Você está na página 1de 314

PATRÍCIO FRANCISCO DA SILVA

LARISSA CARVALHO DE SOUSA


(Organizadores)

editora

científica digital
PATRÍCIO FRANCISCO DA SILVA
LARISSA CARVALHO DE SOUSA
(Organizadores)

1ª EDIÇÃO

editora

científica digital

2021 - GUARUJÁ - SP
editora

científica digital

EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA


Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.org - contato@editoracientifica.org

Diagramação e arte 2021 by Editora Científica Digital


Equipe editorial Copyright© 2021 Editora Científica Digital
Imagens da capa Copyright do Texto © 2021 Os Autores
Adobe Stock - licensed by Editora Científica Digital - 2021 Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Revisão
Acesso Livre - Open Access
Os autores

Parecer e revisão por pares


Os textos que compõem esta obra foram submetidos para avaliação do Conselho Editorial da Editora Cien-
tífica Digital, bem como revisados por pares, sendo indicados para a publicação.

O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato
Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos autores, mas sem a possibilidade
de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.

Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

E56 Enfermagem [livro eletrônico] : desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado / Organizadores Patrício Francisco da
Silva, Larissa Carvalho de Sousa. – Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89826-82-8
DOI 10.37885/978-65-89826-82-8

1. Enfermagem. 2. Cuidados de enfermagem. 3. Prática profissional. I. Silva, Patrício Francisco da. II. Sousa, Larissa
Carvalho de.

2021
CDD 610.73

Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422


CORPO EDITORIAL

Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852

editora

científica digital
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Flávio Aparecido De Almeida
Universidade Federal do Piauí, Brasil Faculdade Unida de Vitória, Brasil

Eloisa Rosotti Navarro Mauro Vinicius Dutra Girão


Universidade Federal de São Carlos, Brasil Centro Universitário Inta, Brasil

Rogério de Melo Grillo Clóvis Luciano Giacomet


Universidade Estadual de Campinas, Brasil Universidade Federal do Amapá, Brasil

Carlos Alberto Martins Cordeiro Giovanna Moraes


Universidade Federal do Pará, Brasil Universidade Federal de Uberlândia, Brasil

Ernane Rosa Martins André Cutrim Carvalho


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Rossano Sartori Dal Molin Silvani Verruck


FSG Centro Universitário, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

Edilson Coelho Sampaio Auristela Correa Castro


Universidade da Amazônia, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Domingos Bombo Damião Osvaldo Contador Junior


Universidade Agostinho Neto, Angola Faculdade de Tecnologia de Jahu, Brasil

Elson Ferreira Costa Claudia Maria Rinhel-Silva


Universidade do Estado do Pará, Brasil Universidade Paulista, Brasil

Carlos Alexandre Oelke Dennis Soares Leite


Universidade Federal do Pampa, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil

Patrício Francisco da Silva Silvana Lima Vieira


Universidade CEUMA, Brasil Universidade do Estado da Bahia, Brasil

Reinaldo Eduardo da Silva Sales Cristina Berger Fadel


Instituto Federal do Pará, Brasil Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil

Dalízia Amaral Cruz Graciete Barros Silva


Universidade Federal do Pará, Brasil Universidade Estadual de Roraima, Brasil

Susana Jorge Ferreira Juliana Campos Pinheiro


Universidade de Évora, Portugal Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil

Fabricio Gomes Gonçalves Cristiano Marins


Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Universidade Federal Fluminense, Brasil

Erival Gonçalves Prata Silvio Almeida Junior


Universidade Federal do Pará, Brasil Universidade de Franca, Brasil

Gevair Campos Raimundo Nonato Ferreira Do Nascimento


Faculdade CNEC Unaí, Brasil Universidade Federal do Piaui, Brasil

editora

científica digital
CONSELHO EDITORIAL

Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva Jonatas Brito de Alencar Neto


Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Brasil Universidade Federal do Ceará, Brasil

Carlos Roberto de Lima Moisés de Souza Mendonça


Universidade Federal de Campina Grande, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Brasil

Daniel Luciano Gevehr Pedro Afonso Cortez


Faculdades Integradas de Taquara, Brasil Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

Maria Cristina Zago Iara Margolis Ribeiro


Centro Universitário UNIFAAT, Brasil Universidade do Minho, Brasil

Wescley Viana Evangelista Julianno Pizzano Ayoub


Universidade do Estado de Mato Grosso, Brasil Universidade Estadual do Centro-Oeste, Brasil

Samylla Maira Costa Siqueira Vitor Afonso Hoeflich


Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal do Paraná, Brasil

Gloria Maria de Franca Bianca Anacleto Araújo de Sousa


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil

Antônio Marcos Mota Miranda Bianca Cerqueira Martins


Instituto Evandro Chagas, Brasil Universidade Federal do Acre, Brasil

Carla da Silva Sousa Daniela Remião de Macedo


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Brasil Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Portugal

Dennys Ramon de Melo Fernandes Almeida Dioniso de Souza Sampaio


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Francisco de Sousa Lima Rosemary Laís Galati


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Brasil Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil

Reginaldo da Silva Sales Maria Fernanda Soares Queiroz


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Brasil Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil

Mário Celso Neves De Andrade Leonardo Augusto Couto Finelli


Universidade de São Paulo, Brasil Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil

Maria do Carmo de Sousa Thais Ranielle Souza de Oliveira


Universidade Federal de São Carlos, Brasil Centro Universitário Euroamericano, Brasil

Mauro Luiz Costa Campello Alessandra de Souza Martins


Universidade Paulista, Brasil Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil

Sayonara Cotrim Sabioni Claudiomir da Silva Santos


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Baiano, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Brasil

Ricardo Pereira Sepini Fabrício dos Santos Ritá


Universidade Federal de São João Del-Rei, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Brasil

Flávio Campos de Morais Danielly de Sousa Nóbrega


Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre, Brasil

Sonia Aparecida Cabral Livia Fernandes dos Santos


Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre, Brasil

editora

científica digital
CONSELHO EDITORIAL

Liege Coutinho Goulart Dornellas Irlane Maia de Oliveira


Universidade Presidente Antônio Carlos, Brasil Universidade Federal do Amazonas, Brasil

Ticiano Azevedo Bastos Lívia Silveira Duarte Aquino


Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil Universidade Federal do Cariri, Brasil

Walmir Fernandes Pereira Xaene Maria Fernandes Mendonça


Miami University of Science and Technology, Estados Unidos da América Universidade Federal do Pará, Brasil

Jónata Ferreira De Moura Thaís de Oliveira Carvalho Granado Santos


Universidade Federal do Maranhão, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Camila de Moura Vogt Fábio Ferreira de Carvalho Junior


Universidade Federal do Pará, Brasil Fundação Getúlio Vargas, Brasil

José Martins Juliano Eustaquio Anderson Nunes Lopes


Universidade de Uberaba, Brasil Universidade Luterana do Brasil, Brasil

Adriana Leite de Andrade Carlos Alberto da Silva


Universidade Católica de Petrópolis, Brasil Universidade Federal do Ceara, Brasil

Francisco Carlos Alberto Fonteles Holanda Keila de Souza Silva


Universidade Federal do Pará, Brasil Universidade Estadual de Maringá, Brasil

Bruna Almeida da Silva Francisco das Chagas Alves do Nascimento


Universidade do Estado do Pará, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes
Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Ronei Aparecido Barbosa Arinaldo Pereira Silva


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Brasil Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Brasil

Julio Onésio Ferreira Melo Laís Conceição Tavares


Universidade Federal de São João Del Rei, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Brasil

Juliano José Corbi Ana Maria Aguiar Frias


Universidade de São Paulo, Brasil Universidade de Évora, Brasil

Thadeu Borges Souza Santos Willian Douglas Guilherme


Universidade do Estado da Bahia, Brasil Universidade Federal do Tocatins, Brasil

Francisco Sérgio Lopes Vasconcelos Filho Evaldo Martins da Silva


Universidade Federal do Cariri, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Francine Náthalie Ferraresi Rodriguess Queluz Biano Alves de Melo Neto


Universidade São Francisco, Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Brasil

Maria Luzete Costa Cavalcante António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém
Universidade Federal do Ceará, Brasil Universidade do Minho, Portugal

Luciane Martins de Oliveira Matos Valdemir Pereira de Sousa


Faculdade do Ensino Superior de Linhares, Brasil Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

Rosenery Pimentel Nascimento Sheylla Susan Moreira da Silva de Almeida


Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Universidade Federal do Amapá, Brasil

editora

científica digital
CONSELHO EDITORIAL

Miriam Aparecida Rosa Daniel Augusto da Silva


Instituto Federal do Sul de Minas, Brasil Fundação Educacional do Município de Assis, Brasil

Rayme Tiago Rodrigues Costa Aleteia Hummes Thaines


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Brasil Faculdades Integradas de Taquara, Brasil

Priscyla Lima de Andrade Elisangela Lima Andrade


Centro Universitário UniFBV, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil

Andre Muniz Afonso Reinaldo Pacheco Santos


Universidade Federal do Paraná, Brasil Universidade Federal do Vale do São Francisco, Brasil

Marcel Ricardo Nogueira de Oliveira Cláudia Catarina Agostinho


Universidade Estadual do Centro Oeste, Brasil Hospital Lusíadas Lisboa, Portugal

Gabriel Jesus Alves de Melo Carla Cristina Bauermann Brasil


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Brasil Universidade Federal de Santa Maria, Brasil

Deise Keller Cavalcante Humberto Costa


Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro Universidade Federal do Paraná, Brasil

Larissa Carvalho de Sousa Ana Paula Felipe Ferreira da Silva


Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Universidade Potiguar, Brasil

Susimeire Vivien Rosotti de Andrade Ernane José Xavier Costa


Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil

Daniel dos Reis Pedrosa Fabricia Zanelato Bertolde


Instituto Federal de Minas Gerais, Brasil Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil

Wiaslan Figueiredo Martins Eliomar Viana Amorim


Instituto Federal Goiano, Brasil Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil

Lênio José Guerreiro de Faria


Universidade Federal do Pará, Brasil

Tamara Rocha dos Santos


Universidade Federal de Goiás, Brasil

Marcos Vinicius Winckler Caldeira


Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

Gustavo Soares de Souza


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Brasil

Adriana Cristina Bordignon


Universidade Federal do Maranhão, Brasil

Norma Suely Evangelista-Barreto


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil

Larry Oscar Chañi Paucar


Universidad Nacional Amazónica de Madre de Dios, Peru

Pedro Andrés Chira Oliva


Universidade Federal do Pará, Brasil

editora

científica digital
APRESENTAÇÃO
Com o intuito de fomentar a produção científica, corroborando para a ampliação do processo de busca por respostas, troca
e compartilhamento de saberes, essa obra foi criada por estudantes, professores e profissionais que contribuem de maneira
ativa, para a promoção da saúde e melhoria da Qualidade de vida das pessoas. Cada pesquisa, alicerça-se como ferramenta
de auxílio para a compreensão de fatores biológicos, fatores psíquicos, fatores sociais e culturais, pois compreendem o
ser humano de forma integral e, portanto, lançam mão de tecnologias de saúde que vão desde uma esculta qualificada e
resolutiva, até um procedimento em nível terciário. Sabendo do interesse, do comprometimento e da corresponsabilidade
de cada autor, elevamos nossos votos de estima e agradecimento pelo empenho e dedicação na construção das brilhantes
obras publicadas, pois além de trazerem soluções para diversos questionamentos, causam inquietação quanto a busca
por novas informações, e compartilhamento de conhecimentos, que subsidiarão a continuidade de mais obras com valores
distintos e realizadas por pensadores e formadores de opinião.

Patrício Francisco da Silva


Larissa Carvalho de Sousa
SUMÁRIO
CAPÍTULO
01
A APLICABILIDADE DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA PARA AS PESSOAS ACOMETIDAS POR TRANSTORNOS MENTAIS EM
CONFLITO COM A LEI

Flavia Vieira Lima Silva; Mayla Thaliny Barbosa Ferreira Queiroz; Patrício Francisco da Silva

' 10.37885/210705339................................................................................................................................................................................... 15

CAPÍTULO
02
A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE FRENTE À PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO
NARRATIVA DA LITERATURA
Maisa Maria Batista Ludgério; Laryssa Emanuele Costa Silva; Mirela Ferreira Pessoa Deodoro; Muanna Jéssica Batista Ludgério

' 10.37885/210705531.................................................................................................................................................................................... 31

CAPÍTULO
03
ABORDAGEM ESTRUTURAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ADOLESCENTES ESCOLARES SOBRE O PROCESSO DE
ENVELHECIMENTO
Bernardo Rafael Blanche; Ticianne da Cunha Soares; Ana Carolinne de Souza Diógenes da Silveira; Ellen Castro Pinheiro de Sousa;
Maria de Fátima Sousa Barros Vilarinh; Ariella de Carvalho Luz; Matheus Henrique da Silva Lemos; Filipe Melo da Silva; Ana Larissa
Gomes Machado; Francisca Tereza de Galiza

' 10.37885/210805658.................................................................................................................................................................................. 38

CAPÍTULO
04
AÇÃO EDUCATIVA SOBRE CÂNCER DE COLO UTERINO PARA MULHERES AGUARDANDO A REALIZAÇÃO DO EXAME
PREVENTIVO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ana Karina Rodrigues Coelho; Bruna Maria Silva de Oliveira; Fábio Roberto de Sales Rodrigues Maia Filho; Fernanda Maria Ribeiro
Batista; Leidiane de Jesus da Costa Santos Santos; Maria Eduarda Ribeiro Martins; Natasha Cristina Rangel Rodrigues; Paulo Sérgio
Caetano de Carvalho; Tâmia Rayara Carvalho Araújo da Silva; Tamires Costa Franco

' 10.37885/210705359...................................................................................................................................................................................54

CAPÍTULO
05
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CASOS DE HANSENÍASE EM DOIS BAIRROS ENDÊMICOS
Ariella de Carvalho Luz; Victorugo Guedes Alencar Correia; Maria de Fátima Sousa Barros Vilarinho; Matheus Henrique da Silva
Lemos; Filipe Melo da Silva; Bernardo Rafael Blanche; Dinah Alencar Melo Araujo; Gilvânia da Conceição Rocha; Heidy Priscilla
Velôso; Ticianne da Cunha Soares

' 10.37885/210805661.................................................................................................................................................................................. 60
SUMÁRIO
CAPÍTULO
06
APLICAÇÃO DA TEORIA DO AUTOCUIDADO NA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PESSOA COM
DIABETES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Maiza Silva de Sousa; Ana Beatriz Sousa Alves; Juliana de Fátima Almeida da Penha; Karen Alessandra de Jesus Cuimar; Márcio Yrochy
Saldanha dos Santos; Lisiany Carneiro de Santana Moreira
' 10.37885/210805584................................................................................................................................................................................... 75

CAPÍTULO
07
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PERIOPERATÓRIO DE HISTERECTOMIA E A IMPORTÂNCIA DE UM CUIDADO INTEGRAL:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Karén Kelyany Duarte Costa; Renata Ferreira de Araújo; Renner Suênio de Oliveira; Rebeca Almeida Araújo; Francilene Maciel Ferreira
Silva; Olga Benário Batista de Melo Chaves
' 10.37885/210705539.................................................................................................................................................................................. 86

CAPÍTULO
08
ASSISTÊNCIA EFETIVA ATRAVÉS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO ÀS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DA COVID-19: UMA REVISÃO NARRATIVA
Mirela Ferreira Pessoa Deodoro; Alice Fonseca Pontes; Luiz Sérgio De Souza Belém Filho; Maisa Maria Batista Ludgério; Maria
Alice Maia de Oliveira; Maria Augusta de Souza; Natália Almeida Rodrigues; Rebeca Toledo Coelho; Valdeque José Marques Junior;
Muanna Jéssica Batista Ludgério

' 10.37885/210705532................................................................................................................................................................................... 97

CAPÍTULO
09
CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO SOBRE OS PARÂMETROS DE ALERTA DA SEPSE NA TRIAGEM PRECOCE EM TERAPIA
INTENSIVA
Rachel da Silva Santos; Marcelo Medeiros Salles; Wenderson Wagner Garcia de Matos; Alcione Aparecida Oliveira Navarros; Ana
Julia dos Santos; Ingrid Anamin da Silva
' 10.37885/210705391................................................................................................................................................................................. 105

CAPÍTULO
10
CUIDAR DE SI PARA CUIDAR A OUTROS: PROGRAMA DE CUIDADOS ALTERNATIVOS PARA BEM-ESTAR DE ESTUDANTES
DE ENFERMAGEM EM AMAZONAS, PERU
María del Pilar Rodríguez Quezada

' 10.37885/210805789................................................................................................................................................................................. 119


SUMÁRIO
CAPÍTULO
11
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: MARCOS HISTÓRICOS E IMPLICAÇÕES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E SALA DE
VACINAÇÃO
Jéssica Rauane Teixeira Martins; Deborah Correia Duarte; Selma Maria da Fonseca Viegas

' 10.37885/210504641................................................................................................................................................................................. 137

CAPÍTULO
12
EMBOLIA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO O SÍNDROME ANAFILACTOIDE: UMA REVISÃO NARRATIVA
María del Carmen Deyá Espinal; María Hernández Castillo; Paula Mulet Miravet; Ana Maria Aguiar Frias

' 10.37885/210805702.................................................................................................................................................................................153

CAPÍTULO
13
ENFERMAGEM E O PÉ DIABÉTICO: O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CUIDADO DO PÉ DIABÉTICO
Giovani Basso da Silva; João Gabriel Toledo Medeiros; Simone Travi Canabarro

' 10.37885/210705337................................................................................................................................................................................. 163

CAPÍTULO
14
FATORES ASSOCIADOS À QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DURANTE O PRÉ-NATAL: UM REFERENCIAL
TEÓRICO
Kariny Tabosa Queiroz; Keliane Beltrão Carvalho; Maria Deiza Barros Siqueira; Carla Ketelem Tabosa Queiroz; Carlos José
Moreira Pinheiro
' 10.37885/210504647................................................................................................................................................................................. 179

CAPÍTULO
15
FATORES GERADORES DE ESTRESSE OCUPACIONAL E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
QUE ATUAM NA LINHA DE FRENTE DO COVID-19: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Adriana Lemos Pereira; Alciene Henrique dos Santos; Aylla Cristina Sousa Ribeiro; Celiene Cerdeira dos Santos; Daniela Orlayne de
Sousa Pereira; Dayane de Sousa; Eluane Martins Campos Pereira; Evanil da Mota Pimentel; Jheniffer de Souza Santos
' 10.37885/210705440................................................................................................................................................................................ 190

CAPÍTULO
16
INFECÇÃO HOSPITALAR RELACIONADA À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Gianeide da Silva Camargo; Karina Nunes Ribeiro; Luciana Suassuna Dutra Rosas; Graciello Cristian Costa Silva

' 10.37885/210605202................................................................................................................................................................................ 202


SUMÁRIO
CAPÍTULO
17
PERFIL DAS NOTIFICAÇÕES DE INCIDENTES RELACIONADOS A QUEDA EM UM COMPLEXO HOSPITALAR
Aline Cristina Andrade Furini; Altacílio Aparecido Nunes; Maria Eulália Lessa do Valle Dallora

' 10.37885/210705515..................................................................................................................................................................................213
CAPÍTULO
18
PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE ATUANTES EM UM HOSPITAL PÚBLICO
DE REFERÊNCIA NA AMAZÔNIA PARAENSE

Leilane Ribeiro de Souza; Jéssica dos Santos Silva; Cláudia Ribeiro de Souza; Lívia de Aguiar Valentim; Yuri Vasconcelos Andrade;
Emanuely Oliveira Vitorio; Jade Pinto dos Santos; Glailson França de Souza; Ismael Ferreira Barreto Júnior; Edilmara Patrícia Rocha

' 10.37885/210705577................................................................................................................................................................................. 227


CAPÍTULO
19
PROCESSO DE ENFERMAGEM NA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO

Janyelle da Conceição Farias Lima; Tatiana Peres Santana Porto Wanderley; Simone Sampaio da Costa; Márcia Pessoa de Sousa Noronha

' 10.37885/210504438................................................................................................................................................................................ 237


CAPÍTULO
20
RELATO DE EXPERIÊNCIA: DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DE IDOSOS, DOENÇAS E AGRAVOS CRÔNICOS CÉFALO
CAUDAL E A REDE DE BALANÇO COMO FORMA DE CUIDADO

Marcos Afonso de Araújo

' 10.37885/210605043................................................................................................................................................................................ 250


CAPÍTULO
21
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ADOLESCENTES ESCOLARES SOBRE O ENVELHECIMENTO: UM ESTUDO INTERGERACIONAL

Ticianne da Cunha Soares; Bernardo Rafael Blanche; Ana Carolinne Souza da Silveira Diógenes; Maria de Fátima Sousa Barros
Vilarinho; Ariella de Carvalho Luz; Matheus Henrique da Silva Lemos; Filipe Melo da Silva; João Caio Silva Castro Ferreira; Gilvânia
da Conceição Rocha; Francisca Tereza de Galiza
' 10.37885/210805660................................................................................................................................................................................ 268
SUMÁRIO
CAPÍTULO
22
SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE E PRÁTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS INTERNADAS EM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE PORTO ALEGRE
Juliane Alves Santos; Ester Zoche; Juliana Mariante Giesta; Karen Yurika Kudo; Marianna Sperb; Vera Lucia Bosa

' 10.37885/210805712................................................................................................................................................................................. 285


CAPÍTULO
23
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O “CORREDOR DO CUIDADO” COM PACIENTES ASSISTIDOS EM UM CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL LL

Emanuely Oliveira Vitorio; Marissol Miranda Alves Reis; UFPA; Pedro da Silva Gemaque; Marcos Antônio de Araújo Costa Filho;
Yuri Vasconcelos Andrade; Glailson França de Souza; Eduarda de Oliveira Vitorio; Leilane Ribeiro de Souza; Lívia de Aguiar Valentim;
Cláudia Ribeiro de Souza
' 10.37885/210705558................................................................................................................................................................................ 299

SOBRE OS ORGANIZADORES............................................................................................................................. 309

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 310


01
A aplicabilidade das medidas de
segurança para as pessoas acometidas
por transtornos mentais em conflito
com a Lei

Flavia Vieira Lima Silva


INESPO

Mayla Thaliny Barbosa Ferreira Queiroz


INESPO

Patrício Francisco da Silva


UNITAU

10.37885/210705339
RESUMO

O presente estudo teve como finalidade avaliar a eficiência das medidas de segurança
aplicadas as pessoas acometidas por transtornos mentais em conflito com a lei. Para
esta avalição foi realizada uma breve síntese sobre a história da saúde mental e os
manicômios, bem como um aprofundamento a respeito das medidas de segurança e
suas formas de aplicação. Para esta pesquisa foi utilizada a revisão integrativa de ar-
tigos publicados entre os anos de 2016 a 2020, tendo como banco de dados; Google
Acadêmico, JusBrasil e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Observou-se com
a pesquisa, a ineficiência das medidas de segurança, tanto no seu modo de aplicação
como nos ambientes que elas são executadas.

Pa l av r a s - c h ave: M e d i da s d e Se g ura n ç a , H o s p i t a i s d e Cus tó d ia , Pes s oa c o m


Transtorno Mental.

16
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Historicamente a doença mental fez e continua a fazer parte da construção social da


humanidade, nos primórdios da formação histórica, tal condição era vista de forma pre-
conceituosa. Conforme aponta, Lima e Sousa (2020), a pessoa acometida por transtornos
mentais sempre existiram na sociedade, todavia ao longo dos anos, o termo loucura foi
sendo substituído, conforme foi-se construindo conhecimentos e desmistificando falácias.
Um dos locais mais conhecidos no Brasil, onde eram trancafiados os doentes mentais,
era chamado de “Colônia”, um manicômio localizado na cidade de Barbacena em Minas
Gerais, cuja finalidade era ser um deposito de loucos, as barbáries, dentro desses murros
eram tão cruéis que rendeu um livro chamado o “Holocausto Brasileiro”, dentro dessa institui-
ção mais de 60 mil pessoas perderam a vida e a dignidade como humanos (ARBEX, 2013).
Em torno dessa condição mental foi tecido um imaginário social que perdura até os dias
atuais, pois ainda hoje se vivencia inúmeros preconceitos, apesar de todos os movimentos em
prol de melhorias para as pessoas que são acometidas por transtornos mentais. De acordo
com Bulhões et al. (2015), não se pode deixar de enfatizar aqui, a reforma psiquiátrica que
tem como berço a Itália, cujo maior expoente desse movimento foi o renomado psiquiatra
Franco Basaglia. Em 1970 desencadeou no Brasil o movimento da reforma psiquiátrica,
movimento no qual foi questionado a práticas em saúde mental empregadas no tratamento
das pessoas acometidas por transtornos mentais.
Um dos marcos de fundamental relevância que a reforma psiquiátrica proporcionou foi
a criação da Lei 10.2161 Brasil (2001), que dispõe sobre os direitos da pessoa acometida por
transtorno mental. Frente a este contexto, o estudo objetivou avaliar a eficiência das medidas
de segurança para o tratamento das pessoas com transtornos mentais em conflito com a lei.

A PESSOA ACOMETIDA POR TRANSTORNO MENTAL, VISTA COMO


UM MAL A SER BANIDO

Falar sobre transtorno mental ainda se faz necessário e urgente na atual conjuntura
social, política e econômica em que vivemos. Verifica-se que pessoas acometidas por trans-
tornos mentais existem desde os primórdios da humanidade. Historicamente essas pessoas
sofrem com o descaso em relação ao acesso a direitos básicos como; saúde, justiça, edu-
cação e liberdade.

1 BRASIL, Lei nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos men-
tais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.

17
htm < acessado em 14 de março de 2021>.

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


Ao observar a história das pessoas acometidas por transtornos mentais, nota-se que
muitas são; as lutas, os movimentos históricos, os direitos e marcos legais que trazem no-
vas possibilidades para essa considerável parcela da população. Essas pessoas em sua
maioria, sempre foram estigmatizadas pela sociedade, tratadas como loucas e deixadas a
margem da sociedade, segundo Foucault (2005), os loucos eram tidos como representantes
da escoria da humanidade, como um mal a ser banido.
Em outras palavras, essas pessoas eram tidas como um mal a ser banido das vistas
dos “normais”, para não causarem vergonhas e problemas, deste modo foram criados os
manicômios, locais onde eram depositados todos aqueles que fogem as regras da norma-
lidade, ao invés de ser um local de cuidado, era um lugar de deposito de vidas humanas,
que eram ali encerradas sem nenhum critério de avalição. (ARBEX, 2013).
Ainda conforme a autora, os manicômios eram locais completamente desestruturados
para atender tal demanda, os tratamentos impostos eram os mais cruéis possíveis, as pes-
soas dentro dessas instituições perdiam sua dignidade e suas identidades como sujeitos
sociais providos de direitos.

“Eu os vi privados de ar para respirar, de água para matar a sede, das coisas
indispensáveis da vida. Eu os vi entregues as mãos de verdadeiros carcereiros,
abandonados a vigilância brutal desses. Eu os vi em ambientes estreitos, sujos,
com faltar de ar, de luz, acorrentados em lugares nos quais se hesitaria até em
guardar bestas ferozes, que os governos, por luxo e com grandes despesas
mantem nas capitais”. (DESVIAT,1999, p. 167).

Como menciona Desviat (1999), essas pessoas eram privadas do básico para sobrevi-
verem, eram completamente exclusas dentro desses manicômios e na grande maioria não
retornavam ao convívio em sociedade, temos como grande exemplo desse fato, um dos
maiores manicômios brasileiros o “Colônia” que funcionou entre os anos de 1903 até 1980,
dentro dele foi ceifada a vida de mais de 60 mil pessoas. De acordo com Neto e Dunke
(2017), o “Colônia” tornou-se depósito de desafetos, para lá eram enviados todos aqueles
que faziam parte da higienização da sociedade.

Reforma Psiquiátrica Brasileira

Os descasos com os doentes mentais ocorriam por todo o mundo, até que na Itália
iniciou-se um movimento de desinstitucionalização desses doentes mentais dos hospi-
tais psiquiátricos, tal movimento foi embasado pelo renomado médico Psiquiatra Franco
Basaglia. De acordo com, Bulhões et al. (2015), esse movimento ocorreu de dentro dos
próprios hospitais, cuja finalidade era buscar um novo fazer na saúde mental.

18
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Ainda segundo o autor essa nova forma de fazer saúde mental, tinha como base
primordial a desinstitucionalização do doente mental e a inclusão e capacitação da família
como elemento chave no cuidado e promoção da saúde mental.
Nos anos de 1970, inicia-se no Brasil o movimento de Reforma Psiquiátrica, que bebeu
na fonte Italiana, tal proposta tinha como finalidade o fechamento dos hospitais psiquiátricos
e o tratamento dos doentes mentais no seio da família e inseridos na sociedade. A principal
meta do movimento antimanicomial era a desinstitucionalização dos doentes mentais.
De acordo com Machado (2015), no Brasil um dos grupos mais significativos na luta em
favor da reforma psiquiátrica foi o Movimento dos trabalhadores em saúde mental (MTSM), o
grupo era composto por profissionais da saúde, familiares e sindicalistas. Esse grupo lutava
por uma sociedade livre dos manicômios e denunciavam as diversas formas de violências
sofridas dentro dos muros dessas instituições.
Neste momento o Brasil passava por uma redemocratização como aponta Amarante
e Nunes (2018), buscava-se direitos humanos para as vítimas de violências dos hospitais
psiquiátricos, esse processo de reforma psiquiátrica contribuiu de forma significativa, não
só para a criação de uma política pública de saúde mental, mas também alavancou outros
campos dos direitos sociais.
Os autores revelam ainda que ao longo do processo da reforma psiquiátrica brasileira,
ocorreram diversos eventos importantes que contribuíram de forma pontual para o fortale-
cimento desse processo, eventos de suma relevância, são eles:

• V Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Camboriú na cidade de Santa Catarina


em 1978.
• I Simpósio sobre Políticas Públicas, do qual participaram nomes como Franco Ba-
saglia, médico psiquiatra Italiano, responsável por promover a reforma psiquiátrica
na Itália e que posteriormente se expandiu pelo mundo e foi fonte de inspiração
para a reforma psiquiátrica brasileira.
• I Congresso em Saúde Mental em São Paulo em 1979; 8ª Conferência Nacional
em Saúde.
• I Conferência Nacional em Saúde Mental, ocorreu no ano de 1987.
• Manifesto de Bauru, em favor da Luta Antimanicomial, cujo dia 18 de maio ficou
conhecido como Dia Nacional da Luta Antimanicomial
• Declaração de Caracas, ocorreu no ano de 1990, uma Conferência Regional para
a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica na América Latina, a mesma foi realiza-
da na Venezuela, onde foi assinada a Declaração de Caracas, com o objetivo de
promover o respeito aos direitos humanos e civis das pessoas com condições de
saúde mental e reestruturar a atenção psiquiátrica com base na atenção primária à
19
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
saúde, no âmbito dos sistemas locais de saúde.
• Instituição da Lei,10.216/2001, lei que dispões sobre direitos e proteção das pesso-
as com transtorno mental.

Após o fechamento desses hospitais, foram elaboradas novas estratégias denomina-


das de dispositivos substitutivos dos modelos axilares, os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS). Em 2011 foi instituída a (Portaria GM/MS nº 3.088 de 23/12 de 2011)2, a portaria
versa sobre a Rede de Atenção Psicossocial, que possibilitou uma nova perspectiva em saúde
mental e a ampliação do acesso a rede de atendimento para a população. (BRASIL, 2001).
De acordo com Hirdes (2008), a primeira instituição a ser fechada com o movimento
da reforma psiquiátrica, foi a Casa de saúde Anchieta, no ano de 1989, tal fato foi um marco
importante rumo a consolidação da reforma.

Medida de segurança e sua característica de perpetuação

Frente a tantos entraves enfrentados pelas pessoas acometidas por transtornos men-
tais, fez se necessário um aprofundamento em relação aos doentes mentais em conflito com
a lei, compreender como se dá o processo de julgamento e as medidas que são aplicadas
a eles. Historicamente sabe-se que as pessoas acometidas por transtornos mentais eram
trancafiadas em hospícios, atualmente pessoas que cometem crimes e são acometidas com
transtornos mentais são submetidas a medidas de segurança e ficam reclusas em Hospitais
de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou fazem acompanhamento Ambulatorial.
O primeiro hospital de custódia e tratamento psiquiátrico de acordo com Cordeiro
et al (2014), foi fundado no Rio de Janeiro no ano de 1921, resultado do empenho do Dr.
Juliano Moreira, que observou a necessidade de criar um ambiente separado para que os
presos acometidos de transtornos mentais pudessem cumprir suas penas.
De acordo com Diniz (2011), em um censo realizado pelo Brasil, foi constatado a exis-
tência de 23 hospitais de custódia e 3 alas de tratamento psiquiátrico, ainda segundo o autor
as características das instituições são marcantes, pois existem notáveis semelhanças com
os presídios, tanto em questão de estrutura física como de lotação. Vale aqui ressaltar que
o único Estado Brasileiro que não dispõe dessa instalação é o Tocantins, desta maneira as
pessoas acometidas com transtornos mentais ficam reclusas em celas comuns nesse Estado.
Masson (2017), define a medida de segurança como “A modalidade de sanção penal
com a finalidade exclusivamente preventiva, e de caráter terapêutico, destinada a tratar os

2 MINAS GERAIS, PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011(*). Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/

20
gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.htm< acesso em 14 de março de 2021 as 14 horas.

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


inimputáveis e semi-imputavéis portadores de periculosidade, com escopo de evitar futu-
ras infrações penais”. Mediante o exposto pelo autor a medida de segurança tinha apenas
um caráter de cuidar das pessoas com transtorno mental e assim evitando a perturba-
ção da sociedade.
As pessoas que cumprem as medidas de segurança são consideras pela lei como sendo
inimputáveis ou semi-imputavéis. Segundo Carvalho (2018), significa dizer que o inimputável
é a pessoa que não possui completo desenvolvimento mental para compreender os seus
atos, não podendo diferenciar o certo do errado, com isso é inevitável que pratiquem algum
delito em ocasiões distintas. Diante desta situação o inimputável não pode ser considerado,
e nem tratado, como um criminoso. O semi-imputavel, é aquele indivíduo que no momento
da conduta ilícita não era completamente capaz de discernir entre o certo ou errado, ficando
assim sujeito a pena ou a medidas de segurança.
De acordo com artigo 26 do Código Penal Brasileiro (1940):

Art.26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado mental, era, ao tempo de ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de
acordo com esse entendimento. (BRASIL,1940, p.18).

Segundo Prado e Schindler (2017), a medida de segurança teve como marco legal
a sua instituição no Código penal Brasileiro em 1940, essa medida prevê que as pessoas
acometidas por transtornos mentais sejam julgadas levando em consideração seu nível
de discernimento mental. Frente as avaliações e julgamentos os indivíduos serão encami-
nhados para um hospital de custódia, local onde cumpriram a medida em conjunto com o
tratamento psiquiátrico.
Ainda segundo o Código Penal de 19403, as medidas de segurança podem ser divi-
didas em duas categorias levando em consideração o grau de gravidade do ato delituoso
cometido. As medidas de acordo com o Código Penal em seu artigo 96 se classificam como;
medidas detentivas e as medidas restritivas.
As medidas de segurança segundo o artigo 96 do Código Penal de 1940:

• I - Medida de segurança detentiva; consiste na internação em hospital de custódia


e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, essa
medida é aplicada aos crimes com pena de reclusão.
• II - Medida de segurança restritiva; consiste na sujeição a tratamento ambulatorial,

3 DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940, Código Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

21
-lei/del2848.htm < acesso em 14 de março de 2021 as 14 horas.

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


cujo medida será cumprida em ambulatório com acompanhamento médico, o prazo
mínimo será de 1 a 3 anos, podendo ser prolongado enquanto não houver cessa-
ção da periculosidade.

A medida de segurança segundo Prado e Schindler (2017), tem como base fundante
a periculosidade do indivíduo no ato ilícito, trocando em miúdos significa dizer que é o grau
de perigo que essa pessoa acometida por transtorno mental oferece ou oferecera para a
sociedade. Ainda segundo os autores existe uma avaliação realizada através de exames
pericial que determina essa periculosidade do agente, tal avaliação é denominada de inci-
dente criminal e é realizada por Médicos Psiquiatras.
Contudo o que chamou atenção na fala dos autores é quanto a incerteza dessa peri-
culosidade, pois ainda que exista um exame que comprove o perigo no ato da avaliação,
não significa dizer que a periculosidade permanecerá ou cessará futuramente. Frente a isso
essas pessoas passam anos de suas vidas aguardando para serem reavaliadas e receberem
um laudo de cessação de periculosidade.
Essa lacuna existente na avalição das pessoas acometidas por transtornos mentais
e sua periculosidade tem suscitado questionamento quanto à eficácia dessas medidas de
segurança, que na maioria das vezes são aplicadas em ambientes fechados, e possui um
caráter de perpetuidade da pena.

“Isso porque os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico não oferecem


as condições mínimas necessárias ao tratamento desses doentes. No Brasil,
esses lugares não são cuidados com o devido zelo, propiciando péssimas
condições que não compatibilizam com a cura do indivíduo. A omissão e o
descaso do Poder Público geram tais condições precárias de estrutura. (MUS-
CUMEECI, 2016, p. 08) ”.

O fato nos leva a uma reflexão quanto a regressão dos direitos conquistados em prol
da saúde mental, pois nota-se que os hospitais de custódia em muito se assemelham aos
manicômios, porém com uma nova roupagem, o tratamento segundo a autora supracitada
ainda está muito ligado as antigas práticas manicomiais.
Frente a este modelo de tratamento e característica de perpetuação da medida, obser-
va-se a violação dos direitos humanos, pois os insumos básicos para garantir a dignidade
humana, na maioria das vezes são negados, como é o caso de uma estrutura adequada
dessas instituições. Como observa Dias e Oliveira (2017), quanto a falta de iluminação,
higienização, alimentação estragada e presença de roedores nas celas.
Vale ressaltar que a característica de perpetuidade da pena que a medida de segu-
rança apresenta, em muito dificulta a ressocialização da pessoa acometidas por transtor-
nos mentais na sociedade, pois a desinstitucionalização é um processo lento e que requer
22
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
muito esforço tanto da família quanto do Estado, no que concerne as políticas públicas que
amparam esses ex-internos.
Salienta-se que o Estado como principal responsável pelo cuidado desses internos, que
estão sob sua proteção nos hospitais de custódia, em geral é o maior violador de direitos,
assim como aponta Ozaki e Silva (2019), “os hospitais de custódia acabam sendo vistos
como um lugar de vácuo de direitos, onde o Estado de direito é abandonado”. Em poucas
palavras, as pessoas acometidas por transtornos mentais, que deveriam ter o Estado como
um protetor dos seus direitos, são por ele desprotegidas.
Conforme aponta Prado e Schindler (2017), a medida de segurança realizada em
regime asilar, muitas vezes contribui para aquilo que os autores denominam de abandono
social, tanto por parte da família, da sociedade e do poder público. Também existe uma
questão muito relevante a ser discutida com relação ao preparo para a desinstitucionaliza-
ção desses internos.
Seguindo nesta linha de pensamento, os autores apontam para as dificuldades em
ressocializar os egressos, pelo fato de haver uma morosidade em relação a avalição para
da cessação ou não da periculosidade, esta demora ocasiona na maior parte a perda dos
vínculos com a família e, por conseguinte com a sociedade.
Constatou-se que ao longo da história as pessoas acometidas com transtornos mentais
sofrem com estigmas e preconceitos, acrescendo neste processo o fato de serem egressos
de um hospital de custódia, dificulta a reinserção destas pessoas na sociedade, pela carga de
preconceitos e a falta de um suporte por parte do Estado no desenvolvimento de projetos que
preparem essas pessoas e seus familiares para a vida profissional e cotidiana e profissional.

METODOLOGIA

O método adotado para a realização do estudo foi a revisão integrativa, pois trata-se
de um método que segundo Mendes e Galvão (2008), reúne, avalia e sintetiza os resul-
tados de pesquisa a respeito de uma temática específica. Os bancos de dados dos quais
foram extraídos os artigos são; Google Acadêmico, JusBrasil e Scientific Electronic Library
Online (Scielo).
Os descritores utilizados como estratégia de busca foram; Hospitais de custodia e
medida de segurança. Essa revisão foi feita com base em artigos que abordam a temática,
os critérios utilizados para a eleição dos artigos foram estudos publicados no período de
2016 a 2020, em português.
Após realizar a busca nos bancos de dados, usando os descritores “hospitais de cus-
todia” e “medida de segurança”, foram encontrados um total de 1,795 artigos. Desse to-
tal foram descartados 1,488 mediante aplicação de critérios de exclusão; resumos, textos
23
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
incompletos, fuga da temática e teses, restando um total de 307 artigos, destes apenas 20
foram selecionados para leitura, restando 10 artigos ligados diretamente com a temática, os
quais estão dispostos no quadro de revisão integrativa abaixo.

Fluxograma 1 - Representação gráfica de aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.

O fluxograma aqui apresentado visou, a sistematização da pesquisa, quanto aos bancos


de dados utilizados, a quantidade de artigos encontrados, o número de artigos selecionados
para serem usados e quanto aos critérios de elegibilidade e exclusão dos estudos.

24
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Quadro 01. Disposição do instrumento de coleta de dados de alguns dos estudos avaliados para o alcance da metodologia
proposta.
Ano da publi-
Título do artigo Autores Procedência Objetivo principal
cação
Entre o enclausuramento e
Mariá Lanzotti Sam-
a desinstitucionalização: a Google Acadê- O objetivo foi analisar a trajetória das
paio e José Patrício 2020
trajetória da saúde mental no mico políticas de saúde mental no Brasil.
Bispo Júnior
Brasil
Execução de medida
Sara Coelho Lima Objetivo é identificar o posicionamento do
De segurança no Estado do
Marilsa de Sá Rodri- Scielo 2020 Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
Tocantins frente a ausência de
gues a respeito desse tema.
Hospitais de custodia
Monica de Oliveira Aborda as mudanças político-legais e
Reforma e contrarreforma
Nunes; João Mendes assistenciais no âmbito das políticas
psiquiátrica: analise de uma
de Lima Junior; Clari- Scielo 2019 públicas de saúde mental no Brasil,
crise sociopolítica e sanitária a
ce Moreira Portugal; demonstrando seus efeitos de
nível nacional e regional
Maurice e Torrenté Contrarreforma Psiquiátrica.
Analisar a origem das medidas de
segurança aplicadas aos inimputáveis,
Manicômios judiciários- a
identificar os requisitos que legitimam sua
inconstitucionalidade dos pra- Yuki Perrone Ozaki e Google Acadê-
2019 aplicabilidade e entender o motivo pelo qual
zos da medida de segurança Rubens Alves da Silva mico
nas Medidas de Segurança são afastados
aplicadas aos inimputáveis.
todos os limites da intervenção punitiva do
estado.
realiza um percurso histórico e
A reforma psiquiátrica no SUS Paulo Amarante
epistemológico da construção das políticas
e a luta por uma sociedade Monica de Oliveira Scielo 2018
públicas de saúde mental e atenção
sem manicômios. Nunes.
psicossocial a partir do SUS.
Objetiva elucidar as condições de
tratamentos recebidos por pessoas com
sofrimento mental submetidas à medida
Andando na contramão: o Aline Sanches de segurança em HCTPs ou em ATPs
destino dos indivíduos com Oliveira, Fernando inspecionados pelo Mecanismo Nacional de
Scielo 2018
transtorno mental que come- Machado Vilhena Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT),
tem crimes no Brasil Dias nos anos de 2015 e 2016, bem como
discutir as distorções legais em relação ao
preconizado pelo Ministério da Saúde e pela
Lei nº 10.216/01.
A medida de segurança na
contramão da Lei de Reforma Alessandra Mascare- Identificar as dificuldades existentes para
Psiquiátrica: sobre a dificulda- nhas Prado e Danilo Scielo 2017 a desinternação de pacientes do HCTP/
de de garantia do direito à li- Schindler. Bahia.
berdade a pacientes judiciário
Abordar os resquícios das práticas
Depois do holocausto: efeitos Christian Ingo Lenz
manicomiais executadas num grande
colaterais do hospital colônia Dunker, Fuad Kyrillos Scielo 2017
hospital psiquiátrico e sua repetição nos
em Barbacena Neto
serviços de saúde mental de Barbacena.
Debater as medidas de segurança,
Das Medidas de Segurança e nos termos do Código Penal, Código
Karin Arêa Leão JusBrasil 2016
da Lei da Reforma Psiquiátrica de Processo Penal e Lei de Reforma
Psiquiátrica.
Saúde Mental e persecução Realizar uma reflexão crítica acerca da
Maria Carla Musu-
criminal; uma análise interdis- JusBrasil 2016 inimputabilidade penal por doença mental e
meci
ciplinar. sua aplicação no sistema jurídico brasileiro.
Fonte: Elaborado pela autora.

O quadro dispõe de 10 artigos, que foram selecionados nos bancos de dados citados
na metodologia, os artigos expostos apresentaram vinculação direta com o tema, ao qual
esse estudo levantou questionamento. Os artigos nomeados tencionaram dar sustentação
teórica para a problemática que foi proposta nesta pesquisa.

25
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como está disposto no quadro acima, a discussão a respeito da temática, gira em


torno desses estudos que foram selecionados de maneira que pudessem corroborar na
compreensão do questionamento da temática.
Observa-se que o questionamento a acerca da eficiência das medidas de segurança
aplicadas as pessoas acometidas por transtornos mentais em conflito com a lei, é muito efer-
vescente na atualidade, pois a medida de segurança, como aponta os autores mencionados
no referencial teórico, deixa uma falha considerável quanto ao seu caráter de perpetuidade
e modelo asilar, que de modo geral é o mais aplicado no Brasil.
Uma pesquisa realizada por Dias e Santos (2016), da qual resultou um artigo intitulado
“Andando na Contramão: o destino dos indivíduos com transtorno mental que comentem
crime no Brasil”, a pesquisa foi realizada com base em relatórios de visitas a unidades de
privação de liberdade em diferentes estados do Brasil, esses relatórios eram dos anos de
2015 e 2016, tais visitas eram realizadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate
a Tortura (MNPCT), esse mecanismo é instituído pela Lei º 12.847/2013 .
Como resultado dessa pesquisa os autores Dias e Santos (2016), apontaram que la-
mentavelmente nas visitas realizadas foram encontradas cenas de violência e maus-tratos.
Apesar de ser um fato cruel, ainda é muito corriqueiro dentro dessas instituições, ou seja,
mesmo após tantas lutas, é possível ver com clareza que os direitos das pessoas acometidas
por transtornos mentais, estão sofrendo constantes desmontes e violações.
Os estudos que foram analisados corroboram com esta opinião, quanto a lacuna existen-
te no tocante a perpetuidade da pena, o tratamento de forma asilar e a falta de preparo para
um possível desinstitucionalização dessa pessoa acometidas transtornos mentais, nota-se
uma falha por parte do Estado, quando se refere a políticas que atendam a ex-internos no
que concerne na sua ressocialização.
Após leituras minuciosas das pesquisas, pode-se elencar três fatores que são ressal-
tados em todos os estudos, foram eles; a perpetuidade da pena, crítica ao tratamento asilar
e a violação dos direitos básicos do ser humano. Essas características evidenciam que a
medida de segurança é um mecanismo faltoso e que seu modelo de aplicação contraria
aquilo que prevê a Lei 10.216/2001.
Compreende-se que a medida de segurança é um mecanismo criado pelo Decreto-lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940, que dispõe sobre o Código Penal Brasileiro, cujo intuito é
a aplicação de medida para aqueles que por razão de apresentar um transtorno mental, são
considerados após perícia médica como inimputáveis ou semi-imputavel. A medida como
prevê o artigo 26 do Código Penal Brasileiro pode ser; a internação em hospital de custodia
ou tratamento ambulatorial.
26
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
No entanto o que lamentavelmente pode ser observado nas pesquisas, é que gran-
de parte dessas medidas são aplicadas para serem cumpridas em hospitais de custódia.
Entretanto existem Estados que não possuem essas instalações, restando então as prisões
comuns para receberem essas pessoas com transtorno mental que necessitam de uma
atenção especializada.
Cabe aqui chamar atenção para o Estado do Tocantins, que segundo Lima e Rodrigues
(2020), o Estado não possui um hospital de custódia e por essa razão terminam incluindo
essas pessoas em celas comuns. Nesta lógica, entende-se que o direito a um tratamento de
qualidade é negado, pois celas comuns não é um local adequado para receber uma pessoa
com transtorno mental.
Seguindo ainda nesta linha de raciocínio, Prado e Schindler (2017), apontam para didá-
tica de que o modelo de tratamento ofertado em regime asilar como é o caso dos hospitais
de custodia, não tem prenúncios de um cuidado terapêutico, centrado em um tratamento
individualizado, levando em consideração a singularidade de cada pessoa ali reclusa.
Ademais, as próprias estruturas dos hospitais não oferecem a qualidade necessárias
para que seja desenvolvido um trabalho com finalidade terapêutica e que vise a reinserção
dessa pessoa ao convívio social, pois os hospitais de custódia são locais vistos como um
presídio, e isso já é o suficiente para tirar o mérito de um lugar acolhedor e adequado para
uma pessoa com transtorno mental ser cuidado.
De acordo Ozaki e Silva (2019), os hospitais de custódia, quando não cumprem sua
função primária que é dispensar cuidado terapêutico apropriado às pessoas que ali foram
enceradas para cumprimento de medida de segurança, ferem essa função e tornam essas
pessoas irrecuperáveis, tornando assim sua desinternação algo muito distante, e isso acaba
por conferir a medida a característica de perpetua.
Em virtude dessa perpetuidade de medida de segurança, essas pessoas sofrem com
esquecimento não só por parte da sociedade e da família como também do Estado, os
hospitais de custodia como bem sinaliza Ozaki e Silva (2019), são “quase que um cemitério
para um socialmente morto”.
Uma vez reclusos em uma instituição asilar, tirados das vistas da sociedade e silen-
ciados, são considerados mortos socialmente, por outras palavras, significa sem direitos e
sujeitos ao descaso e ao esquecimento.
Em conformidade com essa ideia Dias e Oliveira (2018), são bastante acurados quan-
do mencionam que a população que sofre com transtorno mental e cumprem medida de
segurança, tem seus direitos ultrajados e que os hospitais de custódia ainda preservam as
marcas de uma instituição asilar.

27
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Essa afirmativa por mais deplorável que seja, é uma grande realidade que temos no
atual cenário brasileiro, nota-se uma política de saúde mental fragilizada por conta de uma
má gestão do Estado, há um constante desmonte de direitos sendo feitos dias após dias.
Segundo Junior e Sampaio (2020), tais desmontes velam ainda mais o descaso e a violência
contra a pessoa com transtorno mental.
Consoante com todas as ideias apresentadas a respeito das medidas de segurança, é
de suma relevância ressaltar a necessidade de revisar esse dispositivo, considerando que
ele foi criado em 1940, isso é claro antes da lei da reforma psiquiátrica, considerando essa
hipótese, existe uma necessidade em adequar essas medidas a Lei 10.216/2001.
Deste mesmo modo essa revisão exige grande esforço por parte da sociedade em co-
brar tal ação do Estado, pois a realidade vivenciada contemporaneamente é completamente
distinta dos primórdios da discussão sobre as medidas de segurança e a pessoa acometida
por transtornos mentais em conflito com a lei. Atualmente existe uma gama de saberes que
em muito acresce para o cuidado e tratamento das pessoas em sofrimento psíquico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desse modo fazer um percurso pelo histórico da saúde mental, conhecer os estigmas
e preconceitos que permeiam a vida das pessoas acometidas por transtornos mentais, revi-
sitar o cenário de luta por seus direitos e de suma importância para que possamos ser mais
incisivos quanto a continuar buscando a garantia e viabilização desses direitos.
Desse modo conhecer o método que é aplicado para as pessoas acometidas por
transtornos mentais em conflito com a lei, é extremamente necessário. Neste caso temos as
medidas de segurança que como já foi mencionado é fundamental, pois é um mecanismo
que é aplicado aos inimputáveis e semi-imputavéis que cometem algum fato delituoso e que
em sua maioria é internado em hospitais de custódia.
Ao longo do estudo observou-se que a medida de segurança apresenta um caráter
de perpetuidade, violação de direitos e tratamento asilar, tais fatores em nada acrescem
no cuidado e tratamento da pessoa acometida por transtorno mental, muito pelo contrário,
agudiza mais esse quadro.
Em síntese os hospitais de custódia, são uma versão repaginada dos extintos ma-
nicômios e as medidas de segurança cumpridas de forma asilar, são meios de realizar
higienização social das pessoas acometidas por transtornos mentais excluindo-as e as
esquecendo-as. Assim sendo não há possibilidade de tratamento dentro desses moldes de
exclusão e segregação.

28
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. AMARANTE, P; NUNES, M.O. A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por uma sociedade sem
manicômios. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro.2018. Disponível em https://www.scielo.
br/pdf/csc/v23n6/1413-8123-csc-23-06-2067.pdf < acesso em 13 de março de 2021>.

2. ARBEX, D. Holocausto brasileiro / Daniela Arbex, -ed.- São Paulo: Geração Editorial, 2013.

3. BRASIL, DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal. Presidência


da República. 1940.Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
< acesso em 14 de mar. 2021>.

4. ______, Lei Nº 12.847, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. Institui o Sistema Nacional de Prevenção


e Combate à Tortura; cria o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanis-
mo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; e dá outras providências. Editora: Ministério
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. 2013.Disponível em http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12847.htm < acesso em 11 de abr.2021, as 16 horas>.

5. ______, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lei nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a


proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/
l10216.htm < acesso em 14 de mar. 2021 as 17horas>.

6. ______, MINAS GERAIS, PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011(*). Editora


do Ministério da saúde. Minas Gerais.2011. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-
delegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.htm < acesso em 14 de mar. 2021 as 19 horas>.

7. BULHÕES, A.B.C; VASCOCELOS, M. F. F; ESCÓSSIA, L. Processos de Desinstitucionaliza-


ção em CAPS ad como Estratégia de Humanização da Atenção e Gestão da Saúde, Caderno
humaniza SUS, 2015. P 46.

8. CARVALHO, G. M. Medida de Segurança: A ineficácia dos meios de tratamento; O Estado


está preparado para lidar com portadores de transtorno mental? Jusbrasil.2016. Disponível em
https://kuro.jusbrasil.com.br/artigos/611253417/medida-de-seguranca-a-ineficacia-dos-meios-
-de-tratamento < acesso em 12 de mar. 2021 as 15 horas>.

9. CORDEIRO, Q; RIBEIRO, B.R; RIGONATTI, S.P; RIGONATTI, L.F. Hospitais de custódia e


tratamento psiquiátrico/ Organizações de Quirino Cordeiro e Mauro Gomes Aranha de Lima.
São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2014.75 p.

10. DESVIAT, M. A Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz,1999.

11. DIAS, F. M. V; OLIVEIRA, A. S. Andando na contramão: o destino dos indivíduos com


transtorno mental que cometem crimes no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva. Rio
de Janeiro. 2018. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pi-
d=S0103-73312018000300600&lng=pt&nrm=iso < acesso no dia 11 de abr. 2021, as 16 Horas.

12. DINIZ.D. A Custódia e o Tratamento Psiquiátrico no Brasil: Censo 2011. Brasília, DF: Letras
Livres – Editora UnB; 2013.

13. DUNKER, C. Ingo L; NETO, F. K. Depois do holocausto: efeitos colaterais do hospital colônia
em Barbacena. Psicologia em Revista. Belo Horizonte-MG.2017. Disponível em http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682017000300011 < acesso em 17
de mar. 2021 as 16 horas>.
29
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
14. FOUCAULT, M. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 2005.

15. HIRDES, A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (rei) visão. Texto & Contexto – Enfermagem.
Florianópolis- SC.2004.Disponível em, https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-81232009000100036 < acesso em 13 de mar. 2021 as 20 horas>.

16. JUNIOR, J. P. B; SAMPAIO, M. L. Entre o enclausuramento e a desinstitucionalização: a traje-


tória da saúde mental no Brasil. Trabalho, Educação e Saúde. Rio de Janeiro.2020. Disponível
em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462021000100502 <
acesso em 11 de abri. 2021 as 16 horas

17. LIMA, S. C; RODRIGUES, M. S. Execução de medida de segurança no estado do Tocantins


frente à ausência de hospitais de custódia. Humanidades e Inovações. Palmas -TO. 2020.
Disponível em https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/3885 <
acesso em 11 de abri. 2021, as 16 horas>.

18. MACHADO, K. A. L. Das Medidas de Segurança e da Lei da Reforma Psiquiátrica. Juabrasil.


Camaçari – BA. 2016.Disponível em< https://karinaarealeao.jusbrasil.com.br/artigos/203374050/
das-medidas-de-seguranca-e-da-lei-da-reforma-psiquiatrica < acesso em 12 de mar. 2021>.

19. MASSON, C. Direito penal: Parte Geral; arts. 1º a 120. 11. ed. rev., atual. E ampliada Rio de
Janeiro; São Paulo: Forense: Método, 2017; Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.

20. MENDES, K.D.S, Silveira, RCCP, GALVÃO, C.M. Revisão integrativa: método de pesquisa
para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enfermagem.
2008;17(4):758-64

21. MUSUMECI, M. C. Saúde Mental e persecução criminal; uma análise interdisciplinar. Jusbra-
sil.2016. Disponível em https://mcarlamusumeci.jusbrasil.com.br/artigos/335471808/saude-
-mental-e-persecucao-criminal< acesso em 13 de mar. 2021 as 14 horas>.

22. OZAKI, Y.P; SILVA, R. A. Manicômios judiciários- a inconstitucionalidade dos prazos da medida
de segurança aplicadas aos inimputáveis. Revistas Artigos.com.2019. Disponível em https://
scholar.google.com.br/scholar?hl < acesso em 11 de abri. 2021 as 16 horas>.

23. PRADO, A. M; Schindler, D. A medida de segurança na contramão da Lei de Reforma Psiqui-


átrica: sobre a dificuldade de garantia do direito à liberdade a pacientes judiciários. Revista
direito GV. São Paulo. 2017.Disponível em https://www.scielo.br/pdf/rdgv/v13n2/1808-2432-r-
dgv-13-02-0628.pdf < acesso em 18 de mar. 2021 as 21 horas>.

30
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
02
A importância do enfermeiro da
atenção primária à saúde frente à
pandemia de Covid-19: uma revisão
narrativa da literatura

Maisa Maria Batista Ludgério


UPE

Laryssa Emanuele Costa Silva


UPE

Mirela Ferreira Pessoa Deodoro


UPE

Muanna Jéssica Batista Ludgério


UFPE

10.37885/210705531
RESUMO

Em março do ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o estado de


contaminação pelo SARS-CoV-2 à pandemia. O Brasil registrou mais de 13 milhões de
casos confirmados e alcançou a marca de mais de 400 mil óbitos. A Atenção Primária à
Saúde (APS) é considerada um importante pilar frente às situações emergenciais, sendo,
portanto, o nível da assistência com maior potencial de bloqueio da transmissão. A equi-
pe de enfermagem tem papel fundamental em situações de pandemia, desempenhando
ações para proteger a saúde das pessoas e salvar vidas. Este estudo objetiva analisar o
papel dos enfermeiros da APS diante da pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo
de revisão narrativa da literatura no qual foram selecionados seis artigos, datados a partir
do ano de 2020 e em português, por meio da busca pelos Palavras-chave “Enfermagem”
AND “Atenção Primária à Saúde” AND “COVID-19” nas bibliotecas Google Acadêmico,
BVS e Scielo. Foi identificado que a enfermagem exerce grande importância na edu-
cação em saúde, tem papel no gerenciamento das unidades, liderança das equipes e
destaque para a assistência de enfermagem, com práticas que garantem a aplicação de
protocolos e fluxogramas relacionados à COVID-19. Destaca- se, ainda, a importância
da sua atuação junto à equipe multiprofissional e da capacitação dos profissionais para
uma melhor assistência. Ficou evidente que os enfermeiros participam ativamente do
serviço de APS, sendo sua atuação de extrema importância no combate à pandemia da
COVID-19, promovendo um cuidado humanizado, universal, integral e equânime.

Palavras-chave: Enfermagem, Atenção Primária à Saúde, COVID-19.

32
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

No final de 2019, na cidade de Wuhan, na China, apareciam os primeiros indícios de


uma nova infecção que se disseminou rapidamente e chamou a atenção do mundo. Causada
pelo coronavírus SARS-CoV-2, a COVID-19 é uma infecção respiratória aguda, potencial-
mente grave, de elevada transmissibilidade e distribuição global. Em 2020, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) classificou o surto como emergência pública de saúde e, logo em
seguida, caracterizou-o como pandemia. O Brasil registrou mais de 13 milhões de casos
confirmados e alcançou a triste marca de mais de 500 mil óbitos.
Dentro desse cenário, destaca-se a importância da Atenção Primária à Saúde (APS).
Ela é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo
no local mais próximo da vida das pessoas, sendo, portanto, a principal porta de entrada
para o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2012). Para SARTI, et al (2020), a APS
é considerada um pilar, não só diante da COVID-19, como também de outras situações
emergenciais, como a dengue, por exemplo. É o nível de atenção que tem a capacidade
de responder à maior parte das necessidades de saúde, sejam elas individuais ou coletivas
(CABRAL, et al. 2020).
A equipe de enfermagem, por sua vez, tem papel essencial no contexto de pandemia,
desempenhando ações para proteger a saúde das pessoas e salvar vidas (CAVALCANTE;
SOUSA; DIAS, 2020). Os enfermeiros são responsáveis pelas mais diversas funções, atuan-
do nas esferas assistencial e administrativa, criando vínculo entre a população e a Unidade
Básica de Saúde (UBS) e garantindo resolutividade e, consequentemente, um cuidado cada
vez mais universal, integral, humanizado e equânime.
Em virtude do exposto e levando em consideração o atual estado sanitário instaurado
pela disseminação do SARS-CoV-2, este estudo teve por objetivo analisar o papel dos en-
fermeiros da APS diante da pandemia da COVID-19.

DESENVOLVIMENTO

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, que consiste em um estudo apropriado


para descrever e discutir o desenvolvimento de um determinado assunto sob o ponto de vista
teórico ou contextual. É uma categoria fundamental que permite ao leitor adquirir e atualizar
o conhecimento sobre uma temática específica e em curto espaço de tempo (ROTHER,
2007). É, portanto, ideal para o objeto, a COVID-19, por ser uma temática atual e ainda

33
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
estar em desenvolvimento no que diz respeito à publicação de estudos, sendo construída
com base num contexto histórico, descrita em caráter explicativo e com abordagem crítica.
Dentro do contexto deste estudo, que visa analisar a atuação do enfermeiro da Atenção
Primária à Saúde (APS) em relação à pandemia de COVID-19, elaborou-se a seguinte ques-
tão de pesquisa: “Qual o papel do enfermeiro da APS frente à pandemia de COVID-19”?
Para busca dos artigos foi realizada nas bibliotecas online Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), Google Acadêmico e Scientific Eletronic Library Online (SciELO) através dos
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Atenção Primária à Saúde”, “Enfermagem”
e “Covid-19”, utilizando o operador boleano AND em todas as bibliotecas. Os critérios de
inclusão estabelecidos foram: artigos publicados a partir do ano de 2020, disponíveis no
idioma português e que respondessem à pergunta de pesquisa. Foram excluídos os artigos
não disponíveis na íntegra e que não respondessem à pergunta de pesquisa.
A princípio, foram encontrados 73 artigos, sendo 22 artigos na BVS, 43 artigos no
Google Acadêmico e 8 artigos na SciELO. Após a leitura dos títulos e resumos, como também,
da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, 21 artigos foram pré-sele-
cionados. Por fim, depois de ser realizada a leitura na íntegra dos artigos pré- selecionados,
6 estudos foram selecionados para formar esta revisão narrativa da literatura.

RESULTADOS:

Os artigos encontrados estão caracterizados na tabela 1:

Tabela 1. Relação dos estudos selecionados de acordo com o ano, o local de publicação, o tipo e os autores.

TÍTULO ANO/PAÍS REVISTA TIPO DE ESTUDO AUTORES

Atenção primária à saúde frente à RIOS, Amora Ferreira Menezes


2020/Brasil Enferm. Foco Relato de experiência
COVID-19 em um centro de saúde et al.
CAVALCANTE, Conceição
Consulta de enfermagem aos casos
Ceanny Formiga Sinval; SOUSA,
suspeitos de COVID-19 na atenção 2020/Brasil Revista da Faesf Estudo bibliográfico
Jayra Adrianna da Silva; DIAS,
primária à saúde
Ana Maria de Araújo
Gerenciamento emergencial de recursos
da atenção primária à saúde no 2020/Brasil SciELO Preprints Estudo de caso MENESES, Abel Silva de
enfrentamento à pandemia da COVID-19
Atendimento de gestantes na atenção
primária à saúde pela enfermagem 2020/Brasil Revista Nursing Relato de experiência MISQUITA, Mirelly Shatilla et al.
durante a pandemia do SARS-COV-2
Estratégia de enfrentamento para
Rev. Gaúcha OLIVEIRA, Lélia Mendes
COVID-19 na atenção primária à saúde: 2021/Brasil Relato de experiência
Enferm. Sobrinho de et al.
relato de experiência em Salvador-BA
Implementação do telemonitoramento de
COVID-19: repercussões na formação 2021/Brasil SciELO Preprints Relato de experiência SILVA, Clarissa Bohrer da el al.
acadêmica em enfermagem
Fonte: Autoras, 2021.

34
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A partir da leitura, foi possível identificar a atuação da enfermagem em três categorias:
Educação em saúde, gerenciamento das unidades, ativismo sindical e liderança das equipes
e assistência aos pacientes suspeitos ou positivos para COVID-19.

DISCUSSÃO

Educação em saúde

Rios, et al. (2020) afirma que as atividades educativas se configuram como prioridade
no que diz respeito à promoção da saúde e à prevenção da COVID-19. Esta foi a principal
atuação da enfermagem na APS durante a pandemia citada pelos estudos.
Os enfermeiros são os principais responsáveis pela criação do vínculo entre os usuá-
rios e a UBS, e é essencial para a confiança e adesão da comunidade às informações e
orientações transmitidas pela equipe da APS. O estudo de Silva, et al. (2021) apontou que,
no cenário pandêmico, os enfermeiros têm habilidades para realizar a educação em saúde
dos usuários, ainda que de forma remota, possuem competências de comunicação, criam
estratégias de manejo do acesso à informação e elaboram materiais educativos.
Há, ainda, destaque para a adaptação dessas atividades, que agora devem ser estru-
turadas de modo que garantam a segurança dos pacientes. Misquita, et al. (2020) afirma
que os participantes devem ficar a uma distância segura, devidamente paramentados e se-
guindo as normas de etiqueta respiratória preconizadas pelos manuais de atendimento da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e que devem ser fornecidas orientações
como: higienização correta das mãos, uso do álcool, lavagem dos alimentos, uso correto da
máscara, entre outras.
Constatou-se, então, que a enfermagem no contexto da APS exerce papel imprescin-
dível, sendo a principal responsável pela criação, adaptação e realização das atividades
educativas, fundamentais para combater a transmissão e a infecção pelo SARS- Cov-2.

Gerenciamento das unidades, ativismo e liderança das equipes

Outro aspecto fortemente apontado pelos artigos refere-se ao gerenciamento e às


ações administrativas realizadas pela enfermagem na UBS. O estudo de Meneses (2020)
destaca que estes são os profissionais que realizam a maior parte das iniciativas de aquisi-
ção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) por meio de doações de entidades da
sociedade civil. O mesmo autor destaca, ainda, que os enfermeiros, juntamente à equipe
multiprofissional, trabalham na aplicação dos recursos tecnológicos e de informação para

35
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
teleconsultas, o que é fundamental na redução do contato presencial com os pacientes, além
de realizar um forte ativismo sindical.
Rios, et al. (2020) também citam a enfermagem no papel de liderança, acionando as
entidades trabalhistas para garantir o recebimento de recursos, evidenciando o seu trabalho
na linha de frente do planejamento, do gerenciamento e da assistência ao paciente com
COVID-19. O estudo afirma, ainda, que os enfermeiros são os profissionais mais atuantes
na organização do fluxo e que, quando assumem o papel de líder, facilitam a promoção do
acesso à saúde de forma eficiente e eficaz nos centros de saúde da APS.
Silva, et al. (2020) apontou que, na dimensão gerencial, a enfermagem atua na siste-
matização da classificação do risco dos pacientes, faz uso de indicadores para monitorar os
casos, estabelece metas diárias, organiza o plano de trabalho das equipes e a passagem
de plantão, realiza a cooperação interinstitucional e interprofissional na gestão de caso e
gerencia o sistema de informação.

Assistência de enfermagem

Os artigos também apontaram que a assistência de enfermagem na APS é extrema-


mente importante no contexto da COVID-19. O estudo de Oliveira, et al. (2021) identificou
que os enfermeiros participam de um acolhimento equânime, priorizando os casos suspeitos
de síndrome gripal e grupos vulneráveis.
Assim corrobora o estudo de Cavalcante, Sousa e Dias (2020) afirmando que as práti-
cas e consultas de enfermagem são ideais para a implantação de fluxogramas e protocolos
relacionados à COVID-19, pois facilitam as operações de trabalho, tornando- as mais dinâ-
micas e precisas, garantindo uma atenção qualificada e segura.
Silva et al. (2020) destaca que no contexto assistencial, os enfermeiros têm competên-
cias clínicas para avaliação do estado geral de saúde, habilidades de reconhecer sinais de
agravamento e de escuta ativa via teleatendimento, desenvolvem técnicas de promoção de
apoio remoto e informam clinicamente o usuário, além de reconhecer e aplicar os protocolos
e diretrizes clínicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica evidente, portanto, que os enfermeiros participam ativamente do serviço de APS,


sendo sua atuação de extrema importância no combate à pandemia, seja pela educação em
saúde, pela assistência ou pelo gerenciamento. Foi possível notar que houve um padrão nas
informações presentes nos estudos, demonstrando que a enfermagem está cada dia mais
consolidada enquanto ciência, estando consciente de seus deveres e responsabilidades.
36
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Destaca-se, ainda, que, apesar de ser inegável o grande valor da profissão, esta deve
estar inserida num contexto multi e interprofissional, tanto nos serviços primários, quanto na
atenção secundária e terciária, promovendo equidade e integralidade do cuidado.
Este trabalho contribui para o empoderamento dos profissionais acerca de sua impor-
tância no serviço de saúde, demonstrando, com base em evidências, o seu trabalho impres-
cindível no atual estado sanitário, sendo útil para que se possa exigir melhores condições
de trabalho e menos sobrecarga. É importante, ainda, para o reconhecimento da APS como
uma verdadeira transformadora da realidade de saúde, devendo ser cada dia mais valorizada,
seja pelos profissionais que nela atuam, pelos seus usuários ou pelas lideranças políticas.

REFERÊNCIAS
1. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012. Disponível
em: < http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf> Acesso em: 25 Jul, 2021.

2. CABRAL, E. R. M. et al. Contribuições e desafios da atenção primária à saúde frente à pande-


mia de covid-19. Interamerican journal of medicine and health, v. 3, 2020. Disponível em:
<https://iajmh.emnuvens.com.br/ iajmh/article/view/87> Acesso em: 09 Maio, 2021.

3. CAVALCANTE, C. C. F. S.; SOUSA, J. A. S.; DIAS, A. M. A. Consulta de enfermagem aos


casos suspeitos de covid-19 na atenção primária à saúde. Revista da FAESF, v. 4, p. 34-40,
jun, 2020. Disponível em: <https://www.faesfpi.com.br/revista/index.php/faesf/article/ view/112>
Acesso em: 09 Maio 2021.

4. MENESES, A. S. Gerenciamento emergencial de recursos da atenção primária à saúde no


enfrentamento à pandemia da covid-19. Scielo preprints, 2020. Disponível em: <https://pre-
prints.scielo.org/index.php/scielo /preprint/view/557> Acesso em: 09 Maio 2021.

5. MISQUITA, M. S. et al. Atendimento de gestantes na atenção primária à saúde pela enfer-


magem durante a pandemia do SARS-COV-2. Revista Nursing, v. 23, n. 269, p. 4737-4730,
São Paulo, 2020. Disponível em: <http://www.revistas.mpmcomunicacao. com.br/index.php/
revistanursing/article/view/971> Acesso em: 09 Maio 2021.

6. OLIVEIRA, L. M. S. et al. Estratégia de enfrentamento para covid-19 na atenção primária


à saúde: relato de experiência em Salvador-BA. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 42,
Salvador, 2021. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rgenf/a/qBvZQPkZRQfCkwcDvNM-
nwcS/?lang=pt&format=h tml> Acesso em: 09 Maio 2021.

7. RIOS, A. F. M. et al. Atenção primária à saúde frente à covid-19 em um centro de saúde. En-
fermagem em foco, v. 11, n. 1, p. 236-251, 2020. Disponível em: < http://revista.cofen.gov.
br/index.php/enfermagem/article/view/3666> Acesso em: 09 Maio 2021.

8. SARTI, T. D. et al. Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada
pela covid-19? Epidemiol. Serv. Saúde, v. 29, n. 2, Brasília, 2020. Disponível em: <https://
www.scielosp.org/article/ress/2020.v29n2/e2020166> Acesso em: 09 Maio 2021.

9. ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v.20,


n 2, 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ape/a/z7zZ4Z4GwYV6FR7S9FH TByr/?lan-
g=pt> Acesso em: 25 Jul, 2021.

37
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
03
Abordagem estrutural de representações
sociais de adolescentes escolares sobre
o processo de envelhecimento

Bernardo Rafael Blanche Ariella de Carvalho Luz


UFPI UFPI

Ticianne da Cunha Soares Matheus Henrique da Silva Lemos


UFPI UFPI

Ana Carolinne de Souza Diógenes da Filipe Melo da Silva


Silveira UFPI
UFPI
Ana Larissa Gomes Machado
Ellen Castro Pinheiro de Sousa UFPI
CIESPI
Francisca Tereza de Galiza
Maria de Fátima Sousa Barros Vilarinh UFPI
UFPI

10.37885/210805658
RESUMO

O envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, influenciado por múltiplos


fatores, trazendo desafios, tanto sociais, como psicológicos, decorrentes do envelhecimen-
to requerem não só uma reflexão mais abrangente, de caráter inclusivamente filosófico,
que conduza a soluções políticas mais bem fundamentadas e implementadas. A presente
análise teve como objetivo compreender o senso comum de adolescentes escolares
sobre o processo de envelhecer a partir de intervenções educativas que proporcionem
o relacionamento intergeracional, conhecendo as suas representações sociais. Trata-se
de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, baseado na Teoria das Relações
Sociais, a partir da proposta de abordagem estrutural. É evidenciado que para os ado-
lescentes escolares, a imagem que lhes vem à cabeça de pessoa velha é uma imagem
bastante estereotipada de idosos. Aquele sujeito que não tem força, que tem os cabelos
brancos ou que não os tenha, que aconselha as pessoas e que já tiveram filhos, geran-
do seus frutos. Ou seja, chegou ao fim do ciclo da vida. É evidenciado na pesquisa que
programas intergeracionais tem resultados positivos e podem ser inseridos em diversos
locais, como por exemplo, a escola e a instituição de longa permanência para idosos,
já que há efeitos benéficos para ambas as gerações, a realização dessas atividades.

Palavras-chave: Envelhecimento, Adolescente, Imagem.

39
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

O Brasil passa por um processo de transição demográfica, e de acordo com o Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a população idosa, até 2030, representará quase
14% da população brasileira (BRASIL, 2011). Evidenciando assim a necessidade na busca
de melhorias nos cuidados gerontológicos, estratégias para promover o envelhecimento
ativo e maiores investimentos na saúde do idoso.
O envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, influenciado por múltiplos
fatores, trazendo desafios, tanto sociais, como psicológicos, decorrentes do envelhecimento
requerem não só uma reflexão mais abrangente, de caráter inclusivamente filosófico, que
conduza a soluções políticas mais bem fundamentadas e implementadas (JESUINO, 2012).
Baseando-se nos princípios de autonomia, independência, participação, dignidade,
assistência e auto realização do idoso, aos quais contribuem para o envelhecimento sau-
dável e para a socialização do idoso, vale ressaltar a importância da integração do sujeito
que envelhece ao seio familiar e comunitário pelo fortalecimento da relação com pessoas
de gerações distinta (MASSI; et al., 2016).
A intergeracionalidade, que tem origem de múltiplas relações existentes entre diferentes
sujeitos, de faixas etárias distintas, é atualmente reconhecida como um caminho fértil, tratan-
do-se de programas educacionais e sociais para criança, jovens e idosos, constituindo uma
alternativa para melhorar o bem-estar das diferentes gerações e promover a coesão social,
através de laços, reduzindo assim, a discriminação e exclusão social (ALBUQUERQUE;
CACHIONI, 2013).
Dessa forma, levar a reflexão sobre o processo de envelhecimento e a própria velhice,
às salas de aula, pode contribuir para que estes sujeitos de outras faixas etárias, como ado-
lescentes, desmitifiquem essa categoria etária e tenham informações para decidirem por um
modelo de envelhecimento ativo e uma velhice com qualidade de vida (MASSI; et al., 2016).
A adolescência é entendida como um período e um processo psicossociológico de
transição entre a infância e a fase adulta, circunscrita nas dimensões sociais e históricas da
formação do sujeito. No ambiente escolar, inserir esse tipo de temática, relacionada a vida
cotidiana, com estratégias didáticas, é reflexo da ruptura de um paradigma, visto que pro-
põe uma escola mais articulada à realidade, estabelecendo diálogo com questões urgentes
que interrogam a vida humana, que demandam transformações macrossociais e, também,
atitudes pessoais (MASSI; et al., 2016; ALBUQUERQUE; CACHIONI, 2013).
Levando em conta a mudança demográfica que o país está passando, a importância
da promoção do envelhecimento ativo e das relações entre diferentes gerações, quais be-
nefícios a relação entre adolescentes escolares e idosos pode gerar?

40
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A presente análise teve como objetivo compreender o senso comum de adolescentes
escolares sobre o processo de envelhecer a partir de intervenções educativas que propor-
cionem o relacionamento intergeracional, conhecendo as suas representações sociais.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa que envolve crenças e afetos de adolescentes
escolares sobre o processo de envelhecimento, com a possibilidade de promover a dimi-
nuição do isolamento social do idoso e sensibilizar o adolescente para o processo de enve-
lhecimento ativo bem-sucedido.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, baseado na Teoria das


Relações Sociais, a partir da proposta de abordagem estrutural. A pesquisa foi realizada
em um Centro de Ensino de Tempo Integral da rede estadual de ensino, escolhida aleato-
riamente, na cidade de Picos-PI.
O Centro de Ensino de Tempo integral, possui 270 alunos matriculados, e contém tur-
mas que vão do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, tendo
adolescentes predominando entre os estudantes.
A população do estudo foi composta por 50 adolescentes escolares, e a amostra foi
definida por conveniência. Para isso, os pesquisadores definiram a faixa etária de 12 a 17
anos e a equipe escolar selecionou 2 turmas de alunos, onde a faixa etária definida pelos
pesquisadores eram sua totalidade, para participarem da pesquisa. Considera-se adoles-
cente, aquela entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 2015).
O estudo foi realizado em cinco momentos. No primeiro momento, os adolescentes
foram divididos em dois grupos, com vinte e cinco alunos, cada. Em formato de roda de
conversa, os adolescentes relataram sobre o convívio com seus avós e idosos que mora-
vam perto de suas casas. A estratégia foi usada para que os escolares interagissem mais
e sensibilizasse para participar da pesquisa.
O segundo momento foi entregue um instrumento sócio demográfico a ser preenchi-
do pelos adolescentes, com variáveis como faixa etária; sexo; estado civil; cor/raça; renda
familiar; com quem residia e se trabalhavam. Além de relações familiares com pessoas de
idades mais avanças, “Tem avós vivos?”; ‘Reside com seus avós ou algum idoso?” e se
já tinham participado de aula ou exposição, tendo o processo envelhecimento como tema.
Após respondido o instrumento sócio demográfico, foi utilizado o Teste de Associação
Livre de Palavras, buscando assim, o componente afetivo que os jovens têm acerca do enve-
lhecimento. Por tratar-se de uma técnica projetiva, os conteúdos latentes e não filtrados pela
censura tornam-se salientes. Trata-se de um instrumento que se apoia sobre um repertório
conceitual no que concerne ao tipo de investigação aberta que permite evidenciar universos
41
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
semânticos e que se colocam em evidências os universos comuns de palavras face aos
diferentes estímulos e sujeitos ou grupos. O instrumento se estrutura sobre a evocação das
respostas dadas a partir dos estímulos indutores (NOBREGA; COUTINHO, 2011).
Para isso, o instrumento continha quatro termos indutores, sendo estes: 1 – Pessoa
Jovem; 2 – Pessoa velha. Sobre instrução dos pesquisadores, os adolescentes em tempo
mínimo de 60 segundos associaram cada termo indutor a cinco palavras ou expressões
semânticas que lhe vierem à mente.
Através do teste de associação livre de palavras, os pesquisadores em representa-
ções sociais visam identificar as dimensões latentes nas Representações Sociais, através
da configuração dos elementos que constituem a trama ou rede associativa dos conteúdos
evocados em relação a cada estimulo indutor (NOBREGA; COUTINHO, 2011).
Dando continuidade para os momentos seguintes da pesquisa, e ainda com o número
total dos adolescentes divididos em dois grupos e também ainda em formato de roda de
conversa, na quadra esportiva da escola, foi conferido uma palestra, de forma bem didática
sobre o processo de envelhecimento ativo, abordando o que é o processo de envelhecer,
as mudanças fisiológicas e como é possível participar do processo do envelhecimento de
forma saudável e ativa.
Encerrado o momento da palestra, foram entregues aos adolescentes, tintas, coleções
coloridas, pincéis, papéis e cartolinas para que eles expressassem sua significação sobre o
processo de envelhecimento e como eles se projetavam no futuro, como idosos.
No momento seguinte, os adolescentes foram divididos em grupos de dez alunos.
Tratou-se de uma oficina com o Projeto Mais Sorriso, Mais Saúde. Projeto de extensão vin-
culado ao Programa de Educação em Saúde por Jovens Universitários Através de Ações
Lúdicas, da Universidade Federal do Piauí – Campus Senador Helvídio Nunes de Barros.
Na oficina, foram trabalhadas técnicas de expressão corporal, estratégias didáticas de
se envolver com o público, cenas de teatro e clown. Os integrantes do projeto de extensão
fizeram seus relatos de atividades que já realizados com idosos e atividades realizadas na
Instituição de Longa Permanência (ILPI) onde os adolescentes iriam visitar, como etapa
seguinte do estudo.
A ILPI onde se deu esta etapa da pesquisa, é uma instituição filantrópica que atua no
município há mais de quarenta anos, realizando trabalho social, abrigando idosos em situação
de abandono familiar e/ou falta de assistência familiar. Atualmente a instituição abriga 32
idosos. Assim, os jovens foram divididos em dois grupos, com 25 adolescentes, e seguiram
em momentos diferentes, para a ILPI, onde se apresentaram e estabeleceram diálogo com
os idosos institucionalizados.

42
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Para descontrair, os alunos levaram instrumentos musicais para tocar e cantar.
Disponibilizaram também hidratantes para passar nos idosos que tinham pele ressecada,
esmalte para pintar as unhas das idosas e presentearam os idosos com desenhos.
Ao final da visita, os adolescentes responderam mais uma vez o Teste de Associação
Livre de Palavras, onde mais uma vez tiveram que associar cinco palavras para os termos
indutores usados no primeiro momento: 1 – Pessoa Jovem; 2 – Pessoa velha. Foi utilizado
um diário de campo onde foi registrado, por um observador, todas atividades, expressões,
reações e relatos dos adolescentes e idosos institucionalizados.
Para interpretação dos dados foi usado o EVOC (Ensemble de Programmes PemettantL
Analysedes Evoctions), versão 2003, software livre que realiza um processamento compu-
tacional, denominado de análise lexicográfica, demonstrando, graficamente, as palavras
pertencentes ao núcleo central e ao sistema periférico das representações sociais. É identi-
ficada à frequência de aparecimento dos termos evocados e a ordem de aparecimento das
respostas registradas (SARAIVA; VIEIRA; COUTINHO, 2011).
Após a coleta das evocações livres verbalizadas pelos participantes da pesquisa e,
antes do processamento do programa computacional, foi necessário a codificação dos da-
dos através de etapas sucessivas de organização do material coletado (SARAIVA; VIEIRA;
COUTINHO, 2011).
Com base no arcabouço de respostas, foi elaborado um dicionário, agrupando-se
palavras que compartilham o mesmo radical e classe sendo complementado pelo critério
semântico, classificando-se as evocações conforme um significado em comum e manten-
do-se os termos de maior frequência. Foram mantidas as expressões ou termos compostos
(TABORDA; RANGEL, 2016).
Somando os dois momentos de preenchimento do TALP, foram evocados 1000 termos
a partir dos quatro termos indutores. Após o agrupamento das palavras, foram formadas 175
palavras que em seguida substituíram os termos evocados.
Foi criado um corpus, cara cada termo indutor, no programa de computador EXCEL com
os termos já substituídos pelas palavras do dicionário criado, para cada termo indutor, totali-
zando oito corpus (quatro do 1º TALP e quatro do 2º TALP), com duzentas e cinquenta pala-
vras, em cada um. Feito isso, os dados foram lançados no programa de computador EVOC.
O software calcula, para o conjunto do corpus, a frequência simples de cada palavra
evocada, as ordens médias de evocação de cada palavra e a média das ordens médias de
evocação. Dos programas do EVOC foi utilizado o Rangfrq que organiza as evocações de
acordo com suas frequências e ordem de evocações e gera o Quadro de quatro Casas com
as palavras (evocações) (TABORDA; RANGEL, 2016).

43
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Assim, como resultado, o programa realiza a construção de um quadro com quatro
casas, onde há quatro quadrantes com quatro conjunto de termos. No quadrante superior
esquerdo ficam situados os termos verdadeiramente significativos para os sujeitos e que
constituem, provavelmente, o núcleo central da representação estudada. As palavras locali-
zadas no quadrante superior direito e inferior esquerdo são os elementos intermediários que
podem se aproximar do núcleo central ou dos elementos periféricos, e aquelas localizadas
no quadrante inferior direito constituem os elementos periféricos da representação (GOMES;
OLIVEIRA, 2005).
O presente estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí (CEP/UFPI), cumprido as exigências formais dispostas na
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2012), que estabelece
as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, obtendo
parecer favorável para execução do estudo sob nº 2.640.806.

RESULTADOS

Para melhor exploração dos resultados, estes foram divididos em duas partes: a pri-
meira para avaliar os dados sócios demográficos dos adolescentes, a segunda comparar as
representações dos adolescentes antes e após as intervenções educativas.

Perfil sócio demográfico dos adolescentes

A análise do perfil sócio demográfico se torna necessário e de grande importância,


pois assim, pode-se caracterizar a amostra e compreender parte das representações sociais
sobre o processo de envelhecer para cada adolescente participante.
No que se refere ao sexo, pode-se perceber o predomínio do sexo feminino, repre-
sentando assim 60% (n=30) da amostra. 78% dos adolescentes estão solteiros (as), 4 %
estão casados (as) e 18% referiram ter um (a) companheiro (a). Estudos realizados com
adolescentes escolares, confirmam que o índice do sexo feminino é superior à dos meninos,
refletindo o índice demográfico brasileiro atual, onde o número de mulheres é maior que o
dos homens (BRASIL, 2008; SANTOS; et al., 2017).
Como se pode observar, as idades tiveram uma variação de 14 a 17 anos. Até o mo-
mento da coleta de dados 44% (n=22) tinham 14 anos, 14% (n=7) tinham 15 anos, 28%
(n=14) com 16 anos e 14% (n=7) com 17 anos.
Foi uma amostra predominantemente branca. Quando perguntado a cor da pele, 44%
(n=22) dos estudantes se declararam brancos, 28% (n=14) se declaram pretos e 28% (n=14)
se declaram pardos.
44
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Importante ressaltar quanto ao questionamento acerca do trabalho, 18% (n=9) dos
estudantes afirmaram que já trabalham em horário extraescolar. Na atualidade, uma grande
parte dos adolescentes brasileiros tem sobrevivido a um cotidiano permeado por inúmeras
atividades, especialmente pela necessidade de conciliar a escola com o trabalho, em que
eles saem de casa entre 6 e 7 horas da manhã e retornam por volta da meia noite. Alguns
adolescentes possuem, ainda, uma rotina de trabalho que inclui o final de semana, ficando
sem tempo para atividades que até então eram consideradas próprias da idade, como o
lazer, os relacionamentos afetivos e um certo grau de ociosidade (OLIVEIRA; et al., 2007).
Sobre a temática de envelhecimento, foi perguntado aos adolescentes se eles ainda
tinham avós vivos, positivamente 88% (n=44) disseram que sim. Além disso, 86% (n=42) dos
jovens entrevistados não residem com seus avós ou algum outro idoso. Devido ao aumento
da população idosa e mudanças demográficas, as famílias têm tido mais probabilidades de
abranger várias gerações, havendo mais ligações verticais do que horizontais, passando-se
mais tempo a desempenhar papéis intergeracionais do que outrora (MORGADO; et al., 2017).
Entre os adolescentes, quando foi perguntado se eles tinham bom convívio com seus
avós e outros idosos e 86% (n=42) responderam que sim. Isso mostra que as relações
intergeracionais somam de forma positiva para as diferentes gerações. Acerca da partici-
pação em palestras ou eventos sobre o tema, 66% (n=33) afirmam já terem participado.
Resultado animador, mostrando que os programas intergeracionais estão presentes em
seus meios. Esse fato é importante, pois com esses programas educativos, é possível con-
seguir mudar estereótipos e preconceitos, é necessário mudar as imagens que existem nos
livros escolares, introduzir nas escolas atividades que integrem idosos e os jovens e, se
possível, a comunidade de forma a abordar mais a temática do envelhecimento e da velhice
(MORGADO; et al., 2017).

