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Bussinger, R. V., Nascimento, D. B. do, & Rosa, E. M. O trabalho de assistentes sociais e psicólogos nos
processos de adoção

O trabalho de assistentes sociais e psicólogos nos processos de adoção

The Work of Social Workers and Psychologists in the Adoption Processes

El trabajo de los trabajadores sociales y psicólogos en los procesos de la


adopción

Rebeca Valadão Bussinger1


Danielly Bart do Nascimento2
Edinete Maria Rosa3
Resumo

O presente artigo teve como objetivo conhecer o trabalho das equipes técnicas das Varas de Infância e
Juventude que realizam o processo de habilitação à adoção no estado do Espírito Santo. Participaram
37 técnicos, sendo 22 assistentes sociais e 15 psicólogos. A coleta de dados ocorreu por meio de um
questionário semiestruturado, aplicado nas próprias Varas, com perguntas sobre: formação e prática
profissional da equipe, dificuldades e iniciativas exitosas, adoção por homossexuais e o
acompanhamento de famílias em período de convivência. Para tratamento dos dados, utilizamos a
análise de conteúdo. Os resultados apontam a necessidade de ampliação das equipes; a precariedade da
infraestrutura; a dificuldade em lidar com os mitos sobre a adoção e a importância do trabalho em
rede. Conclui-se que o êxito do trabalho dos técnicos está na adoção bem-sucedida – a que não houve
devolução – mais do que na quantidade de adoções realizadas.

Palavras-chave: Adoção. Psicologia. Serviço Social.

Abstract

This article aimed to know the work of the technical teams of the districts that carry out the process of
habilitation for adoption in the State of Espírito Santo – Brazil. 37 technicians participated, including
22 social workers and 15 psychologists. Data collection took place through a semi-structured
questionnaire, applied within the Varas, with questions about: training and professional practice of the
team, difficulties and successful initiatives, adoption by homosexuals and the accompaniment of
families in the period of coexistence. For data analysis, we used content analysis. The results point out
the need to expand the teams; The precariousness of infrastructure; The difficulty in dealing with the
myths about adoption and the importance of networking. It is concluded that the success of the work
of the technicians is in the successful adoption – to which there was no return – more than in the
amount of adoptions made.

Keywords: Adoption. Psychology. Social Work.

1
Psicóloga. Pós-doutora, doutora e mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). E-
mail: rebecabussinger@hotmail.com.
2
Psicóloga. Doutoranda e mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). E-mail:
danybartnasc@yahoo.com.br.
3
Professora-doutora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento da Universidade Federal do
Espírito Santo (Ufes).

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Resumen

Este artículo tuvo como objetivo conocer el trabajo de los equipos técnicos de las regiones que levan a
cabo el proceso que permite la adopción en el Estado de Espírito Santo – Brasil. Participaron 37
técnicos, 22 trabajadores sociales y 15 psicólogos. Los datos fueron recolectados a través de un
cuestionario semi-estructurado con preguntas sobre: la formación y el equipo de la práctica
profesional, las dificultades y las iniciativas exitosas, la adopción por homosexuales y las familias que
viven en período de seguimiento. Para el análisis de los datos, se utilizó el análisis de contenido. Los
resultados indican la necesidad de una ampliación de los equipos; la precariedad de la infraestructura;
la dificultad en el trato con los mitos acerca de la adopción y la importancia del trabajo en red. Se
concluye que el éxito del trabajo de los técnicos está en la adopción exitosa -la que no hubo
devolución.

Palabras clave: Adopción. Psicología. Trabajo Social.

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Introdução Bopp, 2014), violência doméstica (Juras,


