (WANG et al., 2016).
No pós-operatório, os exercícios também devem ser prescritos, mas de acordo com
o procedimento realizado. De uma forma geral, as cirurgias de substituição articular levam

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à melhor satisfação quanto aos níveis de dor, porém, limitam mais o paciente quanto aos
exercícios, ao contrário do paciente submetido a uma cirurgia sem substituição articular,
como as osteotomias, que permitem uma variedade maior de exercícios após a fase de
reabilitação (BELSEY et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A osteoartrose é uma patologia com alta morbidade em suas fases intermediária e


avançada, cuja evolução pode ser amenizada através da prática de exercício físico específico
para o segmento corporal acometido. De uma forma geral, o treinamento resistido em inten-
sidade moderada traz uma série de benefícios ao portador de doença articular degenerativa.

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Exercícios, Catecolaminas e
Imunossenescência: uma revisão narrativa
de literatura

Anne Sulivan Lopes da Silva Reis Adryane Gomes Mascarenhas


Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB
Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB

Iulas de Souza Ramos


Grasiely Faccin Borges Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB
Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC

Ana Clara Silva dos Santos


Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB

'10.37885/220509018
RESUMO

Com o envelhecimento aumentam os riscos para o desenvolvimento de doenças crônicas


inflamatórias e infecciosas, processo este conhecido como imunossenescência. Os siste-
mas imunológico, endócrino e nervoso central são altamente integrados, responsáveis por
desencadear e influenciar uma série de respostas imunes e hormonais. O exercício físico
configura-se como importante intervenção terapêutica de ampla eficácia e magnitude, com
efeitos nas respostas imunes/inflamatórias mediadas por catecolaminas e adrenorrecepto-
res. Com o prolongamento da prática de exercícios, há a adequação às respostas do eixo
simpático-adrenal, acréscimo de hormônios e a liberação de citocinas na circulação, agentes
esses capazes de regular respostas globais no organismo, em que a repetição da estimu-
lação simpática induz a liberação de catecolaminas.

Palavras-chave: Imunossenescência, Exercício Físico, Catecolaminas.


INTRODUÇÃO

Os tecidos do organismo humano são formados por uma complexidade de hormônios


e substâncias de igual semelhança, as quais atuam de formas endócrinas, parácrinas e
autócrinas (HACKNEY; LANE, 2015; GIUDICE; TAYLOR, 2017; HACKNEY, 2020). Estes
elementos estão envolvidos em uma profunda relação fisiológica, com diversas funções res-
ponsáveis pela modulação de sistemas e mecanismos como crescimento, desenvolvimento,
hidratação, metabolismo, reprodução, regulações cardiovasculares, respostas imunológicas
e reação ao estresse (ZOUHAL et al., 2008; KRAEMER et al., 2020; KRUK; KOTARSKA;
ABOUL-ENEIN, 2020).
A prática de exercícios e atividades físicas são potentes estimuladores hormo-
nais. Os efeitos dessa conexão incidem também, nos processos gerenciados por es-
tas substâncias para manutenção da homeostase (ELIAKIM, 2016; HACKNEY, 2020).
Predominantemente, as reações endócrinas do organismo ao dispositivo estressor do exer-
cício são positivas, contribuindo para o aprimoramento dos aspectos funcionais dos órgãos
e tecidos e corroborando tanto para a saúde como para o desempenho (DI LIEGRO et al.,
2019; HACKNEY, 2020).
Somado a isso, a ativação da resposta biológica ao estresse estimula o Sistema Nervoso
Simpático, liberador de catecolaminas, e o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, causando
neste primeiro dessensibilização de β-AR, inflamação e redução da vigilância imunológica,
com consequente aumento do risco de doenças e enfermidades (PADRO; SANDERS, 2014;
KOOPMAN et al., 2017).
Com a idade, o sistema imunológico passa por uma série de remodelações nomeadas
imunossenescência. Tais modificações ocorrem em níveis distintos na imunidade inata e
adaptativa, e estão associadas ao envelhecimento de suas respectivas células, em órgãos
linfoides e fatores circulantes (NIKOLICH-ZUGICH, 2018). Profundas alterações hormo-
nais também marcam esses processos, já que o sistema imunológico, endócrino e nervoso
central são indissociáveis e frente ao avanço da imunossenescência, atesta-se acréscimo
tanto na fragilidade à autoimunidade e infecções, quanto na diminuição da resposta vacinal
(ALVES; BUENO, 2019).
A regularidade de atividade física é um importante imunomodulador desse processo,
promovendo melhora dos processos inflamatórios/imunológicos. A prática crônica de exer-
cícios é uma indutora de adaptações neuroendócrinas, capaz de ampliar a sensibilidade
adrenérgica, postulando a probabilidade do exercício físico promover a ressensibilização
de β-ARs nas células do sistema imunológico (DE MOOR et al., 2006).
A secreção hormonal é modulada por vários contextos, como genética, estilo de vida,
meio ambiente, dieta e exercícios. Os hormônios influenciam o crescimento dos músculos,

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ossos e a regulação do metabolismo. O exercício físico altera a secreção hormonal, conforme
a frequência, duração, intensidade e modo de treinamento (KRÜGER et al., 2016; SELLAMI
et al., 2019) bem como nos marcadores da senescência imunológica MATHOT et al., 2021).
Neste sentido, por meio de uma revisão narrativa, este estudo versará sobre as relações de
exercícios físicos, catecolaminas e imunossenescência.

DESENVOLVIMENTO

Resposta Hormonal ao Exercício Físico

Uma única sessão de exercícios pode perfazer inúmeras modificações hormonais, sen-
do que a maior parte dessas respostas estão estreitamente inter-relacionadas. O Modelo de
Resposta Hormonal ao Exercício - Hormonal Exercise Response Model (HERM), que busca
explicar como ocorrem essas modificações, apresenta três fases interativas (HACKNEY;
LANE, 2015; HACKNEY, 2020).
A partir da fase primária, logo após alguns segundos do início do exercício, a resposta
hormonal se faz presente, devido à gradação no estímulo do Sistema Nervoso Simpático.
Neste contexto, os tecidos alvos são atingidos de modo direto pela liberação de noradre-
nalina, além da ascensão do fluxo de adrenalina e dopamina em seu efeito denominado
“transbordamento” simpático. Essa intensificação é observada antes mesmo da efetivação do
movimento corporal, como uma espécie de antecipação da atividade, notada principalmente
em competições (ZOUHAL et al., 2008; HACKNEY, 2020).
A conexão simpática com a glândula adrenal potencializa este efeito, contribuindo assim,
para o circuito resposta à catecolamina (adrenalina). Em paralelo a essas ações simpático-a-
drenais, ocorre a inibição da secreção pancreática de insulina, ao passo da estimulação da
secreção de glucagon. Essas respostas iniciais são comandadas pelo recurso de feed-forward
(regulação antecipatória) do Sistema Nervoso Central, e por alterações da entrada neural
periférica aferente de receptores sensoriais. Essa sequência é identificada especialmente no
músculo esquelético logo no prelúdio do movimento (VIRU; VIRU, 2001; HACKNEY, 2020).
A segunda fase, também está marcada pela agilidade no desfecho do processo. Antes
do primeiro minuto do começo do exercício, o desencadeamento de liberação de hormônios
pelo hipotálamo é acionado. Na tentativa de provocar mudanças na hipófise anterior, com
vistas a estimular a liberação de hormônios específicos, o fator liberador de tireotropina, o
fator liberador de corticotropina e o fator liberador de hormônio de crescimento são ativa-
dos. O estímulo hipotalâmico induz uma resposta da hipófise, secretando muitos de seus
“hormônios tróficos” na circulação, afetando especificamente as glândulas endócrinas perifé-
ricas, intensificando a liberação hormonal extra (DI LIEGRO et al., 2019; HACKNEY, 2020).

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A terceira fase de resposta hormonal ocorre mediante a continuação da execução dos
exercícios. Conforme o prolongamento da prática, há uma espécie de adequação às respos-
tas do eixo simpático-adrenal, o qual experimenta um acréscimo de outros hormônios como
do crescimento, prolactina e antidiurético, provenientes da hipófise anterior e posterior, bem
como a testosterona, a tiroxina, a triiodotironina, o fator de crescimento semelhante à insu-
lina-1, todos oriundos das glândulas endócrinas periféricas, vinculada a hipófise (KRÜGER
et al., 2016; HACKNEY, 2020).
Conforme o trânsito fluídico perpassa o ambiente vascular, e as reservas de água do
organismo encontram-se em decréscimos importantes, haja vista a produção do suor ten-
sionado pela dispersão de calor, o sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona é acionado,
impelindo assim as ações vasoconstritoras e de reabsorção da água nos rins. Nesta etapa,
igualmente incorre a liberação de citocinas estimuladas pelo músculo esquelético, na circu-
lação, tal como a IL-6, propulsores cômpares aos hormônios. Esses agentes conseguem
interferir na emissão de outros hormônios, como o cortisol, sendo passíveis de intervenções,
capazes de sinalizar e impulsionar substratos energéticos, bem como reações do sistema
imunológico (HACKNEY, 2008, 2020).
Posto o modelo apresentado em três fases, os elementos neurais tidos como estí-
mulos primários, regulam as respostas hormonais iniciais ao exercício, ou seja, a primeira
e a segunda fase. Devido às mudanças no “ambiente interno”, a terceira fase sofre maior
influência dos fatores humorais e hormonais, que são responsáveis por regular as respostas
globais no organismo. Para determinar a magnitude da resposta hormonal, há sobrepujança
da confiança crescente no feedback, como mudança de fatores regulatórios primários, em
detrimento do mecanismo de controle feed-forward (regulação antecipatória) (KARSENTY;
MERA, 2018; HACKNEY, 2020).
A amplitude da variação dos níveis hormonais, associada, em via direta, à extensão da
duração do exercício, desencadeia limitação na disponibilidade de substratos energéticos,
incorrendo em alterações na utilização das reservas de energia. Tal fato induz no decréscimo
de carboidratos verso o acréscimo de lipídios, concomitantemente, com reveses do nível de
hidratação (hemoconcentração e/ou desidratação). Essas adversidades na competência
termorregulatória, elevam o acúmulo interno de calor no organismo, impactando as respos-
tas hormonais, como nos casos da noradrenalina e adrenalina. Portanto, as alternâncias
de temperatura de modo geral, sendo por exercícios ou pelo ambiente, perpetram em uma
resposta hormonal demasiadamente alta, para numerosos dispositivos endócrinos primordiais
(VON AH MORANO et al., 2020; HACKNEY, 2020; TSCHAKERT et al., 2022).

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Catecolaminas, Exercício Físico e Imunossenescência

O sistema endócrino sofre alterações importantes durante o envelhecimento. Neste


processo observa-se um considerável declínio nos hormônios do crescimento (GH), hor-
mônios sexuais e de Dehidroepiandrosterona (DHEA) (LUU; PALCZEWSKI, 2018). Como
produto secretor essencial da adrenal humana, o DHEA é sintetizado através dos depósi-
tos de colesterol e antes mesmo de entrar no plasma, o hormônio é unicamente sulfatado
(DHEAS). Esse pró-hormônio é transformado em DHEA e seus metabólitos em diversos
tecidos periféricos (CANNING et al., 2000).
Posteriormente à secreção, o percentual desse hormônio total na circulação constitui-se,
especialmente de DHEAS - a concentração sérica de DHEA livre é inferior a 1%. No segundo
decênio da vida, os níveis séricos deste reduzem chegando atingir cerca de 5% do nível
original (BAUER; DE LA FUENTE, 2008).
Os DHEAS/DHEA podem contrapor diversas variações fisiológicas de glicocorticóides
endógenos, englobando o acréscimo das propriedades imunomoduladoras. Evidências su-
gerem que o envelhecimento está intimamente relacionado à ativação expressiva do eixo
Hipotálamo-Hipófise-Adrenal na elevação da produção de cortisol no organismo (LUZ et al.,
2003; BAUER; JECKEL; LUZ, 2009).
Para a homeostase do sistema imunológico, o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal é
elementar para um bom funcionamento, portanto qualquer desregulação deste mecanismo
correlaciona-se a várias patologias imunomediadas. É possível exemplificar por intermédio
da superativação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, decorrente do estresse crônico, a
suscetibilidade ou a gravidade de doença infecciosa através do efeito imunossupressor dos
glicocorticóides (BAUER; JECKEL; LUZ, 2009). Em disparidade, as respostas embotadas
do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal estão relacionadas a suscetibilidade de disfunção in-
flamatória autoimune (CIOLAC; RODRIGUES; VIEIRA, 2020).
O risco de doenças crônicas inflamatórias e infecciosas aumenta, sobretudo, em pes-
soas idosas. Ademais, essas enfermidades podem estar ligadas ao envelhecimento precoce
do sistema imunológico, exibindo ampla equivalência à imunossenescência, abarcando
encurtamento dos telômeros celulares, subtração das especificidades de TCR, diminuição
de células T Naïve e o crescimento da produção de citocinas pró-inflamatórias (BAUER;
JECKEL; LUZ, 2009; CAÑAS-GONZÁLEZ et al., 2020).
As alterações do sistema imunológico associados à idade, atuam de forma crucial na
fisiopatologia da aterosclerose, artrite, insuficiência cardíaca crônica, resistência à insulina,
obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, doença hepática gordurosa não alcoólica, doença
pulmonar crônica obstrutiva e tipos específicos de câncer (LANCASTER; FEBBRAIO, 2014;
LUU; PALCZEWSKI, 2018).

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Em contrapartida, a prática regular de atividade física parece promover melhora, em
grande parte, dos processos inflamatórios/imunológicos imbuídos nessas disfunções. Desta
forma, variados estudos como epidemiológicos, experimentais e clínicos, atestam o benefício
da atividade física regular na imunomodulação (LANCASTER; FEBBRAIO, 2014; CIOLAC;
RODRIGUES; VIEIRA, 2020).
Similarmente é sugerido que a constância da prática de atividade física exerce função
fundamental tanto na prevenção, quanto no tratamento de várias doenças crônicas, estabe-
lecendo a regularidade do exercício físico, como potente mecanismo de efeitos “antienvelhe-
cimento” em diversos sistemas fisiológicos (CIOLAC; RODRIGUES; VIEIRA, 2020; MATHOT
et al., 2021). A aptidão física e o treinamento físico estão associados a um melhor controle
dos herpes vírus latentes e a um risco reduzido de reativação viral durante o isolamento e
confinamento (AGHA et al., 2020).
Neste sentido, o exercício físico configura-se como importante intervenção terapêutica
de ampla eficácia e magnitude, chegando a ser comparada a prescrição medicamentosa
nos casos de patologias metabólicas, já que promove diversas alterações moleculares e
celulares em vários tecidos, sustentando profusas ações homeostáticas (HANDSCHIN;
SPIEGELMAN, 2008; REIS et al., 2022).
Os efeitos da prática de exercício nas respostas imunes inatas/inflamatórias são me-
diados crucialmente por catecolaminas e adrenorreceptores. Ainda, que a maioria dos efei-
tos anti-inflamatórios das catecolaminassejam realizadas por intermédio dos receptores
β adrenérgicos (especialmente β2), é desconhecido se em circunstâncias homeostáticas
modificadas, como obesidade e no decurso do exercício, as respostas inatas/inflamatórias
dos macrófagos à estimulação adrenérgica β2 são similares às das células de organismos
saudáveis (ORTEGA; GÁLVEZ; MARTÍN-CORDERO, 2019).
O perfil de citocinas induzidas pelo exercício é classicamente anti-inflamatório, com-
preendendo aumentos nos níveis de IL-10, antagonista do receptor de IL-1 (IL-1ra), e IL-6
(LANCASTER; FEBBRAIO, 2014). Uma demonstração desse efeito foi observada na prática
de ciclismo prolongado, o qual reduziu a indução de endotoxina, produção de TNF-a nos
participantes, agindo assim na prevenção e atenuação do desenvolvimento de doenças
metabólicas crônicas (GLEESON et al., 2011).
Um dos principais efeitos do exercício físico está na limitação da concentração de lipí-
dios pró-inflamatórios, seja por restringir a expansão do tecido adiposo ou pela subtração do
acúmulo de lipídios no músculo esquelético e no fígado. Ademais, ao impedir o aumento do
tecido adiposo, o exercício restringe o recrutamento de macrófagos M1 pró-inflamatórios e
linfócitos T CD8+, células responsáveis por proporcionar resistência à insulina (LANCASTER;
FEBBRAIO, 2014).

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Desse modo, os exercícios físicos liberam mioquinas/miocinas, que são definidas como
citocinas e outros peptídeos produzidos, expressos e liberados pelas fibras musculares
no organismo (SEVERINSEN; PEDERSEN, 2020). A liberação de interleucina-6 (IL-6) do
músculo esquelético e a consecutiva produção do antagonista do receptor de IL-1 (IL-1ra)
por monócitos e macrófagos pode retratar uma relevante ação anti-inflamatória do exercício
(CAO DINH et al. 2017; MATHOT et al., 2021).
A repetição da estimulação simpática induz a liberação de catecolaminas que podem
induzir alterações nas relações adesivas entre as paredes dos vasos e os linfócitos, con-
tribuindo para a movimentação do sangue periférico (JOUDA et al., 2012). Visto isso, os
níveis plasmáticos de noradrenalina foram significativamente associados à porcentagem
de células T (e T reguladoras) mobilizadas, passíveis de senescência. Ademais, adrenalina
também foi correlacionada às células com propensão à senescência (CAO DINH et al. 2017;
MATHOT et al., 2021).
As células T são consideradas biomarcadores de imunossenescência. Em idosos,
a perda progressiva da capacidade de renovação dos linfócitos via involução tímica ou
hematopoiese reduzida, impedem a renovação de células T Naïve e contribuem para um
compartimento de células T, onde predominam menos clones de células T diferenciadas
tardiamente. Produções reduzidas de IL-2 em células T Naïve é um dos exemplos que tornam
o compartimento de células T disfuncional em idosos (VENTURA et al., 2017), resultando
em menor variabilidade de receptor de células T, maior vulnerabilidade a infecções e menor
eficácia na imunização (SALMINEN; KAARNIRANTA; KAUPPINEN, 2019; ALVES; BUENO,
2019; ZHAO; SHAO; PENG, 2020).
As células T senescentes são produtoras prolíficas de IL-6, IL-8, TNF, IFNγ, IL-10
e TGF-β, mas incapazes de proliferar eficazmente quando estimuladas. Além disso, cau-
sam repercussões negativas à saúde por possuírem um fenótipo secretor associado à se-
nescência que acarreta um estado pró-inflamatório de baixo grau responsável por influen-
ciar no surgimento de diversas doenças advindas com a idade (PAWELEC; GOLDECK;
DERHOVANESSIAN, 2014).
Consideráveis mudanças ocorrem na contagem e nas funções dos leucócitos, mediante
estímulo do exercício agudo. A distribuição de linfócitos T sofre alterações diferenciadas em
órgãos linfoides e não linfoides, a depender do tipo e intensidade do exercício. Enquanto o
pulmão, a medula óssea e as placas de Peyer servem como órgãos-alvo, foi constatado a
liberação de células T do baço (KRÜGER et al., 2008).
Evidenciou-se que treinamentos de alta intensidade - High Intensity Training (HIT) e exer-
cícios contínuos atingem a apoptose de diversos subconjuntos de células T (KRUGER et al.,
2016). Foi observada uma acentuada adição no percentual de células T Naïve apoptóticas

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depois de três horas de exercícios contínuos. Em contrapartida, o HIT, provocou um eleva-
do acréscimo no percentual de apoptose em células T com propensão a senescência, logo
após a prática do exercício. A mobilização de distintos fenótipos de células T induzidas pela
intervenção dos exercícios HIT e o exercícios contínuos conseguiu aumentar a porcentagem
de células CD8+ Naïve, memória central e a memória efetora, imediatamente após a prática
de exercícios (TURNER et al., 2016).
A mobilização de células T invariantes associadas à mucosa, igualmente pode ser
afetada por exercícios. Essas células não convencionais abarcam em torno de 5% do mon-
tante de células T do sangue, 10% das células T CD8+ e cerca de 45% das células T do
fígado (GODFREY et al., 2015). Ao exibir respostas efetoras do tipo inato, estas células
demonstraram estar envolvidas em consideráveis patologias infecciosas e não infecciosas
(GODFREY et al., 2019).
O exercício moderado de ciclismo, foi capaz de promover o aumento das células T inva-
riantes. Contudo, essa proporção foi inferior quando comparada ao aumento seguidamente
ao exercício máximo. Ainda assim, uma hora após a recuperação do exercício, o percentual
de células T invariantes manteve-se em alta. Uma razão provável para esta elevação con-
sidera o estímulo do Sistema Nervoso Simpático, redirecionando o fluxo sanguíneo para os
tecidos ativos ao invés dos tecidos residenciais de células T invariantes e a expressão de
proteínas de adesão (CD44) (HANSON et al., 2017).
Os níveis plasmáticos de noradrenalina foram consideravelmente relacionados com o
percentual de células T reguladoras mobilizadas. Isso sugere que a movimentação dessas
células em parte também depende da intensidade da realização do exercício (KRUGER
et al., 2016). A elevação da porcentagem das células CD16 e das células CD56 foi consta-
tada após a realização do teste incremental em cicloergômetro, com e sem restrição do fluxo
sanguíneo. Para ambas as intervenções, foram encontrados valores de pico equivalentes.
Porém, os valores de pico consideravelmente maiores, ocorreram durante o exercício com
restrição de fluxo sanguíneo, quando comparados aqueles com carga de trabalho isotônica
(TURNER et al., 2016).
O aumento dos valores de pico surpreendentemente, relacionaram-se à concentração
de noradrenalina e à ativação total dos músculos inspiratórios e expiratórios. Entretanto, sa-
lienta-se que essas distintas intervenções foram praticadas em dias subsequentes. Portanto,
a supressão dos efeitos da intervenção precedente pode não ser completamente assegurada
(ROLLAND-DEBORD et al., 2017).
O tipo e a intensidade do exercício são fatores primordiais para a mobilização das célu-
las Natural Killer. A movimentação dessas células para o sangue periférico em resposta ao

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exercício é administrada por diversos fatores, como a elevação do estresse de cisalhamento,
fluxo sanguíneo periférico (EVANS, 2017; GREEN et al., 2017).
A mobilização de fenótipos de células T mais diferenciados, parece ser vastamente
dependente da sinalização de catecolamina, por meio dos receptores adrenérgicos β2. Isso
atesta prévias inferências nos mecanismos que exercem função na mobilização de linfócitos
impelida por exercícios. Imediatamente após o exercício, ocorreu um aumento na contagem
das células NKG2C-CD57-, NKG2C-CD57, NKG2C CD57-, que retornaram aos níveis ba-
sais após uma hora da execução do exercício. Isso ocorreu devido à mobilização prioritária
movida por catecolamina de células Natural Killer, mediante sinalização do receptor β-2
adrenérgico (GRAFF et al., 2018).
Os sistemas imunológico, endócrino e nervoso central estão altamente integrados e
estudos recentes mostraram que a sinalização do receptor β-adrenérgico (β-AR) induzida
por catecolaminas em leucócitos é um mecanismo chave pelo qual o exercício melhora a
imunidade, reduz a inflamação e a progressão da doença (HONG et al., 2004). Neste senti-
do, as intervenções de exercícios destinadas a melhorar a imunidade e reduzir a inflamação
devem considerar o eixo de sinalização catecolamina-AR.
Ademais, faz-se necessário determinar se as melhorias na imunidade induzidas pelo
exercício são moduladas por mudanças na função do eixo de sinalização catecolaminas-AR
e se a sinalização adrenérgica pode ou não ser ‘treinada’ com exercícios para melhorar as
respostas imunológicas ao estresse, doença ou durante o processo fisiológico normal de
envelhecimento (SIMPSON et al., 2021).
A ativação da resposta biológica ao estresse desencadeia o Sistema Nervoso Simpático
liberador de catecolaminas e o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, que transmitem sinais
a uma variedade de subtipos de células imunológicas por meio de ARs e Receptores
de Glicocorticóides expressos na célula superfície e dentro do citosol, respectivamente
(STEINMAN, 2004). As fibras tirosina hidroxilase positivas inervam ambos primária (medula
óssea e timo) e secundária (baço, linfa gânglios) órgãos linfoides, onde a noradrenalina e a
adrenalina são liberadas dos terminais nervosos ou difundidas na corrente sanguínea para
afetar a função das células imunológicas (ELENKOV et al., 2000).
Noradrenalina e adrenalina são ligantes para ARs, que podem ser encontrados na
maioria dos subtipos de leucócitos, incluindo células T, monócitos e células Natural Killer.
Após a estimulação de seus respectivos agonistas, funções celulares importantes como
proliferação, diferenciação, produção de citocinas, propriedades de migração, produção de
anticorpos e/ou citotoxicidade são afetadas, implicando um papel importante para os meca-
nismos de sinalização adrenérgica na regulação central de funções das células do sistema
imunológico (ELENKOV et al., 2000).

