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1 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL DE FORMADORES

MODULO VII – PLATAFORMAS COLABORATIVAS E DE APRENDIZAGEM


2 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR
Compreender as mudanças evolutivas do Ensino à distância;

Identificar as características e as vantagens do e-learning;

Compreender o funcionamento das Plataformas de suporte da formação a distância;

Identificar regras de formação através da internet;

Reconhecer a importância do e-formador/e-mediador no processo formativo a


distância;

Identificar e aplicar os mecanismos/softwares de comunicação online;

Desenvolver uma formação utilizando as Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem


para suporte de materiais.
3 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

ÍNDICE
SUB-M7.1 – PLATAFORMAS: FINALIDADES E FUNCIONALIDADES

7.1.1 Sociedade do Conhecimento 4

7.1.2 Ensino à distância (EaD) 6

7.1.3 Definição de e-learning 6

7.1.4 Vantagens/Desvantagens do e-learning 8

SUB-M7.2 - COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

7.2.1 Plataformas Colaborativas 12

7.2.2 Regras NetEtiqueta 16

7.2.3 Papel e funções do e-formador/e-moderador 17

7.2.4 Ferramentas e estratégias de comunicação 19

7.2.5 Moodle enquanto Plataforma Colaborativa 25


Bibliografia 29
4 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

SUB M7.1 - PLATAFORMAS: FINALIDADES E FUNCIONALIDADES

7.1.1. SOCIEDADE DO CONHECIMENTO


As sociedades modernas e os políticos que as governam têm prestado uma atenção crescente
aos fenómenos da Educação, pois é consensual a ideia de que uma sociedade será tanto mais
próspera e desenvolvida quanto mais eficaz for o seu sistema de ensino-aprendizagem, ou por
outras palavras o seu Sistema de Ensino. Esta evolução é notória se observarmos que na
Sociedade Industrial era apenas exigido ao indivíduo os atos de saber ler, escrever e contar.
Estas competências eram suficientes para a integração profissional, sendo por isso a base da
aprendizagem formal e informal. Sem embargo, com o surgimento das novas tecnologias de
informação e comunicação passou a existir um fluxo de informação nunca antes visto entre
os seus utilizadores. Deparámo-nos, então, com uma nova realidade que traz até nós todo o
tipo de informação que necessitamos, de uma forma nunca antes vista. Esta evolução
provocou, igualmente, uma necessidade nas sociedades em evolução. Dotar os indivíduos de
competências que lhes permitam retirar as vantagens das novas tecnologias, nomeadamente
o Conhecimento. O próximo passo foi utilizar a Informação e o Conhecimento aplicado no dia-
a-dia dos cidadãos e das empresas. Esta transição foi rápida e eficaz de tal forma que a
competitividade das economias modernas passa essencialmente pela respetiva capacidade de
se tornarem cada vez mais dependentes do conhecimento.

A EVOLUÇÃO DA WEB

Na opinião de Rosen (2006), cada dez anos emergem novas tendências a nível tecnológico;
nesse sentido, nos anos 70, surgiram os mainframes, nos anos 80 a tecnologia cliente-servidor,
nos anos 90 a Internet e na década de 2000 a Web 2.0.

O termo Web 2.0, da autoria de O' Reilly (2005), surgiu numa sessão de brainstorming no
Media Live International em outubro de 2004, com o objetivo de criar uma sustentabilidade
teórica para as mudanças que estavam a ocorrer na rede mundial de computadores. A web
2.0 trata-se de uma evolução da Web 1.0. Mas que evolução foi essa que justificou mesmo
uma nova designação? Para Downes (2006), a Web 2.0 é muito mais uma revolução social do
que tecnológica, ou seja, o que de mais importante aconteceu foi a nova postura e a atitude
de quem acede e utiliza a rede. Na perspetiva de Simão (2006), uma das principais
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características da nova Web é o facto dos usuários, que antes tinham um papel passivo,
poderem agora produzir conteúdos. Uma maior facilidade de produzir conteúdo e de colocá-
lo online segundo o autor, gerou várias alterações: a primeira foi a capacidade crítica e ativa
dos utilizadores que agora têm novas formas de comunicar com o mundo. A segunda tem a
ver com o facto da facilidade de publicar ter possibilitado a criação de comunidades que se
juntam em torno de um interesse ou tema comum o que leva à criação de relações
interpessoais que fortalecem o sentido de comunidade. Por último, quantas mais pessoas
envolvidas na produção de conteúdo para a Web maior é qualidade do serviço. Quantos mais
membros, maior é a atualização, a atualidade, a confirmação e a validação dos conteúdos.

Outra das grandes inovações da Web 2.0 foi tornar possível aceder e usar aplicações online
criando ambientes mais semelhantes ao ambiente de trabalho. Desta forma, torna-se mais
simples utilizar sites que requerem do utilizador a tarefa de preencher e atualizar a sua própria
informação. Esta simplicidade e rapidez potenciou o surgimento das redes sociais, que são
sites apoiados em bases de dados que permitem manter informação sobre cada pessoa
atualizada pelo próprio e estabelecer ligações entre conhecidos e amigos virtuais ou reais.

A Web 2.0 deu origem ao que foi batizado de desktop móvel, mas cuja denominação mais
apropriada seria PC móvel, já que ela torna praticamente desnecessário ter um PC, pois é
possível manter todo o conteúdo do seu computador on-line, utilizando-o em qualquer
momento e em qualquer máquina, incluindo aplicativos e mesmo sistemas operacionais.

Com o desenvolvimento da Web 2.0, a tendência é que o único software que precise estar
instalado no PC seja um browser. Existem diversos programas deste tipo, sendo os mais
conhecidos na atualidade, o Microsoft Edge, Mozilla Firefox, Google Chrome entre outros. Os
navegadores permitem, portanto, que os utilizadores da rede acedam a páginas WEB de
qualquer parte do mundo e que enviem ou recebam mensagens do correio eletrónico.
Atualmente, devido à magnitude da rede existem dispositivos especiais de localização de
informações normalmente designados de motores de busca. Os mais conhecidos são o Google
e o Bing. Há também outros serviços disponíveis na rede, como transferência de arquivos
entre utilizadores (download), teleconferência em tempo real (videoconferência).