Said, Tusi, França, & Hamu, 2016) e no
No Brasil, o Serviço Social atua no processo de adoção (Campos & Costa,
poder judiciário desde os anos 1940, mas 2004). Assim, no que ser refere à adoção, o
somente a partir da Constituição Federal de art. 150 do Ecriad (1990) passou a indicar
1988, ao ter sua atuação reconhecida como a necessidade de equipe multiprofissional
um dos pilares da seguridade social, passou para assessorar a Justiça da Infância e da
a ter maior atuação no campo jurídico Juventude e, a partir da Lei n. 12.010 de
(Sierra, 2011). Já a Psicologia iniciou seu 2009, a atuação específica de equipe
trabalho voluntário no judiciário a partir do técnico-judiciária psicossocial voltada para
reconhecimento da profissão em 1960, questões relativas à adoção. Desse
com atuação principalmente na área momento em diante, a lei é clara em
criminal (Rovinski, 2002). Há registros de determinar a responsabilidade da equipe
que no Poder Judiciário do Estado de São técnico-judiciária formada por assistentes
Paulo a Psicologia atuava voluntariamente sociais e psicólogos na preparação dos
com famílias de classe popular desde 1979, postulantes à adoção, assim como na
passando a atuar definitivamente como orientação, supervisão e avaliação do
técnicos judiciários a partir do concurso contato destes com as crianças e
público de 1985 (Shine, 1988). adolescentes em acolhimento familiar ou
Na área de infância e juventude, institucional em condições de serem
assistentes sociais já atuavam nos antigos adotados.
Juizados de Menores instituídos pela Lei n. Atualmente, no Brasil, o processo de
6.697, de 10 de outubro de 1979 adoção inicia-se com uma petição inicial
(Tabajaski, Gaiger, & Rodrigues, 1998; por parte de quem pretende adotar, na qual
Fávero, 2013), que, embora fosse uma consta os dados dos pretendentes referentes
legislação que determinava requisitos à identificação pessoal. Após a vista nos
mínimos para os adotantes e os adotados, autos pelas autoridades judiciárias, o
não normatizava a atuação dos técnicos Ministério Público pode encaminhar
judiciários que atuavam com a temática da quesitos a serem investigados pela equipe
adoção. Segundo relatos colhidos no interprofissional encarregada de realizar
estudo de Ghesti-Galvão (2008) com estudo técnico, requerer oitiva dos(as)
agentes técnicos psicossociais jurídicos no pretendentes em juízo ou pedir juntada de
Brasil, durante a vigência do Código de mais documentos complementares. O(a)
Menores (Lei n. 6.697/1979), não havia postulante é submetido a um estudo
uma inscrição sistematizada dos psicossocial realizado por equipe técnica
interessados em adotar e, em muitos casos, interprofissional, que atesta sua capacidade
os contemplados com a paternidade por para exercer a paternidade ou maternidade.
meio da adoção eram as pessoas que Em seguida, o(a) postulante é
tinham contato mais próximo com o encaminhado(a) a um programa que
judiciário. contempla o preparo psicológico, a
Foi com o surgimento do Estatuto da orientação sobre o processo adotivo e o
Criança e do Adolescente (Ecriad,1990) estímulo à adoção de crianças com
que o Serviço Social e a Psicologia características geralmente não procuradas
passaram a atuar obrigatoriamente nos (crianças com idade que não atende ao
processos relativos à infância e juventude, perfil preferido pela maioria dos
por exemplo, em disputas de guarda pretendentes à adoção ou já adolescentes,
(Alves, Cúnico, Arpini, Smaniotto, & com doença tratável ou não tratável, com

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deficiência ou de grupos de irmãos). Nessa uma repetição do abandono para a criança


etapa, quando possível, a equipe e os técnicos são indagados sobre quais
psicossocial promove o encontro entre equívocos podem ter ocorrido no processo
postulantes e crianças/adolescentes em de adoção.
regime de acolhimento que estão em Merçon-Vargas et al. (2011) indicam
condições de serem adotados. Depois de que as dificuldades vivenciadas durante o
deferida a habilitação para adoção pela processo de adoção podem ser
autoridade judiciária e pelo Ministério minimizadas pelo acompanhamento da
Público, o(a) postulante passa a fazer parte família adotiva por uma equipe de
do Cadastro Estadual e/ou Cadastro profissionais, por meio de intervenções ou
Nacional de Adoção e aguarda a encaminhamentos necessários,
convocação para adoção, que ocorre em considerando as particularidades de cada
ordem cronológica de habilitação ou caso atendido. Também Andrade, Hueb e
conforme a disponibilidade de crianças e Alves (2017) constataram em estudo de
adolescentes que podem ser adotados caso que tanto a criança quanto os pais
(Brasil, 2009). adotantes precisam de acompanhamento
Anterior à concessão da guarda psicológico para melhor construir os
definitiva, é necessário que a família vínculos afetivos de filiação.
adotante passe por um estágio de Esse aspecto foi bastante enfatizado
convivência com a criança. Conforme a por Alves, Hueb e Scorsolini-Comin
Lei n. 12.010 de 2009, o estágio de (2017) na revisão de literatura que discutiu
convivência deverá ser acompanhado pela o desenvolvimento emocional da criança
equipe interprofissional a serviço da que tenha vivenciado uma adoção. Para
Justiça da Infância e da Juventude. esses autores, o acolhimento e respeito à
Merçon-Vargas, Rosa e Dell’Aglio (2011) história e origens da criança repercutem
destacam que, neste período, a família em seu amadurecimento e
pretendente à adoção assume a guarda desenvolvimento. As tensões e desafios
provisória da criança e/ou adolescente a ser que podem surgir no estabelecimento
adotado por um intervalo de tempo dessas novas relações familiares são
judicialmente determinado. O estágio tem trabalhadas pelos autores como inerentes a
como finalidade contribuir para a qualquer pessoa que se ponha na função de
adaptação das crianças em um novo exercer a parentalidade e a filiação (Alves
contexto familiar, possibilitando o et al., 2017).
estabelecimento de vínculos afetivos. Assim, conforme a lei, todo o
Para Lago, Amato, Teixeira, processo de adoção deve ser acompanhado
Rovinski e Bandeira (2009), o estudo por uma equipe psicossocial, e essas etapas
psicossocial no processo de adoção é muitas vezes podem ser realizadas por
importante para prevenir negligências, meio de instrumentos diversificados. No
abusos, rejeições e a devolução da criança que se refere ao programa preparatório
ou adolescente. Segundo Bortolato, Loss e imposto pelo art. 197-C, § 1º da Lei n.
Delvan (2016), crianças, pais, juízes e 12.010/2009, o estudo de Ghesti-Galvão
promotores têm grande expectativa sobre o (2008) mostrou que no Distrito Federal
trabalho dos técnicos. Os próprios buscava-se não somente uma abordagem
assistentes sociais e psicólogos se atribuem pedagógica em relação à parentalidade no
a responsabilidade sobre a concretização contexto adotivo, mas também a
da adoção, pois acreditam que esta valorização de uma abordagem que desse
depende de sua atuação. Quando há uma espaço para os conteúdos subjetivos que
devolução, o Poder Judiciário a considera circundam o tema. O mesmo estudo