Representações dos adolescentes antes e depois das intervenções

O quadro 01 representa a leitura do corpus pelo programa EVOC, referente aos ter-
mos evocados pelos adolescentes através do termo indutor “pessoa jovem”, antes e após
as atividades realizadas.

45
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Quadro 01. Evocações de adolescentes escolares sobre “pessoa jovem”. Picos-PI, 2017.

PALAVRAS EVOCAS ANTES DAS ATIVIDADES PALAVRAS EVOCADAS DEPOIS DAS ATIVIDADES

QUADRANTE SUPERIOR ESQUERDO QUADRANTE SUPERIOR ESQUERDO


Diverti Energ.; fest; jogos; sair
QUADRANTE INFERIOR ESQUERDO QUADRANTE INFERIOR ESQUERDO
Mudança Conhec; danad; dispos; farra
QUADRANTE SUPERIOR DIREITO
QUADRANTE SUPERIOR DIREITO
Dormi; estud; feli; for; louc; mudança; namor; objetos; pro-
Ami; beb; com; curti; dispos; estud; fest; namor
blema; saud
QUADRANTE INFERIOR DIREITO QUADRANTE INFERIOR DIREITO
Brinc; decep; rebeldia; sex Apps; apreocup; dinheiro; escola; inteligen; sonh; tec; trist

Em relação aos termos evocados antes das atividades, observa-se que no quadrante
superior esquerdo, há apenas a palavra diverti. Ela foi substituída pelos termos “diversão”;
“divertidos”; “divertir”; “divertida”; “divertido”. Então, para os adolescentes o núcleo central
de sua representação de sujeito como pessoa jovem é algo relacionado à diversão.
Os termos, dessa forma, refletem o pensamento dos adolescentes acerca do que ima-
ginam sobre pessoa jovem. Associa-se dessa maneira o ser jovem à liberdade, excesso de
saúde, e são dessa forma ligados à longevidade que o os adolescentes ancoram na diversão.
No quadrante inferior esquerdo, apresenta também apenas a palavra mudança. Por
estar na zona de elementos de contraste, nota-se que mesmo para poucos sujeitos, a mu-
dança é de grande importância ao que se refere a pessoa jovem. Isso se dá, pela adoles-
cência ser definida como período de transição em que o sujeito vive uma situação de novos
ajustamentos entre o comportamento infantil e o comportamento adulto.
No quadrante superior direito já se pode observar uma quantidade maior de palavras
evocadas. As palavras são ami, beb, com, curti, dispos, estud, fest e namor. Elas estão asso-
ciadas às palavras “amigos”, “amizades”, “bebidas”, “beber”, “curtir”, “curtição”, “disposição”,
“disposta”, “disposto”, “estudos”, “estudar”, “festa”, “namoro”, “namorar”, “comida”, “comer”.
Elas estão na primeira periferia, mostrando menos importância para os sujeitos, em-
bora evocados em número maior. É interessante observar quefest está bem a frente com
27 evocações, seguido de estud e namor com 17 evocações cada. Os termos são os mais
próximos do núcleo central, mostrando que na visão dos adolescentes, a pessoa jovem na-
mora, dando a entender que nas outras fases da vida, ela não faça isso. Ou seja, o jovem
namora, vai as festas e estuda. Pode-se chegar à conclusão que quando os estudantes
citam o termo estud, elas estão se referindo a eles mesmos. E estão diretamente ligadas
ao núcleo central, ou seja, diversão.
O consumo de bebida está associado ao adolescente, visto que o adolescente é um
ser muito vulnerável e influenciado por outras pessoas quando se refere a assuntos de ris-
co. Em um estudo com quase mil adolescentes escolares (ELICKER; et al., 2015) mostra
que quase metade desses adolescentes faziam uso de álcool. Já em outro estudo (VEIGA;
46
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
et al., 2016) aponta quase noventa por cento dos adolescentes escolares consumirem
bebida alcoólica.
No quadrante inferior direito, tem-se a periferia mais distante, com as palavras brinca,
decepc, rebeldia, sexo. Essas palavras se referem a “brincar”, “brincadeira”, “decepção”,
“se decepcionar”, “rebeldia” e “sexo”. Nesse quadrante, os termos podem estar associados
às mudanças físicas e emocionais que os adolescentes passam. Considerando mudança a
palavra mais importante pelo senso comum dos adolescentes ao ser jovem.
Referente aos termos evocados pelos adolescentes através do termo indutor “pessoa
jovem” após as intervenções educativas e visita a ILPI, como resultado, teve o núcleo cen-
tral as palavras energ, fest, jogos, sair. Que representam as palavras “energia”; “energia
positiva”; “festa”; “festas”; “festiva”; “futebol”; “bola”; “esportes”; “jogar”; “jogar baralho”; “sair”;
“bastante”; “sair muito”; “saideira”.
As festividades estão consolidadas no pensamento que os adolescentes escolares
têm sobre o sujeito jovem. Entres eles, o termo fest foi o mais evocado (n=29). O termo
pode ser ligado a outras duas evocações presentes no núcleo central energ e sair. Pode-
se perceber que para os estudantes, a imagem do sujeito jovem está ligada a uma vida
agitada, frenética. E o termo energ se liga ao termo jogos, já que a palavra refere a termos
relacionados a esportes.
O quadrante inferior esquerdo apresenta as palavras conhec, danad, dispos, farra.
Que se referem a “disposição”; “disposta”; “disposto”; “conhecedor”; “tempo de conheci-
mento”; “conhecimento”; “ter conhecimento”; “reconhecimento”; “farra”; “farriar”; “folia”;
“danado”; “danada”.
Na visão dos estudantes, o sujeito jovem é um sujeito que está em constante processo
de conhecimento, por serem adolescentes escolares, podem através desse termo estarem
se referindo ao processo de conhecimento na escola.
E o termo danad se refere a momentos de traquinagem, no caso pode ser ainda na
adolescência, ou eles podem estarem se referindo a fase da infância, onde a criança tende
a aprontar e não se comportar.
No sistema periférico próximo, aparecem os termos dorm, estud, feli, for, mudança,
namor, objetos, problema, saud. Que se referem a “forte”; “força”; “estudo”; “estudar”; “na-
moro”; “namorar”; “óculos”; “dormir tarde”; “dormir”; “saudável”; “saúde”; “com saúde”; “bem
de saúde”; “feliz”; “felicidade”; “mudanças”; “mudança de aparência”; “mudança física”.
O termo mais evocado é o namor, juntamente com feli e estud. Isso pode ser visto
como a realidade que eles estão vivendo. Nessa fase da vida se inicia os relacionamentos
amorosos. O adolescente passar a ter um (a) companheiro (a), sendo essa, umas das de-
finições da felicidade, evocada com praticamente a mesma frequência. Evidencia-se que
47
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
ver a solidão na ILPI, possa ter influenciado a evocação desses termos. Isso acontece na
maioria das vezes no ambiente escolar (estud), que está sendo evocado não só por isso,
mas também por ser o ambiente em que o adolescente passa mais tempo.
No sistema periférico mais distante aparecem os termos apps, apreocup, dinheiro,
escola, inteligen, sonh, tec, trist. Que se referem a “escola”; “inteligente”; “inteligência”; “des-
preocupação”; “sonhos”; “ainda sonhando”; “sonhos em se formar”; “celular”; “tecnologia”;
“dinheiro”; “whatsapp”; “facebook”; “redes sociais”; “internet”.
Os termos foram os menos evocados e com importância menor aos sujeitos, porém são
os de maior inserção na sociedade e sensíveis ao meio em que estão inseridos. É bastante
perceptível quando são evocados os termos apps e tec, que compreendem os
aparelhos tecnológicos e as redes sociais mais usadas na atualidade, passando a ser
uma nova forma de se relacionar. Ainda nesse meio, passa pela imaginação dos adoles-
centes o sujeito jovem, sendo aquele ser inteligente com dinheiro e cheio de sonhos para
realizar durante essa fase.
No quadro 02 aparece as palavras evocadas a partir do termo indutor “pessoa ve-
lha”. Em relação aos termos evocados pelos adolescentes antes das intervenções educati-
vas, o núcleo central está representado pelas palavras afor, cabelo, conselh e filhos. Elas
se referem a “perda de força”, “sem força”, “fraco”, “frágil”, “fragilidade”, “cabelo branco”,
“perda de cabelo”, “conselheiro” e “ter filhos”.

QUADRO 02. Palavras evocadas ao termo indutor “pessoa velha”. Picos-PI, 2017.

PALAVRAS EVOCAS ANTES DAS ATIVIDADES PALAVRAS EVOCADAS DEPOIS DAS ATIVIDADES

QUADRANTE SUPERIOR ESQUERDO QUADRANTE SUPERIOR ESQUERDO


Afor; cabel; conselh; filhos Hist.
QUADRANTE INFERIOR ESQUERDO QUADRANTE INFERIOR ESQUERDO
Dor; dorm; fala; netos Feli; filhos
QUADRANTE SUPERIOR DIREITO QUADRANTE SUPERIOR DIREITO
Conversa;cuida; doença; experien; famila; hist.; namor; ruga; Amo; casa; doen; madur; objetos; responsa; sab; saudade;
trabalh; trist solid; trist
QUADRANTE INFERIOR DIREITO QUADRANTE INFERIOR DIREITO
Cansa; carinh; objetos; piada; responsa; sab; solid Afor; boa; cabelo; cama; dorm; paz; preocup

É evidenciado que para os adolescentes escolares, a imagem que lhes vem à cabeça
de pessoa velha é uma imagem bastante estereotipada de idosos. Aquele sujeito que não
tem força, que tem os cabelos brancos ou que não os tenha, que aconselha as pessoas e
que já tiveram filhos, gerando seus frutos. Ou seja, chegou ao fim do ciclo da vida.
A descriminalização e o uso de estereótipos negativos associados à velhice apresenta-
-se como um fenômeno transcultural (FERNANDES; ANDRADE, 2016). A velhice é associada
a doenças, fraqueza, fragilidade e, aliados a essas perdas, ocorre a negação e o medo que
os adolescentes têm dessa etapa da vida (PEREIRA; FREITAS; FERREIRA, 2014).

48
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Na zona de elementos de contraste aparece as palavras dor, dorm, fala e netos. No qual,
se referem a “dor”; “dores”; “dor no corpo”; “doloroso”; “dor nas costas”; “dor de cabeça”,
“falatório”; “fala muito”; “falar muito”, “dormir muito”, “netos”.
Esses termos são elementos intermediários e mostram que os jovens veem o sujeito
velho tendo dor, não só a dor física, mas como evocado por eles, um processo doloroso.
Também para o sujeito velho é passada a ideia de uma pessoa que fala muito. Pelos termos
evocados, não se percebe um pensamento positivo ou negativo. A palavra netos também
aparece, nota-se que isso pode se diferenciar da palavra filhos evocada no núcleo central.
Ter netos, passa uma ideia mais firme e concreta de uma pessoa velha, isso não só pelas
representações que os sujeitos têm, mas pelo tempo cronológico que é preciso se dar tal feito.
Foi citado pelos estudantes a palavra dorm, que se refere ao sono e o fato de idosos
dormirem muito. Para os jovens, a velhice é um momento de descanso. Ela deve ser com-
preendida em sua totalidade, pois além de um fato biológico, é um fato cultural. Por vezes,
é vista como um acontecimento ruim, mesmo para as pessoas bem-sucedidas, uma vez
que a decadência física posta por ela salta aos olhos, visto que o ser humano apresenta as
mudanças impostas pelo avanço da idade (FERNANDES; ANDRADE, 2016).
Na primeira periferia aparece as palavras conversa, cuida, doen, experien, família,
hist., namor, ruga, trabalh e trist. Se referem aos termos “conversadeira”; “conversador”;
“conversa”; “conversar”; “cuidadoso”; “cuidado”; “cuidadosa”; “cuidados”; “cuidar”; “cuidador”;
“cuidar dos filhos”; “cuidados na saúde”; “doente”; “doença”; “família reunida”; “apego familiar”;
“convivência familiar”; “família reunida”; “preocupação familiar”; “estrutura familiar”; “almo-
ço de família”; “trabalho”; “historiador”; “historias”; “boas histórias”; “contador de histórias”;
“contar histórias”; “historias antigas” ; “trabalhar”; “trabalhando”; “trabalhador”; “namoro”;
“namorar”; “triste”; “tristeza”; “experiente”; “experiência”; “experientes”; “experiência de vida”;
“pele rígida”; “pele enrugada”; “pele ressecada”; “rugas”.
É notório os aspectos positivos e negativos expostos nesse quadrante. São vistos como
aspecto positivo as palavras conversa, cuida, hist., família, namor e trabalh, pois mostram o
sujeito velho como aquele que interage, conversa, se cuida, cuida dos outros, está reunido
com a família e essa família o cerca, mostra o sujeito como alguém que trabalhou ou trabalha
bastante, ou seja, uma pessoa produtiva, que tem boas histórias de sua trajetória de vida
para contar e quem tem muita experiência. E percebe-se claramente os aspectos negativos
vistos pelos estudantes nas palavras doen e trist, já que a imagem do sujeito idoso reflete
passar a ser sobre problemas de saúde e tristeza.
Na zona periférica aparecem as palavras cansa, carinho, objetos, piada, responsa,
sab e solid. Que se referem a “responsabilidade”; “responsável”; “responsabilidades”; “mais
responsabilidade”; “óculos de grau”; “cadeira de balanço”; “óculos”; “blusão”; “rede”; “aliança”;
49
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
“alianças”; “cadeira”; “sapato”; “relógio”; “bengala”; “terno”; “carinhoso”; “carinhosa”; “cari-
nho”; “sábio”; “sábia”; “sabedoria”; “sabedor”; “cansaço”; “cansada”; “cansado”; “cansados”;
“piada”; “contar piada”; “solidão”; “solitário”; “sozinha”; “sozinho”.
Então, de forma mais sensível à realidade que estão inseridos, como objetiva o sistema
periférico, os estudantes têm em mente de forma mais distante, os objetos que lembram o
sujeito velho, objetos bem típicos como “bengala” e outros atípicos como “sapato”. Outros
objetos significam mais do que a imagem da pessoa velha, mas sim feitos ou ações, como
“alianças”, que pode representar a união com outra pessoa, como também a constitui-
ção de uma família.
No entanto, é transmitida a imagem de cansaço e solidão (cansa e solid). Os adoles-
centes representam a velhice como uma fase natural e positiva da vida, visto que é uma
fase em que a pessoa é dona de si e possui autonomia. Para esses adolescentes a velhice
é representada por um tempo de recordações e memórias do passado, é um período de
descanso, mas ao mesmo tempo uma fase de vida em que se enfrenta muitas dificuldades,
como a finitude e proximidade com a morte (FERNANDES; ANDRADE, 2016).
A leitura do corpus pelo programa EVOC, referente aos termos evocados pelos ado-
lescentes através do termo indutor “pessoa velha” após as atividades educativas e vivência
em ILPI, no quadrante superior esquerdo, representando assim o núcleo central das repre-
sentações, aparece apenas o termo hist. Que representa “historiador”; “historias”; “boas
histórias”; “contador de histórias”; “contar histórias”; “historias antigas”. Nota-se que não
há mais características físicas mencionadas, termos relacionados a renda, ou sequer outra
prática. O núcleo central passa a ser apenas as histórias contadas pelos idosos.
No quadrante abaixo, periferia mais próxima do núcleo central apresenta os termos
feli e filhos. Que representam “felicidade”; “feliz”; “filhos”. Os termos são menos frequentes
porém representa importância maior para os estudantes. O sujeito velho agora passa a ser
referenciado com felicidade e também como antes da visita, a geração de descendentes é
de importância, no caso o termo referido foi - ter filhos.
Na primeira periferia os termos evocados foram amo, casa, doen, madur, objetos,
responsa, sab, saudade, solid, trist. Que se refere, a “amor”; “amar”; “paixão”; “maturidade”;
“amadurecer”; “maduro”; “triste”; “tristeza”; “solidão”; “sozinho”; “saudade”; “sábio”; “sabe-
doria”; “solitário”; “responsabilidades”; “mais responsabilidade”; “responsável”; “responsabi-
lidade”; “ficar em casa”; “dentro de casa”; “casa”; “somente em casa”.
Os termos são mais acessíveis e flexíveis, sendo evocados em maior número e é
responsável pela contextualização. Ainda há uma variação de termos, fletindo algo já intro-
duzido na mente dos adolescentes e uma provável sensibilização referente as atividades
desenvolvidas e a visita a ILPI. Em evocações maiores, tem-se os termos relacionados a
50
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
“tristeza”, “doença”, “saudade” e “solidão”. Isso é um provável reflexo do que a instituciona-
lização pode ter marcado nesses estudantes.
No sistema periférico mais distante, aparece os termos afor, boa, cabelo, cama, dorm,
paz, preoc. Que se referem a “falta de força; “fragilidade”; “frágil”; “fraqueza”; “pessoa boa”;
“gente boa”; “pessoa boa”; “cabelo branco”; “perda de cabelo”; “cama”; “dormir”; “dormir
muito”; “paz”; “preocupação”.
Os termos evocados nesse quadrante relacionam a realidade concreta com a busca
do sistema central, assim, são evocados menos vezes. Então a ideia que se tem a partir
do resultado desse quadrante é de sensibilidade. Embora os termos sejam aspectos nega-
tivos, os jovens estão vendo isso de forma preocupante. Mostrando que esse sujeito velho
que está fraco precisa de paz, que esse sujeito é uma boa pessoa e que viveu muito, agora
precisa descansar, precisa dormir ter uma cama. Começa-se a perceber os adolescentes
como sujeitos agora mais sensíveis ao que se refere ao sujeito velho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecer as representações sociais de adolescentes escolares sobre o processo de


envelhecer torna-se necessário diante da transição demográfica que o país está passando
e com o crescimento da população idosa. Essa necessidade deve-se às imagens negativas
e estereotipadas que os idosos sofrem.
É evidenciado na pesquisa que programas intergeracionais tem resultados positivos e
podem ser inseridos em diversos locais, como por exemplo, a escola e a instituição de longa
permanência para idosos, já que há efeitos benéficos para ambas as gerações, a realização
dessas atividades.
Ao comparar as representações sociais dos adolescentes escolares, pode-se concluir
que atividades relacionadas ao envelhecimento ativo e o contato dos adolescentes com os
idosos institucionalizados, nota-se uma destacada mudança dos termos referidos ao processo
de envelhecer. Mostrando assim, que a pesquisa conseguiu com êxito, descontruir imagens
negativas a respeito da velhice, diminuir o preconceito que os jovens têm em relação aos
idosos e sensibiliza-los ao envelhecimento saudável.
A sensibilização diante do processo de institucionalização foi extremamente perceptí-
vel. Isso é mostrado por meio das representações sociais após as atividades, passando a
assim, a velhice a entendida como processo solitário e muitas vezes doloroso, o que antes
era vista, sem sensibilização e associada a problemas de saúde. A situação se reverte,
quando os adolescentes passam a se ver como idosos, passando a associarem qualidade
de vida e saúde a esse processo que eles, após as atividades, entendem e compreendem
como fator biológico e social.
51
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
É de inenarrável importância o estudo de representações sociais estruturalmente na
pesquisa intergeracional, pois, a partir dos resultados encontrados visualizaram-se as cren-
ças que os adolescentes têm acerca do envelhecimento.

REFERÊNCIAS
1. ALBUQUERQUE, M. S.; CACHIONI M. Pensando a Gerontologia no Ensino Fundamental.
Revista Kairós Gerontologia, v. 16, n. 5, p. 141-163, 2013.

2. BRASIL. [Estatuto da criança e do adolescente (1990)]. Estatuto da criança e do adolescente


[recurso eletrônico] Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. – 13. ed. –
Brasília. Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. (Série legislação ; n. 175).

3. ______. Ministério da Saúde. Resolução – RDC n.º 466, de 12 de dezembro de 2012 – Apro-
va diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília:
Ministério da Saúde, 2012.

4. ______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro De Geografia


e Estatística – IBGE. Projeção da população brasileira e das unidades da federação. Rio de
Janeiro (RJ): IBGE; 2011. Disponivel em: http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/.
[Acesso em: 01 de Maio de 2017].

5. ELICKER, E.; et al. Uso de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes escolares de Porto
Velho-RO, Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 24, n. 3, p. 399-410, 2015.

6. FERNANDES, J. S. G.; ANDRADE, M. S. Representações sociais de idosos sobre velhice.


Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 69, n. 2, p. 48-59, 2018.

7. GOMES, A. M. T.; OLIVEIRA, D. C. Estudo da estrutura da representação social da autonomia


profissional em enfermagem. RevEscEnferm USP, v. 39, n. 2, p. 145-53, 2005.

8. JESUINO, J. C. Imagens da velhice. In: TURA, L. F. R.; SILVA, A. O. Org. Envelhecimento


e representações sociais. Rio de Janeiro: Quartet: Faperj, 2012.

9. MASSI, G.; et al. Impacto de atividades dialógicas intergeracionais na percepção de crianças,


adolescentes e idosos. Rev. CEFAC, v.18, n.2. p.399-407, 2016.

10. MORGADO, F. F. R.; et al. Representações Sociais sobre a Deficiência: Perspectivas de Alunos
de Educação Física Escolar. Rev. bras. educ. espec. [online], vol. 23, n. 2, p.245- 260, 2017.

11. NOBREGA, S. M,; COUTINHO, M. P. L. A técnica de associação livre de palavras. In:


COUTINHO, M. P. L.; SARAIVA, E. R. A. (org). Métodos de pesquisa em psicologia social:
perspectivas qualitativas e quantitativas. João Pessoa: Editora universitária. 2011.

12. OLIVEIRA, DC., GOMES, AMT., MARQUES, SC., THIENGO, MA. “Pegar”, “ficar” e “namorar”:
representações sociais de relacionamentos entre adolescentes. RevBrasEnfer, v. 60, n. 5,
p-497-502, 2007.

13. PEREIRA, R. F.; FREITAS, M. C.; FERREIRA, M. A. Velhice para os adolescentes: abordagem
das representações sociais. RevBrasEnferm. v. 67, n. 4, p. 601-609, 2014.

52
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
14. SANTOS, C. A. N.; et al. Análise de vulnerabilidades em adolescentes escolares. ReonFace-
ma. v. 3, n. 1, p. 338-344, 2017.

15. SARAIVA, E. R. A.; VIEIRA, K. F. L.; COUTINHO, M. P. L. A utilização do software EVOC nos
estudos acerca das representações sociais. In: COUTINHO M. P. L.; SARAIVA, E. R. A. (org).
Métodos de pesquisa em psicologia social: perspectivas qualitativas e quantitativas. João
Pessoa: Editora universitária, 2011.

16. SILVA, A. C. S.; et al. Representações sociais sobre ser saudável de adolescentes escolares.
Adolesc. Saúde, v. 11, n. 1, p. 24-31, 2014.

17. TABORDA, M.; RANGEL, R. Representações Sociais de Profissionais da Saúde sobre apren-
dizagem e Internet. Revista Brasileira de educação Médica, v. 40, n. 4, p. 694 – 70, 2016.

18. VEIGA, L. D. B.; et al. Prevalência e fatores associados à experimentação e ao consumo de


bebidas alcoólicas entre adolescentes escolares. Cad. Saúde Colet., v. 24, n. 3, p. 368- 375,
2016.

53
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
04
Ação educativa sobre câncer de colo
uterino para mulheres aguardando a
realização do exame preventivo: um
relato de experiência

Ana Karina Rodrigues Coelho Maria Eduarda Ribeiro Martins


FIBRA UFPA

Bruna Maria Silva de Oliveira Natasha Cristina Rangel Rodrigues


UFPA UFPA

Fábio Roberto de Sales Rodrigues Maia Paulo Sérgio Caetano de Carvalho


Filho UEPA
UFPA
Tâmia Rayara Carvalho Araújo da Silva
Fernanda Maria Ribeiro Batista UNAMA
UFPA
Tamires Costa Franco
Leidiane de Jesus da Costa Santos UNAMA
Santos
ESAMAZ

10.37885/210705359
RESUMO

O câncer do colo do útero é a doença mais frequentemente relacionada ao Papilomavírus


Humano (HPV). O câncer cervical é caracterizado por uma multiplicação das células que
ocorre na porção inferior do útero, podendo atingir tecidos próximos e até mesmo os
mais distantes. A infecção por certos tipos de HPV provoca uma proporção de cânce-
res no anus, vulva, vagina, pênis e orofaringe, que são evitáveis usando estratégias de
prevenção primária semelhantes às do câncer do colo de útero. O objetivo deste estudo
é relatar a experiência acadêmica diante de uma ação educativa sobre a importância
da realização do exame preventivo, a partir de uma roda de conversa em uma Unidade
Municipal de Saúde (UMS), localizada em Belém no Estado do Pará. Esta pesquisa
trata-se de um relato de experiência, de abordagem qualitativa, realizada com mulheres
que aguardavam a consulta para realização do exame preventivo. Como integrante da
equipe multiprofissional na atenção básica, o enfermeiro promove ações educativas a
fim de proporcionar conhecimentos e esclarecer dúvidas sobre a temática proposta. Com
base na roda de conversa desenvolvida, pode-se observar o interesse de informação
sobre a importância de realizar o exame preventivo para detecção precoce do câncer do
colo do útero, ressaltando que em casos confirmados existem tratamentos e cura para
cada tipo de lesão em específico.

Palavras-chave: Atenção Básica, Câncer, Colo do Útero.

55
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

O câncer do colo do útero é considerado um problema de saúde pública mundial,


tendo aproximadamente a incidência de 530 mil casos, com 256 mil óbitos por ano no mun-
do. No Brasil, com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer do colo de útero é a
terceira neoplasia primária mais incidente em mulheres, com risco estimado de 17,11 caso
a cada 100 mil (INCA, 2019).
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela in-
fecção de alguns tipos de papilomavírus humano (HPV). A infecção genital por esse vírus é
muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Mas, podem ocorrer alterações
celulares que podem evoluir para o câncer. (SAÚDE, 2021).
A infecção pelo HPV é a causa necessária, mas não suficiente do câncer do colo uterino,
sendo requerida a exposição de cofatores para que o fenótipo tumoral ocorra. Alguns fatores
como imunossupressão e fatores ligados ao comportamento sexual, uso de anticoncepcional,
entre outros estão relacionados às causas do câncer do colo uterino. (ROZARIO et al., 2019).
Segundo o Ministério da Saúde, essas alterações são descobertas facilmente no exame
preventivo conhecido também como Papanicolau, e são curáveis na quase totalidade dos
casos. O câncer do colo de útero é o segundo tipo de neoplasia maligna que mais atinge
mulheres no mundo, tendo o climatério e a faixa etária com o maior números de casos pro-
pensos para o surgimento de neoplasias. (INCA, 2019).
É no climatério que as mulheres começam a realizar a terapia de reposição hormonal
devido a diminuição dos hormônios, o que aumenta o risco de surgimento do câncer cervical
(SILVA et al., 2019).
A idade também é um fator importante segundo o INCA(2019), pois ocorre uma fre-
quência maior de câncer do colo do útero em mulheres com idades entre 40 e 50 anos,
sendo essa faixa compreende o período no qual a mulher entra no climatério, marcando
uma transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, onde acontece a menopausa.
Segundo o Ministério da Saúde (2021), a detecção precoce do câncer é uma estratégia
para rastrear um tumor na fase inicial e assim, possibilitar maior chance de tratamento. Na fase
pré clínica, considerada sem sintomas, na qual a detecção de lesões precursoras que são
as quais antecedem o aparecimento da doença, pode ser feita através do exame preventivo.
Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer cervical são de 100%.
O rastreamento do câncer do colo de útero se baseia na história natural da doença
e no reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões precursoras, que
podem ser detectadas e tratadas adequadamente, impedindo a progressão para o cân-
cer. (SAÚDE, 2021).

56
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A estratégia definida pelo Ministério da Saúde (MS) para rastreamento do câncer de
colo uterino e suas lesões precursoras é o exame citopatológico, ou teste de Papanicolau,
direcionado às mulheres a partir de 25 anos que já iniciaram atividade sexual, prosseguindo
até os 64 anos e interrompidos após essa idade, se houver pelo menos dois exames nega-
tivos consecutivos nos últimos cinco anos.

RELATO DE CASO

Esta pesquisa trata-se de um relato de experiência, realizado a partir de uma ativida-


de de educação em saúde, com mulheres que aguardavam a consulta para realização do
exame preventivo, em uma Unidade Municipal de Saúde (UMS), localizada na cidade de
Belém no Estado do Pará.
Durante o estágio curricular supervisionado de enfermagem, no mês de junho de 2021,
foi planejado e executado um ação educativa para as mulheres que aguardavam a coleta
do preventivo, onde antes de iniciar os atendimentos, aproveitou-se a oportunidade para
promover uma roda de conversa, visando a elucidação de dúvidas e questionamentos rela-
cionadas ao câncer do colo uterino.
A explicação do tema foi feita de maneira acessível à essas mulheres, de forma curta e
objetiva, onde foi possível utilizar um folder de apoio oferecido pela unidade, a fim de informar
à aquelas mulheres sobre a importância de realizar o exame preventivo, e de que modo é
feito o procedimento do exame, visto que, algumas mulheres se sentem envergonhadas e
por muitas das vezes isso dificulta a coleta. De modo que, a ação educativa visou informá-las
sobre a importância da coleta, para detecção precoce do câncer do colo uterino.
A atividade ocorreu na sala onde é realizado a coleta, apenas com mulheres que iam
realizar o exame, com o auxílio da enfermeira e responsável pelo estágio na unidade, de
modo a contribuir na ação em saúde.
A partir da roda de conversa que sucedeu-se de maneira sucinta, verificou – se que
as mulheres atentaram-se no assunto no qual estava sendo abordado. Foi um momento
no qual buscamos a participação de todas que estavam presentes, de maneira a incenti-
vá-las a participar da roda de conversa proposta, para tirarem suas dúvidas e curiosidades
sobre o assunto.
Desta forma, houve interação das mesmas a respeito do exame preventivo, e a impor-
tância de realizá-lo para detecção precoce de câncer cervical, sendo destacado algumas dú-
vidas e informações sobre analisar os sinais e sintomas que podem ser sugestivos de câncer
no colo do útero, com a finalidade de procurar uma assistência médica mais rápido possível.
Notou-se que da maneira simples e objetiva na qual foi abordada a conversa, foi pos-
sível as mesmas esclarecerem suas dúvidas acerca do assunto, como por exemplo, ‘’ com
57
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que idade se inicia a coleta; se detectado alterações, qual procedimento adotar’’. Com base
na ação de educação desenvolvida, as mulheres foram participativas diante ao tema, pro-
porcionando uma auto reflexão sobre a importância precoce de um diagnóstico de câncer
cervical, a fim de minimizar os casos.

DISCUSSÃO

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que existem mais de 100
tipos de HPV dos quais menos de 14 são cancerígenos. Dentre eles o HPV tipo 16 e 18
são os que causam 70% dos cânceres de colo do útero e lesões pré-cancerosas. Em 2018,
aproximadamente 311 mil mulheres morreram de câncer do colo uterino, sendo cerca de
90% dessas mortes em países de baixa e média renda. (SAÚDE, 2021).
Segundo o Ministério da Saúde (2021), em decorrência da magnitude dos casos, é
oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos, e as quais já tiveram atividade se-
xual, o método de rastreamento do câncer do colo de útero. A priorização dessa faixa etária
como a população alvo do programa, justifica-se por ser a de maior ocorrência das lesões
de alto grau, possíveis de serem tratadas efetivamente para não evoluírem para o câncer.
A ação educativa nessa temática é necessária como oportunidade de escuta, diálogo,
compartilhamento de saberes e construção coletiva de forma a enfrentar as questões rela-
tivas ao processo saúde – doença, como resposta às necessidades de saúde dos sujeitos
e coletivos. (LEONELLO; VIEIRA; DUARTE, 2017).

CONCLUSÃO

Conforme o exposto, notou-se o interesse em relação a importância do exame preven-


tivo, ademais a ação em saúde proposta foi obtida com êxito pelo fato de ter sido simples
e de fácil compreensão, havendo interação do público alvo com o profissional. Entretanto,
torna-se importante abordar na atenção primária atividades multidisciplinares, visando a
informação sobre todo procedimento de detecção do câncer, bem como os seus meios de
prevenção, podendo assim minimizar os casos de morte por câncer de colo do útero. Com
base na ação educativa proposta, pode-se observar a importância dessas ações na atenção
básica, como chave principal para evitar a progressão da doença.

58
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. INCA - INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, Ministério da Saúde. Câncer do colo do útero,
2019. Disponível em: Acesso em julho de 2021.

2. LEONELLO, Valéria Marli; VIEIRA, Milene Pires de Moraes; DUARTE, Thalita Cristine Ramirez.
Competências para ação educativa de enfermeiras da estratégia de saúde da família.
2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/VKpnY3JPpqTmP7pSs7MmYPk/?lang=p-
t&format=pdf. Acesso em: 09 jul. 2021

3. ROZARIO, Suelem do; SILVA, Léia Ferreira da; KOIFMAN, Rosalina Jorge; SILVA, Ilce Fer-
reira da. Caracterização de mulheres com câncer cervical atendidas no Inca por tipo
histológico. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/WM3SZJDQCbXm9cbkchJh-
qLq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 08 jul. 2021.

4. SANTANA, Ercília A.; BISELLI, Patrícia M.; BISELLI, Joice M.; ALMEIDA, Margarete T.G.;
BERTELLI, Érika C.P. Câncer cervical: etiologia, diagnóstico e prevenção. Disponí-
vel em: https://www.researchgate.net/profile/Patricia-Biselli-Chicote/publication/233483491_Ce
rvical_cancer_etiology_diagnosis_and_prevention/links/59a5715f0f7e9b348eb01073/C ervical-
-cancer-etiology-diagnosis-and-prevention.pdf. Acesso em: 09 jul. 2021.

5. SAÚDE, Ministério da. Câncer do colo do útero. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.
br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero. Acesso em: 09 jul. 2021.

6. SAÚDE, Ministério da. Conceito e Magnitude. Disponível em: https://www.inca.gov.br/contro-


le-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/detecca o-precoce. Acesso em: 09 jul. 2021.

7. SAÚDE, Ministério da. Detecção precoce. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/con-


trole-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/detecca o-precoce. Acesso em: 09 jul. 2021.

8. SILVA, M.M., CASTRO, R.G.P., MACIEL, M.S.P., FREITAS, R.M.C., MARCELINO, T.P. Evi-
dências contemporâneas sobre o uso da terapia de reposição hormonal. Brazilian Journal of
Health Review, v. 2 n. 2, p. 925-969, 2019.

59
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
05
Análise da distribuição espacial dos
casos de hanseníase em dois bairros
endêmicos

Ariella de Carvalho Luz Bernardo Rafael Blanche


UFPI UFPI

Victorugo Guedes Alencar Correia Dinah Alencar Melo Araujo


UFPI UFPI

Maria de Fátima Sousa Barros Vilarinho Gilvânia da Conceição Rocha


UFPI UNINOVAFAPI

Matheus Henrique da Silva Lemos Heidy Priscilla Velôso


UFPI UNIP

Filipe Melo da Silva Ticianne da Cunha Soares


UFPI UFPI

10.37885/210805661
RESUMO

A hanseníase é uma doença causada pelo bacilo Mycobacterium Leprae, que representa
um grave problema de saúde pública, onde o estado do Piauí ocupa a 7° posição em
escala nacional e a 2° posição no Nordeste. Estudos apontam a associação dos casos
da doença com o baixo grau de escolaridade e condições sanitárias inadequadas, dessa
maneira, o estudo da distribuição geográfica torna-se fundamental na investigação de
regiões e grupos de risco. Este estudo objetivou conhecer a distribuição espacial e as
características sociodemográficas de pessoas que adoeceram por hanseníase nos dois
bairros de maior incidência na cidade de Picos-PI. Trata-se de um estudo descritivo,
transversal e retrospectivo, cujos dados foram coletados no período de agosto de 2015
a fevereiro de 2016, nos bairros Parque de Exposição e São José e a amostra final foi
composta por 64 pessoas diagnosticadas com hanseníase entre 2001 e 2014. Um GPS
foi utilizado para marcar as coordenadas referentes ao domicílio do paciente para efeti-
vação da análise espacial. Os resultados apontaram a formação de conglomerados de
hanseníase nos bairros estudados, e que a maioria da amostra era composta por homens,
na faixa etária entre 20 e 59 anos, da raça parda, com baixo grau de escolaridade, baixa
renda e desempregados. As variáveis escolaridade e renda mostraram mais conformidade
com a literatura, no sentido de que aliadas a bairros de alta densidade demográfica e
socialmente desfavoráveis, beneficiam a contaminação e proliferação do bacilo.

Palavras-chave: Hanseníase, Epidemiologia, Conglomerados, Análise Espacial.

61
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença milenar causada pelo bacilo Mycobacterium Leprae,


em que apesar dos esforços para sua erradicação nos paises, ainda representa um grave
problema de saúde pública. Sua transmissão ocorre através das vias aéreas superiores
por meio do contato íntimo e prolongado com pacientes multibacilares que não receberam
o tratamento. A doença acomete a pele e os nervos periféricos, podendo causar graves
incapacidades físicas.
O país vem formulando ações para o controle dessa enfermidade, aspirando que o
índice nacional de prevalência da doença seja menor que um doente por 10.000 habitantes.
Segundo Araújo, Andrade e Madeira (2011), o Piauí foi classificado como hiperendêmico,
apresentando um coeficiente de detecção de 57,15/10.000 habitantes, enquanto no Brasil
o coeficiente foi de 20,56/10.000 habitantes. De acordo com Pereira et al. (2011), o estado
ocupa a 7° posição em escala nacional e a 2° posição no Nordeste, sendo que a capital,
Teresina, contribui com cerca de 50% dos casos notificados.
A distribuição da hanseníase não ocorre de forma homogênea no Brasil, fato que pode
estar associado às discrepâncias socioeconômicas e culturais encontradas nos diferentes
territórios do país, facilitando a sua ocorrência em determinadas regiões. Nesse contexto,
é importante ressaltar que estudos apontam a associação dos casos da doença com o
baixo grau de escolaridade e condições sanitárias inadequadas. Outro fator contribuinte se
dá pelas diferenças intermunicipais na detecção da doença, situações como: diagnóstico
tardio, baixa taxa de adesão ao tratamento, debilidade de programas para o público alvo e
a inconsistência dos serviços de saúde, dificultam o controle efetivo da doença (RIBEIRO
JÚNIOR; VIEIRA; CALDEIRA, 2012).
Dessa maneira, o estudo da distribuição geográfica dos eventos de saúde é fundamental
na investigação de regiões e grupos de risco, sobretudo quando ligadas ao meio ambiente
e a situação socioeconômica. Os mapas temáticos gerados na análise espacial são ferra-
mentas poderosas para investigação de fatores etiológicos desconhecidos e a elaboração
de hipóteses sobre eventos determinantes para ocorrência da doença (HINO et al., 2006).
De acordo com Garcia et al. (2013), umas das estratégias mais importantes no con-
trole da patologia é a busca ativa de contatos, e que a utilização do Sistema de Informação
Geográfica proporciona visível compreensão da distribuição endêmica do local de estu-
do. A combinação mútua dessas ações atende à demanda de análise, identificação e dis-
tribuição de áreas de risco.
Desse modo, para o maior entendimento sobre a cadeia de transmissão da Hanseníase,
assim como, os fatores determinantes para sua ocorrência, optou-se por utilizar o siste-
ma de análise da distribuição espacial como ferramenta de gerência dessas informações.
62
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Delineou-se a seguinte indagação: As condições sociais e demográficas constituem um fator
determinante para alta endemicidade dos bairros estudados?
É observado que as condições de vida estão intimamente ligadas com o processo saú-
de-doença, além de divergências de ordem espacial e social. Assim, a avalição da condição
socioeconômica como fator determinante para ocorrência da Hanseníase, somado à análise
da distribuição espacial, torna-se importante, pois oferece subsídios para a formulação de
políticas públicas visando à melhoria da qualidade de vida da população e diminuição das
desigualdades sociais, auxiliando assim, na interrupção da transmissão da doença.
Diante disso, o presente objetivou conhecer a distribuição espacial e as características
sociodemográficas de pessoas que adoeceram por hanseníase nos dois bairros de maior
incidência na cidade de Picos-PI.

METODOLOGIA

O estudo faz parte de um macroprojeto intitulado: “Atenção à saúde para hansenía-


se em áreas de alta endemicidade nos municípios de Floriano e Picos: abordagem in-
tegrada de aspectos operacionais, epidemiológicos (espaço-temporais), clínicos e psi-
cossociais” - INTEGRAHANS-PIAUÍ, realizado com pacientes que tiveram a doença no
período de 2001-2014.
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo. A pesquisa descritiva
possui a finalidade de retratar as características de determinadas populações ou fenôme-
nos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Já os estudos transversais
referem-se a um grupo de pessoas que têm alguma característica comum, constituindo-se
uma amostra a ser acompanhada por certo período de tempo, para se observar e analisar
o que acontece (GIL, 2010).
A população do estudo consistiu em 64 pessoas que foram acometidas por hanseníase
entre os anos de 2001 a 2014, notificados pelo SINAN e residentes nos referidos bairros da
cidade de Picos-PI. A delimitação do período foi motivada em virtude do SINAN disponibilizar
os dados completos do paciente a partir do ano de 2001. A população foi selecionada de
acordo com os seguintes critérios de elegibilidade: estar cadastrado no SINAN, ser encon-
trado no território e participar de todas as etapas da pesquisa.
A princípio, foi realizada uma busca no SINAN por pessoas que tiveram hanseníase
entre os anos de 2001 a 2014, na cidade de Picos-PI, estas informações obtidas foram
organizadas em um banco de dados, agrupando as informações por bairros. Para a coleta
de dados foi realizado primeiramente reuniões nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos

63
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
bairros com a participação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), para a apresentação
do projeto e solicitação do apoio nas visitas domiciliares aos pacientes.
As visitas foram realizadas com o objetivo de orientar os pacientes com informações
pertinentes sobre a pesquisa e para convidá-los a participar, os que aceitaram fazer parte
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), já os menores de 18
anos, receberam o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Foram reproduzias
duas vias de ambos os termos, na qual, uma ficou com o participante e a outra com o pes-
quisador. Nestes termos foi garantido total sigilo, anonimato e liberdade para o participante
desistir da pesquisa a qualquer momento.
Finalizado esse primeiro momento com as visitas, foram agendadas datas para a aplica-
ção do formulário já validado pelo projeto de pesquisa Integrahans-PI, que trazem variáveis
sobre a condição socioeconômica dos participantes, sendo elas: sexo, raça, idade, estado
civil, situação laboral, escolaridade e renda mensal. Ao final das visitas o Global Positioning
Systerm (GPS) foi utilizado para marcar as coordenadas referentes ao domicílio do paciente
para efetivação da análise espacial.
O grupo de pesquisa foi formado por acadêmicos da Universidade Federal do Piauí
(UFPI) e Universidade Estadual do Piauí (UESPI) juntamente com docentes e profissionais da
saúde que se disponibilizaram a participar do projeto. Para a coleta de dados os participantes
foram divididos em equipes e as atividades foram distribuídas entre esses subgrupos. É im-
portante destacar que todos os pesquisadores de campo foram anteriormente capacitados
por profissionais experientes na área. As capacitações envolveram temas, como: abordagem
domiciliar, manejo da hanseníase, objetivos do estudo e preenchimento dos formulários.
Os dados obtidos foram digitados e armazenados no programa Epi-Info versão 7.1.5.0
e analisados no Stata/SE versão 13.0, usando arquivos em formato de base de dados
(dta). Os resultados foram organizados em tabelas com a realização da estatística descritiva
e discutidos de acordo com a literatura pertinente.
Os GPSs eram do modelo GARMIN rino 530HCx e após a coleta os pontos foram
importados para o programa Google Earth versão 7.1.2.2041, as imagens geradas, foram
salvas em um formato kml (Keyhole Markup Language).
Fazendo uso do programa qGIS versão 2.4.0-Chugiak, os dados em formato kml foram
importados para serem trabalhados juntamente com malhas (camadas vetoriais) de dados dos
bairros do município de Picos-PI, obtidas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), gerando assim os mapas temáticos dos pontos coletados em relação aos bairros.
Este estudo objetivou-se atender as recomendações da resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) para que fossem garantidas as questões éticas envolvendo seres
humanos em pesquisa (BRASIL, 2012).
64
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A pesquisa apresenta como benefícios o acesso dos participantes a informações ade-
quadas sobre a hanseníase, além da relevância e contribuição dos resultados desta pes-
quisa para as ações de controle da doença no município de Picos. Além disso, todos foram
informados que os dados serão utilizados somente para fins científicos.
Este estudo apresentou risco de constrangimento, que poderia ocorrer durante a en-
trevista. Com o objetivo de minimizar esse episódio, as atividades foram realizadas em um
local reservado, seguro e tranquilo para que as pessoas fossem avaliadas individualmente
com a presença apenas do pesquisador.
Tendo em vista a complexidade do tema exposto e a importância ética do estudo,
o mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPI, sob o pare-
cer nº 1.115.818.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 64 pessoas com hanseníase residentes nos bairros Parque
de Exposição e São José, na qual contatou-se que eram os dois bairros com o maior nú-
mero de casos do munícipio. Com o intuito de categorizar a amostra segundo os aspectos
sociodemográficos, distribuiu-se as variáveis relacionadas a essas características na tabela
a seguir (TABELA 01).

65
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
TABELA 01. Perfil Sociodemográfico de pessoas acometidas por hanseníase nos bairros Parque de Exposição e São José,
em Picos-PI, 2001-2014. Picos, 2017 (n=64).
Sexo N %
Feminino 30 46,88
Masculino 34 53,123
Idade
10 a 19 anos 4 6,25
20-59 anos 40 62,50
60 anos ou mais 20 31,25
Raça
Branca 13 20,31
Parda 28 43,75
Negra 22 34,38
Amarela 1 1,56
Estado Civil
Solteiro 19 29,69
Casado 29 45,31
Separado(a)/Divorciado(a)/Viúvo(a) 16 25
Escolaridade
Analfabeto 19 29,69
1º ao 5º ano incompleto 18 28,13
5º ano completo 4 6,25
6º ao 9º ano incompleto 2 3,13
Fundamental Completo 4 6,25
Médio incompleto 5 7,8
Médio Completo 8 12,50
Superior Completo 1 1,56
Superior Incompleto 1 1,56
Não Sabe/ não quer responder 2 3,13
Renda
Até 1 salário mínimo 28 43,75
De 1 a 2 salários mínimos 32 50
De 2 a 4 salários mínimos 4 6,25
Situação Laboral
Não Trabalha 16 25
Trabalho Formal 10 15,63
Ativo/Aposentado/ Beneficio 7 10,94
Inativo/Aposentado /Beneficio 8 12,50
Dona de casa 5 7,8
Trabalho informal 16 25
Outro 2 3,13
Fonte: Integrahans – PI, 2017.

Quanto ao sexo, pôde-se notar que 53,12% eram homens, evidenciando uma diferença
proporcional mínima em relação ao número de mulheres. A idade variou entre 10 e 60 anos
(ou mais), havendo um maior percentual de pessoas entre a faixa etária de 20 a 59 anos,
com 62,50%. As raças autoreferidas predominante foram a parda com 28 (43,75%) e a raça
negra 22 (34,38%).

66
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
No que diz respeito ao estado civil, 45,31% afirmaram ser casados. Com relação a
escolaridade, 29,69% da amostra é constituída por pessoas analfabetas, seguido dos que
possuem escolaridade do 1º ao 5º ano incompletos 28,13%. Acerca da renda familiar, 32
pessoas (50%) confirmam renda de 1 a 2 salários mínimos por mês. No que diz respeito à
situação laboral, constatou-se que 16 pessoas (25% da população analisada) não trabalham
e a renda de 10 pessoas (15,63%) é resultante do trabalho informal.

Distribuição espacial

Os mapas desta seção ilustram a apresentação dos territórios segundo os casos de


hanseníase detectados no estudo.

Figura 02. Mapa para representação do território nos segmentos país, estado e município. Picos, 2001-2014.

Fonte: Integrahans, 2017.

67
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Na figura 02, no quadrante superior, pode-se identificar a localização do munícipio no
estado do Piauí e na imagem seguinte a cidade de Picos vista de forma isolada. A parte
inferior do mapa ilustra a zona urbana de Picos estratificada por bairros.

Figura 03. Mapa dos casos de hanseníase em Picos, Picos, 2001-2014.

Fonte: Integrahans, 2017.

A figura 03 corresponde à representação da distribuição dos casos de hanseníase na


zona urbana do munícipio através da visão espacial, onde cada ponto corresponde a uma
pessoa acometida pela doença. A partir da do mapa apresentado, nota-se uma concen-
tração significativa de casos de hanseníase nos bairros Parque de Exposição e São José,
representando os dois bairros com maior número casos no município.

68
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
DISCUSSÃO

A predominância do sexo masculino entre os participantes deste estudo é um achado


comum na literatura em estudos que abordam hanseníase. Isso se confirma pela represen-
tação de 56,8% dos casos do sexo masculino no estudo de Gauy, Hino e Santos (2007), de
55,85% no estudo de Santos (2016). Esses achados se confirmam também nos estudos de
Almeida (2012) e Lopes e Rangel (2014), cujas amostras pertenciam em 54,2% e 69,7% ao
sexo masculino, respectivamente.
Apesar de ser frequente os relatos na literatura dos homens serem os afetados pela
doença, em estudos como o de Pinto et al. (2010), observa-se a predominância do sexo
feminino, e justifica que esse fato ocorre devido essas mulheres quando encontram-se como
comunicantes intradomiciliares, estarem mais sujeitas a adquirir a doença, embora as osci-
lações numéricas para condições de sexo tenham diferenças mínimas.
A faixa etária predominante foi a de 20 a 59 anos, com 62,50%. Resultados que cor-
roboram com a literatura, como exemplo, no estudo de Lopes e Rangel (2014), constata-
ram que a faixa etária com maior percentual foi de 26 a 36 anos (33,3%) e 37 a 59 anos
(30,2%). No estudo de Opromolla, Dalben e Cardim (2005), a idade média dos casos estu-
dados foi de 43 ±17 anos.
Nesse contexto, verifica-se que a hanseníase acomete principalmente pessoas com ida-
des entre 25 a 54 anos. Porém, apesar de ser considerada uma doença do adulto, encontra-se
casos registrados em crianças e jovens, o que indica cadeia ativa de transmissão do bacilo
e uma deficiência nos serviços de vigilância e controle da doença (AMARAL; LANA, 2008).
Em relação à raça, os resultados encontrados corroboram com os estudos de Pinto
et al. (2010), que 51,3% dos casos da amostra consideravam-se não brancos e Almeida
(2012), onde 26,7% se autodeclaravam pardos e 28,2% negros. No entanto, em virtude da
grande miscigenação da população brasileira somado às diferentes distribuições das raças
entre os estados brasileiros, considera-se os achados desse estudo de difícil comparação
com dados de outros países, por exemplo.
No que diz respeito ao estado civil, observa-se predominância de pessoas casadas
em outros estudos, como os realizados por Zanardo et al. (2016), Simões et al. (2016) e
Araújo et al. (2016).
No que se refere à escolaridade, a baixa escolaridade mostra-se presente no estu-
do de Almeida (2012), onde 52,7% dos pacientes eram analfabetos ou estudaram até o
nível elementar ou primário. No estudo de Araújo et al. (2016), também se destacaram as
categorias com menor escolaridade (analfabetos e ensino fundamental incompleto), com
percentual de 59,3%.

69
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A baixa escolaridade foi apontada por Amaral e Lana (2008), como fator de risco para
a hanseníase, bem como para a não adesão ao tratamento e/ou o desenvolvimento das
formas mais graves da doença. Na sua opinião os serviços de saúde devem levar em consi-
deração este fator no planejamento e desenvolvimento de suas atividades, principalmente na
elaboração de ações educativas, que deverão adequar-se às suas capacidades cognitivas
e a seus conhecimentos e crenças.
No estudo realizado por Almeida (2012), as profissões que apresentaram maiores
números de casos da hanseníase foram aquelas de trabalhos manuais, com 45% dos ca-
sos, seguido de pessoas do lar, com 23% dos casos, corroborando com os achados desta
pesquisa no que discerne à ocupação.
Lopes e Rangel (2014), notaram que os usuários sem ou com baixa escolaridade, ou
baixa capacitação profissional acabam ficando com uma participação restrita no mercado
de trabalho, resultando no sustento da família restrita a atividades que não exigem conheci-
mentos técnicos e/ ou específicos adquiridos com a escolaridade. Desta forma, os trabalhos
informais tornam-se a alternativa para os menos escolarizados.
Acerca da renda familiar, Lopes e Rangel (2014) em seu estudo também obtiveram
resultados cujos participantes referiram ter renda mensal de 1 a 2 salários mínimos. No es-
tudo de Almeida (2012), 51,9% possuíam uma renda familiar maior que 700 reais mensais.
Simões et al. (2016), da mesma forma encontraram uma renda familiar mensal inferior a
três salários-mínimos, sendo referida por 79,4% dos participantes.
De acordo com Amaral e Lana (2008), a condição de baixa renda pode contribuir na
formação do perfil do paciente com hanseníase por diversos fatores, pois condições socioe-
conômicas precárias podem favorecer a disseminação da doença, com a aglomeração de
pessoas na mesma residência, baixo nível de instrução, dentre outros fatores. Além disso,
os determinantes não são isolados, pois a baixa renda costuma associar-se à baixa escola-
ridade e ao pouco acesso às informações sobre o autocuidado e a prevenção de doenças.
O papel dos fatores socioeconômicos, como escolaridade, condições de moradia e
saneamento básico ainda não está totalmente esclarecido, mas certamente interagem com
outros fatores para a determinação da doença. Estudos apontam que fatores sociais e econô-
micos interferem no acometimento de grupo populacionais mais vulneráveis, compreendendo-
-o como evento de caráter negligenciado gerador e causador de pobreza. A hanseníase pode
atingir pessoas de qualquer classe social, no entanto, sua incidência é maior nos segmentos
mais empobrecidos da população. Isso se deve à presença de condições socioeconômicas
desfavoráveis, o que acarreta em condições precárias de vida e saúde, facilitando a sua
contaminação e propagação do agente causador (SOUZA, 2017; LOPES; RANGEL, 2014).

70
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
No estudo de Fausto et al. (2010), foi possível perceber que a ocorrência de casos tem
relação com o nível social, revelando que nos bairros onde há maior assistência à saúde e
saneamento básico, os índices são menores.
Com relação aos clusters observados na distribuição espacial dos casos referência
nos bairros endêmicos de Picos, estes podem ser caracterizados como bairros propícios à
proliferação da doença, pois segundo Dias, Dias e Nobre (2005), as áreas com baixo padrão
socioeconômico e alta densidade demográfica costumam apresentar maior número de casos
da doença. Relatam ainda que a distribuição dos casos também não é homogênea, mesmo
dentro de áreas mais acometidas, a concentração de focos se dá em alguns quarteirões.
De acordo com Souza et al. (2001), assim como ocorre nas outras partes do país, no
Pernambuco a distribuição da doença também ocorre de forma homogênea, pois a maior
concentração de casos acontece nos grandes centros urbanos, com ênfase nas periferias,
apesar de haver notificações em quase todos os municípios. Identificando os bairros com
detecção elevada da hanseníase, observaram que o padrão se repete: áreas com alta den-
sidade demográfica e concentração de população com baixa condição de vida.
No estudo de Garcia et al. (2013), assim como no presente estudo, a pontualização
dos casos diagnosticados permitiu identificar a proximidade do local de residência entre os
mesmos, contribuindo para uma visualização mais realista da distribuição da doença e a
localização da concentração dos casos investigados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou avaliar através do contexto da epidemiologia espacial, a impor-


tância de se detectar aglomerados da hanseníase nas áreas de alto risco no munícipio de
Picos-PI. Onde foi possível conhecer as relações que a incidência da hanseníase nesses
aglomerados tem com as características socioeconômicas da população residente neles.
Destacam-se as variáveis escolaridade e renda, cujas demonstraram maiores confor-
midades com outros estudos já publicados, no sentido de que aliadas ao ambiente periférico,
de alta densidade demográfica e socialmente desfavorável, beneficiam a contaminação e
proliferação do bacilo. Além disso, a proximidade dos casos percebida nos mapas reforça a
prerrogativa de que os contatos familiares favorecem uma cadeia de transmissão da doença.
O nível de escolaridade e renda são fatores importantes a serem levados em conta, pois
as elaborações de medidas de prevenção devem ser voltadas para o nível educacional da
população alvo. Para que intervenções específicas sejam formuladas, os profissionais devem
conhecer as características da população e das suas áreas de risco, para que possam avaliar
o impacto dos serviços sobre os seus indicadores de saúde específicos daquela população.

71
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Reafirmou-se portanto, a utilidade do geoprocessamento como ferramenta para monito-
ramento e análise da endemia da hanseníase, permitindo identificar as áreas de maior con-
centração da doença. Este modelo de análise não permitiu avaliar todos os fatores espaciais
envolvidos, mas faz-se de grande valia para o desenvolvimento de estratégias de controle
da doença, a partir de ações de prevenção e controle mais específicas, redirecionadas para
as áreas onde se aglomeram mais casos.
É importante dar atenção aos bairros de maior endemicidade, os gestores devem voltar
a atenção para os mesmos e promover a saúde a partir dos indicadores socioeconômicos
que predispõem a aquisição da doença. Proporcionar um ambiente saudável, a partir de
medidas higiênicas de saneamento básico e estruturação dos bairros é tão importante quanto
melhorar a assistência através das unidades de saúde e busca ativa de novos casos. Os bair-
ros que apresentam casos mais isolados também devem ser atendidos por propostas de
melhoria da qualidade de assistência, pois na cidade de Picos, muitos são os bairros com
características de vulnerabilidade social, mas que diferem dos endêmicos provavelmente
pela menor densidade populacional.
A qualidade da assistência em saúde e a rapidez pelo diagnóstico de novos casos
pode ser um dos fatores que determinam os menores índices nos outros bairros urbanos
de Picos. No entanto, a distribuição espacial encontrada nesse território reflete, além dos
aspectos socioeconômicos, a falta de conhecimento e de ações sistematizadas dos ges-
tores de saúde, revelando ainda a complexidade dos fatores, naturais e sociais envolvidos
no seu controle.
Os resultados gerados por esta pesquisa evidenciam a necessidade da condução de
novos estudos para produção de conhecimentos baseados na especificidade dos bairros e
que facilitem a identificação dos fatores que predispõem a ocorrência da hanseníase.

REFERÊNCIAS
1. AMARAL, E. P.; LANA, F. C. F. Análise espacial da Hanseníase na microrregião de Almenara,
MG, Brasil. Rev. Bras. Enferm, Brasília, v. 61, espp., p. 701-707, dez, 2008. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61nspe/a08v61esp.pdf > Acesso em 23/05/17.

2. ARAÚJO, Danielle Yasmin Moura Lopes de; ANDRADE, Jaciara Sousa; MADEIRA, Maria Zé-
lia de Araújo. A atuação dos Agentes Comunitários de Saúde do município de Teresina/Piauí
sobre hanseníase. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste-Rev Rene, v. 12, 2012.

3. BARBOSA, D. R. M.; ALMEIDA, M. G.; SANTOS, A. G. Característica epidemiológicas e


espaciais da hanseníase no estado do Maranhão, Brasil, 2001- 2012. R. Medicina, Ribeirão
Preto, v. 47, n. 4, p. 347-56, out./dez., 2014. Disponível em: <http://www.journals.usp.br/rmrp/
article/view/89579/92400> Acesso em 15/05/17.

72
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
4. BRASIL. PORTARIA Nº 3.125, DE 7 DE OUTUBRO DE 2010. Aprova as Diretrizes para Vigi-
lância, Atenção e Controle da Hanseníase. Brasília, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt3125_07_10_2010.html> Acesso em 15/05/17.

5. BRASIL. Atenção Primária à saúde. Qual a conduta em caso de contactantes domiciliares


de paciente que já está em tratamento para Hanseníase? São Paulo, 2016. Disponível em:
<http://aps.bvs.br/aps/qual-a-conduta-para-um-caso-de- contactantes-domiciliares-de-um-pa-
ciente-que-ja-esta-tratamento-para-hanseniase/> Acesso em 16/05/17.

6. BRITO, A. L. et al. Tendência temporal da hanseníase em uma capital do Nordeste do Brasil:


epidemiologia e análise por pontos de inflexão, 2001 a 2012. R. Bras Epidemiol., São Paulo,
v. 19, n. 1, p. 194-204, jan./mar., 2016. Disponível em: <http://repositorio.ufc.br/bitstream/
riufc/17614/1/2016_art_albrito.pdf> Acesso em 12/05/17.

7. CETOLIN, S. F. et al. Hanseníase e cidadania na política de saúde brasileira. R. Sociedade


em Debate, Pelotas, v. 16, n. 2, p. 135-162, jul./dez., 2010. Disponível em: <http://revistas.
ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/view/677> Acesso em 10/05/17.

8. DUARTE-CUNHA, M. et al. Aspectos epidemiológicos da hanseníase: uma abordagem espa-


cial. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 6, p. 1143-1155, jun., 2012. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/csp/v28n6/13.pdf> Acesso em 10/05/17.

9. GARCIA, Daniele Rodrigues; IGNOTTI, Eliane; CORTELA, Denise Costa Boamorte; XAVIER,
Diego Ricardo; BARELLI, Carla Simone Girotto de Almeida Pina. Análise espacial dos casos
de hanseníase, com enfoque á área de risco, em uma unidade básica de saúde no município
de Cárceres (MT), Cad. Saúde Colet, v.22, n.4, p. 168-7, 2013.

10. HINO, Paulo; VILLA, Tereza Cristina Scatena; SASSAKI, Cinthia Midori; NOGUEIRA, Jordana
de Almeida; SANTOS, Claudia Benedita dos. Geoprocessamento aplicado á área da saúde.
Rev Latino-am Enfermagem, v.14, n.6, 2006.

11. JUNIOR, Atvaldo Fernandes; VIEIRA, Maria Aparecida; CALDEIRA, Antônio Prates. Perfil
epidemiológico da hanseníase em uma cidade endêmica no Norte de Minas. Rev Bras Clin
Med, v. 10, n. 4, p.272-7, 2012.

12. LASTÓRIA, J. C.; ABREU, M. A. M. M. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. R. Diagn Tra-


tamento, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 173-179, out./dez., 2012. Disponível em: <http://files.bvs.
br/upload/S/1413-9979/2012/v17n4/a3329.pdf> Acesso em 14/05/17.

13. LIMA, E. O. Inovação no diagnóstico da hanseníase: Potencial método não invasivo associa-
do à espectrometria de massas de alta resolução. 2015. 55 f. Tese (Doutorado em Ciências)
- Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/313027/1/Lima%2c%20
Estela%20d e%20Oliveira_D.pdf> Acesso em 11/05/17.

14. LOBATO, D. C.; NEVES, D. C. O.; XAVIER, M. B. Avaliação das ações da vigilância de conta-
tos domiciliares de pacientes com hanseníase no Município de Igarapé- Açu, Estado do Pará,
Brasil. R. Pan-Amaz Saude, Ananindeua, v. 7, n. 1, p. 45-53, mar., 2016. Disponível em:
<http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/rpas/v7n1/v7n1a06.pdf> Acesso em 13/05/17.

15. MONTEIRO, L. D. et al. Padrões espaciais da hanseníase em um estado hiperendêmico no Nor-


te do Brasil, 2001-2012. R. Saúde Pública, São Paulo, v. 49, n. 84, p. 01-08, Dez., 2015. Dispo-
nível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v49/pt_0034-8910-rsp- S0034-89102015049005866.
pdf> Acesso em 11/05/17.

73
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
16. PACHECO, M. A. B.; AIRES, M. L. L.; SEIXAS, E. S. Prevalência e controle de hanseníase:
pesquisa em uma ocupação urbana de São Luís, Maranhão, Brasil. R. Bras Med Fam Comu-
nidade, Rio de Janeiro, v. 9, n. 30, p. 23-30, jan./mar., 2014. Disponível em: <https://rbmfc.
org.br/rbmfc/article/view/690/602> Acesso em 10/05/17.

17. PEREIRA, Elizane Viana Eduardo et al. Perfil epidemiológico da hanseníase no município de
Teresina, no período de 2001-2008. An. bras.dermatol, v. 86, n. 2, p. 235-240, 2011.

18. PINTO, Renata dos Anjos et al. Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes notificados com
hanseníase em um hospital especializado em Salvador, Bahia. Revista Baiana de Saúde
Pública, v. 34, n. 4, p. 906, 2011.

19. RIBEIRO JÚNIOR, A. F.; VIEIRA, M. A.; CALDEIRA, A. P. Perfil epidemiológico da hanseníase
em uma cidade endêmica no Norte de Minas Gerais. R. Bras Clin Med, São Paulo, v. 10, n. 4,
p. 272-7, jul./ago., 2012. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2012/v10n4/
a3046.pdf> Acesso em 15/05/17.

20. RODRIGUES, R. N. Análise espacial da hanseníase no município de Belo Horizonte e


sua relação com o índice de vulnerabilidade da saúde. 2015. 91 f. Dissertação (Mestrado
em Enfermagem) - Programa de PósGraduação da Escola de Enfermagem da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. Disponível em: <http://www.enf.ufmg.br/pos/
defesas/891M.PDF> Acesso em 15/05/17.

21. SANTOS, A. D. et al. Análise espacial e características epidemiológicas dos casos de han-
seníase em área endêmica. R. enferm UFPE on line, Recife, v. 10, (Supl. 5), p. 4188-97,
nov., 2016. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/
view/11163/12688> Acesso em 16/05/17.

22. SANTOS, L. J. Caracterização espacial e temporal da endemia hansênica na zona urbana


de Floriano-Piauí, 2004 a 2013. 2015. 107 f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia) - Es-
cola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <https://
www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/13480/1/26.pdf> Acesso em 16/05/17.

23. SILVA, R. M. et al. Modelagem geoespacial e temporal da hanseníase entre 2001 e 2011 no
município de Bayeux, Paraíba. R. Hygeia, Uberlândia, v. 8, n. 15, p. 89 - 103, dez., 2012.
Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/viewFile/17119/11166> Acesso
em 09//05/17.

24. SOBRINHO, S. K.; MATTOS, E. D. Perfil Epidemiológico dos Pacientes com Hanseníase no
Município de Londrina/PR. Londrina, R. Cient., Ciênc. Biol. Saúde, v. 11, n. 4, p. 9-14, out./
dez., 2009. Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/JHealthSci/article/
view/1424/1364>

25. TAVARES, A. P. N.; MARQUES, R. C.; LANA, F. C. F. Ocupação do espaço e sua relação
com a progressão da hanseníase no Nordeste de Minas Gerais - século XIX. R. Saúde Soc.,
São Paulo, v. 24, n .2, p. 691-702, abr./jun., 2015. Disponível em: <http://www.revistas.usp.
br/sausoc/article/view/104838/103628> Acesso em 09/05/17.

26. TAVARES, J. P. et al. Fisioterapia no atendimento de pacientes com hanseníase: um estudo


de revisão. R. Amazônia, Gurupi, v. 1, n. 2, p. 37-42, abr./jun., 2013. Disponível em: <http://
revistacereus.unirg.edu.br/index.php/2/article/view/414/172> Acesso em 10/05/17.

27. VIEIRA, M. S. et al. Perfil epidemiológico da hanseníase no município de União-PI no período


de 2010 a 2013. R. Interd., Teresina, v. 8, n. 4, p. 120-126, out./dez., 2015. Disponível em:
<http://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/784/pd f_271>
Acesso em 08/05/17.

74
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
06
Aplicação da teoria do autocuidado
na sistematização da assistência de
enfermagem a pessoa com diabetes:
um relato de experiência

Maiza Silva de Sousa


UEPA

Ana Beatriz Sousa Alves


UEPA

Juliana de Fátima Almeida da Penha


UEPA

Karen Alessandra de Jesus Cuimar


UEPA

Márcio Yrochy Saldanha dos Santos


UEPA

Lisiany Carneiro de Santana Moreira


UEPA

10.37885/210805584
RESUMO

A teoria do autocuidado de Dorothea E. Orem é constituída de três bases teóricas que se


complementam: 1. a teoria do autocuidado, em que o indivíduo desempenha ações em
seu benefício próprio; 2. a teoria do déficit do autocuidado, onde o ser humano apresenta
dificuldades para desenvolver atividades que lhe proporcionam saúde, bem estar; e 3. a
teoria dos sistemas, em se estabelece uma relação entre a demanda de autocuidado do
paciente e sua capacidade para atendê-la. No presente estudo essa teoria será utilizada
na consulta de enfermagem a uma paciente diabética com os objetivos de identificar a
capacidade da paciente em engajar-se nas tarefas de autocuidado; avaliar o risco de
desenvolvimento do pé diabético; e orientar a prática de educação em saúde voltada
para o autocuidado, a fim de prevenir o desenvolvimento do pé diabético. O diabetes
mellitus (DM) é uma doença crônica de elevada morbimortalidade e considerada um
importante problema de saúde pública, afetando milhões de pessoas anualmente. Está
associada a inúmeras complicações como doenças coronarianas e a neuropatia, condição
responsável pela perda sensibilidade protetora dos pés, o que pode levar ao pé diabé-
tico. O pé diabético apresenta elevado impacto socioeconômico e psicológico, gerando
incapacidades físicas, que resultam na diminuição do autocuidado e da qualidade de
vida. Sendo assim, é necessário orientar os pacientes diabéticos sobre a necessidade
de prevenir o aparecimento de lesões nos pés, e no presente estudo realizou-se ativi-
dades de educação em saúde e orientações de autocuidado a uma paciente diabética,
acompanhada de sua cuidadora.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Autocuidado, Educação em Saúde.

76
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica de elevada morbimortalidade,


sendo considerado um importante problema de saúde em todos os países. Segundo a
Federação Internacional de Diabetes (2015) o Brasil ocupa o quarto lugar da relação dos
dez países com maior número de pessoas com diabetes, apresentando 14,3 milhões de
casos em 2015, com uma projeção estimada de 23,3 milhões para 2040 (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
Existem inúmeros problemas associados ao diabetes mellitus, sendo estes divididos
em distúrbios microvasculares, macrovasculares e neuropáticas, incluindo dentre outros, as
doenças coronarianas, retinopatia, neuropatia, acidentes vasculares cerebrais e doenças
vasculares periféricas. A neuropatia diabética é responsável pela perda da sensibilidade
protetora, tornando o paciente vulnerável a traumas e lesões de pele, principalmente na
região dos pés, resultantes do uso de calçados impróprios ou a falta deles, o que se torna
fator de risco ao desenvolvimento do pé diabético (CUBAS, et al., 2013).
O pé diabético é uma complicação do diabetes mellitus que apresenta elevado impac-
to econômico, social e psicológico, pois resulta em tratamentos prolongados, internações
recorrentes, incapacidades físicas, que reduzem ou impossibilitam o indivíduo de realizar
atividades da vida diária, contribuindo assim pra diminuição do autocuidado e da qualidade
de vida (BARROS, et al., 2012; THOMAZELLI; MACHADO; DOLÇAN, 2015; SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
Segundo Silva (2016) qualquer lesão, por menor que seja sua extensão, deve receber
cuidados adequados, visto que poderá resultar em perdas funcionais, amputações únicas
ou múltiplas, que pode levar o paciente a óbito. Nesse contexto, os enfermeiros desenvol-
vem papéis importantes no processo de educação dos pacientes, ou de seus cuidadores,
para a prevenção do pé diabético, bem como na orientação de atividades de autocuidado
desses pacientes (PAIVA, et al, 2018), pois de acordo com Silva et al (2016) a deficiência
nas práticas de educação em saúde constitui um dos fatores que contribuem para o desen-
volvimento de lesões.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2017), ao trabalhar a educação em
saúde com os pacientes diabéticos, os profissionais precisam apoiar sua tomada de decisão,
orientar o autogerenciamento e a resolução de problemas, promover a participação ativa
no processo de cuidado, a partir de uma interação com a equipe de saúde, e utilizar uma
comunicação centrada no paciente, evidenciando assim sua importância na prevenção de
complicações decorrentes do diabetes.
A partir disso, para orientar suas práticas a Enfermagem se utiliza de teorias ou mo-
delos conceituais (COSTA, LUZ, BEZERRA, ROCHA, 2016). Uma das teorias adotadas
77
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
no processo de cuidar da enfermagem é a teoria do Autocuidado de Dorothea Elizabeth
Orem, criada entre 1959 a 1985 (REIS; DELGADO; MONTEIRO, 2013) e será utilizada para
orientar o desenvolvimento do presente trabalho, que aborda os aspectos do autocuidado
na prevenção do pé diabético.
A teoria do Autocuidado de Orem é dividida em três bases teóricas relacionadas: 1.
Autocuidado; 2. Déficit de Autocuidado; e 3. Sistemas de Enfermagem. A primeira é defi-
nida como a capacidade humana de desenvolver (engajar-se em) ações ou atividades em
seu próprio benefício que servem para manter a vida, o bem estar e a saúde; a segunda
base teórica é o déficit do autocuidado, definida quando o indivíduo é incapaz ou apresenta
limitações no desenvolvimento de atividades de autocuidado, necessitando de ajuda para
realizá-la (OREM (1991) apud (REIS; DELGADO; MONTEIRO, 2013).
E a terceira base teórica é a dos sistemas, que está baseada na relação das necessi-
dades de autocuidado do paciente com sua capacidade de desenvolvê-las. Sendo assim,
Orem define três classificações para a teoria dos sistemas: sistemas totalmente compen-
satórios, em que o paciente é incapaz de realizar o autocuidado, precisando do enfermeiro
para realiza-la completamente; sistemas parcialmente compensatórios, onde o enfermeiro e
o paciente participam conjuntamente das ações; e o sistema de apoio-educação, em que o
paciente é capaz de desenvolver o autocuidado, porém precisa de orientações do enfermeiro
para aquisição de conhecimentos e habilidades (GEORGE, 2000).
Para proporcionar um atendimento holístico e de qualidade a esses pacientes, é fun-
damental o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que no presente
estudo estará ancorada na Teoria do Autocuidado, sendo um método privativo do enfermeiro
que permite a organização da prática profissional e a operacionalização do Processo de
Enfermagem (PE) (BARRETO et al. 2020; COFEN, 2006).
Com isso, objetiva-se trabalhar a Teoria do autocuidado de Dorothea Elizabeth Orem
na Consulta de Enfermagem a uma paciente com diabetes mellitus em um hospital escola,
na cidade de Belém, no primeiro semestre de 2018; estabelecer as intervenções de enfer-
magem da NIC para o diagnóstico de enfermagem de déficit no autocuidado para banho e
vestir-se e integridade da pele prejudicada; bem como avaliar o risco de desenvolvimento
do pé diabético e realizar educação em saúde para o autocuidado.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa sobre a apli-


cação da teoria do autocuidado de Dorothea Orem a uma paciente diabética, na consul-
ta de enfermagem.

78
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Foi desenvolvido em um hospital escola localizado no município de Belém – PA, no
primeiro semestre de 2018, e dividido em três momentos: no 1º utilizou-se o processo de
enfermagem, constituído de cinco etapas, a saber: coleta de dados (investigação), realizado
através da anamnese e testes de sensibilidade tátil e vibratória; diagnóstico; planejamento
da assistência; seguidos da implementação e avaliação de enfermagem.
Durante o 2º momento, houve a aplicação dos testes de sensibilidade tátil e vibrató-
ria em que se verificou a necessidade de alertar e orientar a paciente e cuidadora sobre a
importância de adotar medidas para a prevenção do pé diabético. Já no 3º momento, reali-
zou-se educação em saúde por meio de um diálogo, em que foram esclarecidas dúvidas da
cuidadora em relação aos cuidados que se deve ter para evitar lesões nos pés e manter a
hidratação da pele, seguida da entrega de cartilha com as respectivas orientações.
A investigação foi realizada em abril de 2018, consistindo em uma avaliação geral da
paciente, com perguntas sobre a doença e o estilo de vida, condições de moradia, e sobre
as condições de autocuidado. Em seguida, foram realizados os testes de sensibilidade tátil
com o uso do monofilamento de Semmes–Weinstein e de um chumaço de algodão; e o teste
de sensibilidade vibratória com o diapasão, a fim de avaliar os riscos de desenvolvimento
do pé diabético na paciente.
Terminada a investigação, a partir dos dados coletados realizaram-se as outras etapas
do processo de enfermagem, desenvolvendo respectivamente os diagnósticos, os resultados
e as intervenções de enfermagem, de acordo com as classificações da NANDA (Classificação
dos Diagnósticos de Enfermagem), NOC (Classificação dos Resultados de Enfermagem) e
NIC (Classificação das Intervenções de Enfermagem).

DESCRIÇÃO DO CASO:

M. R. A. R., 80 anos, feminina, acompanhada de sua filha, casada, espírita praticante,


G22, P7, A15, aposentada, analfabeta, natural de Santarém e residente em Belém-PA desde
os treze anos de idade. Mora em casa de alvenaria de cinco cômodos e com rede de sanea-
mento básico, residindo cinco pessoas em domicílio. Informa ser diabética e hipertensa há
+/- 15 anos e não relata história de doenças na família. Faz uso de Azukon 1x/dia, Glifage
1x/dia, Carvedilol 2x/dia, Sustrate 2x/dia, Losartana 2x/dia e Enalapril 1x/dia. Nega taba-
gismo, etilismo e alergias. Foi submetida às cirurgias de: Mastectomia em parte da mama
esquerda há dez anos, sendo realizadas 32 sessões de radioterapia, Histerectomia e Períneo.
Relata que há seis anos, quando seu filho foi assassinado, o diabetes começou a descom-
pensar constantemente sendo necessário o uso de insulina Neutral Protamine Hagedorn
(NPH). Há três anos vem sofrendo com fortes dores abdominais, relacionada à pedra na
vesícula. Ano passado, foi internada no hospital Jean Bitar para fazer Colecistectomia, mas
79
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
teve crise hipertensiva. No dia 15 de março desse ano, procurou a UPA da Sacramenta
apresentando dores no peito e cansaço, sendo medicada, voltou para casa. Não melhorando
dos sintomas, retornou a unidade três dias depois e recebeu o diagnóstico de pneumonia,
foi orientada para fazer o tratamento com antibióticos e nebulização em casa. Passados dez
dias, não obtendo resultados satisfatórios com o tratamento, o médico da UPA a encaminhou
para o hospital Jean Bitar, onde se encontra internada há oito dias fazendo tratamento para
pneumonia, controlando o diabetes e a hipertensão para fazer a Colecistectomia. Informa
que em casa costuma fazer cerca de seis refeições diárias, seu padrão de sono é irregular,
diurese presente e espontânea com evacuações de aspecto cilíndrico. Ao exame físico: em
repouso no leito, consciente, torporosa, calma, crânio íntegro, pupilas isocóricas, com per-
da de acuidade visual devido a glaucoma no olho esquerdo, pele e mucosas hipocoradas,
narinas simétrica em boa condição de higiene, arcada dentária incompleta fazendo uso
de prótese em arcada superior, língua saburrosa, gengivas com presença de estomatites
aftosas, pavilhão auricular íntegro, ausência de gânglios infartados, tórax simétrico com
expansibilidade bilateral, AP: MV+, RA-, eupneica, afebril, hipertensa, bradisfígmica, AC:
BCNF+2T, abdome plano, flácido com RH+, timpânico, doloroso à palpação superficial na
região epigástrica e mesogástrica, com parte do hipocôndrio direito e região epigástrica
endurecidos, pele dos MMSS hidratada, com ressecamento da pele dos MMII, presença de
calos e hiperpigmentação nos pés. Deambula somente com auxílio de sua filha, de quem se
tornou dependente há um mês, precisando de ajuda para realizar suas atividades diárias.
Referi fraqueza e pouca aceitação da dieta do hospital e constante insônia. Diurese presente
e espontânea. Evacuações presente de consistência diarreica há oito dias, devido o uso
de antibióticos. Aos testes de sensibilidade tátil de Semmes – Weinstein e do chumaço de
algodão, verificou-se ausência de sensibilidade no 2º, 4º e 5º pododáctilo esquerdo bem
como no 2º e 4º pododáctilo direito; quanto ao teste de sensibilidade vibratória com diapasão,
estava ausente no 2º, 3º e 5º pododáctilo esquerdo e também no 2º e 4º pododáctilo direito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da etapa de investigação - que consistiu na coleta de dados, realização do


exame físico e dos testes de sensibilidade - identificaram-se os seguintes diagnósticos
de enfermagem: 1. Déficit no autocuidado para banho e vestir-se relacionado à fraqueza
e mobilidade prejudicada, caracterizado pela dificuldade da paciente em acessar o ba-
nheiro, lavar, secar o corpo e dificuldade para colocar as roupas; e 2. Integridade da Pele
prejudicada relacionada à agente farmacológico (antibiótico), alteração na pigmentação e
sensibilidade, evidenciada por alteração na integridade da mucosa oral, ressecamento nos
MMII, insensibilidade tátil e vibratória em algumas regiões dos pés, bem como a presença
80
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de calos. Os diagnósticos com seus respectivos resultados esperados e intervenções de
enfermagem estão descritos no quadro 1 abaixo.
A partir do primeiro diagnóstico verificou-se que a paciente apresenta dificuldades para
deambular, o que está relacionado além da fraqueza, à acuidade visual diminuída, com perda
da visão em olho esquerdo, devido a glaucoma. Essa dificuldade na deambulação tornou a
paciente dependente da sua filha (sua atual cuidadora) para realizar todas as atividades diá-
rias, como ir ao banheiro, tomar banho, vestir-se e qualquer outra que requer sua mobilidade.
Percebe-se que há um déficit no autocuidado da paciente devido às condições pa-
tológicas e de mobilidade enfrentada pela mesma. Esta não consegue realizar a higiene
pessoal sozinha e com isso precisa de ajuda, o que podemos classificar como um sistema
parcialmente compensatório de Orem, em que tanto a paciente, quanto sua filha participa
no processo de autocuidado. Os discentes orientaram a cuidadora sobre a importância de
manusear delicadamente a pele durante o banho, bem como no momento de secar, evitando
lesões, uma vez que a pele da paciente é frágil; a necessidade de secar entre os dedos; e
sobre a necessidade de hidratar a pele, evitando assim o ressecamento.
O segundo diagnóstico trabalha a integridade da pele prejudicada, sendo identificados
como fatores relacionados à presença de hiperpigmentação na região plantar dos pés, res-
secamento dos membros inferiores e a existência de calos no hálux esquerdo e na lateral e
hálux do pé direito. De acordo com Silva et al (2016) o ressecamento da pele e a presença
de calos constituem fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento do pé diabético
e devem ser avaliados regularmente.
A mesma autora acrescenta ainda que a perda da sensibilidade, presença de defor-
midades, o uso de calçados inadequados, comorbidades como a Hipertensão Arterial e a
deficiência nas atividades de educação em saúde são identificadas como condições direta-
mente relacionadas ao pé diabético.
Para avaliar o grau de sensibilidade e associá-lo ao risco de lesões nos pés, foram
realizados três testes que avaliaram as percepções táteis e vibratórias, a saber: O monofi-
lameno de Semmes – Weinstein, um chumaço de algodão e o diapasão de 128 Hz, sendo
o primeiro e o ultimo considerados métodos de escolha para o rastreamento da neuropatia
diabética (BRASIL, 2016).

81
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Quadro 1. Processo de enfermagem adaptado à Teoria de Orem. Belém – 2018.

REQUISITOS DE AUTOCUI- DIAGNOSTICO DE ENFER- INTERVENÇÕES DE ENFER-


DOMINIO/ CLASSE RESULTADO ESPERADO
DADO MAGEM MAGEM

Necessita de Déficit no autocuidado DOMÍNIO 4 Atividade/ Entrar no banheiro e sair Realizar,


auxílio da filha para para banho e vestir-se Repouso dele com mínimo auxílio; progressivamente,
realizar atividades relacionado à fraqueza e CLASSE 5 Lavar e secar o corpo; as orientações de
- transferência, mobilidade prejudicada, Autocuidado Retirar as roupas da autocuidado ao familiar
banho e vestir-se. caracterizado por gaveta e do armário; e quanto aos cuidados
capacidade prejudicada Vestir as roupas com os pés e com as
de acessar o banheiro, com mínimo auxílio unhas, e a assistência
lavar, secar o corpo da cuidadora. no autocuidado
e dificuldade para da paciente.
colocar as roupas.
Mucosa oral com Integridade da Pele DOMÍNIO 11 Integridade da Realizar
dermatites aftosas; prejudicada relacionada Segurança/Proteção pele dentro dos progressivamente
Pele de MMII ressecada à agente farmacológico CLASSE 2 parâmetros normais as orientações
Calosidades e (antibiótico), alteração Lesão Física esperados (DPNE); de autocuidado
hiperpigmentação na pigmentação Pigmentação dos para controle dos
nos pés; e sensibilidade, pés (DPNE); medicamentos, controlar
Alteração no nível evidenciada por Espessura da pressões sobre áreas
de glicose. alteração na integridade pele (DPNE). do corpo (calcâneo) e
da mucosa oral, cuidados com os pés.
ressecamento nos
MMII e presença de
calos nos pés.

O monofilamento de Semmes – Weinsteim e o chumaço de algodão foram aplicados


com a finalidade de avaliar a sensibilidade tátil. Primeiramente a paciente foi orientada para
que informasse o momento em que ela sentisse o toque do filamento e do algodão nos seus
pés. Em seguida aplicou-se primeiro na região plantar do hálux e das falanges distais do
1º, 2º, 3º e 4º pododáctilo, e depois no prócero (músculo medial da face) e calcâneo. Todas
as respostas foram positivas para a aplicação do monofilamento de Semmes – Weinstein
em ambos os pés; para o teste do chumaço de algodão houve resposta negativa para três
pontos no pé esquerdo e dois pontos no pé direito.
O último teste realizado objetivou avaliar a sensibilidade vibratória com o uso de um dia-
pasão de 128 Hz. Aplicou-se o instrumento nas regiões da falange medial do 1º pododáctilo,
metatarso do 1º pododáctilo, falange medial do 3º pododáctilo, metatarso do 5º pododáctilo
e tuberosidade do calcâneo. A sensação de vibração estava ausente em dois pontos do pé
esquerdo e em um ponto do pé direito.
A partir dos resultados da investigação verificou-se que a paciente é uma pessoa
idosa, hipertensa, que possui mobilidade física prejudicada, bem como perda da acuidade
visual em olho esquerdo; através da aplicação dos testes de sensibilidade tátil e vibratória
percebeu-se ausência de sensibilidade em alguns pontos dos pés, o que é conhecido como
neuropatia e pode ser esclarecido pelo exame físico direcionado à avaliação dos pés, no
qual a paciente relatou a sensação de formigamento, dormência e presença de cãibras nos
membros inferiores e constatou-se o uso de calçados inadequados. Souza et al., (2017)
num estudo de revisão da literatura aponta a neuropatia diabética e o uso inadequado de
calçados como fatores importantes ao desenvolvimento do pé diabético e que devem receber
atenção especial do enfermeiro. 82
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Assim, visto que a paciente apresenta riscos para o desenvolvimento do pé diabético
e um déficit no autocuidado, os discentes desenvolveram uma atividade de educação em
saúde, orientando a paciente e sua cuidadora sobre a necessidade de uma inspeção diária
dos pés, a higienização regular dessa área, principalmente entre os dedos, evitando umidade
nesse local, evitar andar descalço para não correr o risco de lesionar os pés.
Além disso, ela foi orientada a verificar diariamente a parte interna dos calçados antes
de usá-los, utilizar calçados confortáveis e no tamanho apropriado, cortar as unhas em linha
reta e hidratar a pele com uso de óleos ou cremes, a fim de prevenir ressecamento, sendo
entregue um folder contendo essas e outras informações (APÊNDICE I). Cubas (2016) avaliou
que 52,2% dos participantes de seu estudo apresentaram dificuldade na mobilidade física e
que 85% utilizavam calçados inadequados, caracterizando esses fatores como problemas
bem recorrentes nos pacientes diabéticos.
Ressalta-se que as orientações e as práticas de educação em saúde devem ser medi-
das constantes na consulta de enfermagem, pois de acordo com Pires (2017) o enfermeiro
é o profissional responsável pelo repasse de informações sobre a doença para o paciente
e deve descobrir maneiras acessíveis de realiza-la, de modo que o paciente entenda o que
lhe foi repassado. Lucena (2017) destaca ainda que o enfermeiro deve ter um olhar integral
ao paciente, visando não apenas o Diabetes Mellitus, mas o ser em sua complexidade,
considerando suas dimensões biopsicossociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria do Autocuidado de Dorothea Orem é uma ferramenta essencial na prática as-


sistencial do profissional enfermeiro, visto que orienta seu desenvolvimento, auxiliando na
identificação de fragilidades no paciente que requerem maior atenção. Durante a consulta de
enfermagem realizada em um hospital escola, por exemplo, nos permitiu coletar e definir os
dados relevantes para a assistência de enfermagem a uma paciente com diabetes Mellitus
que apresentava riscos ao desenvolvimento do pé diabético.
Além disso, coordenou a tomada de decisão sobre as intervenções a serem realizadas
no processo de assistir e educar a paciente e sua cuidadora sobre a prevenção e autocuidado
com os pés. Assim, acreditamos que esta teoria possa contribuir para uma assistência de
qualidade ao proporcionar ações de autocuidado, envolvendo a participação do paciente e/
ou da família juntamente com o profissional enfermeiro.

