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MORFOLOGIA
URBANA
Revista da Rede Portuguesa de Morfologia Urbana
2014
Volume 2
Número 1
Editor: Vítor Oliveira, Universidade do Porto, Portugal, vitorm@fe.up.pt
Editor dos Book Review: Teresa Marat-Mendes, Instituto Universitário de Lisboa, Portugal,
marat.mendes@gmail.com
Os autores são os únicos responsáveis pelas opiniões expressas nos textos publicados na
‘Revista de Morfologia Urbana’. Os Artigos (não deverão exceder as 6 000 palavras, devendo
ainda incluir um resumo com um máximo de 200 palavras), as Perspetivas (não deverão exceder
as 1 000 palavras), os Relatórios e as Notícias referentes a eventos futuros deverão ser enviados
ao Editor. As normas para contributos encontram-se na página 2.
Desenho original da capa - Karl Kropf. Desenho das figuras - Vítor Oliveira
5 F. Holanda
O mundo das miudezas: Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília
(PPCUB)
15 N. Palma
Estudos urbanos e geometria fractal
Perspetivas
Relatórios
Book reviews
Notícias
4 Urban Morphology
13 ISUF2014: Our common future in Urban Morphology
50 PNUM2015: Configuração urbana e os desafios da urbanidade
Normas para contributos para a Revista de Morfologia Urbana
Os textos a submeter à ‘Revista de Morfologia Whitehand, J. W. R. e Larkham, P. J. (eds.)
Urbana’ deverão ser originais, escritos em (1992) Urban landscapes, international
Português, e não deverão estar em apreciação em perspectives (Routledge, Londres).
nenhuma outra revista científica. Os textos serão No caso de publicações com múltiplos
aceites para publicação depois da avaliação autores, todos os nomes devem ser incluídos na
favorável de, pelo menos, dois revisores lista de referências. Apenas as referências citadas
independentes. Os artigos não deverão exceder as devem ser incluídas na lista.
6 000 palavras, devendo ainda incluir um resumo
com um máximo de 200 palavras e até cinco Ilustrações e tabelas
palavras-chave. O título do artigo, o resumo e as Os desenhos e as fotografias deverão ter a
palavras-chave deverão ser bilingue, em dimensão adequada à sua reprodução. Nesse
Português e em Inglês. Como a autoria dos textos sentido, a dimensão das páginas da revista deverá
não é revelada aos revisores, o(s) nome(s) e o(s) ser tida em consideração pelo autor ao desenhar
endereço(s) do(s) autor(es) devem constar de uma as ilustrações. As ilustrações devem ser a preto e
folha em separado. As ‘perspetivas’ (também branco a menos que a cor seja essencial. Devem
sujeitas a ‘revisão por pares’) e os book reviews ser numeradas de forma consecutiva, referidas
não deverão exceder as 1 000 palavras. Os artigos diretamente no texto e submetidas em formato
e as ‘perspetivas’ devem ser formatados em word JPEG ou TIFF. As ilustrações fotográficas
e enviados por email para o Editor deverão ter uma resolução de, pelo menos, 1200
(vitorm@fe.up.pt). Os book reviews deverão ser dpi, e os desenhos de, pelo menos, 600 dpi. Todas
endereçados ao Editor dos Book Review as ilustrações devem ter uma designação. No
(marat.mendes@gmail.com). Os textos deverão final do texto, após a lista de referências, deve ser
ser submetidos em formato de coluna única com incluída uma lista das ilustrações, da seguinte
margens largas. Os autores não deverão tentar forma:
reproduzir o layout da revista. Todas as medições
devem ser expressas no sistema métrico. Figura 1. Análise metrológica de Lower
Os autores são os únicos responsáveis pelas Broad Street, Ludlow
opiniões expressas nos textos publicados na
‘Revista de Morfologia Urbana’. São ainda Deverá ser dedicada uma atenção especial ao
responsáveis por assegurar eventuais permissões layout das tabelas, devendo ser desenhada uma
para reprodução de ilustrações, citações extensas, tabela por página. As tabelas deverão ser
etc. desenhadas com o mínimo recurso a
normalizações quer na vertical quer na horizontal.
Referências Deverão ter margens largas em todos os lados.
Os autores deverão usar o sistema de
referenciação Harvard, no qual o nome do autor Página de título
(sem as iniciais) e a data são apresentados no Numa página em separado deverá ser indicado o
corpo do texto – por exemplo (Whitehand e título do artigo e o nome, a filiação académica
Larkham, 1992). As referências são apresentadas (ou profissional) e o endereço completo
por ordem alfabética no final do texto, sob o (incluindo email) do(s) autor(es).
título ‘Referências’, da seguinte forma:
Títulos
Conzen, M. P. (2012) ‘Urban morphology, ISUF Apenas na primeira letra e nos nomes próprios
and a view forward’, 18th International serão utilizadas maiúsculas. Os títulos deverão
Seminar on Urban Form, Montreal, 26 a 29 ser justificados à esquerda. Os títulos primários
de Agosto. deverão ser a negrito e os secundários em itálico.
