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Estrutura de Sessão

A Terapia Cognitivo-comportamental é estruturada, ativa, diretiva,


orientada para o problema e fundamentada no modelo cognitivo-comportamental.
Portanto, é importante lembrar desses princípios básicos, pois de forma geral, eles
estão presentes na sessão.

Antes de tudo, o ponto principal para uma sessão de psicoterapia é a


relação terapêutica, independente da abordagem, pois é essencial desenvolver um
bom rapport, ou seja, uma relação de confiança, de forma empática para que a
pessoa se comunique com menos resistência e assim crie um vínculo terapêutico
forte, facilitando o trabalho.

Todo processo de psicoterapia depende da relação terapêutica e de um


bom vínculo terapêutico. Estudos indicam que bons vínculos terapêuticos estão
ligados aos resultados positivos no tratamento (BECK, J., 2013).

Muita gente pensa que a TCC é conduzida de uma forma fria e mecânica,
mas isso é um grande equívoco. É de extrema importância que o psicoterapeuta
tenha desenvolvido as habilidades de escuta, empatia, preocupação, respeito,
humildade e autenticidade. Sem essas habilidades terapêuticas básicas, a sessão
fica totalmente comprometida.

Portanto, é importante que o profissional demonstre boas habilidades


terapêuticas, tome decisões colaborativamente, busque o feedback, varie seu estilo,
ajude o paciente a resolver seus problemas e a aliviar a angústia ou outras emoções
(BECK, J., 2013).

Depois de tudo isso, podemos pensar na estrutura da sessão de TCC.


Uma sessão de TCC é estruturada e cada elemento da estrutura da sessão tem o
objetivo de potencializar a colaboração entre paciente e psicoterapeuta durante o
trabalho.

Basicamente, uma sessão de TCC é estruturada da seguinte forma: 1.


revisão do humor (escore inicial, final e/ou inventários); 2. revisão da semana; 3.
ponte com a última sessão; 4. revisão das tarefas; 5. agenda da sessão; 6. tema da
sessão; 7. resumos periódicos e resumo final; 8. feedback da sessão.
Parte Inicial da Sessão

1. Verificação do Humor

É importante monitorar regularmente o humor do paciente. Seja por meio de


inventários objetivos e/ou fazendo uma rápida revisão do humor no começo e no
final da sessão. Você pode perguntar?

➔ De 0 a 10, sendo 10 muito bem e 0 muito mal, como você está se sentindo
nesse momento? (Pergunta no começo e no final da sessão)
➔ De 0 a 10, sendo 10 muito ansioso e 0 nada ansioso, quanto de ansiedade
você está sentindo nesse momento? (Pode trocar ansiedade por qualquer
outra coisa que você queira mensurar).

2. Atualização da semana

São perguntas simples com o objetivo de avaliar rapidamente a semana do


paciente. Perguntas como:

➔ Em relação à semana passada, você está se sentindo melhor, pior ou a


mesma coisa?
➔ Como você se sentiu essa semana?

Revisando também os acontecimentos bons ou ruins desde a última sessão.


Sempre com o objetivo de avaliar o progresso psicoterapêutico e a identificação de
alguma questão que se torne prioridade na agenda da sessão.

➔ O que de positivo teve em sua semana? (Esta última pergunta para ativar
percepções positivas no paciente).

3. Ponte com a sessão passada

As sessões estão interligadas, dando um sentido de continuidade. Sempre dando


seguimento a um plano de trabalho. Nessa etapa, é importante perguntar:

➔ O que você lembra de importante da última sessão?


➔ Fazendo uma revisão da nossa última sessão, o que você concluiu de mais
importante?
➔ O que houve de importante da sessão passada que você recorda e que
gostaria de trazer hoje?
4. Revisão do Plano de Ação

Judith (2013) afirma que “revisar o exercício de casa do paciente é essencial. Se


você não o fizer, o paciente invariavelmente vai parar de fazê-lo”. É basicamente
pedir para o paciente falar sobre a tarefa da semana, ou seja, o plano de ação
construído na última sessão, pois a consolidação do aprendizado acontece por meio
das tarefas e exercícios entre as sessões.

➔ Podemos conversar sobre o seu exercício de casa? Você conseguiu fazer?

5. Agenda da Sessão - Definição da Pauta

É importante estabelecer uma agenda com os principais pontos que deverão ser
abordados na sessão. O principal objetivo é o foco no problema e nas suas
possíveis soluções, evitando distrações. Perguntas que ajudam:

➔ O que você gostaria de trabalhar na sessão de hoje?”


➔ Para quais problemas você quer a minha ajuda hoje?

Isso cria no paciente o hábito de pensar antecipadamente no que vai abordar na


sessão.

Às vezes, o paciente pode demorar demais na revisão da semana, e ali, já


apresentar problemas que poderão servir de pauta a serem trabalhadas na sessão.
Quando isso acontecer você pode fazer a seguinte ponte:

O que você identifica em sua semana, como problemas para que a gente possa
trabalhar hoje?

