Você está na página 1de 117

CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - 66

FRANCISCO WHITAKER FERREIRA

CONDiÇÕES DE VIDA
E PLANEJAMENTO FíSICO

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS


SERViÇO DE PUBlICAÇOES
RIO DE JANEIRO - GB - BRASIL - 1966

Direitos reservados da Fundação Getúlio Vargas
Praia de Botafogo. 186 - Rio de Janeiro - GB - ZC-02 - Brasil
por fôrça de convênio celebrado com a Fundação Ford,
14 edição agôsto de 1966

© Copyright da Fundação Getúlio Vargas

FUNDAÇÃO GETúLIO VARGAS - Serviço de Publicações - Diretor.


Leósthenes Christino; coordenação técnica de Denis Cordeiro Policani~
capa de Sérgio Fragoso; composto e impresso na Gráfica Editõra Livro
S,A,. em linotipo 378 baskerville 10/10. sõbre papel "bouffant" creme .. na-,
donal. com linhas d'água. 80 g/m 2 ,
APRESENTAÇÃO
Com esta monografia prossegue a publicação de uma série
de livros de texto, monografias e casos especialmente elaborados
para o programa de pesquisas sôbre administração pública 'bra-
sileira mantido pela Fundação Getúlio Vargas em convênio com
a Fundação Ford. Pelo convênio, os recursos concedidos pela
Fundação Ford se destinam à remuneração dos trabalhos de
pesquisa e preparação de originais, cabendo à Fundação Getúlio
Vargas os encargos com a publicação das obras e com a infra-
-estrutura técnico-administrativa para a execução do acÔrdo.
O objetivo dêsse programa é o enriquecimento de nossa
bibliografia especializada, com trabalhos que espelhem a expe-
riência brasileira e encerrem a reflexão dos estudiosos de nossa
problemática administrativa.
A Escola Brasileira de Administração Pública, ao acrescen-
tar esta série ao já considerável acervo de publicações da Fun-
dação Getúlio Vargas, o faz com especial prazer, por se tratar
de trabalho·s inteiramente voltados para a nossa realidade e des-
tinadoS! a contribuir para a elaboração de uma doutrina e o
desenvolvimento de uma literatura genuinamente brasileira no
campo da administração pública.
A coordenação geral desta série está a cargo do Centro de
Pesquisas Administrativas da EBAP, cabendo a coordenação
editorial ao Serviço de Publicações da F. G. V .

BEATRIZ M. DE SOUZA WAHRLICH


Diretora da Escola Brasileira de
Administração Pública
A RESPEITO DO AUTOR

Francisco Whitaker Ferreira é sem favor um dos mais ex-


perimentados especialistas brasileiros em pesquisas sócio-econômi-
cas para o planejamento físico, tendo adquirido essa experiên-
cia em vários anos de trabalho com o grupo "Economia e Hu-
manismo", dirigido pelo Padre Louis Joseph Lebret.
É diplomado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo, tendo realizado um curso de espe-
cialização de um ano na "Hamburg Hochkungschule" da Ale-
manha.
Em 1960 freqüentou o Curso de Metodologia do Urbanis-
mo ministrado no Rio de Janeiro pelo urbanista francês Pierre
DalIoz, sob os auspícios do Instituto Brasileiro de Administra-
ção 'Municipal (IBAM).
Participou ativamente, entre 1957 e 1965, das pesquisas
sócio-econômicas realizadas pelo Instituto de Pesquisas de Eco-
nomia e Humanismo de São Paulo (SAGMACS) com vistas à
elaboração dos planos ,diretores das cidades de São Paulo, Belo
Horizonte, Sorocaba e Barretos, assim como de estudos para
planejamento regional no vale do Araguaia, da região Sudeste
de São Paulo, e do Estado do Paraná.
Foi coordenador técnico geral e depois diretor técnico do
Instituto de Pesquisas de Economia e Humanismo. Exerceu
também várias comissões técnicas no Govêmo do Estado de São
Paulo, de cujo Grupo de Planejamento foi membro nos anOi
de 1959 a 1961.
PREFAcIO

É sempre merecedora de aplausos a publicação de qualquer


trabalho sério que possa contribuir para desenvolver os estudos
de planejamento urbano em nosso país.
A presente monografia do Sr. Francisco Whitaker Ferreira
tem mérito especial, pois aborda um tema ao mesmo tempo dos
mais importantes e dos mais descurados da nossa literatura es-
pecializada nessa matéria, qual seja o da pesquisa sócio-eco-
nômica para o planejamento físico.
Refletindo a considerável experiência do seu autor na rea-
lização de trabalhos em que aplicou o método que apresenta
e desenvolve, será da maior utilidade para quantos desejem
levantar as condições sócio-econômicas de uma comunidade para
efeito de elaboração de planos de ação administrativa.
O extraordinário ritmo em que se processa a urbanização
no Brasil, onde se verifica a êsse respeito uma das taxas mais
elevadas em todo o mundo, está a exigir que se dê ao planeja-
mento urbano a mais alta prioridade nos esquemas de ação de
tôdas as esfera:,> de govêrno. A formação de uma mentalidade
de planejamento, em tôdas as suas fases, desde a pesquisa até a
organização de mecanismos para acompanhar e controlar a exe-
cução dos planos, constitui, porém, a etapa inicial a ser ven-
cida. Ainda nos falta a consciência perfeita do papel inadiável
que o planejamento urbano e regional deve desempenhar para
que nossas cidades possam desincumbir-se de suas funções como
organismos propulsoTes do desenvolvimento.
x CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

No exercício de diferentes cargos públicos, e sobretudo


como Prefeito do antigo Distrito Federal, tive oportunidade de
avaliar a significação dêsse problema e as dificuldades para insti-
tucionalizar o planejamento, dificuldades cujas múltiplas impli-
cações abrangiam desde a ausência de uma estrutura adequada
para a máquina administrativa do govêrno até a falta de pessoal
especializado.
É, pois, com satisfação que vejo enriquecer-se a literatura
brasileira de planejamento com mais êste trabalho que a Funda-
ção Getúlio Vargas resolveu editar, em cumprimento ao acôrdo
mantido com a Fundação Ford para a produção de livros, mono-
grafias e casos sôbre a administração pública brasileira.

ALlM PEDRO
Diretor Executivo
INTRODUÇÃO

o labor humano, ao longo do tempo, efetiva-se dentro de


determinado espaço físico, cada vez mais amplo à medida que
novas descobertas vão incorporando novas formas de vida e de
trabalho e que o crescimento demográfico cria novas demandas
de área e de produção.
Como parte dêsse labor, e atendendo às suas. próprias exi-
gências, o homem transforma o espaço conquistado e cria um
nôvo mundo físico, em que elementos naturais e artificiais se
combinam, cada parcela do espaço recebendo um determinado
uso ou conjunto de usos. Destinam-se áreas específicas à ativi-
dade agrícola, preservam-se faixas de terreno a estradas e cami-
nhos, erigem-se edifícios industriais, residenciais, comerciais, ad-
ministrativos.
Nem sempre essa ocupação e transformação do espaço físi-
co resulta na criação de uma paisagem propícia à vida do ho-
mem, ou na melhor utilização econômica do espaço disponível.
Ora um uso, definido para atender a uma determinada necessi-
dade, colide com as exigências de outras necessidades, ora uma
transformação, adequada a uma determinada atividade, choca-
-se com as condições exigidas pelas demais atividades a serem
desenvolvidas no mesmo espaço material. São as exigências de
setores do labor humano contrariando os requisitos de outros
setores, são os interêsses particulares ou individuais competindo
com as necessidades coletivas ou sociais. Conflitos que se tornam
XII CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tanto mais difíceis de serem resolvidos quanto maior a, multi-


plicidade e a complexidade das atividades que terão lugar na
mesma parcela do espaço.
\.
A organização do espaço físico, como aliás tôdas as tarefas.
de organização do trabalho do homem, exige assim uma siste-
mática de planejamento, de nível superior ao planejamento es-
tanque que atende individualizadamente os diferentes interêsses
humanos.
Há tôda uma discussão a fazer em tômo do caráter que deve
ter êsse planejamento, se impositivo, se indicativo, se ao mesmo
tempo orientador em certas parcelas, obrigatório em outras. Mas
o que talvez possa ser dito é que êsse tipo superior de planeja-
mento do espaço físico não foi ainda suficientemente incorporado
pelas comunidades. Como necessidade de conjugação do plane-
jamento das partes com o planejamento do todo, como necessi-
dade de ajustar objetivos parciais com objetivos gerais e entre si.
E há também tôda uma discussão a fazer em tôrno da hierar-
quia a ser dada aos diversos tipos de solicitações que êsse pla-
nejamento deverá atender.
O presente estudo pretende trazer uma pequena contri-t;
buição à sistemática do planejamento da transformação do es-
paço físico, através da formulação de uma série de hipóteses de
trabalho, que teriam por objetiva permitir uma correspondên-
cia mais estreita entre as transformações a introduzir e as necessi-
dades a atender, compreendidas numa-determinada hierarquia.
A organização do espaço será, para isso, como que isolada,
metodologicamente, das demais tarefas humanas, sem perder de
vista as sempre presentes interdependências. Parece-nos que, iso-
lada a tarefa, teremos maiores possibilidades de compreender
sua natureza e seus instrumentos, assim como verificar seus pon-
tos de conjugação com as demais atividades e a sua localização
no complexo da obra cultural do homem.
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO XIII
Os elementos fundamentais do estudo estão contidos em sua
primeira parte, dedicada à apresentação das hipóteses de traba-
lho. Ela se inicia com a formulação de uma série de conceitos,
que servem de base às hipóteses - desde o que se entende, no
estudo, por organização do espaço físico, até a indicação do sen-
tido dado à expressão "desenvolvimento". Em seguida, em sua
segunda seção, apresentam-se as hipóteses propriamente ditas,
através das quais se procura estabelecer uma relação entre as
possibilidades da organização do espaço físico e as exigências do
desenvolvimento, bem como seus diversos tipos de condicionan-
tes. Buscou-se, no que respeita às hipóteses e à sua utilização,
uma formulação operacional, que fôsse útil para a técnica de
planejamento físico, tanto em sua fase de pesquisa como em
sua fase de decisão. Não se pretende, no entanto, considerar essa
formulação como um método completo e acabado de pesquisa
para o planejamentO físico, mas tão-somente um roteiro que
auxilie o tratamento objetivo do problema da organização do
espaço físico, integrado no contexto de que faz parte.
A segunda parte do trabalho tem somente um caráter exem-
plificativo. A falta de uma pesquisa específica, apoiamo-nos
em um levantamento realizado com objetivos diversos, mas com
a amplitude desejável para a nossa análise, e cujos pontos de
referência fundamentais eram os mesmos de nosso trabalho, isto
é, as condições de vida da população. A diversidade de objeti-
YOs nos obrigou a restringir o exame pretendido, por não con-
tarmos com bom número de dados de interêsse para a perspecti-
va de nosso estudo. Acreditamos, entretanto, que essa aplicação
das hipóteses a uma situação concreta - a área do município d~
Belo Horizonte ocupada com características urbanas - traz al-
gumas observações de interêsse, e, embora limitada, permite a
identificação de algumas inter-relações concretas entre desenvol-
\'imento e transformação da paisagem, e uma aproximação ao
conhecimento das possibilidades e limitações dessa parcela do
labor humano no processo de desenvolvimento, dentro da con-
ceituação adotada.
~

INDICE

Apresentação ......................................... V
A respeito do Autor .................................. VII
PTefácio ............................................. IX
Introdução ........................................... XI

1~ Parte - OTganização do espaço físico e desenvolvImento

I - Conceitos bás.icos

Organização do espaço físico ..................... 5


Cidade e Campo ... ' .. ' .... ' " ...... ' .. ' ... ' . . . . 6
Características urbanas e características rurais ..... 9
Organização do espaço físico e cidade ............. 11
Desenvolvimento ................................ 13
Planejamento do desenvolvimento 17

II - Hipóteses de trabalho

Condições de desenvolvimento 20
Variáveis da organização do espaço físico .......... 23
XVI CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

prioridades ...... o o o o o o o o o o o o o o •• o o • o o o o o o o o o o o • 28
Níveis de interferência o o o o o o o o • o • o o o o o o o o o o o o o o • 30
Quadro de Condições e Interferências 33
Utilização do Quadro de Condições e Interferências 42
Possibilidades de manipulação das variáveis . o o o • o o • 44

2g Parte - Aplicação exemPlificativa o uma situação


concreta

I - preliminaros

A aplicação pretendida e a pesquisa básica utilizada 49


A área objeto da análise: Belo Horizonte o o o o o o o o o 54

11 - As variá"oeis e as condições de desenvolvimento

Separação ou aglutinamento de usos .. o o o o o o o o o o o • 61


Estrutura de polarizações o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 67
Localização o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o. 79
Dimensão o o o o o •• o o • o o o •• o o o o o o o o o • o o • o • o o o o o o o o o t!2
Densidade o o o o o o o o o o o •• o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 90
Estrutura viária o o o o o o o o o • o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o • 91
Resumo das interferências o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o • 98
CONDiÇÕES DE VIDA
,
E PLANEJAMENTO FISICO
l.a Porte

,ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
FISICO E DESENVOLVIMENTO
1 - CONCEITOS BÁSICOS

Organização do espaço físico às necessidades e sistemas de


deslocamentos, unindo casas ao
Entendemos a organização do local de trabalho, ou o merca·
espaço físico como o processo de do aos locais de produção. É
transformação da paisagem na· a concentração de habitações,
tural em uma paisagem cultu· umas ao lado das outras, de
ral mais propícia às atividades forma a obter a coesão neces-
e necessidades humanas. Nesse sária à segurança e ao convívio'
sentido, é como que a recria· social, ou ao barateamento dos
ção de um mundo' físico, resul· equipamentos coletivos. É a
tado da adaptação do quadro construção de diques para que
material em que vivemos às di· a água se acumule, se espraie,
ferentes exigências que ao lon- irrigando e concentrando ener-
go do tmpo apresentamos. gia, é a construção de cais à
beira de massas de ;ígua, para
É a construção de muralhas que os barcos possam se apro.
que acrescentem, às dificulda- ximar e atracar em terra firme.
de'i topo;;rMicas, obstáculos ao t a derrubada de matas para
acesso de inimigos. É a trans- em seu lugar estender campo<;
formação de uma ,irea plana de cultura e áreas de pastoreio.
em pátio utilizável em qual. É o levantamento de volumes
quer clima, é a cobertura dêsse e formas que propiciem no-
pátio para depositar artigos vas perspectivas visuais e novas
oferecidos aos compradores emoções estéticas, valorizem
reunidos na cidade. É a aber. horizontes naturais ou criem
tura de caminhos apropriados símbolos para a comunidade.
6 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO Pl:l\IICA

É discriminar usos, cons- fora dessa casa, a cidade é o


truir, remover, adaptar, redi- quadro material de realização
rigir, recompor os elementos de uma série de funções que
matenalS que constituem o atingem tôda a região. Os usos
mundo lísico em que o homem e as formas, assim, são parte
vive. de um todo amplo e contínuo
de usos e formas, que se com-
Consideramos que o espaço plementam entre si e só sub-
é tomado, nessa moldagem, sistem se integrados no conjun-
parcela por parcela, elemento to. O espaço, portanto, é todo
por elemento, mas é um todo o espaço, o mesmo espaço, um
ininterrupto, sem solução de unico espaço.
continuidade. Mas, na tomada de cada par-
cela e de cada elemento, veri-
Ao ser destinado a uma de-
ficaremos que uns, mais do
terminada parcela um uso es-
que outros, respondem a uma
pecífico, e ao ser definida para maior quantidade e variedade
um determinado elemento uma de usos e funções, e se tornam
forma particular, êsses serão o pontos de maior concentração
uso e a [arma mais adequad03
e de mais intensa complemen-
a um determinado objetivo. taridade ele atividades.
Mas sempre farão parte de um ]\' esse sentido, será útil re-
contexto mais amplo, e terão
tomar a tradicional discussão
sentido na medida em que se
em tôrno dos conceitos de ur-
integrarem ao restante elo es- bano e rural.
paço e às funções que nesse
restante de espaço se desen- Cidade e Campo
volvem.
A estrada se define pelos dois Parece pertencer ao consenso
pontos que ela pretende ligar, geral a distinção que comu-
a área agrícola produz para o mente se Caz entre dois tipos
mercado que a cerca, a casa é de ocupação do espaço físico, a
o ponto de apoio familiar elo rural e a urbana.
desenvolvimento de um con- A noção de cidade - popula-
junto ele pessoas voltadas para ção aglomerada - de início
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 7
com sua área demarcada por ção; a prestação de serviços, o
muralhas de proteção, ou ga- médico e o hospital da cidade
nhando uma feição jurídica ou atendendo ao homem do cam-
política em tôrno do conceito po, o campo propiciando a
de cidadania, sempre se ante- abertura saudilvel que a vida
pôs à noção de campo - popu- na cidade muitas vêzes desco-
lação dispersa - essencialmen- nhece. Não se pode, assim, dei-
te destinado à atividade agrí- xar de considerar o campo e
cola ou pastoril. As estatísti- a cidade como parcelas de uma
cas, em todo o mundo, distin- só unidade, o homem do cam-
guem os dois tipos de popula- po e o homem da cidade ten-
Çw e critérios econômicos são do as mesmas exigências de
estabelecidos com base nessas vida. Mas será possível fazer
distinções estatísticas. uma distinção quanto à. forma
de ocupar o solo, ou quanto
A concentração ou dispersão,
ao tipo de atividade, ou quan-
no entanto, não tem sido sufi-
to ao gênero de viela, ou quan-
ciente para identificar um e to às funções do aglomerado
outro tipo de ocupação: há (omo um todo.
aglomerações que não podem
deixar de ser consideradas ru- Com base em tais tipos de
rais, apesar de suas populações critérios, ,·êm senelo compostas
diferentes definições de cidade;
YÍyerem agrupadas em estilo ti-
picamente urbano, e vice-versa. núcleos populacionais maiores
do que uma determinada di-
Sabe-se, por outro lado, da mensão; dimensão combinada
profunda interdependência que com determinada densidade
existe entre os dois tipos de ocupacional; funções essencial-
população, cada uma dedican- mente comerciai~, ou essencial-
do-se a atividades que são com- mente industriais; serviços lo-
plunentClres entre si: a produ- cais ou serviços regionais; exis-
ção de alimentos, o seu arma- tência de um setor exportador
7enamento, a sua comercializa- na economia do aglomerado;
ção, a sua transformação; a complementaridade entre fun-
produção de bens de consumo ções dentro do aglomerado;
em geral; de bens de produ- complexidade e variedade de
CADERNOS DE ADMIN.ISTRAÇÃO PÚBLICA

atividades; desaparecimento de atividade urbana, separados das


laços de grupo ou mperposição cidades e com uma densidade
de grupos sociais; anonimato e de ocupação próxima à de
libertação de coações sociais; áreas rurais; densas cidades-
vida de massa ou iniciativa in- .dormitório sem outra função
dividual. senão a de propiciar um local
de repouso noturno aos habi-
o problema se afigura, no tantes da metrópole; atividades
entanto, cada vez mais difícil, tipicamente rurais, como por
à medida que nOvas condições
exemplo a exploração horti-
tecnológicas, econômicas e so-
grangeira, desenvolvidas em
ciais criam diferentes exigên-
terrenos cercados por usos ur-
cias ou abrem outras possibili- banos; trabalhadores agrícolas
dades de vida e de trabalho.
deslocandó-se diàriamente da
Meios de transportes mais rá-
cidade em que moram para os
pidos ou de novos tipos, divi-
seus locais de trabalho, e vice-
sões de trabalho mais nítidas,
-versa. Em que linra ele demar-
inovações técnicas na agricul-
tura, consideração mais ampla cação termina a cidade e co-
dils desvantagens sociais e bio- meça o campo?
lógiGls de certas condições de Mais prudente será ficarmos
vida e de trabalho, são sempre com bom número de modernos
no"os dados a trazerem para autores de sociologia e geogra-
o processo de ocupação e uti- fia urbanas, que estabelecem o
lização do espaço físico elemen- conceito de urbano e rural
tos de mudança e rcadapta- denlro da noção de um C011-
ção. tinll1:m de usos e funções, em
Vemos Líbricas implantadas que a diversidade das situações
em mel0 a áreas de campo, iso- corresponde a diferentes níveis
ladas e distanciadas inclusiye de complexidade e dimensão.
do local de moradia de seus O mb:mo e o rural se defini-
trabalhadores; núcleos rurais riam mais do que tuelo como
dotados de usinas de transfor- tendências, ou como situações
mação ele produtos; núcleos re- ideais limites. Uma área será
sidenciais de populações com mais UI bana e menos rural que
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 9

outra, porque os usos e funções das, a ext.ensão da diversidade


que nela se processam são, por entre essas funções e atividades
exemplo, mais. complexos do e o número de oportunidades
que aquêles que são percebidos de trabalho resultante. Dentro
na outra, ou porque uma par- elêsses critérios, quanto maiores
te maior de sua população tem o, números mais a ocupação
um gênero de vida de tipo ur- seri;,. de tipo urbano.
bano. Passaria a interessar,
assim, tão-somente a definição Podem ser em seguida enu-
merados alguns critérios fun-
dos elementos cuja presença
cionais, corre:;Fondendo a ca-
maior ou menor determina o
racterísticas tanto mais presen-
grau em que o caso se encontra.
tes quanto maior o grau de ur-
Enumeremo~, (~ntão, os ele- banização: complexidade das
mentos que os diversos autores inter-relações das atividades de-
já identificaram como caracte- senvolvidas na área; possibili-
rísticas urbanas e rurais. dade da aglomeração ganhar
uma função enquanto todo que
Características urbanas e é, relativamente às demais aglo-
características rurais merações e ao conjunto de ati-
vidades que se desenvolvem
na reglao; especialização d3s
Ao procurarmos os elementos
cuja presença corresponclcria a ati"ielades que têm lugar lia
uma ocupação mais propria- aglomeração, e, conseqüente-
mente urbana ou mais prhpria- mente, sua especialização rela-
mente rural, já idenlificaJ0s tivamente ao todo e à rêde ur-
pelos diversos autores, ClHOll- bana; aparecimento de certas
traremos, em prim2iro IllZar, necessidades e ele sistemas nLl is
um certo número de critL'rios coletivos ele atendimento, ca-
numéricos: o número ele pes- racterísticos dos grandes núme-
soas reunidas, a densidade ele ros e elas grandes dimensôes,
ocupação, a dimens;-1O da par- como os transportes coletivos,
ceLt de espaço construído de as 1 êdes d~ .ígua e esgôto, as
forma contínua, o númerO' de áreas de recreação; eXIgCllcia
atividades e funções concentra- de agências intermediárias nes-
10 CADERl'iOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

se atendimento e maior núme- cercam, e dependendo, para a


ro de contrôles e regulamenta- subsistência de seus habitantes,
ções, em tômo dos equipamen- dos produtos agrícolas dessas
los e das atividades; afirmação úreas e de outras; a economi:.t
do aglomerado corno centro de do aglomerado se voltando
G-':císú~::, administrativas e ecO- para fora, e dando lugar à exis-
lIô;nicas; presença de nívei~ têmia de um setor exportador
mais altos de especialização Ubcellte.
pJ()[issional no seu quadro de
trabalho, assim como lima di- Por último, seria interessan-
visão de trabalho mais ampla te selecionarmos, dos estudos
e mais precisa e, conseqüente- existente;, algumas observações
mente, maior númer0 de alter- de natureza sociológica, urna
natiyas !lOS ripos de ocupação vez que na cidade se define um
existentes; menor relação do gênero de vida diferente da-
);omem com o solo. que!:.: elo campo, embora a gra-
dação de comportamentos e
Cabem também critérios cl~ condições acabe por delermi-
natureza econômica, para ider.- llar no homem urbano e 110
tiIicar as {lreas ma i, urbanas: homem rural uma combinação
:t presença de atividades indus- de dois componamcntos, com
triais e de sistemas de presta- a predominância de um ou de
ção de serviços relacionando-se outro, conforme o caso. A pre-
em razão direta com a ausên- ~ ença do horário regido pelo
cia de atividades agrícolas; o relógio e não pelos elementos
número de trabalhadores in- naturais, o desenvolvimento
dustriais e de serviços superan- rias atividades de trabalho ou
do fortemente o número de de recreação em têrrnos de mas-
trabalhadores agrícolas que sa, de multidão, a presença do
têm moradia nessas áreas' c :-alário corno elemento predo-
aglomerado se tornando capaz minante de capacitação aquisi-
de se constituir em mercado tiva, dando lugar à figura da
para parcela ponderável de sua compra e venda Gontínua de
produção industrial e da pro- bens e serviços, são elementos
dução agrícola das áreas que o característicos de um gênero de
COI'\[)Iç,ÔF.S DE \'11),\ E PL\:>iE]AMENTO FÍSICO 11

