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Essa narrativa é ficcional. Foi criada com intuito de servir de material de apoio para trabalho
universitário. Contudo, segue de perto a experiência clínica que acontece nas psicanálises.
“Mas o que há de repugnante na história?”, pergunta o analista. O paciente responde
que é a imagem das centenas de lagartas andando pelo corpo da mulher, “quer dizer”, ele
completa, “andando pelo corpo da própria mãe”.
“O que dá repugnância é a imagem de lagartas andando pelo corpo dela?”, pergunta o
analista.
“Acho que sim, nunca havia pensado nisso dessa forma, mas esta imagem é horrível
para mim”.
“E são sempre lagartas peludas?” intervém novamente o analista. “Não, acho que não,
são lagartas”, responde o paciente.
“Você se lembra de alguma outra coisa quando pensa na palavra peluda?”, diz o analista.
“Não...”.
Passadas algumas sessões, o paciente relata que havia acontecido um desentendimento
entre ele e sua mãe. Houve discussão e eles não estavam se falando. O motivo parecia banal. Ao
mesmo tempo, ele experimentara um encontro com uma mulher que ele considerou muito
prazeroso. Sentiu-se à vontade com ela e tiveram uma “transa muito boa”. Ele diz que apenas
ficou um pouco incomodado com o fato de que ela não estava totalmente depilada nas partes
íntimas.
“Isso o incomoda?” pergunta o analista.
“Eu não gosto de pelos...” O paciente interrompe a fala por alguns momentos. Depois
diz ter se lembrado de uma cena que aconteceu quando tinha entre cinco e seis anos de idade:
ele estava visitando a casa de tios maternos e sua prima, então com aproximadamente 14 anos,
saiu do banho sem se preocupar com sua presença e ele viu a genitália dela coberta de pelos.
Não entendeu o que viu e ficou imaginando o que estaria debaixo daqueles pelos. Mas se lembra
de ter sentido algo diferente, não sabe explicar o que foi. Depois disso queria olhar de novo.
Sua curiosidade ficou muito grande e ele procurava formas de ver novamente uma
mulher nua. Certa vez, na casa de parentes, percebeu que havia mulheres em um quarto com a
porta fechada. Ele se aproximou da porta com a intenção de olhar pelo buraco da fechadura.
Quando estava perto, a porta se abriu e sua mãe, que estava no quarto com as outras, olha para
ele e pergunta: o que você está fazendo? Ele, pego de surpresa, não se lembra de ter respondido,
na verdade não se lembra de mais nada depois. Só se lembra da sensação de culpa que sentiu
perante aquele olhar materno.
“O olhar materno provoca culpa em você?”, pergunta o analista.
“O olhar de minha mãe me persegue...”, ele responde.
“Ele queima?” pergunta o analista.
A análise prosseguiu, mas dali em diante o paciente passou a ter menos restrições ao
convívio social, mesmo que ainda não se sentisse muito à vontade em situações como reuniões
e festas, principalmente quando queria seduzir uma mulher.
Tendo como base este relato de um atendimento clínico e como referência os textos da
Unidade 2, redija um pequeno texto no qual os principais conceitos estudados na referida
unidade possam ser aplicados ao caso apresentado. Estudamos muitos conceitos, mas os
textos selecionados como referência principal tocam, principalmente, nos conceitos de
inconsciente, recalcamento e complexo de Édipo. Em torno desses três conceitos vários outros
conceitos e noções orbitam, como pulsão, desejo, conflito, sistema pré-consciente e
consciente, diferença sexual, castração, angústia de castração, etc. Aplique os conceitos ao
caso, quer dizer, teorize o caso, indicando como os conceitos e noções podem ser aplicados
para entender a queixa do paciente e o que acontece durante os atendimentos. Explorem seus
conhecimentos até o momento.
Este trabalho pode ser realizado em duplas. Também pode ser feito individualmente.