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org/confins/37914
Confins
Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
50 | 2021
Número 50
Dossiê
O protagonismo do poder
público na condominização
residencial da cidade de Alfenas-
MG
The protagonism of public power in residential condominization of the city of Alfenas-MG
Le protagonisme du pouvoir public dans la condominisation résidentiel dans la ville d'Alfenas-MG
Résumés
Português English Français
Este trabalho propõe uma discussão sobre o papel dos agentes produtores do espaço urbano no
fenômeno da proliferação de empreendimentos do tipo condomínios residenciais fechados na
cidade de Alfenas, Estado de Minas Gerais, a partir de 2010. O objetivo principal é o de analisar
as relações que possibilitaram a implantação destes empreendimentos, dialogando com os
agentes produtores da referida cidade e as relações de consumo do espaço urbano. Além do
referencial teórico, foram efetuadas entrevistas com representantes do poder público municipal e
de incorporadores imobiliários. As análises indicam uma importante interferência do Estado na
produção desse espaço urbano fragmentado, evidenciando uma estratégia mercantil não
destacada nas abordagens sobre esse tema. Este artigo apresenta-se como um ensaio, no sentido
de relacionar um trabalho realizado previamente à análise política do planejamento urbano, e do
papel do Estado como produtor espacial, que fazem parte do nosso projeto de pesquisa do curso
de Mestrado em Geografia, na Universidade Federal de Alfenas-MG.
This paper proposes a discussion about the role of urban space producing agents in the
phenomenon of the proliferation of closed residential condominiums in the city of Alfenas, State
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of Minas Gerais, starting in 2010. The main objective is to analyze the relationships that made
possible the implementation of these enterprises, dialoguing with the transforming agents of the
city and the consumption relations of urban space. In addition to the theoretical reference,
interviews were carried out with representatives of municipal public authorities and real estate
developers. The analyzes indicate a strong interference of the State in the production of this
fragmented urban space, evidencing a mercantile strategy not highlighted in the approaches on
this theme. This article presents as an essay in the sense of relating a previous work to the
political analysis of urban planning and the role of the State as a space producer, which are part of
our research project of the Master's Degree in Geography at Universidade Federal de Alfenas-MG.
Cet article propose une discussion sur le rôle des agents producteurs de l’espace urbain dans le
phénomène de la prolifération des condominiums résidentiels fermés dans la ville d'Alfenas, État
du Minas Gerais, à partir de 2010. L'objectif principal est d'analyser les relations qui ont permis
l'implantation de ces entreprises, dialoguant avec les agents transformateurs de la ville et les
relations de consommation de l'espace urbain. En plus du cadre théorique, des entretiens ont été
menés avec des représentants du gouvernement municipal et des promoteurs immobiliers. Les
analyses indiquent une forte ingérence de l'Etat dans la production de cet espace urbain
fragmenté, montrant une stratégie commerciale non mise en évidence dans les approches sur ce
thème. Cet article se présente comme un essai afin de relier un travail effectué antérieurement à
l'analyse politique de l'urbanisme et du rôle de l'État en tant que producteur spatial, qui
s'inscrivent dans notre projet de recherche du Master en Géographie à Universidade Federal de
Alfenas-MG.
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Index by keywords: space production, public power, gated community, segregation, Alfenas-
MG.
Índice de palavras-chaves: produção do espaço, poder público, condomínio fechado,
segregação, Alfenas-MG.
Texte intégral
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1 O número de condomínios residenciais fechados cresceu significativamente nos
últimos anos do século XX e início do século XXI, transformando não só a paisagem
urbana, como também a dinâmica social da cidade. A expansão deste produto
imobiliário gerou discussões e estudos que abordam suas causas, consequências e
origens. Neste trabalho, o estudo sobre a expansão destes empreendimentos na cidade
de Alfenas, Estado de Minas Gerais, remete a uma reflexão sobre qual o espaço urbano
está sendo produzido e qual o papel dos agentes transformadores neste processo.
2 Alfenas possui um espaço urbano que remete ao seu passado de urbanização, que
concentrou, no centro, o poder econômico e político, o comércio e as residências da
classe mais abastada, deixando para a periferia as classes de rendas mais baixas. Esse
modelo de urbanização, comum no Brasil, foi se modificando com a saturação do centro
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Procedimentos metodológicos
10 Este trabalho propõe-se a analisar a produção e a estruturação do espaço urbano sob
a ótica das interações entre seus agentes transformadores, sendo esta uma premissa
para a compreensão da dinâmica urbana. Analisando as contradições existentes entre a
reprodução de empreendimentos do tipo condomínios fechados na cidade de Alfenas e
sua relação com a tomada de decisão do planejamento urbano, buscou-se compreender,
portanto, a dialética do produzir espaços que são urbanos, mas que não
necessariamente pertencem à cidade.
11 Para isso, iniciou-se uma revisão bibliográfica específica sobre os conceitos e temas
que pautam os processos de produção do espaço urbano e os agentes responsáveis por
tais transformações. Além disso, buscamos entender quais são as motivações e
consequências deste produto imobiliário, à luz de autores que abordaram este tema em
estudos anteriores.
