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OS PROBLEMAS NA CEIA DO SENHOR

1 Coríntios 11.17-34

v.17 – Paulo já havia elogiado os coríntios anteriormente por observarem as tradições apostólicas (v.2);
mas agora, ele não poderia fazê-lo, pois ele fornece preceitos para corrigir os abusos na ceia do SENHOR
(v.34). Parece que quando eles se reuniam, não era para melhor, e sim para pior. As divisões entre os
membros (cf. 1.10-12) também se notavam nas reuniões. Na ekklesia secular, ou seja, na reunião dos
cidadãos para fins políticos, eles não escondiam suas divisões, e os cristãos coríntios se comportavam do
mesmo modo em uma série de questões quando se reuniam em sua ekklesia cristã.

v.19 – Foi somente quando surgiram divisões que puderam ser conhecidos os que eram aprovados por
Deus, ou seja, os que eram genuínos, ou literalmente, “os que passaram no teste”. (Cf. 2Co 2.9, em que os
genuínos são os que deram atenção às instruções apostólicas). As divisões separavam os fiéis à palavra de
Deus dos demais.

v.20 – A segunda razão pela qual Paulo não pode aceitar a conduta deles é que, quando eles se reúnem,
não é a ceia do SENHOR que estão comendo. Sem dúvida, isso foi uma surpresa para eles, mas Paulo
apresenta as razões da sua constatação.

v.21 – Não havia da parte de alguns respeito pelos demais. A palavra antecipadamente pode significar
fazer alguma coisa antes dos outros ou comer apressadamente a própria ceia durante a refeição.

v.22 – Tais ações resultavam na vergonhosa situação onde alguns ficavam com fome, enquanto outros
ficavam bêbados. Paulo então, faz três perguntas com a intenção de conscientizá-los da culpa por esse ato
vergonhoso. A primeira é se os que comiam e bebiam desordenadamente não tinham sua própria casa
onde pudessem comer e beber. A segunda é porque eles menosprezam a igreja, literalmente, a “reunião”
de Deus, uma vez que a igreja Lhe pertencia (cf. 1.2). A terceira pergunta é se a intenção deles é
humilhar os que literalmente nada têm, ou seja, os que não têm a proteção de um lar próspero em uma
época de crise como aquela em que havia fome (v. comentário de 7.26). Paulo certamente, não pode
endossar ou elogiar essa conduta indesculpável.

vv.23-25 – Paulo começa com um lembrete de que ele está repetindo a tradição que recebeu do SENHOR,
a qual ele repassou aos coríntios quando esteve com eles. Ele relata (repete) as palavras dos SENHOR
Jesus na noite em que foi traído. Os cristãos de Corinto deveriam partir o pão em memória da morte de
Jesus. Eles também deveriam beber do cálice em memória da nova aliança que Jesus ratificou em seu
sangue (cf. a ratificação da antiga aliança com sangue, em Êxodo, e a promessa de uma nova aliança, em
Jr 31.31, uma aliança que era para a bênção de todas as nações, Gn 12.3).

v.26 – A ceia do SENHOR anuncia a morte do SENHOR até a sua segunda vinda. Paulo repete as
palavras de Jesus para dar ênfase a Seus atos. Três fatos importantes: (1) Ele o faz para contrastar a
abnegação de Jesus em dar a Sua vida em benefício daqueles que, com suas ações egoístas, promovem
divisões no corpo, a igreja (cf. 10.17). (2) Ele se concentra no fato de alguns não compartilhavam o
alimento na ceia, a fim de mostrar quão generosa foi a ação de Jesus na cruz com respeito a eles. (3) Eles
estavam se comportando de forma egoísta até mesmo na cerimônia que Jesus instituiu na noite da Sua
traição que deveria servir para lembrar a Sua morte. Não seria o comportamento deles uma traição a
Jesus, cuja a ceia eles estavam comemorando?
v.28 – Todos devem auto examinarem-se antes de participar da ceia do SENHOR. Nessa circunstância em
especial, o que Paulo sugere é um auto exame relacionado às atitudes de um espírito partidário e a falta de
compaixão para com os que nada têm (v.22).

v.29 – O fato de não reconhecer o corpo de Cristo, ou seja, o corpo de cristãos (cf. 10.16), só pode
provocar o juízo pessoal.

v.30 – O juízo já ocorreu. Alguns estão espiritualmente fracos devido às suas ações, outros estão
enfermos e ainda outros foram levados pela morte. Isso aponta para importância enorme que Deus atribui
à Sua igreja e reflete a mesma atitude no AT de Sua parte de julgar e eliminar aqueles que ignoram o
compromisso com a unidade e as necessidades da comunidade cristã.

v.31 – Se eles julgassem as suas próprias ações evitariam o juízo divino.

v.32 – Para que os coríntios não pensem que o juízo de Deus é tão indiferente quanto o dos deuses
pagãos, ele os faz lembrar que a disciplina do SENHOR nesta vida tem sempre a intenção de corrigir (Hb
12. 4ss).

v.33 – A expressão assim, pois assinala a essência do que os coríntios são chamados a fazer. Quando eles
se reunirem para comer devem esperar uns pelos outros ou compartilhar sua refeição, pois o verbo
também tem esse significado.

v.34 – Aqueles que estiverem tão esfomeados, que não puderem esperar são orientados a comer em suas
próprias casas. Isso significa que eles deveriam se reunir não “para pior”, mas “para melhor” (cf. v.17).
Essa parece ser uma orientação provisória, pois Paulo promete lidar um pouco mais com questão quando
vier novamente a Corinto.

Essa declaração é por vezes tomada no sentido de que Paulo tenha suspendido a refeição
permanentemente e implantado um culto como o que celebramos hoje. É mais provável que a sua
intenção fosse erradicar os problemas e as atitudes implícitas que deram origem a eles.
É preciso não esquecer que alguns estavam passando por um período de fome (7.26) em que os “que nada
tinham” viviam em situação extremamente precária. Também vale apena refletir sobre o fato de que a
ceia do SENHOR só poderá ser autêntica quando os que dela participam o fazem com atitudes, com ações
para com os outros que sejam coerentes com a nobre atitude e as singelas ações de Jesus, doando-se a sim
mesmo (cf. 11.20).

Fonte: Comentário Bíblico “Vida Nova”. CARSON, D. A. São Paulo. Vida Nova, 2009. p.1772-74.

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