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RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA VIGA ELÁSTICA, COM O USO DE EQUAÇÃO

DIFERENCIAL DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS.


Juliano André Cibulski1

Resumo
O presente artigo visa a discussão de um problema relacionado a engenharia civil, a viga elástica, com
o uso de equação diferencial de variáveis separáveis, utilizando a Teoria da Viga Elástica. Para isso, será
apresentado a modelagem da equação diferencial da linha elástica para viga, o conceito de equações
diferenciais e um exemplo de aplicação.
Será abordado também, a importância da compreensão da ferramenta matemática de manipulação de
equações diferenciais, bem como a forma que um problema da deflexão em vigas, pode ser resolvido a partir
do uso da equação diferencial de variáveis separáveis. Entre os problemas de engenharia mais comuns
resolvidos a partir das equações diferenciais, estão as aplicações em decaimentos radioativos, estudo de
resfriamento pela lei do resfriamento de Newton, estudo e modelagem dos elementos de eletricidade e estudo
do circuito RLC.
Palavras-chave: equação diferencial ordinária, variáveis separáveis, viga, engenharia civil.

Abstract
This article aims to discuss a problem related to civil engineering, the elastic beam, using a differential
equation of separable variables, using the Elastic Beam Theory. For this, the modeling of the differential
equation of the elastic line for the beam, the concept of differential equations and an application example will
be presented.
It will also be discussed the importance of understanding the mathematical tool for manipulating
differential equations, as well as how a problem of deflection in beams can be solved using the differential
equation of separable variables. Among the most common engineering problems solved from the differential
equations are applications in radioactive decays, study of cooling by Newton's cooling law, study and modeling
of electricity elements and study of the RLC circuit.
Keywords: ordinary differential equation, separable variables, beam, civil engineering.

Desenvolvimento
Na engenharia civil, uma das bases do conhecimento refere-se a mecânica dos sólidos, com estudo do
comportamento dos materiais, análises estruturais, resistência dos materiais e dimensionamento de estruturas,
devido a isso, é de extrema importância fazer uso de ferramentas matemáticas que auxiliem a modelagem de
tais comportamentos, e o entendimento da resistência e rigidez dos materiais envolvidos. O problema da viga
elástica está focado mais na rigidez em si do material. Melo (2009) cita que de acordo com o Conceito de
Rigidez de Décourt, a rigidez é a relação entre carga aplicada (Q) e o recalque (r) correspondente. Santos
(2011) complementa que essa característica envolve a capacidade de não deformação excessiva sobre a ação
de agentes externos.
A ferramenta matemática aplicada nesse artigo é a equação diferencial. De acordo com Santos (2011),
equações diferenciais são equações em que as incógnitas são funções e há envolvimento de uma derivada ou
mais, geralmente a função é representada por y(t), onde t é a variável independente e y é a variável dependente.
Existem diversos métodos de soluções a serem usados na análise de problemas, além de análises
computacionais complementares que envolvem a teoria matemática, o presente artigo se limitará ao método
da integração direta, que é aplicado em equações de variáveis separáveis. Abaixo o formato geral dessa
equação:

1
Estudante no curso de Bacharel em Engenharia Civil, em URI Câmpus de Erechim, 2021.
𝑑𝑦 𝑓(𝑥)
=
𝑑𝑥 𝑔(𝑥)
Uma das vantagens de se trabalhar com esse método é a possibilidade de separar as variáveis em duas
funções dependentes, uma dependente de x e outra, dependente de y. Segue um exemplo de equação diferencial
que utiliza a técnica da integração direta:
𝑑𝑦 𝑥2
=
𝑑𝑥 2𝑦
Primeiramente se separa em duas funções dependentes, após isso de integra as duas funções e isola-se
o y, onde c, é definido conforme a condição de contorno, caso haja. Conforme realizado a seguir:
2𝑦𝑑𝑦 = 𝑥 2 𝑑𝑥

∫ 2𝑦𝑑𝑦 = ∫ 𝑥 2 𝑑𝑥

𝑥3
𝑦2 = +𝐶
3
As condições de contorno, no caso das vigas, dependem da variável y, suas derivadas e também de
valores em alguns pontos da estrutura.
Figura 1 - Condições de contorno em uma estrutura

Fonte: “Aplicações de equações diferenciais em modelagem matemática para engenharia: a teoria da viga
elástica”, Deps et al, 2016.

