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Bloqueio de Apps

no Brasil
Mario Viola & Celina Bottino
2007

-Vídeo na praia em Cadiz


na Espanha

-Youtube bloquedo no
Brasil
98 milhões de
VS. usuários no Brasil

Proporcional?
O que significa bloqueio?

▶ Impossibilidade técnica, proveniente de ordens judiciais, de


acesso a determinados sites e aplicações de Internet.

▶ Formas de bloqueio:
▶ Intervenção na infraestrutura da rede.

▶ Proibição de download de aplicativos nas lojas de apps. (IOS +


Android)
Intervenção na Infraestrutura
da rede
▶ Decisões ordenando que operadoras de telefonia suspendessem as
comunicações com determinados sites e aplicações.
Intervenção na Infraestrutura
da rede
▶ Princípio da Inimputabilidade de rede (Comitê Gestor da Internet)

▶ Neutralidade de rede (Art. 9 MCI)


PRINCÍPIO DA INIMPUTABILIDADE DA REDE

Ao redigir os dez Princípios para a Governança e Uso da Internet, o Comitê Gestor


da Internet no Brasil definiu o princípio da “inimputabilidade da rede” como
aquele que determina que “o combate a ilícitos na rede deve atingir os
responsáveis finais e não os meios de acesso e transporte, sempre preservando
os princípios maiores de defesa da liberdade, da privacidade e do respeito aos
direitos humanos.”

Interferências governamentais diretamente na camada de infraestrutura da rede são


típicas de países autoritários. É legítimo o pleito de que mais recursos sejam
utilizados para auxiliar as investigações criminais. No entanto, a solução para isso
não está na intervenção na camada de infraestrutura da rede com o
consequente bloqueio de sites, aplicativos e serviços na internet.
A AMPLA UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO WHATSAPP E O
IMPACTO DE SEU BLOQUEIO NA SOCIEDADE

Importante ferramenta para a conexão de mais de 100 milhões de pessoas (só


no Brasil).

A própria Justiça brasileira vem utilizando o aplicativo. Exemplo: para a


intimação de despachos ou de decisões judiciais e para o envio e a recepção de
mensagens, imagens, áudios, vídeos, documentos e/ou fotografias das partes e
advogados. Os tribunais estão regulamentando o uso por meio de Portarias. É
bem comum a utilização do App em juizados especiais cíveis. Na área
trabalhista, o WhatsApp ajuda inclusive em conciliações e na celebração de
acordos.
Indisponibilidade de
aplicativos em lojas on-line
▶ Decisão ordenando que lojas de aplicativos retirassem certas aplicações do
seu rol disponível para download.
Indisponibilidade de
aplicativos em lojas on-line
▶ Questão do anonimato.
▶ Possibilidade de identificação via IP. (Internet Protocol) Art. 15 MCI

▶ Privacidade.
▶ Como ficaria o direito à privacidade dos detentores dos aparelhos que teriam
seus aparelhos ”invadidos” para a retirada de aplicativos?
Fundamentos para o bloqueio:

▶ Poder geral de cautela – Youtube (2007)

▶ Marco Civil da Internet - Whatsapp

▶ Legislação eleitoral - Facebook


Fevereiro de 2015 – O início

▶ Juiz da Central de Inquéritos de Teresina/PI (no bojo da ação nº


0013872-87.2014.8.18.0140) determinou o bloqueio do WhatsApp
em todo o Brasil por descumprir ordens judiciais de entrega de
dados de usuários. Essa foi a primeira decisão de bloqueio
afetando o aplicativo, mas não chegou a ser implementada.
Posteriormente, essa decisão foi suspensa liminarmente pelo Eg.
Tribunal de Justiça do Piauí no Mandado de Segurança nº
2015.0001.001592-4.
Dezembro de 2015 – 1º bloqueio efetivo

