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RIO DE JANEIRO
2021
1. INTRODUÇÃO
“Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que
o brasileiro. Nossa forma ordinária de convívio social é, no fundo,
justamente o contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência — e isso
se explica pelo fato de a atitude polida consistir precisamente em uma
espécie de mímica deliberada de manifestações que são espontâneas no
“homem cordial”: é a forma natural e viva que se converteu em fórmula.
Além disso a polidez é, de algum modo, organização de defesa ante a
sociedade. Detém-se na parte exterior, epidérmica do indivíduo,
podendo mesmo servir, quando necessário, de peça de resistência.
Equivale a um disfarce que permitirá a cada qual preservar intatas sua
sensibilidade e suas emoções”. (HOLANDA, p. 147, 1995).
Sendo assim, de acordo com o autor, o homem cordial sente uma vontade de se
expandir em sua vida social, agindo mais fortemente dentro do âmbito coletivo, por não
suportar viver somente em sua própria individualidade. Essa necessidade de “apropriar-
se dos outros” a um nível de afeto é indicada por Sérgio Buarque em diversas passagens
da obra, especialmente quando utiliza expressões com o sufixo diminutivo “-inho” para
passar a impressão de tentativa de proximidade e intimidade com o outro, e também
quando enfatiza o termo “viver nos outros”, que nada mais é do que essa busca por uma
expansão social que o complete e o faça sentir mais como parte da sociedade.
Portanto, para Sérgio Buarque, o conceito em questão nada mais é do que uma
armadilha psicológica e comportamental que está entalhada na formação do povo
brasileiro. É o famoso agir mais conforme a emoção do que com a razão, ou mesmo uma
forma de fugir de si mesmo e buscar refúgio no outro, nas relações humanas. Uma
reflexão que mostra, em toda sua ebulição de ideias, por qual motivo “Raízes do Brasil”
tornou-se um marco literário em sua época ao trazer o conceito do “homem cordial”.
Como salienta o autor: “Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira
para a civilização será de cordialidade — daremos ao mundo o “homem cordial”
(HOLANDA, p. 146, 1995).
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
LIVROS:
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala (51ª edição) – São Paulo: Global Editora,
2006.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil (26ª edição) – São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
SOUZA, Jessé. A Tolice da Inteligência Brasileira (1ª edição) – São Paulo: LeYa, 2015.
ARTIGOS: