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cognitivo?
Como você identifica os valores, aspirações e
objetivos?
Como você define um Plano de Ação?
Como você resume a sessão e obtém feedback?
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introduzir ou reintroduzir o modelo cognitivo. Ou pode apresentar
um exemplo. Além disso, procure oportunidades durante a sessão
para gerar emoções positivas, por exemplo, fazendo os clientes
criarem uma imagem visual nas suas mentes em que concretizam
suas aspirações, tendo uma breve conversa sobre seus interesses
e valores e/ou usando autoexposição.
DICAS CLÍNICAS
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VERIFICAÇÃO DO HUMOR
No começo da sessão, cumprimente o cliente e faça uma
verificação do humor. Pesquisas mostram que quando terapeutas e
clientes rotineiramente acompanham o progresso e os terapeutas
usam o feedback para aprimorar seu tratamento, os resultados são
otimizados (Miller et al., 2015). Você pode usar escalas publicadas,
como Inventário de Depressão de Beck-II (Beck et al., 1996),
Inventário de An-siedade de Beck (Beck & Steer, 1993a) e Escala
de Desesperança de Beck (Beck & Sterr, 1993b). Ou pode usar
escalas no domínio público, como Patient Health Questionnaire
(PHQ-9; www.integration.samhsa.gov/images/res/PHQ%20-%2
0Questions.pdf) ou Generalized Anxiety Disorder Scale (GAD-7;
www.integration.samhsa.gov/clinical-practice/gad708.19.08car
twright.pdf). Se o cliente não for capaz ou não estiver disposto a
preencher formulários, você pode avaliar seu humor pedindo que
atribua um número em uma escala (0-10) que representa como ele
tem se sentido. Você pode dizer: “Se 10 significa o mais deprimido
que você já se sentiu e 0 significa nem um pouco deprimido, quão
forte foi a depressão na maior parte da semana passada?”.
Também é bom pedir que o cliente classifique seu sentimento de
bem-estar em uma escala de 0 a 10, conforme ilustrado no diálogo
a seguir.
É especialmente crítico verificar o nível de suicidalidade do
cliente (e/ou impulsos agressivos ou homicidas). Escores elevados
nos itens de suicidalidade e desesperança indicam que o cliente
pode estar em risco. Neste caso, faça uma avaliação do risco
(Wenzel et al., 2009) para determinar se você precisará passar a
próxima parte da sessão (ou a sessão inteira) desenvolvendo um
plano para manter o cliente seguro. Também pode ser importante
verificar mais especificamente outros problemas, como sono,
sintomas de ansiedade e comportamentos impulsivos. Essas
questões podem ser importantes para a pauta. Uma vantagem de
pedir que o cliente preencha checklists de sintomas é que você
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pode rapidamente identificar problemas sem ter que fazer
perguntas adicionais.
Se você usar as checklists de sintomas, também obtenha uma
descrição subjetiva (“Como você se sentiu esta semana?”) do
cliente e combine com seus escores no teste objetivo.
Independentemente de como você mede o humor do cliente,
certifique-se de que ele não esteja relatando como se sente
apenas naquele dia, mas que está lhe fornecendo uma visão geral
do seu humor na última semana. Avise o cliente que você gostaria
de continuar verificando seu humor a cada semana. Você pode
dizer:
“Eu gostaria que você viesse para cada sessão uns minutos
antes para que possa preencher estes formulários.
[fornecendo uma justificativa] Eles ajudam a me dar uma ideia
de como você passou a semana anterior, embora eu sempre
vá querer que você também descreva com suas próprias
palavras como tem passado.”
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garantir que você está fazendo progresso com o passar do
tempo. (examina os formulários) Vamos ver. Como acha que
seu humor está, comparado com a semana passada?
ABE: Provavelmente o mesmo.
