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INSTALAÇÕES

HIDROSSANITÁRIAS

PROF.a MARCILENE
BERNARDO SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA

Prof. Marcilene Bernardo Silva

INSTALAÇÕES
HIDROSSANITÁRIAS

Marília/SP
2022
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO ÀS INSTALAÇÕES 07
HIDROSSANITÁRIAS

CAPÍTULO 02 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA 17

CAPÍTULO 03 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 27


ÁGUA FRIA - PARTE 2

CAPÍTULO 04 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 38


ÁGUA FRIA - PARTE 3

CAPÍTULO 05 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 44


ÁGUA QUENTE

CAPÍTULO 06 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 54


ÁGUA QUENTE - PARTE 2

CAPÍTULO 07 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 62


ESGOTO SANITÁRIO

CAPÍTULO 08 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 74


ESGOTO SANITÁRIO - PARTE 2

CAPÍTULO 09 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 83


ESGOTO SANITÁRIO - PARTE 3

CAPÍTULO 10 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 97


ÁGUA PLUVIAL

CAPÍTULO 11 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 107


ÁGUA PLUVIAL - PARTE 2

CAPÍTULO 12 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 117


PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO

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SUMÁRIO
CAPÍTULO 13 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE 128
PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO -
PARTE 2

CAPÍTULO 14 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE GÁS 138


COMBUSTÍVEL

CAPÍTULO 15 INSTALAÇÃO HIDRÁULICA PREDIAL DE GÁS 148


COMBUSTÍVEL

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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO ÀS INSTALAÇÕES
HIDROSSANITÁRIAS

Nossa primeira aula será uma explicação geral das instalações hidrossanitárias.
Vamos ver a definição dessas instalações, tipos de projetos que fazem parte dessas
instalações e alguns exemplos de projetos.

1.1 O que é uma instalação hidrossanitária?

Podemos definir as instalações hidrossanitárias como o conjunto de tubulações,


conexões, equipamentos que são instalados em uma edificação para realizar a alimentação,
disposição e distribuição de água fria, água quente, água pluvial, esgoto sanitário e água para
os equipamentos de combate a incêndios para todos os pontos hidráulicos da edificação.
Na Figura 01, é apresentado o esquema de uma instalação hidrossanitária ou hidráulica
residencial, é possível ver o banheiro, cozinha e área de serviço.

Figura 01: Exemplo de instalação hidráulica residencial


Fonte 01: Pinterest (https://br.pinterest.com/pin/466615211393938590/?d=t&mt=signupOrPersonalizedLogin)

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Os projetos hidráulicos acompanham a complexidade de uma obra, por exemplo um


projeto para uma residência unifamiliar apresenta menor grau de complexidade do que
um projeto feito para um edifício residencial de 5 pavimentos. Da mesma forma que
um projeto de um edifício de 20 pavimentos é mais complexo do que um edifício de 5 e
assim por diante. Em edifícios residenciais é comum existir o pavimento-tipo, que seria
um pavimento igual independente do andar. Por exemplo, em um edifício residencial de
10 pavimentos, a cobertura e o pavimento térreo apresentam diferenças consideráveis em
relação aos outros pavimentos que possuem geralmente os projetos de instalações iguais,
considerando um que os apartamentos presentes no edifício sejam exatamente iguais
em metragem e em disposição dos cômodos, quando isso acontece, é possível fazer um
projeto para o pavimento-tipo e replicá-lo para os demais pavimentos. Não se trata de uma
regra, mas algumas arquiteturas tendem a apresentar essa similaridade. E geralmente
quando isso ocorre, as mudanças mais consideráveis de projeto são apresentadas na
cobertura, por ser o local onde será o início do barrilete (tubulação por onde descem as
prumadas para alimentação aos pontos hidráulicos do edifício) e no pavimento térreo,
pois é nele que a água utilizada será direcionada para a saída de efluente e em alguns
casos por causa da garagem existem abaixo do primeiro pavimento, aí nesse último caso
a diferença do projeto seria apresentada no primeiro pavimento.
A Figura 02 apresenta um projeto uma folha de um projeto hidráulico de um edifício
de salas comerciais. Essa Figura representa do segundo ao quarto pavimento do
edifício, por se tratar um pavimento-tipo (pavimento igual) apenas uma folha de projeto
é feita representando esses pavimentos.
No detalhe na Figura 03 (é um zoom da Figura 01) é possível visualizar como
os cômodos possuem simetria logo, é possível fazer uma parte do projeto e depois
espelhar o projeto pronto para o outro lado da obra, sempre que possível.

Figura 02: Exemplo de projeto hidráulico


Fonte: Da autora, (2022).

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Figura 03: Exemplo de projeto hidráulico


Fonte: Da autora, (2022).

1.1.1 Projeto hidráulico

O projeto hidráulico é um dos pontos chaves da construção de uma edificação. Após


a aprovação do projeto de arquitetura, é hora de dimensionar como serão instalados
os equipamentos hidráulicos e através desse projeto retirar o quantitativo de material
necessário para realização de todo projeto hidráulico da edificação.
Acontece que em uma edificação ainda é necessário apresentar os projeto de
instalações elétricas, projetos de telefonia, prevenção e combate a incêndio, gás,
entre outros dependendo da ocupação do local. E o mais importante, apesar de se
tratarem de projetos para itens diferentes de uma obra, esses projetos “conversam”
entre si. De uma forma que se evite cortes e remendos nas instalações a fim de
facilitar a execução de um ou outro projeto. Logo, não é o ideal afirmar que um projeto
é totalmente independente do outro.
Para uma execução sem problemas, é necessário realizar a compatibilização de
todos projetos de instalações com o projeto de arquitetura e com a projeto estrutural
da obra, só assim é possível realizar a entrega da versão final do projeto. . É preciso
ter certeza que um projeto não atrapalha o outro e que a execução deles está de
acordo com a arquitetura/estrutura do obra. Considerando esses possíveis problemas
e atrasos de projeto que podem ocorrer em uma obra, o setor da construção civil
passou por grandes atualizações nos últimos anos e uma dessas mudanças foi a
implementação da tecnologia na fase de projeto.

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Nos últimos anos os projetos da área da construção civil, iniciaram uma nova etapa,
a implementação do conceito BIM (Building Information Modeling), que significa ao pé
da letra modelagem da informação da construção, ou seja, modelar toda a obra em
um modelo tridimensional antes de iniciar a obra para se atingir uma implementação
integrada de todos os projetos que compõem a obra. O BIM não engloba apenas os
projetos, ele é dividido em seis dimensões, que são responsáveis por aprimorar a
funcionalidade em sua respectiva área:
• 3D = Geometria (x, y, z) – todos os projetos integrados;
• 4D = 3D + Linha do Tempo – Cronograma de execução da obra;
• 5D = 4D + Custos – Estimativa de todos os custos da obra;
• 6D = 5D + Durabilidade – Vida útil da obra, abordando possíveis manutenções
e garantias de equipamentos instalados (MATTOS, 2014).

Os projetos feitos em 2D como a Figura 02, já foram uma evolução em relação aos
projetos feitos à mão e agora os que são feitos utilizando o conceito BIM, são uma
evolução no mercado da construção civil pois é possível visualizar toda a obra antes
da execução. Logo os problemas com compatibilização das tubulações dos projetos
hidráulicos com as fiações dos projetos elétricos ficam mais fáceis.
Outro item muito importante relativo à implementação do BIM é que nos programas
onde se realiza esse tipo de modelagem, é possível gerar todo o memorial descritivo
da obra, contendo o quantitativo de material necessário para execução dos projetos, é
claro que isso não exclui a atuação do projetista nessa parte pois é sempre necessário
verificar as tabelas geradas.
A Figura abaixo foi retirada de um vídeo que mostra o desenvolvimento de um
projeto hidráulico feito em BIM com a utilização do software Revit MEP da empresa
Autodesk. Na Figura é possível ver a riqueza de detalhes que um projeto hidráulico
em BIM fornece.

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Figura 04: Exemplo de projeto hidráulico em BIM


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=iBbt7WsCzP4&ab_channel=MoacirdeOliveiraJunior

ISTO ESTÁ NA REDE

Para entender melhor sobre o que é o BIM sobre como os projetos seguindo
essa metodologia realizaram uma grande revolução no setor da construção civil,
procurem por informações em alguns canais do YouTube, deixo como indicação
esse vídeo que traz bem as diferenças entre os projetos desenvolvidos em 2D para
os projetos em 3D.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=freYVfVT7a4

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Além do projeto hidráulico de abastecimento de água fria e/ou quente, fazem parte
dos projetos de instalações hidrossanitárias os projetos de esgotamento sanitário, água
pluvial, prevenção e combate a incêndio e os projetos de instalação de gás.
Para o desenvolvimento de cada um desses projetos existem normas específicas que
devem ser seguidas. Além disso, para alguns deles é necessário consultar outras normas
que podem apresentar diferenças dependendo do local da execução da obra. Por exemplo,
para o desenvolvimento de projetos de prevenção e combate à incêndios no estado de
Minas Gerais, é necessário consultar o site do corpo de bombeiros militar do estado, pois
para emissão do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), a edificação precisa
atender a instruções técnicas da corporação. Isso ocorre em outros estados.
Na Figura 05, é apresentado uma folha do projeto de prevenção e combate a incêndios
realizado no estado de Minas Gerais. As partes hachuradas em cinza são edificações
que compõem o local do projeto e o traçado em vermelho é a rede de hidrantes do local.

Figura 05: Exemplo de parte de um projeto de prevenção e combate à incêndios


Fonte: Da Autora, (2022).

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Na Figura 06 e na Figura 07, é apresentado o esquema de projetos de Gás Natural


(GN) e de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) respectivamente. Observem que na Figura
06 a medição de gás é feita de forma coletiva para o edifício já na Figura 07 ocorre
uma medição individual, ou seja cada morador tem a sua conta de gás.

Figura 06: Instalação de Gás Natural (GN)


Fonte: https://www.merckits.com.br/br/produto/instalacao-pex-gas/

Figura 07: Instalação de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)


Fonte: https://www.merckits.com.br/br/produto/instalacao-pex-gas/

As normas técnicas necessárias para a elaboração desses projetos estão listadas


na Tabela 01.

Norma Título
NBR 5626:2020 Sistemas prediais de água fria e água quente - Projeto, execução, operação e manutenção
NBR 7198:1993 Projeto e execução de instalações prediais de água quente
NBR 5626:1998 Instalação predial de água fria
NBR 8160:1999 Sistemas prediais de esgoto sanitário
NBR 10844:1989 Instalações prediais de águas pluviais
NBR 13714:2000 Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio
NBR 13523: 2019 Central de gás liquefeito de petróleo - GLP
Tabela 01: Lista de normas utilizadas

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As normas 7198:1993 e 5626:1998 foram substituídas pela NBR 5626:2020, mas


foram utilizadas como referência para os livros citados para elaboração do nosso
material didático, por isso são citadas em nosso material. Apesar dessa mudança a
essência das NBRs antigas foram mantidas.
Um ponto importante que precisa ser conhecido quando desenvolvemos os projetos
de instalações hidrossanitárias é como a água chega a edificação para qual os projetos
serão feitos, qual o valor da pressão da rede, qual a local mais prática para instalação
do hidrômetro da edificação, entre outros. Por isso, é importante conhecer a rede de
abastecimento de água do município da obra.

1.2 Sistemas de abastecimento de água

Podemos definir os sistemas de abastecimento de água como as obras, serviços e


equipamentos que fornecem água potável para os consumidores para uso doméstico,
comercial, industrial, entre outros. Fazem parte desse sistema de abastecimento a captação,
adução de água bruta, tratamento, reserva, adução de água tratada e distribuição.

1.2.1 Redes de Distribuição

As redes de distribuição de água podem ser definidas como conjunto de condutos


que realizam a distribuição de água para os consumidores. Elas são classificadas de
acordo com a sua disposição em ramificadas, malhadas ou mistas.
A forma como será a rede de distribuição de água para os consumidores dependerá
de vários fatores como topografia da região onde será implantada, localização em
relação a estação de tratamento de água (ETA), porte da cidade, entre outros fatores.
Na Figura 08 é apresentado as partes de uma rede de distribuição de água.

Figura 08: Partes de uma rede de distribuição


Fonte: https://www.eosconsultores.com.br/sistema-de-distribuicao-de-agua/

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1.2.1.1 Redes ramificada

Nas redes ramificadas, a circulação da água ocorre em um único sentido a


partir da rede principal, alimentada por um reservatório ou com a utilização de uma
elevatória. Geralmente esse tipo de rede é empregado apenas em pequenos sistemas
de abastecimento. Na Figura 09 é apresentado um exemplo de rede ramificada.

Figura 09: Exemplo de traçado de um rede ramificada


Fonte: https://issuu.com/gersonborges6/docs/redes_de_distribuicao_-_capitulo_9

De acordo com Batista e Lara (2010), um dos problemas que esse tipo de traçado
apresenta é que quando ocorre qualquer tipo de interrupção no abastecimento da
rede principal, toda a rede é paralisada a jusante do local onde ocorreu a interrupção.
Outro problema apontado envolvendo esse tipo de configuração de rede é a tendência
ao acúmulo de sedimentos nas extremidades das redes.

1.2.1.2 Redes malhada

Nas redes malhadas, a circulação da água ocorre nos dois sentidos da rede nas
quais as tubulações formam circuitos ou anéis. Esse tipo de configuração de rede
permite que o abastecimento ocorra em qualquer ponto. Na Figura 10 é apresentado
um exemplo de rede malhada.

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Figura 10: Exemplo de traçado de um rede malhada em anéis


Fonte: https://issuu.com/gersonborges6/docs/redes_de_distribuicao_-_capitulo_9

Os problemas apresentados na rede ramificada não são observados na rede malhada


pois como o abastecimento de água pode ocorrer em diferentes sentidos, quando
ocorrem interrupções na rede, é possível que apenas uma pequena área seja afetada
pela interrupção. Esse tipo de rede é o mais utilizado por permitir maior flexibilidade
nas manutenções que ocorrem nas redes.
Então, nesse capítulo fomos apresentados ao conteúdo geral da nossa disciplina,
que vão ser os projetos de instalações hidráulicas prediais: instalações hidráulicas,
elétricas, esgotamento sanitário, águas pluviais, prevenção e combate à incêndios e
instalações de gás. Na nossa próxima aula, entraremos nas instalações hidráulicas
de água fria.

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CAPÍTULO 2
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA FRIA

O segundo capítulo do livro tem como objetivo descrever as características das


instalações prediais de água fria. Toda água utilizada à temperatura ambiente que chega
nas instalações prediais através da rede de distribuição do município é classificada
como água fria.
Nos locais onde não existem essas redes de distribuição do município, onde ocorre a
captação de água em poços ou diretamente em corpos hídricos antes da sua utilização
é necessário verificar se essa água atende aos padrões de potabilidade estabelecidos
pelo Ministério da Saúde.
As instalações de água fria são compostas por tubulações, equipamentos e
reservatórios, aparelhos e peças hidráulicas que permitem a utilização, medição,
armazenamento e distribuição de água aos pontos de utilização em uma edificação
(MACINTYRE, 1990).

2.1 Sistema de distribuição

Os sistemas de distribuição de água fria em uma edificação podem ser classificados


em sistemas diretos, sistemas indiretos e sistemas mistos.

2.1.1 Sistema direto

Nesse tipo de sistema, não existem reservatórios na edificação. A água sai direto da
rede pública de abastecimento para as instalações da edificação. Esse sistema possui
um baixo custo de implantação, porém, necessita que a pressão da rede pública seja
o suficiente para alimentar todos os pontos de utilização de água da edificação, pois
o sistema de distribuição ocorre de forma ascendente (CREDER, 2006).
Outro ponto negativo que é necessário destacar desse sistema é que, quando
ocorrem interrupções na distribuição de água, a edificação que utiliza esse sistema
fica sem abastecimento. Na Figura 01 é apresentado uma ilustração de como funciona
esse tipo de sistema.

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Figura 01: Sistema de distribuição direta


Fonte: Mello (2019).

2.1.2 Sistema indireto

Nesse tipo de sistema é necessária a utilização de reservatórios. Existem dois tipos


de sistemas indiretos, o sem bombeamento e o com bombeamento.

2.1.2.1 Sistema indireto sem bombeamento

Esse tipo de distribuição funciona através da gravidade ou seja, existe um reservatório


superior na edificação e através dele a alimentação dos pontos de utilização água da
edificação acontece de forma descendente.
É importante destacar que a pressão da água da rede de distribuição pública é
suficiente para chegar a edificação mas não é contínua para que ocorra um sistema
de distribuição direto.
Na Figura 02 é apresentado esse tipo de sistema.

Figura 02: Sistema de distribuição indireta sem bombeamento


Fonte: Mello (2019).

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ISTO ESTÁ NA REDE

Para saber mais sobre os padrões de potabilidade relacionados à água destinada


ao consumo humano seja por meio das redes de distribuição pública ou por meios
alternativos consultem a Portaria GM/MS n°888/2021 de 04/05/2021.
Essa portaria está disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/
ms-n-888-de-4-de-maio-de-2021-318461562#:~:text=consumo%20de%20SAC.-
,Art.,e%20demais%20disposi%C3%A7%C3%B5es%20deste%20Anexo.&text=II%20
%2D%20as%20concentra%C3%A7%C3%B5es%20de%20ferro,4%20mg%2FL%2C%20
respectivamente.

2.1.2.2 Sistema indireto com bombeamento

Esse tipo de distribuição ocorre quando a pressão da rede de distribuição pública


não é suficiente para alimentar o reservatório superior da edificação, logo existem pelo
menos dois reservatórios na edificação, um inferior e um superior. A água chega da
rede de distribuição pública no reservatório inferior e depois é lançada no reservatório
superior através da utilização de um sistema de bombeamento. Esse tipo de sistema
é muito utilizado em edificações com muitos pavimentos. Na Figura 03 é apresentado
o esquema desse tipo de sistema.

Figura 03: Sistema de distribuição indireta com bombeamento


Fonte: Mello (2019).

2.1.3 Sistema misto

Os sistemas de distribuição misto, são aqueles compostos por sistemas diretos


e indiretos de abastecimento, a necessidade de sua utilização está relacionada aos

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critérios técnicos do projeto e a pressão da rede de distribuição pública. Na Figura 04


é apresentado um exemplo de instalação de sistema de distribuição de água misto.

Figura 04: Sistema de distribuição misto


Fonte: Mello (2019).

Ainda existe o sistema de distribuição hidropneumático, que não utiliza o reservatório


superior para abastecimento da edificação, porém a sua instalação é extremamente
cara e esse tipo de sistema só é utilizado em casos específicos, principalmente quando
é necessário aliviar a estrutura da carga do reservatório superior (CREDER, 2006).

2.2 Componentes das instalações prediais de água fria

A NBR 5626:1998 – Instalação predial de água fria da Associação Brasileira de Normas


Técnicas, estabelece algumas exigências e recomendações ao projeto, execução e
manutenção dessas instalações. Além disso, essa NBR lista os componentes desse
tipo de projeto. Abaixo, segue a lista dos principais componentes dessas instalações
e a definição de acordo com essa norma técnica.
• Alimentador predial: É a tubulação que faz a ligação entre a rede de abastecimento
a um reservatório de água.
• Barrilete: Tubulação que começa no reservatório e da qual iniciam-se as colunas
de distribuição quando o sistema de distribuição é o indireto. Agora, quando o
sistema é direto o barrilete é a tubulação diretamente ligada ao ramal predial
ou a fonte de abastecimento alternativo.
• Coluna de distribuição: Tubulação com origem no barrilete e que serve para
alimentar os ramais.
• Hidrômetro: Aparelho utilizado para realização da aferição do consumo de água.

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• Ramal: Tubulação que deriva da coluna de distribuição e que alimenta os sub-


ramais.
• Ramal predial: É a tubulação que realiza a ligação entre a rede pública de
abastecimento de água e a rede predial de distribuição.
• Sub-ramal: É a tubulação que faz a ligação entre o ramal e o ponto de utilização
da água.

Na Figura 05 tem um esquema resumido das instalações prediais já citadas no texto


e é possível ver alguns termos ainda não citados que serão exemplificados durante
o capítulo de dimensionamento.

Figura 05: Componentes de uma instalação de água fria


Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/54061212/agua-fria-instalacoes-hidraulicas

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Antes do engenheiro civil solicitar à concessionária o fornecimento de água para


determinado empreendimento, ele deve realizar uma consulta a essa empresa a fim
de conhecer as características de oferta de abastecimento de água na região que
deseja-se instalar o empreendimento. Além disso, existem documentos específicos
que precisam ser preenchidos de acordo com a concessionária que fornece água ao
município da obra. Na cidade da sede da nossa Faculdade é possível verificar a lista
de documentos solicitados no site do Departamento de Água e Esgoto de Marília
(DAEM) – Link para consulta: https://www.daem.com.br/portal/ligacao-de-agua.

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2.3 Consumo de água nas edificações

Um dos pontos mais importantes dos projetos de instalações de água fria é a


determinação do consumo médio diário de água da edificação. Para isso, o primeiro
passo é saber qual a taxa de ocupação da edificação ou seja, determinar qual o número
de metros quadrados correspondem a cada pessoa que frequenta ou mora no local.
Depois, o próximo passo é determinar o consumo de água por dia de cada pessoa
em L/dia (MACINTYRE, 1990). Esses dados são primordiais para iniciar um projeto e
é a partir dele que se dá início ao dimensionamento dessas instalações.
Quando não existir uma indicação específica referente a esses dois parâmetros
deve-se utilizar valores recomendados na literatura. As Tabelas 01 e 02 foram extraídas
de Creder, H. (2006).

Local Taxa de Ocupação


Bancos Uma pessoa por 5,00 m² de área
Escritórios Uma pessoa por 6,00 m² de área
Pavimentos Térreos Uma pessoa por2,50 m² de área
Lojas - Pavimentos Superiores Uma pessoa por 5,00 m² de área
Museus e Bibliotecas Uma pessoa por 5,50 m² de área
Salas de Hotéis Uma pessoa por 5,50 m² de área
Restaurantes Uma pessoa por 1,40 m² de área
Salas de Cirurgia Oito pessoas
Teatros, Cinemas e Auditórios Uma cadeira por 0,70 m² de área
Tabela 01 – Taxa de ocupação para prédios públicos ou comerciais
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

Determinando a ocupação da edificação, o próximo passo é de estimar o volume


de água consumido diariamente.

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Local Unidade Consumo (Litros/dia)


Alojamentos provisórios per capita 80
Casas populares ou rurais per capita 120
Residências per capita 150
Apartamentos per capita 200
Hotel (sem cozinha e sem lavanderia) por hóspede 120
Hotel (com cozinha e com lavanderia) por hóspede 350
Hospitais por leito 250
Escolas - internatos per capita 150
Escolas - externatos per capita 50
Quartéis per capita 150
Edifícios públicos ou comerciais per capita 50
Escritórios per capita 50
Cinemas e teatros por lugar 2
Templos por lugar 2
Restaurantes e similares por refeição 25
Garagens por automóvel 50
Lavanderias por Kg de roupa seca 30

Mercados por m² de área 5


Matadouros - animais de grande porte por cabeça abatida 300
Matadouros - animais de pequeno porte por cabeça abatida 150
Fábricas em geral (uso pessoal) por operário 70
Postos de serviço para automóvel por veículo 150
Cavalariças por cavalo 100
Jardins por m² 1,5
Tabela 02 – Estimativa de consumo diário de água
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

ANOTE ISSO

Sempre que ocorrer algum problema na rede de distribuição de água os reparos


só podem ocorrer na parte particular da rede de distribuição, ou seja a montante
do hidrômetro. Quando o problema for na rede de distribuição pública, apenas a
concessionária responsável pela distribuição pode e deve realizar reparos.

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O consumo médio diário de água é considerado na hora do dimensionamento


do ramal predial, do ramal de alimentação, das bombas utilizadas no sistema, das
tubulações e dos reservatórios. Logo quando inicia-se uma obra em um empreendimento
novo é possível considerar essas premissas no dimensionamento dessas instalações
mas quando inicia-se uma obra para um novo tipo de ocupação em um edifício, é
necessário verificar se o projeto antigo atenderá a nova ocupação da edificação, caso
não atenda, é necessário que ocorra uma atualização do projeto.
Nesse projeto é sempre necessário admitir que o abastecimento da rede predial
será de forma contínua e que a vazão na rede de distribuição pública é o suficiente
para atender ao consumo diário da edificação por 24 horas. É claro que o consumo
dos aparelhos varia bastante durante ao longo do dia, por exemplo os chuveiros são
mais utilizados em determinados períodos do dia seguindo um padrão semelhante
quando comparamos edificações residenciais (MACINTYRE, 1990).
Além das considerações já citadas, nos projetos das instalações de água fria devem
ser considerados as vazões de cada equipamento, não sendo possível executar um
projeto com um valor inferior relativo a essas vazões. Na Tabela 03, constam alguns
valores de vazões de equipamentos que fazem parte de um projeto de instalações
de água fria.