Segue-se a Web 3.0: “também conhecida como web semântica, caracterizada pela
cooperação com sistemas de armazenamento e busca programada de conteúdos”. Segundo
Benito-Osorio, Peris-Ortiz, Armengot e Colino (2013) combina inteligência humana e artificial
para fornecer informação mais relevante, oportuna e acessível.
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Web 4.0: “que é a rede da integração em que se prevê conexão simbiótica entre seres
humanos-máquinas.” Segundo Benito-Osorio, Peris-Ortiz, Armengot e Colino (2013), é
baseada na comunicação sem fios conectando pessoas e objetos quando e no mundo físico
ou virtual em tempo real.

Acresce ainda uma nova geração a Web 5.0, que segundo Benito-Osorio, Peris-Ortiz,
Armengot e Colino (2013) se caracteriza por ser projetada para personalizar as interações
entre computadores e humanos e para criar experiências que entusiasmam os utilizadores.

7.1.2. ENSINO À DISTÂNCIA (EaD)

A EaD é o tipo de aprendizagem em que o formando e o formador estão separados


fisicamente, o que a distingue do ensino presencial. Em EaD, ocorre uma separação geográfica
entre o formando e o formador, e mesmo entre os próprios formandos, ou seja, eles não estão
presentes no mesmo lugar. Além da separação física, costuma-se também associar a EaD à
separação temporal entre formandos e formadores.

MUDANÇAS EVOLUTIVAS DO ENSINO À DISTÂNCIA


É possível distinguir fases na evolução do ensino à distância. A primeira geração caracteriza-
se por um ensino baseado em correspondência, ou seja, o formador e o formando trocavam
materiais didáticos através do correio. Com o aparecimento dos recursos audiovisuais (TV
educativa, vídeos e fitas cassetes), a educação a distância passa para a sua segunda geração
possibilitando aos formandos formas alternativas de aprendizagem; de fato, para além da
leitura, os estudantes podem ouvir e ver imagens associados aos conteúdos educativos,
possibilitando que o ensino se adapte aos diferentes estilos de aprendizagem dos formandos.
Com a introdução da Internet o ensino à distância passa para a sua terceira geração, abrindo
novos espaços para a aprendizagem e possibilitando a comunicação síncrona e assíncrona
entre formador e formando e entre pares. Nesta fase, o uso do correio eletrónico e das
ferramentas de chat crescem de forma célere. É marcada pela substituição quase por
completo do material escrito (textos, sebentas e livros) por material digital multimédia que
pode ser facilmente acedido através de ambientes e plataformas de ensino e aprendizagem.
Nesta última fase, o processo de ensino e aprendizagem é mediado por tecnologias e por isso
surgem novas designações para esta nova realidade, entre estas, o “e-learning”, “online
learning”, “online training” ou mesmo “online education”.
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7.1.3. DEFINIÇÃO DE E-LEARNING


O ensino-aprendizagem a distância, pelo menos nos modelos mais clássicos, afasta o ser
humano da sua essência e leva-o para a solidão do autoestudo e do trabalho em isolamento.
Os pedagogos procuraram, desde sempre, vencer esta importante, mas natural barreira entre
os métodos presenciais e a distância, mas só com o virar do século, foi possível desenvolver
metodologias capazes de criar, a distância, ambientes que pouco diferem dos presenciais, pois
há contacto permanente, há relacionamento, há comunicação, embora as pessoas possam
estar a milhares de quilómetros umas das outras.
O e-learning, através dos meios que as ciências da computação e as telecomunicações
colocam ao seu dispor, consegue mediatizar o relacionamento de tal forma, que hoje já se
estuda o fenómeno do Homem “só”, no sentido de isolado, mas interagindo em tempo real
com pessoas de todos os continentes.
O e-learning, pelas suas características específicas de ensino à distância, utilizando uma
plataforma colaborativa e mediada pela tecnologia Web, introduziu uma rutura nos
fundamentos do ensino presencial - e também no ensino à distância - exigindo alterações
profundas na construção de modelos e teorias pedagógicas eficazes (Morgado, 2005).
Nesse sentido, a Tecnologia e a Pedagogia mantêm uma relação interdependente e dinâmica
na formação e ensino à distância – a primeira oferecendo os meios e as potencialidades, a
segunda conferindo coerência, sentido e eficácia à sua utilização.
Em relação às diferentes teorias de aprendizagem (behaviourismo, cognitivismo e
construtivismo) o e-learning é reconhecido como um meio de ensino
construtivista/humanista.
O e-learning, sendo uma modalidade de EAD, proporciona uma aprendizagem personalizada,
em conformidade com a necessidade, a disponibilidade e o ritmo do indivíduo,
independentemente da plataforma usada para aceder à Internet. Poder aprender sem
limitações de horário e espaço físico é, sem dúvida, a situação ideal para todos os que têm
uma atividade profissional exigente ou que estão geograficamente distantes dos centros de
ensino e formação. Em suma, o e-learning estimula a autoaprendizagem, pelo que se insere
no conceito de educação ao longo da vida. Ou seja, o e-learning é uma evolução necessária
no contexto educativo face aos requisitos da sociedade atual – uma sociedade da informação,
da aprendizagem e do conhecimento. Há atividades síncronas em cursos e-learning, em que
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formadores e formandos precisam estar conectados na mesma hora, como chats e


videoconferências. Entretanto, as atividades em e-learning são principalmente assíncronas,
nas quais formadores e formandos estão separados no tempo. Muitos cursos de ensino à
distância são marcados com encontros presenciais, designando-se de b-learning. Quando não
existem sessões presenciais denomina-se de e-learning. Em suma, alguns cenários de
utilização de e-learning valorizam os aspetos tecnológicos, outros parecem preocupar-se mais
com os aspetos da aprendizagem e outros ainda sugerem extensões de forma a otimizar as
potencialidades das tecnologias e metodologias de aprendizagem a distância. Por exemplo, o
crescente recurso a redes sem fio (Wireless) e a tecnologias móveis (Telemóveis, PDAs,
computadores portáteis e terminais similares) tem vindo a impulsionar uma nova modalidade
de ensino à distância – Mobile Learning ou simplesmente m-learning.
O e-learning é uma forma de EAD, mas EAD não é necessariamente e-learning, uma vez que o
e-learning tem uma abrangência um pouco mais restrita que o EAD porque não inclui os cursos
por correspondência, de televisão, em cassetes de áudio ou vídeo, entre outros cenários de
EAD mais convencionais.

