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A Ceia do Senhor na Igreja Primitiva

Jesus ensinou sobre o significado da Ceia para seus seguidores lembrarem a sua
morte na cruz (Mateus 26:26-29). Quando lemos a história da igreja primitiva e as
instruções apostólicas, encontramos várias referências que mostram que os
primeiros cristãos levaram a sério esse ensinamento. Os atos de partir o pão e beber
o cálice para lembrar o corpo e o sangue de Jesus faziam parte da prática das
igrejas desde o primeiro século.

A Ceia do Senhor é um ato de comunhão com o Senhor. Os comentários de Paulo


esclarecem vários fatos importantes. Ele destaca o Ceia como algo especial: “do
Senhor” (1 Coríntios 10:14-22). Em contraste com as práticas idólatras que
significam a comunhão com demônios, a participação do pão e do cálice
representam a participação da “mesa do Senhor” (1 Coríntios 10:21). A linguagem
de Paulo mostra que esta participação já se tornou geral entre os cristãos. Ele
estava em Éfeso quando escreveu a primeira epístola aos coríntios, e
disse: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do
sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?
Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque
todos participamos do único pão” (1 Coríntios 10:16-17).

Os cristãos primitivos se reuniram no primeiro dia da semana para partir o pão, uma
maneira de descrever sua participação da Ceia do Senhor (Atos 20:7). É
interessante observar neste contexto que a reunião não estava vinculada à data da
Páscoa, uma festa dos judeus, pois o texto claramente diz que foi depois dos dias
dos pães asmos (sem fermento), a época da Páscoa (Atos 20:6). O mesmo
versículo ajuda para entender que não foi uma celebração diária, pois chegaram na
cidade de Trôade e passaram uma semana antes desta reunião. Tendo somente
este exemplo que cita o dia, mostrando que os cristãos em Trôade se reuniram no
primeiro dia da semana para partir o pão, o caminho seguro é participar da Ceia todo
domingo, junto com a igreja. 1 Coríntios 16:2 mostra, também, que os discípulos
primitivos se reuniam no primeiro dia da semana, um fato apoiado por citações
históricas desde as primeiras décadas da era da igreja.

O apóstolo Paulo orientou a igreja em Corinto sobre estas reuniões nas quais
participavam da Ceia. Ele criticou e corrigiu atitudes e procedimentos errados, mas
ainda apoiou a prática da igreja se reunir para celebrar a Ceia (1 Coríntios 11:17-20).
Ele frisou a responsabilidade de cada cristão a se examinar quando participava,
porque é importante discernir o significado do corpo e sangue do Senhor. A Ceia é
uma celebração solene para lembrar do sofrimento de Jesus na cruz, e não deve ser
profanada por descuido dos participantes. Paulo disse: “Porque, todas as vezes
que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até
que ele venha. Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor,
indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o
homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come
e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1 Coríntios 11:26-29).

A palavra “indignamente”, usada nesse texto, está, frequentemente, mal-entendida.


Ela não descreve a dignidade da pessoa (ninguém é verdadeiramente digno da
comunhão com Cristo), mas a maneira digna de lembrar a morte de Cristo. A pessoa
que não leva a sério a Ceia do Senhor brinca com o sacrifício de Jesus e se
condena por não discernir o corpo do Senhor. Por isso, cada vez que participamos
da Ceia, devemos meditar na morte de Jesus. Paulo mostrou, também, uma
diferença importante entre a Ceia do Senhor, que foi tomada na reunião da igreja, e
as refeições comuns, que foram tomadas nas casas particulares dos cristãos (1
Coríntios 11:20-22).

A Ceia do Senhor é uma simples, mas profunda, declaração da fé dos cristãos na


eficácia do sacrifício de Jesus e na certeza da salvação que ele oferece. Por isso, na
celebração da Ceia, anunciamos “a morte do Senhor, até que ele venha” (1
Coríntios 11:26).

-por Dennis Allan

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