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DESAFIOS E RECOMENDAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES


DE AJUDA MÚTUA ON LINE

Eduardo Mourão Vasconcelos


Marcela Wcck
(Projeto Transversões ESS-UFRJ)

1) Introdução

As reuniões de grupos de ajuda mútua caracterizam-se por encontros presenciais em espaços nos quais
os participantes regularmente trocam experiências de vida, e de estratégias de lidar com seus problemas
comuns, ou de discutirem algum tema previamente acordado pelo grupo. No contexto dos projetos brasieliros
de grupos de ajuda e suporte mútuos, a adaptação desses encontros para o formato online, como medida
preventiva no contexto da atual pandemia do COVID - 19, pode significar um dispositivo de continuidade
das atividades que realmente evite o risco de transmissão e/ou contaminação entre os participantes, que
acontece nas reuniões presenciais. Algumas iniciativas de grupos de ajuda mútua em variados locais do país
estão começando a utilizar este dispositivo. No entanto, muitos dos participantes dos grupos de ajuda mútua
em todo o pais são geralmente oriundos das classes populares, cujos aparelhos telefônicos e contratos de uso
da Internet tendem a ser mais precários, gerando desafios variados, que tentaremos alencar mais à frente.
Como as experiências grupais online em projetos de ajuda mútua ainda são muito recentes, o que está
sendo levantado aqui é muito mais decorrente dos desafios das experiências de atendimento clínico individual,
que já tem uma tradição mais consolidada, como também de eventos acadêmicos e de educação à distância.
Nesse sentido, este breve texto visa levantar algumas reflexões sobre possíveis desafios, particularidades e
limitações dessa experiência virtual de grupos e sobre a importância de se prever alguns cuidados e
recomendações, de modo a minimizar possíveis desconfortos e problemas que se pode prever na realização
das reuniões em tal formato.
Tendo em vista essas limitações, é importante então observar que este constitui um primeiro esforço
de sistematização de desafios e de recomendações, que deverá ser objeto de contínuo monitoramento,
sistematização e revisão, a partir da prática que esta sendo desenvolvida nas várias experiências do país.

2) Algumas limitações, desafios e vantagens dos grupos on line em comparação com os grupos
presenciais

É importante considerar que os encontros grupais virtuais, pela distância social e particularmente se
têm um padrão de mensagens mais curtas no tempo e ausência da imagem, tendem a inibir os participantes de
expressar seus sofrimentos mais difíceis, com seus processos catárticos, bem como os conflitos entre os seus
membros. Em caso de haver chance deles serem expressos, o dispositivo não permite que os facilitadores
possam intervir nas situações que demandam sua atuação mais concreta, como se aproximar de alguém que se
encontra eventualmente mais emocionado durante sua fala, para oferecer um lenço de papel, um copo d´agua,
um abraço ou até mesmo chamar a pessoa em questão para uma conversa privada fora da sala de reunião, se
este estado perdurar muito.
Além disso, a relação virtual nem sempre permite a observação de determinados elementos para além
da narrativa verbal, como a linguagem corporal dos participantes, que muitas vezes ajuda os facilitadores a
construir a percepção de que alguém não está bem e precisa de uma atenção especial durante o encontro. Nas
reunições on line, a linguagem verbal é basicamente a única fonte de observação e tomada de decisões.
Adicionalmente, os dispositivos de reunião on line geram imagens diminutas das pessoas, particularmente
quando o suporte se dá via telefones celulares, cujas telas são ainda menores que as telas de computadores e
notebooks.
Outra diferença está nas limitações de comunicação entre os dois facilitadores da reunião, já que em
uma reunião presencial eles são instruídos para se sentarem um ao lado do outro e se ajudarem na facilitação
da reunião, utilizando toques, linguagem não verbal, indicação de pessoas que querem falar e que deverão ser
inscritos, ou rápidos comentários em voz baixa.
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E não é só. Os dispositivos de reunião on line com uso de vídeo têm limitações em caso de falas
simultâneas, que tendem a embolar os sons ou anular uma das falas, fenômeno que nos contatos presenciais
nosso cérebro tem capacidade de discernir muito melhor. Além disso, mesmo que mínimo, sempre há um
espaço de tempo entre a fala emitida e a fala recebida (um atraso). Os tempos distintos de recepção das falas
podem gerar falas sobrepostas e uma sensação de atropelo para quem ainda está desenvolvendo sua narrativa.
Podem, também, gerar uma demora maior entre uma fala e outra, e a sensação, para quem falou, de pouca
escuta e acolhida pelo grupo, especialmente se o que está sendo compartilhado constitui um tema muito
sensível para o participante em questão. Muitas destas limitações são existem nos grupos mais simples que
usam os áudios e mensagens escritas do Whatsapp, por que as falas e textos são sequenciadas uma depois da
outra pela ordem de envio, sem nenhum problema, o que facilita muito o trabalho dos facilitadores.
Do outro lado destas limitações, os grupos on line permitem superar algumas limitações dos grupos
presenciais. A primeira é poder reunir pessoas em diferentes locais, e até mesmo em outros países, experiência
que todos temos no contato com nossos parentes e amigos distantes através das redes sociais. Outra vantagem
muito evidente no contexto atual da pandemia do COVID – 19 é oferecer uma alternativa para amenizar o
isolamento social presencial, dados os riscos de contágio. Assim, para muitas pessoas, a troca virtual constitui
uma possibilidade concreta de lidar com:

