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Curso dedicado à reflexão sobre o que é a Umbanda sob a ótica da Casa de Xangô.Visa preparar o médium para os
conceitos básicos da nossa Religião, iniciando uma reflexão sobre a diferença entre a Umbanda e as demais óticas
religiosas. Pré requisito: Alistamento;
AULA 1
Aspecto Histórico
A Umbanda é uma religião brasileira, fundada em 1908, pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes, no bairro de Neves, em
Niterói. Vamos resumir a história da fundação da nossa Religião por questões práticas, mas
cabe um estudo detalhado sobre os diversos relatos de médiuns que foram iniciados por
Zélio sobre a origem da Umbanda.
Zélio, aos 17 anos, começou a apresentar problemas de saúde sem resultado médico,
além de “mudanças de personalidade” – ora andava e falava como velho, ora agia como
um felino, subindo em árvores. Após passar por psiquiatra e exorcismo, seus pais foram
aconselhados a levá-lo a uma rezadeira, que anunciou sua mediunidade e a sua
necessidade de trabalho de caridade.
Seus pais, então, resolvem levá-lo ao Centro Kardecista, para que entendessem
melhor os fenômenos que ocorriam com seu filho. Chegando lá, Zélio “quebra o
protocolo”, buscando uma rosa para compor a mesa mediúnica.
Após a abertura dos trabalhos, uma falange de Caboclos baixa nos médiuns, e os
espíritos são imediatamente repreendidos pelo Doutrinador da Casa. Zélio então manifesta
o espírito de um padre jesuíta, de nome Gabriel Malagrida, que questiona o doutrinador o
motivo da repreensão.
"- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens.
Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
"- Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer que amanhã estarei na casa deste
aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a
missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade
que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. Aprenderemos com os que sabem mais,
ensinaremos aos que sabem menos, e a ninguém daremos as costas. E se querem saber meu nome que seja este:
Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."
⮚ VERTENTES DA UMBANDA
A partir da fundação da Umbanda e da abertura de Terreiros pelas mãos do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, diversas “umbandas” nasceram. Cada Umbanda surgiu baseada na forma de lidar
com o Espiritual do Mentor da Casa, da vivência espiritual do Sacerdote, da raiz deste médium,
entre outras questões. Contudo, o fundamental é que se mantenham os princípios básicos da
Umbanda em todas as Casas. Vamos falar sobre estes princípios na próxima aula. Vamos nos focar
neste momento, nas definições das Umbandas.
Ainda sobre essas definições, nem todas são um consenso entre os teóricos Umbandistas. Cada
vertente de Umbanda se reconhece como tal vertente de acordo com a raiz da sua Casa. Nem todas
as Casas estão bem sintonizadas com essa configuração, e nos cabe sempre respeitar as diferenças.
Vamos fazer uma síntese, deixando claro que podem existir diferenças de acordo com a fonte de
pesquisa.
▪ Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não
encontramos elementos africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a
utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinária se
prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também
podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
▪ Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Onde
encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;
▪ Umbanda Sagrada – Criada por Rubens Saraceni, trata a Umbanda de forma prática e
organizada, com bastante embasamento teórico em seus fundamentos, tratando os Orixás
em pares, e cada par responsável por um dos 7 Tronos de Deus.
▪ Umbanda de Caboclo - influência do cultura indígina brasileira com seu foco principal nos
guias conhecidos como "Caboclos";
A Casa de Xangô, por sua vez, se enquadra, quase em sua totalidade, na vertente de Umbanda
Popular. Esta vertente de Umbanda se caracteriza pela singularidade das suas Casas. Ou seja, cada
ROTEIRO O QUE É UMBANDA
Casa de Umbanda Popular pode ser completamente diferente das demais Casas e ainda assim se
abraçam na mesma vertente. Mas então, o que caracteriza a Umbanda Popular?
Claro que temos! Nossa Casa nasceu do Centro Espírita Comunitário São João Batista, onde o
Sacerdote foi Liberto. Nesta Casa, todos os fundamentos de firmeza e de trabalhos foram
aprendidos, e muitos outros foram acrescentados e modificados pelo Mentor desta Casa. Mas, a
Casa Mãe desta Tenda, também era uma Casa de Umbanda Popular. Logo, mantemos a nossa raiz.
AULA 2
A nossa Tenda segue os princípios básicos de Umbanda, além de critérios próprios, ditados
pelos mentores. Vamos apontar a seguir.
- Acreditamos nos Orixás como Irradiações de Deus, Virtudes de Deus, que se localizam em
tudo e em todos.
- Acreditamos em Cristo – Pai Oxalá – como o maior Orixá da Terra, responsável pela energia
da Fé, e pela nossa ligação com Deus Pai Todo Poderoso. “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida.
Ninguém vem ao Pai senão por mim.”
- Acreditamos que a Natureza é a Morada dos nossos Orixás, assim como nosso próprio corpo.