JUDITH: É assim que os formulários parecem estar também. Este,
que mede a depressão (mostra o PHQ-9), era 18 na semana
passada e nesta semana (pausa), e este, que mede a
ansiedade (mostra o GAD-7), ainda é 8. (pausa) Você pode
também me dizer o quanto sentiu bem-estar na última semana?
Zero significa nenhuma sensação de bem-estar, e 10 significa a
maior sensação de bem-estar que você já experimentou.
ABE: Aproximadamente 1, eu acho.
DICAS CLÍNICAS
A verificação do humor deve ser breve. Quando o cliente lhe dá detalhes demais,
você pode se desculpar por interrompê-lo e então dizer uma destas duas coisas:
“Você pode resumir como se sentiu esta semana em apenas uma frase ou duas?”
ou
“Podemos colocar na pauta como você tem se sentido [ou o problema que você
acabou de descrever] e abordar isso em alguns minutos?”
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VERIFICAÇÃO DA
MEDICAÇÃO/OUTROS
TRATAMENTOS
Quando os clientes tomam medicação para suas dificuldades
psicológicas, você irá verificar brevemente a adesão, os problemas
e os efeitos colaterais. É importante formular a questão da adesão
em termos da frequência – não: “Você tomou sua medicação esta
semana?”, mas “Quantas vezes nesta semana você conseguiu
tomar sua medicação na forma prescrita [pelo médico]?”. (Ver J. S.
Beck, 2001, e Sudak, 2001, para sugestões sobre como aumentar
a adesão à medicação.)
Independentemente de o seu cliente estar tomando medicação
ou recebendo um tipo de tratamento diferente (p. ex.,
eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana ou
outras terapias de estimulação cerebral), você deve obter a
permissão dele e então periodicamente contatar seu médico para
trocar informações. Você não irá recomendar alterações na
medicação, mas pode ajudar o cliente a responder aos obstáculos
que estão interferindo na sua adesão plena. Quando o cliente tem
preocupações com questões como efeitos colaterais, dosagem,
adição aos medicamentos ou medicações alternativas ou
suplementos, ajude-o a anotar perguntas específicas para fazer ao
seu médico e sugira que anote as respostas do médico. Se o
cliente não estiver tomando medicação, mas você achar que uma
intervenção farmacológica ou outra está indicada, você pode
propor que ele faça uma consulta médica ou psiquiátrica.
DICAS CLÍNICAS
Se o cliente estiver hesitante em marcar uma consulta, poderá estar disposto a
examinar as vantagens e desvantagens de não marcar uma consulta. É útil sugerir
que ele não tem que se comprometer em tomar medicação ou em receber um
tratamento adjuvante; ele pode apenas obter mais informações e depois decidir.
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DEFINIÇÃO DA PAUTA INICIAL
Idealmente, você define a pauta rápido. A maioria dos clientes se
sente confortável quando você lhes diz que gostaria de estruturar a
sessão. Quando você explica a justificativa, deixa o processo da
terapia mais compreensível para os clientes – o que ajuda a obter
sua participação ativa de uma forma estruturada e produtiva.
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começaremos a trabalhar em um dos seus objetivos. (pausa) E
então, no final da sessão, vou lhe pedir um feedback. (pausa)
Isso lhe parece bom?
ABE: Sim.
JUDITH: [obtendo os itens na pauta de Abe] Mais alguma coisa
que você gostaria de pautar e falar a respeito?
ABE: Não, já me parece bastante. Isso será suficiente.
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ATUALIZAÇÃO E REVISÃO DO
PLANO DE AÇÃO
Na TCC tradicional, poderíamos pedir uma atualização deste
modo: “O que aconteceu entre a última sessão e esta que eu deva
saber?”. Isso conduz a uma recontagem de experiências
negativas, em especial no começo do tratamento. Então
perguntaríamos: “O que aconteceu de positivo?”. Como você verá
a seguir, na terapia cognitiva orientada para a recuperação (CT-R)
(Beck et al., no prelo), tendemos a começar por experiências
positivas e ajudamos os clientes a tirarem conclusões adaptativas.
