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Jaisa Klauss

Flávio Aparecido de Almeida


(Orgs.)

científica digital
1ª EDIÇÃO

científica digital

2023 - GUARUJÁ - SP
científica digital

EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA


Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.com.br - contato@editoracientifica.com.br

Diagramação e arte 2023 by Editora Científica Digital


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P974 Psicologia contemporânea: práticas e abordagens clínicas em pesquisa / Organizadores Jaisa Klauss, Flávio Aparecido de
Almeida. – Guarujá-SP: Científica Digital, 2023.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5360-420-9
DOI 10.37885/978-65-5360-420-9
1. Psicologia. I. Klauss, Jaisa (Organizadora). II. Almeida, Flávio Aparecido de (Organizador). III. Título.

2023
CDD 150
Índice para catálogo sistemático: I. Psicologia
Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166
Direção Editorial
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Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores,
estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões neste
APRESENTAÇÃO

espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações


de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas áreas do
conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de
abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais
nacionais e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a
formação continuada dos profissionais da educação, por meio da produção e socialização
de conhecimentos das diversas áreas do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o
desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de
instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de
ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.

Os Organizadores
SUMÁRIO
Capítulo 01

DESMISTIFICANDO A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL A PARTIR DA ANÁLISE DE SUA ESTRUTURA


DE SESSÃO
Lindemberg da Silva Maia; Thahyana Mara Valente Lima
' 10.37885/230312455................................................................................................................................................................................................. 10
Capítulo 02

GRUPOTERAPIA NO CONTEXTO HOSPITALAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


Mariluza Sott Bender; Suelen Machado de Freitas; Bárbara Suzanne Etges; Caroline Plates da Silva; Ariela Mazuim Pfeifer; Luana
Molz Rodrigues; Edna Linhares Garcia
' 10.37885/230513061................................................................................................................................................................................................. 23
Capítulo 03

O ESTADO DA ARTE DA PSICOLOGIA PERINATAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA


Sara Lima dos Santos; Rafaela de Almeida Schiavo
' 10.37885/230613427................................................................................................................................................................................................. 36
Capítulo 04

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DIANTE DA COVID-19: O FARMACÊUTICO NO COMBATE À PANDEMIA


Mirelly Dutra de Oliveira; Luiza Gobira Lacerda; Ronivaldo Ferreira Mendes; Viviane Amaral Toledo Coelho; Ednardo de Souza
Nascimento; Thomaz Coelho; Lívia Alves Rezende Lopes; Anna Lethicia de Oliveira Machado; Sandy Ribeiro Campos; Arthur
Botelho Benevides Cruz
' 10.37885/230613373................................................................................................................................................................................................. 51
Capítulo 05

PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PRÁTICA CLÍNICA


Camilla Casotti Poisk; Djonathan Felipe Ramos; Edina Amaral
' 10.37885/230713716.................................................................................................................................................................................................. 64
Capítulo 06

PSICOTERAPIA EMBALADA PELO CONTEXTO PSICOLÓGICO: INFLUÊNCIAS DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA


NA COMPOSIÇÃO MENTAL E NAS ESTRATÉGIAS PSICOTERAPÊUTICAS
Caio Cesar Piffero Gomes
' 10.37885/230412800................................................................................................................................................................................................ 76

SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................................................................. 93

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 94
01
DESMISTIFICANDO A TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL A PARTIR DA ANÁLISE DE
SUA ESTRUTURA DE SESSÃO

Lindemberg da Silva Maia


Centro Universitário UniJaguaribe

Thahyana Mara Valente Lima


Centro Universitário UniJaguaribe

'10.37885/230312455
RESUMO

O seguinte trabalho tem como objetivo geral analisar a estrutura de sessão da Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC) com propósito de desmistificar mitos relacionados à referida
terapia. A pesquisa seguiu a estrutura de um levantamento bibliográfico, do tipo qualitativo.
Foram utilizados livros e artigos nacionais disponíveis online em texto completo sobre a temá-
tica, acessadas nos indexadores Biblioteca Virtual em Saúde, Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas, SciELO e Pepsic publicados nos últimos 12 anos (2010 a 2022). Conclui-se que
a Terapia Cognitivo-Comportamental a partir da análise de sua estrutura de sessão é uma
abordagem com estrutura própria que funciona de modo colaborativo, com ênfase no pre-
sente e com duração padronizada, porém que leva em consideração as subjetividades de
cada paciente com base no pensamento realista, nas emoções de seus pacientes e numa
boa relação terapêutica se baseando no plano de tratamento de cada sujeito em específi-
co, desenvolvendo estratégias, avaliando queixas semanais e tem o plano de tratamento
adaptado de acordo com cada história de vida.

Palavras-chave: Terapia Cognitivo-Comportamental, Mitos, Análise, Sessão, Subjetividade.


INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitiva Comportamental surgiu nos anos 60 através do psiquiatra Aaron


Beck que trouxe grandes transformações, na época, nos domínios de conhecimentos psiquiá-
trico e psicológico. Beck, iniciou seus atendimentos clínicos como psicanalista, mas logo aban-
donaria essa lente teórica para dedica-se aos estudos da Terapia Cognitiva. (BECK, 2022).
Segundo Araújo & Costa (2021) Beck começou a realizar suas pesquisas com seus
pacientes deprimidos e no decorrer dessas pesquisas observou que os referidos pacientes
tinham aspectos negativos em sua cognição, ou seja, eles tinham uma visão distorcida dentro
de três áreas da vida: sobre si mesmo, em relação ao mundo e sobre o futuro. (ARAÚJO
& COSTA, 2021).
Nessa perspectiva, Beck concluiu que o pensamento negativo distorcido alterava o
humor e consequentemente alterava o comportamento, para esse fato, deu-se então o nome
de pensamentos automáticos, que são resultantes da forma que o indivíduo interpreta as
situações de seu dia a dia. (ARAÚJO & COSTA, 2021). Isto é, o que fica registrado como
importante para a pessoa não é exatamente o que está acontecendo, mas a visão que o
indivíduo tem sobre o acontecimento.
De acordo com Rangé (2011), o modelo cognitivo pode ser exemplificado da seguinte
forma: os indivíduos passam por situações, a partir das situações surgem os pensamentos
automáticos, na qual são repentinos e não temos controle sobre eles, os pensamentos
automáticos sendo na maioria das vezes pensamentos disfuncionais, causam um dos três
tipos de reações: respostas fisiológicas, emocionais ou comportamentais. Sendo assim, o
modo como as pessoas interpretam esses eventos/situações estão relacionados como eles
sentem-se e comportam-se. (RANGÉ, 2011).

Pensamentos automáticos são cognições repentinas e espontâneas, na maioria


das vezes repetitivas que perpassa pelo cognitivo durante as situações do dia
a dia provocando diferentes tipos de emoções por não serem questionadas
se são verdade ou não. (RANGÉ, 2011). Os P.A. são pensamentos que apa-
recem na cabeça de modo repentino, de modo rápido e involuntário em forma
de frases ou imagens e por serem rápidos muitas vezes não são percebidos.

Pensamentos automáticos são movimentações de pensamentos intrínsecos adjacente


a pensamentos manifestos. Esses pensamentos não são exclusivos a pessoas depressivas
e/ou angustiadas; pois todos nós experimentamos esses tipos de pensamentos. Esses pen-
samentos não estão sempre no nível de consciência, todavia, com treinamento adequado é
possível identifica-lo de forma mais corrente. (Beck, 1964 apud Judith Beck, 2007).
Beck (2017), afirma que as crenças centrais determinam e influenciam os pensamentos
automáticos, estes que estão em um grau mais superficial da cognição. As crenças centrais

Psicologia Contemporânea: práticas e abordagens clínicas em pesquisa - ISBN 978-65-5360-420-9 - Vol. X - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
12
são conhecimentos gerais, cristalizados e enraizados sobre si, em relação as pessoas e o
mundo. Começam a se desenvolver na infância, a partir das primeiras experiências aprendi-
das e se constroem ao longo da vida, influenciando na interpretação dos eventos/situações e
o modo de ser de cada um. (KNAAP, 2009; RANGÉ 2011; BECK 2017). De forma análoga, as
crenças centrais seria a raiz interna e os pensamentos automáticos a raiz vista na superfície.
As crenças centrais podem ser divididas entre crenças de desamparo, crenças de
desamor e crenças de desvalor. Crenças de desamparo estão relacionadas ao sentimento
de impotência dos indivíduos, ou seja, pessoas que se auto denominam frágeis, carentes e
vulneráveis nas diversas situações vivenciadas. Desamor, são as crenças das pessoas que
não sentem-se amadas ou queridas pelas outras pessoas, como por exemplo, pessoas que
não conseguem receber elogios, sem diminuir-se e supervalorizando seus próprios defeitos
e crenças de desvalor que estão relacionadas a ausência de valores morais, o indivíduo não
sente-se capaz ou competente para a realização de algo, suas experiências são sempre
frustrantes. (BECK, 2017).
Os esquemas são configurações cognitivas. A prática clínica da TCC tem como um
dos objetivos compreender os esquemas do paciente e como tal esquema se formou ao
longo do desenvolvimento vital de cada sujeito. (OLIVEIRA, 2016). Para identificar os es-
quemas é necessário um conhecimento aprofundado acerca dos pensamentos automáticos
como também das crenças centrais, pois sabe-se que essas compreensões e interpretações
particulares influenciam nas escolhas e nos modos atitudinal e pensante de cada pessoa.
(HELDT et al. 2013 apud OLIVEIRA, 2016).

As configurações cognitivas ou esquemas constituem o bojo central para os


sujeitos codificarem, extraírem e diferenciarem suas motivações vivenciais
para que possam avaliarem suas experiências. As respostas interpretativas
para essas vivências pessoais devem ser adaptativas, pois os esquemas estão
relacionados a categorias fisiológicas, motivacionais e afetivas. (Beck & Haigh,
2014 apud Bueno & Conceição, 2020).

De forma geral a TCC valoriza as demandas e queixas expostas e vivenciadas no mo-


mento de vida presente de seus pacientes, isto é, auxilia o paciente na construção de novos
esquemas adaptativos fazendo a correção cognitiva, que seria desenvolver respostas mais
funcionais perante situações adversas. (ALVES, 2017). Terapeuta e cliente trabalham de
forma colaborativa e planejada construindo dispositivos ativos executáveis para resolverem
e/ou enfrentarem os problemas que surgirem.
O principal objetivo da referida terapia é diminuir o sofrimento de seus pacientes a partir
de estratégias claras e realistas, que ao longo do tratamento conseguem corrigir processos
cognitivos e comportamentais, ou seja, pequenas metas elencadas dia após dia para o en-
frentamento real das queixas pessoais. (SILVA, 2019 apud OLIVEIRA, 2016).

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Destarte, o presente trabalho justifica-se pela importância da temática, uma vez que
existem inúmeras ideias errôneas acerca da Terapia Cognitivo-Comportamental, tais como:
devido ter um foco no presente, acreditam-se que TCC ignora o passado, sendo muitas
vezes rígida (Soares Et al, 2020). Ou então, o principal objetivo da TCC é desenvolver o
pensamento positivo, apenas pessoas escolarizadas podem ser atendidas pela TCC, é
superficial e só dá ênfase no sintoma, ignora as emoções, como cita (Knapp, 2004) em seu
texto, entre outros mitos.
Ademais, esse artigo também busca analisar a estrutura de sessão da Terapia Cognitivo-
Comportamental exemplificando na prática as inverdades sobre a referida abordagem. Pois
sabe-se que a TCC embora uma abordagem ativa e diretiva é atualmente uma das principais
ciências psicológicas com resultados rápidos baseados em evidências.

METODOLOGIA

A pesquisa seguiu a estrutura de um estudo investigativo e exploratório, por meio de um


levantamento bibliográfico, do tipo qualitativo, a partir de materiais constituídos por artigos
científicos, livros e revistas publicados no período de 2004 a 2022. Os textos são baseados
na lente teórica das terapias cognitivas, fundada por Aaron Beck.
Faz-se necessário conceituar alguns métodos utilizados nessa etapa. Segundo Lima
(2007) a pesquisa bibliográfica é um processo baseado em um método científico que postula
hipóteses e intepretações para o desenvolvimento de outras pesquisas, como por exemplo,
temas com pouco acervo podem colaborarem e estimularem a busca por novos conheci-
mentos e progresso cientifico em diversas áreas.
Para que seja possível realizar uma pesquisa de forma padronizada é necessário a
utilização de termos específicos, que são os descritores. Brandau (2005) afirma que “pala-
vras-chaves são estruturas e categorias organizadas com objetivo de facilitar a busca de
uma pesquisa são denominados descritores. (BRANDAU et al., 2005, p. 08).
Desse modo, as pesquisas documentais e a escrita do artigo foram realizadas no pe-
ríodo de janeiro a maio de 2022. Os descritores pesquisados para a construção do trabalho
foram: “Terapia Cognitivo-Comportamental e subjetividade”, “mitos da TCC” e “Estrutura
de Sessão da TCC”. As plataformas bases para a pesquisa de artigos científicos foram os
indexadores Biblioteca Virtual em Saúde, Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, SciELO
e Pepsic publicados nos últimos 12 anos (2010 a 2022). Para a construção do artigo foram
selecionados e lidos 12 artigos. Como critério de inclusão, foram selecionados documentos
escritos na língua portuguesa que estão de acordo com o tema proposto, e para critério
de exclusão os textos que não contemplavam o objeto da pesquisa, desta forma foram

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selecionados seis artigos e oito livros que contemplam a lente teórica de Aaron Beck e seus
estudos da Terapia Cognitivo-Comportamental.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No Quadro 1 apresenta-se os textos utilizados na pesquisa de revisão bibliográfica,


seus autores e respectivos anos de publicação. Oito deles são livros, onde são trazidos
os conceitos principais da Terapia Cognitivo-Comportamental, a serem revisados para a
escrita do trabalho onde relata história da terapia cognitiva, conceituação cognitiva, estru-
tura, técnicas, etc.
Os outros textos são seis artigos de revistas da área da terapia cognitiva onde abordam
a efetividade da terapia cognitivo-comportamental explicando de forma sucinta aspectos de
sua estrutura de sessão (Araújo & Costa, 2021), outro relata sobre pensamentos errôneos e/
ou equivocados dos estudantes de Psicologia em relação a TCC (Soares Et al, 2020), O vín-
culo terapêutico da TC (Terapia Cognitiva) levando em consideração a subjetividade de seus
pacientes (Alves, 2017), um estudo de caso que cita alguns concepções equivocadas em
relação a TCC (Barreto e Tobias, 2014), além do texto que pode ser considerado um supor-
te de apoio para a primeira entrevista em psicoterapia cognitivo-comportamental (Murta e
Rocha, 2014) e uma proposta de sistematização a partir da prática clínica e da formação de
terapeutas cognitivo-comportamentais (Cavenage e Neufeld, 2010) que também colabora
quanto a análise da estrutura de sessão da referida abordagem.
O texto de Knapp (2004) foi o texto base para exemplificar os principais conceitos er-
rôneos em relação a Terapia Cognitivo-Comportamental para cumprir o objetivo do trabalho
que seria desmistificar concepções equivocadas sobre a referida abordagem relacionando
e analisando com itens de sua estrutura de sessão. Já os textos utilizados para explicar
a estrutura de sessão foram extraídos dos livros do próprio criado da Terapia Cognitivo-
Comportamental Aaron T. Beck e de sua filha Judith S. Beck.

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Quadro 1. Textos utilizados na pesquisa.

ARTIGOS/LIVROS AUTORES ANO DE PUBLICAÇÃO


Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática Judith S. Beck 2022
Efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental
on-line no cenário de pandemia da COVID-19: Uma Danilo de Freitas Araújo / Elenkadja Lopes Costa 2021
revisão sistemática.
101 Técnicas da terapia cognitivo-comportamental Gabriela Bueno / Jaquelini Conceição 2020
Terapia Cognitivo Comportamental: O que Pensam
Soares Et al. 2020
os Estudantes de Psicologia?.
O vínculo terapêutico nas terapias cognitivas Diana Lopes Alves 2017
Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade Aaron T. Beck 2017
Terapia cognitiva processual: manual para clínicos Irismar Reis Oliveira 2016
A psicoterapia cognitivo-comportamental no treino
de habilidades sociais e dificuldade de relacionamen- Jorgiana Baú Mena Barreto / Pricila Tobias 2014
to interpessoal: um estudo de caso.
Instrumento de apoio para a primeira entrevista em
Sheila Giardini Murta / Sheila Giovana Morais Rocha 2014
psicoterapia cognitivo-comportamental
Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diá-
Bernard Rangé Et al 2011
logo com a psiquiatria
Conceitualização cognitiva de caso: Uma proposta
de sistematização a partir da prática clínica e da for- Carla Cristina Cavenage / Carmem Beatriz Neufeld 2010
mação de terapeutas cognitivo-comportamentais
Terapia cognitiva: teoria e prática Judith S. Beck 2007
A prática clínica de terapia cognitiva com crianças
Robert D. Friedberg 2007
e adolescentes
Princípios Fundamentais da Terapia Cognitiva Paulo Knapp 2004
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Desmistificando concepções equivocadas sobre a terapia cognitiva a partir da sua


estrutura de sessão

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem da Psicologia que com-


bina conhecimentos do Behaviorismo com as demais teorias cognitivas. Segundo essa teoria
cada ser humano interpreta seus acontecimentos de vida baseados em seus pensamentos
e crenças internalizados.
Segundo Barreto & Tobias (2014), a Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abor-
dagem direta, com estruturada própria e colaborativa, focada nas situações vivenciadas no
presente e com um limite de tempo, como parâmetro. As principais intervenções da referida
abordagem é o processo de conceitualização cognitiva, que investiga como cada paciente
funciona e na ajuda mútua entre paciente e terapeuta quais os procedimentos, estratégias
e metas podem ser executadas durante o tratamento. (BARRETO & TOBIAS, 2014).
Por ser uma abordagem sugestivamente específica, objetiva e diretiva, a TCC é descrita
como uma abordagem que pode tratar diversos transtornos mentais, como a ansiedade e a
depressão por exemplo, e por ser comprovadamente eficiente, a referida terapia é cercada
de estigmas e concepções errôneas em relação a sua estrutura de tratamento.
Segundo Knapp (2004, pág: 37) um dos mitos em relação a Terapia Cognitiva é que
esta valoriza o pensamento positivo. Na verdade a TCC é baseada no pensamento real

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(Beck et al., 1979 apud Beck 2007). Embora o otimismo seja necessário, um olhar real é
imprescindível perante as situações da vida. Um pensamento de que tudo irá dá certo, não
contribui com uma resposta mais funcional perante os problemas reais da vida. O objetivo
da TCC seria atenuar e/ou corrigir os pensamentos disfuncionais e não a supervalorização
do pensamento positivo, pois corrigindo esses pensamentos estariam promovendo de forma
mais adaptativa o manejo do paciente com seus percalços diários. (KNAPP, 2004).
Outro mito seria de que os pensamentos distorcidos negativos causam a psicopato-
logia. (KNAPP, 2004). Murta & Rocha (2014) citam que a psicopatologia não é causada
somente por conta dos pensamentos negativos distorcidos, mas por várias questões bio-
químicas, situações de vida e relacionais, interagindo mutuamente e causando a psicopa-
tologia. Na avaliação inicial da primeira sessão por exemplo, são feitos questionamentos: o
que traz o paciente à terapia? O terapeuta explica sua teoria de como trabalha e já investiga
o funcionamento do paciente, lidando com suas expectativas e realizando a anamnese das
áreas da vida: como cada área influencia no seu transtorno? Como seu transtorno influencia
cada área da vida? Há algo que poderia ser diferente em cada uma dessas áreaa?. Dessa
forma é assertivo afirmar que a psicopatologia não é só causada por pensamentos negativos
distorcidos, mas por uma série de fatores relacionais. (MURTA & ROCHA, 2014).
Knapp (2004) aborda mais duas concepções errôneas em relação a TCC, sendo elas:
a terapia cognitiva funciona de forma simplista e utiliza-se unicamente do senso comum e a
TCC “convence” as pessoas a esquecerem seus problemas. É coerente citar que o senso
comum pode e deve ser utilizado durante às sessões, porém é válido ressaltar que o traba-
lho com o ser humano em sua complexidade torna-se um trabalho investigativo que busca
decifrar as interações cognitivas, afetivas e comportamentais do paciente. (CAVENAGE &
NEUFELD, 2010).
Pois, como também afirma Oliveira (2016) as metas de tratamento devem ser especí-
ficas e realistas, todavia, durante o plano de tratamento devem ser levadas em considera-
ção: dificuldades e metas, priorizações, possíveis estratégias a serem realizadas, etc. Além
de que durante as sessões de tratamento, como afirma Araújo & Costa (2021) também é
extremamente necessário: estudo do plano de tratamento de cada sujeito em específico,
desenvolver estratégias, avaliar queixas semanais, realizar restruturação cognitiva, resolver
problemas e sempre que necessário adaptar o plano de tratamento. Situações e manejos
complexos que não poderia ser realizado com apenas conhecimento do senso comum.
(ARAÚJO & COSTA, 2021).
Quanto ao mito de que a TCC convence as pessoas a sairem dos seus problemas
(Knapp, 2004), vale ressaltar que a referida abordagem aplica estratégias que guiam seus
pacientes, e não somente tentar convencer a partir do debate entre paciente e terapeuta.