83
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, L.; BASTOS, P. R. H. O. Autocuidado do idoso: revisão sistemática de literatura.
Revista Espacios, Caracas, v. 38, n. 28, p. 3-14, 2017.

2. BARROS, M. F. C. et al. Impacto de intervenção fisioterapêutica na prevenção do pé diabético.


Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 25, n. 4, p. 747-757, 2012.

3. BARRETO, M.S. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: a práxis do enfermeiro


de hospital de pequeno porte. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 24, ed. 4, p. 1-8, 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0005. Acesso em: 27 jul. 2021.

4. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual do Pé Diabético. Ministério da Saúde, Brasília, p.


23-38, 2016.

5. CARDOSO, I. M. et al. Estudo fatorial exploratório das dimensões comportamentais de adesão


em pessoas com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2 – Dimensões comportamentais de adesão.
Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, Coimbra, v. 3, n. 1, p. 41-
52, 2017.

6. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009. Dispõe


sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de
Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de
Enfermagem, e dá outras providências. Brasília: COFEN, 2009. Disponível em: &lt;http://www.
cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html&gt;. Acesso em 27 jul. 2021.

7. CUBAS, M. R. et al. Pé diabético: orientações e conhecimento sobre cuidados preventivos.


Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 26, n. 3, p. 647-655, 2013.

8. FLORA, M. C.; GAMEIRO, M. G. H. Autocuidado dos adolescentes com diabetes mellitus tipo
1: responsabilidade no controle da doença. Revista de Enfermagem Referência, Coimbra,
v. 4, n. 9, p. 9-19, 2016.

9. LIMA, A. A. O cuidado e o autocuidado de clientes com diabetes e seus familiares: uso e ad-
ministração de insulina na estratégia de saúde da família. 2014. Monografia (Curso de Espe-
cialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Doenças Crônicas Não Transmissíveis)
– Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

10. LIMA, P.; FAJARDO, A. P. Aspectos do autocuidado em saúde bucal de idosos hipertensos
e diabéticos que vivem sozinhos. Revista Atenção à Saúde, São Caetano do Sul, v. 14, n.
50, p. 56-62, 2016.

11. LUCENA, A. L. R. Prevalência de atitudes e atividades de autocuidado em idosos diabéticos.


2017. Dissertação (Pós-graduação em Enfermagem) – Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoa.

12. MENDONÇA, S. S. et al. Proposta de um protocolo de avaliação fisioterapêutica para os pés


de diabéticos. Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 24, n. 2, p. 285-298, 2011.

13. MIRANDA, S. A.; GONÇALVES, L. H. T. Autocuidado em mulheres amazônidas na prevenção


e controle Papiloma Vírus Humano (HPV) – Participação da (o) enfermeira (o). Enfermagem
em Foco, Brasília, v. 7, n. 1, p. 8-12, 2016.

14. MOTA, M. S. et al. Facilitadores do processo de transição para o autocuidado da pessoa com
estoma: subsídios para enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo,
v. 49, n. 1, p. 82-88, 2015.;

84
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
15. NOGUEIRA, L. G. F.; NÓBREGA, M. M. L. Construção e validação de diagnósticos de enfer-
magem para pessoas com diabetes na atenção especializada. Revista da Escola de Enfer-
magem da USP, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 54-60, 2015.

16. OLIVEIRA, D. I. L. Adesão ao autocuidado da pessoa com diabetes mellitus tipo 2. 2016. Dis-
sertação (Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica) – Instituto Politécnico de
Leiria, Leiria.

17. OLIVEIRA, F. B. et al. Adaptação transcultural para o português brasileiro do Michigan Neu-
ropathy Screening Instrument: MNSI – Brasil. Arquivos de Neuropsiquiatria, São Paulo, v.
74, n. 8, p. 653-661, 2016.

18. OLIVEIRA, K. P. S. et al. Cuidados de enfermagem ao paciente com pé diabético: uma revisão
integrativa. Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX, Natal, v. 15, n. 1, p.
69-78, 2017.

19. OLIVEIRA, P. S. et al. Atuação dos enfermeiros da estratégia saúde da família na prevenção
do pé diabético. Revista Online de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, Rio de janeiro, v.8,
n.34, p.4841-4849, 2016.

20. PAIVA, D. M. et al. Atuação do enfermeiro no acompanhamento do usuário com Diabetes


Mellitus: uma vivência hospitalar. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Cora-
ções, v. 16, n. 1, p. 1-7, 2018.

21. PETERMANN, X. B. et al. Epidemiologia e cuidado à diabetes mellitus praticado na atenção


primária à saúde: uma revisão narrativa. Saúde (Santa Maria), Santa Maria, v. 41, n. 1, p.
49-56, 2015.

22. PIRES, D. G. Contributos dos cuidados de enfermagem aos utentes portadores de diabetes
mellitus inscritos no Centro de Saúde de Fonte Inês: importância de atuação na prevenção da
doença. 2017. Monografia (Grau de Licenciatura em Enfermagem) – Universidade de Mindelo,
Mindelo.

23. REIS, J. et al. Promoção do autocuidado da pessoa com diabetes mellitus: da hospitalização
ao domicílio. 2013. Monografia (Grau de Licenciatura em Enfermagem) – Universidade do
Mindelo, Mindelo.

24. SILVA, L. A. et al. Convivência de pessoas com diabetes: ensino ao autocuidado visando à
autonomia e bem-estar. Investigação Qualitativa em Saúde, Rio de janeiro, v. 1, p. 352-355,
2015.

25. SILVA, L. W. S. et al. Promoção da saúde de pessoas com diabetes mellitus no cuidado edu-
cativo preventivo do pé-diabético. Ciencia y Enfermeria, Concepcion, v. 22, n. 2, p. 103-106,
2016.

26. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes


2017-2018. Editora Clannad, São Paulo, 2017.

27. THOMAZELLI, F. C. S. et al. Análise do risco de pé diabético em um ambulatório interdisciplinar


de diabetes. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, v. 59, n. 1, p. 10-14, 2015.

28. VIEIRA, V. A. S. et al. Cuidados de enfermagem para pessoas com diabetes mellitus e hiper-
tensão arterial: mapeamento cruzado. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 31, n.
4, p. 1-11, 2017.

85
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
07
Assistência de enfermagem no
perioperatório de histerectomia e a
importância de um cuidado integral:
uma revisão sistemática

Karén Kelyany Duarte Costa


UEPB

Renata Ferreira de Araújo


UEPB

Renner Suênio de Oliveira


UEPB

Rebeca Almeida Araújo


UEPB

Francilene Maciel Ferreira Silva


UEPB

Olga Benário Batista de Melo Chaves


UEPB

10.37885/210705539
RESUMO

Objetivou-se analisar as evidências científicas centradas nos cuidados de Enfermagem às


mulheres que são submetidas à histerectomia, durante todo o período cirúrgico. Trata-se
de uma revisão da literatura realizada nos meses de Abril e Maio de 2021, com busca
nas seguintes bases de dados: Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica
(MEDLINE), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde
(LILACS), Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), Índice Bibliográfico Español en
Ciencias de la Salud (IBECS), Centro Nacional de Informação de Ciências Médicas de
Cuba (CUMED). Foram utilizados como critérios de inclusão: os estudos que respon-
dem à questão norteadora, artigos publicados nos últimos dez anos, em língua portu-
guesa, inglesa ou espanhola, artigos na íntegra e de forma gratuita. A amostra resultou
em oito produções científicas que versam sobre: os fatores psicológicos e emocionais
existentes nas mulheres submetidas à histerectomia e o cuidado integral e humanizado
prestado pela Enfermagem através de acolhimento no momento da internação, visitas
pré-operatórias, orientações sobre a cirurgia, educação integral para as mulheres e seu
grupo familiar e implementação de estratégias para aumentar a autoconfiança e auto
aceitação no pós-operatório. Evidenciou-se que as mulheres que são submetidas a este
procedimento cirúrgico trazem consigo medos, angústias e ansiedade. Assim, observa-se
que a Enfermagem deve focar suas ações desde o momento de internação da mulher,
oferecendo apoio, escuta, instruções, diálogo e acolhimento.

Palavras- chave: Histerectomia, Cuidados de Enfermagem, Cuidados Pré-Operatório,


Cuidados Pós-Operatórios, Integralidade em Saúde.

87
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A histerectomia consiste na segunda cirurgia ginecológica mais realizada nos países


desenvolvidos em mulheres em idade reprodutiva. Todos os tipos da histerectomia envolvem
a remoção do corpo uterino, porém a escolha do tipo e via de abordagem cirúrgica da histe-
rectomia depende da indicação cirúrgica, das comorbidades e preferências do cliente, da exis-
tência de cirurgias abdominopélvicas anteriores e da experiência do cirurgião (COSTA, 2016).
Para grande parte das mulheres a retirada do útero representa o fim de uma vida re-
produtiva e a diminuição da sexualidade, então é nesse momento que o enfermeiro tem um
papel imprescindível de acompanhá-la nos cuidados pré e pós operatórios, a fim de tranqui-
lizá-las e prevenir complicações, dando um suporte humano, dando ênfase ao autocuidado
como um aporte para atingir a satisfação da paciente histerectomizada (ROCHA et al., 2015).
Neste sentido, o profissional deve sempre desempenhar um papel de cuidador e faci-
litador, na perspectiva de atenção integral à saúde da mulher. O trabalho de cuidado deve
ser contínuo e contemplar a avaliação de qualquer problema relativo e demonstrar interesse
em apontar as necessidades do autoconhecimento e do autocuidado, no sentido de ajudar a
minimizar a dificuldade de compreender a perda do útero, o estresse gerado e o medo que
elas possam ter ao conviver com o fato de não ter mais o útero (TEIXEIRA; BATISTA, 2017).
A consulta de enfermagem consiste em uma ferramenta essencial nos cuidados da mu-
lher submetida ao procedimento. Sendo assim, deve orientar a mulher quanto aos cuidados
que deverá observar após a alta, os quais poderão alterar seu cotidiano como, por exemplo:
circulação periférica, infecção, micção e hemorragia. Além disso, a paciente precisa ser infor-
mada sobre as limitações e restrições a que será submetida no pós-operatório no processo
de restabelecimento. Nesta perspectiva, à enfermagem parte das atividades de acompanha-
mento e orientações à mulher no período perioperatório, que vão desde os cuidados físicos
aos psicológicos, sociais e emocionais, numa interação efetiva com os demais membros da
equipe multiprofissional ((TRISTÃO et al., 2017; GONÇALVES; MEDEIROS, 2016).
A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), através da
percepção do modo de construir uma evolução adequada de enfermagem, garante atenção
adequada e proporciona assistência integral, permitindo melhor qualidade dos cuidados
prestados e resolubilidade dos problemas, fazendo com que a paciente seja melhor assistida
(GOMES; ROMANEK, 2013).
Diante de todo o exposto, justifica-se a realização desta pesquisa centrada nos cuidados
de Enfermagem às mulheres que são submetidas a histerectomia, tendo em vista todo o pro-
cesso cirúrgico, desde o pré-operatório até a alta hospitalar. Assim, o objetivo deste estudo
consiste em analisar as evidências científicas centradas nos cuidados de Enfermagem às
mulheres que se submetem a histerectomia ao longo de todo processo pré e pós-operatório.
88
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
METODOLOGIA

O delineamento metodológico deste estudo constitui-se de uma revisão da literatura, a


qual objetiva reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão,
de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento
acerca do tema investigado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Além disso, seguiu-se
as recomendações da declaração Preferred Reporting Items for Systematic Reviewsand
Meta-Analyses (PRISMA).
Dessa forma, o desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo unificar práticas de
enfermagem, disponíveis na literatura, destinadas à atuação desse profissional diante da
histerectomia, compreendendo todo o período perioperatório. Sendo regido a partir da se-
guinte questão norteadora: quais são as principais práticas de enfermagem empregadas no
período perioperatório de clientes que se submetem à histerectomia, com base na literatura?
O levantamento da produção científica realizou-se no período de abril e maio de
2021 por dois revisores independentes, através de buscas na Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS), nas seguintes base de dados: Sistema Online de Busca e Análise de Literatura
Médica (MEDLINE), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde (LILACS), Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), Índice Bibliográfico Español
en Ciencias de la Salud (IBECS), Centro Nacional de Informação de Ciências Médicas
de Cuba (CUMED).
Foram realizados os cruzamentos aos pares dos descritores “Histerectomia”, “Cuidados
de Enfermagem”, utilizando o operador booleano AND, nas línguas portuguesa, inglesa e
espanhola, todos padronizados pelo Medical Subject Heading (MeSH) e Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS).
Como critérios de inclusão foram estabelecidos: os estudos que respondem à ques-
tão norteadora, artigos publicados nos últimos dez anos, em língua portuguesa, inglesa ou
espanhola, artigos disponíveis na íntegra e de forma gratuita. Além disso, como critérios de
exclusão: quaisquer outros tipos de estudos que não seja em formato de artigo científico;
tais como artigos em jornais, resumos de congresso, editoriais, teses, dissertações, demais
constituintes da literatura cinzenta e afins.
Utilizou-se para classificação do nível de evidência dos artigos selecionados, o seguinte
parâmetro, estruturado em seis categorias: 1) Evidência a partir de revisão sistemática ou
meta-análise de todos ensaios clínicos randomizados relevantes; 2) Evidência a partir de
ensaios clínicos randomizados bem desenhados; 3) Evidência a partir de ensaios clínicos
não randomizados bem desenhados; 4) Evidência a partir de estudos de coorte e caso-con-
trole bem desenhados; 5) Evidência a partir de revisões sistêmicas de estudos descritivos

89
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
e qualitativos; 6) Evidência a partir de opinião de autoridades e/ou relatório de comitês ex-
perientes (MELNYK, 2011).
A amostra foi composta por 08 produções científicas que foram analisadas mediante
o instrumento para coleta de dados. Além dos critérios de inclusão, exclusão e a questão
norteadora. Assim, quanto à análise realizou-se leitura criteriosa dos artigos selecionados,
a disposição dos dados coletados e a discussão dos resultados.

Figura 1. Fluxograma da representação esquemática dos métodos de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão de
artigos na revisão, seguindo o método PRISMA (GALVÃO; PANSANI; HARRAD, 2015).

Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram analisados um total de 236 artigos, destes, foram incluídos 08 no estudo. O pro-
cesso de seleção está descrito no fluxograma criado segundo o PRISMA.
No quadro 1, segue as informações referentes aos estudos selecionados incluídos
na pesquisa, identifica-se que estes foram realizados nos últimos 9 anos, sendo a maioria

90
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
do Brasil, numa totalidade de 62,5%. E os outros 37,5% são provenientes da Turquia,
Holanda e Equador.
Os estudos estes que tem foco principalmente no cuidado e bem estar da mulher que
foi submetida a histerectomia, a importância da visita dos profissionais no pré-operatório
para minimizar a ansiedade das mulheres que irão se submeter a cirurgia, bem como as
expectativas e nível de auto estima nas mulheres histerectomizadas.

Quadro 01. Caracterização dos estudos incluídos na pesquisa.


Nível
Título Primeiro autor Ano Local Tipo de estudo Objetivo do estudo
de evidência
Descrever o processo de
Plano de alta de Enfermagem implantação de Planos de Alta
Jayanne Moreira Relato de experi-
no contexto hospitalar: um 2020 Brasil V na Clínica Cirúrgica de um
Carneiro ência
relato de experiência hospital de grande porte de
Salvador - Bahia
Analisar o atendimento
humanizado no pós-operatório
Cuidado Humanizado en el imediato de pacientes
Yuneyda Camero Estudo quantita-
Postoperatorio Inmediato de 2019 Equador IV histerectomizadas, de 25 a
Solórzano tivo
Pacientes Histerectomizadas 40 anos, da Clínica Olympus,
durante o período de março a
agosto de 2017
Compreender os significados
Vivências de mulheres
Ana Maria de Oli- e desvelar os sentidos do ser
enfrentando a histerectomia: 2019 Brasil Estudo qualitativo V
veira Salimena mulher que vivencia o pré-
estudo fenomenológico
operatório de histerectomia.
Avaliar os regimes de
Urinary catheterisation
cateterismo após uma
management after
Evelien M. San- Estudo quantita- histerectomia laparoscópica em
laparoscopic hysterectomy: a 2018 Holanda IV
dberg tivo hospitais holandeses e avaliar a
national overview and a nurse
opinião dos enfermeiros sobre
preference survey
o assunto.
Identificar se a realização da
A visita pré-operatória como Estudo explora- visita pré-operatória seria um
Thiago Franco
fator atenuante da ansiedade 2016 Brasil tório prospectivo IV fator que possibilita minimizar o
Gonçalves
em pacientes cirúrgicos descritivo nível de ansiedade apresentado
por pacientes cirúrgicos.
Relatar a experiência da
Processo de Enfermagem
execução do processo de
aplicado a paciente Ruth Cardoso Relato de experi-
2015 Brasil V enfermagem no pré e pós
submetida à histerectomia: Rocha ência
operatório de uma paciente
relato de experiência
submetida à histerectomia total.
Experiências e expectativas Miriam Apare- Compreender as experiências
de mulheres submetidas à cida Barbosa 2012 Brasil Estudo qualitativo V e expectativas de mulheres
histerectomia Merighi submetidas à histerectomia.
Investigar as diferenças no
The effects of hysterectomy
efeito da histerectomia na
on body image, self-esteem,
Estudo quantitati- imagem corporal, autoestima
and marital adjustment Gul Pinar 2012 Turquia IV
vo transversal e adaptação conjugal em
in Turkish women with
mulheres turcas com câncer
gynecologic cancer
ginecológico.
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

Na tabela a seguir sintetizamos os cuidados de enfermagem encontrados na literatura


desde os cuidados psicológicos em todos os períodos operatórios, como a informação, o
conforto e os cuidados durante o período do pré-operatório, até os cuidados nos pós ope-
ratório e orientações, estratégias para aumentar a auto confiança e aceitação entre outros

91
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que são de fundamental importância, pois entende-se a necessidade da adaptação das
mulheres histerectomizadas.

Quadro 2. Síntese dos cuidados de Enfermagem nos estudos incluídos na pesquisa.


Período cirúr-
Titulo Cuidados de Enfermagem
gico
Implementação dos instrumentos de Plano de Alta para Sistematização de Enfermagem
(SAE).
Plano de alta de Enfermagem no O plano de alta divide-se em três partes: orientações gerais e descrição conceitual do
Pós-operatório
contexto hospitalar: um relato de procedimento cirúrgico, orientações específicas e quadro de tomada de medicamentos.
mediato
experiência Organização para tomadas das medicações nos horários corretos através de instrumento
desenvolvido.
Instrução do paciente quanto à reabilitação, recuperação e promoção da saúde.
Controle de sinais vitais como forma de interação com o paciente.
Execução de atendimento personalizado com base nos diagnósticos de enfermagem
e nas necessidades do paciente em sua singularidade.
Educação integral para pacientes histerectomizadas e seu grupo familiar
Comunicação com o paciente oferecendo confiança, mantendo contato visual e
Cuidado Humanizado en el linguagem corporal.
Pós-operatório
Postoperatorio Inmediato de Cumprimento do consentimento informado sobre a resolução cirúrgica e seu tratamento
imediato
Pacientes Histerectomizadas pós-operatório.
Aplicação de escuta empática com foco no paciente.
Manejo da dor como atendimento prioritário à paciente histerectomizada.
Aplicação do protocolo de atendimento à paciente histerectomizada.
Avaliar a satisfação do paciente em relação ao cuidado de enfermagem humanizado
por meio de instrumentos.
Transferência de segurança em relação ao procedimento cirúrgico realizado
(histerectomia).
Acolhimento da mulher no momento da internação para realização da histerectomia
Vivências de mulheres
por meio da consulta de enfermagem.
enfrentando a histerectomia: Pré-operatório
Estimular o apoio familiar na recuperação do operatório.
estudo fenomenológico
Orientação sobre o procedimento cirúrgico visando fornecer conforto e alivio às
ansiedades.
Escuta qualificada para mulher submetida a histerectomia.
Urinary catheterisation Avaliação do manejo de cateterismo vesical após histerectomia.
management after laparoscopic Orientação sobre os cuidados relacionados à remoção da sonda vesical de demora
Pós-operatório
hysterectomy: a national após procedimento cirúrgico.
mediato
overview and a nurse preference Prevenção de infecções do trato urinário relacionada à uso da sonda vesical de demora.
survey Monitoração e orientação da paciente quanto as disfunções miccionais.
A visita pré-operatória como
Pré-operatório Visita de enfermagem pré-operatória;
fator atenuante da ansiedade
imediato Esclarecimento e orientações sobre a cirurgia e a minimização da ansiedade.
em pacientes cirúrgicos
Processo de Enfermagem
Pré-operatório Utilização da SAE fundamentada na Teoria de Wanda Horta para identificar as legítimas
aplicado a paciente submetida
e pós-operató- necessidades biopsicossociais manifestadas na mulher, para que assim houvesse um
à histerectomia: relato de
rio imediato planejamento adequado da assistência visando uma boa recuperação pós-operatória.
experiência
Experiências e expectativas Pré-operatório
Atividades educativas realizadas antes do procedimento cirúrgico, a fim de esclarecer
de mulheres submetidas à e pós-opera-
dúvidas e clarificar os cuidados no pós-operatório.
histerectomia tório
The effects of hysterectomy on
body image, self-esteem, and Avaliação de enfermagem dos indicadores de autoestima e ajustamento conjugal;
Pós-operatório
marital adjustment in Turkish Implementação de estratégias para aumentar a autoconfiança e auto aceitação.
women with gynecologic câncer
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

Segundo Gonçalves e Medeiros (2016), a histerectomia é um procedimento cirúrgico


tido pelas mulheres como mutilador, e que interfere diretamente na feminilidade e sexualida-
de delas. Desta forma, o período pré-operatório é o momento ideal para que haja o contato
entre enfermeiro e paciente, através da visita de enfermagem, onde esta faz parte da siste-
matização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP). Nesse contexto, durante
a visita de enfermagem, o enfermeiro deve transmitir as informações à paciente com foco
92
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
nas necessidades que ela apresenta, deve garantir as orientações sobre a cirurgia e estar à
disposição para qualquer esclarecimento a fim de minimizar a ansiedade vivenciada por elas.
O cuidado humanizado é uma ferramenta de todo processo de atenção às mulheres
histerectomizadas, o qual consiste em um processo complexo nas instituições hospitalares,
porém, essencial nos cuidados de enfermagem. Assim, consiste em uma atenção integral,
por meio dos seguintes métodos: interação com a paciente e grupo familiar, cuidados per-
sonalizados, educação integral, escuta empática, respeito da autonomia, manejo da dor,
satisfação e bem-estar do paciente (SOLÓRZANO et al., 2019).
No pré-operatório da histerectomia os fatores psicológicos e emocionais são impor-
tantes para a mulher que será submetida ao procedimento cirúrgico. Assim, os profissionais
de enfermagem devem estar capacitados para uma assistência de qualidade, englobando
estes fatores com uma escuta qualificada para proporcionar à mulher conforto e segurança
diante das suas subjetividades. Além disso, a consulta de enfermagem não se restringe ao
apoio apenas para o procedimento, como também as orientações a serem seguidas após
alta hospitalar (SALIMENA et al., 2018).
No estudo realizado por Rocha et al. (2015), a construção de um formulário para coleta
de dados fundamentado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Horta,
permitiu identificar as necessidades psicobiológicas e psicossociais que estavam presentes
na mulher, a qual iria submeter-se a histerectomia. A maior problematização demonstrada
por elas foi o medo e o receio de não conseguir retomar as atividades sexuais e isso pro-
vocar interferências na vida conjugal. Assim, para proporcionar o alívio desses sentimentos
faz-se essencial que haja uma assistência holística.
Partindo para as vivências no pós-operatório, muitas mulheres anunciam um processo
de desmistificação de todo um modelo social que foi internalizado antes da cirurgia. Neste
sentido, a mulher, ao realizar a histerectomia, produz uma reconfiguração de seu cotidiano,
modificado pela ausência de intercorrências provocadas essencialmente pelas dores e san-
gramentos que, anteriormente, eram comuns em sua vida. Sob essa perspectiva, a mulher
vê-se permissível a vislumbrar novas possibilidades, percebidas por meio de projeções que
fazem sua vida pessoal e profissional, ou seja, uma nova forma de cuidar-se física e men-
talmente e de rearranjar suas relações (MERIGHI et al., 2012).
Em contrapartida, o estudo de Pinar e colaboradores (2012), demonstrou que a histe-
rectomia teve efeitos negativos na imagem corporal, autoestima e na adaptação conjugal das
mulheres. Para isso, a assistência de enfermagem deve estar centrada numa abordagem ho-
lística, observando as necessidades psicossociais da mulher histerectomizada e, consequen-
temente, fornecendo-lhe suporte emocional e social adequado. Além disso, os enfermeiros
podem avaliar os problemas identificados e fazer encaminhamentos conforme necessário.
93
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Diante da implantação da sonda vesical de demora (SVD) em pacientes submetidas a
histerectomia, alguns cuidados devem ser implementados na assistência, visto que os en-
fermeiros estão intimamente envolvidos no cuidado pós-operatório da paciente. Deste modo,
a retirada da sonda tardiamente está relacionada aos riscos de infecções do trato urinário e
por isso necessita-se estudos randomizados para determinar o manejo ideal do cateterismo,
visando o bem-estar da mulher submetida ao procedimento (SANDBERG et al., 2018).
A elaboração de planos de alta após a histerectomia possibilita a utilização dos ins-
trumentos como um importante material didático. Assim, o instrumento possui o objetivo de
esquematizar as orientações fornecidas pelo enfermeiro, estimular o autocuidado da paciente
histerectomizada e possibilitar o conhecimento das condutas da mulher pós-alta hospitalar
(CARNEIRO et al., 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que as mulheres que são submetidas à histerectomia tendem a apresentar


angústia, medo e predisposição a desenvolver quadros de ansiedade, sendo as dores, os
sangramentos e o desconforto pélvico agravantes clínicos para a piora da paciente.
Para tanto, os profissionais de enfermagem devem demonstrar segurança, domínio e
conhecimento a respeito do procedimento cirúrgico, a fim de proporcionar a estas pacientes
tranquilidade e compreensão acerca do procedimento ao qual foram/serão submetidas. Por
conseguinte, ficou evidente a correlação entre o processo de cuidado e a convalescência da
mulher histerectomizada, sendo a empatia e a integralidade do cuidado os principais meios
pelos quais esta assistência alcança êxito. Não obstante, é de suma importância tratar de
assuntos que envolvam o autoconhecimento e uma nova compreensão de seu corpo e
sexualidade, ao considerá-la em sua integralidade. Sendo assim, é necessário estimular
autoestima, autoconfiança e auto aceitação, frente ao processo cirúrgico.
Diante do exposto e do que se objetivou com esta revisão, concluiu-se que o enfermeiro
configura-se como importante articulador do cuidado à mulher histerectomizada, promoven-
do satisfação, cuidado individualizado e especializado com base em evidências científicas.

94
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. CARNEIRO, Jayanne Moreira et al. Nursing discharge plan in hospitals: an experience report/
Plano de alta de enfermagem no contexto hospitalar: um relato de experiência. Revista de
Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 12, p. 1045-1049, 2020.

2. COSTA, Joana Raquel Correia Carvalho da. Tipos e vias de abordagem cirúrgica da histerec-
tomia e sua relação com lesão do sistema urinário. 2016.

3. GALVÃO, Taís Freire; PANSANI, Thais de Souza Andrade; HARRAD, David. Principais itens
para relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises: A recomendação PRISMA. Epidemiologia
e Serviços de Saúde, v. 24, p. 335-342, 2015.

4. GOMES, Ivone Martins; ROMANEK, Flávia Alves Ribeiro Monclùs. Enfermagem periopera-
tória: cuidados à mulher submetida à histerectomia. Revista Recien-Revista Científica de
Enfermagem, v. 3, n. 8, p. 18-24, 2013.

5. GONÇALVES, Thiago Franco; MEDEIROS, Veronica Cecilia Calbo. A visita pré-operatória


como fator atenuante da ansiedade em pacientes cirúrgicos. Revista SOBECC, v. 21, n. 1,
p. 22-27, 2016.

6. MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina
Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde
e na enfermagem. Texto & contexto-enfermagem, v. 17, p. 758-764, 2008.

7. MELNYK, Bernadette Mazurek; FINEOUT-OVERHOLT, Ellen (Ed.). Evidence-based practice


in nursing & healthcare: A guide to best practice. Lippincott Williams & Wilkins, 2011.

8. MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa et al. Experiências e expectativas de mulheres subme-


tidas à histerectomia. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 608-615, 2012.

9. PINAR, Gul et al. The effects of hysterectomy on body image, self-esteem, and marital adjust-
ment in Turkish women with gynecologic cancer. Clin J Oncol Nurs, v. 16, n. 3, p. E99-104, 2012.

10. ROCHA, Ruth Cardoso et al. Processo de enfermagem aplicado a paciente submetida à his-
terectomia: relato de experiência. Rev. enferm. UFPI, p. 86-90, 2015.

11. SALIMENA, Anna Maria de Oliveira; SOUZA, Ivis Emília de Oliveira. Cotidiano da mulher
pós-histerectomia à luz do pensamento de Heidegger. Revista Brasileira de Enfermagem,
v. 63, n. 2, p. 196-202, 2010.

12. SALIMENA, Ana Maria de Oliveira et al. Vivências de mulheres enfrentando a histerectomia:
estudo fenomenológico. Nursing (Säo Paulo), p. 3011-3015, 2019.

13. SANDBERG, Evelien M. et al. Urinary catheterisation management after laparoscopic hys-
terectomy: a national overview and a nurse preference survey. Journal of Obstetrics and
Gynaecology, v. 38, n. 8, p. 1115-1120, 2018.

14. SOLÓRZANO, Yuneyda Beatriz Camero et al. Cuidado humanizado en el postoperatorio inme-
diato de pacientes histerectomizadas. Cultura de los Cuidados, v. 23, n. 54, p. 360-373, 2019.

15. SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de. Revisão inte-
grativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo), v. 8, n. 1, p. 102-106, 2010.

95
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
16. TEIXEIRA, Marilza Rodrigues; BATISTA, Eraldo Carlos. Vivências cotidianas da mulher his-
terectomizada: narrativas e contextos. Revista Enfermagem e Saúde Coletiva-REVESC, v.
1, n. 2, p. 91-17, 2017.

17. TRISTÃO, Francisco Reis et al. Vivências da mulher frente à histerectomia: aspectos emocio-
nais. Revista Rede de Cuidados em Saúde, v. 11, n. 1, 2017.

96
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
08
Assistência efetiva através do processo
de enfermagem no enfrentamento às
manifestações clínicas da Covid-19:
uma revisão narrativa

Mirela Ferreira Pessoa Deodoro Maria Augusta de Souza


UPE UPE

Alice Fonseca Pontes Natália Almeida Rodrigues


UPE UPE

Luiz Sérgio De Souza Belém Filho Rebeca Toledo Coelho


UPE UPE

Maisa Maria Batista Ludgério Valdeque José Marques Junior


UPE UPE

Maria Alice Maia de Oliveira Muanna Jéssica Batista Ludgério


UPE UFPE

10.37885/210705532
RESUMO

A pandemia da COVID-19 é designada como uma doença infecciosa respiratória causada


por um vírus da família coronaviridae. Pensando nisso, objetivou-se analisar a importân-
cia do Processo de Enfermagem (PE) no enfrentamento às manifestações clínicas da
COVID-19, através de uma revisão narrativa da literatura, além de enfatizar o protago-
nismo do enfermeiro por meio de uma assistência sistematizada frente à pandemia da
COVID-19. A busca dos artigos foi realizada nas bibliotecas: BVS e SciELO através dos
Palavras-chave (DeCs) “Enfermagem”, “COVID-19” e “Processo de Enfermagem”. Para
o cruzamento entre os DeCs foi utilizado o operador boleano AND em ambas bibliote-
cas. Os critérios de inclusão foram: artigos disponíveis no idioma português, publicados a
partir de 2020 e que respondessem ao objetivo do estudo. A amostra final desta revisão
foi constituída por seis artigos. As manifestações clínicas da COVID-19 requerem a ela-
boração de um plano terapêutico centrado no paciente, oferecendo um cuidado holístico
e estruturado. A etapa da coleta de dados do PE tem-se uma maior ênfase nos sistemas
respiratório e termorregulador. Busca-se identificar, também, as principais comorbidades
para o rastreio de casos suspeitos ou confirmados de COVID-19. É necessário fazer a
documentação de todo o PE para garantir a continuidade e a integralidade da assistência.

Palavras-chave: Enfermagem, COVID-19, Processo de Enfermagem.

98
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Em novembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, foi detectado um surto de


doença respiratória causada pelo SARS-CoV-2. No Brasil, em 22 de janeiro de 2020, ocor-
reu a ativação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública direcionado
ao novo coronavírus, sendo uma estratégia predita no Plano Nacional de Respostas às
Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde. Posteriormente, em março de 2020,
a disseminação do novo coronavírus ocorreu em centenas de países, causando doença
respiratória e óbitos, sendo declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) (BRASIL, 2020).
A pandemia da COVID-19 é designada como uma doença infecciosa respiratória cau-
sada por um novo vírus da família coronaviridae. Esse vírus contém um grande genoma
de ácido ribonucleico (ARN), com simetria helicoidal e forma de coroa devido às espículas
presentes em seu envelope vírico que se ancoram aos receptores celulares (RODRÍGUEZ-
ACELAS; YAMPUEZÁN; CAÑON-MONTAÑEZ, 2020). É sabido que a transmissão ocorre,
principalmente, pelo contato com aerossóis respiratórios, contato direto e indireto das mãos
com objetos ou superfícies contaminadas (BARROS et al., 2020).
Em relação à sintomatologia, possui um espectro clínico variável, sendo os principais
sinais e sintomas: febre, tosse, fadiga, dispneia e, mais raramente, sintomas gastrointesti-
nais. No entanto, alguns indivíduos podem apresentar complicações, sendo mais comum a
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Pessoas que possuem fatores de risco como
idade igual ou superior a 60 anos, cardiovasculopatias, pneumopatias, grávidas e puérpe-
ras, tuberculose, obesidade, doenças hematológicas e distúrbios metabólicos são as mais
acometidas (BRASIL, 2020).
Em meio a esse cenário pandêmico, o enfermeiro está na linha de frente e exerce um
importante papel ao atuar e prestar cuidados na prevenção e controle à COVID-19. Uma vez
que esta classe de profissionais, no Brasil, representa o maior grupo profissional da área
de saúde com aproximadamente 2,3 milhões de profissionais, destaca-se a sua importân-
cia diante do enfrentamento da pandemia (SOUSA et al., 2020). Com isso, o Processo de
Enfermagem (PE) se ratifica como um forte instrumento que proporciona a identificação das
necessidades de cuidados, planejamento e execução de intervenções que contribuem para
resultados favoráveis de indivíduos, famílias, grupos e comunidades (BARROS et al., 2020).
O PE se caracteriza como um guia sistemático que direciona o raciocínio diagnóstico
e terapêutico do enfermeiro, como também, norteia a documentação da prática profissional,
segundo a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 358/2009 (BARROS
et al., 2020). É constituído pelas seguintes etapas: histórico de enfermagem, diagnóstico de
enfermagem, planejamento, implementação e avaliação (ANDRADE et al., 2020). Diante
disso, é fundamental que o enfermeiro busque uma assistência sustentada no PE para que
99
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
a assistência ocorra de forma direcionada e dinamizada para as pessoas com COVID-19
(SOUZA et al., 2020).
Dentro desse contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar a importância
do Processo de Enfermagem no enfrentamento às manifestações clínicas da COVID-19,
através de uma revisão de literatura, além de enfatizar o protagonismo do profissional de
enfermagem por meio de uma assistência sistematizada frente à pandemia da COVID-19.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo que busca realizar uma revisão narrativa da literatura. A revi-
são narrativa ou tradicional possui uma temática mais ampla dentre os tipos de revisões da
literatura, tendo em vista que não tem uma questão específica bem determinada, portanto
não se torna necessário um protocolo rígido para sua elaboração. Desse modo, a seleção
dos artigos é feita de forma arbitrária, fornecendo ao autor informações sujeitas a viés de
seleção e com percepção subjetiva (CORDEIRO et al., 2007). Além disso, a revisão narrativa
contribui para a educação continuada ao proporcionar ao leitor a aquisição do conhecimento
atualizado (ROTHER, 2007).
A revisão narrativa possui as seguintes etapas: seleção de um tema de revisão; pes-
quisa na literatura; seleção, leitura e análise da literatura; redação da revisão e referências
(SOUSA et al., 2018). O objetivo desse tipo de revisão é descrever e discutir o desenvolvi-
mento de um determinado tema, de maneira teórica ou contextual (ROTHER, 2007).
De acordo com a temática desse estudo, que é sobre o uso do Processo de Enfermagem
em relação à assistência em pessoas com COVID-19, elaborou-se a seguinte questão:
“Qual a importância do Processo de Enfermagem no enfrentamento às manifestações clí-
nicas da COVID-19”?
A partir disso, realizou-se as buscas nas bibliotecas online Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO) por meio dos Descritores em Ciências
da Saúde (DeCS) “Enfermagem”, “COVID-19” e “Processo de Enfermagem”, através do
boleano AND em ambas as bibliotecas. Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos
foram: disponíveis no idioma português, publicações a partir do ano de 2020 e que respon-
dessem à pergunta de pesquisa. Excluíram-se artigos que não possuíam o texto completo
disponível e não respondessem à pergunta de pesquisa.
Inicialmente, foram encontrados 66 estudos e após a leitura dos títulos e resumos,
como também da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, excluíram-se 56 publica-
ções. Por conseguinte, 10 publicações foram pré-selecionadas para a leitura na íntegra e
análise. Finalmente, após as etapas de seleção e análise, 6 estudos foram selecionados
para constituir essa revisão narrativa.

100
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
RESULTADOS

Os 6 artigos científicos selecionados estão descritos detalhadamente no quadro 1:

Quadro 1. Artigos encontrados nas bibliotecas BVS e SciELO.


Periódico (vol., n°,
Procedência Título do artigo Autores Tipo de estudo Considerações/ Temática
pág. ano)
Sousa, Anderson
Apresenta o processo de
Reflexões sobre o Reis de; Santos,
enfermagem (PE) como principal
processo de enferma- George Luiz Alves; Enferm. Foco (Bra-
instrumento metodológico direcional
BVS gem no trabalho de Silva, Rudval Sou- sília); 11(1, n.esp): Reflexão teórica
para a assistência de enfermagem,
enfermeiras frente à za da; Carvalho, 62-67, 2020.
no atual cenário pandêmico, junto
pandemia da covid-19 Evanilda Souza de ao grupo de pessoas com Covid-19.
Santana.
Queiroz, Amanda
Gabrielle Silva;
Diagnóstico de en- Souza, Rafael
fermagem segundo a Zondonadi de; Determina a importância da
taxonomia da NANDA Sottocornola, Sara J. Health Biol. Sci. sistematização da assistência de
Revisão biblio-
BVS internacional para Ferreira; Barbosa, (Online); 8(1): 1-6, enfermagem, para um atendimento
gráfica
sistematização da as- Shirley Junqueira; 2020 integral, a fim de minimizar a
sistência de enferma- Pinheiro, Fer- sintomatologia.
gem a COVID-19 nando Augusto;
Souza, Laurindo
Pereira de.
Contribuições da
Barros ALBL, Silva
rede de pesquisa em Reafirma a importância do PE como
VM, Santana RF, Rev Bras Enferm.
processo de enferma- Relato de experi- norteador da ação e sistematização
SciELO Cavalcante AMRZ, 2020;73(Suppl 2):
gem para assistência ência do enfermeiro, através de uma
Vitor AF, Lucena 2020
na pandemia de linguagem padronizada.
AF, et al.
COVID-19
Lima, Layane
da Silva; Bessa,
Marcelino Maia;
Processo de enferma- Evidencia o dever e objetivo do
Silva, Samara Wi-
gem para pacientes Rev. enferm. UFPE trabalho de enfermagem, frente ao
liane dos Santos; Revisão narrativa
BVS com manifestações on line; 15(1): [1- cuidado com o paciente infectado
Moura, Karina da literatura
respiratórias da 10], 2021. com o SARS-Cov-2, por um plano
Morais; Souza,
covid-19 realizado através do PE.
Joyce Oliveira de;
Freitas, Rodrigo
Jácob Moreira de.
Correlação entre diag- Evidencia o cuidado orientado pelo
Rodríguez-Acelas
nósticos, resultados e PE, como promotor da qualidade
Alba Luz, Yampue-
intervenções de enfer- Revista Cuidarte. Revisão biblio- e otimizador de tempo durante a
BVS zán Getial Daniela,
magem no cuidado ao 2021;12(1):e1944. gráfica assistência de enfermagem, unido
Cañon-Montañez
paciente internado por de um pensamento crítico, para o
Wilson melhor atendimento.
COVID-19
Destaca a sistematização da
assistência de enfermagem (SAE) e
o PE, como ponto intrínseco para o
Principais diagnósticos Dantas TP, Aguiar
cuidado holístico e individualizado,
de enfermagem em CAS, Rodrigues
J. Health NPEPS ; Exploratório e contando não somente com o
BVS pacientes com mani- VRT, Silva RRG, Sil-
5(1): 396-416,2020. bibliográfico trabalho do enfermeiro, mas
festações clínicas da va MIC, Sampaio
também de toda gestão de saúde,
COVID-19 LRL, et al. bem treinada e provida dos
materiais necessários, a fim de
atingir precisão na atenção.
Fonte: Autores, 2021.

101
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
DISCUSSÃO

Durante a discussão de cada um dos artigos encontrados, sobre o atual cenário pan-
dêmico, a realização da assistência através do Processo de Enfermagem mostrou-se efetiva
pois possibilita a qualidade e a otimização do tempo, como também, o cuidado direcionado
às necessidades dos indivíduos. As manifestações clínicas da COVID-19 requerem a ela-
boração de um plano terapêutico centrado no paciente, oferecendo um cuidado holístico e
estruturado (ANDRADE et al., 2020).
A partir da leitura dos artigos selecionados, emergiu a seguinte categoria: Processo de
Enfermagem: Uma assistência sistematizada no enfrentamento à COVID-19, a qual descreve
a importância do PE no enfrentamento às manifestações clínicas da COVID-19
O Processo de Enfermagem (PE) se constitui como um instrumento metodológico que
norteia o cuidado do enfermeiro, como também, orienta, delibera, sistematiza e favorece o
pensamento crítico-reflexivo na sua prática clínica (SOUSA et al., 2020). De acordo com a
Resolução do COFEN 358/2009, o PE orienta a documentação da prática profissional por
meio de uma linguagem padronizada por Sistemas de Classificação em Enfermagem, tendo
uma aplicação sistematizada em todos os ambientes que possuem o cuidado do profissional
de enfermagem. (BARROS et al., 2020; SOUSA et al., 2020.).
A Enfermagem tem como objeto de cuidado as necessidades do paciente. Portanto,
a práxis do enfermeiro fundamentada e ancorada no PE favorecem uma assistência ade-
quada. Dentro do contexto da pandemia da COVID-19, é de suma importância que equipe
de enfermagem que assiste ao usuário infectado com o SARS-Cov-2 apodere-se das ferra-
mentas científicas que a sua categoria possui, ofertando assim, uma prática assistencial de
qualidade (LIMA et al., 2020). Com isso, o PE é um poderoso instrumento que contribui para
a identificação das necessidades de cuidados, planejamento e execução de intervenções
que favorecem soluções para as demandas dos indivíduos, das famílias, dos grupos e das
comunidades (BARROS et al., 2020).
O PE é composto por cinco etapas (coleta de dados, diagnóstico de enfermagem,
planejamento de enfermagem, implementação e avaliação de enfermagem) que se inter-re-
lacionam de forma dinâmica e contínua. A partir disso, a coleta de dados do paciente com
COVID-19 deve estar voltada para o levantamento das informações clínicas obtidas através
da entrevista e do exame físico com foco nos sintomas respiratório e termorregulador, sendo
também importante conhecer as principais comorbidades para o rastreio de casos suspeitos
ou confirmados da COVID-19. Desse modo, a partir do levantamento de problemas reais e
potenciais torna-se possível avaliar a vulnerabilidade do indivíduo em evoluir para um quadro
clínico grave (SOUSA et al.,2020).

102
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
O Diagnóstico de Enfermagem (DE) é legalmente uma atribuição privativa do enfermeiro,
representando as necessidades humanas básicas afetadas ou respostas humanas da pes-
soa, família ou coletividade. Durante o processo de assistência ao paciente com COVID-19,
torna-se eficaz estabelecer e registrá-los com o objetivo de compreender as principais ne-
cessidades afetadas ou os principais problema demandados pelos pacientes com COVID-19.
Dessa forma, é possível realizar a elaboração de DE precisos para os pacientes infectados
e definir o planejamento e as intervenções conforme cada paciente, para que a assistência
ocorra de forma integralizada e sistematizada (SOUSA et al., 2020; ANDRADE et al., 2020).
As ações e intervenções aos pacientes com manifestações clínicas da COVID-19 pre-
cisam ser direcionadas, sobretudo, à educação em saúde para o autocuidado dos pacientes
que estão sendo acompanhados no seu âmbito social, e de monitoramento hemodinâmico
para os que estão em complicações da doença. Também é possível ressaltar outras ações
e intervenções no caso de pacientes com COVID-19: modificar hábitos comportamentais
visando as medidas sanitárias estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS) e Organização
Mundial de Saúde (OMS); avaliar o nível educacional e vulnerabilidades dos pacientes; avaliar
rede de contato; avaliar recursos para o enfrentamento da COVID-19; esclarecer dúvidas;
entre outros (SOUSA et al., 2020).
Na sequência, mas não menos importante, ressalta-se a necessidade de avaliar contí-
nua e periodicamente o paciente com manifestações clínicas da COVID-19. Uma vez imple-
mentadas as intervenções planejadas para o paciente, avaliar se as mesmas resultaram em
respostas positivas ou negativas se faz necessário. Desta forma um contínuo assistencial
se estabelece entre o enfermeiro e seu paciente.
Sendo assim, uma assistência sistematizada de enfermagem é essencial para o forta-
lecimento, reconhecimento da profissão e qualidade assistencial. (QUEIROZ et al., 2020).
Além disso, o enfermeiro que direciona o cuidado aos pacientes com COVID-19 de acor-
do com um pensamento crítico-reflexivo realizado através do PE, como também, se man-
tém informado acerca da doença, contribui de forma eficaz para a gestão da pandemia,
intervindo na saúde e bem-estar da população (RODRÍGUEZ-ACELAS; YAMPUEZÁN;
CAÑON-MONTAÑEZ, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de um tema com grande notoriedade atualmente, são poucos os estudos que
relacionam o processo de enfermagem à pandemia da SARS-CoV-2. Assim, faz-se ne-
cessário ampliar as investigações que relacionem a importância do PE na assistência ao
paciente com COVID-19.
Considerando que o Processo de Enfermagem é uma ferramenta essencial para a prá-
xis do enfermeiro, desde a educação à população, promoção do autocuidado, identificação
103
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de casos suspeitos da COVID-19 até os cuidados a pacientes mais críticos, salienta-se que
o PE tem fundamental importância na garantia de uma assistência segura aos pacientes
acometidos pela COVID-19.

REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, Thandara Rejane Santos Ferreira et al. Principais diagnósticos de enfermagem
em pacientes com manifestações clínicas da COVID-19. Revista Eletrônica Acervo Saúde,
v. 12, n. 10, p. 1-9, 2020. Disponível em: <https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/
view/4883>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

2. BARROS, Alba Lúcia Bottura Leite de et al. Contribuições da rede de pesquisa em processo de
enfermagem para assistência na pandemia de COVID-19. Revista Brasileira de Enfermagem,
73:e20200798; 2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S003471672020001400505&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

3. BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo Clínico da Covid-19 na Atenção Espe-


cializada. Brasília, 2020. Disponível em: <https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/
April/14/Protocolo-de-Manejo-Cl--nico-para-o-Covid-19.pdf>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

4. CORDEIRO, Alexander Magno et al. REVISÃO SISTEMÁTICA: UMA REVISÃO NARRATIVA.


Comunicação Científica, v. 34, n.6, p. 428-431, 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/
rcbc/a/CC6NRNtP3dKLgLPwcgmV6Gf/?lang=pt>. Acesso em: 28 de Jul. 2021.

5. LIMA, Layane da Silva et al. PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM MA-
NIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS DA COVID-19. Rev enferm UFPE on line, 15:e245345;
2021. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1145811>. Acesso
em: 20 de Jul. 2021.

6. QUEIROZ, Amanda Gabrielle Silva et al. Diagnóstico de enfermagem segundo a taxonomia


da NANDA internacional para sistematização da assistência de enfermagem a COVID-19. J.
Health Biol Sci., v. 8, n. 1, p. 1-6, 2020. Disponível em: <https://periodicos.unichristus.edu.
br/jhbs/article/view/3352>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

7. RODRÍGUEZ-ACELAS, Alba Luz; YAMPUEZÁN, Getial Daniela; CAÑON-MONTAÑEZ, Wilson.


Correlação entre diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem no cuidado ao pa-
ciente internado por COVID-19. Revista Cuidarte. 12(1):e1944; 2021. Disponível em: <https://
revistas.udes.edu.co/cuidarte/article/view/1944>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

8. ROTHER, Edna Terezinha. Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta Paul Enferm, v.
20, n. 2, p. 1-2, 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ape/a/z7zZ4Z4GwYV6FR7S9FH-
TByr/?lang=pt>. Acesso em: 28 de Jul. 2021.

9. SOUSA, Anderson Reis de et al. REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE ENFERMAGEM


NO TRABALHO DE ENFERMEIRAS FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19. Revista Enfer-
magem em Foco, v. 11, n. 1, p. 62-67, 2020. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/
portal/resource/pt/biblio-1116346?src=similardocs>. Acesso em: 20 de Jul. 2021.

10. SOUSA, Luís Manuel Mota De et al. Revisões da Literatura Científica: Tipos, Métodos e Apli-
cações em Enfermagem. Revista Portuguesa de Enfermagem de Reabilitação, v. 1, n.1, p.
45-54, 2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10174/25938>. Acesso em: 28 de Jul. 2021.

104
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
09
Conhecimento do enfermeiro sobre
os parâmetros de alerta da sepse na
triagem precoce em terapia intensiva

Rachel da Silva Santos


FCA

Marcelo Medeiros Salles


AMOR SAÚDE

Wenderson Wagner Garcia de Matos

Alcione Aparecida Oliveira Navarros


UPA - Justinópolis

Ana Julia dos Santos


AMOR SAÚDE

Ingrid Anamin da Silva


AMOR SAÚDE

10.37885/210705391
RESUMO

Objetivo: Analisar a importância da atuação do enfermeiro na identificação dos parâ-


metros de alerta para a triagem precoce da sepse dentro da terapia intensiva. Método:
Revisão integrativa da literatura nacional e internacional sobre a sepse e a atuação do
enfermeiro na terapia intensiva. As bases de dados utilizadas foram: BVS e EBSCO. 12
artigos constituíram a amostra, publicados entre 2012 a 2017, idiomas português, inglês
e alemão. Resultados: O enfermeiro que é conhecedor dos parâmetros de alerta da
sepse, bem como dos protocolos institucionais e do quadro clínico do paciente, tende a
atuar de maneira rápida no reconhecimento e a melhorar o prognóstico desse paciente.
Conclusão: A atuação baseada em conhecimento técnico científico e constante atualiza-
ção, garante um olhar sistemático do profissional a beira leito na terapia intensiva. O fato
de observar os parâmetros de alerta contribui para a proposição de intervenção ágil e
assistência adequada e específica favorecendo prognóstico positivo.

Palavras-chave: Sepse, Cuidados Críticos, Enfermagem, Triagem, Circulação Sanguínea.

106
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Estima-se que a sepse atinge de 15 a 17 milhões de pessoas por ano no mundo, sen-
do 600 mil só no Brasil. Segundo o estudo, a sobrevivência dos doentes aumenta muito se
eles forem transferidos para Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) nas primeiras 24 horas
após a identificação da doença.
O Brasil apresenta uma das maiores taxas de mortalidade por sepse no mundo. São
aproximadamente 670 mil casos por ano, sendo que 50% desses pacientes, acabam evo-
luindo a óbito, segundo o Instituto Latino Americano de Sepse-ILAS.
A sepse é definida como uma síndrome clínica constituída por uma resposta inflama-
tória sistêmica, associada a um foco infeccioso, caracterizada por manifestações múltiplas e
que pode determinar disfunção ou falência de um ou mais órgãos. A patologia é identificada
pela presença de queda do débito cardíaco, oligúria, e instabilidade respiratória, evoluindo
com alterações hemodinâmicas. A chance de sobrevida do paciente está diretamente as-
sociada ao diagnóstico precoce, e acesso rápido ao tratamento, não obstante à internação
em terapia intensiva.
O enfermeiro desempenha uma atividade de extrema importância, contribuindo para
que a sepse seja diagnosticada precocemente. O acompanhamento das alterações dos
parâmetros de sinais vitais, são de suma importância para que seja feito o diagnóstico
diferencial da sepse, no início de sua instalação no organismo. Desse modo, torna-se fun-
damental que o profissional tenha conhecimento à cerca da cascata de evolução da sepse,
considerando sua fisiopatologia, bem como, o reconhecimento das alterações que fazem
parte do momento inicial.
A síndrome que vai da sepse severa ao choque séptico, engloba uma multiplicidade
de respostas sistêmicas que são desencadeadas assim que um microrganismo ultrapassa
as barreiras de defesa do organismo e estimula a atividade do sistema imunológico.
A coleta de exames laboratoriais, dentre eles, a hemocultura, são imprescindíveis para
se chegar a um diagnóstico assertivo e indicar o tratamento ideal a ser implementado, bem
como o início de antibioterapia. Também se faz necessário a adequação da volemia, uma
vez que teremos alterações significativas da resistência vascular sistêmica, levando a fuga
de líquidos para o interstício. Deve-se considerar a troca de dispositivos invasivos e coleta de
ponta de cateteres, para análise laboratorial e possível identificação da causa da infecção,
contribuindo assim, para uma maior assertividade na droga de melhor escolha, conforme o
agente invasor do organismo.
Nesse cenário crítico, torna-se fundamental o trabalho da equipe multidisciplinar, à fim
de otimizar a implementação de boas práticas e medidas intervencionistas, considerando

107
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
o conhecimento e prática de cada profissional e suas peculiaridades frente à realidade do
paciente criticamente enfermo.
Estabelecer um sistema de implementação de protocolos, por meio da utilização de
bundles, com vistas a uniformizar a ação dos pares envolvidos na prestação da assistência,
bem como instituir a utilização de métodos de triagem da sepse, corrobora para que haja
sua identificação precoce, cooperando para um aumento significativo da taxa de sobre-
vida de pacientes.
A grande dificuldade em se ter dados precisos quanto à incidência de sepse reside
na própria definição de sepse e do choque séptico. O choque séptico constitui hoje um dos
problemas mais sérios encontrados em unidades de terapia intensiva pois, apesar dos custos
elevados para garantir o tratamento, os resultados nem sempre são animadores.
Nesse capítulo, iremos abordar a importância da triagem precoce da sepse, para mi-
nimizar a incidência de disfunção de múltiplos órgãos e morte como via final da cascata de
infecção, em pacientes internados em terapia intensiva.

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura internacional e nacional sobre as


publicações relacionadas aos parâmetros de alerta para a triagem precoce da sepse e a
atuação do enfermeiro intensivista.
Revisão Integrativa é um método específico que fornece uma compreensão abrangente
de um fenômeno particular a partir do resumo do passado da literatura empírica ou teórica.
A sua finalidade é sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou ques-
tão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente. Para alcançar o resultado é preciso
que sejam percorridas seis etapas diferentes, sendo: a elaboração do problema, a coleta, a
avaliação, a análise e a interpretação dos dados coletados além da apresentação pública.
A população do estudo foi composta por artigos da literatura internacional e nacional
que destacaram a assistência de enfermagem no contexto da terapia intensiva, relacionado
com os parâmetros de reconhecimento precoce de sepse.
As bases de dados utilizadas foram: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e
EBSCO. Os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) e MeSH utilizados foram: “Sepse;
Cuidados Críticos; Enfermagem; Triagem; Circulação Sanguínea” e o operador booleano AND.
Como critérios de inclusão foram considerados os artigos publicados entre janeiro
de 2011 a maio de 2018, nos idiomas Inglês, Português; Alemão e Espanhol que estavam
disponíveis na íntegra. Após os cruzamentos, identificou-se uma população de 440 artigos,
sendo 130 deles encontrados na BVS e 310 na EBSCO (Tab.1).

108
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Tabela 1. Identificação das publicações científicas para a revisão da literatura. Belo Horizonte, 2018.

Identificação das publicações científicas para a revisão da literatura, 2018

Banco de dados
Descritores
SciELO LILACS Total

Enfermagem AND Sepse 32 0 32


Cuidados Críticos AND Enfermagem AND Sepse 13 7 20
Sepse AND Circulação Sanguínea AND Cuidados Críticos 16 0 16
Enfermagem AND Sepse AND Triagem 14 0 14
Sepse AND Cuidados Críticos 12 0 12
Sepse AND Circulação Sanguínea 8 8 16
Sepse AND Triagem 35 0 35
Triagem AND Sepse AND Cuidados Críticos 0 59 59
Enfermagem AND Cuidados Críticos 0 236 236
Total 130 310 440

Da população de 440 publicações e a partir da leitura de títulos e resumos foram sele-


cionados 23 artigos e 12 deles foram utilizados nessa revisão, por responderam à questão
proposta. Sendo quatro dos bancos da EBSCO e sete provenientes da BVS (Tab. 2).

Tabela. 2. População e amostra nos bancos de dados selecionados. Belo Horizonte, 2018.

População e amostra nos bancos de dados selecionados, 2018


Incluídos a partir da leitura de título e
População Incluídos a partir da leitura na íntegra Amostra
resumo
440 23 12 12

RESULTADOS

Analisamos estudos publicados em periódicos técnico científicos, com o intuito de


agruparmos ideias comuns, entre a comunidade pesquisadora e atuante, sobre os Pontos
característicos do conhecimento do enfermeiro diante da triagem da sepse e os seus parâ-
metros de alerta.

CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO DOS PARÂ-


METROS DE ALERTA PARA A TRIAGEM PRECOCE DA SEPSE.

A capacidade e aptidão em perceber os potenciais pacientes ao desenvolvimento de


sepse torna o enfermeiro o profissional mais indicado para reconhecimento de sinais de
alerta. O trabalho a beira leito e acompanhamento frequente, otimiza a assistência e a per-
cepção precoce dos sinais de alerta e aplicação da triagem efetiva.
Separamos em três grandes grupos de ideias, afim de tornarmos a prática assistencial
e o contexto da sepse na terapia intensiva o mais claro possível.

109
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Abaixo teremos os grupos: A Sepse no contexto da Terapia Intensiva; A importância
da triagem diante dos principais parâmetros de alerta da sepse; Atuação do enfermeiro
intensivista diante da sepse.

A Sepse no contexto da Terapia Intensiva

O cenário da terapia intensiva cada dia mais nos apresenta quadros de maior com-
plexidade e pacientes cada vez mais comprometidos biologicamente sendo assistidos na
terapia intensiva e tendo bons prognósticos.
Pessoas que, em um passado recente, estariam fora de possibilidades terapêuticas e
até mesmo com morte iminente passam a ocupar os leitos de terapia intensiva com chances
reais de evolução e melhora. Obviamente, junto com a evolução de possibilidades terapêuti-
cas, aumenta-se as intervenções a que esses pacientes se submetem, além das condições
clínicas já instaladas que os levaram para o acompanhamento crítico.
Esse fator se dá principalmente a evolução tecnológica e desenvolvimento de habili-
dades técnicas cada vez mais criteriosas. O uso de recursos tecnológicos e terapêuticas de
ponta, mantidos hoje nas UTI’s, prioriza uma assistência estratégica e especializada para
esses pacientes, entretanto, diante do quadro grave, o risco de desenvolvimento de sepse
tende a se agravar.
Esse risco aumentado associa-se à fatores variáveis e relevantes para o seu desen-
cadeamento, como as doenças de base; o grau de severidade; o tempo de internação pro-
longado e debilitante; a prevalência mais acentuada de resistência bacteriana; os diversos
procedimentos invasivos; os acessos intravasculares; a sondagem vesical e outras inter-
venções que fragilizam as barreiras naturais do organismo.
Esse fato torna a síndrome um motivo de grande preocupação, uma vez que se con-
figura como a principal causa de morte nas UTI’s não cardiológicas em todo o mundo, prin-
cipalmente pela disfunção múltipla dos órgãos. Em 2012, no Brasil, cerca de 10 a 15% dos
leitos das unidades de terapia intensiva eram ocupados por pacientes com sepse, totalizando
400 mil casos da doença por ano, com taxa de mortalidade entre 10% e 64%.
Ainda hoje, dentre todas as doenças em que os pacientes críticos estão acometidos,
a sepse, o choque séptico e a disfunção de múltiplos órgãos apresentam-se ainda como
maiores causas de morte nesse cenário.

A importância da triagem diante dos principais parâmetros de alerta da sepse

A evolução da Sepse, geralmente apresenta sinais e sintomas característi-


cos, sendo fundamental o reconhecimento desses para tomada de decisão assertiva e

110
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
eficaz. O enfermeiro, quando capacitado e treinado para tal ação, tem um papel fundamental
no prognóstico do paciente.
O tempo dispensado para fechamento do diagnóstico relaciona-se diretamente com
a evolução do quadro, somando-se o estado de debilidade já instalado no paciente, as dis-
funções podem ser observadas nos diferentes sistemas como o cardiovascular, respiratório,
neurológico, renal, digestivo, hematológico e endócrino.
Alguns sinais são precoces na sepse como a disfunção cerebral, que pode se manifestar
primeiramente, já que o cérebro é o órgão que possui maior consumo de O2/g de tecido e
poucas defesas antioxidantes. Além disso, a presença de edema intersticial e a redução do
surfactante também são observadas, e podem acarretar no desequilíbrio entre a ventilação
e a perfusão pulmonar, resultando em hipoxemia e diminuição da complacência pulmonar.
É importante salientar que a progressão não é necessariamente linear, podendo-se
observar, principalmente na terapia intensiva, a instalação rápida e progressiva do quadro
de choque séptico sem a identificação anterior dos sinais de sepse.
Mesmo assim, alterações agudas causadas pela incipiente ou atual infecção podem
ser monitoradas pela avaliação de alterações em variáveis clínicas gerais, como febre ou
hipotermia, frequência cardíaca > 90 batimentos/minuto, taquipnéia, estado mental alterado,
edema significativo ou balanço hídrico positivo e hiperglicemia na ausência de diabetes.
Observamos ainda, em variáveis inflamatórias, como leucocitose ou leucopenia, pre-
sença de um aumento de 10% de neutrófilos imaturos, elevação dos níveis de proteína
C-reativa e/ou de procalcitonina; em variáveis hemodinâmicas, como hipotensão arterial,
saturação venosa central > 70% e índice cardíaco > 3,5 L/min/m2; em variáveis de disfunções
orgânicas, como hipoxemia arterial, débito urinário < 0,5 mL/kg/hora por pelo menos duas
horas, aumento da creatinina, alterações de coagulação, ausência de ruídos hidroaéreos,
plaquetopenia ou hiperbilirrubinemia; e, por fim, em variáveis de perfusão tecidual, como
hiperlactatemia e tempo de enchimento capilar lentificado ou livedo reticular.
Todos esses sinais demonstram a importância de uma equipe consciente e capacitada,
de um enfermeiro atuante e informado, que realize a triagem de pacientes potenciais para
desenvolvimento das crises atentando para os sinais de alerta ainda na fase inicial, o enfer-
meiro exerce um papel diferenciado e essencial nesse sentido, não apenas com o objetivo
de definição diagnóstica, mas principalmente para definição rápida dos planos terapêuticos
de enfermagem e das estratégias adequadas de monitorização frente a essa situação crítica
tão complexa e de manifestações tão amplas.
As seis primeiras horas após o diagnóstico firmam-se como a janela de oportunidade
do tratamento da sepse, uma vez que a terapia de otimização precoce de variáveis fisioló-
gicas, quando aplicada nesta fase, pode reduzir a mortalidade em aproximadamente 16%.
111
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A criação de um conjunto de ações pré-determinadas pode melhorar o gerenciamento
dos pacientes sépticos, uma vez que direciona os profissionais diante das tomadas de de-
cisões a partir de evidências científicas.
Os pacotes de sepse, e/ou bundles projetados para as primeiras horas de terapia de
pacientes sépticos bem como o cumprimento destas recomendações melhoram o prognóstico
deste, uma vez que proporciona o reconhecimento precoce do diagnóstico e a implementa-
ção da terapêutica também precoce.
As infecções mais frequentes na terapia intensiva, se relacionam ao uso de cateteres
e infusões intravenosas, a medição das excreções para tubos intratraqueal para ventilação,
entre outros. Diante disso, além de manter a triagem é importante considerar a existência
de precauções a serem tomadas a fim de minimizar os riscos dessas infecções.
Destacamos a lavagem regular das mãos de todos os profissionais, o uso de equipa-
mentos de proteção preconizados, o isolamento dos pacientes e, finalmente, a limpeza do
ambiente e de qualquer um dos insumos e equipamentos utilizados. Reafirmando a impor-
tância do investimento na formação dos profissionais intensivistas.

Atuação do Enfermeiro Intensivista diante da Sepse

O enfermeiro atuante na terapia intensiva, deve acompanhar a evolução tecnológica e


basear-se sempre na literatura e nas evidências de qualidade a fim de garantir uma assis-
tência completa e eficaz. Priorizando sempre a questão da prevenção e da valorização dos
sinais iniciais, além do potencial de agravamento do paciente.
A assistência deve ser precisa e ágil, sempre baseada em conceitos e em comprovações
técnico-científicas, a fim de possibilitar a identificação das medidas corretas, aprimorando-as
para proporcionar o pleno cuidado e auxiliar no tratamento adequado e eficiente.
Então, as competências e habilidades do enfermeiro tornam-se inerentes à responsa-
bilidade de avaliação criteriosa do paciente e à participação das tomadas de decisões com
a equipe multiprofissional, garantindo um trabalho interdisciplinar, seguindo os protocolos
atuais diante dos quadros de sepse.
As atividades do enfermeiro intensivista, são complexas e englobam desde o plane-
jamento, a coordenação até a implantação das ações que promovem o reconhecimento
precoce dos diferentes sinais clínicos relacionados à sepse. Essa atuação propicia a defi-
nição rápida dos planos terapêuticos e estratégias de monitorização, e melhora o prognós-
tico dos pacientes.
Esses aspectos deixam clara a complexidade e variedade das demandas desse pro-
fissional sendo imprescindível a atenção e qualificação direcionada ao reconhecimento e
identificação precoce dos sinais de alerta da sepse.
112
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A capacitação e conscientização para o emprego da triagem e para a percepção dos
indícios potenciais da deterioração clínica do paciente com quadro séptico, caracterizam o
cuidado diferenciado e exige um conhecimento de enfermagem especializado e capacitado.
O cuidado baseado em evidências implica que o que fazemos amanhã será diferente do
que fizemos ontem, porque as evidências e os ambientes são dinâmicos e evoluem, sendo
importante a educação continuada e a busca por conhecimento.

DISCUSSÃO

Os achados deste capítulo corroboram com outros estudos que descrevem a sepse e a
importância da atuação efetiva e precoce do enfermeiro intensivista, uma vez que o cenário
de atuação desse profissional é de alta complexidade.
Atualmente, a sepse apresenta-se como grave problema de saúde pública em UTI’s, e
mesmo com esforços investigativos destinados nas últimas décadas, permanece desafiadora
para os cuidados de saúde.
A patologia pode ser resultado de diferentes processos infecciosos com inúmeros focos
iniciais, os quais podem ser identificados através de uma cuidadosa anamnese e de um
minucioso exame físico. Entretanto, em algumas situações, os sinais e sintomas da sepse
são as primeiras manifestações da doença do paciente. E alguns aspectos fisiopatológicos
relacionados à imunidade, inflamação e coagulação podem ser observados.
O papel do enfermeiro intensivista é crucial, uma vez que, este mantém contato di-
reto com o paciente crítico, sendo importante o conhecimento prático e científico, a fim
de se garantir uma melhor qualidade da assistência, e consequentemente a redução da
morbimortalidade.
Os estudos se complementam quando o assunto são os principais parâmetros de alerta
para a sepse, e embora existam padrões que devam ser seguidos, é fundamental que os
profissionais estejam preparados e conheçam esses padrões e etapas a serem seguidas.
Entre os parâmetros de alerta utilizados para diagnósticos, devem ser observados os
clínicos e laboratoriais. Sendo, na maioria dos casos: Sinais Gerais, relacionados à tempera-
tura, frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), alteração do sensório, edema e
hiperglicemia. Sinais Inflamatórios relacionados a leucometria, alterações na proteína C rea-
tiva plasmática e na procalcitonina plasmática.
Os Sinais Hemodinâmicos contam com hipotensão arterial, saturação de oxigênio
venoso misto > 70% e índice cardíaco > 3,5 litros/min. Observando os Sinais de Perfusão
tecidual teremos a hiperlactatemia e o enchimento capilar reduzido.

113
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Nos Sinais de Disfunção Orgânica aparecem a hipoxemia (avaliada a partir da gaso-
metria arterial), alterações na função renal e níveis de creatinina, alterações na coagulação
sanguínea e plaquetopenia, alterações bilirrubinas e TGI.
O enfermeiro deve ter o conhecimento de pacotes/bundles de identificação e atuação na
sepse e no choque séptico, exercendo um papel fundamental frente a equipe multidisciplinar,
e criando um elo entre a conduta e a resposta do paciente frente ao tratamento adotado.
É fundamental que também se mantenha atualizado sobre a tecnologia, e os conheci-
mentos comprovados cientificamente com o intuito de garantir a qualidade da assistência e
minimizar os riscos de morbimortalidade ao qual os pacientes estão expostos. Atuar com o
foco na prevenção e na valorização dos sinais iniciais é o principal papel desse profissional
diante desse contexto.
O enfermeiro é quem gerencia a interface com as demais áreas envolvidas no pro-
cesso do cuidar e tratar, para alcançar uma segurança maior nesse cuidado é necessário o
desenvolvimento de protocolos adequados embasados em evidências científicas.
Enquanto líder, o enfermeiro pauta a liderança nas constantes capacitações e atuali-
zações, entre outros fatores fundamentais, principalmente no contexto de cuidado intensivo,
que demanda um raciocínio clínico aguçado e agilidade nas tomadas de decisões.
A real atuação do enfermeiro está no atendimento da demanda do paciente, sendo
necessário o suporte terapêutico e conhecimento específico acerca da patologia e tratamento
empregado, o enfermeiro intensivista não é diferente. Deve-se buscar assistir a sepse de
forma cada vez mais científica e fundamentada, sobretudo por meio de processos de siste-
matização, até mesmo por exigência legal.

CONCLUSÃO

Considerando o alerta para triagem da sepse na unidade de terapia intensiva, perce-


be-se que o enfermeiro é o protagonista de todo o processo de busca por qualificação cien-
tífica e prática para si e toda sua equipe. Considerando que identificar de forma precoce os
sinais e sintomas sugestivos de sepse ou choque séptico pode diminuir agravos na saúde do
paciente, necessita-se que o enfermeiro junto a equipe de enfermagem esteja apto a identi-
ficar as alterações orgânicas e hemodinâmicas, como disfunção renal, diminuição do débito
cardíaco, alterações hematológicas e respiratórias, que indicam choque séptico ou sepse.
Destacamos também a importância do enfermeiro na implementação de medidas te-
rapêuticas eficazes e embasadas cientificamente, já que esse profissional acompanha o
paciente beira leito e em todo o seu contexto clínico, visando o desenvolvimento de prog-
nóstico positivo.

114
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Os cuidados de enfermagem diante do processo crítico do paciente com sepse são
imprescindíveis, e devem ocorrer a partir de uma triagem eficaz, um plano terapêutico re-
solutivo, e a conscientização dos profissionais quanto a necessidade de manter-se sempre
atualizado cientificamente e de forma prática, atuando nos cuidados básicos na prevenção
de possíveis complicações que possam ocorrer na unidade de terapia intensiva.
É através da assistência qualificada que se pode garantir o reestabelecimento da saú-
de do doente de forma ágil, como também promover a redução de altos custos dentro da
unidade de terapia intensiva ao paciente séptico.
Entendemos a necessidade de se identificar precocemente a presença de infecção,
o foco e o agente infeccioso, assim como as disfunções orgânicas, com intuito de realizar
intervenções rápidas que tragam desfecho positivo. Considera-se de responsabilidade da
equipe multiprofissional a identificação precoce de sinais clínicos.
A equipe de enfermagem, deve ser capaz de reconhecer precocemente os sinais de
sepse, intervir instituindo/sugerindo medidas para controlar anormalidades. Cabe ao enfer-
meiro assistir o paciente integralmente em todas as suas necessidades e, junto à equipe
multiprofissional, ser capaz de abordar precocemente esses pacientes, melhorando assim
seu prognóstico.
As habilidades e competências do enfermeiro devem acompanhar a importante res-
ponsabilidade de avaliar criteriosamente o paciente e participar do processo de tomada de
decisão junto a equipe multiprofissional, com objetivo de garantir o trabalho em equipe em
consonância com as recomendações atuais para o manejo da sepse.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, A.P.S.R. et al. Conhecimento do profissional enfermeiro a respeito da sepse. Braz
J Surg ClinRes, 4(4), 5-10. 2013. Disponível em: < https://www.mastereditora.com.br/perio-
dico/20131102_1144092.pdf >. Acesso em 03 ago. 2021.

2. ALVIM, A.L. et al. Conhecimento da equipe de enfermagem em relação aos sinais e sintomas
da sepse. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 11, n. 2, jul. 2020. ISSN 2357-707X. Disponível
em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2951/781>. Acesso em:
06 ago. 2021.

3. BARRETO, M.F.C et al. Sepse em hospital universitário: um estudo prospectivo para análise
do custo da internação de pacientes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, [S. l.], v.
50, n. 2, pág. 302-308, 2016. DOI: 10.1590 / S0080-623420160000200017. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/117383>. Acesso em: 6 ago. 2021.

115
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
4. BARROS, L.L.S.; MAIA, C.S.F.; MONTEIRO, M.C. Fatores de risco associados ao agrava-
mento de sepse em pacientes em Unidade de Terapia Intensiva. Cadernos saúde coletiva,
Rio de Janeiro, v. 24, n. 4, p. 388-396, out. / dez. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414462X2016000400388&lng=pt&nrm=iso>. Acesso
em: 26 maio 2017.

5. BOTELHO, L. L. R.; CUNHA, C. C. de A.; MACEDO, M. O método da revisão integrativa nos


estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, [S. l.], v. 5, n. 11, p. 121–136, 2011. DOI:
10.21171/ges.v5i11.1220. Disponível em: <https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesocie-
dade/article/view/1220>. Acesso em: 6 ago. 2021.

6. CINTRA, E.A.; NISHIDE, V.M.; NUNES, W.A. Assistência de enfermagem ao paciente grave-
mente enfermo.2a ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2003.

7. CORREA, F. et al. Perfil de termo regulação e desfecho clínico em pacientes críticos com
sepse. Av.enferm. Bogotá, v. 37, n. 3, p. 293-302, Dec. 2019. Disponível em: < http://www.
scielo.org.co/pdf/aven/v37n3/0121-4500-aven-37-03-293.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2021.

8. DIOMIDOUS, M. et al. Infection control and quality assurance of health services provided in
ICU: development of an ICU website. In ICIMTH (pp. 249-251). 2013. Disponível em: < https://
pure.unic.ac.cy/en/publications/infection-control-and-quality-assurance-of-health-services-pro-
vid>. Acesso em 15 mai. 2020.

9. FERREIRA, R.G et al. Intervenções de enfermagem na sepse: saber e cuidar na sistematização


assistencial. Revista Saúde e Desenvolvimento, 6(3), 45-55. 2014. Disponível em: <https://
www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/283>. Acesso
em 15 jun. 2021.

10. FREITAS, A.P.O et al. Importância do Papel do Enfermeiro frente a Sepse. In Congresso
Internacional de Enfermagem (Vol. 1, No. 1). 2017. Disponível em: <https://eventos.set.edu.
br/index.php/cie/article/viewFile/5670/2160> Acesso em 21 jul 2020.

11. GARRIDO, F. et al. Ações do enfermeiro na identificação precoce de alterações sistêmicas


causadas pela sepse grave. ABCS Health Sciences, 42(1). Disponível em: <https://nepas.
emnuvens.com.br/abcshs/article/view/944>. Acesso em 18 mai. 2019.

12. GOESCHEL, C.A. Nursing leadership at the crossroads: evidence‐based practice Matching Michi-
gan‐minimizing catheter related blood stream infections. Nursing in critical care, 16(1), 36-43.
2011. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1478-5153.2010.00400.
x>. Acesso em 20 mai. 2020

13. GONÇALVES, L.S. et al. Implantação de algoritmo de inteligência artificial para detecção da
sepse. Rev Bras Enferm. 2020;73(3): e20180421. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/
reben/a/DB8459YKwtVth4YX8vqxTJp/?lang=pt&format=p>. Acesso em: 23 jul. 2021.

14. INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE. Implementação de protocolo gerenciado de


sepse Protocolo Clínico; Atendimento ao paciente adulto com sepse / choque séptico. Brasília:
CFM. Revisado em: junho de 2017. A. [acesso em 2018 abr. 16]. Disponível em: <http://www.
ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/protocolo-de-tratamento.pdf>. Acesso em 30 jul. 2021.

15. INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE. Sepse: um problema de saúde pública / Instituto
Latino-Americano de Sepse. Brasília: CFM, 2015. B [acesso em 2018 mai. 17]. Disponível
em: <http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/livro-sepse-um-problema-de-saude-
-publica-cfm-ilas.pdf>. Acesso em 29 jul. 2021.
116
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
16. JANSSENS, U. Frühe zielorientierte Therapie bei schwerer Sepsis [Early goal directed therapy
in severe sepsis]. Med Klin Intensivmed Notfme,d. 2014 Nov;109(8):568-76. German. doi:
10.1007/s00063-014-0377-9. Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25261188/>.
Acesso em 15 abr 2020.

17. KOGIEN, M. Implantação da ferramenta kanban e da estratégia just-in-time adaptados para


a gestão do tempo de permanência do paciente em uma unidade de terapia intensiva. Repo-
sitorioUFSC. 2017. Disponível em: < https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/173588>.
Acesso em 15 mai 2021.

18. LEVY, M.M. et al. 2001 SCCM / ESICM / ACCP / ATS / SIS Conferência Internacional de
Definições de Sepse. Intensive Care Med 29, 530-538 (2003). Disponível em: < https://link.
springer.com/article/10.1007/s00134-003-1662-x#citeas>. Acesso em 05 jun. 2020.

19. MACQUEEN, I.T. et al. Use of a hospital-wide screening program for early detection of sepsis
in general surgery patients. The American Surgeon, 81(10), 1074-1079. 2015. Disponível em:
<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26463311/ >. Acesso em 15 fev. 2020.

20. MACHADO, F.R. et al. Getting a consensus: advantages and disadvantages of Sepsis 3 in the
context of middle-income settings. Revista Brasileira de terapia intensiva, 28(4), 361-365.
2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103507X2016000400361&am-
p;script=sci_arttext>. Acesso em 07 jun. 2021.

21. MENDES, K.D.S; SILVEIRA, R.C.D.C.P; GALVÃO, C.M. Revisão integrativa: método de pes-
quisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto &amp; Contex-
to-Enfermagem, 17(4), 758-764. 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/tce/a/XzFkq-
6tjWs4wHNqNjKJLkXQ/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 06 ago. 2021.

22. NETO, J.M.R. et al. Concepções de enfermeiros que atuam em unidade de terapia intensiva
geral sobre sepse. Cogitare Enfermagem, 20(4). 2015. Disponível em: <https://revistas.ufpr.
br/cogitare/article/view/41963>. Acesso em 30 jul. 2021.

23. NORITOMI, D.T. et al. Implementation of a multifaceted sepsis education program in an emer-
ging country setting: clinical outcomes and cost-effectiveness in a long-term follow-up study.
Intensive care medicine, 40(2), 182-191. 2014. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/24146003/>. Acesso em 05 ago. 2021.

24. PENINCK, P.P.; MACHADO, R.C. Aplicação do algoritmo da sepse por enfermeiros na Unidade
de Terapia Intensiva. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, 13(1). 2012. Disponível
em: <https://www.redalyc.org/pdf/3240/324027980021.pdf>. Acesso em 23 mai. 2021.

25. RHODES, A. Campanha Sobrevivendo à Sepse: Diretrizes internacionais para a gestão de


sepse e choque séptico: 2016. (Ed) Society of Critical Care Medicine and Wolters Kluwer
Health, Inc. Março 2017. Volume 45. Número 3. Disponível em: <sccm.org/getattachment/
SurvivingSepsisCampaign/Guidelines/AdultPatients/SurvivingSepsisCampaignInternational_Por-
tuguese_2018.pdf?lang=en-US> Acesso em 05 ago. 2021.

26. ROCHA, L.L. et al. Conceitos atuais sobre suporte hemodinâmico e terapia em choque séptico.
Brazilian Journal of Anesthesiology, 65(5), 395-402. 2015. Disponível em: < https://www.
scielo.br/j/rba/a/pw7fkx359859kLDqRhLFNcH/?format=pdf&lang=pt> Acesso em 15 mai. 2019.

117
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
27. RODRIGUES, W.F.; IDE, C.A.C.; GUERRA, G.M. Dificuldades e conhecimento dos enfermeiros
intensivistas acerca do pacote de 6 horas de sepse: uma proposta de capacitação. Nursing
(Säo Paulo), 1340-1345. 2016. Disponível em: < https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/
pt/lil-789652>. Acesso em 05 jun 2020.

28. ROQUE, K.E.; TONINI, T.; MELO, E.C.P. Eventos adversos na unidade de terapia intensiva:
impacto na mortalidade e no tempo de internação em um estudo prospectivo. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, 32(10):e00081815, out, 2016. Disponível em: < https://www.arca.
fiocruz.br/handle/icict/28152 >. Acesso em 04 ago. 2021.

29. SANTOS, H.A. et al. As Novas Diretrizes de Sepse e a Atuação da Enfermagem. In Congresso
Internacional de Enfermagem (Vol. 1, No. 1). 2017. Disponível em: <https://eventos.set.edu.
br/index.php/cie/article/viewFile/5656/2108> Acesso em 27 abr. 2020.

30. SIQUEIRA, B.R. et al. Sepsis: an update. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 23(2),
207-216. 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbti/a/gdrF6hVjgcxfYc3LWNxxCQS/?lan-
g=pt>. Acesso em 20 jun. 2020.

31. VERAS, R.E.S. et al. Avaliação de um protocolo clínico por enfermeiros no tratamento da sepse.
J Health Biol Sci. 2019 Jul-Set; 7(3):292-297.Disponível em: < https://periodicos.unichristus.
edu.br/jhbs/article/view/2466> Acesso em: 23 jul.2021.

32. WESTPHAL, G.A.; LINO, A.S. Rastreamento sistemático é a base do diagnóstico precoce da
sepse grave e choque séptico. Rev Bras Ter Intensiva, 27(2), 96-101. 2015. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbti/a/9jhjD55rxBbwCmH77TJCnMN/?lang=pt>. Acesso em 17 mai.
2021.

118
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
10
Cuidar de si para cuidar a outros:
Programa de cuidados alternativos
para bem-estar de estudantes de
enfermagem em Amazonas, Peru

María del Pilar Rodríguez Quezada


UNTRM

10.37885/210805789
RESUMO

Introdução: o bem-estar faz parte da gestão universitária, além de ser um indicador da


saúde das pessoas em geral, mas de grande relevância para quem está se formando
para cuidar de outras pessoas. Objetivo: avaliar os efeitos do programa de cuidados
alternativos no bem-estar físico e psicológico de estudantes de enfermagem. Método:
pesquisa quase experimental com grupo controle, participaram 20 acadêmicos de en-
fermagem, os quais foram divididos em dois grupos, um intervenção e outro controle, o
primeiro grupo participou das sessões de Massoterapia, Yoga e Zumoterapia; Ambos
os grupos foram avaliados com a Escala de Bem-estar Físico reduzida da Escala de
Qualidade de Vida GENCAT e a Escala de Bem-estar Psicológico. Os resultados mostram
o desaparecimento do desconforto físico após o recebimento da Massoterapia com Reiki,
Ioga e Zumoterapia, e um aumento no bom bem-estar psicológico após as sessões de
massagem e terapia com sucos. Conclusões: o programa de cuidados alternativos teve
efeitos positivos no bem-estar físico e psicológico dos universitários.

Palavras-chave: Autocuidado, Terapias,Bem Estar, Medicina Alternativa.

120
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃ0

O trânsito do aluno para a universidade é uma fase de adaptação a novos papéis,


normas e responsabilidades acadêmicas, de maior autonomia e resposta às expectativas
pessoais e familiares (PERILLA et al., 2020). Eles enfrentam o desafio de se socializar com
novas pessoas, desenvolver autonomia, manter uma média mínima de notas, administrar
seu tempo pessoal, ter segurança na tomada de decisões, adaptar-se à cultura organi-
zacional da universidade, o que pode impactar seu bem-estar psicológico. (SANDOVAL,
DORNER, VÉLIZ, 2017).
O autocuidado em estudantes de enfermagem é influenciado pela intensa rotina de
estudos, que afetam seus horários de alimentação, espaços para relaxar e horas de sono
para cumprir suas atribuições universitárias, comprometendo suas próprias atividades de
cuidado (HANCCO, 2019), podendo causar danos físicos. sintomas.
Aprender práticas de autocuidado de saúde física, social, mental e espiritual durante o
processo de formação profissional do estudante de enfermagem é uma oportunidade para
que ele as incorpore ao cotidiano e, assim, favoreça seu estado de bem-estar. Produtos
naturais, práticas mente-corpo e abordagens complementares à saúde são usados ​​para
apoiar a saúde e o bem-estar das pessoas (NCCIH, 2019).
Na década de 1980, na Suécia, surgiu uma nova cultura de educação de enfermagem
como ciência humana, inspirada por acadêmicos americanos; Os alunos de enfermagem
começaram a desenvolver a “Enfermagem Holística”, combinando o corpo, a alma e o espírito
para ver uma pessoa inteira (DAHLBERG, RANHEIM, DAHLBERG, 2016).
Alguns profissionais de enfermagem têm incorporado os saberes e práticas dos
Medicamentos Tradicionais e Complementares (TCMs), em sua prática como medicina e
cuidado integrativo (MUÑOZ, 2017). Por sua vez, quase metade dos universitários também
tem demonstrado certo nível de adesão ao uso da medicina complementar, há quem a use
pelo menos uma vez por semana (32,4%), menos têm preferência por terapia floral, ioga e
homeopatia (RUIZ et al., 2014).
Essas terapias são consideradas instrumentos que complementam outros meios e
instrumentos convencionais e, ao mesmo tempo, são meios de prestação de cuidados de
enfermagem para a manutenção, promoção ou conservação da saúde (FERNANDEZ, 2017)
O processo de cuidar de si para cuidar do outro exige mudanças na formação profissio-
nal dos alunos, incorporando práticas de autocuidado em seu estilo de vida, enquanto os cur-
sos de graduação devem desenvolver estratégias para promovê-los (AMILTON et al., 2015).
O programa de estudos de Enfermagem da Universidade Nacional Toribio Rodríguez
de Mendoza de Amazonas tem a disciplina de medicina alternativa incorporada em seu pla-
no curricular. Um estudo relatou que 42,3% dos professores de Ciências da Saúde de uma
121
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
mesma universidade possuem um nível de conhecimento médio sobre medicina alternativa
(CALDERON, 2017); Mas tendo encontrado nos alunos de enfermagem capacidades médias
de desenvolvimento de sobrevivência na área da saúde, a Escola de Enfermagem incorpo-
rou a disciplina de Autocuidado e Saúde ao seu plano de estudos, de forma a fortalecer as
competências do cuidado de se no aluno.
No entanto, a opinião pessoal de estudantes de ciências da saúde sobre Medicina
Alternativa Complementar (MAC) pode ser influenciada por suas experiências, conhecimen-
tos, preconceitos e crenças (DE RURANGE, 2019), portanto, é importante gerar evidências
que validem a eficácia das propriedades atribuído aos TACs.
O termo “alternativa” não significa necessariamente que a medicina alternativa e comple-
mentar substitua a medicina convencional, os TCs podem complementá-la a fim de fornecer
cuidados holísticos e fazer parte do plano de cuidados de enfermagem para proporcionar
bem-estar (KRAMLICH, 2014).
Nesse contexto, o programa de cuidado alternativo foi proposto para que o estudante
de enfermagem aprendesse a utilizá-lo para si, fortalecendo suas capacidades de auto-
cuidado por meio da prática da TC para influenciar positivamente sua saúde e bem-estar,
bem como cuidar do outro de forma holística. . O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia do
programa de cuidados alternativos no bem-estar psicológico e físico de estudantes univer-
sitários de enfermagem.