Peça de Utilização Vazão (Litros/segundo) Peso


Bacia sanitária com caixa de descarga 0,15 0,30
Bacia sanitária com válvula de descarga 1,90 40,00
Banheira 0,30 1,00
Bebedouro 0,05 0,10
Bidê 0,10 0,10
Chuveiro 0,20 0,50
Lavatório 0,20 0,50
Máquina de Lavar prato ou roupa 0,30 1,00
Mictório auto-aspirante 0,50 2,80
Mictório de descarga contínua, por metro ou por aparelho 0,075 0,20
Mictório de descarga descontínua 0,15 0,30
Pia de despejo 0,30 1,00
Pia de cozinha 0,25 0,70
Tanque de lavar roupa 0,30 1,00
Tabela 03: Vazões de peças sanitárias
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

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Na última coluna da Tabela 03, constam dados relativos ao peso dos equipamentos
que compõem as instalações de água fria, esses valores serão utilizados no próximo
capítulo relativo ao dimensionamento dessas instalações.
Na Figura 06 é apresentado um desenho técnico do barrilete de um edifício comercial.

Figura 06: Planta do barrilete de um edifício comercial


Fonte: Da autora (2022).

O zoom da Figura 06, apresenta o ponto central do barrilete nessa rede distribuição
de água fria.

Fonte: Da autora (2022).

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Nos desenhos técnicos é sempre necessário especificar qual o tipo de água que
a tubulação está transportando. O AF significa que a tubulação indicada transporta
água fria; o INC significa tubulação de combate a incêndio; o AP água pluvial e o AQ
água quente. Além disso, em muitos locais é empregado a utilização de desenhos
com cores diferentes para as tubulações.

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CAPÍTULO 3
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA FRIA -
PARTE 2

O terceiro capítulo do livro tem como objetivo dar o passo a passo do dimensionamento
dos equipamentos que fazem parte das instalações hidráulicas de água fria que foram
descritas na Aula 02. O dimensionamento é a parte crucial do projeto pois é ele,
juntamente com a correta execução do projeto que garantirá que a instalação vai
atender de forma eficiente os usuários da edificação.

3.1 Dimensionamento dos reservatórios

O reservatório superior deve ter capacidade de atender a demanda de consumo


médio diário da edificação por 24 horas, em edificações que possuem apenas um
reservatório. Quando a edificação possui reservatório superior e inferior, no primeiro
deve ser armazenado 40% do volume total para abastecer a edificação por 24 horas
e no reservatório inferior deve-se armazenar 60% do volume total (CREDER, 2006).
Além do volume para consumo diário da edificação, deve-se considerar no
dimensionamento dos reservatórios a reserva técnica de incêndio. Ela deve ser
armazenada em sua totalidade em apenas um dos reservatórios quando a edificação
possuir mais uma unidade. De acordo com Creder (2006), deve-se considerar para a
reserva técnica de incêndio entre 15 a 20% do valor do consumo diária da edificação.

3.2 Dimensionamento das tubulações

As tubulações das instalações hidráulicas de água fria, funcionam como instalações


de condutos forçados. Ou seja, nessas tubulações a pressão interna é diferente da
pressão atmosférica. Nesse dimensionamento determina-se a vazão em cada trecho
da tubulação, podendo ser realizado de acordo com dois critérios:

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1. Consumo máximo possível


2. Consumo máximo provável.

3.2.1 Consumo máximo possível

Segundo Macintyre (1990) nessa hipótese, admite-se que os diversos equipamentos


servidos pelo ramal são utilizados simultaneamente, de uma forma que a descarga
total do início do ramal é a soma das descargas em cada um dos sub-ramais. Essa
hipótese só é aplicada em locais onde existem horários fixos para utilização de água,
por exemplo em fábricas, escolas e quartéis.
Baseando-se nessa hipótese, o dimensionamento das tubulações é realizado
através do método das seções equivalentes, que basicamente consiste expressar o
diâmetro de cada trecho da tubulação em função da vazão equivalente encontrada
quando se expressa com o diâmetro de uma tubulação de 15 mm (1/2 polegada). A
Tabela 01 apresenta os diâmetros mínimos dos sub-ramais e a Tabela 02 apresenta a
correspondência do diâmetro de diferentes tubos com o diâmetro modelo, 15 mm (1/2’)
Diâmetro
Equipamento sanitário
Nominal (mm) Referência (polegadas)
Aquecedo de baixa pressão 20 (3/4)
Aquecedor de alta pressão 15 (1/2)
Bacia sanitária com caixa de descarga 15 (1/2)
Bacia sanitária com válvula de descarga 32 (1 1/4)
Banheira 15 (1/2)
Bebedouro 15 (1/2)
Bidê 15 (1/2)
Chuveiro 15 (1/2)
Filtro de pressão 15 (1/2)
Lavatório 15 (1/2)
Máquina de lavar pratos ou roupa 20 (3/4)
Mictório auto-aspirante 25 (1)
Mictório de descarga descontínua 15 (1/2)
Pia de despejo 20 (3/4)
Pia de cozinha 15 (1/2)
Tanque de lavar roupa 20 (3/4)
Tabela 01: Diâmetro mínimo dos sub-ramais de alimentação
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

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Diâmetro da tubulação Número de tubos de 15 mm (1/2’’)


com a mesma capacidade
mm polegadas
15 1/2 1
20 3/4 2,9
25 1 6,2
32 1 1/4 10,9
40 1 1/2 17,4
50 2 37,8
60 2 1/2 65,5
75 3 110,5
100 4 189
150 6 527
200 8 1200
Tabela 02: Diâmetro que se for assim
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

3.2.2 Consumo máximo provável

Segundo Macintyre (1990) nessa hipótese, admite-se que a ocorrência do uso


simultâneo dos equipamentos servidos pelo mesmo ramal é pouco provável e essa
hipótese também sugere que a utilização simultânea de equipamentos diminui com
o aumento do número deles, ou seja, quanto mais equipamentos menor será a
probabilidade de usar todos de forma simultânea.
Na literatura existem diferentes métodos que podem ser utilizados para determinar
o diâmetro das tubulações com a utilização dessa hipótese. Para as nossa atividades
utilizaremos o método da soma dos pesos.

3.1.1.1 Método da soma dos pesos

Para utilizar esse método, deve-se seguir as seguintes etapas:

1º Determinar o peso de cada equipamento sanitário que estará presente no projeto.


Esses pesos podem ser encontrados na literatura como indicado na Tabela 03 da
Aula 01;

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2º Determinar a soma peso de cada trecho da tubulação – ΣP;

3º Calcular a vazão de cada trecho da tubulação através da equação:

Onde: Q é a vazão em L/s;


∑P é o somatório de pesos dos equipamentos no trecho da tubulação.

4º Determinar o diâmetro de cada treco da tubulação através do ábaco apresentado


nas Figuras 01 e 02.

5º Determinar se a velocidade do escoamento dentro da tubulação atende aos


requisitos da NBR-5626. Essa velocidade é determinada com auxílio da equação abaixo:

Onde: V é a velocidade da água em m/s;


Q é a vazão em m³/s;
A é a área da seção transversal da tubulação em m².

6º Verificar a perda de carga na tubulação, sendo que ela deve ser verificada nos
tubos e também nas conexões.
- A NBR-5626 determina que a perda de carga nos tubos deve ser calculada utilizando
a expressão de Fair-Whipple-Hsiao, sendo que existe diferença na expressão utilizada
dependendo do material constituinte dos tubos.
Em tubos lisos, que sejam de plástico, cobre ou liga de cobre utiliza-se a seguinte
equação:

Onde: J é a perda de carga unitária em mca/m;


Q é a vazão estimada na seção em L/s;
D é o diâmetro interno do tubo (mm).

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Em tubos rugosos, que sejam de aço-carbono, galvanizados ou não, utiliza-se a


seguinte equação:

Onde: J é a perda de carga unitária em mca/m;


Q é a vazão estimada na seção em L/s;
D é o diâmetro interno do tubo (mm).

Os ábacos de Fair-Whipple-Hsiao, também fornecem a velocidade e a perda de


carga. Na Figura 01 é apresentado o àbaco de Fair-Whipple-Hsiao para tubulaçãoes
de cobre e plástico e na Figura 02 o àbaco para aço galvanizado e ferro fundido.

Figura 01: Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para Tubulações de cobre e plástico – (Q=55,934 x J0,571 x D2,714)
Fonte: Macintyre (2017)

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Figura 02: Ábaco de Fair-Whipple-Hsiao para Tubulações de aço galvanizado e ferro fundido - (Q=27,113 x J0,632 x D2,596)
Fonte: Macintyre (2017)

Já nas conexões que ligam as tubulações das instalações hidráulicas de água fria,
a perda de carga considerada tem relação direta com o diâmetro da peça e com o
seu material. Na Tabela 01 extraída de Macintyre (2017) é possível consultar diversas
conexões e sua relativa perda de carga localizada.

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Tabela 01: Perda de carga em conexões – comprimento equivalente para tubos lisos (PVC rígido ou cobre)
Fonte: Macintyre (2017)

Tabela 02: Perda de carga em conexões – comprimento equivalente para tubos de ferro galvanizado retilínea.
Fonte: Macintyre (2017)

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7º Determinar a pressão da tubulação.

Todas as peças utilizadas nos projetos de instalações hidráulicas são projetadas de


forma que funcionem com pressões estáticas ou dinâmicas preestabelecidas. Sendo
que a pressão estática só ocorre quando não existe fluxo de água e a dinâmica só
ocorre quando as peças estão em funcionamento (CREDER, 2006).
De acordo com a NBR-5626, a pressão nas tubulações não pode ultrapassar 400 kPa.
Em edifícios altos onde a pressão estática ultrapassa os valores estabelecidos como
máximo para cada equipamento hidráulico, existe a necessidade de provocar queda
de pressão nas instalações através da utilização de válvulas redutoras de pressão,
pois a pressão alta pode causar danos à tubulação e acidentes.

Pressão Máxima Pressão Mínima


Aparelho
Estática Dinâmica Estática Dinâmica
Aquecedor elétrico de alta pressão 40,0 40,0 1,0 0,5
Aquecedor elétrico de baixa pressão 5,0 4,0 1,0 0,5
Aquecedor a gás (baixa pressão) * - 40,0 - 1,0
Aquecedor a gás (alta pressão) * - 40,0 - 1,0
Bebedouro - 40,0 - 2,0
Chuveiro de 1/2’’ (15 mm) - 40,0 - 2,0
Chuveiro de 3/4’’ (20 mm) - 40,0 - 1,0
Torneira - 40,0 - 0,5
Torneira-bóia de caixa de descarga de
- 40,0 - 1,5
1/2” (15 mm)
Torneira-bóia de caixa de descarga de
- 40,0 - 0,5
3/4” (20 mm)
Torneira-bóia para reservatório - 40,0 - 0,5
Válvula de descarga de 1 1/2” (38 mm)* - 6,0 2,0 1,2
Válvula de descarga de 1 1/4” (32 mm)* - 15,0 - 3,0
Válvula de descarga de 1 “ (25 mm)* - 40,0 - 10,0

* Condultar os dados do fabricante


Observação: Caso seja necessário exprimir as pressões em quilopascal (kPa),multiplica-se os
valores da tabela por 10: 10 m coluna de água = 100 kPa = 1 kgf/cm²
Tabela 03: Perda de carga em conexões – comprimento equivalente para tubos de ferro galvanizado retilínea
Fonte: Extraído de CREDER (2006).

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A falta de controle da velocidade ou da pressão no escoamento de um fluído no


interior de uma tubulação pode causar vários problemas, entre eles pode-se ocorrer
o famoso “Golpe de Aríete” que pode ser definido como um fenômeno hidráulico que
ocorre quando fluido durante o seu escoamento choca-se de forma violenta contra
as paredes das tubulações e conexões. Esse choque pode causar o rompimento
das tubulações e outros danos além de intensos ruídos. Para saber mais sobre
como ocorre esse fenômeno e formas de evita-lo consultem: http://www.sbpcnet.
org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_1240.html

3.3 Recalque de água

3.3.1 Dimensionamento da tubulação de recalque

A tubulação de recalque é a tubulação que liga a bomba do reservatório inferior


ao reservatório superior nas instalações que necessitam dos dois reservatórios. De
acordo com Creder (2206), a bomba deve funcionar durante 5 horas por dia para
completar o enchimento do reservatório superior. Com velocidades de escoamento
baixas, resultam em diâmetros relativamente grandes, implicando em custos elevados
de tubulação e menores gastos com bombas e energia elétrica.
Velocidades altas requerem diâmetros menores de custos mais baixos, mas que
provocam grandes perdas de carga, como consequências as alturas manométricas
são maiores, os conjuntos motor-bomba mais potentes e mais caros, exigindo maior
consumo de energia elétrica.
Para a realizar o dimensionamento da tubulação utiliza-se a seguinte equação:

Onde: D = diâmetro em metros


A = Vazão em m³/s
X = horas de funcionamento/24 horas

3.3.2 Dimensionamento da tubulação de sucção

Convencionou-se adotar para o diâmetro da tubulação de sucção, um diâmetro


imediatamente maior ao do utilizado na tubulação de recalque.

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3.3.3 Potência do conjunto elevatório

As bombas que realizam esse trabalho de elevar a água ou outro fluido de um


reservatório para o outro, são conhecidas como bombas hidráulicas de acordo com
Creder (2006). Um dos fatores que precisam ser considerados quando dimensiona-se
tipo de bomba, são as perdas de carga que aconteceram nas tubulações e conexões.
Por isso, o primeiro passo para o dimensionamento da bomba do conjunto elevatório,
é o cálculo da altura manométrica do recalque através da seguinte equação:
Hm=Hr+Hs

Onde: Hm é a altura manométrica em m;


Hr é a altura manométrica do recalque em m;
Hs é a altura manométrica de sucção em m.

Já as alturas manométricas de recalque e de sucção, são calculadas pelas seguintes


equações respectivamente:
Hr=hr+Jr

Onde: Hr é a altura manométrica do recalque em m;


hr é a altura estática do recalque em m;
Jr é a perda de carga no recalque em m.
Hs=hs+Js

Onde: Hs é a altura manométrica de sucção em m;


hs é a altura estática da sucção em m;
Js é a perda de carga na sucção em m.

Após realizar o cálculo da altura manométrica, é possível encontrar a potência da


bomba necessária para a instalação através da seguinte equação:

Onde: P é a potência da bomba em cavalo vapor (CV);


γ é o peso específico do fluido recalcado
Q é a vazão de recalque em L/s;
Hm é a altura manométrica em m;
η é o rendimento do conjunto motor-bomba.

Obs: Para água o peso específico γ = 1,000 Kg/m³.

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Um termo bastante citado nas equações acima é a altura manométrica, mas afinal
o que ela representa efetivamente?
Podemos defini-la como a altura que a bomba eleva o fluido. Ela é determinada em
metros e não depende da densidade de um líquido.
Fonte: https://blog.meritocomercial.com.br/altura-manometrica-de-recalque/

Na Aula 03, aprendemos a realizar os cálculos para o dimensionamento das


instalações hidráulicas de água fria, através das equações, ábacos e tabelas
necessárias. Uma observação importante que precisa ser feita em relação ao uso
das tabelas apresentadas é que podem ocorrer pequenas diferenças entre outras
tabelas encontradas em diferentes literaturas, o importante é sempre referenciar em
qual tabela está se baseando para a realização dos cálculos.

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CAPÍTULO 4
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA FRIA -
PARTE 3

A Aula 04 vai trazer alguns outros itens como hidrômetros, caixas piezométricas
e pena-d’água, que precisam ser especificados e dimensionados para as instalações
prediais de água fria, esses componentes complementam as instalações que já vimos
nas aulas 02 e 03.
Os itens que serão vistos agora compõe as instalações para entrada de água nos
edifícios. Na Figura 01 tem um exemplo de uma instalação de entrada de água.

Figura 01: Esquema típico de entrada de água em edifícios


Fonte: Creder (2006).

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4.1 Pena-d’água

A pena-d’água é um equipamento que atua como limitador de vazão nos ramais


prediais. Ela é um estrangulador de seção de tubo, isto é, um registro com orifício
graduado, o que resulta em uma grande perda de carga.
Na Tabela 01, são apresentadas alturas de perdas e vazões em função do dos
diâmetros dos orifícios, baseados na fórmula de escoamento d’água através de orifícios
(CREDER, 2006).

Diâmetro do Perdas em metros


Orifício da
Pena (mm) 2,5 5 6 7 8 9

2 50 70 77 83 88 92

3 112 157 173 187 198 207

4 200 280 308 332 352 368

5 312 437 480 520 550 573

6 450 630 693 712 747 828

7 612 847 953 1078 1078 1130

8 800 1120 1230 1330 1410 1480

9 1012 1420 1560 1680 1780 1860

10 1250 1750 1925 2075 2200 2300

11 1510 2120 2330 2510 2660 2780

12 1800 2520 2770 2990 3170 3310

13 2110 2956 3274 3530 3800 4000

14 2450 3430 3790 4090 4410 4655

15 2800 3940 4360 4670 5660 5340

16 3200 4480 4960 5244 5760 6080

17 3625 5075 5620 6054 6525 6890

18 4050 5670 6280 6680 7290 7695

19 4525 6335 7014 7560 8145 8600

20 5000 7000 7700 8300 9000 9500


Tabela 01: Cálculo dos registros de Pena-d’água – Vazão em Litros/h
Fonte: Creder (2006).

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Esse dispositivo possui como vantagem o fato de ser barato, pois é um registro
com baixo custo de operação. Ele estabelece um limite máximo de entrada de água
nos edifícios, isso é um dos fatores que faz ele gerar economia no consumo de água.
Ao utilizar esse dispositivo, os consumidores devem possuir um reservatório para
acumular os excessos de água não gastos.
Ao mesmo tempo que pode gerar economia no consumo de água, a instalação de
uma pena d’água pode gerar problemas na limitação de consumo.

4.2 Caixas Piezométricas

A caixa piezométrica é a caixa reguladora do nível piezométrico do distribuidor


público, limitando a vazão do ramal de entrada.
A utilização da caixa piezométrica ocorre quando o nível do reservatório inferior,
encontra-se a menos de 3 metros acima do meio-fio da rua, ela serve para equalizar a
distribuição pelos diversos consumidores. A capacidade das caixas piezométricas varia
de 200 a 300 Litros e devem ser instaladas a 3 metros de altura em relação ao piso.
De acordo com Creder (2006), em alguns locais do Brasil, em vez de caixa piezométrica,
é necessária a instalação de uma “coluna piezométrica”. Essas colunas são instaladas
em substituição as caixas piezométricas. Isso é entre o hidrômetro e o reservatório
inferior. Na Figura 02, tem um exemplo de coluna piezométrica.

Figura 02: Coluna Piezométrica


Fonte: Creder (2006).

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4.3 Hidrômetros

Os hidrômetros são os equipamentos utilizados para medição do gasto de água


pelos consumidores. Esses equipamentos precisam ser instalados em local adequado
a 1,50 metros, no máximo, da testada do imóvel. Esses equipamentos precisam ser
abrigados em caixa ou nicho de alvenaria ou concreto de forma que permitam a fácil
remoção e leitura por parte das concessionárias de água (CREDER, 2006). Na Figura
03, é apresentado um modelo de hidrômetro.

Figura 03: Exemplo de hidrômetro.


Fonte: https://saaegrajau.com.br/servicos/seu-hidrometro/

Os hidrômetros podem ser divididos em:


• Hidrômetros volumétricos: Esse tipo de hidrômetro é baseado na medição direta
do número de vezes que uma câmara de volume conhecido é enchida e esvaziada
pela ação de uma êmbolo dotado de movimento retilíneo alternativo, de um
disco rotativo, ou, ainda de um disco oscilante. Exigem água sem detritos ou
substâncias estranhas. Os mais utilizados são os de disco oscilante e os de
disco rotativo (MACINTYRE, 1990).
• Hidrômetro taquimétricos: Esse é baseado na dependência que existe entre a
descarga e a velocidade de rotação do eixo de um rotos dotado de palhetas ou de
molinete (hélice axial) colocado em uma câmara de distribuição. Essa dependência
é dada por um coeficiente obtido experimentalmente. São mais simples, de
construção mais fácil, de menor custo que os volumétricos (MACINTYRE, 1990).

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De acordo com Creder (2006), os hidrômetros volumétricos são os mais indicados


nas instalações de pequenas vazões e os taqueométricos para as grandes vazões.
Os hidrômetros volumétricos são de maior sensibilidade e precisão, podendo ser
divididos em três grupos:
• De êmbolo alternativo: pouco utilizado, ocasionam grandes de perdas de carga;
• De êmbolo rotativo: muito utilizado, por apresentarem grandes vantagens, como
precisão, leveza e durabilidade;
• De disco oscilante: muito utilizado, porém de menor precisão que os de êmbolo
rotativo.

Os hidrômetros taquimétricos são de fabricação mais simples e de menor custo,


e podem ser divididos em:
• De rodas de palhetas;
• De molinete horizontal: indicado para grandes vazões;
• De molinete vertical: são mais sensíveis e menos sujeitos ao desgaste pelo atrito.

As instalações dos hidrômetros devem possuir filtros para evitar a entrada de objetos
sólidos que podem danificar o seu funcionamento. Esses filtros precisam ter grelhas
removíveis para que seja realizada a limpeza. Sempre que a pressão da rede pública
de água for muito elevada, pode ser instalada, entre o filtro e o hidrômetro, uma válvula
redutora de pressão adequada ao tipo de hidrômetro utilizado, como apresentado na
Figura 04 e na Figura 05 (CREDER, 2006).

Figura 04: Entrada Livre


Fonte: Creder (2006).

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Figura 05: Entrada com hidrômetro


Fonte: Creder (2006).

Um dado importante relativo a instalação dos hidrômetros, é sempre verificar as


normas da concessionária de água do município da edificação .

ISTO ESTÁ NA REDE

A Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, possui um


Programa de Qualidade e Produtividade dos Sistemas de Medição Individualizada de
Água – Proacqua, para os locais que desejam realizar a instalação de hidrômetros
individuais de águas em condomínios. Esse programa capacita e certifica os
profissionais para a elaboração de projetos e a homologação de tecnologias,
equipamentos e hidrômetros individuais. Para conhecer mais detalhes acessem o
link: https://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=39.

Nessa aula, aprendemos sobre a entrada de águas nas edificações e sobre os


equipamentos que são utilizados. Na próxima aula, vamos começar a estudar as
instalações de água quente.

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CAPITULO 5
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA QUENTE

O quinto capítulo do livro tem como objetivo o estudo das instalações hidráulicas
de água quente. Esse tipo de instalação ocorre em locais específicos que necessitam
de água quente com bastante frequência, como hotéis, hospitais, indústrias entre
outros.
A temperatura que a água vai sair nos pontos de fornecimento, dependerá do uso
a qual ela se destina. Existe a possibilidade de uma mesma instalação fornecer água
quente em diferentes temperaturas, mas para isso ocorrer é necessário que exista
um misturar de água fria no local de utilização (MACINTYRE, 1990).
Depois de ser aquecida a água é distribuída nos pontos de utilização através de
uma rede de distribuição própria. Essas tubulações de distribuição de água quente,
são semelhantes às utilizadas na rede de água fria, apresentando como diferença
basicamente alguns detalhes relativos ao dimensionamento.

5.1 Formas de aquecimento da água

De acordo com Creder (2006), a água pode ser aquecida de três formas diferentes:
1. Aquecimento Individual: Nesse tipo de sistema apenas um equipamento recebe a
água aquecida. Esse tipo de sistema é o que ocorre quando se utiliza aquecedor
a gás para aquecimento do água do banheiro (chuveiro/pia) ou na cozinha;
2. Central privado: Essa forma de aquecimento ocorre quando vários equipamento
são alimentados com água quente ao mesmo tempo. Essa água quente é
produzida em um equipamento e dele partem a linha de alimentação para os
diversos equipamentos presentes na edificação (banheiros, cozinha, área de
serviço);
3. Central coletiva: Ocorre quando o sistema de aquecimento de água alimenta
um conjunto de vários equipamentos que pertencem a diferentes edificações.

