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PANFLETO DE BOAS VINDAS

SEJA BEM VINDO!

Este panfleto visa, em poucas linhas, trazer informações básicas sobre a


Umbanda, para formar um vínculo saudável e transparente entre a nossa casa e
todo aquele que nos visita pela primeira vez, de forma que não haja nenhuma
margem para equívocos sobre as nossas atividades. Você tem todo direito de
saber o que o nosso ambiente religioso oferece.
Em primeiro lugar, a Umbanda é uma religião cristã. Nosso código de
conduta, de pensamento e de espiritualidade é o Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo, e sendo assim, não flertamos com o mal em NENHUMA
HIPÓTESE, pelo contrário, temos total repúdio para com o mesmo. A
Umbanda, portanto, sendo cristã, se destina principalmente à caridade, e não se
cobra 1 centavo sequer por qualquer trabalho espiritual realizado.
Em segundo lugar, e como consequência do que foi dito acima, a
Umbanda não se utiliza de elementos que prejudicam ou que exijam a morte de
qualquer ser vivo, ou seja, NÃO HÁ SACRIFÍCIOS na nossa religião. E não se
engane. Os terreiros que os realizam, e que cobram por trabalhos espirituais,
não são de Umbanda, mesmo que tenham o nome da religião na sua fachada.
Em terceiro lugar, nossa doutrina principal de estudos é a obra de Allan
Kardec, o que faz da Umbanda uma religião doutrinariamente espírita. É em
Kardec que encontramos o material para entendermos sobre o que é o espírito e
o que é a matéria, e quais as suas funções na obra divina; é também onde
encontramos o conhecimento da relação entre o pensamento e as energias que
nos rodeiam, essencial para entendermos a mecânica interna dos passes, da
magia, dos banhos de erva, etc.
Tudo o que fazemos está plenamente fundamentado nas diretrizes dadas
pelo espírito que fundou a Umbanda em 15 de novembro de 1908, o Caboclo
das Sete Encruzilhadas. Como este panfleto é para quem nos visita pela
primeira vez, não aprofundaremos os dados históricos, mas recomendamos
desde logo esse estudo, nas palestras de Leonardo Cunha, bisneto de Zélio de
Moraes (médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas), disponíveis no Youtube.
Podemos, no entanto, dizer que ao ser fundada, a Umbanda se mostra como um
ritual muito simples, destinado inicialmente ao trabalho mediúnico de entidades
que eram rejeitadas nos centros espíritas, os índios e os africanos, que
chamamos de caboclos e pretos velhos, respectivamente. Essas são as entidades
mais marcantes da Umbanda, sendo que posteriormente surgiram também os
Exus e as Crianças. Não há terreiro de Umbanda que não trabalhe com esses 4
tipos de entidades.
As entidades da Umbanda se organizam em hierarquias distintas, que são
chamadas por nós de linhas, em número de sete. Cada uma das sete linhas é
identificada pelos patronos da mitologia Nagô/Iorubá, os Orixás. No início da
Umbanda, o sincretismo entre os Orixás e os Santos da Igreja era mais comum
do que atualmente. Hoje em dia há uma notável predominância dos arquétipos
africanos.
Na nossa casa, entendemos as Sete Linhas na seguinte configuração:

• Oxalá – devoção, fé, espiritualidade, caridade


• Ogum – força de vontade, proteção, abertura de caminhos
• Oxosse – cura, prosperidade, saúde
• Iansã – transformação, renovação, rompimento de ciclos de inércia,
desobsessão espiritual
• Iemanjá – cura, renovação, desenvolvimento do lado sentimental,
acolhimento
• Xangô – justiça, equilíbrio
• Obaluaê – quebra de magia negra, cura, proteção

As imagens que ficam no altar são para representar essas linhas, bem
como as entidades, sob uma forma visível, o que confere ao ambiente uma
atmosfera religiosa, estimulando o sentimento de devoção, o silêncio e a prece.
Os espíritos que se manifestam no terreiro vêm para fazer caridade. Com
eles tomamos passes, nos comunicamos, expomos nossas dores e dilemas
pessoais, recebemos conselhos, indicações de certas orações para o
fortalecimento da nossa fé, banhos de erva para nos ajudar no cuidado com as
nossas energias, etc.
Cremos que o essencial quanto ao que praticamos já está dado. Cabe ao
visitante, no entanto, algumas regras a serem seguidas, para o bom proveito do
que nós podemos oferecer.

• Não há necessidade alguma do visitante vir vestido de branco. O branco é


o uniforme do trabalho mediúnico. No entanto, pedimos que se evite o
uso de roupas chamativas, sobretudo decotes, saias ou calças muito curtas
ou justas. Isso vale para os homens e para as mulheres. No ambiente
religioso, o que deve chamar a nossa atenção é a presença de Deus e do
Bem, não o nosso corpo. A Umbanda, por ser uma religião mediúnica,
deve ser praticada com concentração firme e intenções elevadas, e logo,
roupas extravagantes formam um ponto de distração, sobretudo para os
médiuns. Se alguém aparecer nesse perfil em nossa casa, será chamado à
atenção.
• Na hora dos passes, conforme são chamados, os presentes devem bater
cabeça no altar, antes e depois dos passes. É uma forma de demonstrar
respeito e gratidão à espiritualidade, bem como de estimular o sentimento
de respeito ao sagrado.
• Não é permitido tomar passe ou conversar com as entidades mais que
uma vez por sessão.
• É proibido gravar a conversa com as entidades. Na nossa prática, o que é
dito entre o visitante e o espírito incorporado no médium é segredo dos
dois. Sabemos perfeitamente que há pessoas cuja intenção não é sair
expondo a conversa gravada, mas guardá-la para si. Contudo, para evitar
desagrados e inconvenientes, pedimos que a conversa não seja gravada.
Isso também é uma forma de estimular o uso da nossa memória, que nos
dias de hoje está tão inutilizada pela facilidade e rapidez de informação
que a tecnologia nos proporciona.
• É permitido, no entanto, tirar fotos e gravar vídeos, mas apenas antes que
as sessões comecem. Durante as sessões, o ideal é nos mantermos
concentrados e sintonizados com a sessão. Filmar e tirar fotos durante a
gira pode gerar um desconforto geral, o que não atrairá boas vibrações ao
ambiente. É na experiência vivida e sentida que absorvemos o máximo.
SAUDAÇÕES