Conzen, M. R. G. (1968) ‘The use of town plans
in the study of urban history’, em Dyos, H. J. Números
(ed.) The study of urban history (Edward Deverão ser usados algarismos para todas as
Arnold, Londres) 113-30. unidades de medida, à exceção de quantidades de
Hillier, B. (2008) Space is the machine objetos e pessoas, quando estas se referirem a
(www.spacesyntax.com) consultado em 9 valores compreendidos entre um e vinte. Nesse
Setembro de 2013. caso, os números deverão escritos por extenso.
Kropf, K. S. (1993) ‘An inquiry into the
definition of built form in urban morphology’, Por exemplo: 10 dias, 10 km, 24 habitantes, 6400
Tese de Doutoramento não publicada, m; mas dez pessoas, cinco mapas.
University of Birmingham, Reino Unido.
Moudon, A. V. (1997) ‘Urban morphology as an Provas
emerging interdisciplinary field’, Urban Durante o processo de publicação serão enviadas
Morphology 1, 3-10. provas aos autores. Nesta fase, apenas serão
corrigidos erros de impressão, não sendo
aceitáveis alterações de fundo.
Editorial
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 3-4 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
4 Editorial
Urban Morphology
O último número da revista Urban Morphology, and Practice in Urban Morphology – a cidade do
referente ao mês de Abril, foi já publicado, sendo Porto e o seu Plano Diretor Municipal (PDM).
que a versão online se encontra disponível, para Karl Kropf desenvolve um ensaio crítico sobre as
os subscritores, em http://www. diferentes definições de forma construída, de
urbanform.org/online_public/index.shtml. modo a construir um elemento de referência para
Este número inclui quatro artigos. Kai Gu e a análise dos diferentes aspetos da forma urbana.
Jian Zhang debatem a utilização de fontes Por fim, Renato Leão Rego aborda a temática da
cartográficas na investigação em morfologia ‘cidade ideal versus cidade construída’ através da
urbana que tem vindo a ser desenvolvida na análise comparada de duas cidades Brasileiras
China. Vítor Oliveira, Mafalda Silva e Ivor planeadas em meados do século XX, Maringá e
Samuels apresentam os resultados do primeiro Sinop. O próximo número da revista Urban
caso de estudo desenvolvido sob o Morphology será publicado em Outubro.
enquadramento da ISUF Task Force on Research
O mundo das miudezas: Plano de Preservação do Conjunto
Urbanístico de Brasília – PPCUB
Frederico de Holanda
Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília - CEP 70910-
900, Brasil. Email: fredholanda44@gmail.com
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 5-13 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
6 O mundo das miudezas: Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB
tradição no DF (neste caso, para a classe malgré os desejos isolacionistas das classes
média). Por outro lado, a reação crítica não altas que habitam áreas centrais da
está preocupada com estes problemas, mas metrópole.
com o fato de uma nova zona urbana vir Dentre as considerações sobre as
eventualmente agravar os problemas de expansões, não se comenta sobre alturas
tráfego na região. Uso de solo e mobilidade edificadas em função de critérios claros de
não são ‘ambas’ pensadas como ‘variáveis’ visibilidade do conjunto tombado, cujo sítio
da equação; não se cogita que uma nova tem a forma aproximada de uma calota (área
centralidade ‘exige’ a contrapartida de novos clara no centro da Figura 2). Na AE 06b, na
padrões de mobilidade, mormente em mesma figura, nada construído com menos
Brasília, onde cedo ou tarde os padrões de 100 m de altura será visto das asas
atuais baseados no carro terão que ser residenciais ou do Eixo Monumental. Sequer
revistos (já o estão sendo, embora muito teremos um contraponto similar ao de La
timidamente, pois a cidade está seriamente Défense (Paris), no prolongamento dos
travada). Champs Élysées, onde o problema não é a
Mas a reação da Sociedade Civil, em altura dos espigões, mas o mau espaço
bloco, contra a área de expansão, esconde público que eles definem (Figura 3). Essas
algo mais, não apenas questões de áreas do ‘entorno’ são um recurso precioso
mobilidade: mascara a ‘ideologia da para o desenvolvimento metropolitano, uma
apartação’, pela qual um cordon sanitaire potencialidade até agora ignorada. Difícil
deve continuar a isolar, tanto quanto discernir o que é pior para a cidade: as
possível, o coração metropolitano – o Plano propostas do Executivo ou as reações
Piloto projetado por Lucio Costa – do resto ideológicas da Sociedade Civil.
da urbe. Por imediatismo político, o Estado
retirou a proposta de pauta. Cedo ou tarde ela
retornará: mais um capítulo, dentre outros, Eixo Monumental
que ilustram a tendência, também em
Brasília, para uma cidade mais compacta, O Eixo Monumental é o mais forte
8 O mundo das miudezas: Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB
A piecemeal world: the Preservation Plan for the Urban Complex of Brasilia - PPCUB
Abstract. The Project for the Complementary Law of the Preservation Plan for the Urban Complex of
Brasilia is now within the realm of the Legislative Power, Federal District, Brazil. Unfortunately the
project does not consider the historical problems of the city: ruptures of the urban tissue, urban voids
without functional bioclimatic or expressive reasons, accessibility issues, poor definition of spaces
promoting public life, and one of the most perverse socio-spatial stratifications in the world. Decades of
critique on modern configurations, which do not consider the ‘space between buildings’, are ignored.