A atualização frequentemente está entremeada com uma revisão
do Plano de Ação.
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Na sequência, faço Abe focar nessa experiência e tirar
conclusões positivas sobre ela e sobre si mesmo.
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JUDITH: Quando você teve o pensamento “Tudo é tão difícil”, o
que esse pensamento o fez sentir emocionalmente: [fornecendo
uma múltipla escolha] Feliz, triste, ansioso?
ABE: Triste, muito triste.
JUDITH: E o que você geralmente acaba fazendo?
ABE: Fico apenas sentado no sofá.
JUDITH: Então, eu entendi bem? Parece que esse tipo de coisa
tem acontecido muito. [resumindo na forma do modelo cognitivo]
A situação é que você está decidindo se faz ou não alguma
coisa, como levar seu neto para sair, e então tem o
pensamento: “Tudo é tão difícil”. Esse pensamento o faz se
sentir mal e você geralmente acaba sentado no sofá.
ABE: Parece que você está certa.
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JUDITH: Oh, ótimo. Você conseguiu colocá-lo ao lado da sua
cafeteira e lê-lo todas as manhãs e depois no fim do dia?
ABE: Eu leio todas as manhãs, mas não li muitas vezes mais tarde.
JUDITH: OK. (Faz uma anotação mental para discutir mais no final
da sessão a leitura do Plano de Ação duas vezes ao dia.) Você
poderia ler as anotações da terapia agora e dizer o que pensa
sobre elas?
ABE: “Quando eu começar a me sentir mais deprimido, devo me
lembrar de que o plano da terapia faz sentido.”
JUDITH: OK, ele ainda faz sentido para você?
ABE: Sim, ainda faz sentido.
JUDITH: O que mais a anotação diz?
ABE: “Com a ajuda de Judy, vou trabalhar em direção aos meus
objetivos a cada semana, passo a passo. Vou aprender como
avaliar meu pensamento, o qual pode ser 100% verdadeiro, 0%
verdadeiro, ou em algum ponto intermediário.”
JUDITH: O que acha disso? Como você está deprimido, seu
pensamento pode nem sempre ser completamente verdadeiro.
ABE: Bem, essencialmente até agora, meu pensamento parece ser
100% verdadeiro.
JUDITH: (fazendo uma anotação) Vamos voltar a isso daqui a
pouco. O que vem a seguir?
ABE: (lendo) “A forma como vou melhorar é fazendo pequenas
mudanças no meu pensamento e comportamento todos os
dias.”
JUDITH: Exatamente.
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ABE: “Dar a mim mesmo o crédito por fazer tudo o que está escrito
acima, por fazer alguma outra coisa que me ajude a superar a
depressão e por fazer tudo o que ainda é um pouco difícil – por
fazer mesmo assim.”
JUDITH: Então, você conseguiu dar o crédito a si mesmo por levar
Ethan para tomar sorvete?
ABE: Não muito bem, não. E eu só devia fazer aquilo [pensamento
automático].
JUDITH: Bem, daqui a alguns minutos vamos falar sobre a sua
depressão e como isso tem atrapalhado. Você conseguiu dar o
crédito a si mesmo por ler suas anotações da terapia todas as
manhãs?
ABE: Consegui, na maior parte do tempo pelo menos.
JUDITH: Isso é bom.
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DIAGNÓSTICO E PSICOEDUCAÇÃO
SOBRE DEPRESSÃO
A maioria dos clientes quer saber seu diagnóstico geral e
estabelecer que você não acha que são loucos ou estranhos ou
anormais. Em geral, é melhor evitar o rótulo de um transtorno da
personalidade (e algumas vezes uma condição de saúde mental
grave) na primeira sessão e, em vez disso, descrever as
dificuldades que o cliente experimentou, por exemplo:
“Aparentemente você tem transtorno depressivo maior. Também
parece que você tem alguns problemas antigos com os
relacionamentos e com o trabalho. Está certo?”.
