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TEXTOS DE GEOGRAFIA
Aluno(a) : ___________________________________________________
(nome completo e legível)
Série/Ano: .......................... Turma: ............... Data: / / 20
Professor: EDVAN ALMEIDA
3o Bimestre

TEXTO 01 escolares utilizados em países do mundo árabe ele aparece


Golfo Pérsico, geografia e geopolítica com o nome de Golfo Arábico.
Na virada do século XIX para o século XX, aproveitando-se da
As pressões cada vez maiores da comunidade internacional decadência do Império Turco-Otomano e tentando conter o
sobre o Irã em relação ao projeto nuclear que o país avanço da influência do Império Russo sobre a Pérsia, a Grã-
desenvolve fez com que o governo de Teerã ameaçasse criar Bretanha firmou acordos políticos e territoriais com várias
obstáculos para a travessia de navios petroleiros pelo Estreito lideranças árabes na margem ocidental do Golfo. Algumas
de Ormuz, a única saída do Golfo Pérsico para o Oceano décadas depois, tal estratégia resultou na fragmentação
Índico. geopolítica da área onde hoje se encontram o Kuwait, o Catar,
O Golfo Pérsico é um braço de mar quase fechado que se Barein, o sultanato de Omã, os sete emirados que formam os
estende desde o estuário do Chatt-al-Arab, canal fluvial Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
resultante da junção dos rios Tigre e Eufrates, ao norte, até o O Iraque foi uma entidade geopolítica “inventada” pelos
Estreito de Ormuz, onde as águas do golfo se conectam com britânicos – tanto que, no início do século XX, corria nos meios
as do Oceano Índico. Situado num dos pontos nevrálgicos da diplomáticos britânicos a versão de que as fronteiras do Iraque
região do Oriente Médio, o Golfo Pérsico banha os territórios teriam sido traçadas “num belo domingo de sol em Londres”.
de oito países: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Barein, Essas fronteiras, arbitrárias e artificiais, se tornaram mais tarde
Catar, Emirados Árabes Unidos e Omã. (veja o mapa). focos de tensão e de conflitos. Entre as causas da Guerra Irã-
Iraque (1980-1988), encontrava-se a questão da retificação da
fronteira comum entre os dois países na região do Chatt-al-
Arab. Uma das justificativas do Iraque para a invasão do
Kuwait, em 1990, foi a de que este último país constituía um
produto do imperialismo britânico – e deveria ser, na realidade,
uma província iraquiana.
Os países do Golfo Pérsico exibem grandes discrepâncias no
que se refere à extensão territorial, à demografia e à
economia. O de maior superfície é a árida Arábia Saudita, com
pouco mais de2 milhões de km2, enquanto o pequeno Barein
possui área de apenas 700 km2. O mais populoso dos países é
Durante muito tempo os arredores do golfo se constituíram o Irã, com cerca de 75 milhões de habitantes; no outro extremo
numa área pobre, árida e despovoada, frequentada por piratas encontra-se o Barein, com pouco mais de 800 mil. A maior ou
e traficantes. Todavia, ao longo do século XX, a região passou menor presença e exploração de petróleo e gás se traduz por
ater elevada importância estratégica, pois tanto nos territórios fortes disparidades econômicas.
continentais como nos espaços marítimos sob o controle dos A imensa maioria da população de todos os países do Golfo
Estados ribeirinhos se concentra parcela importante da professa o islamismo, mas com importantes diferenciações
produção mundial de petróleo e de gás natural. Na esfera sectárias. No Irã e no Iraque, a maioria é formada por xiitas.
