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Terça-feira, 30 de Agosto de 2022 I Série - N.

º 164

ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA


Preço deste número - Kz: 1.700,00
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SUMÁRIO mais personalista, que atribui ao pa1ticular um tratamento


assente e compatível com o p1incípio do E<ltado Democrático
Assembleia Nacional e de Direito.
Lei n.º 31/22: A Administração Pública, tal como o Direito, precisa de
Que aprova o Código do Procedimento Administrativo. - Revoga o
Decreto-Lei n.º 16-A/95. de 15 de Dezembro.
acompanhar a dinâmica da evolução ela sociedade e tomar
as providências necessárias para que as pretensões cada vez
Ministério da Administração Pública, mais complexas colocadas pelos pa1ticulares sejam devida­
Trabalho e Segurança Social mente satisfeitas.
Decreto Executivo n. 0 390/22: Neste sentido, impõe-se adequar as nonnas que regem a
Estabelece a vigência do Decreto E'<ecutivo n.º 237/08. de 6 de Outubro.
que cria o Centro Integrado de Formação Tecnológica- CINFOTEC.
actuação claAchninistração Pública às exigências constitucio­
- Revoga o Decreto E'<ecutivo n.º 253/22. de 21 de Julho. e toda a nais e legais, sob pena de inconstitucionalidade e ilegalidade
legislação que contrarie o disposto no presente Diploma. supe1venientes, de modo a aproximar os se1viços públicos
às populações e proceder à desconcentração achninistrativa
para garantir a eficiência e a eficácia administrativas.
ASSEMBLEIA NACIONAL A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
nos tennos elas disposições combinadas ela alínea a) do n.º 1
Lei n. º 31/22 do a1tigo 165.º e da alínea d) do n.º 2 do a1tigo 166. º, ambos
de 30 de Agosto da Constituição da República de Angola, a seguinte:
A legislação que rege a actuação daAchninistração Pública
angolana foi, quase toda, aprovada na década de 1990, altura LEI QUE APROVA O CÓDIGO
em que vigorava a Lei Constitucional de 1992, que foi apro­ DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
vada num contexto de transição política em Angola.
A Lei Constitucional de 1992 consagrou, pela p1imeira ARTIGO 1.0
vez., um venladeiro sistema achninistrativo, cmsagrando a cen­ (Aprovação)
tralidade dos direitos fimclamentais e a obediência ao Direito, É aprovado o Código do Procedimento Administrativo,
enquanto pach�o que definia a actuação da Achninistração anexo à presente Lei e da qual é pa1te integrante.
Pública. ARTIGO 2.0
A aprovação da Constituição da República de Angola, (Regime de transição)
em 2010, trouxe consigo a consagração de um conjunto de
O Código é aplicável a todos os procedimentos e pro­
nonnas aplicáveis à Achninistração Pública, conjuntamente
cessos iniciados e não concluídos à data ela sua entrada em
com a consagração da dignidade da pessoa humana como
vigor.
um dos p1incípios fundamentais que, naturahnente, vincula a
Achninistração Pública. ARTIGO 3.0
Como resultado da entrada em vigor de uma nova (Revogação)

Lei Fundamental, as nonnas constitucionais sobre a 1. É revogado o Decreto-Lei n.º 16-A/95, de 15 de


Administração Pública passaram a consagrar uma dimensão Dezembro.
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2. As remissões feitas para os preceitos revogados con­ ARTIGO 3.0


sideram-se efectuadas para as coffespondentes no1mas da (Âmbito de aplicação)