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também aponta que o processo de questionar o perfil de filho desejado e


selecionar e habilitar as famílias sofre a possam ampliar esse perfil, incluindo
interferência não só objetiva da lei, mas crianças antes preteridas, como crianças
também passa por uma interferência acima dos três anos ou adolescentes.
subjetiva que depende da variedade de Assim, o estudo de Campos e Costa
intervenções, instrumentos e dos (2004) indica a importância das estratégias
significados atribuídos pelos profissionais encontradas pela equipe psicossocial para a
aos dados obtidos sobre cada família. A superação das dificuldades encontradas,
subjetividade no processo de adoção tais como o próprio atendimento
também está descrito no estudo de Campos psicossocial, que permite uma visão e
e Costa (2004), no qual técnicos intervenção multidisciplinar; reuniões de
psicossociais do judiciário admitiram em equipe e estudos de caso. Além disso, os
seus relatos que as questões vividas pelas autores enfatizam a importância da
famílias adotantes também sensibilizaram formação continuada para preparar e
a equipe. Desse modo, questões como o atualizar a atuação das equipes
sofrimento gerado pela espera da criança e psicossociais no contexto jurídico.
pelo sentimento de serem avaliados quanto Outro aspecto importante a
à competência para exercer a considerar é a adoção por casais
parentalidade, segundo critérios homossexuais. Desde a Constituição
socialmente estabelecidos, podem afetar Federal de 1988 e o Ecriad (1990), a
dilemas internos vividos pelos próprios adoção passou a ser um direito de pessoas,
técnicos. Nesse sentido, a equipe aponta a independentemente do estado civil. A
importância dos técnicos se afastarem da parentalidade por meio da adoção deixou
posição de especialista, aproximando-se de ser um direito exclusivo de casais
das famílias e construindo com elas um heterossexuais, passando a ser exercida por
conhecimento que valorize suas vivências pessoas, sem levar em consideração a
e percepções sobre a adoção. orientação sexual. Dessa forma, novas
No estudo de Ghesti-Galvão (2008) constituições familiares formadas a partir
com técnicos judiciários, um juiz da adoção obtiveram a visibilidade do
entrevistado reconhece que a equipe judiciário.
psicossocial lida com vários aspectos Entretanto, conforme Cecílio,
presentes no contexto da adoção, como Scorsolini-Comin e Santos (2013), a
exclusão social, carência de crianças no homoparentalidade ainda enfrenta
perfil definido pelos postulantes, número preconceitos e, em muitas situações, no
pequeno de famílias dispostas a adotar e o intuito de proteger-se, casais homossexuais
longo período no qual as crianças ficam em recorrem à adoção por meio de um(a)
instituições de acolhimento, superando o único(a) postulante, configurando na teoria
caráter transitório dessa medida. Desse uma adoção monoparental. Para Xavier,
modo, o percurso do processo adotivo pode Alberto e Mendes (2015), a investigação
revelar dificuldades vividas pelos científica pode trazer importante
assistentes sociais e psicólogos, que contribuição no campo jurídico, tanto no
necessitam tanto de preparo quanto de que se refere às preocupações decorrentes
apoio emocional para lidar com a sensação dessa forma de constituição familiar
de desgaste e excessiva responsabilidade quanto na implementação do trabalho dos
em relação às vidas com as quais lidam. assistentes sociais e psicólogos que atuam
Outro desafio colocado pelos psicólogos com famílias homoparentais e seus
entrevistados é possibilitar um espaço de desafios. Todas essas questões compõem o
discussão para que as famílias possam denso e complexo campo de estudos sobre

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adoção, considerando esta como um foram protocoladas cartas nas VIJ


