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VOL.

científica digital
1ª EDIÇÃO

científica digital

2023 - GUARUJÁ - SP
científica digital

EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA


Guarujá - São Paulo - Brasil
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P965 Promoção da saúde: conceito, estratégia e prevenção em pesquisa: volume 2 / Patrício Francisco da Silva (Organizador). –
Guarujá-SP: Científica Digital, 2023.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA

Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5360-397-4
DOI 10.37885/978-65-5360-397-4
1. Saúde pública. I. Silva, Patrício Francisco da (Organizador). II. Título.

2023
CDD 362.1
Índice para catálogo sistemático: I. Saúde pública
Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166
Direção Editorial
CORPO EDITORIAL

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João Batista Quintela

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Universidade Federal do Triângulo Mineiro
A presente obra, expressa na sua origem e evolução, informações técnicas e científicas
pautadas em situações e condições que potencializam o conceito de prevenção de
adoecimentos, promoção da saúde, tratamento e reabilitação de pessoas acometidas
por diferentes tipos de patologias, bem como, a manutenção do efeito salutar, e visa o
crescimento de estratégias voltadas ao cuidado das pessoas. Pensar no atendimento
APRESENTAÇÃO

em saúde, vai além de se traçar metas atingíveis quanto aos conceitos curativos dos
diversos males que afetam a sociedade, pois promover a saúde é pensar nos fatores
biológicos, sociais, culturais e todos os fatores que interferem na continuidade da vida de
pessoas, independente se sua faixa etária, raça, credo e outras distinções que podem ou
não, influenciar no processo de saúde e adoecimento. Nosso objetivo é proporcionar a
oportunidade de diversas pessoas que pensam e executam as ações de saúde, ou ações
relacionadas a esse campo, possam unir seus conhecimentos em uma obra que traga
esclarecimentos, mas também inquietações, uma vez que o aprendizado é contínuo, é
dinâmico, e confere benefícios que podem se manifestar de formas diferentes em locais
e culturas distintas. Agradecemos a todos os estudantes, profissionais, professores, e a
todos que de forma direta ou indireta, manifestaram-se e proporcionaram a oportunidade
de execução e conclusão dessa obra, pois surge da articulação entre pessoas que visam
e atuam em prol do cuidado, acolhimento e valorização da vida.

Imperatriz-MA, 30 de agosto de 2023.

M.e. Patrício Francisco da Silva


SUMÁRIO
Capítulo 01

ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA DE ALZHEIMER


Ana Flávia Gil de Souza; Viviane Amaral Toledo Coelho; Ednardo de Souza Nascimento; Lívia Alves Rezende Lopes; Anna Lethicia
de Oliveira Machado; Sandy Ribeiro Campos; Arthur Botelho Benevides Cruz; Thomaz Coelho; Leonardo Henrique Guimarães Reis;
Lucas Rodrigues de Figueiredo e Souza

' 10.37885/230613369................................................................................................................................................................................................. 12
Capítulo 02

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS EM UMA CRECHE NO INTERIOR DE


SÃO PAULO
Maria José Caetano Ferreira Damaceno; Lilian Dias dos Santos Alves; Ana Luísa Costa Pinheiro; Daniella de Carvalho Antonelli; Ana
Paula Bertoni Bernardineli

' 10.37885/230813949................................................................................................................................................................................................. 28
Capítulo 03

CONSEQUÊNCIAS QUANTO AO USO INDISCRIMINADO E À PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DO PARACETAMOL


Karone Mares Santos Alves; Sara Costa Cordeiro; Viviane Amaral Toledo Coelho; Ednardo de Souza Nascimento; Luanna Botelho
Souto de Araújo; Carla Giselly de Souza; Creonice Santos Bigatello; Virginia Torres Alves; Ane Maria Brant Alves Rêgo; Leonardo
Henrique Guimarães Reis

' 10.37885/230613368................................................................................................................................................................................................. 42
Capítulo 04

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMINISTRAÇÃO DE SACAROSE DE HIDRÓXIDO FÉRRICO (FERRO


COLOIDAL) EM GESTANTES
Marcela Rosa da Silva; Paola Melo Campos; Paula Cristina Barth Bellotto; Vanine Arieta Krebs; Amanda Fiorenzano Bravo; Rafaela Abrão

' 10.37885/230613430................................................................................................................................................................................................. 59
Capítulo 05

DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS FAMILIARES DE PACIENTES IDOSOS COM ALZHEIMER


Cleisla Dias Pereira; Débora Gabriela Souza dos Santos; Gustavo Gomes dos Santos; Laylla Rithielle Dias Neves; Swilayne Ferreira
de Oliveira Marinho; Thaís de Souza Pimenta; Welesgley Edvaldo Carvalho Leal; Halline Cardoso Jurema

' 10.37885/230613409................................................................................................................................................................................................ 68
Capítulo 06

ESCLEROSE MÚLTIPLA: EFICÁCIA NO TRATAMENTO POR MEIO DE IMUNOMODULADORES INJETÁVEIS


Karina Moreira Dantas; Luiza Gobira Lacerda; Ronivaldo Ferreira Mendes; Viviane Amaral Toledo Coelho; Ednardo de Souza Nascimento;
Regiany Lopes Ferraz; Luanna Botelho Souto de Araújo; Virginia Torres Alves; Ane Maria Brant Alves Rêgo; Creonice Santos Bigatello

' 10.37885/230613372................................................................................................................................................................................................. 76
SUMÁRIO

Capítulo 07

ESTRATÉGIAS PARA PREVISÃO DA DEMANDA POR SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS: UMA REVISÃO


INTEGRATIVA
Lorena Tatim Farhat; Ana Luísa Gomes Coelho; Deborah Ribeiro Carvalho
' 10.37885/230713901.................................................................................................................................................................................................. 87
Capítulo 08

FATORES DE RISCO COMPORTAMENTAIS MODIFICÁVEIS E DOENÇAS CRÔNICAS: ANÁLISE DE DADOS DO


INQUÉRITO TELEFÔNICO VIGITEL (2019)
Luana Lopes Padilha; Dafiny Heloá Baltazar Fernandes; Jamily Mendes Rodrigues; Kassia Kayllane Veras Vitor; Kaylane Santos
Silva; Rayla Edwiges Sales da Silva; Lilian Fernanda Pereira Cavalcante; Nataniele Ferreira Viana; Samiria de Jesus Lopes Santos;
Wyllyane Rayana Chaves Carvalho
' 10.37885/230613418................................................................................................................................................................................................. 104
Capítulo 09

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: O QUE DIZEM E FAZEM OS PROFESSORES QUE ATUAM EM


ESCOLAS NO INTERIOR DO ESTADO DO PARÁ?
Dulciele Mescouto Viana; Daniela de Nazaré Torres de Barros; Nívia Magalhães da Silva Freitas; Gláucia Caroline Silva de Oliveira;
Aldemir Branco de Oliveira Filho
' 10.37885/230613507................................................................................................................................................................................................. 122
Capítulo 10

INTERVENÇÕES EM SALA DE ESPERA COMO PROMOÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA


Karina Pereira; Isabel Aparecida Porcatti de Walsh; Flávia Manfré dos Santos; Jéssica Aguiar Achcar; Júlia Corrêa Magalhães; Gabriella
Araújo Silva; Marilita Falangola Accioly
' 10.37885/230613558................................................................................................................................................................................................. 139
Capítulo 11

OBESIDADE E NÍVEIS DE LEPTINA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA


Lorrane Rocha da Cunha; Luiz Henrique Oliveira dos Santos; Reginaldo Souza Fayal Junior; Ismael Ferreira Brito; Vanessa de Paula
Moraes dos Santos; Diemerson Willy da Silva Pamplona; Kaylon Mateus Marcondes Bezerra; Evellyn Thaina de Araujo Lemos; Lucas
Fernando Alves e Silva; Fernando Alipio Rollo Neto
' 10.37885/230713870.................................................................................................................................................................................................. 149
Capítulo 12

PATOLOGIA CARDIOVASCULAR
Eugénia Mendes; Bruno Delgado; Ivo Lopes; André Novo
' 10.37885/230713686................................................................................................................................................................................................. 160
Capítulo 13

PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DO CEARÁ
SOBRE OS MALEFÍCIOS DO USO DOS CIGARROS ELETRÔNICOS
Elizabete Ferreira Abreu; Adjane Maria da Silva; Laise Leandro dos Santos Sousa; Lara Thifany dos Santos Torres; Vitoria Alves
Saldanha; Denise Rocha Nepomuceno dos Santos
' 10.37885/230813951................................................................................................................................................................................................. 166
SUMÁRIO

Capítulo 14

PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO CARDÍACA - CONDICIONANTES DE PARTICIPAÇÃO


Eugénia Mendes
' 10.37885/230713688................................................................................................................................................................................................. 175
Capítulo 15

TRATAMENTOS BIOLÓGICOS DA PSORÍASE


Geórgia Caroline Ruas Lacerda Barreto; Luiza Gobira Lacerda; Ronivaldo Ferreira Mendes; Viviane Amaral Toledo Coelho; Ronildo
Ferreira Mendes; Ednardo de Souza Nascimento; Creonice Santos Bigatello; Luanna Botelho Souto de Araújo; Leonardo Henrique
Guimarães Reis; Lucas Rodrigues de Figueiredo e Souza; Thomaz Coelho
' 10.37885/230613370................................................................................................................................................................................................. 183
SOBRE O ORGANIZADOR.................................................................................................................................... 196

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 197


01
ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Ana Flávia Gil de Souza Sandy Ribeiro Campos


Universidade Presidente Antônio Carlos, Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Viviane Amaral Toledo Coelho Arthur Botelho Benevides Cruz


Universidade Presidente Antônio Carlos, Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ednardo de Souza Nascimento Thomaz Coelho


Universidade Presidente Antônio Carlos, Prefeitura Municipal de Palmópolis - Minas Gerais
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Leonardo Henrique Guimarães Reis


Lívia Alves Rezende Lopes Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Lucas Rodrigues de Figueiredo e Souza


Anna Lethicia de Oliveira Machado Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

'10.37885/230613369
RESUMO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa que acomete geralmente


pessoas acima de 65 ou 70 anos. Em pacientes com DA, nota-se a ocorrência de atrofia
progressiva de várias áreas cerebrais, responsáveis pela perda de memória e de outras
funções cognitivas, além da diminuição da capacidade para realizar atividades rotineiras.
Tendo em vista tal condição, o presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de melhor
compreender a doença, seu desenvolvimento, sintomatologia, diagnóstico, tratamento e os
efeitos da mesma sobre o doente. Neste trabalho, foi feita uma revisão bibliográfica sobre
importantes aspectos associados ao DA aspectos neurobiológicos da doença de Alzheimer
e seus feitos no contexto Familiar. Considerando-se a amplitude de tal condição, percebe-
-se a grande necessidade do estabelecimento de um cuidador para tal paciente, de modo
que tenha suas limitações minimizadas e possa continuar tendo uma vida saudável e de
qualidade. Todavia, é necessário lembrar que assim como o paciente, que se vê perdido
em uma realidade desconhecida, os familiares também entendem pouco sobre a condição
e veem sua família inserida em um contexto de sofrimento e dor. Através de um processo
de pesquisa bibliográfica, visando melhor compreender o assunto e agrupar informações e
conceitos fornecidos por diversos autores, aproximando o pesquisador do tema proposto,
foi possível identificar que a doença de Alzheimer afeta o paciente e seu cotidiano que, aos
poucos, não reconhece as pessoas e não se recorda dos acontecimentos, além da própria
família, que passa a conviver com uma pessoa que vê seus familiares como estranhos.

Palavras-chave: Alzheimer, Família, Cuidado, Desenvolvimento, Sintomatologia, Diagnós-


tico, Tratamento.
INTRODUÇÃO

Estima-se que no Brasil, no ano de 2025, a população da terceira idade alcançará


cerca de 31,8 milhões de idosos. No mundo, com o envelhecimento populacional, obser-
va-se como consequência um número crescente de pessoas afetadas por demência e, em
particular, pela Doença de Alzheimer (DA), considerada a forma mais comum nos países
ocidentais. No Brasil, representa 54% da etiologia dos casos de demência e o risco de um
indivíduo desenvolvê-la é cerca de 3,5 vezes maior, caso tenha um parente de primeiro grau
acometido com demência, assim como irá depender também de sua longevidade. Como
consequência das alterações nos perfis epidemiológicos e demográficos da população,
houve um aumento no número de doenças crônicas, principalmente doenças cognitivas,
incluindo a doença de Alzheimer (DA) (STRINGHINI, 2016; KEENAN; JENKINS; GINESI,
2016). A doença de Alzheimer é caracterizada por alterações neurodegenerativas associadas
a alterações graduais, déficits na função cognitiva, memória e alterações comportamentais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018), a demência afeta aproximada-
mente 47,5 milhões de pessoas no mundo e 7,7 milhões de novos casos são diagnosticados
a cada ano. A doença de Alzheimer tem uma característica evolutiva lenta e progressiva,
levando a um declínio na capacidade funcional a longo prazo. O principal resultado fisio-
patológico é a deposição de proteína beta-amiloide, filamentos de proteínas anormais, e
declínio sináptico com a ativação das células da glia, incluindo processos inflamatórios no
sistema nervoso central.
Inicialmente, há perda de memória para eventos recentes e ocorrem alterações pos-
teriores em outras funções cognitivas, como linguagem e função executiva, bem como em
atividades sociais e funcionais. A genética molecular tem contribuído para indicar a existên-
cia de genes diretamente relacionados com o desenvolvimento da doença. A forma familiar
da DA geralmente com início precoce, é causada por mutações genéticas em pelo menos
três genes. Enquanto, para a forma esporádica que representa a maioria dos casos e está
intimamente ligada ao envelhecimento, parece haver um gene relacionado com o seu de-
senvolvimento (BERTRAM; LILL; TANZI; 2010). Além da idade, história familiar e a genética,
outros fatores como a obesidade, resistência à insulina, fatores vasculares, dislipidemias,
hipertensão, marcadores inflamatórios, Síndrome de Down e lesões cerebrais traumáticas
podem desencadear uma cascata fisiopatológica que parece estar relacionada ao desen-
volvimento da DA (BELL; ARAKI; NEUMANN, 2001).
Dessa forma, conhecer o idoso com Doença de Alzheimer, a demanda de cuidados
produzidos pela doença e seu impacto na vida do cuidador familiar, dá uma noção da di-
mensão dos problemas enfrentados no cotidiano das famílias, aprimorando conhecimentos
para o planejamento de ações integrais em saúde. Ações estas, que estejam atentas à

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multidimensionalidade dos aspectos gerontológicos, além da busca por respostas que visem
a minimizar os efeitos danosos desta neuropatologia tanto no doente como na sua família
(LUZARDO et al., 2006).
Tendo em vista tal condição, o presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de me-
lhor compreender a doença, seu desenvolvimento, sintomatologia, diagnóstico, tratamento
e os efeitos da mesma sobre o doente.

METODOLOGIA

A temática escolhida, neste caso, a Doença de Alzheimer teve como ano base de
investigação o ano 1906, data oficial que se refere ao médico Alois Alzheimer, dando um
salto para o ano de 2011 até o mais recente ano 2021.
O tipo de pesquisa usada para a construção deste trabalhou, baseou na pesquisa
bibliográfica, fundamenta a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web
sites. Tendo como palavras chaves: causas da doença de Alzheimer, diagnóstico, fases da
DA, transtornos psíquicos, as mudanças ocorridas no ambiente familiar e tratamento
A fonte de busca teve como base as informações eletrônicas (via internet), viabilizan-
do o acesso a sites, os quais continham revistas virtuais com publicações e periódicos que
abordavam o tema da DA, tais como a Biblioteca Virtual de Saúde, por meio de busca em
sites como Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e outros. Tratou-se de uma pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa.

REFERENCIAL HISTÓRICO

Aspectos históricos e conceituais da Doença de Alzheimer

Seu nome oficial refere-se ao médico Alois Alzheimer, o primeiro a descrever a doen-
ça, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da sua paciente Auguste Deter, uma mulher
saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória,
desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar),
tornando-se incapaz de cuidar de si. Após o falecimento de Auguste, aos 55 anos, o Dr.
Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como
características da doença. A degeneração nos neurônios ficou conhecida como Placas
Senis, característica fundamental da Doença de Alzheimer. Foi caracterizada pelo neuropa-
tologista alemão Alois Alzheimer em 1907, é uma afecção neurodegenerativa progressiva e

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irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda de memória e diversos distúrbios
cognitivo. (FORLENZA, 2005).
A idade é o principal fator de risco: sua prevalência passa de 0,7% aos 60 a 64 anos
de idade para cerca de 40% nos grupos etários de 90 a 95 anos. A doença de Alzheimer
caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça perda sináptica e pela morte neuronal
observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, incluindo o córtex
cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral (FORLENZA, 2005).
As características histopatológicas presentes no parênquima cerebral de pacientes por-
tadores da doença de Alzheimer incluem depósitos fibrilares amiloidais localizados nas pare-
des dos vasos sanguíneos, associados a uma variedade de diferentes tipos de placas senis,
acúmulo de filamentos anormais da proteína tau e consequente formação de novelos neuro-
fibrilares (NFT), perda neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação (SELKOE, 2002).
De acordo com a hipótese da cascata amiloidal, a neurodegeneração na doença de
Alzheimer inicia-se com a clivagem proteolítica da proteína precursora amiloide (APP) e
resulta na produção, agregação e deposição da substância β-amiloide (Aβ) e placas se-
nis. De acordo com a hipótese colinérgica, a disfunção do sistema colinérgico é suficiente para
produzir uma deficiência de memória em modelos animais, a qual é semelhante à doença de
Alzheimer. Cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer mostraram degenera-
ção dos neurônios colinérgicos, ocorrendo também uma redução dos marcadores colinérgi-
cos, sendo que a colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase tiveram sua atividade redu-
zida no córtex cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer (SELKOE, 2002).
Na maioria das células, a fosfolipase A2 (PLA2) contribui para a liberação do ácido
araquidônico das membranas de fosfolipídios, o qual é passo fundamental na síntese dos
principais mediadores da resposta inflamatória. Como a fosfatidilcolina é um dos substratos
da PLA2, a redução da atividade dessa enzima poderia produzir um declínio no catabolismo
da fosfatidilcolina, reduzindo a colina para a síntese de acetilcolina, contribuindo ainda mais
para a deficiência colinérgica na doença de Alzheimer. Em cérebros de pacientes portadores
da doença de Alzheimer, a redução da atividade da acetilcolinesterase no córtex frontal e
parietal foi relacionada ao início da demência, à quantidade de placas senis e NFT e à morte
precoce desses pacientes. Assim, a redução da atividade da PLA2 em pacientes portadores
da doença de Alzheimer está diretamente relacionada à severidade da demência e ao grau
do prejuízo cognitivo (GATTAZ et al., 2001).
A redução da atividade dessa enzima não foi relacionada ao tratamento com inibidores
da acetilcolinesterase ou antipsicóticos. As drogas antipsicóticas são conhecidas por reduzir
a atividade da PLA2, porém a redução dessa enzima em cérebros de pacientes portadores
da doença de Alzheimer permaneceu após a suspensão desses medicamentos. A hipótese

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da cascata amiloidal tem recebido suporte a partir de estudos genéticos com casos da forma
familiar da doença de Alzheimer, nos quais mutações tanto na APP quanto nas presenilinas
(PS) têm mostrado aumento na produção da substância Aβ9. No entanto, enquanto o estudo
dos casos da doença de Alzheimer familiar tem mostrado ser significativo para a compreensão
dessa forma da patologia, as razões para a vulnerabilidade neuronal dos casos esporádicos
da doença de Alzheimer permanecem desconhecidas. Desse modo, a hipótese colinérgica,
na qual as anormalidades sinápticas poderiam representar a causa da demência na doença
de Alzheimer, admite uma melhor correlação entre o padrão e a severidade das alterações
cognitivas em comparação às placas senis e NFT (BRAAK; BRAAK, 1997).
O fator genético é considerado como preponderante na etiopatogenia da doença de
Alzheimer. Além do componente genético, foram apontados como agentes etiológicos a
toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a substâncias reativas de oxigênio (ROS) e
a aminoácidos neurotóxicos, e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associa-
das. É importante também salientar que esses agentes podem ainda atuar por dano direto
no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos. Cerca de 1/3 dos casos
de doença de Alzheimer apresenta familiaridade e se comporta de acordo com um padrão
de herança monogênica autossômica dominante. Esses casos, em geral, são de acome-
timento precoce, e famílias extensas têm sido periodicamente estudadas. Os pacientes
afetados pela doença de Alzheimer têm 50% de chance de ter filhos também afetados pela
patologia (SMITH,1999).

Altos níveis plasmáticos de colesterol e o desenvolvimento da doença

Um estudo epidemiológico demonstrou a relação direta entre altos níveis de coleste-


rol sanguíneo e o aumento de risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer. Existem
muitas evidências sugerindo uma forte relação entre a deterioração da homeostase lipídica
cerebral, as alterações vasculares e a patogenia da doença de Alzheimer. Essas associações
incluem: (1) reconhecimento de que um transportador do colesterol, a apoE4, atuou como
o principal fator de risco genético para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, tanto
na forma familiar quanto na esporádica; (2) estudos epidemiológicos ligando os fatores de
risco, como a hipertensão e altos níveis plasmáticos de colesterol, à demência; e (3) o efeito
benéfico das drogas redutoras do colesterol, como as estatinas, no combate à doença de
Alzheimer idiopática.
Evidências obtidas a partir de um estudo realizado em humanos indicaram que o tra-
tamento à base de estatinas - lovastatina (Mevacor®), sinvastatina (Zocor®), atorvastatina
(Citalor®) e pravastatina (Pravacol®) - conferiu proteção contra a forma esporádica da doen-
ça. Outros estudos indicaram que o colesterol foi capaz de regular o processo proteolítico

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da APP, favorecendo a formação da substância Aβ, ao passo que uma redução dos níveis
lasmáticos do colesterol foi capaz de reduzir a formação Amiloidal (JICK et al., 2000).

A inflamação na doença de Alzheimer

Recentemente, inúmeros estudos têm sido publicados questionando a terapia anti-


-inflamatória, principalmente utilizando-se drogas não-esteroidais, como tratamento para
a neuroinflamação ocasionada pelas ROS e espécies reativas de nitrogênio (RNS) e pela
formação de radicais livres associados à doença de Alzheimer. Evidências bioquímicas têm
demonstrado que a cadeia de transporte mitocondrial está afetada na doença de Alzheimer.
Especificamente, a enzima citocromo C oxidase e o complexo IV da cadeia respiratória fo-
ram afetados nessa patologia. Uma vez que foram demonstradas alterações na função das
enzimas, e essas deficiências foram atribuídas às ROS, é possível que o dano oxidativo
mitocondrial no terminal sináptico associado à idade possa ser extremamente importan-
te, especialmente em relação ao declínio da memória e dos processos de aprendizagem
(PARIHAR; HEMNANI, 2004).
Em relação à neuroinflamação, algumas células especializadas no cérebro parecem
estar envolvidas nas respostas inflamatórias, sendo as mais importantes os astrócitos e as
células da micróglia. Na doença de Alzheimer, o número de astrócitos reativos esteve elevado,
e a expressão da PLA2 nessas células esteve aumentada, levando ao aumento da atividade
da via inflamatória do ácido araquidônico/prostaglandina (PARIHAR; HEMNANI, 2004).
Com base nas evidências de que os processos inflamatórios estejam envolvidos na
patogênese da doença de Alzheimer, as pesquisas têm observado o uso de drogas anti-in-
flamatórias não-esteroidais e glicocorticoides esteroidais como opção de tratamento para
pacientes portadores da doença de Alzheimer (TUPPO; ARIAS, 2005).
Evidências epidemiológicas indicaram que as drogas anti-inflamatórias não-esteroidais
foram capazes de reduzir o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer. Estudos post
mortem têm demonstrado a habilidade das drogas anti-inflamatórias não-esteroidais em re-
duzir a inflamação, a qual foi consistentemente observada no tecido cerebral de portadores
da doença de Alzheimer47. Um possível modo de ação para a eficácia dos anti-inflamatórios
não-esteroidais seria o bloqueio específico da isoforma ciclooxigenase-2 (COX-2) no cérebro
de pacientes portadores da doença de Alzheimer. O ibuprofeno (Advil®) e a indometacina
(Indocid®) - mas não o naproxeno (Naprosyn®), o celecoxib (Celebra®) ou o ácido acetil-
salicílico (Aspirina®) - demonstraram reduzir os níveis de Aβ acima de 80% em cultura de
células. Como nem todos os anti-inflamatórios não-esteroidais apresentaram esse efeito,
acredita-se que essa redução ocorreu por um processo independente da atividade anti-in-
flamatória sobre a COX (TUPPO; ARIAS, 2005).

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Sinais e sintomas

A evolução da DA é de caráter descendente e o nível de gravidade é geralmente é


dividido em três estágios: leve, moderado e grave. Cada uma das etapas observa-se uma
gradativa perda da autonomia e o consequentemente um aumento das necessidades de
cuidados e supervisão de terceiros para os pacientes. As alterações cerebrais características
da DA são as placas senis (ou neuríticas) e os emaranhados neurofibrilares. As placas senis
resultam do metabolismo anormal da proteína precursora do amiloide (APP), conduzindo à
formação de agregados do peptídeo β-amiloide; os emaranhados neurofibrilares formam-se
a partir do colapso do citoesqueleto neuronal, decorrente da hiperfosforilação da proteína
tau. Estas alterações ocorrem, desde o início da doença, em estruturas do lobo temporal
medial, incluindo o hipocampo e o giro para-hipocampal, consideradas estruturas essenciais
para os processos de memória (ABREU, FORLENZA, 2005).
Com a evolução da doença, o processo degenerativo se espalha para o neocórtex
de associação, atingindo áreas cerebrais responsáveis por outros processos cognitivos.
Como característica essencial de uma demência, o DSM-IV-TR destaca o desenvolvimento
de múltiplos déficits cognitivos, que incluem comprometimento da memória e pelo menos
uma das seguintes perturbações cognitivas: afasia,’ apraxia, agnosia’ ou uma perturbação
do funcionamento executivo.’ Tais perturbações devem comprometer o funcionamento ocu-
pacional ou social, representam declínio em relação um nível anterior de funcionamento
(ABREU, FORLENZA, 2005).

Diagnóstico

O diagnóstico de demência no Brasil segue os critérios estabelecidos no Manual


de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais da Associação de Psiquiatria
Americana IV (DSM-IV), entretanto, o diagnóstico da DA baseia-se nas diretrizes propostas
pelo National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Strokes (NINCDS) e
pelo Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association (ADRDA). Os critérios de DA do
NINCDS-ADR-DA foram mencionados em 71% dos estudos brasileiros e os do DSM III-R e
DSM IV em 21 e 29% dos artigos, respectivamente (APOLINÁRIO et al., 2020).
Durante 27 anos o diagnóstico da DA foi baseado nos critérios feitos, em 1984, por
McKhann et al., do Instituto Nacional sobre Envelhecimento e a Associação de Alzheimer
(NINCDS-ADRDA), com sensibilidade de 81,5% e especificidade de 70%. No entanto, com
o passar dos anos fez-se necessária a inclusão dos novos avanços na pesquisa da DA, que
mudaram a sua compreensão. Vários estudos surgiram, nesse período, sobre descobertas
genéticas, exames (ressonância magnética, PET, estudo do líquido cefalor-raquidiano)

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e doença da DA, que culminaram com a necessidade de revisão dos antigos critérios.
Por isso, em 2009, 40 pesquisadores e clínicos de todo o mundo começaram a análise
dos critérios originais para estabelecer a necessidade de sua mudança e, em 2011, sur-
giram novas recomendações da NINCDS-ADRDA sobre como estabelecer o diagnóstico
da DA (CARAMELLI et al., 2005).
Agora a definição determina que o paciente deva apresentar dois dos seguintes do-
mínios acometidos: declínio da memória, das habilidades viso espaciais, do raciocínio, do
manejo de tarefas complexas, do julgamento, da comunicação e alterações na personalidade
e comportamento, sem a obrigação de um deles ser deficiência de memória. O diagnósti-
co de demência requer que o paciente tenha sua capacidade funcional no trabalho ou em
atividades habituais prejudicada, além do declínio em pelos menos dois dos domínios cog-
nitivos considerados, bem como redução de seu nível anterior de funcionalidade e desem-
penho. É importante também considerar que o comprometimento cognitivo seja detectado
por combinação do relato do paciente e de seu informante, aliado a testes cognitivos objeti-
vos. É importante também excluir delirium ou alguma doença psíquica maior (APRAHAMIAN;
MARTINELLI; YASSUDA, 2009).
A confirmação diagnóstica só poderá ser feita com o exame histopatológico do tecido
neural para avaliação de placas senis e fusos neurofibrilares, obtidos a partir de biópsia ou ne-
crópsia. Como a obtenção desse material em vivo é de difícil acesso, a confirmação da DA, na
maioria dos casos, só é possível ocorrer no post mortem. A confiabilidade desse diagnóstico
pode ser aumentada com a positividade de biomarcadores, comprovação do prejuízo cogni-
tivo e mutações genéticas típicas da DA (APRAHAMIAN; MARTINELLI; YASSUDA, 2009).

Tratamento

Grandes esforços têm sido realizados para a compreensão e tratamento da doença


de Alzheimer; entretanto, a terapia atual está longe de ser satisfatória. De fato, embora o
tratamento realizado através da administração de inibidores da enzima acetilcolinesterase
(AChE) tenha consistentemente demonstrado eficácia sintomática e redução na progressão
da patologia, esses medicamentos produziram algum tipo de melhora em aproximadamente
30-40% dos pacientes portadores da doença de Alzheimer leve a moderada. Os inibidores da
acetilcolinesterase (tacrina, rivastigmina, donepezil, galantamina) alteram a função colinér-
gica central ao inibir as enzimas que degradam a acetilcolina (enzimas acetilcolinesterase
e butirilcolinesterase), aumentando, assim, a capacidade da acetilcolina de estimular os re-
ceptores nicotínicos e muscarínicos cerebrais60. Desde a introdução desses medicamentos
na prática clínica, os inibidores da AChE constituem o tratamento sintomático de escolha
para a doença de Alzheimer (ALARCÃO, 1998).

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A rivastigmina (Exelon®), atualmente um dos medicamentos mais utilizados no tratamen-
to da doença de Alzheimer, foi capaz de inibir tanto a enzima acetilcolinesterase quanto a bu-
tirilcolinesterase, apresentando, assim, maior eficácia quanto ao aumento dos níveis cerebrais
de acetilcolina. Entretanto, esse medicamento causou vários efeitos colinérgicos adversos
quando a dose foi elevada abruptamente. Mais ainda, esse medicamento apresentou efeitos
gastrointestinais adversos, associados ao aumento de peso (GROSSBERG; DESAI, 2003).
Outro estudo envolvendo um inibidor seletivo da acetilcolinesterase, o donepezil
(Aricept®), demonstrou que o tratamento crônico por 1 ano com esse medicamento foi as-
sociado a uma redução de 38% no declínio funcional dos pacientes portadores da doença de
Alzheimer, quando comparados ao grupo placebo. A tacrina (Cognex®) foi o primeiro inibidor
reversível da acetilcolinesterase a ser utilizado no tratamento da doença de Alzheimer (inibidor
de primeira geração). Entretanto, esse medicamento apresentou duas formas principais de
toxicidade. Primeiramente, a tacrina apresentou hepatoxicidade, levando ao aumento das
transaminases hepáticas, resultando em hepatite medicamentosa e provocando a retirada
da medicação em muitos pacientes. De fato, mais de 90% dos casos envolvendo a hepatite
medicamentosa na doença de Alzheimer ocorreram nas primeiras 12 semanas de tratamento
com a tacrina. Recentemente, estudos têm focado na síntese e avaliações de congêneres
da tacrina, os quais foram mais potentes e seletivos que o próprio medicamento original
(TANG; LI, 2004).
A galantamina (Reminyl®) também é um anticolinesterásico utilizado no tratamento da
doença de Alzheimer. Esse medicamento possui um duplo mecanismo de ação, o qual, além
de inibir a acetilcolinesterase, também foi capaz de modular alostericamente os receptores
nicotínicos. O papel dos receptores nicotínicos na cognição é bastante conhecido, entretanto,
o significado clínico da modulação nicotínica no tratamento da doença de Alzheimer não está
completamente elucidado. Os receptores nicotínicos pré-sinápticos controlam a liberação
de neurotransmissores, os quais são importantes para a memória e para o humor. Nesse
sentido, foi verificado que o bloqueio dos receptores nicotínicos prejudicou a cognição. Por
outro lado, a ligação da galantamina com os subtipos de receptores nicotínicos melhorou a
função cognitiva e a memória (MAELICKE; ALBUQUERQUE, 2000).
A huperzina A, um alcaloide extraído da planta Huperzia serrata, atuou como um inibi-
dor potente, específico e reversível da acetilcolinesterase, cuja administração demonstrou
melhora significativa na memória de pacientes idosos e de pacientes portadores da doença
de Alzheimer, associada a mínimos efeitos colinérgicos periféricos e ausência da hepatoxi-
cidade induzida pela tacrina (SHAN, 2002).
Há ainda um crescente interesse no uso de antioxidantes polifenólicos, a fim de re-
verter o declínio associado à idade e as deficiências cognitivas e motores dos pacientes

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portadores da doença de Alzheimer. Um estudo in vitro e in vivo envolvendo 2,4-dinitrofenol
e 3-nitrofenol demonstrou que esses nitrofenóis foram capazes de inibir a agregação ami-
loidal, além de provocar a desagregação das fibras amiloidais já formadas. Esses efeitos
foram acompanhados por uma proteção contra a toxicidade induzida por Aβ em culturas
primárias de neurônios hipocampais. Mais ainda, experimentos utilizando microinjeções
desses nitrofenóis mostraram que essas substâncias foram capazes de inibir a deposição
amiloidal em cérebros de ratos (DE FELICE et al., 2001).
A estratégia mais estudada para o tratamento da doença de Alzheimer tem sido blo-
quear a maquinaria proteolítica, a qual produz a substância Aβ. Essa estratégia pode ser
acompanhada pela redução da formação de APP ou pela inibição da proteólise da APP
para a formação da Aβ. A inibição das vias β e γ-secretase (via amiloidogênica da cliva-
gem proteolítica da APP) e a estimulação da via α-secretase têm sido as estratégias mais
promissoras para a neuroproteção na doença de Alzheimer (PARIHAR; HEMNANI, 2004).

Tratamento dos sintomas comportamentais

As avaliações da eficácia do tratamento antidepressivo em pacientes portadores da


doença de Alzheimer são limitadas. Boa parte dos conhecimentos desse tratamento vem do
estudo de casos individuais e de extrapolações de estudos com pacientes geriátricos deprimi-
dos com ausência de demência. Determinados sintomas podem ser facilmente confundidos
com depressão, incluindo perda de interesse em atividades diárias e cuidados pessoais,
redução da iniciativa e das interações sociais ou da expressão facial, redução da entonação
verbal e das respostas emocionais. Na depressão, contudo, tais queixas são geralmente
associadas à disforia, ideação depressiva e sintomas vegetativos (FORLENZA, 2000).
O controle da depressão em pacientes portadores da doença de Alzheimer pode propor-
cionar, indiretamente, melhora substancial na cognição. Os sintomas cognitivos além daque-
les induzidos pela depressão não se beneficiam do tratamento antidepressivo. Além disso,
determinados antidepressivos podem exercer efeito negativo sobre a cognição, conforme
sugerido por um estudo envolvendo a imipramina (Tofranil®) e a amitriptilina (Tryptanol®),
no qual a piora dos sintomas cognitivos foi atribuída aos efeitos anticolinérgicos da medi-
cação. Knegtering, Eijck, Huijsman (1994), revisaram os efeitos dos antidepressivos no
funcionamento cognitivo de pacientes idosos, concluindo que a ação sedativa de alguns
psicofármacos pode comprometer o desempenho em provas que requeiram concentração
e manutenção do tônus atencional, enquanto drogas com ação anticolinérgica podem afetar
diretamente a memória. Tais efeitos podem se manter ao longo do tratamento, porém podem
passar despercebidos devido à melhora do humor e do estado geral do Paciente.

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A literatura a respeito do tratamento da apatia é ainda mais escassa, Drogas com ação
dopaminérgica, tais como os psicoestimulantes - dextroanfetamina (Dexedrine®), metilfenida-
to (Ritalina®) -, amantadina (Mantidan®), bromocriptina (Parlodel®) e bupropiona (Zyban®)
são úteis na terapia farmacológica da apatia grave. Psicoestimulantes podem provocar
taquicardias, hipertensão, inquietação motora, agitação, distúrbios do sono e supressão do
apetite. A bromocriptina esteve associada a sintomas psicóticos, confusão mental e, algumas
vezes, a discinesias, enquanto a amantadina acarretou efeitos anticolinérgicos e delírios
.Especialmente quando associadas à demência avançada, essas alterações comportamentais
presentes em portadores da doença de Alzheimer podem ser dificilmente caracterizadas,
principalmente na presença de distúrbios de linguagem e comunicação ou quando as demais
funções cognitivas estiverem gravemente comprometidas (FORLENZA, 2005).

Impacto familiar

O impacto do diagnóstico de demência na família é extremamente perturbador. Poucas


pessoas estão preparadas para lidar com a responsabilidade e sobrecarga que é cuidar de
um idoso demenciado e, em geral, existe um desconhecimento sobre a doença, como agir,
como entender a pessoa afetada e seus próprios sentimentos (PESTANA; CALDAS, 2009).
A literatura aponta quatro fatores geralmente presentes na designação da pessoa que,
preferencialmente, assume o papel de cuidador: parentesco (cônjuge), gênero (mulher),
proximidade física (convive na mesma casa) e proximidade afetiva (conjugal, pais e filhos).
Isso acontece porque muitas vezes os indivíduos mais próximos se sentem fragilizados pelas
condições deletérias impostas pela doença ao paciente e tomam para si as responsabilidades
de cuidar do familiar, sem que haja uma prévia divisão das tarefas com os demais parentes.
Além disso, o cuidador, muitas vezes, deixa de exercer suas atividades pessoais e sociais
para se dedicar ao enfermo. Nessa perspectiva, autores revelam que o sexo, a idade, o nível
educacional, a situação econômica e estado de saúde, associados ao tempo destinado ao
cuidado do familiar e às atividades desenvolvidas pelo cuidador, face à dependência que lhe
é atribuída, influenciam a qualidade de vida desses cuidadores e estão diretamente relacio-
nados com o impacto subjetivo da doença em suas vidas. Alguns estudos apontam que a
maioria dos cuidadores familiares primários é formada por mulheres, adultas e casadas, que
destinam de 1 às 24h de cuidados diários. De maneira geral, em todo o mundo, cuidar de
idosos é uma responsabilidade que pertence à esfera familiar, cumprindo assim, a família,
uma norma social (BORGHI et al., 2013).
Na família, o papel de cuidador recai especialmente sobre a mulher, preferencialmente a
esposa, seguida da filha, ocorrendo casos em que idosos morando com seus filhos casados
são cuidados, sobretudo, por suas noras. A manutenção dos papéis de gênero difundidos

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pela cultura brasileira retrata o fato de que as mulheres jovens e de meia-idade, além de
cuidarem dos filhos, cuidam também dos pais (GOLDANI, 1999), sendo denominadas “cui-
dadoras sanduíche” (PARAVINI et al., 2008).
O impacto da doença de Alzheimer na vida das cuidadoras dos pacientes reflete sin-
tomas vivenciados por elas, tais como estresse, depressão, tristeza crônica, distúrbios do
sono e isolamento, além das dificuldades financeiras e sociais. Os idosos, por sua vez,
residem na casa das filhas, especialmente quando são mais pobres e possuem piores con-
dições de saúde. Desse modo, a convivência e a corresidência de três ou mais gerações é
uma estratégia familiar que enfrenta desafios e pode ser utilizada para beneficiar tanto as
gerações mais novas como as mais velhas. Os conflitos intergeracionais advindos dessas
interações, bem como a superação deles, dependerão, dentre outros aspectos, da maior ou
menor flexibilidade da família para interagir (PARAVINI et al., 2008).
Numa ótica sistêmica, a família pode ser considerada um sistema aberto, devido ao
movimento de seus membros dentro e fora da interação de uns com os outros e com os
sistemas extrafamiliares, num fluxo constante de informação, energia e material. Assim, os
comportamentos e as ações de um dos seus membros tanto influenciam como são influen-
ciados pelos dos outros. O sistema familiar se diferencia e exerce suas funções através de
subsistemas. Cada membro é um subsistema, ou grupos maiores, que possibilitam a com-
posição de outros subsistemas, por geração, sexo, função ou interesse (ALARCÃO, 2006).
Dentre as estratégias utilizadas pelas famílias para diminuir o sofrimento, está a de
ajudarem-se uns aos outros nas tarefas básicas da vida diária do doente, para a promoção
e a manutenção dos cuidados, na fase inicial. Há ainda a mobilização de recursos para
recordação do passado, despertando suas lembranças e suas memórias, dando-lhes força
para conviver com a doença. A espiritualidade e a fé foram facilitadoras no processo do de-
senvolvimento da doença, associando-se à esperança e à crença de uma existência superior/
divina, que dá força e realimenta diariamente o desejo da melhora e da cura. Entende-se
que a religiosidade, enquanto prática de cuidado à saúde, em algumas famílias, faz parte
da formação cultural e possui significado importante no processo de cuidar – em especial
no caso das condições de doença crônica. A religiosidade e a espiritualidade atuam como
mediadoras na percepção de ônus ou benefícios decorrentes da tarefa do cuidar, amenizando
o impacto negativo DA (FREITAS; PIASSON, 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais frequente associada à ida-


de, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em deficiência progressiva
e incapacitação. A doença afeta aproximadamente 10% dos indivíduos com idade superior

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a 65 anos e 40% acima de 80 anos. Entre os aspectos clínicos o que se nota primeiro é a
deficiência da memória recente, enquanto as lembranças remotas são preservadas até certo
estágio da doença.
Outras dificuldades de atenção, de funções cognitivas deterioram à medida que a
patologia evolui, entre elas a capacidade de fazer cálculos ou algo simples do cotidiano da
casa, se torna difícil, que vem acompanhados por distúrbios comportamentais, como agres-
sividade, alucinações, hiperatividade, irritabilidade e depressão. Grandes esforços têm sido
realizados para a compreensão e tratamento da doença de Alzheimer; entretanto, a terapia
atual está longe de ser satisfatória, a ciência tem um longo caminho para frente.
Por fim a DA não somente afeta o doente, mas a toda a família. O estresse pessoal
e emocional de cuidar de uma pessoa com DA impacta significativamente o cotidiano dos
cuidadores e familiares. Estudos sugerem que a compreensão da dinâmica da doença e
suas implicações nas próprias emoções pode ser uma forma importante que o cuidador, e
que a família utilizem para o manejo tanto do indivíduo acometido pela DA quanto dos seus
próprios problemas/sentimentais. Nesse sentido, faz-se necessário querer, e aceitar, encarar
o sofrimento, seu próprio e do outro, não tentando esconder, dos olhos ao redor, a dor que
sente. Ressalta-se ainda a importância do cuidado pessoal e busca do entendimento da
doença, para efetivos auxílio nesse contexto do cuidado que envolve indivíduos com DA.

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02
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS EM UMA
CRECHE NO INTERIOR DE SÃO PAULO

Maria José Caetano Ferreira Damaceno


Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA)

Lilian Dias dos Santos Alves


Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA)

Ana Luísa Costa Pinheiro


Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA)

Daniella de Carvalho Antonelli


Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA)

Ana Paula Bertoni Bernardineli


Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA)

'10.37885/230813949
RESUMO

Objetivo: avaliar o crescimento e o desenvolvimento de crianças de um a quatro anos de uma


creche no interior de São Paulo. Métodos: estudo quantitativo transversal e descritivo, tota-
lizando 51 crianças. Para avaliação do crescimento foi mensurou-se o peso, comprimento e
estatura, o índice de massa corporal e perímetro cefálico. Aplicou-se o Teste de Denver II para
avaliar o desenvolvimento, adequando-se a faixa etária. Resultados: observou-se que 15,7%
das crianças apresentaram parâmetros de sobrepeso, 7,8%, obesidade e 3,9% abaixo do
peso. Em relação ao processo de desenvolvimento neuropsicomotor averiguou desvio no
desenvolvimento pessoal-social, o qual 13,7% caracterizou atraso, já desenvolvimento de
linguagem, atrasos foram observados em 13,7% e cautela em 27,5%. No Brasil, observa-se a
rápida redução das taxas de desnutrição associada ao aumento das taxas de obesidade, com
risco de persistência na vida adulta. Estima que, crianças menores de cinco anos de idade
estarão sob risco de não atingir seu pleno desenvolvimento. Conclusões: Considerando
que o desenvolvimento e o crescimento infantil sofrem interferências endógenas e exógenas,
é primordial ações de prevenção e promoção a partir da articulação dos serviços de saúde
com as Instituições de Ensino e pais/responsáveis.

Palavras-chave: Crescimento, Desenvolvimento, Saúde da Criança.


INTRODUÇÃO

A Saúde da Criança deve ser vislumbrada de maneira integral, sendo primordial vigiar
o desenvolvimento e o crescimento destes nos primeiros anos de vida, pois é nessa etapa
extrauterina que o tecido nervoso mais cresce e amadurece, estando, portanto, mais sujeito
aos agravos. Privilegia-se atentar quanto ao crescimento e ao desenvolvimento infantil, no que
tange às influências que sofrem a partir de fatores biológicos e ambientais (BRASIL, 2017).
Acrescenta-se que é neste período que a criança melhor responde aos estímulos que
recebe do meio ambiente e às intervenções, quando necessárias. É importante estimulá-las
desde cedo para que ela adquira autoconfiança, autoestima, e desenvolva capacidade de re-
lacionar-se bem com outras crianças, com a família e com a comunidade. Havendo, de tal ma-
neira, maior possibilidade de tornar-se um adulto bem adaptado socialmente (BRASIL, 2017).
É interessante observar que nem sempre a sociedade visualizava desta maneira, não
sendo dada a devida relevância sobre a saúde integral da criança. Foi no século XVII que a
criança começou a conquistar seu espaço no âmbito social, uma vez que foi apenas neste
período que muitas famílias passaram a demonstrar sentimentos de carinho e amor ao in-
fante (ARAÚJO et. al, 2014).
Entende-se por desenvolvimento infantil todo o percurso feito pela criança, o qual vai
desde a concepção, o que envolve vários aspectos, seguindo desde o desenvolvimento
físico, maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Tem
como objetivo capacitar a criança a responder às suas necessidades e às de seu meio,
considerando seu contexto de vida (BRASIL, 2012).
O desenvolvimento infantil é definido como um processo gradativo no qual as habilida-
des finas, motoras, cognitivas, linguísticas e sociais são formadas pela interação genética e
ambiental (BLACK; PÉREZ-ESCAMILLA; RAO, 2015). A influência hereditária é o principal
dentre os fatores endógenos que intervém o desenvolvimento, uma vez que determina as
diferenças raciais e de estrutura corporal. Enquanto que as influências climáticas, epidemio-
lógicas e nutritivas representam os exógenos (GRANDE; ROF; JIMÉNEZ, 2014).
O desenvolvimento motor grosso acontece no sentido craniocaudal, refere-se à capa-
cidade de se movimentar enquanto preserva o equilíbrio, caminhar, pular, sentar sem apoio,
subir escadas e manter a postura. Por outro lado, o desenvolvimento motor fino acontece na
orientação próximo-distal, relacionando-se à movimentação de partes individuais do corpo
(ALVA et al., 2015).
O desenvolvimento socioemocional incluiu comportamento, apego, emocionalidade,
competência social e temperamento (SUDFELD et al., 2015). Compreende-se como os
principais determinantes a interação com primeiros cuidadores familiares e, posteriormente,
com a escola (PETRUCCI; BORSA; KOLLER, 2016).

