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Regra 2: CORAGEM

Ao identificar os CRB’s por meio da regra 1, o terapeuta procura evocá-los ao longo


das sessões e essa intervenção é evidenciada na Regra 2 → Coragem

O termo “coragem” ressalta a habilidade de enfrentamento de uma situação difícil,


necessária ao terapeuta FAP.

O ato de evocar CRBs pode provocar ansiedade e desconforto no próprio terapeuta,


visto que há uma tentativa de produzir uma relação de maior intimidade. Portanto, isso
exige muito mais autoexposição -> afinal, será conversado sobre a relação (terapeuta
- paciente) e não sobre o mundo lá fora, daí a necessidade da “coragem” para fazê-lo.

Há três habilidades principais envolvendo a coragem no processo terapêutico:

1. Terapeuta usa gentileza e empatia como crivos sobre como evocar CRBs:

Terapeutas ainda não familiarizados com a FAP, muitas vezes, imaginam intervenções
de resultados duvidosos ao especularem sobre a Regra 2. Ex: bagunçar a sala antes
de o cliente chegar para evocar CRBs em um cliente com TOC de organização.

Nesse sentido, para decidir como aplicar a Regra 2 o terapeuta deve ser gentil com a
relação que está construindo e empatia poderá ser um bom critério. É preciso colocar-
se no lugar do cliente e pensar como se sentiria caso vivenciasse a mesma situação
de desorganização, como no exemplo acima.

Enfim, você pode perceber que evocar CRBs não significa “gratuitamente cutucar
feridas”. O objetivo do terapeuta com a Regra 2 é propiciar a ocorrência de
comportamentos de melhora do cliente (CRB2). Sendo que a predominância de CRB1
sobre CRB2 pode ser considerada preditiva de fracasso da própria terapia, incluindo o
abandono do cliente.

2. Terapeuta formula o que será considerado CRB2

Ter clareza sobre o que consideraremos um CRB2 é essencial, e isso pode ser mais
difícil do que identificar um CRB1, até porque comportamentos de melhora são menos
frequentes em início de terapia e teremos que especular quais seriam.

O critério do que será uma melhora precisa levar em conta o processo de modelagem
gradual que irá se desenrolar na terapia. Em outras palavras, para quem se esquivava
de um assunto enrolando uma resposta, expressar seu desagrado com um mero
franzir de sobrancelhas já pode ser um CRB2. Para quem não conseguia acessar seus
sentimentos, identificar como se sente dizendo “sinto-me mal” já pode ser sinal de uma
razoável melhora para se começar.

Além disso, se o terapeuta identifica sinais de que o paciente está incomodado com
um assunto, pode perguntar algo como: “O que lhe incomodou agora?” na tentativa de
evocar CRB2.

No caso de Carlos, qualquer comportamento assertivo traz consigo um risco de


rejeição e desagrado e poderá ser um CRB2. Assim, ao dizer “Ainda não estou pronto
para falar sobre meu casamento” é um exemplo de melhora (CRB2) para quem se
esquivava não apenas do assunto, mas do risco de rejeição, tentando desconversar
sem deixar claro seu incômodo.

3. Terapeuta evoca CRB2 e bloqueia CRB1

Quando tentamos evocar CRB2, estamos certamente apresentando ao cliente uma


situação difícil de lidar, e essa dificuldade faz parte de seus problemas.

Quando o terapeuta observa sinais de desconforto e pergunta a Carlos como ele se


sente, este pode se esquivar (CRB1) dizendo, por exemplo: “Ah, nada não! Está tudo
bem!”.

A Regra 2 implica também bloquear esquivas classificadas como CRB1 (atenção: nem
toda esquiva é um CRB1), reapresentando a situação (no caso, a pergunta). O
terapeuta poderá dizer: “Você pareceu desconfortável quando começamos esse
assunto, como está se sentindo?”.

Para lidar com essa situação, o terapeuta pode reapresentar a situação, tentando
deixar mais claro que se trata de uma audiência não punitiva, por exemplo, por meio
da empatia (“Você pode falar sobre o que está sentindo, mas não precisa se
pressionar. É importante entrarmos nos assuntos à medida que você se sinta
preparado para isso”).

O terapeuta deve priorizar a relação mesmo que para isso abra mão do bloqueio e
permita esquivas, deixando essa intervenção para outras oportunidades futuras

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