MÉTODO

Pesquisa com abordagem quantitativa, aplicativa, desenho quase experimental com


grupo controle não equivalente com medidas pré e pós-teste. Na intervenção, utilizou-se
como reagente o programa de cuidados alternativos, cujo objetivo era que o estudante de
enfermagem desenvolvesse habilidades para cuidar de si mesmo com técnicas alternativas.
A amostra foi composta por 20 indivíduos que atenderam aos critérios de inclusão:
serem universitários de enfermagem, de ambos os sexos, considerou-se para inclusão no
estudo a frequência regular à disciplina de Autocuidado e Saúde, onde o aluno tem oportu-
nidade de aprender a fazer cuidar de sua própria saúde. Foram excluídos aqueles que não
desejaram participar de nenhum dos dois grupos, intervenção ou controle. A amostra foi
distribuída igualmente para os dois grupos.
A amostragem foi não probabilística intencional, levando em consideração o compro-
metimento dos alunos que desejavam participar de todas as atividades do programa de
cuidados alternativos.

122
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A avaliação do estado físico dos participantes foi registrada no Registro de Sinais Vitais,
Desconfortos Físicos. A primeira parte do instrumento coleta informações sobre funções
vitais para compará-las com o padrão normal de acordo com o seguinte detalhe:

a) Pulso: 60 a 70 batimentos radiais por minuto.


b) Pressão arterial: 90/60 a 120/90 mmhg.
c) Temperatura: 36 ° C a 36,5 ° C.
d) Frequência respiratória: 18-20 respirações por minuto.
e) Índice de massa corporal: 19-25.

Além de desconfortos físicos como dor de cabeça, tontura, insônia, náuseas, dores
epigástricas, dores musculares e outros.
O bem-estar físico foi avaliado com a Escala de Bem-estar Físico reduzida da Escala
de Qualidade de Vida GENCAT, que consiste em 8 itens, com coeficiente de consistência
interna de 0,916 para a escala total e para a dimensão de bem-estar físico 0,47, confiabi-
lidade de 0,47 construir 0,618. Validado com 81,3% de saturações fatoriais excedendo o
valor de 0,50, estatisticamente significativo, com valores de t maiores que 2,58 (p <0,01)
(VERDUGO et al., 2009). Para o estudo, a avaliação do bem-estar físico foi realizada de
acordo com os seguintes percentis entre 63 e 91 foi considerada ótima, entre 16 e 50 é bom
e <1 a 9 é deficiente.
O bem-estar psicológico foi medido com a Escala de Bem-estar Psicológico Ryff (1989),
ajustada para estudantes universitários por Veliz (2012), possui 37 itens e 6 subescalas:
Auto-aceitação, Autonomia, Crescimento pessoal, Domínio do ambiente, propósito na vida e
relações positivas com os outros; obteve validação aceitável pela análise fatorial confirmató-
ria (RMSEA = 0,068) e confiabilidade pelo alfa de Cronbach α = 0,943 (LUZURIAGA 2021).

Intervenção

Primeiramente foi solicitado consentimento informado de toda a amostra, em seguida


foi realizada a avaliação basal (pré-teste) dos sinais vitais, desconforto físico, registrando-se
os dados no Registro de Sinais Vitais, Desconforto Físico, em seguida foram aplicadas as
duas escalas de bem-estar.
O grupo controle (GC) ficou em espera até o final da intervenção; O grupo intervenção
(GI) participou das terapias ministradas no programa de cuidados alternativos, como Yoga,
Massoterapia Reiki e Terapia de Sucos.

123
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Programa de Cuidados Alternativos

É uma série de cuidados planejados e estruturados que incluem terapias alternativas


e complementares: biológicas, mente-corpo e aquelas baseadas na manipulação do corpo;
projetado de acordo com as necessidades do estudante universitário para contribuir para
sua satisfação pessoal, bem-estar e qualidade de vida.
O programa consistia em oito sessões semanais de terapias complementares de medi-
cina alternativa, que incluíam terapias sensoriais (Massoterapia Reiki), terapias mente-corpo
(Ashtanga Yoga), cada sessão durava 30 minutos. A terapia de preparações de sucos na-
turais (Zumoterapia) foi administrada de acordo com o estado físico dos participantes. Após
o programa, o pós-teste foi avaliado para ambos os grupos.

Considerações ético-legais

A pesquisa foi realizada de acordo com a declaração de Helsinque (WORLD MEDICAL


ASSOCIATION, 2013), os participantes consentiram em participar da pesquisa após serem
informados de seus objetivos e conteúdo, seus dados foram codificados para acesso apenas
pela pesquisadora, o sigilo foi mantido e anonimato.
Os dados foram processados ​​no Software Excel 2019, utilizando a distribuição de
frequências e estatísticas de tendência central, os resultados são apresentados em área e
números radiais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da avaliação do bem-estar em suas dimensões física e psicológica,


bem como dos sinais vitais e desconforto físico, variaram entre a primeira avaliação inicial
(pré-teste) e a segunda (pós-teste).
As variações no bem-estar físico em estudantes de enfermagem após a participação
nas terapias do Programa de Cuidados Alternativos foram: 90% (9) dos participantes trata-
dos com a Massagem Terapêutica Reiki apresentavam baixo bem-estar físico no pré-teste,
diminuindo para 60% (6 ) no pós-teste, 30% (3) dos participantes alcançaram bom bem-estar
físico após receber essas terapias, conforme pode ser visto nas Figuras 1 e 2.

124
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 1. Linha de base do Bem-estar Físico de estudantes Figura 2. Bem-estar físico após o programa de cuidados
de enfermagem. alternativos.

Fonte: EBF reduzido da Escala de Qualidade de Vida GENCAT.

Esses resultados são baseados no mecanismo de ação da Massoterapia, que mobiliza


energia nos centros naturais do corpo que permaneceram bloqueados, permitindo que a
circulação sanguínea leve oxigênio e nutrientes aos órgãos lesados (JIMENEZ,
​​ LANDEROS,
HUERTA, 2015). É potencializado pelo Reiki, que dissolve os bloqueios de energia, que fluem
livremente pelo sangue, desbloqueados pela Massoterapia. O Reiki aumenta a energia vital,
produzindo benefícios musculares, digestivos, cardíacos, sanguíneos, imunológicos e alivia
a dor (CONDE, et al., 2017).
Os resultados concordam com o relatado por Fernández (2017) durante as sessões de
Reiki, os participantes se sentiram energeticamente relaxados; eles dormem melhor após
a sessão e ainda continuam a se sentir assim nos dias posteriores, mas em menor grau.
Também foi observada uma diminuição no percentual de participantes com baixo bem-
-estar físico de 50% (4) no pré-teste para 37,5% (4) no pós-teste após a prática de Yoga,
passando de 25% (2) participantes com bem-estar físico bom no pré-teste a 37,5% (3) no
pós-teste (ver figuras 1 e 2).
A melhora no bem-estar físico após a participação dos participantes nas sessões de
ioga pode ser devido aos seus efeitos orgânicos e sistêmicos no funcionamento do sistema
neurofisiológico, reduzindo doenças musculoesqueléticas, cardiopulmonares, reumatológicas
e autoimunes (GIMENEZ, OLGUIN e ALMIRON, 2020).
São 100% (10) dois alunos que se apresentam sob sua condição física antes de usar
a Zumoterapia, diminuindo para 50% (5) anos; Os 50% (5) restantes atingem o bem-estar
físico, ilustrado nas Figuras 1 e 2. Essa terapia influencia os indicadores de bem-estar físico,
retarda ou o agravamento precoce de doenças cardiovasculares, purifica e limpa toxinas,
protegendo de patologias como diabetes, osteoporose, doenças cardiovasculares e degene-
rativas, obesidade e câncer de cólon. Além disso, fortalece o sistema imunológico por meio
das vitaminas C, E e de dois beta-carotenos contidos em frutas e vegetais (PIRIZ, 2015).

125
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Os participantes com a aptidão física básica ideal permanecerão nesta categoria após
as sessões de massagem terapêutica e ioga. Situação semelhante ocorre sem controles de
grupo, tanto não pré quanto nenhum pós-teste.
Ao revisar a variabilidade de dois sinais vitais com a intervenção de várias terapias,
80% (8) dois participantes antes de submeterem à massagem terapêutica apresentavam
sinais vitais com base dentro de dois parâmetros padrão, 90% (9) serão capazes de atingir
esta categoria após eles serão operados (ver Figuras 3 e 4). Os resultados estão ambos
relacionados aos relatos de Walaszek, Pluszyn’ska, Borowiec (2013) em pacientes hiper-
tensos, cerca de 6% de redução na pressão arterial diastólica entre o primeiro e o último
procedimento de massagem terapêutica Reiki, aumentando o valor do pulso. Não o último
procedimento de massagem terapêutica; Estatisticamente, não foi significativo.
Bayo (2019) encontrou diminuição significativa da temperatura, frequência respiratória,
frequência cardíaca e pressão arterial sistólica após receber um programa de massoterapia,
em relação ao grupo que não recebeu terapia. Compreendendo por que, além da massagem
terapêutica, todos os participantes conseguirão que todos os seus sinais vitais estivessem
dentro de dois parâmetros normais.
O Reiki também demonstrou efeitos benéficos na redução da pressão arterial sistólica
e estatisticamente significativos na redução da freqüência cardíaca. (FERNANDEZ, 2017;
SALLES et al., 2014).
Antes de iniciar a prática de ioga, 87,5% (7) dos participantes tinham sinais vitais
alterados, mas depois apenas 75% (6) permaneceram nesta categoria, os outros 25% (2)
conseguiram ter os sinais vitais dentro dos parâmetros estabelecidos após sessões de ioga
(ver Figuras 3 e 4). Esses dados são consistentes com relatos de diversos estudos de que a
ioga reduz a pressão arterial sistólica, a frequência cardíaca e a variabilidade da frequência
cardíaca (PASCOE, THOMPSON, SKI, 2017), além de ajudar a melhorar a respiração e
relaxar (ITZIK, 2005).
A Zumoterapia é uma técnica alternativa e complementar (TC) baseada em produtos
naturais que os alunos do grupo intervencionado utilizavam, conseguindo melhorar seus
sinais vitais basais, 80% (8) apresentavam sinais vitais fora dos padrões no início, mas após
terapia esse número foi reduzido para 50% (5).
A influência da Zumoterapia nos sinais vitais estaria associada às características de
frutas e vegetais, os de cor branca como banana, pinha, pêra, alho, cebola, etc. têm pro-
priedades hipocolesterolêmicas, bactericidas, hipotensoras e reguladoras da glicemia; os
de cor vermelha, como o tomate, atuam ativando a circulação e fortalecendo o coração, os
de cor roxa, como a uva, fortalecem os vasos sanguíneos e promovem o funcionamento do
coração (PERIZ, 2015).
126
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Por outro lado, os sinais vitais do grupo controle permaneceram nas mesmas cate-
gorias desde a avaliação inicial até a segunda avaliação ao finalizar o programa, 30% (3)
apresentavam sinais vitais fora dos padrões, como pode ser visto nas Figuras 3 e 4.

Figura 3. Sinais vitais no início do programa de cuidados Figura 4. Sinais vitais ao final do programa de cuidados
alternativos. alternativos.

Fonte: Folha de registro de sinais vitais, Desconforto físico.

É comum que estudantes de enfermagem se estressem com sobrecarga de tare-


fas, sonolentos, cansados, com dor de cabeça, ansiosos, angustiados ou desesperados
(TASAYCO, 2019; PERILLA et al. 2020) com dificuldades de concentração e problemas de
digestão (JEREZ Y OYARZO, 2015).
Antes de iniciar as terapias, os participantes do estudo manifestaram desconforto físico,
como insônia, dor de cabeça, náuseas, tonturas, dores musculares, tanto em 40% (4) dos
participantes que receberam Massoterapia Reiki e em 12,5% (1) dos Praticantes de ioga;
80% (8) dos participantes tiveram dor de cabeça, dismenorreia, gripe e dor epigástrica antes
de iniciar a terapia com suco.
Coerente com o relatado por Cassaretto, Martínez e Tavera (2020) em, onde 94% dos
universitários peruanos afirmaram ter tido pelo menos uma enfermidade ou desconforto no
último ano, os mais frequentes foram dores no pescoço, ombros, costas ou cabeça, ansie-
dade em metade dos alunos.
No pós-teste, o desconforto físico desapareceu em 100% (10) do grupo intervenciona-
do, alcançando um bom bem-estar físico. Ao contrário do grupo controle, que aumentou de
20% (2) para 30% (3) aqueles que apresentavam desconforto físico. Como pode ser visto
nas Figuras 5 e 6).

127
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 5. Desconforto físico no início do programa de Figura 6. Desconforto físico ao final do programa de
cuidados alternativos. cuidados alternativos.

Fonte: Folha de registro de sinais vitais, Desconforto físico.

A massoterapia atua manualmente na sensibilidade superficial (corpúsculos de


Meissner) e profunda (corpúsculos de Golgi e Pacini), suprimindo ou reduzindo a sensibili-
dade dolorosa. É indicado em casos de doenças do aparelho locomotor, doenças reumáticas,
doenças neurológicas periféricas e centrais como sedativo e relaxante psíquico em casos
de estresse, insônia, agitação, transtornos mentais por excesso de trabalho, esgotamento
físico, manifestações de dor, etc. (VÁQUEZ, 2009).
Existem experiências bem-sucedidas de massagem terapêutica para reduzir a dor e a
ansiedade antes do procedimento cardiovascular invasivo (KRAMLICH, 2016). Em alguns
hospitais nos Estados Unidos ou na Grã-Bretanha, o Reiki é usado como terapia de Reiki
para tratar e aliviar a dor em pacientes com câncer (URTRILLAS, 2017).
Enquanto isso, a prática de ioga permite o alongamento de músculos, tendões e me-
lhora da regulação do sistema nervoso simpático e do sistema hipotálamo-hipófise-adrenal
(PASCOE, THOMPSON, SKI, 2017), além de facilitar a adoção de posturas adequadas,
reduzindo assim contraturas, dores na coluna e principalmente na amplitude de movimento
articular (CHÁVEZ, 2011; MARTIN et al., 2013). Também ajuda a combater enxaquecas,
proporciona maior flexibilidade às articulações, melhora a circulação, força e vitalidade,
melhora a digestão, fortalece o sistema imunológico e a capacidade de enfrentar doenças
e lidar com problemas externos e estresses (ITZIK, 2005, p 129-146) .
Jean Watson, teórico do cuidado humano, propõe que existe uma conexão íntima
entre mente e corpo, influenciada pela consciência, atenção e intencionalidade. Portanto, o
cuidado implica a compreensão exata de todos os aspectos que afetam a saúde e a relação
entre quem cuida e quem é cuidado (BORGES, 2013).
É provável que os mecanismos de ação da Massoterapia, Reiki e Yoga sejam respon-
sáveis ​​pelo desconforto, insônia, dor de cabeça, náusea, tontura e dores musculares que
desapareceram após o desenvolvimento dessas terapias.
A terapia com suco é frequentemente usada para prevenir e melhorar os sintomas de
doenças orais, anemia, artrite, cólicas, diarreia, dor lombar, constipação, fadiga, febre, gripe,
128
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
infecção urinária, faringite, perda de potássio, síndrome pré-menstrual, sinusite, tendinite ,
tosse e bronquite, obesidade, insônia e estresse, dor de cabeça, etc. (ITZIK, 2005). Após
receberem a Terapia do Suco, as participantes pararam de apresentar cefaleias, dismenor-
reia, gripe e dores epigástricas.
O bem-estar psicológico leva em consideração aspectos cotidianos e qualitativos que
vinculam a felicidade do sujeito, diretamente relacionados à saúde fisiológica e emocional
(LUZURIAGA, 2021). 100% (10) dos estudantes de enfermagem que participaram do grupo
controle apresentaram bom bem-estar psicológico no pré-teste, diminuindo para 70% (7)
no pós-teste, além de aparecerem 10% (1) com ruim bem-estar psicológico e 20% (2) com
bem-estar psicológico ótimo na segunda avaliação.
Esses resultados são um tanto semelhantes aos encontrados por Farfán (2020) em
estudantes técnicos de enfermagem em Ayacucho-Peru, onde 46,7% (14) apresentaram
alto bem-estar psicológico, 26,7% (8) bem-estar psicológico médio, 16,6% (5 ) bem-estar,
bem-estar psicológico baixo e 10,0% (3) bem-estar psicológico muito baixo. Mas diferente
do que foi relatado por Cruz et al. (2020) sobre as percepções de bem-estar psicológico em
estudantes universitários de Havana-Cuba, 27,08% obtiveram escore de bem-estar baixo,
68,75% em bem-estar médio e apenas 4,17% em bem-estar alto.
No entanto, a diminuição do bem-estar psicológico de um grupo de alunos que não
participavam das terapias pode ter sido produto de outras variáveis ambientais
​​ que produzem
emoções de tristeza, alegria, medo relacionado a mudanças fisiológicas e comportamentais
(PAPALIA, 2010 ), afetando o campo energético que pode se refletir na dor ou em várias
sensações, a alteração desse campo energético limita o paciente a se integrar de forma
satisfatória com o meio ambiente (LÓPEZ et al., 2014).
Por outro lado, 100% (10) dos participantes permaneceram em bom bem-estar psi-
cológico após terem recebido a Massagem Terapêutica Reiki; 80% (8) dos que receberam
Zumoterapia passaram de bom bem-estar psicológico no pré-teste para 70% (7) no pós-
-teste, passando de 10% (1) para 20% (2) aqueles que apresentou bem-estar psicológico
ótimo; apenas 10% (1) permaneceram com mal-estar psicológico ruim, conforme pode ser
observado nas Figuras 7 e 8.

129
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 7. Linha de base do bem-estar psicológico de Figura 8. Bem-estar psicológico após ou programa de
estudantes de enfermagem. cuidados alternativos.

Fonte: Escala de Bem-estar Psicológico.

O calor produzido pelas massagens, dilata as articulações, músculos e tendões, co-


meçam a mover-se com desenvoltura e ritmo, o cérebro emana energia que se distribui pelo
corpo, produz endorfinas que relaxam os sentidos, dando a percepção global de bem-estar
e redução da fadiga (JIMENEZ, LANDEROS, HUERTA, 2015). Alimentado pelos efeitos po-
sitivos que o reiki exerce sobre a ansiedade e sobre as diferentes categorias de bem-estar
psicológico e estilos de vida (CONDE, et al., 2017).
O Reiki é um sistema natural que, por meio da imposição das mãos, produz relaxamento
profundo, liberação de energia e harmonização e equilíbrio internos (DO NASCIMENTO,
2017). O trabalho combinado de Massoterapia e Reiki seria responsável por que os partici-
pantes percebessem um bom bem-estar psicológico.
12,5% (1) dos participantes mantiveram o bem-estar psicológico ideal após a prática de
ioga, mas aqueles com baixo bem-estar psicológico aumentaram de 12,5% (1) para 25% (2)
e diminuíram de 75% (6) para 62,5% (6) daqueles que obtiveram bom bem-estar psicológico
após as sessões de ioga (Ver Figuras 7 e 8).
Yoga é uma habilidade de gerenciamento de estilo de vida (ARUMUGAM et al., 2020),
ajuda a ter paciência, tranquilidade, concentração mental, disciplina física, mental e espiri-
tual, seu objetivo é a saúde, consciência, introspecção e a integração corpo-mente-espírito
(COLL, PATIÑO, 2018), elementos associados ao bem-estar psicológico.
À primeira vista, os resultados obtidos no bem-estar psicológico de estudantes de
enfermagem seriam diferentes daqueles relatados por Chávez (2011), que encontrou bem-
-estar psicológico significativamente maior em praticantes de ioga em comparação ao grupo
de contraste. Porém, 10% (1) dos estudantes de enfermagem que praticavam ioga apesar
de aumentar sua pontuação, permaneceram em ótimo bem-estar no pós-teste; 40% (4) au-
mentaram sua pontuação, mas também continuaram com bom bem-estar no pós-teste; 10%
(1) que apresentaram bem-estar psicológico ruim no pré-teste, aumentaram sua pontuação,
mas continuaram na mesma categoria de bem-estar psicológico após as sessões de ioga.
130
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Ao sincronizar conscientemente o movimento corporal e a respiração, reduz significa-
tivamente o nível de estresse, a prática prolongada do Yoga gera calma e aguça o cérebro
(LUZURIAGA, 2021). É possível que o aumento nas notas no teste de avaliação de bem-es-
tar psicológico, seja conseqüência dos efeitos do controle da respiração que é praticado no
Yoga, isso ajuda a ter uma melhor visão de como resolver situações alarmantes, facilita sua
integração ao grupo, para desenvolver atividades em conjunto; reforça sua confiança, cria um
clima favorável para reduzir o estresse e aumenta o desempenho acadêmico (ESCOBAR,
HERRERA, OBREGÓN, 2019).
A falha em atingir um nível mais alto de bem-estar psicológico pode ser devido ao fator
tempo das sessões de Yoga. Um estudo revelou que na décima segunda semana de prática
de Yoga, os indicadores de somatização e sintomas psicológicos diminuíram significativa-
mente em comparação com a amostra inicial (YOSHIHARA, 2014).
Outro estudo, quem pratica Hatha Yoga por um período de pelo menos um ano, apre-
sentaria menor nível de ansiedade e sintomas depressivos, em comparação com os sujeitos
que não o praticam; Os praticantes de Hatha Yoga apresentam um nível significativamente
menor de dificuldades no exercício de seu papel social, e uma maior aceitação das áreas
de si próprios e um senso de controle e autocompetência, em relação àqueles que não
praticam, mas praticaram de médio a longo prazo prazo, seria favorável para as relações
interpessoais (CHÁVEZ, 2011).
Os desconfortos físicos como cefaleia e dores musculares apresentados nos partici-
pantes do programa costumam fazer parte do quadro clínico de estresse e ansiedade, asso-
ciados à saúde mental e ao bem-estar psicológico, por isso, quando os desconfortos físicos
desaparecem, também ocorrem indiretamente em uma melhoria do bem-estar geral. Tudo
está integrado, então você deve escolher terapias integrativas alternativas ou complemen-
tares. Alguns tipos de Yoga associam o espiritual ao exercício, outros buscam o equilíbrio
espiritual e mental por meio da combinação da respiração e do exercício (LEIS, 2018). A téc-
nica de Hatha-Yoga utilizada no presente estudo estimula a pessoa a ser mais criativa em
uma tarefa acadêmica rotineira, mas não melhora sua capacidade criativa (BOLLIMBALA,
JAMES, GANGULI, 2020).
Os cuidados alternativos devem ser continuados nos estudantes de enfermagem como
uma prática extracurricular, especialmente nas técnicas mente-corpo. Sugere-se prolongar
o programa de cuidados alternativos por mais tempo para avaliar seus resultados em mé-
dio e longo prazo.
A terapia com sucos proporciona saúde ao corpo e à mente, além de energia (PIRIZ,
2015). Um estudo descobriu que o consumo diário de suco de laranja estava associado a uma
probabilidade substancialmente menor de função cognitiva subjetiva deficiente. Um maior
131
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
consumo de frutas de 18 a 22 anos antes da avaliação da função cognitiva subjetiva foi as-
sociado a menores probabilidades de função cognitiva subjetiva ruim, independentemente
de uma ingestão mais próxima (YUAN, 2019). Estudantes universitários de enfermagem
de Chachapoyas costumam consumir como bebida: aveia, quinua-soja (35,2%) e sucos de
frutas (19,5%) (CARRASCAL, 2017), constituindo comportamentos alimentares saudáveis,
levando em consideração os benefícios da terapia com sucos, sua incorporação na alimen-
tação estilos de vida devem continuar a ser promovidos.

CONCLUSÕES

A aplicação da massagem terapêutica combinada com Reiki e Yoga conseguiu um


aumento de alunos de enfermagem com bom bem-estar físico, redução do número de alu-
nos com sinais vitais fora dos padrões após a terapia e o desconforto físico desapareceu.
A Zumoterapia favoreceu o aumento do bem-estar físico na metade dos participantes e
o número de alunos com sinais vitais fora dos padrões foi reduzido após a terapia; cefaleia,
dismenorreia, gripe e dor epigástrica também desapareceram.
A Massoterapia Reiki manteve o bem-estar psicológico dos participantes, a Terapia
do Suco conseguiu que alguns dos participantes passassem de bem-estar psicológico bom
a alto no pós-teste; Mas alguns dos praticantes de Yoga só conseguiram aumentar suas
pontuações nas mesmas categorias de bem-estar psicológico bom, ruim ou ótimo, mas o
número de participantes com bem-estar psicológico ruim aumentou e o bem-estar psicoló-
gico bom diminuiu,

REFERÊNCIAS
1. AMILTON, S.; MURRAY, K., HAMILTON, S. y MARTIN, D. A strategy for maintaining student
wellbeing. Nurs Times, 111(7), 20-2. 2015. Retrieved on August 15, 2021, of https://pubmed.
ncbi.nlm.nih.gov/26477182/

2. ARUMUGAM, G.; NAGARATHNA, R.; MAJUMDAR, V.; SINGH, M.; SRINIVASALU, R.; SAN-
JIVAL, R. y NAGENDRA, H. R. Yoga-based lifestyle treatment and composite treatment goals
in Type 2 Diabetes in a rural South Indian setup- a retrospective study. Scientific reports, 10(1),
6402, 2020. Retrieved on August 16, 2021, of https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32286379/

3. BOLLIMBALA A, JAMES PS, GANGULI S. The effect of Hatha yoga intervention on students’
creative ability. Acta Psychol (Amst), 209, 103121. 2020. Retrieved on August 16, 2021, of
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0001691819305505.

4. BAYO TALLÓN, V. Efeitos da terapia manual nos sintomas do TDAH na infância. Tese de
doutorado não publicada. Universidade Autônoma de Barcelona, ​​Espanha, 2020. Obtido em
13 de agosto de 2021, de https://ddd.uab.cat/pub/tesis/2021/hdl_10803_671040/vbt1de1.pdf
132
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
5. BORGES, M, SANTOS, D. O campo do cuidado: uma abordagem quântica e transpessoal ao
cuidado de enfermagem. Ciência, Cuidado e Saúde. 12 (3), 608-613. 2013. Obtido em 16 de
agosto de 2021, de https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v12i3.17159

6. Calderón E. Nível de conhecimento sobre medicina alternativa em professores da Faculdade


de Ciências da Saúde da Universidade Nacional Toribio Rodríguez de Mendoza de Amazonas,
2017. Tese para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Universidad Nacional Toribio
Rodríguez de Mendoza de Amazonas, Chachapoyas, Peru, 2017. Obtido em 23 de fevereiro de
2021, de http://repositorio.untrm.edu.pe/bitstream/handle/UNTRM/1250/Informe%20final%20
Eliana% 20Calder % C3% B3n% 20Avellaneda.pdf? Sequência = 1 & isAllowed = y

7. CARRASCAL OYARCE, T.J. Hábitos alimentares em estudantes de enfermagem, Universidad


Nacional Toribio Rodríguez de Mendoza, Amazonas - 2017. Tese de graduação não publicada.
Universidade Nacional Toribio Rodríguez de Mendoza de Amazonas. Chachapoyas, Peru,
2018. Obtido em 10 de agosto de 2021, de http://repositorio.untrm.edu.pe/handle/UNTRM/1469

8. CASSARETTO BARDALES, M.; MARTINEZ URIBE, P. e TAVERA PALOMINO, M. Abordagens


sobre saúde e bem-estar em estudantes universitários: importância de variáveis ​​sociodemo-
gráficas, acadêmicas e comportamentais. Jornal de Psicologia, 38 (2), 499-528. 2020. Obtido
em 12 de agosto de 2021, de https://doi.org/10.18800/psico.202002.006

9. CHÁVEZ ALCANTARA, S. Bem-estar psicológico em praticantes de ioga. Tese de graduação


não publicada. Pontifícia Universidade Católica do Peru. Lima, 2011. Recuperado em 15 de
agosto de 2021, de http://hdl.handle.net/20.500.12404/627

10. COLL, J. S. e PATIÑO, M. Anatomy and Yoga. México: Paidotribo, 2018.

11. CRUZ, M.; MARTÍNEZ, L.; LORENZO, A. e FERNÁNDEZ, D. Bem-estar psicológico em alunos
da Universidade de Havana. Revista Wimblu, 15 (2). 69 - 93. 2020. Obtido em 9 de agosto de
2021, de https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/wimblu/article/view/44086

12. DAHLBERG, H.; RANHEIM, A. e DAHLBERG, K. Ecological caring – Revisiting the original
ideas of caring science. [On line]. Int J Qualitative Stud Health Well-being,11:33344. 2016.
Retrieved on August 12, 2021, de https://doi.org/10.3402/qhw.v11.33344

13. CONDE ARCILA, M.; DELGADO ROMERO, M. A.; PERILLA GAMBOA, P. A.; LÓPEZ INFANTE
V. Impacto do Reiki no Bem-Estar Psicológico de Quatro Usuários de Maconha. Tese de gra-
duação não publicada. Pontifícia Universidade Javeriana. Bogotá, DC, Colômbia, 2017. Obtido
em 10 de agosto de 2021, de https://repository.javeriana.edu.co/bitstream/handle/10554/22143/
Impacto%20del%20reiki%20en%20el%20bienestar%20psicol% C3% B3gico% 20de% 20cua-
tro% 20consumidores% 20de% 20marihuana.pdf? Sequência = 1

14. DE RURANGE GATICA, I.A. Conhecimento, opinião e experiência dos alunos da Escola de
Ciências da Saúde da UVM em medicina complementar. Tese de graduação não publicada.
Universidad Viña del Mar, Viña del Mar. 2019. Obtido em 15 de agosto de 2021, de https://repo-
sitorio.uvm.cl/xmlui/bitstream/handle/20.500.12536/976/Andrea%20de%20Rurange_PROYEC-
TO%20DE% 20INVESTIGACI % c3% 93N% 20MAGISTER% 20% 20.pdf? Sequence = 1 &
isAllowed = y

15. DO NASCIMENTO BESSA, J.H.; TAVARES JOMAR, R,; VICENTE DA SILVA, A,; PERES
EM,; PECLY WOLTER, R.M.C. e DE OLIVEIRA, D.C. Efeito do Reiki no bem-estar subjetivo:
estudo experimental. Enfermagem Global, (48), 408-414. 2017. Obtido em 14 de agosto de
2021, de http://revistas.um.es/eglobal/article/view/259141

133
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
16. ESCOBAR ZURITA, E.R.; HERRERA CISNEROS, S, P, e OBREGÓN VELOZ, I.E. O ensino
do Yoga como técnica para redução dos níveis de estresse em alunos de graduação da Fa-
culdade de Saúde Pública. Jornal Cubano de Reumatologia, 21 (2). 2019. Recuperado em
14 de agosto de 2021, de https://www.medigraphic.com/pdfs/revcubreu/cre-2019/cre192q.pdf

17. FARFÁN VELÁZQUEZ, B.E. Comunicação familiar e bem-estar psicológico em estudantes de


enfermagem do Instituto de Educação Superior Tecnológico Privado, Ayacucho-2020. Tese de
graduação não publicada. Universidade Católica Los Ángeles Chimbote, Peru, 2020. Obtido
em 12 de agosto de 2021, de http://repositorio.uladech.edu.pe/handle/123456789/18570

18. FERNANDEZ CERVILLA, A.B. Eficácia do reiki na regulação da pressão arterial em pessoas
com hipertensão. Tese de Doutorado não publicada. Universidade de Barcelona. Barcelona,​​
Espanha, 2017.

19. GALIANO LEIS, MA. Yoga como alternativa ao sedentarismo. Medicina familiar. SEMERGEN,
4 (3), e91-e92, 2018. Obtido em 15 de agosto de 2021, de https://www.elsevier.es/es-revista-
-medicina-familia-semergen-40-pdf-S1138359318300042

20. GIMENEZ, G.C.; OLGUIN, G. e ALMIRON, M. D. Yoga: benefícios para a saúde. Uma revisão
da literatura. Faculdade de Ciências Médicas de Anales. (Assunção), 53 (2), 137-144. 2020.
Obtido em 13 de agosto de 2021, de https://doi.org/10.18004/anales/2021.054.01.83.

21. HANCCO GUTIERREZ, D.R. Autocuidado em estudantes de enfermagem em prática clínica,


Universidad Nacional del Altiplano Puno, 2018-II. Tese de graduação não publicada. Univer-
sidad Nacional del Altiplano Puno, Peru, 2019. Obtido em 13 de agosto de 2021, em http://
repositorio.unap.edu.pe/bitstream/handle/UNAP/11094/Hancco_Gutierrez_Dany_Ruth.pdf?-
sequence=1&isAllowed=y

22. ITZIK, A. Balance and Harmony Alternative Therapies. Bogotá, Colômbia: Arqueotype Grupo
Editorial S.A., 2005.

23. JEREZ-MENDOZA, M.; OYARZO-BARRÍA, C. Estresse acadêmico em alunos do Departa-


mento de Saúde da Universidade de Los Lagos Osorno. Jornal Chileno de Neuro-Psiquiatria,
53 (3), 149-157. 2015. Obtido em 14 de agosto de 2021, de https://scielo.conicyt.cl/pdf/rchnp/
v53n3/art02.pdf

24. JIMENEZ, S.; LANDEROS, M.E. e HUERTA, M.R. Efeito da massagem terapêutica como
cuidado de enfermagem na capacidade funcional de idosos. University Nursing, 12 (2): 49-55.
2015. Obtido em 13 de agosto de 2021, de DOI: 10.1016 / j.reu.2015.03.001

25. KRAMLICH, D. Introdução às Terapias Complementares, Alternativas e Tradicionais. Enfer-


meira de cuidados intensivos. 34 (6): 50-56. 2014. Obtido em 15 de agosto de 2021, de DOI:
10.4037 / ccn2014807

26. KRAMLICH D. Estratégias para Enfermeiros de Cuidados Agudos e Críticos que Implementam
Terapias Complementares Solicitadas por Pacientes e Suas Famílias. Enfermeira de cuidados
intensivos. 36 (6), 52-58, 2016. Obtido em 15 de agosto de 2021, de https://pubmed.ncbi.nlm.
nih.gov/27908946/

27. LÓPEZ, M.A.; SILVA, G.; VÁSQUEZ, J. e GODÍNEZ, R. Teoria do ser humano unitário para o
cuidado ao paciente com câncer gástrico e síndrome anêmica grave. Revista de Enfermagem
Instituto Mexicano Seguro Sociedad, 22 (3), 159-164. 2014. Obtido de 5 de agosto de 2021,
de https://www.medigraphic.com/pdfs/enfermeriaimss/eim-2014/eim143g.pdf

134
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
28. LUZURIAGA VALENCIA, V.A. Bem-estar psicológico e qualidade de vida em praticantes de
Yoga na cidade de Azogues. Tese de graduação não publicada. Universidade de Azuay,
Cuenca, Equador, 2021.

29. MARTÍN, A.; RODRÍGUEZ, T. e PUJOL, E. Berenguerab A, Moix J. Avaliação da eficácia de


um programa de mindfulness em profissionais da atenção primária. Gaceta Sanitaria, 27 (6),
521–528. 2013. Obtido em 15 de agosto de 2021, de https: //www.síritup.org/article/ssm/con-
tent/raw/? Resource_ssm_path = / media / assets / gs / v27n6 / original7.pdf

30. MUÑOZ M. Enfermagem na área de Medicamentos Tradicionais e Complementares. [Versão


eletrónica]. Índice de enfermagem, 26 (3), 129-130. 2017. Obtido em 2 de agosto de 2021, de
http://www.index-f.com/index-enfermeria/v26n3/2630.php

31. CENTRO NACIONAL DE SAÚDE COMPLEMENTAR E INTEGRATIVA. Complementary, Al-


ternative, or Integrative Health: What’s In a Name?. Retrieved on August 12, 2021, of https://
nccih.nih.gov/health/integrative-health

32. PAPALIA, D.; WENDKOS, S. e DUSKIN, R. Human development. 13th Ed. México: Editorial
McGraw Hill Interamericana editores, S.A de C.V., 2017.

33. PASCOE, M.C.; THOMPSON, D.R. E ESQUI, CH. F. Yoga, mindfulness-based stress reduction
and stress-related physiological measures: A meta-analysis. Psychoneuroendocrinology, 86,
152-168. 2017. Retrieved on August 14, 2021, of https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2017.08.008.

34. PERILLA PORTILLA, F.E.; CASTRO GALVÁN, D.A.; HERNÁNDEZ BLANDÓN, K.M.; RINCÓN
SILVA, M.F.; JAIMES CHAUSTRE, J.A. e ALBA LEÓN, M.A. Depressão, ansiedade e estresse:
uma situação em estudantes de enfermagem de uma universidade pública. Revista de 16 de
abril de 59 (278), e100259. 2020. Obtido em 13 de agosto de 2021, de http://www.rev16deabril.
sld.cu/index.php/16_4/article/view/1002.

35. PIRIZ, L. Zumoterapia para as quatro estações. Barcelona, ​​Espanha: Zenith Planeta, 2015.
Obtido em 9 de agosto de 2021, de http://static0.planetadelibros.com/libros_contener_ex-
tra/30/29804_Zumoterapia_para_cuatro_estaciones.pdf

36. RUIZ MUÑOZ, J.S,; SANHUEZA MÁRQUEZ, C.A.M.; VALDÉS FERNÁNDEZ, V.F. e VILLALO-
BOS MAUREIRA, C.F. Uso de Medicamentos Complementares por Estudantes Universitários.
Tese de graduação não publicada. Universidade de Santiago, Chile. Santiago de Chile, 2014.
Obtido em 21 de julho de 2021, de https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/10/947824/uso-de-
-medicinas-complementarias-por-estudiantes-universitarios_HJ7dJ3F.pdf

37. RYFF, C.D. A felicidade é tudo, ou é? Explorações sobre o significado de bem-estar psicoló-
gico. Journal of Personality and Social Psychology, 57: 1069-1081. 1989.

38. SALLES, L.F.; VANNUCCI, L.; SALLES, A e SILVA, M.J.P. O efeito do Reiki na hipertensão
arterial. Acta Paul Enferm, 27:479-84. 2014. Obtido em 14 de agosto 2021, de http://www.
scielo.br/pdf/ape/v27n5/1982-0194-ape-027-005-0479.pdf

39. SANDOVAL BARRIENTOS, S.; DORNER PARÍS, A. e VÉLIZ BURGOS, A. Bem-estar psicoló-
gico em estudantes da área da saúde. [Versão eletrónica]. Pesquisa em Educação Médica, 6,
24: 260-266. 2017. Obtido em 13 de agosto de 2021, de http://www.sciencedirect.com/science/
article/pii/S2007505717300042

135
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
40. TASAYCO CHACALIAZA, E.J. Estresse acadêmico em estudantes de enfermagem do I ao
VIII ciclo da Universidade Nacional San Luis Gonzaga, Ica - Perú 2018. Revista Enfermería
Vanguardia, 7 (2), 29-40. 2019. Obtido em 2 de agosto de 2021, de https://revistas.unica.edu.
pe/index.php/vanguardia/article/view/203/238

41. UTRILLAS HERNÁNDEZ, C. Experiências de Reiki em pacientes com câncer. Tese de gradu-
ação não publicada. Universidade Central da Catalunha. Barcelona, ​​Espanha, 2017. Obtido
em 16 de agosto de 2021, de http://repositori.umanresa.cat/bitstream/handle/1/361/2017-5-19_
TFG_Carlota_Utrillas_Hernandez.pdf?sequence=1&isAllowed=y

42. VÁSQUEZ GALLEGO, J. Manual de Massagem Profissional. Barcelona, Espanha:


​​ Paidotribo,
2011.

43. VELIZ BURGOS, A. Propriedades psicométricas da escala de bem-estar psicológico e sua


estrutura fatorial em estudantes universitários chilenos. Psychoperspectives, Valparaíso, 11
(2), 143-163. 2012. Obtido em 15 de agosto de 2021, de https://www.scielo.cl/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S0718-69242012000200008

44. VERDUGO, M.; ARIAS, B.; GÓMEZ, L. e SCHALOCK, R. GENCAT Scale Manual de aplica-
ção da GENCAT Quality of Life Scale. Barcelona, ​​Espanha: Departamento de Ação Social e
Cidadania da Generalitat de Catalunya, 2009.

45. YOSHIHARA, K.; HIRAMOTO, T.; OKA, T.; KUBO, C. e SUDO, N. Efeito de 12 semanas de
treinamento de ioga na somatização, sintomas psicológicos e biomarcadores relacionados ao
estresse de mulheres saudáveis. Biopsychosoc Med, 8 (1), 1-8, 2014. Obtido em 15 de agosto
de 2021, de https://bpsmedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/1751-0759-8-1

46. YUAN, C.; FONDELL, E.; BHUSHAN, A.; ASCHERIO, A.; OKEREKE, O.I.; GRODSTEIN, F. e
WILLETT, W.C. Ingestão a longo prazo de vegetais e frutas e função cognitiva subjetiva em
homens americanos. Neurology, 92 (1): e63-e75, 2019. Obtido em 14 de agosto de 2021, de
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30464030/.

47. WALASZEK, R.; PLUSZYN’SKA, A. e BOROWIEC, K. Avaliação do impacto da massagem


clássica na pressão arterial e frequência cardíaca em pacientes com hipertensão identificada
clinicamente. Physiotherapy Issues, 42 (1), 57-64. 2013. Recuperado em 13 de agosto de
2021, de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4113119

48. Associação Médica Mundial. Declaração dos Princípios Éticos de Helsinque para Pesquisa
Médica Envolvendo Seres Humanos. JAMA, 310 (20), 2191-2194. 2013

136
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
11
Educação permanente em saúde:
marcos históricos e implicações na
atenção primária e sala de vacinação

Jéssica Rauane Teixeira Martins


UFSJ

Deborah Correia Duarte


UFSJ

Selma Maria da Fonseca Viegas


UFSJ

10.37885/210504641
RESUMO

Em um cenário em que os conhecimentos mostram-se em constante transformação, a


área da saúde deve estar atrelada a educação, sendo a Educação Permanente a meto-
dologia destinada a qualificação dos profissionais. Este ensaio teórico/histórico teve por
objetivo apresentar os principais marcos históricos da Educação Permanente em Saúde
e as implicações desta metodologia nas práticas da Atenção Primária à Saúde e da sala
de vacinação. A Educação Permanente em Saúde é um termo recente, porém suas no-
ções remetem a dados antigos. No Brasil, verificam-se investimentos para a formação e
qualificação dos recursos humanos para a saúde, podendo destacar a Política Nacional
de Educação Permanente em Saúde. A Atenção Primária à Saúde tem a Educação
Permanente como atividade do processo de trabalho, com potencial para provocar o
profissional a repensar o seu cotidiano de trabalho e transformar suas práticas. Uma
importante atividade da atenção primária é a vacinação, atividade esta que requer profis-
sionais qualificados para o cotidiano de trabalho em sala de vacinação. Considerações
Finais: a qualificação dos profissionais da saúde sempre foi uma preocupação para ga-
rantir adequadas práticas profissionais. Contudo, há muitos desafios a serem superados
para a efetiva implantação da Política Nacional de Educação Permanente no âmbito da
Atenção Primária.

Palavras-chave: Educação Permanente, Atenção Primária a Saúde, Vacinação.

138
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A educação viabiliza grandes transformações em indivíduos e na sociedade, por meio


da homogeneização das desigualdades, com a produção de indivíduos críticos e conscientes,
estimulados para o desenvolvimento cognitivo e socioeconômico (DELORS et al., 2010).
Assim, em um cenário em que os conhecimentos mostram-se em constante transformação,
a área da saúde deve estar atrelada a educação.
Diversas são as metodologias destinadas a educação dos profissionais de saúde, po-
rém a área da saúde demanda uma educação que tenha como pressuposto a aprendizagem
significativa, problematizadora e que provoque mudanças no cotidiano de trabalho, ou seja,
a área da saúde requer a Educação Permanente (EP) (CECCIM; FEUERWERKER, 2004).
A EP utiliza o próprio cotidiano e suas relações para a aprendizagem, sendo o trabalha-
dor construtor do conhecimento (SANTOS et al., 2021). Tem como proposta, proporcionar que
o cotidiano de trabalho seja um ambiente permanente para a construção do conhecimento
e para o aprendizado significativo, que seja capaz de reinventar o cotidiano de trabalho e
provocar mudanças no profissional (COLLAR; NETO; FARLA, 2015).
Tem potencial para transformar o conhecimento, as práticas profissionais, o cotidiano
de trabalho e a qualidade da assistência (SANTOS et al., 2021). É uma estratégia capaz
de fortalecer e ampliar o acesso a Atenção Primária à Saúde (APS) (GLERIANO et al.,
2021), bem como tecer novos caminhos para o cotidiano de trabalho das equipes de saúde
(PINHEIRO; AZAMBUJA; BONAMIGO, 2018).
Diante disso, é fundamental conhecer a trajetória que resultou no atual cenário da
Educação Permanente em Saúde (EPS) e como esta se apresenta nas práticas da APS.
Assim, o objetivo deste artigo é apresentar os principais marcos históricos da EPS e as im-
plicações desta metodologia nas práticas da APS e da sala de vacinação.

METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio teórico/histórico. Este método dispõe da relação dialética sub-


jetividade-objetividade, assim, compreende “o objeto, sem que nele haja um sistema de
compreensão rígido. É a forma como a realidade é questionada pela razão que questiona a
própria razão.” (MENEGHETTI, 2011, p. 6). Se caracteriza pela construção de conhecimento
de forma reflexiva e interpretativa e parte de fenômenos já abordados possibilitando assim
novos olhares sobre este (MENEGHETTI, 2011).
No ensaio teórico o princípio está nas reflexões em relação ao objeto em estudo, mo-
delo ou sistema permitindo, assim, buscar novas abordagens e interação permanente com
os conhecimentos e princípios já estabelecidos, ou a construção de conhecimento mesmo
139
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que não exista a princípio. No ensaio teórico o objeto exerce primazia em busca de sua
compreensão com originalidade, mas a subjetividade do ensaísta está permanentemente
em interação com o objeto (MENEGHETTI, 2011).
Este ensaio teórico/histórico está fundamentado em revisão de literatura sobre a te-
mática. Após leitura e seleção dos estudos foi realizada uma síntese e reflexão sobre os
princípios que historicamente estabelecem a relevância da EPS.

DESENVOLVIMENTO

Educação Permanente em Saúde: noções e marcos históricos

A efetividade da educação perpassa por quatro pilares: aprender a conhecer, apren-


der a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. O primeiro pilar, aprender a conhecer,
refere-se à capacidade de se favorecer das oportunidades do aprendizado por toda a vida;
o segundo pilar, aprender a fazer, aponta que a educação dever ser capaz de despertar
no indivíduo habilidades para enfrentar as situações cotidianas e não apenas proporcionar
a qualificação profissional; o terceiro pilar, aprender a conviver, trata-se de provocar no
indivíduo a reverência ao pluralismo e a compreensão do próximo; o quarto pilar, aprender
a ser, refere-se ao desenvolvimento das potencialidades individuais, a fim de promover a
autonomia, o discernimento e a responsabilização (DELORS et al., 2010).
A educação, portanto, é uma importante aliada para o enfrentamento de problemas e
na potencialização de soluções. Desse modo, a área da saúde demanda que os profissio-
nais inseridos nos serviços estejam em permanente processo de educação. Isto sempre foi
uma preocupação mundialmente difundida e alguns marcos históricos merecem destaque
no que concerne a qualificação dos recursos humanos para a saúde.
A EPS é um termo recente, porém as noções de EP remetem a dados antigos. O pri-
meiro registro deste termo foi na década de 50, do século XX, na França, e apresenta-
va como objetivos:

“1- assegurar, depois da escola, a manutenção da instrução e da educação


recebida na escola; 2- prolongar e completar, além da formação e da ativida-
de profissional, a educação física, intelectual e estética da juventude até ao
exercício da cidadania; 3- permitir o aperfeiçoamento, a complementação, a
renovação ou a readaptação das capacidades em todas as épocas da vida;
4-facilitar a atualização dos conhecimentos e a compreensão dos problemas
do país e do mundo, a todos os cidadãos, quaisquer que sejam seus títulos
de responsabilidades; 5- permitir a todos usufruir do patrimônio da civilização
e de seu constante enriquecimento” (GADOTTI, 1982, p.60).

140
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Dessa forma, a França apresenta grande destaque na história da EP, porém essa me-
todologia apresenta marcos por todo o mundo. Na área da saúde, a formação e qualificação
dos profissionais é preocupação mundial.
A Carta de Punta Del Este, em 1961, representa um importante marco para o desenvol-
vimento dos recursos humanos da América Latina. Nesta carta, são propostos avanços no
que tange à formação e qualificação dos profissionais do setor saúde (REUNIÓN DE PUNTA
DEL ESTE, 1961).
No Brasil, verificam-se diversos investimentos para a formação e qualificação dos recur-
sos humanos para a saúde. A IV Conferência Nacional de Saúde (CNS), em 1967, discutiu
a formulação de uma política voltada para a avaliação dos recursos humanos. Apresentou
como principal premissa a formação contínua e qualificada dos profissionais da área da saúde
para uma assistência de qualidade (BRASIL, 1967). A VII CNS, de 1980, também discutiu
sobre o desenvolvimento dos recursos humanos da saúde, tendo como uma das temáticas
a atuação nos serviços básicos de saúde e o desenvolvimento de Educação Continuada
(EC) para os profissionais (BRASIL, 1980). A VIII, X, XI e XII CNS, que ocorreram, respec-
tivamente, em 1986, 1996, 2000 e 2003, também destacaram a importância da formação e
qualificação dos recursos humanos para a saúde.
Merece atenção a VIII CNS, sendo um marco para a saúde brasileira, visto que nesta
Conferência foi discutida a reformulação do sistema de saúde brasileiro, que se consolidou
na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com a criação do Sistema Único
de Saúde (SUS). Apresentava como uma das propostas do SUS a capacitação e a EP dos
profissionais da saúde (BRASIL, 1986).
Desse modo, a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 200, inciso II, atribui ao
SUS a responsabilidade de ordenar a formação de recursos humanos na área da saú-
de (BRASIL, 1988).
Em 2003 foi criada a Secretaria de Gestão de Trabalho e da Educação em Saúde
(SGTES), com a responsabilidade de formular políticas orientadoras da gestão, formação,
qualificação e regulação dos trabalhadores da saúde. Ainda em 2003 foi homologada a
Resolução nº 330/CNS para aplicar os Princípios e Diretrizes para a Norma Operacional
Básica de Recursos Humanos para o SUS (NOB/RH-SUS) como Política Nacional de Gestão
do Trabalho e da Educação em Saúde, no âmbito do SUS (CNS, 2003a).
A Resolução nº 335/CNS (2003b) ratificou o disposto na Resolução nº 330/CNS e
afirmou a aprovação da Política Nacional de Formação e Desenvolvimento para o SUS:
Caminhos para a EPS e a estratégia de Polos ou Rodas de EPS, como instâncias locorre-
gionais e interinstitucionais de gestão da EP. Recomenda aos gestores do SUS, nas esferas
federal, estadual e municipal, que envidem esforços para a implantação e implementação
141
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
dessa política, assegurando todos os recursos necessários à sua viabilização, buscando,
ao máximo, a permeabilidade às instâncias de controle social do SUS e o engajamento das
instituições de ensino na área de saúde do país; apoiar as estratégias e ações que visem
à interação entre a formação de profissionais e a construção da organização da atenção à
saúde, em consonância com os princípios e as diretrizes do SUS e desta política.
Entretanto, como diretriz pedagógica, tornou-se política pública na área da saúde
por meio da Portaria GM/MS nº 198/2004, que instituiu a Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde (PNEPS) como estratégia de formação e desenvolvimento de tra-
balhadores de saúde (BRASIL, 2004).

“A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde é uma proposta de


ação estratégica que visa a contribuir para transformar e qualificar a atenção
à saúde, a organização das ações e dos serviços, os processos formativos, as
práticas de saúde e as práticas pedagógicas” (BRASIL, 2004, p. 10).

Nesta PNEPS, foram descritas as características da EPS e a criação de polos de EP para


atuação nas etapas do processo educativo, desde a identificação das necessidades educa-
cionais até a oferta da educação propriamente dita (BRASIL, 2004).
O Pacto pela Saúde de 2006 considera a PNEPS uma estratégia fundamental para a
formação dos profissionais de saúde, para a qualificação do SUS e para atender às neces-
sidades desse Sistema. Sendo necessário considerar as especificidades locais e assegurar
a articulação das três esferas de governo no planejamento, monitoramento, avaliação e
financiamento da EP (BRASIL, 2006). Acordando-se ao regulamento e diretrizes do Pacto
pela Saúde, em 2007, a Portaria nº 1.996/2007, veio com o intuito de estabelecer novas
diretrizes e estratégias para a implantação da PNEPS. Essas novas diretrizes e estratégias
atendem às especificidades e as desigualdades regionais (BRASIL, 2007).
A Portaria nº 2.488/2011 (BRASIL, 2011a), revisada pela Portaria nº 2.436, em 21
de setembro de 2017, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do SUS (BRASIL,
2017a), consideram a EPS importante estratégia de gestão, por apresentar a capacidade
de transformar o cotidiano de trabalho em saúde (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2017a).
O documento referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente tem em
um dos seus eixos a determinação de “incluir o tema segurança do paciente na educação
permanente” (BRASIL, 2014a, p. 27), o que se torna um indicativo para a segurança do pa-
ciente na APS, por meio de EP para o profissional, considerando as inovações constantes
na atenção à saúde e as práticas seguras.
Em 2014, a Portaria nº 278 instituiu diretrizes para implementar a EPS aos trabalhadores
do Ministério da Saúde a fim de fortalecer a qualificação e formação desses profissionais
142
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
(BRASIL, 2014b). Neste mesmo ano, foi publicada a agenda para a EPS na qual seu fortale-
cimento é prioridade para reorientação das práticas cotidianas de trabalho e propiciar ações
reflexivas e a aprendizagem significativa fundamentadas nas necessidades do cotidiano de
trabalho (BRASIL, 2014c).
O Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde (COAPES), instituído pela
Portaria nº 1.127/2015, é um dispositivo da PNEP para os gestores, trabalhadores, usuários
do SUS e para gestores, docentes e discentes do ensino superior da área da saúde. Visa
fortalecer a integração entre o serviço, o ensino e a comunidade, promovendo a formação
e desenvolvimento profissional no SUS e para o SUS. Adota como principal referencial éti-
co-político a EPS, uma vez que esta parte das necessidades do cotidiano de trabalho com
vistas à transformação das práticas cotidianas (BRASIL, 2015a).
A Portaria nº 3.194 de 2017 (BRASIL, 2017b), revisada pela Portaria nº 2.580 de 2019
(BRASIL, 2019), instituiu o Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação
Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde (PRO EPS – SUS), com a perspectiva
de fortalecer a EPS. Tem como objetivo estimular, acompanhar e promover a qualificação
dos profissionais da saúde para assim transformar as práticas profissionais (BRASIL, 2018a).
Em 2018, o Ministério da Saúde, por meio da SGTES, lançou o documento Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para o seu forta-
lecimento? para apresentar o atual contexto da PNEP e provocar reflexões para o avanço
dessa Política (BRASIL, 2018b).

“A educação permanente se baseia na aprendizagem significativa e na pos-


sibilidade de transformar as práticas profissionais. A educação permanente
pode ser entendida como aprendizagem-trabalho, ou seja, ela acontece no
cotidiano das pessoas e das organizações. Ela é feita a partir dos problemas
enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos e as ex-
periências que as pessoas já têm. Propõe que os processos de educação dos
trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de
trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento
dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas
e populações” (BRASIL, 2009, p.20).

A EPS é um processo de formação capaz de provocar o profissional a pensar o seu


cotidiano de trabalho, problematizando-o e reinventando-o coletivamente. Requer dos en-
volvidos, potencial criativo e capacidade de pensar coletivamente (CECCIM, 2008). Tem
caráter descentralizador, ascendente e transdisciplinar. Tais características permitem o de-
senvolvimento da capacidade de aprendizagem, o enfrentamento das situações de saúde
de forma criativa, o desenvolvimento do trabalho em equipe, a melhoria da qualidade do
cuidado prestado e a construção crítica, ética e humana do cotidiano de trabalho (CECCIM;
FEUERWERKER, 2004).
143
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Segundo Ceccim e Feuerwerker (2004), para que os profissionais sejam qualificados e
preparados para atender às necessidades de saúde da população, a EPS deve ser pautada
no quadrilátero da formação, que é composto pela interação entre os segmentos da forma-
ção, atenção, gestão e controle social. A componente formação visa mudar a concepção
de educação tradicional, centrada na transmissão de conhecimento (professor-aluno), por
uma educação problematizadora e interacionista, pautada na construção do conhecimen-
to. A componente atenção busca construir novas práticas de saúde com vistas à valorização
da integralidade e participação popular. O seguimento gestão objetiva arquitetar novas ma-
neiras de organizar as redes de atenção à saúde, assegurando a acessibilidade e a satisfa-
ção do usuário. O controle social destina-se a apoiar os movimentos sociais e a atender às
necessidades de saúde da população (CECCIM; FEUERWERKER, 2004).
Segundo Falkenberget et al (2014), existem duas modalidades educacionais para
os profissionais de saúde. A primeira trata-se da Educação Continuada (EC), que são as
atividades de ensino que ocorrem após a formação, possui período de duração previamen-
te definido e utiliza metodologias tradicionais de ensino. A segunda modalidade refere-se
à EP cujo processo educativo se desenvolve a partir das necessidades dos profissionais,
utilizando-se de metodologias problematizadoras e a busca por mudanças no cotidiano de
trabalho. Acrescenta, ainda, que há necessidade de se priorizar a EP para a educação dos
profissionais, uma vez que essa modalidade de ensino se baseia nas necessidades do tra-
balho real (FALKENBERG et al., 2014).
Para Ceccim e Feuerwerker (2004), a formação profissional deve ser um processo
contínuo, sendo assim, a EP se sobressai a EC. Enquanto a EC se restringe a aquisição
cumulativa de informação para ser aplicada no cotidiano de trabalho, a EP pretende utilizar-se
do cotidiano de trabalho para recriar as práticas cotidianas.

Educação Permanente e a Atenção Primária à Saúde

A APS é uma importante estratégia para a consolidação do Sistema Único de Saúde


(SUS), caracteriza-se por um conjunto de ações individuais e coletivas que se orienta pelos
princípios e diretrizes do SUS. É, portanto, orientadora e ordenadora da Rede de Atenção a
Saúde, sendo o primeiro ponto de atenção para essa Rede e o contato prioritário do usuário
com os serviços de saúde (BRASIL, 2017).
A Politica Nacional de Atenção Básica (PNAB) inclui a EPS como atividade do proces-
so de trabalho das equipes da APS, devendo estar inserida no cotidiano de trabalho das
equipes com carga horária exclusiva e abranger toda a equipe multiprofissional, bem como
os gestores (BRASIL, 2017).

144
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
O Programa Nacional de Melhoria da qualidade da Atenção Básica (PMAQ) instituído
em 2011 pela Portaria nº 1.654/2011 e revisado em 2015 pela Portaria nº 1.645/2015 com
o intuído de ampliar o acesso e melhorar a qualidade da APS apresenta como um dos seus
objetivos e pressupostos a qualificação dos profissionais, por meio da EP. Além disso, tem
a EP como componente de um dos seus eixos estratégicos, o eixo estratégico transversal,
que perpassa por todas as fases desse programa (BRASIL, 2015b; BRASIL, 2011b).
A EP no contexto da APS tem potencial para provocar o profissional a repensar o
seu cotidiano de trabalho e transformar as práticas profissionais (FERREIRA et al., 2019),
ampliar a segurança do profissional e melhorar a relação entre o profissional e o usuário
(SILVA; MATOS; FRANÇA, 2017). Além disso, representa uma importante estratégia de
gestão (SILVA et al., 2017).
Contudo, mesmo sendo instituída como Política e estar inserida em diversos programas
e estratégias do Ministério da Saúde, a EP ainda é um desafio a ser superado na realidade
da APS. Estudo na área revela que a EP se faz presente no cotidiano de trabalho da APS,
porém há ainda o predomínio da educação tradicional (FERREIRA et al., 2019), indo na
contramão dos pressupostos da EPS e da PNEPS.
A não valorização da EP pelos gestores, a sobrecarga de trabalho, não liberação dos
profissionais para participarem das atividades educativas e a baixa adesão e falta de interesse
dos profissionais são algumas dificuldades que interferem na efetivação dessa política (SILVA
et al., 2017). Além disso, a falta de profissionais qualificados para a realização da EP e a
falta de planejamento também contribuem para este cenário (FERREIRA et al., 2019).

Educação Permanente em Saúde para atuação em sala de vacinação

Dentre as estratégias mais importantes da Saúde Pública está a vacinação devido à


sua capacidade de reduzir e/ou eliminar doenças imunopreveníveis. No Brasil, a vacinação
é utilizada como estratégia para o controle de doenças desde o século XIX, porém foi com
a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, que a vacinação brasileira
ganhou lugar de destaque (BRASIL, 2013).
O PNI é responsável por toda a organização da política nacional de vacinação, vi-
sando sempre o controle, a erradicação e a eliminação das doenças imunopreveníveis
(BRASIL, 2014d).
O Brasil, anualmente, disponibiliza na rede pública cerca de 300 milhões de doses de
vacina, sendo um dos países que possui o maior número de vacinas ofertadas aos usuários
do sistema público de saúde. Além disso, conta com calendário diferenciado para a população
indígena e para grupos em condições especiais (BRASIL, 2014d). No calendário básico de
vacinação de 2017 constam 14 tipos de vacinas para crianças, seis tipos de vacinas para
145
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
adolescentes, quatro para adultos e idosos e a vacina contra COVID-19 para maiores de
16 anos de idade.
Diante da magnitude do PNI e do seu papel fundamental para o controle, a erradica-
ção e a eliminação das doenças imunopreveníveis, proporcionar a vacinação segura é um
compromisso desse Programa. Entende-se por vacinação segura um conjunto de aspectos
relacionados a todo o processo de vacinação. Esse processo envolve uma cadeia que se
inicia com a produção do imunobiológico com qualidade, passando pelo armazenamento,
conservação e distribuição adequada desde o laboratório responsável pela produção até a
sala de vacinação. Envolve também o manejo, a administração correta do imunobiológico e
o descarte apropriado dos materiais utilizados na vacinação. Além disso, estão associadas
à vacinação segura as condições para o trabalho, o local de trabalho, os comportamentos e
as atitudes do profissional de saúde que atua na vacinação (BRASIL, 2013). Portanto, para
a vacinação segura, “os planos locais de segurança do paciente dos estabelecimentos de
saúde devem influir no programa de Educação Permanente” (BRASIL, 2014b, p. 27).
Para que se alcancem os objetivos da vacinação, ou seja, para que a vacinação cum-
pra o seu papel de imunizar, é necessário mais que uma cobertura vacinal de acordo com
o preconizado pelo Ministério da Saúde. O sucesso da vacinação envolve todo o processo
de imunização, incluindo o conhecimento dos profissionais que atuam na sala de vacina-
ção, que repercutirá diretamente na qualidade do imunobiológico ofertado à população
(MARINELLI; CARVALHO; ARAÚJO, 2015), na vacinação segura, e na segurança do pa-
ciente em sala de vacinação.
Diversos estudos têm apontado para problemas envolvendo o cotidiano de trabalho em
sala de vacinação. Dentre esses problemas estão falhas na organização da sala de vacinação
e geladeira, falhas na anotação da temperatura, no acolhimento e orientações dadas aos
usuários, problemas na conservação do imunobiológico e perdas de doses de vacinas. Tais
estudos acrescentam, ainda, que o principal fator que leva aos problemas supracitados está
relacionado ao profissional de saúde que atua na sala de vacinação (PEREIRA et al., 2013;
BRITO et al., 2014; FOSSA et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015; RAGLIONE et al., 2016).
Um estudo que buscou analisar a perda de vacinas identificou que, muitas das perdas
de imunobiológicos estão relacionadas às falhas inerentes ao profissional que trabalha na
vacinação, e que essas falhas podem estar associadas à falta de capacitação técnica dos
profissionais (PEREIRA et al., 2013).
Outro estudo que avaliou a conservação de vacinas nas unidades de APS identificou
que os profissionais não conhecem normas e técnicas do PNI, como a realização correta da
leitura do termômetro. Há também ausência de educação para os profissionais que atuam
em sala de vacinação (OLIVEIRA et al., 2015).
146
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Mais um estudo foi realizado em Ribeirão Preto, identificando-se que a cada mil doses
de vacinas administradas, nove procedimentos inadequados foram notificados e ocorreram
durante a vacinação de rotina. O principal procedimento inadequado registrado foi a admi-
nistração do imunobiológico fora da idade recomendada, seguido pelo intervalo inadequado
entre as doses, por procedimentos não especificados na ficha de notificação, administração
de imunobiológico errado e administração de vacinas não recomendadas para gestante.
Evidenciou-se que a maioria dos profissionais envolvidos no procedimento inadequado
apresentava longo tempo de formação e de atuação em sala de vacinação. Além disso, a
maioria das notificações foi realizada por profissionais que foram capacitados recentemente
(BRITO et al., 2014).
As alterações constantes em calendários básicos de vacinação da criança, adolescen-
te, adulto, gestante, idoso e grupos específicos constituem outro problema, que pode levar
a erros em sala de vacinação e à necessidade de EP. Nos últimos anos, várias alterações
ocorreram em esquemas vacinais para ampliação do acesso a grupos ou faixas etárias.
Associado às constantes modificações no calendário vacinal e as peculiaridades rela-
cionadas a cada imunobiológico, destaca-se, ainda, a influência da sobrecarga de trabalho,
da mecanização do trabalho, do pouco conhecimento, da falta de habilidade do profissional
de saúde, fatores que indicam a precisão de um permanente processo de educação, visando
garantir a vacinação segura (BRITO et al., 2014; MARINELLI; CARVALHO; ARAÚJO, 2015;
OLIVEIRA et al., 2015; RAGLIONE et al., 2016).
Contudo, ainda são incipientes e insuficientes as atividades educativas realizadas aos
profissionais que atuam em sala de vacinação. Quando as ações de educação profissional
ocorrem são fragmentadas, com temas globais e dispondo de práticas tradicionais de ensino
indo na contramão do preconizado pela PNEPS. É iminente a Educação Permanente em
Saúde (MARTINS et al.; 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualificação dos profissionais da saúde sempre foi uma preocupação para garantir
boas práticas e, ao longo dos anos, tem ganhado lugar de destaque em conferências, pro-
gramas e políticas da área da saúde. Destarte, a EP se apresenta como metodologia inova-
dora para suprir as necessidades de qualificação na área da saúde, pois utiliza do próprio
cotidiano de trabalho para a aprendizagem, tornando-a significativa e com capacidade de
modificar e qualificar as práticas dos profissionais.
A EP consolidada por meio da PNEPS representa um importante avanço para a qua-
lificação dos profissionais da saúde, incluindo os que estão inseridos na APS. Contudo,
ainda há muitos desafios a serem superados para sua efetivação. Deste modo, deve-se
147
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
lançar um olhar mais atento ao cotidiano de trabalho da APS uma vez que nele se insere
as necessidades para a EP.

FINANCIAMENTO

Estudo financiado Edital 14/2013 Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) processo
CBB-APQ-03509-13.

REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.580, de 1º de outubro de 2019. Altera a Portaria
nº 3.194/GM/MS, de 28 de novembro de 2017, que dispõe sobre o Programa para o Fortale-
cimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde - PRO
EPS - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://brasilsus.com.br/wp-
-content/uploads/2019/10/portaria2580.pdf

2. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.


Manual Técnico 2018a: Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Per-
manente em Saúde no SUS PRO EPS-SUS. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do
Trabalho e da Educação na Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 40 p. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/manual-tecnico-pro-eps-sus-minuta17-pdf

3. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.


Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Perma-
nente em Saúde: o que se tem produzido para o seu fortalecimento? Ministério da Saúde,
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da
Educação na Saúde – 1. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 73 p. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/13/PoliticaNacionaldeEduca-
cao-Permanente-em-Saude.pdf

4. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Polí-


tica Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde,
2017a. 32p. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/
content/id/19308123/do1-2017-09-22-portaria-n-2-436-de-21-de-setembro-de-2017-19308031

5. ______. Ministério da Saúde. Portaria n° 3.194, de 28 de novembro de 2017. Dispõe sobre o


Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no Sistema
Único de Saúde - PRO EPS-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2017b. Disponível em: https://
www.cosemsrn.org.br/wp-content/uploads/2017/12/ok-portaria3194.pdf

6. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.


Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Manual de Apoio aos Gestores do SUS
para a implementação do COAPES. Brasília: Ministério da Saúde, 2015a. 27 p. Disponível
em: http://www.cosemssp.org.br/downloads/manual-coapes-22-01-2016.pdf

148
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
7. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.645, de 2 de outubro de 2015. Dispõe sobre o
Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).
Brasília: Ministério da Saúde, 2015b. 4 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-
delegis/gm/2015/prt1645_01_10_2015.html

8. ______. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente.
Brasília: Ministério da Saúde, 2014a. 40 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf

9. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 278, de 27 de fevereiro de 2014. Institui diretrizes


para implementação da Política de Educação Permanente em Saúde, no âmbito do Ministério
da Saúde (MS). Brasília: Ministério da Saúde, 2014b. 4 p. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0278_27_02_2014.html

10. ______. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos.


Educação Permanente em Saúde: um movimento instituinte de novas práticas no Ministério da
Saúde: Agenda 2014. 1aed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014c. 120 p. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/educacao_permanente_saude_movimento_instituinte.pdf

11. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Bra-
sília: Ministério da Saúde, 2014d. 176 p. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/
File/01VACINA/manual_procedimentos_2014.pdf

12. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


Epidemiológica. Programa Nacional de Imunizações (PNI): 40 anos. Brasília: Ministério da
Saúde, 2013. 236p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programa_na-
cional_imunizacoes_pni40.pdf.

13. ______. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política
Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organiza-
ção da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS). Brasília, 2011a. 24p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html

14. ______. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.654, de 19 de julho de 2011. Institui, no âmbito
do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da
Atenção Básica (PMAQ-AB) e o Incentivo Financeiro do PMAQ-AB, denominado Componente
de Qualidade do Piso de Atenção Básica Variável - PAB Variável. Brasília: Ministério da Saú-
de, 2011b. 2p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/pmaq/
prt_1654_19_07_2011.pdf

15. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, De-
partamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009, 64 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_saude_fortalecimento.pdf

16. ______. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre
as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saú-
de. Brasília, 2007. 10 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/
prt1996_20_08_2007.html

149
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
17. ______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentraliza-
ção. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Diretrizes operacionais dos
Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Ministério da Saúde, 2006, 76p.
Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/01.pdf

18. ______. Ministério da Saúde. Portaria GM n. 198, de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde
para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras providências.
Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 20 p. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.
br/biblioteca/imagem/1832.pdf

19. ______. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Se-
nado Federal. 1988. p. 133-4: Seção II. Da Saúde. Disponível em: http://www.amperj.org.br/
store/legislacao/constituicao/crfb.pdf

20. ______. Conferência Nacional De Saúde - CNS. Relatório Final da 8ª Conferência Nacio-
nal de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1986. 29 p. Disponível em: http://www.conselho.
saude.gov.br/biblioteca/Relatorios

21. ______. Conferência Nacional De Saúde - CNS. Anais da 7a Conferência Nacional de Saú-
de. Brasília: Ministério da Saúde, 1980. 263 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/7_conferencia_nacional_saude_anais.pdf

22. ______. Conferência Nacional De Saúde - CNS. Anais da 4ª Conferência Nacional de Saúde.
Brasília: Ministério da Saúde, 1967. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
anais_4_conferencia_nacional_saude.pdf

23. BRITO, Maria de Fátima Paiva et al. Caracterização das notificações de procedimentos
inadequados na administração de imunobiológicos em Ribeirão Preto, São Paulo, 2007-
2012. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 23, n. 1, 2014. p. 33-44. DOI: 10.5123/S1679-
49742014000100004.

24. CECCIM, Ricardo Burg. A emergência da educação e ensino da saúde: interseções e inter-
setorialidades. Rev. Ciênc. Saúde, Porto Alegre, v.1, n.1, p. 9-232008. DOI: http://dx.doi.
org/10.15448/1983-652X.2008.1.3859

25. CECCIM, Ricardo Burg; FEUERWERKER, Laura C. M. O Quadrilátero da Formação para a


Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. Rev. Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 14, n.1, p. 41-65, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-73312004000100004.

26. COLLAR, Janaina Matheus; NETO, João Beccon de Almeida; FERLA, Alcindo Antônio. Edu-
cação permanente e o cuidado em saúde: ensaio sobre o trabalho como produção inventiva.
Saúde em Redes, v. 1, n. 4, p. 53-64, 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.18310/2446-4813.2015v-
1n4p53-64

27. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução CNS Nº 330, de 04 de novembro de 2003.


Brasília, 2003a. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/resolucao_333.pdf

28. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução CNS Nº 335, de 27 de novembro de 2003.


Brasília, 2003b.

150
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
29. DELORS, Jacques; MULT, In’amAl; AMAGI, Isao; CARNEIRO, Roberto; CHUNG, Fay; GE-
REMEK, Bronislaw et al. Um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre educação para o século XXI. Brasília: Organização das Nações Unidas,
2010. 41 p. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf

30. FALKENBERG, Mirian Benites; MENDES, Thais de Paula Lima; MORAES, Eliane Pedrozo de;
SOUZA, Elza Maria de. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações
para a saúde coletiva. Ciênc. Saúde Colet., v. 19, n. 3, p. 847-8522014. DOI: 10.1590/1413-
81232014193.01572013

31. FERREIRA, Lorena et al. Educação Permanente em Saúde na atenção primária: uma revisão
integrativa da literatura. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. 120, p. 223-239, mar. 2019 .
DOI. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912017

32. FOSSA, Angela Marcia; et al. Conservação e administração de vacinas: a atuação da enferma-
gem. Saúde Rev. Piracicaba, v. 15, n. 40, 2015. p. 85-96. DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-
1244/sr.v15n40p85-96.

33. GADOTTI, Moacir. A educação contra a educação. São Paulo: Paz e Terra, 1982. 172 p.

34. GLERIANO, Josué Souza et al. Gestão do trabalho de equipes da saúde da família. Esc.
Anna Nery, Rio de Janeiro, v.25, n.1, e20200093, p. 1-8, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/
2177-9465-ean-2020-0093

35. MARINELLI, Natália Pereira; CARVALHO, Khelyane Mesquita; ARAÚJO, Telma Maria Evange-
lista. Conhecimento dos profissionais de enfermagem em sala de vacina: análise da produção
científica. Revista Univap, v. 21, n. 38, 2015. p. 2237-1753. DOI: http://dx.doi.org/10.18066/
revistaunivap.v21i38.324.

36. MARTINS, Jéssica Rauane Teixeira et al. Educação permanente em sala de vacina: qual a
realidade?. Rev. Bras. Enferm., Brasília , v. 71, supl. 1, 2018. p. 668-676. DOI: https://doi.
org/10.1590/0034-7167-2017-0560.

37. MENEGHETTI, Francis Kanashiro. O que é um ensaio-teórico?. Rev. adm. contemp., Curitiba
, v. 15, n. 2, p. 320-332, Apr. 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-65552011000200010.

38. OLIVEIRA, Valéria Conceição de et al. Fragilidades da conservação de vacina nas Unidades
de Atenção Primária à Saúde. Ver. Bras. Enferm., v. 68, n. 2, 2015. p. 291-6. DOI: http://
dx.doi.org/10.1590/00347167.2015680215i.

39. PEREIRA, Diego Daniel dos Santos; et al. Análise da taxa de utilização e perda de vacinas
no programa nacional de imunização. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 21, n.4, 2013. p.
420-4. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v21n4/v21n4a10.pdf.

40. PINHEIRO, Guilherme Emanuel Weiss; AZAMBUJA, Marcelo Schenk de; BONAMIGO, An-
drea Wander. Facilidades e dificuldades vivenciadas na Educação Permanente em Saúde, na
Estratégia Saúde da Família. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 42, n. spe4, 2018. p.187-197.
DOI: https://doi.org/10.1590/0103-11042018s415

41. RAGLIONE, Dante; et al. Avaliação da rede de frio para conservação de vacinas em unida-
des básicas de saúde das regiões Sul e Centro-Oeste do município de São Paulo em 2011-
2012. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 25, n. 1, 2016. p. 65-74. DOI: 10.5123/S1679-
49742016000100007.

151
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
42. Reunión de Puntadel Este, Uruguay. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana. Ano 40,
v. LI, nº 5, novembro de 1961. p. 473-493.

43. SANTOS, Adilson Ribeiro dos et al. Educação Permanente na Estratégia Saúde da Família:
Potencialidades e ressignificações. Revista de Enfermagem UFPE online, Pernambuco, v.15,
n.1, 2021. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2021.245355

44. SILVA, Kênia Lara; MATOS, Juliana Alves Viana; FRANCA, Bruna Dias. A construção da
educação permanente no processo de trabalho em saúde no estado de Minas Gerais, Brasil.
Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, e20170060, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
2177-9465-ean-2017-0060

45. SILVA, Luiz Anildo Anacleto da et al. Educação permanente em saúde na atenção básica:
percepção dos gestores municipais de saúde. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v.38, n.1,
e58779, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.01.58779

152
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
12
Embolia de líquido amniótico o
Síndrome Anafilactoide: uma revisão
narrativa

María del Carmen Deyá Espinal


Hospital General de Fuerteventura Virgen de la Peña.
Fuerteventura, España.

María Hernández Castillo


Hospital Universitario de Badajoz. Badajoz, España.

Paula Mulet Miravet


Hospital Universitario Sant Joan de Reus. Catalunya,
España.

Ana Maria Aguiar Frias


Universidade de Évora, Escola Superior de Enferma-
gem S. João de Deus, Comprehensive Health Research
Centre (CHRC), Évora, Portugal

10.37885/210805702
RESUMEN

Introducción: El embolismo de líquido amniótico (ELA) o el síndrome anafilactoide del


embarazo (AFE), es una complicación rara, letal e inesperada, siendo más frecuente
durante el parto. Se inicia por la entrada de líquido amniótico y restos a la circulación
materna. Reconocible por la triada clásica de hipotensión, hipoxia y coagulopatía. Una
vez identificado, es importante una actuación emergente. Objetivo: Describir los factores
de riesgo, la clínica, el diagnóstico y el tratamiento. Métodos: Se realiza una revisión
narrativa sobre ELA o AFE. Tras una exhaustiva búsqueda en las principales bases de
datos, páginas webs relacionadas, revistas, casos clínicos y protocolos que versan sobre
el tema, concluimos con una revisión de 50 bibliografías, de las cuales, nos centramos
en 15. Resultados: La incidencia de estos casos es baja, por lo que los sanitarios no
están lo suficientemente entrenados. Por ello, es esencial reconocer los signos y sínto-
mas para actuar de manera precoz, a través de la triada clásica. Al no existir factores de
riesgo específicos, es difícil aplicar medidas preventivas. El diagnóstico, se realiza por
sospecha ante la clínica y su actuación se basa en medidas de soporte. Conclusiones:
Escasez de publicaciones de protocolos de actuación. Las causas no están claramente
definidas por existir diferentes teorías. Se resalta la importancia de la detección precoz
de los signos y síntomas, y su rápida actuación.

Palavras- chave: Embolia Líquido Amniótico, Manifestaciones Clínicas, Diagnósticos,


Protocolos de Actuación, Síndrome Anafilactoide.

154
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUCCIÓN

E​l embolismo de líquido amniótico (ELA) o el síndrome anafilactoide del embarazo


(AFE) (PAZ; GONZÁLEZ, 2016) es una complicación catastrófica, rara y letal del embarazo
(GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018). Puede ocurrir en cualquier momento, durante
el embarazo, el parto, o el propio puerperio, aunque es mucho más frecuente durante el
parto, hasta un 70% de los casos (PAZ; GONZÁLEZ, 2016). La primera descripción fue
efectuada por Juvenal Meyer en 1926, después del fallecimiento de una mujer con muerte
fetal intrauterina y sepsis (GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018). Basándose en estos
hallazgos, años más tarde concretamente en 1941, Steiner & Lushbaugh describieron el
síndrome como tal (LÓPEZ, 2018).
Una de las posibles causas que sostiene dicha patología, es la entrada de líquido
amniótico y restos a la circulación materna a través del sitio de inserción de la placenta
(ALANDÍ; PELLICER, 2010). Otra teoría que desarrolla su etiopatogenia sostiene que es
debido a una respuesta anormal ante una exposición a los antígenos fetales, dando lugar a
una respuesta inflamatoria sistémica, por la producción de anticuerpos y señales químicas
producidas por la madre, asociada a la liberación de mediadores inflamatorios, produciendo
cambios hemodinámicos en la embarazada, similar a un shock anafiláctico (MALVINO, 2019).
Este síndrome también se relaciona con abortos, amniocentesis, traumas, eclampsia,
polihidramnios, múltiples gestaciones y extracción manual de la placenta. En cuanto a facto-
res demográficos se vincula; con la edad avanzada, raza o etnia, aunque no existen factores
de riesgo suficientemente establecidos (GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018; SEIZ,
2017). En cuanto a la morbimortalidad podemos decir que entre un 30% y un 50% de las
puérperas mueren y un 80% de las sobrevivientes presentan secuelas neurológicas. En la
actualidad, se conoce que existe mayor incidencia en cesáreas que en partos vaginales,
22:100.000 frente a 8:100.000 respectivamente (CUNHA DE LEÃO; SILVA, 2009).

DESENVOLVIMENTO

Métodos

El actual trabajo es un estudio de revisión bibliográfica sobre la embolia de líquido


amniótico o síndrome anafilactoide. Este tipo de estudio tiene como finalidad seleccionar,
evaluar de forma crítica y sintetizar las evidencias disponibles acerca de la temática. Tras
una exhaustiva búsqueda de información en las principales bases de datos, páginas web
recabadas, libros, revistas, posters, casos clínicos y protocolos, que versan sobre el tema,
realizadas con el motor de búsqueda EBSCO host en las siguientes bases de datos: CINAHL
(Plus with Full Text), SciELO (Scientific Electronic Library), Cochrane (Plus Collection), con-
cluimos con una revisión de 50 bibliografías, de las cuales nos centramos en 15 estudios.
155
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Los criterios de inclusión estipulados tuvieron en consideración a una población específi-
ca, mujeres con embolia de líquido amniótico o síndrome anafilactoide, se seleccionaron
aquellos artículos escritos en español y portugués, artículos publicados en ámbito nacional
e internacional y bibliografía con publicaciones en periódicos/revistas científicas que tuvieran
acceso online, texto completo y de acceso gratuito en las bases de datos, como principio de
equidad y accesibilidad en la investigación.
Como criterios de exclusión se estableció: estudios no relacionados con el título, tesis
doctorales con escaso criterio y estudios en idiomas no dominantes. El periodo de tiempo
tiene inicio en octubre de 2019, debido a la realización de un trabajo con base científica para
el Mestrado de Enfermera Especialista en Salud Materna y Obstetricia. A continuación, se
detalla el proceso de búsqueda y selección de artículos (Figura 1).

Figura 1. Diagrama Prisma del proceso de búsqueda y selección de artículos.

Artículos identificados después de una búsqueda en


las bases de datos de la plataforma EBSCOhost
Identificación

· CINAHL: n=30
· SciELO: n=10
· Cochrane: n=10
· Total: n= 50

Artículos duplicados n=5


Selección

Artículos seleccionados n=45


Artículos excluídos (n=30), por:
· No es relevante para responder a
las cuestiones de investigación.
· No aborda la temática del título.
Elegibilidad

· No aborda la temática del título y


Artículos de texto completo evaluados resumen.
para elegibilidad (n=6+9)
Inclusión

Estudios incluídos en la revisión (n=15)

Fonte: Elaborado pelos autores.

Resultados

En el cuadro1 se muestra el análisis de las referencias bibliográficas incluidas en el


estudio, donde se observa el título, los autores, el año, el país y hallazgos.

156
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Cuadro 1. Estudios incluidos (n=15).

Título Autores Año País Hallazgos

Fisiopatología. Cuadro clínico;


signos y síntomas. Denominación
Embolia de líquido amniótico Luis Pastor López. 2018 Costa Rica
de la enfermedad. Definición de
la enfermedad. Diagnóstico
Datos a favor de la teoría inmune.
Cuadro clínico; signos y síntomas.
Protocolo de manejo de la Rafael Beltrán Alandí,
2010 España Diagnósticos sobre la ELA. Información
Embolia de líquido amniótico Gema Bañuls Pellicer
sobre el CID y su relación con el
embolismo de líquido amniótico
Ingreso de líquido amniótico en la
circulación materna. Fisiopatología
Embolia de líquido amniótico Eduardo Malvino 2019 Argentina
del embolismo amniótico. Cuadro
clínico. Otros hallazgos clínicos
Síndrome de ELA:
Rosa Sanchis Martin, Marta Clínica. Conducta. Tratamiento.
Actualización y revisión 2018 España
Quesada Carrascosa Enfoque terapéutico
de la enfermedad
Daniel Fontes, Elyne de
Fátima G. Silveira, José
Embolia de líquido amniótico- Tasa de mortalidad. Epidemiología.
de Resende B. Neto, 2006 Brasil
Relatos de casos Terapia específica
Breno F. Gomes, Rogério
de Castro Pereira
Artigo de revisão: Embolia Bruno Carvalho Cunha de Datos epidemiológicos. Incidencia.
2009 Brasil
por líquido amniótico Leão, Yerkes Pereira e Silva Manifestaciones clínicas. Conducta
Rocio Revello Álvarez,
Embolia de líquido amniótico. Daniel Abehsera Davó, Antecedentes históricos.
2013 Colombia
Reporte de cuatro casos Mariana Panal Cusati, Enfoque terapéutico
José Luis Bartha Rasero
Criterios actuales
sobre embolismo de Manuel Sánchez Seiz 2017 Ecuador Fisiopatología. Clínica.
líquido amniótico
Raydel Manuel Rodríguez
Embolismo de líquido
Garcia, Raúl Pérez
amniótico: Mitos y realidades
Sarmiento, Juan Orlando 2015 Cuba Antecedentes históricos
etiopatogénicas de un
Roura Carrasco, Iván
síndrome potencialmente fatal
Rodríguez Pérez
Rodrigo Durón González,
Embolismo de líquido Incidencias. Factores de riesgo.
Pamela Bolaños Morera, 2018 Costa Rica
amniótico Patogénesis. Clínica
Laura Munkel Ramírez
Eva Díez Paz, Ylenia Manifestaciones clínicas.
Embolia de líquido amniótico 2016 España
Vigil González Diagnóstico. Tratamiento
Embolia de líquido amniótico: Patricia Mª Villa Goméz,
Antecedentes históricos. Clínica.
Una emergencia obstétrica Miriam Orellana Reyes, 2017 España
Enfoque terapéutico
difícil de abordar Gustavo Silva Muñoz
Patricia Gilart Cantizano,
Estudio sobre una emergencia Rocio Palomo Gómez,
Denominación de la enfermedad.
obstétrica: el embolismo Lorena Corchera, Luciano 2015 España
Fisiopatología. Factores de riesgo
de líquido amniótico Rodríguez Díaz, Juana
María Vázquez Lara
Manifestaciones clínicas, actuación
Raul Hernández Iglesias, Irelis
Embolia de líquido amniótico. de enfermería especialista ante
Casacó Vázquez, Evelin Silva 2010 Cuba
A propósito de un caso situaciones críticas, tratamiento del
Barrios, Rubén Yora Oria
embolismo de líquido amniótico
Fonte: Elaborado pelos autores.