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Na maior parte do sistema imunológico, o número de β2-AR é dinâmico e afetado pelo
subtipo células imunes, variações genéticas, estado de ativação celular e concentração am-
biental de citocinas (BRUCK et al., 2005). Sinais dos nervos adrenérgicos inibem a saída de
linfócitos dos gânglios linfáticos, e a estimulação β-AR aumenta a capacidade de resposta
de receptores específicos de quimiocinas (NAKAI et al., 2014).
A estimulação β-AR contribui para a variação do tráfego de linfócitos através de órgãos
linfoides e suprime a inflamação mediada por células T na maioria dos subtipos de linfócitos
(SCHEIERMANN et al., 2012). A ativação da noradrenalina de β2-ARs demonstrou inibir a
expressão de TNF-α e aumentar a secreção de IL-10 em monócitos após a estimulação de
lipopolissacarídeo (DIMITROV et al., 2017). Para as células Natural Killer, a estimulação
da noradrenalina e da adrenalina diminui a citotoxicidade celular via mediadores β2-AR
(WHALEN; BANKHURST, 1990).
O exercício agudo ativa instantaneamente os eixos Sistema Nervoso Simpático e
Hipotálamo-Hipófise-Adrenal. O Sistema Nervoso Simpático libera catecolaminas dos ter-
minais nervosos simpáticos e da medula adrenal (FRENCH et al., 2007). O aumento da ati-
vidade do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal eleva o cortisol circulante, minutos após o início
do exercício (ROJAS VEGA et al., 2006). A elevação resultante nos níveis de noradrenalina
e adrenalina arterial difere de acordo com o exercício.
No exercício de resistência, os níveis de adrenalina sérica continuam a aumentar com a
continuidade da duração do exercício e exponencialmente com intensidade e paralelamente
à resposta do lactato sanguíneo. As catecolaminas liberadas durante o exercício provocam
uma mobilização rápida e preferencial de subconjuntos de linfócitos associados à função
efetora aprimorada, a diferenciação e potencial de migração de tecido (DIMITROV et al.,
2017; GRAFF et al., 2018);
As células Natural Killer são o subconjunto dos linfócitos mais sensível às catecola-
minas e responsivo ao exercício, mesmo com exercícios breves causando aumentos de 4
a 5 vezes do seu número no sangue (GRAFF et al., 2018). Embora tais células no sangue
possam ser elevadas de 3 a 5 vezes acima dos valores de repouso durante o exercício, a
grande maioria delas sai do compartimento sanguíneo em apenas 3 a 4 minutos após a
cessação do exercício (ROONEY et al., 2018).
Estudos em humanos, esplenectomizados, demonstraram uma linfocitose prejudicada,
induzida por exercício. Além de evocar uma linfocitose sanguínea, as células T se acumu-
laram no pulmão, medula óssea e placas de Peyer intestinais após o exercício (KRÜGER
et al., 2008). A liberação de células T do baço, bem como a linfocitose e o acúmulo de cé-
lulas T no pulmão foram inibidas pelo bloqueio de α-AR e β-AR. Exercício dinâmico leva a

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liberação da molécula de adesão intercelular de linfócitos 1 (ICAM-1) por vias adrenérgicas
(REHMAN et al., 1997).
Os linfócitos mobilizados e redistribuídos com o exercício têm níveis elevados de molé-
culas de adesão de superfície (SIMPSON et al., 2006). A IL-6 derivada do músculo também
pode estar envolvida no recrutamento de células Natural Killer para a corrente sanguínea
(BAY et al., 2020), e β-agonistas demonstraram precipitar a liberação de IL-6 do músculo
esquelético (GOOSSENS et al., 2008).
Além de seus efeitos na mobilização e tráfico de leucócitos, as catecolaminas liberadas
durante o exercício são capazes de alterar a função das células imunológicas. A capacidade
fagocítica dos monócitos sanguíneos se correlaciona positivamente com as concentrações
circulantes de adrenalina ao longo de uma temporada de treinamento em ciclistas compe-
titivos (ORTEGA RINCÓN et al., 2001).
A ativação β2-adrenérgica reduziu a produção de TNF intracelular monocítico após o
exercício agudo (DIMITROV et al., 2017). Após 1 semana de exercícios de alta intensidade,
a resposta neuroendócrina e a mobilização de subconjuntos de células T CD8 + responsivas
ao exercício são marcadamente reduzidas em comparação com 1 semana de treinamento
normal, indicando que exercícios excessivamente árduos podem levar a deficiências na
vigilância imunológica (WITARD et al., 2012).
O número de células Natural Killer tende a aumentar com a idade, porém exibem
mudanças fenotípicas distintas como reduções na expressão de NKp46, que diminuem
sua capacidade de realizar funções citotóxicas contra células malignas (CAMPOS et al.,
2014). Dentro do compartimento de células B, há uma redução associada à idade na pro-
dução e afinidade de anticorpos, diversidade clonal reduzida e menor secreção de IL-10
(BULATI et al., 2017).
As células dendríticas são fundamentais para a manutenção da autotolerância e
modulação da resposta imune adaptativa (AGRAWAL et al., 2012; MUSUMECI et al., 2019).
Assim, com o envelhecimento também ocorrem diversas alterações nas células dendríticas
que influência na imunidade e tolerância, sendo essas relacionadas a quantidade e distri-
buição dos subconjuntos dessas células, redução ou alterações na cascata de sinalização
dos receptores, produção reduzida de citocinas e ativação prejudicada de células T (WONG;
GOLDSTEIN, 2013; LINTON; THOMAN, 2014).
Diversos estudos vêm demonstrando como essas modificações nas células dendríticas
podem levar a prejuízos no processo de imunossenescência em idosos, as quais revelaram
dados variados relacionados principalmente à redução no limiar de ativação destas células
(AGRAWAL et al., 2012; PANDA et al., 2010). As células dendríticas têm uma capacidade

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prejudicada de fagocitar, ativar células T, migrar em direção aos órgãos linfoides e secretar
citocinas efetoras importantes, como IFN-γ e IL-12 (STOJI´C-VUKANI´C et al., 2013).
O envelhecimento também causa mudanças evidentes no eixo de sinalização cateco-
lamina-AR. Os adultos mais velhos têm tolerância ao exercício reduzida e reserva inotrópica
do ventrículo esquerdo diminuída (STRAIT; LAKATTA, 2012). Isso é atribuído à dessensibi-
lização de β-AR, caracterizada por uma redução na densidade de β-AR e/ou deficiências no
sistema β-adrenérgico-G-proteína (s) -AC para produzir cAMP e ativar a proteína quinases
(WHITE et al., 2000).
Adultos mais velhos ainda mobilizam um grande número de linfócitos em resposta ao
exercício, mas a magnitude das respostas das células T e Natural Killer é marcadamente
limitada (SIMPSON et al., 2008; SELLAMI et al., 2019), possivelmente devido a reduções no
impulso simpático e alterações na sensibilidade dos β2-ARs de linfócitos (SIMPSON et al.,
2021). Idosos fisicamente ativos têm uma proporção maior de células T Naïve e menor
proporção de células T CD8 + senescentes em comparação com os inativos fisicamente
(SPIELMANN et al., 2011).
Um aumento nas células T Naïve e de memória central e a diminuição nas células
CD8 + EMRA T-, foi observada em adultos mais velhos (idade: 57,0 5,2 anos), após três
semanas de treinamento de resistência (PHILIPPE et al., 2019). As mudanças positivas
na composição do pool de células T periféricas se correlacionam com níveis elevados de
citocinas derivadas de músculo conhecidas por regular a imunidade, incluindo IL-6, IL-7 e
IL-15 (DUGGAL et al., 2019).
É possível que a ativação intermitente da sinalização de AR fornecida por exercícios
regulares possa proteger contra doenças neurodegenerativas. Por exemplo, a produção de
α-sinucleína é um provável fator causador da doença de Parkinson, e trabalhos recentes
mostraram que o β2-AR é um regulador do gene α-sinucleína. A função da ativação intermi-
tente, regular de catecolamina, eixo de sinalização β-AR via exercício físico, desempenhan-
do alteração da resposta imunológica do envelhecimento referente a doença citada, ainda
necessita de aprofundamento (MITTAL et al., 2017).
A ativação crônica e intermitente de β-ARs tem efeitos divergentes sobre a função
imune. Sugere-se que quando a estimulação adrenérgica é mantida, com níveis basais
elevados ao longo de muitas semanas/meses, pode causar dessensibilização do receptor
β-AR e suprimir aspectos críticos da imunidade como o efeito anticâncer, estimulando um
ambiente propício ao tumor. Ademais, quando a estimulação adrenérgica é momentânea,
mas constante (30-60 min/dia, 3-5 vezes/semana), promove bastantes efeitos positivos,
como a mobilização e redistribuição de linfócitos efetores e a ativação de vias supressoras
e apoptóticas tumorais (SIMPSON et al., 2021).

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Como a elevação de catecolaminas em cada sessão de exercício têm expressão breve,
estas acabam levando à fosforilação transitória do receptor ou à internalização temporária
do mesmo, resultando em reciclagem para a membrana plasmática (PAVLOS; FRIEDMAN,
2017). Assim, a repetição de exposição aguda a catecolaminas de tais episódios, mediadas
por exercícios seguidos de depuração rápida, podem fomentar a manutenção de ARs emi-
nentemente responsivos (HONG et al., 2004).
O exercício pode induzir o aprimoramento da sinalização de catecolamina-AR da cé-
lula imune tanto por mitigar o estresse (DE MOOR et al., 2006) quanto por ressensibilizar
os β-ARs, possivelmente alterando a biogênese mitocondrial e o perfil metabólico da célula
(MILLS; KELLY; O`NEILL, 2017). Isto impacta no tráfego de leucócitos induzido por cate-
colaminas sob a prática de exercícios, contribuindo também para o aperfeiçoamento das
respostas anti-inflamatórias, diante a incitação patogênica (SIMPSON et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Exercícios físicos podem afetar significativamente o sistema imunológico e executar


inúmeras respostas hormonais, configurando-se como uma importante intervenção terapêu-
tica, com efeitos nas respostas imunes mediadas por catecolaminas e adrenorreceptores.
Com o prolongamento da prática, há a adequação às respostas do eixo simpático-adrenal,
acréscimo de hormônios e a liberação de citocinas na circulação, agentes esses capazes
de regular respostas globais no organismo, em que a repetição da estimulação simpática
induz a liberação de catecolaminas.
Níveis plasmáticos de noradrenalina e adrenalina estiveram associados à porcenta-
gem de células T. A sinalização do receptor β-AR induzida por catecolaminas no tráfego e
mobilização de leucócitos também foi um mecanismo chave pelo qual o exercício melhora
a imunidade, reduz a inflamação e a progressão da doença. Contudo, faz-se necessário
determinar se essas melhorias na imunidade são moduladas por mudanças na função do
eixo de sinalização catecolaminas-AR e se a sinalização adrenérgica pode ser trabalhada
com exercícios para melhorar as respostas imunológicas, sobretudo durante o processo de
senescência. Além disso, as catecolaminas liberadas durante o exercício são capazes de
alterar a função das células imunológicas, mas a ativação crônica e intermitente de β-ARs
tem efeitos divergentes sobre a função imunológica.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pelo fi-


nanciamento da bolsa no Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado

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associado) da Universidade Estadual de Santa Cruz e da Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia (PPGEF/UESC/UESB). À Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) pelo fi-
nanciamento das bolsas de apoio à permanência e de iniciação científica.

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94
07

Leisure-time physical activity as a


protective factor for functional capacity
loss in community dwelling elders

Maria Claudia Martins Ribeiro


Departamento de Medicina Preventiva - EPM
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Adriana Sañudo
Departamento de Medicina Preventiva - EPM
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Luiz Roberto Ramos


Departamento de Medicina Preventiva - EPM
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

'10.37885/220408530
SUMARY

Objective: to analyze the association of leisure-time physical activity with the functional
capacity of older people living in a large urban center in Brazil, controlling for sociodemogra-
phic, behavioral and health-related variables. Populational aging led to the emergence of
chronic diseases, all potentially incapacitating, thus affecting functional capacity of elders.
Despite health evidences in favour of having regular physical activity, the majority of elders
are not sufficiently active. Baseline data of an urban elder cohort in Brazil showed that only
28% were active and 68% had some functional loss, a figure that went up to 73% among the
inactives. FC was associated with a network of sociodemographic, health and behavioral
factors. In a multivariate analysis, the inactives showed twice the odds of being severely
dependent when compared to the actives. Noteworthy that inactivity is as a modifiable factor
that might prevent FC loss. Longitudinal studies are needed to verify.

Keywords: Aging, Cross-Sectional Study, Exercise, Independent Living.


INTRODUCTION

Population aging is a worldwide phenomenon and the Brazilian population is aging faster
than the world average (UNDESA, 2017), (Simões, 2016). The demographic transition has
led to the emergence of chronic non-communicable diseases (CNCD), all potentially inca-
pacitating, thus affecting functional capacity (FC) of elders that usually present polimorbidity
(Ramos 2003; Ramos et al, 2016; Nunes et al, 2018). Loss of independence in daily life has
been shown to significantly increase mortality risk among elders, after controlling for all rela-
ted variables (Ramos et al, 2001). Good FC represents a new concept of good health status
and is indicative of healthy aging (Ramos 2003). In fact, is the degree of independence and
autonomy in daily life that will indicate who is at risk for hospitalization, institutionalization and
death (Ramos et al, 1993, 2001, 2013; Santos et al, 2008; Lima-Costa et al, 2011). Although
being influenced by CNCD, FC is mainly associated with lifestyle factors like smoking, drin-
king, eating habits, having social relations and exercising (Santos et al, 2008; Cortéz-Muñoz
et al 2016; Zang&Feldman 2019).
The World Health Organization (WHO) points to physical inactivity as the fourth major
risk factor for mortality and to regular physical activity (PA) as one of the main determinants
of active and healthy aging with evidences that it improves quality of life, reduces disability
and maintain FC (WHO, 2005; WHO, 2015; US, 2018). The linear relationship between
the PA and the health of the aged is consolidated and has been presented by numerous
studies that demonstrate its physical, psychological, social and functional benefits for the
elders (Paterson&Warburton, 2010; Tak et al, 2013; Bauman et al,2016). Several authors
have found positive associations of an active lifestyle and good FC during the aging process
(Bauman et al 2016; Rennemark et al, 2018; Alonso, 2019). Despite the evidence in favor of
PA, older people are still mostly inactive (Fonta et al, 2017; Rennemark et al, 2018; Guthold
et al, 2018). In Brazil, only 22% of those aged 65y or more referred adequate levels of leisu-
re-time physical activity (MS, 2017).
Several intervention studies promoting leisure-time physical activity (LTPA) have found
that regular physical activity is a health protective factor (Valério et al, 2014; Novais et al,
2019). However, few studies have evaluated the impact of LTPA on the degree of indepen-
dence in the activities of daily living (ADL) (Ferreira et al, 2010; Dos Santos et al, 2018).
Thus, understanding the factors related to a good FC of the elderly can help the planning
of public policies aiming at the manteinance of functional independence of the elderly in the
community for as long as possible.
The objective of this study is to analyze the association of LTPA with the FC of older
people living in a large urban center in Brazil, controlling for sociodemographic, behavioral
and health-related variables.

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97
METHODS

We analyzed secondary data from a cohort of people aged 60 years or more, highly
educated, living in a middle-class neighborhood in the city of São Paulo. The cohort was
established after a census that served as the basis for a household survey in 2008 (Ramos
et al., 2013). After the home interview all respondents (n=1,799) were invited to participate in
the cohort baseline. A total 1,155 elders attended the invitation and had a complete geriatric
and gerontological evaluation. Of this total, only 907 elders answered the questionnaire to
assess PA level and constituted the study population.
The outcome variable was FC, measured by a validated questionnaire (Brazilian version
of OARS Multidimensional Functional Assessment Questionnaire - BOMFAQ) with ques-
tions about the limitations to perform 15 activities of daily living (ADL) (Ramos&Goihman,
1989). A continuous variable from 0-15 limitations was categorized as: zero limitation (inde-
pendent), 1–3 limitations (mild dependence), 4–6 (moderate) and ≥7 (severe).
The main variable of interest was minutes per week of LTPA measured by the
International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), validated in 12 countries, including Brazil
(Craig et al, 2003; Hallal&Victora, 2004). This study classified the elders in inactive (<10 mi-
nutes of moderate LTPA/week), insufficiently active (≥10 and <150min) and active (≥150min).
Other independent variables considered were gender; age; marital status; years of
school; income; body mass index; number of diagnoses; number of drugs used; dysthymia;
alcohol and tobacco consumption.
We used Chi-square test and Cramer V analysis to evaluate the statistical significance
and the strength of the association of each variable with FC.
For the multivariate adjustment, we selected all the variables that in the univariate
analysis showed p<0.20. The variables that were not statistically significant (p>0.05) in initial
multivariate model, were excluded to obtain the final model. The results were presented as
odds ratios (OR) and confidence intervals of 95% (95%CI). In all multivariate analyzes, the
gender variable remained in the model as an adjustment variable.
All statistical analysis was performed in STATA/SE v.15.1 and a significance level
of 5% was adopted.
The study was approved by the Ethics Committee of the Universidade Federal de São
Paulo/Hospital São Paulo (no 2.381.375, on 11/14/2017).

RESULTS

Among the respondentes, the majority consisted of women (67%) and people over
70y (65%). More than 65% of them had 8 or more years of schooling and 52% had income

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between 4 and 10 minimum wages. Among the variables related to health, the majority took
5 or more medications (51%) and 30% present dysthymia. Regarding the LTPA, 28% were
active, 17% insufficiently active and 55% inactive. The FC assessment showed that 32%
were independent, 42% mild, 13% moderately, and 14% severely dependent.
Tables 1a and 1b show that all sociodemographics and health related variables were
associated with FC. Table 1c shows LTPA as a protective factor of FC. Among the

Table 1a. Distribution of sociodemographic data, according to ADL in population sample of elders living in the community
in Sao Paulo.
ADL Score
Total Mild depen-
N=907 Independent Moderate Severe
Variables dence p Crammer´s V
N=288 (31.7%) N=114 (12.6%) N=129 (14.2%)
N=376 (41.5%)
N % N % N % N % N %
Sex 0.001 0.138
Male 297 32.8 104 36.1 139 37.0 28 24.6 26 20.2
Female 610 67.2 184 63.9 237 63.0 86 75.4 103 79.8
Age (years) <0.001 0.217
60–69 316 34.8 137 47.5 134 35.6 24 21.1 21 16.3
70–79 382 42.1 117 40.6 165 43.8 51 47.7 49 38.0
≥ 80 209 23.1 34 11.9 77 20.5 39 34.2 59 45.7
Marital status <0.001 0.166
Married 471 52.0 163 56.6 212 56.5 53 46.5 43 33.3
Not married 435 48.0 125 43.4 163 43.5 61 53.5 86 66.7
Years of study <0.001 0.134
≥8 601 66.3 211 73.3 259 68.9 68 59.7 63 48.8
4–7 240 26.5 59 20.5 99 26.3 34 29.8 48 37.2
≤3 66 7.2 18 6.2 18 4.8 12 10.5 18 14.0
Income (MW) 0.007 0.091
≤1 95 10.5 28 9.7 29 7.7 15 13.2 23 17.8
2–3 204 22.5 57 19.8 83 22.1 31 27.2 33 25.6
4–10 476 52.5 162 56.3 196 52.1 55 48.2 63 48.8
> 10 132 14.5 41 14.2 68 18.1 13 11.4 10 7.8
MW: Minimum wage; ADL: Activities of daily living.

