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(Organizadora)
Alimentos
&
Alimentação
Animal
editora
científica digital
ROSEMARY LAÍS GALATI
(Organizadora)
Alimentos
&
Alimentação
Animal
1ª EDIÇÃO
editora
científica digital
2021 - GUARUJÁ - SP
editora
científica digital
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato
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A411 Alimentos e alimentação animal / Organizadora Rosemary Laís Galati. – Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-5360-014-0
DOI 10.37885/978-65-5360-014-0
2021
CDD 636
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
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CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Clóvis Luciano Giacomet
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Amapá, Brasil
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CONSELHO EDITORIAL
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CONSELHO EDITORIAL
Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Réia Sílvia Lemos da Costa e Silva Gomes
Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
Maria Luzete Costa Cavalcante António Bernardo Mendes de Seiça da Providência Santarém
Universidade Federal do Ceará, Brasil Universidade do Minho, Portugal
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CONSELHO EDITORIAL
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APRESENTAÇÃO
Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre docentes, estudantes e pesquisadores. Resulta,
também, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores de diferentes
Instituições de ensino e pesquisa. O livro aborda alguns aspectos relacionados ao tema Alimentos e Alimentação, e instiga
profissionais na busca por melhorias na produção a partir do uso de alimentos tradicionais ou alternativos, com redução de
custos e obtenção de proteína animal de qualidade. Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação
para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos que o livro Alimentos e Alimentação, seja apenas o primeiro
de muitos, e que sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de ensino
em seus trabalhos e demais interessados pela temática.
' 10.37885/210906287................................................................................................................................................................................... 12
CAPÍTULO
02
CARACTERIZAÇÃO BROMATOLÓGICA DAS FOLHAS DA MIMOSA CAESALPINIIFOLIA BENTH (SABIÁ) NO ESTADO DO
MARANHÃO, BRASIL
Raimundo Morais dos Santos; Danilo Rodrigues Barros Brito; Christoph Gehring; Livio Martins Costa Júnior; Ellen Cristina Vale Silva;
Maria Elisabeth Detert; Dauana Mesquita Sousa; Helder Louvandini
' 10.37885/210805903...................................................................................................................................................................................25
CAPÍTULO
03
FORAGE MANAGEMENT INTO BEEF CATTLE PRODUCTION HELPING TO FARM OWNER DECISIONS
Mariana Vieira Azenha; Fernando Ongaratto; Abmael da Silva Cardoso; Daniel Rume Casagrande; Eliéder Prates Romanzini; Bruno
Ramalho Vieira; Ricardo Andrade Reis; Ana Cláudia Ruggieri
' 10.37885/210705360................................................................................................................................................................................... 41
CAPÍTULO
04
MINERAIS ORGÂNICOS NA NUTRIÇÃO DE SUÍNOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Marcos Speroni Ceron; Carlos Augusto Rigon Rossi; Henrique da Costa Mendes Muniz; Vladimir de Oliveira; Alexandre de Mello
Kessler; Bruno Neutzling Fraga; Daniela Regina Klein; Michael Silveira Reis; Carlos Eduardo Botega
' 10.37885/210805882...................................................................................................................................................................................52
CAPÍTULO
05
MONITORAMENTO DO NITROGÊNIO URÉICO NO LEITE: NUTRIÇÃO ANIMAL, QUALIDADE AMBIENTAL E DO LEITE
Luciana dos Reis Valadão; Karyne Oliveira Coelho; Edmar Soares Nicolau; Rodrigo Balduino Soares Neves
' 10.37885/210906099................................................................................................................................................................................. 68
CAPÍTULO
06
PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS
Mauro Wagner de Oliveira; Christiano Nascif; Manoel Gomes Pereira; Thiago Camacho Rodrigues; Terezinha Bezerra Albino Oliveira;
Rogério Jacinto Gomes; Dalmo de Freitas Santos
' 10.37885/210805744................................................................................................................................................................................... 81
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
QUALIDADE DAS FARINHAS DE ORIGEM ANIMAL UTILIZADAS EM RAÇÕES AVÍCOLAS: UM REFERENCIAL TEÓRICO
Cleriston Andrade Machado; Felipe Dilelis; Cristina Amorim Ribeiro de Lima
Karen Regina Silveiro Mousinho; Pedro Louzeiro Pavão; Marcelo de Abreu Falcão; Maria Inez Fernandes Carneiro; Hamilton Pereira
Santos; Danilo Cutrim Bezerra; Viviane Correa da Silva Coimbra; Nancyleni Pinto Chaves Bezerra
Sandra Roseli Valerio Lana; Geraldo Roberto Quintão Lana; Ana Patrícia Alves Leão; Romilton Ferreira de Barros Júnior
' 10.37885/210705353.................................................................................................................................................................................153
10.37885/210906287
RESUMO
O pirarucu (Arapaima gigas), considerado o maior peixe de escama de água doce, possui
características que atraem o seu consumo e consequentemente sua produção. No en-
tanto, um dos maiores entraves na criação dessa espécie é o custo elevado com ração,
principalmente devido a inclusão de alto teor de proteína de origem animal. Na literatura,
ainda são poucos os trabalhos que abordam as pesquisas realizadas na área, para que
assim possam ser desenvolvidas dietas balanceadas atendendo todas as exigências
do pirarucu em suas diferentes fases. Neste intuito, este trabalho tem como objetivo
apresentar um compilado de conhecimentos referentes a nutrição e a alimentação do
pirarucu, a fim de facilitar o entendimento dos hábitos alimentares da espécie e auxiliar o
desenvolvimento de pesquisas futuras. Ainda há grande carência de estudos que demons-
trem exigências de proteína, energia, aminoácidos, vitaminas, minerais e ácidos graxos
para as diferentes fases de desenvolvimento da espécie. Porém, é possível observar o
incremento de novas tecnologias na produção de pirarucu em cativeiro.
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Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE
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Alimentos e Alimentação Animal
TREINAMENTO ALIMENTAR
FREQUÊNCIA ALIMENTAR
TAXA DE ARRAÇOAMENTO
A taxa de arraçoamento deve ser controlada durante todo o ciclo de produção, pois os
animais devem se alimentar de forma que apresentem o melhor desempenho, sem haver
desperdícios. Por isso, a quantidade de alimento a ser fornecida leva em consideração a
porcentagem de peso vivo do animal sendo ajustada de acordo com o crescimento.
Segundo Rodrigues (2015), o pirarucu tem uma variação de 7 a 1% na taxa de arra-
çoamento, conforme demonstrado na Tabela 1.
Os dados acima corroboram com os encontrados por Cardoso (2015), que ao testaram
as taxas de arraçoamento de 4, 5, 6, 7 e 8% do peso vivo, em pirarucus com peso médio
inicial de 481,2 g e peso médio final de 1259,5g, concluíram que não houve diferenças
significativas entre as taxas de arraçoamento quanto as variáveis de desempenho, sendo
recomendado o arraçoamento com 4% de peso vivo devido aos menores custos. Enquanto
que para a fase adulta, Rodrigues (2015) recomenda que a taxa de arraçoamento permaneça
entre 0,5% e 1,0% do peso vivo do animal.
17
Alimentos e Alimentação Animal
EXIGÊNCIA EM PROTEÍNA BRUTA E ENERGIA
No experimento realizado por Ituassú (2002) foram testadas quatro rações com di-
ferentes níveis de proteína bruta (30; 36; 42 e 48%). Ao final do período experimental, os
autores verificaram que os animais alimentados com 48% obtiveram maior ganho de peso
(235,7 g) quando comparado com os animais alimentados com níveis de 42% (141,9g), 36%
(109,3g) e 30% de PB (119,3g).
Medeiros (2014) utilizou dietas contendo 37,4; 40,8; 43,9; 45,5 e 47,1% de proteína
bruta e 4036,385 kcal; 4411,808 kcal, 4551,015 kcal, 4870,216 kcal, 5021,143 kcal de energia
digestível, respectivamente, para alimentar pirarucus na fase de engorda com peso médio
inicial de 220 g. Após o período experimental, os autores observaram que a utilização de
37,4% de PB e 4036,385 kcal na ração proporcionou maior aproveitamento proteico, menor
custo de ração e menor concentração de gordura no filé.
Lopes (2015), avaliou o efeito de mudanças de manejo durante o período experimental.
Para isso, os animais com peso médio inicial de 500 g foram alimentados por 110 dias com
uma dieta contendo níveis de proteína bruta de 36; 38; 40; 42 e 45%, seguidos de redução
nos níveis de proteína bruta nas rações para 32; 34; 36 38 e 40%, respectivamente. Nesse
trabalho, os autores verificaram que os peixes alimentados com 40% de PB e posteriormente
com 36% PB, obtiveram maior ganho de peso (9076,67 g), peso final (9584,21 g) e compri-
mento final (101,50 cm), sendo os menores resultados zootécnicos obtidos para os animais
submetidos a dieta inicial com 45% de PB e em seguida com 40% de PB, com o ganho de
peso de 6714,33g e peso final de 7207,27g.
Castilho et al. (2012) também testou diferentes níveis de proteína bruta (36; 39; 42;
45 e 48%) na alimentação de pirarucus com peso médio de 68,75g, constatando que o
nível mínimo de proteína bruta na ração, responsável por proporcionar maior desempenho
zootécnico e condição fisiológica dos juvenis foi de 44,9% de PB. Da mesma forma, Del
Risco et al. (2008), utilizaram dietas testando níveis de proteína bruta de 35; 40 e 45% em
animais com peso médio inicial de 86,84 g e concluíram que o maior peso final foi obtido
nos animais alimentados com 40% de proteína bruta com 470,5 g, seguido dos animais ali-
mentados com 45% de PB (peso final = 454,4g) e os animais alimentados com 35% de PB (
peso final = 293,6g).
Ono et al. (2008). ao avaliarem juvenis com peso médio de 96,8 g submetidos a dietas
contendo duas fontes de energia não proteica (óleo de soja e gordura de aves) e quatro ní-
veis de proteína bruta (PB) e energia digestível (ED): 36,3% PB e 4021 kcal ED; 40,0% PB e
4022 kcal ED; 43,9% PB e 3965kcal ED; e 48,0% PB e 3858 kcal ED, verificaram maior
coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta e extrativo não ni-
trogenado quando os peixes foram alimentados com ração contendo 36,3% de PB e 4021
18
Alimentos e Alimentação Animal
kcal de ED, seguido por 40% de PB e 4022 kcal de ED, e 48,0% de PB e 3858 kcal ED.
Enquanto que os tratamentos alimentados com óleo de soja apresentaram maior coeficien-
te de digestibilidade aparente do extrato etéreo (98,5%) quando comparado com o uso de
gordura de aves (97,7%).
A utilização de ingredientes não convencionais na dieta de pirarucu pode ser uma
alternativa para diminuição dos custos da ração. Neste contexto, as pesquisas visando a
utilização de óleos vegetais na dieta estende-se além do óleo de soja. A utilização mais
promissora é a do Ocimum basilicum, conhecido popularmente como manjericão-de-folha-
-larga. Esse composto na proporção de 2,0 mL/kg na dieta pode elevar no plasma, os níveis
de proteínas totais e albumina, sendo essa condição fisiológica um indicativo de melhora no
estado nutricional (CHUNG et al., 2020).
Outras pesquisas têm sido realizadas para tentar introduzir diferentes alimentos de
origem vegetal na dieta de pirarucu com o intuito de diminuir o custo da ração. Cipriano
et al. (2016) testou a substituição de 30% dos alimentos referência pelos ingredientes testes:
farinha de carne e osso (FCO), farinha de peixe (FP), farinha de penas hidrolisada (FPH),
farinha de subprodutos de aves (FSA), farelo de soja (FS) e farinha de glúten de milho
(FGM). Os resultados indicaram que o coeficiente de digestibilidade aparente da energia
bruta foi superior para ingredientes de origem animal (FSA 96,2%; FP 89,1%; FPH 83,3%
e FCO 75,4%), quando comparados aos valores obtidos para os ingredientes de origem
vegetal (FGM 59,8% e FS 58,0%). Dessa forma, é possível concluir que o pirarucu é capaz
de utilizar as fontes proteicas de origem vegetal, porém, tem preferência pelos ingredientes
de origem animal. De forma semelhante, Santos-Cipriano et al. (2015) observaram que o
pirarucu exibiu maior capacidade de utilização da proteína de milho e amido de milho, em-
bora a espécie não fosse capaz de digerir eficientemente a energia contida em nenhum dos
ingredientes testado.
Ramos (2019) avaliou a inclusão de milho, sorgo baixo tanino, quirera de arroz, fare-
lo de arroz desengordurado e farelo de trigo, adicionadas na proporção de 20% em uma
dieta referência com 54,96% de proteína bruta. O coeficiente de digestibilidade aparente
da matéria seca foi maior para a quirera de arroz (81,14%) e o menor resultado foi obtido
com a dieta contendo milho (70,15%). O coeficiente de digestibilidade aparente da energia
bruta foi maior para o milho (77,66%), seguido de quirera de arroz (68,5%), farelo de trigo
(57,35%), farelo de arroz desengordurado (56,68%) e sorgo baixo tanino (54,98%). Quanto
ao coeficiente de digestibilidade da proteína bruta, não houve diferença significativa, sendo
obtidos os seguintes resultados: quirera de arroz (80,23%), farelo de arroz desengordurado
(67,07%), sorgo (65,94%), milho (64,44%) e farelo de trigo (54,73%).
19
Alimentos e Alimentação Animal
Neste sentido, a Tabela 2. demonstra os valores recomendados segundo as pesquisas
para a exigência proteica do pirarucu.
PERFIL DE AMINOÁCIDOS
Rodrigues et al. (2017) estimaram o perfil de aminoácidos para ração de pirarucu com
base na composição de aminoácidos do tecido muscular, no qual sugere a porcentagem de
aminoácidos de acordo com os níveis de proteína (Tabela 3).
Tabela 3. Perfil de aminoácidos do tecido muscular estimada para ração contendo 40% e 45% de proteína bruta.
Exigência Pirarucu
Aminoácido essencial
40% 45%
Arginina 1,55 1,74
Histidina 0,47 0,53
Isoleucina 1,15 1,29
Leucina 2,15 2,42
Lisina 2,48 2,79
Metionina 0,74 0,84
Fenilalanina 1,11 1,25
Treonina 1,10 1,23
Triptofano 0,22 0,24
Valina 1,20 1,35
Fonte: RODRIGUES et al. (2017).
O uso de enzimas exógenas na alimentação de pirarucu foi estudado por Cavero (2004),
no qual testou dietas contendo proteases, lipases e amilases, seguindo as proporções de
0,0; 0,1; 0,2; e 0,4%. As dietas com proteases e lipases, influenciaram positivamente no
desempenho zootécnico de juvenis de pirarucu, o qual o mesmo não foi observado para a
adição de amilase.
Em contrapartida, Alcântra, (2012) ao avaliar a adição de lipase e protease na ração
de pirarucu com substituição parcial de farinha de vísceras de aves e farinha de carne e
20
Alimentos e Alimentação Animal
ossos, concluiu que não houve incremento nos coeficientes de digestibilidade aparente dos
nutrientes das rações, assim como na digestibilidade destes ingredientes alternativos.
A adição de enzimas na dieta também foi observada no trabalho de Bordinhon (2004),
em que o coeficiente de digestibilidade indicou redução na capacidade de aproveitamento da
fração de carboidratos da farinha de trigo crua, entretanto, ao utilizar farinha de trigo cozida
houve melhora no coeficiente de digestibilidade, sendo maximizado com as dietas contendo
farinha de trigo cozida e suplementadas com amilase exógena.
CONCLUSÃO
Ao compilar os dados, pode-se concluir que o pirarucu se desenvolve bem ao ser ali-
mentado em uma frequência de 2 vezes ao dia. Dependendo do peso do animal a taxa de
alimentação varia de 7 a 1%, com rações com porcentagem de proteína bruta de 36 a 48%.
O incremento de tecnologias como a adição de enzimas e a utilização de probióticos
específicos na ração podem auxiliar no melhor aproveitamento dos alimentos, principalmente,
os de origem vegetal os quais essa espécie tem um baixo coeficiente de digestibilidade e
assim contribuir para a redução nos custos de produção e difundir a produção da espécie.
21
Alimentos e Alimentação Animal
REFERÊNCIAS
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Alimentos e Alimentação Animal
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23
Alimentos e Alimentação Animal
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Alimentos e Alimentação Animal
02
Caracterização bromatológica das
folhas da Mimosa caesalpiniifolia
benth (sabiá) no estado do Maranhão,
Brasil
10.37885/210805903
RESUMO
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Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
27
Alimentos e Alimentação Animal
(VASCONCELOS, 1989). Dentre estas, o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.) pode re-
presentar até 70% do total da forragem consumida por ruminantes durante a estação das
chuvas (MENDES, 1989).
Estudos vêm sendo desenvolvidos, buscando espécies da região Nordeste do Brasil
com potencial taninífero (AZEVEDO et al., 2017). Taninos condensados são polifenóis pre-
sentes na maioria das leguminosas tropicais e estão associados a redução da ingestão e
digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína e fibra. Considerando a necessi-
dade de caracterizar os taninos condensado, proteínas, fibras e fenóis presente em legumi-
nosas forrageiras nativas, assim como verificar a existência de variação estacional nesses
valores, este trabalho teve como objetivo caracterizar os taninos condensados, bem como
outras variáveis bromatológicas da espécie Mimosa caesalpiniifolia, identificando os efeitos
sazonais em quatro regiões do estado do Maranhão.
MÉTODO
Áreas amostrais
O experimento foi realizado nos períodos seco e chuvoso, com coletas realizadas nos
meses de janeiro, março, julho, outubro e novembro de 2018. O sabiá (Mimosa caesalpinii-
folia) foi coletado retirando-se a folha e o pecíolo, por tração manual, em diversas partes da
planta. Após a colheita, o material foi seco à sombra, e triturado em moinho com peneira de
1 mm de porosidade, para as análises bromatológicas.
A ONG Educação e Meio Ambiente (EMA) tem experimentado desde 2007 e posterior-
mente implantado de modo sistemático plantios de sabiá até agora em aproximadamente
200 ha, distribuídos em 11 assentamentos de 10 municípios do centro-norte do Maranhão,
na maioria em prestação de serviço ao INCRA. Plantios de sabiá foram realizados em duas
etapas: a primeira etapa de plantio, com 86 mil mudas de sabiá, no ano de 2012 (deno-
minadas no experimento plantas de 5 anos de idade), nos meses de janeiro e fevereiro,
período chuvoso no Maranhão, e a segunda etapa de plantio de 110 mil mudas de sabiá,
iniciou-se no ano de 2014 (denominadas plantas de 3 anos de idade), com início do período
chuvoso, mês de janeiro.