More than the projects of the classic period of the modern urbanism (1960s), the recent projects propose
the proliferation of spaces defined by blind walls, of ‘island buildings’ in introverted schemes, and of
activities opening to inner spaces and emptying the public realm of transitions between the ‘inside’ and
the ‘outside’. Initiatives of the ‘ordinary man’, who reinvents the city through fascinating ‘urban
fissures’ in the dominant order, are ignored. Instead of facing the structural problems of the city, the
Plan focuses on attributes of urban plots individually, in a ‘legislative storm’ of almost 200 articles and a
great number of appendixes. A piecemeal world.
No dia 4 de Abril de 2014 realizou-se em Lisboa não poderia deixar de ser, a promoção da
a 1ª Assembleia Geral da Associação INTBAU construção, da arquitetura e do urbanismo
Portugal, tendo sido aprovados o seu regulamento tradicionais em Portugal, mediante a organização
e os primeiros órgãos sociais. Esta Associação é o de atividades destinadas a esse fim.
chapter português da INTBAU – International Na 1ª Assembleia Geral da INTBAU Portugal
Network for Traditional Building, Architecture ficou decidido o princípio de não se implementar
and Urbanism, com sede em Londres e cujo qualquer quota aos seus membros, procurando-se
patrono é sua alteza real o Príncipe de Gales. Esta que a Associação possa gerar receitas das suas
rede internacional visa a promoção das formas de atividades e de mecenato, sobretudo institucional.
construção tradicional, numa perspetiva Os primeiros órgãos sociais são formados, na sua
culturalista, em todos os países onde tem grande maioria, por arquitetos: a Mesa da
delegações, não apenas na Europa, mas também Assembleia Geral está a cargo de Cristina
em todos os continentes, no Canadá, na Índia, no Cavaco, Jorge Silva e Catarina Santos, o
Irão ou na Austrália, por exemplo. Conselho Fiscal de Eduardo Figueiredo, Álvaro
Por ocasião da recente criação do chapter Barbosa e Alexandre Reffóios e a Direcção de
Espanhol, surgiu a hipótese de se constituir uma José Baganha, Alexandre Gamelas e Rui
Associação Ibérica, mas a sede da INTBAU Florentino. Na Assembleia foi também a decidida
entendeu que se deveria formalizar a delegação a agenda de uma nova reunião, para debate sobre
portuguesa, dado ter nos seus registos cerca de 40 as primeiras atividades da Associação, que deverá
membros inscritos, residentes no nosso país. realizar-se no Convento de Cristo, em Tomar.
No final de 2013, a Direção da INTBAU
celebrou com José Franqueira Baganha o acordo
para a constituição da INTBAU Portugal, que
veio a registar-se enquanto associação sem fins Rui Florentino, CESUR-IST, Universidade de
lucrativos, de direito português, a 3 de Fevereiro Lisboa, Av. Rovisco Pais 1, 1049-001 Lisboa,
deste ano. Nos seus objetivos está, como Portugal. Email: ruiflorentino@gmail.com.
Estudos urbanos e geometria fractal
Niara Palma
Universidade de Santa Cruz do Sul, Rua Jerônimo Coelho 267, CEP 90010241 Bairro
Centro Histórico, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Email: niara.palma.br@gmail.com
A evolução da estrutura urbana pode ser transformações, os padrões que nela vão
representada como um sistema que progride emergindo – as novas ordens e estruturas.
em passos discretos. Cada estado alcançado Neste sentido, os investigadores nesta área
depende das relações funcionais, da história e científica têm trabalhado no desenvolvimento
do processo de evolução anterior. Neste de modelos que possam refletir, de uma
artigo considera-se a cidade como um forma cada vez mais refinada, as
sistema dinâmico, em constante características dinâmicas do sistema urbano.
transformação, onde a estrutura urbana é O modelo, sendo uma representação
formada ao longo do tempo, gerando simplificada da realidade, permite a
potenciais de atratividade capazes de ‘descrição’ de um modo sistémico. Este
catalisar a transformação espacial. A processo ocorre no sentido de extrair do
estrutura urbana é, então, o resultado de uma sistema urbano concreto os aspetos
série de relações espaciais e socioeconómicas fundamentais de cada fenómeno estudado e
que se complementam e que se manifestam de inferir sobre as principais relações
fisicamente no espaço construído. Assim existentes.
como as decisões de localização de A análise do crescimento urbano pode
atividades (decisões que deixam marcas requerer formas quantitativas de ‘descrição’
importantes na composição do espaço que permitam a identificação de diferentes
urbano), também as inovações de uso padrões de ocupação. Para uma reflexão
interferem no crescimento e na densidade de sobre as diferentes formas de crescimento
ocupação, estruturando a organização e a urbano deverá ser considerada a forma destes
complexidade do sistema urbano. padrões, a sua representação e a possibilidade
Os estudos urbanos consideram o de comparação da sua forma, podendo
crescimento da cidade, as suas relacionar diferentes sistemas urbanos ou
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 15-24 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
16 Estudos urbanos e geometria fractal
será dada uma maior atenção a Santa Cruz do Permanente – o Cinturão Verde –
Sul, devido à sua situação de principal polo contribuíram para este tipo de ocupação e
regional, concentrando as principais para o crescimento do perímetro urbano.
