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PNLD-EJA-2014_cp_sm_v3_anos iniciais_educador.

pdf 1 07/11/2013 10:10:53

Manual do Educador
mais
Ser

ISBN 978-85-427-0096-1
Manual do Educador
Ari Herculano de Souza
Licenciado em História e Geografia pela UNISAL. Especialização em Filosofia pela
PUCPR. Professor do Ensino Fundamental e Médio.
Cilé Terezinha Toledo Ogg
Licenciada em Geografia pela UFPR. Especialização em Educação de Jovens e
Adultos PUCPR. Professora e Coordenadora de Geografia do Ensino Médio-PR.
Ezenir Gabardo
Licenciada em Língua Portuguesa pela PUCPR. Especialização em Ensino de Língua
Portuguesa UTP. Professora de EJA da Educação Básica.
Lia Kucera
Licenciada em História Natural pela PUCPR. Professora do Ensino Fundamental e
Médio. Professora de EJA.
Maria Cristina Müller
Licenciada em Artes Plásticas pela FAP. Especialização em metodologia do Ensino
da Arte e Ensino Superior – IBPEX. Professora de EJA da Educação Básica.
Roseli Machado
Licenciada em Ciências Biológicas pela UFPR. Especialização em Educação Am-
biental. Professora do Ensino Fundamental e Médio.
Salete P. Andrade
Licenciada em Matemática pela PUCPR. Especialização em Educação Matemática
na sala de aula virtual PUCPR. Professora do Ensino Fundamental.
Valda Marcelino Tolkmitt
Licenciada em Educação Física pela UFPR. Especialização em esporte para todos.
Professora de Ensino Fundamental e Médio.

1ª edição
Curitiba
2013

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Dados para catalogação
Bibliotecária responsável: Luciane Magalhães Melo Novinski
CRB 1253/9 – Curitiba, PR
Ser mais : anos iniciais, 4º e 5º ano : educação de jovens e adultos, volume 3
: manual do educador / Ari Herculano de Souza, Cilé Terezinha Toledo Ogg, Ezenir
Gabardo... [et al.] ; ilustrações Ivan Sória Fernandez. — Curitiba : Base Editorial, 2013.
512 p. : il. col. ; 28 cm

ISBN: 978-85-427-0095-4 (Aluno)


ISBN: 978-85-427-0096-1 (Educador)
Inclui bibliografia.

2. Língua portuguesa (Ensino fundamental) – Estudo e ensino. 2. Matemática


(Ensino fundamental) – Estudo e ensino. 3. História (Ensino fundamental) – Estudo
e ensino. 4. Geografia (Ensino fundamental) – Estudo e ensino. 5. Ciências (Ensino
fundamental) – Estudo e ensino. 6. Arte (Ensino fundamental) – Estudo e ensino.
7. Educação de jovens e adultos. I. Título.

CDD (20ª ed.) 374.012

Ser mais – Volume 3


Copyright – Ari H. de Souza; Cilé Terezinha Toledo Ogg; Ezenir Gabardo; Lia Kucera; Maria Cristina Müller;
Roseli Machado; Salete P. Andrade; Valda Marcelino Tolkmitt
2013

Ficha técnica
Conselho editorial Aline Tavares
Mauricio Carvalho Belquís R. Drabik
Renato Guimarães Jéssica C. Ortiz
Dimitri Vasic Antonio Sevilha
Jorge Yunes
Tratamento de imagens
Marco Stech
Solange Eschipio
Mauro Bueno
Silvia Massini Licenciamento de textos
Célia de Assis Luiz Fernando Bolicenha
Valdeci Loch Mariana de Oliveira e Silva Castro

Gerência editorial Projeto gráfico e Capa


Eloiza Jaguelte Silva Paulo de Oliveira Franco

Coordenação de produção editorial Editoração


Osmarina F. Tosta Cézar A. Guariente

Imagem da capa
Editor
© sonya etchison/Fotolia.com
Carmem Lucia Gabardo
Revisão comparativa
Revisão Lucy Myrian Chá
Gilberto Girardello Filho
Juliana M. Gusso Rosado Finalização
Juliana Dias Marline Meurer Paitra (Coord.)
José Cabral Lima Júnior
Iconografia Patricia Librelato Rodrigues
Ana Cláudia Dias (Coord.) Solange Eschipio

Base Editorial Ltda.


Rua Antônio Martin de Araújo, 343 • Jardim Botânico • CEP 80210-050
Tel.: (41) 3264-4114 • Fax: (41) 3264-8471 • Curitiba • Paraná
www.baseeditora.com.br • baseeditora@baseeditora.com.br

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Apresentação

Educação, uma via necessária.

O que isso quer dizer? Significa que aprender a ler


e a escrever o mundo e sobre o mundo é imprescindível
quando vivemos numa sociedade que difunde e registra por
meio de muitas linguagens suas ideias e seus valores.

É preciso ler nas linhas e entrelinhas para que possa-


mos compreender nossos direitos e deveres, a importância
das decisões coletivas e o caminho mais justo para o bem-
-estar de todos. Neste livro, você encontrará textos, infor-
mações e atividades que objetivam a ampliação do domínio
das linguagens e da compreensão das relações culturais e
sociais.

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Sumário
Identidade
Unidade 1 Os seres humanos e
o ambiente
Unidade 2 social: formas de
participação
A percepção e a construção do nosso Linguagens carregam mensagens.......... 22
espaço .................................................. 8 Publicidade ................................................. 22
A arte de ser feliz ......................................... 8 Jovens descobridores .................................... 22
Marambaia ................................................... 14 Tocando em frente ........................................ 29
Imagem do deserto ....................................... 17 Bola de meia, bola de gude ........................... 33

A percepção do artista.......................... 70 Diferentes linguagens regionais ............ 78


Elementos do ambiente na arte ..................... 70 Manifestações folclóricas.............................. 78
Intervenção urbana....................................... 74 Década de 1970 e a música no Brasil ............ 80

Nossa identidade humana................ 100 Organizações sociais........................................ 118


Identidade Construída .......................... 100 Primeira organização.................................. 118
O ser humano se identifica pelo A família e sua organização ........................ 126
trabalho................................................ 104 Mudanças na sociedade brasileira .............. 132
O trabalho modifica o mundo ............... 110

Ambiente Terra ................................................ 174 Como, por que e para que


Clima: fascínio e preocupações .................. 174 participar? ....................................................... 196
Tempo e clima: qual é a diferença? ............. 176 Identidade social ........................................ 196
Brasil: um só país... diversos tipos climáticos 180 Mensurar a qualidade de vida promove o
Água, riqueza líquida ................................. 184 desenvolvimento humano? ......................... 198
Nossas bacias hidrográficas ........................ 188 Quantos anos vou viver? ............................. 201
Vegetação brasileira: um mundo de Uma visão contemporânea da velhice ........ 205
diversidades ............................................... 190

O ser humano: que bicho é esse? ...................... 246 Relação homem/natureza ............................... 266
Conexões entre sistemas ............................. 246 Recursos naturais........................................ 267
Movimentando ossos e músculos ................ 250 A ecologia entra na moda ........................... 269
Ser humano: muito além do biológico... ..... 262

Das pedrinhas aos bilhões ................................ 298 As formas geométricas no cotidiano ................. 322
Os números também têm história................ 300 Ângulo ....................................................... 322
Sistema de numeração decimal .................. 302 Retas paralelas e perpendiculares ............... 327
Operações e resolução de problemas ......... 309 Formas planas e não planas ........................ 329
Poliedros .................................................... 336
Prismas e pirâmide ..................................... 338

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Sumário

Diversidade cultural Relações sociais,


Unidade 3 – a sociedade
brasileira
Unidade 4 culturais e de
produção
Trabalho, educação e qualidade de O homem transforma o mundo ............ 54
vida ...................................................... 38 Cartum ......................................................... 54
O trabalho do educador Paulo Freire ............ 38 Caverna........................................................ 56
Autobiografia ............................................... 40 O cotidiano do trabalhador .................. 60
O mundo... .................................................. 43 O padeiro ..................................................... 60
Terra viva...................................................... 45
Os estatutos do homem ................................ 50 Plebiscito ..................................................... 64

Manifestações artísticas da cultura A música – um fenômeno social............ 90


brasileira .............................................. 86 A música clássica ......................................... 90
A música, o tempo e o som ........................... 86
Melodia, harmonia e ritmo ........................... 88

Estrutura politico-administrativa brasileira ...... 138 O Brasil República ........................................... 154


Assim começou nossa história .................... 138 República Velha ......................................... 154
O nascimento de uma nação ...................... 143 Industrialização e movimentos operários .... 158
O império brasileiro ................................... 148 Brasil: de 1930 aos dias atuais .................... 161
Brasil dos cidadãos ..................................... 167

Diferentes pessoas, diferentes culturas ............ 212 Um povo impulsiona a produção...................... 228
Migrações internas ..................................... 212 O trabalho .................................................. 228
Sociedade brasileira: exemplo de Parcerias: trabalho, industrialização e
pluralidade ...................................................213 desenvolvimento ........................................ 231
O Brasil da diversidade cultural é o mesmo Mulher também combina com
Brasil da desigualdade social? ..................... 215 sustentabilidade ......................................... 235
Aspectos contraditórios da desigualdade Globalização: Benefícios ou não ................ 243
brasileira: favelas e tecnopolos ................... 219

Terra: um planeta único ................................... 274 Construindo conhecimentos ............................ 288


A temperatura terrestre ............................... 277 Nossa origem ............................................. 288
Água .......................................................... 280 Ser humano: um ser que produz ................. 290
Biodiversidade ........................................... 283

Terços, quintos... ............................................ 350 Números decimais e medidas ........................... 376


Fração ........................................................ 350 Números decimais...................................... 376
Aplicações dos números decimais .............. 387

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Sumário

Lingua portuguesa ............................. 7

Arte ..................................................69

História ..........................................99

Geografia........................................173

Ciências ..........................................245

Matemática ....................................297

Referências .....................................397

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© Vinicius Tupinamba/Fotolia.com
Os seres
humanos
Unidade
1 eo
ambiente
Nesta unidade, você vai refletir sobre as diferentes formas de interpretar e agir no
mundo. Ler sobre as coisas simples que povoam nosso cotidiano e as consequên-
cias da ação humana sobre o ambiente.

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Professor, na roda de conversa discuta com os educandos o título da unidade e o título que precede o texto que
será lido. No trabalho com leitura de textos, é preciso explicitar a intenção do autor trabalhando as condições
de produção do texto: o momento histórico, a intenção da produção e a que interlocutor se destina o texto. É

A percepção e a construção do nosso


importante que o aluno reflita sobre a organização do texto escrito e perceba-o como o resultado

espaço de escolhas temáticas e estruturais feitas pelo autor. Essas diferentes escolhas (tema e estrutura)
apontam as diversas formas de ver e pensar a realidade e, principalmente, possibilitam que o leitor
elabore o próprio discurso e possa concordar ou discordar daquilo que lê. Importante considerar que
o texto em prosa, escrito por Cecília Meireles, grande escritora brasileira, utiliza linguagem poética
Roda de conversa e figuras de linguagem que estimulam nossa imaginação na composição de
quadros mentais.

Diferentes são as formas de ver o mundo. A maneira como cada um vê seu es-
paço e interpreta sua vida é singular.
Você costuma olhar pela janela? Observar o seu jardim? Quais são as suas ex-
pectativas em relação à vida?
O que o título “A arte de ser feliz” lhe sugere?

Leia a crônica seguinte:

A arte de ser feliz


[...] Houve um tempo em que mi-
nha janela se abria sobre uma cidade que
parecia feita de giz. Perto da janela havia
um pequeno jardim quase seco. Era uma
época de estiagem, de terra esfarelada, e o
jardim parecia morto. Mas todas as manhãs
vinha um pobre homem com um balde, e,
em silêncio, ia atirando com a mão umas
gotas de água sobre as plantas. Não era
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

uma rega: era uma espécie de aspersão ri-


tual, para que o jardim não morresse. E eu
olhava para as plantas, para o homem, para
as gotas-d’água que caíam de seus dedos
magros, e meu coração ficava completa-
mente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes encon- DALÍ, Salvador. Muchacha en la ventana. 1925.
tro nuvens espessas. Avisto crianças que Óleo sobre cartão, 105 cm x 74,5 cm. Museo Nacional
vão para a escola. Pardais que pulam pelo Centro de Arte Reina Sofía, Madrid.
muro. Gatos que abrem e fecham os olhos,
sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no
8 espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope

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Professor, trabalhe com os objetivos do gênero crônica.

de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo,
no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar,
para poder vê-las assim.
(MEIRELES, Cecília. A arte de ser feliz. In:______. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958)

GLOSSÁRIO

Jasmineiro – pé de jasmim.
Espessas – robustas, densas.
Lope de Vega – dramaturgo espanhol autor de muitas obras. Foi o fundador da comédia espanhola
e escreveu, durante sua vida, mais de 400 comédias.
Aspersão – ato ou efeito de aspergir; borrifar ou respingar com gotas de água ou de outro líquido;
orvalhar.

Crônica
Um dos objetivos da crônica é mostrar a singularidade dos aconteci-
mentos miúdos do cotidiano.
Nas crônicas contemporâneas, a narrativa se organiza em primeira ou
terceira pessoa, quase sempre como quem conta um caso, em tom intimista.
Geralmente, nesses textos se inserem trechos de diálogos, recheados com
expressões cotidianas. Conforme a esfera social que retratam, as crônicas
podem ser literárias, políticas, esportivas, jornalísticas, etc.
Os cronistas escrevem como se conversassem com seus leitores,

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


como se estivessem muito próximos, envolvendo-os com reflexões sobre
a vida social, política, econômica, por vezes de forma humorística ou
séria, outras de forma poética, o que indica que as crônicas pertencem
ao gênero literário.
Por serem textos mais curtos, leves, de fácil acesso, possibilitam mo-
mentos de fruição a muitos leitores.

GLOSSÁRIO

Intimista – diz-se da poesia e dos poetas que exprimem em um tom confidencial os sentimentos mais
secretos da alma.
Esfera social – grupos específicos da sociedade; um universo constituído pelo agrupamento de indi-
víduos com interesses comuns.
Fruição – ato ou efeito de desfrutar, ler com satisfação, prazer. 9

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No espaço de discussão criado em sala de aula, o educando terá
oportunidade de expressar suas ideias e defender seus pontos de vista,
Em grupo além de escutar a voz do outro e adequar o seu discurso a esse interlocutor.

Com o professor e os colegas de sala, discutam sobre as questões abaixo:


• Cecília Meireles, além de cronista, foi poeta. Você conhece outro texto dessa escri-
tora?
• Quais são as características do gênero crônica?
• Qual é o assunto da crônica?
• Quem se expressa no texto “A arte de ser feliz”?
• Em que pessoa do discurso a crônica foi escrita?
• As crônicas podem ser políticas, policiais, esportivas, literárias, etc. Qual é a lingua-
gem utilizada na crônica “A arte de ser feliz”?

Compreensão do texto

1. A que gênero textual pertence o texto?


Crônica

2. Qual é o tema da crônica?


Pequenas felicidades do cotidiano

3. Quem é o autor do texto?


Cecília Meireles

4. Em que tempo ocorrem os fatos?


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

a) ( X ) No passado e presente.
b) ( ) No futuro.
c) ( ) Só no presente.
d) ( ) No passado.

5. Em que pessoa do discurso foi narrado o texto?


a) ( X ) Na primeira pessoa do singular (eu).
b) ( ) Na primeira pessoa do plural (nós).
c) ( ) Na terceira pessoa do singular (ele/ela).
10
d) ( ) Na terceira pessoa do plural (eles/elas).

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6. Que palavras ou expressões evidenciam que apenas uma pessoa narra a história?
Dê exemplos.
“Minha janela se abria”; “às vezes abro a janela, encontro o jasmineiro”; “avisto crianças”; “eu me sinto completamente

feliz, quando falo dessas pequenas felicidades”.

7. O que o narrador via da janela?


Via uma cidade que parecia feita de giz, um jardim quase seco que parecia morto, de terra esfarelada. E, todas as

manhãs, via um homem com um balde, atirando com as mãos gotas de água sobre as plantas.

8. O que fazia com que o narrador ficasse completamente feliz?


Olhar para as plantas, para o homem e para as gotas de água que caíam de seus dedos.

9. Que quadro se apresentava quando, às vezes, o narrador abria a janela?


Um quadro com imagens de um jasmineiro em flor, às vezes nuvens espessas, crianças que vão à escola, pardais no

muro, gatos que sonham com pardais, borboletas aos pares, marimbondos. Às vezes, passava um avião.

10. Observe o trecho a seguir:


“Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada
janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante
das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


poder vê-las assim.”
I) O que você entende por “é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim”?
Resposta pessoal. Cada um de nós atribui uma importância ao objeto do olhar, isso é decorrente das nossas

características individuais, porém, podemos aprender a olhar para ver melhor o mundo e descobrir as pequenas

felicidades.

Para o desenvolvimento de uma boa


II) Qual é o sentido da expressão “minhas janelas”? leitura do texto, é necessário trabalhar
o significado das palavras indicadas
a) ( ) Abertura na parede dos edifícios. no glossário, que representam alguns
conceitos cujo domínio é importante
para a atribuição de sentido ao texto,
b) ( ) Quaisquer buracos ou aberturas. ou outras palavras cujo significado
seja desconhecido pelos alunos.
c) ( ) Espaços em branco onde falta uma palavra.
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d) ( X ) Quadros mentais que se formam a partir da visão das coisas do mundo.

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III) Nesse parágrafo, aparecem os trechos: “essas coisas não existem” e “aprender
a olhar, para poder vê-las assim”. O que significam as expressões destacadas?
a) ( X ) As pequenas felicidades.
b) ( ) A cidade que parecia feita de giz.
c) ( ) Janelas que se abrem.
d) ( ) Gatos, borboletas, avião, crianças.
11. Procure no dicionário o significado destas palavras:
• rega:
Efeito de regar, aguar, molhar, umedecer a terra, as plantas.

• aspersão:
Ato ou efeito de borrifar ou salpicar com pequenas gotas de água ou outro líquido.

Cecília Meireles foi uma das maiores escritoras brasileiras. Em seu texto “A
arte de ser feliz”, há uma escolha cuidadosa das palavras, que vão compondo
de forma harmoniosa uma obra de arte. A habilidade e o cuidado com que a
autora faz esse arranjo sensibilizam o leitor, transportando-o ao maravilhoso
mundo da imaginação.
Escrever um texto significa utilizar a linguagem da melhor forma, a fim de
expressar claramente as ideias. Quanto maior é a atenção que dispensamos a
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

essa atividade, melhor é o produto e maior é a possibilidade de sermos enten-


didos pelo nosso leitor.

Reflexão sobre o uso da língua

1. Leia novamente o trecho abaixo e explique:


a) “Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim
não morresse.”
Qual é a diferença entre uma rega e uma aspersão?
Rega – molhar, aguar; aspersão – borrifar, salpicar.

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Professor, na produção de texto reforce as características da narração e acompanhe a produção.

2. Se os fatos fossem narrados em um tempo passado, como ficaria o texto? Faça


isso substituindo as palavras destacadas no trecho a seguir.
“Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando
com pardais.”
“Às vezes abria a janela e encontrava o jasmineiro em flor. Outras vezes encontrava nuvens espessas. Avistava crianças

que iam para a escola. Pardais que pulavam pelo muro. Gatos que abriam e fechavam os olhos, sonhando com pardais”.

3. No segundo parágrafo, quais expressões indicam que as coisas que o narrador


vê nem sempre são as mesmas?
As expressões são: Às vezes; outras vezes.

Produção de texto
Imagine-se diante da sua janela e escreva um texto narran-
do suas pequenas felicidades. Lembre-se: “é preciso aprender

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


a olhar, para poder vê-las”. Narração é uma
exposição escrita ou
Observe que em sua crônica Cecília Meireles utiliza ex-
oral de acontecimen-
pressões para a abertura de texto: “Houve um tempo...” e
tos, reais ou imagi-
“Às vezes abro a janela...”. Você pode também usá-las no
nários, em que per-
seu texto.
sonagens se movi-
mentam no tempo e
no espaço.

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Professor, o texto “Marambaia”, escrito em versos, narra em primeira pessoa fatos
da vida do personagem. Trata-se de uma letra de música, escrita para ser cantada,
que fala de coisas simples de forma singela. O domínio da leitura para nossos alunos
Roda de conversa significa a possibilidade de ler o texto pelo prazer de ler, de perceber a linguagem

Podemos falar de coisas simples que povoam o cotidiano das pessoas. Você
acredita que as coisas simples são importantes na construção da nossa trajetória de
vida? Você tem alguma atividade no seu dia a dia que lhe cause muita satisfação? O
que você gosta de fazer como lazer?
Leia os versos que compõem a letra da música “Marambaia” e perceba a men-
sagem que esses versos transmitem.
poética, a singeleza dos fatos da narrativa feita na primeira pessoa. Você pode desenvolver atividades explorando a
identificação das características do texto narrativo, os tempos verbais, o personagem-narrador (primeira pessoa), a
apresentação do espaço físico e do clima estabelecido, a estrutura do texto, como ele foi construído pelo autor e que
referências ao tempo podemos encontrar no texto. Importante considerar que nesse texto o autor utiliza a linguagem
poética e busca a simplicidade da narrativa ao expressar os sentimentos simples que compõem a vida das pessoas.

Marambaia As letras das músicas são


basicamente textos para serem
cantados, formados pela relação
Eu tenho uma casinha lá na Marambaia entre letra e música. Elas são di-
vididas em estrofes, constituídas
Fica na beira da praia, só vendo que beleza por versos.
São escritas geralmente em
Tenho uma trepadeira que na primavera linguagem poética, que ressalta
Fica toda florescida de brincos-de-princesa a beleza dos sons, do ritmo das
palavras e a força da linguagem
Quando chega o verão, eu sento na varanda figurada, provocando diferentes
Pego meu violão e começo a cantar associações, emoções e inter-
pretações.
E o meu moreno que tá sempre bem disposto
Senta ao meu lado e começa a cantar
Quando chega a tarde, um bando de andorinhas
Voa em revoada fazendo verão
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

E lá na mata o sabiá gorjeia


Linda melodia pra alegrar meu coração
Às seis horas o sino da capela
© Martin Valigursky/Fotolia.com

Toca as badaladas da Ave-Maria


A Lua nasce por detrás da serra
Anunciando que acabou o dia

HENRICÃO; CAMPOS, Rubens. Marambaia. In-


térprete: Elis Regina. In: REGINA, Elis. Saudade
do Brasil. [S. l.]: WEA, 1990. 2 CDS. Faixa 10.

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Compreensão do texto

1. Qual é o gênero do texto “Marambaia”?


Letra de música

2. Qual é o assunto da letra da música?


O cotidiano da vida de um personagem.

3. Em sua opinião, quem nos conta a história: um homem ou uma mulher?


Uma mulher conta a história. Essa conclusão pode se dar a partir de um dos versos: ”e o meu moreno que tá sempre

bem disposto senta ao meu lado”.

4. Que versos identificam o sexo do personagem-narrador?


“E o meu moreno que tá sempre bem disposto”; “Senta ao meu lado e começa a cantar”

5. Copie as expressões que evidenciam a ideia de posse expressa pelo personagem--


-narrador.
“Eu tenho uma casinha”; “tenho uma trepadeira”; “pego meu violão”; “e o meu moreno”.

6. O que significa o nascer da Lua?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


O nascer da Lua significa que o dia acabou ou que a noite começa.

7. Procure saber o que representam, tradicionalmente, para parte da população


brasileira as badaladas da Ave-Maria às seis da tarde.
Resposta pessoal.

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Reflexão sobre o uso da língua Professor, trabalhe as palavras com som nasal, solicitando
a leitura em voz alta.

1. Leia as palavras retiradas do texto:

Marambaia – vendo – princesa – quando – verão – sento –


varanda – violão – cantar – bando – andorinhas – fazendo –
coração – linda – anunciando

2. Leia novamente as palavras, desta vez em voz alta, e discuta com seus colegas e
o professor o que elas têm em comum.

3. Observe que essas palavras têm som nasal, representado pelos conjuntos de letras:
am, en, in, an, ão, un. Depois, circule nas palavras as sílabas que têm esse som.

4. Complete o quadro seguinte escrevendo as palavras separadas em três grupos.

Som nasal com M Som nasal com N Som nasal com til
(~)
Marambaia vendo verão
andorinhas

princesa violão
anunciando
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

quando coração
fazendo

lindo
sinto

varanda

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Professor, é importante que se explore o poema como um discurso produzido
em um contexto histórico, cultural e social. Nessa contextualização, cabe a
Roda de conversa discussão sobre a intenção do autor na produção do texto e para que interlocutor
ele se destina. Destaque título, autor, versos, estrofes, ritmo e intenção do texto.

Podemos falar, também, de coisas que podem preocupar os habitantes do pla-


neta Terra com relação à preservação da vida. Você se preocupa com a preservação
do meio ambiente?
Acredita que o desmatamento pode causar sérios danos ao espaço em que vi-
vemos? O mau uso dos recursos naturais pode dificultar a vida na Terra futuramente?
Leia os versos do poema cujo assunto é a possível consequência da ação do
homem sobre o meio ambiente.

© Galyna Andrushko/Fotolia.com
Imagem do deserto
Aqui não há mais pássaros.
Todos foram embora, em busca
de novas florestas para reconstruir
seus ninhos.
Aqui não há mais chuvas.
Na terra gretada a fome avança
como um arado enferrujado.
No leito do rio seco os seixos resplandecem
entre cobras sonolentas.
E dos caibros dos galpões pendem pucumãs.

Poema é uma composição


Aqui não há mais pássaros nem peixes.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


em versos. No poema
Os defuntos são enterrados sem flores. “Imagem do deserto”,
podemos perceber a
E nossos corações também secaram. linguagem poética, a
Não temos mais amor. composição em versos
Ao anoitecer nossas sombras deixam de rastejar divididos em duas estro-
fes, estabelecendo o ritmo
no chão duro que cega as enxadas do poema. Por meio da
e olhamos com rancor o céu estrelado. poesia, o autor constrói um
instrumento de denúncia
Mas fomos nós que derrubamos as florestas e das agressões humanas à
secamos o rio. natureza, expressando um
lamento à devastação do
Este deserto já foi nosso reino. meio ambiente.

IVO, Ledo. Imagem do deserto. Soletrar: Revista do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de
Professores (UERJ), São Gonçalo, ano 9, n. 18, jul/dez. 2009. Disponível em: <http://www.filosofia.org.br/sole-
trar/18/04.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2013. 17

Book_EJA_v3.indb 17 22/05/2013 09:02:50


Professor, estabeleça a relação deste texto com o anterior e com as discussões e
notícias atuais sobre o nosso Planeta.
GLOSSÁRIO

Gretada – rachada pelo calor do Sol.


Enferrujado – coberto de ferrugem; ferrugento, oxidado.
Seixos – pedras brancas e duras, de variados tamanhos; calhau.
Resplandecem – brilham intensamente; sobressaem.
Sonolentas – lentas, vagarosas, inertes.
Caibros – peças de madeira que vão de cumeeira aos frechais e sobre as quais se pregam as ripas.
Pucumãs ou picumãs – fuligem; teias de aranha enegrecidas pela fuligem.

Em grupo
Os dois textos selecionados referem-se a paisagens da natureza, porém com enfo-
ques muito diferentes. Leiam novamente os textos e estabeleçam as comparações.
• Existe diferença significativa entre as paisagens apresentadas nos textos “Maram-
baia” e “Imagens do deserto”. Qual é?
• Com relação ao texto “Imagens do deserto”, você conhece, viu na televisão, leu nos
jornais ou teve acesso a informações sobre locais que sofrem profundas modifica-
ções causadas pelo ser humano? Cite-os.
• O desmatamento traz sérias consequências ao meio ambiente. Cite algumas.
• Situações de extrema agressão ao ambiente são reversíveis em curto prazo?

Compreensão do texto

1. O poema refere-se às consequências da ação dos homens sobre a natureza. Qual


é o tema do poema?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

A destruição e as transformações da natureza pela ação do homem.

2. Identifique a relação entre o título e o assunto do poema?


O autor relaciona o desmatamento com a imagem de um deserto.

3. Que evidências da transformação do ambiente em um deserto são apontadas no


texto?
Não há mais pássaros, nem chuva, a fome avança, seca o leito dos rios, etc.

4. Além das transformações no ambiente físico, que alterações acontecem nos co-
rações humanos?
18 Nossos corações também secam, não temos mais amor.

Book_EJA_v3.indb 18 22/05/2013 09:02:50


5. Qual é o significado de “olhamos com rancor o céu estrelado”?
Resposta pessoal.

6. Quem são os responsáveis pelas mudanças provocadas no ambiente?


Nós.

Reflexão sobre o uso da língua

1. Reescreva os versos seguintes substituindo as palavras marcadas por outras com


significado semelhante. Consulte o quadro abaixo.

gretada – rachada sonolentas – lentas


enferrujado – oxidado caibros – madeirames
seixos – pedras pucumãs – fuligens
resplandecem – brilham

“Na terra gretada a fome avança


como um arado enferrujado.
No leito do rio seco os seixos resplandecem
entre cobras sonolentas.
E dos caibros dos galpões pendem pucumãs.”

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Na terra rachada a fome avança

como um arado oxidado

No leito do rio seco as pedras brilham

entre cobras lentas

E dos madeirames dos galpões pendem fuligens

2. Compare o texto original e o texto reescrito por você e responda: qual é a forma
mais poética, mais emocionante?
Resposta pessoal.

19

Book_EJA_v3.indb 19 22/05/2013 09:02:51


3. Explique o que você entende por:
a) “Nossos corações também secaram.”
Resposta pessoal.

b) “Olhamos com rancor o céu estrelado.”


Resposta pessoal.

c) “Este deserto já foi nosso reino.”


Resposta pessoal.

Produção de texto
Vamos reescrever o poema de Ledo Ivo, dando a ele outro sentido. Veja o exemplo e
desenvolva uma sequência. Ao final, dê um novo título ao poema.
Aqui existem milhares de pássaros.
Todos voltaram com o renascer das florestas,
para reconstruir seus ninhos...
Resposta pessoal.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

20

Book_EJA_v3.indb 20 22/05/2013 09:02:51


Dmitry Kalinovsky /Shutterstock

Identidade social:
Unidade
2 formasde
participação Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Nesta unidade, você vai ler, analisar diferentes linguagens e tipos de mensagens,
diferenciar publicidade de propaganda, opinar sobre as formas de divulgação de
ideias e os significados da vida.
21

Book_EJA_v3.indb 21 22/05/2013 09:02:52


“Jovens descobridores” é um texto publicitário que além da mensagem de propaganda e publicidade apresenta
uma mensagem não verbal que tem como objetivo despertar a atenção dos leitores.

Linguagens carregam mensagens


O aluno deve ser orientado para perceber que o foco da
mensagem publicitária é o consumidor, que o discurso busca
Publicidade persuadir o leitor, despertando nele a vontade de possuir o
objeto apresentado. Nesse caso, o texto veicula informações
sobre o conhecimento que pode ser alcançado com a leitura dos
Roda de conversa livros anunciados para venda.

Todos os dias, somos bombardeados por uma série de apelos que nos convi-
dam a consumir determinados produtos e a nos comportarmos de determinadas
maneiras. Você concorda que a publicidade influencia as pessoas ao consumo?
Podemos ficar isentos dessa influência? Como? E as propagandas que nos indicam
comportamentos a serem seguidos, podem ser ignoradas? O que é importante lem-
brarmos quando estamos diante de um desses apelos?

Antes de lermos o texto “Jovens descobridores”, vamos buscar o significado


da palavra “publicidade”.
Publicidade é o ato de tornar público, de comunicar, promover utilizando os
meios de comunicação nos espaços publicitários, com patrocinador identificado.
Tem a finalidade de seduzir e tornar público, levando o consumidor à compra de
determinado produto ou serviço. A publicidade tem fim comercial.
Leia agora o texto publicitário que, além da mensagem escrita em linguagem
adequada à publicidade, apresenta uma mensagem não verbal, ou seja, uma ilus-
tração que tem como objetivo despertar a atenção do leitor.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Jovens descobridores
Há vida fora da Terra? Quem foram as múmias?

Mikhail Zahranichny/Shutterstock
É possível reverter a destruição dos ecossistemas? E
alterar nossa herança genética? Muitas dessas per-
guntas, que atormentam a humanidade há séculos,
ainda não puderam ser totalmente respondidas pela
ciência. Foi pensando nos jovens descobridores que
existem em cada aluno, que a série Ciência Ilustra-
da chega ao Brasil. Traduzida em 33 países, a co-
leção traz quatro títulos: Arqueologia, Astronomia,
Ecologia e Genética. Os livros são de fácil consulta
e apresentam ilustrações, gráficos e fotos coloridas
para ajudar no entendimento dos temas abordados.
Série Ciência Ilustrada. 4 títulos: Arqueologia, Astronomia, Ecologia e Gené- Múmia de um faraó em uma tumba,
22 tica. Melhoramentos, 32 p. 2009.

Book_EJA_v3.indb 22 22/05/2013 09:02:53


GLOSSÁRIO

Múmias – corpos de pessoas ilustres, como os faraós e os sacerdotes, que, no Antigo Egito, eram
preservados após a morte com o uso de substâncias balsâmicas.
Ecossistemas – sistemas compostos dos seres vivos e do ambiente e suas inter-relações.
Herança genética – conjunto de características que são transmitidas aos descendentes; aquilo que
é transmitido pelas gerações anteriores.

As linguagens carregam mensagens e estabelecem relações entre as pessoas. Exis-


tem diferenças e semelhanças entre os vários tipos de mensagens, e a linguagem do
comunicador será adotada de acordo com a finalidade do texto.
A publicidade tem um papel importante no mundo moderno. Ela é hoje o carro-chefe
do mercado, ela cria mais e mais necessidades, seduzindo o consumidor de tal forma que
se torna quase impossível a satisfação completa dele. Sempre haverá algo mais novo e
mais eficiente para atender à necessidade do consumidor.
Esse poder sutil da publicidade faz com que nos confundamos entre o que é necessi-
dade e o que não é, pois os valores incutidos em nossas mentes fazem com que transfor-
memos simples necessidades diárias em verdadeiros acontecimentos, usando produtos
de grife e glamour.
A mensagem publicitária torna o supérfluo em verdadeira necessidade vital.

Em grupo GLOSSÁRIO
Organizem um debate sobre as questões abaixo, em que o

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Debate – dis-
professor seja o mediador. cussão em
que se alegam
• Quais são os meios de comunicação que veiculam a publici- razões pró ou
dade? contra.

• Qual é o principal objetivo dos textos publicitários?


• Somos seduzidos pela publicidade, será que temos necessidade de tudo aquilo
que compramos?
• Você acredita que ela influencia a todos?
• Quem paga o custo dela?

Leia novamente o texto “Jovens descobridores”. Observe que a linguagem


empregada é simples, clara e direta. O texto inicia-se com algumas pergun-
tas dirigidas ao leitor, a fim de despertar sua curiosidade sobre a obra a ser
vendida. Logo, o texto publicitário tem a intenção de seduzir o leitor. 23

Book_EJA_v3.indb 23 22/05/2013 09:02:54


Produção de texto
Elaborem com o professor um texto listando as razões pró e contra apresentadas
em relação à questão: somos seduzidos pela publicidade, será que temos necessidade
de tudo aquilo que compramos?
Compreensão do texto

1. Qual é o gênero do texto a “Jovens descobridores”?


Publicitário

2. Considerando o título do texto, a que público ele se destina?


O texto se destina aos jovens estudantes.

3. “Há vida fora da Terra? Quem foram as múmias? É possível reverter a destruição
dos ecossistemas? E alterar nossa herança genética?”. Você acredita que essas
perguntas despertam a atenção do público? Por quê?
Resposta pessoal.

4. O texto nos indica exatamente o público-alvo da publicidade. Copie a sentença


que comprova isso:
“Foi pensando nos jovens descobridores que existem em cada aluno, que a série Ciência Ilustrada chega ao Brasil”.

5. “[...] a série Ciência Ilustrada chega ao Brasil. Traduzida em 33 países [...]”. Dessas
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

informações, podemos concluir que:


a) ( ) se trata de uma produção nacional traduzida para outras línguas.
b) ( X ) se trata de uma produção estrangeira traduzida também para o portu-
guês.
c) ( ) se trata de uma produção estrangeira produzida na Europa em portu-
guês.
d) ( ) se trata de uma produção de uma editora nacional.

6. O que nos informam as denominações “série” e “coleção”?


a) ( ) A obra compõe-se de apenas um volume.
b) ( ) A obra compõe-se de quatro volumes.
c) ( X ) A obra compõe-se de vários volumes, sem definição de número.
24
d) ( ) A composição da obra é apresentada no texto da publicidade.

Book_EJA_v3.indb 24 22/05/2013 09:02:54


7. Quais são os títulos apresentados na coleção Ciência Ilustrada?
São: Arqueologia, Astronomia, Ecologia e Genética.

8. Quais são as qualidades dos livros, segundo o texto da publicidade?


Os livros são de fácil consulta e apresentam ilustrações, gráficos e fotos coloridas.

9. Pesquise no dicionário o significado das palavras:


a) Arqueologia:
Ciência que estuda monumentos e vestígios de civilizações antigas.1 Ciências das coisas antigas. 2 Conhecimento
dos monumentos da Antiguidade e da Idade Média. 3 Estudo das velhas civilizações, a partir dos monumentos e
demais testemunhos não escritos.

b) Astronomia:
Ciência que estuda a posição, os movimentos e a constituição dos corpos celestes.

c) Ecologia:
Parte da Biologia que estuda as relações dos organismos com o ambiente, isto é, com o solo, o clima e os outros

organismos que povoam determinada zona da Terra.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


d) Genética:
Ramo da Biologia que estuda a transmissão, de pais a filhos, dos caracteres de hereditariedade. Ela se ocupa das

diferenças entre os seres vivos, das suas causas e dos mecanismos e leis da transmissão dos caracteres individuais.
Fonte: DICIONÁRIO do Aurélio. Disponível em: <http://dicionáriodoaurélio.com>. Acesso em: 29 abr. 2013.

Reflexão sobre o uso da língua


No texto, com a intenção de reforçar os argumentos, encontramos palavras que signi-
ficam quantidades, ordem numérica e valores.
Complete o texto com as palavras que faltam:
trinta e três quatro
Traduzida em países, a coleção traz
títulos.
trinta e duas vinte reais e dez centavos
Cada volume tem páginas e custa .
25

Book_EJA_v3.indb 25 22/05/2013 09:02:54


Propaganda
A propaganda tem caráter ideológico e visa conquistar adeptos, seguidores e
converter opiniões. Isso significa semear ideias e ideais políticos, cívicos ou reli-
giosos.
Em grupo
• Por meio de que veículos a propaganda é divulgada?
• Qual é o objetivo dela?
• Que ideias são divulgadas por meio das propagandas?
• Quem é o responsável pelas propagandas sobre programas, campanhas, ações
governamentais veiculadas no Brasil?

Observe as propagandas extraídas do site do Ministério da Saúde, feitas


pelo governo brasileiro para divulgar e promover as ideias propostas nas cam-
panhas “Saúde da Pessoa Idosa” e “Política Nacional de Saúde da Pessoa com
Deficiência”.
Propaganda 1

É a política que objetiva, no


Sistema Único de Saúde (SUS),

Ministério da Saúde
garantir atenção integral à saúde
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

da população idosa, com ênfa-


se no envelhecimento saudável
e ativo.
São diretrizes importantes
para a atenção integral à saúde
do idoso:
1. Promoção do envelheci-
mento ativo e saudável;
2. Manutenção e reabilita-
ção da capacidade funcional;
3. Apoio ao desenvolvimento de cuidados informais.
O envelhecimento ativo e saudável consiste na busca pela qualidade
de vida por meio da alimentação adequada e balanceada, prática regular de
26

Book_EJA_v3.indb 26 22/05/2013 09:02:55


exercícios físicos, convivência social estimulante, busca de atividades prazero-
sas e/ou que atenuem o estresse, redução dos danos decorrentes do consumo
de álcool e tabaco e diminuição significativa da automedicação. Um idoso
saudável tem sua autonomia preservada (tanto a independência física como
a psíquica).
É importante qualificar os serviços de saúde para trabalhar com aspec-
tos específicos da saúde da pessoa idosa (como a identificação de situações
de vulnerabilidade social, a realização de diagnóstico precoce de processos
demenciais, a avaliação da capacidade funcional, etc.). É necessário garantir
acesso a instrumentos diagnósticos adequados à medicação e à reabilitação
funcional da população idosa, prevenir a perda de capacidade funcional ou
reduzir os efeitos negativos de eventos que a ocasionem.
Cabe, portanto, à gestão municipal da saúde desenvolver ações que ob-
jetivem a construção de uma atenção integral à saúde dos idosos em seu
território. É fundamental organizar as equipes de Saúde da Família e atenção
básica, incluindo a população idosa em suas ações (por exemplo: atividades
de grupo, promoção da saúde, hipertensão arterial e diabetes mellitus, sexua-
lidade, DST/aids). Seus profissionais devem estar sensibilizados e capacitados
a identificar e atender às necessidades de saúde dessa população.
Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/> Acesso em: 16 maio 2013.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Propaganda 2

A Política Nacional de Saúde da Pessoa com © stelian/Fotolia.com

Deficiência é resultado de múltiplos movimentos


e longa mobilização, nacional e internacional, de
muitos atores sociais e institucionais. Voltada para
a inclusão das pessoas com deficiência em toda a
rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS),
caracteriza-se por reconhecer a necessidade de
responder às complexas questões que envolvem
a atenção à saúde das pessoas com deficiência
no Brasil.
Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/>. Acesso em: 16 maio 2013.

27

Book_EJA_v3.indb 27 22/05/2013 09:02:56


Compreensão do texto

1. Qual é a finalidade da propaganda?


Conquistar adeptos, seguidores, converter opiniões.

2. Qual é o objetivo da propaganda “Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa” do Mi-


nistério de Saúde?
Orientar para a manutenção da saúde.

3. Quais são as diretrizes da propaganda 1?


Promoção do envelhecimento ativo e saudável; manutenção e reabilitação da capacidade funcional; apoio ao

desenvolvimento de cuidados informais.

4. O que cabe à gestão municipal do SUS para garantir a atenção integral à saúde
do idoso?
Desenvolver ações que objetivem a construção de uma atenção integral a saúde dos idosos. Organizar equipes de

Saúde da Família, incluindo a população idosa em suas ações.


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

5. Qual é o objetivo da Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência?


A inclusão das pessoas com deficiência em toda rede de serviços do SUS.

Produção de texto
Pesquise publicidades e propagandas de produtos relacionados à saúde que você
considera que “manipulam” informações, vendem objetos, resultados ou produtos
irreais e fantasiosos. Cole-as no caderno e apresente seus argumentos sobre por
que você as considera enganosas.
28
Depois, apresente o texto para os colegas de sala.

Book_EJA_v3.indb 28 22/05/2013 09:02:56


No texto “Tocando em frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, fala-se da vida; nele, encontramos a função poética da
linguagem que é utilizada quando se deseja provocar no leitor o prazer estético.
Professor: analise o texto com seus alunos; ressalte a função poética das palavras na comunicação; o predomínio do
duplo sentido; a presença de linguagem figurada nesse texto; o significado diferente dado às palavras; e a musicalidade
(o efeito sonoro) decorrente da seleção e da combinação entre os fonemas que compõem os significantes dos signos
da mensagem. Faça com que seus alunos dialoguem com o texto, refletindo,
Roda de conversa comparando, fazendo questionamentos, imaginando, descobrindo. Dê

Falar da vida, da construção da nossa história, da arte de ser feliz pode parecer
complexo? Ou é simples? O que é construir nossa história? Como construímos nos-
sa trajetória de vida? Essa construção só depende de nós?

atenção às rimas, ao ritmo cadenciado pelo número de sílabas métricas dos versos, às imagens criadas pelo poeta.
Procure estabelecer com os alunos a relação do título com o assunto do texto.

Lembrem-se:
Tocando em frente As letras das músicas são escri-
tas em versos e organizadas em
estrofes. Escritas em linguagem
poética, ressaltam os sons, o ritmo
Ando devagar porque já tive pressa das palavras e a força de linguagem
figurada, provocando associações,
Levo esse sorriso porque já chorei demais emoções e interpretações distintas.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,


o sabor das massas e das maçãs
Considere que poesia é literatura

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


É preciso amor pra poder pulsar, e que não há no texto literário uma
leitura pronta e única, isso quer
é preciso paz pra poder sorrir dizer que a leitura é produto do
É preciso a chuva para florir diálogo leitor-texto-autor, existindo
a possibilidade de que cada aluno
construa a sua significação a partir
de um texto literário.
Penso que cumprir a vida seja simplesmente O que caracteriza essencialmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente a linguagem poética é o fato de ela
ser um código especial, diferente
Como um velho boiadeiro levando a boiada da língua usual, denotativa,
convencional e baseada no
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou cumprimento de normas utilizadas
na comunicação social.
Estrada eu sou

(Refrão)

29

Book_EJA_v3.indb 29 22/05/2013 09:02:56


© Lusoimages/Fotolia.com
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, em outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

(Refrão)

Ando devagar porque já tive pressa


Levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz.

SATER, Almir; TEIXEIRA, Renato. Tocando em frente. Intérprete. Almir Sater. In: SATER,
Almir. Ao Vivo. [S.l.]: Columbia/Sony Music, 1992.

Em grupo A letra da música apresenta


um refrão, isto é, versos que se
Discutam sobre as seguintes questões: repetem após cada estrofe da
composição.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

• Qual é o gênero do texto?


• Qual é o tema abordado?
• Qual a comparação estabelecida por meio da linguagem poética no texto?
• Qual é a relação do título com o assunto da letra?

Compreensão do texto

1. “Ando devagar porque já tive pressa/Levo esse sorriso porque já chorei demais/
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe.”
Nos versos, há referência a dois tempos, dois momentos da história. Observe o
tempo dos verbos e responda: a que tempos os versos se referem?
Refere-se ao passado (já tive pressa) e ao presente (hoje me sinto mais forte).
30

Book_EJA_v3.indb 30 22/05/2013 09:02:57


2. Algumas situações vividas anteriormente provocaram mudanças nas atitudes do
personagem. Quais foram essas mudanças?
O fato de já ter tido pressa e já ter chorado demais. E hoje se sentir mais forte, mais feliz.

3. Qual é a certeza que o personagem tem hoje?


Tem a certeza de que muito pouco sabe ou nada sabe.

4. O que significa “É preciso a chuva para florir”?


Na natureza, sem a chuva nada cresce, nada floresce. Na nossa existência, também, sem o amor, sem a

determinação, sem a vontade nada se concretiza.

5. Para o personagem do texto, o que é “cumprir a vida”? Que comparação ele faz
sobre isso?
Cumprir a vida é compreender a marcha e ir tocando em frente. Ele compara a trajetória da vida com a caminhada de

uma boiada levada pelo boiadeiro.

6. No texto, há uma figura de linguagem por meio da qual se compara a vida a


uma longa estrada, um percurso. Considerando isso, qual o significado de “um
dia a gente chega, em outro vai embora”?
Nessa estrada, a chegada pode significar o nascimento, e a partida, a morte depois de uma trajetória de vida.

7. “Cada um de nós compõe a sua história/Cada ser em si carrega o dom de ser

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


capaz/De ser feliz.” Com base nesses versos, o que é correto afirmar? Assinale:
a) ( X ) cada um de nós tem um destino predeterminado;
b) ( X ) somos responsáveis pela construção de nossa história de vida;
c) ( X ) em nossa caminhada pela vida, somos capazes de ser feliz;
d) ( X ) podemos compor nossa história e sermos felizes.
Reflexão sobre o uso da língua

1. Quantas estrofes tem a letra da música?


Quatro estrofes, refrão.

2. Quantos versos há em cada estrofe?


Cinco versos.
31

Book_EJA_v3.indb 31 22/05/2013 09:02:58


3. Quantas vezes o refrão é cantado?
Três vezes.

4. O texto está escrito na primeira pessoa do singular (eu). Se reescrevêssemos os


seguintes versos, utilizando a primeira pessoa do plural (nós), como ficaria? Tente:

Ando devagar porque já tive pressa

Levo esse sorriso porque já chorei demais

Andamos devagar porque já tivemos pressa.

Levamos esse sorriso porque já choramos demais.


Produção de texto
Reúna-se com um colega, leiam com atenção a estrofe seguinte, discutam e
escrevam um texto de opinião sobre o assunto.
“Penso que cumprir a vida seja simplesmente
O texto de opinião tem por
Compreender a marcha e ir tocando em frente objetivo debater ideias e
convencer o outro de sua
Como um velho boiadeiro levando a boiada opinião. Para facilitar o
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou trabalho, podemos seguir os
seguintes passos:
Estrada eu sou” • tomem uma posição em
relação ao tema;
• exponham suas ideias;
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Resposta pessoal. • justifiquem a posição


assumida, com base em
argumentos;
• concluam o texto, refor-
çando nossa opinião sobre o
assunto.

32

Book_EJA_v3.indb 32 22/05/2013 09:02:58


Professor, na leitura do texto “Bola de gude, bola de meia”, além da fruição do poema, da percepção da linguagem poética, você
pode desenvolver atividades explorando a identificação das características do texto, dos tempos verbais, do personagem-narrador
(primeira pessoa), da apresentação do espaço físico e do clima estabelecido, e da estrutura do texto (fatos e ações que compõem a
trama, como ele foi construído pelo autor, que referências ao tempo podemos encontrar no texto). Nas atividades de interpretação
sugeridas no livro do aluno, considerando que na poesia o uso literário da linguagem permite maior liberdade de expressão, o
que torna mais subjetiva a compreensão do significado do texto, é importante que sejam
precedidas de atividades orais que favoreçam a interação dos educandos e facilitem a
Roda de conversa construção do próprio discurso pelo aluno, entendido como preparação para o texto escrito.

A letra da música “Bola de meia, bola de gude”, escrita e musicada por Milton
Nascimento e Fernando Brandt, refere-se a jogos infantis que as crianças realizam
nas ruas, nas praças, nos campos. Atividades que povoam nossa infância. Você se
lembra das brincadeiras de infância? O que elas significam na vida dos pequenos?
As crianças aprendem com as brincadeiras e convivendo com os outros? É bom ser
criança? É importante manter viva essa criança que vive em nós?

No texto “Bola
Bola de meia, bola de gude
de meia, bola Há um menino, há um moleque
de gude”, você
vai perceber o Morando sempre no meu coração
uso da função Toda vez que o adulto balança
poética da
linguagem. O Ele vem pra me dar a mão
autor faz uso de Há um passado no meu presente
combinações de
palavras, figuras
Um sol bem quente lá no meu quintal
de linguagem, Toda vez que a bruxa me assombra
exploração
dos sentidos e
O menino me dá a mão
sentimentos. E me fala de coisas bonitas
Esse tipo de
linguagem,
Que eu acredito que não deixarão de existir
encontrado em Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade
textos literários, Alegria e amor

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


especialmente
em poemas, Pois não posso, não devo, não quero
pode também Viver como toda essa gente insiste em viver
ser encontrado
nos anúncios de E não posso aceitar sossegado
publicidade e na Qualquer sacanagem ser coisa normal
prosa.
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Robert Davies/Shutterstock

Há um menino, há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

BRANDT, Fernando; NASCIMENTO, Milton. Bola de meia, bola de gude. Intérprete: Milton Nasci- 33
mento: In: NASCIMENTO, Milton. Maria, Maria/O Último trem. [S.l.]: Far Out Recordings, 2000.
© Sean Gladwell/
Fotolia.com

Book_EJA_v3.indb 33 22/05/2013 09:03:00


Em grupo
• Qual é a relação existente entre o título da letra da música ”Bola de meia, bola
de gude” com o tema do texto?
• O que está presente na vida adulta do personagem-narrador do texto?
• Quem dá a mão ao adulto quando ele fraqueja?
• O que se entende por “há um sol bem quente lá no meu quintal”?
• Que coisas bonitas o menino, que existe no personagem-narrador, lhe fala?

Compreensão do texto

1. Qual é o título da música?


“Bola de meia, bola de gude”.

2. Qual é a afirmativa inicial contida nos quatro primeiros versos?


Que existe um menino, um moleque, que mora no coração do adulto (“eu poético”) e sempre que o adulto balança,

ele (o menino) vem para lhe dar a mão.

3. O que está presente na vida do personagem-narrador que lhe dá a mão nos


momentos difíceis?
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

A criança que vive no coração do poeta.

4. Que valores são lembrados pelo menino e que o adulto acredita que não deixarão
de existir?
Não deixarão de existir a amizade, a palavra, o respeito, o caráter, a bondade, a alegria e o amor.

5. Em que situações o menino vem para dar a mão?


Toda vez que a bruxa o assombra, toda vez que a tristeza o alcança, toda vez que o adulto fraqueja.

6. Qual é o significado dos versos: “Há um passado no meu presente”; “Um sol
bem quente lá no meu quintal”?
Resposta pessoal.
34

Book_EJA_v3.indb 34 22/05/2013 09:03:00


Reflexão sobre o uso da língua

1. Reescreva a estrofe seguinte, substituindo as palavras em negrito, considerando


que quem fala no texto somos nós.
Há um passado no meu presente.
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra

O menino me dá a mão
Há um passado no nosso presente. Um sol bem quente lá no nosso quintal. Toda vez que a bruxa nos assombra.

O menino nos dá a mão.

2. Observe que na expressão seguinte há uma alteração do sentido de uma palavra


pelo acréscimo de um segundo significado, estabelecendo uma relação de seme-
lhança, comparação.
“Toda vez que a bruxa me assombra”
A palavra bruxa teve seu sentido alterado; neste verso, tem um segundo signi-
ficado: algo que representa problemas.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Agora, procure no texto outras palavras ou expressões usadas com sentido di-
ferente daquela encontrada no dicionário.
Resposta pessoal

35

Book_EJA_v3.indb 35 22/05/2013 09:03:00


Produção de texto
Leia os versos da letra da música “Bola de meia, bola de gude” transcritos abaixo
e interprete-os.
“Há um menino, há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão”
Resposta pessoal

Em seguida: narre as lembranças que o texto provoca em você.


Resposta pessoal
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Depois de revisado o texto, se você quiser, poderá fazer a leitura em voz alta
36 para seus colegas de sala.

Book_EJA_v3.indb 36 22/05/2013 09:03:01


© Lisa F. Young/Fotolia.com

Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
Unidade
3 brasileira

Nesta unidade, você vai refletir sobre as contribuições das pessoas para a vida
em sociedade e a construção das histórias de vida.
37

Book_EJA_v3.indb 37 22/05/2013 09:03:02


Professor, o texto “O trabalho do educador Paulo Freire” é biográfico e nos apresenta um pouco
da história de vida de um grande educador brasileiro.

Trabalho, educação e qualidade de


Professor, o aluno deve ser orientado para perceber que um texto biográfico deve basear-se em documentos e

vida apresentar os aspectos mais importantes da vida de uma pessoa de forma clara e inteligível. Esse tipo de texto
apresenta características singulares em diferentes momentos históricos de um personagem.
No trabalho em sala de aula, é importante a contextualização, situando o educador brasileiro Paulo Freire no
tempo e no espaço, ressaltando as características individuais e a importância do seu trabalho para a educação brasileira, bem
como a criação do que se chamou de Método Paulo Freire, destinado à educação de grande parte da população brasileira que não
Roda de conversa teve oportunidade de frequentar a escola na infância e na juventude. É importante,
também, que se explore o texto como um discurso produzido em um contexto

Sempre que falamos em Educação de Jovens e Adultos, lembramo-nos de


Paulo Freire, um grande educador brasileiro. Você conhece Paulo Freire? Sabe a
quem ele demonstrou grande interesse e profundo carinho?
histórico, cultural e social, que se discuta a intenção do autor na produção do texto, a que interlocutor ele se destina, qual linguagem foi
utilizada e que se trabalhe o vocabulário, buscando o significado de palavras desconhecidas dos nossos alunos, a fim de possibilitar a
compreensão do texto. Além disso, ressalte o contexto em que foi criado o método e o que o fundamenta.

O texto
O trabalho do educador Paulo Freire

Fabiano Accorsi/Folhapress
“Ele
por ele
mesmo” Paulo Freire, um dos maiores educadores brasilei-
é parte da
história ros, é exemplo de como o trabalho pode atingir grande
de vida parte da população e melhorar a história de vida das
de Paulo
Freire, pessoas. Sua dedicação a uma causa o tornou um cida-
escrita
por ele dão brasileiro notável e reconhecidamente respeitado
mesmo.
não só no Brasil, mas no mundo todo, dada a influência
de seu trabalho. Uma autobiografia permeada de sensações importantes
no desenvolvimento do menino que se tornou educador.
Pode-se também considerar que o autor narra reminiscências da infância, alguns
fatos que permaneceram na memória por terem sido significativos para o seu Educador Paulo Freire durante
desenvolvimento. palestra no auditório do colégio
Leia um pouco sobre Paulo Freire
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Magno. São Paulo (SP), 1996.

[...] Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e conheceu, desde cedo, a po-
breza, uma amostra dessa extrema pobreza na qual está submersa a nossa América
Latina. Desde a adolescência, engajou-se na formação de jovens e adultos traba-
lhadores. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão, preferindo dedicar-
-se a projetos de alfabetização. Nos anos de 1950, quando ainda se pensava na
educação de adultos como uma pura reposição dos conteúdos transmitidos às
crianças e jovens, Paulo Freire propunha uma pedagogia específica, associando
estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia e política.
A partir dessa sua prática, criou o método que o tornaria co-
GLOSSÁRIO
nhecido no mundo, fundado no princípio de que o processo edu-
Pedagogia – cacional deve partir da realidade que cerca o aluno. Não basta
conjunto de
ideias de um
saber ler que “Eva viu a uva”, diz ele. É preciso compreender qual
educador; a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha
estudo das para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho. [...]
questões da
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Ed.) O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 1981.
educação. Professor, como fizemos no texto anterior, é importante que se contextualize o texto, se valorize o discurso
38 produzido e que o aluno seja orientado a perceber tanto a estrutura do texto como a linguagem utilizada.
Pela complexidade do tema e pelo vocabulário empregado, é necessário um trabalho de leitura em que o texto seja explorado
várias vezes, discutido oralmente, e que as atividades de interpretação sejam acompanhadas pelo professor.

Book_EJA_v3.indb 38 22/05/2013 09:03:03


Em grupo
Respondam às questões, registrem, no caderno, as respostas de cada componente
do grupo, organizem as ideias e apresentem para o professor. Depois, reescrevam
o texto para colocar no mural da escola.
• Qual é a importância do educador Paulo Freire para a Educação de Jovens e
Adultos?
• O que Paulo Freire propunha para a educação de adultos?
• O que fez com que Paulo Freire fosse reconhecido não só no Brasil, mas no
mundo todo?

Compreensão do texto

1. Quem foi Paulo Freire?


Paulo Freire foi um educador brasileiro cujo trabalho é reconhecido em todo o mundo.

2. Quando e onde nasceu Paulo Freire?


Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


3. O que fez com que Paulo Freire se dedicasse à educação?
Dedicou-se à educação porque conheceu desde cedo a pobreza do Nordeste do Brasil.

4. O que ele propôs para melhorar a educação dos jovens e adultos?


Propôs uma pedagogia específica, associando estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia e política.

5. O que a pedagogia de Paulo Freire propõe?


a) ( ) Que os alunos estudem nas cartilhas comuns.
b) ( X ) Que a Educação dos Jovens e Adultos considere a realidade desses alunos.
c) ( ) Que os jovens e adultos frequentem os mesmos bancos escolares que as
crianças. 39

Book_EJA_v3.indb 39 22/05/2013 09:03:03


Texto 2
O trecho que você leu anteriormente faz parte da biografia de Paulo Freire es-
crita por outro autor, Carlos Rodrigues Bandão, que pesquisou e escreveu um texto
contendo dados sobre a vida e a obra de Freire. Leia, agora, parte da autobiografia
de Paulo Freire, isto é, uma biografia escrita por ele próprio. Observe que ele fala
na primeira pessoa (eu).

Autobiografia

Ele por ele mesmo


[...] Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada
de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós
— à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me
experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras
maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço — o
sítio das avencas de minha mãe —, o quintal amplo em que se achava, tudo
isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé,
andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava em mim como o
mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de
minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele con-
texto — em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais
aumentava a capacidade de perceber — se encarnavam numa série de coisas,
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com


eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais. [...]
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22. ed. São Paulo:
Cortez, 1988.

Nesse texto, o autor narra fatos de sua infância, partindo das suas expe-
riências de vida para exemplificar a forma como o conhecimento é adquiri-
do pelas pessoas nas suas vivências e como o meio social influencia nossa
aprendizagem.

GLOSSÁRIO

Atividade perceptiva – ato de perceber impressões colhidas pelos sentidos.


Contexto – estrutura, união das partes que compõem um todo.
Encarnavam – personificavam.

40

Book_EJA_v3.indb 40 22/05/2013 09:03:03


Compreensão do texto

1. O que é uma autobiografia?


É a narração da vida de uma pessoa, escrita por ela própria.

2. “Me vejo então na casa mediana em que nasci.” Por quem está sendo narrado
o texto e em que pessoa?
O texto está sendo narrado por Paulo Freire, em primeira pessoa.

3. Como era a casa onde nasceu Paulo Freire?


Era uma casa mediana, em Recife, rodeada de árvores.

4. Observe: “à sua sombra [das árvores] brincava e em seus galhos mais dóceis a
minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para
riscos e aventuras maiores”. A que riscos e aventuras Paulo Freire se refere nesse
trecho?
Refere-se aos riscos a serem enfrentados na vida adulta. Às situações que a vida traz.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


5. Como era o mundo em que o autor engatinhou, balbuciou, se pôs de pé, andou
e falou?
O seu mundo era a velha casa, os quartos, o corredor, o sótão, o terraço, o espaço das avencas e o quintal amplo

dela. Um mundo especial em que se desenvolvia.

6. O que Paulo Freire chama de suas “primeiras leituras”?


a) ( X ) O contato com o mundo em que vivia e aprendia.
b) ( ) Os livros que lia em casa.
c) ( ) Os livros da biblioteca da escola.

7. Reescreva o texto como se os fatos estivessem acontecendo agora, neste momento.


a) “A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio de 41

Book_EJA_v3.indb 41 22/05/2013 09:03:04


avencas de minha mãe –, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o
meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus em pé, andei, falei.”
“A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio de avencas da minha mãe –, o
quintal amplo em que se acha, tudo isso é o meu primeiro mundo. Nele engatilho, balbucio, me ponho em
pé, ando, falo.

Professor:

O texto “Ele por ele mesmo” é parte da história de vida de Paulo Freire, escrita por ele mesmo. Uma autobiografia
permeada de sensações importantes no desenvolvimento do menino que se tornou educador. Pode-se também

considerar que o autor narra reminiscências da infância, alguns fatos que permaneceram na memória por terem sido
significativos para o seu desenvolvimento.

Professor, é importante que se contextualize o texto, assim como foi feito no anterior, que se valorize o discurso
produzido e que o aluno seja orientado a perceber a estrutura e a linguagem utilizadas.

Pela complexidade do tema e pelo vocabulário empregado, é necessário um trabalho de leitura em que o texto seja
explorado várias vezes, seja discutido oralmente, e que as atividades de interpretação sejam acompanhadas pelo
professor.
É importante lembrar que grande parte das perguntas exige respostas subjetivas, portanto, essas respostas podem
ser estruturadas de forma diferente; isso não quer dizer que possa haver uma divergência muito grande no sentido
atribuído ao texto, mas pode ser expresso de forma diferente.
8. Relacione as seguintes frases ao sentido da palavra em negrito:
(a) De madrugada, Pedro foi ao trabalho. ( 2 )
(b) O menino entregou o trabalho ao professor. ( 1 )
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

(c) Com seu trabalho, mantém a família. ( 3 )


(1) Qualquer obra realizada (manual, artística, intelectual...).
(2) Local onde é exercida a atividade de trabalho.
(3) Conjunto de atividades que dão origem ao rendimento financeiro.
Produção de texto
No texto de Paulo Freire, vemos o autor narrar sobre como foram suas primeiras expe-
riências de leitura. Para ele, a leitura das coisas, dos objetos e do mundo vinha antes da
leitura da palavra escrita. Escreva em seu caderno um relato sobre sua vida e como você
aprendeu a ler o mundo antes de aprender a ler a palavra escrita.
Depois, reúnam-se em grupos, comparem as informações recolhidas e componham
um único texto contendo a biografia de Paulo Freire com os dados pesquisados por vocês.
Exponham o resultado final no mural da sala de aula.

42

Book_EJA_v3.indb 42 22/05/2013 09:03:04


Professor, explicite que essa história em quadrinhos tem como personagem Mafalda – uma menina, criada pelo cartunista
argentino Quino, que constrange os pais com perguntas sobre a paz, os direitos humanos e os dilemas da humanidade. As
tiras da Mafalda, que foram criadas para os adultos, têm a intenção de fazer rir e ao mesmo tempo pensar. Essas histórias
em quadrinhos são, atualmente, lidas também pelas crianças. É importante que o aluno compreenda que as histórias em
quadrinhos se caracterizam como uma sequência de ações representadas por desenhos e que devem ser contextualizadas.
Representam fatos, acontecimentos, anedotas, informações e podem utilizar recursos, como: legendas, balões com falas ou
Roda de conversa pensamentos dos personagens e um recurso de linguagem.

Você já leu alguma tira da Mafalda? Conhece essa personagem? Mafalda é


muito crítica, perceba sua preocupação com o mundo.

O mundo...

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p.407.

Compreensão do texto

1. O que Mafalda faz no primeiro quadrinho?


Mafalda pergunta ao pai se há outro dicionário em casa.

2. Que significado ela procura no dicionário?

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Ela procura o significado da palavra “mundo”.

3. Por que ela quer outro dicionário?


Porque o dicionário informa a origem da palavra “mundo” (que vem do latim mundus), mas ela quer saber qual é o

futuro do mundo, para onde ele vai.

4. Você acredita que ela vai encontrar no dicionário a informação que procura?
Não, o dicionário informa o significado das palavras e não traz as informações que ela busca.

5. As tiras de Quino têm um lado humorístico. Discuta com seus colegas qual é o
humor dessa tira. Anote as conclusões.
Resposta pesoal.

43

Book_EJA_v3.indb 43 22/05/2013 09:03:05


Produção de texto
Você julga a preocupação de Mafalda importante?
Reúna-se com colegas, pensem um pouco sobre como é a nossa vida na Terra e o
que conhecemos desse planeta. Como o ser humano tem tratado a Terra? Existe em nossa
cultura a preocupação com a preservação desse espaço que abriga tantas formas de vida?
Escrevam um texto de opinião sobre o assunto.

Resposta pesoal.

Professor:
O trabalho com o texto na sala de aula deve buscar a interação leitor/texto, incentivando a discussão sobre os
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

enfoques apresentados no texto: a Terra como um planeta do Sistema Solar, que pode ser dissecada em seus
aspectos físicos, e a Terra como espaço habitado e transformado pelo homem.
No desenvolvimento da leitura, é importante que se explore o texto como um discurso produzido em um contexto
histórico, cultural e social. Nessa contextualização, cabe a discussão sobre o desenvolvimento de políticas mundiais
de preservação do ambiente, da necessidade de formação de mentalidade de respeito ao espaço em que vivemos.
Lembre-se, professor, de que para que ocorra a atribuição de sentido ao texto, é necessário, também, que o trabalho
em sala de aula valorize a estrutura do texto, a sequência narrativa, a estruturação dos parágrafos e das frases, que
se trabalhe o significado das palavras indicadas no glossário e outras cujos significados ainda não são conhecidas
pelos alunos.

Depois, organizem com o auxílio do professor


uma conversa sobre o assunto.
Ao final, avalie a atividade: Lembre-se:
Conversa ou conversação é a troca
Houve planejamento da atividade? de palavras, de ideias entre pesso-
as sobre um determinado assunto
Todos os alunos participaram da conversa? vago ou específico, podendo ser
formal ou informal. O gênero con-
A atividade versou sobre o assunto proposto? versa é presencial, se dá face a face
Transcorreu em harmonia? e pressupõe o mesmo direito de
44 todos à palavra.
Houve uma conclusão sobre o assunto?

Book_EJA_v3.indb 44 22/05/2013 09:03:05


Professor, o texto “Terra viva”, de Ângela Antunes, é um trecho retirado do texto que serve de prefácio à obra Pedagogia da
Terra, estrita por Moacir Gadotti. Esse fragmento é um texto narrativo sobre ecologia e tem a intenção de fazer pensar sobre a
forma como se estuda ou se estudava a Terra na escola.
O trabalho com o texto na sala de aula deve buscar a interação leitor/texto, incentivando a discussão sobre os enfoques
apresentados no texto: a Terra como um planeta do Sistema Solar, que pode ser dissecada em seus aspectos físicos, e a Terra
como espaço habitado e transformado pelo homem.
Roda de conversa No desenvolvimento da leitura é importante que se explore o texto como um discurso
produzido em um contexto histórico, cultural e social. Nessa contextualização, cabe

O saber que aprendemos na escola nos ajuda a compreender o mundo. Como


podemos estudar os conteúdos da escola de forma a entender sua ligação e impac-
to o com mundo real que nos cerca?

a discussão sobre o desenvolvimento de políticas mundiais de preservação do ambiente, da necessidade de formação de


mentalidade de respeito ao espaço em que vivemos. Destaque a atribuição de sentido a estrutura do texto, a sequência
narrativa, a estruturação dos parágrafos e das frases, trabalhe o significado das palavras indicadas no glossário e outras
cujos significados ainda não são conhecidos pelos educandos.

Terra viva
[...] Na escola, eu tinha visto a Terra tão diferente. Aprendemos que é
um dos nove planetas que giram em torno do Sol e que é uma grande esfera
rochosa. Após a primeira viagem ao redor desta esfera feita pelos astronautas,
aprendemos que ela parece azul porque os oceanos, mares e lagos ocupam
sete décimos de sua superfície e que está coberta de redemoinhos brancos
que são as nuvens e que podem formar furacões. O planeta normalmente
parece manso. Em sua superfície existem lindas paisagens, umas regiões são
mais quentes que as outras. Em muitos lugares, sobretudo nos terrenos mais
elevados, com montanhas e vulcões, pode nevar. As nuvens trazem e levam
a chuva. Existem lindas florestas, savanas e pradarias. A maioria das pessoas
vive nas planícies, principalmente nas mais férteis. O homem transformou essa
paisagem construindo enormes conglomerados de casas e edifícios — as cida-
des — e aprendeu a cultivar o solo e a construir estradas. Pelo que sabemos, é

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


o único planeta em que existe vida. O seu interior é
muito quente e seu solo é rico em minerais e
vegetais. Os mares e oceanos ocupam a
maior parte de seu território, seus rios © Anton Balazh/Fotolia.com

abrem caminhos suavemente pela


sua superfície, cavando seu lei-
to, formando lagos e cachoeiras,
fluindo para o mar. Os homens
e as mulheres que habitam esse
planeta são um sucesso. Cons-
truíram máquinas de todos os
tipos para terra, água e ar.
Pouco me falaram de como
a Terra foi dominada, submetida,
escravizada, dividida em países com
imensas e terríveis fronteiras. Não me
45

Book_EJA_v3.indb 45 22/05/2013 09:03:06


falaram de um planeta despedaçado, mutilado e estéril pela lógica de um sis-
tema de produção que não vê a natureza como parte de nós e que pouco se
preocupa com sua destruição, cuidando apenas para que o paraíso daqueles
que a comandam esteja garantido, como se, no limite, fosse possível.
Estudei a Terra como se estivesse dissecando uma barata. Conheci suas
camadas, sua origem, suas características. Não me explicaram a relação entre
as precárias condições de vida e a política econômica, industrial, ambiental.
Isentaram-me de qualquer responsabilidade quanto ao esgoto a céu aberto,
quanto ao lixo espalhado pelas ruas perto de casa e escola, [...] Nunca tive
a oportunidade de plantar uma árvore, de colher os legumes de uma horta,
de chupar deliciosamente uma manga no jardim da escola, de observar aten-
tamente a beleza da joaninha. Ouvi, escrevi. Pouco senti. Vivenciei menos
ainda. [...]
ANTUNES, Ângela. Terra viva. In: GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Petrópolis, 2000.

GLOSSÁRIO

Savanas – extensas pradarias com esparsas árvores ou grupo de árvores.


Pradarias – grandes planícies cobertas de gramíneas próprias para pastagens.
Planícies – extensões de terreno de aspecto plano.
Esfera rochosa – globo terrestre, corpo sólido redondo formado de rochas.
Astronautas – pilotos ou passageiros de uma nave espacial que viaja fora da atmosfera terrestre.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Conglomerados – casas, edifícios reunidos em uma massa compacta; um grande número de edifica-
ções.
Dissecando – examinando com atenção os detalhes, os elementos que compõem um organismo hu-
mano, animal ou vegetal.

Em grupo
• O que significa o título do texto: “Terra viva”?
• Qual é o propósito de um texto de apresentação de um livro?
• O que se estuda sobre a Terra nos bancos escolares?
• Como a Terra passou a ser vista depois da primeira viagem dos astronautas ao
redor do Planeta?
• O que vem acontecendo com a Terra sob a ação da atividade humana?
46

Book_EJA_v3.indb 46 22/05/2013 09:03:07


Compreensão do texto

1. Como a escola apresentou a Terra para a narradora-personagem desse texto?


A escola apresentou a Terra como um dos planetas que giram em torno do Sol e que é uma grande esfera rochosa.

2. Que informações nós recebemos após a primeira viagem espacial feita pelos as-
tronautas?
Que a Terra vista do alto é azul porque os oceanos, mares e lagos ocupam sete décimos da sua superfície, bem como

que ela está coberta de redemoinhos brancos que são nuvens e podem formar furacões.

3. O que se encontra na superfície do Planeta?


Em sua superfície existem lindas paisagens, regiões mais ou menos quentes, outras frias, terrenos mais elevados,

com montanhas e vulcões, nuvens que trazem e levam a chuva, florestas, savanas, pradarias e grandes planícies.

4. Onde vive a maioria das pessoas?


A maioria das pessoas vive nas planícies mais férteis.

5. Que transformações o homem fez na superfície da Terra?


O homem construiu as cidades: enormes conglomerados de casas e edifícios. Aprendeu a cultivar o solo e construir

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


estradas.

6. Como é o interior da Terra?


É muito quente.

7. Como a autora se refere aos rios da superfície da Terra?


“[...] seus rios abrem caminhos suavemente pela sua superfície, cavando seu leito, formando lagos e cachoeiras,

fluindo para o mar.”

8. Que tipos de máquina foram criados pelo homem?


Os homens criaram todos os tipos de máquinas para terra, água e ar.

9. Que relações a escola deixou de explicar à narradora?


A escola deixou de explicar a relação entre as precárias condições de vida e a política econômica, industrial,

ambiental.
47

Book_EJA_v3.indb 47 22/05/2013 09:03:07


10. A narradora conta que estudou a Terra como se dissecasse uma barata. O que
ela quis dizer com isso?
Ela disse que estudou a Terra em seus aspectos físicos: as camadas, a origem e as características da Terra. E não a

relação entre o homem como agente transformador e a Terra.

11. Pela forma como recebeu as informações na escola, do que a personagem aca-
bou ficando isenta?
Ficou isenta de qualquer responsabilidade quanto ao esgoto a céu aberto, quanto ao lixo espalhado pelas ruas perto

de casa e escolas.

12. Qual é a queixa que a narradora apresenta no último parágrafo?


Queixa-se de não ter tido a oportunidade de plantar uma árvore, de não colher legumes de uma horta, de não chupar

uma manga no jardim da escola e de nunca ter observado a beleza de uma joaninha.

13. Como a autora encerra o texto? Copie as duas últimas frases.


“Pouco senti. Vivenciei menos ainda”.

Reflexão sobre o uso da língua


1. Assinale a alternativa em que a palavra “manga” tem o mesmo sentido que nesta
sentença:
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

“Nunca tive a oportunidade de [...] chupar deliciosamente uma manga no jardim


da escola [...].”
a) ( ) A manga do vestido estampado que usava era curta.
b) ( X ) O cheiro da manga madura era sentido pelas crianças gulosas.
c) ( ) Os trabalhadores arregaçaram as mangas e concluíram a difícil tarefa.

2. Assinale abaixo a alternativa em que a palavra “nuvem” tem o mesmo sentido


que nesta sentença:

“[...] é coberta de redemoinhos brancos que são as nuvens e que podem formar
furacões.”
a) ( ) Uma nuvem de gafanhotos devastou as plantações de milho.
b) ( ) Nuvens de fumaça denunciavam a queimada no campo.
48 c) ( X ) A chuva era prevista, pesadas nuvens escureciam o céu naquela manhã.

Book_EJA_v3.indb 48 22/05/2013 09:03:07


3. Reescreva as frases no tempo presente.
a) “Ouvi, escrevi. Pouco senti. Vivenciei menos ainda.”
”Ouço,...
“Ouço, escrevo. Pouco sinto. Vivencio menos ainda”.

b) “Não tive oportunidade de plantar uma árvore.”


“Não tenho oportunidade de plantar uma árvore”.

c) “Conheci as camadas da Terra, sua origem, suas características.”


“Conheço as camadas da Terra, sua origem, suas características”.

4. Reescreva as frases no tempo passado.


a) “Em sua superfície existem lindas paisagens...”
“Em sua superfície existiam lindas paisagens...”.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


b) “As nuvens trazem e levam a chuva.”
“As nuvens traziam e levavam a chuva”.

c) “A maioria das pessoas vive nas planícies...”


“A maioria das pessoas viviam nas planícies...”

Produção de texto
Atualmente, muito se fala de Ecologia. Os meios de Lembre-se:
Os textos de opinião devem ser bre-
comunicação têm divulgado informações sobre os pro- ves, claros na exposição dos fatos e
blemas que afetam a natureza e alertado sobre as pos- apresentar uma visão crítica. Esses
síveis consequências dos ataques ao ambiente. textos têm a finalidade de informar,
influenciar e convencer os leitores
Como estudar temas e assuntos de modo que pos- ou ouvintes por meio dos argumen-
samos, além de ouvir e sentir, vivenciar o que estamos tos apresentados. 49
aprendendo?

Book_EJA_v3.indb 49 22/05/2013 09:03:07


Professor, leia com os educandos o texto “Os estatutos do homem”, um poema escrito em forma de
decreto, de Thiago de Mello, que é poeta, caboclo do Amazonas e cidadão do mundo que em seus versos
conclama para a campanha de reumanização do ser humano. Trata-se de um texto poético que tem a
intenção de orientar o comportamento humano, por meio de normas que podem transformar o mundo em
Roda de conversa que vivemos em um espaço de harmonia e felicidade.

Você sabe o que é um estatuto? Qual é a finalidade das normas propostas nele?
Você sabe como se estrutura o texto dele? O que é necessário para que as pessoas
cumpram o que um estatuto prevê?
Para que o aluno faça a leitura do texto, é importante que o perceba como um discurso produzido em um contexto
histórico, cultural e social. A linguagem do texto é poética e permeada de figuras de linguagem que apresentam maior
dificuldade para o alcance do significado, exigindo maior cuidado no trabalho em sala de aula.

Os estatutos do homem
Para finalizar esta fase de nosso estudo, vamos ler alguns artigos que
compõem “Os estatutos do homem”, escritos por Thiago de Mello, e procurar
perceber como se sentem os homens que habitam neste mundo e como eles
deveriam viver para buscar a felicidade e a harmonia.
O texto está escrito em forma de Decreto, que é como nossos legislado-
res registram as normas que devem orientar o comportamento dos homens.
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida, e de mãos dadas, marchemos todos pela vida verda-
deira. Professor, a leitura crítica dos textos significa para nossos alunos a possibilidade de
inserção no mundo do conhecimento, que é imprescindível para o efetivo exercício da
cidadania, pois a possibilidade de intervenção na realidade se dá pelo conhecimento.
Artigo IX
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu
suor.
Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liber-
© Joseph Helfenberger/Fotolia.com

dade, a qual será suprimida dos dicioná-


rios e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante, a liberdade
será algo vivo e transparente como um
fogo ou um rio, ou a semente do trigo e
a sua morada será sempre o coração do
homem.
MELLO, Thiago de. Os estatutos do homem. In: ______. Os
estatutos do homem e poemas inéditos. Rio de Janeiro:
[s. n.], 1992.
50

Book_EJA_v3.indb 50 22/05/2013 09:03:08


Thiago de Mello é natural da cidade de Barreirinha, Estado do Amazonas, é um dos poetas mais
influentes e respeitados no país, reconhecido internacionalmente como representante da literatura
regional.
Seu poema mais conhecido é “Os estatutos do homem”; nele, o poeta chama a atenção dos leitores
para os valores simples da natureza humana.

Em grupo
Discutam as questões abaixo e relatem as conclusões para os colegas de sala.
• Por que é importante decretar sobre a verdade?
• Qual o significado de pão, suor e ternura?
• Por que no poema se decreta que a palavra “liberdade” seja suprimida do dicionário
para tornar-se algo vivo e transparente com morada no coração do homem?

Compreensão do texto

1. A que questões importantes se refere o Artigo I escrito por Thiago de Mello?


a) ( X ) À verdade, à vida e à união entre todos na marcha pela vida.
b) ( ) À verdade e à vida.
c) ( ) À marcha pela vida.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


2. O que você entende por: “e de mãos dadas, marchemos todos pela vida verda-
deira”?
Que é importante a união de todos na busca da vida verdadeira.

3. Por que é preciso decretar que “agora vale a verdade”?


Porque a verdade não tem estado presente em nossas vidas.

4. No Artigo IX, o decreto permite “[...] que o pão de cada dia/tenha no homem o
sinal de seu suor”. Qual é a relação de sentido entre pão e suor?
O pão, como nosso alimento, é conseguido por meio do trabalho, representado pelo suor do rosto (pão/alimento x
51
suor/trabalho).

Book_EJA_v3.indb 51 22/05/2013 09:03:08


5. Por que o pão de cada dia deve ter o sabor quente da ternura?
Porque ganhar o pão de cada dia, por meio do trabalho, deve ser feito com amor, com ternura.

6. No Artigo Final, por que fica proibido o uso da palavra “liberdade”, que será
suprimida dos dicionários?
A liberdade deixará de ser apenas uma palavra no dicionário para ser algo vivo e transparente, passando a fazer parte

da vida do homem.

7. Onde será sempre a morada da felicidade?


A felicidade terá sempre como morada o coração do homem.

Produção de texto
Reúna-se com colegas, leiam novamente “Os estatutos do homem”, discutam e esco-
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

lham um tema para redigir um poema em forma de decreto. Algumas sugestões seriam:
“O estatuto da alegria“, “O estatuto da saudade”, etc.
Resposta pessoal.

Os alunos poderão ler os poemas escritos pelos grupos em sala de aula e, depois de
revisados, colocá-los no mural da sala.
52

Book_EJA_v3.indb 52 22/05/2013 09:03:09


© Radu Razvan/Fotolia.com

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Relações sociais,
Unidade
4 culturais e de
produção

Nesta unidade, você vai refletir sobre as ideias e registros da história dos homens
no tempo e as mudanças nos costumes que interferem na maneira de ver e sentir
as coisas no mundo.
53

Book_EJA_v3.indb 53 22/05/2013 09:03:10


O homem transforma o mundo
Roda de conversa

Você sabe o que é um cartum? Já leu algum? Considera interessante essa for-
ma de expressão? Onde, geralmente, esses textos são publicados?

Professor, esse cartum (que apresenta desenho e texto) pode parecer de fácil leitura, mas, para que
a decodificação se concretize, é necessário que os alunos tenham alguns conhecimentos prévios,
Texto 1 tais como a forma como viviam os homens das cavernas, em que tempo viviam e quais marcas
deixaram de sua estada na Terra. Lendo com atenção os elementos que compõem o cartum, o aluno
poderá extrair o significado. O aluno deve ser orientado a perceber os detalhes da cena, as cores,
Cartum localizar os fatos no tempo e no espaço, discutir sobre o comportamento do homem das cavernas, o
início do processo de criação dos utensílios usados na época.

O cartum é uma anedota gráfica, uma narrativa humorística expressa por meio
de caricaturas, normalmente publicada em jornais ou revistas. Pode ou não ter ba-
lões ou legendas. Seu objetivo é provocar o riso do espectador pela crítica irônica e
humorística do comportamento do ser humano, dos seus hábitos e costumes. Geral-
mente, o cartum relata um fato universal sobre temas que podem ser entendidos em
qualquer parte do mundo por diferentes culturas em diferentes épocas.
Professor,

© RIFF. Reb’s
uma imagem
equivale a
muitas palavras,
portanto, é
importante que
o aluno perceba Nil, você já
que os textos terminou de
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

não verbais são


muito usados por a mesa?
nos meios de
comunicação
e que a leitura
crítica deles
é uma forma calma, ana!
de acesso às eu nem
informações terminei de
e ao
conhecimento. fazer os
pratos

54
(RIFF. Enfim un livre intelligent sur la Préhistoire.)

Book_EJA_v3.indb 54 22/05/2013 09:03:11


Em grupo
• Qual é o objetivo do texto?
• Como a organização do texto em linguagem verbal e não verbal auxilia na
compreensão/interpretação do cartum?
• Quais conhecimentos prévios são necessários para ler o cartum?

Compreensão do texto

1. Que período da história da humanidade foi representado pelo autor da charge?


O tempo em que os homens habitavam nas cavernas.

2. Que atividade o personagem está desempenhando?


Esculpindo na pedra os utensílios para pôr a mesa.

3. O que nos faz supor que existe mais um personagem nesse texto?
A indicação da fala do personagem (o balão de fala) que sai do interior da caverna.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


4. Nesse período da história, o que os nossos ancestrais utilizavam como morada?
Como ainda não sabiam construir casas, habitavam nas cavernas.

5. Que elementos do cenário nos sugerem o período histórico?


Resposta pessoal.

55

Book_EJA_v3.indb 55 22/05/2013 09:03:11


Roda de conversa

O que são cavernas? Elas podem servir de abrigo? Para quem?


O texto 2, “Caverna”, é um texto poético e versa
sobre o mesmo tema do texto anterior, mas
Texto 2

National Geographic Society/CORBIS/Latinstock


fazendo uso de outra forma de linguagem para
abordar o assunto, tratando da primeira morada
do homem: a caverna. Refere-se à contribuição
que nossos ancestrais deixaram para a
Caverna
Houve um dia,
no começo do mundo
em que o homem
ainda não sabia
construir sua casa.
Então disputava
a caverna com bichos
e era aí a sua morada.
Deixou para nós
seus sinais,
desenhos desse mundo Obra de arte representando homens das cavernas na pré-
muito antigo. -história.

Animais, caçadas, danças,

Ariadne Van Zandbergen/Africa Media Online/Glow Images


misteriosos rituais.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Que sinais
deixaremos nós
para o homem do futuro?
MURRAY, Roseana. Caverna. In: ______. Ca-
sas. Belo Horizonte: Formato, 1994.
civilização moderna e os vestígios históricos dessa fase
da vida na Terra, aos quais ainda temos acesso. O texto
estabelece uma relação entre o mundo muito antigo
e o atual. Faz também uma indagação sobre o futuro,
incentivando a uma reflexão sobre o tema.
Pinturas rupestres no Chivero Game Park. Zimbábue (África),
Em grupo 2011.
No trabalho em sala de aula, na leitura do texto, além da fruição do poema,
da percepção da linguagem poética, é importante que se explore o texto
• Qual é o tema do poema? como um discurso produzido em um contexto histórico, cultural e social.
Nessa contextualização, cabe a discussão sobre a intenção do autor na
• Que sinais foram deixados pelos homens das cavernas?
• O que esses sinais nos contam sobre esses homens?
56 • Há uma diferença no enfoque dos textos “Cartum” e “Caverna”, qual é?
produção do texto e para que interlocutor ele se destina. É importante que o aluno perceba o foco narrativo, os indícios
da demarcação do tempo físico, a estrutura do texto: fatos e ações que compõem a trama, a busca da interlocução com o
leitor no último parágrafo.

Book_EJA_v3.indb 56 22/05/2013 09:03:14


Compreensão do texto
Leia mais uma vez o poema “Caverna” e observe como a escritora brasileira
Roseana Murray refere-se poeticamente à primeira habitação do homem na Terra.
Depois, responda às questões:

1. A que tempo o poema se refere na primeira estrofe?


No começo do mundo, no tempo em que o homem ainda não sabia construir sua casa.

2. Que habilidade faltava ao homem nessa época?


Faltava-lhe a habilidade de construir casas.

3. Onde morava o homem e com quem ele disputava esse espaço?


Nessa época, o homem morava nas cavernas, que disputava com os bichos.

4. O homem desse período histórico deixou desenhos nas paredes das cavernas. O
que ele representava por meio das pinturas?
Por meio das pinturas, o homem representava animais, caçadas, danças e misteriosos rituais.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


5. Você acredita que esses fatos realmente aconteceram ou foram criados apenas
na imaginação da autora?
Resposta pessoal. Os homens primitivos realmente existiram e seus sinais ainda podem ser vistos no interior de

algumas cavernas.

6. O que comprova a existência dos homens primitivos, que habitavam as cavernas


no começo do mundo?
Os sinais, desenhos dessa época histórica, deixados nas paredes das cavernas.

7. Cada povo vive em um período histórico e deixa suas marcas. Responda ao ques-
tionamento do texto, dizendo que sinais nós deixaremos para o homem do futuro.
Resposta pessoal.

57

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Reflexão sobre o uso da língua
Releia o poema e responda:
1. A palavra “misteriosos” indica, no poema, uma característica:
( ) da caverna
( ) dos homems
( X ) dos rituais
2. Nas frases seguintes, que expressões dão ideia de tempo?
a) “Deixou para nós seus sinais, desenhos desse mundo muito antigo”.
( ) seus sinais
( X ) muito antigo
( ) desse mundo
b) No começo do mundo, o homem não sabia construir casas.
( ) o homem
( ) não sabia
( X ) no começo do mundo
3. Reescreva as frases considerando a alteração proposta:
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

a) O homem disputava a caverna com os bichos.


Os homens disputavam as cavernas com os bichos.

b) No começo do mundo, o homem não sabia construir sua casa.


No começo do mundo, os homens não sabiam construir suas casas.

4. Complete as frases seguintes com palavras e expressões que dão ideia de lugar
(em cima, embaixo, perto, dentro):
a) Os animais ferozes viviam perto dos homens.
b) Protegiam-se das tempestades embaixo das árvores.
c) Moravam também em cima de morros.
d) Os desenhos eram feitos dentro das cavernas.

58

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5. Redija nos balões do cartum as falas dos personagens.

Cide Gomes

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Despois escreva uma história a partir das imagens do cartum.
Resposta pessoal.

59

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O cotidiano do trabalhador
Professor, lembre aos educandos que narrar significa contar algo para alguém,
fatos reais ou imaginários em que personagens se movimentam em um certo
Roda de conversa espaço à medida que o tempo passa, portanto, trata-se de uma obra de ficção.
Nesse texto, explore a relação do título com o tema do texto; os movimentos da

Você sabe quais são as atribuições de um padeiro para suprir nossas mesas
com pão fresco diariamente? Você acredita que essa função com a tecnologia
atual ficou mais fácil? Como era fazer pão antes do avanço tecnológico? E imprimir
os jornais, ficou mais fácil?
narrativa, identificando a introdução, o desenvolvimento e a conclusão; o foco da narração,
incentivando o aluno a buscar indícios que orientem para o narrador (em primeira pessoa);
Leia a crônica: buscar no texto as ações mais importantes; o espaço em que ocorrem os fatos; a presença de
discurso direto, indicado pela pontuação; o clímax da narrativa; o tempo – buscando os indícios
do tempo cronológico; a composição da trama – como o autor articulou os fatos no texto; e a
O padeiro identificação do desfecho pelo aluno, destacando a importância da pontuação, dos elementos
coesivos e da organização dos parágrafos.
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café
e abro a porta do apartamento — mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo
instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve
do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões,
que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu
café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim.
E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci
antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a
campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
— Não é ninguém, é o padeiro!
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

OtnaYdur/Shutterstock

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia


de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que
aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe
acontecera bater a campainha de uma casa e ser
atendido por uma empregada ou outra pessoa
qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro
perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o
atendera dizer para dentro: “Não é ninguém, não
senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que
não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e
se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo
60
para explicar que estava falando com um colega,
Padeiro trabalhando.

Book_EJA_v3.indb 60 22/05/2013 09:03:16


ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia
o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase
sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na
mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina,
como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava impor-
tante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que
eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e
o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu
recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre;
“não é ninguém, é o padeiro!”
E assobiava pelas escadas.
BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. et al. Para gostar de ler: crônicas. 12. ed. São Paulo:
Ática, 1989. v.1.

Em grupo GLOSSÁRIO

• Qual é o gênero do texto? Abluções –


práticas de
higiene cor-
• Quais são as características básicas da crônica? poral; higiene
do corpo
• Qual é o assunto? com sentido
de ritual.
• Quem é o narrador?
Lock-out –
• Qual é o significado de “não é ninguém, é o padeiro”? greve não de
empregagos,

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


mas de em-
Compreensão do texto pregador

1. O texto “O padeiro” é:
( X ) uma crônica escrita em prosa e na primeira pessoa;
( ) uma narrativa escrita em versos e na terceira pessoa;
( ) um poema escrito em versos e na primeira pessoa.

2. O que aconteceu de diferente na manhã do personagem-narrador do texto?


Ele não encontrou o pão que era entregue em seu apartamento diariamente.

3. O que significa tomar o café da manhã com pão adormecido?


Significava tomar o café da manhã com pão do dia anterior e não com pão fresco. 61

Book_EJA_v3.indb 61 22/05/2013 09:03:16


4. Todas as greves têm uma intenção. Qual era a intenção da “greve do pão ador-
mecido”?
Era uma greve de patrões que suspenderam o trabalho noturno com a intenção de pressionar o governo para obter

alguma coisa que o narrador desconhecia.

5. O fato de tomar café com pão do dia anterior fez com que o personagem-narrador
se lembrasse de alguém que conheceu no passado. Quem era?
O personagem-narrador lembrou-se de um homem modesto que entregava pães à porta dos apartamentos.

6. Como o padeiro aprendeu a falar “não é ninguém, é o padeiro” quando deixava


o pão à porta dos apartamentos?
Repetia o que ouvia das pessoas que atendiam à porta e informavam o indivíduo, de dentro do apartamento, que

perguntava quem era: — “Não é ninguém, não senhora, é o padeiro”.

7. Quais eram as semelhanças entre o trabalho do padeiro e o do jornalista?


Ambos faziam trabalho noturno e de madrugada e tanto o jornal como o pão eram entregues à população.

8. Atualmente, essas semelhanças ainda existem? Explique.


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Resposta pessoal.

9. O que era motivo de orgulho para o jovem jornalista?


O jornal que levava para casa, pois além das reportagens que escrevera sem assinar, havia uma crônica ou artigo

com o seu nome.

10. Que lição o jornalista aprendeu com o padeiro?


Recebeu uma lição de humildade daquele homem útil e alegre.

62

Book_EJA_v3.indb 62 22/05/2013 09:03:16


Reflexão sobre o uso da língua
Releia a crônica e responda:

1. Leia os trechos retirados do texto e responda às questões abaixo.


a) “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer
café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro”.
As palavras negritadas indicam ações praticadas:
( X ) pelo narrador do texto.
( ) pelo padeiro, personagem do texto.
( ) por uma empregada que atendia o padeiro.
b) “Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava im-
portante...”
As palavras negritadas referem-se ao tempo:
( ) presente.
( X ) passado.
A expressão “às vezes”, na frase, significa algo que acontece:
( ) sempre.
( X ) de vez em quando.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


( ) com frequência.
c) “eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre
todos alegre; ‘não é ninguém, é o padeiro!’”
As palavras “útil” e “alegre” se referem:
( ) ao cronista.
( ) ao jornalista.
( X ) ao padeiro.
Produção de texto
Lembre-se:
Reúna-se com colegas e narrem de forma resumi- O resumo é uma apresentação
da os fatos mais importantes do texto da maneira como abreviada de um texto com a
vocês os compreenderam. Depois, comparem os textos finalidade de transmitir uma
com os dos colegas de sala e verifiquem as diferenças e ideia sobre o seu conteúdo.
63
as coincidências na interpretação.

Book_EJA_v3.indb 63 22/05/2013 09:03:17


Roda de conversa

As relações familiares sempre foram um assunto interessante. Você acha que


a mudança nos costumes alterou muito as relações entre pais e filhos? As ques-
tões familiares discutidas atualmente são semelhantes às discutidas há um sécu-
lo? Os ambientes, o uso de equipamentos de tecnologia atual, o acesso rápido a
informações são fatores que alteram as relações familiares?

Leia o conto escrito por Artur Azevedo, que trata das relações de uma família do
século XIX.

Plebiscito
A cena passa-se em 1890.
A família está toda reunida na sala de jantar.
O Sr. Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou
de comer como um abade.
D. Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário-
-belga.
Os pequenos são dois, um menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar o caná-
rio. Ele, encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita atenção umas das nossas
folhas diárias.
Silêncio.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:


– Papai, que é plebiscito?
O Sr. Rodrigues fecha os olhos imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
– Papai?
Pausa.
– Papai?
D. Bernardina intervém:
– Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe chamando. Não durma depois do jantar
que lhe faz mal.
O Sr. Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos.
64 – Que é? Que desejam vocês?

Book_EJA_v3.indb 64 22/05/2013 09:03:17


– Eu queria que papai me dissesse o que é plebiscito.
– Ora essa, rapaz! Então tu vais fazer doze anos e não sabes
ainda o que é plebiscito?
– Se soubesse, não perguntava.
O Sr. Rodrigues volta-se para D. Bernardina, que continua muito
ocupada com a gaiola:
– Ó senhora, o pequeno não sabe o que é plebiscito!
– Não admira que ele não saiba, porque eu também não sei.
– Que me diz?! Pois a senhora não sabe o que é plebiscito?
– Nem eu, nem você; aqui em casa ninguém sabe o que é plebis-
cito.
– Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser ne-
GLOSSÁRIO
nhum ignorante!
– A sua cara não me engana. Você é muito prosa. Vamos: se Plebiscito
– resolução
sabe, diga o que é plebiscito! Então? A gente está esperando! Diga!... submetida ao
– A senhora o que quer é enfezar-me! julgamento
do povo que
– Mas, homem de Deus, para que você não há de confessar a aprova ou
que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar qualquer palavra. rejeita por
Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o que meio do voto
que exprime
era proletário. Você falou, e o menino ficou sem saber! simplesmente
– Proletário – acudiu o Sr. Rodrigues – é o cidadão pobre que sim ou não.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


vive do trabalho mal remunerado. Repimpado –
acomodado a
– Sim, agora sabe porque foi ao dicionário; mas dou-lhe um gosto; refeste-
doce, se me disser o que é plebiscito sem se arredar dessa cadeira! lado.
Abade – indi-
– Que gostinho tem a senhora em tornar-me ridículo na presen-
víduo bem nu-
ça dessas crianças! trido, tranquilo,
– Oh! Ridículo é você mesmo quem se faz. Seria tão simples sem preocupa-
ções.
dizer: – Não sei, Manduca, não sei o que é plebiscito; vai buscar o
dicionário, meu filho.
O Sr. Rodrigues ergue-se de um ímpeto e brada:
– Mas se eu sei!
– Pois, se sabe, diga!
– Não digo para não me humilhar diante de meus filhos! Não
dou o braço a torcer! Quero conservar a força moral que devo ter
nesta casa! Vá para o diabo!
65

Book_EJA_v3.indb 65 22/05/2013 09:03:17


E o Sr. Rodrigues, exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jan-
tar e vai para o seu quarto, batendo violentamente a porta.
No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algu-
mas gotas de água de flor de laranja e um dicionário...
A menina toma a palavra:
– Coitado de papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que
é tão perigoso!
– Não fosse tolo – observa D. Bernardina – e confessasse franca-
mente que não sabia o que é plebiscito!
– Pois – acode Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador
involuntário de toda aquela discussão –, pois sim, mamãe; chame pa-
GLOSSÁRIO pai e façam as pazes.
– Sim! Sim! Façam as pazes! – diz a menina em tom meigo e su-
Enfezar –
demonstrar plicante. – Que tolice! Duas pessoas que se estimam tanto zangarem-
raiva, irritação, -se por causa do plebiscito!
impaciência.
D. Bernardina dá um beijo na filha e vai bater à porta do quarto:
Exasperadís-
simo – que – Seu Rodrigues, venha sentar-se; não vale a pena zangar-se por
se exasperou, tão pouco.
exaltado, irri-
tado. O negociante esperava a deixa. A porta abre-se imediatamente.
Dogmáti- Ele entra, atravessa a casa e vai sentar-se na cadeira de balanço.
co – que se
apresenta com – É boa! – brada o Sr. Rodrigues depois de largo silêncio. – É
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

caráter de cer- muito boa! Eu! Eu ignorar a significação da palavra plebiscito! Eu! ...
teza absoluta.
A mulher e os filhos aproximam-se dele.
Comícios –
reunião pública O homem continua num tom profundamente dogmático:
de cidadãos,
geralmente a – Plebiscito!
céu aberto, em
que se fazem E olha para todos os lados a ver se há por ali mais alguém que
protestos e possa aproveitar a lição.
ou críticas de
caráter social – Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecido
ou político. em comícios.
Estrangeiris- – Ah! – suspiram todos, aliviados.
mo – influência
geralmente – Uma lei romana, percebem? E querem introduzi-la no Brasil! É
forte da cultura, mais um estrangeirismo! ...
dos costumes,
de determinada AZEVEDO, ARTUR. Plebiscito. In:______. Contos. São Paulo: Três, 1973.
nação sobre a
outra.
66

Book_EJA_v3.indb 66 22/05/2013 09:03:17


O conto literário é do tipo narrativo, geralmente é um texto curto apresentando número reduzido de
personagens, curto espaço de tempo, ambiente restrito e poucas ações.

Em grupo
• Qual é o gênero do texto?
• Qual é o assunto do texto?
• Quem faz a narração do conto?
• Em que ambiente se desenvolvem as ações do conto?
• Quais são as características dos personagens do conto?
• Por que o Sr. Rodrigues não admitiu que desconhecia o significado da
palavra “plebiscito”?

Compreensão do texto

1. Quem são os personagens do conto?


Sr. Rodrigues, D. Bernardina, o menino e a menina.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


2. Observando a forma de tratamento e a linguagem usada pelos personagens, o
que se pode concluir sobre as suas origens?
São descendentes de português.

3. Copie a apresentação dos personagens Sr. Rodrigues e D. Bernardina feita pelo


narrador presente no texto.
“O Sr. Rodrigues palita os dentes repimpado numa cadeira de balança.”

“D. Bernadina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário-belga.”

4. Além da fala do narrador, o discurso direto dos personagens compõe a estrutura


do texto. Copie o discurso do Sr. Rodrigues sobre o que é plebiscito.
“– Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecido em comícios”.

67

Book_EJA_v3.indb 67 22/05/2013 09:03:18


5. Dê sua opinião sobre o comportamento do Sr. Rodrigues. Você concorda com a
atitude dele? Por quê?
Resposta pessoal.

Reflexão sobre o uso da língua


A função da pontuação de um texto é muito importante. Ela nos orienta como
determinada frase ou expressão deve ser lida. No conto que lemos, há diálogos e é
possível perceber vários sinais de pontuação que iniciam e finalizam as frases.

1. Em grupo, façam a leitura dramatizada do texto. Cada aluno fará o papel de um


personagem, prestando atenção à pronúncia das frases.

2. Em seu caderno, escreva o que você observou sobre o uso dos sinais de pontua-
-ção na leitura do texto.

3. Que sinal de pontuação é colocado no início das frases e que indica o início do
discurso de um personagem?

4. Observe a frase seguinte e responda: por que o autor do conto utilizou dois sinais
de pontuação no final?
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

“– É muito boa! Eu! Eu ignorar a significação da palavra plebiscito! Eu!...”


Para dar ênfase.

Produção de texto
A cena passa-se em 1890, há mais de um século, e a família está reunida na
sala de jantar. Sabemos do rápido avanço da tecnologia e da mudança no comporta-
mento das pessoas. Como você imagina uma cena semelhante adaptada aos tempos
atuais? Considere a forma de expressão verbal das pessoas, imagine o ambiente, os
equipamentos modernos que o compõem e faça um relato disso.
Resposta pessoal.

68

Book_EJA_v3.indb 68 22/05/2013 09:03:18


Felipe Dana/ASSOCIATED PRESS/Glowimages.com

Os seres

e de produção
humanos
Unidade
Vick Muniz faz colagem a partir de lixo do Rio de
Janeiro, durante as Conferências das Nações
Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável
1 ambiente
eo
e o ambiente
sociais, culturais
Os seres humanos

– Rio +20 no Rio de Janeiro, Brasil, em 2012. A


obra mostra a emblemática paisagem do Rio de
Janeiro vista da Baía de Guanabara.
1 • Relações
Unidade 4

Nesta unidade você entenderá a arte efêmera, intervenção urbana e também


conhecerá artistas que desenvolvem seu trabalho com elementos que são consi-
derados LIXO.
69

Book_EJA_v3.indb 69 22/05/2013 09:03:20


A percepção do artista
Elementos do ambiente na arte
Alguns artistas inovam também quando escolhem os materiais com os quais
irão compor a sua obra. Você conhecerá artistas que trabalham com materiais não
convencionais.

Roda de conversa

Você já viu alguma obra de arte ou manifestação artística confeccionada a partir


de elementos da natureza?
E as imagens abaixo? Você as reconhece?
Clarissa Cavalheiro/REUTERS/Latinstock
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Jorge Selarón na Escadaria Selarón. Rio de Janeiro (RJ), 2010.

Alguns artistas produzem seus traba-


Agencia EL UNIVERSAL/Especial/GlowImages.com

lhos com elementos do ambiente e outros


interferem no espaço físico.
Jorge Selarón é um artista plástico
que passou por muitos lugares do mun-
do e um belo dia conheceu o bairro da
Lapa, no Rio de Janeiro, e ficou encantado.
Ele começou a transformar alguns objetos,
mudar a função deles. Por exemplo, trans-
formou uma banheira em floreira. Mais
MUNIZ, Vick. Mona Lisa. 1999. Geleia e pasta de tarde, o artista começou a revestir a es-
70
amendoim/Cibachrome, 30 cm x 40 cm. Sikkema cadaria que liga o bairro ao convento da
Yenkinss & Co., Nova York (EUA).
Santa Teresa: nada mais, nada menos do

Book_EJA_v3.indb 70 22/05/2013 09:03:22


que 215 degraus.

LE DAUPHINE/PATRICK ROUX/Glowimages.com
A maioria dos azulejos foram feitos
pelo próprio Selarón, outros vieram de
lugares variados do mundo todo, como
Portugal, EUA, Grécia, Rússia, Austrália,
entre outros. As pessoas ficaram saben-
do de sua arte e mandaram azulejos pelo
correio; assim, ele foi montando sua obra.
Vick Muniz é fotógrafo, desenhista,
pintor e gravador. Nasceu em São Paulo,
em 1961. Em suas obras, utiliza técnicas Vick Muniz. França, 2011.

e materiais variados e inusitados, como geleia, doce de leite, gel para cabelo, etc.
Um exemplo é a obra Mona Lisa, que foi elaborada com geleia e pasta de amen-
doim, substâncias comestíveis.

Observe as imagens com atenção e responda:

1. Há semelhança entre as obras desses dois artistas? Ou não? Explique.


Não, Vick Muniz trabalha com pasta de amendoim para compor sua obra Mona Lisa, que ficará exposta em um local

específico e mais tarde poderá ser transferida para outro local, enquanto Selarón utiliza um espaço urbano, neste caso,

uma escadaria, que sempre estará no mesmo lugar.

2. Elas são bi ou tridimensionais?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


A obra de Vick Muniz é bidimensional (possui altura e largura) e a de Selarón é tridimensional (possui altura, largura e

profundidade).

3. Quais foram as técnicas utilizadas? Descreva-as.


Vick Muniz utilizou pasta de amendoim, que é uma substância comestível, para pintar a imagem da Mona Lisa, e Selarón

partiu de um local já existente, a escadaria de Santa Teresa, e fez uma composição, recobrindo-a com azulejos coloridos.

71

Book_EJA_v3.indb 71 22/05/2013 09:03:23


Sistematizando
Podemos perceber que o artista Selarón utilizou uma forma bidimensional, que é o
azulejo, e compôs uma forma de arte tridimensional, que é a escadaria, os muros ao redor,
etc. O artista revestiu o tridimensional com o bidimensional.
Vick Muniz trabalha com objetos tridimensionais, organizando-os de tal forma que o
resultado final será uma obra bidimensional, a fotografia; isto acontece na obra passione II,
que apareceu na abertura de uma novela com o mesmo nome e foi composta com sucata.

Produção
Com o auxílio do professor, dividam a turma
em quatro equipes. Duas equipes pesquisarão Você sabe o que é releitura?
É a reelaboração de uma obra
sobre Selarón e sua obra, e as outras duas, sobre utilizando outra técnica, outras
Vick Muniz e sua obra. As equipes devem apre- cores ou outras formas, porém,
sentar a pesquisa de forma oral para a turma mantendo uma ligação com a
obra de origem.
toda, utilizando recursos disponíveis na escola.
Cada equipe deverá apresentar uma releitura da
obra do artista pesquisado.

1. Você conhece outros artistas que trabalham com elementos do ambiente?


Resposta pessoal.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

2. Você já ouviu falar em “arte efêmera”?


Resposta pessoal.

72

Book_EJA_v3.indb 72 22/05/2013 09:03:23


Saber mais

Você sabia que


Se procurarmos no dicionário uma definição para a palavra “efêmera”, encon-
traremos: passageiro, temporário, que tem curta duração. A temporalidade é uma
característica das obras de arte do artista Vick Muniz. Esse é um dos motivos pelo
qual ele fotografa suas obras elaboradas com materiais perecíveis. Outro artista
que também trabalha com arte efêmera é Peter Donnelly, que mora na cidade de
Christchurch, na Nova Zelândia, e há aproximadamente 10 anos utiliza a areia da
praia para desenvolver sua arte.
Quando a maré está baixa, pela manhã, ele faz os desenhos na areia com
uma vareta. Conforme a maré sobe, seu trabalho vai sendo apagado, ou seja,
sempre que ele começa o desenho, ele sabe que no final do dia a obra não existirá
mais. Isso chamamos arte efêmera.
Consulte o endereço abaixo para visualizar as obras de Peter Donnelly:
<http://entretenimento.divulgueconteudo.com>. Acesso em: 05/05/2013
Ao compor suas imagens gigantescas, o artista trabalha de forma única, trans-
formando a praia em uma galeria a céu aberto. Por este motivo, Peter Donnelly é
chamado de dançarino da areia.

Produção
Escolha um material para compor sua arte efêmera. O trabalho poderá ser de-
senvolvido individualmente ou em grupo.
Após o trabalho realizado, apresente para a turma, explicando como ele foi

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


desenvolvido e quais os materiais utilizados. Uma sugestão é que se utilize materiais
encontrados na natureza.
Alguns materiais que você poderá utilizar para elaborar sua arte efêmera:
– folhas verdes ou secas;
– flores naturais;
– substâncias comestíveis.

Sugestão
Pesquisem a obra de Bernard Pras e a comparem com a obra de Vick Muniz
quanto: à técnica e aos materiais utilizados, ao tema escolhido, à época realizada
e à dimensão.
73

Book_EJA_v3.indb 73 22/05/2013 09:03:23


Intervenção urbana
Observe as imagens abaixo: elas foram produzidas por Eduardo Srur que tra-
balha com a interferência artística em espaços urbanos.
Nas obras 1 e 2 o artista trabalha com o problema da poluição do rio Tietê.
Na obra 2 ele utilizou manequins em caiaques boiando no meio do lixo. Enquanto
na obra 1, trabalhou com garrafas PET em tamanho gigante para mostrar o dano
causado por este tipo de material.
Almeida Rocha/Folhapress

Carros parados na marginal Tietê,


ao lado da instalação do artista
plástico Eduardo Srur - reprodução
gigante da garrafa PET. São Paulo
(SP), 2008.

O artista Eduardo Srur espalhou, no Rio Pinheiros, 100 caiaques conduzidos


por manequins.
Chamamos esse tipo de arte de intervenção urbana.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Rogerio Canella/Folhapress

Caiaque e manequins de uma


intervenção artística no rio
Pinheiros, criada por Eduardo
Srur, são arrastados pelo lixo
acumulado na água.

74

Book_EJA_v3.indb 74 22/05/2013 09:03:25


Roda de conversa

Muitas vezes os centros urbanos crescem de maneira desordenada e, assim,


ocasionam transtornos para os moradores.
Na maioria das vezes esses problemas são ambientais e prejudicam o cotidiano
das pessoas.
Você já parou para refletir sobre sua qualidade de vida?
Em termos de qualidade ambiental, quais são as condições do seu bairro? E a
qualidade de vida?
Converse com o professor sobre as possíveis causas que motivaram o artista
Eduardo Srur a desenvolver esse tipo de arte.

Produção
Pensem nos principais problemas relacionados ao ambiente que afligem sua
comunidade e conversem sobre isso em grupos.
Vocês conhecem o trabalho do artista Eduardo Srur, que, para chamar a aten-
ção da população para o problema da poluição, utilizou seu talento e criatividade?
Em determinado momento, ele utilizou manequins em caiaque e os colocou sobre
o lixo.
Após detectarem os problemas mais marcantes na comunidade, reúnam-se
em grupo para desenvolver uma intervenção urbana.

Observação: uma intervenção urbana não precisa, necessariamente, ter

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


grandes dimensões, como as obras de Eduardo Srur.

Ao montarem a obra, vocês podem criar uma iluminação (vela, lanterna, ho-
lofote) para valorizá-la.
GLOSSÁRIO
Fotografem as obras em vários ângulos
diferentes e em diferentes horários do dia ou Intervenção urbana: é uma forma de ma-
nifestação artística realizada em espaços
da noite. urbanos de grandes ou pequenos centros.
Comparem suas obras e percebam as Algumas interferências possuem grandes
diferenças e semelhanças entre elas quanto: proporções, enquanto outras não, como,
por exemplo, as “polaroides invisíveis”, de
– aos materiais utilizados; Tom Lisboa.
– à proporção das obras;
– ao assunto explorado. 75

Book_EJA_v3.indb 75 22/05/2013 09:03:26


Roda de conversa

Você percebeu que neste capítulo as obras mostradas, na maioria, foram pro-
duzidas a partir de materiais alternativos e que já estavam sem utilidade, os quais
chamamos sucata.

Traga para a sala de aula algum tipo de objeto que considere sucata, tais como:
pedaços de madeira, pedaços de ferro, vidro, plástico, lata.
Experimente bater (percutir) nele com a mão ou com outro objeto.
Ouça o som produzido por cada um e analise:
Quando uma pessoa estiver produzindo o “seu” som, os outros, sem ver o ob-
jeto, vão tentar adivinhar qual foi o material ou objeto utilizado pelo colega. Desta
forma, estaremos reconhecendo o timbre, que é a característica do som que cada
material produz; é por meio do timbre que identificamos as vozes das pessoas e
conseguimos diferenciar um som de outro.
Agora vamos analisar a altura; os sons mais altos são mais agudos e os mais
baixos são mais graves.
A duração é o elemento do som que percebemos quando um som é emitido
durante um espaço de tempo maior ou menor. Exemplo: quando alguém chama
por “João” a duração é menor do que quando ela manter Joãããããão.
Já a intensidade está ligada diretamente à força com a qual emitimos um som,
por exemplo, duas mãos batendo palmas é menos intenso que o som de um piano
caindo.
E, enfim, analisaremos a densidade sonora, que trata da quantidade de sons
que são emitidos ao mesmo tempo, por exemplo: quando uma pessoa toca um
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

violão, a densidade é menor do que quando uma orquestra de violões está tocando.
Desta forma, analisamos e conhecemos os elementos formadores do som.
– Explore sonoricamente o material que trouxe de casa e escolha como pro-
duzir o som (batendo, raspando, etc.);
– Cada um produz o “seu” som em seguida do outro;
– Agora, organizem-se da seguinte forma:
– Escolham a ordem em que cada pessoa produzirá o som;
– Quantas vezes ela o fará;
– Como acontecerá isso, por exemplo: a pessoa 1 produzirá “seu” som uma
vez, a pessoa 4 produzirá o seu três vezes e volta para a pessoa 1, que produzirá
duas vezes. Depois, as pessoas 1, 2 e 3 produzirão “seus” sons ao mesmo tempo.
Essa sequência de sons é denominada composição sonora.
76
– Isto é apenas um exemplo, cada grupo é que decidirá a forma de montar
sua composição, a sequência executada e a quantidade de participantes.

Book_EJA_v3.indb 76 22/05/2013 09:03:26


Rogério Reis/Pulsar Imagens

Identidade social:
Unidade
2 formasde
participação Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Nesta unidade vamos conhecer o folclore brasileiro em suas diversas manifesta-


ções.
77

Book_EJA_v3.indb 77 22/05/2013 09:03:27


Diferentes linguagens regionais
Manifestações folclóricas
Roda de conversa

Você sabe o que é folclore?


Você já viu ou participou de alguma manifestação folclórica?

Observem as imagens abaixo e identifiquem as manifestações folclóricas. E as


regiões que elas representam.
Delfim Martins/Pulsar Imagens

Delfim Martins/Pulsar Imagens


Grupo CTG Guapos do Itapuí da cidade de Campo Bom.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Olímpia (SP), 2006.

Grupo Folclórico Samba Lenço da cidade de Mauá.


Delfim Martins/Pulsar Imagens

Olímpia (SP), 2006.

Festival de Folclore
de Parintins – Ga-
rantido. Parintins
(AM), 2010.

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Book_EJA_v3.indb 78 22/05/2013 09:03:30


As danças e músicas folclóricas foram surgindo como forma de representar a
tradição e a cultura de determinada região e podem estar ligadas à religião, lendas
e fatos históricos.
É importante observar que cada gênero musical está acompanhado de uma
dança.
Essas danças são compostas por passos e movimentos corporais específicos,
marcam o ritmo musical e representam os aspectos culturais locais, bem como
épocas e comemorações.

Veja o significado das palavras abaixo:


Folk – povo.
Lore – conhecimento, sabedoria popular que passa de geração em
geração.
Mas, então, o que é folclore?
Segundo o arqueólogo inglês William John Toms, a palavra “folclore”
é composta por dois termos anglo-saxônicos: folk (povo) e lore (saber). É o
que entendemos por sabedoria popular ou sabedoria do povo.
Você sabe o que faz parte do folclore?
Danças?
Trajes?

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Comidas típicas?
Lendas?

E o que mais?

No Brasil, temos muitas danças que representam a cultura e as tradições de


diferentes regiões.
Estas danças sempre estarão ligadas à religiosidade, lendas, fatos históricos ou
brincadeiras. Para cada dança, temos uma música, as quais possuem letras simples
compostas pelo povo. As danças do folclore brasileiro geralmente são apresentadas
em espaços abertos, para que uma grande quantidade de pessoas possa apreciar
e participar.