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Table 1b. Distribution of health data, according to ADL in population sample of elders living in the community in Sao Paulo.

ADL Score
Total
Mild depen-
N=907 Independent Moderate Severe
Variables dence p Crammer´sV
N=288 (31.7%) N=114 (12.6%) N=129 (14.2%)
N=376 (41.5%)
N % N % N % N % N %

Number Diagnoses <0.001 0.201


0–2 35 3.9 21 7.3 12 3.2 1 0.9 1 0.8
3–6 277 30.5 131 45.5 111 29.5 19 16.7 16 12.4
7–9 283 42.2 81 28.1 126 33.5 42 36.8 34 26.3
≥10 312 34.4 55 19.1 127 33.8 52 45.6 78 60.5
Number Drugs <0.001 0.170
Do not take 63 7.0 27 9.4 28 7.4 5 4.4 3 2.3
1–4 381 42.0 145 50.3 171 45.5 33 28.9 32 24.8
≥5 463 51.0 116 40.3 177 47.1 76 66.7 94 72.9
Dysthymia <0.001 0.283
Negative (<5) 709 78.2 254 88.2 308 81.9 78 68.4 69 53.5
Positive (≥5) 198 21.8 34 11.8 68 18.1 36 31.6 60 46.5
BMI <0.001 0.131
Eutrophic 398 45.9 146 54.3 160 44.1 44 40.4 48 39.0
Low weight 150 17.3 61 22.7 60 16.5 14 12.8 15 12.0
Overweight 115 13.3 23 8.5 60 16.5 13 11.9 19 15.1
Obese 204 23.5 39 14.5 83 22.9 38 34.9 44 35.9
BMI: Body mass index (kg/m ); ADL: Activities of daily living
2

Table 1c. Distribution of behavioral variables, according to ADL in population sample of elders living in the community
in Sao Paulo.

ADL Score
Total
Mild depen-
N=907 Independent Moderate Severe
Variables dence p Crammer´s V
N=288 (31.7%) N=114 (12.6%) N=129 (14.2%)
N=376 (41.5%)
N % N % N % N % N %

Tobacco 0.092 0.078


Do not smoke 579 64.2 182 63.2 232 62.0 69 60.5 96 75.6
Smoker 60 6.6 23 8.0 22 5.9 10 8.8 5 3.9
Ex-smoker 264 29.2 83 28.8 120 32.1 35 30.7 26 20.5
Alcohol 0.307 0.063
No 510 56.4 172 59.9 198 52.8 65 57.0 75 58.1
Yes 395 43.6 115 40.1 177 47.2 49 43.0 54 41.9
LTPA 0.001 0.113
Active 252 27.8 103 35.8 100 26.6 24 21.0 25 19.4
Insuff. active 159 17.5 50 17.3 73 19.4 20 17.6 16 12.4
Inactive 496 54.7 135 46.9 203 54.0 70 61.4 88 68.2
ADL: Activities of daily living; LTPA: Leisure-time physical activity

inactives, 61% and 68% presented moderate or severe dependence, respectively. Among
the actives, only 19% were severely dependent. According to Cramer´s V analysis, dysthymia
was the variable with the highest association strength (Cramer´s V = 0.283).
The variables that were selected in the univariate analysis for the multivariate adjustment
were gender, age, BMI, number of diagnostics, number of durgs, dysthymia and LTPA. Table
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2 shows that those older than 80y, with more than 7 diagnoses, overweighted or obese had
higher chance of having 1–3 limitations. Those aged 70 years or more, obese, inactive and
presenting dysthymia showed a higher chance of having 4–6 limitations. The most depen-
dent (7+ limitations) were those aged 70y or more, overweighted and obese, inactives and
presenting dysthymia.

Table 2. Multivariate analysis of factors associated with FC in population sample of elders living in the community in Sao
Paulo.

Adjusted analysis

Covariates Mild x Independent Moderate x Independent Severe x Independent

OR 95%CI p OR 95%CI p OR 95%CI p


Sex
Female x Male 0.87 0.61-1.25 0.460 1.37 0.78-2.42 0.270 1.46 0.81-2.62 0.208
Age
70–79 x 60–69 1.28 0.89-1.85 0.187 2.19 1.20-4.00 0.011 2.92 1.52-5.63 0.001
≥ 80 x 60–69 2.44 1.45-4.10 0.001 8.66 4.18-17.91 <0.001 21.16 9.79-45.73 <0.001
BMI
Low weight x Eutrophic 0.93 0.59-1.45 0.742 0.66 0.32-1.38 0.270 0.57 0.26-1.23 0.151
Overweight x Eutrophic 2.52 1.45-4.37 0.001 2.00 0.89-4.50 0.095 3.12 1.41-6.93 0.005
Obese x Eutrophic 2.06 1.29-3.29 0.002 3.41 1.82-6.37 <0.001 4.49 2.35-8.57 <0.001
Number diagnoses
3–6 x 0 to 2 1.31 0.58-2.98 0.515 1.53 0.18-13.06 0.697 1.10 0.12-10.08 0.933
7–9 x 0–2 2.58 1.12-5.95 0.026 4.92 0.59-41.06 0.141 2.88 0.32-25.94 0.345
≥ 10 x 0–2 2.98 1.26-7.06 0.013 6.00 0.71-50.55 0.099 5.69 0.64-50.78 0.119
Number drugs
1–4 x None 1.04 0.55-1.97 0.898 0.98 0.32-3.06 0.978 1.70 0.42-6.77 0.454
≥ 5 x None 1.09 0.56-2.11 0.800 2.03 0.66-6.19 0.215 3.21 0.82-12.54 0.093
LTPA
Insuff Active x Active 1.25 0.75-2.08 0.393 1.41 0.64-3.13 0.390 0.65 0.27-1.51 0.326
Inactive x Active 1.39 0.95-2.03 0.094 2.10 1.14-3.87 0.018 2.02 1.10-3.71 0.023
Dysthymia
Positive x Negative 1.61 0.99-2.62 0.056 3.69 2.00-6.82 <0.001 6.88 3.72-12.76 <0.001
BMI: Body mass index; OR: Odds ratio; LTPA; Leisure-time physical activity; FC: Functional capacity

DISCUSSION

Our study points to the protective effect of LTPA on FC indicating that inactive elders,
when compared to the active ones, have twice the chance to present severe dependen-
ce. To analyze this association, we used validated instruments to measure both LTPA and FC.
The Survey on Health, Welfare and Aging (SABE) conducted with 1,479 elders in São
Paulo, found that, among the lifestyle conditions, only the PA showed significance. The stu-
dy indicated that physically inactive elder had 2.88 times the chance of impaired FC, when
compared to the actives (Santos et al. 2008), a result very similar to that found by our study.
Similarly, a cross-sectional study with 604 elderlies of Florianópolis, Brazil measured
the FC using the BOMFAQ, the PA using the IPAQ and accelerometes. The results showed

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that sedentarism is associated with low FC and that high levels of PA contributed to greater
independence (Dos Santos et al, 2018).
Using different assessment methods and instruments, other studies also pointed to the
strong association between LTPA and FC of elders living in community. A study carried out
with 860 elders from the same neighborhood from which the present cohort was selected,
showed that limitations in ADL were associated with less LTPA and the greater the number
of difficulties, the greater the possibility of the individual being physically inactive (Ferreira
et al, 2010). A study with 23,694 people aged ≥60y from Colombia, found that LTPA was
associated with functional limitation and that approximately 80% of the inactive individuals
had difficulty in performing at least one of the ADL (Ballesteros&Moreno-Montoya, 2018).
Both studies, however, have assessed LTPA not with a validated instrument but asking a
single question about the practice or not of exercise.
Several systematic reviews have shown the benefits of PA for the health of the el-
derly, preventing chronic diseases, improving quality of life, increasing muscle mass
(Paterson&Warburton, 2010), reducing the risk of developing functional limitations, favoring
social interaction, increasing longevity (Bauman et al, 2015), and benefiting mental health
(Windle et al, 2010).
In the multivariate analysis the results of this study reinforce the notion that a net-
work of socio-demographic (age), behavioral (LTPA) and health factors (obesity and dysthi-
mia) determine FC.
Advancing age increased the chance of the elderly presenting more limitation. Elders
aged 80 and over in our study, showed more than 20 times the chance of exhibiting severe
dependence compared with those aged 60 to 69y. Other studies also point to this association
that can be understood as a consequence of discrete and continuous losses in vigor, strength,
readiness, reaction speed and other functions, characteristics of the aging process (Santos
et al, 2008; Artaud et al, 2016; Ballesteros&Moreno-Montoya, 2018). There is evidence that,
in advanced age, older people will experience more limitations and less independence and
autonomy in everyday life (Ramos, 2009).
This study found that the obese and overweight elder had a higher chance of having
limitations in the ADL than the eutrophic ones, results also found by other studies (Dos Santos
et al, 2018; Palacios-Ceña et al, 2012). This relationship can be explained because obesity
is related to low PA on the part of obese and because excess body fat is associated with the
development of CNCD (Jensen&Hsiao, 2010), contributing to the functional loss.
The results indicated dysthymia as the variable with the highest strength of associa-
tion. The elderly with depressive symptoms were 7 times more likely to have severe de-
pendence than the elderly without the symptoms. This association was also pointed out by

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Ballesteros&Moreno-Montoya (2018). Bauman et al (2016) pointed that there is evidence
that PA can reduce symptoms of depression and improve the mental health among older
people. Indeed, depression has been considered one of the leading causes of years lived
with disability in the world, compromising the individual’s ability to manage their lives inde-
pendently and autonomously (Murray&Lopez, 2013).
Despite the strong evidence in favor of the PA in the health of the elder, most of this
population is inactive. Among the participants in this study, 72% were classified as insuffi-
ciently active or inactive and they had a higher chance of compromising their FC. High rates
of physical inactivity among the elder were also verified in Brazil (78%) (MS, 2017) and in
the world (73%) (Guthold et al, 2018).
It is important to consider the uniqueness of this sample. It is an elder population with
high income and education levels (more than 65% with 8 or more years of schooling and more
than half with income between four and 10 minimum wages). They live in a region with a very
high Human Development Index (HDI) (0.970) (PMSP, 2007), even higher than the HDI of
Norway, the country leading the human development ranking of the United Nations (0.953)
(UNDP, 2018). Despite such high social, educational and economic data, the elder in the
neighborhood presented physical inactivity rates similar to the rest of the country (MS, 2017).
The present study has limitations. First, the IPAQ and BOMFAQ evaluate information
obtained through self-report that can be influenced by cognitive and emotional alterations or
depend on the individual’s ability to recall the activities performed in a given period. Another
limitation refers to the fact that it is a cross-sectional study associates FC with the LTPA but
does not establish a cause-and-effect relationship.
The identification of factors associated with FC of the elderly provides elements for
prevention, promotion and health intervention for this population. The data observed by this
research suggest that actions focused on reducing obesity, treating depression, and increa-
sing the time spent on LTPA should be encouraged.

CONCLUSION

Our results suggest that it is worth investing in the promotion of more LTPA time to
improve FC of the elderly. As shown, LTPA is associated with FC, which is also influenced
by a network of sociodemographic, behavioral and health related factors. It is important to
emphasize the relevance of LTPA as a behavioral factor that can possibly be changed. The
engagement in LTPA programs is an independent way to reduce and prevent a series of
functional losses associated with aging and can contribute to an active and healthy aging.

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08

Lesões do joelho no corredor

José Martins Juliano Eustaquio


Universidade de Uberaba - Uniube

Octávio Barbosa Neto


Universidade Federal do Ceará - UFC

'10.37885/220508955
RESUMO

O número de praticantes de corrida cresceu de forma considerável durante e após o período


de pandemia pela COVID-19. Diante desse aumento e dos altos índices de lesões muscu-
loesqueléticas nesse público, principalmente da articulação do joelho, torna-se necessária
no mínimo a execução de protocolos de prevenção de lesões nos praticantes de corrida.
Nesse sentido, para que o indivíduo possa realizar a modalidade de forma segura quanto
ao sistema musculoesquelético, ele deve se preparar para a execução da corrida ao invés
de utilizar essa modalidade de forma primária e única para a mudança de seu estilo de vida.

Palavras-chave: Corredor, Joelho, Lesões Musculoesqueléticas.


INTRODUÇÃO

Um dos grandes objetivos de quem realiza corrida é a busca por hábitos de vida mais
saudáveis através de uma modalidade de baixo custo e de fácil execução, o que a torna muito
atrativa. Porém, apesar dessa suposta simplicidade de execução, fatores biomecânicos e ana-
tômicos dos praticantes estão envolvidos na alta incidência de lesões (SPIKER et al., 2020).
Como exemplo, quando se observa um evento de corrida, principalmente amador, no-
ta-se o quanto seus participantes apresentam biotipos heterogêneos, apesar de praticarem
a mesma modalidade, e isso naturalmente vai repercutir nos cuidados médicos a serem
adotados, tanto em relação à terapêutica quanto na prevenção de lesões.
Outro fato relevante dessa modalidade na atualidade está relacionado ao aumento do nú-
mero de praticantes principalmente após a pandemia pela COVID-19, pelos motivos já expos-
tos e também por ser praticada em ambientes abertos (ALAWNA; AMRO; MOHAMED, 2020).
A literatura atual evidencia, além da alta incidência de lesões musculoesqueléticas nos
corredores, que essas lesões ocorrem principalmente no joelho e, das cinco lesões mais
frequentes dos corredores, quatro estão localizadas ao redor dessa articulação (SPIKER
et al., 2020). Diante desse cenário, nota-se a importância do conhecimento dos fatores re-
lacionados às lesões do joelho nessa modalidade.

DESENVOLVIMENTO

Corrida x osteoartrose do joelho

Um dos temas mais polêmicos e debatidos no estudo da corrida é se essa modalidade


seria um evento causador da osteoartrose de joelho. O que a literatura nos mostra atualmente,
por meio de estudos com alto nível de evidência, é que não foi demonstrada a associação
entre essas variáveis (ALENTORN-GELI et al., 2017; TIMMINS et al., 2017).
Além disso, nota-se que os corredores recreacionais têm menores índices de osteoar-
trose de joelho em relação aos corredores profissionais e aos sedentários ALENTORN-GELI
et al., 2017). Isso mostra que esse esporte é realmente benéfico para a homeostase articular,
porém, desde que seja realizado em níveis fisiológicos.
Em situações em que os praticantes realizam a prática esportiva em níveis supra-
fisiológicos por um tempo prolongado, ou quando apresentam algum tipo de sobrecarga
biomecânica, como nos casos de obesidade, lesão ligamentar, dentre outros, a articulação
ficará mais sensível à carga executada na corrida e isso naturalmente será deletério para a
saúde articular (GESSEL; HARRAST, 2019).

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Incidência de lesões musculoesqueléticas na corrida

Quanto à incidência das lesões musculoesqueléticas na corrida, de uma forma geral,


sabe-se que são muito comuns, com incidência e prevalência altas (VAN GENT et al., 2007;
VAN MIDDELKOOP et al., 2008), porém discrepantes na literatura, o que é comum em qual-
quer estudo que avalie lesões dentro do campo da traumatologia esportiva, pois até mesmo
o conceito de lesão varia entre os estudos.
Além disso, um dos grandes problemas relacionados à incidência das lesões muscu-
loesqueléticas na corrida é o alto índice de recidiva dessas lesões, motivo pelo qual ganham
destaque os protocolos de prevenção de lesões (DESAI et al., 2021), que são baseados
nos fatores de risco.
Atualmente, sabe-se que esses fatores de risco não interagem de forma isolada,
mas através de uma complexa rede na qual atuam como variáveis de diferentes pesos
(BITTENCOURT et al., 2016). Isso explica a chamada Teoria da Complexidade da origem
da lesões, na qual os fatores extrínsecos e intrínsecos atuam através de diferentes formas
e diferentes intensidades. Essa teoria surgiu como uma evolução da clássica teoria do re-
ducionismo, que afirmava que as lesões surgiam através de fatores isolados, fora de um
contexto relacionado ao ambiente esportivo.
E, na corrida, tanto os fatores extrínsecos quanto os intrínsecos são muito importantes
para justificar o surgimento das lesões. Nesse sentido, um dos destaques que devem ser
investigados em qualquer praticante da modalidade é o controle de carga. Tanto o volume
quanto a intensidade dos treinos são muitas vezes subestimados pelo corredor. Porém,
são parâmetros funcionais que devem ser estritamente monitorados, pois a distância entre
o estímulo que vai promover o ganho de performance e aquele que vai desencadear um
quadro de overtrainning é muito pequena.

Biomecânica da corrida x lesões musculoesqueléticas

Quanto à biomecânica da corrida, outro fator associado ao surgimento das lesões


musculoesqueléticas, procura-se fazer uma associação entre tais lesões e o mecanismo de
aterrissagem, que pode ocorrer com o retropé ou com o antepé.
Essa associação é justificada pela alta incidência de lesões na corrida e pelo fato da
grande maioria dos corredores aterrissarem com o retropé (ALMEIDA; DAVIS; LOPES,
2015; DAOUD et al., 2012). Os trabalhos científicos evidenciam que, de fato, aterrissar com
o retropé causa uma força de impacto vertical que corresponde à aproximadamente 189%
do peso corporal e, além disso, desencadeia maiores descargas de peso em relação ao
contato com o antepé (MULLEN; TOBY, 2013).

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Comparativamente, a força do impacto vertical ao correr com o antepé é de aproxi-
madamente 58% do peso corporal. Outro fato relevante é que essa forma de corrida está
associada a uma maior cadência (número de passos por minuto), o que também está rela-
cionado à menor incidência de lesões (MULLEN; TOBY, 2013).
O grande questionamento a ser feito é se, diante de todos esses dados, deveria ser
estimulado a prática da corrida através da aterrissagem com o antepé. A melhor resposta é
que depende do objetivo do atleta. Se esse objetivo for diminuir a incidência de lesões no
joelho, certamente deve ser priorizado o mecanismo de aterrissagem com o antepé. Porém,
para isso, deve ser feito um treinamento específico de transição (retropé para antepé), uma
vez que, se a transição for súbita, aumentará a chance do surgimento de outras lesões,
como tendinopatia de Aquiles, fasceíte plantar e lesão muscular da panturrilha (ROTH;
NEUMANN; TAO, 2016).

Principais lesões de joelho no corredor

1. Síndrome dolorosa femoropatelar (SDFP)

A patologia mais comum do joelho do corredor é a SDFP (SPIKER et al., 2020), que
apresenta na literatura outros termos considerados sinônimos, como dor femoropatelar,
condromalácia e síndrome femoropatelar. Ela é mais comum no sexo feminino e, devido à
alta prevalência, torna-se essencial a abordagem preventiva.
Porém, dentre os corredores, devemos incialmente considerar dois grupos portadores
dessa patologia. O primeiro grupo é do atleta que já apresenta SDFP e inicia a corrida.
Nesse caso, sabemos que a corrida, assim como movimentos de subir e descer escadas,
por exemplo, é uma atividade que exacerba a dor femoropatelar. Por isso, se o indivíduo
apresenta SDFP e deseja iniciar a corrida, obrigatoriamente terá que passar por uma fase
de preparação tanto técnica como física. O segundo grupo é composto pela pessoa que não
apresenta SDFP, porém, ao iniciar a corrida, passa a apresentar os sintomas da patologia,
que geralmente são limitantes. Isso pode causar um círculo vicioso de medo e restrição da
prática esportiva (cinesiofobia), motivo pelo qual é essencial a adoção de medidas de pre-
venção de recidivas por este grupo.
Na programação terapêutica dos quadros da SDFP, se o foco for isolado na articulação
do joelho, certamente não haverá sucesso em seu tratamento. Os principais fatores envol-
vidos no surgimento da dor no joelho são as alterações biomecânicas ou anatômicas nos
segmentos proximal (complexo lombopélvico) e distal (complexo tornozelo e pé) ao joelho
(PETERSEN; REMBITZKI; LIEBAU, 2017).

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Nesse sentido, uma das alterações mais encontradas é o desvio funcional conhecido
como valgismo dinâmico (LACK et al., 2015), que apesar de tratar-se de uma nomenclatura
muito questionada por diferentes pesquisadores, é caracterizada por uma perda de controle
postural, principalmente dos segmentos lombar e pélvico, com um claro prejuízo principal-
mente para a articulação do joelho.
E, não menos importante, alterações mecânicas no alinhamento axial da coluna lombar
e até mesmo problemas psiquiátricos ajudam a cronificar cada vez mais a SDFP, natural-
mente dificultando o sucesso do tratamento (PETERSEN; REMBITZKI; LIEBAU, 2017).
Para esse fim, devemos abordar basicamente 3 pilares, que são as alterações biome-
cânicas, os erros de treinamento e as desordens psicológicas. Quanto a essa abordagem, a
literatura traz resultados bastante robustos sobre a importância do tratamento das alterações
musculares proximais, compreendendo a região do CORE (LACK et al., 2015; PETERSEN;
REMBITZKI; LIEBAU, 2017).
Além disso, sabe-se que a correção dos erros de treinamento é fundamental no grupo
dos corredores, sempre com atenção especial aos segmentos ao redor do joelho (SPIKER
et al., 2020). Um dos fatores que diminuem a incidência de dores e patologias no joelho é
justamente o aumento da cadência, conforme comentado anteriormente.
Por fim, ao considerar a necessidade de uma abordagem multifatorial para o sucesso
do tratamento, devemos sempre lembrar da característica crônica da SDFP e que, portanto,
pode associar-se a um quadro de cinesiofobia, o que vai limitar a prática esportiva. Por isso,
a preocupação com os fatores psicológicos é fundamental para esse sucesso.

