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RESPONSABILIDADE

DE TODOS

UNIÃO NOROESTE BRASILEIRA


MINISTÉRIO DA RECEPÇÃO
Planejamento 2023
UNIÃO NOROESTE BRASILEIRA
MINISTÉRIO DA RECEPÇÃO
Planejamento 2023

I - ÊNFASES DA DSA PARA O QUINQUÊNIO

• Participar ativamente em Unidades de Ação da Escola Sabati-


na e Pequenos Grupos.

➋ Buscar e atender interessados com estudos bíblicos.


• Integrar, cuidar e desafiar as novas gerações para um maior
compromisso com Deus, a igreja e com a missão.

➍ Intensificar a liderança espiritual e missionária do ancionato.

II - IGREJA ACOLHEDORA

Visão
Ser uma igreja acolhedora.

Missão
Refletir a Jesus ao amar, acolher, atender e acompanhar
os amigos que visitam a Igreja Adventista, fortalecendo
o senso de pertencimento e despertando seu interesse
pelo estudo da Bíblia e a entrega da vida ao Senhor.

Propósito
Envolver todos os membros da igreja no processo de
acolhimento dos amigos visitantes, em seu cuidado, no
ensino da Bíblia e no discipulado.

Lema
Igreja acolhedora, responsabilidade de todos.

Filosofia
A recepção da igreja é mais que dar boas-vindas, é um
ministério que organiza todo o processo de acolhimento
ao visitante, cuidando do ambiente e do comportamen-
to dos membros, para que eles sejam coerentes com
mensagem de Cristo e contribuam para a pregação do
evangelho.
O Ministério da Recepção atua com os amigos visitantes e
com os membros da igreja, cuidando para que o processo
de pertencimento seja constante e eficiente, com foco em:
„ Comunhão: A comunhão diária com Deus permite
que sejamos amáveis e acolhedores com todos.
„ Relacionamento: Necessitamos estar unidos e nos
relacionando bem para que as pessoas queiram fa-
zer parte da nossa comunidade.
„ Missão: O bom atendimento e a experiência do visi-
tante com Deus deve ser um compromisso de todos.

Objetivos
„ Capacitar líderes e equipes para que reco-
nheçam a importância de amar, acolher,
atentar e acompanhar para salvar.
„ Levar os membros a compreenderem que
a hospitalidade é marca do cristão, e ajudá-los no de-
senvolvimento de atitudes acolhedoras na igreja.
„ Trabalhar em unidade e parceria com outros minis-
térios, para que a obra de receber e acolher seja com-
pletada com a obra da intercessão, da visitação e do
ensino bíblico.

Metas Crucialmente importantes


„ Ter um coordenador e equipe atuantes.
„ Cumprir as ações semanais, mensais, tri-
mestrais e anuais.

O coordenador de recepção é nomeado pela comissão


da igreja. A definição sobre a quantidade de membros na
equipe depende do tamanho de cada congregação. Os
nomes dos recepcionistas devem ser aprovados pela co-
missão. Todos os programas da igreja devem contar com
recepcionistas, por isso é de suma importância elaborar
uma escala mensal.

III – ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DA RECEPÇÃO

1. Ação semanal
„ Atuar em todos os programas presenciais ou on-line
e observar quem são os visitantes.
„ A cada reunião, registrar o nome do visitante no car-
tão de boas-vindas, seja culto presencial ou on-line.
„ O professor da Escola Sabatina deve ser um agente
acolhedor, recebendo o visitante direcionado para a sua
Unidade de Ação.
„ Após o culto, despedir e entrar em contato com cada vi-
sitante, agradecendo sua presença e enviar o cartão vir-
tual.
„ Repassar os pedidos de oração para o grupo de interces-
são, liderado pelo Ministério da Mulher, e encaminhar os
nomes das pessoas que solicitaram estudo bíblico para
o Ministério Pessoal.
„ Enviar o cartão virtual de Feliz Sábado e Feliz Semana.

2. Ação Mensal
„ Instruir a igreja através do compartilhamento de posts,
vídeos motivacionais e informações sobre ações acolhe-
doras.
„ Preparar a escala de cada mês para o trabalho da equi-
pe.

3. Ação Trimestral
„ Fazer reunião de avaliação do trabalho e do atendimen-
to, incluindo as equipes de apoio.
„ Realizar capacitações para a equipe
„ Preparar momentos de confraternização.
„ Preencher o relatório integrado trimestralmente.

4. Ação Anual
„ Realizar o Sábado da Igreja Acolhedora.
„ Trabalhar em conjunto com a Escola Sabatina na realiza-
ção do Dia do Amigo.

IV - PARTICIPANTES DO MINISTÉRIO DA RECEPÇÃO

1. Coordenador
„ Lidera as iniciativas desenvolvidas pelo Ministério da Re-
cepção.
„ Escolhe a equipe e divulga as escalas mensais.
„ Envia os cartões digitais aos membros, para que eles en-
caminhem aos amigos visitantes.
„ Promove a capacitação com a equipe e igreja, implan-
tando projetos que resultem em uma igreja acolhedora.
2. Recepcionistas
„ Chega cedo e organiza o espaço para receber bem.
„ Recebe as pessoas em todas as programações, dando
as boas-vindas, registrando os dados para contato e
orientando no que for necessário.
„ Conhece bem as programações da igreja, os am-
bientes do templo e, caso esteja entregando algum
material, também sabe o conteúdo.
„ Diáconos e diaconisas podem ser chamados para se-
rem recepcionistas.

3. Recepcionista de contatos
„ Após a visita, é quem envia mensagens, e-mail ou te-
lefona.

4. Recepcionista secretário
„ Organiza os materiais, as anotações e informações.

V - MINISTÉRIOS DE APOIO

1. Ministério Pessoal: Ajuda no treinamento dos membros


e acompanha o atendimento missionário dado aos convi-
dados.
2. Coordenação de Interessados - Utilize as informações
captadas na recepção para oferecer acompanhamento
espiritual para o visitante. Atenção: Somente com os visi-
tantes que concordaram que seus dados pessoais sejam
usados para esse fim.
3. Direção de Classes Bíblicas - Recebe visitantes que de-
sejam estudar a Bíblia em grupo.
4. Coordenação de Duplas Missionárias- Organiza o traba-
lho de visitação e estudos bíblicos.
5. Ministério da Mulher - Atua junto com a coordenação do
Ministério da Recepção.
6. Grupos de Oração- Ora pelos visitantes e seus pedidos.

VI – SUGESTÕES PARA DATAS ESPECIAIS

Janeiro

Sábado das Primícias


ƒ Prepare sua equipe para a Festa das Primícias.
ƒ Entre em contato com a equipe de Mordomia.
ƒ Decore a recepção de acordo com o tema.
ƒ O Sábado das Primícias acontecerá uma vez a cada mês.

Fevereiro

10 Horas de Oração e Jejum – 25/02


ƒ Apoie este projeto do Ministério de Mordomia.
ƒ Junto com o ancionato, diaconato e o Ministério da Mulher,
preparem tudo com antecedência.
ƒ Prepare uma bonita e acolhedora recepção.
ƒ Envolva-se na organização e montagem da tenda ou sala
de oração.
ƒ Oriente cada pessoa que chegar à igreja sobre a programa-
ção do dia.
ƒ A recepção deve permanecer durante toda programação,
conforme a escala de revezamento.

Março

Encerramento dos 10 Dias de Oração – 04/03


ƒ Organize uma equipe bem treinada para atender bem to-
dos os amigos que a igreja receberá.
ƒ Entregue uma lembrança para cada amigo ou família con-
vidada.
ƒ Organize um almoço para os convidados.

Lançamento - Igreja Acolhedora - 11/03


ƒ Reúna sua equipe para planejar com antecedência.
ƒ Convide alguém para pregar o sermão do Ministério da Re-
cepção
ƒ Planeje uma recepção acolhedora e decoração especial.
ƒ Providencie a impressão do cartão sugestivo.
ƒ Entregue para cada membro e amigos uma lembrancinha
especial.
ƒ Tire fotos e envie para a líder o Ministério de Recepção de
seu campo.

Dia Internacional da Mulher – 11/03


ƒ Faça parceria com o Ministério da Mulher.
ƒ Decore a recepção conforme o tema geral.
ƒ Se possível, entregue algo especial em homenagem às mu-
lheres.
Dia do Jovem Adventista – 18/03
ƒ Convide rapazes e moças a fim de participarem da re-
cepção de forma descontraída.

ƒ Prepare plaquinhas divertidas para serem usadas na re-


cepção. Sugestão de frases: Jesus te Ama; Feliz Dia do
Jovem Adventista; Seja Bem-Vindo, etc.
ƒ Se for possível, entregue um presentinho para cada jo-
vem da igreja.

Abril

Impacto Esperança – 01/04


ƒ A equipe de recepção deve participar da distribuição dos
livros missionários.
ƒ Se possível, use a camisa da recepção: Igreja Acolhedora.
ƒ Surgindo oportunidade, convide pessoas para conhece-
rem a igreja.
ƒ Anote os nomes e contatos de interessados.