7.1.4. VANTAGENS/DESVANTAGENS DO E-LEARNING


Para Lima e Capitão (2003) o e-learning apresenta um conjunto de vantagens e desvantagens
para todos os intervenientes, a saber:

VANTAGENS PARA O FORMANDO:


Flexibilidade no acesso à aprendizagem (24×7). O formando pode aceder aos materiais de
aprendizagem vinte e quatro horas por dia, durante os sete dias da semana. Podendo estes
serem utilizados em casa ou no local de trabalho e às horas mais convenientes.

Economia de tempo. O formando não necessita de se deslocar, nem interromper as suas


atividades podendo aproveitar o tempo para a aprendizagem.

Aprendizagem mais personalizada. Os conteúdos podem ser personalizados, pode-se ajustar


o nível de ensino às necessidades dos formandos e aos objetivos de aprendizagem.

Controlo e evolução da aprendizagem ao ritmo do formando. O formando é responsável pela


sua aprendizagem, decide quais os conteúdos a estudar, o ritmo e a profundidade com que
os quer estudar.
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Recursos de informação globais. A atualidade da informação dos conteúdos é assegurada com


a referência a fontes e acesso aos recursos globais.

Acesso universal ao aumento da equidade social e ao pluralismo no acesso à educação e a


fontes de conhecimento. O formando pode inscrever-se nos cursos e universidade que bem
entender. Procurando os melhores docentes e cursos. Pode ainda comunicar com outros
formandos e especialistas nos conteúdos que estuda.

VANTAGENS PARA O FORMADOR:


Disponibilizar recursos de informação que abranjam todo o ciberespaço. As experiências de
aprendizagem podem ser partilhadas criando uma perspetiva global.

Construir um repositório de estratégias pedagógicas. As experiências educativas vividas com


os formandos influenciam fortemente o processo de aprendizagem. Pelo que, pode ser criado
um repositório de estratégias pedagógicas com as diferentes experiências educacionais.

Otimizar a aprendizagem de um número elevado e diversificado de formandos. Os conteúdos


podem ser personalizados em função das necessidades dos formandos.

Facilidade de atualizar a informação. Os conteúdos pedagógicos podem ser facilmente


atualizados num servidor Web, a qualquer hora e de qualquer local.

Reutilização de conteúdos. Os conteúdos podem ser reutilizados, de forma parcial ou total,


noutros cursos ou noutras instituições de ensino.

Beneficiar da colaboração com organizações internacionais. Os formadores podem partilhar,


trabalhar, aprender e cooperar com organizações internacionais.

VANTAGENS PARA AS INSTITUIÇÕES:


Fornecer oportunidades de aprendizagem com qualidade elevada. As instituições de ensino
podem desenvolver programas de elevada qualidade, centrados nas necessidades dos
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formandos: podem apresentar flexibilidade no acesso, variedade de estratégias pedagógicas


e sistemas de apoio à aprendizagem.

Alcançar um número mais elevado e diversificado de formandos. As instituições podem


alcançar todo o tipo de estudantes: formandos presenciais, formandos trabalhadores e
formandos de outros países.

Flexibilidade na adição de novos formandos sem incorrer em custos adicionais. Os custos


adicionais entre um curso com dez ou cem formandos não são significativos.
Custos de infraestruturas físicas (sala de formação) são eliminados ou reduzidos.

DESVANTAGENS PARA O FORMANDO:


Internet pode oferecer uma largura de banda pequena para determinar conteúdos. A internet
pode estar ligada com uma ligação com largura de banda pequena e ficam comprometidas as
apresentações gráficas, áudio e vídeo.

Obriga a ter uma motivação forte e um ritmo próprio. Este tipo de formação, uma vez que é
solitário, obriga a uma elevada motivação e disciplina.

DESVANTAGENS PARA O FORMADOR:


Mais tempo na elaboração de conteúdos. Existe um elevado esforço de trabalho
multidisciplinar, (formadores, Web designers, especialistas multimédia técnicos, etc) para
planear, desenhar e produzir os conteúdos de um curso.

Mais tempo de formação. Os formadores despendem mais tempo na sua formação


tecnológica, por forma a otimizar a pedagogia com os avanços tecnológicos.

DESVANTAGENS PARA AS INSTITUIÇÕES:


Custos de desenvolvimento mais elevados. A elaboração de cursos é mais dispendiosa, requer
mais tempo e o envolvimento de mais especialistas.

Custos de formação mais elevados. As equipas envolvidas na elaboração dos cursos têm
necessidade de frequentar com regularidade ações de formação para se atualizarem.
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Resistência humana manifestada por alguns formadores. Os docentes deixam de ser


autónomos na elaboração de cursos e passam a ser parte integrante de uma equipa. O que
pode gerar resistência pelo medo de perder o controlo sobre o processo de ensino
aprendizagem. Para Lima e Capitão (2003) ainda surge a questão dos direitos de autor.
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SUB M7.2 – COMUNIDADES VIRTUAIS E DE APRENDIZAGEM