79

Book_EJA_v3.indb 79 22/05/2013 09:03:30


Roda de conversa

Conversem com o professor e a turma sobre as manifestações folclóricas de


cada região do Brasil.
Quais músicas do folclore brasileiro você conhece?
Você pode cantá-la ou tocá-la para o professor e colegas.
As músicas do folclore brasileiro são canções populares, muitas de autores
desconhecidos e são transmitidas de geração em geração através dos tempos.
As cantigas de roda fazem parte do folclore brasileiro assim como o baião e o
forró.

Década de 1970 e a música no Brasil


A música popular brasileira em alguns momentos foi associada a movimentos
culturais populares, seguindo tendências e refletindo o pensamento da época. Re-
presenta a música do dia a dia, tocada nas festas, usada para dançar e socializar.
Os consagrados nomes da música popular brasileira nos anos de 1970 viveram
o fim de 1968 enfrentando prisão e exílio.
“Aqui na Terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock’n roll.
[...] A coisa aqui tá preta.”
Trechos de letras de Chico Buarque:
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

“Apesar de você,
amanhã pode ser outro dia.
[...] que eu vou morrer de rir,
Que esse dia há de vir,
Antes do que você pensa”

BUARQUE, Chico. Apesar de você. Intérprete:______. In:______.


Chico Buarque. [S. l.]: Polygram/Phillips, 1979. Faixa 11.

80

Book_EJA_v3.indb 80 22/05/2013 09:03:30


“Acorda, amor.

Fernanda Steffen/W. Commons


Eu tive um pesadelo agora:
Sonhei que tinha gente lá fora,
Batendo no portão,
Que aflição!
Era a ‘dura’.
Uma muito escura viatura.
Minha nossa, santa criatura!
Chame, chame, chame, chame o ladrão,
Chame o ladrão!”
ADELAIDE, Julinho de; PAIVA, Leonel. Acorda amor. Intérprete: Chico
Buarque. In: BUARQUE, Chico. Songbook. [S. l.]: Lumiar Discos, 1999. Chico Buarque. 2007.
2 CDs. Faixa 24.

Giulia Ciappa/W. Commons


Caetano Veloso e Gilberto Gil, também
egressos de um exílio na Europa, seguiram ca-
minhos paralelos.
Caetano, considerando-se mais poeta do
que músico, assinou criações belíssimas, home-
nageando a alegria, o prazer, a “beleza pura” e
o “luxo para todos”. No Manifesto Joia (1975),

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Caetano declarava: “Inspiração quer dizer: estar
cuidadosamente entregue ao projeto de uma mú-
sica posta contra aqueles que falam em termos
de década e esquecem o minuto e o milênio”.
Caetano Veloso. 2010.
Joi Ito/W. Commons

Gilberto Gil atirou-se por com-


pleto na grande aventura de resgatar
sua negritude, buscando o contato
com o reggae da Jamaica e apre-
sentando-se em países africanos, ao
mesmo tempo em que transmitia ao
público suas experiências místicas e
ideias pacifistas.
81
Gilberto Gil. 2007.

Book_EJA_v3.indb 81 22/05/2013 09:03:32


livepict.com/W. Commons

Também preocupado com as ra-


ízes, surgiu, nos anos de 1970, Milton
Nascimento, compositor de melodias
rebuscadas e originais que recupe-
ram a memória de Minas Gerais, sua
infância “nas asas de Panair” e suas
brincadeiras no “clube da esquina”.

Milton Nascimento. em 2008.

Esses grandes compositores, ao lado dos intérpretes, inundavam as estações


de rádio e TV com gravações realizadas pelo desenvolvimento técnico cada vez
mais aperfeiçoado.

Felix Lima/Folhapress
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Maria Bethânia. 2011.

Em 1965, substituiu a cantora Nara Leão e é por isso consi-


derada a data de sua estréia profissional.
Seu primeiro sucesso reconhecido foi uma canção de pro-
testo Carcará.

82

Book_EJA_v3.indb 82 22/05/2013 09:03:33


Saber mais

“A década de 1970
abre o mercado da música

Rodney Suguita/Folhapress
regional no Brasil”. Essa é
a opinião de Marcus Perei-
ra, publicitário, amante da
música popular, que certa
vez resolveu dar a clientes
e amigos, como brinde de
fim de ano, um álbum de
quatro discos elaborado
com base em pesquisas
folclóricas que ele fizera
com ajuda do compositor
Luís Carlos Paraná: Música
Cantores da Jovem Guarda. 1996.
popular do Nordeste. Após
o sucesso do brinde, Mar-
cus decidiu mudar de profissão e fundou uma gravadora voltada para a difusão
da música regional. Surgiram as coleções Música popular do Centro-Oeste/Sudeste,
Música Popular do Sul e Música popular do Norte. Na linha da pesquisa e recriação
do folclore, seguem o Quinteto Violado (sobre ritmos tradicionais do Nordeste, como
a dança do guerreiro, o toré, o carimbó e o marabaixo) e Elomar Figueira Mello (que,
no álbum duplo Na Quadrada das Águas Perdidas, funde cordel, lendas nordestinas
e influências eruditas).

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Nessa década, eclode também o movimento da Jovem Guarda, com o iê-iê-iê
nacional, seu líder, o cantor e compositor Roberto Carlos. Suas composições fala-
vam da angústia e das alegrias do jovem de classe média na sociedade de massa.
O novo ídolo colocou em xeque os velhos valores da MPB, que se voltavam para o
regional, o sofrimento e a pobreza das pessoas do interior.
ENCICLOPÉDIA nosso século: Brasil, 1960-1990. São Paulo: Abril Cultural, 1985. 2v.

Roda de conversa

Você entendeu o que motivou os compositores da década de 1970 ao escrever


as letras de suas músicas?
Por que a composição e interpretação musical de Chico Buarque, Caetano Ve-
loso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Maria Bethania, Gal Costa e Elis Regina, nessa
época, foi denominada de música engajada?
Você sabe definir música engajada?
83

Book_EJA_v3.indb 83 22/05/2013 09:03:34


Sistematizando
Na música engajada os compositores preocupavam-se essencialmente com a letra
da música, pois o objetivo principal era relatar uma situação, preferencialmente política,
daquele momento.
Você conhece alguma música atual, que relate um problema como, por exemplo,
a violência urbana, a desigualdade social, o problema com as drogas?

1. Escreva no espaço abaixo o nome da música, do autor ou banda que a executa.


Resposta pessoal.

2. Ouça a música “A minha alma”, do grupo O Rappa, e analise:


a) O que diz a letra desta composição?
Resposta pessoal.

b) Que instrumentos você identifica na música?


Bateria, baixo, teclado, etc.

c) Em que gênero musical esta música está inserida?


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

RAP – RHYME AND POETRY – rima e poesia.

d) No local onde você mora, existe algum grupo musical que produza este tipo
de música?
Resposta pessoal.

e) Imagine-se um compositor: que assunto escolheria para produzir uma mú-


sica?
Resposta pessoal.

Saber mais

Vale a pena ouvir a versão interpretada pela cantora Maria Rita, que utiliza como
instrumentos o teclado, a bateria e o baixo acústico.
84

Book_EJA_v3.indb 84 22/05/2013 09:03:34


M. C. Miller

Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
Unidade
3 brasileira

Nesta unidade você conhecerá diferentes manifestações da cultura brasileira prin-


cipalmente a música e os elementos que a compõem.
85

Book_EJA_v3.indb 85 22/05/2013 09:03:36


Manifestações artísticas da cultura
brasileira
Roda de conversa
As manifestações artísticas da nossa cultura pela música estão vinculadas ao
momento histórico vivenciado, expressam as concepções e interpretação dos mo-
mentos sociais, políticos... Essas expressões artísticas se revelam na composição
de sons, silêncios, tempos.
Música é arte?
Afinal... o que é música?

A música, o tempo e o som


A música como prática cultural é fruto dos sons da natureza percebidos pelo
homem por meio dos sentidos.
O mundo é sonoro. Tudo à nossa volta emite sons.
A música contém e manipula o tempo e o som. Ela consiste em uma com-
binação de sons e de silêncios que se desenvolvem ao longo do tempo. Engloba
combinações de elementos sonoros, como: a altura, a duração, a intensidade e o
timbre.
As variações podem acontecer se-
quencialmente (formando ritmo e melo-
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

dia) ou simultaneamente (harmonia).


Ritmo, melodia e harmonia são aqui
entendidos no sentido de organização
temporal, visto que a música pode con-
ter desarmonia e disritmia propositada-
mente.
Saber mais

Esta é uma partitura musical atual.


A partitura é a maneira pela qual o
compositor escreve os sons, ou seja,
é uma forma eficiente de representar a
maneira esperada da execução de sua
composição, mas ela só se torna mú-
sica quando executada. A partitura não
86 é, por si só, música.

Book_EJA_v3.indb 86 22/05/2013 09:03:36


Você conhece os elementos formadores do som?
Se você estiver com os olhos fechados e alguém falar o seu nome, você sabe-
rá quem está falando? Por quê? Pelo timbre... É ele o elemento formador do som
que nos faz identificar os sons, por exemplo: o som de um vidro quebrando ou de
uma campainha tocando.
A duração é o elemento sonoro que diferencia se o som está sendo emitido
por um tempo curto, médio ou longo.
A intensidade é o elemento sonoro que nos ajuda a identificar se um som é
fraco ou forte, dependendo da força com que é executado. Por exemplo, o som
de um copo de plástico que cai no chão é mais fraco que o som de um copo de
vidro se quebrando.
O que diferencia um som grave de um som agudo é a altura, por exemplo,
o som do motor de um caminhão é mais grave que o som de uma flauta doce. A
diferença entre os sons é chamada “diferença de altura”, e faz com que eles rece-
bam o nome de notas musicais.
Densidade é o elemento sonoro que nos mostra que os sons estão sendo
emitidos por muitas ou poucas fontes sonoras, por exemplo, o som de um único
violão é menos denso do que o som de uma orquestra de violões.
Dividam-se em grupos.
Cada grupo escolherá um dos elementos formadores do som (timbre, duração,
intensidade, altura e densidade) para apresentar aos colegas exemplos do elemento
escolhido.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Depois apresentem ao grande grupo.

TIMBRE ALTURA

IS DA D E DURAÇÃO

ED N INTEN S I D A D E
87

Book_EJA_v3.indb 87 22/05/2013 09:03:36


Melodia, harmonia e ritmo
Melodia é uma sequência de notas musicais, uma combinação de sons, en-
quanto harmonia é o conjunto de sons relacionados e, por fim, o ritmo, na música,
é uma unidade abstrata de medida do tempo a partir da qual são determinadas as
relações rítmicas, pulsação, cadência.
Produção
É possível colocar uma melodia em uma quadra para transformá-la em música.
Escolha uma quadra.
Procure, dentre as melodias que você conhece, uma que se encaixe no texto.
Abaixo, registre, a quadra e mostre-a para a turma como música, isto é, can-
tando. Você pode, também, convidar a turma toda para cantar junto.
Agora, encaixe uma nova letra na melodia desta cantiga já conhecida:
Resposta pessoal.

Anteriormente, conhecemos a partitura, que é uma forma oficial e universal


de se escrever como deve ser executada uma música.
Alguns autores trabalham com a escrita musical não formal, ou seja, repre-
sentam os sons que compõem suas músicas com desenhos, formas geométricas
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

ou sinais gráficos.
Agora, escreva no espaço abaixo os sons de sua composição musical e para
esta atividade utilize formas, sinais e desenhos que achar adequados.

Interprete os sinais representados acima produzindo sons (você pode utilizar


88 palmas, outros objetos, assovios, cantarolando, etc).

Book_EJA_v3.indb 88 22/05/2013 09:03:37


Renata Mello/Pulsar Imagens

Relações sociais,
culturais e de
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver
Unidade
produção

Nesta unidade você conhecerá a música erudita, alguns compositores e gêneros


musicais.
89

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A música – um fenômeno social
Roda de conversa

Você sabe por que a música clássica é assim chamada?

A música clássica
As práticas musicais estão sempre relacionadas ao contexto cultural. Em cul-
turas diferentes, encontram-se diferentes estilos, abordagens e concepções sobre o
que é a música, o papel que ela representa ou deve exercer na sociedade.
As músicas podem estar vinculadas ao sagrado, ao profano, ao funcional, ao
artístico, etc. Pode-se falar de música de uma região do globo ou de uma época.
Fazer referência a um tipo específico de música significa dizer que ela agrupa certos
elementos diferenciados, por exemplo, pode tratar-se de música tradicional, erudita,
popular, entre outras.
Música erudita ou clássica é a música de concerto, mais elaborada, que per-
passa o tempo e resiste a modas e tendências.

Ludwig van Beethoven


Ludwig van Beethoven é um dos mais
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

conhecidos compositores da música eru-


dita.
Nasceu em Bonn, na Alemanha, e
estima-se que seu nascimento tenha ocor-
rido no dia 16 de dezembro de 1770, já
que seu batismo data de 17 de dezembro
e era costume da época batizar as crianças
logo após o nascimento.
Foi compositor erudito na época da
transição do Classicismo para o Romantis-
mo. Muitos críticos o consideram o maior
compositor do século XIX.
Em 1792, mudou-se definitivamente
STIELER, Karl Joseph. Retrato de Ludwig van Beetho- para Viena, na Áustria, onde desenvolveu
ven ao compor a Missa Solemnis. 1820. Óleo sobre
tela, 62 cm x 50 cm. Beethoven Haus, Bonn, (Alemanha). seus estudos com Franz Josef Haydn.
90

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Por volta dos 24 anos, começou a perceber os primeiros sinais de surdez,
vindo a ficar totalmente impossibilitado de ouvir aos 46 anos. Em completa surdez,
compôs, ainda, 644 obras musicais. Beethoven não é o único músico que compôs
estando totalmente surdo, porém, é o caso mais conhecido, principalmente pela
qualidade de seu trabalho.

Andreas Alteulein/Corbis/Latinstock
Manuscrito fac – símile da 9ª Sinfonia de Beethoven, 1824.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Os anos finais de Beethoven foram dedicados quase exclusivamente à com-
posição de quarteto de cordas.
Ao morrer, em 26 de março de 1827, estava trabalhando em uma décima
sinfonia. Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram ao funeral dele.
Reprodução

Sugestão de filme biográfico, que traça a história


do compositor alemão Ludwig Van Beethoven:
Minha amada imortal
Gênero: Drama
Direção: Bernard Rose
Ano: 1994
País de origem: EUA 91

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Antônio Carlos Gomes
Antônio Carlos Gomes, brasileiro, nasceu em
Acervo Iconographia

11 de julho de 1836 na cidade de Campinas. Aos


dez anos, sob supervisão do pai, iniciou seus estu-
dos musicais. E foi na banda do pai, em conjunto
com os irmãos, que fez suas primeiras apresenta-
ções em bailes e concertos.
Em 1854, Carlos Gomes compôs sua primeira
missa, Missa de São Sebastião. Em 1866, iniciou os
trabalhos para o que viria a ser sua ópera mais co-
nhecida, O Guarani, baseada no romance homô-
nimo de José de Alencar. Essa ópera foi encenada
em um dos maiores teatros líricos do mundo, o Allá
Scala de Milão, em 1870. No mês de dezembro,
em razão do aniversário do imperador D. Pedro II,
Maestro Carlos Gomes. Século XIX.
essa ópera foi encenada no Rio de Janeiro.

A apresentação foi encerrada com gritos do público: Viva o imperador! Viva


Carlos Gomes! Viva José de Alencar! O Guarani rodou o mundo: Livorno, Milão,
Turin, Moscou, São Petersburgo, Lisboa.

No período do Estado Novo, de Getúlio Vargas, os


Acervo Iconographia
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

acordes triunfais da abertura de O Guarani foram esco-


lhidos para iniciar a Hora do Brasil, o que se mantém
até hoje.
Carlos Gomes compôs óperas (Tosca, Salvador,
Poso, Maria Tudor), romanças, marchas e modinhas.
Deixou também projetos não acabados.
Muito doente, morreu em setembro de 1896 na
cidade de Belém do Pará. Seu corpo foi embalsamado,
fotografado e, em seguida, exposto à visitação pública,
cercado de flores e objetos como partituras e instrumen-
O Guarani – ópera de Carlos tos musicais.
Gomes. Ilustração publicada em
O Mosquito, 1876.
GLOSSÁRIO

Ópera – obra dramática musicada, geralmente sem partes faladas, composta de recitativos, árias,
coro, às vezes balé e acompanhada de orquestra.
92 Romança – composição em geral curta para canto e piano, de cunho sentimental ou patético.

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Sistematizando
Você e seus colegas já ouviram a Nona Sinfonia de Beethoven?
Caso alguém não conheça, pensem numa maneira de ouvi-la. Vale a pena!
Além de Carlos Gomes, a música brasileira teve grandes compositores, como:

Heitor Villa-Lobos

Nasceu em março de 1887, no Rio de Janeiro. Além de compositor


também foi maestro e destacou-se na música do modernismo brasileiro pois,
mesclando nuances da música indígena e de músicas regionais, foi conside-
rado um criador de uma linguagem brasileira na música.

Foi um dos participantes da Semana de Arte Moderna no Teatro Mu-


nicipal de São Paulo.

Uma de suas obras mais conhecidas é “Bachianas Brasileiras”, composta


por nove composições. Neste trabalho, Villa-Lobos misturou o estilo musical
de Bach com características da música caipira e folclórica brasileira.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Outra personalidade marcante na história da música brasileira foi:

Chiquinha Gonzaga

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, nascida no Rio de Janeiro em ou-


tubro de 1847, além de regente foi também pianista e brilhante compositora.
Chiquinha é autora da primeira marchinha de carnaval brasileira, “Ó
Abre Alas”, em 1899.
Além de ser a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, tam-
bém foi a primeira pianista de choro.
O dia Nacional da Música Popular Brasileira é comemorado no dia do
aniversário de Chiquinha, 17 de outubro, sancionado pela Lei 12.624/2012.

93

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Agora que vocês já conhecem compositores que fizeram a história da música
brasileira, vamos realizar uma audição um pouco diferente.
1º momento: escolham uma música de um dos compositores estudados.
2º momento: ouçam a música sentindo o prazer de ouvi-la.
3º momento: ouçam-na novamente, agora, imaginando a cena que o com-
positor sugere por meio das notas musicais, do ritmo, da harmonia e da melodia.
Utilize o espaço abaixo para anotar suas sensações.
Resposta pessoal.

4º momento: ouçam a música tentando identificar as sequências de sons que


se repetem. Alguns compositores repetem um conjunto de sons várias vezes na
mesma música, a isso chamamos tema.
5º momento: ouçam novamente a música escolhida e descubram quais foram
os instrumentos utilizados. Lembrem que é através do timbre que essa identificação
é possível.
6º momento: ouçam uma vez mais, percebendo se tem um ou mais temas, e
anote no espaço abaixo quantas vezes aparece o mesmo tema.
Resposta pessoal.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

7º momento: agora, elaborem um esquema escrito, ou seja, transforme os sons


que ouviu em sinais gráficos.

Resposta pessoal.

94

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Chiquinha Gonzaga, como já vimos anteriormente, foi autora da primeira
marchinha de carnaval brasileira chamada “Ó Abre Alas”.
Chiquinha já era compositora reconhecida quando um grupo de pessoas in-
tegrantes do cordão carnavalesco Rosa de Ouro a procurou pedindo um hino para
o desfile daquele ano (1899).

Letra
(em domínio público)

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Que eu quero passar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.

Se você fosse um dramaturgo e estivesse escrevendo uma peça teatral na qual


a personagem principal é uma musicista como Chiquinha Gonzaga, de que forma
aconteceria a formação deste personagem?
Imagine todos os detalhes (físicos, psicológicos, estilo) necessários para a cria-
ção deste personagem, quais suas principais motivações, desejos, aspirações, ob-
jetivos, frustrações e preocupações. 95

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Observe abaixo algumas dicas para esta construção:

1. Vamos pensar de que forma queremos contar a história: conto, fábula, texto
dramático, monólogo, etc.
Resposta pessoal.

2. Qual o tema central da obra? Que mensagem ela quer transmitir ao espectador?
Resposta pessoal.

3. Haverá outros personagens ou não? Quais?


Resposta pessoal.

4. Onde acontecerá o episódio (cenário e iluminação)?


Resposta pessoal.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

5. Em que época ou situação está acontecendo (figurino)?


Resposta pessoal.

6. Que sentimentos ou sensações a obra tem por objetivo despertar nos especta-
dores ?
Resposta pessoal.

96

Book_EJA_v3.indb 96 22/05/2013 09:03:42


7. Acontecerá algum conflito? Como se desenvolverá?
Resposta pessoal.

8. Depois dessas perguntas respondidas podemos pensar na sonoplastia e na trilha


sonora. Que sons serão necessários para traduzir os acontecimentos?
Resposta pessoal.

• Agora vamos pensar nas características deste personagem:


– nome:
Resposta pessoal.

– idade:
Resposta pessoal.

– sexo:

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Resposta pessoal.

– características físicas:
Resposta pessoal.

– trejeitos (modo de andar, falar, gesticular):


Resposta pessoal.

– situação familiar:
Resposta pessoal.

97

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– local onde vive:
Resposta pessoal.

– ocupação ou profissão:
Resposta pessoal.

– opção religiosa:
Resposta pessoal.

– características emocionais:
Resposta pessoal.

– anseios, objetivo de vida:


Resposta pessoal.

– quais os obstáculos que a impedem de chegar a seus objetivos:


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Resposta pessoal.

Esta atividade poderá ser realizada em grupo e com o auxílio do professor.


Registre suas principais ideias aqui.

98

Book_EJA_v3.indb 98 22/05/2013 09:03:43


DALÍ, Salvador. Criança geopolítica assistindo o
nascimento de um novo homem. 1943. Óleo sobre
tela, 45,5 cm x 50 cm. Museu de Salvador Dalí. São
Petersburgo, Flórida, (E.U.A.).

Os seres

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


humanos
Unidade
1 ambiente
Analisar com os alunos essa imagem de abertura. Dali quer expressar o nascimento do
eo

ser humano que se renova a cada instante. Somos os mesmo seres humanos, mas ao
mesmo tempo, em cada instante somos “novos”, dadas as condições de existência nas
quais estamos inseridos. O homem é um ser imerso no tempo e no espaço.

Interpretar para os alunos o significado


Nesta unidade, você aprenderá a: de cada um desses objetivos,
mostrando que eles servem para
• Caracterizar a identidade do ser humano. direcionar os estudos da unidade.
Não se preocupar se os alunos ainda
• Reconhecer a marca humana no nosso DNA. não souberem o que significa DNA e
mostrar-lhes que isso será estudado
• Analisar nossa identidade humana à luz da ciência. na lição. Serve como desavio e
objetivo a ser alcançado.
• Interpretar documentos históricos. 99

Book_EJA_v3.indb 99 22/05/2013 09:03:44


Nossa identidade humana
A história de Amala e Kamala não são únicas. Outras criança já
Identidade Construída foram também encontradas nessas condições em outras partes
do mundo.

Na Índia, em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna, duas


meninas vivendo no meio de uma manada de lobos. Levadas para um orfanato,
passaram a ser chamadas de Amala e Kamala.
Amala tinha aproximadamente um ano e morreu um ano depois. Kamala, que
deveria ter entre sete e oito anos de idade, viveu até 1929.
Elas tinham corpo humano, porém, seu comportamento era semelhante ao
dos lobos, caminhavam de quatro, eram incapazes de permanecer em pé por
muito tempo, alimentavam-se de carne crua, bebiam água lambendo como fazem
os animais. Não falavam, apenas emitiam grunhidos. Na instituição social, viviam
acabrunhadas e isoladas das demais pessoas. Durante a noite, eram agitadas e
ruidosas, procurando fugir. Uivavam como lobos. Nunca riam ou choravam. Não
manifestavam emoção em suas faces.
Kamala, ao longo dos oito anos em que viveu na instituição, passou por um
lento processo de humanização. Levou quase seis anos para aprender a andar.
Conseguiu comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois aprendeu um vocabu-
lário de não mais que cinquenta palavras. Conseguiu aprender também a executar
ordens simples. Na roda de conversa a intenção é possibilitar aos alunos a percepção de
que nossa espécie humana é mais do que biológico. Isto é; além de nossa
Roda de conversa identidade biológica, temos uma identidade sociocultural. É isso que será
estudado na unidade.

Em grupo, analisem a história das meninas-lobo e


© javarman/Fotolia.com
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

imagem.
Depois respondam:
1) Amala e Kamala tinham identidade humana?
2) O que as identifica como seres humanos?
3) Por que elas desenvolveram o comportamento dos ani-
mais com os quais se criaram?
Disponível em: <http://www.smashinglists.com/10-feral-human-children-
-raised-by-animals/>. Acesso em: 16 de mar. 2013.
Meninos lobos.

Nossa natureza humana nos capacita a desenvolvermos muitas habilidades.


Como o movimento é o motor básico que impulsiona nosso desenvolvimento, ele
está presente desde o ventre materno. Ao sairmos dele e nos desenvencilharmos
100
do cordão umbilical, através do qual nos alimentamos durante a gestação, nossos
movimentos se ampliam e nos proporcionam certa liberdade.

Book_EJA_v3.indb 100 22/05/2013 09:03:45


Até aí nossa natureza humana não se difere da natureza de outros animais
mamíferos.
No que você acha que somos diferentes dos outros mamíferos?

Em grupo, discutam:

1. Temos algum sentido (olfato, visão, paladar, tato, audição) que os outros mamí-
feros não têm? Não.

2. Como esses sentidos são desenvolvidos nos seres humanos e nos animais? Apre-
sentam diferenças? Alguns animais apresentam sentidos mais desenvolvidos do que os seres humanos.
Exemplo, o olfato no cachorro, a visão na águia.
Registre, no caderno, o resultado da discussão. Leia-o para o professor e os
outros grupos da sala.

Leia e interprete o texto


Seu professor lerá para vocês um texto do pensador Jacques Lacan.
GLOSSÁRIO
“Entre todos os grupos humanos, a família desempenha
um papel primordial na transmissão de cultura. Se as tradições Primordial: de
muita impor-
espirituais, as manutenções dos ritos e dos costumes, a conser- tân-cia.
vação das técnicas e do patrimônio são com ela disputados por Ritos: cerimô-
outros grupos sociais, a família prevalece na primeira educação, nia, celebração
na repressão dos instintos, na aquisição da língua acertadamente Repressão:
chamada de materna. Com isso, ela preside os processos fun- coação, com-
bate.
damentais do desenvolvimento psíquico.”
LACAN, Jacques. Os complexos familiares. Rio de Janeiro: Zahar. 1984. p 13.

A família humana se diferencia da família dos demais animais pois, enquanto nos animais os pais instigam os filhos a

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


expressarem seus instintos, na espécie humana a família transmite aos filhos sua identidade cultural.
Com a ajuda do professor, relacione o que você entendeu do texto com o
título dessa unidade.
Na espécie humana, diferente dos animais, a família procura, em princípio,
atender às necessidades básicas de sobrevivência. Entre os animais, cada espécie
tem sua maneira própria de lidar com suas crias.
A criança forma seu pensamento pela linguagem, através das relações sociais,
principalmente das ocorridas na família, reelabora-o e transmite-o da forma que
reelaborou. Dessa forma, ela vai constituindo sua identidade humana.
As pessoas, como qualquer ser vivo, têm necessidades que precisam ser satis-
feitas. Nós humanos criamos maneiras diversas de satisfazer nossas necessidades;
isto é, nós criamos a cultura. A cultura é, então, o resultado do trabalho criativo
das pessoas que estabelece o nosso modo de viver. A cada época e em cada lugar 101
existiram e existem modos diferentes de produzir e de trabalhar.

Book_EJA_v3.indb 101 22/05/2013 09:03:45


É pelo trabalho que as pessoas satisfazem suas necessidades, relacionam-se
entre si e com a natureza, criam ideias, utensílios, enfim, criam cultura. É o trabalho
que diferencia basicamente a espécie humana das demais espécies que coabitam
conosco esse planeta.

Troque ideias com seus colegas e anote as conclusões no seu caderno.

1. O que aconteceria se hoje a humanidade não dispusesse mais de energia elétrica?


O ser humano morreria enquanto espécie? Se a humanidade não dispusesse mais da energia
elétrica, por certo teria que mudar consideravelmente sua
forma de vida. Não morreria por causa disso, pois a humanidade no passado (até o final do século XIX) vivia sem a eletricidade.
2. Dê outros exemplos de criações humanas que se tornaram necessidades impres-
cindíveis. O vestuário, as máquina, a internet, o computador, o automóvel.

3. Qual a diferença entre o trabalho realizado pelos seres humanos e o dos outros
animais? Os animais agem por instinto, sem que haja intenção e liberdade no seu ato. Os seres humanos
projetam, executam e modificam livremente suas ações. A isso chamamos de trabalho.

As pessoas precisam crescer, porque o

ruskpp/Shutterstock
crescimento faz parte da sua natureza. Crescer
é, portanto, uma necessidade e um problema. A
solução para esse problema é a aprendizagem.
Ela não é algo natural, pois não depende dos
nossos instintos. O processo de aprendizagem
é uma criação humana e ocorre durante toda a
existência do sujeito.
Assim, existem outras necessidades bá- Família de macacos.
sicas para as quais os seres humanos criaram
respostas diferentes das dos animais.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Rido/Shutterstock
A reprodução é exemplo disso. Os seres
vivos satisfazem essa necessidade procriando,
ou seja, tendo filhos. A forma como as pesso-
as satisfazem essa necessidade é diferente da
dos animais. Na vida animal existe apenas o
acasalamento e a reprodução. Entre os seres
humanos existe o parentesco. A criança precisa
Família humana.
da proteção dos familiares durante um período
muito mais longo do que os filhotes dos ani-
mais. Assim, na espécie humana, os familiares se reúnem não só para procriarem,
no caso dos pais naturais, mas permanecem unidos para cuidar dos filhos. É por
isso que existem as famílias entre os seres humanos.
O conforto corporal também é uma necessidade fundamental dos seres vivos.
102
O corpo precisa de uma determinada temperatura, de uma porcentagem de umi-
Salientar que seres humanos e animais (principalmente os mamíferos) têm necessidades iguais, porém os seres
humanos satisfazem suas necessidades de forma consciente, e por isso mesmo, criativa. Assim, constitui a cultura.

Book_EJA_v3.indb 102 22/05/2013 09:03:46


Cuidar para superar a visão comum de trabalho. Sociologicamente, entende-se por “trabalho” exclusivamente a ação
humana (consciente, planejada e transmitida), diferente da dos animais que é predominantemente instintiva.
dade e de abrigar-se das intempéries. Os animais procuram abrigo quando chove
ou cai neve, mas não usam roupas para ajudar o conforto corporal. As pessoas, ao
contrário, utilizam o vestuário, o fogo, espaços fechados, materiais para a higiene
e outras formas de satisfazer sua necessidade de conforto corporal.
Todos os seres vivos têm necessidade de segurança e de se defenderem do
ataque de outros seres vivos e dos acidentes. Os animais se defendem quando o
ataque ou o perigo acontece. As pessoas se organizam antes, durante e depois dos
perigos e dos acidentes. Por exemplo, casas que são construídas sobre alicerces e
com materiais resistentes, como proteção. As pessoas fazem previsão e planejamen-
to para evitar acidentes naturais ou para amenizá-los, e os animais não.
Podemos perceber que os seres humanos se diferenciam dos demais seres
vivos do planeta porque desenvolveram a capacidade de criar respostas culturais
para as suas necessidades básicas. Os animais satisfazem suas necessidades de for-
ma instintiva; por isso mesmo, eles nada criam; agem sempre da mesma maneira.
Dizemos, então, que essa ação de produção dos seres humanos é o trabalho,
entendido como a ação planejada pela mente humana e transformada em criativi-
dade. Ou seja, para satisfazer uma necessidade, os seres humanos pensam soluções
possíveis e as transformam em algo prático.
É isso que nos dá a identidade de ser humano. Independente da cor da pele,
da idade, do sexo ou da cultura a qual ele pertence. Todos os seres humanos têm
a mesma identidade enquanto espécie.

Fazendo conexão com... Ciências


Em grupo, discutam, com o au-

Andrea Danti/Shutterstock

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


xílio do professor, o quer dizer
cada uma das palavras que dão
identidade ao ser humano, na
afirmativa a seguir:
Código genético humano: nossa identidade.
O genoma humano é o código genético hu-
mano. Em termos genéricos, é o conjunto dos
genes humanos. Neste material genético está
contida toda a informação para a construção
e funcionamento do organismo humano. Este
código está contido em cada uma das nossas
células.
Disponível em: <http://diasbiomedicina.
wordpress.com/2010/07/21/projeto-dos-1-
-000-genomas-expandindo-o-mapa-da- Perguntar aos alunos se já ouviram falar em “projeto genoma”. Explicar
-genetica-humana/>. Acesso em: 19 abr. 2013. que isso é uma descoberta recente e que auxilia a ciência a identificar as
características biológicas de cada espécie. Despertar neles o interesse
em querer saber mais sobre isso e propor pesquisas. Em sites como http://www.youtube.com/watch?v=Bu6rbC2cnTM 103
você encontra vídeos interessantes sobre o assunto. O objetivo não é fazer os alunos memorizarem se aprofundarem
no assunto, que bastante complexo; ao contrário, é fazê-lo entrar em contato com o que significa essa descoberta e sua
importância.

Book_EJA_v3.indb 103 22/05/2013 09:03:47


O ser humano se identifica pelo trabalho
Numa tarde de domingo, um mestre de obras passeava no parque com sua
família, quando seu filho menor apontou para um poste, onde um joão-de-barro
construía seu ninho.
– Olha lá, pai! – disse ele com alguma surpresa. – O joão-de-barro é como o
senhor: um construtor de casas.
– É! – respondeu o pai, um tanto pensativo. – Só que ele nunca modifica a
forma de construção que faz. Nós, homens, não: estamos sempre criando novas
formas, novos produtos e novas técnicas.
– Hum! – exclamou o filho. – Então, ele não é realmente um construtor como
o senhor!
O filho do mestre de obras estava certo. A ação do joão-de-barro é muito
diferente da ação dos seres humanos.
Vamos conversar sobre isso?
Nessa roda de conversa o objetivo é permitir os alunos expressarem o
que eles conhecem das diferenças entre animais e os seres humanos: o
Roda de conversa trabalho (projeto, criação, transformação, acumulação e transmissão de
conhecimentos).

Observe as duas imagens a seguir. Depois, converse com seus colegas sobre
o que se pede:

SSPL/Getty Images
Milos Stojiljkovic/Shutterstock
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Ferramentas primitivas
Trator

1. Para que servem esses instrumentos?


2. Quem os criou?
3. O que deve ter ocorrido com os criadores desses instrumentos?
4. Os criadores dos instrumentos da segunda imagem são exatamente iguais
aos da primeira?
104

Book_EJA_v3.indb 104 22/05/2013 09:03:48


Para a maioria dos cientistas, o homem atual é resultado desenvolvimento de
algumas espécies de primatas. Os primatas surgiram na Terra há milhões de anos.
Pela necessidade de sobrevivência, eles foram se transformando, passaram a andar
sobre dois pés, a usar cada vez mais as mãos e o cérebro.
Esses primeiros homens criaram os seus primeiros instrumentos. Eram de pau,
pedra ou osso.
Assim, eles foram,

Aleksander1/Shutterstock
cada vez mais, aperfei-
çoando seus instrumen-
tos e a si mesmos à me-
dida que utilizavam sua
capacidade intelectual
para aperfeiçoar os ins-
trumentos já criados e Evolução humana.
criar novos.
Ao mesmo tempo,

Album/Prisma/Album /SuperStock /Glow Images


os homens primitivos iam
também se organizando
em grupos.
Os homens quase
sempre se dedicavam à
caça, à pesca e à defesa
do grupo contra outros
grupos ou animais. As
mulheres se dedicavam à

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


coleta de frutos, folhas e
raízes.
Todos trabalhavam, Homens das cavernas.
não para seu interesse in-
dividual ou de sua família, mas para o interesse de todos da tribo. Todos eram
iguais. Nenhum grupo se considerava superior aos outros.
A necessidade da pesca, coleta e caça fazia com que essas tribos se deslo-
cassem constantemente de uma região para a outra. Isso tornava nômades esses
povos. Faziam também importantes descobertas, como a do fogo, que transformou
profundamente suas vidas.

105

Book_EJA_v3.indb 105 22/05/2013 09:03:49


Tentando dominar a natureza, extraindo dela o que precisavam e organizando
a sua produção, os homens, usando sua capacidade intelectual, foram inventando
novos meios de produção, tais como: a roda; a agricultura; a pecuária; a metalurgia;
o arado; a alavanca, e outros produtos.
Para facilitar a produção, variados grupos humanos passaram a habitar os
vales férteis dos rios, aumentando assim a produção agrícola. Em muitas tribos, a
agricultura permaneceu uma atividade feita pelas mulheres; em outras, todas as
pessoas da tribo trabalhavam coletivamente e usufruíam o fruto da produção tam-
bém coletivamente.
Demonstrar como os seres humanos primitivos dependiam muito mais da natureza do que nós. Aprendemos a dominar a
natureza (não totalmente), extraindo dela os bens que precisamos para viver nosso modo de vida.

Album/Prisma/Album/SuperStock/Glow Images
Science Photo Library/Glow Images

Humanos primitivos caçando.


Comunidade humana primitiva.

Aos poucos, o aumento da produção foi gerando sobra de produtos, ocasio-


nando o surgimento da troca de mercadorias entre os povos vizinhos e criando a
necessidade de armazenamento.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Para a maioria dos povos, o direito de uso coletivo da terra era sagrado. Não
havia propriedade particular.
Lentamente, porém, essa comunidade primitiva foi se transformando, fazendo
surgir pequenos grupos que passaram a controlar a produção, os produtos e a vida
da comunidade.
Esses grupos dominantes passaram a ter, então, o poder em suas mãos. A co-
munidade foi se dividindo: alguns passaram a mandar na comunidade e a maioria
ficou trabalhando na produção.
Aqueles que dominavam também se tornaram proprietários de terra, surgindo,
então, a propriedade particular.
Somente a posse da terra, porém, não bastava a essa classe. Quem iria traba-
lhar nela?
106

Book_EJA_v3.indb 106 22/05/2013 09:03:51


No decorrer dos tempos, com a desagregação da comunidade primitiva, surgiram
outros modos de produção, que transformaram a humanidade até os nossos dias.
Responda em seu caderno:
1. Como teria surgido o homem atual, segundo alguns cientistas?
Para a maioria dos cientistas, o homem, assim como todos os animais, são fruto de um processo de evolução.
2. Quais os principais instrumentos técnicos e produtos inventados pelos povos pri-
mitivos?
Machadinhas e facas de pedra; arco, flecha e dardo de caça de madeira.
3. O que aconteceu quando o excesso de produção gerou sobra de produtos?
Começou o processo de acumulação e de troca, que mais tarde deu origem ao comércio.

Ao mesmo tempo, os homens foram aprendendo a conhecer e a dominar a


natureza, construindo assim o conhecimento. E fazemos isso até hoje.
Esse conhecimento passou a ser acumulado, guardado, transmitido e transfor-
mado pelos seres humanos no decorrer dos tempos.
Discuta com seus colegas

1. O ato de criar conhecimento, acumular, transmitir e transformar também é rea-


lizado pelos animais da mesma forma que nós fazemos?
Não.
2. Isso é ato de um só homem?
Não. Os seres humanos produzem sua cultura coletivamente.

3. É possível os homens se transformarem e evoluírem sem esse conhecimento?


Não. A própria evolução humana é a evolução de sua cultura.
Analise a figura e responda no seu caderno

1. Essa trabalhadora nasceu

Tyler Olson/Shutterstock
sabendo fazer o seu traba-

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


lho? Com quem ele poderá
ter aprendido? Não. Ela
aprendeu no
convívio social (família, escola, etc.)
2. Que elementos da figu-
ra demonstram que essa
trabalhadora precisa do
trabalho de outros?
Por exemplo, no uso das ferramentas
e do conhecimento que tem.
3. Que pessoas provavelmente
irão usar o que essa traba-
lhadora produz? Mulher no trabalho de mecânica de carro.
Qualquer pessoa que tenha interesse e
que possa compra-lo.

107

Book_EJA_v3.indb 107 22/05/2013 09:03:52


4. Copie as afirmativas, escrevendo para cada uma delas “verdadeira” ou “falsa”,
justificando sua resposta.
a) Os seres humanos podem perfeitamente viver isolados uns dos outros.
Os seres humanos não podem viver isoladamente, mas sim na coletividade.
b) Por aquilo que usamos hoje e por aquilo que somos, todos nós, de alguma
maneira, nos relacionamos com os homens que nos antecederam.
Nossa cultura é fruto do que nossos antepassados criaram.
c) Os homens de um lugar não se relacionam, de forma alguma, com os ho-
mens de espaços mais distantes. Cada vez mais, principalmente com a sociedade globalizada e informa-
tizada, os seres humanos se relacionam entre si, mesmo a distância.

© KaYann/Fotolia.com
5. Analise com seus colegas a ima-
gem.
a) O que ela expressa?
A pobreza no mundo.
b) Porque existe pobreza no
mundo?
Explicar como nas comunidades primitivas e
nas tribais atuais o sentimento de igualdade e
a cooperação é muito maior do que nas demais
culturas. A exploração dos seres humanos uns
pelos outros está intimamente ligada à posse dos
meios de produção, criada historicamente.
Pobreza.

Com seus colegas, tente responder à pergunta da Mafalda. Anote suas con-
clusões no caderno.
Os historiadores e pesquisadores concluíram que desde os primeiros tem-
pos até os dias atuais os homens foram e se tornaram o que são porque vivem
em coletividade. Essa convivência coletiva, no entanto, não se deu e não se dá
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

sempre da mesma forma.


Nos povos que viviam de forma tribal, geralmente predominavam as relações
de maior igualdade, baseado no trabalho cooperativo. Embora houvesse divisão
do trabalho — por exemplo, os homens caçavam e pescavam, as mulheres teciam,
plantavam e cuidavam das crianças —, o fruto do trabalho tanto de um como do
outro era usufruído por todos.
Com o passar dos tempos, foram surgindo outras formas de sociedade, nas
quais o sentido do coletivo e da cooperação, em alguns lugares, foi dando lugar
às relações de exploração, manifestadas pelo individualismo, pela ganância, pela
competição e pela dominação.
É comum as pessoas pensarem e agirem de forma individualizada e segrega-
cionista, impedindo, assim, a busca de uma sociedade coletiva, justa e igualitária.
108

Book_EJA_v3.indb 108 22/05/2013 09:03:53


Orientar os alunos de como abordar o entrevistado, como fazer as perguntas corretamente e de como anotar as
respostas (por escrito ou na memória, se ainda não conseguir escrever corretamente). Trabalhar os resultados da
pesquisa na oralidade.
Entreviste um morador antigo de sua
comunidade, perguntando:
Thomas La Mela/Shutterstock

1. Como era a relação entre as pessoas


que viviam ali?
Resposta pessoal.
2. O que mudou, com o passar dos tem-
pos? Por quê?
Resposta pessoal.
3. Quantos habitantes sua comunidade
tem atualmente?
Resposta pessoal.
4. As pessoas se conhecem? Elas se cum-
primentam ao andarem na rua?
Resposta pessoal.

5. Se ocorreram mudanças, por que elas


aconteceram? Resposta pessoal.
Muitas vezes, as pessoas vivem num mesmo espaço, como
numa cidade, por exemplo; num mesmo tempo; com as
Converse com seus colegas e pro-
mesmas leis; com o mesmo governo, mas, normalmente, fessor sobre as respostas dadas pelos
sem a noção do coletivo, sem a preocupação com o outro.
São pessoas tão juntas e, ao mesmo tempo, tão distantes.
entrevistados. Dê também sua opinião.
Você também pode escrever no seu ca-
derno sobre o tipo de sociedade em que
você vive.
É lógico que as relações entre os homens se manifestam na forma como a
sociedade está organizada. Assim, a miséria, a fome, o analfabetismo, a falta de
condições dignas de moradia e de saúde são algumas das manifestações de socie-
dades nas quais predominam relações individualistas.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Você pôde concluir, portanto, que existem duas formas de relações sociais: as
relações de exploração e as relações de cooperação.
As relações de exploração ocorreram de várias formas na História da huma-
nidade:
• na Antiguidade, na forma de trabalho escravo, usado por vários povos que
tornavam escravos os vencidos nas guerras;
• na Idade Média, quando senhores de terras exploravam os servos, trabalha-
dores que, em troca do seu trabalho, ganhavam uma pequena parte do que
produziam, já que não tinham propriedade alguma;
• na atualidade, na forma de vida em que vivem muitos trabalhadores assa-
lariados de baixo salário, muitas pessoas que trabalham em subempregos
e muitos desempregados. 109

Book_EJA_v3.indb 109 22/05/2013 09:03:54


1. Debata com seus colegas os conceitos de: escravo, servo, assalariado e subem-
Escravo é o indivíduo cujo corpo e fruto do seu trabalho não lhe pertence, por isso pode ser comprado, doado ou
pregado. vendido. Servo é o sujeito cujo corpo lhe pertence (não pode ser comprado, doado ou vendido), mas o fruto de
seu trabalho pertence a um senhor. Assalariado é quem vende seu trabalho por um determinado valor denominado salário, dentro das leis
regulam isso. Subempregado é o indivíduo que exerce um trabalho livre porém em condição normalmente ilegal, que não lhe dignidade.
2. Escreva, em seu caderno, o resultado do debate mostrando a diferença entre as
várias formas de trabalho discutidas.

3. Responda:
a) Em que época da História prevaleceu o trabalho escravo, o servil e o assa-
lariado? O trabalho escravo prevaleceu na antiguidade, entre gregos e romanos principalmente; e nas Américas na
época da colonização. O servil, durante a Idade Média. O trabalho assalariado prevalece na cultura atual.

b) O que acontece nos dias de hoje? Existem ainda todas essas formas de
trabalho? Justifique. Embora prevaleça o trabalho assalariado, ainda existe em várias partes do mundo
formas de trabalho escravo e servil. A lei condena essas duas formas.

O trabalho modifica o mundo


Você estudou que os seres humanos se diferenciam dos demais seres vivos
porque desenvolveram a capacidade de responder às suas necessidades de forma
criativa e não instintiva, e observou que essa ação é o trabalho, entendida como
uma ação planejada pela mente humana e transformada em criatividade. No en-
tanto, o mundo do trabalho é bastante complexo.
Leia esses versos do compositor Zé Ramalho. Sugestão: tocar a música para os alunos a
conhecerem melhor. Todos podem cantar
em conjunto.

CIDADÃO
Tá vendo aquele edifício moço “Tu tá aí admirado?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Ajudei a levantar Ou tá querendo roubar?”


Foi um tempo de aflição Meu domingo tá perdido
Eram quatro condução Vou pra casa entristecido
Duas pra ir, duas pra voltar Dá vontade de beber
Hoje depois dele pronto E pra aumentar meu tédio
Olho pra cima e fico tonto Eu nem posso olhar pro prédio
Mas me vem um cidadão Que eu ajudei a fazer...
E me diz desconfiado
BARBOSA, Lucio. Cidadão. Intérprete: Zé Ramalho. In: ZÉ RAMALHO. Frevoador. [s.l.]: Columbia, 1992.
1 CD. Faixa 6.

110 Você conhece o restante da letra? Que tal pesquisar e depois lerem todos juntos?

Book_EJA_v3.indb 110 22/05/2013 09:03:54


Roda de conversa

Em grupo, analisem a imagem

Hung Chung Chih / Shutterstock


e concluam:
1. Qual a importância do tra-
balho dessas pessoas para
a vida em nossa sociedade?
2. Existe algum trabalho que
você não ache importante?
Qual? Justifique.
3. Você pode afirmar que o
trabalho modifica o mundo?
Por quê? Agricultores plantando arroz, China, 2010.

Retomar e aprofundar o conceito de trabalho.


Não se pode afirmar que o animal produz a sua própria existência. Ele ape-
nas a conserva, agindo instintivamente ou, no caso de certas espécies de animais,
buscando soluções de maneira inteligente para os seus problemas de sobrevivência,
sem, no entanto, acumular o conhecimento e transmitindo-o.
Assim, não devemos pensar que o joão-de-barro que constrói a sua casa e a
abelha que produz o mel estejam de fato “trabalhando”. Eles estão fazendo apenas
uma ação que seu instinto natural exige que o façam.
Ora, o conceito de trabalho é a ação consciente transformadora da realidade.
Por ser uma ação consciente, é também uma ação criativa, projetada e planejada na
mente. Assim, na verdade, o animal não trabalha, pois sua ação não é consciente,
planejada e intencional.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


A ação humana, dirigida por finalidades conscientes, é uma resposta aos de-
safios da natureza e à luta pela sobrevivência. O ser humano é a única espécie
animal que reproduz técnicas que outros homens criaram e, ao usarem, transfor-
mam novas técnicas.
Isto é possível pelo fato de o homem poder expressar sua visão de mundo por
meio da linguagem oral e escrita.
Conclui-se, então, que as diferenças entre o homem e o animal não são apenas
de grau, pois, enquanto o animal permanece envolvido na natureza, o homem é
capaz de transformá-la, criando a cultura.
Porém, o trabalho, ao mesmo tempo em que transforma a natureza, adaptan-
do-a às necessidades humanas, também transforma o próprio homem, desenvol-
vendo suas faculdades.
111

Book_EJA_v3.indb 111 22/05/2013 09:03:55


O problema, porém, é que o trabalho tem sido exercido pelos seres humanos
nem sempre de forma justa; isto é, que atenda às necessidades de todos.
No decorrer da História da humanidade, são muitos os exemplos de trabalho
explorado e injusto, desde a Antiguidade até os nossos dias.
No passado, era comum os povos mais fortes militarmente dominarem outros
povos, transformando-os em escravos. Isso foi comum entre os gregos e romanos
antigos. Essa forma de exploração do trabalho braçal também foi muito utilizada
nas Américas e na África no período colonial.
O escravo é um sujeito cujo corpo não lhe pertence. Ele é propriedade de
outro indivíduo, que o torna uma mercadoria, podendo ser vendida, doada ou
mesmo destruída.
Em outras épocas e em outras culturas, prevaleceu o trabalho servil, no qual o
trabalhador era dono do seu corpo, mas não do fruto do seu trabalho. Isso ocorreu
bastante num período da História denominado Feudalismo, na Idade Média.
Com a grande riqueza gerada pelas Grandes Navegações dos séculos XV e
XVI, e pela exploração das Américas no período colonial, ocorreu na Europa e
nos Estados Unidos um grande desenvolvimento tecnológico, que ficou conhecido
como “Revolução Industrial”.
A sociedade mudou profundamente. Novas máquinas, novas invenções, no-
vas tecnologias fizeram também surgir uma nova sociedade, uma nova identidade
humana no planeta: a sociedade industrial.
Discuta com seus colegas

1. Que mudanças significativas ocorreram para a humanidade com os inventos das


tecnologias de que dispomos hoje? Amelhores
humanidade passou a controlar melhor a natureza e a encontrar
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

soluções para os seus problemas.

2. As novas tecnologias alteraram a vida dos seres humanos? Cite aspectos positivos
Sim. Exemplo disso está nos avanços da Medicina, na
e aspectos negativos dessas mudanças. facilidade dos meios de comunicação. Se melhorou a condição
de vida humana, por outro lado, aumentaram algumas doenças (obesidade, estresse, câncer, etc.), desenvolveu-se a poluição,
acelerou-se a destruição da natureza.
3. A vida dos trabalhadores mudou obrigatoriamente para melhor com o fim da
escravidão e do trabalho servil? Sim enquanto aspecto legal (reconhecimento de direitos). Não,
obrigatoriamente quando analisamos os baixos salários e as condições
sub-humanas a que são submetidos muitos trabalhadores no mundo.
4. Que direitos trabalhistas vocês conhecem que devem garantir vida mais digna aos
trabalhadores? (Resposta do aluno).
Anote suas conclusões no caderno.
O texto a seguir demonstra o quanto os trabalhadores eram explorados no
início da era industrial.
112 Seu professor fará a leitura para vocês e, depois, discutirá com a turma ponto
a ponto para o melhor entendimento.

Book_EJA_v3.indb 112 22/05/2013 09:03:55


Ler o texto pausadamente e por partes para que o aluno consiga entende-lo. Discutir as ideias mais importantes
contidas nele.

Ouvi dizer num ônibus da Quinta Avenida (em Nova Iorque): —


“Meu Deus! Mais piquetes! Já estou cansada desses grevistas andando de
um lado para outro em frente de lojas e fábricas, com seus cartazes de
protesto. Por que o governo não mete todos eles na cadeia”? A senhora
indignada que fez essa observação não conhecia bem a história. Pensava
ter uma solução fácil para um problema simples. Mas estava totalmente
errada. Sua solução fora tentada repetidas vezes, sem que se resolvesse
nada. Na Inglaterra, há mais de cem anos um magistrado comunicou ao
Ministério do Interior seus planos para esmagar uma greve: — “As medidas
que proponho são simplesmente prender esses homens e mandá-los ao
trabalho forçado”. Exatamente o que sugeria a senhora e, no entanto, essa
proposta foi feita em 1830. Com que resultados? Deixemos que a senhora
responda. O magistrado do século XIX e a senhora do século XX parecem
não compreender que os trabalhadores não fazem piquetes porque gos-
tem de andar de um lado para outro carregando cartazes, e não fazem
greve porque não desejem trabalhar. As causas são mais profundas. Para
descobri-las, devemos voltar à história inglesa, porque ali ocorreu primeiro
a Revolução Industrial. Nessa época, os patrões passaram a ter enormes
lucros, enquanto a maioria dos trabalhadores vivia em condições difíceis.
Um autor mostrou isso num livro publicado em 1836: “Mais de um mi-
lhão de seres humanos estão realmente morrendo de fome, e esse número
aumenta constantemente. É uma nova era na história que um comércio
ativo e próspero seja índice não de melhoramento da situação das classes
trabalhadoras, mas sim de sua pobreza e degradação: é a era a que che-
gou a Grã-Bretanha”. Se um marciano tivesse caído naquela ocupada ilha
da Inglaterra teria considerado loucos todos os habitantes da Terra. Pois

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


teria visto de um lado a grande massa do povo trabalhando duramente,
voltando à noite para os miseráveis e doentios buracos onde moravam,
que não serviam nem para porcos; de outro lado, algumas pessoas que
nunca sujaram as mãos com o trabalho, mas não obstante faziam as leis
que governavam as massas, e viviam como reis, cada qual num palácio
individual. Essa divisão não era nova. Mas com a chegada das máquinas
e do sistema fabril, a linha divisória se tornou mais acentuada ainda. Os
ricos ficaram mais ricos e os pobres, desligados dos meios de produção,
mais pobres. Particularmente ruim era a situação dos artesãos, que ga-
nhavam antes o bastante para uma vida decente e que agora, devido à
competição das mercadorias feitas pela máquina, viram-se na miséria.
Temos uma ideia de como era desesperada sua situação pelo testemunho
de um deles, Thomas Heath, tecelão manual: — Tem filhos? — Não. Tinha
113

Book_EJA_v3.indb 113 22/05/2013 09:03:56


Trazer o debate para questões de trabalho nos dias atuais.

dois, mas estão mortos, graças a Deus! — Expressa satisfação pela morte
de seus filhos? — Sim. Agradeço a Deus por isso. Estou livre do peso de
sustentá-los, e eles, pobres criaturas, estão livres dos problemas desta vida
mortal. O leitor há de concordar que, para falar desse modo, o homem
devia realmente estar deprimido e na miséria. O que acontecia aos homens
que, reduzidos ao estado de fome absoluta, já não podiam lutar contra a
máquina, e finalmente iam buscar emprego na fábrica? Quais eram as con-
dições de trabalho nessas primeiras fábricas? As máquinas, que podiam ter
tornado mais leve o trabalho, na realidade o fizeram pior. Elas eram muito
eficientes e, em funcionamento constante, exigiam, do trabalhador mais
horas de trabalho. Isto para os proprietários significava altos lucros. Por
isso os dias de trabalho eram longos, de 16 horas. Quando conquistaram
o direito de trabalhar em dois turnos de 12 horas, os trabalhadores consi-
deraram tal modificação como uma bênção. Mas os dias longos, apenas,
não teriam sido tão maus. Os trabalhadores estavam acostumados a isso.
Em suas casas, no sistema doméstico, trabalhavam durante muito tempo.
A dificuldade maior foi adaptar-se à disciplina da fábrica. Começar numa
hora determinada, para, noutra, começar novamente, manter o ritmo dos
movimentos da máquina — sempre sob as ordens e a supervisão rigorosa
de um capataz — isso era novo. E difícil. Perante uma comissão do Par-
lamento em 1816, o Sr. John Moss, antigo capataz de aprendizes numa
fábrica de tecidos de algodão, prestou o seguinte depoimento sobre as
crianças obrigadas ao trabalho fabril: — Eram aprendizes órfãos? — Todos
aprendizes órfãos. — E com que idade eram admitidos? — Os que vinham
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

de Londres tinham entre 7 e 11 anos. Os que vinham de Liverpool, tinham


8 a 15 anos. — Até que idade eram aprendizes? — Até 21 anos. — Qual
o horário de trabalho? — De 5 da manhã até 8 da noite. — Quinze horas
diárias era um horário normal? — Sim. — Quando as fábricas paravam
para reparos ou falta de algodão, tinham as crianças, posteriormente, de
trabalhar mais para recuperar o tempo parado? — Sim. — As crianças
ficavam de pé ou sentadas para trabalhar? — De pé. — Durante todo o
tempo? — Sim. — Havia cadeiras na fábrica? — Não. Encontrei com fre-
quência crianças pelo chão, muito depois da hora em que deveriam estar
dormindo. — Havia acidentes nas máquinas com as crianças? — Muito
frequentemente.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 18. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p. 187-191. (Adaptado)

114

Book_EJA_v3.indb 114 22/05/2013 09:03:56


Converse com seus colegas sobre as propostas a seguir e anote suas conclusões
no caderno:

1. Situações parecidas com essas ainda ocorrem nos dias de hoje?


Sim, quando as leis trabalhistas não são respeitadas.
2. Que atitudes os trabalhadores tiveram e ainda têm para exigir seus direitos?
Os estabelecidos pela lei, como o direito de greve.
3. Que leis servem para garantir os direitos dos trabalhadores?
Principalmente os que estão na Constituição Brasileira, na CLT e nas Declarações de Direitos.

Muitas foram as lutas pelos direitos, desde a Antiguidade, que os seres hu-
manos travaram para garantir a identidade da espécie, baseadas no conceito de
igualdade.
Se temos todos a mesma genética, temos a mesma identidade de espécie.
Se os seres humanos, no decorrer de sua história, construíram formas desiguais
de convivência, é possível se planejar e lutar por uma humanidade mais justa,
fraterna, cooperativa e igualitária.
Fruto dessas lutas, surgiram alguns documentos importantes que servem
para anunciar esse desejo humana e tentar garantir a construção de uma nova
sociedade.
Dentre esses documentos está a Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos, proclamados pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1948.
Leia um trecho dela:
Explicar o que é a ONU e sua importância.

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos


os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Considerando
que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos
bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento
de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de
crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi
proclamado como a mais alta aspiração do homem comum; Considerando
essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito,
para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião
contra tirania e a opressão; Considerando essencial promover o desenvolvi-
mento de relações amistosas entre as nações; Considerando que os povos
das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade
115

Book_EJA_v3.indb 115 22/05/2013 09:03:56


de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o pro-
gresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver,
em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos
humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e li-
berdades; Considerando que uma compreensão comum desses direitos e
liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse
compromisso; A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Uni-
versal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos
os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce,
através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos
e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional
e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros,
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Artigo I – Todas
as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito
de fraternidade. Artigo II – Toda pessoa tem capacidade para gozar os
direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Discuta com seus colegas:

1. Vocês conhecem outros documentos que garantam direitos às pessoas?


Constituição Brasileira e CLT.
2. O que as pessoas devem fazer para que seus direitos sejam respeitados?
Exigir, não apenas individualmente, o cumprimento da lei, mas se organizarem em associações e sindicatos de
trabalhadores.
3. No seu dia a dia, você lê em jornais, revistas ou assiste nos telejornais a fatos
que violam os direitos humanos? Cite alguns.
(Resposta do aluno).

116

Book_EJA_v3.indb 116 22/05/2013 09:03:57


AjurSP

ANDRADE, Aécio. Pescadores no Sul do Brasil.


Óleo sobre tela, 50 cm x 70 cm. Acervo particular.

Identidade social:
Unidade
Analisar a imagem de abertura,
contextualizando (autor e obra).
2 formasde
participação Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Salientar a importância de entender os objetivos propostos,


Nesta unidade, você aprenderá a fazendo um rápido debate sobre eles.

• Reconhecer a necessidade de os seres humanos se organizarem em sociedades.


• Identificar a família como o primeiro e importante grupo social.
• Analisar as mudanças ocorridas na sociedade brasileira.
• Interpretar documentos históricos. 117

Book_EJA_v3.indb 117 22/05/2013 09:03:58


Organizações sociais
Primeira organização
A organização e o relacionamento são necessidades humanas. Você já estudou
que desde os tempos mais remotos os homens organizavam-se em grupos. Essa
organização dava maior proteção e facilitava a busca de alimentos para garantir a
sobrevivência. Dentre esses grupos, a família tornou-se um dos mais importantes
porque passou a desempenhar as funções reprodutivas, econômicas e educacio-
nais.
Vamos conversar sobre isso. Nessa roda de conversa, apenas observar quais conceitos
de família estão presentes no diálogo dos alunos. Essa ação
diagnóstica servirá para conduzir o trabalho a ser feito em sala
Roda de conversa de aula.

Leiam o trecho do poema “Retrato


O retrato não responde de família”, de Carlos Drummond de
Andrade.
Ele me fita e se contempla
Com auxílio do professor, interpre-
Nos meus olhos empoeirados. tem a poesia de Drummond.
E no cristal se multiplicam 1. O que o autor quer expressar?
2. A partir do poema, discutam
Os parentes mortos e vivos.
por que a família é um grupo
importante e decisivo para a
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Já não distingo os que se foram


formação do ser humano.
Dos que restaram. Percebo apenas
3. Que tipos de família vocês co-
A estranha ideia de família nhecem.
Viajando através da carne. 4. O que caracteriza realmente
uma família?

ANDRADE, Carlos Drummond de. Retrato de família. In: Antologia Poética. Lisboa: Dom Quixote, 2001.

A família funciona como agente educador, ou seja, exerce a função de


socializar, transmitindo a herança cultural e social, a linguagem, os usos e costu-
mes, os valores, as crenças, preparando as crianças para ingressar na sociedade.
O texto a seguir nos apresenta a organização familiar no Brasil no início do
século XX. Leia-o com o auxílio do professor.
118 A família era tudo, nada menos. Seguindo a tradição da época em que os

Book_EJA_v3.indb 118 22/05/2013 09:03:59


portugueses se instalaram no

Acervo Iconographico
Brasil, a família não se com-
punha apenas de marido,
mulher e filhos. Era um ver-
dadeiro clã, incluindo a es-
posa, eventuais (e disfarçadas)
concubinas, filhos, parentes,
padrinhos, afilhados, amigos,
dependentes e ex-escravos.
Uma imensa legião de agre-
gados, submetidos à autorida-
de indiscutível que emanava
da temida e venerada figura Família no parque cerca de 1905.
do patriarca. Temida porque
possuía o direito de controlar a vida e as propriedades de sua mulher e filhos; ve-
nerada porque o patriarca encarnava, no coração e na mente de seus comandados,
todas as virtudes e qualidades possíveis a um ser humano.
Enciclopédia Nosso Século: Brasil – 1900/1910. São Paulo: Abril, 1980.

O objetivo é demonstrar a evolução da família, como ocorre com todas as instituições humanas.
Cuidar com os juízos de valor. A cada época e a cada cultura corresponde um tipo de família.
GLOSSÁRIO

clã – tribo de pessoas com antepassados em comum.


concubinas – amantes.
emanava – originava-se, provinha.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


patriarca – chefe de família: idoso, venerado, cercado da família numerosa.

A organização familiar foi se alterando conforme o tempo e o espaço.


As relações familiares sofrem modificações causadas pelo desenvolvimento:
a impossibilidade de todos os membros da família permanecerem num pedaço de
terra e dela tirarem seu sustento, o surgimento das cidades, de novas profissões,
as grandes imigrações, o comércio, a necessidade de frequentar faculdades, os
casamentos com pessoas de outras famílias. Esses e outros fatores provocaram sig-
nificativas alterações na estrutura familiar do Brasil no início do século XX.
A estrutura atual das famílias retrata o momento histórico-social em que se
vive. A necessidade de adaptações às exigências da vida moderna obriga cada
um dos membros de uma família a se ajustar no desempenho de seus papéis. Na
maioria das famílias brasileiras, há necessidade de que mais de um dos membros
trabalhe fora de casa, ou seja, que ajude no orçamento doméstico. 119

Book_EJA_v3.indb 119 22/05/2013 09:03:59


Segundo o censo demográfico

Acervo da Família Benedet


do IBGE, na maioria dos estados bra-
sileiros, num grande número de fa-
mílias, a mulher deixa de ser apenas
dona de casa e passa a chefiá-las, tra-
balhando fora como única provedora
financeira, sendo que na região Nor-
deste esse número sobe para até 38%.
Este novo papel desempenhado pelas
mulheres nas famílias brasileiras leva a Família de imigrantes italianos no início do século XX.
outras mudanças; os cuidados com os
filhos são transferidos para escolas e creches, o que diminui o tempo de convivência
entre os membros da família.

Tendo como referência as famílias que você conhece, discuta com seus colegas
sobre algumas características da organização familiar atual:

1. Os vários tipos de famílias que temos na sociedade atual.


Resposta Pessoal.
2. Os papéis sociais de cada membro familiar.
Resposta Pessoal.
3. As dificuldades de uma família para que todos os seus membros vivam bem.
Resposta Pessoal.

A origem da família vem de milhões de anos, tendo surgido, provavelmente,


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

nos primórdios da povoação do mundo pelo homem.


Entre os povos primitivos e em muitas das civilizações da Antiguidade a família
era chefiada pela mulher. Era o sistema familiar conhecido como matriarcado.
Em muitas delas a mulher era cultuada na figura de deusas, sacerdotisas, sá-
bias, filósofas. Matthias Kabel/W.Commons

Vênus de Willendorf – Para alguns historiadores, a corpu-


lência representa um elevado estatuto social numa sociedade
caçadora-coletora, e considerar, ainda, que, além da possível
referência à fertilidade, a imagem podia ser também um sím-
bolo de segurança, de sucesso, bem-estar e proteção. Para os
antigos, que viviam dependentes da agricultura e dos ciclos
da natureza, a fertilidade proveniente da natureza era a ideia
mais imediata da divindade generosa que fornecia frutos, e a
120 fertilidade feminina é por isso associada à divindade.

Book_EJA_v3.indb 120 22/05/2013 09:04:01


Demonstrar como nas sociedades primitivas o papel da mulher destacava-se com importante papel na sua comunidade.
Sua figura era tida como sagrada, por ser a gestora da vida. O matriarcado não significava a dominação do homem pela
mulher. Cuidar, no entanto, para não passar aos alunos uma visão romantizada dessa mulher ou dessas sociedades.
Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remon-
tam aos registros pré-históricos do Paleolítico e do Neolítico, ou, ainda, a uma fase
informe do mundo quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade,
que era o de adoração à Deusa Mãe ou Mãe Terra: a religião se expressava pela
adoração à Terra, às águas, à natureza, aos ciclos e à fertilidade.
Esta abordagem mítico-religiosa de uma religião matriarcal prevaleceu entre as
civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a
existência de arte rupestre e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade
e, com isso, à noção de origem da vida e do mundo.
GLOSSÁRIO

Paleolítico – primeiro período da Idade da Pedra; Idade da Pedra Lascada.


Neolítico – diz-se do ou o Período da Pedra Polida.
Mitos – fábula, lenda.
Rupestre – relativo à rocha; gravação, inscrição na rocha.

Nesta sociedade matriarcal, o homem era considerado apenas como o “se-


mea-dor”, que lançava sua semente (sêmen) na terra fértil (a mulher), responsável
pela procriação. Daí, a mulher percebida como sagrada, a gestora, a criadora divini-
zada. O homem, assim, é apenas o sujeito que dava início ao processo de criação.
Acredita-se que por volta de 3000 a.C., o matriarcado entrou em queda, osci-
lando de local para local. A História sabe pouco sobre essa transição. O crescimen-
to populacional dentro de cada grupo ou povo provocou o aumento dos conflitos
territoriais e a luta pela sobrevivência. Ao mesmo tempo, se fazia cada vez mais

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


necessário dominar a natureza, que foi perdendo seu status sagrado.
Isso provocou mudanças
na forma dos povos antigos se
Udimu/W.Commons
organizarem. Os homens pas-
saram a se impor na proteção
guerreira a seu povo, depois fo-
ram concretizando seu domínio
sobre a natureza, a organização
da sua sociedade e a vida fa-
miliar. Instituiu-se assim, grada-
tivamente o patriarcado, ainda
hoje reinante. Essa forma de
agir tornou-se tão natural que
Soldados egípcios do túmulo da princesa Misehti. 2.000 a.C. A neces-
se tem a impressão de que o sidade de proteção militar, nas primeiras civilizações, produziu a força
homem sempre manteve a au- militar controlada pelos homens. 121
toridade sobre tudo e todos.

Book_EJA_v3.indb 121 22/05/2013 09:04:02


Entre muitos povos, como os hebreus e gregos, passou-se a usar o termo “pai”
para denominar o que até então era a Deusa Mãe ou Mãe Terra. Desta forma, as
divindades femininas foram perdendo forma nos cultos.
A sociedade patriarcal é, portanto, uma organização social na qual os ho-
mens detêm a autoridade suprema, devendo as pessoas serem subordinadas a
eles, prestando-lhes obediência.
Isso faz com que as relações entre
as pessoas, seja em uma família ou uma
comunidade, sejam desiguais e hierar-

W.Commons
quizadas. Às mulheres ficou reservada
a função de procriar, educar os filhos e
cuidar dos afazeres domésticos.
Em muitas sociedades antigas, nas
quais havia escravidão, como entre os
gregos e os romanos, o patriarca era
dono de escravos e passou também a
deter a posse de todos os membros de
sua família, principalmente das mulheres
e crianças.
No decorrer dos séculos, ocorreram
grandes mudanças na estrutura familiar,
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

e, com o surgimento do cristianismo, a


mulher passou a ser respeitada como
companheira, mas mantinha-se submis-
sa ao homem. Os filhos passaram a ser
reconhecidos como seres humanos a
quem cabem direitos e deveres. Faraó Miquerinos e a família. 2.500 a.C.

Apenas recentemente é que surgi- Na medida em que a população crescia, os povos se


organizavam em torno da autoridade masculina.
ram movimentos de valorização da mu-
lher, com a luta pelos seus direitos e busca do reconhecimento da igualdade de
oportunidades. Gradualmente, a sociedade foi reconhecendo a necessidade de
mudanças nas leis, nas estruturas sociopolíticas e nas formas de gestão, possibi-
litando às mulheres reais condições de participação.

122

Book_EJA_v3.indb 122 22/05/2013 09:04:02


Em grupo, discutam sobre:

1. Por que a mulher era considerada uma divindade entre os povos primitivos?
Por ser vista como a gestora da vida.
2. Deem exemplos de mulheres que ocupam cargos de comando e demonstram
eficiência.
Resposta pessoal.
3. Capacidade intelectual, artística e de gestão dependem do sexo da pessoa?
Não. A capacidade intelectual depende principalmente do processo de educação e de inserção social da pessoa.
4. Como está estruturada nossa sociedade hoje, com relação ao papel do homem
e o da mulher? Atualmente a sociedade passa por profundas mudanças, nas quais homens e mulheres
exercem cada vez mais papeis iguais e têm os mesmos direitos.

5. Analisem as duas imagens, com auxílio do professor:


a) Qual divindade, dentre as cultuadas pelos gregos, representava a ideia de
criação? Geia ou Gaia.
b) Por que Geia era representada com crianças de colo? Para significar a criação.

c) Lendo o texto das duas imagens, a que conclusão se pode chegar?


Enquanto Geia representa a criação, Zeus representa o poder (embora usurpado).
d) O que se pode concluir ao analisar os semblantes dos dois personagens, Geia
e Júpiter? Geia expressa ternura; Zeus, o poder, a força.
e) O que o autor da tela “Júpiter e Tétis” quis expressar? A dominação do poder masculino
sobre o feminino.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

INGRES, Jean Auguste Dominique. Júpiter e Tétis. FEUERBACH, Anselm. Gaea. 1875. Óleo
1811. Óleo sobre tela, 327 cm x 260 cm. Museu Granet sobre tela, 113 cm x 80 cm. Museu Hamburger
(França). Kunsthalle, Hamburgo, Alemanha.
123

Book_EJA_v3.indb 123 22/05/2013 09:04:04


Saber mais

A submissão da mulher ao homem tem sido uma situação histórica conforme


você estudou. Em muitas situações essa subordinação foi, e ainda é comum nos
dias de hoje, de forma violenta. No entanto, atualmente ocorre uma luta pela digni-
dade da mulher na maioria dos países, como é o caso do Brasil.
Com auxílio do seu professor, leia o texto que segue.

Segundo o artigo 70, da Lei n.° 11.340/2006, são formas de violência do-
méstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I- a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integri-
dade ou saúde corporal;
II- a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comporta-
mentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto,
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qual-
quer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodetermi-
nação;
III- a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a pre-
senciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar


ou a utilizar de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipula-
ção; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV- a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure re-
tenção, subfração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos eco-
nômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V- a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
CARVALHO, Gilda Pereira de. Cartilha Lei Maria da Penha & Direitos da Mulher. Ministério Público Federal /
Procuradoria Federal dos Direitos Do Cidadão (PFDC). Brasília. 2011. P 10.

Partir de alguns questionamentos sobre como os alunos pensam sobre a questão da dominação de gênero.
124 Debater sobre as formas de violência contra a mulher apresentadas no texto.

Book_EJA_v3.indb 124 22/05/2013 09:04:04


GLOSSÁRIO

Degradar – destruir, corromper.


Contumaz – persistente, constante.
Constranja – obrigue.
Coação – imposição.
Subfração – divisão, diminuição.

Discuta com seus colegas:

1. Essa lei já era conhecida por todos do grupo?


Resposta pessoal.
2. Que formas de violência contra a mulher essa lei combate?
A violência física, a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral.
3. O que pode ocorrer com aqueles que infligem essa lei? Se não souberem, pes-
quisem.
Prisão.

Essa cartilha está disponível da internet em:


<http://www.prrr.mpf.gov.br/arquivos/pgr_cartilha-maria-da-penha_miolo.pdf.>.

Fazendo conexão com... Geografia Perguntar se no ambiente de trabalho do aluno ocorre


diferença de salário entre homens e mulheres para a
mesma função.
Com o auxílio do seu professor, leia e discuta o texto a seguir.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Em estudo recém-divulgado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID
– mostra que, apesar do recente crescimento econômico e das políticas destinadas
a reduzir as desigualdades, as diferenças salariais relacionadas a gênero e etnia con-
tinuam sendo significativas nos países latino-americanos. (...) As diferenças salariais
variam muito também entre os 18 países pesquisados. O Brasil apresenta um dos
maiores níveis de disparidade salarial. No país, os homens ganham aproximadamen-
te 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução, quase o dobro
da média da região (17,2%), enquanto na Bolívia a diferença é muito pequena. O
resultado é o mesmo no que diz respeito à disparidade por raça e etnia, que chega
também a 30%.
Disponível em: <http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/homens-recebem-salarios-30-maiores-
-que-as-mulheres-no-brasil>. Acesso em: 21 mar. 2013

O que você entendeu do texto? Registre em seu caderno.


125

Book_EJA_v3.indb 125 22/05/2013 09:04:05


A família e sua organização
Quando pensamos em família, logo nos vem à mente pessoas que nos são
queridas e com as quais convivemos quase todos os dias.
A família é o primeiro grupo social no qual vivemos e que nos dá suporte para
nosso crescimento e desenvolvimento.
Todos nós nascemos de um pai e uma mãe biológicos, mas nem todas as
pessoas convivem com eles, por vários fatores.
Vamos conversar um pouco sobre isso?

Roda de conversa

Observe a imagem ao lado e

Nasup/Shutterstock
discuta com seus colegas:
1. O que ela representa?
2. Esse modelo de família é
comum a todas as famílias
que você conhece?
3. Existem famílias diferen-
tes dessa que aparece na
imagem?
4. Dê exemplos de outros ti-
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

pos de família.

A família é um grupo de pessoas. Forma, portanto, uma comunidade.


Ela é a primeira comunidade na qual nós aprendemos a conviver. Normal-
mente, é formada por pessoas que descendem umas das outras. Seus irmãos e você
descendem das mesmas pessoas. No entanto, a família também pode ser formada
por outras pessoas, como o filho adotivo ou famílias formadas por pessoas que não
têm descendências uma das outras, mas que de alguma forma passaram a viver
juntas.
Existem famílias pequenas e famílias grandes. Famílias formadas pelo casa-
mento civil ou religioso e famílias organizadas por outras formas de união. O que
faz com que uma família seja completa não é o número de pessoas que a constitui
ou a forma como ela foi formada, mas é, sobretudo, o modo como as pessoas que
a compõem se relacionam.
126
O objetivo é conduzir os alunos à percepção de que existem famílias diferentes. Cuidar para que não ocorram
discriminações ou menosprezo por formas de família que não sejam do modelo considerado “padrão”, demonstrando que
não existe um padrão familiar.

Book_EJA_v3.indb 126 22/05/2013 09:04:06


O amor, a cooperação, o entendimento e o respeito mútuo unem os membros
da família. Sua finalidade não é apenas a procriação, mas, principalmente, possi-
bilitar que as pessoas possam crescer e viver sadiamente, tanto no sentido físico
quanto no psicológico.
As pessoas que criam e educam as crianças não são as responsáveis por elas,
independente de serem ou não seus pais sanguíneos, irmãos, avós ou pessoas que
as adotaram.
Infelizmente, também existem crianças sem o convívio da família. Vivem,
muitas vezes, nas ruas: são as crianças e jovens de rua. Outras crianças vivem em
orfanatos, porque não possuem família natural ou porque sua família é muito pobre
e não as pode sustentar. As crianças de um orfanato e as pessoas responsáveis por
elas formam também uma família, quando nelas houver carinho, amor e entendi-
mento. O mesmo ocorre com pessoas idosas e as doentes.
Assim, você percebe que existem diferentes famílias.
Algumas famílias são pobres. Outras são ricas. E outras, muito ricas. Algumas
são bem estruturadas; outras com maior dificuldade de organização. Cada vez mais,
nos dias atuais, a família tradicional, formada por pais e filhos, está passando por
grandes transformações.
Em muitas famílias pobres, todos trabalham, até mesmo as crianças, embora
a lei proíba o trabalho infantil formal. Em muitos países, crianças chegam a aban-
donar a escola para trabalhar como vendedores de doces, jornaleiros, engraxa-
tes, lavadores de carros, empacotadores em supermercados e outros serviços. Elas
abandonam a escola não porque sejam preguiçosas, mas porque precisam ajudar

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sustentar a família.
Na maioria das famílias não é só o pai que trabalha para o sustento da casa,
mas também a mulher e os filhos.
Em muitas famílias não é só a mãe a responsável pela educação dos filhos e
pelos serviços domésticos: o casal, marido e mulher, é responsável de modo igual,
tanto pela educação dos filhos como pelos serviços caseiros.
Cuidar para não passar a ideia de que trabalho é apenas uma ação remunerada; como
também, para não reforçar o preconceito sobre o trabalho doméstico. Demonstrar que a
Vamos analisar o texto expressão “do lar” para qualificar o trabalho de alguém (normalmente mulher) trás uma
carga de depreciação. Demonstrar que o trabalho não remunerado é tão importante
quanto o remunerado.
1. Por que a família é uma pequena comunidade?
Porque é formada por um grupo de pessoas com laços comuns.
2. Quem deve ser responsável pelos serviços caseiros?
Todas as pessoas da família.
3. A única finalidade da família é sustentar os filhos?
Não. Essa é apenas uma das funções. A mais importante é a de possibilitar o crescimento do indivíduo (mental,
psicológico, espiritual e cultural).
4. O que mais é necessário para um bom relacionamento na família?
Relações saudáveis. 127

Book_EJA_v3.indb 127 22/05/2013 09:04:06


Responda em seu caderno

1. Quais são as pessoas que compõem a sua família?


Resposta pessoal.
2. Quem trabalha fora de casa em sua família?
Resposta pessoal.
3. Em que momento ou momentos toda a sua família se encontra?
Resposta pessoal.
4. Você trabalha fora de casa para ajudar no sustento de sua família?
Resposta pessoal.

E como surgiu e se desenvolveu a família na História?


Em tempos bem distantes, na época pré-histórica, na Antiguidade e na Idade
Média, as famílias organizavam-se de maneira bem diferente em relação ao que
ocorre na atualidade.
No início da história da humanidade, era comum uma forma de organização
denominada de clã. Era um agrupamento composto de cem a trezentas pessoas,
aproximadamente, reunidas por laços de parentesco, sendo todas descendentes do
mesmo antepassado e tendo um mesmo chefe ou patriarca.
Na maioria das civilizações antigas, a família era formada por pai, mãe, filhos
e escravos.
Nas sociedades indíge-
nas, existiam diferentes formas
na estrutura da família, por
exemplo: em algumas socieda-
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

des, os filhos eram criados pe-


los tios; em outras, os cunha-
dos eram obrigados a casar
com a viúva do irmão faleci-
do e, assim, dar continuidade
à descendência. Os homens
e as mulheres tinham funções
bem definidas: os homens pro-
tegiam a tribo, as mulheres, as
crianças e os idosos caçavam,
pescavam e preparavam a ter-
ra para o plantio. As mulheres
também coletavam os frutos e
raízes, preparavam os alimen-
SCHOLLES, Flávio. Família. 2012. Óleo sobre tela, 90 cm x 90 cm. Acervo
tos e cuidavam dos filhos. Particular.
128

Book_EJA_v3.indb 128 22/05/2013 09:04:07


Ler pausadamente cada parágrafo. Reler quantas vezes forem necessárias para a compreensão dos alunos. Auxiliá-los a fazer
as inferências necessárias. Evitar a prática do professor ler e explicar o texto apenas.
Leia o texto a seguir, com o auxílio de seu professor:

Todo mundo tem família e ela é a mais velha instituição da sociedade.


Mas, se formos examinar nossa história, veremos que, diferentemente de uma
família ideal, congelada em padrões, tivemos, em nosso passado, famílias, no
plural. E que diferentes tipos se constituíram, ao sabor de conjunturas econô-
micas ou culturais.
O europeu trouxe para o Novo Mundo uma maneira particular de or-
ganizar a família. Esse modelo, constituído por pai e mãe “casados perante
a Igreja”, correspondia aos ideais definidos pelo catolicismo. Apenas dentro
desse modelo seria possível educar os filhos, movimentando uma correia de
transmissão pela qual passariam, de geração em geração, os valores do Oci-
dente cristão.
Mas será que o europeu conseguiu impor esse tipo de família ao Novo
Mundo? (...)
DEL PRIORE, Mary. Família na colônia, um conceito elástico. Revista História Viva. ed setembro de 2006. Disponível
em: <www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/familia_na_colonia_um_conceito_elastico_imprimir.html>. Acesso
em: 21 de mar. 2013.

[...]“O conjunto de servos de um sobrado patriarcal compunha-se, no


Brasil dos meados do século XIX, de cozinheiros, copeiros, amas-de-leite,
carregadores d’água, moleques de recado, mucamas. Estas dormiam nos
quartos de suas amas, ajudando-as nas pequenas coisas da toilette, como

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


catar piolhos, por exemplo. Às vezes, havia escravos em exagero.” Mas era
sobretudo no trabalho rural que eles eram empregados em grande quantidade.
Seu número oscilava entre duzentos e trezentos nos engenhos de açúcar e era
pouco maior nas fazendas de café.
Essa dependência para com o trabalho escravo imprimiu, nos senhores
rurais e mesmo nos urbanos, um acentuado desprezo pelas atividades manu-
ais, levando-os a cultivar o ócio. Os donos de terra passavam o dia inteiro na
rede gritando ordens para os criados.
Acostumados a mandar e ser obedecidos, os donos de escravos cultivaram
também a atitude arbitrária diante da vida e das condições de existência de seus
trabalhadores. A mão-de-obra não era livre, era sua propriedade e eles sentiam-
-se no direito de fazerem dela o que quisessem. [...]
O ócio dos senhores e a convivência diária com mucamas no interior
da casa-grande conduziram à intimidade sexual entre o homem branco e a
escrava negra, que resultou na multiplicação de mestiços, também eles escra-
129
vizados. [...]

Book_EJA_v3.indb 129 22/05/2013 09:04:08


Mas a degradante condição de escravos não impediu que os negros ca-
tivos conseguissem preservar sua cultura: como sua religião fosse considerada
bárbara, adoravam seus deuses sob as imagens dos santos das casas-grandes.
Iansã assumiu as feições de Santa Bárbara; Ogum, de São Jorge. Assim nasce-
ram religiões híbridas: candomblé e umbanda. As comidas e temperos africa-
nos também chegaram a influir nos hábitos alimentares do brasileiro: o vatapá,
a feijoada, o azeite-de-dendê, o acarajé, o complexo do leite de coco foram
introduzidos na mesa das casas-grandes pelos escravos domésticos.
(Enciclopédia Nosso Século: Brasil – 1900/1910, I, p. 20)

GLOSSÁRIO

Sinhá – tratamento dado pelos escravos à sua senhora e proprietária.


Toilette – higiene pessoal.
Imprimiu – fixou; marcou; gravou.
Ócio – descanso do trabalho; tempo que se passa despreocupado.
Arbitrária – que independe de lei ou regra, somente do capricho de alguém.
Degradante – tornado desprezível, rebaixado, sem dignidade.
Cativos – presos em cativeiro.
Híbridas – resultadas da mistura, do cruzamento de elementos diversos.

Em grupo, discutam sobre as questões a seguir:

1. A família indígena e a portuguesa no início do Brasil Colonial eram semelhantes?


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Não, porque faziam parte de culturas diferentes.


2. Não havendo mulheres europeias aqui, como ocorreu a constituição de novas
famílias no Brasil?
Os portugueses homens se cruzavam com mulheres indígenas.

3. De quem era constituída a família no Brasil Colonial?


A família colonial era constituída por pai, mãe, filhos legítimos, filhos adotivos, agregados e escravos. Note-se porém,
que em termos legais (para herança) somente os elementos consanguíneos tinham direitos.
4. Ainda temos, no Brasil atual, famílias semelhantes às do Brasil Colonial?
Sim, principalmente em áreas do interior brasileiro.

5. Qual o resultado do acasalamento entre portugueses, índias e/ou negras?


Da miscigenação de branco português e índia, surgiu o caboclo; de branco com negro, o mulato.

Anote no seu caderno, algumas das conclusões a que chegaram.

Produção de texto
Com o auxílio do professor, escrevam um texto coletivo em forma de um título de man-
chete que caracterize a família atual.
130

Book_EJA_v3.indb 130 22/05/2013 09:04:08


Fazendo conexão com... Geografia e Matemática

Com o auxílio do seu professor, analise os dados a seguir.


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Censo 2010 indica
algumas mudanças significativas na família brasileira:
a) 36,4% das pessoas casadas vivem em união consensual, contra 28,6% em 2000.
b) 42,9% dos casais vivem unidos através do casamento civil e religioso, contra 49,4%
em 2000.
c) 14,6% de pessoas separadas, contra 11,9% em 2000.
d) 1,9% de taxa de fecundidade, contra 2,38% em 2000.
O Censo 2010 constatou ainda o crescimento das uniões entre cônjuges do mesmo
sexo.
Observem os dados acima, agora transformados em gráfico.

Escreva, no seu caderno, os verbetes abaixo, anotando ao lado de cada um deles Unidade 2 • Identidade social: formas de participação
a palavra “aumentou” ou “diminuiu” referente ao índice de 2010 com relação ao que
era em 2000:
Aumentou.
União –
Diminuiu.
Casamento civil e religioso –
Pessoas separadas – Aumentou.

Manteve quase estável.


Fecundidade –

131

Book_EJA_v3.indb 131 22/05/2013 09:04:08


Mudanças na sociedade brasileira
Um telejornal anunciou que políticos discutem mudanças na legislação bra-
sileira sobre a família.
Uma pessoa idosa que ouvia a notícia exclamou:
– Bobagem! Mudanças na família. Família são todas iguais. Sempre foram
assim e assim sempre serão! Esse pessoal está sempre inventando moda!
Um dos jovens da família, presente na sala, retrucou:
– É! Família é família, mas existem muitas formas diferentes de família e a lei
precisa proteger todas elas.
O silêncio se fez na sala.
Vamos conversar um pouco sobre isso?
Nessa roda de conversa, o objetivo é apenas avaliar o que o aluno já percebe
Roda de conversa sobre as mudanças que a sociedade tem sofrido quanto às transformações
sociais, principalmente na vida familiar.

kurhan/Shutterstock
Observe a imagem e discuta com
seus colegas:
1. O que ela representa?
2. Você acha que nos tempos dos
seus avós seria possível uma cena
como essa?
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

3. Que mudanças devem ter ocorrido


na sociedade dos últimos tempos
que permitem uma situação como
a da imagem?

Você estudou anteriormente que, na época do Brasil colonial, a família de “se-


nhor de engenho” era composta pelos seus descendentes, agregados e escravos. Ele
exercia autoridade total sobre todas as pessoas que habitavam a fazenda de cana-
-de-açúcar. As mulheres viviam no interior da casa-grande e exerciam o poder sobre
as mucamas, orientavam o serviço na casa e o cuidado com os filhos pequenos. Os
escravos, mesmo os que trabalhavam na casa-grande, viviam nas senzalas.
Ao longo do tempo, outras atividades econômicas, como a criação de gado,
foram surgindo para ajudar ainda mais na produção dos engenhos, na engrenagem
132 do caldo que era transformado em açúcar.

Book_EJA_v3.indb 132 22/05/2013 09:04:09


Analisar o padrão de família representada por Debret, na qual a presença dos serviçais negros era importante.

A criação de gado expandiu-se, trazendo lucro para os boiadeiros que vendiam


os animais nas feiras. Esses aglomerados de pessoas, ao longo do tempo, tornaram--
-se vilas e cidades, como Caruaru, em Pernambuco; Sorocaba, em São Paulo; Ponta
Grossa, no Paraná; e tantas outras pelo Brasil.
Ao mesmo tempo, ao longo do litoral brasileiro, os portugueses passaram a
edificar fortes para defenderem seus domínios contra o ataque e a ocupação de
estrangeiros. Ao redor de alguns desses fortes também se formaram vilas e depois
cidades. Foi assim que surgiram cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Florianó-
polis, Fortaleza.
Já nas regiões de mineração, principalmente no interior de São Paulo, Minas
Gerais, Bahia e Goiás, os núcleos de mineradores deram origem a muitas cidades
como Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei, Goiás Velho e Cuiabá.
Podemos afirmar que o Brasil Colonial passou por sensíveis transformações
sociais em função des-
sas atividades econômi-
cas: a criação de gado
e a mineração. Nessas
regiões deu-se início e
se desenvolveram as re-
lações comerciais inter-
-regionais, criando um
mercado interno e fazen-
do surgir uma nova vida

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


social, diferente daquela
das fazendas de cana-de-
-açúcar.
Essa nova sociedade
era essencialmente urba-
na. As atividades desen- DEBRET, Jean-Baptiste. Um jantar brasileiro. 1827. Aquarela sobre papel,
15,9 cm x 21,9 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ).
volvidas nas vilas e cida-
des eram de serviços e ofícios representados por comerciantes, artesãos, advogados,
médicos, entre outros. No entanto, ela também era escravagista, desenvolvendo a
sociedade urbana à custa da exploração da mão de obra escrava.
Lentamente, essa sociedade urbana foi moldando uma nova família, na qual
o poder do patriarca já não era tão forte quanto o dos senhores de engenhos.
Na época do império, uma nova riqueza possibilitou maior desenvolvimento
da vida urbana: o café. Nas ricas regiões cafeeiras, principalmente no vale do rio
Paraíba e no interior do estado de São Paulo, surgiram cidades ricas, que passaram
133
também a ter grande desenvolvimento cultural.

Book_EJA_v3.indb 133 22/05/2013 09:04:11


A riqueza do café possibilitou aos “barões do café” (como eram chamados os
donos das grandes fazendas) e aos comerciantes exportadores de café o acúmulo de
muito capital (dinheiro). Ao mesmo tempo, sentia-se necessidade de modernizar o
país com o desenvolvimento de novas tecnologias criadas pela chamada Revolução
Industrial, iniciada na Europa e nos Estados Unidos.
O Brasil ainda utilizava a mão de obra escrava até o final do século XIX e
isso representava um atraso para o desenvolvimento econômico. A mão de obra
assalariada era mais barata e rentável do que
a escrava. Manter escravos custava caro ao

Flashon Studio/Shutterstock
dono da fazenda.
De 1760 a 1850, a revolução se restringe
à Inglaterra. A preponderância é de produção
de bens de consumo, especialmente têxteis e
a energia a vapor.
A abolição da escravatura representava,
ao mesmo tempo, uma mudança na socieda-
de brasileira e um avanço econômico.
Negros escravos libertos, sem posse al-
guma e sem trabalho, lotaram as periferias
das cidades. Proprietários de fazendas e in-
dustriais preferiam adotar a mão de obra as-
salariada dos imigrantes, que então vinham
em massa para o Brasil.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

A sociedade brasileira se alterou com-


Pai de uma família atual cuidando de seu filho.
pletamente. O sentido da imagem é expressar a mudança do sentido de paternidade nos dias atuais,
quanto o pai deixou de ser mero provedor financeiro da família, para atuar nela em todos os
Em grupo, discutam: sentidos, principalmente os anteriormente exercidos apenas pelas mulheres.

1. Qual é a diferença entre a sociedade das fazendas de açúcar e a sociedade que


surgiu nas cidades? Acom
sociedade açucareira era rural, enquanto a sociedade urbana, surgida principalmente
a mineração, era mais sofisticada e voltada para valores culturais. Em termos de
hierarquização ambas se assemelhavam.
2. Com o surgimento e desenvolvimento das cidades, seus moradores viviam todos
com boa qualidade de vida? Não. Mesmo dentro das cidades do Brasil colonial, como ainda ocorre nos
dias atuais, ocorriam profundas diferenças de classe e bolsões de miséria.

3. Qual a origem da cidade em que você mora? (Reposta do aluno).

4. Que heranças nós podemos perceber na nossa sociedade atual fruto da abolição
da escravatura? Asegregadas,
grande quantidade de pessoas negras e mulatas vivendo em condições de pobreza,
marginalizadas e discriminadas.

5. Baseados na imagem do “Pai de uma família atual cuidando de seu filho”, discuta
134 sobre o papel do pai na família atual. Atemos
família atual não possui um único padrão. Ao contrário,
hoje variados tipos de família e formas diferentes de
sua organização.

Book_EJA_v3.indb 134 22/05/2013 09:04:12


Saber mais

Os autores Ariane Penha e Gilberto Ligero apresentam uma boa análise da


situação da família brasileira atual, fruto das transformações porque a nossa so-
ciedade passou e ainda está passando.
Leia o texto com auxílio do professor. Depois, discuta com os colegas sobre
as principais ideias que o texto destaca.

“Entidade familiar é todo grupo de pessoas que constitui uma família”.


Assim, de acordo com a lei, a família pode ser composta: pelo casamento
civil, pela união estável, pela relação monoparental entre ascendente e qual-
quer de seus descendentes, de acordo com a Constituição Federal, no seu Art.
226 e parágrafos (leia abaixo do texto).
A primeira entidade familiar, o casamento civil, é constituída por pessoas
físicas de sexos opostos, realizado de modo solene e formal, e no início indis-
solúvel. Esta instituição, que por muitos anos foi a única forma de constituição
da família, hodiernamente não é mais a única forma legítima, mas tem a mais
vasta normatização dentre as outras entidades familiares. (...)
A segunda entidade familiar, a união estável, é composta informalmente
por pessoas de sexos diferentes, de forma pública, contínua e duradoura com
o intuito de estabelecer uma família, naturalmente submetida à regulamenta-
ção legal.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Por fim, há a relação monoparental, que é aquela formada por qualquer
dos pais, que não mantém vínculo matrimonial com outrem, e seus descen-
dentes.
Existem ainda outras famílias naturais que podem ser admitidas, uma vez
que o fato do legislador prever expressamente três tipos de entidades fami-
liares não impede a possibilidade de existência de outras, tais como: uniões
homoafetivas, outras relações monoparentais etc..

PENHA, Ariane Rafaela Brugnollo; LIGERO, Gilberto Notário. Teoria Geral da família. Disponível em:
<www.intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1634/1557>. Acesso em: 21 de
mar. 2013. Segundo Roberto Senise Lisboa (2004, p. 44).

135

Book_EJA_v3.indb 135 22/05/2013 09:04:12


A partir da Constituição, fazer um levantamento entre os alunos
oralmente: Quem é casado oficialmente; quem é casado somente
no religioso; quem é separado; como é constituída sua família. Evitar
CONSTITIUIÇÃO BRASILEIRA sempre juízos de valor.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1.o - O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2.o - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3.o - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre


o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento.

§ 4.o - Entende-se, também como entidade familiar a comunidade formada


por qualquer dos pais e seus descendentes.

§ 5.o - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos


igualmente pelo homem e pela mulher.

§ 6.o - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

§ 7.o - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da pater-


nidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal,
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
para o exercício desse direito vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituições oficiais ou privadas.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

§ 8.o - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos


que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito
de suas relações.

GLOSSÁRIO

Monoparental – formada por um dos genitores.


Indissolúvel – inseparável.
Hodiernamente – nos dias de hoje.
Homoafetivas – entre pessoas do mesmo sexo.
Competindo – cabendo, sendo dever.
Coercitiva – uso da força.
Âmbito – meio, campo.

136

Book_EJA_v3.indb 136 22/05/2013 09:04:13


Galeria Jacquer Ardies
FURTADO, Sonia. Festa Junina. 1996. Acrílica
sobre tela, 70 cm x 50 cm. Acervo particular.

Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
3
Trabalhar com os alunos a imagem de
abertura: o autor e o significado da obra.

Unidade brasileira

Ajudar os alunos a interpretarem os objetivos.


Nesta unidade, você aprenderá a:
• Analisar como o Brasil se tornou uma nação.
• Estabelecer relações entre o Brasil do passado e o Brasil de hoje.
• Opinar sobre as mudanças ocorridas na sociedade brasileira.
• Interpretar documentos históricos.
137

Book_EJA_v3.indb 137 22/05/2013 09:04:14


Estrutura politico-administrativa
brasileira
Assim começou nossa história
O Brasil é um dos maiores países do mundo em extensão territorial.
Ocupa praticamente a metade da América do Sul.
Mas, no começo da nossa história a área do Brasil era bem menor. Como ele
aumentou sua extensão?
Vamos conversar sobre isso.
Demonstrar o Brasil num mapa
Roda de conversa das Américas.

Gerson L. Ferreira
América do Sul

Este é o mapa da América do Sul, o nosso continen-


te. Nele estão representados o Brasil e seus vizinhos.
Com auxílio do professor, interprete-o junto com seus
colegas.
1. Identifique a cor que corresponde ao mapa do
Brasil.
2. Você saberia dizer o nome do oceano que banha
o nosso litoral?
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

3. Você saberia apontar no mapa o local onde você


vive?
4. Cite alguns países que são nossos vizinhos, ten-
Fonte: Adaptado do Atlas geográfico escolar.
tando identificá-los no mapa. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.

Você já estudou que os portugueses vieram para cá à procura de riquezas.


Porém, no início, Portugal não se interessou muito por isso. Interessava-se,
porém, pelos produtos do Oriente, as especiarias.
Enquanto isso, outros povos passaram a se interessar pelo Brasil, desejando
ocupá-lo. Portugal, então, para não perder a terra, resolveu colonizá-la.
No início, o Brasil que pertencia a Portugal não era do tamanho que é hoje.
Espanha e Portugal fizeram um tratado, o Tratado de Tordesilhas, que dividia a
América entre os dois países.
A maior riqueza que os portugueses retiravam daqui naquela época era o
pau-brasil.
Como essa árvore era abundante no nosso litoral, os portugueses vinham até
138
aqui apenas para cortá-la. Não precisavam morar aqui.

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Retomar com os alunos, na oralidade, o que eles já estudaram no volume 1, sobre o assunto.

Mas essa riqueza acabou atraindo também outros povos, que a roubavam do
nosso litoral.
Diante disso, Portugal, que já havia mandado várias expedições para explorar as
riquezas do litoral, resolveu mandar expedições para vigiar os ataques de outros povos.
Não deu certo.
O governo de Portugal resolveu então dar início à colonização do Brasil. Man-
dou a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza. Após navegar ao longo
do litoral brasileiro, escolheu um lugar para fundar uma vila. Ela foi a primeira vila
do Brasil: São Vicente, no litoral de São Paulo, fundada em 1532.
Assim, começava a colonização e a ocupação efetiva do Brasil pelos portu-
gueses. Era preciso fundar mais vilas e fortes para a defesa do litoral. Desta forma,
foram surgindo outras vilas: Santos, Olinda, Salvador, Natal, Fortaleza, e outras, ao
longo do litoral.
Mas, mesmo assim, a colonização estava muito difícil.
O governo português tomou então outra atitude: dividiu o Brasil em Capitanias
Hereditárias, conforme você já estudou. Mas, apenas duas das Capitanias Heredi-
tárias deram certo: a de São Vicente (São Paulo) e a de Pernambuco.
Para tentar organizar melhor a colonização e a ocupação das terras brasilei-
ras, o governo português criou, em 1549, o Governo-Geral. O Governador- -Geral
morava em Salvador, na Bahia, e de lá administrava todo o Brasil.
Os moradores da capitania de São Vicente estavam na pobreza, já que a lavou-
ra de cana-de-açúcar dava pouco lucro. A saída foi, então, fazer expedições para o

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


interior do continente à busca de riquezas: as bandeiras. O caminho de penetração
era o rio Tietê. Mas existiam dificuldades: a reação dos índios e as dificuldades
naturais (a floresta muito fechada da Serra do Mar).
Muitas expedições que partiram para o
interior do Brasil nunca mais voltaram. Getúlio Delphin.

Mais tarde, muitos portugueses pas-


saram a organizar expedições para todo o
interior: na Amazônia, na Bahia e no Sul.
Essas expedições foram denominadas de
“bandeiras”.
Os bandeirantes foram, a princípio,
procurar índios para escravizar. Depois,
descobriram riquezas no interior: ouro e pe-
dras preciosas. Então, fundaram vilas, que
logo se transformaram em cidades.
139
Tropeirismo.

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Com o tempo, os portugueses trouxeram o gado bovino para a Capitania de
São Vicente, para movimentar os engenhos de cana-de-açúcar e depois para a
obtenção de leite, carne e couro.
A criação de gado foi, depois, se espalhando para todo o Sul do Brasil e em
áreas do sertão nordestino.
No Sul, duas regiões se destacavam: a região dos pampas gaúchos e os campos
de Vacaria. Dessas regiões, o gado era levado a São Paulo. Nesse trajeto, o gado
bovino e o muar (mulas) fizeram nascer muitas cidades.
No Nordeste, o gado não teve espaço para se criar na área do litoral porque lá,
ou era região de floresta ou era área de plantio de cana-de-açúcar. Assim, o gado
foi penetrando pelos vales dos rios à procura de pastagens. O rio São Francisco
ficou famoso, sendo até chamado de “o caminho dos currais”, porque por meio
dele o gado penetrava no interior do sertão nordestino.
Perguntar aos alunos se conhecem cidades que nasceram do tropeirismo.

A economia no século XVII

Laércio de Mello
LEGENDA
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Escala aproximada

0 415 830 1 245 km

1 cm = 415 quilômetros

Fonte: Com base cartográfica do IBGE OLIVEIRA, Cêurio. Revista Brasileira de Geografia 1940 e do Atlas
Histórico Escolar. Rio de Janeiro: Fename, 1977.

Os portugueses tiveram muito trabalho para defender boa parte do litoral no


Nordeste. Lá estavam acontecendo vários ataques de invasores.
140
Portugal, então, resolveram fundar uma série de fortes para a defesa da região.

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Muitos desses fortes, com o tempo, transformaram-se em cidades, como foi o caso
de Natal (no Rio Grande do Norte), Fortaleza (no Ceará) e Belém (no Pará).
Do Forte do Presépio (hoje Belém, no Pará) saíram as primeiras excursões para
o interior da Floresta Amazônica.
Durante um período da nossa história (de 1580 a 1640), Portugal e Espanha
passaram a ser um país só. E, portanto, desaparecia o limite de Tordesilhas. Todas as
terras da América do Sul eram da Espanha. Isso facilitou a entrada de portugueses
naquela região, que iam à procura de produtos que, na época, eram chamados de
drogas de sertão, como o cacau, o urucum, o guaraná, a castanha do Pará, o látex
(resina da seringueira).
Assim, gradativamente, os portugueses foram ocupando a região.
Mesmo nos tempos mais próximo e nos dias atuais a Região Amazônica con-
tinua a se ocupada.
E assim o Brasil ficou enorme. Portugal e Espanha tiveram várias disputas por
causa das terras da América do Sul.
Após todas essas conquistas e ocupações, as duas Nações fizeram o Tratado
de Madri, que aumentava o ta-manho do Brasil. Posteriormente, foram feitos ainda
novos tratados até que o Brasil ficou do tamanho que conhecemos hoje.

Laércio de Mello
Evolução do território brasileiro

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

141
Laércio de Mello com base cartográfica do IBGE OLIVEIRA, Cêurio. Revista Brasileira de Geografia 1940
e do Atlas Histórico Escolar. Rio de Janeiro: Fename, 1977.
Demonstrar que a população brasileira se concentra mais nas regiões litorâneas exatamente pela sua forma de ocupação.

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Em grupo, discutam e respondam:
1. A quem pertencia a maior parte das terras do Brasil?
A Espanha.
2. Qual era a maior riqueza que os portugueses retiravam do litoral do Brasil? E
para que ela servia?
Pau-brasil. Para tintura.
3. Qual foi a primeira vila fundada no Brasil?
São Vicente.
4. Que outras vilas os portugueses fundaram no litoral brasileiro?
Santos, Belém, Salvador, Rio de Janeiro, Natal.
5. O que eram as bandeiras?
Expedições particulares para explorar o interior.
6. Qual o rio que os paulistas usavam para entrar no interior do Brasil?
O rio Tietê.
7. Onde se introduziu o gado pela primeira vez no Brasil e para onde se espalhou?
Em São Vicente. Espalhou-se principalmente para o Sul do Brasil.
8. Por que no litoral do Nordeste não havia espaço para a criação de gado?
Porque eram terras destinadas à agricultura da cana-de-açúcar.
9. Quais as “drogas do sertão” mais procuradas na Amazônia?
Castanha-do-pará, guaraná, erva medicinais, cacau, urucum.

Saber mais
Com auxílio do seu professor, leia o texto de biografia sobre Domingos Jorge Velho

No século XVII, prevalecia no Brasil as expedições de bandeirantes para conquistar


territórios indígenas que ainda não haviam sido tomados pelos colonizadores portugue-
ses. Na segunda metade deste século, Domingos Jorge Velho seria o bandeirante que
mais se destacaria nesta função. Natural da cidade de Vila de Parnaíba em 1641, São
Paulo, trinta anos mais tarde já era conhecido como um fervoroso caçador de índios.
Sua fama espalhara-se pelo Brasil adentro. Francisco Garcia d’Ávila, um grande
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

proprietário da Bahia, chegou a contratar Jorge Velho para exterminar os índios da


região do rio São Francisco. Eles queriam tomar o espaço ocupado pelos indígenas
para criar uma estância de gado, algo que de certa forma também agradava Jorge
Velho, pois ele também tinha uma fazenda ao oeste de Pernambuco, onde fundou a
povoação de Sobrado.
Entre 1671 e 1674, o mercenário lutou ao lado de
Domingos Afonso Sertão contra os indígenas das regi-
ões do Piauí, Maranhão e Ceará, espalhando a hege-
monia do homem branco no território brasileiro.
O governador de Pernambuco, João da Cunha
Souto Maior, fez um apelo em 1687 para que Jorge Ve-
lho apesar de ser conhecido apenas como extermina-
dor de indígenas, juntasse seus homens e destruísse
os escravos dissidentes que formaram o Quilombo dos
Palmares. Sob liderança de Zumbi dos Palmares, os es-
cravos revoltosos fugiram para o estado de Alagoas.
Tiago Ferreira da Silva. CALIXTO, Benedito. Domingos
SILVA, Tiago Ferreira da. Domingos Jorge Velho. fev. 2010. Disponível Jorge Velho. 1903. 140 cm x 100 cm.
142 em: <www.infoescola.com/biografias/domingos-jorge-velho/>. Acesso: 21 Museu do Ipiranga, São Paulo (SP).
de mar. 2013

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Fazendo conexão com... Geografia GLOSSÁRIO

Desenhe ou cole um mapa do Brasil no seu caderno e pinte nele as fervoroso –


áreas que foram povoadas: ardente, forte.
• pela criação de gado; exterminador
– matador.
• pelo plantio de cana-de-açúcar;
estância –
• pelas exploração das “drogas do sertão”. fazenda.
Compare seu trabalho com o de seus colegas e discutam suas con- hegemonia –
clusões. domínio.

Auxiliar os alunos, expondo um mapa do Brasil, para que eles possam fazer as localizações necessárias.

O nascimento de uma nação


Todos os anos a nação comemora o seu dia: o dia da Independência, repre-
sentado por hino, bandeiras, marcha, fogos, festa, etc.
É o dia da Pátria.
Que emoções sentimos quando nos dizemos brasileiros?
Vamos conversar sobre isso.

Roda de conversa O objetivo é apenas permitir aos alunos expressarem seus conhecimentos
sobre o assunto, a partir da obra de arte.

Essa imagem é uma obra de arte do pintor brasileiro Pedro Américo.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Troque ideias com seus colegas:
1. O que ela representa?
2. Qual é a figura principal da tela?
3. Por que essa obra se encontra no Museu Paulista (ou Museu do Ipiranga)?

AMÉRICO, Pedro. Indepen-


dência ou Morte! (O Grito do
Ipiranga). 1888. Óleo sobre
tela, 415 cm x 760 cm. Mu-
seu do Ipiranga (SP).
143

Book_EJA_v3.indb 143 22/05/2013 09:04:20


Você já sabe que a história da colonização do Brasil começou em 1500.
De lá para cá, a sociedade brasileira passou por muitas transformações.
Costumamos dividir a nossa história em dois grandes períodos: o Brasil Colônia
e o Brasil independente.
O período do Brasil Independente também está dividido em dois períodos: o
Brasil Monarquia e o Brasil República.
Você também já estudou que os portugueses vieram para cá em busca de
riquezas.
No início, a grande riqueza era o pau-brasil. Mas depois, para não perder a
terra, Portugal resolveu ocupá-la e explorá-la. Daí, foi preciso plantar. E uma riqueza
muito apreciada na Europa era o açúcar. Mas ele não podia ser produzido lá.
Aqui, o clima e o solo são bons para a cana-de-açúcar, mas quase não havia
mão de obra. Por isso, Portugal resolveu, em primeiro lugar, escravizar os índios,
mas não deu certo; depois, resolveu trazer escravos negros da África.
Ao mesmo tempo, Portugal percebia que a venda de escravos negros era muito
lucrativa. Por isso, passou a usar a mão de obra escrava no Brasil.
Para cá vieram muitos portugueses, que conseguiram enormes áreas de terras
(latifúndios) para plantar cana-de-açúcar. O trabalho era feito por negros escravos
vendidos, comprados e maltratados.
Para favorecer os produtores de açúcar, foi feita uma legislação que dava a
eles todo o direito de lucro. E para vender esse açúcar na Europa, Portugal fez outra
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

legislação pela qual ele se enriquecia à custa do Brasil.


Nada daqui poderia ser vendido para outros lugares, pois tudo deveria ser
vendido, a preço baixo, exclusivamente para Portugal.
A riqueza produzida pelo açúcar era tanta que atraía, com frequência, invaso-
res e piratas, como os holandeses. Desejando controlar a área de maior produção
no Brasil, eles dominaram quase todo o litoral do Nordeste durante vários anos. Os
holandeses chegaram até mesmo a negociar com Portugal, que lhes cedeu parte
do litoral nordestino. Acreditando que poderiam ficar com aquelas terras, eles de-
senvolveram a cultura na região e aumentaram a produção do açúcar. Porém, mais
tarde acabaram sendo expulsos.
Você também já estudou que os bandeirantes iam para o interior à procura
de riquezas. Encontraram minas de ouro e de pedras preciosas. Mas o governo
português logo resolveu controlar a região e a produção de ouro.
Isso descontentava a muitos mineradores que, com frequência, se organizavam
em revoltas. Uma das mais importantes revoltas estava sendo organizada em Minas
144 Gerais, quando foi denunciada. Por isso, ela não chegou a acontecer. Foi então

Book_EJA_v3.indb 144 22/05/2013 09:04:20


chamada de Inconfidência Mineira. Seus líderes eram mineradores, militares, fazen-
deiros, padres e intelectuais revoltados com a política de exploração de Portugal.
Um dos participantes mais famosos da Inconfidência Mineira foi Joaquim José
da Silva Xavier — o Tiradentes. Portugal costumava agir com muito rigor contra
quem quisesse qualquer mudança por aqui. Prendeu vários líderes do movimento.
Exilou alguns. E decretou morte na forca para Tiradentes.
O que queriam os inconfidentes de Minas Gerais? Queriam libertar parte do
Brasil (e se possível, todo o Brasil); acabar com a escravidão; abrir fábricas de tecidos
no Brasil, pois Portugal não permitia que elas funcionassem aqui. O lema deles era
Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia).
Ao lado deste movimento, vários outros aconteceram em Minas Gerais, na
Bahia, em Pernambuco. Todos eram reprimidos à força. Não só os brancos reagiam
contra Portugal. Também os negros escravos tentavam reagir contra a exploração
a que os brancos os submetiam. Os negros faziam “corpo mole” como forma de
protesto contra a escravidão. Fugiam, mas eram caçados e reescravizados.
Cuidar para não reforçar a ideia de que o escravo era preguiçoso e que os negros tem essa índole.
Saber mais Ao contrário, demonstrar que isso era uma forma de reação à escravidão.
Com auxílio do seu professor, leia o texto

Quando conseguiam formar um bando de fugitivos,


organizavam--se em aldeias no meio da mata, dando ori-
gem aos quilombos. De todos eles, o mais importante foi o

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Quilombo dos Palmares. Organizado no interior do Estado
de Alagoas, ele resistiu durante mais de 60 anos! Chegou a
ter perto de 20 mil negros fugitivos sob a liderança de dois
grandes chefes: Ganga-Zumba e Zumbi. Lá, eles viviam
em liberdade, longe dos castigos dos senhores. Faziam
suas plantações e praticavam livremente suas danças e
sua religião. De lá saiam para atacar algumas fazendas e
libertar outros escravos. Porém, após várias incursões mi-
litares, as autoridades portuguesas e os fazendeiros aca- PARREIRAS, Antonio. Zumbi
baram dominando e exterminando os negros do Quilombo 1927 Óleo sobre tela,115,5 cm x
dos Palmares. 87,4 cm. Museu Antônio Parrei-
ras, Niterói (RJ).

Ao mesmo tempo, lá na Europa ocorriam muitas mudanças, revoluções e


guerras, provocadas pela disputa de riquezas, de terras e de mercado consumidor.
Por causa destas guerras, o governo português foi forçado pela Inglaterra a se
deslocar para o Brasil.
145

Book_EJA_v3.indb 145 22/05/2013 09:04:21


Salientar que a independência do Brasil não foi feita por acaso e nem pela vontade pessoal de D. Pedro. Não
houve participação da população nesse processo.
Em 1808, chegava aqui o príncipe regente D. João
VI, com todo o seu governo.
A cidade do Rio de Janeiro passou a ser então a
capital do Império Português.
Com o governo português vieram também as
elites de Portugal. Para favorecer essa elite, D. João
VI fez uma série de obras e ações que, de alguma
forma, foram benéficas para o Brasil, como: liberda-
de de se abrir indústrias; criação de cursos de Ensi-
no Superior e de uma série de instituições culturais,
como museu, biblioteca, jardim botânico; além disso
trouxe cientistas e artistas estrangeiros.
A cultura do Brasil Colônia era realmente bas- SÍMPLICIO DE SÁ, Rodrigues. Dom Pe-
dro I. [c. de 1830]. Óleo sobre tela. Museu
tante pobre. Imperial de Petrópolis (RJ).
Em 1821, D. João VI voltou para Portugal.
Seu filho, D. Pedro, ficou governando parte do Brasil em nome do seu pai. Isto
é, como regente. A crise entre as elites portuguesas e brasileiras aumentou a partir daí.
Atendendo aos apelos de parte das elites do Brasil e no meio de uma grave
crise entre portugueses e brasileiros, D. Pedro, em 7 de setembro de 1822, declarava
a separação de Portugal: foi a independência do Brasil. Dom Pedro tomou essa
atitude quando estava em São Paulo, às margens do riacho Ipiranga.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Discuta com seus colegas e responda oralmente:


1. Quais os dois períodos nos quais se pode dividir a História do Brasil?
Brasil Colônia e Brasil Independente.
2. E o Brasil Independente, como pode ser dividido?
Brasil Império e Brasil República.
3. Por que na Europa não se produzia cana-de-açúcar?
Por falta de solo e de clima apropriados.
4. Qual foi o principal povo que atacou o Nordeste por causa do açúcar?
O holandês.
5. Por que no Brasil aconteceram tantas revoltas?
Devido à exploração de Portugal e à exploração das elites locais.
6. Como Portugal reagia para dominar as revoltas?
Utilizava-se da coerção (julgamento, exílio ou morte dos revoltosos).
7. O que queriam os inconfidentes de Minas Gerais?
A diminuição dos impostos. Em não ocorrendo, queriam a independência da colônia e o seu desenvolvimento.
8. O que eram os quilombos?
Agrupamentos organizados de escravos fugitivos.
Produção de texto
Redija uma carta a um colega seu, contando como os negros escravos resistiam à
escravidão. Depois, leia-a aos colegas, em pequenos grupos. Com auxílio do professor e
146 juntando as ideias de todos os colegas de sala, escrevam uma carta coletiva endereçada
a colegas de outra turma.

Book_EJA_v3.indb 146 22/05/2013 09:04:22


Auxiliar os alunos na busca do significado
dos vocábulos desconhecidos. Propor a
memorização da letra do hino. Ensaiar
Fazendo conexão com... Língua Portuguesa exaustivamente até que todos aprendam a
catá-lo corretamente.