2. Síndrome do trato iliotibial (STIT)

A segunda causa mais comum de dor no joelho do corredor é a STIT (SPIKER et al.,
2020), patologia essa também conhecida como joelho do corredor. Ela surge principalmente
na faixa de flexão do joelho em torno de 20 a 30 graus, posição essa presente logo após o
impacto inicial ao solo.
Caracteristicamente, as corridas com velocidades mais intensas cursam com menor
incidência da síndrome, porque nesses casos o movimento ocorre com menores angulações
de flexão do joelho. Além disso, a STIT surge principalmente em atividades em declives e
piora quando há aumento do comprimento das passadas e também nas mudanças repen-
tinas de terreno de corrida (ORCHARD et al., 1996).
Vários fatores etiológicos estão relacionados ao surgimento da STIT. Dentre esses, há
aqueles que vão desencadear o aumento do vetor de reação do trato iliotibial próximo ao epi-
côndilo lateral, como menor largura pélvica, adução excessiva do quadril, genu varo, eversão

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do retropé, dentre outros, e aqueles que vão atuar de forma direta em uma maior compressão
do trato, como a sua rigidez e a proeminência do epicôndilo lateral (FRIEDE et al., 2022).
Duas teorias explicam a fisiopatologia da STIT. A mais tradicional explica que ocorre
uma maior fricção do trato sobre o epicôndilo lateral durante a flexão e extensão do joelho,
principalmente da sua porção posterior. A outra, um pouco mais recente, explica a STIT
como consequência da compressão do tecido gorduroso altamente inervado presente entre
o trato iliotibial e o epicôndilo lateral (FAIRCLOUGH et al., 2006).
Quanto ao diagnóstico, a avaliação clínica é mandatória, com alto grau de sensibilidade
e de especificidade para a dor durante a compressão do trato iliotibial, principalmente com
o joelho semifletido. Exames de imagem, como radiografia, ultrassonografia e ressonância
magnética, também são importantes para a investigação da patologia e de potenciais diag-
nósticos diferenciais.
O tratamento conservador tem bons resultados na grande maioria dos casos, baseado
em analgesia e fisioterapia, com focos na correção dos fatores de risco e na diminuição do
volume e intensidade de treino. O tratamento cirúrgico é indicado nos casos em que não há
melhora durante três a seis meses de tratamento conservador.
O procedimento cirúrgico pode ser feito por via aberta ou por via artroscópica. Nessa
última, realiza-se um desbridamento artroscópico do recesso lateral e pequenas perfurações
do trato iliotibial ao nível do epicôndilo lateral, semelhante à técnica do pie-crust realizada
durante o balanço ligamentar nas artroplastias de joelho.

3. Tendinopatia patelar

A tendinopatia patelar é, como a própria nomenclatura sugere, uma patologia de carac-


terística crônica, muito comumente associado a alterações degenerativas no tendão. Além
disso, é um importante diagnóstico diferencial da SDFP e pode coexistir no mesmo paciente,
dificultando naturalmente a adoção da abordagem conservadora (TAYFUR et al., 2022).
Essa patologia também é conhecida como joelho do saltador, devido à sobrecarga
exercida sobre o tendão durante o mecanismo do salto, com a força de reação do solo na
aterrisagem em torno de 3 vezes o peso corporal durante a corrida e quase 6 a 10 vezes
durante os saltos.
Uma série de fatores biomecânicos estão relacionados a essa patologia, com destaque
principalmente para as alterações funcionais, como maior velocidade de flexão do joelho na
corrida, menor velocidade de extensão do quadril e maior velocidade de pronação do pé,
o que demonstra claramente a ação dos erros do gesto esportivo como causa da patologia
(GRAU et al., 2008).

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Quanto à fisiopatologia, sabe-se que há poucos agentes inflamatórios, sendo uma
característica do quadro degenerativo preponderanteee que caracteriza uma tendinose.
Nesse quadro, observa-se um desbalanço entre a síntese e a degradação do colágeno, o
que pode levar à rupturas parciais ou totais do tendão patelar a longo prazo.
Clinicamente, o local mais comum de acometimento é na porção posterior proximal do
tendão patelar. Baseado nisso, a presença de dor à palpação nesse local apresenta um alto
grau de acurácica no diagnóstico dessa patologia. Esse teste pode ser sensibilizado com o
auxílio da distalização passiva da patela.
Dentre os exames de imagens auxiliares para o diagnóstico, temos a radiografia, a
ultrassonografia, a ultrassonografia com doppler e a ressonância magnética. Dentre esses
exames, pelo menos a radiografia é necessária para a realização do diagnóstico diferencial
e também para a pesquisa de eventuais calcificações na topografia do tendão.
O tratamento conservador é de sucesso na maioria das vezes, muito parecido com o
tratamento da STIT, porém, com um destaque para a execução de exercícios excêntricos,
que é um tipo de valência física muito requisitada durante a corrida (CHALLOUMAS et al.,
2021). A ênfase no trabalho excêntrico vai envolver tanto uma ação mecânica, pra melhorar
a resistência e a elasticidade do tendão, quanto metabólica, através de modulação inflama-
tória e melhor organização das fibras colágenas.
Os dados científicos atuais (CHALLOUMAS et al., 2021) concluem que, dentre todas
as formas de tratamento conservador, não há evidências até o momento de benefícios da
terapia por ondas de choque. Entretanto, há evidências mais elaboradas sobre os benefícios
do treinamento excêntrico, do treinamento isométrico e dos exercícios resistidos em alta
carga. Além disso, são inconclusivos os eventuais benefícios do plasma rico em plaquetas
(PRP), do infiltrado medular autólogo e do agulhamento a seco.
Para os casos com difícil resolução clínica, evidencia-se benefícios da utilização do
óxido nítrico tópico, que estimula a síntese tecidual e do colágeno, associada ao treinamento
focado nos exercícios excêntricos (CHALLOUMAS et al., 2021).
Já para os casos de insucesso com o tratamento conservador, após três a seis meses
de tratamento, indica-se o tratamento cirúrgico, que baseia-se no desbridamento e na esti-
mulação do processo inflamatório reparativo. A cirurgia pode ser realizada por via aberta ou
artroscópica, sem evidências de superioridade entre os dois procedimentos (DAN et al., 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O joelho é a articulação mais lesionada dentre os corredores. Nesse público, com ob-
jetivo de se diminuir a incidência dessas lesões, preconizam-se a adoção de protocolos de
prevenção de lesões e também a atenção com fatores relacionados à biomecânica da corrida.

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09
Nova prática recreativa associada à
transmissão de verrugas vulgares

Felipe Cupertino
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Felipe Nazareth de Matos Pinto de


Carvalho
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Bernardo Lofiego Caffaro


Universidade Estácio de Sá - UNESA

'10.37885/220508923
RESUMO

Introdução: A “altinha”, variante do futebol de areia amplamente difundida nas praias cario-
cas, é uma atividade recreativa que adapta fundamentos do futebol de areia para a prática
em círculo, com a participação de vários jogadores, que utilizam principalmente os seguintes
segmentos: pés, pernas, cabeça, joelhos e tronco. Por ser uma prática caracteristicamente
brasileira, a relação entre a “altinha” e infecções cutâneas é pouco descrita. Os autores re-
latam seis casos de pacientes diagnosticados com verruga vulgar, buscando correlacionar
o desenvolvimento dessas lesões com a prática da “altinha”. Caso Clínico: Seis pacientes,
adultos jovens, naturais do Rio de Janeiro e praticantes da “altinha” em praias cariocas,
queixando-se de lesões cutâneas verrucosas indolores. Ao exame, apresentavam pápulas
normocrômicas, ceratósicas, fissuradas, que acometiam principalmente os pés e pernas de
membros dominantes. Diante da anamnese direcionada e exame físico, foi feito o diagnóstico
de verruga vulgar. Os pacientes foram tratados com criocirurgia, obtendo resultados satis-
fatórios. Discussão: O esporte e as condições externas do ambiente da prática esportiva
favorecem a transmissão do papiloma vírus humano devido à exposição a fatores como umi-
dade, sudorese e trauma, além do contato direto com a pele infectada de outros esportistas e
com superfícies colonizadas. Os participantes praticam a “altinha” descalços e utilizam como
equipamento uma bola de futebol, que é constantemente compartilhada pelos jogadores,
resultando em trauma tanto da bola quanto da areia. Além disso, a atividade exige esforço
físico dos participantes, gerando sudorese e eventual contato físico entre eles. Conclusão:
Com a prática cada vez mais frequente da “altinha” entre os frequentadores de praias, o
dermatologista deve estar atento não só aos hábitos de proteção solar desses indivíduos,
como também ao exame da pele em busca de dermatoses relacionadas à prática, assim
como alertar para o risco de infecção pelo Papiloma Vírus Humano nesta nova modalidade.

Palavras-chave: HPV, Verrugas, Futebol de Areia.


INTRODUÇÃO

As verrugas correspondem a hiperplasias epiteliais da pele e/ou mucosas causadas


por diferentes tipos de papiloma vírus humano (HPV). A verruga vulgar é a variante mais
comum, caracterizada por pápulas ceratósicas firmes e assintomáticas. As lesões geralmente
estão localizadas nos quirodáctilos e dorso das mãos. Quando observadas nos quirodáctilos,
acometem principalmente as regiões peri ou subungueais1.
A transmissão do vírus da verruga vulgar pode ocorrer de maneira direta (autoinocu-
lação) ou indiretamente pela exposição ambiental, que pode ocorrer em praias, locais de
práticas esportivas e piscinas, entre outros2.
A atividade física, apesar de conferir inúmeros benefícios à saúde humana, pode
causar o desenvolvimento de dermatoses infecciosas ou inflamatórias em decorrência do
contato direto através da pele ou por materiais compartilhados e pela sudorese excessi-
va3,4. O comprometimento da barreira cutânea propicia a transmissão de doenças virais,
bacterianas e fúngicas5.
Em diferentes grupos de atletas já foram registrados casos de dermatoses transmitidas
por vírus, tais como herpes simples, molusco contagioso e verruga vulgar3.
No Brasil, o futebol de areia (beach soccer) é uma atividade física bastante difundida,
especialmente nos últimos dez anos6. No Rio de Janeiro, uma variante do futebol de areia
chamada “altinha” se tornou bastante popular. Essa atividade recreativa adapta os funda-
mentos do futebol de areia para a prática em círculo, com a participação de um número
indeterminado de jogadores, cujo objetivo é manter a bola no ar. Dessa forma, para manter
o domínio sobre este movimento durante o maior tempo possível, utiliza-se principalmente
os seguintes segmentos: os pés, a cabeça, pernas (região pré-tibial), joelhos, coxas e tórax.
O trauma produzido pelo impacto da bola com os pés e dos pés com o solo, bem como
o contato direto eventual entre os praticantes pode produzir lesões traumáticas nos pés, tais
como distrofias ungueais, calos e bolhas, além de viroses ou outras dermatoses7.
Os autores relatam seis casos de pacientes diagnosticados com verruga vulgar, bus-
cando correlacionar o desenvolvimento dessas lesões com a prática recreativa da “altinha”
nas praias cariocas.

Relato dos casos:

Seis pacientes, sendo três do sexo feminino e três do sexo masculino, adultos jo-
vens (idade média de 24 anos), residentes de bairros da zona sul da cidade do Rio de
Janeiro e praticantes da “altinha” no mesmo local, praia de Ipanema (Tabela 1). Esses pa-
cientes queixavam-se de lesões cutâneas verrucosas indolores, localizadas nos membros

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inferiores. Ao exame dermatológico, apresentavam pápulas normocrômicas, ceratósicas,
menores que um centímetro de diâmetro, com fissuras na superfície, que acometiam principal-
mente os pés e pernas de membros dominantes (Figuras 1 e 2). O exame com dermatoscópio,
aparelho auxiliar que amplia a imagem em 10 vezes, evidenciou glóbulos vermelho-violáceos
circundados por halo branco, compatível com verruga vulgar (Figura 3). Diante da anamne-
se dirigida e exame físico, foi feito o diagnóstico clínico de verruga vulgar. O tratamento de
escolha foi a criocirurgia devido a boa resposta e tolerabilidade e baixo tempo de recupe-
ração. Os pacientes foram tratados com uma a três sessões mensais, obtendo cura clínica
(desaparecimento das lesões).

DISCUSSÃO

Até o século XIX, as verrugas cutâneas eram consideradas uma manifestação clínica da
sífilis ou gonorreia. Após a identificação de sua etiologia viral, atribuiu-se a causa da doença
a um único vírus, o Papiloma Vírus Humano (HPV)8. Uma das mais distintas características
do grupo do papiloma vírus é a sua restrição genotípica específica ao hospedeiro, e a prefe-
rência de certos tipos de papiloma vírus por sítios anatômicos distintos2. Com os adventos
tecnológicos, foi possível identificar pelo menos 150 genótipos do vírus HPV9. A verruga
vulgar está mais associada aos tipos 1, 2, 4, 7, 27 e 57 do HPV1.
As lesões são caracterizadas por pápulas firmes, de superfície ceratósica, podendo
apresentar fissuras e apresentam-se em número variável, dispersas ou agrupadas. O fe-
nômeno de Koebner, embora seja um achado mais comum nos casos de verrugas planas,
pode estar presente nos locais de trauma9. Essa reação isomórfica corresponde ao sur-
gimento de novas verrugas após uma agressão externa, como queimaduras, arranhões
e atrito. Geralmente limita-se à topografia do trauma10. A localização e a virulência das
lesões, assim como a competência imunológica do indivíduo exposto são fatores que in-
fluenciam a transmissão8.
A prática esportiva, mesmo que recreativa, pode gerar lesões cutâneas de caráter
infeccioso em decorrência do contato físico entre os participantes, da higienização inade-
quada dos equipamentos, além dos traumas e condições ambientais externas3. Agentes
bacterianos, fúngicos e virais são os principais responsáveis pelas infecções cutâneas que
acometem os praticantes de esportes coletivos, podendo resultar em morbidade individual
e desorganização do time, pois embora caracteristicamente assintomáticas, as verrugas
podem ser fonte de incômodo pessoal11.
Os praticantes de atividades físicas coletivas são mais suscetíveis às infecções de
pele e anexos devido à exposição a fatores como umidade, sudorese, trauma e atrito, além
do contato direto com a pele infectada de outros participantes, com superfícies colonizadas
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(piscinas, duchas e vestiários) e uso de equipamentos oclusivos que lesam o estrato córneo,
gerando uma porta de entrada12,13. A umidade dilata os poros, facilitando a penetração do
HPV. Por ser uma doença autoinoculável, pode se disseminar para outros sítios da pele11.
Existem várias formas de tratamento das verrugas, desde técnicas cirúrgicas como a
curetagem seguida de eletrocoagulação, cauterização química com o uso de ácidos ou apli-
cação de nitrogênio líquido9. Entretanto, esses procedimentos podem afastar o praticante de
suas atividades físicas por um período prolongado. A terapia com o imunomodulador tópico
Imiquimode tem se mostrado vantajosa, uma vez que o tratamento é não ablativo e indolor,
permitindo que retornem mais rapidamente às suas atividade11.
Um estudo com atletas de natação, handebol e futebol realizado na Turquia mostrou
uma maior prevalência de verrugas vulgares nos nadadores, seguidos dos praticantes de
handebol e futebol. Nos nadadores, os locais mais acometidos por dermatoses virais, in-
cluindo verruga vulgar, foram o tronco e os pés, nesta ordem. Já nos atletas de futebol, os
pés correspondem à região mais afetada, particularmente a região periungueal14.
A prática da “altinha”, variante do futebol de areia que associa o lazer ao exercício fí-
sico, é amplamente difundida nas praias cariocas, sendo praticada ao ar livre e geralmente
próximo da água do mar, de forma que os praticantes são expostos às condições ambientais
como calor e umidade durante a maior parte do tempo. Os participantes praticam a “altinha”
descalços e utilizam como equipamento uma bola de futebol que é constantemente com-
partilhada, resultando em trauma tanto da bola quanto da areia. Eles visam manter a bola
no ar e partem de movimentos corporais variados para cumprir com esse objetivo, podendo
ocasionar não somente lesões traumáticas músculo-esqueléticas, mas também danos à
superfície cutânea. Além disso, a atividade exige esforço físico dos participantes, gerando
sudorese e eventual contato físico entre eles.
Observa-se que as verrugas vulgares dos praticantes de “altinha” do presente estudo
estão localizadas nas pernas e pés de membros dominantes, os quais são exercitados
constantemente durante a atividade. Esses segmentos estão mais expostos ao trauma e
ao contato direto com a bola de futebol. Inclusive, os pacientes não desenvolveram mais
lesões após trocar a bola utilizada durante a prática. Como propostas preventivas, sugerimos
a restrição do contato físico durante a atividade, limitar o número de participantes, utilizar
calçados para proteger os pés (segmento que tem maior contato com a bola) e higienização
da bola e das partes do corpo mais expostas ao final da atividade. O afastamento temporário
do jogador, caso ele apresente lesões sugestivas de verruga vulgar, é essencial.
A “altinha” abrange um público diversificado de jogadores, recrutando jovens de ambos
os sexos. Participantes do sexo feminino representam uma grande parcela dos interessados
pela atividade. Dentre os casos registrados nesta série, metade dos pacientes correspondeu

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a mulheres. Ao serem indagados, os participantes deste estudo também relataram que os
outros integrantes da prática apresentavam lesões semelhantes, motivo pelo qual estudos
clínicos mais abrangentes devem ser estimulados.

CONCLUSÃO

Com a prática cada vez mais frequente da “altinha” entre os frequentadores de praias,
principalmente adolescentes e adultos jovens do sexo masculino, o dermatologista deve estar
atento não só aos hábitos de proteção solar desses indivíduos, como também ao exame da
pele em busca de possíveis dermatoses relacionadas à atividade física, assim como alertar
para o risco de contágio de verrugas vulgares.

Tabela 1. Relação dos pacientes de acordo com o sexo, idade, local de transmissão, localização das lesões e manejo
terapêutico.

Frequência mensal da Local e número de Tratamento e número


Paciente Sexo Idade Praia
prática “altinha” lesões de sessões

Pé direito (1) e perna


Paciente 1 Feminino 25 anos Ipanema 8 dias/mês Criocirurgia (1)
direita (3)
Pé direito (1) e perna
Paciente 2 Masculino 26 anos Ipanema 4 dias/mês Criocirurgia (1)
direita (3)
Paciente 3 Masculino 22 anos Ipanema 15 dias/mês Perna direira (1) Criocirurgia (3)
Paciente 4 Masculino 24 anos Ipanema 12 dias/mês Perna esquerda (1) Criocirurgia (1)
Paciente 5 Feminino 24 anos Ipanema 10 dias/mês Pé direito (6) Criocirurgia (2)
Paciente 6 Feminino 24 anos Ipanema 14 dias/mês Perna direita (4) Criocirurgia (2)

Figura 1. Verruga vulgar, pápula normocrômica, ceratósica, com fissuras na superfície, localizada no dorso do pé.

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Figura 2. Verrugas vulgares localizadas em área de trauma com bola de futebol.

Figura 3. Dermatoscopia (aumento 10x): glóbulos avermelhados circundados por halo branco.

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Treinadores de handebol brasileiros e seu
conhecimento sobre os métodos de ensino
dos esportes coletivos

Lucas de Castro Ribeiro Henrique De Oliveira Castro


UFMG UFMT

Lucas Savassi Figueiredo Lidiane Aparecida Fernandes


CIAAR UFJF-GV

Rafael Pombo Menezes Rodrigo Fabio Bezerra da Silva


USP UFPE

Pedro Weldes da Silva Cruz Fabiano de Souza Fonseca


CIAAR UFRPE

Gustavo Ferreira Pedrosa


CIAAR

'10.37885/220509031
RESUMO

O conhecimento de profissionais acerca dos métodos de ensino dos esportes coletivos é


importante para a adequação das ações de ensino-aprendizagem-treinamento tático-técnico.
Objetivo: O presente capítulo objetivou verificar o nível de conhecimento de treinadores
brasileiros de handebol em relação aos métodos de ensino. Métodos: Participaram 135
profissionais de Educação Física, de ambos os sexos, com média de idade de 34,5 ± 8,9
anos, que atuam ou atuaram diretamente no processo de ensino-aprendizagem-treinamento
de handebol, em diversos segmentos. Os profissionais responderam, baseados unicamente
em suas lembranças, a um questionário sobre elementos essenciais e aplicações práticas
dos métodos de ensino dos esportes coletivos. Resultados: Os resultados mostraram que
os treinadores obtiveram 61,1% de acerto nas questões sobre os métodos de ensino. Os trei-
nadores que atuam na educação física escolar/lazer obtiveram menor percentual de acerto
que treinadores que atuam no ensino superior e no alto nível de rendimento, e os que atuam
em equipes escolares obtiveram menor desempenho que treinadores que atuam no ensino
superior. Em relação à formação acadêmica, os treinadores graduados obtiveram menor
desempenho que os treinadores com mestrado e/ou doutorado e os que possuíam espe-
cialização tiveram desempenho inferior àqueles com doutorado. Conclusão: A formação
continuada pode ser uma ferramenta importante no aprimoramento do conhecimento de
treinadores de handebol brasileiros.

Palavras Chave: Formação Continuada, Treinadores, Handebol, Métodos de Ensino.