12 Na primeira parte da pesquisa foram realizadas entrevistas semi estruturadas com
agentes que, conforme Corrêa (1989), são responsáveis pela formação do espaço
urbano. Em reunião com o prefeito da cidade de Alfenas, Luiz Antônio da Silva,
Luizinho, obtivemos informações importantes sobre a ótica do poder público acerca
destes empreendimentos, quais as contrapartidas exigidas aos loteadores e qual a
intenção do poder público municipal com as aprovações destes projetos. Esta entrevista
se fez necessária, pois foi no mandato dele que os condomínios mais recentes foram
aprovados e tendo em vista que ele era o atual prefeito durante a realização da presente
pesquisa.
13 Utilizamo-nos, também, de pesquisas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Estratégico, órgão do poder executivo municipal que fomenta a captação de recursos
públicos para operações/obras de desenvolvimento urbano e regional. Foram
entrevistados outros representantes do poder público municipal, especialmente
servidores da Secretaria de Planejamento e Orçamento da Prefeitura Municipal de
Alfenas.
14 Os mapas foram elaborados com a base de dados do IBGE, juntamente com a planta
cadastral da cidade de Alfenas, fornecida pela Prefeitura Municipal, através da
Secretaria de Planejamento e Orçamento.
15 No tópico a seguir, procedemos à discussão sobre a dinâmica dos principais agentes
sociais envolvidos na produção do espaço urbano e suas estratégias.
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18 O capital busca sempre moldar o espaço urbano, a fim de tirar dele o maior lucro
possível. Trabalhando com a cidade como mercadoria e entendendo que cada “pedaço”
da cidade se constitui um monopólio, pois sua localização é irreproduzível, com os
agentes transformadores do espaço urbano tendo na renda imobiliária, o motor central
de acumulação de capital, através de seu valor de troca.
19 A definição de espaço urbano descrito por Corrêa (1989), afirma que a segmentação
espacial é uma característica da cidade, com as suas partes unidas através dos fluxos,
formando uma unidade articulada e complexa.
20 Afirma que, no capitalismo, a fragmentação encontrou terreno fértil para sua
reprodução, gerando um “complexo e mutável mosaico social”, sendo reorganizado a
cada novo processo de expansão urbana, de incorporação de novas áreas e de
mobilização social.
21 Logo, de acordo com o autor referido, o espaço urbano é formado pelas relações
sociais estabelecidas, através do tempo, neste contexto espacial segmentado, pelos
seguintes agentes sociais:
22 a) Os proprietários dos meios de produção: pela natureza de suas atividades, são
grandes consumidores de espaço. Demandam terrenos de boa localização (para
escoamento da produção e para acesso dos funcionários), amplos e com baixo custo.
Todavia, essa demanda é mais complexa nas cidades. A especulação imobiliária
aumenta o preço das terras urbanas, o que gera um impacto direto no custo da
produção e no salário dos trabalhadores.
23 b) Os proprietários de terras: buscam a maior renda fundiária possível de suas
propriedades, interessando-lhes diretamente o valor de troca do solo, não o de uso.
Utilizam-se de especulação imobiliária para garantir um alto retorno do investimento e
procuram empreendimentos rentáveis para implantar em suas propriedades, como é o
caso dos condomínios fechados. Podem contar com o “auxílio” do poder público, no
sentido de garantir infraestrutura que agregam mais valor às suas propriedades. A
ocupação de áreas periféricas das cidades depende de sua estratégia, para definir quais
tipos de empreendimentos se instalarão e qual classe social a ocupará. Os proprietários
de terras bem localizadas, que são dotadas de amenidades físicas (vegetação, mar, lagos,
etc), utilizam-se de campanhas publicitárias que exaltam suas qualidades e,
consequentemente, elevam o preço dos terrenos.
24 c) Os promotores imobiliários: são agentes que realizam operações de incorporação,
financiamento, estudo técnico, construção, comercialização, transformando o capital-
mercadoria em capital-dinheiro, acrescido de lucro. A principal estratégia desses
agentes é agregar a imóveis um valor de uso que antes não tinham (inovações,
diferenciais), para poderem cobrar um preço superior ao inicial.
25 d) O Estado: articulador da organização espacial da cidade, tem o poder decisório no
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Devemos ter consciência que a grande maioria dos loteamentos da cidade são
abertos, temos uns 12 loteamentos abertos e só uns três novos fechados. Então, o
empobrecimento da cidade e sua incapacidade de financiamento é que leva a abrir
novos loteamentos. Ao contrário do que se pensa, não é a cidade que cresceu, ela
empobreceu, seus moradores perderam a capacidade de comprar à vista, a
incapacidade financeira de quem quer construir (Luizinho, 2016).
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O outro que abriu é o Floresta, que quando foi feito foi uma exigência nossa, do
governo, que fosse fechado, para que a cidade diminuísse os custos de
manutenção. Não foi porque eles queriam, eles preferem fazer aberto, acham que
vende mais sendo aberto do que fechado (Luizinho, 2016).