É aconselhável deixar que o cliente saiba como você fez o
diagnóstico e oferecer alguma psicoeducação inicial sobre a
condição dele; queremos que ele comece a atribuir parte dos seus
problemas ao seu transtorno, e não ao seu caráter. Pensamentos
como: “Tem algo de errado comigo”; “Eu sou preguiçoso”; ou “Não
sou bom” afetarão seu humor de forma negativa – e provavelmente
seu comportamento – e assim reduzirão sua motivação.
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chamada de depressão. (pausa) E, falando com você na
semana passada, descobri que você realmente tem isso.
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JUDITH: Você ainda poderia ter problemas de concentração se os
seus sintomas fossem muito intensos. A sua depressão é
igualmente tão real quanto uma pneumonia. E parte dessa
doença real, Abe, é seu pensamento deprimido.
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realmente inúteis. Vou lhe ensinar como avaliar seus
pensamentos para que você possa ver por si mesmo o quanto
eles são acurados ou úteis. OK?
ABE: OK.
JUDITH: Também quero fazer outra analogia. Quando as pessoas
estão deprimidas... bem, é como os cavalos de corrida que
usam antolhos. Por que eles têm os antolhos?
ABE: Para que não se distraiam. Para que fiquem olhando apenas
para frente.
JUDITH: Exato. E quando as pessoas estão deprimidas, é como se
estivessem usando antolhos também. Tudo o que conseguem
ver é o que está imediatamente à sua frente. E todas essas
coisas, já que elas estão de óculos escuros, parecem de fato
terríveis e muito negativas. Uma das coisas que faremos, Abe, é
abrir esses antolhos para que você possa ver tudo o que está
acontecendo, e não apenas o negativo.
ABE: OK.
JUDITH: Você acha que seria útil lembrar-se disso esta semana?
ABE: Sim, provavelmente.
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JUDITH: Sim, “Estou só olhando para uma parte”, e para que parte
você está olhando?
ABE: A parte através dos meus óculos escuros.
JUDITH: Sim. “Estou só olhando para uma parte da cena, e é
através dos óculos escuros.”
ABE: Melhor.
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JUDITH: Exato. (Apontando para o diagrama do modelo cognitivo.)
Não é a situação diretamente que faz você se sentir cansado ou
mal ou deprimido. É o que você está pensando nessa situação.
Assim, se você teve o pensamento “Tudo é tão difícil”, é claro
que irá se sentir deprimido e ficar sentado no sofá. Se você tiver
um pensamento como “Bem, a terapia faz sentido. Judy diz que
ela pode me ajudar”, então poderá se sentir um pouco melhor e
será mais provável que faça alguma coisa.
ABE: Entendo.
JUDITH: Uma das coisas que será realmente importante neste
tratamento é que você aprenda a identificar seus pensamentos
automáticos. Isso é apenas uma habilidade, como aprender a
andar de bicicleta. Vou lhe ensinar a fazer isso. E depois vamos
descobrir se um pensamento é 100% verdadeiro ou 0%
verdadeiro ou algo em um ponto intermediário. (pausa) Então,
antes de levar Ethan para tomar sorvete, você estava pensando
que isso seria uma coisa muito difícil de fazer?
ABE: Sim.
JUDITH: E qual foi o resultado?
ABE: Muito bom.
JUDITH: Foi tão difícil quanto esperava?
ABE: Não.
JUDITH: Então, esse é um exemplo muito bom de como você
poderia ter um pensamento automático como “Isso é tão difícil”
ou “Vai ser muito difícil levá-lo para sair”, mas que pode acabar
não sendo verdadeiro, ou não 100% verdadeiro. Está correto?
ABE: Sim.
JUDITH: Então você poderia me dizer com suas próprias palavras
sobre o que estávamos falando aqui?
ABE: Bem, acho que você está dizendo que eu tenho todos esses
pensamentos negativos porque estou deprimido.