INTRODUÇÃO

O processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) dos esportes coletivos é com-


plexo, composto por diversas etapas que interagem para fomentar a melhora do desempenho
dos jogadores, nas diversas formas de expressão do esporte. Um dos desafios do professor/
treinador nesse processo é sistematizar suas ações para proporcionar situações adequadas
de aprendizagem tático-técnica aos jogadores (TANI et al., 2012; MENEZES et al., 2018;
PAULA et al., 2018; SILVA, 2018; FONSECA et al., 2021). A fim de atingir esse e outros
objetivos, treinadores recorrem a diferentes modelos/métodos de ensino.
Um modelo de ensino é semelhante a um plano mestre do processo de EAT, e contém
diretrizes para organizar os elementos interdependentes desse processo (HASTIE; CASEY,
2014). De acordo com Metzler (2011b), um modelo oferece um plano geral para o ensino-
-aprendizagem, fornece uma estrutura teórica que norteia as ações dos treinadores, permite
que os treinadores e os alunos entendam os eventos atuais e futuros e permite avaliações
de aprendizagem, entre outros. Cada modelo de EAT tem uma estrutura ampla e é flexível
para que treinadores adaptem seus planejamentos aos contextos que vivenciam (HASTIE;
CASEY, 2014; KIRK, 2013), além dos desafios diários, que muitas vezes impõem mudanças
nas perspectivas do professor/treinador. Utilizar um modelo de EAT facilita o planejamento
das sessões de treino, uma vez que os modelos possuem diretrizes que orientam as decisões
dos treinadores (METZLER, 2011a; O’ DONOVAN, 2013). Consequentemente, um modelo
de ensino abrange as funções de organização, sistematização, implementação e avaliação
do processo de EAT (METZLER, 2011b; O’ DONOVAN, 2013).
Ao longo dos anos, especialmente a partir do final da década de 1970, uma série de
modelos de EAT foram propostos em âmbito mundial. Eles têm sido discutidos por meio
de trabalhos teóricos, de intervenções, de revisões sistemáticas, entre outros (BUNKER;
THORPE, 1986; HOLT; STREAN; BENGOECHEA, 2002, MILLER et al., 2015). Nesse pe-
ríodo, ganhou-se destaque a importância de os jogadores selecionarem respostas motoras
adequadas às situações-problema do jogo e, consequentemente, o processo de EAT se
pauta em proporcionar situações que colaborem para melhora da percepção e da tomada
de decisão (TAVARES; GRECO; GARGANTA, 2006). Essa concepção contrapunha os
métodos tradicionais da época, centrados no ensino das técnicas do esporte e na repetição
dessas técnicas fora do contexto do jogo (GRECO, 2001). Consequentemente, os modelos
emergentes enfatizaram o conhecimento tático e a capacidade técnica, a fim de potencializar
a tomada de decisão e o entendimento da lógica do jogo (GRECO, 1998), caracterizada por
situações de imprevisibilidade e a aleatoriedade, que condicionam os jogadores durante a
partida (GALATTI et al., 2017).

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Diversos modelos foram propostos ao longo dos últimos 40 anos, com destaque para o
Teaching Games for Understanding – TGfU (BUNKER; THORPE, 1982; THORPE; BUNKER;
ALLMOND, 1986), o Tactical Games Approach (MITCHELL et al., 2006), o Sport Education
(SIEDENTOP, 1998; 2011), o Non Linear Pedagogy (CHOW; ATENCIO, 2014), o Escola
da Bola (KRÖGER; ROTH, 2002) e a Iniciação Esportiva Universal - IEU (GRECO; BENDA,
1998, GRECO, 1998; RIBEIRO et al., 2023). Dentre esses modelos, o TGfU e a IEU estão
entre os mais conhecidos e divulgados no Brasil. Contudo, observa-se na prática do ensi-
no dos esportes coletivos o uso de métodos de ensino de forma recorrente. Um método é
menos amplo do que um modelo de ensino e possibilita menor adaptação ao contexto do
processo de EAT. Utiliza-se um método para atingir objetivos de aprendizagem de curto
prazo (METZLER, 2000), e esse pode estar contido em uma etapa do processo de EAT,
para atingir um fim específico nesta etapa, enquanto o modelo orientará essa e as demais
etapas do processo de EAT.
Aproximadamente até meados dos anos 70, um método era comumente caracterizado
por comandos dados pelos treinadores, assim como focado em “o que” ensinar e “como”
se ensinar. Os treinadores eram a referência central do processo de EAT e recorriam a
uma sequência de exercícios previamente estabelecidos, na qual a participação do aluno/
jogador se resumia à execução das tarefas solicitadas. Os alunos/jogadores tinham o papel
de executores ou reprodutores de movimentos considerados “ideais”, com pouco estímulo
à tomada de decisão e à criatividade (GRECO; BENDA, 1998). A partir dos métodos, en-
sinava-se determinada modalidade da mesma maneira, independentemente do nível de
rendimento do aluno (METZLER, 2011a). Essa forma de pensamento se origina da suposi-
ção de que há uma maneira ideal de ensinar esportes e que ela é adequada para todos os
tipos de alunos de todos os níveis de rendimento (METZLER, 2011a), a partir de uma visão
fragmentada que considera o jogo como a soma de suas pequenas partes (neste caso, do
conjunto de técnicas).
Um exemplo de método conhecido como tradicional é o analítico (GRECO; BENDA,
1998; GRECO, 2001), que é reportado na literatura nacional como um método utilizado no
ensino dos esportes coletivos (COSTA; NASCIMENTO, 2004; COUTINHO; SANTOS SILVA,
2009; CASAGRANDE; CAMPOS, 2014, FONSECA et al., 2021). O método analítico é ca-
racterizado pela aprendizagem direcionada prioritariamente à técnica, de forma segmentada
(COUTINHO; SILVA, 2009; GALATTI et al., 2017) e propõe o ensino a partir da execução
de habilidades isoladas, antes do jogo formal (DIETRICH; DÜRRWÄCHTER; SCHALLER,
1984; FERREIRA; GALATTI; PAES, 2005; GALATTI et al., 2012). O método analítico está
relacionado às teorias associacionistas de aprendizagem, uma vez que considera que o
jogo é a soma de suas partes (RICCI et al., 2011). Conforme Galatti et al. (2014), no método

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analítico há uma relação de causa-efeito entre as etapas do jogo, de maneira que os ele-
mentos técnicos sejam requisitos para se jogar handebol. Nesse método, o professor tem o
papel principal, o que salienta um ensino rígido e de caráter imitativo (COUTINHO; SILVA,
2009), no qual busca-se replicar as ações do jogador de alto nível (GALATTI et al., 2014,
MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). Esse método de ensino foi adotado por muitos
anos na maioria dos cursos de formação de professores/profissionais de Educação Física,
tornando-se hegemônico (COUTINHO; SILVA, 2009).
Por outro lado, de forma alternativa ao método analítico, surgiram os métodos global
e situacional, também destacados na literatura da pedagogia do esporte nacional (GRECO,
2001; MENEZES, 2012; MENEZES et al., 2014; MENEZES et al., 2015). O método global é di-
ferente do método analítico, pois enfatiza que o jogo é mais que a soma de suas partes (RICCI
et al., 2011) e extrapola o domínio puramente de suas técnicas. Entende-se a partir desse
método, que se aprende a jogar por meio do deixar jogar (DIETRICH; DÜRRWÄACHTER;
SCHALLER, 1984). No método global defende-se que o processo de EAT não se restrinja à
maestria dos elementos técnicos, mas que se enfatize a inteligência dos alunos para resolver
tarefas cognitivas e motoras (MENEZES; MARQUES; NUNOMOURA, 2014; MEMMERT;
HARVEY 2010). Este método sugere a apresentação do jogo de forma direta, replicando a
quantidade de informações presentes no jogo formal (RICCI et al., 2011).
Já o método situacional é caracterizado pela prática de situações de jogo que en-
volvem comportamentos individuais e coletivos (GRECO, 1998). Esse método enfatiza a
compreensão tática e dos processos cognitivos subjacentes à tomada de decisão, como
atenção, percepção e antecipação (MATIAS; GRECO, 2010), podendo ser eficaz para que
os aprendizes entendam as razões de suas ações (MEMMERT; HARVEY, 2010; RICCI et al.,
2011). Ele propõe a aplicação de situações reais do jogo (LANES; OLIVEIRA; RIBAS, 2020)
como 1x1, 2x1, 3x2, entre outras (MENEZES; MARQUES; NUNOMURA, 2014). A partir da
utilização dessas situações, busca-se reduzir a complexidade que o esporte formal apresenta,
com muitos jogadores e interações entre eles (GRECO et al., 2015) e, com isso, reduzir a
exigência tática, sem deixar de lado a natureza do ciclo do jogo (ataque-defesa-transições)
(GRECO; BENDA, 1998).
Sugere-se que apenas um método de ensino não seja capaz de atender a todas as
necessidades de um processo de EAT (GRECO et al., 1998). Desse modo, a utilização
de diferentes modelos/métodos, de acordo com suas potencialidades e limitações (SILVA
JUNIOR et al., 2016), poderia proporcionar uma formação ampla aos alunos/atletas.
A literatura da pedagogia do esporte tem discutido que uma prática baseada em mo-
delos de ensino tem um potencial promissor na educação física, ainda que muitos esfor-
ços precisem ser realizados para atingi-lo (CASEY, 2014). Esses fatores sugerem que o

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conhecimento sobre os diversos modelos/métodos de ensino seja fundamental para a to-
mada de decisão dos treinadores em relação ao planejamento e execução do processo de
EAT. No Brasil, como o uso dos métodos de ensino ainda parece predominar em relação
ao dos modelos de ensino, torna-se necessário investigar o conhecimento dos treinadores
a respeito desses métodos, pois há relação direta desse conhecimento com sua aplicação
apropriada (FONSECA et al., 2021).
O handebol é uma das modalidades mais praticadas em âmbito escolar no Brasil, tanto
na educação física quanto em competições escolares. Assim como em outras modalidades,
o conhecimento sobre os modelos/métodos de EAT e sua aplicação adequada são requi-
sitos para a ação dos treinadores (GRAÇA; OLIVEIRA, 1994; GARGANTA, 1998; GRECO;
BENDA, 1998), e, consequentemente, determinantes para a efetividade de um processo de
EAT no handebol. Diante disso, o objetivo deste capítulo foi verificar o nível de conhecimento
de treinadores brasileiros de handebol que atuam em diferentes segmentos em relação aos
métodos de ensino.

MATERIAIS E MÉTODOS

Participantes

Participaram da pesquisa 135 profissionais de Educação Física de todo Brasil, sendo


100 do sexo masculino e 35 do sexo feminino, com faixa etária entre 21 e 65 anos (34.5 ±
8.9 anos). Todos os participantes atuavam diretamente no processo de EAT de handebol
em escolas de esportes, projetos sociais, clubes ou em equipes escolares, ou atuaram nes-
te processo anteriormente. Os participantes assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE) para participação na pesquisa, que foi aprovada pelo Comitê de Ética
local sob parecer (56411516.2.0000.0039).

Instrumento e procedimentos para a coleta dos dados

Elaborou-se um questionário baseado no estudo de Zenko e Ekkekakis (2015), que foi


utilizado como instrumento para coleta de dados deste estudo. O questionário foi validado
por 10 docentes universitários, pesquisadores e especialistas na área de metodologia do
ensino dos esportes, os quais fizeram uma avaliação para validação de conteúdo e ajustes
das questões para garantir a compreensão e clareza do questionário. A confiabilidade das
medidas do questionário foi testada por meio da análise da reprodutibilidade (consistência de
medidas teste-reteste). A reprodutibilidade foi acessada por meio de teste e reteste aplicados

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com 37 sujeitos. A análise do desempenho geral entre os testes apresentou indicadores de
reprodutibilidade com coeficiente de correlação intraclasse (CCI = 0.91; IC95%; 0.85 - 0.95).
A elaboração do questionário teve como objetivo central a seleção de questões com
elementos essenciais e aplicações práticas sobre os métodos de ensino dos esportes coleti-
vos. Os participantes foram solicitados a responder o questionário baseados unicamente em
suas lembranças, sem o uso de outros materiais de consulta. O questionário foi organizado
em três seções com objetivos distintos.
A primeira seção consistiu em 11 perguntas de múltipla escolha, relacionadas às infor-
mações para caracterização da amostra. A segunda seção envolveu 10 questões de múltipla
escolha relacionadas aos métodos de ensino dos esportes coletivos, considerando suas
características, propósitos e aplicações. Um exemplo de questão dessa seção é: “Consiste
em desenvolver destrezas motoras isoladamente para, posteriormente, utilizá-las no contexto
do jogo propriamente dito. Esse conceito refere-se a qual método de ensino?”. As questões
dessa seção foram distribuídas da seguinte forma: três questões sobre as características
dos métodos de ensino; três questões sobre as vantagens e desvantagens dos métodos de
ensino; quatro questões sobre a aplicação e utilização dos métodos de ensino para diferen-
tes objetivos e situações de aprendizagem. Todas as questões da segunda seção tinham o
mesmo valor para a pontuação final, que foi calculada em função do percentual de acerto
dos participantes. O objetivo dessas questões foi verificar o nível de conhecimento dos
profissionais sobre os métodos de ensino dos esportes. Por fim, a terceira seção teve como
propósito acessar informações sobre a frequência de utilização dos diferentes métodos de
ensino pelos profissionais em suas aulas.
Disponibilizou-se o questionário em comunidades do Centro Esportivo Virtual (CEV),
redes sociais e também enviado por correio eletrônico. No convite para a participação na
pesquisa foram disponibilizadas as informações gerais, os critérios para a participação e o
link que direcionava os participantes ao questionário eletrônico.
Ao acessar o link, os participantes tinham acesso ao TCLE, o qual deveriam ler e
concordar para efetivar a sua participação na pesquisa. Após esse procedimento, os parti-
cipantes eram direcionados para uma segunda página para responder as questões espe-
cíficas do estudo.

Análise dos dados

Os dados foram analisados quanto sua normalidade e homogeneidade de variância por


meio dos testes Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente. O teste de Friedman foi
utilizado para comparar o nível de conhecimento dos sujeitos, seguido pelo teste de Wilcoxon,
quando detectadas diferenças significativas. Para comparação do nível de conhecimento com

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as variáveis independentes foi utilizado o Teste U de Mann-Whitney (sexo e faixa etária).
Para as variáveis relacionadas à formação acadêmica, ao tempo de atuação e ao tempo
de formação, o nível de conhecimento foi analisado pelo teste Kruskal-Wallis, seguido pelo
Teste U de Mann-Whitney para apontar as possíveis diferenças significativas.
Todas as análises foram realizadas no Statistical Package for the Social Sciences (IBM
SPSS 19.0), considerando o valor de p<0,05 como significativo e o ajuste de Bonferroni
quando necessário. Os dados foram apresentados em média, desvio padrão e intervalo de
confiança de 95% (IC95%).

RESULTADOS

A comparação do nível de conhecimento dos treinadores de handebol a respeito dos


métodos de ensino não apresentou diferenças significativas (p=0,376). Além disso, foi repor-
tado um nível de conhecimento global acerca dos métodos de ensino de 61,5% (Figura 1).

Figura 1. Nível de conhecimento geral e nível de conhecimento em função dos diferentes métodos de ensino. Valores
apresentados em média e desvio-padrão.

Fonte: Os autores.

A Tabela 1 apresenta os valores médios do nível de conhecimento dos métodos de


ensino em função das variáveis sexo, segmento de educação, formação acadêmica, tempo
de formação e tempo de atuação. Apenas foram encontradas diferenças em função do seg-
mento de educação (p<0,017) e da formação acadêmica (p<0,002) dos treinadores.

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Tabela 1. Nível de conhecimento dos métodos de ensino (%) para cada categoria das variáveis independentes.

Variáveis n Média ± DP IC95% p


Sexo 0,955
Masculino 100 61,0 ± 29,8 55,2 – 66,8
Feminino 35 61,7 ± 29,3 52,0 – 71,4
Segmento de atuação <0,017
Ed. fís. escolar / Lazer 23 51,7 ± 22,1a, b 42,7 – 60,7
Equipes escolares 52 57,5 ± 30,2a 49,3 – 65,7
Alto nível de rendimento 47 66,8 ± 31,4 57,8 – 75,8
Ensino superior 10 77,8 ± 23,3 63,4 – 92,2
Formação acadêmica <0,002
Graduação 53 54,9 ± 27,5c, d 47,5 – 62,3
Especialização 49 56,2 ± 29c 48,1 – 64,3
Mestrado 23 71,7 ± 30,4 59,3 – 84,1
Doutorado 8 91,2 ± 11,2 83,4 – 99
Tempo de formação 0,473
< 1 ano 18 64,7 ± 25,9 52,7 – 76,7
1 a 5 anos 30 55,0 ± 29,0 44,6 – 65,4
> 5 anos 84 62,4 ± 30,7 55,8 – 69
Tempo de atuação 0,645
< 1 ano 16 66,2 ± 31,2 50,9 – 81,5
1 a 5 anos 28 58,9 ± 26,0 49,3 – 68,5
> 5 anos 88 61,5 ± 30,7 55,1 – 67,9
Legenda: DP – desvio-padrão; IC95% - intervalo de confiança de 95%. a = Diferente do Ensino Superior (p<0,05); b = Diferente do Alto
nível de rendimento (p<0,05). c = Diferente do Doutorado (p<0,05); d = Diferente do Mestrado (p<0,05).
Fonte: Os autores.

DISCUSSÃO

O objetivo deste capítulo foi verificar o nível de conhecimento de treinadores brasileiros


de handebol em relação aos métodos de ensino. De maneira geral, os treinadores obtiveram
61,1% de acerto nas questões de conhecimento sobre os métodos de ensino. Não houve
diferenças no desempenho dos treinadores sobre o conhecimento dos métodos analítico,
global e situacional. No entanto, encontraram-se diferenças em relação ao segmento de
educação (p<0,017), o que revelou que os treinadores que atuam na educação física escolar/
lazer obtiveram menor percentual de acerto que treinadores que atuam no ensino superior
e no alto nível de rendimento. Além disso, os treinadores que atuam em equipes escolares
obtiveram menor desempenho que treinadores que atuam no ensino superior. Os resultados
também indicaram diferenças em relação à formação acadêmica, nas quais os treinadores
graduados obtiveram menor desempenho que os treinadores com mestrado e/ou douto-
rado. Os treinadores que possuíam especialização também tiveram desempenho inferior
àqueles com doutorado. Não houve diferenças em função do sexo, tempo de formação
acadêmica e tempo de atuação.

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Os treinadores acertaram em média 61,1% das questões a respeito dos métodos
de ensino. De maneira similar, Zenko e Ekkekakis (2015) reportaram conhecimento não
satisfatório em relação à diretrizes adequadas para prescrição de exercícios. Nossos resul-
tados também são similares aos encontrados por Fonseca et al., (2021), em uma pesquisa
composta por 311 profissionais de educação física brasileiros, que atuavam no ensino dos
esportes coletivos e que obtiveram 58,0% de desempenho em relação ao conhecimento
sobre os métodos de ensino.
Assim como Fonseca et al., (2021), entendemos que esse resultado revela fragilidades
no conhecimento a respeito dos métodos de ensino, uma vez que a aplicação adequada
desses métodos requer conhecimento sobre eles (GRIFFIN, 2005). Esse resultado pode
estar relacionado ao direcionamento das estruturas curriculares nos cursos de graduação
em educação física brasileiros, que podem não abordar de maneira ampla, e ao mesmo
tempo específica, os saberes inerentes aos métodos de ensino.
O contexto vivenciado pelos professores do ensino superior é desafiador nesse senti-
do, uma vez que a carga horária do curso dedicada aos preceitos da pedagogia do esporte
pode ser de apenas 45 horas/aula. Nesse sentido recomenda-se que durante o processo
de formação de futuros professores/profissionais de educação física, promovam-se expe-
riências de ensino-aprendizagem mais amplas, com a familiarização e experimentação dos
métodos de ensino no papel alunos, da prática de seu ensino como professores (HASTIE
et al., 2005), bem como o conhecimento teórico (JENKINS, 2004). Sugere-se também que a
compreensão e a capacidade de implementar métodos aumenta quando a graduação inclui
a elaboração e implementação de planos de ensino pautados nesses métodos durante os
estágios curriculares (CURTNER-SMITH; SOFO, 2004), o que pretende diminuir possíveis
abismos entre a teoria e a sua aplicação em diferentes contextos. Milistetd et al. (2018) suge-
rem que ao longo dos cursos de graduação no Brasil é necessário que os futuros treinadores
aprendam a refletir, que reconheçam os diferentes contextos de atuação e o papel central
do jogador no processo de EAT. Com o avanço do curso, é importante que os graduandos
aprimorem a capacidade de organizar e conduzir as práticas de forma sistematizada, orga-
nizada e com a aplicação de procedimentos pedagógicos nos treinamentos e competições.
Por fim, esses autores sugerem que avaliar o processo de ensino amplia a possibilidade de
interpretar possíveis problemas inerentes ao campo de ação, com auxílio dos docentes e
em conjunto com outros graduandos.
Em relação ao conhecimento sobre cada um dos métodos de ensino, não encontramos
diferenças no desempenho dos treinadores. Esse resultado é diferente do reportado por
Fonseca et al. (2021), que encontrou maior desempenho em relação ao conhecimento sobre
os métodos analítico e situacional, quando comparados ao método global. Esses autores

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sugerem que uma possibilidade para explicar o maior conhecimento do método analítico
em relação ao global é que os docentes das disciplinas de pedagogia do esporte e de me-
todologia de ensino dos esportes utilizarem predominantemente os métodos tradicionais/
tecnicistas nas suas aulas, pois esse método pode ter sido enfatizado na formação desses
professores. Apesar disso, a ausência de diferença entre o nível de conhecimento sobre
os métodos de EAT neste capítulo pode indicar uma mudança no contexto do ensino do
handebol no Brasil, caracterizado pela forte influência de métodos tradicionais como o ana-
lítico. Ao conhecer similarmente os três métodos investigados neste trabalho, é possível que
os treinadores os utilizem no seu dia a dia, o que pode colaborar para reduzir e romper com
a tradição tecnicista nacional. Fonseca et al. (2021) reforçam essa suposição, uma vez que
reportaram que 36,4% dos treinadores utilizam o método situacional muito frequentemente
nos seus treinamentos, enquanto 6,6% e 17,2% respectivamente, informaram que utilizam
os métodos analítico e global muito frequentemente. Contudo, por não termos encontrado
diferenças no nível de conhecimento sobre os métodos de ensino, especulamos que amostra
investigada pode ter dedicado mais tempo ao aprimoramento do seu conhecimento por meio
de cursos e seminários, o que pode ter auxiliado a responder o questionário.
Por outro lado, os resultados indicaram diferenças relacionadas à formação acadêmica
e ao segmento de atuação dos treinadores. Os treinadores com apenas graduação obtiveram
menor desempenho que os treinadores que possuíam mestrado e/ou doutorado. Os treinado-
res com especialização também tiveram desempenho menor que os que possuíam doutora-
do. Os programas de desenvolvimento profissional, neste caso os cursos de pós-graduação,
podem ser vistos como meios para promover mudanças nas práticas dos professores, em
suas atitudes, crenças e nos resultados de aprendizagem dos alunos (GUSKEY, 2002),
o que está de acordo com nossos resultados, e sugere que a formação continuada é um
recurso para aprimorar o conhecimento sobre os métodos de EAT. Similarmente, Fonseca
et al. (2021) também encontraram maior desempenho de profissionais com mestrado e/ou
doutorado em relação ao conhecimento sobre os métodos de EAT. Esses autores indicam
que a formação continuada pode colaborar para reduzir as carências da formação no âm-
bito da graduação e para aprofundar o conhecimento em relação aos métodos de ensino
dos esportes coletivos. Além disso, é possível que os treinadores da nossa amostra que
trabalham atualmente no ensino superior atuem em disciplinas relacionadas à metodologia
de ensino dos esportes coletivos, o que pode mantê-los em contato frequente com o tema e
auxiliar na manutenção, aprofundamento e compartilhamento desse conhecimento. Ainda,
sabe-se que uma das formas eficazes de se aprender um tema é ter que ensiná-lo a outras
pessoas (FIORELLA; MAYER, 2013), o que também pode ter colaborado para um desem-
penho superior obtido pelos treinadores que atuam no ensino superior.