Juíza da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo determinou o bloqueio do WhatsApp em


todo o Brasil como punição pelo descumprimento de ordens judiciais de acesso a dados de
usuários. A decisão foi tomada no processo de investigação de um homem que foi preso pela
Polícia Civil de São Paulo em 2013, acusado de latrocínio, tráfico de drogas e associação ao
Primeiro Comando da Capital (PCC). O bloqueio durou quase 12 horas.
Foi em investigações envolvendo esse homem que a Justiça solicitou ao Facebook (responsável pelo
WhatsApp) informações e dados de usuários do aplicativo. Como a empresa não atendeu as
solicitações, a juíza Sandra Regina Nostre Marques determinou que as operadoras de
telecomunicações bloqueassem os serviços do aplicativo WhatsApp em todo o Brasil por 48 horas.
Na ocasião, o desembargador Xavier de Souza, da 11ª câmara Criminal do TJ/SP, decidiu pelo
restabelecimento do WhatsApp, o que, posteriormente, foi confirmado pela 11ª câmara de Direito
Criminal da Corte.
Maio de 2016 – 2º bloqueio
▶ Foi determinado o bloqueio do aplicativo WhatsApp por 72 horas, em todo o
Brasil, pelo Juiz da Vara Criminal de Lagarto (SE), Marcel Maia Montalvão, em
razão do não cumprimento de decisão judicial anterior que requeria que o
aplicativo compartilhasse informações para auxiliar uma investigação criminal
relacionada a tráfico de drogas. O bloqueio foi suspenso após 24h pelo Tribunal de
Sergipe.
▶ O mesmo juiz chegou a determinar a prisão preventiva do vice-presidente do
Facebook na América Latina, o argentino Diego Dzoran. A prisão foi determinada
porque a empresa ignorou por três vezes os pedidos da Justiça para apresentar o
conteúdo de mensagens trocadas pelo aplicativo por investigados por tráfico de
drogas e crime organizado.
19 julho de 2016 – 3º bloqueio
Episódio final?
▶ A juíza Daniela Barbosa Assunção de Souza, da 2ª vara Criminal de Duque de
Caxias/RJ, determinou a imediata suspensão do aplicativo WhatsApp. Essa foi
a quarta decisão de bloqueio contra o aplicativo e a terceira a ser
efetivamente executada. O bloqueio foi suspenso após cerca de 4h.
▶ A decisão se deu em razão de o Facebook não cumprir determinação judicial
para interceptar mensagens compartilhadas pelo aplicativo para auxiliar
investigação policial (apesar de ter sido notificado três vezes).
▶ Após a primeira notificação, representante do Facebook informou por e-mail,
em inglês, que o WhatsApp não copiava ou arquivava mensagens
compartilhadas entre seus usuários. Além disso, fez cinco perguntas também
em inglês sobre a investigação em andamento.
Segundo a decisão, o Facebook desprezou as leis nacionais “tratando o país como uma
‘republiqueta’ com a qual parece estar acostumada a tratar. Duvida esta magistrada que
em seu país de origem uma autoridade judicial, ou qualquer outra autoridade, seja tratada
com tal deszelo”.

"Nem se deve entender que a quebra do sigilo e interceptação telemática do aplicativo


traria insegurança aos usuários, uma vez que a decisão judicial é sempre fundamentada,
específica e abarca usuários que estejam praticando crimes dentro do território nacional",
afirmou.

“As mensagens trocadas deverão ser desviadas em tempo real (na forma que se dá com
a interceptação de conversações telefônicas), antes de implementada a criptografia”.

"ora, a empresa alega, sempre, que não cumpre a ordem judicial por impossibilidades
técnicas, no entanto quer ter acesso aos autos e à decisão judicial, tomando ciência dos
supostos crimes investigados, da pessoa dos indiciados e demais detalhes da
investigação. O Juízo fica curioso em saber como estas informações auxiliariam os
representantes do aplicativo Whatsapp a efetivar o cumprimento de ordem judicial vez
que, segundo esta, o motivo dos reiterados descumprimentos, repita-se, são puramente
técnicos".
Efetividade de bloqueios

▶ Ineficiente
▶ Viabilidade técnica duvidosa.
▶ Uso de VPNs (virtual private network)
Impacto de bloqueios

▶ Medida desproporcional
▶ Violação a Liberdade de Expressão
▶ Prejuízo para economia Brasileira
▶ Desestimula a inovação
▶ Impacta livre iniciativa
▶ Extraterritorial
O bloqueio de aplicações de internet afeta não
apenas os negócios da empresa atingida, mas
também os de todos os usuários que utilizam a
aplicação em sua atividade profissional. Estudo
do instituto Brookings apontou que os bloqueios
do WhatsApp custaram 116 milhões de dólares
ao PIB brasileiro, por exemplo. Essas medidas
também abalam a confiança de investidores
para empreender e apoiar o desenvolvimento de
projetos de inovação no país.
Há medida alternativa em
caso de não fornecimento de
dados e comunicações?