Discusión

El diagnóstico de dicha patología se basa en la clínica y es de exclusión (GONZÁLEZ;


MORERA; RAMÍREZ, 2018), siendo imprescindible su reconocimiento ya que actualmente
no existen diagnósticos específicos, ni tampoco cuenta con ninguna prueba de laboratorio
157
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que lo confirme. El diagnóstico diferencial, se confirma postmortem (PAZ; GONZÁLEZ, 2016),
por la presencia de células escamosas, lanugo, mucina, prostaglandinas, meconio, meta-
bolitos del ácido araquidónico, y otros elementos fetales como células trofoblásticas en los
capilares pulmonares maternos (FONTES et al., 2006).
Las manifestaciones clínicas de la tríada clásica se manifiestan por: hipotensión, hipoxia
y coagulopatía (ÁLVAREZ et al., 2013; GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018; IGLESIAS
et al., 2010; MARTIN; CARRASCOSA, 2018).
Los síntomas precursores cursan con agitación, sensación de frío, aturdimiento, dolor
en el pecho, náuseas o vómitos y sensación de muerte inminente (GONZÁLEZ; MORERA;
RAMÍREZ, 2018; SEIZ, 2017). En cuanto a los signos en la fase inicial se observa​va hipo-
tensión severa, cambios en el nivel de conciencia, lesión cerebral por hipoxia, hemorragia
atónita, arritmias, insuficiencia cardiaca e incluso, paro cardi​aco (CUNHA DE LEÃO; SILVA,
2009). Si se sobrevive hallamos una segunda fase caracterizada por; presencia de insu-
ficiencia ventricular izquierda (GARCÍA et al., 2015; IGLESIAS et al., 2010; SEIZ, 2017) y
coagulación intravascular diseminada (CID), produciendo por tanto una hemorragia masiva
y edema pulmonar con distrés y cianosis (SEIZ, 2017)
La CID, siendo el tercer pilar de la tríada, desencadena una activación de la cascada de
coagulación y agregación plaquetaria, dando lugar a trombosis, hemorragias o ambas. Es im-
portante señalar que todos estos signos y síntomas pueden ocurrir en combinación o por
separado (GÓMEZ; REYES; MUÑOZ, 2017).
Lo descrito anteriormente, indica una emergencia inmediata, en ocasiones puede con-
fundirse con otras complicaciones del embarazo.
Como se nombró anteriormente, ante la presencia de hipertensión pulmonar aguda,
manifestada con acidosis, hipercapnia e hipoxemia, estas deben corregirse con extrema
precaución bajo la monitorización de la presión venosa central y presión capilar pulmo-
nar. En situaciones de acidosis respiratoria, se restablece mediante ventilación asistida,
y en los casos de acidosis metabólica, el pH se ajusta mediante el bicarbonato. Ante la
existencia de sobrecarga cardiaca o respiratoria se procede a la suspensión del aporte de
fluidos (GÓMEZ; REYES; MUÑOZ, 2017; GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018; LÓPEZ,
2018; MALVINO, 2019).
Como fármacos de elección para tratar estas anomalías destacan la vasopresina y
la adrenalina, aunque dichas drogas tienen un apoyo cardiovascular limitado. Los teóricos
que defienden la ELA como causa​ anafilactoide, aconsejan corticoides y antihistamínicos,
aunque no se ha comprobado su eficacia (FONTES et al., 2006).
En los últimos estudios se ha descubierto un péptido presente en el líquido amnió-
tico llamado endotelina, que se encuentra en el desarrollo de las células mesenquimales
158
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
placentarias y en su flujo sanguíneo. Su anormal elevación se asocia a la presencia de
meconio en el líquido amniótico. Los receptores de este péptido se encuentran en la mus-
culatura lisa vascular, más concretamente en el área pulmonar y coronaria. Por tanto, la
endotelina afecta de manera perjudicial, influyendo en la hipertensión arterial pulmonar y la
insuficiencia cardiaca (FONTES et al., 2006).
No existe ninguna terapia específica para esta patología (GÓMEZ; REYES; MUÑOZ,
2017), siendo el tratamiento inicial, terapias de apoyo cardiorrespiratorio y la corrección de
la coagulopatía (ALANDÍ; PELLICER, 2010). Cabe destacar, la identificación y la rápida
actuación del equipo asistencial ante cualquier otra medida terapéutica. Para ello, debemos
de actuar pidiendo ayuda al facultativo obstetra y neonatólogo (GÓMEZ; REYES; MUÑOZ,
2017; IGLESIAS et al., 2010).
Proceder a la monitorización sin retrasar el tratamiento, canalización de dos vías ve-
nosas de grueso calibre, a ser posible un catéter de Swan-Ganz y un catéter radial para el
monitoreo de la tensión arterial y la recogida de muestras para laboratorio, así como el son-
daje vesical. A nivel analítico se realiza la extracción de hemograma, coagulación, bioquímica
y gases arteriales (GARCÍA et al., 2015; MARTIN; CARRASCOSA, 2018). Los principales
objetivos son; mantener la oxigenación por encima de (PO​2 >60​ mmHg o una SpO​2 > 90%)
(GÓMEZ; REYES; MUÑOZ, 2017), mantener una presión arterial sistólica > 90 mmHg y
tratamiento de la coagulopatía (LÓPEZ, 2018).
Ante la ausencia de pulso arterial efectivo, este determina el momento inicial para la
reanimación cardiopulmonar y no un registro eléctrico, debido a la existencia de una diso-
ciación electromecánica en las pacientes con ELA. Si no hay recuperación cardiaca de la
madre después de los 4-5 minutos tras el masaje, se indica realizar una cesárea perimortem
(MARTIN; CARRASCOSA, 2018; PAZ; GONZÁLEZ, 2016), puesto que la supervivencia del
feto es mayor si la extracción se efectúa antes de los primeros 5 minutos tras el inicio de la
parada cardiorrespiratoria materna (MARTIN; CARRASCOSA, 2018).
Si el feto no ha sido expulsado, se recomienda colocar una cuña bajo la pelvis para
inclinarla 30º hacia la izquierda, de este modo se favorece el retorno venoso (GÓMEZ;
REYES; MUÑOZ, 2017; MARTIN; CARRASCOSA, 2018).
Por otra parte, la coagulopatía se​corrige mediante el aporte de plasma fresco conge-
lado(GONZÁLEZ; MORERA; RAMÍREZ, 2018), crioprecipitados y concentrado de plaquetas
(CANTIZANO et al., 2015), que deben administrarse de manera rápida, llevando un estric-
to control analítico. Los antifibrinolíticos están contraindicados en cualquier forma de CID
(ALANDÍ; PELLICER, 2010; IGLESIAS et al., 2010; MARTIN; CARRASCOSA, 2018).

159
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Es por ello, que surgió una cuestión de investigación: ¿Cuál es el nivel de conocimientos
de los profesionales de la salud en relación con los factores de riesgo, clínica, diagnóstico,
protocolos de actuación de y tratamiento del ELA?
Está revisión pretende obtener una idea precisa sobre el estado actual de los conoci-
mientos relacionados con la embolia de líquido amniótico.

CONCLUSIONES

Nos encontramos ante una patología con diferentes corrientes, en la que durante años
se mantuvo que era causa de una embolia de líquido amniótico, a pesar de ello, otros inves-
tigadores sugirieron que era de origen alérgico apresurándose a cambiar la nomenclatura
por síndrome anafilactoide del embarazo, aunque esto nunca fue confirmado. Por tanto,
consideramos que no se debe cambiar la denominación de la enfermedad hasta que no se
conozca con certeza el origen de esta.
Dicha patología actualmente no se puede prever, ni prevenir, ya que es una aparición
súbita sin pródromos con una disfunción multiorgánica rápida, ello impide disponer de tiem-
po necesario para completar los estudios realizados y en el cual el profesional sanitario no
puede evitar dicho acontecimiento. Presenta una elevada morbimortalidad tanto materna
como fetal, cuya etiopatogenia no se encuentra correctamente aclarada. La brusca apari-
ción, obliga a los sanitarios a poner todo su esfuerzo en establecer las medidas terapéuticas
de soporte, limitándose a la reanimación cardiorrespiratoria en los casos más graves, y el
manejo de la CID, no existiendo ningún tratamiento específico. A su vez, nos encontramos
con la dificultad de realizar un diagnóstico diferencial, siendo esta la actitud más razonable,
requiriendo la exclusión de otras enfermedades con un cuadro clínico similar.
Consideramos fundamental que no solo el tiempo de actuación aumenta las posibi-
lidades de éxito, sino también la buena compenetración del equipo multidisciplinar. Para
ello, sería interesante que las unidades obstétricas realizarán programas de formación con-
tinuada ante urgencias obstétricas de baja incidencia, para los diferentes profesionales de
la salud. De este modo, conseguimos personal cualificado ante estas situaciones vitales y
así mejorar los resultados clínicos.
Es interesante, continuar con nuevas líneas de investigación para el esclarecimiento
de las bases fisiopatológicas de la ELA y así protocolizar su terapia y prevención. Es crucial
conocer las actualizaciones de evidencias científicas sobre el tema, para poder manejar la
situación de una manera más efectiva y con la mayor calidad posible.

160
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. ALANDÍ, R; PELLICER, G. Protocolo de manejo de la Embolia del Líquido Amniótico. Servicio
de Anestesia Reanimación y Tratamiento del Dolor. Consorcio Hospital General Universi-
tario, Valencia., [s. l.], 2010. Disponível em: https://chguv.san.gva.es/documents/10184/48632/
BELTRAN Protocolo+de+manejo+de+la+embolia+liquido+amnioticoSesion+SARTD-CH-
GUV12-01-10.pdf/b7fa90b3-9374-41a2-9cc1-4f1b2904cb43

2. ÁLVAREZ, Rocío et al. Embolia de líquido amniótico. Reporte de cuatro casos en el Hospital
Universitario La Paz en Madrid, España, y revisión de la literatura. Revista Colombiana de
Obstetricia y Ginecología, [s. l.], v. 64, n. 1, p. 60–66, 2013. Disponível em: https://revista.
fecolsog.org/index.php/rcog/article/view/131

3. CANTIZANO, P et al. Estudio sobre una emergencia obstétrica: El embolismo de Líquido Am-
nitótico. Instituto Nacional de Gestión Sanitaria. Dirección Territorial de Ceuta. Gerencia
de Atención Sanitaria., [s. l.], v. XI-no58, p. 1–4, 2015. Disponível em: https://ingesa.sanidad.
gob.es/fr/bibliotecaPublicaciones/publicaciones/periodicasRevistas/docs/2015/SUE_Ceuta_
V11_N58_2015.pdf

4. CUNHA DE LEÃO, B; SILVA, Y. Embolia por líquido amniótico. Rev Med Minas Gerais, [s. l.],
v. 19, p. 59–69, 2009. Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/1234

5. FONTES, D et al. Embolia por líquido amniótico: relato de caso. Rev. Med Minas Gerais, [s.
l.], v. 16 (3), n. 174–6, 2006. Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/280

6. GARCÍA, RM et al. Embolismo de líquido amniótico: mitos y realidades etiopatogénicas


de un síndrome potencialmente fatal. Rev. Archivo Médico de Camagüey, [s. l.], v. 19,
n. 5, p. 528–538, 2015. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1025-02552015000500012

7. GÓMEZ, PM; REYES, M; MUÑOZ, G. Embolia de líquido amniótico: una emergencia obs-
tétrica difícil de abordar. A propósito de un caso. [S. l.], 2017. Disponível em: http://www.
enfermeriadeurgencias.com/ciber/marzo2017/pagina12.html.

8. GONZÁLEZ, R; MORERA, P; RAMÍREZ, L. Embolismo de liquido amniotico. Medicina Legal


de Costa Rica Edición Virtual, [s. l.], v. 35 (1), 2018. Disponível em: https: //www.scielo.sa.cr/
pdf/mlcr/v35n1/1409-0015-mlcr-35-01-11.pdf

9. IGLESIAS, R et al. Embolismo de líquido amniotico. A propósito de un caso. Rev Cubana


Anestesiología y Reanimación, [s. l.], v. 9, n. 3, 2010. Disponível em: http://revanestesia.sld.
cu/index.php/anestRean/article/view/319/313

10. LÓPEZ, L. Embolia De Liquido Amniotico. Revista Medica Sinergia, [s. l.], v. 3, n. 5, p. 9–13,
2018. Disponível em: https://revistamedicasinergia.com/index.php/rms/article/view/121

11. MALVINO, E. Embolia de líquido amniótico. In: BIBLIOTECA DE OBSTETRICIA CRÍTICA.


Buenos Aires: [s. n.], 2019. v. Tomo VI.

12. MARTIN, Rosa; CARRASCOSA, Marta. EMBOLIA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO (ELA): ACTUALI-
ZACIÓN Y REVISIÓN. Servicio de Anestesia Reanimación y Tratamiento del Dolor. Con-
sorcio Hospital General Universitario de Valencia., [s. l.], 2018. Disponível em: https://chguv.
san.gva.es/documents/10184/1000869/SANCHIS+MARTIN-EMBOLIA+LÍQUIDO+AMNIÓTI-
CO-Sesion+SARTD-CHGUV-9-7-18+modificada.pdf/dcfe664e-33dd-4eea-8db5-f86a951683b3

161
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
13. PAZ, E; GONZÁLEZ, Y. Embolia de líquido amniótico: Revisión bibliográfica. Revista ICUE.
Investigación y Cuidados de Enfermería., [s. l.], v. 1 (1), 2016. Disponível em: https://www.
revistaicue.es/revista/ojs/index.php/ICUE/article/view/15

14. SEIZ, M. Criterios actuales sobre el embolismo de líquido amniótico. Revista Latin Perinat, [s.
l.], v. 20, n. 4, p. 208–214, 2017. Disponível em: http://www.revperinatologia.com/images/2_Cri-
terios_actuales_sobre_el_embolismo_de_liquido.pdf.

162
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
13
Enfermagem e o pé diabético: O papel
da enfermagem no cuidado do pé
diabético

Giovani Basso da Silva


UFCSPA

João Gabriel Toledo Medeiros


UFCSPA

Simone Travi Canabarro


UFCSPA

10.37885/210705337
RESUMO

Objetivos: Evidenciar a importância do conhecimento e do cuidado com o DM e o pé


diabético por parte dos enfermeiros. Método: Para sua realização foi necessária uma
busca ativa de artigos nas bases de dados PubMed, SciELO e Scopus. Também foi
realizada uma busca nos principais livros base e sociedade que abordam o assunto.
Resultados: A pesquisa apresentou uma sequência de temas nos quais os cuidados
de enfermagem são essenciais, são eles: osteomielite e pé diabético, neuropatia e pé
diabético, doença arterial periférica e pé diabético, teste vascular do pé diabético, classi-
ficação do pé diabético e o manejo de enfermagem. Conclusões: O DM é um problema
de saúde pública crescente, e uma de suas principais complicações está relacionada
com os membros inferiores, como úlceras dos pés diabéticos. Essa, possui uma origem
multifatorial e um desfecho, se não tratada, desfavorável. Para evitar complicações, é
necessário que uma avaliação clínica multiprofissional seja realizada, direcionando os
melhores tratamentos com ou sem o uso de antibióticos. Um dos melhores métodos de
prevenção das lesões é o papel da enfermagem, a educação.

Palavras-chave: Enfermagem, pé Diabético, Manejo, Osteomielite, Neuropatia.

164
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta diversas faixas etárias em todo
o mundo. Por esse motivo, é considerado um problema de saúde pública mundialmente re-
conhecido, responsável pelo aumento da morbidade e mortalidade da população. Segundo
a Sociedade Brasileira de Diabetes, esse crescimento se dá, em grande parte, pelo enve-
lhecimento da população, com alguns hábitos de saúde peculiares, como a obesidade e o
sedentarismo (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014). Se re-
ferindo à mortalidade, só no ano de 2017 houveram 4 milhões de mortes por diabetes no
mundo, e, 11% desses eram constituintes da América Central e do Sul.
Quando analisamos os dados com DM no mundo, nota-se que anualmente gasta-se
29,3 bilhões de dólares, em uma doença que poderia ser, em grande parte, controlada com
hábitos de vida mais saudáveis. O Brasil ocupa o 6° lugar entre os países que mais gastam
com diabetes no mundo, entretanto, quando analisados os dados por pessoa, ele não está
nem entre os 10 primeiros (ATLAS DE LA DIABETES, 2013; STANDARDS OF MEDICAL
CARE IN DIABETE, 2019).
Sendo uma das doenças crônicas de maior relevância atualmente, o DM vem crescen-
do. Hoje, estima-se que cerca de 425 milhões de pessoas já possuam a doença em todo o
mundo, e, até 2040, estima-se que esse número ultrapasse os 629 milhões de indivíduos
(ATLAS DE LA DIABETES, 2013; CUIDADOS INOVADORES, 2003). Para o Brasil, os da-
dos mostram que hoje há cerca de 12,5 milhões de pessoas com diagnóstico de DM, o que
lhe dá o 4° lugar no ranking dos 10 países com maior número de indivíduos com diabetes.
Ocupa também o 5° lugar no ranking quando os pacientes são idosos com mais de 65 anos,
o que aponta para um envelhecimento da população com uma qualidade de vida já reduzida
(ATLAS DE LA DIABETES, 2013). Já, quando se tratando de crianças diagnosticadas com
Diabetes Mellitus do tipo 1, o Brasil ocupa o 3° lugar entre os países com mais casos de DM.
Esse trabalho tem como objetivo tratar das complicações do DM, em especial o pé
diabético, sendo um fator recorrente nos portadores de diabetes. Aborda-se a importância do
enfermeiro na identificação e classificação do pé diabético e a importância dessa parcela de
profissionais de saúde (enfermeiros) em identificar, conhecer e entender sobre as diversas
classes de medicamentos utilizados para o tratamento. Pois, são esses profissionais que
irão estar em contato direto com o paciente na maioria do tempo, responsáveis por avaliar
se houve ou não melhora no quadro e sanar as dúvidas de seus clientes.
O pé diabético possui uma prevalência global média de 6,4% dentre os portadores, mas,
se tratando de amputações, quando comparado a indivíduos saudáveis, o número cresce
em 20 a 30 vezes (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014).

165
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Foi escolhido esse tema, pela pouca discussão e evidência que o pé diabético possui nas
discussões entre profissionais da saúde.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa metodológica. Para sua realização foi necessária uma busca
ativa de artigos nas bases de dados PubMed, SciELO e Scopus, utilizando os descritores:
enfermagem; diabetes mellitus; complicações; e, pé diabético. Também foi realizada uma
busca ativa nos principais livros bases e sociedades que abordam o assunto, de modo a
buscar conhecimentos atualizados sobre o assunto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para apresentação e discussão dos resultados, o trabalho foi dividido em seções, são
elas: Pé Diabético; Osteomielite e Pé Diabético; Neuropatia e Pé Diabético; Doença arte-
rial periférica e Pé Diabético; Teste Vascular do pé diabético; Classificação do pé diabéti-
co; O manejo de Enfermagem; Papel do enfermeiro; e, Tratamento Adjuvante com curativos
para lesões do Pé Diabético.

Pé diabético

De acordo com a International Working Group on the Diabetic Foot o pé diabético é


caracterizado por um estado de ulceração, infecção e/ou destruição de tecidos profundos,
podendo estar associado a alterações neurológicas e a vários graus de doença vascular
periférica nos membros inferiores (ATLAS DE LA DIABETES, 2013).
Com o crescente aumento no número de casos de DM, é indiscutível a importância
em falar sobre pé diabético. Visto que, quando comparado o número de internações que
pacientes diabéticos e não diabéticos possuem, o pé diabético é um fator de risco que au-
menta as internações em mais de 50 vezes. Esse fato dá-se, pois, 1 em cada 5 internações
de pacientes com DM ocorre devido ao pé diabético (CHASTAIN, 2019).
Outros fatores que também são considerados em pacientes com DM, é o risco de
amputação, que aumenta em 155 vezes em pacientes diabéticos que possuem pé diabé-
tico, quando comparados a pacientes normais. O conjunto de fatores: ser diabético, ter pé
diabético e talvez uma futura amputação, gera um sentimento de ansiedade extrema nos
pacientes. Esse, faz com que pacientes tratem a perda de um dos membros, como se fosse
o fim de suas vidas (CHASTAIN, 2019).

166
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Para o pé diabético o risco de morte é outro fator importante e que deve ser discuti-
do. Em menos de 1 ano, estima-se que, nas infecções mais graves, 1 em 4 pacientes hos-
pitalizados acabem vindo ao óbito. Essa característica, se dá em grande parte devido ao
aumento da resistência microbiana dos patógenos que infectam as feridas do pé diabético
(CHASTAIN, 2019). Característica que evolui e causa o comprometimento da biomecânica
corporal, a doença do pé diabético surge do DM e de processos patológicos como a doença
arterial periférica e a neuropatia. Um dos principais problemas relacionados ao pé diabético,
úlcera pé diabético (CHASTAIN, 2019; DEL CORE, 2018).
Três são os principais fatores responsáveis pela formação do pé diabético: neuropatia,
isquemia e infecção, ambos que, através da hiperglicemia prolongada, são os formadores
das úlceras do pé diabético. Normalmente, as ulcerações do pé diabético, tendem a evoluir
para a cronicidade. Fatores como a diminuição da acuidade visual, da neuropatia, que faz
com que haja a diminuição da sensibilidade, contribuem para essa evolução (CAMPOS,
2016; NEVES, 2013).
Para ser possível classificar um pé diabético, é necessário entender como é a sua
apresentação clínica. Na face plantar, a apresentação manifesta-se através da dor, onde o
paciente sente o agravo quando a pressão plantar aumenta. Posteriormente iniciam-se os
sinais flogísticos de infecção, como eritema e rubor no local afetado, a figura 1 evidencia
essa característica (CAMPOS, 2016; NEVES, 2013).

Figura 1. Pé diabético, primeiros sinais.

Fonte: CAMPOS, 2016.

Após essa fase, com o agravo da infecção, ela pode evoluir, dando lugar para uma
necrose cutânea, a figura 2 demonstra a evolução da necrose cutânea. Quando a infecção
chega nessa fase, há a apresentação de sinais de sistêmicos da infecção, como febre, náu-
seas, vômitos, confusão mental e hiperglicemia de difícil controle (NEVES, 2013).

167
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 2. Pé diabético com necrose cutânea.

Fonte: CAMPOS, 2016.

Uma complicação grave do pé diabético é o Pé de Charcot (neurosteoartopatia de


Charcot) (CAMPOS, 2016). É caracterizada por uma síndrome inflamatória do tornozelo e
do pé. Essa, pode causar deformidades osteoarticular crônica, que causa uma anomalia
óssea que prejudica a biomecânica e a anatomia do pé. O quadro 1 demonstra as duas
fases do Pé de Charcot, a aguda e a crônica (CAMPOS, 2016).

Quadro 1. Comparação entre Pé de Charcot agudo e Pé de Charcot crônico.

Pé de Charcot Agudo Pé de Charcot Crônico


Caracteriza-se pela presença de sinais flogísticos (dor, Caracterizado por pé quente, hiperemiado, com a presença
hipertermia, hiperemia e edema), derrame articular, de deformidades osteoarticulares importantes. Apresenta o
reabsorção óssea e perda da concavidade plantar (arco desenvolvimento de calos e úlceras plantares.
do pé).
Fonte: Imagens: CAMPOS, 2016.

Osteomielite e pé diabético

O trauma repetitivo das articulações e ligamentos dos pedais por perda da sensação
da dor, causa osteoartropatia. Ela normalmente ocorre a longo prazo em diabéticos que pos-
suem neuropatia periférica e vascular, e pode causar variados graus de destruição óssea,
cartilagens e deformidades, além de aumentar a instabilidade nas articulações. Por tudo isso,
podem acontecer calos, ulcerações e infecções causando potencialmente amputações dos
membros (CAMPOS, 2016; LEONE, 2019; MANUAL DO PÉ DIABÉTICO, 2016).
A partir dessas lesões causadas pelo trauma repetitivo, pode ocorrer a osteomielite,
resultado da contaminação direta de uma lesão do tecido mole, frequentemente de uma úlcera
que adquire infecção. Por tal razão, é frequente a solicitação da avaliação do pé diabético para
a osteomielite, porque sinais e sintomas podem ser mascarados devido à doença vascular
periférica relacionada à diabetes e neuropatia periférica (CAMPOS, 2016; LEONE, 2019;).
Se há presença de osteomielite, o tratamento torna-se complicado e reduz as hipóte-
ses de ter um resultado promissor. Por tal razão, diagnóstico imediato e terapia adequada
são chaves para que evite complicações futuras e poder chegar a complicações extre-
mas (LEONE, 2019).

168
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Para se ter um bom entendimento da situação do paciente, é preciso que se faça um
diagnóstico médico com biópsia óssea, exame histopatológico e microbiológico, no intuito de
encontrar o organismo responsável e a sua sensibilidade para os antibióticos (LEONE, 2019).

Neuropatia e pé diabético

A neuropatia diabética resulta de uma disfunção motora, sensorial e autonômica do


nervo, e é responsável, principalmente, pelas úlceras de extremidade. Elas acontecem,
pois, pacientes com neuropatia diabética possuem a sensibilidade diminuída, em virtude da
degradação nos axônios das fibras nervosas, para determinar trauma, o que aumenta as
hipóteses de ocorrer “rash” cutâneos e fraturas neuropáticas (DEL CORE, 2018; NEVES,
2013). Diferente de pacientes não diabéticos, a perda de sensibilidade nos pacientes com
neuropatia diabética, faz com que eles acabem não examinando os pés quando há a pre-
sença de sintomas físicos como a dor.
Os diferentes tipos de lesões, são normalmente causados por sapatos apertados, cortes
que não foram vistos ou sentidos, ou entorses. Característica essa, que vai se agravando
conforme o grau da perda de sensibilidade que o paciente possui. O desenvolvimento de
lesões do pé diabético naqueles que possuem perda de sensibilidade moderada a grave é
7 vezes maior do que naqueles com uma perda leve de sensibilidade. Com o aumento do
risco de lesões, há uma maior exposição a patógenos e infecções, o que pode levar a com-
plicações como o aumento das lesões e futuras amputações (DEL CORE, 2018).
Existem diferentes categorias de neuropatia, como a neuropatia motora, que é respon-
sável por caracterizar alterações estruturais no pé. As mesmas podem ser descritas devido à
fraqueza causada pela atrofia e pelo desequilíbrio muscular. Apresentam, para manifestação,
em alguns casos, dedos em garra ou em martelo e metatarsos proeminentes, que fazem com
que haja uma alteração da distribuição de pressão no pé, fazendo com que algumas áreas
recebam mais pressão do que outras, as deixando mais suscetíveis às lesões (CHASTAIN,
2019; DEL CORE, 2018).
Existem algumas diferenças fundamentais entre úlceras neuropáticas e isquêmicas que
o enfermeiro deve saber, para poder identificá-las e iniciar o melhor tratamento. O quadro
comparativo 2 evidencia as principais diferenças (CAMPOS, 2016).

169
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Quadro 2. Diferenças entre úlceras neuropáticas e úlcera isquêmica.

Características Úlcera Neuropática Úlcera Isquêmica

Aspecto Forma redonda ou elíptica Forma irregular


Áreas com mais pressão e atrito frequente: Região
Localização Típica plantar do hálux, cabeça do 1°, 3° e 5° metatarso, Dedos, calcâneo, face dorsal do pé
região dorsal dos dedos, arco do pé e calcanhar.
Tamanho Delimitada Pequena a média extensão
Variável - pode ser superficial ou profunda (causa
Profundidade Geralmente rasas
osteomielite)
Leito Cinzento, pálido (granulação deficiente) Pálido, com necrose úmida e seca
Exsudato Abundante Pouco
Regulares, uniformes, cercadas por espesso halo
Bordas Regulares
de hiperqueratose
Ausente ou presente devido ao pé
Edema Pode estar ou não presente
dependente
Pulsos e temperaturas
Palpáveis e amplos Fracos ou ausentes
do pé
Ausente, mas pode haver disestesia. A pele Intensa, aumenta com o frio e a elevação
Dor circundante pode apresentar dormência ou do membro e à noite. Alivia quando as
formigamento. pernas ficam pendentes.
Te m p e r a t u r a do
Normal ou aumentada Fria
membro
Seca, com rachaduras, fissuras e/ou calosidades Pálida, fria, fina e brilhante, cianótica e
Pele perilesional
plantares sem pelos
Fonte: Original.

Doença arterial periférica e pé diabético

A doença arterial periférica (DAP) acontece quando há a diminuição do fluxo sanguíneo


necessário para nutrir tecidos. Normalmente acomete em locais mais distais, como braços e
pernas. A diminuição acontece, normalmente, quando há esclerose dos vasos, dano endote-
lial ou a obstrução dos vasos sanguíneos. Por afetar principalmente os membros inferiores,
está intimamente ligada à neuropatia e a doença do pé diabético em pacientes diabéticos
(CHASTAIN, 2019; DEL CORE, 2018).
Em pacientes com doença do pé diabético, 1 em cada 2 pacientes possuem algum tipo
e grau de DAP. A hiperglicemia, particularidade primordial em pacientes diabéticos, que faz
com que esses indivíduos possuam imunopatia (comprometimento da capacidade de formar
uma resposta imune). Outros fatores, como a diminuição da quimiotaxia, da fagocitose e da
resposta das células T, também são notados em pacientes diabéticos. Peculiaridade essa
que faz com que tenha uma maior propensão ao desenvolvimento de doença do pé diabético
(ulcerações) dificultando a cicatrização e o combate a infecções das lesões já existentes
(DEL CORE, 2018).

Teste Vascular do pé diabético

O teste laboratorial é importante para perceber o estágio da infecção e como está


evoluindo o tratamento. Para isso, os exames devem incluir hemograma completo, um 170
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
panorama metabólico mostrando os eritrócitos e as proteínas. A albumina e a pré albumina
também ajudam a entender o estado nutricional. Deve-se também controlar os níveis de
glicose, pois a perda do controle glicêmico é frequentemente um dos principais sinais de
infecção (DEL CORE, 2018).
Exames de imagem também são úteis para ver a extensão dos tecidos moles e o en-
volvimento do tecido ósseo. Para isso, radiografias devem ser realizadas para investigar o
pé diabético e sua infecção (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2014). Os exames de radiografia devem ser realizados conforme a evolução do pé diabético,
entretanto, para melhores diagnósticos, deve-se também usar a ressonância magnética, que
já demonstrou ter boa sensibilidade e especificidade na avaliação da osteomielite. E, em
casos de não haver disponibilidade da ressonância, pode-se usar exames de imagem nu-
cleares, com intuito de avaliar e acompanhar o andamento do pé diabético do paciente (DEL
CORE, 2018; MANUAL DO PÉ DIABÉTICO, 2016).

Classificação do pé diabético

A classificação faz parte de um processo complexo onde são considerados fatores


como grau e diversidade das lesões. Serve para haver uma melhor comunicação entre pro-
fissional/profissional e profissional/paciente, para que o melhor tratamento seja oferecido.
Dentre as classificações mais utilizadas estão as de Wagner e a da University of Texas
Wound Classification Systems (DEL CORE, 2018).
A classificação de Wagner avalia a profundidade da úlcera, presença de osteomie-
lite, abscessos, sepse articular e gangrena. Entretanto, ela não avalia neuropatia e ex-
tensão de isquemia. A tabela 1 mostra como é feita a classificação por tabela de Wagner
(DEL CORE, 2018).

Tabela 1. Classificação de Wagner.

Classificação de Wagner
Grau
Descrição
Presença de sintomas ou deformidades ósseas, com risco de ulceração, mas com pele intacta e ausência
0
de úlceras.
Ulceração superficial com perda total de pele e sem infecção. Normalmente ocorre em locais de pressão,
1
como extremidades metastáticas.
Ulceração profunda, frequentemente penetrando no tecido subcutâneo. Há a presença de infecção, mas não
2
acomete o tecido ósseo.
3 Úlceras com osteomielite, sepse articular ou abscesso.
4 Gangrena localizada no ante pé.
5 Gangrena afetando o pé inteiro.
Fonte: CORE, 2018.

Já a classificação da University of Texas Wound Classification Systems, acrescenta


o benefício de levar em conta e documentar a presença de isquemia, tendo uma grande 171
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
evidência de dispor de melhores resultados. A tabela 2 mostra a classificação da University
of Texas Wound Classification Systems (CAMPOS, 201; DEL CORE, 2018).

Tabela 2. Classificação da University of Texas Wound Classification Systems.

Grau

0 1 2 3
Ferida superficial, sem
Completamente epitelizado ou Ferida que penetra e invade Ferida que penetra em
A envolvimento de cápsula,
pré lesão pós-ulcerativa. cápsula ou tendão. articulação ou osso.
tendão ou osso.
Ferida superficial, sem
Completamente epitelizado ou Ferida que penetra e invade Ferida que penetra em
envolvimento de cápsula,
B pré lesão pós-ulcerativa com cápsula ou tendão com articulação ou osso com
tendão ou osso com
infecção. infecção. infecção.
infecção.
Ferida superficial, sem
Completamente epitelizado ou Ferida que penetra e invade Ferida que penetra em
envolvimento de cápsula,
C pré lesão pós-ulcerativa com cápsula ou tendão com articulação ou osso com
tendão ou osso com
isquemia. isquemia. isquemia.
isquemia.
Ferida superficial, sem
Completamente epitelizado ou Ferida que penetra e invade Ferida que penetra em
envolvimento de cápsula,
D pré lesão pós-ulcerativa com cápsula ou tendão com articulação ou osso com
tendão ou osso com infecção
infecção e isquemia. infecção e isquemia. infecção e isquemia.
e isquemia.
Fonte: CAMPOS, 2016; CORE, 2018.

Sobre a classificação de infecções, o melhor sistema é o do Infectious Disease Society


of America (IDSA). Essa classificação, faz uma avaliação da gravidade de infecções, que
as diferencia como: leve, quando é pequena em tamanho e profundidade e é superficial,
moderada, quando é mais profunda e mais extensa, e, grave, quando causa uma infecção
sistêmica ou algum grau de distúrbio metabólico. Vale ressaltar que o aumento da gravida-
de de infecções, aumenta o risco para amputações (CHASTAIN, 2019; DEL CORE, 2018).

O manejo de enfermagem

A avaliação do pé diabético deve ser constante e têm muita importância para a pre-
venção de lesões que levarão a piora do quadro do paciente. É de extrema atenção que
a avaliação seja feita rotineiramente, principalmente nos pacientes que possuem DAP ou
neuropatia. Como um dos papéis do enfermeiro é o de educação, é responsabilidade desse
profissional educar seus pacientes quanto a avaliação do pé diabético.
Em uma avaliação inicial, feita principalmente pelo enfermeiro, é necessário que ocorra
uma anamnese completa. Nela, devem ser considerados todos os fatores relacionados à
diabetes, como histórico completo, com data de diagnóstico e o uso ou não de insulina. Com
relação aos cuidados de saúde, deve ser considerado comorbidades existentes, história
familiar, social e operatória, uso de álcool, tabaco e outras drogas, e medicamentos atuais.
Deve ser avaliada a presença ou não de neuropatia, já que ela é responsável por quadros
de agravamento e aumento do risco das lesões do pé diabético. No exame físico, deve ser
feita a avaliação de sensibilidade, através dos monofilamentos de Semmes-Weinstein de
172
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
10 gramas, de percepção vibratória, através do diapasão de 128Hz (CHASTAIN, 2019; DEL
CORE, 2018; PARENTES, 2021).
Teste de monofilamento Semmes-Weinstein: utilizado, com grande recomendação,
para o rastreamento de neuropatia diabética. A tabela 3, mostra como o enfermeiro deve
realizar o teste (MANUAL DO PÉ DIABÉTICO, 2016).

Tabela 3. Método de avaliação da sensibilidade tátil Teste de monofilamento Semmes-Weinstein

Método de avaliação da sensibilidade tátil Teste de monofilamento Semmes-Weinstein


Esclarecer ao paciente como é realizado o teste. Solicitar ao paciente que diga “SIM” a cada vez que sentir o toque

do monofilamento.
Aplicar o monofilamento adequado (10g) perpendicular à superfície da pele, sem que a pessoa examinada veja o

momento do toque.
3° Pressionar com força suficiente apenas para encurtar o monofilamento, sem que ele deslize sobre a pele.
4° O tempo total entre o toque para encurvar o monofilamento e sua remoção não deve exceder 2 segundos.
Perguntar, aleatoriamente, se o paciente sentiu ou não a pressão/toque (SIM ou NÃO) e onde está tocando (pé direito

ou esquerdo).
6° Serão pesquisados quatro pontos em ambos os pés.
Aplicar duas vezes no mesmo local, alterando com pelo menos uma vez simulada (sem tocar), contabilizando no

mínimo três perguntas por aplicação.
8° A percepção da sensibilidade protetora está presente se: DUAS respostas, das três perguntas, estiverem certas.
9° A percepção da sensibilidade protetora está ausente se duas respostas forem incorretas das três aplicações.
Fonte: Manual do Pé Diabético, 2016.

A avaliação de sensibilidade vibratória com diapasão de 128Hz, deve ser aplicado na


parte óssea no lado dorsal da falange distal do hálux, em ambos os pés. O teste é carac-
terizado positivo, ou seja, alterado, quando o paciente responde de forma incorreta. Isso
ocorre quando o paciente responde que já não sente mais a sensibilidade vibratória, mas o
examinador ainda está observando a vibração.
Para a avaliação vascular deve-se considerar fatores como a cor e temperatura da
pele, tempo de enchimento capilar e venoso, medida da pressão do índice tornozelo-braço
em ambas as pernas e pulsos dos pés. Quanto à avaliação da pele, deve ser considerada a
presença de pele seca com rachaduras ou fissuras. Deve-se atentar para sinais de neuropatia
motora, como o desequilíbrio muscular, dedos de garra ou de martelo metatarsos proemi-
nentes. Devem ser avaliados o alinhamento entre o pé e o tornozelo. Se existir diferença
na distribuição de pressão, podem ser observados desequilíbrios ou instabilidade durante a
marcha. Quanto à avaliação vascular, deve ser sentido o pulso pedículo e tibial posterior e
dorsal do pé. Pacientes que apresentam DPA, podem apresentar sinais secundários, como
pés frios, com rubor ou com crescimento capilar diminuído (ATLAS DE LA DIABETES, 2013;
CHASTAIN, 2019; DEL CORE, 2018).
Como complemento do exame físico, torna-se necessário realizar exames complemen-
tares, como de imagem e laboratoriais. Como pacientes com infecções diabéticas nos pés,
muitas vezes não apresentam os sinais de infecção, pela diminuição da resposta imune, o
173
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
enfermeiro deve saber identificar outros sinais e sintomas. Entre eles estão o de uma espécie
de “gripe diabética”, que se apresenta como náuseas, vômitos, febre, anorexia e calafrios.
Quando ocorrer a apresentação desses sinais, deve-se ser feito uma análise criteriosa do
pé diabético, procurando por lesões ou sinais flogísticos (DEL CORE, 2018; NEVES, 2013).
Após a identificação de úlcerações do pé diabético, é necessário realizar culturas para
a identificação e diferenciação do tipo de microrganismos presentes na lesão. Quando esta
técnica é feita, deve o enfermeiro saber a melhor maneira para coletar o material. Em relação
à coleta com swab superficial, a coleta de tecidos profundos é mais confiável para detectar
qual o microrganismo está presente causando as complicações. Após a coleta e a identifica-
ção do microrganismo, utiliza-se a classificação IDSA para auxiliar na escolha do tratamento.
Com o cuidado adequado, a evolução das lesões do pé diabético pode diminuir e
favorecer a cicatrização. Entretanto, mesmo com o tratamento adequado, apenas dois em
cada três pacientes conseguem alcançar o processo de cicatrização completo (NEVES,
2013). Em relação ao tempo médio de cicatrização, é necessário que haja em média 6 me-
ses. Esse período faz com que ocorra a desistência ao tratamento por parte dos pacientes,
característica que contribuirá para a piora do quadro clínico (NEVES, 2013).

Papel do enfermeiro

Nas práticas do enfermeiro, estão a de atualização na pesquisa, buscando novas


técnicas para a melhora do tratamento dos pacientes, e, a mais importante, a orientação
ao paciente quanto aos cuidados com o pé diabético (PARENTES, 2021). Entre as novas
modalidades de cura e redução das complicações com as lesões do pé diabético estão o
oxigênio hiperbárico e a terapia de feridas com pressão negativa.
Atualmente há uma grande contestação com o uso do oxigênio hiperbárico, pois estu-
dos não demonstram a eficácia do oxigênio hiperbárico com o tratamento de feridas quando
comparada apenas com o tratamento de feridas (DEL CORE, 2018). Entretanto, o uso de
pressão negativa tem demonstrado grande eficácia no tratamento e na cicatrização de feri-
das, dever do enfermeiro entender e saber como aplicar as mais diversas técnicas.

174
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Tabela 4. Orientações para o autocuidado no Pé Diabético.

Orientações para o autocuidado no Pé Diabético


● Realizar a inspeção diária dos pés, incluindo as áreas entre os dedos;
● Realizar a higiene regular dos pés, seguida da secagem cuidadosa deles, principalmente entre os dedos;
● Cuidar com a temperatura da água, deve ser inferior a 37°C para evitar queimaduras;
● Evitar andar descalço, tanto em ambientes fechados quanto ao ar livre;
● Utilizar meias claras ao usar sapatos fechados;
● Use, sempre que possível, meias com costura de dentro para fora ou, de preferência, sem costura;
● Trocar de meias diariamente;
● Nunca usar meias apertadas ou acimas do joelho;
● Inspecione e palpe diariamente a parte interna dos calçados, à procura de objetos que possam machucar seus pés;
● Use calças confortáveis e de tamanho apropriado, evitando o uso de sapatos apertados ou com costuras irregulares;
● Usar cremes ou óleos hidratantes para pele seca, porém, evitar usá-los entre os dedos;
● Cortar as unhas em linhas retas;
● Não utilizar agentes químicos para remoção de calos;
● Calos e calosidades devem ser analisados e tratados pela equipe de saúde;
● Fazer a reavaliação dos pés com a equipe de saúde, no mínimo, uma vez por ano (ou quando forem identificados sinais de
ulceração ou quando solicitados)
● Procurar imediatamente uma Unidade de Saúde ou Serviço de Emergência caso haja o aparecimento de bolhas, cortes,
arranhões, ou feridas;
● Em caso de dúvidas, procurar o serviço de atendimento mais adequado.
Fonte: Original.

Tratamento adjuvante com curativos para lesões do pé diabético

A assistência de enfermagem para o tratamento de úlceras neuropáticas, baseia-se


em 5 principais pontos. Todos colaborando para a cicatrização primária e impedindo futuras
amputações (CAMPOS, 2016; PARENTES, 2021; SINGH, 2005). São eles: limpeza regular
da lesão associada à proteção local, com curativo oclusivo simples e calçado adequado;
remoção de calosidades na região ulcerada; proteção do leito de cicatrização de trauma,
durante a marcha, com retirada de carga nesse local; acompanhamento rigoroso do segui-
mento clínico da úlcera, com o objetivo de detectar sinal de piora e retardo da cicatrização;
tratamento de qualquer infecção presente (CAMPOS, 2016; SINGH, 2005). Na tabela 5,
estão relacionados os tipos de cobertura com o tipo de tecido.

175
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Tabela 5. Relação dos tipos de cobertura com o tipo de tecido.

Aspecto da Lesão Tipos de Cobertura


Hidrogel
Presença de tecido necrótico escurecido e seco
Desbridamento
Hidrocolóide
Presença de fibrina ou tecido necrótico úmido Hidrogel, na presença de exsudação leve
Alginato, na presença de exsudato intenso
Terapia com pressão negativa
Lesão cavitária ou osso exposto Gel hidrocolóide
Cobertura hidrocelular ou espumosa
Alginato
Lesão bastante exsudativa Hidrocolóides de nova geração
Cobertura hidrocelular ou espumosa
Hidrocolóide
Cobertura hidrocelular ou espumosa
Lesão em processo de granulação Tecido produzido por bioengenharia
Hidrofibra
Alginato
Hidrocolóide
Cobertura hidrocelular ou espumosa
Lesão superficial ou abrasão dérmica, queimaduras
Hidrogel
superficiais, ou no local de enxertia da pele
Filme
Tule de nylon ou rayopin e interface
Lesão com odor desagradável intenso Curativo de carvão ativo
Fonte: CAMPOS, 2016.

A utilização de técnicas como o desbridamento são necessários para a remoção do


tecido necrótico e nova cicatrização. Curativos com a presença de hidrogel, carvão ativo ou
alginato, possuem propriedades com altas taxas de absorção que ajudam em lesões com
presença de exsudato. Esse tipo de cobertura permite que ela fique sobre a lesão por mais
tempo, podendo variar de 1 a 7 dias. Essa propriedade faz com que a manipulação do local
infectado seja menor, evitando que haja a recontaminação da lesão. Coberturas com prata
são utilizadas principalmente em lesões infectadas, pois possuem propriedades antimicro-
bianas (CAMPOS, 2016; MANUAL DO PÉ DIABÉTICO, 2016).

CONCLUSÃO

O DM é um problema de saúde pública crescente, e uma de suas principais compli-


cações estão relacionados com os membros inferiores, como úlceras dos pés diabéticos.
Essa, possui uma origem multifatorial e um desfecho, se não tratada, muito ruim.
Para evitar complicações do pé diabético, é necessário que uma avaliação clínica
multiprofissional seja feita, direcionando os melhores tratamentos com ou sem o uso de
antibióticos. Um dos melhores métodos de prevenção das lesões do pé diabético é de papel
fundamental da enfermagem, a educação.
176
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A educação para saúde poderia salvar inúmeras vidas e membros inferiores se pessoas
diagnosticadas com Diabetes fossem ensinadas a examinar diariamente os seus membros
e manifestada alguma alteração procurar a assistência médica.
O monitoramento também da enfermagem quanto ao nível de glicose, peso, e estado
nutricional do paciente pode ajudar a evitar tais complicações e melhorar a saúde do paciente,
atuando na mudança de hábitos e na compreensão do estado de saúde geral do indivíduo.

REFERÊNCIAS
1. ACHARYA, S. et al. Conservative management of diabetic foot osteomyelitis. Diabetes Rese-
arch and Clinical Practice, v. 101, n. 3, p. e18–e20, set. 2013.

2. BARWELL, N. D. et al. Diabetic foot infection: Antibiotic therapy and good practice recommen-
dations. International Journal of Clinical Practice, v. 71, n. 10, p. e13006, out. 2017.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Manual do pé diabético : estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2016.

4. CAMPOS, M. G. DAS C. A. et al. Feridas complexas e estomias: aspectos preventivos e


manejo clínico. 1. ed. João Pessoa: Ideia, 2016.

5. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação: relatório


mundial / Organização Mundial da Saúde – Brasília, 2003.

6. Chastain, C., Klopfenstein, N., Serezani, C. and Aronoff, D. (2019). A Clinical Review of
Diabetic Foot Infections. Clinics in Podiatric Medicine and Surgery, 36(3), pp.381-395.

7. DEL CORE, M. A. et al. The Evaluation and Treatment of Diabetic Foot Ulcers and Diabetic
Foot Infections. Foot & Ankle Orthopaedics, v. 3, n. 3, p. 247301141878886, 1 jul. 2018.

8. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014-2015/Sociedade Brasileira de Diabetes


; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. – São Paulo: AC Farmacêutica,
2015.

9. Grossi, S., Cianciarullo, T. and Della Manna, T. (2002). Avaliação de dois esquemas de mo-
nitorização domiciliar em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, 36(4), pp.317-323.

10. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. IDF Diabetes atlas. Brussels: International


Diabetes Federation, Executive Office, 2011.

11. Introduction: Standards of Medical Care in Diabetes—2019. Diabetes Care, v. 42, n. Supple-
ment 1, p. S1–S2, jan. 2019.

12. JAMESON, J. Endocrinologia de Harrison. 3rd ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. p.448.

13. LEONE, A. et al. Bone and soft tissue infections in patients with diabetic foot. La radiologia
medica, v. 125, n. 2, p. 177–187, fev. 2020.
177
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
14. NEVES, José et al. O pé diabético com infecção aguda: tratamento no Serviço de Urgência
em Portugal. Revista Portuguesa de Cirurgia, [S.l.], n. 27, p. 19-36, jan. 2014. ISSN 2183-
1165. Disponível em: <https://revista.spcir.com/index.php/spcir/article/view/339>. Acesso em:
13 july 2021.

15. OH, I. et al. Tracking Anti- Staphylococcus aureus Antibodies Produced In Vivo and Ex Vivo
during Foot Salvage Therapy for Diabetic Foot Infections Reveals Prognostic Insights and
Evidence of Diversified Humoral Immunity. Infection and Immunity, v. 86, n. 12, dez. 2018.

16. PARENTES, J. DE B. et al. Assistência de enfermagem a um paciente portador de pé diabético:


um relato de experiência do estágio supervisionado. Research, Society and Development,
v. 10, n. 4, p. e8510413812, 31 mar. 2021.

17. SINGH, N. Preventing Foot Ulcers in Patients With Diabetes. JAMA, v. 293, n. 2, p. 217, 12
jan. 2005.

178
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
14
Fatores associados à qualidade da
assistência de enfermagem durante
o pré-natal: um referencial teórico

Kariny Tabosa Queiroz


UEA

Keliane Beltrão Carvalho


UEA

Maria Deiza Barros Siqueira


UEA

Carla Ketelem Tabosa Queiroz


UEA

Carlos José Moreira Pinheiro


Faculdade Estácio

10.37885/210504647
RESUMO

Introdução: A qualidade da assistência pré-natal tem impacto direto nos indicadores de


saúde, uma vez que contribui para a redução das taxas de morbimortalidade materno
e infantil é imprescindível instituir medidas que facilitem o acesso, ampliem a cobertura
e qualifiquem o acompanhamento pré-natal, principalmente em países como o Brasil.
Objetivos: analisar quais os fatores associados à qualidade da assistência pré-natal
destacando a importância do enfermeiro nesse processo. Método: Trata-se de um estudo
descritivo utilizando os métodos da revisão de literatura, onde foram utilizados artigos em
português indexados nas bases de dados Lilacs e Scielo. Resultado: Selecionou-se 7
artigos dos quais emergiram 3 categorias: Fatores associados ao pré-natal de qualidade,
Aspectos negativos para as grávidas de um pré-natal de baixa qualidade e A importância
do enfermeiro durante o pré-natal. Conclusão: É necessário que várias ações convirjam
entre si para uma atenção de qualidade, alcançando o mínimo do que é preconizado
e o enfermeiro tem papel imprescindível no processo de assistência pré-natal, desde a
organização, acompanhamento e finalização na consulta puerperal, cabendo-lhe nortear
as mudanças necessárias para a melhoria da assistência prestada.

Palavras-chave: Cuidado Pré-Natal, Enfermagem, Qualidade da Assistência à Saúde.

180
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A qualidade da assistência pré-natal tem impacto direto nos indicadores de saúde,


uma vez que contribui para a redução das taxas de morbimortalidade materno e infantil é
imprescindível instituir medidas que facilitem o acesso, ampliem a cobertura e qualifiquem
o acompanhamento pré-natal, principalmente em países como o Brasil, com proporções
continentais, amplas desigualdades sociais, econômicas, culturais e regionais, e de acesso
aos serviços de saúde, sobretudo os de alta complexidade (MAYOR et al, 2018).
No Brasil, desde o século XX a saúde da mulher é incorporada as Políticas Nacionais de
Saúde, no entanto, essas eram limitadas apenas a gravidez e ao parto, atribuindo a mulher
frente à sociedade apenas o papel de mãe e doméstica. Esses programas preconizavam
como estratégias de assistência as crianças e grávidas, considerados grupos de risco e em
situação de vulnerabilidade, ações materno-infantis, onde era deixado de lado todas as outras
fases e aspectos da vida da mulher. O Ministério da Saúde, em 1984, elaborou o Programa
de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) tendo como princípio a integralidade e a
equidade da atenção à mulher em todas as suas fases (BRASIL, 2004).
Toda gestante tem direito as consultas de pré-natal pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), que podem ser realizadas tanto por médicos quanto enfermeiros, e de participarem
de grupos e atividades educativas, oportunidades essas para troca de experiências com
outras mulheres e profissionais de saúde, uma vez que algumas grávidas podem apresentar
complicações no decorrer desse período e ao receber o acompanhamento especializado
por um profissional essas situações são diagnosticadas precocemente e são tomadas as
medidas necessárias para assegurar a saúde do binômio (BRASIL, 2016).
O Ministério da Saúde (MS) instituiu em 2011, o programa Rede Cegonha, que se trata
de uma estratégia de enfrentamento da mortalidade materno-infantil, da violência obstétrica
e da baixa qualidade da rede de atenção ao pré-natal, parto e puerpério através de uma rede
de cuidados que assegure a mulher acesso, acolhimento e resolutividade na assistência,
planejamento reprodutivo e direito a atenção humanizada à gravidez, parto, puerpério e ao
aborto, assim como as crianças nascimento seguro e crescimento e desenvolvimento saudá-
veis, complementando as ações do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento
(PHPN) (BRASIL, 2011).
Sabe-se que uma atenção pré-natal não qualificada pode implicar em um desfecho
desfavorável para as gestantes, uma vez que essa assistência está diretamente relacionada
às taxas de morbimortalidade materno-infantil, assim os resultados da pesquisa permitirão
identificar as práticas realizadas pelos profissionais de saúde no processo desse cuidado,
viabilizando o surgimento de estratégias para o provimento de subsídios necessários ao
enfrentamento da busca da atenção qualificada a essas mulheres.
181
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar quais os fatores associados à qua-
lidade da assistência pré-natal destacando a importância do enfermeiro nesse processo.

REFERENCIAL TEÓRICO

Fatores associados ao pré-natal de qualidade

O pré-natal caracteriza-se por um período de preparação física e psicológica para o


parto e a maternidade, tendo como objetivo assegurar o desenvolvimento adequado da
gestação, e por se tratar de um momento de muito aprendizado, é uma ótima oportunidade
para os profissionais de saúde desenvolverem suas atividades educativas e preventivas,
considerando os aspectos psicossociais das gestantes e abordando temáticas importantes
acerca das mudanças ocorridas nesse período (OLIVEIRA et al., 2015).
O caderno de atenção ao pré-natal de risco habitual preconiza algumas condições ne-
cessárias para a atenção ao pré-natal de qualidade através de dez passos, entre eles está o
início do pré-natal até 12 semanas de gestação (captação precoce), assegurar as gestantes
a solicitação, realização e avaliação em tempo oportuno os exames preconizados, promo-
ver escuta ativa das suas queixas considerando aspectos culturais, intelectuais e sociais,
garantir o pré-natal do parceiro, o acesso à unidade de referência especializada caso seja
necessário e conhecer previamente o serviço no qual ocorrerá o parto (vinculação).
GONÇALVES et al., (2017), refere que os problemas pessoais com a aceitação da
gravidez, as barreiras de acesso como falta de diagnóstico precoce da gravidez e dificuldade
para o agendamento das consultas, além da fragilidade ao captar precocemente as gestantes
e falta de conhecimento da população sobre o valor deste cuidado estão relacionados ao
inicio tardio do pré-natal, baixo número de consultas e orientações escassas, ocasionando
falha na atenção pré-natal, prejudicando a qualidade desta assistência e favorecendo o
aumento dos números de morbimortalidade materna e neonatal.
BALSLLS et al., (2018), infere que o início tardio do pré-natal e o baixo número de
consultas contribuem, entre outros aspectos para um desfecho desfavorável da gestação,
uma vez que estão diretamente relacionados ao diagnóstico precoce de situações que co-
locam em risco a saúde do binômio. Um desses aspectos preocupante é a subnotificação
dos registros clínicos e obstétricos, havendo uma quantidade expressiva de grávidas com
prontuários sem anotações e cadernetas com poucas informações ou nenhuma, favorecendo
um rompimento da continuidade do cuidado.
Ao compreender a importância do pré-natal para as grávidas o profissional de saúde
que a acompanha consegue identificar o que esse cuidado significa para cada uma delas,
o que auxilia no direcionamento da assistência. Uma vez que entender o contexto social
182
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que cada mulher está inserida, sua percepção do mundo e suas particularidades, as quais
precisam ser consideradas ao assisti-las, proporciona um cuidado mais efetivo e integral,
assegurando o desenvolvimento de uma gestação saudável (PEREIRA et al., 2018).

Aspectos negativos para as grávidas de um pré-natal de baixa qualidade

Prevenir os agravos à saúde é um aspecto imprescindível durante o pré-natal, uma


vez que qualquer infecção que acometa a grávida neste período pode ocasionar malefícios
tanto para ela quanto para o bebê, podendo ocasionar desde sequelas graves até aborto
espontâneo e parto prematuro, e consequentemente óbito materno e/ou neonatal. Há pes-
quisas que corroboram que a maioria das mortes e complicações que aparece neste pe-
ríodo da gravidez, parto e puerpério são preveníveis, através de um pré-natal de qualidade
(SILVA et al., 2017).
Os óbitos materno e neonatal são considerados evitáveis, e a melhoria da qualidade da
assistência pré-natal poderia prevenir e reduzir indicadores, através da avaliação dos serviços
de saúde e de suas atividades e programas poderia determinar o grau de qualificação dessa
assistência. Para um desfecho favorável do pré-natal, é necessário contemplar as normas
básicas preconizadas pelo Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, o que
proporciona uma atenção qualificada e humanizada às gestantes (CORRÊA et al., 2014).
Para SILVA et al., (2017), ao identificar as práticas dos profissionais de saúde foi pos-
sível ampliar o conhecimento sobre o pré-natal, viabilizando estratégias de fortalecimento
de subsídios para uma atenção de qualidade as gestantes. Ao enfatizarem o quanto é im-
perativo e relevante o estabelecimento do vínculo com a gestante, através de uma relação
empática, agregando confiança nesse processo desde o acolhimento, que deve assumir
comprometimento com a totalidade do cuidado, os valores de prevenção do fisiológico tam-
bém estão arraigados como uma questão vital para a qualidade deste acompanhamento,
como detectar doenças infectocontagiosas como a AIDS ou a sífilis.
O desfecho adverso prevenível mais grave da gestação é a sífilis congênita, quando
não diagnosticado e tratado em aborto ou perda perinatal, é equivalente a 50% das sequelas
físicas, sensoriais ou de desenvolvimento nos recém-nascidos. As deficiências nos serviços
que prestam assistência pré-natal como a falta de conhecimento dos profissionais sobre as
graves consequências da doença, a ausência ou baixa cobertura dos programas de pre-
venção, as barreiras para o acesso dessa assistência e a estigmatização e discriminação
com as ISTs contribuem para a incidência elevada de casos de sífilis na gestação e sífilis
congênita, é evidente o despreparo dos profissionais com o tema (BECK; SOUZA, 2018).
Por fim, outros problemas consequentes da baixa resolutividade da atenção pré-natal
de má qualidade são as internações por condições evitáveis, havendo um elevado percentual
183
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que poderia ser reduzido se houvesse uma atenção oportuna e adequada. A ITU foi a
principal causa dessas internações, evidenciando a ineficácia dessa assistência, pois um
acompanhamento precoce e qualificado permite identificar fatores de risco para essa entre
outras complicações evitáveis que estão associadas a prognósticos maternos e perinatais
ruins (PITILIN; PELLOSO, 2017).

A importância do enfermeiro durante o pré-natal

De acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício


Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87, o enfermeiro pode acompanhar in-
teiramente o pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, uma vez que, esse período
é permeado de mudanças físicas e emocionais, as quais cada mulher vivencia de uma ma-
neira diferente, sendo, portanto, o responsável por prover o suporte emocional necessária a
gestante e seus familiares ao trocar experiências e fornecer conhecimentos acerca de todo
esse período, o enfermeiro é essencial nesse processo (BRASIL, 2012).
A consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, realizada de for-
ma independente, para as gestantes, tem a finalidade de proporcionar condições para uma
gestação saudável, por meio de atividades que orientem a mulher e sua família sobre a
importância do pré-natal, aleitamento materno exclusivo e alimentação adequada, desenvol-
vendo atividades educativas, oportunidades estas que servem para identificar algum sinal de
alerta, realizar as consultas, solicitar exames conforme protocolo, além dos exames físicos
como de mama e citopatológico, estimulando a criação de um vínculo de confiança com o
profissional (CARPES; BIFF; STUMM, 2016).
OLIVEIRA et al., (2015), assume que o enfermeiro é a principal referência para as
grávidas quando trata-se das atividades educativas, preventivas e promocionais de saúde,
sendo suas condutas adotadas durante o pré-natal, inteiramente proporcionais à qualidade
da assistência, cabendo-lhes fornecer as orientações e esclarecimentos pertinentes as con-
sultas, suas sequências, preferencialmente mensais, visitas domiciliares e grupos educativos
em salas de espera e atividades em grupo.
PEREIRA et al., (2018), relata que cabe a equipe de enfermagem o acompanhamento
de saúde da mãe e do bebê por meio de consultas, onde ocorre a aproximação da gestante
e a formação do vinculo com o profissional. Em sua pesquisa, as falas das gestantes eviden-
ciaram o papel enfermeiro orientando e educando-as sobre a importância de combater as
possíveis complicações, assegurando futuramente um bom parto. No entanto, foi bastante
mencionado também a necessidade de que outros profissionais integrem esse período, pro-
porcionando a realização de outros exames no mesmo serviço e evitando o deslocamento
para outras unidades e até mesmo a capital.
184
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Nos últimos 20 anos, o Brasil apresentou considerável redução nas taxas de mortalidade
materna resultado da elaboração de políticas e programas destinados à saúde da mulher
com o objetivo de reduzir essas taxas de morbimortalidade materna e perinatal, facilitar o
acesso ao pré-natal, qualificar a assistência durante as consultas através de critérios esta-
belecidos, promover ações educativas e a criação do vínculo da gestante com os serviços,
no entanto para alcançar o êxito, é fundamental que os profissionais sejam comprometidos
e estejam capacitados para obter a qualidade do cuidado (SILVA et al., 2019).

METODOLOGIA

A revisão de literatura consiste na análise das principais obras existentes sobre deter-
minado tema, ao fornecer um espectro da literatura relevante naquela área de forma orga-
nizada e resumida, proporcionando a síntese do nível de conhecimento sobre determinado
tema, além de abordar os métodos e resultados das publicações, e apontar lacunas desse
conhecimento que necessitam ser preenchidas, além de apresentar uma nova direção e
linhas de pesquisas (VOSGERAU; ROMANOWSKI, 2014).
Critérios de inclusão: Foram utilizados artigos científicos de revistas indexadas dispo-
níveis nas bases de dados eletrônicos Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). O levantamento dos
dados ocorreu entre os meses de Maio a Julho de 2019, utilizando os descritores segundo
a classificação do DeCS e AND como operador de busca: Cuidado Pré-natal, Enfermagem
e Qualidade da Assistência à Saúde.
Critérios de exclusão: Foram excluídos artigos científicos em língua estrangeira, que
não estavam disponíveis em texto completo, publicados anterior ao ano de 2014, teses de
doutorado, dissertações de mestrado e monografias.
Após a busca nas bases de dados, foram executadas as 3 etapas do fluxograma de
seleção dos artigos: na primeira, foi realizada a análise dos títulos e resumos, confirmando
se eles contemplavam os critérios de inclusão, na segunda, foram identificadas e excluídas
as duplicatas e na terceira foi realizada a leitura integral dos artigos e fichados para identi-
ficar os assuntos que compreendiam os objetivos propostos, analisando-os de acordo com:
título, autor, ano, objetivo, principais resultados e conclusões.
Os artigos foram classificados por ordem cronológica a fim de criar uma série temporal
de informações das mais atuais para as mais antigas. Desta forma foi possível analisar e
identificar os principais resultados dos artigos selecionados e com isso descrever os fatores
associados à qualidade da assistência de pré-natal. Os resultados encontrados deram-se
através da análise crítica das autoras da pesquisa confrontados com a literatura.

185
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1. Caracterização dos artigos incluídos na pesquisa por ordem cronológica das informações mais recentes: título,
ano de publicação, autores, objetivo e conclusão.
Ano de
Nº Título Autores Objetivo Conclusão
Pub.
Percepções de gestantes Identificar a importância do pré- Conhecer o significado do pré-
ribeirinhas sobre a natal para gestantes ribeirinhas e natal oferece subsídios para
assistência pré-natal conhecer suas expectativas. que o profissional de saúde,
1 2018 PEREIRA et al. especialmente o enfermeiro, possa
ajudar em possíveis lacunas,
garantindo assistência pré-natal de
qualidade.
Avaliação do processo Avaliar a qualidade do cuidado A qualidade do pré-natal é adequada
na assistência pré-natal quanto ao processo no pré-natal na minoria da população estudada,
2 de gestantes com risco 2018 BALSELLS et al. de gestantes com risco habitual. devendo existir maior atenção para
habitual o planejamento de ações em prol da
melhoria dos indicadores.
Qualidade da consulta de Avaliar a qualidade da consulta A a s s i s t ê n c i a p r é - n a t a l f o i
enfermagem na assistência de enfermagem na assistência ao classificada como parcialmente
ao pré-natal de risco pré-natal de risco habitual satisfatória, pois atividades
3 2017 OLIVEIRA et al.
habitual essenciais à promoção de uma
gestação sem intercorrências não
foram realizadas.
O cuidado no pré-natal: um Compreender os valores A rede de atenção ao pré-natal
valor em questão instituídos nos discursos dos tenha uma adequação com foco
4 2017 SILVA et al.
profissionais da saúde sobre a na mulher, em prol de um avanço
assistência pré-natal. qualificado da assistência pré-natal.
Pré-natal: preparo para o Avaliar a relação entre assistência Apesar da oferta ideal do numero de
parto na atenção primária à pré-natal e orientações para consultas, a qualidade do cuidado
saúde no sul do Brasil o parto na Atenção Primaria a foi classificada como intermediaria
5 2017 GONÇALVES et al.
Saúde. ou inadequada e evidenciou-se
acesso precário a orientações para
o parto durante o pré-natal.
Assistência pré-natal Identificar as ações de O enfermeiro é referência para
realizada por enfermeiros: enfermagem realizadas pelo assistência pré-natal, sendo suas
6 2015 OLIVEIRA et al.
o olhar da puérpera enfermeiro durante a gestação condutas diretamente proporcionais
sob o olhar da puérpera. à qualidade da assistência prestada.
Avaliação da assistência Analisar a assistência pré- O pré-natal foi adequado para
pré-natal em unidade com natal de uma UBS com ESF maioria com diferença significante
7 estratégia saúde da família 2014 CORRÊA et al. do Município de São Paulo, entre os grupos de adequação em
conforme os indicadores do relação à idade gesta­cional e peso
PHPN. ao nascer.
Fonte: Queiroz, et al, 2019.

O Manual Técnico do Pré-Natal e Puerpério afirma que garantir um pré-natal de qua-


lidade continua sendo um desafio, apesar da cobertura desta atenção ter aumentado. Para
que haja uma qualificação da assistência nesse período é necessário procurar garantir para
ambos, mãe e bebê, boa condição de saúde, para obter sucesso, é imprescindível que os
profissionais envolvidos neste processo estejam conscientes da relevância, pois a consulta
pré-natal é para muitas mulheres a oportunidade de constatar seu estado de saúde.
Os resultados encontrados nessa pesquisa estão em conformidade com os achados de
OLIVEIRA et al (2017), que constatou o acolhimento sendo realizado de modo satisfatório,
assim como a atualização da história clínica. No entanto em poucos atendimentos foram
identificadas suas necessidades e comportamentos de risco para ISTs e esclarecidas as dúvi-
das das gestantes. E em nenhuma consulta foram orientadas quanto a este comportamento.
186
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Evidenciando que as orientações mais realizadas foram pertinentes ao início da gravidez
como a importância da alimentação adequada. Concluindo que apesar de não necessitar de
tecnologias complexas, algumas atividades mesmo simples, mas essenciais, foram pouco
ou não realizadas.
POLGLIANE et al., (2014), em sua pesquisa conclui que foram adotados os requisitos
mínimos entre os critérios estabelecidos pelo PHPN para uma assistência pré-natal de baixa
complexidade, e mesmo assim, essa assistência foi considerada insatisfatória, que é resultado
da ausência de execução de protocolos pelos profissionais de saúde e falta de organização
dos serviços, podendo ser usado como estratégia para sua melhoria discussões envolvendo
estes profissionais e as gestantes, objetivando alcançar a satisfação e expectativas dessas
mulheres para garantir uma atenção pré-natal de qualidade.
SILVA et al., (2019), estabelece potencialidades que qualificam a consulta pré-natal,
através da realização de uma assistência humanizada, organizada e segura, acolhendo as
gestantes com dignidade, realizando uma escuta qualificada, por meio de práticas articuladas
por uma equipe multidisciplinar que ofereça um cuidado envolvendo todas as dimensões,
cultural, social e econômicas da mulher e familiares, de forma integral. O que reafirma os
achados das pesquisas inclusas neste estudo sobre enxergar a mulher de forma holística e
atende-la em sua totalidade.
TOMASI et al., (2017), dedicou-se a avaliar aspectos da qualidade da atenção pré-natal
prestada na rede básica de saúde de todo o país, seus achados apontaram uma situação
preocupante, pois somente 15% das entrevistadas receberam uma assistência de qualidade,
resultado similar ao evidenciado neste estudo, percebeu que a maioria das gestantes rece-
bem uma atenção pré-natal satisfatória, mais distante de qualificada atendendo aos critérios
mínimos estabelecidos pelo PHPN em consonância com o ideal, refletindo na necessidade
de rever o que está sendo oferecido a essas mulheres e traçar estratégias fidedignas para
alcançar a qualidade na assistência.

CONCLUSÃO

É necessário que várias ações convirjam entre si para uma assistência de qualidade,
alcançando o mínimo do que é preconizado, como captação e início precoce do pré-natal,
adesão ao acompanhamento da gestação, realização do mínimo de consultas ideais, rea-
lização de exames pertinentes e participação nas atividades educativas, para que sejam
identificadas precocemente as possíveis complicações e assim a equipe possa intervir e
proporcionar um parto e puerpério com desfecho favorável, assegurando a saúde da mulher
e de seu concepto.

187
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
É imprescindível ainda que os serviços de saúde que prestam essa assistência sejam
avaliados periodicamente, a fim de identificar as lacunas existentes e assim traçar estratégias/
ações para intervir de forma a garantir o cumprimento da realização dos critérios mínimos
estabelecidos para uma assistência pré-natal de qualidade considerando os aspectos sociais,
econômicos e culturais dessas mulheres.
O enfermeiro é a referência principal para as gestantes tratando-se das atividades
educativas e ações de promoção e prevenção à saúde durante esse período, além de ser
habilitado a exercer cargos de liderança em diversos serviços de saúde, tendo assim, papel
imprescindível no processo de assistência pré-natal, desde a organização, acompanhamento
e finalização na consulta puerperal, cabendo-lhe nortear as mudanças necessárias para a
melhoria da assistência prestada.

REFERÊNCIAS
1. BALSELLS, Marianne Maia Dutra et al. Avaliação do processo na assistência pré-natal de
gestantes com risco habitual. Acta Paulista de Enfermagem, v. 31, n. 3, p. 247-254, 2018.

2. BECK, Elisiane Quatrin; SOUZA, Martha Helena Teixeira. Práticas de enfermagem acerca do
controle da sífilis congênita. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 10,
n. Especial, p. 19-24, 2018.

3. BRASIL, Ministério da Saúde. Caderneta da Gestante. Brasília – DF, 3 ed., 2016.

4. ______, Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: prin-
cípios e diretrizes / Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

5. ______. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de ações progra-


máticas estratégicas. Portaria nº 1459 de 24 de junho de 2011. Institui no âmbito do SUS a
Rede Cegonha. Brasília, 2011.

6. ______, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Bá-


sica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

7. CALIFE, Karina; LAGO, Tania; LAVRAS, Carmen. Atenção à gestante e à puérpera no SUS
– SP: manual técnico do pré-natal e puerpério. São Paulo: SES/SP, 2010.

8. CARPES, Fabiano; BIFF, Débora; STUMM, Karine Eliel. Percepção de acadêmicos de en-
fermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal. Revista Enfermagem Atual
InDerme, v. 79, n. 17, 2016.

9. CORRÊA, Marianne Dias et al. Avaliação da assistência pré-natal em unidade com estratégia
saúde da família. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 48, n. 1, p. 24-32, 2014.

10. GONÇALVES, Mariana Faria et al. Pré-natal: preparo para o parto na atenção primária à saúde
no sul do Brasil. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 38, n. 3, 2017.

188
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
11. DA SILVA, Luana Asturiano et al. O cuidado no pré-natal: um valor em questão. Cogitare
Enfermagem, v. 22, n. 2, 2017.

12. DE OLIVEIRA, Isabelly Gomes et al. Qualidade da consulta de enfermagem na assistência ao


pré-natal de risco habitual. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 19, 2017.

13. DE SOUZA OLIVEIRA, Jânia Cristiane et al. Assistência pré-natal realizada por enfermeiros:
o olhar da puérpera. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro, Mai/Ago, v. 5, n. 2,
p. 1613-1628, 2015.

14. MAYOR, Marcela Souza Sotto et al. Avaliação dos indicadores da assistência pré-natal em
unidade de saúde da família, em um município da Amazônia Legal. Revista Cereus, v. 10, n.
1, p. 91-100, 2018.

15. PEREIRA, Alexandre Aguiar et al. Percepções de gestantes ribeirinhas sobre a assistência
pré-natal. Cogitare Enfermagem, v. 23, n. 4, 2018.

16. PITILIN, Érica de Brito; PELLOSO, Sandra Marisa. Internações sensíveis à atenção primária
em gestantes: Fatores associados a partir do processo da atenção pré-natal Texto & Contex-
to-Enfermagem, v. 26, n. 2, 2017.

17. POLGLIANE, Rúbia Bastos Soares et al. Adequação do processo de assistência pré-natal
segundo critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e da Organização
Mundial de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 1999-2010, 2014.

18. SILVA, Andressa Arraes et al. Pré-natal da gestante de risco habitual: potencialidades e fra-
gilidades. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 9, p. 15, 2019.

19. TOMASI, Elaine et al. Qualidade da atenção pré-natal na rede básica de saúde do Brasil: in-
dicadores e desigualdades sociais. Cadernos de Saúde Pública, v. 33, p. e00195815, 2017.

20. VOSGERAU, Dilmeire Sant’Anna Ramos; ROMANOWSKI, Joana Paulin. Estudos de revisão:
implicações conceituais e metodológicas. Revista diálogo educacional, v. 14, n. 41, p. 165-
189, 2014.

189
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
15
Fatores geradores de estresse
ocupacional e seus impactos na saúde
dos profissionais de enfermagem que
atuam na linha de frente do Covid-19:
uma revisão bibliográfica

Adriana Lemos Pereira Dayane de Sousa


IESPES
Alciene Henrique dos Santos
IESPES Eluane Martins Campos Pereira
UEPA
Aylla Cristina Sousa Ribeiro
IESPES Evanil da Mota Pimentel
UEPA
Celiene Cerdeira dos Santos
IESPES Jheniffer de Souza Santos
IESPES
Daniela Orlayne de Sousa Pereira
IESPES

10.37885/210705440
RESUMO

A Covid-19 integra uma das doenças causadas pelo Corona Vírus, este patógeno for-
ma uma família de vírus causadores de doenças infecto respiratórias. Seu histórico de
acometimento vem desde o século passado, contudo, o surgimento de um novo agente
patológico de alta virulência na China colocou todos os países diante de uma pandemia
global, a pesquisa em questão buscou Identificar fatores geradores de estresse ocupa-
cional e seus impactos na saúde dos profissionais de enfermagem que atuam na linha
de frente do covid-19. O trabalho trata-se de um estudo bibliográfico, exploratório, quan-
titativo de caráter narrativo. Para a elaboração foram realizadas pesquisas nas bases
de dados: LILACS, SciELO e Google Acadêmico, sendo selecionados artigos entre os
anos 2011 a 2021. Na qual foram encontradas 60 publicações científicas sobre o tema.
Noentanto, após a leitura dos artigos utilizou-se apenas 30, pois estes foram os que mais
se aproximaram do objetivo proposto pela pesquisa. O papel assistencial do enfermeiro
em unidade de tratamento intensivo consiste em obter a história do paciente, realizar
exame físico, executar procedimentos e intervenções relativas ao tratamento, avaliar as
condições clínicas, orientar os pacientes para continuidade do tratamento. A enfermagem
é considerada como umas das profissões que excedem sua carda de trabalho, isto ocor-
re pelo fato dos enfermeiros realizarem várias funções durante o plantão. Porém, ficou
evidente em vários estudos que o surgimento da pandemia desencadeou um aumento
significativo de enfermeiros com estresse ocupacional, isto consequentemente contribuiu
para a manifestação de doenças emocionais e físicas entre esta categoria.

Palavras-chave: UTI, Covid-19, Enfermagem.

191
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A Covid-19 integra uma das doenças causadas pelo Corona Vírus, este patógeno
forma uma família de vírus causadores de doenças infecto respiratórias. Seu histórico de
acometimento vem desde o século passado, contudo, o surgimento de um novo agente pa-
tológico de alta virulência na China colocou todos os países diante de uma pandemia global
(ALVES; FERREIRA, 2020).
Seu poder de contaminação é tão rápido que se passaram apenas três meses entre
o surgimento do paciente zero, até a instauração da pandemia pela (OMS) Organização
Mundial de Saúde (ALVES; FERREIRA, 2020). Segundo relatório da OMS, no ano de 2020
o Brasil registrou uma média de 6.29,272 de casos confirmados e 172.561 óbitos pelo novo
Corona Vírus. Estes números, somados aos novos casos registrados no ano de 2021 somam
11.122,429 confirmados e 268,370 óbitos, tornando esta enfermidade um grave problema
de Saúde Pública (BRASIL, 2021).
Buscando atender o grande número de pacientes, o Brasil adotou medidas de conten-
ção criando Hospitais de Campanha para, desta forma, aumentar a demanda por leitos e
diminuir a superlotação das UTIs. Na linha de frente destes hospitais temos os profissionais
de saúde, em especial atenção à enfermagem, considerados a espinha dorsal na luta contra
a Covid-19 (ALVES; FERREIRA, 2020).
Contudo, a insuficiência de equipamentos de proteção individual (EPIs), a falta de teste
para a população e consequentemente para os profissionais de enfermagem, submetem
esses “heróis” a um constante risco, pois muitos destes profissionais foram infectados, che-
gando mesmo a perderem suas vidas (SOUZA; SOUZA, 2020). Atrelado a isto, pode-se citar
cargas de trabalho expandido, esgotamento e adoecimento mental por horas excessivas de
trabalho, estresse do profissional convivendo diariamente com o medo de contaminação,
somado ao limite de equipamentos a disposição para prestar assistência de enfermagem.
Diante desta questão surgem os seguintes questionamentos: Qual o papel da en-
fermagem dentro da unidade de terapia intensiva na assistência a pacientes com
Covid-19? Se Houve aumento na carga horária do enfermeiro da UTI durante a pandemia
do Covid-19? Quais os sofrimentos psiquicossomáticos sofridos pelos profissionais de saúde
que prestam atendimento a paciente com covid19?
Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral: identificar fatores geradores
de estresse ocupacional e seus impactos na saúde dos profissionais de enfermagem que
atuam na linha de frente do covid-19. Através dos seguintes objetivos específicos: descrever
o papel da enfermagem dentro da unidade de terapia intensiva na assistência a pacientes
com Covid-19; analisar o aumento da carga horaria do enfermeiro intensivista durante a
pandemia do COVID-19; verificar os fatores estressantes na unidade de terapia intensiva
192
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
ao equilíbrio psíquicossomático dos profissionais de enfermagem que prestam atendimento
a paciente com Covid-19.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia

O estudo trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa exploratória e descritiva acerca


dos fatores geradores de estresse ocupacional e seus impactos na saúde dos profissionais
de enfermagem que atuam na linha de frete do Covid19. Para Sousa e Cabral (2015), a
pesquisa narrativa comporta dois aspectos essenciais: uma sequência de acontecimentos
e uma valorização implícita dos acontecimentos. Assim, na pesquisa narrativa, a seleção
dos artigos é arbitrária, provendo o autor das informações sujeitas a viés de seleção, com
grande interferência da percepção subjetiva.
Para a busca de dados, foi feito um levantamento através da literatura científica consti-
tuída por 60 artigos científicos, livros, revistas, teses, dissertações e documentos eletrônicos.
Entre eles sendo utilizados apenas 30 para a elaboração do trabalho, quanto aos critérios
de inclusão foram utilizados os trabalhos publicados entre os anos de 2011 a 2021, dispo-
níveis eletronicamente, no formato artigos científicos, livros, revistas, teses, dissertações e
documentos eletrônicos, disponíveis na língua portuguesa, tendo como assunto principal:
fatores geradores de estresse ocupacional e seus impactos na saúde dos profissionais de
enfermagem que atuam na linha de frente do covid-19. Já os de exclusão foram dados não
compatíveis com os Palavras-chave abaixo, trabalhos que não abordaram a temática do
tema, o que poderiam impedir o alcance dos objetivos deste estudo.
A base de pesquisa aconteceu por meio das plataformas Scielo (Scientific Electronic
Library Online), LILACs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em ciências da saúde) e
o Google Acadêmico, com a utilização dos seguintes descritores: Profissionais de saúde,
covid-19, estresse ocupacional. Posteriormente a isso foi realizado as interpretações dos
dados, fazendo uma análise entre o conhecimento dos autores sobre o tema abordado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O papel da enfermagem dentro da unidade de terapia intensiva na assistência a


pacientes com COVID-19

No Brasil, a pandemia exacerba problemas estruturais presentes em nosso sistema


de saúde como falta de investimentos em pesquisa, déficit de profissionais qualificados nos
serviços de saúde e a desarticulação presente entre os níveis de atenção à saúde (BRITO 193
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
et al., 2020). No âmbito do cuidado aos pacientes críticos, há uma demanda cada vez maior
por profissionais enfermeiros qualificados que possam atuar nos serviços de terapia inten-
siva (NUNES, 2020).
A prática de enfermagem em terapia intensiva se insere em um contexto em que se
tem pacientes com grau elevado de complexidade, isto faz com que os mesmos precisem de
uma atenção maior de equipe de enfermagem. O que acaba deixando estes profissionais em
constantes situações de desgaste físico e mental, tornando-se imprescindível um aumento
no quantitativo de enfermeiros para atuarem neste ambiente (CAMPOS et al., 2014).
O papel assistencial do enfermeiro em unidade de tratamento intensivo consiste em
obter o histórico do paciente, realizar exame físico, executar procedimentos e intervenções
relativas ao tratamento, avaliar as condições clínicas, orientar os pacientes para continuidade
do tratamento. Além de gerencia, planejar, supervisionar e coordenar sua equipe, buscando
prestar sempre a melhor assistência aos enfermos (CHAVES; LAUS; CAMELO, 2012).
O paciente crítico portador da COVID-19 necessita de constante e rigorosa vigilância dos
seus sinais vitais, dentro desse contexto, torna-se imprescindível que a equipe assistencial
da unidade de terapia intensiva seja capaz de reconhecer e identificar precocemente todas
as alterações hemodinâmicas, através da monitorização rigorosa e atenta. Neste sentido, o
enfermeiro intensivista deve estar apto a analisar estes dados, assim como também, soma-
-los ao histórico do paciente, à avaliação dos sistemas, o exame físico, além de resultados
laboratoriais e de imagem (MORAES; ALMEIDA; GIORDANI, 2020).
O enfermeiro que atua nas UTIs é responsável por aplicar escalas avaliativas como
Glasgow, Braden, e fugulin através destas, os profissionais podem observar as carências
de cuidados de cada paciente, os mesmos também são responsáveis por realizarem diag-
nosticos de enfermagem de acordo com a necessidade de cada enfermo e assim fazer a
distribuição de serviços para sua equipe (MORAES; ALMEIDA; GIORDANI, 2020).
Estes também devem ter convicção que a tecnologia deve ser sua aliada e não vilã,
buscando sempre tornar o cuidado prestado ao paciente o mais humanizado possível. É de
suma importância que o enfermeiro esteja constantemente supervisionando o trabalho da
sua equipe, proporcionando educação e conhecimento para que os mesmos possam prestar
uma assistência de qualidade (OUCHI et al., 2018).
A monitorização na terapia intensiva é considerada como uma das mais importantes
ferramentas no tratamento dos pacientes críticos. Desse modo, deve ser realizada de forma
correta, principalmente pela equipe de enfermagem, pois são estes profissionais que manu-
seiam os monitores com maior frequência (PADILHA; MATSUDA, 2011).
Nunes (2020) alega que os pacientes com infecção causada pelo Corona Vírus ne-
cessitam de uma assistência de enfermagem qualificada, pois o manejo dos enfermos
194
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
contaminados com o vírus é desafiador para os profissionais, assim como, o seu tratamento.
Uma das medidas terapêuticas mais utilizada nas UTIs são ventilação mecânica invasiva
e não invasiva, a realização da manobra prona facilita a trocas gasosa, e melhora os para-
mentos respiratórios.
No que diz respeito a manobra prona, o enfermeiro possui um papel fundamental na
prática clínica para a organização do processo de implementação da técnica. No Brasil, há
uma vasta literatura acerca da implementação por meio de checklist sobre a manobra pro-
na. A observância de uma padronização nas UTIs é de fundamental importância no atual
momento, além disso, cabe salientar que a manobra possui complicações importantes, como:
lesões por pressão, pneumonia associada à ventilação mecânica e extubação acidental
(OLIVEIRA et al., 2020).

O aumento da carga horária do enfermeiro intensivista durante a pandemia do COVID-


19.

A unidade de terapia intensiva (UTI) destaca-se por acumular grande número de pa-
cientes de alta complexidade. A mesma pode ser definida como um local que dispõe de
um conjunto de elementos funcionalmente agrupados destinados ao atendimento de casos
graves ou de risco que necessitam de assistência e intervenção à saúde ininterrupta, além
de equipamentos e recursos especializados (SILVA et al., 2017).
Este departamento reúne diversos profissionais entre eles destacasse médicos, enfer-
meiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas entre outros, treinados e capacitados para
dar assistência ao paciente clínico e cirúrgico em estado crítico. O objetivo desses centros
é diminuir a mortalidade através de cuidados mais intensivos e da observação individual,
contínua e integral, de acordo com as necessidades do paciente (GALVÃO; MENDES, 2017).
Os enfermeiros atuantes nas unidades de terapias intensivas se deparam diariamente
com escassez de leitos, limitação de equipamentos o que acaba dificultando o trabalho dos
mesmos neste setor. Somado a isto, o surgimento do novo Corona Vírus refletiu em um
aumento significativo da carga horária de trabalho destes profissionais (COSTA, 2020).
Diariamente o número de suspeitos e casos confirmados com a doença aumenta
expressivamente, isto consequentemente, acaba gerando um excesso de trabalho para os
enfermeiros, fazendo com que estes profissionais apresentem esgotamento físico e mental
(ALVES; FERREIRA, 2020) Galvan (2015) reconhece que a carga de trabalho ideal procura
não sobrecarregar o indivíduo, a fim de poder garantir sua segurança, saúde, conforto e, em
longo prazo e otimizar sua eficiência. Já o excesso de carga de trabalho, por sua vez, acaba
causado no profissional ansiedade, depressão, infarto do miocárdio, abuso de drogas, além
de reduzir a eficácia do serviço prestado e o aumento do índice de acidentes de trabalho.
195
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A enfermagem é considerada como umas das profissões que excedem sua carga de
trabalho, isto ocorre pelo fato dos enfermeiros realizarem várias funções durante o plantão
além da assistência ao paciente, os mesmo ainda são responsável por treinar e capacita-
ção sua equipe, fazer o gerenciamento de insumos e materiais, orientação dos pacientes e
familiares (NOVARETTI et al., 2014).
Souza et al. (2018) realizaram uma pesquisa sobre a qualidade de vida dos enfermei-
ros na unidade de terapia intensiva no qual os pesquisadores conseguiram observar que os
enfermeiros que atuam neste setor estão com carga horaria superiores a 44 horas semanais.
Infelizmente com o surgimento do COVID-19 estas jornadas de trabalho tornaram-se ainda
mais árduas. Helioterio et al. (2020) ressaltam a importância da revisão da medida provisória
927 criada em 22 de março de 2020 a qual permite a ampliação da jornada de trabalho dos
profissionais de saúde por até 24 horas e reduz o tempo de descanso para 12 horas.
Carvalho et al. (2017) afirmam ainda, que o aumento no número de casos de pacientes
infectados pelo o novo corona vírus traz consigo uma carência enorme de enfermeiros dentro
do ambiente hospitalar, isto acabada deixando o trabalho mais desgastantes e estressantes.
No intuito de salvar um maior número de vidas, mesmo ao custo de seu bem- estar os
profissionais de enfermagem submetem-se a carga horária de trabalho fadigante, situações
limítrofes, riscos, tensão, longas jornadas de trabalho, além de plantões noturnos, o que
prejudicam a integridade física e mental dos mesmos (VIEIRA, 2019).
Para Novaretti et al. (2014) a sobrecarga de trabalho está relacionada a desproporção
entre o número de profissionais de enfermagem ao de pacientes. Relatada também que
este excesso de trabalho acaba sendo um obstáculo às ações de educação continuada
para prevenção contra a infecção hospitalar, onde a disponibilidade para a participação de
treinamentos e a eficácia dos mesmos fica prejudicada.

Os fatores estressantes na unidade de terapia intensiva ao equilíbrio psíquicossomático


dos profissionais de enfermagem que prestam atendimento a paciente com covid-19.