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Já em relação ao desempenho inferior obtido pelos treinadores do segmento educa-
ção física escolar/lazer quando comparados aos treinadores do alto nível de rendimento,
acreditamos que os treinadores do esporte de alto nível vivenciam com maior frequência o
treinamento no handebol e consequentemente a aplicação de métodos de ensino. Esses
treinadores são avaliados de acordo com o desempenho de suas equipes, o que requer
maior controle no planejamento e na realização dos treinamentos, se comparados a trei-
namentos/aulas que tem finalidade de lazer. Além disso, professores de educação física
necessitam abordar diversos conteúdos de acordo com as diretrizes nacionais estabelecidas
pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), o que pode colaborar para reduzir
carga horaria direcionada especificamente ao ensino dos esportes coletivos. Desse modo, é
possível que esses professores ensinem diversos conteúdos, mas sem terem condições para
aprofundar em cada um deles. Esse requisito do segmento de atuação pode colaborar para
que os professores acumulem uma série de conhecimento, mas com pouca profundidade.
Corroborando esta noção, a pesquisa de Modolo et al. (2017) demonstrou que o contexto
formal de ensino não foi suficiente para o domínio das questões específicas do handebol,
de acordo com treinadores que atuam no contexto escolar.
Apesar disso, não buscamos taxar como boa ou ruim a atuação profissional dos par-
ticipantes dessa pesquisa, mas buscamos descrever os resultados deste trabalho, a fim
de promover uma reflexão sobre os possíveis motivos que possam explicá-los. Ademais,
ampliamos em certa medida os resultados obtidos por Fonseca et al. (2021), o que colabora
para tentarmos entender o cenário atual dos professores/treinadores brasileiros, a fim de
colaborar para o do ensino do handebol.
Este trabalho apresenta algumas limitações. A primeira delas é a prevalência maior de
treinadores da região sudeste do Brasil na amostra, embora tenhamos convidado uma amos-
tra de participantes de diferentes regiões, o que limita nossa reflexão em âmbito nacional.
Além disso, o questionário relacionado aos métodos de ensino ser composto por questões
de múltipla escolha pode superestimar nossos resultados, especialmente se algum partici-
pante que não soubesse a resposta correta para alguma das perguntas selecionasse uma
das opções aleatoriamente (e escolhesse a opção correta). Para estudos futuros, propõe-se
o uso de ferramentas que permitam descrever com maior profundidade o conhecimento dos
treinadores a respeito dos modelos/métodos por meio de questões discursivas, entrevis-
tas, entre outros.
Por fim, a literatura tem discutido uma prática baseada em modelos de ensino atual-
mente (CASEY; MACPHAIL, 2018), que é descrita como uma abordagem baseada no uso
diversos modelos de ensino, cada um com seus resultados de aprendizagem únicos, distintos
e com alinhamento dos seus resultados de aprendizagem com suas estratégias de ensino,

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de acordo com suas diretrizes para fiel implementação pelos professores (KIRK, 2013). Essa
prática tem sido sugerida como possível forma de revolucionar a educação física (KIRK,
2013; QUAY; PETERS, 2008) e permite alcançar um escopo de aprendizagem ainda mais
amplo e profundo do que aquele que um único modelo pode oferecer (LUND; TANNEHILL,
2015). Ainda assim, se aplicar um único modelo é um processo complexo, aplicar múltiplos
modelos em um processo de ensino torna-se ainda mais desafiador (CASEY; MACPHAIL,
2018) mesmo em longo prazo. Por isso, esse é um tópico que ainda merece discussão e
que acreditamos não estarmos próximos de observar sua aplicação prática com frequência
nacionalmente, pois o contexto do processo de EAT no Brasil ainda aparenta ser pautado na
utilização de métodos de ensino, o que pode ser justificado por aspectos históricos (GALATTI
et al., 2014). É possível que como caminho a percorrer inicialmente, o conhecimento sobre os
modelos de ensino possa ser aprofundado e difundido no Brasil, mesmo que paulatinamente,
de forma a aprimorar o as práticas de treinadores de handebol, de outras modalidades e na
educação física escolar, bem como colaborar para um entendimento mais amplo processo
de EAT e até mesmo uma auto avaliação das práticas profissionais dos professores/trei-
nadores. Recomenda-se então que trabalhos futuros no campo da pedagogia do esporte
continuem descrevendo o que são, sua utilidade e a importância dos modelos de ensino
para organizar, sistematizar, implementar e avaliar o processo de EAT, assim como suas
principais vantagens e limitações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente trabalho sugerem que a formação continuada pode ser uma
ferramenta aprimorar o conhecimento de treinadores de handebol brasileiros, de forma a
reduzir possíveis carências contidas no contexto dos cursos de graduação em educação
física. Além disso, os treinadores de handebol participantes dessa pesquisa apresentaram
conhecimento similar em relação aos métodos analítico, global e situacional, o que pode
colaborar para um possível rompimento com práticas tradicionais tecnicistas que caracteri-
zam o contexto nacional do processo de EAT no Brasil.

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11
Utilização do treinamento muscular
inspiratório associado a exercícios
resistidos em indivíduos tabagistasc

Rodrigo Boff Daitx Verônica Farias de Vargas


Universidade Luterana do Brasil - Ulbra Centro Universitário Cenecista de Osório - UNICNEC

Letícia Müller da Silva Taís Espíndula Brehm


Universidade Luterana do Brasil - Ulbra Universidade Luterana do Brasil - Ulbra

Jaqueline de Oliveira Germann Marcelo Baptista Dohnert


Universidade Luterana do Brasil - Ulbra Universidade Luterana do Brasil - Ulbra

'10.37885/220308217
RESUMO

Objetivo: avaliar as repercussões de um TMI com Powerbreathe® associado a exercícios


resistidos, comparado à exercícios resistidos de forma isolada em relação a capacidade
respiratória, funcional e qualidade de vida de indivíduos tabagistas. Métodos: Trata-se de
um ensaio clínico randomizado cego, no qual 22 indivíduos tabagistas foram distribuídos
aleatoriamente em dois grupos: Grupo exercícios resistidos associado ao Powerbreathe®
(GERP) e Grupos exercícios resistidos isolado (GER). Foram avaliados pré e pós interven-
ção o nível de dispneia, capacidade respiratória, pico de fluxo expiratório (PFE), capacidade
funcional e qualidade de vida (QV). Resultados: A pressão inspiratória máxima (PImáx) e
a pressão expiratória máxima (PEmáx) melhoraram significativamente no GERP. Já o teste
de caminhada de seis minutos (TC6’) e a QV obtiveram uma melhora estatisticamente sig-
nificativa no GER. Por fim, o PFE e o grau de dispneia não mostraram diferença significativa
em nenhum grupo. Conclusão: Concluiu-se que o GERP foi superior ao GER, em relação
a capacidade respiratória, porém o GER foi melhor na capacidade funcional e na QV.

Palavras-chave: Exercícios Respiratórios, Tabagismo, Fisioterapia.


INTRODUÇÃO

O consumo de tabaco é uma das principais causas de morte evitável no mundo e esti-
ma-se que se a tendência no uso do tabaco for mantida, até 2030 haverá mais de 8 milhões
de mortes por ano, sendo a maioria em países de baixa e média renda.1,2 Além disso, a cada
ano, o consumo causa sobrecarga na economia com cerca de US$ 1,4 trilhão em custos de
saúde no mundo.3 No Brasil, o consumo de cigarros e outros derivados causou um prejuízo
de R$ 56,9 bilhões ao país em 2015, sendo R$ 39,4 bilhões em custos médicos e R$ 17,5
bilhões em custos decorrentes da perda de produtividade e incapacitação de trabalhadores.4
O tabagismo está bem estabelecido como um importante fator de risco para o desen-
volvimento de câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias como a doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Caracterizada por uma obstrução progressiva das
vias aéreas, hiperinsuflação pulmonar, aumento da frequência e gravidade das exacerba-
ções, além de manifestações sistêmicas causando o comprometimento do desempenho nas
atividades de vida diária (AVD) e a diminuição da qualidade de vida.5,7 Em indivíduos com
DPOC, a força muscular periférica é significativamente reduzida, gerando uma diminuição
da funcionalidade, podendo resultar, até mesmo, em um número elevado de depressão e
isolamento social.8
Assim, para auxiliar ao tratamento de indivíduos tabagistas, o Treinamento Muscular
Inspiratório (TMI) exerce uma carga significativa nos músculos inspiratórios promovendo o
aumento da força e endurance dos músculos inspiratórios, diminui os sintomas de dispneia,
aumenta o volume pulmonar e melhora a capacidade funcional.9,10 Consequentemente,
permite uma maior tolerância às AVD’s.9,10 O exercício físico também está associado a rea-
bilitação deste público, pois o exercício resistido aumenta a tolerância as atividades físicas
provocando menos dispneia, permitindo que os indivíduos atinjam a intensidade direciona-
da e otimizem o efeito do exercício executado.11 Além disso, possui efeitos na melhora da
capacidade oxidativa e na eficiência do sistema musculoesquelético.11

MÉTODOS

Delineamento

Ensaio clínico randomizado cego. O estudo fez parte do Grupo de Evidências Científicas
em Fisioterapia (GECIF) da Universidade Luterana do Brasil, campus Torres/RS, Brasil. O pro-
jeto de pesquisa foi submetido e aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Luterana do Brasil com parecer 3.087.675.

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Critérios de Elegibilidade

Foram incluídos no estudo indivíduos tabagistas, de ambos os gêneros com idade


de 20 a 70 anos, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que
fumavam no mínimo vinte maços de cigarro/ano por, pelo menos, três anos e que fizessem
uso somente de cigarro.
Foram excluídos indivíduos que tinham por hábito consumir produtos além do cigarro,
portadores de doenças neuromusculares, histórico de luxação articular em membros supe-
riores e inferiores, indivíduos com hipertensão arterial sistêmica (HAS) não controlada, os
que realizavam tratamento para exacerbação da DPOC com utilização de antibioticoterapia,
que tivessem histórico de fibrose cística, fibrose pulmonar ou outra patologia de caráter res-
tritivo, além de câncer de pulmão e sintomas agudos de trombose venosa profunda (TVP),
indivíduos que apresentaram déficit cognitivo que os impedissem do entendimento da reali-
zação dos exercícios, ou até mesmo se realizassem algum tipo de programa de reabilitação
pulmonar nos últimos dois meses ou atividades físicas regularmente, além disso, foram
excluídos participantes que tiveram duas faltas consecutivas ou três alternadas durante a
aplicação do protocolo.

Protocolo de Avaliação

Realizado em dois momentos do estudo. A avaliação inicial foi realizada previamente


à randomização e a avaliação final após o término da intervenção. As avaliações foram
realizadas por um avaliador independente cego, previamente treinado e que não tinha a
informação de qual o grupo o participante pertencia.
A mensuração da pressão inspiração máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima
(PEmáx), foi mensurada através do manovacuômetro da marca Murenas® modelo MV300.
Para realizar a manovacuometria era solicitado que o indivíduo realizasse uma inspiração
e expiração máxima contra a via aérea ocluída, mantendo esta pressão por no mínimo um
segundo. Este teste foi realizado três vezes com intervalo de um minuto, sendo anotada a
medida de maior valor.
Para a avaliação do pico de fluxo expiratório (PFE) foi utilizado o Peak Flow da marca
Microlife modelo Meter, no qual foi solicitado que o participante realizasse uma expiração
rápida e forçada no bocal do aparelho. Este teste também foi realizado três vezes com in-
tervalo de um minuto, sendo anotada a medida de maior valor.
O grau de dispneia foi realizada através da Escala Modificada Medical Research Council
(mMRC). Para utilização da mMRC, o paciente foi questionado quanto ao seu grau de

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dispneia numa escala de zero a quatro, sendo que uma maior pontuação indicava uma grave
limitação as atividades de vida diária.
Para a avaliação da capacidade funcional foi realizado o Teste de Caminhada de 6
minutos (TC6’), sendo instruído ao participante que caminhasse num ritmo rápido, porém
sem correr. O teste era realizado em um corredor de 30 metros durante seis minutos.
A avaliação da qualidade de vida foi coletada através do Questionário do Hospital Saint
George na Doença Respiratória (SGRQ), no qual avalia sintomas, atividade e impactos
psicossociais que a doença respiratória inflige ao indivíduo.
Foi utilizada ainda a escala de Borg modificada a fim de manter o grau de esforço ao
realizar os exercícios.
E por fim foi realizado o teste de Uma Repetição Máxima (1RM) que foi utilizado para
medir a intensidade dos exercícios, no qual os voluntários tinham que realizar os movimen-
tos de flexão de cotovelo e extensão de joelho com diversas resistências até alcançar sua
capacidade máxima de levantamento.

Randomização da Amostra

Realizada através de envelope lacrado, por um pesquisador colaborador, posteriormente


a avaliação inicial. Dentro de um envelope, contendo 24 papéis dobrados com o número do
grupo no qual o participante pertenceu, sendo divididos em: Grupo exercícios resistidos +
Powerbreathe® (GERP) e Grupo exercícios resistidos isolado (GER).

Protocolo de Intervenção

O protocolo de intervenção de todos os grupos foi realizado duas vezes por semana,
durante oito semanas, totalizando 16 atendimentos, com média de duração de 50 minutos
cada sessão. Os participantes do GERP realizaram o protocolo proposto que consistia em
exercícios resistidos (Tabela 1) e Powerbreathe®. Cada voluntário do estudo teve sua pró-
pria intensidade de exercício definida através do 1RM, e para a carga foi utilizado 60% da
sua repetição máxima.

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Tabela 1. Protocolo de exercícios resistidos.

Exercício proposto Descrição dos Exercícios Séries/ repetições/tempo


5 minutos em ritmo leve. Mantendo os
Aquecimento Pedalada em bicicleta estacionária
níveis de 1 à 2 na escala de Borg
Em sedestação, realiza o movimento de abdução de
2 séries de 10 repetições em cada
Abdução do ombro ombro até 90º, partindo da posição neutra do membro
membro
superior
Em sedestação, realiza o movimento de flexão de cotove-
2 séries de 10 repetições em cada
Flexão de cotovelo lo partindo da posição neutra do
membro
membro superior
Em ortostase, realiza o movimento de extensão de quadril 2 séries de 10 repetições em cada
Extensão de quadril
partindo da posição neutra membro
Em ortostase, realiza o movimento de flexão de quadril,
2 séries de 10 repetições em cada
Flexão de quadril partindo da posição neutra do quadril e com o joelho em
membro
flexão de 90º
Em ortostase, realiza o movimento de flexão de joelho
2 séries de 10 repetições em cada
Flexão de joelho partindo da
membro
extensão de joelho
Em sedestação, realiza movimento de extensão de joelho 2 séries de 10 repetições em cada
Extensão de joelho
partindo de flexão de joelho membro
Fonte: autores, 2022.

Observação: Caso o participante apresentasse sinais de fadiga muscular, pode-


ria realizar os exercícios de flexão e extensão de quadril em decúbito dorsal e ventral,
respectivamente.
No GERP os participantes realizaram os exercícios e após utilizaram o Powerbreathe®
que teve uma carga de 20% da PImáx, avaliado através da manovacuômetria (avaliação inicial).
Para a intervenção o terapeuta solicitou uma expiração completa do participante, colo-
cando neste momento um clipe nasal no mesmo, assim como o auxiliou na colocação do bocal
do Powerbreathe®, e em seguida solicitou uma inspiração máxima, na qual foi realizado três
ciclos de 30 respirações cada um seguido por um minuto de descanso. A carga utilizada foi
reajustada quinzenalmente conforme evolução da força inspiratória mantendo sempre 20%
da PImáx, assim como o teste de 1RM que foi mantido 60% do seu levantamento máximo.
O GER recebeu o mesmo protocolo supracitado na tabela 1, porém sem associação
do Powerbreathe®.

Analise de Dados

Foi utilizado o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23.0 como
pacote estatístico. Inicialmente, procedeu-se uma análise descritiva das variáveis apre-
sentando-as em forma de frequência (média, mediana e desvio padrão para as variáveis
numéricas e n absoluto e percentual para as variáveis categóricas). Após, foi analisado a
normalidade de distribuição das variáveis através do teste de Levene. Para as variáveis
com distribuição normal foi realizado o Teste t de Student não pareado para as análises
entre grupos. As variáveis com distribuição anormal foram analisadas através do teste de

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Mann-Whitney. E finalmente, para as análises intragrupo foram utilizados o teste t de Student
pareado. O nível de confiabilidade foi de 95% (p<0,05).

Cálculo Amostral

Foi utilizado como desfecho primário a capacidade respiratória, através dos valores
de PImáx baseado no estudo realizado por Zanchet et al.13 estimamos a média e desvio
padrão da PImáx dos indivíduos de 102 ± 23, após a intervenção. Utilizando um poder de
força do estudo de 80%, nível de significância de 95%, chegou-se ao número estimado de
20 participantes para a amostra. Acreditando que as perdas e recusas estarão em torno de
20%, chegamos ao número final de 12 voluntários para cada grupo do estudo, totalizando
24 participantes.

RESULTADOS

Inicialmente, foram selecionados 24 participantes, no entanto, dois destes desistiram do


estudo durante a intervenção. Portanto, foram analisados 22 participantes, no qual foram alo-
cados 11 para o GERP e 11 para o GER, conforme descrito no fluxograma abaixo. (Figura 1)

Figura 1. Fluxograma do estudo.

Legenda: n – número de participantes; GERP – grupo exercícios resistidos +


Powerbreathe®; GER – grupo exercícios resistidos.

A tabela 2, representa os dados sociodemográficos dos participantes do estudo, onde


houve diferença estatisticamente significativa apenas na idade dos participantes, e os demais
dados demonstrou uma amostra homogênea.

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Tabela 2. Caracterização da amostra do estudo (n=22).

Grupo de Intervenção

Variável GER (n=11) GERP (n=11) P


Sexo, n (%) 0,647
Feminino 4 (36,4) 3 (27,3)
Masculino 7 (63,6) 8 (72,7)
Idade, anos (média ± dp) 55,54 ± 7,70 46,18 ± 11,26 0,034
Estatura, cm (média ± dp) 167,45 ± 6,39 170,0 ± 6,05 0,366
Peso, kg (média ± dp) 74,64 ± 15,44 73,91 ± 7,08 0,889
IMC, kg/m2 (média ± dp) 26,14 ± 4,49 25,62 ± 1,80 0,721
Tempo de uso do cigarro (anos) 18,54 ± 6,59 20,00 ± 10,98 0,711
Cigarros/dia, n (%) 18,18 ± 12,91 28,91 ± 14,70 0,084
Ocupação 0,096
Agricultor 4 (36,4) 8 (72,7)
Do lar 1 (9,1) 1 (9,1)
Empresário 0 (0,0) 1 (9,1)
Funcionário Público 0 (0,0) 1 (9,1)
Aposentado 3 (27,3) 0 (0,0)
Encostado 3 (27,3) 0 (0,0)
Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos + Powerbreathe®; GER: grupo exercícios resistidos; n: número de participantes; %:
porcentagem; dp: desvio padrão; cm: centímetros; kg: quilograma; IMC: índice de massa corporal; kg/m2: quilogramas por centímetros
quadrados.

Na avaliação da PImáx, realizada através da manovacuômetria, o GERP apresentou


um aumento estatisticamente significativo tanto quando comparado a avaliação inicial com a
final, quando comparado com o grupo GER, obtendo um aumento de 89,09 ± 27,36 cmH2O
para 115,45 ± 29,78 cmH2O (p<0,05) na avaliação final. Já o GER apresentou na avaliação
inicial uma pressão de 86,81 ± 19,00 cmH2O e na avaliação final 89,54 ± 21,26 cmH2O, não
obtendo diferença significativa do pré para o pós intervenção. (Figura 2).

Figura 2. Valores de PImáx (cmH2O) nos grupos de intervenção.

Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos + Powerbreathe®;


GER: grupo exercícios resistidos; PImáx (cmH2O): pressão
inspiratória máxima em centímetros de água. # p<0,05 em
comparação a avaliação inicial do mesmo grupo. Teste t de
Student.