fenômeno multifacetado. Desse modo, este endereçadas aos juízes, solicitando a
estudo preocupou-se em conhecer o autorização para aplicação do questionário
trabalho das equipes técnicas das Varas de da pesquisa para as equipes técnicas. Nesse
Infância e Juventude do Espírito Santo que documento, informações sobre os objetivos
atuam com a demanda da adoção, as e procedimentos da pesquisa foram
dificuldades encontradas no processo de esclarecidas. Após a aprovação dos juízes,
habilitação dos adotantes, as iniciativas as equipes técnico-judiciárias foram
empregadas para minimizar tais contatadas e foi agendada uma data para a
dificuldades e suas concepções sobre a coleta de dados. Os dados foram coletados
adoção por homossexuais. Esse nas próprias dependências das VIJ, por
conhecimento pode contribuir com o meio de questionários semiestruturados
trabalho das equipes técnicas, ao refletir com questões referentes à formação de
sobre as dificuldades no percurso do cada profissional, tempo de atuação como
processo adotivo, bem como compartilhar técnico judiciário na referida comarca,
iniciativas exitosas que as superem. Além composição da equipe profissional; o
disso, ao também indagarmos sobre a trabalho desenvolvido pela equipe técnica
compreensão sobre as concepções da para promover a adoção; dificuldades e
adoção por homossexuais, pode auxiliar iniciativas exitosas dos profissionais; o que
para uma quebra de paradigmas culturais pensam sobre a adoção por homossexuais e
em relação à parentalidade. como ocorre o acompanhamento de
famílias em período de convivência.
Método Cada tópico especificado
correspondia a uma questão aberta.
Participantes Consideramos, para a elaboração das
questões, apreender o processo de trabalho
Participaram da pesquisa 37 técnicos com informações relativas à infraestrutura,
judiciários, 22 assistentes sociais e 15 procedimentos e protocolos para casos de
profissionais de Psicologia, que atuam em adoção e relatos de angústias, dificuldades
oito Varas de Infância e Juventude (VIJ) da e soluções encontradas. Além disso, os
região metropolitana e interior do estado e questionários foram aplicados em local e
nas Centrais de Apoio Multidisciplinar, horário de trabalho dos técnicos, sendo
que, vinculadas às Varas pesquisadas, que, para esse momento, realizávamos uma
também atendem à matéria infância e conversa prévia sobre a pesquisa,
juventude. As VIJ e Centrais de Apoio caracterizando uma breve reunião.
Multidisciplinar, juntas, atendem a um Os participantes tiveram acesso ao
total de 34 comarcas. Os nomes dos Termo de Consentimento Livre e
participantes foram mantidos em sigilo e, Esclarecido (TCLE), que informava aos
para identificar as respostas, os Técnicos respondentes sobre seus direitos, segurança
do Serviço Social estão indicados com a e privacidade, bem como a possibilidade
sigla TS, e os Técnicos Psicólogos com a de desistir de participar da pesquisa a
sigla TP. As siglas são seguidas de qualquer momento, sem que houvesse
números para identificar respostas emitidas algum tipo de prejuízo. Os procedimentos
pelos diferentes participantes. realizados nesta pesquisa respeitaram as
Resoluções n. 466/2012 e n. 510/2016 do
Procedimentos Conselho Nacional de Saúde, tendo a
pesquisa aprovação do Comitê de Ética em
Para a realização do presente estudo, Pesquisa da Universidade Federal do

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Espírito Santo sob o Parecer n. 1.579.323. à questão, ao tratar de pontos importantes


como: reordenamentos dos espaços de
Análise de dados acolhimento institucional (abrigos); maior
controle e acompanhamento de casos para
A análise dos dados foi realizada por adoção internacional e inclusão no regime
meio da técnica de análise de conteúdo jurídico para proteção de crianças e
apresentada por Bardin (2016), a qual adolescentes dos programas de
requer um trabalho de leitura e releitura acolhimento familiar. Nesses casos,
criteriosa e seletiva do material coletado, justifica-se a ampliação das equipes de
seguida da categorização e interpretação analistas judiciários, tendo em vista as
dos dados. Os questionários foram urgências para encaminhamentos nas
digitados integralmente e divididos de matérias citadas. No que se refere à
acordo com a área de formação dos adoção, por exemplo, uma questão
participantes. A partir da análise do apontada por uma profissional foi a de que,
conteúdo das respostas aos questionários, após a chegada dos novos técnicos, havia
três categorias temáticas foram formadas: o uma demanda reprimida, mas que já foi
trabalho nas Varas; os desejos das famílias extinta, para regularização da “adoção
e o diálogo sobre a realidade; e o trabalho pronta”. Esse tipo de adoção se caracteriza
em rede. pela situação na qual há um período de
convivência entre familiares e
Resultados e discussão crianças/adolescentes antes do rito legal,
forçando a justiça pela regularização da
O trabalho nas Varas adoção, mesmo que esta não tenha seguido
o fluxo de procedimentos adotados no país.
Quanto aos profissionais Dessa maneira, o aumento de
participantes, quatro assistentes sociais profissionais de Psicologia e Serviço
atuam há mais de 16 anos nas Varas e duas Social atendendo às Varas e Comarcas
há mais de seis anos. O restante dos pode ser considerado um ganho social,
profissionais (Serviço Social e Psicologia) uma vez que a “Nova Lei da Adoção” é
atua há menos de cinco anos como resultado de um intenso movimento de
analistas judiciários. Assim, constata-se questionamento das condições de vida de
que 31 profissionais iniciaram crianças e adolescentes vivendo em
recentemente carreira como técnicos da instituições realizado por profissionais,
justiça. militantes e pesquisadores da área. Esse
Inferimos que a realização de movimento fomentou um importante
concursos para os cargos teve como debate acerca do direito à convivência
urgência cobrir as demandas geradas pela familiar e comunitária garantido pelo
promulgação da Lei Maria da Penha (Lei Ecriad, tendo como mote a pesquisa
n. 11.340/2006); as demandas oriundas das realizada pelo Ipea em 2004, que
Varas de Família, tal como a Lei n. apresentou um levantamento nacional
13.058/2014 – que define os significados e mostrando a realidade de crianças e
procedimentos de aplicação da guarda adolescentes vivendo em abrigos,
compartilhada em situações de litígio –; e culminando também na elaboração do
as mudanças geradas no Estatuto da Plano Nacional de Promoção, Proteção e
Criança e do Adolescente (Ecriad) com a Defesa do Direito de Crianças e
Lei n. 12.010/2009. Essa lei, conhecida Adolescentes à Convivência Familiar e
como “Nova Lei da Adoção”, Comunitária.
redimensiona e qualifica o tratamento dado A organização das equipes técnicas