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Friedberg (2007) explica que para o terapeuta realizar a conceituação cognitiva são ne-
cessários montá-la condizente aos dados do paciente e usa como parâmetro para alterar
e aprimorar o plano de tratamento, isto é, o terapeuta orienta o paciente para que por si
próprio faça suas descobertas, ao perceber de modo crítico suas distorções, enfraquecendo
dessa forma suas resistências e treinando suas habilidades para no futuro analisar de modo
autônomo seus problemas. Ou seja, de forma geral, o paciente ao final do tratamento deve
ser seu próprio terapeuta. (FRIEDBERG, 2007).
A crença de que a TCC ignora as emoções é muito recorrente. Embora o fator cognitivo
seja primordial na TCC, o sucesso do tratamento terapêutico é verificado pela relação cor-
respondente entre emoção e comportamento. No começo de cada sessão é realizado depois
dos cumprimentos a avaliação do humor, conforme (BUENO & CONCEIÇÃO, 2020) avaliar
o nível emocional numérico para conferência com os níveis de humor nas futuras sessões
é muito importante, além de verificar com o cliente como está o andamento do tratamento:
se houve algum fato que piorou seu humor ou saber se o paciente fez algo que melhorou
seu humor. Ou seja, a TCC valoriza as emoções de seus clientes, inclusive fazendo inter-
venções em cada sessão a partir da avaliação do humor. (BUENO & CONCEIÇÃO, 2020).
Uma outra concepção errônea é de que a TCC é a aplicação de diversas técnicas. BECK
(2022) afirma que as técnicas da referida abordagem não é uma receita pronta, pois deve ser
levado em consideração o entendimento do paciente a partir de suas queixas e necessidades
elencadas em cada sessão. Durante os atendimentos são necessários a realização de ponte
entre as sessões, como por exemplo: o paciente realizou o plano de ação? Teve alguma
dificuldade? O que recorda-se da sessão anterior? Vai acontecer alguma coisa na próxima
semana que acha importante?. Para a eficácia do tratamento é necessário não somente
aplicar várias técnicas, mas compreender as especificidades de cada cliente. (BECK, 2022).
Existe o mito de que a terapia cognitiva ignora o passado e que só dá ênfase apenas
ao presente. (KNAPP, 2004). É coerente afirmar que a TCC só da importância ao passado
na quantidade necessária para entender o presente. No trabalho prático com a TCC é ne-
cessário a priorização e seleção de itens que serão discutidos na sessão, escolher entre
um e no máximo dois itens, porque o foco não são nas experiências passadas, mas os
motivos pelas quais o comportamento disfuncional é reforçado e mantido na atualidade.
(SOARES ET AL, 2020).
A TCC é superficial. (KNAPP, 2004). A afirmação conjectura que a TCC trabalha escas-
samente com as cognições que vem à tona no setting terapêutico através dos pensamentos
automáticos, sendo indiferente a história do sujeito com suas inúmeras crenças e traumas.
(RANGÉ, 2011). Na verdade quem deve fazer essa escolha entre trabalhar questões super-
ficiais ou mais profundas deve ser o cliente.

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No meio de cada sessão são implementadas algumas estratégias, dentre elas seria
restruturação cognitiva, um exemplo de ajuda ao cliente na restruturação cognitiva é atra-
vés do questionamento socrático que consiste numa técnica em fazer questionamentos ao
paciente com objetivo do próprio autoconhecer-se e de modo independente explorar seu
devido funcionamento cognitivo. (BARRETO & TOBIAS, 2014). É coerente afirmar que a
abordagem trabalha com metas claras e específicas, porém uma mudança pode ser super-
ficial para uns e pode significar grandes mudanças para outros indivíduos.

Em um contexto retórico do problema, o terapeuta faz questionamentos ao


paciente para que ele possa identificar seus pensamentos disfuncionais, como
por exemplo o que perpassa pela sua cabeça durante tal situação. O paciente
deve avaliar a veracidade do pensamento e compreender a utilização do re-
ferido pensamento. Os questionamentos guiados podem designar respostas
adaptativas aos pensamentos e crenças pré-existentes. (BECK, 2022).

A TCC não valoriza a relação terapêutica. (KNAPP, 2004). A referida abordagem tem
um manejo colaborativo, dessa forma é imprescindível uma boa relação terapêutica. Dentre
as estratégias utilizadas na sessão está a implementação de resolução de problemas, como
por exemplo a utilização de uma planilha de resolução de problemas, como também existe
a estratégia da aceitação, o que seria a aplicação da psicoeducação junto a reflexão e/ou
mindfulness. (BUENO & CONCEIÇÃO, 2020). Isto é, a relação interpessoal do terapeuta e
do paciente é um instrumento alentado para o aperfeiçoamento de suas relações, pois para
poder ensinar algo ao paciente, este deve estar seguro nessa relação para que de modo co-
laborativo possam desenvolver um trabalho de prevenção e conscientização. (ALVES, 2017).

A psicoeducação é uma técnica que utiliza instrumentos psicológicos e peda-


gógicos no intuito de ensinar o paciente e envolvidos em relação a patologia
física e/ou psíquica, bem como sobre seu processo de tratamento. Nessa pers-
pectiva, é possível desenvolver ferramentas de prevenção e de conscientização
em saúde. (Lemes & Ondere Neto, 2018 apud BUENO & CONCEIÇÃO, 2020).

A TCC limita seu número de sessões. (KNAPP, 2004). Por conta dos resultados de
algumas pesquisas, terapeutas cognitivos limitaram a duração do tratamento de 12 a 25 ses-
sões. Porém vale ressaltar que a duração do tratamento depende de fatores motivacionais,
traços de personalidade, transtorno ou queixa e condição dos problemas de cada paciente.
(BECK, 2022). Durante a preparação para a alta é necessário avaliar o progresso do tra-
tamento, reforçar os ganhos do paciente e desenvolver estratégias para driblar ou atenuar
recaídas. (BECK, 2022). Nessa perspectiva, o número de sessões podem ser ampliados
de acordo com a demanda do paciente, ou seja, existe um parâmetro para cada transtorno,
porém é recomendado analisar caso a caso.

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A TCC é indicada apenas para pessoas com boa capacidade intelectual. (KNAPP,
2004). Ao fim de cada sessão é solicitado um resumo de cada paciente de forma verbal: o
que fizemos? O que ele aprendeu?. Como também é reforçado o plano de ação: revisão do
que o paciente vai fazer na semana seguinte e questionar: é muita coisa? (se for, diminuir
as atividades), há algum obstáculo? (trabalhar com estes obstáculos) e solicitado um fee-
dback: como foi a sessão? Alguma coisa te incomodou? Alguma coisa que você gostaria
fosse diferente? (BUENO & CONCEIÇÃO, 2020).
Portanto, a TCC não está encaixada em um modelo fechado, mas de acordo com a
necessidade das pessoas e o trabalho com sujeitos não-alfabetizadas é possível, pois ao
longo das sessões é analisado os padrões cognitivos de cada indivíduo, independente da
religião, cultura, recursos financeiros, escolaridade ou quaisquer outros fatores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou elucidar os principais mitos sobre a Terapia Cognitivo-


Comportamental, apresentando os processos que ocorrem ao estruturar-se as sessões de
TCC. De forma geral os princípios norteadores da terapia cognitiva respeita as idiossincra-
sias de cada paciente de acordo com o modelo cognitivo individual, isto é, como o sujeito
interpreta seus pensamentos e vivências.
Dessa forma as subjetividades de seus pacientes são levadas em consideração, pois
a TCC: requer uma aliança terapêutica efetiva, colaboração e participação ativa, tem metas
claras e objetivas focada nos problemas de cada sujeito, é psicoeducativa, visando a ensinar
o paciente a ser seu próprio terapeuta inclusive na prevenção de recaídas.
Conclui-se que os mitos apresentados ao longo do artigo são infundados, pois o plano
de tratamento baseia-se na história de vida de cada sujeito, com intervenções planejadas e
realizadas a partir da queixa, onde são desenvolvidas estratégias, avaliações semanais da
demanda e adaptação do plano de tratamento de acordo com cada paciente.

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RANGÉ Et al, Bernard. Psicoterapias cognitivo-comportamentais [recurso eletrônico]:


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Acesso: 20 jan. 2022.

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02
GRUPOTERAPIA NO CONTEXTO HOSPITALAR: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA

Mariluza Sott Bender


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Suelen Machado de Freitas


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Bárbara Suzanne Etges


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Caroline Plates da Silva


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Ariela Mazuim Pfeifer


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Luana Molz Rodrigues


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Edna Linhares Garcia


Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

'10.37885/230513061
RESUMO

OBJETIVO: Discutir as possibilidades de trabalho do psicólogo hospitalar sob a ótica de


intervenções grupais, a partir de um relato de experiência. MÉTODOS: Trata-se de uma
pesquisa de cunho qualitativo, que se pauta no relato de experiência das atividades grupais
de educação em saúde, atenção à gestação de alto risco, atenção ao puerpério e grupo
aconchego, realizadas entre outubro de 2021 a junho de 2023. RESULTADOS: foram rea-
lizados 42 encontros grupais, com alcance de 339 participantes, entre pacientes, familiares
e/ou acompanhantes. CONCLUSÃO: Os grupos permitiram a troca de experiências de vida,
produzir sentidos a partir das temáticas abordadas e ampliar o conhecimento acerca dos con-
teúdos presentes cotidianamente em suas vidas, mas sobre os quais não se permitiam refletir.

Palavras-chave: Grupoterapia, Hospital, Psicologia, Maternidade, Pacientes Adultos.


INTRODUÇÃO

A pandemia provocada pelo Coronavírus obrigou os serviços de saúde, principalmente


os hospitais, a focar seus recursos humanos e financeiros no tratamento da Covid-19. Isso
limitou o olhar e o investimento dos profissionais da saúde para os demais processos de
adoecimento. Contudo, a pandemia provocou uma epidemia oculta de sintomas depressivos
e ansiosos, que inicialmente ficaram reprimidos pelo medo da contaminação (CUMINALE,
2020), mas que atualmente tem acarretado maior busca pelos serviços hospitalares, eviden-
ciando a importância do psicólogo no tratamento dos sinais e sintomas psíquicos.
Essa alta demanda e o número reduzido de psicólogos nos hospitais acabam limitando
o trabalho ao aspecto curativo, desfocando o trabalho com a educação e a promoção da
saúde. Nessa perspectiva, o psicólogo hospitalar deve atuar em vários níveis de tratamento,
incluindo a avaliação e o acompanhamento das questões psíquicas dos indivíduos que estão
acometidos por alguma doença, ou que passarão por algum tipo de procedimento médico
(GIBELLO, 2017).
Assim, assume-se como objetivo a promoção e a educação em saúde, a identificação
dos sintomas psíquicos e seus impactos no quadro clínico, o acionamento dos recursos de
enfrentamento, o favorecimento da relação paciente/família/equipe, ou até mesmo do paciente
consigo mesmo, no que tange à relação com o seu momento de adoecimento e questões
emocionais iminentes neste período de hospitalização (GIBELLO, 2017).
Assim, torna-se fundamental a efetivação de ações em saúde a partir de práticas grupais
psicoterapêuticas e/ou de educação em saúde no contexto hospitalar, a fim de ampliar a
percepção de saúde global e promover estratégias de autocuidado. São consideradas ações
em saúde aquelas que, de alguma forma, condicionam e determinam positivamente os com-
portamentos, proporcionando maior qualidade de vida e favorecendo a saúde (BUSS, 2010).
Ademais, o processo de promoção da saúde se dá através de um conjunto de estraté-
gias que tem como enfoque a melhoria e permanência da qualidade de vida no sentido de
coletividades e individualidades, favorecendo escolhas saudáveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2010). Assim, tomou-se como objetivo discutir os diversos processos de constituição de
grupalidade no contexto hospitalar e o papel do psicólogo nesse contexto, a partir de um
relato de experiência.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

Apresentamos três experiências distintas, vivenciadas pela mesma equipe de Psicologia


Hospitalar, e na mesma instituição, apesar de ocorrerem em unidades diferentes. Assim,
optamos por apresentá-las de forma separada. Inicialmente apresentamos a experiência

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com o Grupo de Educação em Saúde com pacientes adultos; na sequência seguimos com
o Grupo de Atenção ao Puerpério e Atenção à Gestação de Alto Risco; e concluímos com
o Grupo Aconchego, realizado na Unidade de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica (UTI
neo ped) e na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI).

Grupo de Educação em saúde com pacientes adultos

Desde 2013, o hospital contava com o Grupo de Acolhimento aos Acompanhantes, que
ocorria em espaço próprio e se destinava exclusivamente aos cuidadores/familiares. Seu
objetivo era trabalhar as dificuldades de relacionamento entre os profissionais da saúde e
os pacientes/familiares e o papel dos cuidadores durante o processo de internação.
Durante a pandemia e a necessidade de evitar a circulação desnecessária de cuida-
dores para evitar a transmissão do Coronavírus, os grupos passaram a ocorrer nos quartos
coletivos da enfermaria do Sistema Único de Saúde, abrangendo pacientes e acompanhantes
que já mantinham contato entre si. Assim, optou-se por adotar a abordagem da educação
em saúde como estratégia metodológica, visto que a mesma permite ampliar a concepção
de saúde global e compreender acerca da autonomia, implicação, autocuidado e correspon-
sabilização do indivíduo e familiares pelo prognóstico do paciente.
Nessa perspectiva, passou-se a utilizar a nomenclatura de Grupo de Educação em
Saúde, e as atividades aqui apresentadas ocorreram entre outubro de 2021 e junho de 2023.
Neste período, foram realizados 18 encontros grupais, com alcance de 152 participantes,
entre pacientes e familiares. Os encontros foram facilitados prioritariamente por um profis-
sional da psicologia, podendo ser psicóloga hospitalar, psicóloga residente ou estagiária de
Psicologia. Também ocorreram grupos com facilitação interdisciplinar, com participação de
profissionais do Serviço Social e Educação Física.
Como estratégias foram utilizadas o questionamento, a resolução de problemas, mitos
e verdades, questões norteadoras e palavras disparadoras. Foram trabalhadas as seguin-
tes temáticas: Autocuidado (Percepção de si, amor-próprio e cuidado com a saúde física e
mental); Saúde Mental (conceito de saúde física e mental, desmistificação dos transtornos
psiquiátricos); Violência contra a mulher (foram apresentados dados relacionados, tipos de
violência, formas de identificar e o papel do homem para coibir a perpetuação da violência
contra a mulher); sofrimento psíquico (Tipos de sofrimento, formas de identificá-los e onde
buscar ajuda); papel da família (importância familiar no cuidado e recuperação do pacien-
te); outubro rosa e novembro azul (autocuidado, desmistificação de mitos e transmissão
do conhecimento).
A partir das reflexões suscitadas nos grupos em que foram abordadas as temáticas do
outubro rosa e do novembro azul, trabalhou-se o autoconhecimento do próprio corpo e os

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tabus que envolvem as masculinidades e feminilidade, a fim de mitigar o desconhecimen-
to, que é uma das maiores barreiras para o diagnóstico precoce dos cânceres de mama
e de próstata. Assim, abordou-se a importância do contato e do autoexame do corpo, da
desmistificação do toque, e do conhecimento sobre si, a fim de facilitar a identificação de
mudanças físicas ou estruturais. Além disso, abordaram-se as questões de masculinidades
e feminilidades, naturalizando as diferenças e a pluralidade dos desejos e identidades.
Na temática relacionada à Saúde Mental, buscou-se ampliar o conhecimento sobre a
temática e promover o descolamento comumente realizado da saúde mental com o trans-
torno mental. Foram abordadas as múltiplas facetas da saúde mental e sua relação com a
autonomia dos indivíduos, ampliando a percepção global de saúde e a importância do auto-
cuidado, que também foi abordado em outro encontro. Sobre o sofrimento psíquico partiu-se
da concepção de que este é multifatorial e multicausal, naturalizando a sua existência assim
como do sofrimento físico.
Trabalhou-se o papel da família como rede de apoio e suporte do paciente internado
e para a identificação de sinais e sintomas de sofrimento psíquico; e a violência contra a
mulher, na perspectiva de facilitar a compreensão dos diferentes tipos de violência, como
identificá-los e onde buscar ajuda.
Foi utilizada linguagem simples, clara e considerando as dificuldades dos participantes,
incluindo no grupo aqueles que não conseguiam falar, mas que se comunicavam através da
comunicação não verbal. Em sua maioria, os participantes mostraram-se ativos e participa-
tivos dos encontros grupais, compartilhando vivências e experiências. À medida que partici-
param, denotaram maior compreensão sobre o processo de adoecimento, sua autoimagem
e a própria subjetividade, o que implicou a transformação da relação do indivíduo consigo
mesmo, com o contexto hospitalar e com a sociedade.

Grupo de Atenção ao Puerpério e Atenção à Gestação de Alto Risco

O grupo de atenção à gestação de alto risco e o grupo de atenção ao puerpério é


destinado às gestantes de alto risco, puérperas e familiares/acompanhantes. Ocorre às
quartas-feiras e “in loco”, nos quartos coletivos da maternidade, do Sistema Único de Saúde
(SUS). Para realizar a atividade e estimular a participação das gestantes e puérperas, uti-
lizam-se alguns dispositivos que possibilitam a circulação da palavra e estimulam a fala
das participantes.
As temáticas abordadas nos grupos são: Mitos e verdades sobre a gestação, puer-
pério e maternidade; palavras disparadoras que simbolizam o momento de hospitalização,
gestação, vínculos, emoções e sentimentos. A partir disso, trabalha-se operativamente as

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questões manifestas ou latentes de cada participante e/ou do grupo como um todo em re-
lação ao momento vivenciado da maternagem.
Também foi desenvolvido pelo Serviço de Psicologia Hospitalar um fôlder informativo
sobre os sinais e sintomas do Baby Blues e Depressão Pós-Parto. Este material é entregue
às gestantes/puérperas como forma de disseminação da informação, facilitação da iden-
tificação de sinais e sintomas e os contatos dos serviços de referência em saúde mental.
Também foi realizada atividade alusiva ao Maio Furta-cor, que tem como tema central
a Saúde Mental Materna. Trata-se de uma campanha, sem fins lucrativos, democrática e
apartidária, que tem como objetivo central sensibilizar a população em geral para a saúde
mental materna. Assim, a proposta das intervenções foram semelhantes às do formato ori-
ginal do grupo, mas buscou-se atrelar os encontros aos temas propostos pela campanha.
Entre o ano de 2021 e junho de 2023, foram realizados 17 encontros para atenção ao
puerpério e 5 encontros para atenção à gestação de alto risco, atingindo 120 pessoas. Já a
atividade alusiva ao maio furta-cor que ocorreu em 2023, foram realizadas 7 intervenções,
atingindo 67 sujeitos.
Durante as intervenções grupais na maternidade, percebeu-se que as participantes se
mostraram ativas e comprometidas com a proposta da atividade. Assim, o grupo tornou-se
um lugar rico de trocas de experiências e uma oportunidade para as mães promoverem o
autocuidado e sanarem suas dúvidas em relação a saúde mental materna. Além disso, na
medida em que as gestantes/puérperas verbalizam sobre seus medos, angústias ou vivên-
cias, são acolhidas pelas outras gestantes, gerando uma grande teia de compartilhamento
de dores e afetos.

Grupo Aconchego

Na prematuridade infantil, é comum que os pais, principalmente a mãe devido à ama-


mentação e a licença maternidade, fiquem no hospital por longos períodos de tempo, afas-
tando-se do convívio e do suporte emocional e social de familiares e amigos. Nestes casos,
a construção da maternidade se dá a partir de uma vivência singular e não desejada, sendo
importante a ação do Psicólogo para validar o maternar neste ambiente.
A partir desta perspectiva, criou-se o grupo Aconchego, que se caracteriza como um
espaço que objetiva atender às diferentes demandas dos pais e demais familiares das
crianças internadas na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e pediátrica (UTI neo ped)
e na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI). Este espaço é conduzido por profissionais
da Psicologia, mas aberto a participação de profissionais de outras áreas, com o intuito de
compreender os sentimentos envolvidos frente a hospitalização, auxiliá-los no cuidado à

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criança de forma acolhedora e humanizada, além de proporcionar maior vínculo entre a
tríade família/paciente/equipe.
Os encontros contemplam diálogos sobre as rotinas e procedimentos das Unidades;
a formação do vínculo afetivo com o filho; interação entre pais, familiares e profissionais;
participação dos pais nos cuidados com o filho sob orientação da equipe; importância do alei-
tamento materno; e adaptação após o nascimento e durante a hospitalização do RN de risco.
O Grupo Aconchego oferece também a escuta e orientação psicológica para os pais
expressarem seus sentimentos, culpas, medos, insegurança em relação aos riscos atuais
e futuros. No período referenciado neste trabalho, alguns grupos foram ofertados, mas can-
celados por falta de participantes. Assim, foram realizados apenas 03 encontros, atingindo
09 pessoas. Por não dispor de espaço físico adequado, ainda são menos frequentes que o
ideal, porém entende-se a importância do mesmo para fomentar a saúde mental materna e
facilitar a construção dos papéis de pai e mãe no contexto de UTI e UCI.

DISCUSSÃO

O ser humano é sociável por natureza, vive em relação com o outro desde o nasci-
mento e participa de diversos grupos ao longo da vida, portanto, o acolhimento grupal e o
sentimento de pertencimento contribuem com a formação da identidade e singularidade dos
indivíduos (ABRAHÃO; FREITAS, 2009). Assim, a atenção psicossocial deve direcionar-se
para o desenvolvimento de práticas que contribuem para o fortalecimento da cidadania,
autoestima e da sua interação com a sociedade (AMARANTE, 2007).
Nesse sentido, a psicologia hospitalar vem saindo do foco estritamente vinculado à
doença para uma perspectiva que valoriza a promoção da saúde. Deste modo, os grupos
que vieram a ser desenvolvidos no meio hospitalar apresentam-se como uma importante
ferramenta para a promoção da saúde neste espaço. Portanto, o compartilhamento de expe-
riências, emoções e acionamento de estratégias de enfrentamento por parte dos pacientes
estimula o desenvolvimento de troca de informações, fortalecimento dos laços afetivos e
recursos emocionais de enfrentamento mais adaptativos. Assim, a atuação dos psicólogos
nesse contexto vai além do olhar clínico e restrito, e suas intervenções abrangem ações
que fortalecem o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes (KLEIN; GUEDES, 2008).
Dessa forma, o desenvolvimento de grupos no contexto hospitalar permite a realização
de trocas dialógicas entre os participantes, o compartilhamento de experiências e a adaptação
ao contexto. Pode ser um espaço que evidencia a necessidade de todo indivíduo receber
ajuda em algum momento de sua vida, permitindo o questionamento acerca das possibili-
dades de suporte e apoio social e emocional (CARDOSO; SEMINOTTI, 2006).