7.2.1. PLATAFORMAS COLABORATIVAS


Este tipo de plataformas foca-se na construção de redes sociais privadas entre pessoas que
partilhem interesses ou atividades, permitindo uma melhor integração entre elementos de
uma equipa. A grande maioria das plataformas colaborativas permitem a criação de perfis,
que são meios necessários para a interação entre as várias pessoas pertencentes à rede e à
partilha de ficheiros. As plataformas colaborativas acrescentam outras perspetivas ao
processo de ensino-aprendizagem, proporcionando novas formas de realizar as atividades de
estudo, agregando dimensões como o planeamento colaborativo de projetos com aplicações
e funcionalidades específicas, nos quais formadores e formandos podem trabalhar em rede,
em colaboração, sobre um tema.
As plataformas colaborativas oferecem uma oportunidade de desenvolvimento de uma nova
perspetiva de ensino-aprendizagem orientadas, não apenas para a disponibilização e
transmissão de conteúdos, mas para os contextos de produção colaborativa de conteúdos
científico-tecnológicos no âmbito dos processos colaborativos em rede. Numa plataforma
colaborativa, é necessário deixar de ser apenas um consumidor ativo e ir assumindo a autoria
do conhecimento, tornando-se, segundo Freire (1997), “um arquiteto de sua própria prática
cognoscitiva”. Ou seja, a colaboração passa a ser um processo de empowerment (Friedman,
1992; Pinto, 1998) e não apenas uma participação sem ação consciente da construção de um
ser mais autónomo. Tapscott & Williams (2007) advogam que as plataformas de colaboração
abertas aumentam a velocidade, o alcance e o sucesso da inovação. Se esta perspetiva for
utilizada também na educação, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais aberto
para a participação dos formandos na produção, com ferramentas tecnológicas livres de
produção colaborativa em ambientes (como o Moodle), aumentaremos a velocidade, o
alcance e o sucesso da inovação educacional que buscamos a cada dia no nosso trabalho como
modo de produção da existência.
O aparecimento destas plataformas trouxe possibilidades muito diversificadas, tanto para o
formador como para o formando, pois, através destes ambientes, foi possível integrar num
único espaço uma série de serviços e ferramentas como os chats, fóruns, registos de presença,
exercícios e testes online, a disponibilização de conteúdos multimédia, etc.
Estas plataformas tornaram a criação e gestão de cursos e disciplinas via Web muito mais fácil,
porém, o que acontece é que muitos desses ambientes e plataformas são caros, obrigando ao
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pagamento de algum tipo de licença de aquisição ou manutenção. Existem, contudo,


plataformas gratuitas disponíveis na web, algumas inclusive funcionam com código aberto
(open source), ou seja, permitem que sejam criados módulos e que novas funcionalidades
possam ser instaladas e adaptadas a diferentes modelos de formação. No entanto, embora
gratuitas, estas plataformas, como é o caso do Moodle, não são fáceis de instalar e
personalizar, ou seja, exigem alguns conhecimentos de informática para que o seu
funcionamento seja eficaz e adaptado ao perfil dos usuários.
É neste contexto que se entende existirem hoje alternativas mais flexíveis e abertas para o
desenvolvimento de modelos de e-learning adaptados às distintas necessidades de formação.
A seguir, fala-se do potencial das ferramentas da nova geração da Internet – a Web 2.0 – cuja
flexibilidade e diversidade pode contribuir de forma significativa para minimizar distâncias
físicas e temporais, aumentando as possibilidades de aprendizagem, comunicação e interação
entre os formadores e os formandos a qualquer hora e em qualquer lugar.
As plataformas foram divididas em grupos, de acordo com o seu intuito. Assim, as várias
plataformas colaborativas foram divididas em:

PLATAFORMAS COMUNITÁRIAS:
Este tipo de plataformas foca-se na construção de redes sociais entre pessoas que partilhem
interesses ou atividades, permitindo uma melhor integração entre elementos de uma equipa.
A grande maioria das plataformas comunitárias permitem a criação de perfis, meios
necessários para a interação entre as várias pessoas pertencentes à rede e a partilha de
ficheiros.
Nome Endereço Custos Descrição
GroupSite www.groupsite.com Gratuito/Várias O GroupSite é uma ferramenta colaborativa social para equipas de
modalidades pessoas, que permite a partilha de calendários, criação de subgrupos
dentro da equipa, criação e galerias de fotos, partilha de ficheiros
(vídeos, documentos, etc), partilha de objetivos e criação de perfis.
SocialGo www.socialgo.com Gratuito/Várias Ferramenta que permite a criação de redes sociais entre grupos de
modalidades pessoas. O SocialGo oferece chats via vídeo e áudio, definições de
privacidade para um melhor controlo sobre quem acede à rede, blogs e
opções de e-mail.
Elgg.org http://elgg.org Gratuito Plataforma que permite a criação de uma rede social que pode conter
todas as características dos plugins disponíveis no site da plataforma,
entre estas tempos, chat, álbuns, grupos, etc.
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GESTÃO E PARTILHA DE FICHEIROS


As plataformas de gestão e partilha de ficheiros permitem a criação, edição e troca de ficheiros
em tempo real como, por exemplo, documentos, folhas de cálculo e apresentações. Estas
plataformas permitem uma melhor disseminação da informação por todos os intervenientes
de um grupo.
Nome Endereço Custos
SugarSync www.sugarsync.com Várias Modalidades
Dropbox www.dropbox.com Gratuito/Várias
modalidades
Slideshare www.slideshare.net Gratuito/Várias
modalidades
Hightail https://www.hightail.com/ Gratuito/Várias
modalidades
Confluence www.atlassian.com/software/confluence Gratuito/Várias
modalidades
Scribd www.scribd.com Gratuito por 30 dias
Issuu www.issuu.com Gratuito/Várias
Modalidades
YuDu www.yudu.com Pago
DivSHare www.divsHare.com Gratuito até 5GB
Calaméo www.calameo.com Gratuito/ Várias
modalidades
Box.net www.box.net Gratuito até 10GB/ Várias
modalidades
SpiderOak Https://spideroak.com Gratuito até 5GB/ Várias
modalidades
1ficHier www.1ficHier.com/en Gratuito /Várias
modalidades
Adrive www.adrive.com Pago
Syncplicity www.syncplicity.com Gratuito até 10 GB

PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS

Uma plataforma de produção e gestão de conteúdos permite que um utilizador efetue a


gestão de blogs, websites, portais, extranets, intranets, em tempo real, sem que para tal tenha
de possuir conhecimentos avançados de informática ou de programação. O objetivo de um
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sistema de gestão de conteúdos é facilitar a distribuição, publicação e disponibilização de


conteúdos de uma forma fácil e intuitiva.

