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A Demanda do Santo Graal

Sinopse
Galaaz, apesar de sua jornada espiritualmente gloriosa e sua perfeição
idealista, é furto de um pecado. Lancelote, um cavaleiro da Távola Rendonda e
um dos principais amigos do rei Arthur, tem um romance com Guinevere, a
esposa do rei. Certo dia, porém, Helena, uma segunda moça, disfarça-se de
Guinevere por meio de um feitiço promovido por Merlin – e ela e Lancelote se
deitam. Nasce, então, Galaaz, que acaba sendo criado por abadessas,
senhoras da Igreja.
Muito tempo depois, Lancelote concede ao próprio filho o título de cavaleiro,
promovendo no leitor a ideia de que, apesar das origens pecadoras, Galaaz
ainda poderia ser puro, íntegro, bom e praticamente perfeito em termos
cristãos. É percebido, nesse ponto, que o cristianismo, mais uma vez, é visto
como o ideal de bondade e tudo aquilo que era “certo”. O que fugisse disso
tornar-se-ia automaticamente representante do “mal” e do “errado”.
As descrições envolvem os cinco sentidos: o aparecimento é precedido por um
trovão, surge com enorme claridade, a mesa de torna-se farta para alimentar a
todos, o cheiro é como um jamais sentido, de tão puro, e torna todos os
homens presentes formosos. Além disso, o Graal aparece de forma distinta
para cada cavaleiro, a depender do que este enfrentará em sua jornada
particular.
A novela inicia-se em Camelote, Reino de Rei Artur. É dia de Pentecostes e os
cento e cinquenta cavaleiros estão juntos ao rei, em volta da Távola Redonda,
para festejar a data comemorativa. Chega uma donzela na festa em busca de
Dom Lancelote, para que ele acompanha até a floresta, onde será armado
Galaaz, seu filho.
Ao retornarem para Camelote, inúmeros sinais comprovam que Galaaz é o
Cavaleiro esperado para dar um fim às aventuras do reino de Logres. Galaaz
retira a espada fincada no mármore, a qual, segundo os mitos e lendas, só
seria retirada pelo melhor cavaleiro do mundo, façanha já tentada pelos outros
Cavaleiros da Távola Redonda: Lancelote, Tristão, Galvão e outros, sem
sucesso. O direito de ocupar um lugar na Távola Redonda caberia apenas ao
escolhido por Deus, ou seja, aquele considerado perfeito, casto e santo. As
palavras do ermitão que acompanhava Galaaz ao Rei Arthur resumem tudo o
que ele representa: "Rei Artur, eu trago o cavaleiro desejado, aquele que vem
da alta linhagem de Davi e de José de Arimatéia, pelo qual as maravilhas desta
terra e das outras terão fim". (Menegale, 1988, p.10)
Nesse momento, o Graal perpassa o ar, nutre os presentes com manjar
celestial e desaparece. Quando o Graal se vai, os cavaleiros empolgados pela
fala de Galvão sentem o desejo de trazê-lo de volta a Logres.
As aventuras iniciam-se e, nessa incessante busca, a maior parte dos
cavaleiros morre dizimada pela Besta Ladradora ou pela fúria implacável de
Galvão. Apenas Boorz, Percival e Galaaz conseguem chegar a Corberic, local
onde se encontra o Graal. Entretanto, somente Galaaz contempla o Graal.
A novela ainda continua por algumas páginas com a narrativa do caso amoroso
adúltero de Lancelote, pai de Galaaz, e de Ginebra, esposa do Rei Artur. Tudo
termina com a morte de Lancelote.
Resumo
Em A Demanda do Santo Graal todo amor é considerado pecaminoso e a
virgindade é recomendada como o estado mais perfeito.
Assim, é possível perceber que sua origem pecadora causa certo contraste
com sua posição de homem ético, puro e bondoso, a verdadeira perfeição do
que poderia ser visto como cristão íntegro e digno do céu. Afinal, Galaaz nasce
de um feitiço, além de um pecado, o que gera uma discussão que apenas
alimenta esse contraponto.
Comparação com outras obras
O Ciclo Bretão compreende três fases: O Livro de José de Arimateia, em que
se narra a história daquele que recolheu o sangue de Cristo crucificado e lhe
deu um novo sepulcro, o Merlim, cuja tradução se perdeu, e A Demanda do
Santo Graal, traduzida do francês, no século XIII, considerada o mais antigo
texto português em prosa literária, ainda que não original.

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