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O crescimento é entendido como parte do processo de desenvolvimento, envolvendo, no
entanto, características diferentes em suas concepções fisiológicas, paralelas em seu curso,
porém associadas em seu significado. O primeiro, por sua vez, é um processo de caráter
concreto e mensurável, compreendendo desde a formação, aumento de massa e renovação
dos tecidos. Este, assim como o desenvolvimento, é dependente de fatores extrínsecos,
sendo, desta forma, importante indicador de saúde da criança (MONTEIRO et al, 2016).
Compreende-se que o crescimento e desenvolvimento da criança são importantes
indicadores de saúde, vale lembrar que as avaliações acerca do desenvolvimento infantil
devem sempre levar em consideração também as informações e opiniões dos pais e da es-
cola sobre a criança. Recomenda-se procurar ouvir, informar e discutir assuntos que dizem
respeito às habilidades desenvolvidas e à maneira como a criança as explora, relacionando-as
aos riscos de lesões não intencionais e às medidas para a sua prevenção (BRASIL, 2012).
Para o acompanhamento da saúde da criança é necessário ações de prevenção e
promoção advindas não somente das equipes de saúde da Atenção Primária, mas também
se mostra fundamental um envolvimento dos profissionais de escolas infantis/creches e
dos pais ou responsáveis. A luz do exposto, os pesquisadores têm como objetivo avaliar o
crescimento e o desenvolvimento de crianças de um a quatro anos de uma creche localizada
no município de Assis, interior de São Paulo.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo transversal e descritivo que foi desenvolvido em


uma creche no interior de São Paulo, em uma área de vulnerabilidade, tendo como público
alvo crianças de um a quatro anos. A creche atende ao todo 64 infantes, sendo que dessa
população 51 crianças foram avaliadas.
Adotaram-se como critérios de exclusão da amostragem, crianças portadoras de defi-
ciências físicas ou ausentes durante todos os dias de avaliação. A coleta de dados aconteceu
no período de outubro a novembro de 2018, sendo realizada em 4 dias.
Para avaliação do crescimento foi mensurado o peso (g), comprimento e estatura (cm),
o índice de massa corporal (IMC) e perímetro cefálico (cm) das crianças, tendo-se como
referência as Curvas de Crescimento da OMS (WHO, 2006; 2007). Os dados coletados fo-
ram analisados no gráfico de crescimento e avaliados segundo adequação para a a idade,
sexo e escore z, sendo estes escores z classificados em:
PC: > + 2 escores z, PC acima do esperado para a idade; ≤ +2 escores z e ≥ - 2 esco-
res z, PC adequado para a idade; e < - 2 escores z: PC abaixo do esperado para a idade.
Peso/Comprimento: > + 2 escores z, peso/comprimento elevado para a idade; ≥ - 2
escores z e ≥ + 2 escores z, peso/comprimento adequado para a idade; ≥ - 3 escores z e

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≥ - 2 escores z, peso/comprimento baixo para a idade; < - 3 escores z, peso/comprimento
muito baixo para a idade.
IMC: >+3 escores z, obesidade; ≤ +3 e ≥ +2 escores z: sobrepeso; ≤ +2 e > +1 escores
z, risco de sobrepeso; ≤ +1 e > -2 escores z, IMC adequado; < -2 e ≥ -3 escores z, magreza;
< -3 escores z: magreza acentuada.
Aplicou-se o Teste de Denver II para avaliar o desenvolvimento, adequando-se aquan-
tidade de itens a faixa etária de um a quatro anos. Este instrumento de referência adotado já
foi traduzido e adaptado culturalmente para o Brasil, e é capaz de avaliar o desenvolvimento
neuropsicomotor em crianças de zero a seis anos de idade. O instrumento é composto de
125 itens representados por tarefas organizadas em quatro áreas: a conduta “Pessoal-Social”
que compreende aspectos da socialização da criança; a conduta “Motor Fino-Adaptativo” que
inclui coordenação olho/mão; a do “Motor Grosso” diz respeito ao controle motor corporal,
e a conduta da “Linguagem” que envolve a capacidade de reconhecer, entender e usar a
linguagem (PINTO, 2017).
Verificou-se em crianças de 19 a 24 meses os seguintes marcos: sobre o desenvolvi-
mento pessoal-social: escova os dentes com ajuda, alimenta boneca, veste-se com ajuda,
tira vestuário, usa garfo e colher; quanto ao desenvolvimento motor fino- adaptativo: cons-
trução de torre de dois, quatro, seis e oito cubos; sobre o desenvolvimento da linguagem:
fala metade entendível, diz seis palavras, identifica figuras, diz seis partes do corpo, combina
palavras; e a respeito do desenvolvimento motor-grosso: arremessa bola sobre os ombros,
salta, chuta bola para frente, sobe degraus e corre.
Crianças de 24 a 36 meses foram avaliadas quanto aos marcos: desenvolvimento
pessoal-social: escova os dentes com e sem ajuda, joga cartas, veste-se sem ajuda, põe
camiseta, nomeia amigos, lava e seca as mãos e tira vestuário; desenvolvimento motor fino-
-adaptativo: sacode polegar, torre de quatro, seis e oito cubos e imita linha vertical; desen-
volvimento da linguagem: fala tudo e metade entendível, sabe duas e quatro ações, uso de
dois e três objetos, conta um bloco, nomeia uma cor, sabe dois adjetivos, nomeia uma figura,
diz seis partes do corpo, aponta figuras e combina palavras; desenvolvimento motor-grosso:
balança o pé por um e dois segundos, pulo largo e arremessa a bola sobre os ombros.
Avaliou-se em crianças de 36 a 48 meses os marcos: desenvolvimento pessoal- social:
prepara alimentos, escova os dentes com ajuda, joga cartas, veste-se sem ajuda e põe cami-
seta; desenvolvimento motor-fino adaptativo: escolhe linha mais comprida, copia símbolos,
desenha pessoas com três partes, torre de oito cubos, imita linha vertical e sacode o polegar;
desenvolvimento da linguagem: diz duas palavras opostas, define sete palavras, conhece
três adjetivos, define cinco palavras, nomeia quatro cores, entende quatro preposições, fala

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tudo entendível, faz uso de dois objetos e sabe duas ações; desenvolvimento motor-grosso:
andar dedo-calcanhar, balança o pé por até seis segundos, pula com um só pé e pulo largo.
Os materiais utilizados para sua execução do teste de Denver II foramboneca, mama-
deira, cubos coloridos, bola, imagens ilustrativas, caneta e folha de papel.
Os resultados obtidos foram classificados em adequado, quando a criança executa a
atividade prevista para a idade ou não executa uma atividade realizada por menos de 75%
das crianças da mesma idade;cautela, quando a criança não executou se recusa a realizar
atividade que já é feita por 75 a 90% das crianças daquela idade; atraso, quando a criança
não executa a atividade que já é executada por mais de 90% das crianças que têm sua idade.
De acordo com Pinto (2017), a interpretação do teste, baseou-se nos resultados obti-
dos dos itens da conduta “Motor Fino-Adaptativo”; conduta do “Motor Grosso”, e a conduta
da “Linguagem” do permite classificar o teste como adequado, quando a criança não apre-
sentou nenhum “atraso” ou um “cuidado” no máximo; cautela, quando apresentou dois ou
mais “cuidados” e/ou um ou mais “atrasos”; não testável, quando “recusou-se” a realizar a
atividade em um ou mais itens com a linha da idade.
Para a realização da análise de dados, os resultados foram avaliados a partir da aplica-
ção do formulário foram inicialmente descritos em termos de variáveis quantitativas discretas
e contínuas.Foi realizada análise descritiva construindo, para as variáveis quantitativas,
tabelas com médias e desvio-padrão, se distribuição normal, ou mediana e percentil 25 e75,
se distribuição não normal. Para as variáveis qualitativas foram confeccionadas tabelas com
as distribuições de frequências e percentagens.
Os dados foram processados e analisados através do programa estatístico SPSS
versão 20.0. A coleta de dados foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de
Ética respeitando procedimentos previstos na Resolução 446/2013 do Conselho Nacional
de Saúde, pelo parecer nº 2.746.113. Os responsáveis pelas crianças que participarão da
pesquisa deverão assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - após
serem informados sobre a intenção, objetivos da pesquisa e forma como se daria a par-
ticipação destas.
É importante ressaltar ainda que, para o início do desenvolvimento do estudo na creche,
foi solicitada autorização na Secretaria Municipal de Educação de Assis.

RESULTADOS

Do universo de 64 crianças, 51 foram consideradas elegíveis para o estudo; foram


excluídas 12 crianças por não possuírem TCLE e uma por ter faltado em todos os dias de
coleta. Das 51 crianças avaliadas, nenhuma era portadora de deficiência física.

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Nos dias de coleta, 5 (9,8%) infantes faltaram e 2 (3,9%) não foram colaborativos.
Desta forma, os dados colhidos referentes às crianças não colaborativas foram excluídos da
pesquisa. Sobre as faltosas, consideraram-se apenas os dados antropométricos de quatro
crianças e os do desenvolvimento de três. Além disso, foram excluídos dados do desenvol-
vimento deduas crianças por elas se recusarem a executar o teste.Das 51 crianças avalia-
das,24 (47,1%) eram do sexo feminino e 27 (52,9%) do sexo masculino. Em relação a faixa
etária, 5(9,8%) eram lactentes e 46 (90,19%) eram pré- escolares.
A média de idade das crianças lactentes foi de 22 (+2,121) meses, e dos pré- escolares
foi de 38,48 (+8,448) meses. (Tabela 1)
Em relação aos resultados obtidos dos lactentes, quanto aos dados antropométricos,
estes apresentaram média de peso de 11,418 (+1,375) kg, altura de 84,3 (+3,7015) cm, PC de
48,8 (+1,304) cm e IMC de 16,01 (+0,9564) g/cm². Quanto aos pré-escolares, estes apre-
sentaram média do peso de 15,1255(+3,3575) kg, altura de 96,860 (+8,1067) cm, PC de
49,709 (+1,42,78) cm e IMC de 15,069 (+4,4212) g/cm².

Tabela 1. Análise das características demográficas e dos dados antropométricos avaliados de 51 crianças de um a quatro
anos de uma creche no interior de São Paulo. Assis/SP, Brasil. 2018.

VARIÁVEL N (%)
Sexo -
Feminino 24 (47,1)
Masculino 27 (52,9)
Faixa etária (meses) -
Lactente 5 (9,8)
Pré-escolar 46 (90,19)
Variável Média (DP)
Lactente -
Idade 22 (+2,121)
Dados antropométricos -
Peso (Kg)* 11,418 (+1,375)
Altura (cm) 84,3 (+3,7015)
PC (cm) 48,8 (+1,304)
IMC (g/cm²) 16,01 (+0,9564)
Pré-escolar -
Idade 38,48 (+8,448)
Dados antropométricos -
Peso* 15,1255(+3,3575)
Altura 96,860 (+8,1067)
PC 49,709 (+1,42,78)
IMC 15,069 (+4,4212)
* Avaliado em Kg apenas para estes dados para aplicação do cálculo da Média e DP.

Com relação a avaliação dos dados referentes ao crescimento, observou-se que 46


(90,2%) das crianças classificaram-se como peso adequado para a idade, 1 (2%) como
peso baixo para a idade e 1 (2%) elevado para a idade. Quanto à altura, 47 (92,2%) crian-
ças foram categorizadas comoadequadas para a idade e 1 (2%) como muito baixa para a

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idade. Em relação ao PC, 5 (6,5%) das crianças apresentaram medidas adequadas para a
idade e 43 (93,5%) não foram avaliadas quanto à medida de PC por apresentarem idade
maior de 24 meses, que é a idade máxima para avaliação do parâmetro preconizado pelo
Ministério da Saúde. A classificação do IMC foi adequada em 34 (66,7%) das crianças, so-
brepeso em 8 (15,7%), obesidade em 4 (7,8%) e 2(3,9%) abaixo do peso. (Tabela 2).
Para a caracterização dos dados referentes ao desenvolvimento pessoal-social, 32
(62,7%) foram classificados como adequado, 5 (9,8%) como cautela e 7 (13,7%) atraso.
Sobre o desenvolvimento motor-fino, 37 (72,5%) classificaram-se como adequados, 5 (9,8%)
como cautela e 2 (3,9%) como atraso. Quanto a avaliação do desenvolvimento da lingua-
gem, 23 (45,1%) das crianças apresentaram desenvolvimento classificado como adequado,
14 (27,5%) como cautela e 7 (13,7%) atraso. Em relação a avaliação do desenvolvimento
motor-grosso, 41 (80,4%) das crianças apresentaram desenvolvimento adequado, 2 (3,9%)
apresentaram cautela e 3 (5,9%) atraso. (Tabela2)
Dentre as alterações de crescimento identificadas, observou-se que duas crianças
classificaram-se compesoinadequado e uma estava com a altura muito baixa para sua fai-
xa etária.Todas as crianças em foram evidenciadas alteração do processo de crescimento
estavam dentro da faixa etária de dois a seis anos (pré-escolares), enquanto que nas alte-
rações notadas no IMC, uma criança pertencia à faixa etária de zero a dois anos (lactentes)
e 16crianças de dois a seis anos.
Quanto às alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, cinco crianças que apre-
sentaram alterações no desenvolvimento pessoal e socialeram lactentes e sete, pré-escola-
res. Entre as que apresentarem alteração no desenvolvimento motor fino, três eram infantes
e quatro pré- escolares. Cinco infantes apresentarem alterações no desenvolvimento da
linguagem, sendo os 16 demais classificados como pré-escolares. Por fim, com relação ao
desenvolvimento motor grosso, duas crianças eram lactentese três pré-escolares.

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Tabela 2. Análise dos dados antropométricos e do desenvolvimento neuropsicomotor de 51 crianças de um a quatro
anos de uma creche no interior de São Paulo. Assis/SP, Brasil. 2018.

N (%) N (%) N (%)


Variável
TOTAL Lactente Pré-escolar
51 (100,0) 5 (9,8) 46 (90,19)
Avaliação do crescimento - - -
Classificação peso - - -
Adequada para idade 46 (90,2) 5 (100) 41 (89,1)
Baixo para idade 1 (2,0) 0 (0,0) 1 (2,2)
Muito baixo para idade 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (2,2)
Elevado para idade 1 (2,0) 0 (0,0) 3 (6,5)
Faltou 3 (5,8) 0 (0,0) 3 (6,5)
Classificação altura - -
Adequada 47 (92,2) 5 (100) 41 (92,5)
Elevada para idade 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Baixa para idade 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Muito baixa para idade 1 (2,0) 0 (0,0) 1 (2,2)
Faltou 3 (5,8) 0 (0,0) 3 (6,5)
Classificação PC - -
Adequado para idade 5 (9,8) 5 (100) 0 (0,0)
Acima do esperado para
0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Idade
Abaixo do esperado para Idade 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Não classificável 43 (93,5) 0 (0,0) 46 (100,0)
Faltou 3 (5,8) 0 (0,0) 3 (6,5)
Classificação IMC - -
Adequado 34 (66,7) 4 (80,0) 30 (65,2)
Sobrepeso 8 (15,7) 1 (20,0) 7 (15,2)
Risco de sobrepeso 0 (0,0) 0 (0,0) 0
Obesidade 4 (7,8) 0 (0,0) 4 (8,7)
Magreza 2 (3,9) 0 (0,0) 2 (4,30
Magreza acentuada 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Faltou 3 (5,8) 0 (0,0) 3 (6,5)
Avaliação do DNPM - - -
Pessoal –Social - - -
Adequado 32 (62,7) 1 (20,0) 32 (69,6)
Cautela 5 (9,8) 4 (80,0) 4 (8,7)
Atraso 7 (913,7) 0 (0,0) 3 (6,5)
Não testável 2 (3,9) 0 (0,0) 2 (4,3)
Faltou 5 (9,8) 0 (0,0) 5 (10,9)
Motor fino - -
Adequado 37 (72,5) 1 (40,0) 35 (76,1)
Cautela 5 (9,8) 2 (20,0) 4 (8,7)
Atraso 2 (3,9) 1 (40,0) 0 (0,0)
Não testável 2 (3,9) 0 (0,0) 2 (4,3)
Faltou 5 (9,8) 0 (0,0) 5 (10,9)
Linguagem - -

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DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram que o peso e a altura da maioria das


crianças frequentadoras da creche estavam adequados para as faixas etárias avaliadas.
Isso demonstra que o maior tempo de permanência na instituição possibilita uma nutrição
adequada através do maior acesso à alimentação (PEDRAZA, 2016).
Neste estudo, alguns fatores relacionados ao estado nutricional das crianças não foram
considerados, tais como a renda familiar, a segurança alimentar e nutricional das famílias
e a prática de atividade física. Mesmo assim, evidencia-se na literatura que o poder aqui-
sitivo e a segurança alimentar estão principalmente associados com a relação peso/idade
(PEDRAZA et al., 2016).
Esperava-se que o IMC encontrado para a maioria das crianças seria classificado como
adequado, tendo em vista que na maioria dos avaliados, o peso e a altura enquadravam-se
como tal. Contudo, 15,7% das criançasencontravam-se em sobrepeso, 7,8% obesas e 3,9%
abaixo do peso.Tendo em vista que o IMC é um indicador de saúde, tais dados indicam que
o excesso de peso infantil é um problema recorrente no Brasil e ele pode estar relacionado
a características socioeconômicas e genéticas (GOMES, et al., 2017). No Brasil, observa-se
a rápida redução das taxas de desnutrição associada ao aumento das taxas de obesidade.
Destaca-se também que a obesidade infantil tem maior risco de persistir durante a vida
adulta (PINHO et al., 2010).
Corrobora-secom a literatura, a qual sugere que o excesso de peso durante a in-
fância é fator de risco para o desenvolvimento de obesidade na idade adulta. As conse-
quências da obesidade durante a infância e adolescência, incluem não só problemas em
nível de saúde física, como hipertensão arterial, hipercolesterolemia, síndrome metabóli-
ca, diabetes tipo 2, problemas osteoarticulares, apneia do sono, asma, cirrose hepática,
mas também consequências a nível comportamental, como baixa autoestima e depressão
(CARMINHA; GRAÇA, 2016).
Quando se refere a infantes, tem-se como estratégias profiláticas à obesidade a ama-
mentação materna, bem como o aconselhamento junto aos pais sobre práticas de alimen-
tação infantil. Já em pré-escolares, estão atividade física e nutrição como as mais efetivas,
além de educação interativa voltada aos pais e a mesma intervenção juntamente com ex-
periências práticas para os filhos. Tem-se envolvimento familiar como estratégia importante
para a efetividade na prevenção de obesidade e sobrepeso, pois nessa faixa etária, o filho
não tem controle de suas decisões e estilo de vida saudável.Além disso, o monitoramento do
crescimento e desenvolvimento infantil é apontado como importante meio para se detectar
tal problema e assim intervir (BONILLA, et al., 2017).

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Com relação ao desenvolvimento da linguagem, 27,5% das crianças classificaram-se
cautela e 7 (13,7%) atraso. De acordo com Pedraza et al. (2016), esses resultados são jus-
tificados, entre outros fatores, pela imaturidade neurofisiológica para a aquisição e domínio
da linguagem e pela ausência de estímulos sociais, que se demonstram essenciais para
que os padrões linguísticos se desenvolvam.
Valida-se assim, dados obtidos na literatura que indicam a maior porcentagem de
cautela e/ou atraso foi o item da linguagem, seguido do motor grosso (ZAGO et al., 2017)
o que difere dos dados obtidos no presente estudo, visto que, dos parâmetros avaliados, o
desenvolvimento motor fino foi o qual se obteve menor taxa de alterações. Sobre as altera-
çõessupracitadas, o mesmo autor infere que não há associação entre o desenvolvimento
neuropsicomotor e nível sócio econômico. Dessa forma, o contexto neonatal e os fatores
ambientais desempenham importante papel no desenvolvimento neuropsicomotor do infante.
Um aspecto identificado na literatura cientifica, estima-se que, em todo mundo, 200
milhões de crianças menores de cinco anos de idade estarão sob risco de não atingir seu
pleno desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde indica que 10% da população
de qualquer país é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência. Logo, chama a
atenção para um fato em comum, de que algo não está indo bem com a criança, pois ela
não segue a sequencia esperada para o seu desenvolvimento (DORNELAS; DUARTE;
MAGALHÃES, 2015).
Assim como para o crescimento, as condições que influenciam no desenvolvimento não
foram avaliadas. Porém, considerando que a instituição se situa em área de vulnerabilidade,
alguns dos aspectos ambientais, citados por Campos Júnior, Burns e Lopez (2014) podem
estar relacionados com o atraso observado no estudo.Dentre os fatores evidenciados pelos
autores, têm-se experiências ligadas à família, sociedade e ao meio ambiente, como as con-
dições precárias de saúde, a educação materna, estresses no ambiente familiar, violência,
abuso, maus tratos, falta de recursos sociais e educacionais, problemas de saúde mental da
mãe ou do cuidador, entre outros, sendo os fatores sociais os que mostram mais influência
no atraso do desenvolvimento infantil.
Em estudo randomizado que avaliou os efeitos da leitura em voz altaem crianças de dois
a quatro anos de família de baixa renda, Weisleder et al. (2018) concluíram que tal atividade
teve impactos significativos no desenvolvimento cognitivo, na linguagem infantil, o que se
apresenta como uma boa alternativa para melhora de tais atrasos nas crianças em questão.
Como evidenciado no estudo acima, é importante estimular as crianças desde cedo para
que ela adquira autonomia, autoestima, e desenvolva capacidade de interagir com outras
crianças, com a família e com a comunidade. Havendo, de tal maneira, maior possibilidade
de tornar-se um adulto bem adaptado socialmente (BRASIL, 2017).

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CONCLUSÃO

Diante dos resultados, concluiu-se que, com relação ao crescimento infantil, observa-
ram-se alterações apenas no IMC dos lactentes e pré-escolares avaliados. Além disso, a
maioria das crianças estudadas apresentou-se dentro dos parâmetros de normalidade, de
forma que a maioria das alterações foram observadas no que se refere ao desenvolvimento
infantil, sendo a linguagem avaliada com maior déficit, seguido do desenvolvimento pessoal
e social. Com relação à questão motora, observou-se que desenvolvimento motor fino se
apresentava menos desenvolvido nas crianças avaliadas com relação ao motor grosso, o
qual apresentou menos comprometimento dentre todos os parâmetros avaliados no estudo.
Sugerem-se atividades que auxiliem no desenvolvimento cognitivo da criança, bem como a
estimulação de práticas a que contribuam com a diminuição das taxas de obesidade, garan-
tindo um bom crescimento e desenvolvimento infantil e consequente redução de prováveis
riscos não só na infância, como também na adolescência e vida adulta.
Nota-se, por conseguinte, a grandeza que o presente estudo representa quanto ao
aprendizado obtido e com relação à contribuição acadêmica e social referente à avaliação
do crescimento e desenvolvimento dessas crianças. Concluímos, portanto, o quanto é válido
para a promoção da saúde infantil a articulação dos serviços de saúde da Atenção Primária
com as Instituições de Ensino e pais/responsáveis.

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03
CONSEQUÊNCIAS QUANTO AO USO
INDISCRIMINADO E À PROMOÇÃO DO USO
RACIONAL DO PARACETAMOL

Karone Mares Santos Alves Carla Giselly de Souza


Universidade Presidente Antônio Carlos, Universidade Católica do Porto - Portugal
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Creonice Santos Bigatello


Sara Costa Cordeiro Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Virginia Torres Alves


Viviane Amaral Toledo Coelho Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ane Maria Brant Alves Rêgo


Ednardo de Souza Nascimento Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Leonardo Henrique Guimarães Reis


Luanna Botelho Souto de Araújo Universidade Presidente Antônio Carlos,
Universidade Presidente Antônio Carlos, ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

'10.37885/230613368
RESUMO

O paracetamol ou acetaminofeno é um fármaco de propriedades analgésica e antitérmica,


com fraca ação anti-inflamatória, considerado dentre os medicamentos mais consumidos.
Neste sentido, este trabalho teve objetivo através da revisão da literatura especializada en-
fatizar a contribuição do profissional farmacêutico perante a sociedade para a promoção da
saúde. O presente trabalho foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica, exploratória,
descritiva. Após consulta aos descritores identificaram-se as palavras-chave: Paracetamol;
Hepatoxicidade; Hemostasia; Acetaminofeno; Automedicação. O paracetamol mostrou-se
seguro em doses corretas, mas as intoxicações podem gerar lesão hepática grave. Através
de estratégias simples é possível verificar a diminuição significativa do número de erros
associados à terapêutica, sendo fundamental o papel do farmacêutico, seja na orientação
durante a dispensação, seja educando a comunidade sobre o uso do medicamento.

Palavras-chave: Uso Racional de Medicamentos, Papel Farmacêutico, Efeitos do Paracetamol.


INTRODUÇÃO

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 50% de todos os


medicamentos são incorretamente prescritos, dispensados e vendidos e mais de 50% dos
pacientes usam incorretamente. Esse cenário é mais grave nos países em desenvolvimen-
to, com menos de 40% dos pacientes do setor público e menos de 30% no privado sendo
tratados de acordo com as diretrizes clínicas (BRASIL, 2012).
Os medicamentos são substâncias que devem atuar em benefício da saúde do indiví-
duo. Em sua amplitude, possuem papel de recuperar a saúde, diminuir riscos de doenças
crônicas, aliviar sintomas, auxiliar no diagnóstico e prevenir doenças (BRASIL, 2009). No en-
tanto, o uso indiscriminado, inadequado, inapropriado ou irracional dos medicamentos pro-
duz sérias consequências na saúde dos indivíduos, sendo a maior causa de intoxicação e
a segunda maior de óbito por agentes tóxicos no país (BRASIL, 2009).
Conforme Laporta et al., (2005) o grupo farmacológico dos anti-inflamatórios não es-
teroides (AINEs), analgésicos e antipiréticos estão entre os que possuem maiores índice de
automedicação (LAPORTA et al., 2005). Os AINEs (Anti-inflamatórios não esteroides) são
eficazes no tratamento da dor associados à inflamação e à lesão tecidual, como anti-infla-
matórios que têm sido empregados principalmente no tratamento de distúrbios musculoes-
queléticos, como artrite reumatoide e osteoartrite (SILVA, 2006).
Para o manejo da dor leve a moderada e febre, os adultos e crianças utilizam preferen-
cialmente os analgésicos não opioides como o paracetamol, ácido acetilsalicílico e ibuprofeno
(WANMMACHER, 2010). O paracetamol pertence ao grupo de medicamentos que, quando
consumido em doses superiores às recomendadas, além do padrão terapêutico preconizado,
pode ser tóxico para o fígado (MUNOZ-GARCIA, 2011).
A Food and Drug Administration (FDA), no dia 13 de janeiro de 2011 nos EUA, anun-
ciou às indústrias farmacêuticas a limitar a força de paracetamol em prescrição de produtos
a 325mg por comprimido, cápsula ou outra unidade de dosagem, tornando este medica-
mento mais seguro para os pacientes quanto à redução do risco de lesão grave ao fígado
por dosagem excessiva do paracetamol, levando à insuficiência hepática, ao transplante do
órgão e à morte (FDA, 2011).
De acordo com Wannmacher (2005), o paracetamol é considerado seguro em doses
terapêuticas. A hepatotoxicidade relacionada aos metabólitos ativos e outros fatores apre-
senta considerável variação individual e associa-se à superdosagem absoluta (foi vista com
dose única de 10 a 15 gramas) acidental ou deliberada. A suscetibilidade à hepatotoxicida-
de fica aumentada por consumo de álcool, idade, etnia e interações medicamentosas com
outros fármacos lesivos ao fígado, mas, mesmo na presença desses fatores, é rara com
doses terapêuticas.

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O amplo uso dos medicamentos sem orientação, juntamente ao desconhecimento
dos malefícios e a utilização não racional dos mesmos, são algumas das principais causas
responsáveis pelas intoxicações humanas registradas no país. A Organização Mundial de
Saúde (2002, p.1) define: “o uso racional de medicamentos ocorre, quando os pacientes
recebem medicação adequada para suas condições clínicas, em doses correspondentes
a necessidades individuais, e com o menor custo possível para o mesmo e a sociedade”.
Neste contexto, associa a Atenção Farmacêutica como umas das principais ações
voltadas para uso racional de medicamentos, responsável pela educação da população, ca-
racterizando a contribuição do profissional farmacêutico na promoção da saúde, na detecção
e prevenção dos riscos inerentes do consumo abusivo e inadequado do paracetamol; prática
profissional do farmacêutico em que o paciente é o principal beneficiário (OMS, 2002, p.1).
Diante do exposto, este estudo avalia os efeitos tóxicos do paracetamol decorrentes
da utilização inadequada pelos usuários, visando à conscientização dos mesmos do risco
existente quanto ao uso indiscriminado e exacerbado por intervenção do profissional farma-
cêutico, proporcionando melhoria na qualidade de vida.
A recorrência de episódios reacionais relacionados ao uso indiscriminado de medica-
mentos mantém a importância de se estabelecer ampla discussão no âmbito acadêmico, que
desdobrem em ações no âmbito da saúde em geral e da atuação farmacêutica em particular,
no enfrentamento dessa questão de saúde.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi baseado em uma revisão clássica de literatura cuja pesquisa
foi realizada mediante a busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados Medline,
Bireme e SciELO, além de livros técnicos, manuais e legislação sobre o assunto. Após
consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), identificou-se as palavras-chave:
Paracetamol; Hepatoxicidade; Hemostasia; Acetaminofeno; Automedicação.
A pesquisa considerou, em sua maioria, os artigos publicados entre os anos de 2000 a
2021, limitados a humanos, incluindo-se publicações nos idiomas português, inglês e espa-
nhol. Foram lidos previamente os resumos dos artigos identificados de forma a reconhecer
os métodos propostos, utilizados e discutidos por cada autor. Quando a leitura dos resumos
foi insuficiente para o entendimento do contexto, acessou-se o artigo completo para uma
boa compreensão e interpretação. Foram utilizadas as referências que se identificaram com
o objetivo desta revisão.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Histórico

O APAP (paracetamol) ou acetaminofeno foi sintetizado em 1878 por Harmon Northrop


Morse, porém foi utilizado clinicamente somente em 1887 por Joseph von Mering. Na época
era sabido que tinha uma poderosa capacidade analgésica e antipirética, mas se acreditava,
erroneamente, que possuía características tóxicas mais relevantes que a fenacetina, sendo
substituído por ela (BERTOLINI et al., 2006).
Somente em 1948 os cientistas Bernard Brodie e Julius Axelrod, estudando o desen-
volvimento de meta-hemoglobinemia com uso de analgésicos “não-aspirina”, demonstraram
que os efeitos analgésicos da acetanilida e da fenacetina estavam relacionados ao produto
de biotransformação APAP. Eles comprovaram ainda, que a meta-hemoglobinemia estava
relacionada a outro produto de biotransformação, a fenil-hidroxilamina (BERTOLINI et al.,
2006; CASTRO, 2014).
Diante das descobertas realizadas, o APAP recebeu maior atenção do ponto de vista
comercial. Em 1953 foi comercializado como Panadol, produzido pela empresa Frederick
Stearns &Co, sendo vendido para alívio de dores e febres sem as complicações gástricas
relacionadas ao AAS. Em 1955 os laboratórios McNeil o comercializaram nos Estados Unidos
com o nome de Tylenol, indicando-o como elixir para crianças. A sua popularidade nos anos
seguintes cresceu cada vez mais, sendo considerado um dos medicamentos mais utilizados
até os dias de hoje (BERTOLINI et al., 2006; CASTRO, 2014).
O paracetamol, conhecido como acetaminofeno, é um anti-inflamatório muito fraco
quando comparado a outros do seu grupo, derivado do p-aminofenol, sendo eficaz como
antipirético e analgésico em doses típicas que inibem parcialmente as COX (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012).
Todos os AINEs têm efeito anti-inflamatório parecido, são igualmente eficazes na re-
dução de dor em doenças musculoesqueléticas agudas e crônicas, no controle de dor leve
à moderada e febre. Empregam-se preferivelmente analgésicos não-opióides que incluem
paracetamol, agente de primeira escolha, o qual as atividades anti-inflamatórias discretas
e antiplaquetárias não são compartilhadas, distinguindo-se dos demais AINEs também não
possui a predisposição de causar ulcerações gástricas e sangramentos possuindo uma
margem de segurança se comparado aos outros AINEs (BRASIL, 2012; RANG et al., 2012).
As formas farmacêuticas encontradas e comercializadas são: cápsulas, drágeas ou com-
primidos e também na forma de gotas, xarope, efervescentes e pastilhas. Esse fácil acesso ao
paracetamol e o provável desconhecimento da população sobre seus efeitos nocivos ao orga-
nismo têm aumentado expressivamente as intoxicações por esse fármaco. As manifestações

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tóxicas podem suceder por via transplacentária, decorrentes de ingestões intencionais de
overdoses de paracetamol por mães nas 24 horas que antecedem o parto, na maior parte
por ingestão dez vezes a dose terapêutica, ou devido a doses repetidas por via oral (LOPES;
MATHEUS, 2012; BUCARETCHI et al., 2014).
Trata-se de um inibidor fraco, possivelmente o único dentre os AINEs, da COX cerebral
na presença de altas concentrações de peróxido como observado nos locais de inflamação,
já se sugeriu que a inibição das COX pode ocorrer de forma proporcionalmente mais alta
no cérebro, explicando assim sua eficácia antipirética. Ainda permanece sob controvérsia
se o paracetamol alivia a dor centralmente através da inibição de COX-3 (não um produto
gênico separado, mas sim uma variante processada da COX-l) inibindo a conversão do
ácido araquidônico em prostaglandinas. Também não está eliminada a ação do paraceta-
mol sobre as outras isoformas de COX através da inibição de COX-2 em baixas taxas de
atividade enzimática (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS,
2012; RANG et al., 2012).

Anti-inflamatórios não esteroides (AINES)

Os medicamentos pertencentes a classe dos AINEs está entre os agentes terapêuticos


mais largamente utilizados no mundo, possuindo efeitos como: anti-inflamatório (inflama-
ção), analgésico (dor) e antipirético (febre). Eles agem inibindo a ciclo-oxigenase (COX),
apresentando seletividade ou não. Os não seletivos são os mais antigos, e designados
como tradicionais ou convencionais (AINEs), os seletivos para a COX-2 são designados
COXIBEs. A rápida indução de COX-2 em tecidos inflamados e células infiltrantes serviram
de base para o desenvolvimento de inibidores seletivos da COX-2 para tratar inflamação
(BATLOUNI, 2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; RANG et al., 2012).
A inibição da COX-2 presume-se que atua em grande parte nas ações antipiréticas,
analgésicas e anti-inflamatórias, ao passo que a inibição em conjunto com COX-1, atribui-se
a grande parte, mas não o único causador de efeitos adversos indesejáveis sobre o trato
gastrointestinal. Visando os efeitos da toxicidade gastrointestinal, insuficiência renal, e por
estar associado a eventos cardiovasculares, a prudência no uso de AINEs em pacientes ido-
sos é inevitável, pois a Sociedade Americana de Geriatria verificou um aumento de consumo
desses fármacos para: reumatismos inflamatórios, osteoartrite, dores de cabeça, pequenos
traumas e tendinite (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; ELY et al., 2015).
A mesma propõe prescrever o paracetamol antes de outros anti-inflamatórios orais,
apesar de ele causar maior hepatotoxidade. As doses recomendadas para os idosos devem
ser especificadas, uma vez que o seu organismo possui maior empecilho em eliminar o

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metabólito ativo do paracetamol, provocando maiores danos no fígado, principalmente em
pacientes que já possuem comprometimento nesse órgão (ELY et al., 2015).
No grupo das doenças infecciosas emergentes e reemergentes, os arbovírus transmi-
tidos por mosquitos do gênero Aedes como dengue (DENV) que há décadas vem causando
endemia em quase todo o Brasil e agora a entrada da febre chikungunya (CHIKV) e o vírus
Zika vêm se tornando importantes desafios para a saúde pública. Esse quadro epidemiológico
ao longo dos anos, mesmo havendo esforços do Ministério da Saúde, dos estados e municí-
pios, tem causado eventuais epidemias nos centros urbanos do país, aumentando a procura
dos serviços de saúde, com ocorrência de óbitos (BRASIL, 2009; HONÓRIO et al., 2015).
A droga de escolha é o paracetamol, podendo ser utilizada a dipirona, para alívio da dor
e febre. Pode-se fazer associação do paracetamol ou dipirona com os analgésicos opióides
como o cloridrato de tramadol ou codeína, em casos de dor refratária, ou seja, dores não
responsivas à monoterapia. As doses de dipirona e paracetamol são as doses padrões reco-
mendadas, estando atento às doses máximas. No caso de sintomas como erupções prurigi-
nosas, os anti-histamínicos podem ser considerados (BRASIL(a), 2015; BRASIL(b), 2015).

Medicamentos Isentos de Prescrição

Os MIPs, (do inglês Over the Counter) que, em tradução livre, significa “sobre o balcão”,
são medicamentos que não necessitam da prescrição, bastante comercializados. Entretanto,
na condição de medicamentos podem aliviar sintomas, até trazerem efeitos curativos, tam-
bém, causar reações adversas (PIO, 2014).
Segundo a ANVISA (2016), os MIPs são medicamentos disponíveis amplamente ao
público sem a necessidade de prescrição médica/odontológica e devem possuir necessa-
riamente alguns critérios tais como baixo potencial de toxicidade e interações medicamen-
tosas, além de ser utilizado por pouco tempo, não apresentar potencial tal como o de gerar
dependência física ou psíquica, dentre outros fatores. Segundo a RDC nº 98 de 01/08/2016,
o medicamento, para ser enquadrado como MIP, deve estar há pelo menos 10 anos no
mercado, sendo que cinco desses (no Brasil) na condição de medicamento sob prescrição
médica ou cinco anos, no exterior, enquanto medicamento isento da prescrição. Além disso,
deve apresentar janela terapêutica segura, possuir indicação para o tratamento de doenças
não graves, que não apresentem evolução ou evolução rápida, sendo que os sinais clínicos
devem ser perceptíveis ao paciente sem a necessidade de monitoramento médico.
De acordo a resolução da ANVISA RDC nº41, os MIPs poderão estar acessíveis
aos clientes nas gôndolas de farmácias e drogarias de todo Brasil. Porém, devem es-
tar separados de produtos correlatos tais como cosméticos, por exemplo, devem estar

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organizados, identificados pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou Denominação
Comum Internacional (DCI).
Dentre os MIPs mais utilizados no Brasil têm-se os analgésicos não narcóticos e anti-
piréticos antiácidos, antiflatulentos e carminativos, analgésicos tópicos, vitamina C, antirreu-
máticos, dentre outros. O preocupante são as intoxicações que essas substâncias 6 podem
causar quando utilizadas de maneira incorreta, sem auxílio de um profissional da saúde e
que podem levar esses usuários a internações (FREITAS et al., 2017).
Os MIPs são aprovados pelas entidades reguladoras para tratar enfermidades e sin-
tomas considerados menores, portanto, o paciente deve ser orientado sobre o descrito nas
bulas e rótulos destes medicamentos, indicados para o tratamento de sintomas como dores
de cabeça, febre, tosse, aftas, dor de garganta, dentre outros (FREITAS et al., 2017).

O uso indiscriminado de analgésicos

A dor é um conceito difícil de ser definido, em virtude do seu caráter subjetivo. É uma
manifestação do organismo de algo que não está funcionando bem, alerta de alguma coisa
fora do normal. É uma resposta a trauma, inflamação ou até mesmo um câncer. Também pode
ser causada devido à infecção ou lesão cerebral dentre outros fatores (RANG et al., 2012).
Os analgésicos estão entre os medicamentos mais utilizados pela população, princi-
palmente aqueles contendo dipirona, paracetamol e ácido acetilsalicílico, são úteis no alívio
de sintomas como dor e febre, mas não necessariamente responsáveis por promover efeito
curativo. Por trazerem uma atenuação dos problemas, muitas vezes, os usuários utilizam
dosagens acima do indicado, o que traz enorme risco para reações adversas e toxicológicas
(BARBOSA et al., 2012).
A população em geral tem utilizado da automedicação, hábito que demonstra ten-
são por poder causar maior estresse ao cotidiano já agitado. Entretanto, o uso exagera-
do de analgésicos pode cronificar algumas manifestações clínicas, tais como a cefaleia
(ARRAIS et al., 2016).
É evidente que os analgésicos e os AINES desempenham importante papel no trata-
mento de sintomas presentes no dia a dia das pessoas proporcionando melhor qualidade de
vida, mas os MIPs também podem causar complicações quando utilizados em associação e
isso carece de estudos devido à escassez na literatura sobre o tema (FREITAS et al., 2017).
Os analgésicos fazem parte dos (MIPs), de acordo Souza et al., (2018) o seu uso, con-
comitante com outros tipos de medicamentos, pode causar inúmeras complicações na saúde
do usuário e o fator mais relevante é que muitos destes pacientes desconhecem esses riscos.

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Os analgésicos são medicamentos de venda livre, mas isso não significa que não ofe-
reçam nenhum risco ao usuário, por isso ser preciso atentar às possíveis reações adversas
e interações medicamentosas que possam causar (NEVES, 2011).

Posologia

A dose terapêutica convencional varia de 325 a 1000 mg em adultos a cada 4-6 horas,
não ultrapassando 4000mg ao dia e nos alcoólatras crônicos não exceder 2.000mg/dia. Já em
crianças, pode-se administrar uma dose de 10mg/kg, não utilizando mais que 5 doses em
24 horas. Ele é bem absorvido no trato gastrointestinal, na forma oral tem excelente bio-
disponibilidade (cerca de 60% a 95%), as concentrações plasmáticas de pico ocorrem em
30-60 min (30 minutos em preparações líquidas) e a meia-vida no plasma é de cerca de 2h
após doses terapêuticas. Distribui-se de forma relativamente uniforme por todos os líquidos
corporais (volume de distribuição é de 0,8 a 1L/Kg) e sua eliminação é renal (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012).
A ingestão de dose única de 10-15g paracetamol em adultos e até 150 mg/kg em
crianças pode causar hepatotoxicidade. No fígado esse fármaco é metabolizado por três
mecanismos metabólicos: conjugação hepática com ácido glicurônico (glicuronização),
sulfatação e oxidação. A via oxidativa produz um metabólito altamente tóxico, o N-acetil-
parabenzoquinonaimina (NAPQI) que em condições terapêuticas, se une a glutationa (GSH)
formando conjugados de cisteína e ácido mercaptúrico. Enquanto a glicuronização e a sul-
fatação produzem compostos não tóxico (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012;
LOPES; MATHEUS, 2012; KHERADPEZHOUHA et al., 2014).
Apenas uma pequena quantidade é convertida pela citocromo P450 (CYP) hepática
por meio da N-hidroxilação para o metabólito intermediário NAPQI. A NAPQI é rapidamente
metabolizada a produto não tóxico por conjugação com a GSH posteriormente metaboli-
zada em ácido mercaptúrico e excretada na urina. Nas sobredoses a GSH esgota suas
reservas hepáticas resultando no acúmulo de NAPQI em quantidades tóxicas, levando a
um processo irreversível de lesão hepatocelular, tornando o hepatócito propenso ao es-
tresse oxidativo (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012;
KHERADPEZHOUHA et al., 2014).

Aspectos de toxidade

Quando as reservas de GSH chegam a menos de 30%, o NAPQI livre exerce sua
ação tóxica sobre os hepatócitos, ligando-se covalentemente a proteínas intracelulares,
isso pode levar à morte celular. A sobredose de paracetamol é a via mais comum de he-
patoxicidade, mas além desse mecanismo oxidativo, outras vias têm sido apresentada por

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causar hepatoxicidade como: a perturbação da homeostase do cálcio; a indução da CYP
pelo consumo exagerado de álcool ou medicamentos indutores enzimáticos e também pela
depleção dos GSH em casos de má nutrição (SEBBEN et al., 2010; BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012).
Em relação à desregulametação da homeostase do cálcio, sabe-se que a toxicidade
hepática do paracetamol leva à formação de espécies reativas de oxigênio e nitrogênios que
causam um aumento intracelular Ca2+ e a morte hepatocelular. Os receptores de potencial
transitório (TRP) são canais de cátions não seletivos, permeáveis ao Ca2+ e têm participa-
ção fundamental nos complexos mecanismos de quase todas as respostas sensoriais. Uma
dessas subfamílias pertencentes a esse grupo é o receptor de potencial transitório melasta-
tina 2 (TRPM2) que é ativado em resposta ao estresse oxidativo induzido pelo excesso de
paracetamol (PEREIRA, 2013; KHERADPEZHOUHA et al., 2014).
O TRPM2 é um dos responsáveis pela entrada de Ca2+ nos hepatócitos em doses
elevadas de paracetamol, indica-se que seja essencial no mecanismo que induz a morte
hepatocelular. A sua inibição farmacológica nos hepatócitos protege o fígado da toxicidade do
paracetamol. Assim o TRPM2 pode apresentar um potencial alvo terapêutico para tratamento
de estresse oxidativo relacionado a doenças do fígado (KHERADPEZHOUHA et al., 2014).
Os casos mais prevalecentes que causam hepatotoxicidade são os usos de sobredoses
de paracetamol, podendo ser agravado geralmente em pacientes com alcoolismo crônico,
ou que fazem uso de indutores da CYP como os anticonvulsivantes. Nesses casos doses
de 3-4g/dia são suficientes para causar uma lesão hepática. Os pacientes clinicamente com
intoxicação manifestam-se nas primeiras 24 horas assintomático ou com leve mal-estar,
náuseas, vômitos, palidez. Entre 24 e 72 horas o paciente pode seguir clinicamente assin-
tomático ou apresentar sintomatologia leve, semelhante ao primeiro período e/ou iniciar com
dor no hipocôndrio direito (SEBBEN et al., 2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2012; LOPES; MATHEUS, 2012).