Semana Santa – 01-08/04


ƒ Prepare uma recepção alusiva ao tema da Semana San-
ta.
ƒ Organize a escala de recepção para todas as noites.
ƒ Converse com a liderança da igreja para que haja sor-
teios de brindes.
ƒ Ligue para as pessoas cadastradas no caderno de recep-
ção e convide-as para a Semana Santa.
ƒ Anote nome e telefone dos novos amigos.
ƒ Entre em contato, nesta mesma semana, para agradecer
a presença e incentivar o retorno em todas as noites.
ƒ O acompanhamento deve continuar após a Semana
Santa.

Maio

Dia das Mães – 14/05


ƒ Faça parceria com o departamento responsável pelo
programa.
ƒ Juntos organizem a decoração da recepção. Sugestão:
Flores naturais, painel de mensagens, etc.
ƒ Se for possível, entregue um mimo para cada mamãe da
igreja.
Sábado da Criança e Dia dos Aventureiros – 20/05
ƒ Convide algumas crianças e aventureiros uniformizados
para compor a recepção.
ƒ Peça autorização aos pais para que as crianças participem
da recepção e combinem os detalhes.

Semana de Evangelismo do Ministério da Mulher – 27/05 a


03/06
ƒ Organize a escala de recepção.
ƒ Trabalhe integrado com o Ministério da Mulher, ancionato,
diaconato, etc.
ƒ Não esqueça de convidar os amigos cadastrados no cader-
no de recepção.
ƒ Sempre anote o nome e telefone dos novos amigos.
ƒ Ligue para agradecer a presença e reforce o convite para
todas as noites.
ƒ Tenha Bíblias disponíveis para emprestar.
ƒ O acompanhamento deve continuar após a semana evan-
gelística

Junho

Sábado Missionário da Mulher Adventista – 03/06


ƒ Faça parceria com o Ministério da Mulher, diaconato, ancio-
nato, etc.

Final de Semana da Família – 09-11/06


ƒ Organize uma escala de recepção formada por famílias.
ƒ Peça que venham com algo que identifique a família. Su-
gestão: roupas de tons parecidas, etc.
ƒ Prepare um cantinho decorado para fotos em família.
ƒ Ligue para os amigos que estão cadastrados no caderno de
recepção.
ƒ Convide-os para o Final de Semana da Família.

Julho

Semana Jovem – 22-29/07


ƒ Faça parceria com o Ministério Jovem, ancionato, diacona-
to, etc.
ƒ Escale duplas ou quartetos de jovens para cada dia da se-
mana.
ƒ Oriente sobre a pontualidade e dicas de como receber
membros e amigos.
ƒ Confeccione plaquinhas divertidas para uma recepção jo-
vem, descontraída.

Agosto

Dia dos Pais – 12/08


ƒ Prepare uma recepção formada por alguns filhos.
ƒ Oriente para que recebam com carinho pais, amigos e
membros da igreja.
ƒ Providencie um painel com fotos de todos os papais da
igreja (sugestivo).

Quebrando o Silêncio – 26/08


ƒ Faça parceria com o Ministério da Mulher, Ministério da
Criança, etc.
ƒ Se possível, estejam com a camisa do projeto Quebrando
o Silêncio.
ƒ Providencie materiais sobre a campanha para ser distri-
buídos aos membros e aos amigos.

Semana de Mordomia
ƒ Entre em contato com o líder de Mordomia e faça parceria.
ƒ Organize a escala de recepção para todas as noites.
ƒ Anote nome e telefone de amigos visitantes.
ƒ Faça o acompanhamento durante e após a semana.

Setembro

Dia Mundial dos Desbravadores – 16/09


ƒ Converse com o líder de Desbravadores e escolham des-
bravadores para atuarem na recepção.
ƒ Oriente sobre a pontualidade e dicas para receber bem a
todos.
ƒ Peça autorização aos pais.

Semana da Primavera – 23-30/09


ƒ Organize uma recepção acolhedora para receber os ami-
gos e interessados.
ƒ Tenha Bíblias disponíveis para compartilhar com os amigos.
ƒ Sempre anote o nome e telefone dos amigos visitantes.
ƒ Entre em contato durante a semana para agradecer a pre-
sença e convide-os para retornarem todos os dias.
ƒ O acompanhamento deve continuar após a semana evan-
gelística.
Batismo da Primavera – 16/09
ƒ Converse com o líder dos Adolescentes, dos Desbravadores
e do Ministério Jovem.
ƒ Elabore uma recepção especial, com base no tema.

Outubro

Evangelismo Ministério da Mulher - 01 a 31/10


ƒ Organize a escala de recepção.
ƒ Convide amigos cadastrados no caderno da recepção.
ƒ Envolva as novas gerações.
ƒ Sempre anote o nome e telefone dos novos amigos.
ƒ Ligue para agradecer a presença e reforce o convite para
todas as noites.
ƒ Tenha Bíblias disponíveis para emprestar.
ƒ O acompanhamento deve continuar após a semana evan-
gelística.

Dia Mundial da Educação Adventista – 07/10


ƒ Convide alunos uniformizados para fazerem parte da re-
cepção.
ƒ Oriente-os sobre como receber bem as pessoas.
ƒ Prepare cartões com pensamentos de Ellen White sobre
Educação.
ƒ Entregue para cada membro ou amigo visitante.

Novembro

Dia de Finados – 02/11


ƒ Esteja atento caso algum amigo visitante chegue à igreja
enfrentando um período de luto.
ƒ Tenha um cartão preparado, com uma linda mensagem de
esperança.

Dezembro

Mutirão de Natal
ƒ Faça parceria com a ASA e incentive a doação de alimentos,
roupas, calçados e brinquedos.
ƒ Prepare uma caixa especial para coletar os donativos.
ƒ Alguns recepcionistas podem usar a blusa ou jaleco do pro-
jeto.
ƒ Use a criatividade para uma decoração natalina e solidária.
Super Dica!
„ Agende reuniões trimestrais com a equipe de recep-
ção.
„ Motive, capacite, valorize e avalie o trabalho realiza-
do.
„ Planeje ações diferenciadas e solidárias.
„ Busque pessoas qualificadas para o treinamento.
„ Organize encontros dinâmicos e espirituais.
„ Lembre-se: Recepção é evangelismo!

VII – MATERIAIS

• Planner Bianual: Conteúdos e ferramentas para organi-


zar o trabalho do Ministério da Recepção e a vida pessoal
do líder.
• Folheto Seja Bem-Vindo: Folheto de cadastro e acom-
panhamento do convidado.

• Materiais de apoio: Vídeos, PPT de treinamento, artes


digitais, etc., no site: adv.st/recepção

„ Para mais ideias e conteúdos adquira o Planner da


Recepção ou visite a página: adv.st/recepção

“ Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para


o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão
do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor,
que vocês estão servindo.
Colossenses 3:23,24
SERMÃO
DIA DA IGREJA
ACOLHEDORA
ACOLHIMENTO
NA FAMÍLIA DE DEUS
Pr. Ricardo do Carmo Coelho

A. O acolhimento é importante numa sociedade onde a


solidão causa doenças
Imagine uma senhora de 65 anos que visita frequentemente seu
médico devido a dores que vem sentido. Ela pode reclamar de um
incômodo na coluna durante uma visita, falar sobre dores de cabeça
na próxima e de uma certa fraqueza na outra consulta. Cada vez, seu
médico realiza exames e nunca acha nenhuma causa específica para
seus sintomas. Conforme isso acontece, ela sai da clínica frustrada,
sentindo que nada pode ser feito para curar suas dores.

No entanto, se olharmos mais de perto, iremos descobrir que


essa paciente perdeu seu marido há cinco anos e está morando so-
zinha desde então. Seus três filhos vivem em outros lugares. Apesar
de amar muito seu neto, ela só o vê uma vez ao ano. Ela tem poucos
amigos que só encontra ocasionalmente. Se lhe perguntassem, ela
provavelmente diria que, sim, ela sofre com a solidão, apesar de viver
em uma grande cidade.

Jed Magen, professor de Psiquiatria na Universidade do Estado de


Michigan relata que esse é um cenário comum em clínicas médicas.
Sintomas de doença sem nenhuma causa aparente podem ser o re-
sultado de isolamento social e tédio. Pesquisas mostram que pessoas
que se sentem sozinhas têm mais problemas de saúde, se sentem
piores e talvez até morram mais cedo.

Em 2015, pesquisadores da Universidade Brigham Young estuda-


ram múltiplas pesquisas sobre solidão. Após avaliar dados de cente-
nas de milhares de pessoas, o grupo concluiu que a solidão resulta
em um aumento de 50% de morte prematura. Solidão e iso-
lamento também estão associados com aumento da pressão
sanguínea, níveis elevados de colesterol, depressão e, como
se não bastasse, em uma diminuição de habilidade cogniti-
va e surgimento de Alzheimer. (https://revistagalileu.globo.
com/Ciencia/Saude/noticia/2018/02/solidao-faz-mal-para-su-
a-saude-afirma-psiquiatra.html)

Como igreja podemos fazer um grande bem para a popu-


lação se formos acolhedores e fizermos amizades verdadeiras.