Nome Endereço Custos


Blogger www.blogger.com Gratuito
CintaNotes http://cintanotes.com Gratuito/ Várias
modalidades
Tiki WIki CMS http://info.tiki.org/Tiki+Wiki+CMS+Groupware Gratuito
bubbl.us https://bubbl.us Gratuito/ Várias
modalidades
Twiddla www.twiddla.com Gratuito
SharePoint http://sharepoint.microsoft.com/pt- Várias modalidades
pt/Pages/default.aspx
Concrete 5 www.concrete5.org Gratuito (add-ons
podem ser pagos
pois são
desenvolvidos por
3rd parties)
Expression http://expressionengine.com Gratuito / Versão
Engine Pro disponível
Text Pattern http://textpattern.com Gratuito
Joomla! www.joomla.org Gratuito
Movable Type www.movabletype.com Trial Gratuito (7
dias)
Cushy CMS www.cushycms.com Gratuito/Várias
modalidades/Share
ware
Word http://wordpress.org Gratuito
Press

SEM CATEGORIA DEFINIDA


Lista-se de seguida todas as plataformas colaborativas que, devido à sua natureza singular,
não se integram em nenhuma das outras categorias especificadas.
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Nome Endereço Custos


Log Me In https://secure.logmein.com/PT Gratuito/Várias
modalidades
Jive www.jivesoftware.com Pago
Prezi http://prezi.com/ Várias modalidades
Evernote www.evernote.com Várias modalidades
TeamViewer www.teamviewer.com Gratuito

COMUNICAÇÃO DIRETA
Segue-se uma lista de plataformas que permitem a comunicação direta entre utilizadores, seja
por mensagens instantâneas escritas, conversas de voz ou videoconferência.
Nome Endereço Custos
Skype www.skype.com Gratuito/Várias
modalidades
Trillian www.trillian.im Gratuito/Várias
modalidades
Pidgin http://pidgin.im Gratuito
BigAnt www.bigantsoft.com Trial/Várias
modalidades
Google Hangouts hangouts.google.com Gratuito

7.2.2. REGRAS NETETIQUETA


Tal como no mundo real existem regras de "Etiqueta" e "Boas Maneiras", também no mundo
virtual existem regras de conduta. A Net-etiqueta define todo o tipo de comportamento de
um usuário dentro da Internet, nomeadamente na comunicação virtual. As regras incluídas na
net-etiqueta não foram definidas por uma autoridade no assunto, mas criadas pelos próprios
usuários ao longo dos tempos.
A fim de sermos bem recebidos no ambiente virtual em que pretendemos circular, convém
respeitar os seguintes itens:
▪ Evitar enviar mensagens exclusivamente em maiúsculas, grifos exagerados, ou em
HTML;
▪ Não usar recursos de formatação de texto, como cores, tamanho da fonte, tags
especiais, etc, em excesso;
▪ Respeitar para ser respeitado e trate os outros como gostaria de ser tratado;
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▪ Lembrar-se de que dialogar com alguém através do computador não isenta das
regras comuns da sociedade, por exemplo, o respeito ao próximo;
▪ Usar sempre a força das ideias e dos argumentos. Nunca responder com palavrões.
▪ Apesar de compartilhar apenas virtualmente um ambiente, ninguém é obrigado a
suportar ofensas e má-educação;
▪ Evitar enviar mensagens curtas em várias linhas;
▪ Ninguém é obrigado a usar a norma culta, mas é preciso usar um mínimo de
pontuação. Ler um texto sem pontuação, principalmente quando é grande, gera
desconforto, e, além disso, as hipóteses de ser mal interpretado são muitas;
▪ Evitar escrever em outra língua quando não solicitado;
▪ Evitar ser arrogante ou inconveniente;
▪ Não interromper o assunto tratado pela outra pessoa;
▪ Evitar ao máximo usar emoticons de letras, palavras e coisas do género;
▪ Usar a funcionalidade de se autodeterminar um status ou estado como away, ou
ausente, se possível;
▪ Procurar ser o mais claro possível para não gerar confusão;
▪ Não sair do mensageiro sem se despedir da pessoa com quem está "falando";
▪ Em fóruns e listas de discussão, deixar o papel de moderador para o próprio
moderador;
▪ Em textos muito longos, deixar uma linha em branco em algumas partes do texto,
paragrafando-o;
▪ Dependendo do destinatário de seu texto, evitar o uso de acrónimos e do
“internetês”;
▪ Não copiar textos de sites ou qualquer outra fonte que possua conteúdo protegido
por registo e que não permita cópias e sempre, mesmo com autorização de cópia,
cite as fontes quando utilizá-las.

7.2.3. PAPEL E FUNÇÕES DO E-FORMADOR / E-MODERADOR


O que é um e-formador? No âmbito do e-learning, os termos professor, formador, tutor,
moderador, são associados ao prefixo e-, dando a origem a designações como e-moderador,
e-professor, e-formador, etc., que são geralmente utilizadas de forma indiscriminada.
Usaremos a designação e-formador para nos referirmos à pessoa responsável por planear,
implementar, orientar, monitorizar e avaliar uma ação de formação em regime de e-learning.
18 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

Tal como no ensino presencial, o formador num curso em e-learning tem de atuar como
organizador e facilitador da participação dos formandos, usando um conjunto de estratégias
pedagógicas necessárias para lhes assegurar uma experiência de aprendizagem
enriquecedora.
O e-formador tem de promover, estimular, orientar e apoiar as interações que ocorrem no
processo de formação e que, de acordo com Mason (1998), tem três dimensões:

1. interação entre formando e formador;

2. interação entre formando e conteúdos;

3. interação entre formandos.

No contexto do e-learning, alguns autores acrescentam um quarto tipo de interação:


interação entre o formando e a interface ou plataforma.
Collison et al. (2000) dividem o papel do e-formador (que designam por e-moderator) em três
categorias:

- “Guia não participante” (Guide on the Side): abordagem semelhante à dos seminários, com
o e-formador a dirigir e conduzir múltiplas discussões que decorrem entre os estudantes, mas
contendo-se a participar em demasiadas interações diretas.
- Instrutor ou líder de projeto: como facilitadores de cursos online, os e-formadores
desempenham um papel instrutivo, devem fornecer feedback, orientar e definir as regras das
interações.
- Líder do processo de grupo: o e-formador deve promover a participação de todos nas
discussões, guiando-as e focando-as em linhas construtivas.