Alterações de enzimas

Sua alteração característica é o aumento das transaminases hepáticas. O período de


72 horas a cinco dias é de máxima expressão da hepatotoxicidade, podendo evoluir para
falência hepática aguda. Os sintomas clínicos podem variar de pouco expressivos até qua-
dro de encefalopatia, coma e transtornos de coagulação, dependendo do grau de disfun-
ção hepática (SEBBEN et al., 2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES;
MATHEUS, 2012).
O diagnóstico de intoxicação e/ou exposição por paracetamol podem ser feitos por
exames complementares como a dosagem sérica do paracetamol, na qual a obtenção da

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amostra deve ser efetuada 4 horas após a administração; transaminases, onde níveis sé-
ricos de alanina aminotransferase (ALT) e aspartato amino transferase (AST) se elevam
após a administração de paracetamol, atingindo níveis maiores que 10.000 UI/L; bilirrubina;
albumina, onde os níveis de concentração da pré-albumina caem e permanecem baixos
durante a falência hepática; glicemia; amilase e coagulograma (LOPES; MATHEUS, 2012).
As sobredoses de paracetamol são a causa mais comum de insuficiência aguda he-
pática e a principal causa de lesão hepática crônica o que muitas vezes exige transplante
hepático. O diagnóstico e tratamento precoce são indispensáveis para a solução do proble-
ma. O tratamento inicial segue a mesma utilizada para as overdoses comuns: a lavagem
gástrica. Ela diminui a absorção de paracetamol, devendo ser realizada até 2 horas após a
ingestão. O carvão ativado quando administrado até 4 horas após a ingestão, pois ele reduz
em 50-90% a quantidade absorvida de paracetamol pelo trato gastrointestinal e possui uma
vantagem sobre a lavagem gástrica de não permitir a aspiração pulmonar (SEBBEN et al.,
2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012).
A N-acetil-cisteína (NAC) está recomendada para os casos que correm o risco de lesão
hepática. É um antídoto bastante eficaz e seguro que reduz a toxicidade do paracetamol por
repor as reservas de GSH, e fornecendo grupos sufidrílicos que neutralizam o metabólito
tóxico NAPQI, não podendo mais provocar danos nos hepatócitos. A NAC é bastante eficaz
quando administrada até 8 horas após a intoxicação por paracetamol. Deve ser administrada
em casos suspeitos antes mesmo que os níveis sanguíneos estejam disponíveis. Caso os
níveis séricos de paracetamol não sejam mais tóxicos (30mg/dL), suspendesse a adminis-
tração com NAC (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; LOPES; MATHEUS, 2012).
A administração da NAC pode ser via endovenosa: 150 mg/Kg diluídas em 200 mL de
glicose a 5% e infundidos durante 60 min, seguida por dose intravenosa de 50 mg/Kg diluí-
dos em 500 mL de glicose a 5% e infundida durante 4 h e depois por uma dose intravenosa
de 100 mg/kg diluídos em 1.000 ml de glicose a 5% durante 16 h. Ou por via oral com dose
inicial de ataque de 140 mg/Kg e dose de manutenção de 70 mg/kg a cada 4 h perfazendo
17 doses. A administração oral é de difícil execução em grandes intoxicações, devido o
aparecimento de sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia. Já a adminis-
tração endovenosa tem um maior risco de reações adversas, como reações alérgicas com
broncoespasmos, erupção cutânea e hipotensão (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2012; LOPES; MATHEUS, 2012).

A atuação do farmacêutico quanto ao uso indiscriminado de medicamentos

A Assistência Farmacêutica no Brasil pode ser considerada um conjunto de procedi-


mentos necessários à prevenção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva,

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centralizada no medicamento, que engloba atividades de pesquisa, produção, distribuição,
armazenamento, prescrição e dispensação. Nesta última, compreendendo o ato de orientar
e o uso adequado dos medicamentos, sendo exclusiva do profissional farmacêutico que de-
sempenha uma função essencial na Assistência Farmacêutica, visto ser o profissional que
tem formação e especificidade técnico-cientifica para esta finalidade. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) reconhece que esse é o profissional com melhor capacitação para gerir as
ações destinadas à melhoria do acesso e promoção do uso racional dos medicamentos, o
que o torna indispensável para a organização dos serviços de apoio e desenvolvimento na
Assistência Farmacêutica (SANTOS; ROSA; LEITE, 2017).
Diante deste novo contexto de prática profissional, quando a preocupação com o bem
estar do paciente passa a ser o fundamento das ações, o farmacêutico é responsável por so-
mar esforços junto a outros profissionais de saúde, buscando a melhoria do serviço prestado
à comunidade. Às vezes, o conceito de Atenção Farmacêutica pode ser confundido com o
da Assistência Farmacêutica. A primeira se refere à garantia de acesso aos medicamentos,
a outra, a correta utilização dos mesmos, nesta última, se enquadrando uma especialidade
privativa do farmacêutico (SANTOS; ROSA; LEITE, 2017).
Os MIPs só fazem sentido em sua venda quando comprados com a indicação de
um profissional que esteja habilitado. O farmacêutico aparece como ferramenta para
auxiliar na melhor escolha do tratamento, contribuindo com a informação certa, minimi-
zando o uso da medicação errada que pode causar prejuízos ao paciente (BORTOLON;
KARNIKOWSKI; ASSIS, 2007).
A orientação farmacêutica, nos dias atuais, é vista como uma realidade irreversível,
considerada parte integrante dos sistemas de saúde. Para o usuário que procura a far-
mácia, por ser de acesso fácil e gratuito, o que mais lhe interessa é a opinião segura do
farmacêutico. Para o Sistema Único de Saúde (SUS), a indicação farmacêutica pode tra-
zer vantagens na orientação sobre medicamentos, ajudando a racionalizar o uso, evitar
erros na terapêutica e diminuir os riscos associados à automedicação, além de melhorar o
sistema de saúde como um todo por reduzir custos com consultas médicas (BARTOLON;
KARNIKOWSKI; ASSIS, 2007).
O farmacêutico conhece dados detalhados dos medicamentos e suas reações, sendo
capaz de fornecer informações privilegiadas da ação dos mesmos. Com essa capacidade
o farmacêutico faz a análise sintomática do paciente por meio da entrevista, observa os
sintomas, acompanha corretamente, dentro de sua competência da medicação necessária
(NASCIMENTO, VALADÃO, 2012).
Fazem-se necessárias informações sobre o paciente tais como se é lactente, crian-
ça, adulto ou idoso, sexo, se é alérgico a algum medicamento, reações adversas às

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drogas. Quanto aos sintomas que reaparecem com muita frequência, não identificados
com facilidade, cabe ao profissional farmacêutico orientar o usuário a procurar um médico,
pois o medicamento incorreto, ou mau uso dele, poderá trazer sérios danos ao paciente
(NASCIMENTO; VALADÃO, 2012).
Uma das medidas adotadas contra a prática da automedicação e que contribuiu para o
uso racional de medicamentos foi a Resolução 586 de 29 de agosto 2013, que estabeleceu a
prescrição farmacêutica sobre medicamentos de venda livre. Assim, a prescrição farmacêu-
tica tornou-se de grande importância e tem transformado a automedicação em prescrição,
realizada sob alguns critérios, o que favorece o uso racional. Assim, o farmacêutico precisa
assumir a responsabilidade de promotor de saúde, auxiliando a população, contribuindo para
o descongestionamento da saúde pública (FERNANDES; CEMBRANELLI, 2014).
O papel paliativo ou curativo de um medicamento não se limita somente à acessibilida-
de, deve ser acompanhado de informações apropriadas, sejam verbais ou por escritas, com
intervenção de forma decisiva na sua utilização no intuito de minimizar os riscos previsíveis.
Dentro deste contexto, pode ser dito que um medicamento é a soma do produto farmacêutico
com a informação sobre o mesmo (GOMES, 2003 apud BOLZAN, 2008).
O farmacêutico perante a sociedade tem a corresponsabilidade pelo bem-estar do
paciente, privilegiando a saúde e trabalhando para que a qualidade de vida não seja com-
prometida por um problema evitável, decorrente de uma terapia farmacológica. Faz-se ne-
cessário atentar ao uso racional, de forma que os pacientes recebam os medicamentos para
a indicação apropriada nas doses, nas vias de administração e no tempo de tratamento
adequado; orientando as possíveis reações adversas e contraindicações (VIEIRA, 2007).
Segundo Nunes (2008), o farmacêutico é o último profissional da saúde que tem con-
tato direto com o paciente depois da decisão médica. Desta forma, dentro do sistema de
saúde, representa umas das últimas oportunidades de identificar, corrigir ou reduzir possí-
veis erros associados à terapêutica. Com efeito, diversos estudos demonstraram diminuição
significativa do número de erros de medicações e reforçaram a ideia de que a intervenção
farmacêutica reduz o número de eventos adversos, aumenta a qualidade de assistencial e
diminui os custos hospitalares.
Nesta lógica, o serviço farmacêutico deve assumir o papel complementar ao serviço
médico na atenção à saúde, promovendo o uso seguro dos medicamentos e prevenindo
as práticas inadequadas aos efeitos adversos e tóxicos dos fármacos. Diante do perfil de
dose dependente do acetaminofeno, é de extrema importância que os consumidores sejam
adequadamente informados para não exceder as doses máximas diárias e ser alertados
para atentar à somação de doses quando usam com frequência as comuns associações em
doses fixas, o que pode levar à sobredosagem (WANMMACHER, 2005).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os MIPs vieram para facilitar e melhorar a qualidade de vida da população, podendo


ser adquiridos sem a necessidade da consulta médica, vez que o acesso ao médico é difi-
cultado às pessoas mais carentes visto a sobrecarga imposta ao Sistema Único de Saúde
(SUS). Em diversas situações o paciente apresenta quadro clínico não grave, que pode ser
resolvido ali mesmo a partir do farmacêutico na drogaria.
Este cenário consolidou uma prática recorrente e preocupante para a saúde pública no
Brasil que é automedicação, onde o paciente utiliza destes medicamentos sem qualquer tipo
de orientação e por vezes de modo exacerbado, o que tem gerado intoxicações. Os MIPs são
considerados seguros para utilização sem prescrição, mas o seu uso indiscriminado pode
trazer riscos inclusive para aqueles que fazem uso de outros medicamentos como os tarjados.
Sendo assim, sugere-se a necessidade de maior conscientização da população bra-
sileira quanto ao uso dos MIPs e a busca da atenção farmacêutica. Esta atenção, além de
ser um direito do consumidor, deve ser requisitada, pois, no local de compra e consumo o
profissional será capaz de garantir a correta orientação a respeito do uso de medicamentos.
Assim, a automedicação deve ser substituída pela prescrição profissional, para que o far-
macêutico possa orientar, de maneira adequada, o consumidor que muitas das vezes está
alheio aos riscos inerentes à utilização de medicamentos.
Pelo fato de ser o paracetamol um medicamento de venda livre, se torna susceptível
seu uso indiscriminado, que pode levar a recorrentes erros. A automedicação é uma prática
que facilita esses casos. Nesse sentido, é importante que os usuários ao procurarem esse
medicamento sejam informadas por farmacêuticos e/ou profissionais da área de saúde, para
não exceder as doses máximas diárias.
Efetivamente há evidências das causas de danos ao fígado sobre dosagem de para-
cetamol, apesar de ser considerado um medicamento seguro. Em consequência das lesões
hepáticas e por estar atrelada também ao fígado, a coagulação se torna alvo dos seus efeitos
afetando os seus parâmetros, o que é bastante relevante para objeto de estudos, pois é
essencial para biologia vascular.

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ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução de diretoria


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ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução de diretoria


colegiada – RDC nº 41, de 26 de julho de 2012.

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04
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMINISTRAÇÃO
DE SACAROSE DE HIDRÓXIDO FÉRRICO (FERRO
COLOIDAL) EM GESTANTES

Marcela Rosa da Silva


Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Paola Melo Campos


Hospital de Clínicas de Porto Alegr

Paula Cristina Barth Bellotto


Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Vanine Arieta Krebs


Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Amanda Fiorenzano Bravo


Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Rafaela Abrão
Centro Universitário Cenecista de Osório

'10.37885/230613430
RESUMO

Anemia é a deficiência nos níveis de hemoglobina dos glóbulos vermelhos (hemácias) no


sangue. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anemia na gestação, é
definida como nível de hemoglobina abaixo de 11g/dL. Adotando esse critério, até 50% das
mulheres grávidas são consideradas anêmicas. Os depósitos de ferro são reduzidos durante
a gravidez em decorrência de uma maior demanda para suprir o aumento da hemoglobina
circulante e o desenvolvimento fetal. A utilização de ferro por via parenteral, particularmente
por via endovenosa, é uma opção terapêutica de grande valia nesse grupo de pacientes,
pois a aplicação promove utilização instantânea do ferro. O objetivo deste estudo é relatar
os cuidados de enfermagem realizados na administração do ferro coloidal em gestantes
em uma unidade de internação obstétrica. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório,
com abordagem qualitativa por meio de um relato de experiência. A administração de ferro
na unidade de internação obstétrica é realizada pela equipe de enfermagem, onde todos
foram treinados através da criação de um Procedimento Operacional Padrão (POP) para
uniformizar a administração e os cuidados prestados aos pacientes. A administração de
ferro é um procedimento que pode ser realizado por alguns profissionais de saúde, porém
a equipe de enfermagem é responsável pela administração dos medicamentos aos clientes
em todas as instituições de saúde. No que se refere a equipe de enfermagem é possível
concluir que existem muitas divergências e inseguranças na preparação, administração e
cuidados com essa medicação necessitando periodicamente de orientações e capacitações
a toda equipe envolvida.

Palavras-chave: Anemia, Gestante, Ferro Coloidal, Enfermagem.


INTRODUÇÃO

Anemia é a deficiência nos níveis de hemoglobina dos glóbulos vermelhos (hemácias)


no sangue (BRASIL, 2013). A deficiência de ferro/ferritina é a principal causa de anemia,
a pessoa pode apresentar sinais e sintomas como: cansaço, fraqueza, falta de disposição,
dores pelo corpo, falta de memória, diminuição da produtividade no trabalho, palidez, dor
de cabeça, batimentos cardíacos acelerados, síndrome das pernas inquietas (ONCOMOGI,
2017). Segundo Cançado et al (2007), ao analisar dados da OMS e de publicações nacionais,
no Brasil, afirma que a deficiência de ferro acometa cerca de 20% da população feminina e
cerca de 5% da população masculina, sendo que essas porcentagens tendem a ser ainda
mais elevadas nas regiões mais pobres do País, como o Norte e o Nordeste.
Crianças, gestantes, lactantes, meninas adolescentes e mulheres em fase reprodutiva,
são grupos que têm mais predisposição para desenvolver anemia (Brasil, 2013). As mulheres
perdem mais ferro durante o sangramento menstrual, e, às vezes, a quantidade perdida não
é totalmente reposta pelo ferro absorvido dos alimentos (Braunstein, 2022).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anemia na gestação, é defi-
nida como nível de hemoglobina abaixo de 11g/dL. Ela pode ser classificada como leve (Hb
10 – 10,9g/dL), moderada (Hb 8 – 9,9g/dL) e grave (Hb ≤ 8g/dL). Adotando esse critério,
até 50% das mulheres grávidas são consideradas anêmicas. Os depósitos de ferro são re-
duzidos durante a gravidez em decorrência de uma maior demanda para suprir o aumento
da hemoglobina circulante e o desenvolvimento fetal. (Brasil, 2010)
De acordo com o bulário disponibilizado pela Anvisa, indica que o medicamento
Noripurum® EV (sacarato de hidróxido férrico) é recomendado para anemias ferropênicas
graves; distúrbios de absorção gastrointestinal ou impossibilidade de se utilizar a ferroterapia
por via oral nos casos de intolerância aos preparados orais de ferro em doenças inflamatórias
gastrointestinais e nos casos em que a falta de resposta à ferroterapia seja suspeita de falta
de adesão ao tratamento; anemias ferropênicas graves no 30º trimestre da gravidez ou no
puerpério; correção da anemia ferropênica no pré-operatório de grandes cirurgias; anemia
ferropriva que acompanha a insuficiência renal crônica. (COFEN, 2022)
Dessa forma, frente às situações nas quais a reposição oral de ferro é incapaz de suprir
as necessidades do organismo, a utilização de ferro por via parenteral, particularmente por
via endovenosa, é uma opção terapêutica de grande valia nesse grupo de pacientes, pois a
aplicação promove utilização instantânea do ferro (Bahia, 2020). A resposta hematológica é
mais rápida com a administração endovenosa do complexo de sacarato de hidróxido férrico
do que com a administração oral de produtos solúveis à base de ferro (Figueiredo, 2010).

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Diante do exposto a presente pesquisa tem como objetivo relatar os cuidados de
enfermagem realizados na administração do ferro coloidal em gestantes numa unidade de
internação obstétrica.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊNCIA

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa por meio de


um relato de experiência, o qual é o método utilizado para descrição de vivências específicas,
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes,
o que corresponde a um espaço mais profundo das relações e dos processos, que geram
novas reflexões a respeito de um fenômeno (PRODANOV; FREITAS, 2013). Este relato
foi construído a partir da atuação de enfermeiras obstetras, em uma instituição pública que
presta assistência a gestantes de alto risco, compreendendo os meses de janeiro 2018 a
janeiro de 2023.
A instituição do estudo fica localizada no município de Porto Alegre, no estado do Rio
Grande do Sul, e oferece um atendimento de referência para o tratamento de gestantes de
risco habitual e alto risco. O cenário da prática é uma unidade de internação obstétrica que
recebe gestantes e puérperas composto por quarenta e cinco leitos de internação, sendo
seis leitos para gestantes de alto risco podendo se estender até a 16 leitos conforme a lo-
tação e necessidade do serviço, os demais leitos se destinam a puérperas com bebês em
Alojamento Conjunto (AC). Conta com um quarto semi privativo e um privativo para internação
de convênios e particular e um quarto semi privativo para isolamento. A equipe assistencial
de enfermagem é composta por treze enfermeiras sendo duas por turno de trabalho (manhã/
tarde/ noite 1/ noite 2/ noite 3/ finais de semana) e 29 técnicos de enfermagem. É prestada
assistência multiprofissional a diversas patologias obstétricas e neonatais, assistência ao
parto e pós-parto e pré-natal de alto risco. Além disso, trata-se de um hospital escola, sendo
campo de prática de acadêmicos e residentes de diferentes cursos da área da saúde. Por
se tratar de uma maternidade de grande porte, pertencer a um hospital escola, estar vin-
culada a uma universidade e a diversos tipos de pesquisa, a instituição recebe um número
diversificado de pacientes das diferentes regiões do estado e do país.

DISCUSSÃO

Fisiologicamente, durante a gestação há um aumento do volume plasmático em até


50% e do número total de hemácias circulantes em cerca 25% (300ml), para suprir as ne-
cessidades do crescimento uterino e fetal. Por esse motivo, frequentemente há a queda
fisiológica dos níveis de hematócrito e hemoglobina. Portanto a anemia na gestação, de

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acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é definida como nível de hemoglobina
abaixo de 11g/dL. Ela pode ser classificada como leve (Hb 10 – 10,9g/dL), moderada (Hb
8 – 9,9g/dL) e grave (Hb ≤ 8g/dL). Adotando esse critério, até 50% das mulheres grávidas
são consideradas anêmicas. As principais causas de anemia na gestação são: Deficiência
de ferro; Deficiência de ácido fólico; Deficiência de vitamina B12; Hemoglobinopatias (anemia
falciforme, talassemias); Perda sanguínea crônica (sangramentos gastroinstestinais ocultos)
(BRASIL, 2022). Essa condição, portanto, torna a gravidez como gestação de alto risco.
Sendo a maternidade referida neste estudo como referência de gestação de alto risco
recebemos diversas paciente com diagnóstico de anemia moderada a grave que necessi-
tam de cuidados específicos e dentre tantos cuidados está a administração de ferro coloidal
para o controle dessa patologia. As pacientes normalmente são internadas na unidade de
internação obstétrica e recebem a solução de ferro coloidal uma vez por dia durante três
dias ou conforme critério médico.
O primeiro trimestre de gestação é o mais delicado e o de maior risco de ação danosa
para o feto, por que é nessa fase que ocorrem as principais transformações embriológicas,
sendo, portanto, imprescindível ser redobrado o cuidado na administração de medicamentos
durante o período embriogênico. Quando se utiliza um fármaco durante o período da ges-
tação, deve-se avaliar sempre o fator risco-benefício para mãe e feto. O medicamento de
escolha deve ser aquele que não possui efeito teratogênico ou qualquer alteração funcional
(RIBEIRO, 2013).
Conforme categoria de risco na gravidez: enquadramento desenvolvido pela Food and
Drug Administration (FDA), o Sacarato de Hidróxido Férrico, no 1º trimestre de gravidez, per-
tence à categoria de risco de gravidez D, ou seja, há evidências de risco em fetos humanos,
por isso não se recomenda o uso parenteral de compostos à base de ferro durante o primeiro
trimestre de gestação porque os complexos polissacarídeos demonstram ser teratogênicos
e embrioletais aos fetos neste período (ANVISA, 2011). Porém na maternidade do estudo
presenciamos, mesmo que num pequeno número, mulheres com gestação no primeiro tri-
mestre recebendo ferro coloidal. A grande maioria das gestantes que realizam a infusão de
ferro se encontram no terceiro trimestre gestacional. No 2º e 3º trimestre de gravidez este
medicamento pertence à categoria de risco de gravidez B, na qual significa que a medicação
foi realizada com testes em animais e os resultados não apresentam riscos ao feto, mas não
há estudos controlados em mulheres grávidas, no entanto a administração deve ser feita
com cautela. (ISMP, 2019). Dados sobre um número limitado de grávidas expostas indicaram
não haver efeito adverso quando da administração de ferro coloidal durante a gravidez ou
na saúde do feto ou do recém-nascido (Blau Farmacêutica, S/D).

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A administração de ferro na unidade de internação obstétrica é realizada pela equi-
pe de enfermagem, onde todos foram treinados através da criação de um Procedimento
Operacional Padrão (POP) para uniformizar a administração e os cuidados prestados aos
pacientes. POP de Cuidados na Administração e Extravasamento de Sacarose de Hidróxido
Férrico - Ferro Coloidal, na qual é um documento com caráter apenas de estudo, orientação
e treinamento da equipe.
Segundo Figueiredo 2010, a administração de ferro é um procedimento que pode ser
realizado por alguns profissionais de saúde, porém a equipe de enfermagem é responsável
pela administração dos medicamentos aos clientes em todas as instituições de saúde. Fato é
que tal atividade reveste- se de grande importância para profissionais e clientes envolvidos, à
medida em que é experiência cotidiana, de responsabilidade legal da equipe de enfermagem,
e ocupa papel de destaque na função terapêutica a que o cliente está submetido. Portanto, é
imprescindível que a equipe de enfermagem, durante a terapêutica medicamentosa, observe
e avalie sistematicamente o cliente quanto a possíveis incompatibilidades farmacológicas,
reações indesejadas, bem como interações medicamentosas, com o intuito de minimizar
riscos ao cliente.
Na unidade de internação obstétrica, para a administração do ferro, a equipe de en-
fermagem deve: Verificar a pressão arterial do paciente antes, durante e após a infusão
do medicamento; puncionar acesso venoso periférico (AVP), preferencialmente na fossa
cubital; Observar reações adversas do paciente durante e após administração do medica-
mento. Geralmente reações adversas ocorrem nos primeiros quinze minutos; quanto maior
a concentração da dose, maior será o tempo de infusão (Filho, 2004).
A administração parenteral de preparados de ferro pode causar reações alérgicas
ou anafiláticas, que podem ser potencialmente letais. No caso de reações alérgicas leves,
deve-se administrar anti-histamínicos, no caso de uma reação anafilática séria, deve-se
administrar imediatamente adrenalina no paciente, além de cuidados médicos intensivos.
Suporte para ressuscitação cardiopulmonar devem estar disponíveis. (ANVISA, 2011)
Salienta-se que ao enfermeiro cabe a detecção precoce, a prevenção de riscos e de
possíveis complicações advindas da terapia medicamentosa e esteja familiarizado com os
cuidados específicos na administração das diferentes formulações de ferro (Figueiredo, 2010)
Quanto a rotina institucional da infusão, deve ser lenta; observar o local de administra-
ção para identificar anormalidades; monitorar sinais vitais e reações adversas; interromper
infusão, quando necessário, evitar o extravasamento, pois pode causar dor, inflamação,
necrose do tecido, abscesso estéril e manchas na pele; observar as reações adversas tais
como, deturpação passageira do paladar (gosto metálico), hipotensão, febre e tremores, sen-
sação de calor, reações no local da injeção, espasmos venosos no local da veia puncionada

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e náusea, e quando administrada rapidamente, pode ocorrer hipotensão. Não é necessário
a utilização de equipo fotossensível, contudo deve-se evitar acomodar o indivíduo/usuário
em ambiente com incidência de luz direta. Com relação à finalização da infusão: após in-
fusão salinizar o acesso ou retirada do mesmo (COREN-DF, 2020) Esta medicação deve
ser administrada por via intravenosa e nunca por via intramuscular, pois em função de seu
elevado pH, pode ocorrer necrose do tecido muscular. (Blau Farmacêutica)
Existe também na unidade de internação obstétricas alguns cuidados a serem realiza-
dos em caso de extravasamento endovenoso do ferro como:
Comunicar plantão médico;

– retirar o acesso venoso periférico;


– colocar compressa fria no membro afetado;
– elevar o membro afetado;
– aplicar Hidrocortisona creme, conforme prescrição médica;
– registrar o volume infundido do extravasado e as condutas tomadas;
– realizar a notificação do extravasamento;
– realizar ausculta dos BCFs, antes da infusão, durante a infusão se paciente apre-
sentar sintomas e após término da infusão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que o diagnóstico de anemia, de moderada à grave, está presente em grande


parte da população gestacional e que o ferro coloidal pode contribuir para o tratamento desta
comorbidade, entende-se então que a equipe de cuidados assistenciais deve estar atuali-
zada, engajada e capacitada para agir em todo processo de cuidados com esta medicação.
Tendo em vista a importância do tema estudado, e das possíveis complicações na
administração do ferro coloidal, entende-se a necessidade de realizar novas pesquisas re-
ferente ao tema, visto que a presente pesquisa se deparou com baixo número de estudos
publicados em bases científicas conceituadas, bem como referências bibliográficas atuali-
zadas que descrevessem cuidados com a preparação, administração e possíveis episódios
de extravasamentos venosos.
No que se refere a equipe de enfermagem é possível concluir que existem muitas di-
vergências e inseguranças na preparação, administração e cuidados com essa medicação
necessitando periodicamente de orientações e capacitações a toda equipe envolvida. Falando
das gestantes também cabe ressaltar que há um grande prejuízo a sua saúde quando a
equipe assistencial não tem conhecimento e habilidades desenvolvidas para esse cuidado
podendo causar danos irreversíveis.

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Portanto percebe-se que o assunto é de extrema relevância e que existe a necessidade
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05
DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS FAMILIARES DE
PACIENTES IDOSOS COM ALZHEIMER

Cleisla Dias Pereira Swilayne Ferreira de Oliveira Marinho


Centro Universitário Planalto do Distrito Federal Centro Universitário Planalto do Distrito Federal
(UNIPLAN) (UNIPLAN)

Débora Gabriela Souza dos Santos Thaís de Souza Pimenta


Centro Universitário Planalto do Distrito Federal Centro Universitário Planalto do Distrito Federal
(UNIPLAN) (UNIPLAN)

Gustavo Gomes dos Santos Welesgley Edvaldo Carvalho Leal


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Laylla Rithielle Dias Neves Halline Cardoso Jurema


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RESUMO

Descrever os desafios enfrentados pelos familiares de pacientes idosos com Alzheimer.


Foi realizada uma Revisão Narrativa da Literatura, em que foram utilizadas as bases deda-
dos Biblioteca Virtual em Saúde e o Google Acadêmico. Foram encontrados 157 estudos,
entretanto, após serem aplicados os critérios de seleção, restaram 10 artigos. A partir des-
sas fontes selecionadas para o desenvolvimento do estudo foram elencadas as seguintes
categorias que compuseram a revisão narrativa: Doença de Alzheimer: contexto histórico
e conceito; Enfrentamento da Doença de Alzheimer; e Impactos da Doença de Alzheimer.
Conclui-se que entre as principais dificuldades enfrentadas pelos familiares de pacientes com
diagnóstico de Alzheimer estão o desconhecimento em relação a patologia, o sentimento de
culpa e impotência, lidarem com o familiar que agora se encontra em estado de dependência
para atividades cotidianas básicas, mudanças na rotina socioeconômica, o sofrimento físico
e psicológico em lidar com o novo contexto.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer, Família, Cuidadores, Idoso.


INTRODUÇÃO

A velhice é um processo humano no qual todos os seres humanos poderão vivenciar,


esse período, entretanto, pode vir acompanhado por problemas que afetam à autonomia
da pessoa, provocando a necessidade de cuidados específicos. A Doença de Alzheimer
(DA), dentro desse contexto, é uma das patologias que geralmente surgem conforme
a idade avança.
Sendo uma Doença Crônica não Transmissível (DCNT), a DA ainda não tem cura. Por
ter uma natureza degenerativa do sistema nervoso central, o idoso acometido pela patologia
passa a necessitar de cuidados integrais por parte de familiares ou cuidadores. Uma assistên-
cia que, de certa forma, necessita de muito preparo psicológico, devido à complexidade que
a doença afeta a percepção do idoso e também a forma que isso se traduz aos familiares,
por se tratar de uma mudança de estilo de vida drástica.
A família, nesse sentido, tem como desafio enfrentar as particularidades e problemáticas
que a DA traz consigo, a dor do luto da memória, mas também com os medos e temores
do familiar com Alzheimer, o que pode transformá-lo uma pessoa gentil e carinhosa, em
alguém assustada e agressiva.
Atividades normais e corriqueiras, como por exemplo, o banho, pode se tornar algo
invasivo e vexatório. É preciso compreender todas as nuances que a DA traz consigo para
que não se ceda ao senso comum do isolamento social do idoso, atitude que pode afetar
mais ainda seu estado emocional.
Mesmo que não haja nenhum tratamento suficientemente capaz de prevenir ou amenizar
a progressão da doença, é necessário relembrar que o paciente acometido com Alzheimer
continua sendo uma pessoa física dotada de direito, ainda que seja totalmente incapaz.
Portanto, em um momento que aguça ainda mais a vulnerabilidade de uma pessoa idosa,
é necessário que esse tenha um tratamento humanizado e visando o seu bem-estar, para
que ele possa passar seus últimos dias em conforto, paz, qualidade de vida e cuidados
paliativos humanizados.
A justificativa deste trabalho não se dá apenas pela necessidade de um estudo direcio-
nado à DA, mas sim pela gravidade e desumanização que a doença acomete quem sofre da
patologia. A DA, por não conter cura e nenhum tratamento realmente eficaz para desacelerar
o ritmo degenerativo que caracteriza a doença, pode colocar a família em uma situação de
vulnerabilidade acima do normal — especialmente quem mais sofre com a doença, o familiar.

A doença é cruel, tomando para si lembranças e ações cotidianas. A premissa


do trabalho é discorrer sobre as dificuldades que não somente o idoso acome-
tido com a doença sofre, mas também os familiares. Que se encontram numa
realidade totalmente nova e hostil, tendo que lidar com um novo estilo de vida.

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A DA é uma doença que afeta, majoritariamente, pessoas idosas de idade avançada.
Sabendo disso, há uma constante problemática das formas que o idoso acometido pela
patologia deve ser tratado. Há também, um certo despreparo por parte de familiares que ao
se depararem com a doença e o diagnóstico de que não há cura, se apavoram e acabam
por não saberem lidar com a doença. Assim, elencou-se a seguinte problemática: Quais
os desafios enfrentados pelos familiares de pacientes idosos com Alzheimer? Diante do
exposto, o objetivo da pesquisa foi descrever os desafios enfrentados pelos familiares de
pacientes idosos com Alzheimer.

DESENVOLVIMENTO

Foi realizada uma Revisão Narrativa da Literatura, em que foram utilizadas bases
de dados consideradas pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa bibliográfica, tais
como, a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o Google Acadêmico. O rastreio dos estudos
foi guiado pelas palavras-chave: Doença de Alzheimer, família, cuidadores e idoso.
A busca ocorreu ao longo do mês de junho de 2023, seguindo como critérios de inclusão:
estudos disponíveis em texto completo, gratuitos, publicados entre os anos de 2010 a 2023
no idioma português. Foram excluídos os estudos que estavam fora do recorte temporal,
duplicados nas bases de dados e que não atendiam ao objetivo da pesquisa. Inicialmente
foram encontrados 157 estudos, entretanto, após serem aplicados os critérios de seleção
estabelecidos, restaram 10 artigos que nortearam o desenvolvimento da revisão.
A partir dessas fontes selecionadas para o desenvolvimento do estudo foram elencadas
as seguintes categorias que compuseram a revisão narrativa: Doença de Alzheimer: con-
texto histórico e conceito; Enfrentamento da Doença de Alzheimer; e Impactos da Doença
de Alzheimer no cuidador descritas a seguir.

Doença de Alzheimer: Contexto Histórico e Conceito

A DA é uma doença crônica não transmissível, que atinge principalmente pessoas


idosas com idade avançada. A doença não tem cura, e nem tratamento eficaz, entretanto
(SPILLERE, 2016).
A doença ou mal de Alzheimer faz parte de um grupo de enfermidades chamadas
demências. Antigamente, na linguagem popular, seria o que chamavam de esclerose. A de-
mência é uma síndrome caracterizada pela perda de habilidades mentais adquiridas ao longo
da vida (como a memória ou o senso de orientação) a tal ponto que ocasiona prejuízo na
capacidade da pessoa de realizar suas funções cotidianas. O significado da palavra demência

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remete a “ausência de mente” e ela teria sido empregada pela primeira vez há muito tempo,
no século I d.C., por Cornelius Celsus (MINOZZO, 2013, p.19).
A doença ocorre por causa da perda de sinapses cerebrais que leva à morte neural,
atrofia nervosa e cerebral. Isso ocorre devido ao acúmulo de beta-amiloide, que, quando agre-
gados, bloqueiam a sinalização nervosa e inicia processos inflamatórios (PIRANGY, 2020).
Devido as consequências da doença, o portador da doença enfrenta uma realidade
totalmente avassaladora e desafiadora. A perda de memória, além de aumentar a carga
emocional e física dos cuidadores, pode dificultar as conexões sociais, emocionais e fami-
liares. As alterações cognitivas causadas pela DA desencadeiam diversos sentimentos no
idoso e em seus cuidadores: impotência, desesperança, vulnerabilidade, além da perda do
autocuidado e das relações de autonomia social e familiar (AGUIAR, 2019).

Enfrentamento da Doença de Alzheimer

De acordo com Ilha et al., (2016) a DA evoluí em três estágios: no primeiro, considerado
leve, o idoso apresenta confusão e sintomas como perca de memória e falta de noção de
espaço, dificuldade em atividades cotidianas e alteração de personalidade também é um
sintoma que pode ser apresentado na primeira fase da doença.
No segundo estágio, considerado moderado, a Doença de Alzheimer evolui para an-
siedade, delírios, alucinações, noites agitadas e distúrbio do sono; também é uma grande
dificuldade em reconhecer amigos e familiares, até mesmo os mais próximos. Por fim, no
terceiro estágio, com a doença em seu estado terminal, é possível observar uma diminuição
considerável de vocabulário, a perca de apetite e peso também é aparente, também é possí-
vel observar um controle esfincteriano e posicionamento fetal insuficientes (ILHA et al., 2016).

Nesta fase, é de relevante importância a disponibilidade de situações e de


pessoas que possam proporcionar bem-estar e dignidade ao doente, já em
fase terminal da DA, ao tempo em que auxilia o cuidador nesse enfrentamento,
cujo momento é tão difícil para a maioria das pessoas. Os cuidados paliativos
devem ser disponibilizados pelos profissionais de saúde, levando-se em conta
que parte considerável das famílias brasileiras, especialmente o cuidador do
portador de Alzheimer, não recebe adequada orientação ao longo da trajetória
da doença e se encontra no limite do cansaço, do desgaste, da angústia, da
desesperança (ALENCAR; SANTOS; PINTO, 2010, p. 33-34).

É preciso que haja orientação profissional para que os familiares possam agir de for-
ma humanizada e precisa aos cuidados do idoso acometido pela doença. Entender que,
a doença tem suas fases e que é preciso respeitar não somente o idoso, mas também o
processo de aceitação que a família precisa para lidar com as consequências da mesma
(FERREIRA, 2016).

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Os impactos da Doença de Alzheimer no cuidador

Dado o desgaste físico e emocional que a doença de Alzheimer proporciona não so-
mente ao idoso portador da doença, mas também para os familiares e especialmente aquele
responsável pelo idoso, é preciso observar os impactos que a doença causa a aqueles que
convivem com ela diariamente. Especialmente por que esses impactos podem diminuir
consideravelmente a qualidade dos cuidados diários que o portador da patologia necessita
(GONÇALVES, 2018).
Ainda que, comumente os cuidadores sejam familiares do idoso, o sentimento e afeto
dos mesmos podem acabar sucumbindo para o cansaço físico e emocional. A doença deman-
da muito tempo de cuidado e observação para com aqueles que a tem (GONÇALVES, 2018).

É preciso levar em consideração que o cuidar de uma pessoa idosa demencia-


da é bem mais complexo e exigente que o cuidar de uma pessoa idosa com
suas faculdades mentais intactas ou levemente deterioradas. À medida em que
a doença vai se instalando, a dependência também aumenta. Aparecem as
dificuldades na linguagem (fala, adequação de palavras), a pessoa desaprende
como vestir-se, desconhece pessoas com as quais convive, descuida-se da
higiene pessoal, tem alucinações (escuta ruídos que outros não ouvem, vê
pessoas que não mais existem), mostra-se tensa, inquieta, e aprofunda, com
o passar do tempo, a apatia, a tristeza, a desorientação e até mesmo a rigidez
muscular (ALENCAR; SANTOS; PINTO, 2010, p. 56).

É preciso entender que, a maioria dos cuidadores, nunca tiveram contato prévio com a
doença. E quando expostos a situação de um familiar que desenvolve Alzheimer, necessita-se
de apoio e instrução para que não cometa equívocos. Também, ainda, é necessário frisar
que, a doença não tem seus impactos em primeiro momento; é uma doença degenerativa,
que amplia seus sintomas ao decorrer do tempo, causando um cansaço físico ainda mais
grave, devido a progressão que esta causa (BORBA-PINHEIRO et al., 2017).
A saúde mental dos cuidadores também é um ponto a ser destacado; o cuidado ex-
cessivo e integral ao idoso com Alzheimer pode ocasionar uma carga de estresse acima do
normal no cuidador inexperiente, seja pelo sentimento de insuficiência às necessidades do
portador da doença, seja pelas situações que a doença faz ambos vivenciarem. O enfren-
tamento do Alzheimer, deve ser, antes de tudo, humanizado - não somente ao idoso, mas
também ao cuidador, que muitas vezes tem sua figura humana apagada pela função que
este exerce na vida do idoso incapacitado devido a doença (BELO et al., 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo, precebe-se que é preciso uma maior conscientização acerca da


DA, especialmente no contexto familiar e na perspectiva do cuidador. Pois, nota-se que há

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muito ainda para se aprender sobre a DA, especialmente pelo carecimento de um tratamento
eficaz, algo que, mesmo com toda a nossa tecnologia e avanço, ainda não foi possível.
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos familiares de pacientes com diagnós-
tico de Alzheimer estão o desconhecimento em relação a patologia, o sentimento de culpa e
impotência, lidarem com o familiar que agora se encontra em estado de dependência para
atividades cotidianas básicas, mudanças na rotina socioeconômica, o sofrimento físico e
psicológico em lidar com o novo contexto.
Portanto, como forma de mitigar os danos que envolvem a doença e também como
forma de conscientização para aqueles que se sentem insuficientes e desesperançosos após
o diagnóstico da doença em um familiar, que, eles podem encontrar apoio e conforto; e não
se sintam substancialmente culpados por uma falta de cuidado apurado, uma vez que eles,
em sua maioria nunca tiveram contato prévio com a doença.
A intenção desse estudo também foi alertar para que haja mais atenção à problemática
exposta e quanto ao período da idade mais avançada, pois a atenção a saúde precisa ser
feita de forma humanizada e gentil, entendendo que os ciclos da vida se iniciam e terminam
na mesma intensidade.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, M. de F. et al. Psico-Oncologia: caminhos de cuidado. Summus Editorial, 2019.

ALENCAR, R. S. D’; SANTOS, E. M. P.; PINTO, J. B. T. Conhecendo a Doença de Al-


zheimer: Uma contribuição para familiares e cuidadores. I ed. Ilhéus - Bahia: Editus
– Editora da UESC, 2010.

BELO, A. da S. C. et al. SOS Cuidador-aplicativo para auxiliar as demandas educa-


tivas do cuidador familiar. 2018. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica)
– Universidade Federal de Uberlândia, 2018.

BORBA-PINHEIRO, C. J. et al. A prática de exercícios físicos como forma de prevenção. O


envelhecimento populacional um fenômeno, v. 171, n. 6, p. 173-231, 2017.

ERCOLE, F. F.; MELO, L. S.; ALCOFORADO, C. L. G. C. Revisão Integrativa versus Re-


visão Sistemática. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 18 n. 1, p. 9-11, 2014.

FERREIRA, D. P. C. Percepções do cuidador familiar do idoso com doença de Parkin-


son em relação ao processo de cuidar. 2016. 88f. Dissertação de Mestrado (Geronto-
logia) – Universidade Federal de Pernambuco, 2016.

GONÇALVES, I. Doença De Alzheimer. Clube de Autores, 2018.

ILHA, S. et al. Doença de Alzheimer na pessoa idosa/família: Dificuldades vivenciadas e


estratégias de cuidado. Escola Anna Nery, v. 20, n. 1, p. 138-146, 2016.

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74
MINOZZO, L. Doença de Alzheimer: como se prevenir / Leandro Minozzo – Porto Ale-
gre, RS. AGE, 2013.

PIRANGY, L. L. Associação da doença de Alzheimer e periodontite: há confirmação?


2020. 34f. Monografia – (Bacharel em Odontologia) – Centro Universitário Unidade de
Ensino Superior Dom Bosco, 2020.

SPILLERE, L. Doença de Alzheimer: fisiopatologia e novas abordagens terapêuticas.


2016. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização de Farmacologia) - Universi-
dade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), 2016.

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06
ESCLEROSE MÚLTIPLA: EFICÁCIA NO TRATAMENTO
POR MEIO DE IMUNOMODULADORES INJETÁVEIS

Karina Moreira Dantas Regiany Lopes Ferraz


Universidade Presidente Antônio Carlos, Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Luiza Gobira Lacerda Luanna Botelho Souto de Araújo


Prefeitura Municipal de Almenara - Minas Gerais Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ronivaldo Ferreira Mendes


Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - Virginia Torres Alves
IFNMG Campus de Almenara - MG Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Viviane Amaral Toledo Coelho


Universidade Presidente Antônio Carlos, Ane Maria Brant Alves Rêgo
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ednardo de Souza Nascimento


Universidade Presidente Antônio Carlos, Creonice Santos Bigatello
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

'10.37885/230613372
RESUMO

A esclerose múltipla é uma doença que provoca perda de mielina dos neurônios do sistema
nervoso central. Ela acomete adultos jovens e leva a disfunções motoras, como paralisias
dos membros superiores e inferiores, e disfunções sensitivas. Assim, o objetivo deste traba-
lho é investigar a eficácia no tratamento de acometidos pela Esclerose Múltipla por meio de
imunomoduladores injetáveis. A metodologia para elaboração deste trabalho foi executada
através de uma pesquisa extensa e detalhada sobre o tema proposto em bases de dados
eletrônicos. Os mecanismos fisiopatológicos e etiopatogênicos ainda não estão bem esclareci-
dos e os tratamentos disponíveis não alteram significativamente o prognóstico. Os resultados
descrevem ser a Esclerose Múltipla uma doença autoimune, que afeta o cérebro e de difícil
diagnóstico, e ainda é um desafio para a medicina, os sintomas podem variar de indivíduo
para indivíduo. Por fim, neste trabalho foi falado a respeito dos imunomoduladores injetáveis.

Palavras-chave: Esclerose Múltipla, Sistema Nervoso Central, Imunomoduladores Injetáveis.


INTRODUÇÃO

A Esclerose múltipla (EM) é caracterizada pelo aparecimento de lesões na substância


branca (SNC), conhecidas como placas, onde a mielina sofre perda de proteína. A doença
é conhecida na literatura de língua francesa como esclerose em placas, é uma doença que
afeta o sistema nervoso, causando destruição da mielina (desmielinização), proteína funda-
mental na transmissão do impulso nervoso (MANSO, 2016).
Em 1935 Thomas Rivers desenvolveu estudos acerca de uma doença animal com
características próximas às da Esclerose Múltipla, sugerindo a possibilidade de alterações
imunológicas como base para o desenvolvimento da EM, além de considerar a Bainha de
Mielina como o alvo principal dessas reações (RODRIGUES, 2010).
A EM é uma doença de caráter geralmente progressivo, após 10 anos do início dos
sintomas, 50% dos pacientes poderão estar inaptos para fazer atividades profissionais e
mesmo as domésticas, e afetam a qualidade de vida da sua família e a reação à doença
varia de indivíduo para indivíduo (REIS; SILVA, 2016).
A Esclerose Múltipla, sendo uma doença de aparecimento insidioso, vai instalando-se
na pessoa e alterando o seu percurso normal de vida, que provoca modificações no indivíduo,
o nível biopsicossocial, que necessariamente conduzem a uma nova adoção de estratégias
no seu estilo de vida. Recomenda-se que pacientes com diagnóstico de EM devam iniciar o
tratamento com imunomoduladores o mais breve possível, objetivando retardar a progressão
da doença e minimizar os surtos de atividade inflamatória (AVELINO, 2012).
O diagnóstico de esclerose múltipla é clínico. Não há exame laboratorial isolado que
o comprove. Entretanto, a evolução, especialmente dos exames de imagem, elevou o pa-
pel dos exames subsidiários. O curso lento e progressivo, pode muitas vezes dificultar o
diagnóstico inicial, além de, também apresentar períodos de exacerbação e remissão dos
sintomas que variam enormemente de um indivíduo para o outro, dependendo do local da
lesão no Sistema Nervoso Central (SNC) (LIMA, 2009).
Por ter característica de surtos e remissões, a EM pode manifestar início e duração de
sintomas erráticos de forma aguda, no qual cada fase de surto poderá envolver uma área
distinta do SNC (REIS; SILVA, 2016).
Após o médico chegar ao diagnóstico da EM, deve ser iniciar o tratamento com os
imunomoduladores que geralmente são manipulados em crianças e adultos, além de imu-
nossupressores e intervenções de tratamento anti-inflamatório e corticoides para a tentativa
da redução dos sintomas e evitar que a doença se agrave (RODRIGUES, 2010).
A saúde e o bem estar desses indivíduos podem sofrer forte impacto pela doença e
os efeitos colaterais de medicamentos, e podem interferir significativamente na qualidade
de vida de seus portadores. Quando o indivíduo recebe o diagnostico vivencia momentos

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de angustia e desespero, pois a patologia é vista em muitos casos, como uma sentença de
morte (SILVA, 2013).

METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho foi executada através de uma pesquisa extensa e deta-
lhada sobre o tema proposto em bases de dados eletrônicos, coma finalidade de obten-
ção de artigos científicos da língua portuguesa que abordam de forma direta ou indireta a
temática sugerida.
A pesquisa foi realizada nos meses de março a junho de 2020 sendo elaborada com
informações obtidas em base de dados eletrônicos como o Google Acadêmico e Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO), além de documentos, artigos e dados publicados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). O critério cronológico
utilizado para as buscas foi estudos do período de 2011 a 2020, e os descritores utili-
zados na busca dos artigos foram: “Esclerose Múltipla”, “medicamentos”, “imunomodula-
dores injetáveis”.
Sendo assim, foram feitas leituras e discussões de todos os textos obtidos com o objetivo
de avaliar e contribuir para a síntese de informações esclarecedoras sobre o tema proposto.

REFERENCIAL TEÓRICO

Conceito e breve histórico da Esclerose Múltipla

Para a Associação Cearense de Esclerose Múltipla James Dawson, em 1916 identifi-


cou lesões iniciais da EM, indicando a ocorrência de infiltração de linfócitos, macrófagos e
células plasmáticas no cérebro, o que levaria à desmielinização precoce das fibras nervo-
sas. Em meados do século XIX, quando Robert Carswell e Jean Cruveilhier, dois médicos
europeus, começaram a escrever suas observações sobre uma “nova” doença. A primeira
demonstração patológica foi realizada por Robert Carswell em 1831, que havia encontrado
a presença de “placas” em algumas necropsias. Jean Cruveilhier, professor da Faculdade
de Medicina da Universidade de Paris, observou durante necropsias de rotina algumas “pla-
cas marrons” no SNC e as descreveu para a comunidade médica entre os anos de 1835 e
1842 (SANTOS, 2009).
No Século XIX, a doença foi descrita pela primeira vez, com textos ilustrados pelos mé-
dicos o britânico Robert Hooper e o escocês Robert Carsewell. Em 1831, Robert Carsewell
demostrou a doença pela primeira vez, pois havia encontrado placas em algumas necrópsicas
que tinha realizado. Já em 1835 e 1842, Jean Cruveilhier observou também em necropsias

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algumas placas marrons. No mesmo ano, publicou dois volumes contendo ilustrações e a
descrição das alterações histopatológicas causadas pela esclerose múltipla, que antes era
denominada como “degenerescência cinzenta” (SILVA, 2013, p. 3).
O mérito pelas primeiras descrições clínicas e anatômicas detalhadas da doença, e
ainda hoje válidas, é atribuído a Jean Martin Charcot e Edmé Félix Alfred Vulpian, principais
autoridades em paralisia na Europa naquela época. Em 14 de março de 1868, Charcot fez
a sua célebre publicação identificando uma nova doença previamente confundida com pa-
ralisia. Era a esclerose múltipla (CIEM, 2016).
Foi o Jean Martin Charcot que descreveu a doença e a chamou de esclerose em placa,
registrando nas áreas endurecidas encontradas espalhadas pelo Sistema nervoso central
dos portadores da esclerose. É uma doença do Sistema Nervoso Central (SNC), lentamen-
te progressiva, que se caracteriza por placas disseminadas de desmielinização (perda da
substância branca - mielina - que envolve os nervos) no crânio e medula espinhal, dando
lugar a sintomas e sinais neurológicos sumamente variados e múltiplos, às vezes com re-
missões, outras com exacerbações, tornando o diagnóstico, prognóstico e a eficiência dos
medicamentos discutíveis (SANTOS, 2009).
Na América Latina, o primeiro registro de um caso da doença foi realizado no Brasil
por Aluízio Marques em 1923. Também pioneiro no estudo da EM, Antônio Austregésilo foi
um dos maiores pesquisadores sobre a doença. Em 1926, publicou o primeiro estudo neu-
ropatológico da América Latina. (REIS; SILVA, 2016).
A esclerose múltipla é uma doença que afeta pessoas jovens (na faixa dos 20 aos 40
anos), principalmente mulheres, no momento do auge da vida produtiva. Por esse motivo,
resulta em grande impacto pessoal, social e econômico (AVELINO, 2012).
É uma doença autoimune, que afeta o cérebro e de difícil diagnóstico. A esclerose
múltipla ainda é um desafio para a medicina, embora tenha sido descoberta há algumas
décadas. Os sintomas podem variar de indivíduo para indivíduo, mas muitos pacientes
relatam falta de equilíbrio, alterações na bexiga e no intestino, tremor, espasmos, altera-
ções da fala, cognitivas, da sensibilidade, problemas de visão, fraqueza muscular, fadiga
(TUCHLINSKI, 2018).
No curso da doença, o sistema imunológico ataca o sistema nervoso e seus sintomas
dependem do resultado da inflamação e desmielinização do Sistema Nervoso Central. A des-
mielinização provocada em zonas múltiplas, compromete a condução dos impulsos nervo-
sos de e para o cérebro é afetada pelas cicatrizes, ou placas de esclerose, que se formam,
ficando o doente afetado física e psicologicamente, o que contribui para uma alteração no
sentido negativo da sua qualidade de vida, o que pode incitar um certo grau de dependência

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de terceiros o que justifica que o doente deve ser acompanhado de forma holística, tendo
em conta todos os parâmetros que lhe assistem (CUNHA 2015).
Sendo a Esclerose Múltipla uma doença crônica, implica uma reestruturação e adapta-
ção, uma vez que as pessoas e os seus familiares têm que aprender a gerir a nova situação
de doença. Viver com uma doença crônica depende das características individuais, das
crenças culturais, da aceitação e do que se espera da vida. Tem forte impacto nos projetos
futuros, na educação, relações sociais, casamento, vida familiar e profissional. Neste pro-
cesso dinâmico, a doença de um dos membros vai converter-se na doença familiar, afetando
a QV da família (KOUZOUPIS et al., 2010).

Causas e sintomas

A esclerose múltipla é a perda de mielina prejudicando, assim, a neurotransmissão


(condução das mensagens que controlam todos os movimentos conscientes e inconscien-
tes do nosso organismo). A mielina envolve todos os axônios do organismo e é constituída
por uma mistura de tecido gorduroso, lipídico e de um material proteico (BERTOTTI, 2008).
Acredita-se ser a EM causada por uma combinação de fatores, ssendo provável que as
pessoas com EM, por razões hereditárias, sejam, até certo ponto, propensas a desenvolver
a doença. Então, um fator ambiental desconhecido poderá ativar o sistema imunológico,
conduzindo a uma doença autoimune, que ataca posteriormente a substância branca do
sistema nervoso central (GODINHO, 2017).
Há uma etapa que a família de uma pessoa afetada pelo Esclerose Múltipla passa que é
se a doença é contagiosa ou hereditária, mas não existem riscos quanto ao contágio. A SPEM
- Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla no Manual de apoio a vida com EM diz que:

a influência dos fatores genéticos na EM foi sugerida logo após as primeiras


descrições da doença no final do sec. XIX quando começou a ser notada a
existência de alguma agregação familiar. Sendo a EM uma doença incomum,
a ocorrência de 2 ou 3 casos em certas famílias, levou a que fosse admitida
a possibilidade de alguma transmissão hereditária. Esta hipótese viria a ser
melhor esclarecida nas últimas décadas com a realização de vários tipos de
estudos epidemiológicos em grandes grupos populacionais(GODINHO, 2017).

Quanto a hereditariedade a análise tem de ser mais fina. As causas da EM não são
ainda conhecidas, na perspectiva atual e tendo como base múltiplas evidências científicas,
admite-se que as alterações imunológicas que causam as lesões no SNC resultem de uma
conjugação infeliz de fatores ambientais e fatores genéticos (SILVA, 2013).
Para Cunha (2015), há alguns sinais e sintomas considerados mais comuns, Distúrbios
Motores, Distúrbios sensoriais, Distúrbios cerebelosos, Alterações dos nervos cranianos,
Distúrbios do sistema nervoso autônomo, Distúrbios mentais e Distúrbios cognitivos.

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A variedade dos sintomas provocados pela EM são imensos, dependendo da localização
da inflamação e da desmielinização de lesões temporo-espaciais que ocorrem de acordo
com as exacerbações e remissões existentes (CUNHA, 2015).
Os surtos variam consideravelmente na sua severidade de pessoa para pessoa. Em al-
gumas, a doença pode manifestar-se em surtos ligeiros e largos períodos sem sintomas ao
longo da vida, com poucos efeitos permanentes.
A remissão dos primeiros sintomas dá-se geralmente de forma completa, mas com o
aparecimento de sinais e sintomas subsequentes, esta remissão não se verifica ou é incom-
pleta. A evolução clínica estende-se com frequência durante uma ou mais décadas, sendo
raros os casos fulminantes nos meses iniciais (CUNHA, 2015).

Diagnóstico

Como não há um teste que permita a confirmação absoluta da EM, o seu diagnóstico
ocorre por eliminação. O diagnóstico clínico é feito quando utente apresenta disfunção clí-
nica, e é feito quando o utente apresenta disfunção neurológica em mais de uma zona do
sistema nervoso, que tende a surgir mais de uma vez (CUNHA, 2015).
Em alguns casos, o diagnóstico é encarado com alívio, já que o utente finalmente
tem uma designação daquilo que padece e pode finalmente iniciar um tratamento adequa-
do. Os diagnósticos têm-se baseado essencialmente na existência de múltiplas lesões no
sistema nervoso central e na ocorrência de episódios sintomáticos distintos, e o exame neu-
rológico deve demonstrar alterações objetivas compatíveis com a disseminação da doença
no tempo e no espaço (KOUZOUPIS, 2010).
Um neurologista pode realizar testes para ajudar a confirmar o diagnóstico, incluindo
punções lombares remoção de uma amostra de fluido do canal espinal para análise la-
boratorial, registos da atividade elétrica do cérebro potenciais evocados, tomografia axial
computadorizada (TAC) e tomografia por ressonância magnética nuclear (GODINHO, 2017).

Diagnóstico clínico

É através das informações da anamnese que se caracterizam a presença dos surtos


e o exame neurológico para estabelecer correspondência entre os surtos e a estrutura do
SNC lesada. Para confirmação de um diagnóstico definitivo de EM os ataques precisam
envolver diferentes áreas do SNC, além de se propagarem por mais de 24 horas e estar
separados por um período de pelo menos um mês com sinais neurológicos revelando duas
lesões distintas, em diferentes níveis topográficos da substância branca do sistema nervoso
central. Outro fator que torna, além de difícil, tardio o diagnóstico de EM é a importância não
voltada para os sintomas iniciais, o que leva o paciente a procurar por orientação médica

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mais tardiamente, dessa forma, o diagnóstico precoce da doença e consequentemente o
tratamento tendem a ser negligenciados (AVELINO, 2012).

Diagnóstico laboratorial

Os critérios de diagnóstico passaram a contar com o auxílio laboratorial, como exemplo


os Critérios de Poser, Paty e Scheinberg (1983). Esses critérios estão representados por
pesquisa de bandas oligoclonais nas imunoglobulinas do Líquido Cefalorraquidiano - LCR,
de estudo da imagem do encéfalo e medula espinal por ressonância magnética. Exames
estes que evidenciam a existência de processo inflamatório no LCR e lesões em estruturas
do SNC sem tradução clínica, permitindo que as exigências para os critérios de diagnóstico
definido venham a ser preenchidas. Quando o diagnóstico se realiza com auxílio laboratorial
recebe a denominação de EM laboratorialmente definida (AVELINO, 2012).

Tratamentos da Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma doença que não possui cura. Existe uma ampla gama de
tratamentos que são escolhidos de acordo com o paciente e a sua necessidade. Os trata-
mentos oferecidos permitem uma melhoria na qualidade de vida do paciente e uma redução
da incapacidade adquirida ao longo dos anos.
Os medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico
neurologista que vai analisar caso a caso.
Os tratamentos medicamentosos disponíveis para a EM buscam reduzir a atividade
inflamatória e os surtos ao longo dos anos contribuindo para a redução do acumulo de inca-
pacidade durante a vida do paciente, que além da doença, trata os sintomas do trato urinário
e a fadiga é muito importante para qualidade de vida do paciente.
Existem os tratamentos tradicionais, sendo, segundo Godinho (2017):
Glicocorticóides - O uso de altas doses de metilprednisolona é o tratamento mais in-
dicado para o controle dos surtos causados pela doença. Até ao momento, são poucos os
estudos comparando doses e vias de administração das diferentes preparações dos glico-
corticóides, ou mesmo demonstrando o benefício destes medicamentos sobre a recuperação
natural dos surtos.
Imunossupressores - O tratamento com imunossupressores iniciou-se na década de
60 e foi indicado para o controlo de recidivante-remitente, primariamente progressiva e se-
cundariamente progressiva.
Plasmaférese - A plasmaférese é uma técnica de purificação extracorpórea de san-
gue projetada para remover partículas de grande peso molecular. A técnica é baseada na
separação do plasma dos elementos celulares do sangue, por centrifugação ou filtração.

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Imunoglobulina humana intravenosa - Nos pacientes aos quais foi administrada esta
imunoglobulina ocorreu a redução da taxa anual de surtos e redução da taxa de progressão.
Terapia combinada - A associação de corticosteroide com imunossupressor ou plasma-
férese foi amplamente utilizado em diversas formas de esclerose múltipla. A associação é
utilizada para tratamento de pacientes que apresentem atividade inflamatória mais agressiva.
Estatinas - Atualmente as Estatinas são utilizadas para diminuis o nível de colesterol
sanguíneo. Mais recentemente estudos demonstraram que as Estatinas possuem efeito
anti-inflamatório e imunomodulador devido à ação inibitória sobre o óxido nítrico sintetase
e citocinas pró- inflamatórias.
Imunomoduladores - O tratamento com imunomoduladores pode ser considerado pelos
médicos após a primeira crise, desde que o diagnóstico de esclerose múltipla seja estabe-
lecido. O seu uso é indicado em pacientes com esclerose múltipla recidivante remitente e
esclerose múltipla secundariamente progressiva com presença de surtos e ainda há incer-
tezas da sua eficácia o tratamento da forma secundariamente progressiva sem surtos. Nas
formas primárias progressivas mostram-se ineficazes.

Imunomoduladores injetáveis

Os imunomoduladores modificaram o curso do tratamento da EM nos últimos anos,


baseado em ensaios clínicos da década de 1990, em que quatro fármacos foram testados
contra placebo, todos com resultados favoráveis (MANSO, 2016).
Os imunomoduladores injetáveis podem ser empreendidos por meio da betainterfero-
na ou acetato de glatirâmer que são administrados por meio de injeções e proporcionam a
possibilidade de autoaplicação. Tais medicamentos são utilizados a longo prazo e o efeito
esperado é reduzir a frequência dos surtos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
BETAINTERFERONA 1 a (REBIF® e AVONEX®) - O Betainterferona 1 a pertence
a um grupo de medicamentos chamados interferons. Trata-se de uma substância natural,
que transmite mensagem entre as células. Os interferons são produzidos pelo nosso corpo
e desempenham um papel importante no sistema imunológico. Revelou reduzir o número e
gravidade dos surtos e atrasar a progressão da incapacidade.
BETAINTERFERONA 1 b (BETAFERON®) - O betainterferona 1 b possui 250 micro-
gramas, é composto por pó e solvente para solução injetável, deve ser administrado em dias
alternados por via subcutanea e também tem como um dos principais efeitos secundários
a reação no local de aplicação.
ACETATO DE GLATIRÂMER (COPAXONE®) - O acetato de glatirâmer é um imu-
nomodulador bem tolerado para EMRR. É composto por um material sintético copolímero,
com quatro aminoácidos que evitam a inflamação e desmielinização do Sistema Nervoso

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Central. Como procedimento padrão, as seringas devem ser refrigeradas de 2º a 8º graus
e no momento da aplicação devem permanecer em temperatura ambiente por 20 minutos
antes da administração.
As reações cutâneas assumem posição de destaque entre os problemas associados
aos imunomoduladores injetáveis, que se caracterizam pela lesão ou morte aparente das
células teciduais, envolvendo grandes ou pequenas extensões, diferenciando-se quanto à
origem, aspecto, profundidade, gravidade e tempo de cicatrização (MANSO, 2016).
As reações cutâneas mais comuns são dor, eritema, edema, prurido, inflamação e
endurecimento no local da injeção. Embora essas experiências não sejam caracterizadas
como grave, elas podem ser desconfortáveis e enfraquecem o compromisso do paciente
com o tratamento contínuo. Outro efeito adverso é a paniculite seguida por lipoatrofia no
local da aplicação, que tem sido relatada em metade dos pacientes que recebem injeções
de acetato de glatirâmer e betainterferona 1 b (MANSO, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Esclerose Múltipla é uma doença crônica de caráter imprevisível e incapacitante,


origina toda uma série de problemas físicos, psíquicos e sociais os quais tem impacto na
qualidade de vida dos seus portadores, o que leva a algumas mudanças necessárias no
seu estilo de vida.
Em síntese, podemos inferir que a evolução do diagnóstico da Esclerose Múltipla tem
ênfase no campo laboratorial com os exames já abordados anteriormente, contudo sabe-se
que a história clínica combinada com os resultados desses exames são de importante fator
para assegurar o paciente acerca do diagnóstico da Esclerose Múltipla.
O estudo abordou também a respeito dos diagnósticos que têm-se baseado essen-
cialmente na existência de múltiplas lesões no sistema nervoso central e na ocorrência de
episódios sintomáticos distintos, e o exame neurológico deve demonstrar alterações objetivas
compatíveis com a disseminação da doença no tempo e no espaço.
E por fim descreveu o papel dos imunomoduladores, que modificaram o curso do tra-
tamento da EM nos últimos anos, baseado em ensaios clínicos da década de 1990, em que
quatro fármacos foram testados contra placebo, todos com resultados favoráveis.

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REFERÊNCIAS

AVELINO, F.V.S.D. et al. Aplicação do processo de enfermagem baseado na teoria de


Orem ao indivíduo com esclerose múltipla. Rev. Enfermagem da UFPI, Teresina, v. 1, n.
1, p. 03-07, 2012.

BERTOTTI. A. P. O portador de esclerose múltipla e suas formas de enfrentamento


frente a doença. Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2008.

CUNHA. H. S. V. P. Qualidade de Vida nos doentes com Esclerose Múltipla. Faculdade


Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2015.

GODINHO, C. S. R. Esclerose Múltipla: causas, sintomas e tratamento. 2017. Dissertação


(Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de Coimbra, Coimbra

KOUZOUPIS, A. B. et al. The family of the multiple sclerosis patient: A psychosocial pers-
pective. International Review of Psychiatry, v.22, n.1, p. 83–89, 2010.

LIMA, T. M. A. et al. Alterações dos potenciais evocados auditivos do tronco encefálico


em pacientes com esclerose múltipla. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, Belo
Horizonte, v. 75, n. 2, p. 81-177, 2009.

MANSO. L. N. Reações cutâneas provocadas por imunomoduladores injetáveis asso-


ciadas ao tratamento de esclerose múltipla. Universidade Estadual Paulista. Botucatu,
2016.

POSER, C.M; PATY, D.W; SCHEINBERG, L. et al. New diagnostic criteria for multiple
sclerosis: guidelines for research protocols. Ann Neurol, v.13, p. 227-3, 1983.

REIS. R. S; SILVA. T. A. S. Abordagens de diagnóstico laboratorial descritas na lite-


ratura para esclerose múltipla. Centro Universitário São Lucas. Porto Velho, 2016.

RODRIGUES. D. H. Estudo do papel do fatos ativador plaquetário na encefalomielite


autoimune experimental. Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte, 2010.

SANTOS. M. R. Atuação da equoterapia na qualidade de vida de um paciente com


esclerose múltipla. Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2009.

SILVA, G. F. V. C. C. Esclerose Múltipla-Etiologia e Tratamento de uma Doença Crô-


nica. 85 f. Dissertação (Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas) Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. Lisboa, 2013.

TUCHLINSKI. C. Documentário relata primeiro caso de esclerose múltipla da história


da medicina. Jornal O Estado de São Paulo. São Paulo, 2018.

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ESTRATÉGIAS PARA PREVISÃO DA DEMANDA
POR SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA

Lorena Tatim Farhat


Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

Ana Luísa Gomes Coelho


Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

Deborah Ribeiro Carvalho


Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

'10.37885/230713901
RESUMO

Introdução: No Brasil, há disparidades em relação à oferta e à demanda por serviços


odontológicos. Objetivo: O estudo buscou identificar, na literatura, as estratégias utiliza-
das para previsão da demanda por esses serviços. Metodologia: Trata-se de uma revisão
integrativa conduzida de acordo com o método PRISMA. A expressão de busca (((fore-
cast* OR “prediction” OR “prevision”) AND (“demand” OR trend*) AND (“dental services”)))
foi aplicada em campos determinados para os repositórios Scopus Elsevier, Pubmed, BVS
e IEEE Xplore. Resultados: As estratégias empregadas foram categorizadas conforme a
temporalidade e o instrumento empregado no estudo. Foram selecionados 31 documentos,
cujos resultados alcançados foram arranjados conforme a dependência da colaboração do
paciente, a procedência de auto avaliações, o direcionamento a um grupo populacional ou
demanda específica, e a relação com o setor público, privado ou ambos. As estratégias
identificadas foram: estudos de temporalidade transversal em que o instrumento foi a apli-
cação de questionário; estudos de temporalidade transversal nos quais o instrumento foi a
observação; e estudo de temporalidade longitudinal onde o instrumento foi a aplicação de
questionário. Conclusões: A partir da exploração das estratégias identificadas na literatura
foi demonstrada uma lacuna do conhecimento na esfera nacional. A análise dos artigos
incluídos nessa revisão apresentou características desejáveis das avaliações da demanda
por serviços odontológicos.

Palavras-chave: Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde, Assistência à Saúde,


Serviços de Saúde Bucal, Apoio ao Planejamento em Saúde.
INTRODUÇÃO

As previsões da demanda em saúde requerem tanto informações socioeconômicas e


do estado de saúde da população, como do perfil de utilização de serviços e equipamentos.1
Para os serviços odontológicos tanto as informações epidemiológicas quanto o poder de
compra da população são determinantes.2
No Brasil, houve redução na utilização de serviços odontológicos por indivíduos por-
tadores de planos com essa cobertura.3 Ademais, verificou-se que a parte do orçamento
familiar destinada aos tratamentos odontológicos sofreu significativa diminuição.4
Tendência oposta foi constatada no mercado de trabalho odontológico. Os cursos de
graduação em Odontologia, no período de 2000 a 2011, apresentaram taxa de crescimento
de 96% na esfera privada e 13% na esfera pública. 5 Como consequência, de 2007 a 2014,
o número de cirurgiões-dentistas, clínicos gerais e especialistas atuantes no Brasil, cresceu
em média 24,5% e 30,3% ao ano no setor privado, e 0,5% e 11,6% no setor público.6
Em 2011, o Ministério da Saúde preconizou a existência de um cirurgião-dentista
atuante para cada 3000, no máximo 4000 habitantes, em acordo com critérios de equidade,
na esfera pública. 7 No âmbito mundial, não ha parâmetros recomendados sobre a relação
ideal de habitantes por cirurgião-dentista. 6 Em abril de 2019 foi registrada uma relação entre
cirurgiões-dentistas e habitantes de aproximadamente 1:656. 8, 9 Relação, esta, bastante
distinta da calculada nos Estados Unidos da América, de 1:2342. 10, 11
A despeito do número crescente de profissionais formados anualmente, o país en-
frenta disparidades em relação à oferta e a demanda por serviços odontológicos tendo,
ora excesso, ora ociosidade, dependendo da região analisada. No sudeste brasileiro, por
exemplo, em decorrência da maior concentração da oferta de serviços de saúde, a demanda
registrada é superior. 12
O objetivo do presente estudo foi identificar as estratégias utilizadas para previsão
da demanda por serviços odontológicos, destacando aquelas mais utilizadas. A partir dos
resultados dessa revisão, espera-se gerar conhecimento acerca dessas estratégias com
potencial para propiciar melhorias na gestão dos recursos a fim de equilibrar a relação entre
a oferta e a demanda por tais serviços.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, por permitir a compilação do conhe-


cimento científico já produzido e viabilizar a análise do tema investigado e a avaliação da
pertinência dos procedimentos empregados. 13

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A pesquisa foi realizada no dia 24 de dezembro de 2018, via acesso remoto, nas bases
de dados Scopus, BVS, IEEE e Pubmed, com os seguintes descritores: (((forecast* OR “pre-
diction” OR “prevision”) AND (“demand” OR trend*) AND (“dental services”))). O critério de
inclusão foi abordar no título e/ou no resumo estratégias empregadas para prever ou ava-
liar a demanda por serviços odontológicos. Foram excluídos relatos de caso, textos com
abstract ausente (notas do autor, prefácio, entre outros) e revisões de literatura. Não houve
restrição referente ao período e tipo de publicação e os idiomas dos textos incluídos foram
português, inglês e espanhol. Estudos encontrados em mais de uma base de dados foram
considerados somente uma vez.
O processo de seleção-exclusão foi conduzido em acordo com o método PRISMA 14 e
os mesmos critérios de inclusão e exclusão foram adotados em todas as etapas. A expres-
são de busca foi aplicada nos campos título, resumo e descritores para os quatro repositó-
rios. Os resultados de cada repositório foram registrados e a primeira seleção foi baseada
na leitura dos títulos, seguida da eliminação dos textos duplicados. A etapa seguinte foi a
leitura dos resumos correspondentes aos títulos previamente apurados, que resultou nos
textos eleitos para leitura completa, dos quais foram excluídos aqueles que não atendiam
aos critérios de idioma e que não puderam ser encontrados. O decurso da leitura integral
culminou na exclusão dos estudos que não atendiam aos critérios pré-estabelecidos e na
compilação dos resultados.
Seguidamente, a extração dos dados foi efetivada nos textos selecionados em acordo
com diretrizes da literatura que preconizam dois estágios: 1) avaliação dos dados, a qual
incluiu interpretação imparcial dos dados sob à luz de uma síntese inovadora da evidência;
e 2) redução dos dados, que abrange a determinação de um sistema de classificação que
permita o gerenciamento dos dados provenientes de metodologias diversas. 15
As estratégias empregadas foram categorizadas conforme a temporalidade e o ins-
trumento empregado no estudo. Os resultados alcançados pelos estudos foram arranjados
conforme a dependência da colaboração do paciente, a procedência de auto avaliações,
o direcionamento a um grupo populacional específico ou a uma demanda específica, e a
relação com o setor público, privado ou ambos (híbrido).
Dos artigos que atenderam a todos os critérios de seleção foram extraídas as seguintes
características: a) autor, ano de publicação e país de origem do estudo; b) objetivo, que se
refere à descrição da lacuna científica que o estudo buscou solucionar; c) temporalidade
e instrumento empregados na pesquisa; d) modelo de análise dos dados e setor da saúde
referido; e) resultados obtidos.

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RESULTADOS

Foram identificados 291 documentos nos repositórios: Scopus Elsevier (65), Pubmed
(169), BVS (57), IEEE Xplore (0). Estudos duplicados foram desconsiderados em acordo
com a ordem de busca: Scopus, Pubmed e BVS. A Figura 1 descreve o processo de sele-
ção-exclusão até a obtenção dos 31 documentos incluídos. 2, 3, 16-44

Figura 1. Processo de seleção-exclusão em acordo com a metodologia PRISMA.

Fonte: os autores - adaptado de MOHER et al. (2009).

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As características extraídas dos artigos foram sintetizadas no quadro 1.

AUTOR/ ANO DE TEMPORALIDADE/ INS- MODELO DE RESULTADOS ALCAN-


OBJETIVO DO ESTUDO
PUBLICAÇÃO TRUMENTO DO ESTUDO ANÁLISE/ SETOR ÇADOS
Groenewegenand et al., Verificar se a frequência de consul- Estudo transversal Distribuição de Independentes da cola-
1984 16 tas ao dentista é influenciada pelas Observação frequência boração do paciente, não
diferenças regionais na densidade de Híbrido provenientes de auto
profissionais e se as razões para que avaliações, inespecíficos
a população se comporte de maneira a grupo populacional e
distinta ao utilizar serviços odontoló- demanda.
gicos são comprovadas pelos dados
disponíveis.
T h o m a s - We i nt ra u b , Apresentar os resultados de um estu- Estudo transversal Distribuição de Dependentes da colabo-
198517 do recente em uma população edên- Questionário frequência ração do paciente, prove-
tula e avaliar as necessidades odonto- Híbrido nientes de auto avaliações,
lógicas deste grupo, a percepção da específicos a grupo popu-
necessidade de tratamento destes lacional e inespecíficos a
indivíduos e a taxa de utilização de demanda.
serviços odontológicos destas pesso-
as no ano anterior à pesquisa.
Strayer et al., 1988 18 Identificar e examinar fatores ca- Estudo transversal Regressão linear Dependentes da colabo-
pazes de explicar o uso de serviços Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
odontológicos por veteranos não nientes de auto avaliações,
institucionalizados com mais de 55 específicos a grupo popu-
anos de idade. lacional e inespecíficos a
demanda.
Hayward et al., 1989 19 Determinar se os padrões e as ten- Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
dências de utilização de serviços Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
odontológicos reportados previamen- nientes de auto avaliações,
te haviam sofrido alterações. específicos a grupo popu-
lacional e inespecíficos a
demanda.
Holtzman et al. 1990 20 Analisar de forma mais aprofundada Estudo transversal Análise discrimi- Dependentes da colabo-
a relação entre a utilização de servi- Questionário nante ração do paciente, prove-
ços odontológicos e um grupo de va- Híbrido nientes de auto avaliações,
riáveis predisponentes identificadas inespecíficos a grupo po-
em estudos prévios. A estas variáveis pulacional e demanda.
foram adicionadas as variáveis medo
e ansiedade.
Spencer et al., 199521 Determinar fatores que levam ao tra- Estudo longitudinal Regressão logística Dependentes da colabo-
tamento ortodôntico com aparelho Questionário Setor Público ração do paciente, prove-
fixo em adolescentes. nientes de auto avaliações,
específicos a grupo popu-
lacional e demanda.
Schwarz, 1996 22 Analisar as mudanças na demanda Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
por tratamento odontológico em Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
adultos dinamarqueses entre 1975 nientes de auto avaliações,
e 1990 e investigar os efeitos de va- específicos a grupo popu-
riáveis sócio demográficas selecio- lacional e inespecíficos a
nadas na oscilação desta demanda. demanda.
Foram, ainda, aplicadas técnicas
convencionais de análise de coortes
para sequenciar dados de pesquisas
transversais, permitindo a separação
e análise da idade, período e efeito
da coorte na demanda ao longo do
tempo.
Schwarz, 1996a23 Examinar o desenvolvimento da pres- Estudo transversal Distribuição de Independentes da cola-
tação de serviços odontológicos aos Observação frequência boração do paciente, não
adultos dinamarqueses de 1975 a Híbrido provenientes de auto
1990; e analisar as oscilações no pre- avaliações, inespecíficos
ço dos serviços para investigar o im- a grupo populacional e
pacto destas nos gastos do programa demanda.
de saúde do governo e dos pacientes.

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Honkala et al., 1996 24 Analisar as tendências nas consultas Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
odontológicas realizadas por adoles- Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
centes entre 1977 e 1995. nientes de auto avaliações,
específicos a grupo popu-
lacional e inespecíficos a
demanda.
Wong et al., 1997 25 Avaliar a efetividade da anestesia ge- Estudo transversal Distribuição de Independentes da cola-
ral para tratamentos em odontope- Observação frequência boração do paciente, não
diatria e, assim, fornecer evidências Setor privado provenientes de auto ava-
para o planejamento deste serviço liações, específicos a grupo
no futuro. populacional e demanda.

Porter et al., 1999 26 Avaliar de que modo o pagamento Estudo transversal Regressão logística Independentes da cola-
por grupo de procedimentos alterou Observação Setor privado boração do paciente, não
a combinação e o volume de trata- provenientes de auto
mentos odontológicos ofertados nas avaliações, inespecíficos
consultas de rotina. a grupo populacional e
direcionados a demanda
específica.
Grytten et al., 2002 2 Examinar a relação entre renda e Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
demanda e utilização de serviços Observação Setor privado ração do paciente, não
odontológicos por adultos jovens na provenientes de auto ava-
Noruega. liações, específicos a grupo
populacional e inespecífi-
cos a demanda.
Beazoglou et al., 2002 27 Coletar dados capazes de estimar a Estudo transversal Regressão logística Independentes da cola-
oferta e a demanda atual de servi- Observação Setor privado boração do paciente, não
ços odontológicos. A partir destes provenientes de auto
dados foi determinada a demanda avaliações, inespecíficos
futura com base no crescimento po- a grupo populacional e
pulacional e o número de dentistas demanda.
necessários para atendê-la em 2010.
Manski et al., 2004 28 Examinar a os efeitos da queda na Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
renda e da menor disponibilidade Observação Híbrido ração do paciente, prove-
de adesão a planos odontológicos nientes de auto avaliações,
em uma população em processo de específicos a grupo popu-
envelhecimento. lacional e inespecíficos a
demanda.
Nietert et al., 2005 29 Avaliar a efetividade da reforma Estudo transversal Regressão logística Independentes da cola-
instituída no programa Medicaid no Observação Setor público boração do paciente, não
estado americano da Carolina do provenientes de auto ava-
Sul. O público-alvo do estudo foram liações, específicos a grupo
as crianças que passaram a receber populacional e inespecífi-
tratamento odontológico como resul- cos a demanda.
tado desta reforma.
Matos et al., 2007 30 Descrever a frequência do uso de Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
serviços odontológicos em brasileiros Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
idosos por meio da análise dos da- nientes de auto avaliações,
dos da PNAD de dois períodos (1998 específicos a grupo popu-
e 2003). A análise foi realizada sob à lacional e inespecíficos a
luz do modelo conceitual de Ander- demanda.
son e Newman.
Kleinman et al., 2009 31 Fornecer uma análise descritiva dos Estudo transversal Distribuição de Independentes da cola-
dados do Sistema Nacional de Saúde Observação frequência boração do paciente, não
da Inglaterra ao longo do tempo e por Híbrido provenientes de auto
grupo de idade. avaliações, in específicos
a grupo populacional e a
demanda.
Muirhead et al., 2009 32 Empregar o Modelo Comportamental Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
de Gelberg-Andersen para Popula- Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
ções Vulneráveis para identificar fa- nientes de auto avaliações,
tores predisponentes da utilização de específicos a grupo popu-
serviços odontológicos dentre indiví- lacional e inespecíficos a
duos na faixa da pobreza no Canadá. demanda.

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Luzzi et al. 2009 33 Examinar as associações entre as Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
queixas dos pacientes sobre saú- Questionário Setor público ração do paciente, prove-
de bucal e o impacto psicossocial nientes de auto avaliações,
relatado das doenças e desordens específicos a grupo popu-
da cavidade bucal com a avaliação lacional e demanda.
clínica dos cirurgiões-dentistas no
tratamento.
Hicks et al., 2012 34 Investigar a necessidade de sedação Estudo transversal Distribuição de Dependentes da colabo-
profunda ou anestesia geral para Questionário frequência ração do paciente, prove-
realização de tratamento odontope- Setor privado nientes de auto avaliações,
diátrico. específicos a grupo popu-
lacional e demanda.
Romaire et al., 2012 35 Comparar as estimativas de quatro Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
pesquisas nacionais de saúde. As es- Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
timativas e as tendências no uso de nientes de auto avaliações,
serviços odontológicos e a procrasti- específicos a grupo popu-
nação da consulta ao dentista foram lacional e inespecíficos a
comparadas por meio de característi- demanda.
cas sociodemográficas chave.
Lin et al., 2012 36 Determinar as alterações na natureza Estudo transversal Regressão linear Independentes da cola-
e nas localidades em que os serviços Observação Híbrido boração do paciente, não
odontológicos passaram a ser pres- provenientes de auto
tados após a implementação de um avaliações, inespecíficos
novo orçamento para a saúde. a grupo populacional e
demanda.
Isong et al., 201237 Analisar a comparar as tendências Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
nas taxas de utilização de serviços Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
odontológicos entre crianças afro nientes de auto avaliações,
americanas e brancas e determinar se específicos a grupo popu-
as disparidades entre as duas etnias lacional e inespecíficos a
sofreram alterações ao longo do tem- demanda.
po ou se persistem quando variáveis
sócio demográficas são consideradas.
Badran et al., 2013 38 Identificar fatores capazes de in- Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
fluenciar a adesão ao tratamento Questionário Híbrido ração do paciente, não
ortodôntico. provenientes de auto ava-
liações, específicos a grupo
populacional e demanda.
Al-Haboubi et al., 2013 39 Explorar se há desigualdades rela- Estudo transversal Regressão de Pois- Dependentes da colabo-
cionadas ao uso de serviços odon- Questionário son ração do paciente, prove-
tológicos por adultos residentes em Híbrido nientes de auto avaliações,
áreas socialmente desfavorecidas de específicos a grupo popu-
Londres, avaliar a satisfação destes lacional e inespecíficos a
pacientes com os serviços utilizados demanda.
e as percepções do público sobre
possíveis melhorias do serviço local.
Schwendicke et al., 2016 Comparar a oferta e a demanda de Estudo transversal Teste de Wilcoxon Independentes da cola-
40 serviços odontológicos em 2001 e Observação e geoprocessa- boração do paciente, não
em 2011. mento provenientes de auto
Setor público avaliações, inespecíficos
a grupo populacional e
demanda.
Jäger et al., 201641 Estimar a oferta e a demanda por ser- Estudo transversal Análise de corre- Independentes da cola-
viços odontológicos em 2030. Observação lação e geopro- boração do paciente, não
cessamento provenientes de auto
Setor público avaliações, inespecíficos
a grupo populacional e
demanda.

Doan et al., 201642 Analisar o efeito da expansão dos Estudo transversal Teste qui-quadra- Independentes da cola-
benefícios para tratamentos odon- Observação do e geoprocessa- boração do paciente, não
tológicos de adultos no Medicaid do mento provenientes de auto
estado americano do Colorado. Setor público avaliações, inespecíficos
a grupo populacional e
demanda.

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Leinsalu et al., 2018 43 Avaliar as tendências e desigualdades Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
na utilização de serviços odontológi- Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
cos na Estonia e na Lituânia sob a óti- nientes de auto avaliações,
ca das alterações macroeconômicas específicos a grupo popu-
em larga escala que ocorreram entre lacional e inespecíficos a
2004 e 2012, e estimar em qual ex- demanda.
tensão as diferenças entre a utiliza-
ção dos serviços ao longo dos anos
pode dever-se ao nível educacional,
status empregatício e indicadores de
saúde bucal.
Pilotto et al., 2017 3 Descrever as tendências no uso de Estudo transversal Regressão logística Dependentes da colabo-
serviços médicos e odontológicos Questionário Híbrido ração do paciente, prove-
relacionados à adesão a planos pri- nientes de auto avaliações,
vados de saúde e nível educacional. específicos a grupo popu-
lacional e inespecíficos a
demanda.
Luo et al., 201844 Comparar as proporções de consultas Estudo transversal Regressão linear e Dependentes da colabo-
ao dentista em adultos dentados com Questionário regressão logística ração do paciente, prove-
diabetes, pré-diabetes ou sem diabe- Híbrido nientes de auto avaliações,
tes. Além disso, o estudo avaliou, ain- específicos a grupo popu-
da, se disparidades étnicas e raciais lacional e demanda.
sofreram alterações de 2004 a 2014.
Fonte: Os autores, 2020.

Dos documentos selecionados, o estudo mais antigo foi publicado em 1984 16 e o mais
recente em 2018. 44 Os estudos foram conduzidos em diversos países, sendo a sua maioria
nos Estados Unidos. Dois estudos brasileiros atenderam aos critérios de seleção e foram
incluídos nesta revisão. 3, 30 A descrição dos artigos por origem encontra-se no quadro 2.

Quadro 2. Origem dos textos incluídos nesta revisão.


Austrália 2
Brasil 2
Canadá 2
Estados Unidos 12
Europa 11
Jordânia 1
Taiwan 1
Fonte: Os autores, 2020.

As estratégias identificadas foram: estudos de temporalidade transversal em que o


instrumento foi a aplicação de questionário; 3, 17-19, 22, 24, 30, 32-35, 37-39, 43, 44 estudos de temporali-
dade transversal nos quais o instrumento foi a observação; 2, 16, 23, 25-29, 31, 36, 40-42
e estudo de
temporalidade longitudinal onde o instrumento foi a aplicação de questionário. 21 Destas, a
mais prevalente foi o estudo de temporalidade transversal em que o instrumento foi a apli-
cação de questionário, empregada em 41,93% dos estudos.
Em se tratando do modelo de análise, o mais usual foi a regressão logística, empregada
em mais da metade dos textos, 2, 3, 19, 21, 22, 24, 26, 27- 31, 33, 35, 37, 38, 43, 44 seguida pela distribuição de
frequência, utilizada em 19,35% dos estudos. A regressão linear, 18, 36 a análise discriminante
, a regressão de Poison 39 e o geoprocessamento 40 - 42 foram os modelos menos recorrentes.
20

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Aproximadamente 65% dos estudos não dissociou os setores da saúde em público
e privado para avaliar a demanda sendo, portanto, classificados como híbridos. 2, 43, 16, 17,

18 - 20, 22 - 24, 28, 30 - 32, 35 - 39, 44


Seis autores avaliaram o setor público 21, 29, 33, 40, 41, 42 e cinco o setor
privado. 2, 25, 26, 27, 34.

DISCUSSÃO

O primeiro estudo nacional incluído nessa revisão foi publicado em 2007, período in-
tercorrente ao aumento exacerbado dos cursos de Odontologia de 137% entre os anos de
1991 e 2008. 45 Tal fato denota a carência de análises brasileiras no tocante à compatibili-
dade da demanda com o incremento expoente da oferta. Situação oposta foi observada em
países desenvolvidos, que avaliam a demanda em Odontologia desde a década de 80 16 - 19
e, atualmente, registram uma relação entre oferta e demanda por serviços odontológicos
distante da brasileira. 10, 11
Estudos têm demonstrado diminuição na utilização de serviços odontológicos.3, 46,
47
No Brasil, as mudanças observadas nas últimas décadas com o surgimento dos convê-
nios odontológicos, o aumento das faculdades de Odontologia e o avanço tecnológico não
absorvido pelo mercado acarretaram queda nos lucros privados dos cirurgiões-dentistas. 6
Portanto, a baixa contribuição de estudos brasileiros nesta revisão (9,37%) indica escassez
de conhecimento acerca do assunto e revela uma área de interesse para estudos futuros.
Nesses estudos em potencial, é desejável que as avaliações da demanda por serviços
odontológicos dissociem os setores público e privado com o intuito de ponderar as dispari-
dades intrínsecas a cada um dos contextos. Constatação baseada no crescimento de 62,8%
registrado no mercado de planos odontológicos entre 2010 e 2016 48 e de 7,2% no período
de dezembro de 2018 a dezembro de 2019. 49
E nos resultados de estudos recentes que
demonstraram que no setor público brasileiro há muitos habitantes para poucos cirurgiões-
-dentistas e no setor privado há poucos habitantes para muitos profissionais. 6
Além disso, como as características do sistema de saúde local também são relevantes
no processo de investigação da utilização de serviços odontológicos, 50 é oportuno salientar
que as avaliações dessa revisão estão sujeitas a vieses inerentes ao seu país de origem.
Logo, reitera-se a relevância do desenvolvimento de estudos nacionais acerca do tema.
Nessa revisão, a temporalidade da maior parte dos estudos foi do tipo transversal 2, 3,
43, 17-32, 34-40, 42
Apesar da concordância na estratégia empregada, os estudos divergiram em
relação à natureza dos dados empregados nas análises. A maior parte dessas avaliações
foram embasadas em informações provenientes da aplicação de questionários dirigidos
aos pacientes. 2, 3, 18 - 20, 23, 24, 28, 30, 32, 37, 39, 44 Entretanto, a aplicação de questionários pressupõe

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alguma imprecisão nas respostas fornecidas, tanto pela maneira como o entrevistado en-
tende a questão quanto pela forma como a pergunta é construída. 51
Ainda em relação à temporalidade, somente um dos estudos foi do tipo longitudinal. 21
Houve estudos que compararam sucessivas análises transversais 3, 16, 21, 22, 25, 29, 30, 35, 37, 40, 42,

44
e um estudo foi descrito como longitudinal do tipo antes e depois, 36 mas após a leitura
completa do texto foi constatado tratar-se de uma série de estudos transversais. Portanto,
há, nessa revisão, carência de estudos capazes de atribuir fatores causais à demanda por
serviços odontológicos. Além da causa, a dissociação da utilização em preventiva e curati-
va é um dado importante nas avaliações em saúde 52 que não foi considerado em grande
parte dos estudos.
Divergências foram verificadas na caracterização do indivíduo considerado usuário de
serviços odontológicos. Algumas análises foram embasadas na resposta referente à realiza-
ção ou não de consulta ao cirurgião-dentista dentro dos últimos doze meses dentro de um
questionário que englobava assuntos diversos. 2, 3, 30, 37, 39 Alguns estudos quantificaram as
consultas odontológicas realizadas no ano que antecedeu o estudo, 18, 28 ou nos últimos cinco
anos, 23 outros exploraram a natureza da consulta odontológica ocorrida 19 ou investigaram
a saúde bucal do entrevistado 32 e adicionaram à essas informações dados referentes à
forma de pagamento pelos serviços. 39 Houve estudos que, apesar de pesquisarem informa-
ções sobre o status dental do indivíduo, classificaram como usuário aquele que consultou o
cirurgião-dentista nos últimos doze meses. 20
Um estudo também julgou usuário o respon-
dente que afirmou ter ido ao consultório odontológico nos últimos 24 meses. 24 A ocorrência
dessas incompatibilidades revelou uma imprecisão no tocante às estratégias empregadas.
No que diz respeito ao modelo de análise dos dados, a regressão logística foi o método
mais usual. A regressão logística é um método estatístico que testa a interação entre variá-
veis independentes e seus desfechos. O segundo modelo mais utilizado foi a distribuição
de frequências, que compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências
dos diferentes resultados observados, 53 e, sendo assim, não objetiva explorar associações
entre variáveis.
Apesar da legitimidade de ambos os modelos, verificou-se que os métodos estatís-
ticos fornecem resultados cuja interpretação é complexa nos casos em que mais de duas
variáveis são consideradas simultaneamente. 54 Constatação relevante ao considerar a difi-
culdade de compreensão das avaliações da demanda em saúde decorrente da diversidade
de determinantes individuais que ocorrem simultaneamente e cuja segregação é impraticá-
vel. 47
Dificuldade esta que é agravada pela relação de dependência demonstrada entre o
comportamento da demanda por serviços de saúde e as particularidades que envolvem a
assistência em saúde. 55, 56 Por isso, há um crescente interesse no uso de técnicas oriundas

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da inteligência artificial, 57, 58 ainda que nenhum estudo incluído nessa revisão tenha empre-
gado técnicas dessa natureza.
As características extraídas para categorização dos resultados alcançados buscaram
verificar a reprodutibilidade dos mesmos em cenários diversos. Os resultados obtidos foram
classificados, primeiramente, como dependentes da colaboração do paciente nos casos
em que a ocorrência do estudo dependia da concordância por parte do paciente em algum
momento do processo da coleta de dados. Essa característica foi considerada um impedi-
mento da reprodutibilidade já que os fatores responsáveis pelas diferenças nos níveis de
saúde bucal entre as populações envolvem o tipo e a frequência de ingestão alimentar, a
prática e a frequência de cuidados de higiene oral, o tipo de serviços de saúde, o nível de
acesso aos serviços públicos, as condições socioeconômicas dos indivíduos, as crenças,
hábitos culturais e valores. 59
Os resultados foram, ainda, classificados como provenientes de auto avaliações uma
vez que as limitações referentes ao empregado dessas conjecturas são inevitáveis. No Brasil,
a idade foi considerada um fator importante na determinação da validade e da utilidade da
auto percepção 60 e constatou-se que instrumentos válidos em determinados contextos não
necessariamente o serão em outros. 61 Ainda no contexto brasileiro, a auto avaliação nega-
tiva da saúde bucal foi significativamente maior entre os que apresentaram menor renda e
menor escolaridade, e ter realizado a última consulta em consultório público aumentou em
10,0% a prevalência de auto avaliação negativa da saúde bucal. 62 Tal constatação denota
grande peso cultural no teor das auto avaliações.
A limitação dessa revisão foi a inclusão de estudos que analisaram um grupo populacio-
nal ou demanda específica. Tais estudos não produziram conhecimento acerca da previsão
da demanda por serviços odontológicos em geral, objeto desta revisão, e, mesmo assim,
atenderam aos critérios de inclusão desta, denotando falha no delineamento dos critérios
de inclusão. Esses textos podem trazer estratégicas eficazes para certos nichos da popu-
lação ou áreas da Odontologia e, sendo assim, requerem uma avaliação individualizada e
aprofundada que foge do escopo desse estudo.