direta do golfo estão aproximadamente60% das reservas do No Irã, a proporção de xiitas é de cerca 90%, enquanto os
“ouro negro” e 40% das de gás. Pelo Estreito de Ormuz xiitas iraquianos representam aproximadamente 60% da
passam cerca de 40% do petróleo comercializado no mundo. população total do país. Ironicamente, desde a derrubada da
As porções norte e leste do golfo são ocupadas por um único ditadura sunita de Saddam Hussein pelos americanos, cresce
Estado, o Irã, e o restante da orla marítima pelos demais a influência do Irã entre a maioria xiita do Iraque. Nos demais
países. Culturalmente, a região do golfo é também uma área Estados da região, os sunitas são majoritários, mas existem
de contato entre as civilizações persa – representada pelo Irã– minorias xiitas. A convivência entre sunitas e xiitas,
e árabe, que engloba os demais países. Por conta disso, o especialmente no Iraque, tem sido quase sempre conflituosa.
golfo é polêmico até no nome. Muitos especialistas, No Barein, a Primavera Árabe assumiu os contornos de uma
especialmente franceses, defendem que o nome correto dele revolta xiita contra a monarquia sunita.
deveria ser Golfo Arabo-Pérsico e não Golfo Pérsico. Nos Atlas O cenário, porém, é ainda mais complexo, pois a exploração
do petróleo e do gás atraiu para a região levas de imigrantes
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dos países árabes vizinhos e, também, do sul e sudeste da A EXPLORAÇÃO ESTRANGEIRA E A DINASTIA PAHLEV
Ásia. Indianos, paquistaneses e filipinos formam, por esse A partir de 1903, o Irã passou a ter com a Grã- Bretanha uma
motivo, parcela significativa dos trabalhadores engajados nas relação semicolonial. A potência europeia controlava a
economias do Golfo Pérsico. exploração do petróleo por meio da Companhia de Petróleo
Como reflexo da diversidade histórica, política e cultural, a Anglo-Persa (APOC). Em 1907, a Pérsia (como era chamada a
região do golfo é palco inúmeras disputas geopolíticas. Há região onde atualmente fica o Irã) foi dividida em zonas de
tensões de caráter religioso e étnico, como as que envolvem o influência entre a Grã-Bretanha e a Rússia. Mas os russos
Irã persa e xiita e os países árabes vizinhos, dominantemente perderam o controle da área devido à Revolução Socialista de
sunitas. Há, também, tensões derivadas das diferenças entre 1917 - posteriormente, já como União Soviética, o domínio
os regimes políticos. Iraque e Irã são repúblicas, enquanto os reforçou-se no Cáucaso e Ásia Central. Após a Segunda
demais países são monarquias. O Irã, uma monarquia pró- Guerra Mundial (1939-1945), foi a vez de os EUA projetarem
ocidental até 1979, converteu-se em república islâmica dirigida sua influência política e econômica sobre o Irã.
pela elite teocrática xiita. No Iraque, uma república nacionalista
Encaradas como fonte de subordinação, falta de autonomia e
e autoritária anti-ocidental foi substituída, como resultado da corrupção, as relações entre o Irã e o ocidente foram
invasão americana de 2003, por uma instável república ampliadas pela dinastia Pahlev (1925-1979), que foi instaurada
parlamentarista que se equilibra em acordos entre xiitas, por meio de um golpe militar pelo general Reza Khan (1878-
sunitas e curdos. 1944), em 1925. Nesse período, os governantes eram
Contudo, a principal raiz das instabilidades políticas regionais chamados de Xá, título que corresponde ao posto de rei ou
encontra-se nas excepcionais riquezas energéticas do subsolo. imperador.
O “Golfo do petróleo” experimentou três grandes conflitos A dinastia Pahlev caracterizou-se por diversos fatores, como a
recentes, com repercussões em escala mundial. A Guerra Irã- relação próxima com o ocidente, o difícil intercâmbio com os
Iraque (1980-1988), a Guerra do Golfo (1990-1991) e a Guerra árabes devido à identidade persa e islâmica, o projeto de
do Iraque (2003) destruíram uma arquitetura de poder regional criação da potência regional e a falta de democracia e agenda
baseada na rivalidade entre Irã e Iraque. Daqueles terremotos, social, o que gerou uma sequência de crises. Os Pahlev
emergiu um Irã mais forte, com ambições de exercitar sua inseriram a ocidentalização e secularização, que contrariava o
influência em toda a região. A tensão latente, potencialmente clero muçulmano tradicionalista, como as graves
explosiva, sobre o programa nuclear iraniano evidencia o confrontações que ocorreram devido ao banimento do uso do
desconforto de Washington com as ambições de Teerã. véu para as mulheres.