indústrias de fumo, principal produto agrícola Outra característica fundamental de Santa
da região. A partir de uma primeira análise Cruz do Sul é a ocupação de áreas próximas
de Santa Cruz do Sul será possível às suas principais saídas em direção às
estabelecer um conjunto de parâmetros que demais cidades do Vale do Rio Pardo, com
sirvam de referência para a análise dos uma forte ligação de complementaridade
resultados das demais cidades que fazem socioeconómica, provocando uma grande
parte do seu sistema regional. Santa Cruz do interação espacial. Esta interação ocorre
Sul é um dos principais núcleos da diariamente, sendo que o fluxo de pessoas
colonização alemã do Rio Grande do Sul. A gerado se deve fundamentalmente a
colónia foi fundada, por lei provincial, a 6 de deslocações casa-trabalho, casa-estudo, local
Dezembro de 1847. Esta cidade possui dois de produção-abastecimento, e por fim, ao
importantes limites: a leste, o morro chamado acesso à oferta diversificada do seu polo
‘Cinturão Verde’, e a oeste, a BR 471. Santa principal, Santa Cruz do Sul. Naturalmente,
Cruz do Sul desenvolveu-se a partir de um esta rede afeta também as outras cidades, de
núcleo planeado, com lotes de traçado dimensão mais reduzida, do Vale do Rio
regular (demarcados pelo engenheiro Pardo (Figura 9).
Frederico Cabral) e com um limite Muitos sistemas numa fase de
quadrangular – figuras 7 e 8. crescimento apresentam auto-similaridade.
Até aos anos 20 do século passado, Santa Também a cidade tem sido considerada como
Cruz manteve uma forma bastante regular. um elemento com estas características. A
Ao longo do século XX a cidade foi-se similaridade pode também influenciar um
expandindo seguindo antigas estradas e conjunto de elementos que possuam ligação
incluindo parcelas ligadas ao perímetro entre si, assim como as interações espaciais
urbano anterior (Figura 7). Os morros foram encontradas em sistemas regionais. Nas
sempre os ‘constrangimentos’ mais últimas décadas do século XX, uma parte da
significativos, acabando por definir uma comunidade científica, na área da Física,
cidade com uma forma mais ‘dendrítica’. começou a interessar-se pela dinâmica de
Nos últimos anos, a cidade cresceu de forma sistemas ditos complexos, cujas partes
rápida e pouco regulada. Esta particularidade interagem de forma não-linear. Uma das
é detetada através da observação dos valores propriedades marcantes de tais sistemas é a
de dimensão fractal que, em apenas 10 anos, presença de leis de escala ou Leis de
aumentaram cerca de 25 por cento (Figura 8). Potência. Uma Lei de Potência é uma relação
A criação do distrito industrial e a funcional entre duas quantidades. Por
ocupação da Área de Preservação exemplo: a relação de complementaridade
20 Estudos urbanos e geometria fractal
Figura 9. Contorno e vazios internos das cidades de Venâncio Aires, Vera Cruz, Estrela e
Lajeado.
22 Estudos urbanos e geometria fractal
analysis of urban sprawl through fractal cidades médias do estado de São Paulo
geometry: the case of Istanbul’, Environment (Instituto de Geociências, São Paulo).
and Planning B: Planning and Design 38, 175- Weidlich, W. (2000) Sociodynamics: a systematic
90. approach to mathematical modelling in the
Trentin, G. (2012) Dimensão fractal, dinâmica social sciences (Wolfgang Harwood Academic
especial e padrões de fragmentação urbana de Publishers, Amsterdão).
Abstract. Conventional methodologies in the study of urban form have not been considering the whole
morphological complexity of cities or the degree of irregularity of urban perimeters as they address the
physical form of cities within the scope of Euclidean geometry. This paper explores the application of
fractal geometry in the study of urban areas, focusing on a number of aspects of physical form related to
the fragmentation of urban fabrics, the presence of urban voids and, finally, the existence of self-
similarity at different scales of observation. This analysis draws on the research work developed by
Frankhauser from the 1990s onwards. Fractal analysis is applied to a set of five cities in the Vale do Rio
Pardo, Rio Grande do Sul, Brazil. Over the last years, this set of cities had an uncontrolled pattern of
growth. The rapid urban development patterns and the expansion of urban perimeters have led to a type
of rarefied territorial occupation with major impacts on the urban fabrics of these cities.