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Os grupos permitem proporcionar espaços de reflexão acerca do processo de adoe-
cimento, da hospitalização e da díade saúde/doença. Promovem conhecimento acerca do
sofrimento psíquico e da necessidade humana de buscar ajuda em muitos momentos da
vida, efetivando o disposto por Cantarelli (2009), que refere que o grupo se torna suporte
para o enfrentamento dos diversos momentos de crise, sendo considerado um espaço de
troca de experiências e compartilhamento de vivências.
Além disso, o uso da abordagem da educação em saúde, enquanto conjunto de práti-
cas que proporciona autonomia aos indivíduos, seja de forma individual ou coletiva, incitou
o debate e permitiu a oferta de cuidados em saúde de acordo com as necessidades dos
indivíduos e coletividades (FALKENBERG et al., 2014). “As práticas de educação em saúde
são inerentes ao trabalho em saúde” e configuram-se como um processo político peda-
gógico por propor o desenvolvimento do pensamento reflexivo e crítico sobre a realidade
em que o indivíduo está inserido, promovendo autonomia e emancipação (FALKENBERG
et al., 2014, p. 848).
Assim, a prática de educação em saúde no contexto hospitalar deve incluir pacientes e
familiares, sendo, portanto, coletiva. Pode auxiliar na redução dos medos e fantasias, aliviar
os sintomas deprimidos ou de ansiedade e tornar-se um espaço de suporte e escuta, per-
mitindo a diminuição do número de reinternações hospitalares. Também deve ser realizada
coletivamente, incluindo pacientes e familiares/acompanhantes, pois auxilia no alívio de
ansiedades e medos, acelera expectativas de retorno ao convívio familiar, oferece suporte
aos cuidadores, favorece a compreensão e o enfrentamento, por fim, diminuir o número de
reinternações (CAMARGO; ANDRÉ; LAMARI, 2016).
Já na maternidade, a gestação, o nascimento do bebê e o puerpério representam o ciclo
de vida que é caracterizado por diversas mudanças e inúmeras adaptações psicossociais
(VIEIRA et al., 2020). A gravidez é marcada por um período de transformações emocionais
e físicas, sendo necessário um olhar integral para a mulher. Neste sentido, a mulher grávida
necessita de acompanhamento adequado, visto que este processo pode se transformar em
um momento de risco para a gestante ou para o feto (LIMA, 2015).
O processo gestacional, quando de alto risco, tende a aumentar as dificuldades de
adaptações emocionais ao novo papel da maternagem e acrescentar outras emoções relacio-
nadas à condição clínica. Concomitante a isso, a gestação associada à internação hospitalar
aumenta a incidência de estressores psicossociais (MOURA et al., 2002). O momento da
maternidade é carregado de desafios, dúvidas quanto ao papel e desempenho da mulher
enquanto mãe, questões relacionadas às mudanças corporais decorrentes da gravidez e as
demandas emocionais do cuidado com o bebê recém-nascido (LEITE et al., 2014).

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A romantização da maternidade como eixo central dos sentimentos da mulher que
deseja ser mãe e as que não tem interesse, propiciam que estas mulheres desenvolvam
sentimento de culpabilização oriunda das pressões socialmente construídas e impostas por
uma sociedade patriarcal. Reforça-se que toda a experiência deve ser respeitada e validada,
sendo direito da mulher viver sua multiplicidade conforme aquilo que projeta e deseja para si
(CÉSAR et al., 2019). Frente a isso, entram os grupos de atenção ao puerpério e gestação
de alto risco (LEITE et al., 2014).
O grupo de gestantes é considerado um ambiente micro e dinâmico que tem por ob-
jetivo a promoção da saúde integral e individual/coletivo das grávidas. A participação no
grupo proporciona à gestante reproduzir acerca da saúde em seu coletivo. Neste sentido, as
intervenções geradas no momento grupal, entre as participantes e o profissional da saúde,
torna-se um importante momento de troca, possibilitando que os sujeitos sejam multiplica-
dores de conhecimento (DELFINO et al., 2004).
Os grupos oferecem um ambiente seguro e acolhedor para que as integrantes com-
partilhem suas experiências, preocupações e desafios relacionados ao puerpério e à ma-
ternidade, permitindo a troca de informações. Frente ao exposto, compreende-se que a
principal função do grupo na maternidade é promover um espaço para facilitar a expressão
de emoções complexas (ansiedade, medo, tristeza e dúvidas, desafios e angústias) advin-
das deste momento da vida, que, apenas com o olhar clínico e biomédico, não é possível
alcançar (SILVA et al., 2017).
Os grupos operativos na maternidade hospitalar também são uma ferramenta impor-
tante para a prevenção e o cuidado da saúde mental materna. A maternidade é um período
de grande vulnerabilidade emocional, e o suporte psicológico oferecido nos grupos pode
auxiliar na identificação precoce de sinais de sofrimento mental, como a depressão pós-par-
to. Ao criar um ambiente de escuta ativa e acolhimento, o psicólogo hospitalar pode orientar
as mulheres a buscar ajuda e tratamento adequado (SILVA et al., 2017).
Nos grupos da UTI Neonatal, a realidade é semelhante, contudo, a separação oca-
sionada pela internação do bebê pode gerar uma série de sentimentos. Ao tempo em que
é celebrado a chegada do bebê, a tristeza também vem à tona, provocada pela separação,
que é um momento marcado por angústia, medo, dúvidas e incerteza frente a sobrevivência
do recém-nascido (PERLIN et al., 2011). Por si só, a internação do recém-nascido em uma
unidade de terapia intensiva é potencialmente difícil, visto que, em sua maioria, este bebê foi
planejado e desejado pelos pais. Esta intercorrência no nascimento gera frustração e sensa-
ção de impotência, pois o planejamento inicial dos pais não foi alcançado (TEIXEIRA, 2021).
A necessidade de internação na UTI Neonatal produz impactos no núcleo familiar, pois
este ambiente é reconhecido para atendimentos a pacientes graves e com risco de morte.

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Concomitante a isso, toda a tecnologia oferecida por este lugar e a percepção de urgên-
cia, o torna um lugar impessoal e potencializador de estresse. Mesmo que os pais tenham
consciência dos recursos tecnológicos e de pessoas disponíveis na unidade de tratamento
intensivo, a fragilidade do bebê e os aparelhos conectados a eles, são potenciais para fa-
vorecer quadro ansioso nos genitores (PERLIN et al., 2011).
O psicólogo dentro da UTI Neonatal é de extrema importância, uma vez que trabalhará
e propor reflexões sobre o sentimento de culpa, frustrações, angústias e medos identificada
nos pais. Também é este profissional que promove a aproximação, a interlocução entre a
díade família/paciente e estimula o contato pele a pele e fomenta a interação e vinculação
mãe/pai/bebê (TEIXEIRA, 2021).
Nesse sentido, através dos grupos o psicólogo fornece orientações e suporte, auxiliando
a família a lidar com a situação vivenciada através da compreensão e do acolhimento das
reações emocionais no contexto de crise. O suporte oferecido neste espaço grupal difere
daquele encontrado nos atendimentos psicológicos individuais, visto que as atividades cole-
tivas têm também como objetivo a construção de uma rede de suporte e o compartilhamento
de experiências.
Tais intervenções são percebidas pela equipe como benéficas, sendo o grupo uma
atividade solicitada e incentivada na unidade. Entretanto, apesar desse reconhecimento,
alguns obstáculos são percebidos pela equipe de psicologia, sendo o principal deles a au-
sência de um espaço adequado para a realização dos grupos. Atualmente, tais momentos
acontecem na sala de espera e, embora fisicamente este espaço acomode as mães/pais, a
ambiência não é atendida em sua totalidade. Conforme definição da FioCruz, “a ambiência
é muito mais do que o espaço físico, na verdade a ambiência compreende o espaço físico,
social, profissional e as relações interpessoais” (FIOCRUZ, 2017).
Diante do exposto, entende-se a sala de espera como um espaço cuja finalidade é,
como o próprio nome sugere, para espera. Os familiares a compreendem e significam desta
forma, não sendo um espaço onde o desejo por permanecer é nutrido. Assim, era perce-
bido o desejo contínuo de entrada na unidade e proximidade com o recém-nascido, o que
comumente refletia na presença reduzida de participantes. Frente a tal situação, cogitou-se
a possibilidade de realização do grupo beira-leito, visando atender essa demanda de pro-
ximidade entre família e RN. Entretanto, novamente a questão da ambiência surge e não é
atendida completamente. O manejo e a movimentação da equipe são fundamentais neste
espaço, não sendo possível a interrupção durante a realização do grupo. Porém, sabe-se
que a movimentação pode ser um fator gerador de angústia e um dificultador na manutenção
da atenção e entrega ao momento proporcionado pela atividade.

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Percebeu-se que os familiares que estavam com mais tempo de internação tendem
a participar mais dos encontros, já que a angústia da internação diminui com o tempo, os
pais começam a entender a rotina da unidade e a confiar nos profissionais de saúde para os
cuidados com seus filhos. Também foi possível notar a participação dos avós nestes espa-
ços grupais, muitos com dúvidas em como dar o suporte necessário para os filhos durante
a internação. Entende-se então que o maior limitador do grupo aconchego no momento, é
a ambiência, porém devido a importância deste grupo para a unidade de terapia intensiva,
estão sendo pensados novos modelos para que o grupo siga em prática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Independente do local de realização do grupo, o mesmo permitiu trocar experiências


de vida, produzir sentidos a partir das temáticas abordadas e ampliar o conhecimento acerca
de temáticas presentes cotidianamente em suas vidas, mas sobre as quais não se permi-
tiam refletir. Assim, viabilizar um espaço de trocas de vivências e experiências no campo
grupal, é percebido como uma condição importante para a mobilização das características
individuais e sociais, além de viabilizar situações de mudança, significar e ressignificar suas
experiências através da fala do outro e de si.
Neste contexto, o recurso utilizado é a provocação para que a palavra seja colocada
em circulação e os participantes apresentem suas dúvidas, sentimentos e anseios. Assim,
o grupo opera quando o indivíduo passa a receber e dar suporte na totalidade do grupo.
Percebe-se que nas buscas realizadas em bases de dados, existem trabalhos escassos
sobre as atividades grupais no contexto hospitalar. Assim, sugere-se que aqueles profissio-
nais que realizam este tipo de atividade, escrevam sobre a temática e acerca da condução
dos grupos como forma de compartilhar as experiências e ampliar o olhar sobre as ações
em saúde dentro dos hospitais.
Conforme relatado ao longo do texto, os grupos podem ser compreendidos como os
poucos espaços no ambiente hospitalar onde consegue-se promover saúde, não apenas
física, mas também mental. Os grupos convidam os participantes a refletirem sobre sua con-
dição biopsicossocial e adquirirem conhecimentos e experiências em torno das intervenções
e reflexões geradas por todo o grupo.

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03
O ESTADO DA ARTE DA PSICOLOGIA PERINATAL:
UMA REVISÃO DE LITERATURA

Sara Lima dos Santos


MaterOnline

Rafaela de Almeida Schiavo


MaterOnline

'10.37885/230613427
RESUMO

A Psicologia Perinatal estuda os fenômenos psicológicos relacionados à gestação, parto e


pós-parto. O objetivo deste estudo foi identificar o número de artigos, dissertações, teses e li-
vros publicados em português, espanhol e inglês que incluem os termos “Psicologia Perinatal”
e/ou “Psicologia Obstétrica” em seus títulos. Trata-se de uma pesquisa de revisão narrati-
va. A coleta de dados foi realizada em bancos de dados como Scielo, BVS, Lilacs, PEPsic,
APA, Pubmed e Google Acadêmico, utilizando as seguintes palavras-chave: Psicologia
Perinatal/Psicologia Obstétrica, Perinatal Psychology/Obstetric Psychology, Psicología
Perinatal/Psicología Obstétrica. Os resultados indicaram um total de 56 publicações até
27 de maio de 2023, sendo 29 artigos, 21 livros físicos/digitais, 3 teses, 2 dissertações e 1
capítulo de livro. Quase metade dessas publicações (27) ocorreu nos últimos cinco anos (a
partir de 2019), sendo que 17 delas foram em língua portuguesa, 5 em língua inglesa e 5
em língua espanhola. Conclui-se que, embora publicações utilizando as palavras-chave nos
títulos existam desde a década de 80, somente após 2019 houve um aumento significativo
no número de publicações que incluem o termo “psicologia perinatal” em seus títulos, tanto
em português quanto em inglês e espanhol.

Palavras-chave: Psicologia Perinatal, Psicologia Obstétrica, Pesquisa Bibliográfica.


INTRODUÇÃO

A Psicologia Perinatal (PP) dedica-se ao estudo dos fenômenos psicológicos relaciona-


dos à gestação, parto e pós-parto. Também conhecida como “Psicologia da gravidez, parto
e pós-parto”, “Psicologia da Maternidade” ou “Psicologia do ciclo gravídico puerperal”, os
termos mais utilizados no Brasil são Psicologia Obstétrica e Psicologia Perinatal (SCHIAVO,
2020). O termo psicologia obstétrica foi introduzido por Bortoletti et al. (2007), enquanto o
termo Psicologia Perinatal começou a ser utilizado no Brasil por volta de 2007, pela profes-
sora Vera Iaconelli (SCHIAVO, 2020), e já era utilizado em outros países.
Com a compreensão de que o nascimento não é apenas um evento externo, mas tam-
bém envolve reações afetivas e psicológicas, estudiosos e profissionais estrangeiros pas-
saram a abordar a relação mãe-bebê de maneira mais empática e científica. As discussões
sobre o que hoje entendemos como psicologia perinatal tiveram origem com a publicação,
em 1924, dos livros “Trauma der Geburt” (“Trauma do Nascimento”), de Otto Rank, e “Die
Ambivalenz des Kindes” (“A Ambivalência da Criança”), de Gustav Graber (JANUS, 2021;
RHODES, 2020). A partir das décadas de 70, iniciaram-se os estudos científicos nessa
área (RHODES, 2020).
A psicologia perinatal recebe contribuições importantes de diversas áreas do conheci-
mento, como medicina, enfermagem, etologia e psicanálise, tornando-se uma disciplina que
se beneficia de abordagens interdisciplinares, não sendo exclusiva dos psicólogos. O desen-
volvimento dessa área foi influenciado por alguns psicanalistas que há muito discutiam sobre
o nascimento e o vínculo para o desenvolvimento infantil. Em 1971, um dos alunos de Freud
fundou um grupo de pesquisa em psicologia pré-natal, conhecido como The International
Study Group for Prenatal Psychology (ISGPP) (RHODES, 2020). Esse grupo era composto
por outros profissionais e posteriormente se tornou a Sociedade Internacional de Psicologia
e Medicina Pré-Natal e Perinatal (ISPPM - International Society of Prenatal and Perinatal
Psychology and Medicine) (RHODES, 2020).
Nos Estados Unidos, uma organização foi criada por Thomas Verny, que ficou intri-
gado ao ouvir seus vizinhos cantando uma canção de ninar todas as noites para acalmar
o bebê. Movido por sua curiosidade e fascínio em entender como isso era possível, ele
realizou pesquisas e compartilhou suas dúvidas e teorias com outros profissionais da área
perinatal (RHODES, 2020; JANUS, 2021). Em 1981, Verny publicou o livro “Secret life of
an unborn child” e, em parceria com um colega, começou a pesquisar sobre a memória
do nascimento (APPPAH, 2023). Verny tentou apresentar suas ideias na reunião anual da
Associação Americana de Psicologia em 1982, mas não foi aceito, nem mesmo na reunião
anual da Associação de Pediatria. Diante disso, ele criou seu próprio congresso, que reuniu
renomados pesquisadores, dando origem à Association for Pre- and Perinatal Psychology

Psicologia Contemporânea: práticas e abordagens clínicas em pesquisa - ISBN 978-65-5360-420-9 - Vol. X - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
38
and Health (APPPAH). O propósito dessa associação era compreender os fenômenos da
gravidez e do parto, a relação mãe-bebê, melhorar a saúde dos pais e seus filhos, além de
publicar informações e promover atividades educacionais para disseminar o conhecimento
adquirido (BULATEVYCH, 2015). Embora Thomas Verny seja pediatra, sua influência na
expansão da área não pode ser negada (VERNY, 1987).
Existem dois importantes periódicos dedicados à publicação de estudos na área da psi-
cologia perinatal: o International Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Medicine
e o Journal of Prenatal & Perinatal Psychology & Health. O Journal of Prenatal & Perinatal
Psychology & Health (JOPPPAH) é uma revista americana fundada por Thomas Verny em
1986. A revista tem mais de três décadas de história e se dedica profundamente à explora-
ção da reprodução humana, da gravidez e do desenvolvimento emocional do recém-nas-
cido. Já o International Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Medicine é uma
revista alemã criada em 1991, que publica em vários idiomas. Suas edições são anuais e
focam principalmente nos temas da gravidez e teoria psicanalítica. O objetivo da revista é
conscientizar as pessoas sobre os aspectos emocionais, psicológicos e físicos do feto, com
o intuito de melhorar fundamentalmente a cultura da gravidez e do parto.
Um dos pontos de atuação mais relevantes do psicólogo perinatal é a identificação,
tratamento e prevenção de alterações emocionais maternas, como sintomas de estresse,
ansiedade e depressão. No Brasil, aproximadamente 65% das mulheres no período perinatal
apresentam estresse em algum estágio, sendo que 20% estão em fases mais críticas, como
quase exaustão e exaustão (SCHIAVO; RODRIGUES, 2011). Cerca de 35% apresentam alta
ansiedade (SCHIAVO; RODRIGUES; PEROSA, 2018) e 25% têm sintomas de depressão
(SCHIAVO; PEROSA, 2020). Esses resultados são significativos e evidenciam a necessidade
de formação de psicólogos e disponibilização de ferramentas para o atendimento específico
dessa população.
As intervenções podem ser realizadas tanto com a mãe, o pai, o bebê ou a rede de
apoio durante o período perinatal (gestação, parto e pós-parto). Os atendimentos podem
ocorrer individualmente ou em grupo, e podem se dar por meio de acolhimento, orientação
ou psicoterapia. Há diversas áreas de atuação, sendo que os campos com maior número
de psicólogos perinatais são a clínica, os hospitais e a saúde em geral (SCHIAVO, 2020).
A atuação profilática do psicólogo perinatal surge como um apoio para a saúde emo-
cional materno-infantil (SOARES et al., 2021). A expansão da psicologia perinatal beneficia
tanto os profissionais, que terão mais recursos para embasar e oferecer um serviço de
qualidade com rigor técnico e científico, quanto à população, por contar com profissionais
da saúde mental que dominem e conheçam as peculiaridades emocionais da gestação, do
parto e do puerpério. O desenvolvimento da área de psicologia perinatal abre caminhos

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para a discussão sobre a importância da presença desse profissional não apenas no setor
privado, mas também nos serviços de saúde pública e assistência social. Pesquisas com
gestantes usuárias do SUS apontam a necessidade de um olhar atento do profissional, uma
vez que há uma alta frequência de grávidas com alguma alteração emocional significativa
(SCHIAVO, 2022; SCHIAVO, RODRIGUES; PEROSA, 2018; GOES, 2021). No entanto,
ainda são poucos os profissionais que conhecem e atuam nessa área.
Portanto, é relevante identificar o estado da arte das publicações de estudos que
contenham em seu título as palavras “psicologia perinatal” ou “psicologia obstétrica”, a fim
de compreender como ocorre a expansão dessa área ainda pouco difundida e conheci-
da. O objetivo deste estudo foi identificar o número de artigos, dissertações, teses e livros
publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa que abordem a psicologia perinatal
e/ou obstétrica em seus títulos.

DESENVOLVIMENTO

Método

Trata-se de uma pesquisa de revisão narrativa. A coleta de dados ocorreu mediante


a busca por trabalhos publicados no Scielo, Scientific Electronic Library Online; Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(Lilacs), PEPsic-Períodicos Eletrônicos em Psicologia, American Psychological Association
(APA), Pubmed e Google Acadêmico, utilizando o termo Psicologia Perinatal/ Psicologia
Obstétrica nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola.

Procedimento

Para a coleta de dados foi utilizada as seguintes palavras-chave no campo de busca


das bases de dados: “Psicologia Perinatal” e “Psicologia Obstétrica” para busca de estudos
na língua portuguesa, “Psicología Perinatal” e “Psicología Obstétrica” na língua espanhola
e “Perinatal Psychology” e “Obstetric Psychology” para busca de estudos na língua inglesa.
Estudos não publicados na língua portuguesa, inglesa ou espanhola foram excluídos deste
estudo, textos apresentados no google acadêmico que não correspondiam a um periódi-
co científico com ISBN, também foram excluídos deste estudo. Foram incluídos somente
trabalhos com ISBN, ISSN ou DOI. Obtido o material, procedeu-se à leitura e seleção dos
títulos dos estudos para identificar aqueles que se enquadraram nos requisitos e os que se
repetiam em mais de uma base de dados. Portanto, o número de trabalhos encontrados e
analisados foi de 57 até a data de 27/05/2023.

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Para fins de análise, os estudos selecionados, foram tabulados, considerando: A) ano
da publicação; B) tipo da publicação (artigo, dissertação, tese, livro); C) título da publica-
ção; D) língua da publicação (português, inglês ou espanhol); e E) país da publicação.