Por seu lado Berge (1995), classifica a intervenção dos moderadores em quatro áreas:

- Pedagógica (intelectual) – como facilitador educacional, o moderador usa vários métodos


para focar a discussão nos conceitos, princípios e competências essenciais;
- Social – é essencial criar um ambiente amigável, que promova aprendizagem, através do
incentivo às relações humanas, desenvolvendo o trabalho e a coesão do grupo.
- Gestão (organizativa, administrativa) – esta área envolve o estabelecimento da agenda,
objetivos, calendários, regras de participação e procedimentos, etc.
- Técnica – O moderador tem de fazer com que os participantes se sintam confortáveis com a
utilização do software que está a ser usado. O objetivo último do formador é fazer com que a
tecnologia seja transparente para o formando.
19 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

Para poderem desempenhar a variedade das funções atrás referidas, os e-formadores devem
possuir um conjunto de características pessoais, e habilidades e competências pedagógicas,
tecnológicas e comunicacionais.
Hywel Thomas da Training Foundation, referido em Shepherd (2003), tentou sintetizar, numa
mnemónica de 4 P’s, as qualidades que os e-formadores devem possuir:

Positivo – Estabelecer ligações, gerar entusiasmo, manter interesse, e ajudar nas dificuldades;

Proativo – Fazer acontecer, ser um catalisador (quando necessário), identificar quando é


necessário agir e fazê-lo;

Paciente – Compreender as necessidades de cada um dos formandos e do grupo e ter a


flexibilidade de ajustar o curso, na medida do possível, a essas necessidades;

Persistente – Manter o foco no essencial, impedindo os formandos de se afastarem, e resolver


os problemas, técnicos ou de outra natureza.

7.2.4. FERRAMENTAS E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO


No âmbito de e-learning, as ferramentas e estratégias comunicacionais disponíveis para
promover uma aprendizagem ativa e aumentar a interação entre formandos, formadores e
conteúdos, podem classificar-se em síncronas ou assíncronas.

Comunicação síncrona

No caso da comunicação síncrona, como o próprio nome indica, existe simultaneidade na


interação entre os seus participantes. As formas de comunicação síncrona, também
conhecidas por conferência, podem basear-se apenas na utilização de texto, sendo
geralmente designadas por chat, ou também na utilização de áudio e vídeo, caso em que serão
designadas por audioconferência ou videoconferência.

▪ Chat

As ferramentas de comunicação síncrona mais utilizadas no âmbito do e-learning são


seguramente as conferências baseadas em texto, comummente designadas por chats. O que
não é de estranhar dado o uso generalizado de chats e instant messengers na Internet,
20 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

sobretudo pelas mais novas gerações. A comunicação síncrona, através de conferências


baseadas em texto, pode ser usada com grandes vantagens no e-learning:
- Os chats no contexto educativo parecem permitir um sentido de proximidade e presença
comunicativa que muitas vezes falta na comunicação assíncrona eletrónica;
- Permite o contacto direto e imediato com o(s) formador(es), para fornecer feedback e
resposta às perguntas dos formandos;
- Permite o contacto direto entre dois ou mais formandos, de onde podem surgir comentários,
orientações e conselhos úteis;
- Promove a espontaneidade, que pode ser fundamental em determinadas circunstâncias;
- Simula o ambiente de sala de aula, que será familiar para a maioria dos formandos.

A utilização do chat no âmbito de um curso em e-learning tem de ser devidamente avaliada e


planeada, tendo bem presente que as conferências síncronas baseadas em texto apresentam
também várias desvantagens e limitações:
- Sendo baseados em texto, que deve ser escrito com rapidez no teclado de um computador,
os chats são extremamente penalizadores para pessoas com menor capacidade de expressão
escrita, ou com pouca destreza na utilização de teclados;

- A obrigatoriedade de estar online num determinado momento pode constituir uma


dificuldade para muitos formandos, reduzindo uma das vantagens do e-learning, que é
precisamente a flexibilidade de tempo e espaço;
- Características da comunicação no decurso de uma sessão de chat. Como saberão todos os
que já participaram em sessões de chat em grupo, especialmente em grandes grupos, o
decurso da conversa pode facilmente tornar-se caótico: múltiplos assuntos discutidos em
simultâneo, perguntas que ficam sem resposta, comentários ou respostas que perderam o
sentido, em consequência dos contributos dos outros participantes enquanto o seu autor os
escrevia, podem transformar uma sessão de chat numa imensa cacofonia.

Por tudo isto, o planeamento antecipado, a decisão quanto à moderação (quem modera e de
que forma), são fundamentais para garantir o sucesso das sessões de chat, e assegurar que se
atingem os objetivos da sua utilização no enquadramento do curso em que se realizam.
Assim, na moderação de sessões de chat em contexto educativo, e das inúmeras
recomendações disponíveis na Internet sobre este assunto, tenta-se sintetizar alguns
conselhos essenciais sobre a utilização do chat em e-learning:
• Planear e preparar cuidadosamente as sessões - definir os objetivos, formato/tipo
da sessão, duração, tópico e regras de funcionamento. Escrever previamente os
21 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

textos e questões que antecipadamente se pretendem colocar no chat, e fazer


Copiar/Colar, durante a sessão;
• Anunciar/agendar a sessão de chat antecipadamente - as sessões devem ser
anunciadas com, pelo menos, 24 a 48 horas de antecedência;
• Definir as regras de participação - as regras de participação devem ser claras e
divulgadas por todos antes das sessões. Entre elas devem constar também algumas
regras básicas de Net-etiqueta;
• Limitar a duração das sessões - na generalidade dos casos 60 minutos, ou menos,
será adequado. As sessões de chat são cansativas, para os formandos e o formador,
e é difícil manter a concentração por muito tempo. A disponibilidade dos formandos
para participar até ao final é inversamente proporcional à duração da sessão;
• Limitar o número de participantes – no limite máximo 10 a 12 pessoas, mas o ideal
será de 6 a 8. É sempre melhor realizar 2 ou 3 sessões semelhantes, dividindo a
turma, do que realizar um chat com 15 ou 20 pessoas;
• Respeitar os horários definidos – iniciar e terminar a sessão nos horários
previamente anunciados. Solicitar aos formandos que “entrem” no chat 5 min. antes
da hora prevista para o início e fazer respeitar a hora de encerramento, mesmo
contra a vontade de algum “entusiasta”;
• Manter o chat dentro do tópico definido – no caso de sessões para debater um
tópico (e não devem existir vários tópicos numa sessão assim), limitar a conversa
apenas a esse tópico, contrariando qualquer tendência ou tentativa de introduzir
novos assuntos;
• Disponibilizar transcrição da sessão – após a sua realização deve disponibilizar-se
uma transcrição da sessão. No caso de várias sessões sobre o mesmo tópico (para
limitar o número de participantes), solicitar aos formandos uma leitura comparativa
das várias transcrições pode ser uma atividade interessante.