A situação política do Irã agravou-se com a Segunda Guerra,
http://www.clubemundo.com.br/pages/pdf/2012/mundo0112.pdf quando o exército alemão tentou avançar pela região, o que
Acessado em 16/09/2013 levou à ocupação britânica e soviética no Irã, para defender os
campos petrolíferos. Nesse período, a oposição a Reza Pahlev
cresceu. Em 1941, o Xá renunciou em benefício de seu filho
TEXTO 02 Mohammad Reza Pahlev (1919-1980). Com Mohammad, que
Do Xá ao Aíatolá: os 30 anos da Revolução Iraniana governou até 1979, instaurou-se uma monarquia
constitucional, dividindo o poder com o Parlamento (Majilis).
A República Islâmica do Irã apresenta uma trajetória complexa,
na qual a Revolução Iraniana, de fevereiro de 1979, surge AS DISPUTAS PELO PETRÓLEO NA ÉPOCA DA GUERRA
como ponto de inflexão. Modernidade e tradição, FRIA
ocidentalização e religião, foram alguns dos elementos
contraditórios que levaram à insurgência. Depois de um breve período de estabilidade, em 1946 o Irã foi
Dona da terceira maior reserva de petróleo do mundo, a palco de uma das primeiras disputas da Guerra Fria, quando a
República Islâmica do Irã é hoje a quinta maior exportadora União Soviética manteve suas tropas em território iraniano e
mundial: são mais de 2,5 milhões de barris por dia. Mas apesar apoiou o socialista Partido Tudeh, criado em 1941.
desse recurso valiosíssimo, o Irã permanece como um país Ao lado do clero, o Tudeh foi uma força de oposição ao Xá e
subdesenvolvido. Assim como outras nações ricas em desempenhou papel significativo: enquanto os mulás (líderes
petróleo, o bem que gera fortuna também produz religiosos das mesquitas islâmicas) detinham o apoio das
vulnerabilidade e funciona como elemento de dependência e massas rurais e defendiam a agenda conservadora, o Tudeh
cisão. era urbano e moderno. No entanto, a Grã-Bretanha e os
A descoberta de petróleo na região, em 1903, motivou a Estados Unidos rechaçaram os soviéticos, mantendo seu
exploração britânica no território iraniano. A dominação controle. Mas isso não significou o cessar das tensões internas
estrangeira somada à posição estratégica do Irã no Oriente iranianas, o que resultou na nomeação de Mohammad
Médio, a pobreza da população e os dogmas do Islamismo Mossadegh (1880-1967) como primeiro- ministro, em 1951.
resultaram na revolução de 1979, que transformou o país em Mossadegh tinha ideias nacionalistas queria o controle do Irã
uma república teocrática islâmica. Por isso, para entender sobre suas reservas petrolíferas.
como se deu a insurreição, é preciso entender o contexto Até 1953, Mossadegh, que fora presidente do Comitê do
histórico e político do Irã desde os primeiros anos do século Petróleo no Parlamento, governou como primeiro-ministro.
XX. Atuando contra a exploração injusta do petróleo, ele promoveu

Vide verso
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a nacionalização do combustível e criou a Companhia Nacional
Iraniana de Petróleo (NIOC). As potências anglo-saxãs não CICLO REVOLUCIONÁRIO
aceitaram perder seus benefícios e impuseram um embargo.