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5.2 Dimensionamento

5.2.1 Consumo de água quente

O consumo de água quente no Brasil pode ser estimado de acordo com a ocupação
da edificação. Por exemplo, na Tabela 01 são apresentados os dados de estimativa
de consumo de água quente.
Ocupação da edificação Consumo
Alojamento provisório 24 por pessoa
Casa popular ou rural 36 por pessoa
Residência 45 por pessoa
Apartamento 60 por pessoa
Quartel 45 por pessoa
Escola (internato) 45 por pessoa
Hotel (sem cozinha e sem lavanderia) 36 por hóspede
Hospital 125 por leito
Restaurante e similar 12 por refeição
Lavanderia 15 por Kg de roupa
Tabela 01: Estimativa de consumo de água quente
Fonte: Extraído de Creder (2006)

Já a Tabela 02, apresenta ao dados do consumo de água quente a 60°C em


edificações com diferentes ocupações em função do tipo de aparelho.
Os reservatórios de água quente são conhecidos como boiler, eles são aquecedores
de acumulação. Nesse tipo de reservatório a água fica armazenada na temperatura
programada. Na Tabela 03, são apresentados valores de consumo de água quente,
relacionados com o volume e resistência necessária para utilização do boiler.
Aparelho Apartamentos Clubes Ginásios Hospitais Hotéis Fábricas Escritórios Residências Escolas
Lavatório privado 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6
Lavatório público 5,2 7,8 10,4 7,8 10,4 15,6 7,8 - 19,5
Banheiras 26,0 26,0 39,0 26,0 26,0 39,0 - 26,0 -
Lavador de pratos 19,5 65,0 - 65,0 65,0 26,0 - 19,5 26,0
Lava-pés 3,9 3,9 15,6 3,9 3,9 15,6 - 3,9 3,9
Pia de Cozinha 13,0 26,0 - 26,0 26,0 26,0 - 13,0 13,0
Tanque de lavagem 26,0 36,4 - 36,4 36,4 36,4 - 26,0 -
Pia de copa 6,5 13,0 - 13,0 13,0 - - 6,5 13,0
Chuveiros 97,5 195,0 292,0 97,5 97,5 292,0 - 97,5 292,0
Consumo máxima
30,0 30,0 10,0 25,0 25,0 40,0 30,0 30,0 40,0
provável (%)
Capacidade de
125,0 90,0 100,0 60,0 80,0 100,0 200,0 70,0 100,0
reservatório (%)
Tabela 02: Consumo de Água quente nos Edifícios em função do número de aparelhos em Litros/hora, a 60ºC
Fonte: Extraído de Creder (2006)

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Consumo diário Volume do Resistência


a 70°C (Litros) Aquecedor (Litros) (kW)
60 50 0,75
95 75 0,75
130 100 1,00
200 150 1,25
260 200 1,50
330 250 2,00
430 300 2,50
570 400 3,00
700 500 4,00
850 600 4,50
1150 750 5,50
1500 1000 7,00
1900 1250 8,50
2300 1500 10,00
2900 1700 12,00
3300 2000 14,00
4200 2500 17,00
5000 3000 20,00
Tabela 03: Estimativa de volume e resistência do boiler
Fonte: Extraído de Creder (2006)

A Tabela 04, apresenta os valores usuais de capacidade de um reservatório de


água quente, ela relaciona o volume do reservatório com o consumo diário e com a
aplicação dessa água quente.

Capacidade do Reservatório (Litros) 60 75 115 175 230 290


Consumo Diário (Litros) 115 - 230 230 - 380 380 - 760 760 - 1140 1140 - 1710 1710 - 2330
Família Família Família Família Família Casas
pequena média média grande grande grandes
Aplicações Pequenos Pequenos
Casa Um Dois Loja
edifícios de edifícios de
Pequena banheiro banheiros pequena
apartamento apartamento
Tabela 04: Estimativa do volume do boiler através do consumo diário e aplicação
Fonte: Extraído de Creder (2006)

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A potência elétrica utilizada por um aquecedor tipo boiler é pequena quando


comparamos a potência utilizada por um chuveiro elétrico. Pois nos chuveiros elétricos,
a água permanece em contato com a resistência durante pouco tempo, já no boiler
a água é aquecida durante as horas sem utilização do equipamento, ou seja a água
é aquecida lentamente durante um maior tempo por isso a resistência dele é menor
que a de um chuveiro. Um boiler com um funcionamento ideal com bom isolamento
térmico pode manter a temperatura da água por aproximadamente 12 horas sem
consumo, apresentando pouca variação (CREDER, 2006).
Os aquecedores elétricos podem ser reservatórios de baixa pressão, ou seja realizam
a distribuição de água por gravidade ou podem ser de alta pressão, onde a pressão
é ditada pela altura estática do reservatório de água fria (CREDER, 2006). De acordo
com Macintyre (1990) as pressões mínimas em torneiras e chuveiros é de 1,00 e 0,50
mca (1 kgf/cm² = 10 mca = 100 kPa). Já, a pressão estática máxima nas peças de
utilização e nos reservatórios é de no máxima 40,0 mca (CREDER, 2006).
Um detalhe importante em relação às instalações hidráulicas de água quente é que
não ocorre mistura entre água quente e fria nas tubulações, o projeto precisa deixar
claro qual a prumada de água fria e qual a prumada de água quente para evitar erros
na execução. A Figura 01 mostra o detalhamento de parte de um projeto de instalações
hidráulicas para um banheiro.

Figura 01: Detalhamento de prumadas


Fonte: Creder (2006)

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5.2.2 Velocidade máxima de escoamento da água quente

A velocidade máxima de escoamento que a água quente deve atingir na tubulação,


pode ser calculada pela seguinte equação:

Onde: V é a velocidade em metros por segundo;


D é o diâmetro da tubulação em metros.
Na Tabela 05, são apresentados os valores relativos a velocidades máximas, vazões
e diâmetro das instalações de água quente.

Diâmetro Velocidades máximas Vazões Máximas


mm polegadas m/s L/s
15 1/2 1,60 0,20
20 3/4 1,95 0,55
25 1 2,25 1,15
32 1 1/4 2,50 2,00
40 1 1/2 2,75 3,10
50 2 3,15 6,40
65 2 1/2 3,55 11,20
80 3 3,85 17,60
100 4 4,00 32,50
Tabela 05: Velocidade, vazão e diâmetro máximo
Fonte: Extraído de Macintyre (1990)

5.2.2 Vazão

A vazão pode ser calculada utilizando-se a equação abaixo:

Onde: Q é a vazão em Litros/s;


C é o coeficiente de descarga = 0,3 Litros/s;
∑P é a soma dos pesos correspondentes às peças suscetíveis de
Utilização simultânea na tubulação.

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Nas Tabela 07 e 08 são apresentados valores de diâmetro para a tubulação de


água quente relacionando o diâmetro da tubulação com a vazão máxima.
Tubos de Cobre
Diâmetro Diâmetro Espessura da Diâmetro Vazão
nominal externo parede interno Máxima
pol mm mm mm L/s
1/2 15,0 0,5 14,0 0,5
3/4 22,0 0,6 20,8 1,0
1 28,0 0,6 26,8 1,7
1 1/4 35,0 0,7 33,6 2,7
1 1/2 42,0 0,8 40,4 3,8
2 54,0 0,9 52,2 6,4
2 1/2 66,7 1,2 64,3 9,7
3 79,4 1,2 77,0 14,0
4 104,8 1,2 102,4 24,7
Tabela 06: Diâmetro x Vazão para tubos de cobre
Fonte: Batista e Lara (2010)

Tubos de Aço Carbono


Diâmetro Diâmetro Espessura da Diâmetro Vazão
nominal externo parede interno Máxima
pol mm mm mm L/s
1/2 21,0 2,7 15,7 0,6
3/4 26,5 2,7 21,2 1,1
1 33,3 3,4 26,6 1,7
1 1/4 42,0 3,4 35,3 2,9
1 1/2 47,9 3,4 41,2 4,0
2 59,7 3,8 52,2 6,4
2 1/2 75,3 3,8 67,8 10,8
3 88,0 4,3 79,5 14,9
4 113,1 4,5 104,1 25,5
Tabela 06: Diâmetro x Vazão para tubos de cobre
Fonte: Batista e Lara (2010)

A NBR-7198, determina que seja considerado nas instalações hidráulicas de água


quente o funcionamento máximo provável das peças de utilização e não o máximo
possível.

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O dimensionamento dos alimentadores principais, ramais e sub-ramais dessas


instalações devem ser os mesmos princípios das instalações de água fria já apresentados
nas Aulas 02, 03 e 04.

5.2.3 Perdas de carga

As perdas de carga nas tubulações de água quente devem ser calculadas da mesma
forma como é feito nas instalações de água fria.

5.2.4 Diâmetro mínimo dos sub-ramais

O diâmetro dos sub-ramais não pode ser menor ao indicado na Tabela 07.
Peças de utilização Diâmetro (mm)
Banheira 15
Bidê 15
Chuveiro 15
Lavatório 15
Pia de cozinha 15
Pia de despejo 20
Lavadora de roupa 20
Tabela 07: Diâmetro mínimo dos sub-ramais
Fonte: Extraído de Macintyre (1990)

5.2.5 Aquecimento elétrico

O aquecimento da água ocorre através da imersão de resistências metálicas. Sendo


que essas resistências são revestidas por mica ou outro material resistente que os
leva a suportar altas temperaturas. O cálculo dessa resistência é realizado através
da seguinte equação:

Onde: R é a resistência em ohms;


ρ é a resistividade do material em ;
l é o comprimento do resistor em metros;
S é a seção do resistor em mm².

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E para o cálculo da potência utiliza-se a seguinte equação:

Onde: P é a potência em watts;


I é a corrente em ampères.

A quantidade de calor necessária para elevar uma massa m de um líquido de calor


específico c de uma temperatura inicial t1 a uma temperatura final t2 é calculada
através equação abaixo:

Onde: Q é o calor necessário em Kcal;


m é a quantidade de água em Litros;
t2 é a temperatura final em °C;
t1 é a temperatura inicial em °C;
c é o calor específico em (para água, c = 1)

Observação: 1,0 wh = 860 cal ou 1,0 kWh = 860 kcal.

A quantidade de calor ainda pode ser calculada pela equação:

Onde: R é a resistência em ohms;


I é a corrente em ampères;
t é o tempo de aquecimento em segundos.

Encontrado a Quantidade de Calor, pode-se encontrar a Potência Consumida pelo


equipamento elétrico através da seguinte relação:

Onde: P é a potência consumida em kWh;


Q é o calor necessário em Kcal;
t = é o tempo necessário para aquecimento da água para temperatura
desejada.

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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA


O bom funcionamento de um sistema de água quente depende de vários fatores. A
escolha do material que vai ser utilizado nas tubulações é um desses fatores. É preciso
avaliar como ocorre o comportamento do material durante a condução da água quente
logo, ele deve apresentar poucas deformações, dilatações e contrações térmicas
E dentre os materiais disponíveis, o cobre é o mais indicado devido a sua durabilidade
e resistência ao calor. Porém, tubos e conexões plásticas também pode ser utilizadas
como CPVC, PPR, PEX, PB e PERT.
Sendo que tubos de aço galvanizado e conexões desse mesmo material não são
recomendadas para utilizar em instalações de água quente porque a temperatura da
água provoca a redução da camada de revestimento de zinco e futuramente levará a
corrosão do ferro, danificando a tubulação. Por isso, ao projetar ou executar uma obra
com esse tipo de instalação, muita atenção na especificação do material utilizado.
Fonte:https://www.aecweb.com.br/revista/materias/como-escolher-o-isolamento-termico-para-as-tubulacoes-de-agua-quente/16832

Exemplo 01: Qual a capacidade de um reservatório de água quente para um edifício


com 40 apartamentos residenciais, com os seguintes equipamentos sanitários, por
unidade: banheira, lavatório, chuveiro e pia de cozinha.
Consumo total: 40 banheiras x 26 L/h (ver Tabela 02) = 1040
40 lavatórios x 2,6 L/h = 104
40 chuveiros x 97,5 L/h = 3900
40 pias de cozinha x 13 = 520
5564 L/h

Consumo máximo provável: 0,30 x 5564 = 1669,20 L/h


Capacidade do reservatório: 1,25 x 1669,20 = 2087 L

Exemplo 02: É preciso realizar o aquecimento de 200 litros de água da temperatura


de 25°C para a temperatura de 60 °C, em três horas. A tensão disponível da rede é de
110 volts. Qual a potência elétrica consumida?

Obs: 1,0 wh = 860 cal ou 1,0 kWh = 860 kcal.

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Exemplo 03: No exercício acima, foi admitido que o rendimento do boiler foi de 100
%. Mas pode ocorrer algumas variações na transferência de calor. Considerando isso,
qual seria a potência consumida se o rendimento do boiler fosse de 95%?

Nesse capítulo iniciamos o estudo das instalações prediais de água quente, estudamos
alguns parâmetros para o dimensionamento dessas instalações e fizemos alguns
exercícios de aplicação. No próximo capítulo finalizaremos o estudo das instalações
prediais de água quente.

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CAPÍTULO 6
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA
QUENTE - PARTE 2

O sexto capítulo do livro tem como objetivo mostrar outras formas de aquecimento
de água além da utilização dos aquecedores elétricos e realizar o dimensionamento
desses métodos de aquecimento.
Nos últimos anos, outras formas de aquecimento se popularizaram, pois funcionam
como energia limpa e/ou geram economia financeira.

6.1 Aquecimento solar

A utilização da energia solar como forma de aquecimento de água para as instalações


hidráulicas prediais despontou como uma alternativa para reduzir os gastos com
energia elétrica. Basicamente a utilização da energia solar consiste no aproveitamento
do calor emitido pelo sol para o aquecimento de água.
Esse tipo de aquecimento pode ser utilizado no ambiente industrial, comercial e
doméstico. Piscinas podem ser aquecidas através desse tipo de instalação. No Brasil,
as instalações com aquecimento solar começaram a surgir na década de 70 mas, foi
apenas na década de 80 é que houve um aumento significativo dessas instalações
devido a normas que foram criadas e principalmente a mão de obra qualificada para
projetar e executar essas instalações.
De acordo com Creder (2006), a utilização do aquecimento solar possui benefícios
que outras instalações não apresenta como o fato dela ser uma fonte inesgotável, não
poluir o ar, ser auto-suficiente, ser uma instalação silenciosa, ser fonte alternativa de
energia ou seja é uma fonte de energia ambientalmente correta.
Uma observação importante envolvendo essa instalação é que geralmente quando se
utiliza esses aquecedores para uso doméstico, a instalação geralmente é complementada
com a utilização do chuveiro elétrico pois em alguns dias não ocorre incidência de

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sol adequada para fornecimento de água aquecida em temperatura confortável para


algumas atividades como o banho. Além disso, a incidência de sol varia muito durante
o dia e durante as estações do ano (CREDER, 2006).
Um sistema de aquecimento solar basicamente é composto por:
• Placa/Coletor solar;
• Reservatório térmico;
• Tubulações e conexões hidráulicas

Sendo que o sistema de aquecimento solar pode ser feito através de dois métodos,
a termossifão ou circulação forçada.
O termossifão é um método de aquecimento de água que não utiliza um sistema de
bombeamento, nos projetos residências é o mais utilizado pois ele é o mais indicado
para baixos volumes de água. Nesse tipo de instalação, o reservatório precisa estar
acima do coletor solar, pois o funcionamento do equipamento é realizado por correntes
de convecção natural onde a parte quente tende a subir por causa da menor densidade,
logo a água quente fica por cima da água fria. Na Figura 02, é apresentado um exemplo
de uma instalação com sistema de termossifão.

Figura 02: Sistema de aquecimento solar - termossifão


Fonte: https://maisengenharia.altoqi.com.br/hidrossanitario/boas-praticas-para-o-sistema-de-aquecimento-solar/

Algumas recomendações na instalação desse tipo de sistema devem ser observadas


para que seu correto funcionamento seja possível. O boiler, reservatório de água quente
deve ficar a uma distância mínima de 15 cm do reservatório de água fria e o fundo do

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boiler deve ficar a pelo menos 20 cm de distância da placa/coletor solar, limitando-se


essa distância a 400 cm, conforme apresentado na Figura 03.

Figura 03: Sistema de aquecimento solar instalação do termossifão


Fonte: https://maisengenharia.altoqi.com.br/hidrossanitario/boas-praticas-para-o-sistema-de-aquecimento-solar/

A placa coletora solar, deve ser feita em material adequado de forma que realmente
possibilite o aquecimento da água. Na Figura 04, é apresentado os componentes de
uma placa/coletor solar, lembrando que todo esse tipo de instalação deve ser realizado
com tubulação de cobre.

Figura 04: Componentes de uma placa/coletor solar


Fonte: Creder (2006).

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Já o aquecimento solar por circulação forçada, é realizado com um auxílio de uma


bomba conectada à energia elétrica, que faz com que a água circule dentro do circuito.
Logo, nesse tipo de instalação o gasto com eletricidade é superior ao de termossifão.
Existem algumas vantagens na instalação desse tipo de sistema como, o acumulador
de água quente pode ficar em qualquer ponto da edificação, ele possui uma eficiência
térmica melhor que a do outro sistema e o acumulador de água quente fica protegido,
aumentando a sua durabilidade. Mas, como existe a necessidade da utilização de
bomba nesse tipo de equipamento, seu gasto com energia elétrica é maior.

6.1.1 Dimensionamento da placa/coletor solar

Segundo Creder (2006), a cada 1 m² da placa/coletor corresponde a 50-65 litros de


água quente. Pode-se aplicar a seguinte equação para o cálculo do dimensionamento
da placa/coletor solar:

Onde: S é a área em m²
Q é a quantidade de calor necessária em kcal/dia
I é a intensidade de radiação solar em kWh/m² x dia ou kcal.h/m²
η é o rendimento do aproveitamento da energia por painel, estimado, para
fins práticos em 50%.

A Figura abaixo apresenta uma instalação de aquecimento solar em uma residência.

Figura 01: Exemplo de aquecimento solar


Fonte: Portal Solar (2022)

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6.1.2 Exemplo de dimensionamento da placa/coletor solar

Suponha que será instalado um sistema de aquecimento solar em uma residência


unifamiliar de 6 pessoas, desejamos calcular a área do coletor necessária.
Resolução: Considerando a Tabela 01 da Aula 05, podemos considerar que cada
pessoas consome 45 litros de água quente por dia.
Logo, o consumo diário de água quente nessa residência será:

Obs: m = quantidade de água quente em litros (consultar Aula 05).

Supondo que a temperatura inicial da água seja de 20° C e a temperatura de saída


do coletor solar seja de 60° C, determinar a quantidade de calor necessário para elevar
uma massa m de líquido de uma temperatura inicial para uma final.

*Equação mostrada na Aula 05

Se a residência for construída no Rio de Janeiro, a intensidade de radiação aproximada


da cidade é: a cal/cm²/mín ou em 7 horas de exposição de sol, I = 4200 kcal/m² . dia.

6.2 Aquecimento a Gás

O aquecimento de água através da utilização de gás, possui um funcionamento


parecido com o que ocorre com os fogões. Basicamente existe um queimador envolvido

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por uma serpentina onde ocorre a circulação da água para aquecimento. A Figura 02,
apresenta um exemplo de aquecimento à gás. Costuma-se instalar os aquecedores
no banheiro ou na cozinha.
Esse tipo de sistema pode ter acumulação de água quente utilizado um reservatório
tipo boiler ou não. Quando existe a utilização de boiler no sistema, podemos denominá-
lo como aquecedor por acumulação, já quando o aquecimento de água é imediato ao
uso chamamos de aquecimento por passagem.
Um dado importante envolvendo esse tipo de aquecimento é que ele necessariamente
precisa ter uma pressão de rede adequada para a passagem de água no aquecedor,
pois o aquecedor precisa “sentir” a água entrando no circuito para ser acionado.

Figura 02: Aquecedor de gás


Fonte: Creder (2006).

Existem muitas vantagens em relação a utilização de aquecedor a gás, mas talvez


a principal esteja relacionada a economia financeira já que a utilização de chuveiro
elétrico é uma das grandes vilãs do alto preço de contas de energia. Além disso outras
vantagens devem ser consideradas como:
• É possível conseguir um grande volume de água quente;

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• A água aquecida apresenta temperatura elevada geralmente mais alto do que


a de um chuveiro elétrico;
• É possível ter água quente em vários de pontos de utilização de forma simultânea;
• Para realizar o aquecimento pode ser utilizado gás natural ou GLP;
• Os aquecedor de gás costumam ter uma vida útil longa, acima de 15 anos
(quando operados da forma correta).

Um dos itens mais importantes relacionados a instalação do sistema de


aquecimento de gás é chaminé de exaustão dos gases nocivos como o monóxido
de carbono, esse componente fica no ambiente externo às edificações que utilizam
esses equipamentos.

ANOTE ISSO

O sistema de aquecimento a gás se popularizou ao longo dos últimos anos por


conta da economia em energia elétrica que ele gera. Porém, é preciso deixar bem
claro para as pessoas que o utilizam da necessidade das manutenções periódicas
que o sistema precisa passar. Apenas empresas certificadas pelo Inmetro (Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) devem fazer essas manutenções/
vistorias.
Os acidentes costumam ser fatais quando ocorre a intoxicação por monóxido
de carbono, como esse que ocorre na cidade do rio de Janeiro em 2021: https://
g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/07/10/casal-morreu-no-leblon-por-
problema-no-aquecedor-a-gas-segundo-laudo.ghtml.

6.2.1 Escolha do aquecedor

A escolha do tipo de aquecedor a gás a ser instalado depende de vários fatores,


como qual o tipo de gás disponível para instalação na região do empreendimento
onde será necessário o aquecimento, quantidade de pontos que vão precisar de água
quente disponível, tipo de ocupação do empreendimento, entre outros. O importante
é escolher o aquecedor que atenda a demanda e que sua instalação seja realizada
da forma correta ou seja através de mão de obra especializada em instalação desse
tipo de aquecedor.

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6.2 Aquecimento com Caldeira

Alguns métodos de aquecimento de água, não são tão populares como os aquecedores
elétricos, a gás ou o aquecedor solar, é o caso das caldeiras para aquecimento de
água. Esse tipo de aquecimento pode ser utilizado em edifícios comerciais, residenciais,
indústrias e residências. Elas podem variar muito de tamanho dependendo do volume
a ser utilizado de água quente.
As caldeiras de uma forma geral são compostas por termostato para regular a
temperatura, uma válvula de gás, um manômetro que serve para monitorar a pressão
da água, uma válvula que faz a alimentação de água, uma válvula redutora de pressão,
uma saída de ar, um tanque de expansão onde a água quente é mantida, uma válvula que
realiza o controle de fluxo, uma válvula para aliviar a pressão e uma válvula de drenagem.
As caldeiras podem ser divididas em dois grupos principais: as caldeiras de tubos
de fogo e as caldeiras de tubos de água. Na primeira os gases quentes atravessam o
interior do tubo e realizam o aquecimento da água. Já na segunda, o calor é aplicado
ao redor do exterior do local onde a água fica armazenada. As caldeiras necessitam
de manutenção regularmente por causa do risco de explosões.
Na Figura 03, é apresentado o esquema de uma caldeira.

Figura 03: Esquema de uma caldeira


Fonte: TOGAWA Engenharia (https://togawaengenharia.com.br/blog/partes-que-compoem-uma-caldeira/)

Nessa aula nós aprendemos sobre o método de aquecimento de água através da


energia solar e através de aquecimento à gás, juntando a Aula 05, nós aprendemos
sobre o dimensionamento e aquecimento de água nas instalações hidráulicas prediais.

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CAPÍTULO 7
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO

A Aula 07 tem como objetivo descrever as características das instalações prediais


de esgoto sanitário. Toda água utilizada nas edificações, sejam elas de instalações
de água quente ou fria, torna-se esgoto após a sua utilização.
Se nos referimos ao esgoto produzido em edificações residenciais, temos o chamado
esgoto doméstico, se nos referimos ao esgoto produzido em uma edificação industrial
temos o esgoto industrial, entre outros.
Neste capítulo vamos como é realizada a destinação do esgoto produzido em uma
edificação para o seu local de coleta. A NBR 8160:1999, estabelece as recomendações
acerca do projeto, execução e manutenção das instalações prediais de esgoto sanitário.

7.1 Instalação Predial de Esgoto Sanitário

Essas instalações possuem alguns requisitos mínimos determinados na NBR 8160:


• O esgoto deve possuir um escoamento rápido;
• A tubulação deve possuir fácil desobstrução;
• Essas instalações devem possuir mecanismos que impeçam a passagem de
gases e animais do interior das instalações para o exterior e vice e versa;
• Não pode ocorrer acúmulo de gases no interior das tubulações.

As instalações das redes prediais de esgoto, podem ser divididas de acordo com
o acesso delas aos gases provenientes do coletor público em:
• Instalação primária: essas tubulações e dispositivos possuem acesso aos
gases provenientes do coletor público. De acordo com Macintyre (1990), esse
trecho da instalação é composto pelo coletor predial, subcoletores , caixas de
inspeção, tubos de queda, ramais de descarga (que servem apenas um aparelho
sanitário), ramis de esgoto (que servem mais um equipamento sanitário), tubos

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ventiladores e colunas de ventilação sanitária, desconectores, ralos sifonados,


caixas sifonadas, sifões e caixas retentoras.
• Instalação secundária: essas tubulações não têm acesso aos gases provenientes
do coletor público. De acordo com Macintyre (1990), compreendem esse trecho
os ramais de descarga e esgoto que não fazem parte da rede primária ou seja são
os ramais de todos equipamentos sanitários com exceção dos vasos sanitários
e mictórios ou seja fazem parte das instalações secundárias as tubulações de
pias, tanques e máquinas de lavar roupas e máquina de lavar louças.

O que separa as instalações primárias das instalações secundárias é o desconector,


pois ele possui um fecho hídrico próprio que impede a transferência de gases da
instalação primária para a secundária.
A Figura 01, ilustra como ocorre o bloqueio da passagem de gases em um desconector
por meio do fecho hídrico e ainda mostra alguns modelos de fecho hídrico.