JUDITH: Certo. E que efeito esses pensamentos têm sobre você?
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ABE: Eles fazem eu me sentir mal e então apenas fico sentado no
sofá.
JUDITH: Oh, bem, isso é excelente. Você está certo. Seu
pensamento afeta como você se sente e então o que faz. De
fato, se você tivesse pensado “É muito difícil levar Ethan para
sair” em vez de apenas “Isso é muito difícil”, o que acha que
teria acontecido?
ABE: Não sei. Eu poderia nem mesmo ter telefonado para ele.
DICAS CLÍNICAS
Se tiver dificuldade para identificar os pensamentos automáticos de um dos seus
clientes, você pode dar um exemplo:
TERAPEUTA: Eu gostaria de conversar por alguns minutos sobre como seu
pensamento afeta a forma como você se sente e o que faz.
CLIENTE: OK.
TERAPEUTA: O que você pensaria se tivesse mandado uma mensagem para seu
melhor amigo 8 horas atrás e ele não lhe respondesse?
CLIENTE: Que talvez haja alguma coisa errada.
TERAPEUTA: Como esse pensamento faria você se sentir?
CLIENTE: Preocupado, eu acho.
TERAPEUTA: E o que você faria?
CLIENTE: Provavelmente mandaria outra mensagem e, se ainda não tivesse
resposta, é provável que eu telefonasse.
TERAPEUTA: OK, esse é um bom exemplo de como seu pensamento influencia
como você se sente e o que faz.
Então, se quiser reforçar o modelo cognitivo, você pode apresentar um
pensamento automático diferente, usando a mesma situação. Por exemplo,
pergunte o que o cliente sentiria e faria se tivesse o pensamento “Ele sempre faz
isso comigo. Ele é tão grosseiro”. Em seguida, peça-lhe que resuma o que acabou
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de aprender.
DICAS CLÍNICAS
Quando as habilidades cognitivas dos clientes estão prejudicadas ou limitadas,
você pode usar recursos de aprendizagem mais concretos como personagens de
quadrinhos com várias expressões para ilustrar as emoções com “balões de
pensamentos” acima de suas cabeças.
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pensa “Estou muito cansado para fazer qualquer coisa”. Como
esse pensamento o faz se sentir emocionalmente?
ABE: Deprimido.
JUDITH: E se você acreditar nesse pensamento, de que está muito
cansado para fazer qualquer coisa, o que acha que fará?
ABE: Provavelmente vou continuar sentado.
JUDITH: Acho que provavelmente você está certo. (pausa) OK,
esta semana eu gostaria que você observasse quando estiver
se sentindo muito deprimido ou não sendo produtivo. Então
gostaria que perguntasse a si mesmo: “O que estava passando
pela minha mente?”. (pausa) Depois gostaria que você anotasse
seus pensamentos. Mas então se lembre de que eles podem
não ser verdadeiros, ou pelo menos não completamente
verdadeiros. OK?
ABE: Vou tentar.
JUDITH: Você pode escrever seus pensamentos automáticos
nesta Folha de Exercícios Identificando Pensamentos
Automáticos (pega a folha de exercícios na Fig. 6.2) ou em um
papel, um caderno ou no seu telefone. O que seria melhor?
ABE: Vou tentar a folha de exercícios.
JUDITH: Bom. (Entrega a Abe a folha de exercícios.) Veja que ela
tem as orientações bem no alto, aquelas que acabei de lhe
mostrar.
ABE: OK.
JUDITH: (Certificando-se de que Abe sabe o que fazer.) Você
poderia escrever seu pensamento automático nela – “Estou
muito cansado para fazer qualquer coisa”?
ABE: OK. (Escreve este pensamento na folha de exercícios.)
JUDITH: Será que você vai precisar de um lembrete? Algo como
uma nota adesiva, ou então passar seu relógio para o outro
braço ou usar um elástico no pulso – para se lembrar de
procurar seus pensamentos automáticos.