Key Words: Urban studies, fractal geometry, fractal dimension, self-organization, Vale do Rio Pardo
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 25-36 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
26 Saverio Muratori e a escola Italiana de tipologia projetual
Abstract. This paper outlines the development of the Muratorian school of urban morphology and
building typology. Starting from Muratori’s experience as a talented architect, deeply rooted in the
Roman interpretation of Italian rationalism, the authors describe the growth of Muratori’ s interest in
history as a means of recovering a sense of continuity in architectural practice. Adopting a theoretical
approach grounded in architecture and urban design, he started working on a critical framework which
could explain the creation and transformation of urban form over the centuries. He had many followers.
The resurgence of interest in Muratori’s work in the 1990s is described.
Tradução
Este texto foi traduzido por Vítor Oliveira, que agradece a Giancarlo Cataldi a disponibilidade
permanente para esclarecer todas as questões relacionadas com este processo.
O termo ‘morfologia’ foi inicialmente proposto, a que este texto se construísse fundamentalmente
na viragem do século XVIII para o século XIX, a partir da leitura de um vasto conjunto de fontes
por Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), o secundárias, das quais se destacam dois artigos de
famoso escritor e pensador alemão que dedicou revisão deste período publicados na revista Urban
uma parte do seu trabalho à biologia. Goethe Morphology, Hofmeister (2004) e Heineberg
utilizou a expressão morfologia para designar a (2007), bem como o artigo de Whitehand sobre a
‘ciência que lida com a essência das formas’. tradição Conzeniana, cuja tradução para
Apesar da expressão morfologia ter sido Português se incluiu no último número da
proposta como um ramo da biologia, o seu ‘Revista de Morfologia Urbana’ (Whitehand,
sentido mais geral e abstrato permitiu-lhe ser 2013).
aplicada muito para além da ciência dos seres A geografia humana alemã da última década
vivos. Um século mais tarde esta aplicação adotou do século XIX é marcada por duas obras
as áreas urbanas como objeto de estudo. Na fundamentais (Tabela 1). Em 1894, o historiador
viragem para o século XX e durante as primeiras (e esta é a única exceção disciplinar num contexto
décadas desse século, surgem os primeiros dominado por geógrafos) Johannes Fritz publica
estudos em morfologia urbana desenvolvidos, Deutsche Stadtanlagen, um estudo comparativo
essencialmente, por geógrafos Alemães. Em sobre mais de 300 cidades alemãs. A inovação
meados do século XX a história da morfologia fundamental deste estudo é a utilização do ‘plano’
urbana, enquanto área do conhecimento, passará da cidade e da cartografia como fonte de
inevitavelmente pelos trabalhos de um conjunto informação primordial para a história urbana, algo
de arquitetos em Itália e geógrafos em Inglaterra – que até então não acontecia. Um dos resultados
em particular Saverio Muratori e M. R. G. do estudo é a proposta de uma classificação de
Conzen – e nas últimas décadas do século por cidades baseada precisamente no tipo de plano.
uma nova abordagem, inicialmente desenvolvida Cinco anos mais tarde, e claramente influenciado
por arquitetos ingleses – a sintaxe espacial. pelo texto de Fritz, Otto Schlüter publica Über
Esta ‘perspetiva’ centra-se no contributo den Grundriβ der Städte. Este artigo fundamental
pioneiro dos geógrafos alemães para o campo da desenvolve a linha de investigação sobre o plano
morfologia urbana. A perceção rigorosa desse da cidade iniciado por Fritz, incluindo a
contributo é dificultada pela língua em que os identificação das diferentes partes ou zonas que
mesmos são escritos. Esse constrangimento levou constituem o centro da cidade. Whitehand (2007)
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 37-46 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
38 Perspetivas
1900-09 1903 Friedrich Ratzel Die Geographische Lage der groβen Städte
(Leipzig) A localização geográfica das grandes cidades
1920-29 1924 Walter Geisler Die Deutsche Stadt: ein Beitrage zur Morphologie der Kulturlandschaft
(Halle) A cidade Alemã: um contributo para a morfologia da paisagem cultural
1925 Hans Dörries Die Städte im oberen Leinetal,Göttingen, Northeim und Einbeck
(Goettingen) As cidades de Leinetal, Goettingen, Northeim e Einbeck
sustenta que este trabalho foi pioneiro daquilo para isso à utilização da cor. O resultado desta
que, anos mais tarde, se viria a designar por análise é um conjunto de plantas que constitui um
‘abordagem morfogenética’. Um outro aspeto elemento fundamental para a conservação do
importante no trabalho deste geografo é a património edificado de Viena. Como os seus
convicção de que o estudo da cidade passa colegas, Hassinger sustenta que uma planta podia
necessariamente pelo estudo da paisagem mais mostrar toda uma série de aspetos que um texto,
abrangente onde ela se insere. uma tabela ou um diagrama, não podiam. Dois
Na primeira década do século XX, Die anos mais tarde, um antigo aluno de Schlüter
Geographische Lage der groβen Städte de Walter Geisler, publica um dos textos mais
Friedrich Ratzel continua a linha de investigação importantes deste período (Geisler, 1918).