Com auxílio do professor, analise o Hino Nacional Brasileiro.


Escreva no seu caderno as palavras que aparecem nele e que você não co-
nhece, anotando ao lado o seu significado.
Faça um exercício de memorização, decorando a letra do Hino para depois
cantar com seus colegas.

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Deitado eternamente em berço esplêndido,


De um povo heroico o brado retumbante, Ao som do mar e à luz do céu profundo,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Se o penhor dessa igualdade Do que a terra mais garrida
Conseguimos conquistar com braço forte, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
Em teu seio, ó liberdade, Nossos bosques têm mais vida,
Desafia o nosso peito a própria morte! Nossa vida no teu seio mais amores.
Ó pátria amada, Ó pátria amada,
Idolatrada, Idolatrada,
Salve! Salve! Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido, Brasil, de amor eterno seja símbolo
De amor e de esperança à terra desce, O lábaro que ostentas estrelado,

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Se em teu formoso céu, risonho e límpido, E diga o verde-louro dessa flâmula
A imagem do Cruzeiro resplandece. Paz no futuro e glória no passado.
Gigante pela própria natureza, Mas se ergues da justiça a clava forte,
És belo, és forte, impávido colosso, Verás que um filho teu não foge à luta,
E o teu futuro espelha essa grandeza. Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada Terra adorada
Entre outras mil Entre outras mil
És tu, Brasil, És tu, Brasil,
Ó pátria amada! Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo Dos filhos deste solo
És mãe gentil, És mãe gentil,
Pátria amada, Pátria amada,
Brasil! Brasil!
Letra: Joaquim Osóris Duque Estrada
Música: Francisco Manoel da Silva
147

Book_EJA_v3.indb 147 22/05/2013 09:04:22


O império brasileiro
Todos os anos, comemoramos o Dia da Pátria: o 7 de setembro, o Dia da
Independência!
O que realmente significou esse dia?
Se antes o Brasil era colônia de Portugal, como ela passou a ser organizado
após se libertar?
Foi tarefa fácil para os brasileiros?
Vamos conversar sobre isso.

Roda de conversa Nessa roda de conversa, avaliar apenas o que o aluno já sabe sobre o
assunto.

Essa foi a primeira bandeira do Brasil Independente.


Com auxílio do professor, interprete a ima-
Jean-Baptiste Debret/W.Commons

gem junto com seus colegas.


1. Por que há uma coroa representada den-
tro dela?
2. Quais as duas cores que prenominam
nela?
3. De que plantas são os dois ramos repre-
sentados nela?
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

O Brasil se libertou de Portugual. Agora era formado por um povo livre, so-
berano.
Teria que caminhar por si mesmo. Organizar-se como uma nação.
Discuta com seus colegas e exponha suas ideias oralmente:
O que significou aquele dia de 7 de setembro para milhões de brasileiros que aqui
viviam como escravos ou como homens livres, porém pobres?
Nada significou para as camadas populares, pois além de elas não terem participado do processo, em nada ele alterou
suas vidas.
D. Pedro se declarou então rei do Brasil, com o nome de D. Pedro I.
Assim, o Brasil Independente se tornou uma monarquia.
Nem todas as províncias do Brasil aceitaram a independência. Algumas, por-
que eram governadas por portugueses que preferiam ficar ligados a Portugal; outras,
porque os brasileiros não queriam a independência nas mãos de um estrangeiro,
já que D. Pedro era um português.
148

Book_EJA_v3.indb 148 22/05/2013 09:04:23


Isso provocou muita revolta interna e muitas mortes em várias partes do Brasil.
A nossa independência não foi pacífica.
Mas, também, organizar o novo país não foi fácil.
D. Pedro I queria um governo no qual ele tivesse bastante poder e em que
seus amigos portugueses mantivessem seus privilégios. Assim, ele acabou impon-
do uma Constituição que lhe dava muitos poderes e tornou-se um governante
autoritário.
Contra esse seu autoritarismo, estourou uma revolução no Nordeste: a Confe-
deração do Equador. Um dos seus líderes era Frei Caneca. D. Pedro não perdoou.
Prendeu alguns dos revoltosos e decretou pena de morte para eles. Frei Caneca
foi fuzilado, o que revoltou muitos brasileiros.

Jean-Baptiste Debret/W.Commons
D. Pedro não fez um bom governo. Perce-
bendo que perdia apoio das elites brasileiras,
preferiu renunciar ao governo do Brasil e vol-
tou para Portugal, após nove anos de governo.
Deixou seu filho como herdeiro, que ti-
nha apenas cinco anos de idade.
Por isso, enquanto ele não chegasse à
maioridade, o Brasil passou a ser governado
por regentes; isto é, governantes provisórios em
nome de outra pessoa.
Esse foi um período difícil para o Brasil.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Ocorreram muitas revoltas, como a do Rio
Grande do Sul: a Guerra dos Farrapos, que
durou 10 anos.
Com apenas 15 anos de idade, D. Pedro
II foi coroado rei do Brasil. AMÉRICO, Pedro. Fala do Trono (Dom Pedro II
na Abertura da Assembléia Geral). 1872. Óleo
De início, seu governo também enfrentou sobre tela. 288 cm x 205 cm. Museu Imperial de
várias revoltas espalhadas pelo território brasi- Petrópolis (RJ).
leiro. Com o tempo, conseguiu pacificar o país.
Durante algumas décadas, o país teve um
bom desenvolvimento graças à produção do café, que se tornou a grande riqueza
nacional. Além dele, a cana--de-açúcar, o tabaco, a pecuária geravam riqueza para
a exportação. D. Pedro II também estimulou o desenvolvimento da cultura nacional,
estimulando as artes e a literatura.
O Brasil procurava garantir o seu desenvolvimento como a mais importante
nação da América do Sul. Isso fez aumentar a rivalidade com países vizinhos.
A Inglaterra tinha também interesses econômicos na região sul das Améri- 149
Interpretar a fonte histórica (retrato de Pedro II). A “fala do trono” era a cerimônia oficial de abertura do funcionamento da
Assembleia.

Book_EJA_v3.indb 149 22/05/2013 09:04:24


cas. Dessas rivalida-
des e desses interes-
ses surgiu a maior
guerra da América
do Sul: a Guerra do
Paraguai. Durou de
1864 a 1870. Para o
Paraguai, essa guer-
ra foi uma desgraça:
ao ser derrotado, fi-
cou numa enorme
pobreza.
Já para o final MEIRELLES, Vitor. A Batalha Naval do Riachuelo. 1832 -1903. Óleo sobre tela, 2 m
x 1,15 m. Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro (RJ).
do governo de D.
Pedro II, novas crises Aatrocidades
partir da análise da obra de arte, instigar a mente dos alunos para o que foram as
da guerra do Paraguai.
começaram a mexer com a sociedade brasileira. A economia exigia mudanças,
principalmente com a necessidade da industrialização.
Uma questão muito séria era a manutenção ou não da escravatura. Sustentar
uma família de escravos estava custando muito caro para os fazendeiros. Era melhor
libertá-los e pagar a eles um salário qualquer. Os fazendeiros se uniram ao governo
para trazerem trabalhadores da Europa: os imigrantes.
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea pela Princesa Izabel, que
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

governava o Brasil em nome do seu pai, D. Pedro II, que estava em tratamento de
saúde fora do Brasil.
Deixando de ser escravo, o negro era transformado em cidadão sem poder
viver a cidadania; homem livre sem poder participar da vida nacional; trabalhador
braçal sem poder usufruir dos bens que produz. Ficou marginalizado.
De um modo geral, a situação do negro não melhorou com a Lei Áurea. Para
muitos, piorou. Os negros se viram sem garantia de trabalho, sem instrução, sem
assistência, sem terra para cultivar, sem casa para morar, sem dinheiro.
A maior parte foi para as cidades, pensando que lá viveriam melhor. Foram
discriminados de todo jeito. Muitos se tornaram escravos do desemprego, da fome,
da miséria. Por isso, muitas comunidades negras de hoje não comemoram o dia
13 de maio. Preferem comemorar o dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi,
símbolo da luta do negro pela liberdade.

150 Demonstrar que foram feitas várias leis abolicionistas e que, portanto, a abolição não se deu apenas pela Lei Áurea.

Book_EJA_v3.indb 150 22/05/2013 09:04:24


Destacar que a abolição não significou melhoria de vida para os ex-escravos. Discutir isso com os alunos. Perguntar se
em suas família existem relados de membros que forma escravos ou seus descendentes diretos.

Discuta com seus colegas sobre a frase a seguir e escreva o resultado no seu
caderno:
O negro foi libertado, mas não passou a ser verdadeiramente um cidadão.

O número de imigran-

Guilherme Gaensly
tes continuava a aumentar.
Trazidos principalmente para
o trabalho na agricultura do
café e na indústria que inicia-
va no Brasil.
Realmente, o Brasil ha-
via mudado. Com as mu-
danças na economia e a
vinda de imigrantes euro-
peus, surgiram novas ideias,
apoiadas por militares e por
parte das elites. Era melhor Imigrantes italianos chegando ao Brasil.
uma nova forma de governo,
pensavam. Uma forma de governo igual a dos Estados Unidos, onde não havia rei.
Uma forma de governo com presidente eleito pelo povo, mas não por todo o povo,
conforme o desejo das elites.
Essa nova forma de governar era chamada de República. E assim foi feito.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Em 15 de novembro de 1889 um golpe (ato de força) proclamava a República
do Brasil. Seu líder foi Marechal Deodoro da Fonseca. O povo não participou.

Em grupo
Justifique oralmente as afirmativas, trocando ideias com seus colegas:
1. Logo após a independência do Brasil, todas as províncias brasileiras aceitaram a
independência.
Não. Ocorreram revoltas em províncias como Bahía, Maranhão e Pará.
2. A independência do Brasil foi um movimento pacífico.
Não, devido às revoltas citadas.
3. Na época da Regência aconteceram muitas revoltas no Brasil.
Sim, como a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada e a Farroupilha.
4. A maior riqueza no Brasil na época do Império foi o café.
Sim.
5. Por querer garantir o seu desenvolvimento econômico, o Brasil passou a ter riva-
lidade com seus países vizinhos.Sim. Um exemplo disso foi a Guerra do Paraguai. Mas também
tivemos problemas de fronteiras com o Uruguai, o Peru e a Bolívia.
6. Com a Lei Áurea, muitos negros ex-escravos passaram a viver dignamente nas
151
grandes cidades. Não. Ao contrário, ficaram na marginalidade.

Book_EJA_v3.indb 151 22/05/2013 09:04:25


Copie em seu caderno completando a frase com suas palavras:
1. Contra o governo autoritário de D. Pedro I, estourou uma revolução no Nordeste
chamada... Confederação do Equador.
2. Os dois reis que governaram o Brasil foram... Pedro I e Pedro II.

3. A principal riqueza do Brasil na época do Império foi o... Café.

4. A lei que libertava escravos foi chamada de... Lei Áurea.

5. A Proclamação da República foi feita no dia... 15 de novembro de 1889.

Pesquisa
Com o auxílio do professor, pesquise sobre o seu Estado e anote o resultado
no seu caderno:
• Como ele se chamava na época do Brasil Colônia?
• E na época do Brasil Império?
• Ele se separou de alguma outra Província ou Estado?
• Em que data é comemorado o “dia” do seu estado?
• Quais foram as maiores riquezas que fizeram o Estado se desenvolver?
• Desenhe um mapa do seu Estado, anotando nele as principais cidades.

Fazendo conexão com... Geografia


Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Em grupo, analisem a imagem, com o auxílio do professor.


Respondam às questões pro-

© BernardBreton/Fotolia.com
postas:
1. O que ela representa?
2. Existem muitas situações co-
-mo essa da imagem espalha-
das pelo Brasil?
3. Que dificuldades passam as
pessoas que vivem nessa situa-
ção?
4. Já se passaram quase duzen-
tos anos da nossa independên-
cia e por que ainda temos brasi-
leiros vivendo assim?
5. Que soluções deveriam e de-
152 vem ser tomadas para melhorar Favela da Rocinha, 2007.
essa situação? 1. As péssimas condições de vida de boa parte da população brasileira.
2. Sim. Principalmente nas grandes cidades.
3. Falta de saneamento básico, dificuldade de moradia, dificuldade de locomoção, Etc.
4. Por falta de políticas públicas eficazes.
5. (Respostas dos alunos).

Book_EJA_v3.indb 152 22/05/2013 09:04:26


ALMEIDA,Katia. Metrópole (2011). Acrílico
sobre tela. 70 cm x 70 cm. Acervo particular.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Relações sociais,
Unidade
Analisar a imagem de abertura da unidade,
4 culturaise de
produção
possibilitando aos alunos inferirem sobre os
assuntos a serem estudados.

Discutir os objetivos propostos que devem direcionar a


Nesta unidade, você aprenderá a: aprendizagem dos alunos.

• Analisar como o Brasil formou sua República até os dias atuais.


• Reconhecer os principais direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros.
• Opinar sobre as mudanças necessárias na sociedade brasileira.
• Interpretar documentos históricos.
153

Book_EJA_v3.indb 153 22/05/2013 09:04:27


O Brasil República
República Velha
Você já estudou que o Brasil se libertou de Portugal em 7 de setembro de 1822.
Já sabe também que teve duas formas de governo: o Império, ou Monarquia,
e a República.
O que significa “república” e como está organizada a República brasileira?
Vamos conversar sobre isso.

Roda de conversa

Brasão é um símbolo de uma família, de

Governo Brasileiro/W.Commons
uma região ou de uma nação. O Brasil já teve
dois brasões, representados nas figuras ao
lado.
Com o auxílio do professor, interprete-as
junto com seus colegas.
1. O que eles representam?
2. Que símbolos eles têm em comum?
3. Que data está assinalada no segundo

Jean-Baptiste Debret/W.Commons
brasão e qual o porquê dessa data?
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

4. Em que documentos, normalmente, po-


demos encontrar o segundo brasão?

Instigar para que os alunos percebam, a partir das


imagens dos brasões, as diferenças entre Império e
República.

Proclamação da República
As ideias republicanas no Brasil surgiram de uma hora para a outra e culmi-
naram com o ato da Proclamação, no dia 15 de novembro de 1889.
Os ideais da Revolução Francesa (de 1789 a 1799), inspiraram as ideias repu-
blicanas de intelectuais e políticos brasileiros.
154
Em 1792, morre Tiradentes, hoje símbolo da luta por um Brasil livre do jugo
português.

Book_EJA_v3.indb 154 22/05/2013 09:04:29


O projeto para instituir uma república federativa já estava presente nas ques-
tões políticas desde o início do Império brasileiro, que durou por sessenta e sete
anos. Bem antes, portanto, de 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a Pro-
clamação da República, mudando o governo brasileiro. Na verdade, não houve
participação do povo brasileiro, pois foi um golpe militar.

República significa “coisa pública”,


ou seja o trato dos bens comuns
que devem estar acima dos bens
individuais. Assim, república
pressupõe democracia. O barrete
utilizado em vários momentos
da História foi utilizado durante a
Revolução Francesa com o sentido
de busca de uma nova sociedade na
qual o povo tivesse vez e voz.

CALIXTO, Benedito. Proclamação da


República 1893. Óleo sobre tela, 123,5
cm x 200 cm. Pinacoteca Municipal de
São Paulo (SP).

Saber mais

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


‘República’, do latim res publica, que significa ‘coisa pública’, é uma forma de
governo em que a constituição e a organização política são exercidas durante um
tempo limitado por um ou mais indivíduos eleitos, direta ou indiretamente pela nação e
investidos de determinadas responsabilidades.
GRANDE Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultura, p. 5003. v. 20.

A ideia de república pressupõe democracia e participação do povo, tanto na


administração pública quanto na garantia dos direitos do cidadão.
IgorGolovniov/Shutterstock

Alguns povos da Antiguidade, como os romanos, já haviam ado-


tado essa forma de governo, porém, foi na França, com a Revolu-
ção Francesa (de 1789), que surgiu a noção de república que temos
atualmente. Os revolucionários franceses utilizaram o barrete (gorro)
vermelho, denominado “barrete frígio”, como símbolo da liberdade
e, ao mesmo tempo, símbolo da participação popular no governo.
Barrete frígio,
Ainda hoje, muitos países e estados utilizam esse símbolo em símbolo da li-
suas bandeiras, brasões e moedas. berdade. 155

Book_EJA_v3.indb 155 22/05/2013 09:04:31


Analisar a foto (documento histórico), salientando a forma de vida da época a
partir dos trajes.
A Família Real dei-

Otto Hees/W.Commons
xou o poder e foi exilada
do Brasil.
Um grupo de mili-
tares e de civis, coman-
dados pelo Marechal
Deodoro da Fonseca, as-
sumiu o governo.
Uma nova Cons-
tituição foi feita. Mas
nem todos os brasileiros
podiam participar como
verdadeiros cidadãos. As
mulheres, os analfabetos
e os soldados não po-
diam votar ou serem
eleitos. Isto é, a maioria Última foto de D. Pedro II e a família imperial antes da proclamação da república.
da população ficava fora Da esquerda para a direita: imperatriz Tereza Cristina (esposa), D. Antônio (neto),
das decisões políticas. princesa Isabel (filha), imperador Pedro II, D. Pedro Augusto (neto), D. Luiz (neto),
conde D’Eu (genro, marido da princesa Isabel) e D. Pedro de Alcântara (neto).
Na realidade, boa
parte dos eleitores tam-
bém não era livre para
votar, pois tinha que votar em público. O voto não era secreto.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Isso fazia com que os patrões, principalmente os grandes latifundiários apelida-


dos de coronéis, forçassem eleitores a votarem em quem eles (patrões) quisessem.
Salientar que, como ocorreu com a proclamação da
E assim foi por muito tempo. Até 1930. independência, não houve a participação popular na
proclamação da República. O país ficou nas mãos das
elites, como foi o caso dos “coronéis”.
O que mudou no Brasil com a República
Para a sociedade brasileira em geral, a Proclamação da República não trouxe
grandes mudanças, uma vez que o processo não envolveu a população como um
todo. A classe aristocrática rural teve seus interesses favorecidos com a mudança
que eliminava os obstáculos representados pela centralização da Monarquia.
A Constituição da República de 1891, a primeira do governo republicano, es-
tabelecia o sistema federativo, o direito à liberdade, à segurança e à propriedade.
A Constituição também estabeleceu o direito ao voto para todos os homens
de 21 anos e alfabetizados. Ficaram excluídos desse direito as mulheres, os men-
digos, os soldados, os analfabetos e os religiosos. Como o voto não era obrigatório
156 e o número de eleitores era restrito, o controle da situação permanecia nas mãos

Book_EJA_v3.indb 156 22/05/2013 09:04:32


da elite econômica do País.
Infelizmente, no entanto, mesmo tendo eleições, o Brasil ficou sendo gover-
nado pelo poder de homens poderosos, conhecidos como “coronéis”. Os eleitores
eram manipulados, o voto era comprado e a maioria dos cidadãos não tinha voz.
Era o chamado “voto de cabresto”.
A proibição do voto às mulheres permaneceu por algum tempo. Além disso,
elas eram desfavorecidas em algumas situações do dia a dia. Para se ter uma ideia,
basta ler o trecho a seguir, que retrata um pouco a situação da mulher.

Destacar que a luta da mulher pelos seus direitos e pela igualdade é relativamente nova e está inserida dentro da
sociedade industrial que “retirou” a mulher de sua submissão doméstica para se inserir no mercado de trabalho, embora
ainda exerça dupla função em muitas famílias.

Mulher no início do século XX


Por mais enaltecido que fosse o papel da mãe, um obscuro destino esperava
as mulheres. Uma senhora de elite, envolta numa aura de castidade e resignação,
devia procriar e obedecer. Com os filhos mantinha poucos contatos, uma vez que os
confiava aos cuidados de amas de leite, preceptoras e governantas. Sobravam-lhe as
amenidades, as parcas

Acervo Iconographia
leituras e a supervisão
dos trabalhos domés-
ticos. Até mesmo as li-
nhas de parentesco, tão
caras à sociedade pa-
triarcal, só se tornavam
“efetivas” quando provi-

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


nham do homem. Des-
se modo, a mulher per-
dia a consanguinidade
de sua própria família
de origem, para adotar
a do esposo.
ENCICLOPÉDIA Nosso Século:
1900/1910, São Paulo: Abril
Cultural, p.112. v. s.

Operárias da tecelagem Mariangela, das Indústrias Reunidas F. Matarazzo.


São Paulo, anos 1920.
GLOSSÁRIO

aristocracia – elite que detém o poder.


federativo – composto por estados autônomos.
obscuro – escuro, escondido.
resignação – submissão. 157

Book_EJA_v3.indb 157 22/05/2013 09:04:32


O Brasil continuava sendo o país do café, mandado pelos barões do café. Os
Estados, em sua maioria, eram mandados pelos coronéis.
Isso provocou vários movimentos de descontentamento em muitas regiões do
Brasil.
Ao mesmo tempo, alguns Estados aumentavam sua industrialização, principal-
mente nas capitais. Entre as cidades que mais se industrializaram estão São Paulo
e Rio de Janeiro.

Industrialização e movimentos operários


Com o crescimento do número de indústrias, surgiu a classe operária, altera-
ram-se os contratos de trabalho, surgiram os bairros operários próximos ás fábricas.
Os trabalhadores viviam em condições precárias de trabalho e moradia. A jornada
diária variava entre 10 e 14 horas. Mulheres e crianças também trabalhavam como
operárias, porém com remuneração inferior à do trabalhador masculino adulto.
Com isso, ficavam evidentes as diferenças sociais, e os trabalhadores se organiza-
vam em sindicatos para garantir seus direitos, uma vez que não existia uma legis-
lação trabalhista que estabelecesse normas de trabalho.
Os operários ainda não tinham um conjunto de leis trabalhistas que garantisse
os seus direitos.
As mulheres também começaram a trabalhar nas indústrias, principalmente
nas tecelagens. Só que o trabalho delas era menos valorizado do que o trabalho
dos homens. Elas ganhavam salário mais baixo do que os homens, por exemplo.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

A exploração da mão de obra do trabalho infantil e a discriminação do traba-


lho da mulher deviam-se à não existência de leis que protegessem o trabalhador.
Era preciso mudar essa prática. Assim, no início do século XX, surgiram jor-
nais como A Terra Livre, O Libertário e O Amigo do Povo, que funcionavam como
porta-vozes das reivindicações dos operários.
Com o crescimento do número de indústrias nas grandes cidades, o movimen-
to pelos direitos dos trabalhadores começou a ganhar força e surgiram as primeiras
greves. A maioria delas reivindicava aumento salarial e redução da jornada de
trabalho para oito horas diárias.
Isso tudo levou os trabalhadores a se organizarem e a exigirem seus direitos.
Surgiram, então, vários movimentos, como a famosa greve dos operários de São
Paulo em 1917, que praticamente fez São Paulo parar.
A greve começou nas fábricas de tecidos Crespi e alastrou-se por toda a ci-
dade, com a participação de cerca de 35 mil trabalhadores. Depois, o movimento
158
atingiu o interior de São Paulo e o Estado do Rio de Janeiro. O movimento se
fortaleceu e os trabalhadores passaram a reivindicar jornada diária de oito horas,

Book_EJA_v3.indb 158 22/05/2013 09:04:32


A greve era proibida no Brasil, até o governo de Vargas. Era vista mesmo como uma forma de subversão terrorista. Essa
visão ainda é compartilhada por muita gente ainda nos dias atuais. Discutir isso com os alunos.

Acervo Iconographia
semana de trabalho de cinco
dias e meio, fim do trabalho do
menor, segurança no trabalho
e pontualidade no pagamento
dos salários. Além dessas, surgi-
ram outras reivindicações feitas
ao governo, como redução dos
preços dos aluguéis e do custo
dos alimentos, respeito ao direi-
to de sindicalização, libertaçãoGreve geral. Grevistas descem ladeira do Carmo, em direção ao Brás.
dos operários presos e recontra-São Paulo, 1917.
tação dos grevistas. O governo e
os industriais foram obrigados a negociar com os operários, que tiveram algumas de
suas reivindicações atendidas, tais como aumento salarial, pagamento de salários
fixos a cada mês, recontratação dos grevistas e promessa quanto à melhoria de
condições de vida dos operários.
Nos campos, no interior do Brasil, também surgiam movimentos de descon-
tentamento.
Grupos de militares igualmente se manifestavam descontentes, sendo que
muitos se revoltavam.
As elites brasileiras também estavam divididas. Algumas desejavam manter a situa-
ção que estava e que lhes interessava, outras, porém, queriam mudanças que pudessem
permitir o seu desenvolvimento. Eram principalmente as elites ligadas à indústria.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Leiam juntos o texto.

O papel da mulher na sociedade brasileira: da sociedade colonial aos dias atuais


A Revolução Industrial trouxe uma série de transformações para a humanidade algu-
mas boas e, outras ruins. Um dos aspectos negativos foi a corrida imperialista entre
as potências industrializadas, tendo como consequência as guerras geradas pelas
disputas de territórios. O aspecto positivo é que, com as guerras, a mulher passou a
ser novamente uma personagem importante nas nações beligerantes, já que foi ela
que, durante anos, sustentou a família com seu trabalho que, infelizmente, produziu
as armas para a destruição em massa e, sem dúvida nenhuma, foi ela quem reer-
gueu os Estados destruídos por anos de guerras.
No século XX, vimos a mulher retomar seu antigo papel, voltando a ter participa-
ção ativa na sociedade, encontrando seu espaço por meio de muita luta para adquirir
seus direitos como cidadã, como trabalhadora, como mulher, como companheira,
como mãe. Passando a ser vista, a ser retratada por ela e como ela é, procurando sa-
159

Book_EJA_v3.indb 159 22/05/2013 09:04:33


ber, questionando e não apenas aceitando passivamente o que o homem dizia. Trans-
formando-se em cientista, em romancista, em historiadora, mantendo-se em qualquer
profissão e demonstrando ser tão capaz quanto o homem. Só que temos de ressaltar:
não deixou, em nenhum momento, de fazer o que era exigido, ou seja, continuou exer-
cendo seu papel de mãe, esposa, amante e amiga.
Disponível em: www.monteirolobato.com.br/material/palestra_miriam.doc. Acesso em 19 nov. 2009.

Em grupo, discutam as questões propostas:

1. Se a mulher não votava, ela não era considerada cidadã? Qual a sua opinião?
Resposta pessoal.
2. Algumas mulheres também foram para a guerra e exerciam papéis importantes.
O que elas faziam lá?
Em geral serviam como enfermeiras e serviços administrativos.
3. Como os homens adultos foram para a guerra, às mulheres cabia o papel de
produção de material bélico. Qual a sua opinião sobre isso?
Resposta pessoal.
4. Você conhece alguma profissão hoje, século XXI, que só o homem pode exercer?
Justifique.
Resposta pessoal.

Saber mais

No dia 1.o de maio é comemorado o Dia do Trabalho na maioria dos países indus-
trializados. A data homenageia oito líderes trabalhistas norte-americanos que foram
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

julgados por dirigirem manifestações, em Chicago, contra a exploração dos trabalha-


dores. Eles receberam uma pena cruel: foram enforcados em 1888, sem direito a um
julgamento decente. E, em 1889, a Segunda Internacional, uma associação mundial
de trabalhadores socialistas, aprovou em seu congresso a escolha do dia 1.o de maio
como o Dia do Trabalhador. No Brasil, a data foi fixada em 1925, quando o presidente
Artur Bernardes instituiu, por meio de decreto, o 1.o de maio como feriado nacional.

Discutam em grupo sobre a situação do trabalhador:

1. Discutam com os colegas e professor, sobre o que é CLT.


É a Consolidação das Leis do Trabalho, criadas na época do governo Vargas e que estabelece os principais direitos
dos trabalhadores.
2. O que são sindicatos de trabalhadores?
São organizações de trabalhadores para defenderem e garantirem seus direitos.
3. Você é trabalhador sindicalizado? Sim? Não? Por quê?
A que conclusão chegaram? Anote suas conclusões no caderno.
160 Pesquise quais são os direitos dos operários atualmente.
Resposta pessoal.

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Brasil: de 1930 aos dias atuais
Você já estudou que “república” quer dizer coisa pública, democracia; e que
uma das ideias básicas da república é a liberdade. Estudou também que a repú-
blica brasileira foi proclamada sem a participação do povo, pois, na verdade, foi
um golpe militar.
Realmente, uma sociedade democrática é bastante complexa e está sempre em
construção. A vida democrática de um povo nunca está plenamente terminada.
Na história de qualquer país existem momentos mais democráticos e outros
de grandes tensões. Em alguns momentos, inclusive, ocorreram governos ditatoriais.
Vamos conversar sobre isso.

Roda de conversa A imagem expressa uma das formas de repressão do regime ditatorial: a
censura. Deixar os alunos expressarem seus conhecimentos sobre isso.

A imagem ao lado é uma gravura


Erick Drooker

que faz uma crítica a certas situa-


-ções que podem ocorrer numa na-
ção.
Com o auxílio do professor, interpre-
te-a junto com seus colegas.
1. Explique o que o autor quer dizer
com ela.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


2. O que ocorre numa nação quando
os cidadãos são obrigados a uma
situação como essa?
3. Isso já teria ocorrido no Brasil?

Em 1930, aconteceu uma eleição que provocou o estouro de uma revolução.


Ela foi chamada de Revolução de 30. O Brasil já vinha passando por crises polí-
ticas há mais de vinte anos e teve sua economia comprometida com uma grave
crise internacional que provocou a queda da exportação do café, nosso principal
produto econômico.
As eleições de 1930 foram fraudulentas a favor do governo que estava no
poder, representando, sobretudo, os dois estados mais fortes do país: São Paulo
e Minas Gerais. Reações contra essa situação se formaram no Nordeste e no Sul
do Brasil. Em outubro, tropas rio-grandenses marcharam em direção à capital da
República (Rio de Janeiro), sob a liderança de Getúlio Vargas. 161

Book_EJA_v3.indb 161 22/05/2013 09:04:34


Explicar o que significa um regime ditatorial e que ele causa de prejuízo para
uma nação (restrição das liberdades, uso da violência política, mandonismo do
governante, manipulação do povo). Cuidar com o tema que geralmente gera
bastante polêmica. Muito chegam a defender a ditadura acreditando que ela gera
desenvolvimento econômico. As ditaduras (de qualquer ideologia) acabam sempre
por provocar formas de embrutecimento da sociedade.
No Rio de Janeiro, uma junta militar forçava a renúncia do presidente
Washington Luís, que, em seguida, passou o poder para Vargas. Durante o seu
governo, foram feitas duas novas Constituições, várias leis trabalhistas e uma
grande mudança na economia brasileira. O Brasil teve, então, um bom desen-
volvimento industrial.
Algumas mudanças importantes no funcionamento da sociedade brasileira foram:
• o voto passou a ser secreto;
• as mulheres passaram a ter o direito de votar;
• foi criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que estabelecia alguns
dos direitos do trabalhador;
• foi estimulada a industrialização do Brasil;
• o Brasil deixou de ser o país apenas do café para também valorizar a pro-
dução de outros produtos agrícolas;
• diminui-se o poder dos “coronéis”.

Governo Brasileiro/W.Commons
Mas o governo de Getúlio Vargas durou quinze
anos, tornando-se, com o tempo, uma ditadura vio-
lenta. Por isso mesmo foi também um governo de
muitas dificuldades políticas.
Durante o governo Vargas ocorreu a Segunda
Guerra Mundial (de 1939 a 1945), que mexeu com
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

toda a humanidade. O Brasil teve participação nessa


guerra mandando soldados para lutarem na Itália.
Terminada a guerra, o mundo passou a recons-
truir e a buscar forma de combater as ditaduras, como
o Nazismo de Hitler, na Alemanha, e a do Mussolini,
na Itália. Era preciso reordenar as políticas nacionais
Getúlio Vargas. Governou de 1930
e o mundo em bases mais democráticas. a 1945.

Discuta com seus colegas


Um regime de governo no qual o poder político está submisso à
1. O que se entende por democracia? vontade da maioria da população. Nele, há garantia e respeito
aos direitos fundamentais do cidadão.
2. Pode-se aceitar democracia somente como participação política?
Anote suas conclusões no caderno. Resposta pessoal.

Após o governo de Getúlio foi feita outra Constituição, bem mais democrá-
tica. Foi a primeira Constituição de cuja elaboração representantes das camadas
162
populares puderam participar.

Book_EJA_v3.indb 162 22/05/2013 09:04:34


Assim, o Brasil passaria a ter um novo funcionamento. Agora bem mais de-
mocrático.
Ao mesmo tempo, as nações do mundo inteiro se reuniam para criar uma
superorganização na qual fosse possível se discutir os grandes problemas da hu-
manidade e criar soluções para eles. Essa organização foi chamada de ONU – Or-
ganização das Nações Unidas.
Um dos documentos mais importantes que ela fez foi a Declaração dos Di-
reitos Humanos, que deve ser respeitada por todos os povos.

Saber mais

A seguir, você encontra dois dos mais importantes artigos da Declaração dos
Direitos da ONU. Leia-o com o auxílio do professor.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo XXIII
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual
trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória,
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de
proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção
de seus interesses.
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive limitação razoável das horas
de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Após a ditadura de Vargas, o Brasil teve vários presidentes que continuaram


a modernização e o desenvolvimento do país, como Eurico Dutra, Getúlio Var-
gas (então eleito democraticamente), Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João
Goulart.
163

Book_EJA_v3.indb 163 22/05/2013 09:04:34


Discutam em grupo e depois anotem suas conclusões no caderno.

1. De qual ou quais desses desses governantes vocês já ouviram falar?


Resposta pessoal.
2. Que cidade importante foi construída no governo de Juscelino Kubitschek para
ser a nova capital do país?
Brasília.
3. O que representa essa cidade hoje para o País?
É o centro administrativo do país.
4. Que obras arquitetônicas vocês conhecem dessa cidade, por imagens ou por
visita?
Resposta pessoal.

No entanto, esse período da nossa história também foi bastante tumultuado,


sobretudo porque, com o desenvolvimento industrial, os operários passaram tam-
bém a reivindicar seus direitos e maior participação na vida nacional.
Novas disputas aconteceram na sociedade brasileira. Enquanto isso, governan-
tes manipulavam o povo de várias maneiras.
Crescem novas ideias e novos grupos exigindo reformas básicas para o país.
A classe trabalhadora organizou-se e mobilizou-se melhor, colocando em risco o
poder das elites que estavam no poder.
Por isso, um grupo que representava tais classes resolveu dar ordens. Mandou
todo mundo se silenciar, propondo um governo forte para desenvolver o Brasil: foi
mais um golpe militar que ocorreu na História da sociedade brasileira.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Instalou um governo militar ditatorial. Muita gente concordou. Muita gente dis-
cordou. Ocorreram práticas de repressão e de autoritarismo. Houve muito progresso
econômico de um lado, mas, ao mesmo tempo, aumentou o nível de pobreza de
boa parte da população.
Para crescer, o País aumentou a sua dívida com outros países, pois passou
a pedir emprestado o dinheiro que não tinha e queria. É isso que chamamos de
dívida externa. Ocorreu também um bom desenvolvimento econômico, mas, ao
mesmo tempo, a classe trabalhadora ficou mais empobrecida com a desvalorização
do seu salário. A cidades cresceram bastante com o aumento do êxodo rural. Isso
significou maior quantidade de pessoas vivendo em áreas de favelas, com baixa
qualidade de vida.
O povo ficou novamente sem participar.
Por algum tempo, apenas...
164

Book_EJA_v3.indb 164 22/05/2013 09:04:35


© Miguel Paiva
Em grupos e com o auxílio do professor,
analisem e discutam a charge ao lado.
Passados vinte anos de governo au-
toritário, as pessoas voltaram a se organi-
zar e foram para as ruas com o grito de
“Diretas-já!” e “O povo unido jamais será
vencido!”
“Diretas já!” era a expressão que exi-
gia a volta de eleições livres e democráti-
cas, pois o governo miliitar havia acabado
com elas. Era o povo querendo participar.
O regime militar não resistiu e o país
voltou à democracia. Foi preciso fazer uma O Estado de São Paulo, 5/10/88 - ed.historica, p.3.

nova Constituição, que


permitisse uma maior

Folhapress
participação do povo e
garantisse novos direi-
tos. Os novos governos
tiveram e têm até hoje
a árdua tarefa de desen-
volver o país econômica
e socialmente.
Hoje, o País tenta

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


encontrar o seu caminho
buscando soluções para
seus problemas eco-
nômicos e sociais com
planos de estabilidade
econômica e de desen-
volvimento social. A partir da foto, demonstrar o quanto setores da
população brasileira reagiam ao governo autoritário.
Apresentar, se possível, algumas música de protesto
Mas há muito ainda a ser feito. do período.

Discuta com seus colegas, em grupo

1. Compensa para um país ter um governo autoritário para desenvolver-se?


Resposta pessoal.
2. Que problemas vocês acham que ainda são sérios na sociedade brasileira e pre-
cisam ser sanados?
Resposta pessoal.

3. Que soluções, vocês enquanto cidadãos, sugerem para sanar tais problemas? 165
Resposta pessoal.

Book_EJA_v3.indb 165 22/05/2013 09:04:36


Produção de texto
Com o auxílio do professor e em pequenos grupos:
1. Escolham um dos temas propostos a seguir
a) “BRASIL: ESSE PAÍS TEM JEITO!”
b) “O BRASIL QUE QUEREMOS!”
c) “ISSO TEM QUE ACABAR NO BRASIL!”
2. Coletem imagens de revistas, jornais, internet, etc. que dizem respeito ao tema es-
colhido.
3. Construam um cartaz, colando nele as imagens coletadas e escrevendo textos de
manchete ou pequenos textos de reportagens sobre o tema.
4. Apresentem seu trabalho para os demais grupos, justificando e explicando o sentido
do cartaz que vocês criaram.

Fazendo conexão com... Lingua Portuguesa e Arte


O compositor e cantor Ivan Lins compôs esse belo poema e o musicou, expres-
sando a esperança que um povo deve ter quanto ao seu país.
Em grupo, leiam e interpretem o poema, com o auxílio do professor. Depois, can-
tem a música. Interpretar a música com os alunos e contar com eles.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Desesperar Jamais
Ivan Lins

Desesperar jamais No balanço de perdas e danos


Aprendemos muito nesses anos Já tivemos muitos desenganos
Afinal de contas não tem cabimento Já tivemos muito que chorar
Entregar o jogo no primeiro tempo Mas agora, acho que chegou a hora
De fazer valer o dito popular
Nada de correr da raia
Desesperar jamais
Nada de morrer na praia
Cutucou por baixo, o de cima cai
Nada! Nada! Nada de esquecer
Desesperar jamais
Cutucou com jeito, não levanta mais.

166

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Brasil dos cidadãos
Hoje o Brasil vive uma democracia.
Mas, diz-se “democracia” somente porque o cidadão pode votar?
O que realmente é uma sociedade democrática?
Vamos conversar sobre isso.

Roda de conversa

A imagem ao lado é um cartaz. Ele foi utiliza-


do pala Associação dos Docentes da Univer-
sidade Federal de Sergipe. No alto do cartaz
tem um slogan que representa o que deseja o
movimento.
Com o auxílio do professor, interprete-o junto
com seus colegas.
1. Qual é o slogan escrito no cartaz?
2. Por que o movimento pede garantia de di-
reitos?
3. Que direitos vocês acham que o cidadão
brasileiro precisa ter garantidos?

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


O objetivo é conduzir os alunos a concluir sobre a
importância da luta pessoal e coletiva para a garantia dos
nossos direitos de cidadãos.

Direitos adquiridos
A Constituição de 1934, feita no governo de Getúlio Vargas, trouxe avanços
para a sociedade brasileira e para a classe trabalhadora. Ela instituiu o salário mí-
nimo, a jornada de trabalho de oito horas diárias, o repouso semanal e as férias
anuais remuneradas.
Infelizmente, porém, logo após ela, Getúlio impôs outra constituição, em 1937,
que restringia os direitos políticos dos cidadãos e instituía uma ditadura que durou
por oito anos.
Após seu governo ditatorial, uma nova constituição reorganizou o governo
democrático no Brasil, até que o regime militar instituído no Brasil impôs nova
constituição e fez várias alterações quanto aos direitos políticos dos brasileiros. 167

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A atual Constituição, promulgada em 1988, após o governo militar, também
trouxe um acréscimo de vários direitos sociais e trabalhistas.
Analise alguns artigos importantes da nossa Constituição:

Art. 1.o - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático
de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; Soberania significa a independência nacional, isto é, que o país não deve
se submeter ao poder ou interesse de nenhuma outra nação.
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

GLOSSÁRIO

Soberania – independência.
Livre iniciativa – iniciativa particular, não governamental.
Pluralismo político – que tem vários partidos políticos
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Outro importante artigo da atual Constituição brasileira é o artigo sétimo, que


estabelece os direitos dos trabalhadores. Leia-o e interprete cada item do artigo,
Cada um dos artigos da Constituição precisam ser lidos e bem compreendidos. O
com o auxílio do professor. professor pode propor debates em pequenos grupos sobre determinados artigos
para posterior apresentação das conclusões em sala.

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores ur- família, como moradia, alimentação, educa-
banos e rurais, além de outros que visem à ção, saúde, lazer, com reajustes periódicos
melhoria de sua condição social. que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
I- relação de emprego protegida contra
despedida arbitrária ou sem justa causa, V- piso salarial proporcional à extensão e à
nos termos de lei complementar, que pre- complexidade do trabalho;
verá indenização compensatória, dentre
VI- irredutibilidade do salário salvo o dis-
outros direitos;
posto em convenção ou acordo coletivo;
II- seguro-desemprego, em caso de de-
VII- garantia de salário, nunca inferior ao
semprego involuntário;
mínimo, para os que recebem remunera-
III- fundo de garantia do tempo de serviço; ção variável;
IV- salário mínimo fixado em lei, nacional- VIII- décimo terceiro salário com base na
mente unificado, capaz de atender às suas remuneração integral ou no valor da apo-
168
necessidades vitais básicas e às de sua sentadoria;

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IX- remuneração do trabalho noturno supe- atividades penosas, insalubres ou perigo-
rior à do diurno; sas, na forma da lei;
X- proteção do salário na forma da lei, XXIV- aposentadoria;
constituindo crime sua retenção dolosa;
XXV- assistência gratuita aos filhos e de-
XI- participação nos lucros ou resultados, pendentes desde o nascimento até seis
desvinculada da remuneração e, excep- anos de idade em creches e pré-escolas;
cionalmente, participação na gestão da
XXVI- reconhecimento das convenções e
empresa, conforme definido em lei;
acordos coletivos de trabalho;
XII- salário família pago em razão do de-
XXVII- proteção em face da automação, na
pendente do trabalhador de baixa renda
forma da lei;
nos termos da lei;
XXVIII- seguro contra acidentes de traba-
XIII- duração do trabalho normal não supe-
lho, a cargo do empregador, sem excluir
rior a oito horas diárias e quarenta e quatro
a indenização a que este está obrigado,
semanais, facultada a compensação de
quando incorrer dolo ou culpa;
horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho; XXIX- ação, quanto aos créditos resultan-
tes das relações de trabalho, com prazo
XIV- jornada de seis horas para o trabalho
prescricional de cinco anos para os traba-
realizado em turnos ininterruptos de reve-
lhadores urbanos e rurais, até o limite de
zamento, salvo negociação coletiva;
dois anos após a extinção do contrato de
XV- repouso semanal remunerado, prefe- trabalho;
rencialmente aos domingos;
XXX- proibição de diferença de salários, de
XVI- remuneração do serviço extraordiná- exercícios de funções e de critério de ad-
rio superior, no mínimo, em cinquenta por missão ou motivo de sexo, idade, cor ou
cento à do normal; estado civil;
XVII- gozo de férias anuais remuneradas XXXI- proibição de qualquer discriminação
com, pelo menos, um terço a mais do que no tocante a salário e critérios de admissão

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


o salário normal; do trabalhador portador de deficiência;
XVIII- licença à gestante, sem prejuízo do XXXII- proibição de distinção entre traba-
emprego e do salário, com a duração de lho manual, técnico e intelectual ou entre
cento e vinte dias; os profissionais respectivos;
XIX- licença-paternidade, nos termos fixa- XXXIII- proibição de trabalho noturno, pe-
dos em lei; rigoso e insalubre a menores de dezoito
anos e de qualquer trabalho a menores
XX- proteção do mercado de trabalho da
de dezesseis anos, salvo na condição de
mulher, mediante incentivos específicos,
aprendiz, a partir de quatorze anos;
nos termos da lei;
XXXIV- igualdade de direitos entre o traba-
XXI- aviso prévio proporcional ao tempo do
lhador com vínculo empregatício perma-
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, no
nente e o trabalhador avulso.
termos da lei;
Parágrafo único. São assegurados à cate-
XXII- redução dos riscos inerentes ao tra-
goria dos trabalhadores domésticos os di-
balho, por meio de normas de saúde, hi-
reitos previstos nos incisos: IV, VI, VIII, XVIII,
giene e segurança;
XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integra-
XXIII- adicional de remuneração para as ção à previdência social. 169

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Seu professor dividirá a turma em vários grupos. Cada grupo discutirá alguns
dos direitos previstos no artigo sétimo da Constituição. Depois, cada aluno contará
para outros grupos as conclusões a que chegaram.

Em conjunto com seu professor e com toda a turma, respondam:

1. Quais as condições de vida das pessoas que recebem o salário mínimo mensal?
Normalmente não conseguem viver com dignidade, pois o salário mínimo nem sempre é suficiente para garantir
dignidade de vida ao indivíduo e sua família.
2. Qual a importância da carteira de trabalho?
Ela é o documento oficial do trabalhar e funciona como um contrato de trabalho.
3. O que é FGTS?
Significa Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
4. O que ainda precisa ser feito para melhorar as condições do trabalhador no Brasil?
Resposta pessoal.
5. De que forma os trabalhadores podem reivindicar melhorias e lutar por seus di-
reitos, quando eles não são respeitados?
Pela via da negociação ou pela via da pressão (direito de greve, por exemplo).
Pesquise qual o valor do salário mínimo atual. Compare o valor do salário mínimo com
o salário que você ganha ou da pessoa que sustenta sua família.

Fazendo conexão com... Matemática

Depois, com o auxílio do professor, faça cálculos dos gastos que sua família tem com
água, luz, moradia, saúde, alimentação, transporte, educação.
Note os cálculos no seu caderno.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Direitos à educação
Em 1990 foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente, que esta-
belece direitos especiais que o governo e a sociedade devem ter para zelar pelo
crescimento saudável de nossas crianças e adolescente. O Artigo 53 diz que:

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitada por seus educadores.

170

Book_EJA_v3.indb 170 22/05/2013 09:04:38


Mas, atualmente, há também uma grande preocupação no mundo todo com
a educação de jovens e adultos que não puderam entrar para a escola ou não pu-
deram completar seus estudos quando eram crianças.
Em março de 1990, foi realizada uma conferência mundial de educação com
157 países. Ela criou um documento com algumas considerações importantes.
Leia, com o auxílio do professor.

Há mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram, na Declara-


ção Universal dos Direitos Humanos, que toda pessoa tem direito à educação.
No entanto, apesar de esforços realizados por países do mundo inteiro para
assegurar o direito à educação para todos, persistem as seguintes realidades:
• [...] mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais são mulhe-
res – são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema sig-
nificativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento;
• mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhe-
cimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam
melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às
mudanças sociais e culturais.
• mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem
concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não
conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Declaração Mundial Sobre Educação Para Todos UNESCO - 1998. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/imagem/0008/000862/>. Acessado em: 30 de abr. 2013.

Ao final da Conferência, os países participantes assinaram um documento


em que se comprometiam a desenvolver ações para atender a essa situação. Em
encontros posteriores, os governos se comprometeram a tomarem novas medidas
para erradicar o analfabetismo entre adultos e lhes dar melhores condições na
busca do conhecimento.
Produção de texto
Com o auxílio do professor, escreva uma carta a um colega de sua sala, com
os seguintes assuntos:
– Quando você começou sua alfabetização. (Resposta do aluno).

– Por que se afastou da escola. (Resposta do aluno).


– Quais direitos à educação você já conhecia. (Resposta do aluno).
171
– Como você se sente hoje com o que já aprendeu na escola. (Resposta do aluno).

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Concluindo a unidade
Dividam-se em pequenos grupos. Cada grupo irá criar uma pequena peça de
teatro. Pode ser do gênero drama ou comédia, conforme o grupo desejar.
Escolha uma situação da vida cotidiana que se refira aos assuntos estudados
nesta unidade para ser representada. Seu professor auxiliará seu grupo a se organizar.
• Discutam o enredo da peça.
• Distribuam os papéis.
• Redijam as falas que cada personagem irá dizer.
• Busquem indumentárias e objetos que forem necessários.
• Ensaiem a peça.
• Apresentem aos colegas de sala.
• Após cada apresentação, façam um pequeno debate sobre o assunto represen-
tado.
• Utilize o espaço a seguir para escrever o roteiro da peça.
Resposta pessoal.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

172

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© yevgeniy11/Fotolia.com
altanaka/Shutterstock
Os seres
humanos
Unidade
1 eo
ambiente
Nesta unidade, vamos compreender, refletir e debater acerca das seguintes questões:
• A convivência homem-paisagem sob o aspecto das transformações daí decorren-
tes.
• A diferença existente entre os termos “tempo” e “clima”.
• Os principais tipos climáticos brasileiros e sua distribuição.
• O elemento “água”, sua importância e preservação para a vida no planeta.
• A diversidade da vegetação brasileira; suas características e as relações com o ser
humano.

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Ambiente Terra
Clima: fascínio e preocupações
Roda de conversa

• Você costuma consultar a previsão do tempo? Em quais ocasiões?


• Qual é a estação do ano que mais lhe agrada? Por quê?
• Você relembra algum fato, referente a fenômenos atmosféricos, que tenha lhe
causado temor? Descreva para seu professor e colegas.

Observe estas imagens e discuta com seus colegas e professor as impressões


que elas lhes causam. A primeira retrata o desabamento causado por fortes chuvas
ocorrido em abril de 2012, na cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, e a segun-
da mostra uma cena da devastação provocada pelo furacão Katrina na cidade de
Nova Orleans, no estado de Louisiana, nos Estados Unidos, em agosto de 2005,
submergindo aproximadamente 90% da cidade.
Descreva para a sua classe algumas informações que você já observou ou se
inteirou, por meio de notícias, a respeito das mudanças climáticas que ocorrem
atualmente na sua região e no mundo.

J. Norman Reid / Shutterstock


Vladimir Platonow/ABr
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Desabamento causado por fortes chuvas em abril de 2012, Devastação causada pelo furacão Katrina na cidade de
em Teresópolis (RJ). Nova Orleans (EUA), em agosto de 2005.

Professor: Informe seus alunos que o IPCC ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas é o nome de uma
entidade criada em 1988, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o
174 Meio Ambiente (Pnuma). O IPCC é organizado em três grupos de trabalho. O Grupo I se concentra no tema clima. O Grupo
II trata dos impactos das mudanças de clima e possíveis soluções, e o Grupo III estuda as dimensões econômicas e sociais
dos efeitos da mudança climática.

Book_EJA_v3.indb 174 22/05/2013 09:04:43


Desde os tempos remotos, o homem sempre foi fascinado por obter conhe-
cimentos prévios a respeito dos fenômenos atmosféricos.
Em determinadas regiões esses fenômenos, que traziam prejuízos às popu-
lações e que se repetiam de tempos em tempos, como neve em excesso, secas e
furacões, eram vistos com temor.
Para conhecer as condições do tempo e clima de sua região, pessoas como os
agricultores e pescadores, cujas atividades dependiam fortemente dessas condições,
acreditavam na tradição contada através dos ditos populares. Veja alguns exemplos:
– Lua Nova trovejada, trinta dias é molhada.
– Após a tempestade vem a bonança.
– Em fevereiro chuva, em agosto uva.
– Se queres ser bom ervilheiro, semeia na crescente de janeiro.
– Chuva em janeiro e sem frio, vai dar riqueza ao estio.
– Se chover no oitavo dia de junho, tal prediz uma colheita molhada...
Na França, afirma-se que as condições climáticas durante o banquete feito
no dia de Saint Medard (8 de junho) determinam se as próximas semanas serão
molhadas ou secas.
Na Inglaterra, o dia de referência é 15 de julho (dia de Saint Swithin), quando
as pessoas observavam os fenômenos atmosféricos que se apresentavam e que,
segundo a tradição, se manteriam durante os próximos quarenta dias.
Atualmente a questão climática é bastante discutida. Ela interessa ao ser humano
porque ele está diretamente ligado a ela. As catástrofes que hoje ocorrem, sejam elas
naturais ou provocadas, são objeto de muita atenção por parte da ciência. As questões de
desequilíbrio da natureza comprometem a estabilidade do Planeta e, consequentemente,

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


a nossa vida. É desse equilíbrio que depende a qualidade de vida que temos e teremos
em um futuro próximo
RA/Acervo Editoria

Os agradáveis e belos
momentos que o Planeta
nos oferece estão se modi-
ficando e essas alterações
negativas se multiplicam,
visíveis ou silenciosas.
Cientistas se dividem em
opiniões: uns acreditam
que é apenas um dos ciclos
vitais pelo qual o Planeta
passará. Outros alertam
Praia em Barra do Santo Antônio. (AL), 2010.
175

Book_EJA_v3.indb 175 22/05/2013 09:04:44


que é resultado das ações negativas que o ser humano pratica contra a natureza e
que, à medida que se aceleram, diminuem a vida da Terra.
Em grupo
“Atribuir exclusivamente ao clima a responsabilidade sobre deslizamentos de terra,
como os que ocorrem nas encostas de morros de cidades brasileiras, é esconder a
causa principal do problema.”
A partir dessa afirmação, aponte e debata, com os colegas, outros fatores
envolvidos. Após, exponha as reflexões surgidas para o seu professor e sua classe.

Saber mais

IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima


Criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente para a Orga-
nização Meteorológica Mundial com o fim de estudar fenômenos ligados às mu-
danças climáticas, o painel agrega 2,5 mil proeminentes cientistas de mais de 130
países. [...] Uma das descobertas mais importantes dos relatórios produzidos pelo
grupo é a de que a Terra está sofrendo aumentos de temperatura além dos parâ-
metros conhecidos pela ciência e que existe uma concentração de gases do efeito
estufa que ultrapassa os padrões históricos. O anúncio destas descobertas soou
como um alerta para a humanidade.
De acordo com o quarto relatório, publicado em 2007, há 95% de certeza cien-
tífica de que as alterações climáticas vêm sendo causadas por atividades humanas.
Isto faz com que seja essencial que as nações concordem em reduzir suas emis-
sões de gases do efeito estufa e que se ponham no rumo de uma economia de
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

baixo carbono.
Disponível em: <www.brasil.gov.br/cop17/panorama/painel-intergovernamental-sobre-mudancas-climaticas-ipcc>.
Acesso: 21 jan.2013.

Tempo e clima: qual é a diferença?


Roda de conversa

Costumamos usar indistintamente as palavras “tempo “e” clima”. E você, sabe


usá-las corretamente? O que quer dizer um e outro termo? Como saber o momento
de utilizar a palavra “tempo” quando nos referimos às condições atmosféricas? E o
termo “clima”, também pode ser utilizado da mesma forma?
176

Book_EJA_v3.indb 176 22/05/2013 09:04:44


Cide Gomes

Responda Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

O diálogo fornece a você dados que lhe permitem estabelecer a diferença entre
tempo e clima? Por quê?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno responda que o clima é o estudo médio do tempo para um determinado período

(meses ou anos) que se repete continuamente em certa localidade ou região. O tempo é a condição meteorológica de

local e momento determinadoS, que pode variar em um dia ou mesmo semana.

177

Book_EJA_v3.indb 177 22/05/2013 09:04:45


Inicialmente, o primeiro personagem está falando em “clima”. O clima é o
estudo médio do tempo para um determinado período, meses ou anos que se re-
pete continuamente em certa localidade. O clima abrange maior número de dados
e eventos possíveis das condições de tempo para uma determinada localidade ou
região. A resposta do segundo personagem fala em clima, predominante na maior
parte do Brasil, que é o tropical.
Quando o primeiro personagem pergunta sobre o tempo, está falando sobre as
condições meteorológicas de local e momento determinados – no caso, na cidade
de Curitiba, mas naquele dia específico – que pode variar muito durante a semana.
Por exemplo, ao acordar você observa que está chovendo e vai para o traba-
lho munido de um guarda-chuva. Na hora do almoço está um “sol de rachar” e o
guarda-chuva só atrapalha.
Todos os dias, o noticiário dos jornais e da TV nos informa a previsão do tempo.
Em um mapa do país ou de uma região aparecem desenhos de sol, nuvem, chuva
e faixas coloridas que indicam a temperatura dos diferentes lugares. Geralmente,
esses dados são colhidos por fotos de satélite e analisados por meteorologistas.

Procure mapas, em jornais, que indicam a previsão do tempo durante várias


semanas e em datas consecutivas. Analise esses mapas e conclua como foi o tempo
no local e datas pesquisados. Houve estabilidade ou instabilidade? Quantos dias
na semana? Você pode afirmar que isso ocorre comumente nesse lugar? Por quê?
Resposta pessoal.

Saber mais
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Consulte seu professor sobre as diferenças entre as ciências


Climatologia e Meteorologia. Posteriormente, analise novamente
o diálogo e fique atento para as frases que indicam tratar-se do
clima e as que indicam tratar-se do tempo.
Após, escreva outros diálogos onde os personagens con-
versem sobre os dois termos (tempo e clima), usando-os corre-
tamente.

Professor: explique aos alunos que, segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), tempo e clima
são dois termos que estão intimamente relacionados, mas, mesmo assim, são distintos. É bom lembrar
que temperatura, chuva, vento, umidade, nevoeiro, nebulosidade, etc., formam o conjunto de parâmetros
do tempo (estado instantâneo da atmosfera), e que o clima corresponde ao comportamento das condições
atmosféricas de determinado lugar por muitos anos sucessivos.
178

Book_EJA_v3.indb 178 22/05/2013 09:04:45


Você, professor, poderá aproveitar esta canção para associar os versos ao clima brasileiro e às nossas
tradições, como segue na canção. Verão = calor e carnaval/ Outono= produção de hortifrutos/ Inverno
Leitura = festa junina/ Primavera = flores e cores.

Leia os versos da canção “As quatro es-

Hannamariah/Shutterstock
tações do ano” e estabeleça a relação que o
autor faz entre o clima e as estações do ano
e sua influência nas atividades humanas.

As quatro estações do ano


A natureza fica toda envaidecida,
Por ter criado nossa terra colorida,
Vamos sentir as vibrações,
Nesse desfile sobre as quatro estações.
É pleno verão, convite à praia,
É carnaval.
Quando o outono chegar,
Vai trazer a fartura que a própria natura,
Vai se orgulhar.
Festa junina, em nosso inverno é tradição,
Prenúncio da mais bela estação,
A primavera vai chegar.
SOUZA, Gilson de. As quatro estações do ano. Interpreta:

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Jair Rodrigues. In: RODRIGUES, Jair. Orgulho de um sambista [s.l.]: Philips, 1973. 1 CD, faixa 5. Disponível em:
< http://letras.mus.br/jair-rodrigues/577438/>. Acesso em: 17 abr. 2013.

As estações do ano são boas referências para nós observarmos as variações


do clima e a vida que elas abrigam. No Brasil, na região que se localiza próxima
da linha do Equador e suas imediações, a temperatura tem pouca variação durante
o ano e as estações são bem definidas. No sul do país, porém, onde predomina o
clima subtropical, as diferenças de temperatura no inverno e verão são acentuadas.
No geral, o clima sofre a interferência das condições locais, variando, por
exemplo, conforme a presença ou não de rios, montanhas, tipo de cobertura ve-
getal, relevo, proximidade de oceano, condição média dos ventos, entre outros. 179

Book_EJA_v3.indb 179 22/05/2013 09:04:46


Para pesquisar
Busque em jornais, revistas, TV ou internet notícias sobre previsão do tempo
e responda.
a) Qual é a instituição(ões) responsável(eis) pelas informações?
Resposta pessoal.

b) A previsão, geralmente é feita para quantos dias?


Resposta pessoal.

c) Qual é o clima na cidade onde você mora?


Resposta pessoal.

d) As estações do ano são estáveis, isto é, apresentam as mesmas particularida-


des de ano para ano?
Resposta pessoal.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Brasil: um só país... diversos tipos climáticos


Espera-se que o aluno fale sobre os mais variados tipos de mapas.
Roda de conversa Exemplo: mapa para se localizar na cidade, mapa utilizado em viagens,
mapa demonstrando a população ativa e desempregada, etc.

Você conhece mapas com temas diversos? Cite alguns. Conhece também
todas as possibilidades que a leitura de um mapa apresenta? Sabe como eles são
produzidos?
Existe outra forma de orientação, mais informal, semelhante a um mapa, que,
mesmo não sendo confeccionada por um cartógrafo, nós podemos elaborar? Qual é?
180

Book_EJA_v3.indb 180 22/05/2013 09:04:46


Climas Brasileiros

Gerson L. Ferreira
Fonte: Adaptado do Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.

Com a ajuda do seu professor, responda a estas questões:

1. Qual é a principal informação que esse mapa vai lhe oferecer?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


A classificação de climas do Brasil.

2. Cite outras informações que você pode obter da leitura desse mapa.
Ele informa os pontos cardeais; o tamanho do mapa em relação ao tamanho do espaço real, isto é, a escala; e a

legenda, entre outras.

3. Você conheceu, utilizou, manuseou ou leu algum outro tipo de mapa que foi
muito importante para a sua vida pessoal? Qual foi? Em qual ocasião?
Resposta pessoal.

181

Book_EJA_v3.indb 181 22/05/2013 09:04:47


O mapa de climas do Brasil apresenta as divisões do clima de acordo com a
temperatura média e a quantidade de meses secos. A classificação mais utilizada
assemelha-se à criada pelo estudioso Arthur Strahler. De acordo com ela, os tipos
de clima do Brasil são os seguintes:
• Equatorial: quente e superúmido, com chuvas durante o ano todo. Ocorre
na região Amazônica.
• Tropical: quente e úmido ou subúmido, com chuvas no verão e estiagens
(secas) no inverno. Ocorre na maior parte do Brasil Central.
• Semiárido: apresenta características de altas temperaturas, com chuvas es-
cassas e mal distribuídas. Predomina no sertão do Nordeste.
• Subtropical: possui as menores temperaturas do País. Sofre a interferência
da massa tropical atlântica, que provoca muita chuva. Pode apresentar a
ocorrência de alguma precipitação de neve e geadas no inverno. Predomina
nos estados da Região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
• Tropical litorâneo ou Tropical atlântico: clima exposto às massas de ar tro-
picais marítimas. Engloba estreita faixa do litoral leste e nordeste.
• Tropical de altitude: apresenta temperaturas quentes suavizadas pela altitu-
de. Ocorre pincipalmente no Sudeste.

Leitura

Analise este trecho da entrevista feita com o diretor da Organização Mundial de


Meteorologia (OMM), Dieter Schiessl e publicada pelo Jornal da Ciência, órgão da
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

“O clima influencia todas as pessoas”, afirma diretor da Organização


Mundial da Meteorologia.”
As informações meteorológicas influenciam decisões sociais e econômicas do
dia a dia?
O clima influencia todas as pessoas de todas as maneiras possíveis. Fortes chu-
vas têm impacto sobre a vida do cidadão comum e consequências sobre a agricultu-
ra. Os problemas da sociedade se agravam e se tornam muito sérios quando o clima
provoca extremos. Todos sofremos com os desastres. As informações permitem que
se façam planos ou se desenvolvam mecanismos de proteção. Ajudam a reduzir os
impactos sobre a vida das pessoas. Cerca de 90% de todos os desastres naturais

182

Book_EJA_v3.indb 182 22/05/2013 09:04:47


que assolam o mundo são causados por fenômenos relacionados ao tempo. Fortes
chuvas, ciclones, secas extremas, ressacas...
Quais foram os impactos nos últimos anos?
Durante a década de 1990, se estima que até 500 mil pessoas tenham morrido
de fome em função de fenômenos naturais como a seca. Ciclones tropicais podem ter
matado entre 200 mil e 300 mil cidadãos no mesmo período, assim como as cheias
dos rios teriam provocado 100 mil mortes. Tempestades fortes e raios provocaram en-
tre 10 mil e 15 mil óbitos. Deve-se ter em mente que o número de mortes foi reduzido
nos últimos 15 anos devido a medidas de proteção tomadas pelos países.
Disponível em: <www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=45576>. Acesso em: 21 jan. 2013.

Cientistas afirmam que os desastres naturais são determinados a partir da re-


lação entre o homem e a natureza. A ciência climatológica tem alertado para as
possíveis consequências dessa intervenção. Dentre os principais fatores que con-
tribuem para desencadear estes desastres nas áreas urbanas, destacam-se a imper-
meabilização do solo, o adensamento das construções, a conservação de calor e a
poluição do ar. No campo, ressalta a compactação dos solos, o assoreamento dos
rios, os desmatamentos e as queimadas.
Mas... quais seriam as atitudes a serem tomadas para minimizar o problema?
Sugira algumas, escrevendo nas linhas abaixo.
Resposta pessoal.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

183

Book_EJA_v3.indb 183 22/05/2013 09:04:48


Professor: ao orientar o seu aluno para a escrita do texto, converse
antecipadamente sobre as atividades praticadas pela família e questione se
algumas estão ligadas à terra, como agricultores e seus familiares que dependem
das condições do meio ambiente. Também conduza-os a discorrer sobre as
doenças que proliferam em ambientes que sofreram inundações; desertificação;
desmatamento; esgotamento do solo; poluição em bacias hidrográficas;
Escrevendo texto assoreamento de margens de rios, leitos de rios e outros.

Após a leitura da entrevista, produza no seu caderno um pequeno texto sobre


como o clima influi nas atividades da sua família, seja no aspecto profissional ou
pessoal.
Não se esqueça de abordar aspectos como alimentação, saúde, educação, cons-
trução de moradia, financeiro, entre outros.

Saber mais

Pesquise sobre o Novo Código Florestal Brasileiro e o que ele fala em relação
às APPS – Áreas de Preservação Permanente – como as matas ciliares, que atuam
como proteção ao assoreamento das margens de rios, lagos, várzeas, provocados
por desmatamento, poluição e chuvas excessivas.
Analise esse assunto, que gerou muita polêmica entre ambientalistas e ruralistas
no Congresso Nacional, e exponha sua opinião crítica concluindo se irá prejudicar o
produtor rural, embora pretenda proteger mais o meio ambiente.

Água, riqueza líquida

© gaelj/Fotolia.com
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

184
Cataratas do Iguaçu – Unidade de conservação do Brasil. Foz do Iguaçu (PR), 2006.

Book_EJA_v3.indb 184 22/05/2013 09:04:48


Converse com seus alunos explicando que durante muitos anos a água foi
considerada como recurso infinito.
Hoje, o mau uso aliado à crescente demanda deve preocupar a todos e devemos
Roda de conversa nos conscientizar de que precisamos efetivar o máximo de ações no sentido de
que esse recurso valioso continue nos beneficiando.

• De onde vem a água que chega até a sua casa? Ela é necessária para
você?
• Você já passou por um racionamento de água na sua cidade?
• Já sofreu um longo período de seca na sua região?
• A tubulação de água que chega até a sua casa já apresentou problemas
e o fornecimento ficou paralisado por algumas horas?
• No lugar onde você mora existe água encanada? Se a resposta for nega-
tiva, aponte as dificuldades que isso gera para a sua família.

Se respondeu “sim” para alguma dessas perguntas, você deve estar perceben-
do como a água é importante para você, para sua família e para todos.

Fazendo conexão com... Ciências


Conheça e analise o que é a “Pegada Hídrica da Humanidade”.
Os autores e pesquisadores Hoekstra e Mekonnen, da Universidade de Twen-
te, na Holanda, permitem, com seu estudo, o cálculo de quanta água é utilizada
para fabricar determinado produto.
Observando a tabela, escreva uma conclusão, indicando qual o benefício que
esse estudo poderá trazer ao planejamento governamental.

Resposta pessoal.
Médias globais

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Espera-se que o aluno
1 taça de vinho 120 litros conclua dizendo que o
estudo é uma forma de
1 xícara de café 140 litros auxiliar os governos a
estabelecer políticas,
1 kg de açúcar refinado 1,5 mil litros para a produção e
consumo dos produtos,
100 g de chocolate 2,4 mil litros destinadas a gerir as
fontes de água doce
1 hambúrguer 2,4 mil litros finitas do Planeta de uma
forma mais eficaz.
1 kg de carne bovina 15,5 mil litros

Resposta pessoal.

185

Book_EJA_v3.indb 185 22/05/2013 09:04:49


Conheça um pouco sobre essa riqueza, a qual temos em abundância em
nosso planeta.
Se dividirmos a Terra em quatro partes, verificamos que cerca de três estão
cobertas por água. Os oceanos e mares correspondem a 97% de toda a água do
Planeta e têm uma importância significativa na regulação climática da Terra.
Essa água contém grande quantidade de sais dissolvidos, em especial o cloreto
de sódio (popularmente conhecido como sal de cozinha), e não serve para consumo
humano a não ser que seja devidamente aplicado o processo de dessalinização,
que é a retirada total do sal contido na água, tornando-a potável.
Apenas 3% da água existente na Terra é água doce, isto é, aquela que serve
para o consumo humano. Ela é encontrada nas geleiras, lençóis subterrâneos, lagos,
rios, represas, em forma de vapor, etc.
A água não está distribuída igualmente no Planeta. Enquanto no Brasil, de um
modo geral há bastante, em outras regiões há escassez. Nesses lugares, o povo está
consciente de que é preciso economizá-la, armazenar e reaproveitar.
O bem-estar humano depende da conservação do ambiente onde vivemos
e é preciso ter consciência da importância e da conservação da água existente
no Planeta.
Roda de conversa
Observando o infográfico, podemos perceber a quantidade de água necessá-
ria na produção industrial mundial de itens que fazem parte da nossa alimentação.
Discuta com seus colegas a respeito da necessidade familiar desse consumo. Es-
crevam uma conclusão e partilhem com seu professor e classe.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Cide Gomes

186
http://blogconsultoria.natura.net/dicadesexta-n156-dia-mundial-da-agua-2013/adaptado

Book_EJA_v3.indb 186 22/05/2013 09:04:50


Saber mais

O ano de 2013 foi declarado na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU)
como o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação da Água. [...] O objetivo
deste Ano Internacional é aumentar a conscientização e o potencial para uma maior
cooperação entre os países e povos, e alertar sobre os desafios da gestão da água
em função do aumento da demanda por acesso à água, distribuição e serviços. [...]
Também será uma oportunidade para aproveitar a dinâmica criada na Confe-
rência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), e apoiar
a formulação de novos objetivos que vão contribuir para o desenvolvimento dos
recursos hídricos de forma verdadeiramente sustentável.
Disponível em: <www.rededasaguas.org.br/>. Acesso em: 21 fev. 2013.

SUGESTÃO DE SITE

<www.sosma.org.br/projeto/rede-das->aguas/>

A Rede das Águas, programa de mobilização e monitoramento dos recursos


hídricos da Fundação SOS Mata Atlântica, dedica-se a promover a mobilização
social para a gestão participativa e integrada entre água e florestas, com atuação
focada em bacias hidrográficas.

Fazendo conexão com... Matemática

2% – geleiras 1% – água fresca disponível


no mundo

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

97% – água salgada

8% está no Brasil

20% – resto do país onde


mora 95% da população 80% está na
Amazônia 187
Adaptado:
http://site.sabesp.com.br/site/interna/default.aspx?secaoid=97
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1415-43662000000300025&script=sci_arttext

Book_EJA_v3.indb 187 22/05/2013 09:04:50


Em grupos, analisem o infográfico, junta- Acredita-se que a falta de água
mente com seu professor de Matemática, e façam será o principal problema ambien-
tal deste milênio. Questione seus
uma reflexão a respeito. alunos sobre atitudes para aten-
Se 8% do total de água está no Brasil, sendo der às necessidades de consumo.
É muito importante conscientizá-
que 80% se concentra na Amazônia e 20% está -los, principalmente quanto à
no resto do país onde mora 95% da população, saúde, porque dados apontam
como os brasileiros devem proceder em relação que 80% das enfermidades no
mundo são contraídas por causa
ao consumo de água? das águas poluídas.

Nossas bacias hidrográficas


Brasil – Regiões hidrográficas

Gerson L. Ferreira
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Fonte: Adaptado do Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.


188

Book_EJA_v3.indb 188 22/05/2013 09:04:51


Roda de conversa

Observe o mapa e, conversando com os colegas, respondam:


• Lendo as informações: que tipo de agrupamento de rios esse mapa apresenta?
• Vocês sabem o que é uma bacia hidrográfica?
• O estado brasileiro em que vocês moram é banhado por qual(is) bacia(s)?
• Se três partes da superfície terrestre estão cobertas por água, por que
devemos nos preocupar com a quantidade de água disponível para o con-
sumo humano?
• Citem algumas medidas que podem ser tomadas por vocês para consumir
racionalmente a água utilizada em suas casas.

É importante que, ao conduzir esta atividade, você leve para a sala de aula um mapa político do Brasil e estabeleça
conexão entre os dois mapas, para que o aluno possa identificar a(s) bacia(s) que banha(m) o seu estado.
1. Observando o mapa, enumere, em seu caderno, todas as bacias hidrográficas
que nele constam.

2. Identifique no mapa a bacia do rio São Francisco. O principal rio da bacia é


perene (nunca seca). Embora nasça na Região Sudeste, no estado de Minas
Gerais, atinge, em seu curso, regiões muito secas do Nordeste. O Governo
Federal está fazendo um projeto denominado “Transposição do Rio São Fran-
cisco”, que seria a solução para o grave problema da seca no Nordeste, pois
distribuiria água a 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba
e Rio Grande do Norte.

Pesquise os prós e contras do projeto e discutam em grupo as conclusões

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


levantadas.
Renato Lopes/W. Commons

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Obras de transposição do Rio São Francisco, 2008. Canal para irrigação construído pelo Exército Brasileiro,
parte da obra de transposição do Rio São Francisco. 2011.
189

Book_EJA_v3.indb 189 22/05/2013 09:04:52


Chamamos de bacia hidrográfica o conjunto de terras banhadas por uma rede
hidrográfica composta pelo rio principal, seus afluentes e subafluentes.
Os rios menores que desaguam no rio principal são chamados de afluentes. Estes
afluentes também recebem águas de outros rios, que então passam a ser chamados
de subafluentes.
Cabeceira ou nascente é o local onde o rio nasce.
Foz ou desembocadura é o local onde ele deságua. Existem dois tipos de foz:
a) estuário – quando existe um único canal de escoamento das águas.
b) delta – quando ocorre um acúmulo de sedimentos ao desaguar, formando
vários canais de escoamento.
As águas escoam dos lugares mais altos para os mais baixos, e podem desaguar
formando um rio ou mesmo em outro rio maior. Podem também escoar e formar
lagos ou terminar desaguando nas águas do mar.
As partes onde o relevo se torna mais alto, como os planaltos, as montanhas e
serras, por exemplo, delimitam a área de uma bacia hidrográfica. Essas variações do
relevo que separam uma bacia da outra são chamadas de divisores de águas.

Vegetação brasileira: um mundo de diversidades


Roda de conversa

Pense nos variados tipos de vegetação que temos no Brasil e escreva, no ca-
derno, as cinco primeiras palavras que lhe vierem à mente. Leia para seus colegas
e verifique se houve coincidência nas respostas.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Peça ao seu professor que escreva no quadro aquelas que se repetiram com
mais frequência.
A seguir, exponha para o grupo o que você conhece a respeito das caracterís-
ticas das vegetações apontadas.

Em conjunto, elaborem uma conclusão e registrem nas linhas abaixo.


Resposta pessoal.

190

Book_EJA_v3.indb 190 22/05/2013 09:04:52


Professor: provavelmente o tipo de vegetação mais apontado será a Floresta Amazônica, entre outros tipos variados
que os alunos irão sugerir. Entre os tipos poderá surgir a vegetação predominante na região que os alunos habitam.
Discorra rapidamente sobre as que mais se destacaram, acrescentando aspectos que os alunos desconhecem.
Busque informações em: <www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169>.
Acesso em: 16 abr. 2013.
Observe e responda:
JeffersonCapuxu/W. Commons

© chris74/Fotolia.com
Cactus em São João do Sabugi (RN), 2011. Floresta Amazônica, 2008.
Alicia Yo/W. Commons

Ulfl/W. Commons
Pantanal mato-grossense, 2007. Rebanho bovino pastando em planície do pampa.

1. Quais são as principais diferenças observadas nos tipos de vegetação apresentados

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


nas imagens?
Resposta pessoal.

2. A partir das imagens, o que é possível concluir sobre a vegetação brasileira?


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno conclua que a vegetação brasileira apresenta muita diversidade e que

cada bioma é caracterizado por distintas paisagens.

191

Book_EJA_v3.indb 191 22/05/2013 09:04:54


3. Observe, compare estes dois mapas e responda:

Brasil – Vegetação Nativa Brasil – Vegetação Atual


Gerson L. Ferreira

Fonte: Adaptado do Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

a) Qual é a diferença que você notou entre eles?


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno tenha observado o desmatamento que ocorreu com a vegetação nativa

brasileira.

b) Escreva uma das causas que motivaram a transformação ocorrida.


Resposta pessoal. O aluno pode citar a exploração madeireira; a ocupação humana pela urbanização; a ampliação

das áreas agrícolas e para criação de gado; entre outras.

4. Como você classificaria a condição do seu estado em relação à ação antrópica –


modificação provocada pelo homem – no meio ambiente?
a) Pouco alterado. c) Muito alterado.
192
b) Alterado. d) Preservado.

Book_EJA_v3.indb 192 22/05/2013 09:04:54


5. Leia e emita a sua opinião sobre este trecho da Constituição do Brasil de 1988.
“O meio ambiente passará a ser protegido por lei. Que essa lei seja respeitada
pelo homem que estará, acima de tudo, respeitando a si próprio.”
Resposta pessoal.

Sistematizando
O espaço geográfico é um lugar muito diversificado e a vegetação é um dos elemen-
tos que mais se destacam nas paisagens. A paisagem vegetal brasileira e as relações que
os seres humanos estabelecem com ela provocam várias transformações em nosso meio
ambiente.
As características dos variados tipos de vegetação estão relacionadas diretamente
ao clima, porém, essa regra se aplica somente para a vegetação natural ou nativa, como
aquelas que ainda podemos encontrar na Região Amazônica. Cada tipo de vegetação
diversificada encontrada no espaço geográfico depende também de outros elementos,
como a extensão territorial, o solo, o relevo, a altitude, a latitude e a hidrografia.
Leia as principais características da vegetação brasileira e identifique com números as
imagens apresentadas.

1. MATA ATLÂNTICA – É original do litoral brasileiro úmido e do interior do sudeste.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


2. CAATINGA – Vegetação adaptada à escassez de água, típica do sertão nordestino.
3. FLORESTA AMAZÔNICA – É bastante úmida, apresentando cobertura vegetal muito
densa e homogênea. Ocorre no norte do Brasil.
4. CERRADO – Formação típica do Brasil Central. Adaptada ao clima alternadamente
quente e úmido. Suas formações vegetais são herbáceas e arbustivas.
5. MATA DAS ARAUCÁRIAS – Predominância da araucaria angustifólia ou pinheiro--
-do-paraná.
6. MATA DOS COCAIS – É uma vegetação de transição entre a Floresta Amazônica
e a Caatinga. Predomina no meio-norte do Brasil.
7. VEGETAÇÃO LITORÂNEA – Predomina nas áreas alagadiças do litoral brasileiro
(mangues).
193

Book_EJA_v3.indb 193 22/05/2013 09:04:55


8. CAMPOS – Predominam no sul do Brasil e apresentam-se como vegetação baixa
formada por gramíneas e arbustos.
9. PANTANAL – Ocorre na planície alagada do Pantanal mato-grossense. Apresenta-se
como vegetação complexa adaptada à água.

W. Commons

Ajancso/Shutterstock

Diogo Sergio/W. Commons


( 4) Cerrado (9) Pantanal (2) Caatinga
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Rafael Drake/W. Commons

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(5) Mata de Araucárias (6) Mata dos Cocais (8) Campos
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

As formações vegetais brasileiras são os primeiros elementos que o homem altera e,


portanto, estão em constante transformação. A paisagem brasileira é fortemente marcada
pela exuberância da vegetação natural, entretanto, esta vem sendo assustadoramente de-
vastada desde a colonização do território, representando atualmente cerca da metade da
formação original.
O avanço desordenado das cidades, empreendimentos e grandes obras de infraestru-
tura, bem como a mineração e a exploração madeireira, muito contribuem para a degrada-
ção da cobertura vegetal original. Isso ocorre tanto em razão da própria economia quanto
em virtude da exploração irracional dos recursos naturais para inúmeros fins.

194

Book_EJA_v3.indb 194 22/05/2013 09:04:58


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Identidade social:
Unidade
2 formasde
participação
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente
Nesta unidade, iremos discutir a participação e atuação do ser humano na sociedade.
• A importância da identidade social gerada por meio da nossa participação em va-
riados grupos.
• Os objetivos de grupos sociais constituídos legalmente para promoção de melho-
rias.
• A atuação e responsabilidade decorrentes da participação como membros de uma
sociedade.
• A mensuração de nossa qualidade de vida por meio do Índice de Desenvolvimento
Humano.
• A expectativa de vida do brasileiro e a qualidade de vida. 195

Book_EJA_v3.indb 195 22/05/2013 09:05:02


Como, por que e para que participar?
Identidade social
Roda de conversa

Certamente quando uma pessoa pergunta sobre quem você é, as respostas


mais comuns são as informações sobre o seu nome e sobrenome, a data do seu
nascimento, o seu endereço e telefone. Essas e outras perguntas também são fei-
tas quando da realização do censo no Brasil, que é feito de 10 em 10 anos. Somos
questionados sobre a cor da pele, dos cabelos e olhos, a profissão, a escolarização,
entre outras perguntas.
Mas... vamos aprofundar essas perguntas. Quais são as características de sua
personalidade? Você é tímido? Gosta de futebol? Para qual time você torce? Gosta
de cantar? Qual é o seu esporte preferido? Além dessas informações, você se auto
descreve como pertencente a certas categorias ou grupos sociais, como grupos
étnicos, grupos profissionais e outros?
Então converse com seus colegas a respeito dessas identidades. Fale princi-
palmente sobre a sua identidade social: os grupos sociais aos quais você pertence
atualmente e se você estabelece relações de “pertencimento” a variadas categorias.
Qual é a sua atuação e participação nesses grupos? Comente se você ainda fre-
quenta grupos a que pertenceu na sua infância ou adolescência. Você os influencia?
É influenciado por eles? Desenvolve alguma espécie de trabalho para algum grupo?
Conte qual é (era) a sua contribuição em cada grupo.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Você já viu e ouviu falar destas logomarcas?


Fundação cultural Palmares

Fundação SOS Mata Atlântica

196

Book_EJA_v3.indb 196 22/05/2013 09:05:03


Juntamente com seu professor, pesquise sobre os objetivos dos grupos citados
a seguir (referentes às logomarcas), e sua atuação na melhoria da qualidade de vida
das sociedades. Professor: explique aos seus alunos que, para darmos nossas
contribuições sociais, não precisamos, necessariamente, nos afiliar
a determinado grupo já existente e formado. Elas se farão efetivas ao
votarmos conscientemente; quando damos exemplos de dignidade e
honestidade às nossas crianças; quando cobramos das autoridades
a) Fundação SOS Mata Atlântica. posturas corretas, entre outras.
Participar é um ato político!
Amplie a noção de política para a ideia de participação pública e coletiva,
b) Fundação Cultural Palmares. objetivando um forte engajamento de seus alunos.
Solicite alguns exemplos de situações que eles já vivenciaram a respeito,
analise e debata em classe. Finalize solicitando opiniões conclusivas.

As entidades que você pesquisou, citadas acima, são alguns exemplos de


grupos pessoais que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Existem inúmeras. Que tal procurá-las e participar mais ativamente?
Quando você nasce, automaticamente passa a pertencer a um grupo fami-
liar. Mesmo crianças adotadas, antes de passar pelo processo legal de adoção,
são encaminhadas a entidades assistenciais que, por algum tempo, constituem a
sua família.
Na medida em que nos tornamos adultos, os nossos grupos sociais vão se
ampliando. Há o grupo da escola; o da “pelada” que você pratica no fim de
semana; o grupo do seu bairro; o dos amigos que estudaram com você e que se
reúnem de tempos em tempos; o grupo da sua igreja; entre outros.
Assim sendo, a construção de nossa identidade implica na construção gra-
dativa da identidade pessoal e da identidade relacionada à sociedade a que per-
tencemos. Seria, em palavras simples, a junção do “eu” com o “nós”.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Quando construímos o “eu”, é importante o olhar orientador dos outros
sobre nossa pessoa e vice-versa. Assim, para construirmos o “nós”, é essencial a
interação e participação com e em outros grupos.
Se queremos pertencer à uma sociedade mais justa, mais equilibrada, que
nos ofereça a qualidade de vida tão necessária à cada um, devemos desempenhar
um papel atuante e essencial nos grupos em que estamos inseridos.
Generalizando, pode-se dizer que identidade social é a posição da pessoa
em relação à dos demais dentro da sociedade. Podemos fazer parte de grupos,
indo além, buscando melhorar nossa forma de atuação participando de organis-
mos que têm como objetivo promover a qualidade de vida das populações.
Também é de suma importância a participação de todos na vida pública de
sua cidade, do seu país. Afinal, como membro de uma sociedade, temos respon-
sabilidade sobre os rumos que ela vai tomar.
197

Book_EJA_v3.indb 197 22/05/2013 09:05:03


1. Em duplas, escrevam no caderno cinco formas de como vocês poderão atuar na
melhoria de sua cidade por meio de determinadas posturas que, de agora em
diante, irão adotar.

2. Pesquisem, citem e debatam sobre outras entidades que participam da defesa de


grupos excluídos pela sociedade e que buscam promover a integração e aceitação
dos mesmos, seguindo o princípio da igualdade entre os seres. Exemplos: grupos
GLTS e grupos de violência contra a mulher.

3. Se você participa de algum desses grupos, cite o nome e explique os objetivos dele.

Mensurar a qualidade de vida promove o


desenvolvimento humano?
Roda de conversa

No tema anterior, falamos sobre participar para melhorar a qualidade de nos-


sa vida em sociedade objetivando o desenvolvimento humano. Mas... o que você
entende por “qualidade de vida”? O que você entende por “desenvolvimento huma-
no”? Você já ouviu falar em IDH ou Índice de Desenvolvimento Humano? O Brasil
garante esse desenvolvimento? Na sua cidade isso ocorre? Quais os setores na
sua cidade que são inexistentes ou insuficientes para a promoção da qualidade e
desenvolvimento?
Debata a respeito desse assunto com seus colegas e professor.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Analise as notícia e, depois, responda.

O que é desenvolvimento humano


O conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um pro-
cesso de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades
e oportunidades de serem aquilo que desejam ser.
Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o bem--
-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode
gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente
para as pessoas, suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas
como um dos meios do desenvolvimento, e não como seu fim. É uma mudan-
ça de perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é transferido do
crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano.
198 O conceito de desenvolvimento humano também parte do pressuposto de
que para aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso ir

Book_EJA_v3.indb 198 22/05/2013 09:05:03


além do viés puramente econômico e considerar outras características sociais,
culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. [...]
Disponível em: <www.pnud.org.br/IDH/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DH>. Acesso em:
17 abr. 2013.

Discurso do senador Cristovam Buarque proferido no Senado em 18/03/2013.


“Imaginem se colocássemos a desigualdade na educação. As pessoas se
esquecem. Temos as crianças na escola, temos qualidade e outro indicador,
que é a desigualdade. Temos 7,2 anos de escolaridade, na média. Se formos
destrinchar isso, vamos ver que a parcela rica do Brasil tem dos 4 anos aos 18
anos garantidos; então, são 14 anos. Se a média é de 7,2 anos, é porque muita
gente não fica mais de três anos na escola.
A educação deveria ser medida pelo número de crianças na escola e pelo
tempo que elas ficam em média na escola; na desigualdade que nós temos no
país, [...], e na qualidade das escolas. Pioraria muito se nós considerássemos o
problema da desigualdade.
E se a gente analisasse o índice de leitura? Somos um dos mais pobres. Se
nós analisássemos a qualidade de edificações nas escolas públicas, os salários
dos professores, se nós analisássemos, por exemplo, as formas degradantes de
trabalho... Até hoje nós temos, inclusive, trabalho escravo.
E se nós analisássemos como enfrentamos as catástrofes naturais,[...]. Nós
somos um país que não enfrenta bem as suas catástrofes, porque não tem a
educação suficiente.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Se nós analisássemos o índice de analfabetismo, nós pioraríamos. [...]”
Disponível em: http://cristovam.org.br/portal3/index.php?option=com_content&view=article&id=5265:cristovam-lamen-
ta-posicao-do-brasil-no-idh-e-critica-governo-por-nao-assumir-tragedia-na-educacao&catid=27&Itemid=100072

Qual é a sua opinião sobre as notícias? Elas se complementam ou se contradi-


zem? Sim? Não? Por quê?
Espera-se que o aluno entenda que o texto desvincula o IDH do
Resposta pessoal. crescimento econômico dos países e municípios, voltando-se para
uma análise em profundidade do ser humano como pessoa em
crescimento, considerando características sociais, culturais e políticas
que influenciam a qualidade da sua vida.
No Brasil, esse índice, embora esteja subindo, indica que ainda ocorre
muita desigualdade social no país.

Fazendo conexão com... Matemática


Observe as tabelas a seguir com IDH elevado e outros 10 com IDH muito elevado.
Elas apresentam 10 países classificados.
199

Book_EJA_v3.indb 199 22/05/2013 09:05:03


O IDH (Índice de desenvolvimento humano) varia entre zero (0) e um (1) – quanto mais
próximo de um (1), maior é o nível de desenvolvimento. No ano de 2011, a classificação
de IDH muito alto foi de 0,793 (Barbados) até 0,943 (Noruega). A classificação de IDH
alto foi de 0,698 (Tunísia) até 0,783 (Uruguai). O Brasil está entre estes últimos, com a
classificação 0,718, ocupando a 84ª posição no ranking.

DESENVOLVIMENTO HUMANO ELEVADO


77 Peru 0,741
78 Antiga República Iugoslava e Macedônia 0,740
78 Ucrânia 0,740
80 Maurícia 0,737
81 Bósnia-Herzegovina 0,735
82 Azerbaijão 0,734
83 São Vicente e Granadinas 0,733
84 Omã 0,731
85 Brasil 0,730
85 Jamaica 0,730

DESENVOLVIMENTO HUMANO MUITO ELEVADO


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

1 Noruega 0,955
2 Austrália 0,938
3 Estados Unidos 0,937
4 Países Baixos 0,921
5 Alemanha 0,920
6 Nova Zelândia 0,919
7 Irlanda 0,916
7 Suécia 0,916
9 Suíça 0,913
10 Japão 0,912

Fonte: <www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH_global_2011.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Ranking2011>.

200

Book_EJA_v3.indb 200 22/05/2013 09:05:04


Saber mais
Leia o que o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
fala sobre o assunto
[...] Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o IDH não
abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da “felici-
dade” das pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para se viver”. Democracia,
participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do desenvol-
vimento humano que não são contemplados no IDH. Este índice tem o grande mérito
de sintetizar a compreensão do tema, ampliar e fomentar o debate. [...] Desde 2010,
quando o Relatório de Desenvolvimento Humano completou 20 anos, novas metodolo-
gias foram incorporadas para o cálculo do IDH. Atualmente, os três pilares que consti-
tuem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma:
• Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida;
• O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de
educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos
durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de
escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número
total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida esco-
lar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas
específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança;
• E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per
capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar,
tendo 2005 como ano de referência.
Disponível em: <www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH>. Acesso em: 17 abr. 2013.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Quantos anos vou viver?
Roda de conversa

Anteriormente, falamos em expectativa de vida e aprendemos que uma vida


longa e saudável é um dos itens mensurados no IDH, ou Índice de Desenvolvimento
Humano. A pergunta acima demonstra que a maioria das pessoas, sejam elas crian-
ças, jovens, adultos ou idosos, costuma fazer essa pergunta.
Converse com seus colegas e professor e discuta o porquê de não termos res-
posta para esta questão, embora a ciência médica esteja muito desenvolvida.
Podemos conhecer alguns fatores que encurtam ou prolongam a vida das pesso-
as. Quais são eles? Quem são os principais envolvidos por termos uma vida longeva
e de qualidade? Você investe (ou investirá) em atividades e posturas que lhe possibili-
tam (ou irão possibilitar) ter uma expectativa de vida longa e com qualidade?
O que está ocorrendo em nosso país em relação à qualidade de vida? 201

Book_EJA_v3.indb 201 22/05/2013 09:05:04


© James Steidl/Fotolia.com
© hartphotography/Fotolia.com

Idoso festejando seu aniversário. Idoso sendo assistido em hospital.


© pojoslaw/Fotolia.com

Fábio Cortez/DN/D.A Press


Idoso sem moradia. População à espera de atendimento no setor de pronto-
socorro do Hospital Geral Doutor José Pedro Bezerra, co-
nhecido como Hospital Santa Catarina, na Zona Norte.

Observando as imagens, estabeleça uma conclusão pessoal sobre as mesmas.


Resposta pessoal.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Espera-se que o aluno conclua que não basta a longevidade se ela não vier acompanhada de qualidade de serviços

prestados à essa faixa etária, como demonstram as duas últimas imagens: falta de moradia e de atendimento médico

digno.

Leitura

Casal de idosos desabrigados vive em McDonald’s de shopping por dois


anos
BUENOS AIRES – Tudo começou com uma foto de um casal idoso e bem vestido,
aparentemente cochilando numa lanchonete, e duas perguntas: “Quem não viu algu-
ma vez esses dois velhinhos? Como podem dormir assim?” Horas depois, o casal, que
há dois anos vivia num shopping, foi resgatado pelo Ministério de Desenvolvimento
Social.
202

Book_EJA_v3.indb 202 22/05/2013 09:05:06


A foto dos dois dormindo sentados não só foi publicada no Facebook, como me-
receu uma página própria, com o nome: “Para todos os que viram os dois velhinhos
que vivem no McDonald’s do (shopping) Alto Palermo”. [...] Apareceu outra página no
Facebook, desta vez, pedindo ajuda para o casal anônimo. E o mistério virou notícia
do jornal sensacionalista “Crônica” e primeira página do conservador La Nación. A
repercussão foi tamanha que o casal assustou-se e buscou, pela primeira vez, ajuda
de assistentes sociais.
Segundo Carolina Lascano, gerente de relações institucionais da empresa Irsa,
dona do Alto Palermo, o casal frequentava o shopping há pelo menos dois anos. Em
entrevista ao La Nación, ela contou que várias vezes ofereceu levá-los a um abrigo,
mas eles nunca aceitaram. Sequer pareciam desabrigados. Não incomodavam, pa-
gavam sua comida e passeavam pelo shopping.
Os dois só revelaram suas identidades quando buscaram ajuda do Ministério de
Desenvolvimento Social, dias atrás. Ele chama-se Felix, é um arquiteto aposentado
de 70 anos e trabalhou numa empresa de construção. Ela chama-se Elena e também
é aposentada. Os dois tinham um apartamento no Bairro Norte – região de classe
média alta de Buenos Aires – e uma filha de 36 anos. Não se sabe como, perderam a
casa e mudaram-se para o Alto Palermo.
O McDonald’s foi o lugar escolhido para dormir porque fica aberto 24 horas nos
fins de semana. Felix costumava ler o jornal, enquanto tomava café, e Elena quase
sempre carregava um livro. Eram sempre discretos e, possivelmente, jamais teriam
sido descobertos, não fosse pela internet.
“Eu tinha visto este casal. Reconheci depois de ter visto a foto deles no Face-
book. Me chamavam a atenção porque os vi antes de ir ao cinema, e quando saí

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


do cinema estavam ainda lá, dormindo. Achei engraçado, e só. Nunca imaginei que
fossem desabrigados”, contou Julian Fragonardi, de 16 anos.
A família acabou aceitando ajuda, mas não quis ir para um abrigo. O governo
prometeu um subsídio mensal de 700 pesos (menos de US$ 200), para comple-
mentar a aposentadoria.
Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/mundo/casal-de-idosos-desabrigados-vive-em-mcdonalds-de-
shopping-de-buenos-aires-por-2-anos-131948.html>. Acesso em: 17 abr. 2013.

Após a leitura da notícia, discuta com seus colegas e professor estas questões.
Pode-se dizer que a desatenção do governo com as pessoas idosas atinge ape-
nas as classes mais pobres da população? Qual seria o motivo da recusa do casal
em ser encaminhado para um abrigo de idosos? Considerando-se que o homem
recebia uma renda mensal, qual seria o motivo de ter perdido a sua moradia? Por
que mesmo as pessoas que possuem escolarização em nível elevado, quando se
aposentam têm, muitas vezes, a sua qualidade de vida rebaixada? 203

Book_EJA_v3.indb 203 22/05/2013 09:05:07


Saber mais

Em 2011, esperança de vida ao nascer era de 74,08 anos


Em 2011, a esperança de vida ao nascer, no Brasil, era de 74,08 anos (74 anos e
29 dias), um incremento de 0,31 anos (3 meses e 22 dias) em relação a 2010 (73,76
anos) e de 3,65 anos (3 anos, 7 meses e 24 dias) sobre o indicador de 2000.
Assim, ao longo de 11 anos, a esperança de vida ao nascer, no Brasil, incremen-
tou-se anualmente, em média, em 3 meses e 29 dias.
Esse ganho na última década foi maior para os homens, 3,8 anos, contra 3,4 anos
para mulheres, correspondendo a um acréscimo de 5 meses e 23 dias a mais para os
homens do que para a população feminina. Mesmo assim, em 2011, um recém-nasci-
do homem esperaria viver 70,6 anos, ao passo que as mulheres viveriam 77,7 anos.
Disponível em: www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2271&id_pagina=1>.
Acesso em: 27 set. 2012.

1. Segundo o texto, sintetize nas linhas abaixo o que está ocorrendo com a expec-
tativa de vida dos brasileiros.
A expectativa de vida dos brasileiros está aumentando e representou um ganho a população mascolina. Ainda assim,

em 2011, recém-nascido homem esperaria viver 70,6 anos, ao passo que as mulheres viveriam 77,7 anos.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

2. A que causas você atribui a maior expectativa de vida das mulheres?


Resposta pessoal.

3. Converse com seus colegas e pesquise nas famílias às quais vocês pertencem qual
é a proporção entre homens e mulheres acima de 60 anos e que ainda estão
vivos. Escreva o número de famílias pesquisadas e o percentual obtido por sexo
(mais homens ou mais mulheres) e elabore um resumo a respeito, expondo pos-
teriormente na sua sala de aula.
204 Resposta pessoal.

Book_EJA_v3.indb 204 22/05/2013 09:05:07


Uma visão contemporânea da velhice
Roda de conversa

Formem duplas e analisem a letra da canção interpretada por Roberto Carlos.


Discutam sobre as características pessoais da pessoa retratada na letra. Você co-
nhece ou conheceu alguma pessoa de idade que se assemelha à letra? Quem era
ela? O que ela lhe ensinou ou ensina? Como você trata ou tratou as pessoas idosas
que passam ou passaram pela sua vida? Os idosos têm valores na sociedade a que
hoje você pertence? Por quê?

Meu querido, meu velho, meu amigo


Roberto Carlos

Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo


Me dizendo coisas, um grito, me ensinando tanto, do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto, na vida, meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias, e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas, vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia, me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo, na alma, meu querido, meu velho, meu amigo

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Seu passado vive, presente, nas experiências, contidas,
Nesse coração, consciente, da beleza das coisas, da vida.
Seu sorriso franco, me anima, seu conselho certo, me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo, meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco diante do que sinto...
Olhando seus cabelos tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo, meu querido, meu velho, meu amigo
CARLOS, Roberto. Meu querido, meu velho, meu amigo. Intérprete: ––––––.. In:–––––– . Roberto Carlos.
[s.l.]: CBS, 1979. Faixa 8.

A escritora Simone de Beauvoir, em seu livro Velhice, um clássico sobre o tema


publicado em 1970, discorre sobre o tema. Analise o trecho a seguir:
205

Book_EJA_v3.indb 205 22/05/2013 09:05:07


“Paremos de trapacear; o sentido de nossa vida está em questão no
futuro que nos espera; não sabemos se ignoramos quem seremos; aquele
velho, aquela velha: reconheçamo-nos neles.”

Forme dupla com um colega e, conversando entre si, analisem as frases e de-
batam sobre a velhice.
A seguir, assinalem a opção que mais se assemelha ao pensamento comum
da dupla. Se houver discordância, utilize as linhas para escrever o que você
pensa a respeito.

1. Ao dizer a frase, Simone de Beauvoir quer alertar as pessoas que não pensam no
futuro que as aguarda.
( ) sim ( ) não
Resposta pessoal.

2. O respeito e o tratamento aos idosos está relacionado à educação e cultura que


possuímos.
( ) sim ( ) não
Resposta pessoal.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

3. A esperança ou expectativa de vida se caracteriza pela estimativa do número de


anos que se espera que uma pessoa possa viver. Esse dado é um reflexo, entre
outros fatores, das condições de vida e saúde dessa pessoa.
( ) sim ( ) não
Resposta pessoal.

206

Book_EJA_v3.indb 206 22/05/2013 09:05:07


4. O idoso, embora aposentado, deve continuar ativo ou mesmo voltar a trabalhar,
pois além do aspecto financeiro, ainda permanece com motivação para transmitir
seus conhecimentos e cultura, contribuindo assim com a sociedade e garantindo
uma continuidade de integração nessa mesma sociedade.
( ) sim ( ) não
Resposta pessoal.

Em 1 de outubro de 2003, o então presidente da República do Brasil, Luís


Inácio Lula da Silva, sancionou a lei n. 10 741, que instituiu o estatuto do idoso, o
qual prevê severas penas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da ter-
ceira idade.
Vamos ler e analisar alguns desses artigos:

Art. 2o – O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa hu-


mana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe,
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação
de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade.
Art. 3o – É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Art. 9o – É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à
saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelheci-
mento saudável e em condições de dignidade.
Art. 15. – É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do
Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, pro-
teção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.
Art. 21. – O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação,
adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais
a ele destinados.

207

Book_EJA_v3.indb 207 22/05/2013 09:05:07


Art. 34. – Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam
meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegu-
rado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da
Assistência Social – Loas.
Art. 37. – O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou subs-
tituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em
instituição pública ou privada.

Roda de conversa

Na sua classe existem idosos? Se a resposta for positiva, procure debater dire-
tamente com eles a respeito do cumprimento ou não dos artigos enumerados. Em
caso negativo, analise detalhadamente suas opiniões e promova discussões base-
adas em experiências de idosos que vocês conhecem.
Peça ao professor que vá anotando no quadro de giz, para posteriormente vo-
cês emitirem uma opinião conclusiva e proporem formas de atuação para amparo e
melhorias na qualidade de vida dos idosos.

1. Entreviste um idoso (de sua família ou não) seguindo este roteiro e, posteriormente
exponha os resultados para seus colegas e professor.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

a) Ele(a) conhece o Estatuto do Idoso e os direitos que possui?


b) Quais são os principais benefícios que o envelhecimento pode trazer aos mais
jovens?
c) Quais os principais problemas enfrentados por pertencer à chamada “terceira
idade”?
d) A valorização da juventude e da estética física, que se vivência atualmente,
contribui para marginalizar socialmente a pessoa idosa?

Saber mais

Você sabia que existe o Guia Global das Cidades Amigas do Idoso? Foi lançado pela
OMS (Organização Mundial de Saúde), por ocasião do Dia Internacional do Idoso, em 1º.
de outubro de 2007.
208

Book_EJA_v3.indb 208 22/05/2013 09:05:08


Tem como finalidade auxiliar as cidades, à medida que se expandem, a
adaptarem as estruturas e os serviços, tornando-as acessíveis e inclusivas às
pessoas idosas.
Por meio de um estudo, idosos definiram as áreas que estas cidades devem
considerar para se constituírem em “cidades amigas dos idosos”:
• Espaços exteriores e edifícios;
• Habitação;
• Participação social;
• Transportes;
• Respeito à inclusão social;
• Participação cívica;
• Emprego;
• Comunicação e informação;
• Apoio comunitário;
• Serviços sociais.
O conceito de envelhecimento ativo esteve presente na construção do mo-
delo para o desenvolvimento dessas cidades amigas dos idosos. Observe estas
cidades no mapa-múndi.

Mapa mundial das cidades parceiras amigas do idoso

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Gerson L. Ferreira

209
Fonte: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia Global: cidade amiga do idoso. Genebra, Suíça, 2008. Adap-
tado do Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.
http://www.who.int/ageing/guiaafcportuguese.pdf

Book_EJA_v3.indb 209 22/05/2013 09:05:08


América Europa
Argentina, La Plata Alemanha, Ruhr
Brasil, Rio de Janeiro Irlanda, Dundalk
Canadá, Halifax Itália, Udine
Canadá, Portage la Prairie Rússia, Moscovo
Canadá, Saanich Rússia, Tuymazy
Canadá, Sherbrooke Suíça, Genebra
Costa Rica, San José Turquia, Istambul
Jamaica, Kingston Reino Unido, Edimburgo
Jamaica, Montego Bay Reino Unido, Londres
México, Cancún
México, Cidade do México Sudeste Asiático
Porto Rico, Mayaguez Índia, Nova Deli
Porto Rico, Ponce Índia, Udaipur
EUA, Nova York
Pacífico Ocidental
EUA, Portland
Austrália, Melbourne
Austrália, Melville
África
China, Xangai
Quênia, Nairobi
Japão, Himeji
Mediterrâneo Oriental Japão, Tóquio
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Jordânia, Amá
Líbano, Trípoli
Pasquistão, Islamabad

Pesquise
Procure dados para saber quais as providências que a cidade do Rio de Janeiro im-
plantou para receber o título de “cidade amiga dos idosos”. Registre-os abaixo.
Resposta pessoal.

210

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Valter Campanato/ABr
Roosewelt Pinheiro/Abr

Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
Unidade
3 brasileira

Nesta unidade, vamos compreender e debater:


• As migrações e sua contribuição no processo de formação do povo brasileiro.
• A diversidade cultural brasileira decorrente da formação étnica e cultural.
• As desigualdades socioeconômicas que a maioria da população brasileira enfrenta
e sua relação com a diversidade cultural.
• Os aspectos sociais contraditórios do nosso país em áreas urbanas. 211

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Diferentes pessoas, diferentes culturas
Migrações internas
Roda de conversa

O que forma a cultura de um povo? A sua língua? A religião, os seus mitos, os


seus valores? Seria aquilo que nossos antepassados nos transmitiram? Seriam as
festas populares, a alimentação, o modo de se vestir? O folclore?

Todos vocês, nesta sala de aula, partilham a mesma cultura? Conversem sobre
as diferenças culturais que o grupo possui.

Discutam cada um dos elementos citados ou outros que você acredita terem
contribuído para a variedade imensa de culturas que hoje o Brasil apresenta.

Fazendo conexão com... Língua Portuguesa


“O MEU PAI ERA PAULISTA
MEU AVÔ PERNAMBUCANO
O MEU BISAVÔ MINEIRO
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

MEU TATARAVÔ BAIANO...”


BUARQUE, Chico. Paratodos. Intérprete: ––––––. In: –––––––. Paratodos. [s.l.]: BMG/Ariola, 1993. 1 CD. Faixa 1.

A letra da canção de Chico Buarque faz uma analogia entre a vida de uma pes-
soa e seus ancestrais. Você tem uma história semelhante para narrar? Isso também
aconteceu na sua família? Seus pais nasceram na mesma localidade onde vivem
atualmente ou vieram de outras cidades e regiões do país?
Descreva a sua história nas linhas a seguir sob a forma de poema ou de prosa,
como preferir. Após, leia para o grupo da sua sala de aula e para o seu professor.
Resposta pessoal.

212

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Para estudarmos sobre as diferentes culturas que o Brasil apresenta, deve-
mos relacioná-las, além da imigração que ocorreu em diversos períodos da nossa
história, também aos movimentos migratórios que acontecem dentro de nossas
fronteiras, como a canção de Chico Buarque de Hollanda indica. À esse tipo de
movimento da população em um mesmo país chamamos de “migrações internas“,
e migrante, aquele que protagoniza esse movimento.
O termo “emigração” significa a saída de pessoas de um determinado país
ou região.
O termo “imigração” significa a entrada de pessoas em um determinado
país ou região.
Assim, quando nos referirmos à saída de pessoas que partiram da Europa
para o Brasil, dizemos que eles emigraram e, ao adentrar nosso território, torna-
ram-se imigrantes.
Diversos motivos conduzem as pessoas a saírem do seu local de moradia:
guerras; conflitos étnicos; perseguições políticas ou religiosas; regiões de solo im-
produtivo ou de clima hostil, entre outros. Mas o que predomina é a busca por
melhores condições de vida.
Nesse vai e vem, diferentes pessoas carregam diversas culturas, que são mes-
cladas e incorporadas a outras.

Sociedade brasileira: exemplo de pluralidade

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Roda de conversa

Sabemos que muitas pessoas emigraram para o Brasil. Alguns, por vontade
própria para colonizar a nova terra descoberta; outros abandonando as condições
de vida insatisfatórias de seus países; outros, ainda, como os africanos, contra a sua
vontade, vieram na condição de escravos. Aqui encontraram um habitante nativo: o
indígena, com sua diversidade e seus costumes próprios.

Você concorda que todos contribuíram para criar a nossa pluralidade cultural?
Debata e justifique a sua opinião perante os seus colegas. Cite exemplos que você
conheça.

Brasileiros, alemães, espanhóis, japoneses... Nomes se misturam... Um de cá,


outro de lá... uma família se fez...
Vamos brincar um pouco? Reúnam-se em pequenos grupos e tentem adivinhar
os filhos, componentes de cada família miscigenada, criando um nome e sobrenome
213
nas linhas pontilhadas.

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Cide Gomes
Francisco Mariana
Matarazzo Silva
Abraão Tanigushi

Juliana
Silva

Monir
Abraão

Franchesca Kioto
Matarazzo Tanigushi
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Cide Gomes

Klaus Margarita
Schumacher Gonzáles

Esperança
Gonzáles

Heinz
Schumacher

214
Kristin Schumacher Javier Gonzáles

Book_EJA_v3.indb 214 22/05/2013 09:05:12


Fazendo conexão com... Matemática
Em grupos, analisem seus colegas de classe e identifiquem neles os traços físicos que
confirmam a pluridade étnica brasileira. Observem as variadas colorações da pele; a cor
e o tipo dos olhos e dos cabelos, as diversas estaturas. Isso lhes fornecerá alguns dados
(que poderão não ser exatos, porém, servirão como base) para caracterizar os tipos étni-
cos predominantes. Também façam um levantamento dos sobrenomes e da origem dos
antepassados que vieram de um mesmo país. Após a coleta e classificação dos dados,
construa um gráfico e exponha na sala de aula.
Obs: lembre-se de que as características físicas são apenas uma parte da pluralidade
brasileira. Na totalidade, devemos incluir outros aspectos, como a cultura, por exemplo.

O Brasil da diversidade cultural é o mesmo Brasil


da desigualdade social?

Câmara apresenta a exposição “Vendedores de praia”


Instaladas no Espaço do Ser-

© davidein/Fotolia.com
vidor, fotografias retratam cotidiano
de trabalhadores que sobrevivem
do comércio em praias nordestinas
A Câmara dos Deputados apre-
senta até 12 de maio, no Espaço do

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Servidor, a exposição “Vendedores
de Praia”, do fotógrafo Vital Cordeiro.
A mostra exibe o dia a dia de traba-
lhadores que sobrevivem do comér-
cio de quitutes e objetos diversos Vendedor ambulante, 2011.
nas praias do nordeste brasileiro. As
fotografias foram feitas nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte
e Ceará.
Esta é a primeira exposição de Vital na Câmara dos Deputados. O fotógrafo,
que conviveu com os mais diversos tipos de vendedores de praia, explica que seu
trabalho presta uma homenagem à bravura do trabalhador nordestino.
Para o deputado Gonzaga Patriota (PSB- PE), “as fotografias de Vital ressaltam
o comportamento desses trabalhadores à beira-mar, que ganham honestamente o
pão de cada dia e, sobretudo, integram pessoas de todas as classes sociais, raças,
cores e línguas”. “A sensibilidade de Vital só vem a valorizar esta categoria de traba-
lhador”, completa Patriota.
Disponível em: <www2.camara.leg.br/comunicacao/institucional/noticias-institucionais/camara-apresenta-a-
-exposicao-201cvendedores-de-praia201d>. Acesso em: 17 abr. 2013. 215

Book_EJA_v3.indb 215 22/05/2013 09:05:13


Roda de conversa

A notícia anterior demonstra desigualdade social no Brasil? Você já se deparou


com uma cena semelhante? Descreva para seus colegas.

O espaço geográfico retratado na foto em exposição é o Nordeste do Brasil.


Mas será que isso só acontece nessa região? Essa situação tem relação com o
tema “migrações”, anteriormente estudado? Se a cultura diversificada que o Brasil
apresenta diz respeito também a um conjunto de valores preservados pela socieda-
de, como hábitos, crenças, comportamentos e símbolos, a pobreza e o subemprego
que permeiam o país podem ser considerados como retrato da nossa diversidade?

Poderia, então, a desigualdade, já arraigada em nossa sociedade, ser consi-


derada “cultura brasileira”? Por quê? Reflita e discuta sobre isso com seus colegas.

Você aprendeu anteriormente que entre as causas dos nossos movimentos mi-
gratórios o que predomina é a busca por melhores condições de vida.
Leia atentamente a letra da canção “Brejo da Cruz”, de autoria de Chico Buarque
de Hollanda, e depois responda às questões propostas.

Brejo da cruz
A novidade
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Que tem no Brejo da Cruz


É a criançada
Se alimentar de luz
Alucinados
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
Assumem formas mil
Uns vendem fumo
Tem uns que viram Jesus
216 Muito sanfoneiro

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Cego tocando blues

© jokerpro/Fotolia.com
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Cego tocando blues
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem
São jardineiros
Guardas-noturnos, casais
São passageiros
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Que eram crianças
E que comiam luz
São faxineiros
Balançam nas construções
São bilheteiras
Baleiros e garçons
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
HOLLANDA, Chico Buarque de. Brejo da Cruz.
Intérprete: ______. In: ______. Chico Buarque.
[s.l.]: Barelay/ Polygram/ Phillips, 1984. Faixa 2.

217

EJA_V3_14.indd 217 28/10/2013 17:48:48


1. A música “Brejo da Cruz” tem como foco o tema migrações? Por quê? Transcreva
um dos trechos que confirma isso.
Em diversos trechos pode-se notar que o autor refere-se aos deslocamentos populacionais. Um dos trechos que

identifica isso é o seguinte: “E desencarnando/ Lá no Brejo da Cruz/ (saem da cidade)Eletrizados/ Cruzam os céus do

Brasil/ (migram) Na rodoviária/ Assumem formas mil/ ”.

2. Qual frase demonstra que os migrantes abandonam a cidade por questões so-
cioeconômicas?
“A novidade/ Que tem no Brejo da Cruz/ É a criançada se alimentar de luz”. A frase quer dizer que as crianças não têm

o que comer, que passam fome.

3. O que identifica que alguns ainda guardam laços com o seu lugar de origem?
A saudade que sentem é minimizada pela dança regional, o maracatu.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

4. Cite alguns tipos de trabalho que os migrantes assumem na região para onde
migraram.
Resposta pessoal.

Existem inúmeros motivos que levam o brasileiro a migrar. A migração externa


para o nosso país foi intensa até a década de 1930. Após esse período, o governo
brasileiro restringiu a entrada de estrangeiros. Hoje, os deslocamentos internos são
mais intensos. Ocorrem em função da organização político-econômica do país, da
má distribuição de terras, da climatologia de determinadas regiões, do desemprego
e das mudanças que ocorrem na estrutura produtiva, como a modernização do
campo, com o homem sendo substituído pela máquina.

218

Book_EJA_v3.indb 218 22/05/2013 09:05:14


Ainda podemos citar fatores pessoais como: a perspectiva de melhores condi-
ções de vida; a busca de melhor acesso à cultura; os serviços oferecidos nas grandes
cidades, e também o atendimento médico-hospitalar.
Mas, sem dúvida, a desigualdade social brasileira é fator preponderante nas
migrações internas. Só no período de 1991 até 1996 as movimentações somaram
2,6 milhões de brasileiros e também provocaram trocas e mesclas de cultura, bem
como interferiram no surgimento de novas identidades nacionais que se apresentam
como traço característico de nossa diversidade.
Podemos concluir que o Brasil é o país da diversidade cultural, a qual está
intrinsicamente relacionada à desigualdade social, motivada pelo processo de mi-
grações internas, entre outros fatores.

Aspectos contraditórios da desigualdade brasileira:


favelas e tecnopolos
Roda de conversa

Quando você percorre a sua cidade é possível observar diferenças sociais?


Quais são elas? Há mendigos e moradores de rua? A questão da moradia é resolvi-
da pelos órgãos competentes? Existem espaços onde ocorre aglomeração de pes-
soas com pouco ou sem infraestrutura que, consequentemente, apresentam quali-
dade de vida não satisfatória? O que é uma favela, afinal? Você conhece, já viu fotos,
escutou a respeito em noticiários ou já esteve em uma? E “tecnopolo” você sabe o

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


que significa essa palavra? Troque ideias com seus colegas.

Tecnopolo é o termo utilizado para designar espaços urbanos que possuem


duas características principais: concentração de instituições de ensino e pesquisa
que estão associadas a empresas que utilizam as melhores e mais recentes tecno-
logias e inovações.
A cidade de São José dos Campos em São Paulo é considerada uma “cidade
tecnopolo”. Essa designação parece-nos, em um primeiro momento que essa cidade
apresenta apenas condições de vida favoráveis. Mas não é bem assim. Segundo
um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística) a região de São
José dos Campos também abriga favelas.
No caso das quatro cidades da região estudadas, São José dos Campos tem
7.310 pessoas vivendo em três favelas –Banhado (centro), Vila Rodhia (zona norte)
e Pinheirinho (zona sul).
Porém, o município conta com um programa de desfavelização que, segundo 219
a Secretaria de Habitação, já removeu 120 moradores da favela do Banhado.

Book_EJA_v3.indb 219 22/05/2013 09:05:14


Responda.
O que você pode concluir a respeito da convivência em um mesmo espaço ur-
bano de condições tão contraditórias?
Demonstra a desigualdade social no Brasil. O aluno deverá discorrer sobre a atuação dos governos, no sentido de

incentivar programas positivos como os tecnopolos, e ao mesmo tempo possibilitar condições para a população, de

acesso à melhorias sociais o que, consequentemente, diminuirá a favelização.