- os estresses oriundos do isolamento contínuo, do sentimento de solidão e da tendência à depressão;


- o medo e,ou pânico de contágio de nossos familiares mais velhos e ou com alguma fragilidade física;
- os estresses da repetição contínua das tarefas domésticas e do cuidado intensivo das crianças sem muito
espaço para isso, ou do cuidado a familiares e idosos que demandam cuidados físicos e emocionais intensivos
e contínuos;
- da convivência muito próxima e claustrofóbica com os demais familiares, em espaços reduzidos, acentuando
conflitos já existentes, e particularmente os riscos de separação conjugal e de episódios de violência
doméstica;
- os variados estresses gerados pela precariedade de recursos para continuar a trabalhar, ter renda e para
garantir a sobrevivência de si e da família etc.

3) Os desafios gerados pelas próprias plataformas de reunião on line, pelas limitações tecnológicas dos
aparelhos e pelos fluxos diferenciais de Internet

Nas reuniões on line, podem ocorrer ainda várias limitações tecnológicas, geradas:

- pelas próprias plataformas de reunião e pelo seu desconhecimento de como usá-las na prática, pela maioria
dos participantes dos grupos;
- pelos diversos tipos de computador e particularmente pelas limitações de vários tipos de telefones celulares;
- pelos contratos limitados de horas de usos em telefones celulares, como no caso dos cartões pré-pagos;
- pelo fluxo limitado ou instável de Internet que utilizam, particularmente quando não existe um sistema de
wi-fi que sustente um fluxo mais volumoso e regular de dados de áudio e de imagem.

Essa limitações podem gerar muitas dificuldades e desafios nas reuniões on line, por exemplo:

a) Limitações geradas pelas plataformas de reunião on line e pelo desconhecimento de como usá-los pela
maioria dos participantes de grupos de ajuda mútua: o dispositivo de rede social mais utilizado no Brasil, e
que permite conversas com mais de uma pessoa, sem dúvida alguma, é o Whatsapp. No entanto, ele possibilita
um máximo de quatro pessoas por ligação de imagem em tempo real. Outra possibilidade é a formação de
grupos de Whatsapp, para fazer reuniões em tempo real por meio dos próprios textos curtos ou por gravações
de áudio que o dispositivo oferece, tendo um exemplo concreto comentado mais abaixo. Obviamente essas
reuniões apresentam limitações na duração das mensagens, para trocas mais profundas de vivências e
emoções, como também levantam alguns desafios éticos adicionais referentes a sigilo e confidencialidade,
tema que será tratado a seguir, mas sem dúvida alguma, já oferecem trocas em tempo real a partir de um
grupo já existente ou de grupos recém formados. Outro software mais divulgado é o Skype, que geralmente
está disponível nos computadores e notebooks, ou como aplicativo em celulares. Em tese, esta plataforma, na
sua versão a partir de 2010, possibilita reuniões com até 20 pessoas, mas também apresenta forte instabilidade,
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se não é sustentada por um bom fluxo do provedor de Internet, e quando isto não acontece, vários dos
problemas listados abaixo tendem a acontecer. As demais plataformas de reunião on line disponíveis hoje, tais
como o Zoom, o Microsoft Teams, o Google Hangouts, o Facebook Messenger e o Instagram, são menos
conhecidas, requerem uma capacitação prévia adequada para o seu uso, e também uma avaliação de suas
limitações, riscos e pontos positivos.