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das Varas e comarcas também obedece às psicossocial às novas famílias constituídas.


recomendações da NOB/Suas, que passou O trabalho de habilitação envolve,
a ser implementada a partir de 2005, basicamente, entrevista psicossocial, visita
produzindo transformações na Assistência domiciliar, preparação e realização de
Social no país. Devido às questões cursos preparatórios para postulantes à
apontadas, a composição das equipes de adoção. Já as atividades desempenhadas
analistas judiciários que atuam na matéria após a adoção definem-se por: visita
infância recebeu enorme influência, domiciliar, contato telefônico, estudo
resultado desse novo cenário, pois psicossocial, atendimentos, entrevistas,
sabemos, por exemplo, que sequer o cargo encaminhamentos à rede.
de psicólogo existia nesses espaços. Chama-nos a atenção o
Ademais, o tempo de formação desses acompanhamento prestado no período
profissionais, inferior a 10 anos, faz supor denominado “estágio de convivência”, pela
que estes trouxeram para a prática importância que assume para deferimento
profissional novos parâmetros de atuação, da sentença de guarda definitiva. É sabido
como resultados das mudanças elencadas, que é neste momento de início de
o que resulta em intervenções mais convivências que dificuldades, tais como
afinadas com a garantia de direitos da adaptação à nova rotina, diferenças e
população atendida. conflitos, podem surgir, oriundas das
Outro aspecto a ser apontado circula expectativas e fantasias criadas, seja por
em torno da problematização do trabalho crianças, seja por famílias. Nesse
do profissional de Psicologia no âmbito da momento, a falta de preparo dos
Assistência Social e da justiça. Com essas pretendentes torna a devolução, ou seja, a
mudanças, foi aberto um amplo campo de desistência da adoção realizada, uma
prática profissional ainda desconhecido alternativa à solução de problemas,
pelas instituições de formação. Como amparados por uma brecha legal do ato
consequência, surgiram pesquisas que (Martins, 2008).
buscavam discutir as possibilidades, os Caracterizada pelos participantes
limites e os instrumentos a serem como fracasso do trabalho realizado, a
utilizados pelos profissionais de dissolução da adoção figura como lacuna
Psicologia, o que, no caso da justiça, que impede o desenvolvimento pleno das
possibilita constatar a consolidação de um atribuições exigidas. Parte desse problema
novo campo de estudos e atuação já foi diagnosticado pelos profissionais, o
profissional: a Psicologia Jurídica (França, que os fazem trabalhar antevendo a
2004), que tem como mote o trabalho e a possibilidade da devolução. Conforme
relação interdisciplinar entre a Psicologia e Riede e Sartori (2013), a idade da criança,
o Direito (Lago et al., 2009). despreparo psicológico, adoção motivada
Assim, o trabalho nas Varas e por caridade, não elaboração da
Comarcas pesquisadas é executado pela infertilidade do casal figuram como
equipe mínima psicossocial: assistentes motivos que predispõem a devolução.
sociais e psicólogos. Pela análise das Como resposta a esses fatores, ao
respostas, os profissionais dividem o mencionarem a devolução, os profissionais
trabalho para promoção da adoção em três falam do investimento nos atendimentos
dimensões: atividades relacionadas ao realizados, visitas, cursos de habilitação de
processo de habilitação; atividades pós- postulantes e redes de apoio como etapas
adoção e atividades em articulação com a que precisam ser fortalecidas antes da
rede, entendida aqui como um conjunto de realização da adoção.
atores e instituições que oferecem suporte Contudo, é o estágio de convivência

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que é mencionado como perigo ao sucesso fundamentalmente o acompanhamento se