Vamos estudar uma linda história e aprender algumas li-


ções sobre uma das mais emocionantes recepções narradas
na Bíblia.

B. Contexto de um emocionante encontro onde o


acolhimento revelou o amor de Deus
“Enquanto Jacó estava a lutar com o Anjo, outro mensa-
geiro celeste foi enviado a Esaú. Em sonho viu Esaú seu irmão,
que durante vinte anos fora um exilado da casa de seu pai,
testemunhou-lhe a dor ao encontrar morta a mãe, viu-o rode-
ado pelos exércitos de Deus. Este sonho foi relatado por Esaú
aos seus soldados, com a ordem de não fazerem mal a Jacó;
pois o Deus de seu pai estava com ele.

Os dois grupos finalmente se aproximaram um do ou-


tro, conduzindo o chefe do deserto seus homens de guerra, e
estando Jacó com suas esposas e filhos, acompanhados dos
pastores e servas, e seguidos de longas fileiras de rebanhos e
gado. Apoiado em seu cajado, o patriarca saiu para a frente a
fim de encontrar-se com o grupo de soldados. Estava pálido e
inutilizado em consequência de seu recente conflito, e andava
vagarosa e penosamente, parando a cada passo; mas tinha o
rosto iluminado por alegria e paz.

“ À vista daquele sofredor coxo, “Esaú correu-lhe ao en-


contro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e
beijou-o; e choraram”. Gên. 33:4. Ao olharem para esta
cena, mesmo os rudes soldados de Esaú ficaram toca-
dos”.
(Patriarcas e Profetas, p. 198)
Esse é o emocionante relato do encontro de Jacó e Esaú
após 20 anos distantes, exatamente quando Jacó estava vol-
tando para a terra de seu pai, a terra de Canaã.

Não poderia haver melhor recepção para ele na volta


para a terra prometida. De fato, Deus usou a pessoa que foi a
razão da fuga de Jacó para recepciona-lo na volta.

Agora, é verdade que antes do sonho, Esaú não estava


bem-intencionado, seu coração não estava movido de com-
paixão, ele estava pensando mais em si mesmo, em sua honra
e na vingança do que no bem-estar do seu irmão e sua família.

Assim como Esaú, todos nós somos egoístas quando nos-


sa natureza humana e caída está dominando, pensamos ape-
nas em nós mesmos. Como indica o livro de Brennan Man-
ning com seu sugestivo título “O impostor que vive em mim”;
é como se existisse dentro de nós um impostor, alguém di-
ferente com desejos egoístas lutando pela supremacia. E Je-
sus nos desafia a amarmos uns aos outros (João 13:34) e para
iniciarmos a jornada do discipulado de Cristo a primeira coisa
que Ele nos pede é negarmos a nós mesmos (Lucas 9:23). Em
outras palavras, a rendição total.

E essa foi a experiência de Jacó no vale daquela noite, e de


certa forma uma experiência da rendição também alcançou
o coração de Esaú naquela mesma noite com o sonho. Que
coisa linda é o agir do Espírito Santo! Deus é maravilhoso!
A experiência da rendição do coração a Deus transbor-
da em atos de amor. E o ato de amor mais importante para
alguém que está chegando, alguém que ainda não perten-
ce é o acolhimento. Nesta história de maneira extraordinária
Deus usa Esaú para acolher Jacó quando ele estava chegando
na terra de Canaã. Esaú foi usado por Deus para recepcionar
e demonstrar acolhimento para o povo escolhido de Deus às
portas da terra prometida.

Pouco depois, Jacó atravessou o Jordão. Ellen White co-


menta da seguinte forma:

“ “Atravessando o Jordão, “chegou Jacó salvo à cidade de


Siquém, que está na terra de Canaã”. Gên. 33:18. Assim,
a oração do patriarca em Betel, para que Deus o troux-
esse novamente em paz à sua terra, fora respondida.
Durante algum tempo ele habitou no vale de Siquém.
Foi aqui que Abraão, mais de cem anos antes, fizera seu
primeiro acampamento, e construíra seu primeiro altar,
na terra da promessa. Ali Jacó “comprou uma parte do
campo em que estendera a sua tenda, da mão dos fil-
hos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de din-
heiro. E levantou ali um altar, e chamou-o Deus, o Deus
de Israel”. Gên. 33:19 e 20. Como Abraão, Jacó erguera
ao lado de sua tenda um altar ao Senhor, convocando
os membros de sua casa para o sacrifício da manhã e
da tarde. Foi ali também que ele cavou o poço, ao qual,
dezessete séculos mais tarde, veio o Filho de Jacó, o Sal-
vador, e ao lado do qual, descansando durante o calor
do dia, falou aos Seus ouvintes maravilhados daquela
“fonte d”água que salte para a vida eterna”. João 4:14”.
(Patriarcas e Profetas, p. 204)

Jacó voltou para a terra prometida, e quem o recebeu?


Esaú.

A atitude de Jacó em dividir sua família em grupos re-


vela o medo. Sabem amigos, muitas pessoas que estão vindo
em busca de uma experiência com Deus junto a igreja tam-
bém sentem medo. Medo de não serem aceitos, medo de não
serem bem tratados, medo de não serem acolhidos. Alguns,
como Jacó, já fizeram parte, mas há muito tempo estão longe.
Talvez voltem com pessoas diferentes, com roupas diferentes
e até falando diferente. Normalmente eles sentem medo. Em
última instancia o medo se fundamenta na preocupação de
serem aceitos por Deus ou não. E para eles nós podemos ser
o reflexo do favor de Deus, da aceitação divina. Imaginem que
responsabilidade!

E assim como Deus usou Esaú para receber seu filho


Jacó, Deus quer usar a mim e a você para receber muitos dos
Seus filhos e filhas em Sua casa, nas “terras e braços” de Sua
família. A maneira que Deus levou Esaú a agir nos ensina algu-
mas lições de como devemos acolher:

1. Devemos acolher com iniciativa (v. 4)


O verso 4 diz que Esaú “correu” ao encontro de Jacó. Gn
33:4

Quando Jacó visualizou Esaú e seus 400 homens à distân-


cia ele começou a se prostrar em terra. Ele fez isso 7 vezes. Ele
estava em paz com Deus, mas não sabia o que iria acontecer.
Ele estava cansado e mancando, ele dividiu sua família em
grupos, pelo temor de um possível ataque e foi à frente.

Imagino Esaú ao aproximar-se pulando de seu cavalo e


correndo ao encontro de Jacó, foi um momento sublime. Ele
não apenas aceitou, não apenas esperou o irmão chegar, ele
correu. E essa atitude de correr que era interpretada no An-
tigo Oriente como desonrosa e humilhante; representa uma
iniciativa espetacular de acolhimento da parte de Esaú que
havia sido traído por seu irmão.
O quanto temos sido intencionais em acolher as pessoas?
Receber tem sido uma tarefa apenas de alguns na igreja
que fazem por obrigação?
Nossa recepção é algo reativo? As pessoas chegam e nós
estendemos a mão apenas como consequência da chegada
delas?
Ou somos proativos em acolher?

Queridos irmãos, Deus espera que tomemos a iniciativa.


Como irmãos que estão em casa, devemos fazer nossa par-
te. E pode até ser que algumas das pessoas que precisam do
nosso acolhimento nos magoaram, talvez nos traíram no pas-
sado. Nisto consiste o amor. Tenhamos iniciativa para acolher
a todos e fazê-los se sentirem bem, seja nos cultos e reuniões
da igreja, sejam em nossos pequenos grupos ou em outras
programações. O bom acolhimento é uma marca dos cristãos.
“Continuem a amar uns aos outros como irmãos. Não se es-
queçam de demonstrar hospitalidade, porque alguns, sem o
saber, hospedaram anjos”. Hebreus 13:1-2.

2. Devemos acolher com Afeto e Simpatia (v. 4)

“ “Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao


seu pescoço, e o beijou. E eles choraram”.
Gênesis 33:4
David Brown comenta que não foram os presentes, nem
as prostrações humildes de Jacó, mas sem dúvida, foi a influ-
ência secreta e subjugadora da graça de Deus (Pv 21:1) que
converteu Esaú de inimigo em amigo de Jacó. Ele afirma que
esta é uma descrição exata de um encontro entre relações no
Oriente, especialmente para um membro da família que vol-
tou para casa depois de uma longa ausência. Eles colocam as
mãos no pescoço, beijam cada bochecha, e depois inclinam a
cabeça por alguns segundos, durante o abraço carinhoso. É o
modo habitual de testemunhar afeição e, embora não fosse
esperado de Esaú receber seu irmão com uma saudação tão
cordial, isto estava de acordo com a manifestação de bondade
e generosidade na cultura deles. (David Brown, A. R. Fausset e
Robert Jamieson, A Commentary, Critical, Experimental, and
Practical, on the Old and New Testament: Genesis–Deutero-
nomy, vol. I (Londres; Glasgow: William Collins, Sons, & Com-
pany, Limited, s.d.), 217).