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Na análise da PEmáx, o GERP também apresentou um aumento estatisticamente sig-
nificativo tanto quando comparado a avaliação inicial com a final, quando comparado com
o grupo GER, obtendo um aumento de 108,18 ± 34,58 cmH2O para 123,64 ± 29,75 cmH2O
(p<0,005) na avaliação final. Já o GER apresentou inicialmente uma pressão de 86,36 ±
26,18 cmH2O e na avaliação final obteve 96,36 ± 24,19 cmH2O, não obtendo diferença
significativa do pré para o pós intervenção. (Figura 3)

Figura 3. Valores de PEmáx (cmH2O) nos grupos de intervenção.

Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos +


Powerbreathe®; GER: grupo exercícios resistidos; PEmáx
(cmH2O): pressão expiratória máxima em centímetros de
água. $ p<0,005 em comparação a avaliação inicial do
mesmo grupo. Teste t de Student.

Na avaliação do PFE, avaliada através do Peak Flow, ambos os grupos não apresenta-
ram uma diferença estatisticamente significativa comparando a avaliação inicial com a final.
Inicialmente o GERP apresentou um fluxo de 410,45 ± 125,96 L/min e na avaliação final
obteve 445,45 ± 120,63 L/min. E o GER apresentou na avaliação inicial 397,81 ± 114,14 L/
min e na avaliação final houve uma diminuição do fluxo para 367,90 ± 113,22 L/min.

Figura 4. Valores de PFE nos grupos de intervenção.

Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos + Powerbreathe®; GER:


grupo exercícios resistidos; Peak Flow: pico de fluxo expiratório.

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A mensuração do grau de dispneia, avaliada através da escala de mMRC, não apre-
sentou diferença estatisticamente significativa intragrupo em ambos os grupos, como apre-
sentado na tabela 3.

Tabela 3. Análise da graduação da Escala mMRC de dispneia nos grupos de intervenção.


Pré Pós
Grupo de Intervenção P
intervenção intervenção
GERP
Falta de ar em exercício intenso 5 5
Falta de ar ao apressar passo, subir escada ou ladeira 5 6 0,57
Preciso parar quando ando ou ando mais devagar que
1 0
as pessoas da minha idade
P
GER
Falta de ar em exercício intenso 4 5
Falta de ar ao apressar passo, subir escada ou ladeira 5 4 0,52
Preciso parar quando ando ou ando mais devagar que
2 2
as pessoas da minha idade
P
Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos + Powerbreathe®; GER: grupo exercícios resistidos; P: <0,05 em comparação a
avaliação inicial do mesmo grupo.

Na avaliação da capacidade funcional, avaliada através do TC6’, o GER apresentou


uma distância percorrida na avaliação inicial correspondente a 351,18 ± 96,82 metros en-
quanto na avaliação final aumentou para 402,90 ± 100,81 metros (p<0,05), obtendo um
aumento estatisticamente significativo. No entanto, o GERP apresentou na avaliação inicial
uma distância de 391,45 ± 43,49 metros e na avaliação final obteve 406,63 ± 59,95 metros,
onde não demonstrou diferença significativa, conforme descrito na figura 5.

Figura 5. Distância percorrida no Teste de Caminhada de 6 Minutos (metros) nos grupos de intervenção.

Legenda: GERP: grupo exercícios resistidos +


Powerbreathe®; GER: grupo exercícios resistidos; $ p<0,05
em comparação a avaliação inicial do mesmo grupo. Teste
t de Student.

Na avaliação da qualidade de vida, avaliada através do SGRQ, apenas o GER apresen-


tou uma diferença estatisticamente significativa no SGRQ total e também houve diferença
estatisticamente significativa intragrupo da avaliação inicial para a final. (Tabela 4)

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Tabela 4. Análise das variáveis do Questionário do Hospital Saint George nos grupos de intervenção (média [Intervalo
de Confiança 95%]).

Grupo de Intervenção Pré intervenção Pós intervenção P


SGRQ Sintomas
GERP 13,75 [7,60 – 20,36] 4,07 [1,68 – 6,77] 0,921
GER 20,11 [11,48 – 29,12] 15,01 [7,00 – 22,40] 0,198
P 0,293 0,027
SGRQ Atividades
GERP 6,69 [4,62 – 8,68] 2,91 [1,37 – 4,67] 0,847
GER 5,82 [2,76 – 9,11] 2,62 [0,53 – 5,20] 0,027
P 0,655 0,855
SGRQ Aspectos Sociais
GERP 4,23 [1,72 – 7,13] 1,41 [0,34 – 2,79] 0,919
GER 7,61 [3,10 – 13,94] 3,10 [1,24 – 5,31] 0,136
P 0,312 0,180
SGRQ Total
GERP 8,18 [5,10 – 11,59] 2,77 [1,64 – 4,24] 0,939
GER 11,14 [6,68 – 16,65] 6,89 [3,46 – 10,23] 0,049
P 0,360 0,050
Legenda: SGRQ: Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória; GERP: grupo exercícios resistidos + Powerbreathe®;
GER: grupo exercícios resistidos; P: p<0,05 em comparação a avaliação inicial do mesmo grupo.

DISCUSSÃO

A European Respiratory Society (ERS) recomenda o uso do TMI associado a um


programa de reabilitação pulmonar (RP) em indivíduos com DPOC.14 Em alguns estudos,
os autores ainda questionam sua eficácia, porém em outros mostram que TMI associado a
exercícios físicos possui benefícios em relação ao aumento da endurance e força muscular
inspiratória, na capacidade de realizar exercícios e na QV.9,14
Os indivíduos com DPOC se caracterizam pelo desenvolvimento gradual de falta de
ar, tosse, produção de escarro e perda da força muscular respiratória.15 O resultado do
presente estudo em relação à PImáx obteve um aumento estatisticamente significativo no
GERP. Corroborando com o estudo multicêntrico de Charususin et al.16, no qual tiveram o
objetivo de investigar os efeitos de um programa auxiliar de TMI em indivíduos com DPOC
e fraqueza muscular inspiratória. A amostra foi constituída de 219 participantes com DPOC
de ambos os gêneros, que foram alocados em dois grupos: TMI + RP e grupo TMI placebo
+ RP. Ambos os grupos realizaram um programa geral de treinamento físico que consistiam
em ciclismo, caminhada em esteira, subida de escadas, ergometria de braço e treinamento
de resistência para membros superiores e inferiores. Como se trata de um estudo multi-
cêntrico, o protocolo realizado variou de 20 a 36 sessões, com frequência de três a cinco
sessões por semana e a duração de treinamento em torno de 60 minutos. Os indivíduos
realizaram os exercícios em intensidade moderada a alta, sendo progredido conforme aos
sintomas de dispneia. Enquanto com o TMI, foi realizado o protocolo de seis ciclos de 30

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inspirações, com o Powerbreathe® ajustado a uma intensidade inicial de 50% da PImáx
no grupo intervenção e a intensidade foi aumentada conforme tolerável de cada participan-
te. E o TMI placebo teve carga fixada em 10% PImáx inicial e não foi modificada durante a
intervenção. Na análise dos resultados, a PImáx aumentou significativamente no grupo TMI
+ RP. Desta forma, acredita-se que o TMI associado ao exercício colabora com aumento
da PImáx quando comparado com o exercício isolado, pois tanto os músculos inspiratórios
como os músculos esqueléticos podem sofrer alterações fisiológicas quando estimulados
com exercício e frequência de maior intensidade.12
O presente estudo também teve aumento significativo na PEmáx no GERP comparado
ao GER. Corroborando com o estudo de Bostanci et al.10, no qual tiveram como objetivo
analisar a influência de um protocolo de TMI em relação a função pulmonar e força muscular
respiratória em indivíduos fumantes e não fumantes. O protocolo foi realizado durante quatros
semanas, sete dias por semana e a amostra incluiu 42 indivíduos do gênero masculino que
foram distribuídos em três grupos: intervenção não fumantes (n=16), intervenção fumantes
(n=16) e placebo fumantes (n=10). O protocolo incluiu dois ciclos de 30 inspirações com
intervalo de um minuto entre eles e os participantes dos grupos intervenções realizaram o
TMI, com o Powerbreathe® ajustado a uma intensidade inicial de 50% da PImáx e a intensi-
dade foi aumentada 5% a cada semana, já o grupo placebo teve uma intensidade ajustada
a 15% de PImáx. A análise intergrupos mostrou que tanto a PImáx quanto PEmáx foram
significativamente maiores no grupo de fumantes com intervenção, melhorando desta forma
a função pulmonar.
Outra característica da DPOC é que os indivíduos apresentam limitação do fluxo ex-
piratório, desta forma prejudicando a capacidade do sistema respiratório ventilar adequa-
damente.15 Esta limitação é causada pela perda da elastância pulmonar fornecida pelas
ligações alveolares ao redor das pequenas vias aéreas, pela inflamação e acúmulo de muco
nas vias aéreas.15 Bausek et al.17, em seu estudo piloto investigaram o impacto do uso do
TMI na função pulmonar e da fala em pacientes com DPOC e ainda a viabilidade e eficácia
do treinamento como parte do programa de capacitação de indivíduos com DPOC, que é o
padrão atual de atendimento. Foram recrutados 17 indivíduos para participar do estudo e a
intervenção consistiu em um treinamento muscular respiratório seguido de aquecimento, exer-
cícios de fortalecimento dos membros superiores e inferiores, exercícios de apoio à aptidão
cardiorrespiratória, além da educação do paciente sobre a DPOC e seu manejo. Todos os
indivíduos foram submetidos ao TMI, com um dispositivo de carga com intensidade de 50%
a 70% da PImáx, incluindo dois ciclos de dez respirações e a intensidade dos exercícios de
fortalecimento variou de 40% a 60% de 1RM. O protocolo foi realizado duas vezes por dia,
todos os dias da semana, durante quatro semanas. Como resultados finais, o PFE obteve

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um aumento estatisticamente significativo, vindo de encontro com os resultados apresenta-
dos na presente pesquisa, onde acredita-se que o GERP obteve uma pequena melhora do
fluxo expiratório devido ao aumento da PEmáx, causado pela expiração contra resistência
do Powerbreathe®, porém este resultado não foi estatisticamente significativo. Já o GER
obteve uma piora do PFE, pois acredita-se que ele esteja diretamente relacionado a PEmáx
que também não mostrou diferença significativa neste grupo.
A dispneia é a principal queixa dos pacientes com DPOC.18 Ela pode limitar a capa-
cidade de exercício e prejudicar a função muscular esquelética, agravando ainda mais os
sintomas.18 Silva et al.19, em sua pesquisa investigaram os efeitos do exercício resistido dos
membros superiores na capacidade funcional, na função muscular e na QV em pacientes
com DPOC. Foram recrutados 51 indivíduos, alocados em dois grupos: grupo intervenção
e grupo controle. Todos os protocolos foram realizados três vezes por semana, durante
oito semanas, sendo que grupo controle realizou movimentos diagonais funcionais para os
membros superiores e inferiores por cerca de dez minutos, fortalecimento da musculatura
respiratória através de um dispositivo de carga com intensidade de 50% da PImáx durante
15 minutos, e no final da sessão foram realizados alongamentos e massagem terapêutica
por dez minutos. Já o grupo intervenção realizou o mesmo protocolo, porém com adição de
exercícios resistidos para os membros superiores com carga de 50% de 1RM. Na análise
dos resultados, não demonstrou efeito dos exercícios em relação ao grau de dispneia, cor-
roborando com o presente estudo que não obteve melhora estatisticamente significativa em
ambos os grupos. Desta forma, sugere-se que não houve alterações significativas devido a
maioria dos participantes apresentarem um grau de dispneia leve.
A DPOC não se limita somente em alterações pulmonares, mas também está relacio-
nada ao comprometimento do sistema musculoesquelético.20 Desta forma, intervenções com
exercícios voltados à melhora da função muscular esquelética têm o potencial de melhorar a
função física e a QV de pessoas com DPOC.20 O resultado do presente estudo em relação
ao TC6’ obteve um aumento estatisticamente significativo no GER. Corroborando com o
estudo de Zambom-Ferraresi et al.21 no qual tiveram por objetivo comparar os efeitos de um
treinamento de resistência isolado em relação ao treinamento combinado de resistência e
endurance sobre a força máxima, a potência muscular, a capacidade de exercício e a quali-
dade de vida em pacientes com DPOC. A amostra foi constituída por 40 indivíduos do gênero
masculino, que foram alocados em três grupos: treinamento de resistência isolado (GR),
treinamento combinado de resistência e endurance (GCRE) e grupo controle (GC). O proto-
colo foi realizado dois dias por semana, durante doze semanas, e incluiu no GR exercícios
em equipamentos de resistência para os membros superiores e inferiores com uma carga de
50% a 70% de 1RM. O GCRE realizou um dia da semana o mesmo protocolo do GR, e no

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outro dia treinamento de endurance em cicloergômetro por durante 30 minutos. Já o GC foi
orientado a realizar suas atividades normalmente. Na análise dos resultados, após o período
de doze semanas, houve um aumento significativo no TC6’ tanto no GR quanto GCRE. Este
resultado justifica-se, pois, os exercícios resistidos requerem maiores esforços metabólico
e ventilatório para os pacientes, gerando maior carga cardíaca e respiratória, aumentando
a capacidade de exercícios, justificando a melhora no TC6’.19
Os questionários de qualidade de vida foram desenvolvidos para quantificar o impacto
que a doença afeta as atividades de vida de diária e sua aplicação pode ser útil na escolha
do tratamento e, por isso, este instrumento de avaliação vem sendo bastante utilizado.22 O re-
sultado do presente estudo em relação à QV, obteve apenas um aumento estatisticamente
significativo no GER quando analisado no escore total e de atividades. Corroborando com
o estudo de Vonbank et al.23, no qual tiveram como objetivo comparar os efeitos de três
modalidades diferentes de exercícios em pacientes com DPOC. A amostra foi constituída
por 36 indivíduos, distribuídos aleatoriamente em três grupos: treinamento progressivo de
força (TF), treinamento de resistência (TR) e a combinação de treinamento de força e treina-
mento de resistência (TFR). O protocolo foi realizado duas vezes por semana durante doze
semanas, e a intervenção no grupo TF consistia em exercícios para os membros superiores
e inferiores que inicialmente foram realizados com cargas mínimas, porém a cada semana
foram aumentadas realizando até 15 repetições. O grupo TR realizou cicloergômetro por 20
minutos durante as primeiras quatro semanas, após foram acrescentados cinco minutos a
cada semana até ao final da intervenção. Já o grupo TFR realizou o protocolo combinado já
citado anteriormente. Na análise dos resultados, a QV, avaliada através do SGRQ aumen-
tou significativamente em todos os três grupos de treinamento, com uma maior melhoria
no escore de atividade no grupo de treinamento combinado. Desta forma, corroborando
com os achados da presente pesquisa, que assim como no TC6’ os exercícios melhoram
a QV podendo auxiliar no entendimento dos mecanismos que a DPOC causa no indivíduo.19

CONCLUSÃO

Neste estudo, concluiu-se que em indivíduos tabagistas, o protocolo de exercícios


resistidos + Powerbreathe® foi superior ao protocolo de exercícios resistidos isolados, em
relação a capacidade respiratória (PImáx, PEmáx), no entanto o protocolo de exercícios
resistidos isolado demonstrou superioridade significativa na capacidade funcional (TC6’) e
na qualidade de vida (SGRQ).

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Agradecimentos

Agradecimento especial ao grupo de pesquisas GECIF, pela colaboração e dedi-


cação a pesquisa.

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12
Velocidade de onda de pulso e resistência
vascular em idosos hipertensos praticantes
de caminhada

Elohim Lima de Sousa José Rian Rodrigues Camelo


Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES
Universidade Federal do Ceará - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

Carlos Eduardo Urbano da Silva Lucas Gabriel de Fontes Sousa


Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES
Universidade Federal do Ceará - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

Pedro Lucas Ferreira das Chagas Lara Cristine Ribeiro dos Santos
Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES
Universidade Federal do Ceará - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

Regina Brena de Lima Costa Marcos Antônio Tenório Machado


Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES Oliveira
Universidade Federal do Ceará - UFC Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES
Universidade Federal do Ceará - UFC

Francisco Saullo Xavier Ribeiro


Instituto de Educação Física e Esportes - IEFES
Universidade Federal do Ceará - UFC Carla Cristina de Sordi
CCS/Universidade Estadual do Ceará - UECE

'10.37885/220609099
RESUMO

Objetivo: Analisar os efeitos do volume de caminhada semanal sobre a Velocidade de


Onda de Pulso (VOP) e Resistência Vascular Total (RVT) em idosos hipertensos. Métodos:
Idosos hipertensos de ambos os sexos foram alocados em grupo fisicamente inativo (FI) e
ativo (FA). Foram analisadas medidas antropométricas, parâmetros hemodinâmicos basais
e os métodos da VOP, índice de aumento (AIx) e RVT. Resultados: A média de caminhada
semanal no grupo FA foi de 306,15 ± 42,3 min. vs. 39,4 ± 49,9 min. em FI (p<0,001). A pres-
são arterial diastólica braquial foi menor no grupo FA (76,5 ± 7,4 mmHg) em comparação
aos FI (82,7 ± 7,6 mmHg; p=0,032), o que também foi evidenciado quanto a pressão de
pulso, que foi menor no grupo FA (48,7 ± 10,2 mmHg) em comparação aos FI (58,6 ± 9,0
mmHg; p=0,008). O grupo FI apresentou 36 maiores índices de VOP (10,3 ± 1,2 m/s), AIx
(36,4 ± 8,0 %) e RVT (1,4 ± 0,1 37 s*mmHg/ml) quando comparados aos FI (VOP = 9,1 ± 0,7
m/s; p=0,005), (AIx = 23,5 ± 38 13,6 %; p=0,003) e (RVT = 1,2 ± 0,1 s*mmHg/ml; p<0,001),
respectivamente. Conclusão: Nossos dados sugerem que um maior volume de caminhada
semanal é eficiente na diminuição da VOP e RVT em idosos hipertensos.

Palavras-chave: Idoso, Hipertenso, Rigidez Arterial, Atividade Física, Caminhada, VOP.


INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um determinante preditivo para o surgimento


de eventos cardiovasculares e morte prematura,1 assim como um fator de risco para as
principais doenças cardiovasculares (DCV). O aumento da rigidez arterial é um fenômeno
complexo caracterizado pela diminuição da complacência das grandes artérias, sendo o
principal fator biológico associado ao envelhecimento,2 bem como a presença de doenças
associadas ao sistema cardiovascular, como a hipertensão arterial.3
O método oscilométrico vem sendo utilizado para compor os exames de risco de eventos
cardiovasculares, tornando possível obter através dele medidas de diferentes parâmetros
de rigidez arterial.4 A velocidade de onda de pulso (VOP), constitui o padrão-ouro para a
avaliação da rigidez arterial, por conta de sua associação com o risco cardiovascular em
diferentes populações.5
É consenso geral que a exercício físico regular é um fator fundamental para assegurar
uma maior longevidade e melhor saúde sistêmica, uma vez que o aumento do dispêndio
energético associado ao exercício evidencia benefícios na redução da inflamação, na me-
lhoria da função endotelial,6 assim como na atenuação da rigidez arterial.7 O protocolo ideal
de atividade física que promove melhor benefício à saúde cardiovascular ainda é discuti-
do na literatura.
A caminhada é uma atividade física popularmente recomendada por diversos profissio-
nais da saúde.8,9 Além de ser popular e de baixo custo, não requer local específico de prática
e a maioria da população pode se exercitar, sendo a forma de atividade física de mais fácil
acesso. A prática crônica de caminhada pode ser uma alternativa para tirar as pessoas da
inatividade física e ser um coadjuvante importante para o combate e profilaxia do leito arterial,
particularmente em idosos hipertensos. Entretanto, ainda não está totalmente claro qual a
“dose resposta” mais indicada para se alcançar benefícios cardiovasculares nessa população.
Portanto, o presente estudo teve como objetivo analisar o comportamento da rigidez arterial
mediante ao tempo de caminhada semanal de idosos hipertensos. Nossa hipótese é que
idosos hipertensos fisicamente ativos com maior volume de caminhada semanal vão obter
menores níveis de rigidez arterial em relação aos idosos hipertensos fisicamente inativos
com menor volume de caminhada semanal.

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MÉTODOS

População do estudo

Um total de 33 idosos hipertensos de ambos os sexos, atendidos rotineiramente na Liga


de Hipertensão Arterial (LHA) do Hospital de Clínicas Universitário da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) e no programa Hiperdia da Unidade Básica de Saúde
Dona Aparecida Conceição Ferreira (UBS-DACF) no Município de Uberaba-MG, participa-
ram voluntariamente deste estudo onde foram alocados em dois grupos experimentais de
acordo com os critérios estabelecidos pela World Health Organization:10 fisicamente inativo
(FI, n=18), composto por idosos hipertensos que caminhavam < 150 minutos e fisicamente
ativo (FA, n=15), que caminhavam ≥ 150 minutos por semana. Os critérios de exclusão foram
pacientes com idade inferior a 60 anos, ser portador de necessidades especiais físicas e/
ou neurológicas que comprometam a capacidade de compreensão, idosas que estejam em
terapia hormonal, histórico de alcoolismo e/ou tabagismo, evidência clínica ou bioquímica
de comprometimento renal, presença de doenças do tecido conjuntivo que sabidamente
afetam a vascularização arterial, presença de doença arterial coronariana, doença cardíaca
isquêmica, doença cerebrovascular e doença vascular periférica. Todos os participantes for-
neceram consentimento informado por escrito antes de iniciar o estudo, conforme aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFTM (nº 1.249.283/2015).

