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SUMÁRIO
RESUMO
PALAVRAS – CHAVE
1
Trabalho entregue como conclusão da disciplina obrigatória Direito e Desenvolvimento no programa de
Mestrado em Direito, Justiça e Desenvolvimento do IDP-SP – Professor Doutor Luciano Timm.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
2
Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda, Companhia das Letras – Prefácio de Antônio Candido, p.
15.
desenvolvimento às margens desta cultura. Talvez a razão para isso é que ficavam no
litoral da península. A entrada na cultura se deu justamente em razão dos descobrimentos
marítimos. Assim, na origem, Espanha e Portugal representam uma indecisão entre a
Europa e a África, ainda que separadas por uma faixa de mar.
Em que pese a extensa citação, fato é que ela contém vários elementos à
compreensão de nossa proposta. Do excerto acima fica revelado ainda a sua atualidade.
É sabido o quão presente que ainda temos na necessidade de relações personalistas. É
dessa quadra a dificuldade e o desprezo pelo trabalho operacional e tático. O quanto de
dinheiro é gasto em salários e processos ineficientes notadamente para suportar níveis de
gerenciamento nas hierarquias empresariais. Na verdade, é cultura quase que popular: um
trabalhando e três fiscalizando. Essa cultura atinge a todos os níveis sociais: de
empresários a trabalhadores. Há, quiçá, uma verdadeira inflação nas folhas de salários.
Aos trabalhadores, a patente dificuldade de se dedicar aos trabalhos em níveis de base. É
o famoso colocar a mão na massa. Eis acima, nas palavras do autor, uma hipótese,
escorada no fator cultural, para explicar, ainda nos dias de hoje, tamanha dificuldade e
desprezo pelo trabalho. Por fim, uma passagem no texto não podemos deixar sem o
devido destaque, seja pela relevância em si, seja pela exata conexão com a análise que
aqui propomos. Tal assertiva se dá no momento em que fica registrada a chegada de uma
ética de trabalho vindo dos povos do Norte. Adiante voltaremos nesse ponto. Voltemos
ao intento de emoldurar a questão do trabalho em Raízes do Brasil.
3
Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda, Companhia das Letras p.44 a 46.
confusão, dos dois, dentro de si. Foi o gosto pela aventura que possibilitou a colonização
do Novo Mundo, sendo o povo português que melhor se adaptou na América. Nascida
nesse contexto, a economia escravista colonial foi a forma pela qual a Europa conseguiu
suprir o que faltava em sua economia. Lançando mão do escravo africano, o povo
português vinha para a colônia buscar riqueza sem muito trabalho. Segue alertando que
os portugueses já eram mestiços antes dos descobrimentos, além do que já conheciam a
escravidão africana no seu país. O autor faz parecer que o preconceito com os negros era
bem maior do que com os índios no Brasil colonial. Nosso país não conheceu outro tipo
de trabalho que não fosse o escravo. Justamente daí que o trabalho mecânico era
desprezado, pois só se fazia o que valia a pena, o que era lucrativo. Os brasileiros não
eram solidários entre si.
CAPÍTULO 2
De saída importa registrar que não cabe aqui conceituar capitalismo. Longe disso.
O intento maior é captar elementos gerais acerca do ‘espírito’, o zeistgeist, da temática
tratada por Weber, já que o conceito de capitalismo é complexo. A proposta é captar o
que em termos de consciência do trabalhador, imerso nesse espírito, pode ser elencada
como elemento geral para traduzir, no plano concreto, a presença ou não de tais
4
A descoberta de que fazemos coisas de forma inconsciente (Freud) foi tão dura para humanidade quanto
à descoberta que a Terra gira em torno do sol (Copérnico) e a evolução das espécies (Darwin).
condições. Ou seja, a formação da consciência do trabalhador brasileiro, em linha com o
descrito alhures é, invariavelmente, marcada pelo culto à ociosidade e impregnada por
personalismos. Neste mesmo sentido, quais são os elementos que traduzirão os elementos
de “espírito” do e no capitalismo.
