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2021/22

Filosofia 11º Ano


Trabalho realizado por:

A Ética e a Experimentação científicaMaria Almeida nº 16


Mário Lousada nº 17
Rodrigo Lopes nº 18
Índice
Introdução 2
Ética 2
Experimentação científica 3

Animais como cobaias 4

Perspetiva de Peter Singer 5

Perspetiva de Carl Cohen 6

Consideração igualitária de interesses 7

Conclusão 9

Fontes utilizadas 10

1
Introdução
Com este trabalho realizado no âmbito da disciplina de filosofia,
pretendemos explicar o que é a ética, como esta é aplicada, e relacioná-la
com a experimentação científica, abordando algumas questões levantadas
acerca do uso de animais para o benefício do ser humano. Apresentaremos
ainda as perspetivas de dois filósofos e consequentemente os argumentos
usados, contra e a favor do tema, dos mesmos.

Ética
Chama-se ética ao conjunto de padrões e valores morais de um indivíduo
ou um grupo de indivíduos. Na filosofia, a ética é a ciência que estuda os
motivos que constroem e destroem os padrões de comportamento do ser
humano, resultado da convivência da sociedade. Os valores são princípios e
qualidades intrinsecamente desejáveis, que constroem o pensamento e o
comportamento.
Na filosofia clássica, a ética não se resumia apenas aos hábitos ou costumes
socialmente definidos e comuns, mas buscava a fundamentação teórica
para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do
melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto a nível social. A ética
abrange os campos dominados atualmente por: antropologia, psicologia,
sociologia, economia, pedagogia, política, educação física e dietética. Os
filósofos tendem a dividir as teorias éticas em três áreas: metaética, ética
normativa e ética aplicada.
A ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a
moral é a qualidade desta conduta, quando se justa do ponto de vista do
Bem e do Mal. Ao contrário da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido,
pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem
sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas: por outro lado, a lei pode
ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

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Experimentação Científica
A origem do Método experimental, começou com Roger Bacon (1220-
1292) que foi o primeiro filósofo a defender a experimentação e o
empirismo como fonte de conhecimento. No final do período do
renascimento Bacon aplicava o método indutivo como meio de se produzir
o conhecimento. Este método é um procedimento de pesquisa que coloca
em prática o pensamento ou raciocínio indutivo, este caracteriza-se por ser
abrangente, e parte de premissas cuja verdade sustenta a conclusão, mas
não a garante.
O método experimental entendia
o conhecimento como sendo o
resultado de experimentações
contínuas e do aprofundamento
do conhecimento empírico. Por
outro lado, através do seu
Discurso sobre o método, René
Descartes defendeu o método
dedutivo como aquele que
possibilitaria a aquisição do
conhecimento através da
elaboração lógica de hipóteses e
a busca da sua confirmação ou negação.
Bacon pode ser considerado um dos primeiros a sistematizar o
desenvolvimento da experimentação ao elaborar o método das
coincidências constantes. Stuart Mill, mais tarde, indicou que uns certos
números de combinações podem nos conduzir à causa determinante do
surgimento dos fenômenos. Este elaborou os métodos de exclusão que se
baseiam em regras fundamentais: quando se buscam os antecedentes
comuns diante da causa do fenômeno, método de concordância, e quando
se procura observar os antecedentes comuns nas situações em que ele não
se produz.
Uma contribuição fundamental para o desenvolvimento da ciência moderna
foram os trabalhos de Galileu Galilei (1564-1642), este insistia na
necessidade de elaborar hipóteses e submetê-las a provas experimentais.
Assim, dá os primeiros passos para o método científico moderno.

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Animais como cobaias
Como reconciliamos os fortes sentimentos que muitos de nós temos por
certos animais, como cães e gatos, com a forma que usamos animais nas
nossas próprias vidas? A maioria de nós não se incomoda em usá-los pela
sua carne, leite, ou pele, o problema é que, como humanos, não apenas
usamos os animais desta forma, mas quase sempre provocamos o seu
sofrimento no processo.

Um método comum de testar cosméticos, por exemplo, envolve imobilizar


coelhos e colocar o produto nos seus
olhos, deixando-os atuar durante um
determinado período de tempo, e
posteriormente lavá-los e verificar a
existência de efeitos prejudiciais.
Coelhos são usados nestes casos
uma vez que não possuem canais
lacrimais, ou seja, os seus olhos não
conseguem limpar o produto da
maneira que os nossos olhos o
fariam. Não vos deve surpreender
que é um processo extremamente
doloroso e na maioria das vezes cega os coelhos, que são de seguida
mortos.