RESULTADOS

Ao proceder à coleta de dados nas bases de dados APA, Pubmed, LILACS, BVS e
Google Acadêmico, inicialmente encontrou-se 88 estudos. No entanto, após uma avaliação
mais apurada, notou-se que 32 não tinham DOI, ISSN ou ISBN, sendo, portanto, descarta-
dos, sobrando 56 artigos elegíveis para o presente estudo. Das 56 publicações identificadas,
53 foram encontradas no Google Acadêmico no formato de artigos, livros, dissertações e
teses. A primeira ocorrência do termo “psicologia perinatal” foi registrada em um artigo na
língua inglesa, na Inglaterra, em 1987. Em 2000, foi identificada a primeira publicação em
língua espanhola, enquanto a primeira publicação em língua portuguesa ocorreu em 2007,
no Brasil. É importante destacar que 25 estudos foram publicados em inglês, 14 em espanhol
e 17 em português.
O Quadro 1 apresenta uma análise detalhada das 56 publicações, revelando que 29
delas são artigos científicos publicados em periódicos, 21 são livros físicos ou digitais, 3 são
fruto de teses, 2 de dissertações e 1 é um capítulo de livro.
Observa-se, no Quadro 1, um aumento significativo no número de publicações nas
três línguas de interesse deste estudo a partir de 2019. Foram registradas 3 publicações em
2019, 9 em 2020, 6 em 2021, 6 em 2022 e 2 em 2023 até a data de 27/05/2023, totalizando
26 publicações das 56. Ou seja, quase metade das publicações ocorreu nos últimos cinco
anos, em comparação com as 29 publicações ao longo de mais de três décadas. É importante
ressaltar que 16 dessas publicações foram em língua portuguesa, indicando um aumento
significativo no número de estudos brasileiros na área em relação aos anos anteriores a 2019.
Além disso, foram registradas 5 publicações em inglês e 5 em espanhol após o ano de 2019.
Em termos de distribuição geográfica, o país europeu com o maior número de publica-
ções foi a Inglaterra, com 5 trabalhos, seguido pela Espanha, também com 5. Na América
do Norte, os Estados Unidos lideraram com 14 publicações, enquanto, na América do Sul,
o Brasil foi o país com o maior número de trabalhos publicados, totalizando 17. Dentre as
56 publicações, 4 estudos incluíram o termo “psicologia obstétrica” em seus títulos, sendo
que 3 deles foram de estudos brasileiros.

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Quadro 1. Publicações que carregam no título a palavra Psicologia Perinatal/Psicologia Obstétrica e Perinatal Psychology/
Obstetric Psychology.

Ano Tipo de publicação Título da publicação Língua Origem


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2006 Inglês EUA
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dom technique (eft) in a surrogate nonlocal application
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2006 ASIN : ‎ B002D670X4 in maternal/perinatal psychology, health and public Inglês EUA
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2011 Espanhol Argentina
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insights.
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2013 Inglês Inglaterra
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Artigo Impacto emocional en madres de bebés internados en
2014 ISSN: 1609-7475 una unidad de cuidados intensivos neonatales. Aplica- Espanhol Argentina
ción de la entrevista psicológica perinatal
Artigo Our future mind: epochal developments of perinatal
2014 Inglês Italia
ISSN 1929-4247 clinical psychology

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ISSN 1804–1868 chology
Tese Algunas reflexiones sobre los aportes de la psicología
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Universidade de Palermo perinatal
Artigo Perinatal psychology: formation history and present
2015 Inglês EUA
ISSN 23137525
Capítulo De Livro Perinatal psychology: a field with an impressive past
2016 Inglês EUA
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2016 Espanhol Argentina
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Universidade de Buenos Aires res psicosociales en el contexto de las políticas públicas
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Livro Psicología perinatal: vínculo materno-fetal y apego
2019 Espanhol Espanha
ISBN 978-8491714064
Livro Psicologia Perinatal em Foco
2020 Português Brasil
ISBN 798-65-991986-1-8
Livro Maternidade, parentalidade e conjugalidade: novas
2020 Português Brasil
ISBN 978-65-86087-35-2 perspectivas em psicologia perinatal
Livro Handbook of perinatal clinical psychology: from theory
2020 Inglês EUA
ISBN 9780367369385 to practice
Livro Discapacidad motora materna y vínculos tempranos:
2020 Espanhol Espanha
ISBN 978-6200373656 aportes a la psicología perinatal y de la primera infancia
Tese Jewish exile into dominant culture: a decolonial peri-
2020 Sofia University Proquest Dissertations natal psychology of westernized jewry’s identification Inglês EUA
Publishing with the aggressor as historical trauma response
Livro Digital Psicologia Perinatal e da Parentalidade: Publicações
2020 Português Brasil
ISBN 978-65-00-02667-2 Materonline V.1
Livro Digital Psicologia Perinatal e da Parentalidade: Publicações
2020 Português Brasil
ISBN 978-65-00-04972-5 Materonline V.2
Artigo Produção Científica em Psicologia Obstétrica/Perinatal
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Artigo Earning a phd in prenatal and perinatal psychology
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ISBN 1097-8003
Livro Handbook Of Prenatal and Perinatal Psychology
2021 Inglês Alemanha
ISBN 978-3-030-41716-1
Livro Psicologia e psicopatologia perinatal: sobre o (re) nas-
2021 Português Brasil
ISBN 978-6525004389 cimento psíquico
Livro Manual de psicologia y psicopatologia perinatal e in-
2021 Espanhol Espanha
ISBN 978-8412319743 fantil
Artigo 50 years exploring pre-and perinatal psychology: a
2021 Inglês EUA
ISSN 1097-8003 personal journey
Artigo A psicologia perinatal e sua importância na prevenção
2021 Português Brasil
ISSN 2675-679X da depressão pós-parto: uma revisão bibliográfica
Dissertação Os atravessamentos do discurso médico na experiência
2021 Universidade Federal de Goiás subjetiva da parturição de usuárias do sistema único de Português Brasil
saúde: reflexões a partir da psicologia perinatal
Livro Digital Psicologia perinatal e da parentalidade: publicações
2022 Português Brasil
ISBN 978-65-991986-6-3 materonline v.3
Livro Digital Psicologia perinatal e da parentalidade: publicações
2022 Português Brasil
ISBN 978-65-991986-5-6 materonline v.4
Livro Psicología perinatal en entornos de salud
2022 Espanhol Espanha
ISBN 978-8436846386
Artigo Atuação da psicologia em obstetrícia e parentalidade
2022 Português Brasil
ISSN 2675-679X

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Artigo A importância da psicologia perinatal como campo de
2022 Português Brasil
ISSN 2176-1019 investigação e atuação profissional.
Artigo Considerações sobre a Psicologia Perinatal em um
2022 ISSN 2317-3394 ambulatório público de pré-natal especializado em Português Brasil
gestantes expostas à COVID-19.
Livro Digital Psicologia perinatal e da parentalidade: publicações Brasil
2023 Português
ISBN 978-65-991986-8-7 materonline v.5
Artigo Psicologia Perinatal no cuidado a mulheres internadas
2023 Português Brasil
ISSN 2178-2091 em situação de risco em leitos de saúde mental
Fonte: Autoras.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Devido à escassez de publicações que incluem os termos “Psicologia Perinatal” e/ou


“Psicologia Obstétrica” em seus títulos nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa, o Google
Acadêmico foi incluído nesta pesquisa como uma base de dados para levantar o número de
publicações com ISBN, ISSN ou DOI, bem como teses e dissertações. Se apenas os artigos
publicados nas principais bases de dados Scielo, Lilacs, PubMed, PEPsic e APA fossem con-
siderados neste estudo, haveria apenas 3 publicações que mencionam “Psicologia Perinatal”
em seus títulos. No entanto, ao recorrer ao Google Acadêmico como uma possível fonte
para encontrar estudos publicados, mas não indexados nas bases de dados mencionadas,
foi possível identificar mais 54 publicações, incluindo artigos em periódicos com ISSN, livros
com ISBN, dissertações e teses. Isso possibilitou uma melhor compreensão da expansão
dos termos “psicologia perinatal” e “psicologia obstétrica” no Brasil e no mundo.
Este estudo revelou que, apesar de a psicologia estudar os fenômenos emocionais
da gestação, parto e pós-parto desde o final da década de 70, foi somente após 2019 que
esses temas passaram a receber maior visibilidade em publicações com ISBN, ISSN ou
DOI. No entanto, não se pode afirmar que há pouca produção científica na área de Psicologia
Perinatal, uma vez que existem milhares de publicações que não utilizam esses termos em
seus títulos. Muitos estudos abordam a palavra “maternidade”, “psicologia da gravidez”,
“parto e puerpério”, “pré-natal psicológico”, “ansiedade”, “estresse”, “depressão gestacional”
ou “pós-parto” em seus títulos, entre outras palavras relacionadas ao tema.
A primeira publicação disponível nas bases de dados que utilizou o termo “psicologia pe-
rinatal” foi em 1987. O texto foi publicado em inglês por Bradley, King e Effer (1987). No entan-
to, esse artigo menciona uma publicação ainda mais antiga, de 1982, na Alemanha, pelo autor
Benedetti, intitulado “Ueber Perinatale Psychologie: Fakten, Beobachtungen Und Kritische
Ueberlegungen”, publicado na revista Helv. Paediatr. Acta, v.32, n.2, p.101-113. No entanto,
como o artigo não está disponível online e está em alemão, não foi incluído neste estudo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos estudos sobre os fenômenos psicológicos presentes no período de gesta-


ção, parto e pós-parto serem objetos de estudo há décadas, foi somente após 2019 que houve
um aumento significativo no número de publicações com ISBN, ISSN ou DOI que abordam
esses temas em seus títulos, utilizando os termos “psicologia perinatal/perinatal psychology”
e “psicologia obstétrica/obstetric psychology”. Embora as publicações em inglês e espanhol
com essas palavras-chave tenham surgido antes das publicações em língua portuguesa, o
Brasil parece liderar o número de publicações nos últimos cinco anos. “Psicologia perinatal”
e “perinatal psychology” são os termos mais comumente utilizados nos títulos dos estudos,
em comparação com “psicologia obstétrica” e “obstetric psychology”.
Como em qualquer estudo, existem limitações. Não foi realizada uma revisão sistemática
da literatura, mas sim uma revisão narrativa, e as fontes de informação em outras línguas
não foram exaustivamente exploradas. No entanto, este estudo apresenta um panorama
atualizado das publicações que utilizam os termos “psicologia perinatal/perinatal psychology”
e “psicologia obstétrica/obstetric psychology” em seus títulos. Recomenda-se que novos
estudos sejam realizados a partir deste, com revisões sistemáticas da literatura, utilizando
fontes mais abrangentes e metodologias mais rigorosas.

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04
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DIANTE DA COVID-19:
O FARMACÊUTICO NO COMBATE À PANDEMIA

Mirelly Dutra de Oliveira Thomaz Coelho


Faculdade de Almenara (ALFA) Prefeitura Municipal de Palmópolis - MG

Luiza Gobira Lacerda Lívia Alves Rezende Lopes


Prefeitura Municipal de Almenara - MG Faculdade de Almenara (ALFA)

Ronivaldo Ferreira Mendes Anna Lethicia de Oliveira Machado


IFNMG Campus de Almenara - MG Faculdade de Almenara (ALFA)

Viviane Amaral Toledo Coelho Sandy Ribeiro Campos


Faculdade de Almenara (ALFA) Faculdade de Almenara (ALFA)

Ednardo de Souza Nascimento Arthur Botelho Benevides Cruz


Faculdade de Almenara (ALFA) Faculdade de Almenara (ALFA)

'10.37885/230613373
RESUMO

A Covid-19 é uma doença cuja dimensão alcançou níveis pandêmicos rapidamente, atingindo
várias regiões do mundo, com diferentes impactos. A pesquisa trata-se de uma abordagem
qualitativa, de caráter exploratório, compreensivo, explicativo. Esse estudo tem a intenção
de apresentar os aspectos clínicos, epidemiológicos e terapêuticos sobre o Covid-19, bem
como compreender o papel desenvolvido pelo farmacêutico e pelo Sistema Único de Saúde
– SUS. Em virtude de ser uma doença nova e recente, as estratégias de enfrentamento
foram acontencendo comcomitantemente ao avaço da pandemia. O mesmo se deu quanto
aos aspectos clínicos e epidemiológicos. O diagnóstico do coronavírus é feito com o auxílio
de exames que identificam material genético, antígenos e anticorpos. O farmacêutico, deve
auxiliar os clientes pacientes que acessam as farmácias públicas, privadas e comunitárias,
contribuindo com a identificação de casos suspeitos. O estudo descreve as caracerísticas
gerais da infecção, apontando dados e sua evolução no período analisado, bem como expõe
as suas prinicpais características e desagios impos aos serviços de saúde, especialmente
no Brasil, a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento dos desafios
impostos. De modo incipiente, apontou as regras gerais iniciais para utilização dos testes
diagnóstics, seus critéiros de validaçãono Instituto Nacional de Controle de Qualidade em
Saúde (INCQS)/Fiocruz e sua diversidade de utilização e aplicabilidade.

Palavras-chave: Covid-19, Farmacêutico, SUS.


INTRODUÇÃO

O mundo foi surpreendido com uma forte disseminação de um novo coronavírus, que
surgiu em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, Província de Hubei, na China. Cuja
doença recebeu o nome pela Organização Mundial de Saúde de Covid-19, do inglês coro-
navirus desease 19, (OMS, 2020).
A doença de infecção aguda do trato respiratório se espalhou rapidamente em várias
regiões do mundo, com diferentes impactos, transformando-se em uma pandemia, atingin-
do em especial o Brasil, constituindo uma grande ameaça à saúde global, assim como, um
grande desafio a ser enfrentado pelo sistema de saúde brasileiro, e o Sistema Único de
Saúde – SUS tem capacidade como também experiência na resposta à pandemia, conforme
Recomendação nº 020, de 07 de abril de 2020 (BRASIL, 2020).
O avanço da doença impôs a utilização em escala generalizada de medidas de iso-
lamento e distanciamento social, como estratégias iniciais de contençao da disseminação.
Isto se deu também em virtude do escasso suporte conceitual no seu início. Como parte
do mundo, o Brasil passou por pelo que se convencioou denominar primeira, segudnas e
terceira onda da doença (MARTINS; GUIMARÃES, 2022).
Os sintomas da infecção incluem tosse seca, febre, coriza, fadiga, dor de garganta, pode
ocorrer aumento da frequência respiratória, pneumonia e sintomas gastrointestinais como
diarreia e vômito. Geralmente, metade dos pacientes infectados desenvolveram pneumonia
grave e quase um terço dos pacientes desenvolvem síndrome do desconforto respiratório
agudo (XIE et al., 2020).
Esse estudo tem a intenção de apresentar os aspectos clínicos, epidemiológicos e tera-
pêuticos sobre o Covid-19, bem como compreender o papel desenvolvido pelo farmacêutico
e pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

METODOLOGIA

A pesquisa é de natureza básica, pois, o objetivo é fazer com que novos conhecimentos
úteis sejam gerados para o avanço da ciência. Envolvendo fatos e interesses universais.
Utilizou-se como método de pesquisa a revisão bibliográfica, descritiva, com a fina-
lidade de analisar, pesquisar e compreender o papel desenvolvido pelo SUS – Sistema
Único de Saúde e como o farmacêutico poderá contribuir com sua atuação frente à pan-
demia do Covid-19.
Trata-se de uma abordagem qualitativa, de caráter compreensivo, explicativo. Esta na-
tureza preponderantemente qualitativa é coerente com a abordagem teórica adotada, tendo
em vista que percebe o atual momento histórico em que o mundo está vivendo, a Covid-19

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como centro da realidade. Entende-se que abordagens qualitativas trazem contribuições
fundamentais na pesquisa, tendo em vista seu caráter investigativo, descritivo, com ênfase
nos processos e nestes significados da doença envolvida, assim como a importância do
farmacêutico nas políticas públicas, bem como sua atuação no combate à pandemia.
A pesquisa baseia-se na utilização de recursos como a internet, análise de documentos,
livros, protocolos e relatórios do site do Ministério da Saúde, bem como daa Organização
Mundial de Saúde, incluindo materiais de artigos científicos, legislação, utilizando assim,
a pesquisa documental e descritiva, tendo em vista a busca de resultados e respostas a
respeito da problematização apresentada durante o trabalho, que é o desafio que o sistema
de saúde pública está vivendo, a velocidade que o vírus está se espalhando.

REFERENCIAL TEÓRICO

Origem e Evolução histórica

Atualmente o mundo tem enfrentado uma forte disseminação de um vírus denominado


Covid-19, no qual a saúde internacional foi colocada em estado de emergência desde 30
de janeiro de 2020 e o Brasil declarou emergência nacional na Saúde Pública desde 3 de
fevereiro de 2020 diante desta pandemia. É uma doença que se espalhou rapidamente em
várias regiões do mundo, com diferentes impactos. Devido ao vírus ser novo, as estratégias
forma sendo implementadas no curso do avanço da pandemia, esta, somente arrefecidaa
em tempos recentes. No mesmo sentido, as construções teórico e dados epidemiológicos
foram sistematicamente atualizados (BRASIL, 2020).
Como marco histórico, destaca-se que a epidemia de infecção aguda do trato respi-
ratório até então desconhecida, começou Wuhan, Província de Hubei, na China, desde 12
de dezembro de 2019.
A representação da Organização Mundial de Saúde (OMS) na China, foi informada pelas
autoridades nacionais através da Comissão Nacional de Saúde da China em 31 de dezembro
de casos de pneumonia de etiologia desconhecida (causa desconhecida) detectada na China.
Vale lembrar que a Organização Mundial de Saúde mantém contato direto com chineses,
desde a notificação dos casos. Compartilhando informações de acordo com o Regulamento
Sanitário internacional, e, informando outros países sobre a situação diariamente.
No período de 31 de dezembro de 2019 a 3 de janeiro de 2020, foi relatada à OMS pelas
autoridades da China, um total de 44 pacientes com pneumonia de etiologia desconhecida, o
agente causal ainda não identificado. “em 11 e 12 de janeiro de 2020, a OMS recebeu mais
informações detalhadas da Comissão Nacional de Saúde da China de que o surto estava
possivelmente associado a um mercado atacadista de frutos do mar e animais úmidos em

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Wuhan, província de Hubei, China” (OMS, 2020). Não há evidências de que a origem do
SARS-CoV-2 tenha sido de frutos do mar, vários estudos sugeriram que o morcego pode
ser reservatório potencial de SARS-CoV- 2.
Segundo o artigo publicado no jornal da USP (Universidade do Estado de São Paulo)
em abril de 2020 por Arthur Gruber, professor do Departamento de Parasitologia do Instituto
de Ciências Biomédicas da USP, a maioria dos pacientes foram expostos no mercado
Huanan. E nesse mercado comercializava-se frutos do mar, mas também animais silves-
tres, vendidos vivos ou abatidos no local. Contudo, vários pacientes desse surto inicial não
tiveram relação epidemiológica com o mercado, abrindo a possibilidade de que outras fontes
de infecção pudessem estar envolvidas (GRUBER, 2020).
Por seguinte, em sete de janeiro de 2020, as autoridades da China identificaram o
novo tipo de corona vírus. Então a China compartilhou a sequência genética do novo coro-
navírus para outros países a serem usados no desenvolvimento de diagnóstico específico,
este compartilhamento se deu para que os outros países adaptassem às suas próprias
circunstâncias e os serviços de saúde não sobrecarregassem, haja vista a forma de que foi
a epidemia e o pequeno número de casos fora de Hubei são um testemunho do sucesso e
da eficácia (BRASIL, 2020).
Em conjunto com as secretarias estadual e municipal de São Paulo, o Ministério da
Saúde investigou o caso desde então, e no dia 26 de fevereiro, fez a realização de con-
traprova, no qual é refeito o exame para reconfirmar o resultado, e a partir disto, tomar as
devidas providências. Realizando a identificação dos contatos no domicílio, hospital e vôo,
com apoio da ANVISA junto à companhia aérea (BRASIL, 2020).
A partir do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a Organização Mundial de Saúde de-
senvolveu as definições de casos de vigilância para infecção humana com este vírus, sendo
atualizadas conforme as novas informações se tornam disponíveis. Iniciou- se também o
desenvolvimento de diretrizes provisórias para diagnóstico laboratorial, gerenciamento clínico,
prevenção e controle de infecções em ambientes de assistência médica, atendimento domici-
liar a pacientes leves, comunicação de risco e envolvimento da comunidade (BRASIL, 2020).
A OMS também forneceu recomendações para reduzir o risco de transmissão de ani-
mais para humanos, além de elaborar informações para turistas e passageiros de viagens
internacionais para que os mesmos ao chegarem ao Brasil ficassem em isolamento domi-
ciliar por sete dias, mesmo que não tenham sintomas de Covid-19. Orientou, também, que
grandes eventos fossem cancelados ou adiados afim de tentar conter o vírus e que ele não
se espalhe no Brasil. Os pesquisadores e outros especialistas estão trabalhando juntamen-
te com a OMS para coordenar o trabalho global em vigilância, epidemiologia, modelagem,

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diagnóstico, atendimento e tratamento clínico e outras maneiras de identificar, gerenciar a
doença e limitar a transmissão subsequente (BRASIL, 2020).
Esforços de cooperação científica internacional, capitaneados pela Organização
Mundial da Saúde aceleraram processos de pesquisa e produção de vacinas que foram
utilizadas em larga escala, apesar dos embates de cunho ideológicos, que no entanto, ao
prevalecer o apelo a cientificidade, forma importatnes ferramentes no controle da pandemia
(LIMA; FARIA; KFOURI, 2021). Ao mesmo tempo, medidas não farmacológicas se tornaram
importantes, e foi preconizado medidas de etiqueta, distanciamento social, higienização
das mãos, tudo isso para evitar que o vírus de espalhe ainda mais (GARCIA; DUARTE,
2020; MARTINS, 2022).
Embora a OMS tenha anunciado o fim da pandemia, a doença impõe estado de alerta.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde, criou o Painel Coronavírus1 , atualizado diariamente,
que sintetiza os números de casos e de óbitos por covid-19 em todo o país, contabilizando, até
21 de maio de 2022, mais de 30 milhões de casos e mais de 660 mil óbitos, evidenciando-se
três ondas de propagação da doença no país (WALKER. et al.; 2020; MOURA et al., 2022).
A partir do primeiro caso confirmado no Brasil e, naturalmente, o espalhamento pelos
estados, iniciou-se a fase de mitigação, que é evitar casos graves e óbitos. Para isso, o
Ministério da Saúde recomendou medidas básicas para higiene. Como lavar as mãos com
água e sabão, cobrir a boca e nariz com um lenço descartável ou antebraço quando espirrar
ou tossir e evitar tocas os olhos, nariz e boca, não cumprimentar com abraços e aperto de
mão. Sendo assim, o Ministério da Saúde informa a população diariamente com os núme-
ros de casos suspeitos, descartados e confirmados, e mudanças que ocorrem em relação
a situação epidemiológica (BRASIL, 2020).
Em cada país tem uma variação em relação a distribuição das comorbidades e perfil
de idade, a região e situação econômica, assim como os padrões de contato relacionados a
idade e contato social. Variações destes fatores entre países terão consequências importantes
na transmissão da doença, uma vez que os tratamentos da Covid-19 são ainda tentativos,
pois nenhum teste das moléculas apresentou achados cientificamente robustos que indiquem
o uso de qualquer medicamento específico no tratamento desta doença (WALKER, 2020).
Dados mais recentes evidenciam a velocidade da tranasimissão e disseminação do
víus, sendo que em 31 de março de 2020 existiam 760.040 casos e 40.842 mortes, haven-
do um aumento, após seis meses, em 27 de setembro de 2020, para 32.925.668 de casos
confirmados e 995.352 mortes(WHO, 2020).

