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Quem foi ele?

Para entendermos as relações de trabalho,


Sérgio Buarque define que existem duas formas de
Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982), foi
vida coletiva:
dos maiores sociólogos e historiadores do Brasil,
sendo professor de diversas universidades no Brasil, É aquele que não se preocupa com a
como a antiga Universidade do Distrito Federal e atividade de sustento, mas sim com o lucro que ela
também universidades internacionais, como a pode dar, é flexível a diversas situações.
universidade de Roma
É aquele que enxerga primeiro a
• A sua obra é fundamental para dificuldade, para colher o fruto de seus esforços.
compreendermos as origens do Brasil e o
processo histórico de sua formação. OBS: Os portugueses são aventureiros, visavam o
lucro e pensavam de forma prática, mesmo que
RAÍZES DO BRASIL para isso tivessem que usufruir de atividades que
não lhes interessavam e utilizar de mãos de obra
Em 1929, na Alemanha, Sérgio Buarque de
indígenas e de africanos.
Holanda conheceu a obra do sociólogo Max Weber, e
através do método denominado “Tipo Ideal” ou “Tipo
Puro”, desenvolveu o seu principal trabalho; “Raízes homem cordial
do Brasil, de 1936”. O “Tipo Ideal”, está relacionado A base da brasilidade está na família, inicialmente
ao conhecimento aos valores e ideias do cientista patriarcal, quando o progenitor educa os filhos de
social sobre o seu objeto de estudo, a sociedade, forma a inibir qualquer manifestação individual da
sendo algo que não expressa a realidade da infância. A escolha da roupa, a hora de dormir, entre
pesquisa, mas sim parâmetros que contribuirão com outros. O Homem cordial tem sentido ambíguo, se
o seu andamento. O “Tipo Ideal” aplicado na obra de mostra em aparência aberto e afetivo aos outros,
Sérgio Buarque de Holanda, está evidente quando há cuida de seus filhos, se apega as relações afetuosas
exemplos de pares opostos, como “trabalhadores e baseadas no amor, mas também é violento quando
aventureiros” ou “rural e urbano”. precisa ser, defendendo a sua família de sangue ou
Em sua obra “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de coração.
de Holanda afirma que Portugal e Espanhol são
países que fazem a fronteira da Europa com a • O Homem Cordial se diferencia dos japoneses,
América, e por isso, não possuíam a hierarquia que tem a sua polidez natural em seus hábitos
feudal, como era de costume em outros povos cotidianos, sendo até mesmo confundidos com
europeus. Assim, a burguesia mercantil se hábitos religiosos do xintoísmo. No Brasil esse
desenvolveu com mais rapidez, se lançando ao homem precisa viver coletivamente, e por isso,
mar. O homem português é livre e depende de si se apega aos outros e os trata como família,
próprio, e por isso, a sociedade portuguesa tem ainda que de forma superficial. Assim, criamos
mazelas organizacionais. Uma questão importante hábitos próprios, como por exemplo, expressões
que foi destacada por Sérgio Buarque de Holanda, foi linguísticas no diminutivo, os sufixos “inhos”,
o relaxamento que o português tem em relação ao exclusividade do português falado no país, que
trabalho manual. Diferente de outros Estados do quando utilizado, muitas vezes demonstra
continente, o português herdava uma moral proximidade pessoal
clássica (greco-romana) de trabalho,
compreendendo-o como algo ruim. OBS: No catolicismo praticado no Brasil, nos
Os aspectos que constituem a sociedade tornamos íntimos dos santos, ao tratarmos com
portuguesa, são os grandes formadores da nossa proximidade, como o caso de Santa Teresa de
atual sociedade, como diz Sérgio Buarque de Lisieux, conhecida aqui como Santa Terezinha.
Holanda: “Podemos dizer que de lá veio a forma atual Assim, Deus se torna um amigo. Sérgio utiliza os
de nossa cultura; o resto foi matéria que se sujeitou relatos do naturalista Auguste de Sant-Hilaire, que
mal o bem a nossa forma”. registrou que os fies em serviços religiosos não
se compenetravam com solenidade, participando
apenas por hábito, e não por devoção espiritual.

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