Nas granjas industriais, as galinhas vivem em pequenas gaiolas, onde cada


ave ocupa o espaço de uma folha A4, os seus bicos são cortados para
impedir que se dediquem umas às outras, e quando deixam de pôr ovos, são
mortas.

Estes são apenas alguns exemplos das condições que os animais vivem à
nossa custa- e não são pouco comuns.

Nunca sonharíamos em colocar outro ser humano nestas condições, mas


não pensamos duas vezes quando falamos de animais não humanos.

Então como deixamos que isso aconteça?

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Perspetiva de Peter Singer
O filósofo australiano Peter Singer utiliza a palavra “Especismo” para
descrever a nossa preferência à nossa própria espécie em vez de outra, na
ausência de diferenças moralmente relevantes.

Singer lembra-nos que houve um tempo no qual a maioria dos americanos


achava totalmente normal e correto membros de um grupo serem
literalmente donos de membros de outro grupo- com base numa diferença
moralmente irrelevante- a cor da pele.

Hoje em dia, os membros do


grupo opressor olham para as
ações dos seus antepassados
com horror e vergonha. Singer
prevê que no futuro, os nossos
descendentes olharão para a
forma que tratamos os animais
não humanos, e terão a mesma
reação.

Em suma, Singer diz que, se


não é correto fazê-lo a um
humano, também não é
correto fazê-lo a um animal.

Se por algum motivo discordarmos com Singer então teremos de apresentar


razões para tal, respondendo ao seguinte problema:

Se concordamos que devemos tratar casos semelhantes de forma


semelhante, e que a diferença no tratamento necessita de uma diferença
moralmente relevante, então teremos de identificar as diferenças que
justificam tratar animais não humanos de formas às quais nunca trataríamos
um ser humano.

Um arbítrio que poderá utilizar para justificar essa diferença é a


inteligência.

Não há como negar que, como espécie, a nossa inteligência é superior à de


todas as outras espécies no planeta, mas normalmente não pensamos que a
inteligência é uma boa forma de decidir como somos tratados. Então, se é
claramente errado tratar membros da nossa espécie de forma diferente

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devido à sua inteligência, porque seria correto tratar membros de outras
espécies segundo o mesmo raciocínio?

Uma das respostas poderá ser que a diferença de inteligência entre os


humanos mais inteligentes e menos inteligentes é muito menor que a
diferença entre humanos e outras espécies. Mas empiricamente, isso não se
verifica.

Claro, a maioria dos humanos cai dentro de um intervalo médio de


inteligência, mas alguns humanos são profundamente limitados a nível
cognitivo, e alguns animais, (particularmente primatas) são provavelmente
mais inteligentes que estes humanos severamente limitados. E por isso esse
argumento não é sustentável.

Mas talvez pensem que devemos tratar outros animais da forma que os
tratamos simplesmente porque podemos.

Perspetiva de Carl Cohen


O filósofo Carl Cohen defende que todas as espécies estão a lutar por um
lugar no topo, e é assim que deve ser. Todas as espécies devem se
preocupar com a sua própria proteção, diz ele, e uma vez que os humanos
estão atualmente no topo, somos os melhores, e podemos por isso fazer o
que queremos a outros seres.

O problema com este raciocínio


é que ninguém concordaria com
ele se pertencesse à espécie
prejudicada. Este é exatamente o
mesmo argumento dado por
donos de escravos para justificar
a sua dominância sobre africanos
e povos indígenas.

Outro forte argumento para a


utilização de animais não
humanos é o argumento da
necessidade.

A maioria das pessoas acredita


que é justificável fazer o que for preciso para sobreviver, aliás, a maioria

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das pessoas pensam até que é justificável matar outro humano em nome da
autodefesa.

Este argumento não justifica usar animais para coisas desnecessárias, como
testes cosméticos, mas a alimentação é uma necessidade, portanto não
existe qualquer problema em comer animais.

O problema é que sabemos que os humanos podem ser perfeitamente


saudáveis sem comer animais, portanto sim, precisamos de comer, mas não
precisamos de comer animais.