\'ida urbano. Ao mesmo tem- ser quase um componente na-


po, quanto maior a aglomera- tural. A cidade tolera todos
ção mais tênues são os lacos e a heterogeneidade a caracte-
tle intimidade entre seus hahi- riza, bem como a mecânica dos
tantes, a não ser em têrmos d2 conflitos e ajustamentos, deter-
grupos, que passam a coeXIStlr minada pelo contato inespera-
em maior número e com maior do e desconhecido que os meios
diversidade, substituindo-se as de transporte coletivo propi-
relacões ele "Vizinhanca pelos ciam, trazendo diferentes pes-
grupos de interêsse e pennitin- soas, de diferentes origens, para
do a participação da mesma o mesmo local. Contrasta-se a
pessoZl em diferente:; grupos. rigucza de oportunidades cOm
o'\umenta o nível de impessoa- a monoLOnia do quotidiano e
lidade e de formalidade nos muitas yêzes da paisagem.
coma tos sociais fora dos gru-
pos, levando ;'t possibilidade (le OrganizaçiZo do esjJaço
lIma maior indiferença huma- f is/co e cidade
na, do anonimato e da liber-
(lade individual mais ampla, e Com características UI banas
à inexistência de um contrôlc ou com características rurais, o
social contínuo. Mas a possi- esp"ço será considerado, assim,
bilidade de t:m m,lior número como J3 dissemos, um toeU:>
de contatos abre condições contínuo, em que as funções
p;lra a maior comunicaç;1O cul- se distribuem e se agrupam se-
tural e política e para a aber- gundo Stia, exigências específi-
t lIra de horizontes, a partir da cas, t>Cntpre mantendo entre si
diversidade nas ocupaçôes e l;Jços de maior ou menOr com-
llas perspectivas de vida. A plementaridade; a população
,ida intelectual se faz enti'to ~crá uma só população, que se
mais intensa nas cidades, CO'1- desloca continuadamente em
forme a sua dimensão compor- busca do atendimento dos mes-
te. propiciando-se os meIOs mos tipos de necessidades, sô-
)laTa a experiência c a inova- brc ;íleas em que se combhla,
(io, paTa a crítica mais pro.. em diferentes níveis de comple-
funda, e a novidade passa a xioCloe, um número maior ou
J2 CADERNOS DE AD::\lINJSTRAÇÃO PÚBLICA

menor de usos e formas arti- junto dos dados levantados pe-


ficiais. lo economista, pelo sanitarista,
pelo educador, pelo psicólogo,
E mesmo que a área em que pelo sociólogo, e tantos outros
se verifique um determinado especialistas que, ao lado do
grau de concentração de ativi- especialista em organização do
dades seja a base material de espaço físico, identificam, cada
uma realidade integrada e com um com o seu instrumento de
vicIa própria, como o é aquilo trabalho, tôdas as facêtas cIa
que chamamos de cidade, não realidade complexa que é a co-
será o caso ele lhe definir limi- munidade e seu desenvolvi-
tes nem cle tomar essa área co- mento.
mo um todo estanque. Interes-
sam as funções que nela se Será útil lembrar, no entan-
processam. Com isso identifi- to, que, se há diferentes níveis
caremos com mais clareza os de complexidade na ocupação
LSp<:ÇOS e formas que essas fun- c utilização do espaço físicô,
c,ues exigem - internos e exter- correspondendo a diferentes
nos à área por assim dizer ur- níveis de transformação dêsse
bana. E os veremos enquadra- csp~;ço, e se o urbano é o mais
dos no conjunto mais amplo (0111 plexo, a cidade será a trans-
de funções, cobrindo todo o forl11Jção por excelência, a pai-
espaço diferenciado, que 05 ~ agem totalmente nova, a obra
lomém. Abordagem que pode CP' irlentemente cultural, na
colocar o técnico em organiza- qual (cremos a natureza como
~':io do espaço físicô a salvo da (!U~ emolcluraeb pela obra de
tendência a se substituir ao cu lt ura. h1\'ersamente ao limi-
administrador público, distor- te oposto representado pela
~':io que prej:..Jdin a nitidu, na í)aisagem rudi:nentar rural, em
identificaç50 das questões rela- que a natureza emoldura e COI1-
tivas ao seu enfoque, entre os tém os elementos de transfor-
problemas a resolver. Ao admi- m;;ção introduzidos pelo ho-
nistrador público é que caberá mem. E se dissemos anterior-
a ação na cidacIe como um to- mente que a organização do
cIo; a partir cIo tratamento con- espaço físico pode ser definida
CO:-\IlJÇÕES DE VIDA E PLA;\/EJAMENTO f'ÍSICO 13

(orno a tarefa de transformar ferentes tipos de medidas, de


a paisagem natural em uma natureza econômica, política,
paisagem cultural mais propí- administrativa, entre outras, se
cia às atividades e necessidades combinam e se complementam,
humanas, poderemos a g o r a para atender a todos Os aspec-
completar notando que êsse tos dessas atividades e necessi-
tLlbalho é mais comumente dades.
dirigido a paisagens já trans-
formadas, em maior Ou menor Êsse esfôrço de conjunto, por
gfau, numa permanente adap- sua vez, corresponde também,
tação a nOvas possibilidades de fato, a uma contínua trans-
tecnológicas e a novas solicita- formação da realidade existen-
ções econômicas e sociais. te, como dissemos que ocorre
com a organização do espaço
Aceitas essas formulações em físico.
tôrno do conceito de organiza-
ção do espaço físico, poderemos Pode-se afirmar que hoje,
examinar suas implicações, pro- pelo menos teoricamente, a nos
curando precisar o que signifi- louvarmos pelas declarações so-
caria adptar-se a novas solici- lenes e pelos princípios apre-
tações econômicas e sociais, no sentados, a humanidade adota,
sentido de tornar a paisagem como objetivo dessas transfor-
cada vez mais propícia às ati- mações, a elevação permanente
vidades e necessidades huma- dos níveis de vida das popula-
nas. ções.
E para isso serve-se de estru-
Desenvolvimento turas, sistemas e instituições, e
arma um sem pre renovado
Inicialmente, notemos que a complexo de providências e ati-
organização do espaço tísico vidades, cuja realização conju-
ao fazer frente às atividades e
gada procuraria o atendimento
necessidades humanas, não po-
das condições que propiciem
de deixar de se integrar em
essa elevação.
uma ~ção mais amp,'la, colo~
cando-se como parte de um es- Entretanto, na prática, nem
fôrço diversificado, no qual di- tudo se cumpre, efetivamente,
14 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PlJBLlCA

com êsse objetivo. Por outro da pelo movimento de "Eco-


lado, a construção de estrutu- nomia e Humanismo", ao qual
ras inadequadas ou a sua trans- 5e filia a entidade que reali-
formação de instrumentos em zou as pesquisas utilizadas lU
fim freqüentemente acaba por segunda parte do presente es-
se constituir em obstáculo à tudo.
elevação dos níveis de vida.
Nem sempre são percebidas Segundo essa definição, de-
convenientemente pelo esfôrço senvolvimento será o processo
coleti vo, tôdas as necessidades, contínuo de passagem de uma
ou tôdas as atividades de que população, do nível de existên-
se deve compor êsse esfôrço; e cia em que se encontre, para
muitas vêzes não se enfrentam um nível mais humano; enten-
as exigências de criação de fa- dendo-se por elevação a um ní-
tos econômicos novos ou trans- vel mais humano a realização
formados, de adequação de es- mais plena, pela população,
truturas administrativas, de va- das suas potencialidades em
lorização de fatôres culturais, têrnros biológicos e emocionais,
ou seja, de reais modificações intelectuais, sociais e profissio-
a fazer para que a elevação seja nais, familiares, políticos, artís-
obtida. Como, ainda, não é ticos, espirituais etc., segundo
sempre que o poder político a concepção de Homem que a
está livre de pressões contrá- comunidade adote.
nas a êsse objetivo. Trata-se de um conceito mais
amplo, portanto, do que o en-
Será útil, então, para nosso tre nós comumente empregado
estudo, procurar estabelecer o em relação à economia, que é
mais claramente possível o que nêle contido, e no qual se per-
se compreende por elevação segue um objetivo instrumen-
permanente dos níveis de vida tal, traduzido essencialmente
das populações. Nesse sentido pela alteração da estrutura eco-
parece-nos válido assimilar eSSa nômica, com uma passagem de
noção à definição de desenvol- importância do seu setor pri-
vimento proposta pela corren- mário para o secundário. .E
te de pensamento representa- conceito profundamente dinâ.
CONDIÇÕES DE VIDA E PLA?\EJAME;\iTO FíSICO 15

mICO, uma vez que, explicitan- E reencontraremos a defini-


do o caráter de continuidade ção inicial se integramlOs nes-
do processo, parte do pressu- sa preocupação de custo a ne-
posto de que será sempre pos- cessidade de respeitar a livre
sível obter uma condição ainda adesão de cada membro da co-
mais humana, qualquer que se- munidade. Porque a livre ad~­
ja o nível de vida em que a são será obtida de forma efe-
população se encontre. tiva através da própria eleva-
ção humana da população, en-
Dentro das perspectivas de quanto resultado de um can-
Economia Humana, o desen- trMe cada vez mais real, pelo
volvimento deverá ser necessà- homem, dos diversos tipos de
riamente integral e harmônico. estruturas econômico-sociais e
Integral, naquele sentido dado condicionantes psicológicos qUe
por conhecida expreSsão de constituem Q quadro de sua
François Perroux, pela qual o história.
desenvolvimento real atingirá
todo o homem, ou seja, tôdas Atingir altos níveis materiais
as suas potencialidades, e todos de existência não será necessà-
os homens, ou seja, todos os riamente desenvolvimento, se,
membros de tôdas as comuni- em equilíbrio com êsses níveis
dades. Harmônico, no sentido materiais não se tiver atingido,
em que deve haver equilíbrio por exemplo, dentro de uma
entre os níveis de desenvolvi- determinada concepção de ho-
mento das diversas comunida- mem, níveis igualmente altos
des e, dentro destas, entre os de solidariedade humana, inte-
vanos tipos de necessidades a gração na comunidade, vida
serem sa tisfeitas. cultural, capacidade de inova-
ção, abertura para o resto do
o conceito se completa com mundo e para o futuro. Da
a afirmação de que o processo mesma forma, não se terá um
deve ser o mais rápido possí- processo de desenvolvimento se
vel, e deve ser obtido com o êste fôr feito para uma comu-
mínimo custo social e eco- nidade às CUstas de outras, ou,
nômico. dentro de uma comunidade,
IC C\!H:R:\üS DE ,\D:\fIX:STRAÇÃO PÚBLICA

para uma minoria cm dctri- um maior núnrero, no menor


I1lcn to da maioria. Mais do prazo e com o menor custo, os
que desenvolvimento desequili- meios e condições para que êsse
brado, ter-se-á processado um processo pessoal se desenrole.
antidesenvolvimento. Ou seja, montar um quadro de
A elevação permanente dos vida propício à descoberta e à
níveis de vida das populações, incorporação, ao crescimento e
a~similada a essa noção de de-
à consciência.
senvolvimento, significa por- Ora, podemos claramente
tanto um verdadeiro processo perceber que a elevação perma-
de promoção humana, enquan- nente dos níveis de vida, assim
to abertura, a cada vez maior compreendida, implica em real-
número de homens, da possi- mente dispor, cada vez mais,
bilidade de uma plena realiza- (!êsscs meios e condições que a
ção de tôdas as suas dimensões, tornam possível; em igualdade
física e psicológica, familiar, de oportunidade para todos,
política e cultural, profissional sem restrições de quaisquer ti-
e espiritual etc., no sentido do pos, sem desníveis entre as si-
crescimento e do equilíbrio. tuações das diversas comunida-
Parece válido dizer, qualquer des, impedida a montagem de
que seja a concepção de Ho- estruturas que signifiquem a
mem adotada, que essa reali· dominação de homens sôbre
zação será efetiva se correspon- homens e de grupos sôbre gru-
der a uma autodescoberta pro- pos.
gressiva de cada homem, a
E isto exige uma pro[un8a
uma consciência crescente de
ordenação de todo o labor hu-
sua natureza física e psicológi-
n1ano, nas suas várias partes e
ca, wcial e política etc. Pro-
nas suas sucessivas fases, no sen-
cesso que é pessoal, segundo o
tido de objetivos COmuns pro-
ritmo de cada um, e que cada
gressivamente substituídos por
um levará a cabo à sua ma-
novos e mais altos. Cada cOn-
neira.
quista no campo do conheci-
Tratar-se-ia, portanto, da co- mentd abrindo novas possibili-
munidade oferecer a cada vez dades âe menor custo, de maior
CONDIÇÕES DE VIDA 1<: PLANE] AMENTO FÍSIC.O 17

rapidel e de instrumento, passagem se realize o mais rá·


mais eficazes ao alcance dos ho, pidamente possível e com o me-
mens, a serem imediatamente nor custo.
integrados ao esfôrço geral,
Cada passo dado à frente acar- Sabemos que o planejamen-
retando a necessidade do re- to implica na necessidade de
equilíbrio, do reajuste geral, uma série de opções políticas:
quanto ao sistema de obtenção
dos meios e condições, se atra-
Planejamento do
vés do ajuste automático, ou
d(>senvolvimento
da orientação para êsse ajuste,
ou da planificação para o ajus-
o esfôrço ele {on j ugaç'ão e te; quanto aos objetivos a atin-
ordenação, a que acima aludi-
gir, se primeiro tais Ou quais
mos, não se pode traduzir, na
condições, ou regiões, ou gru-
realidade, senão por um plane-
pos populacionais, ou períodos
jamento eficaz, que defina obje-
de tempo; e quanto á manipu,
tivos, prazos e sistemas, partin-
lação das variáveis que deter·
do de um conhecimento corre,
minarão a possibilidade de
to e completo dos níveis em
obtenção das condições: se tais
que se encontra a comunidade
ou quais sistemas ele ensino, ou
"isaela e as demais comunida-
de distribuição territorial, ou
des, dos recursos disponíveis, e
de posse dos meios de produ-
dos problemas que possam imo
ção, ou de presença cio po'der
pedir a elevação almejada, Ou
público.
seja, será necessário formular
planos de desenvolvimento, Será, portanto, um contínuo
que, na concepção apresentada, processo de ação e decisão po-
cOlTesponderão à definição de lítica, a respeito ele objetivos
um caminho a percorrer por de natureZ,l social e de medi-
tôda uma comunidade, de um das e sistemas de três diferen-
nível de vida a outro imedia- tes tipos: econômicos - cOmo
tamente superior, num deter- reunir os meios e recursos nc·
minado período de tempo, cOm cess;írios à obtenção das con·
a utilização de todos os recur- dições; administrativos - como
sos disp~níveis para que essa organizar o sistema de obten-
C,\lJI':R!'\OS lJE .\D'.fl:\<ISTRA<;ÃO Pll\LlCA

~'ãodas condições; e relativos nature7a econômica, adminis-


~limplantação física - como or- trativa e de implantação física,
ganizar o espaço físico para a a montar um quadró de opções,
obtenção das condições, quanto a medidas, objetivos e
Medidas e sistemas de tipos sistemas a adotar, com os re-
diversos mas que se inlerpene- cursos disponíveis,
tram continuamente, e que se A ele\<I<;ão do nível de aten-
integram de tal forma que po- dimento das necessidades habi-
dem constituir um esfôr<;o uni- tacionais, por exemplo, depen-
ficado: resultado do encontro derá de opções, entre outras,
de enfoques econômico, admi- qU<lnlo :\ organização da uni-
nistrativo e de implantação fí- dade familiar, quanto à eleva-
,ica, frente a objetivos de na- cão do nível de renda familiar,
tureza social, com a preponde- :lllal1tO :l organização e atribu i-
rância de um ou de outro en- ção do programa cOllstruti\'o,
foque conforme o nível da de- quanto à localização do COI1-
cisão a tomar, junto de unidades na regia °,
A êsses enfoques corre~pon­ E cada uma dessas opções ter;'i
derão, na turalmente, vários ti- ~ido precedida de opções de
pos de planejamento, Planeja- nível macro relativas à política
mentos que igualmente se in- em relação à família, em rela-
terpenetram, se interdependem, <,:ão ao progresso econômico, ao
se unificam frente ao objetivo, papel do poder público, à es-
mas que têm também, cada um t TU turação do território,
dêles, uma sistemática própria,
Opções conj ugadas e ordena-
variáveis próprias a manipular,
das relativamente a tôdas as
instrumental específico a utili- atividades desenvolvidas pela
zar.
comunidade, entre as quais, co-
Assim, enI macro ou micro, mo vimos, a organização do
planejamento, partir-se-á de espa\'o físico, Para que Os re-
uma visão unificada da situa- sultados obtidos por êsse CO'l'
ção em que se encontram as junto de atividades, entre as
condÍ<;ões a serem obtidas, para quais a organização do espaço
então manipular variáveis de físico, corrcspondam a Ullla ele,
cO:\,llç:CiES DE \JIlA 1-: I'L\:\EJA \1 1'::\1'0 Fí.~JCÜ IY
nçào do nível dc vida da co- do espaço físico cxplicitadas
munidade, em equilíbrio com !laS páginas anteriores, definir
a si t lla~'ão das dcmais ('onlll' algumas hipóteses de trabalho,
nidades humanas, ;'1 gll isa de roteiro para a pes-

Transformar COIU illUanl'entc <J llisa e para a decisão cm tôr-


uma paisagcm, no sentido de no do planejanIento dessas
torn;í-Ia cada "CL mais propí- tr<lnsformaç'ões, Em primeiro
cia às atividades e necessidades lugar, relativamente II definição
humanas, será, assim, em nos- dos meios e condições cujo ofe-
so entcnder, colocá-la - dc fOi, rccimento possibilitai i;l a ple-
ma integrada COIl1 os dcmais na realização das potcncialida-
ti p0<; de transformações a fazer des humanas da população,
- a serviço de Ulll proccsso de Em segundo lugar, precisando
(k~ell\ohimento, de ;Icôrdo as "ariáveis manipuladas no
com ;1 conccpção aprcsentad;!, pbnejamento físico, E, em ter-
cciro lugar, visando idenlificar
O prcsente estudo procura!;'t, as relaç'ôes entre as condições
adotando as noções de de<;en- e as yariúveis, e os correspon-
vohimcnto c de orgalli/,l(,;io dentes nÍ\cis de interferência,
11 - HIPÓTESES DE TRABALHO

C 011 diçi)es de Os elementos que reunimos


deSel11io[vime11 to no presente estudo correspon-
deriam àqueles meios e condi-
Se quisermos enumerar os ções mais deci~jvos, ou seja,
meios e condições cujo ofere- aq uêles a serem oferecidos dire-
cimento a uma determinada tamente à população, levando
popula~'ão possibilitaria a ele- em conta as suas característi-
vação humana ele cada um ele cas gerais e as funções globais
seus Illembros, correremos sem- da área em que essa popula.
pre o risco de sermos incom- ~'ão se encon tre.
pletos, além de pretensiosos. N;IO incluem, portanto, as
condições que essas funções por
Tendo por objetiyo, entre- si mesmas exigern e que, em
tanto, s()mente a formulação última análise, correspondelll
de uma hipótese de ,rabalho, ;'ts atividades necessá.Tias para
procur:nnos reunir alguns ele- obter os meios a serem ofere-
mento:" a que chamamos ele cidos diretamente à população.
"condições ele desenvolvimen-
to", a partir do que já se escre- Na construção de nossa hipó-
veu a respeito, em especial nos tese, partimos do pressuposto
estudos de níveis de vida rea- c1e que essas condições seriam
lizados pelas equi res de "Eco- de outro nível, equivalente a
nomia e Humanismo", a que um nível de causas; podería-
já nos referimos. mos chamá-las de "condições
COi'iDI<,~ÕES DE VIDA E PLANEJA:\fENTO FÍSICO 21

indiretas de desenvolvimento". cc i tos em que se baseia o pre-


Urna oferta suficiente de em· sente estudo.
pregos, por exemplo, é uma
das condições a serem propicia- ?\ ôs as apresen tamos c1assifi·
das diretamente à populaç:ão. cadas em três tipos, tomados
Mas a obtenç'ão dêsse nível de das formulações de "Economia
oferta depende ele urna evolu- c Humanismo": condições bás.i-
ção das {unções econômicas, cas (identificadas pelo algaris-
que exige, para se realizar, um mo romano J, no quadro geral
certo número de condições es- apresentado adiante), corres-
pecíficas, quanto à utilizaÇto pondentes àqueles meios e [<lIl-
dos recursos disponíveis peLt di<;ões fundamentais cuja au-
comunidade. A população tam- sência tornaria difícil a supe-
bém tem necessidade, portanto, ra~'ão de níveis infra-humanos
dessas outras condições, mas de vida; condições de confórto
elas a atingem de forma indi- ou com o d:úJad(: (identificad;ts
reta, ao tornarem possível a pelo algarismo JI), represen-
condição resultante realmente tando aquêles elementos com
objetivada, ou seja, o nível su- os quais se torna possível, de
ficiente de oferta de empregos, um lado, amenizar o quadro
de vida e, de outro, obter um
N osso quadro de condições desgaste menor na realização
relaciona, assim, sómente aque- das atividades em geral; e, por
las "condições de desel1\'olvi- último, condições de superação
lllento" que poderíamos cha- (algarismo IH) necessárias ;t
mar de finais, por correspon- que se ultrapasse o nível de so-
derem ao resultado final \isa- brevivência (condi~ões b;'tsicas)
do pela manipulação global do e de comodidade, e se eleve o
('(nuplexo de variáveis que C011- nível cultural e o nível de
dicionam o processo de desen- consciência social e pessoal.
volvimento. São condições, por- Trata-se daquelas condições
tanto, de natureza social, a que que, propiciadas à comunidade,
devcriam estar a serviço tôda~ permitem a seus membros de-
as demais condições de outras finir e assumir conscientemente
naturezas, se adotados Os <:on- valôres que orientem suas vi·
CAIJER;\,OS DE AD"'UNlSTR,\Ç:ÃO Pl: BLlC.\

das num sentido verdadeira- (la caracterlslicamente dinâmi-


mente humano. (<I, já que o próprio processo
de desenvolvimento moldará
Essa hierarquização tem por
uma sempre nOva cultura, cOm
objetivo permitir uma defini-
condicionantes sempre renova-
ção de prioridades entre neces-
das interferindo nas mudanças
sidades a atender, em especial
necessárias. Razão pela qual
quando estivermos diante de
um processo de desenvolvimen-
carências de recursos para a
to realmente planejado exige o
intervenção na realidade. Nes-
acompanhamento contínuo dos
sas circunstâncias, ganharão
seus condicionantes e resultan-
importância as condições bási-
cas e de superação, podendo ser t es culturais.
deixadas para um segundo tem-
As condições que identifica-
po as condições de confôrto ou
mos foram reunidas cnr nove
comodidade _
grupos fundamellLli!;:
É importante ainda que se
diga que as condições de desen- 1. condis:ões habitacionais,
volvimento são profundamente compreendendo as habita-
interdependentes, de tal forma ções propriamente ditas,
que nunca será possível aten- os equipamentos habitacio-
der a uma delas de forma iso- nais e os equipamentos do-
lada elas outras. A obtenção mésticos;
de uma das condições sempre
repercute no nível ele atendi-
f)
sistemas de forma~'ão, com-
mento das demais, e mais do preendendo a formação bá-
que isso, certas condições exi- sica, cultural e política e
gem o atendimento prévio de a formação profissional;
outras para que possam ser 3. atendimento das necessida-
obtidas. des de saúde, em que se
E, no seu conjunto, o qua- incluem o atendimento mé-
dro cultural da comunidade vi- dico-sanit;Írio, o atendi-
sada influencia profundamente mento hospitalar, Os medi-
as possibilidades de respOsta ilS camentos, a atividade de
exigências existentes. !nfluên- prevenção c, elll especial, o
C()~;[)IÇÜES DF "IllA E I'L\:\ l'] :\\1 E:\'1'O !-blco

problema das tloenças de gunda hipótese de trabalho, ou


massa e da higiene; seja, ao conjunto de variáveis
sistemas de recreação; manipuladas na organização do
espaço físico, para podermos,
5. sistemas de transporte; então, apresentar o quadro
6. bens de consumo e sernços completo de condições e inter-
diversos, compreendendo o ferências, em que as condi-
abastecimento em gêneros ções e as variáveis são relacio-
alimentícios, o vestuário, nadas.
os serviços pessoais e de re-
paração e manutenção, ad- Variá'1l(',is da organização do
ministrativos, financeiros e espaço fisico
de hospedagem, e os bens
de consumo em geral; Ao que podemos perceber,
da técnica atual de orgaIllza-
í. trabalho e remuneração; ção do espaço físico, seriam
tl. s is t emas de comunicação, sete as variáveis a manipular
incluindo-se a comUOlca- no seu processo de macro Ou
ção interpessoal ú distân- microplanejamento: a separa-
cia e a comunicaç'âo social, ção ou localiza cão dos usos, a
cultural e política, inter- ~Iimensão das p'arcelas de espa-
pessoal e coleti'<I; ço ou elos complexos de usos,
a densidade de ocupação do
9. condições de ambiente ge-
solo, a estrutura viária e, por
ral.
último, a composição dos ele-
As condi~'ões especificadas, mentos construtiyos.
dentro dêsses grupos, corres- Na manipulação da primei-
pondem ih caracterhticas que ra, referente à separação ou
seriam desejáveis, ou seja, que aglutinamento dos usos que
deveriam ser buscada I pelo es- iremos distribuir na área con-
fôrço da comunidade, no aten- siderada, será necessário conhe-
dimento de cada um dos tipos cer como as atividades exigem
de necessidade a que cada gru- as parcelas do espaço disponí-
po se refere. Antes de enUl1le- yel, e estabelecer quais os usos
d-Ias, porénr, passemos ;t S('. que não podem ser concomi-
21 CADERNOS DE ADl\fINI5TRAÇÃO PÚBLICA

talHes, OU vizinhos, ou pró- A variável relativa ao ~igtema


ximos. de polarizações a adotar será
considerada, por sua vez, igual-
Como em todo processo mente pelo exame da distribui-
de planejamento, caminhamos
ção das atividades no espaço
para o resultado ou opção fi- disponível, mas já face à irra-
nal através de uma série de diação dessas atividades, ou
aproximações sucessivas, em seja, face à sua influência, Ou
cada uma das quais as variáveis
à sua capacidade de atendi-
são consideradas sempre de mento de uma ;írea maior Ou
nôvo, cada vez, no entanto, de menor, de um sistema de nú-
forma mais detalhada ou sob cleos mais ou menos numeroso.
a influência de sempre maior
número de condicionantes.
Se adotarmos unu estrutura-
Assim também essa separa- ção orgânica, havcrá vários ní-
ção ou aglutinação de uso é ,eis de polarização, correspon-
definida uma primeira yeZ em dentes aos ,árias escalões de
têrmos gcrais de grandes cate- atividades, cada escalão exig-in-
gorias, para ser, então, progres- do uma dimensão maior que o
sivamente, considerada em anterior, como que o contendo,
maior número de tipos e subti- como um organismo em que
pos. Numa primeira fasc dis- um núcleo de atividades man-
tinguimos, exemplificando para tém sob sua fôrça lima área
um caso de microplanejamcn- ampla em que se distribui urna
to, entre os usos mais e me- série de núcleos menos vigoro-
nos urbanos, mais e menos ru- sos; núcleos êsses que estendcm
rais, entre os yários tipos de também sua influência em par-
usos mais urbanos e de usos celas da área em que êles pró-
mais rurais. Posteriormente se prios se localizam, e dentro das
introdnzirá a vasta gama de quais núcleos ainda menos im-
usos que cdmpõem um uso ur- portantes repetirão a sistemá-
bano ou os vários componentes tica, que será a mesma ainda
dos usas rurais, em cada uma dentro dos próprios núcleos,
das parcelas de espaço destina- na aglutinação das atividades
das a cada fim geral. que o tornam necessário.
CO;'\!)((,:ÕES IJE \IDA E 1'1.:\:\E).\\IEyrO FbICO