CONCLUSÕES

A independência da colaboração do paciente, o consenso na literatura da definição


do perfil do usuário, o emprego de modelos de análise adequados, o desenvolvimento de
estudos longitudinais, a dissociação dos tratamentos efetivados em curativos e preventivos
e o direcionamento das análises ao setor público ou privado foram considerados fatores de-
sejáveis para a assertividade e reprodutibilidade das estratégias de interesse dessa revisão.

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Os estudos transversais desenvolvidos a partir do emprego de questionários dirigidos
aos pacientes, estratégia mais usual, apesar de relevantes, foram considerados limitados
para propiciar uma melhor gestão dos recursos e embasar o planejamento de políticas que
buscam equilibrar a relação entre a oferta e a demanda por serviços odontológicos. Tal
constatação advém do fato de que os resultados dessas estratégias são dependentes da
colaboração do paciente e apresentam alto grau de subjetividade.
Contudo, as estratégias empregadas na literatura para prever a demanda por serviços
odontológicos foram identificadas. A partir dos resultados dessa revisão, foi demonstrada
uma lacuna do conhecimento na esfera nacional. Além disso, foi gerado conhecimento capaz
de apoiar estudos futuros voltados à compreensão de aspectos referentes à previsibilidade
da demanda por serviços odontológicos.

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08
FATORES DE RISCO COMPORTAMENTAIS
MODIFICÁVEIS E DOENÇAS CRÔNICAS: ANÁLISE
DE DADOS DO INQUÉRITO TELEFÔNICO VIGITEL
(2019)

Luana Lopes Padilha Rayla Edwiges Sales da Silva


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão (IFMA - Campus Barreirinhas) Maranhão (IFMA - Campus Barreirinhas)

Dafiny Heloá Baltazar Fernandes Lilian Fernanda Pereira Cavalcante


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Maranhão (IFMA - Campus Barreirinhas)

Nataniele Ferreira Viana


Jamily Mendes Rodrigues Hospital Universitário da Universidade Federal do Ma-
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ranhão (HU-UFMA)
Maranhão (IFMA – Campus Barreirinhas)

Samiria de Jesus Lopes Santos


Kassia Kayllane Veras Vitor Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do do Maranhão (IEMA)
Maranhão (IFMA - Campus Barreirinhas)

Wyllyane Rayana Chaves Carvalho


Kaylane Santos Silva Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (SES-MA)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão (IFMA - Campus Barreirinhas)

'10.37885/230613418
RESUMO

Objetivo: Analisar a associação entre os fatores de risco comportamentais modificáveis e


as doenças crônicas não transmissíveis na população brasileira, segundo dados do inquérito
telefônico Vigitel de 2019. Métodos: Estudo transversal, realizado por meio de dados secun-
dários do inquérito telefônico Vigitel do ano de 2019. Foram completadas 52.443 entrevistas
legíveis, apresentando uma taxa de sucesso do sistema de 69,2%, variando entre 59%, em
Macapá, e 75%, em Salvador e no Distrito Federal. Para obter os dados dos entrevistados
foi aplicado um questionário sobre as condições sociodemográficas, condições de saúde e
os fatores de risco comportamentais modificáveis para doenças crônicas não transmissíveis.
Dos dados disponíveis, foram utilizados: fatores sociodemográficos (variáveis confundidoras),
fatores de risco comportamentais modificáveis (variáveis de exposição) e doenças crônicas
(excesso de peso, obesidade, diabetes e hipertensão), como desfecho. As associações
entre as variáveis de exposição e desfecho foram determinadas por meio das razões de
prevalência por regressão de Poisson, utilizando modelo hierarquizado (p<0,05). O software
Stata® versão 14.0 foi utilizado nas análises. Resultados: Os fatores associados às doen-
ças crônicas, no modelo final, foram: sexo feminino (RP: 0,95; IC95%: 0,92-0,98; p=0,001);
ter 25 anos ou mais de idade (p<0,0001); ter companheiro(a) (p<0,0001), ser viúvo(a) (RP:
1,25; IC95%: 1,18-1,30; p<0,0001), separado(a) ou divorciado(a) (RP: 1,10; IC95%: 1,03-
1,16; p=0,006); ser de cor preta (RP: 1,11; IC95%: 1,05-1,16, p<0,0001) ou parda (RP:
1,07; IC95%: 1,04-1,11; p<0,0001); ter menos anos de escolaridade: 0 a 8 anos (RP: 1,10;
IC95%: 1,05-1,14; p<0,0001) e 9 a 11 anos (RP: 1,06; IC95%: 1,02-1,10; p=0,002); abusar
no consumo de bebida alcoólica (RP: 1,07; IC95%: 1,03-1,12; p<0,0001); consumir menos
de cinco vezes por semana feijão (RP: 1,05; IC95%: 1,02-1,08; p<0,0001); consumir menos
de cinco grupos de alimentos in natura ou minimamente processados (RP: 1,05; IC95%:
1,02-1,08; p=0,001) e consumir cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados (RP:
0,94; IC95%: 0,90-0,98; p=0,015). Conclusão: Desta forma, marcadores relacionados à
desigualdade social e aos maus hábitos alimentares estiveram relacionados às maiores
prevalências de doenças crônicas da população brasileira, o que ressalta a importância de
políticas públicas que reduzam tais desigualdades e políticas regulatórias que previnam o
abuso do álcool, promovam a adoção de práticas alimentares mais saudáveis, assim como
outras práticas adequadas em saúde.

Palavras-chave: Fatores de Risco, Doenças não Transmissíveis, Sistema de Vigilância por


Inquérito Telefônico, Vigitel.
INTRODUÇÃO

Um grande problema relacionado ao sistema de saúde pública em âmbito tanto nacional


como internacional é o crescimento ininterrupto das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT). Estas doenças são responsáveis por 71% de todas as mortes no mundo; destas,
mais de 85% são precoces, entre 30 a 69 anos de idade, e ocorrem especialmente em países
de baixa e média renda (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2018).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma série de fatores de ris-
co, em sua grande maioria evitáveis, atende pela maior parte dos óbitos por DCNT e pela
maioria de doenças ocasionadas por estas enfermidades. Dentre estes fatores destacam-se
o tabagismo, a alimentação não saudável, o sedentarismo e o excesso no consumo de be-
bidas alcoólicas, os quais são chamados pela OMS como fatores de risco comportamentais
modificáveis (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2018).
O excesso no consumo de álcool e o tabagismo influenciam diretamente na qualidade
de vida pessoal e social, assim como podem desenvolver doenças graves, como o câncer.
Órgãos de fiscalização mostram-se ineficazes quanto ao monitoramento da distribuição
desses produtos, como consequência, o acesso aos demais é facilitado, permitindo o con-
sumo cada vez mais precoce por partes de adolescentes, desrespeitando a faixa etária para
consumo e propiciando o desenvolvimento adiantado de DCNT. Além de ocasionar uma
série de problemas na saúde do indivíduo, o crescimento contínuo das DCNT traz consigo
uma série de problemas públicos, como: escassez de produtos, aumento significativo de
internações hospitalares, superlotação de unidade de saúde, aumento da demanda por
serviços de saúde (OPAS, 2019).
Além disso, a alimentação não saudável (AFSHIN et al., 2019) e o sedentarismo
(GONZÁLEZ; FUENTES; MÁRQUEZ, 2017), propiciam o surgimento de diversas doenças,
como o câncer, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade, que constituem
o maior número de encargo para os sistemas de saúde quando comparado aos problemas
causados pelo álcool e tabagismo.
A ascensão das doenças crônicas tem aumentado a preocupação de diversos órgãos de
saúde em diferentes países, já que seus índices acompanham o índice de desenvolvimento
socioeconômico. Estima-se um custo associado às DCNT, em torno de US$ 7 trilhões, no
período entre 2011-2025, nos países de média ou baixa renda (MALTA et al., 2017).
Esse padrão de morbimortalidade tem sido atribuído ao processo de transição epide-
miológica, caracterizado pelo incremento das DCNT e declínio das doenças transmissíveis,
paralelo ao processo da transição nutricional, marcada pelo aumento do consumo de alimen-
tos processados e ultraprocessados e diminuição do consumo de alimentos naturais. Essas
mudanças no padrão alimentar e no estilo de vida imprimiram um aumento significativo na

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prevalência de excesso de peso e obesidade, sendo que esta tem sido considerada como
um dos principais fatores de risco para as DCNT (DE SOUZA, 2017).
A atual crise no sistema de saúde nacional e internacional por conta do novo coro-
navírus acentua a urgência de medidas de enfrentamento a prevenção às DCNT, devido
à disparidade no número de mortalidade de pessoas com comorbidades preexistentes em
relação às pessoas consideradas saudáveis (ESTRELA et al., 2020).
Sabe-se que os fatores de risco comportamentais modificáveis estão fortemente relacio-
nados com a prevalência das DCNT, tanto a nível mundial como no Brasil. Assim, em virtude
da importância das DCNT no definir do perfil epidemiológico da população brasileira, também
pela maioria de seus causadores serem passíveis de prevenção, o Ministério da Saúde do
Brasil implantou em 2006, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas
por Inquérito Telefônico (Vigitel) por intermédio da Secretaria de Saúde, com o objetivo de
monitorar a magnitude das DCNT no país, assim como analisar seus determinantes sociais,
econômicos e comportamentais com a finalidade de estabelecer políticas e estratégias que
beneficiem a saúde pública.
Neste sentido, pretende-se analisar a associação entre os fatores de risco comporta-
mentais modificáveis e as doenças crônicas não transmissíveis na população das capitais
brasileiras, segundo dados do inquérito telefônico Vigitel de 2019.

MÉTODOS

Delineamento e local do estudo

O presente estudo configura-se como um estudo quantitativo, analítico, de caráter


transversal, de base populacional, que será realizado por meio de dados secundários do
inquérito telefônico Vigitel do ano de 2019 (BRASIL, 2020). O Vigitel foi criado em 2006 e
aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa para Seres Humanos do Ministério da Saúde.
Este inquérito entrevista pessoas com 18 anos ou mais de idade, residentes nas 26 capitais
do país e na capital do Distrito Federal, Brasília, por meio de ligações telefônicas, sendo a
mais completa pesquisa brasileira sobre os fatores de risco e de proteção para DCNT.

População e Amostra do Estudo

Os procedimentos de amostragem empregados pelo Vigitel visam obter, em cada


uma das capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, amostras probabilísticas
da população de adultos (≥ 18 anos de idade) que residem em domicílios servidos por, ao
menos, uma linha telefônica fixa (BRASIL, 2020).

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As etapas da amostragem para o ano de 2019, consistiu no sorteio de ao menos cinco
mil linhas telefônicas por capital, estratificadas pelo código de endereço postal (CEP), segui-
da pelo sorteio de um dos adultos que residam no domicílio sorteado. Esta última etapa foi
executada somente após a identificação entre as linhas sorteadas que são elegíveis para o
sistema, não sendo elegíveis aquelas que pertençam a alguma empresa, linhas desativadas
ou encontradas fora de serviço, linhas que não responderam ao menos seis tentativas de
chamadas (BRASIL, 2020).
O Vigitel sorteou em 2019, 197.600 linhas telefônicas em todas as 26 capitais do Brasil
mais Brasília, identificando 75.789 linhas elegíveis, totalizando uma média individual de 7.200
ligações para cada capital. Ao final, foram completadas 52.443 entrevistas com pessoas de
18 anos ou mais de idade, o que indica uma taxa de sucesso do sistema de 69,2%, variando
entre 59%, em Macapá, e 75%, em Salvador e no Distrito Federal (BRASIL, 2020).
Neste sentido, na presente pesquisa, foram incluídos todos os indivíduos com 18 anos
ou mais de idade, de ambos os sexos, entrevistados pelo inquérito telefônico e cujas infor-
mações avaliadas estavam disponíveis para verificação e análise (n=52.443).
Maiores detalhes sobre a amostragem deste inquérito pode ser obtido em publicação
própria (BRASIL, 2020).

Coleta de Dados

As entrevistas telefônicas realizadas pelo Vigitel no ano de 2019 foram feitas entre os
meses de janeiro e dezembro de 2019, e foram realizadas por uma empresa especializa-
da. A equipe responsável pelas entrevistas – envolvendo aproximadamente 32 entrevistado-
res, 2 monitores, 2 supervisores e 1 coordenador--geral – recebeu treinamento prévio e foi
supervisionada, durante a operação do sistema, por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas
Epidemiológicas em Nutrição em Saúde (Nupens/USP), do Grupo de Estudos, Pesquisas e
Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde (Geppaas/UFMG) e por técnicos da Secretaria de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) (BRASIL, 2020).
Para a obtenção dos dados dos entrevistados foi aplicado um questionário sobre as
condições sociodemográficas, condições de saúde, e os fatores comportamentais modifi-
cáveis para DCNT.
Dos dados disponíveis, os seguintes foram utilizados na presente pesquisa:
a) Variáveis confundidoras:

– Características sociodemográficas dos indivíduos: sexo, faixa etária, estado conju-


gal atual, raça/cor, anos de escolaridade e recebimento de benefício do programa
Bolsa Família pelo próprio entrevistado ou alguém da família.

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b) Variáveis de exposição - Fatores comportamentais modificáveis:

– Prática de exercício físico, abordada pelas seguintes variáveis: prática de exercícios


físicos nos últimos três meses (sim e não); prática o exercício pelo menos uma vez
por semana (sim e não); inatividade física (sim e não) e tempo do exercício físico
por semana (menor ou igual a 150 minutos e maior que 150 minutos por semana);
– Tabagismo atual (sim e não): obtido pelo número de indivíduos fumantes/número de
indivíduos entrevistados;
– Número de cigarros por dia (menor que 20 cigarros e maior ou igual a 20 cigarros
por dia): número de indivíduos que fumam 20 ou mais cigarros por dia/número de
indivíduos entrevistados;
– Consumo abusivo de bebidas alcoólicas (sim e não): número de adultos que consu-
miram bebida alcoólica de forma abusiva/número de entrevistados. Foi considerado
consumo abusivo de bebidas alcoólicas cinco ou mais doses (homem) ou quatro ou
mais doses (mulher) em uma única ocasião, pelo menos uma vez nos últimos 30
dias;
– Tempo de tela (hábito de assistir à televisão e uso de computador, tablet ou celular
no tempo livre, menor que três horas por dia e maior ou igual a três horas por dia);
– Consumo regular de hortaliças (menor que cinco e cinco ou mais vezes por dia):
número de indivíduos que consomem hortaliças em cinco ou mais dias da semana/
número de indivíduos entrevistados;
– Consumo regular de frutas (menor que cinco e cinco ou mais vezes por dia): número
de indivíduos que consomem frutas em cinco ou mais dias da semana/número de
indivíduos entrevistados;
– Consumo recomendado de frutas e hortaliças (sim e não): número de indivíduos
com consumo recomendado de frutas e de hortaliças/número de indivíduos entre-
vistados. A recomendação para o consumo de frutas e hortaliças é de cinco porções
diárias. A recomendação para o consumo de frutas e hortaliças foi considerada al-
cançada quando o indivíduo referiu o consumo destes alimentos em pelo menos
cinco dias da semana, e quando a soma das porções consumidas diariamente des-
ses alimentos totalizava pelo menos cinco;
– Consumo regular de feijão (menor que cinco e cinco ou mais dias da semana): nú-
mero de indivíduos que referem consumir feijão em cinco ou mais dias por semana/
número de indivíduos entrevistados;
– Consumo regular de bebidas açucaradas (menor que cinco e cinco ou mais dias da
semana): número de indivíduos que costumam consumir refrigerante (ou refresco/
suco artificial) em cinco ou mais dias por semana/número de indivíduos entrevista-
dos;

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– Consumo de cinco ou mais grupos de alimentos in natura ou minimamente proces-
sados protetores para doenças crônicas no dia anterior à entrevista (menor que cin-
co e cinco ou mais grupos por semana): número de indivíduos que consumiram cin-
co ou mais grupos de alimentos não ou minimamente processados protetores para
doenças crônicas no dia anterior à entrevista/número de indivíduos entrevistados;
– Consumo de cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados no dia anterior à
entrevista (menor que cinco e cinco ou mais grupos por semana): número de indiví-
duos que consumiram cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados no dia
anterior à entrevista/número de indivíduos entrevistados.

c) Desfecho – Doenças crônicas não transmissíveis (sim e não): usou-se a variável


doenças crônicas para as análises estatísticas, considerando a presença de qualquer uma
das doenças listadas a seguir.

– Excesso de peso (sim e não): número de indivíduos com excesso de peso/número


de indivíduos entrevistados. Foi considerado com excesso de peso o indivíduo com
índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m2 (WHO, 2000), calculado a partir do peso
em quilos dividido pelo quadrado da altura em metros, ambos autorreferidos;
– Obesidade (sim e não): número de indivíduos com obesidade/número de indivíduos
entrevistados. Foi considerado com obesidade o indivíduo com índice de massa
corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2 (WHO, 2000), calculado a partir do peso em quilos dividi-
do pelo quadrado da altura em metros, ambos autorreferidos;
– Diagnóstico médico de hipertensão arterial (sim e não): número de adultos que re-
feriram diagnóstico médico de hipertensão arterial/número de indivíduos entrevis-
tados;
– Diagnóstico médico de diabetes mellitus (sim e não): número de adultos que referi-
ram diagnóstico médico de diabetes/número de indivíduos entrevistados.

Análise de Dados

Os dados extraídos do banco de dados do Vigitel (2019) foram organizados no softwa-


re Microsoft Office Excel® 2016. As variáveis categóricas foram descritas por frequências
relativas e seus respectivos intervalos de confiança (IC 95%).
As estimativas foram ponderadas para a população de cada cidade, atribuindo pesos
finais a cada indivíduo de forma a igualar a composição sociodemográfica estimada para a
população de adultos com telefone da amostra do Vigitel, à composição sociodemográfica
que se estima para a população adulta total da mesma cidade. O peso pós-estratificação foi
calculado pelo método Rake, considerando o delineamento amostral da pesquisa.

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As associações entre as variáveis de exposição e o desfecho (doença crônica) foram
estimadas por meio de razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson, utilizando mo-
delo hierarquizado, da seguinte forma: no Modelo 1, realizou-se a associação do desfecho
doença crônica com os fatores sociodemográficos, as variáveis que associaram (p<0,05)
foram incluídas no modelo 2; no Modelo 2, foi realizada a associação das doenças crônicas
com os fatores relacionados ao estilo de vida dos participantes, e de maneira semelhante
ao anterior, as variáveis com p<0,05 foram incluídas no Modelo 3, que associou o desfecho
com os fatores alimentares; por fim, o Modelo Final foi construído, com as variáveis que
associaram no modelo anterior (p<0,05). O nível de significância adotado no modelo final
também foi de 5%. O software utilizado foi o STATA® (StataCorp, LC) versão 14.0. Os re-
sultados foram apresentados em forma de tabelas.

Aspectos Éticos

O inquérito Vigitel foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para
Seres Humanos, do Ministério da Saúde (CAAE: 65610017.1.0000.0008). A assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) do inquérito foi substituída pelo con-
sentimento verbal do entrevistado no momento da ligação telefônica. Ademais, a presente
pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Carlos Macieira e foi
aprovada sob número de parecer 4.723.720, em 20 de maio de 2021.

RESULTADOS

As informações sociodemográficas dos adultos brasileiros entrevistados pelo inquérito


telefônico Vigitel de 2019 estão descritas na Tabela 1.

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Tabela 1. Características sociodemográficas de adultos, segundo sexo. Vigitel (2019).

Sexo
Masculino Feminino
Variável Total
(45,98%)¹ (54,02%)¹
%¹ IC 95%² %¹ IC 95%² %¹ IC 95%²
Faixa etária (anos)
18 a 24 13,76 13,11-14,44 16,50 15,42-17,65 11,43 10,67-12,24
25 a 34 25,04 24,06-26,05 26,86 25,28-28,51 23,49 22,28-24,74
35 a 44 18,83 18,13-19,56 18,20 17,08-19,38 19,37 18,49-20,28
45 a 54 17,90 17,22-18,60 17,15 16,06-18,30 18,53 17,70-19,39
55 a 64 13,10 12,60-13,62 11,85 11,08-12,68 14,17 13,53-14,83
65 anos e mais 11,36 10,99-11,75 9,42 8,87-10,01 13,01 12,52-13,52
Estado conjugal atual
Solteiro(a) 42,70 41,74-43,66 45,29 43,74-46,86 40,49 39,30-41,68
Casado(a) legalmente 35,22 34,34-36,09 36,35 34,93-37,79 34,25 33,19-35,33
Tem união estável há mais de
11,06 10,43-11,71 12,05 11,02-13,15 10,21 9,47-11,01
seis meses
Viúvo(a) 4,74 4,49-5,00 1,36 1,16-1,60 7,61 7,19-8,05
Separado(a) ou divorciado(a) 5,95 5,57-6,36 4,67 4,09-5,34 7,04 6,56-7,56
Não quis informar 0,31 0,22-0,44 0,25 0,13-0,48 0,37 0,26-0,53
Raça / Cor
Branca 40,99 40,05-41,93 38,74 37,24-40,26 42,90 41,74-44,06
Preta 10,63 10,02-11,27 12,10 11,08-13,21 09,38 08,69-10,11
Amarela 0,81 0,68-0,98 0,81 0,63-1,05 0,82 0,63-1,05
Parda 39,93 39,01-40,87 40,69 39,19-42,22 39,29 38,16-40,43
Indígena 1,13 0,97-1,32 1,35 1,07-1,70 0,94 0,77-1,15
Não sabe 0,46 0,35-0,60 0,57 0,37-0,89 0,36 0,29-0,45
Não quis informar 6,01 5,60-6,46 0,14 0,06-0,28 0,06 0,03-0,10
Anos de escolaridade
0 a 8 anos 28,79 27,92-29,68 28,89 27,45-30,38 28,71 27,67-29,76
9 a 11 anos 38,37 37,46-39,29 39,91 38,42-41,42 37,06 35,95-38,19
12 anos e mais 32,82 31,93-33,72 31,18 29,78-32,62 34,22 33,10-35,35
Bolsa Família
Sim 6,00 5,51-6,54 5,17 4,38-6,09 6,71 6,11-7,37
Não 92,24 91,63-92,80 92,58 91,52-93,52 91,94 91,24-92,59
Não sabe 1,75 1,48-2,07 2,24 1,73-2,88 1,33 1,11-1,60
¹ Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta do Brasil.
² IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Vigitel, 2020.

A maioria dos adultos brasileiros apresentou comportamentos favoráveis relacionados à


prática do exercício físico, ao menor tempo de assistir televisão, ao menor consumo abusivo
do álcool e ao não tabagismo, exceção para o tempo de tela, no qual predominou o tempo
de três horas ou mais. Na comparação entre sexos, as mulheres apresentaram melhores
comportamentos em relação ao menor tempo de tela, ao menor consumo abusivo do álcool,
não fumar e ao menor número de cigarros fumados por dia (Tabela 2).
Quanto à alimentação, predominaram como pontos positivos as maiores frequências
do consumo regular de frutas e de feijão (cinco ou mais vezes por semana) e os menores

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consumos de bebidas açucaradas e dos alimentos ultraprocessados (menos de cinco ve-
zes por semana). As mulheres apresentaram melhores consumos, exceto para o consumo
regular do feijão (Tabela 2).

Tabela 2. Fatores de risco comportamentais modificáveis de adultos, segundo sexo. Vigitel (2019).

Sexo

Variável Total Masculino Feminino

%¹ IC 95%² %¹ IC 95%² %¹ IC 95%²


Prática de exercício físico
nos últimos três meses
Sim 56,06 55,11-57,00 62,66 61,14-64,17 50,44 49,27-51,61
Não 43,94 43,00-44,89 37,34 35,83-38,86 49,56 48,39-50,73
Prática de exercício físico 1x/
semana
Sim 93,52 92,90-94,10 93,82 92,92-94,61 93,21 92,31-94,02
Não 6,48 5,90-7,10 6,18 5,39-7,08 6,79 5,98-7,69
Inatividade física
Não 86,09 85,46-86,70 86,15 85,06-87,17 86,04 85,30-86,75
Sim 13,91 13,30-14,54 13,85 12,83-14,94 13,96 13,25-14,70
Tempo do exercício físico
>150min/sem 55,19 54,25-56,12 63,87 62,41-65,31 47,80 46,63-48,97
≤ 150min/sem 44,81 43,88-45,75 36,13 34,69-37,59 52,20 51,03-53,37
Hábito de assistir televisão
<3 horas/dia 77,06 76,27-77,83 78,01 76,71-79,26 76,25 75,27-77,20
≥ 3 horas/dia 22,94 22,17-23,73 21,99 20,74-23,29 23,75 22,80-24,73
Tempo de tela total
<3 horas/dia 37,33 36,43-38,24 36,14 34,68-37,63 38,35 37,24-39,46
≥ 3 horas/dia 62,67 61,76-63,57 63,86 62,37-65,32 61,65 60,54-62,76
Consumo abusivo de álcool
Não 81,19 80,37-81,97 74,65 73,26-76,00 86,75 85,82-87,62
Sim 18,81 18,03-19,63 25,35 24,00-26,74 13,25 12,38-14,18
Tabagismo
Não 90,16 89,50 90,78 87,67 86,48 88,78 92,27 91,59 92,91
Sim 9,84 9,22 10,50 12,33 11,22 13,52 7,73 7,09 8,41
Número de cigarros por dia
< 20 cigarros/dia 97,71 97,35-98,01 96,79 96,11-97,36 98,48 98,16-98,75
≥ 20 cigarros/dia 2,29 1,99-2,65 3,21 2,64-3,89 1,52 1,25-1,84
Consumo regular de horta-
liças
< 5x/semana 52,47 51,52-53,42 58,27 56,74-59,79 47,54 46,37-48,71
≥ 5x/semana 47,53 46,58-48,48 41,73 40,21-43,26 52,46 51,29-53,63
Consumo regular de frutas
< 5x/semana 39,05 38,10-40,01 45,17 43,62-46,73 33,83 32,70-34,99
≥ 5x/semana 60,95 59,99-61,90 54,83 53,27-56,38 66,17 65,01-67,30
Consumo regular de frutas
e hortaliças
< 5x/semana 65,69 64,81-66,57 72,12 70,73-73,46 60,22 59,09-61,34
≥ 5x/semana 34,31 33,43-35,19 27,88 26,54-29,27 39,78 38,66-40,91
Consumo recomendado de
frutas e hortaliças
Não 77,09 76,31-77,86 81,62 80,43-82,75 73,24 72,21-74,25

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Sexo

Variável Total Masculino Feminino

%¹ IC 95%² %¹ IC 95%² %¹ IC 95%²


Sim 22,91 22,14-23,69 18,38 17,25-19,57 26,76 25,75-27,79
Consumo regular de feijão
< 5x/semana 40,28 39,37-41,20 33,49 32,10-34,91 46,06 44,91-47,22
≥ 5x/semana 59,72 58,80-60,63 66,51 65,09-67,90 53,94 52,78-55,09
Consumo regular de bebidas
açucaradas
< 5x/semana 84,95 84,15-85,73 81,72 80,34-83,03 87,70 86,78 88,58
≥ 5x/semana 15,05 14,27-15,85 18,28 16,97-19,66 12,30 11,42-13,22
Consumo de alimentos in
natura ou minimamente
processados
< 5 grupos 70,23 69,39-71,05 73,14 71,81-74,43 67,75 66,68-68,79
≥ 5 grupos 29,77 28,95-30,61 26,86 25,57-28,19 32,25 31,21-33,32
Consumo de alimentos ul-
traprocessados
< 5 grupos 81,78 80,96-82,56 78,16 76,81-79,46 84,86 83,87-85,79
≥ 5 grupos 18,22 17,44-19,04 21,84 20,54-23,19 15,14 14,21-16,13
¹ Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta do Brasil.
² IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Vigitel, 2020.

Grande parte da população brasileira apresentou prevalências relativamente baixas em


relação às DCNT avaliadas, com exceção do excesso de peso. Mais da metade da popula-
ção brasileira relatou estar acima do peso (55,37%; IC95%: 54,41-56,32), com prevalência
superior em pessoas do sexo masculino (Homens: 57,13%; IC95%: 55,57-58,67% versus
Mulheres: 53,87%; IC95%: 52,70-55,03%). A presença de qualquer uma das doenças crôni-
cas na população brasileira é de 63,44% (IC95%: 62,50 - 64,37%), ou seja, mais da metade
da população brasileira, com uma prevalência um pouco maior no sexo masculino (Tabela 3).
Entretanto, o sexo feminino apresentou maiores prevalências nas outras três doenças
avaliadas (obesidade, diabetes mellitus e hipertensão arterial). Aproximadamente 1/5 da
população brasileira afirmou ser obesa e ¼ sofrem com problemas de hipertensão arte-
rial. O diabetes mellitus apresentou menor prevalência quando comparada com as demais
(7,45%; IC95%: 7,04 – 7,88%) (Tabela 3).

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Tabela 3. Doenças crônicas não transmissíveis em adultos, segundo sexo. Vigitel (2019).

Sexo

Variável Total Masculino Feminino

%¹ IC 95%² %¹ IC 95%² %¹ IC 95%²


Excesso de peso
Não 44,63 43,68-45,59 42,87 41,33-44,43 46,13 44,97-47,30
Sim 55,37 54,41-56,32 57,13 55,57-58,67 53,87 52,70-55,03
Obesidade
Não 79,73 78,97-80,47 80,54 79,33-81,69 79,04 78,08-79,98
Sim 20,27 19,53-21,03 19,46 18,31-20,67 20,96 20,02-21,92
Hipertensão arterial
Não 75,48 74,72-76,22 78,79 77,61-79,93 72,66 71,68-73,62
Sim 24,52 23,78-25,28 21,21 20,07-22,39 27,34 26,38-28,32
Diabetes mellitus
Não 92,55 92,12-92,96 92,93 92,20-93,59 92,24 91,71-92,73
Sim 7,45 7,04-7,88 7,07 6,41-7,80 7,76 7,27-8,29
Doença crônica³
Não 35,56 35,63-37,50 36,37 34,86-37,91 36,72 35,58-37,86
Sim 63,44 62,50-64,37 63,63 62,09-65,14 63,28 62,14-64,42
¹ Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel à distribuição da população adulta do
Brasil.
² IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
³ Doença crônica: presença de qualquer uma das doenças crônicas (excesso de peso, obesidade, diabetes mellitus ou hiper-
tensão).
Fonte: Vigitel, 2020.

Os fatores associados às DCNT, no modelo final, foram: sexo feminino (RP: 0,95; IC 95%:
0,92-0,98; p=0,001); ter 25 anos ou mais de idade (p<0,0001); ter companheiro(a) (p<0,0001),
ser viúvo(a) (p<0,0001), separado(a) ou divorciado(a) (p=0,006); ser de cor preta ou parda
(p<0,0001); ter menos anos de escolaridade: 0 a 8 anos (p<0,0001) e 9 a 11 anos (p=0,002);
abusar no consumo de bebida alcoólica (p<0,0001); consumir menos de cinco vezes por
semana feijão (p<0,0001); consumir menos de cinco grupos de alimentos in natura ou mi-
nimamente processados (p=0,001) e consumir cinco ou mais grupos de alimentos ultrapro-
cessados (p=0,015) (Dados não apresentados em tabelas).

DISCUSSÃO

O grupo constituído pelas quatro principais DCNT no Brasil (sobrepeso, obesidade,


hipertensão arterial e diabetes mellitus) são as principais causas de morbimortalidade em
âmbito nacional. A prevalência elevada destas doenças declina a qualidade da vida das
pessoas, refletindo no bem-estar social e nos serviços de saúde prestados.
Na pesquisa Vigitel, o sexo feminino apresentou maiores prevalências em três das
DCNT (obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus). Notoriamente, o excesso de peso
predominou nos adultos, destacando-se na prevalência em relação às demais DCNT e sendo

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a única doença crônica que menos prevaleceu no sexo feminino. Chegando a atingir mais da
metade da população, o excesso de peso torna-se um dos mediadores principais para agra-
vos mais sérios na saúde das pessoas, caso não sejam submetidas a tratamento adequado.
Neste estudo, ser do sexo feminino foi fator de proteção para o desenvolvimento de
DCNT na população brasileira. Ainda não está propriamente estabelecido quais diferenças
podem demonstrar a diferença na prevalência de DCNT entre os sexos. Melo et al. (2019),
em seu estudo numa área urbana de pobreza em Recife-PE, destacou que a predominância
de DCNT foi do sexo masculino, com uma diferença estatística relevante. Quanto à Barreto,
Figueiredo e Almeida (2009) em pesquisa dentro do país apresentaram associação entre os
sexos e as DCNT, porém, com maior predominância do sexo feminino.
Dentre os fatores sociodemográficos relacionados às DCNT, destaca-se principalmente
o aumento da predominância das doenças de acordo com a faixa etária. A análise dos dados
demonstra um crescimento paralelo da prevalência de DCNT relacionado à idade.
Estudos anteriores da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2015) já demonstravam
um aumento progressivo no gradiente da prevalência de DCNT no Brasil com o avançar da
idade. Filha et al. (2015) em estudo com dados da PNS, demonstrou que 50,6% (IC 95%:
48,9-52,4%) das pessoas apresentaram problemas de pressão arterial após os 60 anos de
idade, enquanto que, na faixa etária de 18 a 34 anos, a média da prevalência da morbidade
foi de apenas 4,2%. A possibilidade no desenvolvimento de diabetes mellitus na compara-
ção das faixas etárias supramencionadas chega a ser mais de 20 vezes superior após os
60 anos de idade.
A progressão do crescimento das comorbidades com a idade traz consequências re-
levantes, uma vez que existem inter-relações entre as comorbidades, há também possibili-
dades no desenvolvimento de multimorbidades, o que pode acarretar diretamente na piora
das condições de saúde do indivíduo (FILHA et al., 2015).
Ainda sobre os fatores sociodemográficos, o estudo verificou a associação entre as
doenças crônicas e o estado conjugal, demonstrando maior prevalência em pessoas viúvas.
Fiório (2018) em seu estudo sobre a prevalência de doenças crônicas no estado de São
Paulo, entre os anos de 2003 a 2015, relatou que 50,8% (IC95%: 41,7-59,9%) de pessoas
viúvas no ano de 2003 apresentou ao menos uma doença crônica (hipertensão), e em 2015
esse número aumentou para 56,2% (IC95%: 50,9-61,2). Das situações conjugais pesquisa-
das, os que se declararam solteiros apresentaram menor prevalência de doenças crônicas,
apenas 6,6% (IC95%: 4,0-10,6) em 2003, chegando aos 10,7% (IC95%: 8,5-13,4) em 2015.
Aqueles que são legalmente casados e os que estão em união estável há mais de
seis meses também apresentaram maiores chances de ter DCNT. Nota-se semelhança
destes resultados com a pesquisa de Malta et al. (2020) que numa análise realizada no país,

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relatou que 60,3% (IC95%: 58,2-62,3) de pessoas com companheiro apresentaram alguma
DCNT, enquanto que 39,7% (IC95%: 37,7-41) sem companheiros, não apresentaram algum
tipo de comorbidade.
Segundo Silva e Melo (2015) a existência da maior associação de DCNT com pessoas
de cor preta deve-se principalmente a situações que envolvem problemas de discriminação
quanto a cor ou etnia, situações educacionais e econômicas, ou seja, às desigualdades
sociais que assolam esta população.
A população que se autodeclarou parda também apresentou um nível elevado de as-
sociação com doenças crônicas. Melo et al. (2019), numa área de pobreza em Recife-PE,
destacou a maior prevalência de DCNT em pessoas de raça parda (57,4%), salientando que
a insuficiência dos serviços de saúde e as péssimas condições de saneamento contribuíram
para a alta taxa de prevalência.
Os fatores que associam a maior prevalência de DCNT com pessoas de cor preta já
são analisados há tempos. Estudos nacionais e internacionais evidenciam as diferenças
das prevalências, relatando os principais fatores contribuintes para tanto. Malta, Moura e
Bernal (2015) apontam a predisposição genética em pessoas de cor preta como um dos
principais fatores coadjuvantes para a prevalência de DCNT, além do maior preconceito
racial em relação a pele escura, que consente na pioria do acesso aos serviços de saúde
em consequência da condição econômica pior.
Outro fator indiscutível que está associado às DCNT são os anos de escolaridade, e
vários estudos corroboram essa estatística. Melo et al. (2019) afirma que, quanto à nível de
instrução, aqueles que tinham menos de oito anos de escolaridade apresentaram maiores
prevalências de doenças crônicas, resultado semelhante ao observado no presente estudo.
A melhor estimativa de saúde relacionada à questão de maiores anos de escolaridade
deve-se ao fato de que as pessoas com mais escolaridade tendem a ter melhor acesso a
informações e melhor condição financeira, o que possibilita aderir planos de saúde e ter
melhor acesso a serviços e bens. Segundo Melo e Silva (2015) a escolaridade se relaciona
diretamente com a condição econômica das pessoas, consentindo que a prevalência de
doenças crônicas se torna mais propensa entre pessoas com condição financeira pior e
menor escolaridade, fazendo-se desta forma um determinante social de saúde.
Neste sentido, a ligação dos anos de escolaridade e doenças crônicas constituem um
dos maiores determinantes para a saúde. Conforme Filha et al. (2015) em estudo utilizando
dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), constatou que, no Brasil, oito de dez doenças
crônicas observadas apresentaram maior associação com o menor nível de escolaridade.

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Desta forma, torna-se necessária a implantação de medidas que possibilitem a inclusão
e que conceda constância à escolaridade como maneira mais viável de atenuar a associação
entre escolaridade e prevalência de DCNT, além de outros desfechos desfavoráveis à saúde.
Em relação ao consumo de bebida alcoólica, os resultados demonstram um cenário
preocupante. Apesar da criação de programas e medidas educativas que buscam ameni-
zar os prejuízos causados pelo excesso do consumo de álcool no Brasil, a quantidade de
pessoas que consomem os derivados desta substância é constante, podendo ocasionar
drásticas consequências ao consumidor, família e comunidade.
Além das adversidades relacionadas às doenças crônicas, o álcool constitui um dos
maiores problemas financeiros para o sistema de saúde, causando grandes prejuízos para
o indivíduo e sociedade. Além das adversidades econômicas, o número de óbitos relacio-
nados ao uso abusivo de bebidas alcoólicas, assim como sua dependência, representam
93,5% do total de mortes consequentes do uso de derivados psicoativos (MUNHOZ, 2017).
Estudos apontam que a prevalência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas na
sociedade brasileira varia entre 13,6% e 16,0%, sendo que os homens apresentam taxas
superiores às mulheres, três vezes mais (GARCIA; DE FREITAS, 2015). A associação
entre o uso abusivo do álcool com as doenças crônicas dá-se principalmente por ser uma
substância prejudicial ao organismo, aumentando potencialmente a possibilidade de doen-
ças gastrointestinais, câncer e principalmente doenças cardiovasculares, ocasionando um
grande desafio para o sistema de saúde brasileiro. Silva et al. (2017) estimam que ocorram
aproximadamente 120 mil internações anuais em hospitais públicos decorrentes de proble-
mas associados ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas.
Observou-se ainda que os fatores relacionados à alimentação não saudável também
foram fatores de risco comportamentais modificáveis associados à maior predisposição das
doenças crônicas na população brasileira, aqui configurados pelo baixo consumo regular do
feijão e baixo consumo dos alimentos in natura ou minimamente processados.
Sabe-se que no século atual, diversas condições favoráveis contribuíram para o aumen-
to global da prevalência de doenças crônicas. Entre os vários fatores de risco, a alimentação
não saudável consta como o que mais têm se desenvolvido, já que seu crescimento está
proporcionalmente relacionado com o desenvolvimento de zonas urbanas.
O aumento da ingestão de alimentos ricos em gorduras e bebidas aumentaram conside-
ravelmente com o crescimento das franquias de fast-foods no Brasil, contribuindo diretamente
para o desbalanceamento da dieta de vários cidadãos residentes em zonas urbanas do país.
Segundo pesquisas relacionadas, os problemas relacionados à má alimentação de-
vem-se à alta prevalência de consumo de alimentos ricos em gordura saturada. Avelino et al.
(2020), destacam que a alimentação rica em carboidratos refinados, gorduras saturadas,

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colesterol e pobre em fibras alimentares aumentam consideravelmente a possibilidade de
doenças cardiovasculares, enquanto o consumo de carnes magras, alimentos naturais,
hortaliças e frutas agem com efeito protetor contra doenças cardiovasculares.
Thumé e Poll (2018), em estudo que analisou o Índice de Alimentação Saudável (IAS),
constatou que 89,3% das pessoas pesquisadas afirmaram está precisando de melhorias da
dieta, e apenas 3,6% do total pesquisado afirmou ter uma alimentação saudável.
Desta forma, considerando a necessidade de melhorar a dieta da população brasileira,
e com o constante desenvolvimento das franquias de fast-foods e de outros estabelecimentos
com venda de alimentos de fácil acesso a produtos industrializados, torna-se necessária a
criação de medidas regulatórias e de planos que colaborem com a saúde das pessoas. A im-
plementação de áreas de lazer, como academias públicas, propiciando espaços para a prática
de exercícios físicos ao ar livre na perspectiva de amenizar o superávit calórico, é uma das
medidas que devem ser impulsionadas.
Entre as limitações do estudo, destacam-se aquelas relacionadas ao inquérito telefônico,
principalmente o caso de a amostra ser limitada apenas a residentes que possuem telefone
fixo, em que a amplitude do alcance entre as populações varia intermitentemente de acordo
com a região, sendo o Nordeste umas das áreas de menor alcance. Além disso, o fato da
pesquisa ser realizada apenas nas capitais brasileiras, que delimita a dimensão da pesquisa
somente às zonas urbanas. Também se destaca a quantidade menor de telefones fixos em
famílias de baixa renda ou de zonas de pobreza das capitais. Outra limitação deve-se às
informações de morbidades serem apenas autorreferidas pelos entrevistados, ou seja, não
há o diagnóstico comprovado por laudo médico.
Entre os pontos positivos, destaca-se que o Vigitel como uma das ferramentas epide-
miológicas do Ministério da Saúde mais úteis e de maior relevância para o contexto nacional.
Desde sua implementação em 2006, o Vigitel tem sido um dos principais fornecedores de
dados epidemiológicos necessários para calcular as perspectivas dos índices de saúde no
Brasil, oferecendo a possibilidade na criação de comparativos entre as regiões e também da
prevalência de DCNT com o passar dos anos. Ademais, ressalta-se também a abordagem
multifatorial dos fatores de risco comportamentais com as doenças crônicas realizada na
presente pesquisa, com dados do inquérito telefônico de 2019.

CONCLUSÃO

Ao avaliar a associação entre os fatores de risco comportamentais modificáveis e as


DCNT na população brasileira entrevista pelo inquérito telefônico Vigitel em 2019, foi possível
observar que ser do sexo feminino protegeu contra o desfecho, ao passo que ter 25 anos
ou mais de idade, ter companheiro(a), ser viúvo(a), separado(a) ou divorciado(a), ser de cor

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preta ou parda, ter menor escolaridade, abusar no consumo de bebida alcoólica, consumir
menos de cinco vezes por semana feijão e consumir menos de cinco grupos de alimentos
in natura ou minimamente processados foram fatores de risco para as doenças crônicas na
amostra avaliada.
Desta forma, os dados averiguados evidenciam ainda mais a ligação entre a preva-
lência de doenças crônicas com os fatores de risco comportamentais. Observa-se assim,
que as medidas de controle implantadas até o presente momento ainda não surtem um
impacto positivo sobre a prevalência de doenças crônicas no Brasil, embora esse número
tenha se reduzido nas últimas décadas. No total, mais da metade da população nacional
apresentou alguma doença crônica, e o crescimento exponencial conforme o avanço da
faixa etária pode acarretar no desenvolvimento de consequências ainda piores, como as
comorbidades simultâneas.
Sendo assim, há necessidade de iniciativas que busquem confrontar de maneira mais
direta e efetiva os avanços da prevalência de DCNT na população, com metas estabelecidas
de acordo com a transição demográfica e epidemiológica brasileira, assim como medidas que
possibilitem o diagnóstico precoce de tais enfermidades e a disponibilidade de assistência
aos indivíduos que necessitem.
Reforça-se ainda a necessidade de medidas que possibilitem a redução do crescimento
de doenças crônicas, por meio da implantação de ações que favoreçam a diminuição das
desigualdades sociais e promovam a saúde da população; neste âmbito, ações regulatórias
do estado assumem sua importância.

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09
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
O QUE DIZEM E FAZEM OS PROFESSORES QUE
ATUAM EM ESCOLAS NO INTERIOR DO ESTADO
DO PARÁ?

