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Tensão de Cisalhamento

Esses esforços geralmente ocorrem em elementos como junções por pinos,


parafusos ou rebites. Os modos de falha mais comuns decorrentes dessas
solicitações são cisalhamento puro do elemento de conexão, falha por
esmagamento destes elementos de ligação ou do material circundante, ou
rasgamento do material em torno do elemento de conexão

Figura 1: Cisalhamento e a área de seção a ser cortada.


Observação:
Para saber se a força aplicada gera cisalhamento basta lembrar

Cisalhamento Puro
O cisalhamento puro ocorre em situações nas quais a flexão não está presente. Um
exemplo clássico é de uma tesoura que é um elemento projetado para produzir
cisalhamento puro no material a ser cortado. A Figura 1 mostra uma condição de
cisalhamento puro e uma condição em que ocorre a solicitação combinada de
cisalhamento e flexão (NORTON, 2013).

A Figura 1, a peça de trabalho está apertada contra os mordentes que impedem seu
movimento e a lâmina de corte não possui qualquer folga. Logo, as duas forças F
estão ao mesmo plano e não há qualquer momento. Isso proporciona uma condição
de cisalhamento puro sem flexão.
A Figura 1 (b) mostra a mesma peça, porém com um espaçamento entre a lâmina
de corte e o corpo a ser cortado. Esse fenômeno cria um momento, tornando o par
de força F em um binário e assim flexionando a peça, em vez de apenas cisalhá-la
diretamente. Embora seja difícil criar uma situação em que o cisalhamento puro seja
o único carregamento, obviamente, as tensões de cisalhamento serão significativas
Figura 2: (a) Cisalhamento puro e (b) Cisalhamento por flexão.

Caso a folga entre as duas lâminas ou superfícies de corte seja mantida próxima de
zero, neste caso, há ocorrência de cisalhamento puro sendo seu valor estimado com
base na tensão média resultante na face de cisalhamento.
𝑄
𝜏=
𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒
Onde:

𝜏: 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑄: 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒

Geralmente os cálculos de tensão de cisalhamento média são utilizados utilizado


para estimar grosseiramente as dimensões de parafuso ou de pinos, as tensões de
cisalhamento máximas são sempre maiores que os valores médios, porque a
distribuição de tensões de cisalhamento reais é não-uniforme no plano de
cisalhamento. Sendo normalmente a tensão cisalhante a principal causa para a falha
de um parafuso. A Figura 3 mostra os principais esforços atuantes em uma junta
parafusada, onde pode-se observar que a medida que a estrutura é comprimida
fazendo a união, devido ao principio da ação e reação o parafuso se estica. A Figura
3 (b) mostra um parafuso cisalhado.

(a) (b)

Figura 3: Forças atuantes em parafusos.


Tensões de Esmagamento

Um pino articulado, pode falhar de diversas formas além de cisalhamento


puro. As superfícies cilíndricas laterais do pino e dos furos são passíveis de
ocorrência de falha devido ao esmagamento e ao rasgamento provocado pela
superfície do pino em contato direto com o furo.

A tensão de esmagamento tendem a esmagar o furo em vez de cisalhar o


pino tendo por natureza uma tensão normal de compressão.
Para auxiliar o desenvolvimento das equações para tensões de
esmagamento devidas ao carregamento transversal, será empregado a Figura 4 que
mostra os esforços atuando em um pino de manilha onde fica evidente nas partes
as áreas comprimidas para uma furo.

Figura 4: Forças atuantes em parafusos.

𝑄 𝑄
𝜎= =
𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑡
Onde:
𝜎𝑑 − 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 = [𝑃𝑎];
𝑄 − 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎 = [𝑁];
𝑑 − 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 [𝑚];
𝑡 − 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 = [𝑚];

Mais de um elemento de fixação

Para o caso de mais de um elemento estar submetido a cisalhamento, utiliza-se o


somatório das áreas das secções transversais para o dimensionamento. Se os
elementos possuírem a mesma área de secção transversal, basta multiplicar a área de
secção transversal pelo número de elementos (n).
Desse modo a tensão de cisalhamento e a pressão de contato tem-se:

𝑄
𝜏=
(𝑛)𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑄 𝑄
𝜎= =
𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 (𝑛)𝑑𝑡

𝜎𝑑 − 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜 = [𝑃𝑎];


𝑄 − 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎 = [𝑁];
𝑑 − 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 [𝑚];
𝑡 − 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎 = [𝑚];

𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑎𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒


𝑛 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑥𝑎çã𝑜
Exercício
Ex. 1- Determinar a tensão de cisalhamento que atua no plano A da figura.

Decompondo a força Q

Resolução

A tensão cisalhante na estrutura é dado por:

Q
=
A
300.103 cos 30
= = 10MPa
200(10−3 )120(10−3 )
2- O conjunto representado na Figura é formado por:
1) – Parafuso sextavado M12;
2) – Garfo com haste de espessura 6 mm.
3) Arruela de pressão.
4) Chapa de aço ABNT 1020 espessura 8m.
5) Porca M12.