As coletas foram realizadas em áreas de Assentamento da Reforma Agrária do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA do Maranhão. Os projetos de assen-
tamento onde ocorreram as coletas foram o PA (Projeto de Assentamento) Árvores Verde-
Município de Brejo, PA São José da Vitória - Município de Pirapemas, PA Olga Benário
- Município de Amarante e PAE (Projeto Agroextrativista do INCRA) Bacuri - Município de
Cajari, em áreas com plantios de sabiá que foram implantadas pelo INCRA-MA, através do
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Alimentos e Alimentação Animal
Núcleo Ambiental do INCRA, com o apoio da ONG Associação Educação e Meio Ambiente
– EMA. A Figura 1 mostra os locais de coleta do sabiá no estado do Maranhão, para uma
melhor compreensão de distribuição na unidade federativa do Brasil em questão.
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Alimentos e Alimentação Animal
é um município brasileiro do estado do Maranhão , situado a 3 metros de altitude, tendo as
seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 3° 18’ 11’’ Sul, Longitude: 44° 53’ 5’’ Oeste.
A Comunidade Olga Benário, PA Olga Benário em Amarante do Maranhão-MA, pos-
sui as seguintes coordenadas geográficas GPS MAP 64 GARMIN UTM w 0342936, UTM s
9373702. Amarante do Maranhão, situado a 242 metros de altitude, tem as seguintes coor-
denadas geográficas: Latitude: 5° 34’ 8’’ Sul, Longitude: 46° 44’ 16’’ Oeste.
Coletas amostrais
Análises bromatológicas
Análises Estatísticas
Inicialmente foi avaliada a distribuição dos dados (i) visualmente via histogramas e (ii)
via testes contra normalidade de distribuição dos dados Kolmogorov-Smirnov e Lilliefor’s.
30
Alimentos e Alimentação Animal
Foi constatado que todas as variáveis seguiram normalidade, permitindo análises paramé-
tricas dos dados.
Para averiguar possíveis efeitos da sazonalidade foi efetuada uma ANOVA (análise
de variância) entre as quatro datas amostrais, e em caso de significância aplicado o teste
de Tukey com valor de significância de p<0,05, considerando também tendências de até
p<0,10. Para averiguação do possível efeito da idade foi efetuado teste-t com os mesmos
critérios de significância. Também puderam ser investigadas possíveis correlações entre as
variáveis, visualmente também averiguando possíveis impactos sazonais ou de localização
(entre municípios).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Variação sazonal
Dos compostos analisados, foi observado na Figura 2 que os teores de lignina foram
significativamente menores no início da época chuvosa em relação ao início da época seca,
resultados que condizem com Lima (2015) que, ao analisar compostos estruturais: fibras,
lignina e celulose, notou que apenas a concentração de celulose variou entre as estações
seca e chuvosa, atingindo valores maiores na estação chuvosa. No entanto, Fukushima e
Hatfield (2003) afirmam que a oferta de forragens verdes em pastagens tropicais sofre direta-
mente as consequências das variações sazonais do clima e consequentemente a produção
de massa verde tende a ser menor na época seca.
31
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 2. Efeito da sazonalidade no teor de lignina (g/Kg MS) em folhas de Mimosa caesalpiniifolia nos quatro municípios
do Maranhão, ano de 2018.
Lignina*
66
0
a
64
0
62
0
60
0 a
b
58
0
56
0 a
b
Lignina *
54
0
52
0 b
50
0
48
0
46
0
44
0
Mean
42
0 Mean
±SE
Jan Mar Jul N
ov
Mean
±SD
C
oleta
Ausência de letras comuns indica diferença estatística entre épocas seguindo o teste de Tukey
a p<0,05.
Na Figura 3, observam-se a análise de fibras extraídas por detergente ácido (FDA) nas
folhas de sabiá coletadas dos quatro municípios.
Figura 3. Efeito da sazonalidade no teor de fibras extraídos por detergente ácido (g/kg MS) em folhas da Mimosa
caesalpiniifolia nos quatro municípios do Maranhão, ano de 2018.
FDAom*
84
0
a
82
0
80
0
78
0
76
0
FDA om *
74
0 b b
72
0
b
70
0
68
0
66
0
64
0
Mean
62
0 Mean
±SE
Jan Mar Jul N
ov
Mean
±SD
C
oleta
Ausência de letras comuns indica diferença estatística entre épocas seguindo o teste de Tukey
a p<0,05.
32
Alimentos e Alimentação Animal
Constatou-se teores significativamente maiores no auge da época seca do que na época
chuvosa. Observou-se diferença significativa para fibra em detergente neutro (FDN) das folhas
conforme a Figura 4, ocorrendo valores superiores para época seca. Independentemente
do local de colheita da planta, maiores valores foram observados no período seco para fibra
em detergente ácido (FDA).
Os valores encontrados para FDN e FDA foram superiores aos relatados por Vieira
et al. (2005), que encontraram valores de 44,39 e 39,05% de FDN para época chuvosa e
seca, respectivamente e 25,80 e 21,83% de FDA para época chuvosa e seca, respectiva-
mente. Os valores das fibras variam em função das partes das plantas, e isso pode explicar
as diferenças encontradas nas folhas. Outros fatores como idade da planta, precipitação e
complexo tanino podem contribuir com essas variações.
Figura 4. Efeito da sazonalidade no teor de fibras extraídos por detergente neutro (g/kg MS) em folhas da Mimosa
caesalpiniifolia nos quatro municípios do Maranhão, ano de 2018.
aFDN
om*
86
0
a
84
0 a
b
82
0
80
0 b
a
b
78
0
76
0
aFDNom *
74
0
72
0
70
0
68
0
66
0
64
0
62
0
Mean
60
0 Mean
±SE
Jan Mar Jul N
ov
Mean
±SD
C
oleta
Ausência de letras comuns indica diferença estatística entre épocas seguindo o Teste de Tukey
a p<0,05.
33
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 5. Efeito da sazonalidade no teor de taninos condensados em folhas da Mimosa caesalpiniifolia nos quatro
municípios do Maranhão, ano de 2018.
T
anino
scon
densados**(p<0,084
)
18
0
16
0
14
0
12
0
Taninos condensados **
10
0
80
60
40
20
Mean
-20 Mean
±SE
Jan Mar Jul N
ov
Mean
±SD
C
oleta
ANOVA não detectou diferenças significativas entre épocas (p=0,08). ** Valores expressos em
equivalente grama de leucocianidina / kg de matéria seca.
Também não houve diferenças significativas entre as épocas amostrais nas variáveis
de matéria orgânica e proteína bruta.
34
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 1. Médias das variáveis bromatológicas das folhas da Mimosa caesalpinifolia e três e de cinco anos de idade, no
estado do Maranhão, ano de 2018.
Idade Idade
Variável Valor de P
(3 anos) (5 anos)
Matéria Orgânica (g/kg MS) 942,6 926,5 0,094356
Tabela 2. Concentração dos taninos condensados das folhas da Mimosa caesalpiniifolia em diferentes municípios e
épocas do ano de 2018 no estado do Maranhão
36
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 3. Média das variáveis bromatológicas das folhas da Mimosa caesalpiniifolia em diferentes municípios e épocas
do ano de 2018 no estado do Maranhão.
FDA Fenóis Taninos conden-
Municípios Período MS MO * PB * FDN* Lignina *
* totais ** sados ***
Amarante Chuvoso 894,74 937,66 238,17 840,82 704,87 473,83 0,76
Amarante Chuvoso 905,7 926,97 213,6 788,06 702,27 600,85 79,61 50,55
Brejo Chuvoso 871,11 930,21 197,49 813,33 705,03 488,8 15,86
Brejo Chuvoso 907,19 911,96 158,91 706,77 702,3 541,79 93,48 58,49
Cajari Chuvoso 830,4 962,69 220,72 805,75 714,07 483,91 13,04
Cajari Chuvoso 913,9 924,39 227,33 759,89 725,1 542,73 109,53 58,14
Pirapemas Chuvoso 835,52 940,4 164,62 792,25 728,88 526,09 6,58
Pirapemas Chuvoso 911,12 930,63 226,32 733,46 658,82 506,36 155,08 88,3
Amarante Seco 890,85 925,78 322,75 781,41 708,84 532,33 47,15 18,54
Amarante Seco 870,8 903,88 193,45 800,58 728,56 521,92 46,97 28,44
Brejo Seco - - - - - - - -
Brejo Seco 856,44 952,43 192,29 841,09 820,48 638,63 62,47 39,29
Cajari Seco 919,1 953,76 211,44 712,3 651,37 515,43 183,44 146,11
Cajari Seco 879,45 934,53 201,41 837,8 822,49 624,96 94,6 60,51
Pirapemas Seco 928,82 944,24 163,18 607,73 663,89 554,57 194,12 127,57
Pirapemas Seco 881,4 950,38 195,29 816,37 755,58 569,32 93,03 49,99
* Valores expressos em g/kg de matéria seca
** Valores expressos em equivalente grama de ácido tânico / kg de matéria seca
*** Valores expressos em equivalente grama de leucocianidina / kg de matéria seca
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que, de modo geral, as folhas
da M. caesalpiniifolia apresentaram teores de FDA e FDN elevados, em relação aos efeitos
sazonais, na época seca. Quanto as concentrações dos taninos condensados nos diferen-
tes locais de estudo, apresentaram-se mais elevados nas coletas realizadas nos meses de
março e julho de 2018. Não houve diferenças significativas entre os efeitos sazonais quanto
as análises de matéria orgânica, de proteína bruta e de matéria mineral. Em relação aos
resultados obtidos sobre a idade da M. caesalpiniifolia, os taninos e a matéria orgânica se
apresentaram em maior valor na idade de três anos. As outras variáveis bromatológicas não
foram afetadas pela idade do sabiá. No entanto, notou-se que na época chuvosa observa-se
melhor composição química da planta, ou seja, a M. caesalpiniifolia apresenta uma compo-
sição química mais adequada no período chuvoso.
37
Alimentos e Alimentação Animal
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Alimentos e Alimentação Animal
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40
Alimentos e Alimentação Animal
03
Forage management into beef cattle
production helping to farm owner
decisions
10.37885/210705360
ABSTRACT
The purpose of this research was to evaluate how different grazing sward heights (15,
25, 35 cm) change the frequency of tiller visitation, morphogenesis, structural characte-
ristics, tillering dinamic of palisadegrass (Urochloa brizantha) managed under continuous
stocking. Método: The experimental design adopted was randomized blocks with three
treatments: 15, 25 and 35 cm and four replicates (paddocks) and year (2007/2008 and
2008/2009) was used as blocking factor. The results desmonstrates that each increment
of 1 cm in sward height led to an increase of 0.09 days for tiller visits, 0.18 days for
phyllochron, 0.85 days for leaf life span, 0.035 for number of leaves, 4.48 mm for leaf
size, 0.0030 for tillers survival. In addition, each increment 1 cm in sward height caused
a decrease in leaf appearence rate by 0.0006 mm/leaf/tiller, tiller density in 74.71 tillers/
m², 0.0030 in tiller mortality. Varying grazing sward height from 15 up to 35 cm, directly
affected the frequency of tiller visitation as well as morphogenesis and structural variables
of palisadegrass under continuous stocking, the height of 25 cm a indicates for handling
in continuous stocking.
42
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUCTION
Pastures are the main component of ruminant diets and the most economical food source
in livestock systems. The ingestive behavior of cattle is affected by the canopy structure and
forage density, so understanding the plant-animal interaction caused by defoliation events
allows the adoption of target management heights, which do not compromise the plant and
animal development.. Although Brazil has vast pasture areas, many are in a state of degra-
dation due to the lack of information for the adequate grazing management. The control of
grazing height is a pratical low-cost method to manage tropical pastures. Sward height is one
of the most efficient methods that can be applied to control pasture production and animal
performance. The use of sward height as a management strategy can result in variations in
frequency of tiller visitation (i.e. defoliation), structural characteristics of the canopy and nu-
tritional value (REIS et al., 2016), mainly due to the effect on ingestive behavior of herbivores
(VIEIRA et al., 2017). Thus, certain heights of grazing management can decrease perennial
and lead to pasture degradation. Variables such as frequency of tiller visitation, tiller density,
leaf appearance and tiller rate, among others, can be used as indicators of the effect of gra-
zing on plant regrowth and production (SALES et al., 2014; SANTANA et al., 2017) as well
as animal’s ingestive behavior. The hypothesis of this study is that different grazing heights
of palisadegrass (15, 25 and 35 cm) affect the frequency of visitation of tillers and therefo-
re the morphogenesis variables, canopy structure and dynamics of palisadegrass tillering.
Therefore, this study aims to evaluate the impact of increasing grazing sward heights on
frequency tiller visitation, morphogenesis and structural variables and the tillering dynamics
of palisadegrass managed under continuous grazing.
METHOD
The experiment was conduced between November 2007 and March 2009 at the School
of Agricultural and Veterinarian Sciences - Unesp, Department of Animal Sciences, located in
Jaboticabal-SP, at 21º15’22’’ south latitude and 48º18’58’’ west longitude and 600 m altitude.
The pastures of Urochloa brizantha cv. Marandu (palisadegrass) were established in 2005.
The climate of the region is tropical of the Aw type, mesothermal with humid summer and dry
winter, according to the Köppen classification. The average values of temperature, accumu-
lated precipitation was collected from the Agroclimatological Station, Department of Exact
Sciences, FCAV/Unesp (Table 1). All procedures have been Conducted in accordance with the
guidelines set out by the Brazilian College of Animal Experimentation (COBEA) in the Code
of Practice for the Care and Use of Animals for Experimental Purposes and were reviewed
and approved by the Animal Ethics Committee of the Sao Paulo State University (CEBEA).
43
Alimentos e Alimentação Animal
The soil was classified as dystrophic oxisol, clayey texture (EMBRAPA, 2018). The
results of the soil nutritent analysis were pH (CaCl2) = 5.0; organic matter (OM) = 19.3 g/
dm3; phosphorus (P) = 7.3 mg/dm3; potassium (K) = 1.7 mg/dm3; calcium (Ca) = 13.6 mg/
dm3; magnesium (Mg) = 9.3 mg/dm3; potential acidity (H + Al) = 26.0 mg/dm3; sum of bases
(SB) = 24.7 mg/dm3; base saturation (V) = 49.0%. In November of 2007, 250 kg/ha of the
formula 20:05:20 (N-P2O5-K2O) was applied and, in the same month of 2008,150 kg/ha of
the formula 8:28:16 (N-P2O5-K2O). The nitrogen fertilizations were carried out in December
of 2007; January, February, December of 2008; and February of 2009 when 100, 150, 100,
100 and 150 kg/ha of urea were used, respectively.
The experiment was conducted in an area of 12 hectares divided into twelve paddocks
(experimental unit), ranging from 0.7 to 1.3 ha, plus an adjacent area for the maintenance of
regulating animals. The treatments were 15, 25 and 35 cm of average sward height of the
palisadegrass, managed under continuous stocking and variable stocking rate. The sward
height was monitored using a graduated ruler and measuring 100 points per paddock every
five to six days. Seven Nellore heifers (Bos taurus indicus) were maintained with an initial
average weight of 200 kg, with sward height regulating animals being added or removed. The
stocking rate was calculated by adding the weight of all cattle in each paddock and dividing
by 450 kg, which corresponds to one animal unity (AU; Table 1).
The identification of palisadegrass tillers (72 tillers/height) was done at three represen-
tative points of the canopy height in each paddock and identified with iron piles. In each point,
6 tillers were selected approximately 40 cm apart and identified with colored plastic threads.
The process of tiller identification was repeated every 28 days.
The frequency of tiller visitation was obtained by the equation: frequency of tiller visitation
= number of touches/(number of possible touches × duration of the evaluation). The expanded
leaves were measured from its ligula. Leaves going through senescence were measured only
at the green part of the leaf blade. Were considered going through senescence only leaves
with a maximum of 50% of the leaf blade senescent. The leaf appearance rate (leaf/day)
was calculated by dividing the number of leaves that appeared in the evaluated period by the
number of leaves evaluated duration of evaluation (days). Phyllochron was calculated as the
inverse of the leaf appearance rate. The leaf life span (days) was calculated by multiplying
the number of live leaves per tiller × phyllochron. The rate of leaf elongation and stems (mm/
tiller/day) and leaf senescence rate (mm/tiller/day) were calculated using the ratio between
two consecutive evaluations. The final length of the leaves was proportional to the average
size of all the expanded and integral leaves in each evaluation period, the number of live
leaves (expanded/elongating) in each tiller was also counted.
44
Alimentos e Alimentação Animal
To collect the tiller population pattern, three 20 cm diameter polyvinyl chloride rings were
used per paddock, attached to the soil by staples. The first tillers were marked with colored
plastic rings before the beginning of the first grazing cycle. On that occasion, all palisade-
grass tillers within the area delimited by the rings were marked with single-colored plastic
thread, named the first generation of tillers (G0). During subsequent month, the first tillers
were counted again, and the new tillers were marked with different colored plastic threads
and named second generation tillers (G1), and so on, the next generations being counted
at the beginning of each month. cycle, until the end of the period of use of palidadegrass,
totaling four generations (G0, G1, G2 and G3).
Tiller appearance (TAP), mortality and survival (TSP) rates were obtained for each tiller
generation. The rate of tiller appearance, in each generation, was obtained by counting the
new tillers that appeared between two consecutive evaluations. The survival rate of each
generation of tillers was obtained by the difference between the population existing at the time
of counting and the population existing in the previous count, the values being calculated as
a percentage. The mortality rate was estimated from the survival rates, subtracting from 100.
With the sum of the number of tillers belonging to each generation, it was possible to deter-
mine the density of tillers in each generation (tillers/m2). The stability index (IE) of the tiller’s
population was obtained according to Bahmani et al. (2003), where: IE = TSP × (1 + TAP).
The forage mass was determined by the double sampling method (SOLLENBERGER
and CHERNEŶ, 1995). Forage biomass data was regressed over sward height measurements
every 28 days. The sward height was measured at nine points per experimental unit using
an ascending plate. The sward height measurements were taken at average height (n = 3),
highest height (n = 3) and lowest height (n = 3). At each of the nine points, the forage inside
the ascending dish (0.25 m2) was harvested at the ground level, identified, and weighed.