b) Impossibilidade de uso do vídeo: é causada pelas limitações do fluxo da Internet em telefones celulares com
contratos mais limitados com as companhias telefônicas, particularmente por pessoas com recursos pessoais
limitados para aquisição de contratos com fluxo mais elevado. Isso implica que a interação com os demais
será realizada apenas por áudio e mensagens escritas. Essa limitação não impossibilita a ajuda mútua, mas
reduz muito a percepção dos demais, a troca afetiva e emocional, como também o feed back que a pessoa
recebe dos demais quando fala de suas vivências mais difíceis.

c) Ligações que caem muito frequentemente: esta é outra possível limitação gerada por telefones e fluxo de
internet limitados ou instáveis, que interrompem a ligação ou geram tentativas automáticas muito frequentes
de reconexão, ou que caem efetivamente, exigindo que o organizador da conversa tenha que ligar novamente
para todos os participantes, o que pode demorar. Se essa constitui uma limitação permanente, ela pode
impossibilitar realmente a continuidade do grupo.

d) Alterações na qualidade da imagem e do som: podem acontecer congelamento da imagem ou do som por
alguns segundos ou minutos; imagem pixelada ou com baixa definição; som metalizado, entrecortado ou
suspenso; problemas no microfone ou na câmera de algum participante; ou ainda imagem desconectada do
som. Não chegam a impossibilitar a reunião e a troca, mas sempre geram ruído e algum mal estar.

d) Diferenças na qualidade do sinal de internet do local de onde cada participante se encontra: os


participantes de uma reunião virtual podem não ouvir da mesma forma seus parceiros de reunião, por
limitações de seus aparelhos ou principalmente pela qualidade de sinal onde se localiza, às vezes por estar em
um local fechado, mais longe do sinal disponível na área, outras vezes por que o sinal é efetivamente fraco,
quando a antena de sinais telefônicos está muito distante. No primeiro caso, um simples deslocamento para
uma área mais aberta pode resolver o problema, mas se a limitação é do sinal de Internet na área, o desafio é
maior.

Como indicamos em cada um dos tópicos acima, a maioria absoluta dessas limitações não impede a
experiência de grupo, mas gera desafios significativos que precisam ser avaliados e sistematizados, no sentido
de se gerar estratégias de se lidar com elas, minimizando seus efeitos.
Um exemplo simples, seguro, sem interrupções e acessível da possibilidade de minimizar
parcialmente estas limitações está na estratégia criada pelos grupos de ajuda mútua de Alegrete, no Rio
Grande do Sul, que já têm uma experiência de quase uma década neste campo. Diante do isolamento social
gerado pela pandemis do COVI – 19, e aproveitando a existência de grupos de Whatsapp de participantes dos
grupos presenciais já consolidados, utilizam o dispositivo para gerar reuniões virtuais, em tempo real, como se
fosse um chat típico das redes sociais, utilizando mensagens escritas e principalmente gravações de áudio, que
são sequenciados na medida em que são postados. Assim, não há superposição de falas, e o trabalhado dos
facilitadores é simplificado ao máximo. O dispositivo permite também a colocação de fotos, poesias, cantos,
músicas, pequenos vídeos e figurinhas, tornando a reunião mais viva e bem humorada, bem como a referência
a postagens anteriores que se quer responder ou comentar. Para quem escuta os áudios, a sensação é de que se
está em uma reunião presencial bem comportada, na qual cada um só fala só na sua vez, pois os áudios são
liberados automaticamente após o término do anterior, sem exigir intervenção, com exceção quando alguém
posta uma mensagem de outro tipo, como os textos ou imagens, o que exige então acionar os áudios seguintes.
Pessoas que não queiram se identificar pelo nome ou por sua imagem, podem ser integradas com um nome
fictício e com apenas um símbolo no local da imagem. Pessoas que não têm celular podem pedir emprestado
temporariamente o telefone de um amigo ou familiar, para poder participar. Além disso, se o grupo tiver
interesse, pode convidar outras participantes de grupo, ou profissionais, observadores e apoiadores, tanto
locais como de outras locais do país, aumentando a troca de informações e de experiências. E finalmente, o
dispositivo oferece a possibilidade de trocas individualizadas entre os participantes depois da reunião.
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4) Novos desafios éticos referentes ao sigilo e confidencialidade dos dados gerados pelas plataformas on
line