5
WEBER, Max – A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, Edição de Antônio Flávio Pierucci,
Companhia das Letras, p. 41, 2017.
6
Ob. Cit item 4 p. 42.
milésima geração. Quem estraga uma moeda de cinco xelins,
assassina(!) tudo o que ela poderia ter produzido: pilhas inteiras de
libras esterlinas. Lembra-te que – como diz o ditado – um bom pagador
é senhor da bolsa alheia. Quem é conhecido por pagar pontualmente na
data combinada pode a qualquer momento pedir emprestado todo o
dinheiro que seus amigos não gastam. Isso pode ser de grande utilidade.
A par da presteza e frugalidade, nada contribui mais para um jovem
subir na vida do que pontualidade e retidão em todos os seus negócios.
Por isso, jamais retenhas dinheiro emprestado uma hora a mais do que
prometeste, para que tal dissabor não te feche para sempre a bolsa de
teu amigo. As mais insignificantes ações que afetam o crédito de um
homem devem ser por ele ponderadas. As pancadas de teu martelo que
teu credor escuta às cinco da manhã ou às oito da noite o deixam seis
meses sossegado; mas se te vê à mesa de bilhar ou escuta tua voz numa
taberna quando devias estar a trabalhar, no dia seguinte vai reclamar-te
o reembolso e exigir seu dinheiro antes que o tenhas à disposição, duma
vez só. Isso mostra, além do mais, que não te esqueces das tuas dívidas,
fazendo com que pareças um homem tão cuidadoso quanto honesto, e
isso aumenta teu crédito. Guarda-te de pensar que tudo que possuis é
propriedade tua e de viver como se fosse. Nessa ilusão incorre muita
gente que tem crédito. Para te precaveres disso, mantém uma
contabilidade exata de tuas despesas e receitas. Se te deres a pena de
atentar para os detalhes, isso terá o seguinte efeito benéfico: descobrirás
como pequenas despesas se avolumam em grandes quantias e
discernirás o que poderia ter sido poupado e o que poderá sê-lo no
futuro...Por seis libras por ano podes fazer uso de cem libras, contanto
que sejas reconhecido como um homem prudente e honesto. Quem
esbanja um groat (quatro pence) por dia esbanja seis libras por ano, que
é o preço para o uso de cem libras. Quem perde a cada dia um bocado
de seu tempo no valor de quatro pence (mesmo que seja apenas alguns
minutos) perde, dia após dia, o privilégio de utilizar cem libras por ano.
Quem desperdiça seu tempo no valor de cinco xelins não perde somente
essa quantia, mas tudo o que com ela poderia ganhar aplicando-a em
negócios – o que, ao atingir o jovem uma certa idade, daria uma soma
bem considerável7.
7
Ob. Cit. Item 4, p. 42 a 44.
Tais assertivas caracterizam o “espírito” do capitalismo, isto é, a ideia de dever
que naturalmente tem o indivíduo de aumentar suas posses, como um fim em si mesmo.
Um elemento geral e abstrato é possível de se extrair dessas premissas e de tal espírito, a
saber: a relação do trabalho é com o dinheiro e a riqueza como dever ético, social e
religioso. Assim sendo, à guisa de conclusão, urge consignar que o elemento geral
adotado como premissa para cotejamento no presente estudo é a mostrada acima, ou seja,
a relação do trabalho com o dinheiro e a riqueza.
CAPÍTULO 3
8
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1635927-1-trabalhador-americano-produz-como-4-
brasileiros.shtml
9
http://www.revistaeducacao.com.br/nem-nem-jovens-nem-estudam-nem-trabalham-sao-11-milhoes-
brasil/
Mais ainda. Se aplicarmos o critério de 10% do faturamento para gasto com folha de
salário (a relação de produtividade de uma força de trabalho pode ser medida pelo
percentual do gasto com a folha relacionando-a com o faturamento), certamente várias
empresas se deparariam com enorme falta de produtividade.
REFERÊNCIAS