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ABE: Acho que eu preciso ver alguma coisa, algum tipo de
lembrete visual. Um elástico seria bom.
DICAS CLÍNICAS
Se o cliente responde que nada parece importante ou se tem dificuldade para
formular uma resposta, você pode dar sugestões: “O quanto é
importante para você?”.
Você pode lhe pedir que considere áreas como estas:
JUDITH: Abe, será que podemos nos voltar para outra coisa, falar
sobre o que é realmente importante para você na vida? Quais
são as coisas mais importantes para você na vida? Ou talvez
antes de você ter ficado deprimido, o que era muito, muito
importante para você?
ABE: Meus filhos.
JUDITH: Sim.
ABE: E os netos também.
JUDITH: Seus netos, OK. O que mais era realmente importante?
ABE: Bem, para mim sempre foi importante trabalhar e ser
produtivo, mas eu estraguei tudo.
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Identificando Aspirações
Para identificar as aspirações do cliente, faça uma ou mais
perguntas como as seguintes (Beck et al., no prelo):
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“O que seria especialmente bom sobre [atingir suas aspirações e objetivos]?”
“Como você se sentiria em relação a si mesmo? O que isso diria sobre você?
Como outras pessoas poderiam vê-lo ou como elas o tratariam de modo
diferente?”
“O que isso sugeriria sobre seu futuro?”
“Como você se sentiria [emocionalmente] se tudo isso se tornasse realidade? Você
consegue captar esse sentimento neste momento?”
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O uso da imaginação pode tornar as aspirações mais concretas e
levar os clientes a experimentarem emoção positiva na sessão.
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DEFININDO OBJETIVOS (PARTE 1)
Depois de identificar os valores e aspirações dos clientes, você
colaborativamente define os objetivos e os registra. Esses
objetivos são mais específicos do que os amplos que vocês
discutiram durante a sessão de avaliação. Clientes com depressão
se beneficiam da identificação dos objetivos em uma variedade de
áreas (Ritschel & Sheppard, 2018). Você pode sugerir que eles
pensem sobre objetivos relacionados às mesmas áreas que foram
descritas nas páginas 102-103. Na sequência, Abe e eu definimos
alguns objetivos. Então abordamos um pensamento automático
que interfere, antes de retornarmos à definição dos objetivos.
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tenho boas razões para esperar que o tratamento ajude; e
vir para o tratamento é um sinal de força.
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ABE: Mas sempre achei que eu deveria resolver meus problemas
sozinho.
JUDITH: OK. Voltemos à analogia da pneumonia. Se você tivesse
uma pneumonia bacteriana, tentaria se curar sozinho?
ABE: Não. Eu teria que ir ao médico.
JUDITH: E o médico o ajudaria. (pausa) Eu também vou ajudá-lo.
Mas, em vez de lhe dar um remédio, vou lhe ensinar as
habilidades para superar a depressão. Habilidades que as
pesquisas mostram que ajudam as pessoas a melhorarem.
(pausa) OK?
ABE: Acho que sim.
JUDITH: Sabe, acho que é um sinal de força você estar disposto a
fazer alguma coisa que vai no sentido contrário.
ABE: Talvez eu esteja vendo tudo através dos óculos escuros.
JUDITH: Sim, acho que está. E o que temos que fazer juntos –
observe que eu disse “juntos” – é raspar e retirar a tinta preta
para que você possa vencer a depressão. (pausa) Podemos
voltar à definição dos objetivos?
ABE: OK.
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DEFININDO OBJETIVOS (PARTE 2)
Depois de ter respondido ao pensamento disfuncional de Abe,
retornamos à definição dos objetivos. Tenho o cuidado de evitar
sobrecarregar Abe com muitos objetivos, e limito nossa discussão
para que tenhamos tempo de elaborar a programação das
atividades.
