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REGIMENTO INTERNO

YLÊ ASÉ BABÁ L’OKÊ


,

Comunidade de Terreiro Ylê Asé Babá L’Okê


Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê
CNPJ: 11.128.498/0001-99
Povoado Tabuleirinho - Zona Rural - CEP: 64.809-899
Floriano, Piauí
Telefone: (86) 9 9509 2848
E-mail: yleasebabaloke@gmail.com
ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA YLÊ ASÉ BABÁ L'OKÊ

PRESIDÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO

Cícero Cordeiro de Sousa Filho


Presidente

Vice-Presidente

SECRETARIA ADMINISTRATIVA DA ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA YLÊ ASÉ


BABÁ L'OKÊ

Deustar Augusto Carvalho Alves


Primeiro Secretário

Tiago Delmondes
Segundo Secretário

TESOURARIA DA ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA YLÊ ASÉ BABÁ L'OKÊ

Primeiro Tesoureiro

Francisca da Silva Nascimento


Segunda Tesoureira

CONSELHO FISCAL

Titulares

Georgea Mendes de S. Nunes


Wanderlany Gomes de Almeida
Samuel Soares da Silva

Suplentes

Francisca Paula da Silva


Jacqueline Oliveira da Silva
Marcos Vinícius da Silva
APRESENTAÇÃO

Há muito tempo as Organizações Religiosas dos Povos e Comunidades de


Terreiro reivindicam o reconhecimento jurídico, administrativo e social, sem uso de
artifícios como constituir associação atrelada aos Territórios Sagrados. É importante
entender que os Povos aqui em pauta, possuem suas tradições e costumes ancestrais.
É compromisso deste regimento balancear as questões que cabem aos seus
sujeitos, visando o enfrentamento ao racismo, LGBTfobia, Intolerância Religiosa e
quaisquer outras questões que estejam em nossa alçada e que afetem nossos direitos. A
Gestão da Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê tem através deste regimento,
apresentar uma cartilha orientadora, com regras, para que os adeptos da nossa religião
possam verificar seus direitos e deveres para que estes possam ser apreendidos e
cumpridos.
Por este motivo, vimos a necessidade da urgência de um Regimento Interno que
sirva como guia àqueles que já fazem parte da Associação e àqueles que queiram fazer
parte dela. Sempre pensando no coletivo promovendo maneiras de assegurar os direitos
que nos cabem, garantidos na Constituição Brasileira, reafirmando a democracia e
valorizando a história, a cultura e a ancestralidade da comunidade afro-brasileira, e
respeitando as tradições, os anos luta para que continuemos firmados como indivíduos
na nossa vida social e religiosa.
DOS OBJETIVOS E DEVERES COMUNS DOS ASSOCIADOS DO YLÊ ASÉ
BABÁ L’OKÊ

1º. O presente Regimento objetiva a disciplinar condutas e comportamentos de


associados e frequentadores ao Ylê Asé Babá L’Okê. No que diz respeito aos
associados, as normas nele contidas aplicam-se a todos e todas, conforme as
especificidades de suas hierarquias, complementando os princípios gerais dos direitos e
deveres contidos nos Estatuto Social da Organização Religiosa.

2º. Ao chegar à Casa de Candomblé é obrigatório saudar o Exú da Porteira, descansar


por 5 a 10 minutos, em silêncio, tomar água, e em seguida, banho de asseio e banho de
folhas – para que seja posta a vestimenta de ração.

3º. Após devidamente vestida/o com sua roupa de ração, a/o filha/o de santo deve
proceder da seguinte forma:

a) bater paó na frente da casa dos Orixás;


b) em seguida, iniciar as bênçãos – que devem acontecer respeitando a hierarquia:
Babalorixá – Cargos – Irmãs e Irmãos mais velhos, seus iguais e os irmãs/ãos
mais novas/os.

4º. Ao entrar nas dependências da Casa de Axé, a partir da Porteira, não se validam dos
desafetos e relações privadas de casais, amizades ou parentesco biológico, devendo-se
respeitar os devidos tratamentos e comportamentos exigidos na hierarquia da Casa.

5º. Nos dias de Toque chegar duas horas antes do início das atividades, quando tiver
pernoitado na Casa; em outras funções chegar com a devida, ajudando no for
necessário, conforme as orientações dos seus mais velhos, sempre respeitando a
hierarquia.

6º. Não serão permitidas, nas dependências da Casa, conversas em tom alto e
brincadeiras que interfiram na sintonia espiritual do ambiente ou a formação de grupos
para conversas sobre a vida privada qualquer outra pessoa. É importante lembrar que a
vida particular de cada um só diz respeito a ela mesma. Sua opinião e/ou ajuda só deve
ser dada quando solicitada.