▪ Áudio e Videoconferência

Para além da comunicação baseada em texto, a interação síncrona entre os participantes de


um curso em regime de e-learning pode efetuar-se também com recurso a áudio e
videoconferência. Existem óbvias vantagens do uso destas formas “enriquecidas” de
conferência, por comparação com as conferências de texto (chats). Para além de outras, a
utilização conjugada de informação verbal e visual, o valor acrescentado da entoação, ritmo e
22 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

inflexão no discurso, e também da expressão facial e corporal (no caso da videoconferência),


são uma mais-valia não desprezível.
Antes de planear a utilização de áudio ou videoconferência é necessário determinar se existem
as condições técnicas para que elas possam decorrer com uma qualidade aceitável. Isto
significa que terá de se certificar que os formandos possuem os equipamentos e o acesso à
rede adequados, e que os sistemas de áudio e videoconferência e/ou a plataforma de e-
learning que pretende utilizar, funcionam corretamente, e com bom desempenho (por
exemplo, pode existir limitação ao número de utilizadores simultâneos). Para além das
questões técnicas, é necessário concentrar a atenção nos aspetos pedagógicos do uso de
conferências com áudio e vídeo. Tal como nas conferências de texto, o fundamental é planear
e preparar as sessões, definindo claramente os seus objetivos, o tópico, o formato e a duração.
Se pretender realizar conferências multiponto interativas, deve lembrar-se que todos nós
estamos habituados a ser espectadores de televisão e ouvintes de rádio, e para evitar que os
formandos adotem a postura habitual de espectadores ou ouvintes é necessário que o
formador use estratégias que estimulem a participação.

Comunicação Assíncrona

As formas de comunicação assíncrona, ou seja, que decorrem de forma intermitente e com


diferença temporal entre os participantes, são as mais antigas formas de comunicação no
ensino à distância e no e-learning. Face às formas de comunicação síncrona, elas podem
perder no que diz respeito ao imediatismo e espontaneidade. Mas as possibilidades acrescidas
de reflexão e integração com outras fontes de informação facilita a aprendizagem e a
construção de conhecimento, que são os objetivos da formação. Contrariamente ao que se
passa na comunicação síncrona, na comunicação assíncrona os participantes têm
oportunidade de estudar, refletir, procurar informação, redigir ponderadamente, e corrigir
quantas vezes forem necessárias, as suas intervenções nas interações que decorrem durante
um curso em regime de e-learning.
Analisaremos aqui duas ferramentas de comunicação e interação assíncrona que são
generalizadamente utilizadas em cursos de e-learning: o correio eletrónico e os fóruns de
discussão.
23 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

▪ Correio eletrónico e listas de distribuição

No âmbito do e-learning, o correio eletrónico é utilizado para a comunicação entre os


participantes das ações de formação. No caso de comunicações diferidas entre duas pessoas
(por exemplo, dois formandos, ou um formando e um formador) uma mensagem de correio
eletrónico é quase sempre a solução mais indicada. Quando se trata da comunicação entre
um emissor e vários recetores (por exemplo, entre o formador e o conjunto dos formandos),
para além do envio de uma mensagem de correio eletrónico para cada um dos destinatários,
existem as alternativas das listas de distribuição, ou da utilização de fóruns de discussão.
As listas de distribuição são endereços coletivos de correio eletrónico, que servem para
distribuir uma mensagem por um conjunto de utilizadores. Por isso, elas são utilizadas para
grupos de discussão sobre determinados assuntos, difusão de informação entre os membros
de organizações, anúncios e informações a clientes de certos produtos e serviços, distribuição
de revistas eletrónicas e, obviamente, para a comunicação entre os participantes de cursos
em regime de e-learning.
O correio eletrónico, e as listas de distribuição com endereços coletivos de correio eletrónico,
que englobaremos na designação genérica de correio eletrónico a partir daqui, são
provavelmente o meio de comunicação mais utilizado nas ações de formação em regime de
e-learning. O facto de se tratar de uma ferramenta familiar, que a maioria (se não a totalidade)
dos participantes utiliza numa base regular, é a principal razão para esta realidade.
O correio eletrónico apresenta ainda outras vantagens. Por exemplo, permitindo a
comunicação privada entre duas (ou mais) pessoas, o correio eletrónico é útil quer para evitar
sobrecarregar os canais de comunicação coletivos com mensagens de interesse individual
(como mensagens de apoio na resolução de problemas e dúvidas técnicas de um dos
participantes), quer para a comunicação dos formandos (geralmente para o formador) que se
sintam inseguros ou tímidos para participar em discussões coletivas (nomeadamente nos
momentos iniciais dos cursos).
Mas existem também alguns inconvenientes e limitações que é necessário conhecer e ter em
conta no quadro da utilização do correio eletrónico no e-learning. Em primeiro lugar, as
mensagens de correio eletrónico originadas no decurso de uma Ação de formação competem
com, e podem ficar diluídas no conjunto de dezenas ou centenas de mensagens que o(s)
destinatário(s) recebe(m) todos os dias na sua caixa de correio.
24 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

▪ Fóruns de discussão

Os fóruns de discussão são outra das ferramentas comummente utilizadas nas ações de
formação em regime de e-learning. A generalidade das plataformas de e-learning
disponibilizam fóruns de discussão, ainda que com diversas designações. Tal como o correio
eletrónico e as listas de distribuição, os fóruns possibilitam a troca de mensagens, divulgação
de informações e discussão de assuntos, de forma assíncrona. Mas, contrariamente ao que se
passa no correio eletrónico, em que as mensagens são entregues, de forma automática, na
caixa de correio dos destinatários, nos fóruns de discussão os participantes têm de aceder e
“entrar” na área do fórum para ler e responder às mensagens. Esse carácter não intrusivo dos
fóruns, pode ser considerado uma vantagem, mas pode ser também um inconveniente: é
necessário que os formandos tomem a iniciativa de aceder ao fórum, para contactarem e
participarem nas interações que lá ocorram. Outra vantagem dos fóruns é o facto de
permitirem estruturar, organizar, preservar e manter o registo dos diálogos, discussões e
trocas de pontos de vista que neles decorrem. Esta é uma característica de grande relevância
no contexto do ensino-aprendizagem.
A existência de um “espaço” onde estão reunidas, e organizadas, o conjunto das mensagens
trocadas a propósito de um determinado tópico ou assunto, permite que qualquer
participante consiga “reconstituir” a discussão e troca de informação que até aí decorreu, e
nela possa intervir, se o desejar.
Do conjunto das recomendações constantes da bibliografia e das fontes de informação na
Internet, tentamos sintetizar alguns conselhos e aspetos essenciais a ter em consideração na
utilização de fóruns de discussão:
• Planear cuidadosamente a utilização do fórum de discussão – definir as atividades
que deverão decorrer no fórum, estabelecer o respetivo calendário, escolher a sua
designação e preparar as mensagens iniciais, que originarão as respetivas linhas de
discussão;
• Definir e divulgar as regras de funcionamento e utilização do fórum – os formandos
devem conhecer as regras e normas de funcionamento, ter oportunidade de
experimentar e aprender a sua utilização na fase inicial do curso, conhecer as regras
de netiqueta que deverão ser usadas, quais as expectativas quanto à sua
participação (qual a frequência aconselhável de acesso, o número mínimo de
mensagens que deverão colocar e a forma como será avaliada a participação – se
aplicável);
25 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