A terceira variável a mani- Dessa forma, se a discrimina-


pular, ou seja, a referente à lo- ção entre os usos, e a sua aglu-
calização dos vários usos defi- tinação ou separação, já deve
nidos, corresponde ao trabalho levar em conta, aO mesmo tem-
de localizar, no território dis- po, o espaço disponível, tam-
ponível, as várias atividades ou bém a localização dos ,úrio.'i
sistemas que anteriormen te de- usas será determinada com a
finimos como carentes de espa- ajuda da manipulação elas de-
Ço físico para sua efetivação. mais \ari<íveis, como, por excm-
Por exemplo, onde locaremos pIo, o sistema de polarizaçiJes
os núcleos populacionais, que a adotar. A localizacão da
locais destinaremos ús neces,i- rêde de n úcleos popul~cionais
dades agrícolas. será, assim, também função da
hierarquia e clislribuiç;lo dc
Ainda levando em conta a funções que adotarmos para os
prática do processo de planc- mesmos, no esquema de pola-
jamento, sabemos que as va- rizações que f<lr mais conyc-
nientc.
riáveis manipuladas ao longo
das várias etapas dêsse proces-
so não são nunca consideradas A quarta \:lri,Í\c! {: a (or-
de forma estanque, como se o responden tc ;js dimcnsões das
esgotamento de um fator fôss,;; \;Í!'ias parcelas de cspaço cujo
uso vai ser definido, ou :1 di-
condição indispensável à con-
mensão cIos complexos de ati-
sideração do fator seguinte.
\idades que Y;lInos localizar
Pelo contrário, cada varÍ,ível
ncssas y;írias parcelas. Assim,
é considerada quase concomi- ser<'! o momen to ela considera-
tantemente com as demais, uma ção da grandeza cIos núdeos
interferindo e complementan- populacionais, das proporções
do a outra, na busca da alter- de espaço a resc!'\'ar para cada
nativa mais propícia aos obje- tipo de ocupação inclusive
tivos visados. Que poderá in- dentro dêsses núcleos, ou ela
clusivc ser urna das alternati- grandeza a aelotélr para os com-
vas mais propícias, e não ne- plexos industriais ou comer-
cessàriamente a mais propícia. ciais, entre Olltros problemas.
o tratamcnto dessa vari,iyel (,0 em (luestão. As várias ati-
está em intima rclaÇlo com as I'idades quc scrão desenvolvi··
demais, especialmcllte com a das numa determinada porção
que se refere à dcnsidade de de território não são atividades
ocupação, a que vamos aludir estanqucs e incomunicáveis.
em seguida. Pelo contrário, lü uma inten-
sa comunícabilidadc entre elas,
,\ densidade de ocupação do exatamente pelo fato de se
uso do solo, ou seja, a intcnsi- constituírem no todo complexo
dade com que concentraremos, c internamente interdependcll-
nas unidadcs de medida do te que se compõc para atendcl
solo, os liSOS que a êle rescr- ;'ts v<Írias necessidades huma-
vamos, serA a quinta variável. n,!s. Comunicabilidade impal-
As explorações agrícolas que p{ll'el, como aquela da C0111U-
se localizarão em determinada
llicação falada, mas em grande
parcela de espaço devem-sc ca- parte c0111unicabili<lade mate-
racterizar pela intensidade ou riali/ada através cio desloca-
pela extensividade? .-\ utiliza- mento das pessoas e dos bens
ção para determinados fins re- produzidos.
sidenciais deve-se desenvolver
em altura, para ganhar em con- f:ssc deslocamcnto da criall-
(en tração populacional? Os Ç;l para a escola, <la mãe de
usos comerciais e administra, família para as compras, do
tivos devem-se agrupar em nú- trabalhador para o seu local de
cleos compactos, devem as ati- trabalho, elo produto a~ríco];l
vidades industriais se localizar para o armazém e para o mer-
de modo rarefeito ou agrupar- CHIo. do produto primário
-se dentro de um mínimo dc para a indústria dc translor·
,distância uma das outras? São mação, da peça para o centro
êsses os tipos de questões quc dc montagem, do jornal para
a análise da variáYCl densidade
a banca, que sc constitui em
ir;i suscitar.
um fluxo contínuo e variado
Em sexto lugar, el?tra em de pessoas e coisas, exi~e uma
consideração a estrutura viária rêcle de úas de deslocamento,
'lue será implantada no espa- cuja análise proclIrad lllold;í-
CO"IlJ<,:<1ES DE YIllA E 1'1 ,\"FJ\~IENTO FÍSICO

-la também às cOll(h~'ões de se- Note-se que, ao enunciarmos


gurança e rapidez (lue se defi, as vanayeis cujo manuseio
nam necessárias, constituiria O processo de pla-
nejamento da organi/ação do
:\ essas seis variá\'eis se espaço disponível, nós o fize-
acrescentará a sétima, que cor- mos como se esti"éssemos fren-
responde à análise da compo- te a um território por ocupar
sição construtiva dos elementos e utilizar, isto é, a um territó-
materiais que irão abrigar as rio cuja org-anização pudesse
atividades consideradas e mol- ser estabelecida previamente à
dar a terceira dimensão do es- própri a marcha da ocupação.
paço. Atendidas as condições Já yjmos, 110 entanto, que não
de extensão e densidade que é esta a situaç;lo em que mai,
se arbitroll necess~lrias, consi- comumente nos encontramos.
derados os liSOS que serão dis- Não são muitos os exemplos de
tribuídos, formulada a estrutu- uma ocupação precedida de
um planejamento territorial
ra viária, resta estabelecer a
completo, menos ainda em se
forma que ganharão os elemen-
tos construtivos, em tênnos de tratando de áreas amplas.
massas e internamente a êles A organil.<lção do espaço,
mesmos, para que os objeti"os portanto, se faz, de faio, como
visados na organiz<H,'ão do es- já o dissemos, através de Ulll
paço considerado sejam atingi- processo de adaptação do exis-
dos plenamente. É a variável tente às condições desejáveis; e,
cuja consideração adequ<leb ga- ainda que precedêssemos cada
rantirá, por exemplo, a boa ocupação de novos territórios
aeração, a suficiente insolação, de um planejamento completo
a oportuna visibilidade, mas dos usos e formas a serem dis-
também o melhor aproveita- tribuídos, logo essa ocupação
mento da densidade estabele- teria que passar por um pro-
cida, a qualidade e o equilíbrio cesso de revisão, à medida que
C';tético do conjullto, a criação o dinamismo dos com plexos so,
do ambiente visual em que se ciais e as descobertas e aper-
feiçoamentos tecnológicos fôs-
CADERNOS DE AD!\flNISTRAÇÃO Pl:BLICA

sem oferecendo novas alterna- nhecimento poderá demonstrar


tivas de usos e formas; assim que determinados meios e COI1-
como à medida que a própria dições estão sendo oferecidos
ocupação de novas áreas fôsse em níveis excessivamente bai-
redefinindo as funções a serem xos, relativamente aos restan-
desempenhadas nos territórios tes, o que obrigará O plano de
anteriormente ocupados. desenvolvimento a buscar o
reeq uilíbrio. Como também
Nossa terceira hip(J,tese de
êsse conhecimento poderá iden.
trabalho refere-se à formulação
tiricar interdependências pelas
das interferências, que pode-
quais o oferecimento de certos
riam ser identificadas, de cada
meios e condições será condi-
uma das variáveis da organi-
ção indispensável à melhoria
zação do espaço físico sôbrc
no atendim'ento de outras ne-
cada uma das condiS'ôes de de-
cessidades.
senvolvimento.
Assim, concretamente, () le-
Antes, no entanto, de passar
\antamento da situação exis-
a essa hipótese, será útil reu-
tente pode levar a, que se dê
nir algumas observações sôbre
prioridade, nos planos ele de-
o problema das prioridades no
~en\'olvimento, ao problema,
processo de planejamento e sô-
por exemplo, da oferta de em-
bre os níveis que caracteriza-
riam os diyersos tipos de inter- prt'go, a ser aumentada atra-
ferências. vés de todo um programa de
desenvolvimento econômico no
,entido estrito. Porque sem
Prioridadl's
eSsa prioridade ficarão prejudi-
cadas as medidas relativas, ain-
Os planos de clesenvolYimen-
da dentro do mesmo exemplo,
to, dentro da conceituação
ao problema habitacional, ou
adotada no presente estudo,
<'t capacidade aquisitiva.
devem basear-se no conheci-
mento do nível em que se en- Procurando outro exemplo,
contra o oferecimento dos podemos fiH:ilmente verificar
meios e 1:ondições necessários que é O nível global ele pro-
à elnação humana. Êsse ("0- gresso econômico que tornará
CO.\'DIÇÕES DE "IDA E PL\l\'E]AMENTO FÍSICO 29

a comunidade capaz de desti- exemplo, dos equipamentos de


Ilar uma quantidade suficiente saúde e ensino, se a comunida-
de recursos humanos e finan- de não tiver atingido previa-
ceiros para a m'Jntagem dos mente - o que exigiria inves-
equipamentos de saúde e en- timentos anteriores e o próprio
sino. Médicos, hospitais e me- progresso econômico - um ní-
dicamen tos, construções escola- vel cultural que implique na
res, professôres e material de existência de quadros huma-
ensino, são elementos cujo custo nos, em quantidade e qualida-
,ó lhes permitirá existir, em de suficientes, ou seja, se não se
quantidade suficiente, quando tiver tido a oportunidade de
o nível global de renda propor- [armar a tempo um número
nanar uma razoável capacida- suficiente de profissionais ca-
de de investimento. O mes- pazes.
mo se dirá quanto à energia,
água, esgOtos, exigindo a aplica. Da mesma Comla, se houyer
ç'ão de capitais em usinas, rê- carência de recursos a serenl
des de distribuição e coleta, es- movimentados poder-se-á, nUlIl
plano de desenvolvimento, dar
tações de tratamento.
,ltenção primordial à monta-
Mas admitida a capacidade gem de estruturas várias ade-
de imestimento individual e quadas às necessidades de
coletivo, o atendimento efetivo trans porte de prod u! os e des-
das necessidades consideradas locamento da população, e
permanecerá, no entanto, ain- afastar para uma data poste-
da em níveis baixos, se não rior os investimentos poryentu-
existir a capacidade adminis, ra necessários à cri <!c,'ão de um
trativa, pública ou privada, certo número de cOlIlodidades
aos habitantes dos núcleos ur-
para realizar os investimentos
banos.
necess,irios, em têrmos de orga-
nização c eficiência. Como Esse jôgo de escolhas e
também será impossível a ele- opções ganha uma importân-
vação do nível de atendimento cia ainda maior se levarmos
imediatamente após a aplica- em conta que certas medidas
ção dos capitais, no caso, por têm uma capacidade geradora
:;0

111aior do que outras e, portan- ~·ão eLt é: fundamental, se os


to, um esfôrço C(jIH en trado mesmos forenr considerados ~c­
num determinado nível ;\ ser cundários face à situação geral
cle"ado pode ser mais rell tá\cl, Ou à eficiência (Lls inten ell-
para o conjunto a ser modifi- ções.
cado, do que a pulverúaç:io,
por igual, da capacidade di~po­ :1\1 as, sem dúúda alguma,
nível, em todos os meios a se- neste conjunto de meios e con-
rem tocados. A capaclllade ge- dições a serem oferecidos ao ho-
radora dos investimentos na mem, a organização elo espaço
formacão básica e na Jormac-w físico terá muitas vêzes papel
profis;ional, por exe11l1,10, aÚn- determinante, e a sua ausên-
ge a comunicaçã(j entre os ho- cia poderá acarretar o inapro-
mens, c pode lhes aumentar a veitamento das possihiliclacles
capacidade crítica, necess;íria ~l de atendimento que os demais
tensão que colocará continua- fatôres propiciaram.
mente em discussão a efió[:ll- Quais seriam, então, os nÍ-
cia das estruturas montadas leis de importância da inter-
para resolver os <lema i '; pro- ferência da organização do es-
blemas.
I Jaco
, físico na obtencão
, da.'.
condições de desenvolvimen to:
Pode-se dizer que a organi-
zação do espaço físico, no con- Nhleis de intrrferêllcia
texto dos pbnos de desenvol-
vimento, está sujeita à estraté. Podemos estabelecer que se-
gia geral que informe êsses pla- rão três os níveis de interft-
nos. Nessa perspectiva, ela de- rência da organização do es-
verá ser utilizada em tôda a paço físico nas condiçôes de
sua potencialidade, para atin- desenvolvimento: um nível de
gir um determinado objet i \-0, maior importância, ou seja, da
sómente se o me~mo tiver i'~l­ opção relativa à variável con-
portância no processo glob;l r . siderada é que fundamental-
Podendo igualmente deixar de mente dependerá a elevação Jlo
ser utilizada, mesmo para os atendimento, ainda que em
meios e condições em cuja cria. conjunto com outras vari{tH'is;
um lIível intermediário, em \OS sociais, antes de serem con-
<pie a importância da OpÇIO siderados pelo org.lIl izador do
a torna indispensável para a e~paço físico deverão ter sido
elevação, mas compJemenl:llH!.l visados pelo planejador eco-
opções de outras naturezas, cor- lIúmico c pelo planejador aeI-
respondentes a outros enfo- ministrati"Vo.
ques; e um terceiro nível, em
Tomando a necessidade ha-
que a consideração da \ari;'!vd
bitacional, veremos que a mes-
é sómente desejáwl, porque
ma pode ser equacionada, en-
possibilita um maior rendi-
tre outros, sob dois pontos de
mento no atendimento em
vista; o número de habitações
[oco, por si mesmo dependell-
existentes e a adequação dessas
te acima de tudo das opçôcs
habitações, em tênnos de espa-
relativas às variáveis de 0lltL1S
ço interno e externo e de 10-
11 a t urezas .
c,di/ação.
Assim, exemplific,lI1c!o, \ere-
l\S habitações urbanas ele má
mos que a obtenção de um am-
gu~didade são () reflexo de uma
biente visual adequado, ou de
oferta insuficiente de habita-
11m siotema de ligações vi<iri;l;,
ções adequadas a custos acessí-
entre um conjunto de aglome-
veis. O crescimento populacio-
rados, depende [undamental-
nal urbano mais rápido do que
mente das variáveis composi~
o incremento na oferta de em-
ção construtiva e estrutura viá-
pregos, decorrente de descom-
ria, embora possam também
pensações econômicas ou alte-
depender, em mesmo nível de
rações desequilibradas na estru-
importância, das demais vari,'!-
tura da economia, ocasiona bai-
veis da organização do espaço
xos níveis de renda. Como
físico ou de outra natureza.
também a insuficiência na ca-
1\ os problemas como o da su- pacitação profissional veda o
ficiência de habitações, ou do acesso a ocupações melhor re-
<ttendimento das necessidades muneradas. Assim, a incapa-
de saúde, de formação básica, cidade econômica obriga à ha-
de recreação, de comunicação, bi tação improvisada e insu[i-
definidos em têrmos de objeti- (icnte, bem COlUO restringe a
CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO P(:BLlCA

demanda passível de ser atendi- habitacionais, mas desde que


da por sistemas construtivOti tenham sido resolvidos os pro-
mais custosos. blemas econômicos, adaptadas
as instituições jurídicas, capa-
A insuficiência habitacional
nas áreas rurais tem suas causas citado o poder público a agir,
direta ou indiretamente.
na limitação produtiva da uni-
dade em que se integra a ha- Analisando outro exemplo,
bitação, ou no sistema de ex- "eremos que uma população
ploração agrícola, ou na baixa disporá ou não dos gêneros ali-
remuneração do trabalho, alia- mentícios e dos bens de con-
da ao problema do custo do sumo em geral de que neces-
material adequado ou de seu sita, se a estrutura da economia
transporte. de que ela se serve possibilitar
O problema se agrava pela uma produção suficiente e <ide-
repercussão de outros fatôres, quada dêsses produtos. Será es-
tais como o sistema de posse sencialmente a utilização apro-
da terra urbana, que leva à es- priada dos fatôres de produ-
peculação e ao excessivo custo ção e a organização da econo-
do lote bem localizado, ou o mia que determinará o ofere-
problema político, em que uma cimento ou não, a uma deter-
representatividade falseada do minada comunidade, dos pro-
poder público busca o atendi- dutos necessários à sobrevivên-
mento somente dos grupos e cia, ao equilíbrio biológico e
classes representados; ou ainda ao desempenho das diversas
fatôres administrativos, na in- atividades que constituem o
capacidade funcional de aten- labor humano. A deficiência
der as necessidades, e mesmo na oferta dêsses bens será en-
fatôres culturais, pela deficiên- frentada com medidas econômi·
cia construtiva, pela desambi. cas, e suas causas serão busca-
ção ou desesperanç'a de me- das em desequílibrios econômi-
lhoria. cos, estruturais ou conjunturais,
A organização do espaço, em dificuldades de capitaliza-
portanto, pode ser indispensá- ção ou investimento, em pro-
vel na elevação das condições blemas no comércio exterior,
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 33

nos sistemas de estímulo ou desenvolvimento e as variáveis


contrôle da produção e dos es- da organização do espaço físico.
toques, nos sistemas de distri- Apresentamos essa hipótese
buição. sob a forma de um Quadro
Como sempre, e de forma Geral, no qual são relaciona-
nítida, observa-se a interferên- das as condições de desenvolvi-
cia de outros tipos de fatôres, mento, e, para cada uma de-
tais como a estrutura do poder las, especificado o nível de in-
político, o regime econômico terferência de cada uma das
em si mesmo, e a própria ca- variáveis, a que correspondem
pacidade administrativa, públi- as diversas colunas do Quadro.
Cl ou privada, no tratamento
Adotados os três níveis de in-
do problema do armazenamen- terferência apresentados, identi-
to, ou do crédito, por exemplo. ficamos as interferências de ní-
A organização do espaço fí- vel fundamental pelo número 1,
sico, nesse caso, concorrerá mais aquelas de caráter necessário
propriamente em têrmos de pelo número 2, e as simples-
obtenção de maior re~dimento, mente auxiliares pelo número
ou de colaboração na obtenção 3. A falta de indicações signi-
fica que a variável não interfe-
indispensável de certos condi-
riria na condição considerada.
cionantes gerais. Seu papel, no
entanto, é visivelmente meno> Tralando-se de uma hipótese
decisivo e mais paralelo, caben- ele trabalho, as interferências
do a tarefa principal a outros apre,entadas partem de uma
setores do planejamento do análise por assim dizer teórica
desenvolvimento. dêsse relacionamento e da in-
terferência de variáveis de ou-
Quadro de Condições tras naturezas. A aplicação do
e Interferências quadro a situações concretas
permitirá uma maior adequa-
Nossa terceira hipótese de ção à realidade, tanto no que
trabalho corresponderá, como se refere a uma melhor defi-
já dissemos, à identificação das nição dos níveis de interferên-
relações entre as condições de cia, como no que concerne à
3·1 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PlJBLICA

identificado das circunstftncías Antes, porém, de tratar da


segundo 'as quais poderá se ap1icas'ão prática do Quadro
modificar êsse nível, para uma de condições e interferências,
mesma variável e lima mesma apresentemo-lo de forma com-
(ondi(:30 de desenvolvimenlo. plel a.

o '"
<)
'0
;:: !
'J
OI

" N

C'"
QlIndro de Condiç<3es e lnter[aên<:ias - Co.

J. Condições habitacíonni!j
Habitações própriBmentc ditas:
1.1. suficiência quantitativa 3
1.2. custo ucessível 3 3
1.3. solidez
1.4. segurançu 3 2 3
1.5. suficiênciu quanto a espaços
internos e externos 2 2 2 2
I 1.6. condições microclimáticus satisfatórias 2 2 3 1
II I. 7. acesso material fácil 3 J 3 1
III 1.8. amenidade da paisagem e do
ambiente visual 2 I
II I. 9. baixo nível de ruido 2 2 2 2
III 1.10. condições da intimidade pessoal
e familiar 2
II 1. 11. composição satisfatória dos
espaços interno e externo 2
II I. 12. atendimento das pre Ir rêneias pessoais 3
I 1.13. proximidade dos locais de trabalho 3 3
Equipamentos habitacionais
I 1.14 . água - suficiência quantitativ<1 3 3
II - 1.15. água - regularidade
CONDIÇÕES m: \'1D.\ E PL\"'E]A\IESTO FÍSICO 35

I'"
I
'u- '"
<o

I·~
,
"
~
I r;:

'r:..
Quadrú de Cüm!içôes e I//terferp//:::ia;

I 1.16. áí)ua potabiliclade 1


.J,
I
-' :3 •
II 1.17. água "cesso material fácil I
'2 3,2 i
I 1.18. água custo acessivel 3;2:3
I 1.19. energia - suficiência quantitativa 3 i
II 1.20. energia - regularidade
I 1.21. .:nergia - natureza e características
adequadas ao tipo da necessidade
II I .22. energia acesso material fácil 3 ' 7!
I I .23. enl'rgia custo acessível 32-i
. ,
I I .24. esgotos alc;mce suficiente do
sisten1a
I .25. esgotos sistem::t aó,>quado às
condições gerais
1.26. esgotos - funcionamento satisfatório
do sistema 3,
1.27. esgotos - custo acessivel 3 ! 2 3 I.
I .28. eliminação do lixo - alcance i i
suficiente do sistema 3;3 3~
I .29. elin~r.nação do lixo - sistema
adequado às condições gerais
1 .30. eliminação do lixo - funcionam'?llto
satisfatório do sistem3 I i ,
1 .31. eliminação do lixo - CLlsto acessível !3,231
Equipamentos domésticos: il
1(, 11 - 1.32. móveis e aparelhos - suficiência, i
para os vários tipos de necessidades I
I e II - 1 .33. móveis e aparelhos - custo acessívd 13': ! 3
I e II - I .34. utensílios e roupas - suficiência !
para os vários tipos de necessidades I
I l' TI - I .35. utensílios e roupas - custo
acessível :3 i I' j
CADERNOS DE ADl\IIN<lSTRAÇÃO PÚBLICA

Quadro di" Condi,'úcs I? lntcrft>r;>ncias

---_.~----_. .. ~--~_.~--

2. Sis{c[n 3 s de formaí'ilo
FOrmação básica, cultue:]l c política
2.1. stIficiência quantitativa, para i
tôdas as faixas de idade 3<2 3
III 2.2, sistema pedagógico. horários e
duração satisfatórios
III 2.3, nível técnico dos profcssôres
satisfatório 3
II 2.4. instalações satisfatórias 2 2
JlI 2.5. adequação dos program<1S {lS
condições locais
I 2.6. act'sso material e seguro i 1
1II 2.7 . equipamentos e material dt'
trabalho satisfatórios
I 2.8, custo acessivel 3
Il 2.9. possibilidade de escolha 2 3
Formnç<1o profissional
III 2.10. suficiência quantitativa.
para todos os níveis 3
III 2.11. sistema pedagógico. horários e
duração satisfatórios
!lI 2.12. nível técnico dos professôres
satisfatório 3
II 2.13. instalações satisbtórias 2 2
lI! 2.14. adequação dos program::1S ao
mercado do trabalho
II 2.15. acesso material fácil 3 1
IH 2.16. equipamentos e material de
trabalho satisfatórios
m 2.17. custo acessível 3
IJ 2.18. pO$sibilidade da escolha 2 3 3 3
CO:'\DIÇÕES DE VIDA E PLA:'\E].\ME:-.iTO FísICO 37

I
Ul!
eu
,.2 10 t

:~·~ II I~
I
Quadro de Condições e Interferências ~! I i .~ig
-
~ \~icl
• I
I I:;
I ~I u
o
,5
i'~I'-"'I'~
c::o: '" "'I '2- IC':II 'O, "- ';-
i:;~ B.t: ~1.giB ~
~ ~ I ~ I BEl
o ._1
'l.J
.~ I ~ I of
lf) I <1)1 '"
I
to)
:r;~ ~I..J 0I::: ::..lI U
-----'--1-1-1-1-1--1-
3. Atendimento das necessidades de saúde I I I I I ;
Atendimento mêdico-sanitário 1 I I I I
I I I 1 1
I - 3. I. suficiência quantitativa I 1 131 1
I - 3.2. disponibilidade a distância 1 I I I I
material razoável lI! I 13 i 3 I 1
I - 3.3. disponibilidade na urgência requel'ida 1i I 3 I 121
I - 3.4. disponibilidade na especialidade I I I I 1
requerida ! 21 3 i i 1
r- 3.5. nível técnico satisfatório I 1 31 1 I
I - 3.6. custo acessível I I 31 1 I
II - 3.7. possibilidade de escolha 131 31 I I
Atendimento hospitalar I I I I I
I - 3.8. suficiência quantitativa 1 I I 1 I
I - 3.9. disponibilidade a distância I I I I I
material razoável 1i 1i 313 I I
I - 3. J:). disponibilidade na urgência requerida li! 31 121
I - 3. 11. disponibilidade na especialidade I I I I 1
requerida 12 I 3 I I I
I - 3.12. nível técnico satisfatório I 31 I I
1

I - 3. 13. instalações satisfatórias I I 21 I 12


I - 3. 14. custo acessivel I I 31 I I
Medicamentos I I I I I
I - 3.15. suficiência quantitativil I I 31 I I
I - 3.16. disponibilidade a distância 1 I ! I I
material razoável ! 111 3131 I
I - 3. 17. disponibilidade na urgência requerida I11 31 121
I - 3.18. custo acessível 1 I 31 I I
Prevenção, doenças de massa e higierve I I I I 1
I - 3. 19. suficiência dos sistemas existentes. I I I I I
nas várias faixas de necessidades I I I I I
38 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quadro de Condições e [nterferências

I I
.3 . 20. adequação dos sistemas às condições I I
e necessidades locais I I
I - .3.21. nível técnico satisfatório 3 I
I - 3.22. custo acessível 3 I
4. Sistemas de recreação I
III - 4. I. suficiência quantitativa I
IH - 4.2. disponibilidade para tôdas as I
faixas de idade 323 I
III - 4.3. disponibilidade para tôdas as
323 !
periodicidades i
II - ·4.4. disponibilidade para todos os tipos .3 2 3 I I
JI - 4.5. acesso matJerial fácil 1 1 311 !
II - 4.6. possibilidade de escolha 2 3 I i
III - 4.7. custo acessivel 3 I I
5. SistemaS de transporte I I
I - 5. I. tipo adequado às necessidades 121
I - 5.2. alcance suficiente dos sistemas I I
coletivos 3 1i
5.3. ligações cok'tivas adequadas às I
necessidades 1i
II 5.4. comodidade
II - 5.5. possibilidade de escolha
3 3
3
3
333
312
1-5.6. custo acessivel 3 3 213
1-5.7. funcionamento satisfatório dos I
sistemas coletivos 12
I I - 5.8. sistemas satisfatórios de estacionamen- I
to e guarda dos veiculos particulares 2 3 I 212 3
II - 5.9. rapidez 2 2 3 211
1-5.10. suficiência quantitativa 3 3 21
1-5.11. segurança na circulação a pé. nos I
sistemas. particulares e coletivos 2 211
CO~,DJç:õu; DE YID.\ E PL\:\"E]A:\fE:\'TO FÍSICO 39

.:::
~

:-: c"
Quadro de Condições c I nterfcrêncii'l5
:~ B
~ o
~ :{
~ ~
:r- o
:.J

6. Bens de cons!rmo e serviços diucrscs


Abastecimento em gên;:ros alimenticios
I 6. I . suficiência quantitativa 12 2 2
I - 6.2. nível qualitativo satisfatório • • 13
II 6.3. variedade ,2i '3 i 3
I 6.4. cons"2rvação satisfatória ! 4 I

I 6.5. custo acessivrl 1 : 3!