presente Lei. 1. As disposições deste Código aplicam-se a todos os


ARTIGO 4 .0 Ó1gãos da Administração Pública que, no desempenho da
(Dúvidas e omissões) actividade administrativa de gestão pública, estabeleçam
As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e relações entre eles ou com os pa1ticulares, bem como aos
da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia actos em matéria administrativa praticados pelos órgãos do
Nacional. Estado que, embora não integrados naAclministração Pública,
ARTIGO 5.0 desempenhem funções materialmente aclministrativas.
(Entrada em vigor) 2. São Órgãos da Administração Pública, para efeitos
A presente Lei entra em vigor 180 dias após a sua deste Código:
a) Os ó1gãos do Estado que exerçam funções admi­
publicação.
nistrativas;
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
b) Os órgãos dos institutos públicos;
aos 24 de Março de 2022.
e) Os ó1gãos das entidades aclministrativas indepen-
O Presidente da Assembleia Nacional. Fernardo da Piedaie
dentes;
Dias dos Santos.
d) Os órgãos das Autarquias Locais;
Promulgada aos 15 de Agosto de 2022.
e) Os órgãos das associações públicas;
Publique-se. j) Os ó1gãos das Autoridades Aclministrativas
O Presidente da República, JoÃo MANUEL GONÇALVES Tradicionais que, em vütude de costume cons­
LOURENÇO. titucionalmente reconhecido ou por lei, exerçam
poderes públicos ou cumpram deveres públicos;
g) Os ó1gãos de quaisquer entidades privadas que, por
CÓDIGO DO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO acto do Estado, desempenhem actividades admi­
nistrativas de gestão pública, nomeadamente as
PARTE I entidades concessionárias ou as que exerçam
Princípios Gerais com base na delegação de poderes.
3. O regime instituído pelo presente Código é também
CAPÍTULO I aplicável aos actos praticados por entidades de direito pri­
Disposições Preliminares vado criadas por actos do Estado ou outra pessoa colectiva
ARTIGO 1.0
de direito público, ou com pa1ticipação de capitais públicos
(Objecto) ou, ainda, cuja aclministração ou fiscalização pennanente
O presente Código estabelece os princípios e regras a pe1tença, por lei, regulamento ou pelos estatutos, a quais­
obse1var no exercício da actividade administrativa, visando quer órgãos ou entidades públicas.
a realização do interesse público, no respeito pelos direitos 4. Os princípios gerais da actividade aclministrativa
subjectivos e interesses legalmente protegidos dos pa1ticula­ constantes do presente Código e as nonnas que concretizem
res e das pessoas colectivas. preceitos constitucionais são aplicáveis a toda e qualquer
ARTIGO 2 .0 actuação da Aclministração Pública, ainda que meramente
(Defulição) técnica ou de gestão privada.
1. Entende-se por Procedimento Administrativo a suces­ 5. No dommio da actividade de gestão pública, as
são ordenada de actos e fonnalidades tendentes à fonnação, restantes disposições do presente Código aplicam-se suple­
manifestação e execução da vontade da Administração tivamente aos procedimentos especiais, desde que não
Pública, bem como o dever de execução administrativa das envolvam diminuição de garantias para os pa1ticulares.
decisões jurisdicionais, tendo sempre como limite o respeito 6. A aplicação do presente Regime às empresas públicas
pelos direitos subjectivos e interesses legalmente protegidos é feita de fonna subsidiária, sendo a preferência atribuída à
dos pa1ticulares e das pessoas colectivas. legislação específica e aos diplomas legais que regem a sua
2. Entende-se por Processo Administrativo o conjl.Ulto de organização e flll1cionamento.
documentos em que se traduzem os actos e fo1malidades que SECÇÃO I
Conceitos Operacionais
integram o Procedimento Administrativo.
3. A todo o Procedimento Administrativo deve necessa­ ARTIG04.º
riamente coffesponder um processo, que é representado por (Pessoas colectivas públicas)
um conjl.Ulto de documentos e infonnações que coffespon­ 1. As pessoas colectivas públicas são entidades constituí­
dem à sua componente física, sem prejuízo da tramitação das por actos de poder público para prosseguirem o interesse
electrónica. público e dotadas, por isso, de poderes e deveres públicos.
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2. O acto que constitui a pessoa colectiva pública deve 5. O acto executado, nos tennos do número anterior,
identificar a sua natureza e o consequente regime jurídico exime o seu executor de qualquer tipo de responsabilidade,
aplicável. nos tennos da lei.
ARTIGO 5.0 ARTIGO 9.0
(Órgãos das pessoas colectivas públicas) (Impugnação administrativa e judicial)