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dos loteamentos fechados, não foram considerados os impactos que esse tipo de
empreendimento causaria no modo de vida da população adjacente. Não foi exigido, por
exemplo, Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), para que pudessem ser mapeadas as
áreas de influência desses empreendimentos, bem como as consequências desses no
tecido urbano existente, mesmo sendo este um instrumento prescrito no Plano Diretor
Municipal para tal.
47 Verificamos que os condomínios fechados se tornaram uma “válvula de escape” do
governo municipal para os problemas urbanos, e no caso de Alfenas, principalmente
para a questão da violência e dos altos custos de manutenção do espaço urbano. E, neste
sentido, a fala do prefeito sobre outro loteamento, o Cidade Jardim (parte é aberta e
outra é condomínio fechado), corrobora nosso pensamento:
O Cidade Jardim é um teste, não sabemos se aquilo vai dar certo. Quando pediram
para lotear o Floresta, existiam vários lotes ali irregulares e semi urbanizados, não
tinha esgoto nem água, eram complicados. As exigências que fizemos para liberar
o loteamento foi que a rua fosse asfaltada até lá em cima – coisa que seria
obrigação da prefeitura, mas não tínhamos dinheiro –, resolvessem os lotes
encrencados e fizessem um parquinho ali na frente para atender aos moradores
dos Santos Reis. Isso tudo foi contra partida para a liberação do empreendimento
(Luizinho, 2016).
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Considerações finais
56 Os condomínios fechados modificam a dinâmica socioespacial e a forma tradicional
de experimentar a cidade e, desta forma, vêm reforçando ainda mais as disparidades
existentes entre as classes sociais no espaço urbano. As relações alteradas vão além da
circulação no tecido urbano, passam por uma nova forma de morar, de perceber o lugar
onde se mora e de se apropriar (ou não) dele.
57 A configuração urbana e o mercado imobiliário existentes no Brasil são complexos,
com o lote urbanizado sendo um produto do mercado com grande taxa de lucro. O
poder público do município de Alfenas demonstrou, nesta pesquisa, certa incapacidade
de administrar as responsabilidades quanto à instalação e manutenção de
infraestrutura, tendo em vista a velocidade que têm se dado a expansão urbana. Diante
disso, os empreendedores privados encontraram uma forma de aliar seus interesses
financeiros com certa comodidade do poder público, ao se eximir das responsabilidades
infraestruturais.
58 Um fato importante referente à produção do espaço urbano em Alfenas é o papel dos
incorporadores que atuam na cidade. Grupos grandes, de outras cidades e até de outros
estados, dominam as iniciativas dos condomínios mais recentes. Esses agentes têm
proporcionado uma expansão acelerada da malha urbana, tendo em vista que subsidiam
a construção de loteamentos os quais, provavelmente, não aconteceriam neste
momento.
59 Além disso, incorporaram à cidade o “estilo de vida” de condomínios fechados
acessíveis a uma parcela da população que não tinha essa possibilidade, e que passou a
poder habitar ou investir neste tipo de empreendimento. Até mesmo o padrão de lotes é
mais popularizado, se considerarmos as dimensões que são comercializadas (a partir de
300 m2), as dimensões dos terrenos do Jardim da Colina, por exemplo.
60 Evidentemente, a análise aqui apresentada, representa um esforço de discussão de
uma problemática extremamente complexa, e portanto não se admite a pretensão de
esgotá-la. Nesse sentido, registra-se aqui que a perseverança nos estudos sobre a
produção do espaço urbano, seus desafios e agentes, são norteadores do futuro
desenvolvimento de nossa pesquisa, visando contribuir com as discussões acerca do
tema.
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Crédits Fonte: IBGE, Base Minas Gerais, 2016. Elaboração: André L. Bellini.
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Fichier image/jpeg, 365k
Titre Figura 4 – Condomínio Residencial Floresta
Crédits Fonte: Evânio S. Branquinho, outubro de 2020.
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/37914/img-3.jpg
Fichier image/jpeg, 145k
Titre Figura 5 – Loteamento Residencial Cidade Jardim
Crédits Fonte: Evânio S. Branquinho, outubro de 2020.
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/37914/img-4.jpg
Fichier image/jpeg, 130k
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Référence électronique
Lilian Mara de Castro Azevedo et Evânio dos Santos Braquinho, « O protagonismo do poder
público na condominização residencial da cidade de Alfenas-MG », Confins [En ligne], 50 | 2021,
mis en ligne le 21 juin 2021, consulté le 22 octobre 2022. URL : http://journals.openedition.org
/confins/37914 ; DOI : https://doi.org/10.4000/confins.37914
Auteurs
Lilian Mara de Castro Azevedo
Mestranda em Geografia – Universidade Federal de Alfenas-MG, lilian.arqgeo@gmail.com
Droits d’auteur
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Conditions 4.0 International - CC BY-NC-SA 4.0
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