Em meados do século XVII, Leonhard Euler e Daniel Bernoulli desenvolveram a Teoria da Viga
Elástica, utilizada nesse artigo. Essa teoria relaciona conceitos de geometria e cálculo diferencial e integral.
Para aplicação da teoria proposta, necessita-se de alguns conceitos preliminares, como a expressão que
representa a curvatura de um membro quando submetido a um momento fletor:
1 𝑀
𝑘= =
𝑟 𝐸𝐼
Sendo, “k” a curvatura, “r” o raio da curvatura, “M” o momento fletor, “E” o módulo da elasticidade
e I, o momento de inércia, Hibbeler (2000). Considerando o esquema abaixo:
Figura 2 - Curva elástica de uma viga

Fonte: “Aplicações de equações diferenciais em modelagem matemática para engenharia: a teoria da viga
elástica”, Deps et al, 2016.

1
Estudante no curso de Bacharel em Engenharia Civil, em URI Câmpus de Erechim, 2021.
Deduz se que ds = rdθ, aplicando ainda a aproximação permitida para pequenos ângulos de que θ =
tgθ, portanto, θ = dy/dx. Portanto, a equação diferencial da curva elástica é:
𝑑2 𝑦 𝑀
2
=
𝑑𝑥 𝐸𝐼
Portanto, considerando comprimento L = 3 m, carregamento q = 10 Kn/m, módulo de elasticidade E
= 21287 Mpa e seção retangular de 15 cm de largura por 30 cm de altura, pode se calcular a deflexão máxima
na viga.
Figura 3 - Viga utilizada para aplicação de solução mediante uso de equação diferencial de Variáveis Separadas

Para tal situação, o momento fletor é dado por:


𝑞𝑙 𝑞𝑥 2
𝑀= − 𝑥+
2 2
Aplicando a M na equação diferencial da curva elástica:
𝑞𝑙 𝑞𝑥 2
2
𝑑 𝑦 − 2 𝑥 + 2
2
=
𝑑𝑥 𝐸𝐼
𝑞𝑙 𝑞𝑥 2
𝐸𝐼 𝑑2 𝑦 = (− 𝑥+ ) 𝑑𝑥 2
2 2
Aplicando a integral em y uma vez, obtém-se:
𝑞𝑙 2 𝑞𝑥 3
𝐸𝐼 𝑑1 𝑦 = − 𝑥 + + 𝐶1
4 6
Para determinação da constante é necessário observar o comportamento da viga em questão, nesse
caso, a deflexão é máxima no meio do vão, quando x = L/2, chega-se a que C1 = qL3/24. Realizando as devidas
manipulações matemáticas e integrando novamente em função de y:
𝑞𝑙 3 𝑞𝑥 4 𝑞𝐿3
𝐸𝐼𝑦 = − 𝑥 + + 𝑥 + 𝐶2
12 24 24
Por observação, visto que quando x = 0, y = 0 o C2 = 0. Logo:
1 𝑞𝑥(𝐿3 − 2𝐿𝑥 2 + 𝑥 3 )
𝑦 = [ ]
𝐸𝐼 24
Substituindo os valores dados como exemplo, em x = L/2 (deflexão máxima), chega-se a momento
de inércia I = 3,375x10-7m4 e a deflexão máxima, representada por y é igual a 1,47 mm.
1 10.1,5(33 − 2.3. 1,52 + 1,53 )
𝑦 = [ ]
21287𝑥106 . 3,375x10−7 24

𝑦 = 1,47 𝑚𝑚
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Estudante no curso de Bacharel em Engenharia Civil, em URI Câmpus de Erechim, 2021.
Considerações finais
A matemática é uma ferramenta muito importante na resolução de problemas de engenharia, a
modelagem por equação diferencial demonstrada nesse artigo é um exemplo disso, a fórmula encontrada da
equação diferencial da linha elástica possui alta aplicabilidade em engenharia civil, visto que a partir dela é
possível encontrar a deflexão em qualquer ponto de qualquer viga submetida a um carregamento.

Referências
DEPS, Ana Clara et al. Aplicações de equações diferenciais em modelagem matemática para engenharia:
a teoria da viga elástica. 2016.
MELO, Barbara Nardi et al. Análise de provas de carga à compressão à luz do conceito de rigidez. 2009.
R.C. Hibbeler, Resistência dos Materiais, Terceira Edição, Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de
Janeiro, 2000.
SANTOS, Reginaldo J. Introdução as Equações Diferenciais Ordinárias. Belo Horizonte, 2011.

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Estudante no curso de Bacharel em Engenharia Civil, em URI Câmpus de Erechim, 2021.

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