Toda vez que o dirigente puxar alguma saudação, nós respondemos. Não
é necessário, no entato, que todos adotem exatamente a mesma resposta para
cada saudação que o dirigente puxar, nem que as pronunciem em uníssono,
como é comum, por exemplo, na Igreja Católica. Na nossa casa cada um
pronuncia as saudações à sua maneira. Cada linha, e cada entidade, possui a sua
saudação específica, que daremos a seguir, bem como o significado de cada
uma. Somente a saudação a Oxalá tem resposta única e em uníssono.

Saudações às linhas:

Oxalá

Dirigente: ''Saravá Oxalá!''


Todos: ''Oxalá é nosso pai!''
Dirigente: ''Saravá todos os guias e orixás!''
Todos: ''Saravá!''

O termo saravá significa ''salve''. É uma palavra de cumprimento geral, e que


pode ser usada, inclusive, para substituir as outras saudações.

Ogum

Dirigente: ''Patacorí Ogum!''


Todos: ''Ogunhê!'' ou ''Ogunhê meu pai!''

''Patacori Ogum'' significa ''Ogum é quem corta as cabeças'', na referência ao


poder da vontade, da força, e da vitória.
''Ogunhê'' significa ''salve Ogum''

Oxosse

Dirigente: ''Akin arô Oxosse!'' ou ''Okê arô Oxosse!''


Todos: ''Akin arô meu pai'' ou ''Okê arô meu pai'' ou simplesmente ''Okê
Oxosse''

Essas saudações significam “Salve o caçador valente!” ou “Salve o caçador


do monte!”. ''Akin'' significa homem valente, guerreiro, herói; ''Okê'' significa
monte;''Arô'' é um título honroso dado aos caçadores.
Iansã

Dirigente: ''Eparrêi Iansã!''


Todos: ''Eparrêi Iansã!'' ou ''Eparrêi minha mãe!''

Eparrêi significa um ''olá'' com admiração.

Iemanjá

Dirigente: ''Saravá nossa Mãe Iemanjá!''


Todos: ''Adociá minha mãe minha mãe Iemanjá!''

Adociá vem de ''Adoci yabá'' e significa ''Salve a senhora da água''

Xangô

Dirigente: ''Saravá nosso pai Xangô!''


Todos: ''Kaô meu pai Xangô!'' ou ''Kaô cabecilê meu pai Xangô!''

Significado geral “Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!”


Ká (permita-nos); wô (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real);
lê (complemento de cumprimento a um chefe)

Obaluaê

Dirigente: ''Atotô Obaluaê!''


Todos: ''Atotô meu pai!''

Atotô significa ''silêncio''. Obaluaê é um Orixá que se demonstra respeito


fazendo silêncio.
Saudações às entidades:

Caboclos: Okê Caboclo!

Como Oxosse é o orixá das matas, e os caboclos são entidades indígenas,


acabou por convencionar-se usar a mesma saudação verbal ''Okê'', de Oxosse,
aos caboclos.

Pretos Velhos: Iaô meu pai/minha mãe

Na língua iorubá, ''Iawô'' significa ''iniciado'' , ''filho de santo'', portanto,


aquele que está vinculado aos mistério dos Orixás das religiões africanas. Não
é uma saudação original da Umbanda, mas serve perfeitamente para saudar os
pretos velhos.

Exu e Pombagira: Ina ina mojubá/Laroiê Exu/Pombagira

''Ina'' significa fogo, e ''ina ina'' significa ''fogo resplandecente'';


''Mojubá'' significa ''eu lhe saúdo'', ''a vós os meus respeitos'';
''Ina ina mojubá'' significa, ''saúdo vosso fogo resplandecente'';
''Laroiê Exu'' significa, ''Exú mensageiro'';
''Ina ina mojubá, laroiê Exú'' significa ''saúdo vosso fogo resplandecente, Exú
mensageiro!''.

Crianças, Baianos, Boidaeiros, Marinheiros, etc.: Saravá

Cremos que com este material básico, você já tenha em mãos o necessário
para visitar a nossa casa e se envolver com a nossa ritualística de forma
transparente. Há também as saudações gestuais, que acompanham as verbais,
mas cremos que estas necessitam de um interesse maior por parte do visitante.
Ademais, a Umbanda é uma religião muito orgânica e muito prática. Muita
coisa ainda falta por dizer, e que só um estudo mais aprofundado, bem como a
experiência no terreiro, revelarão.
Qualquer dúvida, estamos à sua disposição!
Saravá!

(65) 99251-6161 – Tiago, dirigente do Terreiro.

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