Pasture samples were dried in an oven with air circulation at 55ºC for 72 hours and weighed
again. After obtaining the data for height and mass of green forage and DM, linear regression
was determined to calculate the forage mass.
The experimental design used was complete randomized blocks with three treatments
(heights), four repetitions (paddocks) and years (2007/2008 and 2008/2009) considered as
a blocking factor. Data was checked for normality and subjected to analysis of variance by
the mixed procedure of the SAS® statistical program. The statistical model used considered
the fixed effect of the treatments (heights) and the random effects of the residue and the
years. A covariance structure selection test was performed, using the Akaike information
criterion (AIC) to indicate the model that best represented the data, which were analyzed in
the SAS® program. The assumptions of the analysis were evaluated (Homoscedasticity test:
Box Cox, error normality tests: Cramer von-Mises, model selection criteria: AIC). Tukey’s test
45
Alimentos e Alimentação Animal
at 5% was used to compare treatments. The variables were subjected to regression analysis,
using the different heights as explaratory variable, and applying a polynomial function to the
second order. In the regression analysis, the selection of the models was based on the sig-
nificance of the linear and quadratic coefficients, using the Student t-Test, at 5% probability.
Environmental conditions, mean temperature and cumulative rainfall (Table 1), did not
limit forage development.
Table 1. Temperature, precipitation, and rain of December to April in the years 2007/2008 and 2008/2009.
2007
2008
Source: Authors.
The frequency of tiller visitation was fitted to the linear equation (Ŷ = 9.51 + 0.09x, P =
0.0026; r² = 0.99) in relation to the grazing sward heights. The resuts shows that each 1 cm
increment in sward height will lead to an increase of 0.09 visitation days. According to Tesk
et al. (2018) the number of animals per area and their needs for nutrients will determine the
frequency of visitation (Table 2). It would be expected that swards grazed at shorter heights
would have higher frequency of tiller visitation due to the greater stocking rate, however the
results seems to indicate that the increases in frequency of tiller visitation, as sward height
increases, may be related to the increase in forage digestibility (GOMES et al., 2018).
46
Alimentos e Alimentação Animal
Table 2. Stocking rate of Palisadegrass managed at different heights (15, 25 and 35cm) during the 2007/08 and 2008/09
(rain season).
Stocking rate1
Heights (cm)
Year CV2 Published article
15 25 35
2007/08 5.6 4.3 3.7 12.5 Casagrande et al., 2011
2008/09 5.5 4.2 3.4 7.9 Vieira et al., 2017
1
Animal unit (450 kg of body weight), 2 Coefficient of variation (%).
Source: Authors.
The leaf appearance rate was fitted to a negative linear relationship, which predicts that
each increase of 1 cm in sward height would lead to a decrease in the leaf appearance rate
by 0.0006 tiller/leaf/day. The other morphogenesis variables, number of leaves and final leaf
length were fitted to positive linear relationship. The results shows that each increase in 1 cm
in sward height would lead to an increase of 0.18 days the phyllochron, 0.10 leaves/tillers the
rate of leaf expansion, 0.85 days a leaf life duration, 0.0154 mm/leaf/tiller at the stem elonga-
tion rate, 0.035 the number of leaves per tiller and at 4.48 mm/leaf/tiller the final leaf length.
The leaf appearance rate assess the frequency that a leaf follows the path along the
pseudo stem till its emergence. Swards grazed at greater heights have bigger pseudo stem
and therefore a lower appearance rate and a greater phylochron (SALES et al., 2014). The
results obtained in this study for leaf elongation rate, stem elongation rate, final leaf length
and number of leaves per tiller seems to be affected by the frequency of visitation to tiller
and stocking rate used to maintain the management heights. This increase in the values of
these variables indicates that there was a sub-pasture, allowing the canopy to have more
leaves and larger leaves, a consequence of the higher elongation rate, and also a higher
elongation of stems, even with the increased frequency of tiller visits. This increase in the
frequency of visitation is due to the effect of the decrease in the nutritional values of higher
canopies (KUNRATH et al., 2019).
In this study, the leaf’s life span, leaf senescence rate and stem elongation rate increa-
sed with increasing sward height. These are undesirable characteristics for palisadegrass,
which indicates that there is a height where there is a balance in plant production. Leaf life
span (LLS) is the morphogenesis variable that determines the balance between leaf tissue
development and death. When working with short grazing intervals in relation to the average
time of LLS, the pasture efficiency of use will be optimized. However, if the intervals between
grazing events are longer than the useful life of the leaves, a greater amount of leaf tissue
will senescence before the beginning of the next grazing cycle causing a reduction in grazing
efficiency (GASTAL and LEMAIRE, 2015).
47
Alimentos e Alimentação Animal
The tiller appearance rate (0.32 ± 0.02) and the stability index (0.96 ± 0.01 tiller) were
not affected by changes in sward heights. The tiller mortality rate and population density were
fitted to a negative linear relationship, while the tiller survival rate fitted to a postivive linear
relationship. The results suggestes that increasing the sward height by 1 cm would cause a
decrease in tiller mortality by 0.0030 and the density by 74.71 tillers/m² and the tiller survival
would increase by 0.0030.
A factor of great importance in determining the tiller appearance rate is the frequency
of tiller visitation during grazing, especially under conditions of severe grazing compared to
lenient grazing (MATTHEW et al., 2000). Even at the height of 35 cm, where the visitation of
tillers was greater, this variable was not altered, demonstrating the stability (value close to
1.00) in the emission of tillers during the season (SANTANA et al., 2017). The values close
to 1.0, of the tillers stability index indicate stable tillers density, in which the number of tillers
practically does not vary, despite being the result of a dynamic balance (BAHMANI et al.,
2003; SOUSA et al., 2013 ). The similarity in population density and tiller stability index is
probably related to the low incidence of light at the base of the canopy, which negatively
affects tillering (MATTHEW et al., 2000). This lower incidence of light is due to the greater
amount of forage mass which limits the passage of light to the lower strata of the pasture
and thus does not stimulate tillering (SANTANA et al., 2017). Higher swards, in which the
number of leaves and their length are greater and where there is more frequency of visitation,
the survival rate of these tillers is higher, as there are better conditions for them to establish
themselves (SANTANA et al., 2017).
Table 3. Regression of morphogenesis variables and number of Palisadegrass leaves managed under different heights
(15, 25, 35 cm) during the 2007/08 and 2008/09 (rain season).
Source: Authors.
The forage mass was fitted to a positive linear relationship (Ŷ = 2066.2 + 209.6x; P =
0.0001; r² = 0.98). The results shows that would be expected that the increase of 1 cm in
the sward height will lead to an increase in forage mass of 209.6 kg/ha. At greater sward
heights, leaf life span, pseudo stem elongation rate and lower defoliation frequency leads
48
Alimentos e Alimentação Animal
to greater production of forage mass, leaves and stems (JANUSCKIEWICZ et al., 2019;
VIEIRA et al., 2017).
Table 4. Regression equations for the tillering variables of Palisadegrass managed under different heights (15, 25, 35 cm)
during the 2007/08 and 2008/09 (rain season).
Source: Authors
CONCLUSION
Grazing palisadegrass at different sward heights (15, 25, 35 cm) alter the frequency
of tiller visitation, as well as the morphogenesis variables, tillering and forage mass of pali-
sadegrass. Based on the results on this study and the literature available, we conclude that
grazing palisadegrass at 25 cm (range 20 a 30 cm) of sward height to be most suitable in
order to favor plant and animal production under a continous grazing system.
49
Alimentos e Alimentação Animal
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51
Alimentos e Alimentação Animal
04
Minerais orgânicos na nutrição de
suínos: uma revisão de literatura
10.37885/210805882
RESUMO
Os minerais são elementos essenciais para composição das dietas, uma vez que exercem
várias funções essenciais no organismo dos suínos, estando disponíveis no mercado nas
formas orgânica e inorgânica. Os minerais orgânicos são elementos de alta estabilidade,
solubilidade e disponibilidade biológica, sendo constituídos por íons metálicos adsorvidos
por substâncias orgânicas (aminoácidos, peptídeos ou polissacarídeos). Com isso, esses
minerais são mais biodisponíveis em relação aos inorgânicos, resultando em menores
taxas de excreção pelos suínos, agregando sustentabilidade ao sistema suinícola de pro-
dução. Assim, o objetivo desta revisão de literatura é abordar de maneira prática-científica
os principais minerais orgânicos utilizados na nutrição de suínos.
53
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
54
Alimentos e Alimentação Animal
DESENVOLVIMENTO
Zinco:
Cobre
55
Alimentos e Alimentação Animal
catalase, peroxidase, ceruloplasmina, lactase, uricase, tirosinase e dismutase-superóxido
(SAKOMURA, 2014). Além disso, está associado ao metabolismo do ferro e na síntese de
hemoglobina (BERTECHINI, 2014).
O cobre inorgânico (sulfato de cobre) é muito utilizado como promotor de crescimento
para suínos devido ao seu baixo custo, possui efeito antimicrobiano e causa aumento nos
níveis de RNAm para hormônio do crescimento (BERTECHINI, 2014). Além disso, no pós-
-abate os animais apresentam redução na quantidade de gordura na carcaça e aumento da
quantidade de ácidos graxos insaturados (AMER e ELLIOT, 1973; PETTIGREW e ESNAOLA,
2001). Contudo, a absorção intestinal do Cu é relativamente baixa e varia conforme a fonte
utilizada, assim o uso indiscriminado pode causar problemas ao meio ambiente (RUTZ e
MURPHY, 2009). Desta maneira, recomenda-se o uso de fontes orgânicas devido à maior
absorção e retenção nos tecidos corporais.
O uso do complexo quitosana-cobre (CS-Cu), na dieta de leitões desmamados melhora
a morfologia do intestino delgado ao aumentar a altura das vilosidades e da relação altura
de vilosidade/profundidade de cripta (XIAOJING, 2017). O CS-Cu pode aumentar a quan-
tidade de nutrientes prontamente disponíveis para absorção intestinal e, assim, melhorar o
desenvolvimento e a regeneração das vilosidades intestinais. Desta maneira, a integridade
intestinal contribui para o aumento da saúde intestinal ao reduzir a apoptose das células
epiteliais do íleo e a incidência de diarreia.
O fornecimento de Cu orgânico pode melhorar o crescimento e a conversão alimentar
de suínos nas fases de creche, crescimento e terminação (ÁLVAREZ, 2019). Efeito atribuído
à ação antimicrobiana do Cu melhora a absorção dos nutrientes à nível intestinal (RUTZ
e MURPHY, 2009).
Existem evidências que a suplementação de quelato de Cu (80 mg.kg–1) em substitui-
ção ao CuSO4 (4 e 160 mg.kg–1) causou aumento (P <0,05) no peso de carcaça e profun-
didade de lombo. Álvarez et al. (2019) observaram que a suplementação com proteinato
de Cu causou aumento (P <0,05) na área de olho de lombo em fêmeas, redução (P<0,05)
na espessura de toucinho em machos castrados e aumento (P <0,05) nos rendimentos dos
cortes primários e na qualidade da carne. As melhorias observadas nas características de
carcaça ocorrem porque o Cu é responsável por estimular o hormônio do crescimento, atuar
como regulador da lipólise e favorecer a deposição de proteína (KRISHNAMOORTHY et al.,
2016; ZHOU et al., 1994). Além disso, o Cu atua como cofator da enzima citocromo oxidase
que é essencial na produção de ATP na cadeia respiratória (LIM e PAIK, 2006). Portanto, a
maior biodisponibilidade do Cu orgânico favorece a produção do ATP na célula e mantém
a integridade das proteínas musculares, melhorando a qualidade da carne.
56
Alimentos e Alimentação Animal
Na perspectiva ambiental, a substituição do Cu inorgânico (CuSO4) por análogos or-
gânicos pode ser benéfica. Em leitões na fase de creche, a suplementação com proteinato
de Cu (100 mg.kg–1) permitiu reduzir (P <0,05) a ingestão, aumentar (P <0,05) a absorção e
a retenção corporal Cu, além de reduzir (P <0,05) a excreção (VEUM 2004). Nas fases de
crescimento e terminação, nas quais os suínos produzem grande quantidade de dejetos, o
uso de Cu orgânico permite reduzir excreção de Cu (LIU et al., 2016), sem comprometer o
desempenho dos animais.
Ferro
O ferro (Fe) é um metal de transição com massa atômica de 55,8 u, sendo o quarto
elemento mais abundante na crosta terrestre. É um mineral importante para o organismo do
animal ao constituir a hemoglobina, mioglobina, citrocomo, succinato-desidrogenase, oxidase
e oxigenase. O Fe também é necessário para a mineralização adequada do tecido ósseo
a fim de proteger a medula espinhal e é um cofator das enzimas envolvidas na síntese dos
neurotransmissores (SPENCER e PALMER, 2012).
A suplementação de ferro na forma inorgânica, com o uso de sulfato ferroso (FeSO4),
geralmente é feita nas primeiras semanas de vida dos leitões quando há deficiência. A anemia
ferropriva em leitões provém da baixa reserva de Fe corporal no recém-nascido associada
a baixa concentração deste mineral no leite da porca (ABCS, 2014).
O Fe orgânico, quelato ou complexado à aminoácidos ou polissacarídeos, é quimica-
mente mais estável e utiliza os mesmos mecanismos de absorção de proteína e polissaca-
rídeos o que o torna mais biodisponível (RUTZ e MURPHY, 2009; CHABAEV et al., 2020).
Pesquisas indicam que a suplementação de porcas com Fe orgânico no terço final
da gestação, período onde ocorre maior desenvolvimento dos tecidos maternos e cres-
cimento dos fetos, pode ser eficaz para melhorar o peso ao nascer das leitegadas (WAN
et al., 2018). Isso ocorre porque o fornecimento de Fe orgânico pode melhorar a absorção
de Fe intestinal, e consequentemente aumentar a transferência de Fe via placenta aos fetos
(NOVAIS et al., 2016). O uso de Fe e outros minerais proteinados (Cu, Mn e Zn) em porcas
gestantes e lactantes, causa aumento do peso dos leitões ao nascimento e desmame, bem
como aumentou os níveis de Fe no leite (LIANXIANG et al., 2020). Os autores justificam
que maior biodisponibilidade do Fe orgânico favorece a passagem do mineral através da
placenta e da glândula mamária aumentando o crescimento pré e pós-natal. Nesse estudo,
o uso de mineral orgânico permitiu redução de 20% nos requerimentos nutricionais de Fe,
Cu, Mn e Zn, aproximadamente, causando redução da presença desses microminerais nas
fazes das matrizes. No entanto, os efeitos sobre desempenho reprodutivo das porcas ainda
57
Alimentos e Alimentação Animal
são inconsistentes na literatura, variando conforme a fonte de mineral inorgânico utilizada
(NOVAIS et al., 2016; WAN et al., 2018).
A suplementação de leitões lactentes com o complexo metal-aminoácido, em substi-
tuição ao sulfato de ferro contribuiu para redução da mortalidade e na incidência de diarreia
(GRELA et al., 2005). Já para leitões recém-desmamados, tanto o uso de FeSO4, quan-
to Fe-Gly, causaram aumento (P <0,05) na concentração de Fe nos tecidos musculares
e melhorias na integridade do epitélio intestinal, quando comparados ao grupo controle
(ZHUO et al., 2019).
Selênio
59
Alimentos e Alimentação Animal
Estudos para avaliar o impacto do Se na nutrição de reprodutores suínos abrangem
os benefícios na puberdade, melhoria da libido, do vigor sexual e no desenvolvimento e
manutenção das glândulas endócrinas (CLOSE e COLE, 2001). A partir disso, sabe-se que
dietas inadequadas para reprodutores suínos reduzem a motilidade espermática e aumentam
as anormalidades morfológicas, principalmente as relacionadas à peça intermediária com
menor concentração de ATP e menor atividade da enzima glutationa peroxidase (GPx) nas
mitocôndrias (MARIN-GUZMAN et. al., 1997). Portanto, machos que consomem dietas com
baixo teor de selênio produzem células espermáticas com baixa motilidade e anormalidades
aumentadas (HANSEN e DEGUCHI, 1996). Além disso, o selênio é um micromineral essen-
cial necessário para o crescimento embrionário, biossíntese de testosterona e participa na
formação e desenvolvimento de espermatozóides (BEHNE et al., 1996).
A suplementação com selênio orgânico ajuda no aumento do número de doses semi-
nais e reduz o custo médio da dieta por dose seminal (SPEIGHT et al., 2012). Reprodutores
suplementados selênio orgânico, quando comparado com aqueles que recebiam selênio
inorgânico na dieta, apresentaram uma concentração espermática significativamente maior
(SPEIGHT et al., 2012), e também maior número de espermatozoides totais por ejaculado
(MARIN-GUZMAN et. al., 1997; MARTINS et al., 2015).
O mecanismo pelo qual o selênio aumenta o número das doses seminais ainda é ampla-
mente desconhecido, no entanto, alguns mecanismos moleculares foram propostos. O selênio
desempenha um papel na regulação da proliferação e diferenciação das células germinativas
no testículo. Por isso, sugere-se que seu papel não é limitado apenas como antioxidante
(GSH-Px) ou como componente estrutural da bainha mitocondrial do esperma (SHALINI e
BANSAL, 2006). Foi demonstrado que, além de estar envolvido na formação das células
espermáticas, o selênio também é necessário no metabolismo normal da testosterona e na
manutenção de morfologia testicular.
As formas de selênio disponíveis para a nutrição animal são classificadas em três ge-
rações distintas (L-SeMet, OH-SeMet e Zn-L-SeMet). A última geração ou produtos puros se
destacam na suplementação animal por apresentar resultados positivos comparados às ge-
rações anteriores. Todos os aditivos de terceira geração apresentam como característica co-
mum o selênio (Se) disponível sob a forma de selenometionina (SeMet) (FONTINHAS, 2021).
A principal vantagem em suplementar os animais com SeMet frente às fontes inor-
gânicas é que, devido à similaridade química entre a metionina e a SeMet, essa última é
absorvida e metabolizada como uma molécula de metionina. Essa característica leva à
formação de um depósito inespecífico de Se em cadeias de aminoácidos corporais (i.e.
proteínas corporais), que pode ser utilizado posteriormente pelos animais de maneira mais
eficiente e segura. Por outro lado, todas as outras formas de Se não criam depósitos de Se e,
60
Alimentos e Alimentação Animal
portanto, qualquer excesso é excretado imediatamente pelos animais, evitando sua toxici-
dade (FONTINHAS, 2021).