iniciada no final do século XIX. Um dos Paradoxalmente, Geisler faz referência ao
principais contributos deste texto de 1903, é o trabalho de todos os autores descritos acima, à
facto de se centrar não só na localização das exceção de Hassinger. O livro sobre Danzig
cidades, mas nos motivos e nas características que estrutura-se em duas partes fundamentais,
levam à escolha do local original para a fundação divididas em dezassete capítulos: a primeira
dos assentamentos humanos. aborda as condições físico-geográficas,
Na década seguinte surgem dois textos em que demográficas e económicas de Danzig; a segunda
se pretende ir para além do estudo de localização parte centra-se na estrutura e na organização
e das questões genéticas. Cada um dos textos espacial da cidade. Para além de um vasto
estuda em detalhe uma única cidade, Viena e conjunto de quadros e fotografias de Danzig, o
Danzig (a atual cidade de Gdańsk). Em 1916, livro contem uma inovação fundamental, para a
Hugo Hassinger publica um atlas histórico- época em que foi preparado, uma série de plantas
artístico de Viena. Neste livro, o geógrafo desenhadas pelo autor incluindo a identificação
identifica na planta da cidade de Viena, os estilos dos usos do solo e do edificado, e do número de
arquitetónicos e a idade dos edifícios, recorrendo pisos dos edifícios residenciais na área central da
Perspetivas 39
constituído por parcelas com uma grande alemão, então emigrado, desenvolve em
variedade ao nível da geometria e das dimensões, Inglaterra.
e cuja formação na borda de uma área construída
está associada a um momento de estagnação ou
crescimento lento dessa área e ao modo como, Referências
anos mais tarde, essa mesma área reinicia o
processo de crescimento. Geisler, W. (1918) Danzig: ein
O trabalho dos geógrafos alemães no início do siedlungsgeographischer Versuch (Kafemann,
século XX teve uma importância fundamental Danzig).
para o estabelecimento da morfologia urbana Heineberg, H. (2007) ‘German geographical
como ciência que estuda a forma física das urban morphology in an international and
cidades, bem como os atores e os processos que a interdisciplinary framework’, Urban
moldam. Este trabalho teve uma forte influência Morphology 11, 5-24.
não só na Alemanha (apesar de tardia) mas Hofmeister, B. (2004) ‘The study of urban form
também noutros países. Tendo por base a série de in Germany’, Urban Morphology 8, 3-12.
revisões nacionais publicadas na revista Urban Oliveira, V. (2013) ‘The study of urban form:
Morphology, com a designação ‘The study of reflections on national reviews’, Urban
urban form in…’, Oliveira (2013) identifica uma Morphology 17, 21-28.
forte influência destes autores na morfologia Whitehand, J. W. R. (2007) ‘Conzenian urban
urbana na Polónia, Irlanda e Inglaterra. É morphology and urban landscapes’,
justamente em Inglaterra que esta influência Proceedings of the 6th International Space
adquire a sua expressão maior, no trabalho de M. Syntax Symposium, Istanbul.
R. G. Conzen. Apesar de a partir da década de 30, Whitehand, J. W. R. (2013) ‘Morfologia urbana
a abordagem morfogenética perder peso na Britânica: a tradição Conzeniana’, Revista de
geografia humana Alemã, ela vai ser retomada Morfologia Urbana 1, 45-52.
nas décadas seguintes no trabalho que o geógrafo
Extensões da forma
Anastássios Perdicoúlis, CITTA – Centro de Investigação do Território, Transportes e
Ambiente, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Porto, Portugal; ECT –
Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila
Real, Portugal. E-mail: tasso@utad.pt
estudos históricos de toponímia, permitem atestar para assim perceber as dinâmicas e as mutações
que foi na segunda metade do século XIV que a ao longo do tempo.
palavra ‘direita’, utilizada para qualificar
determinadas ‘ruas’, começou a aparecer Referências
abundantemente na documentação escrita. Tal
como, outrossim, também o qualificativo de Andrade, A. A. (1993) ‘Conhecer e nomear: a
‘travessa’, tomando, neste caso, a expressão de toponímia das cidades medievais portuguesas’,
‘rua travessa’, como tão bem comprova o caso do A Cidade, Jornadas Inter e Pluridisciplinares I
topónimo bracarense, Rua Travessa que vai do (Universidade Aberta, Lisboa) 123-40.
Postigo até à porta da Igreja de Santiago da Borges, A. M. (1995) ‘A toponímia de Évora no
Cividade primeiramente da mão direita como vão final da Idade Média’, Estudos de Arte e
para a dita Igreja, referido no Tombo do Cabido História, Homenagem a Artur Nobre de
datado de 1369-80 (Ribeiro, 2008, p. 421). Daqui Gusmão (Editorial Vega, Lisboa) 80-8.
depreende-se que ‘direita’ e ‘travessa’ foram, Fernandes, J. M. (1989) ‘O Funchal e o
então, qualificativos de direção, justapostos ao urbanismo de raiz portuguesa no Atlântico,
substantivo ‘rua’, de modo a nomear, distinguir e Estudo comparativo e de enquadramento
a caracterizar determinadas artérias fossem elas histórico-estrutural’, Colóquio Internacional de
novas ou existentes dentro do conjunto urbano. História da Madeira I (DRAC, Funchal) 247-
Ambos os qualificativos aludiam ao itinerário, 60.
