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RESUMO: A ESTRUTURA DAS SESSÕES DE TERAPIA COGNITIVA

1. A PRIMEIRA SESSÃO

· Rapport:

Tem como objetivo quebrar o gelo no início da relação, pois visa a criação de um clima
favorável para o desenvolvimento da entrevista, através de um tema amistoso que
interesse ao entrevistado.

É através do rapport que serão criadas as condições para a construção do vínculo


terapeuta e cliente.

Portanto, evite começar a sessão indo diretamente ao assunto.

· Queixa: Atualização do estado do cliente:

Revisar o problema apresentado como motivo da consulta (queixa para a terapia).


Está no prontuário do cliente, mas é importante o próprio terapeuta ouvir diretamente
do cliente o que o trouxe à terapia. Deve-se fazer uma atualização do seu estado:

- O que mudou?

- Aumentou?

- Diminuiu?

- E o que permaneceu da mesma forma em relação ao problema desde a triagem ou do


psicodiagnóstico até a consulta de hoje?

É relevante investigar neste momento as expectativas que o cliente tem em relação ao


processo terapêutico, para saber se o que ele espera da terapia é possível de ser
alcançado. Lembre-o que a terapia é focal e que serão tratados os motivos
apresentados para a consulta. Isto evita criar expectativas irrealistas no cliente.

· Estabelecimento de uma agenda para a sessão:

Através da agenda, o terapeuta define, juntamente com o cliente, um roteiro para a


sessão terapêutica, do tipo:
- Você já me falou sobre o que lhe trouxe à terapia (atualização do estado do cliente),

- Agora eu preciso saber como você está se sentindo hoje (verificação do humor),

- Eu preciso informar-lhe sobre como funciona a terapia cognitiva (educação do cliente


sobre o modelo cognitivo) e detalhes sobre o atendimento (enquadramento). Eu vou lhe
passar algumas tarefas para você fazer em casa (tarefa de casa), e, no final, eu vou
relembrar o que falamos (resumo) e vou querer saber o que você achou da terapia
(feedback).

Inclusão de itens complementares da agenda. Se o terapeuta, ao tomar contato com o


caso através do prontuário do cliente (na entrevista de triagem e/ou no processo
psicodiagnóstico) e/ou se durante a atualização o cliente relatou alguma coisa que
precise de um maior esclarecimento, o terapeuta pode incluir mais este item na agenda
para ser investigado durante a sessão.

- Tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar à nossa agenda de hoje?

Em função da resposta do cliente, o terapeuta deve incluir na agenda o assunto


proposto. Porém, se o terapeuta não tem condição de responder nesta sessão, ele
anota a pergunta e se prontifica a incluí-la na agenda da próxima sessão.

Em seguida, o terapeuta passa a cumprir os itens incluídos na agenda (abordagem dos


itens da agenda).

· Verificação do humor:

A avaliação do humor do cliente deve ser feito em todas as sessões. Além do relato
subjetivo (Como você está se sentindo hoje?), deve-se monitorar de forma objetiva o
estado afetivo do cliente, seja através de inventários padronizados e/ou de escalas.

O mais utilizado é o Inventário de Depressão de Beck (BDI), mas costuma-se utilizar


também o inventário de ansiedade e o de desamparo de Beck. Nos casos de
depressão, deve-se fazer, pelo menos, três testagens com o BDI ao longo da terapia
(na segunda sessão, no meio e no fim do processo terapêutico).

Outra forma de avaliação é através de escalas que avaliam a intensidade dos estados
afetivos de tristeza (triste, pra baixo, infeliz, aborrecido, chateado, magoado, etc.), raiva
(com raiva, com ódio, furioso, irritado, etc.) e ansiedade (ansioso, nervoso, preocupado,
temeroso, assustado, tenso, etc.). Outros estados afetivos relatados pelo cliente
também podem ser avaliados, tipo: sinto-me envergonhado, embaraçado, humilhado,
decepcionado, frustrado, invejoso, ciumento, culpado, ferido, desconfiado, inseguro,
medroso, vulnerável, etc.
Pode-se utilizar uma medida simplificada que varia de 0 a 100. Pergunta-se ao cliente:
De 0 a 100, o quanto você se sente triste agora? E repete-se a pergunta para raiva e
ansiedade: De 0 a 100, o quanto você se sente raivoso(a) agora? E De 0 a 100, o
quanto você se sente ansioso(a) agora?

Outra maneira de avaliar o humor é através de escalas categóricas: nada ou muito


pouco (até 20%), um pouco (21 a 40%), moderadamente (41 a 60%), muito ou bastante
(61 a 80%) e intensamente (80 a 100%). Apresente uma folha com as seguintes
questões e peça para que o cliente assinale um x na coluna que representa como ele
se sente em relação a cada um dos afetos avaliados (tristeza, raiva, ansiedade ou
outro afeto relevante):

É necessário que o terapeuta faça esta avaliação através da escala de 0 a 100 ou da


escala categórica em todas as sessões, mesmo que utilize o BDI. Esta informação é
importante para acompanhar sistematicamente a evolução do caso.

· Educação do cliente sobre o modelo cognitivo:

Ao longo do processo terapêutico, o terapeuta vai ensinando paulatinamente ao cliente


como funciona o modelo cognitivo: são os nossos pensamentos que provocam nossas
emoções e determinam os nosso comportamentos.

Na primeira sessão, o terapeuta faz uma pequena exposição do modelo, utilizando um


exemplo do cliente. Eu gostaria que você me contasse uma situação recente em que
você se sentiu particularmente desconfortável (ou triste, aborrecido, ansioso, etc.)?
Nesta fala do cliente, o terapeuta procura identificar os seguintes itens: a situação (ex:
Foi na escola, durante a aula de estatística, o professor perguntou qual resposta eu dei
ao exercício e a minha resposta estava errada), o(s) pensamento(s) (Eu sou
incompetente, isso é difícil demais para a minha cabeça, eu não tenho capacidade para
o estudo), os afetos (Fiquei nervosa e triste comigo mesma) e o(s) comportamento(s)
do cliente (Eu abaixei a cabeça e não consegui mais acompanhar a aula). Veja o
organograma abaixo:

Resumo do modelo: são os pensamentos da pessoa em uma determinada situação


que desencadeiam as emoções que ela sente e as reações que ela tem (seus
comportamentos).

Nas próximas sessões, o modelo será ampliado, com a inclusão da distinção entre os
pensamentos da crença central (Eu sou incompetente) e dos pensamentos automáticos
(Isso é difícil demais para a minha cabeça, eu não tenho capacidade para o estudo),
que sevem de base para a crença central. Este conjunto de pensamentos forma o
Esquema Cognitivo, que será apresentado através do Mapa Cognitivo, que vamos
aprender mais adiante e do preenchimento do Diário de Pensamentos Disfuncionais.

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