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INTERVENÇÕES CLÍNICAS BREVES

CONDIÇÕES DO ATENDIMENTO
O que propomos para o cliente é uma terapia de tempo limitado, que é fruto de uma condição
inerente à conjuntura de nossa prática, que, sendo desenvolvida de acordo com o calendário
escolar, implica num encerramento das atividades a cada semestre. Propomos que o número de
sessões seja comunicado no primeiro contato com o cliente para que este possa ter uma noção
do tempo e que possa assim se organizar frente ao tempo determinado. O tempo máximo de
duração do atendimento do cliente na Clínica é de no máximo de um ano.

Na penúltima sessão será dada uma devolutiva e se decidirá sobre o futuro do cliente:
1.dá-se o atendimento por encerrado;
2.continua atendimento na clínica;
3. Encaminha-se para atendimento fora do CPA

PRIMEIRO ENCONTRO COM O CLIENTE:


 Finalidade: entender os motivos que trouxeram o cliente à clínica.
 Frente ao (s) motivo (s): deixar falar livremente
 Pode-se fazer perguntas, para esclarecer e ampliar as informações.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES:
 Cuidado com: diálogos tipo “ping-pong”
 Não responder a perguntas pessoais
 O terapeuta não é amigo do paciente
 Evitar conversas fora da sala de atendimento

I. Na primeira entrevista:
1) Apresentação /contrato
- Sou fulano, estagiário da clínica da Unip
- Sr (a) nos procurou....... “entender os motivos da consulta”

2) Colocar as condições de sigilo.

3) Definir os horários de atendimento tanto no que se refere ao dia da semana, duração da


sessão, número se sessões até o final do semestre.

4) Avisar que as faltas devem ser comunicadas com antecedência: se o inscrito faltar por duas
vezes consecutivas sem avisar, isso será tomado como sinal de desinteresse e haverá
conseqüente desligamento.

II. Ouvir o discurso do cliente:


 o que ele fala--------do que fala (levar em consideração o discurso latente)
 o que não fala -------do que não fala (levar em consideração o silêncio)
 em que lugar ele se coloca
 em que lugar ele coloca o terapeuta
 identificar qual é a expectativa do cliente
 identificar qual é a fantasia do cliente
 identificar as defesas

Ouvir - se ( o terapeuta):
 o que ouço do que ele fala------o que endento do que ele fala
 o que ouço do que ele não fala------o que entendo do que ele não fala
 como ele quer ser visto
 como ele me vê
 o que espero dele (minhas expectativas)
 o que espero de mim na relação com ele

III. Os momentos de intervenção do terapeuta


 sinalizar repetindo algo (uma palavra ou frase que o sujeito formula)
 interpretar o conteúdo,
 interpretar a transferência,
 interpretar a resistência

Aprendendo com o cliente (Casement, P. Aprendendo com o cliente) Rio de Janeiro: Imago,
1987)

É comum o mito de que o analista ou terapeuta experiente compreende o paciente de forma


rápida e infalível. Embora alguns pacientes tentem opor-se a essa situação, arriscando-se a ouvir,
em resposta, que estão "resistindo"; outros pacientes esperam por isso realmente. Talvez lhes
satisfaça o desejo de encontrar certeza. Alguns terapeutas também parecem esperar de si
mesmos essa infalibilidade; talvez para atender a um desejo não admitido de sabedoria ou poder.
Não é de surpreender, portanto, a freqüência com que os terapeutas estudantes imaginam que
lhes seja exigida uma compreensão imediata por parte de pacientes e supervisores. Isso cria a
pressão por saber, de modo a parecer competente.
Assim, as interpretações oferecidas aos pacientes podem ser "retiradas da prateleira", colhidas
de anotações ou de aulas de outras pessoas - que, por sua vez, aceitaram tais formulações como
honradas pela tradição, muito embora o uso excessivo logo desgaste esses insights,
transformando-os em clichês analíticos.
O consultório oferece um “espaço de pesquisa” dentro do qual se pode estudar melhor a
dinâmica da interação íntima do relacionamento terapêutico
É importante se considerar que para cada pessoa existem sempre duas realidades: a externa e a interna.
A realidade externa é experimentada em termos da realidade interna do indivíduo, que por sua vez é
moldada pela experiência do passado e por uma tendência contínua de ver o presente em termos desse
passado.
Ë trabalho do terapeuta reconhecer ambas as realidades e a influência constante que exercem entre si.
A memória é considerada como lembrança consciente.
A memória inconsciente traz outros tipos de lembranças que não se confinam à lembrança das coisas boas.
Na maior parte das vezes aquilo que foi desagradável é re- experimentado na terapia. Acredita-se que isto
seja devido a uma busca inconsciente pelo domínio daquelas ansiedades que haviam sido inconsoláveis no
passado
A repressão mantém a resistência do que foi afastado da consciência. Mas os conflitos inconscientes podem
emergir sob formas derivativas. Se esta comunicação inconsciente for interpretada de forma significativa e
tolerável para o cliente, o que antes foi tratado apenas pela repressão, pode vir à tona no inconsciente e se
tornar sujeito ao controle ou à adaptação do consciente. (onde havia id, passará a ter ego  Freud 1933)

Às vezes o terapeuta experimenta a sensação de ignorância e impotência. Esse não saber é que
conduz ao estar aberto à nova compreensão. Deve estar aberto ao não conhecido. A teoria é que
define a estrutura em que o terapeuta trabalha. Ajuda a moderar a incapacidade do não saber.
Mas deve ser serva do terapeuta e não seu senhor.
Na transferência: a experiência anterior e os sentimentos relacionados a ela, são transferidos do
passado e são experimentados como se estivessem realmente no presente. É por isto que o
fenômeno da transferência pode apresentar a sensação de realidade e imediata.

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