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Rian Vinícius de Lima Carvalho – 22.1.

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HOLANDA, Sérgio BUARQUE DE. Raízes do Brasil: Edição crítica – 80 anos [1936-
2016]. Companhia das Letras, 2016. 438p

Compreendendo as nossas raízes


Nascido na cidade de São Paulo no dia 11 de junho de 1902, Sérgio Buarque de
Holanda foi um historiador e sociólogo brasileiro formado na Faculdade de Direito do
Rio de Janeiro em 1925 e posteriormente professor de diversas universidades do Brasil.
Sérgio Buarque de Holanda passou um curto período na Alemanha atuando como
correspondente internacional, mas optou por retornar devido ao crescimento do nazismo
no país. Dono de inúmeras obras, como: Cobra de Vidro (1944), Monções (1945),
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Colonia l (1952), Caminhos e Fronteiras
(1957), Visão do Paraíso (1959), Do Império à República (1972), Tentativas de
Mitologia (1979), à obra que mais chamou atenção foi justamente a sua primeira
publicada: Raízes do Brasil.

O livro Raízes do Brasil foi publicado em 1936, dividido em 7 capítulos no qual


é possível compreender as origens do Brasil e todo o seu processo histórico de formação
política e sociocultural. O livro sofreu diversas modificações ao longo do tempo,
adaptando com o momento em que era vivenciado naquela época, sendo a última
aprovada por Sérgio Buarque em 1969. Ao decorrer do livro, Sérgio Buarque vai tratar
de caracterizar os povos ibéricos (portugueses e espanhóis) que acabaram influenciando
na nossa formação por terem colonizado o Brasil.

Para fazer essa caracterização, Sérgio Buarque introduz alguns dos conceitos
propostos pelo Max Weber, conhecido por ter sido um dos maiores sociólogos que já
existiram e quem Sérgio teve contato com suas obras durante a sua passagem pela
Alemanha. Um desses conceitos, voltados para analisar a formação do Brasil foi o
método comparativo em que é possível observar no capítulo 2 “Trabalho e Aventura”.
Sérgio utiliza desse método para distinguir as características de uma pessoa
trabalhadora, que se preocupa em analisar os riscos de forma responsável para colher os
seus frutos. Já o aventureiro não olhava para as dificuldades que poderiam ser
encontradas, eles só visavam o lucro e possuíam um olhar mais amplo para as coisas,
diferente dos trabalhadores que tinham uma visão mais cautelosa. Esse método
comparativo é visto em outras ocasiões, como na distinção entre o semeador e o
ladrilhador.

Por ter sido um país colonizado, o Brasil adquiriu traços de personalidade dos
países europeus que são observados até hoje nos dias atuais. O capítulo 5 “O Homem
Cordial” é o mais claro exemplo disso! Diferentemente do conceito que imaginávamos
sobre a cordialidade do homem de ser uma pessoa simpática e atenciosa com os outros,
à idéia que o Sergio Buarque passa é a forma que o brasileiro é levado totalmente pela
emoção na maneira de agir em diversas ocasiões, dispensando o lado racional das
coisas. O que de fato é verdade, esse conceito é muito evidenciado em vários contextos
na contemporaneidade, no qual a pessoa utiliza dessa cordialidade para agir de boa ou
má fé. Um exemplo disso seria o patrimonialismo que existe desde o Brasil Colonial e
ainda é visto nos dias atuais, como nas relações de trabalho, em que uma pessoa é
escolhida para desempenhar tal função não devido à sua capacidade técnica mas sim
pelo vínculo que ela possui com a pessoa.

O livro, apesar de exigir um foco redobrado durante a leitura por ser bastante
denso e muito conteúdista é de extrema importância para entendermos a nossa formação
e refletir sobre as inúmeras heranças deixadas pelo nosso histórico colonial, coisa que o
Sérgio fez muito bem. A idéia de utilizar o método comparativo foi algo que
particularmente facilitou bastante na hora da leitura, pois você consegue ter um modelo
de referência para entender os conceitos propostos e até mesmo enxergar a nossa
personalidade no meio termo entre os dois lados. No último capítulo denominado “A
Nossa Revolução”, Sérgio enfatiza que precisamos de uma nova revolução para que a
gente possa se “desprender” dos resquícios deixado pelos ibéricos que estão enraizados
em nossa sociedade até hoje. Assim, construímos uma nova história: a nossa própria
história.

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