Multa pecuniária?
Supremo Tribunal Federal

Liberdades de expressão e
comunicação + Privacidade
X
Segurança pública
ADIN 5527 – 13 de maio de 2016

▶ O Partido da República requereu a declaração de


inconstitucionalidade dos incisos III e IV do art. 12 do
Marco Civil da Internet, bem como a interpretação
conforme do art. 10, §2º, do MCI a fim de que seja
limitado o seu alcance aos casos de persecução criminal.
▶ Relatora MIN. ROSA WEBER
“Analisando as decisões acima mencionadas, é possível
identificar um padrão nas justificativas jurídicas utilizadas
pelos juízes. De fato, baseando-se nos artigos 10, §2º, e 12,
III, da Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014, também
conhecida como Marco Civil da Internet, os magistrados têm
ordenado a suspensão das atividades dos serviços de troca de
mensagens pela internet, sob o fundamento de que a empresa
responsável pelo aplicativo se nega a disponibilizar à
autoridade judiciária o conteúdo de mensagens privadas
trocadas por usuários submetidos a investigação criminal.”
DA CORRETA INTERPRETAÇÃO E
APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 10, 11
E 12 DO MARCO CIVIL DA
INTERNET
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou
administrativas, as infrações às normas previstas nos arts. 10
e 11 ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções,
aplicadas de forma isolada ou cumulativa:
III - suspensão temporária das atividades que envolvam os
atos previstos no art. 11; ou
IV - proibição de exercício das atividades que envolvam os
atos previstos no art. 11.
Parágrafo único. Tratando-se de empresa estrangeira,
responde solidariamente pelo pagamento da multa de que
trata o caput sua filial, sucursal, escritório ou estabelecimento
situado no País.
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de acesso a
aplicações de internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do
conteúdo de comunicações privadas, devem atender à preservação da
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou
indiretamente envolvidas.
§ 2o O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser
disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do art. 7o.

Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e


tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por
provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um
desses atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente
respeitados a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos
dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros.
As decisões judiciais que impõem o bloqueio de aplicativos não
podem ser baseadas no Marco Civil da Internet, uma vez que os
dispositivos utilizados, quais sejam, os artigos 10, 11 e 12, tratam
da “Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às
Comunicações Privadas”, apresentando mecanismos e medidas de
proteção à privacidade do usuário e sanções pelas infrações às
normas previstas estritamente nos arts. 10 e 11.

A intenção do legislador foi a de criar instrumentos para


proteger os dados e as comunicações dos usuários da rede e
não permitir o bloqueio de aplicativos por descumprimento de
ordem judicial.
As sanções constantes no artigo 12 devem ser aplicadas somente se o
provedor não respeitar os deveres dispostos nos artigos 10 e 11, ou seja,
caso nas atividades elencadas não ocorra a preservação da intimidade, da
vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente
envolvidas, bem como o respeito à legislação brasileira e aos direitos à
privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros.

Não existe no texto do Marco Civil da Internet qualquer previsão de


que as sanções do artigo 12 possam ser aplicadas em razão do
descumprimento de ordem judicial.
As sanções previstas nos incisos III e IV não autorizam o bloqueio
ou a total indisponibilização de sites ou aplicativos, mas apenas a
suspensão ou a proibição das atividades que envolvam os atos
previstos no artigo 11, que são a operação de coleta, o
armazenamento, a guarda e o tratamento de registros, de dados
pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de
aplicações de internet.

As atividades previstas no artigo 11 são realizadas exclusivamente


na camada de conteúdo da internet e nunca na camada de
infraestrutura da rede. Logo, é equivocado entender que essas
sanções autorizam alguma interferência na infraestrutura da rede
brasileira.
Compreendidos dessa forma, os
artigos 10 e 12 do Marco Civil
são em sua integralidade
constitucionais.
ADPF 403 – 3 de maio de 2016

O PARTIDO POPULAR SOCIALISTA ajuizou a ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL contra decisão do Juiz
da Vara Criminal de Lagarto (SE), Marcel Maia Montalvão, nos autos do Processo
nº 201655000183, que bloqueou o aplicativo de comunicação WhatsApp.
Pede “EM PROVIMENTO FINAL E DEFINITIVO, que seja julgado o presente
pedido de arguição de descumprimento de preceito fundamental, para reconhecer a
existência de violação ao preceito fundamental à comunicação, nos termos do
art. 5º, inciso IX, com a finalidade de não mais haver suspensão do aplicativo de
mensagens WhatsApp por qualquer decisão judicial;”
ADPF 403 – 3 de maio de 2016

▶ Discute se há violação ao preceito fundamental


da liberdade de comunicação quando o bloqueio
de aplicativos de mensagens é determinado.
▶ Rel. Min. Edson Fachin
Fundamento na Constituição Federal

▶ Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
▶ IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença;
Audiência Pública - STF

▶ Audiência Pública Simultânea Convocada para Discutir


Aspectos dos artigos 10 e 12, III e IV, da Lei nº 12.965/2014
– Marco Civil da Internet (ADI 5.527, Rel. Min. Rosa
Weber) – e a Suspensão do Aplicativo WhatsApp por
Decisões Judiciais no Brasil (ADPF 403, Rel. Min. Edson
Fachin)
▶ Dias 2 e 5 de junho de 2017
Criptografia de ponta-a-ponta

O que o WhatsApp diz?

“Messages between WhatsApp users are protected with an end-to-end


encryption protocol so that third parties and WhatsApp cannot read
them and so that the messages can only be decrypted by the recipient. All
types of WhatsApp messages (including chats, group chats, images,
videos, voice messages and files) and WhatsApp calls are protected by
end-to-end encryption. WhatsApp servers do not have access to the
private keys of WhatsApp users, and WhatsApp users have the option to
verify keys in order to ensure the integrity of their communication.”

https://www.whatsapp.com/security/
A criptografia é um importante instrumento para garantir segurança e
privacidade nas comunicações, sendo amplamente utilizada nos mais
diversos setores.

Protege os mais diversos interesses, como, por exemplo, transações


comerciais, serviços bancários, nossos dados que circulam na rede e
também nossos direitos fundamentais (como a privacidade e a liberdade
de expressão)

Mostra-se equivocado impedir a utilização de criptografia


ponta-a-ponta ou impor a colocação de backdoors, devendo ser
considerados outros instrumentos para a obtenção de informações em
investigações criminais.
Nenhum país pode impedir a implantação de criptografia
ponta-a-ponta em aplicativos. As pessoas vão continuar desenvolvendo
aplicativos que utilizam criptografia e, por meio da Internet, essas
ferramentas serão rapidamente baixadas pelas mais diversas pessoas
em todo o mundo.

Trata-se de um debate que envolve segurança versus segurança e não


“privacidade versus segurança”. Uma criptografia forte promove uma
maior segurança para a população e as instituições.

Uma backdoor destruiria a confiança dos usuários no WhatsApp, pois


ele estaria violando o compromisso de não ser capaz de ler as
mensagens.
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS QUE CONDENAM O BLOQUEIO
DE APLICATIVOS E SITES

- Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969


Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão
“3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o
abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.”

- Resolução sobre a promoção, a proteção e o gozo dos direitos humanos na Internet, de 27 de


junho de 2016, do Conselho de Direitos Humanos da ONU: “Condena inequivocamente
medidas que intencionalmente impeçam ou interfiram no acesso ou disseminação da
informação online por violação aos direitos humanos internacionais e conclama os
Estados a abdicarem e cessarem tais medidas;”
Em Relatório de 06 de setembro de 2016, David Kaye (Relator Especial
para a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão)
menciona o Brasil, junto de países como República Democrática do
Congo, Burundi, Índia, Bangladesh e Paquistão, como lugar onde a
Internet e serviços de mensagem foram bloqueados.

“The blocking of Internet platforms and the shutting down of


telecommunications infrastructure are persistent threats, for even if they
are premised on national security or public order, they tend to block the
communications of often millions of individuals. In a joint declaration in
2015, United Nations and regional experts in the field of freedom of
expression condemned Internet shutdowns (or “kill switches”) as
unlawful.”
Relatório OEA: Estándares para una Internet Libre, Abierta e Incluyente (2017)

La Relatoría Especial ha observado con preocupación cómo algunos países de la región han
recurrido al bloqueo de sitios web o aplicaciones específicos por diferentes razones e incluso bajo
orden judicial, con poca o ninguna consideración a las consecuencias de tales medidas sobre el
derecho a la libertad de expresión en línea.

