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AULA 1.

7: LOOP HIPNÓTICO
Eu tenho que olhar na internet o jeito certo porque eu sempre ensino do jeito errado...
Aliás, uma coisa engraçada: o loop hipnótico foi desenvolvido por James Tripp, mas, no vídeo em
que falo do loop hipnótico, eu inverti umas variáveis. Aí eu inverti e deixei.

E um monte de professor começou a ensinar invertido sem citar de onde que tinha pegado
o loop hipnótico.

Então tem um monte de vídeo, um monte de gente ensinando o loop hipnótico “errado”
porque meu vídeo de explicação da internet está errado.

Aí eu falei com o James Tripp que “foi mal, mas acho que no Brasil a gente já inverteu esse
negócio, já inverteu” vou até olhar aqui o jeito original e ai vocês pode olhar direitinho.

No meu vídeo original do Youtube, eu acho que inverti esses 2 (fisiologia/experiência) mas
não faz tanta diferença não, na verdade o importante é entender o conceito.

Porque que alguns de vocês perderam o nome? Porque que perde a voz? Já tinha perdido a
voz antes? Foi boa a experiência?

“é um pouco desesperador, mas...” Mas foi bom? “O nome, quando perdi o nome foi
engraçado”.

E o que acontece é o seguinte: a hipnose em geral começa com algum desses elementos.
Grande parte dos testes possui algum elemento fisiológico. Por exemplo, livros e balões, essa
mão (mão esquerda) em geral é uma mão mais fraca e vai ter uma tendência em baixar.

Só que essa fisiologia me dá uma experiência de que realmente a hipnose está


acontecendo, ou seja, a pessoa sente inconscientemente mexendo, e essa experiência instala
inconscientemente a crença.

Aí a crença mexe com a imaginação da pessoa e começa a criar novas fisiologias – por isso
que a esquerda começa a levantar e a direita começa a descer – e o mesmo com a mão. Essa
posição (de mãos coladas com braço esticado) é uma posição ruim, que fisiologicamente
favorece ficar presa.

No entanto, não é por causa disso que vai ficar preso. Ou seja, essa mão, desse jeito, possui
elementos fisiológicos que vão fazê-la ficar presa, mas não é por causa disso que ela fica presa
até o final.

O que acontece é que esses elementos fisiológicos te dá uma experiência, instala uma
crença – mexe com sua imaginação – vou elevando a expectativa cada vez mais, aqui o certo é
expectativa.

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Na verdade o loop hipnótico é alimentado por expectativa. Então a pessoa está com a
mão assim (mãos coladas com braço esticado) ela começa a viajar cada vez mais nesse loop.
É por isso que depois que já, colou a mão, perdeu o nome, pelo nome ter sido nome que
veio de um sapo, não custa muito e você vai encaixando os fenômenos. E você consegue
encaixar os fenômenos.

Então é por isso que hipnose em estado de vigília funciona. E aí leva – é importante
levar – a gente a pensar, o cuidado que devemos ter com a semântica do nosso dia-a-dia.

Tem pessoas e tem profissões que lidam com a dor diretamente e infelizmente muitas
vezes elas não tem uma preocupação em relação á semântica que elas utilizam para lidar
com a dor.

Alguém aqui é dentista? Fisioterapeuta? Médico de dor – ótimo! – o que acontece


quando você pergunta?

Eu estava no fisioterapeuta, para olhar a epicondilite, ai ele perguntou: “assim dói?” ai


eu respondi – inclusive é meu amigo – eu falei assim: “Ô Raphael...”.

Porque aí fiquei com olho fechado, e ele ficou mexendo até que eu descobri o jeito que
realmente estava mexendo que estava doendo.

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Outro exemplo é minha dentista, com quem sempre me consultava quando era criança. Ela
me hipnotizava para sentir dor:

“Em algum momento... em algum momento, não agora, em algum momento, você vai
sentir uma dor aí (na boca). Não é uma dor tão grande, é pequena, mas vai ser daqui a pouco.
Não é agora não. Com essa agulha. Não é agora não é daqui a pouco”.

Aí quando eu via a agulha – eu já gritava! – de dor, porque eu sentia dor. Então ela falava
“mas não encostei”. Claro, mas você estava me hipnotizando para sentir dor – eu não falava isso
só tinha 6 anos de idade, eu não tinha essa percepção – mas na verdade essa dor era alimentada
pela minha imaginação, por isso que ás vezes a gente antecipa a dor, porque a nossa imaginação
já está sentindo a dor.

O ser humano é o único animal que interpreta a dor. Os animais até antecipam a dor, quem
já levou poodle ou chihuahua para vacinar sabe o que estou dizendo a dificuldade que é – eles já
““êêrrrr”” – eles sabem que vão ter alguma dor e ficam loucas.

Mas o ser humano é o único que realmente consegue interpretar a dor num nível mais
elevado – eu estava com a minha mulher, andando, fazendo um passeio – esses passeios que
tem lancha nessas praias que vai de uma pilha para outra e tal, aí minha mulher me disse o
seguinte:

“Engraçado né, você está com esse corte grande aí na perna desde que a gente saiu lá da
praia e só agora que parou de sangrar e você não está sentindo dor...”.

Aí eu olhei, era um corte desse tamanho (um pouco grande na perna). Eu comecei a sentir
uma dor horrível

“MAS TÁ DOENDO MUITO!”

Ela disse: “Ué achei que não estava sentindo”

Nesse momento eu comecei a ter que controlar minha dor, que eu não estava sentindo,
porque o ser humano interpreta a dor. Conseguimos ter dores que não existem.

Também somos capazes de aumentar ou diminuir uma dor. O nosso estado de espírito
interfere na dor.

Os animais, ainda que eles sintam muita dor também, não tem esse nível de subjetividade
que temos em relação á dor. Eles não conseguem pensar na dor da mesma forma que nós.

Você vê um cachorro prostrado – em geral ele está com muita dor – o cachorro tolera
muito mais a dor no corpo dele, articulação, do que o ser humano.

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Porque o ser humano não pensa na dor, é você estar andando, fazendo aquela
caminhada, falta só mais um quilômetro. Aí no momento que você pensa:

“Nossa, eu estou cansando...”.

O seu organismo começa a ficar cada vez mais cansado, começa a sentir cada vez mais
dor, porque a gente interpreta, a gente passa por esse loop (hipnótico) várias vezes ao longo
do dia – e é por isso que muitos autores – incluindo o James Tripp vão falar que o transe da
hipnose, aquele estado, é a parte menos importante do processo.

É muito mais importante o engajamento desse loop (hipnótico). Tem pessoas que vão
ter um aspecto de transe muito profundo, relaxamento muscular muito intenso, talvez a
esclera aparecendo, alteração da frequência cardíaca – mas não vão ter alterações subjetivas
de realidade tão intensas – então o nosso dever é trabalhar com esse loop.

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