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Dificuldades na Definição dos Objetivos
São três as dificuldades que algumas vezes surgem quando você
está tentando definir os objetivos:
DICAS CLÍNICAS
Acrescente novos objetivos à medida que surgirem em sessões posteriores.
Observe que os objetivos são a outra face dos problemas. Por exemplo, se o
cliente diz: “Não sei o que fazer com meu filho adolescente”, você pode dizer:
“Você quer ter um objetivo de decidir o que fazer?”. Se ele disser: “É tão difícil
conseguir fazer as coisas”, você pode dizer: “Você quer ter um objetivo de
descobrir se consegue fazer alguma coisa para que se torne mais fácil?”.
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PROGRAMANDO ATIVIDADES
Se houver tempo na primeira sessão, uma boa ideia é ajudar os
clientes mais deprimidos a programarem atividades para a semana
seguinte e lhes dar o crédito por se engajarem nessas atividades.
Ou então, se houver um problema urgente que precisa de atenção
imediata, você pode trabalhar nisso. Como Abe tem estado muito
inativo e como não apresentou um problema mais urgente, sugiro a
programação das atividades para a semana seguinte. No próximo
capítulo, você lerá a respeito do que fizemos.
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RESUMO FINAL DA SESSÃO
O resumo final estabelece ligações entre os diferentes momentos
da sessão e reforça pontos importantes. Inicialmente, é provável
que você faça o resumo. Quando achar que o cliente é capaz de
apresentar um bom resumo, você lhe pedirá que o faça.
No fim da primeira sessão, você pode dizer algo como: “Eu
gostaria de resumir o que examinamos hoje, para que fique bem
claro para nós dois. Falamos sobre o diagnóstico e como seus
pensamentos influenciam como você se sente e o que faz.
Identificamos o que é realmente importante para você e o que quer
para a sua vida. Depois definimos objetivos e elaboramos algumas
atividades para você fazer esta semana”.
O resumo também inclui uma revisão do que o cliente concordou
em fazer para seu Plano de Ação e uma avaliação da
probabilidade de executá-lo. Você lerá a respeito disso no Capítulo
8 (pp. 132-135). A Figura 6.3 apresenta o Plano de Ação da
primeira sessão de Abe. Certifique-se de que os clientes tenham
recebido o Plano de Ação por escrito e outras folhas de exercícios
de que irão precisar.
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FEEDBACK
O elemento final da primeira sessão é o feedback. Próximo ao final
dessa sessão, a maioria dos clientes se sente positiva em relação
ao terapeuta e à terapia. Solicitar feedback fortalece ainda mais o
rapport, transmitindo a mensagem de que você se importa com o
que o cliente pensa. Também dá aos clientes a chance de se
expressarem, e a você a chance de resolver eventuais mal-
entendidos. Os clientes ocasionalmente podem fazer uma
interpretação idiossincrática (negativa) de alguma coisa que você
disse ou fez. Perguntar se houve alguma coisa que os aborreceu
lhes dá a oportunidade de expressarem e então testarem suas
conclusões. Além do feedback verbal, uma boa ideia é pedir que o
cliente preencha um Formulário de Feedback (Fig. 6.4).
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entrega. Isso o ajudará a refletir sobre a sessão e se existe
alguma coisa que eu deva saber.
ABE: OK.
JUDITH: Isso é bom. Bem, estou muito feliz que você tenha vindo
hoje. Este horário está bem para você na próxima semana?
ABE: Sim.
JUDITH: Então vou lhe esperar.
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FIGURA 6.3 Plano de Ação da primeira sessão de Abe.
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FIGURA 6.4 Formulário de Feedback. Copyright © 2018 CBT
Worksheet. Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy,
Philadelphia, Pennsylvania.
EXERCÍCIO PRÁTICO
Faça a si mesmo as perguntas relevantes neste capítulo para
identificar seus próprios valores e aspirações. Depois identifique
pelo menos um objetivo e anote um ou dois passos que você pode
dar esta semana para atingi-lo.
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