II 6.5. sistemas de distribuiçi.o cômodo 2 :2 '3 2 I
II - 6.7. possibilidade de escolha 2 I 3 3
Vestuário 1

I 6.8. suficiência quantitativa '3:


I - 6.9. adequação ao clima I I
I - 6. 10. custo acessível 1 [3
II - 6. 11. possibilidade de escolha 2, 13 '3 I
I I - 6. 12. nível qualitativo satisfatór;o 1 '3 iI
Scruiços pessoais. de reparação e manu(l"flçâo. i
administrativos, finaneeiros e de hospedagem I
I c II - 6.13. suficiência quantitativa. para os !
diversos tipos 2:3
II -" 6. 14. nivel quantitativo satisfatório i ! 13
II - 6. 15. custo acessível ! 13
II - 6. 16. possibilidade de escolha 12: 3 3
Bens de consumo em geral 1 I
I e II - 6.17. suficiência quantitativa, para os
!
diversos tipos 3
II - 6.18. nivel quantitativo satisfatório 1 1 3
Il - 6. 19. variedade 12 ! 3 3
IelI-6.20. custo acessível 1 3 I
II - 6.21. sistema de distribuição cômodo 212 312
II - 6.22. possibilidade de escolha 121 3 13
40 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II ~
",I
I

I1 :il
I~ õ I~
I~
«l, C
Quadro de Condições e I nter[erências
lZ
:
"C
._,
.~
"S:
o
u
o
o ~ l~

'~'"I ~~
II~~
oU
lctl "'O '- .-
tn
C ctI
"'O _::I rn
o
'" o _
~ ~ ;: ~.
I v VI rn o .:: I 1.) I 'ti; i o
I:r. -o I tI.< i ....; Cl!Cl
i
WIU
I
-----7~T'-ra~b~a~lh~o--e--re-m-u-n-e-ra-ç-ã--0-----------------7-- 1--1-1-1-1--·-
I - 7. I .
suficiência na oPerta de empregos 1212·1 1
I - 7.2. acesso fácil ao local de trabalho, em 1 1 1 1 1 1
relação ao local da residência 1211 1 1311 1
I - 7.3. participação adequada nos frutos 1 1 1 1 1 1
do trabalho 1 1 1 1 1 1
1-7.4. continuidade I 1 1 1 1 I
m- 7.5. possibilidade de escolha I 1 131 1 1
m- 7.6. possibilidade de melhoria 1 1 131 1 1
1-7.7. con.dições materiais de trabalho 1 1 1 1 1 1
satisfatórias 1 1 121 1 12
III - 7.8. número de horas de trabalho I I I I I I
permitindo tempo livre 1 1 1 1 I 1
I - 7.9. distribuição eqUilibrada das horas 11 I I I 1
de trabalho I I I I I I
1-7.10. horário de trabalho satisfatório 1 I I I 1 I
II - 7.11. ambiente de trabalho satisfatório 1 I I I I 13
II - 7.12. baixo nivel de ruído I 121 I I 12
m- 7.13. amenidade do ambiente visual I I I I I 11
1-7.14. segurança física e aten.dimento de 1 I 1 I 1 1
acidentes I I 131 I 1
I - 7.15. sistema de previdência 1 I I I 1 1
III - 7.16. participação nas decisões sôbre o I 1 I 1 I I
trabalho, a produç;;o e suas condições I I I I I 1
8. Sistemas de comunicação 1 1 1 1 1 I
Comunicação interpessoal a distância I I I I I I
I - 8. 1 . alcance suficiente dos sistemas 131 131 I I
I - 8.2. disponibilidade na urgência requerida 131 1 I 1 1
II - 8.3. disponibilidade a distância I 1 I 1 I 1
material razoável 2111 1 2 I I
I - 8.4. custo acessível 1 I 13 21 I
I - 8.5. funcionamento satisfatório do sistema I I I I I I
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANE]Al\IENTO FÍSICO 41

10
I
,g" , ' 1
I;: ~ '"
jV ,= .?:
I~ ~ ~
i~ ~ ~ g
Quadro de Condiçôe3 e lnterferência3 II~ ~ ()
1--:: ~ o ':; o
'" ,,"
i'~~1 ~b :~I'~E ~I ~ '1
;~:;j
11..1 QJ ti)
~
o
~ t:
__ (IJ 'fi
E
o
ItIl" '" ...l :::l O '" u
-1-1--8-.6-.-n-ív-e-l-qu-a-l-it-at-iv-o-s-a-ti-sf-a-to-'r-io-------';--1-1-1-3-1~--
I - 8.7. garantia de sigilo I I I I
Comunicação social, cultural e política, I I I I
intcrpessoal e coletiva I I I I
III ~ 8.8. disponibilidade de locais e instrumentos I I I I I
nos diversos tipos 2 I3 I 2 I I3 I
III - 8.9. possibilidades de escolha I3 I I3 I I
III - 8.10. custo acessível do uso dos locais e I I I I I
instrumentos I I I3 I3 I
II - 8. 11. ambiente satisfatório e segurança I I I I I
nos locais de encontro e reunião I I I I I 3
II - 8. 12. acesso material fácil aos locais de I I I I I
encontro e reunião I2 I 1 I , 1
III - 8.13. ausência de segregações entre os I I I I I
usos residenciais 3I I I I I
9. Condições de ambiente geral I I I I I I
I - 9. I. salubridade I I1I I I I
III - 9.2. amenidade da paisagem I 12 1 I 1 11
I - 9.3. contrôle de águas pluviais I I I I I I
alcance do sistema II I I I I
I - 9.4. idem - adequação do sistema às I I I I I ,
necessidades I I I I I I
I - 9.5. idem - funcionamento satisfatório I I I I I 1
do sistema II I I I 2 I
I - 9.6. idem - custo acessível I I I3 I2 I I
II - 9.7. baixo nível de ruído 1 I I I I2 I2 I2
1-9.8. ausência de poeiras e fumaças nocivas 1 I I2 I I I ,
III - 9.9. expressividade construtiva I I I I I I1
III - 9.10. manutenção dos símbolos coletivos I I2 I I I I
1-9.11. segurança 3 I I I3 I3 I2 I
1-9.12. sistemas de amenização de condições I I I I I I
climáticas insatisfatórias , I I I I '_I.
CADERl\OS DE AD~II;-';lSTRAÇ,~O PÚBLICA

Utilização do Quadro de ma condição, na qual a vana-


Condições c Interferências ycl interfira, se encontre em
nÍ\el insuficiente, considerados
Aceitas as hipóteses de traba~ todos os critérios com que
lho apresentadas, será o caso acompanhamos a apresentação
de examinar como essas hipó- do conceito de desenvolvimen-
teses seriam utilizadas, no pla- to adotado.
nejamento das transformações
a serem introduzidas na orga- Essa manipulação exige, con-
;,eqüentemente, o conhecimen-
nizaçào do espaço físico, para
que a paisagem se torne cada to de vários tipos de dados: a
YCZ mais propicia às atividades
situação em que se encontram
e necessidades humanas, ou se- as condições de desenvolvimen-
,ia, no sentido de colocar essas to, na área em estudo; a situa-
transformações a serviço do c,'ão em que se encontram as
processo de desenvolvimento. \'ariáveis que interferem nas
condições consideradas defi.
Poderemos nos ater somente cientes; as respectivas perspectí-
a um exame sumário, uma. vez \'ZlS de evolução e as respecti.
que tôcla a segunda parte do \'as causas. Será possível, en-
presente estudo corresponde tão, a partir das hipóteses for-
precisamente a uma aplica~'ão muladas quanto às possíveis in·
prática das hipóteses a lima terferências e seus níveis, ana-
situação concreta. lisar cada elemento, no sentido
de "erificar até onde a mani-
A \I tilização parte do pressu-
pllla~:ão da variável trará real-
posto de que o objetivo do or- mente conseqüências para a suo
ganizador do espaço físico, ao
peração da condição atual-
lado e integrado com os diver-
men te ou previsivelmente defi-
SOs tipos de planejamentos que
manipulam as demais variáveis ciente, na área em exame. Nes-
condicionantes do desenvolvi- Sa análise entrarão em conside-

mentO, será modificar a situa, ração as interferências de va-


ção referente a cada uma das riá"eis de outras naturezas, bem
variáveis próprias do seu setor como as interferências conjun-
de trabalho, sempre qu~ algu- tas de diversas variáveis. E o
CONl>IÇ;ÔES DL \W.\ F. PLA:\EJAJ\IE;'I;TO FÍSICO

exame relativo a cada caso in· uma manipulação a preconizar


cliYidualizado se completará para as variáwis da organiza.
com a tomada global de tôdas ção do espaço físico, em con·
as modificações preconizadas seqüência dessa interdependên·
para cada uma das variáveis, cia entre "ariáveis de nature·
face ,1S diversas si tuações em zas diversas. A sua identifica·
que interfiram, e com a consi· ção, no entanto, deverá (er si·
clerilção conjllnta de tôdas elas. elo feita na medida em que se
aprofundou o exame elas GlU·
Teremos, então, como resul· 5,IS das situações existentes.
«{(lo, a identificação das tral1S· Para cada uma das condições
formações a introduzir em uma finais examinadas, cabeLí sem·
dCf.erminada paisagem, através pre tôda uma cadeia ele ante·
da manipulação das variáveis cedentes. E para cada um dos
concernentes à organização do níveis dessas causas podem ser
espaço físico, para que uma analisadas as interferências das
série de condições de desenvol· \'ariáwis da organização do es·
vimento, nas quais e~sa orga. paço físico. Com o que se te·
nização interfere, possa ,er ofe· rá efetivamente subordinado a
recida, a uma determinada po. transformação da paisagem,
pulação, a um nível mais alto fi u<llquer que seja o seu obje.
do que aquêle até então \cri· tivo imediato, ao objetivo final
ficado ou previsível. E sabe· de melhoria do nível das con·
remos, das transformações prc· <lições de desenyoh·imel1(o a
conitadas, quais determinarão, serem rliretamente proporn()-
por si mesmas, os resultados nadas à população.
desejáveis; qU<lis deverão se
conjugar com a manipulação Não é sempre, no entanto,
de variáveis de outras nature· que se pode manipular no sel1·
zas, para a obtenção dêsses re· t ido desejado as variáveis da
sultados, e quais terão uma in· organização do espaço físico,
fluência simple'imente auxiliar. Oll as demais variáveis condi·

Restaria considerar as condi· cionantes do desenvolvimento.


ções que chamamos de indire· Há a considerar uma limitação
las. Haverá, igualmente, tôcla importante às possibilidades de
44 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

realmente transformar a paisa- lado, uma exigência nem sem-


gem e intervir na realidade, pre satisfeita. Como também,
para montar um quadro de vi- muitas vêzes, a limitação apa-
da cada vez mais propício à rece na própria possibilidade
elevação humana das popula- de manipular as variáveis nu-
ções, aceitos os conceitos pro- ma faixa mais ou menos am-
postos no presente trabalho. pla de alternativas. E mesmo
Trata-se da dependência pro- a identificação das variáveis
duzida pelas próprias condições não pode ser feita de forma
de desenvolvimento, de forma completa, se estas não puderem
global. ~er consideradas como variáveis,
isto é, passíveis de manipula-
Possibilidades de Manipulaçcio ção numa perspectiva de inte-
das V m-iáveis rêsse coletivo.
Assim, se identificamos os
Tivemos a oportunidade dê diversos níveis de interfercncia
lembrar que a manipulação das variáveis ou dos setores de
das variáveis da organização planejamento na obtenção das
do espaço físico deve estar sem- condições de desenvolvimento,
pre sujeita à definição de pno- não podemos deixar de verifi-
ridades estabelecidas pelos pla- car que o inverso também se
nos de desenvolvimento, como efetiva: as condições de desen-
os entendemos. Manipular uma \"olvimento também interferem
determinada variável e x i g e nas possibilidades de planeja-
uma instrumentação específica, mento e, portanto, nas possibi-
que implica em custos, em me- lidades de intervenção na situa-
didas administrativas, educa- ção existente.
cionais, legais, cuja utilização
depende da importância relati- Exemplificando, veremos que
va de cada tipo de medida ou o nível de atendimento das ne-
dispêndio, face aos resultados cessidades de capacitação pro-
a obter. fissional determinará ou não
a existência de profissionais
Mas dispor de uma imtru- capazes de planejar o desenvol-
mentação eficaz é, por outro Yimento, em seus vários seto-
CO:\'DIÇUES DE \IllA E PLANEJAMENTO FÍSICO 45

r:::5; O nível de eficiência da de que depende do próprio


economia possibilitará Ou não grau de desenvolvimento em
a resen'a de recursos para essa que a comunidade se encon-
capacitação profissional, e para tre; mais ainda o será aceitar
() atendimento de outras neces- a necessidade de planejamento,
sidades; a representatividade enquanto método de ore! cnação
do poder público tornará Oll das atividades humanas, que
não possível modificar Os sis- implica necessàriamente em in-
temas de atendimento, de for- tegrar o próprio trabalho em
ma a ampliar efetivamente ca- um esfôrço coletivo e, portanto,
da vel mais a faixa de pOpll- compreendê-lo como parte do
lação atendida; a abertura pa- esfôrço da comunidade, no
ra a crítica e para a inovação sentido do atendimento das ne-
social permitirá OU não enfren- cessidades de todos,
tar a reformulação de estrutu-
1 as, que impeçam ou obstaculi-
Assim, à interdependência
zem o atendimento do maior elas condições de desenvolvi-
número no menor prazo pos- mento entre si e dos setores de
sível; o grau de integração so- planejamento, uns com os ou-
cial e o sentido de solidarie- tros, se acresce a dependência
dade possibilitará ou não a co- que sofrem as possibilidades de
ragem de substituir institui- elevar o nível de atendimento,
ções e conceitos, cuja manuten- com relação ao próprio nível
ção dificulta a escolha do ca- de desenvolvimento, Ou seja,
minho mais racional para ven- quanto mais alto o nível de
cer determinadas dificuldades, desenvolvimento, maiores as
possibilidades de o continuar
Assumir o desenvolvimento, elevando. Sendo o inverso tam-
no conceito que formulamos, bém verdadeiro. Através da
como objetivo consciente, que realização de medidas de diver-
exige a ordenação de todo o sas naturezas, entre a-s quais a
labor humano, já é uma atitu- organização do espaço físico.
2. 0 Parte

APLICAÇÃO EXEMPLIFICATIVA A
UMA SITUAÇÃO CONCRETA
I - PRELIMINARES

A AjJlicaçüo Prctc71diaa e a mento a um número crescente


Pesquisa Básica Utilizada de pessoas possibilitaria a efe-
r j \ação de um processo de cle-
Na primeira p;lrte do pre- ~:cn\olvimento integral, enten-
sente estudo procuramos defi- dido como o definimos ne,sa
nir uma série de hipóteses de referida primeira parte elo es-
trabalho através das quais seria tudo.
pos,hel, ao planejador, identi-
ficar a~ modificações a intro- A segunda se referiu ao que
duzir n:l organização física de denominamos ele "variáveis ela
uma determinada área, no sen- organização do espaço físico",
tido ele elevar o nível ele \'ida isto t, o conjunto ele elemen-
de sua população, paralela- lOS Cj lle o organizador elo espa-

mente us modificações porven- ço físico manipularia para


tura necessárias nas demais va- obter uma determinada situa-
riáveis que interferem nesses ç";io no que respeita a essa or-
nÍYcis de vida. ganização.

A primeira hipótese corres- A terceira hipótese tomou


pondeu ;Iquilo que chamamos forma na montagem ele um
de "condições de desenvolvi- Cj ll;~ellO ele d ti pIa en traeIa, em
mento", ou seja, o conjunto que se apresentaram as "in-
de meios e condições de que terferências", que seria possível
o homem leria necessidade pa- identifiGlr das "":lTiáveis" sô-
ra realizar plenamente as suas brc as "condições", em seus vá-
potencialidades, e cujo ofereci- rios níveis.
50 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Na segunda parte do traba- e Humanismo", em várias opor-


lho, procuraremos a p I i c a r tunidades aplicado no Brasil,
exemplificativamente essas hi- inclusive em uma pesquisa ur-
póteses, verificando em que bana, do mesmo tipo da agora
sentido as variáveis deveriam utilinda, na cidade de 510
ser m,\nipuladas, diante das Paulo. 1
deficiências identificadas nas
condições de desenvolvimento Trata-se de um método abran-
numa determinada situação ur- gente, que procura analisar o
bana, dentro do esfôrço de complexo de condições relati-
prosseguir a transformação da vas aos níveis de vida da po-
paisagem natural em uma pai- pulação e a sua aplicação re-
sagemcultural mais propícia sulta na reunião de dados de
às atividades e necessidades hu- várias naturezas, referentes aos
manas. diversos problemas que inter-
ferem nas condições de vida
A situação urbana escolhida existentes e em perspectiva.
foi a da aglomeração de Belo
A pesquisa compreendeu um
Horizonte, capital do Estado
estudo demográfico e econômi-
de Minas Gerais, a respeito da
co, uma análise do que se cha-
qual se podia dispor de um le-
mou de estruturas básicas, uma
vantamento realizado em 1958,
pela Sociedade de An,íIises análise urbanística, um estudo
da organização político-admi-
Gráficas e Mecanográficas Apli-
cadas aos Complexos Sociais- nistrativa do municípiO, uma
análise dos aspectos sociológi-
SAGMACS.
cos da vida da cidade, e ainda
o método utilizado nesse le- um estudo particular do pro-
vantamento foi aquêle elabora- blema do abastecimento no
do pelo grupo de "Economia município. 2

1) O método preconizado por "Economia e Humanismo" encontra-se pu-


r
bliGldo na série de volumes intitulados "Guide pratique de enqd:te
secia/e", editados pela Presses Universitaires de France em 1952 (To-
mo I), 1953 (Tomo II), 1955 (Tomo III) e 1958 (Tomo IV).
2) Os relatórios utilizados nãO' foram publicados (exceção feita à parte
referente ao estudo sõbre o abastecimento - Edição da CASEMG -
CONDIÇ:ÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 51

Dentro de cada uma dessas e ~,cis unidades, segundo cnte-


partes examinaram-se proble- rios de homogeneidade de di-
mas específicos como, por exem- versas naturezas, ao mesmo
plo, a estrutura da economia tempo que levando em conta
da região, suas perspectivas de limites e divisões naturais im-
crescimento e de desenvolvi- postos pelas condições de re-
mento econômico, a distribui- lê\"o.
ção e o crescimento da popu-
lação, as camadas sociais, os ti- For2m excluídas tôdas as
pos de habitação, as caracterís- áreas insuficientemente ocupa-
ticas da estrutura de implanta- das, nas quais, portanto, não
ção urbana e suas necessidades se poderia ainda identificar
C;lrM:terísticas ou tendências
de revisão, índices urbanísticos
seguras quanto aos aspecto:>
diversos, sistemas de contrôle
analisados.
da evolução do espaço urbano,
possibilidades de revisão da As verificações que farenms,
estrutura político-administrati- nesta segunda parte do traba-
va, etc. lho, têm essa mesma limitação.
A parte da pesquisa a ser Referem-se às modificações que
mais amnlamente utilizada nes- seria necessário introduzir nas
te estucl~ será aquela referente condições de organização do es-
às estruturas básicas, como se paço físico, em Belo Horizon-
convencionou chamar a análise te, mas considerando-se somen-
dos níveis de vida da popula- te o espaço caracterizado por
ção e dos equipamentos e ser- uma ocup<!ção nitidamente ur-
viços que ela utiliza. bana, isto é, contendo suficien-
tes elementos de transformação
Para realizar essa análise, a da paisagem para que a pos.
área urbana de Belo Horizon- ~;amos compreender no âmbito
te foi dividida em cinqüenta da paisagem chamada urbana.

Cil. ele Arrr:~::ér:s c Silos ele Minas Gerais - 1959). As cop'~s d:s-
pO:1iveis podem ser cncontradZ1~ n~ Prcfeiturél de B. Horizonte e em
S. Paulo, na sede de SAGMACS.
CADERNOS DE ADMIN1STRAÇÁO PÚBLICA

Apesar disso seremOs obrigados, Para o levantamento da si-


muitas vêzes, a considerar todo tuação em cada um dêsses ní-
o espaço contíguo à área defi- veIS são utilizados elementos
n ida pelas unidades de an;ílise indicativos diversos, hierarqui-
ela pesquisa, dada a unidade zados entre si de tal forma que
existente entre tôdas as porções a situação final referente a Ci-
do espaço, a que já nos referi- da nível corresponda a uma
mos em outra parte do presen- média ponderada da situação
te estudo. relativa aos diversos elementos,
tomado cada um dentro de sua
Para o conhecimento dos ní-
importância no conjunto.
'. eis de Yic1a da população, o
método da pesquisa utilizada O nosso trabalho deverá-te
e:;ta bc1ece uma série de índi- utilizar fundamentalmente dês-
ces, divididos em duas catego- ses elementos, tomados indivi-
rias: aquêles referentes à situa- dualmente, como indicadore,
ção em que se encontra a po- das situações que pretendemo';
pulação, e aquêles referentes à verificar. Não os teremos rela-
::ituação em que se encontram tivamente a todos os dados de
cs equipamentos e serviços co- que necessitamos, já que foram
locados à disposição ela popu- escolhi dos den tro de um obj e-
Lu,;ão. tivo diverso daquele persegui-
do no presente estudo; por ou-
N a primeira categoria se in-
tro lado, será necessário que
clui o conhecimento dos níveis
também nos apoiemos em da-
biológico, doméstico, habita-
dos fornecidos por outras par-
cional, escolar, cultural, de
tes da pesquisa.
lransporte, de recreação e ele
vida df bairro. Na segunda A análise por nós pretendi-
,5:0 considerados o;, níveis dos da é bastante mais restrita que
equipamentos de saúde, para- o levantamento em que ela se
!loméstico, de comércio e ser- apóia, c SUl objetiyo mais es"
viços, escolar e cultural, de pecífico e menos abrangente.
transporte, de repouso e espor- Por isso, apes;!r elo grande nú-
l~ e o equipamento adminis- mero de dados por êle ofere-
·,'aLiyo. cidos, encontraremos dificulda-
CO:\'DIçõrs DE VIDA E PLA:\'FJ.\;\1E;\TO FÍSICO 53

des na obtenção de todos os aquêles especilicamcnte ligados


dados que nos interessam. O à. organização do e,paço fi-
interêsse em tomar a pesquisa SICO.
de SAGMACS como base re-
pousa exatamente no fato de N a análise a ser realizada
que nossa análise partirá de nós nos ateremos às condições
um centro de referência para chamadas diretas, isto é, ague-
o qual também convergem to- las constantes do quadro geral
dos os dados nela levantados, apresentado, a fim de não
i~to é, as condições de vida da
alongar desnecessàriamente o
população. pl:e:ente estudo: a análise per-
mwcla pelos elementos dispo-
S e r á oportuno salientar, níveis seria demasiadamente in-
igualmente, que a enumeração com pleta .
daquilo que, em nosso traba-
lho, convencionamos chamar Como já dissemos quando
de "condicões de desenyolvi- tratamos ela utilização do Qua-
mento", b;seou-se, de forma dro de Condicôes e Interferên-
especial, como já tivemos opor- cias, um estudo que seja reali-
tunidade de dizer, na própria zado a partir das hipóteses de
relação de níveis de vida e seus trabalho por nós propostas co-
elementos componentes, elabo- meçará pelo levantamento das
rada pelo método de "Eco- condições de desenvclvimento
nomia e Humanismo", bem nas g uai s in lerfere a organiza-
como tôda uma série de siste- ção do e,paço físico, passando
matizações adotadas, com ° em seguida ao ex;nne da situa-
ção em que se encontram as
aquela que hierarguiza as re-
feridas "condições de desenvol- variúveis que interferem nas
condições comi dera das defi-
vimento" . Nosso estudo, por-
cientes, sempre levando em
tanto, situa-se numa linha de
conta as perspectivas de evo-
continuidade a essa mesma ela- lução. O exame dos casos in-
boração, numa tentativa de dividualizados se completará
identificar, entre todos os fa- com a tomada global de tôdas
tôres que condicionam os ní- as modificaçôes preconizadas
veis de vida da população, para cada uma das variáveis,
CADERNOS DE AD:-'II;\;ISTRAÇÃO PÚBLICA

e, por fim, com a consideração nas condições que classificamos


conjunta de tôdas elas. como básicas ou de superação,
para em seguida tratar das in-
A aplicação por nós preten-
terferências de caráter auxiliar
dida não contará com uma pes-
nessas mesmas condições; de-
f]uisa específica, que lhe forne-
pois então trataremos de ana-
ça dados segundo essa ordem.
lisar as interferências nas con-
Tratamos, então, de reunir pre-
dições que classificamos como
Yiamente os dados ele interês-
de confôrto ou de comodida-
se e, ao invés de começar pelo
de, sempre passando primeiro
exame individualizado das con-
pel<!s interferências mais im-
(!ições de desenvolvimento,
portantes para em seguida ana-
lima a uma, apresentaremos já
lisar os auxiliares.
o tercC'iro passo ela análise, ou
~eia, os problemas identificados Antes ele entrarmos própria-
relativanl'enle a cada uma das mente na aplicação pretendida,
variá\'ei~;, to.mando-se, portan- será interessallte relacionarmos
to, vari<Ível por variável de for- al~lln., dados fundamentais sô-
ma global. Por outro lado, pa- bre o aglomer<!do estudado, a
leCe-nos que, f'm qualquer hi- fim ele ganharmos a vi~ão de
póte~;e, ao se If'ltar de relatar conjunto indispensável a todo
as observações feitas, será sem- trabalho analítico.
pre mais claro já as indicar-
mos segundo as variAvcis, pou- A Arca Objeto da Análise:
p,mdo ao leitor um t e x t o Belo ]-[ouzollte
demasiadamente ex~enso que
individualize cada um dos ca- Belo Horizonte, o aglomera-
!iOS, como terá sido feito ao se do urbano considerado em nos-
manipular o material coletado sa análise, é a capital ele Mi.
na pesquisa. nas Gerais, um elos Estados
brasileiros de maior extensão
Aclotando, assim, essa orien-
territorial.
tação, procuraremos buscar, pa-
ra cada variável, em primeiro Fun(l;:da em fins do século
lugar, as interferências de cará- passado, foi especialmente cons·
ter fundamental ou necessário truída para servir ele nova se-
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 55
de ao Govêrno do Estado, até mento da população da cidade
então instalado na antiga cida- em gêneros alimentícios.
de de Ouro Prêto.
A a tual área urbana ele Belo
A implantação da cidade se- Horizonte assimilou um exten-
guiu um planejamento prévio, so espaço externo à Avenida
que localizou a nova capital do Colltôrno, dando-lhe uma
na região central do Estado. e ocupação diferente da prevista
lhe definiu um traçJ.do viário no plano de implantação, atra-
geométrico; a zona propriamen- vés da abertura de loteamentos
te urbana era limitada por uma sem conexão uns com os ou-
a \·enidJ. de seção rransversal tros, que parcelavam, na maior
Ltrtamente dimensionada parte das vêzes, segundo esqu e -
ramo, aliás, as seções transver- m?s também geométricos, gran-
sais de pràticamente todo êsse des e pequenas glebas perten-
esquema viário especial - que centes a diferentes proprietá-
até hoje leva o nome de Ave- nos.
nida do Contôrno, denomina-
A ;írea urbana atual é mais
ção significativa de sua primi- de uma dezena e meia de vêzes
tiva função. Pequenas parcelas
maior do que a pretendida no
menos rígidas do traçado eram plano original e, como geral-
determinadas pela passagem de mente acontece com nos s a s
um curso d'água de dimensão grandes cidades submetidas a
média, que no entanto não con· um processo de crescimento es-
segui u quebrar totalmente as pontáneo, alterna espaços ain-
linhas retas do esquema básico, da livres e espaços habitados,
sujeitando-se a ângulos de pe- com uma periferia de ocupa-
riódicas J'epercussões na sua ção rarefeita que cada vez se
fluidez. espraia mais.
Interna e externamente à Ao sul, a Serra do Curral,
Avenida do Contôrno, era defi- com seu perfil característico,
nido um zoneamento de usos, barra a expansão.
incluindo, para as áreas exter-
nas, certos usos agrícolas, des- Ao norte, a cidade avança
tinados a garantir o abasteci- pouco a pouco para in corpo-
56 CADER:\OS DE ADMI:\ISTRAÇÃO Pí;BLICA

rar no seu tecido urbano a pe. características mais significati-


quena aglomeração de "Venda vas da cidade, a rapidez do seu
1\'ova", de existência anterior ~ crescimento. É o relatório da
da capital. Entre as duas, um pesquisa de SAGMACS que nos
elemento artificial recentemen· diz:
te introduzido na paisagem, a
"Com pouco mais de sessen-
barragem de Pampulha, a cuja
ta anos a nova capital de Mi-
orla se destinam lotes ao uso
nas Gerais passa a ser uma das
residencial de nível superior.
Frincipais aglomerações urba·
A oeste e a leste a área ur- nas do Brasil, ocupando uma
bana também se amplia, inter- área várias vêzes superior àque-
rompida mas não barrada, a la prevista, definida pela Av.
oeste, por mais um espaço de do Contôrno.
ocupação previamente definida
Observa-se, igualmente, que
e planejada, a Cidade Indus-
êsse crescimento não será sus-
trial de Contagem, assim cO--
tado antes de ainda um longo
nhecida por já se localizar no
período, como decorrência da
município vizinho de mesmo
vitalidade do Estado de Minas
nome e cortada, axialmente,
Gerais. De fato, se as possibi-
pela estrada federal que liga
lidades especialmente em re-
Belo lTprizonte à capital do
cursos minerais, a grande ex-
Estado de São Paulo.
tensão territorial e sua localiza-
DestinJda, de início, princi- ção relativamente aos grandes
palmente, à função administra- pólos de desenvolvimento do
tiva, a cidade vem, no entanto, Brasil, reservam a Minas Ge-
assumindo também uma fun- rais uma vocação específica e
ç?io de centro industrial im- uma posição de destaque, no
portante, além daquebs fun- desenvolvimento do país, a sua
ções de centro comercial e de capital naturalmente polariza-
serVIços que, em decorrência rá de maneira especial esSa vi-
dêsses mesmos fatos, cada vez talidade, por ser a sede cada
maIS intensamente têm que vez mais efetiva das principais
a tender. Nesse sen tido, deve decisões referentes à vida eco-
ser observado, como uma das nômica e administrativa do
CONDIÇ;ÚES DE VIDA E PLA"'EJ A:\fEi\TO FÍSICO 57

