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Disciplina: Ficção Brasileira III

Docente: Laís Sena


Discente:

Atividade: estudos literários


 Guimarães Rosa
Após a leitura do conto Famigerado da obra Primeiras Estórias do autor
João Guimarães Rosa, leia também o verbete abaixo e em seguida responda
as questões:

1. Agora, a partir desse verbete, explique a situação delicada em que se


encontra o narrador do conto Famigerado.

2. A linguagem popular de Damázio é muito rica. Explique o significado


de alguns trechos de suas falas:
a) “Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem
têm o legítimo – o livro que aprende as palavras… É gente pra informação
torta, por se fingirem de menos ignorâncias…”

b) “Pois…, e o que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?”

3. Certas palavras desse fragmento de Guimarães Rosa não são


dicionarizadas – algumas, por fazerem parte de um repertório popular
sertanejo; outras, por serem neologismos criados pelo autor. Aponte o
significado dos neologismos abaixo, explicando como você entende
que Guimarães Rosa formou:

a) Vevivérbio

b) mumumudos

 Clarice Lispector

Leia os dois fragmentos abaixo, de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.


Depois responda o que se pede.

FRAGMENTO I
Ele: – Pois é.
Ela: – Pois é o quê?
Ele: – Eu só disse pois é!
Ela: – Mas “pois é” o quê?
Ele: – Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: – Entender o quê?
Ele: – Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela: – Falar então de quê?
Ele: – Por exemplo, de você.
Ela: – Eu?!
Ele: – Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente.
Ela: – Desculpe mas não acho que sou muito gente.
(LISPECTOR, p. 54)
FRAGMENTO II
No dia seguinte, segunda-feira, não sei se por causa do fígado
atingido pelo chocolate ou por causa de nervosismo de beber coisa de rico,
passou mal. Mas teimosa não vomitou para não desperdiçar o luxo do
chocolate. Dias depois, recebendo o salário, teve a audácia de pela primeira
vez na vida (explosão) procurar o médico barato indicado por Glória: Ele a
examinou, a examinou e de novo a examinou.

– Você faz regime para emagrecer, menina?


Macabéa não soube o que responder.
– O que é que você come?
– Cachorro-quente.
– Só?
– Às vezes como sanduíche de mortadela.
– Que é que você bebe? Leite?
– Só café e refrigerante.
– Que refrigerante? — perguntou ele sem saber o que falar. A
toa indagou:
– Você às vezes tem crise de vômito?
– Ah, nunca!, exclamou muito espantada, pois não era doída de desperdiçar
comida, como eu disse.
O médico olhou-a e bem sabia que ela não fazia regime para
emagrecer. Mas era-lhe mais cômodo insistir em dizer que não fizesse dieta
de emagrecimento. Sabia que era assim mesmo e que era médico de pobres.
Foi o que disse enquanto lhe receitava um tônico que ela depois nem
comprou, achava que ir ao médico por si só já curava. Ele acrescentou
irritado sem atinar com o porquê de sua súbita irritação e revolta:
– Essa história de regime de cachorro-quente é pura neurose e o que
está precisando é procurar um psicanalista!
Ela nada entendeu mas pensou que o médico esperava que ela
sorrisse. Então sorriu.
O médico muito gordo e suado tinha tique nervoso que o fazia de
quando em quando ritmadamente repuxar os lábios. O resultado era parecer
que estava fazendo beicinho de bebê quando está prestes a chorar.
Esse médico não tinha objetivo nenhum. A medida era apenas para
ganhar dinheiro e nunca por amor á profissão nem a doentes. Era desatento
e achava a pobreza uma coisa feia. Trabalhava para os pobres detestando
lidar com eles. Eles eram para ele o rebotalho de uma sociedade muito alta á
qual também ele não pertencia. Sabia que estava desatualizado na medicina
e nas novidades clínicas mas para pobre servia. O seu sonho era ter dinheiro
para fazer exatamente o que queria: nada.
Quando ele avisara que ia examiná-la ela disse:
– Ouvi dizer que no médico se tira a roupa mas eu não tiro coisa nenhuma.
Passara-a pelo raio X e dissera:

– Você está com começo de tuberculose pulmonar.

Ela não sabia se isso era coisa boa ou coisa ruim. Bem, como era
uma pessoa muito educada, disse:

– Muito obrigada, sim?

O médico simplesmente se negou a ter piedade. E acrescentou:


quando você não souber o que comer faça um espaguete bem italiano.

E acrescentou com um mínimo de bondade a que ele se permitia já


que se considerava também injustiçado pela sorte:

– Não é tão caro assim ...

– Esse nome de comida que o senhor falou eu nunca comi na vida. É bom?
– Claro que é! Olhe só a minha barriga! Isso é resultado de boas
macarronadas e muita cerveja. Dispense a cerveja, é melhor não beber álcool.
Ela repetiu cansada:

– Álcool?

– Sabe de uma coisa? Vá para os raios que te partam!

(LISPECTOR, p. 71-73)

1- Aponte o que há de semelhante entre o diálogo do primeiro texto


(Macabéa e Olímpico) e o segundo (Macabéa e o médico). O que esses
fragmentos indicam sobre a relação de Macabéa com os homens?

2- A estrutura de humor dos dois textos é semelhante. Como Clarice


Lispector manipula a relação do leitor com Macebéa nesses fragmentos?
 João Cabral de Melo Neto

Leia atentamente os fragmentos da obra Morte e Vida Severina, e responda


o que se pede abaixo deles.

FRAGMENTO I

1- Aponte o tema central dos 30 primeiros versos da peça. Como estes versos
justificam o neologismo severina do título da obra?
FRAGMENTO II
FRAGMENTO III
FRAGMENTO VI

2- Os textos “Falam os vizinhos…” (fragmento III) e “O carpina fala com o


retirante…” (fragmento VI), são as últimas falas da peça e claramente se
opõem aos textos “O retirante explica ao leitor” (fragmento I) e “Assiste ao
enterro de um trabalhador de eito…” (fragmento II), do seu início da peça.
Pensando nessa diferença, explique como o texto “O carpina fala com o
retirante…” justifica o título da peça.

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