1. Os ó1gãos têm a missão de exterio1izar a vontade das 1. Os pa1ticulares com legitimidade podem requerer a
pessoas colectivas públicas onde estão inseridos, devendo declaração de invalidade de uma decisão administrativa ou
praticar os actos necessários e adequados à concretização de qualquer acto praticado pela Administração Pública.
das suas atribuições. 2. A impugnação administrativa é concretizada por via da
2. Os actos praticados pelos órgãos são imputáveis às reclamação ou do recurso perante os ÓrgãosAdministrativos.
pessoas colectivas onde eles estão inse1idos. 3. A impugnação judicial é inte1posta nos tribunais, nos
3. Os actos praticados pelos Órgãos Administrativos tennos do Código do Procedimento Administrativo e legis­
contrários às atribuições das respectivas pessoas colectivas lação aplicável.
públicas não são imputáveis a estas. ARTIGO 10.º
ARTIGO 6 .0 (Tutela administrativa)
(Atribuições e competências)
1. As pessoas colectivas públicas integradas na
1. As pessoas colectivas públicas são criadas para pros­ Administração Autónoma estão sujeitas à tutela da lega­
seguir detenninados fins que, ao mesmo tempo, definem a lidade da sua actuação, efectuado pelo Titular do Poder
sua capacidade de exercício de direitos. Executivo.
2. Os órgãos das pessoas colectivas públicas não podem 2. Os poderes da entidade que exerce a tutela adminis­
praticar actos que estejam fora das suas atribuições ou do trativa constam do diploma legal que constitui a pessoa
seu substrato. colectiva pública e tem como limite a sua autonomia admi­
3. As competências dos ó1gãos são sempre definidas por nistrativa, financeira e regulamentar.
nonnas jurídicas e exercidas com a finalidade de realizar o ARTIGO 11.°
interesse público. (Superintendência)

ARTIGO 7 .0 1. As pessoas colectivas públicas inseridas na


(Hierarquia administrativa) Administração Indirecta do Estado estão sujeitas ao poder de
1. Entre os Ó1gãos Administrativos inseridos no mesmo superintendência, exercido pelo Titular do Poder Executivo.
se1viço é estabelecido um vínculo jurídico que confere ao 2. A supe1intendência consiste na definição dos objecti­
superior o poder de direcção e ao subordinado o dever de vos e condução da actuação das pessoas colectivas públicas
obediência. inseridas na Administração Indirecta do Estado.
2. A hierarquia resulta sempre de uma nonna jurídica que, 3. A superintendência respeita a autonomia administra­
de fo1ma expressa, identifica o superior e o subordinado. tiva, financeira e regulamentar da entidade superintendida e
3. Excepcionalmente, a hierarquia pode ser presumida, não deve inte1ferir na gestão de assuntos c01rentes.
quando existirem dois órgãos inseridos no mesmo se1viço, 4. Para efeitos do presente Código, consideram-se assun­
um superior e outro subordinado, mesmo que não haja tos coffentes os que integrarem as actividades diárias da
nonna expressa que estabeleça a relação entre ambos. entidade superintendida.
ARTIGO 8 .0
(Dever de obediência) CAPÍTULO II
Princípios Gerais
1. Só há dever de obediência nas situações em que a
ordem preencher cumulativamente os seguintes requisitos: ARTIGO 12.º
a) Existência de relação hierárquica; (Princípio da Constitucionalidade)