Temendo a ascensão de um governo comunista e para Em 1978, a deterioração da situação social, política e
retomar o fornecimento de petróleo, EUA e Grã- Bretanha econômica era patente e o governo intensificou sua ação anti-
derrubaram Mossadegh com a Operação Ajax que foi oposição. A cidade iraniana de Qom foi palco de
compartilhada entre os serviços secretos CIA (agência norte- manifestações contra o Xá, que terminaram com mais de mil
americana) e MI6 (agência britânica). Os norte-americanos e mortos. Em setembro, na capital Teerã, ocorreu mais uma
os britânicos restituíram todo o poder ao Xá Mohammad Reza violenta repressão, que ficou conhecida como Sexta-Feira
Pahlev, que era visto como um aliado do ocidente. Negra (reivindicação contra o regime do Xá). Além das
Mohammad, por sua vez, adotou um regime mais repressivo, constantes reclamações populares, greves gerais minavam a
simbolizado pela criação da polícia secreta Savak, em 1957. sociedade e as finanças iranianas.
A oposição ao Xá reunia diversos grupos sociais, entre liberais,
A REVOLUÇÃO BRANCA E A "GRANDE CIVILIZAÇÃO DO socialistas e o clero islâmico, cuja influência crescia
IRÃ" exponencialmente sob a liderança do exilado Aiatolá Khomeini.
Dentre os opositores ao Xá, encontravam-se os mujahedin
Em 1963, mais uma crise abalou o Irã: a Revolução Branca, (combatentes que praticam a Jihad, a luta islâmica) e a
uma tentativa de Mohammad Pahlev de modernizar o país, guerrilha Fedayin-e-Khalk (de ideologia marxista e islâmica) e
que incluía a reforma agrária e o voto feminino, aprofundou a a burguesia (bazaar). O clero islâmico supria com seu discurso
secularização e ocidentalização. Por causa dessas medidas, o e o carisma populista de Khomeini, elemento unificador que
Xá ficou conhecido como o "inimigo do Islã". As relações com faltava e que mesmo os religiosos moderados apoiaram.
as potências anglo-saxãs, em particular os EUA, cresceram. Do rural ao urbano, o projeto islâmico era simbolizado pela
Até mesmo de Israel o Irã se aproximou. Porém, a voz dos autonomia política e a recuperação da identidade e orgulho a
clérigos levantou-se, com inúmeros protestos na cidade partir da religião. Os vícios ocidentais e da modernidade
sagrada de Qom, além de greves gerais violentamente seriam superados pela adoção da sharia (lei islâmica),
reprimidas. O movimento foi comandado pelo Aiatolá (o mais permitindo a construção de uma sociedade mais justa, que
alto dignatário na hierarquia religiosa islâmica) Ruhollah respeitasse os preceitos fundamentais do Islã amparados pelo
Khomeini (1900- 1989), que acabou sendo preso e exilado de Alcorão. De acordo com o plano islâmico, o Irã não seria mais
1965 a 1978, no Iraque (e um breve período na França). explorado, tornando-se responsável por seu destino e recursos
Depois desses conflitos, o Irã viveu relativa estabilidade devido estratégicos.
ao aumento dos preços do petróleo por conta da OPEP. Isolado, o Xá deixou o Irã em janeiro de 1979, falecendo pouco
Outros setores industriais expandiram-se gerando urbanização tempo depois no exílio. Em uma tentativa de contornar a crise,
e crescimento populacional, sem correspondente melhora nas o país foi deixado sob o comando do então primeiro-ministro
condições de vida. O sistema manteve- se fechado e o projeto Shapour Bakhtiar (1915-1991). Porém, a tentativa de manter a
do Xá, de modernização e fortalecimento, amparado pela mesma administração da dinastia Pahlev falhou e, em
compra de armamentos norte-americanos e a política pró- fevereiro de 1979, o retorno do Aiatolá Khomeini do exílio
regimes autoritários do presidente norte-americano Richard significou o fim do antigo regime.