Desenho da pesquisa

O estudo utilizou delineamento experimental em corte transversal ao acaso com duas


etapas experimentais. A primeira etapa consistiu na abordagem aos pacientes realizada nos
dias e horários habituais destinados as consultas de rotina, na qual os pesquisadores discor-
reram de todas as informações sobre a pesquisa e convidarão os mesmos a participarem vo-
luntariamente do estudo com a apresentação verbal e por escrito do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) para posterior preenchimento e assinatura de autorização.
A segunda etapa consistiu em duas visitas experimentais que foram concluídas dentro
de 2 semanas e separadas por pelo menos 4 dias. Na primeira visita em nosso laboratório,
realizou-se uma anamnese a partir de um questionário elaborado e aplicado pelos pesquisa-
dores para obter informações sobre os dados pessoais, antecedentes familiares, história da
moléstia atual, estilo de vida relacionado à saúde e hábitos comportamentais. Em seguida
outro questionário foi aplicado com intuito de estratificar os fatores de risco para doenças
cardiovasculares e, finalmente, foi aplicado o questionário confeccionado pelos próprios
autores do estudo no qual se perguntava quais dias da última semana e o tempo em cada

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dia que o paciente praticou caminhada. Na segunda visita, medidas antropométricas, pa-
râmetros hemodinâmicos basais e a rigidez arterial foram avaliados. Para este propósito,
todos os voluntários foram previamente instruídos a abster-se de drogas estimulantes, ca-
feína, tabaco, bebidas alcoólicas, ingestão de alimentos ricos em gordura, medicamentos e
atividade física por pelo menos 24 horas antes. As sessões experimentais foram realizadas
em condição basal, à temperatura ambiente (21-25ºC) no período da manhã, 2 horas após
o primeiro café da manhã regular, aproximadamente na mesma hora do dia.

Medidas antropométricas

As medidas antropométricas de peso, altura e índice de massa corporal foram mensu-


radas utilizando-se balança portátil Tanita (Tanita HD-350®) e estadiômetro portátil (preci-
são de 0,1 cm; Prime Med®) fixado em parede com os voluntários sem calçados e roupas
leves. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado como peso / altura quadrada e ex-
presso em kg / m2.

Parâmetros hemodinâmicos

A PA foi aferida de forma não invasiva após 5 minutos de repouso na posição supina
utilizando-se um manguito automático e oscilométrico (M3 Intellisense HEM-7051-E; Omron
Healthcare, Kyoto, Japão) com visor digital. A FC foi monitorada pela derivação II de um
eletrocardiograma (Labchart Pro version 7.3.4, Brasil) batimento por batimento na posição
CM5 e analisado pelo software (Matlab 6.1.1.450 Release 12.1.2001).

Medição das Pressões Centrais do Sangue, Índice de Aumento, Resistência Periférica


Total e Velocidade da Onda de Pulso

A análise não invasiva da onda de pulso foi realizada com o complemento comercial-
mente disponível (HMS CS, o Mobil-O-Graph® PWA). Formas de onda de pulso da artéria
braquial foram registradas durante 15 minutos. Este método, que capta oscilometricamente
a forma de onda de pulso da artéria braquial por um manguito de braço, foi validado an-
tes.11 As gravações foram realizadas no nível de pressão diastólica por aproximadamente
10 segundos usando um manguito de PA convencional e um sensor de pressão de alta fideli-
dade (MPX5050, Freescale Inc., Tempe, AZ). O sensor é conectado a um conversor A / D de
12 bits por meio de um filtro ativo de graves analógicos (<0,> 25 Hz). Após a digitalização,
o processamento do sinal foi realizado usando um algoritmo de três níveis. Num primeiro
passo, as ondas de pressão únicas foram verificadas quanto à sua plausibilidade, testando
a posição dos mínimos e os correspondentes comprimentos de onda. Durante o segundo

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estágio, todas as ondas de pressão individuais foram comparadas entre si para reconhecer
os artefatos. Depois disso, uma onda de pulso aórtica é gerada por meio de uma função de
transferência generalizada.
A ideia por trás de uma função de transferência é a modificação de uma determinada
faixa de frequência dentro do sinal de pulso adquirido para obter a onda de pressão aórti-
ca.11 O primeiro cruzamento de zero positivo da derivada de tempo de quarta ordem da onda
de pulso aórtica gerada representa o ponto de inflexão desejado. Na última etapa, a coerência
dos parâmetros medidos foi verificada. Portanto, o ponto de inflexão de cada onda de pulso
foi comparado com o ponto médio de inflexão. O tempo de registro do sinal oscilométrico
no nível diastólico permite a derivação de parâmetros hemodinâmicos centrais, como PAs
centrais, Aix, débito cardíaco (DC) e RPT da forma de onda de pulso por meio de uma fun-
ção de transferência. Para o cálculo do DC, os pacientes foram medidos automaticamente
usando software usando fator de calibração específico do paciente, FC, complacência, área
da curva de pressão e conformidade, conforme descrito previamente.11

Análise estatística

Os dados foram analisados com SigmaStat 2.3.0 (Software Científico Jandel, SPSS,
Chicago, IL, EUA). A normalidade da distribuição dos dados foi analisada pelo teste de
Shapiro-Wilk. As variáveis contínuas foram apresentadas como média ± desvio padrão (DP)
e variáveis categóricas como porcentagens. As comparações entre os grupos foram feitas
usando o teste t de Student não pareado (bicaudal) ou o teste U de Mann-Whitney para dados
não paramétricos e qui-quadrado para as variáveis qualitativas. Valores de probabilidade <
0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

RESULTADOS

Características demográficas, antropométricas e tempo de caminhada semanal

A idade média dos indivíduos incluídos neste estudo foi de 68,2 ± 6,1 anos e 14
indivíduos (42,4%) eram do sexo masculino. Dados sobre características demográficas,
antropométricas e a média semanal de caminhada estão apresentados na Tabela 1. Não
houve diferenças estatísticas entre os grupos em relação à idade, sexo, massa corporal e
IMC. O tempo de caminhada, todavia, foi significativamente maior no grupo FA (306,15 min)
em comparação aos idosos hipertensos FI (39,44 min; p<0,001).

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Tabela 1. Características demográficas e antropométricas.
FI FA
p
(n=18) (n=15)
Idade (anos) 66,0 [62,0-71,0] 70,0 [64,0-71,2] 0,252
Sexo Masc. n (%) 05 (27,8) 09 (60,0) 0,982
Sexo Fem. n (%) 13 (72,2) 06 (40,0) 0,968
Massa Corporal (kg) 71,6 ± 14,0 73,4 ± 12,3 0,714
IMC (kg/m2) 28,7 ± 5,0 27,6 ± 4,5 0,528
Valores estão expressos como média ± desvio padrão da média (dpm) e porcentagens. FI: fisicamente inativo; FA: fisicamente
ativo; IMC: índice de massa corporal.

Parâmetros hemodinâmicos

As variáveis hemodinâmicas em repouso da FC, DC, pressões braquiais (periféricas),


centrais e PP são evidenciadas na tabela 2. Com exceção da PAD braquial (FI: 82,7 ± 7,6
mmHg vs. FA: 76,5 ± 7,4 mmHg; p=0,032) e PP braquial (FI: 58,6 ± 9,0 mmHg vs. FA: 48,7 ±
10,2 mmHg; p=0,008) que obtiveram diferenças significativas, todas as outras variáveis de pa-
drões hemodinâmicos basais foram homogêneas não apresentando diferenças consideráveis.

Tabela 2. Parâmetros hemodinâmicos basais.


FI FA
p
(n=18) (n=15)
PAS braquial (mmHg) 131,5 ± 13,6 123,0 ± 11,9 0,082
PAD braquial (mmHg) 82,7 ± 7,6 76,5 ± 7,4 0,032
PAM braquial (mmHg) 94,5 [93,3-104,0] 93,3 [91,0-97,5] 0,064
PP braquial (mmHg) 58,6 ± 9,0 48,7 ± 10,2 0,008
PAS central (mmHg) 121,7 ± 11,2 117,6 ± 16,1 0,419
PAD central (mmHg) 81,0 ± 8,6 79,6 ± 5,2 0,600
PP central (mmHg) 38,6 ± 7,7 37,5 ± 10,4 0,348
iREFLEX (%) 67,2 ± 7,8 64,8 ± 7,4 0,390
FC (bpm) 74,0 ± 9,7 67,3 ± 8,3 0,056
DC (L/min) 4,5 ± 0,6 5,0 ± 0,7 0,107
Valores estão expressos como média ± desvio padrão da média (dpm). IMC: índice de massa corporal; PAS: pressão arterial sistólica; PAD:
pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial média; FC: frequência cardíaca; PP: pressão de pulso; Alx: índice de aumento; iREFLEX:
índice de reflexão; VOP: velocidade de onda de pulso; DC: débito cardíaco; RVT: resistência vascular total.

Velocidade de onda de pulso e resistência vascular

Em contraste, a VOP aórtica foi estatisticamente maior nos idosos hipertensos com
menor volume de caminhada (10,3 ± 1,2 m/s) comparados aos idosos hipertensos com
maior volume de caminhada (9,1 ± 0,7 m/s; p=0,005) (Fig. 1A). Resultado semelhante foi
observado quanto ao AIx do grupo FI: 36,7 [31,0-40,5%] em comparação ao grupo FA: 18,5
[11,7-34,8%] (p=0,012; Fig. 1B). O que também foi evidenciado quanto a RVT, que foi menor
no grupo FA (1,2 ± 0,1 s*mmHg/ml) quando confrontado ao grupo FI (1,4 ± 0,1 s*mmHg/ml;
p<0,001) (Fig. 1C).

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Figura 1. Parâmetros cardiovasculares da rigidez arterial em idosos hipertensos fisicamente inativos (FI) e ativos (FA). A)
Velocidade de onda de pulso (VOP), B) Índice de aumento (AIx) e C) Resistência vascular total (RVT).

DISCUSSÃO

Diversos investigadores têm analisado juntamente ao processo de envelhecimento


fisiológico as relações entre rigidez arterial e parâmetros clínicos em diversas populações
com doenças crônicas não transmissíveis, como a hipertensão arterial, e sua associação a
diferentes métodos de tratamento não farmacológico, nesse caso, a atividade física. Tendo
em conta o principal objetivo do estudo em analisar a repercussão do volume semanal do
exercício de caminhada nas variáveis hemodinâmicas da rigidez arterial em idosos hiper-
tensos, e face a hipótese de estudo, pela leitura dos resultados o principal achado desta
investigação foi que o volume de caminhada semanal acima de 150 minutos é mais eficaz
em atenuar de forma significativa a rigidez arterial, expressa pela VOP, AIx e RVP. Estes
resultados são consistentes com estudos realizados anteriormente. Exercícios aeróbios
de baixa intensidade já provaram ser eficientes para a redução de níveis de rigidez arte-
rial.12,13 De fato, estima-se que há cada incremento de 1000 passos/dia há uma redução
de 0,18 m/s de VOP.14 Porém seu hábito semanal isolado não havia sido ainda analisado.
Exercícios aeróbios (equivalentes a +10000 passos/dia) trazem grandes benefícios fisioló-
gicos que auxiliam na redução da VOP, tais como redução de estresse oxidativo sistêmico,
de inflamação e promoção da vasodilatação endotélio-dependente pela maior produção

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de óxido nítrico.15 Em contrapartida, o sedentarismo, unido a outros fatores de risco, está
relacionado a uma maior incidência de envelhecimento cardiovascular precoce16 e morte
por doenças cardiometabólicas e causas gerais.17
Estudos como o nosso são importantes não somente para averiguar possíveis corre-
lações entre níveis de atividade física e parâmetros de saúde cardiovascular, mas também
para avaliar metodologias e possíveis vieses em diferentes populações. De acordo com
nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que, através de relatos computados, avaliou
o efeito do volume semanal de caminhada na rigidez arterial de idosos hipertensos. Vale
ressaltar que ambos os grupos de idosos hipertensos que participaram do respectivo estudo
praticam caminhada por recomendação médica com tempo de prática igualitária (em torno
de 10 anos), independente do volume semanal.
É sabido que ocorre um aumento fisiológico na rigidez arterial com o processo de enve-
lhecimento,18 sendo que em hipertensos este aumento se encontra mais expressivo.19 A rigi-
dez arterial desempenha um papel central na patogênese da hipertensão arterial, piorando a
perfusão sanguínea, gerando aumento de pós-carga e lesões em órgãos-alvo.20 O aumento de
rigidez arterial está relacionado principalmente à idade, síndromes metabólicas, inflamação e
disfunção neuro-hormonal.21 A relação entre hipertensão arterial e a rigidez arterial parece
ser bem próxima, mas ainda misteriosa, ainda não se sabe ao certo qual dos fenômenos
dá origem ao outro, nem se a rigidez arterial tem início pelos vasos periféricos ou centrais.22
Existem cerca de 30 regiões genéticas relacionadas à HAS e a relação entre HAS e rigidez
arterial parece perpassar gerações, de modo que filhos normotensos de pais hipertensos
tendem a ter índices de rigidez arterial maiores quando comparados a filhos normotensos
de pais normotensos.23 Analisar parâmetros de rigidez arterial pode auxiliar ainda mais na
prevenção de doenças cardiovasculares e morte, já que a VOP é um importante preditor de
tais acometimentos,24 e o risco de eventos cardiovasculares é maior quando o valor da VOP
é igual ou superior a 10 m/s.25 O treinamento físico aeróbio parece atenuar este endureci-
mento da parede das grandes artérias, bem como reduzi-lo quando já estabelecido. Estudo
que realizou treinamento aeróbio por doze semanas foi capaz de aumentar a complacência
da artéria carótida de indivíduos saudáveis de meia idade.26 Por outro lado, oito semanas
de exercício aeróbio leve praticados por indivíduos com hipertensão sistólica isolada não
demonstrou melhora na rigidez arterial.27 Outros estudos mostraram uma significativa redução
na VOP em hipertensos que realizavam uma corrida e/ou caminhada28 e em normotensos
que realizavam vários tipos de exercício aeróbio com intensidade moderada e vigorosa.29
Uma revisão sistemática e meta-análise avaliando os efeitos do exercício aeróbio na VOP
mostrou redução na VOP promovida pelo exercício aeróbio. Tal redução aumentou com exer-
cícios de longa duração, que promovem maior consumo de oxigênio.30 Entretanto, reduções

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na PAS central e na VOP podem diminuir o risco de eventos cardiovasculares adicionais,
reforçando o potencial benefício da atividade física regular.31
Estes resultados conflitantes podem ser explicados através da intensidade do exercício
e do nível de doença dos indivíduos. Os mecanismos que levam ao aumento da rigidez arte-
rial incluem degradação da matriz elástica, disfunção endotelial, hipertrofia e hiperplasia das
células musculares lisas e aumentado conteúdo de colágeno.32 Estes mecanismos parecem
estar mais acelerados na presença de hipertensão arterial,18,32 com isso programas crônicos
de exercícios físicos com maior intensidade ou tempo de duração podem ser requeridos para
a melhora da complacência arterial nesta população, enquanto que em populações saudá-
veis, onde o endurecimento arterial é menos acentuado,18 períodos relativamente curtos de
treinamento de intensidade leve a moderada já demonstram benefício.26
A medida da VOP é considerada padrão-ouro para análises de rigidez arterial. No en-
tanto, outros métodos como PP e AIx também são influenciados devido a condições fisiopa-
tológicas maiores e são considerados importantes marcadores de rigidez arterial. De fato,
a PP e o AIx são os parâmetros que se encontram diretamente relacionados com a rigidez
arterial. Do ponto de vista clínico, a PP prevê o risco de doença coronariana e o AIx indica-nos
a carga imposta ao ventrículo esquerdo. Nesse sentido, encontramos em nosso estudo um
menores índices de PP e AIx em idosos hipertensos com maior volume de caminhada sema-
nal, o que corrobora com o entendimento de uma menor rigidez arterial nesses indivíduos.
Apesar da ausência de interação grupo vs. tempo significativa, uma leitura mais atenta
permitiu-nos detectar uma tendência para uma redução no valor basal de FC a favor do grupo
com maior volume semanal de exercícios de caminhada (p=0,056). Uma FC de repouso baixa
tende a representar um bom quadro de saúde, enquanto valores mais altos aparentemente
estão relacionados a risco aumentado de mortalidade.33 Estudos sugerem que indivíduos
bem treinados ou bem condicionados fisicamente (aerobicamente) possuem FC de repou-
so mais baixa, sugerindo maior atividade parassimpática,34 ou menor atividade simpática,35
como a explicação fisiológica para esse fato. A importância desses achados é que a melhora
da atividade parassimpática tem sido associada às condições físicas e emergiu como um
protetor independente contra a morte súbita cardíaca.36
A FC de repouso mais baixa pode ocorrer ainda em função de outros fatores decor-
rentes de um programa de treinamento, como o aumento do retorno venoso e do volume
sistólico. Com a melhora da função do retorno venoso, ocorre um consequente aumento
do volume sistólico, assim, quando há aumento no volume de sangue em suas cavidades,
o coração aumenta também sua contratilidade.37 Para manter o DC em repouso constante,
há diminuição da FC em resposta ao volume sistólico aumentado, sendo estas adaptações
previstas em indivíduos com melhor condicionamento aeróbico.37

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CONCLUSÃO

Este estudo permite concluir que a rotina de praticar caminhada com uma frequência
semanal superior a 150 minutos está relacionado a menor VOP e RVT e consequentemente
níveis mais baixos de rigidez arterial em idosos hipertensos. Nessa premissa, constata-se
que a prática habitual de caminhada, além de trazer outros benefícios à saúde, é uma im-
portante ferramenta que auxilia no controle da VOP e outras variáveis de rigidez arterial,
devendo ser estimulada sempre que possível.

Limitações do estudo

Há algumas limitações importantes em nosso estudo. O caráter de aferição do hábito


de caminhada foi realizado por um critério subjetivo (questionário). Estudos que utilizam de
critérios de medição subjetivos como questionários podem sofrer vieses de superestima
por parte de participantes idosos.38 Este estudo, porém, encontrou resultados que vão ao
encontro de outros que se utilizaram de critérios objetivos de aferição do número de passos.
Outra limitação em nosso estudo envolve a questão de que o grupo FA teve um percentual de
participantes do sexo masculino mais alto que no grupo FI. Porém, constatou-se não haver
diferenças significativas entre VOP em ambos os sexos em qualquer década de vida.39,40

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SOBRE OS ORGANIZADORES
José Martins Juliano Eustaquio
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba (MG),
2009. Residência em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM), Uberaba (MG), 2011-2013. Titulo de Especialista em Ortopedia e Traumatologia pela
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), 2014. Especialização em Cirurgia do
Joelho pelo Instituto Biocor, Belo Horizonte (MG), 2014. Título de Especialista em Traumatologia
do Esporte pela Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE),
2014. Titulo de Especialista em Medicina do Esporte e do Exercício pela Sociedade Brasileira de
Medicina do Esporte e Exercício (SBMEE), 2015. Membro do Departamento Médico do Uberaba
Sport Club, desde 2009. Título de Especialista em Cirurgia do Joelho pela Sociedade Brasileira
de Cirurgia do Joelho (SBCJ), 2016. Membro do Corpo Clínico e Preceptor da Residência em
Ortopedia e Traumatologia do Hospital Mário Palmério, desde 2015. Coordenador da Residência
Médica em Ortopedia e Traumatologia do Hospital Mário Palmério/ Universidade de Uberaba (MG),
desde 2017. Mestre em Educação Física- Grande Área: Ciências da Saúde, pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (2018-2020).
Professor do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Membro do Corpo
Editorial da Editora Científica. Ex-membro da Comissão de Ensino e Treinamento da Sociedade
Brasileira de Ortopedia e Traumatologia/ Regional Minas Gerais. Diretor da Sociedade Mineira de
Medicina do Exercício e do Esporte (2019-2021). Presidente da Seccional do Triângulo Mineiro
e Alto Paranaíba da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia/ Regional Minas Gerais
(2019,2021). Presidente do V Congresso Mineiro de Medicina do Exercício e do Esporte (2020).
Presidente eleito da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte (triênio 2025-2027).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1020508459218713

Octávio Barbosa Neto


Professor Associado do Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES) da Universidade Federal
do Ceará (UFC). Concluiu mestrado e doutorado em Ciências (Patologia Geral) pela Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Especialização em Fisiologia e
Cardiologia do Exercício pelo Instituto Cardiovascular (UC San Diego Health, CA). Orientador do
programa de Pós-graduação em Educação Física da UFTM. Parecerista de periódicos nacionais
e internacionais. Docente e pesquisador nas áreas de Fisiologia Humana e do Exercício com
ênfase em Cardiologia do Exercício (efeitos agudos e crônicos dos exercícios aeróbicos e
resistidos) aplicados a sujeitos saudáveis (jovens e idosos) e a portadores de Doenças Crônicas
(hipertensão, doença arterial periférica, diabetes, obesidade, câncer, dentre outras), Fisiologia
Cardiovascular no Desempenho Humano e Recursos Ergogênicos, Controles Autonômicos e
Reflexos, Neovascularização, Variabilidade Cardiovascular e Terapia Celular.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9184030256588469

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ÍNDICE REMISSIVO

A Imunossenescência: 75, 80

Aging: 90, 93, 94, 99, 101, 104, 106, 169, 170 L
Atleta: 11, 45 Lesões: 107

C M
Caminhada: 146, 151 Medicina: 65, 95

Catecolaminas: 75, 80 Métodos de Ensino: 126, 139

Corredor: 108 P
Creatina: 53, 58, 62, 65 Papiloma: 118, 120

E S
Educação: 65, 88, 126, 129, 130, 137, 138, 141, Strength Training: 157
158
T
Educação Física: 65, 88, 126, 129, 130, 138, 141,
158 Tabagismo: 143

Electromyography: 40 Treinadores: 125, 126

Escola: 128, 139 V


Esporte: 65, 124, 138, 141 Verrugas: 123

Exercício Físico: 68, 69 Virilha: 47

Exercícios: 15, 75, 88, 143, 147, 165 VOP: 159, 160, 164, 165, 166, 167, 168

Exercise: 21, 22, 25, 66, 74, 78, 89, 90, 91, 92, 93,
94, 104, 157, 169, 170

F
Fisioterapia: 143, 144

Formação Continuada: 126

Futebol: 140

H
Handebol: 126

Hérnia: 47

I
Idoso: 159

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