da adoção, estando esse aspecto dá antes da adoção, os profissionais se
relacionado às fortes menções sobre as ressentem de não conseguirem realizar esse
dimensões da infraestrutura das Varas, que trabalho com mais empenho, dedicação e
precarizam o trabalho após a adoção. A condições. A participação dos grupos de
vinculação após a adoção é um processo apoio à adoção e serviços de acolhimento
vivido com tensões e com lembranças de torna-se fundamental e um caminho
experiências dolorosas por parte dos frequentemente procurado pelos
envolvidos, desafiando lugares familiares profissionais. “Avalio que não é
preestabelecidos pelos membros (Speck, satisfatório e que seria recomendável um
Queiroz, & Martiz-Mattera, 2018). Essas trabalho mais sistemático, porém não
reflexões possibilitam observarmos a temos estrutura de RH para tal ação”
preocupação na produção de literatura (TS2).
sobre o aspecto da dissolução da adoção É aí que aparece o terceiro grupo de
nos últimos anos (Rossato & Falcke, atividades relatadas: a interlocução em
2017). parceria com outros atores da rede de
Ainda sobre esse aspecto, Hueb proteção a apoio à adoção. Foi bastante
(2016, p. 34) destaca os elementos citada a realização de campanhas de
vivenciados pelos adotandos na transição incentivo à adoção (principalmente no
entre espaços de acolhimento institucional incentivo à adoção de crianças maiores e
e famílias adotivas. Aponta a autora que a entrega voluntária), a participação em
preparação de adotantes e da grupos de apoio à adoção – inclusive
criança/adolescente a ser adotado sempre fomentam diretamente a criação desses
“pode desencadear conflitos, ansiedades, grupos – e a participação, quando
medos, mas que pode promover alegrias no convidados, para palestras e informações
estabelecimento de um novo encontro”. sobre adoção, atendendo à demanda de
Assim, ressalta a importância de atores municípios e instituições (citado
externos no apoio pós-adoção, enfatizando principalmente por profissionais que atuam
os grupos de apoio e as universidades, que, no interior do estado).
segundo defende, podem criar projetos de A infraestrutura das Varas foi citada
extensão com vistas a esse tipo de com maior frequência de respostas pelos
acolhimento (Hueb, 2016). profissionais. As dificuldades apontadas se
De acordo com os profissionais, o referem à estrutura – não só física e
acompanhamento se dá por demanda da logística do local de trabalho, mas da
família ou por determinação judicial, sendo dinâmica de funcionamento – e a execução
que a “determinação do juiz” foi a resposta do trabalho em si sentida pelos
mais citada pelos participantes. Sendo profissionais. Quanto à estrutura,
assim, fica evidente que os profissionais nomeiam: espaço físico inadequado,
agem por demanda, sem que haja uma equipe reduzida, falta de “prioridade” na
sistematização prévia sobre como será matéria infância dos operadores do Direito
(caso haja) esse acompanhamento, como (com pouca afinidade dos magistrados no
exemplifica a fala dos técnicos: “O assunto), rotatividade de magistrados,
magistrado é quem determina o período de burocracia na tramitação de processos
acompanhamento do estágio de (especialmente com relação aos prazos
convivência” (TS5). “A juíza determina o para destituição e institucionalização de
tempo médio, então, fazem-se visitas e crianças). Esses aspectos repercutem em:
atendimentos” (TP4). falta de suporte às famílias adotantes,
Relatando também que pouco tempo para dedicação à adoção

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(lembramos que os profissionais das novas faz parte do mito da “adaptação


centrais de apoio multidisciplinar atendem, tranquila”, melhor construção de vínculo e
por exemplo, a demandas de órfãos e realização de cuidar de um bebê, em
sucessões, família, violência doméstica e oposição à ideia de que, na adoção de
familiar contra a mulher, infância e crianças maiores, haverá “dificuldade de
juventude), pouco tempo para articulação convivência” devido às dificuldades de
com a rede (ou a falta dela no município). construção dos vínculos. Esses aspectos
Comparamos as respostas para saber se também foram debatidos na sistematização
essas queixas eram mais típicas de realizada por Morelli, Scorsolini-Comin,
assistentes sociais ou psicólogos e não Santeiro (2005) e em revisão de literatura
encontramos diferenças; assim como não recentemente realizada por Alves et al.
há diferenças nas atribuições e atividades (2017).
deliberadas aos profissionais, há paridade Além das questões relacionadas ao
nas angústias e conflitos vividos por perfil das crianças escolhidas pelas
psicólogos e assistentes sociais. famílias, que tem íntima relação com a
Em seguida, e uma vez entendido rejeição pela adoção de crianças maiores,
como se dá o processo de adoção, outras dificuldades decorrentes do trabalho
discutiremos as principais dificuldades e com as famílias foram relatadas pelos
estratégias de superação dessas profissionais. Dentre elas, as mais citadas
adversidades que interpelam a realização são: lidar emocionalmente com as
do processo de adoção. devoluções, dificuldades da família na
compreensão das peculiaridades de adoção
Os desejos das famílias e o diálogo sobre de crianças maiores e as idealizações e
a realidade projeções direcionadas à criança a ser
adotada (aspectos debatidos
No grupo de respostas desta anteriormente).
categoria, encontramos os conflitos vividos A abertura ao diálogo tem sido a
no atendimento às famílias. Os técnicos estratégia principal, adotada pelos
invariavelmente relataram constatar profissionais, para superação das
preconceitos, desinformação e mitos das dificuldades. Como destaca Machado,
famílias em relação à adoção. Como Ferreira e Seron (2015), os cursos para
exemplo: “A cultura popular de ‘pegar’ postulantes são uma oportunidade para
uma criança para cuidar, o entendimento discutir sobre a expectativa de um filho
para igualar a condição de filhos (adotivos ideal e a possibilidade de um filho real,
e naturais) e a preferência por faixa etária ressignificando a adoção. Orientações
inferior a três anos” (TS17). diretas às famílias, busca de interação,
A questão do perfil desejado pelos diálogo e articulação com a rede, revelam
pretendentes e as dificuldades com a o empenho desses profissionais à
aceitação da adoção de crianças maiores realização da adoção, que implica na
foram pontos marcados pelos profissionais. administração de conflitos vividos no
As ideias da caridade e da ajuda ao cotidiano do judiciário e no contato com as
próximo estão presentes no relato das famílias. Como exemplo: “Fazer o curso de
famílias, segundo os técnicos. Consoante habilitação para adoção à noite, visando
Ebrahim (2001), o altruísmo está promover a maior participação, promover
fortemente presente no discurso de famílias discussões e debates sobre o tema, tanto no
que optam pela adoção de crianças meio jurídico como em outros âmbitos, o
maiores. Para Camargo (2005) e Puretz e que traz repercussões positivas para o
Luiz (2007), a preferência por crianças trabalho” (TP5).