Dada a diversidade de opções disponíveis, a comunidade científica buscou maneiras de
avaliar a eficácia destes diferentes aditivos. Admite-se, no entanto, que a melhor maneira de
avaliar a bioeficácia das formas puras de SeMet é pela comparação da deposição de Se nos
tecidos animais, sendo a deposição em músculos a referência mais utilizada. Jachacz et al.,
(2017), publicaram uma meta-análise com a compilação de 13 estudos diferentes, onde se
concluiu que quando suplementadas a mesma dose, L-SeMet e OH-SeMet apresentaram
a mesma eficiência.
Manganês
61
Alimentos e Alimentação Animal
A ativação da enzima superóxido dismutase pelo manganês desencadeia a quebra
de radicais livres e, consequentemente, pode proporcionar uma redução nos valores das
substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico em cortes de carne suína, auxiliar na prevenção
da descoloração da carne na prateleira. Quando em deficiência há aumento na deposição
de gordura (FURLAN e POZZA, 2014).
O manganês possui baixa absorção e, portanto, sua excreção relativa nas fezes é con-
siderada alta (FURLAN e POZZA, 2014). Talvez, isso decorra da baixa biodisponibilidade nos
principais alimentos (LEESON e SUMMERS, 2001). Alguns fatores afetam positivamente a
absorção como a deficiência de ferro (Fe), enquanto que altos níveis de cálcio (Ca) e fósforo
(P) prejudicam (HILL e SPEARS, 2001).
A absorção e excreção parecem ser dependentes da formação de um quelato natural
especialmente com sais biliares e mudanças marcantes têm sido notadas na distribuição
do manganês no organismo com o uso de quelatos artificiais (LEESON E SUMMERS,
2001). O manganês é encontrado em pequena quantidade na maioria dos tecidos, em níveis
de 2 a 4ppm nos ossos, fígado, hipófise, glândulas mamárias, rins, pâncreas e nos músculos
em níveis de 1ppm (ANDRIGUETTO et al., 2002).
As exigências de manganês para suínos são baixas, a recomendação média é de
4,11mg.kg–1 de ração para suínos dos 35 aos 135 quilogramas (NRC, 2012). Ammermam
et al. (1995), observaram que a disponibilidade relativa para o Mn-metionina e Mn-proteinato
foram 120 e 110%, respectivamente, quando comparado com o sulfato de manganês. As fon-
tes proteicas vegetais contêm normalmente de 30 a 50 mg.kg–1 de manganês e as fontes de
origem animal entre 5 e 15 mg kg–1 (HILL e SPEARS, 2001). Além disso, esse mineral traço
é altamente concentrado nas camadas exteriores dos grãos, isto significa que a inclusão de
farelo dos alimentos pode aumentar o manganês dietético (SUTTLE, 2010). Porém, Baker
(2001), sugere que no milho, soja, farelo de trigo e farinha de peixe o manganês deve ser
considerado praticamente indisponível para frangos e suínos, enquanto que no farelo de
arroz a biodisponibilidade é mínima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Afirma-se que perante o conceito de nutrição de precisão, não se trata mais da quanti-
dade de determinado nutriente, mas sim sua eficiência de utilização pelo organismo animal.
Com o uso de minerais orgânicos na alimentação dos suínos, busca-se uma fonte mineral
com maior biodisponibilidade, sendo encontrado em produtos biossintéticos, ou combinados
com aminoácidos, polissacarídeos, entre outras formas, a fim de melhorar o desempenho
animal e reduzir a carga poluente ocasionada pelo excesso de minerais indisponíveis ao
metabolismo animal que são excretados através dos dejetos.
62
Alimentos e Alimentação Animal
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67
Alimentos e Alimentação Animal
05
Monitoramento do nitrogênio uréico
no leite: nutrição animal, qualidade
ambiental e do leite
10.37885/210906099
RESUMO
69
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
70
Alimentos e Alimentação Animal
REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Walstra e Jenness (1984) o leite apresenta além das proteínas e
peptídeos, uma fração de compostos nitrogenados não-proteicos (NNP) como a ureia, a
creatina e a creatinina que perfazem aproximadamente 5% do total de nitrogênio do leite,
em contrapartida o nitrogênio proteico representa 95%.
O nitrogênio uréico representa a porção de nitrogênio no leite na forma de ureia. O nível
de NUL segue os níveis de Nitrogênio Uréico Plasmátivo (NUP), com atraso de uma a duas
horas, desta forma o NUL reflete o nível de nitrogênio sanguíneo nas últimas 12 horas em
que o leite foi produzido (PERES, 2001).
Peres (2001) explica que alta concentração de proteína bruta (PB) na dieta, de modo
especial Proteína Degradável no Rúmen (PDR) está positivamente associada com maior
degradação de proteína e concentração de amônia ruminal. Quando a concentração de
amônia no rúmen excede a capacidade de captura e utilização pela microbiota ruminal, a
mesma é absorvida pela parede do rúmen e transportada ao fígado, por meio do sistema
porta e então transformada em ureia, o que eleva o teor de nitrogênio uréico no plasmático
(NUP). A concentração de ureia equilibra-se rapidamente aos fluidos corporais, incluindo o
Leite (NUL), o que resulta em alta correlação com o NUP, o excesso de nitrogênio além de
ser liberado no leite também é excretado na urina e fezes.
Rebanhos que apresentam altos níveis de NUL são indicativos de que as vacas não
utilizam a proteína de forma eficiente, ao invés disso, excretam grande quantidade de nitro-
gênio na urina. Rebanhos com baixo NUL indica uso extremamente eficiente da proteína
da dieta ou uma possível deficiência protéica. A determinação de NUL é uma análise re-
lativamente simples. Níveis de NUL muito abaixo de 10 mg/dL (média de rebanho) reflete
ou uma deficiência de proteína na dieta ou alta eficiência no aproveitamento da PDR, com
pleno aproveitamento de amônia disponível às bactérias. Por outro lado, níveis de NUL de
15 mg/dL podem indicar excesso de proteína degradável na dieta sem ajustar com uma
fonte adequada de carboidrato (CHO) (FERNANDES e SENO, 2009).
Quadro 1. Valores referenciais de nitrogênio uréico no leite (NUL) de acordo com diferentes autores.
71
Alimentos e Alimentação Animal
Como demonstrado no Quadro 1, estudos propõem valores de NUL considerados nor-
mais, aqueles que não sejam inferiores a 10 mg/dL e nem superiores a 18 mg/dL. Valores
inferiores ou superiores aos citados podem indicar inadequado manejo nutricional
A composição do leite está susceptível a alterações, uma vez que vários fatores liga-
dos ao manejo, genética e estado nutricional podem afetar os constituintes básicos do leite
(SANTOS e FONSECA, 2007). Fatores genéticos influenciam na composição do leite de
modo lento, enquanto que os ligados ao manejo e a nutrição podem proporcionar alterações
de forma mais rápida e econômica (GONZÀLEZ, 2004).
No que se refere à nutrição animal diversos fatores podem influenciar no aumento de
nitrogênio uréico no plasma e por consequência no leite. O aumento da ingestão de proteí-
na e/ou aumento da proporção de PDR são fatores que resultam em maior proporção de
proteína dietética sendo convertida em amônia (NRC, 1989).
Fernandes e Seno (2009) relataram que os teores de proteína da dieta e a degrada-
bilidade diferentes das mesmas, tem efeitos sobre a produção de leite e as concentrações
de NUL e do NUP. Tanto a deficiência de proteína quanto os excessos de proteína não de-
gradável no rúmen (PNDR) e ou PDR trazem desvantagem em relação à dieta ajustada às 72
Alimentos e Alimentação Animal
exigências do NRC (1989), que recomenda de 35 a 40% da proteína bruta (PB) total, como
não degradável no rúmen. Duas dietas com o mesmo teor de proteína, porém com degrada-
bilidade diferente, resultam em diferentes produções de leite como também diferentes teores
de NUL e NNP, o que afeta o teor da caseína e menor rendimento do queijo (Tabela 1).
Tabela 1. Formulação de dietas e efeitos no nitrogênio uréico plasmático (PUN), no nitrogênio uréico do leite (NUL), NNP
(nitrogênio não protéico) do leite e na produção de leite.
Dietas
Indicadores
A B C D E
PB(%) 12,2 15,2 15,5 16,4 17,6
PNDR1 80 100 120 100 120
PDR2 80 100 80 120 120
Leite (kg/dia) 23,6 26,4 24,4 25,2 26,0
PUN (mg/dL) 8,2d 14,8c 16,5b 17,8b 20,7a
NUL (mg/dL) 5,6d 14,8c 16,5b 17,8b 20,7ª
NNP do leite (g/100g N total) 28,7 c
33,9 b
35,6 b
36,8 b
39,8a
1
Proteína não degradável no rúmen (% de recomendação do NRC, 1989). 2Proteína degradável no rúmen (% de
recomendação do NRC, 1989). A,b,c,d (p<0,05).
Fontaneli (2001) ressalta que a proteína não degradável poderá ter efeito positivo desde
que seja complementar a proteína microbiana. Se o perfil aminoacídico for inferior ao neces-
sário para a síntese de proteína no leite, o efeito pode ser negativo. Conti (2011) verificou
que o NNP foi influenciado pelo teor de PB da dieta, sendo maior para as dietas com 16%
de PB em relação as dietas com 14,5% de PB. Houve interação entre a fonte nitrogenada e
o teor de proteína bruta da dieta para a PB e proteína verdadeira do leite.
A produção de leite com alta concentração de NUL é indicativo de excesso de PB na
dieta, o que onera o custo alimentar e reduz a eficiência produtiva (MEYER, 2003). Dietas
com quantidade inadequada de energia podem ocasionar excesso de amônia ruminal, de-
sencadeando aumento da concentração de NUP associado à redução na concentração de
proteína no leite (NRC, 1989).
As dietas que continham ureia como fonte nitrogenada principal foi mais eficiente, com
menor excreção de NUL (Figura 1).
73
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 1. Interação entre a fonte nitrogenada e o teor de proteína bruta da dieta sobre o NUL.
A utilização de dietas com alto teor de proteína, com grande fração de rápida degra-
dação ruminal sem o adequado suporte de energia faz com que haja um aumento do NNP
no leite, o que pode ser aferido pela presença elevada de ureia no leite. O teor de NUL é
altamente relacionado com o de ureia no sangue que, por sua vez, reflete o excesso de
proteína degradável no rúmen ou a falta de glicídios fermentescíveis no rúmen (PERES,
2001). O Quadro 2 resume situações que podem alterar o NUL.
Silva e Veloso (2011) justificaram que essa redução da proteína do leite é em função
do efeito de diluição, por causa do aumento da produção total de leite, mas a principal ra-
zão estaria ligada à menor disponibilidade de aminoácidos na glândula mamária. O teor de
proteína do leite tem grande correlação com a síntese de proteína microbiana, uma vez que
esta apresenta alto valor biológico, é rica em aminoácidos essenciais para o ruminante, com
perfil aminoacídico semelhante ao da proteína do leite e com menor custo de produção.
Proteína do leite % NUL baixo (<12) NUL ótimo (12-18) NUL alto (>18)
Deficiência de: Deficiência de: - Excesso de:
- PB - PB - PB
- Proteína solúvel - CHO não estruturais - Proteína solúvel
< 3,0% - Proteína degradável - Aminoácidos - Proteína degradável.
- Deficiência de:
- CHO não estruturais
- Desbalanço de AA
Adequação de AA. Balanço de AA - Excesso de:
Deficiência de: Balanço de CHO - Proteína solúvel
- Proteína solúvel - Proteína degradável. -
>3,2 %
- Proteína degradável. Deficiência de:
Excesso de: - CHO não estruturais
- CHO não estruturais
Nitrogênio Uréico no leite (NUL); Proteína Bruta (PB); Carboidrato (CHO); aminoácido (AA).
74
Alimentos e Alimentação Animal
Conti (2011) ressalta que as dietas devem favorecer a máxima síntese de proteína
microbiana. Em dietas desbalanceadas ou com excesso de PB ou PDR há aumento da
concentração de compostos de origem proteica no leite, que apesar de incrementar a PB do
leite, não favorecem o rendimento dos produtos lácteos, por não causar aumento da pro-
teína verdadeira.
A adição de gordura geralmente leva a uma redução no teor de proteína do leite em
torno de 0,1 a 0,3 unidades percentuais, ou cerca de 0,07% para cada 450g de gordura
adicionada. Uma explicação encontrada para tal fato é que os microrganismos do rúmen
não são aptos para a utilização da gordura como fonte de energia para o seu desenvolvi-
mento afetando a síntese de proteína microbiana e, consequentemente, o fornecimento de
aminoácidos para a composição da proteína do leite (FONTANELI, 2001).
De acordo com Meyer et al. (2006) entre os fatores não-nutricionais, a produção de leite
e a concentração de proteína do leite são os que mais se correlacionam com as concentra-
ções de NUL. Para aumento de 1 kg na produção de leite, há um aumento de 0,1054 mg/
dL na concentração de NUL, podendo utilizar deste parâmetro como indicador de avaliação
nutricional em vacas em lactação.
Botaro et al. (2011) avaliaram o efeito da raça Holandês, Jersey e Girolando; Contagem
de Células Somática (CCS) e período do ano sobre a composição e frações proteicas do
leite. Observou que os teores de NUL no leite diferiram entre as raças estudadas apre-
sentando maior média entre os animais da raça Holandês (11,76%), conforme demons-
trados na Tabela 2.
Doska et al. (2012) afirmaram que vacas leiteiras de alta produção apresentam maiores
valores de NUL, quando comparadas a vacas de menor produção. Esta relação positiva é
explicada devido ao alto teor de PB na dieta de vacas de alta produção, resultando em maior
liberação de amônia e assim elevação dos teores de NUL.
Gonzalez et al. (2004) e Martins et al. (2006) verificaram diferença para os teores de
proteína total e verdadeira para as estações do ano, com maiores médias durante primavera
e o verão e não constataram efeito do período do ano sobre o teor de NUL. Tais resultados
diferiram dos encontrados por Botaro et al. (2011) onde não observaram efeito das estações
do ano sobre os teores de proteína bruta e verdadeira, porém, houve efeito sobre o NUL
com maior média nos meses de verão e outono.
Por outro lado, Hojman et al. (2005) constataram que a estação do ano tem efeito sig-
nificativo no teor de NUL, sendo maiores nas estações mais quentes, primavera e verão, e
menores nos meses mais frios, outono e inverno. Fagan et al. (2010) também constataram
que os fatores ambientais das estações do ano causaram variação na produção e compo-
sição do leite, assim como nos valores de NUL.
75
Alimentos e Alimentação Animal
De acordo com Silveira et al. (2013) maiores valores de NUL ocorreram nas estações
mais quentes do ano, aos quais correspondem a primavera e verão. Porém, variação nos
valores de NUL por estação, podem decorrer do perfil nutricional de cada experimento.
Regiões onde há maior disponibilidade de gramíneas de inverno, que são muito ricas em
PB, acabam aumentando os valores de NUL nesta estação.
Tabela 2. Médias de nitrogênio uréico no leite, proteína total, proteína verdadeira e nitrogênio não-proteico do leite de
acordo com a Raça, contagem de células somáticas (CCS) e estação do ano.
Raça
Componente
Holandês (n=146) Jersey (n=59) Girolando (n=264)
NUL 2 (mg/dL) 11,76 a 9,43b 9,17b
Proteína total (%) 3,21 b
3,38a
3,22b
Proteína Verdadeira (%) 3,06b 3,25a 3,07b
Nitrogênio não-proteico (%) 0,152 a
0,133 b
0,139b
Classe de células somáticas (x103 células/mL) n=286
Meyer et al. (2006) relataram que a CCS influenciou as concentrações de NUL, os quais
diminuíram em 0,29 mg/dL a cada aumento de uma unidade de CCS. Porém os resultados
de Botaro et al. (2011) se diferiram, a CCS não influenciou nas frações nitrogenadas apesar
da mastite também ser responsável pelo aumento das concentrações de NNP, em especial
os teores de NUL.
Meyer et al. (2006) observaram que dentre os componentes do leite, a concentração
de proteína foi o que mais explicou a variabilidade de NUL. A cada aumento de uma unidade
percentual de proteína, sólidos totais, lactose e gordura do leite, observaram-se decréscimos
na concentração de NUL, sendo assim, altas concentrações de NUL causam diminuição
dos sólidos do leite.
A produção animal tem sido identificada como uma das principais fontes de poluição
ambiental, devido excessivo volume de dejetos que são lançados no meio ambiente sem
76
Alimentos e Alimentação Animal
tratamento (DANADIO e BOGA, 2005). Magalhães (2003) destacou que o nitrogênio apre-
senta importância em locais de produção animal intensa. Os dejetos dos animais contribuem
para a poluição do ambiente, especialmente, em função do nitrogênio, que convertido em
amônia é volatilizada para o ar, assumindo importância na contaminação do mesmo e para
o efeito estufa. Os nitratos que se incorporam no solo podem ser perdidos por lixiviação, o
que gera um impacto ambiental negativo, afetando os lençóis freáticos.
Bergner (2009) citou que a compreensão do metabolismo do nitrogênio depende da
digestão e absorção do nitrogênio na forma de proteína, peptídeos e aminoácidos, da síntese
de proteína, da excreção do nitrogênio via fezes via urina e nas inter-relações entre os pro-
dutos da excreção e dos mecanismos de controle da biossíntese da proteína. Jonker et al.
(1998) ressaltaram que os teores de NUL e NUP são base para se efetuar ajustes visando
evitar desperdícios por perdas urinárias de nitrogênio, que geram prejuízos à produção ani-
mal e em consequência contaminação ambiental.
O aumento dos teores de NUL também repercute de forma negativa na tecnologia
de produção dos derivados, quando em altas concentrações determina menor rendimento
industrial na produção de queijos, uma vez que parte da proteína verdadeira formada pela
caseína e proteínas do soro são substituídas pelo nitrogênio não proteico (CORASSIM e
GRATÃO, 2006; GRANDE e SANTOS, 2010).