Nixon (1913-1994), da década de 1970, somente acentuava as
contradições internas. Os EUA toleravam durante a TEXTO 03
bipolaridade abusos aos direitos humanos, desde que o país Guerra Irã-Iraque: Contra o Irã, EUA se aliaram a Saddam
fosse definido como aliado e "pilar da estabilidade regional". Hussein
O Xá vislumbrava a construção da "Grande Civilização do Irã":
o maior poder do Oriente Médio e quinta maior potência Em 1980, Irã e Iraque iniciaram uma guerra sangrenta, que
econômica do mundo. Um dos marcos da irracionalidade foi, teve forte motivação no fundamentalismo religioso e na
em 1971, a gigantesca celebração em Paris em homenagem à presença dos EUA no Oriente Médio. O conflito, que terminou
dinastia Pahlev, enquanto a população carecia de salários, no dia 20 de agosto de 1988, sem vencedores, é um fato
infraestrutura e serviços básicos de educação, alimentação e histórico que ajuda a entender importantes conflitos posteriores
saúde. A situação agravou-se com a primeira crise do petróleo, no Oriente Médio, a exemplo da Guerra do Golfo (1991) e da
em 1973, tendo como um de seus fatores a guerra do Yom Guerra do Iraque (2003).
Kippur (dos Estados árabes contra Israel), o declínio dos EUA Até 1979, o Irã era um dos maiores aliados dos Estados
e a recessão das economias desenvolvidas. Essa política Unidos na região - estratégica por abrigar a maior parte das
encontrou seu limite entre 1976 e 1977, com a crescente reservas mundiais de petróleo. Neste ano, o país sofreu a
oposição da população e a perda de apoio dos EUA. Jimmy Revolução Islâmica, que resultou na deposição do Xá
Carter, presidente dos Estados Unidos entre 1977 e 1981, (imperador) Reza Pahlevi e na posse do aiatolá (chefe
reverteu as políticas de Nixon, privando o Irã de ajuda. Nesse religioso) Ruhollah Khomeini como líder máximo do país.
meio tempo, o estado de saúde do Xá piorou com a posterior
confirmação de seu câncer. Nesse contexto caótico, abriu-se o Xiitas no poder
caminho para a revolução.

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O Irã deixava de ser uma monarquia alinhada ao Ocidente de ver o Irã como uma ameaça a seus interesses. Mesmo
para se tornar uma brutal ditadura fundamentalista islâmica. O assim, o ditador manteve sua política agressiva para com seus
fato de a população ser de maioria xiita (islâmicos radicais) vizinhos. A próxima vítima de Saddam foi o Kuait, invadido e
explica a maciça adesão à revolução. Khomeini defendia a anexado em 1990. A ação acarretou a Guerra do Golfo em
expansão da revolução, o que criou atritos com outras nações 1991, opondo o Iraque a uma coalizão liderada pelos EUA, o
do Oriente Médio, e criticava abertamente os EUA, acusando- ex-aliado. Mas essa é outra história.
os de corromper os valores islâmicos.
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/guerra-ira-
Consequências da Revolução Islâmica iraque-contra-o-ira-eua-se-aliaram-a-saddam-hussein.htm
Uma das principais consequências da revolução foi o
rompimento do Irã com os Estados Unidos, que desde então TEXTO 04
não mantêm relações diplomáticas. Os americanos se viram
sem um de seus maiores aliados. Para compensar a perda do Guerra do Golfo: Saddam Hussein começa a incomodar os
Irã, os EUA se aproximaram do país vizinho, o Iraque, onde o EUA
jovem vice-presidente havia tomado o poder recentemente por
meio de um golpe de estado. Seu nome? Saddam Hussein. O conflito com o Irã trouxe graves problemas financeiros para
Pois é. Inicialmente, o ditador iraquiano foi um aliado o Iraque, governado por Saddam Hussein. Mesmo com o
estratégico dos americanos no Oriente Médio. apoio norte-americano, o Iraque enfrentava nas décadas de 80
A guerra começou em 1980 por um motivo que, teoricamente, e 90 uma séria crise que se aprofundou em função da baixa
não seria suficiente para iniciar hostilidades entre Irã e Iraque: dos preços do petróleo. O governo iraquiano responsabilizava
o controle do Chatt-el-Arab, um canal que liga o Iraque ao o Kwait pelo problema, afirmando que o país vendera cotas de
Golfo Pérsico, por meio do qual é escoada a produção petróleo superiores às estabelecidas pela OPEP (Organização
petrolífera do país. Embora a margem oriental do canal fosse dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo) e, por essa
controlada pelos iranianos, qualquer embarcação podia razão, invadiu o Kwait.