E nós? Como podemos demonstrar compaixão e afeto no


contexto onde nós estamos? Seria um abraço, um sorriso, um
beijo? E lembremos que mais importante do que as ações em
si, são o que elas representam. Jesus demonstrava simpatia.
Ellen White escreveu que: “Apenas o método de Cristo trará
verdadeiro sucesso em alcançar as pessoas. O Salvador mis-
turava-se com os homens como um que desejava o seu bem.
Ele mostrava Sua simpatia para com eles, ministrava-lhes às
suas necessidades e ganhava sua confiança, e então Ele dizia-
-lhes, ‘Segue-me.’” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p.
143).
Mostrar simpatia é a demonstração de se importar com a
situação, sentimentos e necessidades dos outros. A verdadei-
ra simpatia demonstrada por Cristo é um fruto do Espírito que
precisa ser desenvolvido na Igreja através do amadurecimen-
to espiritual. Simpatia é mais do que um sorriso, é o interesse
sincero, é a atitude de um coração capaz de se compadecer;
de sentir com a pessoa a dor dela.

3. Devemos acolher com compaixão (v. 10)

“ “...porque ver a tua face é como contemplar a face de


Deus; além disso, tu me recebeste tão bem!”.
Gênesis 33:10

Esaú tinha razões humanas para odiar e planejar uma


vingança. Mas Deus lhe deu boas razões divinas para acolher
com compaixão. Graças a Deus nesta história do reencontro
dos irmãos o amor venceu.

De forma muito linda Jacó relata que o irmão o recebe tão


bem, e ver a face dele era como contemplar a face de Deus.
Jacó sabia que não merecia. Ele reconheceu que o irmão foi
gracioso, perdoador e compassivo como Deus é.

Sabem queridos, muitas pessoas chegam na igreja


“mancando” pelas lutas emocionais e espirituais da vida. Elas
sentem que não merecem, mas estão à procura da graça,
perdão e amor de Deus. E a maneira como nós as recebemos
pode ser o sinal, o reflexo da graça de Deus que elas tanto pre-
cisam. Talvez algumas vão fechar ou abrir o coração depen-
dendo do acolhimento que tiverem em nosso meio.

Antes de acusarmos ou criticarmos, lembremos que nós


também não merecemos a graça de Deus. “Não julguem,
para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que
julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, tam-
bém será usada para medir vocês. “Por que você repara no
cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga
que está em seu próprio olho? Mateus 7:1-3.
Vamos acolher com compaixão e amor, e assim as pes-
soas verão nosso rosto como se estivessem contemplando a
face de Deus.

4. Devemos acolher com disposição de acompanhar (v. 12)

“ “Então disse Esaú: “Vamos seguir em frente. Eu o acom-


panharei”.
Gênesis 33:12

O acolhimento de Esaú não se resumiu apenas ao mo-


mento do encontro, mas também na sua disposição de acom-
panhar Jacó, fazendo o possível para oferecer ao seu irmão e
família a segurança e as condições necessárias de entrarem
na terra e ficarem bem.

É aqui que acontece o teste da verdadeira sinceridade; às


vezes dar um sorriso, abraçar e dizer seja bem-vindo pode ser
fácil. Mas prestar atenção e se antecipar a possíveis necessi-
dades, nos dispondo a servir acompanhando as pessoas no
processo, isso sim é a expressão do amor no verdadeiro aco-
lhimento cristão.

Devemos dar um passo além. Nosso acolhimento precisa


ser real porque o amor de Deus é real. O verdadeiro acolhi-
mento se dá quando, mais do que em um prédio, recebemos
as pessoas em nossa vida.
„ Conclusão
John Todd nasceu em Vermont em 1801. Antes de John
completar seis anos, ele ficou órfão. Ele, seus irmãos e irmãs
foram divididos entre os parentes. John foi designado para
uma tia de bom coração que morava a dezesseis quilômetros
de distância. Ela se tornou mãe do rapaz sem-teto e o viu atra-
vés dos anos atingir coisas grandes como estudar em Yale e a
ser bem-sucedido em sua profissão escolhida.

Chegou um momento em que a tia ficou gravemente do-


ente. Ela sabia que a morte estava próxima. Ela estava com
medo e incerta sobre o futuro. Em sua ansiedade, ela escreveu
para John. Como não podia estar ao lado dela naquele mo-
mento, ele escreveu a seguinte carta:

Já se passaram quase trinta e cinco anos desde que eu, um


garotinho de seis anos, fui deixado completamente sozinho
no mundo... Nunca esqueci o dia em que fiz a longa viagem
até sua casa em North Killingsworth... ainda me lembro de mi-
nhas lágrimas e ansiedade, pois empoleirado em um cavalo e
agarrado firmemente a César, parti para minha nova casa. À
medida em que cavalgávamos, fui ficando cada vez mais com
medo e finalmente disse ansiosamente a César: “Você acha
que ela vai para a cama antes de chegarmos lá?” “Oh, não,” ele
respondeu com calma e segurança, “ela com certeza vai fi-
car acordada esperando você. Quando sairmos desta floresta,
você verá a vela dela brilhando na janela.”

Logo nós chegamos em uma clareira, e lá, estava sua


vela acesa. Eu me lembro que você estava esperando na por-
ta, que você me desceu do cavalo, que você colocou seus bra-
ços em volta de mim. Havia fogo em sua lareira, uma comida
quente em seu fogão. Depois do jantar, você me levou para a
cama, ouviu minhas orações e sentou ao meu lado até que eu
adormeci.

Sabe tia, porque estou lembrando de todas essas coisas...


Um dia Deus te levará a um novo lar. Não tenha medo. No
final do caminho você encontrará amor e acolhimento; você
estará segura lá, no amor e cuidado de Deus. Certamente Ele
será tão gentil e confiável para você, como você foi anos atrás
para mim! (G. Curtis Jones, 1000 Ilustrações para Pregação e
Ensino. Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 1986,
110–111).
O acolhimento faz parte do reino de Deus. Um dia nós
também seremos recebidos e acolhidos no céu.

“ “Por isso, eu lhes digo: usem a riqueza deste mundo ím-


pio para ganhar amigos, de forma que, quando ela aca-
bar, estes os recebam nas moradas eternas”.
Lucas 16:9

Jesus fala nesta passagem de acolhimento, de recepção


nas moradas eternas. Um dia, após a volta de Jesus e nossa
viagem até lá, seremos recebidos no céu. Logo, vale a pena
todo esforço, dedicação e investimento aqui na terra para
conquistarmos amigos para o Reino de Deus. Acolhendo com
iniciativa, afeto, simpatia, compaixão e acompanhamento.

Quantos gostariam de se colocar à disposição de Deus


para serem usados por Ele para acolherem outros para o Rei-
no dos céus?
AUXILIANDO A
IGREJA
ACOLHIMENTO SENSÍVEL
Recepção e acessibilidade às pessoas com deficiência
Emelliny Grazielly Sandes

Quando se fala em um ambiente acolhedor, o que vem de ime-


diato à sua mente? Segundo o dicionário, “acolhimento é o ato de
receber com consideração alguém ou algo”, e dentre alguns dos seus
sinônimos estão duas palavras que chamam a atenção: refúgio e hos-
pitalidade. Em se tratando de igreja, como sendo uma comunidade
viva, um dos princípios de sua recepção é promover acolhimento aos
que buscam, nesse espaço, refugiar-se de suas angústias e dificulda-
des diversas, através do conhecimento sobre o evangelho que temos
a compartilhar.
Como sabemos, a Bíblia apresenta vários exemplos que reforçam
a importância da hospitalidade e acolhimento para que todas as pes-
soas, sem distinção, tenham acesso facilitado à mensagem de salva-
ção, e como esses fatores são cruciais para a formação de vínculos dos
que procuram a igreja.
Em Romanos 2:11 o texto sagrado diz: “Porque para com Deus não
há acepção de pessoas.” A partir dessa afirmação entendemos que a
igreja, como sendo representante do reino de Deus, é uma comuni-
dade que irá receber diversos tipos de públicos com diferentes con-
dições, culturas, costumes e que, em alguns casos, também terão ne-
cessidades específicas que deverão ser contempladas no processo de
receptividade e acolhimento. Dentre os públicos a serem recebidos,
estão as pessoas com deficiência.
Para os responsáveis que lidam diretamente com as atividades de
recepção na igreja, assim como diáconos e diaconisas, existem algu-
mas situações específicas que demandam orientação e treinamento,
para não serem gerados constrangimentos ao invés de bem-estar. De
forma prática e objetiva, vamos entender como a nossa igreja pode se
preparar melhor em sua estrutura física e de pessoal para melhorar-
mos a qualidade de nossa recepção.
A estrutura da minha igreja promove acessibilidade?
Como um espaço público, a igreja precisa estar prepara-
da em sua estrutura para atender as pessoas com deficiência
ou que tenham mobilidade reduzida, conforme proposto por
lei, considerando em seu ambiente itens importantes como:
rampas de acesso, corrimãos em altura acessível, banheiros
adaptados para pessoas com deficiência, iluminação adequa-
da, sinalização que facilite o reconhecimento de barreiras ou
desníveis no trajeto, separar espaços reservados para pessoas
que utilizem cadeiras de rodas, que tenham deficiência audi-
tiva e visual e seus acompanhantes, elevadores (em caso de
templos maiores), etc.