Parte Intermediária da Sessão

6. Tema da Sessão

Momento para trabalhar os itens da agenda. Você pode seguir os seguintes passos:

➔ Identifique e discuta o problema e defina objetivos.


➔ Trabalhe e ensine habilidades da terapia cognitivo comportamental naquele
contexto.
➔ Traga os problemas para o modelo cognitivo.
➔ Trabalhe o próximo problema.
7. Resumos periódicos

É importante estimular o paciente a fazer resumos periódicos durante a sessão.


Resumos do que foi entendido ou descoberto com o objetivo de fortalecer o
aprendizado. Exemplo:

➔ Você poderia resumir o que acabamos de falar?


➔ O que você acha que é a questão principal aqui?
➔ O que você acha que seria importante lembrar?

Parte Final da Sessão

8. Nova prescrição do Plano de Ação (exercício de casa)


Momento reservado para passar o exercício de casa/plano de ação da semana.

9. Resumo Final

Além desses resumos durante a sessão, também é importante solicitar um resumo


ao final da sessão. O resumo final tem como objetivo focar a atenção do paciente de
forma positiva nos pontos mais importantes da sessão. Nas sessões iniciais,
geralmente você é quem fará o resumo. Uma pergunta para ajudar no resumo:

➔ O que você leva de importante dessa sessão de hoje?

Se o paciente não conseguir resumir, você pode resumir por ele. Lembrando que o
resumo não é uma simples repetição dos itens trabalhados, mas a relação das
descobertas, aprendizados e conclusões da sessão.

10. Solicite o feedback

Depois do resumo final, você vai solicitar ao paciente um feedback sobre a sessão.
Solicite regularmente o feedback ao paciente. Exemplo:

➔ Como você vai sair se sentindo da sessão de hoje?


➔ Falei alguma coisa ou fiz algo na sessão que você não gostou?
➔ Houve alguma coisa que você não gostou?
➔ Você não entendeu alguma questão da sessão?

O feedback pode ser solicitado em qualquer momento da sessão. Além disso, é


importante solicitar o feedback de como está o tratamento. Com isso, aumenta a
chance de identificar algum problema durante o processo psicoterapêutico,
ajudando a corrigir o plano de tratamento, caso seja necessário.

Judith (2013), afirma que quando o paciente expressar um feedback negativo, você
o reforçará positivamente e então tentará resolver o problema. Se não houver tempo
suficiente para isso, peça desculpas e diga que você gostaria de discutir seu
pensamento negativo sobre a sessão logo no começo da sessão seguinte. O
feedback negativo geralmente indica dificuldades na aliança terapêutica.

11. Verificação final do humor

Você basicamente vai mensurar como o paciente está saindo da sessão. O objetivo
é averiguar o efeito da sessão, se o paciente saiu melhor, pior ou do mesmo jeito.
Você pode perguntar da seguinte forma:

➔ De 0 a 10, sendo 10 muito bem e 0 muito mal, como você está se sentindo
agora no final?
Pontos importantes antes, durante e depois da sessão

Antes

Você pode enviar para o paciente perguntas para ajudá-lo a se preparar para as
sessões. Essas perguntas podem ser enviadas pelo WhatsApp ou um formulário
Google. Exemplo das perguntas:

➔ Sobre o que falamos de importante na sessão passada? O que dizem as


minhas anotações da terapia?
➔ Como esteve o meu humor em comparação às outras semanas?
➔ O que aconteceu (de positivo e negativo) nesta semana que o meu terapeuta
deveria saber?
➔ Para quais problemas eu desejo ajuda? Que nome dar a cada um desses
problemas?
➔ Que exercício de casa eu fiz? (Se eu não fiz, o que atrapalhou?) O que eu
aprendi?

Durante

Quando perceber mudanças no afeto, expressão facial, tom de voz e etc., pergunte:

➔ O que está se passando pela sua cabeça nesse momento?

Quando perguntar como foi a semana ou algum evento específico, e ele atribuir a
melhora a algum evento externo, você acrescenta a pergunta:

➔ Tenho certeza de que isso ajudou, mas você também notou se estava
pensando de um modo diferente ou fazendo alguma coisa diferente quando
isso aconteceu?

Quando for propor uma tarefa pergunte:

➔ O que pior pode acontecer?


➔ O que de melhor pode acontecer?
➔ E qual a visão mais realista da situação?

Quando for fazer um resumo do que o paciente falou pergunte: É isso mesmo?

Quando você propuser uma hipótese pergunte: Faz sentido pra você?
Faça resumos periódicos durante a sessão:

1. Resumo do conteúdo: paciente fala durante 10 minutos e você resume em duas


frases e pergunta se é isso mesmo;

2. Resumo do que você avaliou de uma fala, pensamento automático ou crença:


você pede ao paciente para faz um resumo da sua hipótese se fez sentido, do que
vocês trouxeram juntos na sessão.

Depois

Criar um inventário para medir o humor do paciente entre as sessões.

Pode ser um inventário dos que já existem (Escalas de Beck ou do livro A Mente
Vencendo o Humor, ou então, você cria um inventário com os próprios sintomas do
paciente e vai medindo semana a semana).

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