atravessá-lo sem problemas rumo ao Iraque. Mesmo assim, Vários países do Ocidente que compravam regularmente
Saddam Hussein reivindicou o controle total do estreito. Diante petróleo do Kwait passaram a temer um acirramento das
da recusa iraniana em ceder seu território, tropas de Saddam tensões na região, o que poderia comprometer o
invadiram o Irã e destruíram o que era então a maior refinaria abastecimento do produto e elevar seus preços. Pressionada
de petróleo do mundo, em Abadã. pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, a ONU estabeleceu um
E assim dois países pobres, altamente dependentes da prazo para que o Iraque se retirasse do Kwait, ao que Saddan
exportação do petróleo, mantiveram um conflito que se dava Hussein respondeu que só cumpriria a exigência da ONU caso
principalmente por meio de batalhas de infantaria, custando a uma outra decisão da instituição fosse cumprida: a criação do
vida de milhares de soldados e das populações das regiões Estado Palestino. Dessa forma, Hussein procurava aliados
fronteiriças. O Iraque, que sofreu um pesado contra-ataque entre os árabes para enfrentar as potências ocidentais. O
iraniano em 1982, foi apoiado principalmente pelos EUA e por plano do governante iraquiano, porém, fracassou e ele ficou
outras nações do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, cujas isolado para enfrentar as tropas que se deslocaram para a
elites não viam com bons olhos a expansão do região.
fundamentalismo islâmico, representado pelo Irã.
Operação Tempestade no Deserto
Massacre dos curdos Em janeiro de 1991, expirado o prazo estabelecido pela ONU,
O conflito, travado majoritariamente em solo iraquiano, se o então presidente dos Estados Unidos George Bush, deu
caracterizou por vitórias alternadas de ambos os lados, início à operação Tempestade no deserto, ação militar contra o
configurando um equilíbrio entre os beligerantes, embora o Irã Iraque que partia de bases instaladas na Arábia Saudita.
tivesse uma população três vezes maior. Em 1985, o Iraque Iasser Arafat, líder da OLP, manifestou seu apoio a Saddam
teve de enfrentar a sublevação da minoria étnica dos curdos, Hussein e este aproveitou para convocar a "guerra santa"
concentrada principalmente no norte do país. Para evitar um contra o Ocidente. Seu principal alvo foi Israel que foi atacado
conflito em duas frentes, Saddam resolveu liquidar os por mísseis sem poder revidar.
separatistas curdos, inimigo mais fraco que os iranianos, de Depois de seis semanas de combate o Iraque desocupou o
maneira rápida e definitiva. Para isso, usou armas químicas, Kwait e foi severamente sancionado pela ONU. Todavia, o
que mataram cerca de 5 mil habitantes da aldeia de Halabja. responsável pelo conflito, Saddam Hussein, permaneceu até
Completamente esgotados, Irã e Iraque cessaram fogo em 2003 como o chefe de Estado iraquiano, incomodando até
1988, por sugestão da ONU (Organização das Nações pouco tempo as potências vitoriosas do conflito.
Unidas). As fronteiras permaneceram exatamente as mesmas
de antes do conflito. Desta forma, é possível afirmar que as http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/guerra-do-golfo-
vítimas da guerra -cerca de 300 mil iraquianos e 400 mil saddam-hussein-comeca-a-incomodar-os-eua.htm
iranianos- morreram em vão.
Depois da guerra, Saddam não obteve mais apoio logístico ou
financeiro dos EUA e dos outros países árabes, que deixaram

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