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Aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção da Covid-19

Agente Etiológico

O conjunto de casos de pneumonia em Wuhan na China, foi causado por um B- corona-


vírus inicialmente nomeado como o novo coronavírus de 2019 (2019-nCoV) pela Organização
Mundial de Saúde em 12 de janeiro, e logo após, oficialmente a OMS nomeou como Covid-19,
e o Grupo de Estudo de Coronavírus do Comitê Internacional sugeriu nomear o novo co-
ronavírus como SARS-CoV-2. Ambos os nomes foram emitidos em 11 de fevereiro de
2020 (BRASIL, 2020).
Segundo o médico infectologista, Dr. Kelsen Dantas Eulálio, “Coronavírus são vírus de
RNA de filamento único cujas suas projeções superficiais em forma de pétalas que se asse-
melham a uma coroa”. O novo coronavírus denominado Covid-19 é um vírus, hipoteticamente
relacionado a duas espécies de morcegos. Tem uma maior propensão a mutações por se
tratar de um vírus de RNA de fita simples de envelope positivo, da família Coronavirdiae,
ordem Nidovirales. Os CoV possuem genoma grande, composto por RNA de fita simples,
com polaridade positiva. Além disso, eles contêm um nucleocapsídeo helicoidal (CONSELHO
REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2020).
Os vírus SARS-CoV, MERS-CoV e 2019-nCoV pertencem a subfamília Betacoronavírus.
Com elevado poder de disseminação, infectam somente mamíferos; são potencialmente
patogênicos e responsáveis por causar a síndrome respiratória e gastrointestinal. Além
desses três vírus, há ainda outros quatro tipos de coronavírus que tem o poder de induzir
doenças no trato respiratório superior e, eventualmente inferior, em pacientes imunodepri-
midos, bem como afetar de modo especial crianças, pacientes com comorbidades, jovens
e idosos (BRASIL,2020).
A doença se manifesta com febre, sinais e sintomas respiratórios, similares a da gri-
pe sazonal. A principal fonte de transmissão é de pessoa a pessoa, através das gotículas
de saliva. Assim, contato com secreções e excreções respiratórias veiculadas por tosse,
espirro, contato pessoal direto ou próximo a pessoa infectadas, com objetos contamina-
dos, levar a mão no nariz, boca e olhos devem ser evitados para impedir a transmissão
(XAVIER et al., 2020).
O período de incubação é o tempo que leva a partir do momento que o Covid-19 é
transmitido de uma pessoa para outra até aparecerem os sintomas. Apesar de não estar
bem estabelecido, de acordo a Organização Mundial de Saúde o período de incubação do
novo vírus varia entre 1 a 14 dias, mas a maioria dos casos ocorre nos primeiros 4 a 5 dias
após a exposição ao vírus (BRASIL, 2020).

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Todas as pessoas podem serem infectados pelo novo coronavírus, apesar da idade.
Contudo, os idosos e pessoas de meia-idade são os mais afetados por esta síndrome res-
piratória aguda. Na China a idade média dos hospitalizados pelo Covid-19 variou de 49 a
56 anos em três estudos (XAVIER et al., 2020).
A infecção pode ser assintomática – não apresentar sintomas, ou sintomática – com
apresentação de sintomas. Na infecção sintomática varia de leve a grave, sendo que a
maioria dos indivíduos não apresenta sintomas graves (ZHENG et al., 2020). Os casos
fatais ocorrem em sua maioria entre idosos e/ou pessoas portadores de comorbidades, tais
como doença cardiovascular, diabetes mellitus, doença pulmonar crônica, hipertensão e
câncer. A infecção assintomática que são casos de portadores do vírus que não apresentam
sintomas, mas podem se constituir em fontes de infecção, influenciando o curso e a potência
da epidemia (XAVIER et al., 2020).

Manifestações Clínicas

O Covid-19 é uma doença infecciosa respiratória aguda, ocorre através do contato de


gotículas respiratórias de pacientes doentes (gotículas de saliva, tosse, espirro), secreções
respiratórias e contato direto através do toque, aperto de mão, contato com objetos ou
superfícies contaminadas, ou por aerossol. É altamente transmissível em seres humanos,
especialmente em idosos e pessoas com doenças subjacentes (BRASIL, 2020).
Como foi designado SARS-CoV-2, os pacientes com o novo coronavírus apresentam
sintomas semelhantes a síndrome gripal como febre, mal- estar e tosse. Os sintomas para
diferenciação de outras gripes a levar em conta um teste para diagnostico são congestão
nasal, coriza, fadiga, dor de garganta, dor de cabeça, mas também podem ocorrer aumento
da frequência respiratória, sibilos (chiado) e pneumonia. Os sintomas gastrointestinais como
vômitos e diarreia podem ocorrer, sendo mais comuns em crianças do que em adultos, e
são raros (XIE et al., 2020).
Fatores de risco para desenvolvimento da doença grave incluem os idosos e também
aquelas pessoas com distúrbios subjacentes como hipertensão, doença pulmonar obstrutiva
crônica, diabetes, neoplasias, doença renal crônica, doença cardiovascular desenvolvem
rapidamente em síndrome do desconforto respiratório agudo, choque séptico, acidose me-
tabólica difícil de corrigir e disfunção da coagulação, levando até a morte, levando em conta
que são pessoas mais vulneráveis (ZHENG et al., 2020).
Pneumonia é a manifestação mais frequente e mais grave da infecção. Em geral, o
paciente cursa com febre, tosse, dispneia e infiltrados bilaterais, nem sempre detectados no
Raio X. Muitas vezes é necessário realizar tomografia computadorizada para serem visualiza-
dos opacidade bilateral em vidro fosco e áreas subsegmentares de consolidação. A tomografia

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computadorizada é de grande proficiência por demonstrar o grau de comprometimento
pulmonar. Em Wuhan, os pacientes de Wuhan com Covid-19 e pneumonia, a tumografia
computadorizada mostrou áreas de consolidação lobulares subsegmentares múltiplas bila-
terais. No entanto o espectro clinico da infecção por coronavírus é muito amplo, variando de
um simples resfriado até uma pneumonia severa. (LIMA; FARIA; KFOURI, 2021).

Diagnóstico

O objetivo do diagnóstico precoce é identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais


de uma determinada doença, primando pela qualidade e pela garantia da integralidade as-
sistencial em todas as etapas da linha de cuidado da doença (BRASIL, 2020). Portanto, o
diagnóstico é o parâmetro para teste e suspeita clínica. A probabilidade de uma pessoa estar
com Covid-19 deve ser analisada principalmente em pacientes que esteja com febre e / ou
sintomas do trato respiratório (tosse, falta de ar), pressão persistente no torax, coloração
azulada nos lábios e rosto, saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente (BRASIL,
2020). Também deve ser considerado em pacientes com sintomas persistentes de mialgias,
diarréia, perda de apetite, com doença grave do trato respiratório inferior, sem uma causa
clara (LIMA; FARIA; KFOURI, 2021).
Ainda que essas síndromes possam suceder com outras doenças respiratórias virais,
a probabilidade de o paciente estar contaminado pelo Covid-19 aumenta caso o paciente:
habite ou viajou para um local onde há transmissão comunitária de Covid-19 nos últimos
14 dias com síndrome respiratória aguda grave – sendo um risco especialmente alto de
exposição ao vírus. Ou teve contato próximo com indivíduo de caso confirmado ou suspeito
de Covid-19 nos últimos 14 dias sem os equipamentos de proteção individual determinados
pelo Ministério da Saúde, particularmente através de trabalhos em instituições de saúde.
Apresentando estes sintomas citados a cima, ou com histórico de contato próximo com caso
confirmado nos últimos 7 dias antes do surgimento dos sintomas, o profissional de saúde
pode estar solicitando exames laboratoriais (BRASIL, 2020)
O diagnóstico de Covid-19 é feito pela detecção direta de RNA SARS-CoV-2 por tes-
tes de amplificação de ácido nucleico, principalmente reação em cadeia da polimerase com
transcrição reversa (RT-PCR). Em todo o mundo são usados vários ensaios de RT- PCR;
ensaios diferentes amplificam e detectam diferentes regiões do genoma de SARS- CoV-
2. A maioria tem como alvo dois ou mais genes, incluindo os genes nucleocapsídeo (N),
envelope (E) e spike (S) e regiões no primeiro quadro de leitura aberto, incluindo o gene da
RNA polimerase (RdRp) dependente de RNA (LIMA; FARIA; KFOURI, 2021).
O teste molecular fundamenta na identificação de sequências únicas de RNA viral, com
constatação por sequenciamento de acidos nucleicos, quando necessário. E, no Brasil tem

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sido o método de referência no Brasil para confirmar o Covid-19 nas instituições de saúde
pública como também da saúde suplementar.
O resultado negativo pode ser devido a vários fatores em um indivíduo que está infecta-
do, implicando que o material do paciente está em pouca quantidade, devido à má qualidade
da amostra; o transporte e a coleta foram inadequados; coleta na fase precoce ou tardia da
infecção; mutação do vírus, ou, inibição de PCR. Se o paciente tem alta probabilidade de
suspeita de Covid-19, e o resultado negativo, testar novamente. Para que a capacidade da
resposta seja melhorada, a rede pública de laboratórios está disponibilizando testes mole-
culares que utilizam plataforma automatizada, a mesma utilizada na Rede laboratorial da
tuberculose e de Carga Viral do HIV e das hepatites virais B e C do SUS (BRASIL, 2020).
O teste imunológico ou sorológico – testes rápidos para detectar anticorpos específico
produzidos pelo corpo humano para SARS-CoV-2, e detectar antígeno do vírus através de
uma pequena amostra de sangue, soro ou plasma. Contudo, os métodos imunológicos são
elaborados para detecção de antígenos específicos do vírus ou detecção de anticorpos IgM
e IgG, alguns por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) e imunocromatográficos (teste rápido)
e outros por imunofluorescência. É menos útil para diagnóstico no quadro agudo, uma vez
que podem ser capazes de identificar alguns pacientes com infecção atual – apresentando
o curso da doença tardiamente, mas são menos propensos a serem reativos nos primeiros
dias a semanas de infecção (BRASIL, 2020).
Os testes imunológicos não aplicam como o único teste para diagnosticar ou descartar
a infecção ativa por SARS-CoV-2. A sua particularidade e sensibilidade de muitos desses
testes imunológicos ou sorológicos são imprecisos. Contudo, antes da realização de qualquer
teste, é de suma importância que o mesmo seja validado no Instituto Nacional de Controle
de Qualidade em Saúde (INCQS)/Fiocruz, para avaliar os resultados do teste, a fim de julgar
se os resultados do teste podem ser considerados confiáveis, tanto se foram negativos ou
positivos. A precisão e o tempo para a detecção de anticorpos variam com o teste específico
usado (BRASIL, 2020).

A atuação do farmacêutico frente ao Covid-19

O acesso à assistência em saúde é promovido pelo SUS, e dentro do âmbito dos direitos
garantidos à população, a saúde pública é um dos elementos de maior importância. A saúde
é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 2020).
De acordo o artigo 196, a saúde deve ser garantida por meio das políticas sociais que
pendam ao próprio acesso à saúde, sem diferenciação de gênero, cor ou raça entre os

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sujeitos destinatários desses benefícios. Com isso, a Saúde Pública é uma das linhas de
atuação do farmacêutico, sendo de muita importância e também essencial a atuação deste
profissional no Sistema de saúde, de acordo suas competências e atribuições nas ações de
saúde pública, tornando fundamental no Brasil neste momento de crise (CRF, 2020).
O País vive um momento histórico, e o farmacêutico também vive um momento de
destaque, sendo os que trabalham na linha de frente atendendo os pacientes em farmácias
públicas e privadas, farmácias das unidades básicas, farmácias clínicas, hospitais, assim
como os que trabalham na retaguarda, em laboratórios, indústrias e pesquisas.
É notório que as equipes de saúde estão na linha de frente da batalha contra o Covid-19,
e certamente fazem parte da população mais exposta e mais suscetível à contaminação.
Segundo a Resolução Nº 585 de 29 de agosto de 2013- Conselho Federal de Farmácia,
as farmácias comunitárias correspondem ao primeiro nível de atendimento em saúde.
Por isso, considera-se que os farmacêuticos também se encontram na linha de frente no
combate à pandemia.
Como integrante da Atenção à Saúde, o farmacêutico deve auxiliar os clientes pa-
cientes que acessam as farmácias públicas, privadas e comunitárias. Contribuindo com a
identificação de casos suspeitos, assim como a evolução clínica de casos confirmados e os
casos de manifestação leve, bem como informar o risco de contaminação daqueles que as
procuram, cuja recomendação pelo Ministério da Saúde, é o isolamento domiciliar. Tendo
em vista as ações organizadas na atuação do farmacêutico frente à pandemia, ele colabo-
rará com todo o sistema de saúde, assim como irá reduzir a sobrecarga das unidades de
urgência e emergência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apresentou a origem e evolução histórica do Coronavírus, onde o vírus co-


meçou a se espalhar, e atingiu muitos países, chegando no Brasil em fevereiro de 2020, e
demonstrou que apesar de todas as orientações e recomendações da OMS, a pandemia
da Covid-19 constitui-se numa ameaça de saúde global.
O estudo descreve as caracerísticas gerais da infecção, apontando dados e sua evo-
lução no período analisado, bem como expõe as suas prinicpais características e desagios
impos aos serviços de saúde, especialmente no Brasil, a atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS) no enfrentamento dos desafios impostos.
De modo incipiente, apontou as regras gerais iniciais para utilização dos testes diag-
nóstics, seus critéiros de validaçãono Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
(INCQS)/Fiocruz e sua diversidade de utilização e aplicabilidade.

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Por fim dicutido o papel do farmacêutico e sua atuação precípuano auxílio aos usuários
que acessam as farmácias públicas, privadas e comunitárias. Deste modo, podendo contribuir
a identificação de casos suspeitos, diagnóstico laboratorial, além de monitorar a evolução
clínica de casos confirmados e os casos de manifestação leve, bem como informar o risco
de contaminação daqueles que as procuram, cuja recomendação pelo Ministério da Saúde,
é o isolamento domiciliar.

REFERÊNCIAS

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Covid-19. / Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. São Paulo, 2020

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05
PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA TERAPIA
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PRÁTICA
CLÍNICA

Camilla Casotti Poisk


Centro Universitário Assis Gurgacz (FAG)

Djonathan Felipe Ramos


Centro Universitário Assis Gurgacz (FAG)

Edina Amaral
Centro Universitário Assis Gurgacz (FAG)

Artigo original publicado em:


XVII ENCONTRO CIENTÍFICO CULTURAL INTERINSTITUCIONAL
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

'10.37885/230713716
RESUMO

A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem psicológica relativamente nova,


constituída por Aaron Beck e embasada no princípio de que o pensamento é o cerne dos
transtornos psicológicos, considerando que os pensamentos influenciam as emoções e os
comportamentos. Logo, é necessária a modulação dos pensamentos disfuncionais para a
conquista de mudanças emocionais e comportamentais duradouras, possibilitando a me-
lhora e alívio dos sintomas. Tendo isso em vista, o presente artigo consiste em uma revisão
bibliográfica que irá explanar acerca dos pressupostos teóricos, conceitos centrais e inter-
venções básicas da Terapia Cognitivo-Comportamental na prática clínica, que embora seja
estruturada, preza pela empatia e calor humano da relação terapêutica para a promoção da
qualidade de vida e bem-estar dos pacientes.

Palavras-chave: Psicologia Clínica, Psicoterapia, Reestruturação Cognitiva, Rela-


ção Terapêutica.
INTRODUÇÃO

A Psicologia Clínica visa, primordialmente, acolher o sofrimento humano, contemplando


todas as suas vivências subjetivas e singulares, para a promoção da saúde e da qualidade de
vida. Em vista disso, evidencia-se, no presente artigo, a Terapia Cognitivo-Comportamental,
uma abordagem psicológica relativamente nova, que possui significativo reconhecimento
graças a sua grande eficácia, que é cientificamente comprovada.
A Terapia Cognitivo-Comportamental compreende o paciente em sua totalidade, le-
vando em consideração a tríade: pensamento – emoção – comportamento. Desse modo, a
referida abordagem psicoterápica acredita que a mudança nos pensamentos disfuncionais
ou distorcidos, por intermédio de uma avaliação mais realista, produz duradouras mudanças
emocionais e comportamentais, proporcionando a melhora e alívio dos sintomas.
Logo, declara-se que o presente artigo se constituirá em uma revisão bibliográfica
narrativa acerca dos preceitos substanciais da Terapia Cognitivo-Comportamental. Por
conseguinte, serão apresentados e elucidados os pressupostos teóricos, conceitos centrais,
princípios e intervenções psicológicas que regem e integram a base da prática clínica da
Terapia Cognitivo-Comportamental.

METODOLOGIA

Este artigo foi elaborado em formato de revisão bibliográfica narrativa, sendo esta
fundamentada em obras de diversos autores contemporâneos, publicadas em livros, artigos
científicos e revistas, disponíveis eletronicamente e em bibliotecas.

DESENVOLVIMENTO

Terapia Cognitivo-Comportamental

A terapia cognitiva teve origem no início da década de 60, na Universidade da Pensilvânia


– Estados Unidos, sendo constituída por Aaron Beck, em consequência de uma investigação
malsucedida sobre os princípios psicanalíticos relacionados à depressão (BECK J., 1997;
BECK e ALFORD, 2000). Em vista disso, a terapia cognitiva foi desenvolvida como uma
“psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a
resolver problemas atuais e a modificar os pensamentos e comportamentos disfuncionais”
(BECK apud BECK J., 1997, p. 17).
Posteriormente, segundo Beck J. (1997) e Rangé (2001), constatou-se a eficácia tera-
pêutica do modelo cognitivo para transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade,

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transtorno de pânico, transtornos alimentares, abuso de substâncias e problemas conjugais.
Rangé (2001) complementa que em virtude do número crescente de publicações científicas
acerca do êxito da terapia cognitiva, em diversas situações, essa abordagem psicológica
adquiriu muita popularidade, passando a ser difundida no Brasil desde o ano de 1995.
Cabe, então, explicar, em conformidade com Beck e Alford (2000), sobre os pressu-
postos teóricos da terapia cognitiva que, evidentemente, reconhece e considera os aspectos
biopsicossociais, contudo, seu foco, para a compreensão das psicopatologias, é a cognição,
ou seja, a maneira com a qual o sujeito percebe e interpreta uma situação. Desse modo,
de acordo com Beck J. (1997), a teoria cognitiva pressupõe que o pensamento é o cerne
dos transtornos psicológicos, uma vez que os pensamentos influenciam as emoções e os
comportamentos, portanto, os pensamentos distorcidos contribuem para a manutenção e
perpetuação das emoções e comportamentos disfuncionais.
Assim sendo, em consonância com Rangé (2001), é indispensável o entendimento
dos três níveis de pensamento. Os pensamentos automáticos surgem espontaneamente
a partir de eventos externos ou internos, podendo ter a forma de sentença ou de imagem.
Estes não passam por nenhuma avalição crítica, e por isso, podem ser exagerados, disfun-
cionais e distorcidos.
De acordo com Knapp (2004), as distorções dos pensamentos automáticos são: ca-
tastrofização, raciocínio emocional, polarização, abstração seletiva, adivinhação, leitura
mental, rotulação, desqualificação do positivo, minimização e maximização, personalização,
supergeneralização, inferência arbitrária, vitimização e questionalização (“e se?”).
O segundo nível de pensamento, conforme Rangé (2001) afirma, se refere às crenças
intermediárias, que expressam atitudes, regras (referentes a “dever”) e suposições (do tipo
“se... então”). Vale ressaltar que as crenças intermediárias não estão associadas, de modo
direto, aos acontecimentos cotidianos, e por essa razão, são mais difíceis de serem aces-
sadas, quando comparadas aos pensamentos automáticos.
Contudo, segundo Beck, J. (1997), o nível mais profundo do modelo cognitivo é com-
posto pelas crenças centrais que são rígidas, globais e supergeneralizadas. Estas são de-
senvolvidas na infância e dizem respeito a verdades absolutas que o sujeito possui sobre
si próprio, os outros e o mundo. Por essa razão, os indivíduos buscam constantemente
confirmar suas crenças centrais irreais e disfuncionais, desconsiderando todas as evidên-
cias contrárias. A autora complementa explicando que as crenças centrais, que são também
denominadas esquemas, orientam a estrutura cognitiva, dando origem as crenças interme-
diárias, que por sua vez, intervirão sobre os pensamentos automáticos.
A identificação dos três níveis de pensamento permite a conceitualização cognitiva,
que também abarca dados relevantes da história do paciente, estratégias compensatórias,

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emoções e comportamentos. Logo, a conceitualização cognitiva se constitui em uma es-
pécie de “mapa”, ou seja, ela é um processo indispensável na terapia cognitivo-comporta-
mental para a compreensão do psicólogo sobre seu paciente, bem como para determinar
a direção da terapia, a fim de um planejamento útil e eficaz, com o qual se atinja as metas
estabelecidas. Dessa maneira, a psicoterapia não se reduz à mera aplicação de técnicas
(BECK, J. 1997; NEUFELD e CAVENAGE, 2010).
Também cabe evidenciar, em conformidade com os autores citados acima, que a
conceitualização cognitiva não deve ser inflexível, visto que as hipóteses levantadas são
confirmadas ou alteradas, e sempre verificadas em conjunto ao paciente. Por consequência,
a conceitualização cognitiva, além de nortear o trabalho do psicólogo, favorece a motiva-
ção e o engajamento do paciente ao processo terapêutico. Em vista disso, declara-se que
“a conceituação cognitiva é a habilidade clínica mais importante que o terapeuta cognitivo
precisa dominar” (KNAPP, 2004, p.27).

Princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental

Em relação aos princípios da terapia cognitivo-comportamental, é relevante apresenta-


-los, uma vez que devem ser colocados em prática, de modo imprescindível, com todos os
pacientes. O primeiro princípio da terapia cognitiva reitera o que foi afirmado no parágrafo
anterior: a formulação da conceitualização cognitiva é constantemente aperfeiçoada, à me-
dida que novas informações são coletadas (BECK, J. 1997).
Outro princípio substancial da TCC, ainda de acordo com Beck J. (1997), se refere à
importância da relação terapêutica para a obtenção de resultados favoráveis no tratamento
psicológico. Desse modo, o psicólogo, antes de aplicar as técnicas cognitivo-comporta-
mentais, deve possuir habilidades para construir e manter um relacionamento que seja
terapêutico em si próprio.
Para isto, a empatia, a compreensão livre de julgamentos, a espontaneidade, a escuta
acolhedora, o respeito, a flexibilidade e o contato visual são atributos que o terapeuta deve,
indispensavelmente, possuir, visto que a qualidade da relação terapêutica se constitui em
um prognóstico sobre a eficácia do tratamento. Portanto, quando este ponto é ignorado
pelo psicólogo, a terapia, possivelmente, está fadada, com mais propensão, ao fracas-
so (RANGÉ, 2001).
A terapia cognitiva, em consonância com Beck J. (1997), estabelece – juntamente com
o paciente – metas terapêuticas realistas conforme os problemas elencados, sendo que o
foco são os problemas do aqui-agora. Logo, essa abordagem psicológica possui ênfase no
presente, é diretiva e breve, por consequência, suas sessões possuem um número limitado,
nas quais a frequência é reduzida gradualmente.

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Além disso, as sessões psicoterápicas são estruturadas. No primeiro momento, é efe-
tuada a checagem do humor, podendo ser utilizada uma escala de 0 a 10, para mensurar
a intensidade dos estados afetivos. Logo em seguida, o psicólogo solicita uma atualização
sobre a semana do paciente, como forma de monitorar a evolução terapêutica. A ponte
com a sessão anterior é realizada na sequência a fim da associação dos atendimentos e da
continuidade do tratamento. Então, a tarefa de casa é retomada e a agenda é estabelecida
em conjunto com o paciente. Após a articulação dos pontos acordados na agenda, há a
definição de uma nova tarefa de casa. Por fim, o terapeuta resume o que foi abordado na
sessão e solicita um feedback sobre a mesma (KNAPP, 2004).
Dessa maneira, percebe-se que na psicoterapia cognitiva o paciente é ativo, devendo
sempre ser estimulado a colaborar com o processo terapêutico, por meio da realização das
tarefas de casa, de decisões sobre os assuntos a se tratar na sessão, entre outros meios
que podem ser adotados pelo psicólogo. Por conseguinte, a abordagem cognitiva também
é educativa, ou seja, ensina o paciente sobre a terapia, o modelo cognitivo, o transtorno
psicológico, e as técnicas que podem auxilia-lo, incentivando a autonomia do paciente e
enfatizando a prevenção de recaída (BECK J., 1997).
Por fim, ainda segundo Beck J. (1997), o décimo e último princípio da terapia cognitiva
relaciona-se às variadas técnicas utilizadas, incluindo algumas da terapia comportamental
e da terapia gestalt. A escolha destas deve ser realizada levando em consideração a con-
ceitualização cognitiva e os propósitos de cada sessão.

A relação terapêutica na Terapia Cognitivo-Comportamental

Como já foi mencionado anteriormente, um fator essencial para o andamento do proces-


so terapêutico diz respeito à relação terapêutica, no qual paciente e terapeuta demonstram
estar mais próximos e conectados, podendo assim estabelecer um vínculo de empatia e
respeito. Logo, tendo em vista a magnitude da relação terapêutica para o sucesso da psi-
coterapia, considerou-se de suma importância especificar, mais profundamente, sobre esse
princípio da Terapia Cognitivo-Comportamental (FELICIANO e PARRA, 2011).
Para com o terapeuta, é fundamental o desenvolvimento de algumas habilidades que
possam facilitar o estabelecimento do vínculo. Com isso, Beck J. (2013) descreve algumas
habilidades a serem exercitadas: demonstrar boas habilidades terapêuticas e compreensão
acurada; compartilhar sua conceituação e plano de tratamento; tomar decisões colaborati-
vamente; buscar feedback, variar seu estilo, ajudar o paciente a resolver seus problemas e
a aliviar sua angústia.
A forma de demonstrar continuamente seu compromisso e compreensão do paciente
por meio de afirmações empáticas, escolha das palavras, tom de voz, expressões faciais

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e linguagem corporal faz com que o decorrer do processo seja positivo para o desenvolver
do vínculo terapêutico (BECK J., 2013).
As características gerais do terapeuta que facilitam o emprego da terapia cognitiva
incluem calor humano, empatia adequada e autenticidade. O comportamento do terapeuta
será afetado a partir desses comportamentos e atitudes durante o tratamento. Se por um
lado, as características forem empregadas excessivamente ou sem critérios, poderão então
favorecer uma ruptura no vínculo terapêutico. Por outro lado, o equilíbrio e a empregabilidade
adequadas das atitudes poderão ser usados de modo com que possa aumentar significati-
vamente sua eficácia (BECK et al, 1997).
As utilizações de tais características não são suficientemente necessárias para produzir
um ótimo efeito terapêutico. Entretanto, na medida em que o terapeuta se aperfeiçoar e de-
monstrar de maneira assertiva tais qualidades poderá contribuir com o início de técnicas es-
pecíficas para a modificação cognitiva de modo com que seja mais eficaz (BECK et al, 1997).
A psicoterapia se passa como um processo, no qual o terapeuta cognitivo deve cui-
dadosamente balancear a importância da autonomia, ter uma postura de confiabilidade e
receptividade, bem como ser discreto e objetivo. De modo geral, o terapeuta nas fases iniciais
do tratamento, tende a ser mais acolhedor e empático, de modo com que gradativamente
incite uma postura mais ativa do paciente, estando menos presente na terapia em que fases
anteriores (BECK et al, 1997).
De acordo com Greenberg (2007, apud Portela et al, 2008, p.10),

Os terapeutas, na fase inicial da terapia, transmitem compreensão e reconhe-


cimento pela dor do cliente, validam os seus esforços e focam-se no impacto
emocional dos eventos na vida do cliente. Devido a uma audição atenta, inte-
resse e expressão facial, corporal, incluindo os olhos e as mãos, do terapeuta
que transmitam a consideração pelo paciente, este começa a sentir-se visto,
valorizado e respeitado e, por isso, mais inclinado a confiar e a abrir-se. Ao
atender ao coração do cliente e a expressar confiança incondicional nas suas
forças e capacidades de crescimento, o terapeuta ajuda a revelar a unicidade
e força do cliente. É vendo a possibilidade de crescimento noutro ser humano,
que esta possibilidade é estimulada.

A Terapia Cognitiva-Comportamental apesar de ser uma abordagem estruturada, tem


como base a relação colaborativa entre terapeuta e paciente, na qual ambos têm papel
ativo no processo psicoterápico (FELICIANO e PARRA, 2011). Para Beck et al (1997) a
relação terapêutica não é usada simplesmente como uma maneira de alívio de sofrimento,
mas se dá anteriormente como um veículo para facilitar um esforço comum para alcançar
os objetivos da psicoterapia.
No que diz respeito aos objetivos da psicoterapia, esses se dão sobre as expectativas
dos resultados de curto e longo prazo entre terapeuta e paciente. Dentre as tarefas definidas,

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podem ser realizados acordos ou consensos entre ambas as partes, buscando atividades
diversas para que possa contribuir na resolução de problemas dos pacientes (SINGULANE
e SARTES, 2017).
Na Terapia Cognitivo-Comportamental, conforme Beck J. (1997), cada passo na pro-
gressão do tratamento é usado para desenvolver e aprofundar aspectos colaborativos da
relação. Têm como início a orientação e encorajamento do terapeuta, no qual posteriormente
o paciente aprende a reconhecer suas interpretações negativas automáticas de suas expe-
riências. Em seguida, paciente e terapeuta começam a analisar as informações discutidas
para que possam encontrar padrões específicos no pensamento automatizado.
Portanto, a abordagem Cognitivo-Comportamental apesar de focalizar na reestrutu-
ração cognitiva e na modulação de pensamentos automáticos, traz consigo fortemente a
relação terapêutica como um fator intrínseco na relação, sendo vista como um processo
uma negociação constante em psicoterapia (BECK J., 1997).
A Terapia Cognitivo-Comportamental demanda de alguns comportamentos do terapeu-
ta com objetivos de intenções, expectativas, motivação e esperança, demonstrando uma
postura empática, acolhedora e calorosa. Outras variáveis que estão presentes no vínculo
terapêutico, dizem respeito à qualidade e força da relação, aceitação emocional e a habili-
tação do paciente explorar visões sobre si (PORTELA et al, 2008).
Portanto, Beck J. (1997) afirma que na relação terapêutica constrói-se ponte entre am-
bas as partes para que o andamento da psicoterapia possa se efetivar. O estabelecimento
do vínculo auxilia no tratamento de maneira favorável, pois paciente e terapeuta que criam
confiança, empatia e buscam alcançar metas em conjuntos, demonstram estarem inclinados
a investigar crenças e a trabalhar a resolução de problemas de maneira mais assertiva.
Sendo assim, pode-se observar com que a relação é um vínculo que condiz com o
crescimento e bem-estar, auxiliando na mudança psicológica e que se dá por esforço mú-
tuo. Por isso, manter a qualidade da relação é fundamental para o andamento do processo
psicoterápico, sendo de suma importância demonstrar empatia, aceitação e congruência,
bem como se fazer presente e atento na psicoterapia (BECK J., 1997).

Intervenções cognitivo-comportamentais

As etapas do processo terapêutico da abordagem psicológica cognitivo-comportamental


são claramente definidas. O primeiro momento deve englobar o estabelecimento do rapport
para a construção de uma relação terapêutica favorável, a anamnese, o exame de estado
mental, a psicoeducação sobre a terapia e o modelo cognitivo, bem como a elaboração da
conceitualização cognitiva (BECK, J. 1997; RANGÉ, 2001; NEUFELD e CAVENAGE, 2010).

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Em seguida, o foco de intervenção se constitui na mudança dos pensamentos automá-
ticos, emoções e comportamentos disfuncionais, com o propósito de que, posteriormente,
se atinja a mudança das crenças intermediárias e centrais. Quando os objetivos são alcan-
çados, e o processo terapêutico está se aproximando do término, é de suma importância
realizar a prevenção da recaída, a fim de que o paciente se torne seu próprio terapeuta
(BECK, J. 1997; RANGÉ, 2001).
Tendo isso em vista, cabe apresentar acerca da entrevista inicial que, como já foi
mencionado anteriormente, é realizada logo nas primeiras sessões para a obtenção de in-
formações sobre o paciente. Ela se constitui em uma entrevista semidirigida, ou seja, uma
conversação com estruturação básica, na qual o paciente pode se sentir à vontade para ex-
por suas demandas, enquanto que o psicólogo pode intervir visando a melhor compreensão
sobre os dados importantes para o processo terapêutico (FRAGA, 2016).
Beck (1981, p. 94) explica que é muito válido iniciar a entrevista perguntando “Como
você se sente ao ver um terapeuta?” ou “Como você se sentiu a respeito de vir aqui hoje?”.
Também é fundamental investigar acerca “(a) o diagnóstico do paciente, (b) sua história
passada, (c) situação atual de vida, (d) problemas psicológicos, (e) atitudes a respeito do
tratamento e (f) motivação para o tratamento”. Além da obtenção de tais informações, a
entrevista inicial deve promover, em algum grau, o alívio de sintomas.
O exame do estado mental também é crucial para a avaliação do psicólogo sobre seu
paciente em relação a presença de psicose e ideação suicida, bem como acerca da existência
de sintomas físicos/orgânicos. Esses dados são muito relevantes e devem ser considerados
no planejamento do tratamento psicoterápico (BECK, 1981).
Após o término da entrevista inicial, Oliveira (2011) declara que deve ser realizada a
psicoeducação do modelo cognitivo, a fim de que os pacientes sejam informados acerca da
tríade cognitiva, constituída por pensamentos, comportamentos e emoções, para que assim,
identifiquem e compreendam a interrelação desses três componentes. Beck afirma que essa
técnica é essencial, uma vez que possibilita a aprendizagem dos referidos conceitos e sua
diferenciação, tornando possível a continuidade da terapia psicológica. Além de que, viabiliza,
ao paciente, uma reflexão inicial acerca de sua visão sobre si próprio, sobre os outros e sobre
o mundo, aspectos essenciais para a conceitualização cognitiva (NOGUEIRA et al, 2017).
Se a psicoeducação do modelo cognitivo foi finalizada e completamente compreendida
pelo paciente, o psicólogo pode introduzir o Registro de Pensamento Disfuncional (RPD),
que de acordo com Beck J. (1997), é uma das principais técnicas para a identificação e
avaliação dos pensamentos automáticos. O paciente, no primeiro momento, deve registrar o
pensamento, a emoção e o comportamento que se manifestaram em determinada situação.
Quando o preenchimento das primeiras quatro colunas passa a ocorrer sem o auxílio do

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psicólogo e de modo satisfatório, o RPD pode ser solicitado como tarefa de casa. Na se-
quência, são adicionadas duas novas colunas: pensamento alternativo e comportamento
adaptativo. Esse exercício habilita o paciente a verificar seus pensamentos e altera-los,
mediante uma avaliação racional e realista, sendo que somente a partir disso, é possível
uma resposta mais adaptativa.
O questionamento socrático, por sua vez, também é uma ferramenta substancial da
terapia cognitivo-comportamental, podendo estar presente em todas as sessões, já que
objetiva a modificação dos pensamentos automáticos. Ele consiste em perguntas abertas
e orais que estimulam e ensinam o paciente a “pensar sobre o pensamento”, a fim de que
este reflita novas formas de perceber determinado fenômeno e novas alternativas para os
pensamentos disfuncionais. Por conseguinte, o questionamento socrático quando realizado
adequadamente, deverá promover mudança comportamental e emocional, necessitando ser,
urgentemente, revisto na ausência de tais resultados. Portanto, o questionamento socrático
é uma técnica colaborativa, que possui como finalidade a avaliação dos pensamentos, e para
isso, não são utilizados questionamentos de comando, que o tornem um método autoritário
(SANTOS e MEDEIROS, 2017, p. 206).
As intervenções e técnicas até aqui descritas possuem presença indispensável para
o sucesso do processo terapêutico. A partir disso, é possível dar continuidade com o uso
de técnicas mais pontuais, embasadas na conceitualização cognitiva de cada paciente, ou
seja, conforme a demanda psicológica de cada paciente. Por conseguinte, a terapia cog-
nitiva-comportamental irá alcançar seu objetivo substancial: a modificação duradoura das
emoções e comportamentos, mediante a mudança cognitiva (BECK, J. 1997).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Terapia Cognitivo-Comportamental é estruturada, baseada no presente e leva em


consideração os pensamentos, que têm vasta influência nas emoções e comportamentos.
Dessa forma, a modulação de tais pensamentos pode resultar em alterações comportamen-
tais e emocionais que influenciam na qualidade de vida e bem-estar dos sujeitos.
A partir dos estudos mencionados é possível verificar que os pressupostos da Terapia
Cognitivo-Comportamental bem como as técnicas devem estar presentes nas sessões, ob-
tendo-se assim um setting terapêutico, que apesar de estruturado, necessita de autenticidade
e empatia por parte do profissional para um melhor estabelecimento da relação terapêutica
e consequentemente resultados mais significativos para a melhora dos sintomas.
Constata-se também de que o andamento da psicoterapia se faz por uma via de
mão dupla, no qual terapeuta e paciente trabalham em conjunto para melhores resultados

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terapêuticos. Nesse mesmo sentido, o psicoterapeuta utiliza da descoberta guiada, incitando
o insight do paciente e auxiliando em busca de suas resoluções de problemas.
Sendo assim, a terapia cognitivo-comportamental é vista como uma psicoterapia co-
laborativa, no qual cada uma das partes tem suas funções e deveres para que em conjunto
haja a melhora terapêutica. Para isso, o profissional deverá se respaldar dos enquadres da
terapia, de técnicas e habilitações, de matérias teóricos, mas exercendo a todo momento a
empatia e calor humano, sendo sensível e validando os sentimentos do paciente de forma
autêntica e sincera, para que então possibilite um ambiente favorável as metas estabeleci-
das em psicoterapia.

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06
PSICOTERAPIA EMBALADA PELO CONTEXTO
PSICOLÓGICO: INFLUÊNCIAS DA EVOLUÇÃO
TECNOLÓGICA NA COMPOSIÇÃO MENTAL E NAS
ESTRATÉGIAS PSICOTERAPÊUTICAS

Caio Cesar Piffero Gomes


Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

'10.37885/230412800
RESUMO

Este artigo investiga a ação do contexto social na composição mental por influência do avanço
tecnológico, levando em consideração o acompanhamento de pacientes em psicoterapia em
consultório privado. Com o imprescindível avanço tecnológico da psicoterapia, a mesma ob-
jetiva relacionar o uso de tecnologias avançadas, como as utilizadas na comunicação virtual
e no trabalho remoto, enquanto estratégia usada por psicólogas(os), para o tratamento da
saúde mental, considerando que diferentes demandas de saúde mental têm adentrado aos
consultórios, supostamente, decorrentes de influências dos referidos instrumentos. Constata
que o contexto social permeado por tecnologias de estrema complexidade, na proporção
em que estão massivamente disponibilizadas à população, estimula rápidas alterações na
composição mental, na medida em que atravessa diversas áreas de convívio em socieda-
de. A utilização de tais instrumentos tem sido inevitável, porque eles estão presentes nos
afazeres contemporâneos e, para utilizá-los são necessárias constantes e novas aprendiza-
gens, desencadeando possibilidades de estresse, inquietações e desconfortos psicológicos,
capazes de provocar desadaptações mentais. O psicoterapeuta, inserido no mesmo contexto,
fica obrigado a utilizar os mesmos instrumentos e tecnologias, tanto para a sua adaptação
social como para obter bom desempenho profissional. O contexto contemporâneo carac-
terizado por rápidas mudanças, favorece que as pessoas tendam acompanhar o ritmo das
inovações, notado pelas substituições de um aparelho novo por outro ainda mais moderno,
com novidades operacionais mais sofisticadas do que as existentes no anterior. A utilização
de estratégias e de técnicas psicoterápicas variam entre uma época e outra e, com o passar
do tempo, podem não mais ter a eficiência desejada, pois com a atualização dos canais de
comunicação, a capacidade de entendimento entre os interlocutores – pacientes e psicote-
rapeutas –, pode ser comprometida. Podem ter sido eficazes em época anterior, apresentar
problemas no presente, assim como não ter mais o mesmo desempenho, em época futura.
Averígua-se, como possíveis instrumentos psicoterápicos auxiliares do psicoterapeuta, o
uso colaborativo de recursos tecnológicos como os algorítmicos e a inteligência artificial.

Palavras-chave: Complexidade Social, Evolução Tecnológica, Composição Mental, Psi-


coterapia Inovada.
INTRODUÇÃO

A quantidade de alternativas psicoterapêuticas existentes se tornou tão ampla que


parece existir uma para cada psicoterapeuta. É compreensível tal expansão considerando
a popularização da procura por viver melhor. Complicações, decorrentes de processos sub-
jetivos, com repercussões no desempenho do trabalho, na vida social ou no amor, perdem
espaço, para a conquista de performances positivas, em qualquer que seja área que a pessoa
esteja inserida. Inibições, inseguranças e angústias, assim como fobias, alterações no humor
ou explosões de raiva são entendidas como traços de personalidades a serem valorizados
ou desprezados. Inviabilizar o alcance de objetivos por fatores psicológicos está se tornando
inadmissível. Todos e todas não se permitem submeter-se a estas “desqualificações”. Tais
implicações perdem o valor de psicopatologias e têm se tornado inabilidade laboral, social ou
de qualquer outra modalidade. As possibilidades atuais de realização pessoal são enormes
em número e em complexidade. Pela primeira vez, a probabilidade de que qualquer pessoa
seja referência em conhecimento de uma área se tornou amplamente alargada. Blogueiras(os)
e influencers digitais são a prova disso. Eles possuem milhares de seguidores e se tornam
referência, sendo admirados, copiados e reproduzidos em grande escala, causando inveja
em cientistas que investiram boa parte de suas vidas para desenvolver algum tipo de produto
que possa ser ofertado para a sociedade, sem receber notoriedade equivalente.
Considerando a transformação do que vem a ser conhecimento, representatividade
social e sanidade mental, o objetivo deste artigo é considerar fatores que atualmente estão
implicados com o trabalho do psicoterapeuta e quais possíveis novas ações poderão ocorrer
na psicoterapia. Em uma sociedade em que todos podem ser protagonistas de suas vidas
e podem mostrar como fazem as suas coisas, comportamentos e pensamentos são com-
partilhados em troca de alguns milhares monetários. O saber não é exatamente o que se
procura, mas sim como vender o saber, mesmo que seja suposto. Esse parece ser o grande
mote para o momento, fazer render o que está disponível para ser comercializado e com a
renda usufruir melhor a vida.
Aproveitar a vida também ganha significados diversos. Cada um em sua idiossincra-
sia faz o que pode para se sentir engajado nesse processo. A rapidez e a possibilidade de
sucesso priorizam os investimentos, colocando em dúvida o antigo ditado de que para ser
alguém na vida é preciso estudar, ou ao menos estudar com o significado tradicional: ir à
escola e seguir para uma universidade no intuito de aprender uma profissão. O aumento do
ensino remoto decorrente das limitações de mobilidade provocado pela pandemia (COVID-19)
causou estranhamento quando a sociedade se viu “obrigada” a fazer uso dessa modalidade
de ensino, tão criticada e negligenciada por tanto tempo.

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Notável foi a rápida absorção de grande parte de profissionais, logo após um breve
período de resistência ao trabalho remoto, quando se deram conta de seus benefícios. Como
a falta de necessidade de deslocamento, anulando os custos com combustível, passagens
e outras despesas e ainda diminuindo grande quantidade de poluição do meio ambien-
te. As ruas se tornaram menos agitadas e diminuiu o fluxo de pessoas se transloucando de
um lugar para outro. Até mesmo o número de assaltos diminuiu na fase crítica do isolamento
social. Quem sabe os baderneiros ficaram em suas casas se protegendo da contaminação
em voga. Inclusive acidentes de automóveis, tanto nas ruas das cidades como nas estra-
das, tiveram queda nesse período. Embora, obviamente, existam alguns prejuízos deste
sistema remoto, como o sedentarismo, o baixo convívio social e reações psicológicas como
depressão e pânico.
Essas são reações humanas compreensíveis, pois a mudança foi muito intensa, súbita
e drástica. Acostumadas a outro ritmo de vida, durante o período pandêmico, a maioria das
pessoas permaneceu em suas casas e diminuiu drasticamente os costumeiros contatos
sociais. Logo, era de se esperar que alguns contragostos surgiriam.
A questão é: se colocados “na balança”, existem motivos para reverter as práticas la-
borais na modalidade de como era antes? Deve-se entender os efeitos inesperados da atual
situação como passageiros ou uma diferente forma de trabalhar e viver em um período pós
isolamento pandêmico? As repercussões a longo prazo, no corpo e na mente, assim como
na socialização ainda são pouco conhecidas, porém os experimentados até então parecem
ser superficiais e não merecedores de critérios comprovados para encerrar a prática on-line
da vida que recém inicia.
O convívio com a tecnologia mostra como é muito interessante a tendência à identifica-
ção das pessoas com os processos tecnológicos. Parece haver disposição para que alguns
processamentos, de algumas máquinas, sejam introjetados e repetidos, ou quiçá invejados
pela humanidade, de maneira que, quando possível, o exercício para reproduzi-los pode
estar estimulando o surgimento de habilidades humanas desconhecidas.
A rapidez com que ocorrem os afazeres e as trocas humanas por meio digital, por
exemplo, propicia que a comunicação seja ampliada exponencialmente. Em uma discipli-
na com 30 alunos uma professora teria dificuldades em gerenciá-la via telefone, mesmo
já existindo reuniões por este canal, no entanto, não disponibilizava outros recursos além
da comunicação pela voz. Com as plataformas digitais, em que várias pessoas podem se
reunir ao mesmo tempo e de qualquer lugar do planeta e mesmo fora dele e todas terem a
condição de enxergar uns aos outros, assim como ter a possibilidade de expressar as suas
ideias, junto a tantos recursos, como o compartilhamento de um vídeo ou um texto, ou até
mesmo criar algo novo em tempo real no convívio digital, muda muita coisa.

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É pouco provável supor que o funcionamento mental, ao experimentar essas novas mo-
dalidades, não esteja sendo instigado a desenvolver outras abrangências mentais mais eleva-
das, capazes até de superar as influências da composição edipiana na estruturação da mente.
Todas e todos desejam, quando em psicoterapia, resultados resolutos. Poucos disponi-
bilizam de tempo para permanecer em psicoterapia por muito tempo. Essa afirmação parece
simplista, porque não é possível negar a existência de personalidades descompassadas e
necessitadas de ajuda para aprender a viver no campo presencial como de costume, ou no
on-line, a novidade do século. O que parece estar existindo é uma nova demanda para a
prática das psicoterapias e uma releitura do sujeito contemporâneo, por entender que ele
pode estar estruturando a sua mente de maneira totalmente diferente e que alguns marcos
teóricos reconhecidos, é bem possível, não a explique mais. O desafio é o rumo das inves-
tigações, como a finalidade de que descobertas atuais sobre a mente sejam conquistadas
e aplicadas na inovação das técnicas psicoterapêuticas.
Considerando que o sujeito contemporâneo esteja em recomposição ao abandonar
referências mentais antigas e adquirir referências que respondam ao atual contexto social,
o desafio para desenvolver novas abordagens a partir de compreensões sobre a estrutu-
ração mental das pessoas, recai no psicoterapeuta, pois é um dos profissionais que mais
convive com as transformações humanas, no que se refere ao seu comportamento e a sua
constituição mental. Logo, como será a formação do psicoterapeuta é uma indagação bem
curiosa, pois ela está imbricada com a constituição do sujeito futuro.
A Psicologia estudou o sujeito a partir do século XIX, cruzou o século XX e se man-
tém estudando-o no século XXI. Até quando os referencias teóricos utilizados na clínica
subsidiarão psicoterapeutas para responder as demandas dos humanos da atualidade?
Algoritmos e inteligência artificial (IA) estão envolvidos na composição de ambos, assim
como os estão instrumentalizando. Quando esses recursos estiverem mais presentes nas
práticas psicoterapêuticas representarão alternativas que irão colaborar para que a humani-
dade desfrute melhor da vida ou a limitará às condições de interesses como as envolvidas
com o mercado econômico e na disputa por poder? Essas são algumas das questões que
motivaram a elaboração deste artigo.

MÉTODO

a. Análise do contexto social

O contexto social, variado em suas facetas e em suas convocatórias de participação do


sujeito em incríveis e constantes ineditismos gerados, principalmente, pela ciência eletrônica,
está se tornando um grande laboratório para as construções mentais. A fim de entender os

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pacientes que procuram por psicoterapia, constantes são os esforços, dos psicoterapeutas,
para se manterem atualizados sobre os possíveis desenhos mentais que estão surgin-
do. As transformações sociais são radicais, atingindo estilos de vida, mercado econômico,
valores e exigências que têm recaído sobre as ciências humanas, assemelham-se às ce-
nas sensacionalistas ou ficcionistas cinematográficas. No entanto, são fatos realísticos que
chocam concepções antigas, e as nem tão antigas, mas que podem ter sido descuidados
em suas atualizações e em breves instantes se afastam do que se entende por atualidade.
O desejo de acompanhar tudo o que acontece e aproveitar as magníficas novidades
faz com que as pessoas se debatam frente ao que consideram limitações mentais e se co-
loquem em situações em que submetem o corpo e a mente às condições em que acreditam
poder expandir as suas capacidades. Corpos marcados por tatuagens e nutridos por diversas
substâncias químicas parecem revelar a precariedade da sua evolução e das suas poten-
cialidades. Expressam o desejo da desmaterialização e de fazer notar o quanto esse tem
se tornado empecilho para facilitar reconfigurações. Assim como ocorrem com as funções
mentais, as alterações corporais também são provocadas pelo mundo virtual.
As tecnologias que dão acesso à condição da desmaterialização de formas, movimen-
tos e mensagens, sem desintegrá-las ainda não conseguem disponibilizar os seus recursos
ao mundo sensível - tridimensional. De maneira que parece causar inveja ao ser humano,
aquilo que ele mesmo cria, na tentativa de viver experiências além das triviais e arquetípicas.
Além das caricaturas realizadas na epiderme, há também o uso de substâncias, muitas delas
desenvolvidas para aprimorar o desempenho do corpo e quem sabe, além desta intenção,
ampliar a longevidade humana. Suplementos e alimentos diversificados surgem a todo ins-
tante e são ofertados por diversas portas comerciais para o acesso de quem quer que seja
e tenha interesse em alterar as suas condições orgânicas. Psicologicamente, outras tantas
inovações têm sido colocadas à disposição da população para serem ingeridas, tragadas,
bebidas, causando efeitos psicodélicos ao ritmo cotidiano do pensamento e das emoções.
Parece que o ser humano está desgostoso com as condições humanas que milenarmen-
te usufrui, quando as compara como as sofisticadas criações tecnológicas. Estudos sobre a
expansão da consciência, o êxtase e o estado de fluxo, dão a entender que essas condições
poderão encaminhar a humanidade a perceber coisas, fatos, dimensões que hoje, em sua
maioria, são apenas imaginadas e tantas outras inimaginadas. Motivados pela intuição de
que melhorando essas condições mentais, podem ser alcançadas dimensões outras, que os
sentidos, em seu estado natural, não são capazes de perceber. Limites da resistência física,
por meio da prática de diferentes esportes, sempre são aferidos, grau a grau, com a intensão
de verificar se estão ocorrendo variações e quais, de maneira que novos recursos possam
ser desenvolvidos para favorecer a superação. Capacidade de experimentar sensações

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ultrarradicais, como viagens espaciais, também estão à disposição de quem pode pagar.
Assim, como as condições eletrônicas distribuídas às multidões, como é o caso dos celula-
res, das nuvens virtuais e de um somatório de dispositivos que tornam a vida, em qualquer
lugar, uma possibilidade de viajar para bem longe, ou para o lugar desejado, sem abandonar
o lugar geográfico aonde o indivíduo se encontra (KOTLER, 2017). Tudo isso mexe com a
mente, estimulando desejos, gerando angústias, provocando mudanças comportamentais
e novas atitudes na sociedade.
Disso tudo, o “tornar-se” está cada vez mais presente, de maneira que ser ou estar,
quase não são reconhecidos em suas formas em si, tanto quanto tem sido a condição da
transformação. Não dá nem para afirmar ser reconhecida à medida que se forma, mas ao pas-
so que é constituída em uma outra concepção, na qual a forma existe enquanto movimento.
Considerando a influência do contexto social modificado pela exponencial evolução de tudo,
se consegue entender algumas diferenças que a maneira de viver está atingindo. Em uma de
suas várias contribuições Kelly (2017) alerta sobre a mudança comportamental em relação
ao “ter”, sendo substituído pelo “acessar”, quer dizer: a imaterialidade da posse pode ser uma
nova forma de adquirir o que não se possui, quando o acesso dá condições de se desfrutar
do que se utiliza como se proprietário fosse. Um exemplo bem concreto desta imaterialidade
da posse são os aplicativos de motoristas de carros que transportam passageiros. Grande
parte dos motoristas destes veículos alugam os automóveis de locadoras e os utilizam como
se fossem seus, alugando-os para passageiros necessitados de translocações de um lugar
para outro, esses, por sua vez, fazendo uso do automóvel, como se fossem proprietários
deles e agregado a ao automóvel vem o “seu motorista”.
A humanidade consegue pensar e desejar de maneira mais crível a possibilidade de
encontrar este ambiente simulado, mas que parece verdadeiro, porque a realidade virtual
fornece à sua sensopercepção a falsa ideia de que o percebido é verdadeiro e não deixa
de ser. Há um engano lúcido sobre o que está acontecendo, mas até que ponto o cérebro
diferencia o que é ilusão óptica do que é uma percepção verdadeira? Considerando que as
representações mentais são constituídas durante a interação do que se percebe e de como
reagimos em relação a elas, é instigante o desafio de investigar aonde essa evolução toda
pode levar os contornos da razão. Segundo Kelly (2017), “a realidade virtual é um mundo
falso que parece absolutamente autêntico”. Parecendo absolutamente autêntico é possível
que o cérebro não consiga fazer a distinção entre o que é virtual e o que é real. Até porque,
em que ponto a representação mental é mais real do que a realidade virtual? Quando o
computador mental se apaga aonde a realidade psicológica se mantém alocada? Em uma

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nuvem junto aos anjos ou no iCloud da Appel? As evoluções digitais ainda são embrioná-
rias e já estão provocando todas essas inquietações. Imaginá-la daqui a 50 anos se torna
quase impossível.
A psiquê no entendimento de Harari (2018), afetada pela evolução tecnológica pode
sofrer alterações profundas em curto tempo. Associa a evolução tecnológica também com o
acesso a ela, pois nem todos possuem condições para usufruir das suas finalidades. Entre
pessoas de classe média, alta ou baixa, muitos têm acesso a esses instrumentos, além dos
aparelhos básicos disponibilizados à população, mesmo que a preços elevados. Com o
impacto mental causado pelas suas características, Harari (2018) vai mais além do que já
exposto, compreende que quem não fizer uso dessas tecnologias no dia a dia, tenderá a não
desfrutar do mesmo ritmo de desenvolvimento da espécie, em relação aos que acessam as
mais sofisticadas por maior tempo. Nem é possível imaginar a qualidade das tecnologias das
quais ele se refere, pois muitas delas estão por vir. No entanto, é possível compreender a
dimensão que o autor dá para as influências desses recursos, sejam eles quais forem, para
a concepção mental e fisiológica da constituição da humana. Harari (2018, p.105) supõe que
o não desfrute igualitário das tecnologias entre as pessoas, poderá “resultar em especiação:
que seria “a divisão do gênero humano em diferentes castas biológicas ou até mesmo em
pelo menos duas espécies diferentes.”
Esse alerta é impressionante, pois passaria a existir duas espécies humanas e uma
tão diferente da outra, que nem mesmo haveria condições biológicas para procriação entre
elas. “A globalização unirá o mundo horizontalmente, apagando fronteiras nacionais, mas ao
mesmo tempo vai dividir a humanidade verticalmente” (HARARI, 2018, p.106). Harari (2018)
alerta para a divisão de classes, de maneira que se “não tivermos cuidado, os netos dos mag-
natas do Vale do Silício e dos bilionários de Moscou podem se tornar uma espécie superior à
dos netos de lenhadores dos Apalaches e dos vilarejos da Sibéria” (p.106). Contingente em
que pode ser acrescentado os moradores das favelas brasileiras e até muitos professores
universitários, empresário de empresas de porte médio e tantas outras pessoas que vivem
na classe média e média alta, caso permaneçam as atuais políticas sociais, no Brasil.

b. Análise da problemática clínica

As perguntas pertinentes aos desafios da clínica psicoterapêutica surgem de vários


vértices e são fundamentais. O aumento da quantidade de inovações capazes de provocar
transformações psicológicas e fisiológicas na espécie humana é cada vez mais notável e as
suas formas pouco previsíveis, espalhando-se de um canto a outro do planeta, compondo
um grande campo, talvez, comparável à noosfera de Chardain (1980). Ele tentou construir
uma visão integradora entre ciência e teologia e uma das suas concepções foi o conceito de

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noosfera, definindo-o como sendo uma condição estruturalmente comparável à atmosfera,
lugar onde, supostamente, ficariam alojadas as ideias, a comunicação e outras condições
culturais da humanidade. Nas palavras do autor, “Assim como há a atmosfera, existe tam-
bém o mundo das ideias, formado por produtos culturais, pelo espírito, linguagens, teorias
e conhecimentos” (CHARDAIN, 1980, p. 1024), compondo a noosfera.” Uma espécie de
invólucro contentor de toda a produção humana e, segundo Chardain (1980), quando a hu-
manidade pensa e se comunica, alimenta esse espaço. O autor utiliza esse conceito para
definir um lugar, um espaço, facilitando a sua exposição sobre como o contexto social estaria
amplamente acontecendo, como desenvolvimento cultural, evoluindo de um estado caótico,
para outro mais elevado e organizado.
A quantidade e a qualidade das transformações sociais, estão sendo consideradas
como promotoras de capacidades mentais diferenciadas de épocas passadas, que no caso,
há menos de 20 anos, tais inovações no sentido geral, estavam impossibilitadas de serem
acessadas por grande parte da humanidade. Hipoteticamente, a distância entre as condições
de vida em geral, mas principalmente, as derivadas das tecnologias mais avançadas, como as
envolvidas nos dispositivos de realidade virtual, não seriam, ou pouco seriam compreendidas
pela humanidade daquela época e por isso, tornar-se-iam inacessíveis à sua compreensão.
Esta condição pressupõe que a humanidade está equipada mentalmente, por dispositi-
vos psicológicos, que não existiam 20 anos atrás. E aqui há um problema a ser esclarecido,
porque ao supor que a mente humana não conta com tais equipamentos mentais, não quer
dizer que ela esteja, estruturalmente, alterada, enquanto estruturação psicológica. Não,
os dispositivos aqui referidos são seus conteúdos. Ou seja, seria a aquisição de supostos
conhecimentos básicos, a priori necessários, para que a mente consiga ler a complexidade
dos atuais conhecimentos tornando possível a adaptabilidade social. A ênfase está no con-
teúdo e não na forma, no entanto, não dá para desprezar que o conteúdo pode modificar a
forma do que o envolve.
A comunidade humana estaria equipada por conceitos, valores, ideologias, priorida-
des que evoluíram e se diferenciaram dos que a compunha no passado. Conforme descrito
acima, Harari (2018) considera que transformações avançadas e drásticas, caracterizadas
por transformações estruturais, tanto nos aspectos físicos, como em suas estruturas mentais
denominadas de especiação, estariam se encaminhando. Hoje, essas suposições, mais se
parecem com cenários de filmes ficcionistas. No entanto, já foi considerada ficção a telecon-
ferência, na forma como acontece hoje por meio de celulares e outros dispositivos.
O sujeito que tem adentrado aos consultórios de psicologia clínica é esse que experi-
menta tais inovações e reage estranhando-as, enquanto as processa e as assimila. A pro-
blemática que esse assunto suscita sobre a atual condição da vida humana é em relação à

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habilitação do psicólogo frente às recaracterizações humanas. Será capaz de desencadear
uma problemática clínica, por si só, como conseguirão ser agregados outros fatores a serem
processados pelo psicoterapeuta, como a possível concorrência a ser estabelecida entre esse
profissional e os recursos tecnológicos, capazes de ouvir o paciente, pensar o conteúdo do
paciente e responder com exatidão, via processamento algorítmico, de maneira a favorecer
a ocorrência de insights e o bem-estar do paciente.
Pacientes desejam alívio e acréscimo favoráveis à sua personalidade, não pretendem
passar meses e nem anos frente ao psicoterapeuta. E muito menos realizar investimentos
equivocados. Imaginar um tratamento psicanalítico ortodoxo nos dias de hoje é um luxo, como
degustar um bom vinho, em boa companhia. Possível para poucos e é questionável o seu
aproveitamento para as questões aqui dispostas. A procura de estratégias psicoterapêuticas
inovadoras, não se refere à superficialidade, como pode parecer, mas à capacidade de ler e
de devolver respostas que acrescentem inovações mentais, para que o paciente possa en-
tender-se a si mesmo e as novidades do contexto, compreendendo como elas lhe afetam em
suas composições e estruturas. A riqueza da Psicanálise para humanidade é inquestionável,
acrescentou conhecimentos sobre as instâncias psicológicas e suas funcionalidades, que
muito favoreceram e, ainda favorecem a compreensão do comportamento humano. No en-
tanto, na atualidade dá a impressão de carecer de recursos técnicos, enquanto ortodoxa,
para iluminar novos porões mentais, que estão sendo alcançados com recursos tecnológicos.
De maneira exagerada, mas talvez seja elucidativo expressar dessa forma, a impor-
tância do conhecimento das complexidades psicológicas geradas pela dissolução edípica,
pode se tornar menor em relação ao que a humanidade necessita aprender: utilizar a sua
mente, para seguir em frente. Essa compreensão não desqualifica e nem nega a importância
do conhecimento sobre aquela funcionalidade mental. Deslocar a sua importância, para um
lugar conceitual menos enfático, só é possível porque o fato de conhecê-la anteriormente,
ajudou derradeiramente no processo de conhecimento mental inconsciente da humanida-
de e contribuiu para ser discutido o que está sendo abordado. Na atualidade, há estudos
sendo realizados com propósitos de expandir a consciência. Não na maneira conhecida
como em um passo a passo, no intuito de tornar consciente o que é inconsciente, como é
sabido. Expandir a consciência é maior do que aliviar um quantum de energia que represa
um quantum de desejo proibido. A proibição é algo que penaliza a mente. A busca atual é
para a ampliação de capacidades mentais em seu todo.
Construindo uma ampliação conceitual, a noosfera está diferentemente composta e é
alimentada por essa espécie transformadora e os resultados dessa nutrição influem, refle-
xivamente, na mesma espécie, de maneira a alterá-la em profundidade. Na época em que
ocorreu o controle do fogo como referência do desenvolvimento tecnológico, praticamente

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nem existia noosfera e se existisse seria de uma simplicidade ingênua, incomparável com
a complexidade que hoje a compõe.
Avancemos na imaginação da contemporaneidade em 100 anos, período em que a
especiação, supostamente, já teria acontecido, quais seriam os instrumentos profissionais
do psicoterapeuta para lidar com a espécie que evoluiu? E mais, o psicoterapeuta habilitado
para trabalhar com a espécie evoluída, teria condições profissionais para lidar com a espé-
cie menos evoluída? São condições hipotéticas, no entanto, na atualidade há desafios que
colocam em xeque a capacidade profissional para entender e contribuir clinicamente com os
seus pacientes, fazendo uso de referenciais gerados há um século. Parece ser um desafio
para a psicologia clínica, assim como para outras tantas profissões, desenvolverem-se em
tempo hábil para não perder o seu lugar e continuar contribuindo para a saúde mental, da
mesma maneira com que hoje realiza com muita presteza.