Consideração igualitária de
interesses
De acordo com Singer, deveríamos pensar no tratamento de animais não
humanos em termos de consideração igualitária de interesses, isto quer
dizer que interesses idênticos devem ter o mesmo peso, independentemente
do tipo de ser vivo onde surgem.

Claro, humanos têm vários tipos de interesses que os animais não têm,
alguns de nós interessam-se em ir para a universidade, em votar, em casar,
e os animais não humanos não têm tais interesses, então não temos
obrigação de ajudá-los a fazer tais coisas.

Mas existe um interesse que todos partilhamos: Evitar sofrimento.

Segundo Jeremy Bentham, a questão não é “Eles pensam?” nem “Eles


falam?”, mas sim “Eles sofrem?”.

Isto, pois, somos todos semelhantes na nossa capacidade de sofrer e no


nosso desejo de evitar sofrimento.

Utilitaristas como Bentham e Singer dizem que devemos considerar de


forma igual esse interesse partilhado, e que não temos justificação em pôr
interesses humanos à frente daqueles não humanos.

No entanto, como utilitaristas, estes pensadores nunca falariam numa


proibição restrita do uso de animais não humanos. Eles são contra o
pressuposto de que os animais estão ao nosso dispor, uma vez que se
encontram no grupo de coisas que sentem, como humanos, e por isso

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devem ser considerados no cálculo utilitário. Por isso se o problema for
mesmo de necessidade, se estivermos literalmente a morrer de fome, e a
unica coisa ao redor para comer é um animal, Bentham e Singer
argumentariam que é moralmente justificável comê-los, uma vez que o
sofrimento envolvido em morrer à fome superaria o do animal.

O problema é que, para a maioria das pessoas no mundo industrializado de


hoje em dia, não se trata de necessidade, mas sim de sabor e conveniência.

Singer dá-nos várias razões para reconsiderar o nosso tratamento de


animais não humanos, mas podem ainda pensar “porque devo eu
preocupar-me?”, “e se eu não me importar com o facto de ser um
especista?","eu gosto de comer carne e não tenho qualquer vergonha nisso
pois toda a gente que conheço também o faz.”.

Bem, os filósofos querem que sejamos consistentes com as nossas crenças,


a maior parte de nós não comeria carne de cão, mas não teria qualquer sinal
de remorso ao comer carne de porco, apesar de ambos terem o mesmo nível
de cognição e consciência. Os filósofos querem que sejamos capazes de
justificar as nossas ações, de dar razões para aquilo que fazemos.

Por isso, ao dizer que razões não importam, e que podemos fazer o que
quisermos, mesmo que as nossas ações sejam inconsistentes, então não
estamos apenas a negar a filosofia, mas também qualquer tipo de discurso
racional. Porque se estas razões não importam neste caso, porque importam
outras razões em qualquer outro caso? Pode ser bastante difícil examinar as
nossas próprias ações, não só quando se trata de animais não humanos, mas
na maioria das áreas da nossa vida.

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Conclusão
Hoje falámos acerca das considerações
morais acerca de animais não humanos,
vimos aquilo que filósofos como Peter
Singer e Carl Cohen têm a dizer sobre a
utilização dos animais para interesses
humanos, incluindo o conceito de
consideração igualitária de interesses. A
conclusão que podemos retirar deste
trabalho é que, em relação à
experimentação científica com animais, é
uma questão que divide opiniões, por um
lado, uma vez que os animais são seres
sencientes, são também moralmente
relevantes, ou seja, devem ser tratados
com o mesmo respeito que os humanos,
por outro lado, não podemos negar que
estes são imprescindíveis para a evolução
do mundo, e que sem eles a ciência estaria num estado bastante rudimentar
comparada à dos tempos atuais.

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Fontes Utilizadas
the-scientist-and-his-cat-vector-id105942272 (612×556) (istockphoto.com)

Ética – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Método Indutivo - Conceito, etapas, problemas e exemplos


(conceitosdomundo.pt)

⃞▷ Método Experimental | Experimentação | Metodologia Científica


(metodologiacientifica.org)

Cohen.jpg (350×323) (annarborchronicle.com)

20150518162119.jpg (2048×1478) (medientipp.ch)

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experimentacao-animal.jpg (478×356) (veganagente.com.br)

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