Como recepcionar pessoas com deficiência?


Para algumas pessoas, lidar com o que é diferente cau-
sa estranheza e desconforto. Porém, precisamos lembrar que
apesar das nossas diferenças, todos temos uma necessidade
(e direito) em comum: ser respeitados e tratados com digni-
dade. Como podemos fazer isso na prática?

Linguagem: tenha cuidado com as palavras e expressões


que irá utilizar. Não trate a pessoa a quem você está receben-
do pela sua deficiência ou condição. Ex.: “A irmã cadeirante”,
“O jovem autista”, “Aquela moça cega”. Ninguém gosta ou
deve ser reconhecido por suas limitações, independentemen-
te de sua condição. Procure se informar sobre qual o nome
da pessoa, quer seja diretamente com ela, ou através do seu
acompanhante nos casos em que haja dificuldade na fala. Se
tiver alguma dúvida sobre como agir ou quiser ajudar, per-
gunte diretamente a pessoa a forma mais adequada de fazer
isso, e aja com naturalidade e sensibilidade.

Preferencial: Uma pessoa que tem alguma deficiência fí-


sica não necessariamente tem deficiência intelectual. Portan-
to, não podemos tratá-las como se não entendessem o que
está acontecendo e ignorar sua autonomia. Ao recebê-las, de-
vemos orientar sobre o espaço que foi reservado, e que tenha
boa visibilidade. Além disso, a cadeira de rodas, as muletas ou
andadores são ferramentas diretamente interligadas ao su-
jeito, e não podemos manuseá-las sem a permissão dessas
pessoas. Escorar-se na cadeira de rodas, conduzir a pessoa
sem consentimento, deslocar para longe algumas dessas fer-
ramentas, são ações grosseiras e desrespeitosas que devem
ser evitadas. Se for conversar mais tempo com alguém nesta
condição, lembre-se de se sentar à mesma altura para que a
pessoa não fique olhando para cima. Ao conduzir a descida
numa rampa, faça em marcha ré para garantir que a pessoa e
o condutor não sejam expostos a quedas.
Clareza nas informações: Ao receber pessoas com defi-
ciência visual ou cegueira, procure se posicionar em frente
a mesma, cumprimentá-la pelo nome e oferecer ajuda para
encontrar seu acento e demais espaços da igreja. Lembre-se
que você não precisa aumentar o tom de voz e nem tentar
apressar os passos da pessoa ao se locomover. Ofereça seu
braço para suporte e, com sua permissão, coloque a mão da
pessoa em seu cotovelo com braço dobrado, ou ombro. Se
for homem, que seja acompanhado por outro homem; se for
mulher, que seja acompanhada por uma mulher. Dê noções
de espaço como: “você está na entrada da igreja, e vamos ca-
minhar uns 5 metros até seu lugar de acento.” “Três passos
à frente, há 5 degraus.” É necessário que sejam dadas infor-
mações específicas e claras para que não haja algum tipo de
intercorrência.

Sinalização e comunicação adequada: Ao receber pes-


soas com deficiência auditiva ou surdas, lembre-se que não
necessariamente elas também são mudas. Elas se comuni-
cam diretamente através da LIBRAS, leitura corporal/labial
e expressões. Não precisam ser expressões exageradas, mas
expressões que facilitem a compreensão do que você está fa-
lando. Se souber a linguagem de sinais, utilize-as para falar
diretamente com a pessoa; se não souber, olhe nos olhos da
pessoa e cumprimente-a com simpatia e clareza ao falar. Se
houver intérprete, ele poderá lhe dar o suporte para facilitar a
comunicação.

Comunicação correspondente: Ao receber pessoas com


deficiência intelectual, trate-as conforme sua fase de desen-
volvimento. Não trate como criança alguém que não é. Seja
gentil, paciente e não ignore essas pessoas como se elas não
entendessem nada. Aquilo que ela puder fazer sozinha, não
a impeça de fazer tentando superprotegê-la. Elas podem ter
um tempo diferente em seu desenvolvimento, mas elas tam-
bém adquirem habilidades sociais e intelectuais. Pessoas em
quadro de TEA (Transtorno de Espectro Autista) tem diferen-
tes comportamentos e reações, mas existem situações em
comum que não podem ser ignoradas: Não insista em tocá-
-las se elas não aceitarem isso, e nem se sinta ofendido se isso
acontecer. A sonoplastia deve ter a consideração e controle
com os volumes, já que ruídos e sons muito altos podem gerar
instabilidade por causa da grande sensibilidade auditiva que
eles têm. Ambientes bem iluminados, e situações surpresas
como encenações e apresentações mais elaboradas, devem
ser sinalizadas com antecedência aos cuidadores e a pessoa
com TEA para que não hajam intercorrências.
De forma geral, acolher tem a ver com respeito e consi-
deração pelas pessoas. O reino de Deus é fundamentado em
relacionamento, e a função de receber bem a quem chega
em nossa igreja não é função exclusiva de uma equipe espe-
cífica, mas de todos nós enquanto membros e promotores do
evangelho. O desejo de Deus é que Seus filhos sejam felizes
em Sua casa de oração, como um refúgio do mundo onde as
pessoas sejam amadas e aprendam a amá-Lo.

„ REFERÊNCIAS

Câmara dos Deputados. Acessibilidade: Como lidar com


pessoas com deficiência. Coordenação de Acessibilidade, Pa-
lácio do Congresso Nacional. Brasília, 2022. Acesso 29/08/2022.
Governo Federal. Dicas de atendimento ao público com
deficiência. Programa de Inclusão de pessoas com deficiên-
cia. Disponível em: < https://inclusao.enap.gov.br/news/dicas-
-de-atendimento-ao-publico-com-deficiencia/>
Governo Federal. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>
COMO RECEBER PESSOAS COM
AUTISMO NA IGREJA
Keiny Goulart

Segundo dados divulgados pela Centro de Controle de Doenças


e Prevenção (CDC), em 2021, uma em cada 44 crianças tem TEA, ou
transtorno do espectro autista. Essa patologia inicia-se na infância,
geralmente até os primeiros cinco anos de vida, e tende a persistir na
adolescência e na vida adulta.

O autismo é um distúrbio psiquiátrico do desenvolvimento que


vem sendo estudado pela ciência há quase 60 anos. Atualmente, em-
bora o transtorno seja mais conhecido, ainda existem divergências
e questões sem resposta. O diagnóstico continua sendo impreciso e
nem mesmo um exame genético é capaz de assegurar com precisão
a presença da síndrome. Dessa forma, como ainda não se podem afir-
mar geneticamente as causas do autismo, o diagnóstico se dá através
da observação sistemática do paciente que geralmente apresenta
sintomas como dificuldade de comunicação e de interação social, di-
ficuldade no uso da imaginação, comportamentos repetitivos, senti-
dos sensíveis e necessidade de rotina.
Como existe uma série de graus de autismo, a intensidade
dos sintomas pode variar. Nesse sentido, cada pessoa é única.
A criança no extremo do espectro tem seu comportamento
bastante comprometido, enquanto aquela de grau leve pode
ser brilhante, com diversas habilidades em diferentes áreas
do conhecimento. Algumas crianças não falam e nem se co-
municam, já outras se sobressaem em questões intelectuais.
Sabe-se, no entanto, que uma criança pode evoluir no seu
quadro se diagnosticada cedo e se submetida a tratamento
adequado. O diagnóstico e tratamento precoces, a partir de
um ano e meio de idade, são os ideais a serem alcançados
em termos terapêuticos. Além disso, os autistas muitas vezes
sentem dificuldades para lidar com as diversas sensações do
ambiente.

É muito comum pessoas com autismo apresentarem es-


sas questões sensoriais e se sentir incomodados com sons, lu-
zes, texturas, movimentos, toque e sabores. E isso pode levar
a crises.

Muitos pais e familiares da pessoa com Autismo, já car-


regam sobre si pesados fardos como a busca pelo diagnós-
tico que não se dá por um único exame mas uma série de-
les e muitos destes exames, colocam as famílias em longas
filas de espera, experimentadas como tempos angustiantes,
já que elas anseiam por respostas. É um exaustivo trabalho
investigativo para alcançar um diagnóstico não definitivo, na
maioria das vezes, mas orientador para os futuros caminhos
terapêuticos a serem adotados.

Após o diagnóstico, as lutas não terminam, inicia-se a luta


pelo tratamento e as dificuldades residem, sobretudo, na falta
de profissionais preparados para lidar com o transtorno, espe-
cialmente quando buscam na rede pública, ou mesmo pela
dificuldade de encontrar profissionais de determinadas áreas
no Sistema único de Saúde (SUS). Além disso, muitas possibi-
lidades terapêuticas não estão acessíveis no Brasil.