Muitas das plataformas de reunião on line indicadas acima permitem o registro das mensagens ou
gravação das reuniões, o que em tese possibilita a sua divulgação para pessoas de fora do grupo. Dois dos
exemplos mais conhecidos indicados acima apresentam este problema. As mensagens em tempo real
utilizando texto ou áudios do Whatsapp podem, eventualmente até por acaso, ser enviadas para outras pessoas.
Além disso, às vezes nossos telefones são utilizados por amigos e parentes, e assim, sem querer, podem ter
acesso às mensagens dos participantes do grupo. O Skype, por outro lado, possui um dispositivo de gravação
do áudio e do vídeo de uma reunião, que também podem ser divulgados depois. No entanto, neste caso, se
alguém acionar este dispositivo durante uma reunião, todos os demais participantes são avisados por um ícone
que aparece na tela da plataforma.
Assim, o uso destas plataformas de reuniões on line para grupos de ajuda mútua devem
obrigatoriamente, além das regras usuais dos grupos de ajuda mútua, ser precedidos de regras mais explícitas
de não gravação das reuniões de video (como no caso do Skype), ou de que todos os participantes assumam o
compromisso de não permitir a divulgação das mensagens, o que pode ser concretizado com um acordo de
apagar todas as mensagens e áudios logo após o seu término. Isso também tem a vantagem de não encher tão
rapidamente a memória de nossos telefones celulares.

5) Algumas recomendações possíveis de serem previstas desde já, para lidar com os desafios das
reuniões de grupos de ajuda mútua on line

A partir das várias considerações acima, é possível desde já levantar algumas sugestões e
recomendações para a utilização de reuniões on line para grupos de ajuda mútua, no sentido de minimizar as
dificuldades e tentar dar algumas respostas aos desafios identificados:

a) No processo de formação do grupo on line e no inicio de cada reunião que tenha algum novato, os
facilitadores devem reler e pedir a aprovação de todos os participantes, sem exceção, para as regras do
contrato padrão dos grupos de ajuda e suporte mútuos. É importante lembrar que elas foram estabelecidas por
uma ampla e longa experiência internacional, para gerar confiança na troca de vivências pessoais, e que elas
constam dos manuais ou do material de apoio que os facilitadores receberam, e cujo contrato deve ser
divulgado previamente para todos os demais participantes. No entanto, para as reuniões on line, a regra sobre
sigilo e a confidencialidade se amplia agora para as mensagens de texto, áudios e vídeos gerados pelas
plataformas, requerendo uma nova ênfase e um compromisso adicional de todos para apagar os registros que
eventualmente permanecerem.

b) Considerando que os facilitadores não partilharão o mesmo ambiente na tarefa de conduzir o grupo, é
importante que cuidem, com ainda mais atenção, da relação e da comunicação entre eles. Recomendamos que
se falem antes e depois de cada reunião para trocarem impressões, fazerem combinados e construírem essa
atuação conjunta, já que no momento ela não será favorecida pela proximidade física. Além disso, se utilizam
uma plataforma como o Skype no computador ou notebook, é importante que mantenham um outro canal de
comunicação via telefone celular, como por exemplo, via Whatsapp.

c) Quando não se pode contar com as relações presenciais diretas entre as pessoas, é possível cultivar, por
outros meios, os vínculos entre todos os participantes do grupo. Uma sugestão é propor que todos participem
de um grupo permanente de Whatsapp, podendo trocar mensagens durante fora da reunião on line, na linha do
suporte mútuo, e que este grupo tenha algumas regras básicas sobre que tipos de mensagens podem ou não
podem ser postadas no grupo, para não desvirtuá-lo de seus objetivos, como muitas vezes ocorre nos grupos
usuais das redes sociais. Se acontecerem muitos conflitos, o grupo pode estabelecer de comum acordo uma
comissão de ética para dirimir dúvidas e aplicar as regras. Para isso, as regras padrão e as novas regras para
trocas on line podem ajudar. Os participantes devem ser estimulados a se sentirem também responsáveis pela
manutenção deste grupo, tanto no Whatsapp, como também nas reuniões on line.