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processos de adoção

Constatamos que os participantes não casais homossexuais. Tal prerrogativa não


trabalham na perspectiva da adoção ideal, tem se confirmado em conclusões de
tampouco de uma criança ideal, mas sim pesquisas realizadas, que delimitam como
pelo direito à convivência em família, maiores desafios à homoparentalidade a
donde pesa a enorme articulação que essas presença de uma homofobia estrutural na
instâncias têm com as instituições de sociedade (Custódio, 2012; Futino &
acolhimento, entendendo-as Martins, 2006; Gato & Fontaine, 2010). Ao
verdadeiramente como uma residência indagarmos os técnicos das Varas de
temporária, tal como preconiza o Ecriad Infância acerca dessas adoções, nosso
(Lei n. 8.069/1990). Nesse cenário, a objetivo foi situar como essas questões
adoção por casais homossexuais tem eram vividas e percebidas no cotidiano
ganhado ampla aceitação na prática profissional. Ainda que essa questão deva
corrente de técnicos e de magistrados, ser mais bem explorada, entendemos que,
sustentados pelas discussões recentes sobre para esses participantes, as adoções por
as novas configurações familiares, casais homossexuais habitam a concepção
amparados pela literatura científica, que comum de que “antes uma adoção por
tem conferido suporte positivo às famílias casal gay que adoção nenhuma”.
homossexuais (Lamb, 2012; Farr, Forssell, Portanto, seguimos defendendo a
& Patterson, 2010; Figueirêdo, 2008; concepção de é necessário questionar as
Farias & Maia, 2009; Futino & Martins, expectativas das famílias em relação às
2006; Passos, 2005). Como podemos parentalidades, uma vez que momentos de
constatar nas afirmações: “Não vejo e/ou crise são esperados na vivência de
faço distinção da forma em que está qualquer agrupamento humano. A
configurada a união, em questão de gênero, expectativa de uma convivência familiar
e sim penso ser importante a ampliação de sem a presença de conflitos e tensões
pessoas capacitadas para o exercício do parece habitar o imaginário dessas famílias
cuidado” (TS7). “Acredito no direito à no período pós-adoção. Compreendemos
convivência familiar, sem levar em que, assim como os aspectos
consideração tal questão [...]” (TP4). macroculturais que circulam a história da
Embora suscite polêmicas e seja adoção no Brasil (Fonseca, 2006; Weber,
permeada de preconceitos, a adoção por 2005), é necessário maior entendimento
casais homossexuais no Brasil passou a ser sobre o momento de vida da família que
realidade na prática jurídica nos últimos decide adotar. Além das justificativas
anos. Importante lembrar que a adoção por comumente empregadas de infertilidade
casais homossexuais foi também por parte dos pretendentes, é interessante
fomentada pelo reconhecimento da união que se investiguem outras motivações à
estável de casais homossexuais como adoção, tais como: crises conjugais, de
entidade familiar, ocorrida em 2011 pelo passagem geracional, e aspectos morais e
Supremo Tribunal Federal. Assim, as religiosos que atuam diretamente na
parentalidades gays, lésbicas, travestis e dinâmica familiar. Assim, defendemos a
transexuais despertaram interesse de criação e o fortalecimento de espaços para
pesquisas científicas, também gerada pelas que essas famílias possam falar de suas
demandas de casais impostas às Varas e dúvidas, mitos, preconceitos e conflitos.
aos Tribunais (Machin, 2016).
Uma das maiores questões O trabalho em rede
levantadas para justificar o impedimento
dessas adoções se refere aos prejuízos ao De acordo com os técnicos, a
desenvolvimento da criança impetrado por efetivação e o êxito da adoção se dão a

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partir do sucesso na articulação com a fortalecem o mito do “amor à primeira


rede, seja antes da adoção, seja depois. vista” e o já conhecido desejo de “ajudar
Observa-se um “cercamento de possíveis uma criança necessitada”.
casos” que podem se tornar “adoção”, ou Alves et al. (2017) apontam o perigo
seja, estudos de situações em que a dessa atitude – “ajudar a quem precisa” –
destituição do poder familiar ainda não foi na sua relação com a adoção, cujo estigma,
deliberada, mas vislumbrada, sendo a o de “criança necessitada”, recai
adoção o passo seguinte como justamente naqueles que estão ou
encaminhamento a esses casos. estiveram institucionalizados. Segundo os
Assim, no cotidiano de trabalho dos autores, a presença do altruísmo como
profissionais, existem dois tipos de ações desejo para adoção recai na idealização
empregadas: as que se dão diretamente tanto dessa criança como de seu
com as famílias interessadas (como a comportamento, o que, por si, afasta a
habilitação de pretendentes e o trabalho percepção das configurações reais das
com essas famílias sobre o perfil de casos e relações de famílias e casais.
a realidade da adoção no Brasil); e um O êxito da adoção não pode ser
conjunto de ações que dependem da medido exclusivamente pelos indicadores
articulação com atores externos (espaços de sua efetivação, mas pela capacidade que
de acolhimento e grupos de apoio) porque esses atores, em suas regiões, têm de se
envolvem o estudo de situações de crianças articularem para melhor trabalharem a
que ainda estão em medidas de proteção, adoção em suas complexidades e nuances.
mas que poderão se tornar potenciais Isso implica superarem, em conjunto, as
adoções. falhas nas redes de proteção e promoção à
O estreitamento da relação das Varas adoção, criando condições de diálogo com
com os grupos de apoio à adoção e com os as famílias para prevenção de adoções
serviços de acolhimento é fundamental malsucedidas.
justamente para que se evitem a
permanência desnecessária de crianças em Considerações finais
acolhimento. Assim, a presença dessa rede,
ou a falta dela, impacta diretamente no O processo de trabalho é vivido com
êxito (e agilidade) para realização das dificuldades pelos profissionais das Varas,
adoções. “Visita às instituições de que expõem um cotidiano de atuação
acolhimento para inspeção anual, visita e profissional em que se percebe que o
encontro com crianças ou adolescentes e esforço em atender aos desejos das
reunião com a equipe” (TS12). “Grupo de famílias e às necessidades das crianças
apoio. Após as orientações às famílias ou muitas vezes esbarra em procedimentos
casais habilitados, tivemos pretendentes que desvalorizam a relevância da adoção.
que ao se conhecerem e frequentarem Dessa forma, a adoção deixa de ser vista
grupos de apoio puderam ampliar a visão como uma importante ação por meio da
do projeto adotivo” (TS16). qual é possível se construir relações
A aproximação entre serviços de afetivas estáveis e duradouras,
acolhimento, Varas, grupos de apoio e especialmente em momentos sensíveis ao
pretendentes é de suma importância para desenvolvimento humano, como a
que se quebrem as práticas de visita infância.
coletivas aos serviços de acolhimento onde A inexistência de preconceitos em
comumente se encontram as crianças. relação à adoção por casais homossexuais
Essas práticas têm sido narradas pelos indica uma atenção especial por parte
pretendentes como experiências que desses profissionais na criança a ser