• Acompanhar o andamento do fórum com regularidade – aceder ao fórum com


frequência, sobretudo no início do curso, ou dos seus módulos. A frequência do
acesso dependerá também da duração da ação: num curso de poucas semanas, o
acesso deverá ser no mínimo diário; num curso que se estenda por vários meses,
pode limitar-se a 2 ou 3 vezes por semana.
• Manter o funcionamento do fórum – garantindo a sua utilização de acordo com as
normas e regras definidas, arquivando as discussões encerradas em outra área do
fórum ou da plataforma (se isso for possível no sistema utilizado), movendo ou
apagando as mensagens que não digam respeito à linha de discussão onde foram
inseridas, etc.
• Moderar as discussões e atividades do fórum - mantendo as linhas de discussão
dentro dos objetivos definidos e reconduzindo-as ao seu tópico, quando dele se
afastem, colocando comentários regulares de síntese e análise (reconhecendo os
contributos individuais e relacionando-os de forma a sublinhar) no caso das linhas
de discussão se prolongarem por muitos dias e contarem com muitas participações.
O formador deve fazer sentir a sua presença, mas deve evitar intervir em demasia,
ou cedo demais (por exemplo, quando está a decorrer uma discussão, uma
mensagem opinativa.

7.2.5. O MOODLE ENQUANTO PLATAFORMA COLABORATIVA


O Moodle, designação de uma plataforma colaborativa, é o acrónimo de Modular Object-
Oriented Dynamic Learning Environment. O seu autor, Martin Dougiamas, em 1999, tendo
como base uma perspetiva sócia construtivista, pretendeu criar um ambiente virtual de
aprendizagem facilitador da construção de espaços de trabalho, de comunicação e de
colaboração.
Trata-se de um projeto baseado num software livre, de distribuição gratuita através da
Internet e de tipo fonte aberta, encontrando-se em permanente evolução, na medida em que
o programa vai sendo desenvolvido e aperfeiçoado com a colaboração da comunidade de
utilizadores. Com o objetivo de corrigir os erros que vão sendo detetados e de introduzir novas
funcionalidades, programadores em todo o mundo continuam a trabalhar para o
aperfeiçoamento deste produto. A sua utilização fácil, intuitiva e flexível permite a adaptação
a uma enorme variedade de contextos educativos.
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Esta plataforma tem já um enorme impacto a nível mundial. É utilizada em mais de 175 países
e está traduzida em cerca de 70 línguas. Podendo ser utilizada por comunidades que mantêm
ou não contacto presencial entre os seus membros, a participação pode revestir-se de
contornos muito ricos e significativos. Mesmo as comunidades cujos membros sustentam
práticas de trabalho colaborativo presencial, utilizam as tecnologias para partilhar
documentos, manter contacto entre as reuniões ou enviar informações uns aos outros.
Atualmente, existem projetos que agregam a sua comunidade de participantes em torno da
utilização do Moodle.

Funcionalidades
A página inicial de uma disciplina no Moodle é totalmente personalizável, em termos de
aparência visual e organização e disposição dos blocos de informação, que são chamados de
“boxes”. Isso confere grande flexibilidade aos formadores para organizar o material na página
e torná-los mais atrativos e funcionais. Os principais boxes de recursos são:
• Descritivo do curso, logótipo, mensagem de Boas-vindas;
• Busca por palavras-chave nos fóruns;
• Lista de usuários ativos nos últimos 5 minutos;
• Lista de participantes (formadores e formandos) e de grupos;
• Últimas notícias;
• Calendário mensal;
• Últimas modificações no site;
• Índice de acesso direto aos módulos;
• Configurações do curso;
• Lista de outros cursos;
• Bloco zero (Box superior da página, onde podem ser colocados recursos gerais do
curso e da disciplina, não especificamente ligados a um bloco semanal ou a um bloco
temático, tais como dinâmica do curso, fóruns e chat gerais, glossários, livros
eletrónicos, etc.)
• Para cada módulo do curso são criados boxes de tópicos ou boxes de semanas.

Os boxes podem ser escondidos dos formandos, mudados de lugar nas colunas a esquerda e
à direita, para cima ou para baixo (posição vertical), etc. Além disso a agenda temática ou da
semana (bloco relativo ao módulo ativo) pode ser indicado.
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Em relação às atividades e recursos que o Moodle disponibiliza para publicação, interação e


avaliação, o formador dispõe de uma grande variedade e quantidade deles, sendo que existem
muitos (plug-ins) construídos por outros programadores, que podem ser baixados do site
Moodle.org e instalados no servidor.
A página do Moodle que é apresentada inicialmente, é caraterizada por duas principais
funcionalidades: atividades e recursos.

• Atividades
É um item dinâmico com o qual o formando pode interagir. Existem dezenas de atividades no
Moodle, sendo que umas vêm de base com o Moodle e outras terão de ser disponibilizadas
pelo formador.
As atividades podem ser disponibilizadas assim que o formador as coloca na página ou ser
ocultadas temporariamente. Na primeira opção é possível construir uma atividade em várias
etapas sem que os formandos a consigam ver e também ter várias atividades disponíveis
gradualmente aos alunos. Para além disso é possível definir se são aplicadas em grupo,
podendo ser comentadas e classificadas por professores e alunos.

• Recursos
Um recurso é um item estático que é utilizado pelo formador para dar suporte aos formandos.
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29 Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem

BIBLIOGRAFIA

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