A consequência é que muitas famílias não conseguem


adaptar-se ao recebimento de um filho ou de uma filha com
algum tipo de deficiência, nem redefinir seus papéis dentro
da estrutura familiar, a fim de se ajustarem a um novo estilo
de vida. Divórcios, depressão e desamparo marcam a realida-
de da vida delas.
E são estas famílias, “quebradas” pela cansativa e injusta
luta na vida e pela vida que estão chegando às nossas comu-
nidades.

A Igreja pode ser acolhedora com gestos muito simples:


ela pode se aproximar destas famílias e de seus filhos e suas
filhas e os tratar com dignidade; ela pode recebê-los bem em
suas igrejas, propiciando especialmente às pessoas com de-
ficiência, condições de mobilidade nos seus espaços físicos;
pode instrumentalizar as lideranças que exercem trabalhos
com crianças e adolescentes sobre o autismo; pode oferecer
espaços e momentos de espiritualidade e educação religiosa;
podem participar de redes de apoio em que as famílias pos-
sam trocar experiências e se ajudarem mutuamente; ela pode
recebê-los, não com um olhar condenatório, mas de miseri-
córdia, buscando ouvir suas necessidades.

Apresentamos a você 10 dicas que farão total diferença


nesse processo de inclusão da pessoa com autismo em sua
igreja.

ƒ 1) INFORME SUA IGREJA.


Tudo começa pela informação. Levar uma comunidade a
refletir sobre o que é o autismo, que cada pessoa com autis-
mo possui diferentes padrões de comportamento, sobre seus
possíveis tratamentos, empossará uma igreja com mais co-
nhecimento. (Não esqueça de informar a todos que estarão
recebendo uma família onde um dos integrantes é uma pes-
soa com autismo).

ƒ 2) ENTREVISTA COM A FAMÍLIA (Anamnese)


Ao receber a pessoa com autismo, procure conhecer as
necessidades da família, principalmente as necessidades da
criança evitará rótulos, ajudará você a obter informações ade-
quadas afim de adaptar materiais e conteúdos;
Créditos: GAOFAA por Sandra Simonetti da RAAFA
ƒ 3) TOUR PELA IGREJA
Pessoas com autismo gostam de previsibilidade e rotina.
Um estratégia útil é realizar uma visita com a família e a pes-
soa com autismo, pelos bastidores da igreja, apresente os ba-
nheiros, as salas e promova uma espaço silencioso onde eles
possam fazer uma pausa, se necessário.

ƒ 4) HISTÓRIA SOCIAL
A história social é um roteiro que fornece informações so-
bre uma situação ou atividade, junto com o comportamento
esperado e as perspectivas de outras pessoas. Isso contribui
para que a criança não seja pega de surpresa ao assistir o cul-
to e entender a sequência que acontece cada atividade.

ƒ 5) APOIO VISUAL
Os apoios visuais proporcionam conforto a crianças com
autismo. Para fazer uma programação visual, desenhe ou im-
prima foto das atividades do dia e coloque-as em ordem. Pala-
vras ou frases também podem acompanhar as imagens.

ƒ 6) CADA CRIANÇA FOI CRIADA POR DEUS E É ÚNICA!


Uma maneira de demonstrar compreensão e respeito é
usar a linguagem em primeira pessoa. Ao invés de dizer “João
é uma criança autista”, diga: “João é um estudante com au-
tismo” com esse simples gesto você ganhará a simpatia da
criança e ao mesmo tempo demonstrará aos demais como
devem fazer.

ƒ 7) PREPARE O AMBIENTE
Como vimos acima, muitas crianças com autismo tem
dificuldade no processamento sensorial. Elas se sentem so-
brecarregadas com música alta, luzes, cheiros ou até mesmo
texturas no ambiente. Considere ter um ambiente com uma
luz mais suave e com um volume de som mais baixo.

ƒ 8) MATERIAIS ADAPTADOS
Grande parte das crianças aprendem melhor de maneira
lúdica. Na explanação bíblica para pessoas com autismo não
é diferente.
Recursos como: massinha de modelar, elementos concre-
tos para a natureza, lápis de cor, giz de cera, quebra cabeça
são elementos muito úteis que irão contribuir para que essa
criança permaneça envolvida na história. A música também é
um formato muito útil para a cotação de histórias.

ƒ 9) REFORÇO POSITIVO
Famílias da pessoa com autismo frequentemente rece-
bem relatórios negativos sobre o comportamento e o traba-
lho de seus filhos. Além disso, essas famílias passam boa parte
de seu dia em consultórios médicos e terapias. Se essa família
for a igreja eles podem estar cansados de receber outro “rela-
tório ruim”.

Intensifique os pontos positivos sempre que possível.


Quando os pais ouvem “Camila tem uma memória incrível
para as passagens da bíblia” ou “A voz de João é muito boa
para cantar” eles poderão se alegrar com os ponto fortes e es-
timular seus filhos no desenvolvimento dessas habilidades. E
não esqueça essas podem ser as únicas palavras positivas que
eles ouvirão na semana.

ƒ 10) TIME
Quando for recrutar voluntários não esqueça de informar
os dados que você levantou com a família a respeito de como
tratar aquela criança. Importante também recrutar “amigos”
dispostos a investir tempo para uma ou duas crianças. O apoio
oferecido por aqueles que passam a caminhar ao lado da pes-
soa com autismo é essencial.

Criar um ambiente que receba às famílias da pessoa com


autismo leva tempo e esforço, mas você irá se surpreender
com o resultado apresentado por eles. Os princípios bíblicos
do cristianismo desafiam a Igreja a acolher estas famílias, a
cuidar de suas “feridas”, a ajudá-las a superar as experiências
de preconceitos e a colocá-las em relação com o Deus da vida.
Trata-se de uma questão cristã, já que somos chamados a va-
lorizar o ser humano, qualquer que seja a sua condição, pelo
simples fato dela ter sido criada por Deus, não por sua apa-
rência, pelos seus aspectos comportamentais ou pelo que ele
será capaz de produzir.

Para isso a Igreja criou o Ministério Adventista das Possibi-


lidades, um ministério que tem como principal objetivo aco-
lher, amar e abraçar as pessoas em suas diversas singulari-
dades. O MAP vem para tornar possível as potencialidades e
possibilidades que ainda não estão realizadas nestes indivídu-
os, pois todos são: valiosos, talentosos e necessários no Reino
de Deus.

Nada impede que as crianças com autismo participem das


atividades desenvolvidas pela comunidade. Indubitavelmen-
te, trabalhar com essas crianças é um desafio, assim como é
trabalhar com qualquer criança, porque todas elas trazem re-
pertórios diferentes e têm modos distintos de aprendizagem.
Aliás, as evidências mostram que interações significativas com
colegas de desenvolvimento típico, oferecem às crianças atí-
picas, benefícios sociais e intelectuais importantes, ao mesmo
tempo em que estes também se beneficiam desta interação,
aprendendo a conviver e a respeitar as diferenças.

Neste sentido, é importante uma conversa franca com os


familiares, estabelecer um canal de comunicação, que fique
sempre aberto, no intuito de melhor compreender o papel da
comunidade em relação à família e à criança. A Igreja pode ser
muito cuidadora quando pensa nestas questões.

O livro de Atos (Atos 2 e 6), relata a forma como a comu-


nidade se reunia e como ela se preocupava em formar redes
de apoio para ajudar as pessoas em sofrimento, resgatando
essas pessoas para uma vida com Deus. Ou seja, é fundamen-
tal que a comunidade cristã olhe para sua tradição e relembre
sempre de novo a sua vocação, seguindo, desta forma, o Mi-
nistério de Cristo. Portanto, a igreja está sendo inserida dentro
de uma realidade que exigirá dela, mais uma vez, as ações de
misericórdia, como resposta de fé a tudo o que Deus fez.

„ REFERÊNCIAS
https://www.canalautismo.com.br/noticia/eua-publica-no-
va-prevalencia-de-autismo-1-a-cada-44-criancas-segundo-
-cdc/
https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/mis-
sao-diaconia-pessoa-com-deficiencia/autismo-um-dialogo-
-necessario-na-igreja-palavras-introdutorias
https://autismoerealidade.org.br/2022/02/04/uma-a-ca-
da-44-criancas-e-autista-segundo-cdc/
https://blog.partmedsaude.com.br/conheca-6-sintomas-
-do-autismo/
https://abibliahoje.com.br/?p=288
COMO RECEBER PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NA IGREJA
Pr. Luiz Francisco Rocha e Silva

Quando Jesus esteve nesta terra o Espírito do Senho o “ungiu para


evangelizar os pobres; enviou-o para proclamar libertação aos cativos
e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”
(Lc. 4:18); multidões vinham a Ele “trazendo consigo coxos, aleijados,
cegos, mudos e outros muitos e os largaram junto aos pés de Jesus”
(Mt. 15:30). Jesus os acolhia com muito amor e cortesia, porque sabia
que só Ele poderia dar o que eles estavam precisando – descanso e
salvação para suas almas. Esse é o poder do Evangelho, o poder do
amor. O amor de Jesus a todas as pessoas, nos leva a amar, acolher e
receber muito bem nossos irmãos de amigos com deficiência.