Supor que não haja rosca no parafuso, nas regiões de cisalhamento e esmagamento a
carga Q que atuará no conjunto é de 6 kN. Determinar.
a) A tensão de cisalhamento atuante do pino
b) A pressão de contato na capa intermediária
c) A pressão de contato nas hastes do garfo.

Conforme nomenclatura o parafuso M12 tem diâmetro de 12 mm.

a) Nesse caso são duas seções do pino que resistem ao cisalhamento, então, o
cálculo realizado deve-se considerar duas áreas.

Resolução

A tensão cisalhante na estrutura é dado por:


𝑄
𝜏=
(2)𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒

Como o pino possui seção circular, tem-se que para o diâmetro de 12 mm o


raio é 6 mm:

𝐴 = 𝜋𝑅2 = 𝜋(0,006)2 = 1,131(10−4 )𝑚2

6(103 )
𝜏= −4
= 26,525(106 ) = 26,525𝑀𝑃𝑎
(2(1,131(10 )))

b) A pressão de contato na chapa intermediária

Resolução

A pressão de contato na chapa intermediária tende a alargar o furo da chapa


𝑄 𝑄
𝜎= =
𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑡
Desse modo, tem-se:

𝑄 6000
𝜎= = = 62500000𝑃𝑎 = 62,5𝑀𝑃𝑎
𝑑𝑡 (0,012)(0,008)

c) A pressão de contato na haste do garfo

Resolução

A pressão de contato no garfo intermediária tende a alargar o furo do garfo são


suportadas em duas regiões da figura, desse modo:
𝑄 𝑄
𝜎= =
2𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 2𝑑𝑡
Desse modo, tem-se:

𝑄 6000
𝜎= = = 41666666,67𝑃𝑎 = 41,66𝑀𝑃𝑎
𝑑𝑡 2(0,012)(0,006)

3- Projetar a junta rebitada para que suporte uma carga de 125 kN aplicada conforme
a figura. Ajunta deverá contar com 5 rebites. 𝜏: = 105MPa; 𝜎 = 225MPa; tch = 8mm
(espessura das chapas).

Resolução

Para o projeto deve-se projetar o pino para suportar tanto a tensão cisalhante quanto a
pressão de contato, para isso deverá se adotar o maior diâmetro no cálculo.

Cálculo da tensão cisalhante:

O Rebite é cortado em apenas uma única seção com 5 pinos


𝑄
𝜏=
(𝑛)𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒

6
125(103 )
105(10 ) =
(5)(𝜋(𝑟 2 ))

2
125(103 )
𝑟 =
(5)(𝜋(105(106 )))
𝑟 2 = 7,5788(10−5 )
𝑟 = 8,70(10−3 )𝑚
𝑑 = 2𝑟 = 2(8,70) = 17,40𝑚𝑚
Cálculo da pressão de contato:

𝑄 𝑄
𝜎= =
𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 (𝑛)(𝑑)(𝑡)

125(103 )
6
225(10 ) =
(5)(𝑑)(0,008)
3)
125(10
𝑑= = 0,01388𝑚
(5)(225(106 ))(0,008)
𝑑 = 13,88 𝑚𝑚

Desse modo devemos adotar um diâmetro superior ao 17,40 mm para resistir


aos dois carregamentos.
4 – Projetar a junta rebitada para que suporte a carga de 100 kN aplicada conforme a
Figura.

𝜏 = 105𝑀𝑃𝑎 (𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜)
𝜎𝑑 = 280𝑀𝑃𝑎 (𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜)
𝑡𝑐ℎ = 10𝑚𝑚 (𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎)
𝜎 = 140 𝑀𝑃𝑎 (𝑇𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎)
A junta contará com 8 rebites

Resolução

Embora a chapa tenha 8 rebites a chapa intermediária que está provocando o


cisalhamento está dividida em duas partes, então apenas 4 rebites estão segurando a
estrutura contra o cisalhamento, Outra observação importante é que existe duas seções
de corte.
Cálculo da Tensão cisalhante

𝑄
𝜏=
(𝑛)𝐴𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑛𝑡𝑒

6
100(103 )
105(10 ) =
(4)(2)(𝜋(𝑟 2 ))

2
100(103 )
𝑟 =
(4)(2)(𝜋(105(106 )))

𝑟 2 = 3,789(10−5 )
𝑟 = 6,155(10−3 )𝑚
𝑟 = 6,155𝑚𝑚 ou 𝑑 = 12,31𝑚𝑚

Cálculo da pressão de contato:

𝑄 𝑄
𝜎= =
𝐴𝑒𝑠𝑚𝑎𝑔𝑎𝑑𝑎 (𝑛)(𝑑)(𝑡)
100(103 )
280(106 ) =
(4)(𝑑)(0,010)
100(103 )
𝑑=
(4)(280(106 ))(0,010)
𝑑 = 8,928(10−3 )𝑚
𝑑 = 8,928𝑚𝑚

Portanto, que o diâmetro mínimo para que a estrutura suporte o cisalhamento é


de 12,31 mm, então esse deve ser o diâmetro máximo para suportar a estrutura.

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