O documento analisa o conceito de "homem cordial" de acordo com Sérgio Buarque de Holanda, definindo-o como alguém que se expressa através da emoção e afetividade, mas que por trás disso esconde conflitos sociais e políticos. O texto também comenta um trecho do livro relacionando-o à análise dos "novos tempos" e à perspectiva política adotada por Holanda, criticando a importação de sistemas políticos estrangeiros sem levar em conta a realidade brasileira.
O documento analisa o conceito de "homem cordial" de acordo com Sérgio Buarque de Holanda, definindo-o como alguém que se expressa através da emoção e afetividade, mas que por trás disso esconde conflitos sociais e políticos. O texto também comenta um trecho do livro relacionando-o à análise dos "novos tempos" e à perspectiva política adotada por Holanda, criticando a importação de sistemas políticos estrangeiros sem levar em conta a realidade brasileira.
O documento analisa o conceito de "homem cordial" de acordo com Sérgio Buarque de Holanda, definindo-o como alguém que se expressa através da emoção e afetividade, mas que por trás disso esconde conflitos sociais e políticos. O texto também comenta um trecho do livro relacionando-o à análise dos "novos tempos" e à perspectiva política adotada por Holanda, criticando a importação de sistemas políticos estrangeiros sem levar em conta a realidade brasileira.
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA Prof. Dr. Francisco Gaspar
Estudos Dirigidos 2
“O homem cordial” e “Novos tempos”
Kadijha Zoz Daju Dias
RA – 824155 1) Defina o conceito de “homem cordial” a partir de seus aspectos emotivos, sociais e políticos, e o relacione com a gênese histórica que Sérgio Buarque de Holanda pretende nos contar em seu livro. De acordo com Sergio Buarque de Holanda, o conceito de “homem cordial” na obra “Raízes do Brasil” é aquele que se expressa com o coração, que tem ações expostas pela afetividade e de certa forma uma bondade seletiva, que desenvolve relacionamentos através da emoção, impulso, contato e confiança com o outro, porém, por trás de afetos, se esconde questões de conflitos e problemas enraizados na estrutura social e política. Essa cordialidade, embora possa parecer benéfica, muitas vezes mascara conflitos de interesses.
Assim, socialmente, o homem cordial é aquele que age
“abrindo as portas de sua casa” para quem sente confiança e passa segurança, sendo os principais e mais importantes compromissos para ele sua aliança com a família e amigos, passando por cima de pessoas e coisas para ter o que quer. Ainda no livro ‘Raízes do Brasil’, especificamente na pag. 147, Sergio Buarque de Holanda vai citar o homem cordial na vida social, fazendo referência a uma frase de Nietzsche, como um ser desprovido das afeições de viver consigo mesmo:
“No “homem cordial”, a vida em sociedade é, de certo modo, uma
verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro — como bom americano — tende a ser a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros. Foi a esse tipo humano que se dirigiu Nietzsche, quando disse: “Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro” (2022, P.10).
No campo da política, entende-se que o homem cordial se
demonstra claramente na esfera de privilégios específicos, ou seja, favorecendo relações baseadas somente em seus interesses, que tem como ponto negativo, a corrupção no sistema governamental como o nepotismo.
Por sua vez, a colonização teve influências significativas para
o homem cordial, deixando uma herança marcada pelas relações personalistas, que é formada por laços de lealdade e dependências, o patrimonialismo e o clientelismo são assegurados até nos dias de hoje acerca da política, e a estrutura de um governo que ainda é pensado para defender interesses e não pessoas.
2) Comente o seguinte trecho, relacionando-o com a
análise dos “novos tempos” e a gênese histórica traçada por Sérgio Buarque de Holanda, particularmente no capítulo 6, procurando, desta feita, indicar qual é a perspectiva política mais geral adotada por ele no livro: “Trouxemos de terras estranhas um sistema complexo e acabado de preceitos, sem saber até que ponto se ajustam às condições da vida brasileira e sem cogitar das mudanças que tais condições lhe imporiam. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal- entendido. ” (Raízes do Brasil, p. 160)
Sergio Buarque de Holanda, na análise “novos tempos” vai
abordar o tema da política no Brasil, em particular sobre o liberalismo democrático, ele critica que ideais políticos foram trazidos ao Brasil sem levar em relevância as condições do povo brasileiro. O autor utiliza a metáfora "trouxemos de terras estranhas um sistema complexo e acabado de preceitos", destacando a falta de contextualização e adaptação desses conceitos à realidade brasileira.
Neste capitulo, Holanda, retrata a mudança do Brasil rural
para o urbano e isso acarretara em transições sociais, econômicas e políticas, há uma superficialidade citada por Buarque nas instituições políticas e sociais, uma extensão da cordialidade, portanto, há uma idealização estrangeira que insistem em desenvolver no pais, sem estudar uma estrutura, de dentro para fora, de forma “natural”. Para ele a transformação tem que ser estrutural e não pela legislação e muito menos uma “copia” de outros países.
Deste modo, Sergio Buarque de Holanda, trata a democracia
no Brasil como um grande mal-entendido, que pode ser comprovado no seguinte excerto: “A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido” ele utiliza essa frase ao se referir a crítica da democracia no pais, pois para o autor, serviu apenas para interesses privados, privilégios e manter as hierarquias.
Diante disso, concluo o meu trabalho com o entendimento
sobre os capítulos do “Homem Cordial” e os “Novos Tempos”, podendo interligar e refletir também sobre capítulos anteriores da obra. Ao observar as características da sociedade brasileira e seus feitos, pude notar a cordialidade como uma grande máscara de conflitos (corrupções, interesses pessoais, problemas sociais...) e identificar isso em nossa sociedade ainda nos dias atuais e até mesmo em mim. Poder compreender as complexidades e desafios do nosso pais, tanto politicamente como socialmente, é ter uma noção mais abrangente sobre as raízes históricas do pais.