pois se naquele o percurso era ‘direto’ entre dois Gaspar, J. (1985) ‘A cidade portuguesa na Idade
pontos de referência, neste era de Média: aspetos da estrutura física e
‘atravessamento’ entre dois espaços de circulação. desenvolvimento funcional’, En la España
Evidencie-se ainda que com o tempo surgiram medieval (La ciudad hispánica durante los
alterações nas designações: algumas ‘ruas siglos XIII al XVI) 6, 133-50.
direitas’ perderam o qualificativo; nalgumas ‘ruas Ribeiro, M. (2008) Braga entre a época romana e
travessas’ o qualificativo transformou-se em a Idade Moderna. Uma metodologia de análise
substantivo; e outras artérias foram para a leitura da evolução da paisagem urbana,
alternadamente identificadas de ‘rua’ e ‘travessa’, Tese de Doutoramento não publicada,
dentro de um mesmo intervalo cronológico ou, até Universidade do Minho, Portugal.
mesmo, dentro do mesmo documento. Ribeiro, O. (1984 [1965]) ‘Cidade’, Dicionário de
Com efeito, os dados toponímicos encontrados História de Portugal II (Livraria Figueirinhas,
na documentação histórica obrigam, assim, a Porto) 60-6.
relativizar a ideia de que todas as artérias Ribeiro, O. (1968) ‘A rua direita de Viseu’,
identificadas pela designação de ‘ruas direitas’ Geographica, Revista da Sociedade de
foram ‘os’ eixos estruturantes dos espaços Geografia de Lisboa 16, 49-63.
urbanos portugueses. Não se nega que algumas Rossa, W. (1995) ‘A cidade portuguesa’, História
dessas ruas, tal como outras, ou até algumas ‘ruas da Arte Portuguesa III (Círculo de Leitores,
travessas’, tenham desempenhado tal papel; ainda Lisboa) 233-323.
que outras com o mesmo qualificativo possam ter Rossa, W. (2001) DiverCidade: Urbanografia do
sido somente um acesso mais direto, mais curto espaço de Coimbra até ao estabelecimento
ou mais rápido, sem qualquer importância definitivo da Universidade, Tese de
comercial. O que se almeja com este Doutoramento não publicada, Universidade de
esclarecimento é que, nos estudos históricos da Coimbra, Portugal.
forma urbana portuguesa, se procure e dê a Smith, R. C. (1955) Arquitetura colonial: as artes
importância devida a cada artéria viária dentro de na Bahia (Livraria Progresso, Salvador).
uma leitura morfológica mais global, e não se Vasconcelos, J. L. (1917) ‘Por Trás-os-Montes’,
evidencie as ruas chamadas de ‘direitas’, apenas e O Archeogolo Português 22, 1-53.
só, por causa da sua designação toponímica, Viana, M. (2007) Espaço e povoamento numa
sendo então necessário cruzar duas leituras vila portuguesa, Santarém 1147-1350
históricas diferentes, a formal e a toponímica, (Caleidoscópio, Casal de Cambra).
44 Perspetivas
muito de um objetivo a que chamaremos visão de regras R que operam sobre o conjunto {Fi,Si} a
(Friedman, 1997). No campo da computação partir de uma forma inicial Ii. Uma gramática
chamamos uma ontologia computacional às genérica Γ que opera no domínio da ‘cidade e
especificações da conceptualização de um urbanismo’ é constituída pelo conjunto das
domínio (Gruber, 1993). Mais concretamente, subgramáticas Γi em que i representa a classe de
trata-se de uma descrição do nosso domínio em objectos {Fi,Si} da ontologia considerando que as
termos das classes e subclasses de objetos que o classes são identificadas pelo índice i
compõem, dos seus atributos e das relações (1,2,3,4,...,i).
expressas entre classes. A forma inicial Ii estabelece o elemento de
O domínio da ‘cidade e o urbanismo’ é comunicação entre as diferentes gramáticas Γi
particularmente complexo porque as leituras do pois são as únicas formas nas gramáticas que
que são ‘as coisas’ (ou objetos) neste domínio podem pertencer a conjuntos de formas fora da
revestem-se por vezes de grande ambiguidade. No classe a que a gramática se refere. As formas
entanto, a fim de simplificar essa leitura podemos iniciais podem ser de três tipos: i) objetos pré-
subdividir as descrições do domínio em existentes; ou seja, objetos selecionados pelo
subdomínios (sistemas) correspondentes a óticas projetista ou utilizador da ferramenta
distintas de leitura do domínio principal. Por computacional, a partir do conjunto de todos os
exemplo, podemos ler a cidade como um sistema elementos pré-existentes E0, ou seja, do contexto;
de ruas, como um sistema construído ou como um ii) objetos que na gramática Γi podem ser lidos
sistema de propriedade. Dentro de cada sistema como objetos iniciais; iii) objetos resultantes da
podemos incluir subclasses que complementam a geração produzida por outras gramáticas e que
descrição do sistema. Por exemplo, considerando foram (a) ou podem ser (b) classificados como
a cidade como sistema de ruas a que chamaremos objetos iniciais da gramática que estamos a
apenas networks podemos identificar várias considerar. Os objetos (a) são objetos que foram
subclasses de representação deste sistema: i) as anteriormente classificados como objetos iniciais
ruas como representação axial da network ou de outras gramáticas em função das relações
apenas como eixos de composição de um plano expressas na ontologia. Os objetos (b) são
onde se especificam as suas hierarquias na rede; classificados pelo projetista.