Gustafsson e Palmquist (1993) em seus estudos constataram que no processo de fa-
bricação de queijos cujo leite possuía teores mais elevados de NUL, gastava-se maior tempo
no processo de coagulação, além da diminuição da qualidade do produto final.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade é fator determinante para a cadeia produtiva; para o produtor ela é res-
ponsável por melhor preço a ser pago pelo leite, e para a indústria é sinônimo de lácteos
com qualidade e rendimento. Leite de baixa qualidade causa perdas ao setor, representa
um risco à segurança alimentar, impossibilita a conquista de mercados mais lucrativos e
compromete a credibilidade da cadeia (DÜRR, 2005).
O NUL é uma importante ferramenta frente a três âmbitos, nutricional, tecnológico e
ambiental. Nutricionalmente permite monitorar os teores proteicos das dietas, repercutindo
em menores teores de nitrogênio liberados principalmente via urinária, minimizando prejuízos
econômicos e ambientais.
No ponto de vista tecnológico, leite com altos índices de NUL possui menores teores de
proteína verdadeira o que compromete o rendimento industrial e a qualidade dos derivados,
alterando as características sensoriais de lácteos fermentados, portanto, conhecer o perfil
e a associação deste parâmetro as características produtivas de vacas leiteira mestiças
77
Alimentos e Alimentação Animal
auxiliará o setor na intervenção e adoção de medidas corretivas, visando a melhoria dos
índices de produção e qualidade do leite.
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80
Alimentos e Alimentação Animal
06
Produção de cana-de-açúcar para a
alimentação de bovinos
Christiano Nascif
SENAR-MG
10.37885/210805744
RESUMO
82
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar tem sido uma forrageira bastante utilizada nas pequenas proprie-
dades rurais do centro-sul do Brasil, principalmente durante os meses mais secos do ano.
Dentre os principais fatores que contribuem para o uso da cana-de-açúcar na alimentação
de bovinos podem-se citar: grande produção de forragem por unidade de área; facilidade
de cultivo, pois quando está madura, mantém sua qualidade bromatológica; tem baixo custo
relativo por unidade de matéria seca produzida; é semi-perene; apresenta maior flexibilida-
de quanto às épocas de plantio e de corte, em comparação com as culturas anuais, o que
facilita o gerenciamento da atividade; podendo ser uma das fontes de energia de menor
custo. Devido a essas características essa forrageira é um volumoso de grande interesse,
tanto para a alimentação de novilhas quanto para vacas de pequena à média produtividade
(OLIVEIRA et al., 2007; VALADARES FILHO et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2021).
Outra característica vantajosa da cana-de-açúcar é ausência de período crítico de
deficiência hídrica tão definido como o do milho, cultura mais utilizada para a produção
de forragem de alto valor bromatológico. A planta do milho é muito sensível ao déficit de
água no solo, principalmente na fase de enchimento de grãos, e, às vezes, os veranicos
que acontecem no centro-sul do Brasil, no final de dezembro - início de janeiro, influenciam
negativamente na produtividade e no valor bromatológico da forragem de milho destinada à
ensilagem, uma vez que o percentual de grãos na massa a ser ensilada será menor. Em anos
que ocorrem déficits hídricos mais acentuados na cultura do milho, a cana-de-açúcar é ain-
da mais utilizada como forrageira substituta na alimentação do rebanho bovino (OLIVEIRA
et al., 2007; SILVA et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2019).
A forma mais comum de utilizar a cana-de-açúcar na alimentação dos bovinos nas
pequenas propriedades rurais é o corte diário, com posterior picagem e fornecimento aos
animais. O deslocamento até ao canavial, o corte diário e o transporte da cana-de-açúcar
até ao local de picagem, geralmente é feito com carroça à tração animal ou cangalhas, bem
como a distribuição nos cochos de alimentação dos animais demandam grande quantidade
de horas de recursos humanos e estes constituem isoladamente o item de maior percentual
de custo e de desgaste físico dos agricultores que usam a cana como forrageira. Assim, é
necessário um bom planejamento na instalação do canavial de forma a se ter alta produtivi-
dade no ciclo de cana-planta e pequenos decréscimos nos cortes subsequentes. Outro item
de grande importância para aumentar o rendimento do trabalhador no corte, e evitar picadas
de animais peçonhentos é manter a cultura da cana-de-açúcar livre de plantas daninhas.
Quando a cultura é mantida livre de plantas daninhas até aos 40 dias após início da rebrota,
o próprio sombreamento da cana-de-açúcar controla a emergência e o desenvolvimento de
plantas invasoras (OLIVEIRA et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2019). Na Figura 1, é mostrado
83
Alimentos e Alimentação Animal
um contraste entre um canavial de alta produtividade, com excelente controle de plantas
daninhas, e outro de baixa produtividade e controle deficiente de plantas daninhas.
Figura 1. Contraste entre canavial de alta produtividade, com excelente controle de plantas daninhas, e o de baixa
produtividade e controle deficiente de plantas daninhas.
Tabela 1. Características físicas e hídricas de um Latossolo Vermelho Distroférrico, em áreas de solo compactado ou sem
compactação: alterações na macroporosidade, na capacidade de campo (C.C.), no ponto de murcha permanente (PMP)
e água disponível (A.D.) para a cana-de-açúcar.
87
Alimentos e Alimentação Animal
Outro efeito negativo da compactação, além de diminuir a água disponível devido a
redução da macroporosidade, é o aumento da resistência do solo ao desenvolvimento do
sistema radicular da cana-de-açúcar, que repercutirá negativamente tanto na absorção de
água quanto na absorção de nutrientes, conforme citado anteriormente. Dessa forma, a com-
pactação ou adensamento na camada de 0 a 35-40 cm, que é a camada com maior fertilida-
de, interfere negativamente na eficiência de aproveitamento dos nutrientes fornecidos pelos
corretivos e fertilizantes. Vitti e Mazza (2002) ressaltam ainda que o grau de influência da
compactação na produtividade da lavoura apresenta elevada correlação com o ano agrícola,
em função da distribuição das chuvas. Em anos agrícolas com boa distribuição de chuvas,
ocorre redução da resistência oferecida pelo solo ao desenvolvimento do sistema radicular.
Por outro lado, nos anos com distribuição irregular de chuvas, aumenta a dependência da
água disponível, retida a baixas tensões e relacionada à macroporosidade do solo (VITTI e
MAZZA, 2002; DEMATTÊ, 2020).
Há relatos na literatura mostrando alta correlação entre a evapotranspiração e a quan-
tidade de luz interceptada pela planta, bem como entre a evapotranspiração e a fixação do
CO2 atmosférico e com a expansão das células. A pressão de água contra a parede celular
(“pressão de tugor”) é a força que expande as células em crescimento. Boyer (1970), num
estudo clássico com plantas de milho, mostrou que quando o potencial hídrico da folha
diminuiu de -0,30 MPa para -1,0 MPa a fixação do CO2 atmosférico reduziu em 25%. Para
melhor entendimento dessas tensões hídricas podemos citar, comparativamente, a pressão
de calibração de um pneu de automóvel. Quando o pneu é calibrado a 30 libras por polegada
quadrada, esta pressão equivale a 0,21 MPa. A fixação do CO2 atmosférico pelas folhas do
milho no potencial hídrico de -0,30 MPa foi de 50 mg de CO2/dm2 por hora, valor de mesma
ordem de grandeza dos observados para a cana-de-açúcar, na fase máxima de crescimen-
to, sob suprimento adequado de água, nutrientes, luz e temperatura oscilando em torno de
30°C. Em relação a expansão das células da folha do milho, Boyer (1970) constatou redução
exponencial quando o potencial hídrico da folha diminui de -0,20 MPa para -1,0 MPa, sendo
que no potencial hídrico de -1,0 MPa não houve expansão das células da folha do milho.
Na Figura 3, é mostrada a disponibilidade de água no solo em função da força (tensão)
com que essa água é retida pelas partículas do solo. Os valores apresentados são valores
médios e podem variar em função do tipo de solo e da planta cultivada. A água higroscópi-
ca é aquela fortemente retida nas partículas do solo com uma tensão superior a -3,1 MPa,
sendo removida apenas quando o solo é seco a 105 °C. A água capilar é a retida nos poros
capilares e microcapilares. Nesta faixa de retenção, há dois extremos importantes para as
plantas cultivadas: a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente. A capacidade
de campo é a quantidade máxima de água que um solo pode reter depois que toda a água
88
Alimentos e Alimentação Animal
gravitacional percolou. O ponto de murcha permanente é quando as plantas não conse-
guem absorver mais a água do solo, devido à alta tensão que é retida pelas partículas do
solo. A água gravitacional é retida passageiramente no solo, pois devido a força da gravidade
irá percolar no solo, indo para os lençóis freáticos (MARENCO e LOPES, 2013).
Figura 3. Disponibilidade de água no solo em função da força (tensão) que é retida pelas partículas do solo.
Tabela 2. Principais itens de custos para a implantação de um hectare de cana-de-açúcar sugerido pelos autores para
pequenas propriedades rurais do centro-sul do Brasil.
1
Unidade Preço Unitário Quantidade Preço Total Participação
Item de custo
(R$) (R$) %
A) Consumo
Calcário t
Gesso t
Semente de crotalária juncea kg/ha
Adubos kg
Mudas de cana t
Inseticida químico L ou kg
Herbicidas L ou kg
Formicida L ou kg
Inseticida biológico L
Subtotal (A)
B) Serviço
Aluguel da terra ha
Análise de solos amostra
Aração h/m
Semeadura da crotalária juncea h/m
Incorporação da crotalária ao solo
Sulcagem para o plantio da cana h/m
Aplicação do adubo no sulco de plantio h/m ou d/H
Distribuição e picagem das mudas d/H
Aplicação de inseticida sobre as mudas h/h ou d/H
Cobertura das mudas h/m ou d/H
Aplicação de herbicidas h/m ou d/H
Aplicação de formicida d/H
Aplicação do inseticida d/H
Subtotal (B)
Custo Total de Implantação do canavial (A+B)
1
- t: tonelada, kg/ha: quilogramas por hectare, L: Litros, kg: Quilograma, h/m: horas máquina, d/H: dias trabalho por homem,
amostra: valor do serviço para análise química do solo.
Por outro lado, para um canavial de produtividade média na cana-planta e alto de-
créscimo nos ciclos subsequentes (Cenário 14) são necessários cerca de 3,3 hectares de
cana. Em canaviais com produtividade média inferior a 60 toneladas de matéria natural por
hectare, cerca de 50 t de colmos industrializáveis, pois, além de diminuir o rendimento da terra
e da mão-de-obra, o controle químico de plantas daninhas geralmente é pouco eficiente, uma
vez que a cultura não sombreia totalmente o solo, permitindo a emergência e o crescimento
de plantas invasoras. Então, por ocasião do corte manual desta cana, o trabalhador estará
mais exposto a picadas de cobras e escorpiões, conforme citado anteriormente.
A escolha correta da variedade é uma tecnologia muito importante e de baixo custo para
o produtor. Atualmente, dispõem-se de vários cultivares de cana com boas características
agronômicas e zootécnicas, tais como: alta resposta à melhoria da fertilidade do solo; cres-
cimento ereto e resistência ao tombamento, o que facilita a colheita; alta produtividade de
colmos e de sacarose; vigor das rebrotas; resistência às pragas e doenças; e, boa digestibili-
dade da matéria seca (MACEDO JÚNIOR et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2007; VALADARES
FILHO et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2019). Na Tabela 4, são apresentadas algumas carac-
terísticas de sete variedades de cana-de-açúcar cultivadas no centro-sul do Brasil.
91
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 4. Características agroindustriais, morfológicas e de tolerância às doenças, de sete variedades de cana-de-açúcar
cultivadas no centro-sul do Brasil.
------------------------------------------------Variedade --------------------------------------------------------
Característica
RB835054 RB855536 RB867515 RB928064 RB975201 SP80-1816 SP80-3280
1
Produtividade Alta Alta Alta Alta Alta Alta Alta
Maturação Precoce Média Média Tardia Tardia Média Média
2
Sacarose Alto Alto Alto Médio Médio Alto Alto
3
Colheita Abr-Nov Jun-Nov Jun-Set Set-Nov Ago - Nov Jun-Set Jun-Set
4
Solos Média Média Baixa Alta Média Média Média
5
Rebrotas Boa Excelente Boa Boa Boa Excelente Boa
6
Perfilhamento Médio Excelente Médio Muito bom Médio Muito bom Muito bom
7
Tombamento Frequente Pouco Pouco Pouco Frequente Pouco Raro
8
Despalha Fácil Média Fácil Média Fácil Média Fácil
9
Joçal Não Não Não Sim Não Sim Não
Florescimento Ausente Ausente Médio Ausente Ausente Ausente Presente
Chochamento Ausente Ausente Médio Ausente Ausente Pouco Sim
10
Sens. Herbic. Alta Média Baixa Baixa Baixa Média Média
11
Carvão Resist. Interm. Resist. Resist. Resist. Interm. Interm.
11
Ferrugem Suscep. Resist. Resist. Resist. Resist. Resist. Resist.
11
Estr. Verm. Resist. Interm. Suscep. Resist. Interm. Resist. Resist.
11
Escaldadura Resist. Interm. Resist. Resist. Resist. Resist. Resist.
1
Produtividade: Produção, por hectare, de colmos industrializáveis e de biomassa (Alta, Média ou Baixa).
2
Sacarose: Teor de sacarose.
3
Colheita: Meses recomendados para a colheita da cana destinada à produção de açúcar mascavo e rapadura.
4
Solos: Exigência em fertilidade de solos (Alta, Média ou Baixa).
5
Rebrotas: vigor da brotação das rebrotas sob condições de pisoteio por máquinas ou veículos a tração animal. 6Perfilhamento:
refere-se a velocidade de crescimento e sombreamento do solo minimizando a mato-competição. 7Tombamento dos colmos: está
relacionado ao hábito de crescimento da planta o qual varia de ereto a decumbente; mesmo os cultivares de colmos eretos podem
vir a tombar em condições de elevada produtividade.
8
Despalha: Despalha das folhas secas ou aderência da bainha ao colmo.
9
Joçal: Presença ou não de joçal.
10
Sens. Herbic.; Sensibilidade a alguns herbicidas.
11
Doenças da parte aérea das plantas. Estr. Verm.: Estrias vermelhas. Resist.:Resistente; Interm.: Intermediária; Suscep.: Susceptível.
93
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 4. Acúmulo de matéria seca na parte aérea de quatro variedades de cana, plantadas em fevereiro e colhidas em
julho do ano subsequente. Estudo conduzido no município de Mercês, Zona da Mata Mineira.
60
40
30
20
10
0
F M A S D F A J
As avaliações do acúmulo de matéria seca foram realizadas nos meses de abril, se-
tembro e dezembro do ano de plantio da cana-de-açúcar e, em fevereiro, abril e julho do
ano subsequente. Como mostrado na figura 4, a RB8555536 e a RB867515 produziram
cerca de 5 t de matéria seca a mais que RB835486 e a SP801816, o que corresponde a
aproximadamente 15 t de forragem por hectare. O percentual médio de colmos na forragem
dessas variedades foi de 85%, logo a RB8555536 e a RB857515 produziram 12 t de colmos
industrializáveis a mais que as outras duas variedades.
Outras variáveis, além da produtividade, têm sido consideradas na escolha das va-
riedades de cana-de-açúcar destinadas à alimentação de bovinos. Uma delas é a relação
entre a fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e a sacarose aparente no caldo dos col-
mos industrializáveis e, esta variável, é um indicador da qualidade bromatológica. No setor
sucroalcooleiro a sacarose aparente no caldo dos colmos industrializáveis é designada
incorretamente de “Pol”. Conforme citado anteriormente, a FDN é constituída pela celulose,
hemicelulose e lignina. Assim, desconsiderando a pectina, molécula que une as células
vegetais, é solúvel no detergente neutro e tem alta digestibilidade no rúmen, a FDN é uma
medida da massa da parede celular das plantas em relação aos demais constituintes da cé-
lula. Outra variável muito utilizada na avaliação da qualidade bromatológica da cana-de-açú-
car é a relação entre FDN e os sólidos solúveis dos colmos industrializáveis, designado de
“Brix”. Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis
em uma solução açucarada. Esta escala é uma homenagem ao matemático e engenheiro
alemão Adolf Ferdinand Wenceslaus Brix (1798-1870), que a propôs.
Nas avaliações a seguir utilizaremos a expressão “Brix” e “sacarose aparente” para
nos referirmos, respectivamente, a concentração de sólidos solúveis e a concentração de
sacarose no caldo dos colmos industrializáveis da cana. A sacarose é aparente, porque na
análise realizada por polarimetria alguns compostos orgânicos presentes no caldo da cana
94
Alimentos e Alimentação Animal
podem desviar a luz polarizada no mesmo ângulo que a sacarose. Contudo, quando a análise
é realizada até 72 horas após o corte da cana, os resultados da análise do caldo da cana
por polarimetria tem acima de 95% de concordância com os determinados por cromatogra-
fia líquida de alta eficiência (“HPLC”, em inglês), o método é referência, mas de alto custo
analítico. Na Tabela 5 estão apresentados os teores de FDN, FDA, Brix, sacarose aparente
e relações FDN/ Brix e FDN/sacarose aparente das quatro variedades de cana-de-açúcar,
citadas na figura 4, no estudo conduzido em Mercês, MG.
Tabela 5. Teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) na matéria
seca da parte aérea, teores de sólidos solúveis (Brix) e sacarose aparente no caldo dos colmos industrializáveis (Sac. Apar.)
das quatro variedades de cana, plantadas em fevereiro e colhidas em julho do ano subsequente, no estudo conduzido
no município de Mercês, Zona da Mata Mineira.
.-- FDN --. .-- FDA --. Brix Sac. Apar. Pureza
Variedade FDN/Brix FDN/Sac. Apar.
.-- % na MS cana --. .-- % no caldo dos colmos --.
RB835486 42,69 a 26,75 a 22,50 a 20,46 a 90,97 b 1,90 a 2,09 a
RB855536 46,28 a 29,01 a 22,41 a 20,30 a 90,60 b 2,07 a 2,28 b
RB867515 46,82 a 29,31 a 22,39 a 20,04 a 89,49 a 2,09 a 2,34 b
SP801816 53,56 b 33,31 b 22,38 a 20,15 a 90,05 a 2,39 b 2,66 c
Média geral 47,34 29,59 22,42 20,24 90,28 2,11 2,34
C.V. (%) 6,22 8,27 2,91 2,80 1,20 6,53 6,34
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%.