d) O grupo mesmo de Whatsapp pode constituir também a própria plataforma de reunião presencial, como foi
descrito acima no exemplo iniciado em Alegrete após o início do isolamento social gerado pela pandemia do
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COVID - !9. Apesar das limitações identificadas acima, este dispositivo é simples, seguro, não gera
interrupções, e é amplamente acessível para todos os que têm hoje um telefone celular que suporte o uso de
Internet.

d) É importante orientar os participantes para se prepararem previamente ao início da reunião on line,


carregando previamente os dispositivos portáteis que usarão, escolhendo um local sem ruído, sem interrupções
de terceiros, e onde o sinal de Internet seja o melhor possível. E principalmente, que tenham sua privacidade
garantida para falar à vontade sobre suas experiências, e que seja um local bem iluminado e silencioso, para
favorecer a concentração do participante e também dos demais. É recomendável também providenciar um
copo ou garrafa de àgua para se hidratarem durante a reunião, e deixarem à mão um lenço de papel para o
caso de se emocionarem (reforçando, assim, o autocuidado).

e) Nessas reuniões, é importante garantir que as pessoas não tenham suas falas muito prejudicadas pelas
eventuais limitações tecnológicas e suas frequentes interrupções, mesmo que, para isso, seja preciso combinar
um tempo de reunião e de falas individuais um pouco mais estendidos. Os facilitadores e os demais
participantes devem cultivar ainda mais o respeito à fala de cada um, evitando sempre que possível fazer
interrupções e falas paralelas que, no formato virtual, podem ser ainda mais incômodas. Quando necessário, as
irregularidades no sinal de imagem geralmente podem ser interrompidas desligando a câmera e só se
utilizando o áudio. De tempos em tempos, é importante se certificar de que todos os participantes estão
acompanhando o que está sendo dito, e que suas ligações eventualmente não caíram. Se o grupo optar pelo
uso do Whatsapp como plataforma mais simples para as reuniões, esses problemas são superados, mas
algumas das limitações identificadas acima se mantêm.

f) Se alguém precisar de uma atenção especial, o facilitador incentivador pode convidar essa pessoa para que
ambos saiam da conversa coletiva e falem um pouco em uma ligação privada, e isso deve ser anunciado e
justificado ao coletivo, para não gerar fantasias persecutórias ou de privilégios para uma só pessoa do grupo.

g) Se a plataforma permitir, é bom orientar os participantes para a possibilidade de usar o recurso da


mensagem de texto dentro da própria plataforma na qual se realiza a reunião virtual, para se comunicarem
com o grupo, no caso de um participante não estar conseguindo ouvir/ver os demais, ou se houver dúvidas
sobre se o grupo ouviu o que foi dito por ele. Se o grupo está utilizando uma plataforma diferente do
Whatsapp, este pode ser também usado em paralelo para este fim.

h) Não há razão para pensar em uma periodicidade para as reuniões on line diferente das reuniões presenciais.
Na maior parte das experiências brasileiras, as reuniões de ajuda mútua são quinzenais. Da mesma forma, é
possível manter o mesmo leque de perfis específicos dos grupos on line que aqueles mantidos para os variados
tipos de grupo presencial, com base em experiências comuns de discriminação, sofrimento, fragilidade
existencial e opressão. Quanto ao número de participantes, a recomendação para os grupos presenciais é de
não ultrapassar o número de 15, para propiciar a oportunidade para que todos falem. Para os grupos on line,
sugerimos que, devido às muitas limitações e desafios indicados acima, este número não ultrapasse 7 ou 8,
pelo menos no início do grupo. A partir da estabilização do grupo e de um bom know how de como lidar com
as dificuldades da plataforma de reunião, certamente este número poderá ser estendido. O uso do Whatsapp
como plataforma de reunião, pela sua simplicidade, poderá certamente diminuir esse tempo de adaptação.

h) Ao final da reunião, os facilitadores devem avaliar a reunião com os demais participantes, bem como como
se sentiram com as limitações tecnológicas vivenciadas, caso tenham acontecido.

Rio de Janeiro, 07 de abril de 2020

Eduardo Vasconcelos e Marcela Weck

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