Estado, e por atrair, por essa zonte estaria concen trando


e outras razões, parcela ponde- 6,14% da população do Es-
rável dos investimentos que se tado.
aplicam em Minas Gerais." 3
Numa hipótese conservadora,
A análise econômica nos isto é, supondo-se que o de-
acrescen ta: senvolvimento industrial da
"Em 1965 Minas Gerais de- área não implicará num au-
"erá contar COm uma potência mento no ritmo de urbanização
instalada da ordem de 2,5 mi- da região estudada, adotanros
lhões de kw, dos quais 1,15 mi- para o período 1957-67 as
lhão pertencerá à CEMIG. Se· mesmas taxas observadas entre
rá, então, uma região priYile- 19-10 e 1950.
giada para a instalação ele in-
Partimos da hipótese de que
dústrias, contando com uma a partir de 1967, Minas Gerai,
boa rêde de rodovias, ligando-a estar-se-ia industrializando a
a São Paulo, Brasília e Rio de um ritmo mais elevado, o que
Janeiro." -1 acarretaria um aumento lb
Do ponto ele vista demogr;i- taxa de crescimento de popuLt-
fico, a pesq uisa realizada nos ção. Assim, arbitràriamente.
a presenta algumas projeções aclotamos a taxa de 6% para
de interêsse: projetar a população da capi-
tal, o que implicaria para o
"Na hipótese de a popula- Estado e para o great e o
~ão ter continuado a crescer ,'l grcalcr Belo Horizonte t-,-
taxa geométrica ele 1,4% ao xas de 1,5% a. a. e 1,0'í~, res-
ano, em 1957 ela deve ter atin- pectivamente.
gido um nível de 523 milha-
res de habitantes, o que signi- Em resumo teríamos os re-
ficaria, então, que Belo Hori- sultados abaixo:

3) SAGMACS, "Estrutura urbana de Belo Horizonte", 1958, não publi-


cndo. Pág. TI - 102.
4) CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais. SAGMACS, "Estru-
turZl urb,ma de Belo Horizonte", 195/), não publicado. Pág. I - 19.
CADERNOS DE AD~I:-lISTRAÇÃO PÚBLICA

Projcção da População de Belo Horizonte c suas Zonas


de Influência - 1967/1980
1 000 Habitantes
1950 1957 1967 1980
1. Aglomeração ............... 352,7 523,0 886,1 1.891.1
lI. Great Belo Horizonte . ...... 434,4 685,5 1.039,4 2.034,0
m. Grcotcr Belo horizonte . ..... 1.078,2 1.502,99 2.069,3 3.445.4
IV. Minas Gerais . .............. 7.718,0 8.522 9.792,4 11. 883,0

Observe-se que na hipótese metade da população ele Belo


de se verificarem as taxas ado- Horizonte (47,3%) vive em
tadas nas projeções, o great e condições insatisfatórias. Tal
o grcater Belo Horizonte con- percentagem corresponde aos
centrarão, respectivamente, em moradores das unidades incluí-
1980, 17,1(10 e 29% da popu- das no tipo "popular preGÍ-
lação total do Estado, ao pas- 1 io" (7,9% da população), em
so que em 1950 a concentra- que a nota média da situação
ção era ele apenas 5,6% e da população e da situação cios
I 3,9~~." G equipamentos varia entre 0,5 e
O,~) (considerando-se O como
Êsse crescimento intenso, no
~ituação péssima, 2 como o mí-
entanto, que implica numa ex-
nimo nfzoável e 4 como óti-
tensão cada vez maior ela área
mo); corresponcle, igualmente,
urbana, não se vem efetivando
aos moradores elas unidades
sem repercussões para as con-
ele tipo "popular inferior"
dições de viela ela população,
(39,4%) com notas médias en-
dependente da implantação ele
tre 1,05 e 1,85. Essas unida-
equipamentos em proporção
des se localizam fora da Av. do
com o aumento populacional Contôrno, cobrem pràticamente
e a área ocupada. O relató-
tôelas as zonas norte e oeste da
rio nos inelica:
cidade, e a periferia das zonas
"Pela análise ele níveis ele leste e sul. São ocupadas por
vida verificaremos que quase camadas populares ou predo-

5) Idem,pág.I-8,9,lCel1.
CO~;rlj(;ÕES DE VIDA E PLANE] AME;\iTO FísICO 59

minantemente populares, e "ua do espaço físico interfere nas


ocupação é recente. Tôdas elas condições de vida oferecidas à
exigem uma intenen<.ão mais popula<;'Jo. 7
urgen te dos podêres públicos, Passemos, assim, à análi~e
pois suas condiç(Jcs globais pretendida.
acusam uma situaçJo abaixo
tio mínimo necessário. Embora os dados disponíveis
não nos permitam aprofundá-
o restante da população -LI suficientemente, será sem-
está mais fortemente concen- pre possível identificar inter-
trado no tipo "médio" ..... -relacionamentos entre um cer-
(2S,4 %), com notas medias en- to número de condiç5es e as
tre 2,15 e 2.0. A melhor si- variáveis.
tuação atingida, como média i\'o tocante ,) \ari,ível compo-
final, foi de 3,1, corresponden- sição construtiva, no entanto,
do ;'t unidade elo tipo "superior não teremos essa possibilidade,
residencial" (8,5% da popula- dado () número absolutamente
ção), notas médias entre 2,85 imuficiente de dados sôbre a
e 3,1."6 meonn que nos oferece a pes-
A capital de Minas Gerais, quisa. O método utilizado no
cidade jO\em em plena vitali- lev;ll1tamento não a con,ide-
dade e, por isso mesmo, já de- ra de forma direta.
frontando-se com número cres- Nós nos ateremos, assim, ús
(ente de problemas, localizada seis primeiras variáveis defini-
em ,írea de clima ameno mas das em nossas hipóteses de tra-
de características de relê\'o que balho, apesar ela importância
trazem problemas para a im- que, para uma série de condi-
plantação urbana, pode bem ções básicas e ele superação,
nos apresentar boa série de si- ;Issume a composição constru-
tuações em que a organização tiva.

6) Idem. pág. II - 86.


7) O presente trabalho não tem senão um sentido metodológica. Não se
pretende. assim. de forma alguma, que suas observações sõbre Belo
Horizont~. sejam compreendidas como sugestões aos podêres competen-
tes, e muito menos como criticas a pessoas, fatos ou instituições.
11 - AS VARIÁVEIS E AS CONDiÇÕES
DE DESENVOLVIMENTO

ScpamíZio ou aglulinamcnto A-21, que nos mostra as vias


de usos principais existentes, notamos
imediatamente que os estahe-
Procuremos colhêr, inicial- lecimentos comerciais e ele ser-
mente, na pesquisa utilizada, viç'os se distribuem preponde-
um certo número de observa- rantemente ao longo das vias
ções que nos possibilitem uma de cÍl culação principal." 2
primeira visão de conjunto da
situação quanto à variável "se- E ainda com referência à
paração ou aglutinamento de concomitância do uso comer-
usos." 1 cial com a função ele circu-
lação:
lnici;mdo pelo uso comer-
cial, encontramos, no relatório: . . .. "ou foram misturadas
funções urbanas diferentes, em
"Examinando a prancha B-S, prejuízo dessas próprias fun-
por superposição à prancha ~'ÕCS. É o caso do subcentro

1) Embora a pesquisa utilizada date de 1958, nós nos rderircmoc, aos


seus dados, ao longo da presente exposição, como se se triltasse da si-
tuação atual, a fim de tornar menos pesada a redação. No'so estudo tem
mais interêssc metodológico, nilo pretcnd2ndo se conc.tituir, C0:110 já
dis':'2mos, em ap,.esentação de sugestões ao poder público; acreditamos
que as referências a serem feitas, sempre que possível. ilS datas con-
s:d'2rildas, serão suf;cier:tes para corri\)ir ilS blhas que "urgirem,
2) SAGMACS, "Estruturil U,.bilna de Belo Horizont2", 1958, não publi-
cado. Pág. II - 18,
A palavra "pranchil ", usada no relatório da pesquisa utilizada, designa
os mapas, gráficos e traduções vísuais diversas apresentados nesse re-
latório.
G2 CADER:\OS DE AD:vnNISTRAÇÃO l'l:BUCA

comercial de Progresso, loca- <;ão urbana de Belo Horizonte.


lizado em Padre Eustáquio, VLI Mas o lISO industrial também
de acesso a vários bairros; do se encontra de forma difusa no
subcentro de Floresta, no en- restante da úrea urbana, sob a
troncamento de vúrias ruas em forma de grandes fábricas ou
direção à Rua Jacuí e outras cLt oficinas espalhadas a grande.;
zona adjacente; do núcleo co- intervalos, ou sob a forma de
mercial do Hortd, localizado pequena e média atividade in-
num estrangulamento \ !aliO d ustrial, distribuída nas área,
em ql:e, por acréscimo, existe centrais, como pode denotar a
problema das inundações; do seguinte observação sôbre as
subcentro da Gameleira, loca- úreas de emprêgo:
lizado ao longo da Rua Plan-
tina, via de acesso de vários
"Q uanto à Cidade Industrial,
planejada especialmente para
Outros bairros; e é o caso, fi-
a localização de indústrias, é
nalmente, entre outros que não
grande, at~ o presente, o nú-
enumeraremos, da Lagoinha,
criando problemas em -grande mero de opel"Úrios que nela en-
cOlltr:tm emprêgo; êsse núme-
extensão da Av. Antônio Car-
ro, no entanto, ainda não a ca-
los, saída obrigatória da cidade
racteriza como o local ue em-
para o Aeroporto e para o nor-
prêgo inclustri:tl preponderan-
te do Estado." 3 .
te para a população de Belo
Para o uso industrial foi re- Horizonte." 4
servae!:t uma área especial ex- .... "veremos que também
clw:iv<!, a menos de alguns usos quanto à possibilidade de em-
comerciais complementares, na prêgo em indústrias a popula-
chamada "Cidade Industrial", ção se vê fortemente atraída
localizada no município vizi- para o Centro e suas exten-
nho de Contagem mas pràtica- ~i)es, especialmente o Barro
mente integrada na aglomera- Prêto." 5

3) SAGMACS, "Estrutura Urbana de Belo Horizonte", 1958, não publi·


cado. Pâg. II ~ 34.
4) ldc'Jn, pág. II ~ 25.
5) Idem, pág. II ~ 25.
CO:\'D!ÇÕES DE VIDA E 1'I.A:-.iEJ A:-' r E:-.i TO FÍSICO 63

o USO residencial, por sua No Centro Principal, carac-


vei, é enCdntrado pràticamcn- terizado pelos tipos R2 e R3,
te em tôda a área urbana, do o relatório observa:
Centro principal à periferia,
com exce~'ão, bem entendido, "Embora o número de pes-
da zona interna à chamada soas por cômodo habitável re-
"Cidade lndustrial" . podem vele um início de congestiona-
mento, pelos padrões geralmen-
ser observadas, no entantO, al-
te aceitos, as quotas de espaço
gum<ls diferenciações:
residencial por habitantes ~ão
"Na região sul da cidade, bem elevadas e o número cle
abrangendo também área in- pessoas por domicílio e"tá
terna à Av. do Contôrno, tôda abaixo da média da cidade, o
uma zona contida pela Serra que revela uma distribuição
do Curral, tende a se caracte- e destinação dos cômodos pe-
rizar como própria das cama- los usos domésticos e indica a
das sociais superiores, separa- possibilidade de maior rendi-
da, pelo centro principal da mento do espaço habitável
região norte, onde se instalam existente." 7
as camadas sociais inferio-
res." 6 Não havia, assim, em Belo
Horizonte, até a época da pes-
A an:ílise urbanística, para quisa, uma política previamen-
efeito de definição de amos- te definida quanto à necessida-
tras, dividiu as zonas residen- de de separar usos incompatí-
(iais em três categorias, RI, R2 veis uns com os outros, ou de
e R3, correspondentes, respec- aproximar usos que se comple-
tivamente, a casas uni[amilia- mentem. Os principais tipos de
res de um e dois pavimentos, usos que a êsse cuidado deve-
apartamentos de dois a quatro riam se sujeitar, como os de
pavimentos e apartamenWs de circulação, de comércio, de lu-
mais de quatro pavimentos. bilação e o industrial, encOll-

f,) Idem, pá']. II - 35.


7) Idem, pág. III - 18.
(.1 CADFR:\OS DE ,\D:\tI:\ISTRAÇÃO PÚBLICA

tram-se implantados sem pre- Em primeiro lugar, no que


determinação, a menos da par- se rcrere à segurança na or-
cela de indústrias que se loca- culação a pé, ao nos indicar
liz?m na Cidade Industrial, que pràticamente metade das
como vimos. unidades de análise é atra-
Yes~ada, sem sistemas de sepa-
Os demais tipos de usos, ração, por vias de tráfego in-
como o de recreação, escolar, tenso; se não existirem siste-
de scrviç'os, nas suas di"ersas mas de segurança, a que a pes-
espécies, ela mesma forma não quisa não faz referência, essa
são implantados segundo pré- situação traz problema, dado
vias ,málises de inter-relação. o fato dessas unidades serem
Exceção será feita, também fundamentalmente caracteriza-
ne~ta ca tegoria de usos, desta das pelo uso residencial (em
vez com referência à Cidade 56 unidades, 19 têm sua situa-
Universitária, em fase de cons- ção, quanto a êsse elemento, em
trução à época em que se rea- nível 0, e 10, em nível 1, sa-
lizou a pesquisa. bendo-se, como foi citado an-
teriormente, que as situaçõt~
Segundo o Quadro de condi- foram classificadas, na pesquisa
ções e interferência, a variável realiz;lda, em cinco níveis, en-
"separação ou aglutinamento tendendo-se o nível O como pés-
de usos" se faz presente, quan- simo, o 2 como mínimo rawá-
to a interferências de caráter vel e o 4 como ótimo) .
[undamen tal ou necessário, em
três condições básicas e de su- Da mesma forma, a seguran-
peração (identificadas, no qua- ça na circulação a pé também
dro apresentado na primeira pode ser considerada em nível
parte, pelos números 1 e 2, re- deficiente nas {lreas comerciais
lativamente a condições de ní- dado o fato de os núcleos exis-
vel I e lII) . tentes mais importantes terem-
-se formado, em sua totalidacle,
A pesquisa nos fornece da- ao longo ou no entroncamento
dos, embora indiretos, q nanto a das vias de tráfego mais inten-
duas dessas condições. so, como já se teve a oportuni-
CO;\lDIÇÕES DE VIDA E PLA:-';EJA:\fENTO FÍSICO 65

(bde de relatar ao apresentar- ti avam com lima ocupação ca-


IllOS a situação da "Jliável ele: racteristicamente urb:ma, Não
[unn:l global, lemos, assim, dados sôbre de-
terminadas zonas próximas à
A evolução previsível depen-
Cidade Industrial, que naque-
de tão-somente de serem ou
la ocasião <finda eram ocupa-
não tomadas medidas relativas
das de maneira rarefeita, O
;l necessária separação entre o
que não nos permite formular
uso viário intenso e os usos re-
previsões válidas, no que se re-
sidenciais e comerciais, A se
fere à evolução dessa situação
continuar com um sistema de
à medida que a área urbana
implantação espontâneo como alcançar essas zonas,
aquêle até ;;gora observado, é
de se prewr que o problema Quanto à interferência de
se ;;gra\'e sempre mais, exigin- caráter auxiliar em condições
do, progressivamente, cada vez básicas e de superação, nosso
maior número de contrôles que quadro estabelece um bom nú-
Hão deixarão de ser simples- mero de casos em que a mes-
mente paliativos e prejudiciais ma poderia verificar-se, A pes-
ou a mIT ou a outro dos tipos quisa, no entanto, somente nos
de usos cuja concomitância não fornece elementos relativamen-
seja desejável, te a um dêsses casos, a que já
nos referimos na apresentação
A pesquisa nos indica, por
global da situação quanto à
outro lado, que o aglutinamen-
variável agora considerada,
t o de usos verificados não trou-
Trata-se do cuidado em evitar
xe demasiadas repercussões re-
lativamente a poeiras e fuma- segregações de quaisquer tipos
ças nocivas, De fato, 54 das entre os usos residenciais, de
unidades encontram-se em ní- forma a impedir isolamentos
vel 4 e somente duas encon- contrários a uma integração das
tram-se em situação insatisfa- diversas camadas sociais, !sse
tória, ao nível I, Deve ser lem- fenômeno ocorre em Belo Ho-
brado, nesse caso, que a análi- rizonte com tendências a se
se toma somente as áreas que, aprofundar, a menos de uma
'à época da pesquisa, se encon- efetiva ocupação da área cir-
C,\IlFR:\OS DE ,\Il:\!I:\ISTR,\(~ÃO l'í'I\I.lL\

cundallte da repr(~sa de Pam- ~i ttIa<:ão não dCl1lon,Ua de! i-


pulha por camadas ~ociais ~u­ ciência de porte, uma "ez que
periores, como se pretendeu em ,()]l1elJte trés das 56 unidade,
seu planejamento. Nesse caso, de an;íIise se ressentem de um
teremos, ao norte do Centro nível de ruído acima do mú-
Principal, um tecido urbano ximo razo,í\'el, na opinião dos
mais diferenciado, possibilitan- seus moradores, mas mesmo
do pelo menos a utiliza\'ão co- assim correspondendo ai nda ao
mum de centros comerciais, de !lÍYel I. l\os casos verificado"
servtços, de vias e meios de a deficiência era de\ida aos
transporte, e, portanto, Os COIl- ruídos de circulaçã<i intensa de
tatos <Iue criam condi~'ões de veículos, resultado da não se-
integração. .Mas a solução do paração entre t~sse liSO e () liSO
problema depende muito mais residencial, através de adequa-
de variáveis de outras nature- dos sistema~ de prote~'ão.
laS, em especial aquelas refe- Quanto <I evo)llçJo previsÍ\·el,
rentes ,\ organização econômi- estamos de n(,\'o diante da de-
ca, como também à organiza- pendência de políticas defini-
ÇdO administrativa. Dado que das nessa perspectiva, pro-
a pesquisa igualmente identifi- curando corrigir lima implan-
ca, ao estabelecer uma relação tação espontânea defeituosa.
entre o preço dos lotes, o equi-
pamento urbano de que dis- "1'\0 caso da rapidez dos sis-
põem e a capacidade aquisitiva temas de transporte, a junção
da população. dos usos comerciais com a cir-
culação poderá ser a causa da.,
No que respeita às condições deficiências enron tradas, que,
que chamamos de confôrto ou no entanto, ainda não são ex,
de comodidade, a pesquisa nos cessi \'as. O rela tório lb pes-
apresenta poucos elementos. quisa nos indica:
Somente quanto ao nível de "De fato, essas "ias (de aces-
ruído e quanto à rapidez nos so aos bairros) são justamente
sistemas de transporte coletivo aquelas que apresentam um
encontramos alguns dados. 1':0 mais intenso trfmsito de veí-
primeiro caso, verifica-se que a culos, e eX:ltamente aquelas n:lS
CO:\llIÇÓFS DE nD.\ E PLA:-':F.j A:-IL;\;TO FÍSICO 67

quaIS é ncccss.lria uma circula- tc c O m O centro industrial,


ção mais linc, scm congcstio- administrativo, comercial e de
namentos ou repetidas paradas sen'iços, ganha particular in-
forçadas. A existência conjun- terêsse a superação dessas defi-
1:1 das necessidades de trânsito ciências. E em particular a si-
livre e de estacionamento, de tuação referente 11 rapidez nos
v:tz:to r:ípida de veículos e de ~istel1Tas de transporte, cuja im-
facilidade de travessia para pe- F0rtância passa a ser maior em
destres. '. Atendo-se para o cidades de extensão territorial
fato de a maioria das vias prin. mais ampla, como será o caso
tipais observadas serem rltas j{l de Belo Horizonte, em breve
de largura insuficiente para prazo. F essa condição, que até
uma vazão dpida ... " S então poderia ser considerada
como de confôrto 011 comodi-
A implantação esponttll1ea
dade, poder;! ser elevada ao ní-
até agora verificada não pode
vel de condição básica, a ser
,enão levar ~l piora progressiva
objeto, portanto, de atenção
da situação - que j.í se encon-
tão priorit;íria como a que será
Ira a um: nível limite -, 9 cul-
dada ,'ts demais condições b;ísi-
minando no que se observa
cas e às de superação.
nas grandes cidades em que se
lenha tornado excessivamente
custoso desafogar o tráfego Estrutl/ra de Polari.zaçi5 es
através da abertura de novas
artérias, fadadas aliás a cum· Como o fizemos com a va-
prir sempre o mesmo destino riú\'el "separação Oll agIu tina-
se não forem devidamente pro- mento de usos", busquemos,
tegidas suas funções. inicialmente, uma perspectiva
de conjunto.
Dado o incremento popula-
cional rápido que vem sofren- Verificando-se, em: primeiro
do a cidade, SUJ expansão em lugJr, a polarização determina-
área e sua importância crescen- da pelos equipamentos comer-

1\) Idem. p:lg. II - 19.