Figura 01: Desconector


Fonte: https://www.pinterest.se/pin/153263193555076702/

7.2 Componentes das instalações prediais de esgoto

A NBR 8160, lista os principais componentes dessas instalações prediais. Abaixo,


segue os componentes e a definição de acordo com essa norma técnica.

• Altura do fecho hídrico: profundidade da camada líquida em um desconector,


altura que separa os compartimentos de entrada e saída do desconector;

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• Aparelho sanitário: equipamento sanitário ligado à instalação hidráulica predial


de esgoto destinado ao uso de água para higiene ou para receber dejetos;
• Bacia sanitária: equipamento sanitário que recebe exclusivamente dejetos
humanos;
• Barrilete de ventilação: tubulação que possui saída para atmosfera em um
ponto que é destinada a receber dois ou mais tubos ventiladores;
• Caixa coletora: caixa onde juntam-se os esgotos líquidos, sua disposição exige
elevação mecânica;
• Caixa de gordura: caixa que realiza a retenção de gorduras, graxas e óleos
presentes no esgoto e que não devem ir para a rede de esgoto pois podem
causar entupimentos. A caixa de gordura, deve ser limpa periodicamente;
• Caixa de inspeção: caixa destinada a permitir que o sistema de esgotamento
sanitário passe por inspeção, limpeza, mudanças de declividade ou direção da
tubulação;
• Caixa de passagem: caixa destinada a permitir a junção de tubulações do sistema
de esgotamento sanitário;
• Caixa sifonada: Caixa que possui um desconector, ela recebe esgoto da instalação
secundária de esgoto.
• Coletor predial: tubulação que fica entre a última inserção de subcoletor, ramal
de esgoto ou descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público ou sistema
particular.
• Coletor público: tubulação da rede coletora que recebe a contribuição de esgoto
dos coletores prediais ao longo do seu comprimento;
• Diâmetro nominal (DN): Dimensão de elementos que fazem parte do sistema
de tubulação de esgotamento sanitário;
• Ralo seco: recipiente sem desconector, possui grelha na sua parte superior,
recebe águas de lavagem de piso e chuveiro;
• Ralo sifonado: recipiente que possui desconector. Possui grelha na sua parte
superior, recebe águas de lavagem de piso e chuveiro;
• Ramal de descarga: é a tubulação que recebe diretamente o esgoto dos
equipamentos sanitários;
• Ramal de esgoto: é a tubulação primária que recebe o esgoto dos ramais de
descarga diretamente ou a partir do desconector;
• Sifão: Desconector que recebe o esgoto de todo o sistema predial;
• Subcoletor: é a tubulação que recebe o esgoto de um ou mais tubos de queda
ou ramais de esgoto;
• Tubo de queda: é a tubulação que recebe esgoto dos subcoletores, ramais de
esgoto e ramais de descarga;

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• Tubo de ventilação: tubulação destinada à exaustão dos gases e admissão de


ar atmosférico no interior da instalação primária.

Existem outras partes que compõem o sistema de esgotamento sanitário e que


desempenham um papel importante juntamente com essas já citadas, na NBR é
possível consultar a lista completa. A Figura 02, apresenta um esquema de instalação
hidráulica de esgoto sanitário de um banheiro.

Figura 02: Esquema de instalação hidráulica de esgoto sanitário


Fonte: Batista e Lara (2005).

7.3 Dimensionamento das instalações prediais de esgoto

O funcionamento dessas instalações ocorre na maioria das vezes como um


escoamento livre. No entanto, quando dimensionamos essas instalações é preciso
considerar que no interior das tubulações, ocorrem escoamento bruscamente variado,
logo, foi estabelecido a criação de uma unidade de contribuição para cada aparelho
sanitário para facilitar o dimensionamento (BATISTA E LARA, 2010). Essa unidade de
contribuição é conhecida como unidade Hunter, esse valor considera a probabilidade
de simultaneidade de uso associada à vazão dos equipamentos sanitários.

7.3.1 Ramais de descarga

A partir do recebimento do projeto de arquitetura da edificação, já é possível iniciar os


projetos de instalações prediais. Os ramais de descarga possuem diâmetros mínimos
conforme apresentado nas Tabelas 01 e 02, a declividade mínima dos trechos dessas
tubulações é de 2% quando o diâmetro nominal da tubulação for igual ou menor que
75 mm e 1% se o diâmetro for igual ou maior que 100 mm.
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Equipamento Número de Unidades Diâmetro Nominal do Ramal de


Hunter de Contribuição Descarga - DN (mínimo)
Banheira de residência 3 40
Banheira de uso geral 4 40
Banheira hidroterápica - fluxo contínuo 6 75

Banheira de emergência (hospital) 4 40

Banheira infantil (hospital) 2 40

Bacia de assento (hidroterápica) 2 40

Bebedouro 0,5 30
Bidê 2 30
Chuveiro de residência 2 40
Chuveiro coletivo 4 40
Chuveiro hidroterápico 4 75
Chuveiro hidroterápico tipo tubular 4 75

Ducha escocesa 6 75
Ducha perineal 2 30
Lavatório de residência 1 30
Lavatório geral 2 40
Lavatório quarto de enfermeira 1 30

Lavabo cirúrgico 3 40
Lava-pernas (hidroterápico) 3 50

Lava-braços (hidroterápico) 3 50

Lava-pés (hidroterápico) 2 50
Mictório - válvula de descarga 6 75

Mictório - caixa de descarga 5 50


Mictório - descarga automática 2 40
Mictório de calha por metro 2 50
Mesa de autópsia 2 40
Pia de residência 3 40
Pia de serviço (despejo) 5 75
Pia de laboratório 2 40
Pia de lavagem de instrumentos (hospital) 2 40
Pia de cozinha industrial - preparação 3 40
Pia de cozinha industrial - lavagem de panelas 4 50
Tanque de lavar roupa 3 40
Máquina de lavar pratos 4 75
Máquina de lavar roupa até 30 Kg 10 75
Máquina de lavar roupa de 30 Kg até 60 Kg 12 100
Máquina de lavar roupa acima de 60 Kg 14 150
Vaso sanitário 6 100
Tabela 01: Unidades Hunter de Contribuição dos Equipamentos Sanitários e Diâmetro Nominal dos Ramais de Descarga
Fonte: Creder (2006).

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Diâmetro Nominal do Ramal de Número de Unidades


Descarga - DN (mínimo) Hunter de Contribuição

30 ou menor 1
40 2
50 3
75 5
100 6
Tabela 02: Unidades Hunter de Contribuição dos Equipamentos Sanitários e Diâmetro Nominal dos Ramais de Descarga de Equipamentos não Citados na
Tabela 01
Fonte: Creder (2006).

7.3.2 Ramais de esgoto

Na Tabela 03, é apresentado o diâmetro nominal e sua respectiva unidade de


contribuição. Um detalhe importante dessas tubulações é que quando estão ligadas
ao mictório, deve-se ter atenção no material de fabricação da tubulação pois alguns
podem sofrer desgaste por causa da urina.
Diâmetro Nominal Número Máximo de Unidades
do Tubo - DN Hunter de Contribuição
30 1
40 3
50 6
75 20
100 160
150 620
Tabela 03: Unidades Hunter de Contribuição dos Equipamentos Sanitários e Diâmetro Nominal dos Ramais de Esgoto
Fonte: Creder (2006).

ISTO ESTÁ NA REDE

Algumas empresas disponibilizam aplicativos que facilitam a vida do projetista na


hora de desenvolver projetos de instalações hidráulicas. É o caso da Tigre, que criou
um aplicativo que possui blocos de tubulações e conexões que tornam os projetos
mais rápidos. Vale a pena conferir.
Fonte: https://www.tigre.com.br/tigre-bim#!/explorer

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7.3.3 Tubos de queda

Os tubos de queda precisam apresentar a geometria o mais vertical possível, ou


seja, deve-se evitar mudanças de direção ou de localização deles. Sempre que for
necessário uma mudança de direção, as curvas precisam ter um raio. Na Tabela 04,
é apresentado o diâmetro que as tubulações de tubo de queda devem possuir.

Número Máximo de Unidades Hunter de Contribuição


Prédio com mais de 3 pavimentos
Diâmetro Nominal do Tubo - DN Prédio de até 3 pavimentos Em 1 pavimento Em todo o tubo
30 2 1 2
40 4 2 8
50 10 6 24
75 30 16 70
100 240 90 500
150 960 350 1900
200 2200 600 3600
250 3800 1000 5600
300 6000 1500 8400
Tabela 04: Unidades Hunter de Contribuição dos Equipamentos Sanitários e Diâmetro Nominal dos Tubos de Queda
Fonte: Creder (2006).

7.3.4 Subcoletores

Os subcoletores precisam possuir os diâmetros e declividades constantes, sendo que eles


devem ter no máximo 15 metros de comprimento. É importante considerar a necessidade
deles serem construídos em região não edificada do terreno e as caixas de inspeção
precisam estar desobstruídas. Os subcoletores possuem diâmetro mínimo de 100 mm.
Na Tabela 05, são apresentados o dimensionamento de coletores prediais e subcoletores.
Número Máximo de Unidades Hunter de Contribuição
Diâmetro Nominal do Tubo - DN Declividades Mínimas (%)
0,5 1 2 4
100 - 180 216 250
150 - 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200
300 3900 4600 5600 6700
400 7000 8300 10000 12000
Tabela 05: Unidades Hunter de Contribuição dos Equipamentos Sanitários e Diâmetro Nominal dos Subcoletores e Coletores
Fonte: Creder (2006).

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7.3.5 Caixas de gordura

Sempre que ocorrerem a eliminação de dejetos com gordura (pias de cozinha,


pias de copa, pias de laboratórios, saída da máquina de lavar louças entre outros),
é necessária a instalação das caixas de gordura. Elas podem ser construídas em
concreto, alvenaria de tijolos, ferro fundido, pré-moldadas e precisam ser fechadas
hermeticamente com tampas removíveis (CREDER, 2006).

7.3.5.1 Caixa de gordura pequena (CGP), cilíndrica, com as seguintes dimensões:

• Possui um diâmetro interno de 30 cm;


• Parte submersa do septo – 20 cm;
• Possui capacidade de retenção de 18 Litros;
• Diâmetro nominal da tubulação de saída – DN 75 mm;
• Indicada para utilização apenas em locais com 1 pia de cozinha.

7.3.5.2 Caixa de gordura simples (CGS), cilíndrica, com as seguintes dimensões:

• Possui um diâmetro interno de 40 cm;


• Parte submersa do septo – 20 cm;
• Possui capacidade de retenção de 31 Litros;
• Diâmetro nominal da tubulação de saída – DN 75 mm;
• Indicada para utilização em locais com 1 ou 2 pias de cozinha.

7.3.5.3 Caixa de gordura dupla (CGD), cilíndrica, com as seguintes dimensões:

• Possui um diâmetro interno de 60 cm;


• Parte submersa do septo – 35 cm;
• Possui capacidade de retenção de 120 Litros;
• Diâmetro nominal da tubulação de saída – DN 100 mm;
• Indicada para utilização em locais que possuem de 2 a 12 cozinhas.

7.3.5.4 Caixa de gordura especial (CGE), prismática, com base retangular com
as seguintes características:

• Possui a distância mínima entre o septo e a saída de 20 cm;


• O volume da câmara de retenção de gordura é obtido através da seguinte fórmula:

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Onde: N = número de pessoas pela cozinha que despeja na CGE;


V = volume em litros

• Altura molhada de 60 cm;


• Parte submersa do septo de 40 cm;
• Diâmetro nominal da tubulação de saída – DN 100 mm.
Na Figura 03, é apresentado um croqui de uma caixa de gordura. Na primeira seta
vermelha, do lado esquerdo do desenho é por onde o esgoto oriundo das pias entra
na caixa de gordura, sendo que ele sai para a caixa de inspeção na tubulação indicada
para seta vermelha do lado direito da figura.

Figura 03: Caixa de gordura


Fonte: Pinterest (2022)

Algumas empresas têm desenvolvido produtos a fim de facilitar a instalação e


também a manutenção de alguns itens que compõem as instalações hidráulicas
prediais. No caso das caixas de gordura, novos modelos visam principalmente a facilitar
a limpeza periódica da caixa.
A empresa Tigre, conhecida nacionalmente pelos itens voltados para as instalações
hidráulicas, possui um modelo de caixa de gordura bastante interessante e eficiente.
Ele possui uma cesta onde a gordura fica retida e essa cesta possibilita a limpeza
rápida da caixa de gordura.
Na Figura 04, é apresentado esse modelo de caixa de gordura.

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Figura 04: Caixa de gordura com cesta


Fonte: Tigre (2022)

7.4 Exemplos de projetos de instalações hidráulicas de esgoto

Na Figura 05, é apresentado um projeto de esgoto sanitário de um banheiro completo


para residência.

Figura 05: Banho social


Fonte: Da autora (2022)

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Aqui tem um zoom da figura acima,


com todas as tubulações e conexões
numeradas, os eixos bem marcados
para as peças serem posicionadas
corretamente na construção da edificação,
as tubulações, peças e conexões foram
desenhadas com o auxílio do aplicativo
TigreCad.

Abaixo na Figura 06, é apresentado um projeto de esgotamento sanitário de uma


cozinha e de uma área de serviço.

Figura 06: Cozinha e área de serviço


Fonte: Da autora (2022)

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A numeração das tubulações e conexões serve para indicar no projeto a quantidade


necessária desses itens, por exemplo, junto a esse projeto foram apresentadas tabelas
como a apresentada na Figura 07.

Figura 07: Planilha de quantitativo – banho social


Fonte: Da autora (2022)

Nessa aula conhecemos as instalações hidráulicas de esgoto sanitário, estudamos


os componentes e dimensionamento dessas instalações e foram apresentados alguns
exemplos de projeto. Na próxima aula vamos dar continuidade as instalações de
esgoto sanitário.

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CAPÍTULO 8
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ESGOTO
SANITÁRIO - PARTE 2

Na aula 08, teremos a continuidade dos sistemas que fazem parte das instalações
prediais de esgoto sanitário. Um dica importante relacionada a elaboração de projetos
de instalações, é que como vimos na Aula 01, é necessário realizar a compatibilização
dos projetos de instalações hidráulicas com os demais projetos que fazem parte de uma
obra e na elaboração de um projeto de esgoto sanitário deve-se ter uma atenção especial
ao projeto de fundação da edificação pois as tubulações de descarte de esgoto devem
respeitar as estruturas da fundação da edificação.
Segundo Creder (2006), os projetos de instalações prediais de esgotos sanitários, são
compostos por:
• Definição de todos os pontos que recebem esgoto;
• Definição do ponto ou dos pontos de destino do esgoto;
• Definição do coletor predial;
• Definição dos pontos de transporte de esgoto;
• Definição dos pontos de inspeção;
• Definição e localização das tubulações de ventilação das tubulações primárias;
• Definição e localização da instalação de elevatória quando necessário;
• Definição do número de unidades Hunter para cada trecho de tubulação do projeto;
• Especificação de materiais das tubulações e diâmetro.

8.1 Dimensionamento das instalações prediais de esgoto

Nesse tópico vamos continuar descrevendo os padrões de dimensionamento das


instalações prediais de esgoto.

8.1.1 Ventilação

De acordo com Creder (2006) em edificações que possuem apenas um pavimento,


deve existir pelo menos um tubo de ventilação com diâmetro nominal DN 100, ligado à
caixa de inspeção ou em junção ao coletor predial, subcoletor ou ramal de descarga de
um vaso sanitário e ele deve ser prolongado até acima da cobertura dessa edificação.

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Caso a edificação for de uso residencial e possuir no máximo três vasos sanitários, o tubo
de ventilação pode ter um diâmetro nominal DN 75.
Quando a edificação possuir dois ou mais pavimentos, os tubos de queda devem ser
prolongados até acima da cobertura, sendo todos os desconectores (vaso sanitário, sifão
e caixa sifonadas) devem possuir ventiladores individuais ligados à coluna de ventilação.
Na Figura 01 é possível ver o exemplo de uma ligação do ramal de ventilação de uma
edificação.

Figura 01: Exemplo de ramal de ventilação


Fonte: Creder (2006).

Na Figura 02, é apresentado um esquema da tubulação e ventilação com


prolongamento acima da cobertura.
Em locais onde a instalação de esgoto sanitário já possui pelo menos um tubo de
ventilação primária com diâmetro nominal DN 100, fica dispensado o prolongamento
de todo o tubo de queda, desde que atenda as seguintes premissas:
• O comprimento não ultrapasse ¼ da altura total da edificação, medida no
comprimento vertical do tubo;
• Não pode receber mais de 36 unidades Hunter de contribuição;
• Tenha a coluna de ventilação prolongada até a cobertura do edifício ou em
conexão com outra existente.

Outro detalhe importante das tubulações de ventilação é que elas devem ser
instaladas de forma que qualquer líquido que por algum motive entra nela, possa escoar

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completamente, por gravidade, para dentro do tubo de queda, ramal de descarga ou


desconector em que a tubulação de ventilação tem origem (CREDER, 2006).
O diâmetro das colunas de ventilação devem ser uniformes, a extremidade inferior
da coluna deve ser ligada a um subcoletor ou a um tubo de queda, em um ponto
abaixo da ligação do primeiro ramal de esgoto ou de descarga ou então nesse ramal
de esgoto ou descarga. Já a extremidade superior deve ser situada acima da cobertura
da edificação ou ser ligada um tubo de ventilação primário a 150 mm, ou mais, acima
do nível de transbordamento da água do mais elevado aparelho sanitário por ele
servido (CREDER, 2006).

Figura 02: Exemplo de ramal de ventilação com prolongamento até à cobertura


Fonte: Macintyre (1990).

Sempre que não for possível o prolongamento dos tubos ventiladores até na região
acima da cobertura, deve ser utilizado um barrilete de ventilação. O dimensionamento

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desse barrilete é feito pela soma das unidades Hunter de contribuição dos tubos de
queda que são servidos no trecho. Já o comprimento que precisa ser considerado é
sempre é mais extenso, da base da coluna de ventilação mais longe da extremidade
aberta do barrilete até essa extremidade (CREDER, 2006).
Em relação aos desconectores, a distância entre eles e o tubo ventilador deve seguir
a que é apresentada na Tabela 01.
Sempre que for necessário a ligação de um tubo ventilador a uma tubulação horizontal
é necessário que essa ligação seja feita acima do eixo da tubulação elevando-se o
tubo ventilador em até 15 cm, ou mais, acima do nível de transbordamento da água
do mais alto dos aparelhos servidos antes de ligar-se a outro tubo ventilador.
Diâmetro Nominal do Ramal de Descarga - DN Distância Máxima (m)
30 0,7
40 1
50 1,2
75 1,8
100 2,4
Tabela 01: Distância Máxima de um Desconector ao Tubo Ventilador
Fonte: Creder, (2006).

A tubulação de ventilação primária e a coluna de ventilação primária devem ser


verticais e, sempre que possível, instalados em um único alinhamento reto; quando
não for possível evitar as mudanças de direção da tubulação, estas mudanças devem
ser feitas mediante a curvas de ângulo central não superior a 90º (CREDER, 2006).
A extremidade da tubulação primária ou da coluna de ventilação deve estar situada
acima da cobertura da edificação a uma distância de, no mínimo 30 cm no caso de
telhado ou de simples laje de cobertura e 2,00 metros no caso de lajes utilizadas para
outras finalidades como playground, áreas de recreação entre outros, nestes casos, deve
ter proteção contra choques acidentais. A extremidade dessa tubulação também não
deve estar situada a menos de 4m de distância de qualquer janela, porta ou outro vão
de ventilação, salvo se elevada, pelo menos, 1 m acima das vergas dos respectivos vão.

8.1.1.1 Critérios para o dimensionamento dos tubos de ventiladores

• Ramal de ventilação de acordo com o que é apresentado na Tabela 02;


• Tubo ventilador de circuito de acordo com o que é apresentado na Tabela 03;
• Tubo ventilador suplementar, o diâmetro nominal não pode ser inferior à metade
do diâmetro do ramal de esgotos a que estiver ligado;
• Coluna de ventilação de acordo com o apresentado na Tabela 03, incluindo-se no
comprimento da coluna de ventilação o trecho do VP entre o ponto de inserção
da coluna e a extremidade do ventilador;

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• Barrilete de ventilação de acordo com a soma das unidades Hunter de contribuição


(UHC) dos tubos de queda servidos;
• O tubo ventilador de alívio de acordo com o diâmetro nominal igual ao diâmetro
nominal da coluna de ventilação a que estiver ligado.

Os desconectores, caixas sifonadas ou sifões quando ligados a um tubo de queda


que não recebe efluentes de vasos sanitários e mictórios são consideradas devidamente
ventiladas. São consideradas devidamente ventilados os desconectores instalados no
último pavimento do prédio nas seguintes condições:
• quando o número de UHC for menor que 15;
• a distância entre a ligação do desconector até o tubo ventilador não exceder
os limites da Tabela 01.
Grupos de Aparelhos Sem Vasos Sanitários Grupos de Aparelhos com Vasos Sanitários
Números de Unidades Diâmetro Nominal do Número de Unidades Diâmetro Nominal do Ramal
Hunter de Controbuição Ramal de Ventilação - DN Hunter de Contribuição de Ventilação - DN
até 2 30 até 17 50
3 a 12 40 18 a 60 75
13 a 18 50 - -
19 a 36 75 - -
Tabela 02: Dimensionamento de Ramais de Ventilação
Fonte: Creder, (2006).

Os vasos sanitários quando possuem orifícios para ventilação, com desconector


externo ou interno, deve ser ventilado individualmente. Já o vaso sanitário auto sifonado
não dispõe de orifício para ventilação; por isso, deve ter o seu ramal de descarga
ventilado individualmente, dispensando-se essa exigência quando houver qualquer
desconector ligado a esse ramal e a 2,40 m, no mínimo, do vaso sanitário e o ramal
de ventilação ser de diâmetro nominal DN 50 no mínimo (CREDER, 2006).
Dessa mesma forma, a ventilação é dispensada quando no mesmo pavimento
houver outros ramais de descarga ou de esgoto devidamente ventilados. Em alguns
casos, podem ser utilizados um tubo ventilador invertido em vasos sanitários que
possuam orifícios próprios para ventilação instalado no pavimento térreo, desde que
esteja a menos de 8 metros de sua ligação ao coletor predial ou subcoletor e a menos
de 2,50 metros de desnível (CREDER, 2006).
Sempre que os tubos de queda que recebem descarga de mais de 10 andares
devem ser ligados à coluna de ventilação através de tubo de ventilador de alívio, a
cada dez pavimentos a contar do andar mais alto.
A extremidade inferior do tubo de ventilação de alívio deve ser ligada ao tubo de queda
através de junção de 45º, colocada a 15 cm, ou mais, acima do nível de transbordamento
da água do aparelho mais alto servido pelo ramal de esgoto ou de descarga. Quando

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houver tubo de queda que forme ângulo maior que 45º com a vertical deve ser prevista
outra ventilação, considerando-se como se existisse dois tubos de queda, um acima
e outro abaixo do desvio, conforme apresentado na Figura 03. Já nos tubos de queda
que recebem despejos de pias, tanques, máquinas de lavar e outros aparelhos em
que são utilizados detergentes que provoquem a formação de espuma, deve-se evitar
a ligação de aparelhos ou tubos ventiladores nas zonas de espuma(CREDER, 2006).
Diâmetro Nominal do Tubo de Números de Unidades Diâmetro Nominal Mínimo de Tubo de Ventilação
Queda ou Ramal de Esgoto - DN Hunter de Contribuição 30 40 50 60 75 100 150 200 250 300
Comprimento Máximo Permitido (m)
30 2 9
40 8 15 46
40 10 9 30
50 12 9 23 61
50 20 8 15 46
75 10 - 13 46 110 317
75 21 - 10 33 82 247
75 53 - 8 29 70 207
75 102 - 8 26 64 189
100 43 - - 11 26 76 299
100 140 - - 8 20 61 229
100 320 - - 7 17 52 195
100 530 - - 6 15 46 177
150 500 - - - - 10 40 305
150 1100 - - - - 8 31 238
150 2000 - - - - 7 26 201
150 2900 - - - - 6 23 183
200 1800 - - - - - 10 73 286
200 3400 - - - - - 7 57 219
200 5600 - - - - - 6 49 186
200 7600 - - - - - 5 43 171
250 4000 - - - - - - 24 94 293
250 7200 - - - - - - 18 73 225
250 11000 - - - - - - 16 60 192
250 15000 - - - - - - 14 55 174
300 7300 - - - - - - 9 37 116 287
300 13000 - - - - - - 7 29 90 219
300 20000 - - - - - - 6 24 76 186
300 26000 - - - - - - 5 22 70 152
Tabela 03: Dimensionamento de Colunas e Barriletes de Ventilação
Fonte: Creder (2006).