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o termo “favela” surgiu


como registro na revista semanal carioca Careta, no ano de 1909. A partir daí, é
aceito como substantivo comum e, como as próprias favelas, começa a ocupar
espaço na paisagem cultural do país.
Tempos atrás, o termo era comumente usado em dicionários de definições
preconceituosas, que falavam de “local onde residem marginais”. Hoje o termo pe-
jorativo se restringe ao uso figurado, às vezes empregado com o sentido de “lugar de
mau aspecto, situação que se considera desagradável ou desorganizada” (Houaiss).
No Brasil, a diversidade social, econômica e cultural tem sido um desafio na
compreensão do que é uma favela e do estabelecimento de um conceito mais preciso.
Pode-se estabelecer algum reconhecimento das favelas no espaço territorial,
considerando-se que fazem parte do tecido urbano, porém, não seguem padrões
definidos para os modelos de ocupação e de uso planejado do solo das cidades,
que pressupõe ambientes saudáveis, agradáveis, com infraestrutura necessária ao
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

estabelecimento de vida com qualidade.


As favelas hoje devem servir de referência para a implantação de políticas
públicas melhoradas e apropriadas a esse tipo de território, como moradias dignas
e seguras, além de outras implicações que conduzem ao bem-estar das comuni-
dades que ali vivem.
Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens

paula le dieu/W. Commons

220 Ocupação de moradias em área de manguezal, Cubatão Favela da Rocinha no Rio de Janeiro (RJ), 2007.
(SP), 2007.

Book_EJA_v3.indb 220 22/05/2013 09:05:15


Saber mais

Censo 2010 aprimorou a identificação dos aglomerados


subnormais
O IBGE adotou inovações em 2010 para atualizar e aprimorar a identifica-
ção dos aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como
favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos,
palafitas, entre outros). [...] será divulgada a publicação Aglomerados Subnor-
mais – Primeiros Resultados, que tem como objetivo mostrar quantas pessoas
vivem e quantos domicílios existem nessas áreas, a distribuição delas no país e
nas cidades e como se caracterizavam os serviços de abastecimento de água,
coleta de esgoto, coleta de lixo e fornecimento de energia elétrica. O Manual de
Delimitação dos Setores do Censo 2010 classifica como aglomerado subnormal
cada conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais carentes,
em sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado,
até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estan-
do dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A identificação atende
aos seguintes critérios:
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade
alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente
(obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e
b) Possuírem urbanização fora dos padrões vigentes (refletido por vias de
circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e for-

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


mas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos) ou
precariedade na oferta de serviços públicos essenciais (abastecimento de
água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e fornecimento de energia elé-
trica). [...]
Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2051>. Acesso
em: 2 fev. 2013.

1. Cite algumas áreas de sua cidade que apresentam características relacionadas à


ausência de qualidade de vida.
Resposta pessoal.

221

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2. Você sabe como essas áreas surgiram no espaço social da sua cidade? Descreva
abaixo.
Resposta pessoal.

3. São áreas marginalizadas no contexto social da cidade? Como isso pode ser com-
provado?
Resposta pessoal.

4. Busque saber se as autoridades responsáveis têm realizado ações para incorporá-las


e melhorar a qualidade de vida das pessoas que ali habitam. Se a resposta for
positiva, cite quais são essas ações.
Resposta pessoal.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Sistematizando
Segundo historiadores, as favelas surgem no período da Guerra de Canudos, nos
idos de 1896/1897, que se desenrolou no Nordeste brasileiro. A cidadela de Canudos foi
construída nas imediações do Morro da Favela, que assim se denominava em razão de
uma vegetação que predominava no local denominada “favela”, característica da caatinga
nordestina.
Considera-se que as primeiras favelas surgiram no Rio de Janeiro logo após a Guerra
de Canudos e também em São Paulo. Seu aparecimento, entre outras causas, relaciona-
-se com a migração campo-cidade resultante da busca por melhores condições de vida.
As moradias são rústicas e improvisadas e normalmente ocupam áreas sem nenhuma
infraestrutura. Ali se mesclam diversas etnias com culturas também diversas.
Na maioria das vezes, seus habitantes são estereotipados, marginalizados e sofrem
preconceitos injustos, sendo tachados de “maloqueiros” e “marginais”. Não é incorreto
dizer que nas áreas ocupadas pelas favelas ocorre a convivência próxima de pessoas
honestas e desonestas. Porém, muitos ali habitam à espera de conseguir melhor forma de
222 sobrevivência em nossa sociedade desigual.

Book_EJA_v3.indb 222 22/05/2013 09:05:16


Saber mais

[...] Há casos como o da Rocinha, no Rio de Janeiro, em que a mobilização de mora-


dores vem proporcionando melhorias, como serviços básicos, na regularização da posse
dos terrenos, com direito a título de propriedade. Esse é um exemplo no qual a atuação
do poder público pode tornar possível a urbanização de favelas. Apesar disso, muitos mo-
radores ainda não têm condições de pagar as taxas e os impostos que acabam sendo
cobrados com a implantação dessas melhorias. [...]
RYFF. Luiz Antônio. O processo de favelização no Brasil. Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 jan. 2011.

Roda de conversa

As áreas urbanas, onde podemos observar a desigualdade social brasileira,


estão inseridas ou próximas de áreas onde se nota o grande poder aquisitivo da
população? Isso ocorre na sua cidade?

Existem favelas ou aglomerados subnormais (como classifica o IBGE) nas pro-


ximidades de condomínios de alto luxo ou de moradias da classe alta? Isso pode
demonstrar a desigualdade referida?

Observe a imagem a seguir. Ela se refere à cidade de São José dos Campos e
retrata a sede principal da Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Esta cidade é considerada como um tecnopolo brasileiro porque apresenta
excelência na qualidade de produção aliada à tecnologia de ponta. No caso espe-
cífico: a fabricação de jatos comerciais vendidos para o mundo todo.
Delfim Martins/Pulsar Imagens

223
Sede da Embraer, em São José dos Campos (SP), 1997.

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Mas o que caracteriza uma cidade tecnopolo? Como elas conseguem chegar a
esse alto nível de desenvolvimento em contraposição a outras cidades com grandes
índices de subdesenvolvimento? Reflita sobre isso!
1. Você concorda ou discorda da frase a seguir? Justifique a sua resposta.
“No Brasil, as diferenças sociais estão localizadas em áreas muito próximas.
São duas faces do país e, muitas vezes, isto nos parece ‘natural’. Nas cidades,
a figura do catador de papel que busca em condomínios de alto luxo o papel
para seu sustento não nos choca mais”.
Resposta pessoal.

2. Formem grupos e pesquisem cinco características necessárias para que uma cidade
possa ser considerada um tecnopolo.
Universidades competentes que formam mão de obra altamente qualificada para o trabalho; desenvolvimento

constante em pesquisas para o avanço em novas tecnologias; instalações adequadas (preferencialmente construídas

pelo poder público); serviços modernos de telecomunicações; excelência na qualidade da produção, entre outras.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

3. Pesquise e cite outras cidades consideradas tecnopolos no Brasil.


Campinas e São Carlos (SP); Santa Rita do Sapucaí (MG) e novos polos tecnológicos que estão sendo planejados

ou em processo de implementação em cidades onde já existem parques tecnológicos e grandes universidades que

poderão transformar estes novos centros de pesquisa em tecnopolos típicos.

4. Escreva uma conclusão pessoal a respeito de áreas com tecnopolos, consideradas


de mundo desenvolvido, em comparação com áreas pobres, consideradas de
mundo subdesenvolvido, que existem em nosso país.
Resposta pessoal.

224

Book_EJA_v3.indb 224 22/05/2013 09:05:17


5. Pesquise quais são as empresas que predominam nas áreas consideradas como
“ilhas de excelência” – as cidades-tecnopolos.
Nestas cidades predominam as empresas de biotecnologia, robótica, microeletrônica e informática.

Sistematizando
Em nosso país, o mesmo espaço geográfico que concentra tecnopolos (cidades com
tecnologia de última geração) reúne também aglomerações subnormais (favelas), como
são caracterizadas pelo IBGE. São duas faces do Brasil que, ao mesmo tempo, nos cho-
cam e preocupam. Essas paisagens demonstram as acentuadas diferenças sociais e eco-
nômicas que nem mesmo o processo de industrialização, pelo qual estamos passando,
conseguiu diminuir.
Não encontramos apenas o contraste tecnológico dos espaços ou apenas o das sub-
-moradias em nossas cidades. Outros problemas como educação, saúde, infraestrutura,
desemprego, violência, entre outros, são marcas visíveis da qualidade de vida não satisfa-
tória que ainda muitos brasileiros enfrentam.

Roda de conversa

A diversidade cultural brasileira se manifesta tanto no espaço geográfico, como


verificamos nos territórios de favelas e tecnopólos, como também em relação ao

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


aspecto do analfabetismo.
Leia a afirmação do “Mapa do Analfabetismo no Brasil” – publicação do INEP
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) a seguir e debata com
seus colegas e professor sobre as causas citadas, argumentando se você concorda
ou discorda.

GLOSSÁRIO
“É doloroso constatar que, no Brasil, 35% dos analfabetos já frequen-
taram a escola. As razões para o fracasso do País na alfabetização de Precoce:
seus jovens são várias: escola de baixa qualidade, em especial nas regi- aquele que
muito cedo
ões mais pobres do País e nos bairros mais pobres das grandes cidades; demonstra
trabalho precoce; baixa escolarização dos pais; despreparo da rede de capacidades
ensino para lidar com essa população. O mais preocupante é que, a des- ou habilida-
peito dos avanços conquistados, ainda observamos o baixo desempenho des próprias
de crianças
dos sistemas de ensino, caracterizado pelas baixas taxas de sucesso es- mais velhas
colar, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade [...]” ou de adultos.

Disponível em: <www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9D0-42DC-97AC-5524E567FC02%7D_MAPA%20 225


DO%20ANALFABETISMO%20NO%20BRASIL.pdf>.

Book_EJA_v3.indb 225 22/05/2013 09:05:17


Fazendo conexão com... Matemática
Evolução do Indicador de alfabetismo da população de 15 a 64 anos (2001-2002 a 2011)
Níveis 2001-2002 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2007 2009 2011

BASES 2000 2000 2001 2002 2002 2002 2002

Analfabeto 12% 13% 12% 11% 9% 7% 6%

Rudimentar 27% 26% 26% 26% 25% 20% 21%

Básico 34% 36% 37% 38% 38% 46% 47%

Pleno 26% 25% 25% 26% 28% 27% 26%

Analfabeto e Analfabetos
39% 39% 38% 37% 34% 27% 27%
Rudimentar funcionais

Analfabetizados
Básico e Pleno 61% 61% 62% 63% 66% 73% 73%
funcionalmente
Disponível em: <www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_12072012b.pdf>.

GLOSSÁRIO
Na tabela, pode-se observar a evolução dos
níveis de alfabetismo (analfabeto, níveis rudimentar, Analfabeto funcional – aque-
le que desconhece o alfabeto;
básico e pleno) e também uma classificação sintéti- que ou aquele que não sabe ler
ca que opõe o analfabetismo funcional (analfabeto nem escrever
absoluto e alfabetização rudimentar) à alfabetização Rudimentar – falta de desen-
volvimento, de profundidade;
funcional (níveis básico e pleno de habilidades). que contém apenas o essen-
Analisando a tabela responda: cial; resumido.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

1. O que ocorreu na década (2001-2011) em relação ao percentual de pessoas de


15 e 64 anos classificadas como analfabetas?
Esse percentual se reduziu à metade, passando de 12% em 2001-2002 para 6% em 2011.

2. O que ocorreu com a quantidade de pessoas classificadas no nível rudimentar?


A quantidade de pessoas no nível rudimentar também diminui, de 27% para 21%. Uma diferença de 6%.

3. Em relação a esses dois níveis (analfabetos e rudimentar) o que você pode con-
cluir?
Resultou em uma redução do analfabetismo funcional de 12 pontos percentuais: de 39%, em 2001/2002, para 27%,

em 2011.
226

Book_EJA_v3.indb 226 22/05/2013 09:05:18


mangostock/Shutterstock

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Relações sociais,
Unidade
4 culturais e de
produção
Nesta unidade, vamos analisar os desafios que a vida nos propõe, discutindo ques-
tões como:
• O papel do trabalho e a qualificação do trabalhador no desenvolvimento de um
país.
• A importância da Revolução Industrial e sua relação com a industrialização bra-
sileira.
• O papel da mulher, seus direitos no mercado de trabalho e o trabalho sustentável.
227
• A globalização, sob os aspectos positivos e negativos.

Book_EJA_v3.indb 227 22/05/2013 09:05:19


Um povo impulsiona a produção
O trabalho
Roda de conversa

O que você pensa a respeito da importância do trabalho na vida das pessoas?


Quantos trabalham? O trabalho é muito importante ou é apenas uma obrigação, for-
ma de sobrevivência? Se você atualmente está trabalhando, isso acontece com pra-
zer e satisfação? Qual é o seu “sonho” profissional? Você tem estratégias para tornar
esse sonho uma realidade? Quais são elas? Você conhece o nível de procura, no
mercado de trabalho, da profissão que você quer seguir? Quais as áreas que ofer-
tam mais trabalho em sua cidade? Qual é o papel que a educação tem no mercado
de trabalho? Você já esteve desempregado? O que isso representou na sua vida?
Discuta essas e outras questões com seu professor e colegas de classe.

Fazendo conexão com... História


Vamos conhecer um pouco da evolução, formas e tipos de trabalho.
Na Inglaterra, a partir do século XVIII, iniciou-se a Revolução Industrial. Foi um pe-
ríodo responsável pelo aparecimento de máquinas e consequentemente de fábricas
que influenciaram profundamente a economia mundial, acelerando e aprimorando a
produção artesanal.
No início do século XX, as indústrias provocaram mudanças significativas nas cidades
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

brasileiras e algumas se transformaram em polos importantes de determinadas regiões


em função de sua produção. Milhares de operários enfrentavam longas jornadas de tra-
balho e recebiam parcos salários, porém, o seu trabalho mantinha as grandes fortunas
dos empresários.
Os imigrantes europeus e as migrações internas, atraídos pela oferta de trabalho, pro-
vocaram o excesso de mão de obra. Esse fator, aliado à mecanização da grande indús-
tria que estava se aparelhando, causou o desemprego de operários, além da diminuição
dos salários, agravando a já difícil situação do trabalhador.
A relação do empregador e do operário, nas pequenas indústrias, era direta. Nas
grandes indústrias, porém, existia a figura do contramestre ou intermediário, que era en-
carregado da vigilância e da punição do trabalhador que, segundo ele, trabalhava pouco
ou não produzia o esperado.
O trabalho braçal não recebia o mesmo respeito dispensado ao trabalho intelectual, e
o primeiro, ao mesmo tempo em que também garantia a manutenção das grandes for-
tunas do país, vivia precariamente e dependia exclusivamente de serviços públicos para
suprir necessidades de moradia, educação, saúde e segurança.
228
Professor: explique aos alunos que o trabalho recebeu muitas concepções através dos tempos. Desde o trabalho escravo
na Antiguidade, passando pela hierarquia social na Idade Média, até nossos dias como agente principal da riqueza nos
atuais países capitalistas.

Book_EJA_v3.indb 228 22/05/2013 09:05:20


Acervo Iconographia

Operários do início do século XX.

Em grupo
Comparem a situação dos operários no início do século XX com a atual situação
dos operários no início deste século. Há muitas diferenças? Quais são elas? Por que
ocorrem?
Anotem as conclusões e exponham oralmente para a turma.

1. Assinale a sua situação referente ao seu trabalho atual.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


( ) estou empregado. Resposta pessoal.
( ) estou desempregado.
( ) ainda não estou inserido no mercado de trabalho.
( ) estou aposentado.
( ) estou aposentado, mas continuo trabalhando.
( ) trabalho informalmente.
( ) estou em período de estágio em alguma empresa.

2. Se você trabalha (ou trabalhou), como se realiza (ou realizava) o seu trabalho?
Explique.
Resposta pessoal.

229

Book_EJA_v3.indb 229 22/05/2013 09:05:20


3. Na sua opinião, o que é necessário para se progredir em uma empresa?
Resposta pessoal.

4. Comente esses dois itens – criatividade e experiência –, ambos atualmente muito


necessários e importantes na contratação de serviços.
Resposta pessoal.

5. Analise a frase a seguir e justifique a sua resposta, concordando ou discordando:


“Além do aspecto financeiro, o trabalho é uma dimensão na vida das pessoas,
como a família, a afetividade, a espiritualidade e a educação.”
Resposta pessoal.

6. “Se uma pessoa ficar desempregada, por um tempo excessivo, o fato pode ser
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

danoso. Além de não suprir a sua necessidade financeira, o indivíduo se senti-


rá incapaz de superar obstáculos e se isolará, não estabelecendo mais relações
profissionais que contribuem para o seu crescimento e sua autoestima.” Você
concorda? Discorda? Justifique.
Resposta pessoal.

7. O atual mercado de trabalho brasileiro exige, cada vez mais, a qualificação do


trabalhador. Porém, a absorção da mão de obra ainda é insuficiente para a quanti-
dade de jovens formados. O que você pensa a respeito disso? Registre e justifique.

Resposta pessoal.

230

Book_EJA_v3.indb 230 22/05/2013 09:05:20


Parcerias: trabalho, industrialização e
desenvolvimento
Fazendo conexão com... Arte
Vamos ler e analisar a reprodução do quadro “Café”, de Portinari, e também a letra da
canção “Um homem também chora” (Guerreiro Menino), de Gonzaguinha.
[...]
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz...
[...]
GONZAGUINHA, Um homem tam-
bém chora (Guerreiro menino). Intér-
prete: ______. In: ______. Cavaleiro

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Solitário. [s.l.]: Som livre, 1993. 1 CD.
Faixa 3. PORTINARI, Candido. Café. 1935. Óleo sobre tela, 130 cm x 195,4 cm.
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (RJ). (Detalhe).

1. Qual o tema que relaciona o quadro de Portinari e os versos da canção de Gonzaguinha?


O trabalho.

2. O que retrata o quadro de Portinari?


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que são trabalhadores (homens e mulheres), escravos e

camponeses nas fazendas durante a colheita do café, produto muito importante na produção econômica da época.

3. Na época em que o quadro de Portinari foi feito, o Brasil já caminhava para a


industrialização? O quadro pode embasar esse fato? Por quê?
O quadro data de 1934 e, nessa época, o café, o açúcar, a borracha, o cacau e o fumo eram produtos que geravam

renda para o Brasil pela exportação. A formação do capital a partir do comércio exportador e a valorização do café,
231
entre os produtos exportados, contribuiu para a expansão da nossa atividade industrial.

Book_EJA_v3.indb 231 22/05/2013 09:05:21


4. O que se pode interpretar dos versos de Gonzaguinha na canção?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno interprete os versos falando a respeito do pensamento de um ser humano

que só se sentirá honrado na vida se tiver um bom emprego e, na ausência deste, não consegue ser feliz.

5. Vocês concordam ou discordam da associação que Gonzaguinha faz com “vida”,


“trabalho” e “felicidade”? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.
Marcello Casal Jr/ABr

© Luiz/Fotolia.com
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Refinaria da petróleo, 2009.

Eduardo Zappia/Pulsar Imagens

232
Vista Aérea de uma fábrica de celulose em Eunápolis (BA), Indústria têxtil na cidade de Tubarão (SC), 2011.
2005.

Book_EJA_v3.indb 232 22/05/2013 09:05:23


Você sabe qual a relação da proibição do tráfico de escravos com a atividade
industrial brasileira?
Segundo analistas de arte, e nas palavras do próprio filho de Portinari, João
Cândido, “o café sempre foi recorrente na pintura e nas suas obras literárias. É uma
lembrança da origem da família, imigrantes italianos que aqui chegaram no fim do
século XIX para justamente trabalhar na colheita do café no interior de São Paulo”.
Dessa forma, a mão de obra escrava foi sendo gradativamente substituída pela
imigrante, como se pode observar no próprio quadro pela presença de camponeses,
segundo análise feita por Ms. Glauce Maris Pereira Barth, em seu artigo "A leitura
do café: suas possíveis relações matemáticas e a perspectiva de gênero".
A atividade industrial no Brasil passou a ser fortificada pela urbanização, que
ocorre quando a maior parte das pessoas se desloca para as cidades, cujo processo
é denominado de Êxodo Rural.
Com a urbanização, a transformação de produtos naturais em industriali-
zados e a prestação de serviços são atividades que iriam caracterizar o nosso
espaço urbano.
A crise de 1929 mudou o rumo da economia brasileira. Nesse ano, o Brasil
teve uma grande produção e um pequeno mercado consumidor mundial. Como o
café era a base da nossa economia, o país entrou em crise. A saída foi diversificar.
Ocorre aí um impulso de nossa industrialização no governo do presidente Getúlio
Vargas, emergindo o pensamento urbano industrial, na chamada Era Vargas.
O lucro gerado pela agroexportação, principalmente do café, permitiu que

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


surgissem fábricas e também estradas de ferro para o escoamento dos produtos. As
regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo foram as mais
agraciadas com as instalações industriais em função da sua agricultura cafeeira.
Nessas regiões ocorre um aumento da classe consumidora que estimula o co-
mércio, mas somente com a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional o país
começa a produzir matéria-prima necessária ao surgimento de outras indústrias.
A Segunda Guerra Mundial também favoreceu a nossa indústria. Os países
participantes, antes produtores e exportadores industriais, estavam em processo de
reorganização de seus territórios, e o Brasil passa a suprir produtos para essas nações.
No governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira ocorre a abertura ao capital
internacional, representado pelas empresas multinacionais que aqui puderam se
instalar e pelos empréstimos grandiosos para o estabelecimento de infraestrutura
e de grandes obras, como a construção da capital federal, Brasília, no Planalto
Central do país. 233

Book_EJA_v3.indb 233 22/05/2013 09:05:23


1. Em sua cidade há indústrias? Cite quais são elas e o que produzem.
Resposta pessoal.

2. Explique as razões que você acredita terem sido importantes para que esta in-
dústria se instalasse na sua cidade.
Resposta pessoal.

3. Qual o tipo (ou os tipos) de indústria existente no seu estado?


Resposta pessoal.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Fazendo conexão com... Matemática


Coletem e tragam para a sala de aula embalagens ou rótulos de produtos industria-
lizados em que aparece o nome do estado produtor. Após a coleta, vocês e seu pro-
fessor irão classificar as embalagens pela origem, isto é, em quais estados brasileiros
são fabricados tais produtos.
A partir disso, vocês irão contar o número total dos produtos, por estado, classifi-
cando os estados produtores em ordem crescente, isto é, do que tem mais produtos
industrializados para os que têm menos. A seguir, elaborem, juntamente com seu pro-
fessor de Matemática, um gráfico de barras para expor em sala de aula e, oralmente,
construam uma ou mais conclusões a respeito, discutidas pelo grupo.

Sistematizando
O principal fator de produção, riqueza e desenvolvimento dos países é o trabalho. O
capital é o resultado da remuneração da produção, que, em círculos, pode e deve ser rein-
vestido para melhorar e aumentar a eficiência, a qualidade e o volume da própria produção.
234

Book_EJA_v3.indb 234 22/05/2013 09:05:23


Esse processo, aliado a outros fatores, como educação, pesquisas, qualificação
do trabalhador, segurança no trabalho, entre outros, incentiva muito os países no seu
desenvolvimento.
Os países considerados industrializados atualmente são os que apresentam indústrias
fortes, de alta tecnologia e alta produtividade, que remuneram com justiça seus trabalha-
dores e promovem seu bem-estar e satisfação pessoal.
A industrialização brasileira ocorreu inicialmente no Sudeste e posteriormente se es-
palhou para outras regiões do País. Hoje estamos nos encaminhando para um processo
industrial mais efetivo, deixando de ser essencialmente país agropecuário – setor primário
da economia –, buscando um aprimoramento tecnológico industrial – setor secundário – e
consequentemente, apresentando um crescimento comercial e de prestação de serviços –
setor terciário –, o que nos conduzirá a um melhor desenvolvimento.

Mulher também combina com sustentabilidade


Roda de conversa

Converse com seu professor e colegas a

Chargista: Amâncio
respeito da charge.

Quais elementos a compõem? O que sig-


nifica, o fogão, o bebê? Fogão e panelas lem-
bram mulher, e futebol lembra homem? Ana-
lisando, você poderá dizer que a sociedade
aponta alguns como pertencentes exclusiva-

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


mente ao universo feminino? A sociedade do
século XXI ainda discrimina a mulher no traba-
lho? Como se sentem, quanto a isso, as mulheres que estudam na sua sala de aula?
Qual é a interpretação da charge no todo?

Contra tudo e contra todos, ela quer ser advogada, datilógrafa,


telefonista e até enfermeira na guerra.
A frase anterior refere-se ao começo do século quando praticamente as únicas
mulheres que se dedicavam ao trabalho extradoméstico eram as operárias, vindas
das camadas mais simples da população. Mas a inflação e o aumento do custo de
vida, a famosa “carestia dos anos 10” que motivou greves e manifestações popula-
res, acabaram transformando também a “rainha do lar” em assalariada.
235

Book_EJA_v3.indb 235 22/05/2013 09:05:24


Mulheres da pequena classe média começaram a trabalhar nas novas profissões
que o acelerado desenvolvimento urbano ia criando: surgem telefonistas, datilógrafas,
secretárias, enfermeiras, balconistas.
Com a Guerra Mundial, as mulheres de países como a Inglaterra e os EUA passam
a substituir em larga escala os homens (que partiram para as frentes de batalha), exer-
cendo toda uma gama de profissões urbanas.
Muitas se alistam e vão servir como enfermeiras ou mensageiras. Esse fato deu
impulso ao feminismo internacional que se refletiu no Brasil através da imprensa e do
cinema. [...]
ENCICLOPÉDIA Nosso Século: Brasil – 1900/1910, parte I.
Acervo Iconographia
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Tecelãs das Indústrias Matarazzo. São Paulo (SP), anos 1920.

Observe como a imprensa dos jornais operários da época se referia ao assunto:


“Admitidas aos milhares, as mulheres cumprem jornadas estafantes em tro-
ca de salários inferiores aos dos homens. Mal alimentadas, são presas fáceis de
doenças, como a tuberculose”.
E no Brasil, como era a situação?

236

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Em 1909, enquanto as mulheres da Inglaterra se lançavam ao ativismo de
rua e lutavam pelo direito ao voto, as mulheres operárias brasileiras reivindica-
vam o turno de 8 horas de trabalho, melhores condições e salários iguais aos dos
homens. Em 1919, elas representavam 33,7% de todo o operariado brasileiro.
Como não havia leis que protegessem o seu trabalho, elas cumpriam jorna-
das de até 14 horas diárias. Na Greve Geral de 1919, as operárias participaram
ativamente ao lados dos homens, exigindo, dentre outras coisas, a igualdade de
salários entre os sexos.

GLOSSÁRIO
Após a leitura dos textos sobre a situação da mulher traba-
lhadora no início do século XX, escreva um pequeno texto sobre Extradomés-
a situação da mulher trabalhadora neste início do século XXI. tico: além das
funções exerci-
Quais os direitos adquiridos? Ainda existe diferenciação entre das em casa.
os salários pagos para homens e mulheres? As condições de tra- Estafantes:
balho melhoraram? Como você analisa a situação da mulher que cansativas.
cumpre jornada dupla de trabalho? Isto é, que além de trabalhar Reivindica-
vam: reclama-
fora, ainda gerencia o seu lar? Os homens devem participar dos vam; exigiam.
trabalhos do lar, tanto quanto as mulher?

Leia o que garantem alguns itens da Constituição Brasileira sobre o direito


da mulher.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Artigo 7º.
XVIII. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a dura-
ção de cento e vinte dias;
XXV. assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até
os seis anos de idade em creches e pré-escolas;
XXX. proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de crité-
rios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXII. proibição de distinção entre o trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos.

Atualmente, os movimentos feministas de todo o mundo têm provocado altera-


ções no papel que a mulher desempenha na sociedade. Hoje, na maioria dos casos,
237

Book_EJA_v3.indb 237 22/05/2013 09:05:26


ela atua em condições semelhantes às do homem e tem o amparo das leis para exigir
alguns direitos que ainda não estão totalmente sistematizados na sociedade.
A inserção das mulheres no mercado de trabalho formal e informal se expan-
diu. O contingente feminino chega a mais de 40% da força de trabalho em diver-
sos países avançados, mas tem sido absorvido, sobretudo, no universo do trabalho
desvalorizado.
A entrada das mulheres de forma mais intensa no mercado de trabalho, seja
para contribuir no aumento da renda familiar, seja em busca de crescimento e
emancipação profissional, fruto do aumento da escolaridade e da possibilidade
de novos projetos profissionais, abre a possibilidade de se discutir mais profunda-
mente o papel da mulher e do homem na família e na sociedade, bem como a
necessidade de compartilhar de forma igualitária as tarefas do lar, da educação e
da criação dos filhos.
Mesmo assim, sabe-se que muitas mulheres continuam sendo desfavorecidas:
o aumento da violência aumenta consideravelmente, os salários, principalmente
nas profissões menos qualificadas, são desiguais, e no mercado de trabalho muitos
empregadores preferem contratar homens na maioria das funções, ao considerar
o compromisso que as mulheres têm em relação às suas casas e aos seus filhos.

1. Você considera as medidas constitucionais suficientes para evitar a discriminação


contra a mulher no trabalho? Explique. Entre as garantias citadas, qual a que
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

você considera mais importante? Por quê?


Resposta pessoal.

2. Além da mulher, outros trabalhadores sofrem discriminação no Brasil? Quais?


Principalmente os que possuem pouca ou nenhuma instrução e se sujeitam a receber pequenos salários sem a

exigência legal de serem registrados em carteira de trabalho.

238

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3. O que você entende por “dupla jornada de trabalho”? Explique.
Refere-se à mulheres que trabalham fora de casa, porém não deixam de fazer as funções de “dona de casa”.

Acumulam, assim, afazeres do trabalho doméstico exercidos, paralelamente, às atividades de outro emprego.

4. Você conhece alguns exemplos de mulheres que “foram à luta” e montaram os


seus próprios negócios? Relate oralmente para seus colegas e professor. Se for
possível, entreviste algumas delas e traga os resultados para compartilhar com a
sua sala de aula.

Leia estas duas notícias.

Mulheres trabalhadoras
Elas estudam mais que os homens, sustentam 35% dos lares brasilei-
ros e representam mais de 42% dos trabalhadores no País. Nos últimos dez
anos, a renda total das mulheres aumentou 60% mais que a dos homens.
Hoje, dividem com eles o comando dos novos negócios brasileiros: 49,6%
dos que iniciam a carreira empresarial são do sexo feminino.
Os dados são do Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM), rea-
lizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em
parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), e
apontam um cenário positivo para as trabalhadoras, mas ainda há desafios

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


a serem superados por elas em diferentes frentes. [...]
Para se diferenciar das demais empresas, as empreendedoras podem
apostar em um processo mais sustentável de seus negócios. É no que acre-
dita a jornalista especializada em sustentabilidade Rosana Jatobá. Segundo
ela, há dez anos apenas 19% dos consumidores demonstravam alguma
preocupação com o meio ambiente, e hoje este número subiu para 69%.
“É um caminho sem volta. Quem conseguir enxergar isto, certamente
terá um diferencial, pois incorporar o valor da sustentabilidade nos negó-
cios traz vantagem competitiva. A mulher, que já é por natureza mais cui-
dadora, pode deixar um legado por meio da sustentabilidade”, conclui. [...]
Disponível em: <http://www.iwm.org.br/noticias/causa/geracao-de-renda/grupos-produtivos/606-Mulheres_em-
preendem_mais__apesar_dos_desafios.html>. Acesso em: 27 fev. 2013.

239

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Associação Mulheres de Argila
Estilista Melk Zda se junta com artesãs do grupo Mulheres de Argila para
criar e produzir acessórios e peças de decoração com resíduos de jeans do
polo têxtil pernambucano.
Vanessa Brito

Doze milhões de metros de ourelas de jeans descartados por mês pelo


polo têxtil da região do agreste pernambucano, integrado por 18 municípios.
Um grupo de artesãs disposto a produzir alguma coisa com o material, que
vai parar nos lixões ou é incinerado em fornos e lavanderias. Um estilista, que
aposta na sustentabilidade e cria coleção de acessórios e peças de decoração
para solucionar a questão socioambiental da região. Isso está ocorrendo, desde
o ano passado em Alto do Moura, localidade a 7 km do centro de Caruaru,
famosa por ser o maior centro de arte em barro das Américas, fundada pelo
Mestre Vitalino.
O estilista Melk Zda, de Recife, é protagonista dessa iniciativa junto com o
grupo de 16 artesãs da Associação de Artesãos em Barro e Moradores de Alto
do Moura (Abmam), que se autodenominou Mulheres de Argila. Almofadas,
tapetes, luminárias, jogos de cama e mesa, entre outras peças, compõem a
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

primeira coleção chamada Sá Valdivina, em homenagem à bonequeira, que


também fazia potes de barro e teria 117 anos, se fosse viva. A matéria-prima
dos produtos são os resíduos de jeans do polo têxtil pernambucano. A próxi-
ma coleção vai homenagear outra artesã de Alto do Moura: Dona Celestina,
que ainda produz brinquedos de barro. Essas ações pertencem ao Projeto de
Artesanato do Agreste do Sebrae em Pernambuco.
“Trabalhar com sustentabilidade é um trabalho abençoado. Saber que
estamos contribuindo com o meio ambiente e outras mulheres faz a gente
se engrandecer como ser humano”, afirma Josy Santos, presidente do grupo
Mulheres de Argila.
Disponível em: <www.sustentabilidade.sebrae.com.br/portal/site/Sustentabilidade/menuitem.745f6ae78e55058f7
3042f20a27fe1ca/?vgnextoid=d030203f95a27310VgnVCM1000002af71eacRCRD&vgnextfmt=default>. Acesso
em: 17 abr. 2013.

[...]
240

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Roda de conversa

O que as duas notícias têm em comum? Em qual notícia observa-se o cresci-


mento das mulheres no estudo e mercado de trabalho? Quais seriam as causas e
possíveis consequências disso? Leia os trechos de ambos os textos que se referem
à sustentabilidade. O que você entende por isso? Conhece alguma organização que
se dedica ao tema? Cite-a. Você pratica a sustentabilidade no seu cotidiano? Como?
O projeto “Mulheres de Argila” contribui para a sustentabilidade do Planeta? Por
quê?

Pesquisa
Reúnam-se em grupos e pesquisem sobre um dos temas a seguir:
• Como utilizar recursos naturais de forma sustentável;
• Consumo e sustentabilidade;
• Transportes e sustentabilidade;
• O que a população ganha com a prática da sustentabilidade.
Você poderá buscar dados para suporte de sua pesquisa na biblioteca de sua
escola, em revistas e livros e também na internet.
Após coletarem os resultados sob a forma de uma pesquisa, apresentem em
sala de aula e promovam discussões sobre o assunto.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


No final do século XIX, surgem, nos Estados Unidos, duas correntes ideológicas:
o conservacionismo e o preservacionismo. Esses dois termos ainda são usados sem
muitos critérios e indistintamente. Por esta razão, vamos analisá-los.
O pensamento conservacionista é adotado pela maioria dos movimentos ambien-
talistas e busca conviver com a natureza aliada ao manejo criterioso e racional pelo
ser humano. Pretende garantir a qualidade de vida no presente sem comprometer
os recursos necessários às gerações futuras. É desta corrente a origem do conceito
de desenvolvimento sustentável.
O preservacionismo considera a proteção à natureza independentemente do seu
valor econômico e/ou utilitário.
Como os problemas ambientais crescem a cada ano que passa e estão direta-
mente ligados à conscientização das populações, existem grupos que estudam essa
interferência negativa e atuam em favor da preservação da natureza. Essas pessoas
estão reunidas e organizadas em movimentos ambientalistas ou ecológicos dos quais
você provavelmente já ouviu falar. Os mais famosos são o Greenpeace, a Fundação
S.O.S. Mata Atlântica e o WWF (Fundo Mundial para a Natureza). 241

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A ação em defesa do meio ambiente vem se expandindo cada vez mais pelo
mundo. São promovidos cursos e palestras com a finalidade de fortalecer nas po-
pulações uma consciência de preservação ambiental. A ideia central é a de que a
sociedade precisa estabelecer novas atitudes em relação ao uso do Planeta, deixando
de vê-lo apenas em função das atividades econômicas, mas como elemento vivo de
fundamental importância para a existência dos seres vivos.
Mas, para que isso ocorra, é necessária, principalmente, a participação de cida-
dãos comprometidos, críticos e conscientes.

Analise e reflita sobre a letra da canção “Pra sempre verde”, de Tom Jobim.

Tempos de flores, de primavera (e no mar)


Tempos de amores, de abrir a janela A vida acabada para sempre
Tempos de luz, de sabiá (para sempre)
Deixa o mato verde se espalhar Um dia vamos ter que perguntar
Nosso planeta precisa carinho (onde está)
De muito ar puro e riacho clarinho Cadê o azul do céu
Vamos tentar nossa Terra viver E o verde do mar
Mas tudo que ficou foi deserto E o paraíso onde está, onde está
(um deserto) A maravilha de um lugar
Venenos nas lagoas e no mar E a floresta, a serra, o mar.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Tom Jobim – CD - Antônio Brasileiro - Columbia - R.7 - 1994, faixa 9.

1. Você acha que canções como essa podem conscientizar as pessoas acerca da
preservação do meio ambiente? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.

2. Analisando a letra, pode-se dizer que o planeta Terra precisa de:


Carinhos e cuidados para que, por consequencia, nós, seres humanos, possamos usufruir da qualidade de vida.

242

Book_EJA_v3.indb 242 22/05/2013 09:05:27


Professor: investigue as informações que os seus alunos já possuem sobre o tema globalização. Debata com eles
o trecho escrito pelo geógrafo Milton Santos e diga que esse processo já se efetivava no mundo a partir das trocas
comerciais no período caracterizado como capitalismo mercantilista .
Na continuidade da Roda de Conversa, conduza os alunos a discutir e citar exemplos da globalização inseridos na
sua vivência.

3. O desenvolvimento sustentável vincula-se à ideia do uso racional da natureza e da


reposição daquilo que se retira dela. Então, preservação da vida implica em cons-
cientização. Em equipes, programem atividades que promovam a sustentabilidade
da sua cidade (visitas, palestras, produção de cartazes e panfletos, etc.) e que tra-
gam informações à população (podem ser reuniões na sua escola) sobre medidas
e atitudes coletivas que contribuem para a preservação do meio ambiente. Após,
apresentem oralmente para seu professor o resultado dessa pesquisa de campo.

Globalização: Benefícios ou não


Roda de conversa

Você ou um de seus colegas deve ler em voz alta para a classe, trechos do livro
O País Distorcido, da Publifolha, que reúne textos publicados pelo geógrafo Milton
Santos na Folha de S.Paulo, de 1981 até sua morte, em 2001.
“A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de
intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde
o período mercantil dos séculos XVII e XVIII, expande-se com a industrialização,
ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século XIX, e, agora,
adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro
torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.”
Disponíve em:<www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351805.shtml>. Acesso em: 10 amio 2013.

Discuta com seus colegas:

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


• O termo “globalização” vem da palavra “global”. Isso significa a inter-relação
ou ligação de todo o planeta ou você acha que vivemos numa sociedade
individualista? A frase de Milton Santos “o mundo inteiro torna-se envolvido
em todo o tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural”, tem ligação
com o termo “internacionalização”? Por quê? A globalização está presente
na classe em que você estuda, na sua casa, na sua cidade? Cite exemplos
de trocas técnicas, comerciais, financeiras e culturais.
• Retornando ao trecho do livro de Milton Santos, citem quando ocorreu, o
que marca e como se expandiu o intercâmbio entre países que intensificou
a globalização?
A população mundial apresenta uma enorme diferença social. Alguns se de-
senvolvem bem, econômica e socialmente, enquanto outros passam por sérias di-
ficuldades em diversos aspectos, que vão desde a renda não suficiente para que se
tenha qualidade de vida, até fatores cruéis, como analfabetismo, saúde e moradias 243
precárias, desemprego, fome, entre outros.

Book_EJA_v3.indb 243 22/05/2013 09:05:27


Se considerarmos que a globalização mundial deveria se portar equilibra-
damente em relação às pessoas, concluímos que esta atitude também deveria
atingir todos os países, mas, infelizmente, observamos que esse equilíbrio não
existe. Basta analisarmos o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil
e de nossos municípios (como também os índices mundiais), para confirmarmos
o fato. Podemos observar aí, grandes desigualdades. Enquanto isso, o mundo
desenvolvido interage partilhando tecnologia e informações; cultura e educação;
saúde e longevidade, comprovando que a atual globalização é, muito mais avan-
çada econômica e socialmente para uns e desfavorável para outros, que são os
excluídos do processo.
A globalização está inserida em muitos aspectos. É bastante comum ob-
servarmos a “mistura” de tradições culturais ou mesmo de idiomas em nossas
cidades, seja no falar ou nas propagandas expressas na mídia em geral. Outro
aspecto da globalização em nossos dias é o consumo exagerado, também deno-
minado “consumismo”. Com as trocas comerciais, produtos originários de vários
países circulam pelo mundo, muitos a preços acessíveis à maioria das popula-
ções. Assim, incentivados pela mídia a efetuar compras ás vezes desnecessárias,
esquecemos que, muitas vezes, a mão de obra utilizada na fabricação desses
produtos é incrivelmente explorada e atua em seus países de origem em péssimas
condições de trabalho.

1. Reflita e responda em seu caderno:

a) Você se considera um consumidor exagerado? Justifique.


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Resposta pessoal.
b) Em sua cidade há bares, lanchonetes, restaurantes, lojas e outros tipos de
comércio com nomes estrangeiros na fachada? Cite alguns e caracterize o
tipo de globalização que ocorre. Resposta pessoal, porém, espera-se que o aluno chegue a
compreensão de que o uso de palavras de outros idiomas
caracteriza a globalização cultural que, no caso do Brasil, está intimamente ligada ao uso de palavras da língua inglesa.
c) As rádios de sua cidade tocam mais canções brasileiras ou estrangeiras?
Qual tipo você prefere? Por quê?
Resposta pessoal.
d) Que marcas estrangeiras de carros você conhece? Quais montadoras estão
sediadas no Brasil? Que tipo de troca globalizada ocorre?
Resposta pessoal. O aluno deve citar que a troca globalizada é a comercial.

Em grupo
Seu professor vai dividir a classe em dois grandes grupos e sortear o grupo que de-
fenderá os prós e o que defenderá os contras da globalização. Ao final do debate, ambos
deverão apresentar uma conclusão sobre o tema.
Professor: aqui estão algumas sugestões que poderão ser ampliadas à seu critério.
PRÓS: a) permite maior troca cultural e tecnológica entre países que, se bem aplicadas, contribuirão na evolução cultural
244 e educacional. b) aumenta o fluxo comercial, o que poderá gerar mais riqueza ao país.
CONTRAS: a) cria maiores desigualdades, excluindo países e pessoas que não tem condições financeiras de acompanhar
avanços tecnológicos e sociais. b) gera instabilidades econômicas mundiais, pois qualquer crise que acontecer em
determinado país se alastrará como uma epidemia para diversas partes que, por não possuírem estabilidade, serão afetadas
mais profundamente.

Book_EJA_v3.indb 244 22/05/2013 09:05:28


© Jenny Thompson/Fotolia.com

Os seres
humanos
Unidade
1 eo
ambiente Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Nesta unidade, você vai compreender o corpo humano como uma complexa rede
de interdependência entre os sistemas que interage com o ambiente, numa dimensão
que vai muito além da biologia.
245

Book_EJA_v3.indb 245 22/05/2013 09:05:30


O ser humano: que bicho é esse?
Pertencemos ao reino animal. Logo, somos animais. Mas nossa herança cultural
nos humanizou.
Diferente dos outros animais, nós, seres
humanos, nascemos inacabados, indefesos
e completamente dependentes.
A necessidade de cuidados e

Cide Gomes
os laços mais próximos com
o grupo familiar, principal-
mente com a mãe, por um
período de tempo maior,
nos permitiram o convívio
com ensinamentos, cos-
tumes e tradições que são
passados de geração para
geração. Enfim, esta relação
construiu a cultura, que nos
deu identidade e nos diferen-
ciou dos outros animais.

Roda de conversa

• Afinal, quem é esse ser humano?


• Qual sua concepção de corpo humano?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

• Você conhece seu corpo? Como ele funciona?

Para saber a concepção de corpo humano de cada um, a proposta é: dispostos


em círculo, cada aluno irá se pronunciar dizendo o que entende por corpo huma-
no. Um aluno registrará no quadro-negro as respostas dos seus colegas, depois o
professor discutirá cada item com a turma.

Conexões entre sistemas


O ser humano é parte de uma complexa rede de interdependência entre os
demais seres vivos e não vivos que compõem a natureza. Assim, como qualquer ser
vivo, os humanos participam dos ciclos de matéria e energia que mantêm a vida.
Suas células, tecidos, órgãos e sistemas apresentam funções distintas na individua-
246 lidade, mas, no conjunto, funcionam de maneira interdependente.

Book_EJA_v3.indb 246 22/05/2013 09:05:30


Roda de conversa

– Por exemplo, que sistemas são acionados no ato de chutar a bola numa partida
de futebol?

O gesto de chutar uma bola exige a par-


ticipação de vários sistemas, veja: como chu-

© Rui Araujo?Fotolia.com
tar é uma ação voluntária, o comando parte
do cérebro – Sistema Nervoso Central; essa
ação vai movimentar ossos e músculos da per-
na – Sistema Locomotor; isso exige energia,
que vem dos alimentos digeridos – Sistema
Digestório. A glicose, produto da digestão, na
presença de oxigênio libera energia – Sistema
Respiratório. O oxigênio necessário para essa
reação é transportado pelo Sistema Circula-
tório.
No exemplo, o fato de chutar uma bola desencadeou, em segundos e simulta-
neamente, uma ação que envolveu uma rede de interdependência entre os diversos
órgãos, aparelhos e sistemas.
Complete o seguinte quadro.
Na ação de chutar a bola, quais sistemas foram envolvidos?

Ação Sistema envolvido

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Comando para chutar a bola Cérebro

Movimento de ossos e músculos Sistema esquelético

Digestão dos alimentos Sistema respiratório

Glicose + oxigênio = energia + gás car-


bônico + água Sistema digestório

Transporte de nutrientes e gases Sistema circulatório

247

Book_EJA_v3.indb 247 22/05/2013 09:05:31


Chutando a bola...
O estímulo produzido (bola) origina um impulso nervoso que enviado ao cé-
rebro gera uma resposta: chutar a bola.
O cérebro faz parte do Sistema Nervoso Central (SNC), cuja função é a inte-
ração com o meio, através de nossas sensações, execução de movimentos, respon-
sável pelo nosso pensamento, inteligência, regulação das funções, etc.
Sistema Nervoso Periférico (SNP): sua função é conectar o SNC às diversas
partes do nosso corpo através dos nervos e gânglios nervosos. Por exemplo, a per-
cepção do mundo através dos sentidos.
Sistema Nervoso Autônomo (SNA): divide-se em simpático e parassimpáti-
co. O sistema nervoso simpático e o parassimpático têm funções contrárias, com
um corrigindo os excessos do outro; por exemplo: se o sistema simpático acelera
demasiadamente as batidas do coração, o sistema parassimpático entra em ação,
diminuindo o ritmo cardíaco.
O SNA funciona de forma autônoma, portanto, suas ações são involuntárias.
Sua função é regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos
sistemas digestório, circulatório, excretor e endócrino.
O sistema nervoso é formado por células especializadas sensíveis aos estímu-
los provenientes do ambiente externo ou do próprio corpo. Essas células são os
neurônios, que apresentam um corpo celular contendo um núcleo e prolonga-
mentos – os dendritos, que captam os estímulos, e os axônios, que conduzem os
impulsos nervosos.
Estrutura Geral de um Neurônio

Dentritos
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Adriano Loyola

Axônio

Corpo Celular Terminações do axônio

Esquema de um neurônio sem escala e cor fantasia.

Essas células percebem os estímulos pelos dendritos. Quando estimulado, o


neurônio gera uma onda elétrica que o percorre até a extremidade do axônio; essa
248
onda é o impulso nervoso.

Book_EJA_v3.indb 248 22/05/2013 09:05:32


Ao chegar à extremidade do axônio, o impulso é transmitido para outro neurô-
nio pela sinapse, que é uma região de proximidade entre a extremidade do axônio
de um neurônio e a superfície de outras células, que podem ser: outros neurônios,
células sensórias, musculares ou glandulares.
Nas sinapses, os neurônios ficam próximos, mas não se tocam. Quando os im-
pulsos nervosos atingem a extremidade do axônio, ocorre liberação de substâncias
químicas, que são os neurotransmissores ou mediadores químicos. Por exemplo,
a adrenalina, a serotonina, a dopamina, a noradrenalina, entre outras. Assim, os
neurônios estabelecem conexões uns com os outros, formando uma grande rede
que cobre todas as partes do nosso corpo.
Pesquisa
Em duplas:
a) Pesquisar em livros, revistas ou internet a ação das diversas drogas no sis-
tema nervoso.
b) Pesquisar por que uma lesão na coluna vertebral pode deixar a pessoa sem
movimentos, como a que aconteceu com o ator já falecido Christopher
Reeve, que vivia o Super-Homem no cinema.
c) O que aconteceria com nosso corpo se não ocorressem as sinapses?
d) O que é neuróbica e qual sua importância para a longevidade?
Apresentação para os colegas e professor, que, ao final, abrirá para o debate.

Em grupos determinados pelo professor:

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Material: cartolina, canetinhas, giz de cera, lápis de cor.
Em uma cartolina, desenhem um neurônio, indiquem suas partes e expliquem
no desenho como funciona um impulso nervoso e como se dá a formação das
sinapses. Relatem também por que chutar uma bola está ligado ao SNC.
Apresentação dos grupos para a turma.

Aumentando os batimentos cardíacos...


Numa partida de futebol, o ritmo dos batimentos cardíacos dos jogadores
aumenta pela presença da adrenalina no sangue. A adrenalina atua como um
neurotransmissor que tem efeito sobre o sistema nervoso simpático, preparando o
organismo para um grande esforço físico.
Ela é produzida pelo sistema endócrino, que é constituído por diversas glându-
las que secretam hormônios – substâncias químicas responsáveis pelo controle da 249

Book_EJA_v3.indb 249 22/05/2013 09:05:32


maioria das nossas funções. Circulando na corrente sanguínea, esses hormônios, em
conjunto com o sistema nervoso, controlam e regulam a complexa rede de processos
vitais, como: o metabolismo, as funções sexuais e até a personalidade.
Pesquisa:

1. Pesquisar em livros, revistas ou internet sobre o corpo de meninos e meninas.


a) Principais glândulas, seus hormônios e a sua ação no nosso corpo.
b) Os corpos das crianças, em geral, se parecem muito; o que diferencia meninos
de meninas são os caracteres sexuais primários, ou seja, os órgãos genitais.
Por que e em que momento começam as transformações e as diferenciações?
c) Quais os caracteres sexuais secundários masculinos e femininos?
d) TPM: o que é? Como evitar? É próprio de todas as mulheres?
Apresentação dos grupos.

Em grupo

1. Expliquem a função dos hormônios.


São responsáveis pelo controle da maioria das nossas funções. Circulando na corrente sanguínea, esses hormônios,
em conjunto com o sistema nervoso, controlam e regulam a complexa rede de processos vitais.
2. Listem no caderno algumas alterações do seu corpo que são devidas aos hormônios
produzidos pelos ovários e testículos. A proposta é que mulheres e homens façam a
lista, respeitando os gêneros a que pertencem. Na apresentação, o professor abrirá
para o debate. Crescimento do corpo, produção de leite, aumento da frequência cardíaca, aparecimento de
pelos, seios, mudança de voz, acne, menstruação, etc.

3. O que a insulina tem a ver com o diabetes?


Diabetes é uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio
produzido pelo pâncreas.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

4. Em relação à hipófise, responda:


• Que hormônios são produzidos?
Hormônio folículo estimulante(FSH), hormônio luteinizante(LH), hormônio do crescimento, prolactina.
• Qual a ação deles em homens e mulheres?
Hormônio folículo estimulante (FSH): nos homens, o FSH estimula os testículos a produzir espermatozoides, e o LH
Apresentação dos grupos para o professor e colegas. ativa a produção de testosterona.
Na mulher, o FSH e o LH atuam no ciclo menstrual. O FSH faz o ovário produzir progesterona, e o LH está relacionado
com a maturação do óvulo. Hormônio do crescimento: promove o crescimento do corpo. Prolactina: estimula a
Movimentando ossos e músculos produção de leite das glândulas mamárias

Para movimentar ossos e músculos, é necessário a participação do sistema


muscular, do sistema esquelético, além dos outros aí envolvidos.
Sistema muscular: os músculos que costumam ser malhados nas academias e
que formam a maior parte do nosso corpo são formados por um tecido muscular
com contração voluntária, ligado aos ossos por meio de tendões e conhecido como
250 tecido muscular estriado esquelético. Ex: os músculos das pernas, dos braços, do
pescoço, etc. Professor, é bom lembrar das inter-relações entre os sistemas. Assim, para movimentar ossos e
músculos, vários sistemas estão envolvidos.

Book_EJA_v3.indb 250 22/05/2013 09:05:32


Órgãos como bexiga, útero,

© Rui Araujo/Fotolia.com
intestino, estômago, vasos sanguí-
neos e outros são formados por
tecido muscular liso, que possui
contração involuntária.
Outro tipo de tecido encon-
trado no nosso corpo é o muscular
cardíaco, que constitui o músculo
do coração e também possui con-
tração involuntária.
As contrações voluntárias
acontecem de acordo com nossa
vontade e são provocadas por es-
tímulos vindos do sistema nervoso
central. As involuntárias acontecem
independentes da nossa vontade e
são controladas pelo sistema nervo-
Esquema mostrando os músculos sem escala e cor fantasia.
so autônomo.

Crânio

© ilusjessy/Fotolia.com
Sistema esquelético: a sus- Maxilar
Clavícula
tentação do nosso corpo, prote- Mandíbula
ção dos órgãos internos e ponto Escápula
de apoio para a fixação dos mús- Úmero
culos são funções do sistema es- Esterno

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


quelético. Coluna vertebral
Costelas
Ele consiste na articulação Ulna
de peças ósseas e cartilaginosas, Rádio
que se movem sob a ação dos Ílio
músculos. Carpo
Metacarpo
Os ossos são estruturas vi- Sacro Falanges
vas, constantemente irrigados de Fêmur
Ísquio
sangue, o qual alimenta e oxigena
Patela (rótula) Púbis
as células que os constituem.
Tíbia

Fíbula

Esquema mostrando Tarso


os ossos sem escala Metatarso 251
e cor fantasia. Falanges

Book_EJA_v3.indb 251 22/05/2013 09:05:34


1. Pesquisa:
a) Por que diante de um acidente em que há suspeita do comprometimento da
coluna vertebral a vítima deve ser cuidadosamente transportada ao hospital,
em posição deitada e, de preferência, imobilizada?
b) Qual a importância das atividades físicas para a saúde?
c) Osteoporose: quais as causas e consequências?

2. Respondas às questões em grupo:


a) Qual a função do sistema locomotor? Responsável pela movimentação, sustentação e
proteção do nosso corpo.

b) Como você explicaria o movimento do corpo durante uma corrida, indicando


Em uma corrida, é necessário energia (sistemas digestório, respiratório e circulatório)
os sistemas envolvidos? para movimentar músculos e ossos (sistema locomotor), com eliminação de suor
(sistema excretor).Tudo isso sob a coordenação dos sistemas nervoso e endócrino.
c) Explique que tipo de músculo envolve o pescoço e como é sua contração.
Tecido muscular estriado esquelético, contração voluntária.
d) Por que os músculos estriados também são chamados de esqueléticos?
Porque se prendem aos ossos.

Apresentação dos grupos.

3. Complete o quadro:
Músculo Tipo de contração Exemplo
Tecido muscular estriado
Voluntária Músculos do braço
esquelético

Tecido muscular liso Involuntária Musculatura do estômago


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Produzindo energia...
Os sistemas envolvidos na produção de energia para movimentar ossos e
músculos são: digestório, respiratório e circulatório.
O sistema digestório é responsável pela transformação dos alimentos: o san-
duíche que você come só vai se converter em energia depois de passar por uma
série de transformações. Veja a seguir:
Na boca, o sanduíche é cortado, mastigado e triturado. Daí ele segue para a
faringe, o esôfago e cai no estômago. No estômago, sob a ação de enzimas e do
suco gástrico, o alimento é transformado em partículas menores. Depois, ele segue
252
para o intestino delgado, onde a digestão é concluída. Ainda no intestino delgado,
os nutrientes são absorvidos e caem na corrente sanguínea, sendo distribuídos para

Book_EJA_v3.indb 252 22/05/2013 09:05:34


todas as células pelo sistema circulatório. Os resíduos (fezes) vão para o intestino
grosso e são eliminados pelo ânus.
Resumindo: digestão é um conjunto de transformações físicas e químicas pelas
quais passam os alimentos ao longo do sistema digestório.

Boca

Faringe
Adriano Loyola

Esôfago

Fígado
Estômago

Vesícula biliar

Intestino grosso

Intestino delgado

Apêndice Reto
vermiforme

Ânus
Esquema sistema digestório sem escala e cor fantasia.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Pesquisa

1. O que pode acontecer com uma pessoa se os alimentos não forem bem digeri-
dos, os nutrientes devidamente absorvidos e os resíduos parcialmente eliminados?
a) Por que é importante mastigar bem os alimentos?
b) Por que o consumo constante de chiclete pode acentuar a gastrite e a úl-
cera?
c) O que é halitose e quais suas causas?
Em grupo

1. Por que os alimentos precisam passar pelo processo de digestão antes de serem 253
absorvidos pelas células?

Book_EJA_v3.indb 253 22/05/2013 09:05:36


2. Qual a função dos dentes na digestão dos alimentos?

3. Que relação existe entre digestão, circulação e respiração.

4. Onde começa a digestão dos alimentos?

5. Após a digestão, os nutrientes estão prontos para serem absorvidos. Como eles
chegam até as células?
Depois, o grupo se apresentará para a turma.
Complete o quadro com o que acontece com o alimento nos seguintes órgãos
do sistema digestório:

Órgão Ação

Boca Cortado, mastigado e triturado.

Faringe É apenas passagem para o esôfago.

Esôfago Passagem para o estômago.

Sob a ação de enzimas e suco gástrico, o alimento é transformado em


Estômago partículas menores.

Os nutrientes são absorvidos e caem na corrente sanguínea, sendo distribuídos


Intestino delgado para todas as células pelo sistema circulatório.

Intestino grosso Os resíduos (fezes) vão para o intestino grosso e são eliminados pelo ânus.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Na busca de energia para movimentar ossos e músculos, o sistema respiratório


tem seu papel fundamental.
Durante a inspiração, o ar entra pelas fossas nasais, passa pela faringe, laringe,
e chega aos pulmões. Com a passagem do sangue através dos pulmões, ocorre uma
troca de gases: o oxigênio é absorvido e o gás carbônico é eliminado para fora do
organismo.
Na combinação do oxigênio com a glicose, produto da digestão dos alimentos,
há liberação energia, gás carbônico e água

Glicose + Oxigênio = Energia + Gás carbônico + Água


254

Book_EJA_v3.indb 254 22/05/2013 09:05:36


Fossas nasais
Boca

Faringe
Laringe

Traqueia
Adriano Loyola

Pulmão

Esquema sistema respiratório sem escala e cor fantasia.

1. Pesquisar em livros, revistas e internet:


a) Qual a composição do ar atmosférico?
b) Doenças respiratórias que podem estar associadas ao estilo de vida das pessoas.

2. Em grupo, responda:
a) De onde vem o oxigênio necessário à respiração? Do ar.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


b) Como ele chega até as células? Pelo sangue.
c) Observe o quadro abaixo e compare o ar inspirado com o ar expirado. O
que você concluiu em relação aos gases?
Dióxido de
Oxigênio Nitrogênio
carbono
Ar inspirado 21% 0,04% 79%

Ar expirado 16,1% 4,5% 79%


Do oxigênio inspirado, fica no nosso corpo aproximadamente 5%. Do gás carbônico, é expirado muito mais do que foi
inspirado, aproximadamente 4x mais. E do nitrogênio inspirado não fica nada.

d) Com esses números, construa dois gráficos em pizza, um do ar inspirado e


outro do ar expirado. 255

Book_EJA_v3.indb 255 22/05/2013 09:05:37


O papel do sistema circulatório no transporte de substâncias para o organismo:
A função do sistema circulatório é de transportar o sangue para as células,
nutrientes, gases e produtos resultantes do metabolismo celular, garantindo, assim,
as funções vitais.

Coração

Adriano Loyola
Vasos sanguíneos

Esquema sistema circulatório sem escala e cor fantasia.

Os nutrientes, produtos da digestão dos alimentos, chegam a todas as células


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

por uma rede de vasos sanguíneos que formam o sistema circulatório. O sangue
circula impulsionado pelo coração.

Saber mais

Pressão arterial
É a pressão exercida pelo sangue nas paredes dos vasos sanguíneos. Ela é ne-
cessária porque mantém o sangue circulando pelo nosso corpo. A cada batimento
cardíaco, o sangue é impulsionado com pressão pelos vasos sanguíneos.
Significado dos dois números na medida da pressão: para medir a pressão ar-
terial é usado o esfigmomanômetro ou tensiômetro. Nesse procedimento são feitas
duas medidas: uma medida com o coração em sístole (contraído), e outra com o
coração em diástole (relaxado). Por exemplo, em uma pressão de 120/80mmHg, o
256 número 120 é a leitura do coração em sístole, e 80, do coração em diástole.

Book_EJA_v3.indb 256 22/05/2013 09:05:38


Responda no seu caderno:

1. Como os nutrientes chegam às células? Pelo sangue.

2. Por que é importante que todas as células recebam nutrientes e oxigênio?


Sem alimento e sem oxigênio, elas acabam morrendo.
3. Explique por que, durante a circulação, o sangue passa pelos pulmões.
Para trocar gases, absorver o oxigênio e liberar o gás carbônico.

Investigação: pressão dos alunos


Para essa investigação, é preciso conse-

© naskybabe/Fotolia.com
guir um esfigmomanômetro ou tensiômetro.
A proposta é pesquisar se tem algum aluno
na sala de aula que possua esse aparelho e
que possa emprestá-lo. Se ninguém possuir,
a saída é convidar uma pessoa do posto de
saúde mais próximo para realizar essa tarefa.
O convite pode partir da direção ou mesmo
do seu professor.
Procedimento: de posse do esfigmoma-
nômetro, seu professor ou um funcionário do
posto de saúde iniciará a medição da pressão
nos alunos.
Um aluno fará a anotação das medidas
num quadro, por exemplo:

Esfigmomanômetro.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Nome Idade Pratica esporte Pressão

Com esses dados vocês saberão quantos alunos são hipertensos, quantos prati-
cam esportes e se a hipertensão está ligada ao sedentarismo. Os alunos hipertensos,
que não controlam a pressão, deverão ser encaminhados para o posto de saúde.
Depois, peçam ajuda para o professor de Matemática para elaborar um gráfico
com esses dados. O gráfico poderá ser publicado no mural da sala de aula. 257

Book_EJA_v3.indb 257 22/05/2013 09:05:40


Eliminando suor...
O suor eliminado pelos jogadores durante uma partida de futebol, por exem-
plo, é produzido pelas glândulas sudoríparas localizadas na pele. O suor, além de
eliminar substâncias tóxicas, mantém o controle da temperatura do corpo. Suando,
o nosso corpo se livra do excesso de calor produzido pelo metabolismo ou pelo
esforço muscular.

Filtrando sangue...
O sistema excretor é responsável pela eliminação de produtos provenientes
do metabolismo celular, que é o conjunto das reações químicas que ocorrem na
célula.
O sangue circula por todos os órgãos e sistemas do nosso corpo, atingindo
todas as células. Nessa passagem, ocorre troca de substâncias entre eles, o sangue
deixa nutrientes e oxigênio e leva os produtos que devem ser eliminados. Esses pro-
dutos – excretas –, são levados pelo sangue até os rins, onde são filtrados, passam
pelos ureteres, chegam à bexiga, onde são armazenados e, em seguida, eliminados
para o exterior pela uretra.
Adriano Loyola

Rim
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Ureter

Bexiga

Uretra

Esquema sistema excretor sem escala e cor fantasia.

258 Resumindo: rim –> ureter –> bexiga –> uretra.

Book_EJA_v3.indb 258 22/05/2013 09:05:40


Se o sangue não for filtrado, as substâncias tóxicas ali presentes levam a pessoa
à morte em pouco tempo.

1. Pesquisa em grupos de quatro alunos.


• Por que o sangue precisa ser filtrado?
• Como funciona a hemodiálise?
• Qual a função do suor?
• Por que é importante tomar, em média, dois litros de água por dia?
Apresentação da pesquisa para a turma e professor.

Continuidade da espécie...
Desde que a vida se originou nesse Planeta, muitas espécies de seres vivos já
se extinguiram, outras surgiram, se adaptaram e se reproduziram. A reprodução é
um fenômeno que permite a conservação das espécies, pois tem a capacidade de
produzir descendentes.
O sistema genital, além do seu potencial em gerar filhos, também está ligado
à busca do prazer e da sexualidade. Esse momento de prazer compartilhado du-
rante uma relação sexual poderá se transformar em objeto de preocupação se as
pessoas envolvidas não se protegeram adequadamente. As consequências poderão
ser desde uma gravidez não planejada até contaminação por microrganismos e
transmissão de DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis / AIDS.
Sexo seguro: muitos jovens acham que não é perigoso transar sem camisinha
apenas uma vez. Com essa mentalidade, muitos deles já experimentaram algumas
mudanças na sua adolescência, trocando os livros pelas fraldas ou até mesmo

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


comprometendo sua saúde, com as DSTs/Aids.
Assim, o meio mais seguro de prevenção é o uso de preservativos – camisi-
nha masculina ou camisinha feminina –, em todas as relações sexuais. Além de
proteger contra os microrganismos causadores das DSTs /AIDS, é um meio eficaz
de evitar a gravidez.
Obs: durante a relação sexual, deverá ser usada ou a camisinha masculina ou a camisinha feminina, jamais as duas ao
mesmo tempo.

Gravidez / Menstruação
Os espermatozoides e os ovócitos são células especiais, cuja função é a repro-
dução. Nos homens, os espermatozoides são produzidos pelos testículos, a partir
da puberdade e se mantém durante toda a vida. Na mulher é diferente, pois ela já
nasce com um determinado número de ovócitos I, que serão maturados na ovula-
259

Book_EJA_v3.indb 259 22/05/2013 09:05:41


ção. Na puberdade, na primeira ovulação, o ovócito I maturado origina o ovócito
II, que é expelido pelo ovário para o interior da tuba uterina. A partir daí, todo mês
ocorrerá a ovulação, isto é, a maturação de um ovócito I.
Com o ovócito II na tuba uterina, as chances de uma gravidez são bastante
grandes. Assim, se o objetivo da relação sexual é apenas o prazer, o uso de pre-
servativos será a solução. Mas, se o casal está planejando ter filho, a oportunidade
é essa.
Na fecundação, o encontro do espermatozoide com o ovócito ll ocorre na tuba
uterina. Depois da fecundação, o ovócito ll se transforma em óvulo, e, em seguida,
em uma célula-ovo, que se instalará no útero para completar o desenvolvimento
do embrião.
Durante a gravidez ocorre produção de hormônios, entre eles a gonadotrofina
coriônica (CG), cuja função é garantir a manutenção da gestação. A presença desse
hormônio na urina é indicação de gravidez. Com um teste de gravidez de farmácia
é possível saber se a mulher está ou não grávida.
Desde a puberdade até a menopausa, a cada mês, o útero se prepara para
acolher e desenvolver um novo ser. Quando não ocorre fecundação, a mucosa do
útero descama e é expulsa junto com o ovócito II, o que constitui a menstruação.
Ciclo menstrual: é o período que caracteriza a vida hormonal da mulher. Vai
do primeiro dia de uma menstruação ao primeiro dia da menstruação seguinte.

Alguns dados...
Duração do ciclo menstrual: de 25 a 31 dias.
O 1º dia da menstruação inicia o ciclo menstrual.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

A ovulação ocorre de 11 a 16 dias do início da menstruação.


Sobrevida do ovócito II na tuba uterina é de aproximadamente 24h,
já a capacidade dos espermatozoides para fecundar um ovócito II após a
inoculação nos genitais femininos, é em torno de 48 a 72 horas.

Genitais femininos: parte externa formada pelos pequenos e grandes lábios


vaginais e pelo clitóris, que, no conjunto, formam a vulva. Essa região é bastante
irrigada com vasos sanguíneos e extremamente sensível ao toque e ao prazer sexual.
Internamente é formado pelos ovários, tubas uterinas, útero e vagina.

Obs: a urina é eliminada pela uretra, um canal que liga a bexiga ao exterior. A vagina é o órgão da cópula (ato sexual), canal
260 do parto e por onde são eliminados os produtos da menstruação.

Book_EJA_v3.indb 260 22/05/2013 09:05:41


Tuba uterina
Ilustrações: Hamilton Silva

Ovário Útero
Tuba uterina

Colo ou
Útero cérvix
Reto
Vagina
Vagina
Vulva

Esquema do sistema reprodutor feminino. Cores-fantasia.

Genitais masculinos:
Os órgãos genitais masculinos são: pênis, escroto, testículo, epidídimo, prós-
tata, ducto deferente, ducto ejaculatório e vesícula seminal.

Hamilton Silva

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Bexiga
urinária
Reto

Próstata
Glândula
vesiculosa

Pênis Ânus

Ducto deferente
Epidídimo
Uretra Testículo

Bolsa escrotal
261
Esquema do sistema reprodutor masculino. Cores-fantasia.

Book_EJA_v3.indb 261 22/05/2013 09:05:42


Pesquisa em duplas
a) Quais são as principais DSTs e suas formas de prevenção?
b) Em relação a AIDS, pesquise:
• Por que não é considerada apenas uma DST?
• Qual a diferença entre um soropositivo e um paciente de AIDS?
• O que caracteriza a AIDS?
• Qual o agente causador da AIDS?
• Um soropositivo transmite o vírus?
• Quais as formas de transmissão e de proteção do HIV?
• Qual a ação do vírus HIV no nosso corpo?
• Qual a importância de se fazer o teste do HIV?

Apresentação da pesquisa para os colegas e professor, que abrirá o debate.

Em grupo

1. Explique o ciclo menstrual. É o período que caracteriza a vida hormonal da mulher. Vai do primeiro dia
de uma menstruação ao primeiro dia da menstruação seguinte. Nesse período, a mulher pode engravidar.
2. Se a mulher tem ciclo menstrual de 28 dias e quer engravidar, qual o melhor dia
para ter relação sexual? E se essa não for a proposta, o que poderá ser feito?
Para engravidar, o melhor dia para relação sexual ficaria entre o 11º e o 16º do início da menstruação. Se não quiser
engravidar, deve-se evitar relações sexuais nesses dias.
3. Transar apenas uma vez sem camisinha torna possível a gravidez? Por quê?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Sim. Se a mulher estiver ovulando, basta uma vez.


4. Por que quando não ocorre fecundação ocorre a menstruação?
Porque quando não ocorre fecundação, a mucosa do útero descama e é expulsa junto com o ovócito II; isso constitui
a menstruação.
5. O que está presente na urina que comprova a gravidez ao se fazer um teste de
farmácia? O hormônio gonadotrofina coriônica (CG).

Ser humano: muito além do biológico...


O nosso corpo não está isolado do ambiente onde vive. Ele é parte do am-
biente, interagindo com ele numa via de mão dupla, em que um transforma o outro.

Roda de conversa

262 O que significa a afirmação acima?

Book_EJA_v3.indb 262 22/05/2013 09:05:42


O corpo humano está longe de ser apenas um corpo biológico, muito menos
uma máquina que funciona sem sentimentos; pelo contrário, nossos sentimentos
influenciam o funcionamento desse corpo. Somos um corpo biológico que interage
com o ambiente, produzindo a cultura, e essas relações que se estabelecem ao
longo da vida vão desenhando no corpo a nossa história.
Assim, a maneira como essas relações se constituem, se nossas necessidades
biológicas, afetivas, sociais e culturais são atendidas plenamente ou não, ficam
marcadas no corpo. Com isso, queremos dizer que nosso corpo vai muito além
das questões biológicas e que as questões afetivas, sociais e culturais permeiam
toda nossa vida. Elas balizam o nosso cotidiano desde a nossa dieta alimentar até
a nossa forma de vestir.
Em grupos determinados pelo professor, vocês discutirão as seguintes questões:

1. Citar uma situação que vocês conhecem ou que já vivenciaram, onde o sentimen-
to influenciou a saúde do corpo. Por exemplo, a pessoa adoeceu depois de uma
decepção amorosa. Resposta pessoal.

2. Citar um exemplo em que o corpo mudou sob ação do ambiente. Por exemplo,
uma pessoa muito bem-humorada vai trabalhar num ambiente extremamente
hostil e acaba ficando doente. Resposta pessoal.
Depois, os alunos apresentarão o trabalho para o grande grupo.

Sexualidade
A sexualidade, vai muito além das questões biológicas ligadas à reprodução.
Ela está diretamente ligada à nossa história de vida, à nossa cultura, ao nosso grupo
social, aos nossos afetos e desafetos, aos nossos sentimentos, enfim, ela se expressa

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


de forma única em cada ser humano. Cada um de nós revela a sua sexualidade da
sua própria maneira, não existem fórmulas mágicas, padrões rígidos ou modelos a
serem seguidos.

Roda de conversa

Será que sexo e sexualidade têm o mesmo significado?

O sexo é a expressão da nossa biologia, e mostra características físicas de ma-


cho ou fêmea, homem ou mulher, que desempenham papel específico durante a
reprodução. Já a sexualidade, como vimos anteriormente, é uma construção cultural.
A sexualidade se expressa de diferentes maneiras em diversas culturas. Por
exemplo, aqui no Brasil, as mulheres em geral vão à praia com biquínis minúsculos; 263

Book_EJA_v3.indb 263 22/05/2013 09:05:42


nas culturas muçulmanas, elas vão com o corpo todo coberto; no Oriente Médio,
os homens andam de mãos dadas como sinal de amizade e respeito entre eles;
na Indonésia, casais não devem se beijar em público; nos países muçulmanos, ho-
mens e mulheres não se sentam lado a lado nos transportes públicos; apesar de os
homens poderem manter várias esposas nessa cultura, os namorados só devem se
tocar após o casamento. Além de as mulheres terem de cobrir boa parte do corpo
com uma espécie de véu – burca. Nessas situações, não cabe julgar se é certo ou
errado, são situações construídas historicamente pelo povo e que são expressões
da cultura, mas certamente podem e devem ser questionadas, discutidas e até
avaliadas.

Relações de gênero: uma questão cultural


No ser humano existe o ser homem e o ser mulher, e entre eles existe uma
diferença de sexo, atualmente chamada de diferença de gênero. A diferença de
sexo fica restrita às questões biológicas, já as de gênero são mais amplas e estão
ligadas às questões culturais, as quais dão o tom aos papéis sexuais e comporta-
mentais de homens e mulheres na sociedade.
Embora exista em cada sociedade um modelo ou uma referência do que é o
ser masculino ou ser feminino, os seres humanos, ao longo da história e permeados
pela cultura, vêm subvertendo esses paradigmas e expressando, na prática, uma
infinidade de maneiras de demonstrar o que são o ser masculino e o ser feminino.
Em grupo
Em grupos de quatro alunos, discutir e responder às seguintes questões:
a) Cite aspectos da sua herança cultural que estão ligados até hoje na sua vida.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

b) Qual o significado da seguinte frase: “...os seres humanos, ao longo de


sua história e permeados pela cultura, vêm subvertendo esses paradigmas e
expressando, na prática, uma infinidade de maneiras de demonstrar o que
são o ser masculino e o ser feminino”.
c) Sexo e sexualidade têm o mesmo significado?
d) Que influência a questão do gênero tem na questão salarial?
Depois, os grupos se apresentarão para o grande grupo, onde será aberto o
debate orientado pelo professor.

a) Pode ser, por exemplo, em relação aos meninos, dificuldade de soltar o corpo durante a dança; ou dificuldade de chorar em público
de tanto ouvir a expressão: “homem não chora”; ou dificuldade de usar roupa rosa, porque isso está ligado ao gênero feminino.
b) Essas diferentes maneiras de expressar o que são o ser masculino e o ser feminino está nas ruas, estampada nas
roupas, nos cabelos, nos acessórios, que derrubam definitivamente paradigmas ligados as questões de gênero.
264 c) O sexo é a expressão da nossa biologia, e mostra características físicas de macho ou fêmea, homem ou mulher, que
desempenham papel específico durante a reprodução. Já a sexualidade, como vimos anteriormente, é uma construção
cultural.
d) Durante a negociação salarial, a questão do gênero ainda tem muito peso, mesmo hoje séc. XXI. As mulheres ainda
estão em desvantagem de salário em relação aos homens, para realizar o mesmo trabalho.

Book_EJA_v3.indb 264 22/05/2013 09:05:43


© Sascha F./Fotolia.com

Identidade social:
Unidade
2 formasde
participação Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Nesta unidade, você vai aprender que a natureza é um todo dinâmico, sendo o
ser humano parte integrante e agente de transformações do mundo em que vive.
Vai compreender que os recursos naturais são limitados, e que os desgastes am-
bientais estão relacionados a fatores econômicos, sociais e políticos.
E também reconhecer a necessidade de um planejamento para um manejo dos
recursos naturais que atendam às necessidades presentes das pessoas, resguar-
dando-os para as futuras gerações. 265

Book_EJA_v3.indb 265 22/05/2013 09:05:44


Relação homem/natureza
Por um longo tempo na história da humanidade, a relação do homem com a
natureza era apenas para satisfazer as necessidades básicas das pessoas em termos
de água, alimentos, abrigo, energia. Essa relação ocorria sem grandes impactos.
Com o tempo, o ser humano percebeu que poderia usar esses elementos e
transformá-los, segundo seus valores sociais, culturais e econômicos.
Assim, o conhecimento sobre o ambiente é ampliado, surgem novas tecnolo-
gias, as ferramentas são aperfeiçoadas.
Neste contexto, a natureza vai se transformando pela ação do trabalho humano.

© Dhoxax/Fotolia.com
Paper Dream/Shutterstock

Representação da relação homem/natureza no início da


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Extensas áreas da superfície terrestre são transformadas


história da humanidade.
para o uso da agricultura.

Roda de conversa

Repare nos objetos que você está usando e nos que estão ao seu redor.
1. De que eles são feitos?
GoodMood Photo/Shutterstock

2. De onde nós extraímos a ma-


téria-prima para produzi-los?
Em grupo, escolham um produ-
to e discutam que matérias-primas
foram necessárias para sua produ-
ção e quantas formas de trabalho
foram precisas para ele chegar até
o nosso uso.
266

Book_EJA_v3.indb 266 22/05/2013 09:05:47


Professor, fale da importância do descarte correto do lixo, principalmente dos resíduos tóxicos, como: medicamentos,
tintas, eletrônicos, pilhas, baterias. Questione sobre o descarte desse tipo de resíduo em sua comunidade.

a) De onde vem a matéria-prima para confeccioná-los?


b) Desses objetos, relacione qual você considera imprescindível na sua vida e
qual não faz diferença para você.

Recursos naturais
A princípio, acreditava-se que os recursos naturais, como a água, o solo, os
minerais, as plantas e os animais eram infinitos. Havia também um pensamento de
que o Planeta poderia absorver e neutralizar toda e qualquer forma de poluição.
Nesta concepção de natureza, nossa sociedade criou uma infinidade de ne-
cessidades e, com elas, os bens de consumo. Passamos a ser extremamente consu-
mistas. E, quanto mais consumimos, mais matérias-primas são retiradas da natureza
para a fabricação de mercadorias e embalagens. E assim, todos os dias, vão para
o lixo montanhas de resíduos de papelão, isopor, vidro, plástico, alumínio e tantos
outros cujos destinos são os lixões, terrenos baldios, fundo de rios. Alguns desses
materiais podem deteriorar-se em pouco tempo, outros levam milhares de anos
Professor, reflita com os alunos que o acúmulo de lixo em terrenos baldios pode tornar-se
para se decompor. ambiente propício para ratos, criadouros de mosquitos, mau cheiro. O descarte nos rios
É preciso que todos conheçam os problemas provocados pelo excesso de lixo,
e assim, coletivamente, encontrem soluções viáveis no uso dos recursos naturais e
na preservação do Planeta. eprovocando
córregos pode causar enchentes, entupir bueiros, além de poluir as águas,
a morte dos seres vivos aquáticos.
Cada um de nós pode contribuir de alguma forma para diminuir o lixo: con-
sumindo menos, separando materiais que podem ser reutilizados ou reciclados,
cobrando das autoridades medidas para resolver os problemas, etc.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Costuma-se classificar os recursos naturais como renováveis e não renová-
veis. Os renováveis são aqueles que estão disponíveis na natureza em abundância,
como a luz do sol e o ar e outros que podem ser repostos, como os seres vivos.
Os recursos não renováveis são aqueles que não poderão mais ser repostos ou cuja
reposição na natureza pode demorar milhares de anos, como ocorre com o solo,
os minerais e o petróleo.
1. Com um colega e com a ajuda do professor, faça uma listagem de recursos
renováveis e não renováveis utilizados no seu dia a dia. Com recortes de re-
vistas e panfletos de propaganda, monte um painel que ilustre a sua listagem.
2. Explique por que quanto maior o consumo, maior é a produção de lixo
(resíduos).

SUGESTÃO DE SITES

www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/RIO+20-web.pdf
www.cnps.embrapa.br/mirim/mirim.html 267

Book_EJA_v3.indb 267 22/05/2013 09:05:47


Saber mais
GLOSSÁRIO

O solo foi formado pela ação do intemperismo sobre as Intemperismo: ação


rochas, ao longo de milhares de anos. Corresponde à cama- da água, de seres vi-
da mais superficial da crosta terrestre. É rico em vida. O solo vos, da temperatura,
é muito importante para nós seres humanos, pois é dele que do vento sobre as
rochas.
retiramos parte dos nossos alimentos.

Leitura

O Brasil produz 61 milhões de toneladas de lixo por ano


A produção de lixo no Bra-
sil não para de crescer. E cres-

Luciana Whitaker/Pulsar Imagens


ce em ritmo mais acelerado do
que a população urbana. É o que
mostra o Panorama dos Resíduos
Sólidos no Brasil – 2010, estudo
feito pela Associação Brasileira
de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Pelo levantamento, os brasi- Catadores no lixão da cidade de Brasília (DF), 2011.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

leiros geraram em 2010 cerca de


60,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), crescimento
de 6,8% sobre 2009. No mesmo período, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a população cresceu em torno de 1%.
O total de resíduos coletados também aumentou, em 2010, aproxima-
damente 7,7%. Segundo a Abrelpe, 54,2 toneladas foram recolhidas pelos
serviços de coleta domiciliar. Mesmo assim, esse número corresponde a
89% do lixo gerado. Ou seja, os outros 11% ficaram espalhados nas ruas,
em terrenos baldios ou foram jogados nos rios.
Além disso, do lixo coletado, quase 23 milhões de toneladas, ou 42,4%,
foram depositadas em locais inadequados: lixões ou aterros controlados —
onde o chorume, líquido originado pela decomposição, não é tratado e pode
contaminar os lençóis d’água.
Disponível em: <www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/09/brasil-produz-61-milhoes-de-toneladas-de-
-lixo-por-ano>. Acesso em: 12 abr. 2013.
268

Book_EJA_v3.indb 268 22/05/2013 09:05:48


Em grupo, leiam a noticia e troquem ideias sobre o assunto. Reflitam sobre
como cada um de vocês trata os resíduos domésticos – qual o destino dado a eles,
se existe coleta seletiva em sua comunidade, e o que poderia ser realizado em
termos de participação individual e coletiva que resultasse em melhorias para sua
comunidade em relação ao lixo produzido.
Após a troca de ideias com o grupo, organizem um debate com a turma toda.
Registrem os resultados no mural da sala. Professor, ajude o aluno a refletir que o lixo é um dos
maiores problemas ambientais da atualidade. É importante que eles percebam a relação do consumo e das facilidades
que a tecnologia nos proporciona com a produção do lixo. Fale sobre a quantidade de embalagens de diferentes
materiais (papel, isopor, metal, vidro, plástico) que são descartadas diariamente em domicílios, empresas e fábricas.
A ecologia entra na moda
Na década de 1960, surgem os questionamentos acerca das consequências
do modelo capitalista para a qualidade de vida no Planeta. Até então, havia a su-
posição de que o solo, a água e o ar tinham uma capacidade ilimitada de atenuar
ou absorver toda e qualquer poluição. Entretanto, por meio de estudos científicos,
comprovou-se que essa capacidade é limitada. A natureza funciona de forma in-
terconectada, qualquer alteração em uma de suas partes vai afetar o todo. Neste
contexto, a palavra “ecologia” começa a fazer parte do vocabulário das pessoas e
da mídia em geral.

Roda de conversa

O que você entende por ecologia?


Você concorda que a preservação da natureza depende da ecologia? Justifique.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Existe diferença entre ecologia e educação ambiental? Qual?

O que é mesmo ecologia?


O termo “ecologia” tem origem em dois vocábulos gregos: oikos, que significa
casa, lar e, por extensão, lugar onde se vive, ambiente; e logos, que significa estudo,
ciência. Portanto, ecologia é a ciência que se dedica ao estudo do ambiente. Mais
especificamente, estuda as relações entre os seres vivos e o lugar onde eles vivem
(hábitat) e as influências que uns tens sobre os outros.

Saber mais

A palavra “ecologia” foi introduzida em nosso vocabulário pelo alemão naturalista


Ernest Heinrich Haeckel, em 1866.

269

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Fazendo conexão com... Português
A palavra ecologia muitas vezes tem sido utilizada com sentido equivocado.
Por exemplo: “Indústrias causam danos à ecologia”.
“Prefeitura faz projeto para defender a ecologia”.
“A sobrevivência dos seres vivos depende da ecologia”.
Estabeleça relação com Língua Portuguesa e descubra qual é o verdadeiro
sentido dessas frases.
Peça ajuda ao seu professor de Língua Portuguesa.

Leitura
Várias conferências foram realizadas, desde a década de 1960, sobre a questão
ambiental. Com a participação de muitos países, políticos, empresários, economis-
tas, comunidade científica e cidadãos comuns, debate-se em acaloradas discussões
o problema ambiental. Embora nem todos concordem, a conclusão é de que pre-
cisamos mudar a nossa relação com a natureza.
Algumas metas já foram acordadas para atingir esse objetivo.
Veja um exemplo:
O protocolo de Kyoto é um instrumento jurídico internacional que estabelece
compromissos com os países desenvolvidos em reduzir suas emissões de gases
poluentes na atmosfera. Esse acordo foi discutido em 1997 na cidade de Kyoto, no
Japão, porém, só entrou em vigor em 2005. Alguns países considerados extrema-
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

mente poluidores, como os Estados Unidos, não aderiram ao protocolo.


Pesquise na internet quais os motivos alegados pelos países para não aderirem
ao tratado de Kyoto. Peça ajuda ao professor.
Apresente para sua turma o que encontrou e, em grupos, formem uma opinião
sobre o problema.

O que é mesmo educação ambiental?


É comum confundir ecologia
J. L. Bulcão/Pulsar Imagens

com educação ambiental. Enquanto


ecologia é uma ciência, com seus prin-
cípios e teorias, a educação ambien-
tal se caracteriza por envolver, além
desses princípios, as questões sociais,
econômicas, políticas e culturais.

270
Manguezal de Jericoacoara (CE), 2011.

Book_EJA_v3.indb 270 22/05/2013 09:05:50


Por exemplo: veja a notícia a seguir.

O Amapá deu início nesta semana ao período de defeso do caranguejo-


-uçá (Ucides cordatus), conhecido popularmente pelos pescadores como “an-
dada”. Durante seis semanas, distribuídas entre os meses de janeiro e março, os
crustáceos desta espécie não poderão ser capturados, já que estão em período
de reprodução.
O defeso tem como finalidade garantir a preservação do caranguejo-uçá
e o equilíbrio ecológico dos manguezais, considerados berçários de muitas
espécies marinhas. Além da captura, não é permitido realizar o transporte,
beneficiamento, industrialização e comércio de qualquer espécime que tenha
largura da carapaça maior que seis centímetros.
AMAPÁ inicia nesta semana período de proteção ao caranguejo-uçá. G1 Natureza, São Paulo, 13. jan. 2012. Disponível
em: <www.g1.globo.com/natureza/noticia/2012/01/amapa-inicia-nesta-semana-periodo-de-protecao-ao-caranguejo-
-uca.html>. Acesso em: 12 abr. 2013.

A notícia descreve um problema am-

Pancrot/W. Commons
biental relacionado ao desenvolvimento do
caranguejo. Aponte quais são as consequên-
cias, para o ambiente e para o ser humano,
no caso de essa medida não ser obedecida
Relate em que medida a situação vi-
venciada pelos catadores de caranguejo é
um problema ecológico e em que medida

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


é um problema de educação ambiental.
De acordo com o texto, conceitue
ecologia e educação ambiental, usando Caranguejo-uçá. Tamanho aproximado 8 a 10 cm.
suas palavras. Nome científico Ucides cordatus.

O desenvolvimento sustentável é possível?


A notícia do manejo do caranguejo-uçá prevê um desenvolvimento sustentável.

Roda de conversa

O que você entende por desenvolvimento sustentável?

O termo “desenvolvimento sustentável” tem sido usado globalmente por am-


bientalistas, políticos, empresários, cientistas, jornalistas, marqueteiros, estudantes,
donas de casa, etc. 271

Book_EJA_v3.indb 271 22/05/2013 09:05:51


Professor, converse com seus alunos sobre a importância da relação homem/natureza
de uma forma sustentável. Uma gestão sustentável prevê a redução das desigualdades
e a distribuição justa de renda, através de projetos autossustentáveis. Ressalte que nesta ótica
são necessárias iniciativas que envolvam também geração de trabalho e renda, uso de tecnologias
limpas e formação de consciência ambiental.

E o seu significado é: “um desenvolvimento que sirva às exigências do pre-


sente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas
próprias necessidades”.
O grande problema do desenvolvimento sustentável está em como colocá-lo
em prática, uma vez que não se trata somente da redução do impacto da atividade
econômica no ambiente, mas também das consequências dessa relação com a qua-
lidade de vida e com o bem-estar da sociedade, tanto da presente como da futura.
Você pode perceber isso na atividade anterior sobre o caranguejo-uçá. Quan-
tas famílias sobrevivem da captura e comércio desse animal? A prática do defeso
é uma estratégia para garantir um desenvolvimento sustentável, concorda? Porém,
durante esse período, como essas famílias irão sobreviver?
Sem dúvida, esse modelo de gestão da natureza requer políticas públicas e
privadas, no sentido de viabilizar estratégias que permitam uma qualidade de vida
para as famílias que desenvolvem atividades sazonais como, por exemplo, a coleta
de caranguejos. Um manejo sustentado deve prever outras atividades que fortale-
çam as capacidades produtivas das pessoas.
Cada vez mais as pessoas devem conscientizar-se da necessidade de proteger
o ambiente e buscar formas de estimular um desenvolvimento econômico e social,
sem prejudicar a natureza.
Em grupo
Baseado nisso, em grupo, e com a ajuda do professor, troquem ideias sobre as
seguintes questões.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

1. Ao comprar um objeto de madeira, você prefere o produto cuja matéria-prima


é resultado de grande área de desmatamento da floresta amazônica, ou aquele
que foi construído a partir da madeira de reflorestamento? Justifique.
Resposta esperada: a madeira de reflorestamento, porque provem de árvores plantadas para serem comercializadas.
2. Recentemente veiculou-se na mídia, em rede nacional, a notícia de um grande
frigorífico que costuma comprar o gado de fazendeiros que mantém em suas
fazendas pessoas trabalhando, entre elas menores de idade, em condições
degradantes, sem carteira assinada, água potável, alimentação adequada e
salário.
Vocês consideram que esse comércio está dentro das normas de sustentabilidade?
Justifique. Resposta esperada: não, porque o desenvolvimento sustentável também prevê o atendimento digno
às pessoas dentro das normas trabalhistas.

Professor, comente com os alunos que também existem critérios de sustentabilidade para a realização de plantio de
árvores de reflorestamento.Incentive os alunos pesquisarem mais sobre o tema.

272

Book_EJA_v3.indb 272 22/05/2013 09:05:51


Alan do Nascimento/Laeti Imagens
Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
Unidade
3 brasileira

Nesta unidade, você vai identificar as características singulares do planeta Terra


que permitem a vida tal qual conhecemos.
Vai compreender a importância da biodiversidade para o equilíbrio dinâmico do
nosso Planeta.
E reconhecer o ser humano como parte integrante da natureza, relacionar sua ação
às mudanças nas relações entre os seres vivos e à alteração dos recursos naturais
e ciclos biológicos. 273

Book_EJA_v3.indb 273 22/05/2013 09:05:53


Terra: um planeta único
Até o presente momento, com

© Stasys Eidiejus/Fotolia.com
toda a tecnologia de que dispomos
para investigar o Universo, não se sabe
da existência de outro planeta igual à
Terra: a presença de uma atmosfera
composta de diferentes gases, uma
temperatura ideal para a vida tal qual
a conhecemos, presença de água em
três estados físicos (líquido, sólido e ga-
soso), uma variedade imensa de seres
vivos, são alguns dos elementos que fa-
zem parte do nosso Planeta. Entretanto,
as características que permitem a vida
não estão em cada um deles por si só,
Fotografia do planeta Terra tirada da Estação Espacial Interna-
e sim em suas interconexões. cional, que está a cerca de 400 km distante do nosso planeta.
© FotoWorx/Fotolia.com
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Atmosfera terrestre. (Fonte: NASA).

Roda de conversa

Qual a relação da atmosfera terrestre com a vida na Terra?

A vida existente na Terra depende da atmosfera terrestre e a composição da


atmosfera depende da vida. A atmosfera é uma camada composta por diferentes
gases que envolvem a Terra – entre eles, nitrogênio, oxigênio e gás carbônico. Ao
mesmo tempo em que os seres vivos utilizam esses gases para manterem a vida,
eles os devolvem ao ambiente, constituindo os ciclos biogeoquímicos, que nada
mais são do que a movimentação dos elementos químicos entre o ambiente e os
274
seres vivos.

Book_EJA_v3.indb 274 22/05/2013 09:05:54


Professor, explique aos alunos que todos os nossos alimentos são
resultantes direta ou indiretamente do processo de fotossíntese. GLOSSÁRIO

Por exemplo: a movimentação do gás carbônico e do CO2: molécula do dió-


gás oxigênio ocorre pelos fenômenos de fotossíntese e de xido de carbono. For-
mada pelo carbono e
respiração que acontecem nos seres vivos. por dois átomos de
A fotossíntese é um processo para a produção de alimen- oxigênio.
tos realizado por todos os seres vivos que possuem clorofila, O2: molécula do oxi-
gênio fomada por dois
um pigmento de cor verde. Com a absorção da energia lumino- átomos de oxigênio.
sa e o do dióxido de carbono (CO2) existente no ar atmosférico, Molécula: a menor
a planta transforma em alimento (glicose) os sais minerais retira- porção de um corpo
que pode existir em
dos do solo por meio de suas raízes. Neste processo, forma-se estado livre sem per-
o oxigênio (O2), que é eliminado para o ambiente. der as propriedades da
substância orginária.
A fotossíntese é de extrema importância para a reno-
vação do oxigênio atmosférico. As algas, principalmente as
unicelulares, são as grandes produtoras de oxigênio.
O processo de respiração é o fenômeno pelo qual a maioria dos seres vivos
retira a energia do alimento ingerido. Ocorre com a absorção de oxigênio que, em
contato com o alimento, sofre reações químicas e, como resultado, produz energia
e gás carbônico, o qual é eliminado para o ambiente.
Professor, ressalte que essa reação química ocorre em cada uma das células do corpo. Ver manual.

Observe no esquema o processo de fotossíntese e o processo de respiração.


Professor, analise com o aluno
o esquema. Explique que
seiva bruta corresponde aos
sais minerais (substâncias

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


inorgânicas) retirados do
solo pelas raízes do vegetal
e que será transformada
pela fotossíntese em seiva
elaborada (substância
orgânica), que corresponde ao
alimento, de onde será retirada,
por meio da respiração,
a energia necessária à
manutenção da vida. Enfatize
que a fotossíntese é realizada
mes

em presença de energia
Cide Go

luminosa, e a respiração é
realizada pelas plantas e
pela maioria dos animais
continuamente.

GLOSSÁRIO

Algas unicelulares:
organismos constituí-
dos por uma só célu-
la. A maioria vive na
água ou em lugares
úmidos; possuem clo-
rofila e são classifica-
dos como protistas. 275
Esquema da fotossíntese e a respiração, sem escala e cor fantasia.

Book_EJA_v3.indb 275 22/05/2013 09:05:55


Professor, esse é um pensamento de senso comum que precisa ser desmistificado. Em
geral, esse fato é associado à ideia equivocada de que as plantas fazem fotossíntese de
dia e respiram à noite. Realmente, as plantas diminuem a fotossíntese na ausência de
luz, diferente da respiração que é contínua, dia e noite. Porém, a quantidade de oxigênio
consumido pelas plantas é bem menor que o consumido por uma pessoa. Portanto não
representa perigo nenhum dormir com plantas no quarto. Algumas plantas, entretanto,
Com seu professor e colegas discutam a seguinte questão:
É verdade que dormir com plantas dentro do quarto é prejudicial à saúde da pessoa?
possuem mecanismo de proteção contra insetos e eliminam para o ambiente um tipo de substância
Saber mais que, nas pessoas, pode provocar sensação de falta de ar.

A atmosfera é um “escudo” que protege a superfície terrestre de objetos sólidos


que vêm do espaço, em geral, meteoritos. Ao se chocarem com a atmosfera, esses
objetos explodem e se desintegram em muitos fragmentos.

Leia a notícia a seguir


Meteoro explode com a força de 20 bombas atômicas no céu da Rússia
[...] Especialistas estimam com

Nadezhda Luchinina, E1.ru / AP Photo/Glow Images


base nas imagens feitas do evento
que o meteoro tinha 15 metros de
diâmetro e 7 mil toneladas de mas-
sa ao entrar na atmosfera terrestre,
com uma velocidade de 18 quilô-
metros por segundo. Ao entrar na
atmosfera, o atrito e o calor gerados
pela resistência do ar fizeram o me-
teoro se desintegrar gradualmente,
fazendo-o brilhar e deixando o ras-
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

tro de “fumaça” que aparece nas


fotos e vídeos do evento.
[...] A atmosfera, felizmente, Meteoro no céu da vila de Bolshoe Sidelnikovo (Rússia), 2013.
teria servido como um escudo, ab-
sorvendo a maior parte desta energia, segundo a pesquisadora Amy Mainzer, do
Laboratório de Propulsão à Jato da Nasa. A explosão ocorreu entre 30 e 50 km de
altitude, segundo a Academia de Ciências da Rússia. [...]
Disponível em: <http://www.cmpa.tche.br/index.php/noticias/39514-se-o-assunto-e-asteroides-o-cmpa-esta-de-olho-no-
-ceu>. Acesso em: 20 mar. 2013. Professor, explique aos alunos a diferença
entre meteoro e meteorito. Meteorito: objeto
sólido que atravessa o espaço interplanetário
e atinge a superfície da Terra.
GLOSSÁRIO

Meteoro: fenômeno que ocorre quando um corpo entra na atmosfera terrestre e deixa um rastro lumi-
noso provocado pelo atrito – são as chamadas estrelas cadentes.
Nasa: em inglês – National Aeronautics and Space Administration. É uma agência do governo dos
Estados Unidos da América, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e programas
de exploração espacial.
276

Book_EJA_v3.indb 276 22/05/2013 09:05:56


A temperatura terrestre
O fenômeno chamado efeito estufa mantém a temperatura da Terra acima da
que seria sem a presença da atmosfera, proporcionando a existência da vida tal qual
a conhecemos. Sem o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria de -18˚C,
ao invés dos 15˚C que temos hoje, aproximadamente (segundo o INPE – Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais).
Para você entender esse fenômeno, vamos fazer uma analogia com um carro
no sol com as janelas fechadas. Os raios de sol passam pelos vidros das janelas,
e, no interior do veículo, se transformam em calor. Esse calor tem dificuldade de
atravessar os vidros, tornando o ambiente interno do carro aquecido. Com a Terra,
ocorre forma semelhante: do total de radiação solar que atinge nosso planeta, 30%
retorna para o espaço e 70% atinge a superfície terrestre, se transformando em ca-
lor. Esse calor tem dificuldade de retornar ao espaço devido à existência dos gases,
vapor-d’água e gás carbônico, que absorvem o calor, tornando o ar aquecido. Sem
esse fenômeno, morreríamos todos congelados.
Professor, se achar adequado, explique aos alunos que a atmosfera deixa passar radiação ultravioleta, que é convertida
na superfície terrestre em infravermelho e devolvida para o espaço na forma de calor.
Veja isso no quadro que representa o esquema do efeito estufa natural favo-
rável à vida na Terra.

Cide Gomes

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Esquema efeito estufa sem escala e cor fantasia.

Mas, então, qual é o problema do efeito estufa, tão


divulgado pela mídia?
O sistema Terra/atmosfera mantém um equilíbrio, isto é, toda energia que entra
deve sair. Porém, se aumentar a concentração do gás carbônico, mais calor será 277
retido, consequentemente, aumentando a temperatura.

Book_EJA_v3.indb 277 22/05/2013 09:05:57


Estudos indicam que realmente, nos últimos anos, a Terra teve sua tempera-
tura média aumentada em cerca de 0,5˚C. O resultado disso tem sido percebido
principalmente no clima (mudanças climáticas).
Como a Terra é um sistema em que tudo está interligado, inclusive as for-
mas de organização das sociedades, os efeitos dessas mudanças climáticas já
estão sendo percebidos nos regimes das chuvas, no derretimento das calotas
polares, na distribuição dos seres vivos Terra.
A causa desse aumento ainda
© Sergiy Serdyuk/Fotolia.com

é polêmica. Alguns cientistas atri-


buem o aumento do efeito estufa às
grandes quantidades de monóxido
de carbono (gás tóxico) produzidas,
principalmente, pelas queimas dos
combustíveis fósseis (carvão, gaso-
lina, óleo diesel, querosene) e lan-
çadas na atmosfera.
Os veículos movidos a deriva-
dos de petróleo se destacam nas
cidades como as principais fontes
Poluição urbana. poluidoras da atmosfera.
Outros dizem que não dá para atribuir apenas ao efeito estufa a mudança
da temperatura terrestre. São muitos os fatores (astrofísicos, geológicos, bioló-
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

gicos, oceânicos) que interferem na temperatura de cada região do Planeta e,


consequentemente, na sua temperatura média.
Além disso, o Planeta dispõe de um sistema de equilíbrio dinâmico em
permanente transformação. Ao longo da história da Terra, a temperatura não
foi sempre a mesma. Temperaturas mais elevadas e mais baixas são comprova-
das por estudos que mostram períodos em que GLOSSÁRIO
grande parte da superfície terrestre era constitu-
ída de gelo, e períodos que mostram o degelo. Tóxico: o que pode ser danoso, no-
civo, perigoso.
Mas uma coisa é certa: em muito pouco
tempo a Terra sofreu profundas mudanças com as atividades humanas, princi-
palmente com os desmatamentos, a extinção de espécies de seres vivos, a po-
luição do ar, da água e do solo, na demanda de água doce. Sabemos o quanto
isso pode afetar a vida na Terra incluindo o ser humano. Isso nos leva a pensar
sobre a necessidade de cuidar do nosso planeta. Afinal, é o único que temos.

278

Book_EJA_v3.indb 278 22/05/2013 09:05:58


GLOSSÁRIO

Rinite: irritação ou inflamação crô-


nica ou aguda da mucosa nasal.
Saber mais

Quando há no ar atmosférico substâncias diferentes das que compõem o ar, po-


demos dizer que o ar está poluído.
A poluição do ar pode trazer problemas para a saúde das pessoas, aumentando o
número de pessoas com doenças respiratórias, como, por exemplo: alergias, rinites, etc.

Imagine que o prefeito da sua comunidade resolveu contratar a turma de vocês


a fim de encontrar opções para minimizar o problema da poluição de sua cidade
causada pelos carros.
Que opções vocês ofereceriam ao prefeito? Debatam o tema e apontem al-
gumas soluções.

Experimento para realizar em grupo


Professor, em um primeiro momento, deixe os alunos pensarem
Material livremente e usarem a imaginação, esse é o objetivo da atividade.
Eles poderão sugerir o uso de bicicletas, andar a pé, rodizio de veículos,
Uma caixa de sapatos. programar caronas e outros.
Dois copos com água.
Filme plástico.
Papel-alumínio.

Procedimento

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Forre o interior da caixa com o papel-alumínio, coloque um dos copos com
água dentro dela e tampe-a com o filme plástico. Depois, coloque a caixa e o se-
gundo copo com água na direção de uma luz forte, que pode ser a luz do Sol ou
de uma lâmpada.
Espere uns 30 minutos e abra a caixa. Veja qual copo-d’água está mais quente.
Se você tiver um termômetro, pode utilizá-lo para conferir, mas também é possível
sentir com os dedos!
Com a ajuda do professor, troquem ideias sobre o resultado do experimento
e respondam no caderno às perguntas: Professor, levante com os alunos algumas hipóteses sobre
qual água vai esquentar mais e por quê.

1. Qual a água que esquentou mais, a do copo que estava dentro da caixa ou a do
copo que estava fora? Como você explica esse fenômeno?
A água do copo da caixa esquentou mais. O ar do interior da caixa foi aquecido pela luz que passou pelo filme plástico

e não conseguiu sair, ficou preso lá dentro, aquecendo o ar que, por sua vez, esquentou a água.

279

Book_EJA_v3.indb 279 22/05/2013 09:05:58


2. Qual a relação desse experimento com o efeito estufa natural que ocorre em
nosso Planeta?
O efeito estufa que acontece em nosso Planeta é semelhante: a luz do sol atravessa a atmosfera (no experimento,

corresponde ao filme plástico) e aquece a superfície do Planeta (o interior da caixa), mas o calor não consegue sair

para o espaço porque os gases de efeito estufa (filme plástico) que envolvem a Terra não deixam.

3. No experimento, qual material seria relativo à atmosfera da Terra?


O filme plástico.

Água
A maior parte da superfície terrestre é coberta por água. Podemos encontrá-la
em três estados – líquido, sólido e gasoso.

Victor Polyakov/Shutterstock
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Roda de conversa

Qual é a importância da água na Terra?


Em quais atividades do dia a dia as pessoas utilizam a água?
Em quais lugares da Terra existe água?
280

Book_EJA_v3.indb 280 22/05/2013 09:05:59


Não há quem não conheça a água e também não há quem não precise dela.
Praticamente todas as nossas atividades envolvem o uso da água, e sem ela não
existiria a vida tal qual a conhecemos. A maioria dos seres vivos tem em sua cons-
tituição física a água. Professor, complemente o assunto mostrando ao aluno um esquema do ciclo da água. Fale
sobre as mudanças de estados físicos da água, relacionando com a temperatura ambiental.
A água constitui 75% do corpo humano.
Essa substância circula pelo nos- 100%

Cide Gomes
so Planeta, fazendo parte dos rios,
lagos, mares, lençóis subterrâneos,
atmosfera e seres vivos, constituindo
o ciclo da água.
Não paramos para pensar na
importância de termos uma grande
quantidade de água sobre a Terra,
nem na possibilidade de um dia não 75%
dispormos de água potável para be-
ber.
A maior parte da água existente
na Terra é salgada, a qual não é própria
para o nosso consumo.
A água que usamos é doce. Mas
nem toda a água doce do Planeta está
disponível. Parte dela corresponde à

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


das calotas polares, muito difícil de
ser usada. O que sobra para o nos-
so uso é a água dos rios, lagos e das
profundezas do solo. Em comparação
com toda a água existente no Planeta
isso é pouco. Por isso a necessidade
de que não seja inutilizada ou des-
perdiçada. Esquema ilustrativo da porcentagem de água
no corpo humano.
Professor, explique aos alunos
que um grave problema para a
qualidade da água é a descarga,
sem nenhum tratamento,
de esgoto domiciliar em rios
GLOSSÁRIO e represas que abastecem
nossas cidades e irrigam as
Água potável: água própria para o consumo, que não contém elementos plantações. Pergunte a eles
de onde vem a água que eles
tóxicos, nem micro-organismos causadores de doenças. utilizam e se na localidade em
Água doce: expressão usada em oposto a água do mar, que tem grande que vivem existe estação de
tratamento de água. Troque
quantidade de sais e gosto salgado. ideias sobre o custo desse
tratamento e relacione com
o desperdício doméstico de 281
água.

Book_EJA_v3.indb 281 22/05/2013 09:06:00


Fazendo conexão com... Matemática
Algumas pessoas consideram que o planeta Terra poderia ser chamado de planeta
Água. Isso porque 2/3 da superfície terrestre é coberto por água. O volume total de água
na Terra não aumenta nem diminui, é sempre o mesmo. Dessa quantidade, a maior parte
é de água salgada.
Com a ajuda do seu professor de Matemática, desenhe no seu caderno um círculo e
represente nele, em proporção, a água existente na Terra.
De toda a água existente no Planeta, 97% correspondem à água salgada, e o restante,
3%, à água doce.
Supondo que toda a água da Terra coubesse em 100 baldes, quantos baldes seriam de
água salgada e quantos seriam de água doce? Represente isso pintando os quadros na
tabela abaixo, conforme a legenda.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Verde = água salgada Azul = água doce

Consigam alguns panfletos de propaganda ou revistas velhas que possam ser


recortados.
Em grupos de quatro alunos, elaborem um cartaz com imagens dessas revistas
que representem a importância da água na sua vida. Exponha o trabalho em sala
de aula. Todos os grupos deverão analisar os cartazes e coletivamente, com a ajuda
282
do professor, elaborarem uma frase que conclua o pensamento da turma sobre a
importância da água na vida deles.

Book_EJA_v3.indb 282 22/05/2013 09:06:00


Leitura

Água Doce
Água e o consumo consciente
[...]
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,1 bilhão de habi-
tantes não têm acesso à água tratada e cerca de 1,6 milhão de pessoas morrem
no mundo todos os anos em razão de problemas de saúde decorrentes da falta
desse recurso. A escassez do recurso também coloca em risco a produção de
alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO), 70% da água de superfície e subterrânea é usada na agri-
cultura. Em 2003, a ONU declarou o Ano Internacional da Água Potável para
conscientizar a população sobre sua importância e a necessidade de utilizá-la
de forma adequada.
[...]
Disponível em: <www.brasil.gov.br/sobre/ciencia-e-tecnologia/inovacao/Cases/agua-doce/agua-e-consumo-cons-
ciente>. Acesso em: 12 abr. 2013.

Debata com seus colegas o que é usar a água de forma adequada.


Aponte alguns hábitos cotidianos que devem ser modificados no uso diário da
água e indique algumas ações que poderiam ser usadas no sentido de conscientizar
as pessoas sobre os cuidados com a água.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Biodiversidade
A maior riqueza em termos de natureza é a biodiversidade. Essa ideia tem sido
amplamente divulgada nos meios de comunicação em geral.

Roda de conversa

Por que podemos afirmar que


• preservar a biodiversidade é condição básica para manter o ambiente sadio no Planeta?
• a biodiversidade é fundamental para a vida do ser humano?
Afinal, o que é biodiversidade?

Você consegue imaginar a infinidade de seres vivos vivendo em uma floresta,


no ambiente aquático, ou no tronco de uma árvore?
283

Book_EJA_v3.indb 283 22/05/2013 09:06:00


Observe as imagens a seguir.
Tischenko Irina/Shutterstock

© tomek1977/Fotolia.com

© Jan Quist/Fotolia.com
Ambiente aquático. Vista área de floresta. Tronco de árvore.

Em cada um desses ambientes existem milhares de seres vivos com estruturas


e tamanhos variados, vivendo de diferentes maneiras, mas, todos, de certa forma,
interconectados pelos elementos químicos e físicos disponíveis no local, como a
água, o ar, o solo, a energia luminosa, a temperatura, o relevo, constituindo o que
denominamos de ecossistema. Professor,
do outro.
mencione que estar interconectado significa que um depende

O planeta Terra, com todos os seus ecossistemas, os rios, os campos, os de-


sertos, os mangues, as montanhas, enfim, em todos os lugares onde é possível a
existência da vida, constitui a biosfera (esfera de vida).
Nos ecossistemas, matéria e energia circulam em permanente transformação.
Esse fenômeno ocorre por meio das cadeias e teias alimentares.
As cadeias alimentares compõem-se de seres produtores, aqueles que reali-
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

zam a fotossíntese, seres consumidores e seres decompositores.


Os seres consumidores, também chamados heterótrofos, são aqueles que
não possuem clorofila, portanto, não podem produzir o seu próprio alimento, por
exemplo, os animais. Eles dependem dos vegetais para se alimentar – animais her-
bívoros – ou de animais que comeram vegetais – animais carnívoros. Há também
aqueles como nós, cuja dieta pode ser à base de plantas e de outros animais – são
os chamados animais onívoros.
Ainda falta abordar os seres decompositores, importantíssimos nas teias e ca-
deias alimentares. São eles que atuam, decompondo a matéria orgânica, tornando-
-a disponível para ser assimilada pelos produtores e, assim, perpetuar as trocas de
matéria e energia no ambiente.
Na biosfera há uma infinidade de cadeias alimentares que se entrelaçam,
formando as teias alimentares. O equilíbrio e a saúde de um ambiente dependem
destas inter-relações. Se um nível de uma cadeia alimentar se rompe, o equilíbrio
do ambiente poderá estar comprometido.
284 O equilíbrio do ecossistema está profundamente ligado à realização de todas
estas etapas. Caso alguma destas espécies venha a ser extinta, as outras não resis-

Book_EJA_v3.indb 284 22/05/2013 09:06:02


tirão, uma vez que todas possuem uma relação de interdependência, ou seja, uma
depende da outra para sobreviver.
Com seu professor, analise a seguir o esquema de uma cadeia alimentar:

Adriano Loyola

A energia do Sol é captada e transformada pelos produtores. Num fluxo unidirecional, essa energia é transferida aos
consumidores até chegar aos decompositores. Nessa transferência, há sempre uma perda de energia em cada um dos
níveis tróficos, ou seja, de um ser vivo para outro ser vivo.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


1. Indique, na teia alimentar, o produtor, os consumidores e os decompositores:

Adriano Loyola
consumidor

consumidor

consumidor

consumidor consumidor

produtor

consumidor
consumidor
Od decompositores (fungos e bactérias) atuam decompondo a matéria orgânica.
Esquema de uma teia alimentar, sem escala e cor fantasia.
285

EJA_V3_18.indd 285 28/10/2013 16:51:36


2. Dialogue com seus colegas e justifique a veracidade da frase a seguir:
De uma forma direta ou indireta, a fotossíntese supre todas as nossas necessi-
dades alimentares. Professor, espera-se que o aluno associe a produção de alimentos direta – alimentando-se
de vegetais, e indireta – alimentando-se de seres que se alimentaram de vegetais.

Mas, afinal, o que é biodiversidade?


Biodiversidade corresponde à variedade de seres vivos (animais, vegetais e
micro-organismos), bem como aos diferentes ecossistemas terrestres e aquáticos
que compõem a biosfera. Está incluída também ao termo a variabilidade genética
existente nos seres vivos, evidenciada pela reprodução sexuada. A fusão dos ga-
metas (células reprodutoras) que possibilita infinitas combinações entre os genes,
resultando indivíduos geneticamente diferentes
Nós, seres humanos, também somos parte dessa imensa teia da vida que é
a biodiversidade. Existe um equilíbrio entre os seres vivos e a parte não viva dos
ecossistemas, porém, isso pode ser facilmente rompido diante da nossa ação sobre
a natureza. Por exemplo, a nossa sobrevivência, assim como a dos outros animais,
é garantida graças à ação sobre a natureza. Mas essas relações se diferenciam:
enquanto os outros animais retiram do ambiente apenas o suficiente para sua so-
brevivência e a de sua prole, nós vamos muito além, produzimos e
GLOSSÁRIO
retiramos da natureza muito mais do que necessitamos e o excesso
Gametas – é vendido de acordo com as leis do mercado.
células repro-
dutoras. Em nosso planeta existem milhares de espécies de seres vivos
que habitam os mais diferentes ambientes.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Atualmente os seres vivos conhecidos são classificados, de acordo com alguns


critérios, em cinco reinos: monera, protista, fungi, animal e vegetal.
Desses grupos estamos mais familiarizados com os animais e vegetais, e talvez
os fungis. Mas, todos eles fazem parte do nosso cotidiano.
Por exemplo, quando lavamos as mãos para eliminar micro-organismos como
as bactérias, ou quando comemos um iogurte feito a partir, lactobacilos, em am-
bos os casos os seres vivos citados fazem parte do reino monera. Neste reino os
indivíduos são todos unicelulares, (formados por uma só célula).
Você já ouviu falar em Doença de Chagas? É uma doença causada por um
protista, (protozoário), que é transmitido às pessoas pelo inseto conhecido vulgar-
mente como barbeiro. Neste reino também estão incluídas as algas, indivíduos que
assim como as plantas realizam a fotossíntese.
E os fungis (fungos) muitos deles certamente você os conhece: são os mofos,
bolores, cogumelos. Há fungos unicelulares e pluricelulares.
A classificação em reinos ajuda a estudar melhor os seres vivos e compreendê-
286
-los em suas inter-relações e diversidades.
Professor, explique aos alunos que em geral as pessoas denominam o gameta feminino equivocadamente de óvulo.
Gameta masculino – é o espermatozoide;
Gameta feminino – é o ovócito secundário (ovócito II).

Book_EJA_v3.indb 286 22/05/2013 09:06:04


W. Commons

DA VINCI, Leonardo. Estudo para


um barco. c. 1485-1487.

Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira


Relações sociais,
Unidade
4 culturais e de
produção

Nesta unidade, você vai


• compreender como a ciência explica a origem do ser humano.
• identificar relações entre o conhecimento científico, produção de tecnologia
e condições de vida no mundo de hoje e em sua evolução histórica.
• compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas. 287

EJA_V3_18.indd 287 29/07/2013 11:58:40


Professor, explore o que os alunos pensam por meio dos questionamentos. É
importante que eles levantem hipóteses, discutam e coloquem outras questões.
Situe o aluno no contexto da sociedade atual e reflita sobre o conhecimento

Construindo conhecimentos e a tecnologia utilizadas nas mais


diferentes áreas. Ressalte que, desde
o mais simples instrumento, como um
Observe com atenção a cabine de comando da nave espacial Discovery.
garfo, por exemplo, à uma nave espacial, tudo é produto da construção humana.
Paul E. Alers/W. Commons

JSC/NASA
Dr. John Holdren, diretor do Escritório de Política
Científica e Tecnológica da Casa Branca, senta-se na
cadeira do comandante a bordo do ônibus espacial
Discovery no Centro de Processamento de Orbiter,
no Kennedy Space da NASA center. Cabo Canaveral, Estação Espacial Internacional vista do ônibus
Flórida (EUA), 2011. espacial Discovery, 2011.