9) Veja-se pago 78.
G8 CADERNOS DE AD:\ll:'>ISTRAÇÃO PÚBLICA

ClaIS, a pesquisa nos fornece as ou menor durabilidade, como,


seguintes observações: por exemplo, vassouras, etc.;
"Para êsse estudo distingui- - o nível excepcional cor-
ram-se, inicialmente, na ativi- responde à necessidade que (~
dade desenvolvida pela popu- satisfeita com bens de maior
la~'ão ao comprar os bens ne- duração, cuja utilização não
cessários ao abastecimento e implica necessàriamente em
t:quip:lmento domésticos, três substituições contínuas. É o
JlÍ\'eis de necessidades, segundo caso de móveis, fogões, gela-
a freqüência em que deH:m ser deiras, etc ... " lO
~.a tisfeitas:
"A prancha B-2 é que nos
- o primeiro, o nível ele- tLi êsses resultados. O que
mentar correspondente à neces- imediatamente se percebe nessa
sidade de bens perecíveis, con- representação gráfica é a pre-
sumidos diàriamente ou em in- ponderância do centro princi-
tervalos de tempo pouco maio- pal da cidade, atraindo para o
res, como ° pão, o leite, ver- seu comércio a população de
duras, a carne, etc.; tôdas as unidades de análise,
em pelo menos dois dos níveis
- o segundo, definido maIs
de necessidades.
como um grau médio, cntre o
nível elementar e o excepcio- Conjugando-se a análise da
nal, por isso mesmo denomina- prancha B-2 com os dados da
do nível intermediário; corres- prancha C-3 (equipamentos
ponde à necessidade de bens dos vários núcleos) verificamos
consumidos durante um certo que não poderia ser de outra
intervalo de tempo, e que pre- forma, uma vez que 45,5% dos
cisam ser substituídos peri<'>di- estabelecimentos comerciais de
camente. Nessa classe, estão in- Belo Horizonte estão situados
cluídas as roupas e determina- nesse Centro Principal. Saben-
dos artigos domésticos de maior do-se, por outro lado, que 55%

10) SAGMACS, "EStrutur3 Urb3na de Belo Horizonte", 1958, não pu-


blicado. Pág. 11 - 26.
CONDIÇÕES DF \'In,\ L PLA:\EJA;\lE:\TO FÍ'iICO (j~)

dêsses estabelecimentos são de Mas já se verifica uma ten-


comércio de alimentação, isto dência natural a compensar
significa que boa parte ela po- eSSa excessiva mOllopolarização:
pulação belo-horiwntina en-
contra também no centro a sa- "Como que prevendo a ne-
tisfação das necessidades defi- cessidade de distribuir certas
fll11 c,'ões elo Centro Principal
nidas como de nível elemen-
tar. " 11 para outros núcleos mais pró-
ximos das populações a serem
E o relatório acrescenta qlll' ,en'idas, o organismo urbano,
mesmo para o caso de "Venda as:;un como espontâneamentc
Ndva", pequeno aglomerado criou um centro de "ida na re-
localizado ao norte do conjun- gião que circund:, a Praça 7 de
to urbano principal e dêle se- Setembro e já se estende para
parado pela área ainda pouco o Barro Prêto, Floresta e La-
habitada que circunda a reprê- goillha, também espontânea-
sa de Pampulha, a sua popula- mente fêz surgir 11O\as lluclea-
ção também se utiliza do Cen- ç<ics em ,,/trios pontos cLt cida-
tro Principal, até para necessi- de, a meio caminho do Centro
dades de nível intermediário. Prillcipal: Ganre1eira, Plogres-
Assim, obsern: "O aspecto so, Renascença, Hôrt o. ,\klll
mais importante a se fazer 110- dt":,ses processos mais significa-
tar no exame da análise de tiyos de descentralização, que
atração para compras é a imen- retiram do centro princip;:ll o
sa preponderância do Centro cvidcnte excesso de funçôc;;, IIIl1
Principal, dando à cidade uma grande número de pequenos
característica nitidamente mo- núcleos já se distribui pebõ
nopolarizada." 12 y;írias zonas habitadas." l~

11) SAGMACS, "Estruturél UrDélnd de Belo Horizonte", 1958, não pu-


blicado. Pág. II - 26 e 27.
12) Idem, pág. II - 28_
SAGMACS, "Estrutur<l Urbana de Belo Horizonte", 1958, não pu-
13)
blicado. Pág, li
-
34.
70 CADER:'\OS DE AD~n;'o\ISTRAÇÃO PÚBLICA

A mesma monopolarização não é de molde a mudar a


obsen-ada quanto ao equipa- feição monopolarizada dos des-
mento comercial pode ser ve- locamentos da população." 15
rificada no caso dos locais de
trabalho: Em conseqüência, equipa-
mentos de diyersas naturezas
"As pessoas que trabalham obedecem ao mesmo esquema.
em outras unidades (que não O relatório então conclui:
2que1as em que residem) o fa-
zem, em grande maioria - aci- "Fortemente monopolarila-
ma de 50% - no Centro da da, 110 equipamento comercial
Cidade. Casos como o da "Ci- (quase metade dos estabeleci-
dade Jardim", COm 95%, "San- mentos de tôda a cidade se lo-
to Antônio", com 100%, "Cru- caliza no Centro), no equipa-
zeiro", com 92% e "Floresta mento administrativo, de ensi-
I", com 90%, são os casos ex- no secundário e superior,
tremas. Mas, em virtude da quanto aos estabelecimentos
especial distfmcia a que se en· industriais (apesar da Cidade
contram do centro principal, Industrial de Contagem) , e até
cabe especial menção ao que se no equipamento ele recreação
\"erifica em "Venda Nova", com (Parque Municipal), a Cidade
57% dos seus chefes de família oferece as maiores possibilida-
trabalhando no Centro, e no des de emprêgo no centro prin-
"Barreiro", em que essa per- cipal, e faz com que os mora-
centagem chega a 40%." 14 dores de todos os seus bairros
dependam de alguma forma
E, mais adiante, o relatório dêsse centro, para o qual
nos acrescenta: afluem servindo-se de uma rêde
"Como já tivemos ocasião de de transportes coleth-os em que
observar. a atração exercida tôdas as linhas têm seus pontos
pelas possibilidades de emprê- de partida no Centro da Ci-
go na Cidade Industrial ainda dade." HI

14) Idem. pág. II -- 3C.


151 Idem. pág. 11 -- 30.
16) Idem, pág. 11 -- 33.
CO:\DIÇÕES DE YIDA E PLA:\E]AMEl\TO FÍSICO 71
Segundo o quadro de inter- não atingiu níveis deficientes,
ferências proposto no presente para a maioria da população,
trabalho, a variável "estrutura dentro dessa condicão de mo-
de polarizações" se faz presente, nopolarização. Dei~emos que
de maneira fundamental ou ne- o relatório da pesquisa nos
ress,íria, em doze condições bá· elucide, especialmente dentro
,iras e de su peraç'ão. de lima perspectiva de e\'o-
IllÇ'ão:
Em primeiro lugar, quanto il
proximidade (Lt residência aos "t~ o lJue nos mostra a pran-
locais de traballHi. Ess;\ c(m- cha C-4. Tomando-se como ra-
dição deve ser considerada não zo,í\'el ga,tar-se no máximo 30
sàmente face à distância mate- minutos, desde a saída de casa,
rial efetiva quanto, igualmen- para se chegar ao local de tra-
te, face à maior ou menOr di- balho, o que esti"esse acima
ficuldade para vencer essa dis- dessa medida, foi considerado
tância; assim, grandes distân- excessivo. A prancha mostra
cias podem ser comideradas uma estrutura em anéis con-
razoáveis se existirem meios de ci:ntricos, onde as melhores si-
transporte rápido, como tam- tuações rorrespondem aos bair-
bém distâncias relativamente ros mais próximos do Centro.
pequenas mas difíceis de serem O tempo de deslocamento con-
\'encidas regularmente a pé po- siderado foi o tempo médio, le-
dem constituir casos deficien- "ados em consideraç:ão todos
tes, face a di ficuldades nos sis- ()) locais de trabalho, com uma
temas de transporte ou de va- ponderação determinada pelas
zão !lO tráfego. respecL i"as percentagens.
Sabemos (lIle, sob () âllgulo () qlle se pode obsen'ar, em
do deslocamento para o traba- especial, é o rato de poucas
lho, ;\ cidade apresentava uma unidades de allálise estarem in-
lllollolllldeacão ca raclerÍst ica, cluídas nas categorias corres-
;'t (;poca da }Jesquisa. A proxi- pOlldentes :'ts piores situações.
midade da residêllcia ;IOS l()(.'ais COlHO, por outro lado, as uni-
de trabalho, tomada no sentido dades em que i"o se dú são
;1l11plo, ;\cima referido, ainel;\ localizadas na periferia, a par-
CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tir de uma determinada distân- como não prejudicial. Há, no


cia do centro, será fácil con- entanto, determinados bairros,
cluir que, conservando-se a especialmente mal s~rvidos,
atual distribuição de locais ele com agravantes nas condições
emprêgo, as populações que se de reIêvo, de vias de acesso 0\1
fixarem além dessas distâncias ele transporte disponível." 17
já atingidas, viverão, quanto
ao tempo de deslocamento para o problema se agranrá, por
o trabalho, em situação cada outro lado, se a polarização
yez pior. Se considerarmos, exercida pela Cidade Industrial
ainda, que o aumento na po- crescer, à medida que se am-
pulação determinará um acrés- pliem suas possibilidades ele
cimo de intensidade no trànsi- oferecer emprêgo. Especiahnen-
to em direção ao centro, e uma te ~e considerarmos a dispersão
maior procura de transporte~ elos locais de moradia dos tra-
coletivos, o anel corresponden- balhadores atuais dessa área,
te ao máximo razoável tenderá como nos indica o relatório:
a diminuir seu raio, aproxi- "De fato, somente o "Bairro
mando-se do Centro e fazendo das Indústrias" e "Vila Oeste"
com que os bairros mais lon- têm uma percentagem suficien-
gínquos apresentem situação temente significativa de popu-
ainda mais precária. lação trabalhando na "Cidade
Poelemos dizer que a ocupa- Industrial" . A maior parte
ção urbana de Belo Horizonte das pessoas que trabalham na
já atingiu o limite dentro do Cidade Industrial residem in-
qual, mantendo-se uma estru- distintamente nos vários bair-
tura de emprêgo fortemente ros de Belo Horizonte. As
monopolarizada, as populações pranchas B-9 e B-IO, que nos
mellOS favorecidas gastam em dão os locais de residências dos
média, para chegar ao seu lo- operários de dez grandes indús-
cal de trabalho, o tempo má- trias, confirmam a afirmação:
XImo que se poderá admitir ele 2400 operários considerados

17) Idem, pãÇl. II ~


-,
_U .
CO:\'DIÇÕE~ DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 73
(Mannesman e Cia. Têxtil zinhos mediante convênios in-
Santa Elisabeth), 900, somente, termunicipais adequados. Agra-
residem nas imediações da Ci- ya a situaçãô o fato de se co-
dade Industrial; o restante tem gitar preferencialmente de in-
residência em vários bairros de dústrias com elevadas necessi-
Belo Horizonte, sem nenhuma dades de terreno por operário
preponderância de algum dês- empregado." 19 -
ses bairros." 18 Quanto ao acesso material
Do ponto de yista das pers- fácil e seguro às escolas de for-
pectivas futuras, o problema mação básica, em especial no
ganha dimensão se o conside- que se refere à sua freqüência
rarmos sob o ângulo das possi- por crianças, a pesquisa reali-
bilidades em terrenos indus- zada levantou alguns elemen-
triais, onde se possam implan- tos relativos à distribuição das
tar indústrias a distância razoá- escolas pela área habitada. O
vel dos locais ele moradia de relatório nos diz:
seus operários, em têrmos de "Encontramos a localização
tempo de deslocamento. Assim, das escolas primárias de Belo
o relatório nos observa: Horizonte na prancha A-16.
"Os terrenos disponíyeis pa- Foi delimitado, nessa prancha,
ra a expansão industrial são o círculo cujo raio pode ser
extremamente deficientes em considerado como o máximo
ál'eas suficientemente planas razoável de distância que deve-
para uma implantaçãô isenta rá uma criança percorrer a pé
de onerosa terraplenagem. Em para chegar à escola. Ficaram,
face do volume do emprêgo in- assim, definidas as zonas habi-
dustrial a oferecer à população tadas que não se encontram
no período dos próximos 30 servidas por escolas primárias
anos, êsse é um grave problema a distância razoável. Do exa-
da cidade; de fato, só poderá me dessa prancha pode-se con-
ser resolvido lançando-se mão cluir que não são demasiada-
de terrenos dos municípios vi- mente grandes, com exceção do
18) Idem, pág. 11 - 30 c 31.
19) Iàem. rá\). III - '19.
74 CADERNO~ DE ADl\IINISTRAÇÃO PÚBLICA

caso da Ressaca, as áreas não área interna à A\'cnida do


servidas." 20 Contôrno, especialmente no
que se refere às escolas parti-
.Mas o exame da localização,
culares, concentração que não
isoladamente, não basta para
encontra correspondente na
concluirmos sôbre as deficiên-
maneira pela qual a população
cias pon-entura existen tes, urna se distribui pela ;írea urba-
vez que as escolas podem es- na. ~1
tar uniformemente distribuídas
mas não oferecerem Um núme- Verifica-se, de fato, nesse sen-
ro de Yagas equivalentes às ne- tido, que 16 unidades, das 56
cessidades da população resi- analisadas, encontram-se em si-
dente na sua área de polariza- tuaÇio deficiente, quanto à
ção. Fato que modifica radi- disponibilidade ele ngas den-
calmente as condições existen- tro dos limites da unidade. ~~
tes, lima vel que, apesar de
contar com escolas a di,tância Quanto ;IS perspectivas de
material razoável de suas casas, futuro, estamos diante de um
permitindo às crianç~as um aces- caso em que a espontaneidade
So fácil e seguro, as mesmas na implantação das escolas não
se vêem obrigadas a freqüentar poderá solucionar o problema.
escolas localizadas a d ist<incias Permitir;í, l1a melhor das hipó-
menos faH)l"áveis, levadas pela teses, algumas in iciat i\'as posi-
possibilidade efetiva de vagas. tivas isoladas, mas dará mar-
Essa parece ser a deficiência gem, mais do que tudo, à ado-
real encontrada na distribuição ção de medidas complementa-
das escolas primárias em Belo res com repercussões negativas
Horizonte, a se julgar pelo re- no custo clú ensino, ou meSlllO
latório da pesquisa realizada, ;'1 criação de mais uma condi-
que 110S mostra que as escolas ~'ão de segregação entre cama-
primárias existentes se multi- das sociais, através das escolas
plicam em grande número na que servem grupos e não hair-

201 Idem. P<Í~l. II - 95 e %.


21) Idcm. Pág. II - 97.
22) Idcm, Prancha B-14.
COXfllÇÕES DE "IDA r PL\XE]A:\IEXTO FÍSICO i5
ros, A perspectiva de eyolu- a tenderiam, pelos serviços que
ção só poderá ser positiva, em comportam, áreas menores do
têrmos amplos, se decorrer da que aquelas atendidas pelos
formulação de uma política de Centros de Saüde,
implantação dos edifícios esco-
lares; embora eleva ser lembra- As perspectins de e\'Üluçào
da, igualmente, a neces~idade previsíveis para o caso são me-
de medidas relatins ao pró- nos negativas do que aquelas
prio nÍYel de ensino, fator im- enunciadas para a situação
portante _.na definição efetiva quanto às escolas primárias.
da área de sen'iço da escola, lima vez que, em se tratando
de U111 serviço oferecido pelo
A pesquisa nos oferece da- poder püblico, é de se esperar
dos, ainda. sôbre a situação no o exame de cada nOva implan-
que concerne i\ disponibilidade tação dentro de uma visão de
de atendimento médico a dis- ron junto do equipamento j,í
tância material razoável - em- disponível, As deficiências po,
bora le"e em conta somente os derão advir ele Ia tôres de outra
serviços médicos oferecidos pe- natureza, como a própria capa-
lo poder püblico - e à dispo- cidade do poder público em
nibilidade dêsse atendimento oferecer êsse equipamento ao
na urgência requerida em cada ritmo exigido pelo crescimento
ca,O, da cidade, e como também um
desentrosamento entre os vá-
Em relação ao primeiro pon-
rios níveis do poder público,
to, podemos dizer que a situa-
cada um oferecendo seus ser-
cão ainda não entrou em ní-
viços sem leva r em ron ta o j;í
~eis demasiadamen te deficien. oferecido pelos outro"
tes, uma vez que somente 11
das 56 unidades de análise não No que se refere ao atendi-
contam com postos médicos a mento na urgência requerida
distáncias razoáveis, e 1fi não em cada rasü, a pesquisa nos
dispõem de Centros de Saúde indica uma situaç'ão bastante
numa proximidade suficiente, mais precária: das 56 unidades
Segundo os cril('rios adotados de análise, 3i se encontravam
na pesll uisa, os postos médicos em nÍYel abaixo do mínimo
76 CADERNOS IlE ADMINISTRAÇ:ÃO PÚBLICA

exigível, cabendo a 23 a quo- crescimento da área urbana, já


ta O. Embora a variável "es- presentemente no limite de
trutura de polarizações" desem- suas possibilidades enquanto
penhe um papel fundamental estrutura monopolar, como j;'t
no que respeite a essa condi- foi referido acima.
ção, pela distribuição equili-
brada e hierarquizada, pelo ter- Quanto àquelas condiçõc'i
ritório, dos sistemas. de atendi- b,ísi(;1s ou ele superação nas
mento urgente, parece-nos que, quais a yariável "estrutura de
no caso de Belo Horizonte, <1'í polarizaçilcs" pode interferi r
deficiências existentes não lhe ele maneira auxiliar, encontra-
serão devidas. Como já tive- remos elrmentos diHTsos na
mos a ocasião de verificar para pesquisa realizada.
o problema do deslocamento N o que se refere à suficiên-
para o Centro Principal, loca I cia quantiLati\<l do o[crecimcll-
de trabalho preponderante da to de vagas nas escolas de fOj-
população, o tempo necessário mação lJ;isica, j;í. tivemos a
à locomoção do Centro para oportunidade de deocrcver co-
a periferia e vice-versa aind~l mo a concentraçào de escol;[<,
não se torna excessiyo. ;\ssil1l, na área interna il ,\venicla do
mesmo que o equipal,lellto de Contôrno pode distorcer a anj-
socorro urgente fôsse totalmcn- lise do problema ebs v;1ga5.
te monopolar, sua pos5ibilida-
de de atendimento dpido n;1n ri o que respeita fi suficiênch
seria ainda deficientc. Tra t;I- 'lu<1ntitativa cios sistemas de
-se, portanto, no caso ele Belo transporte, a pesquisa n05 in-
Horizonte, de outros fatôres, dica que somente 10 unidade"
tais como a própria capacidade se ressentem de deficiência
do serviço existente, que deter- quanto ao número de lugares
minam a insuficiência i nc1icada e freqüência elos veículos, nos
na pesquisa. ,istemas de transporte coletiyo,
sempre devido ao fato, já
O mesmo não se poderá di. enunciado, de se encontrar a
zer, entretanto, das perspecti- dimensão da cidade ainda den-
vas de evolução, face ao rápido tro dO$ limites do admissível
CO:'-lDlÇÕES lJE vmA E PLA:-.iEJAMENTO FÍSICO 77

dências necessárias deverá ser


para uma estrutura monopola-
a correspondente reserva de es-
rizada.
paços para êsses usos, dentro
Quanto aos sistemas de inter-
de um esquema de polarização
comunicação pessoal à distân-
q lle leve em con ta as áreas des-
cia, no que se refere ao alcan-
tinadas ao uso residencial, e os
ce dos sistemas, e disponibili-
núcleos de polarização comer-
dade na urgência requerida, sa-
cial ou de serviços. Deve ser
bemos, pela pesquisa, que exis-
observado que as unidades de
tem grandes deficiências quall-
<ln;ílise foram dimensionadas
to ao telefone público e às cai-
tendo em vista uma extensão
xas de correio, quanto à loca-
territorial e uma ocupação po-
lização dos mesmos, a que uma
pulacional dentro do possível
melhor estrutura de polariza-
uniformes, e de grandeza tais
ções daria maior rendimeri to.
que cada unidade pudesse ser
tsses e oUlros equipamentos e
considerada como uma "unida-
serviços, como a distribuição
de de vida coletiva", para usar
domiciliar de correio, o telé-
a mesma terminologia emprega-
grafo, no entanto, têm sua efi-
da na pesquisa.
ciência dependente muito mais
da capacidade administrativa
do poder público e das próprias l\'ão temos dados quanto às
possibilidades de investimento deficiências nesse tipo de equi.
da comunidade. pamento, ao nível que podería.
mos chamar de unidades com·
No que se refere a locais e plexas, isto é, unidades de vi-
instrumentos de comunicação da coletiva mais amplas, que
social, política e cultural, a pes- aglutinem um certo número de
quisa nos relata que os locais unidades elementares, da di-
públicos ou semi públicos de mensão das tomadas para a
reunião são insuficientes, mal pesq uisa de níveis de vida.
localizados ou mesmo inexis- Nível onde se tornariam mais
tem em 48 unidades de análi- desejáveis, ou pelo menos pos-
se (41 em nível O e 7 em ní- síveis, os locais que se prestem
vel 1), o que nos pode levar a uma intercomunicação cultu-
a concluir que uma das provi- ralou política coletiva.
C.\IlElC\()i DE .\J)'[I:\ISTIC\Ç:ÃO Pl:Bl.TCA

Quanto àquelas condições de dicas ou excepcionais (de 20 a


confôrto ou de comodidade nas :10 unidades nessa situação pre-
quais pode interferir a variá- cária). Alguns equipamentos
vel "estrutura de polariza~·ões". ,e encontram mellldr distribuí-
embora seja grande o seu nú- dos, como os cinemas, os clu-
mero, poucos são os casos em bes esportivos, os campos po-
que a pesquisa nos oferece da- pulares de futebol. A análise
dos de interêsse. da localização deveria ser ('(jm-
pletada, no entanto, para que
o acesso m.tterial Hcil aos
pudéssemos concluir de manei-
~istemas de recreação, aos ins-
ra segura quanto ;'1 efetiva fa-
trumentos de comunicação in-
cilidade de acesso a êsses equi-
terpessoal a distância, e a co·
pamentos, pela anúlise combi-
modidade oferecida pelos siste-
nada dos sistemas de ligação
mas de distribuiç'ão de gênerO)
entre os locais em que se en-
e bens de consumo em geral,
contram os equipamentos e a
pode ser verificado, até certo
;irea que os mesmos servem,
ponto, atnH'és do exame que
bem como pela anúlise das
se fêz, na pesquis:l, da locali·
condições de relêvo, de parti-
zação dêsses equipamentos.
cular importância em Belo Bo-
N a maioria dos casos, a es. rÍ7onte. Tratando-se, no entan·
trutura monopolarizada da ci- to, de condições de confôrto,
dade determina deficiências, poderemos nos abster, num:!
algumas de porte, como ocor- primeira aproximação, de um
re com os jardins e praç'as pú- exame mais profundo.
blicas (29 unidades com nível
inferior a 2), parques infantis Se a adequada manipulação
(somente 8 unidades com ní- d:l variável "estrutura de po-
vel superior a 2), caixas de larizações" poderú dar maior
correio (38 unidades em situa- rendimento à capacidade de
ção deficiente), telefone públi- oferecimento c1êsses serviços,
co (45 unidades não servida,), sed no entanto mais decisiva
feiras e mercados (38 unidades a manipulação da variúvel "lo-
com nível inferior a 2), bem calização", enquanto política
como lojas de compras perió- de reserva de espaços, especial-
79

mente quando se traIa de usos exame da proximidade entre


que exijam maiores <juOIntida- os locais de trabalho e de resi-
de~ de espaço, como ocorre com dbKia. a suficiência t{uantita-
o equipamento de re(Tea~'ào. ti"a, a rapidez dos sistemas
A. pesqui~a também nos for- de transporte e o alcance dos
nece dados quanto :l rapidez equipamentos de intercomuni-
1I0S meios de transporte e cação pessoal a distância.
quanto à comodidade ofereci-
da no transporte ..P úmos an-
teriormente que a rapidez, a
ser medida pela freqüência dos Podem'os ter, de certo modo,
veículos coletivos disponíveis UlHa penptcli\:t geral da si.
e pelo tempo exigido no trans- tuação qllanto :1 varüível "lo-
porte, ainda se encontra a ní- calização" lia apresentação da"
veis razoáveis para a maioria dados relati \'OS ,\ "separação Oll
da população de Belo Horizon- aglutinamento de liSOS". Será
te, muito embora a expansão mais útil, assim, passar a exa-
da área urbana e as dificulda- min;í·la de forma mais parti-
des crescenles de vazão do trá- cular em suas interferências
fego venham muito em breve concretas nas condições de de-
a tornar deficientes essas cOn- ,',envolvimento.
di~'ões .
A vari,ível "localização" cor-
Quanto à comodiclade, que responde :1 necessidade de de-
pode ser medida pela suficiên- cidir sôbre a implantação de
cia no número de lugares nos um determinado liSO, uma vez
veículos de transporte e pela definida a melhor orientação
distância às linhas de transpor- quanto à separação ou ao agIu·
te coletivo, a si tuação se asse- tinamento dos usos em geral e
melha àquela anteriormente CJ uanto it sua si wação em têr-
descrita, inclusive em têrmos mos de estru tura de polariza-
de perspectivas para o futlllO. ç'ões e áreas de influência. Mas
Considerando-se as funções ela deve ser compreendida,
da cidade como um todo, ga- igualmente, dentro de uma
nIu particular importância o perspectiva de evolução da área
80 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ocupada, quando se traduzirá Poderemos até estabelecer


em uma política de reserva de que a falta de uma tal defini-
espaços para usos futvros. ção pode vir a acarretar con-
seqüências negatí"as no que se
O quadro de interferências refere à suficiência quantÍlati-
proposto na primeira parte de "a na oferta de empregos para
nosso trabalho estabelece uma a população da cidade, ao tra-
série ele 22 condições básicas zer dificuldades a uma implan-
ou de superação nas quais in- tação industrial no ritmo exi-
terfere de maneira fundamen- gido pelo crescimento da ofer-
tal ou necessária a variável ta de mão-ele-obra. Situaçã:)
"localização". Mas a pesquisa que poderá tanto determinar
não nos oferece dados relati- um arrefecimento da tendên-
vamente a tôdas essas condi- cia da capital em se constituir
ções. num centro industrial de im-
Teremos em primeiro lugar portância, como também - e
o problema da proximidade en- esta seria a hipótese mais pro-
tre os lugares de habitação e "ável - resultar em uma im-
ele trabalho, que já tivemos plantação industrial em condi-
a oportunidade de descrever ções cada vez menos favoráveis
como uma situação no limit~ às exigências humanas da po-
do satisfatório, a que a evolu- pulação.
ção previsível levará a um nível
deficiente. E face à dificulda- No que respeita ao acesso
de quanto à escolha de terrenOS material fácil e seguro às es-
adequados à implantação in- colas ele formação básica, a que
dustrial, de modo especial para também já pudemos nos refe-
implantações conjuntas reco- rir, será a variável "localiza-
mendadas por preocupações de ção", enquanto escolha de lo-
economias de escala, a mani- cais e reserva de espaços, que
pulação da variável toma uma permitirá realizar as opções
importância preponderante, en- definidas no exame das estru-
quanto definição de política turas de polarizações desejáveis
de reserva dos espaços dispo- para o oferecimento dêsses ser-
níveis. viços, atualmente distribuídos
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 81

de forma deficiente. Da mes- modificada. Restaria o proble-


ma forma quanto à assistência ma do crescimento i:ldustrial
médica pública. previsível, face ao qual se tor-
na necessária a definição de
Quanto aos equipamentos de uma política de localização de
recreação, que a pesquisa nos novas indústrias, especialmen-
apresenta como deficientes exa- te quando as mesmas acar-
tamente naqueles tipos que retarem os problemas de noci-
exigem maior espaço, como os vidade a que estamos nos re-
jardins e praças públicas, além ferindo.
dos parques infantis, a variá-
vel localização ganha particular E quanto à disponibilidade
interêsse ao se traduzir em uma em locais de encontro e inter-
adequada política de reserva comunicação sociql e coletiva,
dos espaços necessários, face à encontramos deficiências de vá-
expansão e ao adensamento da rios tipos, exigindo uma polí-
área urbana. tica de reserva de espaços, na
perspectiva de crescimento da
Dispomos de alguns dados :'trea urbana.
quanto à suficiência da distri-
buição de gêneros alimentícios, Quanto àquelas condições
mas sem poder relacioná-los básicas e de superação em que
com segurança a uma política a variável localização interfere
de reserva de espaços, para cer- de maneira auxiliar, não dis-
tos usos hortigrangeiros nas pomos de dados senão no que
áreas contíguas à área urbana. se refere à suficiência quanti-
tativa dos sistemas de forma-
Já quanto à ausência de ção básica, a que uma adequa-
pôeiras e fumaças nocivas, que da política de localização das
verificamos tratar-se de uma escolas primárias traria maior
condição em nível satisfatório, rendimento: com a atual dis-
pelo menos nas áreas abrangi- tribuição das escolas é de se
das pelas unidades de anál'is::! prever o agravamento do pro-
da pesquisa utilizada, podere- blema para o futuro, dada a
mos concluir que a localização tendência de excessiva centrali-
até agora adotada não deve ser zação que se verifica.
82 CADI:R:\OS DI' An~II;\ISTR:\ÇÃO PÚBLICA