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Figura 03: Desvio de Tubo de Queda


Fonte: Creder (2006)

8.1.1.2 Exemplo de posicionamento dos tubos de ventiladores

Figura 05: Ventilação em Circuito – vasos auto sifonados


Fonte: Creder (2006)

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Figura 06: Ventilação em Circuito – Vasos auto sifonados


Fonte: Creder (2006)

ISTO ESTÁ NA REDE


Você conhece os trituradores de alimento orgânico que são instalados em pias
de cozinha?
Esses equipamentos servem para triturar todo o lixo orgânico e mandar direto
pela rede de esgotamento sanitário da cozinha. Apesar de serem práticos, a sua
utilização não é aconselhada por diversos órgãos devido ao aumento de carga
orgânica no esgoto que essa prática pode gerar e do potencial risco de entupimento
da rede que pode acontecer se esses restos triturados começarem a aderir na
parede da tubulação
Além disso, o não envio de lixo orgânico para os aterros sanitários prejudica a
produção de biogás que ocorre em algumas dessas instalações. Mas, o não envio
deste tipo de material orgânico reduz o volume de resíduo enviado para os aterros,
aumentando sua vida útil.
Procure mais informações sobre o assunto e analise os prós e contras desse
equipamento.
Fonte: https://g1.globo.com/sao-paulo/sao-paulo-mais-limpa/noticia/2012/04/uso-do-triturador-de-lixo-organico-e-desaconselhado-pela-sabesp.html

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Nessa aula 08, aprendemos sobre um ponto primordial das instalações hidráulicas
de esgoto sanitário, o dimensionamento da tubulação de ventilação. Parece ser algo
simples, mas quando mal dimensionado esse ramal causa um grande prejuízo financeiro
e incomodo devido ao mal cheiro que pode entrar pelo vaso sanitário e ralos.

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CAPÍTULO 9
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ESGOTO
SANITÁRIO - PARTE 3

Na aula 09, vamos finalizar a parte de instalações prediais de esgoto sanitário.


Agora vamos aprender sobre os elementos de inspeção que fazem parte dessas
instalações e veremos sobre o tratamento de esgoto individual, sendo esse tipo de
tratamento aplicado apenas quando não existe no município a coleta e tratamento
do esgoto por parte de órgãos públicos ou privados.

9.1 Elementos de Inspeção

Basicamente, podemos definir os elementos de inspeção como itens que possuem a


função de descontinuar as tubulações em algum trecho de forma que essa interrupção
facilite limpeza, manutenção e/ou desobstrução por exemplo.
Por isso, desobstrução e limpezas dos coletores prediais, subcoletores e mais de
esgoto e de descarga devem ser feitas através da caixa de inspeção. A distância entre
as caixas de inspeção, poços de visitas ou outras peças de inspeção não podem ser
superiores a 25 metros (CREDER, 2006).
Já a distância entre a ligação do coletor predial com o coletor público e a caixa de
inspeção, poço de visita ou peça de inspeção mais próxima não deve ser superior a
15 metros (CREDER, 2006).
Os comprimentos dos trechos dos ramais de descarga e de esgoto de vasos
sanitários, caixas retentoras e caixas sifonadas, medidos entre os mesmos e as caixas
de inspeção, poço de visita ou peça de inspeção não devem ser maiores que 10 metros.
Se as caixas de inspeção, poços de visita, caixas retentoras ou caixas sifonadas se
localizarem em ambientes externos ou poços de ventilação das edificações ou poços
devem ter janelas que permitam o fácil acesso aos dispositivos citados.

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A instalação de caixas de passagem ou poços de visita nos locais que fazem parte
de uma unidade autônoma, não deve ocorrer quando essa unidade autônoma recebe a
contribuição de despejos de outras unidades autônomas. As tampas desses elementos
de inspeção devem possuir fácil acesso e manuseio, não podem ocorrer empecilhos
para a sua abertura (CREDER, 2006).

9.1.1 Caixas de Inspeção

De acordo com Creder (2006), as caixas de inspeção devem seguir as seguintes


especificações:
• As caixas devem possuir a profundidade máxima de 1 metro;
• O formato das caixas pode ser prismático de base quadrada ou retangular
com dimensões internas de 60 cm de lado mínimo ou cilíndrica, com diâmetro
mínimo de 60 cm;
• A tampa precisa apresentar fácil remoção e perfeita vedação. É recomendável
utilização de ferro fundido como material para a tampa da caixa de inspeção;
• O fundo da caixa precisa ser construído de forma que o escoamento ocorra de
forma rápida, evitando a formação de depósitos de materiais;

Na Figura 01 é apresentado o esquema de uma caixa de inspeção e na Figura 02


uma caixa de inspeção vendida comercialmente.

Figura 01: Caixa sifonada com grelha ou ralo sifonado


Fonte: Creder (2006).

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Figura 02: Caixa de inspeção 12 L (LG)


Fonte: https://www.leroymerlin.com.br/caixa-de-inspencao-12l-28x28cm-lg-mais_90448953

9.1.2 Caixas de Passagem

A instalação de caixas de passagem devem seguir as seguintes especificações


(CREDER, 2006):
• As caixas de passagem quando forem cilíndricas devem possuir o diâmetro
mínimo de 15 cm e quando prismáticas devem permitir na base a inscrição de
um círculo de diâmetro mínimo de 15 cm;
• As caixas de passagem devem possuir grelhas ou tampas cegas;
• As caixas de passagem devem ter abertura mínima de 10 cm;
• A tubulação e saída das caixas de passagem deve ser dimensionada conforme
a Tabela 03 apresentada na Aula 07.

Em caixas de passagem não pode ocorrer de forma alguma o despejo de resíduos


fecais. Caso esses elementos de inspeção recebam despejos de pias de cozinha ou
mictórios, devem possuir uma tampa hermética e como resíduo de mictório, a urina,
ataca quimicamente alguns materiais, as caixas de passagem que recebem esse tipo de
despejo precisam ser de chumbo, PVC ou outro material que não sofra ataque químico
pela urina (CREDER, 2006). Na Figura 03 é apresentada uma caixa de passagem.

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Figura 03: Caixa de passagem com tampa parafusada 5L (Metasul)


Fonte: https://www.leroymerlin.com.br/caixa-de-passagem-com-tampa-parafusada-5l-metasul_90430592

9.1.3 Poços de Visita

Já os poços de visita, possuem as seguintes especificações:


• A profundidade deles deve ser maior que 1 metro;
• Devem possuir a forma prismática de base quadrada ou retangular, e as suas
dimensões internas de 1,10 m de lado mínimo ou cilíndrica com diâmetro mínimo
de 1,10 m;
• Os poços de visita precisam possuir degraus que servem para acessar o interior
deles;
• A tampa removível desse tipo de elemento de inspeção deve garantir a perfeita
vedação;
• O fundo dos poços de visita deve ser constituído de modo que ocorra o rápido
escoamento e evite qualquer acúmulo de sedimentos;
• Os poços devem possuir duas partes, sendo uma a câmara de trabalho e a
outra a câmara de acesso ou chaminé de acesso;
• A câmara de acesso dos poços deve possuir um diâmetro de no mínimo 60 cm.

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Figura 04: Reforma em poço de visita na cidade de Santa Bárbara d’Oeste


Fonte: https://daesbo.sp.gov.br/noticias/dae-reforma-poco-de-visita-no-jardim-dos-cedros/

Figura 05: Funcionário acessando o poço de visita para realização de manutenção na cidade de Uberlânda
Fonte: https://www.uberlandia.mg.gov.br/2020/05/13/descarte-de-objetos-obstrui-rede-de-esgoto-e-prejudica-o-funcionamento/

9.1.4 Tubos Operculados

Esses tubos são peças de inspeção que são instaladas junto às curvas dos tubos de
queda sempre que não for possível atingir esses tubos através dos outros equipamentos
de inspeção. É sempre importante analisar as piores situações que podem ocorrer
em uma tubulação de esgoto, por isso é necessário ter esse tipo de equipamento que
possibilita a limpeza de forma eficiente quando necessário.

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9.1.5 Instalações de Recalque

Quando uma edificação possui equipamentos sanitários que estão abaixo do


nível da via pública para onde seriam direcionados o esgoto, a edificação precisa
necessariamente fazer uma instalação e recalque para enviar esse esgoto para a
rede coletora pública. Funciona da seguinte forma, a edificação deve possuir uma
caixa coletora para receber por gravidade o esgoto desses locais abaixo do nível da
via pública, e de lá, o esgoto é recalcado para o coletor predial por meio de bomba ou
por ejetores de ar comprimido (CREDER, 2006).
Lembrando que os equipamentos sanitários não devem descarregar o esgoto
diretamente na caixa coletora e sim em uma ou mais caixas de inspeção e essas
devem estar conectadas a caixa coletora.
Quando os equipamentos sanitários abaixo do nível da via pública, só produzirem
esgotos provenientes de lavagem de pisos ou automóveis, não é necessária a instalação
de uma caixa de inspeção, pois esses esgotos devem ser encaminhados para uma
caixa sifonada com diâmetro mínimo de 40 cm e assim para a caixa coletora.
Segundo Creder (2006), a caixa coletora que recebe o esgoto oriundos dos vasos
sanitários precisa ter uma profundidade mínima de 90 cm entre o nível da tubulação
mais baixa e o fundo, que deve ser inclinado para facilitar o esvaziamento. Mas quando
não ocorrerem o despejo de vasos sanitários, a profundidade mínima da caixa coletora
pode ser de 60 cm.
As caixas coletoras devem ser impermeabilizadas, devem possuir equipamento que
possibilite a inspeção e limpeza e tampa hermética, sempre que receberem esgoto
oriundos de vasos sanitários e mictórios. Além disso, as caixas coletoras quando
recebem esse tipo de efluente, devem ser ventiladas por tubo ventilador primário
independente de qualquer outra ventilação de esgoto sanitário da edificação e o
diâmetro não pode ser inferior ao da tubulação de recalque (CREDER, 2006).
De acordo com Creder (2006), sempre que houver esgoto de vasos sanitários, é
preciso que ocorra a instalação de duas motobombas de recalque, sendo uma de
reserva. Essas bombas devem permitir a passagem a passagem de esferas de 60
mm de diâmetro, e o diâmetro nominal de tubulação de recalque deve ser no mínimo
de DN 75. Já quando não houver efluentes de vasos sanitários, as bombas devem
permitir a passagem de esfera de 18 mm e o diâmetro nominal mínimo pé de DN 30.

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As tubulações de sucção das bombas de recalque devem ser uma para cada bomba
e de diâmetro nominal no mínimo igual ao do tubo de recalque. Essas bombas precisam
ser automáticas.
As tubulações de recalque precisam atingir um nível superior ao da via pública para
onde irá o esgoto, pois dessa forma, é possível impedir o refluxo de esgotos. Além
disso, o conjunto de recalque deve ser composto de registro e de válvula de retenção.
Um detalhe que precisa ser considerado sempre nos projetos de instalações prediais
é a origem do efluente que vai ser encaminhado para a via pública, no caso estávamos
tratando sobre efluente residencial/comercial. Devemos nos atentar sempre quando o
projeto será o esgotamento de efluente sanitário oriundo de industriais ou hospitais,
pois esses efluentes possuem características específicas diferentes dos efluentes
residências/comerciais. Portando, quando for necessária a instalação de recalque
em instalações hospitalares, em ambulatórios ou qualquer outra instituição de saúde,
é recomendável a utilização de ejetores de ar comprimido ao invés de bombas de
recalque pois, esse tipo de instalação dispensa a utilização de caixas coletores ou
poços de sucção. Sendo que as tubulações de sucção e de recalque dessas instalações
devem ter diâmetro nominal mínimo de DN 75, e a instalação compressora deve
ter um reservatório de ar comprimido com capacidade para três ou mais descargas
completas do ejetor (CREDER, 2006).

ISTO ESTÁ NA REDE

Devido às grandes crises hídricas que enfrentamos nos últimos anos, as pessoas
estão procurando formas de utilizarem de maneira consciente água. E uma das
formas que as pessoas estão buscando para economizar água é na reutilização de
água.
Pode parecer estranho falar de reutilização de água em uma casa por exemplo,
mas vamos pensar um pouco, a água da máquina de lavar roupas/tanque de lavar
roupas poderia ser reutilizada para lavar pisos ou na descarga de vasos sanitários
sem maiores problemas. Por isso nos últimos anos está rolando um forte apelo
pelo aproveitamento dessa água.
Algumas construções novas já preveem em projeto espaço de tanques/instalações
até com recalque e tubulações específicas para que essa água seja reaproveitada.
E em construções prontas algumas empresas já criaram kits para instalação de
reservatórios que não precisam de grandes intervenções nas edificações.
Fontes: https://g1.globo.com/sao-paulo/blog/como-economizar-agua/post/manual-ensina-reaproveitar-agua-da-lava-roupa-veja-passo-passo.html
https://www.ecycle.com.br/como-aproveitar-agua-da-maquina-de-lavar/.

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9.2 Tratamento individual de esgoto

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento – SNIS


(2020), cerca de 55% da população do Brasil tem rede de coleta de esgoto. E quando
analisamos o esgoto tratado temos apenas 50,8% logo, considerando essa realidade
do Brasil, em muitos locais é necessário o tratamento individual dos esgotos gerados
nas edificações.

9.2.1 Fossas Sépticas

As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgotos domésticos.


Essas fossas destinam-se a separar e transformar a matéria sólida que compõe o esgoto
e a fase líquida. Dentro das fossas sépticas, o esgoto sofre a degradação biológica
realizada por bactérias anaeróbias (microrganismos que atuam sem a presença de
oxigênio), a fase sólida é depositada no fundo da fossa e na superfície do líquido,
surge um camada de espuma ou crosta constituída de substâncias insolúveis mais
leves que contribui para evitar a circulação do ar, facilitando a ação das bactérias. Na
Figura 06 é apresentado a vista superior de uma fossa séptica.

Figura 06: Vista fossa séptica


Fonte: Creder (2006)

A localização das fossas deve obedecer algumas condições:


• Elas devem ser localizadas próximo a residência de onde receberá o esgoto, o
mais próximo possível do banheiro e com a tubulação mais reta possível;
• Deve fica a pelo menos 15 metros de distância e abaixo de qualquer manancial
de água;

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• Deve possuir fácil acesso para ocorrer a remoção periódica de lodo;


• Deve ficar afastada pelo menos 1,5 metros de construções, limites de terrenos,
sumidouros, valas de infiltração e ramal predial de água;
• Deve ficar afastada 3,0 metros de árvores e de qualquer ponto de rede pública
de abastecimento de água.

Na Figura 07 é apresentada a seção transversal de uma fossa séptica.

Figura 07: Seção Transversal de uma fossa séptica


Fonte: Creder (2006)

O esgoto gerado em pias de cozinha precisam passar pela caixa de gordura antes de
serem direcionados para a fossa séptica ou sumidouro. Sendo que não é recomendável
o envio de esgoto de lavatórios, pias de cozinhas, tanques e chuveiros para as fossas
sépticas pois esse tipo de efluente é composto por sabão e detergentes que podem
causar um desequilíbrio nas bactérias anaeróbias que realizam a degradação do esgoto.
As fossas devem possuir tampa para limpeza e inspeção.

9.2.2 Dimensionamento das fossas sépticas

Segundo Creder (2006), a espessura das paredes e do fundo da fossa séptica


construída em concreto deve ser de 15 cm. Moldam-se primeiro o fundo da fossa e
depois as laterais. Na Tabela 01, são apresentados valores relativos ao dimensionamento
de fossas sépticas. É importante lembrar que as fossas sépticas também podem ser
feitas em alvenaria, sendo que com esse material a parede da fossa séptica deve ter
20 cm de espessura.

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Dimensões Internas
Número de Pessoas Capacidade (Litros)
Comprimento (m) Largura (m) Altura (m)
até 7 1,60 0,80 1,50 1535
até 9 1,80 0,90 1,50 1945
até 12 2,10 1,05 1,50 2645
até 15 2,35 1,15 1,50 3240
até 20 3,00 1,20 1,50 4320
Tabela 01: Dimensões das Fossas Sépticas
Fonte: Creder (2006)

As fossas sépticas são divididas em: câmara única, câmara em série ou câmara
sobreposta. Na Figura 08 são apresentados as seções transversais desses tipos.

Figura 08: Tipos de Fossas Sépticas

No cálculo de contribuição dos despejos das fossas sépticas devem ser observados
o número de pessoas que serão atendidas sendo que esse número não pode ser
inferior a cinco pessoas. Em edificações que atenderem uma população de ocupação
permanente e temporária, o volume total da contribuição é a soma dos volumes
correspondentes a cada um desses casos, e o período de detenção usado para ambos
os casos é correspondente à contribuição total. Para a realização dos cálculos de
dimensionamento, são considerados os seguintes períodos:
• Prédios residenciais, hotéis, hospitais e quartéis: 24 horas;
• Outros tipos de prédios – os regimes próprios de funcionamento (CREDER, 2006).
Além disso, devem ser observados o consumo total de água no local que será
instalado a fossa séptica, caso estes dados não estejam disponíveis, pode-se utilizar
os dados apresentados na Tabela 02.
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Contribuição (Litros/dia)
Edificação Unidade
Esgotos ( C ) Lodo Fresco (Lf)
Ocupantes permanentes
Hospitais leito 250 1
Apartamentos pessoas 200 1
Residências pessoas 150 1
Escolas (internatos) pessoas 150 1
Casas populares (rurais) pessoas 120 1
Hotéis (sem cozinha e lavanderia) pessoas 120 1
Alojamentos provisórios pessoas 80 1

Ocupantes Temporários
Fábrica em geral operário 70 0,3
Escritórios pessoas 50 0,2
Edifícios públicos ou comerciais pessoas 50 0,2
Escolas pessoas 50 0,2
Restaurantes ou similares refeição 25 0,1
Cinema, teatro e templos lugar 2 0,02
Tabela 02: Contribuições Unitárias de Esgotos ( C ) e de Lodo Fresco ( Lf ) por tipo de edificação e de ocupantes
Fonte: Creder (2006)

9.2.2.1 Tempo de Detenção dos Despejos

Em fossas sépticas de câmara sobreposta, o período de detenção da câmara de


decantação é de 2 horas (vazão máxima). Sendo o volume mínimo da câmara de
decantação de 500 Litros. Já para as fossas sépticas de câmara única e de câmaras
em série, o tempo de detenção utilizado é apresentado na Tabela 03.
Período de Detenção
Contribuição (Litros/dia)
Horas Dias (T)
Até 6000 24 1
6000 a 7000 21 0,875
7000 a 8000 19 0,79
8000 a 9000 18 0,75
9000 a 10000 17 0,71
10000 a 11000 16 0,67
11000 a 12000 15 0,625
12000 a 13000 14 0,585
13000 a 14000 13 0,54
Acima de 14000 12 0,5
Tabela 03: Período de Detenção (T)
Fonte: Creder (2006)

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9.2.2.2 Dimensionamento das Fossas Sépticas de Câmara Única e em Série

O volume útil é calculado pela seguinte equação nas fossas sépticas de câmara
única:
Vutil=1000+N x C x T+N x K x Lf
Com Vutil ≥ 1250 Litros

Já nas fossas sépticas de câmara em série, utilizamos a seguinte equação:


Vutil=1,30 x (1000+N x C x T+N x K x Lf)
Ou
Vutil=1,30 x Vutil_camara_unica
Com Vutil ≥ 1650 Litros

Onde: N é o número de contribuintes ou população equivalente;


C é a contribuição de esgotos em L/pessoa.dia;
T é o período de detenção em dias;
K é a taxa de acumulação de lodo (em dias), equivalente ao tempo de
acumulação de lodo fresco;
Lf é a contribuição de lodo fresco em L/pessoa.dia.

9.2.2.3 Dimensionamento das Fossas Sépticas de Câmara Sobreposta

O volume útil é calculado pela seguinte equação nas fossas sépticas de câmara
sobreposta:
Vutil=N x C x T

Onde: N é o número de contribuintes ou população equivalente;


C é a contribuição de esgotos em L/pessoa.dia;
T é o período de detenção em dias.
Sendo que para efeito de cálculo, deve-se adotar:
• T = 0,20 dia e considerar a vazão máxima não inferior a 2,4 vezes a vazão média;
• Volume mínimo da câmara de decantação de 500 Litros;
• Para fábricas ou escolas com mais de um turno por dia, deve-se considerar o
turno de maior contribuição de pessoas ( N ).

9.3.1 Sumidouros

Os sumidouros fazem dos tratamentos primários de esgoto. Eles podem fazer parte
do sistema de tratamento com fossa séptica ou não. Quando fazem parte do sistema

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da fossa séptica, eles recebem a parte líquida do efluente após a degradação da


matéria orgânica pelas bactérias anaeróbias. Se não fazem parte do sistema anterior,
eles recebem diretamente o efluente. Por isso esse tipo de estrutura é muito utilizado
em localidades rurais que não possuem outras formas de realizar o tratamento do
efluente. Esse tipo de estrutura possui o seu fundo aberto de forma que permita que
o efluente infiltre no solo.
Quando fazem parte do sistema da fossa séptica, devem ser instalados ao lado da
fossa e devem passar por limpeza periódica.
As paredes dos sumidouros devem ser revestidas de alvenaria de tijolos ou podem
ser anéis/placas pré-moldadas de concreto. O fundo do sumidouro é preenchido com
cascalho, brita, com pelo menos 0,50 m de espessura, esse material servirá para
realizar uma espécie de filtragem do efluente (CREDER, 2006).
A cobertura dos sumidouros deve ser feita no nível do terreno, de concreto armado e
precisam possuir abertura de inspeção com tampão de fechamento hermético, sendo
que sua menor dimensão deve ser de 0,60. Na Figura 09 é apresentado alguns cortes
referentes a instalação de sumidouros (CREDER, 2006).

Figura 09: Sumidouro cilíndrico


Fonte: Creder (2006).

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Nessa aula estudados sobre os elementos de inspeção e sobre o tratamento de


esgoto individual que é aplicado em locais onde não existem coleta de esgoto por
parte do município. Na próxima aula vamos iniciar o estudo das instalações de águas
pluviais.

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CAPITULO 10
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA PLUVIAL

As instalações para esgotamento sanitário de águas pluviais, tem como objetivo


realizar a captação de todas as águas de chuvas provenientes de áreas impermeabilizadas
expostas ao tempo e realizar o direcionamento delas até o ponto de lançamento da
rede pública, sarjetas ou outros locais adequados (BATISTA E LARA, 2010).
De acordo com Creder (2006), os códigos de obras dos municípios, geralmente
proíbem o caimento livre da água dos telhados de edificações com mais de um
pavimento e também proíbem o caimento dessa água em terrenos vizinhos por isso
existe a necessidade da elaboração desses projetos de águas pluviais.

10.1 Norma Técnica

A Norma Técnica NBR-10844, determina as exigências e critérios para os projetos de


instalações de águas pluviais prediais. E para melhor compreensão dos itens presentes
na norma e nos projetos de instalações de esgotamento de águas pluviais, é necessária
a compreensão de alguns termos:
• Altura pluviométrica: é o volume de água precipitada por unidade de área
horizontal;
• Área de contribuição: é a soma de todas as áreas que fazem parte do projeto
executado que conduzem água para um mesmo ponto da instalação;
• Bordo livre: é o prolongamento vertical da calha cuja função é evitar
transbordamento;
• Caixa de areia: é uma caixa utilizada nos condutores horizontais destinados a
recolher detritos por deposição;
• Calha: é o canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a
conduz a um ponto de destino;
• Calha de beiral: calha instalada na linha de beiral da cobertura;
• Calha de platibanda: calha instalada na linha de encontro da cobertura com a
platibanda;
• Condutor horizontal: canal ou tubulação horizontal destinado a recolher e
conduzir águas pluviais até locais permitidos pelos dispositivos legais;

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• Condutor vertical: é a tubulação vertical que recolhe águas oriundas de calhas,


coberturas, terraços e similares, fazendo a condução dessa água a parte inferior
da edificação;
• Duração de precipitação: intervalo de tempo de referência para realizar a
determinação das intensidades pluviométricas;
• Intensidade pluviométrica: Quociente entre a altura pluviométrica precipitada
num intervalo de tempo e este intervalo;
• Perímetro molhado: linha que limita a seção molhada junto às paredes e ao
fundo do condutor ou calha;
• Período de retorno: é o número médio em anos em que, para a mesma duração
de precipitação, uma determinada intensidade pluviométrica é igualada ou
ultrapassada apenas uma vez;
• Ralo: é a caixa que possui uma grelha na parte superior, destinada a receber
águas pluviais;
• Seção molhada: é a área útil de escoamento em uma seção transversal de um
condutor ou calha;
• Tempo de concentração: intervalo de tempo decorrido entre o início da chuva e o
momento em que toda a área de contribuição passa a contribuir para determinada
seção transversal de um condutor ou calha;
• Vazão de projeto: é a vazão de referência para o dimensionamento de condutores
e calhas.