La Declaración conjunta sobre libertad de expresión e Internet, el bloqueo o suspensión obligatoria


de sitios web enteros o generalizados, plataformas, conductos, direcciones IP, extensiones de
nombres de dominio, puertos, protocolos de red o cualquier tipo de aplicación, así como medidas
encaminadas a eliminar enlaces (links), datos y sitios web del servidor en los que están alojados,
constituyen una restricción que solo será excepcionalmente admisible en los estrictos términos
establecidos en el artículo 13 de la Convención Americana.

Los tribunales brasileños, por ejemplo, han ordenado el bloqueo de Whatsapp debido a que la
empresa no habría cumplido con órdenes judiciales que solicitan acceso a la comunicación entre los
usuarios y los datos del usuario.
PROTEÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL À
LIBERDADE DE EXPRESSÃO

CONFIRMAÇÃO DA POSIÇÃO PREFERENCIAL DA


LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

A própria Lei debatida na ADIN e na ADPF, o Marco Civil da


Internet, de forma ostensiva, elege a liberdade de expressão
como valor a guiar a sua interpretação e aplicação.
Projetos de Lei e
aspectos internacionais
PL 5204/2016
PLS 169/2017
Se o objetivo é bloquear aplicações nas quais ocorram crimes, o projeto
vai bloquear as principais redes sociais, sites de vídeos e aplicações do
País.

É importante diferenciar o ato ilícito cometido pelo usuário da


plataforma da ilicitude da plataforma em si.

O Marco Civil da Internet possui regime de responsabilidade e remoção


de conteúdo que vem sendo aplicado pelos tribunais, com destaque
para o Superior Tribunal de Justiça.
MCI :: Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o
provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário.

Art. 19. (...) § 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a
direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a liberdade de
expressão e demais garantias previstas no art. 5o da Constituição Federal.

Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros será
responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem
autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de
nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo
participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo.
O debate nacional sobre bloqueios está pendente de decisão no STF.

Projeto de Lei no Senado (PLS200/2016) vai em sentido diametralmente


contrário.
PLS 200/2016

Autoria Sen. José Medeiros


Parecer pela aprovação (CCT) Sen. Aloysio Nunes
Debate internacional: várias formas de bloqueio são questionadas por
especialistas (DNS, IP)

Na Europa, diferentes condições para o bloqueio demandam


uniformização. Resistências à decisão do Tribunal de Justiça Europeu?
Após uma decisão do Tribunal de Justiça Europeu que, em 2014, permitiu o bloqueio de sites como forma de
lutar contra as violações dos direitos autorais, "houve grandes objeções a este desenvolvimento introduzido
pelo TJCE; especialmente os tribunais alemães inferiores se recusaram a seguir a liderança do TJCE devido à
limitada eficácia das medidas de bloqueio, que podem representar um problema no nível dos direitos
humanos, em termos de proporcionalidade e transferência de poder judicial para provedores".
"Das técnicas que consideramos mais efetivas, apenas o bloqueio baseado na Inspeção profunda de pacotes
(DPI) parece oferecer um nível de granularidade em que o bloqueio não seria uma grande preocupação. O uso
do DPI não é, no entanto, sem risco, pois levanta questões de privacidade e é extremamente complicado de
implementar com base em tecnologias atuais. O bloqueio de DNS talvez ofereça uma opção mais simples e
menos dispendiosa, mas é provável que seja totalmente efetivo somente até DNSSEC ser implementado,
portanto, talvez não seja uma solução de longo prazo. O bloqueio do endereço IP simplesmente não é
suficientemente granular e a facilidade com a qual pode ser contornada sugeriria que não é um candidato
técnico adequado. O bloqueio de URL é atualmente usado, mas seu alcance limitado e facilidade de evasão
sugerem que, na melhor das hipóteses, é um papel complementar ao lado do bloqueio de DNS ".
1.É importante distinguir entre o ilícito cometido pelo usuário da plataforma e a ilicitude
da plataforma em si.

2.Para os casos de ilícitos cometidos por usuários, o Marco Civil já dispõe de


mecanismos para responsabilização e remoção de conteúdos.

3.O debate sobre bloqueio de aplicações se encontra pendente de decisão no STF.


Projetos contraditórios no Senado.

4.Juízes podem determinar o bloqueio de sites, como medida extrema, se valendo do


poder de cautela, que deve ser proporcional.
www.itsrio.org

www.facebook.com/ITSriodejaneiro

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