A unidade de terapia Intensiva representa uma área de atuação particularmente es-


tressante, devido a fatores como a alta mortalidade dos pacientes, o que, mediante a sua
ocorrência, gera tensão e ansiedade nos profissionais fazendo-os questionar-se sobre o
seu próprio empenho e qualidade da assistência prestada ao enfermo. O estresse na UTI é
um problema real para a saúde das pessoas que ali trabalham, o mesmo deve ser discutido
para o desenvolvimento de medidas de prevenção e controle ou pelo menos de atenuação
(CATOLÉ; LIMA; SILVA,2016).
A enfermagem é considerada uma profissão sujeita ao impacto do estresse, decorrente
do cuidado constante com pessoas doentes e situações imprevisíveis, principalmente na
196
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
UTI, isto ocorre pelo fato dos profissionais terem que vivenciar juntamente com os pacien-
tes, sentimentos de dor, sofrimento e desespero isto coloca os mesmos constantemente
em situações de tensão e estresse. Com a chegada da pandemia do COVID-19 o estresse
infelizmente se faz mais presente entre esta categoria (MELO et al., 2013).
Para Dias et al. (2016) O estresse ocupacional ocorre quando o indivíduo não consegue
atender às demandas solicitadas por seu trabalho, isto acaba causando sofrimento psíquico,
mal-estar, mudanças de comportamento, distúrbios do sono, aumento de peso, alteração
na pressão arterial, cefaleia, problemas gastrointestinais, dores musculares entre outros.
Souza e Souza (2020) afirmam que a pandemia causada pelo COVID-19 vem causando
um forte impacto na saúde dos profissionais de enfermagem, além da exposição ao vírus os
mesmos ainda tem que lidar com outras patologias como a síndrome de Burnout, estresse,
transtorno de ansiedade, transtornos depressivos, transtorno pós-traumático, adoecimento
mental e a perda de entes queridos e colegas de trabalho.
A organização Mundial de Saúde (OMS) vem alertando desde o início da pande-
mia que os enfermeiros são os profissionais mais suscetíveis a desgastes físicos e men-
tais, bem como um risco aumentado para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout
(HUMEREZ et al., 2020).
Para Nunes (2020) a sobrecarga de trabalho do profissional enfermeiro, tem contribuído
para o desequilíbrio emocional desses profissionais. Soma-se a esta situação, a pandemia de
COVID-19, que resultou em mudanças drásticas nas relações sociais e de trabalho, fazendo
com que os profissionais de enfermagem sejam mais suscetíveis ao sofrimento psíquico.
Teixeira et al. (2020) em sua pesquisa sobre os profissionais de saúde no enfrenta-
mento da pandemia de Covid- 19 realizou um estudo com 1.257 profissionais de saúde
em 34 hospitais diferentes no qual foi possível observar que a maioria dos entrevistados
apresentavam sintomas de depressão e ansiedade. A privação do conforto de seus lares
após horas estressantes de trabalho e da companhia de seus familiares contribuíram para
o adoecimento mental dos profissionais que atuam na linha de frente no combate a pande-
mia (COSTA, 2020).
Segundo Alves et al. (2019) Os trabalhadores da área da saúde, especificamente os
de enfermagem, estão entre os profissionais mais suscetíveis aos problemas mentais den-
tre eles, a depressão, há inúmeros fatores que contribuem para o quadro de depressão no
profissional enfermeiro, como pouco ou nenhum reconhecimento profissional, baixa remu-
neração e elevada carga de trabalho.
A depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, um problema complexo
cujas características principais são, alterações do apetite, do sono, da atividade motora,
cansaço, especialmente matutino, baixo conceito de si mesmo, baixa autoestima, sentimento
197
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de culpa, dificuldades para pensar ou se concentrar, indecisão, ideias de morte e ou de
suicídio (RUFINO et al., 2018).
Para Schmidt; Dantas; Marziale, (2011) a ansiedade é um sentimento vago e desagra-
dável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipa-
ção do perigo, ou de ter que lidar com algo desconhecido ou estranho. Perante a colocação
destes autores, pode-se perceber que os profissionais que estão lidando diariamente com
pacientes infectados pelo COVID-19 apresentam sintomas claros de ansiedade, devido se
tratar de uma enfermidade desconhecida por todos, incluindo os profissionais de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa em questão possibilitou observar a importância dos profissionais da enfer-


magem na luta contra a Covid-19, mesmo diante de várias limitações como falta de leitos,
conhecimento sobre a patologia, excesso de trabalho e perda de entes queridos e colegas
de profissão os mesmos continuam executando seu trabalho da melhor forma possível.
Porém, ficou evidente em vários estudos que o surgimento da pandemia desencadeou
um aumento significativo de enfermeiros com estresse ocupacional, isto consequentemente
contribuiu para a manifestação de doenças emocionais e físicas como transtorno de ansieda-
de, transtornos depressivos, transtorno pós-traumático, síndrome de Burnout, cefaleia, dores
musculares, distúrbios do sono, aumento de peso, alteração de pressão arterial. O surgimen-
to destes quadros clínicos entre os profissionais da saúde deve-se ao fato desta categoria
exercer funções variadas dentro das UTIs.
A importância desta pesquisa para o meio acadêmico e para a sociedade, se dá pelo
fato de que através desta será possível disseminar informações acerca do tema e con-
sequentemente alertar a população sobre a importância de adotar todas as medidas de
prevenção. Já para o meio hospitalar, ficou evidente a necessidade da contratação de mais
enfermeiros para atuar neste setor, pois o excesso de trabalho foi um dos principais fatores
que contribuiu para o estresse ocupacional entre esta categoria.

198
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. ALVES, A. CARVALHO, V. C. S. C.; SANTOS, M. S.; OLIVEIRA, J. A. A.; GOMES, M. F. P.;
RETICENA, K. O.; BRAVO, D. S.; OLIVEIRA, J. DEPRESSÃO ENTRE PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR: UMA REVISÃO DE LITERATURA raz. J.
Surg. Clin. Res, v.27, n.3, p.141-146, 2019 .Disponível em: https://www.mastereditora.com.
br/periodico/20190805 073050.pdf. Acessado em: 07 de março de 2021.

2. ALVES, J. C. R; FERREIRA, M. B. Covid-19: reflexão da atuação do enfermeiro no combate ao


desconhecido. Enferm. Foco 2020. Pojuca – BA, v. 11, n. 1. P. 74-77, maio. 2020. Disponível
em: http://ba.corens.portalcofen.gov.br/wp- content/uploads/2021/01/Artigo.pdf . Acessado em
03 de março 2021.

3. BRASIL, Ministerio da Saude. Painel Coronavirus. 2021. Disponível:<https://covid.saude.gov.


br/>. Acessado em: 07 de março de 2021.

4. BRITO, S. B. P. et al. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século XXI. Vigilância Sa-
nitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia. São Paulo, v.8, n.2. p. 54-63, maio.
2020. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/
view/1531 . Acessado em 25 de fevereiro de 2021.

5. CAMPOS, J. F. et al. Prazer e sofrimento: avaliação de enfermeiros intensivistas à luz


da psicodinâmica do trabalho. Escola Anna Nery. v.18, n.1. p. 90-95. 2014. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/307656432 Prazer e sofrimento avaliacao de enfer-
meiros intensivistas a luz da psicodinamica do trabalho . Acessado em 3 de março de 2021.

6. CARVALHO, D. P. et al. Cargas de trabalho e a saúde do trabalhador de enfermagem:


revisão integrativa. 2017. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/328056196.pdf. Aces-
sado em: 07 de março de 2021.

7. CATOLÉ, M.; LIMA, C. B.; SILVA, O. P. Estresse nas unidades de terapia intensiva. Tema em
saúde, v. 16, n. 3, p. 2447-2131, 2016. Disponível em: https://temasemsaude.com/wp-content/
uploads/2016/09/16316.pdf. Acessado em: 07 de março de 2021.

8. CHAVES, L. D. P.; LAUS, A. M.; CAMELO, S. H. Ações gerenciais e assistenciais do enfer-


meiro em unidade de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 671- 678,
2012. Disponível em: <https://www.fen.ufg.br/revista/v14/n3/pdf/v14n3a25.pdf>. Acessado em:
06 de Março de 2021.

9. COSTA, D. M. Os desafios do profissional de enfermagem mediante a covid-19. Gestão


& Tecnologia Faculdade Delta. v. 1. edição 30. Jan/Jun 2020. Disponível em: http://revista.
cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/3748. Acessado em 06 de fevereiro de 2021.

10. DIAS, F. M.; SANTOS, J. F. C. S.; ABELHA, L.; LOVISI, G. M. O estresse ocupacional e a
síndrome do esgotamento profissional (burnout) em trabalhadores da indústria do petróleo:
uma revisão sistemática. Rev Bras Saude Ocup, v,41, n.11, p. 02-11, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S0303- 76572016000100401. Acessado
em: 07 de março de 2021.

11. GALVAN, T. C. Carga de trabalho: Definiçao, fatores influentes e identificações de causas


reais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.
php?script=sciarttext&pid=S0303-76572016000100401. Acessado em: 07 de março de 2021.

199
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
12. GAVÃO, W.J.C.; MENDES, D.R.G. humanização de enfermagem na unidade de terapia
intensiva - um assunto pouco falado, mas muito vivido. Senaaires. 2017. Disponível em:
https://www.senaaires.com.br/wp- content/uploads/2017/05/HUMANIZA%C3%87%C3%83O-
-DE-ENFERMAGEM-NA- UNIDADE-DE-TERAPIA-INTENSIVA-UM-ASSUNTO-POUCO-FA-
LADO-MAS-MUITO-VIVIDO.pdf. Acessado em: 19 de março de 2021.

13. GUEDES, J. R,; SILVA, E.S.; CARVALHO, I. L. N.; OLIVEIRA, M. D. Incidência e fatores pre-
disponentes de insuficiência renal aguda em unidade de terapia intensiva. Cogitare Enferm,
v.22, n. 2, p. 49035,2017. Disponível em: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/10/859861/
49035-204175-1-pb.pdf. Acessado em: 19 de fevereiro de 2021

14. HELIOTERIO, M. C.; LOPES, F. Q. R. S.; SOUSA, C. C.; SOUZA, F. O.; FREITAS, P. S.
P.; SOUSA, N. F.; ARAÚJO, T. A. Covid-19: por que a proteção da saúde dos traba-
lhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia. Universida-
de Estadual de Feira de Santana, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=S1981-77462020000300512&script=sciarttext. Acessado em: 06 de março de 202 .

15. HUMEREZ, D. C. et al. Saúde mental dos profissionais de enfermagem do brasil no contexto da
pandemia covid-19: ação do conselho federal de enfermagem. Cogitare Enfermagem. 2020.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio- 1099598. Acessado em
25 de fevereiro de 2021.

16. MELO, M. V.; SILVA, T. P.; NOVAIS, Z. G.; MENDES, M. L. M. ESTRESSE DOS PROFISSIO-
NAIS DE SAÚDE NAS UNIDADES HOSPITALARES DE ATENDIMENTO EM URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA. Ciências Biológicas e da Saúde, v. 1, n.2, p. 35-42, 2013. Disponível em: fi-
le:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/1200- Texto%20do%20artigo-3740-1-10-20131113.
pdf. Acessado em: 07 de março de 2021.

17. MORAES, E. M; ALMEIDA, L. H. A; GIORDANI, I. Covid-19: cuidados de enfermagem em


unidade de terapia intensiva. Scientia Medica. Porto Alegre, v. 30, p. 1-11, jan.-dez. 2020.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1117509. Acessado em
03 de março de 2021.

18. NOVARETTI, M. C. Z.; SANTOS, E. V.; QUITÉRIO, L. M.; GALLOTTII, R. M. D. Sobrecarga


de trabalho da Enfermagem e incidentes e eventos adversos em pacientes internados em
UTI. Rev Bras Enferm, v.67, n. 5, p. 692-699, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/
scielo.php?pid=S0034- 71672014000500692&script=sciabstract&tlng=pt. Acessado em: 06
de março de 2021.

19. NUNES, M. R. A atuação do enfermeiro em unidade de terapia intensiva na pandemia de


COVID-19: relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde. Universidade Federal
de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre - RS. v.12. n. 11. p. 1-6. 2020. Disponível
em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/4935. Acessado em 23 de feve-
reiro de 2021.

20. OLIVEIRA, V. M. et al. Checklist da prona segura: construção e implementação de uma fer-
ramenta para realização da manobra de prona. Revista Brasileira de Terapia Intensiva.
v. 29 n. 2. p. 131-141. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
507X2017000200131&script=sciabstract&tlng=pt. Acessado em 03 de março de 2021.

21. OUCHI, J.D.; LUPO, A.P.R.; ALVES, B.O.; ANDRADE. R.V.; FOGAÇA, M.B. O papel do enfer-
meiro na unidade de terapia intensiva diante de novas tecnologias em saúde. Revista Saúde
em Foco, v.10, p.412-428, 2018. Disponível em: http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content.
Acessado em: 09 de fevereiro de 2021.
200
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
22. PADILHA, E. F.; MATSUDA, L.M. Qualidade dos cuidados de enfermagem em terapia intensiva:
avaliação por meio de auditoria operacional. Rev Bras Enferm, Brasilia-DF, v. 64, n.4, p. 684-
691, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S003471672011000400009&s-
cript=sciabstract&tlng= pt. Acessado em: 05 de Março de 2021.

23. RUFINO, S.; LEITE, R. S.; FRESCHI, L.; VENTURELLI, V. K.; OLIVEIRA, E. S.; FILHO, D.
A. M. M. ASPECTOS GERAIS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO. Revista
Saúde em Foco, n. 10, p. 838-842, 2018. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/unifia/
wp- content/uploads/sites/10001/2018/11/095ASPECTOS-GERAIS-SINTOMAS-E- DIAGN%-
C3%93STICO-DA-DEPRESS%C3%83O.pdf. Acessado em: 06 de março de 2021.

24. SCHMIDT, D. R.; DANTAS, R. A. S.; MARZIALE, M. H. P. Ansiedade e depressão entre pro-
fissionais de enfermagem que atuam em blocos cirúrgicos. Rev Esc Enferm USP, v. 45, n.2,
p.487-93, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/v45n2a25.pdf. Acessado
em: 07 de março de 2021.

25. SILVA, G. G. O.; NUNES, J. T.; BABORSA, I. R.; BARROS, T. R. C. C. R.; SOUZA, A. M. L.;
DAVIM, R. M. B.; MARTINO, M. M. F. Distúrbios renais em unidade de terapia intensiva. Rev
enferm UFPE on line, v. 11, n. 11, p. 4463-4468, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpe.
br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/23512/24739. Acessado em: 19 de fevereiro de
2021.

26. SOUSA, M. G. S.; CABRAL, C. L. O. A Narrativa como opção Metodológica de pesquisa For-
mação de Professores. Revista Horizonte, v. 33, n. 2, p. 149-158, 2015. Disponível em: https://
revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/view/149. Acessado em 25 de fevereiro de 2021.

27. SOUZA, R. F.; ROSA, R. S.; PICANÇO, C. M.; JUNIOR, E. V. S.; CRUZ, D. P.; GUIMARÃES,
F. E. O.; BOERY, R. N. S. O. Repercussões dos fatores associados à qualidade de vida em
enfermeiras de unidades de terapia intensiva. Rev. Salud Pública, v. 20, n.4, p. 453-459,
2018. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsap/2018.v20n4/453-459. Acessado em
25 de fevereiro de 2021.

28. SOUZA, L. P. S; SOUZA, A. G. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo co-
ronavírus: quem cuidará de quem cuida? Journal of nursing and health. v. 10. n. espe-
cial. 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/
view/18444/11240. Acessado em 25 de fevereiro de 2021.

29. TEIXEIRA, C. F. S.; SOARES, C. M.; SOUZA, E. S.; LISBOA, E. S.; PINTO, I. C. M.; ANDRADE,
L. R.; ESPIRIDIÃO, M.A. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia
de Covid- 19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n.9, p.3465- 3474, 2020. Disponível em: ht-
tps://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 81232020000903465&script=sciarttext. Acessado
em: 07 de março de 2021.

30. VIEIRA, B. S. S. A humanização e a satisfação dos usuários sobre a assistência de


enfermagem em serviços hospitalares: Uma análise da literatura. 2019. Disponível em:
http://www.faculdadedeitaituba.com.br/pdf.php?id=44&f=BRUNA%20TCC%20PRONTO. pdf.
Acessado em: 07 de março de 2021.

201
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
16
Infecção Hospitalar Relacionada à
Assistência de Enfermagem: Uma
Revisão Integrativa

Gianeide da Silva Camargo

Karina Nunes Ribeiro

Luciana Suassuna Dutra Rosas

Graciello Cristian Costa Silva

10.37885/210605202
RESUMO

As IRAS são uma forma de visualizar o papel da enfermagem na prevenção e controle


da IH através de técnicas de assepsia e habilidade para prevenir o desenvolvimento e
a difusão de uma infecção. Dentre as formas de transmissão visualiza-se que as mãos
contaminadas dos enfermeiros são as principais formas de disseminação. O presente
estudo visa de acordo com a relevância da temática IH, contribuir com o conhecimento
da enfermagem para a prevenção da IH. Tendo como objetivo investigar na literatura
nacional estudos que versem sobre as IRAS, descrevendo a situação da IH encontrado
na literatura. Trata- se de uma pesquisa do tipo revisão integrativa realizada no período de
2016 a 2020 sobre a IH e a contribuição na área da enfermagem observando o conheci-
mento dos profissionais sobre o tema. A definição para busca dos estudos ocorreu no site
da BVS, sendo as Palavras-chave: infecção hospitalar and enfermagem. Os critérios de
seleção da amostra ocorreram à partir da leitura de 21 trabalhos científicos encontrados,
onde 14 foram excluídos e 07 foram utilizados para esta pesquisa, com texto disponível
completo, idioma português, base de dados nacionais, assunto principal, todos os tipos
de estudos relacionados à temática publicados entre os anos de 2016 a 2020. Visualiza-
se que novos estudos deverão ser feitos para melhoria do conhecimento científico de
outros profissionais. Assim como o estudo desta temática mostrou a grande importância
da utilização de precauções padrão no controle das IRAS e da conscientização da equipe
sobre a importância do controle de IH.

Descritores: Infecção Hospitalar; Equipe de Enfermagem; Enfermagem; Cuidados de


Enfermagem; Controle de Infecção.

203
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Enfermagem é uma arte e uma ciência que específica a assistência e o cuidar ao ser
humano, de forma individual a cada paciente com empatia, dedicação e respeito à dignidade
e individualidade, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo
de forma autônoma ou em equipe, com atividades de promoção, proteção, prevenção, rea-
bilitação e recuperação da saúde, com embasamento científico, onde através do cuidado
prestado alcança um nível de excelência que favorece tanto pacientes como seus familia-
res. Ao prestar assistência é imprescindível que se forneça cuidado dentro dos padrões e
da ética profissional. (POTTER; PERRY, 2013).
De acordo com o autor referênciado acima, cabe destacar a importância da enferma-
gem na promoção e prevenção das infecções hospitalares, na prestação dos cuidados de
saúde em todo mundo. No início da história da enfermagem, Florence Nightingale estudou
e programou métodos para a melhoria das condições sanitárias para os soldados feridos,
reduzindo os índices de doenças, infecções e principalmente mortalidade. Em 1860, Florence
Nightingale desenvolveu o primeiro programa de treinamento de enfermeiras, a Nightingale
Training School for Nurses no ST. Thomas Hospital, em Londres. Florence foi à primeira
enfermeira epidemiologista do mundo.
O enfermeiro deve usar técnicas de assepsia e habilidade para prevenir o desenvolvi-
mento e a difusão de uma infecção. Deve-se fazer uso de procedimentos padrões, utilização
de Equipamento de Proteção Individual (EPI), precauções de barreiras, meios de transmissão
de bactérias, higiene das mãos para prevenir a disseminação de microrganismos. Dentre
as formas de transmissão das infecções hospitalar, as mãos contaminadas dos enfermei-
ros são as principais formas de disseminação para outros pacientes e para toda a equipe
de saúde da unidade hospitalar, correndo o risco de haver contaminação inclusive fora da
unidade (SMELTZER, 2016).
A Infecção Hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e
que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada
com a internação ou procedimentos hospitalares. (MEDEIROS, 2017),
Segundo o Ministério da Saúde, o Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH)
começou a ser regulamentado em 1983, com a Portaria MS nº 196/83, o qual instituiu a im-
plantação de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) em todos os hospitais
do país, independentemente de sua natureza jurídica, sendo revogada e substituída pela
Portaria MS nº 930/92, que determina a obrigatoriedade da existência de uma CCIH, em
todos os Hospitais Brasileiros, segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Tal portaria definiu a estrutura de funcionamento e áreas de competência, detalhando em
seus anexos: conceitos e critérios diagnósticos de infecção hospitalar, classificação das
204
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
cirurgias quanto ao poder de contaminação, vigilância epidemiológica, normas para limpeza
e desinfecção, esterilização e antissepsia. (BRASIL, 1992).
Atualmente, está em vigor a Portaria Nº 2616, de 12 de maio de 1998, que revogou a
Portaria nº 930/92. De acordo com esta Portaria, as Comissões de Controle de Infecções
Hospitalares devem ser compostas por membros consultores e executores, sendo esses
últimos representantes do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e responsá-
veis pela operacionalização das ações PCIH (BRASIL, 1998). Em 1997, foi publicada, no
Diário Oficial da União, a Lei nº 9431/97, que em seu artigo 1º fala da obrigatoriedade dos
hospitais manterem um Programa de Infecções Hospitalares (PCIH) e no artigo 2º preconiza
a criação de Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução deste
controle. (BRASIL, 1997).
É importante mencionar ainda que em 1999, após criação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar que
era acompanhado pelo Ministério da Saúde, passou a ser responsabilidade da Gerência de
Controle de Riscos à Saúde, da Diretoria de Serviços e Correlatos/ANVISA as atribuições e
interfaces com órgãos de vigilância sanitárias Estaduais e Municipais (Brasil, 1999). No ano
de 2003, foi criada a Unidade de Controle de Infecção Hospitalar (UCISA) que passou a
ser denominada como Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos
Adversos (GIPEA) (ANVISA, 2003). Em 2011 uma nova reformulação na estrutura organiza-
cional da ANVISA ocorreu, passando o programa nacional a ser conduzida pela então criada
a Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS) (ANVISA, 2020).
Dessa forma, é relevante destacar que a ineficiência do controle de infecção hospitalar
realizada pela CCIH pode acarretar vários malefícios ao hospital, tais como: o aumento da
taxa de morbidade/mortalidade, maior tempo de internação do paciente no hospital, eleva-
ção dos custos diretos (atendimento ao paciente, custo da internação, procedimentos ne-
cessários, recursos humanos, tecnológicos e materiais disponibilizados para a assistência,
entre outros) e custos indiretos (processos judiciais, imagem da instituição comprometida
no mercado, descredenciamento de operadoras, quebra de parcerias, perda de alvará de
funcionamento/interdição parcial ou total da ANVISA de setores e serviços).
Considerando que a adoção de conceitos de segurança por parte da instituição hos-
pitalar aumenta o seu valor, a satisfação e a preferência do cliente, melhorando de modo
significativo a relação cliente/hospital se faz necessário à implantação de medidas que pro-
curem diferenciar os hospitais cujas atividades envolvam as boas medidas de segurança,
daqueles que não têm este princípio (ANVISA, 2020).
De acordo com o Ministério da Saúde (2018) a infecção hospitalar aparece duran-
te a internação dos pacientes que não estão no período de incubação no momento da
205
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
transmissão. Cerca de 14% dos pacientes que permanecem internados em hospitais brasi-
leiros, são infectados durante o período de internação. No Brasil não existe estatística que
revela a situação real das infecções. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 14%
dos pacientes internados são infectados nos hospitais brasileiros. O número de óbitos por
infecção hospitalar varia de 50.000 a 100.000 anuais.
A Vigilância Epidemiológica é um dos pontos centrais de atuação da CCIH, sendo
através desta possível obter taxas que permitam conhecer a realidade epidemiológica e a
determinação de parâmetros aceitáveis; Avaliar a eficácia e a efetividade das medidas de
prevenção aplicadas; Determinar áreas, situações e serviços que merecem atuação especial
da CCIH; avaliar fatores que possam estar associados ao aumento ou diminuição da ocor-
rência do evento estudado; Divulgação de informações pertinentes. (CASSERATI, 2018).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) que colaborou com a publicação da
segunda versão do Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas
à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) através do Core Components of Infection Prevention
and Control Programmes o fenômeno das Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde
(IRAS) é reconhecido como um problema de saúde pública e preconiza que as autoridades
em âmbito nacional e regional desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisi-
ção. Os objetivos devem se estabelecidos em âmbito nacional ou regional em consonância
com demais objetivos de saúde nestas esferas. (ANVISA, 2020).
Evidenciando a necessidade de tomada de ações estratégicas para a redução das
IRAS, diversas ações foram realizadas em território nacional com objetivo de reduzir a in-
cidência IRAS; através de divulgação e implementação de guias de recomendações, entre
outras. (ANVISA, 2020).
Diante dos dados mencionados e tomando como base os cuidados de enfermagem
prestados e susceptibilidade de pacientes às infecções hospitalares, questiona-se: É pos-
sível identificar, na literatura brasileira, uma possível relação entre a infecção hospitalar e a
prestação dos cuidados de enfermagem?
De acordo com a temática especificada até aqui temos como objetivo investigar na
literatura nacional estudos que versem sobre a infecção hospitalar relacionada à assistên-
cia de enfermagem. E o objetivo específico descrever a situação da infecção hospitalar
encontrado na literatura; e relacionar na assistência de enfermagem frente ao surgimento
de infecção hospitalar.

METODOLOGIA

Trata- se de uma pesquisa do tipo revisão integrativa que se pode definir como uma
metodologia que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade
206
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de resultados de estudos significativos na prática realizada no período de 2016 a 2020 sobre
a infecção hospitalar e a contribuição na área da enfermagem observando o conhecimento
dos profissionais sobre o tema.
Tendo como base a identificação do tema infecção hospitalar a questão norteadora é
possível identificar, na literatura brasileira, qual a relação da infecção hospitalar na prestação
dos cuidados de Enfermagem?
A definição da base de dados para busca dos estudos ocorreu no site da Biblioteca
Virtual em Saúde, disponível em www.bireme.br, sendo as palavras chaves: infecção hos-
pitalar and enfermagem.
O critério de exclusão da amostra da pesquisa ocorreu a partir da leitura de 21 traba-
lhos científicos encontrados, sendo que 14 que não tem relação com o objetivo do traba-
lho. Do quantitativo final, restaram 7 artigos para utilização nesta pesquisa.
Os meios de exclusão se deu através de estudos não relacionados com a temática
da pesquisa, das doenças não alvo deste trabalho, assim como os trabalhos que não estão
publicados no site Lilacs, BVS, Mediline, que não estão disponíveis pra pesquisa em por-
tuguês, trabalhos que não foram publicas entre os anos de 20016 a 2020, e trabalhos que
não abrem os arquivos.
Os critérios de seleção da amostra foram: texto disponível completo, idioma português,
base de dados nacionais, assunto principal, todos os tipos de estudos encontrados e assun-
tos relacionados sobre infecção hospitalar.
O período de publicação dos estudos ficou compreendido entre os anos de 2016 a
2020 delimitando assim estudos dos últimos 5 anos. O instrumento de coleta de dados con-
templou as seguintes variáveis: revista de publicação, ano da publicação, setor do hospital
relacionado ao estudo da infecção hospitalar, qual o conhecimento da enfermagem sobre
infecção hospitalar, profissionais envolvidos no trabalho de controle da infecção hospitalar,
quais são os documentos utilizados na prevenção da infecção hospitalar.
No aspecto da avaliação dos periódicos analisados notou-se que a Revista de
Enfermagem Universidade Estadual Rio de Janeiro, destacou-se com maior número de
artigos publicados nesta temática, nos últimos cinco anos, com dois artigos; em seguida,
registraram-se com um artigo publicado sobre o tema nas revistas RENE, Revista Pesquisa
UERJ Online, Revista Enfermagem UFPE, e os outros periódicos (Revista de Enfermagem
Atual, Caderno Ibero Americano).
No que se refere aos anos de publicação, dos 7 estudos que formaram a amostra,
notou-se que nos últimos anos, não houve um crescimento no número de artigos científicos
publicados sobre a temática, mas ainda é lento se comparado ao grande número de casos
evidenciados nas unidades hospitalares nos últimos anos. Durante análise das amostras,
207
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
observou-se que no ano de 2016 apenas 02 estudos foram publicados, e na sequência dos
anos foram registrados: 2017 (01 publicação), 2018(03 publicações), 2019(01 publicação),
em 2020 nenhum estudo sobre IH.
Percebe-se que diante do recorte do estudo, a temática necessita ser mais explorada
nas pesquisas científicas devido a grande relevância para a saúde pública na prestação do
cuidado à saúde, bem como na qualidade da assistência.
Algo deve ser feito rapidamente, pois o aumento dos microorganismos resistentes,
resultando no aumento das infecções hospitalares, tornando esta temática em uma questão
de saúde pública emergencial fazendo deste questionamento um assunto sério e complexo
(OLIVEIRA, 2017).

RESULTADOS

Os resultados desse estudo foram representados através das seguintes categorias:


número de artigos incluídos na pesquisa; revistas de publicação; ano de publicação dos
artigos; setor do hospital relacionado ao estudo da infecção hospitalar; conhecimento da
enfermagem sobre infecção hospitalar; profissionais envolvidos no trabalho de controle da
infecção hospitalar e documentos utilizados na prevenção da infecção.
Para facilitar a análise e discussão dos dados, destacam-se dois eixos de análise:
caracterização dos estudos e a relação da enfermagem versus infecção Hospitalar.

DISCUSSÃO

Tendo em vista a analise da amostra identificou-se a relação da enfermagem com a


temática da Infecção Hospitalar dessa forma, evidenciou-se a importância da lavagem das
mãos para que se ocorra de forma significativa um controle da infecção hospitalar. Esta é
a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a infecção, e tradicio-
nalmente o ato mais importante para a prevenção e o controle das infecções relacionadas
ao serviço de saúde. O termo lavagem das mãos foi substituído pelo termo higienização das
mãos devido à maior abrangência procedimento.
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos, pois a pele é
um possível reservatório, que pode se transferir de uma superfície para outra, por meio de
contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies con-
taminados. Durante a higienização das mãos temos o objetivo de retirar a maior quantidade
possível de microorganismos e interromper a transmissão de infecções veiculas ao contato
reduzindo as infecções cruzadas (ANVISA, 2020).

208
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Observou-se no decorrer da pesquisa que a CCIH (Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar) tem um enorme desafio associado à Vigilância Epidemiológica no controle das
Infecções Hospitalares, através de ações conjuntas necessitam evidenciar os profissionais
que não aderem ou até mesmo pouco realizam a lavagem das mãos antes e depois de
cada procedimento realizado no paciente. Até hoje a temática para o mundo e no Brasil e
um problema de saúde pública, onde se evidencia o eminente risco dos profissionais e dos
pacientes (LAMBLET, 2018).
Evidencia-se em todos os estudos que a necessidade dos protocolos de controle de
infecção é enorme, além disso, os profissionais necessitam seguir estes documentos cria-
dos pela comissão de cada unidade. Vale ressaltar que nos casos onde os profissionais se
utilizam destes meios existe uma redução muito significativa nos registros de casos.
A Portaria 930/92, definiu um conjunto de ações sistemáticas que visavam a redução
máxima da incidência e gravidade das infecções hospitalares, acrescentando a obrigatorie-
dade da manutenção e presença de um médico e um enfermeiro para cada 250 leitos, com
dedicação exclusiva, e recomendando a utilização de métodos de busca ativa na coleta de
dados de tais infecções. Além disso, deveriam instituir programas de controle de infecção
hospitalar, pela normatização e exercício de ações programadas e criar o serviço de controle
de infecção hospitalar que constitui o órgão executivo da CCIH, que é um órgão normativo
(BRASIL, MS, 1992).
A Lei Federal 9.431, de 06 de janeiro de 1997, torna obrigatória a manutenção de
um programa de controle de infecções hospitalares pelos hospitais do país e a Portaria
2616/98 expediu em forma de anexos, diretrizes e normas para a prevenção e o controle
de Infecções Hospitalares.
De acordo com a portaria 2.616/1998, a CCIH deverá ter competência para estabele-
cer cooperação com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo mesmo; definir em
consonância com a comissão de farmácia e terapêutica, a política de utilização de antimi-
crobiano, germicidas e materiais médico-hospitalares; realizar investigação epidemiológica
de casos e surtos, além de aplicar normas e rotinas técnico-operacionais visando limitar a
disseminação de microrganismos. Entretanto, verifica-se na prática que ainda há uma lacuna
entre as recomendações instituídas e a adesão dos profissionais de saúde às medidas de
precauções e as normas de biossegurança. Evidencia-se o conhecimento dos profissionais
de enfermagem sobre infecção hospitalar e suas formas de transmissão e prevenção.

209
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve como finalidade investigar na literatura nacional estudos relaciona-
dos sobre infecção hospitalar relacionada a assistência de enfermagem, a fim de descrever
a situação da infecção hospitalar encontrado na literatura.
Considerando que o período de graduação em enfermagem e o momento pra introdu-
ção, conscientização de conceitos de prevenção e controle das (IRAS), visualizou- se neste
estudo que infelizmente esta educação precisa ser melhorada para termos a certeza de que
estes números de ocorrências possam ser diminuídos.
Visualizando a responsabilidade das instituições hospitalares nota-se que os profis-
sionais necessitam de conscientização dos gestores na melhoria da qualidade de trabalho
destes profissionais, como: aumento do quadro de funcionários, disponibilização EPIs, au-
mento do numero de pias, dispense de sabonetes, e ate mesmo papel toalhas para lavagem
das mãos, em locais estratégicos melhorando a qualidade de trabalho da equipe.
Com a implementação 2616/98 não podendo deixar de ressaltar a importância da CCIH
na unidade hospitalar, com incentivos para parte educativa e fiscalizadora da equipe de saú-
de devendo ser desenvolvido plano de avaliação e promoção dos cuidados, melhorando a
qualidade da assistência, devendo assim haver uma melhor disponibilização de recursos, a
fim de reduzir os custos hospitalares decorrentes do tempo de hospitalização dos pacientes.
Percebe-se que este tema é contínuo com relação aos estudos, onde demonstram
que a infecção hospitalar ainda e a causa de um alto índice de morbidade e mortalidade
nos pacientes hospitalizados, demonstrando que este tema e de saúde pública devendo ter
uma visão diferenciada por parte dos gestores.
Com relação às medidas de biossegurança do paciente visualiza-se que os profissionais
de saúde e principalmente o enfermeiro tem pleno conhecimento nos protocolos da CCIH
para prevenção das IRAS, mas infelizmente obtém uma postura não efetiva na adoção das
medidas de prevenção, implicando na necessidade de elaborar e planejar medidas e estra-
tégia comportamentais para adesão às mudanças de prevenção.
Os estudos demonstram que quando comparamos os índices de implantação das me-
didas de prevenção assistenciais há uma redução significativa nos casos de transmissão
de infecção relacionados à assistência.
A prevenção e o controle de IRAS é responsabilidade do enfermeiro e de toda equipe,
vislumbrando a qualidade do serviço, como também a segurança do paciente, acompanhan-
tes e de todos os integrantes da equipe multidisciplinar de saúde.
A Vigilância Epidemiológica é um dos pontos centrais de atuação da CCIH, sendo
através desta possível obter taxas que permitam conhecer a realidade epidemiológica e a
determinação de parâmetros aceitáveis; Avaliar a eficácia e a efetividade das medidas de
210
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
prevenção aplicadas; Determinar áreas, situações e serviços que merecem atuação espe-
cial da CCIH; avaliar fatores que possam estar associados ao aumento ou diminuição da
ocorrência do evento estudado; Divulgação de informações pertinentes.
A necessidade de tomada de ações estratégicas para a redução das IRAS evidencia
que estas ações ocorram no sentido de eliminar as IRAS, sendo este conceito de eliminação
considerado, como em outras doenças infecciosas ações continuadas para a prevenção da
doença é necessário.
Com as ações das CCIH e o movimento contínuo dos profissionais envolvidos na área
evoluiu-se gradativamente para as (IRAS) como um problema de saúde, observando assim
no decorrer da desta pesquisa que a baixa produção científica no decorrer dos últimos dez
anos é preocupante dada a grande necessidade de exploração e estudo sobre esta temática.
Visualiza-se que novos estudos deveram ser feitos para melhoria do conhecimento
científicos de outros profissionais. Assim como o estudo desta temática me mostrou a grande
importância da utilização de precauções padrão assim como irá me ajudar no controle das
IRAS e da conscientização da equipe sobre a importância do controle de Infecção Hospitalar.

REFERÊNCIAS
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. SEGURANÇA DO PACIENTE Higienização
das mãos. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde). Brasília (DF). 2020.

2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Programa Nacional de Prevenção e Controle


de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (2016-2020). Gerência Geral de Tecnologia
em Serviços de Saúde GGTES. Brasília (DF). 2016.

3. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria Nº. 385, de junho de 2003: atualiza
o Regimento interno da ANVISA. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 2003.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N.º 196 de 24 de junho de 1983. Dispõe sobre as normas
técnicas sobre a prevenção de infecções hospitalares. Diário Oficial da União, Brasília (DF),
Seção 1, p.11.319-23, 28 jun, 1983.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria N.º 930 de 27 de agosto de 1992. Estabelece normas
para o controle da infecção hospitalar e revoga a Portaria n.196. Diário Oficial da União, Bra-
sília (DF), Seção 1, p.12.279 – 81; 4 set, 1992.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei N. 9.431 de 6 de janeiro de 1997: dispõe sobre a obriga-
toriedade da manutenção de programa de controle de infecções hospitalares pelos hospitais
do País. Diário Oficial da União, Brasília (DF), Seção 1, p. 265, 7 jan., 1997.

7. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2616 de 12 de maio de 1998: resolve expedir na


forma dos anexos I, II, III, IV e V diretrizes e normas para a prevenção e o controle das Infec-
ções Hospitalares, ficando revogada a Portaria Nº 930. Diário Oficial da União, Brasília (DF),
Seção 1, p.133- 5 maio de 1998.

211
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei Nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Na-
cional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília (DF); 26 de janeiro de 1999.

9. CASSETTARI, V. SILVEIRA, I. R. Manual para a Prevenção das Infecções Relacionadas à


Assistência. CCIH/HU-USP. São Paulo, 2018.

10. FERNANDES, A.T. FERNANDES, M. O. V, RIBEIRO, F. N. A Infecção Hospitalar e suas in-


terfaces na área da saúde. São Paulo (SP): Atheneu; 2000.

11. FONTANA, R, T. As infecções hospitalares e a evolução histórica das infecções. Revista Bra-
sileira de Enfermagem. Rio Grande do Sul (RS), v. 59, n.5, p. 703 – 6, set-out; 2006.

12. FONTANA, R.T., LAUTERT, L. A prevenção e o controle de infecções: um estudo de caso


com enfermeiras. Revista Brasileira de Enfermagem. Rio Grande do Sul (RS), v.59, n. 3, p.
257-61, maio-junho; 2006.

13. LAMBLET, L. C. R; PADOVEZE, M.C. Comissões de Controle de Infecção Hospitalar: pers-


pectiva de ações do Conselho Regional de Enfermagem. Caderno Ibero Americano Diretoria
Sanitária. Brasília (BR). v. 7, cap. 1, p. 29-42; 2018.

14. MEDEIROS, K.C; et al. Higienização das mãos entre profissionais de enfermagem circulantes
de sala operatória. Revista de Enfermagem Atual. Rio Grande do Norte (RN). p. 81, 2017.

15. OLIVEIRA, A.C; PAULA, A. O. A percepção dos profissionais de saúde em relação à higie-
nização das mãos. Revista Pesquisa Universidade Federal Rio de Janeiro (RJ). v.9, c. 2, p.
321-326, abr-jun; 2017.

16. POTTER, P.A.; PERRY, A. G. Enfermagem Hoje. Fundamentos de Enfermagem. 8º Ed. Rio
de Janeiro (RJ): Elsevier, 2013.

17. SMELTZER, S.C et al. Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica: lavagem das mãos
11ºed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara; 2016.

18. SILVA, B.R et al. Monitoramento da adesão à higiene das mãos em uma unidade de terapia
intensiva. Revista Enfermagem UERJ. Rio de Janeiro (RJ), p. 26; 2018.

212
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
17
Perfil das notificações de incidentes
relacionados a queda em um complexo
hospitalar

Aline Cristina Andrade Furini


HCFMRP-USP

Altacílio Aparecido Nunes


FMRP-USP

Maria Eulália Lessa do Valle Dallora


FMRP-USP

10.37885/210705515
RESUMO

Objetivo: Descrever a ocorrência e as características das quedas identificadas nas no-


tificações de incidentes. Métodos: Estudo transversal de 299 notificações de incidentes
de quedas, enviadas ao SGR de um complexo hospitalar, no período de agosto 2015 a
julho 2016. Os dados foram coletados retrospectivamente do sistema informatizado de
notificações da instituição. Resultado: O enfermeiro foi o principal notificador do inciden-
te de quedas. A maioria dos pacientes que sofreram quedas eram do sexo masculino
(56%), 43,8% das quedas registradas foram sem danos, e ocorreram no período noturno
(36,4%). Quanto ao local as quedas ocorreram no quarto (60,9%), seguida do banheiro
(19,7%). A queda da própria altura contribuiu com 43,3% dos casos, sendo predominante
nas unidades de internação. Conclusão: Destacar a importância do tema, e subsidiar os
profissionais na implementação de ações que minimizem a incidência de queda.

Palavras-chave: Acidentes por Queda, Segurança do Paciente, Cuidados de Enfermagem.

214
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), queda é um evento caracteri-


zado pela descida abrupta do corpo para um nível inferior ao que se encontra, como solo ou
pavimento (WHO, 2012). Tal evento em pacientes dentro do ambiente hospitalar está entre
os principais e mais difíceis acidentes a serem evitados. No universo hospitalar brasileiro,
representa o 3º evento adverso mais notificado no Sistema “Notivisa” da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA). Dados desse sistema apontam que de março de 2014 a
março de 2017, mais de 12 mil quedas foram notificadas e na sua maioria foi por falta de
equilíbrio (PROQUALIS, 2017). Nos hospitais que fazem parte do NHS (National Health
System), o sistema público de saúde do Reino Unido, as quedas são o principal incidente
de segurança registrado. Entre 30% e 50% resultam em algum dano físico e as fraturas
ocorrem em até 3% dos casos (MORRIS, O’RIORDAN, 2017).
A queda é um evento multifatorial e acarreta consequências ao paciente como: da-
nos, prolongamento do período de internação e aumento dos custos assistenciais. Suas
consequências não são apenas físicas, mas também psicológicas e sociais, provocando
nos pacientes o que é conhecido como “síndrome pós-queda”, que minam a confiança do
paciente e atrasam a recuperação (GALLARDO et al., 2014). Este incidente envolve condi-
ções intrínsecas e extrínsecas. Entende-se por fatores intrínsecos aqueles decorrentes das
alterações fisiológicas relacionadas ao avançar da idade como pluralidade de patologias,
mobilidade física prejudicada, presença de doença aguda, equilíbrio prejudicado, estado
mental diminuído, uso de medicamentos e alterações cognitivas (BRASIL, 2013; COSTA
et al., 2011). Os fatores extrínsecos, por sua vez, estão relacionados às condições do am-
biente e de equipamentos, como pisos sem antiderrapante, presença de escadas, ausência
de diferenciação de degraus e corrimãos, falta de grades no leito, falta de barras de apoio no
banheiro e no quarto do paciente, iluminação inadequada. A identificação precoce e correta
dos principais fatores de risco para quedas concentra a possibilidade de prevenção desse
agravo. Ao identificar os riscos de forma eficiente, pode-se evitar complicações resultantes
da queda, como necessidade de intervenções de saúde e aumento da dependência física,
além de aumento dos custos financeiros para o sistema de saúde (BRASIL, 2013; PASA
et al., 2014). A prevenção de queda é um desafio porque, além de ser multifatorial, depende
também do comportamento dos pacientes e familiares – uma variável difícil de ser controlada.
Mas análises de revisões sistemáticas sobre o assunto sugerem que a adoção de medidas
organizadas pode reduzir em até 30% o número de quedas (MIAKE, 2013).
Em virtude dos impactos da ocorrência de quedas na segurança do paciente, o moni-
toramento do incidente é uma importante estratégia para subsidiar medidas preventivas e
orientar a gestão e as ações de cuidado com foco na redução das taxas de evento. Com base
215
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
no referido cenário esse artigo tem como objetivo, analisar a ocorrência e as características
das quedas identificadas nas notificações de incidentes ou eventos adversos relacionados
a categoria do profissional notificador, ao sexo, local da queda, tipo, turno, distribuição por
setores e incidência.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, com base nos dados do sistema de notificação do


Serviço de Gerenciamento de Risco (SGR) de um complexo hospitalar com 915 leitos, ligado
ao ensino e pesquisa e localizado na região nordeste do Estado de São Paulo constituin-
do-se referência terciária/quaternária para o Sistema Único de Saúde (SUS), abrangendo
uma população de cerca de quatro milhões de habitantes. O complexo hospitalar abrange
duas unidades, sendo a Unidade 1 - localizada no campus universitário, referência para
casos eletivos, e a Unidade 2 - localizada na área central da cidade, referência para urgên-
cia e emergência.
Foram incluídas neste estudo todas as notificações de quedas, recebidas pelo Serviço
do Gerenciamento de Risco (SGR) do complexo hospitalar no período de agosto de 2015
a julho de 2016. Os dados foram coletados retrospectivamente do sistema informatizado
de notificações voluntárias, e tabulados no Microsoft Office Excel. A taxa de incidência de
queda foi calculada a partir da fórmula: nº de quedas/nº pacientes-dia*1000.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de agosto de 2015 a julho de 2016, constatou-se o registro de 299 notifi-


cações de incidentes relacionados à queda no complexo hospitalar, sendo 239 (80%) inci-
dentes na Unidade 1 e 60 (20%) na Unidade 2, conforme demonstrado na tabela a seguir,
onde os dados referentes à categoria do profissional notificador dos incidentes relacionados
a quedas e a gravidade dos incidentes estão apresentados.

Tabela 1. Notificações de queda relacionadas à categoria profissional do notificador, e a gravidade do incidente, no


período de 08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.

Categoria Profissional do notificador Unidade 1 Unidade 2 Total %


Enfermeiro 236 57 293 98
Médico 1 3 4 1,3
Estudante 2 - 2 0,7
Gravidade
Queda com dano 32 6 38 12,7
Queda em observação 100 30 130 43,5
Queda sem dano 107 24 131 43,8
239 60 299 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
216
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
As quedas foram classificadas por quedas sem danos (n=131, 43,8%), com danos
(n=38, 12,7%), e “em observação” quando, no momento da notificação, o paciente não tinha
evoluído para a identificação se sem ou com dano.
Na Tabela 2 a seguir, são apresentadas a distribuição das quedas por sexo e turno
de ocorrência do incidente.

Tabela 2. Distribuição de incidentes de queda relacionados à assistência à saúde notificados, segundo sexo do paciente
e turno do incidente, no período de 08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.

Quedas Unidade 1 Unidade 2 N %


Sexo
Masculino 125 43 167 56
Feminino 114 17 132 24
Turno do Incidente
Manhã 78 14 92 30,8
Tarde 75 23 98 32,8
Noite 86 23 109 36,4
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Neste estudo predominaram pacientes do sexo masculino (n=167, 56%), quanto ao


turno da ocorrência da queda, os resultados apontaram que 36,4% (n= 109) ocorreram no
período noturno. A tabela 3 apresenta o local da ocorrência e as características dos inci-
dentes relacionados à queda.

Tabela 3. Distribuição de incidentes de queda relacionados à assistência à saúde notificados, segundo local de ocorrência
e características da queda, no período de 08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.
Local de ocorrência Unidade 1 Unidade 2 N %
Enfermaria/Quarto 144 38 182 60,9
Banheiro 53 6 59 19,7
Corredor 18 6 24 8,0
Outros 12 2 14 4,7
Sala de espera 6 2 8 2,7
Consultório 2 6 8 2,7
Sala cirúrgica/Parto 4 0 4 1,3
Característica da queda
Própria altura 121 10 131 43,8
Leito 41 18 59 19,7
Poltrona/Cadeira 36 16 52 17,4
Outro 26 7 33 11,0
Maca 3 9 12 4,0
Berço 5 - 5 1,7
Carrinho de bebê 4 - 4 1,3
Mesa cirúrgica 3 - 3 1,0
239 60 299
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

217
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A maior proporção de quedas ocorreu nas enfermarias/quartos (n=182, 60,9%), seguida
do banheiro (N= 59, 19,7%) em ambas as unidades. As características das quedas demons-
traram que prevaleceram 43,8% (n=131) quedas da própria altura, sendo 121 incidentes na
unidade 1, e as quedas do leito prevaleceram na unidade 2 (n=18).
A Figura 1 mostra a incidência de queda da Unidade 1, oscilando entre 0,4 a 1,6 que-
das/1.000 pacientes-dia. Não há registro na Unidade 2.

Figura 1. Incidência de queda na Unidades 1, no período de 08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.

Fonte: GAD/HCFMRP-USP.

Conforme tabela 4, na Unidade 1 foram identificadas 211 (88,3%) notificações de queda


nas unidades de Internação clínica-cirúrgica, que representou o maior número de incidentes,
seguido do Ambulatório 12 (5,0%), 7 (2,9%) na Terapia Intensiva, 3 (1,3%) no serviço de
Apoio Diagnóstico e Terapêutico e 2 (0,8%) no Centro Cirúrgico.

Tabela 4. Notificações de quedas relacionadas aos serviços da Unidade 1, de acordo com a gravidade, no período de
08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.

Gravidade Sem Dano Em Observação Com Dano Total

SETORES N % N % N % N %
Ambulatório 6 5,6 4 4,0 2 6,3 12 5,0
A. Diagnóstico e Terapêutico - - 3 3,0 - - 3 1,3
Centro Cirúrgico 1 0,9 1 1,0 - - 2 0,8
Terapia Intensiva 1 0,9 6 6,0 - - 7 2,9
Unidade de Internação 97 90,7 86 86,0 28 87,5 211 88,3
Não identificadas 2 1,9 0,0 2 6,3 4 1,7
TOTAL 107 100 100 100 32 100 239 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

No serviço de ambulatórios os atendimentos acontecem de segunda a sexta-feira das


7 às 19hs. As unidades de internação atendem diversas especialidades como neurologia,
ortopedia, moléstias infectocontagiosas, internações clínicas, cirúrgicas, transplante de órgãos 218
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
sólidos e de medula, etc. No momento da pesquisa as unidades de internação englobavam
17 unidades. Nas unidades de Internação, o maior número de quedas ocorreu na unidade
de internação clínica (n=36, 15,06%), seguida da unidade de neurologia (n=32, 13,4%), pe-
diatria (n=19, 8%), ortopedia (n=18, 7,5%), unidade de doenças infectocontagiosas (n=18,
7,5%) e unidade internação cirúrgica (n=18, 7,5%).
Conforme tabela 5, na unidade 2 o maior percentual de quedas foi verificado na unidade
de internação clínica/cirúrgica com 58,3% das ocorrências registradas, o atendimento de
urgência/emergência registrou 35% dos incidentes e a Terapia Intensiva registrou o menor
percentual com 3,3% do total das quedas.

Tabela 5. Notificações de quedas relacionadas aos serviços da Unidade de Emergência, de acordo com a gravidade, no
período de 08/2015 a 07/2016, Ribeirão Preto, 2018.

Gravidade Sem dano Em observação Com dano Total

Setores N % N % N % N %
Atendimento urgência/emergência 6 11 4 21 35,0
Terapia Intensiva - 1 1 2 3,3
Unidade de Internação 18 17 - 35 58,3
Não identificadas 1 - 1 2 3,3
TOTAL 25 100 29 100 6 100 60 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Os serviços de atendimento de urgência/emergência englobam os setores de atendi-


mento adulto e pediátrico, trauma/estabilização, atendimentos cabeça e pescoço, oftalmolo-
gia, otorrinolaringologia e psiquiatria. Nas unidades de internação estão inseridas o serviço
de neurologia, internação clínica e queimados.
Entre as unidades de Internação, o setor de neurologia foi o serviço responsável
pela maioria dos incidentes de queda (n=18, 30%), seguida da internação clínica (n=16,
26,7%). No serviço de atendimento de urgência/emergência, as quedas ocorreram em maior
número em pacientes adultos 17 (28,3%) e 2 incidentes com pacientes pediátricos (3,3%).
Duas notificações de queda não tiveram os setores identificados.
No período do estudo evidenciou-se a notificação de 299 incidentes de quedas no
complexo hospitalar, sendo a sua maioria ocorrida na Unidade 1 (80%). As notificações de
incidentes ou eventos adversos, são importantes instrumentos para uma gestão de qualidade
em saúde, uma vez que suas informações podem possibilitar a análise dos riscos e das situa-
ções-problemas, além de subsidiar a implementação de ações para melhoria da assistência
(BRASIL, 2013; PEDREIRA, 2009; GONÇALVES, 2012). As instituições hospitalares devem
estimular o desenvolvimento de processos de trabalho que permitam e incentivem a identi-
ficação, a notificação e a análise deste incidente de segurança (CORREA, 2012; BRASIL,
2013), conhecer as circunstâncias em que ocorrem as quedas é fundamental para um melhor
entendimento de como e por que esses eventos acontecem. Para isso, além da notificação 219
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
do evento, que permitirá estabelecer o indicador incidência de quedas, é importante utilizar
um instrumento de coleta de dados onde se obtenha informações que caracterizem a queda,
e que possa, posteriormente, ser utilizado para analisá-la (PRATES et al., 2014).
Quanto à categoria profissional do notificador, o enfermeiro foi o principal notificador
do incidente de queda em ambas as unidades. Estes dados corroboram com o estudo em
um hospital público universitário em Belo Horizonte, onde a maioria das notificações (90,3%)
foi realizada pelos enfermeiros. No mesmo estudo os técnicos de enfermagem participaram
com 7,37% das notificações, o que diverge deste onde não houve notificações realizadas
por técnicos/auxiliares de enfermagem, ficando centrada na figura do enfermeiro (SOUZA,
2014). A equipe de enfermagem tem participação fundamental nos processos que visam a
garantir e melhorar a qualidade da assistência prestada nas unidades de saúde, são res-
ponsáveis por grande parte das ações assistenciais e, portanto, encontram-se em posição
privilegiada para reduzir a possibilidade de incidentes que atingem o paciente, além de
detectar as complicações precocemente e realizar as condutas necessárias para minimizar
os danos (PEDREIRA, 2009).
No entanto, medidas isoladas de treinamento e capacitação dos profissionais de enfer-
magem não são suficientes para garantir a ausência de riscos (GONÇALVES, 2012). O en-
fermeiro é visto como o profissional responsável pela elaboração do plano de cuidados do
paciente e implementação de estratégias de prevenção baseadas em dados fundamentados,
através da avaliação diária do paciente e identificação precoce de riscos. Nesse contexto,
a enfermagem tem implementado subsídios e estratégias, como a utilização de protocolos
e cheklists, para realizar intervenções que possibilitem a assistência livre de danos aos pa-
cientes, mais segura e com qualidade (LUZIA; ALMEIDA; LUCENA, 2014).
Contudo, a participação de uma equipe multiprofissional pode ser outra alternativa
eficaz, considerando que todos os profissionais que atuam no ambiente hospitalar são res-
ponsáveis pela prevenção de quedas. Estudos que incluíram participação de fisioterapeuta
na educação do paciente e na avaliação da mobilidade mostraram-se eficientes e redu-
ziram a taxa de quedas. Avaliação médica juntamente com avaliação do enfermeiro para
identificar o risco de quedas e na revisão da medicação pode levar à diminuição de quedas
durante a internação (HUNDERFUND et al., 2011; PASA, 2014; HOSPITAL SAMARITANO,
2015). É importante que outros profissionais de saúde sejam capacitados para a identificação
de fatores de risco.
As quedas foram classificadas quanto a gravidade. As quedas sem danos represen-
taram 43,8% (n=131) do total de incidentes e as quedas com dano representaram 12,7%
(n=38). As quedas consideradas “em observação”, no momento do estudo os pacientes
estavam em observação quanto ao desfecho de algum dano.
220
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Na unidade 1, foram identificadas 107 (44,8%) notificações de quedas sem danos,
100 (41,8%) notificações de queda em observação e 32 (13,4%) notificações de queda com
danos. As quedas com danos foram identificadas em maior número também na Unidade de
internação. Ainda na Unidade 2 foram identificadas 24 (40%) notificações de quedas sem
danos, 30 (50%) notificações de queda estavam “em observação” e 6 (10%) notificações
de queda com danos. Dos 4 eventos com danos ao paciente, ocorridos na unidade de
Atendimento urgência/emergência, dois ocorreram com pacientes adultos, sendo um evento
classificado como não grave, e o outro com dano leve, pois o paciente apresentou ferimento
corto-contuso. Os outros 2 eventos foram relacionados ao atendimento pediátrico, as crianças
estavam acompanhadas do pai, sendo que em um caso, a queda ocorreu do colo do pai e
outra do leito, ambas consideradas não grave, pois não acarretam prejuízos ao paciente.
No total de quedas com danos foram identificados 25 pacientes do sexo masculino e 12
eventos com o sexo feminino. Quanto ao sexo predominaram quedas em pacientes do sexo
masculino (56%) corroborando com outras pesquisas que mostram que os homens sofrem
mais quedas durante a hospitalização do que as mulheres (GUILLAUME; CRAWFORF;
QUIGLEY, 2016; COX et al.,2014; VICTOR et al., 2017). Um estudo espanhol demonstrou
que a probabilidade de queda foi 1,33 vezes maior entre os homens do que entre as mulhe-
res (ARANDA-GALLARDO, 2014).
No total das duas unidades, constata-se que os incidentes ocorreram com mais fre-
quência no período noturno (36,4%), seguida do período da tarde (32,8%) e o período da
manhã com (30,8%). Outros estudos evidenciaram que a maioria das quedas ocorreu no
período noturno, corroborando com este estudo (GUILLAUME; CRAWFORF; QUIGLEY,
2016; MENEGUIN; AYRES; BUENO, 2014; ARANDA-GALLARDO, 2014).
Constata-se, na pratica, a tendência de os pacientes não chamarem a enfermagem
para auxilia-los a realizar atividades para as quais se julgam capazes, o que pode se agravar
no período noturno quando menos profissionais estão na unidade, podendo esta condição
contribuir para a maior frequência de quedas nesse horário.
A maior proporção de quedas ocorreu no quarto (n=182, 60,9%), seguida do banheiro
(n=59, 19,7%). Dados estes corroborados em estudo que analisou 260 registros de quedas
em pacientes adultos de um hospital geral no sul do Brasil, e destes 67,3% ocorreram no
quarto, também seguidos do banheiro (31,2%) (LUZIA et al., 2019). O mesmo também foi
descrito no estudo de um hospital de Minas Gerais, onde 168 ocorrências de quedas 76
(42,51%) ocorreram no quarto e 68 (40,72%) no banheiro (FERREIRA, 2020).
Outro dado evidenciado neste estudo, foram as quedas da própria altura, que prevale-
ceram na Unidade 1 com 121 (50,62%) ocorrências, geralmente estão relacionadas com o
trajeto de ida e vinda do banheiro realizado pelo paciente no seu quarto, local onde passam
221
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
a maior parte do tempo durante sua internação. Enquanto na unidade 2, prevaleceram as
quedas do leito (n=18, 30%), seguida da poltrona (n=16, 26,66%). Estes tipos de quedas
também foram observadas como os mais frequentes em outros estudos (LUZIA et al., 2019;
MENEGUIN; AYRES; BUENO, 2014; REIS, 2017).
Ao analisar as notificações de queda de um hospital da rede sentinela foi identificado
188 incidentes de quedas, a maioria foi da própria altura (53,19%), queda do leito (22,87%)
(OLIVEIRA et al., 2016). No que se refere às quedas do leito, estas podem ocorrer em função
da não elevação da grade lateral do leito, a ausência de um acompanhante com o paciente,
especialmente para pacientes idosos esta medida pode resultar na diminuição do número
de quedas (VACCARI et al., 2014; SAKAI et al., 2016).
Para medir a incidência deste evento, a instituição aqui estudada utiliza o indicador
sugerido pelo CQH (Compromisso com a Qualidade Hospitalar), coletado através de regis-
tros em impressos próprios, nos serviços das unidades. A meta proposta pela instituição é
não ultrapassar 1,2 quedas por 1000 paciente-dia. A incidência de quedas da unidade 1 no
período do estudo foi de 1,10 incidentes. Hospital de grande porte no Rio Grande do Sul que
obteve uma taxa de 1,61 no ano de 2011 e 2,03 no ano de 2012 (MOURA, 2014). A incidência
global de quedas de pacientes em hospitais encontrada pela National Patient Safety Agency
gira em torno de 4,8 a 8,4/1.000 paciente-dia. A incidência de quedas em outros estudos
variou de 1,37 a 5,0 quedas por 1.000 pacientes-dia (MENEGUIN; AYRES; BUENO, 2014;
PRATES et al., 2014; GUILLAUME; CRAWFORF; QUIGLEY, 2016; ZHAO 2015).
Em relação a ocorrência das quedas, por setores, em ambas as unidades prevalece-
ram as unidades de internação clínica-cirúrgica (88,3%, 58,3%), no mesmo sentido, estudos
diversos também encontraram maior percentual de quedas na internação clínica e cirúrgica
(FERREIRA, 2020; SAKAI et al., 2016; ARANDA-GALLARDO, 2014), estes resultados po-
dem estar relacionados ao perfil dos pacientes internados nestes locais, como idade, uso de
polimedicação, tempo de permanência, comorbidades associadas a fatores de risco ((LUZIA;
ALMEIDA; LUCENA, 2014; ABREU et al., 2012; MOURA, 2014). Faz –se importante lembrar
que o procedimento cirúrgico aumenta o risco de queda por afetar a mobilidade do paciente e
a memória pela utilização de fármacos para sedação e controle da dor. (COSTA-DIAS, 2011)
Na unidade 1, as quedas ocorridas no ambulatório podem estar relacionadas ao fluxo
diário de pessoas no local. Quanto a unidade 2, 21 (35%) quedas ocorreram na unidade de
atendimento urgência/emergência. Na Terapia Intensiva ocorreram 7 incidentes (2,9%) na
unidade 1 e 2 incidentes na unidade 2 (3,3%). Outros estudos também identificaram quedas
na terapia intensiva, estes locais possuem um maior número de profissionais, assim como
demandam vigilância constante dos pacientes internados. Assim, a queda neste local seria
mais improvável de ocorrer (MOURA, 2014; COSTA-DIAS; FERREIRA, 2011).
222
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Em outubro de 2015 o Serviço de Gerenciamento de Risco do complexo Hospitalar,
atendendo ao Programa Nacional de Segurança do Paciente e com a finalidade de reduzir
a ocorrência de quedas de pacientes e os danos delas decorrentes, lançou o Protocolo de
Prevenção de Quedas com o intuito de implantar e implementar medidas que contemplem a
avaliação de risco do paciente, garantir o cuidado multiprofissional, e promover a educação
do paciente, familiares e profissionais (HCFMRP-USP, 2015). Como estratégia de educação
para o paciente e familiares lançou a “Cartilha de Segurança do Paciente – Prevenção de
Quedas”, que deve ser entregue na admissão do paciente e realizado as orientações para o
mesmo e/ou acompanhante. Para avaliação do risco de queda foram escolhidas as Escalas
de Johns Hopkins para adultos adaptada do Hospital Israelita Albert Einsten (HIAE) ou
Escala e Avaliação do Risco para Queda pediátrica – Humpty Dumpty adaptada também do
HIAE. Outras medidas foram adotadas como a identificação do leito com placas de risco de
queda de acordo com o escore da avaliação de risco e a adoção de medidas de prevenção
também de acordo com a classificação do risco (HCFMRP-USP, 2015).
Heiko T. Santana, da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde
e da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da ANVISA em entrevista ao
PROQUALIS (2017) explica que a conscientização do paciente, familiares e acompanhantes
quanto ao risco de quedas pode ajudar na prevenção de eventos adversos relacionados à
assistência à saúde. A ANVISA disponibilizou um guia voltado para esse público-alvo com
o objetivo de prestar orientações claras e práticas sobre como paciente, familiares e acom-
panhantes podem participar de sua assistência na prevenção de eventos adversos nos
serviços de saúde do país (PROQUALIS, 2017).

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo permitiram identificar e analisar o perfil das notificações de


quedas no complexo hospitalar. No período do estudado foram notificados 299 incidentes,
o enfermeiro foi o principal notificador. Evidenciaram maior ocorrência de queda no sexo
masculino, no turno da noite, no quarto do paciente e as da própria altura.
Destaca-se a importância do tema segurança do paciente na cultura das instituições de
saúde, com necessidade do aprimoramento contínuo e implementação de ações que mini-
mizem erros. Os profissionais devem estar seguros que a notificação das falhas não implica
em ações disciplinares com a sua responsabilização pelo erro. Devem compreender que
falhas acontecem e que é possível evoluir a partir dos erros. Entretanto, faz-se necessário
o aprofundamento das investigações, de acordo com a realidade de cada unidade, pois os
dados podem divergir de um hospital para outro devido ao perfil e ao grande número de
variáveis que interferem nos resultados, levantando-se padrões, séries históricas de cada
223
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
evento, além de verificar se as medidas implantadas estão ou não refletindo os resultados
desejados. O tema merece estudos aprofundados, pela relevância na assistência ao paciente
e pela sobrecarga financeira que acarretam.

REFERÊNCIAS
1. ABREU, C., MENDES, A., MONTEIRO, J., SANTOS, F. R. Queda em meio hospitalar: um
estudo longitudinal. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 20, n. 3, p. 597-603, Maio-
-Jun. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n3/a23v20n3.pdf

2. ARANDA-GALLARDO, M.; MORALES-ASENCIO, J. M., CANCA-SANCHEZ, J. C., TORIBIO-


-MONTERO, J.C. Circumstances and causes of falls by patients at a Spanish acute care hospital.
Journal of Evaluation in Clinical Practice. v. 20, n. 5, p. 631-7, 2014. DOI:10.1111/jep.12187

3. BRASIL. Ministério da Saúde; Programa Nacional de Segurança do Paciente. Anexo 01: Proto-
colo Prevenção de Quedas [Internet]. Brasília: MS/Anvisa/Fiocruz; 2013. Disponível em:http://
www.saude.mt.gov.br/upload/controle-infeccoes/pasta12/protocolos_cp_n6_2013_prevencao.
pdf. Acesso em: vários acessos.

4. CORREA, A. D.; MARQUES, I. A. A. B; MARTINEZ, M. C.; LAURINO, P. S., LEÃO, E. R.,


CHIMENTÃO, D. M. N. Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas em
hospital: resultados de quatro anos de seguimento. Revista da Escola de Enfermagem da
USP [Internet]. n. 46, n. 1, p. 67-74, 2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.
oa?id=361033315009. Acesso em: vários acessos.

5. COSTA, S. G. R. F., MONTEIRO, D. R., HEMESATH, M. P., ALMEIDA, M. A. Caracterização


das quedas do leito sofridas por pacientes internados em um hospital universitário. Revista
Gaúcha Enfermagem. v. 32, n. 4, p. 676-81, Dez., 2011.

6. COSTA-DIAS, M.J.M.; FERREIRA, P.L. Escalas de avaliação de risco de quedas. Rev En-
ferm Ref [Internet]. n. 4, v. 2, p. 153-61, 2014. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/
ref/vserIVn2/serIVn2a16.pdf . Acesso em: 20 mar. 2021. DOI: dx.doi. org/10.12707/RIII12145

7. COX, J.; HAWKINS, C. T., PAJARILLO, E.; DEGENNARO, S.; CADMUS, E.; MARTINEZ, M.
Factors associated with falls in hospitalized adult patients. Applied nursing research. v. 28,
p. 78-82, 2015. DOI:10.1016/j.apnr.2014.12.003

8. FERREIRA, A. A. Fatores de risco associados à gravidade da queda em pacientes adultos


hospitalizados em um hospital universitário de alta complexidade. 2020. 23 f. Trabalho de
conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2020. Disponível em: <https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/30075> Acesso
em: vários acessos.

9. GONÇALVES, L. A. et al. Alocação da equipe de enfermagem e ocorrência de eventos adver-


sos/incidentes em unidade de terapia intensiva. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 46, n.
esp., p. 71-77, 2012.

10. GUILLAUME, D.; CRAWFORD, S., QUIGLEY, P. Characteristics of the middle-age adult inpa-
tient fall. Applied nursing research. v. 31, p. 65-71, 2016. DOI: 10.1016/j.apnr.2016.01.003.

11. HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRAO PRETO.HCFMRP-


-USP. Protocolos de Prevenção de Quedas – Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto - USP - 2015. VENDRUSCOLO, A.C.S. (Org.). Disponível em: <http://www.
hcrp.fmrp.usp.br/sitehc>. Acesso em: vários acessos. 224
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
12. HUNDERFUND, A. N. L. et al. Effect of a Multidisciplinary Fall Risk Assessment on Falls Among
Neurology Inpatients. Mayo Clinic Proceedings, v. 86, n. 1, p. 19-24, 2011.

13. LUZIA, M. F.; ALMEIDA, M. A.; LUCENA, A. F. Mapeamento de cuidados de enfermagem para
pacientes com risco de quedas na Nursing Interventions Classification. Rev. Esc. Enferm. USP.,
São Paulo, v. 48, n. 4, p. 632-639, 2014.

14. LUZIA, M. F, PRATES, C. G, BOMBARDELLI, C. F, ADORNA, J. B., MOURA, G. M. S. S.


Características das quedas com dano em pacientes hospitalizados. Rev. Gaúcha Enferm. v.
40 (esp), e20180307, 2019, DOI: 10.1590/1983-1447.2019.20180307.

15. LUZIA, M. F., VICTOR, M. A. G., LUCENA, A. F. Diagnóstico de enfermagem risco de


quedas: prevalência e perfil clínico de paciente hospitalizados. Revista Latino-Americana
Enfermagem, v. 22, n. 2, p. 262-8, Mar-Abr. 2014.

16. MENEGUIN, S., AYRES, J. A., BUENO, G. H. Caracterização das quedas de pacientes em
hospital especializado em cardiologia. Revista de Enfermagem UFSM. 2014, v. 4, n. 4, p. 784-
91. DOI: https://doi.org/10.5902/2179769213554

17. MIAKE-LYE, I. M.; HEMPEL, S.; GANZ, D. A.; SHEKELLE, P. G. Inpatient fall prevention pro-
grams as a patient safety strategy. Ann Intern Med. n. 158; v. 5 Pt 2; p. 390-6, 2013.

18. MORRIS, R.; O’RIORDAN, S. Prevention of falls in hospital. Clinical medicine (London, En-
gland) vol. 17, n. 4, 2017, p. 360-362. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC6297656/. Acesso em: 10 maio de 2021. DOI:10.7861/clinmedicine.17-4-360.

19. MOURA, GMS. Relato de. Experiência: Monitoramento dos eventos adversos relacionados
à assistência à saúde em Hospital Público no Brasil – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
–RS. 2014. Disponível em: < https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/
publicacoes/item/monitoramento-dos-eventos-adversos-relacionados-a-assistencia-a-saude-
-em-hospital-publico-no-brasil-2>. Acesso em: vários acessos.

20. OLIVEIRA, A. S., TREVIZAN, P. F., BESTETTI, M. L. T., MELO, R. C. Fatores ambientais e
risco de quedas em idosos: revisão sistemática. Rev Bras Geriatr Gerontol. v. 17, n. 3; p.
637-45, 2014.

21. PASA, T. S. Avaliação de risco de quedas em pacientes adultos. Dissertação de mestrado.


2014. 153p. Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2014. Disponível em:
<https://proqualis.net/dissertacao/avalia%C3%A7%C3%A3o-do-risco-de-quedas-em-pacien-
tes-adultos-hospitalizados>. Acesso em: vários acessos.

22. PEDREIRA, M. L. G. Enfermagem para segurança do paciente. In: PEDREIRA, M. L. G.; HA-
RADA, M. J. C. S. Enfermagem dia a dia segurança do paciente. São Caetano do Sul: Yendis,
2009. p. 23-31.

23. PRATES, C. G, LUZIA, M. F, ORTOLAN, M. R, NEVES, C. M, BUENO, A. L. M, GUIMARÃES, F.


Queda em adultos hospitalizados: incidência e características desses eventos. Ciência, Cui-
dado e Saúde, v. 13, n. 1, p. 74-81, Jan-Mar; 2014. DOI: 10.4025/cienccuidsaude.v13i1.20728.

24. PROQUALIS/ICICT/FIOCRUZ. (s.d.). Queda é um dos eventos evitáveis mais notificados no


pais. Rio de Janeiro: Fiocruz. Disponível em:<http://proqualis.net/noticias/queda-%C3%A-
9-um-dos-eventos-adversos-evit%C3%A-1veis-mais-notificados-no-pa%C3%ADs.>. Acesso
em: 10 mai. 2018.

25. SAKAI, A. M.; ROSSANEIS, M.A.; HADDAD, M.C.; VITURI, D.W. Risco de queda no leito de
pacientes adultos e medidas de prevenção. Rev Enferm UFPE On Line. v. 10, n. 6, p.:4720–6,
2016.
225
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
26. SOUSA, K. A. S. Quedas de pacientes adultos em um Hospital Público de Ensino. 2014. 106f.
Tese – Mestrado em Saúde e Enfermagem. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Ho-
rizonte, 2014.

27. VACCARI, E.; LENARDT, M. H.; WILLIG, M. H.; BETIOLLI, S. E.; ANDRADE, L. A. Segurança
do paciente idoso e o evento queda no ambiente hospitalar. Cogitare Enfermagem, [S.l.], v.
21, n. 5, p. 1-9, 2016. ISSN 2176-9133. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/
view/45562>. Acesso em: 29 mar. 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v21i5.45562.

28. VICTOR, M. A.G., LUZIA, M. F.L., SEVERO, I. M., ALMEIDA, M. A., GOES, M. G. O, LUCE-
NA, A.F. Falls in surgical patients: subsidies for safe nursing care. Journal of Nursing Ufpe
Online, v. 11, p. 4027-4035, out. 2017.

29. WHO. World Health Organization. Global report on falls prevention in older age. Geneva; 2007.

30. ZHAO, Y.L.; KIM, H. Older Adult Inpatient Falls in Acute Care Hospitals. Intrinsic, Extrinsicand
Envidonmental Factors. J Gerontol Nurs [Internet]. v. 41, n. 7, p. 29-43, 2015.

226
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
18
Prevalência da síndrome de burnout
entre profissionais da saúde atuantes
em um hospital público de referência
na Amazônia paraense

Leilane Ribeiro de Souza Emanuely Oliveira Vitorio


IESPES UFPA

Jéssica dos Santos Silva Jade Pinto dos Santos


IESPES UFPA

Cláudia Ribeiro de Souza Glailson França de Souza


UFPA UFPA

Lívia de Aguiar Valentim Ismael Ferreira Barreto Júnior


UEPA UFPA

Yuri Vasconcelos Andrade Edilmara Patrícia Rocha


UFPA IESPES

10.37885/210705577
RESUMO

Objetivou-se investigar a prevalência da Síndrome de Burnout entre os profissionais de


saúde de um hospital público de referência da Amazônia paraense. Trata-se de uma
pesquisa descritiva, quantitativa, transversal, realizada em setembro de 2017, em um
hospital de média e alta complexidade do estado do Pará. Participaram 95 profissio-
nais, que responderam ao questionário de Maslach Burnout Inventory – Human Services
Survey (MBI-HSS), autoaplicável, validado e traduzido para a língua portuguesa. A clas-
sificação geral dos itens do MBI-HSS inclui: Nenhum indício da Burnout; possibilidade
de desenvolver Burnout; fase inicial; fase de instalação; e fase considerável da Burnout.
Para análise, foi realizada a estatística descritiva e inferencial por meio de Microsoft
Excel e o software BioEstat. 5.3, respectivamente, sendo estabelecido o nível de signifi-
cância de 5%, para um valor de p<0,05. Participaram 95 profissionais da saúde, sendo
21 enfermeiros, 63 técnicos de enfermagem, 3 médicos, 1 psicólogo, 2 farmacêuticos,
3 técnicos em farmácia, 1 técnico em radiologia e 1 assistente social. A prevalência da
Síndrome de Burnout foi de 100% na amostra avaliada, destes 30,5% estavam na fase
inicial da Síndrome e 62,2% estavam na fase de instalação da doença. Dentre os pro-
fissionais, os enfermeiros e técnicos de enfermagem foram os mais acometidos. Diante
disso, recomenda-se à instituição hospitalar que disponibilize suporte psicológico aos
profissionais de saúde, intervindo precocemente com o desenvolvimento de atividades
que proporcionem o bem-estar no ambiente de trabalho, em especial, para a equipe de
enfermagem, além prover melhorias nas condições laborais.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Profissionais da Saúde, Saúde Hospitalar.

228
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

O adoecimento psíquico relacionado ao trabalho é um fenômeno crescente na atuali-


dade. Modos de organização inadequados e alta demanda de atividades e atribuições acar-
retam significativos riscos para a saúde e para o bem-estar biopsicossocial dos indivíduos,
aumentando os seus níveis de ansiedade, depressão e estresse (OLIVEIRA et al., 2021).
Segundo Abreu et al., (2015), o estresse vem sendo considerado a doença do terceiro
milênio, mesmo com todos os avanços tecnológicos e toda modernidade. A vida corrida,
cidades superlotadas, afobação no trabalho, jornadas de trabalhos excessivos e vários outros
fatores são apontados como motivo para o desenvolvimento do estresse. Há evidências de
que o estresse desencadeia síndromes e psicopatologias. Nessa lógica, quando os sinais e
sintomas se tornam crônicos, causando a completa exaustão profissional, o estresse passa
a ser caracterizado como Síndrome de Burnout (SB) (SANTANA; TONON, 2020).
A SB foi descrita pela primeira vez pelo psiquiatra Herbert Freudenberger, em 1974,
e atualmente está inserida na Classificação Internacional de Doenças CID-11 sob o código
QD85 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE [OMS], 2019). Nesta recente edição, a SB é
definida como um fenômeno ligado ao trabalho que afeta a saúde do profissional, resultante
de um estresse crônico no ambiente laboral que não foi administrado com êxito. Burnout
significa incendiar-se, deixar-se queimar (Burn = queimar e out=exterior), ou seja, o termo
se refere à queima das energias físicas e emocionais do trabalhador que faz com que este
perca o entusiasmo e o interesse pelo trabalho, prejudicando, assim, o seu desempenho
nas atividades que exerce (OLIVEIRA et al., 2017).
De acordo com Silveira, et al. (2016) esta síndrome é ocasionada por uma combina-
ção de três fatores: 1) Exaustão emocional (EE): caracterizada pela carência de Adenosina
Trifosfato (ATP), motivação e empobrecimento sentimental que o próprio indivíduo não sabe
lidar com seus afazeres diários e profissionais; 2) Despersonalização (DE): tende a provocar
o desgaste na relação interpessoal, permitindo o olhar ao outro como um objeto que pode
desencadear apatia e 3) Baixa realização profissional (RP): que condiz com a insatisfação
individual e profissional que se opõe a negatividade frente ao ambiente ao qual se encontra.
Nesse ponto de vista, o trabalho, a saúde e o adoecimento estão interligados à vida
dos indivíduos, pois a atividade ocupacional reflete tanto na saúde mental quanto na física.
Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o trabalho é uma fonte de prazer, também pode se
tornar um gerador de sofrimento, seja em maior ou menor grau, podendo ser capaz de causar
danos à saúde dos profissionais (BARBOZA PC, et al., 2018; BAO Y, et al., 2020; LI Z, et al.,
2020), trazendo consequências preocupantes em níveis individuais e organizacionais (MOSS
et al., 2016), tornando evidente a necessidade de prevenir sua sintomatologia. As estratégias

229
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de prevenção para a SB incluem realização de intervenções individuais e organizacionais
ou, idealmente, a combinação de ambas (MELO E CARLOTTO, 2017; MOSS et al., 2016).
A propensão dos profissionais de saúde à SB é bem documentada, principalmente os
que trabalham em ambientes complexos e intensos como os hospitais, sendo frequentemen-
te identificada em médicos de diferentes especialidades, médicos residentes e enfermeiros
(PERNICIOTTI, et al., 2020). No município de Santarém, estado do Pará, entretanto, essa
realizada ainda não foi visualizada, sendo necessária investigações que avaliem os riscos
para síndrome de Burnout nos diferentes setores de saúde, em especial, nos hospitais.
Sendo assim, este estudo objetiva identificar a prevalência da síndrome de Burnout entre
profissionais da saúde atuantes em um hospital público de referência da Amazônia paraense.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva, quantitativa, exploratória e transversal,


realizada entre os meses de agosto a novembro de 2017 no Hospital Municipal de Santarém,
Pará. O hospital atende usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de
assistência de média e alta complexidade. Dispõe dos setores de clínica médica, radiolo-
gia, centro cirúrgico, farmácia, obstetrícia, nefrologia, urgência e emergência, reanimação,
pediatria e terapia intensiva. Tem atendimento 24 horas e dispõe de 107 leitos, conforme
dados disponibilizados pelo setor de Recursos Humanos do próprio hospital.
Participaram do estudo 95 profissionais entre os quais, enfermeiros, técnicos de enfer-
magem, técnicos em radiologia, médicos, psicólogos e farmacêuticos, atuantes no Hospital
Municipal de Santarém. O instrumento utilizado para o rastreamento da síndrome foi o
Maslach Burnout Inventory (MBI), que possui um suporte empírico baseado em pesquisas
com grandes amostras de diversas naturezas ocupacionais ao redor do mundo, com valores
ótimos de validade e confiabilidade. Permite que o pesquisador rastreie a doença, teorize
sobre o seu desenvolvimento e intervenha em vários contextos organizacionais. O Inventário
de Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey [MBI-HSS])
é a versão específica para profissionais da área de saúde (BAMBULA; GOMEZ, 2016;
CARLOTTO; CÂMARA, 2007; FAÚNDEZ, 2017).
Este instrumento possui uma escala de medida autoaplicável que apresenta frases
afirmativas acerca dos sentimentos e atitudes dos profissionais em relação ao seu trabalho
(CAMPOS et al., 2020). Os pontos importantes avaliados nesse questionário abrangem
as três vertentes da Síndrome de Burnout, a Exaustão Emocional (caracterizada por fal-
ta ou carência de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos), a
Despersonalização (caracterizada pelo tratamento de clientes, colegas e organização como

230
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
objetos), e a Reduzida Realização Profissional (evidenciada por uma tendência do trabalha-
dor de se auto avaliar de forma negativa) (NASCIMENTO et al., 2012).
Ao final, se obtém uma pontuação e classificação determinada pelo Score de subescala
das 3 vertentes em risco baixo, moderado e alto, e um Score que se estabelece de 0 até 100
pontos, em que, de 0 a 20 pontos (fase 0), o profissional não apresenta nenhum indício de
Burnout; de 21 a 40 pontos (fase 1), tem a possibilidade de desenvolver Burnout; de 41 a
60 pontos (fase 2), o profissional se encontra na fase inicial do Burnout; de 61 a 80 pontos
(fase 3), o Burnout começa a se instalar; e, de 81 a 100 pontos (fase 4), o profissional pode
estar em uma fase considerável do Burnout ( SILVA et al., 2013).
Os questionários foram aplicados pelos pesquisadores, individualmente, durante o ex-
pediente de trabalho, em local reservado. A pesquisa pautou-se na Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde que regulamenta pesquisas com seres humanos. Obteve-se
a carta de aceite da Secretaria Municipal de Santarém, bem como, autorização do Núcleo
de ensino e pesquisa do Hospital em questão. Além disso, o trabalho foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES - nº 476
de 15/03/01 – CAAEE).

RESULTADOS

Participaram do estudo 95 profissionais da saúde dos quais 73% eram do gênero femi-
nino, com média de idade de 38,6 anos, e 27% do gênero masculino com média de idade de
36,4 anos. O tempo médio de serviço do público-alvo foi de 8,5 anos. Dentre as categorias
dos profissionais 21 eram enfermeiros, 63 técnicos de enfermagem, 3 médicos, 1 psicólogo,
2 farmacêuticos, 3 técnicos em farmácia, 1 técnico em radiologia e 1 assistente social.
No que se refere à prevalência geral da Síndrome de Burnout, os dados revelaram que
100% dos participantes apresentavam a doença, porém em estágios diferentes, conforme
demonstrado no Gráfico 1: 31% (n=29) dos profissionais estavam na fase inicial da Síndrome,
62% (n=59) com a doença se instalando e 7% (n=7) em uma fase considerável da Burnout.

231
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Gráfico 1. Prevalência geral da Síndrome de Burnout entre os profissionais da saúde do Hospital Municipal de Santarém
– PA.

Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Dentre os profissionais, as categorias mais acometidas pelas fases mais avançadas


da Síndrome foram os enfermeiros com 14 profissionais na fase de instalação e 03 na fase
considerável; técnicos de enfermagem com 40 na fase de instalação e 04 na fase conside-
rável; médicos com 02 na fase de instalação; total de 63 trabalhadores evoluindo para as
fases mais críticas da SB, conforme apresentado na Tabela 1 a seguir:

Tabela 1. Fases da SB apresentadas por cada categoria profissional.

CATEGORIA CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME


TOTAL
PROFISSIONAL Fase Inicial Instalação Fase Considerável
n % n % n % n %
Enfermeiros 4 4,2 14 14,7 3 3,1 21 22,2
Técnicos de enfermagem 19 20 40 42,2 4 4,2 63 66,4
Médicos 1 1,05 2 2,2 0 0 3 3,1
Psicólogo 1 1,05 0 0 0 0 1 1,0
Farmacêuticos 1 1,05 1 1,05 0 0 2 2,2
Técnicos em Farmácia 3 3,15 0 0 0 0 3 3,1
Técnico em Radiologia 0 0 1 1,05 0 0 1 1,0
Assistente Social 0 0 1 1,05 0 0 1 1,0
Total 29 30,5 59 62,2 7 7,3 95 100
Obs: Não houve profissionais classificados nas categorias “sem a doença” ou com a “possibilidade de desenvolver”.
Fonte: dados da pesquisa, 2017.

DISCUSSÃO

O perfil dos profissionais da saúde identificados na presente pesquisa, (maioria do


gênero feminino, com média de idade de 38,6 anos) corrobora com uma pesquisa realizada
no Rio de Janeiro, em 2014, na qual dos 105 enfermeiros que desenvolviam atividades as-
sistenciais no cenário pré-hospitalar, 79,05% também eram do gênero feminino, com idade
superior a 30 anos (n=64/60,95%) (SÉ et al., 2020).
232
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Neste estudo, quanto à prevalência geral da Síndrome de Burnout, os dados revelaram
que 100% dos participantes apresentavam doença, porém em estágios diferentes, sendo a
maioria na fase de instalação da doença, e boa parte na fase inicial da síndrome. Embora a
saúde seja uma profissão nobre e gratificante, a exposição crônica ao sofrimento humano
e longas horas de trabalho contribuíram para um maior estresse no trabalho e esgotamento
precoce entre os profissionais de saúde (MANDOURA et al., 2017), refletindo assim nos
índices encontrados.
Resultados semelhantes foram identificados em uma pesquisa realizada em 2017 no
município de Parnaíba, Piauí, onde ao investigar se os profissionais de enfermagem que
trabalhavam em uma Unidade de Terapia Intensiva tinham predisposição a desenvolverem
a Síndrome de Burnout, observou-se que 64% dos pesquisados apresentaram a pontuação
de 21-40, que significa a possibilidade de desenvolver Burnout, 29% tiveram a pontuação de
41-60, que significa fase inicial de Burnout e, por fim, 7% tiveram a pontuação de 61-80, que
significa que, possivelmente, a síndrome de Burnout já estava instalada (MARINHO, 2018).
Em outra pesquisa abordada por Oliveira e Silva (2021) realizada entre maio e julho
de 2017, na qual foi realizado um questionário estruturado com profissionais de saúde que
atuam na UTI do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Araxá, Minas Gerais, notou-se
que dentre os 43 profissionais de saúde selecionados, a prevalência da SB foi de 40%.
Vale ressaltar que fatores externos, internos e fatores psicológicos e comportamentais, são
incidentes no desenvolvimento do Burnout. A jornada excessiva de trabalho, indisciplina,
falta de autonomia, perfeccionismo, autoestima baixa, negativismo, escolha profissional
equivocada, falta de preparo e competência são exemplos de fatores envolvidos na origem
e agravamento do quadro. (ABREU et al., 2015 apud CARVALHO et al., 2016).
Diante de tal situação, é imprescindível que ações preventivas sejam estimuladas dentro
das unidades hospitalares, com vistas a reduzir a incidência e prevalência da Síndrome de
Burnout, minimizando os riscos de erro profissional durante a prestação de assistência, e
conferindo melhor cuidado a saúde dos colaboradores.

CONCLUSÃO

A importância deste estudo deu-se de forma a mensurar as dimensões do Burnout,


relacionando-o a questões da saúde do trabalhador. Diante deste contexto, observou-se que
a prevalência geral da Síndrome de Burnout foi de 100% entre os profissionais avaliados,
destes, a maioria estava na fase em que a Síndrome começa a se instalar. Ressalta-se
que os enfermeiros e técnicos de enfermagem foram os mais acometidos por esta fase de
instalação da doença.

233
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
É preocupante o fato de a maioria dos profissionais que se encontram na fase de ins-
talação da Síndrome estarem ativos na prestação de serviços aos pacientes, uma vez que
estão mais susceptíveis a cometerem falhas durante o cuidado, e ao agravamento da sua
condição de saúde. Nesse aspecto é vital que medidas sejam tomadas para diminuição no
impacto da qualidade de vida desses, haja vista a possível interferência na saúde desses
indivíduos e consequente má qualidade do cuidado prestado na assistência dos pacientes.
Enfatiza-se a relevância de notificar os casos de Burnout como parte dos transtornos
mentais relacionados ao trabalho, conforme estabelece a legislação, e recomenda-se à
instituição hospitalar, possibilitar a discussão com os sujeitos da pesquisa sobre os fatores
potenciais da organização do trabalho que podem ser desencadeantes de adoecimento
psíquico e disponibilizar suporte psicológico a todos os profissionais de saúde de forma a
intervir precocemente. Além disso, incentiva-se o desenvolvimento de atividades de lazer que
envolvam os profissionais do ambiente de trabalho, e melhoria nas condições de trabalho,
palestras de educação em saúde e criação de equipes multidisciplinares aptas a tratar das
doenças do trabalho.

