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SOBRE O GUIA
A TODXS é uma organização não governamental (ONG) criada
em 2017, suprapartidária e sem fins lucrativos que promove a
inclusão de pessoas LGBTI+ na sociedade com iniciativas de
formação de lideranças, pesquisa e conscientização.
Conheça nossos projetos em todxs.org e @todxsbrasil.
Formada por um time de pessoas executivas e voluntárias
trabalhando de forma remota, em todo o território nacional, na
criação de projetos de alto impacto para a população LGBTI+
brasileira. Existimos para transformar o Brasil em um país
verdadeiramente inclusivo e livre para todas as pesoas.
A busca por um mundo mais justo e igualitário não é apenas
individual, mas também coletiva. As empresas têm um papel
crucial nesse processo. Em 29 de janeiro, celebramos o Dia
Nacional da Visibilidade Trans, marcando um mês de luta
e orgulho por mudanças estruturais em espaços públicos
e privados, visando inclusão e ações de equidade de gênero.
É também um momento de celebrar conquistas de
direitos para essa população.
A data foi oficializada em 29 de Janeiro de 2004, quando 27
pessoas trans e travestis foram até o Congresso Nacional lançar
a campanha criada em parceria com o Programa Nacional de
DST/Aids do Ministério da Saúde: “Travesti e respeito: já está na
hora dos dois serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola.
No trabalho. Na vida”.
Essa campanha pioneira, criada e idealizada por pessoas
trans e travestis, destaca o protagonismo essencial para
combater a violência de gênero e os efeitos prejudiciais de
políticas anti-trans vigente nos governos anteriores, criando
dentro do contexto do setor público maior visibilidade para
questões como a falta de serviços de saúde para essa população,
bem como a alta evasão escolar e falta de oportunidades,
que impactam diretamente na empregabilidade
e nas vivências dessas pessoas.
Com o intuito de orientar instituições na jornada de
transformação em diversidade, equidade e inclusão,
este material visa oferecer orientações claras para a
elaboração de materiais e campanhas durante o
Mês da Visibilidade Trans e Travesti. Serve também como
suporte para empresas com pouco ou nenhum conhecimento
sobre o tema. Consulte-o sempre que surgir alguma dúvida
sobre essa comunidade e saiba como celebrá-la e apoiá-la.
Boa leitura!
ENTENDENDO ALGUNS CONCEITOS
Cara pessoa cis, primeiro passaremos por conceitos cruciais para
entender profundamente sobre o Mês da Visibilidade Trans e Travesti.
SEXUA-
muitas pessoas, esses desejos
atravessam também uma atração
LIDADE
romântica, na constituição de
relacionamentos. Pessoas trans e
travestis podem ter as mais
variadas sexualidades.
Alguns exemplos de sexualidades incluem:
Heterossexual, Homossexual, Bissexual, Pansexual.
PARA SABER MAIS: As pessoas assexuais experimentam pouca ou
nenhuma atração sexual, mas podem constituir relacionamentos
com uma pessoa de um ou mais gêneros.
DE GÊNERO
se identifica - seja enquanto
mulher, homem ou gêneros
não-binários.
O gênero é comumente entendido como uma construção social,
enquanto os papéis de gênero referem-se às expectativas sociais
atribuídas à gêneros binários (homem e mulher), dentro de uma cultura
e contexto histórico ocidente. Se refere, assim, a papéis que são
construções sociais que buscam impor o que é aceitável para uma
mulher sentir/fazer, assim como também para homens (Beauvoir, S.
1949) - por exemplo: “menino veste azul, menina veste rosa”.
Por fim, vale destacar que a expressão de gênero é como a pessoa se
apresenta publicamente, independente de sua identidade, mas
atrelada a tais papéis. A expressão de gênero inclui nome, vestimenta,
corte de cabelo, trejeitos, expressões corporais, entre outros, e é
também extremamente variável e individual nas diferentes expressões
humanas. Assim, um homem pode ter uma expressão de gênero tida
como mais feminina, por exemplo.
Em nossa sociedade há uma norma estabelecida que define padrões
de “alinhamento” entre essas características. Por exemplo: se identificar
como um menino ao nascer, se identificar como homem ao longo da
vida e, por isso, se relacionar afetivo-sexualmente com mulheres.
No entanto, existe uma imensa diversidade de interações entre esses
aspectos humanos. Assim como pessoas cis, pessoas trans podem ter
diferentes sexualidades, expressões de gênero e características
sexuais.