Dulciele Mescouto Viana


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Daniela de Nazaré Torres de Barros


Secretaria de Educação do Estado do Pará
(SEDUC-PA)

Nívia Magalhães da Silva Freitas


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Gláucia Caroline Silva de Oliveira


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Aldemir Branco de Oliveira Filho


Universidade Federal do Pará (UFPA)

'10.37885/230613507
RESUMO

Objetivo: Registrar os problemas, as estratégias de ensino, os recursos didáticos, as facilida-


des e as dificuldades relacionadas a apresentação e a discussão das infecções sexualmente
transmissíveis (IST) no ambiente escolar, tendo como fonte os relatos dos professores que
atuam em escolas públicas do município de Bragança, Pará, norte do Brasil. Métodos: Este
estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, foi desenvolvido com professores
atuantes nos anos finais (6º ao 9º ano) do ensino fundamental de escolas públicas, tanto
na área urbana como na área rural, utilizando formulário digital contendo perguntas abertas
relacionadas a formação acadêmica, a observação e a prática docente em relação às IST.
Resultados: No total, oito professores participaram do estudo. Aulas expositivas dialogadas,
trabalhos em grupo, vídeos, exposições de trabalhos e desenvolvimento de panfletos foram
estratégias e recursos utilizados para apresentar e discutir as IST nas escolas. A curiosidade
dos estudantes e o apoio dos gestores foram pontos importantes para a execução dessas
atividades com regularidade. A falta de diálogo sobre educação sexual no ambiente familiar,
o constrangimento dos estudantes e a falta de parcerias institucionais foram dificuldades
destacadas. Conclusão: As ações educativas e participativas podem promover o conheci-
mento sobre IST no sentido de preveni-las. As IST têm sido apresentadas e discutidas nas
escolas do município de Bragança (PA), porém ainda há muitos desafios a serem superados
em relação à educação sexual e a sexualidade.

Palavras-chave: IST, Educação Sexual, Prevenção, Promoção da Saúde.


INTRODUÇÃO

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou


outros microrganismos. Esses patógenos são transmitidos, principalmente, por meio do con-
tato sexual (oral, vaginal e anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma
pessoa que esteja infectada. A transmissão de um agente causador de IST pode acontecer,
ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. De maneira
menos frequente, esses microrganismos causadores de IST também podem ser transmitidos
por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais
contaminadas (BRASIL, 2023).
As IST aparecem, principalmente, no órgão genital, mas podem surgir também em
outras partes do corpo, como: palma das mãos, olhos e língua. Feridas, corrimentos e ver-
rugas anogenitais, dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas são
alguns exemplos de sintomas causados por IST. Herpes genital, sífilis, gonorreia, tricomo-
níase, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), infecção pelo papilomavírus
humano (HPV), hepatites virais B e C são alguns exemplos de IST. O tratamento das pes-
soas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas
infecções. No Brasil, o atendimento, o diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos serviços
do Sistema Único de Saúde (SUS). Se não tratadas adequadamente, IST podem provocar
diversas complicações e levar a pessoa, inclusive, à morte (BRASIL, 2023).
Nesse cenário de risco à saúde humana, uma das estratégias traçadas pelos Ministérios
da Saúde e Educação para a interrupção da cadeia de transmissão das IST em adolescentes
e jovens brasileiros é a educação sexual nas escolas, visto que há evidências de que o uso de
preservativo tem aumentado consideravelmente após essa intervenção em alguns países que
já realizam tal feito (KIRBY et al., 2007). A educação sexual nas escolas é uma abordagem
abrangente que visa fornecer informações precisas, atualizadas e baseadas em evidências
sobre questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva (MIRANDA & CAMPOS, 2022).
A discussão sobre IST é fundamental dentro do currículo de educação sexual, pois
essas infecções representam um sério problema de saúde pública em diversos países
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022). Ao fornecer informações corretas sobre IST,
a escola pode ajudar os adolescentes e os jovens a entenderem os riscos associados a
comportamentos sexuais não seguros e a adotarem medidas preventivas (BARBOSA &
FOLMER, 2019; MIRANDA & CAMPOS, 2022). Existem várias formas eficazes de abordar a
educação sexual e as IST no ambiente escolar, dentre os quais se destacam alguns pontos
importantes (CHAGAS et al., 2021; FERREIRA & SILVA, 2020; FIORINI, 2020; ZANCAN
& BIAGGIO, 2020):

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• Informação adequada: A escola deve fornecer informações precisas, cientificamen-
te embasadas e atualizadas sobre as diferentes IST, incluindo suas causas, sinto-
mas, métodos de transmissão, prevenção e tratamento. É importante apresentar
essas informações de forma clara e compreensível para os alunos;
• Idade apropriada: A educação sexual e a discussão sobre IST devem ser adapta-
das à idade dos alunos, levando em consideração seu desenvolvimento cognitivo e
emocional. Os tópicos abordados devem ser progressivos, começando por concei-
tos básicos e gradualmente abordando assuntos mais complexos à medida que os
alunos avançam nos anos escolares;
• Abordagem inclusiva: É essencial adotar uma abordagem inclusiva e respeitosa, re-
conhecendo a diversidade de identidades, orientações sexuais e experiências dos
alunos. A educação sexual nas escolas deve ser sem preconceitos, estereótipos e
discriminação, garantindo que todos os alunos se sintam seguros e acolhidos;
• Prevenção: A educação sexual nas escolas deve enfatizar a importância da pre-
venção de IST por meio do uso de métodos contraceptivos e de barreira, como os
preservativos. Os estudantes devem ser informados sobre como acessar serviços
de saúde sexual, como fazer testes de IST e como obter apoio adequado em caso
de diagnóstico positivo;
• Diálogo e discussão: A escola deve promover um ambiente aberto para discussões
sobre educação sexual e IST, incentivando os alunos a fazerem perguntas, ex-
pressarem suas preocupações e compartilharem experiências. Essas discussões
podem ocorrer em sala de aula, em grupos de discussão ou por meio de programas
extracurriculares.

É importante ressaltar também que a educação sexual nas escolas não substitui a
responsabilidade dos pais ou responsáveis nesse processo. A parceria entre a escola e a
família é fundamental para garantir uma educação sexual abrangente e eficaz (SOARES
& SILVA, 2021). Destaca-se ainda que, ao abordar educação sexual e IST no ambiente
escolar, é necessário levar em consideração as políticas educacionais locais, a cultura, os
valores da comunidade e o respeito aos direitos individuais. A colaboração entre educado-
res, profissionais de saúde e especialistas em educação sexual pode ajudar a desenvolver
programas adequados e de qualidade, visando à promoção da saúde sexual e ao bem-estar
dos alunos (RAMOS et al., 2022; SOARES & SILVA, 2021).
Além disso, a abordagem das IST varia de acordo com o nível de ensino e os objetivos
específicos de cada um dos documentos norteadores da educação brasileira. Na Constituição
Federal do Brasil, a saúde é estabelecida como um direito de todos e dever do Estado. Isso
inclui a prevenção e o tratamento de IST. A Constituição também destaca a importância da

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educação para a saúde, bem como a valorização da família e da educação sexual como
parte da formação integral dos indivíduos (BRASIL, 2016). Na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), as IST não são mencionadas de forma explícita, porém ela en-
fatiza a importância da educação em saúde, incluindo a educação sexual, como parte dos
currículos escolares. A LDB destaca a necessidade de promover o respeito à dignidade e
aos direitos humanos nas escolas (BRASIL, 1996).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também não aborda diretamente as IST,
mas mencionam a necessidade de trabalhar temas transversais, como saúde física e emo-
cional, saúde individual e coletiva. Isso pode incluir informações sobre IST, métodos con-
traceptivos e prevenção de doenças (BRASIL, 2017). As Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) são documentos que estabelecem as diretrizes para cada área de conhecimento.
Para a área de ciências da natureza e suas tecnologias, as DCNs indicam a importância de
abordar a sexualidade de forma científica e inclusiva, discutindo questões relacionadas à
saúde sexual e reprodutiva, incluindo as IST. As DCNs também destacam a necessidade de
uma abordagem interdisciplinar, envolvendo outras áreas do conhecimento (BRASIL, 2013).
Por fim, é importante ressaltar que cada estado e município brasileiro pode desenvolver
suas próprias diretrizes curriculares, adequando-as à realidade local. Portanto, a abordagem
específica das IST pode variar de acordo com as políticas educacionais de cada região, res-
peitando os princípios bioéticos como a autonomia, a justiça, a equidade, a humanização, a
beneficência e a não maleficência (BRASIL, 2013). Baseado nisso, este estudo registrou os
problemas, as estratégias de ensino e os recursos didáticos, as facilidades e as dificuldades
relacionadas a apresentação e a discussão das IST no ambiente escolar, tendo como fonte
os relatos dos professores que atuam em escolas públicas do município de Bragança, Pará,
norte do Brasil.

MÉTODOS

Caracterização do estudo

Este estudo pode ser caracterizado com uma pesquisa descritiva e exploratória, de
natureza qualitativa. De acordo com Barros e Lehfeld (2007), na pesquisa descritiva é rea-
lizada a coleta, a análise, o registro e a interpretação dos fatos, sem a interferência do pes-
quisador. De forma sucinta, o processo descritivo visa à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com um fenômeno ou um processo.
Somado a isso, destaca-se aqui a natureza qualitativa do estudo, pois ele se aprofundou na
captação do fenômeno a partir do entorno social, perante as perspectivas e envolvimento
das pessoas nesse meio, no mundo dos significados das ações e relações humanas, um

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lado não perceptível e não captável em equações, médias e outros elementos utilizados
pela matemática e estatística (RODRIGUES et al., 2021).

Coleta de informações

Os professores que atuavam em escolas, de 6º ao 9º do ano do ensino fundamental,


tanto na área rural como na área urbana, do município de Bragança, Pará, foram os alvos
para constituírem a amostra deste estudo (Figura 1). Eles foram convidados a participantes
do estudo e, aqueles que aceitaram, forneceram informações por meio de preenchimento
de formulário digital.

Figura 1. Localização geográfica do município de Bragança, Pará (PA), norte do Brasil.

Fonte: COSTA et al. (2020).

Inicialmente, utilizando as redes sociais, os pesquisadores identificaram os nomes dos


participantes em potencial e entraram em contato com eles por meio de mensagens ins-
tantâneas, ligações telefônicas e/ou chamadas de vídeo através dos aplicativos WhatsApp
(Facebook Inc., Estados Unidos) ou Telegram (Telegram Messenger LLP, Emirados Árabes
Unidos). Todos os possíveis participantes foram informados sobre a natureza, os potenciais
riscos e benefícios do estudo e, aqueles que aceitaram participar da pesquisa, receberam
um link de acesso ao termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e ao formulário
contendo indagações do estudo. O aplicativo Google Forms (Google Corp. Califórnia, Estados
Unidos) foi utilizado para fornecer o TCLE e coletar as informações dos professores. A coleta
de informações ocorreu no período de 1 a 30 de junho de 2022.

Formulário

A partir de formulário digital, o professor forneceu informações pessoais (sexo e idade),


acadêmicas (graduação, pós-graduação e formação específica sobre IST), laborais (tipo de

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escola e local de trabalho), e relacionadas ao ensino de IST no contexto escolar (três indaga-
ções específicas: 1) Na escola que ministra atividades relacionadas ao ensino de infecções
sexualmente transmissíveis, quais as estratégias de ensino e/ou os recursos didáticos que
você utiliza para apresentar e discutir o tema “infecções sexualmente transmissíveis? 2) Você
já teve algum problema em sala de aula ou na escola relacionado ao ensino de infecções
sexualmente transmissíveis? Não/Sim (Se marcou “sim”, descreva pelo menos um problema
vivenciado em sala de aula ou na escola relacionado ao ensino de infecções sexualmente
transmissíveis (não cite os nomes das pessoas envolvidas); 3) Na sua percepção, quais são
as dificuldades e as facilidades relacionadas ao ensino de infecções sexualmente transmis-
síveis na escola? Por quê?).

Análise das informações

As informações obtidas no estudo foram analisadas conforme as recomendações de


Bardin (2011), as quais destacam as seguintes etapas: (1) Pré-análise (a qual compreende
a leitura exaustiva sobre tema); (2) Exploração do material (a qual consiste na organização
dos dados em categorias); (3) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação (as in-
formações são analisadas e emergem interpretações inferências, críticas e reflexões). Por
fim, trechos de respostas fornecidas pelos participantes, consideradas importantes para a
compreensão e elucidação dos objetivos do estudo, foram expostas, mas a identificação
deles foi preservada. Cada participante foi identificado somente como “Professor” e um nú-
mero arábico (1, 2, 3, 4, etc.).

Ética

Os critérios de inclusão de participantes neste estudo foram: (a) idade ≥ 18 anos, (b)
concordar com o TCLE e fornecer informações através de formulário específico, e (c) es-
tar atuando como professor em uma escola localizada no município de Bragança (Pará).
Todos os potenciais participantes que por motivo desconhecido não concordaram com o
TCLE e não forneceram informações para este estudo foram excluídos. Todos os procedi-
mentos foram executados de acordo com as diretrizes e regulamentos éticos relevantes à
nível nacional e internacional. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará
(Belém, Pará, Brasil).

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RESULTADOS

Perfil dos professores

No total, oito professores participaram desta pesquisa qualitativa. Nesse grupo havia
seis professores do sexo feminino e dois do sexo masculino. A idade deles variou de 30 a
49 anos. Já o tempo de docência oscilou de 2 a 21 anos. Todos os professores afirmaram
atuar em turmas do 6º ao 9º do ano do ensino fundamental. Porém, cinco deles também
relataram atuar em turmas do ensino médio. Em relação à graduação, seis professores ti-
nham feito graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas e dois deles eram Licenciados
em Ciências Naturais. Todos declararam ter cursado suas graduações em instituições pú-
blicas no estado do Pará, como: Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Universidade
Federal do Pará (UFPA).
Além disso, cinco professores relataram também ter cursado disciplina, minicurso ou
oficina durante sua formação acadêmica que abordasse a temática IST, como: as disciplinas
“Microbiologia”, “Fundamentos Teóricos e Metodológicos de Saúde e Educação” e “Educação
e Promoção da Saúde”, e os cursos “HIV e doenças sexualmente transmissíveis” e “HPV,
câncer colo do útero e vacina”.
Por fim, todos os professores declararam ter curso de pós-graduação, como:
Especialização em Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Especialização em Ensino
de Ciências, Especialização em Metodologia do Ensino de Ciências Naturais, Mestrado em
Educação em Ciências e Matemáticas, Mestrado e/ou Doutorado em Biologia Ambiental.

Problemas

Nenhum professor relatou problema em sala de aula relacionado a apresentação e


discussão de IST. Porém, alguns destacaram a necessidade de discutir e de ter mais infor-
mações sobre a qualidade de vida das pessoas que vivem com IST, como HIV/AIDS, para
minimizar os estigmas e as discriminações. Segue alguns dos relatos:

“Não tive nenhum problema em sala de aula relacionado a IST. Porém, já tive
que chamar atenção de alunos que fizeram piadas ou brincadeiras de mal
gosto, discriminatórias na verdade” – Professor 2.
“Não lembro de ter tido problemas relacionados a IST na sala. Mas já ouvi
membros da comunidade escolar conversando sobre os possíveis problemas
vivenciados por pessoas que tem IST, como AIDS, e tive que intervir para
corrigir as informações distorcidas. Nesse âmbito, ainda temos que conversar
bastante” – Professor 6.

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Estratégias de ensino e recursos didáticos

Neste estudo, a aula expositiva dialogada foi a estratégia de ensino mais relatada para
apresentar e discutir as IST no ambiente escolar. Nesse contexto, os livros didáticos, os
vídeos, as vivências e as curiosidades foram recursos didáticos para conduzir os estudan-
tes à interpretação, questionamento, compreensão e discussão do tema proposto. Segue
um breve relato:

“Faço aulas expositivas sobre IST, uso vídeos e os conteúdos disponíveis nos
livros didáticos. Além disso, faço também rodas de conversas para conversar
sobre alguma IST e assim aumentar a participação dos alunos. Eles gostam
e colocam algumas de suas percepções e dúvidas para fora” – Professor 1.

O trabalho em grupo foi outra estratégia utilizada para analisar e discutir as IST na esco-
la. A busca, apresentação e discussão de trabalhos oriundos de pesquisas feitas em órgãos
oficiais, revistas e páginas eletrônicas foram utilizadas e destacadas, conforme relato a seguir:

“Além de aulas teóricas sobre IST, tenho organizado uma amostra das doenças
infecciosas e parasitárias na escola. Esse projeto conta com a participação
efetiva dos alunos, que apresentam para toda a escola as principais doenças.
Os alunos fazem um levantamento dos dados estatísticos disponíveis na se-
cretaria municipal de saúde de Bragança, eles visitam o centro de testagem
e aconselhamento, recebem doações de panfletos e outros materiais desses
setores, que são distribuídos durante a amostra. O trabalho em grupo e o
uso de dados reais têm conduzido os estudantes à reflexão, interpretação,
consideração e explicação de hipóteses e das conclusões” – Professor 4.

O desenvolvimento de amostra na escola e o uso de materiais construído pelos alunos,


como panfletos e cartazes informativos sobre as IST e como se prevenir, também foram
relatados pelos professores como estratégia de ensino, como pode ser observado no relato
desse professor:

“Além das aulas teóricas, ensino como deve ser utilizado os preservativos
femininos e masculinos e apresento vídeos disponíveis no YouTube sobre
IST e a importância da prevenção. De forma ativa, os alunos desenvolvem
panfletos informativos sobre as IST, suas características e formas de preven-
ção, e distribuem na escola a outros colegas numa exposição. Isso ajuda a
promover uma maior interação e discussão do tema na escola” – Professor 2.

Facilidades

A busca por conhecimento, a curiosidade, as dúvidas e a ausência de conversas so-


bre sexo no ambiente familiar foram destacadas como facilidades pelos professores para
apresentar e discutir as IST no ambiente escolar. Segue alguns relatos deles:

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“O interesse no assunto decorre da curiosidade e das dúvidas, pois temas rela-
cionados a sexualidade e ao sexo quase não são discutidos no âmbito familiar
e, quando são discutidos, são de maneira muito superficial” – Professor 1.
“Apesar das campanhas informativas, os alunos ainda têm muitas dúvidas
sobre ISTs e isso desperta o interesse deles quando temos aulas com esse
conteúdo ou relacionados ao mesmo” – Professor 3.
“A atenção e o envolvimento dos alunos são grandes quando o assunto é
voltado para o conhecimento do corpo e das doenças que podem acometê-
-los” – Professor 5.

O apoio de professores e dos gestores da escola também foi destacado como um fa-
cilitador para abordar as IST no ambiente escolar, conforme os relatos a seguir:

“Ter o apoio da gestão da escola é muito bom, dar maior segurança para
lidarmos com o assunto em relação aos estudantes e, principalmente, com
os pais deles” – Professor 5.
“A falta de conversas mais profundas sobre o corpo e o uso de mecanismos
para cuidarmos dele tem facilitado o aumento de ISTs e de gravidez não
planejada. O apoio e a compreensão dos professores e dos gestores no
ambiente escolar sobre a necessidade de apresentar e discutir temas, como
ISTs, são muito importantes, pois pode reduzir os problemas que teremos no
futuro” – Professor 7.

Dificuldades

Neste estudo, diversas dificuldades foram destacadas pelos professores para apresentar
e discutir IST no ambiente escolar. A principal barreira para abordagem dessa temática tem
sido a família do estudante. Essa dificuldade foi relatada por todos os professores. A se-
guir alguns relatos:

“A falta de apoio dos pais ou responsáveis dos estudantes para abordar esse
assunto é uma grande barreira. Poucos deles conversam com seus filhos e
suas filhas sobre sexo e suas consequências, e às vezes ainda dificultam a
compreensão dos estudantes e o trabalho da escola” – Professor 2.
“A falta de diálogo sobre educação sexual no ambiente familiar é uma dificul-
dade para abordar IST e outros temas importantes no currículo escolar. Alguns
pais se incomodam quando apresentamos as IST, as formas de dispersão dos
agentes infecciosos e como podemos prevenir” – Professor 6.
“A família tem representado uma importante dificuldade para falar sobre IST,
gravidez e outros temas relacionados ao sexo e a sexualidade com os estu-
dantes. A ausência de diálogo, a intolerância, a falta de respeito e o uso de
fakenews são fatores relevantes e ainda presentes em muitos lares. Tudo isso
representa um enorme desafio para a educação” – Professor 8.

Outra dificuldade relatada pelos professores foi a falta de parcerias e de projetos sobre
IST no ambiente escolar com instituições presentes no município, como: secretaria municipal
de saúde, secretaria municipal de assistência e promoção social, institutos e universidades.

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“Na minha percepção, a falta de parcerias entre as secretarias de educação,
de saúde e de outros órgãos do município é uma grande dificuldade para
lidar como as ISTs no ambiente escolar e em outros locais. É necessário
ter um diálogo regular, frequente, direcionado para orientação, discussão e,
até mesmo, indicando os caminhos disponíveis e consistentes para aqueles
que buscam atendimento e tratamento, como os próprios estudantes, seus
familiares e outras pessoas. Infelizmente, ainda há muita atividade pontual e
midiática em Bragança. De forma consistente e regular, a parceria pode trazer
grande contribuição à toda comunidade” – Professor 3.
“Vejo a falta de palestras e de rodas de conversas com especialistas em IST
como uma dificuldade para aprofundar o tema no ambiente escolar. Sempre
é bom ouvirmos as explicações, as orientações e as histórias de quem atua
nessa área, alguém de fora da escola, como os profissionais da área da saúde
e os professores do IFPA e da UFPA. Isso ajudaria a comunidade escolar a
relacionar de forma rápida o tema às consequências vivenciadas pelas pes-
soas e os resultados dos estudos científicos” – Professor 7.

Por fim, o constrangimento dos estudantes para conversar sobre IST e outros temas
correlacionados, como a gravidez, foi outra dificuldade relatada pelos professores neste
estudo qualitativo.

“É perceptivo que a falta de orientação e de diálogo sobre temas relacionados


a sexualidade no ambiente familiar torna as aulas sobre IST um momento de
constrangimento para alguns adolescentes” – Professor 1.
“Alguns alunos possuem muita dificuldade para conversar sobre relação sexual
e de outras coisas que envolvem a reprodução humana. É comum os alunos
ficarem constrangidos quando visualizam imagens didáticas dos sistemas
reprodutores masculino e feminino. A sala vira uma plantação de tomates
bem maduros” – Professor 3.
“Há uma necessidade de preparar os estudantes para dialogar com serieda-
de as informações relacionadas ao sexo, como IST, uso de preservativo e
gravidez não planejada” – Professor 4.
“Gravidez não planejada, aborto, abuso sexual e IST são temas que causam
constrangimento em alguns estudantes. Eles têm dificuldades para conversar
sobre esses assuntos” – Professor 8.

DISCUSSÃO

De acordo com os relatos dos professores, a apresentação e a discussão das IST são
atividades realizadas no ambiente escolar no município de Bragança (PA), inclusive utilizando
estratégias de ensino e recursos didáticos distintos. Não é um tabu! Porém, ajustes ainda
são necessários, como o aprofundamento das discussões sobre estigma e discriminação
enfrentados por pessoas que vivem com HIV/AIDS. De acordo com Ciriaco e colaboradores
(2019), o caminho para solucionar tal problemática pode ser a implementação de uma edu-
cação sexual de qualidade nas escolas, que não se concentre somente em uma metodologia
centralizada na biologia e meramente preventiva, mas em uma abordagem mais humana,
que esteja imersa no contexto sociocultural do público jovem, definindo a sexualidade como

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um direito individual e que os jovens devem ser, de forma imparcial, orientados a exercê-la
livremente e de forma saudável.
Além disso, os professores destacaram que a falta de orientação e a falta de diálogo
sobre sexo e sexualidade no ambiente familiar dificulta claramente a apresentação e a discus-
são da IST no ambiente escolar. Por ser um tema ainda considerado como constrangedor por
alunos e pouco discutida dentro da família, informações errôneas e distorcidas são expostas
e comentadas no ambiente escolar e, até mesmo, dificultam as discussões e aumentam a
discriminação. Segundo Rocha e Silva (2019), as fontes inadequadas utilizadas pelos ado-
lescentes para obter informações sobre IST, a ausência de orientação por parte dos pais,
e o desconforto e falta de capacitação dos professores são fatores que contribuem para a
vulnerabilidade dos adolescentes em relação às IST. Parte dessa informação foi identificada
aqui, como a falta de orientação e de diálogo por parte dos pais sobre relação sexual e IST.
Por outro lado, os professores não demonstraram desconforto e receberam capacita-
ção para apresentar e discutir sobre IST nas escolas no município de Bragança (PA). Eles
relataram utilizar aulas expositivas, livros didáticos e vídeos do YouTube para apresentar
as IST, demonstrar o uso de métodos preventivos, bem como a forma correta de usar pre-
servativos, e incentivaram o desenvolvimento de panfletos contendo informações sobre
as IST, suas características e os métodos de prevenções em atividades apresentadas no
ambiente escolar. Sendo assim, os professores têm facilitado a apresentação das IST nas
escolas com o propósito de aumentar a exposição e a discussão do tema na comunidade,
tanto entre os estudantes como entre os outros membros da comunidade.
É comum os adolescentes demonstrarem interesse e curiosidade relacionada a sexuali-
dade, ao corpo, ao sexo e as IST (MAGRIN et al., 2022; SARMENTO et al., 2018; WANZELER
et al., 2021). Essa foi uma das facilidades indicadas pelos professores neste estudo para
apresentar e discutir as IST. Aulas interativas e inovadoras, sequências didáticas e oficinas
são outras estratégias empregadas para apresentar e discutir IST e outros temas relacio-
nados ao sexo e a sexualidade no ambiente escolar (MESQUITA et al., 2021; SARMENTO
et al., 2018). De acordo com Moreira e colaboradores (2011), questões relacionadas à
sexualidade surgem intensamente na adolescência em função da identidade sexual e da
orientação sexual, pois o adolescente está procurando se descobrir e, consequentemente,
muitas dúvidas e curiosidades surgem naturalmente.
A promoção da saúde é uma das estratégias do setor saúde para buscar a melhoria da
qualidade de vida da população, considerando os determinantes sociais e de que maneira
estes causam impacto na qualidade de vida da população (BRASIL, 2013). Nesse senti-
do, temas relacionados a educação sexual devem ser tratados de forma leve, autônoma e

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interativa nas escolas, visando orientar através do diálogo e da construção de uma relação
de confiança entre professor e aluno (SARMENTO et al., 2018).
Segundo Guimarães e colaboradores (2017), abordar a sexualidade em todas as suas
dimensões é de extrema relevância na formação e nas práticas em saúde e representa um
desafio à promoção em saúde, uma vez que exige o emprego de metodologias que trans-
cendam as práticas tradicionais de transmissão de informações. Neste estudo, apesar dos
professores terem conhecimento e realizarem ações para apresentar e discutir o tema IST
com o apoio dos gestores das escolas, eles também relataram a necessidade de parceiros
e de projetos sobre IST com instituições locais.
Caldeira e Lopes (2017) comentaram a necessidade de pais, professores, profissionais
da área da saúde e outros demais profissionais interagirem de forma regular, por meio de
atividades constantes que possam informar, dialogar e ajudar os adolescentes a avaliarem,
de forma consciente e autônoma, as situações diárias, e assim permitindo-lhes a possibili-
dade de escolhas assertivas e saudáveis. De forma mais clara, a urgência de uma atenção
conjunta no sentido de conscientizar os adolescentes e os jovens a adquirirem hábitos se-
xuais seguros, além da construção de uma rede de apoio e confiança para buscarem ajuda
quando se encontrarem em situações de potencial risco a saúde, também foi registrado por
adolescentes do ensino médio do município de Goiânia (Goiás, centro-oeste do Brasil) (DE
MACHADO et al., 2021).
Ações educativas para promoção da saúde dos adolescentes e dos jovens podem e
devem ser conduzidas no ambiente escolar por meio de parcerias institucionais. No municí-
pio de Belém (Pará, norte do Brasil), atividades extensionistas conduzidas por professores
e acadêmicos do curso de enfermagem possibilitaram a discussão da promoção da saúde
sexual com estudantes e professores em escolas públicas, visando à prevenção e ao con-
trole da transmissão das IST. A parceria foi benéfica para todos os envolvidos nas atividades
educativas, tanto para os jovens estudantes nas escolas como para os jovens universitários.
Para os estudantes do curso de enfermagem, a vivência favoreceu a autonomia das ativida-
des de educação em saúde e a compreensão da necessidade de abordar a temática com
jovens e, também, a de estabelecer a socialização com os estudantes com a pretensão de
sensibilizá-los a serem multiplicadores de saúde (DO CARMO et al., 2020).
Outro exemplo de parcerias institucionais para apresentar e discutir IST nas esco-
las ocorreu no município de Maceió (Alagoas, nordeste do Brasil). O projeto “Quem Ama,
Cuida! (QAC)” foi desenvolvido em escolas municipais e estaduais de Alagoas por meio
de ações em conjunto de professores das escolas de educação básica, profissionais da
Superintendência de Medidas Socioeducativas de Maceió e de professores e acadêmicos
do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas. HIV e AIDS, herpes,

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gonorreia, HPV, sífilis, hepatites virais, clamídia, uso de contraceptivos, gravidez na adoles-
cência, higiene íntima, importância do cuidado com a saúde através de exames preventivos
e vacinação contra HBV e HPV foram temas abordados em palestras interativas e rodas de
conversas desse projeto. As ações do QAC foram feitas para contribuírem para um melhor
entendimento sobre IST e, possivelmente, para facilitar a adoção de práticas preventivas
adequadas e reduzir os valores de incidências de IST (SOARES et al., 2022). Em suma, as
ações educativas e participativas podem promover o conhecimento sobre IST no sentido de
preveni-las e devem ser planejadas e executadas nas escolas do município de Bragança
(PA), norte do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo identificou que as IST são apresentadas e discutidas nas escolas públicas
no município de Bragança, nordeste do Pará. De acordo com os relatos dos professores,
aulas expositivas dialogadas, trabalhos em grupo, vídeos, exposições de trabalhos e desen-
volvimento de panfletos foram estratégias de ensino e recursos didáticos empregados nos
ambientes escolares. A curiosidade dos estudantes e o apoio dos gestores escolares foram
pontos importantes para a execução dessas atividades com regularidade.
Apesar disso, existem muitos desafios a serem superados pela família, escola e socie-
dade, como: o preconceito, a intolerância, o desrespeito e o uso de informações falsas. A falta
de diálogo sobre educação sexual no ambiente familiar aliado ao constrangimento também
representa outro desafio a ser superado, o qual tem dificultado um maior aprofundamento
das discussões sobre IST com os estudantes. Somado a isso, os professores relataram a
necessidade de parcerias com instituições locais para execução de projetos e ações sobre
IST de maior abrangência para a comunidade.
As ações que envolvem o cuidado com a saúde do ser humano, incluindo ações de
proteção, prevenção, recuperação e tratamento de doenças e de promoção da saúde, devem
ser conduzidas, de forma primária, pelas instituições de educação e saúde. Sendo assim,
as ações educativas podem promover o conhecimento sobre IST no sentido de preveni-las
e devem ser planejadas e executadas nas escolas pelos professores e gestores, as quais
poderão ter uma abrangência e eficácia maior se tiver a colaboração das famílias dos estu-
dantes, da secretaria municipal de saúde e de outras instituições presentes numa localidade.
Por fim, analisando a visão dos professores, este estudo demonstrou claramente que
a temática IST não é um tabu nas escolas, porém estudos adicionais ainda são necessá-
rios para avaliar se as IST e outros temas relacionados a educação sexual e a sexualidade
são apresentados e dialogados com a comunidade escolar do município de Bragança e de
outros municípios do Pará.

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10
INTERVENÇÕES EM SALA DE ESPERA COMO
PROMOÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Karina Pereira
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Isabel Aparecida Porcatti de Walsh


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Flávia Manfré dos Santos


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Jéssica Aguiar Achcar


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Júlia Corrêa Magalhães


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Gabriella Araújo Silva


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Marilita Falangola Accioly


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

'10.37885/230613558
RESUMO

Objetivo: O objetivo do estudo foi relatar a experiência de uma atividade de educação


continuada realizada na sala de espera de uma Unidade Matricial de Saúde (UMS).
Métodos: O presente projeto foi realizado na sala de espera de uma UMS, com mapeamento
de informações com a equipe, sobre a demanda de temas relevantes a serem abordados
no local. Nove temas foram elaborados para serem explanados aos usuários, seguido de
um momento de discussão e esclarecimento de dúvidas. Resultados: Constatou-se a par-
ticipação de 465 pessoas, com média de 51,7 pessoas por oficina e como retorno da comu-
nidade, tivemos uma participação ativa dos usuários, que opinaram e discutiam, tornando
o trabalho dinâmico. Conclusão: O projeto de extensão atingiu os objetivos propostos por
meio da divulgação de informações repassadas de uma maneira fácil e dinâmica para os
usuários da Unidade.

Palavras-chave: Educação em Saúde, Promoção da Saúde, Comunicação Interdisciplinar.


INTRODUÇÃO

A saúde é um direito humano seguindo o compromisso mundial com a Declaração


Universal dos Direitos do Homem, refletindo o que acontece na comunidade sendo assim,
não representando a mesma coisa para todas as pessoas, pois se observa a partir da con-
juntura social, econômica, política e cultural (SCLIAR, 2007; MALTA, 2016).
A promoção da saúde representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos
problemas do estado de saúde que afetam as populações humanas e seus entornos. Partindo
de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, propõe uma
articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de recursos institucionais e
comunitários, públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução (BUSS, 2003).
O movimento de prevenção das doenças crônicas e a promoção da saúde passaram
associar-se a medidas preventivas sobre o ambiente físico e os estilos de vida, e não mais,
voltadas exclusivamente para indivíduos e famílias (BUSS, 2003). Existe diferença entre
promoção e prevenção de saúde, visto que o primeiro define-se de maneira mais ampla,
referindo a medidas que não se dirigem a uma certa doença ou desordem, mas existe para
aumentar a saúde e bem estar da população, com estratégias que enfatizam a transforma-
ção das condições de vida e trabalho (LEAVELL, CLARCK, 1976:19; CZERESNIA, 2003); a
prevenção de saúde é descrita como uma ação antecipada a um histórico natural da doença,
sendo assim, com finalidade de impedir o progresso da doença.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2010) prevê acesso universal à
informação sobre hábitos saudáveis de vida. Todos os profissionais da saúde possuem um
papel muito importante na promoção de um estilo de vida saudável. Dessa forma, deve ser
priorizado o trabalho interdisciplinar.
Nesse sentido, a sala de espera é um ambiente para semear informações afim de me-
lhorar a alfabetização em saúde, local onde acontece o primeiro contato entre profissional e
o indivíduo (JANSEN, 2021). É por meio dela que os profissionais da área da saúde têm a
oportunidade de desenvolver atividades que extrapolam a habilidade em ouvir, perguntar, e
realizar um plano de ação (WHITE, 2020). Ao levar em conta as necessidades dos usuários, a
sala de espera tem a intenção de garantir um cuidado humanizado, efetivando a aproximação
cada vez maior entre a comunidade e os serviços de saúde, garantindo maior acolhimento
aos usuários e melhorando a inter-relação entre eles (RODRIGUES et al., 2009).
Alguns estudos mostram a importância de ações em sala de espera mediante diferentes
visões, revelando que essas ações podem ser multiprofissionais.
Negrão et al. (2018) descreveu a experiência do projeto intitulado “Bate -Papo saudável”
em sala e espera para um grupo de pessoas com hipertensão arterial sistêmica. O projeto
foi idealizado pelos trabalhadores de saúde e um pesquisador universitário que trabalhavam

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com temas de alimentação saudável, exames preventivos, ações antitabagistas, atividade
física e em como conviver com hipertensão arterial sistêmica o que proporcionou empode-
ramento e estimularam mudanças no estilo de vida.
Pimentel et al. (2011) relata em seu estudo a experiência de introduzir a prática da
musicoterapia na forma de entrevistas e atividades na sala de espera, como forma de acolhi-
mento aos usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Nova Iguaçu,
mostrando que essa estratégia deveria ser infundida em outras UBS.
Fajardo et al. (2016) relata a ação feita por um grupo de psicólogos voluntários e gra-
duandos de odontologia na sala de espera do Centro de Terapia Oncológica da Santa Casa
de Misericórdia de Araçatuba/SP, em que eles contavam/liam histórias para os pacientes
oncológicos e seus acompanhantes, a fim de promover um ambiente mais agradável na sala
de espera, minimizando ansiedade, proporcionando reflexão e momentos para expressões.
Limeira et al. (2014), descrevendo as experiências dos alunos de nutrição do Programa
de Educação pelo Trabalho (PET) Rede Cegonha da Universidade Federal da Paraíba relata
a experiência de realizar atividades na sala de espera abordando temas como higienização
de alimentos, prevenção de doenças associadas à mulher e importância do consumo de
frutas, concluindo que esta foi um bom instrumento para educação em saúde por meio da
percepção de satisfação dos usuários em conhecer os temas que contribuem na sua saúde
e de seus familiares.
Reis et al. (2014) relata ações de promoção de saúde na sala de espera realizada por
fonoaudiólogos. Para estimular a participação dos usuários foram criadas estratégias e ações
com perguntas e respostas sobre saúde auditiva, filme sobre comunicação e discussão entre
os participantes, constatando que sala de espera foi um espaço potencial de promoção de
saúde, devendo ser mais explorada nas práticas de educação em saúde.
Becker e Rocha (2017) relatam uma experiência desenvolvida em grupos de sala de
espera na Rede Feminina de Combate ao Câncer em um município do Sul do Brasil em
que foram realizadas dinâmicas de grupo que contribuíram para o exercício profissional
psicológico e melhor qualidade dos serviços prestados.
O Núcleo Rondon da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (NR - UFTM) tem como
objetivo contribuir para a formação do universitário como cidadão; estimulá-lo na produção
de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas e integrar o uni-
versitário ao processo de desenvolvimento nacional, por meio de ações participativas sobre
a realidade do País, ao participar das Operações organizadas pelo Ministério da Defesa.
Diante dos resultados benéficos da sala de espera e sua colaboração para a dis-
seminação de informações relevantes em saúde, gerando educação para a comunidade,
o NR -UFTM realizou, por meio de atividade extensionista, o Projeto Sala de Espera: momento

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de compartilhar informações. Este foi desenvolvido em uma Unidade Matricial de Saúde
(UMS), na cidade de Uberaba-MG.
O objetivo do presente estudo foi relatar a experiência de uma atividade de educação
continuada realizada na sala de espera dessa Unidade.

DETALHAMENTO DA EXPERIÊCIA

O projeto Sala de espera: momento de compartilhar informações ocorreu no período


de março a novembro/2018. O grupo de extensionistas foi composto por quatro alunas,
sendo uma do curso de Biomedicina e três do curso de Fisioterapia, além de três docentes
do Curso de Fisioterapia.
Em um primeiro momento foi realizada visita à UMS com o objetivo de determinar os
dias das atividades e a coleta de informações com a equipe, sobre a demanda de temas
relevantes a serem abordados no local. Neste contato ficou estabelecido que os encontros
aconteceriam às segundas-feiras, durante o período matutino, com duração de 15 a 20 mi-
nutos. Nove temas foram elaborados para serem explanados, de forma simples e acessível
pelos discentes, seguido de um momento de discussão e esclarecimento de dúvidas, como
apresentado pela Tabela 1.

Quadro 1. Descrição dos temas, metodologia, materiais utilizados, período e objetivos das Salas de Espera. Uberaba, 2018.

Tema Metodologia Materiais Mês Objetivos


Definição, sintomas, formas de contágio, Março/
Tuberculose Cartolina Reduzir a incidência
tratamento e prevenção. Abril
Definição, sintomas, causas, consequên- Reconhecer, prevenir
Hipertensão Cartolina Abril
cias, tratamento e prevenção. e tratar
Definição, postura e hábitos adequados,
Lombalgia exercícios de alongamento, ergometria, Cartilha Maio Prevenir e melhorar
prevenção.
Cartilha fornecida
pelo Hemocentro/
Doação de Sangue, Critérios para doação. Dinâmica: Mitos x Maio/
MG; Caixa de dú- Incentivar doações
Medula e Plaquetas Verdades. Junho
vidas - Perguntas e
Respostas
Como agir em casos de Asfixia em RN,
crianças e adultos, queimaduras, des- Como agir até a
Panfleto de orienta-
Primeiros Socorros maios, epistaxe, hipoglicemia, epilep- Junho chegada do Corpo de
ções e boneca
sia, intoxicação por produtos tóxicos, Bombeiros e/ou SAMU
medicamentos.
Definição, tipos, causas, consequên-
Câncer de Pele cias, tratamentos, prevenção e como Cartaz Agosto Reconhecer e prevenir
reconhecer
Conhecer e saber
Oratória abordando a prevenção ao Agosto/
Valorização da Vida Panfletos identificar os sinais de
suicídio Setembro
depressão
Troca de dicas sobre autocuidado e Promoção do autocui-
Valorização da Mulher Panfletos Outubro
receitas caseiras dado diário
Definição, tipos, causas, tratamento,
AVC Folder Novembro Reconhecer e prevenir
prevenção e reconhecimento
Fonte: Elaborado pelos autores.

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143
No terceiro tema intitulado “Prevenir e Melhorar Lombalgias” elaborou-se uma cartilha
e a mesma foi distribuída aos presentes. O material apresentava exercícios de alongamen-
to, temas relacionados à ergonomia e prevenção, bem como ilustrações de como agachar,
pegar crianças no colo, entre outros.
O quinto tratou sobre “Primeiros Socorros em adultos e crianças” discorreu sobre
situações cotidianas. Os procedimentos práticos foram demonstrados, além de ser ressal-
tada a importância de entrar em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) e/ou Corpo de Bombeiros diante dessas situações. A simulação de asfixia em re-
cém-nascidos foi demonstrada em uma boneca e em crianças e adultos realizada entre as
extensionistas. Os demais conteúdos foram apresentados oralmente.
O sexto aborda “Câncer de Pele” e orientou sobre como reconhecer os ti-
pos: A (Assimetria), B (Borda), C (Cor) e D (Diâmetro), por meio de um cartaz.
No sétimo, sobre “Valorização à Vida”, explicou-se os sinais que podem servir de
alerta para identificar pessoas em situações de risco de auto-extermínio. Os usuários fo-
ram informados sobre a existência da central de atendimento gratuito intitulado “Centro de
Valorização da Vida” (CVV). Após a explanação o material foi entregue, contendo o número
de ligação do CVV.
Por fim, falou-se sobre Acidente Vascular Cerebral (AVC), explicando a definição da
sigla “S.A.M.U.” (Sorrir, Abraçar, Música e Urgência), que demonstra uma forma fácil e rápida
de identificar os sinais e sintomas de como agir para se ter um melhor prognóstico. Após a
apresentação oral, foi entregue aos usuários um folder, montado pela equipe de professores
e alunos do curso de Graduação em Fisioterapia da UFTM.

Resultados

A Tabela 2 indica a participação de 465 usuários, com média de 51,7 por tema, sendo
que o maior número de participantes ocorreu nas oficinas sobre Câncer de pele e Doação
de sangue, medula e plaquetas. Outro ponto a ser ressaltado é que nos meses de outubro
e novembro, no qual eram meses de campanhas nacionais de conscientização sobre a
Valorização da Mulher e do AVC houve menor número de participantes.

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Quadro 2. Número de participantes e número de apresentações de cada tema. Uberaba, 2018.

Título da Oficina Número de Participantes Número de Apresentações


Tuberculose 54 4
Hipertensão 48 4
Lombalgia 43 4
Doação de sangue, medula e plaquetas 62 4
Primeiros socorros 51 4
Câncer de Pele 65 4
Valorização da Vida 39 3
Valorização da mulher 38 3
AVC 27 3
Fonte: Elaborado pelos autores.

Como retorno da comunidade, tivemos uma participação ativa dos usuários, que con-
taram histórias e acontecimentos relacionados aos temas, ofereceram algumas dicas que
acreditavam ser eficientes, opinaram e discutiam, tornando o trabalho dinâmico.

DISCUSSÃO

As oficinas realizadas em salas de espera têm diversos benefícios como aprender novos
assuntos, discutir as dúvidas ressaltadas pelos usuários, melhor relacionamento profissio-
nal-usuário proporcionando a multiplicação de saberes. Essa percepção vai de encontro a
outros estudos (REIS et al., 2014; GERMANI; BARTH; ROSA, 2011), em que destacam a
importância da abordagem de diferentes temas, criando um espaço de reflexão-ação so-
bre saberes tecnocientíficos e populares, levando as pessoas a serem mais conscientes e
responsáveis perante sua qualidade de vida; proporcionando maior autonomia e indepen-
dência; prestação de serviços mais humanizados; e promoção e prevenção com foco no
empoderamento da população quanto ao autocuidado.
Mediante a realização das salas de espera relatadas no presente estudo, foi possível
obter, em especial nas oficinas de Câncer de pele, Valorização à vida e Valorização da
mulher, uma maior interação dos usuários pelas perguntas, relatos de experiências e dicas,
expressando sentimentos positivos perante os temas discutidos. O mesmo foi destacado por
Teixeira e Veloso (2006), que consideraram a sala de espera como um território dinâmico, em
que as pessoas conversam, trocam experiências, observam, se emocionam e se expressam.
As oficinas de Valorização da mulher e AVC foram realizadas nos meses de outubro
e novembro e estão associadas aos temas de campanhas nacionais de conscientização,
sendo Outubro Rosa e Novembro Azul. O Instituto Nacional de Câncer (INCA, s.d.) traz que
o movimento internacional de conscientização Outubro Rosa tem como objetivo o controle
do câncer de mama, compartilhando informações e promovendo a conscientização sobre a

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145
doença, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento, contribuindo
para a redução da mortalidade.
O movimento Novembro Azul, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), cons-
cientiza os cuidados integrais para a saúde do homem, como saúde mental, infecções
sexualmente transmissíveis, entre outros, tendo como objetivo promover uma mudança no
conceito de ir ao médico e encorajar os homens a fazerem os exames de rotina.
Entretanto, identificou-se que nesses meses em que se deveria ter uma maior busca do
respectivo público alvo aos exames de prevenção, houve um menor número de participantes
em relação aos outros temas apresentados
Segundo Mônica de Assis (2018):

“De fato, não é simples desconstruir algo tão plantado em corações e mentes,
como o valor de se fazer exames supostamente “preventivos” para manter a
saúde e nos “livrar”, um pouco que seja, da ameaça do câncer. Se é possível
observar que parte da população se mantém alheia a esse tipo de chamado,
por dificuldades de acesso ou por acreditar que é melhor “não mexer no que
está quieto”, uma outra parte adere firmemente a práticas relacionadas à
ideia de check up, jamais imaginando que possam ser eventualmente inúteis
ou implicar riscos.”
(MÔNICA DE ASSIS, 2018, p. 269-270)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação ativa dos usuários mostrou o interesse da comunidade com relação aos
temas discutidos, tornando o momento proveitoso e propício para adquirir novos conhecimen-
tos e, ainda fazendo da espera pelo atendimento um instante menos angustiante. Segundo
Cardoso et al. (2016), a depender das queixas e razões que justificam a busca pela assistên-
cia médica, a sala de espera tende a se tornar um momento de ansiedade e angústia para
o paciente. Assim, nota-se a importância da implementação da sala de espera como uma
forma de ocupar o tempo ocioso durante a espera do atendimento, suavizando as apreen-
sões e trazendo benefícios aos usuários e profissionais (GERMANI; BARTH; ROSA, 2011).
O projeto de extensão sala de espera na UMS atingiu os objetivos propostos por meio
da divulgação de informações repassadas de uma maneira fácil e dinâmica para os usuá-
rios da Unidade. Espera-se que o conteúdo vivenciado, acerca de cuidados em saúde, seja
levado para outros meios, tornando o próprio participante um agente de transformação e
disseminação de práticas.