7º. Não serão permitidas perguntas ou questionamentos as suas irmãs ou irmãos mais
velhos, iguais ou mais novos sobre assuntos referentes aos fundamentos do Axé da
nossa Casa ou de outras Casas de Candomblé. Em caso de dúvidas, dirija-se ao
Babalorixá ou a alguém autorizado ou autorizada por ele.

8º. Não será permitida a participação de mais novos nas conversas dos mais velhos sem
permissão, especialmente, Yawô e Abian.

9º. Não será permitida a presença de frequentadores ou frequentadoras (Assistência) na


Casa em dias de função como Orôs, Ossé, sem a devida autorização do Babalorixá.
10º. Não será permitida a presença de frequentadores ou frequentadoras na Assistência
de Sessões, Toques e Orôs vestidos e vestidas em cores fortes – especialmente as cores
preta e vermelha), bem como:

a) Mulheres de saia justa, minissaia, shorts curtos, roupa decotada, calças


compridas e justas ao corpo;

b) Homens de bermudas, calças jeans, camiseta regata ou sem camisa.

11º. Está expressamente proibida qualquer forma de discriminação e preconceito em


razão de condição de socioeconômica, xenofobia, gênero, raça e etnia nas dependências
do Ylê Asé Babá L’Okê, quer sejam praticadas pelos associados e/ou
frequentadores/frequentadoras.

12º. Os manifestantes de ações de discriminação ou preconceitos serão penalizados com


imediata retirada, afastamento da Casa, e desvinculação da Associação, de acordo com a
gravidade dos fatos.

13º. Não retrucar o Pai de Santo. O respeito de casa, se leva para praça. Não há o que
discutir, o respeito à hierarquia é soberano.

14º. Não retrucar seus irmãos mais velhos e Egbomis. Novamente, não há o que
discutir, o respeito à hierarquia é soberano.

15º. Caso você discorde de algo que foi dito, discretamente, peça um minuto da atenção
do Pai de Santo, e exponha a situação civilizadamente. Não há necessidade de expor a
situação em público.

16º. Não é permitido fazer escândalo no meio do barracão, pois esta não é postura de
um filho ou filha de santo.

17º. Quando tiver visita no barracão (e.g. Egbomis, Ekedes, Ogãs ou Zeladores), seja
em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos evitem atrapalhar as
conversas do Pai do Santo. Caso seja extremamente necessário, a filha ou o filho de
santo deve abaixar-se para dirigir a palavra ao mesmo. Dessa forma, o procedimento a
ser seguido é:

chegar junto a ele, mas não muito, e ficar abaixado esperando


que ele pergunte o que deseja. Quando ele perguntar, comece
sempre sua frase com “AGÔ” (e.g. Agô, meu pai..., e diga o que
precisa ser dito).

18º. NUNCA. JAMAIS, EM TEMPO OU HIPÓTESE ALGUMA, seja na sua Casa


de Axé ou na Casa de Axé de terceiros, deve-se sentar na mesma altura que o seu Pai de
Santo, uma vez que ele já passou por vários sacrifícios para estar sentado
confortavelmente ali. Você ainda está no início ou no meio do caminho. Portanto, pra
que querer sentar onde você não alcança?
19º. Yawô e/ou Abian, dentro de sua Casa de Axé ou na Casa de Axé dos outros, não
podem utilizar copos, xícaras ou pratos de vidro/louça. Garfos são permitidos para os
cargos ou após os sete anos de feitura de santo. Sendo assim, cada filha e filho de santo
deverá ter seu ‘kit’ contendo Dilonga (Caneca de Ágata) e Dilongá (prato de Ágata) em
cor branca, que deverão ser cuidados e lavados por seus próprios donos ou donas.

20º. Todos são responsáveis pela limpeza e organização da Casa. Cada um deve fazer
sua parte: antes, durante e depois das festas, orôs e funções. Não sendo permitido
retirar-se das dependências da Roça em que ela esteja limpa e organizada.

21º. Todos são responsáveis, também, pela manutenção da Casa, sendo necessária uma
contribuição financeira mensal e a participação nas listas disponibilizadas para as festas,
orôs e funções. Não esquecendo que sempre que resolver permanecer na Roça, você
deverá levar os mantimentos necessários para sua ‘estada’, responsabilizando-se pelo
seu ajeum.

22º. As visitas ao Pai de Santo devem ser previamente agendadas com o mesmo, e é
sempre de bom-tom levar uma modesta contribuição para ajeum.

23º. Abians não devem sentar-se em cadeiras ou apotis, os mesmos devem utilizar
esteiras, portanto, é importante que cada um adquira a sua e zele por ela.

24º. No momento do Ajeum é necessário que você espere para ser servido. Sempre
respeitando a hierarquia.