Observa-se que a variedade SP801816 teve maior teor de FDN e FDA que as RB835486,
RB855536 e RB867515. Em relação ao Brix e a sacarose aparente no caldo, não houve
diferença entre as variedades, sendo que todas apresentaram alta concentração de Brix e
sacarose aparente, indicativo que estavam maduras. A pureza do caldo, valor percentual da
sacarose aparente em relação ao total de sólidos solúveis (sacarose aparente/Brix x 100),
situou-se acima de 90%, havendo diferença estatística entre as variedades, devido ao baixo
coeficiente de variação (1,20%), mas para a alimentação animal estas diferenças na pureza
do caldo podem ser desconsideradas.
A relação FDN/sacarose aparente da RB835486 foi a menor das quatro variedades,
reforçando resultados de estudo conduzidos por Rodrigues et al. (2001), Melo et al. (2006)
e Bonomo et al. (2009) nos quais a RB835486 se destacou isoladamente das demais va-
riedades quanto a menor relação FDN/ sacarose aparente. A relação FDN/sacarose apa-
rente expressa qual é a massa da parede celular de toda a forragem em relação a massa
de sacarose dos colmos industrializáveis, assim, quanto menor essa relação mais energia
facilmente digestível o animal consumirá. Além disso, há correlação negativa entre o teor
de FDN da forragem da cana-de-açúcar e consumo de forragem pelo bovino. Maior teor
de FDN na variedade de cana-de-açúcar resulta também em maior tempo de retenção da
95
Alimentos e Alimentação Animal
forragem no rúmen (maior tempo de passagem), menor ingestão de novos alimentos e,
consequentemente, menor produtividade animal.
Nos estudos conduzidos por Rodrigues et al. (2001), foi observado que a relação FDN/
sacarose aparente correlacionou-se negativamente (r= -0,85) com a digestibilidade in vitro da
matéria seca da parte aérea de 18 variedades de cana-de-açúcar, colhidas aos 12 meses de
idade. Thiago (2008) também observou que a digestibilidade in vitro da matéria seca da parte
aérea apresentou relação inversa com a FDN/sacarose aparente e FDN/Brix, tendo obtido
coeficiente de correlação de -0,6755 e -0,6940, respectivamente, ambos com significância a
0,1%. Na escolha de variedades com maior valor bromatológico, caso diversas variedades
de cana-de-açúcar apresentem relação FDN/Brix semelhantes, deve-se optar pelas varie-
dades com menor FDN. Assim, das variedades apresentadas na Tabela 4, a RB835486, a
RB855536 e a RB867515 seriam as escolhidas, lembrando, contudo, que a RB835486 tem
menor potencial produtivo, maior tombamento e susceptibilidade a doenças foliares.
IMPLANTAÇÃO DO CANAVIAL
96
Alimentos e Alimentação Animal
de mudas pelo sistema do Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente, designado
de MEIOSI (OLIVEIRA et al., 2019; OLIVEIRA et al., 2021).
98
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 6. Doses de calcário e de gesso calculadas com bases nas recomendações oficiais, comparativamente às doses
que permitiram alcançar a produtividade máxima econômica, considerando uma relação de troca de 2,0 t de colmos
industrializáveis para cada tonelada de calcário ou de gesso.
2
Tipo de PRNT do Dose de Dose de Dose adequada Aumento de produção Custo do calcário e
1 1 3
solo calcário calcário gesso Calcário Gesso em quatro anos do gesso
(%) .----------------- t por hectare ----------------. .- t de colmos industrializáveis por hectare -.
LVE 63 2,5 1,0 4,0 2,0 76 12
LVA 77 5,3 1,4 10,0 6,0 72 32
LR 73 4,1 0,0 0,0 0,0 12 0
LVA 69 1,6 0,0 3,0 4,0 44 14
LVA 61 1,6 1,1 1,8 4,8 120 13
LVE 52 9,8 3,5 10,0 10,0 76 40
1
Dose de calcário e de gesso baseada nas recomendações oficiais; 2Dose de calcário e de gesso para alcançar
a produtividade máxima; 3Incluindo os custos de compra, transporte e aplicação.
Fonte: Raij (2008).
Tabela 7. Teores de cálcio no solo e o crescimento do sistema radicular da cana-de-açúcar, em solo que recebeu aplicação
de calcário e de gesso.
Figura 5. Subsolador utilizado para romper camadas compactadas do solo em uma área destinada ao plantio da cana-
de-açúcar. A subsolagem foi realizada após a incorporação do calcário e do gesso.
100
Alimentos e Alimentação Animal
A recomendação de subsolagem é com base no histórico de uso da área, no trânsito
de máquinas, de implementos e de animais, na observação visual de presença de crostas
na superfície do terreno, presença de ervas indicadoras e sistema radicular superficial da
vegetação natural. Embora possa ser um ônus a mais para o pequeno produtor, a presen-
ça de camadas adensadas ou compactadas tem consequências maléficas na absorção de
água, nutrição mineral, no desenvolvimento da lavoura e na longevidade do canavial (VITTI
e MAZZA, 2022; OLIVEIRA et al, 2019). Conforme citado anteriormente, às vezes o pequeno
produtor tem dificuldade para alugar um trator de maior potência, com o subsolador, assim
quando não for possível a subsolagem, recomenda-se uma aração mais profunda do terreno,
com arado de disco, por ocasião do preparo do solo.
Os teores de cálcio e de magnésio do solo diminuem ao longo dos ciclos da cana-
-de-açúcar, tanto pela remoção de bases pelas colheitas da cana quanto pela acidificação
causada pelos adubos nitrogenados. Os autores deste capítulo têm recomendado realizar
a calagem nas áreas de rebrota quando se constatar saturação por bases inferior a 50%
na camada de 0 a 20 cm. A aplicação do corretivo deverá ser em área total, procedendo
posteriormente uma leve incorporação do corretivo na entrelinha da cana-de-açúcar usando
grade ou uma capinadeira à tração animal.
No item “Implantação do canavial”, foi comentado que uma das vantagens do plantio da
“cana de ano e meio” é a possibilidade de uma adubação verde antecedendo ao plantio da
cana-de-açúcar. Dentre as principais características desejáveis de uma planta a ser utilizada
como adubo verde podem-se destacar: possibilidade de mecanização desde a semeadura
até a colheita de sementes; capacidade de se associar às bactérias fixadoras do nitrogênio
do ar atmosférico; crescimento rápido para controlar plantas daninhas; possuir mecanismos,
ou sintetizar compostos, que auxiliem no controle de pragas como, por exemplo, nematoides
e doenças; ausência de sementes dormentes; sistema radicular vigoroso e profundo que
auxilie na reciclagem de nutrientes das camadas mais profundas e na descompactação dos
solos, pois o uso intensivo do solo com práticas convencionais, como a excessiva mecani-
zação, tem reduzido a matéria orgânica e causado compactação desses solos (OLIVEIRA
et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2019; OLIVEIRA et al.; 2021).
Outro aspecto a ser considerado é o fornecimento de substrato orgânico e mineral para
os micro-organismos do solo, assim, a adubação verde também contribui para a melhoria da
qualidade biológica do terreno. Diversas leguminosas possuem essas características, mas, de
modo geral, há preferência pela crotalária juncea na região centro-sul do Brasil. Em estudos
101
Alimentos e Alimentação Animal
conduzidos pelos autores deste capítulo, na região da zona da Mata Mineira, a adubação
verde com crotalária juncea, antecedendo ao plantio da “cana de ano e meio”, resultou em
aumento de produção nos ciclos de cana-planta e primeira rebrota, que, somados, oscila-
ram de 23 a 31 t de forragem por hectare. Numa análise de vários anos, os custos dessa
adubação verde variaram, em preços equivalentes, de 7,5 a 14 t de forragem por hectare,
assim, o aumento de produtividade cobriu com folga os custos do cultivo da leguminosa.
Deve-se considerar ainda que, há estudos em que o aumento de produtividade da cana-de-
-açúcar devido a adubação verde com crotalária juncea foi maior: Mascarenhas et al. (1994),
em estudos conduzidos por vários anos em Sales Oliveira, estado de São Paulo, relatam
aumentos de produtividade de forragem variando em 32 a 50 t por hectare. Mais detalhes
sobre a adubação verde podem ser obtidos em Oliveira et al. (2021).
Nos adubos fosfatados citados na tabela, o fósforo está na forma de H3PO4 porque a ro-
cha fosfatada, geralmente a hidroxiapatita [(Ca10(OH)2(PO4)6] ou a fluorapatita [(Ca10F2(PO4)6]
são solubilizadas com ácidos (sulfúrico ou fosfórico), originando o H3PO4 e alguns outros
produtos, dentre eles o gesso agrícola. Para transformar os valores de P e K, citados na
Tabela 8, em P2O5 e K2O, é necessário multiplicar por 2,29 e 1,2, respectivamente.
Para a cana-planta recomendam-se apenas adubação fosfatada e potássica, pois,
em estudos conduzidos pelos autores do capítulo, constatou-se ausência de resposta da
cana à adubação nitrogenada. Essa baixa ou ausente resposta da cana-planta à adubação
é generalizada para os solos cultivados com cana-de-açúcar no Brasil (OLIVEIRA et al.,
2007). A ausência de resposta da cana-planta à adubação nitrogenada deve-se à mine-
ralização da matéria orgânica do solo e à maior eficiência nutricional do sistema radicular
da cana-planta, comparativamente às rebrotas (OLIVEIRA et al., 2007; OLIVEIRA et al.,
2018a). Em relação à mineralização da matéria orgânica do solo, pode-se recorrer aos es-
tudos conduzidos nos tabuleiros costeiros de Pernambuco, nordeste do Brasil, por Salcedo
et al. (1985) para reforçar essa afirmação. Salcedo e colaboradores quantificaram a minera-
lização do carbono e do nitrogênio em um Podzólico vermelho-amarelo, latossólico arenoso,
ao longo do ciclo da cana-planta, amostrando o solo antes do plantio e, aos 3, 6, 11 e 16
meses após, nas profundidades de 0 a 20; 20 a 40 e de 40 a 60 cm.
Os teores de carbono total foram de 6,7; 4,1 e 3,4 g kg–1, enquanto que, para o N total,
obtiveram-se valores de 0,7; 0,4 e 0,3 g kg–1. Foi constatado que, as quantidades estimadas
do N potencialmente mineralizável foram de 139 e 132 kg por hectare, para as profundidades
de 0 a 20 e 20 a 60 cm respectivamente, com uma constante de mineralização de 0,074 por
semana. Salcedo et al. (1985) citam ainda que, apesar do solo estudado ser considerado de
baixa fertilidade, pelos resultados obtidos, pode-se afirmar que as quantidades de N orgânico
mineralizado seriam suficientes para satisfazer as necessidades da cana-planta.
103
Alimentos e Alimentação Animal
A absorção e o metabolismo do nitrogênio são muito influenciados pela disponibili-
dade endógena de fósforo (RUFTY et al., 1990; OLIVEIRA et al., 2007; OLIVEIRA et al.,
2018). Em plantas com suprimento adequado de P ocorre aumento na absorção do nitrato
da solução do solo; há maior translocação de nitrato das raízes para a parte aérea, aumen-
tando o acúmulo de aminoácidos em folhas e raízes (RUFTY et al., 1990; OLIVEIRA et al.,
2007). Oliveira et al. (2007) citam pesquisas conduzidas no estado de Minas Gerais, nas
quais verificaram-se que o aumento da dose de adubação fosfatada, aplicada no sulco de
plantio, repercutiu em maiores acúmulos de N na biomassa da parte aérea da cana-planta,
tendo-se observado que, para cada quilograma de P aplicado, houve aumento de cerca de
um quilograma de N nessa biomassa. Esses resultados são decorrentes dos efeitos das
alterações causadas na absorção e no metabolismo do N, conforme citado por Rufty et al.
(1990) e Oliveira et al. (2018a).
Diferentemente da cana-planta, há alta resposta das rebrotas a adubação nitrogenada.
Assim, é necessário adubar as rebrotas com nitrogênio, podendo-se adotar o critério de adu-
bação de restituição do nitrogênio removido pela colheita da cana. Nos estudos conduzidos
pelos autores, os teores de proteína bruta de canaviais bem nutridos têm oscilado de 2,6 a
3,2% (26 a 32 g de proteína bruta por kg de matéria seca). Em média a proteína bruta tem
16% de nitrogênio, assim a remoção de N pela colheita da parte aérea da cana-de-açúcar
oscila de 4,16 a 5,12 g de N por kg de matéria seca de forragem. Supondo que uma rebrota
tenha produtividade de 135 t de forragem por hectare, com 30% de matéria seca, então ha-
verá remoção de nitrogênio variando de 168 a 207 kg de N por hectare. Nesse caso, poderia
ser recomendada adubação nitrogenada variando de 170 a 210 kg de N por hectare. Se a
fonte do adubo nitrogenado for ureia, há necessidade de enterrio no solo, para evitar perdas
por volatilização. Para fontes amoniacais ou nítricas, não há necessidade de incorporação
ao solo ou enterrio.
A recomendação de adubação fosfatada e potássica para a cana-planta é baseada
nos resultados da análise de solo, na camada de 0 a 20 cm, e na expectativa de produti-
vidade do canavial (Tabelas 9 a 13). A maior dose de fósforo deve ser aplicada no fundo
do sulco de plantio. Essa aplicação, a uma profundidade maior, aumenta a absorção do
nutriente pela cana, uma vez que a disponibilidade hídrica da subsuperfície varia menos
que na superfície. A mobilidade do fósforo no solo é pequena e sua difusão é influenciada
por diversos fatores, com destaque para: precipitação por cátions como o ferro, alumínio e
cálcio; conteúdo volumétrico de água no solo; adsorção do fósforo pelos coloides do solo;
complexidade da estrutura do meio; compactação do solo; distância a percorrer até atingir
as raízes e o teor do elemento no solo (NOVAIS e SMITH, 1999).
104
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 9. Classes de fertilidade do solo considerando os teores de argila, o fósforo e o potássio extraídos com Mehlich.
Tabela 10. Doses de fósforo sugeridas para a adubação da cana-planta, baseando-se na disponibilidade do fósforo extraído
com Mehlich e na expectativa de produção de forragem (matéria natural).
O fósforo aplicado por ocasião do plantio da cana assegura, na maioria das vezes,
suprimento adequado do elemento para a cana-planta e para a primeira rebrota, devendo-
-se utilizar formulações contendo P na adubação das rebrotas posteriores. Antecedendo
a adubação fosfatada das rebrotas, deve-se analisar o solo na camada de 0 a 20 cm, e,
caso a saturação por bases (V) seja inferior a 50%, recomenda-se, primeiramente, realizar
uma calagem para elevar V para 60%. A ausência de alumínio trocável na solução do solo
aumenta a eficiência da adubação fosfatada, especialmente por não haver formação de fos-
fato de alumínio, tanto no solo quanto dentro das raízes das plantas, uma vez que o fosfato
de alumínio é um composto de baixa solubilidade. Caso a saturação por bases seja maior
que 50% e o teor de P, extraído com Melhich, seja menor que 10 mg dm–3, recomenda-se
a adubação fosfatada da rebrota.
105
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 11. Doses de fósforo sugeridas para a adubação da cana-planta, baseando-se na disponibilidade do fósforo extraído
com resina de troca iônica e na expectativa de produção de forragem (matéria natural).
-3
Fósforo Extraído (mg dm )
Expectativa de Produção de Forragem
-1 0 a6 7 a 17 16 a 40 > 40
no Ciclo de Cana-Planta (t ha ) -1
.-------- Dose de P (kg ha )* ------.
Menos de 100 80 44 30 20
100 a 150 90 55 40 26
Mais de 150 100 66 45 35
Para transformar P em P2O5, multiplica-se o valor desejado por 2,29.
Fonte: adaptado de Raij (1997).
A dose de fósforo utilizada na adubação das rebrotas pode ser baseada na restituição
do P removido pela colheita; nesse caso, para cada t de matéria natural devem-se aplicar de
200 a 300 g de P. Caso, por exemplo, a produção de forragem (matéria natural) da rebrota
tenha sido de 135 t por hectare, devem ser aplicados de 27 a 40 kg de P por hectare. O adubo
fosfatado deverá ser aplicado juntamente com o N e o K. A adubação N-P-K das rebrotas
poderá ser realizada simultaneamente com a operação de cultivo da entrelinha. Em pequenas
propriedades, a sulcagem da entrelinha da cana com arado de tração animal para posterior
adubação tem apresentado bons resultados. O adubo N-P-K é aplicado no sulco aberto na
entrelinha da cana e, posteriormente, coberto com terra, usando-se novamente implemento
de tração animal.
A adubação potássica da cana é realizada no plantio e após cada corte da cana, devido
ao fato de o potássio se deslocar no perfil do solo. Essa adubação se baseia nos resultados
da análise de solo da camada de 0 a 20 cm e na produtividade que se deseja obter. Nas
Tabelas 12 e 13, são apresentadas as recomendações para adubação potássica da cana-
-planta e das rebrotas, tendo como extrator o Melhich ou a resina de troca iônica.
Tabela 12. Sugestão de doses de potássio para a adubação da cana, baseando-se na disponibilidade do potássio extraído
com Mehlich e na expectativa de produção de matéria natural.
106
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 13. Sugestão de doses de potássio para a adubação da cana, baseando-se na disponibilidade do potássio extraído
com resina de troca iônica e na produtividade esperada.
-3
K Extraído com Resina (mmolc dm )
Expectativa de Produção de Forragem
-1 0 a 0,7 0,8 a 1,5 1,6 a 3,0 3,1 a 6,0 > 6,0
no Ciclo da Cana-Planta (t ha ) -1
.-------------- Dose de K (kg ha )* --------------.
Menos de 100 120 100 60 60 0
100 a 150 160 140 100 80 0
Mais de 150 200 160 120 100 0
* Para transformar K em K2O, multiplica-se o valor desejado por 1,20.
Fonte: adaptado de Raij, 1997.
A dose de K a ser aplicada nas rebrotas pode-se basear na restituição do potássio re-
movido pela colheita, à semelhança do sugerido para as adubações nitrogenada e fosfatada.