?\ as condições de confôrto sibilita uma análise de maior


ou comodidade, nas quais a va- interêsse quando particulariza-
riável interfere, os dados dis- da em tôrno das situações que
poníveis que já tivemos a opor- ela condiciona. Será útil, no
t unidade de apresentar se re- entanto, mencionar, como já
ferem aos sistemas de distri- ti\'emos a oportunidade de fa-
buição de gêneros e bens de zê-lo no início da segunda par-
consumo em geral, ~l disponibi- te do presente trabalho, que
lidade, à distância material ra- Belo Horiwnte se encontra en-
~oável dos serviços de inter- tre as principais aglomerações
comunicação pessoal a distân- urbanas do Brasil, com uma
cia, e ao acesso material fácil população estimada, à época
aos sistemas de recreação, os da pesquisa, em 522 milhares
primeiros apresentando defi- de habitantes.
ciências e o último encontran-
tsses dados podem, de certa
do-se em nível satisfatório, en-
forma, dimensionar a impor-
quanto localização de alguns
tância das atividades que nes-
dos equipamentos de recreação.
sa cidade se desenvolvem, bem
Do mesmo modo quantd ao como a extensão de sua área
nível de ruído, ainda satisfató- urbana.
rio na maioria das unidades de
análise. A manipulação da variável
"dimensão" corresponde à es-
As funções da cidade como colha da grandeza quantitati-
um todo aumentam a impor- va a ser dada ao espaço desti-
tância do problema da reser- nado a um determinado uso,
va de espaço para o uso indus- o que exige também o dimen-
trial, enumerado entre as con- sionamento da própria ativida-
dições básicas a responder pelo de a exigir essa parcela de es-
tratamento da variável "Loca- paço. A extensão da área ur-
lização" . bana, a extensão a ser destina-
D.imensão da, dentro dessa área urbana,
aos vários tipos de usos que
A variável "dimensão", como nela terão lugar, baseando-se
a variável "localização", pos- no dimensionamento da poru-
CONDIÇÕES DE \'JlJA E PLANEJA}\IENTO rÍSICO

lação a se utilizar de um de- materiais, e pelas novas exigên-


tenninado serviro uu ele um cias em serviços e equipamen-
determinado espaço, e no di- tos que pode acarretar.
mensionamento do serviço a
Tomemos então, em primeiro
ser oferecido, são alguns tipos
lugar, aquelas condições b:ísi-
de decisões conesponden tes :':
cas e de superação para as
manipulação dessa vari:í"cl.
quais a maior dimensão pode
Em nosso quadro de interfe- trazer van tagens .
rências, somente pudemos iden- Dispomos de dados para o
tificar, do ponto de "ista do; exame da situação em Belo
dimensionamentOs globais, in- Horizonte relativamente a al-
terferências de caráter auxiliar, gumas delas, tais como a sufi-
tanto relativamente a condi- ciência quantitativa dos siste-
ções básicas ou de superação mas de formação básica, a su-
como no que se refere a condi- ficiência dos sistemas ele recrea-
ções de cónfôrto, embora seja ção, dos sistemas de transpor-
bastante grande o número des- te, o nível qualitativo dos gê-
sas interferências. neros alimentícios oferecidos
;10 consumo, bem como o al-
A sua maioria absoluta cor-
cance do sistema de distribui-
responde às possibilidades que
ção ele energia
a maior dimensão apresenta
para serem obtidas economias Para êsses casos, a maior di-
de escala de diversos tipos, bem mensão propicia a implantação
como para serem obtidas cou- de equipamentos mais onerosos
dições de mercado para o ofe- mas de maior rendimento,
recimento de maior variedade como é o caso dos sistemas de
e melhor qualidade de servi- transporte: garante uma de-
ços. Paralelamente, muit:ls in- manda que permite a conti-
terferências se referem ús di- nuidade e a qualidade da ofer.
ficuldades que a maior dimen- ta, como é o caso da melhoria
são pode trazer para obtenção do nível cIos gêneros oferecidos;
de certas condições, pelo custo possibilita dimensionar a ofer-
que podem representar, em ta numa escala de pleno ren-
t&rmos financeiros, técnicos e dimento e maior produti\'idade
CADERi\'OS DE AD:\IlNISTRAÇÃO PÚBI.lCA

dos equipamentos, como é o za mínima que permitisse a


caso do oferecimento de ener- implantação dos equipamentos
gia, e da suficiência dos siste- considerados. Nem, tampouco,
mas de formação básica e de o crescimento previsíivel cria-
recreação. r:í novas condições mais pro-
pícias. Na dimensão em que
A sÍLuação encontrada em já se encontra a cidade, o pro-
Belo Horizonte é deficiente em
blema de elevar os níveis de
alguns casos: a oferta de va- atendimento repousa em outras
gas em escolas primárias, (con-
variáveis, especialmente na ca-
siderando-se o número de va-
pacidade administrativa e fi-
gas disponíveis dentro dos li- nanceira dos organismos com-
mites das unidades - 16 uni- petentes para implantar êsses
dades em nível abaixo de 2), equipamentós, na capacidade
as áreas disponíveis para cer- produtiva da economia e no
tas faixas de recreação, como poder aquisitivo da população.
já tivemos a oportunidade de
verificar, e a rêde de ilumina- Não haverá, portanto', como
ção pública (26 unidades em manipular objetivamente, em
nível inferior a 2); e menos Belo Horizonte, a variável di-
deficiente quanto aos demais, mensão, para fazer face às defi-
como a rêde de energia elétri- ciências encontradas nas con-
ca domiciliar, o nível quali- dições em que ela interfere.
tativo dos gêneros oferecidos ao Não é por outra razão, ali{ls,
consumo, os sistemas de trans- que essa interferência não pôde
porte. ser classificada senão como
simplesmente auxiliar, isto é,
Não nos parece, entretanto, complementar e dependente de
que tanto as deficiências en- outros tipos de variáveis, de
contradas como os níveis satis-
ação mais decisiva.
fatórios tenham uma relação
muito estreita com a dimen- Tomemos em seguida as con-
são da cidade, a partir, natu- dições para as quais a maior
ralmente, de certos limites ul- dimensão pode trazer proble-
trapassados desde que o aglo- mas, consideração importante
merado alcançou uma grande- a ser feita dado o fatO do aglo-
CONDIÇÕES DE nDA E PLANEJAME~TO FÍSICO 85
merado belo-horizontino se ca- ção de custos mais baixos por
racterizar pelo rápido incre- unidade atendida. Nesse caso,
mento populacional e pela ex- a manipulação conjunta da
pansão caela vez maior da área variável "densidade" poderia
urbana. ajudar a corrigir as dificulda-
des trazidas pela grande ex-
Entre essas condições, pode-
tensão.
remos examinar, por dispormos
de dados na pesquisa que nos Será então o caso de exami-
sen'e de base, a suficiência narmos essas condicões de for-
quantitativa do fornecimento ma mais completa quando tra-
de água, a relação de proximi- tarmos da variável "densida-
dade entre os locais de residên- de", uma vez que a dimensão
cia e de trabalho da população, em si mesma não representa
a disponibilidade do atendi- um condicionamento senão au-
mento médico na urgência re- xiliar.
querida em cada caso, o alcan- :f:sse mesmo caráter auxiliar
ce dos sistemas de transporte, da variável torna o exame das
o alcance elos sistemas de co- demais condicões enumeradas
municação interpessoal a di,- menos completo, se considerar-
tância e dos sistemas de esgúto mos a "dimensão" de maneira
e de coleta de lixo. isolada.
Mas para aquelas condições Assim, a relação de proximi-
em que a maior dimensão cria dade entre os locais de residên-
problemas quanto ao alcance e cia c de trabalho, além de não
à disponibilidade dos sistemas corresponder sómente à ques-
a serem implantado's, a variá- tão ela localização mas tam-
vel dimensão não deve ser COI1- bém aos meios de ligação, de-
siderada isoladamente e somen- pende muito mais ela política
te do ponto de vista da exten- de reserva de espaços e da ma-
são da área a ser atendida; não nipulação da variável "estru-
estaríamos levando em conta as tura ele polarizações", que po-
possibilidades oferecidas por derá tornar equilibrada a ctis-
um maior adensamento nessa tribuição dos locais de residên-
ocupação, em têrmos de obten- Lia e trabalho, apesar das di-
86 CADER:\'OS DE ML'\II:\'ISTRAÇÃO rÚllLIC,\

ficuldades que a maior dimen- identifica somente como auxi-


são populacional, territorial ou liares, embora igualmente nes-
mesmo econômica poderiam: se caso seja grande o número
trazer, Foi Q que já verifica- ele condições a sofrer essa in-
mos ao examinar a estrutura terferência.
de polarizações.
Dispomos, no entanto, 11,1
E no que se refere à sufi- pesquisa, de dados relativos a
ciência quantitativa do fome- somente duas dessas condições,
cimento de água, em que a a rapidez e a comodidade nos
maior dimensão cria exigências sistemas de transporte. Em
muitas vêzes difíceis de serem ambos os casos poderemos nos
superadas, no que respeita :1 ver frente a dificuldades, pela
ca pacidade dos mananciais ele expansão excessiya das áreas a
;ígua disponíveis, sabemos que serem servidas e das distância,
para o caso de Belo Horizon- a percorrer, como frente a pos-
te a problemática se volta clt: sibilidades, graças à oportuni-
maneira muito mais elecisi\;L dade oferecida pela grande di-
para as limitações ela capaci- mensão - ele forma combina-
dade de investimento ela co- da com a densidade - para a
munidade e da capacidade ael- implantação de equipamentos
millistrati\'a do poder público. especiais de maior rendimento,
Trata-se de saber não se a di- Será mais útil, assim, tratarmos
ll1emão da demanda de água de examl11ar as deficiências
f{Jde ~er satisfeita com os ma- existentes em Belo Horizonte,
n ,111 ria is disponíveis, mas sim quanto a êsses aspectos, na aná-
quais as possibilidades em re- lise ele variáveis que nelas in-
cursos financeiros e técnicos terfiram ele maneira mais de·
para obter o aproveitamento OSlva.
dês se, mananciais.
Em conclusão, podemos di-
Quanto àquelas rondiçües de zer que são pràticamente ine-
ronfôrto e comodidade nas xistentes as deficiências que,
quais a variável "dimensão" em Belo Horizonte, serão
interfere, o quadro de interfe- superadas se manipularmos ;1
rências proposto também as variável "dimemão" em rcla-
CO:\DIÇÕE5 DE YID.\ E l'LA:\'EJA;\lE:-'TO 1·-ÍsICO 87

ção à cidade como um todo. l\' o caso de Belo Horizonte


Para aquêles aspectos em que pudemos verificar que uma sé-
a maior dimensão apresenta rie de condições para as quais
vantagens, não podemos senão a dimensão excessiva pode de-
nos valermos positivamente das terminar deficiências, como no
perspectivas de crescimento que que se refere ao deslOCamento
a cidade oferece; para os as· para o trabalho, a cidade se en-
pectos em que a dimensão ex- contra na situação-limite, aci-
ce:;siva pode trazer dificulda- ma da qual essas deficiências
des, vimos que a consideração começarão a surgir de manei-
conjunta de outras variáveis ra crescente. A manipulação
po,sibilitar,[ superar essas difi- conveniente das variáveis aci-
ma enunciadas ganha então
culdades.
particular importância, face à
Cabe dizer, por último, que, situação em que se encontra a
yariável dimensão.
tomando a cidade como um
lodo, seria ilusório pretender o exame da dimensão, no
manipular a sua dimensão no entanto, não se limita, como
,entido de limitar seu cresci- dissemos, à consideração dos
mento. Fatôres de outra natu- aglomerados ou dos espaços
reza condicionarão (le fonua como um todo. Ela significa
mais deci,iva essas perspecti- também o dimensionamento
vas. l'\ esse aspecto, trata-se de das partes elo todo, sempre que
manipular convenientemente êsse dimensionamento exija a
variáveis como a densidade e organização ele porções do e s.-
a estrulUra de p01arizações, paço.
não somente no sentido de evi- N esse caso, a yariáycl dimen-
tar <J lIe os fatôres negativos da são interferiria, segundo o nos-
dimensão excessiva interfiram so quadro de interferências, de
nas condições de desenvolvi- maneira mais decisiva relativa-
ment.o, como também com o mente a algumas condições
intuito de tirar o máximo de para as quais é fundamental
proveito das pos5ibilidades ofe. ou necessário um nível ade-
recidas pela grande dimensão. quado de espaço disponível.
88 CADERl'\OS DE ADl\BNISTRAÇÃO PÚBLICA

A pesquisa nos oferece ele- Ias relativas aos condicionan-


mentos relativos a algumas tes econômicos do equipamen-
dessas condições em Belo Ho- lo habitacional.
rizonte, isto é, quanto à sufi-
ciência em espaço interno nas No tocante ao espaço dispo-
habitações, à suficiência quan- nível para os sistemas de re-
titativa dos espaços destinados creação, vimos que é grande a
aos sistemas de recreação, e à deficiência existente, no que
suficiência de espaços para usos toca a praças e jardins e a par-
industriais futuros, exigidos ques infantis, embora se dis-
pelo crescimento de importân- ponha de espaço em quantida-
cia da cidade como centro in- de razoável utilizado para cam·
dustrial _ pos populares de futebol. Na
área interna à Avenida do
No que se refere às habita- Contôrno existe igualmente
ções, a pesquisa identifica 27 uma certa disponibilidade de
unidades, das 56 analisadas, espaço livre, uma vez adotada
nas quais o tipo de habitação uma hierarquização das vias de
preponderante se situa em pa- tráfego existentes, dado o fato
drões inferiores ao mínimo de- de se destinar grande percenta-
sejável, no tocante às suas ca- gem de área à função de cir-
racterísticas construtivas e tam- culaçã.o, em níveis superiores
bém no tocante ao espaço dis- às necessidades. Trata-se, por-
ponível por habitante, que é tanto. de redimensionar a dis-
o aspecto que nos interessa no tribuição das áreas livres dispo-
momento_ Não há dúvida, no níveis, ao mesmo tempo que
entantd, que se o adequado di- estabelecer uma quota de espa-
mensionamento do espaço é ço de recreação por habitante
condição necessária à obtenção superior àquela vigente atual-
do nível mínimo suficiente mente.
para o uso residencial, não é A reserva de espaç03 para
menos verdade que essa obten- usos industriais futuros, a que
ção está muito mais fortemen- já nos referimos quando trata·
te na dependência de variáveis mos da variável "localização",
de outra natureza, como aque- exige igualmente um dimen-
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANE]Al\fENTO FÍSICO 89

sionamento que leve em conta Em tôdas as demais condi-


as perspectivas de crescimento ções examinadas o dimensiona-
populacional e o conseqüente mento tem uma importância
incremento na demanda de menor, ou porque simplesmen-
empregos urbanos. Assim, se te possibilita a obtenção de
no tocante a êsse problema, condições de melhor rendimen-
que pode assumir uma certa to, ou porque é ociosa a sua
gravidade em Belo Horizonte, consideração, dado o condicio-
tivemos que considerar as va- namento a fatôres de outra na-
riáveis "separação Ou agluti- tureza a que está sujeita a di-
namento de usos", "estrutura mensão a ser efetivamente atin-
de polarizações" e "localiza- gida; ou ainda porque, embo-
ção", enquanto reserva de es- ra necessária a definição de
paços, faz-se também presente quotas de espaço, a sua real
a variável "dimensão", traduzi- distribuição será determinada
da na definição da quota de por variáveis de instrumenta-
espaços industriais a ser reser- ção mais eficazes do que aquela
vada. disponível para manipular as
Em resumo, podemos dizer variáveis da organização do es-
que a ,·ariável "dimensão" paço físico.
deve ser considerada, em Belo Essas considerações não se al-
Horizonte, na definição de teram se levarmos em conta oS
uma quota mais adequada de funções do aglomerado belo-
espaço de recreação por habi- -horizontino cOmo um todo.
tante e no dimensionamento Como centro administrativo,
das áreas a serem reservadas
comercial, industrial e de ser-
para o uso industrial futuro,
\"iços de importância crescente,
a se julgar pelos elementos que
a cidade terá as dimenções exi-
pudemos colhêr na pesquisa
utilizada. Para êsses proble- gidas por essas funções, inde-
mas um dimensionamento COl'- pendentemente de limites que
reto é indispensável para se possam ser desejáveis do pon-
obter a superação das deficiên- to de vista da organização do
cias existentes Ou em perspec- espaço físico; não será êsse,
tiva. portanto, o critério de dimen-
90 C,\DER.\:OS nl': .\D:\U::-':ISTRAÇÃO PÚBLICA

sionamento global. Para ccr- variável, quc a distribuição da


tos usos particulares, no en- população na área habitada de
tanto, podem ser definidos li- Belo Horizonte se faz de ma-
mites mínimos desejáveis, a neira relativamente uniforme
orientar a distribui\'ão geral do sem zonas de concentração es-
espaço disponível entre os vá- pecialmente mais fortes, encon-
rios usos que nêle tcrão lugar. trando-se as maiores densidades
brutas não na zona central,
Densidade nem nas primeiras áreas ocupa-
das da cielade, mas sim na zona
A variável "densidade" cor- situada ao norte dessas área~,
responde à intensidade de ele ocupação mais recente. 23
ocupação dada ao solo, nos d· A análise urbanística, tOmall-
rios tipos de usos que nOe te- elo em sua amostra um certo
rão lugar. Se uma maior inten- número de quadras elo centro
sidade de ocupação muitas vê- urbano, da periferia, da zona
les é desejável para a obten- intermecli;íria ele transição e de
cão de determinaelos resultados uma unidaele representativa elo
~(on()micos ou sociais, podem desenvolvimento residencial elo
sempre ser definidos limites, tipo "edifício ele apartamento,
maxlmos e mínimos, dentro sem elevador", pôele anotar
dm; quais essa variável dc"e ~c resultados, quanto à densidade,
encontrar. rela tivamente à população re-
l\ntes de cntrarmos !lO exa- sidente, que variaram até o má-
me particularizado da'i C(l llll i- ximo de 166 habitantes por
çôes !las quais essa "ari;ível hectare de área urbanizada to-
"em interferinelo, em Belo HC) .. tal, no que se refere, portanto,
rizonte, procuremos ganhar à densidade bruta. A média ge-
uma visão ele conjunto de sua ral encontrada para acielade,
C0111 o densidade bruta, foi, no
posição nessa cidade.
entanto, de apenas 78 habitan-
O relatório ele pesquisa nos tes por hectare da ,írea urbani-
mostra, com referência a essa ,aela total.

23) Idem, pá\!, II -- 10 c 11.


CO"'VIÇÕES DE nn.\ E PL\~EJA!>m~TO FÍSICO

Já a densidade líquida, isto paço disponível para a habi-


é, o número de habitantes por tação. 25
hectare de terreno de uso re-
sidencial, yariou de forma me- A segurança na circulação a
IlOS ampla Ilas amostras anali- pé, por sua vez, foi identificada
sadas, em tôrno dos 230 habi- ele forma indireta, e somente
tantes por hectare de uso resi- nas áreas atravessadas por vias
dencial, a menos elo Centro de tráfego 'ntenso e nos nú-
Principal, que neste índice se cleos comerClalS implantados
aproximou ela cifra ele 1 000 a? longo dêsse mesmo tipo de
habitantes por hectare, devido VIas.
ao seu maior desenvolvimento l\fas a suficiência quantita-
em altura. 24 tiya elos sistemas ele transpor-
Entre as condições básicas e te, até a época da pesquisa em
de superação que em nmso nível equivalente aos padrões
quadro ele interferências estão aceitáveis, poderá vir a se cons-
sujeitas de maneira fundamen- ti tu ir em situação deficiente,
taI ou necessária it variável se uma exressi \'a rarefação na
"densidade", somente algumas oeu pação das áreas habitadas
podem ser analisadas a partir impedir a operação econômica
do~ dados disponíveis na pe5- de sistemas ele transporte. Essa
qlllsa. mesma preocupação econômica
dará à densidade uma impor-
I\ a questão habitacional, tra- 1,1ncia especial, no tocante a
[;1-5e, mais do que tudo, como situações já atualmente defi-
dissemos ao tratar ela variável cientes, como o alcance dos sis-
"dimensão", de problemas de temas de águ;l, esgôto c coleta
natureza econômica, já que não de lixo.
cncemtramos, em Belo I-Iori-
zonte, zonas ele adensamento tal Como também () acesso fácil
(Iue prejudique o nível de es- c seguro às escolas primárias,

24) Idem. Parte lIL


.:5) Idem, Idem.
92 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

que se podem distribuir terri- mento médico, bem como a dis-


torialmente a menores distân- ponibilidade de locais de en-
cias uma das outras na medida contro e reunião para a comu-
em que uma densidade de nicação social, cultural e polí-
ocupação mais elevada concen- tica, condições para as quais,
trar a área de atendimento como .Ia vimos, dispomos de
de cada escola, respeitado o dados na pesquisa realizada:
seu dimensionamentô econômi- com maiores densidades os
co mínimo. Sabendo-se que a equipamentos serão melhor dis-
situação atual de Belo Hori- tribuídos, a menores distâncias
zonte, no que se refere a essa uns dos outros.
distribuição de escolas primá-
rias, encontra-se em níveis de- A relação de proximidade
entre oS locais de residência e
ficientes, dada a excessiva con-
centração das mesmas, podemos de trabalho poderá também
concluir que uma preocupação ser mais fàcilmente atendida
de aumento de densidade re- se a distribuição residencial
presenta um condiciOnante im- não se fizer de forma excessi-
portante para a obtenção de vamente rarefeita. tsse proble-
ma, a ser considerado em têr-
uma distribuição mais equili-
brada dos edifícios escolares, mos de perspectivas para o fu-
turo, poderá encontrar na ma-
pelo menos quanto às escolas
nipulação da variável densida·
de respomabilidade do poder
de um auxiliar eficiente na
público.
obtenção das condições desejá-
Algumas das interferências ,"eis.
de caráter auxiliar da variável A última das condições bási-
"densidade", em condições bá- cas que sofre uma interferên-
sicas e de superação, identifica- cia de natureza auxiliar da
das no quadro geral da primei- densidade e para a qual dis-
ra parte de nosso trabalho, COl'- pomos de dados na pesquisa
respondem a êsse mesmo tipo utilizada, é a potabilidade da
de opção. Assim ocorre com ;ígua. Se em :\2 das unidades
a disponibilidade, a distánci:1 de análise a contaminação da
material razoável do a tendi- ;ígua é uma condição freqüen-
CO;,\DIÇÕES J)E VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 93

le, poderíamos atribuir essa de- tflOcia material razoável, que


ficiência a uma densidade ex- verificamos encontrar-se em ní-
cessiva e conseqüente proximi- veis deficientes em Belo Hori-
dade entre os equipamentos in- zonte; e a comodidade quanto
dividuais de obtenção de água aos sistemas de transporte, em
e de esgotamento das águas ser- nível satisfatório até agora,
vidas, naqueles casos em que a quanto ao sistema de distribui-
habitação não é equipada com ção dos g~neros alimentícios e
os correspondentes serviços pú- de bens de consumo em geral,
blicos. Essa situação, no entan- ambos em níveis deficientes.
to, só poderia ocorrer nos ní- Para tôdas essas condições, uma
veis de densidade verificados densidade elevada permitirá a
nas zonas ocupadas por favelas, obtenção de níveis de rendi-
que foram tratados à parte na mento suficientes para uma dis-
pesquisa realizada, sem que se tribuição mais cômoda dos vá-
considerasse a questão da den- rios equipamentos.
sidade de ocupação de forma
numérica. Nas demais áreas de No que respeita a essa va-
Belo Horizonte, cOmo já vimos, riável, de forma geral, uma das
não se encontram densidades situações menos favoráveis é a
excessivas. Preferimos, assim, oferecida pelo crescimento es-
não relacionar a deficiência pontâneo da área urbana, ao
existente com a variável densi- dispor de um parcelamento es-
peculativo da área disponível.
dade, mas sim a fatôres de ou-
Fatôres de natureza econômica
tra natureza que não podemos
obrigam a população de menor
identificar por não dispormos
poder aquisitivo a se localizar
de dados suficientes.
em áreas periféricas rarefeitas,
Quanto àquelas condições de intercaladas de espaços livres
confôrto nas quais interfere a reservados para a valorização,
variável "densidade", podemos e cujo adensamento se proces-
conhecer a situação relativa- sa de forma lenta, em relação
mente a somente quatro: a dis- de dependência com a implan-
ponibilidade de sistemas de co- tação dos equipamentos urba-
municação interpessoal a dis- nos diversos. Com o que se
CADERl\OS DE AD;\II,\;ISTRAÇÃü PÚBLICA

cria uma situação de d ificil so- aquela concernente à ligação


lução, o adensamento depen- entre os vários usos distribuí-
dendo dos equipamentos e a dos, ou seja, a estrutura viária.
implantação dos equipamentos Como o fizemos para as de-
dependendo do adensamento. mais variáveis, será útil prece-
A manipulação efetiva de!>sa der o exame particularizado
variável está condicionada de das condições vigentes em Be-
forma intensa com a instrumen- lo Horizonte de lima apresen-
tação disponível, a que nos re- tação de conjunto da estrutura
feriremos mais adiante. viária dessa cidade.
o crescimento da cidade rO- O relatório da pesquisa rea-
mo centro industrial, adminis- lizada resume em algumas li-
trativo, comercial e de serviços nhas a característica fundamen-
de importância, acarretando tal do traçado viário de que
urna contínua expansão da área dispõe a cidade:
urbana, dá à variável densida-
"A primeira ocupação urba-
de um interêsse particular, em
na de Belo Horizonte (a área
todos os aspectos considerados.
interna à Av. do Contôrno)
"Estrut lira Viária" foi estruturada com base em
um traçado viário planejado
I
de forma global; as demais
Definida a c1i~tribuição dos
úreas atualmen te ocupadas,
liSOS em um território determi-
cuja extcnsão supera "árias y[>-
nado, relativamente à sua con-
zes a área prevista no traçado
comitância ou separação, à sua
inicial, foram urbanizaclas de
hierarquização interna, à sua
forma desconexa e clefeituos<I,
localização propriamente dita,
descoonlenadas entre si c em
à sua dimensão e à intensidade
relação ao próprio traç'ado in i-
com que ocuparão o solo, tere-
cial da cidade." ~H
mos que nos aproximar de mais
uma variáyel relativa à organ i- Ao longo da análise crítica
zação do espaço físico, que é que () relatório apresenta, com

26) hlc'm, pág. II - 33.


co:-;rJl(;ÔES DE \'IDA E PIA:'\EJANIENTO FÍSICO

respeito ao sistema viário, po- na área interna à Av. do COn-


demos encontrar diversas indi- tôrno, em contraposição com a
cações complementares: largura insuficiente da absolu-
ta maioria das "ias de acesso
"O relêvo da área interna à aos vários bairros da cidade ...
Av _ do Contôrno não criou de-
masiados problemas ao rígido ... O traçado excessivamente
traçado adotado; pelo cOHtrá- simétrico da área projetada da
rio, o relêvo da área externa, cidade, e a pouca ou nenhuma
mais irregular, exigindo por- ligação dêsse traçado com o re-
tanto maiores cuidados na ur- lêvo e com a organização das
banização, determinou o apare- funções e cios núcleos reais, de-
cimento de grandes defeitos no terminam o aparecimento, den-
traçado implantado." 21 tro da Av. do Contôrno, de
vias secundárias como se rôs-
.. _ . "o problema do rígido sem vias principais... cotove-
traçado viário da região inter- los, duplicações, c estrangula-
na à Av. do Cdntôrno, espe- mentos, ilogiciebdes de tra jetu,
cialmente no centro principal, nas vias de acesso aos bair-
onde os cruzamentos de três ros" ... 29
ruas se repetem a cada 150 m,
Os índices urbanÍSticos le\'an-
culminando com o cruzamento
tados revelaram, por sua vcz,
de quatro avenidas numa pra-
quanto ao espaço dedicado à
ça de dimensões reduZidas, co-
circulação, uma sensÍ\'el dife-
mo é o caso da Praça 7 de Se-
rença entre a {Irea interna it
tembro, exatamente o núcleo
Avenida do Contôrno, em que
do centro principal da cida-
de." 28 se atinge a alta porcentagem
de 11 %' e a :Irea externa, em
"A multiplicação desnecess{t- que a porcentagem se situa
ria de vias de grande largura sempre cal' tt,rno de ~5~~).:1O

27) Idem. pág. II - 33.