REFERÊNCIAS
1. ABREU, S. A. Determinação dos sinais e sintomas da síndrome de burnout através dos pro-
fissionais da saúde da santa casa de caridade de alfenas nossa senhora do perpétuo socorro.
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 13, n. 1, p. 204-238, 2015.

2. BAMBULA, F. D.; GOMEZ, I. C. La investigación sobre el síndrome de Burnout en Latino


America entre 2000 y el 2010. Psicologia desde el Caribe, v. 33, n. 1, p. 113-131, 2016.
Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/7875/4007 Acesso em
27 de julho de 2021.

3. BAO Y, et al. CoV epidemic: address mental health care to empower society. The Lancet,
2020; 395(10224): 37–38. 2019.

4. BARBOZA, P. C., et al. Significado do trabalho: perspectivas de profissionais de enfermagem


atuantes em unidades clínicas. Revista Rene (Online),1(1): 1–8. 2018.

5. CAMPOS, I. C. M.; PEREIRA, S. S.; SCHIAVON, I. C. A.; ALVES, M. Maslach burnout inven-
tory - human services survey (Mbi-hss): revisão integrativa de sua utilização em pesquisas
Brasileiras. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v. 24, n. 3, p. 187-195,
set./dez. 2020.

6. CARLOTTO, M. S.; CÂMARA, S. G. Propriedades psicométricas do Maslach Burnout Inven-


tory em uma amostra multifuncional. Estudos de Psicologia, v. 24, n. 3, p. 325-332, 2007.
Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/7875/4007 Acesso em
27 de julho de 2021.

234
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
7. CARVALHO, D., et al. Síndrome de Burnout em profissionais da área da saúde atuantes em
dois municípios do interior de Minas Gerais-Brasil. Revista Contexto e Saúde. v.16, n.31, p.
139-148. 2016.

8. FAÚNDEZ, V. O. L. e MASLACH, C. Comprendiendo el Burnout. Ciência e Trabalho. Santiago,


v. 19, n. 58, p. 59-63, 2017. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/
view/7875/4007. Acesso em jul/ 2021.

9. LIZ, et al. Vicarious traumatization: A psychological problem that cannot be ignored during the
COVID-19 pandemic. Brain, Behavior, And Immunity, v.87. n.74. 2020.

10. MANDOURA, N. et al. Burnout de médicos que trabalham em centros de atenção primária à
saúde do Ministério da Saúde Jeddah, Arábia Saudita. Cureus. v. 9, n.1877. 2017. Disponível
em : https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6476613/. Acesso em 26 de Julho de 2021.

11. MARINHO, S. A. Síndrome de Burnout: fatores de risco dos profissionais da enfermagem


em uma UTI de um hospital no município de Parnaíba-PI. Dissertação (Mestrado) – Facul-
dades EST Programa de Pós-Graduação. Mestrado em Teologia. São Leopoldo, 2018.

12. MELO, L. P. de; CARLOTTO, M. S. Programa de prevenção para manejo de estresse e Sín-
drome de Burnout para bombeiros: Relato de experiência de uma intervenção. Estudos de
Psicologia (Natal), 22(1), 99-108. 2017. Disponível em: https://dx.doi.org/10.22491/1678-
4669.20170011. Acesso em 28 de Julho de 2021.

13. MOSS, M.; GOOD, V. S.; GOZAL, D.; KLEINPELL, R.; SESSLER, C. N. An official critical care
societies collaborative statement: burnout syndrome in critical care healthcare professionals: a
call for action. American Journal of Critical Care, v.44, n. 7, p. 1414-1421, 2016. Disponível
em: https://doi.org/10.1097/CCM.0000000000001885. Acesso em 2 de Julho de 2021.

14. NASCIMENTO, D.F.L.; CUNHA, D.R.; MOTA, E.F.C.; VASCONCELOS. E.S. Identificação
preliminar da síndrome de Burnout em professores do IF goiano campus Urutaí – GO. ENCI-
CLOPÉDIA BIOSFERA. Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.8, n.15; 2012.

15. OLIVEIRA R. F., et al. Incidência da Síndrome de Burnout nos Profissionais de Enfermagem:
Uma Revisão Integrativa. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro. 2017. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.19175/recom.v7i0.1383. Acesso em 28 de Julho de 2021.

16. OLIVEIRA, V. P. S.; SILVA, H. dos R. Prevalência da síndrome de Burnout entre profissionais
de saúde que atuam em unididades de terapia intensiva. Brazilian Journal of Development,
Curitiba, v.7, n.2, p. 17863-17875, feb. 2021.

17. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e


Problemas Relacionados à Saúde - CID-11. Brasília, DF: OMS/DATASUS; 2019. Disponível
em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm. Acesso em 27 de Julho de 2021.

18. PERNICIOTTI, Patrícia et al. Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde: atualização sobre
definições, fatores de risco e estratégias de prevenção. Rev. SBPH [online], v.23, n.1 [citado
2021-07-29], pp. 35-52 . 2020. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S1516-08582020000100005&lng=pt&nrm=iso Acesso em 27 de Julho de 2021.

19. SANTANA, R. E.; TONON, T. C. A. Estresse ocupacional: desequilíbrio no exercício profissional


de Enfermagem. Research, Society and Development, 9(8), e222985674-e222985674. 2020.

235
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
20. SÉ, A. C. S; et al. Prevalência da síndrome de burnout em enfermeiros do atendimento pré-
-hospitalar. Research, Society and Development, v. 9, n.7, e940975265, 2020. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.5265. Acesso em 29 de Julho de 2021.

21. SILVA, F.N.; SILVA, N.A.; MARTINI. C.M. Síndrome de burnout em professores da escola polo
Jóse de Anchieta e da escola estadual cora coralina na cidade de Ariquemes. Revista Fiar:
Revista do Núcleo de Pesquisa e Extensão Ariquemes, v.2 n. 1, p. 187-202, 2013.

22. SILVEIRA, A. L. P. Síndrome de Burnout: consequências e implicações de uma realidade


cada vez mais prevalente na vida dos profissionais de saúde. Rev. Brasileira de Medicina
do Trabalho, v. 14, n. 3. p. 275-84. 2018.

236
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
19
Processo de enfermagem na gestação
de alto risco

Janyelle da Conceição Farias Lima

Tatiana Peres Santana Porto Wanderley


HMDR

Simone Sampaio da Costa


SAMU

Márcia Pessoa de Sousa Noronha


HGP

10.37885/210504438
RESUMO

Realizou-se uma revisão bibliográfica narrativa, cujo objetivo foi produzir conhecimento
científico acerca de planos de cuidados de enfermagem que atendam as prioridades
assistenciais das gestantes de alto risco, a partir das Taxonomias NANDA I, NIC e NOC.
Analisou-se a literatura entre os anos de 2010 a 2020 a fim de identificar as principais
necessidades humanas básicas afetadas nas gestantes de alto risco, bem como a preva-
lência dos Diagnósticos de Enfermagem (NANDA I), e das Intervenções de Enfermagem
(NIC), e por fim, elaborar um plano de cuidados pautado nas Taxonomias a partir da
prevalência identificada. A amostra foi fixada em 14 artigos. Os resultados obtidos evi-
denciaram que as principais necessidades humanas básicas afetadas nas gestantes
de alto risco foram predominantemente as de origem psicobiológicas e psicossociais.
Quanto aos Diagnósticos de Enfermagem, os que tiveram maior destaque na foram os
relacionados aos domínios de segurança/proteção, conforto, enfrentamento/tolerância ao
estresse e nutrição, respectivamente. Por fim, as classes de Intervenções de Enfermagem
mais evidenciadas na amostra foram cuidados na gravidez de alto risco, monitoração
do SSVV e apoio emocional. Concluiu-se que o Processo de Enfermagem aplicado à
gestação de alto risco é capaz de reduzir desfechos desfavoráveis ao binômio, diminuir
índices de erros pela equipe, garantir a execução dos cuidados de enfermagem, organizar
a assistência e melhorar os relatórios de enfermagem.

Palavras-chave: Gravidez de Alto Risco, Processo de Enfermagem, Enfermagem Obstétrica.

238
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

A gestação é um evento biologicamente natural que ocasiona modificações anatômicas,


sociais e emocionais ao organismo feminino. O seu desenvolvimento ocorre em grande parte
dos casos sem intercorrências clínicas sendo classificada, portanto, como gravidez de risco
habitual. Por outro lado, quando existirem agravos e/ou patologias maternas como, diabetes
mellitus, hemorragias, hipertensão arterial ou ainda complicações que causem risco ao feto
durante o período gestacional, define-se gravidez de alto risco (TELES et al., 2019).
Nesse sentido, os profissionais de enfermagem juntamente com a equipe multiprofis-
sional, são responsáveis por reconhecer antecipadamente prováveis situações de risco e
tornar como prioridade a assistência sistematizada e individualizada das gestantes durante o
período gravídico-puerperal (ERRICO et al., 2018). A atuação sistematizada do profissional
de enfermagem está assegurada e fundamentada legalmente, por meio da Resolução do
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) n° 358 de 15 de outubro de 2009. A mesma
refere-se à Sistematização da Assistência de Enfermagem e a obrigatoriedade da imple-
mentação do Processo de Enfermagem em todos os espaços públicos ou privados em que
há assistência de enfermagem, nos quais devem ser executados de maneira ordenada e
organizada (COFEN, 2009).
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um instrumento que o profis-
sional enfermeiro dispõe para que, por meio de um método e estratégia de trabalho científico
realize a identificação das situações de saúde, subsidiando a prescrição e implementação
das ações da enfermagem, que possam favorecer a promoção, prevenção, recuperação e
reabilitação em saúde do indivíduo, família e coletividade. Sua implementação humaniza o
atendimento prestado pelos profissionais e assegura os indivíduos que recebem o cuidado
(NUNES; MOUSQUER; ZUSE, 2011).
Nesse sentido, cada gestante deve ser atendida de forma integral, a fim de contribuir
para a assistência de saúde adequada. Para que esse público receba cuidados de enfer-
magem individualizados, organizados e aplicados às suas reais necessidades, é essencial
que este seja coordenado pelo Processo de Enfermagem (PE) (GOMES, 2017). O PE por
sua vez, é um instrumento metodológico de trabalho, que possibilita a análise crítica sobre
as condições de saúde dos pacientes e efetiva a atuação dos profissionais de enferma-
gem. Este instrumento representa uma alternativa de aproximação do enfermeiro com o
paciente, família e/ou coletividade, sendo fundamentado na elaboração de diagnósticos de
enfermagem e intervenções voltadas para as necessidades psicobiológicas, psicossociais
e psicoespirituais (SOUZA; SANTOS; MONTEIRO, 2013).
Logo, pesquisas apontam que a utilização do PE vem agregando à prática assistencial
de enfermagem algumas vantagens, bem como, exercício profissional organizado visando
239
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
melhoria na qualidade da assistência (SILVA et al., 2014). Mediante a necessidade de
sistematizar o cuidado às gestantes de alto risco, justificam-se, portanto, estudos como o
que se propõe, o qual pretende identificar por meio da literatura quais as principais neces-
sidades humanas básicas afetadas nas gestantes de alto risco; elencar os Diagnósticos de
Enfermagem da Taxonomia NANDA I e Intervenções de Enfermagem da Taxonomia NIC mais
prevalentes das gestantes de alto risco; e apresentar um plano de cuidados (NANDA I, NIC,
NOC) elaborado a partir da prevalência identificada na literatura, dos diagnósticos, resultados
e intervenções voltadas à gestação de alto risco.

GESTAÇÃO DE ALTO RISCO E O PROCESSO DE ENFERMAGEM

Apesar de fisiológica, a gravidez é uma situação limítrofe que pode gerar perigos tanto
para a mãe, como para o feto. Estudos atuais demonstram que 20% das mulheres apre-
sentam evolução e desfecho gestacional desvantajoso, caracterizando a gravidez de alto
risco (RODRIGUES et al., 2017). Esta condição de agravo exige cuidados especializados e
totalmente voltados às suas peculiaridades. Também respalda e direciona atuação eficiente
da equipe de assistência, a qual poderá minimizar riscos, perigo e/ou piores condições à
saúde, desenvolvendo ações de promoção que tragam melhoria da qualidade de vida.
Com base nisso, o Ministério da Saúde (MS) na atenção ao pré-natal de alto risco
(PNAR) estabelece a inclusão do profissional enfermeiro na equipe multidisciplinar para
atendimento ao público gravídico. O enfermeiro em conjunto com os demais profissionais da
saúde, devem priorizar a eficácia da assistência, responsabilizando-se pelo conhecimento
da produção científica acerca do cuidado de enfermagem prestado às mulheres grávidas,
resguardando-as de negligências, imperícias e imprudências, para a segurança do nasci-
mento de um bebê saudável (ERRICO et al., 2018).
Tratando-se da gestação de alto risco, logo, como em todos os outros ambientes de
prática profissional, o enfermeiro deve realizar e avaliar o PE, almejando resultados positi-
vos. O técnico de enfermagem e o auxiliar em conformidade com as leis, participam da execu-
ção de acordo com o que lhes couber, sob supervisão e orientação do enfermeiro (COREN-
SP, 2015). Esta ferramenta intelectual de trabalho do enfermeiro, se estrutura em cinco
etapas compostas pela coleta de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfer-
magem, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem (BENEDET et al., 2016).

METODOLOGIA

A presente pesquisa trata-se de uma Revisão Bibliográfica Narrativa, que objetiva ma-
pear o conhecimento sobre uma questão ampla, propondo-se apresentar o desenvolvimento
240
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de determinado assunto, sob a perspectiva teórica ou contextual, por meio de análise e
interpretação da produção científica existente (BRUM et al., 2015). As bases de dados aces-
sadas para realização do estudo foram LILACS, BDENF, Portal CAPES, SciELO, Redalyc,
PROENF/SECAD, IBECS, BDTD e PubMed, através dos descritores em ciências da saúde
da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Gravidez de Alto Risco; Processo de Enfermagem;
Enfermagem Obstétrica. A população foi composta por 439 artigos científicos encontrados
na base de dados, entretanto, a amostra foi fixada em 14 artigos.
A pesquisa ocorreu entre os meses de outubro a novembro de 2020. Foram conside-
rados como critérios de seleção da população do estudo artigos de procedência nacional;
período de 2010 até 2020; conteúdo relacionado ao tema e idioma português. Excluímos os
materiais bibliográficos que não disponibilizaram o artigo e/ou material na íntegra; artigos
repetidos que já tenham sido citados em outra base de dados.
Para a coleta de dados, foi realizada primeiramente uma observação do tema, dando
prioridade às publicações mais atuais, posteriormente a análise do resumo, no qual foi sele-
cionado os objetos de estudo que estavam relacionados à temática em questão. Em seguida,
foi feita a leitura minuciosa dos materiais separados, e por fim, a seleção para elaboração
da redação do trabalho.
Os dados foram compilados à luz da literatura pertinente e apresentados em um quadro
sinóptico representativo da amostra, de forma descritiva e tabular. Para construção do pla-
no de cuidados, foram considerados os quatro Diagnósticos de Enfermagem da taxonomia
NANDA I mais prevalentes, com seus respectivos Resultados Esperados da taxonomia NOC
e duas Intervenções de Enfermagem da taxonomia NIC para cada diagnóstico.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Estudos atuais afirmam que a efetivação da Sistematização da Assistência de


Enfermagem na prática clínica contribui positivamente para o atendimento planejado e or-
ganizado em sua singularidade, com vistas a compreender o significado atribuído pela mulher
no seu processo de gestar na condição de risco (GOMES, 2017).
Logo, o Processo de Enfermagem viabiliza a assistência pautada nas reais exigências
de cada gestante, visto que será organizado um plano de cuidados que atenda os agravos
com elaboração de diagnósticos de enfermagem, planejamento de ações e implementação
das prescrições. Tal procedimento, coopera para a promoção da saúde e prevenção de
complicações do binômio mãe e filho (GOMES, 2017).
À vista disso, o presente estudo evidenciou que as necessidades humanas básicas mais
afetadas nas gestantes de alto risco encontradas na literatura foram a regulação vascular
e a segurança emocional, ambas caracterizando a 16,0% (n=8) da amostra. A regulação
241
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
vascular representa uma das principais necessidades afetadas à saúde da gestante, em
virtude da relação entre as doenças do aparelho circulatório. Estes achados correspondem
às problemáticas de doenças vasculares, que estão entre as principais causas de morte
materna. Dentre elas, a hipertensão arterial e a hemorragia (WEISSHEIMER; TELES, 2016).
Os distúrbios hipertensivos da gestação oferecem riscos tanto para a mãe quanto para
o feto, podendo resultar em outras afecções graves que avolumem e afetem mais necessi-
dades humanas básicas. Já a perda de sangue, independente do volume, jamais deve ter
sua importância minimizada, visto que é uma intercorrência que pode acarretar complicações
reprodutivas e consideráveis repercussões afetivas, sociais e psicológicas para a mulher
(ARANTES; PAREDES; SOUZA, 2012).
Sobre a segurança emocional, os autores Ferreira et al. (2019), acreditam que a vi-
vência da gestação de alto risco é caracterizada por um processo profundamente complexo
e diversificado. Como resultado da hospitalização, podem ocorrer alterações no ritmo e no
seio familiar. Em muitos casos a mulher precisa se afastar de seu domicílio, dos familiares,
das atividades domésticas, laborais, recreativas e outras. Nesse contexto, a gestante precisa
se adaptar a um novo ambiente e novos hábitos. Em muitos casos, a hospitalização pode
causar solidão, preocupação, ansiedade, tédio, medo, insegurança, entre outros sentimentos.
Oliveira et al. (2013), destacam que as ações nos serviços de saúde não proporcionam
acolhimento às ansiedades, queixas e temores associados culturalmente à gestação de
risco. Com base nisso, entende-se que a assistência de enfermagem precisa estar focada
a amparar e direcionar o cuidado de forma a contribuir para a segurança, a tranquilidade, o
enfrentamento e a segurança emocional da gestante.
Para os Diagnósticos de Enfermagem da Taxonomia NANDA I evidenciou-se a preva-
lência do diagnóstico Risco de Infecção, caracterizando 13,2% (n=7) da amostra. Os autores
Weissheimer (2015), Gerk; Freitas; Nunes (2011) e Oliveira et al. (2013), argumentam que o
diagnóstico Risco de infecção, surge muitas vezes relacionado a procedimentos invasivos.
Apesar de previsto, o risco deve sempre ser evitado, a fim de limitar o adoecimento e pos-
síveis internações. Por isso, as intervenções de enfermagem devem estar voltadas para a
prevenção. Os autores citados acima, identificam também em sua pesquisa, a exacerbação
dos casos de infecções por meio do abortamento induzido causado por traumas voluntários,
quedas, socos, inserção na vagina de substâncias cáusticas, inserção no útero de objetos
pontiagudos, entre outras práticas que vulnerabilizam os riscos de infecção.
Com relação a dor aguda, caracterizada em 11,3% (n=7) da amostra, Gomes (2017),
ressalta que a lombalgia é uma queixa corriqueira entre as grávidas, e a mesma pode ser
explicada tanto pelas alterações posturais associadas à gravidez, como também pelo con-
junto de mudanças no organismo da grávida ocasionado por instabilidade articular, ganho
242
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de peso principalmente na região abdominal, e estresse mecânico sobre os músculos da
coluna e do quadril. Todavia, Sales; Avelar; Aléssio (2018), consideram que a imagem que as
mulheres têm da gestação e do parto de risco é construída a partir do referencial de dor, pois,
as informações e experiências de dor passam de uma geração para outra, desencadeando
sentimentos negativos e subtraindo as particularidades individuais de cada organismo.
Sobre o DE Ansiedade, referido a 11,3% (n=6) da amostra, Ferreira et al. (2019), Oliveira
et al. (2013) e Souza (2018), revelam que a ansiedade é um potencial desencadeador de
transtornos psicológicos e emocionais. Aparece para a mulher que vivencia a gestação de
risco como um sentimento de medo e inquietação, tomando dimensões que a gestante,
muitas vezes, não sabe como explicar. É como se a grávida não tivesse mecanismos inter-
nos para o enfrentamento do que se passa frente a ideia de um perigo. Assim, as gestantes
vulnerabilizam- se pelo misto de sentimentos e por não saberem o que acontecerá com elas
e/ou com seus filhos. Além da escuta qualificada e do cuidado direcionado pela equipe de
enfermagem, a livre expressão de sentimentos por parte da gestante pode ser terapêutica.
Diante disso, conclui-se que a prevalência de diagnósticos de enfermagem encontrados
na amostra contempla aspectos psicobiológicos e psicossociais. A presença destes diag-
nósticos ressalta a importância da assistência sistematizada, individualizada e humanística,
baseada na utilização de uma taxonomia diagnóstica que possibilite emoldurar os problemas
de enfermagem levantados em uma linguagem científica universalmente reconhecida.
Para as Intervenções de Enfermagem da Taxonomia NIC mais prevalentes das gestan-
tes de alto risco, elencou-se Cuidados na gravidez de alto risco como a classe de interven-
ções de enfermagem mais apresentada, aparecendo em 13,5% (n=7) da amostra, seguido
de Monitoração do SSVV que corresponde a 11,5% (n=6) e Apoio emocional 11,5% (n=6).
Os autores Medeiros et al. (2016), ressaltam que a classe cuidados na gravidez de
alto risco visa atender necessidades e estabelecer um plano de acompanhamento clínico
por meio de intervenções, como por exemplo, orientar a paciente gestante a respeito de
técnicas de autocuidado para aumentar as chances de um resultado saudável. A orientação
pode ser feita para hidratação, dieta, modificações nas atividades, importância de avaliações
regulares no pré- natal, normalização do açúcar no sangue e precauções sexuais, inclusive
abstinência, entre outros.
Quanto à monitorização dos SSVV, a Classificação de Intervenções de Enfermagem da
Taxonomia NIC define como verificação e análise de dados cardiovasculares, respiratórios e
da temperatura corporal para determinar e prevenir complicações (BULECHEK; BUTCHER;
DOCHTERMAN, 2010). Dentro da classe, são recomendadas atividades de cuidado que es-
tabelecem um processo contínuo e diário envolvendo coleta de dados, análise e interpretação

243
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
de dados, bem como tomada de decisão. Uma das intervenções desta classe é monitorar a
pressão sanguínea, pulso, temperatura e padrão respiratório, conforme apropriado.
No que se refere ao apoio emocional, a Taxonomia NIC, define a classe como ofe-
recimento de tranquilidade, aceitação e encorajamento durante períodos de estresse
(BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010). Uma das atividades que pode ser aplicada
à prática assistencial é a de auxiliar a paciente a identificar sentimentos, como ansiedade,
por exemplo. Esta ação é importantíssima e corrobora com os diagnósticos de enfermagem
já contemplados na amostra. No entanto, um estudo realizado por Medeiros et al. (2016),
para avaliar diagnósticos e intervenções de enfermagem no trabalho de parto e na gesta-
ção de risco, destaca que as intervenções demonstraram encontrar-se desarticuladas dos
diagnósticos identificados tanto para as parturientes quanto para as gestantes de alto risco.
Nesse sentido, sugere-se que os enfermeiros revejam e reflitam sobre possíveis mu-
danças na elaboração das intervenções frente ao Processo de Enfermagem, utilizando uma
estrutura conceitual como a NIC que subsidia a organização sistemática e lógica no ambiente
hospitalar, direcionando à resolução dos problemas identificados.
Para contemplar o objetivo da pesquisa, realizou-se a construção do plano de cui-
dados ilustrado no quadro abaixo, onde foram considerados os quatro Diagnósticos de
Enfermagem da Taxonomia NANDA I mais prevalentes, com seus respectivos Resultados
Esperados da taxonomia NOC, e duas Intervenções de Enfermagem da Taxonomia NIC
para cada diagnóstico.

244
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Quadro 01. Ilustrativo do plano de cuidados (NANDA I, NIC, NOC) elaborado a partir da prevalência identificada na
literatura, dos diagnósticos de enfermagem, resultados esperados e intervenções de enfermagem voltadas à gestação
de alto risco.

TÍTULO DIAGNÓSTICO (NANDA I) RESULTADO ESPERADO (NOC) INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM (NIC)

- Orientar a paciente e a família sobre os


Risco de Infecção evidenciado por ruptura sinais e sintomas de infecção e sobre o
prematura de membrana amniótica, momento de relatá-los ao profissional de
Controle de Riscos: processo infeccioso
procedimento invasivo e alteração no saúde;
peristaltismo. - Ensinar a paciente e familiares como
evitar infecções.
- Escolher e implementar uma variedade
de medidas (p. ex., farmacológicas,
Dor Aguda relacionado a agente biológico não farmacológicas, interpessoais)
lesivo, agente físico lesivo, evidenciado por para facilitar o alívio da dor, conforme
autorrelato da intensidade usando escala apropriado;
Controle da dor
padronizada da dor, expressão facial de dor, - Realizar uma avaliação completa da dor,
posição para aliviar a dor e comportamento incluindo local, características,
expressivo. início/duração, frequência, qualidade,
intensidade e gravidade, além de fatores
precipitadores.
Ansiedade relacionado a ameaça à condição
atual, ameaça de morte, conflito sobre as
metas da vida, necessidades não atendidas, - Conversar com a paciente sobre a(s)
estressores, evidenciado por apreensão, medo, experiência(s) emocional(is);
Autocontrole da ansiedade
sofrimento, alteração no padrão de sono, - Encorajar o diálogo ou choro como
preocupações em razão de mudanças em formas de reduzir a resposta emocional.
eventos da vida, aumento da pressão arterial
e aumento da frequência cardíaca.
- Orientar o paciente e/ou familiares
Volume de líquidos deficiente relacionado
sobre sinais de sangramento e ações
a perda ativa de volume de líquido, perda
apropriadas (p. ex., avisar o enfermeiro
excessiva de líquido por vias normais, fatores
se ocorrer sangramento);
que influenciam a necessidade de líquidos, Equilíbrio hídrico
- Monitorar a ocorrência de sinais e
evidenciado por aumento da frequência
sintomas de sangramento persistente (p.
cardíaca, aumento da temperatura corporal,
ex., verificar todas as secreções em busca
alterações no turgor da pele e fraqueza.
de sangue vivo ou oculto).
Fonte: Autoria própria, 2021.

Para melhor compreensão deste quadro, os diagnósticos foram distribuídos em


sete Domínios conforme a Taxonomia II da NANDA I. Desta forma, os Diagnósticos de
Enfermagem que tiveram maior destaque na gestação de alto risco foram os relacionados
aos domínios de segurança/proteção, conforto, enfrentamento/tolerância ao estresse e nu-
trição, respectivamente.
Em sua pesquisa, Gomes (2017), afirma que a elaboração do plano de cuidados é
resultante da análise dos diagnósticos de enfermagem, examinando-se os problemas de
enfermagem, as necessidades humanas básicas afetadas e o grau de dependência da
pessoa, da família e da comunidade.
No tocante ao Risco de Infecção, Weissheimer (2015), afirma que os diagnósticos de
risco não se evidenciam por sinais e sintomas porque o problema ainda não ocorreu, ou seja,
é apenas uma condição de vulnerabilidade. Todavia, é imprescindível o enfermeiro aplicar
intervenções de enfermagem voltadas para a prevenção. Já os diagnósticos com foco no
problema como a dor aguda, a ansiedade e o volume de líquidos deficiente, se evidenciam

245
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
como uma resposta humana indesejável, em outros termos, diz respeito a uma condição de
saúde/processo de vida que existe em uma pessoa, família, grupo e/ou comunidade.
Tanto para Medeiros et al. (2016), como para Souza (2018), o plano de cuidados é
um instrumento de grande relevância, utilizado para auxiliar na individualização do cuidado
à mulher em ciclo gravídico-puerperal; descrever qual cuidado a paciente deverá receber e
como esse cuidado poderá melhor ser executado. Por isso, justifica-se a exigência de ser
realizado mediante a um planejamento metodológico embasado por Taxonomias. As autoras
afirmam ainda que a utilização do plano de cuidados torna mais rápido e preciso o trabalho
da equipe de enfermagem, se for considerado como um agente de comunicação, elemento
de educação contínua, catalisador de atividades ou indicador de controle e avaliação.
Percebe-se, portanto, que o plano de cuidados elaborado e estabelecido nesta revisão,
fomenta considerações da amostra estudada. Ademais, é uma fase do processo que visa
orientar a assistência prestada ao público gravídico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção desta revisão foi alicerçada em uma expectativa acerca do conheci-


mento e do aprofundamento teórico científico, relacionado a uma parte primordial den-
tro da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que é o Processo de
Enfermagem. Os objetivos elencados neste trabalho foram alcançados.
A realização do estudo permitiu avaliar a importância do Processo de Enfermagem,
tendo em vista que se trata de um método complexo e com sérias dificuldades na im-
plementação. Sabendo que a gestação de alto risco representa uma condição limítrofe e
que pode implicar consequências biológicas, psicológicas e sociais para a vida da mulher,
constatou-se que é importante utilizar a teoria das NHB para um cuidado individualizado,
consolidado no holismo.
A assistência holística, fundamentada no método científico de cuidado do Processo
de Enfermagem, irá contribuir para a efetivação e o sucesso do planejamento e interven-
ções. As principais necessidades humanas básicas afetadas, avaliadas no estudo, permiti-
ram verificar que são predominantes as de origem psicobiológicas e psicossociais. Quanto
aos Diagnósticos de Enfermagem, os que tiveram maior destaque na gestação de alto risco
foram relacionados aos domínios de segurança/proteção, conforto, enfrentamento/tolerância
ao estresse e nutrição, respectivamente.
Entende-se que o PE aplicado à gestação de alto risco, pode ser capaz de reduzir
desfechos desfavoráveis ao binômio, diminuir índices de erros pela equipe, garantir a exe-
cução dos cuidados de enfermagem, organizar a assistência e melhorar os relatórios de
enfermagem. Embora seja um instrumento de trabalho do enfermeiro, observa-se, por meio
246
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
da literatura consultada, que as instituições nem sempre desenvolvem o PE, e quando o
adotam, não o fazem na sua íntegra.
Portanto, este estudo evidencia o plano de cuidados como um instrumento elaborado
pelo profissional enfermeiro, cujo objetivo é sistematizar as ações de enfermagem adequadas
às necessidades das gestantes de alto risco e estabelecer meios para atendê-las na proteção,
recuperação e/ou reabilitação da saúde. Diante destas colocações, conclui-se reforçando a
importância da implementação de todas as etapas do Processo de Enfermagem à prática
assistencial das gestantes de alto risco.

REFERÊNCIAS
1. ARANTES, Sandra Lucia; PAREDES, Délia Esmeyre; SOUZA, Luciana Vieira Della Santa.
Sistematização da Assistência de Enfermagem a gestantes com hemorragias da gesta-
ção (primeira metade): Guia para a Prática Assistencial. PROENF Programa de atualização
em enfermagem: Saúde materna e neonatal. Porto Alegre: Artmed Panamericana, v. 3, n. 2,
p. 99- 135, 2012.

2. BENEDET, Silvana Alves et al. Processo de Enfermagem: instrumento da Sistematização da


Assistência de enfermagem na percepção dos enfermeiros. Revista de Pesquisa: Cuidado
é Fundamental Online, v. 8, n. 3, p. 4780–4788, 2016. Disponível em: http://www.seer.unirio.
br/index.php/cuidadofundamental/article/view/4237/pdf_1. Acesso em: 27 abr. 2020.

3. BRUM, C. N et al. Revisão narrativa de literatura: aspectos conceituais e metodológicos na


construção do conhecimento da enfermagem. In: LACERDA, M.R.; COSTENARO, R.G.S.
(Orgs). Metodologia da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto
Alegre: Moriá, 2015.

4. BULECHEK, Gloria M.; BUTCHER, Howard K.; DOCHTERMAN, Joanne McCloskey. Classifi-
cação das intervenções de enfermagem (NIC). 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1037 p.

5. COFEN, Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 358 de 15 de outubro


de 2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação
do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado
profissional de enfermagem. Brasília- DF, 2009.

6. COREN-SP. Processo de enfermagem: guia para a prática/Conselho Regional de Enferma-


gem de São Paulo; São Paulo-SP: COREN-SP, 2015. Disponível em: https://portal.coren-sp.
gov.br/sites/default/files/SAE-web.pdf. Acesso em: 22 abr. 2020.

7. ERRICO, Lívia de Souza Pancrácio de et al. O trabalho dos enfermeiros no pré-natal de alto
risco na perspectiva das necessidades humanas básicas. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 71,
supl. 3, p. 1257-1264, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S0034- 71672018000901257&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 25 abr. de 2020.

8. FERREIRA, Samuel Vareira et al. Cuidado de enfermagem na ótica das gestantes de alto risco.
Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 7, n. 2, 2019. Disponível
em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=497959129005. Acesso em: 15 out. 2020.

247
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
9. GERK, Maria Auxiliadora de Souza; FREITAS, Sandra Luzinete Félix de; NUNES, Cristina
Brandt. Sistematização da Assistência de Enfermagem a gestantes com hemorragias
da gestação (segunda metade): Guia para a Prática Assistencial. PROENF Programa de
atualização em enfermagem: Saúde materna e neonatal. Porto Alegre: Artmed Panamericana,
v. 3, n. 1, p. 119-15, 2011.

10. GOMES, Linicarla Fabíole de Souza. Sistematização da assistência de enfermagem à


gestante de alto risco: construção e validação de uma tecnologia para o cuidado. 2016. 200
f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/
handle/riufc/22135. Acesso em: 22 abr. 2020.

11. MEDEIROS, Ana Lúcia de et al. Avaliando diagnósticos e intervenções de enfermagem no


trabalho de parto e na gestação de risco. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 37, n. 3, p.
01-09, e55316, set. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S198314472016000300409&lng=pt &tlng=pt. Acesso em: 16 out. 2020.

12. NUNES, Daiane Henk; MOUSQUER, Thais de Oliveira; ZUSE, Carmen Lucia. A sistematização
da assistência de enfermagem na maternidade: um relato de experiência. Rev. Vivências.,
Rio Grande do Sul, v. 7, n. 13, p. 38-43, 11 out. 2011. Disponível em: http://www2.reitoria.uri.
br/~vivencias/Numero_013/artigos/artigos_vivencias_13/n13_04.pdf. Acesso em: 29 abr. 2020.

13. OLIVEIRA, Virgínia Junqueira et al. A Assistência à gestação de alto risco e a interação
da Equipe Multiprofissional. PROENF Programa de atualização em enfermagem: Saúde
materna e neonatal. Porto Alegre: Artmed Panamericana, v. 4, n. 2, p. 129-156, 2013.

14. RODRIGUES, Antonia Regynara Moreira et al. Gravidez de alto risco: análise dos determinantes
de saúde. SANARE - Rev de Políticas Públicas., v. 16, n. 0, p. 23-28, out. 2017. Disponível
em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1135. Acesso em: 25 abr. 2020.

15. SALES, Cecilia Gardenia de; AVELAR, Telma Costa de; ALÉSSIO, Renata Lira dos Santos.
Parto normal na gravidez de alto risco: representações sociais de primíparas. Rev. Estudos
e Pesquisas em Psicologia, v. 18, n. 1, p. 303-320, Janeiro-Abril, 2018.

16. SILVA, Elizabeth Almeida da et al. Percepção de enfermeiros quanto à implementação do


Processo de Enfermagem em uma unidade de terapia intensiva adulta do Noroeste Fluminen-
se. LINKSCIENCEPLACE - Interdisciplinary Scientific Journal, v. 1, n. 2, p. 63-77, 2014.
Disponível em: http://revista.srvroot.com/linkscienceplace/index.php/linkscienceplace/article/
view/25. Acesso em: 05 maio 2020.

17. SOUZA, Bruna Felisberto de. Enfermagem e gestantes de alto risco hospitalizadas: desafios
para integralidade do cuidado. 2018. 93 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Enfermagem, Uni-
versidade Federal de São Carlos (Ufscar), São Carlos, 2017. Disponível em: https://repositorio.
ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/9763/SOUZA_Bruna_2018.pdf?sequence=4&isAllowed=y.
Acesso em: 16 out. 2020.

18. SOUZA, Marília Fernandes Gonzaga de; SANTOS, Ana Dulce Batista dos; MONTEIRO, Ake-
mi Iwata. O processo de enfermagem na concepção de profissionais de Enfermagem de um
hospital de ensino. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 66, n. 2, p. 167-173, abr. 2013. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672013000200003&lng=pt
&nrm=iso. Acesso em: 05 mai. 2020.

248
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
19. TELES, Priscila Alvarenga et al. Diagnóstico de enfermagem mais prevalentes em gestantes de
alto risco. Enferm. em Foco, v. 10, n. 3, p. 119-125, ago. 2019. Disponível em: http://revista.
cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1937. Acesso em: 22 abr. 2020.

20. WEISSHEINER, Anne Marie. Diferentes aspectos do abortamento e o cuidado de enfer-


magem. In: Associação Brasileira de Enfermagem; UNIKOVSKY, M.A.R; SPEZANI, R.S.; WA-
LOMAN, B.F. Organizadores. PROENF Programa de atualização em enfermagem: Urgência
e Emergência: ciclo 3. Porto Alegre: Artmed Panamericana, p. 9-38, 2015.

21. WEISSHEIMER, Anne Marie; TELES, Jéssica Machado. Cuidados de Enfermagem nas
hemorragias obstétricas. In: Associação Brasileira de Enfermagem. UNIKOVSKY, M.A.R.;
SPEZAN, R.S; WALDMAN, B.F. PROENF Programa de atualização em enfermagem: Saúde
materna e neonatal: ciclo 4. Porto Alegre: Artmed Panamericana, p. 39-59, 2016.

249
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
20
Relato de experiência: diagnóstico
de enfermagem de idosos, doenças
e agravos crônicos céfalo caudal e
a rede de balanço como forma de
cuidado

Marcos Afonso de Araújo


UNIMONTES

10.37885/210605043
RESUMO

Processo de envelhecimento envolve inúmeras transformações biológicas. É perceptível


a relevância que a educação em saúde proporciona na vida das pessoas. Na prática
está atrelada as melhores condições de vida do idoso. O estudo proporcionou verificar
a satisfação da assistência em uso da rede de descanso frente as patologias crônicas
e agravos psíquico e neuro físico muscular, tendo sua aplicabilidade nos usuários na
Atenção Primária. Relato de um enfermeiro no cuidado de uma idosa, com o uso de mé-
todo inovador. A rede de descanso localizada no quintal do idoso, lugar que mais gosta,
árvore, sombra e flores para atender com zelo; Ao final de cada seção de alongamentos e
terapia, sempre relatos de satisfação. Evidenciou-se pelo usuário e família a importância
do engajamento em possibilitar a discussão da técnica em um processo de aplicabilidade
em conhecimento da enfermagem como diagnóstico do cuidado à pacientes crônicos na
Atenção Primária à Saúde.

Palavras-chave: Enfermagem, Idosos, Rede de Balanço.

251
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Contextualizando a minha vivência na Atenção Primária, correlacionando e executan-


do a aplicabilidade das ações do cuidado em rede de descanso para idosos portadores de
doenças e agravos crônicos.
Idoso, a longevidade é sem dúvida um triunfo. Há, no entanto, importantes diferenças
entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Enquanto, nos primeiros, o
envelhecimento ocorreu associado às melhorias nas condições gerais de vida, nos outros,
esse processo acontece de forma rápida, sem tempo para uma reorganização social e da
área de saúde adequada para atender às novas demandas emergentes. Para o ano de 2050,
a expectativa no Brasil, bem como em todo o mundo, é de que existirão mais idosos que
crianças abaixo de 15 anos, fenômeno esse nunca antes observado MS; 2006.
Muitas pessoas idosas, MS; 2006, são acometidas por doenças e agravos crônicos
não transmissíveis (DANT) estados permanentes ou de longa permanência - que reque-
rem acompanhamento constante, pois, em razão da sua natureza, não têm cura. Essas
condições crônicas tendem a se manifestar de forma expressiva na idade mais avançada e
frequentemente estão associadas à comorbidades que podem gerar um processo incapa-
citante, afetando a funcionalidade das pessoas idosas, ou seja, dificultando ou impedindo
o desempenho de suas atividades cotidianas de forma independente. Ainda que não sejam
fatais, essas condições geralmente tendem a comprometer de forma significativa a qualidade
de vida dos idosos.
É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem as idades
avançadas com o melhor estado de saúde possível. O envelhecimento ativo e saudável é
o grande objetivo nesse processo. Se considerarmos saúde de forma ampliada torna-se
necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente
social e cultural mais favorável para população idosa. No trabalho das equipes da Atenção
Básica/Saúde da Família, as ações coletivas na comunidade, as atividades de grupo e a
participação das redes sociais dos usuários são alguns dos recursos indispensáveis para
atuação nas dimensões cultural e social MS; 2006.
O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da
maioria das sociedades. O mundo está envelhecendo. Tanto isso é verdade que estima-se
para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e
mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento MS; 2006.
No Brasil, conforme MS; 2006, estima-se que existam, atualmente, cerca de 17,6
milhões de idosos. O retrato e o crescimento da população idosa brasileira em um período
de 50 anos. O envelhecimento populacional é uma resposta à mudança de alguns indica-
dores de saúde, especialmente a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da
252
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
esperança de vida. Não é homogêneo para todos os seres humanos, sofrendo influência
dos processos de discriminação e exclusão associados ao gênero, à etnia, ao racismo, às
condições sociais e econômicas, à região geográfica de origem e à localização de moradia.
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento como “Um
processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de dete-
rioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira
que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto,
aumente sua possibilidade de morte”. MS; 2006
O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de diminuição
progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência - o que, em condições nor-
mais, não costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga
como por exemplo doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição
patológica que requeira assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas alterações de-
correntes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação
de um estilo de vida mais ativo MS; 2006.
Dois grandes erros devem ser continuamente evitados. O primeiro é considerar que
todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de seu envelheci-
mento natural, o que pode impedir a detecção precoce e o tratamento de certas doenças e
o segundo é tratar o envelhecimento natural como doença a partir da realização de exames
e tratamentos desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser facilmen-
te explicados pela senescência. O maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir
contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam
redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Essa
possibilidade aumenta na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social
e consegue reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas. Portanto, parte
das dificuldades das pessoas idosas está mais relacionada a uma cultura que as desvaloriza
e limita MS;2006.
As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) podem afetar a funcionalidade das
pessoas idosas. Estudos mostram que a dependência para o desempenho das atividades
de vida diária (AVD) tende a aumentar cerca de 5% na faixa etária de 60 anos para cerca
de 50% entre os com 90 ou mais anos. Dentro do grupo das pessoas idosas, os denomina-
dos “mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada” (idade igual ou maior que
80 anos), também vêm aumentando proporcionalmente e de forma muito mais acelerada,
constituindo o segmento populacional que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da po-
pulação idosa e 1,1% da população total. É nesse contexto que a denominada “avaliação
funcional” torna-se essencial para o estabelecimento de um diagnóstico, um prognóstico e
253
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
um julgamento clínico adequados, que servirão de base para as decisões sobre os trata-
mentos e cuidados necessários às pessoas idosas. É um parâmetro que, associado a outros
indicadores de saúde, pode ser utilizado para determinar a efetividade e a eficiência das
intervenções propostas MS; 2006.
A avaliação funcional busca verificar, de forma sistematizada, em que nível as doenças
ou agravos impedem o desempenho, de forma autônoma e independente, das atividades
cotidianas ou atividades de vida diária (AVD) das pessoas idosas permitindo o desenvolvi-
mento de um planejamento assistencial mais adequado MS; 2006.
A capacidade funcional surge, assim, como um novo paradigma de saúde, proposto
pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). A independência e a autonomia,
pelo maior tempo possível, são metas a serem alcançadas na atenção à saúde da pessoa
idosa. A dependência é o maior temor nessa faixa etária e evitá-la ou postergá-la passa a
ser uma função da equipe de saúde, em especial na Atenção Básica. O cuidado à pessoa
idosa deve ser um trabalho conjunto entre equipe de saúde, idoso e família. MS;2006.
A Atenção Básica é o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde.
Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cui-
dado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização,
da equidade e da participação social.
Humanização na saúde caracteriza-se como um movimento no sentido da concretização
dos princípios do SUS no dia-a-dia dos serviços. Com a Política Nacional de Humanização
(PNH), o Ministério da Saúde propõe estimular esse movimento, incentivando a valorização
de todos os atores e sujeitos que participam na produção da saúde. Nesse humanizar abre-se
espaço para as diversas expressões relativas ao gênero, à geração/ idade, à origem, à etnia,
à raça/cor, à situação econômica, à orientação sexual, ao pertencimento a povos, populações
e segmentos culturalmente diferenciados ou vivendo situações especiais. A operacionali-
zação da Política Nacional de Humanização dá-se pela oferta de dispositivos - tecnologias,
ferramentas e modos de operar. Dentre esses dispositivos, destaca-se o “Acolhimento”, que
tem a característica de um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma
a dar atenção à todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e
assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais
adequadas junto aos usuários.
A PNH propõe que o Acolhimento esteja presente em todos os momentos do processo
de atenção e de gestão e que atinja todos aqueles que participam na produção da saúde, vol-
tando seu olhar atencioso para os usuários e para os trabalhadores da saúde. O Acolhimento
não é um espaço ou um local específico, não pressupõe hora ou um profissional determinado
para fazê-lo. É uma ação que pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e sua
254
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
rede social. Implica o compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias
constantemente renovadas.
A inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crôni-
cas, associadas a dieta inadequada e uso do fumo. É bastante prevalente a inatividade física
entre os idosos. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior parte do tempo livre em
atividades sedentárias, como por exemplo, assistir televisão. É preciso lembrar que saúde não
é apenas uma questão de assistência médica e de acesso a medicamentos. A promoção de
“estilos de vida saudáveis” é encarada pelo sistema de saúde como uma ação estratégica.
Nesse processo, alguns aspectos são facilitadores para a incorporação da prática
corporal / atividade física, como o incentivo de amigos e familiares, a procura por compa-
nhia ou ocupação, alguns programas específicos de atividade física e, principalmente, a
orientação do profissional de saúde estimulando a população idosa a incorporar um estilo
de vida mais saudável e ativo. A pessoa que deixa de ser sedentária diminui em 40% o risco
de morte por doenças cardiovasculares e, associada a uma dieta adequada, é capaz de
reduzir em 58% o risco de progressão do diabetes tipo II, demonstrando que uma pequena
mudança no comportamento pode provocar grande melhora na saúde e qualidade de vida.
Recomenda-se que haja sempre uma avaliação de saúde antes de iniciar qualquer prática
corporal/atividade física. No caso de exercícios leves*, pode-se iniciar a prática corporal/
atividade física antes da avaliação, para que essa não se transforme em uma barreira para
o engajamento da pessoa idosa na sua realização.
A prevalência de depressão entre as pessoas idosas no Brasil varia de 4,7% a 36,8%,
dependendo fundamentalmente do instrumento utilizado, dos pontos de corte e da gravidade
dos sintomas. É um dos transtornos psiquiátricos mais comuns entre as pessoas idosas e
sua presença necessita ser avaliada. As mulheres apresentam prevalências maiores que
os homens na proporção de 2:1. Pessoas idosas doentes ou institucionalizadas também
apresentam prevalências maiores. A depressão leve representa a presença de sintomas
depressivos frequentemente associados com alto risco de desenvolvimento de depressão
maior, doença física, maior procura pelos serviços de saúde e maior consumo de medica-
mentos. É essencial que seja feita a diferença entre tristeza e depressão, uma vez que os
sintomas depressivos podem ser mais comuns nessa faixa etária ocorrendo, com frequência,
no contexto de desordens médicas e neurológicas.
A presença de depressão entre as pessoas idosas tem impacto negativo em sua vida.
Quanto mais grave o quadro inicial, aliado à não existência de tratamento adequado, pior
o prognóstico. As pessoas idosas com depressão tendem a apresentar maior comprometi-
mento físico, social e funcional afetando sua qualidade de vida. Evidências sugerem que é
necessário instituir precocemente o tratamento. É fundamental a construção de um projeto
255
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
terapêutico singular (PTS)2, a partir do acolhimento e da avaliação, incluindo diferentes
estratégias que possam atender às necessidades dos usuários.
A grande propensão da pessoa idosa à instabilidade postural e à alteração da marcha
aumenta o risco de quedas e, por essa razão, equilíbrio e marcha devem ser sempre avalia-
dos. As alterações na mobilidade e quedas podem ocorrer por disfunções motoras. Projeto
terapêutico é um plano de ação que considera todos os fatores envolvidos no processo de
adoecimento, formulando uma estratégia de intervenção, pactuada com o usuário, que vai
além do medicamento, e da solicitação de exames, mas que considera o ambiente, a família,
o trabalho, os recursos da comunidade e outros aspectos que podem ser relevantes.
O cuidar segundo o Dicionário Básico da Língua Portuguesa Folha /Aurélio, cuidar
tem como significados: pensar, imaginar, meditar, cogitar, refletir. Cuidado significa: aten-
ção, precaução, cautela, diligência, desvelo, zelo, encargo, responsabilidade. São tantas
palavras para traduzir o mesmo tema, hoje de tão relevante interesse para o grupo que se
debruça a tratar (cuidar) da questão do envelhecimento em especial da saúde das pessoas
idosas. Para as autoras Maria Júlia Paes Silva e Olympia Maria Piedade V. Gimenes: “cui-
dar é servir, é oferecer ao outro o resultado de nossos talentos, preparo e escolhas. Servir
é simultaneamente ajudar ao outro a manifestar-se pelo que há de melhor em si.” Cuidar é
perceber o outro como ele se mostra nos seus gestos e falas, em sua dor e limitação.
Percebendo isso cada plano de cuidado passa a ser um conjunto dinâmico de fatos, ideias
e ações. Para Leonardo Boff, tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar
existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Continua afirmando que o
cuidado é mais fundamental do que a razão e a vontade e que é próprio do ser humano
colocar cuidado em tudo que faz.
Tudo que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida huma-
na, precisa ser continuamente alimentada. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia,
da convivência ...Voltando as reflexões da Maria Júlia e Olympia, estas colocam que é
necessário compreender que os cuidados com o corpo são na verdade ações maiores,
capazes de integrar por meio da execução de cada procedimento uma simultânea transfor-
mação corpo e alma.
Continuam afirmando que o corpo físico é tradutor de muitos códigos, revelando em
cada detalhe informações sagradas dos sentimentos e emoções ali armazenadas. É o templo
do nosso espírito, catedral viva de emoções e percepções, vitral multicolorido que registra
nossas histórias de vida. Nosso instrumento de estar na terra. Porém, o próprio Boff nos
chama a atenção de que o ser humano vive uma ambigüidade estrutural, o bem nunca é
inteiramente bom e o mal jamais inteiramente mau. Partindo da constatação da ambigüi-
dade do ser humano, acima explicitada por Boff, e tomando como nossa as contribuições
256
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
das autoras acima citadas, o cuidador tem de superar certos desafios para exercer com
precisão o seu papel. “Preciso saber de mim, conhecer-me tanto quanto um autor sobre sua
obra”. Ao compreender minha identidade, mergulhar nos dados de minha história, perce-
ber-me-ei como autor de minha própria obra e se sabedor de mim, escolher como missão o
exercício da promoção da saúde, do equilíbrio e da harmonia.
O cuidador cujo conceito está expresso na cartilha elaborada pela V Caravana Nacional
de Direitos Humanos: cuidador pessoa, membro ou não da família que cuida do idoso de-
pendente ou doente, com ou sem remuneração. Suas tarefas envolvem o acompanhamento
das atividades diárias do idoso e seu auxílio na alimentação, higiene pessoal, medicação
de rotina e outros serviços necessários, excluídos aqueles para os quais sejam requeridos
técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas, particu-
larmente na área da Enfermagem.
Este conceito nos faz enxergar que nem sempre se pode escolher ser cuidador, prin-
cipalmente quando cuidamos dos nossos familiares ou amigos, quando somos parentes ou
voluntários. É fundamental termos a compreensão de se tratar de tarefa nobre, porém com-
plexa, permeada por sentimentos diversos e contraditórios. No entanto, podemos nos inspirar
nas palavras de Bach (médico inglês) que utilizou a energia das flores como substrato de
cura emocional: primeiro encorajar a individualidade e segundo ensinar a olhar para frente.
Assim o cuidador não deve se ater ao diagnóstico ou prognóstico, mas se ocupar em
ajudar as pessoas, seus pacientes/familiares, a viverem a vida que eles tem para viver, da
melhor maneira possível; e com a nobreza do exercício da missão de cuidar, poder perce-
ber que seus gestos armazenam-se no coração dos que recebem ou necessitam de seus
cuidados. E assim sendo, o cuidador pode ser uma pessoa essencialmente humana que
mantém o equilíbrio entre seu eu interior e exterior. Pode ser uma pessoa plena que sabe
ao mesmo tempo escutar os caminhos do coração e decidir a cada momento segui-los ou
não. Pode ser uma pessoa inteira que reformula sua própria direção, seguindo os caminhos
do coração e com a consciência de que ele também pode crescer, desde que tenha vontade
e se disponha a aprender o necessário para dispensar um bom cuidado.
De acordo com Rodrigues, Loureiro, Crespo e Silva (2014, p. 26) “a saúde mental pode
ser de lida como um estado de bem-estar em que o indivíduo tem percepção do seu próprio
potencial, consegue lidar com o estresse diário, trabalhar produtivamente e contribuir para
a sua comunidade”. Cerca de 20% de pessoas com mais de 60 anos tem algum problema
neurológico ou de saúde mental e a saúde mental está relacionada com a idade, género,
recursos económicos bem como a saúde física e a depressão é uma das doenças que mais
afeta a população sénior o que leva a que esta não consiga realizar as suas AVD’s de forma
autónoma. (Rodrigues, Loureiro, Crespo & Silva, 2014).
257
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Segundo Rodrigues, Azeredo, Mendes, Crespo & Silva (2016, p. 164) “a avaliação da
saúde física da pessoa idosa implica o reconhecimento da coexistência de uma multiplicidade
de fatores que acompanham o processo de envelhecimento e da possibilidade de interações
entre estes”; estes autores assinalam que os idosos são quem apresenta mais incapacida-
de, tais como: a diminuição auditiva, visual, locomoção, as demências e a multimorbilida-
de, levando a que o idoso precise de cuidados ao longo do tempo e, por vezes, cuidados
especializados. Estes autores mencionam ainda que as mulheres têm mais prevalência de
doenças como a depressão, ansiedade e incontinência e os homens são mais suscetíveis
a desenvolver diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca.
Entende-se por atividades de vida diária as atividades que o idoso realiza no seu dia-
-dia a fim de manter o autocuidado e a autonomia. De acordo com Rodrigues (2007, p. 99)
“o processo de envelhecimento encontra-se estreitamente ligado ao conceito de capacida-
de funcional/autonomia funcional, sendo este último definido como a capacidade que uma
pessoa tem para realizar as atividades necessárias que assegurem o seu bem-estar”. Ainda
de acordo com este autor as demências são o grande problema por que passam os idosos
pois tem impacto negativo na independência, funcionalidade bem como no desempenho das
atividades do quotidiano, designadamente, na limpeza da casa, fazer compras, tratar das
finanças, cuidados de higiene pessoais, vestir, despir e alimentar-se, tendo como consequên-
cia dessas dificuldades é o aumento da vulnerabilidade e dependência. RODRIGUES, 2007.
A utilização de serviços por parte dos idosos nomeadamente dos de saúde contribui
para uma melhoria do seu bem-estar e qualidade de vida. De acordo com Rodrigues (2007,
p. 114) “a saúde dos idosos e as suas necessidades de cuidados estão a tornar-se, na
atualidade, um assunto de importância crescente, isto elevará as necessidades de cuidados
de saúde e a consequente utilização de serviços”; esta utilização de serviços passa pela
fisioterapia, reabilitação, saúde mental bem como da assistência social. RODRIGUES, 2007.
De acordo com Fernandes, Bertoldi e Barros (2009) “à utilização dos serviços, princi-
palmente os da saúde é um procedimento complexo resultante de outros fatores, tais como:
variações geográficas, socioeconómicas, necessidades individuais, qualidade de vida, nível
de conhecimento sobre saúde, associados ao perfil de morbilidade são determinantes na
utilização de serviços de saúde e em sua frequência (p.1).”
As doenças neuro degenerativas são doenças em que progressivamente ocorre a
destruição parcial ou total dos neurônios em que quando isso acontece e dependendo da
doença, a pessoa perde as funções motoras, psicológicas e cognitivas. As doenças neuro-
degenerativas não têm cura e são muito debilitantes afetando pessoas de todas as idades,
mas muito mais frequentes em idosos. Apesar de ainda não serem conhecidas as causas
do seu aparecimento, são um grande problema socioeconómico pelo sofrimento e custos
258
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
inerentes. De entre os vários tipos de doenças podem-se destacar a doença de Alzheimer,
a doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a Esclerose Múltipla. Dado
o seu caráter progressivo, o agravamento conduz a problemas motores acabando por ficar
acamados ou numa cadeira de rodas, dificuldades respiratórios, problemas cognitivos e perda
da memória. Tem um grande impacto na vida familiar, social e profissional nos cuidadores e
seus familiares, pois têm de dedicar mais tempo aos seus doentes e cuidar deles. O cuida-
dor principal, por vezes, tem de mudar o seu quotidiano, levando à necessidade de deixar
de trabalhar e de fazer outras atividades pessoais, de que resulta sobrecarga e eventual
desestruturação familiar FELLIPE, 2013.
A rede de descanso, rede de dormir, cama de rede ou maca é um utensílio doméstico
de origem ameríndia, originalmente feita com cipó e lianas. Consiste numa espécie de tecido
com alças. Durante o Brasil colônia, era muito utilizada para dormir, enterrar os mortos no
meio rural e como meio de transporte, onde os escravos carregavam os colonos em passeios
pela cidade e até em viagens. Com a vinda dos portugueses, as mulheres dos colonos adap-
taram a técnica indígena às suas varandas, passando a fazer as redes em algodão (tecido
mais compacto), enfeitadas com franjas.
Hoje em dia, as redes são fabricadas de diversas formas e materiais, desde as mais
tradicionais de fio, tecidas em “batelão” (tear) mecânico ou elétrico, até as feitas a partir
de tecido ou de materiais sintéticos como nylon e outros materiais. Na região nordeste do
Brasil, a rede ainda é muito utilizada para dormir em substituição à cama, sendo também
tradicionalmente utilizada para descanso em casas de praia (casas de veraneio).
A rede é fabricada oficialmente nas cidades de Irauçuba (Capital Cearense da
Rede) São Bento, na Paraíba, Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte, e em Fortaleza,
no Ceará. No interior do Ceará, o município de Jaguaruana o distrito de Caraibeiras, denomi-
nado por muitos de Vila Rica, localizado no município de Tacaratu, no interior de Pernambuco,
local muito conhecido também pela confecção artesanal de mantas, tapetes, jogos de tapetes
para banheiro, jogos americanos, xales para sofá etc.
Por mais de cinco séculos, o comércio da Rd é conhecido nas Américas e Europa.
Sugere-se que ela não despertou interesse científico na área da saúde quanto as possíveis
vantagens e desvantagens para pessoas acamadas. Em estudos diversos, predominam
relatos históricos de comercialização em diferentes países, etnográficos, antropológicos,
culturais, entre outros. Os raros estudos, nacionais e internacionais, de interesses na área
da saúde não possuem registros acerca do uso da Rd relacionado à UP. Contudo é possível
observar outros aspectos que leva a pensar nas vantagens da Rd.Bayer estudou pessoas
que sofriam de insônia, submetendo-as ao balanço da Rd como indutor ao sono. Concluiu

259
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
que elas adormeciam mais rapidamente na Rd do que na cama. Quanto ao hábito de dormir
em Rd, a internação hospitalar pode causar problemas para acomodar os clientes.
Pontes, ao estudar mulheres nordestinas hospitalizadas, identificou dificuldades que
elas tinham para dormir na cama hospitalar, quando habitualmente dormiam em Rd em suas
casas. Destacou que a posição lateral do corpo com uso de apoio para melhor posiciona-
mento anatômico minimizou o desconforto, por se assemelhar ao posicionamento usado
na Rd. Importante ressaltar que a autora não é contrária ao uso da Rd, apenas justifica a
impossibilidade de ser usada no hospital estudado.
Na área pediátrica, Bezerra não encontrou diferenças significativas no desenvolvi-
mento neuromotor das crianças que ficavam na Rd com aquelas que ficavam na cama.
Posteriormente, Brasil12 alerta quanto aos riscos de causar vômitos ao balançar a criança
na Rd para dormir após a mamada. Com objetivo de reduzir as crises de asma em crianças
por efeito de agentes alergênicos, Coriolano apontou melhoras no controle do ambiente em
23,8 % nos domicílios que o colchão foi substituído pela Rd, haja vista a maior facilidade
para lavagem e limpeza dos tecidos.
Ainda que escassos, esses estudos representam o resultado de buscas exaustivas em
periódicos da área da saúde das bases de dados nacionais e internacionais. Há diversos
estudos sobre causas de formação de UP relacionadas ao repouso na cama. Dessas cau-
sas, as pressões nas proeminências ósseas e a retenção de calor na pele por isolamento
térmico do colchão representam dois importantes fatores extrínsecos predisponentes a
formação das UP. Quanto aos decúbitos de repouso na cama, a literatura recomenda três
posições anatômicas possíveis a saber: deitado de barriga para cima (decúbito dorsal), de
barriga para baixo ou de bruços (decúbito ventral) e de lado (decúbito lateral) esquerdo ou
direito. A postura anatômica lateral esquerda e direita é descrita, igualmente, como a posição
do corpo e membros, salvo as alterações do lado de apoio, que pode ser direito ou esquer-
do. Importante se faz com a descrição detalhada sobre a maneira que cada parte do corpo
lateralizado deve ser alinhado anatomicamente, sem gerar prejuízos ou riscos para a pessoa.
No sentido céfalo-caudal, recomenda-se o uso de travesseiros de apoio para que a
cabeça esteja apoiada em uma linha mediana do tronco e alinhada com a coluna. Os ombros
devem ser flexionados sendo alinhados com quadris. O peso principal é sustentado pelo
aspecto lateral da escápula. O alinhamento do tronco deve ser o mesmo como se estivesse
em posição ereta estando adequadamente alinhado com o corpo, cintura e quadris. A coluna
deve manter suas curvaturas estruturais evitando a rotação, recomenda-se o uso de traves-
seiros para apoio e correção do posicionamento do corpo. A cintura pélvica, que sustenta a
maior parte do peso do corpo nos quadris,17deve estar alinhada adequadamente com o corpo.

260
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Nos posicionamentos anatômicos para os membros superiores e inferiores é recomen-
dado que a parte superior do braço seja apoiada com travesseiros e nos membros inferiores
seja usado travesseiros para que as pernas fiquem confortavelmente flexionadas e apoiadas
em uma posição de ligeira abdução. Os pés devem ficar confortavelmente flexionados e ou
apoiados em dorsiflexão neutra.
É importante registrar que os autores ao descrever a posição anatômica no decúbito la-
teral foram unânimes quanto a necessidade do uso de travesseiros para permanência correta
do corpo. Esta condição sugere que o corpo, anatomicamente alinhado em decúbito lateral,
necessita de travesseiros para manter-se estabilizado na cama. Outra questão se refere às
recomendações de leve flexão, apoio e posição confortável para os membros superiores
e inferiores. O uso do termo confortável para definir posição anatômica demonstra que os
autores estão preocupados com o conforto físico, ou seja: o conforto Psico espiritual, de
Meio Ambiente e Sociocultural não são considerados. Assim, propõe-se que conforto físico
seja uma condição anatômica que não requer esforço ou não envolve dificuldade.
Na condição de enfermeiros e cuidadores, cotidianamente, analisamos a vida e busca-
mos na potência do existir palavras de ordem como: cuidado, corpo e ambiente evidenciados
como necessários aos processos de acolhimento e humanização da assistência. Nesses
núcleos conceituais, modelamos e remodelamos em um movimento ininterrupto a forma de
pensar e agir necessariamente quando se sente esgotado das possibilidades de interação
e integração das ações de cuidados implementadas ao idosos.
Com o passar do tempo o saber ouvir fala mais alto que todas as ações e interações
do cuidado diariamente. Estas inquietações possibilitaram-me exercer metodologicamente
o que de pronto e acessível poderia integrar e possibilitar de alguma forma amenizar as
dores constantes das doenças crônicas através do acolhimento, do zelo, alívio das dores,
relaxamento, sensação de prazer e descanso. Isso possibilitou a aquisição e introdução como
terapia do cuidado neuropsíquico musculoesquelético a rede de dormir, que em nossa cultura
e região é bem própria como utensílio indígena, comercializado na contemporaneidade como
artesanato, souvenir ou objeto de decoração. Hoje a rede de descanso é evidenciada como
um instrumento possível que pode ser útil e necessário para cuidados em Enfermagem na
implantação da técnica e sistematização definitiva nas ações como terapia ocupacional no
trato cefalo caudal de grandes idosos dependentes do cuidado.
Pensar o uso da Rd como terapia ocupacional nos cuidados de Enfermagem é ousar em
mudar o arquétipo de que ela seja um utensílio da cultura indígenas para momentos de diva-
gação e de prazer, espaço de descanso, mortalha e caixão de sepultamento. Adicionalmente,
é ousar para tornar-se uma opção inovadora, possível e vantajosa nos cuidados de tera-
pia ocupacional em rede de descanso para pacientes idosos acamados com desgastes
261
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
neuro músculo esquelético principalmente dos membros inferiores, que constantemente
são acometidos por intensas dores. A partir dessas concepções, que consideram a rede de
balanço como terapia ocupacional inovadora e, entrelaçadas com as ações de enfermagem
e a vida, emergem os objetivos desse estudo que são descrever a aplicabilidade da Rede
de descanso na condição de terapia ocupacional e refletir sobre as suas vantagens para a
saúde dos idosos.

DESENVOLVIMENTO

Aplicabilidade dos processos metodológicos nas ações em rede de descanso como


experimento e diagnóstico em cuidados de enfermagem.
Estudo de natureza qualitativa com caráter descritivo, realizado na cidade de Bocaiúva,
no Estado de Minas Gerais/Brasil. Acompanhamento de um Idoso GHA, 84 anos de idade,
negra, histórico de doenças e agravos crônicos principalmente nos membros inferiores,
aproximadamente a oito anos, requer esse acompanhamento 24 horas por dia. Reside no
Bairro Bonfim, casa própria boa estrutura, tem banheiro no quarto, casa toda de cerâmica
sem degraus, área ampla da cozinha e um quintal e pés de mangas bem grandes próximo
há uma área e muito verde, jardinagem. Local definido como de orações e muita fé, onde
se sente mais tranquila.
A coleta de informações emergiu diariamente como cuidador no acordar do idoso até a
noite no momento de ir para a cama. Esta vivência vem de acordo com o acompanhamento
ao idoso há muitos anos onde o cuidado e as ações contínuas do tratamento evidenciaram-
-se a necessidade de se observar, interagir e avaliar diferenciadamente e com inteireza de
todas as necessidades do usuário.
Observou-se que as dores sempre foram contínuas, inibindo cada vez mais a deam-
bulação que até então sempre aconteceu com ajuda do cuidador, a partir do leito como
suporte o andador até o banheiro, para o quarto, sala, cozinha, área e quintal de cadeira de
rodas. Nestes momentos sempre a dor é evidenciada como forte e intensa, com episódios
repentinos de reflexos osteomusculares advindos dos desgastes de cabeça de fêmur e
joelhos, peso corporal elevado e muitas queixas de dor e sofrimento intenso. As indicações
médicas de ortopedistas sempre foram para realizar fisioterapia e ou hidroginástica, sendo
que a última não é possível pela falta de estruturas dos espaços e clínicas de fisioterapia e
o peso corporal do paciente não permite esse risco.
A atual realidade do paciente se estabelece sempre do leito para o banheiro e do
banheiro de cadeira de roda para o sofá e ou de manhã para o quintal na cadeira de ro-
das. O quintal é um espaço verde, com jardim, flores e sombra muito agradável é o lugar
onde o paciente sente se bem e gosta de ficar todas as manhãs, momentos de reflexão e
262
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
orações; mas também de intensa resistência devido a posição em cadeira de rodas e as dores
só aumentam. Neste momento observou-se que era necessário adaptar e implementar algo
naquele espaço físico com estrutura que trouxesse para as ações do cuidado segurança e
conforto e que abrangesse diretamente as relações pessoais de relaxamento, prazer e mais
tranquilidade físico e psíquico.
Emergiu-se então mais recentemente após dias e dias de pensamento imaginando qual
poderia ser a estratégia que viria a conceber e ajudar como possível ferramenta de ações
e interação do cuidado. Avaliou-se que o maior incômodo perpassava pelas dores intensas
nos membros inferiores que tem como principal objetivo de locomoção e sustentação do
peso, no quadril os ossos ilíacos, fêmur, tíbia e fíbula, patela e ossos dos pés. Nas pernas,
queixa-se dores, sentindo o ringido nos movimentos como sendo desgaste cabeça de fêmur,
atrito ósseo dos joelhos e patela, também portador de cisto de Backer; dores na muscula-
tura das pernas e pele, os braços e ombros devido o esforço repetitivo para levantar e se
firmar no andador, a marcha já não consegue mais que oito passos por causa das intensas
e intermitentes dores.
Chegou-se à conclusão para o cuidado, que as Clínicas especializadas do município
não oferecem suporte necessário para o diagnóstico em ortopedia, não tem estrutura para
acolher e realizar exercícios de hidroginástica que são indicadas para proporcionar impacto
leve e trabalhar a musculatura como terapia.
Definiu-se então avaliar a estrutura física do quintal da residência da usuária e expe-
rimentar algo que substituísse a cadeira de rodas por causa da postura e dores, a cama
porque já fica a noite toda, o sofá porque é cansativo e quente e o quintal é o lugar eleito
como sendo prazeroso.
Assim surge então a princípio a ideia de agregar algo que pudesse ficar ali no quintal,
em uma posição horizontal por algum período sem que causasse nenhum transtorno, can-
saço, estresse, dor e uso de medicamento desnecessário. E principalmente que pudesse
trazer prazer, zelo, alegria, satisfação e ser lúdico.
A Rede de Descanso que é utilizada como terapia ocupacional na posição horizon-
tal tendo como suporte travesseiros sob a cabeça e os pés, no linear de cabeceira mais
elevada e principalmente proporcionando mais tranquilidade e segurança aos membros
superiores e relaxamento, nesse momento evidencia se ausência de dores e a cabeça fica
mais leve para rezar.
Ter a rede no espaço já era uma realidade, mas algo era necessário, eu me tornar o
usuário e cobaia da experiência inovadora do instrumento de acolhimento e cuidados de en-
fermagem para idosos. Visualmente a técnica de se montar e estruturar o ambiente proposto

263
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
para a realização do procedimento na rede de descanso como terapia ocupacional é fácil,
sem riscos e de acesso possível.
Poder usar esse instrumento como avaliador de uma proposta inovadora e poder
realizar e sentir as mais diversas sensações que pudesse trazer no momento do uso foi
simplesmente sensacional. O momento que você assenta na rede inicia o processo diferente
de sensações de certa insegurança e medo. Ao deitar-se na rede e se posicionar o conforto
é imediato, a sensação de berço, leveza, de regredir e voltar aos tempos de infância, em
primeiro momento vem a sensação de descanso, de direito adquirido, quietude, sonolência,
zelo, prazer e segurança. Tamanha e boa é a sensação que possibilita um desprendimento
durante o processo do cuidado de se dar o direito possível de estar todos os dias e até duas
vezes ao dia por semana. O prazer de estar e ficar em paz, não tem dinheiro que pague.
Para o cuidador enfermeiro especialista e com muitas vivências e experiência o diag-
nóstico da terapia ocupacional como cuidado em saúde pública, estabelece e analisa o ce-
nário para a funcionalidade e responsabilidade para a técnica de enfermagem como muito
bom. O local e a estrutura física da técnica do cuidado em saúde em uma rede como terapia
ocupacional, necessária, importante e possível. O acompanhamento durante o cuidado e
a relação com o usuário evidencia a grande importância do processo porque é evidente no
rosto a tranquilidade que transcende e o peso do corpo que não ajuda e só traz sofrimento.
Somatizando essa paz e tranquilidade evidenciada pela usuária é a possibilidade que se
tem de rezar para todos os familiares podendo elevar seus pensamentos e orações sem
sofrimento com dores, momento diferenciado.
Revendo a literatura como forma de referência e embasamento teórico/prático sobre
rede de descanso como terapia ocupacional* e a aplicabilidade do procedimento inovador
em Enfermagem como diagnóstico.
Diante de várias idas e vindas em um período longo de acompanhamento e tratamen-
to do usuário em diversas consultas com clínicos, ortopedistas, fisioterapeuta, cirurgião
ortopedista, neurologista, otorrinolaringologista, oftalmologista, nutricionista, cardiologista,
endocrinologista, reumatologista, nefrologista, clínicas de reabilitação e hospital do ido-
so; E buscando na fonte possibilidades de novas metodologias e terapias de manutenção
de melhora parcial ou definitiva do quadro geral, e ou amenização das dores sentidas nos
membros superiores e especificamente nos membros inferiores.
Avaliando e somatizando todos estes processos e especialidades do cuidado, obser-
vou-se que deveria existir algo a ser feito pois a argumentação e sentimento do usuário cor-
relacionando as dores como sendo dores da alma, tal percepção e sentimento é evidenciada
ainda por causa da consciência, lucidez e sensibilidade.

264
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Observa-se também que na aproximação e no acolhimento o paciente está sempre
mais receptivo como fator importante e primordial, ocorrendo uma relação de amizade e
cumplicidade entre o usuário/cuidador/família. Avalia-se que as relações entre o paciente e
o cuidador se estabelece como regras de ações de proximidade, dos programas assisten-
ciais governamental e dos padrões das especialidades alcançadas tidas como importantes
e necessárias no olhar de quem cuida, ou seja, viável.
Relato do cuidador enfermeiro e do usuário idoso diante da concepção e percepção
vivenciada com a experiência, correlacionando a momentos memoráveis de uma diversidade
de sensações e sentimentos guardados entre profissional e paciente.
Surgiu então como possível diagnóstico a Estratégia e ferramenta do cuidado em
Enfermagem a Rede de Balanço para Descanso, evidenciada como terapia que condicio-
na, reduz e que abrangem as ações de dores físicas, psíquicas e emocionais que ocorrem
em usuários verificados na literatura e também uma incidência maior de doenças crônicas,
obesidade e principalmente sofrem com degastes ósteomusculoesquelético.
A grande importância da estratégia da rede de balanço como terapia ocupacional dire-
cionada aos usuários principalmente a idosos é o ganho para o cuidado ao usuário/cuidador/
família dessas ações que se somam e amenizam como processo holístico é de estabelecer
como prioridade intencional uma relação de menos dores, menos remédios; somando-se ao
contexto do cuidado e de respeito o aumento de zelo, carinho e muito mais muita diversão,
felicidade e alegria.
Hoje a enfermagem atual converge-se com o olhar de empreendedorismo devendo
possibilitar, requerer e fomentar jornadas e discussões em rodas sobre temas de como
cuidar, onde os temas possam abranger e devem ser explicitadas possíveis ações como
descobertas. Neste contexto onde a sensibilidade do profissional em seu ser e fazer no olhar,
ouvir, tocar e estabelecer suas próprias ações e prioriza-las como métodos e aplicabilidades
do cuidado; possibilitando novas discussões e avaliação continuada como diretrizes para
cuidado em enfermagem e em novas descobertas do cuidar.
Verificando e condicionando pós e contras de um processo viável e diferenciado que
estabelece vínculo entre o paciente/cuidador/familiares. O processo de cuidar possibilita e
pré-estabelece relações amigáveis e de conhecimento diante uma e ou várias demandas
do cuidado. Sabe-se que a ação de cuidado da rede pré-estabelece vários outros cuidados
visíveis e demais outros que somente o usuário sabe externar através de palavras e fisio-
nomia expressadas.
Diante as circunstâncias das realidades e conhecimento, o enfermeiro tem a possibili-
dade de ampliar sua visão a partir da realidade local onde vive o paciente, o espaço físico,
a estrutura, meio social e comunitário de origem, possibilitando que ele mesmo poça fazer
265
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
a diferença em possibilitar melhor o acolhimento, humanização e tratamento dos usuários
e requer unicamente desse profissional trazer para si próprio sua grandeza e inteireza de
conhecimentos e principalmente querer fazer a diferença real na vida do paciente, que
na maioria das vezes são limitados esses recursos tanto dos usuários, quanto da Gestão
que fornecem materiais e instrumentos que são de padronização do cuidado na APS, mas
nem sempre o todo.
“A Arte de Cuidar em Enfermagem”, mas a Enfermagem é assim mesmo o seu potencial
e diferencial enquanto membro de uma Equipe Multiprofissional, não é ser bonzinho e possi-
bilitar diferenciação. Mas sim se fazer presente e estabelecer elos profissionais existenciais
na vida de pessoas que indiferentemente esteja necessitado de cuidados, as relações e
ações determinam quem sou eu, quem é você e quem somos nós, em um processo amplo
e singular que nos possibilita ouvir, olhar, tocar e executar as ações do cuidado porque os
resultados vêm sempre com o tempo.

CONCLUSÃO

Percepções e conclusões acerca da aplicabilidade em rede de descanso para idosos


crônicos como como integração e interação familiar aos cuidados de enfermagem.
Ao descrever as fases do cuidado com relação a todo o processo de acompanhamento
do usuário frente as suas dificuldades e limitações em deambular por causa das variáveis
diagnósticas; avalia-se que em todo esse tempo de apreensividades mas também de muitas
dificuldades, porém sem muito resultado positivo as questões patológicas buscadas cons-
tantemente para solucionar ou amenizar os sintomas das dores físicas e psíquicas.
Evidenciou-se talvez por natureza, resignação e força a simbologia de resistência frente
aos obstáculos encontrados pelo usuário/cuidador/família. A aplicabilidade do cuidado e o
processo de concepção do que poderia ser realmente uma rede de descanso como instru-
mento para o cuidado de idosos portadores de doenças e agravos crônicos céfalo caudal,
inverteu-se como novo paradigma assistencial ao que se tem como padronizado e algo que
só parecia como instrumento de brincadeira emergiu-se como algo mais para o cuidado.
O usuário nos primeiros dias relatou como prazeroso e em dias seguintes como sendo
de acolhimento, seguro, zelo, sem dores, cabeça e corpo leves. Nos momentos em que se
define como dores da alma como sendo psíquicas, está se correlacionando a vida e suas
agruras familiares existentes, permeando assim em um mesmo processo que não dá para
separar as necessidades.
Retrata e desperta como possível solução para sentimentos que a acometia constan-
temente, fazendo fluir mais as orações que por oras se tornaram mais longas e mais leves,

266
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
períodos de sonolência mais presente, como se estivesse em estado de graça e flutuasse
elevando sua alma a Deus e todo o sofrimento e dor fossem embora.

REFERÊNCIAS
1. CHAIMOWICZ, FLÁVIO; Saúde do Idoso. NESCON/UFMG – Curso de Especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família. 2.ed. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2013. 179P.

2. COSTA, P.I.F.S.; Tese de Mestrado em Educação para a Saúde. Saúde Mental em Idosos-
-Projeto de Intervenção na Depressão com Base na Animação Sociocultural, 2013. Sintomas
de insônia, cochilos diurnos e atividades físicas de lazer em idosos: estudo FIBRA
Campinas.

3. FERNANDES, K.J.S.S; CLARO, M.L.C; FIRMEZA, S.N.R.M; ANDRADE, C.D.; SOUZA, A.F.;
SILVA, A.R.V.; Relato de experiência: vivências de extensão na comunidade. Revista
Ciência em Extensão, v. 12, n. 1 (2016).

4. GOUVEIA, C.H.A.; Membros Inferiores; Departamento de Anatomia, ICB-USP. MINISTÉRIO


DA SAÚDE; Cadernos de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de
Atenção Básica Cadernos de Atenção Básica - n.º 19 Série A. Normas e Manuais Técnicos.
Brasília – DF 2006.

5. LEITE, M.G.; F, L.B.; Secretaria Municipal de Gestão e Controle - Departamento de Controle


Preventivo. Padronização e Arte Final - www.campinas.sp.gov.br/impressos. FO087//SET/04/
SMS - 102 PÁGINAS - ALTERADO 12/05 - FORMATO - A-5 (148 x 210 MM) - CÓD.MATE-
RIAL. 31.961

6. MINISTÉRIO DA SAÚDE; Guia Prático do Cuidador. Secretaria de Atenção à Saúde. Secre-


taria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos.
Brasília – DF 2008.

7. MINISTÉRIO DA SAÚDE; Cadernos de Atenção Básica – n.º 19 Brasília – DF 2006.

8. NEVES, L.F.; C, S.R.; Atenção à saúde do idoso com deficiência. Área Temática: Saúde
da Pessoa com Deficiência COGest – Coordenação de Desenvolvimento da Gestão Des-
centralizada. Secretaria Municipal de Saúde. Março de 2002.

9. PILAR, A. P.; BAISCH, C.; BOTTON, M.; MELLER, M.; COSTENARO, R. G. S.; A Importância
do Conhecimento Antropológico na Promoção dos Cuidados de Enfermagem. Discipli-
narium Scientia. Serie: Ciênc. Bio. e da Saúde, Santa Maria, Vol. 3, nº 1, pag. 55 – 60, 2002.

10. RODRIGUES; M.A.A.; Avaliação Multidimensional do Idoso e Estudo das Consequências


das Doenças Neuro Degenerativas nos Idosos do Concelho de Vinhais. Bragança, 2017.

11. SILVA, E.M.; LIMA, R.A.G.; MISHIMA, S.M.; A Arte de Curar e a Arte de Cuidar: A Medicali-
zação do Hospital e a institucionalização da Enfermagem. R. Bras. Enferm. Brasília, v. 46, n.
3/4, 30 1-308, jul./dez. 1993.

12. Sugestões para a estruturação dos Relatos de Experiência Profissional www.psicopers-


pectivas.cl

13. www.ee.usp.br/reeusp/ Rev Esc Enferm USP- 2014;48(2):242-9. Fibra, Campinas, DOI:
10.1590/S0080-623420140000200007.
267
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
21
Representações sociais de adolescentes
escolares sobre o envelhecimento: um
estudo intergeracional

Ticianne da Cunha Soares Matheus Henrique da Silva Lemos


UFPI UFPI

Bernardo Rafael Blanche Filipe Melo da Silva


UFPI UFPI

Ana Carolinne Souza da Silveira João Caio Silva Castro Ferreira


Diógenes UESPI
UFPI
Gilvânia da Conceição Rocha
Maria de Fátima Sousa Barros Vilarinho UNINOVAFAPI
UFPI
Francisca Tereza de Galiza
Ariella de Carvalho Luz UFPI
UFPI

10.37885/210805660
RESUMO

Este estudo objetivou analisar as representações sociais de adolescentes escolares a


respeito do envelhecimento. Trata-se de um estudo descritivo, fundamentado na Teoria
das Representações Sociais, junto a adolescentes escolares, realizado em município da
região central do Piauí. A coleta de dados realizou-se por meio de entrevista seguindo
roteiro estruturado formado por duas partes. As entrevistas foram analisadas com auxílio
do software IRAMUTEQ. Participaram 32 adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos,
que tivessem convívio com idosos. Dentre os relatos, apreendeu-se como senso comum
representando o envelhecimento e a pessoa idosa: vida (31), sociedade (25), saúde
(23), saudável (19), doença (16), família (12), admirar (11) e feliz (10). Os achados des-
ta análise mostram que o adolescente escolar tem uma visão majoritariamente positiva
sobre o envelhecimento ativo, pois o representa com termos otimistas, como experiência,
admiração, família e participação. Os achados desta análise mostram que o adolescente
escolar tem uma visão primordialmente positiva sobre o envelhecimento, pois o representa
com termos otimistas, como experiência, admiração, família e participação. Apesar de,
ressaltar em seus discursos aspectos desfavoráveis do processo de envelhecer como:
dificuldades, rugas, falta de liberdade, doenças, solidão e tristeza.

Palavras-chave: Envelhecimento, Adolescente, Representações Sociais.

269
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um acontecimento natural do processo da vida, caracterizado por


alterações físicas, psicológicas, fisiológicas e anatômicas, ligadas ao passar dos anos, que
repercutem muito na vida do indivíduo e que se difere bastante dos seus ciclos iniciais, por
exemplo, a adolescência. Este fenômeno se diverge de pessoa para pessoa e pode ser
geneticamente determinado ou influído pelos hábitos de vida, características do meio onde
está inserido e estado nutricional (VERAS; OLIVEIRA, 2018).
A expectativa de vida da população brasileira cresceu aproximadamente três anos
entre 1999 e 2009, de 6,4 para 9,7 milhões. Em termos percentuais, a proporção de idosos
na população subiu de 3,9% para 5,1%. Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de
73,1 anos, e segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), até 2025 o Brasil será o sexto país no mundo em relação ao número de pessoas
idosas (BRASIL, 2011).
Embora o aumento populacional dos idosos seja notório, as tecnologias midiáticas,
opções de divertimento, mercado cosmético e espaços públicos continuam priorizando di-
retamente o público jovem, não considerando o envelhecimento como tema importante para
debates e lançamentos de novas abordagens e alternativas com manejos positivos sobre a
velhice (VERAS; OLIVEIRA, 2016).
A participação do idoso na sociedade e na economia é cada vez mais crescente e
ativa. Entretanto, a velhice continua sendo frequentemente relacionada à perda, abandono,
limitações, dor e morte, principalmente em função dos idosos que se mantém domiciliados,
dependentes dos cuidados da família, que em geral, impõem limites às atividades que eles
ainda são capazes de desempenhar, anulando o seu papel social. Soma-se isso a propa-
gação do estereótipo ruim do envelhecimento (SANTOS, TURA; ARRUDA, 2011).
Estudos acerca do ponto de vista, visão e conceitos sobre velhice apresentados pelos
jovens, há predominância de temáticas ligadas a perdas nas condições e atividades corpo-
rais, como aparecimento de doenças, fragilidade física, incapacidades, dependência total,
perda de autonomia, finitude da vida, inatividade sexual, vulnerabilidade, bem como aspectos
psicológicos que ligam a solidão, dor, sofrimento e a inserção dos mesmos na sociedade
(SANTOS, TURA; ARRUDA, 2011).
Desse modo, os conceitos de dependência, velhice e idoso tem papel fundamental,
uma vez que essas convicções podem estabelecer a forma com que as relações pessoais e
sociais se darão, bem como o cuidado que a estes será dado. Por conseguinte, conhecer e
interpretar estes conceitos e como eles refletem sobre as condutas é significativo para traçar
maneiras de modifica-las, minimizando a ideia de perdas e voltando o olhar para os bônus que
a velhice pode trazer, como por exemplo a experiência de vida e sabedoria. A consolidação
270
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
dos laços dos adolescentes com os idosos deverá ser embasada em pensamentos e ativi-
dades positivas no que diz respeito à velhice, idoso, autonomia e cuidado a este prestado
(FREITAS; FERREIRA, 2013).
Nesse sentido, vale salientar que idoso independente se difere do idoso autônomo
ou ativo. Idoso independente é aquele que apresenta facilidade na execução de atividades
cotidianas, já o idoso autônomo ou ativo é aquele que mantém e exerce o poder da decisão
sobre a sua vida e /ou atividades a serem realizadas, a partir das suas regras (BRASIL,
2005). Entende-se que aprender como os adolescentes representam a velhice é relevante
para incentivar eventos importantes que viabilizem a compreensão, mudanças de com-
portamentos, ideias e sentimentos dos adolescentes em relação à velhice e pessoa idosa
(VERAS; OLIVEIRA, 2016).
A aproximação entre jovens e idosos, seus avós por exemplo, auxilia diretamente no
bem-estar e bem viver emocional desses idosos, pois propicia a troca de vivências, histórias,
sabedorias e experiências entre os mesmos, contribuindo para uma provável formação de
conceito mais agradável e positivo a respeito do envelhecimento com qualidade de vida e
autonomia, favorecendo a reafirmação de laços. Nesse contexto, surge o seguinte ques-
tionamento: Qual a representação social do adolescente escolar sobre o envelhecimento?
O presente estudo objetivou analisar as representações sociais de adolescentes es-
colares a respeito do envelhecimento.