Esse método foi adotado pelos autores e tem sido recomendado com excelentes resultados
agronômicos e financeiros. Embora a absorção e a remoção de potássio variem entre os
cultivares de cana-de-açúcar, pode-se considerar que para cada t de forragem colhida (ma-
téria natural) há, em média, uma remoção de l,5 kg de potássio. Não há necessidade de se
parcelar o potássio utilizado nas adubações das rebrotas, devido às possíveis perdas por
lixiviação (OLIVEIRA et al., 2007). Nos estudos conduzidos pelos autores do capítulo, não
foram verificadas perdas de K por lixiviação, resultados confirmados por Sampaio e Salcedo
(1991) que também observaram que as perdas de K, por percolação abaixo de 100 cm de
profundidade, foram de 9,0 kg ha–1, totalmente compensados pelo aporte de K provindos da
água da chuva, 18 kg por ha.
Em relação ao plantio da cana, recomenda-se densidade de gemas oscilando de 12
a 15 gemas por metro de sulco, gastando-se em média de 12 a 14 t de mudas por hectare.
Conforme citado anteriormente, as mudas de cana-de-açúcar devem ser de boa qualidade,
escolhendo-se preferencialmente aquelas provenientes de viveiros, de boa sanidade, de
primeiro ou, no máximo, segundo corte. É importante também confirmar a sanidade da muda
quanto às doenças, pragas e mistura de outros cultivares. A disposição das canas dentro do
sulco deve, preferencialmente, ser orientada no sentido de pé com ponta cruzado com um
colmo ao lado do outro. Em seguida, picam-se os colmos em toletes de duas ou três gemas,
os quais são, posteriormente, cobertos com camada de terra variando de 5,0 a 8,0 cm, não
devendo ser superior a 10 cm de espessura. Normalmente, a prática cultural que sucede ao
plantio da cana-de-açúcar é a aplicação de herbicidas para o controle de plantas daninhas.
108
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 6. O uso de herbicidas que mantém a cultura livre de matocompetição até o fechamento das entrelinhas, o que
assegura, na maioria das vezes, uma colheita da cana-de-açúcar sem a presença de plantas daninhas.
109
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 14. Principais herbicidas utilizados na cultura da cana-de-açúcar e épocas de aplicação em relação à emergência
das plantas daninhas.
110
Alimentos e Alimentação Animal
MSMA: Recomendado em pós-emergência tardia do mato em jato dirigido. Causa
elevada toxicidade à cultura da cana-de-açúcar. Tem sido muito utilizado em misturas com
outros herbicidas (diuron, 2,4-D, tebuthiuron, ametryne, Velpar K e outros). É eficaz no con-
trole de diversas gramíneas anuais e perenes, bem como da tiririca quando esta apresenta
cerca de 4 a 8 folhas. Para o MSMA 790, recomendam-se doses variando de 0,5 a 0,87 L/ha.
Tebuthiuron. Recomendado em pré-emergência, inclusive para aplicação em solo
seco. Em pós-emergência não há eficiência do produto. Sua persistência no solo é grande,
com efeito residual entre 12 a 15 meses. Não deve ser utilizado nas áreas que se pretende
reformar o canavial e realizar rotação de cultura com soja, amendoim e feijão. Apresenta
elevado espectro de controle, sendo eficiente para controle de diversas dicotiledôneas e
gramíneas, exceto o capim-colchão (Digitaria horizontalis).
Diuron + Hexazinone: São comercializados com os nomes de Advance e Velpar K. O
Advance é mais usado em cana-planta e o Velpar K nas rebrotas, sendo aplicados em pré
ou em pós-emergência inicial, em solo com umidade. Esses herbicidas causar toxicidade à
cultura, especialmente em solos arenosos.
Alimentação N P K Ca Mg S
% de MS no Relação
Ração Concentrada -1
Volumoso dejeto .-------- g kg de matéria seca de dejetos --------. K/N
(kg/vaca/dia)
Pastagem 9 14,1 19,4 14,4 12,0 13,9 7,1 3,5 0,62
Silagem de milho 8 13,9 23,6 10,0 10,4 10,5 5,1 3,1 0,44
Silagem de milho 10 11,7 21,1 10,9 11,2 11,6 4,5 3,4 0,53
Silagem de milho 12 12,9 24,1 11,2 11,7 12,3 4,6 3,6 0,48
Média 13,1 22,0 11,6 11,3 12,0 5,3 13,6 0,52
112
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 7. Valores médios dos teores de macro e micronutrientes na folha +3 da cana-de-açúcar variedade RB867515,
comparativamente aos valores mínimos e máximos citados por autores brasileiros.
25 250
Teor Mínimo
Teor de nutrientes na folha +3 (g kg-1)
10 100
5 50
0 0
P Mg S Ca K N B Cu Fe Mn Zn
113
Alimentos e Alimentação Animal
Tabela 16. Nutrientes na matéria seca (g kg–1 de MS) de cinco camas de aviário, nas quais foram utilizados diferentes
materiais para cobrir o piso do aviário de frangos de corte.
Cama de aviário N P K Ca Mg S
-1
.-------------------- g kg de MS -----------------------.
Casca de arroz 34,7 a 15,9 b 26,8 b 25,7 a 6,2 a 16 ab
Casca de café 32,8 a 14,4 b 28,9 ab 25,0 a 5,5 b 15 b
Capim napier 34,8 a 15,1 b 23,3 c 25,5 a 6,0 a 15 b
Maravalha 30,9 a 13,7 b 24,4 c 25,8 a 5,7 b 14 b
Sabugo 34,2 a 18,6 a 29,7 a 28,3 a 6,7 a 18 a
Média 33,5 15,5 26,6 26,1 6,0 15,0
CV (%) 10,60 12,20 10,00 6,60 8,20 10,10
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: SOUZA et al. (2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cana-de-açúcar é uma cultura de alto potencial produtivo que responde muito bem
à melhoria das propriedades físico-químicas e biológicas do solo. Devido a esse alto po-
tencial produtivo, há grande remoção de nutrientes por ocasião da colheita e, devem ser
implementadas ações para assegurar a restituição deste elemento ao solo, com o objetivo
de manter ou elevar a fertilidade do terreno. As tecnologias recomendadas pelos autores
aos pequenos produtores rurais para a implantação e condução de canaviais têm resultado
em alta produtividade no ciclo de cana-planta e pequenos decréscimos nos cortes subse-
quentes. Além disso, as técnicas propostas maximizaram o uso dos insumos, da terra e de
recursos humanos, com consequentes reduções de custos operacionais.
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117
Alimentos e Alimentação Animal
07
Qualidade das farinhas de origem
animal utilizadas em rações avícolas:
um referencial teórico
Felipe Dilelis
UFRRJ
10.37885/210504811
RESUMO
119
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
A proteína é o nutriente mais caro na formulação de rações para aves, assim como o
fósforo é o terceiro nutriente mais caro para ser suprido. A busca por alimentos alternativos
ao milho e farelo de soja para reduzir os custos produtivos, especialmente devido à alta e
escassez das fontes de fósforo não-fítico como também a flutuação de preços do farelo
de soja, viabilizaram o uso de subprodutos de origem animal na dieta de aves. Soma-se a
esse fator a alta da produção de produtos cárneos no Brasil, e consequentemente grande
disponibilidade de subprodutos de origem animal para utilização na formulação de rações.
Para cada tonelada de carne preparada para consumo humano, cerca de 300 kg são
descartados como não comestíveis, e deste total, 200 kg são destinados como farinhas de
origem animal (LESSON & SUMMERS, 1997).
As farinhas de subprodutos animais podem ser definidas como produtos não comes-
tíveis, resultantes do processamento de resíduos de animais, que atendam ao padrão de
qualidade em relação a aspectos higiênico-sanitários e nutricionais.
Devido as características do material, bem como sua forma de obtenção, existe grande
variabilidade na composição destes ingredientes, sejam elas físicas, químicas ou microbio-
lógicas. A variabilidade dificulta a utilização na formulação de rações, levando a utilização
de alta margem de segurança pelos nutricionistas. Ademais, contaminação microbiológica
pode causar sérios danos à cadeia produtiva devido à inserção de patógenos na criação.
O objetivo com este referencial teórico é reunir informações publicadas previamente
sobre a caracterização dos produtos de origem animal, bem como dados sobre a compo-
sição química, qualidade nutricional e microbiológica destas matérias-primas usados em
dietas avícolas.
DESENVOLVIMENTO
120
Alimentos e Alimentação Animal
têm sido utilizadas com objetivo de reduzir os custos de produção, porém sem interferir no
desempenho produtivo dos animais (OLIVEIRA, 2018).
Entende-se por farinha de origem animal os resíduos de abatedouros não destinados ao
consumo humano, resultantes de um processamento que atenda a um padrão de identidade
e qualidade preestabelecido, nos aspectos higiênico sanitários, tecnológicos e nutricionais,
podendo ser utilizadas na alimentação de animais não ruminantes (BRASIL, 2008).
Uma alternativa para reduzir os custos de produção é o uso dos subprodutos oriundos
dos abatedouros, tais como a farinha de carne e ossos e a farinha de víscera de aves, tendo
em vista que esses produtos são fonte de proteína e de fósforo e desta forma, podem subs-
tituir parcialmente ou totalmente alguns dos ingredientes de alto custo, como por exemplo, o
farelo de soja e o fosfato bicálcico (SCHEUERMANN et al., 2007). Além de que, a utilização
desses resíduos contribui para redução do impacto que seria causado no meio ambiente,
já que este tipo de matéria, quando descartado na natureza, atrai insetos e pode ser fonte
de nutriente para microrganismos, que consequentemente contaminam fontes de água por
lixiviação e polui o ar, devido a emissão de gases nocivos (FAO, 2011).
Para caracterizar os alimentos de origem animal, primeiramente deve ser realizada a
obtenção e padronização dos mesmos. De acordo com Compêndio Brasileiro de Nutrição
Animal (2013), as farinhas de origem animal, que por sua vez podem ser utilizadas na ali-
mentação de aves, são definidas da seguinte forma:
Farinha de penas hidrolisadas (FPH): é o produto resultante da cocção, sob pressão, de
penas limpas e não decompostas, obtidas no abate de aves, sendo permitida a participação
de sangue desde que a sua inclusão não altere significativamente a composição da FPH.
Farinha de vísceras (FV): é o produto resultante da cocção, prensagem e moagem de
vísceras de aves, sendo permitida a inclusão de cabeças e pés. Não deve conter penas,
exceto aquelas que podem ocorrer não intencionalmente, e nem resíduos de incubatórios
e de outras matérias estranhas à sua composição. Não deve apresentar contaminação
com casca de ovo.
Farinha de penas e vísceras (FPV): é o produto resultante das penas limpas e não de-
compostas, hidrolisadas sob pressão e misturadas com resíduos do abate (vísceras, pescoço
e pés de aves abatidas) cozidos, prensados para extração do óleo e moído. É permitida a
participação de carcaças e sangue desde que a sua inclusão não altere significativamente
a composição estipulada.
Farinha de resíduo de incubatório (FRI): é o produto resultante da cocção, secagem
e moagem da mistura de cascas de ovos, ovos inférteis e não eclodidos, pintos não viáveis
e os descartados, removida ou não a gordura por prensagem.
121
Alimentos e Alimentação Animal
Farinha de carne e ossos bovina (FCOB): é produzida em graxarias por coleta de resí-
duos ou em frigoríficos a partir de ossos e tecidos, após a desossa completa da carcaça de
bovinos, moídos, cozidos, prensados para extração de gordura e novamente moídos. Não
deve conter sangue, cascos, chifres, pêlos, conteúdo estomacal a não ser os obtidos invo-
luntariamente dentro dos princípios de boas práticas de fabricação (BPF). Não deve conter
matérias estranhas. Deve ter no mínimo 4 % de fósforo (P) e o cálcio não deve exceder a
2,2 vezes o nível de P e a proteína deve ter solubilidade em pepsina superior a 86%.
Farinha de carne e ossos suína (FCOS): é produzida em graxarias por coleta de resí-
duos ou em frigoríficos a partir de ossos e tecidos, após a desossa completa da carcaça de
suínos, moídos, cozidos, prensados para extração de gordura e novamente moídos. Não deve
conter sangue, unhas, pêlos, conteúdo estomacal a não ser os obtidos involuntariamente
dentro dos princípios de BPF. Não deve conter matérias estranhas. Deve ter no mínimo 4
% de fósforo (P) e o cálcio não deve exceder a 2,2 vezes o nível de P.
Farinha de carne bovina, suína ou mista (FC): é o produto oriundo do processamento
industrial de tecidos de bovinos e/ou suínos, sem ossos. A farinha de carne é obtida se-
melhantemente a FCOB, FCOS e FCOM, mas o nível de fósforo será não superior a 4% e
terá 55 % de PB.
Farinha de ossos calcinada (FOC): é o produto obtido após coleta de ossos e proces-
sados em graxarias ou em frigoríficos a partir de ossos oriundos da desossa da carcaça de
qualquer espécie animal, moídos, queimados com ar abundante e novamente moídos. Deve
conter no mínimo 15% de fósforo.
Farinha de sangue (FS): é o produto resultante do processo de cozimento e secagem
do sangue fresco. A farinha de sangue convencional é produzida de sangue fresco, sem
cerdas, urina e conteúdo digestivo, exceto em quantidades que podem ser admitidas nas
boas práticas de processamento.
Farinha integral de peixe (FIP): é o produto obtido de peixes inteiros e/ou cortes de
peixes de várias espécies, não decomposto, com ou sem extração de óleo, tendo sido seco
e moído. Não deve conter mais do que 10% de umidade e o teor de Cloreto de Sódio (NaCl)
deve ser indicado.
Farinha residual de peixe (FP): é o produto obtido de cortes e/ou partes de peixes de
várias espécies (cabeças, rabo, pele, escamas, vísceras e barbatanas) não decomposto,
com ou sem extração de óleo, tendo sido seco e moído. Não deve conter mais do que 10%
de umidade e o teor de NaCl deve ser indicado.
122
Alimentos e Alimentação Animal
Dados de produção de farinhas de origem animal e seu uso em dietas avícolas
Dentre os coprodutos gerados pela indústria, tem-se as farinhas, que são utiliza-
das em sua maior parte na formulação de rações como matérias-primas de grande qua-
lidade (Figura 2).
123
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 2. Mercado consumidor de farinhas de origem animal.
O processamento das farinhas de origem animal pode ser por dois sistemas básicos,
pelos de frigoríficos com produção própria ou por um sistema de coleta de resíduos por pro-
cessadores independentes. O processo básico de produção, descrito por Bellaver (2005),
consiste em retirar os excessos de água dos resíduos não comestíveis do abate, picar e/
ou triturar, levá-los aos digestores para cocção com ou sem pressão, retirar a gordura do
produto por prensagem ou drenagem e moer o resíduo sólido na forma de farinha com es-
pecificações de granulometria variáveis.
A partir de 2008, a cocção com pressão tornou-se obrigatória para todos os tipos de
farinhas, pois foi proibido o uso de resíduos destinados à alimentação animal sem passarem
pelo tratamento térmico, com a função principal de eliminar microrganismos patogênicos
ou não. O aquecimento para farinhas segue o estabelecido pela Instrução Normativa (IN)
34, na qual a temperatura não pode ser inferior a 133ºC, durante pelo menos 20 minutos,
sem interrupção, a uma pressão absoluta não inferior a 3 bar, produzida por vapor saturado
(BRASIL, 2008). Além disso, a norma oficial estabelece que as matérias primas devam ser
processadas dentro de 24 horas após o abate dos animais, seja nos frigoríficos com fabri-
cação própria ou nos processadores independentes.
O processo geral de produção de farinhas animais pode ser visualizado conforme o
esquema mostrado nas Figuras 3, 4 e 5.
124
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 3. Fluxograma geral do processamento de resíduos de abatedouros ou de resíduos coletados para a fabricação
de farinhas de carne e ossos e sebo.
Figura 4. Fluxograma geral do processamento de resíduos de abatedouros avícolas para fabricação de farinhas de vísceras,
de penas ou de sangue.
125
Alimentos e Alimentação Animal
Figura 5. Fluxograma geral do processamento de resíduos de abatedouros piscícola para fabricação de farinha de peixe
e óleo de peixe.
A grande variabilidade da composição das farinhas de origem vegetal pode gerar di-
ficuldades para nutricionistas ao formularem dietas avícolas. Conhecer o valor nutricional
do ingrediente a ser utilizado é de extrema importância para nutrir adequadamente os ani-
mais. Os indicativos de qualidade físico-químicos auxiliam na decisão dos valores nutricionais
a serem utilizados na matriz nutricional destes ingredientes.
Dentre as análises básicas a serem realizadas podem-se citar a determinação do
conteúdo em matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, cálcio, fósforo,
digestibilidade em pepsina, acidez e índice de peróxido. Essas análises dependem de rotinas
laboratoriais complexas, onerosas e demoradas. Fábricas de ração têm apostado no uso da
tecnologia Nirs (Near-Infrared Spectroscopy) para facilitar a caracterização da amostra. Esta
tecnologia permite estimar alguns destes parâmetros com rapidez e segurança em alguns
poucos segundos (LIMA, 2016).
Algumas considerações podem ser feitas em relação às análises físico-químicas e a
qualidade das farinhas de origem animal (FOA):
Umidade: FOA que possuam umidade acima de 8% tem grande facilidade em se de-
compor, em permitir aumento na população microbiana e acidificar. No entanto, umidade 127
Alimentos e Alimentação Animal
muito baixa está, em geral, associada à queima do produto. A queima poderia estar asso-
ciada ao desgaste do equipamento, excessivo tempo de retenção e/ou mau funcionamento
de manômetros e termômetros (BUTOLO, 2002). Assim, uma FOA de boa qualidade deve
conter de X a Y% de umidade.
Extrato etéreo: a diversidade de tipos de equipamentos para extração de gordura faz
com que haja variação acentuada no nível de gordura residual na farinha e não é raro o
uso de produto em discordância com os valores considerados nas formulações o que causa
desbalanceamento do cálcio e fósforo (BUTOLO, 2002).
Proteína bruta: o teor de proteína bruta das farinhas que levam ossos é inversamente
proporcional ao nível de mineral contido no processo. Da mesma forma, a umidade e a gor-
dura aumentadas, causam redução na proteína (BUTOLO, 2002).
