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HOLANDA, Sérgio BUARQUE DE. Raízes do Brasil: Edição crítica – 80 anos [1936-
2016]. Companhia das Letras, 2016. 438p
Para fazer essa caracterização, Sérgio Buarque introduz alguns dos conceitos
propostos pelo Max Weber, conhecido por ter sido um dos maiores sociólogos que já
existiram e quem Sérgio teve contato com suas obras durante a sua passagem pela
Alemanha. Um desses conceitos, voltados para analisar a formação do Brasil foi o
método comparativo em que é possível observar no capítulo 2 “Trabalho e Aventura”.
Sérgio utiliza desse método para distinguir as características de uma pessoa
trabalhadora, que se preocupa em analisar os riscos de forma responsável para colher os
seus frutos. Já o aventureiro não olhava para as dificuldades que poderiam ser
encontradas, eles só visavam o lucro e possuíam um olhar mais amplo para as coisas,
diferente dos trabalhadores que tinham uma visão mais cautelosa. Esse método
comparativo é visto em outras ocasiões, como na distinção entre o semeador e o
ladrilhador.
Por ter sido um país colonizado, o Brasil adquiriu traços de personalidade dos
países europeus que são observados até hoje nos dias atuais. O capítulo 5 “O Homem
Cordial” é o mais claro exemplo disso! Diferentemente do conceito que imaginávamos
sobre a cordialidade do homem de ser uma pessoa simpática e atenciosa com os outros,
à idéia que o Sergio Buarque passa é a forma que o brasileiro é levado totalmente pela
emoção na maneira de agir em diversas ocasiões, dispensando o lado racional das
coisas. O que de fato é verdade, esse conceito é muito evidenciado em vários contextos
na contemporaneidade, no qual a pessoa utiliza dessa cordialidade para agir de boa ou
má fé. Um exemplo disso seria o patrimonialismo que existe desde o Brasil Colonial e
ainda é visto nos dias atuais, como nas relações de trabalho, em que uma pessoa é
escolhida para desempenhar tal função não devido à sua capacidade técnica mas sim
pelo vínculo que ela possui com a pessoa.
O livro, apesar de exigir um foco redobrado durante a leitura por ser bastante
denso e muito conteúdista é de extrema importância para entendermos a nossa formação
e refletir sobre as inúmeras heranças deixadas pelo nosso histórico colonial, coisa que o
Sérgio fez muito bem. A idéia de utilizar o método comparativo foi algo que
particularmente facilitou bastante na hora da leitura, pois você consegue ter um modelo
de referência para entender os conceitos propostos e até mesmo enxergar a nossa
personalidade no meio termo entre os dois lados. No último capítulo denominado “A
Nossa Revolução”, Sérgio enfatiza que precisamos de uma nova revolução para que a
gente possa se “desprender” dos resquícios deixado pelos ibéricos que estão enraizados
em nossa sociedade até hoje. Assim, construímos uma nova história: a nossa própria
história.