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A sociologia surgiu como ciência social após a contribuição de Émile Durkheim com seu
método, ainda que outros autores de sua época, como Marx, escrevessem sobre a sociedade.
Com influência positivista, Durkheim objetiva criar uma ciência social que realmente
cumprisse um método e se desenvolvesse como ciência que analisa e estuda o meio social.
Nesse cenário, ele escreve a obra As Regras do Método Sociológico, explicando como um
pesquisador social deve analisar os fatos para, assim, entender o funcionamento orgânico da
sociedade. O método envolve reconhecer o senso comum, reconhecer que possui visões
provenientes dele, como opiniões formadas ou maneiras habituais de agir, e por meio da
ciência questioná-lo. Em Durkheim, a sociologia é responsável por estudar a coletividade, o
indivíduo como resultado do meio social. Com a influência positivista, Durkheim demonstra
uma visão organicista da sociedade, no qual os indivíduos possuem funções e criam
instituições para que a sociedade viva em harmonia. Para ele, a manutenção e reprodução da
sociedade significa seu bom funcionamento, entretanto, o cientista também fala de casos de
anomia, em que a sociedade passa por um processo patológico, que pode levar à sua morte. O
crime, por exemplo, é normal para o autor pois é algo suscetível; e o meio social só pune e
impõe regras àquilo prejudicial ao coletivo. O suicídio, por outro lado, é analisado pelo autor
baseando-se em estatísticas para comprovar sua teoria e mostra o significado social da ação de
tirar a própria vida. No suicídio egoísta, o indivíduo se sente excluído do meio social, não
sente identificação com ele e, em detrimento disso, prefere tirar a própria vida. No suicídio
altruista, por sua vez, o indivíduo vê o suicídio como sacrifício em prol de um bem maior, e
geralmente vem de sociedades menos socialmente divididas e mais espirituais/religiosas. O
suicídio anômico, por fim, ocorre quando o indivíduo se vê em um meio social de incerteza e
quebra da norma, como em casos de guerra, por exemplo. O suicídio é um exemplo de
patologia social e mostra como a sociedade molda a realidade do indivíduo. Em sua outra
obra, Da Divisão do Trabalho Social, Durkheim explica o conceito de fato social: para ele, os
fatos sociais são os objetos de estudo da sociologia. São acontecimentos e práticas sociais que
acontecem sem explicação aparente, mas influenciam diretamente no cotidiano e
comportamento individual. Por meio de observação e experimentação um cientista pode,
portanto, compreender os fenômenos sociais e o que eles significam, sempre abdicando de
preconceitos para analisar o caso. Na visão do autor, a sociedade é uma síntese sui generis,
caracterizada por uma totalidade que não se resume à soma de suas partes. O que permite
analisar os fatos sociais é a sociedade e seus fenômenos, não os membros. Não é pela parte —
o indivíduo — que se produz o todo, mas o todo — a sociedade — que produz o indivíduo.
Ele se confronta com sua individualidade e as regras sociais que, para que se viva em
harmonia socialmente, precisam ser seguidas. A consciência individual é guiada por leis
psicológicas, enquanto a consciência coletiva possui leis próprias de acordo com a maneira
que o grupo se enxerga e como se relacionam com os objetos que os rodeiam. O fato social,
por ser alheio ao indivíduo, é coercitivo na medida em que impõe a ele comportamentos que
não seriam naturais caso não fossem impostos externamente. Ainda que o indivíduo não esteja
em harmonia com esse meio, a realidade a sua volta é moldada por ele e atua coercitivamente
no seu comportamento. Escovar os dentes, tomar banho com frequência, dar bom dia ao
amanhecer, são fatos sociais da nossa sociedade, por exemplo. Ainda na divisão social do
trabalho, Durkheim mostra uma visão funcionalista desse processo e compreende que, com as
funções, a sociedade desenvolve uma solidariedade moral em prol do coletivo. A
solidariedade mecânica seria presente em sociedades menos desenvolvidas, em que os
indivíduos não dependem muito uns dos outros e suas relações são regulamentadas por
costumes, por exemplo. A solidariedade orgânica, por outro lado, se dá em sociedades ainda
mais desenvolvidas, onde a divisão social se faz ainda mais presente; um exemplo disso é o
direito, uma parte da vida social, que objetiva regular os direitos individuais e coletivos de
todos. Por outro lado, em Max Weber, o estudo social deve ser uma ciência que busca
compreender a ação social e, desse modo, explicá-la nos seus feitos e efeitos. A ação é um
comportamento humano, seja “interno” ou “externo”, e é caracterizado pela atitude do
indivíduo baseado no comportamento de outros que.. A ação pode se orientar no passado,
presente ou futuro, e só é íntimo quando se orienta pelo comportamento alheio, mas não é
idêntica nem homogênea. O autor traz tipos de ação social, como a racional em ordem a fins,
que é caracterizada por expectativas de comportamento como meios para fins particulares e
com objetivos racionais. A ação racional quanto a valores é determinada pela crença em uma
conduta independente do resultado, tendo geralmente valor ético, religioso ou de qualquer
outra forma que possa se manifestar e esteja relacionado a valores definidos. A ação social
afetiva diz respeito a ações pautadas pelo emocional, enquanto a tradicional tem relação com
determinados hábitos vitais. Weber traz, também, o conceito de dominação e como ela se dá.
A burocracia para o autor não é somente um processo como também um grupo de pessoas,
que possui poder para permear dinâmicas sociais. Para Weber, o tipo ideal, conceito criado
por ele, devia ser um instrumento de estudo para o cientista social com o fim de compreender
a realidade e a ideia de um objeto de estudo específico. Na democracia, por exemplo, ao
definir um tipo “puro” ou ideal do que ela é cientificamente, é possível compreender seu real
funcionamento e o que ele explica a partir dos contrastes entre o tipo puro e o real. Weber
reflete a ideia de conflitos entre grupos e discorre acerca da burocracia na vida social, a
dominação entre grupos e a dialética ao redor do desenvolvimento do capitalismo e suas
raízes, demonstrando uma preocupação entre esse cenário na construção da ação social e
individual. Em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber analisa a
Revolução Industrial e afirma que a filosofia calvinista, em conjunto com o desenvolvimento
do modo de produção capitalista, foi parte importante da construção comportamental da
época. O religioso calvinista se via, por exemplo, como um conquistador do reino de Deus por
meio de seu trabalho e, ao mesmo tempo, essa riqueza obtida não podia ser acumulada e
voltava para a esfera da circulação, moldando as bases para o desenvolvimento de outros
fatores a partir disso. Nesse sentido, enquanto Durkheim traz a visão do indivíduo em
contraste com a sociedade, que atua diretamente em seu comportamento, analisando sempre o
indivíduo como produto do meio social. Weber, por sua vez, busca analisar mais a ação social,
o comportamento social, e como ele interage com a realidade ao seu redor e é influenciado
por ela.