RESULTADO

Na atualidade a psicoterapia se depara com um sujeito transeunte em um complexo con-


texto social preenchido por tecnologias sofisticadas de vários formatos e finalidades. Em seu
trajeto natural, ele se constitui e se reconstitui pelo simples fato de se locomover enquanto
nele se desenvolve. É desse sujeito, transformando-se o tempo todo, que a psicoterapia
contemporânea tem que dar conta. É preciso olhar para o presente, pois é no espaço de
tempo aqui e agora que ela desafia profissionais a entender os seus pacientes. É de extre-
ma importância interpretar e conviver com as contingências do presente. No entanto, não
se pode virar as costas para as demandas futuras. Não se trata de uma prática fechada e
aprisionada em um sujeito – seu objeto de estudo, embora é dele que extrai leituras impres-
sionantes. É uma ciência que se movimenta junto com o contexto em que o seu objeto se
move, aprende com a sua desenvoltura e se atualiza, para não perder o seu lugar de ajuda.
A atualidade, quando estudada com o olhar voltado para o futuro, tende a revelar as
condições surpreendentes que estão acontecendo nela. Uma das tecnologias que tem cau-
sado grande impacto é a que proporciona a integração comunicacional, que está interligando
todo o planeta e é coordenada por uma máquina com grande capacidade de compreensão
e síntese, que entrelaça
“... nervos feitos de vidro, cobre e ondas de rádio, nossa espécie põe-se a conectar
todas as regiões, todos os processos, todas as pessoas, todos os artefatos, todos os sen-
sores, todos os fatos e noções para formar uma grandiosa rede de complexidade, até então
inimaginável”. ... “Essa megainveção, esse organismo, essa máquina - ... – agrupa todas as
outras máquinas já criadas”) permeando a vida de todos e se torna essencial “para formar
a sua identidade” (KELY, 2017, p. 311.

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Concluindo o que esses componentes provocam é uma nova forma de pensar, “uma
nova mente, para uma antiga espécie” (KELLY, 2017, p. 311).
Cem anos atrás, H.G.Wells imaginou esse agigantamento como o cérebro humano..
por sua vez, Teillard de Cahrdin o chamou de noosfera, a esfera do pensamento. Alguns
o definem como uma mente global. Outros o comparam com um superorganismo global,
uma vez que inclui bilhões de neurônios de silício manufaturados. Para fins de praticidade e
abreviação, chamo essa camada planetária de “holos”. No termo “holos” incluo a inteligência
coletiva de todos os seres humanos combinada com o comportamento coletivo de todas as
máquinas, além da inteligência da natureza, mas qualquer comportamento surgido desse
conjunto. Esse todo equivalente ao holos. (KELLY, p. 312, 2017)
A complexidade do momento é quase maior do que a capacidade mental para com-
preendê-la, quem sabe seja esse um dos motivos pelos quais estão sendo estudadas pos-
sibilidades para a expansão da mente. Racionalizando se poderia amenizar a profundidade
das preocupações sobre os desafios que o momento evoca e de maneira simplista construir
argumentos justificando que durante todas as épocas existiram desafios correspondentes
e, aparentemente, com razão, pareceriam ser explicações coerentes. No entanto, o espírito
do tempo se faz presente em todos os tempos e é na atualidade, que existem esforços para
compreender a exponencial complexidade de influências sociais na construção do sujeito,
característica que diferencia importantemente, a época atual em relação às anteriores, pela
sua exponencial abrangência.
A psicoterapia, um dos braços da psicologia e um ramo da psicologia clínica, é uma
prática voltada à saúde mental, cientificamente fundamentada, utilizada para lidar com a
subjetividade das pessoas.
Um método de tratamento mediante o qual um profissional treinado, valendo-se de
meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e relação terapêutica, realiza,
deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o intuito de influenciar um cliente ou
paciente, auxiliando-o a modificar problemas de natureza emocional, cognitiva e comporta-
mental, já que ele o procurou com essa finalidade. (STRUPP apud CARDIOLI, 2018, p. 20)
Independentemente da abordagem teórica, todas as psicoterapias visam a melhoria da
percepção da qualidade de vida das pessoas, alcançada pela compreensão dos processos
internos ou pela reação dos que convivem ou virão a conviver com elas. A proposta essencial
das psicoterapias é a de promover nos sujeitos suas capacidades e recursos psicológicos,
tornando-os livres de inibidores intrapsíquicos – suas crenças limitantes e conflitos – ou so-
ciais – desenvolvendo habilidades e comportamentos congruentes com a sociedade em que
vivem. É um instrumento terapêutico capaz de devolver em cada sujeito a sua competência
emocional e psicológica, tornando-o capaz para gerir a si mesmo, grosso modo, aclarando.

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O psicoterapeuta do futuro se compõe hoje. Quer dizer que é pouco provável que ele
possa compreender seus pacientes se não estiver com os seus neurônios conectados com
os bits da realidade virtual e todas as demais tecnologias e compreensão de como estão
sendo utilizadas no planeta. A não aprovação do modelo remoto como prática psicoterapêu-
tica, independente do motivo, parece ser resistência ao engajamento com as demandas da
megainvenção (KELLY, 2018) e consequentemente uma deflação da possibilidade de aco-
lhimento das angústias atuais das pessoas que o procuram com finalidade de saúde mental.
É um período inquietante quanto à evolução desta ciência, pois ainda não é recomen-
dável, desprezar o que representa o Édipo, no sentido psicanalítico. Porém, talvez seja
necessário situá-lo em sua devida importância na estruturação da personalidade humana,
hoje e projetada no futuro. É possível que essa estrutura mental, como outras, entendidas
até então como sendo pilares psicológico e de sustentação à sua funcionalidade, estejam
se transformando e perdendo lugar de importância. Justificada seria essa possibilidade,
caso sejam verdadeiras as cogitações sobre a estruturação mental estar se recompondo,
estimulada por outras formas interativas surgentes na humanidade. Conceitos estruturantes
como o de Édipo continuam existindo, não é a sua extinção que está sendo cogitada, mas
a presença de outros, que possam melhor contribuir com as estratégias psicoterapêuticas
desta época em frente.
Discute-se esse assunto porque o acompanhamento das possíveis transformações
psicológicas, que podem estar existindo, é função obrigatória do psicólogo clínico e psico-
terapeuta, que as escuta diariamente, durante anos e anos, a fim de entender o movimento
mental transformador, ressaltando a importância de algumas funções e o abrandamento
de outras. Caso a hipótese do surgimento de duas espécies humanas se concretize, duas
estruturações mentais estarão presentes em espécies hominídeas. E, na disputa pela so-
brevivência delas ou entre elas, a continuidade da luta, seja para sobrepor uma a outra ou
para manter espaço de convívio e trocas, deverá permanecer. E, sabe-se lá, avançando
mais uma centena de anos, qual delas estará determinando como a vida deverá ser vivida,
no planeta ou fora dele.
Supondo, no entanto, que o paciente, a pessoa que procurará ajuda psicoterápica está
se transformando consideravelmente o tempo todo e que isso se torne uma condição natu-
ral, da maneira como está sendo aqui exposta, então, o terapeuta também terá que estar
se movimentando na mesma direção, talvez, seja indispensável a união da referida técnica
com processos algoritmos e inteligência artificial (IA), favorecendo que as suas atualizações
ocorram em tempo de serem assimiladas, processadas e colocadas em uso profissional.
Condição complexa em demasia considerando que as possibilidades futuras sejam anali-
sadas pelo olhar do conhecimento atual sobre a funcionalidade mental.

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Este artigo não tem pretensões de esgotar as provocações, para que investigações
aprimorem o olhar de psicoterapeutas, no entanto, uma ameaça a essa prática parece estar
presente. Assim como espécies vivas deixam de existir, por perderem as suas finalidades
ou por abusos e descuidos sustentáveis, áreas científicas, caso não evoluam, tendem a
sofrer os mesmos destinos.
É bem possível que a definição de Kelly careça de complementações quando expressa
a maneira como entende, de como o todo inovado se apresenta. E ressalta a necessidade
de novos códigos para que haja integração entre as novidades surgentes, no entendimento
de que nesse contexto “uma nova mente” surja “para uma antiga espécie” (2018, p, 312)
usufruir, por meio de novos códigos, o que para ela está sendo ofertado, ao mesmo tempo
que as cria. O tempo parece ampliar a sua importância de valor e se tornar mais precioso
do que qualquer outro produto existente. É nele que as realizações acontecem, instigando
novos padrões e estilos pessoais, assim como é nele que as soluções e novas invenções
são possíveis de serem confeccionadas.
Começar leva muito tempo para ganhar forma e não parece possível desvincular-se do
passado, mesmo desfrutando de um presente intenso, como esse que tem sido referencia-
do. É possível cogitar o surgimento de algo metamorfoseado, mas não deixando de existir,
pois o peso do que está acoplado ao protótipo não pode ser descartado. Caso a afirmação
de Kelly (2017) fosse uma nova mente para uma nova espécie, como se referiu Harari (2018),
então um começar sem a influência de protótipo poderia ser considerado. Nossas capaci-
dades mentais, assim como as capacidades cerebrais não duplicam em pouco espaço de
tempo, como em dois ou três anos. Porém, a complexidade contextual é capaz de dobrar
neste período ou em até em um tempo menor. Como essa equação será resolvida não é
possível estipular no momento, a não ser que seja traçada uma comparação entre o momento
atual e as épocas em que ocorreram catástrofes e involuções. No entanto, a ideia de que
a humanidade consiga se superar e avançar, mesmo tendo que abandonar a sua condição
de humano da atualidade, fascina e preocupa a todos, mas é preciso trabalhar o sujeito
contemporâneo, para que faça essa transição, caso seja esse o rumo da evolução humana.

DISCUSSÕES

Nada é mais fascinante para um psicoterapeuta do que receber um novo caso clínico.
Uma nova vida que chega para que ela ou ele possa intervir de alguma maneira, traba-
lhando para que a percepção de quem porta o desconforto psicológico, possa ser melhora-
da. O produto da psicoterapia é algo que não pode ser palpado, percebido além daquele que
transmite o seu estado, em forma de busca de ajuda e por aquele que reflete ao primeiro, o
entendimento da sua procura, na expectativa de que ele consiga se dar conta do que pode

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estar lhe causando sensações desconfortáveis, manifestadas em angústias, palpitações,
temores, somatizações e numa enormidade de outras maneiras que o psicopatológico en-
contra para se manifestar.
A relação entre as condições existentes no contexto social e a composição da mente
é inquestionável. Em cada época os códigos, as influências, o processamento e a verbali-
zação portam as condições do espirito do tempo correspondente. De maneira que algumas
nuances mentais sejam mais proeminentes conforme são estimuladas e ao contexto ao qual
elas têm que responder. Como resultado, a repercussão na composição de estratégias e
técnicas psicoterápicas variam, considerando que as utilizadas em uma época podem não
mais ter a eficiência desejada em outras, pois os canais de comunicação perdem a capaci-
dade de tradução entre os interlocutores. Na troca de mensagens é que se estabelece um
dos grandes desafios para os psicoterapeutas, pois caso haja perda no contato entre o que
fala e o que escuta, não é possível haver uma troca capaz de envolver ambos, no sentido de
construírem um fórum particular e compreensível entre eles. Trocas constantes e profundas
em seus códigos de maneira que em breve período de tempo, como entre uma geração e
outra, num espaço de dez anos, quase não conseguem se entender. A linguagem digital
utilizada entre jovens nas redes sociais é composta por símbolos quase incompreensíveis
entre diferentes gerações. Recentemente, recebi um jovem com 20 anos de idade que
sofria de reações de pânico. Com ele tive a oportunidade de mostrar as suas reações de
inseguranças ao abandonar referências adolescentes e estar adquirindo formatação adulta
e junto com essas constatando, mesmo que a contragosto, as responsabilidades e compro-
missos agregados a essa fase. Enfim, o que importa, para o propósito deste exemplo, é que
ele, por ter excelente estrutura mental e potencial cognitivo e emocional capaz de suportar
o estresse que vivia naquele momento, junto às minhas abordagens psicoterapêuticas,
conseguiu elaborar as conflitivas psicológicas e realizar a transição para a etapa evolutiva
seguinte, desenvolvendo padrões mentais para encaminhar o seu ingresso na vida adulta.
Ele entendeu que as palpitações e taquicardias que experimentava, estavam relacionadas à
surpresa, que foi para ele, ter de abandonar o estilo de vida adolescente. Foi assim que lhe
aconteceu, sem que fosse avisado, se deu conta de que o mundo mental que ele vivia, não
mais condizia com as demandas reais que se apresentavam para ele. Concluindo, após a
elaboração desse processo e a remissão de suas sintomatologias, ele me agradeceu dizendo
que estava bem e que acreditou no meu “barulho” e que este lhe fizera compreender o que
estava experimentando psicologicamente.
Meu barulho? Indaguei-me, embora rapidamente, tenha compreendido que se trata-
va da minha fala, do discurso que fizera para ele entender o que ele estava conhecendo
sobre si mesmo. Mais alguns anos e será possível que não consiga me comunicar com

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adolescentes, caso não me mantenha na prática clínica, também acompanhando clinica-
mente pessoas dessa idade.
O futuro da psicoterapia está nas mãos dos psicoterapeutas. São esses que sentem
diariamente a necessidade de desenvolvimento de novas ferramentas, para lidar com as
situações inéditas, que todos os dias seus pacientes lhe entregam na expectativa de serem
correspondidos. Começar de novo não se refere somente aos aspectos mentais, mas envolve
a compreensão de que a mente não se desenvolve se o corpo não a acompanhar, assim
como a recíproca parece ser verdadeira. De maneira que parece não haver outra condição
de acompanhar o desenvolvimento humano sem estar aliado às forças e qualidades reso-
lutivas dos algoritmos, assim como dos recursos ofertados pela IA.
Mundo em transformação requer psicoterapias resolutas e essas, talvez, não compa-
tibilizem mais em deitar em divãs esplêndidos de onde se originaram. Se, para entender
o “barulho” da mente, no final do século XIX e XX adentro, era necessário o recurso da
imobilidade, na atualidade as modalidades são extensivas a uma multiplicidade de vértices
comunicacionais úteis, porém em complexos movimentos.

CONCLUSÃO

O psicoterapeuta se depara com um sujeito mutante, que sempre foi, no entanto, a


velocidade e a complexidade com que a relação entre psicoterapeuta, sujeito e abordagens
psicoterapêuticas interatuam, tem desafiado estruturas teóricas e práticas a se movimenta-
rem no mesmo ritmo. O psicoterapeuta, sujeito interlocutor e mediador da relação psicote-
rapêutica, tanto é impelido para avançar, na tentativa de responder as demandas clínicas
atualizadas, como a retroceder em busca de contatar componentes mentais, que não se
desenvolveram como deveria ter acontecido. Processo conhecido no vai e vem transferen-
cial, característico nas abordagens psicodinâmicas.
O que há sido constatado é que além da regressão transferencial já conhecida, para
o realizar o resgate de situações mentais mal compreendidas e prejudiciais ao desenvolvi-
mento mental do sujeito, há, a progressão acelerada da espécie humana.
Avanço que ocorre principalmente em uma parcela da população, aquela mais envol-
vida com tecnologias eletrônicas digitais, de maneira que seus componentes psicológicos
e emocionais se destacam da população não tão envolvida com esses instrumentos, em
suas lidas cotidianas.
É possível que Harari (2018) tenha razão em suas constatações, antevendo a pos-
sibilidade da existência futura de duas espécies humanas, com funcionalidades mentais e
biológicas distintas uma da outra. De maneira que venha recair à psicoterapia a incumbência

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de dissolver as conflitivas mentais, como já acontece, como também absorver a finalidade
de tentar evitar o distanciamento mental entre as supostas espécies humanas futuras.

REFERÊNCIAS

Chardain, T. Mundo, homem e Deus. São Paulo: Cultrix, 1980.

Cordioli, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Harari, Y. 21 lições para o século 21. 1ª ed. São Paulo: companhia das letras, 2018.

Kelly, K. Inevitável: as 12 forças tecnológicas que mudarão o nosso mundo. São Paulo:
HSM, 2017.

Kotler, S. Roubando o fogo: a ciência por detrás dos super-humanos. São Paulo: HSM,
2017.

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SOBRE OS ORGANIZADORES

Jaisa Klauss
Possui Mestrado e Doutorado em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Espírito
Santo. Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Departamento
de Psicologia Social e do Desenvolvimento da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Tem
experiência em psicologia clínica e neuropsicológica, também atua na área de Neurociências, com
ênfase em Ciências Cognitivas , atuando principalmente nos seguintes temas: Córtex Pré-Frontal,
Funções Executivas, Abuso e Dependência de Drogas, Neuromodulação por Estimulação Cerebral
por Corrente Contínua Transcraniana , Sono e Saúde Mental. Integra a equipe do Laboratório de
Fenomenologia Experimental e Cognição (LAFEC).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8509865617274433

Flávio Aparecido de Almeida


Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Faminas(2015), graduação em
Pedagogia pela Faculdade do Noroeste de Minas(2010), graduação em Filosofia pela Faculdade
Entre Rios do Piauí(2015), graduação em História pela Universidade do Estado de Minas
Gerais(2008), especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Candido
Mendes(2013), especialização em Gestão de Processos Educativos: Supervisão e Inspeção Escolar
pela Universidade do Estado de Minas Gerais(2009), especialização em Psicologia Comportamental
e Cognitiva pela FAVENI-FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE(2020), especialização
em Ensino Religioso pela Faculdade do Noroeste de Minas(2010), especialização em História
do Brasil pela Universidade Candido Mendes(2012), especialização em Psicologia Existencial
Humanista e Fenomemológica pela FAVENI-FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE(2020),
especialização em Gestão Escolar (Administração, Supervisão, Orientação e Inspeção) pela
FAVENI-FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE(2020), especialização em Psicologia Escolar
e Educacional pela FAVENI-FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE(2020), especialização
em Neuropsicopedagogia pela Universidade Candido Mendes(2015), especialização em Educação
Inclusiva, Especial e Políticas de Inclusão pela Universidade Candido Mendes(2012), especialização
em Psicologia Social pela Faculdade Mantenense dos Vales Gerais(2017), especialização em
Gestão em Saúde Mental pela Universidade Candido Mendes(2012), especialização em Docência
do Ensino Superior pela Universidade Candido Mendes(2016), especialização em Neuropsicologia
pela Universidade Candido Mendes(2016), especialização em Ética e Filosofia Política pela
Faculdade Mantenense dos Vales Gerais(2017) e mestrado-profissionalizante em Ciências das
Religiões pela Faculdade Unida de Vitória(2020). Atualmente é Psicólogo Clínico do Consultório
de Psicologia, Psicólogo do Abrigo Institucional de Espera Feliz, Membro de comitê assessor do
Núcleo de Pesquisa em Ensino e Tecnologia, Professor de Pós-Graduação do Instituto Superior
de Educação Verde Norte, Membro de corpo editorial da Editora Científica Digital e Inspetor
Escolar da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Espera Feliz - MG. Tem experiência
na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social. Atuando principalmente nos seguintes
temas:Ciências das Religiões; Psicologia da Religião, Subjetividade; Experiencia Religiosa, Coping
religioso; Qualidade de vida, Religião, Cultura e Diversidade, Psicologia, Religião e Psicopatologia
e Religião, Educação e Direitos Humanos.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2192204324890376

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ÍNDICE REMISSIVO

34, 35, 39, 40, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 51, 52, 53, 54,
A 55, 56, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 66, 74, 77, 86, 87, 88
Arte: 36, 40 U
Avaliação: 17, 18, 25, 41, 66, 72, 73 Universidade: 23, 35, 43, 47, 55, 66, 76, 78

C
Concepções: 15, 16, 17, 81, 83

D
Direitos: 93

E
Educação: 24, 25, 26, 30, 62, 93

Ensino: 93

Escola: 35, 78

Estado: 36, 40, 54, 55, 56, 57, 60, 62, 63, 71, 72,
81, 84, 89

F
Família: 25, 26, 27, 29, 32, 35, 57

G
Gestão: 34

L
Língua Inglesa: 37, 40, 41

Literatura: 36, 40, 45, 75

P
Personalidade: 16, 19, 21, 66, 85, 88

Pesquisa: 93

Pesquisa Bibliográfica: 14, 21, 37

Q
Qualidade: 25, 29, 39, 52, 59, 60, 61, 65, 66, 68,
71, 73, 83, 84, 87

S
Saúde: 11, 14, 19, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 33,

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