25º. Não é elegante pedir roupas emprestadas ao Pai de Santo ou aos irmãos e irmãs.
Portanto, faz-se necessário que cada filho e filha de santo tenha, pelo menos, duas
mudas de roupa de ração. Brancas; não encardidas. Devendo ser evitado lavar e estender
roupas nas dependências da Roça.

26º. É permitido o uso de saias e calças coloridas nas festas destinadas aos Caboclos.
Bem como o uso de tecidos coloridos nos atendimentos de Exu e Lebara. Já no Culto
aos Orixás, as roupas dever ser exclusivamente brancas. (conferir proibições do 10º
ponto).

27º. Todos os filhos de santo devem acolher e tratar bem todos os clientes que buscam a
nossa Casa para jogos ou consultas; pois eles são a nossa base de sustentação financeira.

28º. Cada filho ou filha de santo rodante fica inteiramente responsável por cuidar,
guardar, dar o que vestir, beber e fumar para suas entidades. Lembrando que as
entidades ‘não-assentadas’ não dão consulta.
Paragrafo único: É de inteira responsabilidade do médium a busca por evolução e
doutrina de suas entidades, sendo repudiada falas pejorativas ou qualquer
comportamento que venha expor ou difamar alguém.

29º. Não é permitido do desperdício de comida. Portanto, é coerente que seja feita a
quantidade necessária para quem trabalhou/contribuiu.
30º. Você, irmãozinho e irmãzinha, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas
amarelas, deve deixar esta sua visão progressista e moderna do lado de fora do
Barracão. Ali dentro você tem que ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas,
e os coleguinhas, que vêm tudo azulzinho. Casa de Orixá é para louvar e cuidar do
Orixá, e não para arrumar casório. No entanto, se você se encontra num relacionamento
sério, é de bom-tom que seja comunicado e pedida à bênção do Pai de Santo.

31º. É terminantemente proibida qualquer prática sexual e/ou uso de substâncias


psicoativas nas dependências da Roça.

32º. Caso assista, fora do seu Barracão, a algo diferente do que ocorre em sua Casa,
nada de ficar falando mal, e dizendo que é marmotagem. Você não é o dono da verdade
e nem ninguém o é. O que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo.
Além do mais, comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido
escutando?

33º. Ninguém tem mais ou menos Santo que ninguém. Isso é regra. Sempre.

34º. Pense bem antes de fazer com os outros o que não gostaria que fizessem com você.

35º. Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa
bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Nunca olhar no rosto da pessoa, e responder
somente “sim” ou “não”.

36º. A Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na
realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não a ela própria. Portanto, todos
devem trocar a benção, mais velhos com mais novos e vice- versa.

37º. Abians e Yawôs permanecem de cabeça baixa, principalmente em Xirês.

38º. Abians não dançam com Santo feito. Os mesmos devem permanecer abaixados
quando os Orixás estiverem em terra.

39º. Santo de Abian não dança com Santo feito.

40º. Fica proibido, aos filhos e filhas de santo desta Casa, visitas e/ou comparecimento
em atendimentos ou festas de outras Casas de Axé sem presença/companhia do Pai de
Santo, ou sem a autorização do mesmo.
Paragrafo único: O descumprimento desta regra pode acarretar em suspenção
imediata ou desvinculação desta Casa.

41º. Serão realizadas reuniões mensais com a presença dos membros da Diretoria,
Secretaria e Conselho Fiscal da Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê, podendo ser
aberta para os cargos e Abians borizados, conforme necessidade.
42º. Serão realizados, mensalmente, momentos obrigatórios voltados para Educação em
Axé.

43º. Fica sob responsabilidade da Secretaria Administrativa, após reunião com membros
da Diretoria Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê, repassar o cronograma mensal
das atividades a serem desenvolvidas nesta Instituição.

44º. Este documento será apresentado àqueles que tiverem interesse em fazerem parte
da nossa Casa, para que posteriormente não hajam dúvidas sobre sua presença neste
local.

VESTIR BRANCO É COISA SÉRIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caso essas regras sejam desobedecidas os envolvidos podem receber punições, como as
listadas abaixo:

a) Primeira Reclamação Formal: Advertência, em audiência pública.

b) Segunda Reclamação Formal: Suspensão das atividades da Casa,


podendo apenas participarem das atividades de limpeza das áreas
comuns, e ficar na Assistência – não podendo participar dos Orôs,
Ossés e Matanças.

c) Terceira Reclamação Formal: Desvinculação da Associação Religiosa


Ylê Asé Babá L’Okê.

O texto deste regimento entra em vigor a partir do momento de sua apresentação aos
associados e adeptos da Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê.

Floriano, Piauí, de de 2021.

Cícero Cordeiro de Sousa Filho


Presidente e Lider Religioso do Ylê Asé Babá L’Okê

Deustar Augusto Carvalho Alves


Secretário Administrativo da Associação Religiosa Ylê Asé Babá L’Okê

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