10.2 Projeto de Esgotamento das Águas Pluviais

Os projetos de esgotamento das águas pluviais englobam todas as áreas das


edificações que recebem águas pluviais como coberturas, terraços, pátios, quintais
e similares. Esses projetos devem mostrar desde a tomada das águas pluviais que
geralmente ocorrem por meio de ralos na cobertura e nas demais áreas, a passagem
da tubulação em todos os pavimentos, a ligação das colunas de águas pluviais às
caixas de areia, no térreo, além da ligação do ramal predial à rede pública de água
pluvial (CREDER, 2006).
Esses elementos que fazem parte das redes de esgotamento de águas pluviais,
precisam estar acima da galeria do logradouro público ou da sarjeta, pois a condução
das águas até eles ocorre por gravidade (MACINTYRE, 1990). Nas Figuras 01 e 02, é
mostrado como se realiza a execução de um projeto de esgotamento de águas pluviais
de um edifício sujo alinhamento da fachada se acha no passeio.

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Figura 01: Representação de um corte para visualização do projeto de esgotamento de águas pluviais
Fonte: Macintyre (1990)

Figura 02: Esquema de ligação de coletores prediais de águas prediais


Fonte: Macintyre (1990)

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Analisando as Figuras é possível ver os dois condutores AP-1 e AP-2, conduzindo


a água de uma cobertura por exemplo e permitindo seu despejo nas caixas de areia,
CA-1 e CA-2 e a partir dessas caixas, ocorre o lançamento em um ralo na sarjeta.

10.3 Critérios Para o Dimensionamento dos Projetos de Esgotamento das Águas


Pluviais

De acordo com Batista e Lara (2010), o dimensionamento desse tipo de projeto


está relacionado basicamente a três fatores:
1. intensidade pluviométrica;
2. área de contribuição;
3. impermeabilidade do local.

10.3.1 Intensidade pluviométrica

No dimensionamento dos projetos de instalações pluviais, a intensidade pluviométrica


será representada pela letra I, como já citado anteriormente essa intensidade é altura
pluviométrica precipitada e o intervalo de tempo em que ocorreu a precipitação. Logo,
para fazer a determinação desse parâmetro é necessário realizar uma análise estatística
das precipitações mais intensas registradas na região de projeto ao longo dos anos,
pois assim será possível estabelecer as relações entre intensidade pluviométrica-
duração da chuva-frequência, possibilitando associar um período de retorno para aquela
precipitação e consequentemente, a segurança ou o risco que falha da instalação
(BATISTA E LARA, 2010). Resumidamente, precisamos estudar a possibilidade de
determinada intensidade de chuva acontecer em determinado local.
Segundo a NBR 10844/1989 o período de retorno deve ser fixado de acordo com
as características da área que precisa ser drenada, obedecendo ao seguinte critério:
• T = 1 ano para áreas pavimentadas, onde empoçamentos possam ser tolerados;
• T = 5 anos para coberturas e/ou terraços;
• T = 25 anos para coberturas e áreas onde empoçamento ou extravasamento
não possa ser tolerado.

A duração dessa precipitação deve ser fixada em 5 minutos. Na literatura existem


informações sobre intensidades pluviométricas para duração de 5 minutos para
algumas cidades. Na Tabela 01 é apresentado informações sobre algumas chuvas
intensas com duração de 5 minutos em algumas cidades do Brasil.

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Intensidade Pluviométrica (mm/h)


Local Período de Retorno (anos)
1 5 25
Alto Tapajós (PA) 168 229 267 (21)
Alto Teresópolis (RJ) 114 137 (3) -
Bagé 126 204 234
Barbacena (MG) 156 222 265 (12)
Barra do Corda (MA) 120 128 152 (20)
Bauru (SP) 110 120 148 (9)
Belém 138 157 185
Belo Horizonte 132 227 230
Fernando de Noronha 110 120 140
Florianópolis (SC) 114 120 144
Fortaleza 120 156 180
Goiânia 120 178 192
João Pessoa 115 140 163
Maceió 102 122 174
Manaus 138 180 198
Niterói (RJ) 130 183 250
Ouro Preto (MG) 120 211 -
Paracatu (MG) 122 233 -
Porta Alegre 118 146 167
Rio de Janeiro (Ipanema) 119 125 160 (15)
Rio de Janeiro (Jardim Botânico) 122 167 227
Santos (SP) 136 198 240
São Paulo (SP) 122 132 -
São Paulo (Mirante Santana) 122 172 191
Vitória (ES) 102 156 210
Volta Redonda (RJ) 156 216 265 (13)
Tabela 01: Chuvas intensas no Brasil com duração de 5 minutos
Fonte: NBR 10844/1989

Sempre que não são conhecidos os dados pluviométricos da região, deve-se adotar
I = 150 mm/h para áreas construídas até 100 m².
É necessário levar em consideração a ação dos ventos nas edificações, portanto
é necessário adotar um ângulo de inclinação da chuva em relação a horizontal igual
a , quando o cálculo da quantidade de chuva a ser interceptada por
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superfícies inclinadas ou horizontais. O vento deve ser considerado na direção que


ocasionar maior quantidade de chuva interceptada pelas superfícies consideradas.

10.3.2 Área de contribuição

De acordo com Batista e Lara (2010), a área de contribuição (Ac) é a área plana
horizontal que é atingida diretamente pela precipitação, mais o incremento devido à
inclinação da cobertura e das paredes que interceptam água de chuva que precisa
ser drenada. Na Figura 03 são apresentadas as formas de realizar o cálculo das áreas
de contribuição de acordo com a superfície.

Figura 03: Áreas de contribuição


Fonte: Batista e Lara (2010)

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10.3.3 Impermeabilidade do local

De acordo com Batista e Lara (2010), as instalações de esgotamento pluvial realizam


a captação da água superficial mas, existe uma parcela da precipitação que se infiltra,
evapora ou fica retida em depressões, e essa parcela precisa ser descontada dos
cálculos de projeto.
Essa relação existente entre a vazão que escoa na superfície e o total da precipitação,
recebe o nome de coeficiente de runoff ou de deflúvio, sendo representada nos cálculos
pela letra C.
Esse coeficiente C, retrata aproximadamente o grau de impermeabilização da
superfície e ele apresenta uma variação de acordo com o tipo da superfície. Na Tabela
02, estão representados os coeficientes de runoff de algumas superfícies.
Característica da superfície Coeficiente de runoff – C
Telhados 0,75 a 1,00
Pavimentação asfáltica 0,70 a 0,95
Pavimentação com paralelepípedo 0,70 a 0,85
Pavimentação em concreto 0,80 a 0,95
Gramados – Terenos arenosos 0,05 a 0,020
Gramados – Terrenos argilosos 0,12 a 0,35
Tabela 02: Coeficientes de runoff
Fonte: Batista e Lara (2010)

10.4 Dimensionamento dos Projetos de Esgotamento das Águas Pluviais

Além dos critérios já citados para o dimensionamento, alguns outros itens são
importantes para os projetos.

10.4.1 Vazão de projeto

De acordo com Creder (2006), a vazão de projeto deve ser calculada através da
seguinte equação:

Onde: Q = vazão de projeto em Litros/minutos;


i = intensidade pluviométrica em mm/hora;
A = área de contribuição em m².

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10.4.2 Coberturas horizontais de laje

Os empoçamentos precisam ser evitados e ter uma declividade mínima de 0,5%


para que ocorra o escoamento até os pontos de drenagem previstos em projeto. A
drenagem precisa ser realizada por mais de uma saída, exceto em casos em que não
houver risco de obstrução.

10.4.3 Calhas

Calhas de beiral ou de platibanda, precisam ter a inclinação uniforme e de no mínimo


0,5%. Se a saída dessas calhas estiverem a menos de 4 metros de uma mudança
de direção, a vazão de projeto deve ser multiplicada pelos fatores apresentados da
Tabela 03.
Tipo da Curva Curva a Menos de 2 metros da Saída Curva entre 2 e 4 metros da Saída
Canto reto 1,20 1,10
Canto arredondado 1,10 1,05
Tabela 03: Fatores Multiplicativos da Vazão de Projeto
Fonte: Creder (2006)

O dimensionamento das calhas pode ser feito com o auxílio da equação de Manning-
Strickler:

Onde: Q é a vazão de projeto em Litros/minutos;


S é a área da seção molhada em m²;
N é o coeficiente de rugosidade de acordo com a Tabela 04;
RH = S/P = raio hidráulico em metros;
P = perímetro molhado em metros;
d = declividade da calha em metro/metro;
k = 60.000.

Plástico, fibrocimento, alumínio, aço inoxidável, aço galvanizado, cobre e latão 0,011
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012
Cerâmica e concreto não-alisado 0,013
Alvenaria de tijolos não-revestida 0,015
Tabela 04: Coeficientes de Rugosidade (n)
Fonte: Creder (2006)

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Na Tabela 05, são apresentados alguns valores de dimensões de calhas retangulares


feitas em concreto liso.

Declividade
a b
0,50% 1,00% 2,00%
0,20 0,10 366 518 732
0,30 0,20 1626 2299 3251
0,40 0,30 4124 5832 8248
0,50 0,40 8171 11656 16343
0,60 0,50 14050 19870 28100
0,70 0,60 22022 31144 44044
0,80 0,70 32334 45727 64044
0,90 0,80 23220 63950 90439
1,00 0,90 60903 86130 121806
Tabela 05: Vazões em L/min em calhas retangulares de concreto liso, lâmina d’água e meia altura
Fonte: Creder (2006)

ISTO ESTÁ NA REDE

Na Aula 09, falamos sobre a reutilização de águas de despejos de máquinas de


lavar roupas/tanques, sobre como essa coleta pode ajudar a economizar água e a
lidar com as crises hídricas dos últimos anos.
Agora, talvez uma das formas de reutilizar água mas bem aceitas e que é bem
prática é o aproveitamento da água de chuva. Muitas pessoas já fazem as
instalações de reservatórios próximos às calhas para coletar essa água. Sendo que
essa água possui inúmeras finalidades de uso.
Fonte: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/aproveitar-agua-da-chuva-e-
solucao-para-economia-e-reducao-de-enchentes/12313
Lembrando que essa água de coleta de chuva não é potável, portando não deve ser
utilizada para abastecimento.

10.4.4 Exemplo de cálculo de uma calha de seção retangular

Para o dimensionamento dessa calha, considere as seguintes informações:


• Área de contribuição: A = 1000 m²
• Local: Belo Horizonte (MG)
• Período de retorno: 5 anos
• Material da calha: concreto liso
• Declividade da calha: 0,5%
• Calha trabalhando a ½ seção.

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Resolução:
Vazão do projeto em análise:

A intensidade pluviométrica de Belo Horizonte pela Tabela 01 em um tempo de


retorno de 5 anos é de 227 mm/h. Logo:

Considerando a Tabela 05, uma calha com as dimensões de 0,4 m x 0,3 m, é


suficiente para escoar a vazão desse projeto.
Nessa aula, estudamos a parte inicial sobre as instalações de águas pluviais.
Estudamos alguns parâmetros e o dimensionamento dessas instalações. Na próxima
aula vamos finalizar esse assunto com o restante da matéria.

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CAPÍTULO 11
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE ÁGUA
PLUVIAL - PARTE 2

Nessa segunda parte sobre as instalações de água pluviais, veremos como é


realizado o dimensionamento dos condutores horizontais e verticais das calhas dessas
instalações.

11.1 Condutores de águas pluviais

De acordo com Macintyre (1990), os condutores de águas pluviais são os tubos


que realizam a condução das águas pluviais dos telhados, terraços e áreas abertas a
caixas de areia, a partir das quais as águas são conduzidas ao local de lançamento por
coletores. O local de lançamento dessas águas pluviais pode ser um coletor público,
uma galeria de águas pluviais, uma caixa de ralo na via pública, um canal ou rio.

11.1.1 Dimensionamento dos condutores verticais

Segundo Creder (2006), os condutores verticais, sempre que possível devem ser
projetados em uma só prumada e nos desvios devem-se utilizar curvas de 90° de raio
longo ou curvas de 45°, além disso, devem ser previstas peças de inspeção (tubos
operculados) no traçado dos condutores. O diâmetro mínimo dos tubos verticais é
de 70 mm.
Para realizar o dimensionamento dos condutores verticais deve-se considerar os
seguintes parâmetros:
• Q = vazão do projeto em Litros/min;
• H = altura da lâmina d’água da calha em mm;
• L = comprimento do condutor vertical em metros.

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Com a utilização dos dados acima, deve-se consultar os ábacos das Figura 01 e
Figura 02 para encontrar o valor do diâmetro. Para utilizar o ábaco, deve-se primeiro
entrar no eixo horizontal, com o valor da vazão Q em Litros/min. Levantar uma linha
vertical até encontrar as curvas H e L correspondentes; e caso não exista curvas dos
valores H e L, interpolar entre as curvas existentes. Transportar a interseção mais alta
até o eixo D; escolher o diâmetro nominal cujo diâmetro interno seja igual ou superior
ao valor encontrado. Esses ábacos, foram feitos com base em condutores verticais
rugosos (coeficiente de atrito F=0,04), com dois desvios na base (CREDER, 2006).

11.1.2 Dimensionamento dos condutores horizontais

Quando possível, esses condutores devem ser projetados com declividade uniforme
e de no mínimo 0,5%. Se os condutores horizontais possuírem seção circular, deve
ser feito para escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno do
tubo. Na Tabela 01, é apresentado um indicador de diâmetro interno em função da
vazão (CREDER, 2006).

Figura 01: Dimensionamento dos condutores verticais para calha com saída em aresta viva.
Fonte: Creder (2006).

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Figura 02: Dimensionamento dos condutores verticais para calha com funil de saída.
Fonte: Creder (2006).

n = 0,011
Diâmetro
n = 0,012 n = 0,013
Interno (D) -
mm
0,50% 1,00% 2,00% 4,00% 0,50% 1,00% 2,00% 4,00% 0,50% 1,00% 2,00% 4,00%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1 50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54 76
2 63 59 84 118 168 55 77 108 154 50 71 100 142
3 75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159 226
4 100 204 287 405 575 187 264 272 527 173 243 343 486
5 125 370 521 735 1040 339 478 674 956 313 441 622 882
6 150 602 847 1190 1690 552 777 1100 1550 509 717 1010 1430
7 200 1300 1820 2570 3650 1190 1670 2360 3350 1100 1540 2180 3040
8 250 2350 3370 4660 6620 2150 3030 4280 6070 1990 2800 3950 5600
9 300 3820 5380 7590 10800 3500 4930 6960 9870 3230 4550 6420 9110
Tabela 01: Capacidade de Condutores Horizontais de Seção Circular (vazão em L/min)
Fonte: Creder (2006)

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No cálculo das vazões dessa tabela, utilizou-se a fórmula de Manning-Strickler com


altura de lâmina d’água igual a 2/3D.

11.2 Ralos

Segundo Macintyre (1990), em locais de onde pretende-se realizar o esgotamento de


águas pluviais, utilizam-se ralos que coletam a água de áreas cobertas ou de calhas,
canaletas e sarjetas, permitindo sua entrada em condutores e coletores. Os ralos, são
compostos por duas partes: a caixa e a grelha.

11.2.1 Caixa do ralo

Quando precisa-se instalar um ralo em um terraço ou ligado às calhas de telhados,


utiliza-se normalmente a caixa de ferro fundido, contendo duas partes: Uma que se liga
ao tubo da coluna de queda de águas pluviais e a outra que se sobrepõe e ajusta à
primeira, intercalando-se entre ambas, conforme o tipo de impermeabilização, camadas
de feltro de amianto em base asfáltica ou lençol de chumbo ou de neoprene. A ligação
das duas peças se dá segundo uma superfície cônica, que facilita o encaixa e permite
um escoamento melhor da água que pode, eventualmente infiltrar entre o ralo e a
impermeabilização do terraço (MACINTYRE, 1990).
Em áreas de grandes dimensões como grandes pátios, áreas de estacionamento
entre outros, as caixas de ralo devem ser feitas em alvenaria de tijolo maciço revestidas
de argamassa de traço forte (MACINTYRE, 1990).

11.2.2 Grelhas

As grelhas sobrepõem-se à caixa e visam impedir o acesso de corpos estranhos


ao condutor. As grelhas se dividem em grelhas planas e as hemisféricas.

11.2.2.1 Grelhas planas

As grelhas planas, são utilizadas em sarjetas, áreas de estacionamento de veículos


e terraços. Já, as grelhas de “caixa de ralo” ou “para bueiro”, quando nas sarjetas de
ruas, são de ferro fundido pesado, usando-se também as de concreto. Para drenagens
de pequenas áreas, utilizam-se grelhas de ferro fundido de 10cmx10cm, 15cmx15cm,
20cmx20cm, 30cmx30cm, 40cmx40cm, podendo-se encomendar grelhas planas em
outras dimensões. Na Figura 03, é apresentada uma grelha pré-fabricada.

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Figura 03: Grelha pré-fabricada


Fonte: Macintyre (1990).

11.2.2.2 Grelhas hemisféricas

Esse tipo de grelha é bastante utilizada nos terraços, nas calhas de concreto de
telhado e em áreas abertas de edificações pois elas proporcionam maior seção de
escoamento e conseguem reter papéis, trapos e detritos. Na Figura 04, é apresentado
um exemplo de grelha hemisférica.

Figura 04: Grelha hemisférica


Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2036028674-kit-20-grelhas-hemisfericas-flexivel-anti-folha-pra-calha-_JM

11.3 Materiais Utilizados Como Condutores de Água Pluvial

Segundo Creder (2006), os materiais mais utilizados para condutores de águas


pluviais são:

a) Calhas:
• Chapas de aço galvanizado;
• Folhas-de-flandres;
• Chapas de cobre;
• Aço inoxidável, alumínio, fibrocimento, PVC rígido, fibra de vidro, concreto
ou alvenaria.

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b) Condutores Verticais:
• Tubos e conexões de ferro fundido;
• Fibrocimento;
• PVC rígido;
• Aço galvanizado;
• Cobre, chapa de aço galvanizado;
• Folhas-de-flandres;
• Chapas de cobre, aço inoxidável, alumínio ou fibra de vidro.

c) Condutores Horizontais:
• Tubos e Conexões de ferro fundido;
• Fibrocimento;
• PVC rígido;
• Aço galvanizado;
• Cerâmica vidrada;
• Concreto;
• Cobre, canais de concreto ou alvenaria.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

As calhas precisam estar sempre limpas e desobstruídas para evitar que ocorram infiltrações
ou problemas na pintura das edificações. Acontece que em muitos locais, essa limpeza só
ocorre em períodos chuvosos ou quando a calha já está apresentando algum problema. E
esse tipo de manutenção, deveria ser programada para evitar problemas com o escoamento
da água da chuva.
Fonte: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/manutencao-e-limpeza-de-calhas-sao-
fundamentais-para-evitar-obstrucoes/18279
Na Figura 05, é apresentado um problema comum que ocorre em calhas próximas a árvores.

Figura 05: Calha suja com folhas


Fonte: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/manutencao-e-limpeza-de-calhas-sao-fundamentais-para-evitar-obstrucoes/18279

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11.4 Problemas que podem ocorrer nas instalações de águas pluviais

Se uma instalação de esgotamento de águas pluviais ocorrer de forma equivocada,


pode ocorrer problemas com pressão interna negativa no interior das tubulações, ou
seja, geraria um vácuo. Esse fenômeno é capaz de causar o rompimento das tubulações.
E se o dimensionamento da tubulação for errado, for instalado uma tubulação com
diâmetro menor do que o necessário, vai ocorrer durante grandes precipitações só
acúmulo de água no interior da calha.
Na Figura 06, é apresentado um trecho de um esquema de instalações de águas
pluviais, mostrando calhas e condutores.

Figura 06: Calhas e condutores de águas pluviais.


Fonte: Mancintyre (1990).

11.5 Exercícios

O exercício a seguir está no livro de Batista e Lara (2010) – páginas 447 e 448.
Dimensionar a instalação de esgotamento de água pluvial de um galpão, conforme
mostrado na Figura abaixo, situado na cidade de Belo Horizonte. Considerar um tempo
de retorno de 5 anos.

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Solução:

• Encontrar a intensidade pluviométrica.


Para a cidade de projeto, Belo Horizonte, a intensidade pluviométrica para um
tempo de retorno de 5 ano sé de 227 mm/min
• Área de contribuição
- tipo de superfície: inclinada
a = 10 m
b = 25 m
h = 3,0

Logo, a área de contribuição será:


Ac =
Ac =

• Coeficiente de runnof = C = 1.

• Vazão de dimensionamento:

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• Dimensionamento da calha
Tipo: semicircular
Vazão / calha = 1090 Litros/min
Declividade: 1%
Diâmetro interno: 200 mm
• Dimensionamento dos condutores verticais
Vazão/condutor vertical: 1090 Litros/min
Comprimento do condutor: L = 6 metros
Carga de água: H = 100 mm
Diâmetro interno: 75 mm

• Condutores horizontais

Considerando todos os cálculos, o desenho do projeto ficou assim:

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Nessa última parte da matéria relativa as instalações de águas pluviais, estudamos


como é realizado o dimensionamento dos condutores verticais e horizontais, estudamos
os materiais que podem ser utilizados na execução desses projetos, alguns problemas
que podem ocorrer nessas instalações e um exercício de aplicação.

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CAPÍTULO 12
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE PREVENÇÃO
E COMBATE À INCÊNDIO

As instalações de prevenção e combate a incêndios têm por objetivo principal a


proteção do património material e da vida humana. Caso ocorra uma catástrofe como
um incêndio em uma edificação, essas instalações devem estar funcionando de forma
adequada para evitar grandes problemas.
Em 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional no estado do
Rio de Janeiro, foram destruídos a maior parte do acervo do museu, aproximadamente
20 milhões de itens e muito material de estudo. A Polícia Federal concluiu que o fogo
começou por um problema de curto circuito em um ar condicionado. O fogo se alastrou
rapidamente, não houve como conter o fogo e o prédio não possuía estrutura para
realizar essa contenção.
Uma reportagem do Jornal Folha de São Paulo, mostra que o prédio do Museu
Nacional, não atendia a requisitos básicos dos projetos de prevenção e combate
à incêndios como a presença de extintores (seguindo um projeto), iluminação de
emergência, saídas de emergência e portas corta-fogo. Além disso, por ser um prédio
histórico e com muito material inflamável, o local deveria ter outros equipamentos
de proteção como incêndio como detectores de fumaça e sprinklers, O local possuía
extintores de água mas eles não chegaram a ser efetivos no trabalho de prevenção e
combate as chamas do local pois o incêndio foi no domingo e a brigada de incêndio
não estava trabalhando. Um dos pontos mais graves em relação a esse incêndio foi
que a edificação estava funcionando sem o auto de vistoria do corpo de bombeiros
militar – AVCB, como já foi citado na Aula 01, esse documento é emitido pelo corpo
de bombeiros militar do estado onde a edificação está instalada e certifica se o local
é seguro em relação as legislações de prevenção e combate a incêndios. Esse é um
típico caso que mostra a importância e a necessidade dos projetos de instalações
hidráulicas de prevenção e combate à incêndios.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/09/4947344-incendio-no-museu-nacional-no-rio-de-janeiro-completa-tres-anos-relembre.html
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/ate-o-incendio-museu-nacional-funcionou-sem-autorizacao-dos-bombeiros.shtml

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12.1 Classes de Incêndios

Os tipos de incêndios que podem ocorrer divididos em classes, relacionadas ao material


de combustão do local para onde deseja-se realizar as instalações de prevenção e combate
a incêndios.
• Classe A: nesta classe encontram-se os materiais de fácil combustão, com propriedade
de queimarem em sua superfície e profundidade, deixando resíduos como carvão
e cinzas.
Dentre esses materiais pode-se citar a madeira, tecidos, lixo comum, papel, fibras
entre outros. Nesse tipo de material, pode-se empregar os extintores à base de
água ou de espuma.
• Classe B: se enquadram nessa classe os materiais que se queimam somente em
sua superfície, não deixando resíduos, como óleos, graxas, vernizes, tintas, gasolina,
querosene, solventes, borracha, óleos vegetais e animais. Nesse tipo de incêndio,
não pode ser utilizado o extintor de incêndio de água, apenas de pó químico e gás
carbônico.
• Classe C: nessa classe estão os equipamentos elétricos energizados como motores,
geradores, transformadores, reatores, aparelhos de ar-condicionado, eletrodomésticos,
quadros de distribuição entre outros, na contenção desse tipo de incêndio o
recomendável é a utilização de extintores de pó químico ou gases.
• Classe D: Enquadram-se nessa classe os materiais de metais pirofóricos como
selênio, magnésio, sódio, zinco, titânio, urânio, lítio, potássio, zircônio. Esse tipo de
material, inflamam-se em contato com o ar ou produzem centelhas e até explosões,
quando pulverizados ou quando sofrem atrito (MACINTYRE, 1990). No combate ao
incêndio desses materiais, é preciso utilizar extintores de pó químico especial.