Não precisa ser astronauta para admirar esta maravilha, concorda?


A quantidade de botões é impressionante! Já imaginou lidar com todos eles?
A Discovery é uma nave espacial que já não está mais em uso. Ela foi lançada
ao espaço pela primeira vez em 1984. O último lançamento aconteceu no dia 24 de
março de 2011. Neste último voo, seis astronautas estavam a bordo com a missão de
levar equipamentos para a Estação Orbital Internacional, que está a 350 km da Terra.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

A Estação Orbital Espacial Internacional é um grande laboratório espacial onde


são realizadas muitas experiências científicas.
Pense, quanto conhecimento foi necessário para realizar todo esse empreendi-
mento? Professor, para que os alunos tenham uma noção mais concreta da posição da Estação Espacial em relação à
Terra, é interessante estabelecer algumas relações de distâncias que eles conheçam. Por exemplo: distância Rio
de Janeiro-São Paulo = 358 km .
Roda de conversa

O que faz o ser humano inventar coisas?


Como o ser humano chegou a esse nível de conhecimento?

Nossa origem
Estudos científicos revelam que o ser humano surgiu na África, há cerca de
150 mil anos. Não se sabe exatamente como isso aconteceu, mas há evidências de
que a nossa espécie, cientificamente denominada Homo sapiens, originou-se de
288 primatas, que, ao longo de muitas gerações, foram se modificando até apresentar
as características que temos hoje.

Book_EJA_v3.indb 288 22/05/2013 09:06:07


Professor, explique aos alunos que os estudos científicos indicam que os primeiros seres vivos eram seres muito simples,
semelhantes às bactérias atuais. Ressalte que esses conhecimentos são baseados em estudos dos fósseis, das rochas,
da constituição da Terra. Enfatize que há muitas dúvidas sobre o assunto, não havendo certezas absolutas, e mencione
que isso faz parte do conhecimento científico.

Esquema científico da evolução dos primatas a partir de um ancestral comum.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Fonte: <www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/evolucao-dos-seres-vivos/evolucao-humana-2.php>.
Acesso em: 12 abr. 2013.

Isso não significa dizer que o ser humano tenha se originado dos macacos.
O que a ciência defende é que tanto o ser humano quanto os macacos (gorilas,
chimpanzés e orangotangos) se originaram de um mesmo ancestral, sendo que cada
uma dessas espécies se desenvolveu de forma diferente.
Professor, enfatize que no processo de evolução o ser humano não evoluiu do macaco, mas que evoluíram de um
ancestral comum.
Numa dessas espécies, surgiram características que foram significativas para a
evolução do Homo sapiens: um volume cerebral maior e a bipedia, ou seja, andar
em pé.
Assim, acredita-se que em um processo lento e contínuo, há cerca de 150 mil
anos, surgiu, na África, o Homo sapiens.
Professor, fale aos alunos que esta espécie surgiu na África e se destacava por ter um comportamento social bem
desenvolvido e pela capacidade de invenção, criação de objetos e pela simbologia por meio da arte.

Você pode achar que isso é muito tempo, mas se comparar com o apareci-
mento dos primeiros seres vivos sobre a Terra, 3,5 bilhões de anos, vai perceber 289
que a nossa existência é relativamente recente.

Book_EJA_v3.indb 289 22/05/2013 09:06:08


Professor, explique aos alunos que para facilitar o estudo dos seres vivos, os
biólogos costumam organizá-los em grupos de acordo com suas semelhanças
e diferenças. Assim, a palavra Homo refere-se ao gênero que corresponde a
Saber mais uma categoria do sistema de classificação, e a palavra sapiens corresponde a
uma das muitas espécies desse gênero.

O gênero Homo contém diversas espécies: Homo antecessor, Homo rhodesiensis,


Homo rudolfensis, Homo habilis, Homo ergaster, Homo erectus, Homo heidelbergensis,
Homo neanderthalensis, Homo sapiens. Com exceção da espécie Homo sapiens, to-
das as outras foram extintas.
O representante fóssil mais antigo (35 mil anos) da espécie Homo sapiens é o
homem de Cro-Magnon, cujos esqueletos foram encontrados em 1868, na França, na
região de Cro-Magnon.
Professor, esclareça aos alunos que as explicações científicas são fundamentadas em evidências, sempre colocadas
à prova, constituindo verdades provisórias, nunca fechadas. Os conhecimentos fundamentados na religião e nos mitos
dependem unicamente da fé e da crença da pessoa e não são contestados. Entretanto, um não invalida o outro. São
Com seus colegas, debata o tema a seguir: apenas maneiras diferentes de interpretar o
mundo a nossa volta.
Além do conhecimento científico, há outras maneiras de explicar a origem
de ser humano, que é por meio da religião ou dos mitos. Qual a diferença entre o
conhecimento científico e religioso? Troquem ideias sobre o assunto, respeitando
as opiniões dos colegas. Registre no caderno o que foi discutido.

Ser humano: um ser que produz


Estudos de Antropologia in-

Johann Brandstetter/AKG Images/Newscom/Glow Images


dicam que no começo da nossa
história, muito pouco sabíamos do
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

mundo à nossa volta. Vivíamos e


dependíamos da natureza como os
outros animais. A alimentação era
à base de raízes e frutos coletados
do ambiente, e também da caça
e da pesca. Por causa disso, esses
agrupamentos humanos eram nô-
mades, isto é, viviam se deslocan- Representação do ser humano nos primórdios da história.
do de espaço em busca do alimento.
O potencial biológico característico da espécie humana, na sua relação com
o ambiente, foram elementos que contribuíram para desenvolver uma inteligência
que os diferenciou dos demais animais – enquanto os animais agem por instinto
ou por experiência limitada, apenas para atender suas necessidades imediatas ou
de seus filhotes, o homem aprendeu a projetar um objetivo e definir qual a melhor
290
forma de alcançá-lo.

Book_EJA_v3.indb 290 22/05/2013 09:06:09


Professor, explique que todos os seres vivos, de uma forma ou de outra, interagem com o ambiente
modificando-o. No caso do ser humano, a interferência é diferenciada por ser intencional e planejada, o que
costumamos chamar de “trabalho”.
Entender como a natureza funciona foi fun-
Yio/Fotolia.com

damental para o desenvolvimento do ser huma-


no. Mas isso não foi fácil: ataques de predadores,
a falta de alimentos, a falta de abrigos, o frio, o
calor, etc. Além disso, deviam sentir muito medo
dos fenômenos naturais, como os raios, os trovões,
as tempestades, as erupções vulcânicas, etc., jus-
tamente por não entender esses fenômenos.
Ao observar e relacionar o comportamento
dos outros animais, o germinar das sementes e o
desenvolvimento das plantas, o voo das aves, a
constituição das rochas, da madeira, a ocorrência
de chuva, do vento, o aparecimento e desapareci-
O ninho do joão-de-barro é construído sempre mento do Sol e outros fenômenos, o ser humano
da mesma maneira em todas as gerações do
pássaro. É uma ação instintiva determinada começou a compreender o funcionamento da
biologicamente. natureza, possibilitando agir sobre ela.

akg-images/Newscom/Glow Images
Assim, há cerca de 10 mil anos,
o Homo sapiens fez o que se con-
sidera a primeira grande revolução
humana – o desenvolvimento da
agricultura e a domesticação de
animais. Foi na interação com a na-
tureza que o ser humano construiu

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


sua própria existência. Nenhum ou-
tro ser vivo fez tantas mudanças na
natureza como o ser humano. Representação dos primeiros agrupamentos humanos.
GLOSSÁRIO

Homo sapiens: nome científico do ser humano. Significa “homem sábio”.

Saber mais

Nomenclatura científica
O nome científico é uma denominação padronizada, de maneira que possa ser
entendido em qualquer língua.
E sempre binominal (duas palavras) e escrita em latim ou latinizado.
A primeira palavra escrita com inicial maiúscula e a segunda com inicial minúscula. As
291
duas em itálico ou grifado. Exemplo: Canis familiaris – nome científico do cão doméstico.

Book_EJA_v3.indb 291 22/05/2013 09:06:11


Professor, em História, o termo “trabalho” refere-se a uma atividade
Fazendo conexão com... História própria do ser humano que é idealizada com um objetivo a alcançar.
Nos outros animais, as ações realizadas vêm programadas e

É comum as pessoas se referirem às atividades de certos animais na natureza como um


trabalho. Por exemplo: as abelhas trabalham muito para produzir o mel; os pássaros são
animais que trabalham com perfeição na construção de seus ninhos.
Pergunte ao seu professor de História qual o conceito de “trabalho” para o ser humano.
Nas cidades, a convivência proporcionou um ambiente de muita aprendizagem. Era
preciso inventar maneiras para resolver os problemas enfrentados no cotidiano. Ao pla-
nejar, criar e inventar, o homem interage intencionalmente com o meio, se transforma
e transforma a natureza, deixando nela a sua marca. A marca do homem na natureza
corresponde ao conhecimento por ele produzido.
reguladas pela própria natureza da espécie, sendo desempenhadas sempre da mesma maneira.
Comente com os alunos que em Física (ciência que estuda os fenômenos e os aspectos gerais da natureza), o termo
“trabalho” se refere ao produto de uma força exercida sobre um corpo. Por exemplo, uma máquina exerce um trabalho ao
levantar um peso.
Professor, reflita com os
Lombard/ullstein/Glow Images

alunos que a agricultura


é considerada a primeira
grande revolução humana
porque mudou o modo de
vida daquelas pessoas.
Elas não mais precisavam
sair em busca dos
alimentos e passaram a
tê-los mais fartamente,
o que provavelmente
proporcionou uma
melhoria na qualidade de
vida. Os grupos humanos
deixaram de ser nômades
ao se fixar em um lugar
para plantar e realizar
a colheita. Enfatize a
importância da agricultura
para a humanidade em
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

todos os momentos da
história. Estabeleça
relações com a atualidade,
questionando-os sobre
de onde vêm nossos
alimentos.

Vida humana no período neolitico.

Em dupla, façam uma pesquisa sobre as primeiras ferramentas utilizadas para


lidar com a terra, como eram construídas e quais matérias-primas eram utilizadas.
Divulgue sua pesquisa em cartazes.

SUGESTÃO DE SITE

<www.ruadireita.com/ferramentas/info/evolucao-das-ferramentas-agricolas/#axzz2MLNUaOTW>.
292

Book_EJA_v3.indb 292 22/05/2013 09:06:12


Todas as invenções que estão à nossa volta fazem parte da história construída
pelos seres humanos:
• as ferramentas feitas de pedra.
• a agricultura.
• a medicina.
© Michael Greenhalgh/W. Commons

© smart.art/Fotolia.com
RA/Acervo Editorial

Nada disso surgiu de maneira independente. Cada uma das invenções re-
presenta a singularidade e a capacidade do ser humano em elaborar e reelaborar
a sua própria existência.
Com o seu professor e colegas, analise em que condições a sentença a seguir
pode representar uma verdade.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Para a existência humana, ao mesmo tempo em que o conhecimento pos-
sibilita a melhoria da qualidade de vida, pode resultar também na degradação
do planeta. Professor, retome os conhecimentos estudados nas unidades anteriores para que os alunos possam
elaborar um pensamento a respeito do texto. Espera-se que relacionem com a necessidade do uso
racional e sustentado dos recursos naturais.

Responda no caderno

1. De acordo com estudos de Antropologia, como foi o começo da nossa história?


O ser humano dependia da natureza tal qual os outros animais.
2. Todas as espécies animais, incluindo o ser humano, fazem parte da natureza e
interagem com o meio onde vivem. Com relação ao ser humano, em que essa
interação se diferencia da dos outros animais? Por que dizemos que a natureza
tem a marca do homem? Porque o homem transforma a natureza deliberadamente, isto é, de forma
intencional e planejada. Essa ação é denominada “trabalho”.

3. Quais as principais causas da sedentarização humana no início da nossa história?


A aprendizagem da agricultura e a domesticação dos animais.

293

Book_EJA_v3.indb 293 22/05/2013 09:06:14


Com seu professor e colegas, leiam o texto e reflitam sobre as questões que
seguem:
No início da sua história, o ser humano tinha que enfrentar longas caminhadas
para conseguir seus alimentos. Acredita-se que era uma vida difícil, pois nem sem-
pre havia alimentos à disposição. Essa necessidade foi suprida com a conquista da
agricultura e a domesticação dos animais, mudando o modo de vida das pessoas.
Atualmente, por conta das modernas tecnologias, cada vez mais o ser humano está
sedentário, e isto está afetando a sua saúde.
Considerando o texto acima, como o ser humano, no seu cotidiano, pode
compensar a condição de ser sedentário? Praticando atividades físicas.
Justifique a revolução provocada pela descoberta da agricultura na vida dos
nossos antepassados. Mudou o modo de vida das pessoas; a facilidade da obtenção de alimentos proporcionou
melhor qualidade de vida e aumento da população.
Você acha que a agricultura ainda é importante nos dia de hoje? Por quê?
De onde vêm os alimentos que você ingere diariamente? Resposta pessoal. Espera-se
que o aluno perceba que a
Resposta pessoal. Poderão relacionar com horta caseira, com criações de animais para agricultura é uma atividade
o consumo próprio. Professor, é importante que o aluno relacione que os alimentos, para produtiva de grande
chegarem até nós, precisaram de alguém para cultivá-los, no caso dos vegetais, ou criá-los, importância, pois é dela que
no caso dos animais. Outras relações também poderão ser estabelecidas, como: a colheita, tiramos nosso sustento.
o transporte, as embalagens, o comércio, etc.

Saber mais

Invenções
Cada civilização tem suas características próprias, que determinam
as formas de viver e relacionar-se entre si e com a natureza. Assim, as
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

invenções humanas têm origem nos costumes, nos conflitos e nas ne-
cessidades de cada povo.

Leitura
Rogério Reis/Pulsar Imagens

Inventos indígenas
Fosse para carregar crianças ou produtos do
roçado, os índios usavam a mesma invenção: o ja-
maxin, um cesto de três lados e fundo plano. Feito
de folhas de palmeira, ele podia ser levado apoia-
do na testa ou nos ombros. Bastava escolher! E
quem disse que índio não é bom de cozinha? Eles
faziam farinha de mandioca, um alimento que os
portugueses não conheciam. Mas para prepará-lo,
294 os índios precisavam retirar dessa raiz uma subs-

Book_EJA_v3.indb 294 22/05/2013 09:06:15


tância venenosa chamada ácido cianídrico, que poderia matar quem a ingerisse.
Por isso, eles inventaram o tipiti, um cesto trançado onde a massa de mandioca
era espremida até não ter mais uma gota de ácido cianídrico.
Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/500-anos-de-muita-criatividade/>. Acesso em: 12 abr. 2013.

Entendendo o texto

1. A natureza sempre serviu de inspiração para o ser humano em suas construções,


seja de caráter artístico (pintores e escultores) ou científico (cientistas).
Em dupla, cite alguma invenção humana que você julga ter sido inspirada na
observação da natureza. Resposta pessoal. Um exemplo poderia ser o avião. Ao observar o voo das aves,
o homem pensou que poderia ser possível voar.

2. Em grupos de quatro alunos, discutam sobre alguma necessidade existente no


local onde você vive. Em seguida, proponham uma solução para esse problema.
Usem a sua imaginação. Apresentem para os demais colegas a necessidade e a
solução encontrada. Resposta pessoal
Professor, converse com os alunos e reflita que a ciência é apenas um dos diversos “óculos” que podemos usar para ler
o mundo a nossa volta. Enfatize a diferença entre conhecimento religioso e científico: o conhecimento religioso requer
apenas a fé e a crença de que é verdadeiro, e o conhecimento científico, a testagem e comprovação para ser aceito de
forma parcial e provisória.

Saber mais

Professor, explique
O ser humano buscou explicar o mundo a sua volta ao longo aos alunos que
a água é boa
da sua história, baseado em diferentes concepções: mítica, filosó-

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


condutora de
fica, religiosa, senso comum e científico. Essas interpretações fa- eletricidade, por isso,
deve-se evitar usar
zem parte da cultura e foram necessárias para o desenvolvimento aparelhos elétricos
do ser humano. em ambientes
molhados e úmidos.
Atualmente, não se discute a importância da ciência e dos
avanços da tecnologia para a sociedade. Cada vez mais precisa-
mos dominar alguns princípios científicos para entender situações
do nosso cotidiano. Por exemplo, compreender a bula de um re-
médio, entender o manual de um eletrodoméstico, saber por que
não devemos tomar remédios por conta própria ou por que não
utilizar o secador de cabelos em ambientes úmidos, etc.
Por outro lado, é preciso compreender a ciência como um
produto da atividade humana e, em consequência disso, ela não
tem a verdade absoluta, e sim verdades provisórias ou interpre-
tações temporárias, pelas quais o ser humano não é o centro da
natureza, mas, sim, elemento dela.

295

Book_EJA_v3.indb 295 22/05/2013 09:06:15


Com seu professor e colegas, retomem o início da unidade e observem nova-
mente a cabine de comando da Discovery.
Na sequência, leiam o texto que segue e respondam às perguntas.
A necessidade de conhecimento faz parte da natureza humana. Entretanto, o
ser humano não constrói nada sozinho. Possivelmente, sem aquele nosso ancestral,
que enfrentou seus predadores, que teve curiosidade para observar a natureza à
sua volta e coragem para manipular o fogo conseguindo conservá-lo, não teríamos
chegado a construir uma nave espacial como a Discovery para explorar o Universo.

1. Como você acha que seria a humanidade se nossos ancestrais não tivessem in-
ventado a agricultura?
Resposta pessoal. É esperado que o aluno faça relação do conhecimento adquirido com a sobrevivência e o sucesso

da espécie Homo sapiens na Terra.

2. Você acha importante o ser humano inventar máquinas que permitem a explo-
ração do Universo?
Resposta pessoal. Professor, para enriquecer a aprendizagem, converse com os alunos sobre os avanços tecnológicos

decorrentes das pesquisas espaciais em diferentes campos (biologia, astronomia, medicina, informática, culinária).
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

3. Você acredita que há limites para a capacidade criadora humana?


Resposta pessoal.

4. Por que é importante o ser humano inventar maneiras de preservar nosso planeta?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno estabeleça relação com a questão da existência da vida.

5. Você faz alguma coisa para defender o ambiente? O que? Justifique?


Resposta pessoal.

6. Como você acredita que será o nosso futuro com relação ao planeta Terra?
Resposta pessoal.

296

Book_EJA_v3.indb 296 22/05/2013 09:06:16


© SADIA/Fotolia.com
Os seres
humanos
Unidade
1 ambiente
eo
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Nesta unidade, você estudará um pouco mais sobre a história dos números, com-
preenderá e utilizará as regras do sistema de numeração decimal, para leitura, escrita,
comparação e ordenação de números naturais. Refletirá sobre procedimentos de cál-
culo, as ideias associadas às operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Além disso, resolverá situações-problema utilizando estratégias pessoais de resolução
e os procedimentos estudados.
297

Book_EJA_v3.indb 297 22/05/2013 09:06:18


Professor: quando um evento reúne uma multidão em locais abertos, parques, praças, ruas e avenidas, os
organizadores utilizam a estimativa para chegar a um valor aproximado do público presente porque nestes casos

Das pedrinhas aos bilhões


normalmente não existe controle de bilheteria
ou de portaria. Primeiro verificam o número
de pessoas que estavam em certo espaço. A
grosso modo, pode-se dizer que, em formação de desfile militar ou de passeata, acomodam-se 6 pessoas por metro quadrado.
Roda de conversa Em seguida, estimam quantos desses espaços cabem no espaço total ocupado
pelas pessoas fazendo, em seguida, o cálculo aproximado do público presente.

A foto ao lado foi tirada no ano

Arquivo da Agência Brasil/W. Commons


de 1984, quando foram realizadas
diversas manifestações, passeatas
e comícios, em várias cidades bra-
sileiras que contavam com a par-
ticipação de pessoas favoráveis à
emenda parlamentar que restabele-
ceria as eleições diretas para presi-
dente da República do Brasil. Quan-
tos manifestantes você acredita que
participaram dessa manifestação
mostrada na foto? Como esse nú-
mero é calculado? Quantos alunos
estudam na sua sala? E na sua es- Comício pelas Diretas Já.
cola? Você tem ideia do número de
habitantes da sua cidade? E da população brasileira? Você tem ideia GLOSSÁRIO
de qual é o número de pessoas que habitam o planeta Terra?
Estimule seus alunos a responderem oralmente as questões propostas, propondo a análise de Estimativa –
como esses números foram escolhidos, as estimativas de cada um e fazendo comparação dos cálculo apro-
números e os dados reais.
1. De acordo com estimativas da ONU, atingimos a marca de 7 ximado, ava-
liação; conjec-
bilhões de habitantes no Planeta, em 2011. Leia o texto abaixo tura.
e saiba mais sobre a população mundial.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

População mundial será de 7 bilhões em outubro e ONU


lança campanha pela valorização das pessoas
11/07/2011 17:00 – Portal Brasil
O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) lança nesta segunda-feira
(11), Dia Mundial da População, a campanha 7 Bilhões de Ações. O título faz
referência à marca de 7 bilhões de pessoas no mundo que será atingida em
outubro de 2011.
Entre os objetivos da campanha está valorizar o papel de cada pessoa
e instituição na construção de um mundo melhor, compartilhando histórias
e ações individuais ou coletivas para responder aos grandes desafios atuais,
298 como a superação da pobreza e o papel dos jovens na construção do futuro.

Book_EJA_v3.indb 298 22/05/2013 09:06:18


A Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sigla ONU, é uma organização
internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o
desenvolvimento mundiais.

Segundo o diretor executivo do Unfpa, Babatunde Osotimehin, para reduzir as


desigualdades e melhorar a qualidade de vida, será necessário adotar novas formas
de estabelecer uma cooperação global sem precedentes. “A hora de agir é agora. As
ações individuais, multiplicadas muitas vezes, podem fazer um mundo de diferença.
Juntos somos 7 bilhões de pessoas; contamos uns com os outros”, observou.
Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moom, considerou que há “alimentos
suficientes para todos, ainda que quase 1 bilhão de pessoas passem fome”.
“Temos meios de erradicar muitas doenças, ainda que elas continuem se espa-
lhando”, disse Ban Ki-moom. “Temos o presente de um meio ambiente rico, ainda
que continue sujeito ao abuso e à exploração diária. Vamos fazer este Dia Mundial
da População para tomar atitudes determinantes para criar um futuro melhor para
os nossos 7 bilhões de habitantes e para a próxima geração”, completou.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/07/11/fundo-das-nacoes-
-unidas-lanca-campanha-para-lembrar-populacao-mundial-de-7-bilhoes-em-2011>. Acesso
em: 15 abr. 2013.
Incentive seus alunos a refletir sobre algumas temas que afetam diretamente a vida
das pessoas tais como alimentação, saúde, trabalho, moradia, cidadania e questões
ambientais, entre outras.
Proponha também a discussão dos fatores que contribuem para o aumento da
Compreensão do texto população mundial, uma vez que no ano de 1750 a expectativa de vida mundial era de
aproximadamente 27 anos, e hoje esse número chega a 65 anos.
Você sabe o que é ONU? Estimule seus alunos a representar no quadro de giz “seus palpites” sobre a
representação do número 7 bilhões usando algarismos: 7 000 000 000.
Em sua opinião, que medidas devem ser tomadas para garantir o bem-estar da
população em um mundo com mais de 7 bilhões de pessoas?
Atualmente, além de sermos cada vez mais numerosos, conseguimos viver mais
tempo, já que a expectativa de vida mundial também aumentou. O que você acha
que contribuiu para isso?
Como, você acha que o número 7 bilhões é escrito usando algarismos?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


2. Procure em jornais ou revistas notícias em que aparecem números que indiquem
grandezas ou quantidades maiores que 1 milhão e cole-as no seu caderno.
É muito comum observarmos o uso de números no nosso dia a dia.
Os números podem ser usados:

• para indicar quantidade;


Brian A Jackson/Shutterstock

© David Davis/Fotolia.com

299

Book_EJA_v3.indb 299 22/05/2013 09:06:19


• expressar medidas;

Alex Norkin /Shutterstock

Sandro Mesquita/Acervo Editorial


Richard M Lee/Shutterstock

© Roman Sigaev/Fotolia.com
• a ordem de determinados elementos;
© Tim Scott/Fotolia.com

© Ilia Shcherbakov/Fotolia.com
Número de casa.

Painel de elevador.

• e para formar códigos.

© Yanik Chauvin/Fotolia.com
768.456.417-20 0800 3346-7046
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Mas nem sempre foi assim...

Os números também têm


W. Commons

história
Há milhares de anos os homens não
sentiam necessidade de contar, pois tudo de
que necessitavam para a sua sobrevivência
era retirado da própria natureza.
300

Book_EJA_v3.indb 300 22/05/2013 09:06:23


Com o passar do tempo o homem começou a plantar, produzir alimentos,
construir suas casas, domesticar animais, e os pequenos grupos humanos, aos
poucos, tornaram-se mais numerosos, trazendo profundas modificações na vida
humana. Essas modificações, aliadas ao comércio rudimentar, trouxeram consigo
a necessidade da contagem.
Inicialmente, o homem usou vários recursos para ajudá-lo nas contagens:
pedrinhas, conchas, gravetos, marcas em madeira ou ossos, nós em cordas e os
próprios dedos.
As mudanças continuaram acontecendo trazendo a necessidade de registrar
quantidades cada vez maiores. E algumas civilizações antigas criaram então sím-
bolos e regras muito interessantes.

pie/W. Commons
Bryan Derksen/W. Commons

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


sistema de numeração maia. sistema de numeração romano.

O sistema de numeração que usamos até hoje é conhecido como sistema


de numeração indo-arábico, foi desenvolvido pela civilização indiana, também
conhecida como civilização hindu, que reuniu diferentes características de siste-
mas de outros povos com os quais tiveram contato, e difundido pelos árabes que,
graças à intensificação do comércio entre os povos, assimilaram esse sistema e
o divulgaram pela Europa.
301

Book_EJA_v3.indb 301 22/05/2013 09:06:24


Muitos séculos se passaram e as regras dos sistema de numeração indo-arábico
permaneceram as mesmas, havendo apenas pequenas alterações na forma de es-
crever os algarismos.

Saber mais

O sistema de numeração desenvolvido pelos romanos, utilizado na Europa du-


rante muitos séculos, ainda hoje é utilizado para indicar capítulos de livros e leis,
designação de papas e reis, na escrita de séculos, na inscrição de datas em monu-
mentos, em mostradores de relógios, entre outras situações.

Sistema de numeração decimal


Conheça as principais características do nosso sistema de numeração:
• Utiliza poucos símbolos para representar qualquer quantidade (1 2 3 4 5 6
7 8 9 0).
• É um sistema de numeração decimal, ou seja, os agrupamentos são feitos
de dez em dez.
• Utiliza a notação posicional, isto é, o valor do mesmo algarismo varia de
acordo com a posição que ocupa. Cada posição na escrita numérica é
chamada de ordem.
• Uma das grandes criações do sistema indo-arábico é a utilização do zero
para indicar ausência de unidades numa posição.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Saber mais

Os símbolos criados para representar os números no sistema de numeração


decimal são chamados algarismos. A palavra “algarismo” tem sua origem no nome
do famoso matemático Muhammad Ibn Al-Khwarizmi.

3. Circule a alternativa correta em cada um dos itens:

a) Dos números abaixo, qual é o maior?

6 566 6 495 6 431 6 599


302 6 599

Book_EJA_v3.indb 302 22/05/2013 09:06:24


b) Em qual dos números abaixo o algarismo 5 tem o maior valor?

1 452 5 702 12 485 4 854


5 702

c) Qual o valor do algarismo 7 no número 7 196?

7 700 70 7 000
7 000
d) Qual o valor do algarismo 5 no número 4 057?

5 50 500 5 000
50

4. Nos quatro números abaixo, só é possível identificar apenas o primeiro algarismo


de cada um. Qual deles é o número maior?
5 8 6 4
8

5. Nos três números abaixo, o algarismo oculto é o 3. Qual deles é o número maior?
9 14 999 7 95

9 14
6. Responda:
a) Qual o sucessor de 5 999?
6 000 Sucessor de um número é o
que vem imediatamente após
b) Qual o antecessor de 2 008? na sequência habitual. Por

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


exemplo, o sucessor de 5 988
2 007 é o 5 989.
Antecessor de um número é o
que vem imediatamente antes
c) Qual o antecessor de 1 299? de outro na sequência habitu-
1 298 al. Por exemplo, o antecessor
de 3 000 é o 2 999.
d) Qual o sucessor de 8 009? 8 010

2 015
e) Qual o sucessor de 2 014?
3 899
f) Qual o antecessor de 3 900?
g) Qual o sucessor de 999? 1 000

h) Qual o antecessor de 6 000? 5 999

303

Book_EJA_v3.indb 303 22/05/2013 09:06:24


Leitura e escrita de números no sistema de
numeração decimal
Para facilitar a leitura dos números, as ordens são agrupadas de três em três,
da direita para a esquerda. Um grupo de três ordens recebe o nome de classe.
Acompanhe no exemplo como lemos o número abaixo: 14 587 213.

CLASSE DOS MILHÕES CLASSE DOS MILHARES CLASSE DAS UNIDADES


SIMPLES
9ª ordem 8ª ordem 7ª ordem 6ª ordem 5ª ordem 4ª ordem 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem

cente- deze- unida- cente- deze- unida- cen- dezenas uni-


nas de nas de des de nas de nas de de de tenas simples dades
milhão milhão milhão milhar milhar milhar simples simples

1 4 5 8 7 2 1 3

Lê-se quatorze milhões, quinhentos e oitenta e sete mil, duzentos e treze.


7. Leia a reportagem abaixo e saiba sobre os recordes do cinema nacional.

Tropa de elite 2 é o filme mais visto da história


do cinema brasileiro
Filme bateu a marca de Dona Flor e seus dois maridos, de 1976.
Em sua 9ª semana de exibição, longa teve 10 736 995 de
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

espectadores.
Do G1, em São Paulo
Tropa de elite 2, de José Padilha, tornou-se o filme mais visto da
história do cinema brasileiro, com um total de 10 736 995 espectadores
acumulado após nove semanas de exibição. A informação foi divulgada
pela assessoria do filme nesta quarta-feira (8) e confirmada pelo Instituto
Filme B.
O longa ultrapassou o antigo campeão, Dona Flor e seus dois maridos
(1976), em 1 470 ingressos vendidos. Dona Flor foi visto por 10 735 525 de
pessoas.

Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/12/tropa-de-elite-2-e-maior-


304 -bilheteria-da-historia-do-cinema-brasileiro.html>. Acesso em: 7 nov. 2011.

Book_EJA_v3.indb 304 22/05/2013 09:06:24


Veja o ranking de público dos 10 maiores filmes do cinema brasileiro.
Data de Número de
Posição Título
estréia espectadores
1 Tropa de Elite 2 outubro/2010 10 735 995

2 Dona Flor e Seus Dois Maridos novembro/1976 10 735 524

3 A Dama do Lotação abril/1978 6 509 134

4 Se Eu Fosse Você 2 janeiro/2009 6 112 851

5 O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão agosto/1977 5 786 226

6 Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia novembro/1977 5 401 325

7 Os Dois filhos de Francisco agosto/2005 5 319 677

8 Os Saltimbancos Trapalhões dezembro/1981 5 218 478

9 Os Trapalhões na Guerra dos Planetas dezembro/1978 5 089 970

10 Os Trapalhões na Serra Pelada dezembro/1982 5 043 350


Fonte: Ancine

Como se escrevem esses números por extenso?


dez milhões, setecentos e trinta e cinco mil, novecentos e noventa e cinco.
a) 10 735 995
dez milhões, setecentos e trinta e cinco mil, quinhentos e vinte e quatro.
b) 10 735 524
Seis milhões, quinhentos e nove mil, cento e trinta e quatro.
c) 6 509 134
Seis milhões, cento e doze mil, oitocentos e cinquenta e um.
d) 6 112 851

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


e) 5 786 226 Cinco milhões, setecentos e oitenta e seis mil, duzentos e vinte e seis.

Roda de conversa

Assistir a um bom filme e relaxar! Ter momentos de descanso, diversão, des-


contração e tranquilidade. Atividades de lazer são de extrema importância para o ser
humano, uma vez que nos envolvemos com muitas atividades obrigatórias e can-
sativas (trabalho, estudo) que podem causar estresse mental, físico e psicológico.
O que você costuma fazer para deixar de lado as preocupações profissionais,
familiares e sociais?
Na sua cidade, há espaços públicos para o lazer?
Na sua opinião, há diferenças entre as opções de lazer da sua infância e as de hoje? 305

Book_EJA_v3.indb 305 22/05/2013 09:06:25


8. Qual é o maior número par que você consegue escrever utilizando cada um
destes algarismos apenas uma vez?

5 4 7 9

9 754

9. Utilizando apenas uma vez cada um dos algarismos 2, 3, 6 e 9, quais números


são obtidos?
2 369 3 269 6 329 9 632
2 396 3 296 6 392 9 623
2 639 3 692 6 239 9 362
2 693 3 629 6 293 9 326
2 936 3 926 6 923 9 236
2 963 3 962 6 932 9 263

2 369
a) Qual deles é o menor?
b) Qual deles é o maior? 9 632

c) Quais são pares? 2 396 – 2 936 – 3 296 – 3 692 – 3 926 – 3 962 – 6 392 – 6 932 – 9 236 – 9 326 – 9 362 – 9 632

d) Escreva todos esses números em ordem crescente.


2 369–2 396–2 639–2 693–2 936–2 963–3 269–3 296–3 692–3 629– 3 926–3 962–6 329–6392–6 239–6 293–6 923–
6 932–9 632–9 623–9 362–9 326–9 236–9 263

10. Responda:
a) Qual é o maior número par de 4 algarismos?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

9 998

b) Qual é o menor número de 4 algarismos que se pode escrever, sem repetição?

1 023
11. Marque um x na alternativa que corresponde à leitura do número 8 054 958.
a) oito milhões, quinhentos e quatro mil e novecentos e cinquenta e oito;
b) oito milhões, cinquenta e quatro mil e novecentos e cinquenta e oito;
c) oito bilhões, cinquenta e quatro milhões e novecentos e cinquenta e oito
mil.
d) oito mil, cinquenta e quatro, novecentos e cinquenta e oito.
306
Alternativa B. Professor: É importante propor aos alunos a análise de cada alternativa observando o que a torna
incorreta e que alterações poderiam feitas para que ela se tornasse correta.

Book_EJA_v3.indb 306 22/05/2013 09:06:25


12. Como se escrevem os seguintes números por extenso?
a) 101 025
cento e um mil, vinte cinco.

b) 205 379
duzentos e cinco mil, trezentos e setenta e nove.

c) 150 098
cento e cinquenta mil e noventa e oito.

d) 95 003
noventa e cinco mil e três.

e) 1 000 016
um milhão e dezesseis.

f) 2 103 075
dois milhões, cento e três mil e setenta e cinco.

13. Decompondo o número 57 369, encontramos:


a) 5 + 7 + 3 + 6 + 9
b) 50 + 7 + 300 + 60 + 9
c) 50 000 + 7 000 + 300 + 60 + 9 Alternativa C.

d) 5 + 7 + 1 000 + 3 + 6 + 9 + 100

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


14. Marque um x na expressão que representa o número 30 087.
a) 3 × 1 0000 + 800 + 7
b) 3 × 10 000 + 80 + 7 Alternativa B.

c) 3 × 1 000 + 8 + 7
d) 3 × 100 + 80 + 7
15. Usando algarismos indo-arábicos, escreva os números:
a) Vinte mil, duzentos e noventa e quatro 20 294
b) Quinze milhões, novecentos e noventa e nove 15 000 999
c) Duzentos e cinco mil e treze 205 013
307
d) Tres milhões, cinquenta e quatro mil, quatrocentos e sete 3 054 407

Book_EJA_v3.indb 307 22/05/2013 09:06:25


Professor, se não for possível disponibilizar um ábaco para cada
aluno pode sugerir a sua construção utilizando caixa de ovo, palitos,
Ábaco argolas de cartolina ou E.V.A. para fazer os marcadores.

O homem utilizou vários recursos para auxiliar os cálculos. Mas o ábaco me-
rece destaque por ser simples e eficiente.

O ábaco é formado por bastões, dis-


postos no sentido vertical, correspondentes
© Jo Lomark/Fotolia.com

© Andres Rodriguez/Fotolia.com

cada um a uma posição digital (unidades,


dezenas, centenas, unidades de milhar...) e
nos quais estão os elementos de contagem
(fichas, bolas, contas...) que podem ser co-
locados ou deslizados livremente.

Veja como representar as quantidades no ábaco:

DM UM C D U DM UM C D U DM UM C D U

31 314 10 301 50 000


16. Represente no ábaco:
a) O número de alunos da sua escola b) o número de habitantes de
sua cidade
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

DM UM C D U DM UM C D U
Resposta do aluno.
Resposta do aluno.
17. Que números estão representados em cada ábaco?
a) b)

DM UM C D U DM UM C D U
308 63 000
72 411

Book_EJA_v3.indb 308 22/05/2013 09:06:27


c) d)

DM UM C D U DM UM C D U

50 723 10 001

18. Descubra o segredo e continue a sequência:


5 720 5 728
a) 5 688 5 696 5 704 5 712 5 736

7 100 7 085 7 070


b) 7 145 7 130 7 115
10 986 10 998
c) 10 989 10 992 10 995

19. Siga as pistas e encontre um número que:


• esteja entre 3 220 e 3 250;

• seja ímpar; • Seja maior que 6 900 e menor 7 000;


• a soma dos seus algarismos • tenha como algarismo das dezenas o
seja 10; 9;
Qual é esse número? • seja par.
Qual é esse número?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


São respostas válidas os números São respostas válidas os números
3241 e 3223 6992; 6994; 6996 e 6998.

Excluindo os números pares, restam:

Operações e resolução de problemas


Como vimos anteriormente, os números são usados em situações do nosso
cotidiano que vão além da contagem.
Mas muitas vezes temos de juntar, tirar, comparar, dividir e completar quanti-
dades, entre outras ações.
Surge então a necessidade de estudarmos as ideias associadas às operações
fundamentais, que são: adição, subtração, multiplicação e divisão.
309

Book_EJA_v3.indb 309 22/05/2013 09:06:27


Ideias associadas à adição
Adicionar quer dizer juntar, acrescentar, somar.
Utilizamos a adição quando queremos juntar uma quantidade a outra ou
quando queremos acrescentar uma quantidade a outra. Veja os exemplos:
Exemplo 1: Numa indústria trabalham 1 151 homens e 988 mulheres. Qual o
total de funcionários dessa empresa?

1151
+ Nesse caso juntamos
988 quantidades.
2 139

Trabalham, ao todo, 2 139 funcionários.

Exemplo 2: Se fossem contratados 105 novos funcionários nessa indústria, qual


seria o total de funcionários?

2139 Nesse caso, acrescenta-


+
105 mos uma quantidade a
2 244 outra.

A indústria passará a ter 2 244 funcionários.

Elementos de uma adição


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

parcela
2117
+ 412 parcela

2 529 soma

20. Determine o valor das seguintes somas:


a) 1 535 + 2 473 4 008 d) 6 712 + 1 276 + 417 8 405
b) 6 446 + 2 903 9 349 e) 9 784 + 9 149 18 933

c) 19 813 + 1 954 21 767 f) 24 729 + 2 230 26 959

21. A soma das três parcelas de uma adição é 9 888. A primeira parcela é o dobro
de 2 128, e a segunda é oito centenas. Qual é a terceira?
310 A terceira parcela é 4 832.

Book_EJA_v3.indb 310 22/05/2013 09:06:27


Saber mais

Diferentemente de muitos símbolos matemáticos que têm sua origem desconhe-


cida, a utilização pela primeira vez do sinal de igual (=) é atribuída ao médico e mate-
mático galês Robert Record.
Record publicou várias obras sobre temas matemáticos; em uma de suas obras,
em 1557, utilizou e justificou o uso de um par de retas paralelas, de mesma extensão
para evitar a repetição das palavras “é igual a”.
Desafio:
Na pirâmide abaixo, para as camadas acima da base, o número colocado em
cada tijolo é a soma dos números dos tijolos nos quais ele se apoia. Determine o
número do tijolo situado no topo da pirâmide.

245

86 159

26 60 99

11 15 45 54

4 7 8 37 17

Você já ouviu falar em tirar a prova dos nove?

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Na maioria das vezes, quando necessitamos fazer cálculos, recorremos às cal-
culadoras que rapidamente dão o resultado. Mas quando as calculadoras ainda não
eram tão populares, há algumas décadas, ensinava-se na escola a fazer a “prova dos
nove” para verificar o resultado obtido e descobrir erros acidentais principalmente nos
cálculos de adição e multiplicação.
Na verdade esse é um método que consiste em tirar os nove dos números de
entrada e saída da conta.
Se o resultado de uma conta de adição estiver correto e a prova dos noves for
feita corretamente, ela irá confirmar a exatidão da resposta. Quando a prova acusa
erro é certeza de que a conta está errada. Porém, se obtivermos um resultado errado
na adição, existem casos em que a prova dos noves não detecta o erro porque pode
acontecer do resultado certo e o errado terem o mesmo noves fora.
311

Book_EJA_v3.indb 311 22/05/2013 09:06:28


Ideias associadas à subtração
A subtração está ligada à ideia de tirar uma quantidade de outra, comparar
quantidades e completar quantidades.
Acompanhe os exemplos:
Exemplo 1: Para um vestibular estavam inscritos 45 744 candidatos, mas falta-
ram 1 012 candidatos no dia da prova. Quantos compareceram às provas?

4 57 4 4 Nesse caso, tiramos uma


– 1012 quantidade de outra.
44732
Compareceram às provas 44 732 candidatos.
Exemplo 2: João tem 3 900 reais e sua irmã Ana tem 2 315 reais. Quanto João
tem a mais que Ana?
8 9 10
39 0 0 Nesse caso, comparamos uma
– 23 1 5 quantidade com a outra.
15 8 5
João tem 1 585 reais a mais que Ana.
Exemplo 3: Mario está juntando dinheiro porque quer comprar uma bicicleta
que custa 580 reais. Ele já tem 360 reais. Quanto falta para poder comprar a bici-
cleta?

580 Nesse caso, verificamos


– 360 quanto falta para completar
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

uma quantidade.
120
Elementos de uma subtração
minuendo
Faltam 120 reais. 947
–136 subtraendo

811 resto ou diferença

22. Calcule, no seu caderno


a) 43 678 – 22 987 20 691 d) 4 736 – 815 3 921

b) 4 200 – 1 353 2 847 e) 48 987 – 47 315 1 672

312 c) 23 757 – 14 837 8 920 f) 5 201 – 2 658 2 543

Book_EJA_v3.indb 312 22/05/2013 09:06:29


Ideias associadas à multiplicação
A multiplicação é uma operação matemática associada a várias ideias. Uma
delas é equivalente a uma adição de parcelas iguais.
A multiplicação é utilizada quando precisamos adicionar parcelas iguais, mas
também pode ser usada na contagem de possibilidades e quando usamos a ideia
de proporcionalidade.
Acompanhe os exemplos:
Exemplo 1: Utilizamos a multiplicação para calcular o número de botões, por
exemplo, de 4 cartelas com 4 botões cada. Veja:

4 + 4 + 4 + 4 = 16
ou 4 x 4 = 16

Exemplo 2: Mariana quer escolher uma saia e uma blusa para ir ao cinema com
uma amiga. Ela dispõe de uma saia preta, uma saia azul e três camisetas: vermelha,
amarela e verde. De quantas maneiras diferentes ela pode se vestir?

Camiseta vermelha
Saia preta
Camiseta amarela
Camiseta verde
Camiseta vermelha
Saia azul
Camiseta amarela
Camiseta verde

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


Para calcular o número de combinações possíveis, efetuamos o produto 3 x 2,
porque são três cores diferentes de blusas e duas cores diferentes de saias.
3x2=6
Mariana pode se vestir de 6 maneiras.
Exemplo 3: Para preparar uma embalagem de gelatina, são usados 250 ml de
água quente. E para preparar 4 embalagens de gelatina?
1 embalagem – 250 ml
2 embalagens – 500 ml
3 embalagens – 750 ml
4 embalagens – 1 000 ml
Serão necessários 1 000 ml de água para preparar 4 embalagens de gelatina. 313

Book_EJA_v3.indb 313 22/05/2013 09:06:29


Elementos de uma multiplicação
fator
794
x 2 fator

1588 produto

23. Calcule:
• Em um pacote, há 20 balas. Quantas balas há em 12 pacotes?
Em 12 pacotes há 240 balas.

• Em uma semana, há 7 dias. Quantos dias há em 36 semanas?


Em 36 semanas há 252 dias.

• Em um dia, há 24 horas. Quantas horas há em uma semana?


Em uma semana há 168 horas.

24. Numa lanchonete posso escolher entre 3 tipos de pão: pão de forma, pão
francês ou pão italiano. Para o recheio, há 4 opções: salame, queijo, presunto
ou mortadela. Quantos modos diferentes de sanduíche a lanchonete oferece?
A lanchonete oferece 12 modos diferentes de sanduíches.
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

25. Rafael comprou uma televisão. Ele deu uma entrada de R$ 1 150,00 e pagará
o restante em 12 prestações mensais de R$ 98,00. Qual é o valor da televisão?

O valor da televisão é de R$ 2.326,00.

314

Book_EJA_v3.indb 314 22/05/2013 09:06:29


26. Calcule no seu caderno:
a) 1 855 x 4 7 420 d) 7 572 x 18 136 296

b) 5 279 x 9 47 511 e) 2 848 x 46 131 008

206 736
c) 14 703 x 7 102 921 f) 8 614 x 24

Saber mais

Algumas escolas da França utilizam até hoje um antigo algoritmo conhecido


como multiplicação em reticulado ou método da grade, ou, ainda, “gelosia”. O nome
de gelosia é usado porque a sua estrutura lembra as janelas gradeadas usadas na
cidade de Veneza na Itália.
Veja como calcular o resultado do produto 23 x 35 utilizando esse método.
O primeiro passo é dispor os dois números numa tabela de modo que os alga-
rismos dos números 23 e 35, respectivamente, ocupem a primeira linha e a última
coluna, como segue:
2 3

Observe que cada quadradinho está dividido em duas partes. Eles serão com-
pletados com o produto correspondente dos algarismos de sua coluna x linha. A
diagonal servirá para separar do resultado deste produto: a dezena será indicada na

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente


parte superior, e a unidade, na parte inferior.

2 3
0 0
3
6 9
1 1
5
0 5
Após preencher todas as multiplicações, a soma será feita na direção diagonal,
do lado de fora da grade, começando pela direita, como no exemplo a seguir.
2 3
0 0
3
6 9
8 1 1
5
0 5
0 5 315
O resultado obtido é 805.

Book_EJA_v3.indb 315 22/05/2013 09:06:30


Desafio
Experimente utilizar esse método para calcular os seguintes produtos:

1 8 216 2 4
600

1 2

2 5

Ideias associadas à divisão


A divisão está ligada à ideia de repartir em partes iguais e à ideia subtrativa
ou de medida que permite verificar quantas vezes uma quantidade cabe em outra.
Exemplo 1: Tenho 84 bombons e quero colocá-los em 4 caixas com a mesma
quantidade. Quantos bombons devem ser colocados em cada caixa?

84 4

8 2 1 Bombons em cada caixa
04
– 4
00
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Devem ser colocados 21 bombons em cada caixa.

Exemplo 2: Tenho 84 bombons e quero colocá-los em caixas com uma meia


dúzia cada. Quantas caixas serão necessárias?

84 6

6 1 4 Bombons em cada caixa
24
– 24
00

316
Serão necessárias 14 caixas.

Book_EJA_v3.indb 316 22/05/2013 09:06:30


Elementos de uma divisão
dividendo divisor
486 2

4 243 quociente
08
–8
06
– 6
00

27. Resolva no seu caderno:


a) 2 486 : 2 1 243 e) 3 746 : 20 187

b) 1 679 : 4 419 f) 5 726 : 18 318

513 144
c) 2 566 : 5 g) 6 515 : 45
d) 3 797 : 7 542 h) 8 829 : 25 353

Problemas
Normalmente, associamos problemas a aborrecimentos.
© zavgsg/Fotolia.com

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

Mas as situações-problema, em Matemática, são diferentes. São situações que


nos desafiam a pensar, buscar soluções...
Realizar corretamente as operações é indispensável em Matemática, mas tam-
bém é importante pensar, planejar. 317

Book_EJA_v3.indb 317 22/05/2013 09:06:31


Seguir algumas etapas pode facilitar o processo de resolução de problemas:
• Compreenda o problema: leia bem o enunciado do problema, identifique
os dados fornecidos e verifique qual é a pergunta que deve ser respondida;
• Estabeleça um plano: crie um plano ou estratégia de resolução do problema
usando esquemas, tabelas, desenhos ou cálculos;
• Execute cuidadosamente os passos do seu plano;
• Revise: examine atentamente a solução encontrada conferindo se efetuou
os cálculos;
• Escreva a resposta à pergunta do problema.

28. Observe o extrato bancário de Carla:

Banco Ideal S.A


Agência 1458 Conta 578156-5
Cliente: Carla Peixoto da Silveira

20/05 saldo R$ 1 426,00


21/05 depósito em cheque R$ 454,00

Carla precisa efetuar o pagamento do aluguel, R$ 480,00, e do talão de luz,


Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

R$ 185,00. Vai sobrar dinheiro na conta de Carla? Quanto?


Sim, sobrará R$1.215,00 na conta de Carla.

29. Sabendo que entre as despesas previstas de Rafael estão: o pagamento da pres-
tação da casa, no valor de R$ 385,00; as compras feitas na farmácia, R$ 145,00;
a compra do supermercado, no valor de R$ 415,00; as contas de luz, água e
telefone que, juntas, somam R$ 192,00, determine:
318

Book_EJA_v3.indb 318 22/05/2013 09:06:31


• O valor total de seus gastos já previstos:
O valor total dos gastos previstos é R$1 137,00.

• Quanto restará para outros gastos se o salário mensal de Rafael é de R$


1 580,00?
Restará R$ 443,00 do salário de Rafael.

30. Três irmãos executaram um trabalho juntos e cobraram R$ 2 671,00. Desses,


R$ 988,00 foram gastos na compra de material, e o restante, dividido igualmente
entre os três. Quanto cada um recebeu pelo serviço executado?
Cada um recebeu R$ 561,00.

Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

31. Estela tinha economizando R$ 2 130,00. Continuou economizando por mais três
meses. Agora tem R$ 3 500,00. Quanto ela conseguiu economizar nesse período?

Estela economizou R$ 1.370,00.

32. Após um depósito de 1 250 reais na minha conta bancária, meu saldo passou
a ser de 2 300 reais. Qual era o saldo antes do depósito?
319
Desafio:
O saldo era de R$ 1.050,00.

Book_EJA_v3.indb 319 22/05/2013 09:06:31


Cide Gomes
Gasto exato
Tia Lunática Matemática adora comprar presentes para a sobrinha Melissa
Preguiça. Notando que a menina não se esforçava muito nas provas de
cálculo, a tia propôs o seguinte desafio: “vou lhe dar R$ 150 no seu
aniversário, mas esse dinheiro só será seu, se você conseguir gastá-lo
em compras de uma só vez, sem deixar um centavo!” As duas foram ao
shopping e a segunda regra era que Melissa não poderia escolher mais
do que um objeto em cada loja. Ao final do dia, Melissa não tinha mais
preguiça de fazer contas e já havia descoberto sete maneiras diferentes
de gastar o dinheiro. E você?
Unidade 1 • Os seres humanos e o ambiente

São sete respostas possíveis: Ciência hoje das crianças. Ano 18, n. 163. nov. 2005.
Livro de ciências, casaco, sapato e boneca;
Livro de ciências, vestido, sapato e bicicleta;
Revista, casaco, sapato e patins.
Revista, camisa, chinelo e boneca.
Dicionário, camisa, sapato e boneca.
Dicionário, vestido, chinelo e boneca.
320 Atlas, vestido, sapato e patins.

Book_EJA_v3.indb 320 22/05/2013 09:06:32


Renato Soares/Pulsar Imagens

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Identidade social:
Unidade
2 formasde
participação

Nesta unidade, você verá algumas situações práticas em que utilizamos ângulos,
conhecerá os diferentes tipos de ângulos, suas unidades e instrumentos de medida.
Observará as formas geométricas presentes em elementos naturais e nos objetos
criados pelo homem e suas principais características, identificando semelhanças e di-
ferenças entre polígonos. Fará o reconhecimento de semelhanças e diferenças entre
poliedros (como os prismas, as pirâmides e outros) e a identificação de elementos como
faces, vértices e arestas. 321

Book_EJA_v3.indb 321 22/05/2013 09:06:34


As formas geométricas no cotidiano
Roda de conversa

Você já ouviu em algum noticiário repor-

Rui Alexandre Araujo / Shutterstock.com


tagens como esta:
No jogo de ontem, aos 17 minutos do
segundo tempo, o jogador Bruno arriscou de
fora da área e a bola foi no ângulo direito do
goleiro Roberto, marcando o terceiro gol do
clube, que abria então 3 a 0.
O que isso significa? O que é ângulo? Os
ângulos têm nome? Como se mede ângulos?

Projetada para abrigar o sino da catedral de Pisa, na Itália, a torre começou a ser construída em 1173. Quando 3 dos seus
8 andares estavam prontos, notou-se uma ligeira inclinação, devido a um afundamento do terreno e ao assentamento
irregular das fundações. Tentou-se compensar fazendo outros andares um pouco maiores do lado de
Ângulo baixo, mas a estrutura afundou ainda mais, por causa do excesso de peso. Hoje ela está inclinada em um
ângulo apenas 3,9 graus e deve ficar estável e torta por mais alguns séculos, isso graças a um projeto de
restauração de algumas décadas atrás.
As figuras apresentadas a seguir sugerem a ideia de ângulo. Observe:

© Olga D. van de Veer/Fotolia.com


© Christopher Dodge/Fotolia.com
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Avião decolando.

Ao ser lançada pelo jogador, a bola


forma um ângulo com o solo.
Porta giratória de banco.
© Matt Trommer/Shutterstock
© shutswis/Fotolia.com

322
Roleta no ônibus.

Book_EJA_v3.indb 322 22/05/2013 09:06:36


Sandro Mesquita/Acervo Editorial
Em alguns locais há placas indicativas de
estacionamento que utilizam a ideia de ângulo.
As aberturas dos ponteiros do relógio tam-
bém representam ângulos.

© Thomas Pajot/Fotolia.com

Vagas de estacionamentos.

No telhado de algumas construções também observamos ângulos.

© jomare/Fotolia.com
© Nadia/Fotolia.com

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Orla/Shutterstock

A inclinação dos telhados


pode facilitar o escoamento da
neve e, até mesmo, para apoiar
uma escada na parede, já que
ela pode ficar parada ou cair,
dependendo do ângulo de sua
inclinação.

323

Book_EJA_v3.indb 323 22/05/2013 09:06:39


A figura abaixo representa um ângulo. Nela destacamos:

Lado A O ponto O, que é o vértice do


ângulo.
As semirretas OA e OB , que for-
mam os lados do ângulo.
Vértice O ângulo da figura é indicado por:
O AÔB.
B
Lado

O instrumento usado na medição de ângulos é chamado de transferidor. Ele


pode ser de “meia volta” (180º) ou de “uma volta completa” (360º).

© Claudio Baldini/Fotolia.com
© Claudio Baldini/Fotolia.com
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Os ângulos podem ser medidos em graus.


© PiX’art photographie/Fotolia.com

No exemplo acima, aparece o ângulo de 90o.


O ângulo de 90o recebe o nome de ângulo reto e é representado por .
324

Book_EJA_v3.indb 324 22/05/2013 09:06:41


O ângulo reto (90o) tem inúmeras aplicações práticas:

© StarJumper/Fotolia.com

© Appellatron/Fotolia.com
© sootra/Fotolia.com

Horiyan/Shutterstock
Quando a medida do ângulo é menor do que 90º, ele é chamado de ângulo
agudo.

Na figura ao lado, temos um ângulo


45º agudo de 45o.

Ângulo obtuso é um ângulo cuja medida está entre 90o e 180o.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Na figura ao lado, temos o exemplo de
um ângulo obtuso de 135o.
135º
© edobric/Fotolia.com

Roda de conversa

A torre de Pisa tem cerca de 55 m de altura e é mun-


dialmente conhecida pela sua inclinação. Por que temos
a impressão de que ela vai cair?

325

Book_EJA_v3.indb 325 22/05/2013 09:06:47


Professor, sugira que os alunos construam seus “instrumentos” para
medir ângulos seguindo as orientações a seguir:
– Peça a cada aluno que desenhe um círculo e recorte;
– Oriente-os a dobrar o papel pela metade e vincar bem a dobra;
– Sem abrir o papel dobrado, peça que dobrem pela metade
novamente, de forma que as extremidades se sobreponham
exatamente. O ângulo obtido na construção é um ângulo reto.
1. Identifique na sua sala de aula objetos que tenham ângulos retos.
Algumas respostas possíveis: canto da porta, canto da carteira, canto do livro, entre outras.
2. Determine a medida dos ângulos abaixo e em seguida classifique-os em agudo,
obtuso ou reto.

Ângulo de 80°. Ângulo de 45°. Ângulo de 90°. Ângulo de 110°.

3. Desenhe, no seu caderno, as seguintes medidas de ângulos e, em seguida, clas-


sifique-os em agudo, obtuso ou reto.
a) 30º Agudo

b) 90º Reto

c) 180º Obtuso

d) 45º Agudo
Professor: A medida do ângulo de meia volta ou ângulo com medida igual a 180 º ,
item c, também é chamado de ângulo raso.
4. Assinale o ângulo que tem amplitude maior que 120o e menor que 180o.
Ângulo a Ângulo c
Ângulo b
Ângulo d
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Ângulo d.

Professor: Veja sugestão de atividade prática descrita no Manual do professor.


Saber mais

A disposição frontal dos olhos da coru-


Ammit Jack /shutterstock

ja diminui o ângulo de observação, prejudi-


cando a visão global. No entanto, graças à
versatilidade das vértebras do pescoço, as
corujas são capazes de virar a cabeça num
ângulo de 270 graus e, assim, conseguem
olhar em todas as direções.

326

Book_EJA_v3.indb 326 22/05/2013 09:06:48


Retas paralelas e perpendiculares
Duas retas são paralelas se estão em um mesmo plano e não possuem qual-
quer ponto em comum.

p
Veja situações que nos dão ideia de retas paralelas.
© Elô Martins/Fotolia.com

© GoodMood Photo/Fotolia.com
© Paul Moore/Fotolia.com

As barras verticais dessas grade são Os trilhos dessa linha férrea são Os fios da rede elétrica são para-
paralelas. paralelos. lelos.

Duas retas são perpendiculares quando se interceptam formando ângulos retos


(90 ) o

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


p

5. Na figura abaixo, a, b, c e d são retas. Identifique:

b d

a a) as retas paralelas.
As retas paralelas são b e d.

b) as retas perpendiculares.
c
As retas perpendiculares são a e b ou a e d. 327

Book_EJA_v3.indb 327 22/05/2013 09:06:49


6. Observe as placas e represente, por meio de desenho, como um veículo deve ser
estacionado em cada caso.
a) Placa de estacionamento 450
Sandro Mesquita/Acervo Editorial

b) Placa de estacionamento paralelo ao meio-fio


Sandro Mesquita/Acervo Editorial
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Fazendo conexão com... Arte


Muitos artistas utilizam elementos geométricos em suas obras de arte. É possível
observar paralelismo, perpendicularismo e diversas formas geométricas.
MONTRIAN, Piet. Com- AMARAL, Tarsila do.
posição. 1921. Óleo sobre O Mamoeiro. 1925.
tela, 59,5 cm x 59,5 cm. Óleo sobre tela, 64,5
Museu Nacional da Arte cm x 70 cm. Instituto
Moderna, Paris (França). de Estudos Brasilei-
ros/USP, São Paulo
(SP).

328

Book_EJA_v3.indb 328 22/05/2013 09:06:51


Formas planas e não planas
Roda de conversa

A imagem ao lado mostra a sede

W. Commons
do Departamento de Defesa dos Es-
tados Unidos que abriga todas as
forças armadas (exército, marinha,
aeronáutica, fuzileiros navais e guar-
da costeira) num único edificio co-
nhecido como Pentágono. O edificio
leva esse nome pois, quando visto de
cima, suas partes formam um pentá-
gono. O que é um pentágono? Qual é
a diferença entre pentágono e hexá-
gono? O que são polígonos? Sede do Departamento de Defesa, EUA.

Entre outras coisas, a geometria se ocupa do estudo das formas. Podemos


separar as formas geométricas em planas e não planas.

A figura geométrica plana é aquela em que A figura não plana é aquela em que apenas
todos os pontos se apoiam sobre a superfície parte dos pontos se apoia na superfície e
em que repousa. Por exemplo, o desenho de parte não. Por exemplo, uma caixa sobre
um retângulo numa folha de papel. uma mesa.

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

329

Book_EJA_v3.indb 329 22/05/2013 09:06:53


Podemos fazer novas classificações a partir dessas duas grandes categorias.
Acompanhe:

As formas planas:
As figuras planas podem ser classificadas em polígonos e não polígonos.

Polígonos Não Polígonos

1. Explique, com suas palavras, quais as características que um polígono deve ter.
Serão consideradas corretas as respostas que citarem como características de um polígono como uma região

plana fechada e limitada por segmentos de retas.


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

2. Marque um x nas figuras que são polígonos:

330
assinalar com X os seis polígonos.

Book_EJA_v3.indb 330 22/05/2013 09:06:53


Classificação dos polígonos
Podemos estabelecer uma nova classificação em relação aos polígonos segundo
alguns critérios (número de lados, medida dos lados, etc).
De acordo com o número de lados, o polígono recebe um nome especial. Veja
o quadro abaixo:

Número de lados Nome do polígono


3 Triângulo
4 Quadrilátero
5 Pentágono
6 Hexágono
7 Heptágono
8 Octógono
9 Eneágono
10 Decágono
11 Undecágono
12 Dodecágono
15 Pentadecágono
20 Icoságono

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Os polígonos são utilizados em diversos lugares e situações. Veja: A’lya/Shutterstock

331

Book_EJA_v3.indb 331 22/05/2013 09:06:57


3. Responda:
a) Qual o nome do polígono de cinco lados?
Pentágono

b) Como se chama o polígono de nove lados?


Eneágono

c) Quantos lados possui um hexágono?


6 lados

d) Qual o nome do polígono de três lados?


Triângulo

4. Utilize a tabela da página anterior para nomear os polígonos abaixo:


a) b) c) d)

Decágono Pentágono Octógono


Hexágono

Triângulos e quadriláteros
Como vimos anteriormente, triângulo é um polígono que tem 3 lados, 3 vér-
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

tices e 3 ângulos internos.


Dependendo da medida dos lados e dos ângulos dos triângulos, eles recebem
nomes especiais. Veja:
Classificação dos triângulos quanto às medidas dos lados
Quanto às medidas de seus lados, os triângulos podem ser classificados em:

Triângulo equilátero: Triângulo escaleno:


triângulo cujos três Triângulo isósceles: triângulo que tem
332 lados têm medidas triângulo que tem dois todos os lados com
iguais. lados com medidas iguais. medidas diferentes.

Book_EJA_v3.indb 332 22/05/2013 09:06:58


5. Meça o comprimento dos lados dos triângulos e classifique-os em equilátero,
isósceles ou escaleno.

a) b)

Equilátero

Escaleno

c) d)

Escaleno Isósceles

6. Um triângulo isósceles tem dois lados com igual comprimento. Assinale o triân-
gulo que é isósceles.

Triângulo A Triângulo B Triângulo C Triângulo D

Triangulo C

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Quadriláteros
Como vimos anteriormente, os polígonos de quatro lados são chamados de
quadriláteros. Devido a algumas características particulares, alguns deles recebem
nomes especiais:
D C H G

E F
A B

AB e CD são paralelos. EF e GH são paralelos.

Um paralelogramo é um polígono de quatro lados (quadrilátero) cujos lados


333
opostos são iguais e paralelos.

Book_EJA_v3.indb 333 22/05/2013 09:06:58


Alguns paralelogramos recebem nomes particulares por apresentarem carac-
terísticas próprias. Observe:
D C

RETÂNGULO: todos os ângulos são retos.

A B

LOSANGO: todos os lados têm a mesma medida.


C

D B

A
D C

QUADRADO: todos os ângulos são re-


tos e todos os lados têm a mesma medida.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

A B
A

TRAPÉZIO: é um quadrilátero que tem apenas dois lados


paralelos.

D C M Q

B N P
A

AB e CD são paralelos. NP e MQ são paralelos.


334
AD e BC não são paralelos. MN e PQ não são paralelos.

Book_EJA_v3.indb 334 22/05/2013 09:06:58


7. Observe os quadriláteros abaixo e classifique-os em trapézio ou paralelogramo.
a) b)

Paralelogramo
Trapézio

c) d)

Paralelogramo Paralelogramo

e) f)

Trapézio Paralelogramo

8. Agora, classifique os paralelogramos do exercício anterior em retângulo, losango

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


ou quadrado.
a) retângulo; c) paralelogramo; d) quadrado; f) losango.

9. Observe os seguintes polígonos:

A C
B

Descreva cada polígono utilizando as suas propriedades geométricas. Utilize as


palavras ângulos, diagonais, lados, paralelos, perpendiculares, etc.
Respostas possíveis:
Polígono A: possui quatro lados .Os quatro ângulos são retos. Os lados opostos são paralelos. Os lados opostos
são congruentes (têm medidas iguais).
Polígono B: Tem os três lados com medidas iguais.
Polígono C: possui quatro lados com a mesma medida .Os quatro ângulos são retos. Os lados opostos são 335
paralelos.

Book_EJA_v3.indb 335 22/05/2013 09:06:58


10. Observando as propriedades dos quadrados e as dos retângulos, explique, no
seu caderno, por que as afirmações abaixo são verdadeiras.

Um retângulo é um quadrilátero com quatro ângulos retos.


Um quadrado é um retângulo, mas há retângulos que não são quadrados
Todo quadrado é também um retângulo. Porém, nem todo retângulo é um quadrado. Os retângulos são
paralelogramos cujos lados formam ângulos retos entre si. A particularidade dos quadrados é que além de
possuírem quatro ângulos iguais, também possuem quatro lados com a mesma medida.
11. Sabendo que o retângulo e o quadrado da figura têm o mesmo perímetro e
observando os dados, calcule, em centímetros, a medida do lado do quadrado.

14 cm

7 cm

Como o perímetro do retângulo é de 42 cm, basta dividir esse valor por 4, porque no quadrado todos os lados têm a
mesma medida. Portanto, cada lado do quadrado mede 10,5 cm.

Perímetro: comprimento da linha de contorno de uma figura geomé-


trica. Para calcular o perímetro de uma figura, basta somar a medida de
seus lados.
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Anonymous/Credit ASSOCIATED PRESS/Glow Images


Poliedros
Roda de conversa

O formato de algumas frutas torna pouco práti-


co o armazenamento e até o transporte. Você já viu
melancias como as da foto? Como você chamaria
essa novidade: “melancia quadrada” ou “melancia
cúbica”? O que é um cubo? Você sabe o que é um
paralelepípedo? O que são pirâmides?

336

Book_EJA_v3.indb 336 22/05/2013 09:06:59


Observe os objetos a seguir. Eles têm as forma dos sólidos geométricos co-
nhecidos como poliedros.

© Zipo/Fotolia.com

© Brandelet Didier/Fotolia.com
© Zipo/Fotolia.com

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


@Luminis/folia.com

Num poliedro qualquer, existem três elementos: faces, vértices e arestas.

Vértice

Faces: são os polígonos que limi-


tam o poliedro.
Face Arestas: são os lados dos polígo-
nos que constituem as faces.
Vértices: são os pontos onde
duas ou mais arestas se encontram.
337
Aresta

Book_EJA_v3.indb 337 22/05/2013 09:07:02


Professor: Mesmo sem usar os termos adequados, espera-se que
os alunos observem que os prismas têm duas bases, e as pirâmides,
apenas um polígono como base; além disso, faces laterais triangulares
que se reúnem em um ponto comum.

Prismas e pirâmides
Alguns poliedros podem ser classificados em prismas ou pirâmides, de acordo
com suas características.

Pirâmides Pirâmides

Observe atentamente a ilustração acima e descubra quais são as diferenças entre


esses poliedros.

Prismas
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Esses poliedros são chamados de prismas.

Pirâmides

338
Esses poliedros são chamados de pirâmides.

Book_EJA_v3.indb 338 22/05/2013 09:07:03


Prismas
Conheça agora as principais características dos prismas:
• Os prismas têm duas bases.

Prisma triangular Prisma pentagonal

• As bases de um prisma podem ser de diversas formas; as mais comuns são:


triangulares, quadrangulares, pentagonais e hexagonais.

Prisma triangular Prisma quadrangular

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Prisma pentagonal Prisma hexagonal

339

Book_EJA_v3.indb 339 22/05/2013 09:07:03


1. Compare o número de faces, vértices e arestas destes prismas.

Faces Arestas Vértices

Prisma A 6 12 8

Prisma B
6 12 8

Os dois poliedros são prismas de base retangular, mas recebem denominações


especiais:
Syllverarts/shutterstock

@Luminis/folia.com
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

O prisma reto de base retangu- O prisma que possui as arestas


lar é chamado paralelepípedo. Esse laterais e as bases do mesmo tamanho
nome também é dado à pedra que e forma é chamado de cubo ou hexa-
tem esta forma, usada no calçamento edro regular.
de ruas, principalmente no início do
século passado.

2. Liste cinco objetos que você conhece que lembram a forma de um paralelepípedo.
Compare suas respostas com a de seus colegas.
Algumas respostas possíveis: geladeira, fogão, carrocerias de caminhão, algumas caixas e alguns prédios.

340

Book_EJA_v3.indb 340 22/05/2013 09:07:04


3. Existem onze planificações possíveis para o cubo. Verifique quais das planificações
a seguir correspondem a moldes do cubo.

a) b) c)

d) e) f)

g) h) i)

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


j) k)

São planificações de cubos A C D E H I J K


341

Book_EJA_v3.indb 341 22/05/2013 09:07:04


4. Júlio fez, com palitos de churrasco e bolinhas de massa de modelar, as duas
construções apresentadas abaixo (1.a e 2.a).

Sandro Mesquita/Acervo Editorial

Agora ele quer fazer mais uma construção semelhante às anteriores, mas em
que a base seja a figura seguinte.

Base

a) De quantos palitos ele precisa para fazer essa construção? 15 palitos

b) E de quantas bolinhas de massa de modelar? 10 bolinhas

c) Com qual poliedro essa construção se parece? Prisma de base pentagonal


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

Pirâmides
Encontramos muitas embalagens e até mesmo edifícios em forma de parale-
lepípedos nas grandes cidades.

No entanto, no Egito Antigo


© Mark Physsas/Fotolia.com

a forma escolhida foi outra. Foram


construídas grandes pirâmides
usadas para sepultar os antigos
faraós e seus tesouros.

342
Pirâmides do Egito.

Book_EJA_v3.indb 342 22/05/2013 09:07:06


Os astecas e os maias também ergueram monumentos gigantescos em forma
de pirâmides, para serem usados como altares para seus deuses.

© Gary/Fotolia.com

Pirâmide de Kukulcán.

Nas construções mais modernas, também é possível observar esta forma:


© pchais/Shutterstock

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


Museu do Louvre, Paris.

Conheça as principais características das pirâmides:


As pirâmides têm uma só base, que pode ser triangular, quadrangular, penta-
gonal, hexagonal, entre outras.

Classificação das pirâmides pelo número de lados da base:

triangular quadrangular pentagonal hexagonal

Base: triângulo 343


base: quadrado base: pentágono base: hexágono

Book_EJA_v3.indb 343 22/05/2013 09:07:07


• Todas as faces laterais de uma pirâmide são triângulos.

5. O que podemos afirmar sobre as faces laterais das pirâmides?


As faces laterais das pirâmides são triângulos.

6. Quantos vértices, arestas e faces tem uma pirâmide quadrangular?


Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

5 vértices
Número de vértices:
8 arestas
Número de arestas:
Número de faces: 5 faces

7. Esboce, no seu caderno, a planificação de:

a) uma pirâmide de base quadrada; Pirâmide de base quadrada

b) uma pirâmide de base triangular; Pirâmide de base triangular

c) uma pirâmide de base pentagonal.


Pirâmide de base pentagonal
344

Book_EJA_v3.indb 344 22/05/2013 09:07:08


8. A figura representa uma pirâmide.

Marque um x nas figuras geométricas necessárias para sua construção.

X X X

X X

Marcar um X no pentágono e em quatro triângulos .

9. Observando as representações dos poliedros, responda:

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

a) Quais das figuras acima representam pirâmides?


As figuras B, F e G.

b) Quais das figuras acima representam prismas?


As figuras A,C, D e E. 345

Book_EJA_v3.indb 345 22/05/2013 09:07:08


10. Pense num prisma ou numa pirâmide. Descreva, no seu caderno, o sólido em
que você pensou de modo que um colega possa identificá-lo sem mencionar
o nome desse sólido, usando apenas as palavras “vértices”, “bases” e “faces”.
Resposta do aluno.

11. Em relação às pirâmides e aos prismas, qual afirmação não é verdadeira?:


( ) Os prismas têm pelo menos duas faces paralelas, chamadas de base, que têm mes-
ma forma e mesmo tamanho.
( ) As pirâmides classificam-se em triangulares, quadrangulares, pentagonais, etc., con-
forme o nome do polígono que lhe serve de base.
( ) A base de uma pirâmide deve ser triangular.
( ) As faces laterais de um prisma são sempre paralelogramos (losangos, retângulos ou
quadrados). A única afirmação que não é verdadeira é a de
que a base de uma pirâmide deve ser triangular,
( ) As pirâmides têm um vértice em comum. pois podemos ter outros polígonos na base de
uma pirâmide.
( ) As faces laterais de qualquer pirâmide são todas triangulares.

12. Observando as representações dos poliedros, associe a segunda coluna de acordo


com a primeira:
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

1 2 3 4 5 6 7

( 6 ) prisma de base hexagonal


( 5 ) prisma de base pentagonal
( 4 ) prisma de base pentagonal
( 3 ) pirâmide de base quadrangular
( 1 ) paralelepípedo
( 7 ) cubo
346
( 2 ) pirâmide de base triangular

Book_EJA_v3.indb 346 22/05/2013 09:07:09


13. Em geral, os poliedros recebem nomes de acordo com o número de faces que
possuem, sejam prismas, pirâmides ou outros tipos de poliedros. Pesquise o que
é um octaedro.
O octaedro é um poliedro de oito faces.

a) Represente-o por meio de desenhos.

b) Esboce sua planificação:

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


c) Como são as faces do octaedro?
As faces deste poliedro são triângulos equiláteros.

14. Na lista a seguir há uma série de afirmações. Assinale aquelas que são verda-
deiras em relação ao octaedro:
( X ) Tem oito faces.
( ) É um corpo redondo.
( X ) É um poliedro.
( ) As faces são triângulos isósceles.
( X ) Tem 6 vértices e 12 arestas.
( X ) O octaedro regular é formado por oito triângulos equiláteros.
347

Book_EJA_v3.indb 347 22/05/2013 09:07:09


Saber mais

• Os poliedros recebem o nome de acordo com o número de faces que pos-


suem. Veja alguns exemplos:

Nome do
Número de faces
poliedro

4 Tetraedro

6 Hexaedro

8 Octaedro

12 Dodecaedro

20 Icosaedro

• O hexaedro regular, conhecido como cubo, é um poliedro regular que tem seis
tem seis faces iguais, em forma de quadrado. Só existem cinco poliedros regu-
lares: o cubo, o tetraedro, o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro.
• Platão, um filósofo grego que viveu por volta do século VI antes de Cristo, se
Unidade 2 • Identidade social: formas de participação

interessou pelas propriedades desses poliedros conhecidos como Poliedros


de Platão: o cubo, o tetraedro, octaedro, o dodecaedro e o icosaedro. Esses
poliedros eram associados aos quatro elementos formadores do universo.

tetraedro hexaedro octaedro

348
icosaedro dodecaedro

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Diversidade cultural –

Unidade 2 • Identidade social: formas de participação


a sociedade
Unidade
3 brasileira

Nesta unidade, você verá que as frações são de grande uso no seu dia a dia. Estudará,
ainda, como ler, escrever e ordenar frações. Identificará frações equivalentes e conhe-
cerá os procedimentos utilizados para adicionar, subtrair, multiplicar e dividir números
fracionários. 349

Book_EJA_v3.indb 349 22/05/2013 09:07:11


Terços, quintos...
Roda de conversa

Leia as perguntas a seguir e discuta com seus co-


legas e professor como seria possível:
Repartir igualmente 2 doces entre quatro crianças?
Repartir igualmente 2 doces entre seis crianças?
Preto Perola/Shutterstock

Como ficaria a divisão de 5 doces entre quatro crian-


ças?
Como representar a quantidade recebida por cada
criança?

Professor: As discussões que desafiam o raciocínio e incentivam os alunos a expor suas ideias são os
melhores caminhos para o desenvolvimento de conceitos.
Na primeira pergunta cada um ganharia metade ou um meio;

Fração Se fossem dois doces para seis crianças, cada uma ganharia a terça parte.
E na divisão de cinco doces entre quatro crianças, cada uma ganharia um doce inteiro e mais um quarto.

Os números naturais tornaram-se importante instrumento para resolver inú-


meros problemas do dia a dia.
No entanto, com o desenvolvimento das sociedades, surgiu a necessidade de
representar medidas que não têm exatamente uma “unidade inteira”, principalmen-
te nas medições.
Da necessidade de representar quanto “faltava” ou “sobrava” para completar
a medida do objeto usado como unidade de medida surgiu o número fracionário.
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

Os números fracionários são utilizados em muitas situações do nosso dia a


dia, tais como:

Bolo de fubá
Artigo 60 – A Constituição poderá ser
3 xícaras (chá) de fubá emendada mediante proposta:
6 ovos I – de um terço, no mínimo, dos
¾ de xícara (chá) de margarina com membros da Câmara dos Deputados
sal em temperatura ambiente ou do Senado Federal;
2 e ½ xícaras (chá) de açúcar II – do Presidente da República:

350

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Eugene Shapovalov/Shutterstock
Fazendo conexão com... História
Na época da mineração no Brasil Colônia, durante o século XVIII, o Brasil pagava à Co-
roa portuguesa taxação altíssima e absurda que era chamada de “O Quinto”. Esse im-
posto correspondia a 20 % (ou seja, 1/5) de tudo o que fosse produzido em nosso país.

A palavra “fração” vem do latim fractus e significa “partido”, “quebrado”.


O numerador e o denominador são os termos de uma fração.

numerador – indica quantas dessas partes foram consideradas.


denominador – indica em quantas partes iguais a unidade foi dividida.

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


1. Pesquise outras situações do dia a dia em que são utilizados números fracio-
nários. Respostas possíveis: em situações de medida como meio litro, meio quilo, meia hora, meio metro, nos
marcadores de quantidade de combustível dos painéis dos carros, entre outras.

Leitura de frações
Os números fracionários serão lidos de acordo com o número de partes em
que um número inteiro for dividido:

1 inteiro

1 parte tomada
2 o inteiro foi dividido em duas partes iguais.
Lê-se um meio. 351

Book_EJA_v3.indb 351 22/05/2013 09:07:14


1 parte tomada
3 o inteiro foi dividido em três partes iguais.
Lê-se um terço.

1 parte tomada
4 o inteiro foi dividido em quatro partes iguais.
Lê-se um quarto.
1 parte tomada
5 o inteiro foi dividido em cinco partes iguais.
Lê-se um quinto.
1 parte tomada
6 o inteiro foi dividido em seis partes iguais.
Lê-se um sexto.
1 parte tomada
7 o inteiro foi dividido em sete partes iguais.
Lê-se um sétimo.
1 parte tomada
8 o inteiro foi dividido em oito partes iguais.
Lê-se um oitavo.
1 parte tomada
9 o inteiro foi dividido em nove partes iguais.
Unidade 3 • Diversidade cultural – a sociedade brasileira

Lê-se um nono.
1 parte tomada
10 o inteiro foi dividido em dez partes iguais.
Lê-se um décimo.

Para denominadores a partir de 10, devemos ler o numeral que representa o


denominador acompanhado do termo “avos”.
Exemplos:
sete doze avos dezessete trinta avos.

As frações cujos denominadores são 10, 100 ou 1 000, também chamadas


frações decimais, recebem denominações especiais. Veja:

um décimo um centésimo um milésimo


352

Book_EJA_v3.indb 352 22/05/2013 09:07:14


2. Complete a tabela:

Leitura Representação

Um meio 5
7

Dois quartos 5
7

Quatro décimos

Quatro oitavos 5
7

5
Três sextos 7

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


Três nonos
7

Dois quintos

5
Cinco sétimos
7

353

Book_EJA_v3.indb 353 22/05/2013 09:07:15


Professor: optamos por explorar o desenvolvimento do conceito de número
fracionário garantindo o entendimento de algumas ideias importantes
sobre o tema que são a compreensão de que as repartição do todo ou da
unidade em partes deve ser feita em tamanhos iguais. Dependendo de
quantas partes daquele tamanho são necessárias para compor o todo, as
partes recebem nomes especiais.

3. Assinale um x nas figuras abaixo que foram repartidas corretamente em quartos.


As figuras a,d, f e g foram divididas em quatro partes que não são de tamanhos iguais. A figura b foi
dividida em cinco partes iguais e a figura i em três partes iguais. E a figura h não foi dividida.

a) b) X c) d)

X
e) f) g) h)

© cemil adakale/Fotolia.com
i) Discuta com seus colegas por que algumas figuras
não foram assinaladas.
Professor: é muito importante que se privilegie a discussão nesse exercício, porque o aluno precisa
compreender que a divisão precisa ser feita em quatro partes iguais para mostrar “quartos”, o que, em
algumas figuras, não ocorreu.
4. Escreva como se lê cada fração.

a) cinco meios
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

três quartos
b)

cinco oitavos
c)

sete nonos

d)
354

Book_EJA_v3.indb 354 22/05/2013 09:07:16


e)
cinco doze avos

cinco décimos
f)

sessenta centésimos
g)

cento e quarenta e cinco milésimos


h)

5. Responda:

a) Como devo dobrar uma fita para que cada parte represente ?
Devo dobrar a fita em duas partes iguais.

b) Como devo repartir uma pizza para que cada fatia represente ?
A pizza deve ser repartida em oito pedaços iguais.

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


c) Dividi um bolo em quatro pedaços iguais; que fração representa cada pedaço?
A fração que representa cada parte é um quarto, 1
4

6. Considere esse retângulo um inteiro:

Agora encontre:
a) Um meio b) Três quartos c) Cinco sextos d) Sete oitavos

355

Book_EJA_v3.indb 355 22/05/2013 09:07:17


7. Marque um x na fração maior. Justifique sua resposta em cada item.
a)

b)

c)
Neste momento, proponha a discussão da nomenclatura numerador e denominador. É importante
que o aluno compreenda que o denominador representa o número de partes em que se repartiu
o conjunto inicial e que denomina as partes (meios, terços, quartos, ...), enquanto o numerador
representa o número de partes. Contem quantas partes devem ser consideradas, concluindo que
d) quanto maior o número de partes, menor será o tamanho de cada parte.

e) As frações tem o mesmo tamanho.

f)

8. Que fração representa o conjunto de fichas vermelhas?

a) b)
3 ou 1 10 2
9 3 ou ou 1
20 4 2
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

c) d)
6 ou 3 12 ou 2
10 5 18 3

9. Se 30 alunos formam uma turma inteira, quantos alunos estarão em um quinto


da turma?
Um quinto da turma são 6 alunos.

356

Book_EJA_v3.indb 356 22/05/2013 09:07:18


10. Se 120 funcionários representam um quarto do total de funcionários de uma
empresa, quantos funcionários trabalham na empresa?

Sabendo que 120 funcionários representam um quarto do total de funcionários, temos que o total
é de 480 funcionários.

11. O Art. 7º, item XVII, da Constituição Federal, garante os principais direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, entre eles o gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Com base nessa
informação, calcule o valor dessa gratificação e complete a tabela abaixo:

Gratificação de Salário total do


Funcionário Salário
férias mês de férias
Josiane R$ 1.800,00 R$600,00 R$ 2.400,00

Rita R$ 1.600,00 R$ 500,00 R$ 2.000,00

Gilberto R$ 900,00 R$300,00 R$ 1.200,00

Claudio R$ 1.200,00 R$ 400,00 R$ 1.600,00

12. Pesquise como é feito o cálculo da gratificação do 13.º salário.

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


Corresponde a 1 avos do salário para cada mês trabalhado e deve ser pago ao fim do ano, em duas parcelas, a
12
primeira até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. Empregados com menos de um ano de serviço devem

receber o 13º salário proporcional aos meses trabalhado. Períodos de 15 dias ou mais no mês contam como mês

integral. Períodos de menos de 15 dias são descartados. O 13º salário proporcional também é devido às empregadas

que deixam o serviço, por decisão própria ou do empregador, mesmo antes de completarem um ano de casa.

13. Num concurso havia 336 candidatos inscritos. Sabendo que 1/6 dos candidatos
não compareceu no dia da prova e que somente a metade dos que fizeram a
prova passaram para a segunda fase, determine:
a) Quantos candidatos faltaram no dia da prova?
357
56 candidatos faltaram no dia da prova.

Book_EJA_v3.indb 357 22/05/2013 09:07:19


Professor: O número de deputados citado no exercício 14 é fictício. Sugira que os seus alunos pesquisem
quantos são e de que forma é definido o número de deputados de cada estado. Esse cálculo é feito segundo o
artigo 45 da Constituição Federal de 1988 e pela complementar nº 78, de 30 de dezembro de 1993.
b) Quantos candidatos foram aprovados para a segunda fase?
Foram aprovados para a segunda fase 140 candidatos.

14. No Congresso Nacional, dos 560 deputados, 1/4 votou contra a aprovação do
projeto, e 3/5, a favor.
a) Quantos votaram a favor da aprovação do projeto?
336 deputados votaram a favor da aprovação do projeto.

b) Quantos votaram contra a aprovação do projeto?


140 deputados votaram contra a aprovação do projeto.

c) Do total de deputados, quantos não estavam presentes nessa votação?


84 deputados não estavam presentes na votação.

15. O salário de Mauro é de R$ 1. 800,00. Suas despesas com alimentação, moradia


e transporte consomem 3/5 desse total.
a) Quanto Mauro gasta, em reais, com alimentação, moradia e transporte?
Os gastos de Mauro com alimentação, moradia e transporte somam R$ 1. 080,00.

b) Quanto sobra para as outras despesas?


Sobram R$ 720,00 para as outras despesas.

Número misto
Quatro amigos pediram duas pizzas, cada uma com oito fatias. Depois que
todos se serviram, sobraram apenas três fatias. Como podemos representar a parte
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

que sobrou?
E a parte consumida?

GLOSSÁRIO

Fração impró-
pria – é aque- Números como são chamados de números mistos, porque
la em que o são formados de uma parte inteira e de uma parte fracionária. Os
numerador é números mistos podem ser escritos na forma de fração imprópria,
maior ou igual
ao denomina- e vice-versa.
dor. Exemplos:
Veja que no exemplo acima poderíamos ter dito que a parte
358
consumida das pizzas foi de
.

Book_EJA_v3.indb 358 22/05/2013 09:07:20


16. Represente a parte colorida, das figuras de cada item, na forma de fração im-
própria e na forma de número misto.
a)
5 ou 2 1
2 2

b)
8 ou 1 2
6 6

c)
18 ou 2 2
8 8

d) 13 ou 1 3
18 10

17. Represente cada fração por meio de figuras e escreva na forma mista corres-
pondente:

1 1
3
a)

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


2 1
b) 2

1 1
6
c)

d) 3 2
5
359

Book_EJA_v3.indb 359 22/05/2013 09:07:22


Frações equivalentes
Os retângulos abaixo têm a mesma medida e foram divididos em partes iguais.
O que varia é o número de partes obtidas e o tamanho dessas partes.

Observe que as frações , partes em azul, representam a mesma


parte do todo e por isso são chamadas de frações equivalentes.

18. Com auxílio das ilustrações, encontre frações equivalentes a:

1 = 2 = 4= 3 = 5
2 4 8 6 10
a)
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

b) 1 = 2 = 4= 3 = 6
3 6 12 9 18

360

Book_EJA_v3.indb 360 22/05/2013 09:07:23


c) 1 = 2=3
4 8 12

d)

1 2 = 3= 4= 5
5 = 10 15 20 25

19. Complete:

a) 2 4
3 = 6

3 6
b) 5 = 10

c) 2 4
5 = 10

3 6 Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


d) 4 = 8

e) 2 6
3 = 9

f) 2 4
7 = 14

361

Book_EJA_v3.indb 361 22/05/2013 09:07:24


20. Encontre frações equivalentes a:
8 21 20
a) b) c)

6 15 6
d) e) f)

20 8
g) h) 20 i)

21. Observe os desenhos e complete:

a)
2 inteiros =

b) 15
3 inteiros =

c)
30
3 inteiros =
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

22. Complete:
24 14 27
a) b) c)

20
d) e)
18 8
f)

23. Quantos inteiros há em:

362 a) 2 inteiros b) 3 inteiros c) 2 inteiros d) 5 inteiros

Book_EJA_v3.indb 362 22/05/2013 09:07:24


Operações com frações
Ao somarmos ou subtrairmos frações, podemos encontrar dois casos: frações
com denominadores iguais e frações com denominadores diferentes.
1.º caso: adição e subtração de frações com denominadores iguais

+ =

Para adicionar ou subtrair frações que têm o mesmo denominador, adiciona-


mos ou subtraímos os numeradores e conservamos o denominador.

24. Determine a soma das frações:

1 inteiro 2 inteiros 9
a) b) c) 10

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


8 5
d) 9 e) 2 inteiros f) 8

2 1
g) 3 5 h) 5 i) 10
8

363

Book_EJA_v3.indb 363 22/05/2013 09:07:25


2.º caso: adição de frações com denominadores diferentes
As frações equivalentes são úteis quando precisamos somar frações com de-
nominadores diferentes.

Para determinar a soma das frações , utilizamos uma fração equivalente

a , mas que tenha o mesmo denominador da fração que será adicionada, ou

seja, .

25. Utilize as figuras para encontrar frações equivalentes e adicione:

2 + 1 =3
a) 4 4 4

3 + 1 =4
b) 6 6 6
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

4 + 3 =7
c) 8 8 8

d) 5+5= 9
10 10 10

6 + 5 = 11
e) 12 12 12
364

Book_EJA_v3.indb 364 22/05/2013 09:07:26


2 + 4 =6 = 1
f) 6 6 6

4 + 7 = 11
g) 12 12 12

3 + 5= 8
h) 9 9 9

2 + 3= 5
i) 8 8 8

4 + 3= 7
j) 10 10 10

Para adicionar ou subtrair números fracionários que têm denominadores dife-


rentes, precisamos encontrar frações equivalentes a cada um deles para que passem
a ter denominadores iguais.

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


E se quisermos determinar a soma de :

Quando não há equivalência entre elas, devemos procurar uma outra fração,
na qual o denominador seja múltiplo comum entre os denominadores. No exemplo
acima, procuramos por um múltiplo comum entre 2 e 3.
Portanto, neste caso, as duas frações precisam ter como denominadores o
número 6. 365

Book_EJA_v3.indb 365 22/05/2013 09:07:27


Observe:

Então, para somar , basta substituir por frações equivalentes:

26. Calcule:

16 + 6 = 22 22 + 15 = 37
a) 24 24 24 d) 24 24 24
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

5 + 6 = 11 16 + 9 + 6 31
b) 15 15 15 e) 24 24 24 = 24

16 + 15 = 31
c) 14 + 15 = 29
f) 20 20 20
21 21 21

366

Book_EJA_v3.indb 366 22/05/2013 09:07:27


Multiplicação de frações
A multiplicação é uma operação matemática associada a várias ideias. Uma
delas é equivalente a uma adição de parcelas iguais. No caso de multiplicações de
frações, também podemos pensar dessa forma.
Acompanhe um exemplo:
Maria foi a uma pizzaria com alguns amigos.
Das 3 pizzas que foram pedidas, cada uma dividida em oito fatias, ela comeu
um pedaço de cada. Que fração das pizzas Maria comeu?

27. Vovô Geraldo toma comprimido antes de dormir.

Ele toma em 3 dias 1 1 comprimidos.


a) Quantos comprimidos ele toma em 3 dias? 2

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


Em uma semana ele toma 3 1
b) Em uma semana, quantos comprimidos ele toma? 2
comprimidos.
Em dez dias toma 5 compridos.
c) E em dez dias?
Sim uma cartela será suficiente
d) Uma cartela como esta será suficiente para um mês? para um mês.

e) Sobrarão ou faltarão comprimidos? Sobrarão 3 comprimidos.

28. Calcule e, se for necessário, desenhe:

6 =2 4 =2 5 =1
a) 3 x 3 b) 4 x 2 c) 5 x 5

367

Book_EJA_v3.indb 367 22/05/2013 09:07:28


12 = 3 14 = 1
d) 4 x 4
e) 7 x 14

Como efetuar a multiplicação ?

Jorge reservou do salário dele para a compra de um móvel. No entanto,

encontrou uma promoção e gastou somente do valor reservado. Que fração do


seu salário usou para efetuar a compra?
Na figura abaixo, temos o inteiro (salário de Jorge) dividido em 4 partes iguais.

A parte colorida, , representa o que foi reservado para a compra do móvel.

Mas como gastou apenas a metade desse valor, dividimos a quarta parte em
duas partes menores e iguais.
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

Portanto, o valor gasto com a compra do móvel representa do seu salário.


Fazendo os cálculos:

368

Book_EJA_v3.indb 368 22/05/2013 09:07:29


29. Com auxílio das figuras, escreva os resultados das multiplicações:

a)

b) 1 x 1= 1
3 3 9

c) 1 x 1= 1
2 6 12

d) 2 x 1= 2 = 1
3 2 6 3

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

e)
1 x 3= 3
5 4 20

369

Book_EJA_v3.indb 369 22/05/2013 09:07:30


30. No início do trabalho com frações, você viu que elas são utilizadas em receitas
culinárias.

Musse de uva
Modo de preparar
6 claras
Na batedeira, bata
1 ¼ de xícara (chá) de açúcar
as claras em neve com
1 ½ garrafa de suco concentrado de uva o açúcar até obter picos
1 ½ envelope de gelatina vermelha sem sabor firmes. Aqueça o suco de
1 lata de creme de leite uva em fogo baixo até fi-
Calda car morno. Polvilhe a ge-
½ garrafa de suco de uva latina sobre o suco e bata
bem até dissolvê-la. Deixe
3 colheres (sopa) de açúcar
esfriar um pouco e junte
1 colher (sopa) de maisena às claras. Misture delica-
damente. Acrescente o
creme de leite e misture.
Sabendo que a receita acima rende 8 porções, Transfira para uma tigela e
reescreva a lista de ingredientes necessários leve à geladeira por uma
de forma que ela passe a render 16 porções. hora ou até começar a fi-
car firme. Retire da gela-
12 claras deira e mexa com uma es-
2 1 xícara (chá) de açúcar
pátula para a musse ficar
2
com textura homogênea.
Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

3 garrafas de suco concentrado de uva


Leve para gelar por quatro
3 envelopes de gelatina vermelha sem sabor horas.
2 latas de creme de leite

Calda Calda
Numa panela, jun-
1 garrafa de suco de uva
te o suco de uva, o açú-
6 colheres (sopa) de açúcar car e a maisena, leve ao
2 colheres (sopa) de maisena fogo baixo, mexendo até
engrossar. Deixe esfriar e
sirva com a musse.

370

Book_EJA_v3.indb 370 22/05/2013 09:07:30


Divisão de frações
A divisão está ligada à ideia de repartir em partes iguais e de medida, que
permite verificar quantas vezes uma quantidade cabe em outra.
Pensar dessa forma pode ser útil para encontrar o resultado de algumas divi-
sões de frações.
Exemplo 1:

Se repartimos de um bolo entre 4 pessoas, que fração do bolo cada uma


receberá?

Este pedaço será repartido.

Cada pessoa receberá do bolo?

Então, o resultado da divisão de

Exemplo 2:

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


Em outros casos, encontramos o resultado verificando quantas vezes um nú-
mero cabe no outro.

Quando procuramos o resultado de , estamos querendo saber quantas

vezes cabe em . Essa questão pode ser mais bem compreendida por meio de
um desenho:

371

Book_EJA_v3.indb 371 22/05/2013 09:07:31


cabe duas vezes em

Então, o resultado da divisão de

31. Utilize as figuras abaixo para responder.

a) Quantas vezes cabe em

Podemos observar que cabe ........


4 vezes em

b) Quantas vezes cabe em 2 inteiros?


Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

Podemos observar que 12


cabe ........ vezes em 2 inteiros.

c) Quantas vezes cabe em inteiros?

6
372 Podemos observar que cabe ........ vezes em .

Book_EJA_v3.indb 372 22/05/2013 09:07:31


32. Responda:
a) Quantas horas há em:
• ½ do dia? 12 horas

• ¼ do dia? 6 horas

• ¾ do dia? 18 horas

• 1/3 do dia? 8 horas

b) Quantos minutos há em:


• ½ do dia? 30 minutos

• ¾ do dia? 45 minutos

• 1/3 do dia? 20 minutos

33. Numa eleição para direção de uma escola concorreram três candidatos. O candidato
A obteve 5/8 dos votos, o candidato B obteve 1/4 dos votos e o candidato C 45
votos. Quem ganhou a eleição? Quantas pessoas votaram?
Quem ganhou a eleição foi o candidato A com 225 votos. Votaram 360 pessoas.

34. Uma empresa tem 225 operários e 47 funcionários que trabalham na área

Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver


administrativa. Sabendo que ¾ do total de funcionários da empresa utilizam o
transporte coletivo para chegar à empresa, quantos funcionários não utilizam
o transporte coletivo?
68 funcionários não utilizam o transporte coletivo.

373

Book_EJA_v3.indb 373 22/05/2013 09:07:31


35. Quero repartir igualmente 7 folhas entre 4 pessoas. Represente por meio de
desenhos quanto caberá a cada um.
Cada um receberá uma folha inteira e mais ¾

36. Uma prova de matemática começa às 13h30min e tem duração de 2 ¾ horas.


A que horas terminará a prova?
Cada um receberá uma folha inteira e mais ¾

37. Joana estava organizando o almoxarifado da cozinha da empresa onde trabalha.


Ela contou 12 pacotes de café ½ kg e 9 pacotes com ¼ kg. Quantos quilogra-
mas de café há no almoxarifado?
Há 8 Kg e 250g

38. Calcule mentalmente:


Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

a) A metade de 1 686: 843

b) A terça parte de 900: 300

c) A décima parte de 500: 50

d) A quarta parte de 5400: 1350

374

Book_EJA_v3.indb 374 22/05/2013 09:07:32


© Dimitrios/Fotolia.com

Relações sociais,
Unidade
4 culturais e de
produção Unidade 3 • Diferentes formas de ser e viver

Nesta unidade, você trabalhará com números decimais, representará uma fração de-
cimal na forma de número decimal e vice-versa, fará a leitura de números decimais,
conhecerá os algoritmos das operações fundamentais com números decimais e suas
aplicações em problemas do dia a dia que envolvem medidas e nosso sistema mo-
netário. 375

Book_EJA_v3.indb 375 22/05/2013 09:07:34


Números decimais e medidas
Números decimais
Roda de conversa

Optar por um ou outro modelo no mo-


Rainer Plendl /Shutterstock

mento da escolha de um veículo é re-


sultado de uma análise que conside-
ra várias características como marca,
preço, consumo, dentre outras. Su-
ponha que três carros de montadoras
diferentes tenham sidos submetidos a
uma avaliação de economia de com-
bustível. Os resultados obtidos são
demonstrados na tabela abaixo:

Quilometragem por litro


Etanol Gasolina
Automóvel
Cidade
Estrada (km/l) Cidade (km/l) Estrada (km/l)
(km/l)
Modelo A 6,7 7,4 10 10,7
Modelo B 8,0 10,1 11,8 14,9
Modelo C 7,5 10,8 9,3 13,9
© steven Husk/Fotolia.com

Qual deles é o mais econômico? Por


quê? Como você ordenaria os valores,
na forma crescente, da quilometragem
por litro, dos três modelos, consideran-
do o desempenho na estrada se abas-
tecido com gasolina?

376

Book_EJA_v3.indb 376 22/05/2013 09:07:35


As ilustrações abaixo mostram um tipo de número muito comum no nosso
cotidiano. São os números decimais.
© Dimitrios/Fotolia.com

Daniel Cymbalista/Pulsar Imagens


Usain St. Leo Bolt é um atleta jamaicano, campeão olímpico e mundial, além
de ser o detentor dos recordes mundiais nos 100 e 200 metros rasos, bem como
no revezamento 4 x 100 metros.

thelefty / Shutterstock.com
100 metros rasos: 9,58 s
200 metros rasos: 19,19 s
4x100 metros rasos: 37,04 s
Leremy/Shutterstock

© borissos/Fotolia.com

Acervo autora
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens

377

Book_EJA_v3.indb 377 22/05/2013 09:07:40


Mas o que é número decimal?
As frações cujos denominadores são 10, 100, 1 000,... são também chamadas
de frações decimais e recebem denominações especiais. Veja:
um décimo

um centésimo

um milésimo

Os números decimais são um outro modo de escrever as frações decimais; no


lugar de frações, usamos números com vírgula.

Saber mais

Em alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, é utilizado o ponto no lugar


da vírgula. Por exemplo, nós indicamos o número 1,5, e eles indicam 1.5.
O ponto também é utilizado, aqui no Brasil, para expressar números na forma de-
cimal no visor das calculadoras e em balanças eletrônicas.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Décimos e centésimos
Os números fracionários serão lidos de acordo com o número de partes que
um inteiro for dividido:

Quando a unidade é dividida em 10


partes iguais. Cada parte representa
(um décimo).
A forma decimal é 0,1.

378

Book_EJA_v3.indb 378 22/05/2013 09:07:40


Quando a unidade é dividida em
100 partes iguais, cada parte representa
(um centésimo).

A forma decimal é escrita 0,01.

Quando a unidade é dividida em 1000 partes iguais, cada parte representa


um milésimo). A forma decimal é escrita 0,001.

Observe no quadro a representação de outros exemplos de frações decimais


por meio de números decimais.

Fração decimal Números decimais Leitura

0,3 três décimos

0,72 Setenta e dois centéssimos

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Duzentos e quarenta e cindo
0,245
milésimos

Já vimos que podemos representar quantidades usando números mistos.


Acompanhe:

Trocando a representação fracionária pela representação decimal, temos que:


1 + 0,5 = 1,5 1,5 = um inteiro e cinco décimos
379

Book_EJA_v3.indb 379 22/05/2013 09:07:40


Observe que nessa representação, a vírgula separa a parte inteira da parte
decimal.
1,5
Parte decimal
Parte inteira

Leitura dos números decimais


No sistema de numeração decimal, cada algarismo, da parte inteira ou deci-
mal, ocupa uma posição ou ordem com as seguintes denominações:

Partes inteiras Partes decimais

Centenas Dezenas Unidades Décimos Centésimos Milésimo

2, 1 3

Assim, o número 2,13, por exemplo, é lido como dois inteiros e treze centé-
simos.

1. Sabendo que:
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

unidade décimo centésimo

Quais são os números representados pelas figuras abaixo?


a) d)

2,12 0,74

b) e)

1,3 3,48

c) f)
380 0,03
2,03

Book_EJA_v3.indb 380 22/05/2013 09:07:41


2. Observe os desenhos e escreva a fração e o número decimal que cada um repre-
senta.

Forma decimal = 0,7

Forma fracionária = 7
10

Forma decimal = 0,5

5
Forma fracionária = 10

Forma decimal = 0,9


9
Forma fracionária = 10

Forma decimal = 0,6

6
Forma fracionária = 10

Forma decimal = 0,4

4
Forma fracionária = 10

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


Forma decimal = 0,2

2
Forma fracionária = 10

3. Represente as frações na forma decimal:

a) 63,2 d) 19,2

b) 0,57 e) 69,3

6,93
c) 31,9 f) 381

Book_EJA_v3.indb 381 22/05/2013 09:07:41


4. Dê a fração correspondente a cada um dos números decimais a seguir.
25
a) 1,3 13
10
d) 0,25 100

12 237
b) 0,12 100 e) 2,37 100
607 156
c) 6,07 100 f) 0,156 1000

5. Escreva nas formas fracionárias e decimais o número expresso por:


8 = 0,8
a) Oito décimos: 10

32 = 0,32
b) Trinta e dois centésimos: 100

236 = 2,36
c) Duzentos e trinta e seis centésimos: 100

506 = 5,06
d) Cinco inteiros e seis centésimos: 100

225 = 2,25
e) Dois inteiros, vinte e cinco centésimos: 100

23 = 2,3
f) Dois inteiros e três décimos:
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

100

6. Escreva por extenso os números decimais:


a) 0,45 Quarenta e cinco centésimos

Quatro inteiros e vinte e sete centésimos


b) 4,27
c) 0,03 Três centésimos

d) 6,9 Seis inteiros e nove décimos

7. Considere os números decimais abaixo.

0,27 6,22 5,01 0,015

0,32 5,096 0,82 1,25


382
Dentre eles, circule os que são menores que 1.

Book_EJA_v3.indb 382 22/05/2013 09:07:42


Operações com números decimais
Adição e subtração
Para efetuar adições ou subtrações com números decimais, utilizaremos o
quadro de ordens. Acompanhe os exemplos:
Exemplo 1: 2,15 + 4,2 + 13,481

Partes inteiras Partes decimais

Centenas Dezenas Unidades Décimos Centésimos Milésmo

2, 1 5

4, 2

1 3, 4 8 1

1 2, 8 3 1

Assim, adicionamos dezenas com dezenas, unidades com unidades, décimos


com décimos e milésimos com milésimos.
Basta, portanto, escrevendo os números de forma alinhada. Veja:

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


02, 1 5
04, 2
+ 1 3, 4 8 1
1 9, 8 3 1

Exemplo 2: 65,37 – 0,62

04, 13

6 5, 3 7
– 00, 6 2
6 4, 7 5

383

Book_EJA_v3.indb 383 22/05/2013 09:07:42


Caso o número de algarismos decimais do subtraendo seja menor que o do
minuendo, completamos neste, com zeros, as ordens que faltarem. Observe:

4 10
2 5, 3 5 2 5, 3 5 0 2 5, 3 5 0
– 00, 2 2 5 – 00, 2 2 5 – 00, 2 2 5
2 5, 1 2 5

8. Efetue as seguintes adições, no seu caderno:


a) 0,45 + 2,347 2,797 d) 16,43 + 0,02 + 1,7 18,15

b) 12,089 + 0,45 + 2,3 14,839 e) 432 + 8,98 + 0,01 440,99


c) 0,425 + 8,89 + 8,07 17,385 f) 42,25 + 5,24 + 14,9 62,39

9. Efetue, no seu caderno, as seguintes subtrações:


a) 23,56 – 16,95 6,61 d) 214,2 – 87,245 126,955

b) 48,807 – 25,15 23,657 e) 437,11 – 41,3 395,81

c) 47,4 – 14,31 33,09 f) 21,2 – 0,17 21,03


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Usando a calculadora:

© Karen Roach/Fotolia.com
Como efetuar adições e subtrações de números decimais na
calculadora?
Acompanhe o exemplo: 2,17 + 3,587.
Ligue a calculadora.
Aperte as teclas 2 , 1 7 para registrar o primeiro número.
Observe que o número é registrado com ponto no visor da calculadora.
Em seguida, aperte o sinal de + .
Agora, registre o segundo número, apertando as teclas 3 , 5 8 7 .
Para conhecer o resultado, basta apertar a tecla = .
384

Book_EJA_v3.indb 384 22/05/2013 09:07:43


10. Agora, usando uma calculadora, efetue os cálculos a seguir:
64,19
a) 6,81 + 54,28 + 3,10
55,85
b) 45,6 + 2,85 + 7,4
c) 92,2 + 3,51 + 0,23 95,94

d) 83,54 – 27,56 55,98

e) 45 – 2,38 42,62

f) 47,03 – 0,25 46,78

Multiplicação de números decimais


Uma garrafa tem 1,5 l de refrigerante. Se você comprar 5 garrafas, quantos
litros de refrigerante terá?
Para saber quantos litros há nas 5 garrafas, podemos usar a multiplicação.
1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 = 7,5.

ou
5 x 1,5 = 5 x 1 =

Em 5 garrafas há 7,5 l de refrigerante.


Na multiplicação de números decimais, multiplicamos os números como se

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


fossem inteiros, como se não tivessem vírgula.
No resultado final, produto, colocamos a vírgula de tal forma que as casas
decimais sejam a soma do número de casas decimais dos fatores.
Acompanhe o exemplo:
2, 4 6 Duas casas decimais
x 1, 4 Uma casa decimal
+ 9 8 4
2 4 6
3, 4 4 4 Três casas decimais
11. Calcule:
a) O dobro de 0,5 d) O dobro de 0,9
1 1,8

385

Book_EJA_v3.indb 385 22/05/2013 09:07:43


b) O triplo de 0,7 e) O triplo de 0,8
2,4
2,1

c) O quádruplo de 0,8 f) O quádruplo de 0,5


3,2 2

12. Efetue, no seu caderno, as seguintes multiplicações:


a) 53,67 x 2,5 134,175 d) 245,3 x 6 1471,8

b) 45,34 x 1,2 54,408 e) 14,9 x 0,2 2,98

c) 8,5 x 1,2 10,2 f) 18,05 x 27 487,35

Noção de divisão de números decimais


13. José comprou um televisor por R$ 900,00. Deu R$ 150,00 de entrada e o res-
tante pagou em 4 prestações iguais. Qual o valor de cada prestação?
Cada prestação será de R$187,50.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

14. Rute comprou 12 litros de água em embalagens de 0,5 litros. Quantas emba-
lagens ela comprou?
Rute comprou 24 embalagens.

15. Dona Áurea comprou 6 metros de tecido. Ela gasta 1,2 para fazer cada peça
das encomendas que recebeu. Quantas peças foi possível fazer?
Foi possível fazer 5 peças.

386

Book_EJA_v3.indb 386 22/05/2013 09:07:44


Aplicações dos números decimais
Veremos a seguir que os números decimais são muito utilizados em situações
que envolvem sistema monetário e medidas.

Números decimais e sistema monetário


Sistema Monetário é o nome dado ao conjunto de cédulas e moedas utilizadas
por um país. Este sistema obedece a regras de legislação própria, é organizado a
partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade monetária. No Brasil,
a unidade monetária é real.
Normalmente, os valores mais altos são expressos em cédulas, e os valores
menores, em moedas.
Um real corresponde a 100 centavos.
1 centavo corresponde a de real ou 0,01 de real.

10 centavos corresponde a de real ou 0,1 de real.

Professor: estimule seus alunos a trocarem informações


16. Quanto custa cada caderno? sobre as estratégias usadas por eles para encontrar a
solução para o problema apresentado

a) Um lápis e um caderno custam R$ 3,25.


caderno © tungphoto/Fotolia.com
lápis © cphoto/Fotolia.com

Cada caderno custa R$ 2,50.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


b) Um lápis e um caderno custam R$ 4,00.

Explique como você encontrou a resposta usando palavras, esquemas ou cálculos.

387

Book_EJA_v3.indb 387 22/05/2013 09:07:46


Entre as muitas opções de pagamento disponíveis hoje em dia, podemos citar,
entre as mais conhecidas e mais utilizadas: dinheiro, cheque, cartão de débito/
crédito, boleto bancário, transferência bancária e depósito bancário, etc.
Nas cédulas brasileiras, atualmente aparecerem imagens de espécies representativas da fauna encontrada
no território brasileiro.
O Euro (€) é a moeda oficial de 17 (Áustria, Alemanha, Bélgica, Eslovênia, Chipre, Eslováquia, Espanha,
Saber mais França, Finlândia, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Malta, Portugal e Estônia) dos 27
países da União Europeia.
Professor: incentive seus alunos a participarem ativamente desta atividade trazendo e comparando cédulas
antigas de diferentes países, ano de circulação, personagens que aparecem.
Nos primeiros tempos da civilização, ninguém precisava de dinheiro. Os problemas
começaram a surgir quando os homens passaram a viver em sociedade. Valia tudo: sal,
tijolos, dentes de cachorro ou pedaços de bambu.
Há 2 mil anos, na Lídia, um pequeno país da Ásia Menor, alguém iniciou a cunha-
gem da moeda, em ouro, prata, cobre, bronze e outros metais. Outros países copiaram
e aperfeiçoaram o sistema. Grécia e Roma colocaram símbolos nacionais nas moedas.
A primeira moeda de prata de valor e peso definidos surgiu no século VII a.C. na ilha
grega de Egina.
Alexandre, o Grande, que reinou na Macedônia entre 336 e 326 a.C., foi o primeiro
homem a ter sua efígie gravada numa moeda, no ano 330 a.C.
Disponível em: <http://www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/368/1/dinheiro.html>. Acesso em: 15 abr. 2013.

Roda de conversa

Você conhece e/ou utiliza outras maneiras de efetuar pagamentos? Quais?


Qual o tema escolhido para ilustrar nosso dinheiro atualmente?
Você sabe o que é Euro?
Se possível, traga para a escola exemplares de cédulas e moedas antigas,
nacionais e estrangeiras, e mostre para seus colegas. Juntos observem o material
utilizado, o valor, o ano de fabricação e o país de origem.
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

17. Observe a nota fiscal abaixo; nela aparece o preço unitário de cada mercadoria.
a) Calcule o valor total da compra.

Nota fiscal de venda ao consumidor N.º 29943


Preço
Quantidade Descrição Total: R$
unitário
5 bolas 6,40 R$32,00

2 raquetes 13,70 R$27,40

4 bonecas 11,50 R$46,00

5 carrinhos 9,60 R$48,00

Total R$ R$153,40

388 b) Se a compra foi paga com duas cédulas de 100, qual foi o troco?
O troco foi de R$ 46,60.

Book_EJA_v3.indb 388 22/05/2013 09:07:46


Facilitar o troco
Comprar e vender são atividades muito comuns no nosso dia a dia. Assim
como são frequentes as situações nas quais o vendedor não dispõe de dinheiro
trocado e pede que o comprador “facilite o troco”.
Nesse caso, o cliente tenta pagar o valor exato do produto ou um valor em
que o troco seja devolvido ao mínimo de moedas ou notas.
Veja um exemplo de como fazer isso:
Total da compra: R$ 16,25.
Se o cliente paga com uma cédula de R$ 20,00, o troco deverá ser de R$ 3,75.
Se, além dos R$ 20,00 ele dá uma moeda de R$ 0,25 (pagando R$ 20,25 no
total), o troco passa a ser de R$ 4,00. Assim, o troco que deveria ser dado com
moedas pode ser dado agora com apenas duas notas de R$ 2,00.

18. Complete a tabela com uma possibilidade de facilitar o troco:

Quantia de
Valor da Quantia de pagamento
Troco Novo troco
compra pagamento para facilitar o
troco
R$ 21,15 R$ 50,00 R$ 29,85 R$ 51,15 R$ 30,00

R$ 36,85 R$ 40,00 R$ 3,15 R$ 40,85 R$ 4,00

R$ 66,45 R$ 3,55 R$ 70,45 R$ 4,00

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


R$ 70,00

R$ 24,90 R$ 30,00 R$ 5,10 R$ 30,90

Professor: Explore outras possibilidades que poderiam facilitar o troco diminuindo o numero de cédulas e moedas
necessárias ou arredondando o troco para cédulas de valores maiores.

Estimativa
Fazer uma estimativa é determinar o valor de uma coisa, avaliar, calcular o
preço, a quantidade, enfim, encontrar um valor aproximado.
Rotineiramente passamos por situações em que isso se faz necessário: no su-
permercado, estimamos o preço a pagar pelos produtos, muitas vezes, estimamos
o tempo necessário para percorrer uma distância, etc.
19. Faça uma estimativa antes de conferir o resultado das operações:
a) O resultado de 2,78 + 6,32 é maior ou menor que 7?
9,1

389

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b) O resultado de 2,25 + 45,6 + 81 é maior ou menor que 100?
128,85

c) O resultado de 15,33 – 2,5 é maior ou menor que 14?


menor – 12,83

d) O resultado de 87,2 – 2,54 é maior ou menor que 85?


menor – 84,66

Agora, resolva as operações e verifique se suas estimativas estavam corretas.


20. Mensalmente, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So-
cioeconômicos) acompanha, em várias capitais brasileiras, a evolução de preços
de produtos de alimentação assim como o gasto mensal que um trabalhador
teria para comprá-los. Leia o texto abaixo e saiba mais por que isso é feito.
Resposta do aluno.

Quais produtos compõem a cesta básica?


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

São 13 alimentos: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão,
café, banana, açúcar, óleo e manteiga. No Brasil, a quantidade de cada ingre-
diente varia de acordo com a tradição alimentar de três grandes áreas do país:
a Região Sudeste, as regiões Sul/Centro-Oeste e as regiões Norte/Nordeste. Mas
não espere encontrar exatamente esses ingredientes nos kits que as empresas
distribuem aos funcionários. “Os cardápios das cestas de alimentos são defini-
dos em acordos entre patrões e empregados e têm pouco a ver com essa lista”,
afirma o economista José Maurício Soares, do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Então, para que serve a cesta
básica? “Ela é um conceito abstrato, que mede se o poder de compra do salário
mínimo consegue suprir as necessidades alimentares básicas de uma pessoa du-
rante um mês”, diz a socióloga Claudia Garcia Magalhães, da Prefeitura de São
Paulo. Além de não ser um banquete, a cesta é fraca em certos nutrientes: ela
não atende plenamente às necessidades de vitaminas e minerais, encontrados
em frutas, verduras e legumes.
Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-produtos-compoem-a-cesta-basica>. Acesso em:
390 29 out. 2011.

Book_EJA_v3.indb 390 22/05/2013 09:07:47


Os produtos da chamada “cesta básica” e suas respectivas quantidades mensais
são diferentes por regiões. Pesquisem os itens da cesta básica da região onde vocês
moram e calculem o valor necessário para adquiri-la nos supermercados próximos. Se
preferirem, essa pesquisa pode ser feita em encartes fornecidos pelos supermercados.
21. Pesquise o valor de um salário mínimo em vigor.

Depende do ano em que o livro estiver sendo usado.