Matéria mineral, cálcio e fósforo: são indicativos da quantidade proporção carne: os-
sos presentes na farinha. Impactam no nível de proteína das farinhas, sendo inversamente
proporcionais. Quando farinhas de carne apresentam relações de Cálcio/Fósforo superior
a 2,25, normalmente são encontradas por análise de microscopia e spot test, fontes de
cálcio não pertencentes ao produto (ex.: Calcário), o que traz então preocupações quanto a
qualidade do produto. Podem estar presentes como simples contaminantes ou como adul-
terantes (SOUZA, 2005).
Digestibilidade in vitro da proteína em pepsina: Por meio desta análise procura-se
estimar a digestibilidade da proteína in vivo. Para a farinha de carne e ossos, apesar de
muitas recomendações afirmarem ser desejável que a digestibilidade da proteína em pepsina
a 0,002% seja acima de 30%, 90% das amostras têm apresentado valores acima de 60%,
e 75% das amostras valores acima de 70%. A presença em excesso de fâneros (cascos e
chifres) e outros contaminantes ocasionam redução da digestibilidade da proteína em pep-
sina, reduzindo consequentemente o seu valor nutricional (SOUZA, 2005).
Acidez: a enzima lipase é produzida por bactérias, assim acidez elevada quase sempre
está associada à população bacteriana também elevada (BELLAVER, 2001). Pode indicar
também a ocorrência de hidrólise das gorduras, normalmente por meio de rancidez hidrolíti-
ca, que gera a presença de ácidos graxos livres. Como esta análise é realizada na amostra
integral, outros fatores que ocasionem a presença de ácidos podem ser os responsáveis
pela acidez elevada, como o tratamento do lote com soluções ácidas (SOUZA, 2005).
Índice de peróxidos: a formação de peróxidos em farinhas de origem animal ocorre
devido à oxidação das ligações duplas dos ácidos graxos insaturados presentes na gordura
das farinhas. Este processo tem como resultado a formação de radicais livres, aldeídos e
cetonas. Valores elevados de índice de peróxido refletem na rancificação e na palatabili-
dade do produto, que quando incorporados na ração podem ocasionar a destruição das
128
Alimentos e Alimentação Animal
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) (SOUZA, 2005). Fatores como temperatura, presença
de enzimas, incidência de luz, e íons metálicos podem influenciar na formação de radicais
livres. Portanto, é importante impedir o início da formação de radicais livres, que poderá
ser feito pelo manejo adequado de produção e armazenamento das farinhas. Substâncias
antioxidantes naturais e sintéticas podem ser incorporadas para diminuir a oxidação dos
ácidos graxos das farinhas (BELLAVER, 2001).
Tabela 2. Parâmetros de qualidade microbiológica de ingredientes de origem animal baseados no regulamento técnico
sobre padrões microbiológicos para alimentos.
É imprescindível que as FOA sejam padronizadas na sua qualidade para evitar que
ocorra interferência em seu valor nutricional, bem como na qualidade do produto que será
produzido a partir do coproduto (DOZIER et al., 2003). Devido a prática comum da utilização
dos coprodutos de origem animal, nas formulações de dietas, faz-se necessário a realização
de estudos que analisem o valor nutricional de tais ingredientes, de forma que se conheça
sua composição bromatológica e energética efetiva, reduzindo assim a inclusão limitada des-
ses produtos nas dietas formuladas. Sendo assim, análises rápidas e sensoriais tornam-se
indispensáveis e devem ser realizadas no momento do recebimento dos coprodutos (PENZ
JR. et. al, 2005).
Higuchi (2015) avaliou duas farinhas de peixes, e observou que a farinha patinga (FPA)
o continha maiores teores de matéria seca, matéria mineral, carboidratos, energia, cálcio e
131
Alimentos e Alimentação Animal
fósforo quando comparadas a farinha de pintado real (FPR). O teor de proteína bruta encon-
trado foi de 59,74% para a FPR e de 50,32% para FPA. Quando comparados os aminoácidos
essenciais, a FPR continha maiores teores de isoleucina (4,16 g/100g PB) e treonina (5,61
g/100g PB), enquanto a FPA continha maior teor de cistina (0,45 g/100g PB) e prolina (7,46
g/100g PB), que são aminoácidos não essenciais.
A composição nutricional de 2.090 amostras de farinha de vísceras foi analisada por
Fernandes (2016). Nenhuma das amostras em estudo apresentou resultado positivo para
as análises de Índice de peróxido e Teste de Éber, indicando assim que, não houve dete-
rioração da matéria-prima durante o processo produtivo. Além disto, as variáveis como cor,
odor e textura apresentaram características normais no processo de fabricação de farinha
de vísceras. Os valores encontrados para matéria seca variaram de 3,82 a 8,15%, proteína
bruta de 56,83 a 64,19%, enquanto os teores de extrato etéreo apresentaram variação de
10,10 a 19,58%, estando todas as análises dentro da faixa média encontrados no NRC
(Nutrient Requirements of Pouttry, 1994).
Giongo (2017) avaliou 50 amostras de farinha de carne e ossos de dois fornecedo-
res. Em todas as amostras foram realizadas análises em aparelho NIRS para composição
centesimal, teste de Éber e acidez. Os valores obtidos para umidade variaram de 2,20 a
5,84%, com uma média de 4,14%. Todas as amostras apresentaram umidade abaixo do
limite máximo tolerável (8%). Para matéria mineral ou cinzas foram encontrados valores
em média de 30,45% para o fornecedor A e de 28,12% para o fornecedor B. Todas as
amostras, de ambos os fornecedores, apresentaram teor de gordura dentro dos padrões (8
a 16%). A média percentual de proteína bruta foi de 51,19%, não havendo diferença entre
os fornecedores, sendo o teor mínimo recomendado de 46% de PB. As concentrações de
fósforo ficaram dentro do esperado (mín. 2,5%), para todas as amostras. Já, os resultados
do teste de Éber demonstrou que apenas uma das amostras estudadas estava em processo
de decomposição por ação de enzimas produzidas por microrganismos, ou seja, resultado
positivo. Nenhuma das amostras apresentou índice de acidez acima do permitido, o que
indicou que são farinhas que não sofreram deterioração de suas gorduras.
Por último, é importante caracterizar os coprodutos a fim de reduzir a diversidade de
informações que podem ser encontradas em diversas tabelas nutricionais (ANFAR, 1998;
BELLAVER, 2002; BUTOLO, 2002; ROSTAGNO et al., 2005). Entretanto, se cada indústria
mantivesse seus próprios dados de análises para padronizar seus produtos, dados próprios
de composição nutricional seriam gerados. Logo, seria necessário realizar apenas ajustes nas
formulações, conforme diferentes lotes de coprodutos fossem incluídos (MURAKAMI, 2018).
132
Alimentos e Alimentação Animal
Qualidade microbiológica de farinhas de origem animal produzidas no Brasil
A utilização das farinhas de origem animal na nutrição animal pode representar uma
grande economicidade no setor avícola, pois são fontes ricas em fósforo e/ou proteína bruta e
aminoácidos essenciais, além de o processamento dos coprodutos dar destino aos resíduos
134
Alimentos e Alimentação Animal
dos abatedouros, reduzindo o impacto ambiental da atividade. A grande variabilidade da
composição química e da qualidade microbiológica são entraves à sua utilização. O avanço
da tecnologia NIR nas fábricas de rações e o desenvolvimento de kits de análises micro-
biológicas rápidas podem permitir a tomada de decisão pelos nutricionistas de forma mais
acertada. Parte das farinhas produzidas em território nacional carecem de qualidade mi-
crobiológica, sendo as análises de indicativos da qualidade microbiológica de fundamental
importância para detecção de erros nos processos relacionados à produção das farinhas
de origem animal.
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139
Alimentos e Alimentação Animal
08
Ração para não ruminantes em uma
fábrica sob serviço de inspeção
federal no estado do Maranhão: uma
abordagem produtiva
10.37885/211006392
RESUMO
141
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
MÉTODO
O Maranhão integra, juntamente, com Tocantins, Piauí e Bahia o Matopiba, região que
congrega o bioma cerrado dos referidos Estados e responde por muito da produção brasileira
de fibras e grãos. O Matopiba, que até recentemente não era considerado forte na tradição
agrícola, desperta atenção por sua produtividade crescente. No agronegócio maranhense, os
grãos de soja e milho se destacam como produtos importantes e constituem matérias-primas1
para a elaboração de ração animal. Nesse sentido, solicitou-se formalmente da gerência
responsável pelo controle de qualidade da fábrica, a liberação para o acompanhamento do
processo de fabricação das rações produzidas na empresa.
Com base nos procedimentos técnicos adotados, a pesquisa é do tipo bibliográfica e
pesquisa de campo. Quanto ao problema investigado, apresenta natureza qualitativa com
uma análise exploratória e descritiva. Para o alcance do objetivo da pesquisa foram rea-
lizados os seguintes procedimentos metodológicos, divididos em duas fases: (i) pesquisa
bibliográfica com a utilização de dados secundários obtidos de referencial teórico disponível
sobre a temática proposta; e, (ii) pesquisa de campo, fundamentada em cinco visitas téc-
nicas à fábrica de ração para observação e compressão do processo produtivo e registros
fotográficos para melhor análise deste.
A segunda fase do estudo foi direcionada para avaliar as condições produtivas do
estabelecimento fabricante de ração destinada à alimentação animal em consonância com
1 Matérias-primas: toda substância que, para ser utilizada como ingrediente, necessita ser submetida a tratamento ou transformação
143
de natureza física, química ou biológica (BRASIL, 2007).
RESULTADOS
A fábrica de ração está situada em área urbana de trânsito intenso do município de São
José de Ribamar, estado do Maranhão. Dispõe de um quadro constituído por 10 colaborado-
res do sexo masculino, sendo: (i) um (01) responsável técnico (RT) graduado em Medicina
Veterinária; (ii) um (01) gerente de produção e controle de qualidade com graduação em
Zootecnia; e, (iii) oito (08) colaboradores envolvidos diretamente na produção.
A empresa foi construída em um galpão único com área total de 371 m2, onde se
encontra uma ala para recebimento da matéria-prima (Figura 01 A), ala de estocagem de
matéria-prima, ala de produção, ala de produtos acabados, ala de expedição de ensacados
(Figura 01 B), todas elas separadas por demarcação de chão e identificadas por placas no
interior do galpão.
Figura 1. Fábrica de ração para não ruminantes sob serviço de inspeção federal no estado do Maranhão: (A) ala de
recebimento de matéria-prima; (B) ala de expedição de produto final.
144
2 Fabricante: estabelecimento que se destina à elaboração de produtos para alimentação animal.
Figura 3. Matéria-prima armazenada em suas embalagens originais na fábrica de ração para não ruminantes sob serviço
de inspeção federal do estado no Maranhão.
146
Alimentos e Alimentação Animal
micronutrientes separadamente3 ; e, (v) seleção das embalagens e rotulagem4 . Quaisquer
não conformidades constatadas nesses quesitos são anotadas e realizadas as medidas
corretivas no check-list de controle de higiene ambiental e superfícies.
Quanto ao processo de produção, excetuada as etapas supracitadas (recebimento e
armazenamento dos ingredientes), este é composto por outras etapas que se inicia com a
seleção da fórmula e a quantidade a ser produzida, podendo ser sumarizada da seguinte
forma: (i) limpeza da matéria-prima milho; (ii) moagem; (iii) dosagem; (iv) mistura; (v) empa-
cotamento e estocagem do produto acabado; e, (vi) expedição (Figura 4).
Figura 4. Fluxograma de produção de ração farelada em fábrica de ração para não ruminantes sob serviço de inspeção
federal no estado do Maranhão.
3 Preparação dos micronutrientes: fracionados manualmente e cada produto é pesado com concha individual, identificado e encami-
nhado para a linha de produção.
4 Rotulagem: processo realizado com rotuladora manual. A fábrica trabalha com diferentes sacarias e rótulos que possuem em comum:
147
datas de fabricação e vencimento, lote, modo de utilizar e níveis de garantia de qualidade do produto.
DISCUSSÃO
5 Procedimentos Operacionais Padronizados – POPs: descrição pormenorizada e objetiva de instruções, técnicas e operações rotinei-
ras a serem utilizadas pelos fabricantes de produtos destinados à alimentação animal, visando à proteção, à garantia de preservação
148
da qualidade e da inocuidade das matérias-primas e produto final e a segurança dos manipuladores (BRASIL, 2007).
149
Alimentos e Alimentação Animal
organização produtiva já que qualquer operação requer planos e controle a fim de que os
objetivos sejam alcançados, nos prazos e com qualidade de produtos.
A fábrica avaliada atende a IN n° 17, de 07 de abril de 2008 (BRASIL, 2008) que proíbe
a fabricação de produtos destinados a ruminantes e monogástricos na mesma planta. E, cons-
tatou-se uma ordem fixa de produção das diferentes formulações, no estabelecimento, le-
vando em consideração os ingredientes, aditivos, produtos veterinários e a sensibilidade das
espécies. Importante mencionar que a sequência adotada na empresa reduz a possibilidade
de contaminação cruzada. Adicionalmente, concernente à embalagem, rotulagem e propa-
ganda dos produtos destinados à alimentação animal, todos estão adequados a IN n° 22 de
2 de junho de 2009, a qual disciplina normas específicas sobre o assunto (BRASIL, 2009b).
Constatou-se a observância das BPF e dos POPs nas operações rotineiras realiza-
das em todo o processo de fabricação das rações, que convergem para o processamento
adequado e a qualidade final do produto com vistas a apresentar o melhor custo benefício,
mediante o monitoramento dos processos. Mas, pondera-se sobre a importância de trei-
namentos aos colaboradores, não apenas quando da admissão no estabelecimento, mas,
de forma periódica e sistemática. Ademais, destaca-se a importância da conscientização
das análises da matéria-prima e da rastreabilidade. Esta última constitui-se de informações
essenciais sobre o produto, desde a matéria-prima, perpassando pelo transporte, até o con-
sumidor final, ou seja, engloba o controle de todas as fases de produção. Logo, na empresa
avaliada, deve ser realizada a rastreabilidade do produto acabado por meio do estoque de
cada lote ou partida produzida.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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150
Alimentos e Alimentação Animal
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Relatório (Graduação em Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2014.
152
Alimentos e Alimentação Animal
09
Resíduo de biscoito na alimentação
de codornas: um referencial teórico
10.37885/210705353
RESUMO
154
Alimentos e Alimentação Animal
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
COTURNICULTURA
155
Alimentos e Alimentação Animal
aumento de produtividade, tentando com isso não perder competitividade em nível mundial
(HOSSEINI et al., 2017).
A coturnicultura é um ramo da avicultura que está em crescente expansão. Associados
aos avanços tecnológicos nas cadeias de produção, esse segmento deixa de ser uma ati-
vidade de subsistência e passa a ser uma atividade econômica rentável que atrai a aten-
ção de produtores por precisar de pequenos espaços para ser implantada, precocidade
(35 – 42 dias), alta produtividade (cerca de 300 ovos/ano), facilidade de manejo e rápido
retorno financeiro.
A produção de codornas é uma atividade que está se expandindo e duas linhagens de
codornas são principalmente utilizadas no Brasil, a Coturnix japonica e a Coturnix coturnix,
para produção de ovos e carne, respectivamente. Estudos mostram que a carne e os ovos
de codorna são conhecidos por sua alta qualidade proteica, alto valor biológico e baixo teor
calórico (CRUVINEL et al., 2021).
O interesse por produtos diferenciados e de qualidade, a mudança de hábitos alimenta-
res da população em geral são fatores que contribuem para o aumento na produção dessas
aves. Os ovos de codorna podem ser usados como petiscos, bem como servidos em self
service, já a carne de codorna apresenta sabor forte e exótico (OLIVEIRA et al., 2014) o que
atrai o interesse dos consumidores por essas proteínas.
Como acontece na avicultura geral, para se alcançar o máximo potencial genético das
codornas é preciso que condições de manejo, ambiente e nutrição sejam atendidas. No que
diz respeito a alimentação dessas aves, o milho e a soja são os ingredientes básicos,
responsáveis por atender as demandas energéticas e proteicas, respectivamente, das co-
dornas (Tabela 1).
Tabela 1. Exigências nutricionais de energia metabolizável e proteína bruta total de codornas japonesas na fase inicial
e de crescimento.
157
Alimentos e Alimentação Animal
Edache et al. (2017) concluíram que resíduos de panificação podem substituir com-
pletamente o milho na alimentação de codornas e também favorecem o peso vivo e a por-
centagem de coxa e moela. Lukanov et al. (2021) consideram que substituir até 10% do
trigo na ração de codornas por resíduos extrusados de panificação resulta em benefícios
econômicos a produção.
Na literatura são encontrados alguns trabalhos cujo objetivo é avaliar o uso de resíduos
de panificação, e dentre eles, o resíduo de biscoito na alimentação de leitões (VOLPATO
et al., 2015), frangos de corte (EPAO et al., 2017) e codornas (LUKANOV et al., 2021;
GONZAGA et al., 2020; ODUNSI et al., 2007). Odunsi et al. (2007) avaliaram a composição
do resíduo de biscoito e do milho, e constatam maior conteúdo de proteína bruta (PB) no
resíduo de biscoito (9,6% de PB) em comparação ao milho (9,1% de PB), e para o extrato
158
Alimentos e Alimentação Animal
etéreo (EE), essa diferença foi mais acentuada, onde o resíduo de biscoito apresentou 6,8%
de EE e o milho 3,8% de EE.
Em comparação ao milho, pode-se destacar ainda o elevado conteúdo mineral do
resíduo de biscoito, o que, de acordo com Odunsi et al. (2007) pode favorecer a espessura
de casca de ovos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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161
Alimentos e Alimentação Animal
SOBRE O ORGANIZADORA
A S
Alimentação: 24, 53, 66, 135, 141, 142 Sazonalidade: 26
Avicultura: 119 T
C Taninos Vegetais: 26
Canopy: 51 U
D Ureia: 76, 78
Defoliation: 50
Dieta: 13
E
Exigência: 13, 20, 22, 23, 92
Exigência Nutricional: 13
I
Ingredientes: 120, 135
N
Nutrição Animal: 63
P
Pecuária: 70, 136, 145, 151
Peixe Nativo: 13
Piscicultura: 13, 23
Plantas Forrageiras: 40
Proteína: 20, 35, 71, 74, 76, 79, 127, 128, 135,
156
Q
Qualidade: 24, 80, 115, 116, 118, 131, 133, 135,
136
Quelato: 53
Alimentos
&
Alimentação
Animal
editora
científica digital