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MUITAS PESSOAS SE PERGUNTAM:
“QUAL A DIFERENÇA ENTRE
MULHERES TRANS E TRAVESTIS?”
A diferença essencial entre travestis e mulheres trans é a
autodeterminação, não tendo nenhuma relação com cirurgias
de redesignação sexual ou terapia hormonal.
Embora existam diferenças entre as duas identidades, melhor
é observar as semelhanças entre as mesmas.
Travesti é uma identidade transgênero e, em linhas gerais, é
uma pessoa que, ao nascer, lhe foi imposto o gênero mascu-
lino, mas elas se reconhecem como uma identidade feminina,
e por isso, os pronomes a serem utilizados e respeitados são
os femininos. O termo "travesti", antes usado de forma
pejorativa, foi ressignificado positivamente, passando a ser
visto como uma identidade sociopolítica por ativistas da
América do Sul.
Nome Social
2016
É denominado Nome social o nome que pessoas trans
e travestis se reconhecem, principalmente para
distinguir de seu nome do registro civil (Registro Geral).
Em âmbito federal, o Decreto nº 8.727 da Presidência
da República, normatizou o uso do nome social pelos
órgãos e entidades da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional.
Retirada da transexualidade
2019 da lista de doenças
A Organização Mundial da Saúde (OMS) removeu no
dia 06 de junho de 2019 da Classificação Oficial de
Doenças (CID-11) o chamado “Transtorno de
Identidade de Gênero”, definição que considerava
como transtorno mental a situação de pessoas trans.
A decisão foi celebrada por especialistas das áreas
de saúde pública e direitos humanos.
Criminalização da LGBTIfobia
2019
Em 19 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal
(STF) passou a considerar crime todo ato de
discriminação por orientação sexual e/ou
identidade de gênero.
PRINCIPAIS FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO
DE TRABALHO
DESRESPEITO AO NOME/PRONOME
Negar ou desrespeitar o nome social de uma pessoa trans é
uma forma de desumanização e preconceito. Caso você venha a
ter acesso ao nome de registro, sendo ele diferente do que a
pessoa se identifica, não trate a pessoa pelo nome morto (nome
de registro não utilizado pela pessoa). Expor o nome de registro
causa desconforto, dor, constrangimento e relembra traumas a
pessoas trans e travestis. Expor essas pessoas a esse tipo de
situação com base em um dado pessoal pode gerar prejuízos
com base na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Errar o pronome é referir-se a uma pessoa utilizando pronomes
pelos quais ela não se identifica. Por exemplo, chamar uma
mulher trans pelo masculino, um homem trans pelo feminino, ou
pessoas não binárias por algum pronome que elas não utilizem.
Portanto: sempre pergunte por quais pronomes a pessoa quer
ser tratada.
PODE
• Humanizar pessoas trans e travestis nos espaços
corporativos.
• Apoiar financeiramente instituições e projetos de pessoas
trans e travestis.
• Desenvolver ações estratégicas para inserção de pessoas
trans e travestis no ambiente de trabalho.
• Compartilhar conhecimento sobre a realidade de pessoas
trans e travestis na sociedade brasileira e no mundo.
• Utilizar o nome social de pessoas trans em crachás,
uniformes, máscaras de e-mail e similares, mesmo sem a
retificação de seus documentos.
• Desenvolver boas práticas de proteção de dados
potencializa o resguardo de informações de pessoas trans
e travestis - quando empresas estão de acordo com a
LGPD, previne-se a exposição desses dados pessoais.
• Adequar as políticas internas para que permitam a
utilização de banheiros de acordo com o gênero com o
qual as pessoas se identificam - sinalize a mudança com
placas, crie comunicados informativos e desenvolva
formações para ajudar no processo.
NÃO PODE
• Pedir serviço em parceria de graça.
• Estereotipização de pessoas trans e travestis.
• Desenvolver campanhas de comunicação sem linguagem
inclusiva.
• Realizar práticas tokenistas - incorporar uma quantidade
mínima de pessoas trans ou travestis dentro da organização e
torná-las "pessoas-propagandas" da diversidade e inclusão.
• Criar um banheiro exclusivo para pessoas trans - essa é uma
forma de segregação, um terceiro banheiro é uma forma de
continuar reproduzindo discriminação contra pessoas trans.
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