Essas pessoas têm uma luta diária com suas deficiências e quan-
do vem a igreja precisam ser muito bem recebidas. A Igreja Adven-
tista é um lugar de refúgio para aqueles que estão cansados e sobre-
carregados e por isto precisa, cada vez mais, acolher e incluir fazendo
com que as pessoas se sintam bem-vindas e valorizadas. Os adventis-
tas acreditam que todos podemos ser inteiros em Cristo e chamados
ao serviço, independentemente das deficiências que possamos ter.

Uma outra condição que impulsiona o acolhimento é o número


de famílias que incluem pessoas com deficiência. Segundo o Institu-
to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seu último censo
(2010), quase 24% da população do Brasil declarou ter algum grau de
dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxer-
gar, ouvir, caminhar ou subir degraus) ou possuem deficiência men-
tal ou intelectual. Isso nos leva ao impressionante número de aproxi-
madamente 45 milhões de pessoas. Destas, 11 milhões apresentam
grande dificuldade e 4 milhões extremas dificuldades.
E se temos tantas pessoas com deficiência em nossa
comunidade, por que vemos tão poucas pessoas assim
em nossas Igrejas?

As maiores barreiras são, sem sombra de dúvidas, as ati-


tudinais, ou seja, a falta de atitude e sensibilidade para com
os “diferentes”. Porém, agora discutiremos aspectos viabiliza-
dores da recepção e integração das pessoas com deficiências
em nossas igrejas. Veremos como informações, orientações,
treinamento e capacitação junto com o um coração cheio de
amor, podem promover acolhimento cristão aos nossos ir-
mãos e amigos com deficiência.

ƒ Como me referir?
Na hora de se referir a pessoas que possuem algum tipo
de deficiência seja ela física, mental, intelectual ou sensorial,
é comum que surja a dúvida sobre qual o termo correto a se
utilizar, considerando que a intenção não é de desqualificar
e sim denominar de forma correta e respeitosa este público.
Hoje não utilizamos mais os termos “Pessoa com necessida-
des especiais”, “Pessoa portadora de deficiência ou portadora
de necessidades especiais”.

Atualmente, o termo correto a ser utilizado é PESSOA


COM DEFICÊNCIA, que faz parte do texto aprovado pela Con-
venção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos
e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela As-
sembleia Geral da ONU, em 2006 e ratificada no Brasil em ju-
lho de 2008.

Porém, é sempre bom lembrar que não é ideal


se referir às pessoas por suas características.
Então, quando se refere a determinada pessoa
com deficiência, não se deve falar “a pessoa com
deficiência”, mas sim utilizar o nome da pessoa.
Ministério Adventista das Possibilidades – Um
apoio ao Ministério da Recepção no acolhimento
de pessoas com deficiência.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia entende que é preci-
so incluir essas pessoas nos serviços de comunhão, relaciona-
mento e missão. É por isso que instituiu o Ministério Adven-
tista das Possibilidades (MAP), para refletir e conscientizar a
comunidade sobre a acessibilidade e a inclusão na rotina da
adoração, estendendo a compaixão e o acolhimento. O MAP
não é um ministério independente, mas atua de forma inte-
grada e articuladas com outros departamentos. Cada igreja
deve ter um(a) diretor(a) de MAP que trabalhará em parceria
com o ministério da recepção.

A forma como o MAP percebe a esperança e a possibilida-


de, apesar das imperfeições, é fundamental. Ele defende que
o reconhecimento da dignidade de cada pessoa, dada por
Deus, merece respeito e o tipo de assistência que possibilita a
descoberta de habilidades não desenvolvidas, apesar dos es-
tigmas associados a uma deficiência, perda ou transtorno.

Por isso, o MAP afirma que:


ƒ Todos são talentosos, necessários e estimados.
ƒ As pessoas vão aonde são bem-vindas, mas ficam
onde são valorizadas.
ƒ O valor é inerente à Criação e não é determinado pelo
que uma pessoa pode ou não fazer.
ƒ Cada pessoa é única e tem um propósito dado por
Deus.

Treinar e capacitar a igreja para que todos sejam


recepcionistas de pessoas com deficiência.
Muitas vezes as Igrejas não sabem como lidar com pesso-
as com deficiência, não se sentem preparadas para acolher
essas pessoas que por sua vez acabam não voltando aos seus
eventos. O desafio é se tornar uma igreja verdadeiramente bí-
blica em que todos sejam bem acolhidos, sentindo-se parte
da comunidade. Devemos seguir o exemplo de Jesus que aco-
lheu as pessoas excluídas, dando-lhes dignidade, mostrando
que os deficientes são bem-vindos ao reino de Deus, mesmo
que ainda não estejam curados. Por isto é importante a pro-
moção de treinamentos.
Uma das marcas de uma igreja acolhedora é capacitação
de pessoas para atuarem junto a esse público. Os treinamen-
tos devem ensinar as pessoas a lidar com os questionamentos
e os problemas trazidos pelas pessoas com deficiência, “sa-
bendo quando ouvir e quando falar, para que possam deixar
seu lugar de invisibilidade e desenvolver seu potencial como
filhos amados e filhas amadas de nosso Senhor Jesus”.

Isto promove percepção positiva e maior consciência so-


cial em relação às pessoas com deficiência; devemos ter uma
liderança consciente, disposta a conhecer mais sobre estas
realidades, estudar e praticar formas de acolhimento que tor-
narão as igrejas espaços compassivos para pais e mães angus-
tiados diante desta condição.

Todos sabem que devemos tratá-las como iguais, mas não


sabem como. Não fazemos ideia da maneira de como conver-
sar com elas, não sabemos sobre o que falar e isso nos ame-
dronta. O medo é uma barreira que nos impede de conhecer
a pessoa e de aceitá-la como é. Esses indivíduos são como nós,
podem ter os mesmos sonhos, os mesmos gostos e as mes-
mas necessidades sociais e emocionais. E o mais importante,
eles têm as mesmas necessidades espirituais. Se não conse-
guirmos ultrapassar a barreira que nos é imposta pelo medo,
quem lhes trará a boa-nova da salvação em Cristo?
Compreendendo as deficiências
A Lei Brasileira de Inclusão considera que “Pessoas com
deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo pra-
zo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua par-
ticipação plena e efetiva na sociedade em igualdades de con-
dições com as demais pessoas” ou seja, deficiência é uma ou
mais características do ser humano que o torna “incapaz” de
desempenhar algumas atividades que são comuns às pesso-
as ao seu redor.

Há muitos tipos de deficiência diferentes, desde peque-


nos problemas que as outras pessoas poderão não notar, até
condições que põem a vida em perigo. Há também muitas
causas de deficiência diferentes.

A deficiência inclui:
Deficiência Visual - é a perda ou redução das funções bá-
sicas do olho e do sistema visual. Existem dois grupos de de-
ficiência: Pouca capacidade de enxergar e Cegueira onde há
perda total da visão.

Deficiência auditiva - é a perda parcial ou total da audi-


ção em um ou ambos os ouvidos. Pode ser de nascença ou
causada por doenças. É definido surdo toda pessoa cuja audi-
ção não é funcional no dia a dia, e considerado parcialmente
surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que defi-
ciente, é funcional com ou sem prótese auditiva.

Deficiência cognitiva e emocional ou de conduta – Esse


tipo de deficiência caracteriza-se por registrar um funciona-
mento intelectual geral, significativamente abaixo da média,
oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com
limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adap-
tativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequa-
damente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:
comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desem-
penho na família e comunidade, independência na locomo-
ção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e traba-
lho. Inclui deficiências que afetam o intelecto, como síndrome
do Down, Autismo, microcefalia e outros traumas do cérebro.
Além disso os transtornos emocionais ou de conduta, tais
como esquizofrenia, transtorno obsessiva-compulsivo, bipola-
ridade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
(TDAH), para citar alguns.
Deficiência Física - são “diferentes condições motoras
que acometem as pessoas comprometendo a mobilidade, a
coordenação motora geral e da fala, em consequência de le-
sões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas, ou más for-
mações congênitas ou adquiridas” (MEC,2004). A deficiência
física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor
que compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscu-
lar e o Sistema Nervoso.

Preparando a estrutura física para receber pessoas


com deficiência.

A legislação Brasileira preconiza que qualquer prédio pú-


blico, incluindo igrejas devem prevê em seu projeto arquite-
tônico medidas apropriadas para assegurar às pessoas com
deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, ao meio físico, ao deslocamento, à informa-
ção e comunicação, a fim de possibilitar às pessoas com defi-
ciência viver de forma independente e participar plenamen-
te de todos os aspectos da vida. Para tanto, são importantes
portas amplas e de fácil acesso, rampas e elevadores, corri-
mões ou apoios nas paredes, vagas para deficientes, banhei-
ros adaptados e torneiras fáceis de utilizar.