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146
Agradecimentos

Ao Núcleo Rondon da Universidade Federal do Triângulo Mineiro por apoiar o desen-


volvimento do projeto de extensão da Unidade Básica de Saúde da cidade.

REFERÊNCIAS

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tucatu, v. 22, n. 64, p. 269-271, Mar. 2018. Available from <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S141432832018000100269&lng=en&nrm=iso>. access on 28
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BECKER, Ana Paula Sesti; ROCHA, Natália Lorenzetti da. Ações de promoção de saúde
em sala de espera: contribuições da Psicologia. Mental, Barbacena, v. 21, n. 11, p.339-
355, dez. 2017

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CZERESNIA, Dina. O conceito de saúde e a diferença entre promoção e prevenção (versão


revisada e atualizada do artigo “The concept of health and the difference between promotion
and prevention Cadernos de Saúde Pública, 1999). In: CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M.
(Org) Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de Janeiro: Ed.Fiocruz,
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FAJARDO, Renato Salviato et al. Sala de espera: um momento para se contar estórias.
Rev. Ciênc. Ext. v.12, n.1, p.14-18, 2016.

GERMANI, Alessandra Regina Müller; BARTH, Priscila Orlandi; ROSA, Jonathan da. A
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Erechim, v. 35, n. 129, p.121-130, mar. 2011.

INCA. Outubro Rosa. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/assuntos/outubro-rosa>.


Acesso em: 10 jun. 2019.

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11
OBESIDADE E NÍVEIS DE LEPTINA: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA

Lorrane Rocha da Cunha Diemerson Willy da Silva Pamplona


Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém Instituto Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG

Luiz Henrique Oliveira dos Santos Kaylon Mateus Marcondes Bezerra


Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém

Reginaldo Souza Fayal Junior Evellyn Thaina de Araujo Lemos


Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém

Ismael Ferreira Brito Lucas Fernando Alves e Silva


Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém Universidade Federal do Pará (UFPa)

Vanessa de Paula Moraes dos Santos Fernando Alipio Rollo Neto


Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém Centro Universitário Mauricio de Nassau de Belém

'10.37885/230713870
RESUMO

Objetivo: Realizar uma revisão sistemática acerca de identificar o comportamento dos níveis
de leptina na obesidade. Métodos: A busca eletrônica foi realizada nas bases de dados
SciELO, PubMed e Google Acadêmico, considerando estudos publicados entre 2016 a 2022.
Foram escolhidos os descritores para essa triagem por meio do DECs, sendo utilizados os
operadores booleanos “and” e “or” para auxiliar na busca. Resultados: Através da seleção
do banco de dados, 1474 artigos foram identificados sobre o tema de interesse, 08 estudos
foram selecionados. Em relação aos 8 artigos incluídos nesta revisão, notou-se que 5 artigos
o nível de leptina esteve associado ao excesso de peso e IMC elevado, 1 artigos concluíram
que a leptina está associada a indivíduos obesos com HAS, 1 artigo afirmou que a leptina
é melhor marcadora de valor de massa gorda e 1 artigo constatou que pacientes com fibro-
mialgia com sobrepeso/obesidade indicou uma tendência para níveis mais altos de leptina.
Conclusão: Indivíduos que apresentam grande quantidade de tecido adiposo podem estar
correlacionado níveis séricos de leptina.

Palavras-chave: Leptina, Obesidade, Tecido Adiposo, Adipocinas.


INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Saúde a obesidade é decorrente do acúmulo de gordura no


organismo, permeia aspectos genéticos e relacionados ao estilo de vida, sendo difícil atri-
buir uma proporção exata para cada um destes fatores, no entanto, está bem estabelecido
na literatura que no desencadeamento da obesidade tem forte relação com os hábitos de
vida (BRASIL, 2021).
Neste contexto, estudos que investigaram os processos de ganho, perda e manutenção
da massa corporal têm adotado como principal foco os fatores de risco comportamentais
modificáveis, principalmente a atividade física. Trata-se ao mesmo tempo de uma doença e
de um dos fatores de risco mais importantes para outras doenças crônicas não transmissíveis
(MENDONÇA; ANJOS, 2004; BRASIL, 2021).
A prevalência da obesidade vem aumentando, principalmente entre adultos, tanto nos
países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas apresente excesso de peso, das
quais, 300 milhões são obesos (WHO, 2022).
Existem várias maneiras de classificar obesidade e sobrepeso, o mais conhecido
é o cálculo do índice de massa corporal (IMC), que divide o peso em quilogramas vezes
a altura em metros ao quadrado (kg/m²), IMC é igual ou o excesso de peso é definido
como superior a 25 kg/m² e o IMC igual ou superior a 30 kg/m² é definido como obesidade
(WANNANMACHER, 2016).
O tecido adiposo não é simplesmente um depósito de energia, mas também um órgão
endócrino, parácrino e autócrino ativo com múltiplas funções, incluindo a capacidade de
sintetizar e liberar mediadores, como a leptina, que participa de múltiplos processos biológi-
cos. A obesidade reflete, tanto qualitativamente, quanto quantitativamente, a proporção de
tecido adipose (TROIANO; FLEGAL, 1998; PI-SUNYER, 2000; KAIN et al., 2002).
As adipocinas, são peptídeos bioativos expressos e excretados por meio do tecido
adiposo, são divididas em pró-inflamatórias (grupo que aumenta a resposta inflamatória) e
anti-inflamatórias (grupo que diminui a resposta inflamatória). As mesmas, apresentam o
seguinte comportamento usual: pró-inflamatórias em menor quantidade e anti-inflamatórias
em maior quantidade. O que ocorre na obesidade é um comportamento contrário, ou seja, as
anti-inflamatórias diminuem e as pró-inflamatórias se sobressaem (OLIVEIRA e et al., 2011).
A leptina pertence à classe I da superfamília das citocinas, a sua produção é propor-
cional a quantidade de gordura corporal, a mesma atua no hipotálamo para suprimir o ape-
tite, aumentar o gasto calórico e regular o peso. Atua em células neuronais do hipotálamo
no sistema nervoso central, é uma citocina pró-inflamatória derivada de adipócitos (tecido
adiposo branco), embora sua expressão também exista em outros tecidos, como no tecido

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muscular e estomacal. Pode-se esperar, portanto, que as pessoas obesas apresentam tanto
hiperleptinemia quanto resistência a leptina, embora em alguns indivíduos isso não ocorra
(FARR; GAVRIELI; MANTZOROS, 2015; FRÜHBECK et al., 2017).
Portanto, este estudo tem por objetivo identificar o comportamento dos níveis de leptina
em indivíduos obesos com ou sem patologias associadas.

MÉTODOS

Este estudo foi pautado em uma revisão sistemática da literatura realizada no pe-
ríodo compreendido entre novembro de 2022 e janeiro 2023, por meio das bases de da-
dos National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e
Google Acadêmico.
Os descritores escolhidos para esta triagem preliminar foram as palavras-chaves: “obe-
sidade, leptina e tecido adiposo”, que foram respectivamente traduzidas para a língua inglesa
através dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
acrescidos do operador booleano and, o que resultou nos termos combinados “obesity and
leptin and adpose tissue”.
Dentre os critérios de inclusão, foram selecionados trabalhos indexados nas bases
de dados SciELO, PubMed e Google Acadêmico, artigos que tivessem relação com o tema
proposto, pesquisas com publicação entre os anos de 2016 a 2022, artigos completos e
disponíveis online, e textos na língua portuguesa e inglesa.
Como critérios de exclusão, foram descartados artigos de revisão de qualquer tipo, traba-
lhos com intervenções farmacológicas, amostras duplicadas, teses, capítulos de teses, livros,
capítulos de livros, anais de congresso ou conferências e artigos publicados antes de 2016.
Poderiam compor esta revisão artigos selecionados com participantes de am-
bos os sexos, sem mínimo de idade e com pacientes obesos atrelados ou não a outras
patologias/comorbidades.
Após a busca dos artigos relevantes para a pesquisa nas bases de dados, foi realizada a
leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa dos textos e foi feita a análise dos dados.

RESULTADOS

A busca pelos artigos ocorreu na Biblioteca Nacional de Medicina (PUBMED), Scielo


e pelo Google Acadêmico através do uso dos descritores previamente selecionas, a qual
resultou, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, em 1474 artigos. Após leitura
minuciosa dos resumos, restaram 36 artigos para uma avaliação mais detalhada. Em se-
guida, cada artigo foi lido na íntegra para reafirmar que atendiam os critérios de inclusão e

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exclusão, e que se enquadravam no objetivo deste estudo, sendo assim selecionamos 08
artigos que foram escolhidos para compor esta revisão sistemática da literatura. A Figura 1
mostra todo o processo de seleção de forma organizada e esquematizada.

Figura 1. Fluxograma dos estudos identificados e selecionados conforme a busca nas bases de dados.

Identificação Google Acadêmico N = 1119


Artigos identificados por meio
PubMed N = 298
de pesquisa nas bases de dados
Scielo N = 57
N = 1474

Google Acadêmico N = 10
Artigos selecionados após leitura
dos resumos PubMed N = 12
N = 36
Scielo N = 14
Triagem

Google Acadêmico N = 1
Após leitura na íntegra dos
artigos PubMed N = 1
N=8 Scielo N = 6

Artigos elegíveis para esta


Incluídos

revisão
N=8

Fonte: autores.

Este estudo inclui uma análise completa de 8 estudos distintos que fornecem várias
técnicas de medição de leptina. Os níveis de leptina e o excesso de peso, bem como um
índice de massa corporal (IMC) elevado, foram relacionados em cinco dessas publicações.
Esses resultados indicam que a leptina pode desempenhar um papel importante no controle
do peso corporal e no armazenamento de gordura.
Além disso, um dos artigos de revisão chegou à conclusão de que a leptina está ligada
a pessoas obesas com Hipertensão Arterial Resistente (HAR). Isso mostra uma conexão
potencialmente complicada entre leptina e hipertensão, o que pode oferecer informações
importantes para a compreensão das dificuldades associadas à obesidade.

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Outro artigo enfatizou a leptina como um sinal crucial para avaliar o valor da massa
gorda, destacando sua importância na identificação de pessoas em risco de se tornarem
obesas e, como resultado, potencialmente desenvolver doenças cardíacas. Isso sugere que
a leptina, independentemente de outros fatores de risco, pode ser uma estratégia útil para
prevenir ou controlar problemas cardíacos relacionados à obesidade.
Finalmente, um estudo que analisou pessoas com fibromialgia que estavam acima do
peso ou obesas apresentou um resultado intrigante. De acordo com este estudo, os níveis
de leptina neste grupo particular estavam em ascensão em relação aos indivíduos que não
estavam acima do peso ou obesos. Essa conexão pode abrir a porta para uma investigação
mais aprofundada sobre a conexão entre leptina, fibromialgia e peso corporal, oferecendo
um novo ponto de vista sobre essa doença clínica desafiadora.
Juntos, esses artigos fornecem uma visão abrangente do papel da leptina em várias
condições relacionadas ao peso corporal e abrem as portas para pesquisas adicionais que
podem ajudar a melhorar nossa compreensão da regulação do peso e sua influência em
diferentes aspectos da saúde humana.
A Tabela 1 que acompanha esta revisão apresenta as principais características dos
artigos incluídos, sintetizando informações cruciais sobre cada estudo, como autor/ano, tí-
tulo, objetivo e resultados. Esta tabela é uma ferramenta valiosa para sintetizar os principais
achados e facilitar a comparação entre os estudos examinados.

Quadro 1. Característica dos estudos.

AUTOR/ANO TÍTULO OBJETIVO RESULTADOS


Paiva et al., 2017 Serum levels of leptin and adipo- Avaliar os níveis séricos de adipoci- Pacientes com fibromialgia com
nectin and clinical parameters in nas em mulheres com fibromialgia sobrepeso/obesidade indicou uma
women with fibromyalgia and ove- com e sem sobrepeso/obesidade tendência para níveis mais altos de
rweight/obesity e correlacionar os níveis de adi- leptina em relação ao grupo sem
pocinas com parâmetros clínicos sobrepeso\obesidade.
associados à fibromialgia e massa
de tecido adiposo.
Sales-Peres et al., 2019 Alveolar bone pattern and salivary Investigar as associações entre A concentração de leptina esteve
leptin levels among premenopausal padrão ósseo alveolar, concentra- associada ao IMC.
obese women ções de leptina salivar e estado pe-
riodontal em mulheres obesas na
pré-menopausa e eutróficas
Faria et al., 2019 Proposta de um Escore Inflamató- Desenvolver uma medida que inte- Um estado de inflamação subclínica
rio de Citocinas e Adipocinas Plas- gra citocinas envolvidas na fisiopa- definida pelo EI incluindo TNF-alfa,
máticas associado à Hipertensão tologia da HAR IL-6, IL-8, IL-10, leptina e adiponec-
Resistente, mas dependente dos tina está associado com indivíduos
Parâmetros de Obesidade obesos com HAR.
Bavoso et al., 2019 Psoriasis in obesity: comparison of Determinar os níveis de leptina e Os casos com excesso de peso apre-
serum levels of leptin and adipo- adiponectina em pacientes com sentaram maiores valores de lepti-
nectin in obese subjects-cases and psoríase em comparação com pa- na que os casos com peso normal
controls cientes controle pareados por peso.
Palhares et al., 2017 Evaluation of clinical and laboratory Analisar a frequência de marcado- Os níveis de leptina aumentaram
markers of cardiometabolic risk in res de risco cardiometabólico e a em 95% dos obesos e em 66% dos
overweight and obese children and ocorrência de síndrome metabóli- indivíduos com sobrepeso.
adolescents ca em crianças e adolescentes com
sobrepeso e obesidade

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Montazerifar et al., 2016 Obesity, serum resistin and leptin Estudo caso-controle com o objeti- A leptina é melhor marcadora de
levels linked to coronary artery di- vo de avaliar a relação entre níveis valor de massa gorda e pode ser
sease de leptina e resistina em soro com considerada um fator de risco, de-
obesidade e doença arterial coro- pendente da obesidade, e indepen-
nariana (DAC) dente para distúrbios cardíacos.
He et al., 2020 Leptin partially mediates the asso- Objetivo foi investigar o papel da A leptina foi positivamente corre-
ciation between early-life nutritio- leptina na associação diferencial lacionada com o IMC (o ρ de Spe-
nal supplementation and long-term entre nutrição no início da vida e arman foi de 0,6 em mulheres, 0,7
glycemic status among women in a os riscos de obesidade e diabetes. em homens).
Guatemalan longitudinal cohort
Katsogiannos et al. , Changes in circulating cytokines and Este estudo teve como objetivo Interleucina-6 (IL-6), IFN-β, IL-18,
2021 adipokines after RYGB in patients comparar os níveis de citocinas e leptina e fator de crescimento de
with and without type 2 diabetes adipocinas em pacientes com obe- hepatócitos foram maiores em
sidade com e sem diabetes tipo 2 todos os pacientes com obesida-
(DM2) na linha de base e 6 meses de em comparação com controles
após bypass gástrico em Y de Roux saudáveis.
(RYGB) com controles saudáveis.
Fonte: autores.

DISCUSSÃO

Segundo o estudo de Paiva et al. (2017), verificou-se que pacientes com fibromialgia e
sobrepeso/obesidade produzem mais leptina do que aqueles com fibromialgia e peso con-
siderado normal, afirmando o que outros autores escreveram sobre a composição corporal
estar ligada aos níveis desta adipocina.
Em outro estudo, Peres et al. (2019) avaliaram 30 mulheres com obesidade mórbi-
da (Grupo 1) e 30 mulheres com peso normal (Grupo 2) na pré menopausa e eutróficas.
Indivíduos obesos apresentaram concentrações maiores de leptina do que as de peso normal,
mostrando que a concentração de leptina era dependente apenas do IMC. O que revela um
resultado parecido ao estudo de Paiva et. al.
Corroborando com os estudos acima, foi realizado uma pesquisa com 103 indivíduos
de ambos os sexos, divididos em três grupos, e com idades superiores a 30 anos, onde
usou-se o IMC como indicador para a obesidade na população em estudo. Observou-se que
houve uma subida estatisticamente relevante nos níveis de leptina, em ambos os sexos,
conforme o aumento do IMC (MARTINS, 2012).
A leptina, uma adipocina descoberta há mais de uma década, liga o estado nutricional
à função neuroendócrina e imunológica. Em comparação com a adiponectina, as pessoas
obesas apresentam níveis séricos elevados de leptina, uma adipocina com múltiplas pro-
priedades pró-inflamatórias (TILG; MOSCHEN, 2008).
Já na pesquisa de Faria et al. (2018), sugere-se que a inflamação é um dos fatores
fisiopatológicos da Hipertensão Arterial Resistente (HAR) e comorbidades relacionadas, tais
como diabetes, obesidade e síndrome metabólica. Níveis alterados de citocinas e adipocinas,
tais como IL-10, IL-1 beta, adiponectina e leptina foram relatados em indivíduos com HAR
em comparação a controles. A hiperleptinemia e a hipoadiponectinemia estavam associadas

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com a falta de controle da pressão arterial, e com danos em órgãos alvo – enrijecimento
arterial e microalbuminúria – nessa população de alto risco.
Outro estudo investigou o papel dos biomarcadores inflamatórios na remodelação óssea
e encontraram uma correlação inversa com as concentrações de leptina; as relações adipo-
nectina/leptina foram positivamente correlacionadas com a osteocalcina em adolescentes
obesos (SILVEIRA et al., 2018).
A concentração de leptina tem um efeito importante no metabolismo ósseo. O impacto
da obesidade e da perda de peso na remodelação óssea e na massa óssea em crianças e
adolescentes permanece controverso, mas pode implicar uma interação entre obesidade
e metabolismo ósseo. A má qualidade óssea é o maior risco de fratura na população pe-
diátrica obesa e pode ser explicada pela alteração da qualidade óssea ou mineralização
(GAJEWSKA et al., 2018).
Já no estudo de Bavoso et al. (2019), observou-se que a prevalência de obesidade foi
de 33% nos casos e 21,9% nos controles, porém não foram encontrados correlação entre os
níveis de excesso de peso, leptina ou adiponectina e gravidade da psoríase. O tecido adipo-
so, além da função de armazenamento de gordura, também funciona como órgão endócrino
independente, produtor de hormônios e de citocinas inflamatórias, como já demonstrado por
vários estudos que há uma correlação entre a produção de citocinas inflamatórias como a
leptina e a adiponectina, estando ligados a fisiopatologia da obesidade e parecem também
estar envolvidas na psoríase, de forma independente.30,31
Sabe-se que uma maior quantidade de tecido adiposo, um estado de inflamação,
pode aumentar a concentração plasmática de leptina que é produzida e liberada no sangue
e, portanto, o percentual de gordura afeta essa liberação. Importante frisar também que a
ação da leptina é controlada por diversas substâncias do organismo, como a insulina, os
glicocorticoides e as citocinas pró-inflamatórias (MARQUES-LOPES et al., 2004).
No estudo de Palhares et al. (2017) em relação às adipocinas, os níveis séricos de lep-
tina foram significativamente maiores no grupo obeso e estavam acima dos valores adotados
como referência em 95% do grupo obeso e 66% do grupo com excesso de peso. A adiponec-
tina não foi detectada em o soro de todos os indivíduos estudados, visto que concentrações
estavam abaixo do limite de detecção do aplicado método em 34% do grupo com excesso de
peso e 29,5% do grupo obeso, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
Segundo Montazerifar et al. (2016), os estudos demonstram a relação de adipocinas,
como a leptina e resistina participando do processo inflamatório e da resistência à insulina
em condições de obesidade.
A leptina é uma adipocina pró-inflamatória composta por 167 aminoácidos com peso
molecular de 16 kDa, expressa principalmente nos adipócitos. Liga-se a receptores no

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sistema nervoso central, causando sensação de saciedade e promovendo gasto energéti-
co (SILVA et al., 2019).
A relação entre leptina e obesidade se dá de duas maneiras: o indivíduo é deficiente
na produção de leptina pelos adipócitos ou é resistente à sua ação primária (promover a
saciedade), resultando em um gap entre consumo e gasto energético. equilíbrio, levando
ao desenvolvimento da obesidade (FREITAS et al. 2013).
Já na pesquisa de Katsogiannos et al., (2021) a interleucina-6 (IL-6), IFN-β, IL-18, leptina
e fator de crescimento de hepatócitos foram maiores em todos os pacientes com obesidade
em comparação com controles saudáveis e nos pacientes sem DM2, TNF-α, IL-1α, IL-2, IL-
15, leptina e visfatina permaneceram aumentados.
He et al. (2020) em sua pesquisa, observou que a concentração de leptina foi relacio-
nada com o IMC e circunferência da cintura, e de forma positiva entre a leptina e as medidas
de adiposidade em ambos os sexos, tanto na adiposidade geral quanto na adiposidade cen-
tral. Também observaram concentrações de leptina significativamente maiores em mulheres
do que em homens.
Um estudo semelhante de Katsogiannos et al. (2021) ao calcular a correlação para
todos os participantes do estudo com obesidade, descobrimos que o IMC basal estava
positivamente correlacionado com os níveis circulantes de leptina, resistina e osteoponti-
na. Ao calcular as correlações para os dois grupos separados de pacientes com obesidade,
não observamos correlações entre adipocinas circulantes e IMC entre os pacientes sem
Diabetes Mellitus 2 (DM2). Entre os pacientes com DM2, uma correlação positiva entre IMC
e leptina foi observada.
Em indivíduos eutróficos, os adipócitos promovem a homeostase metabólica, porém,
com a proliferação celular induzida pela obesidade, os macrófagos (células de defesa do
sistema imunológico humano) se infiltram no tecido adiposo, promovendo maior inflamação
local e aumentando produção de citocinas pró inflamatórias, como a leptina (COMINETTI;
COZZOLINO, 2020).

CONCLUSÃO

A leptina, hormônio crucial para a regulação do metabolismo energético e da fome,


pode sofrer alterações consideráveis nos níveis sanguíneos em decorrência do estado in-
flamatório associado à obesidade. Numerosos estudos demonstraram uma forte relação
entre a obesidade, um alto índice de massa corporal (IMC) e os níveis de leptina do corpo.
Além de servir ao propósito típico de armazenar gordura, o tecido adiposo também
funciona como um órgão endócrino independente e é uma fonte significativa das citocinas
inflamatórias leptina e adiponectina. Esses compostos têm um impacto direto na forma

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como o corpo controla o peso e responde à inflamação, contribuindo para a fisiopatolo-
gia da obesidade.
A utilização de amostras padronizadas e técnicas de avaliação em estudos sobre a
relação entre obesidade e leptina ainda é incipiente, apesar dos avanços nessa área de
estudo. Há uma necessidade premente de mais pesquisas aprofundadas sobre o assunto
em questão, pois a ausência de padrões pode dificultar a comparação e avaliação dos re-
sultados entre os estudos.
É imperativo que mais estudos sejam feitos para entender melhor a função da leptina
no contexto da obesidade e seus processos subjacentes. Compreender esses fatores com
mais detalhes pode fornecer informações úteis para a criação de estratégias de tratamento
mais potentes na batalha contra a obesidade e suas consequências relacionadas, ajudando
a melhorar o padrão de vida.

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12
PATOLOGIA CARDIOVASCULAR

Eugénia Mendes

Bruno Delgado

Ivo Lopes

André Novo

'10.37885/230713686
RESUMO

As doenças cardiovasculares afetam o sistema circulatório, coração e vasos sanguíneos(1)


e continuam a ser a principal causa de morte em Portugal, apesar da melhoria global de
todos os indicadores com elas relacionados. Segundo dados da Direção Geral da Saúde(2)
verifica-se uma diminuição da taxa de mortalidade, número de óbitos e anos potenciais
de vida perdidos.

Palavras-chave: Doença Cardíaca, Doença Cardiovascular.


INTRODUÇÃO

A tendência de melhoria dos indicadores tem vindo a verificar-se na última década, fruto
da melhoria dos cuidados e das estratégias definidas anualmente. Atinge-se assim em 2013
um valor de mortalidade global inferior a 30%, cumprindo-se desta forma uma das metas
para o Programa Nacional para as Doenças Cérebro Cardiovasculares (variação negativa
de 44,4% em 1988 para 29,5% em 2013)(4).
Mais recentemente, em 2015, atingiu-se uma percentagem de óbitos provocados por
doenças cardiovasculares de 29,7% sendo que no período entre 2011 e 2015 verificou-se
uma redução global de 4,1% na mortalidade global por doenças do aparelho circulatório(5).
Para que esta tendência se mantenha é importante a manutenção das boas práticas,
desenvolvimento de novas estratégias ou melhoria das já existentes. Sendo assim, a reabi-
litação cardíaca assume-se como um dos pilares fundamentais à intervenção nas pessoas
com doença cardiovascular.

Gráfico 1. Percentagem de óbitos ocorridos em Portugal por Doenças do aparelho Circulatório entre 1960 e 2016 (Fonte:
PORDATA(3))

DESENVOLVIMENTO

A doença cardiovascular relaciona-se com todas as situações patológicas associadas


ao coração e vasos sanguíneos envolvidos no sistema circulatório. O coração corresponde
ao elemento central deste sistema, sendo responsável pela ejeção do sangue através da
árvore vascular (vasos arteriais e venosos), de forma a garantir a correta oxigenação e irriga-
ção de tecidos e órgãos. Quando se fala em doença cardiovascular refere-se habitualmente
a condições patológicas relacionadas com o coração, cérebro e sua irrigação. A patologia

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cardíaca pode definir-se como toda e qualquer anomalia num dos três sistemas funcionais do
coração, como por exemplo sistema vascular, sistema elétrico e sistema muscular. Podem
enunciar-se variadíssimas situações patológicas associadas a cada um deles, como por
exemplo doença arterial coronária (sistema vascular), insuficiência cardíaca (sistema mus-
cular), arritmias e doenças de condução do estímulo cardíaco (sistema elétrico).
A doença arterial coronária define-se como um processo fisiopatológico em que ocorre
acumulação de lípidos e tecido fibroso, formando uma placa de ateroma no lúmen de uma
coronária, potenciando situações que podem ser parciais ou totalmente oclusivas. Este pro-
cesso pode desenvolver-se de forma mais ou menos célere, de acordo com os fatores de
risco cardiovascular presentes no doente em questão, sendo que a estabilização e regres-
são da doença arterial coronária depende essencialmente da adoção de comportamentos
de vida saudáveis, assim como de estratégias farmacológicas e intervenções invasivas
de reperfusão(6).
A insuficiência cardíaca é uma síndrome complexa que se caracteriza pela incapacidade
do coração em bombear de forma adequada o sangue para todas as partes do organismo,
decorrente da insuficiência miocárdica ou pressões elevadas intracardíacas que interferem
com um correto output cardíaco(7).
Arritmia entende-se por qualquer alteração à normal condução de estímulo elétrico
cardíaco que permite a frequência e contratilidade regulares compatíveis com a manutenção
de um débito cardíaco constante e suficiente para as necessidades do organismo.
A doença valvular corresponde a uma laxidez ou endurecimento de qualquer estru-
tura valvular que vai impedir o normal fluxo sanguíneo dentro das cavidades cardíacas,
gerando alteração nas pressões intracardíacas, que por sua vez comprometem o normal
débito cardíaco.
Qualquer uma das condições previamente apresentadas condiciona de forma significati-
va o funcionamento cardíaco e, como tal, carecem de uma estratégia terapêutica organizada,
multidisciplicar e centrada no doente como foco dos cuidados gerais e de reabilitação.
Os programas de reabilitação cardíaca são uma componente fundamental no percur-
so do doente cardíaco, com diversos estudos que demonstram a sua eficácia na redução
da mortalidade, aumento da sobrevida, adesão ao regime farmacológico e modificação de
comportamentos na procura de um estilo de vida saudável(8). Atualmente, as pessoas com
patologia cardíaca deviam ser mais envolvidas em programas de reabilitação cardíaca, as-
sim como em consultas específicas de acompanhamento e projetos (ex.: hospitais de dia),
de forma a promover a eficaz gestão do regime terapêutico e a diminuição do número de
internamentos através de uma intervenção precoce no controlo dos fatores precipitantes de
descompensação da doença.

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As sequelas clínicas, mentais e funcionais após um evento cardiovascular agudo,
traduzem-se em perda da capacidade funcional e produtiva, diminuição da participação so-
cial e profissional, do autoconceito e da qualidade de vida. Por outro lado, o risco de novos
eventos adversos em saúde é maior na presença de doença cardiovascular, originando-se,
assim, um círculo vicioso traduzido em limitações crescentes nas atividades da vida diária
dos indivíduos. O grau de incapacidade por doença cardíaca aumenta com a idade e é maior
no sexo feminino. Para além dos fatores idade e género, também o baixo nível de condi-
cionamento aeróbio e a depressão contribuem para o descondicionamento da pessoa(9).
Apesar da aposta nas prevenções primária e secundária estar em crescendo, o investi-
mento científico e financeiro em novas técnicas, procedimentos terapêuticos e farmacologia,
é claramente superior e mais prioritário para os decisores em saúde. Esta é a realidade,
apesar de ser clara a relação favorável de custo-efetividade da prevenção em saúde.
Uma mudança sustentada de comportamentos e hábitos de vida constitui um pon-
to-chave na doença cardíaca isquémica, sendo necessário que as intervenções, aos três
níveis de prevenção e neste paradigma salutogénico, sejam mais frequentes, dinâmicas
e agressivas, com uma consciencialização crescente da sociedade e dos profissionais de
saúde. Estes aspetos devem ser incluídos no delineamento de programas de reabilitação
cardíaca abrangentes, valorizando a gestão da doença centrada no doente, e investindo na
vertente cognitivo-comportamental do doente cardíaco, motivando-o e ensinando-lhe formas
de lidar com a doença e como diminuir a probabilidade de um novo evento(10).

CONCLUSÃO

Em linha com o anteriormente exposto, a Organização Mundial da Saúde calcula que


uma redução ligeira da hipertensão arterial, do consumo tabágico, da hipercolesterolemia e da
obesidade pode fazer cair a incidência de doença cardiovascular para menos de metade. Isto
só se consegue investindo na prevenção e mais especificamente na reabilitação cardíaca(11).
Contudo, e de acordo com o Euroaspire IV (2014/2015)(12), uma investigação que
objetivou avaliar a proporção de pacientes assistidos em programas de reabilitação cardíaca
e o controlo dos fatores de risco cardiovascular, verificou-se que em Portugal, à semelhança
dos restantes países da Europa, o controlo dos fatores de risco é ainda precário. Ainda se-
gundo dados dessa investigação, a prevalência de obesidade em Portugal foi de 38%, em
contraste com os 44% da média europeia. No nosso país, 24% dos indivíduos de alto risco
manifestaram realizar exercício 30 ou mais minutos por semana, valor inferior ao da média
europeia, que se situa nos 32%. No cômputo geral, conclui-se do Euroaspire IV que estilos
de vida saudáveis são insuficientemente adotados em indivíduos de alto risco, tal é o caso
do tabagismo, alimentação não saudável e reduzidos níveis de atividade física. Mais atenção

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deve ser dada a estes fatores, reforçando a importância de programas multidisciplinares de
reabilitação cardíaca(12).

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165
13
PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE
UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DO
CEARÁ SOBRE OS MALEFÍCIOS DO USO DOS
CIGARROS ELETRÔNICOS

Elizabete Ferreira Abreu


Centro Universitário Ateneu

Adjane Maria da Silva


Centro Universitário Ateneu

Laise Leandro dos Santos Sousa


Centro Universitário Ateneu

Lara Thifany dos Santos Torres


Centro Universitário Ateneu

Vitoria Alves Saldanha


Centro Universitário Ateneu

Denise Rocha Nepomuceno dos Santos


Universidade Federal do Ceará

'10.37885/230813951
RESUMO

Objetivo: O projeto objetivou analisar o nível de conscientização e envolvimento dos alu-


nos com os cigarros eletrônicos. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo de abordagem
quantitativa A coleta de dados ocorreu em uma Escola Pública da rede Estadual do Ceará
no período de janeiro a dezembro de 2022. Resultados: Foram coletados 161 questionários
dos 380 alunos matriculados nas turmas de ensino médio da escola, no qual houve maior
aderência de respostas no sexo masculino (50,3%), tendo uma resistência as respostas por
parte dos alunos do público feminino (49,7%), com 40,9% da idade prevalente sendo de
16 anos. Os dados coletados demonstram que quase metade dos avaliados convivem com
fumantes, sendo cerca de 80 alunos (49,7%) tendo essa influência e esse contato passivo
diariamente com o tabaco, 105 alunos (65,6%) afirmam que não fizeram uso de cigarro em
algum momento, 25 alunos (15,6%) relataram ter utilizado canabinóides e 31 (19,4%) usaram
cigarros. (90,7%) conhecem a existência dos CE e 60 alunos (37,3%) já fizeram uso deles
sendo eles utilizados por 18% dos alunos de forma esporadicamente, sendo a principal
motivação dos estudantes que utilizaram CE foi por curiosidade e (67,7%) estão cientes de
que os CE trazem malefícios ao organismo. Conclusão: Faz-se necessário a maior propa-
gação sobre o assunto nas escolas e canais de comunicação para que os jovens tenham
consciência de que cigarros eletrônicos são tão maléficos quanto os cigarros tradicionais
de tabaco pois observa-se o estigma de por ser utilizado essência ele é menos prejudicial
que os que se utilizam outros produtos. Destaca-se também a importância de conscientizar
familiares para que desincentivem os adolescentes a utilizarem cigarros e que se evite expor
eles à fumaça para que não os tornem fumantes passivos.

Palavras-chave: Tabagismo, Adolescentes, Saúde Pública, Sistemas Eletrônicos de Libe-


ração de Nicotina.
INTRODUÇÃO

O maior obstáculo para a saúde pública mundial continua sendo o tabagismo, sendo
classificado como o motivo principal de morte evitável, levando ao óbito cerca de metade
de seus usuários. O cigarro tradicional é um fator de risco para cânceres de boca, esôfago,
laringe e pâncreas, além de estar diretamente ligado a doenças pulmonares. Mediante a
esses fatos, as autoridades mundiais de saúde pública estão se dedicando na redução do
seu uso (Medeiros, et al., 2021).
Desde 1989, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) tem desempe-
nhado um papel ativo na promoção de iniciativas de controle do tabagismo. Como resultado,
com a redução do consumo de tabaco industrial globalmente, os fabricantes são forçados
a diversificar suas estratégias, levando a um novo conceito conhecido como Dispositivos
Eletrônicos para Fumar (DEFs). O termo abrange uma ampla gama de produtos, incluindo
cigarros eletrônicos, narguilés e os populares cigarros eletrônicos, que ganharam destaque
(Silva et al., 2014).
Os cigarros eletrônicos (CE) foram inseridos no mercado mundial em 2004, como uma
alternativa para a substituição do cigarro tradicional. São considerados menos danosos que
os cigarros tradicionais, mas não isentos de causar danos à saúde dos usuários, já que seu
vapor apresenta uma quantidade significativa de agentes tóxicos como nicotina, chumbo
e substâncias cancerígenas (Medeiros, et al., 2021). Em vista disso, esses aparelhos ele-
trônicos foram comercializados como um possível tratamento para auxiliar na cessação do
tabagismo. No entanto, desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
implementou medidas para proibir a importação, comercialização e publicidade desses
dispositivos devido aos riscos e efeitos negativos que representam para a saúde. Os fa-
bricantes de cigarros eletrônicos afirmam que esses produtos são mais seguros do que os
cigarros tradicionais, sugerindo que contêm menos substâncias nocivas do que os cigarros
comuns, criando assim um equívoco sobre os possíveis danos dos cigarros eletrônicos
(Silva; Pachú, 2021).
A nicotina presente nos dispositivos é extraída do tabaco e, dependendo do seu grau
de purificação, pode conter nitrosaminas e outros alcalóides. A concentração de nicotina
nos CE varia de 3 a 50 mg/mL. Os CE são compostos majoritariamente de nicotina, propi-
lenoglicol e/ou glicerina e “aromatizantes”, água, álcool e outras substâncias que são va-
porizadas e inaladas, chegando aos pulmões. O grande problema dos cigarros eletrônicos
são as várias substâncias químicas em altas temperaturas que se transformam em novos
compostos ainda mais danosos (Boléo-Tomé et al., 2019).
Outras consequências do uso do CE podem provocar lesões pulmonares, envene-
namentos agudos por nicotina, queimaduras, lacerações e hematomas na região da boca,

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comprometendo a saúde bucal (Medeiros, et al., 2021). O vapor liberado pelos cigarros
eletrônicos pode desencadear diversas complicações cardiovasculares, notadamente asso-
ciadas ao estresse oxidativo nas células endoteliais e ao endurecimento das artérias, além de
provocar mudanças prejudiciais no nível de plaquetas e causar danos ao material genético
das células. Substâncias derivadas do propilenoglicol, presentes nos cigarros eletrônicos,
podem gerar danos oxidativos nas células que revestem os vasos sanguíneos, prejudicando
a regulação natural das substâncias no organismo e aumentando o risco de doenças como
aterosclerose, trombose, doença coronariana, hipertensão e processos que contribuem para
o acúmulo de placas nas artérias. Adicionalmente, os aromatizantes usados nos cigarros
eletrônicos podem amplificar a produção de substâncias químicas reativas, como espécies
de oxigênio, que por sua vez atraem macrófagos M1, células associadas à secreção de
citocinas pró-inflamatórias na resposta imune inicial (Bozier, 2020).
Foi comprovada a existência de uma doença proveniente do uso dos cigarros eletrô-
nicos, descrita em 2019 nos Estados Unidos, chamada EVALI, sigla em inglês para lesão
pulmonar causada pelo uso de cigarro eletrônico, que se caracteriza por uma insuficiência
respiratória e um quadro intenso de resposta inflamatória. Os pacientes apresentam febre,
leucocitose e aumento dos níveis de proteína C reativa, como também testes bacterianos e
virais negativados (Medeiros, et al., 2021). Em dezembro de 2019, foi relatado que 2,7% dos
pacientes diagnosticados com EVALI necessitaram de re-hospitalização. Desses pacientes,
um em cada sete morreu após a alta. Os indivíduos que morreram de EVALI tiveram maior
probabilidade de serem internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs), além de enfrentar
insuficiência respiratória com necessidade de intubação e ventilação mecânica. Além disso,
esses pacientes eram mais velhos (Mikosz, et al., 2020).
Como o conhecimento e a experimentação dos CE vêm aumentando progressivamente,
principalmente entre os jovens, e tendo em mente as incertezas quanto à segurança e ao
risco à saúde, este trabalho justifica-se em alerta para que o tema passe a ser mais estuda-
do e debatido por estudantes e profissionais da área da saúde com a finalidade de serem
desenvolvidos mais estudos sobre a temática e mais processos de educação em saúde
para o público-alvo. O trabalho será norteado pelos seguintes questionamentos: Qual o
nível de conhecimento dos alunos sobre os malefícios do uso do cigarro eletrônico e qual a
melhor forma de conscientizá-los sobre os riscos do CE? Sendo assim, diante do exposto,
o presente estudo objetiva analisar o nível de conscientização e envolvimento dos alunos
com os cigarros eletrônicos.

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MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo. Prodanov e Freitas (2013) nos fala que a pesquisa
descritiva é aquela na qual o pesquisador vai observar, registrar, analisar e ordenar os dados
sem manipulá-los com interferência. Trazendo a estatística para traduzir em números todas
as informações coletadas, foi feita uma análise com abordagem quantitativa. A pesquisa
ocorreu em uma Escola Pública de Ensino Médio e Integral da rede Estadual do Ceará, na
cidade Fortaleza, localizada no bairro Lagoa Redonda, intitulada Tecla Ferreira, no período
de janeiro a dezembro de 2022. A pesquisa foi feita com 161 alunos do ensino médio de
tempo integral. Foram incluídos alunos do sexo masculino e feminino. Foram excluídos
alunos em processo de transferências escolares, faltosos e expulsos.
Essa pesquisa atende às diretrizes e normas estabelecidas na Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde, que estabelece os fundamentos éticos para a realização de pes-
quisas envolvendo seres humanos no Brasil e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Centro Universitário Ateneu, sob o parecer de número CAAE: 63534022.9.0000.8085.
A coleta de dados foi feita no mês de setembro, por meio de questionário fechado
e impresso em papel A4, contendo dez (10) questões e quatro (4) alternativas de múltipa
escolha. Antes da aplicação do questionário, foi realizada uma visita na escola para a en-
trega dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os pais lerem e assinarem,
autorizando a participação dos menores na pesquisa. No dia da coleta, foram recebidos os
termos dos pais e entregues os Termos de Assentimento Livre e Esclarecido para os alunos
assinarem e assim, prosseguir com a coleta de dados. A análise de dados foi feita por meio
da organização dos dados coletados em planilhas do Excel e a criação de gráficos para
comparação e concretização dos resultados.

RESULTADOS

Foram coletados 161 questionários dos 380 alunos matriculados nas turmas de ensino
médio da escola, no qual, houve maior aderência de respostas no sexo masculino (50,3%),
tendo uma resistência as respostas por parte dos alunos do público feminino (49,7%), com
40,9% da idade prevalente sendo de 16 anos.
Os dados coletados demonstram que quase metade dos avaliados convivem com
fumantes, sendo cerca de 80 alunos (49,7%) tendo essa influência e esse contato passivo
diariamente com o tabaco, porém, ao questionar sobre a utilização de algum tipo de dispo-
sitivo e cigarros, os resultados são positivos no qual 105 alunos (65,6%) afirmam que não
fizeram uso de cigarro em algum momento. Quando questionados os tipos de cigarros que

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foram utilizados, 25 alunos (15,6%) relataram ter utilizado canabinóides e 31 (19,4%) usaram
cigarros convencionais.
Sobre a percepção dos alunos acerca do conhecimento e malefícios do uso indevido
dos cigarros eletrônicos, 142 estudantes (90,7%) conheciam a existência dos CE e 60 alunos
(37,3%) já fizeram uso deles, sendo eles utilizados por 18% dos alunos de forma esporadi-
camente, e os demais relatam não utilizarem nunca, ou seja, foi desfrutado apenas uma ou
poucas vezes, não sendo um hábito frequente do contidiano do aluno.
Ao questionar sobre a principal motivação dos estudantes para utilizarem o CE, foi por
curiosidade em conhecer o dispositivo, cerca de 21,7%, e 6,3% dos alunos apontam que seu
uso foi incentivo dos amigos e 6,2% por outras motivações. Quase metade dos estudantes
(45,3%) afirmaram não terem conhecimento que os cigarros eletrônicos possuem nicotina
assim como aos cigarros convencionais de tabaco, ademais, a maioria (67,7%) estão cientes
de que os CE trazem malefícios ao organismo.

Quadro 1. Dados Gerais.

M F Não Sim OUTROS


Sexo 59,2% 40,8% - - -
Vivem com pessoas com
- - 50,3% 49,7% -
fumam
Usou algum tipo de cigarro - - 65,6% 34,4% -
Conhece os cigarros eletrô-
- - 9,3% 90,7% -
nicos
Já usou cigarros eletrônicos - - 62,7% 37,3% -
Frequência de uso dos cigar-
- - 18% em festas
ros eletrônicos
Motivo do uso - - - - Curiosidade
Consciência dos malefícios - - 32,3% 67,7% -
Fonte: Autoria própria, 2022.

DISCUSSÃO

Apesar de quase metade conviverem e terem influência de familiares fumantes, poucos


alunos relataram já terem utilizado cigarros convencionais durante sua vida, sendo evidente
durante a pesquisa: o uso dos CE é mais comum quando os jovens estão em festas sendo
influenciados pela curiosidade e esporadicamente em festas, mas, não dão continuidade
ao hábito de utilizar os dispositivos diariamente. Um estudo feito nos Estados Unidos relata
que os CE são utilizados de forma intensa pelos adolescentes de o ano de 2014, afirmando
que no ano de 2022 mais de 2,5 milhões de jovens estudantes do ensino médio americano
eram usuários de cigarros eletrônicos (Godoy, 2023).
Ao analisar a percepção dos malefícios dos cigarros eletrônicos, grande parte dos
participantes da pesquisa tem conhecimento sobre o CE e metade deles não possuíam

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conhecimento acerca de que na sua composição possuía nicotina, substância que também
está presente nos cigarros convencionais. Segundo Santos (2018) o tabagismo ainda é o
segundo fator de risco para óbitos, ressaltando ainda que jovens consumidores de CE tem
grandes riscos de serem usuários de cigarros tradicionais e produtos derivados do tabaco.
Silva e Moreira (2019) afirmam que estudos feitos nos Estados Unidos relatam que
entre os estudantes do nível Médio o uso aumentou de 1,5% em 2011 para 20,8 % em 2018,
sendo 2017 o ano do aumento mais significativo. Sendo assim, conscientes sobre seus
malefícios, poucos estudantes questionados durante a coleta de dados, afirmaram fazerem
o uso dos CE no cotidiano, apesar da pesquisa ter sido realizada em um bairro periférico e
em uma escola estadual, os estudantes possuíam conhecimento sobre os perigos desses
aparelhos, tendo acesso também a essas informações via internet.
Em maio de 2023, a Administração Geral de Registro e Fiscalização de Produtos
de Fumo (GGTAB) e Produtos Não Fumados (GGTAB), vinculada à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), publicou nota técnica com o objetivo de orientar o uso de
cigarro eletrônico dispositivos (EDS) em casa. Na nota, os especialistas reafirmaram que,
nos termos da Lei nº 9.294/1996, é terminantemente proibido o uso de qualquer produto do
tabaco, registrado na Anvisa ou não, que emita qualquer substância, de acordo com o que
determina a lei, em ambiente coletivo fechado, seja privado ou público. Ou seja, o GGTAB
indica que as emissões desses dispersores no ar, como os cigarros convencionais, devem
ser evitadas, pois contêm componentes químicos que podem ser prejudiciais à saúde e ao
meio ambiente (ANVISA, 2023).
Embora o uso e comercialização dos CE tenham sidos proibidos pela ANVISA, o tra-
balho expõe que seu uso continua de forma indevida e perigosa no público jovem, sendo
necessário a continuação de estudos sobre o assunto, acerca dos malefícios a longo prazo,
riscos de desenvolver problemas crônicos e o trabalho de conscientização e incentivo da
interrupção do uso por adolescentes, assim como toda a população. Acredita-se que o uso
dos CE ainda continue de forma intensa e irresponsável por não haver medidas de fiscaliza-
ções mais intensas e rigorosas além da influência de mídias digitais acerca do dispositivo.