12.2 Componentes das instalações de combate a incêndios

Alguns termos presentes ou relacionados aos projetos de prevenção e combate a


incêndios estão listados a seguir para melhor compreensão (CREDER, 2006).
• Abrigo: é o compartimento que serve para o acondicionamento de hidrante e de
equipamentos de combate a incêndios;
• Acesso: é o caminho que precisa ser feito pelo usuário do pavimento para alcançar
a caixa de escada em casos de incêndio. Os acessos podem ser constituídos de
passagens, corredores, vestíbulos, balcões e terraços;
• Antecâmara: é o local que antecede a caixa de escada enclausurada à prova de
fumaça, podendo ser vestíbulo, terraço ou balcão, é ligada ao acesso e a escada
por meio de portas corta-fogo leves;

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• Botijão: é um recipiente que possui válvula de fechamento automático e é utilizado


na prática comercial com peso líquido entre 1 e 13 Kg de GLP;
• Canalização: são os tubos destinados a conduzir água para alimentar os equipamentos
de combate a incêndio;
• Carreta: Dispositivo sobre o qual é montado o extintor não-portátil;
• Castelo D’água: é o reservatório de água elevado e localizado, geralmente fora da
projeção da edificação, destinado a abastecer uma edificação ou agrupamento de
edificações;
• Central de espuma: é o local onde se encontram as bombas, aparelhos dosadores
e/ou geradores de espuma, suprimento de espuma, registros de controle destinados
a pôr em funcionamento o sistema de espuma para instalação fixa;
• Cilindro: é um recipiente especial de formato cilíndrico ou semelhante a cum cilindro
que é equipado com uma válvula de fechamento manual, dispondo de proteção de
válvula e utilizado na pratica comercial com peso líquido de 10 até 90 Kg de GLP;
• Dampers: são dispositivos utilizados nas tubulações, dutos ou chaminés para
controlar a combustão pela regulagem da ventilação;
• Depósito: Qualquer lugar aberto ou fechado destinado à armazenagem;
• Depósito de líquido inflamável: qualquer local onde se armazena qualquer líquido
inflamável;
• Duto de ventilação: espaço no interior da edificação que possibilita, em qualquer
pavimento, a saída de gases e fumaça da antecâmara da escada para o ar livre
acima da cobertura da edificação;
• Edificação: construção destinada a abrigar qualquer atividade humana, materiais
ou equipamentos;
• Edificação comercial: edificação destinada a lojas ou salas comerciais;
• Edificação de uso exclusivo: edificação destinada a abrigar uma única atividade
comercial ou industrial de uma empresa;
• Escada enclausurada: é uma escada que apresenta uma caixa envolvida por paredes
resistentes a 4 horas de fogo e separada da área comum por porta corta-fogo leve;
• Escada enclausurada à prova de fumaça: escada que possui uma antecâmara;
• Escape: é o ato que uma pessoa realiza de se salvar dos perigos de um incêndio,
pânico ou qualquer risco de vida, através de saídas convencionais e dos meios
complementares de salvamento;
• Extintor de incêndio: é um equipamento carregado com agente extintor destinado
ao combate imediato ao incêndio em seu início;
• Extintor não portátil: extintor de incêndio de peso superior a 20 Kg, que possui rodas
ou é montado sobre carreta para facilitar o deslocamento;
• Extintor portátil: Extintor de incêndio de peso inferior a 20 Kg que pode ser deslocado
manualmente sem o auxílio de rodas ou carreta;

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• Extrato de espuma: é um concentrado destinado à formação de espuma;


• Hidrante (tomada de incêndio): é o ponto de tomada d’água provido de registro de
manobra e união tipo engate rápido;
• Hidrantes de passeio (hidrante de recalque): é o ponto de tomada d’água instalado
no passeio destinado à utilização de viaturas do Corpo de Bombeiros;
• Hidrantes urbanos: equipamentos instalados na rede de distribuição de água da
cidade;
• Porta corta-fogo leve: é uma porta cuja construção é feita de acordo com normas
técnicas especificas. Essa porta tem a capacidade de impedir durante um certo
período de tempo a passagem de fogo para a caixa de escada.
• Rede de chuveiros automáticos do tipo sprinkler: é uma instalação hidráulica de
combate a incêndio, constituída de reservatório, canalizações, válvulas, acessórios
diversos e sprinkers.
• Rede de espuma: é uma instalação hidráulica de combate a incêndio que realiza o
lançamento de espuma quando ocorrem incêndios;
• Rede de hidrantes (canalização): instalação hidráulica predial de combate a incêndios
que é manuseada pelos ocupantes das edificações até a chegada do Corpo de
bombeiros;
• Registro de manobra: é um registro destinado a abrir e fechar os hidrantes;
• Reserva técnica de incêndio: volume de água do reservatório separado para atuar
na prevenção e combate à incêndios;
• Sistema de emergência: é um conjunto de dispositivos que serve para orientar a
rota de fuga das edificações em caso de incêndios;
• Sprinkler (chuveiro automático): é uma peça dotada de dispositivo sensível à elevação
de temperatura e destinada a soltar água em casos de incêndio;
• Unidade mínima de saída: largura mínima necessária para passagem de uma fila
de pessoas.
• Vestíbulo: antecâmara que possui ventilação garantida por duto ou janela para o
extintor;
• Vistoria: visita realizada por oficiais do corpo de bombeiros militar com o intuito de
verificar as condições das instalações de prevenção e combate à incêndios.

12.2.1 Legenda para itens dos projetos de prevenção e combate a incêndios

Os itens presentes nos projetos de incêndio (ou qualquer outra instalação hidráulica)
precisam estar com a legenda certa em cada folha do projeto para que todas as pessoas
que precisarem analisá-lo, consigam entender o que foi feito. Não é uma regra, é uma
sugestão de legenda mas é preciso atentar-se para as instruções técnicas do Corpo de

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Bombeiros Militar do estado para onde está sendo feito o projeto, eles podem ter uma
legenda específica que precisa ser obedecida para que o projeto seja aprovado. Na Figura 01,
é apresentado alguns itens para legenda nos projetos de prevenção e combate à incêndios.

Figura 01: Legenda para projetos de prevenção e combate a incêndios


Fonte: Creder (2006).

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12.3 Aplicação de água no combate aos incêndios

A água é um dos principais meios de combate a incêndios (lembrando que como


já aprendemos sobre as classes de incêndio, sabemos que em alguns casos o uso de
água não é eficiente ou pode piorar a situação) pois além de ser relativamente fácil o
seu manuseio no combate a incêndios o seu armazenamento é fácil e pode ser feito
em grandes quantidades quando a edificação possuir espaço (CREDER, 2006).
No Brasil, a pressão mínima em uma tubulação de prevenção e combate a incêndios
é de 10 metros de coluna de água. Valor aceitável principalmente em edificações muito
altas. É preciso entender que a pressão em todos hidrantes precisa ser o suficiente para
combater um incêndio em caso de uso simultâneo independentemente da localização
deste equipamento.
Quando o alcance dessa pressão mínima não é atingida, é necessário a utilização
de bombas de incêndio que devem possuir as seguintes características:
• A bomba precisa ter uma capacidade de recalcar a água do reservatório inferior
da edificação para 20 pontos no mínimo;
• As bombas de incêndio precisam ter um circuito elétrico independente do restante
da edificação, com ligação antes da chave geral;
• Acionamento automático, mediante simples uso de qualquer aparelho das caixas
de incêndio;
• O sistema de alarme de incêndio da edificação precisa ser acionado
simultaneamente junto à bomba.

De acordo com o Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais,


as dimensões das casas de bomba (local onde fica a bomba de incêndio), devem
permitir o acesso ao redor das bombas e possuir espaço suficiente para qualquer
possível manutenção no local. As bombas de incêndio, só devem ser utilizadas para
pressurização da rede de combate a incêndio, não devem ser utilizadas para outras
finalidades nas edificações. Nas Figuras 02 e 03 são apresentados alguns exemplos
de instalação de bombas de incêndio.

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Figura 02: Cavalete de automação das bombas principal e de pressurização


Fonte:https://www.bombeiros.mg.gov.br/storage/files/shares/intrucoestecnicas/IT_17_1a_Ed_portaria_63_errata_05.pdf

Figura 03: Exemplo de afogamento de bomba de incêndio


Fonte:https://www.bombeiros.mg.gov.br/storage/files/shares/intrucoestecnicas/IT_17_1a_Ed_portaria_63_errata_05.pdf

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12.4 Hidrante do Tipo Coluna

Esse tipo de hidrante é instalado e mantido pelas concessionárias de águas dos


municípios. Eles são conectados diretamente aos distribuidores de água pública e
precisam ser pintados de vermelho para facilitar a sua identificação. Na Figura 04 é
apresentado um diagrama de um hidrante de coluna.

Figura 04: Diagrama de um hidrante de coluna


Fonte: Creder (2006).

Infelizmente muitos hidrantes de coluna são vandalizados e a sua falta pode acarretar
em um grande problema em caso de incêndio. Na Figura 05, é apresentada a foto de
um desses hidrantes no modelo mais utilizado no Brasil.

Figura 05: Foto de um hidrante de coluna


Fonte: https://vejasp.abril.com.br/cidades/lei-regra-hidrantes-predios-sao-paulo/

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12.5 Canalização Hidráulica Preventiva de Incêndios em Edifícios

Na Figura 06, é apresentado um diagrama completo para uma instalação típica de


combate a incêndios em um edifício de 4 pavimentos. Nessa figura é possível observar
que o barrilete de incêndio é totalmente separado do barrilete de abastecimento do
prédio. As colunas de incêndio devem ser de ferro galvanizado resistente a pressão 18
Kg/cm², com diâmetro mínimo de 2 1/2²”. Ainda é possível observar que a tubulação de
incêndio precisa ser diferenciada das demais instalações. E essas colunas juntam-se
no pavimento térreo da edificação e terminam no hidrante de passeio (CREDER, 2006).

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Estacionar na frente de um hidrante de incêndio, registros de água ou poços


de visita de galerias subterrâneas é infração média de acordo com o Código de
Transito Brasileiro, podendo o dono do veículo receber multa e ter remoção do
veículo feito por autoridades. Em relação aos hidrantes, como os bombeiros podem
utilizar a agua deles para o combate a incêndios, o veículo estacionado pode
prejudicar o encaixe da mangueira no hidrante.
Fonte: https://bombeiros.pb.gov.br/bombeiros-fiscalizam-estacionamento-de-veiculos-proximo-a-hidrantes/

Figura 06: Corte esquemático de uma edificação figurando a canalização preventiva de combate à incêndio e o abastecimento de água.
Fonte: Creder (2006).

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As caixas de incêndio mostradas na figura acima, devem ter a porta com vidro
fosco, com a palavra incêndio escrita em vermelho e elas devem permanecer sempre
fechadas. Periodicamente, existe a necessidade da realização de uma inspeção do
material contido dentro das caixas para verificar se sofreram algum dano.
O número de caixas por pavimento de uma edificação, depende das dimensões do
pavimento. Deve-se considerar cada caixa com comprimento máximo de mangote
(mangueira) de 30 metros mais o jato de 7 metros, e qualquer ponto do pavimento
deve ser coberto pelo jato, ou seja, em caso de incêndio a mangueira do hidrante
aberta precisa alcançar com os jatos todos os pontos do pavimento a qual a caixa
pertence (CREDER, 2006).
Já na Figura 07 é apresentado um esquema horizontal de instalação de prevenção e
combate a incêndios de um conjunto habitacional. E na Figura 08 um esquema vertical.

Figura 07: Instalação preventiva em um conjunto habitacional cujo abastecimento seja do tipo castelo d’água – esquema horizontal
Fonte: Creder (2006).

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Figura 08: Instalação preventiva em um conjunto habitacional cujo abastecimento seja do tipo castelo d’água – esquema vertical
Fonte: Creder (2006).

Nessa aula estudamos sobre a classificação dos incêndios que está relacionado
ao tipo de material combustível, estudamos sobre os componentes dos projetos de
prevenção e combate a incêndios e sobre a utilização de água no combate a incêndios.
Na próxima aula finalizaremos o estudo dessas instalações.

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AULA 13
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE PREVENÇÃO E
COMBATE À INCÊNDIO - PARTE 2

Na Aula 13, vamos ver sobre o dimensionamento de alguns itens que compõem
os projetos de instalações de prevenção e combate a incêndio.
As instalações hidráulicas de combate a incêndio são divididas em três possíveis
tipos de instalações (BATISTA E LARA, 2010):
1) Quando o reservatório for elevado, em condições de fornecer aos hidrantes as
vazões nas pressões estabelecidas pela norma, o sistema está sob a ação da
gravidade.
2) O reservatório pode ser elevado mas não possuir condições de dar vazão e
pressão adequada aos hidrantes, logo é necessário uma bomba de recalque
para que essas condições fossem atendidas.
3) O reservatório pode ser localizado no nível do solo, ou pode ser subterrâneo,
sendo que o abastecimento dos hidrantes ocorre por meio de bombas fixas de
acionamento automático.

13.1 Critério para dimensionamento dos hidrantes

Segundo Batista e Lara (2010), nas edificações, existem dois tipos de hidrantes:
• Hidrante interno: ele possui válvula angular e seus respectivos adaptadores e
tampões, que são destinados a realizarem o controle do fornecimento de água
nas mangueiras flexíveis e respectivos esguichos. Na Figura 01 é apresentado
um exemplo desse tipo de hidrante.

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Figura 01: Hidrante interno


Fonte: https://bombeiros.com.br/hidrante-parede/

Hidrante de recalque: hidrante que fica no passeio destinado a receber a ligação da


bomba de recalque do carro tanque do Corpo de Bombeiros. Na Figura 02 é apresentado
esse tipo de hidrante.

Figura 02: Hidrante de recalque


Fonte: http://www.gsdengenharia.com.br/hidrantes-de-combate-de-recalque-e-mangotinhos-voce-conhece-todos/

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O dimensionamento dos hidrantes internos dependem da classificação das


edificações conforme mostrados nas Tabelas 01 e 02. Um dado importante relativo
aos hidrantes de recalque é que eles devem possuir um diâmetro mínimo de 63 mm
e o engate (onde a mangueira vai encaixar), precisa ser compatível com o engate
utilizado pelo Corpo de Bombeiros do local (BATISTA E LARA, 2010).
Tipo
Tipo Esguicho Mangueira Saídas Vazão
Grupo A: 80 L/min
1 Regulável DN 25 ou 32 1
Grupo B, D, E, F(1), H: 100L/min
2 Jato compacto DN 16 ou regulável DN 40 2 300 L/min
3 Jato compacto DN 25 ou regulável DN 65 2 900 L/min
Tabela 01: Características dos tipos de sistemas
Fonte: Batista e Lara (2010).

Grupo Ocupação Tipo


A Residencial (habitações multifamiliares) 1
B Serviços de hospedagens (hotéis e assemelhados) 1
C Comercial varejista (comércio em geral e centros comerciais) 2
D Serviços profissionais, pessoais e técnicos (locais para prestação de serviços) 1
Educacional e cultura física (escolas em geral)
Locais de reunião de público
Locais onde há objetos de valor inestimável
E Templos e auditórios 1
Centros esportivos
Clubes sociais
Locais para refeições
Locais de reunião de público
Estações e terminais de passageiros
F 2
Locais para produção e apresentação de artes cênicas
Locais para pesquisa e consulta
G Serviços automotivos (garagens, abastecimento de combustível, serviço 2
Serviços de saúde e intutucionais (hospitais em geral) 2
H
Industrial, atacadista e depósitos (baixo e médio de risco) 2
I Industrial, atacadista e depósitos (alto potencial de risco) 3
Tabela 02: Classificação das edificações e sistemas aplicáveis
Fonte: Batista e Lara (2010).

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13.2 Critério para dimensionamento das tubulações

Para realizar o dimensionamento das tubulações que alimentam os hidrantes, é


necessário considerar a possibilidade do uso simultâneo dos dois jatos d’água mais
desfavoráveis, ou seja, os que possuem a menor pressão. Caso o reservatório da
edificação seja superior, o ponto mais desfavorável é o último pavimento.
O diâmetro mínimo das tubulações de alimentação dos hidrantes não podem ser
inferiores a 2 ½” e a velocidade máxima da água na tubulação não pode ser superior
a 5,0 m/s. Se a velocidade e a pressão estiverem muito altas, uma pessoa pode não
ser capaz de segurar a mangueira para realizar o trabalho de prevenção e combate
a incêndios.

13.2.1 Perda de carga contínua

A perda de carga da tubulação é calculada a partir das fórmulas de Hazen-Williams.

Onde: ∆h’ é perda de carga contínua em metros;


f é o coeficientes de perda de caga;
U é a velocidade média do escoamento em m/s;
D é o diâmetro do conduto em metros;
L é comprimento do conduto em metros;
C é o coeficiente da fórmula de Haen-Williams;
Q é a vazão do local em m3/s.

13.2.2 Perda de carga no esguicho

Onde: ∆h’’ é perda de carga contínua em metros;

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CV é o coeficientes de velocidade do requinte (geralmente entre 0,95 a


0,98);
U é a velocidade na saída do esguicho em m/s.
Para o cálculo da velocidade de saída do esguicho, utilizar a seguinte equação:

Onde: U é a velocidade na saída do esguicho em m/s.


L é ´o alcance mínimo do esguicho em metros;
g é o valor da gravidade, 9,81 m/s²;
h é a altura mínima do esguicho em metros.

13.3 Sistema automático de Sprinklers

A instalação de sprinkler é mundialmente conhecida por sua eficácia na extinção e


alarme contra incêndios. Eles servem para reagir ao princípio de incêndio, extinguindo-o
antes que se propague. Os sprinklers funcionam de forma semelhante a uma instalação
predial, eles possuem reservatório, colunas, ramais e sub-ramais, sendo que na extremidade
existe uma espécie de ampola contendo gás ou líquido expansível e sensível ao calor.
Quando um incêndio inicia, o excesso de calor faz a ampola quebrar e em consequência
inicia-se o lançamento de água, como se fosse um chuveiro e ao mesmo tempo ocorre
o disparo do alarme de incêndio. A ação dos sprinklers limita-se à região do incêndio.
Na Figura 03 é apresentado um modelo de sprinkler.

Figura 03: Exemplo de um sprinkler


Fonte: Creder (2006).

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Essas instalações com sprinklers são extremamente comuns em shoppings, inclusive


nos estacionamentos é possível visualizar as redes, em hospitais e em galpões de
alguns supermercados também é um equipamento de prevenção e combate a incêndios
bastante comum. Apesar da sua eficácia, é um tipo de instalação cara, por isso seu
uso é restringido a algumas edificações, principalmente nos locais onde as instruções
técnicas dos Corpos de Bombeiros Militar determinam. Na Figura 04 é apresentada
uma rede de sprinklers.

Figura 04: Rede de distribuição sprinkler


Fonte: http://www.eq.ufrj.br/docentes/cavazjunior/sprinkler.pdf

13.3.1 Dimensionamento das Redes de Sprinklers

A disposição dos sprinklers e a sua quantidade, dependem do risco da instalação,


conforme apresentado na Tabela 03. Logo que se conhece o número de sprinklers
por área, dimensiona-se o diâmetro do sub-ramal e do ramal principal da rede como
mostrado nas Tabela 04, Tabela 05 e Tabela 06.

Riscos Área por Sprinkler (m²) Distância entre Sprinklers (m)


Leves 18,00 4,50
Ordinários 9,00 4,00
Altos 8,00 4,50
Tabela 03: Número de Sprinkler por Área
Fonte: Creder (2006)

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Número Máximo de Sprinklers (Risco Ordinário)


Diâmetro Ramal e Sub-Ramal (em polegadas)
Tubulação de Aço Tubulação de Cobre
2 2 1
3 3 1 1/4
5 5 1 1/2
10 12 2
20 25 2 1/2
40 45 3
65 75 3 1/2
100 115 4
160 180 5
275 300 6
Tabela 04: Diâmetro dos Ramais e Sub-Ramais de Sprinklers – Risco Ordinário
Fonte: Creder (2006)

Número Máximo de Sprinklers (Risco Leve)


Diâmetro Ramal e Sub-Ramal (em polegadas)
Tubulação de Aço Tubulação de Cobre
2 2 1
3 3 1 1/4
5 5 1 1/2
10 12 2
30 40 2 1/2
60 65 3
100 115 3 1/2
Tabela 05: Diâmetro dos Ramais e Sub-Ramais de Sprinklers – Risco Leve
Fonte: Creder (2006)

Número Máximo de Sprinklers (Risco Alto)


Diâmetro Ramal e Sub-Ramal (em polegadas)
Tubulação de Aço Tubulação de Cobre
1 1 1
2 2 1 1/4
5 5 1 1/2
8 8 2
15 20 2 1/2
27 30 3
40 45 3 1/2
55 65 4
90 100 5
150 170 6
Tabela 05: Diâmetro dos Ramais e Sub-Ramais de Sprinklers – Risco Alto
Fonte: Creder (2006)

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Os sub-ramais são as tubulações onde os equipamentos são conectados. Em


cada sub-ramal pode haver no máximo seis sprinklers. Os sub-ramais e os ramais
geralmente são aparentes e não embutidos. Quando a instalação possui algum tipo
de complexidade que não pode haver o uso de água nos sprinklers, é utilizado CO2, o
espargidor dele é semelhante ao sprinkler tradicional.

13.4 Porta “Corta-Fogo”

As instruções técnicas do Corpo de Bombeiro Militar e a norma técnica, determina


a instalação de porta corta-fogo em alguns casos específicos. A instalação dessas
portas no patamar das escadas dos edifícios ajuda a evitar que a escada funcione
como uma chaminé alimentando a chama.
A porta corta-fogo deve ser sempre mantida fechada por isso elas são instaladas
com uma mola para evitar que fiquem aberta.
Esse tipo de porta é classificado de acordo com a sua instalação, uma porta corta-
fogo classe P90/P120 resiste por até 90 minutos ou até 120 minutos de exposição
ao fogo e ao calor.

Figura 05: Exemplo de porta corta-fogo


Fonte: Creder (2006)

O desenho de duas mãos na porta corta-fogo da figura acima, significa que para a
sua abertura, basta empurrá-la, apesar de precisar que sejam mantidas fechadas, elas

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possuem fácil abertura. Em relação a cor e a sinalização que precisa existir nas portas
ou próximo a elas, depende muito da instrução técnica do Corpo de Bombeiros Militar.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Um dos elementos mais importantes que faz parte dos sistemas de prevenção e
combate a incêndio é a Brigada de Incêndio. Esse grupo é composto por pessoas
voluntários (ou não) que recebem treinamento específico e atuam no combate e
prevenção à incêndios.
Os treinamentos envolvendo as pessoas que compõe as Brigadas de Incêndio,
devem ser realizados periodicamente e precisam ser feito em agência especifica
que forneça certificado para todos os componentes da Brigada.

13.5 Componentes do projeto de prevenção e combate a incêndio

Entre os projetos de instalações prediais hidrossanitárias já mostrados, o projeto


de prevenção e combate a incêndios é o mais palpável. Como já foi dito na Aula 01, a
maioria das corporações exige que o projeto seja todo apresentado em preto, branco
e vermelho com a exceção de alguns equipamentos/faixas.
Na Figura 06, é apresentado as placas de rota de fuga em caso de incêndio.

Figura 06: Exemplo de placa de rota de fuga


Fonte: https://www.sinalizacaodetransito.com.br/placas-de-sinalizacao-de-rota-de-fuga

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13.5.1 Iluminação de emergência

A iluminação de emergência, é um item fundamental nos projetos. Sendo obrigatória


em alguns, dependendo da área e ocupação da edificação. Essas luminárias devem ficar
sempre conectadas a energia elétrica pois quando a energia acabar, ela automaticamente
se acende utilizando a sua bateria. O tempo que elas permanecem acesas pode variar
um pouco de acordo com o fabricante. Elas são instaladas em pontos estratégicos da
edificação de forma que consigam iluminar o caminho dos ocupantes para as saídas
de emergência. Na Figura 07 é apresentado um sistema de iluminação de emergência
em um corredor.

Figura 07: Sistema de iluminação de emergência


Fonte: https://engenhariasparta.com.br/projeto-de-iluminacao-de-emergencia/

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CAPÍTULO 14
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE GÁS COMBUSTÍVEL

De acordo com Creder (2006), a utilização de fogo como fonte de energia no preparo
de alimentos, marcou o início da civilização. Logo, podemos entender que a utilização
do gás para geração de fogo também foi uma evolução, com uma ressalva que hoje
em dia o gás além de ser utilizado nos fogões é também usado no aquecimento de
água para outras atividades.

Figura 01: Esquema geral de um sistema de abastecimento a gás canalizado


Fonte: Creder (2006).

14.1 Projeto de Instalações de Gás

Na elaboração desses projetos, os engenheiros e projetistas responsáveis precisam


verificar se existem normas específicas dos municípios e estados do local da instalação,
além de seguir essas normas, é preciso obedecer às instruções técnicas relativas ao
tipo de instalação que será realizada.