28) Idem. pág. II - 35.
29) Idem. pág. 11 - 124 e 125.
30) Idem. Parte III.
CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quanto àquelas condições existência efetiva do serviço em


básicas e de superação nas níveis adequados. Não nos se-
quais a variável "estrutura viá- ria possível, portantô, estabele-
ria" interfere, a pesquisa utili- cer com segurança uma relação
zada nos oferece alguns dados, direta entre as deficiências exis-
que já tivemos a oportunidade tentes e a situação da variável
de examinar ao tratar das de- agora considerada.
mais variáveis. Poderemos, entretanto, defi-
Em algumas dessas condições nir um condicionamento espe-
a situação já se encontra em cífico no que se refere às defi-
níveis deficientes, como no que ciências cujo surgimento pode
se refere ao acesso à escola pri- ser de certa forma previsto.
mária, à segurança na circula- Assim, se a distribuição dos
ção a pé (em situações deter- locais de trabalho e residência,
minadas) e à coleta do lixo lIas postos de atendimento mé-
(33 unidades em nível defi- dico e das linhas de transpar-
ciente). Em outras, é de se te coletivo não contarem com
prever o aparecimento de defi- um esquema viário básico ade-
ciências à medida que a cida. quado à estrutura de polariza-
de se expandir, como no que ções formulada, suficientemen-
se refere à relação de proxi. te hierarquizado e tornando
midade entre os locais de tra- possível atingir mesmo as áreas
balho e residência, à disponibi. mais periféricas, terá sido insu-
lidade de atendimento médico ficiente a definição de uma boa
na urgência requerida em cada política de localizações. princi-
caso, e ao alcance dos sistemas palmente quando se sabe que
de transporte. a estrutura viária atual é bas-
Os dados que nos permitiram tante defeituosa, embora êsses
identificar essas deficiências, no defeitos ainda não determinem
entanto, baseavam-se muito deficiências de monta nas COn-
mais nas condições de locali. dições atuais.
zação dêsses equipamentos em Poderemos dizer, portanto,
relação a outros usos ou, como que a manipulação da variável
no caso da coleta de lixo, na "estrutura viária", em Belo H~
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 97

rizonte, ganha importância de- As demais condições de con-


cisiva na solução de problemas fôno nas quais a variável in·
cujo surgimento é previsível se terfere, e para as quais conta.
prosseguir o crescimento da ci- mos com dados na pesquisa
dade. Isto não elimina a hipó- utilizada, correspondem a situa-
tese, no entanto, de algumas ções que exigem a definição
das deficiências atualmente de cuidados especiais face às
existentes poderem ser devidas perspectivas de crescimento da
também à variável considera- cidade, ou a deficiências atuais
da. Trata-se, simplesmente, de cuja causa não podemos rela-
não dispormos de dados sufi- cionar, em segurança, com a es-
cientes, na pesquisa utilizada, trutura viária existente.
para extrair conclusões válidas.
O mesmo problema se repe- Resumo das Interferências
te no que se refere às condi-
ções de confôrto. Sàmente o Já tivemos a oportunidade
problema da rapidez nos meios de observar que a pesquisa uti-
de transporte poderia ser mais lizada na presente análise não
especificamente a n a I i s a d o, poderia apresentar todos os
quanto às condições atuais, se dados necessários, por ter obje-
dispuséssemos de dados, na tivos mais amplos e menos de-
pesquisa realizada, que nos re- talhados do que aquêles exigi-
lacionassem o tempo necessário dos pela especificidade de nos-
a uma determinada ligação e so estudo.
a distância percorrida ou a ais- Ao resumir as interferências
tância efetivamente existente. por nós enunciadas, estaremos,
O que nos permitiria reunir portanto, referindo-nos sàmen·
algumas conclusões sôbre situa. te àquelas situações sôbre as
ções que, embora atualmente quais os dados disponíveis po-
não apresentem deficiências, deriam nos elucidar. O que
poderiam dar margem a melho- quer dizer que será possÍ\:el e
rias através da correção nos de· provável existir uma grande
feitos do esquema viário utili- quantidade de outras situações
zado. para as quais a organização do
C.\Dl:R:'\OS Dl~ AD\fI:'\ISTRAÇÃO PÚULlCA

espa~:o físico assume importân- I. O acesso material fácil e


cia, em Belo Horizonte, mas seguro às escolas primárias,
sôbre as quais nos {oi impos- para o qual é fundamental a
síyel encontrar elementos de consideração da variável "es-
análise, a partir dos dados uti- trutura de polarizações", na
lizados. definição das áreas de serviço
elas escolas existentes e na dis-
Dissemos, também, que não tribuição equilibrada das no-
iríamos aplicar nossa atenção yas escolas que forem sendo
;IS condições de desenvolvimen-
implantadas. Em têrmos dessa
to que chamamos de indiretas, futura evolução, torna-se ainda
pela mesma razão: um tal exa- necessário considerar a variável
me teria que contar com uma "localização", enquanto políti-
análise de causas, que os dados ca ele reserva de espaço e a va-
existentes na pesquisa utilizada riável "densidade", esta em ní-
não nos permitiam realizar com ,'el auxiliar, enquanto obten-
segurança. ção de condições de concentra-
Feitos êstes reparos, procure- ção que facilitem a distribui-
mos ganhar uma visão de con- ção das escolas a distâncias me-
junto, resumindo as interferên- I;ores umas das outras.
cias verificadas pelo nosso es- 2. A suficiência quantitati-
tudo, que, como já tivemos a va dos sistemas de recreação,
oportunidade de dizer, tem um bem como a disponibilidade
caráter mais do que tudo exem- dêsse equipamento para tôdas
plifica tivo. as faixas de idade e tôdas as
periodicidades: é fundamental
a) Entre as condições de de-
a consideração da variável "di-
senvolvimento consideradas di-
mensão", na requantificação
retas, classificadas como básicas
da~ ,ireas distribuídas entre os
e de superação, que se encon-
"ários tipos de usos, e da variá-
tram atualmente deficientes
vel "localização", enquanto po-
em Belo Horizonte, e em cuja
lítica de reserva de espaços.
melhoria interfere a organiza-
ção do espaço físico, pudemos 3 . A segurança na circula-
identificar: ção a pé, onde aparece como
CONDIÇÓ}:S DE \'IDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 99
consideração necessária o tra- librio no atendimento de tõdas
tamento da variável "separação as áreas ocupadas.
ou aglutinamento de usos",
nos núcleos comerciais localiza- 8. A tendência a segregações
nos usos residenciais, onde a
dos ao longo de vias de tráfe-
manipulação da variável "sepa-
go intenso e nas áreas residen-
ração ou aglutinamento de
ciais cortadas por êsses tipos
usos" poderia interferir, embo-
de vias.
ra também a um nível simples-
4. O alcance dos sistemas de mente auxiliar, no sentido da
distribuição de água, para o obtenção de um tecido urbano
qual a consideração auxiliar da mais integrado.
variável "densidade" pode per.
b) Entre as condições de de-
mitir a obtenção de custos mais
senvolvimento consideradas di-
baixos e portanto a ampliação
retas, classificadas como básicas
das áreas servidas.
e de superação, que poderão
5. O alcance dos sistemas de tornar-se deficientes em Belo
esgotos, com a variável "densi- Horizonte, a se julgar pela evo-
dade" interferindo de maneira lução previsível, e em cuja evo-
auxiliar como no caso anterior. lução a organização do espaço
físico poderá interferir, foi pos-
6. O alcance dos sistemas de sível enumerar:
coleta de lixo, semelhante aos
dois casos anteriores. I. A proximidade entre os
locais de trabalho e residência,
7. O alcance dos sistemas de onde são identificadas: a va-
comunicação interpessoal a dis- riável "localização", enquanto
tância, e correspondente dispo- política de reserva de espaços
nibilidade na urgência reque- para usos industriais, como
rida, onde interfere, embora de uma consideração fundamen-
maneira simplesmente auxiliar, tal; a variável "estrutura de
a variável "estrutura de pola- polarizações", também funda-
rizações", ao definir a distri- mental, enquanto definição da
buição dos centros de serviços distribuição mais equilibrada
de maneira a permitir o equi. das áreas de emprêgo; a variá-
100 CADERNOS DE ADMII\\STRAÇÃO P(~BLlCA

vel "estrutura viária", igual- frendo interferência de nível


mente fundamental, ao buscar fundamental da variável "loca-
as necessárias ligações que da- lização" e da variável "estrutu-
rão organicidade à distribuição ra de polarizações", enquanto
preconizada para as áreas de política de implantação dêsses
emprêgo e de trabalho; e ain- equipamentos; e sofrendo tam-
da, embora em caráter sim- bém uma interferência, de ca-
plesmente auxiliar, a variável r{\ter auxiliar, da variável "den-
"dimensão", no dimensiona- sidade", sempre no sentido da
mento suficiente das áreas a facilidade que a maior concen-
serem destinadas ao uso indus- tração traz para a solução do
trial, e a variável "densidade", problema da proximidade.
no sentido de obter a concen- 4. A disponibilidade, nesse
tração que facilita a proximi- mesmo atendimento médico, na
dade. urgência requerida em cada
2. A suficiência quantitativa caso, onde aparece a interfe-
nas vagas em escolas primárias, rência fundamental da variável
na qual interferirá a política "estrutura de polarizações", na
de reserva de espaços, levando definição das áreas de atendi-
em conta que não se trata so- mento de cada centro de ser·
mente de dispor de vagas, mas vicos; a interferência necessária
igualmente de cOntar com as da' variável "estrutura viária",
mesmas à distância acessível do cuja adequada formulação pos-
local de residência das crian- sibilitará as ligações requeridas
ças que as utilizem; e também para o atendimento rápido de
a variável "estrutura de pola- tôdas as áreas ocupadas.
rizações", de maneira no en- 5. O alcance dos sistemas de
tanto auxiliar, na definição das transporte, dependente de ma·
áreas de serviço de cada esco- neira fundamental de uma ade.
la, como já foi visto relativa- quada estruturação viária, atino
mente às deficiências atuais. gindo tôdas as áreas a serem:
3. A disponibilidade no aten- servidas.
dimento médico público à dsi- 6. A suficiência quantitativa
tância material razoável, so- dos sistemas de transporte cole-
CONDIÇÕES DE YTD.\ E PLANEJAMENTO FÍSICO 101

tivo, para a qual a densidade uma utilizaçãô mais natural


é consideração necessária para elêsses locais e, portanto, para
a implantaçãô de linhas de uma intercomunicação social
transporte a custos exeqüíveis, mais efetiva.
e a estrutura de polarizações é 9. A ausência de poeiras e
consideração auxiliar, ao per- fumaças nociyas, quando uma
mitir a formulação de um es- adequada política de localiza-
quema de transportes de utili- ções impedirá a implantação
zação mais intensa .po~~qu~ _a de atividades que apresentem
~erviço de uma dlstnblllçao êsse inconveniente em áreas de
equilibrada de áreas de 1Il- permanência da população.
fluência.
c) Entre as condições de de·
7. A suficiência na oferta de ~envolvimento consideradas di·
empregos, dependente também retas, classificadas cOmo de con-
da política de reserva. ~e cspa- rôrto ou comodidade, que se en·
~os para usos industn~ls fu~u­ contram deficientes atualmente,
ros e do adequado dlmenslO- ou em perspectivas de se tor-
namento dêsses espaços, face ao narem deficientes em Belo Ho-
crescimento da demanda de rizonte, e nas quais interfere
empregos e das eon~eqüentes a organização elo espaço físico,
exigências quanto à Implanta- foram identificadas:
ção de novas atividades indus-
triais. ] . O acesso materi,il Lícil ;t
alguns sistemas de recreação,
8. A disponibilidade de .10- cm especial de jardins, praçali
cais para a comunic.ação sOCIal, públicas e p{ny-grollllds, la-
cultural e política, mterpessoal
cc à inadequada distribuição
c coletiva, na definição de uma
cl êsses locais em têrmos de área
política de reserva. d: esp~ços, cl e polarização, e face à neces-
necessária a uma efetiva dlSpO-
,idade de uma política de re-
n ibiliclacle futura, especialmen-
~ cr\'<t de espaços.
te para a comunicação coletiva;
e na definição de uma estrutu- 2. A comodidade no sistema
ra de polarizações que, embora de distribuição de bens de C~)ll­
auxiliar, pode contribuir para S',lmo e de gêneros alimentícIOS,
102 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

quando se torna necessário re- 5. A disponibilidade em


equacionar a localização do co- sistemas de recreação de todos
mércio e a correspondente es- os tipos, através da necessária
trutura de polarizações, bem reserva de espaços para cada
como será útil manipular a va- tipo.
riável "densidade", que permi-
tirá, pela concentração, a van- 6. A comodidade no siste-
tagem da proximidade. ma de transporte, quando a es-
trutura de polarizações terá o
3. A disponibilidade, à dls- papel enunciado quando tra-
t ância material razoável, dos tarmos da rapidez no transpor-
ins,trumentos de comunicação te, e a variável "densidade"
intcrpesso~l, na qual interfe- deverá ser controlada no senti-
rem, a um nível auxiliar, tanto do de evitar a superlotação dos
a estrutura de polarizações, na ,cículos de transporte.
distribuição dêsse serviço, co-
mo a política de localizações Se a manipulação das variá-
e a densidade. veis deve levar em conta as
suas interferências conjuntas
·1. A rapidez nos sistemas nos mesmos problemas, elas
de transporte, pela manipula- também devem ser considera-
ção da variável "separação ou das no conjunto de interferên-
aglutinamento de usos", que cias de cada uma, a fim de que
permitirá a melhor vazão no a sua manipulação respeite efe-
~istema ,ci,irio, pela reserva e ti,amente tôdas as interdepen-
hierarquização das vias de trá- dências existentes.
fego e proteção contra usos in·
desejáveis à função de cada Resumindo, nessa perspecti-
lima; e também pelo esquema '<1, teremos:
de polarizações, que, definindo Ic ~eparação ou aglutinamento
as diversas áreas de serviço de de usos, interferindo nas
cada equipamento, permite a
seguintes condições:
diminuição das distâncias a
percorrer, pela distribuição e- segurança na circulação a
q uilibrad a dos pólos de a tra- pé (manipulação necessá-
ção. fia) ;
CO:--iDIÇÕES DE VIDA E PL\;\EJ,\:\IE;\TO FÍSICO 103

ausência de segregações nos ção interpessoal à distância


usos residencias (manipula- (a llX ilia r) ;
ção auxiliar);
;iCCSSO material fácil a certos
rapidez 110S sistemas de ,ist emas de recreação (fun-
transporte (manipul(lçãO ne- damental) ;
cessária) ;
sistema de distribuição cô-
C)
estrutura de polarizações: modo de bens de consumo e
gêneros (necess;\ria);
acesso material fácil e segu-
ro às escolas primárias (ma- disponibilidade, à distância
nipulação fundamental); ma teria I razo;ível, dos siste-
mas de comunicação inter-
proximidade entre os locais pessoal (auxiliar);
de trabalho e residências
(fundamental) ; rapidez nos sistemas de
transporte (necessário);
su ficiência g ual1 ti tativa das
escolas primárias (auxIliar) ; comodidade nos sistemas de
transporte (auxiliar);
disponibilidade, à distâncIa
material razoáyel, e na ur- 3, localização e reserva de es-
gl~ncia requerida em cada paços:
caso, do atendimento médi-
«) público (fundamental); acesso material fácil e segu-
ro ;IS escolas primárias (fun-
'lIfiriêncÍa quantitati\'a dos damental) ;
sistemas de transporte (au-
xiliar) ; proximidade entre locais de
trabalho e residência (fun-
disponibilidade de locai, damental) ;
para a comunicação social,
política e cultural, interpes- ~llricil:l1cia
quantitativa das
,oal e coletiva (auxiliar); escolas prim;irias (necessá-
alcance e disponibilidade, ria) ;
na urgência requerida, dos d isponi bilidade, à distância
instrumentos de comunica- material Luoá\'el, do aten-
104 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

dimento médico público suficiência na oferta de em-


(fundamental) ; pregos (necessária);
disponibilidade nos sistemas
de recreação (necessária); 5. dens.idade:

suficiência na oferta de em- acesso material fácil e segu-


pregos (necessária); ro às escolas primárias (ne-
cessária) ;
disponibilidade de locais
para comunicação social, proximidade dos locais de
cultural e política (necessá- trabalho e residência (au-
ria) ; xiliar) ;
ausência de poeiras e fuma- - disponibílidade do atendi-
ças nocivas (necessária); mento médico público à
distância material razoável
acesso material fácil a certos
(auxiliar) ;
sistemas de recreação (fun-
damental) ; suficiência quantitativa nos
comodidade no sistema de sistemas de transporte (ne-
distribuição de gêneros e cessária) ;
bens de consumo (necessá- alcance dos sistemas de dis-
ria) ; tribuição de água, de esgo-
disponibilidade, à distância tos e de coleta de lixo (au-
material razoável, dos siste- xiliar) ;
mas de comunicação inter- comodidade nos sistemas de
pessoal (auxiliar); distribuição de gêneros e
bens de consumo (auxi-
4. dimensão: liar) ;
suficiência quantitativa dos disponibilidade, à distância
sistemas de recreação (fun- material razoável, dos siste-
damental) ; mas de comunicação inter-
proximidade entre os locais pessoal (auxiliar);
de trabalho e residência comodidade nos sistemas de
(auxiliar) ; transporte (auxiliar);
CONDIÇÕES DE VIDA E PLANEJAMENTO FÍSICO 105

6. estrutura viária: Pode ser claramente percebi-


da, na visão de conjunto apre-
proximidade entre os locais sentada, a interdependência da
de trabalho e residência manipulação das diversas va-
(fundamental) ; riáveis, frente a cada uma das
disponibilidade no atendi- condições, e a interdependên.
mento médi<;o público na cia da manipulação de cada
urgência requerida em cada uma das variáveis, frente às di·
caso (necessária); versas condições em que cada
uma interfere. Face a uma de·
alcance suficiente dos siste- terminada condição, a modifi·
mas de transporte coletivo cação na situação de uma va·
(fundamental) . riável só adquire seu pleno
rendimento se acompanhada da
Estas seriam, assim, as inter- manipulação de outra ou de
ferências que cada uma das va- outras variáveis; e a manipula.
riáveis da organização do espa- ção de uma determinada va·
ço físico, exclusive a composi- riável, para atender uma con·
ção construtiva, apresentam, dição específica, ou atende con·
em Belo Horizonte, nas condi- juntamente outras condições
ções de desenvolvimento con- deficientes du repercute posi-
sideradas diretas, e que pude- tiva ou negativamente no a-
ram ser identificadas com os tendimento dessas outras con·
dados disponíveis na pesquisa
dições.
utilizada.
Mas pode ser igualmente per.
A situação em que cada uma
cebida a interdependência en·
delas se encontra deverá set
modificada, visando à elevação tre as variáveis da organiza.
do nível das condições enume- ção do espaço físico e variáveis
radas, atualmente deficientes, de outras naturezas. Assim é
ou visando a prevenir o apare- que, mesmo quando a manipu-
cimento de deficiências, naque- lação da variável da organização
las condições enumeradas cuja física é fundamental para a ele.
evolução parece ser negativa. vação de uma desterminada
106 CADERl\'OS DE AD;\II:--iISTRAÇÃO PÚBLICA

condição, é também necessária, primárias cujo aces~o seja fácil


quando não mesmo fundamen- e seguro às crianças que as fre-
taI, a manipulação de variáveis qüentem.
de outras naturezas, para que
essa elevação seja realmente Um plano relativo à orga-
obtida. Exemplificando, se nização do espaço físico está,
uma adequada política de re- portantO, profundamente vin-
serva de espaçOs é fundamental nllado aos planos globais de
para se obter uma distribuição desenvolvimento, e não pode,
de escolas primárias cujo aces- na q\tase totalidade dos casos,
so seja fácil e seguro, essas e~­ a tingir resultados satisfatório)
colas não existirão se não se se não se coordenar com planos
contar com a capacidade econô- que manipulem variáveis de
mica da comunidade para cons- outras naturezas e que levem
truí-Ias e equipá-Ias e com ca- em conta tôdas as interdepen-
pacidade administrativa para dências existentes entre as con-
realizar o programa de implan- di<;ões de desenvolvimento em
tação e manutenção. geral.

E ainda existirú a interde- Os planos de organização do


pendência entre as próprias espaço físico t.êm uma especi-
condições de desem'olvimento: ficid<lde que lhes é exclusin,
se a condição relativa à forma- j;i que tratam da manipulação
(:<io de pessoal não ti\'er sido de determinadas vari;íveis não
considerada para a obtenç<io objet i\'adas diretamente por ne-
dos profissionais necess;írios ao nhum outro setor de planeja-
funcionamento das escolas, não mento. Mas não podem piT-
teremos todos os elementos tLnder a soluç;io de problemas
para que uma adequada polí- 'c concebidos ele forma isolada
tica de reserva de espaços leve dêsscs demais setores de plane-
Oi disponibilidade de escolas jamento.

000052363
1111111111111111111111111111111111111
CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO GERAL
2 - Planejamento do Desenvolvimento Econômico
de Países Subdesenvolvidos - ROBERTO DE OLIVEIRA
CAMPOS
8 - Confronto entre a Administração Pública e a
Administração Particular - BENEDICTO SILVA
9 - Relaçôes Humanas na Indústria -- E. DAYA,
11 - As Corporações Públicas na Grã-Bretanha - GU~TAVO LESSA
15 - A Justiça Administrativa na França - FRANÇOIS GAZIER
16 - O Estudo da Administração - WOODROW WILSON
19 - A Era do Administrador Profissional - BENEDICTO SILVA
21 - AsslstÊ-'l1cla Técnica em Administração Pública - BENEDICTO SILVA
23 - Introdução à Teoria Geral de Administração
Pública - PEDRO MUROZ AMATO
25 - A Justiça Administrativa no Brasil - J. GUILHERME DE
ARAGÃO
29 - - O Conselho de Estado Francê'S - FRAKÇOIS GAZIER
30 --- A Profissiografia do Administrador - EMíLIO MIRA Y LOPEZ
31 - O Ambiente na Administração Pública - ROSCOE MA,RTIN
33 - Planejamento - PEDRO MUROZ AMATO
34 -- Execução Planejada - HARLOW S. PERSON
35 --- Como Dirigir Reuniões - EUGENE RAUDSEPP
37 - Contrôle dos Gastos Eleitorais - GERALDO WILSON
NUNAN
38 - Procedimento para "Forçar" Acôrdo - IRVING J, LEE
39 - Relações Humanas nas Atividades Modernas - ROBERT WOOD JOHNSON
40, - O Govêrno Estadual nos Estados Unidos - GEORGE W. BEMIS
43 - O Assessommento da Presidência da República - CLEANTHO p, LEITE
44 - Taylor e Fayol - BENEDICTO SILVA
45 -- A Administração Civil na Mobilização Bélica - BENEDICTO SILVA
48 - Introdução aos Testes Psicológicos - RUTH SCHEEFFER
49 -- Gênesis do Ensino de Administração Pública
no Brasil -- BENEDICTO SILVA
50 - Uma Teoria Geral de PlanejamE'nto - BENEDICTO SILVA
.11 _. Introdução ao Planejamento Regional - JOHN R. p, FRIEDMANN
58 - Processo Decisório - Curso Pllõto na EBAP - MARIA PIA DUARTE
GOMES
fil --- O Aumento do Preço do Aço da C, S, N.
Estt'do de um Caso ._- FRAKK F_ SHERWOOD
65 - Uma Crise de Autoridade - EURICO MADEIRA
(ir, - Condições de Vida e Planejamento Físico FRANCISCO WHITAKER
FERREIRA
ADMINISTRAÇãO DE PESSOAL
5 - Alguns Aspectos do Treinamento A. FONSECA PIMENTEL
7 -- Peque,na Bibliografia sôbre Treinamento A. FONSECA PIMENTEL
12 - As Funções do Administrador de Pessoal
no Serviço Público - HENRY EINING JR.
13 - Dois Programas de Adminlstraçiío de Pessoal
27 - Classificação de Cargos - J. DE NAZARÉ T. DIAS
:;6 -- Em Busca de Executivos para Cargos de
Direção Geral - R03ERT N. MACMURRAY
,,8 - Formação para a Administração Pública - RIVA BAUZER
59 - Laboratório de Senslbllldade -- Um Estudo
Exploratório - FELA MOSCOVICI
60 - Política e Administração de Pe.esoal: "EstUdO
de dois casos" - CARLOS VERíSSIMO DO
AMARAL E KLEBER TA·
TINGE DO NASCI:MENTO
"\

N.Cham. PIEBAP CAP 66


Autor: Ferreira, Francisco Whitaker.
Título: Condições de vida e planejamento fisico.

1111111111111111111111111111111111111111111111111111111 ~~9~~52363
AB N° Pat.:AB35/89

Você também pode gostar