CONCLUSÃO

Os dados demonstraram que alunos de 16 e 17 anos são os que mais consumiram ou


continuam consumindo o CE, sendo assim, observa-se que quando atingem a maioridade
tem a perca do interesse por esses dispositivos. Avaliou-se que com o maior acesso a in-
formações, as notícias, acerca dos malefícios dos CE é de conhecimento dos adolescentes
que optam por sua utilização apenas de forma recreativa e sem permanência diária.

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Faz-se necessário uma maior propagação sobre o assunto nas escolas e canais de
comunicação para que os jovens tenham consciência de que CE são tão maléficos quanto
os cigarros tradicionais de tabaco, pois, observa-se o estigma de pôr ser utilizado essência,
sabores aromatizantes em forma líquida, ele é menos prejudicial que os de utilização de
outros produtos. Destaca-se também a importância de conscientizar familiares para que
desincentivem os adolescentes a utilizarem cigarros e que se evite expor eles à fumaça
para que não os tornem fumantes passivos.
As limitações identificadas para a realização desse estudo se devem à falta de aderên-
cia do público feminino, que se negavam a participar da pesquisa, tendo maior participação
do sexo masculino e que foram abordados apenas o público adolescente. Também foram
constadas as limitações de amostra para coleta de dados, na qual foi apenas regional/local.
Nesse contexto, tem-se a necessidade de novos estudos com um número populacional
mais abrangente e com perfis sociodemográficos distintos para melhor compreensão das
motivações e percepção sobre o uso dos CE.
É fundamental reconhecer que os enfermeiros possuem um papel fundamental no
fornecimento de atendimento e na divulgação de informações precisas e de alta qualida-
de às pessoas, especialmente aos jovens, sobre os riscos associados ao uso de cigarros
eletrônicos. Isso inclui não apenas os perigos diretos relacionados à exposição às subs-
tâncias presentes no cigarro eletrônico, mas também os riscos indiretos, como o fato de
que, para muitos, principalmente jovens, o uso de cigarros eletrônicos pode servir como um
ponto de entrada para o consumo de cigarros convencionais e o desenvolvimento de um
vício em tabagismo.

Agradecimentos

Somos gratas a Deus pela oportunidade em construir esse trabalho e nos dar forças
para sonhar. Gratas a todos que contribuíram de forma direta e indireta e gratas a nossa
orientadora, Professora Denise Rocha por toda ajuda e apoio.

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REFERÊNCIAS

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PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO CARDÍACA -
CONDICIONANTES DE PARTICIPAÇÃO

Eugénia Mendes
Instituto Politécnico de Bragança - Portugal

'10.37885/230713688
RESUMO

A subutilização dos programas de reabilitação cardíaca deve-se a inúmeras razões, no-


meadamente as relacionadas com os doentes, a equipa de saúde ou o próprio sistema de
saúde. Esta tendência negativa, que urge contrariar, deveria envolver um esforço nacional,
dos diferentes órgãos de decisão para que os programas de reabilitação cardíaca deixassem
de estar subutilizados.

Palavras-chave: Reabilitação Cardíaca, Limitações de Participação.


INTRODUÇÃO

Há cerca de 40 anos que se descrevem algumas das barreiras à participação dos


doentes em programas de reabilitação cardíaca a longo prazo. Num artigo publicado na
revista Physical Therapy1, escreveu-se que o cumprimento de programas de redução de
peso e treino de exercício em indivíduos saudáveis era baixo devido a uma variedade de
problemas comportamentais, socioeconómicos e programáticos e que, também devido a
esses fatores, a adesão ao treino de exercício de longo prazo em programas de reabilitação
cardíaca, apesar da presença de um processo de doença com risco de vida, também era
reduzida(1). Já na década de 90 do século passado, encontraram-se diferenças significativas
entre pacientes que integraram um programa de reabilitação cardíaca em comparação com
os que não integraram, no que se refere à perceção dos benefícios e de menos barreiras.
Neste estudo foram identificadas como variáveis influenciadoras da perceção dos benefícios
e barreiras o estado civil e o rendimento familiar, sendo que os casados e com rendimentos
superiores a $20.0002 identificam mais benefícios e menos barreiras(2).
Estas condicionantes de participação em programas de reabilitação cardíaca foram
alvo de estudo mais aprofundado ao longo dos anos seguintes, que a seguir se descreve.

DESENVOLVIMENTO

Em 1991, um estudo Canadiano que envolveu 161 pacientes detetou 3 barreiras prin-
cipais, após a aplicação de um questionário: dificuldades na gestão do tempo, dificuldades
na adaptação psicológica e preguiça(3).
Um estudo australiano publicado em 1998, que envolveu 459 pacientes, concluiu que
as perceções dos pacientes cardíacos sobre as barreiras e benefícios do exercício em casa
podem ser fontes modificáveis de não-adesão, particularmente se essa intervenção tiver
como base a sensibilização e se for efetuada durante o internamento(4).
Curiosamente, em 1999, um estudo publicado na revista Rehabilitation Nursing3, refere
nos seus achados que os indivíduos que consistentemente participaram em programas de
reabilitação cardíaca, não usaram estratégias para superar as barreiras mas antes utilizaram
estratégias para participarem de forma a procurarem sobreviver(5).
Já em 2000, um novo estudo aponta outras variáveis. Neste caso, foram identificados
motivos financeiros como a barreira mais comum para a não participação em programas de

1 Terapia Física
2 Cerca de €18029,60
3 Enfermagem de Reabilitação

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reabilitação cardíaca. Outras barreiras identificadas foram a falta de motivação dos pacien-
tes, problemas relacionados com a atividade profissional dos pacientes, conflitos em gerir
o tempo ou a falta de apoio médico e devido encaminhamento(6).
No mesmo ano, no Canadá, foi efetuado um estudo que envolveu 192 médicos, con-
cluindo que os médicos de família possuíam escassos conhecimentos sobre a prescrição de
exercício para pacientes cardíacos, enquanto que os cardiologistas apresentavam muitas
dificuldades na motivação dos pacientes e em promover a sua participação em programas
de reabilitação cardíaca(7).
Em 2002 um estudo australiano de revisão crítica da literatura analisou as barreiras
para a participação e adesão a programas de reabilitação cardíaca. Verificou-se queapenas
um terço dos pacientes participou em algum programa de reabilitação cardíaca e, destes,
apenas um terço manteve participação após 6 meses. Os autores identificaram como fa-
tores relacionados com a participação a falta de encaminhamento por parte dos médicos,
outras doenças associadas, falta de reembolso/comparticipação, autoeficácia, benefícios
percebidos da reabilitação cardíaca, distância e transporte, autoconceito, auto motivação,
composição familiar, apoio social, autoestima e atividade profissional. Os fatores associados
à não adesão incluem idade avançada, sexo feminino, ter menos anos de educação formal,
falta de entendimento dos benefícios da reabilitação cardíaca, ter angina e ser menos ativo
fisicamente nos momentos de lazer(8).
Em 2004 foi publicado um artigo de revisão no Journal of Cardiovascular Nursing4
em que foi abordada a potencial utilização da internet como ferramenta para aumentar o
apoio à recuperação após um evento cardiovascular. Em 2004 a internet era já identificada
como um meio vital para a informação e comunicação em saúde entre pacientes, famílias
e prestadores de cuidados de saúde. Assim, foram definidas três categorias de aplicações:
comunidades de apoio entre pares, suporte à informação por meio de educação automa-
tizada e personalizada do paciente e programas de educação e apoio profissionalmente
facilitados. No entanto, dificuldades no acesso à internet e a reduzida literacia dos pacientes
assumiam-se como grandes limitações na larga difusão desta utilização(9).
Em 2010, a promoção da adesão dos pacientes à reabilitação cardíaca assume-se
como de primordial importância, com a publicação de uma extensa revisão com a chancela
Cochrane Collaboration5. Esta publicação concluiu que, apesar dos benefícios da reabilita-
ção cardíaca, nem todos os pacientes concordam em participar e, daqueles que o fazem,
muitos não aderem ao programa recomendado. Esta revisão Cochrane avaliou estudos

4 Revista de Enfermagem Cardiovascular


5 Colaboração Cochrane é uma organização que conduz revisões sistemáticas da literatura

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que procuraram aumentar a participação em programas de reabilitação cardíaca e melho-
rar a adesão entre aqueles que optaram por participar. Os estudos incluídos nesta revisão
avaliaram várias técnicas para melhorar essa participação e adesão e em muitos estudos
foi efetuada uma combinação de estratégias. Um pequeno conjunto de evidências sugeriu
que as intervenções que envolvem comunicações motivacionais, telefonemas e visitas do-
miciliares poderiam ser eficazes para aumentar a aceitação da reabilitação cardíaca, assim
como o recurso a enfermeiros de ligação para apoiar a coordenação dos cuidados podem
aumentar a probabilidade de sucesso. Abordagens individualizadas com intervenções visan-
do as barreiras identificadas pelos próprios pacientes podem aumentar a probabilidade de
sucesso(10). Esta mesma revisão foi atualizada em 2014, com a inclusão de mais estudos
mas com a apresentação genérica das mesmas conclusões(11).
Em 2017, um artigo sobre barreiras à participação de mulheres em programas de
reabilitação cardíaca, refere que um pequeno número de estudos sugere que estratégias
baseadas em incentivos, bem como programas domiciliários, podem contribuir para melhorar
as taxas de frequência e conclusão de programas de reabilitação cardíaca. Sugeriram ainda
uma abordagem sistemática de encaminhamento para programas de reabilitação cardíaca,
barreira identificada como das mais impeditivas à participação nesses programas(12). Neste
mesmo ano, uma outra revisão sistemática da literatura direcionada para as barreiras para
a não participação e abandono de programas de reabilitação cardíaca por mulheres avaliou
um total de 24 estudos, identificando: barreiras intrapessoais (saúde autorreferida, crenças
relacionadas com a saúde, falta de tempo, motivação e motivos religiosos); barreiras inter-
pessoais (falta de apoio familiar/social e conflitos no trabalho); barreiras logísticas (transporte,
distância e disponibilidade de recursos pessoais/da comunidade); barreiras do programa
de reabilitação cardíaca (serviços oferecidos, formato de grupo, componente de exercício
e sessões de reabilitação cardíaca); barreiras do sistema de saúde (falta de referenciação,
custo, experiências negativas com o sistema de saúde e idioma). Neste estudo foram en-
contradas diferenças entre as barreiras relacionadas à não participação e o abandono dos
programas de reabilitação cardíaca(13).
Alguns estudos revelam ainda que o género feminino, etnias minoritárias, baixos níveis
de atividade física e a idade avançada também são características correlacionadas com a
baixa adesão à reabilitação cardíaca. Vários estudos demonstram que a simples crença da
pessoa de que é capaz de resolver os seus próprios problemas sem ajuda externa, automa-
ticamente a desmotiva a aceitar a inclusão num programa de reabilitação cardíaca. Desta
forma, a perceção da doença é representada pelas crenças do doente, e estas influenciam

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os mecanismos de coping6 em contextos de doença, afastando o indivíduo de comportamen-
tos de procura de saúde. Assim, a educação daqueles com crenças erróneas sobre a sua
saúde, potenciará uma maior adesão à reabilitação cardíaca(14). Por vezes, as razões de
uma menor referenciação devem-se aos profissionais de saúde e aos recursos existentes,
havendo desinteresse na área ou recursos humanos e materiais deficitários(15). A centra-
lização geográfica dos centros de reabilitação acaba por impedir que utentes que residam
longe destas áreas não estejam tão motivados para comparecer ou terminar o programa
de reabilitação cardíaca. Esta e as outras razões apontadas levam a que os doentes não
alcancem nem mantenham as mudanças de estilo de vida desejadas(16).
No Quadro 1 apresentam-se razões para a subutilização de programas de reabi-
litação cardíaca.

Quadro 1. Razões para a subutilização de programas de reabilitação cardíaca.

CONCLUSÃO

As causas mais frequentes para a subutilização dos programas de reabilitação cardíaca


incluem a falta de referenciação médica, a falta de divulgação dos programas existentes, a
escassez de centros de reabilitação cardíaca associada à elevada dispersão geográfica e
à falta de motivação dos doentes e a deficiente comparticipação(17).

6 Mecanismos de enfrentamento

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15
TRATAMENTOS BIOLÓGICOS DA PSORÍASE

Geórgia Caroline Ruas Lacerda Barreto Creonice Santos Bigatello


Universidade Presidente Antônio Carlos, Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Luiza Gobira Lacerda Luanna Botelho Souto de Araújo


Prefeitura Municipal de Almenara - MG Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ronivaldo Ferreira Mendes


Universidade Presidente Antônio Carlos, Leonardo Henrique Guimarães Reis
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Viviane Amaral Toledo Coelho


Universidade Presidente Antônio Carlos, Lucas Rodrigues de Figueiredo e Souza
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais. Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

Ronildo Ferreira Mendes


IFNMG Campus de Almenara - MG Thomaz Coelho
Prefeitura Municipal de Palmópolis - Minas Gerais

Ednardo de Souza Nascimento


Universidade Presidente Antônio Carlos,
ALFA - UNIPAC, Almenara - Minas Gerais.

'10.37885/230613370
RESUMO

A psoríase é uma doença crónica, inflamatória, imuno-mediada. É uma doença associada


a uma elevada carga psicológica e financeira, assim como uma diminuição significativa da
qualidade de vida dos doentes. Atualmente 4 agentes biológicos estão aprovados pela EMEA
(agência europeia do medicamento) para o tratamento da psoríase em placas, três anti-TNFα
(adalimumab, etanercept e infliximab) e um anti-IL12/23p40 (ustecinumab). Este trabalho
tem por objetivo investigar os novos tratamentos biológicos da Psoríase. Trata-se de uma
revisão bibliográfica integrativa, de caráter exploratório, uma vez que se entende por pesquisa
exploratória que permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado
acerca das Novas possibilidades de tratamento biológico para a Psoríase. A identificação
de novos mecanismos fisiopatológicos da psoríase levou ao desenvolvimento de uma nova
classe terapêutica constituída pelos agentes biológicos. Estes possuem uma ação seletiva
e especifica ao antagonizar moléculas importantes, interferindo assim no mecanismo imu-
nológico que induz a psoríase.

Palavras-chave: Psoríase, Biológicos, Farmacêutico.


INTRODUÇÃO

A psoríase é uma dermatose eritemato-descamativa, que afeta cerca de 2% da popula-


ção mundial, frequentemente associada a comorbidades importantes e que, nas formas mais
graves, pode mesmo ter impacto na qualidade de vida similar ou superior ao das doenças
neoplásicas e cardíacas (DUARTE, et al, 2012).
De fato, as condições que no seu conjunto constituem a síndrome metabólica (obesi-
dade, hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia) apresentam forte associação à
psoríase, quer pela maior prevalência de fatores de risco cardiovasculares nestes doentes,
quer pela atividade inflamatória crónica da psoríase (FILHO, 2018)
A predisposição genética é um fator relevante na psoríase. A herança é poligênica com
risco de cerca de 10 vezes maior para familiares de primeiro grau. Os marcadores identifi-
cados até o momento estão associados aos antígenos leucocitários HLA Cw6, B13, Bw57,
DR7 e B27 (BRASIL, 2013).
A escolha do tratamento dependerá da gravidade e extensão da doença, da acessibi-
lidade dos tratamentos, do impacto econômico que estes acarretam, da qualidade de vida
do doente e da sua preferência terapêutica. Os agentes tópicos são utilizados geralmente,
como primeira linha, seguidos da fototerapia e, por fim, os agentes sistémicos convencionais
e os biológicos (TEIXEIRA, 2018).
Os agentes biológicos surgiram como opções de tratamento altamente potentes em
doentes para os quais as terapêuticas sistémicas tradicionais não conseguem uma resposta
adequada, não são toleradas devido a efeitos adversos ou são inadequadas devido a co-
morbidades (SHWETZ, 2012).
Atualmente 4 agentes biológicos estão aprovados pela EMEA (agência europeia do
medicamento) para o tratamento da psoríase em placas e dividem-se em 2 grupos: (1) Anti-
TNF (adalimumab, etanercept e infliximab) e (2) Anti-IL12/23p40 (ustecinumab).
Antes de iniciar a terapêutica com um agente biológico, os doentes devem ser sujeitos
a uma avaliação clínico-laboratorial adequada. A monitorização deve ser mantida em todos
os doentes durante o tratamento (VALE, 2011).
O maior conhecimento da fisiopatologia da doença permitiu, nos últimos anos, a cria-
ção de novas terapias, mais específicas e seletivas, como os agentes biológicos. Além da
eficácia observada, o bom perfil de segurança com mínima incidência de lesão de órgão-al-
vo, levaram a que estas terapias captassem a atenção da comunidade médica para o seu
potencial no tratamento da doença (TEIXEIRA, 2018).
A atenção farmacêutica vem para estabelecer protocolos de atendimento, que por
sua vez facilita a atuação do profissional na assistência dermatológica, propiciando mais
segurança nas recomendações dadas. Principalmente se considerarmos que se trata de um

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atendimento que ainda não está amplamente difundido. O objetivo principal deste trabalho
é investigar os novos tratamentos biológicos da Psoríase (JESUS, 2010).

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica, de caráter exploratório, uma vez que se entende
por pesquisa exploratória que permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema
pesquisado acerca das Tratamentos biológicos para a Psoríase.
No período de março de 2020 até novembro de 2020, foram levantados artigos cientí-
ficos, bem como livros, dissertações e teses, incluindo informações obtidas em sites oficiais,
como SCIELO, Google Acadêmico e especializadas na área da Farmácia.
Foram utilizadas as seguintes palavras chaves: Psoríase, Tratamento Biológico,
Farmacêutico. Com a identificação das informações relevantes para a pesquisa, foram in-
clusos artigos entre os anos 2010 a 2020 e obras clássicas e preferencialmente artigos
em que o idioma fosse o Português, para o êxito no entendimento e na explicação do que
discursa a pesquisa.

REFERENCIAL TEÓRICO

Aspectos históricos e epidemiológicos da Psoríase

Foi na Bíblia que Psoríase surgiu pela primeira vez (70 a.C.) com a designação de tsa-
raat associada a doenças que incluem o eczema, a lepra e a psoríase, durante anos, a psoría-
se, tal como todas as outras doenças descamativas, era considerada uma doença contagiosa
semelhante à lepra. Sendo assim, em 1841 que esta doença assumiu uma entidade distinta
da lepra com o nome de psoríase (SOUSA, 2018). O primeiro relato histórico da psoríase se
deve a Celsus e Hipócrates que descreveu lesões de aspecto semelhante à psoríase que
classificou como “erupções escamosas”, denominando- as lopoi (de lepo, descamar), mas
foi Galeno quem cunhou a palavra psoríase, do grego psora, prurido (CARDOSO, 2017).
Foi na década de 70, que detectaram a participação das células sanguíneas por meio
do desenvolvimento da imunologia celular, as descobertas mais recentes que levaram ao
conceito atual da psoríase são baseadas nas investigações realizadas em 1982, que de-
monstraram a presença e importância das células T e suas funções nas lesões de psoriá-
sicas (LIMA, 2016). Deste modo, a doença passou a ser definida como uma “confusão”
imune fundamentada em detecções imuno-histopatológicas de anticorpos e complementos
depositados na placa córnea da pele psoriática.

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De acordo com Magalhães (2016), a psoríase é uma doença imuno-mediada, crónica
e inflamatória, que afeta a pele, é caracterizada pela ocorrência de uma hiperproliferação e
diferenciação anormal da epiderme, o que resulta no desenvolvimento de lesões vermelhas,
espessas e descamativas. Pode-se salientar que a psoríase e hanseníase eram tratadas
e qualificadas como iguais, portanto os pacientes que sofriam destes problemas também
sofriam com o preconceito e a marginalização da sociedade (CARDOSO, 2017).
A psoríase ocorre em aproximadamente 2% da população mundial, sendo mais pre-
valente nas raças caucasianas (1,5 a 3%) do que nas negras (0,3 a 0,7%) (Gisondi, 2009;
McDonald et al., 2012; Rosa, 2012). Só em Portugal, cerca de 250 mil pessoas estão diag-
nosticadas com esta doença (TORRES et al., 2010). O Ministério da Saúde, por meio do
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - PCDT, define a psoríase como: uma doença
sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e, ocasionalmen-
te, as articulações. Ambos os géneros são afetados pela doença, mas tem ais incidência
no género feminino, pode surgir em qualquer época da vida, apresenta dois picos de inci-
dência, sendo o primeiro entre os 20 e 30 anos e o segundo entre os 50 e os 60 anos de
idade (SANTOS, 2018).
A Psoríase é uma dermatose pouco relatada em crianças, estima-se que de 25-45%
dos casos possam iniciar seu curso antes dos 16 anos de idade e, em cerca de 2% dos ca-
sos, antes dos dois anos de vida. A psoríase pode ainda, excepcionalmente, ser congênita
ou nevóide (ROMITI et al, 2009). Quando um dos pais é afetado ou ambos o são o risco do
filhos desenvolver psoríase é maior, entre os doentes que desenvolvem psoríase na infân-
cia, 49% apresentam familiares de primeiro grau afetados pela doença, enquanto que, nos
doentes com início das lesões na vida adulta, esse número atinge 37% (ROMITI, 2009).

Diagnóstico da Psoríase

O diagnóstico da psoríase é basicamente clínico, porém, se necessário, pode recorre-


-se à histopatologia que é característica e corrobora com o diagnóstico clínico, mas alguns
quadros atípicos e de dúvidas diagnostica exigem biópsia e exame histopatológico para
confirmar o diagnóstico (CARDOSO, 2017).
As lesões na psoríase são diferenciadas de outras por serem classicamente bem
definidas. Entretanto, existem outras doenças papulo-escamosas, como a pitiríase rósea e
infecções por Tinea cruris, que devem ser consideradas no momento do diagnóstico dife-
rencial (REVISTA BRASILEIRA DE ANALISES CLINICAS, 2016).
Para melhor diagnóstico da psoríase o correto é fazer uma conta a história clínica do
doente, o que se observa clinicamente (exame objetivo) e ainda doenças cujo quadro clínico
se mostra similar à psoríase, que, deve ser levado em conta dados e detalhes de familiares

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que possuam a dermatose e potenciais triggers, como infeções que tenham acontecido
recentemente ou novos medicamentos (CARDOSO, 2017).
Devem ser consideradas para diagnóstico diferencial outras doenças como a derma-
tite seborreia que afeta principalmente o couro cabeludo, face e peito, eczema atópico e de
contato, líquen plano, pitiríase rósea, sífilis secundária, fungos nas unhas ou ainda alergias
e intoxicações (GOODERHAM, 2015).
De acordo com Sutton e Jutel (2016), não há testes de laboratório capazes de diag-
nosticar a psoríase, mas por meio de uma biopsia na pele pode confirmar a presença da
doença nos casos em que o diagnóstico seja incerto. Para diferenciar a psoríase de outras
doenças como a dermatite, é feito um exame chamado dermatoscopia, permite visualizar
estruturas invisíveis a olho nu, mesmo tal exame não se muito utilizado, o mesmo pode
ser um diferencial.
Com o diagnóstico estabelecido, é importante averiguar a gravidade da doença, esta
avaliação é importante pois torna-se útil organizar os doentes para fins de estudo, poder
avaliar o impacto económico da doença e ajudar na criação de guidelines adequadas para
auxiliar a escolha do tratamento (AMARAL, 2017).
Pacientes que têm psoríase e começam a manifestar dores e/ou rigidez nas articula-
ções devem retornar ao médico e falar sobre esses sintomas, que podem sinalizar um tipo
mais grave de psoríase, chamado artrite psoriásica. O diagnóstico da psoríase é clínico,
já que as lesões são bastante características e de fácil reconhecimento pelo dermatologis-
ta. A confirmação, no entanto, pode implicar a realização de uma biópsia, que consiste na
retirada, sob anestesia local, de minúsculos fragmentos da pele para a posterior análise de
suas alterações e de suas células e tecidos (JESUS, 2010).

Manifestação Clínica da Psoríase

É uma doença inflamatória sistêmica crônica, com períodos de agravamento interca-


lados por épocas de remissão de duração imprevisível, apresentando várias manifestações
clínicas que afetam a pele e articulações (CARDOSO, 2017). Ela frequentemente está as-
sociada à comorbidades importantes devido ao estado próinflamatório constante em que
se encontram estes pacientes. A dermatose se manifesta na pele e consiste na presença
de manchas escamosas e eritematosas que podem variar de leve, com manchas isoladas,
a extensa, com placas envolvendo várias áreas do corpo.
A apresentação clínica mais comum da doença é a psoríase em placas ou vulgar ca-
racterizada por placas ou manchas eritematosas, que atinge de 80 a 90% dos portadores.
Outras manifestações incluem gutata, afeta em torno de 10% dos pacientes, inversa, pus-
tular e eritrodérmica, em menos de 3% dos portadores de psoríase. Outros subtipos como a

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psoríase ungueal e articular comprometem 50 e de 25 a 42% dos pacientes, respectivamente
(DUARTE et al., 2012).
Tem um agravamento da doença quando o paciente está em situação de stress, sendo
também este um fator para desencadeamento e manifestação da psoríase em muitos indiví-
duos pela primeira vez, alguns medicamentos como carbonato de lítio, betabloqueadores e
cloroquina podem promover aumento na severidade da doença, mas isto não é válido para
todos os pacientes (JESUS, 2010).
O uso sistêmico de corticoides assim como infecções no trato respiratório e infecção
por HIV podem ocasionar aumento na extensão e manifestação da psoríase. Apesar de
todas as evidências, ainda não há um mecanismo neuro-imune-endócrino estabelecido ou
claramente relacionado (DUARTE et al., 2012).

Abordagem terapêutica

Psoríase em placas - é o tipo mais comum de psoríase (80% a 90% dos doentes), ca-
racteriza-se por placas eritematosas, vermelhas, com relevo e descamação acinzentada à
superfície, surgem sobretudo nos cotovelos, joelhos, região sacral e couro cabeludo, embora
possam afetar qualquer área do corpo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA,
2020). Em contraste com o seu aspeto exuberante, estas lesões são muitas vezes assinto-
máticas. O sinal de Auspitz é comum aparecer neste tipo de psoríase, devido à hemorragia
que se observa como consequência da remoção das escamas, que é provocada, muitas
vezes, pelo prurido associado.
Apesar de não acontecer em todos doentes, as lesões podem formar-se em locais onde
ocorreu outrora algum tipo de trauma, fenómeno que auxilia no diagnóstico e se designa
por fenómeno de Kobner.
Psoríase eritrodérmica ou psoríase exfoliativa,- é diagnosticado em cerca de 10% dos
doentes. É uma forma severa de psoríase que afeta grande parte do corpo (>90%) e que
consiste em inflamação com substituição da superfície da pele por eritema generalizado,
descamação acompanhada por prurido e, por vezes, dor, não apresentando, no entan-
to, as escamas espessas que ocorrem na psoríase em placas, o seu aparecimento pode
ser gradual num doente com psoríase em placas ou surgir repentinamente(SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2020).
Psoríase pustulosa - é uma forma rara e severa de psoríase, caracterizada por pús-
tulas estéreis individuais ou coalescentes, sob as quais se observa, normalmente, eritema
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2020). Quando os processos inflamató-
rios dominam, os doentes podem desenvolver pústulas generalizadas ou pústulas localiza-
das, mais frequentemente nas palmas das mãos ou solas dos pés (palmoplantar), pode-se

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observar um caso de psoríase pustulosa. O tratamento é difícil, podendo ter uma evolução
crónica com surtos de agravamento e, ao contrário dos restantes tipos de psoríase, é acom-
panhado de sintomas como febre e mau estar e tem um maior risco de desenvolvimento de
complicações (CORREIA, 2019).
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase a Psoríase
se classifica em:

• Psoríase vulgar – CIDL40.0


• Psoríase pustulosa generalizada – CIDL40.1 Psoríase gutata – CIDL40.8
• Outras formas de psoríase – CIDL40.8

Tipos de tratamento da Psoríase

A psoríase é uma doença crônica e incurável, onde os pacientes necessitam de segui-


mento e controle vitalício das lesões, até o momento a otimização do tratamento consiste em
combinar ativos para obter melhora clínica rápida e controle da doença em longo prazo e tem
por objetivo a obtenção de períodos prolongados de remissão da doença. (PROTOCOLO
CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DA PSORÍASE, 2020).
O tratamento é escolhido de acordo com a classificação da psoríase em leve, mode-
rada ou grave, dando início com fármacos por via tópica e acrescentam-se os sistêmicos,
como fototerapia, medicamentos por via oral e injetáveis de acordo com a gravidade, sem-
pre levando em consideração as comorbidades dos pacientes e contraindicações para os
fármacos que possam vir a apresentar (UPALA, SANGUANKEO, 2015).
Os medicamentos tópicos são administrados diretamente sobre as lesões cutâneas e
estão indicados para todos os casos de psoríase, tópicos ceratolíticos, emolientes, corticoides
tópicos e inibidores da calcineurina estão entre os fármacos recomendados, os tratamentos
tópicos também podem ser utilizados como adjuvantes da terapia sistêmica e na manutenção
do tratamento após a redução da dose ou sua suspensão (MENTER, 2009) A fototerapia
é um método terapêutico para tratamento de psoríase, tendo sido considerada de primeira
linha para psoríase grave e está indicada para pacientes com lesões de grandes extensões
que não toleram tratamento tópico, também pode ser utilizada em casos em que a área
acometida é pequena (PROTOCOLO CLINÍCO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2013)
Na psoríase moderada a grave estão indicados esquemas terapêuticos com fototerapia
e medicamentos sistêmicos, sendo os medicamentos preferidos nos casos considerados
graves, em caso de falha destes, os medicamentos biológicos estão indicados (PROTOCOLO
CLINÍCO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2013).

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Histórico dos tratamentos biológicos

Nos últimos 15 anos o avanço na compreensão da patogénese da psoríase permitiu


identificar novos alvos terapêuticos o que levou ao desenvolvimento de novos fármacos,
direcionados especificamente às alterações patogénicas da doença. Estes fármacos que,
produzidos através de biotecnologia recombinante, consistem em proteínas de fusão ou
anticorpos monoclonais, são denominados agentes biológicos e revolucionaram o espectro
terapêutico da psoríase. (KATHURIA, 2017)
Os agentes biológicos são moléculas grandes, de natureza protéica, susceptíveis a
digestão no intestino. Por isso, são administradas por via parenteral (subcutânea, intramus-
cular ou intravenosa) e não oral. Podem ser anticorpos monoclonais, proteínas de fusão
ou citocinas humanas recombinantes. Nas duas primeiras categorias estão incluídos os
novos medicamentos já aprovados para o tratamento da psoríase e da artrite psoriásica
(PALITOT; GOMES, 2013).
São medicações que apresentam alta eficácia na supressão de alguns mecanismos pa-
tológicos envolvidos no surgimento de várias doenças. Apresentam bom perfil de segurança,
caracteristicamente com ausência de toxicidade em órgãos-alvo, como vantagem importante.
Além disso, o baixo risco de interações medicamentosas representa outro expressivo dife-
rencial no manuseio dessa nova classe de drogas (GISONDI, 2012). Os agentes biológicos
foram desenhados para agir segundo diferentes estratégias: Estratégia I: Depleção das
células T e subconjuntos das células T. Estratégia II: Bloquear a ativação das células T e/ou
sua migração até o tecido cutâneo. Estratégia III: Desvio imune das células T e modificação
do equilíbrio Th1/Th2. Estratégia IV: Bloqueio das citocinas inflamatórias, entre elas o TNF-α
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2020).
No Dia Mundial da Psoríase, celebrado hoje, a notícia é boa para os portadores das
versões moderada e grave da doença, quatro medicamentos imunobiológicos – frutos
da engenharia genética -, considerados mais eficazes e seguros do que aqueles usados
atualmente, podem ser disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS) (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2020).
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) do Ministério da
Saúde recomendou a incorporação dos remédios adalimumabe, secuquinumabe, ustequinu-
mabe e etanercepte. Eles agem no sistema imunológico bloqueando o processo inflamatório
que desencadeia a doença (CONITEC, 2019).

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Evolução do tratamento biológico

Os primeiros tratamentos biológicos agiam de forma certeira, mas com alguns estragos
no entorno. A tecnologia dos biológicos começou a ser empregada contra a psoríase em
2006, com fármacos destinados só a estágios avançados (DUARTE, 2012).
Os avanços no conhecimento da fisiopatologia da psoríase permitiram o desenvolvi-
mento de novas estratégias terapêuticas, direcionadas especificamente para neutralizar os
mediadores/células que estão na sua génese – as chamadas terapêuticas biológicas: agen-
tes terapêuticos produzidos por organismos, através do uso de biotecnologia recombinante.
(PINTO, FILIPE, 2011)
Esta abordagem revolucionou a terapêutica da psoríase, pois estes novos fármacos
mostraram ser eficazes na redução do PASI, com excelente perfil de segurança e com toxici-
dade de órgão muito menor que os tratamentos sistémicos clássicos. (PINTO; FILIPE, 2011)

Tipos de tratamento biológico

A biotecnologia recombinante direcionada para as alterações imunopatogênicas da


doença permitiu a introdução dos designados fármacos biológicos, que trouxeram uma nova
esperança no tratamento da psoríase moderada a grave (DIAMANTINO; FERREIRA, 2011).
Para os autores anteriores, Diamantino e Ferreira 2011, os agentes biológicos podem
ser classificados em dois grupos, de acordo com o seu mecanismo de ação: os moduladores
de células T (Efalizumab, Alefacept e Siplizumab) sendo que estes não têm aprovação pela
Agência Europeia do Medicamento (EMA) e, no segundo grupo encontram-se os anti-TNF-α:
os anticorpos monoclonais (Adalimumab, Etanercept, Certolizumab e Golimumab) e as pro-
teínas de fusão (Etanercept), e os anti-IL12/23p40 (Ustekinumab e Briacinumab). Na tabela
a seguir, Sousa 2018, caracterizara os agentes biológicos.

Tabela 1. Caracterização dos agentes biológicos.


Via de
Classificação Nome Local de ação Indicação
admin.
Adalimumab Recetor p55 e p75 do TNF-α SC Psoríase crónica vulgar moderada a grave; AP
Etanercept TNF-α solúvel transmembranar SC Psoríase crónica vulgar moderada a grave; AP
Inibidores TNF-α
Golimumab TNF-α solúvel transmembranar SC Arttrite Psoriática
Certolizumab TNF-α solúvel transmembranar SC Psoríase crónica vulgar moderada a grave; AR
Ustecinumab Subunidade proteica p40 das IL-12 e IL-23 SC Psoríase crónica vulgar moderada a Grave
Anti-IL-12/23p4
Briacinumab Subunidade proteica p40 das IL-12 e IL-23 SC Psoríase crónica vulgar moderada a Grave
Efalizumab Porção CD11a do LFA-1 dos linfócitos T SC Psoríase crónica vulgar moderada a Grave
Moduladores das
Alefacept Recetor CD2 linfócitos T IV ou IM Psoríase crónica vulgar moderada a Grave
células T
Siplizumab Recetor CD2 linfócitos T IV ou IM Psoríase crónica vulgar moderada a Grave
Fonte: Sousa (2018).

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Tecnologias biológicas

Os 5 medicamentos são imunobiológicos e têm por mecanismo de ação inibir o TNF-


alfa, fator relacionado à manutenção do processo inflamatório (etanercepte, infliximabe e
adalimumabe), ação anti-IL-12/23 (ustequinumabe) e ação anti-IL-17 (secuquinumabe).
Para os pacientes adultos com psoríase de grau moderado a grave que apresentem falha
de resposta ou contraindicação ao uso de fototerapia, metotrexato, acitretina e ciclospori-
na, os biológicos devem ser indicados, além disso necessitam de exames pré-tratamento,
sendo recomendados os seguintes: teste de Mantoux e radiografia de tórax, hemograma,
bioquímica, função hepática e renal, sorologias para hepatites e HIV, exame ginecológico,
avaliação prostática e atualização do calendário vacinal (CONITEC, 2018).
Como monitorização, necessita-se RX de tórax a cada ano; hemograma, bioquímica,
função hepática e renal, a cada 6 meses ou de acordo com o critério médico; sorologia para
hepatites, HIV; exame ginecológico; avaliação prostática. Mantém-se a contraindicação da
vacinação com micro-organismos vivos. Para a administração desses medicamentos, é
necessário a supervisão e orientação médica, sendo que o infliximabe necessita de admi-
nistração via intravenosa e os demais são de administração subcutânea (CONITEC, 2018).
O etanercepte, adalimumabe, ustequinumabe e secuquinumabe podem ser autoad-
ministrados pelos pacientes após treinamento adequado na técnica de administração sub-
cutânea (CONITEC, 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psoríase é considerada uma doença crónica, associada a uma marcação diminuição


da qualidade e esperança média de vida, o que torna necessário um tratamento seguro e
eficaz a longo prazo.
Atualmente existe uma grande variedade de opções para o tratamento da psoríase e,
com o avançar do conhecimento sobre a sua patogênese, estas vão-se tornando cada vez
mais específicas.
Os medicamentos biológicos, enquanto nova classe terapêutica, diferem em termos
de mecanismo de ação, eficácia e perfil de segurança dos outros medicamentos, essas
diferenças são muitos evidentes e importantes quando essa escolha é feita tomando- se
como base o paciente, a indicação de um desses medicamentos deve levar em conta vários
fatores, como a experiência e seriedade do médico, e a real necessidade do paciente.
Tanto os biológicos mais antigos, quanto os agentes mais recentes promovem uma
supressão da atividade da doença com recorrência da mesma após a suspensão terapêutica
e a utilização de biológicos mais específicos poderá ser vantajosa, uma vez que permitirá

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uma imunossupressão mais seletiva com consequente diminuição dos efeitos secundários
associado a uma imunossupressão alargada.
A fabricação de medicamentos biológicos e biossimilares é vista como mais uma grande
oportunidade de expansão para indústria nacional, a produção de medicamentos biológicos
como a insulina, obtida em células de organismos vivos e de seus biossimilares é vislumbrada
por especialistas como uma oportunidade para a indústria farmacêutica.
O farmacêutico possui ferramentas como a assistência e atenção farmacêutica possibi-
litando a realização do seu trabalho junto a sociedade de forma que o paciente seja sempre
o principal beneficiário, colaborando para uma farmacoterapia individualizada e humanizada,
visando avanços na qualidade de vida e prevenindo problemas relacionados ao medica-
mentos e orientando o paciente quanto ao uso e a aquisição dos medicamentos biológicos.

REFERÊNCIAS

AMARAL, J. - Novidades na abordagem terapêutica da psoríase. Boletim do Centro de


Informação do medicamento, p.1–3, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas. Psoríase. Portaria


SAS/MS nº 1.229, 2013.

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Laurete Internacional Universities Centro Universitário Instituto Brasileiro de Medicina em
Reabilitação Curso de Graduação em Biomedicina. Rio de Janeiro 2017.

CONITEC. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Adalimumabe,


etanercepte, infliximabe, secuquinumabe e ustequinumabe para psoríase moderada
a grave. Ministério da Saúde, 2018.

CORREIA, A. F. Psoríase; novas abordagens terapêuticas. Tese de Doutorado. Disser-


tação de Mestrado em Ciências Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade
de Lisboa, Lisboa 2019.

DIAMANTINO F.; FERREIRA A. Perspectivas Futuras no Tratamento da Psoríase: Novi-


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MAGALHÃES, M.N de. M. P de. Psoríase: Abordagem Terapêutica e Perspectivas


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SOBRE O ORGANIZADOR

Patrício Francisco da Silva


Enfermeiro com expertise nas áreas de docência e de gestão. Mestre em Gestão e Desenvolvimento
Regional (UNITAU), Pós-graduado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (CENSUPEG),
Educação Permanente em Saúde e Movimento (UFRGS), Educação para a Saúde (FAT), Regulação
em Saúde no SUS (SÍRIO LIBANÊS), Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família (UNOPAR),
Auditoria em Sistemas de Saúde (FACUMINAS). Tenho propósito de orientar pessoas a ampliarem
sua autonomia através da inteligência emocional, autoconhecimento e autoconfiança, que aplicadas
no dia a dia levam a mudança de desempenho. Atualmente ocupo os cargos de coordenação
em um Centro de Atenção Psicossocial de Imperatriz-MA, sou Professor da Instituição de Ensino
INESPO Pós-Graduação, Faculdade Santa Terezinha, FAPEGMA e Preceptor de Estágios da
Faculdade FACIMP.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3357867555443272

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ÍNDICE REMISSIVO

A Doença Cardiovascular: 120, 161, 162, 164

Adipocinas: 150, 151, 154, 155, 156, 157, 158 Doença de Alzheimer: 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 69, 70, 71, 72, 73,
Adolescentes: 61, 92, 93, 106, 124, 132, 133, 134, 74, 75
136, 137, 154, 156, 167, 171, 172, 173
Doenças não Transmissíveis: 105, 120, 121
Alzheimer: 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21,
22, 23, 24, 25, 26, 27, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75 E
Anemia: 60, 61, 62, 63, 65, 66 Educação em Saúde: 126, 134, 137, 140, 142,
147, 148, 169
Apoio ao Planejamento em Saúde: 88
Educação Sexual: 123, 124, 125, 126, 131, 132,
Assistência à Saúde: 88 133, 135, 136, 137, 138

B Efeitos do Paracetamol: 43

Biológicos: 30, 151, 183, 184, 185, 186, 190, 191, Enfermagem: 26, 27, 40, 59, 60, 62, 64, 65, 66, 67,
192, 193, 194, 195 74, 86, 121, 134, 137, 147, 177, 178

C Esclerose Múltipla: 76, 77, 78, 79, 80, 81, 83, 84,
85, 86
Comunicação Interdisciplinar: 140
F
Crescimento: 28, 29, 30, 31, 34, 35, 36, 37, 38, 39,
40, 62, 89, 93, 96, 106, 116, 118, 120, 155, 157, 159 Família: 13, 15, 23, 24, 25, 30, 38, 57, 69, 70, 71,
72, 74, 78, 81, 99, 108, 112, 118, 125, 126, 131,
Cuidado: 13, 23, 24, 25, 33, 63, 65, 73, 74, 102, 133, 135, 178
135, 141
Família: 13, 15, 23, 24, 25, 30, 38, 57, 69, 70, 71,
Cuidadores: 23, 25, 26, 30, 69, 70, 71, 72, 73, 74 72, 74, 78, 81, 99, 108, 112, 118, 125, 126, 131,
133, 135, 178
D
Farmacêutico: 43, 45, 52, 53, 54, 55, 57, 58, 184,
Desenvolvimento: 13, 14, 15, 17, 18, 19, 24, 28, 186, 194
29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 44, 46,
47, 53, 60, 61, 69, 71, 78, 92, 96, 98, 106, 116, 118, Fatores de Risco: 17, 104, 105, 106, 107, 113,
119, 120, 123, 125, 130, 133, 135, 142, 147, 151, 118, 119, 120, 121, 151, 154, 163, 164, 185
157, 162, 173, 177, 184, 186, 187, 190, 191, 192
Ferro Coloidal: 59, 60, 62, 63, 64, 65

Desenvolvimento: 13, 14, 15, 17, 18, 19, 24, 28, G


29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 44, 46,
47, 53, 60, 61, 69, 71, 78, 92, 96, 98, 106, 116, 118, Gestante: 60
119, 120, 123, 125, 130, 133, 135, 142, 147, 151,
157, 162, 173, 177, 184, 186, 187, 190, 191, 192 I
Idoso: 14, 23, 27, 53, 56, 69, 70, 71, 72, 73, 74
Diagnóstico: 13, 15, 19, 20, 23, 25, 44, 51, 52, 63,
65, 69, 71, 74, 77, 78, 80, 82, 83, 84, 85, 86, 110, Imunomoduladores Injetáveis: 76, 77, 79, 84, 85,
119, 120, 124, 125, 146, 174, 187, 188, 189 86

Doença Cardíaca: 161, 164 Inquérito Telefônico: 104, 105, 107, 108, 111, 119,
120

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ÍNDICE REMISSIVO

IST: 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, Tabagismo: 106, 109, 112, 113, 121, 164, 167,
132, 133, 134, 135, 136, 137, 138 168, 172, 173, 174

L Tecido Adiposo: 150, 151, 152, 154, 156, 157

Leptina: 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, Tratamento: 13, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23, 25,
157, 158, 159 26, 27, 44, 48, 49, 51, 52, 53, 54, 61, 62, 65, 66, 70,
71, 74, 76, 77, 78, 82, 83, 84, 85, 86, 92, 93, 94,
Limitações de Participação: 176 102, 116, 124, 125, 128, 132, 135, 143, 146, 158,
168, 184, 185, 186, 188, 190, 191, 192, 193, 194,
N 195
Nicotina: 167, 168, 171, 172
U
O
Uso Racional de Medicamentos: 43, 45, 54, 56,
Obesidade: 14, 29, 32, 35, 36, 37, 39, 40, 105, 57, 58
106, 107, 110, 114, 115, 149, 150, 151, 152, 153,
154, 155, 156, 157, 158, 159, 164, 185, 194 V
P Vigitel: 104, 105, 107, 108, 110, 111, 112, 113, 114,
115, 119, 120, 121
Papel Farmacêutico: 43

Prevenção: 29, 31, 37, 45, 52, 57, 64, 74, 107, 123,
125, 126, 130, 134, 135, 137, 138, 141, 142, 143,
144, 145, 146, 147, 164, 165
Promoção da Saúde: 39, 43, 45, 58, 123, 125,
129, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 140, 141, 147,
148, 158
Psoríase: 154, 156, 183, 184, 185, 186, 187, 188,
189, 190, 191, 192, 193, 194, 195

R
Reabilitação Cardíaca: 162, 163, 164, 165, 175,
176, 177, 178, 179, 180, 182

S
Saúde da Criança: 29, 30, 31, 39, 40

Saúde Pública: 48, 54, 55, 56, 57, 99, 101, 102,
106, 107, 121, 124, 138, 147, 159, 167, 168, 174

Serviços de Saúde: 29, 39, 48, 88, 89, 97, 98, 99,
106, 115, 117, 121, 125, 141

Serviços de Saúde Bucal: 88

Sintomatologia: 13, 15, 51

Sistema de Vigilância: 105

Sistema Nervoso Central: 14, 70, 77, 78, 80, 81,


82, 84, 85, 151, 157

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