METODOLOGIA

Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, fundamentado na teoria das representa-


ções sociais (TRS), junto a adolescentes escolares. Esse tipo de estudo tem por foco principal
a descrição das características de determinada população ou evento, ou ainda, objetiva o
estabelecimento de uma possível relação entre variáveis (GIL, 2008).
A TRS que pode ser denominada como “saber de senso comum” ou “saber natural”,
permite ao pesquisador compreender a interpretação dos indivíduos da situação a ser pes-
quisada, viabilizando o entendimento dos comportamentos e práticas de dado grupo social
mediante um objeto psicossocial (SILVA; CAMARGO; PADILHA, 2011).
A coleta de dados foi realizada em uma escola da rede pública estadual de ensino,
localizada na região central do Piauí, no período de maio a novembro de 2017. Os critérios
de inclusão foram: adolescentes escolares com a faixa etária adequada, entre 12 e 18 anos,
regularmente matriculados na instituição de ensino, que convivam com idosos e que parti-
cipassem das etapas de coleta de dados.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi elaborado pelos autores e construiu-
se um roteiro estruturado, formado por duas partes, a primeira equivale a um formulário para
271
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
a caracterização dos participantes, quanto aos dados sociodemográficos, e a segunda parte,
um roteiro de entrevista semiestruturada, com questões norteadoras (O representa a velhice
para você? Como você quer envelhecer?; Descreva o modelo de idoso que você admira?)
que buscaram saber sobre a vivência dos adolescentes com idosos, conforme o objetivo
proposto no presente estudo. Para adequação do referido instrumento foi realizado teste
piloto junto a cinco adolescentes escolares, atentando-se para as fragilidades apresentadas
no roteiro estruturado. Para a obtenção dos dados, foi utilizada a entrevista informal, que
é o modelo menos estruturado e que só se difere da simples conversação por objetivar a
coleta de dados9.
Os dados sociodemográficos foram organizados em tabelas e figuras, por meio de esta-
tística descritiva. Os dados obtidos pela entrevista foram analisados pelo software IRAMUTEQ
(Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires),
versão 0.7, alpha 2. O IRAMUTEQ um software que é ancorado no software R e viabiliza
diversas maneiras de análises estatísticas a partir do corpus textual (BARDIN, 2011). No pre-
sente estudo, foram utilizados a análise de similitude e nuvem de palavras.
Por se tratar de adolescentes, estes foram orientados quanto ao objetivo e metodologia
do estudo, bem como os seus responsáveis legais, para assinarem os termos de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Assentimento do Menor (TAM). Foram garantidos,
o anonimato e a confidencialidade das informações, bem como liberdade para participar ou
desistir do estudo em qualquer momento, não causando nenhum tipo de prejuízo e com-
plicação. Para resguardar os entrevistados, os depoimentos foram codificados conforme a
ordem de integração a pesquisa. Cada código foi precedido da vogal “I”, referente à palavra
indivíduo e seguido de uma numeração, que varia de 01 a 32, correspondente à ordem
das entrevistas.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal do Piauí, cumprindo as diretrizes impostas na resolução 466/12, do
Conselho Nacional de Saúde em relação às questões éticas envolvendo pesquisas com seres
humanos, bem como obteve autorização institucional expedida pela unidade de ensino na
qual foi realizada a pesquisa para que houvesse liberação da mesma, e, por conseguinte a
obtenção do parecer de aprovação do CEP com o número 2.640.806.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Perfil sociodemográfico dos adolescentes escolares

Conhecer os indivíduos e como estes estão inseridos em algum contexto e nos grupos
sociais é de extrema importância para estudos das representações sociais (PEREIRA, 2012).
272
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Inicialmente, foi traçado o perfil dos participantes, com dados pessoais e escolares,
para atender as condições de construção da representação social, com base nas caracte-
rísticas que compõem o grupo a que pertença. Os dados coletados foram organizados por
grupos de respostas e por sexo, apresentados em tabela e analisados com a utilização da
estatística descritiva, conforme se observa na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição numérica e percentual dos dados sociodemográficos dos adolescentes. Picos-PI, 2017. n=32.

Variáveis N %

1. Idade
29 91
14-15 anos
16-17 anos 03 09
2. Sexo
17 53
Feminino
Masculino 15 47
3. Cor
10 31
Branco
Pardo 15 47
Amarelo 02 06
Preto 05 16
4. Parentesco do idoso
22 69
Avô/Avó
Tio/Tia 02 06
Não há parentesco 08 25

O conhecimento da população alvo de uma pesquisa científica bem como a forma como
os mesmos estão submergidos em determinado contexto e nos grupos sociais é imprescin-
dível para fundamentar os estudos sobre representações sociais (PEREIRA, 2012). Desta
maneira, foram descritos na tabela 1 os dados sociodemográficos coletados por meio da
entrevista semiestruturada realizada com os adolescentes, a totalidade da amostra analisada
foi 32 e foram identificadas as variáveis idade, sexo, série, cor, se convive com idosos e qual
o parentesco com o idoso, todas as variáveis analisadas foram descritas.
Os entrevistados estavam devidamente matriculados na escola selecionada, com idade
entre 14 e 17 anos, tendo como maior parte da amostra entre 14 e 15 (91%). No tocante ao
sexo, mostrou uma pequena predominância feminina (53%), nota-se ainda predominância de
62% do 9º ano “A”, 47% da cor parda, sendo que 69% convivem com os seus avós. Partindo
da análise da variável idade, considerando o que estabelece o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA)12 (adolescente pertence a faixa etária de 12 a 18 anos) e que a amostra
utilizada foi de alunos do ano final do ensino fundamental, a faixa etária mais incidente foi
de 14 a 17 anos.
Semelhantemente em estudo realizado por Freitas e Ferreira (2013), as idades dos
adolescentes entrevistados foi entre 14 e 18 anos, predominando a faixa etária entre 14
e 15 anos. Quanto ao sexo, 57,55% eram do sexo feminino e 44,23% do sexo masculino.
Entretanto, quanto a residirem com idosos, apenas 28,48% afirmou positivamente, sendo que
273
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
o grau de parentesco com os idosos variou entre avós, pais, tios ou outros parentes. Dentre
os entrevistados que residiam com idosos, todos caracterizaram a experiência como positiva.

Análise textual realizada pelo software IRAMUTEQ

O software IRAMUTEQ realiza a distribuição estatística dos vocábulos que constituem


o corpus, por meio da classificação das declarações inferidas, semelhantes e não semelhan-
tes, pelos participantes da pesquisa, com a finalidade de evidenciar seus campos lexicais
(BARDIN, 2011). Logo, esta ferramenta possibilita a disseminação do conteúdo cognitivo
presente nas falas dos adolescentes entrevistados a respeito de sua visão a acerca do en-
velhecimento. No presente estudo, utilizou-se duas análises feitas por este software, sendo
estas a análise de similitude e nuvem de palavras, utilizadas na construção e discussão dos
resultados obtidos nesta pesquisa. Estruturar as variáveis com o discurso dos indivíduos
entrevistados fez-se necessário para a compreensão das representações sociais desses
sujeitos com a realidade em que os mesmos estão inseridos. Por conseguinte, a análise
mais detalhada dos dados obtidos pelo questionário sociodemográfico e entrevista, acon-
teceram por meio dos conhecimentos empíricos dos adolescentes entrevistados conferidos
ao envelhecimento.

Análise de similitude

A análise de similitude apoia-se na teoria dos grafos, facilitando a identificação das coo-
corrências entre as palavras e seu resultado traz indicações da conexidade entre as mesmas,
auxiliando na identificação da estrutura da representação (MARCHAND, P.; RATINAUD,
2012). Esta, possibilitou a visualização da relação entre as palavras, a conexão entre as
mesmas e a ligação entre as diferentes classes de palavras, concluindo em como o grupo
de entrevistados representam o envelhecimento.
A Figura 1 mostra o diagrama disponibilizado na interface dos resultados para a análise
de similitude com a identificação das coocorrências entre as palavras e os indicativos de
conexidade entre os termos: mais (97), muito (68), idoso (49), querer (43), bom (36), vida
(31), envelhecer (30), sociedade (25), achar (23) contribuindo na identificação da estrutura
do campo representacional associado a representação social do adolescente escolar sobre
o envelhecimento.

274
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 1. Análise de similitude para representação dos adolescentes escolares sobre envelhecimento. Extraído do Software
IRAMUTEQ. Picos-PI, 2017.

Conforme observado na árvore de coocorência, os resultados indicaram que entre os


pares de associação se observa uma forte ligação entre vida – representar, representar –
conhecimento, fase – participativo, idoso – admirar, idoso – alegre, admirar – alegre, alegre
– felicidade, querer – família, continuar – normal, envelhecer – experiência, praticar – es-
portes, mais – participativo, mais – normal, muito – difícil, muito – dificuldade.
O elemento idoso foi bastante citado e ainda apresenta relações importantes com
outros elementos, que o complementam, culminando na formação de algumas teias de
desdobramentos relevantes e interconectados com a questão do idoso e importantes para
o envelhecimento. Os principais pares de associação surgem entre os elementos: idoso -
alegre, idoso - cuidar, idoso admirar, idoso - chegar, idoso – idade.
Para melhor compreensão dos discursos dos participantes e organização dos resulta-
dos, dividiram-se em correlações negativas e positivas.

Correlações negativas sobre o envelhecimento por adolescentes

No primeiro momento, dentre as associações feitas pelos adolescentes, surge o ele-


mento dificuldade, mais – dificuldade, mais – difícil, logo, os adolescentes também enxergam
275
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
a parte negativa do envelhecimento, as dificuldades encontradas, possíveis incapacidades
e doenças ligadas a mesma.

Para mim, é um momento muito difícil por causa das dificuldades que a
pessoa tem quando fica velha, já não consegue fazer tudo sozinho, como
conseguia antes, já não consegue ter a liberdade tinha antes, tem muitas
barreiras também, como doenças, essas coisas que o impedem de ser o que
era quando era mais novo, só que também é bom, por que é um momento
que você alcançou outra etapa da sua vida que muita gente quer conseguir
alcançar, que é ter passado pela etapa bebê, criança, adolescente, adulto
e agora você já está em outra etapa, que é a etapa final, pode se dizer, e é
muito bom você chegar nessa etapa, principalmente quando você chega lá
realizado e ativo. (I11)

“[...]que eu seja muito alegre e que eu não precise passar por muitas dificul-
dades[...]” (I27)
Freitas e Ferreira (2013) desenvolveu um estudo semelhante, com o objetivo de co-
nhecer qual seria a representação social de adolescentes, estudantes do Ensino Médio a
respeito da pessoa idosa. Participaram da pesquisa 172 adolescentes, entre 14 e 19 anos,
aplicando-se a Técnica de Evocação Livre de Palavras, onde os adolescentes eram instigados
a escrever as quatro primeiras palavras que eles imaginavam quando se falava de velhice
e pessoa idosa. Como resultado, foram feitas 688 evocações, das quais as mais frequentes
foram doença (51), aposentadoria (27), rugas (17), solidão (15), cansaço (13), tristeza (11).
Todas estas evocações demonstram que uma considerável parte dos participantes demons-
trou uma visão desanimadora sobre o processo do envelhecimento.
O estudo de Motta (2002), mostra que no imaginário social envelhecer é um processo
que acontece com desgastes progressivos, limitações crescentes, perda em suas capaci-
dades física, cognitiva e de representatividade social, em uma estrada que termina com a
morte. Refere, ainda, que as perdas são tratadas principalmente como problemas de saúde,
são expostas, comumente na aparência física, que se reporta ao que acontece por exemplo,
com o enrugamento, encolhimento e a perda da coloração dos cabelos.
Para Lalived’epinay (1995), as representações mais rotineiramente encontradas a
respeito da velhice estavam associadas a incapacidade, redução e /ou perda da utilidade
social, institucionalização, morte social, exclusão dos prazeres da vida, declínio da imagem.
Sobre o fato da velhice ser vista como sinônimo de doença, Santos16 realizou um traba-
lho onde entrevistou 47 pessoas, com idades entre 40 e 79 anos, que faziam parte de grupos
de terceira idade. Estes indivíduos responderam a um questionário a respeito do conceito
que tinham sobre o significado da velhice. Obtendo como resultado uma maior tendência
dessas pessoas a entenderem o envelhecimento como dependente do esforço pessoal de
cada indivíduo, buscando a melhor forma de viver e continuar ativo (40,4%). Outra parcela
276
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
(27,6%) fez uso de conceitos sociais de envelhecimento, embasando-se em termos prees-
tabelecidos por outros. O envelhecimento foi tido como sinônimo de doenças por 25% das
pessoas, e a negação da velhice se fez presente em 8,3% dos relatos.
“[...] é a fase final da vida, que você vai ficando mais velho, chegando ao tempo, a
época que você vai morrer[...]” (I15)
“[...] não aproveita mais nada da vida, vai estar lá sentado, preso por algumas coisas
e que não vai aproveitar mais nada, por que já está velho, já curtiu bastante e agora não
tem mais o que fazer[...]” (I27)
Para Freitas e Ferreira (2013), a associação da velhice com doença resulta de um
processo social que guarda estreita relação com a perda da juventude, da sua força e vigor.
Por sua vez, Guerra et al.17 afirma que a representação se constrói a partir do medo que os
indivíduos têm de perder a sua autonomia, liberdade, independência, suas capacidades,
inteligência física, psíquica e moral. Tem-se medo de perder suas características positivas
e medo de ficar dependente, incapaz, inútil, isolado, cativo das degradações da idade e
envolvido pela exclusão.

Correlações positivas sobre o envelhecimento por adolescentes

A primeira grande ligação observada ocorre entre o binômio idoso - admirar que se
conecta a alegre e felicidade, que remete a um ponto que os adolescentes relataram bas-
tante, a questão de projetarem sua admiração, mais que a qualquer outro ponto, sobre o
idoso que se mantém alegre, vive feliz ao longo de sua vida e independente de qualquer
situação adversa que aconteça.

[...] quero ser, em outras questões, muito alegre, porque eu acho que a alegria
é uma coisa muito boa, quando se é alegre ajuda tanto em tantas coisas,
é bom ser alegre. Como eu falei, aquele idoso que é bem alegre, faz piada
com tudo, que brinca com todo mundo, que se diverte, que sorri, que não tem
vergonha de ser feliz, que mesmo tendo dificuldades, as enfrenta e está lá,
mostrando a felicidade, até mesmo os que são dependentes de outra pessoa
ou ele estando debilitado [...] (I11)

“[...] idosos brincalhões, um idoso feliz, que chegam a uma certa idade e fica feliz com
aquilo, porque tem uns que não, que mesmo com doenças, com todos os problemas são
felizes, sempre quer ajudar os outros, os netos, os filhos[...]” (I13)
“[...] admiro minha avó, pois ela trabalha muito, na roça, em casa, ela cuida do meu
avô, que não consegue andar, ela não para um minuto, limpa a casa todo dia, vai para a
roça todo dia, vai a pé e as vezes volta a pé também [...] (I14)
Além disso, o convívio com idosos resultou em admiração por parte dos adolescentes
da presente pesquisa aos idosos ativos ou participativos. Não obstante, em estudo análogo
277
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
realizado por Santos, Tura e Arruda (2011), que utilizou como método a evocação livre de
palavras, onde os elementos de centralidade foram Avô e Idoso, constatou que a visão dos
adolescentes sobre “Avô” se relacionou com uma referência de pessoa velha, já “Idoso” es-
teve intimamente ligado a evocações de admiração e valorização, como: sabedoria, respeito,
tempo, legal e conhecimento.
Outra ligação importante é entre envelhecer – experiência, que mostra a visão que os
adolescentes têm a respeito de com o passar da vida, o ser humano soma conhecimentos,
liga- se também a ideia de ouvir mais os idosos, por conta de os mesmos terem sempre algo
a acrescentar, que por terem vivido mais, consequentemente, sabem mais.
“[...] aquele que é sábio, que tem muitas histórias para contar, que é atencioso e cau-
teloso, fala suas experiências [...]” (I02)
“Representa maturidade, responsabilidade com as coisas e experiência com a vida
[...]” (I06) “[...] eu admiro aqueles velhos sábios, aquelas pessoas que gostam de contar
histórias [...]” (I15)
Uma pesquisa realizada por Santos, Tura e Arruda (2011), com o intuito de investigar
a existência e as características de representações sociais sobre pessoa velha construída
por adolescentes, foi constituído por 137 adolescentes da 2ª série do ensino médio, com
idade entre 15 e 19 anos, a maioria do sexo masculino. A coleta de dados aconteceu por
meio da realização de um teste de evocação livre de palavras com expressão “pessoa ve-
lha” e aplicou-se questionário com perguntas abertas acerca de crenças, atitudes, normas,
valores e práticas relacionadas ao processo de envelhecimento, ao idoso e a caracterização
sociodemográfica. Os autores encontraram dez palavras mais frequentemente citadas: avô
(83), idoso (63), experiência (40), sabedoria (22), cabelo branco (17), respeito (17), idade
(16), rugas (16), aposentado (14) e doença (14).
Neste estudo, o conteúdo perdas, desgastes e desvalorização do idoso são contrapos-
tos à sabedoria, experiência e ao conhecimento adquiridos com o envelhecer. Configurando
que a experiência é um requisito para a obtenção de conhecimento e característica de uma
pessoa que é “antiga”, por ter mais anos de idade e que, portanto, já viveu mais tempo ou
ainda que o idoso seja alguém considerado “antigo”, com muita experiência de vida, adquirida
com o decorrer do tempo ou por ter maior quantidade de tempo vivido.
Segundo Freitas e Ferreira (2013), A velhice pode ser representada pela sabedoria e
experiência, favorecidas pela vivência dos anos de vida. Esses são motivos de destaque
e reconhecimento do potencial das pessoas que envelhecem, independente dos aspectos
negativos apontados. Nas representações sociais dos adolescentes, o idoso possui experiên-
cia de vida, viveu bastante e tem muito a oferecer, por este motivo, merece respeito. Esse

278
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
respeito deve-se à sabedoria da pessoa idosa, uma vez que os anos de vida favorecem o
ganho de conhecimento, evidenciado na interação de pessoas nos grupos sociais.
O elemento participativo também é bastante mencionado, em seu sentido amplo, como
mencionado no estudo: fase – participativo, continuar – normal, praticar – esportes, mais –
participativo, mais – normal, o que ilustra o desejo de se tornarem idosos o mais participativo/
ativos possível, com menos alterações em sua vida, pretendem continuar bem, seguindo a
vida como hoje vivem.
“[...] um idoso forte, que apesar da idade ainda anda normal, sai, eu tenho um tio avô
que tem noventa e poucos anos e ele anda, ele sai para passear com o cachorro, vai para
a igreja e eu o admiro muito, por que ele é muito forte, ativo e independente[...]” (I12)
“[...] quero envelhecer com os meus amigos, meus parentes queridos e sendo o mais
feliz possível com eles, quero ser participativo, vendo alguma coisa útil para o meu futuro, até
onde eu o tiver, quero ser ativo até onde der, ajudando meus filhos e meus netos [...]” (I22)
“[...] quero ser um idoso que continua participando das coisas, continuar trabalhando,
fazendo atividade física [...]” (I23)
Uma importante correlação encontrada foi idoso – participativo. A Organização Mundial
da Saúde7 delimitou alguns determinantes para o envelhecimento ativo, sendo eles: deter-
minantes comportamentais, pessoais, sociais e econômicos, além de serviços sociais e de
saúde. Observa-se que a interação entre todos estes determinantes refletirá no envelheci-
mento de indivíduos e da população.
O envelhecimento ativo é uma realidade mais próxima do que se imagina. Vicente e
Santos (2013), avaliaraM os determinantes desse processo em idosos entre 60 e 70 anos
e constataram que os idosos eram participativos em sua comunidade, sendo que 90,9%
dos mesmos realizava algum trabalho não remunerado em sua comunidade. Além disso, a
maioria dos idosos relatou que apesar das dificuldades fisiológicas advindas com o passar
do tempo, se sentiam satisfeitos com a vida e realizavam atividades físicas e de lazer.
No estudo de Ferreira et al., analisou além destes determinantes, a sua relação com a
independência funcional. Foram avaliados 100 idosos de uma Unidade de Saúde da Família,
utilizando-se a Medida de Independência Funcional, dos quais todos os idosos apresentaram
independência funcional para a realização de atividades como autocuidado, controle de es-
fíncteres, transferências, locomoção, comunicação e cognição social. O estudo demonstrou
que tal independência funcional reflete em maior inclusão destas pessoas na sociedade, por
fortalecer elos sociais, com a família e amigos, sendo considerados como determinantes do
envelhecimento ativo.

279
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
A ocorrência do elemento família, é mencionado na maioria dos relatos, querer – famí-
lia, querer – filho – neto, que configura a questão da pretensão, de que no futuro, continuem
com a sua família, que para eles é importante estar junto com os seus familiares.
“[...] com saúde, quero estar com meus netos, eu quero muita saúde também e que
minha família ainda esteja unida [...]” (I12)
[...] espero que tenha alguém, como um filho ou mesmo um neto, que possa cuidar
de mim [...] (I25)
[...] ser próximo a minha família, como eu não fui muito próximo aos meus avós, eu
quero ser bem próximo a minha família [...] (I21)
Semelhantemente ao presente trabalho, o estudo realizado por Gzovd e Dellaroza
(2012) trouxe como objetivo, a análise da percepção de jovens estudantes de uma escola
pública do norte do Paraná sobre a velhice. A população da pesquisa foi formada por 123
alunos do 5º ano do ensino fundamental, com idade entre 11 e 16 anos, dos quais 87 afir-
maram ter convivido com idosos. A coleta de dados se deu por meio da aplicação de um
questionário estruturado que trazia questões acerca do convívio dos estudantes com os
idosos e como os eles avaliavam esta experiência.
De acordo com Gzovd e Dellaroza (2012), entre os participantes que afirmaram ter
convivido com idosos, 69% relatou já haver pensado sobre o próprio envelhecimento, 88,5%
deles consideraram a experiência de proximidade com pessoas idosas de modo positivo,
11,5% mostraram indiferença e nenhum deles classificou como negativa. De modo geral, os
adolescentes entrevistados atrelaram velhice a concepções positivas, sendo que em 35 de
40 questões, mais de 50% deles relacionaram a velhice a expressões e situações benéficas,
exceto quando se falou de dependência.
Os autores constataram que as representações sociais positivas foram construídas,
em sua maioria, por adolescentes que convivem com idosos. Estes dados podem justificar
o fato de a maioria das associações feitas no presente estudo serem positivas, podendo-se
afirmar que quanto mais os adolescentes conhecem e convivem com idosos, maior sua
admiração, o que confere um ponto de vista mais otimista.

Nuvem de palavras

No que se refere a representação gráfica da nuvem de palavras, ocorre também o


agrupamento e disposição gráfica das palavras em função da sua frequência, propiciando
rápida identificação das palavras-chave do corpus. Se trata de uma análise lexical mais
simples, contudo de grafia interessante (CAMARGO; JUSTO, 2013), como pode ser vi-
sualizado abaixo.

280
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Figura 2. Nuvem de palavras para representação dos adolescentes escolares sobre envelhecimento. Extraído do Software
IRAMUTEQ. Picos-PI, 2017.

Percebe-se que na figura 2 as palavras são posicionadas aleatoriamente de tal forma


que as palavras mais frequentes aparecem maiores que as outras, demonstrando, assim,
seu destaque no corpus de análise da pesquisa.
Pelo método de nuvem de palavras, que agrupa as palavras e as organiza graficamente
em função da sua frequência, as palavras que apresentaram maior frequência no corpus
foram: mais (97), não (90), muito (68), idoso (49), coisa (48), querer (43), bom (36), vida (31),
envelhecer (30), estar (28), saúde (23), sociedade (25), conseguir (20), saudável (19), saber
(18), bem (17), doença (16), dever (14), família (12), alegre (11), admirar (11), feliz (10).
Para fins deste estudo, após as etapas de processamento, foram interpretados os
sentidos das palavras nos discursos dos adolescentes, dessa forma a palavra “mais” foi
utilizada tantas vezes porquê é utilizada para maximizar as ideias que eles tinham, em di-
ferentes sentidos e falas.
“[...] os idosos vão envelhecendo mais e vão ficando mais frágeis, a saúde vai dimi-
nuindo e o acesso não acompanha as suas necessidades [...]” (I16)
“É a idade mais avançada, já está chegando no fim da vida e tem mais necessida-
des, se o idoso não for ativo, ele volta meio que a ser criança, as pessoas cuidam dele
mais fragilmente, pois ele fica frágil, como se fosse um bebê, é necessário cuidar mais dos
idosos [...]” (I23)
Portanto, é possível certificar que a nuvem de palavras robustece os resultados expla-
nados e discutidos previamente, o que reforça as ideias que já foram expostas.

281
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O envelhecimento é um processo complexo, pluridimensional, revestido não apenas


por perdas, mas também por aquisições individuais e coletivas, fenômenos inseparáveis e
simultâneos. Por mais que o ato de envelhecer seja individual, o ser humano vive na esfera
coletiva e como tal, sofre as influências da sociedade de uma maneira geral, da família em
particular, interferindo na maneira de compreender o seu processo de envelhecimento/ ve-
lhice e/ou o dos seus familiares.
Os achados desta análise mostram que o adolescente escolar tem uma visão primor-
dialmente positiva sobre o envelhecimento, pois o representa com termos otimistas, como
experiência, admiração, família e participação. Apesar de, ressaltar em seus discursos aspec-
tos desfavoráveis do processo de envelhecer como: dificuldades, rugas, falta de liberdade,
doenças, solidão e tristeza.
Neste sentido, perceberam-se importantes associações com envelhecimento, onde os
adolescentes demonstraram admiração por idosos que conseguem, apesar das dificuldades
naturais que a idade impõe, manter a alegria de viver e buscam viver de forma ativa ou au-
tônoma. Percebeu-se também que o envelhecimento ativo é o modelo de envelhecimento
que os adolescentes almejam para suas vidas.
Contudo, é importante destacar como limitação da pesquisa o fato de considerável
parte dos discursos dos adolescentes ser frágil e em sua maioria superficial, revelando
que a velhice é uma crença ainda pouco desvelada no universo juvenil, gerando, portanto,
discursos curtos e objetivos.
Finalmente, nota-se que a discussão sobre a vida de idosos fomenta uma melhor
compreensão desse estágio da vida pela geração mais jovem. Logo, o debate sobre esta
temática deve ser cada vez mais incentivado, a fim de que os idosos tenham mais espaço
e visibilidade pela sociedade atual. Espera-se que o presente estudo contribua para uma
melhor compreensão do tema abordado, bem como, sirva de subsídio para a produção de
novos trabalhos.

282
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011.

2. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia


e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2011. Disponível em: http://
censo2010.ibge.gov.br/resultados.Acesso em 02 de abril de 2021

3. . Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília:


Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. p. 13-18.

4. _____. [Estatuto da criança e do adolescente (1990)]. Estatuto da criança e do adolescente


[recurso eletrônico] Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. – 13. ed. –
Brasília. Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. (Série legislação ; n. 175).

5. CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. Tutorial para uso do software de análise textual IRAMUTEQ.
Florianopolis-SC: Universidade Federal de Santa Catarina, p. 1-18, 2013.

6. FERREIRA, O. G. L.; MACIEL, S. C.; COSTA, S. M. G.; SILVA, A. O.; MOREIRA, M. A. S. P.


Envelhecimento ativo e sua relação com a independência funcional. Rev Text & Context Enf,
v. 21, n. 3, p. 513-518, 2012.

7. FREITAS, M. C.; FERREIRA, M. A. Velhice e pessoa idosa: representações sociais de ado-


lescentes escolares. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 23, n. 3, p. 1-8, 2013.

8. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 200 p.

9. GUERRA, A. C. L. C.; CALDAS, C. P. Dificuldades e recompensas do processo de envelheci-


mento: a percepção do sujeito idoso. Rev Ciênc e Saúde Col, v. 15, n. 6, p. 2931- 2940, 2010.

10. GVOZD, R.; DELLAROZA, M. S. G. Velhice e a relação com idosos: o olhar de adolescentes
do ensino fundamental. Rev bras de ger e gerontol, v. 15, n. 2, p. 295-304, 2012.

11. LALIVED’EPINAY, C. Images of aging in autobiogra-phical narratives of elderly. In: HUMMEL,


C.; LALIVED’EPINAY, C. (Org.). Aging in Western societies. Geneva: Centre Interdisciplinary
Gerontology, University of Geneva; 1995. p. 141-155.

12. MARCHAND, P.; RATINAUD, P. L’analyse de similitude appliquée aux corpus textuels: les
primaires socialistes pour l’élection présidentielle française (septembre-octobre 2011). Actes
des 11eme Journées internationales d’Analyse statistique des Données Textuelles. JADT,
p. 687–699, 2012.

13. MOTTA, A. B. Envelhecimento e sentimento do corpo. In: MINAYO, M. S.; COIMBRA, J. C.


E. A. (Org.). Antropologia, saúde e envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2002.
p. 37-50.

14. PEREIRA, R. F. Representações sociais de adolescentes escolares sobre idoso e velhice:


subsídios para o cuidado clínico de enfermagem. 2012. 135 f. Dissertação (Mestrado em
Cuidades Clínicos em Saúde) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza.

15. SANTOS, G. A. Os conceitos de saúde e doença na representação social social da velhice.


Rev Virt Texto & Contextos, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2002.

16. SANTOS, V. B.; TURA, L. F. R.; ARRUDA, A. M. S. As Representações Sociais de pessoa ve-
lha construídas por adolescentes. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol, v. 14, n. 3, p. 497-509, 2011.
283
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
17. SILVA, S. E. D.; CAMARGO, B. V.; PADILHA, M. I.; A Teoria das Representações Sociais nas
pesquisas da Enfermagem brasileira. Rev Bras Enf, v. 64, n. 5, p. 947-951, 2011.

18. VERAS, R.P.; OLIVEIRA M. Envelhecer no Brasil: a construção de um modelo de cuidado.


Ciênc. saúde coletiva (online), v. 23, n. 6, p. 1929-1936, 2018.

19. VERAS, R. P.; OLIVEIRA, M. Linha de cuidado para o idoso: detalhando o modelo. Rev. bras.
geriatr. geroltol, v. 19, n. 6, p. 887-905, 2016.

20. VICENTE, F. R.; SANTOS, S. M. A. Avaliação multidimensional dos determinantes do enve-


lhecimento ativo em idosos de um município de Santa Catarina. Rev Text e Context Enf, v.
22, n. 2, p. 370-378, 2013.

284
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
22
Situações de vulnerabilidade e
práticas alimentares de crianças
menores de 2 anos internadas em
hospital universitário de Porto Alegre

Juliane Alves Santos


HCPA

Ester Zoche
HCPA

Juliana Mariante Giesta


HCPA

Karen Yurika Kudo


HCPA

Marianna Sperb
UFRGS

Vera Lucia Bosa


UFRGS

10.37885/210805712
RESUMO

Objetivo: Identificar as situações de vulnerabilidade social, individual e programática, bem


como seus indicadores, e relacionar com práticas alimentares de crianças menores de
dois anos internadas em um hospital universitário de Porto Alegre. Métodos: Identificou-
se as vulnerabilidades por instrumento que estabelece critérios para a elegibilidade das
vulnerabilidades individual, social e programática no contexto da criança e sua família; e
práticas alimentares por instrumento composto por questões que analisam os atributos,
componentes e marcadores da alimentação complementar. Para análise estatística, foi
utilizado o teste qui-quadrado e foram considerados como diferenças estatisticamente
significativas valores de p menores que 0,05. Resultados: Dentro da amostra estudada,
92% (n=173) apresentou pelo menos um componente de vulnerabilidade. Houve asso-
ciação estatisticamente significativa entre vulnerabilidade programática e oportunidade
de introdução da alimentação complementar (p=0,014) e consumo de ultraprocessados
(p=0,007). Dentre os indicadores de vulnerabilidade, o número de internações esteve
associado negativamente com o aleitamento materno exclusivo (p=0,03) e positivamente
com o consumo de alimentos ultraprocessados (p=0,009). As idas à emergência estiveram
associadas com a introdução precoce de alimentos (p=0,004) e consumo de alimentos
ultraprocessados (p<0,001). Uso de tabaco ou outras drogas foi associado negativa-
mente com o aleitamento materno (p=0,007). Conclusão: A população estudada neste
trabalho é vulnerável principalmente no âmbito familiar, e apresenta práticas alimentares
inadequadas, sendo essencial o acesso à rede de serviços de saúde com profissionais
preparados para atuar visando alcançar melhores práticas de alimentação e nutrição
nessa faixa etária.

Pa l a v r a s - c h a ve: Vu l n e r a b i l i d a d e e m S a ú d e, A l e i t a m e n t o M a t e r n o, A l i m e n t a -
ção Complementar.

286
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

As vulnerabilidades são o resultado da interação do conjunto de variáveis que deter-


mina maior ou menor capacidade de proteção dos sujeitos a um agravo, constrangimento,
adoecimento ou situação de risco. As diferentes situações de vulnerabilidade dos sujeitos
podem ser classificadas pelo reconhecimento de três componentes interligados – o individual,
o social e o programático ou institucional (AYRES et al., 2003). A identificação e o conheci-
mento de tais vulnerabilidades, que culminam no agravo à saúde da criança e sua família,
possibilitando conferir maior integralidade às ações de saúde, promovendo a utilização de
práticas direcionadas para as necessidades destas famílias (OLIVEIRA et al., 2014).
A falta de qualidade dos cuidados recebidos, incluindo a nutrição, a assistência e o
estímulo durante os primeiros anos de vida, pode ter um efeito negativo irreversível no
desenvolvimento do cérebro, alterando a trajetória no processo de desenvolvimento do ser
humano (POBLACION et al., 2014). As práticas alimentares no primeiro ano de vida cons-
tituem marco importante na formação dos hábitos alimentares da criança, influenciando a
sobrevida, o desenvolvimento cognitivo e a saúde ao longo da vida. O aleitamento materno
oferece grande proteção contra mortes por diarreia, infecções gastrointestinais, respiratórias
e outras infecções, especialmente nos primeiros meses de vida (VICTORIA et al., 2016).
Ele deve ser oferecido de forma exclusiva até os seis meses de idade; sem oferecer água,
chás ou qualquer outro alimento (BRASIL, 2019). A alimentação complementar refere-se
à introdução, no tempo correto, de alimentos nutricionalmente seguros juntamente com o
aleitamento materno, mais especificamente, introduzida após os seis meses de idade e nor-
malmente fornecida até os 24 meses. Segundo a OMS, a alimentação complementar deve
ser oportuna, adequada, apropriada e oferecida em quantidade suficiente para o adequado
desenvolvimento (WHO, 2001).
Na II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e
Distrito Federal, a prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses
foi de 41%, com duração mediana de 54,1 dias. Constatou-se também introdução precoce
de água, chás e outros leites já no primeiro mês de vida e cerca de um quarto das crianças
entre três e seis meses já consumia comida salgada e frutas. Além disso, o consumo de
alimentos não recomendados para idade foi alto entre as crianças de nove e doze me-
ses (BRASIL, 2009).
Considerando que o consumo alimentar na infância está intimamente associado ao
perfil de saúde e nutrição, especialmente entre as crianças menores de dois anos de idade;
e a prática alimentar inadequada nos dois primeiros anos de vida está associada ao aumento
da morbidade, particularmente nas populações mais vulneráveis, este trabalho teve como
objetivo identificar as situações de vulnerabilidade social, individual e programática dentro do
287
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
modelo conceitual apresentado e relacionar com as práticas alimentares de crianças menores
de dois anos, buscando compreender quais indicadores implicam mais na alimentação infantil.

MÉTODOS

Estudo transversal, parte de um estudo maior, intitulado “Relação entre práticas alimen-
tares e fatores sociodemográficos com desfechos clínicos e nutricionais em crianças de zero
a dois anos de vida internadas em um hospital universitário de Porto Alegre” realizado em
duas unidades clínico-cirúrgicas de internação e na emergência pediátrica de um Hospital
Universitário de Porto Alegre/RS/Brasil. A população foi constituída por crianças entre zero a
24 meses, internadas na unidade de internação e emergência pediátrica, por complicações
agudas. Foram excluídas do estudo crianças desacompanhadas da mãe, em uso de terapia
de nutrição enteral prolongada e parenteral, aqueles que apresentam alguma complicação
crônica que possa interferir na alimentação, como doenças neurológicas e genéticas, alergias
e/ou intolerâncias alimentares; mães menores de 18 anos de idade e aquelas em situação
em que o aleitamento materno seja contraindicado.
A coleta dos dados ocorreu entre os meses de janeiro e setembro de 2017, por meio
de um questionário contendo informações sobre idade, sexo, escolaridade e ocupação ma-
terna, bem como situação conjugal, renda familiar per capita, classificação socioeconômica
(A-B, C e D-E) através dos critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
(ABEP), condições de moradia, uso de tabaco ou outras drogas, idade da criança, frequência
e acesso a serviços de saúde; além de perguntas sobre práticas alimentares.
As vulnerabilidades foram identificadas e classificadas de acordo com as questões do
instrumento proposto por Oliveira e colaboradores (2014), no qual estabelece critérios para
a elegibilidade das vulnerabilidades no contexto da criança e sua família, como apresentado
na Figura 1 (OLIVEIRA et al., 2014). Foi considerada como presença de vulnerabilidade
individual aqueles indivíduos que apresentaram pelo menos um indicador: analfabetismo e
ensino fundamental incompleto, considerando o responsável; número maior que 3,3 pessoas
residindo na mesma casa; o uso diário de tabaco e de bebida alcoólica ou drogas ilícitas
atualmente e/ou durante a gestação; bem como a presença de desemprego materno e ren-
da familiar mensal menor que um salário mínimo. No instrumento base para este trabalho
considerou-se a frequência regular à creche, no entanto, a população estudada ainda não se
enquadrava na necessidade de frequência à creche pela baixa idade (BRASIL, 1996), sendo
assim, não foi considerado como vulnerabilidade. Foi definida como vulnerabilidade social
mulheres solteiras, viúvas e divorciadas e que assumem o papel de chefe da família. Quanto
às vulnerabilidades programáticas foi considerado o histórico de saúde da criança, aqueles
indivíduos que apresentaram pelo menos um dos indicadores: mais de três internações e
288
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
idas à emergência; e número insuficiente de consultas recomendadas para idade, de acordo
com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

Figura 1. Fluxograma apresentando os componentes de vulnerabilidade (individual, social e programática) e seus


indicadores. Adaptado de Oliveira e col. (2014).

Vulnerabilidade

Individual Social Prógramática

- Analfabetismo ou ensino
fundamental incompleto; Histórico de saúde da
- Mulheres solteiras, criança:
- Número maior que 3,3
pessoas residindo na viúvas e divorciadas e - Mais de três
mesma casa; que assumem o papel internações e idas à
de chefe da família. emergência;
- Uso diário de tabaco e de
bebida alcoólica ou drogas - Número insuficiente
ilícitas atualmente e/ou de consultas
durante a gestação; recomendadas para
idade.
- Desemprego materno;
- Renda per capita < 1
salário mínimo.

Para avaliação das práticas alimentares, que abrangiam questões sobre aleitamento
materno, consumo de fórmulas e leite de vaca, ingestão de alimentos sólidos como fru-
tas e papas principais, bem como consumo de alimentos ultraprocessados. Foi utilizado o
“Questionário para avaliação de práticas alimentares de crianças menores de dois anos de
idade”, composto por questões que analisam a qualidade da dieta considerando os principais
atributos, componentes e marcadores da alimentação complementar, além da presença ou
não de aleitamento materno exclusivo até os seis meses ou mais (OLIVEIRA et al., 2015).
Para este trabalho foram considerados os atributos de oportunidade e adequação alimen-
tar. A oportunidade foi definida como precoce quando iniciada antes dos seis meses, oportuna
se iniciada entre seis e sete meses e tardia quando iniciada a partir dos sete meses de idade
da criança. A adequação nutricional foi identificada através das seguintes componentes:
presença de nutrientes específicos necessários ao pleno crescimento e desenvolvimento
infantil (ferro e vitamina A); variedade dos alimentos oferecidos; densidade energética dos
alimentos e preparações e ausência de produtos ultraprocessados na alimentação. A varie-
dade adequada foi definida pela presença de todos os grupos de alimentos na alimentação
da criança; a densidade energética, pela consistência das preparações para a idade da
289
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
criança, sendo considerada adequada consistência pastosa para crianças a partir dos seis
meses e, aos 12 meses, a mesma consistência da alimentação da família. A ausência de
produtos ultraprocessados na alimentação foi considerada um componente da adequação
nutricional da alimentação complementar.
A análise estatística foi realizada pelo pacote estatístico Statistical Package for the
Social Science (SPSS) versão 18.0, com dupla digitação para confirmação dos regis-
tros. As variáveis categóricas foram expressas em percentual e valor absoluto, as variáveis
contínuas paramétricas, em média e desvio padrão; e as não paramétricas, em mediana e
intervalo interquartil do percentil 25 e 75. Para avaliar a associação entre as práticas alimen-
tares e as vulnerabilidades, foi utilizado o teste qui-quadrado. Foram considerados como
diferenças estatisticamente significativas valores de p menores que 0,05. O presente estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS
sob o nº de protocolo 17/0030. Os responsáveis pelas crianças foram esclarecidos sobre os
objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

A amostra foi composta de 188 pares de mães e crianças. As principais características


sociodemográficas estão descritas na Tabela 1, sendo a maioria das crianças do sexo mas-
culino, com mediana de idade 4,1 [2-8,9] meses, escolaridade materna referente ao ensino
fundamental e a maioria das famílias possuía renda per capita menor que um salário mínimo.

Tabela 1. Características sociodemográficas de mães e crianças de zero a dois anos internadas em hospital universitário
de Porto Alegre.

Características familiares e maternas


Média± DP
Idade materna (anos) 26,26±6,528
Escolaridade materna (anos) 8,79±2,226
Nº de habitantes por moradia 4,55±1,734
n (%)
Casadas ou com companheiro 146 (77,7%)
Desemprego materno 97 (51,6%)
Frequenta rede de saúde pública 180 (95,7%)
Classe social:
A-B 28 (14,9%)
C 118 (62,8%)
D-E 42 (22,3%)
Mediana [p25 – p75]
Renda per capita (R$) 440 [260 – 700]
Características da criança
n (%)
Sexo masculino 115 (61,2%)

290
Frequenta rede pública de saúde pública 154 (81,9%)

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


Características familiares e maternas
Nº de consultas adequadas para idade 148 (78,7%)
Mediana [p25 – p75]
Idade (meses) 4,1 [2 – 8,9]
Nº de idas à emergência (na vida) 1 [0 – 1]
Nº de internações (na vida) 1 [1 – 2]

Quando considerado o número de vulnerabilidades presentes, apenas 8% (n=15) da


amostra não apresentou nenhuma vulnerabilidade; 42,6% (n = 80) apresentou uma vulne-
rabilidade; 39,4% (n=74) apresentou duas e 10,1% (n=19) apresentou todas as três clas-
sificações de vulnerabilidades estudadas. As prevalências de vulnerabilidades individuais,
sociais e programáticas estão descridas na Figura 2, onde 87,2% da amostra apresentou
vulnerabilidade individual, sendo as mais prevalentes: renda per capita menor que um salário
mínimo (83,8%) e alto número de habitantes na mesma moradia (73,4%). A vulnerabilidade
social esteve presente em 18,1% da amostra e a vulnerabilidade programática representou
47,5% da amostra.

Figura 2. Prevalência de vulnerabilidade individual, social e programática e seus indicadores em crianças internadas de
zero a dois anos internadas em hospital de Porto Alegre.

¹Presença de pelo menos uma vulnerabilidade individual. ²Total de mulheres sem companheiro e chefes da casa. ³Presença de pelo
menos uma vulnerabilidade programática

Quanto às práticas alimentares, a prevalência de aleitamento materno exclusivo em


tempo adequado foi de 22,3% (n=42); 73,9% (n=139) havia consumido fórmula antes dos
291
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
seis meses e 33% (n=62) da amostra já havia consumido leite de vaca no primeiro ano de
vida. 48,9% (n=92) das crianças já havia iniciado a introdução alimentar, sendo que apenas
34,8% (n=32) iniciaram na idade recomendada (entre seis e sete meses). A prevalência de
crianças que já havia consumido alimentos fonte de nutrientes específicos (vitamina A e ferro)
foi de 81,5% (n=75); quanto à variedade da alimentação, 52,2% (n=48) já havia consumido
alimentos de todos os grupos (cereais ou tubérculos, hortaliças, carnes ou ovos, legumino-
sas, frutas e leite); e 59,8% (n=55) das crianças apresentou alimentação complementar com
consistência adequada para idade no momento do estudo. Das 188 crianças estudadas,
34,6% (n=65) já havia consumido alimentos ultraprocessados.
A Tabela 2 apresenta as associações entre vulnerabilidades e práticas alimentares,
onde demonstra que a presença do componente programático apresentou associação es-
tatisticamente significativa com a oportunidade de introdução alimentar e o consumo de
alimentos ultraprocessados. Após análise relacionando os indicadores da vulnerabilidade
programática e as práticas alimentares, foram encontradas outras associações estatisti-
camente significativas. Dentre elas, o número elevado de internações esteve associado
negativamente com o aleitamento materno exclusivo, onde das 32 crianças com mais de
três internações prévias, 93,7% (n=30) tiveram desmame precoce e apenas 6,2% (n=6)
aleitamento materno exclusivo (p=0,03). O número elevado de internações também este-
ve associado positivamente com o consumo de alimentos ultraprocessados, onde das 32
crianças com alta taxa de internações, 56,2% (n=18) já haviam introduzido esses alimentos
na dieta versus 43,7% (n=14) que ainda não tinham consumido alimentos ultraprocessados
(p=0,009). O número de idas à emergência esteve positivamente associado à introdução
precoce de alimentação complementar, onde das 33 crianças que foram mais de três vezes
nesse serviço, 87,8% (n=29) iniciaram precocemente a alimentação complementar e apenas
15,1% (n=5) iniciaram em tempo adequado (p=0,004). Este indicador também associou-se
positivamente com o consumo de alimentos ultraprocessados, onde, das 40 crianças que
tiveram mais que três idas à emergência, 62,5% (n=25) já tinham introduzido os alimentos
ultraprocessados versus 37,5% (n=5) que não introduziram (p<0,001).

292
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Tabela 2. Associação de vulnerabilidades e práticas alimentares de crianças de zero a dois anos internadas em hospital
de Porto Alegre.

Vulnerabilidades

Individual Social Programática


Práticas alimentares
n (%) NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM
p p p
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
Aleitamento materno exclusivo
NÃO 146 (77,6%) 16 (8,5%) 130 (96,1%) 119 (63,3%) 17 (9%) 77 (40,9%) 69 (36,7%)
0,262 0,965 0,547
SIM 42 (22,3%) 8 (4,3%) 34 (18,1%) 35 (18,6%) 7 (3,7%) 25 (13,3%) 17 (9%)

Oportunidade de introdução
NÃO 60 (65,2%) 9 (9,8%) 51 (55,4%) 49 (52,3%) 11 (12%) 20 (21,7%) 40 (34,5%)
1,000 0,865 0,014*
SIM 32 (34,8%) 5 (5,4%) 27 (29,3%) 25 (27,2%) 7 (7,6%) 20 (21,7%) 12 (13%)
Adequação alimentar
Alimentos fontes de Vitamina A e Ferro
NÃO 17 (18,5%) 3 (3,3%) 14 (15,2%) 14 (15,2%) 3 (3,3%) 9 (9,8%) 8 (8,7%)
0,718 1,000 0,548
SIM 75 (81,5%) 11 (12%) 64 (69,7%) 60 (65,2%) 15 (16,3%) 31 (33,7%) 44 (47,8%)
Presença de todos os grupos alimen-
tares
NÃO 44 (47,8%) 8 (8,7%) 36 (39,1%) 34 (37%) 10 (11%) 27 (29,3%) 21 (22,8%)
0,640 0,639 0,156
SIM 48 (52,2%) 6 (6,5%) 42 (45,7%) 40 (43,5%) 8 (8,7%) 17 (18,5%) 31 (33,7%)

Consistência adequada para idade

NÃO 37 (40,2%) 5 (5,4%) 32 (34,8%) 32 (34,8%) 5 (5,4%) 13 (14,1%) 24 (26%)


0,938 0,351 0,267
SIM 55 (59,8%) 9 (9,8%) 46 (50%) 42 (45,7%) 13 (14,1%) 27 (29,3%) 28 (30,4%)

Consumo de ultraprocessados

NÃO 123 (65,4%) 16 (8,5%) 107 (56,9%) 105 (55,8%) 18 (9,5%) 76 (40,4%) 47 (25%)
1,000 0,136 0,007*
SIM 65 (34,6%) 8 (4,2%) 57 (30,3%) 49 (26%) 16 (8,5%) 26 (13,8%) 39 (20,7%)
*p < 0,05

Não houve associação estatisticamente significativa entre a vulnerabilidade social e


as práticas alimentares. O componente de vulnerabilidade individual também não esteve
significativamente associado às práticas alimentares. No entanto, dentre seus indicadores,
o uso de tabaco ou outras drogas foi associado negativamente com o aleitamento materno,
onde, das 51 crianças filhas de mães que faziam uso dessas substâncias, 92,1% (n=47)
tiveram desmame precoce e apenas 7,8% (n=4) aleitamento materno exclusivo em tempo
adequado (p=0,007).

DISCUSSÃO

O objetivo desse trabalho foi identificar as situações de vulnerabilidades e associar


com as práticas alimentares de crianças menores de dois anos internadas em um hospital
universitário. Os resultados mostraram que dentre a população estudada, 92% apresenta-
ram pelo menos um indicador de vulnerabilidade, sendo elevada prevalência de vulnera-
bilidade individual, principalmente baixa renda e número elevado de habitantes na mesma
moradia. Os dados demonstram que a maioria das crianças assistidas por esse serviço
encontram-se em situações vulneráveis, principalmente no âmbito familiar. A presença de
293
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
vulnerabilidade programática foi associada aos atributos de oportunidade de introdução da
alimentação complementar, e adequação da mesma, quando apresentou associação com o
indicador de consumo de alimentos ultraprocessados. Os demais componentes de vulnera-
bilidade não apresentaram associação estatística significativa com as práticas alimentares.
No presente estudo, dentre as crianças que iniciaram precocemente a alimentação
complementar (n=60), 34,5% apresentaram vulnerabilidade programática. O componente
programático contempla o acesso aos serviços de saúde, a forma de organização, o vínculo
que os usuários dos serviços possuem com os profissionais de saúde, as ações preconi-
zadas para a prevenção e o controle do agravo e os recursos sociais existentes na área de
abrangência do serviço de saúde (BERTOLOZZI et al., 2009). Quanto à promoção da alimen-
tação, programas de intervenções destinadas a promover o crescimento e desenvolvimento
saudável em crianças pequenas requerem abordagens abrangentes e transdisciplinares e
projetos de avaliação rigorosos (LUTTER et al., 2013). Baldissera e colaboradores, avaliaram
a efetividade da Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável (ENPACS)
na melhoria da qualidade da alimentação complementar no primeiro ano de vida em um
município gaúcho, no qual concluiu que o efeito da estratégia foi parcial; entre as hipóteses
esteve o número insuficiente de intervenções para mudar a postura dos profissionais, além
de carência de recursos materiais e humanos (BALDISSERA et al., 2016).
A vulnerabilidade programática também influenciou a adequação nutricional da ali-
mentação complementar. Neste trabalho, dentre as crianças que já haviam consumido ali-
mentos ultraprocessados, 20,7% apresentaram essa vulnerabilidade. Segundo Bortolini e
colaboradores, a qualidade da dieta das crianças brasileiras de seis a 36 meses está aquém
do recomendado e a análise dos fatores associados à alta qualidade e à diversidade da
dieta mostrou que a região de residência da criança, a classe socioeconômica, o grau de
insegurança alimentar do domicílio e a escolaridade materna determinam se as crianças
têm acesso ou não à alimentação mais saudável (BORTOLINI et al., 2015). Entretanto, a
capacitação dos profissionais que atendem estas crianças pode auxiliar na melhora dos
índices, como apresentado em um estudo gaúcho que avaliou o impacto de atualização dos
profissionais de saúde que trabalham na atenção primária sobre alimentação infantil. Os pes-
quisadores mostraram aumento significativo nas taxas de aleitamento materno exclusivo
nos três primeiros meses, maior prevalência de consumo de carne na idade de seis a nove
meses e redução do consumo de alimentos ultraprocessados entre os lactentes (VITOLO
et al., 2014). Longo-Silva e colaboradores analisaram a idade de introdução de alimentos
ultraprocessados na alimentação de pré-escolares em uma região de maior vulnerabilidade
da capital de Alagoas e sugerem que o acesso a serviços de saúde (consultas pré-natal)
tem papel importante no retardo da introdução de alimentos ultraprocessados, o que pode
294
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
estar diretamente relacionado com o aumento da duração do aleitamento materno exclusivo
(LONGO-SILVA et al., 2017).
Dentro dos indicadores de vulnerabilidades programáticas, o número elevado de inter-
nações e idas à emergência foram associados negativamente com a prevalência de aleita-
mento materno exclusivo em tempo adequado, o que pode indicar que o ambiente hospitalar
apresenta riscos a esta prática. Estudo descritivo que utilizou dados secundários oriundos
da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2006/7 encontrou elevada frequência de
consumo de outros leites que não o materno em idades muito precoces, sendo o leite de
vaca o alimento consumido em maior frequência em substituição ao leite materno e/ou usado
de forma simultânea (BORTOLINI et al., 2013). Jesus e colaboradores demonstraram que
a capacitação adequada de profissionais de saúde que atuam na assistência a gestantes,
mães e bebês em hospitais encontrou associação direta significativa com o conhecimento, as
habilidades e as práticas profissionais em aleitamento materno, fundamentais na assistência
dessa população (JESUS et al., 2017). Estudo recente realizado por Dodou e colaborado-
res, demonstra a necessidade de reorientar as práticas educativas desenvolvidas junto às
puérperas a fim de poderem contemplar todas as necessidades das mulheres nesse período
da vida, com ênfase não somente nos aspectos biológicos, mas também nos psicológicos
e socioculturais que permeiam a vivência desse período (DODOU et al., 2017).
Os componentes da vulnerabilidade individual são fundamentalmente, de ordem cog-
nitiva (quantidade e qualidade de informação de que os indivíduos dispõem e capacida-
de de elaborá-la) e de ordem comportamental (capacidade, habilidade e interesse para
transformar essas preocupações em atitudes e ações protegidas e protetoras) e sociais
(acesso a recursos e capacidade de adotar comportamentos de proteção) (OVIEDO et al.,
2015). Os resultados desse estudo mostraram elevada prevalência dessa vulnerabilidade,
principalmente baixa renda e número elevado de habitantes na mesma moradia, o que
pode explicar ausência de associação estatística entre a presença dessa vulnerabilidade
e práticas alimentes dentro dessa população. Porém, após analisar os indicadores das
vulnerabilidades individuais, foi encontrada associação negativa entre tabagismo e/ou uso
de outras drogas com a prática de aleitamento materno exclusivo em tempo adequado,
resultado que corrobora com trabalho realizado por Dallazen e colaboradores, no qual mu-
lheres tabagistas tinham maior risco de interromper precocemente o aleitamento materno
exclusivo.21 Em um estudo realizado entre mães de lactentes menores de seis meses, foram
encontradas prevalências de 19,2% tabagistas ativas, 28,2% tabagistas passivas e 16,8%
tabagistas ativas e passivas (DALLAZEN et al., 2017). Quanto aos malefícios do tabagismo
na lactação, sugere-se que a nicotina possui efeito inibitório sobre a liberação de prolactina,
além disso, filhos de mães fumantes demoram mais tempo para sugar após o nascimento
295
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
e exercem menor pressão de sucção, o que também pode influenciar a resposta endócrina
e a produção láctea (MELLO et al., 2001).
O conceito de vulnerabilidade foi apresentado como alternativa ao conceito de “risco”,
que possui caráter individualizante e probabilístico, muito utilizado em estudos epidemioló-
gicos. Sendo assim, a vulnerabilidade é apontada como um conjunto de aspectos que vão
além do individual, abrangendo aspectos coletivos. Esse modelo que interliga os aspectos
individuais, sociais e programáticos reconhece a determinação social da doença e se coloca
como um convite para renovar as práticas de saúde, como práticas sociais e históricas, en-
volvendo diferentes setores da sociedade (MUNÕZ-SÁNCHEZ et al., 2007). Como destacado
anteriormente, a população estudada apresentou alto número de vulnerabilidades principal-
mente no âmbito familiar e o conhecimento da estrutura interna e externa das famílias são
aspectos importantes que podem ampliar a compreensão familial, tanto em estudos com
indivíduos quanto com famílias (NASCIMENTO et al., 2014).
Vale ressaltar que este trabalho teve como ponto forte o pioneirismo em utilizar esse
modelo conceitual apresentado para analisar as práticas alimentares de uma população
altamente vulnerável principalmente no componente individual e programático, buscando
compreender quais indicadores implicam mais nos hábitos. Destaca-se também que esse
trabalho utilizou dados preliminares, visto que nossa amostra ainda não está completa, sendo
limitação do nosso estudo.
Conclui-se, portanto, que a população estudada apresenta elevada prevalência de
vulnerabilidade, principalmente no âmbito familiar, e que apresenta práticas alimentares
inadequadas, sendo essencial o acesso à rede de serviços de saúde com profissionais pre-
parados para atuar e entender o contexto no qual a criança está inserida, com o objetivo de
atingir práticas alimentares mais saudáveis e apropriadas para faixa etária.

REFERÊNCIAS
1. AYRES J. R. et al. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas
e desafios. In: Czeresnia D, Freitas CM, editors. Promoção da saúde: conceitos, reflexões,
tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 117-39.

2. BALDISSERA R.; ISSLER R. M.; GIUGLIANI E. R. Efetividade da Estratégia Nacional para


Alimentação Complementar Saudável na melhoria da alimentação complementar de lactentes
em um município do Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública. V. 32, n. 9, e00101315, 2016.

3. BERTOLOZZI M. R. et al. Os conceitos de vulnerabilidade e adesão na Saúde Coletiva. Rev.


esc. enferm. USP, v. 43, p. 1326-1330, 2009.

4. BORTOLINI G. A. et al. Early cow’s milk consumption among Brazilian children: results of a
national survey. J. Pediatr. (Rio J.). v. 89, n. 6, p. 608-613, 2013.
296
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
5. _____. Iniquidades sociais influenciam a qualidade e a diversidade da dieta de crianças bra-
sileiras de 6 a 36 meses. Cad. Saúde Pública, v. 31, n. 11, p. 2413-2424, 2015.

6. BRASIL. Presidência da República. Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as


diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Diário Oficial da União; 1996.

7. _____. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saú-


de, Ministério da Saúde. II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais
Brasileiras e Distrito Federal. Brasília: Editora MS; 2009. (Série C. Projetos, Programas e
Relatórios).

8. _____. Ministério da Saúde. Orientações para coleta e análise de dados antropométricos


em serviços de saúde: norma técnica do sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
- SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. (Série G. Estatística e Informação em Saúde).

9. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Pro-


moção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos – Brasília:
Ministério da Saúde, 2019. 265 p.

10. DALLAZEN C.; VITOLO M.R. Excessive maternal weight and practice of exclusive breastfeeding
among women of low socioeconomic status. Rev. Nutr. v. 30, n. 1, p. 69-77, 2017.

11. DE OLIVEIRA L. N. et al. Vulnerabilities of children admitted to a pediatric inpatient care unit.
Revista Paulista de Pediatria, v. 32, n. 4, p. 367-373, 2014.

12. DEL CIAMPO L. A. et al. Prevalência de tabagismo e consumo de bebida alcoólica em mães de
lactentes menores de seis meses de idade. Rev. paul. pediatr. 2009; v. 27, n. 4, p. 361-365.

13. DODOU H. D. et al. A prática educativa realizada pela enfermagem no puerpério: representa-
ções sociais de puérperas. Rev. Bras. Enferm., v. 70, n. 6, p. 1250-1258, 2017.

14. JESUS P. C.; OLIVEIRA M. I.; MORAES J. R. Capacitação de profissionais de saúde em alei-
tamento materno e sua associação com conhecimentos, habilidades e práticas. Ciênc. saúde
coletiva, v. 22, n. 1, p. 311-320, 2017.

15. LONGO-SILVA G. et al. Idade de introdução de alimentos ultraprocessados entre pré-escolares


frequentadores de centros de educação infantil. J. Pediatr. (Rio J.), v. 93, n. 5, p. 508-516,
2017.

16. LUTTER C. K. et al. Key principles to improve programmes and interventions in complementary
feeding. Matern Child Nutr, v. 9, p. 101–115, 2013.

17. MELLO P. R.; PINTO G. R.; BOTELHO C. Influência do tabagismo na fertilidade, gestação e
lactação. J. Pediatr. (Rio J.), v. 77, n. 4, p. 257-264, 2001.

18. MUÑOZ-SÁNCHEZ A. I.; BERTOLOZZI M.R. Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a


construção do conhecimento em Saúde Coletiva?. Ciênc. saúde coletiva, v. 12, n. 2, p. 319-
324, 2007.

19. NASCIMENTO L. C. et al. Genograma e ecomapa: contribuições da enfermagem brasileira.


Texto Contexto Enferm, Florianópolis, Jan-Mar; v. 23, n. 1, p. 211-20, 2014.

20. OLIVEIRA J. M. et al. Avaliação da alimentação complementar nos dois primeiros anos de vida:
proposta de indicadores e de instrumento. Cad. Saúde Pública, v. 31, n. 2, p. 377-394, 2015.

297
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
21. OVIEDO R. A.; CZERESNIA D. O conceito de vulnerabilidade e seu caráter biossocial. Inter-
face (Botucatu), v. 19, n. 53, p. 237-250, 2015.

22. POBLACION A.P. et al. Insegurança alimentar em domicílios brasileiros com crianças menores
de cinco anos. Cad. Saúde Pública, v. 30, n. 5, p. 1067-1078, 2014.

23. VICTORA C. G. et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong
effect. The Lancet, v. 387, n. 10017, p. 475–490, 2016.

24. VITOLO M. R.; LOUZADA M. L.; RAUBER F. Atualização sobre alimentação da criança para
profissionais de saúde: estudo de campo randomizado por conglomerados. Rev. bras. epide-
miol., v. 17, n. 4, p. 873-886, 2014.

25. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guiding principles for complementary feedind of the
breastfed child. Geneva: World Health Organization; 2001.

298
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
23
Um relato de experiência sobre o
“corredor do cuidado” com pacientes
assistidos em um centro de atenção
psicossocial ll

Emanuely Oliveira Vitorio Glailson França de Souza


UFPA UFPA

Marissol Miranda Alves Reis Eduarda de Oliveira Vitorio


FAMETRO
UFPA
Leilane Ribeiro de Souza
Pedro da Silva Gemaque IESPES
UFPA

Lívia de Aguiar Valentim


Marcos Antônio de Araújo Costa Filho UEPA
UFPA

Cláudia Ribeiro de Souza


Yuri Vasconcelos Andrade UFPA
UFPA

10.37885/210705558
RESUMO

O trabalho objetiva relatar a experiência de acadêmicos do curso de medicina da


Universidade Federal do Pará, durante uma atividade prática do eixo Prática de Integração,
Ensino, Serviço e Comunidade, com pacientes assistidos no CAPS II do município de
Altamira, Pará, no ano de 2019. Desenvolveu-se uma terapia em grupo chamada o
“Corredor do cuidado”, com 30 pacientes. A atividade, conduzida pela enfermeira pre-
ceptora e pelos acadêmicos de medicina, consiste em formar um túnel humano, em que
cada paciente adentra de olhos fechados, recebendo manifestações físicas de afeto dos
outros pacientes, enquanto toca uma música de meditação. Ao final do corredor cada
pessoa é recebida com um abraço pelo último componente do túnel, que dará sequên-
cia a dinâmica. Observou-se grande aceitação da vivência do “Corredor do cuidado”
pelos usuários do CAPS II, apesar de inicialmente algumas pessoas estarem contidas
e manifestando atitudes como medo e desconfiança. Logo a interação tornou-se mais
homogênea e a maioria dos participantes se doaram à dinâmica, liberando com isso sen-
timentos e demonstrações de gratidão à equipe acadêmica e de saúde por proporcionar
um momento em que puderam se sentir vivos e amados. A terapia em grupo mostrou-se
como essencial para a evolução do tratamento dos pacientes, permitindo que esses
fossem protagonistas no processo do cuidado. Além disso, contribuiu para a formação
acadêmica, uma vez que estimulou o trabalho em equipe, ampliou a visão dos acadêmi-
cos acerca da assistência dentro da saúde mental, e fortaleceu os elos existentes entre
a universidade e a comunidade.

Palavras-chave: Saúde Mental, Terapia em Grupo, Centro de Atenção Psicossocial.

300
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
INTRODUÇÃO

Na década de 1980, a Reforma Psiquiátrica no Brasil conquistou diversos direitos, e


implantou mudanças teórico-conceituais e práticas no cuidado à população com sofrimento
psíquico anteriormente tratada pelo modelo clássico (hospitalocêntrico) cuja atenção era
centrada na doença e no isolamento social dos indivíduos por meio de internações hospi-
talares. O sistema de saúde brasileiro consolidou algumas propostas da reforma por meio
do Plano Nacional de Saúde mental cuja diretriz propõe aos pacientes um cuidado zeloso,
visando à reinserção social e o envolvimento da família e da comunidade. Dessa forma,
a atenção psicossocial atual, olha para o indivíduo como um todo, de modo que as ações
terapêuticas visam não só o tratamento medicamentoso para redução dos sintomas, mas
também atividades interativas em grupo envolvendo a saúde física e mental com a esfera
social (FIDELIS, 2018).
Após as mudanças provocadas pela reforma psiquiátrica no âmbito social, político e
cultural, a Portaria Ministerial nº 3388/2011 arquitetou a assistência à saúde mental em mo-
delo de redes de atenção à saúde (RAS). O propósito dessas redes engloba a promoção do
cuidado integral e continuado com base comunitária, atuando por meio de serviços de saúde
organizados que interagem entre si. Neste contexto, surge a Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS) a qual é composta por 7 segmentos assistencialistas, sendo um deles o Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS) (LIMA; GUIMARÃES, 2019).
O CAPS funciona como um centro de atendimento comunitário multidisciplinar aos pa-
cientes com transtornos psíquicos, usuários de álcool e drogas, além de casos infanto-juvenis.
Organiza-se em diferentes modalidades (CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS AD - Álcool e
Droga, CAPSi - infantil) de acordo com a complexidade, o tipo de usuário e o contingente
populacional de cada município (BARBOSA et al., 2020). Dentre as atividades realizadas
nesses centros, destacam-se a Práticas Integrativas Complementares (PICS) compostas por
um leque amplo de técnicas que ampliam o cuidado à saúde mental (OLIVEIRA; PONTE,
2019; PAPA; DALLEGRAVE; PEREIRA, 2016).
As PICS são ferramentas de assistência e cuidado ao paciente denominada pela
Organização Mundial da Saúde como Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa
cuja finalidade é a prevenção de agravos e a recuperação do bem-estar. Para isso, amplas
estratégias são utilizadas, entre elas, a escuta acolhedora, o vínculo terapêutico, a integra-
ção com o meio ambiente e com a sociedade, além de um olhar amplo sobre o processo de
adoecimento e a promoção do autocuidado (BRASIL, 2018).
O Plano Nacional de Práticas Integrativas Complementares (PNPIC) institucionalizou
e regulamentou as PICS no Sistema Único de Saúde (SUS) inicialmente com cinco práticas
como acupuntura, medicina antroposófica, homeopatia, plantas medicinais e águas termais/
301
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
minerais. Com a ampliação das práticas em 2017 e 2018, o SUS contém 29 PICS dentre as
quais se encontram a arteterapia, naturopatia, reiki, shantala, yoga, aromaterapia, musico-
terapia e terapia comunitária integrativa (TESSER; SOUSA; NASCIMENTO, 2018).
Nos Centros de Atenção Psicossociais é recorrente o uso de práticas convencionais
voltadas para a fisiopatologia da doença com uso da terapia medicamentosa para solucio-
nar problemas psicóticos, depressivos e maníacos. No entanto, a inserção no CAPS das
diferentes PICS permite um novo olhar sobre o indivíduo considerando o seu âmbito mental,
emocional, físico, espiritual e social. Nesse sentido, estas práticas favorecem a percepção da
pessoa como um todo, reduzindo a ansiedade, as angústias e os medos, promovendo o auto-
conhecimento e o fortalecimento da independência (PAPA; DALLEGRAVE; PEREIRA, 2016).
Dentre as práticas realizadas nos CAPS, destacam-se como uma das terapias em
grupo o “Corredor do Cuidado” que permite aos participantes acolherem e cuidarem uns
dos outros como gostariam de serem tratados. Esta terapia pode englobar outras práticas
como a musicoterapia, aromaterapia e a massoterapia que proporcionam aos participantes
diferentes estímulos sensoriais (BEZERRA et al., 2019). Durante a terapia é formado um
túnel de pessoas que interagem com quem está passando pelo corredor de olhos fechados
por meio de toques e palavras de incentivo. Com isso, o corredor demonstra a relevância da
amorosidade, da confiança, e do respeito entre o grupo, no qual todos os agentes amparam
e cuidam ao mesmo tempo em que são acolhidos (HECK, 2016).
O município de Altamira, localizado no estado do Pará, Brasil, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), apresenta 99.075 habitantes, e está assistido
por um CAPSi e um CAPS II. Este último atende em média 4.000 mil usuários, incluindo pa-
cientes com diagnósticos associados ao uso de álcool e drogas. Devido a grande demanda
e aos desfalques no quadro de profissionais, como a ausência de um psiquiatra na rede,
há limitações na assistência mental trazendo como consequência o desinteresse de alguns
usuários em interagir com os profissionais e com o grupo dificultando a interação médico-
-paciente, a aderência a terapia e a reabilitação psicossocial. Em vista disso, a utilização
das PICS dentro do CAPS II se mostrou como uma importante alternativa para minimizar
os dados advindos das limitações da rede.
Uma vez que a política de saúde mental visa à autonomia do indivíduo e a luta antima-
nicomial procura por ações garantidas pelo SUS que incentivem a capacidade de decisão
do usuário e a sua reinserção à sociedade (PAPA; DALLEGRAVE; PEREIRA, 2016), infe-
re-se, que é imprescindível que as PICS sejam ampliadas nos CAPS não só da cidade de
Altamira, mas de todos os estados brasileiros. Visando melhorar esse quadro, este trabalho
teve como objetivo relatar a experiência de acadêmicos do curso de graduação em medicina
da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante uma atividade prática do eixo Prática de
302
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
Integração, Ensino, Serviço e Comunidade, com pacientes assistidos no CAPS II do muni-
cípio de Altamira, Pará, no ano de 2019.

RELATO DA EXPERIÊNCIA

A atividade foi desenvolvida no ano de 2019, por acadêmicos do curso de medicina


da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira, Pará. Como metodologia, utili-
zou-se os cincos passos do Arco de Maguerez que de acordo com Santos (2020), consiste
inicialmente na observação da realidade, levantando as problemáticas que norteiam o pú-
blico selecionado, em seguida, a partir dessa observação, são eleitos os pontos chaves que
orientarão o próximo passo que é a teorização. Esta, por sua vez, envolve buscar saber o
porquê e como os usuários entendem e interagem com os objetos problematizados e aborda
também o que a literatura traz como subsídio para possíveis intervenções ante as problemá-
ticas identificadas. Na etapa seguinte, são pensadas soluções possíveis para curto, médio
e longo prazo, considerando os recursos disponíveis. O último passo do arco de Maguerez
trata-se da aplicação na realidade de uma intervenção que possa contribuir para minimizar
a situação identificada logo no início.
Assim sendo, os acadêmicos, juntamente com a preceptora, realizaram uma visita
técnica ao CAPS II de Altamira a fim de conhecer in loco a realidade dos usuários e dos
profissionais que atuavam com essa demanda de saúde mental. Durante a visita dialogou-se
com o coordenador, assistente social e psicóloga do setor, que mencionaram sobre os prin-
cipais diagnósticos assistidos, as atividades integrativas realizadas, as maiores dificuldades
em relação aos pacientes, dentre outros. Também, observou-se algumas das atividades que
estavam sendo realizadas no dia com os pacientes, entre elas, uma terapia em grupo, onde
todos os pacientes estavam reunidos em um salão, juntamente com um musicoterapeuta
que estava à frente da atividade. Os pacientes estavam interagindo por meio de danças,
cantos, e alguns realizavam alongamento. Notou-se, entretanto, muita dificuldade de alguns
pacientes em interagir, ou de mesmo demonstrar facialmente a percepção do que estava
acontecendo ao seu redor.
Frente a essas observações, levantou-se três pontos chaves ou questões norteadoras:
1- Quais as possíveis razões relacionadas a não interação de alguns pacientes durante as
atividades em grupo; 2 – Que ação poderia contribuir para um melhor envolvimento dos pa-
cientes entre si mesmos e para com a equipe de saúde; 3 – Como a universidade poderia
ajudar a equipe de saúde mental considerando a grande demanda existente.
Com os pontos chaves selecionados, realizou-se a etapa da teorização, em que os
acadêmicos estudaram sobre os principais diagnósticos assistidos no CAPS II em ques-
tão, e identificaram que a não interação de alguns pacientes nas atividades poderia estar
303
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
intimamente relacionada ao seu quadro de transtorno mental, a não aceitação de sua situa-
ção de doença, a resistência em confiar na equipe de saúde, e de se expressar na frente
de outros pacientes.
A partir disso, estabeleceu-se como hipótese de solução a curto prazo uma terapia em
grupo como o “corredor do cuidado”, para minimizar as dificuldades identificadas. Participaram
da atividade 30 pacientes, de diagnósticos variados, entre eles, depressão, transtorno bi-
polar, transtorno de humor e baixa autoestima, além de pessoas que já haviam tentado o
suicídio. A atividade foi conduzida pela enfermeira preceptora da UFPA e pelos acadêmicos
de medicina. Inicialmente, formou-se um grande círculo para a auto apresentação de cada
integrante, em seguida, fez-se o “corredor do cuidado”, o qual consiste em um túnel huma-
no, em que cada paciente adentra de olhos fechados, recebendo manifestações físicas de
afeto dos outros pacientes, enquanto toca uma música de meditação. Ao final do corredor
cada pessoa é recebida com um abraço pelo último componente do túnel, que dará se-
quência a dinâmica.
Durante esta prática integrativa, observou-se grande aceitação da vivência do “Corredor
do cuidado” pelos usuários do CAPS II, apesar de inicialmente algumas pessoas estarem
contidas e manifestando atitudes como medo e desconfiança, características de alguns
transtornos psíquicos. Logo a participação e interação se tornaram mais homogêneas e a
maioria dos participantes se doaram à dinâmica, recebendo e liberando manifestações de
afeto e cuidado, praticando a reciprocidade. Dessa forma, muitos sentimentos e emoções que
anteriormente estavam contidos e reprimidos, foram externalizados, e, ao final da atividade,
os pacientes demonstraram gratidão à equipe acadêmica e de saúde por proporcionar um
momento em que puderam se sentir vivos e amados. Tal experiência proporcionou não so-
mente melhora no quadro dos usuários, como também somou na formação acadêmica dos
discentes, provendo um imenso aprendizado acerca da relevância da utilização de práticas
complementares dentro da assistência prestada pelo CAPS II, executando-a sob uma ótica
humanizada e integral.

DISCUSSÃO

A aceitação da vivência do “Corredor do Cuidado” pelos usuários do CAPS II de Altamira,


demonstrou que tal dinâmica possui efeito positivo enquanto terapia em grupo. Castro et al.
(2017) em seu estudo realizado com usuários de um CAPS do município de Belém, Pará,
observou que para estes as atividades em grupo são de suma importância, uma vez que
proporcionam alívio da angústia, tristeza, fortalecimento de laços e da confiança. Além
disso, os usuários consideram o bom acolhimento da equipe multiprofissional como essen-
cial para sentirem-se à vontade e seguros. As vivências em grupo no CAPS podem trazer
304
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
novos significados às experiências cotidianas e possibilitar também ressignificação para o
adoecimento mental. Diante disso, tendo em vista a dinâmica do “Corredor do Cuidado” que
permite a aproximação, confiança e alívio de tais dores, notou-se que essa prática contribui
consideravelmente para melhora do sofrimento psíquico e da saúde mental dos pacientes.
O indivíduo acometido por patologias psíquicas, tende a se afastar do convívio e das
relações sociais por estas gerarem medo, desconfiança e insegurança. Esse sofrimento psí-
quico afeta a autonomia do indivíduo, de forma que este pode passar a aceitar passivamente
as condições impostas, tornando-se uma pessoa profundamente envolvida no próprio mundo,
provocando o isolamento e a não convivência social. Gomes e Martins (2015), afirmam que
a visão preconceituosa da sociedade em relação aos que passam por sofrimento mental,
faz com que essas pessoas também se reprimam e prefiram o enclausuramento. Frente a
isso, terapias em grupo como o “Corredor do Cuidado” são prioritariamente indicadas por
proporcionarem um efeito contrário as situações citadas acima, fortalecendo a ideia de que
as relações interpessoais são cruciais para o progresso no tratamento dos usuários.
Ademais, a dinâmica do “Corredor do Cuidado” promove a liberação de sentimentos
e emoções. Esse desarmamento de arestas, medos e angústias ao sentir as expressões
de humanidade e carinho dos participantes também foi observado no trabalho de Dantas
et al. (2020). Ao abordar essa prática, viu-se que a disposição dos indivíduos ao receber as
manifestações de afeto e cuidado oferecendo isso também ao próximo, reacendeu caracte-
rísticas inerentes ao ser humano como o afeto, a solidariedade e a empatia.
A abordagem humanizada que a dinâmica do “Corredor do Cuidado” requer, propor-
cionou um grande aprendizado para os acadêmicos, principalmente no que tange a empatia
diante do paciente que é essencial para gerar confiança e a partir disso, tornar possível a
contribuição do profissional para a recuperação da saúde mental desse indivíduo. De acordo
com Carnut (2017), o cuidado se dá por meio do zelo, da dedicação, da afeição, do ato de
se preocupar com o outro. Para isso, o ato de cuidar exige do profissional que deseja exer-
cê-lo ser ético frente às relações humanas, ser solidário e transmitir confiança. Todo cuidado
busca o alívio e o conforto, possibilitando a cura, o bem-estar e, até mesmo, um novo estilo
de vida, portanto, a experiência vivenciada pelos discentes contribuiu para o enriquecimento
da construção acadêmica de profissionais humanizados. Bezerra et al. (2019), reforça que
espaços colaborativos entre alunos e profissionais ajudam a compreender a saúde em todos
os seus sentidos e públicos, por meio da troca de experiência e conhecimento através da
adesão do teórico e prático, sendo, portanto, indispensáveis.

305
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Metodologia Problematizadora, decerto, faz com que o indivíduo tenha motivação


comportamental ativa para desenvolver determinada atitudes acolhedoras, pois não apenas
estimula o profissional de saúde, mas também o impulsiona a refletir sobre o seu ambiente
e os sujeitos que o compõem, respeitando a história de vida de cada pessoa, os valores, os
preceitos, bem como os conceitos e as suas experiências.
Nessa perspectiva, uma vez incorporada no contexto, essa Metodologia deu ao grupo
de acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) os subsídios neces-
sários para extrair, analisar, relacionar e confrontar a temática proposta pelo eixo Prática
de Integração, Ensino, Serviço e Comunidade com a realidade dos 30 pacientes assis-
tidos no CAPS II.
Desse modo, com essa averiguação minuciosa e abrangente foi possível criar um meio
de aproximação entre, não apenas, os profissionais e os acadêmicos com os pacientes, como
também entre os próprios pacientes. É importante ressaltar que cada indivíduo possui uma
visão de mundo muito peculiar. Essa diversidade dos pontos de vista foi fundamental para
construir algo que desse de superar situações, tais como a de não gostarem do contato físi-
co, de expressar seus sentimentos, de falar em público, e de confiar na equipe da unidade.
Nessa senda, a tecnologia em saúde do “Corredor do Cuidado”, proporcionou tanto aos
pacientes, quanto aos discentes momentos de grande emoção. Com essa ação “simplória”
– de se fazer o Corredor do Cuidado -, atingiu-se o afeto, a ternura, o carinho e o afago,
afastando a indelicadeza, a rudeza, o desprezo e o descarinho. E, conforme a evolução
da atividade, muitos pacientes choraram e, ainda melhor, realizaram a quebra de algumas
barreiras internas como a de se expressar em público ou de resistir a um contato físico.
O resultado, destarte, foi a gratidão dos pacientes, no tocante a preceptora, bem como
aos acadêmicos, ao passo que, para a profissional, juntamente com os discentes o maior
resultado alcançado foi ver a satisfação e a alegria em cada rosto das pessoas que parti-
ciparam dessa experiencia admirável e suntuosa, ou seja, monumental que, certamente,
acrescentou muito na evolução do tratamento dos pacientes, bem como no crescimento da
formação de cada discente.
Assim, recomenda-se que as instituições de ensino, com vistas a cumprir o terceiro
ponto chave deste trabalho, possam fazer parcerias com os centros de atenção psicossocial,
de modo a promover, conforme a disponibilidade, práticas integrativas e complementares
dentro desse setor de saúde a fim de somar ao trabalho prestado pelos profissionais, aplicar
atividades diferenciadas com o público em questão, e garantir um ensino aos discentes mais
completo e humanizado.

306
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
REFERÊNCIAS
1. BARBOSA, C. G. et al. Perfil epidemiológico dos usuários de um Centro de Atenção Psicos-
social. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), v.
16, n. 1, p. 1-8, 2020.

2. BRASIL. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Bá-


sica. Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS.
Brasília, 2018.

3. BEZERRA, M. I. C. et al. Corredor do cuidado: estratégia de acolher e cuidar trabalhadores e


trabalhadoras de uma instituição de ensino superior. In: Anais do 8º Congresso Brasileiro de
Ciências Sociais e Humanas em Saúde, 2019, João Pessoa. Anais eletrônicos. Campinas,
Galoá, 2019. Disponível em: <https://proceedings.science/8o-cbcshs/papers/corredor-do-cui-
dado--estrategia-de-acolher-e-cuidar-trabalhadores-e-trabalhadoras-de-uma-instituicao-de-en-
sino-superior> Acesso em: 26 jul. 2021.

4. CARNUT, L. Cuidado, integralidade e atenção primária: articulação essencial para refletir sobre
o setor saúde no Brasil. SAÚDE DEBATE. Rio de Janeiro, v. 41, n. 115, p. 1177-1186, out-dez
2017. DOI: 10.1590/0103-1104201711515.

5. CASTRO, GGA; SOUZA, P.L.M.M. et al . Sobre os significados das atividades grupais para
usuários de um centro de atenção psicossocial - CAPS. Rev. Interinst. Bras. Ter. Ocup. Rio
de Janeiro. 2017. v.1(3): 332-352. DOI: 10.47222/2526-3544.rbto4780.

6. DANTAS, M.A; SILVA, M.R.F; JÚNIOR, A.R.C. Aprendizagens com o corpo todo na (trans)
formação de educadores (as) populares do Curso Livre de Educação Popular em Saúde
(EdPopSUS). Interface (Botucatu). 2020; 24: e190205. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
Interface.190205. Acesso em jul/2021.

7. FIDELIS, A. C. Sentido do cuidado em saúde mental: sobre a rede de atenção psicossocial


do Sistema Único de Saúde (SUS). Trabalho, Educação e Saúde. v. 16, p. 561–582, 2018.

8. GOMES, G.B.M.; MARTINS, P.C.R. Reinserção psicossocial por meio de atendimento grupal
de pacientes depressivos do caps. Perspectivas em Psicologia. vol. 19, n. 1, p. 58-78, Jan/
Jun. 2015.

9. HECK, S. Corredores de Cuidado. SUL2021. Abr/2016. Disponível em: <https://sul21.com.br/


colunasselvino-heck/2016/04/corredores-de-cuidado/>. Acesso em: 25 jul. 2021.

10. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse do censo demo-


gráfico: 2010 / IBGE. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.
php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=249230>. Acesso em 27 jul. 2021.

11. LIMA, D. K. R. R.; GUIMARÃES, J. A Rede de Atenção Psicossocial sob o olhar da complexi-
dade: quem cuida da saúde mental?. Saúde em Debate, v. 43, p. 883–896, 2019.

12. OLIVEIRA, I. B. S.; PONTE, A. B. M. Práticas integrativas e complementares: experiências de


atenção psicossocial de Belém/Pará. Rev. NUFEN, Belém , v. 11, n. 3, p. 32-44, 2019.

13. PAPA, M. de A. B.; DALLEGRAVE, D.; PEREIRA, A. G. Práticas integrativas e complemen-


tares em Centros de Atenção Psicossocial como ampliação do cuidado em saúde. Saúde em
Redes, v. 2, n. 4, p. 409–417, 2016.

307
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
14. SANTOS, T.T. O Arco de Maguerez e a Aprendizagem Baseada em Projetos na Educação em
Saúde. Revista Educação Pública. v. 20, nº 7. Fev. 2020.

15. TESSER, C. D.; SOUSA, I. M. C. de; NASCIMENTO, M. C. do. Práticas Integrativas e Comple-
mentares na Atenção Primária à Saúde brasileira. Saúde em Debate, v. 42, p. 174–188, 2018.

308
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
SOBRE OS ORGANIZADORES

Patrício Francisco da Silva


Enfermeiro há mais de 07 anos, com expertise nas áreas de docência e de gestão. Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional
(UNITAU), Pós-graduado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (CENSUPEG), Educação Permanente em Saúde e Movimento
(UFRGS), Educação para a Saúde (FAT), Regulação em Saúde no SUS (SÍRIO LIBANÊS), Saúde Pública com Ênfase em Saúde da
Família (UNOPAR), Auditoria em Sistemas de Saúde (FACUMINAS). Tenho propósito de orientar pessoas a ampliarem sua autonomia
através da inteligência emocional, autoconhecimento e autoconfiança, que aplicadas no dia a dia levam a mudança de desempenho.
Atualmente ocupo os cargos de coordenação em um Centro de Atenção Psicossocial de Imperatriz-MA, sou Professor da Instituição
de Ensino INESPO Pós-Graduação, Preceptor de Estágios da Faculdade FACIMP e Preceptor de Estágios da Faculdade CEUMA.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3357867555443272

Larissa Carvalho de Sousa


Graduada em Serviço Social pelo Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão (2009), Especialista em Saúde Mental pelo Instituto Nordeste de
Educação Superior e Pós - Graduação (2010). Especialista em Metodologia do Ensino Superior, pelo Instituto Nordeste de Educação Superior (2016),
Especialista em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde, pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês- IEP, Especialização Conducente
ao Mestrado em Educação para Saúde, pelo Instituto Universitário Atlântico- IUA e Mestranda do Curso de Educação para Saúde pelo Instituto
Politécnico de Coimbra-Portugal. Atualmente é Assistente Social efetiva do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS III - Renascer, em Imperatriz -
MA, Centro de Referência da Assistência Social- CRAS de Araguatins -TO, integrante do Núcleo de Assistentes Sociais da Região Tocantina - NAS
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0506092166896565

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


ÍNDICE REMISSIVO

249, 251, 257, 261, 264, 265, 266, 267, 283, 284
A
Ensino: 41, 52, 143, 150, 226, 231, 276, 300,
Acidentes: 214 303, 306

Adolescente: 39, 269, 273 Envelhecimento: 39, 52, 269, 283

Aleitamento Materno: 293 Epidemiologia: 61, 74, 85, 95

Análise Espacial: 72, 73, 74 G


Autocuidado: 76, 78, 82, 83, 84, 122, 134 Gravidez: 238, 241, 248

B H
Bem Estar: 120 Hanseníase: 61, 62, 63, 72, 73, 74

C Histerectomia: 79, 87, 89

Câncer: 55, 59 Hospitais: 20, 23, 25, 29, 192, 204

Conglomerados: 61 I
Cuidados: 85, 87, 89, 92, 95, 96, 106, 108, 109, Idosos: 251, 267
124, 134, 162, 177, 203, 214, 243, 249, 267
Integralidade: 87
Cuidados de Enfermagem: 85, 214
M
D
Manejo: 92, 104
Diagnósticos: 79, 154, 157, 238, 240, 241, 242,
244, 245, 246 Medidas de Segurança: 16

E N
Educação: 12, 30, 35, 42, 52, 76, 92, 134, 135, Neuropatia: 166, 169
137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145,
146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 267, 307, 308 O
Educação em Saúde: 35, 76, 151 Operatório: 87

Educação Permanente: 12, 137, 150, 151, 152 P


Embolia Líquido Amniótico: 154 Processo de Enfermagem: 13, 82, 95, 101,
237, 247
Enfermagem: 12, 30, 32, 34, 37, 72, 73, 74, 77,
78, 79, 84, 85, 87, 88, 89, 91, 92, 95, 96, 98, Protocolos: 154, 224
99, 100, 102, 103, 104, 106, 108, 109, 115, 116,
117, 118, 121, 122, 133, 134, 135, 152, 153, 163, R
166, 177, 180, 185, 188, 189, 191, 200, 201, 202,
Representações Sociais: 13, 52, 53, 268, 283
203, 204, 207, 212, 224, 225, 226, 235, 238, 239,
240, 241, 242, 243, 244, 245, 246, 247, 248, S
310
Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado
ÍNDICE REMISSIVO

Saúde: 19, 25, 29, 30, 32, 33, 34, 37, 42, 44, 52,
53, 55, 56, 57, 58, 59, 63, 64, 72, 73, 74, 84, 85,
87, 89, 95, 96, 99, 100, 103, 104, 108, 116, 118,
121, 122, 133, 134, 138, 139, 140, 141, 142,
143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 151,
152, 175, 177, 180, 181, 184, 185, 186, 188,
189, 192, 197, 200, 201, 204, 205, 206, 207,
211, 212, 215, 216, 223, 224, 225, 226, 228,
230, 231, 234, 235, 240, 241, 247, 248, 249,
251, 252, 253, 254, 267, 272, 279, 283, 289,
295, 296, 297, 298, 300, 301, 307, 308

Saúde Mental: 200, 301

Segurança do Paciente: 226

Sepse: 106, 107, 108, 109, 110, 112, 115, 116,


117, 118

Síndrome Anafilactoide: 154

Síndrome de Burnout: 236

T
Terapia: 110, 116, 117, 118, 123, 129, 132, 157,
176, 200, 218, 219, 222, 233, 300

Triagem: 106, 108, 109

V
Vacinação: 138, 149

Vulnerabilidade: 286

Enfermagem: desafios e perspectivas para a integralidade do cuidado


VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS

editora

científica digital

Você também pode gostar