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adotada, uma vez que não foram no cotidiano do trabalho, considerando


percebidas representações de uma “família especialmente as recentes mudanças no
ideal” ao bom desenvolvimento infantil. Estatuto da Criança e do Adolescente que
Esse posicionamento dos técnicos impactam a vida de crianças e adolescentes
contribui e alarga as compreensões acerca no país, principalmente os
da homoparentalidade. Reiteramos a institucionalizados e disponíveis à adoção.
importância da realização de estudos que Ainda que cientes das limitações
tenham como objetivo específico essas deste estudo, as compreensões da adoção
experiências, sobretudo pelo potencial das como um fenômeno cultural complexo
pesquisas de confrontar mitos e foram ampliadas. Diante disso,
preconceitos acerca da adoção por pessoas consideramos que a prática profissional de
LGBT. equipes psicossociais na adoção não se
No que se refere às dificuldades no limita ao dever moral de cada técnico em
trabalho e às iniciativas que encontram cumprir ritos legais e protocolos para
para superá-las, observamos que os organização do cotidiano do trabalho.
técnicos administram os entraves Tampouco negligenciam a diversidade de
encontrados na execução do trabalho nas significados atribuídos à infância e a
Varas concomitantemente àquilo que famílias no encontro entre justiça e
nomeiam como dificuldades das famílias sociedade interpeladas pelo desejo da
(idealizações, dores, expectativas). A adoção. Em que pese a necessidade de
eficácia do trabalho e da adoção em si se novos estudos que aprofundem os
dá pela capacidade e compreensão que os sentimentos e motivações para o trabalho
envolvidos têm de se alinharem na rede dessas equipes, registramos que o trabalho
(grupos de apoio à adoção, grupos de direcionado ao cumprimento do Direito à
técnicos, serviços de acolhimento). A Convivência Familiar e Comunitária, e
articulação com a rede é fundamental para atento às mudanças nas leis que traduzem
a eliminação de mitos e preconceitos a as transformações sociais (como as
respeito da adoção (criança mais velha adoções legais por homossexuais), se
mais difícil de educar, amor à primeira relaciona à ampliação de quadro técnico
vista, adoção é um ato de ajuda e capacitado por meio de concursos públicos
coragem). Sendo assim, o êxito da prática em Varas e Comarcas, como também às
circula pela ideia da adoção bem-sucedida formações acadêmicas que trabalhem
– a que não houve devolução –, mais do densamente as políticas de infância e
que na quantidade de adoções realizadas. juventudes em seus projetos pedagógicos
O objetivo deste trabalho foi refletir de curso.
e retratar o processo de trabalho de
assistentes sociais e psicólogos jurídicos Referências
que atuam na matéria de adoção no
Espírito Santo. Este foi, portanto, um Alves, A. P., Cúnico, S. D., Arpini, D. M.,
desdobramento de um estudo maior Smaniotto, A. C., & Bopp, M. E. T.
desenvolvido pelas pesquisadoras, que teve (2014). Mediação familiar:
como objetivo central investigar a filiação possibilitando diálogos acerca da guarda
e construção de vínculos após a adoção. compartilhada. Pesquisas e Práticas
Chamava-nos a atenção as reiteradas falas Psicossociais, 9(2), 193-200.
das famílias acerca da morosidade e Recuperado de
incongruências na ação do judiciário. Isso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scri
nos levou a questionar os fluxos e pt=sci_arttext&pid=S1809-
procedimentos adotados pelos profissionais 89082014000200005&lng=pt&tlng=pt.

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Recebido em: 27/12/2017


Aceito em: 2/3/2021

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Pesquisas e Práticas Psicossociais, 16(3), São João del-Rei, julho-setembro de 2021. e-2710

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