Apesar de o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos


Roda de conversa (Dieese) realizar pesquisas e divulgar frequentemente esses valores, proponha que
os alunos façam esse calculo baseados na sua realidade.

Considerando que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalha-


dor e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene,
transporte, lazer e previdência, qual seria, na sua opinião, o salário mínimo necessário?

22. Acompanhe, em telejornais e jornais, as últimas cotações do dólar comercial, e


faça uma análise de suas variações nos últimos 7 dias.
Depende do ano em que o livro estiver sendo usado.

GLOSSÁRIO

Dólar – s.m. Moeda dos Estados Unidos da América e de vários outros países. // Dólar comercial, o
que tem cotação do mercado oficial. // Dólar paralelo, o que tem cotação do mercado livre. // Dólar

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


turismo, o que tem cotação para fins de turismo autorizado no exterior.
Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Dolar>. Acesso em: 31 out. 2011.

23. Faça um levantamento do preço médio dos combustíveis na sua cidade e pre-
encha a tabela a seguir:
Valores (em R$) Professor: No site da Agên-
cia Nacional de Petróleo,
Litros Gasolina Etanol Gás Natural e Biocom-
bustíveis (http://www.anp.
1 gov.br/preco/prc/Resu-
mo_Por_Estado_Municipio.
5 asp) é possível visualizar
o levantamento de preço
10 máximo e mínimo dos com-
bustíveis em vários estados
brasileiros.
15
20
30 391

Book_EJA_v3.indb 391 22/05/2013 09:07:48


24. Quatro amigos se reuniram para comprar um livro para um amigo aniversariante.
Cada um contribuiu com 23 reais. As figuras abaixo representam as moedas
que foram dadas de troco.
Acervo Editorial

a) Quanto eles arrecadaram para a compra do livro?


Arrecadaram R$ 92,00.

b) Quanto receberam de troco?


Receberam de troco R$ 3,60.

c) Quanto custou o livro?


O livro custou R$ 88,40.

d) Sabendo que os quatro amigos distribuíram as moedas entre si, de modo a


ficarem com iguais quantias de dinheiro, quanto recebeu cada um?
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

Cada um recebeu R$0,90.

Números decimais e medidas


Existem muitas situações em que usamos números decimais para registrar
medidas não inteiras. Veja algumas delas:
© travis manley/Fotolia.com
Leremy/Shutterstock

Kameel4u/Shutterstock

392

Book_EJA_v3.indb 392 22/05/2013 09:07:51


25. Caminhões presos em viadutos é uma cena comum nas grandes cidades brasi-
leiras. Leia na reportagem a seguir.

Caminhão fica preso em viaduto na Afonso Pena


Vanessa Pires

Um caminhão-baú ficou preso embaixo do viaduto Corina Junqueira Re-


zende, na avenida Afonso Pena, próximo ao Terminal Central, por volta das 9h
desta sexta-feira (30). O trânsito ficou interditado em meia pista por mais de
duas horas até a retirada do veículo.
Segundo Agnaldo Basílio, da Secretaria de Trânsito e Transportes (Setran),
o viaduto permite veículos com altura até 3,70 metros, mas o caminhão tinha
0,5 metros acima do permitido.
O motorista Ricardo Júnior disse que transporta móveis e não mora em
Uberlândia. “É a primeira vez que passo pelo local e quanto vi a placa já não
dava mais tempo de parar”, disse. Ainda de acordo com ele, o prejuízo será
grande, pois terá que trocar todo o baú do veículo.
PIRES, Vanessa. Caminhão fica preso em viaduto na Afonso Pena. Correio de Uberlândia. 30. set. 2011. Disponível
em: <http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/caminhao-fica-preso-em-viaduto-na-afonso-pena/>.
Acesso em: 15 abr. 2013.

Agora, responda:
a) Na sua opinião, o que causa esse tipo de acidente? Provavelmente os alunos citaram
a falta de atenção dos motoristas e a falta de sinalização como principais causas destes acidentes.

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


b) Qual é a altura máxima dos veículos que podem passar pelo viaduto citado
na reportagem? A altura máxima era de 3,70 m.
c) Qual era a altura do caminhão que ficou preso?
O caminhão tinha 4,2 m.
26. O médico receitou para Luiz, de 4 anos, filho de Iracema, um xarope para tosse.
Seguindo as orientações médicas, ela deu 3 doses diárias de 2,5 ml, durante uma
semana. Que quantidade de xarope sobrou no vidro de xarope?
Sobrou na embalagem 67,5 ml.
Cide Gomes

393

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27. O jarro representado na figura contém 1,5 litro de suco de laranja e será dividido
em seis copos iguais. Qual a quantidade de suco que deverá ser colocada em
cada copo?

Cide Gomes
Em cada copo será colocada 0,25 l ou seja 250ml de suco.

28. Na tabela abaixo estão representados os resultados obtidos por quatro atletas mi-
rins na prova de salto em distância. Escreva o nome dos três primeiros colocados
nessa competição.
Caio
Nome Gasolina 1º lugar:
Roberto
Roberto 3,88 metros 2º lugar:
Bruno 3,74 metros 3º lugar: Diego

Diego 3,83 metros


GLOSSÁRIO
Caio 3,95 metros
Perímetro
Guilherme 3,7 metros – soma da
medida dos
29. Calcule o perímetro dos seguintes polígonos. lados de um
Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

polígono.
a) c)
2,5 m 2,5 m
1,8 m
7,5 m
12,6 m

2,5 m 4,5 m

b) 2,5 m d)
4,3 m

3,7 m 13,17
3,9 m

11,6 m
5,17 m

5,2 m

394

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30. Silvana pesava 72 kg. Iniciou uma dieta alimentar e perdeu 1,5 kg. Qual é o peso
de Silvana após a dieta?
70,5 kg

31. Marta pesava 67,5 kg e ganhou 6,5 kg em função da gravidez. Qual o novo
peso de Marta?
74 kg.

32. Substitua o símbolo ◊ nas expressões abaixo com um dos sinais operatórios:
+,-,x e :
a) 16 ◊ 0,15 = 2,4 16 x 0,15 =2,4

b) 16 ◊ 0,15 =15,85 16 - 0,15 =15,85

c) 16 ◊ 0,15= 16,15 16 + 0,15 =16,15

d) 16 ◊ 0,15 =6,66 16 : 0,15 = 6,66


e) 245 ◊ 2,5 = 247,5 245+ 2,5 = 247,5

f) 245 ◊ 2,5 = 242,5 245 - 2,5 = 242,5

g) 245 ◊ 2,5 = 612,5 245 x 2,5 = 612,5

Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção


h) 245 ◊ 2,5 = 9,8 245 : 2,5 = 9,8

33. A divisão de 21 por um certo número decimal resulta em 28. Qual é esse nú-
mero decimal? 0,75

34. O preço de um automóvel é R$ 24.500,00 se o pagamento for feito à vista. O


mesmo automóvel a prazo custa R$ 3.800,00 de entrada mais 36 prestações de
R$ 673,50. Qual a diferença entre o valor total da compra à vista e a prazo?
A diferença entre o valor total da compra à vista e a prazo é de R$ 3.546,00.

395

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35. O salário bruto de Joaquim é de R$ 1.800,00. Nesse mesmo os descontos foram
de R$ 475,27. Qual foi o salário liquido de Joaquim?
O salário de Joaquim foi de R$ 1324,73.

36. Cristiane, Viviane e Silvana são irmãs. Cristiane tem R$ 145,50. Viviane tem o a
metade que Cristiane e Silvana tem R$ 68,25 a mais que Viviane. Quanto têm
as três juntas?
As três juntas tem R$ 359,25.

37. Descubra o segredo e complete os espaços das seguintes sequências:


a) 24,5 37 49,5 62 74,5

b)7,09 14,18 28,36 56,72 113,44

c) 104,5 100 95,5 91 86,5


Unidade 4 • Relações sociais, culturais e de produção

38. Coloque em ordem, do menor valor para o maior valor:


a) 32 65 3,2 54 5,4 6,5 0,4 14,5 4

0,4 3,2 4 5,4 6,5 14,5 32 54 65

b) 31,7 0,5 4,7 50,1 0,25 3,17 31,7 0,317 5,5

0,25 0,317 0,5 3,17 4,7 5,5 31,7 50,1 317

396

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Referências
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lar, 1958.
HENRICÃO; CAMPOS, Rubens. Marambaia. Intérprete: Elis Regina. In: REGINA, Elis.
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LEDO, IVO. Imagem do deserto. Soletrar: Revista do Departamento de Letras da Faculdade
de Formação de Professores (UERJ), São Gonçalo, ano 9, n. 18, jul/dez. 2009. Disponível
em: <http://www.filosofia.org.br/soletrar/18/04.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2013.
Série Ciência Ilustrada. 4 títulos: Arqueologia, Astronomia, Ecologia e Genética. Melhora-
mentos, 32 págs., R$ 20,10 cada.
SATER, Almir; TEIXEIRA, Renato. Tocando em frente. Intérprete. Almir Sater. In: SATER,
Almir. Ao Vivo. [S.l.]: Columbia/Sony Music, 1992.
BRANT, Fernando; NASCIMENTO, Milton. Bola de meia, bola de gude. Intérprete: Milton
Nascimento: In: NASCIMENTO, Milton. Maria, Maria/O Último trem. [S.l.]: Far Out Recordin-
gs, 2000.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Ed.) O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense,
1981
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22. ed. São
Paulo: Cortez, 1988.
ANTUNES, Ângela. Terra viva. In: GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Pe-
trópolis, 2000.
MELLO, Thiago de. Os estatutos do homem. In: ______. Os estatutos do homem e pomas
inéditos. Rio de Janeiro: [s. n.], 1992.
MURRAY, Rosana. Caverna. In: ______. Casas. Belo Horizonte: Formato, 1994.
BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de et al. Para gostar de ler:
crônicas. 12. ed. São Paulo: Ática, 1989. v.1.
AZEVEDO, ARTUR. Plebiscito. In:______. Contos. São Paulo: Três, 1973.
BUARQUE, Chico. Apesar de você. Intérprete:______. In:______. Chico Buarque. [S. l.]:
Polygram/Phillips, 1979. Faixa 11.
ADELAIDE, Julinho de; PAIVA, Leonel. Acorda amor. Intérprete: Chico Buarque. In: BUAR-
QUE, Chico. Songbook. [S. l.]: Lumiar Discos, 1999. 2 CDs. Faixa 24.
ENCICLOPÉDIA nosso século: Brasil, 1960-1990. São Paulo: Abril Cultural, 1985. 2v
BARBOSA, Lucio. Cidadão. Intérprete: Zé Ramalho. In: ZÉ RAMALHO. Frevoador. [s.l.]:
Columbia, 1992. 1 CD. Faixa 6.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 18. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p.
187-191. (Adaptado)

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Referências
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del Priore, Mary. Família na colônia, um conceito elástico. Revista História Viva. ed se-
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PENHA, Ariane Rafaela Brugnollo; LIGERO, Gilberto Notário. Teoria Geral da família. Dispo-
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SOUZA, Gilson de. As quatro estações do ano. Interpreta: Jair Rodrigues. In: Rodrigues,
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CARLOS, Roberto. Meu querido, meu velho, meu amigo. Intérprete: ––––––.. In:–––––– .
Roberto Carlos. [s.l.]: CBS, 1979. Faixa 8.
BUARQUE, Chico. Paratodos. Intérprete: ––––––. In: –––––––. Paratodos. [s.l.]: BMG/Ariola,
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HOLLANDA, Chico Buarque de. Brejo da Cruz. Intérprete: ______. In: ______. Chico Buar-
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GONZAGUINHA, Um homem também chora (Guerreiro menino). Intérprete: ______. In:
______. Cavaleiro Solitário. [s.l.]: Som livre, 1993. 1 cd. Faixa 3.
ENCICLOPÉDIA Nosso Século: Brasil – 1900/1910, parte I.
Tom Jobim – CD - Antônio Brasileiro - Columbia - R.7 - 1994, faixa 9.
398 AMAPÁ inicia nesta semana período de proteção ao caranguejo-uçá. G1 Natureza, São Paulo,

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Referências

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PIRES, Vanessa. Caminhão fica preso em viaduto na Afonso Pena. Correio de Uberlân-
dia. 30. set. 2011. Disponível em: <http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/
caminhao-fica-preso-em-viaduto-na-afonso-pena/>. Acesso em: 15 abr. 2013.

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de-shopping-de-buenos-aires-por-2-anos-131948.html>.
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pagina=1>.
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a-exposicao-201cvendedores-de-praia201d>. 399

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Referências
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55058f73042f20a27fe1ca/?vgnextoid=d030203f95a27310VgnVCM1000002af71eacRCR
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<www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/09/brasil-produz-61-milhoes-de-tonela-
das-de-lixo-por-ano>.
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de-olho-no-ceu>.
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campanha-para-lembrar-populacao-mundial-de-7-bilhoes-em-2011>.
<http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/12/tropa-de-elite-2-e-maior-bilheteria-da-historia-
do-cinema-brasileiro.html>.
<http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-produtos-compoem-a-cesta-basica>.
<http://www.dicionariodoaurelio.com/Dolar>.

400

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Manual do Educador
Ari Herculano de Souza
Licenciado em História e Geografia pela UNISAL. Especialização em Filosofia pela
PUCPR. Professor do Ensino Fundamental e Médio.
Cilé Terezinha Toledo Ogg
Licenciada em Geografia pela UFPR. Especialização em Educação de Jovens e
Adultos PUCPR. Professora e Coordenadora de Geografia do Ensino Médio-PR.
Ezenir Gabardo
Licenciada em Língua Portuguesa pela PUCPR. Especialização em Ensino de Língua
Portuguesa UTP. Professora de EJA da Educação Básica.
Lia Kucera
Licenciada em História Natural pela PUCPR. Professora do Ensino Fundamental e
Médio. Professora de EJA.
Maria Cristina Müller
Licenciada em Artes Plásticas pela FAP. Especialização em metodologia do Ensino
da Arte e Ensino Superior- IBPEX. Professora de EJA da Educação Básica.
Roseli Machado
Licenciada em Ciências Biológicas pela UFPR. Especialização em Educação Am-
biental. Professora do Ensino Fundamental e Médio.
Salete P. Andrade
Licenciada em Matemática pela PUCPR. Especialização em Educação Matemática
na sala de aula virtual PUCPR. Professora do Ensino Fundamental.
Valda Marcelino Tolkmitt
Licenciada em Educação Física pela UFPR. Especialização em esporte para todos.
Professora de Ensino Fundamental e Médio.

1ª edição
Curitiba
2013

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Apresentação
Prezado professor,
Este livro foi concebido para ser um dos materiais de apoio didático no seu trabalho de ensino
de jovens e adultos.
Essa coleção de três volumes está assim organizada:
1. Princípios gerais – um texto introdutório, que fundamenta o projeto pedagógico que dá sus-
tentação para elaboração do material do aluno e para o encaminhamento metodológico
proposto, baseado nos documentos legais da educação brasileira;
2. Estrutura da obra – um documento explicativo de como o Livro do Aluno foi concebido e
está organizado para atender aos alunos da Educação de Jovens e Adultos;
3. Concepção das disciplinas de Língua Portuguesa, Arte, História, Geografia, Ciências e Mate-
mática – um conjunto de textos e quadros sinópticos que apresentam:
– os pressupostos teóricos da disciplina;
– encaminhamento metodológico;
– orientações para cada unidade;
– avaliação na disciplina;
– textos de apoio;
– referências.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais reforçam a importância de que cada escola formule seu
próprio Projeto Político Pedagógico, compartilhado por toda a equipe, para melhor garantir da quali-
dade da educação, vista como responsabilidade de todos os educadores da instituição na qual o aluno
jovem ou adulto busca a educação como forma de promoção humana.
Partindo desse princípio, reiteramos o propósito desse material – tanto o do aluno quanto o do
professor – de ser um instrumento a mais no processo do ensino-aprendizagem, que dê significado ao
significante e, ao mesmo tempo, garanta o significante como linha condutora desse processo.
O material, a todo instante de seu uso, remete aluno e professor às relações sociais que se dão
dentro da sala de aula, enquanto método de troca e compartilhamento de ideias e saberes.
Assim, o aluno deve ser visto como alguém que tem conhecimentos anteriores, que percebe o
mundo que o cerca e dele tem concepções. Mesmo que esse conhecimento seja de forma fragmen-
tada, desconexa e eivada de erros, é dele que desejamos partir, para que o sujeito possa se perceber
como indivíduo que busca ser mais, crescer e que constrói a si mesmo.
Esse é o papel do professor mediador, que pode conduzir o estudante, principalmente da EJA,
na aventurosa busca do conhecimento.
Os autores

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Sumário
Princípios gerais........................................404 Entre o estranho e o familiar: o uso de
Estrutura da obra.......................................407 analogias no ensino de História................. 464
Estrutura interna do livro do educando...... 407 Referências............................................... 473
Seções...................................................... 407 Sites.......................................................... 474
Estrutura conceitual.................................. 408 Geografia..................................................475
Eixos de unidades..................................... 409 Concepção da disciplina........................... 475
Objetos de conhecimento......................... 410 Encaminhamento metodológico............... 476
Língua Portuguesa.....................................412 Avaliação.................................................. 477
Concepção da disciplina........................... 412 Orientação para as unidades –
Encaminhamento metodológico............... 413 Volume 3.................................................. 478
Quadro de gêneros................................... 418 Textos de apoio.........................................483
Avaliação.................................................. 424 Diferentes pessoas, diferentes culturas:
Orientação para as unidades – Migrações................................................. 483
volume 3.................................................. 426 Vegetação brasileira: um mundo de
Textos de apoio.........................................436 diversidades.............................................. 483
Letramento e suas implicações para o ensino Referências............................................... 484
de Língua materna.................................... 436 Ciências....................................................485
Referências............................................... 440 Concepção da disciplina........................... 485
Arte...........................................................441 Encaminhamento metodológico............... 486
Concepção da disciplina........................... 441 Avaliação.................................................. 487
Encaminhamento metodológico............... 441 Orientação para as unidades –
Avaliação.................................................. 442 volume 3.................................................. 488
Orientação para as unidades – Volume 3... 443 Textos de apoio.........................................498
Textos de apoio.........................................445 Conhecimento: científico e cotidiano........ 498
O artista e o espectador............................. 445 Referências............................................... 503
Referências............................................... 450 Matemática...............................................504
Sites ......................................................... 450 Concepção da disciplina........................... 504
História.....................................................451 Encaminhamento metodológico............... 505
Concepção da disciplina........................... 451 Avaliação.................................................. 507
Encaminhamento metodológico............... 452 Orientação para as unidades –
Avaliação.................................................. 453 volume 3.................................................. 508
Orientação para as unidades – Volume 3... 455 Textos de apoio.........................................511
Textos de apoio.........................................459 Síntese dos princípios norteadores............ 511
Ensino de História e diversidade cultural: Referências............................................... 512
desafios e possibilidades........................... 459 Sites ......................................................... 512

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M a n u a l d o E d u c a d or

Princípios gerais
Esta coleção orienta-se pelos princípios ex- A educação de adultos torna-se mais que um
pressos na Constituição Federal de 1988, Artigo direito: é a chave para o século XXI; é tanto conse-
208 – CF alterado pela Emenda Constitucional nº quência do exercício da cidadania como condição
59, de 11 de novembro de 2009, os quais esten- para uma plena participação na sociedade. Além
dem o direito ao Ensino Fundamental aos cidadãos do mais, é um poderoso argumento em favor do
de todas as faixas etárias, estabelecendo o impe- desenvolvimento ecológico sustentável, da de-
rativo de ampliar as oportunidades educacionais mocracia, da justiça, da igualdade entre os sexos,
para aqueles que já ultrapassaram a idade de es- do desenvolvimento socioeconômico e científico,
colarização regular. além de um requisito fundamental para a constru-
Assim, a Educação de Jovens e Adultos e Ido- ção de um mundo onde a violência cede lugar ao
sos, “modalidade estratégica do esforço da Nação diálogo e à cultura de paz baseada na justiça.”
(Declaração de Hamburgo sobre a EJA)
em prol de uma igualdade de acesso à educação
como bem social, participa deste princípio”. Os princípios e indicações constantes nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Diante do desafio de resgatar um compromis-
de Jovens e Adultos embasam a elaboração desta
so histórico da sociedade brasileira e contribuir
coleção, bem como aqueles relacionados ao pro-
para a igualdade de oportunidades, inclusão e
cesso de ensino e aprendizagem da leitura e da
justiça social, a Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
escrita, os conhecimentos matemáticos, linguísti-
cação Nacional – LDB 9394/96, que estabelece as
cos, históricos, geográficos, científicos e artísticos.
diretrizes e bases da educação nacional, é comple-
A coleção objetiva ser um instrumento didático a
mentada com: Lei 11525/2007, que trata dos direi-
mais na sua prática pedagógica, trabalhando te-
tos da criança e do adolescente; Lei 11645/2008,
mas relevantes que possibilitam aos educandos a
que trata da inclusão de conteúdos da cultura
ampliação e o confronto entre as visões de mundo.
afro-brasileira e indígena; Lei 10741/2003, que
A proposta apresentada pode ser incorporada no
trata do estatuto do idoso; decreto 5296/2004,
seu planejamento.
que estabelece normas e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portado- “A flexibilidade curricular deve significar um
ras de deficiências. momento de aproveitamento das experiências di-
versas que estes alunos trazem consigo como, por
O Parecer CNE/CEB n.o 11/2000, na Reso-
exemplo, os modos pelos quais eles trabalham
lução CNE/CEB n.o 01/2000, define as Diretrizes
seus tempos e seu cotidiano. [...] O trabalho, seja
Curriculares Nacionais para a Educação de Jo-
pela experiência, seja pela necessidade imediata
vens e Adultos, determinando e fundamentando
de inserção profissional merece especial destaque.
a política educacional da educação de jovens e
A busca da alfabetização ou da complementação
adultos.
de estudos participa de um projeto mais amplo de
O princípio básico constitucional – o direi- cidadania que propicie inserção profissional e a
to fundamental do cidadão a uma educação de busca da melhoria das condições de existência.
qualidade – está previsto no art. 205 de nossa Portanto, o tratamento dos conteúdos curriculares
Constituição Federal de 1988: não pode se ausentar desta premissa fundamen-
“A educação, direito de todos e dever do tal, prévia e concomitante à presença em bancos
Estado e da família, será promovida e incentiva- escolares: a vivência do trabalho e a expectativa
da com a colaboração da sociedade, visando ao de melhoria de vida. Esta premissa é o contexto
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo no qual se deve pensar e repensar o liame entre
para o exercício da cidadania e sua qualificação qualificação para o trabalho, educação escolar e
404
para o trabalho. os diferentes componentes curriculares.”
(Jamil Cury, Parecer 11/2000 CNE/CEB)

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O respeito ao universo jovem e adulto exige explicita no jogo de intenções e representações,
uma proposta pedagógica fundamentada em prin- as quais se configuram como algo sempre inaca-
cípios que reflitam a preservação dos direitos dos bado e que se atualiza no contexto sócio-histórico
sujeitos históricos inseridos numa determinada e ideológico.
sociedade. Princípios estes que consideram o co- A perspectiva bakhtiniana considera a lingua-
nhecimento como síntese possível da construção gem em consonância com a materialidade da vida,
histórica da humanidade em determinados tempos não a separando dos sujeitos. Compreende que o
e espaços como fator indispensável para a ”leitura-- ser humano se constitui na e pela interação, ou seja,
-mundo”, isto é, para a inclusão social. pela sua inserção nas relações sociais e dialógicas.
A proposta pedagógica aqui elaborada conce- O discurso do “eu” reage e se pauta no discurso do
be o ato educativo sob a perspectiva de Paulo Frei- outro, e é sempre uma ação responsiva.
re, na qual se reconhece a natureza política desse A linguagem é um sistema de signos criado
ato, em que educandos e educadores compartilham socialmente, que além das funções da comunica-
conhecimentos. Esse dialógico processo só pode ção e interação desempenhadas pela fala social,
acontecer a partir da reflexão do contexto em que
também tem papel essencial na organização das
locutor e interlocutor estão inseridos e são sujeitos
funções psíquicas superiores. Para Vygotsky (1989),
construtores de saberes, e, numa relação de troca,
tais funções, essencialmente humanas, são origi-
transformam a si mesmos e as práticas sociais.
nadas da interação homem-mundo-cultura, que é
A ação educativa exige a reflexão crítica e con- mediada por instrumentos e signos criados ao longo
textual, o reconhecimento do alfabetizando como da história sociocultural da humanidade.
sujeito formador de saberes e opiniões e a consci-
Segundo Vygotsky (1989), a operação com
ência de que há sempre um campo referencial no
signos reconstrói, no plano intrapsíquico, as ativi-
qual os símbolos são valorados e situados. A maneira
dades externas que se dão no plano interpsíquico,
pela qual os símbolos são valorados, isto é, o modo
ou seja, o pensamento apropria-se da realidade,
como o sujeito atribui significado ao símbolo, define
reproduzindo-a idealmente com a mediação do
o campo referencial singular, as representações, as
signo. A formação de conceitos é uma apropriação
expectativas e os conceitos que se revelam na lingua-
a partir de diversas mediações que o ser humano
gem, na cultura, no tempo e espaço históricos.
vivencia.
A linguagem é entendida como uma ativida-
de social, intersubjetiva e histórica constitutiva do A hominização está fundada em uma vida em
homem, é um instrumento de cultura que veicula sociedade organizada com base no trabalho. O
as representações, as concepções e os valores so- homem, um ser de natureza social, é constituído
cioculturais. É o conjunto de atividades sígnicas pela linguagem. A linguagem é um produto da
que caracterizam as múltiplas relações entre sujei- ação humana, e também é o suporte simbólico
tos históricos que nelas se constituem. Os falantes dessa ação. E é isso que torna possível a repre-
tomam forma entre sujeitos históricos e como rea- sentação do mundo no qual e sobre o qual agem
lidades psíquicas em meio a essa intrincada rede os seres humanos, como também a representação
de relações socioverbais e pela interiorização da que o ser humano tem de sua ação sobre si como
própria dinâmica socioverbal. sujeito deste ato.
Para fundamentar essas colocações, valemo-nos A necessidade de comunicação e de intera-
das afirmações de Bakhtin (1999). A linguagem se ção com o outro ampliou a compreensão sobre a
configura como lugar de construção de relações relação da linguagem e de seus usos.
sociais dialógicas em que os falantes se tornam O Art. 3.o da Resolução 2/98 do CNE/CEB
sujeitos. define as Diretrizes Curriculares Nacionais para
A linguagem é uma forma e ação sobre o o Ensino Fundamental, que são estendidas à Edu-
cação de Jovens e Adultos. 405
outro e sobre o mundo. Essa forma de ação se

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M a n u a l d o E d u c a d or
I. As escolas deverão estabelecer como nor- 3. a vida familiar e social;
teadores de suas ações pedagógicas: 4. o meio ambiente;
a) os princípios éticos da autonomia, da 5. o trabalho;
responsabilidade, da solidariedade e do 6. a ciência e a tecnologia;
respeito ao bem comum;
7. a cultura;
b) os princípios dos Direitos e Deveres da
8. as linguagens.
Cidadania, do exercício da criticidade
e do respeito à ordem democrática; b) as áreas de conhecimento:
1. Língua Portuguesa;
c) os princípios estéticos da sensibilidade,
da criatividade e da diversidade de ma- 2. Língua Materna, para populações indí-
nifestações artísticas e culturais. genas e migrantes; (*)
II . Ao definir suas propostas pedagógicas, as 3. Matemática;
escolas deverão explicitar o reconhecimen- 4. Ciências;
to da identidade pessoal de alunos, profes- 5. Geografia;
sores e outros profissionais e a identidade de 6. História;
cada unidade escolar e de seus respectivos 7. Língua Estrangeira;
sistemas de ensino.
8. Arte (modificação Resolução n.o 1/2006
III. As escolas deverão reconhecer que as apren- CNE/CEB); (**)
dizagens são constituídas pela interação dos
9. Educação Física;
processos de conhecimento com os de lin-
guagem e os afetivos, em consequência das 10. Educação Religiosa, na forma do art. 33 da
relações entre as distintas identidades dos Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
vários participantes do contexto escolariza- V. As escolas deverão explicitar em suas pro-
do; as diversas experiências de vida de alu- postas curriculares processos de ensino
nos, professores e demais participantes do voltados para as relações com sua comu-
ambiente escolar, expressas através de múl- nidade local, regional e planetária, visando
tiplas formas de diálogo, devem contribuir à interação entre a educação fundamental
para a constituição de identidade afirmati- e a vida cidadã; os alunos, ao aprenderem
vas, persistentes e capazes de protagonizar os conhecimentos e valores da base nacio-
ações autônomas e solidárias em relação a nal comum e da parte diversificada, estarão
conhecimentos e valores indispensáveis à também constituindo sua identidade como
vida cidadã. cidadãos, capazes de serem protagonistas
IV. Em todas as escolas deverá ser garantida a de ações responsáveis, solidárias e autôno-
igualdade de acesso para alunos a uma base mas em relação a si próprios, às suas famí-
nacional comum, de maneira a legitimar a lias e às comunidades.
unidade e a qualidade da ação pedagógi- VI. As escolas utilizarão a parte diversificada de
ca na diversidade nacional. A base comum suas propostas curriculares para enriquecer
nacional e sua parte diversificada deverão e complementar a base nacional comum,
integrar-se em torno do paradigma curricu- propiciando, de maneira específica, a intro-
lar, que vise a estabelecer a relação entre a dução de projetos e atividades do interesse
educação fundamental e: de suas comunidades.
a) a vida cidadã através da articulação entre VII. As escolas devem trabalhar em clima de
vários dos seus aspectos como: cooperação entre a direção e as equipes do-
1. a saúde; centes, para que haja condições favoráveis
406
à adoção, execução, avaliação e aperfei-
2. a sexualidade;

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çoamento das estratégias educacionais, em forma dos arts. 12 a 14 da Lei 9.394, de 20
consequência do uso adequado do espaço de dezembro de 1996.
físico, do horário e calendário escolares, na (*) Publicada no D.O.U. de 15/4/98 - Seção I – p. 31
(**) Alterada pela Resolução CNE/CEB n.º 1, de 31 de janeiro de 2006.

Estrutura da obra
A coleção, ancorada nos princípios sócio- eixos de formação articuladores – identidade,
-históricos, pretende ser mais um instrumento pe- cultura, trabalho e cidadania. As unidades apre-
dagógico ao professor, com vistas à qualificação sentam os conceitos estruturantes dos conteúdos
do processo de ensino-aprendizagem de jovens das disciplinas, com a finalidade de conduzir um
e adultos inseridos em diferentes contextos e re- processo dialógico que possibilite a compreensão
alidades. e o estabelecimento das relações econômicas,
Ela foi organizada de forma multidisciplinar políticas, culturais e ambientais que caracterizam
e dividida em três volumes; cada um contempla a realidade vivida.

Estrutura interna do livro do educando


O livro do educando está organizado em com base em situações de aprendizagem, a fim
disciplinas. Os conteúdos foram selecionados de favorecer o estabelecimento de relações entre
e organizados a partir de eixos e temas integra- os conteúdos, habilidades e o enriquecimento da
dores, significativos para a Educação de Jovens visão de mundo que os alunos já possuem. Desta
e Adultos. Procurou-se estabelecer articulações forma, mantém-se as especificidade da ciência.
entre os conhecimentos das diversas disciplinas

Seções
O encaminhamento metodológico dá dire- tes a exporem o que já sabem sobre os temas.
ção às várias seções que compõem cada unidade e Valoriza a participação nas interações em sala
estão presentes em todas as disciplinas, com a pre- de aula, a expressão oral – que independe da ca-
ocupação permanente de partir do conhecimento pacidade de lidar com o código escrito – e as
prévio do aluno e, ao mesmo tempo, colocá-lo no experiências de vida dos estudantes. Os objetivos
procedimento interacional que lhe permita se ins- desta seção são: preparar o aluno para a apren-
trumentalizar com a aquisição do conhecimento, dizagem; proporcionar ao aluno a reflexão sobre
processo no qual, colegas de turma e professor têm o tema; favorecer e estimular a participação nas
papel importante enquanto sujeitos da interação. interações em sala de aula, a expressão oral e as
Assim, na troca dos conhecimentos individuais, experiências de vida dos educandos.
se permite o salto de qualidade na busca da su-
Leitura
peração do que o sujeito já detém para alcançar
uma situação catártica por parte do indivíduo, de Esta seção trará textos de diferentes gêneros
se perceber em constante crescimento. que abordem o conteúdo da disciplina com concei-
tos e informações importantes para a aprendizagem
As seções que os livros apresentam podem
significativa do assunto abordado. Com a media-
ser assim descritas:
ção do professor, essa seção irá contribuir para a
Roda de conversa aquisição da competência leitora do aluno. Após a
Abertura do assunto com informações, textos leitura, os alunos farão atividades relacionadas ao
desafiantes e perguntas para estimular os estudan- conteúdo estudado, tendo o texto como referência. 407

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M a n u a l d o E d u c a d or
As atividades poderão ter estratégias diferentes: in- Reflexão sobre o uso da língua
dividual, em grupo, em dupla. Os exercícios desen- Traz reflexões, atividades e sistematização
volvem diferentes habilidades: comunicação oral; sobre conhecimentos linguísticos (ortografia, pon-
compreensão textual; produção de texto; amplia- tuação, acentuação, coesão, coerência, concor-
ção de vocabulário; estabelecimento de relações; dância verbal e nominal, etc.).
sistematização e aplicação do conteúdo.
Conexão
Produção de textos
Aponta para uma visão mais abrangente do
Sugere propostas de produção específica assunto trabalhado, a fim de romper com os limites
de textos (relato, carta, biografia, manifesto, tex- das disciplinas, indicando a relação entre elas.
to argumentativo, quadro informativo, painel ou O objetivo é a busca da interdisciplinaridade e
mural, etc.), individualmente ou em pequenos ampliação dos horizontes do aluno.
grupos. Apresenta propostas para escrita, exercí-
cios e atividades, a serem feitos pelo estudante no Saber mais
seu caderno, individualmente, em dupla ou em Nesta seção, os alunos encontram: texto
pequenos grupos. breve com acréscimo de conteúdo; curiosidades.
informações importantes, além de indicações de
Em grupo
livros, filmes e sites relacionados ao livro que aca-
Constitui-se de momentos de discussão e tra- bou de ser estudado.
balho coletivo em pequenos grupos. Comporta a
produção de textos orais e escritos, assim como a Glossário
preparação para apresentações e exposições para Relação de vocábulos com significados.
grupos maiores.

Estrutura conceitual CONHECIMENTO


ADQUIRIDO
USO
O conhecimento com o CATAR-SE
qual o sujeito investiga Produção individual
O conhecimento que o Produção coletiva
sujeito reconstroi DESCOBERTAS DE POSSIBILIDADES
O conhecimento que o
Atitudes para ação do sujeito
sujeito aplicas
VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Formas diversificadas do conhecimento.

AQUISIÇÃO DO
REFLEXÃO CONHECIMENTO
O conhecimento que o su- INSTRUMENTALIZAÇÃO
jeito sistematiza Explicação de objetos do conhecimento
USO O conhecimento que o su- Analise de situações propostas
jeito reelabora Pesquisa
CONHECIMENTO O conhecimento novo com SISTEMATIZAÇÃO
PRÉVIO o qual o sujeito interage Atividades de organização mental
O conhecimento que o sujeito CONEXÕES
procura conhecer PROBLEMATIZAÇÃO Interdisciplinaridadde de conhecimentos
O conhecimento que o sujeito Observação de imagens
interage INTERAÇÃO
O conhecimento que o sujeito Debate
408
já detém LEVANTAMENTO DE DÚVIDAS
Expectativas de aprendizagem

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Eixos de unidades
Possibilitar ao educando a construção de enquanto ser cultural, que, pela linguagem, ex-
uma visão globalizante da realidade é, por certo, pressa seus projetos de vida coletiva e individual.
um dos desafios da escola, tradicionalmente or- Ao mesmo tempo, se percebe como ser pertencen-
ganizada na forma de disciplinas e, normalmente te à natureza terrestre, sobre a qual atua, criando
trabalhadas de modo estanque. Não que se deva e recriando seu espaço, fazendo e desfazendo
negar o tratamento metodológico por disciplinas, segundo suas intenções, lendo e relendo suas ma-
pois é preciso preservar e garantir suas especi- nifestações materiais e imateriais (tecnológicas,
ficidades, mas se faz necessário ir além delas. artísticas e de produção de bens, etc.).
Isso significa que a escola precisa se organizar na
buscar de uma consciência não fragmentada da Unidade 2 – Identidade social: formas de
realidade. Tal tarefa pode ser alcançada se tratar- participação
mos os conhecimentos das ciências, construídos e Propõe-se como objetivo o estudo da identi-
sistematizados em tempos e espaços determinados dade humana manifestada dentro de um contexto
(contextos) pelos pensadores e pesquisadores, a social globalizante, no qual o ser humano deva
partir de temas integradores. Estes estão referen- refletir sobre sua condição de relacionamento com
ciados nos PCN. os demais seres humanos e com a natureza. Nessa
O diálogo entre as esferas das ciências onde relação, a reflexão sobre os recursos naturais do
se dá a constante tensão dialética entre o velho e planeta exige cada vez mais a construção de uma
o novo, o generalista e o especialista, entre o fato consciência ecológica, para a qual a educação
científico e o contexto social e político, entre cons- ambiental se faz necessária. Assim, o dilema de-
ciência e sabedoria, entre as partes e o todo, entre senvolvimento/preservação ambiental pode ser
a técnica e a cidadania pode ser desenvolvido por equacionado tendo por base os pressupostos do
meio de estratégias metodológicas: prática social, desenvolvimento sustentável. A participação é
problematização, instrumentalização, catarse e condição humana de identidade pessoal e social.
prática social. Isso significa o respeito pelas formas de manifes-
A proposta pedagógica desse material está estru- tação cultural de cada etnia ou de determinada
turada em torno de quatro eixos articuladores, a saber: região, na qual manifestação das linguagens se
Identidade – Cultura – Trabalho – Cidadania. inter-relacionam e expressam as várias formas de
ser. É dentro delas que o indivíduo se identifica
Esses eixos articuladores permeiam as unida-
como ser humano.
des através de temas integradores que inter-relacio-
nam os conteúdos das disciplinas. Tais temas são Unidade 3 – Diversidade cultural – a
assim expressos: “Os seres humanos e o ambien- sociedade brasileira
te”, “Identidade social: formas de participação”,
Propõe-se como objetivo o estudo da socieda-
“Diversidade cultural – a sociedade brasileira” e
de brasileira e sua diversidade cultural, partindo da
“Relações sociais, culturais e de produção”.
realidade vivenciada pelo aluno, possibilitando-lhe
Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente ampliar sua visão de mundo, ao perceber que a
sociedade brasileira, assim como a mundial, é um
Propõe-se como objetivo o estudo dos seres
mosaico cultural, cuja compreensão se faz pela
humanos, enquanto espécie que tem sua iden-
reflexão não de uma ou duas disciplinas, mas, ao
tidade construída coletivamente no decorrer de
contrário, está presente em todos os campos do
milênios de sua história, identificada pelo trabalho
conhecimento. Assim, o tratamento metodológico
e agente de transformação de sua própria identida-
das disciplinas deve contemplar essa visão multidi-
de e dos espaços em que vive. Sobre a realidade
mensional da sociedade, de tal forma que permita 409
biológica do ser humano ele próprio constituiu-se
ao estudante desenvolver seu sentimento de per-

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M a n u a l d o E d u c a d or
tencimento, como brasileiro e cidadão do mundo, isto é, se dá no seio das relações sociais, culturais
e ao mesmo tempo, saber entender e respeitar o e de produção. As manifestações materiais e ima-
diferente. teriais dessa ação humana estão presentes na vida
cotidiana e na memória coletiva da humanidade.
Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de Tais manifestações foram construídas ora dentro
produção
de relações de exploração, ora de cooperação. É
Propõe-se como objetivo o estudo do ser hu- importante que o aluno consiga ampliar sua per-
mano enquanto construtor do seu próprio mundo. cepção sobre essa realidade humana para, cada
Agente que é, ele constrói e reconstrói sua realida- vez mais, construir o seu próprio existir individual
de constantemente pelo trabalho, que é coletivo; e coletivo.

Objetos de conhecimento
Volume 3
Disciplinas
Língua
Unidade Arte História Geografia Ciências Matemática
Portuguesa
A percepção e A percepção • Nossa identi- Ambiente terra • O ser huma- Das pedrinhas
a construção do artista dade humana • Clima: fascínio no: que bicho aos bilhões
do nosso • Elementos do • Identidade e preocupa- é esse? • Os números
espaço ambiente na construída ções • Conexões também têm
• A arte de ser arte • O ser humano • Tempo e entre sistemas história
feliz • Intervenção se identifica clima: qual é – Chutando a • Sistema de
urbana pelo trabalho diferença? bola numeração
• Marambaia
– Aumentando decimal
• O trabalho • Brasil: um
OS SERES HUMANOS E O AMBIENTE

• Imagens do os batimen-
deserto modifica o só país... – Leitura e escri-
tos cardíacos ta de números
mundo diversos tipos
climáticos • Movimentando no sistema de
ossos e mús- numeração
• Água, riqueza
culos decimal
líquida
• Produzindo – Ábaco
• Nossas bacias
energia • Operações e
hidrográficas
• Eliminando resoluções de
1

• Vegetação
suor problemas
brasileira: um
• Filtrando san- – Ideias asso-
mundo de
gue ciadas à adi-
diversidades
ção
• Os espaços • Continuidade
– Ideias asso-
desconstruí- da espécie
ciadas à sub-
dos – Gravidez /
tração
menstruação
– Ideias asso-
• Ser humano: ciadas à mul-
muito além do tiplicação
biológico – Ideias asso-
• Sexualidade ciadas à di-
• Relações de visão
gênero: uma – Problemas
questão cultu-
ral.

410

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Linguagens Idiferentes Organizações Como, Relação As formas do
carregam linguagens sociais por que e homem mundo
IDENTIDADE SOCIAL: FORMAS DE

mensagens regionais • Primeira orga- para que natureza • Ângulo


• Publicidade e • Manifestações nização participar? • Relação ho- • Retas parale-
propaganda folclóricas • A família e sua • Identidade mem-natureza las e perpendi-
• Jovens desco- • Década de organização social • Recursos culares
PARTICIPAÇÃO

bridores. 1970 e a músi- • Mudanças • Mensurar a naturais • Formas planas


• Tocando em ca no Brasil na sociedade qualidade de • A ecologia e não planas
frente brasileira vida promove entra na moda – Classificação
2

• Bola de meia, o desen- – O que é mes- dos polígo-


bola de gude volvimento mo ecologia? nos
humano – O que é mes- • Poliedros
• Novo tempo
• Quantos anos mo educação – Prismas e pi-
vou viver? ambiental? râmides
• Uma visão – Desenvol-
contemporâ- vimento
nea da velhice sustentável
é possível?
Trabalho, Manifestações Estrutura Diferentes Terra, um Terços,
educação, artísticas politico pessoas, planeta único
DIVERSIDADE CULTURAL – A SOCIEDADE

Quintos...
direito e da cultura administrativa diferentes • Temperatura • Fração
cidadania brasileira brasileira culturas terrestre – Leitura de fra-
• O trabalho • A música, o • Assim come- • Migrações in- – Qual é o ções
do educador tempo e o çou nossa ternas problema do – Número mis-
Paulo Freire som história • Sociedade bra- efeito estufa to
• Ele por ele • Melodia, har- • O nascimento sileira, exemplo tão divul- – Frações equi-
BRASILEIRA

mesmo monia e ritmo de uma nação de pluralidade gado pela valentes


mídia? – Operações
• O mundo • O império • O Brasil da di-
• Água com frações
3

• Terra viva brasileiro versidade cul-


tural é o mes- • Biodiversidade
• Os estatutos
mo Brasil da – Mas, afinal,
do homem
desigualdade o que é bio-
social? diversidade?
• Aspectos con-
traditórios da
desigualdade
brasileira: fa-
velas e tecno-
polos.
O homem Música – um O Brasil Um povo Construindo Números
transforma o fenômeno- República impulsiona a conhecimento decimais e
mundo social produção medidas
RELAÇÕES SOCIAIS, CULTURAIS E DE

• República • Nossa origem


• Cartum • A música Velha • O trabalho • Ser humano: • Números deci-
• Caverna clássica – Proclamação • Parcerias: um ser que mais
– Ludwig van da República trabalho, in- produz. – Décimos e
• O padeiro
Beethoven – O que mudou dustrialização centésimos
• Plebiscito – Antônio Car- no Brasil com – Leitura de
e desenvolvi-
los Gomes a República números
PRODUÇÃO

mento
– Heitor Villa- – Industrializa- decimais
• Mulher
Lobos ção e movi- – Operações
combina com
4

– Chiquinha mentos ope- com números


sustentabilida-
Gonzaga rários decimais
de
• Brasil de • Aplicações
• Globalização:
1930 aos dias dos números
benefícios ou
atuais decimais
não.
• Brasil dos – Números de-
cidadãos cimais e siste-
– Direitos ma monetário
adquiridos – Números de- 411
– Direito à cimais e me-
educação didas.

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M a n u a l d o E d u c a d or

Língua Portuguesa
Concepção da disciplina
Dominar leitura e escrita numa sociedade para agir adequadamente nas diferentes situações
letrada é imprescindível para o exercício da par- sócio-verbais.
ticipação social da pessoa. É função da escola explicar o funcionamento
O ensino da Língua Portuguesa, definida nes- do sistema de escrita para que o educando possa
sa coleção, destina-se à alfabetização e letramento resolver questões práticas e ter acesso à informa-
dos anos iniciais da Educação de Jovens e Adultos. ção e às formas superiores de pensamento; desfru-
Apresenta uma proposta didática ancorada numa tar da literatura; e fazer usos sociais da escrita.
perspectiva interacionista de linguagem, e tem Para situarmos alfabetização e letramento na
a intenção de propiciar o desenvolvimento das literatura existente, nos valemos das colocações
competências comunicativas. Para isso, enfatiza o de Magda Soares (2004, p. 24):
desenvolvimento das atividades a partir de textos
de circulação social – gêneros do discurso diver- [...] um adulto pode ser analfabeto, porque mar-
sificados –, nos quais são realizados os estudos e ginalizado social e economicamente, mas, se
a sistematização para a aquisição do sistema de vive em um meio em que a leitura e a escrita
escrita e a reflexão sobre os usos da língua oral têm presença forte, se se interessa em ouvir a
e escrita. leitura de jornais feita por um alfabetizado, se
recebe cartas que outros leem para ele, se dita
A utilização da língua efetua-se em forma de cartas para que um alfabetizado as escreva, ..., se
enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações
que emanam dos integrantes duma ou doutra afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de
esfera da atividade humana. O enunciado refle- certa forma, letrado, porque faz uso da escrita,
te as condições específicas e as finalidades de envolve-se em práticas sociais de leitura e de
cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo escrita.
(temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela
seleção operada nos recursos da língua – recursos Para a autora o letramento possui duas dimen-
lexicais, fraseológicos e gramaticais -, mas tam- sões: a individual – atributo pessoal que se refere à
bém, e sobretudo, por sua construção composi- posse individual de habilidades de leitura e escrita;
cional. Esses três elementos (conteúdo temático, e a dimensão social – fenômeno cultural –, que
estilo, e construção composicional) fundem-se refere-se ao conjunto de demandas e atividades so-
indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos ciais que envolvem a língua escrita, o que dificulta a
eles são marcados pela especificidade de uma formulação de uma definição exata de letramento.
esfera de comunicação. Qualquer enunciado Segundo Rojo (2000, devido às mudanças sociais
considerado isoladamente é, claro, individual, e às exigências sobre os conhecimentos da leitura
mas cada esfera de utilização da língua elabora e da escrita em nossa sociedade, esses termos vem
seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sofrendo ressignificações.
sendo isso que denominamos gêneros do dis- Sobre esse processo, lemos também, na De-
curso. claração de Hamburgo sobre a Educação de Adul-
(BAKHTIN, 2000. p. 279).
tos, de 1997, da qual o Brasil é signatário:
Espera-se que os educandos elaborem e re-
elaborem seus conhecimentos, expressem e de- ... a alfabetização, concebida como o conheci-
fendam seus pontos de vista, confrontem as dife- mento básico, necessário a todos, num mundo
em transformação, é um direito humano funda-
412 rentes visões de mundo, reflitam sobre a língua
e desenvolvam sua competência comunicativa mental. Em toda a sociedade, a alfabetização é

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uma habilidade primordial em si mesma e um racionista de linguagem pressupõe a prática social
dos pilares para o desenvolvimento de outras em que o discurso é permeado pelo confronto de
habilidades. [...] O desafio é oferecer-lhes esse diferentes vozes; uma comunicação mediada por
direito... A alfabetização tem também o papel de diferentes interpretações do real – as escolhas de
promover a participação em atividades sociais, quem produz a linguagem são reguladas pelo outro,
econômicas, políticas e culturais, além de ser pelo grupo e pela situação histórica. A linguagem
um requisito básico para a educação continuada revela e organiza a consciência e o pensamento, re-
durante a vida. presentando o real e permitindo operações mentais
complexas, dado o seu caráter simbólico.
Assim, nesta coleção, consideramos que as
Considerando que a apropriação da lingua-
pessoas precisam alcançar uma competência co-
gem depende da interação com o outro e com a
municativa que lhes possibilite interagir na prática
própria linguagem, é fundamental que os educan-
social, atingindo o domínio da oralidade, leitura e
dos interajam com uma diversidade de gêneros
escrita – condição fundamental para o exercício
textuais. O contato com diferentes discursos, na
pleno e crítico da cidadania. Alfabetização e le-
leitura e nas atividades orais e escritas, possibilita
tramento são conceitos interdependentes.
o desenvolvimento e o aprimoramento da com-
Na perspectiva dialógica, a concepção inte- petência comunicativa.

Encaminhamento metodológico
Trabalho com a leitura de texto matização dos aspectos estruturais da língua. A
leitura é uma atividade cognitiva que implica o
No início da alfabetização, a mediação do
envolvimento do sujeito na busca e compreensão
alfabetizador como leitor é imprescindível. A in-
de sentidos e significados.
terpretação de um texto começa mesmo antes de
lê-lo; a previsão, a hipótese e a expectativa sobre Os significados produzidos pela prática
o que será lido e sua compreensão dependem de social resultam de processos de objetivação. O
conhecimentos prévios que o texto pressupõe: os texto escrito lido (recepção textual) é em si uma
do leitor em relação ao tema, ao autor, ao gênero objetivação de significados. Abordar o ensino da
e do interesse do leitor. leitura pressupõe essa compreensão. O processo
de apropriação dos significados escritos (objeti-
Para formar leitores competentes, é preciso
vados) será apreendido e interpretado pelo leitor
exercitar a atenção, a memória e o pensamento.
numa forma de ressignificação dos discursos. A
Na leitura, autor e leitor constroem os sentidos
pluralidade está presente nos diversos gêneros
do texto. Na compreensão do texto, o leitor ativa
discursivos, e como as palavras não apresentam
seu conhecimento prévio sobre o assunto, traz sua
um único sentido, a leitura é também uma esco-
experiência sociocultural.
lha de sentidos mais adequados a cada palavra
Segundo Kleiman (1996, p.7), ignora-se na escrita, conforme o contexto e a situação em que
“prática o fato de a leitura ser a atividade cognitiva foi produzida e usada.
por excelência; o complexo ato de compreender
A prática de leitura deve privilegiar situações
começa a ser compreensível apenas se aceitarmos
que possibilitem acesso aos diferentes gêneros
o caráter multifacetado, multidimensionado desse
textuais e compreensão da função a que se des-
processo que envolve percepção, processamento,
tinam.
memória, inferência, dedução”.
A ampliação do universo cultural do alfa-
O texto deve ser explorado nas suas diver-
betizando requer intenso contato com atividades
sas finalidades: pelo prazer de ler, para buscar 413
de leitura que ultrapassem os limites do seu co-
informações, para debater ideias e para a siste-

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M a n u a l d o E d u c a d or
tidiano e conduzam a níveis mais complexos de sobre a organização do texto escrito e perceba-o
compreensão. como o resultado de escolhas temáticas e estru-
É importante lembrar que a leitura é um ato turais feitas pelo autor. Essas diferentes escolhas
complexo em que se manifestam, simultanea- (tema e estrutura) apontam as diversas formas de
mente, pelo menos quatro níveis: decodificação, ver e pensar a realidade e, principalmente, possi-
associação, análise e interpretação. bilitam que o leitor elabore o próprio discurso e
possa concordar ou discordar daquilo que lê.
Nas atividades de leitura de um texto, em
situação escolar, devem-se observar os níveis que As questões de interpretação do texto, apre-
compõem o processo cognitivo da leitura: sentadas como exercício de reflexão aos alunos,
devem ser discutidas oralmente pela classe e de-
• decodificação – engloba desde a construção
pois respondidas, individualmente ou em con-
de um primeiro nível de leitura, incluindo o
junto, pelos alunos. Consideramos que, por ser
estudo dos vocábulos que possam apresen-
esse o período inicial da Educação Fundamental,
tar alguma dificuldade, até a preocupação
nossos alunos podem não ter, ainda, o domínio
principal, que deve ser o que diz o texto;
da escrita e precisar da atenção do professor ou
• associação – em que o indivíduo trabalha
de outra pessoa que os auxilie nessa tarefa. De-
a analogia entre o texto lido e as ideias que vemos considerar, também, que uma turma de
são fornecidas pela sua memória afetivo-in- alunos de EJA pode apresentar diferentes níveis de
telectual, cuja preocupação principal deve competência linguística, e que cabe ao professor
ser com o que o texto faz lembrar; observar e avaliar a competência do aluno, obser-
• análise – implica um conjunto maior de vando que esse fator é importante na elaboração
abstrações, essencial para que o aluno do planejamento do professor.
identifique os elementos que constituem a
estrutura do texto e as relações de sentido Trabalho com a produção oral e escrita
estabelecidas entre as partes, para que possa Para o aprofundamento e o desenvolvimento
identificar como o texto diz o que diz; da linguagem oral e escrita – instrumento por meio
• interpretação – em que concorrem os níveis do qual o ser humano se expressa e interage com
anteriores para que a leitura se realize em o outro, compreende o mundo, constitui-se como
profundidade, quando nela se dá a formação sujeito, adquire e produz conhecimento –, é ne-
do juízo de valor sobre o texto lido, numa cessário que sejam vivenciadas situações em que a
tentativa de elucidação de uma rede de rela- atividade com a linguagem seja posta em uso, para
ções estabelecidas entre os diversos elementos que seja internalizada. São fatores essenciais para
que constituem o texto, criando uma série de esse domínio: a apropriação do sistema linguístico
sentidos, para que o leitor entenda o que o e a compreensão do seu funcionamento. O contato
texto quer dizer com aquilo que diz. com diferentes gêneros discursivos por meio da lei-
Os níveis de leitura se manifestam simulta- tura, da relação dialógica com o outro em diferentes
neamente no ato da leitura, cada leitor constrói situações de interação, possibilitará a elaboração e a
continuamente, a cada ato de leitura; o texto que reelaboração desses gêneros discursivos, aprimoran-
lê, colocando em circulação as informações que do a competência na produção de textos.
são recolhidas e organizadas de diferentes modos Leitura e escrita se relacionam, se comple-
e em épocas diferentes. mentam e se modificam. A escrita transforma a fala
No trabalho com leitura de textos, é preciso e a fala influencia a escrita. A variedade de gêneros
explicitar a intenção do autor trabalhando as con- discursivos orais e escritos auxilia os educandos
dições de produção do texto: o momento históri- a desenvolverem a habilidade de adequar seus
discursos às diferentes situações e ao propósito a
414 co, intenção de produção e a que interlocutores
se destina o texto. É importante que o aluno reflita que se destina.

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A linguagem falada explicita formas pró- existem condições necessárias. É preciso que haja
prias de manifestações linguísticas que revelam um interlocutor; acesso a materiais diversificados
o mundo sociocultural do falante. Nela apare- para leituras; temas interessantes discutidos pre-
cem os valores sociais, a diversidade em relação viamente; definição do gênero textual – suas ca-
à linguagem padrão, a coerência do discurso, a racterísticas e especificidades; e, principalmente,
capacidade de assumir posições (argumentar), a finalidade da produção pretendida: o que dizer,
contrapor e interagir com o outro, a revisão e o para quem e para que dizer.
redimensionamento das ideias. Quando se escreve um texto para alguém
A linguagem oral e a escrita materializam- ler, a significação desse texto é facilmente con-
-se em função da situação de produção, asseme- seguida. Com gêneros textuais diversificados e
lhando-se em alguns pontos e diferenciando-se com suas especificidades explicitadas, o trabalho
em outros. A fala e a escrita sofrem variações em contribuirá para que a função social da escrita seja
decorrência do gênero discursivo e em função da compreendida.
situação em que acontecem. A apropriação dos conteúdos da língua por-
tuguesa e o processo de alfabetização se efetiva-
Produção textual
rão numa inter-relação por meio do trabalho com
A produção textual deve ser considerada os gêneros textuais e com as unidades menores
como ponto de partida e de chegada no trabalho da língua (sílabas e letras). Isso significa partir da
com a escrita. Todas as atividades de escrita devem exploração do texto, dele retirar enunciados ou
estar voltadas à produção de textos, a partir da palavras e, de forma contextualizada, trabalhar
exploração de textos significativos, aqueles que com sílabas e letras estabelecendo as relações
são produzidos com alguma função e que dizem grafemas/fonemas. A sonorização possibilita ao
algo para alguém. Mesmo ainda não dominando educando compreender os sons que representam
a convenção da escrita, o educando deve ser esti- as letras do alfabeto.
mulado a produzir textos. E para que isso ocorra,

Ocorrências regulares
Correspondências regulares diretas: P/B, T/D, F/V.
Ex.: PATO, BODE, FIVELA.
Regulares contextuais: É o CONTEXTO, dentro da palavra, que define qual letra (ou dígrafo) deverá ser usada.
Ex.:
• Uso de R ou RR: RATO, PORTA, BARATA, CARRO, GRITO.
• Uso de G ou GU: GAROTO, GUERRA.
• Uso de C ou QU: CAVALO, QUEIJO.
• Uso de J formando sílabas com A, O, U: JACARÉ, JOGO, CAJU.
• Uso de Z em palavras que começam com o “som de Z”: ZEBRA, ZINCO.
• Uso de S no início de palavras, formando sílabas com A, O, U: SAPATO, SUADO, SOJA.
• Uso de E ou I no final de palavras que terminam com o som de I: PERDE, PERDI.
• Uso de O ou U no final de palavras que terminam com o som de U: BAMBO, BAMBU.
• Uso de M, N, NH ou TIL (~) para grafar nasalização: CAMPO, CANTO, MINHA, PÃO, MAÇÃ.
Regularidades morfológico-gramaticais (presentes em substantivos e adjetivos)
• Adjetivos que indicam lugar de origem se escrevem com ÊS/ESA: FRANCÊS/FRANCESA, INGLÊS/
INGLESA.
• Substantivos derivados de adjetivos se escrevem com EZA: BELEZA, POBREZA.
• Substantivos coletivos terminam com L: MILHARAL, CANAVIAL, CAFEZAL. 415

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M a n u a l d o E d u c a d or
• FAMOSO, GOSTOSO, CARINHOSO E OUTROS adjetivos se escrevem sempre com C: CHATICE,
MENINICE.
• Substantivos derivados que terminam com o sufixo ÊNCIA, ANÇA E ÂNCIA se escrevem com C ou Ç:
CIÊNCIA, ESPERANÇA, IMPORTÂNCIA.
Regularidades morfológico-gramaticais (presentes nas flexões verbais)
• Formas verbais da terceira pessoal do singular do passado (pretérito perfeito do indicativo) se escrevem
com U no final: CANTOU, BEBEU, PARTIU.
• Formais verbais da terceira pessoa do plural do futuro se escrevem com ÃO: CANTARÃO, BEBERÃO,
PARTIRÃO.
• Formas verbais da terceira pessoa do plural de todos os tempos verbais se escrevem com M final: CAN-
TAM, CANTAVAM, BEBAM, BEBERAM, PARTIRAM.
• Todas as flexões do imperativo do subjuntivo terminam com SS: CANTASSE, BEBESSE, PARTISSE.
• Todos os verbos no infinitivo terminam com R: CANTAR, BEBER, PARTIR.
Ocorrências irregulares
Som de S: SEGURO, CIDADE, AUXÍLIO, CASSINO, PISCINA, CRESÇA, GIZ, FORÇA, EXCETO.
Som do G: GIRAFA, JILÓ.
Som do Z: ZEBRA, CASA, EXAME.
Som do X: ENXADA, ENCHENTE.
H inicial: HORA, HOMEM.
L/H diante de certos ditongos: JÚLIO/JULHO; FAMÍLIA, TOALHA.
E e I, O e U em sílabas átonas que não estão no final de palavras: SEGURO, BONITO, TAMBORIM.
Ditongos que têm pronúncia “reduzida”: CAIXA, MADEIRA, VASSOURA.
MORAIS, A. G. de. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 2009. p. 37-44 (Adaptado).

A compreensão da ideia de símbolo e de suas Análise linguística – reestruturação


relações com as características do que simboliza textual
é condição primordial para a aquisição da lingua-
A prática da análise linguística está intima-
gem escrita. A discriminação e a distinção das for-
mente ligada à reestruturação do texto produzido,
mas e sons das letras tornam-se importantes uma
ou seja, o trabalho inicialmente em parceria es-
vez que simbolizam os sons da fala e prescindem
tará relacionado às características estruturais dos
da percepção auditiva de suas diferenças.
diversos gêneros textuais.
Na sistematização, é importante ressaltar que
A mediação realizada pelo interlocutor (alfa-
existem relações chamadas biunívocas em que
betizador) deverá ser sempre no sentido da cons-
cada unidade sonora (fonema) é representada pela
cientização sobre as diferentes linguagens e sobre
mesma unidade gráfica (letra ou dígrafo). É o caso
os diversos níveis de formalidade de linguagem,
das letras P, B, T, D, F, V, LH, NH.
cada uma adaptada a situação em que é produ-
Há casos em que uma unidade sonora tem zida.
mais de uma representação gráfica, ou uma unida-
Associado às características dos gêneros tex-
de gráfica representa mais de uma unidade sonora:
tuais estará o trabalho com normas gramaticais,
são as relações cruzadas. Elas podem ser previsí-
que deverão ser exploradas nos textos. A reflexão
veis – cada letra representa um ou outro fonema,
linguística, a coerência e a coesão textuais, lingua-
dependendo da posição em que se encontra na
gem verbal e não verbal, pontuação, paragrafação,
palavra –, ou arbitrárias – várias letras podem re-
acentuação poderão ser destacadas na exploração
presentar o mesmo fonema.
416 do texto. A apropriação das normas linguísticas
dar-se-á a partir do uso efetivo da língua escrita.

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O importante, neste momento, é que se ga- às redes semânticas e aos modos de organização
ranta sua fluência para escrever. Quando julgar dos discursos.
conveniente, o educador passará a intervir nos Rojo (2000) analisa esta organização propos-
textos dos alunos, apontando caminhos para sua ta nos PCNs, comparando-a com as proposições
reestruturação. de Schneuwly e Dolz, uma vez que os gêneros
O início do trabalho com a reestruturação de discursivos ou textuais têm sido sugeridos pela li-
textos, que se prolongará ao longo dos trabalhos teratura e são tomados como objeto de ensino nos
escolares, deve respeitar todo o processo de aqui- parâmetros nacionais e, desta forma, são respon-
sição da escrita.No processo de conscientização sáveis pela seleção dos textos a serem trabalhados
sobre a convencionalidade da escrita e o neces- como unidades de ensino.
sário registro em linguagem padrão, o educador, Esses autores sugerem um agrupamento de
como mediador, aponta os equívocos e sugere os gêneros regidos pelas capacidades de linguagem
arranjos necessários. Isto deve ser feito tanto em exigidas pelas práticas de uso da linguagem, dis-
relação à ortografia, pontuação e paragrafação, tribuídos em cinco domínios: o narrar, o relatar, o
como na sequência e clareza de ideias. expor, o argumentar, e o instruir/prescrever.
Este trabalho com a reestruturação de textos Já os PCNs agrupam os gêneros textuais em
pode ser feito tanto individual como coletivamen- função de sua circulação social, em gêneros lite-
te. Ao optar pela reestruturação coletiva, o profes- rários, de imprensa, publicitários e de divulgação
sor poderá escrever no quadro o texto de um aluno científica, levando em conta os usos sociais mais
e, com a ajuda da turma, melhorá-lo. Depois de frequentes (leitura/escuta; produção de textos orais
reestruturado coletivamente, o texto poderá ser e escritos).
copiado por todos como forma de registro. Essa
Para referenciar essa escolha, nos baseamos
cópia, porém, não é mecanicista e repetitiva, e
em Rojo (2000, p. 35):
nem isenta de significado.
Segundo Rojo (2000), a organização dos as práticas de leitura/escuta de textos e de produ-
conteúdos indicada para Língua Portuguesa nos ção de textos orais e escritos estariam integradas
PCNs distribui-se em dois eixos de práticas de na abordagem do texto como unidade de ensi-
linguagem: as práticas de uso da linguagem e as no para a construção do gênero como objeto de
práticas de reflexão sobre a língua e a linguagem. ensino e as práticas de análise linguistica ou de
reflexão sobre a linguagem seriam resultantes
As práticas do eixo do uso da linguagem en-
destas e estariam também integradas nas práticas
volvem aspectos como: a historicidade da lingua-
de uso da linguagem.
gem e da língua; aspectos do contexto de produ-
ção dos enunciados em leitura/escuta e produção A estrutura da coleção apresenta gêneros
de textos orais e escritos; as implicações do con- textuais de circulação social, tendo em vista pos-
texto de produção na organização dos discursos sibilitar ao educando o conhecimento sobre os
(gêneros e suportes) e as implicações do contexto gêneros do discurso.
de produção no processo de significação. O texto
Os gêneros textuais foram selecionados em
é visto como unidade básica de ensino e os gêne-
função das capacidades de linguagem e da circu-
ros textuais, como objetos de ensino.
lação social, agrupando as duas formas.
As práticas do eixo da reflexão sobre a língua
e a linguagem estão ligadas: à variação linguistica;
à organização estrutural dos enunciados; aos pro-
cessos de construção da significação; ao léxico e

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M a n u a l d o E d u c a d or

Quadro de gêneros
Exemplos de gêneros. Aspectos Características/elementos composicionais e traços
tipológicos capacidades de linguísticos
linguagem dominantes.
POEMA • Composição de tamanho muito variado;
• Capacidade de linguagem: • Explora a musicalidade baseada na sonoridade das palavras,
– expressar sentimentos, poetar. sustentada por rima, métrica, ritmo, aliteração e assonância;
• Função social: • Constrói-se não apenas com ideias e sentimentos, mas também
– despertar emoção, enlevo, senti- por meio do emprego do verso e de seus recursos musicais;
mento de beleza e apreciação es- • Presença da subjetividade;
tética; • As palavras são combinadas com a finalidade de compor ima-
– legitimar manifestações culturais. gens, sugerir formas, cores, odores, sons, permitindo múltiplas
sensações, leituras e interpretações;
• Exprime sentimentos por meio da palavra ritmada.
BIOGRAFIA • Descrição ou narração da vida de uma pessoa;
• Capacidade de linguagem: • Normalmente apresenta a vida de pessoas públicas (políticos,
– relatar. cientistas, escritores, esportistas, artistas, etc.) que por meio de
suas atividades deixaram uma importante contribuição para a
• Função social: sociedade;
– documentar, representar pelo dis- • Estrutura: apresentação do biografado e narração dos fatos mais
curso as experiências vividas situa- marcantes de sua vida; pode ainda apresentar aspirações, de-
das no tempo; sejos e planos do biografado;
– tornar pública e divulgar a história • Uso da 3.a pessoa do singular;
de uma pessoa. • Verbos no pretérito perfeito e imperfeito do indicativo e em algu-
mas poucas vezes no presente do indicativo;
• Uso de anáforas pronominais;
• Datas aparecem ao longo do texto (desde o nascimento);
• Trata de fatos reais;
• Elaborada em ordem cronológica ou em forma narrativa;
• Texto mostra os principais episódios da vida da pessoa;
• Textos longos (no caso de livros que relatam minuciosamente
a história/trajetória do biografado), textos curtos (em revistas,
sites, etc.);
• Uso abundante de pronomes pessoais e possessivos na 1.a pes-
soa (tanto do singular, quanto do plural);
• Uso de palavras ou expressões com valor temporal;
• Uso de marcadores espaciais (de lugar);
• Expressões que funcionam como modalizadores do discurso,
principalmente advérbios.
CONTO • Texto ficcional;
• Capacidade de linguagem: • Cria um universo de seres e acontecimentos de fantasia;
– narrar. • Texto conciso (não se espalha em grandes detalhes, vai direto
ao assunto);
• Função social: • Apresenta uma ou poucas ações;
– fazer com que o leitor tenha diferentes • A descrição das personagens limita-se ao essencial;
interpretações da realidade representa- • Linguagem empregada deve estar de acordo com o perfil do
da pelas personagens; narrador e das personagens;
– servir como fonte de aprendizado;
• Narrativa em 1.a ou 3.a pessoa;
– divertir, distrair e dar um suspense
à obra. • Faz uso de diálogos;
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• Necessita de um conflito (oposição de interesses que cria tensão
em torno da qual se organizam os fatos narrados, prendendo a
atenção do leitor);
• Apresenta trama única (unidade de conflito);
• A narrativa deve estimular o leitor a imaginar e a antecipar fatos,
fazendo-o participar da construção dos sentidos do texto:
– faz uso de discurso direto (diálogos);
– estrutura: narrador, personagens, ponto de vista e enredo (es-
trutura tradicional: introdução, complicação, clímax e desfecho);
– o final (desfecho) deve ser uma surpresa, a resolução de um
enigma ou a inversão de uma situação que deveria seguir em
direção oposta ou que parecia sem solução;
– narrativa pouco extensa;
– número reduzido de personagens;
– esquema temporal e ambiental econômico, muitas vezes res-
trito;
– o suspense deve ser mantido até o último parágrafo, quando,
depois de prender o leitor através de toda a sua leitura, o es-
critor lhe fornece a catarse – a risada, o susto, o suspense;
– o passado e o futuro têm significados menores;
Observação: no conto tudo importa; cada palavra é uma pista.
Em uma descrição há informações valiosas; cada adjetivo é
insubstituível; cada vírgula, cada ponto, cada espaço – tudo
está cheio de significado.
LETRA DE MÚSICA • Gênero da linguagem verbal que está diretamente atrelado à lin-
• Capacidade de linguagem: guagem musical, veiculado pela letra impressa e pela voz humana;
– narrar. • As letras, que normalmente se estruturam em estrofes com ver-
sos, possuem métrica, apresentam figuras de linguagem, liber-
• Função social: dade quanto às regras normativas da sintaxe;
– divertir, distrair, entreter, criticar, es- • Texto geralmente curto para ser memorizável e cantado, simples,
timular à dança; enxuto, explora a sonoridade e o ritmo;
– expressar sentimentos em que o • A métrica e o número de versos pode ser livre;
ouvinte se identifica com o compo- • a rima é uma característica própria da letra de música, mas não
sitor; é obrigatória, existem versos sem rima, porém, escritos de forma
a manter a melodia;
• O gênero, que deve obedecer às exigências do ritmo, permite
repetições e quebra de frases, palavras, sílabas e sons;
• Apresenta como temas sentimentos subjetivos: a expressão de
emoções, experiências pessoais, a interpretação crítica da vida.
IMAGEM (texto imagético) • Apresentar uma intencionalidade (do emissor e do receptor –
• Capacidade de linguagem: conferindo ao receptor um espaço interpretativo);
– informar, representar, explicar, descre- • Possibilita diferentes leituras, e a interpretação depende de quem
ver, argumentar, criticar, narrar, etc. a interpreta e das relações estabelecidas entre os diferentes
elementos que a compõem;
• Função social: • Apresenta signos plásticos (cores, fundo, formas – conteúdo,
– apresentar acontecimentos, infor- linhas, contornos, texturas, luz, sombra e a própria composição
mar e explicar; interna da imagem) determinantes para a exploração dos senti-
– seduzir, argumentar, criticar, con- dos, sentimentos e emoções;
vencer, entreter; • Reconhecem-se as figuras através da semelhança visual com o
– descrever a realidade, etc. que representam;
• A linguagem verbal cumpre o papel de ancorar o significado da
imagem;
419
• Interpretação dinâmica da situação da comunicação;

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Conteúdo interage com a imagem em um determinado espaço
e tempo numa determinada sociedade e cultura;
• Oferece sensações específicas;
• Apresenta significados sobre a própria realidade;
• Disponibiliza elementos de leitura e decodificação do real;
• Sugere histórias;
• Transmite valores e normas sociais e esclarece objetivos de
aprendizagem;
• Linguagem pode ser entendida em qualquer parte;
• Imita a realidade, tentando mostrá-la o mais objetivamente possível.
• Por ser polissêmica, a imagem pode apresentar várias funções:
informativa ou referencial: fornece informações concretas sobre
acontecimentos e elementos da realidade (ex.: fotos das repor-
tagens, retratos, etc.).
CARTA • Mensagem manuscrita ou impressa dirigida a uma pessoa ou
• Capacidade de linguagem: organização para comunicar algo;
– expor e argumentar. • Apresenta uma estrutura com elementos básicos indispensáveis,
como data e local, saudação, corpo, despedida e assinatura, ou
• Função social: específicos, como cabeçalho, numeração, endereço;
– comunicar algo a alguém; • Geralmente enviadas pelo correio, fechadas num envelope, en-
– transmitir mensagens. dereçadas e seladas;
• Quanto ao uso da linguagem, pode ser mais ou menos formal,
dependendo do tipo de correspondência: comercial ou familiar;
• Carta familiar geralmente é escrita em estilo simples, no registro
coloquial, grande em torno de temas pessoais;
• A carta comercial, cujo conteúdo gira em torno de mundo de ne-
gócios, é escrita em linguagem formal.
BILHETE • Mensagem breve, reduzida ao essencial, tanto na forma como
• Capacidade de linguagem: no conteúdo;
– expor. • Usado na comunicação rápida, entre interlocutores próximos,
geralmente escrito em linguagem coloquial;
• Função social: • Estrutura textual deve conter vocativo, destinatário, mensagem,
– transmitir mensagens rápidas e ur- nome e assinatura, e pode indicar a data em que está sendo
gentes. escrito;
• A mensagem deve ser clara;
Observação: bilhete pode referir-se à senha, boleto ou cartão
impresso (passagem) que autoriza viagem em trens, navios,
ônibus, etc.
LEMBRETE • Comunicados verbais ou escritos;
• Capacidade de linguagem: • Mensagem curta e objetiva;
– informar, lembrar. • O grau de formalidade depende de com quem se faz a interlo-
cução.
• Função social:
– transmitir informações rápidas e
urgentes.
TORPEDO • Mensagem breve, texto coloquial muitas vezes em linguagem
• Capacidade de linguagem: telegráfica e cheia de abreviações, transmitida via celular.
– comunicar, informar.

• Função social:
420 – participação e interação com outros
meios de comunicação.

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E-MAIL (mensagem eletrônica es- • Mensagem eletrônica trocada entre usuários de computador ou
crita) de celular que possuam internet;
• Capacidade de linguagem: • Gênero emergente com estrutura e linguagem próprias, embora
– comunicar, informar. possa ter estrutura textual semelhante à carta, ao bilhete ou a
um recado;
• Função social: • Escrito em tom coloquial e direto, sem formas convencionais;
– interação social, acesso rápido a • Aborda diretamente o assunto, sem obrigatoriedade de começos
informações. formais;
• A mensagem pode ser enviada a um ou mais destinatários si-
multaneamente.
CALENDÁRIO • Tabela em que se indicam os dias, as semanas e os meses do
• Capacidade de linguagem: ano, geralmente destacam os feriados, as festas nacionais e as
– expor. fases da Lua;
• Sistema que apresenta o ano como resultado da formação de
• Função social: determinado número de dias, semanas e meses.
– Oficializar o sistema de medida cro-
nológico.
DEPOIMENTO • Narração oral ou escrita;
• Capacidade de linguagem: • Exposição escrita de um acontecimento ou de uma série de acon-
– expor. tecimentos vividos por uma pessoa, mais ou menos sequenciais;
• Autor como sujeito de uma experiência que mobilizou sentimento;
• Função social: • Verbos e pronomes em primeira pessoa (narrador protagonista);
– registrar experiências pessoais que • Geralmente os verbos usados expressam o ato de lembrar (re-
possam servir como fonte de apren- memorar, reviver, rever, etc.);
dizado para muitas pessoas; • Os verbos usados oscilam entre o presente do indicativo e o
– divulgar ações realizadas situadas pretérito perfeito;
no tempo.
• Texto em prosa subjetiva, expressando sentimentos e emoções
do autor;
• Texto situado no tempo e no espaço;
• Emprego da descrição para caracterizar pessoas, lugares, ob-
jetos, etc.;
• Narrativa curta ou longa retratando fatos reais;
• Estrutura: início (quem? onde? quando?), desenvolvimento
(como? por quê? para quê?) e conclusão.
• Linguagem impessoal, pode adquirir um caráter tanto formal
quanto informal, dependendo do grau de intimidade existente
entre o narrado e seus interlocutores.
HISTÓRIA EM QUADRINHOS • Combina a linguagem verbal (narrativa escrita e falada, colocadas
• Capacidade de linguagem: em balões e legendas) e a visual (imagem gráfica);
– narrar. • Interação dinâmica, criativa e harmoniosa entre história, palavras
e imagens/desenhos/ilustrações;
• Função social: • Uso de recursos icônico-verbais próprios ou muito recorrentes,
– comunicar ideias e/ou histórias por com uma morfossintaxe e sintaxe discursivas específicas: o de-
meio de palavras e imagens. senho, o requadro (contorno do quadrinho), o balão (elemento
mais codificado nas histórias em quadrinhos), as legendas (pe-
queno texto que descreve algum fato ou informa alguma coisa
relacionada com o início da história nas quais é inserido o texto),
a figura (maneira como as personagens são figuradas em cada
gesto), o uso de onomatopeias, a elipse (espaço vazio que o
leitor preencheria com sua imaginação);
• Narrativa longa com mais de quatro quadros;
421

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M a n u a l d o E d u c a d or
• O nome do personagem principal da história ou nome do grupo
de personagens principais das histórias, geralmente, leva o título
da revista;
• Uso de discurso direto marcado por balões;
• Presença de onomatopeias e interjeições, seguidas de ponto
de exclamação;
• Forma dos balões responsável pelas várias representações do
discurso;
• Trata dos mais diferentes assuntos: política, ciência, sociedade,
esportes, humor, hábitos, entre outros;
• Tempo e espaço indicados pela própria imagem;
• Letra no interior dos balões, geralmente, em caixa-alta, parecen-
do ter sido desenhada à mão;
• Às vezes, as palavras são escritas em negrito, com um traço
mais forte do que o normal, indicando a maneira como deverão
ser pronunciadas, com tom de voz alto ou com ênfase;
• As personagens costumam usar a linguagem informal.
TRAVA-LÍNGUA • Pequeno texto rimado ou não de pronúncia difícil;
• Capacidade de linguagem: • Presença de sons que exigem movimentos seguidos da língua;
– expressar. • Presença de versos que brincam com a fonética;
• Concentração de sílabas formadas com os mesmos sons, mas
• Função social: em ordens diferentes;
– divertir; • O texto, quando pronunciado de maneira rápida e clara, pode
– exercício de dicção, terapia da fala provocar falhas, resultando cacofonia;
e leitura oral. • Pode ser estruturado em forma de prosa, versos ou frases.

NOTÍCIA • Relato de fatos, acontecimento, informações do cotidiano;


• Capacidade de linguagem: • Veiculadas em jornal, revista, rádio, televisão, internet, etc.
– relatar. • As notícias raramente são assinadas, o redator é desconhecido;
• Nas manchetes, geralmente emprega-se o verbo no presente
• Função social: do indicativo;
– informar à comunidade e ao público • Nos leads geralmente emprega-se o perfeito ou futuro do pre-
leitor, ouvinte ou espectador. sente;
• Os enunciados são mais referenciais e menos opinativos, já que
relatam fatos e acontecimentos;
• As notícias têm por objetivo o compromisso ético de informar
os leitores de forma neutra e com fidedignidade;
• No enunciado da notícia há predomínio da terceira pessoa,
escrito numa linguagem que tenta conciliar registros formais e
informais numa busca de comunicação eficiente e de aceitação
social;
• Os fatos mais importantes da notícia devem ser ordenados para
torná-la compreensível, informando quem fez o que, a quem,
quando, onde, como, por que e para que.
RESUMO • Síntese ou apresentação abreviada de um texto ou conteúdo
• Capacidade de linguagem: de uma obra literária;
– narrar. • Apresentação concisa e coerente de um texto, mantendo o tipo
textual do texto principal.
• Função social:
– apresentar a síntese de um texto ou
422 conteúdo de livro, peça teatral, etc.

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ROMANCE • Composição escrita em língua vernácula;
• Capacidade de linguagem: • Um gênero do modo narrativo, escrito em prosa, mais ou menos
– narrar. longo;
• Narra fatos imaginários, às vezes inspirados em histórias reais;
• Função social: • Relata venturas, faz críticas à sociedade, estuda costumes ou
– entretenimento dos leitores; tipos psicológicos;
– comunicar ideias e/ou histórias. • No romance, várias ações podem se desenvolver paralelamente;
• Personagens podem surgir e desaparecer no decorrer da história;
• A narrativa apresenta um ponto culminante, o clímax.
AUTOBIOGRAFIA • Texto em prosa que narra sobre a vida de um indivíduo, escrita
• Capacidade de linguagem: pelo próprio;
– narrar. • A autobiografia pode ser um texto literário ou não literário;
• Existe coincidência entre o autor e o narrador e fatos contados
• Função social: são reais e não ficção.
– entretenimento dos leitores;
– comunicar ideias e/ou histórias.
ARTIGO • Artigos são publicados em jornais, revistas, periódicos, TV e no
• Capacidade de linguagem: web jornalismo;
– expor. • Nos chamados artigos de opinião, o autor interpreta um fato ou
um tema variado sobre política, cultura, ciências, etc.;
• Função social: • Os artigos são geralmente assinados pelo articulista que de-
– informar, opinar, discutir, interpretar um senvolve uma opinião sobre o assunto e, usando o poder da
fato. argumentação, fecha o texto em tom conclusivo;
INFORMAÇÃO • A informação, conforme o tipo de discurso predominante, pode
• Capacidade de linguagem: ser de relato, de opinião ou instrucional;
– relatar. • A informação de relato informativo trata da comunicação de no-
tícias, fatos ou acontecimentos de interesse público;
• Função social: • Utiliza-se dos meios de comunicação para a divulgação das no-
– informar a população sobre questões tícias, dos fatos ou acontecimentos.
de interesse público;
– divulgar notícias junto ao público.
COMENTÁRIO • Textos orais ou escritos;
• Capacidade de linguagem: • Referem-se a um conjunto de notas ou observações, esclarece-
– expor. doras ou críticas, expositivas ou argumentativas sobre um tema;
• São análises, notas ou ponderações críticas ou esclarecimentos,
• Função social: geralmente curtas, acerca de um texto, uma pesquisa, um ato,
– informar de forma crítica sobre quais- etc.
quer assuntos de interesse público;
– expor e argumentar acerca de um ato,
um texto, etc.
ESTATUTO, CONSTITUIÇÃO • Conjunto de regras ou leis de organização e funcionamento de
• Capacidade de linguagem: um grupo, uma instituição, uma sociedade;
– prescrever ações ou instruir. • Textos que se caracterizam por sua estrutura composicional,
geralmente organizada em capítulos, títulos, subtítulos, pará-
• Função social: grafos e incisos;
– prescrever, regulamentar, estabelecer • A constituição é o conjunto de leis fundamentais que regula a vida
regras de organização e funcionamento de uma nação, geralmente elaborado e votado por um congresso
social. de representantes do povo.

423

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M a n u a l d o E d u c a d or
DECLARAÇÃO (INTERNACIONAL • Texto, muitas vezes, em forma de código estatutário ou regimen-
DOS DIREITOS HUMANOS) tal, com capítulos, parágrafos, incisos, etc.;
• Capacidade de linguagem: • Ato diplomático firmado entre duas ou mais potências sobre um
– prescrever ações ou instruir. assunto internacional.
• Há, também, declarações de quantia, número e espécie de rendas,
• Função social: lucros, bens, mercadorias ou objetos comuns no dia a dia.
– estabelecer acordo entre nações
sobre determinado assunto.
RECEITA • Texto que se refere à preparação de medicamentos, produtos
• Capacidade de linguagem: industriais ou de economia doméstica;
– descrever ações, instruir. • Em culinária, são instruções que orientam a preparação de uma
• Função social: iguaria;
– Orientar, informar e prescrever. • Há o predomínio da linguagem instrucional com uso de formas
verbais (imperativo, infinitivo) de valor imperativo ou impessoal;
• Em culinária, geralmente a receita estrutura-se em: ingredientes
e modo de preparo.
Fonte: SCHNEUWLY, B. DOLZ, J. Gêneros orais e escritos. Campinas-SP: Mercado das Letras. 2004.
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: MG Autêntica Editora. 2009.

Avaliação
O objetivo dos anos iniciais está voltado às que a avaliação se aplique não apenas ao aluno,
práticas letradas do ler, compreender e produzir considerando as expectativas de aprendizagem,
textos, o que requer o domínio da escrita alfabética mas às condições oferecidas para que isso ocor-
e o envolvimento do educando nestas práticas. A ra. Avaliar a aprendizagem, portanto, implica
avaliação consiste no acompanhamento do pro- avaliar o ensino oferecido – se, por exemplo,
cesso de ensino e de aprendizagem a fim de obter não há a aprendizagem esperada significa que
as informações necessárias para as intervenções o ensino não cumpriu com sua finalidade: a de
pedagógicas e do educando. Em suma: fazer aprender.” (PCN volume 1 introdução
BRASÍLIA,1997, p. 83, 84).
“[...] a avaliação contemplada nos Parâmetros
Curriculares Nacionais é compreendida como: Toma-se como eixos fundamentais para o de-
elemento integrador entre a aprendizagem e o senvolvimento da ação pedagógica: o texto como
ensino; conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste unidade de ensino; o papel dos gêneros textuais
e a orientação da intervenção pedagógica para na formação do leitor e produtor de texto e nas
que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto escolhas de linguagem mais conscientes para a
de ações que busca obter informações sobre o efetivação da capacidade comunicativa. Desta
que foi aprendido e como; elemento de refle- forma, a avaliação tem como função precípua
xão contínua para o professor sobre sua prática a reflexão sobre o progresso dos educandos em
educativa; instrumento que possibilita ao aluno função dos objetivos pretendidos, o que ao mesmo
tomar consciência de seus avanços, dificuldades tempo subsidia o redimensionamento do encami-
e possibilidades; ação que ocorre durante todo o nhamento metodológico.
processo de ensino e aprendizagem e não apenas Estudos atuais indicam que a interpretação de
em momentos específicos caracterizados como textos e a produção textual devem ser trabalhadas
fechamento de grandes etapas de trabalho. Uma sob novo enfoque. A ressignificação dos estudos
concepção desse tipo pressupõe considerar tanto gramaticais também nos conduzem a tomá-los
o processo que o aluno desenvolve ao aprender como instrumento facilitador para a apropriação
424 como o produto alcançado. Pressupõe também

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de recursos linguísticos e a compreensão dos efei- • deduzem os significados a partir das relações
tos de sentido produzidos no texto. estabelecidas no texto e/ou contexto em que
Assim, a avaliação deve considerar as práti- se insere o texto (texto e contexto);
cas envolvidas no processo de ensino da língua: • recriam textos;
leitura e produção de textos orais e escritos, escuta • posicionam-se perante o texto;
de textos orais, reflexão sobre recursos e escolhas
• fazem apreciação crítica do texto e das in-
linguísticas e os efeitos de sentido produzidos.
tenções prováveis.
Avaliação em leitura, interpretação e produ-
ção de texto: Produção de texto
A abordagem do texto para o desenvolvimen- A elaboração dos instrumentos de avaliação
to da leitura compreende níveis de proficiência a da produção de texto está vinculada ao desen-
partir dos quais se pode definir critérios e proce- volvimento de conteúdos e atividades propostas
dimentos de avaliação da leitura, da interpretação para o estudo dos gêneros textuais indicados na
e produção de textos. coleção.
Avaliação de leitura e interpretação de textos: Os educandos:
Para elaborar seus instrumentos de avaliação, • contextualizam o contexto e a situação co-
considere os seguintes níveis de proficiência: municativa em que o texto foi produzido;
a) Leitura e compreensão do texto, verificar • identificam a intenção comunicativa que
se os educandos: predomina no texto;
• localizam informações explícitas; • utilizam recursos linguísticos adequados aos
• mobilizam conhecimentos prévios; propósitos do texto;
• fazem inferência sobre os sentidos das pa- • fazem adaptações do léxico às intenções e
lavras e expressões utilizadas nos textos; ao gênero a ser desenvolvido;
• reconhecem os elementos fundamentais • fazem adequações das escolhas de lingua-
que constituem o gênero textual (tempo, gem ao interlocutor/leitor a que se destina.
espaço, personagem, narrador, sequência
Avaliação mediadora
dos acontecimentos);
• fazem inferências de elementos e/ou instru- Uma avaliação mediadora requer a obser-
ções implícitas; vação e o acompanhamento constante de cada
educando no processo de aquisição do conheci-
• elaboram justificativas;
mento. Deve-se considerar:
• inferem efeitos de sentido produzidos por
• a expressão de ideias é essencial para que
escolhas de linguagem;
se observe as hipóteses, os argumentos, as
• fazem resumos e esquematizações dos tex- opiniões;
tos lidos;
• a produção do educando deve sempre ser
• reconhecem os discursos utilizados (argu- valorizada.
mentos, informação, estética);

425

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M a n u a l d o E d u c a d or

Orientação para as unidades – volume 3


Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Trabalhar com orali- • A percepção e a constru- • Discussão inicial para • Manifestar-se oralmen-
dade, leitura, interpre- ção do nosso espaço. incentivar o aluno a te sobre o tema do tex-
tação e produção de expor o que já sabe to.
textos. sobre o tema a ser
• A arte de ser feliz. estudado. • Ler e identificar as
• Relacionar os elemen- ideias principais do
tos do texto e os dados • crônica. • Leitura oral do pro- texto.
do universo do leitor. fessor, ressaltando os
elementos da crôni- • Estabelecer relação en-
• Estimular a manifesta- ca: título, narrador, tre as ideias presentes
ção de opiniões. personagem, tempo, no texto e as experiên-
espaço complicação cias pessoais.
e desfecho.
• Propiciar a compreen-
são do sentido literal • Relacionar conteúdo e
do texto e a localização • Discussão sobre a título do texto.
das informações. função (intenção) do
texto, seu portador e
• Identificar o autor do
seus componentes.
• Identificar o significado texto.
dicionarizado das pa-
lavras. • Discussão sobre o
• Identificar o gênero “crô-
sentido que o leitor
nica”, apontando suas
(aluno) confere ao
• Identificar o gênero características.
texto.
textual “crônica” e
seus elementos com- • Reconhecer em que
posicionais. • Trabalho com o sig-
tempo verbal e em que
nificado das palavras
pessoa do discurso
indicadas no glossário
está narrada a crônica.
e de outras cujo signi-
ficado seja desconhe-
cido pelo educando.

• Atividades sobre tem-


• Escrever texto narrando po verbal e pronomes • Escrever um texto coe-
fatos imaginários. do caso reto. rente sobre “pequenas
• tempo verbal. felicidades”.
• pronome.
• Trabalhar com leitura, Marambaia. • Discussão para provo- • Manisfestar-se oral-
oralidade, interpretação car o desenvolvimento mente durante discus-
e produção de textos. • Letra de música. da oralidade e expres- são inicial.
são do conhecimento
• Relacionar os elemen- prévio do aluno. • Identificar o gênero “le-
tos do texto e os dados • Exploração e identifi- tra de música”, apon-
do universo do leitor. cação das caracterís- tando suas caracterís-
ticas do texto narrativo ticas.
426 em versos, os tempos
verbais, o personagem-

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• Compreender o sentido -narrador (primeira pes- • Reconhecer em que
do texto. soa), a apresentação tempo verbal e pessoa
do espaço físico e do do discurso está narra-
• Estimular a manifesta- clima estabelecido, a es- do o texto.
ção de opiniões. trutura do texto, como
ele foi construído pelo
autor, que referências
• Identificar o gênero
ao tempo podemos
textual “letra de músi-
encontrar.
ca” e seus elementos
composicionais.
• Contextualização do
discurso produzido
num determinado
tempo e espaço.

• Comentários sobre a
intenção do autor e • Identificar o conjunto
para que interlocutor de letras que indicam
se destina. o som nasal nas pala-
vras.
• Trabalhar com leitura, Imagem do deserto. • Discussão a aprtir do • Manifestar seus conhe-
oralidade, interpretação conhecimento prévio cimentos sobre o tema
e produção de textos. dos alunos sobre o do texto.
• Poema tema do poema.
• Relacionar os elemen- • Identificar o gênero “po-
tos do texto e os dados • Leitura em voz alta do ema”, apontando suas
do universo do leitor. poema. características.

• Estimular a manifesta- • Explicitação do gêne- • Relacionar o título e o


ção de opiniões. ro, suas característi- assunto do poema.
cas, suas marcas lin-
• Estabelecer a relação guísticas, o propósito • Identificar as repetições
entre os assuntos tra- e o assunto do poema. e os recursos sonoros
tados nos textos “Ma- do texto.
rambaia” e “Imagens • Récita individual do
do deserto”. poema.
• Identificação da com-
posição em versos e
• oralidade estrofes e o ritmo do
poema.
• Discussão em grupo
para suscitar a expo-
sição de argumentos
sobre os textos.

• Discussão, em grupo,
sobre os temas abor-
dados nos textos, com
a intenção de estabele-
• Produzir um texto de re- cer diferenças e seme-
escrita do poema, dan- lhanças e as consequ- • Reescrever o poema,
do a ele novo sentido e ência sobre a natureza. alterando o sentido e o
título. título. 427

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M a n u a l d o E d u c a d or
Unidade 2 – Identidade social: formas de participação
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Trabalhar com leitura, • Linguagens carregam • Discussão sobre o as- • Participar da discussão
oralidade, interpretação mensagens. sunto “publicidade”. sobre o assunto.
e produção de textos. • Publicidade. • Leitura do texto publici- • Ler e discutir o conte-
tário em conjunto. údo do texto em sala.
• Ler em conjunto o texto
publicitário, para identi- • Discussão e a proble-
ficar as características Jovens descobridores. matização do conteú-
do gênero. do do texto.
• Compreender o sentido
• Publicidade.
das mensagens publi- • Análise e a interpre- • Debater, expondo argu-
citárias, analisando-as tação da mensagem, mentos favoráveis ou
criticamente, desen- oralmente, em forma contrários à mensagem
volvendo sensibilidade de debate em que os do texto.
para reconhecer a inten- grupos devem apre-
cionalidade. sentar argumentos fa-
voráveis ou contrários.
• Pesquisar no dicioná-
rio o significado de pa- • Contextualização para a
lavras. percepção da estrutura
do texto, a construção • Identificar as caracte-
de frases curtas, a lin- rísticas do texto publi-
• Reconhecer nume- guagem sugestiva, os citário.
rais como palavras ou tempos verbais e a or-
expressões que sig- dem direta nas frases.
nificam quantidades, • Identificar a função dos
ordem numérica e va- • Leitura conjunta a fim numerais no texto pu-
lores. de destacar os ele- blicitário.
mentos linguísticos e
• Propaganda 1. extralinguísticos. • Analisar a propaganda,
Saúde da pessoa idosa. buscando a intenção
• Identificar o gênero do • Trabalho com os textos dos textos.
texto e interpretar o para a interpretação,
sentido da mensagem. • Propaganda 2. lembrando que a pro-
• Diferenciar “publicida- -paganda tem caráter • Discutir as questões
Política Nacional de
de” de “propaganda”, ideológico e visa fa- propostas sobre o tema
Saúde da Pessoa com
a partir da análise das zer adeptos, converter do texto.
Deficiência.
características dos gê- opiniões, propagando
neros. ideias relacionadas à
política, à filosofia, à
economia, à ciência, à • Identificar as caracte-
religião ou à sociedade. rística do texto de pro-
• Compreender o senti- paganda e sua função
• Pesquisa sobre as for-
do das mensagens dos social.
mas de veiculação das
textos de propaganda
propagandas, quem
são os responsáveis • Analisar a propaganda,
por elas, a que público buscando a intenção
se destinam. dos textos.
428
• Analisar criticamente
textos de propaganda.

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• Trabalhar com leitura, Tocando em frente. • Discussão para provo- • Participar da discussão
oralidade, interpretação car a expressão oral sobre o assunto do tex-
e produção de textos. do conhecimento pré- to.
• Letra de música. vio do aluno.

• Leitura coletiva/indivi- • Reconhecer que no tex-


• Ler texto do gênero dual e análise do texto to literário não há uma
“letra de música”, atri- com os educandos, leitura pronta e única.
buindo significado e ressaltando a função
identificando as carac- poética das palavras • Compreender que a
terísticas do gênero. na comunicação, o leitura é produto do
predomínio do duplo diálogo leitor-texto-
• 1ª pessoa do singular sentido, a presença da -autor, que existe a
linguagem figurada, o possibilidade de que
• Expressar-se oralmente significado dado às pa-
com eficácia, de forma cada aluno construa a
lavras, a musicalidade sua significação sobre
adequada, em conver- (o efeito sonoro) de-
sas em grupos, expondo um texto literário.
corrente da seleção e
sentimento, emoções, da combinação dos fo-
opiniões, pontos de vis- nemas que compõem
ta, relatando os fatos so- os significantes dos • Expressar seus senti-
bre os temas estudados. signos da mensagem. mento, emoções, opi-
• Conversa com o texto, niões, pontos de vista,
para refletir, comparar, relatando fatos e acon-
questionar, imaginar, tecimentos e expondo
descobrir. sobre temas em estudo.

• Localização e atenção
às rimas, ao ritmo ca-
denciado pelo número
de sílabas métricas
dos versos, e às ima-
gens criadas pelo au-
tor.
• Estabelecimento de re-
lação do título com o
• Produzir um texto de • Escrever um texto de
assunto do texto.
opinião sobre o tema opinião, observando
do texto estudado. • Pessoas do discurso: as características do
singular e plural • Observação da pessoa gênero.
do discurso.
• Produção de texto de
opinião.
• Trabalhar com leitura, Bola de meia, bola de • Discussão para pro- • Participar da discussão
oralidade, interpretação gude. vocar a expressão sobre o assunto do tex-
e produção de textos. • Poema. oral do conhecimento to.
prévio do aluno.

• Leitura conjunta – frui-


• Ler texto do gênero “po- ção do poema e da • Ler e perceber a função
ema”, atribuindo signi- percepção da lingua- poética da linguagem.
ficado e identificando gem poética, das figu-
as características do ras de linguagem.
gênero. 429

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Desenvolvimento de
atividades que explo- • Interpretar o poema,
rem a identificação das identificando as carac-
• Expressar-se oralmente características do texto, terísticas do texto.
com eficácia, de forma dos tempos verbais do
adequada, em conver- personagem-narrador
sas em grupos, expres- (primeira pessoa), da
sando opiniões, pontos apresentação do es-
de vista, relatando fatos paço físico e do clima
e expondo sobre os te- estabelecido.
mas estudados.
• Conversa com o tex-
to, observando fatos e
ações que compõem
a trama, como ele foi
construído pelo autor,
que referências ao
tempo podem ser en-
contradas, etc.

• Emprego do pronome
possessivo.
• Identificar o uso do
• Pronome possessivo: pronome possessivo
singular e plural. para indicar a primeira
• Produzir um texto in- pessoa do singular e do
terpretando versos do plural.
poema e manifestando
memórias suscitadas
• Produzir textos sobre
pela leitura dos versos.
os versos selecionados
do poema.

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Trabalhar com leitura, O trabalho do educador • Discussão sobre as- • Manifestar seu conheci-
oralidade, interpretação Paulo Freire. sunto do texto como mento sobre o assunto
e produção de textos. • Texto biográfico. incentivo ao desenvol- que será estudado.
vimento da oralidade.

• Leitura comentada, • Compreender o sentido


• Ler texto dos gêneros contextualização, si- do texto, identificando
“biografia” e “autobio- tuando o educador os elementos relevan-
grafia”, atribuindo sig- brasileiro Paulo Freire tes.
nificado e identificando no tempo e no espaço,
as características dos ressaltando as carac- • Identificar os propósitos
gêneros. terísticas individuais e e as intenções do texto.
Ele por ele mesmo. a importância do seu
trabalho para a edu-
430 cação.

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• Autobiografia do edu- • Discussão sobre a in- • Reconhecer as carac-
cador Paulo Freire. tenção do autor na pro- terística dos gêneros
dução do texto, a que “biografia” e “autobio-
• Expressar-se oralmente interlocutor se destina, grafia”, estabelecendo
com eficácia, de forma que linguagem foi utili- a diferença entre os
adequada, em conver- zada, etc. textos.
sas em grupos, demos- • Exploração do vocabu-
trando opiniões, pontos lário para a compreen-
de vista, relatando fatos são do texto.
e expondo sobre os te- • Diferenciação entre
mas estudados. “biografia” e “autobio-
grafia”.
• Expressar oralmente,
• Discussão oral para a em grupo, sua opinião
interpretação do texto sobre o tema estudado.
e percepção da estru-
tura textual e a lingua-
gem utilizada.

• Busca do sentido das • Reconhecer que uma


palavras empregadas palavra, dependendo
em diferentes situa- do seu uso, apresenta
ções. significados diferentes.
• Reconhecer o tempo
verbal usado no texto.
• Reconhecimento do
tempo verbal empre-
• Polissemia. gado no texto. • Escrever um relato so-
bre Paulo Freire, com
• Com as informações os dados obtidos nos
obtidas nessa unidade, textos estudados.
produzir um texto em
forma de relato sobre a
vida de Paulo Freire. • Tempos verbais.
• Trabalhar com leitura, O mundo. • Leitura orientada. • Ler atentamente as fa-
oralidade, interpretação • Tira. • Análise da intenção las, analisando-as criti-
e produção de textos. da história em qua- camente.
drinhos. Explicitação
das características do • Identificar a intenção do
gênero: sequência de autor.
ações representadas
por desenhos de fatos, • Perceber o humor na
• Ler a tira “O mundo” e
acontecimentos, ane- forma de expressão do
interpretá-la, inferindo
dotas, informações. A texto.
informações explícitas
possibilidade de uso
e implícitas.
de recursos como: le-
gendas, balões com • Identificar as caracte-
falas ou pensamentos rísticas do gênero.
dos personagens e re-
cursos de linguagem. • Compreender o sentido
• Observação das ex- da mensagem.
pressões e gestos da
• Produzir texto de opi- personagem. • Produzir um texto de
nião sobre a vida na opinião sobre a vida
Terra, as preocupações na Terra e as preocu-
com a preservação do pações com o ambiente 431
ambiente do Planeta. do Planeta.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Trabalhar com leitura, Terra viva. • Discussão sobre as- • Participar da discussão,
oralidade, interpretação sunto do texto como contribuindo com seu
e produção de textos. incentivo ao desenvol- conhecimento.
vimento da oralidade.
• Relacionar os elemen- • Leitura do texto. • Ler e discutir sobre as
tos do texto e os dados • Discussão sobre os en- políticas mundiais de
do universo do leitor. foques apresentados. preservação do Planeta.
• Contextualização –
• Estimular a manifesta- discussão sobre o • Compreender o sentido
ção de opiniões. desenvolvimento de do texto, percebendo a
políticas mundiais de estrutura, a sequência
• Compreender o sentido preservação do espa- narrativa e a estrutura-
literal do texto e a locali- ço em que vivemos. ção dos parágrafos e
zação das informações. • Compreensão do sen- das frases do texto.
tido do texto – valori-
zação da estrutura, da
• Identificar o significado
sequência narrativa, a • Procurar o significado
dicionarizado das pala-
estruturação dos pará- das palavras do texto
vras.
grafos e das frases. cujo significado é des-
• Sentido e significado de
• Trabalho com o sig- conhecido.
• Identificar o gênero palavras.
nificado das palavras
“apresentação” e seus • Polissemia. indicadas no glossário
elementos composicio- • Discutir com os colegas
e outras cujos signifi-
nais. sobre o significado do
cados ainda não são
título e a intenção do
conhecidos.
texto.
• Discussão em grupo
• Tempo verbal – pre- sobre o significado do
título e a intenção do • Reconhecer e escrever
sente e passado.
texto. os tempos verbais “pre-
sente” e “passado”.
• Trabalhar com leitura, • Os estatutos do ho- • Discussão sobre o as- • Participar da discus-
oralidade, interpretação mem. sunto do texto como são, contribuindo para
e produção de textos. incentivo ao desenvol- o seu conhecimento.
vimento da oralidade.
• Ler o poema e com- • Leitura do poema es-
preender o sentido da crito em forma de de- • Leia o poema, perceba
mensagem. creto. que foi escrito em for-
• Discussão oral sobre mato diferente do habi-
• Discutir oralmente so- a linguagem poética, tual do gênero.
bre o significado da a intenção do autor,
mensagem e a estru- os elementos compo- • Discuta com os colegas
tura do texto. sicionais do texto e as sobre as características
figuras de linguagem do gênero “poema”.
usadas.
• Produza um poema em
• Relato oral do trabalho forma de decreto.
• Produção de um poema
em grupo.
em forma de decreto.

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Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Trabalhar com leitura, Cartum. • Discussão sobre o as- • Manifestar seu conhe-
oralidade, interpretação sunto do texto como cimento prévio sobre o
e produção de textos. incentivo ao desenvol- assunto que será estu-
vimento da oralidade. dado.
• Compreender o sentido
das mensagens dos • Leitura e a interpre-
textos verbais e não tação conjunta. É im- • Ler e interpretar os
verbais, conhecendo portante que o aluno textos verbais e não
a intencionalidade dos perceba que a com- verbais, reconhecendo
textos. posição dos textos a intencionalidade do
verbais e não verbais texto.
• Ler para perceber as ca- em cartuns, charges,
racterísticas do gênero tiras e histórias em
“cartum” e sua função quadrinhos são muito
social nos meios de co- usados nos meios de
municação. comunicação e que a • Perceber detalhes da
leitura crítica deles é cena, as cores, loca-
uma forma de acesso lizando os fatos no
às informações e ao tempo e no espaço no
conhecimento. cartum.
• Orientação para a per-
cepção dos detalhes
da cena, as cores, a
localização dos fatos
no tempo e no espaço,
e a discussão sobre o
comportamento do ho-
mem das cavernas, o
início do processo de
criação dos utensílios
usados na época.
• Trabalhar com leitura, Caverna. • Discussão sobre o as- • Manifestar seu conhe-
oralidade, interpretação sunto do texto como cimento prévio sobre o
e produção de textos. • Poema. incentivo ao desenvol- assunto que será estu-
vimento da oralidade. dado.
• Ler texto do gênero “poe-
ma”, atribuindo significa- • Contextualização e a • Compreender a inten-
do e identificando as ca- discussão sobre a in- ção do texto, quem são
racterísticas do gênero. tenção do autor na pro- os interlocutores e as
dução do texto, para características do gê-
• Ler para perceber a in- que interlocutor ele se nero.
teração texto-leitor e a destina e outras carac-
interlocução direta com terísticas do gênero.
o leitor nos três últimos
versos.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Expressar-se oralmente • Discussão: destaque • Perceber o foco nar-
com eficácia, de forma do foco narrativo, os rativo, os indícios da
adequada, em discus- indícios da demarca- demarcação do tem-
sões em grupos, mani- ção do tempo físico, a po físico, a estrutura
festando opiniões, pon- estrutura do texto: fa- do texto: os fatos e as
tos de vista, relatando tos e ações que com- ações narradas, a bus-
fatos e expondo sobre põem a trama, a busca ca da interlocução dire-
os temas estudados. da interlocução com o ta com o leitor.
leitor nos três últimos
• Produzir diálogos em versos.
balões, compondo um • Exercício de uso de ad- • Reconhecer os advér-
texto misto: verbal e não vérbios e concordância bios e concordar ver-
verbal. verbal. bos em frases.

• Atividade de criação do
diálogo – parte verbal • Criar um diálogo signi-
para compor um car- ficativo para compor o
tum. cartum.
• Concordância verbal.
• Advérbio de lugar.
• Trabalhar com leitura, • Discussão sobre o as- • Manifestar seu conhe-
oralidade, interpretação sunto do texto como cimento prévio sobre o
e produção de textos. incentivo ao desenvol- assunto que será estu-
vimento da oralidade. dado

O padeiro. • Leitura conjunta e a ex-


• Ler o texto para iden- • Texto literário. ploração oral do texto.
tificar o gênero e suas • Crônica. • Problematização: quem • Ler em conjunto, par-
características, o tema, é o narrador? ticipar da exploração
e as principais informa- oral do texto, perceben-
ções. • Em que pessoa é nar- do as características do
rado o texto? Sobre o gênero “crônica”.
• Discutir sobre o texto e que trata o texto?
expressar-se oralmente
com eficácia, de forma • Explicitação das ca-
adequada nos grupos, racterísticas do texto
manifestando opiniões, narrativo: movimento
pontos de vista, relatando dos personagens num
fatos e expondo sobre os certo espaço enquanto
temas estudados. o tempo passa.
• Compreender o sentido • Identificação da relação
do texto, reconhecer a do título com o tema do
intencionalidade implí- texto.
cita no texto. • Reconhecimento das
partes: introdução,
desenvolvimento e
conclusão.
• Reflexão sobre o foco
da narração, a locali-
zação das ações mais
importantes e o espa-
434 ço em que ocorrem os
fatos.

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• Explicação sobre a
presença do discurso
direto indicado pela
pontuação.
• Comentários sobre
os indícios do tempo
cronológico, a com-
posição da trama, e o
clímax da narrativa.
• Observação sobre a
forma como o autor
articulou os fatos no • Produzir, em conjunto
texto. com colegas, um tex-
• Produzir um resumo da • Tempos verbais: pre- • Reflexão sobre o des- to--resumo da crônica
crônica lida. sente e passado. fecho. “O padeiro”.
• Trabalhar com leitura, Plebiscito. • Discussão sobre as- • Manifestar seu conhe-
oralidade, interpretação • Conto. sunto do texto como cimento prévio sobre o
e produção de textos. incentivo ao desenvol- assunto que será estu-
• Ler o texto para iden- vimento da oralidade. dado
tificar o gênero e suas
características, o tema • Leitura dramatizada do
e as principais informa- conto literário do tipo • Ler em conjunto, partici-
ções. narrativo auxilia a per- par da exploração oral
• Discutir sobre o texto e cepção da linguagem e do texto, percebendo
expressar-se oralmente a forma de tratamento as características do
com eficácia e de forma usada pelos persona- gênero “conto”.
adequada nos grupos, gens do conto. Possi-
manifestando opiniões, bilita, também, identifi-
pontos de vista, rela- car a presença de um
tando fatos e expondo narrador e o discurso
sobre os temas estuda- direto pela fala dos
dos. personagens. Explora-
• Compreender o sentido ção do uso dos traves-
do texto, reconhecendo sões e outros sinais de
a intencionalidade im- pontuação utilizados.
plícita no texto.
• Debate em sala de aula • Produzir um texto re-
• Produzir um texto rela- sobre o conto, explo- latando uma cena se-
tando uma cena seme- rando as característi- melhante a do texto,
lhante à do texto lido, cas do gênero. porém adaptada aos
porém adaptada aos tempos atuais.
tempos atuais.