14.1.1 Terminologia adotada nos projetos

Alguns termos são adotados nos projetos de instalação de gás independentemente


do local onde será realizada a implantação do projeto. Creder (2006), listou esses
termos:
• Bainha: É a tubulação destinada a envolver a canalização, quando essas
atravessam estruturas de concreto, quando estão sob pisos com acabamentos

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especiais, quando há necessidade de prever uma passagem futura de tubulações


de gás.
• Cabine: Cômodo da edificação destinado à proteção das caixas de proteção;
• Caixas de Proteção: Construção destinada exclusivamente ao abrigo de um ou
mais medidores de gás;
• Chaminé Coletiva: É o duto destinado a conduzir para o exterior os gases
provenientes de aquecedores a gás, através das respectivas chaminés individuais;
• Chaminé Individual: É o duto destinado a conduzir para o exterior, para prisma
de ventilação ou para chaminés coletivas os gases provenientes de um aparelho
de utilização;
• Chaminés: São dutos que melhoram a eficiência da combustão dos equipamentos
que utilizam gás e realizam o escoamento dos gases de combustão para o
exterior;
• Coletor: É uma peça é adicionada no ponto mais baixo da canalização e que
se destina a receber e permitir a retirada dos produtos condensados do gás;
• Concessionária: É a empresa pública ou privada que realiza a distribuição de
gás aos pontos de consumo;
• Defletor: Parte da chaminé que possui um dispositivo que serve para evitar que
a combustão no aparelho de utilização sofra efeitos de condições adversas;
• Economia: é a propriedade, servindo de habitação ou ocupação para qualquer
finalidade, pode ser utilizada independente das demais, como exemplo de economias
temos: edifício ou residência isolada; pavimentos de um mesmo prédio; loja,
apartamento de prédio, consultório, sala, casa, industrial, fazenda e etc.
• Inspeção: É a vistoria que os funcionários das concessionárias de gás natural
fazem para verificar a execução do projeto aprovado;
• Instalação interna: trecho da instalação no interior das edificações;
• Instalação predial: Conjunto de canalização, medidores, registros, coletores e
equipamentos de utilização a partir da rede geral, destinado à condução e ao
uso do gás;
• Local dos medidores: localização destinada à construção das cabines ou caixas
de proteção que obedecem às exigências das normas;
• Medidor: Termo genérico do equipamento destinado a medir o consumo de gás;
• Medidor coletivo: equipamento que realiza a medição do consumo total de gás
de um conjunto de economias;

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• Medidor individual: equipamento destinado a medição do consumo total de


gás de uma única economia;
• Número de Wobbe: É a relação que ocorre entre o poder calorífico superior do
gás, expresso em Kcal m³ e a raiz quadrada da sua densidade em relação ao ar;
• Ponto de gás: ponto da canalização de gás que é destinada a receber o
equipamento que vai utilizar o gás;
• Ramal: É a canalização que partindo da rede geral, conduz o gás até o medidor
ou local do medidor;
• Ramal Externo: Trecho do ramal, desde o ponto de sua inserção na rede até o
limite da propriedade;
• Ramal Geral: Canalização derivada da rede geral que recebe o abastecimento
de um conjunto de economias;
• Ramal Individual: Canalização derivada da rede ou do ramo geral, desde o
logradouro público até o medidor destinado ao abastecimento de uma economia;
• Ramal Interno: Trecho do ramal compreendido entre o limite da propriedade
privada e o medidor ou local de sua instalação.

14.2 Instalação Predial de GLP

O gás liquefeito de petróleo (GLP), é basicamente a mistura entre propano e butano,


hidrocarbonetos obtidos pela destilação do petróleo ou pelo craqueamento de suas
frações mais pesadas (MACINTYRE, 1990).
O GLP apresenta algumas vantagens em relação à maioria dos combustíveis pois
possui um elevado rendimento, elevado poder calorífico, ausência de toxidez, facilidade
e rapidez de operação e ausência de subprodutos de queima, sólidos ou corrosivos.
Segundo Macintyre (1990), o GLP era inicialmente utilizado apenas em residências
isoladas, mas hoje em dia é utilizado em todos os tipos de edificações, seja cada um
utilizando seu próprio botijão ou sob forma de instalação central, com um rede de
distribuição partindo de depósitos.

14.2.1 Distribuição do GLP

O GLP é comercializado das seguintes formas:


• Botijão portátil de 2 Kgf;

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• Botijão portátil de 5 Kgf;


• Botijão de 13 Kgf – os mais utilizados nas residências;
• Cilindro de 45 Kgf – geralmente são instalados em locais de consumo médio;
• Carrapetas de 90 Kgf utilizadas agrupadas em baterias em locais de consumo
considerável.

Também é possível encontrar o GLP sendo vendido a granel, utilizando recipientes


estacionários (fixos) com capacidade que variam de 500 a 60000 Kgf e são abastecidos
através de caminhões tanque (MACINTYRE, 1990).
Na Figura 02, tem exemplos de alguns recipientes (botijão) de gás que são
comercializados.

Figura 02: Exemplos de recipientes (botijão) de gás GLP


Fonte: https://pt.slideshare.net/robincristo/acidentes-domsticos-e-em-pequenas-instalaes

14.2.2 Pressão de Utilização

Dependendo do tipo de embalagem utilizado o GLP pode ser comercializado com a


pressão varia de 50 a 150 psi. Na saída do botijão ou do cilindro a pressão é reduzida
para 15 psi através da ação do regulador de alta ou de primeiro estágio. Quando é
utilizado nos equipamentos a 0,4 psi, o gás precisa sofrer nova redução de pressão,
que é realizado com o regulador de baixa ou de segundo estágio. Sendo que existem
alguns reguladores que são instalados junto ao cilindro e já reduzem imediatamente
a pressão para 0,4 psi (MACINTYRE, 1990).
De acordo com Macintyre (1990), em reservatórios fixos, que possuem maior
capacidade, o GLP pode ser armazenado com pressão elevada entre 100 e até 150
psi (7 a 10,5 Kgf.cm-²), logo para manuseio seja na instalação quanto na operação
precisa ser realizado em condições especiais de segurança.

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Um detalhe interessante em relação a pressão é que não importa a sua capacidade e


a quantidade de líquido e vapor presentes no interior do botijão, a pressão de equilíbrio
varia em função da temperatura, ou seja, um botijão grande ou um botijão pequeno
na mesma temperatura contendo a mesma mistura, apresentaram a mesma pressão
se lá dentro existirem as duas fases em equilíbrio.

14.3 Modalidades de Instalações do GLP

Existem diferentes maneiras de se instalar um GLP, abaixo veremos algumas dessas


formas.

14.3.1 Residências de pequeno porte

De acordo com Macintyre, em residências de pequeno porte, podem ser utilizados


um botijão de 13 Kgf (P13) mais um como botijão reserva para alimentar o fogão e o
aquecedor da cozinha e um outro botijão com mais um reserva para o aquecedor do
banheiro, desde que colocados externamente à residência. Nesse tipo de residência,
não ocorre uma rede de distribuição interna de gás, as ligações que são feitas através
de tubos de cobre recozido, ocorrem da válvula do botijão até ao equipamento que ele
vai alimentar. No esquema apresentado na Figura 03, mostra esse tipo de instalação.

Figura 03: Instalação de GLP em um residência


Fonte: Macintyre (1990)

14.3.2 Residências de grande porte

Quando o consumo da residência é muito grande, pode-se utilizar cilindros para


abastecimento ao invés da utilização de botijões (P13). De acordo com Macintyre

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(1990), pode-se utilizar uma bateria de quatro botijões de 13 Kgf ou cilindros de 45


Kgf cada, funcionando dois em paralelo e ficando outros dois como reserva.
Nesses casos, é possível fazer uma rede de distribuição alimentando-se a cozinha,
banheiros, área de serviço e até equipamentos de calefação. Esse tipo de distribuição é
feito sob média pressão, necessitando da instalação de regulares de segundo estágio
antes de cada equipamento ou conjunto de equipamentos próximos entre si. Na Figura
04 é apresentado um esquema de instalação de botijões de 13 Kgf em paralelo.

Figura 04: Instalação de GLP em paralelo


Fonte: Macintyre (1990)

Já na Figura 05, é apresentada a instalação de cilindros de 45 Kgf em paralelo.

Figura 05: Instalação de P45 em paralelo


Fonte: http://www.cotanet.com.br/instalacao-do-gas-glp/instalacao-de-gas-glp-p45

14.3.3 Edifícios residenciais

Para edifícios residências são executados normalmente, dois tipos de instalações:


• Instalação individual ou seja cada apartamento funciona com o seu botijão de
gás sendo que nesse caso apenas a instalação do botijão de 13 Kgf é permitida.

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É preciso que o botijão seja instalado em local com contato direto com o exterior,
como áreas abertas de fácil acesso ou em locais com abertura mínima de 0,50
x 0,12 m que fique permanentemente aberta, de forma que não ocorra acumulo
de gás no interior do apartamento.
• Instalação coletiva, nesse caso o prédio armazena o GLP em cilindros de 45 Kgf
ou de 90 Kgf casa, devendo haver pelo menos um de reserva. Esses cilindros
são sempre colocados em área externa da edificação. Caso não seja cilindro,
podem ser utilizados tanques de capacidade equivalente (45 ou 90 Kgf) e esses
tanques podem ser aterrados. Quando o gás acaba, os cilindros devem ser
trocados pelos fornecedores igual ocorrem com os botijões P13, já os tanques
precisam ser enchidos pelo carro tanque dos fornecedor de GLP.

Cilindros e reguladores primários de pressão de gás não podem ser localizados em


varandas, alpendres e pequenos galpões. A instalação dos cilindros precisa permitir
que duas pessoas carreguem os cilindros por caminho de fácil acesso do caminhão
à cabine de instalação (MACINTYRE, 1990).
Não deve haver qualquer tipo de material que seja fácil a combustão abaixo do
nível do dispositivo de segurança dos cilindros e das válvulas, a menos e 3 metros
de distância dos cilindros.
Em edificações de uso exclusivo industrial, onde é necessário a utilização apenas dos
cilindros de 45 Kgf, podem ser admitidos cilindros de 45 Kgf desde que, a edificação
abrigue instalações para processos industriais e que seja destinada apenas para isso e
que a permanência interna desses cilindros ocorra apenas durante o tempo necessário
para uso ou seja, não pode ocorrer o armazenamento dos cilindros no interior das
edificações; as instalações internas das industriais, não podem possuir mais de 3
cilindros, não haja no mesmo compartimento à distância inferior a 15 metros entre
as instalações portáteis de cilindros (MACINTYRE, 1990).

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

As centrais onde são instalados os botijões ou cilindros de gás, devem possuir


sinalização específica para prevenção e combate a incêndios. Ou seja, seguindo
a determinação de cada Corpo de Bombeiro, dependendo da localização da
edificação.
Essa parte de sinalizar a central de gás é um dos requisitos para aprovação
dos projetos de prevenção e combate a incêndios. Além disso, dependendo da
quantidade de GLP armazenada, o volume ou número de extintores aumenta.
Fonte: https://www.bombeiros.mg.gov.br/images/stories/dat/it/it23_armazenamento_manipulao_de_glp_1a_edicao.pdf

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Na Figura 06, é possível ver uma central de GLP sinalizada e equipada com
equipamentos de segurança contra incêndio.

Figura 06: Central GLP sinalizada


Fonte: http://www.abrinstal.org.br/eventos/realizados/docs/160509_apres_ultragaz.pdf

A Tabela 01, apresenta o número de cilindros a instalar de acordo com a potência


calorífica requerida, a qual deve ser igual à capacidade de vaporização do gás
armazenado.
Capacidade de vaporização
Quantidade e tipo de recipiente Capacidade total (Kgf)
Kgf/h Btu/h Kcal/h
4 x 45 180 2,1 100000 25200
6x 45 270 2,62 125000 31500
8x45 ou 4x90 360 4,2 200000 50400
10x45 450 5,25 250000 63000
12x45 540 6,3 300000 75600
16x45 ou 8x90 720 8,4 400000 100800
10x90 900 10,4 500000 126000
12x90 1080 12,6 600000 151200
Tabela 01: Número máximo de cilindros que podem ser armazenados de acordo com a potência calorífica.
Fonte: Macintyre (1990).

14.4 Dimensionamento das Tubulações de GLP

Segundo Macintyre (1990), o dimensionamento das linhas e ramais precisa estar


corretamente feito para que a potência calorífica que chega aos queimadores seja
correta. Se a pressão de distribuição é igual a 11 pol. de c. a., acrescida da perda de

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carga, a instalação é considerada de baixa pressão. Já em alimentadores principais,


a pressão é mais elevada na ordem de 15 psi e a pressão deve ser reduzida através
da utilização de válvulas especiais, para o valor de baixa pressão a fim de servir a
ramis e equipamentos.
Uma grande vantagem envolvendo a utilização de alta pressão na alimentação é
que ocorre uma economia através da redução do diâmetro das tubulações.

14.4.1 Tubulações para GLP sob baixa pressão

A vazão de GLP em tubos de ferro galvanizado pode ser calculada através da


seguinte equação:

Sendo que: Q a vazão expressão em pés cúbicos por hora;


d é o diâmetro interno do tubo, em polegadas;
h1 é a perda de pressão, em polegadas de coluna d’água;
s é a densidade dos gás em relação ao ar, sendo 1,52 para
propano e 2,01 para butano;
L é o comprimento total da linha em jardas (jarda = 3 pés =
0,9144 metros)

Alguns equipamentos, possuem o consumo dos aparelhos expresso em “Btu por


hora” e não em pés cúbicos por minuto. Neste caso, utilizar a constante 3400 ao invés
de 1350 na fórmula acima para se ter a capacidade em milhares de Btu.
Quando a vazão do gás é dada em m³/hora, utiliza-se a equação de Pole na
determinação dos diâmetros:

Onde: é a densidade do gás;


D é o diâmetro em cm da tubulação;
L é o comprimento do encanamento em metros;

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Q é a descarga do gás em m³/h;


h é a perda de carga total.
Se considerarmos δ = 2 e h = 10 mm de c.a, temos:

14.4.2 Tubulações para GLP sob alta pressão

Em linhas de alta pressão, utiliza-se a seguinte equação para cálculo de vazão.

Onde Q é a vazão em pés cúbico por hora;


d é o diâmetro interno do tubo, em polegadas;
h é a perda de pressão, em polegadas de coluna d’água;
s é a densidade dos gás em relação ao ar, sendo 1,52 para
propano e 2,01 para butano;
L é o comprimento total da linha em jardas (jarda = 3 pés =
0,9144 metros).

Nessa primeira aula das instalações de gás predial, aprendemos sobre os termos
de projeto e sobre o dimensionamento das instalações de GLP. Na próxima aula
finalizaremos os itens que fazem parte desse projeto.

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CAPÍTULO 15
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
PREDIAL DE GÁS COMBUSTÍVEL

Além de legislações locais, no Brasil as instalações hidráulicas prediais de gás


combustíveis são determinadas pela NBR 15526 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas. Além dos itens presentes nessa norma, os projetistas e os engenheiros
responsáveis pela execução dos projetos, devem estar atentos a integridade da rede
instalada e a integridade física dos moradores dos locais onde serão instaladas essas
redes.
Nessa Aula 15, veremos sobre áreas de ventilação nas instalações de GLP e sobre
o dimensionamento das chaminés.

15.1 Áreas mínimas para ventilação dos ambientes

De acordo com Creder (2006), sempre que o ambiente possuir equipamentos a


gás, deverá possuir uma área total mínima permanente de ventilação de 800 cm²,
constituída por 2 aberturas, sendo uma superior ligada diretamente com o ar livre
ou prisma de ventilação, acima de 1,5 m de altura, e outra inferior abaixo de 0,8 m
de altura, de forma a permitir a circulação de ar no ambiente, sendo que a abertura
inferior varia de 200 a 400 cm².
Já em banheiros que utilizam gás, é permitida uma abertura superior em comunicação
indireta com o exterior, através de rebaixos, desde que haja seção livre mínima de
1600 cm² até o comprimento máximo de 4m. Os banheiros que possuem ventilação
mecânica devem ter na parte inferior da porta uma área de ventilação permanente
igual ou superior a 600 cm².
Em ambientes que estão instalados equipamentos de utilização hermeticamente
isolados do ambiente, ou seja, que recebem ar exterior e expelem os produtos de
combustão também opara o exterior, devem seguir algumas normas como:
• Os equipamentos não podem ser instalados imediatamente abaixo e sob a mesma
vertical que passa por basculantes, janelas ou quaisquer aberturas do ambiente.

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• Aquecedores de água podem estar instalados no interior de boxes ou acima


de banheiras.

Dependências com menos de 6m³ não poderão ter instalações de gás em seu interior.
Nos locais onde forem instalados equipamentos a gás e que não se enquadrem nos
preceitos já determinados nos outros tópicos ter uma área de ventilação permanente
calculada através da seguinte equação:
Área de ventilação (cm2 )=2,5 x consumo de todos os equipamentos( Kcal /min)

Outras exigências relativas a ventilação dos ambiente podem ser solicitadas


dependendo do município da edificação, por isso é necessário ficar atento a todas
as legislações vigentes.

15.2 Chaminés

15.2.1 Chaminés Individuais

As chaminés que são os dutos responsáveis por conduzir para o exterior os gases
provenientes de aquecedores a gás, devem ser construídas de forma que tenham o
menor percurso possível. A projeção horizontal do percursos da chaminé deve ser no
máximo de 2 metros, sendo permissível até 2 curvas de até 90° e o percursos vertical
da chaminé não pode ser inferior a 35 cm (CREDER, 2006).
Para cada curva de 90° além das duas permitidas, o comprimento horizontal deve
ser considerado acrescido de 20 vezes o diâmetro de saída do defletor. Em casos em
que a chaminé possuir uma curva ou um joelho de 90°, o seu comprimento máximo
será de 3 metros. Se a chaminé possui o seu comprimento real ou acrescido superior
a 2 metros, todo trecho horizontal deverá ter o seu diâmetro de acordo com a relação:

Onde: D é o diâmetro que deve ter a chaminé;


d é o diâmetro de saída do defletor;
L é o comprimento horizontal em metros.

De acordo com Creder (2006), o diâmetro máximo permitido para as chaminés é


de 150 mm e o mínimo de 75 mm sendo permitida seções retangulares desde que
equivalentes. AS chaminés podem ser dimensionadas de acordo com as medidas
apresentadas na Tabela 01.

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Seções Transversais Mínimas para Chaminés Individuais

85 % da capacidade nominal
do aquecedor

Kcal/min 1000 Kcal/h cm² d cm cm² a cm cm² b cm c cm


Até 50 Até 3 20 5 25 5 24 6 4
50 - 75 3-5 28 6 36 6 35 7 5
75 - 108 5-7 38 7 49 7 48 8 6
108 - 165 7 - 10 50 8 64 8 70 10 7
165 - 250 10 - 15 62 9 81 9 77 11 7
250 - 320 15 - 19 80 10 100 10 104 13 8
320 - 400 19 -24 95 11 121 11 126 14 9
400 - 500 24 - 30 115 12 144 12 150 15 10
500 - 650 30 - 39 135 13 169 13 176 16 11
650 - 810 39 - 49 150 14 196 14 204 17 12
810 - 970 49 - 58 180 15 225 15 247 19 13
970 - 1200 58 - 72 200 16 256 16 260 20 13
1200 - 1450 72 - 87 225 17 289 17 294 21 14
1450 - 1750 87 - 105 260 18 324 18 345 23 15
1750 - 2000 105 - 120 285 19 361 19 384 24 16
2000 - 2350 120 - 141 315 20 400 20 425 25 17
2350 - 2650 141 - 159 350 21 441 21 468 26 18
2650 - 2900 159 - 174 375 22 475 22 486 27 18
2900 - 3200 174 - 192 415 23 529 23 551 29 19
3200 - 3550 192 - 213 450 24 576 24 600 30 20
3550 - 3850 213 - 231 490 25 625 25 651 31 21
3850 - 4150 231 - 249 530 26 676 26 704 32 22
4150 - 4500 249 - 270 575 27 729 27 782 34 23
4500 - 4900 270 - 294 615 28 784 28 805 35 23
4900 - 5300 294 - 318 660 29 841 29 864 36 24
5300 - 5750 318 - 345 710 30 906 30 950 38 25
Tabela 01: Dimensões das chaminés individuais

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15.2.2 Chaminés Coletivas

De acordo com Creder (2006), a altura efetiva de uma chaminé coletiva é a distância
vertical entre a base do defletor do aquecedor do último pavimento e saída da chaminé
coletiva, a qual não deve ser inferior a 3,5 metros. Nesse tipo de chaminé, só é
permitido um único desvio oblíquo, retornando à vertical que não deve ter um ângulo
maior que 30° em relação ao eixo vertical, não podendo a seção sofrer redução com
a mudança de direção. A distância mínima requerida entre a cobertura do prédio e a
saída da chaminé coletiva é de 40 cm
As chaminés coletivas precisam possuir as seguintes áreas mínimas de seção:
• Peças moldadas, quadradas ou retangulares – 100 cm²;
• Peças moldadas, circulares – D = 10 cm (78,5 cm²);
• Alvenaria, quadrada ou retangular – 180 cm².

As seções das chaminés circulares podem ser dimensionadas conforme o


apresentado na Tabela 02, que é aplicável para chaminés construídas com peças
moldadas ou conforme apresentado na Tabela 03 para as chaminés construídas em
alvenaria.
Quando possuírem seções quadradas ou retangulares, as chaminés coletivas deverão
ser dimensionadas através da seguinte equação:
A=0,0085D2

Onde: A é a área da seção quadrada ou retangular em cm²;


D é o diâmetro obtido através das Tabelas 02 ou 03 em mm.
É preciso ficar atento ao fato de que nas seções retangulares, o lado maior não
poderá exceder 1,5x o tamanho do lado menor.

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Altura Efetiva (m)


Número de Aquecedores Potência Nominal (Kcal/min)
3,5 4 4,5 5
2 310 122 120 117 115
3 465 133 131 129 126
4 620 144 142 139 137
5 775 154 152 149 147
6 930 163 161 158 156
7 1085 172 170 167 165
8 1240 181 178 175 173
9 1395 198 186 183 181
10 1550 196 194 191 188
11 1705 204 201 198 196
12 1860 211 208 205 203
13 2015 218 215 212 209
14 2170 224 222 219 216
15 2325 231 228 225 222
16 2480 237 234 231 228
17 2635 244 240 237 234
18 2790 250 246 243 240
19 2945 255 252 249 246
20 3100 261 258 255 252
22 3410 272 269 266 262
24 3720 283 279 276 273
26 4030 293 290 286 283
28 4340 2301 299 296 293
30 4650 313 309 305 302
32 4960 322 318 315 311
34 5270 331 327 323 320
36 5580 340 336 332 328
38 5890 348 345 341 337
40 6200 357 353 349 345
Tabela 02: Diâmetros Mínimos de Chaminés Coletivas (mm) – Peças Moldadas
Fonte: Creder (2006).

FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 152


INSTALAÇÕES
HIDROSSANITÁRIAS
PROF.a MARCILENE BERNARDO SILVA

Altura Efetiva (m)


Número de Aquecedores Potência Nominal (Kcal/min)
3,5 4 4,5 5

2 310 130 127 124 121


3 465 146 142 140 137
4 620 160 157 153 150
5 775 173 169 166 163
6 930 185 181 178 175
7 1085 196 193 189 186
8 1240 207 203 200 196
9 1395 217 213 210 206
10 1550 227 223 219 215
11 1705 236 232 228 224
12 1860 245 241 237 233
13 2015 254 249 245 241
14 2170 262 258 253 249
15 2325 270 266 261 257
16 2480 278 274 269 265
17 2635 286 281 277 272
18 2790 293 288 284 279
19 2945 301 296 291 282
20 3100 308 303 298 293
22 3410 321 316 311 306
24 3720 335 329 324 319
26 4030 347 342 336 331
28 4340 360 354 348 343
30 4650 371 365 360 354
32 4960 383 377 371 365
34 5270 394 388 382 376
36 5580 405 398 392 386
38 5890 415 409 402 396
40 6200 426 419 412 406
Tabela 03: Diâmetros Mínimos de Chaminés Coletivas (mm) - Alvenaria
Fonte: Creder (2006).

FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 153


INSTALAÇÕES
HIDROSSANITÁRIAS
PROF.a MARCILENE BERNARDO SILVA

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Os projetos de instalação de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e os projetos de Gás


Natural (GN), possuem diferenças significativas o que impossibilita a utilização para
uma tipo de gás diferente daquele para qual o projeto foi dimensionado, sem que
ocorram alterações.
O GLP é uma mistura de hidrocarbonetos derivados de petróleo, que utiliza botijões
ou cilindros e o GN é um combustível fóssil que utiliza tubulações nas vias públicas
até a entrada dos edifícios para os consumidores. Além disso, para uma mesma
temperatura ambiente eles possuem poder caloríficos diferentes, 11000 Kcal/
Kg para o GLP e 8800 Kcal/m³ para o GN. Eles apresentam pressões diferentes,
densidades diferentes entre outros pontos. Portando, sempre verificar qual o tipo de
gás disponível na região de projeto.
Link: https://www.rwengenharia.eng.br/projeto-de-gas-gn-lp/

Com essa aula fechamos a matéria de instalações de gás predial e também fechamos
a matéria da disciplina de instalações hidrossanitárias prediais.

FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 154

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