Se a igreja possui uma estrutura antiga, a liderança deve


envidar esforços para que o máximo de adaptações possíveis
seja feita no intuito de receber bem pessoas com deficiência.
No caso de igrejas a serem construídas ou reformadas, temos
uma oportunidade maior de projetarmos a inclusão desde o
início. Esse planejamento não depende somente do Ministé-
rio da Recepção ou Ministério das possibilidades, mas de uma
discussão ampla com a liderança maior da igreja e com o pas-
tor. Deve-se levar em consideração o contexto econômico, so-
cial e financeiro da comunidade em questão.

Recepcionando pessoas com deficiência


Orientações gerais
A igreja é chamada a ser uma comunidade inclusiva que
ofereça amor, valor e respeito a todas as pessoas. Nós somos
chamados a não ter preconceitos e a dar a todas as pessoas
a oportunidade de desempenhar um papel na comunidade
que realize o seu potencial.
ƒ O primeiro passo é identificar aqueles que necessi-
tam de ajuda extra. Desta forma o recepcionista deve
estar atento a todas as situações, com um olhar que
vai além do superficial. Deve de fato se importar de
coração com toda pessoa que se aproxima da igreja
e desta forma perceberá quem são as pessoas com
deficiência.

ƒ Devemos consultar diretamente a pessoa com res-


peito ao seu caso e suas necessidades. Um prático e
objetivo “Como posso ajudar? O que você precisa?”
São muito mais efetivos do que algumas ações bem-
-intencionadas. A pergunta de Jesus foi: “Que quereis
que vos faça?”. Essa é a pergunta que sempre deve ser
feita a pessoa com deficiência e seus familiares.

ƒ Fale diretamente com a pessoa com deficiência e não


com o acompanhante. É um mito a ideia de que to-
dos as pessoas com deficiência são incapazes de fa-
lar ou que tem sérios problemas cognitivos. Comete-
mos um grave erro ao dirigir nossas perguntas ao seu
acompanhante no lugar de verificar como a própria
pessoa com deficiência prefere se comunicar. Se a
pessoa com deficiência estiver impossibilitada de fa-
lar, logo perceberemos, então poderemos nos dirigir
ao seu acompanhante.

ƒ Nada de indagações inconvenientes. Perguntas como


“O que aconteceu?”, “Por que ela é assim?”, “Ele dá
muito trabalho” ou “Ele sente dor”, fora do seu contex-
to, são desconfortáveis para a pessoa com deficiência
e sua família.
ƒ Deve-se organizar espaços amplos próximos as entra-
das e saídas para pessoas com cadeiras de roda. De-
ve-se certificar-se de onde a pessoa prefere ficar. Ele
deve ter o direito de escolher. Nem todos querem fi-
car na frente do auditório. Providenciar cadeiras com
braço para pessoas que podem andar, mas tem difi-
culdades de ficar em pé.

ƒ A equipe de recepção deve tomar a frente, indicar e


conduzir a pessoa com deficiência e sua família ao lo-
cal de assento na igreja, conforme a preferência indi-
cada pela pessoa. Caso os lugares estejam ocupados
por outros irmãos, deve-se com toda educação e gen-
tileza, conversar com o irmão que estava ocupando o
lugar, para que possa ceder o espaço à pessoa com
deficiência. Geralmente as pessoas com deficiência
gostam de sentar-se nas extremidades dos bancos.

ƒ Caso haja pessoas com deficiência que sejam fre-


quentadores da igreja, a comunidade precisa ter co-
nhecimento do caso destas e de suas famílias. Do-
minar o conhecimento de como interagir com estas
pessoas, nos ajuda a remover nossos medos.

ƒ Cada pessoa deve ser tratada conforme sua idade e


contexto. Uma pessoa de 30 anos não deve ser tra-
tada como uma criança. Não podemos presumir que
ela não entenda nada, caso não responda a determi-
nada pergunta.

As adaptações atitudinais são muito mais relevantes e sig-


nificativas do que as estruturais. Só vamos avançar se como
igreja adotarmos uma atitude positiva e aberta.

Orientações específicas para cada tipo de pessoa


Pessoas com deficiência físico-motora
ƒ Assegurar um ambiente sem barreiras para que qual-
quer pessoa possa ter acesso aos diferentes lugares
do prédio.

ƒ Quando se conversa com um indivíduo em cadeira de


rodas, é mais cortes colocar uma cadeira ao seu lado
para permanecer no mesmo nível e manter o contato
visual.
ƒ Caso seja necessário mover a cadeira de rodas, não
se deve fazê-lo sem antes solicitar permissão ao ca-
deirante. Não se deve encostar na cadeira ou permitir
que crianças brinquem com ela. A cadeira é parte do
espaço pessoal do seu usuário. O mesmo aplica-se a
moletas e andadores.

Pessoas surdas
ƒ O ambiente dever ter bastante luz, pois eles depen-
dem da visão para fazer leitura labial e observação de
sinais e gestos. Os surdos precisam ver o rosto, os ges-
tos e as mãos de seu interlocutor.

ƒ Use expressões faciais e corporais e não tenha vergo-


nha de fazê-lo. Se isso não funcionar, então você pro-
cura a ajuda de uma pessoa da família do surdo.

ƒ Tenha paciência para se comunicar com eles.

ƒ Desenvolver letreiros claros e grandes para indicar lo-


cais como banheiros, sala das crianças e saída.

ƒ É importante reservar lugares na primeira fila para


que o surdo possa observar claramente o intérprete e
outras pessoas que participem da reunião.

ƒ Aprender as comunicações básicas da língua de si-


nais, como: bom dia, boa noite, feliz sábado, seja bem-
-vindo, precisa de ajuda?

ƒ Quando se quiser conversar com uma pessoa surda, é


importante indicar-lhe esse desejo, tocando seu om-
bro ou seu braço.

Pessoas cegas ou com baixa visão.


ƒ Ao se recepcionar pessoas cegas, o recepcionista deve
fazer sua identificação, audiodescrição e se colocar a
disposição do cego para qualquer necessidade.

ƒ Alguns cegos gostam de ser conduzidos segurando


nos braços e outros segurando no ombro do condu-
tor. Caminhe com eles de forma natural. Para ajudá-lo
a sentar-se, é suficiente guiar sua mão até a cadeira
ou banco.

ƒ Se o cego for uma pessoa frequente na igreja, a esse


deve ser ensinado os principais caminhos que ele deve
percorrer. Normalmente eles decoram o percurso.

ƒ Jamais se deve sair arrastando uma pessoa cega pela


igreja.

Pessoas com deficiência cognitiva


ƒ Considerar que cada pessoa é única e diferente, mes-
mo que apresentem a mesma síndrome e deficiência;

ƒ Utilize suportes visuais como desenhos e fotografias


no lugar de textos escritos, pois eles apreendem me-
lhor as imagens.

ƒ Dar uma atenção especial quando estiverem confu-


sos ou com dificuldades.

ƒ Não se devem demonstrar impaciência. Pessoas com


deficiência cognitiva geralmente precisam de mais
tempo para entender as orientações.

ƒ Oferecer informação de forma clara, simples e conci-


sa, focalizando um assunto de cada vez.

ƒ A pessoa com deficiência cognitiva pode apresentar


desorientação e estresse emocional diante de am-
bientes e pessoas novas. Se for a primeira vez que vi-
sita a igreja, devemos passar mais tempo com ela e
fazer um passeio pelas instalações, a fim de que co-
nheça e se acostume com o templo. Em seguida, a
pessoa deverá ser apresentada a todos os membros
da igreja que estão mais próximos dela.

ƒ Diante de um comportamento desordenado, não rea-


gir com exagero. Gritar é uma forma da pessoa com
deficiência intelectual demonstrar que está com dor
ou aborrecida. Neste caso, providencie um local silen-
cioso para que a pessoa recupere sua compostura.
Agora é só praticar sem medo, com o coração cheio
do amor de Deus
Mudanças são necessárias para que todos sejam atendi-
dos e acolhidos, e não somente mudando as estruturas físi-
cas dos templos, mas informando-se das reais necessidades
de cada pessoa. Recepcionar com excelência envolve instruir,
conscientizar e capacitar pessoas para aprender a lidar com
esse público. É fato indiscutível que o espírito acolhedor é o
mais eficaz instrumento da inclusão. Que as barreiras sejam
quebradas juntamente com todo o tipo de preconceitos. Não
há receita pronta, mas há uma necessidade! E a primeira ne-
cessidade deve ser em demonstrar amor. Através disso, as
barreiras que impedem o acesso deste grupo de “diferentes”
começarão a ser alcançados.

„ REFERÊNCIAS
BREEDING, Malesa; HOOD, Dana; WHITWORTH, Jerry. Dei-
xe vir a mim todas as crianças. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

DARKE, Brenda. Deficiente: O desafio da inclusão na


Igreja. São Paulo: Hagnos, 2015.

BRASIL. Decreto n.º 6.949, de 25 de agosto de 2009. Dis-


põe sobre a Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assina-
dos em Nova York, em 30 de março de 2007.

DAS – Divisão Sul-americana da IASD. Manual de imple-


mentação do Ministério Adventista das Possibilidades. Bra-
sília, 2019.
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