Com isso, devemos total respeito com a Natureza, com o nosso próprio corpo e com o corpo
do outro.
- Acreditamos que o Mundo Espiritual se organiza de forma equilibrada, e que cada Linha de
Atuação é composta por espíritos que estão livres do peso do corpo e que precisam crescer e
ROTEIRO O QUE É UMBANDA
evoluir tanto quanto nós. Mas isso não os faz perfeitos. Todos, inclusive os Guias, precisam de
Doutrina. E na nossa Casa, doutrinamos tanto médiuns quanto Guias.
- Acreditamos no Livre Arbítrio. Cada um deve ser livre para seguir o caminho que bem
entender, e na Umbanda não se tem espaço para rituais que quebrem esta máxima. Isso vale
tanto para a Assistência quanto para a Corrente.
- Acreditamos que a Umbanda veio para nos ensinar a abrir os nossos olhos e o nosso coração
para o que somos e o que queremos ser, e não para tirar de nós a responsabilidade sobre a
nossa própria vida, sobre as nossas próprias falhas e os nossos próprios problemas.
- Como bem nos ensinou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, a Umbanda é PAZ, AMOR e
CARIDADE. Precisamos “aprender com os que sabem mais, ensinar aos que sabem menos e a
nenhum virar as costas.”
- Na nossa Casa não se usa a energia do sangue vermelho e nem do sangue branco. Usamos
somente a energia das ervas, plantas, frutas, velas, sementes, e todas as Coroas Espirituais e
Guias de Umbanda devem se bastar com essas energias. Qualquer coisa diferente disso, não é
aceitável na nossa Casa. Contudo, nos cabe sempre o respeito a pontos de vista diferentes.
- Acreditamos que o Espiritual veio de graça, e deve ser exercido de graça. Não se cobra por
nenhum ritual espiritual na nossa Casa.
- Acreditamos que mediunidade não é privilégio, mas missão. E sendo missão, nem sempre é
fácil de se lidar, e ninguém se encontra numa posição melhor que ninguém no processo
mediúnico. Não existe médium melhor que outro. Existe médium mais bem doutrinado e
afinado com a sua mediunidade. E a caminhada nessa doutrina depende exclusivamente do
próprio médium.
- Na nossa Casa, cada médium tem um caminho a seguir no seu desenvolvimento, e esse
caminho pode ser maior ou menor, dependendo da necessidade e do desenvolvimento deste
médium. Contudo, um médium que tem o caminho encurtado por qualquer motivo não é
melhor do que o médium que tem o caminho alongado por qualquer motivo. Todos somos
iguais, todos temos a mediunidade como missão, mas cada um recebe e executa essa missão de
forma singular, nem melhor e nem pior, e não cabe a ninguém julgar o outro.
- Na nossa Casa, acreditamos que não existam Linhas Espirituais que atuam no mal, dentro da
Umbanda. Na verdade, não pode ter atividade espiritual do mal numa casa de Umbanda. A
Linha de Esquerda, em toda a sua completude, atua na Umbanda para o bem, e para a
evolução própria.
⮚ SINCRETISMO
Sincretismo significa: fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus
elementos. Então, o que significa o sincretismo na Umbanda?
ROTEIRO O QUE É UMBANDA
O sincretismo não significa somente mistura. Não acreditamos que Ogum seja de fato São
Jorge, e que devemos cultuar os dois da mesma forma. Acreditamos que esses dois “elementos” se
fundem, e ganham um sentido diferente dos aplicados em suas raízes. São Jorge é diferente para
nós em relação ao conceito aplicado a ele na Igreja Católica.
⮚ ELEMENTOS SAGRADOS
Falar sobre elementos sagrados na Umbanda é sempre um desafio. Quase que a totalidade dos
elementos pertencentes a um Terreiro de Umbanda é sagrado. Mas vamos apontar alguns
elementos fundamentais.
- Toalha - Pemba
Parece simples falar sobre o que não é Umbanda, depois de apontarmos o que é Umbanda na
Casa de Xangô. De fato, na nossa Casa, qualquer coisa que fuja dos fundamentos não é Umbanda.
Mas não é Umbanda PARA NÓS!
Este tópico serve para apontar a urgência em RESPEITAR O DIFERENTE. Não é porque uma
Casa não segue os nossos fundamentos que ela deixa de ser de Umbanda. Fundamento, como já
estudamos, estrutura o chão da Casa onde ele se aplica, e precisamos sempre RESPEITAR O
FUNDAMENTO DOS OUTROS!
Contudo, sempre é responsabilidade nossa O RESPEITO. Se nos deparamos com um Terreiro que
tem alguma dessas práticas, devemos sempre manter o respeito, não julgar, e se este Terreiro não
nos agrada, simplesmente devemos nos afastar dele. Intriga, fofoca, mentiras referentes a outras
Casas não devem existir num Terreiro de Umbanda.