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M a n u a l d o E d u c a d or

Textos de apoio
Letramento e suas implicações para o ensino de Língua materna
mentação que estão ausentes de situações mais tensas e
Introdução
competitivas como as do local de trabalho. Tápias-Oliveira
Os estudos do letramento têm como objeto de co- (2006) relata uma experiência de formação em que se
nhecimento os aspectos e os impactos sociais do uso da solicitou aos estudantes, no primeiro ano do curso de
língua escrita (KLEIMAN, 1995). De origem acadêmica, o Letras, que elaborassem diários de aprendizagem regis-
conceito foi aos poucos infiltrando-se no discurso escolar, trando os momentos marcantes do processo: impressões
contrariamente ao que a criação do novo termo pretendia: e sentimentos sobre os momentos mais difíceis, interes-
desvincular os estudos da língua escrita dos usos escolares, santes, incompreensíveis das aulas. Frente à tarefa de,
a fim de marcar o caráter ideológico de todo uso da língua praticamente, ter de inventar o gênero, houve alunos que
escrita (STREET, 1984) e distinguir as múltiplas práticas de produziram exemplares mais próximos ao diário íntimo e
letramento da prática de alfabetização, tida como única e confessional, como exemplifica o trecho a seguir:
geral, mas apenas uma das práticas de letramento da nos-
sa sociedade, embora possivelmente a mais importante, Tenho uma certa dificuldade em ouvir o que o outro
até mesmo pelo fato de ser realizada pela também mais pensa, se pensa diferente de mim, e deixá-lo ir até o
importante agência de letramento, a instituição escolar. fim, permitindo que conclua seu raciocínio /.../.. Isso
Talvez tenha sido o contraste estabelecido entre alfa- é uma coisa que me angustia um pouco aqui no Cur-
betização e letramento, desde quando o conceito começou so e sei que preciso trabalhar, até por que, isso será
a circular no Brasil, em meados da década de 80, o que importante para que eu me sinta membro do grupo.
limitou a relevância e o impacto do conceito de letramento (TÁPIAS- OLIVEIRA, 2006, p. 82)
para o ensino e a aprendizagem aos primeiros anos de
contato do aluno com a língua escrita, ou seja, àquele pe- Alguns procuraram na correspondência epistolar o
ríodo em que o discente está em processo de aquisição dos modelo do gênero: E[nome do professor], “eu gostaria que
fundamentos do código da língua escrita. Assim, enquanto você fizesse mais atividades como essa (leitura de explo-
professores alfabetizadores se preocupam com as melhores ração), pois é muito importante. Através dessas análises
formas de tornar os seus alunos letrados, os professores de vou compreendendo melhor toda a sua matéria dada”
língua materna se preocupam com as melhores formas de (TÁPIAS-OLIVEIRA, 2006, p.95); já outros encontraram
introduzir os gêneros, criando-se aí uma falsa dicotomia, em textos mais próximos do relatório o modelo satisfató-
pois o aluno da quarta, sexta ou oitava série do Ensino rio para registrar suas impressões: “[o debate é] de suma
Fundamental, assim como o aluno de Ensino Médio está, importância, pois através desse debate é que podemos
também, ao longo de seu processo de escolarização, em esclarecer muitas dúvidas existentes e fazer ligação com
processo de letramento. Aliás, nesse processo, estão todos conceitos já estudados” (TÁPIAS-OLIVEIRA, 2006, p. 144).
os que utilizam a língua escrita em seu cotidiano. No contexto do Ensino Fundamental, Guimarães
Confrontado com novas necessidades de uso da (1999) relata uma experiência de três anos (da 5ª a 7ª série)
escrita, devido a uma promoção ou a uma mudança de em que os alunos, frente a uma situação comunicativa de
emprego que lhe exija escrever textos até então não ela- ter que recomendar, ou não, aos seus colegas de turma,
borados por ele, o empregado pergunta a colegas se há um livro que tivessem lido, experimentaram diversos gê-
modelos desses textos nos arquivos, analisa os textos dis- neros até chegar ao que pode ser reconhecido como uma
poníveis e, assim, forma algumas representações sobre o resenha padrão (resumo, análise crítica, recomendação
que estaria envolvido naquela produção. Com base nesse ou rejeição). Nas primeiras tentativas, na quinta série,
material, tenta uma primeira versão do texto que deve pro- produziam textos mais próximos da oralidade, alguns que
duzir, mostra o resultado a colegas, escuta seus comentá- a autora descreve como “bilhetes”, como em
rios e faz outra versão se necessário for. No processo, esse
profissional está formando uma representação do gênero /.../ Eu ri muito enquanto eu lia o livro principalmente
desconhecido, a qual é social mas também individual quando ele foge de casa.
e única. Os gêneros são as matrizes sócio-cognitivas e O que? Você não sabe do que estou falando?
culturais (MATENCIO, 2003) que permitem participar de Então vá depressa a uma livraria para comprar o livro
atividades letradas das quais nunca antes se participou. e saber do que estou falando. Você vai adorar /.../.
Esse modo de agir em situações novas, característico (GUIMARÃES, 1999, p. 77)
da aprendizagem, deveria ser particularmente verdadeiro
436 nas situações de aprendizagem escolar, pois na escola Já na sétima série, no terceiro ano do projeto, os
existem (ou deveriam existir) possibilidades de experi- alunos produziam, de fato, resenhas, como o trecho a

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seguir, retirado de uma delas, ilustra: a que subjaz às práticas de uso da escrita dentro da escola
que, em geral, envolvem a demonstração da capacidade do
Aidan MacFarlane e Ann Mepherson, escritores da indivíduo para realizar todos os aspectos de determinados
Inglaterra, especializados em problemas de saúde na eventos de letramento escolar, sejam eles soletrar, ler em voz
vida escolar fizeram um grande sucesso, chegando a alta, responder perguntas oralmente ou por escrito, escrever
transformar as histórias de seus livros em séries da uma redação, fazer um ditado, analisar uma oração, fazer
TV inglesa. uma pesquisa. Daí não serem raros os relatos de atividades
“O diário de Susie” descreve um diário de uma adoles- escolares que envolvem a escrita uma carta de reclama-
cente de 16 anos que queria superar o irmão /..../. Em ção ou reivindicação a alguma autoridade, na qual cada
seu diário ela escreve sobre muitas coisas. Destacare- um dos alunos, individualmente, faz a sua própria carta,
mos algumas como problemas familiares e escolares, em vez de unirem os esforços para produzir coletivamente
paixões, sexo e drogas. /.../ uma carta assinada por todos os membros da turma ou um
“O diário de Susie” é uma boa leitura para pessoas de abaixo-assinado da comunidade (escola, bairro, cidade) a
várias idades pois há bastante conteúdo com diferen- que pertence a turma. Isso porque, mesmo focando em um
tes assuntos que interessam a todos. (GUIMARÃES, problema relevante para a cidadania e para a vida cívica,
1999, p. 88) não era a resolução do problema – conseguir que o governo
atendesse à reivindicação – o objetivo da atividade, mas,
Acredito que é na escola, agência de letramento simplesmente, a aprendizagem do gênero “carta argumen-
por excelência de nossa sociedade, que devem ser cria- tativa” ou “reivindicatória”.
dos espaços para experimentar formas de participação A prática social como ponto de partida e de che-
nas práticas sociais letradas e, portanto, acredito também gada implica, por sua vez, uma pergunta estruturante do
na pertinência de assumir o letramento, ou melhor, os planejamento das aulas diferente da tradicional, que está
múltiplos letramentos da vida social, como o objetivo centrada nos conteúdos curriculares: “qual a sequência
estruturante do trabalho escolar em todos os ciclos. Neste mais adequada de apresentação dos conteúdos?”. A im-
artigo, examinarei algumas das implicações dessa assun- portância dos conteúdos para a formação do professor
ção para o ensino, finalizando com implicações para a não pode ser suficientemente enfatizada3. Entretanto, o
formação do professor. conteúdo é alvo: ele representa os comportamentos, pro-
Os conteúdos curriculares na perspectiva social cedimentos, conceitos que se visa desenvolver no aluno.
dos usos da escrita Não deve ser entendido, parece-me, como princípio or-
Assumir o letramento como objetivo do ensino no ganizador das atividades curriculares. Vejamos por quê.
contexto dos ciclos escolares implica adotar uma con- Nos primeiros anos do primeiro ciclo do Ensino
cepção social da escrita, em contraste com uma concep- Fundamental, visa-se apresentar ao aprendiz todos os as-
ção de cunho tradicional que considera a aprendizagem pectos do sistema ortográfico da língua e serão os diversos
de leitura e produção textual como a aprendizagem de aspectos desse sistema os conteúdos a serem ensinados.
competências e habilidades individuais. A diferença entre Isso não significa, entretanto, que o professor deva planejar
ensinar uma prática e ensinar para que o aluno desenvolva suas aulas de modo a apresentar primeiro o alfabeto, logo
individualmente uma competência ou habilidade não as sílabas abertas (ba be bi), depois os encontros conso-
é mera questão terminológica. Em instituições, como a nantais (bra bre) e as sílabas fechadas (bar ber) e assim
escola, em que predomina a concepção da leitura e da sucessivamente, com base num roteiro de apresentação
escrita como conjunto de competências, concebe-se a dos diversos elementos desse sistema, desde as sílabas
atividade de ler e escrever como um conjunto de habi- tidas como mais simples e as regularidades até as “difi-
lidades progressivamente desenvolvidas, até se chegar a culdades ortográficas” da tradicional cartilha (que todo
uma competência leitora e escritora ideal, a do usuário professor conhece).
proficiente da língua escrita. Os estudos do letramento, Nesse ciclo, os conteúdos correspondem, basica-
por outro lado, partem de uma concepção de leitura e de mente, ao conjunto de saberes e conhecimentos reque-
escrita como práticas discursivas, com múltiplas funções ridos em práticas sociais letradas como as de medição,
e inseparáveis dos contextos em que se desenvolvem. cálculos de volume, elaboração de maquetes, mapas e
Na perspectiva social da escrita que vimos discutindo, plantas (conteúdos matemáticos) e àqueles necessários
uma situação comunicativa que envolve atividades que para a participação em práticas discursivas de leitura e
usam ou pressupõem o uso da língua escrita um evento produção de textos de diversos gêneros. Para poder ler e
de letramento não se diferencia de outras situações da vida escrever, o aluno precisa reconhecer e usar componentes
social: envolve uma atividade coletiva, com vários partici- relativos ao domínio do código, como a segmentação
pantes que têm diferentes saberes e os mobilizam (em geral em palavras e frases, as correspondências regulares entre
cooperativamente) segundo interesses, intenções e objetivos som e letra, as regras ortográficas, o uso de maiúsculas,
individuais e metas comuns. Contrasta essa concepção com assim como componentes relativos ao domínio textual, 437
tais como o conjunto de recursos coesivos de conexão,

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M a n u a l d o E d u c a d or
de relação temporal, de relação causal. Nada disso seria Na experiência citada, é claro que era o gênero “rese-
relevante se o aluno não conseguisse também atribuir nha” o objetivo conteudístico do ensino, mas era a prática
sentidos aos textos que lê e escreve segundo os parâmetros social, própria da instituição escolar – recomendar livros
da situação comunicativa (BRASIL, 1997). para os colegas da turma – o eixo estruturante das atividades.
Porém, em toda situação comunicativa que envolve Tivesse sido o gênero “resenha” o elemento estruturante4,
o uso da língua escrita em todo evento de letramento há os alunos talvez fossem submetidos a aulas sobre o gênero,
a necessidade de tudo isso e, portanto, SEMPRE surge a com sequências explicativas e demonstrações sobre como
oportunidade para o professor focalizar de forma siste- abordar os temas, que tipo de linguagem utilizar, como es-
mática algum conteúdo, ou seja, de apresentar materiais truturar o texto, quais os elementos composicionais cons-
para o aluno chegar a perceber uma regularidade, praticar titutivos desse gênero (BAKHTIN, 1979). Em vez disso, os
repetidas vezes um procedimento, buscar uma explicação. alunos foram experimentando, com base nos gêneros que
Nesse caso, o movimento será da prática social para o já conheciam, e, aos poucos, foram inferindo os elementos
“conteúdo” (procedimento, comportamento, conceito) a relevantes para escrever seus textos, apoiando-se nas práticas
ser mobilizado para poder participar da situação, nunca de ler livros, recomendá-los ou criticá-los (informalmente)
o contrário, se o letramento do aluno for o objetivo es- para um público conhecido, ouvir e ler comentários críticos
truturante do ensino. de seus colegas, ler resenhas publicadas, revisar seus textos,
reescrevê-los com base nos comentários dos colegas e, so-
Quando o conteúdo (qualquer que seja) não constitui
bretudo, o professor, que certamente tinha em mente, para
o elemento estruturante do currículo, a pergunta que orienta
guiá-los nesse processo, o conteúdo visado.
o planejamento das atividades didáticas deixa de ser “qual é
a sequência mais adequada de apresentação dos conteúdos Nos PCN para o ensino da língua portuguesa nesses
linguísticos, textuais ou enunciativos?” porque o professor, mesmos ciclos (5ª a 8ª série), também são detalhados
com conhecimento pleno dos conteúdos do ciclo e ciente conteúdos procedimentais relevantes para “a constituição
de sua importância no processo escolar, passa então a fazer da proficiência discursiva e linguística do aluno” (BRASIL,
uma pergunta de ordem sócio-histórica e cultural: “quais 1998, p. 53). Um deles, relacionado à prática de leitura de
os textos significativos para o aluno e sua comunidade?”. textos escritos, é a “seleção de procedimentos de leitura
em função dos diferentes objetivos e interesses do sujeito
Aliás, no ensino da leitura e da produção de textos
(estudo, formação pessoal, entretenimento, realização de
representativos de determinada prática social, a facilidade
tarefa) e das características do gênero e suporte”(BRASIL,
e a dificuldade de aprendizagem não dependem apenas
1998, p. 57). São detalhados, dentre os procedimentos
da relação letra-som, ou da presença ou ausência de dí-
possíveis, vários tipos de leitura, tais como:
grafos, encontros consonantais e outras “dificuldades orto-
gráficas”, ou da presença de elementos coesivos mais ou leitura inspecional: utilizar expedientes de escolha de
menos conhecidos do aluno. Dependem, sobretudo, do textos para leituraposterior;
grau de familiaridade do aluno com os textos pertencentes leitura tópica: identificar informações pontuais no
aos gêneros mobilizados para comunicar-se em eventos que texto, localizar verbetes em um dicionário ou enci-
pressupõem essa prática. As letras, sílabas, palavras e frases clopédia;
não são unidades perceptíveis quando o sistema passa a leitura de revisão: identificar e corrigir, num texto
ser ensinado a partir de elementos salientes, tanto verbais
dado, determinadas inadequações em relação a um
como não verbais, que se destacam nos textos (manchetes,
padrão estabelecido
títulos, ilustrações).
Nessa perspectiva, os elementos pontuais “mais di- No caso em discussão, os alunos necessariamente de-
fíceis”, ensinados tardiamente na progressão tradicional, senvolvem e mobilizam estratégias diferenciadas de leitura
podem aparecer em qualquer etapa do processo, desde segundo as demandas da situação. Diversos tipos de sabe-
que sejam aprendidos dentro de um contexto significativo. res, valores, ideologias, significados, recursos e tecnologias,
O dígrafo e o ditongo na palavra “dinossauro”, por exem- entre eles os saberes estratégicos, precisam ser mobilizados
plo, não são os elementos que vão impedir uma criança nas práticas de letramento (BAYNHAM, 1995; SCRIBNER
de desenvolver uma pesquisa escolar sobre esse animal, e COLE, 1981; KLEIMAN, 1995; 2006a). O aluno que ela-
se essa criança estiver de fato interessada e a atividade bora um bilhete recomendando um livro e justificando
for bem orientada. sua recomendação faz uma “leitura inspecional” quando
O relato de experiência de Guimarães (1999), em seleciona, na biblioteca, um livro para leitura, ou quando
que crianças de quinta série foram paulatinamente apro- procura, no caderno infantil do jornal, a página que traz
ximando-se do gênero “resenha”, também aponta para a resenhas de livros; ele faz também uma “leitura tópica”, de
pertinência da abordagem do letramento de atentar para detalhes, quando volta ao livro lido para copiar uma infor-
a prática social relevante para o aluno nos últimos ciclos mação específica que deseja incluir na sua recomendação
do Ensino Fundamental como objetivo estruturante das ou resenha; faz, ainda, uma “leitura de revisão” quando lê
438 seu próprio texto antes de torná-lo público.
atividades curriculares.

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A prática social não pode senão viabilizar o ensino na escola tradicional, não é evidente.
do gênero, pois é seu conhecimento o que permite par- Uma possibilidade de resposta é tipológica. A pers-
ticipar nos eventos de diversas instituições e realizar as pectiva social não pode eximir-se de focalizar o impacto
atividades próprias dessas instituições com legitimidade. social da escrita, particularmente as mudanças e transfor-
Numa instituição como a escola, que, conforme Heath mações sociais decorrentes das novas tecnologias e novos
(1986) aponta, supervaloriza as atividades analíticas, a usos da escrita, com seus reflexos no homem comum.
adoção de qualquer conceito linguístico, textual ou enun- Esse foco necessariamente amplia a concepção do que
ciativo, como estruturador das atividades curriculares, leva venha a ser objeto de leitura, antes reservada para os textos
quase que inevitavelmente à transformação da atividade literários, na verdade os textos extraordinários de poucos,
aprender o gênero para agir em sociedade em uma ati- passando a incluir os textos do cotidiano, os textos comuns
vidade metalinguística: analisar os textos do gênero para do dia a dia. De fato, eles têm valor pedagógico de des-
aprender como está formado ou para aprender a escrever taque quando são utilizados como recursos pedagógicos
textos segundo o modelo. Saber elaborar uma resenha para construir a auto-segurança do aluno quanto à sua
quando necessário, segundo os parâmetros da situação capacidade de ler e escrever: listas, bilhetes, receitas, avi-
comunicativa, é um tipo de conhecimento radicalmente sos, letreiros, outdoors, placas de rua, crachás, camisetas
diferente de saber sobre o que trata uma resenha, qual o e buttons de transeuntes, enfim, a escrita ambiental em
sua enorme variedade amplia significativamente o acervo
grau de formalidade da linguagem usada, quais as suas
de textos mais legíveis, devido à sua curta extensão e
partes. O primeiro pressupõe o segundo, mas o contrário
à complementação do sentido via imagens acessíveis e
não é verdade.
imediatamente compreensíveis.
Assim, o professor que adotar a prática social como
Outro aspecto que me parece relevante para a
princípio organizador do ensino enfrentará a complexa
seleção curricular é a função do texto na vida social do
tarefa de determinar quais são essas práticas significativas
aluno, convidando também à ampliação do conjunto de
e, consequentemente, o que é um texto significativo para
textos de modo a incluir gêneros próprios do cotidiano
a comunidade. A atividade é complexa porque ela en-
do aluno. Embora os textos das instituições públicas de
volve partir da bagagem cultural diversificada dos alunos
prestígio forneçam, de direito, grande parte do acervo
que, antes de entrarem na escola, já são participantes de
a ser incluído, também os textos que circulam em ou-
atividades corriqueiras de grupos que, central ou perife-
tras esferas, como os da intimidade doméstica (bilhetes,
ricamente, com diferentes graus e modos de participação
recados e cartas pessoais; contas, extratos e cheques;
(mais autônomo, diversificado, prestigiado ou não), já
exames, laudos e carteiras de vacinação, boletins de
pertencem a uma sociedade tecnologizada e letrada5.
notas e diplomas) podem vir a ser incluídos: o aluno
Uma das grandes dificuldades de implantação de pode escrever sua história familiar fazendo legendas e
um programa que visa ao desenvolvimento linguístico- notas para as fotos de um álbum de família e consultan-
-dis-cursivo do aluno por meio da prática social reside do certidões; pode ler e recortar anúncios; pode fazer
na incompatibilidade dessa concepção com a concepção os registros de saúde, de educação, etc. dos membros
dominante do currículo como uma programação rígida e da família, se estiver aprendendo modos de arquivar e
segmentada de conteúdos, organizados sequencialmente registrar informações, pode, ainda, agendar, rotular. As
do mais fácil ao mais difícil. funções da escrita no cotidiano, mesmo que limitadas
Quais seriam os conteúdos a serem ensinados pri- e finitas, introduzem práticas arquivais, identitárias, de
meiro quando o elemento estruturador do currículo é contato e comunicativas, assim como gêneros que terão
a prática social? As práticas de letramento certamente uma vida muito útil em muitas outras práticas sociais.
alteram a lógica tradicional de organização dos conhe- Visando à ampliação do acervo de textos circulantes
cimentos. Não são os gêneros necessariamente unidades na sala de aula, Costa (2001) relata os resultados de uma
que podem ser ordenadas segundo a ideia de que alguns experiência de uso de textos pertencentes a dois gêneros
conteúdos são necessários para a compreensão de outros, do cotidiano escolar e familiar realizada com crianças na
embora possa argumentar-se que há gêneros orais que pré-escola, bem antes da época em que esses textos se-
podem ajudar a manejar os gêneros escritos, ou que os riam introduzidos no ensino. O projeto introduzia a leitura
gêneros que Bakhtin (1979) denomina primários deveriam do verbete de enciclopédia e a notícia de jornal a crianças
ser conhecidos em suas formas inalteradas, anteriores ao de cinco e seis anos, ainda não alfabetizadas, visando à
seu uso nos gêneros secundários complexos, quando, familiarização da criança com a leitura (pelo professor,
segundo o autor, perdem suas relações imediatas com a em rodas de leitura) e produção de textos (coletiva, com
realidade social. o professor de escriba) desses gêneros.
A resposta para a questão da natureza e progressão As crianças utilizavam seus conhecimentos de 439
dos conteúdos, premente para o cotidiano do professor contos infantis para se apropriarem desses gêneros: ao

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M a n u a l d o E d u c a d or
fazerem hipóteses sobre uma notícia a partir da foto jor- escola, são fortes candidatos a elementos básicos, fun-
nalística, por exemplo, elas resvalavam do relato factual damentais para a progressão curricular. Entretanto, mais
próprio da notícia (“é uma velhinha com cachorros, está do que usar a lógica dos blocos fundamentais (básicos,
indo para a feira”) para a historinha maravilhosa: “a vó primeiros) na construção de conhecimentos, no ensino
estava indo na feira comprar ração para os cachorros e no que visa à prática social interessa conceber princípios
caminho encontrou um lobo mau, ele comeu tudinho a gerais para a organização do currículo, entendendo que
vó só deixou o chapéu dela” (COSTA, 2001, p. 134-136). as atividades de sala de aula, ao envolverem a interação
Transição semelhante acontecia quando as crianças entre professor e aluno(s), e entre aluno(s) e aluno(s)
se debruçavam nas páginas da enciclopédia infantil de envolvem tal sorte de fatores de ordem social e pessoal
animais – a figura do elefante na página motivava o início que os resultados são imprevisíveis.
de uma historinha sobre esse animal (era uma vez um Na concepção social da escrita, não é a progressão
elefante que....), na qual era introduzida, em seguida, a do mais fácil ao mais difícil o que facilita ou dificulta a
personagem da foca, seguida da girafa, do hipopótamo, aprendizagem, até porque não é possível dizer, com qual-
etc. A trama começava a incomodar o pequeno narrador quer grau de segurança, o que torna algo fácil ou difícil
à medida que novos verbetes com novos animais apare- a um indivíduo. Se, na prática social, o aluno se depara
ciam, obrigando a criança a introduzir mais e mais “per- com textos não simplificados, numa sala de aula em que
sonagens” na sua história: sabemos que são justamente a prática social é estruturante, o aluno deveria também
esses momentos de desconforto entre o conhecimento se deparar com os textos que circulam na vida social: a
anterior e o novo que detonam a percepção das diferenças facilitação, para que ele consiga vencer os obstáculos
entre os gêneros e a aprendizagem (VIGOTSKY, 1984). que a leitura de tais textos pode apresentar, é o trabalho
Gêneros que circulam nesses dois domínios, lar e coletivo: no trabalho com seus colegas, com diferentes sa-
beres, pontos fracos e fortes, sob a orientação do docente.

Referências
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Brasília: MEC:SEF, 1997. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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Campinas: Mercado de Letras, 2004.

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Arte
Concepção da disciplina
A Arte enquanto disciplina a ser trabalha- tos específicos: o do teorizar, o do sentir e perceber
da e desenvolvida em sala de aula compreende e o do realizar trabalho artístico; na ordem esco-
quatro áreas: artes visuais, dança, música e teatro. lhida pelo professor.
O ensino de Arte na escola vem, cada vez mais, O professor teoriza quando oferece possibi-
ocupando um espaço significativo enquanto área lidades para que o aluno perceba a obra e, mais
do conhecimento. A escola (direção, professores, tarde, realize o seu trabalho artístico.
pedagogos) vem entendendo a importância de se
É de total importância a etapa que chama-
trabalhar a Arte enquanto disciplina e não como
mos de sentir e perceber, pois é aí que o aluno
trabalho ligado à recreação, divertimento e/ou
fará a leitura da obra artística, (seja ela música,
decoração para datas comemorativas.
dança, manifestação folclórica, pintura, etc.) e as-
E ainda é comum encontrar-se, nas aulas de sim acontecerá a fruição da obra pelo espectador.
arte, a proposta de confecção de presentes para Desta forma, o professor estará oportunizando o
o “dia dos pais”, “das mães”, “das crianças” etc. acesso à esta manifestação artística.
Além de, em geral, serem “presentes” pré-fabri- O trabalho artístico é a prática realizada pelo
cados, que o aluno deve recortar, colar e colorir, aluno a partir da proposta do educador.
reforça-se a atitude consumista presente entre A disciplina de Arte tem como objetivo não
nós... Lembremo-nos: arte-educação significa a formação de artista, e sim a do sujeito fruidor
expressar os sentimentos e sentidos oriundos de arte, a partir do contato com as diferentes ma-
da vida concretamente vivida, e não a imitação nifestações artísticas, e também possibilitar a ele
dos valores alheios. (DUARTE JR, 1994, p. 83). a realização da experiência estética no momento
que esteja acontecendo o trabalho criador.
Entende-se que o professor, ao elaborar o
planejamento, o faça a partir de sua área de for- Fayga Ostrower (1987, p.69) afirma que o
mação, fazendo conexões com as outras áreas aluno, ao criar, ao transformar uma matéria dan-
do conhecimento em Arte (artes visuais, dança, do--lhe nova forma, atribui-lhe significados, emo-
música e teatro) sempre que possível. ções e a impregna com a presença de seu próprio
existir, captando e configurando-a... Ao criar, ele
Ao desenvolver seu trabalho, é importante
se recria e se constitui como ser humano, que
que o professor oportunize ao aluno três momen-
toma posição ante o mundo.

Encaminhamento metodológico
É importante, nas aulas da disciplina de Arte, A partir de 2011 foi implantada no Brasil a
que em todos os momentos seja abordado o objeto Lei 11.769/08, que estabelece: “A música deverá
de conhecimento específico, a prática e a fruição. ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do
Isso precisa estar explícito no planejamento e, componente curricular” (§ 6º).
como tal, bem entendido no plano de trabalho Ao trabalharmos Arte, além de propiciar ao
docente. Lembrando que este encaminhamento aluno o contato com as quatro áreas do conheci-
vale para as quatro áreas de arte, as quais deverão mento em Arte, as quais tem igual importância, é
ser trabalhadas ao longo do ano letivo, partindo da imprescindível o fato de o professor não trabalhar
formação do professor e transitando pelas outras isoladamente a atividade, e sim de forma integra-
áreas. 441
da, abordando os elementos formais, a compo-

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M a n u a l d o E d u c a d or
sição e os movimentos e períodos, desta forma a nossa vida interior. [...] que a arte exprime mais
compondo os conteúdos estruturantes. do que aquilo que um indivíduo tem em mente
Importante também é a desmistificação quan- num determinado momento.
to à beleza. Será que a arte é produzida com a Assim como Parsons, acreditamos que na
intenção de ser “bela”? Mas afinal, o que é o belo? disciplina de Arte o professor deve trabalhar de
Segundo Parsons (1992), a arte não se limita a ser forma a elucidar o aluno quanto às funções e in-
um conjunto de objetos bonitos, constituindo an- tenções de uma produção artística, seja ela na área
tes uma das formas de que dispomos para articular de artes visuais, da dança, da música ou do teatro.

Avaliação
Avaliar implica conhecer como os conteúdos de É a partir de uma avaliação continuada que o
Arte são assimilados pelos estudantes a cada momento professor chegará à melhora significativa no pro-
da escolaridade e reconhecer os limites e a flexibilida- cesso de ensino, no qual a consequência será uma
de necessária para dar oportunidade à coexistência de aprendizagem mais efetiva.
distintos níveis de aprendizagem, num mesmo grupo A avaliação é uma aliada do professor, auxi-
de alunos. (PCN, p. 95) liando e promovendo a melhoria no processo de
A avaliação em Arte faz parte do cotidiano ensino para alunos e professores.
dos professores e, além de meio para diagnosticar Se a proposta da educação é formar sujeitos
a aprendizagem é também um desafio, uma vez que compreendam criticamente o mundo que os
que deve-se avaliar o desempenho do estudante cerca e o contexto social e histórico do qual são
acerca do conteúdo trabalhado. frutos, não faz sentido avaliar em um processo
O objetivo da avaliação é subsidiar os pro- que constate apenas se o estudante aprendeu ou
fessores a respeito do processo de aprendizagem, não o conteúdo abordado. Desta forma, a ação
de forma que seja possível estipular um nível clas- pedagógica que acontece no ambiente escolar
sificatório deste mesmo processo. deve contribuir nesta formação.
A avaliação deve estar em consonância com O processo avaliativo deve ser pensado de
os documentos legais da escola, como o Projeto acordo com as possibilidades que o professor
Político Pedagógico e, mais diretamente, a Pro- possui para avaliar os critérios estabelecidos pelo
posta Pedagógica Curricular. coletivo da escola.
Os critérios e os instrumentos de avaliação
Segundo os PCN (Brasil, 1997, p.102) a devem ser pensados de forma a valorizar a inten-
avaliação em Arte deve ocorrer em três mo- ção com que se avalia, o que se avalia e quando
mentos: se avalia.
• antes de uma atividade, para diagnosticar Entende-se que a avaliação é parte do proces-
o nível de conhecimento dos alunos; so metodológico escolar, porém, deve-se levar em
• durante o processo de aprendizagem; conta que ela é apenas um dos momentos e não
• ao final de um conjunto de atividades, todo o processo. Em Arte, o processo é mais va-
para analisar como a aprendizagem ocor- lorizado e considerado que o produto do trabalho
reu. desenvolvido; isto em qualquer uma das quatro
áreas que constituem esta disciplina.

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Orientação para as unidades – volume 3
Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Compreender e con- • Movimentos e períodos: • Percepção dos modos • Compreender e con-
ceituar “arte efêmera” Arte Contemporânea. de fazer arte em cultu- ceituar arte efêmera e
e “intervenção urbana”. • Bi e tridimensional. ras e mídias variadas. intervenção urbana.
• Instalação.
• Conhecer artistas que • Arte efêmera. • Analise de diferentes • Conhecer artistas que
desenvolvem seu tra- • Intervenção urbana. manifestações artísti- desenvolvem seu tra-
balho com elementos cas contemporâneas e balho com elementos
que são considerados realizar debate sobre. que são considerados
lixo. lixo.
• Releitura de obra.

Unidade 2 – Identidade social: formas de participação


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Conhecer o folclore bra- • Arte popular. • Destaque para as dife- • Conhecer o folclore
sileiro em suas diversas rentes manifestações brasileiro em suas di-
manifestações. • Elementos formadores folclóricas existentes versas manifestações.
do som e da dança. no Brasil.
• Compreender os gêne- (timbre, altura, dura- • Compreender os gêne-
ros musicais regionais ção). • Pesquisa sobre as ros musicais regionais
brasileiros. • Composição: ritmo, diferentes manifesta- brasileiros.
melodia, harmonia. ções folclóricas exis-
• Gêneros musicais: tentes no Brasil.
erudito e popular.
• Música nos anos 70
• Elementos formadores (engajada) – MPB.
da dança.
• Movimento corporal,
tempo e espaço.
• Gêneros: dança popu-
lar.

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M a n u a l d o E d u c a d or

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Conhecer e identificar • Escrita musical formal e • Análise e audição mu- • Conhecer e identificar
diferentes manifesta- informal. sical. diferentes manifesta-
ções artísticas e não ções artísticas e não ar-
artísticas da cultura bra- • Elementos formais do • Identificação dos ele- tísticas da cultura brasi-
sileira, principalmente a som: duração, intensida- mentos formadores do leira, principalmente a
música e os elementos de, densidade, timbre, som. música e os elementos
que a compõem. altura. que a compõem.
• Conhecer a escrita mu-
• Composição musical: sical: formal e informal.
melodia, harmonia e
ritmo.

Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção

OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO


Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Conhecer e identificar a • Música erudita. • Audição e análise das • Conhecer e identificar a
música erudita, alguns obras musicais estuda- música erudita, alguns
compositores e gêne- • História da música deste das. compositores e gêne-
ros musicais. período. ros musicais.
• Comparação com a
• Gêneros musicais: ópera música de outros gê-
e romançe. neros e outras épocas.

• Análise da obra ci-


nematográfica Minha
amada imortal, na qual
podemos conhecer a
obra de Ludwig van
Beethoven.

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Textos de apoio
O artista e o espectador
Utilizamo-nos, no capítulo anterior, da defi- religião. Campinas: 4. ed. Papirus, 1988.).
nição de arte proposta por Susanne Langer, que
Distinto do animal, que está preso ao aqui
diz ser ela a “criação de formas perceptíveis ex-
e agora, o homem, pela imaginação, situa a sua
pressivas do sentimento humano”. Ali foi dito que
ação num mundo que estende os seus limites para
a arte é a concretização, em formas (harmônicas),
além da imediaticidade do presente e da mate-
daquela dimensão humana inalcançável pela lin-
rialidade das coisas. O homem cria um universo
guagem conceitual: o sentimento. Através da arte,
significativo, em seu encontro com o mundo e
os diversos aspectos do nosso sentir nos são mos-
através da imaginação.
trados numa determinada conformação, que se
oferece à nossa percepção de maneira mais abran- A própria ciência, que pretende ser um co-
gente que outras espécies de símbolos — como os nhecimento rigoroso das “coisas como são”, é
linguísticos, por exemplo. É preciso então que nos filha direta da imaginação. A criação de normas
detenhamos um pouco nessas duas vias de acesso de objetividade, para que a razão se discipline e
à arte: através do artista e através do espectador. não sofra interferências dos valores e das emo-
Ou seja: na criação e na fruição das obras de arte. ções, é um produto da imaginação. Aliás, a ciência
surge, nos primórdios do século XVII, quando a
Iniciemos pelo artista. Porém, antes de se
imaginação de Galileu leva-o a afirmar: “vamos
adentrar propriamente na criação artística, vamos
supor que um corpo caia sem sofrer interferências
traçar algumas considerações a respeito do ato de
do atrito com o ar”. Isto é, imaginemos uma coisa
criação de maneira geral.
inexistente em nosso mundo: a queda livre, sem
Criar supõe a produção de coisas (sejam ob- interferências da atmosfera, o movimento con-
jetos ou ideias) até então inexistentes no mundo tínuo. A imaginação é, portanto, o dado funda-
humano. Supõe um ato em que, basicamente, mental do universo humano e o motor de todo
opera a imaginação, esta capacidade fundamental ato de criação.
do homem. Pela imaginação o homem ordena o
Precisamos notar, também, que em qualquer
mundo numa estrutura significativa, já que lin-
ato criativo não há apenas uma mobilização da
guagem e imaginação se desenvolvem conjunta-
razão, da esfera lógica (que se dá através dos sím-
mente. Por ela o homem projeta aquilo que ainda
bolos). Como já se observou, nossa razão, nossos
não existe, aquilo que poderia ser, como fruto
símbolos (linguísticos, matemáticos, etc.) estão
de seu trabalho. Mesmo nos atos mais simples
sempre apoiados em nossas vivências, em nossos
do cotidiano, nossa imaginação tem o seu papel.
sentimentos. Não há “pensamento puro”, estrita-
Ao planejar o que farei daqui há instantes — por
mente lógico: ao pensar, mobilizamos tanto os
exemplo dirigir-me a um restaurante, sentar-me e
símbolos como os sentimentos a eles subjacentes.
almoçar — estou imaginando minha ação num
Dessa forma, mesmo nos atos de criação filosó-
tempo futuro, num tempo que virá a ser.
fica e científica estão envolvidos os sentimentos
Diz Rubem Alves: humanos — os valores e as emoções.
O que importa é simplesmente constatar que O ato criativo, inclusive, dá-se muito mais no
através da imaginação o homem transcende a nível do “sentir” do que do “simbolizar”. Melhor
facticidade bruta da realidade que é imediata- dizendo: ao se criar, ocorre uma movimentação de
mente dada e afirma que o que é não deveria ser, nossos sentimentos, que vão sendo confrontados,
e que o que ainda não é deverá ser. (O enigna da aproximados, fundidos, para posteriormente serem 445

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M a n u a l d o E d u c a d or
simbolizados, transformados em formas que se perseguição por causa de uma razão justa porque
ofereçam à razão, ao pensamento. (Notem que nos rebelamos contra a opressão e a injustiça. Os
é frequente o fato de nossas palavras não conse- animais não podem rebelar-se. Precisamente por
guirem acompanhar o ritmo de nossas ideias. Isto isso, tampouco podem ser criadores. Somente o
é: vão-se articulando ideias que estão no nível do que diz o seu “não” às coisas como são, mostra o
“sentir”, para depois elas serem relatadas pelas desejo de sofrer pela criação do novo. O mundo
palavras). da cultura seria literalmente impensável se não
Diversos autores, que se dedicaram ao estudo fosse pelos atos de rebeldia de todos aqueles que
do processo criativo humano, chegaram a essa fizeram algo para construí-Ia. (Hijos del mañana.
mesma conclusão: o ato de criação é muito mais Salamanca: Sígueme, 1975. pp. 149-150)
produto de sentimentos, de intuições, do que de
Centremos agora a nossa atenção sobre o ato
operações puramente lógicas. Karl Popper, um
de criação na arte, sobre o trabalho do artista. Con-
filósofo austríaco, comenta:
forme exposto, a obra de arte é a tentativa de se
A minha visão do problema pode ser expressa concretizar, em formas harmônicas, os elementos
através da afirmação de que cada descoberta con- do “sentir” humano. É a tentativa de oferecer tais
tém um “elemento emocional” ou uma “intuição elementos à nossa percepção, através das formas
criadora”, no sentido de Bergson. Einstein fala manipuladas pelo artista. Contudo, é preciso evi-
de uma forma semelhante acerca da “busca da- tar uma confusão. Quando se diz que a arte é a
quelas leis altamente universais... a partir das concretização de sentimentos, isto não significa
quais uma visão do mundo pode ser obtida por estritamente que o artista, ao construir um objeto
pura dedução. Não existe um caminho lógico”, estético, esteja apenas e tão somente exprimindo
ele diz, “que conduza a tais leis. Elas só podem seus próprios sentimentos. Não significa que a
ser atingidas por meio da intuição, intuição esta obra de arte seja um simples “retrato” do “mundo
que se baseia em algo semelhante a um amor interior” do artista.
intelectual pelos objetos da experiência”. (The Pelo contrário. Sua capacidade expressiva
logic of scientific discoverv. Nova York: Harper reside justamente em sua sensibilidade para cap-
e Row, 1968. p. 32) tar os meandros dos sentimentos da comunidade
humana e exprimi-los em formas Simbólicas. Ao
Ainda com respeito à atitude criadora, pode--
construir um objeto estético (uma obra de arte), o
-se afirmar que ela se constitui também num ato
artista projeta nele tudo aquilo que percebe como
de rebeldia. Constitui-se num ato de rebeldia na
próprio dos homens de sua época e lugar. Tudo
medida em que o criador deve negar o estabele-
aquilo que constitui o “sentir” dos homens (ou
cido, o existente, para propor um outro caminho,
dos grupos de homens), que ele capta e exprime
uma outra forma, enfim, para propor o novo. O
em formas.
novo surge a partir de um descontentamento com
relação ao estabelecido. Nesses termos, qualquer É claro que essa captação se dá a partir de
ato criativo é sempre subversivo, pois visa à alte- seus próprios sentimentos e de sua “visão de mun-
ração, à modificação do existente. do”. Sua percepção dos sentimentos humanos está
sempre, em última análise, baseada em seus pró-
Por isso, assinala Rubem Alves que
prios sentimentos. Mas afirmar que em sua obra
...a rebeldia é a pressuposição básica de qualquer o artista exprime apenas os seus sentimentos, é
ato criativo. Ao ordenar e plantar um jardim, nos empobrecer o sentido de sua práxis (de seu tra-
rebelamos contra a aridez da natureza. Ao lutar balho). Assim, para Susanne Langer,
contra a enfermidade nos rebelamos contra o
...ele é um artista não tanto em virtude de seus
sofrimento. Dizemos uma palavra de alento por-
446 próprios sentimentos, quanto de seu reconheci-
que nos rebelamos contra a solidão. Aceitamos a
mento intuitivo de formas simbólicas do senti-

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mento, e sua tendência a projetar conhecimento um físico, especialista em sons, pode decompor
emotivo em tais formas objetivas. Ao manipular uma peça musical e estudar as propriedades de
sua própria criação, ao compor um símbolo de suas notas (altura, frequência, intensidade), bem
emoção humana, apreende, da realidade percep- como as relações que elas mantêm entre si. Pode
tiva à sua frente, possibilidades da experiência traçar gráficos, fórmulas e equações que represen-
subjetiva que ele não conhece em sua vida pesso- tem objetivamente a melodia. A beleza, todavia,
al. (Sentimento e forma. São Paulo: Perspectiva, enquanto propriedade física da peça, não será
1980. p. 405) encontrada. Se o belo fosse uma propriedade que
determinados objetos possuem, isso implicaria
O artista apreende, então, certos estados do que qualquer pessoa que os contemplassem de-
“sentir” que perpassam a vida das comunidades veria considerá-los belos. Mas isso não ocorre:
humanas. Muitas vezes esses elementos não estão o que para mim é belo, para outro pode não ter
claramente colocados, não sendo mesmo percebi- beleza alguma.
dos pelos homens em sua vida cotidiana. E aí surge
Dessa maneira, pode-se pensar que a beleza
o artista como um desbravador, como um pioneiro
reside exclusivamente em nossa mente. Que ela é
na elucidação e expressão desses sentimentos até
gerada em nossa consciência, independentemente
então despercebidos. O artista apreende-os e os
dos objetos do mundo. Se tal afirmação fosse ver-
devolve, em formas artísticas, para que os demais
dadeira, o amante da música não mais necessitaria
se reconheçam naqueles símbolos. Nesse sentido
ir a concertos, nem precisaria ouvir discos: para
é que se pode afirmar, como o poeta Ezra Pound,
experienciar a beleza bastaria relembrar suas ex-
que os artistas são as antenas da raça. Antenas que
periências estéticas passadas. Bastaria “produzir” a
captam aqueles sentimentos em que todos estão
beleza em sua consciência, O que é um absurdo.
imersos, sem conseguirem, no entanto torná-los
evidentes. Portanto, o belo não reside nem nos objetos
nem na consciência dos sujeitos, mas nasce do
Esse é, de maneira esquemática, o sentido do
encontro dos dois. A beleza se coloca entre o ho-
trabalho artístico: tornar objetivas (no sentido de
mem e o mundo, entre a consciência e o objeto.
concretas) as manifestações subjetivas dos seres
A beleza habita a relação. “A beleza é o nome de
humanos numa dada época e cultura. Mudemos
qualquer coisa que não existe/ Que dou às coisas
agora a nossa perspectiva, a fim de observar o
em troca do agrado que me dão”, já disse o poeta
processo ocorrente no espectador da obra de arte.
Fernando Pessoa, através de seu heterônimo Al-
Vamos considerar, então, a experiência estética:
berto Caeiro. Nasce então a beleza da relação que
aquela experiência que temos diante de um qua-
o homem mantém com o mundo. Porém, surgirá
dro, uma música, no cinema, no teatro, etc.
ela de qualquer tipo de relação?
Em primeiro lugar, a experiência estética é a
Não. O relacionamento que faz brotar a
experiência da beleza. Cotidianamente utilizamos
experiência estética, é distinto, por exemplo, do
as palavras “belo” e “beleza” sem, no entanto,
relacionamento prático que nossa consciência
atentarmos para as questões que residem por de-
mantém com as coisas do mundo. Na experiên-
trás desses termos. Afinal, o que é a beleza que
cia estética, a consciência se coloca de maneira
se experimenta na experiência estética? De onde
diferente da forma com que se coloca na vida
ela surge?
cotidiana. Ordinariamente tendemos a perceber as
Somos tentados a crer que o belo se encontra coisas com base nos conceitos forjados pela nossa
nos objetos mesmo; isto é: que a beleza é uma linguagem. Já dissemos que a linguagem condi-
qualidade que eles possuem (ou não). Se isso fosse ciona a maneira como vemos o mundo. De certa
verídico, um cientista que estudasse “objetivamen- forma, percebemos as coisas pelos seus nomes,
te” uma obra de arte, deveria poder isolar e quan- pelos seus significados (para o homem). 447
tificar (medir) nela essa qualidade. Por exemplo:

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M a n u a l d o E d u c a d or
Minha tendência, por exemplo, é sempre parênteses” — deixou de ser o mais importante,
ver a grama à minha frente como verde, mesmo naquele momento.
se, sob determinadas condições de iluminação, A experiência da beleza é, então, uma expe-
ela ganhe um tom azulado. Ou ainda: um pires riência na qual a nossa maneira “racional” de per-
sobre a mesa, eu o vejo como circular, mesmo ceber o mundo perde o seu privilégio. E o perde
se na realidade, de minha posição, ele apareça em favor de uma percepção que fala diretamente
como uma elipse. Isto é: os conceitos anterior- aos sentimentos. Na vida diária, interroga-se o
mente aprendidos (grama = verde, pires = circular) aparecer dos objetos segundo propósitos práticos.
guiam a maneira com que se dá minha percepção. A intelecção (através da linguagem) orienta nossa
“Os olhos de repente são palavras”, diz o poeta percepção em tomo das funções dos objetos e de
Pablo Neruda. suas relações: a caneta serve para escrever em um
O que ocorre na experiência estética, contu- papel; no cinzeiro colocamos as cinzas do cigarro.
do, é que a consciência procura apreender o obje- Já na percepção estética não é mais a intelecção
to desvencilhando-se dos laços condicionantes da o nosso guia. A “verdade” do objeto estético (da
linguagem conceitual. Nela, o homem apreende o obra de arte) reside nele mesmo: não se buscam
mundo de maneira total, sem a mediação parcia- suas relações com outros objetos nem se pergunta
lizante dos conceitos linguísticos. Na experiência acerca da sua utilidade.
estética suspendemos nossa “percepção analítica”, Na percepção utilitária o “ser” do objeto
“racional”, para sentir mais plenamente o objeto. reside em suas relações com outros e com atos
Deixamos fluir nossa corrente de sentimentos, sem humanos (caneta-escrever-papel; cinzeiro-cinzas-
procurar transformá-la em conceitos, em palavras. -cigarro). Enquanto que, na percepção estética, o
Sentimos o objeto, e não pensamos nele. No mo- “ser” do objeto é o seu próprio aparecer. Ou seja: é
mento dessa experiência ocorre como que uma a harmonia existente em suas formas. É no próprio
“suspensão” da vida cotidiana, uma “quebra” nas sensível, no próprio ato de perceber, que reside o
regras da “realidade”. prazer estético: na percepção direta de harmonias
Entramos no cinema e nos sentamos. As lu- e ritmos que guardam, em si, a sua verdade. Por
zes se apagam e inicia-se a projeção. De repente, isso, alguns autores chamam a percepção estética
estamos envolvidos com uma “outra realidade”, de “desinteressada”: não existem interesses prá-
que nos faz, momentaneamente, esquecer a nos- ticos a orientá-la, a verdade do objeto reside em
sa. Deixa-se de lado o aluguel atrasado, a conta suas formas.
da luz, a porta que se deve consertar, a certidão A experiência que a arte nos proporciona é,
que precisa ser providenciada, para se vivenciar sem dúvida, prazerosa. E tal prazer provém da
o filme. Agora estamos sentindo a raiva do herói vivência da harmonia descoberta entre as formas
diante dos invasores, sentindo o medo da embos- dinâmicas de nossos sentimentos e as formas do
cada, a ternura do amor entre mãe e filho. Agora objeto estético. Na experiência estética os meus
estamos vivendo uma experiência estética — dei- sentimentos descobrem-se nas formas que lhes são
xamos o cotidiano “em suspenso”, e a ele apenas dadas, como eu me descubro no espelho. Meus
retornaremos ao final da sessão. É claro que, no sentimentos vestem-se com as roupagens harmô-
fundo, não nos abandona a consciência de que nicas das formas estéticas. Através dos sentimentos
somos apenas um espectador em um cinema; não identificamo-nos com o objeto estético, e com ele
perdemos a consciência de nossa individualidade nos tornamos um.
e realidade. Perder essa certeza e confundir-se
A obra de arte, assim, não é para ser pensada,
integralmente com o que está sendo projetado
traduzida em palavras, e sim sentida, vivenciada.
equivaleria à loucura, à esquizofrenia. O cotidia-
Porque, como já foi dito anteriormente, sua função
no não está “perdido”, mas foi “colocado entre
448 não é a de comunicar significados (conceituais),

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mas a de exprimir sentidos. Resta-nos considerar, Cada um a viverá segundo sua situação particular,
então, a questão dos sentidos expressos pela arte com os meandros e as minúcias dos sentimentos
na experiência estética. que lhe são próprios.
Tais sentidos não são, evidentemente, concei- O sentido de uma obra de arte é, portanto,
tualizáveis, redutíveis a palavras — não se pode aberto. Não se pode tomar o assunto (o tema) da
“dizer” qualquer obra de arte, já o notamos. A obra como sendo o seu significado. A maneira
arte abre-me sempre um campo de sentidos por como esse lema é expresso, a forma como ele é
onde vagueiam os meus sentimentos, encontrando percebido, sentido pelo espectador, é que constitui
ali novas e múltiplas maneiras de ser. Dissemos o campo de sentidos da arte. Na arte se apre-
que na comunicação a linguagem deve “fechar” sentam formas que visam mostrar aquilo que é
o mais possível o campo de significados, a fim de impossível de ser conceitualizado, impossível de
que a ideia seja compreendida como deseja seu ser significado através das palavras.
emissor. Deve-se dizer “a manga da camisa está A arte é uma chave com a qual abrimos a
estragada”, e não “a manga está estragada”, para porta de nossos sentimentos; poria que permanece
que seja eficaz a comunicação. Enquanto que, na fechada à nossa linguagem conceitual.
expressão artística, sucede o inverso: as ambigui-
Resumo das ideias principais:
dades e as múltiplas possibilidades de sentido são
• O ato de criação é um ato de rebeldia, que
desejadas. Quanto mais sentidos possibilite uma
nega o existente para propor o novo.
obra, mais plena ela será.
Diante da obra de arte o espectador deixa os • Qualquer criação envolve não só conceitos
seus sentimentos vibrarem, em consonância com lógicos, mas principalmente elementos dos
as harmonias e os ritmos nela expostos, O especta- sentimentos e emoções.
dor encontra, nas formas artísticas, elementos que • O artista expressa, em sua obra, os sen-
concretizam — que tornam objetivos, perceptíveis timentos que ele capta nas comunidades
— os seus sentimentos. Notem que dissemos “os humanas.
seus sentimentos”, e não os do artista que produ- • A beleza não é uma qualidade dos objetos
ziu a obra. Isso porque, sendo a arte uma forma nem um produto da consciência, mas uma
de expressão, eIa depende da interpretação, do forma de relação que o homem mantém
sentido que o espectador lhe atribui. Como sua com o mundo.
função não é transmitir um significado conceitual • Na experiência estética, experimenta-se o
determinado, seu sentido brota dos sentimentos objeto no nível dos sentimentos, sem a me-
de seu público; ele nasce da maneira como as diação conceitual da linguagem.
pessoas a vivenciam.
• O sentido da obra de arte é dado fundamen-
Por esse motivo, Umberto Eco, filósofo italia- talmente pelo espectador.
no, chama a obra de arte de “aberta”. Ela é aberta DUARTE Jr. João Francisco. Por que arte-educação?. 10. ed. Papirus
para que o espectador complete o seu sentido; Editora: Campinas-SP. 2000. Pp. 51 a 62.
para que ele a vivencie segundo suas próprias
peculiaridades, sua própria condição existencial.
Uma obra de arte pode indicar uma determi-
nada direção a meus sentimentos — por exemplo:
alegria, tristeza, angústia, etc. Porém, a maneira
de viver tal sentimento (o seu “como”) é dada por
mim. Diante de um drama, no teatro, todos podem
“entristecer-se”; todavia a qualidade dessa tristeza
é única (e incomunicável) para cada espectador. 449

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M a n u a l d o E d u c a d or

Referências
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DUARTE JR. João Francisco. Por que arte-educação? Campinas-SP: Papirus Editora. 1994.
FERNANDES, Ciane. O corpo em movimento: o sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas.
São Paulo: Annablume, 2002.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2010. (Como usar na sala de
aula).
HERNÁNDEZ, F. Catadores da cultura visual: transformando fragmentos em nova narrativa educacional. Porto
Alegre: Mediação, 2007.
LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus. 1978.
MOURA, Ieda Camargo de; BOSCARDIN, Maria Trevisan; ZAGONEL, Bernadete. Musicalizando crianças: teoria e
prática da educação musical. Curitiba: Ibpex, 2011. (Série Educação Musical).
RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção. 3 ed. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2007.
OSSONA, Paulina. A educação pela dança.Tradução de Norberto Abreu e Silva Neto. São Paulo: Summus, 1988.
OSTROWER, Fayga. Sensibilidade do intelecto. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
______. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.
ZAGONEL, Bernadete (Org). Avaliação da aprendizagem em arte. Curitiba: Ibpex, 2009.
______. Pausa para ouvir música: um jeito fácil e agradável de aprender ouvir música clássica. Curitiba: Juruá,
2012.
ZAGONEL, Bernadete (Org.); ONUKI, Gisele Mioko; DÓRIA, Lilian Fleury; DIAZ, Marília. Metodologia do ensino de
arte. Curitiba: Ibpex, 2011.

Sites
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Faculdade de Arte do Paraná (FAP). Disponível em: <www.fap.pr.gov.br/>.
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubraind. Disponível em: <masp.art.br/masp2010/>.
MAC Niterói. Disponível em: <www.macniteroi.com.br/>.
Catavento cultural. Disponível em: <www.cataventocultural.org.br/>.

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História
Concepção da disciplina
O ensino/estudo da História, principalmente Cabe à História estudar os modos como a hu-
nas séries iniciais do 1o. Grau, deve possibilitar ao manidade se relaciona com a natureza e organiza
aluno a apreensão do processo de autoconstru- suas relações de trabalho, percebidas como víncu-
ção da humanidade, que se dá e se organiza no los de colaboração e/ou de exploração.
conjunto de relações do binômio espaço/tempo. A História não é apenas uma troca que se dá
Neste conjunto das relações que os seres hu- em duas dimensões (sincrônica/diacrônica), mas
manos estabelecem entre si, com o objetivo de também em contato recíproco com o plano espa-
atender às suas necessidades, eles se humanizam cial (espaço físico). Portanto, o jogo das mudanças
e se constroem enquanto seres históricos. e permanências no interior da realidade histórica
Ao se apropriarem do saber produzido coleti- ocorre em três dimensões: espaço, sincronia e
vamente, transformam não só a si mesmos, como diacronia.
também seu próprio espaço e tempo. Com frequência, tem-se tratado o ensino da
O estudo dessas relações humanas deve per- História de modo desconexo, sem estabelecer
mitir ao estudante compreender que seu espaço e relações entre estas três categorias, impedindo,
tempo não são únicos e indivisíveis, mas multifa- assim, que o estudante possa adquirir a visão da
cetados e carregados de contradições. totalidade, que é, ao mesmo tempo, espacial e
temporal, isto é, faz-se num tempo e num espaço
Os tempos históricos que precederam o atual
de modo dinâmico.
exercem sobre este uma pressão tal que define a
sua fisionomia histórica, sem retirar-lhe suas carac- É impossível compreender a vida da socie-
terísticas próprias. O mesmo se dá com a categoria dade humana sem perceber sua ligação com a
do espaço: não há um único espaço, mas uma natureza. Esta relação está na origem da espécie
justaposição de espaços, que estão em constante humana enquanto tal, uma vez que foi nessa re-
relação, seja pela via do conflito ou das relações lação com a natureza, através do trabalho, que o
amistosas. As modificações que se verificam em homem se humanizou e se humaniza.
um deles desencadeiam um processo contínuo de Foi no processo de trabalho que surgiu a ne-
transformações nos demais. cessidade de comunicação, dando origem à lin-
Cada fenômeno histórico, cada gesto cul- guagem. E num processo histórico/espacial, surgi-
tural, cada manifestação humana tem um ritmo ram as várias formas de manifestações linguísticas
próprio, relativamente independente (diacronia) e culturais. Assim, as próprias linguagens humanas
e, ao mesmo tempo, relacional (sincronia). são formas de manifestações espaço/temporais.
O ser humano não está fora do tempo e tam- Ao mesmo tempo, foi em constante relação
bém não ocupa um espaço imaginário. Ele está em com a natureza, na ocupação histórica dos espa-
um dado espaço, que não é simplesmente físico, ços possíveis, que se definiram as características
mas, antes, uma realidade histórica, determinada específicas da espécie humana: a capacidade de
pelas relações que estabelece com o meio físico. produzir instrumentos de trabalho, o desenvolvi-
mento da consciência, a formulação da linguagem
Essas relações, que se caracterizam pelas for-
articulada e a estruturação de sociedade.
mas de apropriação daquilo que a natureza ofe-
rece a fim de satisfazer as necessidades humanas O conjunto destas relações de produção
– que são históricas e comuns a toda a humanida- constitui a estrutura econômica da sociedade, a
de – não se constroem pela ação individualizada, base real sobre a qual se eleva a superestrutura
451
mas sim pelo trabalho coletivo. jurídica/política e a qual correspondem formas

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M a n u a l d o E d u c a d or
sociais determinadas de consciência. O modo de com as identidades étnicas, que embora tenham a
produção da vida material condiciona o processo mesma identidade da espécie, apresentam-se, ao
de vida social, política e intelectual, de um modo mesmo tempo, com particularidades únicas. Em
geral. Não será a consciência dos homens que suma, a igualdade manifestada na diversidade e a
determinará a realidade, mas, pelo contrário, a diversidade construída dentro da igualdade. Ou, em
realidade social é que condicionará suas cons- outras palavras: as etnias apresentam manifestações
ciências. culturais próprias que as identificam e, ao mesmo
O que se propõe nessa coleção é estudar o ser tempo, expressam a identidade humana, a par das
humano construindo-se a si próprio, através da sua diferenças físicas e culturais que caracterizam a
produção, que não é apenas material, numa inter- diversidade da espécie.
-relação com o espaço através do tempo, nos quais
ele foi construindo sua identidade. O mesmo ocorre

Encaminhamento metodológico
A prática pedagógica do ensino da História problemas do cotidiano individual e coletivo. Esse
tem o compromisso social de propiciar aos estu- processo deve desconsiderar as referências tempo-
dantes – no caso desse material, à Educação de rais menores, as concepções factuais do processo
Jovens e Adultos: social e o foco sobre os personagens históricos
• o reconhecimento da sua identidade indi- tradicionais. Ao contrário, a condução do estudo
vidual, brasileira e humana; da História precisa se ater a conteúdos que pos-
sibilitem condições ao estudante de exercer sua
• o acesso à cultura de seu tempo e de sua
cidadania de forma mais consciente.
sociedade;
Inicialmente, é importante que os objetivos
• e oportunizar condições para exercer sua
propostos na página de abertura de cada unidade
cidadania.
sejam lidos e discutidos com os alunos, uma vez
Ao mesmo tempo, lhes possibilitar condições que tais objetivos darão significado aos conteúdos
para modificar seu cotidiano e agir na sociedade a serem estudados. O professor deverá ficar atento
buscando os melhores caminhos numa perspec- a tais objetivos durante todo o trabalho da unida-
tiva coletiva, enquanto cidadãos cônscio de sua de, para que eles possam servir de eixo norteador
realidade e instrumentalizados pelo saber signifi- da atividade pedagógica do ensino/aprendizagem
cativo aquirido. da História. Eles servirão também para a avalia-
Assim, o conteúdo da História selecionado ção, nas suas mais diversas formas, pois alunos e
para essa coleção não se caracteriza pela quanti- professor precisarão de clareza de qual uso deverá
dade de informações históricas, mas pela qualida- ser feito com o conteúdo da História estudado.
de delas, capaz de dar significado ao significante Assim, a estrutura do material e o tratamento
da disciplina. O mesmo vale dizer da forma como da História nele apresentado parte, a cada lição
esses conteúdos devem ser trabalhados em sala de ou tópico, do conhecimento prévio do aluno.
aula por alunos e professor. Na prática, trata-se de um texto introdutório que
A disciplina de História, então, objetiva pro- contextualiza o assunto a ser estudado, para em
piciar ao aluno uma compreensão da realidade, seguida propor-lhe alguma reflexão, análise e pro-
percebendo contradições, estabelecendo rela- blematização, dentro do que o material chama
ções entre as diferentes sociedades no tempo e de “Roda de conversa”. É um momento no qual
452 instigando à busca de possíveis soluções para os o aluno expressa o “uso primeiro” que ele faz do
conhecimento que detém.

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Nessa seção, o professor precisa levar em Nas atividades propostas, o material convida
consideração que: o aluno a registrar em seu caderno conclusões de
• o aluno tem algum conhecimento, mesmo debates e respostas a questionamentos. Sugere-se aí
que desconexo, falso ou de senso comum a constante intervenção do professor, principalmen-
sobre o assunto; te por ser tratar da Educação de Jovens e Adultos
das primeiras séries do Ensino Fundamental, para
• a atividade envolve duas dimensões: a in-
garantir um registro o mais fidedigno possível com
dividual e a coletiva (troca de conhecimen-
método histórico. Ainda dentro desse processo de
tos);
instrumentalização, o conhecimento histórico deve
• esse é um momento de instigação, proble-
levar em consideração a importância da análise de
matização e diagnose, portanto não conclu- documentos históricos – mapas, imagens, símbolos,
sivo; objetos, textos e outros – que permitam ao aluno
• a atitude do professor é mais de observação a leitura de um tempo que não lhe pertence, mas
do que de exposição da matéria; cujo conteúdo, de alguma forma, faz parte da sua
• a fala dos alunos deve servir para orientar identidade individual, nacional e humana.
o trabalho docente que se seguirá. Assim procedendo, deseja-se que aluno e
O processo de instrumentalização não cor- professor possam atingir o estágio de catarse: o
responde unicamente ao trabalho de exposição do aluno ao perceber ter se apropriado de um co-
conteúdo feito pelo professor. Ao contrário, não é nhecimento histórico que lhe tenha significado e,
o professor que instrumentaliza o aluno com o seu ao mesmo tempo, possibilite o desenvolvimento
saber, mas, ele é o mediador desse processo de de sua capacidade de uso desse conhecimento
instrumentalização que deve ocorrer pela troca – para melhor exercer sua cidadania e melhorar
interação – dos saberes: do aluno, dos alunos, do sua qualidade de vida; e o professor ao perceber
professor e do apresentado no material didático. também o seu crescimento tanto humano quanto
Nessa concepção, o material didático é apenas o profissional, pois no ato de ensinar também se
fio condutor, a linha mestra, do trato do ensino/ aprende.
aprendizagem da História, pois enquanto sujeito Sintetizando: o aluno volta-se a outro tem-
da mediação, o professor deve alçar mão de outros po, para compreender em quais situações e em
instrumentos de aprendizagem e ensino, tais como que condições as sociedades se organizaram para
vídeos, imagens, mapas, textos outros. Esse mo- satisfazerem as suas necessidades e como expres-
mento de instrumentalização também não se dá de saram a sua cultura, seu imaginário, sua forma de
forma passiva e unilateral, pois sendo a proposta vida cotidiana e sua organização social, para, a
desse material interacionista, requer constantes partir daí, ser capaz de um novo olhar sobre o tem-
atividades que envolvem o trabalho individual e po que lhe pertence – o agora – e agir sobre ele.
coletivo de modo integrado: debates, interpreta-
ções textuais, produção de texto, pesquisas.

Avaliação
Evidentemente que a questão da avaliação É preciso, antes de mais nada, que a escola
em História está inserida dentro de uma visão se pergunte sobre que tipo de sociedade almeja
maior, de um todo, com o qual deve se preocupar construir, que valores precisa preservar e quais
a escola. Ela não pode ser encarada como algo à precisa superar.
parte, mas na relação com os fins a que uma dada
Estamos satisfeitos com a sociedade que temos 453
educação se propõe.
ou queremos lutar pela transformação dessa

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M a n u a l d o E d u c a d or
sociedade? Se estamos satisfeitos com a socie- análise e de emitir julgamentos, a percepção dos
dade que temos, adotaremos uma filosofia da movimentos históricos, a identificação dos fatores
reprodução, que é o que mais frequentemente determinantes das mudanças ou das permanências
ocorre: as classes privilegiadas economicamente e de como transformações dos espaços se proces-
também o são educacionalmente, recebem urna sam constantemente.
educação fundamentada nos valores e padrões Propõe-se, aqui, que os conteúdos avaliados
da sua cultura e conseguem, por isso, receber o em História sejam sempre direcionados na busca
conhecimento acumulado pela sociedade e, a da compreensão por parte dos alunos dos seguin-
partir daí, o círculo se repetirá e o “status” está tes aspectos:
mantido. Entretanto, se não estamos satisfeitos
• Como as pessoas produzem bens materiais
com a sociedade que temos, se nos incomodam
e espirituais, através do seu trabalho, para
as desigualdades e queremos nos comprometer
satisfazer suas necessidades;
na busca de uma sociedade mais justa e mais
solidária, então a filosofia da reprodução não • Como as pessoas se relacionam, produzin-
atende a essa nova satisfação. (MEDIANO, Zélia do, organizando-se em formas diferentes de
D. ln: CANDAU, 1988). trabalho e de relações sociais;
• Como as pessoas ocupam e transformam os
Assim, considerando o processo da avalia- espaços;
ção de uma educação para a transformação, por • Como as pessoas se transformam, produzin-
certo não poderá ser feita dentro dos moldes da do;
pedagogia tradicional ou da tecnicista. “...prestar
• Como as pessoas vivem formas diferentes
um exame, atualmente, deve ser muito mais um
de vida;
‘jogo de azar’ do que antigamente. Uma data é
sempre uma data, qualquer que seja o professor • Como se constituem as identidades (indivi-
examinador, e uma ‘definição’ é sempre uma defi- dual, nacional e humana);
nição; mas é um julgamento, uma análise estética • Como a humanidade é formada pela igual-
ou filosófica?” (GRAMSCI, 1978). dade na diversidade;
Nas pedagógica tradicionais, a avaliação • Como o caminhar da humanidade não se
continua consistindo em “medir o aluno’’, “dar dá de forma retilínea, mas sim dialética.
nota”, “atribuir conceitos”, “preparar para prova”, Não se propõe aqui técnicas de avaliação,
“buscar uma classificação”, etc. por serem elas sobejamente conhecidas, porém,
Compreende-se, então, que avaliar requer se reforça a ideia de que o processo avaliatório é
partir daqueles conteúdos que realmente são contínuo e multidimensional. Note-se que a ava-
lógicos aos fins a que a educação se propõe e liação em História deve fugir da “cobrança” de
significativos para a apropriação por parte do su- data e nomes de personagens que não tenham real
jeito, que busca o conhecimento como forma de significado dentro da proposta defendida por esse
promoção humana. material. Os objetivos apresentados no início de
Isto pressupõe que o aluno seja avaliado e se cada unidade podem, e devem, servir de orien-
auto avalie dentro do processo de aquisição do tação para professores e alunos saberem o que
conhecimento, capaz de torná-lo um agente de e como avaliar. Ao mesmo tempo, servem para
transformação da realidade. ambos: ao professor, para ponderar o seu trabalho
de ensinar; ao aluno, para aferir o que realmente
Assim, o processo de avaliação deve priorizar
se apossou do conhecimento historicamente pro-
os mecanismos que visem observar no aluno a
duzido e o uso que dele é capaz de fazer.
aquisição do conhecimento, a possibilidade de
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Orientação para as unidades – volume 3
Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Caracterizar a Nossa identidade • Na roda de conversa, partir da his- • Caracterizar a identi-
identidade hu- humana. tória das “meninas lobo” da Índia. dade humana.
mana. • Identidade cons- • Análise de imagens que demonstre • Reconhecer a marca
• Reconhecer a truída. a identidade humana diferente da humana no nosso
marca humana • O trabalho modifi- dos animais. DNA.
no nosso DNA. ca o mundo. • Leitura e análise do texto de La-
can sobre o patrimônio cultural da
humanidade.
• Conexão com Ciências: demons-
trar o que é o código genético hu-
mano.
• Analisar a identi- • O ser humano se • Debate na roda de conversa sobre • Analisar a identidade
dade humana à identifica pelo tra- os avanços tecnológicos que mar- humana à luz da ci-
luz da ciência. balho. cam a história do ser humano en- ência.
quanto espécie que cria, acumula • Interpretar charge de
e transmite conhecimento. caráter sociológico.
• Interpretação de imagens que re-
presentam a Pré-História.
• Interpretação e discussão de charge.
• Apresentação de rápido esboço
do desenvolvimento do trabalho
ao longo da História.
• Interpretação de texto poético que
fale do trabalho.
• Leitura e interpretação de texto so-
bre o trabalho.
• Interpretar • Identidade huma- • Análise de foto histórica referente • Interpretar documen-
documentos na. à história das “meninas lobo”. tos históricos.
históricos. • Comparação de documentos his-
tóricos (instrumentos agrícolas da
Pré-História) com fotos de instru-
mentos agrícolas atuais.

Unidade 2 – Identidade social: formas de participação


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Reconhecer a Organizações so- • Na roda de conversa, partir da in- • Reconhecer a neces-
necessidade dos ciais. terpretação do poema de Drumond sidade dos seres hu-
seres humanos • Primeira organiza- para a análise da concepção de manos de se organi-
se organizarem ção. família. zarem em sociedades
em sociedades. • Explicação da evolução do concei- 455
to de família.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Explicação de como era a socie-
dade matriarcal primitiva.
• Interpretação de imagens que de-
monstram a passagem da socie-
dade matriarcal para a patriarcal.
• Interpretação da Lei Maria da Pe-
nha, através da leitura de texto.
• Identificar a famí- • A família e sua or- • Análise da imagem de uma família • Identificar a família
lia como o primei- ganização. tradicional, na roda de conversa, como o primeiro e im-
ro e importante para inferir os conceitos de família portante grupo social.
grupo social. que os alunos têm.
• Demonstração de que qualquer
família é sempre uma comunidade.
• Leitura e interpretação do texto
sobre a família brasileira, demons-
trando que não se pode falar em
família, mas “famílias”, pela sua
diversidade.
• Conexão com Geografia e Mate-
mática para interpretação de da-
dos e gráficos populacionais no
Brasil.
• Analisar as mu- • Mudanças na • Na roda de conversa, instigar os • Analisar as mudanças
danças ocorri- sociedade brasi- alunos a perceberem a presença ocorridas na socieda-
das na sociedade leira. da mulher no mercado de trabalho, de brasileira.
brasileira. cada vez maior.
• Instrumentalização dos alunos so-
bre a evolução da sociedade urba-
na brasileira.
• Leitura e interpretação de texto.
• Interpretar docu- • A família no Brasil. • Leitura e análise de fotos históri- • Interpretar documen-
mentos históri- cas que representem famílias em tos históricos.
cos. vários momentos da história bra-
sileira.
• Análise de obras de arte que de-
monstrem a sociedade matriarcal
e o surgimento da patriarcal.
• Interpretação de documentos le-
gais: Lei Maria da Penha.
• Análise de obra de arte histórica so-
bre o cotidiano da família brasileira
no Império (Debret).

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Analisar como o Estrutura politico • Interpretação da imagem de aber- • Analisar como o Brasil
456 Brasil se tornou administrativa bra- tura da unidade. se tornou uma nação.
uma nação. sileira.

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• Assim começou • Na roda de conversa, induzir os
nossa história. alunos a demonstrarem o que
sabem e identificam no mapa da
América do Sul.
• Exposição do processo de expan-
são do território brasileiro no de-
correr de sua história.
• Análise de mapa demonstrativo
das economias no Brasil Colônia.
• Interpretação de mapas demons-
trativos da expansão territorial do
Brasil.
• Leitura de texto sobre o “bandei-
rantismo” paulista.
• Estabelecer rela- • O nascimento de • Na roda de conversa, analisar o • Estabelecer relações
ções entre o Bra- uma nação. sentido do quadro de Pedro Amé- entre o Brasil do pas-
sil do passado e rico – O grito do Ipiranga. sado e o Brasil de
o Brasil de hoje. • Explanação do conteúdo sobre a hoje.
• Opinar sobre as estrutura política do Brasil Colônia
mudanças ocor- que culminou com a Proclamação • Opinar sobre as mu-
ridas na socieda- da Independência. danças ocorridas na
de brasileira no • Conexão com Língua Portuguesa: sociedade brasileira
período colonial. análise da letra do Hino Nacional. no período colonial
• Estabelecer rela- • O império brasi- • Condução dos alunos à análise da • Estabelecer relações
ções entre o Bra- leiro. bandeira do Império, sobre o que entre o Brasil do pas-
sil do passado e eles já conhecem e que possíveis sado e o Brasil de
o Brasil de hoje. comparações fazem com a ban- hoje.
• Opinar sobre as deira atual do Brasil. • Opinar sobre as mu-
mudanças ocor- • Explanação sobre o processo po- danças ocorridas na
ridas na socieda- lítico administrativo do Império sociedade brasileira
de brasileira no brasileiro. no período imperial.
período imperial. • Uso de imagem sobre D. Pedro II.
• Discussão sobre o significado de
independência para a maioria do
povo brasileiro.
• Conexão com a Geografia: uso de
imagem para análise das questões
sociais de pobreza no Brasil atual.
• Interpretar docu- • Estrutura político- • Discussão e interpretação de do- • Interpretar documen-
mentos históricos -administrativa cumentos históricos que aparecem tos históricos.
brasileira no de- no texto:
correr da história. - Mapa econômico.
- Mapas de expansão territorial.
- Obras de arte: O grito do Ipiran-
ga, Zumbi dos Palmares, Pedro I,
Pedro II e Batalha Naval do Ria-
chuelo.

457

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M a n u a l d o E d u c a d or
Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Analisar como Estrutura política • Interpretação da imagem de aber- • Analisar como o Brasil
o Brasil formou O Brasil república. tura da unidade. formou sua república
sua república até • República Velha. • Na roda de conversa, partir da aná- até os dias atuais.
os dias atuais. • Proclamação da lise comparativa entre os brasões
República. do Império e da República.
• Demonstração de como a Repúbli-
• O que mudou
ca brasileira foi proclamada.
no Brasil com a
• Explicitação do continuísmo social
República.
com a proclamação da República.
• Industrialização • Leitura de texto para conceituação
e movimentos de República.
operários. • Explicitação dos movimentos so-
ciais urbanos na República Velha:
os operários; as mulheres.
• Leitura de texto sobre o papel da
mulher na sociedade brasileira que
se industrializava.
• Analisar como • Brasil de 1930 aos • Interpretação da imagem, na roda • Analisar como o Brasil
o Brasil formou dias atuais. de conversa, que significa a cen- formou sua república
sua república até sura num regime autoritário. até os dias atuais.
os dias atuais. • Explicitação da Era Vargas.
• Análise do conceito de democracia.
• Leitura de documento da ONU.
• Análise de charge de crítica ao re-
gime autoritário.
• Conexão com Língua Portuguesa
e Arte: interpretação da música
“Desesperar jamais”, de Ivan Lins.
• Sugestão de canto coletivo da
música.
• Analisar como • Brasil dos cida- • Análise do slogan que está na fi- • Analisar como o Brasil
o Brasil formou dãos: gura da roda de conversa, fazen- formou sua república
sua república até - Direitos adquiridos. do conexão com os movimentos até os dias atuais.
os dias atuais. -Direito à educação. sociais que os alunos conhecem. • Reconhecer os princi-
• Reconhecer os • Discussão sobre o binômio: direi- pais direitos constitu-
principais direitos tos e deveres do cidadão. cionais dos cidadãos
constitucionais • Interpretação de trechos da Cons- brasileiros.
dos cidadãos bra- tituição brasileira atual. • Opinar sobre as mu-
sileiros. • Análise de documentos da ONU. danças necessárias
• Opinar sobre as na sociedade brasi-
mudanças neces- leira.
sárias na socie-
dade brasileira.
• Interpretar docu- • Análise de fotos históricas: a • Interpretar documen-
mentos históri- família imperial, operárias da tos históricos.
cos. tecelagem, greve geral, Getúlio
Vargas e abaixo à ditadura.
458 • Análise da pintura Proclamação
da República.

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Textos de apoio
Ensino de História e diversidade cultural: desafios e
possibilidades
José Ricardo Oriá Fernandes
Enquanto o negro brasileiro não tiver acesso ao conhecimento da história de si
próprio, a escravidão cultural se manterá no País. (João José Reis. 1993, p. 189)

Educação e diversidade cultural


Muitos antropólogos, historiadores e cientis- tanto, o modelo de organização implantado pelos
tas sociais, a exemplo de Gilberto Freyre, Sérgio portugueses também se fez presente no campo da
Buarque de Holanda e Fernando de Azevedo e, educação e da cultura.
mais recentemente, Florestan Fernandes, Darcy Apesar desse fato incontestável de que so-
Ribeiro, Roberto da Matta, Alfredo Bosi e Renato mos, em virtude de nossa formação histórico-
Ortiz, já se preocuparam em definir e compre- -social, uma nação multirracial e pluriétnica, de
ender a cultura brasileira em suas múltiplas di- notável diversidade cultural, a escola brasileira
mensões. Todos, a par destas diferentes posições ainda não aprendeu a conviver com essa realida-
político-ideológicas, são unânimes em concordar de e, por conseguinte, não sabe trabalhar com as
que a característica marcante de nossa cultura é crianças e jovens dos estratos sociais mais pobres,
a riqueza de sua diversidade, resultado de nosso constituídos, na sua grande maioria, de negros e
processo histórico-social e das dimensões conti- mestiços.
nentais de nossa territorialidade. Nesse sentido, uma análise mais acurada da
Nesse sentido, o mais correto seria falarmos história das instituições educacionais em nosso
em “culturas brasileiras”, ao invés de “cultura bra- país, por meio dos currículos, programas de ensi-
sileira”, dada a pluralidade étnica que contribuiu no e livros didáticos, mostra uma preponderância
para a sua formação. As palavras do antropólogo da cultura dita “superior e civilizada, de matriz
Darcy Ribeiro são bastante elucidativas: europeia”.
Surgimos da confluência, do entrechoque e do Os livros didáticos, sobretudo os de Histó-
caldeamento do invasor português com índios ria, ainda estão permeados por uma concepção
silvícolas e campineiros e com negros africanos, positivista da historiografia brasileira, que primou
uns e outros aliciados como escravos. pelo relato dos grandes fatos e feitos dos chamados
“heróis nacionais”, geralmente brancos, escamo-
[...] A sociedade e a cultura brasileiras são con- teando, assim, a participação de outros segmentos
formadas como variantes da versão lusitana da sociais no processo histórico do país. Na maioria
tradição civilizatória europeia ocidental, diferen- deles, despreza-se a participação das minorias
ciadas por coloridos herdados dos índios ameri- étnicas, especialmente índios e negros. Quando
canos. (Ribeiro, 1995, p. 20). aparecem nos didáticos, seja através de textos ou
de ilustrações, índios e negros são tratados de for-
Apesar da influência marcante da cultura de ma pejorativa, preconceituosa ou estereotipada
matriz europeia por força da colonização ibérica (Oriá, 1996).
em nosso país, a cultura tida como dominante não Apesar da renovação teórico-metodológica
conseguiu, de todo, apagar as culturas indígena da História nos últimos anos, o conteúdo progra-
e africana. Muito pelo contrário, o colonizador mático dessa disciplina na escola fundamental
europeu deixou-se influenciar pela riqueza da tem primado por uma visão monocultural e euro- 459
pluralidade cultural de índios e negros. No en-

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M a n u a l d o E d u c a d or
cêntrica de nosso passado. Inicia-se o estudo da gundo a pesquisa, era devido aos seguintes fatores:
chamada “História do Brasil” a partir da chegada conteúdo eurocêntrico do currículo escolar e dos
dos portugueses, ignorando-se a presença indíge- livros didáticos e programas educativos, aliados
na anterior ao processo de conquista e coloniza- ao comportamento diferenciado do corpo docente
ção. Exalta-se o papel do colonizador português das escolas diante de crianças negras e brancas.
como desbravador e único responsável pela ocu- De acordo com o IBGE (Censo de 1991), os
pação de nosso território. Oculta-se, no entanto, afrodescendentes representam 45,3% da popula-
o genocídio e o etnocídio praticados contra as ção brasileira. No entanto, as estatísticas educa-
populações indígenas no Brasil: eram cerca de 5 cionais revelam a desigualdade de oportunidade
milhões à época do chamado “descobrimento”, no que diz respeito ao acesso e à permanência de
hoje não passam de 350 mil índios. negros e brancos no contexto do sistema público
Os africanos, que aportaram em nosso territó- de ensino. Por exemplo, enquanto o analfabetismo
rio na condição de escravos, são vistos como mer- atinge cerca de 8,3% de brancos, 20% de negros
cadoria e objeto nas mãos de seus proprietários. são analfabetos. Apenas 2% de jovens negros têm
Nega-se ao negro a participação na construção da acesso ao Ensino Superior, contra 98% de brancos.
história e da cultura brasileiras, embora tenha sido A partir do final dos anos 1970, novos ato-
ele a mão de obra predominante na produção da res sociais na cena política, protagonizados pelos
riqueza nacional, trabalhando na cultura cana- movimentos populares, sobretudo os ligados ao
vieira, na extração aurífera, no desenvolvimento gênero e à etnia, passaram a reivindicar uma maior
da pecuária e no cultivo do café, em diferentes participação e reconhecimento de seus direitos
momentos de nosso processo histórico. de cidadania. Entre esses movimentos sociais,
Quando se trata de abordar a cultura dessas podemos indicar o movimento indigenista, que
minorias, ela é vista de forma folclorizada e pi- reivindica, do governo, a demarcação das terras
toresca, como mero legado deixado por índios e indígenas e o direito à sua própria cultura, e os
negros, mas dando-se ao europeu a condição de movimentos de consciência negra, que lutam, em
portador de uma “cultura superior e civilizada”. todo o país, contra quaisquer formas de preconcei-
Currículos e manuais didáticos que silenciam to e discriminação racial, bem como pelo direito
e chegam até a omitir a condição de sujeitos his- à diferença, pautada no estudo e valorização de
tóricos às populações negras e ameríndias têm aspectos da cultura afro-brasileira. É nesse contex-
contribuído para elevar os índices de evasão e to que se insere a questão relativa à valorização da
repetência de crianças provenientes dos estratos diversidade étnico-cultural de nossa formação no
sociais mais pobres. A grande maioria adentra sistema educacional brasileiro, no qual desponta a
nos quadros escolares e sai precocemente sem inserção de temáticas e conteúdos programáticos
concluir seus estudos no Ensino Fundamental por sobre a história da África e do negro em nosso
não se identificar com uma escola moldada ainda país.
nos padrões eurocêntricos, que não valoriza a Consideramos, pois, de fundamental impor-
diversidade étnico-cultural de nossa formação. tância a inclusão do ensino de história da África
Pesquisas já realizadas pela Fundação Carlos no currículo da educação básica, por saber que
Chagas (1987) têm demonstrado o quanto nossa a instituição escolar tem um papel fundamental
escola ainda não aprendeu a conviver com a di- no combate ao preconceito e à discriminação,
versidade cultural e a lidar com crianças e ado- porque participa na formulação de atitudes e valo-
lescentes dos setores subalternos da sociedade. res essenciais à formação da cidadania de nossos
Os dados revelam que a criança negra apresenta educandos.
índices de evasão e repetência maiores do que os Somente o conhecimento da história da Áfri-
460 apresentados pelas brancas. A razão disso tudo, se- ca e do negro poderá contribuir para se desfazer

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os preconceitos e estereótipos ligados ao segmento disciplinas curriculares, o estudo da Pluralidade
afro-brasileiro, além de contribuir para o resgate Cultural. Segundo o documento do MEC, a temá-
da autoestima de milhares de crianças e jovens tica da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhe-
que se veem marginalizados por uma escola de cimento e à valorização das características étni-
padrões eurocêntricos, que nega a pluralidade cas e culturais dos diferentes grupos sociais que
étnico-cultural de nossa formação. convivem no território nacional, às desigualdades
socioeconômicas e à crítica às relações sociais
O ensino de história e cultura afro-brasileira discriminatórias e excludentes que permeiam a
e africana: parâmetros normativos
sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possi-
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- bilidade de conhecer o Brasil como um país com-
cional (LDBEN), ratificando posição da Constitui- plexo, multifacetado e, algumas vezes, paradoxal.
ção Federal de 1988, determina que “o ensino da Esse mesmo documento do MEC coloca
História do Brasil levará em conta as contribuições como um dos objetivos gerais do Ensino Funda-
das diferentes etnias para a formação do povo mental o conhecimento e a valorização da plura-
brasileiro, especialmente das matrizes indígena, lidade do patrimônio sociocultural do país, bem
africana e europeia” (art. 26, § 4º). como aspectos socioculturais de outros povos e
Por sua vez, o Ministério da Educação (MEC), nações, devendo os alunos e os professores posi-
em cumprimento ao dispositivo constitucional as- cionarem-se contra quaisquer formas de discrimi-
sente no art. 210 de nossa Carta Magna1 e sensível nação baseada em diferenças culturais, de classe
à necessidade de uma mudança curricular face social, de sexo, de etnia ou outras características
à emergência de temas sociais relevantes para a individuais e sociais.
compreensão da sociedade contemporânea, ela- Além dos PCN, dispomos das Diretrizes Cur-
borou para o Ensino Fundamental, os Parâmetros riculares elaboradas pelo CNE para o Ensino Fun-
Curriculares Nacionais (PCN). damental e o Ensino Médio. Recentemente, esse
A grande inovação dessa nova proposta é a órgão normativo e consultivo do MEC instituiu,
existência de temas transversais que deverão per- com base em excelente parecer da conselheira
passar as diferentes disciplinas curriculares (Língua Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, as Diretri-
Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ci- zes Curriculares Nacionais para a educação das
ências e Arte) e permitir, com isso, a interdiscipli- relações étnico-raciais e para o ensino de história
naridade no Ensino Fundamental. e cultura afro-brasileira e africana.
Os temas transversais são Convívio Social e Ainda no âmbito das políticas públicas gover-
Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Orien- namentais, podemos citar o Programa Nacional de
tação Sexual, Saúde, Trabalho e Consumo. Direitos Humanos, elaborado pelo Ministério da
Após ter sido discutido com as secretarias Justiça na gestão do presidente Fernando Henrique
de educação de estados e municípios e com es- Cardoso e que previa, entre uma série de ações
pecialistas de diversas áreas do conhecimento, os para as populações negras no Brasil, o estímulo
PCN foram aprovados pela Câmara de Educação à “elaboração de livros didáticos que enfatizem
Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), a história e as lutas do povo negro na construção
devendo os mesmos se constituírem em referência do nosso País, eliminando estereótipos e discrimi-
nacional para que os sistemas de ensino estaduais nações” (BRASIL, 1996, p. 31).
e municipais possam adequá-lo à sua realidade Mais recentemente, por ocasião do início do
educacional. Governo Lula, foi sancionada a Lei nº 10.639, de
Reconhecendo a necessidade de uma educa- 9 de janeiro de 2003, que “altera a Lei nº 9.394,
ção multicultural, criou-se, no âmbito dos PCN, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
como tema transversal a permear as diferentes diretrizes e bases da educação nacional, para 461

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M a n u a l d o E d u c a d or
incluir no currículo oficial da rede de ensino a iniciais do Ensino Fundamental. Esses professores,
obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura na sua grande maioria de formação polivalente
Afro-Brasileira’, e dá outras providências”. A partir e sem curso superior, precisam estar habilitados
dessa lei, tornou-se obrigatório no currículo esco- para trabalhar com essa nova temática curricular.
lar da educação básica o “estudo da História da Sugere-se, para tanto, um esforço por parte dos
África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, órgãos governamentais ligados à área de promo-
a cultura negra brasileira e o negro na formação da ção da igualdade racial, no sentido de oferecer,
sociedade nacional, resgatando a contribuição do em parceria com as instâncias educacionais, cur-
povo negro nas áreas social, econômica e política sos de extensão sobre a história da África e de
pertinentes à História do Brasil” (art. 26-A, § 1º). cultura afro-brasileira, bem como a publicação
Por se tratar de uma temática interdisciplinar, de material didático-pedagógico que possa dar
e não uma disciplina específica, a lei determina suporte técnico a atuação desses docentes no de-
que os conteúdos referentes à história e cultura senvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
afro-brasileira sejam trabalhados no contexto de Já em relação à Educação Superior, poderia
todo o currículo escolar, especialmente no âmbito se fazer uma maior ingerência junto ao CNE para
das disciplinas de Arte, Literatura e História do que, no currículo mínimo obrigatório dos cur-
Brasil. sos da área de humanidades e ciências sociais,
Um ponto importante que é pouco discutido esteja presente a disciplina “História da África”.
no âmbito dessa nova legislação é que a mesma Entretanto, consideramos que não basta apenas
reconheceu a relevância de uma data histórica já introduzir o estudo dessa disciplina no currículo
consagrada pelo movimento negro em nosso país desses cursos. Há que se pensar, também, na for-
e que agora passa a integrar o calendário escolar. mação de profissionais em nível de Pós-graduação
Estamos nos referindo ao dia 20 de novembro, (Mestrado e Doutorado) na temática dos estudos
em que se comemora o Dia Nacional da Cons- afro-brasileiros, a fim de contribuir com avanços
ciência Negra, em alusão à morte do líder negro na pesquisa científica dessa área.
Zumbi dos Palmares. Excelente oportunidade para As instituições de fomento à pesquisa (CAPES,
os professores trabalharem as múltiplas formas CNPq, FINEP, FAPESP, entre outras) poderiam in-
de resistência do negro à escravidão que lhe foi centivar essa formação mediante criação de bolsas
imposta e que se materializou na formação de de estudos e intercâmbios culturais com centros de
inúmeros quilombos no decorrer de nossa história. pesquisa de países africanos. Ainda hoje, a maior
parte dos bolsistas que saem do Brasil para cursar
A Lei nº 10.693/03: desafios e perspectivas a Pós-graduação escolhe os Estados Unidos ou
Sem sombras de dúvida, a Lei representa países europeus. Assim, reforça-se uma formação
um avanço ao possibilitar a construção de um acadêmica de caráter estritamente eurocêntrico.
multiculturalismo crítico na escola brasileira, ao Por fim, sugerimos o incentivo, através de
tempo em que reconhece uma luta histórica do concursos e premiações, para a elaboração de
movimento negro em nosso país, cuja bandeira material didático condizente com a Lei nº 10.639,
de luta consistia em incluir no currículo escolar o de 2003. Ainda hoje, apesar da renovação da his-
estudo da temática “história e cultura afro-brasi- toriografia brasileira nos últimos anos, os livros
leira”. Por outro lado, não podemos esquecer que didáticos existentes no mercado editorial não con-
muito ainda precisa ser feito para que a Lei não se templam a riqueza da diversidade étnico-cultural
torne letra morta e venha contribuir, de fato, para de nosso país, cuja matriz afro-brasileira merece
uma educação multicultural. ser ressaltada para que, de fato, tenhamos uma
Um dos gargalos do sistema educacional bra- escola plural e democrática, que permita o acesso
462 sileiro reside na qualificação do corpo docente, e a permanência dos afrodescendentes no sistema
sobretudo os que exercem o magistério nas séries educacional brasileiro.

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À guisa de conclusão: por uma educação identidade pluricultural. O ensino de História, ao
multicultural com a promulgação da Lei nº 10.693, priorizar a construção da identidade nacional, tem
de 2003, espera-se que a escola assuma realmente sido bastante omisso no tocante à valorização das
o seu papel social de valorização e de difusão da culturas das minorias étnicas. Constatamos, também,
cultura e da pluralidade de nossa formação étnica. que a falta de conhecimento das peculiaridades e
Moacir Gadotti, educador brasileiro comprometi- das especificidades regionais, em um país de conti-
do com educação popular e comunitária, propõe nentais dimensões, bem como dos elementos refe-
uma educação multicultural, como estratégia de renciais das culturas silenciadas2 de índios, negros e
educação para todos, capaz de reduzir os elevados imigrantes nos currículos escolares têm contribuído
índices de evasão e de repetência dos segmen- para a formação de preconceitos e estereótipos por
tos menos favorecidos da sociedade brasileira, parte dos próprios brasileiros. Isso em nada contribui
na sua maioria constituídos por pobres, negros e para a construção de uma sociedade democrática
mestiços. Considera ele que uma das tendências que todos almejamos, onde as diferenças raciais e
do mundo contemporâneo é o multiculturalismo, culturais não se constituam em motivo de discrimi-
que deve se traduzir no respeito e na valorização nação social, mas sim em instrumento possibilitador
das diferenças socioculturais. da construção de uma nova identidade nacional,
No atual mundo de economia globalizada, assentada no pluralismo cultural.
ao contrário do que se previa, houve um revigo- Precisamos, pois, propiciar, por meio do
ramento e uma valorização das culturas regionais ensino em todos os níveis, o conhecimento de
e a afirmação de identidades étnico-culturais la- nossa diversidade cultural e pluralidade étnica,
tentes que, nessa nova “aldeia global”, encontram bem como a necessária informação sobre os bens
espaço para a defesa de seu direito à diferença e culturais de nosso rico e multifacetado patrimô-
o reconhecimento da alteridade. nio histórico. Só assim estaremos contribuindo
A par de toda valorização às culturas das para a construção de uma escola plural e cidadã
minorias sociais, muito pouco se fala das etnias e formando cidadãos brasileiros cônscios de seu
na escola brasileira. Só muito recentemente, por papel como sujeitos históricos e como agentes de
pressão dos movimentos sociais, é que a questão transformação social.
da pluralidade cultural vem encontrando certa
Notas
ressonância no ambiente escolar.
Segundo Gadotti (1992, p. 23), a diversidade 1. O art. 210 da Constituição determina que
cultural é a riqueza da humanidade. Para cumprir “serão fixados conteúdos mínimos para o
sua tarefa humanista, a escola precisa mostrar aos Ensino Fundamental, de maneira a assegu-
alunos que existem outras culturas além da sua. rar formação básica comum e respeito aos
Por isso, a escola tem que ser local, como ponto valores culturais e artísticos, nacionais e
de partida, mas tem que ser internacional e in- regionais”.
tercultural, como ponto de chegada. [...] Escola 2. Sobre a omissão às culturas das minorias nos
autônoma significa escola curiosa, ousada, que currículos escolares, consultar o excelente
busca dialogar com todas as culturas e concepções
Referências
de mundo. Pluralismo não significa ecletismo, um
conjunto amorfo de retalhos culturais. Significa, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fun-
damental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade
sobretudo, diálogo com todas as culturas, a partir
cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.
de uma cultura que se abre às demais.
BRASIL. Presidência da República. Programa Nacional de
Consideramos, portanto, que um longo cami- Direitos Humanos. Brasília, DF: Presidência da República;
nho ainda precisa ser percorrido para que a escola Secretaria de Comunicação Social; Ministério da Justiça,
seja, de fato, um instrumento de afirmação de uma 1996. 463

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M a n u a l d o E d u c a d or
CRUZ, M. A. Alternativas para combater o racismo se- SANTOS, J. R. A questão do negro na sala de aula. São
gundo a pedagogia interétnica. Salvador: Núcleo Cultural Paulo: Ática, 1990.
Afro-Brasileiro, 1989. VEJA. São Paulo. Abril, edição especial: 25 anos: reflexões
EDUCAÇÃO e diferenciação cultural: índios e negros. Cader- para o futuro, 1993.
nos Cedes, Campinas, n. 32, 1993.
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Legislação
Rio de Janeiro: Graal. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República
MCLAREN, P. Multiculturalismo crítico. São Paulo: Cortez, Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
1997. _____. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
MUNANGA, K. (Org.). Estratégias e políticas de combate as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da
à discriminação racial. São Paulo: USP; Estação Ciência, União. Brasília, DF, 23 dez. 1996a. p. 27894.
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ORIÁ, R. O negro na historiografia didática: imagens, iden- nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
tidades e representações. Textos de História, Brasília, v. 4, n. diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no cur-
2, 1996. rículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
______. Educação, cidadania e diversidade cultural. Re- “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
vista Humanidades, Brasília, n. 24, 1997. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.
REIS, J.J. Aprender a raça. ______. Parecer do Conselho Nacional de Educação/Con-
selho Pleno/DF n. 3, de 2004 (Relatora Petronilha Beatriz
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do
Gonçalves e Silva).
Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
______. Resolução No. 1, de 17 de junho de 2004, do CNE/
ROSEMBERG, F.; PINTO, R.P. (Org.). Raça negra e educação.
MEC, que “institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 63, nov. 1987.
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currí- História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”.
culo. In: SILVA, T. T. (Org.). Alienígenas em sala de aula: uma
Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n.67, p. 378-388, set./dez.
introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis:
2005. Disponível em: <www.cedes.unicamp.br>. Acesso em:
Vozes, 1995.
25 mar. 2013

Entre o estranho e o familiar: o uso de analogias no ensino


de História
Ana Maria F. C. Monteiro
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO),
Professora do Departamento de Didática e pesquisadora do Núcleo de Estudos do Currículo do
Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Este artigo tem por objetivo discutir o uso das logias), relacionado ao que lhes é familiar. Entre o
analogias no ensino de História, utilizando con- científico e o senso comum, tornam-se recursos
tribuições dos autores que operam teoricamente didáticos com grande potencial para a ressignifi-
com o conceito de saber escolar considerando sua cação de saberes e práticas, sintetizando de forma
especificidade e originalidade.1 emblemática uma criação do saber escolar.
As analogias são utilizadas, frequentemente, No entanto, o risco do anacronismo ou a
pelos professores como recurso para facilitar a transferência de características e atributos indevi-
compreensão de conteúdos escolares, uma vez dos a processos e fenômenos diferenciados exige
que possibilitam mediações simbólicas e apren- cuidado e atenção para evitar que sua utilização
dizagens significativas. Nesse sentido, revelam-se se torne fonte de erros ou equívocos.
recurso tentador para superar o estranhamento dos O conhecimento histórico tem no reconheci-
464 alunos face ao desconhecido que é, por elas (ana- mento e consideração das diferenças socioculturais

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uma dimensão estratégica para a análise e com- 2. O autor do projeto e a analogia com a ser-
preensão de fatos, processos e conceitos. Assim, o vidão de contrato nas colônias inglesas na
uso das analogias é discutido de forma a contribuir América.
para identificar os riscos e possibilitar a exploração Bom, segunda coisa, vejam... Como é que
do seu potencial como recurso didático. vai ser feita essa iniciativa? O mentor intelectual
Uma aula de História... disso aí era um senador do império, que tinha
propriedade lá em São Paulo, o senador Vergueiro,
Em pesquisa realizada para doutoramento que é até o nome de uma rua aqui do Rio, não é?
acompanhei o trabalho de um professor, em tur- O Senador Vergueiro, ele tinha uma fazenda em
mas do Ensino Médio, nas quais analisava ques- Limeira, em São Paulo, na região com o nome de
tões relativas a temas da história do Brasil, no pe- Ibicaba... Então ele, ele e outros fazendeiros dessa
ríodo do final do Império e início da República. região... ele vai estimular os imigrantes para tra-
Em uma aula sobre a economia cafeeira, ao balhar lá... Como é que vai ser o meio usado para
abordar a questão da transição do trabalho es- trazer imigrantes pra cá? Vocês devem ter visto no
cravo para o trabalho livre, o professor explicou primeiro ano como é que era a colonização do
o sistema das “colônias de parceria” adotado no norte dos Estados Unidos, devem ter ouvido falar
Brasil em meados do século XIX, utilizando, entre alguma coisa sobre os servos por contrato, como
outros recursos, a comparação com a “servidão é que funcionava isso?
por contrato”, utilizada nas colônias inglesas da Alunos: As pessoas trabalhavam...
América, e que os alunos teriam estudado no pri- Professor: Mas pra pagar o quê?
meiro ano do curso2.
Alunos: A estada dele...
Vejamos um trecho da aula gravada, subdivi-
Professor: Isso é uma coisa anterior ao que eles ti-
dido em tópicos por mim construídos a partir da nham que pagar, olha só... O homem que veio pra
análise da explicação do professor. trabalhar lá, ele é pobre, ele não tinha dinheiro pra
poder pagar... Pra poder pagar a passagem dele,
1. O racismo que caracterizava a decisão de quem pagava? A pessoa que contratava, pagava a
trazer europeus para trabalhar no Brasil. passagem e ele ficava endividado, mas como ele
ia pagar essa dívida? Era um contrato, ele traba-
Olha só, por incrível que pareça, o que eu
lharia uns cinco a sete anos de graça, recebendo
estou falando, não é uma coisa assim escondidi- só o quê? O alojamento, comida e tal, ao final de
nha não, oculta, não assim, é? Não, isso aí era uns cinco, seis, sete anos, nesse caso, ele era um
uma coisa explícita, olha só, vários proprietários, trabalhador livre, ele ou poderia trabalhar em troca
e, por incrível que pareça, até alguns intelectu- de um salário, ou até montar um negócio próprio.
ais, diziam que se você trouxesse trabalhadores É bom lembrar que nos Estados Unidos, esse ne-
brancos, europeus legítimos, certo? Nós não te- gócio se deu bem... Por que, pessoal? A região
ríamos apenas uma mão de obra melhor quali- norte, região de pequenos negócios na agricultura
ficada, como também, com a miscigenação... e comércio, na indústria... Então, para uma pessoa
Haveria pouco a pouco um branqueamento de que tivesse alguma habilidade e conseguisse juntar
nossa sociedade, e aí, se a nossa raça fosse pouco algum capital não era difícil, para ele, montar um
a pouco se branqueando, nós teríamos uma raça pequeno negócio na área comercial, uma indús-
mais capaz, mais inteligente, mais apta para o tria artesanal, por exemplo, não seria tão difícil
trabalho... Então, a base desse negócio aqui, é assim… Ora, o senador Vergueiro… a ideia dele
uma base fundamentalmente o quê? Racista, para e dos fazendeiros era semelhante...
você estimular imigrantes europeus a virem para 3. O contrato de agenciamento e a parceria.
cá... Está bem claro isso? Esse pessoal viria para o Brasil, mas olha só,
eles só viriam pra cá se abandonassem o seu país 465

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de origem, é porque não estavam bem lá, era por- O professor trabalhava, em cada aula, com
que eram pobres... E eles teriam que pagar passa- uma massa de informações e explicações muito
gem, quem pagaria a passagem? Os fazendeiros, grande. Ele reconhecia e lamentava:
então o fazendeiro chegava com um agente por- Bem, por exemplo, como tenho uma grande
que da mesma forma que você tinha traficante de parte do terceiro ano, eu tenho que priorizar muito
escravo, e depois você vai ter o quê? Os agentes o conteúdo, até porque os alunos cobram mui-
da imigração, o cara que vai pra Europa, que faz to, cobram isso da gente, por questão de estarem
propaganda, explica o caminho, conta pra eles, muito tensos com esse negócio de vestibular...
qual é a propaganda que se fazia? Olha, venham Embora eu ache que... Eu sempre fui muito crítico
para o Brasil, o Brasil é a terra da oportunidade. com esse currículo que nós somos obrigados a
Lá vocês vão encontrar trabalho fácil, vocês em trabalhar no segundo grau... Eu acho que é um
pouco tempo poderão virar proprietários, terra é currículo extenso demais e, aí, sobra pouco tem-
uma coisa que não falta, aí o pessoal… está bom, po... Eu acho que talvez com um currículo um
e veio pra cá. Aí o fazendeiro chegava, pagava a pouco mais enxuto, você poderia trabalhar melhor
passagem dos imigrantes que ele contratou com o principalmente a História do Brasil, entendeu? E
agente da imigração... Bom, aí estava no contrato sem perder a noção do processo... Mas, enfim,
dele, mais ou menos semelhante àquele que havia existe um conteúdo grande que nós somos ainda,
nos Estados Unidos, essa pessoa pagaria a dívida de certa forma, obrigados a cumprir...
dela com o fazendeiro num prazo que também
A sua maior preocupação era com a noção
variava de cinco a sete anos, e essa dívida a cada
de processo, de forma que os alunos pudessem
ano tinha juros que variavam alguma coisa em
estabelecer relações entre os fatos. Era evidente
torno de 6%... Eram juros muito altos naquela
a importância da fala do professor para o desen-
época, não?
volvimento da explicação3.
Como até hoje não são?
Assim, o conceito de “colônia de parceria” foi
Bom, e aí, o que acontece? Como é que essa sendo explicado, sendo que a narrativa cumpriu o
pessoa, na prática, pagaria essa dívida com o fa- papel de compor um contexto que possibilitasse
zendeiro? Com a produção de café que ela fizesse, ao aluno compreender o significado desta relação
daí o nome colônia de parceria, pelo contrato de trabalho, cuja constituição é estruturalmente
fazendeiro/imigrante seriam parceiros, de que vinculada ao processo de obtenção da mão de obra
forma parceiros? Pelo contrato, o imigrante teria por meio da imigração. Esse contexto foi construído
o papel de plantar, cuidar e colher os primeiros por elementos que exemplificavam aspectos das
fios de pés de café ao longo do ano Quando fosse relações de produção: meios de obtenção da mão
feita a colheita... o que ia acontecer? Se eles eram de obra, motivações para a imigração, condições
parceiros, tinham que dividir o que? Meio a meio, de trabalho, de pagamento, obrigações contratuais,
então uma parte vai pro fazendeiro, metade vai formas de burlar as regras contratuais etc., compon-
pro colono, mas tem que pagar os custos também. do um quadro que se aproxima da contextualização
Então, nessa parte dele, ele vai ter que pegar uma funcionalista, onde se focaliza o contexto para ex-
parte do café para pagar o fazendeiro... da metade plicar o comportamento social (LEVI, 1992, p. 154).
dele, entenderam? Agora, se você olhar, não pare-
Reconheço aqui uma metodologia para a
ce uma coisa tão distante assim, afinal de contas,
construção do conceito de base indutiva. O pro-
com o trabalho dele, ele teria um prazo de cinco
fessor – o narrador – desenvolvia o raciocínio
a sete anos… Ele vai pagar sua dívida, e os juros
com que ia utilizando os eventos e argumentos
não eram tão altos assim, só que esse negócio de
para auxiliar seus alunos a construir o conceito,
passar o outro pra trás, e tal, não é uma coisa dos
desenvolvendo uma explicação que articulava os
dias de hoje, não é? Aqui no Brasil, infelizmente,
466 diferentes aspectos do contexto para a compreen-
na prática isso foi sempre comum, não é?
são do conceito.

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A narrativa, portanto, não era cronológica, sócio-políticas e valores considerados pertinentes.
nem linear. As ações entre fazendeiros e imigran- A analogia foi utilizada quando ele perguntou
tes, num determinado tempo, eram apresentadas se os alunos lembravam da “servidão por contra-
construindo um enredo com dois sentidos simul- to”, utilizada nas colônias inglesas na América
tâneos: a compreensão do processo em curso e e que eles teriam estudado no primeiro ano do
do conceito ensinado. curso. Um aluno conseguiu citar alguma coisa,
A narrativa não era utilizada para relatar mas ele não desenvolveu a argumentação em
como era a viagem do imigrante ou a sequência cima da analogia. Ela foi usada como forma de
das decisões que tornaram possível essa prática. tornar o assunto mais familiar, como também foi
Como o professor explica: o comentário: “... só que esse negócio de passar
o outro pra trás, e tal, não é uma coisa dos dias
Eu, geralmente, eu não entro... Eu, por exem-
de hoje, não é? Aqui no Brasil, infelizmente, na
plo, eu não chego a tecer é... Como é que eu vou
prática isso foi sempre comum, não é?”.
dizer, aquela parte factual... Eu procuro só trans-
mitir, lembrar a eles, é lógico, a gente tem que Nesse caso, ele buscou uma certa cumpli-
falar nos fatos porque tem alguns que são essen- cidade com os alunos através da lembrança de
ciais de se entender, mas, por exemplo, nazismo conhecimentos que eles detêm sobre o Brasil, ao
e fascismo... quando eu trabalho com eles eu não mesmo tempo em que trazia implícita uma crítica
fico ali explicando detalhadamente como é que a esse tipo de atitude, explorando a dimensão
foi a marcha sobre Roma, entendeu? Como é que educativa do conteúdo ensinado.
foi o esforço do Hitler até ele chegar ao poder... O professor usava, também, frequentemente,
Porque o que eu acho que é fundamental, e isso o recurso às comparações com situações do pre-
é uma coisa que eu vou trabalhar muito com eles, sente, da atualidade, para facilitar a compreensão
é eles dominarem o conceito, a problemática do dos alunos.
negócio…. Por quê? Você dominando a problemá- Numa aula sobre o fim da monarquia e a
tica... Você... Se for pegar o livro para ler... você proclamação da República, por exemplo, ele ex-
vai conseguir acompanhar os fatos porque eles plicou a posição da classe senhorial no contexto
vão ter uma lógica, entendeu? Então eu sempre que se transformava. Discutiu as nuances do po-
procuro trabalhar nessa parte aí privilegiando o sicionamento desta classe em relação ao governo
conceitual e de certa forma... Essa forma de tra- imperial, após a abolição, e diante do golpe da
balhar privilegiando os conceitos... Isso aí é uma proclamação da República pelos militares, bem
coisa que eu herdei um pouco, é uma coisa que eu como as dissidências que começavam a surgir no
aprendi com o Ilmar, que a estratégia de trabalho sudeste em decorrência das insatisfações com o
dele é essa...4 status quo:
Assim, na contextualização funcionalista, Mas, enfim, essa classe vai ficar numa posi-
“não são as causas do comportamento que cons- ção meio neutra quando o Imperador for depos-
tituem os objetos de análise, mas antes, a norma- to... Quando o Imperador for deposto... essa impo-
lização de uma forma de comportamento em um sição da república vai ser, nada mais nada menos,
sistema coerente que explica aquele comporta- que um golpe de estado... essa classe não vai fazer
mento, suas funções e o modo como ele opera” nenhum movimento para poder defendê-lo.
(LEVI, 1992, p. 154).
A gente vai ver hoje que outros fatos tiveram
Os subsídios apresentados pela narrativa influência nesse processo...
compõem um contexto que permite aos alunos
Uma delas, a gente já falou na outra aula. As
compreender o significado do conceito dentro do
outras duas... Eu já coloquei aqui... [no quadro],
campo semântico construído pelo professor a par-
é a ascensão do oeste paulista, olha o que eu es-
tir das suas referências teóricas, das suas opções 467

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M a n u a l d o E d u c a d or
crevi aqui: eu escrevi aqui que os cafeicultores tivos de insatisfação da classe senhorial emergente
da região pretendiam conquistar uma influência no oeste paulista. A similaridade está presente no
política proporcional ao seu poder econômico... tipo de prática possível de ser efetivada por um
Eu quero lembrar uma coisa a vocês: lembra regime de governo. Mas o professor identificou as
o que eu escrevi para vocês naquela folhinha, e diferenças e foram elas que deram inteligibilidade
que a gente comparou o fazendeiro do Vale do aos processos estudados. A relação estabelecida
Paraíba com o do oeste paulista… Eu cheguei a com fatos e contextos da atualidade visou possibi-
destacar um item com vocês que dizia o quê? Que litar a sua compreensão por meio do destaque de
o oeste paulista passou a ser o quê? A principal um elemento estrutural semelhante, a cobrança de
região econômica. Mas eu dizia o quê a vocês? impostos, e não apenas tornar o assunto familiar
Que, politicamente, isso não tem reflexo, quer aos alunos, embora isto também tenha contribuído
dizer é injusto viver com uma influência políti- para a sua aprendizagem.
ca tão grande quanto tinha a classe senhorial até Temos, aqui, uma construção do saber esco-
aquele momento. lar. A problematização é claramente orientada
5

Aí você pergunta o que é que significa isso pelo professor de forma a encaminhar o raciocínio
na prática? É simples... Hoje em dia, por exem- dos alunos para a compreensão do conceito, ao
plo, como o Brasil é uma república federativa, os mesmo tempo em que procura fazê-los perceber
estados têm uma grande autonomia com relação a construção histórica da vida social. A dimensão
ao poder central, tem poder próprio e lei, tem axiológica6 pode ser percebida nas críticas que ele
autonomia própria, tem imposto próprio que a faz ao denunciar o racismo presente na decisão
gente até já comentou aqui o caso do ICMS, por de trazer imigrantes europeus para o Brasil e as
exemplo. Só que naquela época os estados não “trapaças” aplicadas aos imigrantes pelos fazen-
tinham essa autonomia... deiros, por meio do “barraca”.
Eu comentei com vocês que o Brasil era um Os exemplos apresentados são expressões
império unitarista... Então as províncias depen- do saber ensinado, nos quais as analogias têm
diam demais dos recursos que vinham do impe- papel de destaque como recurso para viabilizar a
rador. Então, quando o Imperador distribuía esses compreensão e aprendizagem dos alunos.
recursos, a distribuição seguia muito mais um cri- De acordo com o que é proposto por Che-
tério político. Onde o imperador tinha políticos de vallard, as aulas desenvolvidas – onde se percebe
sua confiança predominando, ele liberava verbas claramente o papel do professor agindo como
com mais facilidades... Onde não tinha essa mes- um narrador, articulando os fatos de forma a pos-
ma confiança ele não liberava tanta verba. sibilitar aos alunos atribuir sentido ao que era
Aqui temos outra vez o uso da analogia: apresentado – abordavam temas desvinculados
como pano de fundo, temos a comparação en- das questões de pesquisa de origem e que eram
tre o fazendeiro do Vale do Paraíba e aquele do recontextualizados para o ensino, atendendo à
oeste paulista; mais detalhadamente, aparece a necessidade de publicização. Menções aos histo-
comparação entre a organização unitarista e cen- riadores que estudam essa questão também não
tralizadora do Império e a organização política da foram feitas, revelando o processo de despersona-
federação brasileira atual, utilizada para facilitar lização.7 A centralidade da exposição na pessoa
a compreensão pelos alunos do significado desse do professor lhe conferiu também a responsabi-
tipo de pacto político e os motivos de insatisfação lidade de avalista do que estava sendo ensinado.
da classe senhorial. A programabilidade, ou seja, a definição racio-
nal de sequências que permitam uma aquisição
Nesse caso, o professor buscou no presente
progressiva de conhecimento8 me parece clara,
um exemplo de prática – a cobrança do ICMS –
468 que possibilitasse aos alunos compreender os mo- revelando a crença presente entre os professores

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de que o jeito de explicar faz o aluno aprender Lopes (op. cit.) lembra que as analogias são
o conteúdo ensinado e, até mesmo, o próprio ra- utilizadas para tornar uma informação mais con-
ciocínio histórico. creta e fácil de imaginar, de visualizar. Como o
processo de ensino-aprendizagem tem por ob-
O uso das analogias no ensino de História jetivo transformar em familiar o não familiar, e
O trabalho com a racionalidade analógica construir familiaridades entre o já conhecido e o
(PROST, 1996, p. 131), ou seja, a busca de seme- desconhecido, o uso das analogias, de acordo com
lhanças em situações diferentes para propiciar a Duit, é fundamental em uma perspectiva constru-
compreensão, foi um recurso utilizado nos exem- tivista de ensino.
plos citados no texto. Situações em tempos e so- Contudo, assumindo um posicionamento
ciedades diferentes foram relacionadas. Tratando-- mais cauteloso, alerta também, com base em Duit
-se de turmas de Ensino Médio, aprofundaram-se (op. cit.), para algumas desvantagens e perigos
alguns dos aspectos abordados de forma a possi- potenciais das analogias:
bilitar a compreensão das relações de poder e de
1. como nunca existe uma equivalência absoluta
trabalho que estavam sendo estudadas.
entre a analogia e o objeto-alvo, os traços de
Pelo que foi observado, a analogia se con- diferenças podem ser fontes de enganos;
figurou em recurso pertinente para auxiliar os
2. o raciocínio analógico pressupõe um bom
alunos a avançar no processo de construção de
conhecimento da analogia, pois o que for
conceitos. O professor recorreu, também, a com-
mal compreendido na analogia será trans-
parações para promover a compreensão do tema
ferido para o objeto-alvo também incorre-
em estudo por meio de sua contextualização na
tamente;
“realidade” do aluno, no tempo presente.
3. o uso de analogias, apesar de frequente
Esse recurso, utilizado frequentemente pelos
no quotidiano, exige orientação cuidado-
docentes sem maiores reflexões, vem ao encontro
sa no ensino, não devendo ser espontâneo
de demandas do campo educacional como forma
(LOPES, op. cit., p. 212).
de viabilizar a aprendizagem, através da supera-
ção do estranhamento causado por processos e Assim, podemos encontrar situações em que
relações sociais desconhecidas pelos alunos. as analogias confundem e obscurecem no lugar de
esclarecer. Dessa forma, embora Duit considere
No que se refere ao campo educacional,
que o uso de analogias possa oferecer contribui-
encontramos posicionamentos diferenciados a
ção extremamente útil para tornar o conteúdo
respeito do uso de analogias no ensino. Lopes
estudado familiar e compreensível ao aluno, Lopes
(1999), que defende a especificidade do conheci-
chama a atenção para o risco de que a analogia
mento escolar face ao conhecimento científico do
aproxime de tal forma o saber do senso comum
qual não é, em sua concepção, uma distorção ou
que ele perca o seu potencial explicativo, oriundo
simplificação equivocada, mas um conhecimento
da análise científica de que é portador.
original dentro de uma perspectiva descontinuísta
de cultura, comenta estratégias utilizadas pelos Essa questão se insere no grande desafio que
professores para o ensino de Ciências, com des- está posto para o conhecimento escolar que é de
taque para o uso das analogias e metáforas. fazer a mediação entre o conhecimento científico
e o cotidiano, sem recair em simplificações equi-
Citando o trabalho de Duit (1991, apud Lo-
vocadas ou reproduzir o senso comum. Lopes
pes, 1999), ela destaca que analogia é uma com-
(1999, p. 211) afirma que: “a limitação central da
paração de estruturas de dois domínios; simples
análise de Duit é que ele não problematiza o uso
comparações, com base em similaridades super-
de metáforas e analogias para tornar o conheci-
ficiais, não o são. Deve existir uma identidade
mento científico próximo e familiar ao aluno. Sem
profunda entre partes das estruturas. 469

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dúvida, a assimilação do conhecimento científico ponto de vista da própria construção do raciocínio
passa pela superação de um desconforto com con- histórico.
cepções tão distantes do senso comum”. Não estou defendendo aqui que a História
Assim, de acordo com Lopes, o uso de me- estuda um passado objetivado, mas sim que, no
táforas e analogias pode nos levar a correr o risco seu processo de reconstrução, de recomposição
de reforçar o continuísmo e impedir que o aluno (Boutier & Julia, 1998) no presente de situações
compreenda as diferenças entre os conceitos nes- e processos vividos em outros tempos por outras
ses dois contextos. sociedades, é fundamental perceber as diferenças
O aprendizado das ciências exige necessaria- e as semelhanças, o que contribui para a compre-
mente o estranhamento, a percepção do inusita- ensão da historicidade da vida social, objetivo
do, da não familiaridade. De uma maneira geral, maior do ensino da História. Não resta dúvida
quando os alunos utilizam metáforas, o fazem com que, na história, que é também prática social, re-
intuito de reforçarem suas concepções cotidianas alidade vivida, o apelo para a contextualização no
e espontâneas que, invariavelmente, precisam ser presente é extremamente forte e sedutor.9
desconstruídas pelos professores: “Cabe à escola Quanto às similaridades estruturais dos fe-
produzir configurações originais e criativas que nômenos, buscadas nas analogias no ensino
efetivem esta mediação de forma a superar o seu das Ciências Naturais, acredito que, no caso da
papel de ‘receptáculo de subprodutos culturais história, há uma diferença. Não nos cabe bus-
da sociedade para resgatar e salientar seu papel car as similaridades apenas. Penso que devemos
como socializadora e produtora de conhecimen- operar de acordo com a proposta de Koselleck
tos’” (idem, ibid., p. 211-212). (1990) e Prost (1996, p. 131), sobre os concei-
As observações citadas referem-se direta- tos em história. Há um conceito, “imigração” por
mente ao ensino de Ciências. E a história esco- exemplo, que serviu de parâmetro para analisar
lar? Diante da argumentação de Lopes, o uso de contextos. A comparação, o raciocínio analógico
analogias é válido, no ensino de história, como opera com a identificação de diferenças e seme-
recurso para tornar familiar o conhecimento cien- lhanças, pensada em perspectiva diacrônica. As
tífico e superar concepções presentes no senso diferenças percebidas por meio da comparação
comum? Ou ele induz à reprodução ou reforço é que vão trazer elementos para a construção do
de concepções cotidianas e espontâneas? significado, por exemplo, de “colônia de parce-
ria” relacionado ao de “servidão por contrato”.
Como já foi comentado, é muito frequente
No caso do professor pesquisado, acredito que a
o uso, pelos professores, de atividades onde são
opção por ele adotada na atividade analisada aqui
desenvolvidas analogias com situações similares à
foi bem sucedida como trabalho em perspectiva
estudada, e encontradas na “realidade do aluno”,
analógica em História. Ele se preocupou em fazer
em situações do tempo presente. Muitas vezes es-
os alunos perceberem diferenças e semelhanças
tas analogias induzem a erros, pois operam numa
entre os sistemas de obtenção de mão de obra e
dimensão comparativa muito simplificada, condu-
não em relacionar uma como idêntica à outra.
zindo os alunos a atribuir à situação do passado
Foram observados, para a comparação, aspectos
o mesmo significado encontrado na situação do
de ordem estrutural relacionados à organização
presente. Além disso, tendem a levar o aluno a
dos sistemas em análise.
ignorar as diferenças no tempo, suprimindo um
aspecto fundamental no ensino da história que é Quando utilizou a comparação com as rela-
fazer perceber e compreender as diferenças entre ções sociais no presente, utilizou um exemplo em
temporalidades. O anacronismo representa uma que também trabalhou através da identificação de
ameaça, portanto, seja do ponto de vista do sig- diferenças e semelhanças. Assim, acredito que o
470 nificado daquilo que é objeto de estudo, seja do recurso à analogia não serviu para manter o con-

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tinuísmo com as concepções do senso comum. Notas
Muito pelo contrário, contribuíram para desna-
1. O conceito de saber escolar refere-se ao sa-
turalizar algumas dessas concepções na medida
ber produzido através da transposição didá-
em que possibilitaram compreender a construção tica e ensinado no âmbito da cultura escolar,
histórica da vida social. a partir de referências do saber acadêmico,
A definição do conceito a ser ensinado pres- como propõe Yves Chevallard. Este conceito
supôs a atribuição de um significado pelo pro- pressupõe considerar a originalidade e espe-
fessor, significado este que serviu de referência cificidade deste saber que tem na dimensão
para a criação de situações de aprendizagem. educativa um aspecto fundamental em sua
Esses elementos atuaram como referências, não constituição. Ver Chevallard (s.d.). Outros
determinaram que a apropriação dos alunos fosse autores criticam o enfoque verticalizado de
exatamente aquela esperada pelo professor. Essa Chevallard e defendem a necessidade de
construção foi realizada num espaço onde existia se considerar que este saber é formado por
liberdade para que as leituras e intervenções dos diferentes saberes num diálogo com a cul-
diferentes alunos pudessem se efetivar e, inclusive, tura mais ampla. Ver Jean-Claude Forquin
aprofundar as análises e ampliar os significados. (1992 e 1993). Alice Ribeiro Casimiro Lopes
Foi a troca entre os diferentes sujeitos históricos discute o conceito de transposição didática
envolvidos na rede intertextual que possibilitou a e propõe o uso do conceito de mediação
emergência do significado do conceito em estudo didática que permite analisar este processo
em perspectiva dialética e dialógica. Ver
naquele momento.
Lopes (1997 e 1999).
A dimensão temporal foi trabalhada, portan-
2. A turma observada era do 3º ano do Ensino
to, na perspectiva da localização temporal, e não
Médio.
da simples enunciação de datas, e como elemento
estruturante do raciocínio histórico, na medida 3. Ele relatava os acontecimentos entremean-
em que articulou a diacronia – os significados das do sua narrativa com questões que “que-
bravam” a naturalização que poderia ser
relações de trabalho em diferentes temporalidades
depreendida da forma como a apresentação
– com a dimensão sincrônica, no caso, a concep-
se desenvolvia. Mas as questões funciona-
ção de relações de trabalho e de imigração, os
vam mais como um recurso de retórica,
processos em curso na época estudada, na mente
uma vez que ele não esperava a resposta
dos alunos, na atualidade.
dos alunos. Ele mesmo respondia e seguia
Em ambos os casos, no entanto, o uso das com seu raciocínio. Além disso, em alguns
analogias pode implicar anacronismos que con- momentos, ele assumia o papel dos atores,
duzem, muitas vezes, a visões equivocadas do reproduzindo falas e diálogos.
ponto de vista da análise histórica, se a ênfase 4. O professor se referia a Ilmar Rohloff de
recair exclusivamente na busca das semelhanças. Mattos, reconhecido por ele e por outros
Assim, é necessário que o professor realize dois colegas pesquisados como referência
esse trabalho com cautela, controlando as situ- sobre como ensinar conceitos históricos nas
ações escolhidas. Nas similaridades, procura-se aulas.
identificar as diferenças que possibilitem aos alu- 5. Essa discussão é desenvolvida na tese de
nos começar a perceber a diversidade das expe- doutoramento de minha autoria (Monteiro,
riências humanas, ao mesmo tempo em que se 2002), já citada na nota 2. Utilizo o concei-
constroem conceitos, instrumentos de análise para to de “mediação didática” conforme Lopes
compreendê-las. (1999) para analisar a produção do saber
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M a n u a l d o E d u c a d or
escolar. Utilizo também contribuições de Referências
Develay (1992), que destaca a necessidade BOUTIER, J.; JULIA, D. (Org.). Passados recompostos: cam-
de se considerar a dimensão axiológica na pos e canteiros da história. Rio de Janeiro: UFRJ; FGV, 1998.
elaboração deste saber. CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sabio
6. Esta dimensão está relacionada com a for- al saber enseñado. Buenos Aires: Aique, 1991.
mação de valores, presente no contexto DEVELAY, M. De l’apprentissage à l’enseignement: pour
educacional conforme Develay (op. cit.). une épistémologie scolaire. Paris: ESF, 1992.
7. Chevallard, citando Verret, indica alguns DUIT, R. On the role of analogies and metaphors in learning
science. Science Education, London, v. 75, n. 6, p. 649-772,
processos que ocorrem para que os saberes 1991.
possam se transformar em objeto de ensino
FORQUIN, J.C. Saberes escolares, imperativos didáticos e
escolar: a dessincretização, a despersona- dinâmicas sociais. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 5, p.
lização, a programabilidade, a publicidade 28-49, 1992.
e o controle social das aprendizagens. Ver FORQUIN, J.C. Escola e cultura: as bases sociais e episte-
Chevallard (op. cit., p. 67-68, apud Verret, mológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médi-
1975). cas, 1993.
8. Chevallard explica que a programabilida- KOSELLECK, R. Le futur passé, contribution à la seman-
de se baseia e se legitima por uma ficção tique des temps historiques. Paris: EHESS, 1990.
que nos faz acreditar que a aprendizagem Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 67, p. 333-347, set./dez.
2005.
é “isomorfa” em relação ao processo de
KOSELLECK, R. Uma história dos conceitos: problemas
ensino. O modelo ordenador da sequência
teóricos e práticos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 10,
de aprendizagem é o texto do saber em sua p.134-146, 1992.
dinâmica temporal (Chevallard, op.cit., p.
LEVI, G. Sobre a micro-história. In: BURKE, P. (Org.). A escrita
73). da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
9. Cabe destacar que, muitas vezes, a compa- p. 154.
ração com uma situação do presente não LOPES, A. R. C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano.
significa que vá tornar o aprendizado mais Rio de Janeiro: UERJ, 1999.
fácil, porque mais familiar. Muitos fenôme- ______. Conhecimento escolar: processos de seleção
nos da atualidade são de extrema comple- cultural e mediação didática. Educação & Realidade, Porto
Alegre, v. 22, n. 1, p. 95-112, jan.-jun. 1997.
xidade e exigem, para sua compreensão,
um estudo mais aprofundado. MONTEIRO, A. M. F. C. Ensino de história: entre saberes e
práticas. Tese (Doutorado) – Departamento de Educação,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Ja-
neiro, 2002.
PROST, A. Douze leçons sur l’histoire. Paris: Seuil, 1996.
VERRET, M. Le temps des études. Lille: Atelier de Réproduc-
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Referências
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FRAWLWY, William. Vygotsky e a ciência cognitiva. Linguagem e integração das mentes social e computacional.
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M a n u a l d o E d u c a d or
SANTOMÉ, J.T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, T. T. (Org.). Alienígenas em sala de aula:
uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
SANTOS, J. R. A questão do negro na sala de aula. São Paulo: Ática, 1990.