ii) a classificação da rua no sistema viário (via Cada gramática assume a forma
coletora, distribuidora, acesso local, etc); iii) a sua Γi={Fi,Si,R,Ii}. Voltando aos padrões, um padrão
nomenclatura no léxico corrente da língua natural reproduz transformações urbanísticas genéricas
do contexto em que nos inserimos (por exemplo, comuns ao ato de projeto urbano ou a uma
rua principal, avenida, travessa, beco, circular, transformação espontânea comum em meio
etc); iv) a composição de cada rua para cada urbano, as quais, por serem comuns, podem ser
descrição das classes anteriores como um geralmente entendidas através de um curto
conjunto de faixas (ou componentes) que vocábulo ou representação icónica como
constituem um perfil de rua em particular; e, por Alexander sugere. Por exemplo:
fim, v) a descrição detalhada (incluindo GridbyAddingAxes ou GridbyAddingCells. Um
parâmetros e atributos) de cada componente de projeto urbano ou uma simulação é obtido pela
perfil de rua (faixas de rodagem, estacionamento, aplicação combinada de vários padrões que geram
passeios, ciclovias, faixas bus, faixas ajardinadas, soluções de acordo com a sua gramática e com os
alinhamentos arbóreos, etc). Para maior detalhe inputs fornecidos.
ver Beirão (2012). Assim, utilizando gramáticas genéricas
Na descrição de um domínio as dependências organizadas sob a forma de padrões obtém-se
ou relações entre as classes são especificadas nas uma metalinguagem de padrões aplicável na
definições dos objetos pertencentes a cada classe. geração de projetos urbanos ou na simulação de
Podem existir também relações de dependência desenvolvimentos urbanos. Na implementação de
entre objetos pertencentes a subdomínios ou um tal sistema obtém-se uma ferramenta
sistemas diferentes. Por exemplo, edifícios que computacional que automatiza alguns
pertencem ao sistema construído estão dentro de procedimentos e deixa outros para a decisão e
lotes que pertencem ao sistema de propriedade. interferência do utilizador. A estrutura descritiva
Voltando às gramáticas e padrões, cada regra do domínio (ontologia) mantém no entanto a
opera apenas um conjunto limitado de objetos integridade nas representações, qualquer que seja
geralmente pertencente a uma classe de objetos. a formalização do projeto, que permite a partir
Numa gramática, uma classe representa-se por um das representações produzir cálculos de
conjunto de formas (Fi) e símbolos (Si): {Fi,Si}. propriedades do projeto gerado pelo sistema, por
Uma gramática urbana descreve um pequeno exemplo, o cálculo automático de indicadores de
conjunto identificável de operações de urbanismo densidade (Berghauser-Pont e Haupt, 2010) ou
que podem ser traduzidas através de um conjunto outros que possam ser calculados a partir dos
46 Perspetivas
Revista de Morfologia Urbana (2014) 2(1) 47-50 Rede Portuguesa de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214
48 Book Reviews
ainda questionar, com base num conhecimento (Cambridge University Press, Cambridge).
profundo da história, o modo como as Holanda, F. de (2010) Brasília – cidade moderna,
‘arquiteturas contemporâneas’ elegem como seu cidade eterna (FAU UnB, Brasília).
objetivo último o desenho do edifício isolado e o Holanda, F. de (2011) O espaço de exceção
desenvolvimento de uma linguagem dos (FRBH, Brasília).
‘elementos-meio’. Rudofsky, B. (1964) Architecture without
architects. A short introduction to non-
pedigreed architecture (Museum of Modern
Referências Art, Nova Iorque).
Conselho Cientifico
5 F. Holanda
O mundo das miudezas: Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB)
15 N. Palma
Estudos urbanos e geometria fractal
Perspetivas
37 As origens da morfologia urbana e a geografia alemã V. Oliveira e C. Monteiro
40 Extensões da forma A. Perdicoulis
42 A ‘rua direita’ portuguesa: elemento estruturador ou designação toponímica? S. M. G. Pinto
44 Gramáticas genéricas para o domínio da cidade e urbanismo J. Beirão
Relatórios
14 Criação da INTBAU Portugal R. Florentino
24 Turkish Network of Urban Morphology T. Ünlü
36 Chinese Network of Urban Morphology W. Ding
Book reviews
47 C. D. Coelho (2013) Os elementos urbanos T. Marat-Mendes
48 F. Holanda (2013) 10 mandamentos da arquitetura V. Oliveira
Notícias
4 Urban Morphology
13 ISUF2014: Our common future in Urban Morphology
50 PNUM2015: Configuração urbana e os desafios da urbanidade