Sites
Unirio: um instrumento didático de grande valor que pode ser sugerido pelo professor para que os alunos consultem,
caso estejam trabalhando com o tema do Brasil do XIX e, sobretudo, com a questão da escravidão, o site dá um
suporte extremamente coerente e eficiente para o desenvolvimento em sala de aula. Disponível em: <www.histo-
riaunirio.com.br/numem/detetivesdopassado>.
Mac (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo): relatos das obras dos vários artistas, com fotos das esculturas
e quadros. Disponível em: <www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/fichas.asp>.
UFF: rico material sobre os séculos XIX e XX a partir desse material, que reúne fotos, textos em pdf, bibliografias e
muitas sugestões de filmes. Disponível em: <www.historia.uff.br/nec>.
História Net: apresenta temas abordados de formas variadas, com link de mapas, sugestão de filmes e livros, rica
relação biográfica de personalidades históricas e charges curiosas. Disponível em: <www.historianet.com.br/home>.
Povos indígenas no Brasil: traz grande quantidade de dados sobre as diversas tribos do Brasil, com curiosidades
como a atividade artística que desenvolvem. Ótimo recurso para os professores que queiram conscientizar seus
alunos sobre a questão indígena no país, tão desprezada pela historiografia tradicional. Disponível em: <pib.socio-
ambiental.org/pt>.
Revista de História da Biblioteca Nacional: um espaço do historiador, onde este pode responder perguntas a inter-
nautas, publicar páginas e comentários sobre qualquer tema e se atualizar com essa troca intensa de informações.
Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br>.
Best of History. extremamente completo, abrange uma temática variada e apresenta diversas maneiras de traba-
lhá-las, como jogos educativos, um conjunto de mapas, sugestões de atividades, além de reunir alguns temas pouco
abordados em escolas e até mesmo em universidades brasileiras, como História Oral e História Militar. – Em inglês.
Disponível em: <www.besthistorysites.net>.
Hyper History: site com atualidades, usando-se de diagramas, mapas e resumos sobre os diversos períodos históri-
cos em vários lugares. Apresenta ainda boa quantidade de links que complementam suas informações. – Em inglês.
Disponível em: <www.hyperhistory.com>.
www.ichs.ufop.br/cadernosdehistoria – Cadernos de História
www1.capes.gov.br/bdteses – Capes
www2.dbd.puc-rio.br/htdig_teses/ – Puc-rj
www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/index.php - Puc-Campinas - Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações.
www.sapientia.pucsp.br – Biblioteca Digital Puc-SP.
www.revista.iphan.gov.br – Revista Eletrônica do IPHAN – Patrimônio
www.rehb.ufjf.br – Revista Eletrônica de História do Brasil
www.revhistoria.usp.br – Revista de História (USP)
www.unicamp.br/chaa/rhaa/ – Revista de História da Arte e Arqueologia (UNICAMP)
www.revistafenix.pro.br – Revista de História e de Estudos Culturais
www.anpuh.uepg.br/historia-hoje – Revista História Hoje
www.iphan.gov.br/revistadopatrimonio – Revista do Patrimônio Histórico e Artístico
474
www.teses.usp.br/ – Biblioteca Digital – USP.

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Geografia
Concepção da disciplina
O fato de me perceber no mundo, com o mundo velhas categorias filosóficas e analíticas, devem
e com os outros me põe numa posição em face ser trabalhadas para que, neste particular, possam
do mundo que não é a de que nada tem a ver com prestar novos serviços à compreensão do espaço
ele. (FREIRE, ANO, Pàgina) humano e à constituição adequada de sua res-
pectiva ciência.
As concepções da ciência geográfica são bas-
tante distintas em diferentes países. As elaborações [...] A forma nos apresenta a coisa, o objeto ge-
foram surgindo ora radical, ora crítica, conforme ográfico; sua função atual nos leva ao processo
o pensamento de estudiosos em determinados que lhe deu origem, e este, o processo, nos con-
momentos, e foram se alterando no bojo de mo- duz à totalidade. (SANTOS, 1988)
vimentos de revisão das bases epistemológicas da
Considerando-se que a compreensão do es-
própria ciência.
paço geográfico como totalidade tornou-se for-
A crise da Geografia que se iniciou na metade tificada no momento histórico atual pela ampla
do século XX e levou os geógrafos a formularem difusão das ciências, das técnicas e das comuni-
críticas em relação à Geografia construída até en- cações no mundo globalizado em que vivemos, a
tão permitiu traçar novos caminhos metodológicos Geografia tem sido cada vez mais importante para
que atendessem as necessidades impostas pela a compreensão do binômio relacional homem-
nova realidade social. -natureza.
Essa crise, além de ter introduzido um pen- O conceito de “lugar” tem ganhado amplo
samento crítico à Geografia tradicional, também espaço nas atuais discussões, porque é onde o
alargou seus horizontes com interesse na busca particular, o histórico, o cultural e a identidade
de novos paradigmas, e esse movimento de re- do ser humano estão presentes, seja nos aspectos
novação do pensamento geográfico foi centrado vivenciados ou nos concebidos.
primeiramente nas alterações de bases sociais.
Dessa forma, partindo da primeira escala em
No Brasil, a ruptura com o modelo de caráter paralelo com a segunda, o ensino dessa disciplina
enciclopédico e descritivo se acentuou nas últimas ganha a conotação de “global”. Esse espaço ad-
décadas, como resultado das transformações insti- quire então uma nova forma, não como um objeto
tucionais, aliadas às alterações do sistema produ- em si mesmo, mas como uma categoria de análise
tivo propiciadas pela globalização e atual avanço que permite apreender e construir uma dimensão
tecnológico que o país incorpora. sócio-histórica “nas e das coisas” do mundo.
No entanto, o pensamento geográfico crítico “O lugar, enquanto uma categoria geográfi-
ainda encontra-se em desenvolvimento, especial- ca encarna o conceito de imediato concreto, do
mente em nosso país, onde seu surgimento ocorreu Construtivismo e o requalifica. Ao mesmo tempo
de forma mais tardia. O ensino dessa nova Geo- em que permite trabalhar o próximo, abre cami-
grafia passa por uma fase de estruturação, o que nho para encontrar as ações e as intenções que
não impede o professor de orientar o seu aluno na são tomadas fora do próprio lugar, possibilitando,
práxis transformadora da realidade que o cerca. desta forma, contatar outros lugares, enfim, o
Milton Santos buscou na Filosofia algumas mundo.” (STRAFORINI, 2002)
categorias analíticas e as trouxe para a Geografia Pode-se afirmar que, hoje, desponta no Brasil
para que essa pudesse compreender o mundo na uma Geografia comprometida com a análise e a
sua totalidade sem desintegrá-lo. Para ele, as no- interpretação das relações de interdependência 475
ções de estrutura, processo, função e forma, essas

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M a n u a l d o E d u c a d or
entre os seres humanos com a natureza e com os tempo. A região, como suporte e condição para
fatores socioeconômicos, políticos e ambientais que as relações globais se realizem, principalmen-
entre si, ou seja, a práxis social. te no mundo atual, onde as trocas são intensas.
Norteada dessa maneira, a Geografia apoia- E o território, base física e material da paisagem,
-se em eixos conceituais: o lugar, já citado ante- delimitado pelas relações de poder e domínio e
riormente, a paisagem, a região e o território. O que, consequentemente, reproduz a divisão social.
lugar como espaço vivido e concebido no coti- Assim sendo, ocorre uma relação intrínseca
diano, imbuído de consensos e conflitos e repleto do objeto de estudo com o ser humano, porque
de identidades, onde se pratica a cidadania. A vivemos em um lugar, estamos inseridos na paisa-
paisagem, que nos revela os elementos sociais e gem e nos apropriamos da natureza para produção
naturais e sua interação com os seres humanos e organização do nosso espaço em um território.
em um permanente processo de transformação no

Encaminhamento metodológico
O trabalho com Geografia em sala de aula • Construção de conceitos, análise de dados
deve partir de um pressuposto que considera o e fatos, busca (pesquisa) de respostas e de
espaço dinâmico e plural, ao contrário de estático soluções para questionamentos propostos;
e único. O aluno será orientado no sentido de • Aplicação das respostas e soluções que con-
perceber e sentir que o espaço está sendo cons- tribuam pra a melhoria da realidade vivida;
truído historicamente pelo ser humano, por meio • Comparação da sua realidade com a de ou-
de processos em movimento que refletem a sua tros grupos sociais, em outras condições,
atuação, o seu trabalho e as transformações que próximas ou distantes da sua;
ele, como agente importante desse processo, deixa
• Compreensão da realidade social da popu-
como suas marcas no espaço e no tempo.
lação brasileira, analisando de maneira res-
Assim sendo, a metodologia utilizada é a que peitosa a diversidade existente, sem negá-la;
se segue:
• Desenvolvimento e aprimoramento da leitu-
• Exploração e valoração de conhecimentos ra cartográfica por meio de procedimentos
prévios retirados do cotidiano do aluno para necessários à sua compreensão;
análise e discussão de situações reais, com
• Trabalho com aulas expositivas em uma
a finalidade de compreendê-las e interferir,
perspectiva dialógica;
se necessário, para melhorá-las;
• Desenvolvimento cognitivo do aluno cen-
• Utilização de atividades motivadoras e sen-
trado em sugestões propostas pelos PCNs;
sibilizadores por meio de poemas, músicas,
charges entre outros, buscando o desenvol- • Abordagem de temas relativos ao Brasil em
vimento de competências de análise para o uma perspectiva física, socioeconômica,
favorecimento da aprendizagem; política e cultural;
• Construção de hipóteses e sugestões de lei- • Trabalho com a interdisciplinaridade com
tura sobre temas comumente transcritos na ícone específico que alerta quando um tema
mídia escrita e falada; pode ser abordado a partir de outro referen-
cial disciplinar;
• Busca de soluções de “como resolver”, in-
dividualmente ou em grupo, situações apre- • Reconhecimento e estabelecimento das
sentadas como problematizações; relações entre as diversas escalas de fenô-
menos geográficos (local, regional e global
476
e vice-versa);

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• Reconhecimento, a partir de análise do es- sentido de dar significação ao cotidiano
paço geográfico, das relações e interações do aluno jovem e adulto, preparando para
de fenômenos sociais e naturais; incorporar conceituações mais elaboradas
• Analise crítica da apropriação e transfor- cientificamente;
mações do meio ambiente, considerando • Proposta de ordenamento de fatos geográ-
o uso de tecnologias, as demandas sociais ficos que levarão gradativamente à uma
e a preservação; esfera crescente de reflexão, individual ou
• Condução com autonomia do processo de em grupo, chegando até a esfera global e
aprendizagem, buscando, no conhecimento desta retornando;
teórico, os elementos para sua própria afe- • Execução de questões geográficas dissertati-
rição do mundo; vas, visando ampliar a escrita, a criatividade
• Apropriação do conceito de cidadania para e a capacidade de sintetizar e estabelecer
atuar na sociedade, interferindo positiva- conclusões;
mente nas escalas espaciais em que está • Apresentação de textos condutores de re-
inserido; flexões, tendo por base problematizações
• Compreensão dos conceitos de lugar, pai- que se encontram presentes em toda a obra
sagem, região e território para desvelar as didática;
relações do ser humano com esses espaços; • Propostas de pesquisas paralelas como com-
• Desenvolvimento da competência do pen- plementos a serem discutidos conjuntamen-
sar criticamente e de elaborar conclusões te em classe;
pessoais a respeito dos temas discutidos; • Leitura e análise de tabelas e gráficos, ins-
• Desenvolvimento da leitura de mapas, esti- trumentos importantes na compreensão de
mulando a formação de um hábil e frequen- conceitos geográficos.
te leitor desse tipo de material;
• Escolha de temas a serem abordados no

Avaliação
Nesta obra, a disciplina de Geografia irá Será uma avaliação que se constituirá em um
tratar da avaliação como um processo que deve processo de crescimento e desenvolvimento do
ser formativo, contínuo, global e adaptado às di- sujeito/cidadão, visando capacitá-lo para atuar na
ferentes clientelas que serão avaliadas. No caso sociedade com autonomia, respeito e colaboração,
específico da Educação de Jovens e Adultos (EJA), entendendo melhor e preservando o meio ambiente
nos deparamos com uma grande diversidade de em que vive; inserido em uma sociedade em que
alunos em sala de aula. ele é o contribuinte da melhoria e agente de trans-
Sejam eles jovens ou idosos; trabalhadores formações positivas sob todos os aspectos.
ou não; com graus de conhecimento variados; A Geografia, como disciplina escolar oferece
com objetivos diferenciados a atingir, entende- subsídios para que professores e alunos ampliem a
mos que a avaliação deva fazer parte do processo qualidade de suas representações sociais, conhe-
ensino-aprendizagem de forma muito qualitativa, cendo as múltiplas dimensões da realidade, seja
lançando mão de instrumentos, também diversi- natural, social e histórica, que constantemente se
ficados, que realmente propiciem o aprendizado reorganizam no dinamismo apresentado por uma
de cada aluno com características inerentes a essa rede de mundialização econômica.
clientela. (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2007) 477

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M a n u a l d o E d u c a d or
Ao professor, caberá, além das atividades su- início, inúmeras oportunidades para que se efe-
geridas, complementar com outras adequadas ao tive uma avaliação diagnóstica do aluno, (re)co-
nível de desenvolvimento de seus alunos, resga- nhecendo pelas problematizações oferecidas na
tando conhecimentos, dando retorno ao longo do “Roda de conversa” os conhecimentos prévios que
processo, no sentido de orientá-los para o alcance ele possui, permitindo traçar caminhos “a partir
de seus objetivos. de”, e definir formas de abordagem.
O papel do aluno será o da plena partici- É importante lembrar que práticas avaliativas
pação, utilizando os instrumentos de avaliação diversificadas indicam ao professor em que medi-
que lhe são oferecidos como análise do seu de- da a sua metodologia está estimulando os alunos e
sempenho e como forma de percepção do seu ela é passível de adaptações e mudanças ao longo
crescimento cognitivo. do processo, se necessário.
As atividades propostas ao longo do livro A Geografia é uma ciência que permite um
podem servir de avaliação contínua ou formal foco muito próximo nas competências e habili-
e também como norteadoras na elaboração de dades desenvolvidas e se amplia para além do
outras, que poderão se suceder com grau de com- âmbito disciplinar, conduzindo o aluno para a
plexidade maior se assim o contexto exigir. tomada de decisões e posturas; obtenção de aná-
Ao observar a realização das atividades pro- lise crítica sobre fatos do cotidiano; interferência e
postas durante as aulas, o professor já está reali- inter-relação na comunidade que frequenta; entre
zando uma prática que lhe oferece subsídios para outras. Dessa forma, ocorre a avaliação formativa
avaliar seus alunos. do aluno como cidadão que deve também ser
considerada na avaliação escolar.
Os temas apresentados oferecem, no seu

Orientação para as unidades – volume 3


Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente

OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO


Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Observar e analisar o • O meio ambiente que • Problematizações • Compreender a relação
meio ambiente no sen- estou inserido: fascínio e levantadas sobre as dos seres humanos e a
tido de entender as mu- preocupações. ações efetivadas no climatologia.
danças climáticas e os meio ambiente pelos • Associar as ações hu-
efeitos na vida do ser seres humanos e manas negativas no
humano. suas consequências. meio ambiente às ca-
• Compreender que as • Discussões acerca da tástrofes que ocorrem
alterações climáticas importância, na vida atualmente.
podem ser naturais, dos seres humanos, • Analisar as suas pró-
mas também provoca- do equilíbrio climático prias ações em relação
das pela ação humana. do planeta. ao meio ambiente em
que vive.
• Estabelecer a diferença • Tempo e clima: qual é a • Elaboração de diálo- • Estabelecer a diferença
entre as ciências “me- diferença? gos que permitam a entre a ciência meteo-
teorologia” e “climatolo- distinção entre os ter- rológica e a climatoló-
gia”. mos “tempo” e “clima”. gica.
478 • Analisar e compreender • Leitura de mapas me-
mapas meteorológicos. teorológicos.

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• Analisar as variações • Compreender em quais
do clima durante as situações se deve utili-
estações do ano e os zar corretamente os ter-
elementos que provo- mos “clima” e “tempo”.
cam essas alterações. • Distinguir as alterações
e mudanças climáticas
durante as estações do
ano.
• Reconhecer os prin- • Brasil: um só país... di- • Análise e localização • Identificar os tipos cli-
cipais tipos climáticos versos tipos climáticos. dos climas brasileiros. máticos do Brasil e
brasileiros. • Compreensão dos ele- suas características.
• Analisar o mapa cli- mentos que compõem • Proceder a leitura cor-
mático do Brasil e os o mapa climático ana- reta de mapas com
elementos que o com- lisado. informações meteoro-
põem. lógicas.
• Analisar o mapa • Reconhecimento das • Conscientizar-se das
climático do Brasil e principais característi- alterações negativas
os elementos que o cas de cada tipo climá- que o homem pode
compõem tico. provocar na natureza.
• Caracterizar os tipos • Reconhecimento de • Discutir e apontar as
climáticos do Brasil. como a meteorologia variadas formas de
• Analisar as catástro- influencia o dia a dia como o clima e o tempo
fes ambientais que das pessoas. influenciam as ativida-
ocorrem nas áreas • Levantamento de su- des da sociedade.
urbanas e os fatores gestões que possam • Sugerir atitudes a se-
que os provocam. auxiliar para o não de- rem tomadas para não
• Analisar o papel das sequilíbrio climático do comprometer o equilí-
APPs – Áreas de Pre- planeta. brio climático.
servação Permanente • Conhecimento do novo • Concluir sobre as APPs
– na preservação das Código Floresta Brasi- e seu papel no regime
matas ciliares e sua leiro, no que se refere pluvial que interfere no
proteção ao regime de às APPs, e a polêmica clima.
chuvas. sobre as matas ciliares.
• Reconhecer a água • Água, riqueza líquida. • Problematizações • Reconhecer a impor-
como elemento de acerca da importância tância da água no
suma importância para da água para o ser desenvolvimento da
o desenvolvimento da humano. vida.
vida no planeta. • Análise de dados • Estabelecer conclu-
• Analisar o estudo e infográficos que são a respeito da
denominado “Pegada permitem constatar a preservação da água,
Hídrica da Humanida- quantidade de água utilizando-a racio-
de” e sua importância utilizada para a pro- nalmente para o seu
nos planejamentos dução econômica no consumo próprio.
governamentais. país. • Analisar dados impor-
• Conhecer a forma • Constatação quantita- tantes da utilização
como a água está tiva da distribuição de da água no processo
distribuída no planeta água doce no planeta. produtivo de alimen-
e constatar a disponi- • Conscientização tos.
bilidade existente para sobre o uso racional • Adotar postura capaz
o consumo humano. das reservas de água de conservar, econo-
• Avaliar a importância doce existentes no mizar e contribuir para
do elemento “água po- Brasil. a não poluição de
tável” que se encontra nossos mananciais. 479
concentrada no Brasil.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Conceituar “bacia hidro- • Nossas bacias hidro- • Localização das bacias • Reconhecer em mapa
gráfica”. gráficas. hidrográficas brasileiras. do Brasil as bacias hi-
• Reconhecer as bacias • Reconhecimento das drográficas.
hidrográficas brasilei- partes componentes • Reconhecer as partes
ras. de um rio. componentes de um
• Tomar conhecimento • Identificação da(s) rio.
do projeto de Transpo- bacia(s) que banha o • Ler mapa das bacias
sição do Rio São Fran- estado onde o aluno hidrográficas, identifi-
cisco. mora. cando a que banha o
• Conhecer as partes de • Efetivação de pesquisa seu estado.
um rio. sobre o andamento do • Debater sobre os prós
projeto de Transposi- e contras do projeto de
ção do Rio São Fran- Transposição do Rio
cisco. São Francisco.
• Reconhecer as princi- • Vegetação brasileira: um • Reconhecimento e • Identificar as tipologias
pais diferenças entre as mundo de diversidades. registro dos principais da vegetação brasileira
paisagens vegetativas tipos de vegetação e e suas características.
brasileiras. suas características. • Associar a devastação
• Reconhecer os princi- • Leitura e identificação às diversas causas que
pais tipos vegetativos de imagens da vegeta- levaram o ser humano
do país e suas carac- ção brasileira. a praticá-las.
terísticas. • Interpretação de ma- • Classificar o estado em
• Reconhecer a diferença pas que demonstram que mora em relação à
entre a vegetação nati- a devastação pratica- ação antrópica.
va e a atual sob o enfo- da nos domínios vege- • Conscientizar-se da im-
que da devastação. tativos brasileiros. portância da vegetação
• Apresentar causas res- para o estabelecimento
ponsáveis pela devas- do equilíbrio climático
tação. do planeta.
• Constatar a importân-
cia da vegetação e sua
contribuição ao equilí-
brio climático.

Unidade 2 – Identidade social: formas de participação


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Estabelecer a diferença • Como, por que e para • Debates sobre a pró- • Diferenciar identidade
entre identidade pesso- que participar? pria identidade do alu- pessoal de identidade
al e social. no e a de grupos que social.
• Debater acerca da par- ele frequenta. • Entender a importância
ticipação em grupos • Debates sobre as diver- de participar de grupos
sociais. sas formas de partici- sociais que visam à
• Reconhecer ONGs par em grupos sociais. melhoria da sociedade.
como grupos que tra- • Conscientização sobre • Conhecer os diversos
balham em prol da so- a importância da atu- tipos de ONGs e anali-
ciedade. ação ativa em grupos sar a atuação das mes-
• Reconhecer a impor- sociais. mas.
tância de atuar em gru- • Debates sobre grupos
480 pos visando melhorar a excluídos pela socie-
vida no planeta. dade.

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• Estabelecer relações • Mensurar a qualidade • Resgate de conheci- • Apontar itens que se
entre “qualidade de de vida promove o de- mentos prévios sobre relacionem com quali-
vida” e “desenvolvimen- senvolvimento huma- o tema. dade de vida.
to humano”. no? • Debates que condu- • Apontar itens que se
• Entender o que é o zam a relação existen- relacionem com o de-
I.D.H. e suas mensura- te entre qualidade de senvolvimento humano
ções. vida e desenvolvimen- medido pelo IDH.
• Ler tabela comparativa to humano. • Estabelecer conclu-
de países com IDH Hu- • Conhecimento e dis- sões a respeito da ta-
mano muito alto e IDH cussão sobre os três bela comparativa do
humano Alto. itens avaliados na IDH dos países.
mensuração dos paí-
ses pelo IDH.
• Identificar fatores que • Quantos anos vou vi- • Debates a respeito da • Citar fatores que en-
encurtam ou prolongam ver? velhice. curtam ou prolongam
a vida humana. • Reconhecimento de a vida humana.
• Debater sobre o aten- • Uma visão contemporâ- como está o atendi- • Apontar fatores que
dimento em saúde em nea da velhice. mento do governo contribuíram para o
nosso país. brasileiro em relação aumento da longevida-
• Debater sobre os fa- à saúde dos idosos. de no Brasil.
tores que contribuem • Levantamento dos • Analisar e verificar o
para o aumento da lon- problemas que afetam cumprimento dos ar-
gevidade do cidadão a população idosa de tigos da Constituição
brasileiro. nosso país. Brasileira sobre os ido-
• Discutir sobre o trata- • Debates sobre a con- sos.
mento dado aos idosos tribuição dos idosos • Conscientizar-se da im-
no Brasil. às populações mais portância da prática de
• Conhecer artigos da jovens. boas atitudes e ações
Constituição referentes • Análise dos artigos da de amparo para a po-
aos idosos. Constituição Brasileira pulação idosa.
a respeito dos idosos.
• Conhecimento a res-
peito de atitudes mun-
diais como “As cidades
amigas dos idosos”.

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Reconhecer a diversi- • Diferentes culturas, dife- • Explanação dialógica • Compreender a diver-
dade étnica brasileira. rentes pessoas: migra- aos alunos sobre os sidade étnica brasileira
• Reconhecer os elemen- ções. elementos formadores resultante da miscige-
tos culturais provenien- da cultura de um povo. nação.
tes da nossa formação • Estímulo à discussões • Associar os elementos
étnica. sobre os ancestrais culturais da população
dos alunos, correlacio- às suas origens étnicas.
nando à formação étni- • Entender a população
brasileira com suas
ca do povo brasileiro.
características étnicas
e culturais, resultando
em tipos característicos 481
da “brasilidade”.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Relacionar a pluralida- • Sociedade brasileira: • Análise da miscige- • Compreender que nos-
de étnica aos movimen- exemplo de pluralidade. nação resultante do sa sociedade atual é
tos migratórios. processo migratório resultante da miscige-
característico dos pri- nação étnica associada
mórdios da história à cultura dos povos que
brasileira. imigraram para o Brasil.
• Identificar a diversida- • Identificar a diversida- • Problematizações ex- • Conscientizar-se a res-
de cultural relacionada de cultural relacionada plorando exemplos peito das condições de
à desigualdade social. à desigualdade social. acerca da diversidade vida da população ex-
cultural que exclui pes- cluída socialmente e
soas da integração na apontar soluções para
sociedade. a problemática.
• Reconhecer na paisa- • Aspectos contraditórios • Observação dos as- • Reconhecer na sua
gem urbanística brasi- da desigualdade brasi- pectos contraditórios própria cidade aspec-
leira as contradições leira: entre favelas e que as cidades apre- tos desiguais na paisa-
existentes. tecnopólos. sentam acerca de de- gem urbana.
senvolvimento e sub-
desenvolvimento.

Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Conscientizar o aluno • Um povo impulsiona a • Problematizações a • Entender que as ativi-
da importância do tra- produção. respeito do trabalho dades produtivas de-
balho na vida humana. não apenas como for- sempenhadas pelo ser
• Acompanhar a evolu- ma de sobrevivência, humano podem ser
ção, formas e tipos de mas sim, também, feitas também para a
trabalho em nossa his- como atividade praze- realização pessoal.
tória. rosa. • Perceber que as téc-
• Reconhecimento da nicas de produção
evolução do trabalho evoluíram ao longo do
na história. tempo.
• Compreender que o tra- • Parcerias: trabalho, • Comparação das con- • Entender o aprimora-
balho humano evoluiu industrialização e de- dições dos trabalhado- mento das técnicas
para a industrialização senvolvimento. res no início do século até a industrialização,
e que esta promove o XX e os trabalhadores que deve promover o
desenvolvimento. atuais. desenvolvimento.
• Comparar a situação
dos trabalhadores de
ontem e de hoje. Esta-
belecer conclusões.
• Investigar a situação • Mulher combina com • Levantamento das • Avaliar se ocorrem dife-
das mulheres no mun- sustentabilidade? respostas às proble- renças no mercado de
do do trabalho. matizações da roda trabalho em relação às
• Conscientizar-se da de conversa. mulheres e identificar
importância da mão de • Investigação sobre as essas diferenças.
obra feminina no mun- mulheres que traba- • Debater, expondo opi-
do do trabalho. lham e o estabeleci- nião pessoal, sobre a
mento de comparações importância do trabalho
482 com os homens traba-
feminino.
lhadores da classe.

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• Relacionar o trabalho • Demonstração de ativi- • Discutir sobre o traba-
de mulheres com a sus- dades laborais centra- lho sustentável e se
tentabilidade. das na sustentabilida- este poderá se esten-
de. der também ao merca-
do de trabalho mascu-
lino.
• Globalização: benefí-
cios ou não?

Textos de apoio
Diferentes pessoas, diferentes culturas: Migrações
[...] Antes de mais nada, devemos considerar aos imigrantes, considerados ususpadores das opor-
que os movimentos migratórios, o ato de emigrar, tunidades de trabalho. [...]
significam a existência de dois problemas: tanto [...] Os imigrantes lutam para não perder a sua
uma ruptura do emigrante com o seu lugar de ori- identidade, procurando manter vivas as lembranças
gem quanto a necessidade de reintegração social na e as tradições dos lugares de origem. Os nascidos
condição de imigrante em seu local de destino. O nos lugares procurados pelos imigrantes resistem às
primeiro é marcado pelo distanciamento físico nas ameaças de perder suas identidades de primeiros
relações familiares e de amizades, assim como pelo povoadores do território. Para os primeiros é a luta
abandono das imagens dos lugares que marcam o para resistir à subordinação. Para os segundos é a
cotidiano das pessoas: bairros, ruas, povoados, etc. luta para garantir seus privilégios como pioneiros.
O segundo representa a condição de forasteiro, de Assim sendo, tudo nos leva a crer que as trans-
estranho, e a consequente necessidade de integração ferências de populações brasileiras de uma região
com o novo espaço físico e social. para outra, do campo para a cidade, foram acom-
Ruptura e integração são processos que acom- panhadas de traumas e conflitos. Grande parte da
panham os migrantes, quase sempre junto com con- população moradora hoje nas grandes cidades bra-
flitos tanto de natureza psicológica como sociocul- sileiras é constituída por migrantes nordestinos e elas
tural. O sentimento de perda em relação ao lugar de guardam ainda o apego aos seus lugares de origem.
origem é vivido conjuntamente com o da esperança Para muitos ainda se coloca a expectativa de retorno
de conquista em relação ao novo. Seus traços cul- aos lugares em que viviam, antes da chegada. Outros
turais, que se expressam pelas diferentes formas de tentam a reintegração às novas relações de trabalho,
linguagem (fala, modo de vestir, música, etc.), aca- subordinando-se aos novos padrões de vida na ci-
bam transformando-se, no lugar que os recebe, em dade, sem esperança de retorno, porém com seus
sinais identificadores do forasteiro. Negar ou persistir valores fortemente arraigados na vida do campo. [...]
no cultivo dessa linguagem é um dos dilemas que Talvez um dos grandes indicadores do subdesen-
se colocam para o imigrante. volvimento seja a perda de identidade das populações
Quase sempre tais conflitos acabam gerando pela imposição de uma itinerância nascida da pobreza.
discriminação e segregação, criadoras dos guetos [...]
étnicos e culturais de migrantes vindos do exterior ou Jurandyr L. Sanches Ross (Org.), Geografia do Brasil. São Paulo: USP,
do próprio país. Nos momentos de crise do mercado 1995. P. 396-9.
de trabalho, essa segregação aumenta em relação

Vegetação brasileira: um mundo de diversidades


O território brasileiro, devido à sua magnitude Tropical. Pode-se afirmar que um pesquisador ativo,
espacial, comporta um mostruário bastante comple- entre nós, em poucos anos de investigações, pode-
483
to das principais paisagens e ecologias do Mundo ria percorrer e analisar a maior parte das grandes

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M a n u a l d o E d u c a d or
paisagens que compõem o mosaico paisagístico e gráficos e ecológicos, que podem se repetir ou não
ecológico do país.[...] em áreas vizinhas e que, na maioria das vezes, não se
Diga-se de passagem que, a despeito de a maior repetem em quadrantes mais distantes [...].
parte de paisagens do país estar sob a complexa Até o momento foram reconhecidos seis grandes
situação de duas organizações opostas e interfe- domínios paisagísticos e macroecológicos em nosso
rentes – ou seja, a da natureza e a dos homens –, país. Quatro deles são intertropicais, cobrindo uma
ainda existiam possibilidades razoáveis para uma área pouco superior a sete milhões de quilômetros
caracterização dos espaços naturais, numa tentativa quadrados. Os dois outros são subtropicais, consti-
mais objetiva da estruturação primária das mesmas tuindo aproximadamente 500 mil quilômetros qua-
(Ab’Sáber, 1973) [...]. drados em território brasileiro, posto que extravasando
No presente trabalho, entendemos por domínio para áreas vizinhas dos países platinos. A somatória
morfoclimático e fitogeográfico um conjunto espacial das faixas de transição e contato equivale a mais ou
de certa ordem de grandeza territorial – de centenas menos um milhão de quilômetros, em avaliação es-
de milhares a milhões de quilômetros quadrados de pacial grosseira e provisória. Pelo menos cinco dos
área – onde haja um esquema coerente de feições de domínios paisagísticos brasileiros tem arranjo em geral
relevo, tipos de solo, formas de vegetação e condições poligonal [...]
climático-hidrológicas. Tais domínios espaciais, de fei- 1. O domínio das terras baixas florestadas da
ções paisagísticas e ecológicas, integradas, ocorrem Amazônia; 2. O domínio dos chapadões centrais
em uma espécie de área principal de certa dimensão e recobertos por cerrados, cerradões e campestres;
arranjo, em que as condições fisiográficas e biogeográ- 3. O domínio das depressões interplanálticas se-
ficas formam um complexo relativamente homogêneo miáridas do Nordeste; 4. O domínio dos “mares de
e extensivo. [...] Cada setor das alongadas faixas de morros” florestados; 5. O domínio dos planaltos de
transição e contato apresenta uma combinação dife- araucárias.
rente de vegetação, solos e formas de relevo. [...] Na Aziz Nacib A’b Sáber. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades
verdade, cada setor dessas alongadas faixas representa paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. p. 10-3.
uma combinação sub-regional distinta de fatos fisio-

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_____. Por uma nova geografia. São Paulo: Hucitec, 1978.
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pinas: Papirus, 1998. STRAFORINI R. Ensinar Geografia: o desafio da totalidade-mundo
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MIRANDA. Sérgio Luiz. O lugar do desenho e o desenho do lugar

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Ciências
Concepção da disciplina
Vivemos na era do conhecimento, e os temas, Sem essas considerações, o conhecimento
ciência e tecnologia, são largamente difundidos produzido corre o risco de ser mistificado e dog-
pelos espaços formais e não formais da educação, matizado, deixando, portanto de ser Ciência.
permeados pelas diferentes mídias e linguagens. Importante destacar que o uso do científi-
Essa ciência, presente no cotidiano, é absorvida co apresenta contradições: ao mesmo tempo em
sem nenhuma reflexão a respeito de sua produção que apresenta soluções, pode criar problemas.
ou dos interesses que estão nela envolvidos. Por exemplo: uma usina nuclear pode ser solução
Como construção humana, a ciência é per- para demandas de energia cada vez maiores nos
meada por valores culturais, interesses econômi- grandes centros urbanos; e, ao mesmo tempo,
cos, sociais e políticos que atuam em conjunto representa possibilidades de destruição da vida
para legitimar uma visão de mundo. em caso de acidentes.
Por essa natureza, a ciência revela-se não Nessa perspectiva, o ensino de Ciências pas-
neutra. O conhecimento científico não deve ser sa a ser determinante na construção de um cida-
entendido como um conjunto de verdades abso- dão autônomo, crítico e atuante.
lutas, prontas, acabadas e imutáveis, podendo a
[…] conviver com produtos científicos e tec-
qualquer momento ser retomado, acrescentado,
nológicos é algo hoje universal, o que não sig-
ou mesmo descartado.
nifica conhecer seus processos de produção e
[...] O percurso das ciências tem rupturas e de- distribuição. Mais do que em qualquer época do
pende delas. Quando novas teorias são aceitas, passado, seja para o consumo, seja para o traba-
convicções antigas são abandonadas em favor de lho, cresce a necessidade de conhecimento a fim
novas, os mesmos fatos são descritos em novos de interpretar e avaliar informações até mesmo
termos criando-se novos conceitos, um novo as- para poder participar e julgar decisões políticas
pecto da natureza passa a ser explicado segundo ou divulgações científicas na mídia. A falta de
uma nova compreensão geral, ou seja um novo informação científico-tecnológica pode compro-
paradigma. [...] (PCN Ciências, v. 4, p. 23) meter a própria cidadania, deixada a mercê do
mercado e da publicidade. (PCNs – Ciências
Outra questão a ser mencionada diz respeito Naturais, p. 22)
ao “método científico”, muitas vezes entendido
equivocadamente como uma “fórmula mágica”, Assim, cabe à educação científica instrumen-
constituída por um conjunto de etapas que de- talizar o sujeito para desvelar a realidade, possibi-
vem ser seguidas mecanicamente para se obter litando o exercício da cidadania e desenvolvendo
um conhecimento que represente uma verdade a consciência crítica, quanto aos apelos publicitá-
absoluta. É preciso esclarecer que o método cientí- rios, às armadilhas do mercado e ao consumismo
fico é aberto, sujeito a mudanças e reformulações, desenfreado.
e portanto, não tem o compromisso em garantir Segundo Moura e Vale (2003), o ensino de
verdades absolutas. Ele também é uma constru- Ciências deve estar comprometido na compre-
ção humana, e como tal, sujeito a interpretações ensão dos fenômenos naturais e dos modelos de
subjetivas. explicação criados para o entendimento deles.
A construção do conhecimento científico Nesse sentido, é de suma importância a análise
é guiada por paradigmas que influenciam a ob- de como a sociedade se relaciona com tais fenô-
servação e a interpretação de certo fenômeno. menos, não somente para sua compreensão, mas, 485
(BORGES, 1996) principalmente, para as intervenções possíveis.

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M a n u a l d o E d u c a d or
No ensino de Ciências Naturais, os desafios e suas implicações no cotidiano.
estão relacionados à questões como entendimen- Em suma, o ensino de Ciências Naturais deve
to, respeito, valorização e cuidado com o corpo possibilitar o aprendizado dos conceitos cientí-
humano; a compreensão e valorização das diver- ficos escolares, visando inserir os estudantes no
sidades de formas de vida que coabitam o planeta; debate social a respeito de ciência, tecnologia e
o entendimento do desenvolvimento tecnológico suas implicações.

Encaminhamento metodológico
A ciência escolar é constituída por conceitos, historicidade. Além disso, o trabalho com Ciências
procedimentos e atitudes que são selecionados a Naturais pressupõe a postura investigativa e crítica
partir de um corpo de conhecimentos científicos. diante de fatos, fenômenos, ideias e circunstân-
O desafio é incorporar à prática de ensino cias. Isso significa um “pensar científico”, enquan-
os conhecimentos selecionados de forma a torná- to processo de sistematização do conhecimento,
-los relevantes para a formação de um cidadão para a construção de novos significados.
crítico, autônomo e conhecedor de seus direitos Um ensino que vise à aculturação científica deve
e deveres. ser tal que leve os estudantes a construir o seu
Para isso, o trabalho com as Ciências da na- conteúdo conceitual participando do processo
tureza, nesta coleção, segue os princípios da me- de construção e dando oportunidade de aprende-
todologia dialética. Nesta metodologia, a prática rem a argumentar e exercitar a razão, em vez de
social se constitui o ponto de partida e de chegada fornecer-lhes respostas definitivas ou impor-lhes
da ação pedagógica. Considera-se como prática seus próprios pontos de vista transmitindo uma
social o universo central do cotidiano das pessoas. visão fechada das Ciências. [...]
A partir desse universo, a dinâmica pedagógica se (Anna Maria Pessoa de Carvalho - 2010 – CENGAGE Learning)
dá na interação estudantes/professor/conhecimen-
tos, que reconhece o aluno como sujeito pensante Entende-se por “aculturação científica” o en-
e protagonista do seu aprendizado. sino de Ciências em oposição à “acumulação de
[...] O processo educativo é uma acumulação conteúdos científicos” com perfil enciclopedista.
de experiências mais do que de conhecimen- (Mattheuws, 1994).
tos. Nessa perspectiva, os alunos da EJA trazem Logo, ensinar Ciências significa entender a
consigo bagagem considerável de experiências prática cotidiana como objeto de observação e sis-
que podem e devem ser usadas pelo professor a tematização; encaminhar atividades que propiciem
favor das ações educativas. O protagonismo do troca de ideias, comprovações, organização e regis-
estudante, nesta, mais do que em qualquer outra tro escrito; aplicar princípios científicos em contextos
modalidade, é palpável e expressivo. Alunos da diversos; construir, ampliar e aperfeiçoar conceitos;
EJA são protagonistas de reais e ricos em expe- e utilizar adequadamente a terminologia científica.
riências vividas. [...] (Caderno de orientações
Para concluir, vale ressaltar que o ensino de Ciên-
didáticas para EJA – SP)
cias, como todo processo educativo, está perma-
A prática pedagógica deve proporcionar ao nentemente em discussão e revisão numa dinâmica
aluno a diversidade de situações que resultem que busca atender às necessidades dos alunos em
em apropriação do conhecimento e, para tal, é incorporar os avanços alçados pelas pesquisas cien-
necessário que os conteúdos sejam abordados tíficas recentes, considerando as transformações
em sua totalidade, isto é, devem ser explicitados socioeconômicas e culturais pelas quais passa a
486 de maneira que se explorem os conceitos que sociedade”. PCN Ciências Naturais, p.37
constituem sua espacialidade, temporalidade e

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Avaliação
A avaliação é um dos temas mais importantes de ordem social, econômica política e cul-
no processo ensino-aprendizagem. Não é um pro- tural;
cesso simples quando a concebemos intimamente – Compreender a natureza como um todo
atrelada à concepção de ensino-aprendizagem dinâmico, e o ser humano, em sociedade,
aos conteúdos a serem ensinados, à metodologia como agente de transformação do mundo
utilizada e aos objetivos a serem alcançados. Esta em que vive, com relação essencial com os
dimensão faz da avaliação o grande desafio do demais seres vivos e outros componentes do
professor. ambiente;
A perspectiva atual é a de considerar o aluno – Identificar relações entre conhecimentos
como construtor do seu próprio conhecimento e científicos, produção de tecnologia e con-
o professor como mediador e orientador desse dição de vida, no mundo de hoje, sua evo-
processo. lução histórica, e compreender a tecnologia
Dessa forma, a avaliação não pode ser re- como meio para suprir necessidades huma-
sumida apenas em exigir do aluno a devolução nas, sabendo elaborar juízo sobre riscos e
mecânica dos conteúdos ensinados, muito menos benefícios das práticas científico-tecnológi-
ficar refém da semana de provas ou algo do gêne- cas;
ro, ou ainda, ser utilizada como forma de coerção – Compreender a saúde pessoal, social, e am-
ou uso do poder. biental como bem individual e coletivo que
Considerando esses pressupostos, a avalia- deve ser promovidos pela ação de diferentes
ção é parte do processo ensino-aprendizagem e agentes;
deve estar inserida na prática pedagógica de forma – Formular questões, diagnosticar e propor
diagnóstica, contínua e processual. soluções para problemas reais a partir de
Considerando especificamente os pressupos- elementos das Ciências Naturais, colocando
tos teóricos e os objetivos do ensino de Ciências em prática conceitos, procedimentos e atitu-
Naturais, para que a avaliação seja realmente sig- des desenvolvidos no aprendizado escolar;
nificativa, o professor precisa levar em conta os – Saber utilizar conceitos científicos básicos,
conteúdos selecionados significativos, os procedi- associados tanto à energia, matéria, trans-
mentos e métodos próprios da disciplina. formação, como espaço, tempo, sistema,
Entende-se que: aprender ciências (e aprender equilíbrio e vida;
sobre ciências) envolve a entrada dos jovens – Saber combinar leituras, observações, ex-
numa forma diferente de pensar e de explicar perimentações e registros para a coleta,
o mundo; tornar-se socializado, em maior ou comparação entre explicações, organiza-
menor extensão, nas práticas da comunidade ção, comunicação e discussão de fatos e
científica com seus propósitos particulares e em informações.
suas de ver e explicar as peculiares. (Driver et al
in Anna Maria Pessoa de Carvalho). É importante esclarecer que não se pode
centrar a avaliação em relatos de nomenclatu-
Leva-se em consideração como critérios para
ras, memorização repetitiva dos conhecimentos
a avaliação a proposta dos PCNs:
teóricos sem análise, e na supervalorização de
– Compreender a Ciência como um processo experiências que priorizam a causa e efeito.
de produção de conhecimento e uma ativi-
No processo de avaliação no ensino de Ciên-
dade humana, história associada a aspectos
487

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M a n u a l d o E d u c a d or
cias, é importante a análise diagnóstica do conhe- como ele constrói as conclusões científicas para
cimento prévio que o aluno tem, normalmente de os fenômenos.
senso comum, sobre fenômenos naturais, formas Os experimentos feitos coletiva ou individu-
de vida do planeta e corpo humano, desenvolvi- almente não podem servir como meio de avalia-
mento tecnológico. A partir desse conhecimento, ção sem que o aluno consiga esgotar o significado
o professor precisar criar mecanismos que possibi- do experimento e dele inferir conclusões adequa-
litem ao estudante o repensar desse conhecimento das, independente do resultado.
pela aquisição do saber científico. Assim, a avaliação no ensino de Ciências se
Ao mesmo tempo em que ocorre a instru- faz muito além de provas tradicionais que “co-
bram” conceitos e/ou explicações prontas de um
mentalização do saber, o professor deve utilizar-se
determinado conteúdo científico. O professor ava-
de formas avaliáveis dos avanços que o aluno
liador em Ciências deve ter a preocupação em não
está fazendo, tais como a análise sobre a apropria- exigir conceitos prontos e dogmatizados.
ção que ele faz das diversas etapas da construção
Note-se que o ensino de Ciências não visa a
do saber científico, sua capacidade de elaboração
formação do sujeito cientista, mas sim do sujeito
de hipóteses, seu trabalho com os procedimentos cidadão com um olhar científico sobre a realidade
próprios da investigação e/ou experiência e sua cotidiana.
habilidade em inferir conclusões possíveis e sig- É importante ainda salientar a necessidade
nificativas delas. de avaliar a dimensão social que o aluno dá à
O professor precisa avaliar como o aluno análise de cada experimento feita, de cada debate
analisa o fenômeno a ser estudado, e a partir daí, organizado e de cada conceito inferido.
como ele se apropria dos pressupostos do mundo
da ciência para ampliar sua visão de mundo, e

Orientação para as unidades – volume 3


Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente

OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO


Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Compreender o • O ser humano: que • Reflexão sobre o texto, “Que bicho • Comparar o ser hu-
corpo humano bicho é esse? é esse?”, e o que contribuiu para mano com os outros
como uma com- a nossa diferenciação em relação animais e justificar o
plexa rede de aos outros animais. que nos diferencia.
interdependência
entre os siste-
mas, que interage
com o ambiente
numa dimensão
que vai muito
além do biológico.

488

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• Conexão entre os • Estabeleça relação entre os sis- • Compreender que as
sistemas temas iniciando com a roda de células, os tecidos, os
conversa que mostra os desdo- órgãos e os sistemas
bramentos do ato de chutar uma do nosso corpo apre-
bola. sentam funções dis-
tintas na individualida-
de, mas no conjunto
funcionam de manei-
ra interdependente e
qualquer disfunção
pode comprometer a
saúde.
• Sistema Nervoso Chutando a bola ... • Reconhecer que o
• Retome a conexão entre os siste- sistema nervoso nos
mas e explique que o ato de chutar conecta ao ambiente
é voluntário, portanto, depende da através das nossas
nossa vontade e que isso está li- sensações, é respon-
gado ao cérebro. sável pelos nossos
• Relacione o ato voluntário com o movimentos e regula
sistema nervoso, começando com funções.
o neurônio, as sinapses, os estí-
mulos e os impulsos.
• Sistema Endócri- • Aumentando os batimentos cardí- • Identificar o sistema
no acos ... nervoso e o sistema
• Destaque a importância do sistema endócrino como res-
nervoso e do sistema endócrino, ponsáveis pela coor-
como coordenadores das nossas denação das diversas
funções. Para isso, é preciso vol- funções do nosso cor-
tar lá no chute da bola e explicar po.
a função do sistema endócrino no
momento em que o coração ace-
lerou.
• Estabeleça relação dos hormônios
com a diferenciação do corpo dos
meninos e das meninas, a questão
da TPM.
• Diabetes, crescimento corporal,
etc.
• Sistema locomo- • Movimentando ossos e músculos. • Compreender que o
tor: ossos e mús- • Retome o “chute na bola” através sistema locomotor
culos de questionamentos e reflexões é responsável pelo
para saber o que os alunos já sa- movimento do nosso
bem a respeito. corpo, sob a coorde-
• Explicite como o corpo se movi- nação do sistema ner-
menta, que sistemas estão aí en- voso.
volvidos.
• Enfatize que o nome e a quanti-
dade de ossos e músculos, têm
pouca importância. É fundamental
saber como eles se articulam com
outros sistemas e promovem o mo-
vimento do corpo.
489

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Trabalhe com modelos que mos-
trem a localização dos principais
ossos e músculos, para que os
alunos identifiquem alguns deles,
em relação ao seu próprio corpo.
• Sistema digestório Produzindo energia ... • Reconhecer a impor-
• Retome o texto “Conexão entre os tância dos sistemas
sistemas”, e investigue com os alu- digestório, respiratório
nos como foi produzida a energia e circulatório na pro-
para chutar a bola e quais siste- dução de energia.
mas então envolvidos.
• Relacione os sistemas digestó-
rio, respiratório e circulatório com
a produção de energia. Comece
explicitando o funcionamento do
sistema digestório e sua contribui-
ção na produção de energia.
• Sistema respirató- • Produção de energia... • Avaliar a importância
rio • Investigue com os alunos o que o dos sistemas digestó-
sistema respiratório tem a ver com rio, respiratório e cir-
a produção de energia. culatório na produção
• Explique como o sistema respira- de energia.
tório é um forte aliado na produção
da energia, que permite movimen-
tar o corpo para chutar a bola.
• Sistema circulató- • Produção de energia... • Avaliar a importância
rio • Investigue com os alunos o que o dos sistemas digestó-
sistema circulatório tem a ver com rio, respiratório e cir-
a produção de energia. culatório na produção
• Trabalhe a função do sistema cir- de energia.
culatório e sua ligação com a pro-
dução de energia.
• Explique “pressão arterial” e o
significado dos dois números na
medida da pressão.
• Auxilie os alunos na investigação
da pressão arterial em sala de
aula, para isso, é preciso conse-
guir um esfigmomanômetro e, se
possível, convidar uma pessoa do
posto de saúde mais próximo.
• Depois da pesquisa é preciso co-
locar os números num gráfico com
ajuda do professor de Matemática.
• Sistema excretor Filtrando o sangue ...
• Investigue com os alunos a impor-
tância de filtrar o sangue, o que é
hemodiálise, e porque as pessoas
necessitam recorrer a esse proce-
dimento.
• Explique o funcionamento do sis-
490 tema excretor e a importância da
filtração do sangue.

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• Na apresentação da pesquisa, é
importante a reflexão e o ques-
tionamentos sobre: hemodiálise,
importância de tomar pelo menos
2 litros de água por dia, etc.
• Sistema reprodu- • Continuidade da espécie... • Relacionar o siste-
tor • Investigue junto aos alunos o que ma reprodutor como
sabem a respeito de: fecundação, a possibilidade para
menstruação, sexo seguro, DST/ gerar filhos e com a
Aids, dia fértil, ovulação, etc. busca do prazer.
• Explique o texto “Continuidade da
espécie” começando com leitura,
questionamentos e reflexões.
• Durante a apresentação da pes-
quisa é importante abrir um debate
para discutir o conteúdo pesquisa-
do.
• Ser humano: mui- Sexualidade, relações de gênero, • Reconhecer o ser hu-
to além do biológi- sentimentos ... mano, muito além do
co • O início dessa ação pedagógica biológico, que intera-
seria a roda de conversa. Estimule ge com o ambiente
todos a falar, opinar, debater. numa via de mão du-
pla, em que transfor-
• Enfatize a importância da cultura
ma o outro.
na nossa história de vida.
• Diferencie “sexo” e “sexualidade”,
um é parte da nossa biologia o ou-
tro, está ligado às questões cultu-
rais.
• Trabalhe com os alunos as ques-
tões de gênero no sentido de am-
pliar a visão do que é o ser mas-
culino ou o ser feminino, como no
texto do livro do aluno: “Embora
exista em cada sociedade um mo-
delo ou uma referência do que é o
ser masculino ou o ser feminino, os
seres humanos ao longo da histó-
ria e permeados pela cultura, vem
subvertendo esses paradigmas e
expressando, na prática, uma infi-
nidade de maneiras de demonstrar
o que é o ser masculino e o ser
feminino”.
• Debata com eles o que significa
isso.
• Reflexão sobre: que influência a
questão do gênero tem na questão
salarial.

491

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M a n u a l d o E d u c a d or
Unidade 2 – Identidade social: formas de participação
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Compreender • Relação ser hu- • Exploração e análise das imagens • Compreender a im-
que a natureza mano-natureza. de abertura da unidade. portância do conheci-
é um todo dinâ- • Reflexão sobre o que as imagens mento sobre a nature-
mico. representam na relação homem- za para o sucesso do
-natureza. ser humano.
• Reconhecer o ser • Ser humano: caça- • Levantamento do conhecimento
humano como dor e coletor. prévio dos alunos, por meio de
parte integran- diálogo com a turma sobre o que • Reconhecer que o
te e agente de pensam a respeito da relação ho- ser humano altera o
transformação do mem-natureza. ambiente intencional-
mundo que vive. • Reflexão de que houve um mo- mente.
mento em que a relação do ser
• Ser humano: um humano com a natureza era ape-
ser que produz nas de coletor e caçador.
• Ressalte que nessa forma de rela-
cionamento também havia impacto
ao ambiente, mas que, provavel-
mente, não representava grandes
alterações.
• Trabalhe com o fator “tempo”, re-
fletindo que a espécie humana,
em relação aos outros animais, é
considerada recente no planeta.
• Relacione que as necessidades
criadas pela humanidade propor-
cionou o aumento na sua capaci-
dade de intervir na natureza.
• Refletir sobre o uso da tecnologia
desde as mais primitivas ( macha-
do de pedra), às atuais.
• Por meio da vivência dos alunos,
refletir sobre as mudanças provo-
cadas pelo ação do homem, ocor-
ridas no bairro ou na cidade em
que vivem.
• Debate sobre as causas e con-
sequências dessas mudanças.
(desmatamentos, construção de
prédios, de estradas, de usinas
de barragens, etc.).
• Conceituar os • Recursos renová- • Por meio da roda de conversa, pro- • Exemplificar recursos
recursos naturais veis porcionar aos alunos a reflexão de renováveis e não re-
renováveis e não que processos produtivos de todos nováveis.
renováveis. os bens (mercadorias) são possí- • Descrever a impor-
veis pelo uso dos recursos natu- tância dos recursos
rais. naturais para a vida
• Recursos não re-
492 nováveis em geral.

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• C o m p r e e n d e r • Consumo x Produ- • Ajude-os a compreender o signi- • Compreender por que
que os recursos ção de resíduos. ficado de “matéria-prima”, consul- um recurso renovável
naturais, depen- tando um dicionário. pode tornar-se não re-
dendo da forma • Definição dos termos “recursos re- novável.
de utilização, são nováveis” e “não renováveis” por • Reconhecer a ne-
limitados. meio da leitura do livro e pesquisas cessidade do destino
• Conhecer os pro-
cessos de recicla- em outras fontes (ver indicação de adequado ao lixo.
gem de lixo. site). • Relacionar a produ-
• Análise da intervenção humana no ção de resíduos ao
tempo, no espaço e no ambiente. consumo.
Percepção do ambiente mais pró-
ximo. Reconhecimento dos aspec-
tos próprios desse ambiente e das
transformações provocadas pelo
ser humano.
• Reflexão de que antigamente a
natureza era entendida como fon-
te inesgotável de recursos a serem
explorados e que hoje sabemos
que a exploração indiscriminada
e predatória pode levar ao esgota-
mento de recursos vitais. Lembrar
ao aluno que ele também é parte
da natureza.
• Leitura: ler e interpretar criticamen-
te a produção de resíduos pelas
pessoas, relacionando com o uso
dos recursos naturais.
• Discuta com os alunos sobre o
destino dos resíduos em sua co-
munidade. Argumentar sobre a
responsabilidade individual, cole-
tiva e pública sobre essa questão.
• Conhecer o tratamento dado ao
lixo coletado no lugar em que
mora.
• Proponha aos alunos uma obser-
vação nos arredores próximos à
escola para verificar se há lixo jo-
gado inadequadamente.
• Levante os problemas que isso
pode causar às pessoas, ao am-
biente, aos animais.
• Propor soluções para os proble-
mas encontrados.
• Reforce a importância da coleta
seletiva do lixo e da necessidade
de comprometimento das pesso-
as e do poder público em viabilizar
esse tipo de ação.
• Debata sobre as responsabilidades
com relação ao lixo: individual, co-
letiva, das empresas, e governos.
493
• (ver indicação de site).

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Compreender a • Ecologia • Por meio do conhecimento prévio, • Definir a importância
Ecologia como debater com a turma o conceito de da ciência Ecologia
uma ciência. • Educação “ecologia”. para o conhecimento
Ambiental • Refl exão sobre o uso da palavra do funcionamento da
• Entender a edu- “ecologia” como sinônimo de coi- natureza.
cação Ambiental sas relacionadas à natureza. Fazer • Compreender e exem-
relacionada aos • Desenvolvimento conexão com Língua Portuguesa. plificar a educação
fatores sociais, • Leitura do texto que enfoca a pre- ambiental inserida
sustentável
econômicos, po- ocupação da sociedade em geral num contexto social.
líticos e culturais. sobre os problemas ambientais. • Reconhecer a im-
Se possível, complemente o tema portância do traba-
• Reconhecer a enfocando a conferência ECO 92. lho com Educação
necessidade de Relacionar o documento chama- ambiental para a
um planejamen- do “AGENDA 21”, construído nesta conscientização dos
to para o manejo conferência, como um plano para cuidados com nosso
dos recursos na- salvar o planeta. (ver site). planeta.
turais. • Abordagem sobre Educação Am-
biental com ênfase nos temas da
sustentabilidade e da participação
social.
• A partir do exemplo do carangue-
jo--uçá, descrito no livro, debater
com os alunos outros exemplos de
manejo sustentável.
• Incentivar os alunos a investigar se
há exemplos semelhantes na sua
comunidade.
• Propor aos alunos desenvolver
projetos que poderiam ser usados
no seu contexto profissional com
uma abordagem de sustentabilida-
de.
• Conversar com os alunos sobre o
conceito de “conservar” e “preser-
var”. (Ver indicação de site).

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• Reconhecer no • Algumas caracte- • Exploração da fotografia da Terra: • Listar os principais
planeta Terra as rísticas do Planeta como foi feita a foto e enfoque na gases que compõem
características Terra. singularidade do planeta. a atmosfera terrestre.
que permitem • Ar • Por meio da roda de conversa le-
a vida tal qual a • Efeito estufa vantar o conhecimento prévio do • Reconhecer a impor-
conhecemos. aluno a respeito da atmosfera ter- tância do gás oxigênio
restre. no processo da respi-
• Reconhecer a • Por meio da leitura do texto ex- ração.
importância da plicativo, ressaltar a inter-relação
494 atmosfera terres- entre os seres vivos e a atmosfera
tre. terrestre.

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• Esclarecer aos alunos que a com- • Reconhecer a impor-
posição da atmosfera terrestre não tância do gás carbô-
foi sempre a mesma. Ela se for- nico no processo da
mou juntamente com a evolução fotossíntese.
dos seres vivos. • Reconhecer a fo-
• Por meio de diálogo, desmistificar tossíntese como um
a ideia de que dormir com plantas processo para a pro-
no quarto pode causar problemas dução de alimentos.
à saúde das pessoas. • Compreender que a
• Análise do esquema da fotossínte- fotossíntese é reali-
se e da respiração em uma planta. zada por seres vivos
• Reflexão sobre o fenômeno “efeito clorofilados.
estufa” por meio de diálogo e da • Compreender que
leitura do texto explicativo. os vegetais respiram
• Esclarecimento sobre a importân- continuamente.
cia desse fenômeno para a exis- • Relacionar a renova-
tência da vida. ção do oxigênio como
• Debates sobre os fatores que a fotossíntese.
podem comprometer o equilíbrio • Compreender a im-
do efeito estufa. Usar o dicionário portância do efeito es-
para buscar o conceito dos termos: tufa para a existência
“astrofísicos”, “geológicos”, “bioló- da vida.
gicos”, e “oceânicos”. Ajudá-los a • Relacionar alguns fa-
estabelecer relação com o fenô- tores naturais e pro-
meno do efeito estufa. venientes da ação
humana que podem
interferir no equilíbrio
do efeito estufa.
• Reconhecer a • Água • Trabalho com o conhecimento • Reconhecer a água
importância da prévio do aluno por meio da roda como elemento fun-
água para a exis- de conversa. Incentive a troca de damental para a exis-
tência da vida ideias. tência da vida.
• Analise o esquema que mostra a
porcentagem de água no corpo • Reconhecer as ações
humano. Nesse esquema, é im- humanas (poluidores)
portante saber como o aluno in- que podem compro-
terpreta o desenho. Explique que meter a água própria
a água compõe o corpo como um para o consumo hu-
todo. O esquema é apenas uma mano e outros ani-
forma didática para compreender mais (água doce).
que a maior parte do corpo huma-
no é composto por água. • Compreender a ne-
• Questione os alunos sobre se eles cessidade do uso ra-
sabem de onde vem a água que cional da água.
consomem, se essa água é tratada
ou não. Ressalte a importância do
• Descrever medidas
uso de água tratada. Associe doen-
cotidianas do uso ra-
ças como verminoses, disenteria,
cional da água.
cólera, leptospirose à água conta-
minada.
• Propor aos alunos (individual ou
coletivo) a confecção de um cartaz
que ilustre o ciclo da água na na-
tureza e aborde os estados físicos 495
em que a água é encontrada no
planeta.

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Compreender a • Biodiversidade • Inicie o assunto perguntando qual • Compreender que a
importância da o entendimento sobre biodiversi- biodiversidade é fator
biodiversidade • Ecossistema dade. importante no equi-
para o equilíbrio • Exemplifique os cinco reinos com líbrio dos ecossiste-
dinâmico do pla- os alunos. Ressalte o reino animal mas.
• Biosfera.
neta e vegetal. • Conceituar “cadeia” e
• Leitura do texto com os alunos. “teia alimentar”.
• Cadeias e teias
• Se possível, faça uma pesquisa • Definir seres produto-
alimentares
de campo no pátio da escola para res, consumidores e
observação de diferentes seres decompositores.
• Os cinco reinos vivos. Verificar e registrar: tipos • Reconhecer-se como
de seres vivos, local onde vivem um ser consumidor.
relacionando com a temperatura, • Reconhecer a depen-
umidade, luminosidade. dência que os seres
• Exploração de possíveis cadeias consumidores têm
alimentares existentes no espaço em relação aos seres
investigado. produtores.
• Reflexão de que as cadeias ali- • Reconhecer a impor-
mentares se fazem pela trans- tância dos decompo-
ferência de energia por meio da sitores nas cadeias
alimentação. alimentares.
• Se na escola existir um microscó- • Definir “biodiversida-
pio, faça uma aula de microscopia de”.
utilizando uma amostra de solo ou • Justificar a importân-
de água, para que os alunos per- cia de preservar a bio-
cebam a existência de seres mi- diversidade.
croscópicos ( seres vivos invisíveis
a olho nu).
• Dialogue com os alunos sobre a
posição humana na cadeia alimen-
tar (como consumidor) e enfatize
como algumas ações humanas
(poluição, desmatamento) podem
interferir nas cadeias e teias ali-
mentares causando desequilíbrio
nos ecossistemas.
Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o
aluno seja capaz como objeto de como significativo: aluno seja capaz de:
de: conhecimento:
• C o m p r e e n d e r • Origem do ser hu- • Análise da imagem de abertura • Reconhecer que o
como a ciência mano da unidade. – Conversa com os conhecimento cien-
explica a origem alunos sobre quem foi Leonardo tífico é resultado da
do ser humano. • Conhecimento Da Vince e refl etir sobre sua ca- construção humana,
• Reconhecer a científico. pacidade criadora e que, portanto, não
ciência como um • Se possível ampliar o conhecimen- pode ser dogmatiza-
fenômeno histó- • Tecnologia e socie- to por meio de uma pesquisa. do.
rico e perceber dade • Observação crítica das imagens
as implicações da cabine da nave espacial e da • Reconhecer a evolu-
políticas, sociais estação orbital. Favorecer um am- ção do ser humano a
496 e econômicas no biente para o diálogo e a troca de partir de um ancestral
fazer científico. ideias. comum.

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• Identificar re- • Pôr em pauta para a discussão a • Reconhecer a impor-
lações entre o origem do ser humano. Ressalte tância da tecnologia
conhecimento a importância do respeito aos di- para a melhoria da
científico, as pro- ferentes pontos de vista. qualidade de vida.
duções da tecno- • Esclareça como a ciência aborda
logia e as condi- a questão. • Compreender que a
ções de vida no • Interpretação da imagem da evo- tecnologia pode ser
mundo de hoje. lução dos primatas. utilizada de forma ina-
• Esclarecer o que significa o ser hu- dequada.
• Compreender a mano e os demais primatas terem
tecnologia como um ancestral comum. • Reconhecer o ser hu-
um meio para su- • Para enriquecer, esclareça que mano como produto e
prir as necessida- Darwin, cientista que elaborou a produtor da sua histó-
des humanas. teoria da evolução por meio de ria.
muitos estudos e observações,
• Reconhecer que nunca disse que o homem veio
a ciência é uma do macaco, como muitas pessoas
produção hu- pensam.
mana, histórica, • Esclarecer que o conhecimento
com implicações científico não é fechado, muito
políticas, sociais menos traz verdades absolutas.
e econômicas. • Questione sobre a potencialidade
humana em criar e inventar.
• Reflita com os alunos que a dife-
renciação humana não ocorreu
apenas pelas características bio-
lógicas, mas na interação dessas
potencialidades como o contexto
social vivido.
• Explicar aos alunos que à medida
que o ser humano transformava
a natureza, transformava-se a si
próprio.
• Propor aos alunos apontar a pre-
sença da tecnologia no espaço
onde estão. A ideia é a de que eles
percebam que a tecnologia está
presente nas ações mais simples e
costumeiras, como um lápis, uma
cadeira, o quadro de giz.
• Enfatize que o ser humano, nos di-
ferentes momentos da sua história,
teve formas diferentes de se rela-
cionar com o ambiente e construir
seus inventos e tecnologias.
• Leitura dos inventos indígenas.
• Reflita, também, sobre as ques-
tões culturais que determinam as
formas do ser humano se relacio-
nar com a natureza.

497

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M a n u a l d o E d u c a d or

Textos de apoio
Conhecimento: científico e cotidiano
Não há dúvida de que os conhecimentos pro- Depois de se reconhecer que as tonsilas exercem
duzidos pela ciência são verdadeiros. Esta frase uma importante função de defesa na porta de
simples precisa, no entanto, ser entendida em sua entrada do organismo, que é o trato digestivo, a
profundidade. A ciência não está amparada na ver- recomendação da operação é muito mais restrita
dade religiosa nem na verdade filosófica, mas em hoje em dia, sendo realizada apenas em último
um certo tipo de verdade que é diferente dessas caso, depois de tentados outros meios possíveis
outras. Não é correta a imagem de que os conhe- de tratamento.
cimentos científicos, por serem comumente fruto Este é um exemplo de que a experimentação
de experimentação e por terem uma base lógica, e a base lógica da ciência não lhe garantem a
sejam “melhores” do que os demais conhecimen- possibilidade de produzir conhecimentos inques-
tos. Tampouco se pode pensar que o conhecimento tionáveis e válidos eternamente. Mas a grande
científico possa gerar verdades eternas e perenes. questão é se outras formas de produção de co-
Muitas pessoas que viveram na década de nhecimento, sem a base experimental e lógica da
1960 perderam tonsilas, antigamente chamadas ciência, podem produzir conhecimentos válidos e
de “amígdalas”, através de cirurgias que passariam igualmente verdadeiros. Para tanto, examinaremos
a ser condenadas poucos anos depois. Naquela dois exemplos.
época, a ciência via aqueles órgãos como inúteis,
testemunhas do processo de evolução biológica. Sobrevivência nem sempre científica
Em espécies ancestrais aqueles órgãos teriam tido Dificilmente existe uma forma mais rigorosa
alguma função, perdendo qualquer utilidade nas para saber se um conhecimento é verdadeiro do
etapas subsequentes. Com as tonsilas era utilizado que testá-lo para saber se ele auxilia ou atrapalha
o mesmo raciocínio aplicado para outros órgãos, a sobrevivência das pessoas que o detêm. É um
como o apêndice vermiforme, o conhecido ór- teste muito duro!
gão responsável pelas “apendicites”. Mamíferos Podemos imaginar duas situações fictícias.
herbívoros, por exemplo, têm apêndices enormes Um grupo de pessoas está perdido em alto-mar,
e intestinos longos. Já mamíferos carnívoros têm após um naufrágio. Uma balsa com sobreviventes
apêndices pequenos e intestinos curtos. Assim, encontra frutos boiando na água, provavelmente
como a espécie humana não é herbívora (mes- uma carga de mangas transportada pelo próprio
mo que macrobióticos e vegetarianos em geral navio que se espalhou pelo mar depois que ele
discordem desta afirmação), ela não precisaria afundou. Como estão famintos, os náufragos se ali-
daquele órgão. Este raciocínio, aplicado às ton- mentam com as mangas até não aguentarem mais.
silas e coincidindo com interesses comerciais de
clínicas médicas privadas, resultou em cirurgias No mesmo dia, é encontrado um comparti-
realizadas em boa parte da população que podia mento secreto na balsa contendo leite esterilizado.
pagar por elas. Todos estão sedentos e sabem que o leite é um
ótimo alimento. Mas uma discussão se inicia no
Além daquele argumento lógico dos órgãos bote, uma vez que alguns argumentam que o con-
vestigiais, existem evidências experimentais. Pes- sumo de leite poderá levar a problemas digestivos,
soas sem as tonsilas tinham vala normal. Pessoas talvez até à morte, para aqueles que acabaram de
sem baço também. No entanto, passado algum comer grande quantidade de mangas.
tempo, percebeu-se que pessoas sem baço e sem
tonsilas apresentavam resistência imunológica Haverá algum fundo de verdade na afirmação de
comprometida em alguns casos. que comer manga e leite faz muito mal? O que
498 Faringites frequentes são o resultado mais os náufragos deveriam fazer?
comum entre aqueles que perderam suas tonsilas.

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Esta questão costuma ensejar uma boa dis- nativas são plantas rústicas, que não são atacadas
cussão. Decidem que os mais velhos do bote irão por quase nenhuma praga ou inseto, porque estão
tomar o leite e, se nada lhes ocorrer, as crianças o naturalmente protegidas pela ação de venenos
tomarão algumas horas depois. Os velhos tomam poderosíssimos, do grupo dos cianogênicos. Além
o leite e nada sofrem, o que libera o consumo aos disso, os métodos inventados pelos índios para
demais. processar a mandioca, como ralá-la, expô-la ao
Mas, com um pouco de sorte, nossos náufra- sol e torrá-la, são suficientes para destruir as subs-
gos conseguem chegar a uma pequena ilha deserta tâncias venenosas nela presentes.
depois de mais alguns dias sem ter nada o que Estes exemplos procuraram mostrar que não
comer. Apesar do frio e da chuva, ficam contentes se pode dizer que entre conhecimento cotidiano
ao encontrar muitos pés de mandioca nativa na e científico exista contradição, ou mesmo que um
ilha. Famintos, resolvem começar a comer ime- seja correto e o outro errado em termos absolutos.
diatamente a mandioca, sem cozinhá-la, quando Um filósofo1 certa vez escreveu que o conheci-
alguém diz que esse tipo de mandioca é venenosa mento cotidiano normalmente é analisado à luz
e que deverão cozinhá-la antes de comê-la. do conhecimento científico, o que resulta em uma
imagem negativa e deficiente. O caso da manga
Será que é verdade que este tipo de mandioca com leite, por exemplo, do ponto de vista cientí-
crua é venenosa? O que os náufragos devem fico é um desastre, não passa de uma verdadeira
fazer? anedota. A própria designação do conhecimento
cotidiano como “senso comum” é, em si, questio-
Tivesse sido feito o teste com a mandioca
nável, uma vez que existe uma certa conotação
crua, da mesma forma como com a manga, cer-
depreciativa na expressão2.
tamente teriam ocorrido alguns casos de envene-
namento. No conhecimento cotidiano, há coincidência
entre causa e intenção; nada ocorre por mero aca-
Esses são dois exemplos de conhecimento
so. Tudo é prático, aplicável, resulta em benefício
cotidiano, afirmações nas quais um grande grupo
individual imediato; as relações são perceptíveis e
de pessoas acredita por uma razão muito simples:
explicáveis, e não resultam da aplicação de qual-
elas funcionam em condições específicas.
quer método universalmente reconhecido; e ele
Há algum tempo, alguns escravos devem ter não constitui disciplina acadêmica. Mas é visto
salvado a vida por não terem bebido o leite da or- como uma espécie de “denominador comum da-
denha após terem comido mangas e outras frutas, quilo que um grupo ou um povo coletivamente
não pelo fato de que a mistura faz realmente mal, acredita, ele tem, por isso, uma vocação solida-
mas porque os fazendeiros os proibiam de fazê-lo. rista e transclassista”. Não se trata, portanto, de
Fala-se que essa história foi inventada por fazen- hostilizá-lo na escola. O que essa instituição deve
deiros na época da escravidão, para evitar que os fazer é proporcionar acesso a outras formas de
escravos bebessem o leite que retiravam das vacas. conhecimento que, muitas vezes, constituem ex-
Da mesma forma, muitos índios devem ter plicações alternativas — quando não frontalmente
evitado problemas graves de saúde, até mesmo a opostas — às crenças da coletividade3. Os alunos
morte, deixando de comer mandioca crua. têm o direito de saber que a manga e o leite não
O que é interessante neste último caso é que reagem quimicamente produzindo um veneno
os índios conseguiram estabelecer uma série de mortal, que isso está literalmente errado. Com a
verdades sobre a mandioca, seu caráter venenoso, mandioca ocorre o contrário, e os alunos podem
por exemplo, e conseguiram ainda propor méto- compreender não apenas a razão de evitar o con-
dos para eliminar a toxicidade da planta através sumo da mandioca crua como também a razão
do processamento de suas raízes. Embora a ciên- de as plantas de mandioca não serem devoradas
cia não reconheça (e nem mesmo conheça) os por formigas e outros insetos. Contudo, a tarefa
métodos empregados pelos índios para produzir de estabelecer a distinção entre conhecimento
essas verdades, ela reconhece seus resultados. Os cotidiano e conhecimento científico não é fácil,
cientistas puderam comprovar que as mandiocas pois isso deve ser feito sem desfazer o amálgama 499
social representado pelas crenças de um povo.

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M a n u a l d o E d u c a d or
Especificidades do conhecimento cotidiano conhecimento uma forma de abrandar restrições,
e do conhecimento cientifico sobretudo alimentares, às gestantes. Além disso,
trata-se de uma maneira de cercar de maior aten-
Ao evitar a expressão “senso comum” procu-
ção a mulher durante a gravidez, que se sente
ra-se sedimentar a concepção ampla de conheci-
mais amparada pela família e pela coletividade.
mento que emana de diferentes fontes. Os alunos
É evidente que a ciência não diz palavra alguma
têm fácil acesso àquilo que denominamos “co-
sobre essas crendices.
nhecimento cotidiano” e não deixarão de tê-lo ao
ingressarem na escola. Mas essa instituição é uma As contradições são normalmente enfren-
das poucas que tem por obrigação, constitucional tadas pelo conhecimento científico de maneira
inclusive, proporcionar o acesso a outras formas de a produzir embates de ideias. O conhecimento
conhecimento, como o artístico, cultural e científi- cotidiano procura, muito mais, interações entre as
co. O conhecimento científico tem especificidades partes conflitantes, procurando compatibilizá--las.
que o transformam em ferramenta poderosa no Terminologia
mundo moderno. Essas especificidades podem ser
evidenciadas pelo contraste com o conhecimento Os detentores de conhecimento científico
cotidiano em cinco características principais. têm muito orgulho da terminologia que utilizam
e fazem questão que ela seja entendida por todos
Contradições os que dele fazem uso. Uma vez que o conheci-
O conhecimento científico não convive pa- mento científico se apresenta articulado em um
cificamente com as contradições. Toda vez que conjunto de verdades e cresce em complexidade
aparecem explicações diferentes para o mesmo continuamente (com alguns momentos de ruptura
fato, podemos dizer que estamos diante de hipóte- — lembre-se das tonsilas), faz-se necessário abre-
ses rivais. O objetivo de uma será destruir a outra. viar o tempo que se despende para alcançar seu
Com o tempo, uma delas será esquecida, deixada limite. Para isso, são criados termos que sintetizam
de lado. Se um cientista procurar explicar os casos ideias complexas, conhecidas por aqueles que
de anencefalia4 registrados em Cubatão (SP) como dominam aquele ramo da ciência. Por exemplo,
devidos à poluição, ele estará criando uma hipó- “vertebrado” é um animal que apresenta caracte-
tese rival àquela que é aceita pela comunidade rísticas bem definidas, além da presença de vérte-
científica da atualidade. Não se conseguiu provar bras. O sistema nervoso de todos os vertebrados é
nenhuma relação entre poluição e anencefalia dorsal (ou seja, está localizado nas “costas”). Uma
em Cubatão. mosca, que não apresenta vértebras, tem sistema
nervoso ventral.
O conhecimento cotidiano, por outro lado, é
muito permissivo com as contradições, chegando A terminologia científica não deveria ser vista
mesmo a ser sincrético. Ao afirmar que o conhe- simplesmente como uma maneira diferente de
cimento cotidiano é sincrético, pretende-se reco- nomear fenômenos, por duas razões.
nhecer que ele admite como válidas diferentes Em primeiro lugar, se ela é vista como um
fontes de informação, como a religião, a cultura e código, trata-se de um código de compactação
até mesmo a ciência, o que geralmente conduz a e não de um código criptográfico. O código de
situações contraditórias. Um exemplo bem conhe- compactação tenta juntar informação, agregan-
cido pode ser localizado em situação corriqueira. do significados. O código criptográfico, por ou-
Ninguém duvida de que a herança deter- tro lado, procura esconder significados. Muitas
mine as feições dos bebês. No entanto, quando vezes os dois códigos são confundidos, mas a
a mulher grávida passa por vontades, e elas não diferença entre eles é profunda. Se alguém per-
são satisfeitas, muitos falam e acreditam que o guntar o ano em que este livro foi escrito e tiver
bebê possa nascer com “marcas” dessa vontade. como resposta !((*, podemos concluir que estamos
O determinismo da herança é reconhecido, mas diante de um código criptográfico. Neste caso,
ao mesmo tempo procura-se compatibilizá-lo a chave do código é, no computador, apertar a
tecla de letras maiúsculas ao mesmo tempo que
500 com outras formas de influências. Essa contradi-
ção não incomoda a coletividade, que tem nesse se acionam aquelas teclas. O código traduzido

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seria, então, 1998. Por outro lado, se se perguntar tam o mesmo grupo de substâncias venenosas
qual a diferença entre homem e chimpanzé e a (os cianogênicos) têm recomendação similar da
resposta obtida for “família”, seria ingênuo pensar ciência para consumo alimentar (aquecimento,
que existem diferentes famílias, como os Silva, os exposição ao ar, etc.). As folhas da mandioca, por
Pereira e outras como a dos chimpanzés. Estamos exemplo, são descartadas como fonte de alimento
diante de outra forma de código, que compacta pelo saber cotidiano, mas a ciência garante que
a informação. Aqui “família” tem uma definição são excelente alimento, tomadas as mesmas pre-
muito precisa. O chimpanzé pertence à família cauções daquelas em relação às raízes.
Pongidae, e o homem, à família Hominidae, que O conhecimento científico tem uma clara
tem características bem definidas. preferência pelo abstrato e pelo simbólico. Desta
A terminologia científica não é apenas uma forma, os significados são arbitrários e estabele-
formalidade, mas uma maneira de compactar in- cidos por convenções. Por exemplo, a química
formação, de maneira precisa, que não se modi- orgânica é regida por uma nomenclatura definida
fique com o tempo ou sofra influências regionais por um congresso de químicos, que estabeleceram
ou da moda de cada época. O termo “família”, que cada átomo de carbono a mais em uma mo-
como o utilizamos há pouco, é entendido desta lécula corresponderia a um determinado prefixo
forma há cerca de 250 anos em todo o planeta. na denominação da substância. Assim, mesmo
O conhecimento cotidiano é mais flexível que alguém não conheça em detalhe a estrutura
com relação aos termos que utiliza. Existem varia- da molécula do metano, pode ter uma boa ideia
ções regionais na forma de nomear, como “man- apenas percebendo que existe o prefixo “met”
dioca”, ‘macaxeira’ e “aipim”, que designam a naquele nome.
mesma coisa em algumas regiões. Além disso, O conhecimento cotidiano, por outro lado,
existe também superposição de significados de tem forte apego ao concreto e ao real. Isto implica
diferentes nomes. O significado literal de “bicho”, significados menos arbitrários e mais auto-evidentes
por exemplo, pode ser tanto um dinossauro como à luz de determinada cultura e convenções sociais.
uma pulga, mas não um ser humano. Muitos “bi- É lícito pensar que o método encontrado pelos ín-
chos” são animais, mas não se pode dizer que as dios para comer mandioca tenha sido reconhecido
duas palavras sejam sinônimas. Na vida cotidiana, como válido apenas para a mandioca.
“animal” é uma palavra utilizada de forma muito
ampla; pode-se encontrar uma placa na porta de Interdependência conceitual
uma loja com os dizeres “Não é permitida a en- O conhecimento científico poderia talvez
trada de animais”. Isto não quer dizer que apenas ser comparado a um castelo de cartas, não com
vegetais possam entrar na loja! (A rigor, nem os referência à sua solidez, mas sim pela interdepen-
próprios clientes poderiam entrar.) dência entre suas diversas partes. Isso significa
Portanto, existe profunda diferença semântica que, se uma teoria cair por terra, muitas outras
entre a terminologia utilizada no contexto cientí- serão afetadas. Por outro lado, existem vantagens.
fico e na vida cotidiana. Basear-se em teorias anteriores faz com que a te-
oria posterior não deva testar todos os fatos nos
Independência de contexto quais está baseada a teoria que lhe dá suporte.
O conhecimento científico busca afirmações Poucas pessoas duvidam da afirmação de que
generalizáveis, que possam ser aplicadas a diferen- os seres vivos precisam de oxigênio para respirar.
tes situações. Quando um físico descreve a trajetó- Ela reflete o resultado de milhões de experiências
ria de um móvel, ele pode tanto ser um tatuzinho realizadas por milhares de cientistas com todos os
de jardim como uma sonda interplanetária. seres vivos existentes no planeta? Será que, dentre
O conhecimento cotidiano, por outro lado, as mais de 15 milhões de espécies diferentes exis-
está fortemente apegado aos contextos nos quais tentes no planeta, algumas fogem da regra? Por
é produzido. Métodos para tratar a mandioca não que será que algumas dezenas delas não podem
podem ser aplicados a cogumelos, por exemplo. utilizar nitrogênio, por exemplo, um gás muito mais
501
Por outro lado, todos os alimentos que apresen- abundante na atmosfera do que o oxigênio?

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M a n u a l d o E d u c a d or
Obviamente os cientistas não puderam testar do que aquilo que se poderia chamar de “ensino
todas as espécies do planeta quanto às suas neces- de ciências bem-sucedido” no sentido de que os
sidades de gases respiratórios, mas eles aceitam alunos alcancem uma compreensão adequada
duas teorias importantes. Uma delas diz que todos dos conhecimentos científicos só pode aconte-
os seres vivos estão organizados da mesma forma, cer na adolescência, ao final da escolaridade pré-
constituídos por células. A outra diz que uma es- -universitária, ou mesmo nos primeiros anos da
pécie descende de outra, tendo recebido, assim, a universidade. Em síntese, deve-se reconhecer que
mesma infraestrutura. Os componentes das células existe uma acentuada diferença na socialização
de dinossauros, pulgas, samambaias e orquídeas dos conhecimentos. O conhecimento cotidiano
devem ser semelhantes por essa razão, o que nos é socializado precocemente na vida de todas as
leva a supor que tenham uma mesma “maquina- pessoas, enquanto o conhecimento científico é
ria” básica, que exige os mesmos insumos básicos socializado tardiamente, bem mais tarde, na vida
para funcionar adequadamente. Existe ainda uma escolar dos jovens. Esta é uma constatação, não
razão adicional para descartar o nitrogênio como uma descrição do que seja certo ou errado.
gás importante na respiração de qualquer célula, Reconhece-se atualmente que a socialização
uma vez que sua combinação com o hidrogênio do conhecimento científico deve ser acelerada,
e carbono produz substâncias tóxicas. tornando-se mais eficiente. Isso não significa que
O conhecimento cotidiano, contrariamente, as escolas devam apresentar conhecimentos cien-
por ser extremamente dependente de contexto, não tíficos à maneira como ocorre em congressos de
pode utilizar um conhecimento como base para cientistas. A escola proporciona aproximações
outro. Nesse sentido, é tanto verdade que “quan- crescentemente complexas daquilo que os cien-
to mais melhor” quanto que “um é pouco, dois é tistas reconhecem como válido, mas esse caminho
bom e três é demais”. Seria incabível realizar um não é curto, tampouco fácil. Quando o professor
concurso para saber qual dessas duas afirmações diz a seu aluno de dez anos que seu peso é uma
é cabível. Subentende-se que o contexto dirá qual força e que sua massa é a quantidade de matéria de
das duas frases é a correta. O contexto é visto como seu corpo, ele está proporcionando uma primeira
igualmente importante no exemplo da tecnologia aproximação a dois conceitos complexos e que só
de purificação da mandioca. Ninguém pensaria em poderão ser plenamente dominados mais adiante
utilizar o método de purificação da mandioca para na vida escolar, quando serão reformulados. Um
preparar para consumo alimentar sementes tratadas cientista criticaria a definição de massa transmitida
com inseticida, por exemplo. O fato de o método a esse aluno, mas dificilmente conseguiria fazê-lo
funcionar num determinado contexto não permite entender o que a comunidade científica entende
aplicar as mesmas ideias em situações diferentes. por massa atualmente. Portanto, uma aproximação
dos conceitos científicos, tarefa própria da escola,
Socialização não pode ser feita apenas levando-se em conta
Existe uma marcante diferença entre a ma- as características próprias do conhecimento, mas
neira pela qual a maioria das pessoas trava con- deve também levar em consideração as caracte-
tato com os conhecimentos cotidianos e com os rísticas dos alunos, sua capacidade de raciocínio,
conhecimentos científicos. Desde os primeiros seus conhecimentos prévios, etc.
meses de vida, as crianças têm acesso ao conhe-
cimento cotidiano e aprendem a nomear objetos,
observar e interpretar fenômenos de maneira par-
ticular. Por exemplo, existem roupas “quentes” e 1. SANTOS, B. de S. Introdução a urna ciência pós-moderna. Rio de
Janeiro, Graal, 1989.
roupas “frias”, e a criança assim as reconhece e 2.ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São
nomeia. Quando a criança terá a oportunidade Paulo, Brasiliense, 1981.
de refletir sobre os pontos de vista da ciência a 3.Ver o artigo de Daisy Lara de Oliveira, “Considerações sobre o ensino
de ciências”, p. 9-18, in, org. Ciências nas salas de aula. Porto Alegre,
respeito do que é calor e temperatura? Certamen- Mediação, 1997.
te apenas mais tarde, possivelmente apenas na 4. Anencefalia se refere à doença na qual a criança nasce sem o cérebro
e não tem condições de sobreviver.
502 adolescência. Diversas pesquisas têm demonstra- BIZZO, Nelio. Ciências: fácil ou difícil. [São Paulo:] Ática 1998. Pgs 17 a 28.

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503

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M a n u a l d o E d u c a d or

Matemática
Concepção da disciplina
Os textos matemáticos de diferentes perío- valorizado, possibilitando à escola cumprir seu
dos históricos destacam uma correlação entre o papel de garantir que os alunos tenham acesso e se
desenvolvimento de uma linguagem numérica e apropriem do conhecimento sistematizado pelas
as necessidades materiais dos homens. civilizações que nos antecederam, oferecendo-
De fato, a Matemática e as linguagens oral e -lhes instrumentos para compreender e atuar de
escrita têm uma relação de extrema proximidade. forma crítica na sociedade em vivem. Além disso,
Vários historiadores, ao analisar documentos de é importante que os alunos percebam a Mate-
época, destacam que os primeiros sistemas de mática como ciência que é parte do patrimônio
escrita surgiram para atender à necessidade de cultural-histórico e sujeita à constantes modifica-
calcular, somar, multiplicar e até mesmo repartir ções; portanto, em construção.
a riqueza material de alguma forma acumulada Segundo os Parâmetros Curriculares Nacio-
pelas sociedades primitiva. nais (PCNs):
A compreensão de que o conhecimento A Matemática comporta um amplo campo
matemático acumulado construiu-se a partir da de relações, regularidades e coerências que des-
solução de problemas que ocorreram durante a pertam a curiosidade e instigam a capacidade de
história da humanidade, sejam de ordem prática generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo
ou relacionados a outras ciências ou ainda relacio- a estruturação do pensamento e o desenvolvimento
nados à própria Matemática, evidencia que uma do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as
metodologia baseada na resolução de problemas pessoas nas experiências mais simples como contar,
deve fazer parte da rotina escolar. comparar e operar sobre quantidades. Nos cálcu-
Partindo desse pressuposto, a perspectiva los relativos a salários, pagamentos e consumo,
teórica aqui adotada é a sociocultural, que con- na organização de atividades como agricultura e
sidera o processo de ensino e a aprendizagem da pesca, a Matemática se apresenta como um conhe-
Matemática com ênfase nos contextos social e cul- cimento de muita aplicabilidade. Também é um
tural da aprendizagem, ressaltando a interação no instrumental importante para diferentes áreas do
processo de construção coletiva do conhecimento. conhecimento, por ser utilizada em estudos tanto
ligados às ciências da natureza como às ciências
Diante disso, convém salientar que o aluno
sociais e por estar presente na composição musical,
da EJA, muitas vezes, busca esta modalidade de
na coreografia, na arte e nos esportes.
ensino com uma trajetória de exclusão escolar e
acreditando que aprender Matemática é privilégio O trabalho com a Matemática
de poucos, vendo-a como uma disciplina cheia de
regras que devem ser aplicadas de forma rigorosa, A partir dessas considerações, se faz neces-
repleta de símbolos na maioria das vezes não com- sário, na EJA, encaminhamentos metodológicos
preendidos. Por outro, já percebe a importância da específicos nas aulas de Matemática, que além
Matemática no confronto com suas necessidades de levar em consideração as características dos
cotidianas, utilizando-a nas relações de compra alunos, possibilitem a incorporação e valorização
e venda, participando do mundo do trabalho e, dos conhecimentos e procedimentos construídos
apesar de ter pouca ou nenhuma escolaridade, sua e adquiridos nas leituras que esses jovens e adul-
experiência de vida e seu conhecimento próprio tos fazem do mundo e de sua própria ação nele,
possibilita sua sobrevivência. permitindo a sua ampliação e acesso aos conhe-
504 cimentos socialmente construídos.
Todo esse conhecimento informal deve ser
O ensino da Matemática deve, então, ser pau-

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tado em situações contextualizadas, nas quais os ou seja, a linguagem formal, será interiorizada gra-
alunos sejam expostos à circunstâncias desafiado- dativamente pelos alunos por meio de aproxima-
ras, que favoreçam o desenvolvimento do pensa- ções sucessivas que ocorrem durante as trocas e
mento e raciocínio lógico, o estabelecimento de interações entre eles próprios e o professor. Assim,
comparações, relações, a reflexão sobre os assun- aos poucos, o aluno perceberá que as represen-
tos abordados, relacionando-os com seu cotidiano, tações convencionais e os algoritmos permitem
e que estes despertem a curiosidade, promovendo economia de tempo e de esforço.
a aquisição de novos conceitos, que ampliem a Deve-se concordar com Dante (2002), quan-
capacidade de raciocinar, prever, generalizar e do afirma que “uma aula de Matemática na qual os
tomar decisões, elevando a autoestima e, conse- alunos, incentivados e orientados pelo professor,
quentemente, melhorando a sua qualidade de vida. trabalhem de modo ativo – individualmente ou
Os processos utilizados para a resolução de- em pequenos grupos – na aventura de buscar a
vem ser valorizados da mesma forma que o resul- solução de um problema que os desafia é mais
tado. A representação convencional da solução dinâmica e motivadora do que a que segue o clás-
deve ser apresentada ao alunos como mais uma sico esquema de explicar e repetir.”
possibilidade, e não a única. Essa representação,

Encaminhamento metodológico
Acredita-se que os eixos estruturantes do en- busca de solução de problemas, que permite o le-
sino de Matemática na EJA, embora comuns aos vantamento dos dados do problema, a elaboração
definidos para educação regular, devem ser abor- de hipóteses, questionamentos, a interação entre
dados, como já citado anteriormente, na perspec- o grupo de alunos.
tiva sociocultural, sem contudo ignorar a relação Nas atividades de aprendizagem matemática,
entre eles, numa visão de interdependência. São deve haver um estudo reflexivo do cálculo, não
quatro os eixos: somente centrado em técnicas operatórias, mas
• Números e operações; que contemple os diferentes tipos (exato e apro-
• Grandezas e medidas; ximado, mental e escrito). Assim as estimativas, os
procedimentos de cálculo mental e a exploração
• Geometria;
do uso da calculadora devem ter espaço garantido
• Tratamento da informação. na sala de aula.
Números e operações O aluno perceberá, gradativamente, a exis-
tência de diversas categorias numéricas criadas em
O trabalho com o eixo de números e opera-
função de diferentes problemas que a humanidade
ções é fundamental, já que permite considerar a
teve que enfrentar, e à medida que se deparar
resolução de problemas e as investigações como
com situações-problema envolvendo isso, ele irá
métodos de ensino.
ampliando seu conceito de número.
Isso, por sua vez, implica em considerar o
contexto social, permitindo ao aluno buscar a Medidas
construção dos números e operações na reflexão Realizar medições e manipular instrumentos
sobre fatos históricos e no conhecimento histori- de medida é fundamental. Essa condição é impos-
camente constituído, porém associando as expe- ta tanto pelas necessidades da vida cotidiana, em
riências vividas pelos alunos. especial nas atividades relacionadas ao mundo do
Nesse processo frente a uma nova situação, o trabalho, como também pelo desenvolvimento da
aluno da EJA percebe a aula de Matemática como tecnologia e da ciência. 505

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M a n u a l d o E d u c a d or
Portanto, se faz necessário o conhecimen- e a interpretação de gráficos, tabelas e informa-
to sistematizado dos sistemas e das unidades de ções estatísticas veiculadas frequentemente pelos
medidas de medidas. No entanto, o saber esco- meios de comunicação e no mundo do trabalho.
lar não deve negar o saber não sistematizado do
aluno, usando-o como ponto de partida, possi-
Livro didático e outras disciplinas
bilitando o resgate histórico sobre a necessidade Cabe ressaltar que o livro didático visa auxi-
da padronização de medidas e ampliando esse liar no planejamento das atividades propostas em
conhecimento. sala de aula. No entanto, o professor deve fazer
as alterações necessárias, proporcionando uma
Geometria adequação ao grupo de alunos com os quais de-
O ensino da Geometria é um campo fértil senvolve o trabalho, seja buscando outras fontes,
que permite a exploração dos objetos do mundo ampliando o conteúdo estudado, ou mudando
físico, ligados ao cotidiano, à natureza e a todos a ordem da realização das atividades, se julgar
os objetos criados pelo próprio homem, obras de necessário, propondo a realização de algumas
arte, esculturas e artesanato, o que possibilita ao atividades em sala e outras em casa, assim como a
aluno estabelecer conexões entre a Matemática e inclusão de atividades complementares. Professor,
outras áreas do conhecimento. procure criar um ambiente de aprendizagem em
Além disso, o desenvolvimento de conceitos sala estimulando seus alunos a lerem com antece-
geométricos se constitui um meio privilegiado de dência o que será abordado nas próximas aulas,
desenvolvimento da intuição e da visualização encorajando-os a resolver os exercícios propostos,
espacial, permitindo ainda ao aluno compreender, listando as principais dúvidas para serem sanadas,
descrever e representar, de forma organizada, o em sala, junto com o restante do grupo. Enten-
mundo em que vive. Para que isso de fato ocorra, dendo ainda que a memorização dos conceitos,
a troca de ideias, os questionamentos e as análises fórmulas e procedimentos é importante, mas deve-
devem ser uma constante nessas aulas. -se sempre priorizar a compreensão, que permite
habilitar o aluno para resolver problemas, per-
Cabe à Geometria também o papel de inte-
cebendo regularidades, fazendo generalizações,
gradora entre os demais eixos (números e opera-
análises, sistematizando e validando os resultados.
ções, grandezas e medidas e tratamento da infor-
mação). A Matemática possui um forte caráter inte-
grador e interdisciplinar. Nesta perspectiva, é fun-
Tratamento da informação damental que o professor se sinta preparado para
Atualmente, a necessidade de lidar com um reconhecer as oportunidades de trabalho, seja em
grande número de informações é visível, fazendo conjunto com outras disciplinas, seja com a inclu-
crescer a importância e o interesse dos conteúdos são de momentos de reflexão sobre fatos noticia-
ligados ao eixo do tratamento da informação, o dos pela mídia ou ainda por preocupações trazidas
qual se constitui uma ferramenta indispensável pelos alunos, criando condições de aprendizagem
em diversos campos de atividade científica, pro- motivadora. Ultrapassa-se assim, o distanciamento
fissional, política e social. Portanto, o domínio entre os conteúdos estudados e a experiência do
sobre o conhecimento matemático que todos têm aluno, e contribui-se para superação do tratamen-
o direito de adquirir inclui também conhecimentos to estanque e compartimentado que muitas vezes
deste eixo. caracteriza o conhecimento escolar.
A finalidade do trabalho é permitir que o alu- Uso da calculadora, computador e cálculo
no construa procedimentos para coletar, organizar, mental
comunicar e interpretar dados, utilizando tabelas,
Partindo do princípio que a sociedade está
506 gráficos e representações que aparecem frequente- em constante evolução, se faz necessário discutir
mente em seu dia a dia, além de subsidiar a leitura

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sobre o uso didático da calculadora e do computa- Independente do acesso às novas tecnolo-
dor em sala de aula. Seus usos, como ferramentas, gias, é importante deixar claro que o domínio dos
e suas aplicações em certas atividades devem ser cálculos básicos e, em especial, do cálculo mental
considerados, sem contudo criar uma dependên- permanecem importantes no ensino da Matemáti-
cia entre a aprendizagem da matemática e uso da ca. Ao estimular o cálculo mental, estamos possi-
calculadora ou do computador. A inserção, tanto bilitando que o aluno demonstre mais segurança
da calculadora como do computador, no ambiente ao enfrentar situações-problema, desenvolva uma
escolar pode promover uma reorganização da ati- maior autonomia, com capacidade mais ampla
vidade em sala de aula, onde alunos e professores de escolher caminhos para obter a solução de
passam a desempenhar novos papéis , dando maior um problema, e que compreenda o sistema de
autonomia ao aluno que trabalha sob a orientação numeração decimal e as técnicas usuais de cálculo
do professor ou autonomamente, possibilitando escrito. Qual é processo mais adequado: decom-
novas maneiras de aprender. Conhecer o funciona- por mentalmente o número ou trocar a ordem
mento, pelo menos elementar, destas ferramentas das parcelas e associá-las convenientemente? É
é necessário, visto que a escola deve promover o de suma importância que os alunos se sintam es-
conhecimento e uso das novas tecnologias, adap- timulados a desenvolver suas próprias técnicas
tando e integrando-os em sua abordagem educa- de cálculo mental e não fiquem limitados a um
cional, já que se constituem excelentes dispositivos único processo.
para estimular e facilitar o cálculo.

Avaliação
Partindo do princípio que o professor e os A identificação dos conhecimentos e das
alunos são personagens centrais na interpretação, aprendizagens dos estudantes, individualmente e
na elaboração e na reformulação do currículo que em grupo, contribui para a visualização crítica dos
atenda as reais necessidades dos alunos matricula- resultados das atividades vivenciadas, permitindo
dos nesta modalidade de ensino, a avaliação tem a busca de recursos e metodologias apropriadas.
assumido importância crescente. Contudo, o insucesso do aluno na realização de
A efetivação de um currículo envolve tanto uma atividade proposta não significa necessaria-
a seleção de temas e conteúdos relevantes como mente falta de conhecimentos, mas, algumas vezes,
a construção de experiências de aprendizagem pode sinalizar dificuldades na comunicação.
significativas para os alunos. Desse modo, a ava- Finalmente, cabe ressaltar que a avaliação
liação pode ser entendida como toda prática que, deve promover uma constante visualização so-
considerando o processo ensino-aprendizagem, bre os objetivos a serem alcançados, por todos os
promova questionamentos sobre ele, fornecendo elementos envolvidos pelo processo, melhorando
subsídios que servem de base para a reflexão, per- a comunicação, aumentando o conhecimento e
mitindo reajustes nas ações pedagógicas. contribuindo de fato para a tomada de decisões
em relação ao ensino e à aprendizagem.

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M a n u a l d o E d u c a d or

Orientação para as unidades – volume 3


Unidade 1 – Os seres humanos e o ambiente
OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Compreender os princí- Números: • Utilização dos núme- • Reconhecer os núme-
pios de organização do • Ampliação do universo ros naturais em situ- ros como indicadores
sistema de numeração numérico. ações de contagem, de quantidade, posição
decimal, utilizando-se • Princípios do sistema medidas e códigos nu- ou códigos numéricos;
deste para registrar e de numeração deci- méricos, em diferentes • Perceber a importância
resolver situações-pro- mal: decimal e posicio- contextos. dos fatos históricos da
blema em diferentes nal. • Breve análise da histó- Matemática como es-
contextos. • Leitura e escrita de ria dos números. tratégia para uma maior
• Compreender e utilizar quantidades. • Leitura. compreensão da evolu-
as regras do sistema • Composição e decom- • Realização de ativida- ção dos conceitos.
de numeração decimal posição dos números des propostas. • Compreender as carac-
para leitura, escrita, nas diferentes ordens • Problematização. terísticas do sistema de
comparação e ordena- e classes. numeração indo-arábi-
ção de números natu- co.
• Valor posicional dos
rais de qualquer ordem • Reconhecer o valor po-
algarismos.
de grandeza. sicional dos números.
• Sequências numéri-
• Resolver problemas, • Realizar composição e
cas, antecessores e
aplicando as ideias as- decomposição de nú-
sucessores.
sociadas às operações meros.
fundamentais, por meio Operações:
• Uso das operações • Ler, escrever, comparar
de estratégias pessoais e ordenar números em
e do uso de técnicas elementares (adição,
subtração, multipli- situações contextuali-
operatórias convencio- zadas.
nais. cação e divisão) na
resolução de situações • Encontrar soluções
• Utilizar diferentes re- adequadas para uma
gistros gráficos – de- problematizadas.
• Algoritmos convencio- situação-problema.
senhos, esquemas,
tabelas e escritas nu- nais das operações.
méricas – como recurso • Estimativas e cálculo
para expressar ideias, mental.
ajudar a descobrir for-
mas de resolução e
comunicar estratégias
e resultados.

Unidade 2 – Identidade social: formas de participação


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Compreender a ideia de Ângulos: • Problematização. • Perceber a existência
508 ângulo. • Noções elementares • Observação. de ângulos em diversas
sobre ângulos. situações.

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• Perceber a existência • Ângulo reto, agudo e • Leitura. • Identificar característi-
de ângulos em diversas obtuso. • Aplicação dos concei- cas das formas geomé-
situações. Polígonos: tos estudados. tricas tridimensionais e
• Reconhecer o grau • Nomenclatura. bidimensionais, perce-
como unidade de me- • Triângulos. bendo semelhanças e
dida de ângulo. diferenças entre elas e
• Quadriláteros.
• Identificar os ângulos reconhecendo elemen-
Formas geométricas es- tos que as compõem
reto, agudo e obtuso.
paciais: (faces, arestas, vérti-
• Classificar os triângulos
• Formas geométricas ces, lados, ângulos).
quanto às medidas dos
espaciais no cotidiano.
lados.
• Prismas e pirâmides.
• Identificar caracterís-
ticas das figuras geo- • Planificação de algu-
métricas planas, per- mas formas espaciais.
cebendo semelhanças • Elementos de um só-
e diferenças entre elas. lido geométrico (ares-
• Identificar e associar tas, vértices e faces).
as formas geométricas
espaciais a objetos e
elementos do cotidiano.
• Reconhecer paralelepí-
pedos, cubos e pirâmi-
des.
• Identificar faces, vérti-
ces e arestas de pris-
mas e pirâmides.
• Identificar a planifica-
ção de algumas formas
espaciais.

Unidade 3 – Diversidade cultural – a sociedade brasileira


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Construir o significado Frações: • Problematização. • Ler números fracioná-
do número racional e de • Representação e • Leitura. rios.
suas representações a leitura de um número • Aplicação dos concei- • Escrever números fra-
partir de seus diferentes fracionário. tos estudados. cionários.
usos no contexto social. • Comparação de frações. • Reconhecimento de • Comparar números fra-
• Resolver problemas, • Fração de unidade e números fracionários cionários.
consolidando alguns quantidades. no dia a dia. • Ordenar números fra-
significados das ope- • Frações equivalentes. cionários.
rações fundamentais e • Efetuar a adição e a
• Adição e subtração
construindo novos em subtração envolvendo
de frações de mesmo
situações que envol- frações com o mesmo
denominador.
vam números racionais. denominador, por meio
• Adição e subtração de
frações de denomina- de estratégias pessoais
dores diferentes. e técnicas convencio-
• Multiplicação de frações nais.
por número natural. 509

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M a n u a l d o E d u c a d or
• Divisão de um número • Efetuar a adição e a
fracionário por um núme- subtração envolvendo
ro natural. frações com denomi-
nadores diferentes,
por meio de frações
equivalentes.
• Efetuar a multiplicação
de um número natural
por um número fracio-
nário e de um número
fracionário por outro
fracionário, por meio de
estratégias pessoais e
técnicas convencio-
nais.
• Efetuar a divisão de um
número fracionário por
um número natural e
de um número fracio-
nário natural por outro
fracionário, por meio de
estratégias pessoais.

Unidade 4 – Relações sociais, culturais e de produção


OBJETIVO CONTEÚDO METODOLOGIA AVALIAÇÃO
Propõe-se que o aluno Apresenta-se Destaca-se Espera-se que o aluno
seja capaz de: como objeto de como significativo: seja capaz de:
conhecimento:
• Representar frações Números decimais: • Problematização. • Realizar cálculos, men-
decimais por meio da • Representação de • Leitura. talmente e por escrito,
forma decimal. frações decimais na • Aplicação dos concei- envolvendo números
• Comparar números na forma decimal. tos estudados. racionais (na represen-
forma decimal e usar • Décimos, centésimos e • Ampliação das regras tação decimal);
essas comparações na milésimos. do sistema de nume- • Resolver situações-
resolução de situações- • Adição, subtração, ração decimal para -problema envolvendo
-problema. multiplicação e divisão compreensão, leitura adições, subtrações,
• Resolver situações- de números decimais. e representação dos multiplicações e divi-
-problema envolvendo números racionais na sões com números na
adições, subtrações, forma decimal. forma decimal.
multiplicações e divi- • Resolver situações-
sões com números na -problemas envolvendo
forma decimal. números decimais em
• Resolver situações- diferentes contextos.
-problema envolvendo
números decimais em
diferentes contextos.

510

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Textos de apoio
Síntese dos princípios norteadores
A publicação, em 1988, dos Parâmetros Curri- • A aprendizagem em Matemática está ligada
culares Nacionais (PCN) traz à tona uma ampla dis- à compreensão, isto é, à atribuição e apre-
cussão sobre o ensino na Matemática, uma vez que ensão de significado; assimilar o significado
“estão pautados por princípios decorrentes de estu- de um objeto ou acontecimento pressupõe
dos, pesquisas, práticas e debates desenvolvidos nos identificar suas relações com outros objetos
últimos anos, cujo objetivo principal é o de adequar e acontecimentos. Assim, o tratamento dos
o trabalho escolar a uma nova realidade, marcada conteúdos em compartimentos estanques e
pela crescente presença dessa área do conhecimento numa rígida sucessão linear deve dar lugar a
em diversos campos da atividade humana. São eles: uma abordagem em que as conexões sejam
favorecidas e destacadas. O significado da
• A Matemática é importante na medida em que a
Matemática para o aluno resulta das conexões
sociedade necessita e se utiliza, cada vez mais,
que ele estabelece entre ela e as demais áreas,
de conhecimentos científicos e recursos tecno-
entre ela e os Temas Transversais, entre ela e o
lógicos, que por sua vez são essenciais para a
cotidiano e das conexões que ele estabelece
inserção das pessoas como cidadãos no mundo
entre os diferentes temas matemáticos;
do trabalho, da cultura e das relações sociais;
• A seleção e organização de conteúdos deve
• A Matemática pode e deve estar ao alcance de
levar em conta sua relevância social e sua
todos e a garantia de sua aprendizagem deve
contribuição para o desenvolvimento inte-
ser meta prioritária do trabalho docente;
lectual do aluno e não deve ter como critério
• A atividade matemática escolar não é ‘olhar para apenas a lógica interna da Matemática;
coisas prontas e definitivas’, mas a construção e
• O conhecimento matemático é historicamente
a apropriação de um conhecimento pelo aluno,
construído e, portanto, está em permanente
que se servirá dele para compreender e trans-
evolução. Assim, o ensino de Matemática pre-
formar sua realidade; o ensino de Matemática
cisa incorporar essa perspectiva, possibilitan-
deve garantir o desenvolvimento de capaci-
do ao aluno reconhecer as contribuições que
dades como: observação, estabelecimento de
ela oferece para compreender as informações
relações, comunicação (diferentes linguagens),
e posicionar-se criticamente diante delas;
argumentação e validação de processos e o es-
tímulo às formas de raciocínio como intuição, • Recursos didáticos como livros, vídeos, televi-
indução, dedução, analogia, estimativa; são, rádio, calculadoras, computadores, jogos
e outros materiais têm um papel importante no
• O ensino-aprendizagem de Matemática tem
processo de ensino e aprendizagem. Contudo,
como ponto de partida a resolução de proble-
eles precisam estar integrados à situações que
mas;
levem ao exercício da análise e da reflexão;
• No ensino da Matemática, destacam-se dois
• A avaliação é parte do processo de ensino e
aspectos básicos: um consiste em relacionar
aprendizagem. Ela incide sobre uma grande
observações do mundo real com representa-
variedade de aspectos relativos ao desempe-
ções (esquemas, tabelas, figuras, escritas nu-
nho dos alunos, como aquisição de conceitos,
méricas); outro consiste em relacionar essas
domínio de procedimentos e desenvolvimento
representações com princípios e conceitos
de atitudes. Mas também devem ser avaliados
matemáticos. Nesse processo, a comunicação
aspectos como seleção e dimensionamento
tem grande importância e deve ser estimulada,
dos conteúdos, práticas pedagógicas, condi-
levando-se o aluno a “falar” e a “escrever”
ções em que se processam o trabalho escolar
sobre Matemática, a trabalhar com repre-
e as próprias formas de avaliação.”
sentações gráficas, desenhos, construções, a 511
aprender como organizar e tratar dados;

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M a n u a l d o E d u c a d or

Referências Sites
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cação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemá- publicações de organizações governamentais e nãogovernamentais
tica. Brasília, 1997. sobre temas educacionais e pedagógicos. Disponível em: <www.
crmariocovas.sp.gov.br/>.
CARDOSO, Virgínia Caria. Materiais didáticos para as quatro ope-
rações. São Paulo: IME – USP, 1992. Nautilus – Propõe jogos matemáticos de raciocínio e lógica, exce-
lentes para serem utilizados como motivação. Merecem destaque
CARRAHER, Terezinha Nunes. Na vida dez, na escola zero. São três tópicos:
Paulo: Cortez, 1991.
• numeração romana onde se propõe um jogo para ser jogado por
CARVALHO, Dione Luchesi de. Metodologia do ensino da matemá- dois jogadores. Um deles escreve um número em numeração ára-
tica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. be enquanto o outro terá que representar esse mesmo número
CARVALHO, Mercedes. Problemas? Mas que problemas?!: estra- em numeração romana.
tégias de resolução de problemas matemáticos em sala de aula. • numeração egípcia – o aluno é convidado a representar em (hie-
Petrópolis: Vozes, 2005. róglifos) os números dados em numeração indo-arábica pelo
CENTURIÓN, Marília; Conteúdo e metodologia da matemática: computador.
números e operações. São Paulo: Scipione, 1994. • quadrados mágicos: propõe-se que o jogador descubra o número
DANTE, Luiz Roberto. Didática da resolução de problemas de ma- que falta, num quadrado mágico de 3x3.
temática. 12.ed. São Paulo: Ática, 2002. Disponível em: <nautilus.fis.uc.pt/mn/p_index.html>.
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Educação matemática e tecnologia Informática da Ufrgs – Dis-
Letras, 1995. ponibiliza uma seleção de softwares sugere atividades que fazem
IFRAH, Georges. Os números – A história de uma grande inven- uso destes. Disponível em: <www.edumatec.mat.ufrgs.br/>.
ção. Rio de Janeiro: Globo,1989. Webeduc - O Portal de Conteúdos Educacionais do MEC – Dis-
IMENES, Luis Márcio. A numeração indo-arábica. São Paulo: Sci- ponibiliza material de pesquisa, objetos de aprendizagem e outros
pione, 2000. (Vivendo a Matemática). conteúdos educacionais de livre acesso. Além de links para vários
IMENES, Luis Márcio. Microdicionário de Matemática para o 1.º portais de instituições públicas com conteúdos educacionais e curso
grau. São Paulo: Scipione, 2007. mídias na educação. Disponível em: <webeduc.mec.gov.br.>.
MACHADO, Nilson José. Medindo comprimentos. São Paulo: Sci- Rived – Rede Internacional Virtual de Educação – MEC – Tem
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PARRA, Cecília. Didática da matemática: reflexões psicopedagó- ma de objetos de aprendizagem, disponibilizando para consulta e
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PIRES, Célia Maria Carolino. Currículos de matemática: da organi-
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POLYA, Georges. A arte de resolver problemas: um novo aspecto divulga publicações, materiais, textos para reflexão e recursos peda-
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ROSA NETO, Ernesto. Didática da matemática. 12. ed. São Paulo: Projeto Educar, USP, Matemática – Disponibiliza material de curso
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SADOVSKY, Patrícia. O ensino de matemática hoje - enfoques, sen- sistemas de numeração e operações. Apresenta um jogo da memó-
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Cortez, 2009. textos, sons, imagens e vídeos). Pesquise os vídeos de Matemática e
verifique a grande variedade de temas disponibilizados gratuitamente.
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Alegre: Artmed, 2001. História do dinheiro no Brasil – Página do Banco Central do Bra-
sil, disponibiliza várias informações sobre a história do dinheiro no
TOLEDO, Marília; TOLEDO Mauro. Didática da Matemática: como
Brasil, cartões de crédito, cheques, origem e evolução do dinheiro.
dois e dois. A construção da matemática. São Paulo: FTD, 1997.
Disponível em: <www.bcb.gov.br/?HISTDIN>.
VILA, Antoni. Matemática para aprender a pensar: o papel das
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Disponibiliza
crenças na resolução de problemas. Porto Alegre: Artmed,2006.
estatísticas e publicações com informações necessárias ao conheci-
WALLE, John A. Van de. Matemática no ensino fundamental: for- mento da realidade brasileira. Disponível em: <www.ibge.gov.br/>.
mação de professores e aplicação na sala de aula. 6. ed. Porto Ale-
Sociedade brasileira de educação matemática – Notícias sobre
512 gre: Artmed. 2009.
eventos, concursos, livros, revistas, artigos e novidades relativas à
educação matemática. Disponível em: <www.sbembrasil.org.br/>.

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Manual do Educador
mais
Ser

ISBN 978-85-427-0096-1

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