b) Matéria de se1viço; 1. A validade das no1mas, actos, contratos e operações


e) Fonna juridicamente estabelecida, que em regra é praticados ou emanados por ó1gãos de entidades públicas ou
a escrita; privadas sujeitas a este Código depende, antes de mais, da
2. Não existe dever de obediência nas situações em que sua confonnidade com a Constituição.
esta implicar a prática de um crime. 2. Os actos da Administração Pública que violem a
3. Se o superior insistir e obrigar o subordinado a prati­ Constituição da República de Angola são nulos.
car o acto em desrespeito ao que vem consagrado no número ARTIGO 13.º
(Princípio da Jm·idicidade)
anterior, este exerce o seu direito de resistência, tentando
demover o superior de praticar tal acto. 1. A validade dos actos da Administração Pública está
4 . Caso o mecanismo descrito no número anterior não dependente da sua confonnidade com o direito.
smta os seus efeitos, o superior deve por escrito, reforçar a 2. Os Ó1gãos da Administração Pública não podem pra­
sua orientação e o subordinado deve cumpri-la. ticar actos sem habilitação nonnativa.
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ARTIGO 14.º b) A medida deve ser a que menos sacrifícios causar


(Princípio da Legalidade)
aos direitos e interesses legalmente protegidos
Os Órgãos da Administração Pública devem agir em obe­ dos pa1ticulares;
diência à lei, dentro dos limites dos poderes que lhes forem e) A medida deve ser po1tadora de benefícios que
confe1idos e em confonnidade com os respectivos fins. superam os prejuízos ou perdas de outras alter­
ARTIGO 15.0 nativas;
(Princípio do Estado de Necessidade Administrativa) d) As medidas mais gravosas, para os direitos e inte­
1. Nas situações de perigo iminente e actual para o inte­ resses dos pa1ticulares, só podem ser aplicadas
resse público causado por circunstância excepcional não depois de esgotadas as altemativas.
provocada pelo agente, à Administração Pública é conferido ARTIGO 19.º
o poder para praticar os actos necessários e mgentes para (Princípio da Imparcialidade)
repor a situação e evitar danos maiores. 1. No exercício da sua actividade, a AdministJ·ação
2. Os actos administrativos e operações materiais pratica­ Pública deve tJ·atar de fonna imparcial todos os que com ela
dos ou executados em estado de necessidade, com preterição entrem em contacto.
das regras estabelecidas neste Código, são válidos desde que 2. A AdministJ·ação Pública deve tratar os pa1ticulares
os seus resultados não tivessem podido ser alcançados de e seus respectivos assuntos com isenção, objectividade e
outro modo, tendo os lesados direito a ser indemnizados nos tJ·ansparência, sendo proibidas quaisquer fonnas de discri­
tennos gerais da responsabilidade civil do &tado e demais minação na relação entre ambos.
entes públicos. 3. A AchninistJ·ação Pública não pode deixar de realizar
ARTIGO 16.º o interesse público em nome de interesses privados injustifi­
(Princípio da Prossecução do Interesse Público e do Respeito cados e infundados.
Pelos Direitos e Interesses Legahnente Protegidos dos Particulares)
4. Havendo conflito entJ·e o interesse público e o inte­
1. Os Órgãos Achninistrativos, em todos os seus domí­ resse do funcionário público, este deve privilegiar o interesse
nios de actuação, devem prosseguir o interesse público, no público, criando todas as condições para a sua prevalência.
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos 5. A AchninistJ·ação Pública deve avaliar todos os aspec­
dos pa1ticulares. tos relevantes antes de tomar uma decisão.
2. O sacrifício dos direitos e interesses legalmente prote­ 6. A violação deste princípio dá lugar à anulação dos
gidos dos pa1ticulares, em nome do interesse público, deve actos que o ofendam e à efectivação da responsabilidade
ser devidamente fundamentado pela Achninistração Pública civil, disciplinar ou criminal, nos tennos gerais aplicáveis.
e deve ser sempre a última altemativa dentro do leque de ARTIGO 20.º
opções que esta tem para prosseguir o interesse público. (Princípio da Boa-Fé)
3. Na prossecução do interesse público, a Achninistração 1. No exercício da actividade achninistJ·ativa, em todas as
Pública deve atender aos interesses privados relevantes que suas fonnas e fases, a AchninistJ·ação Pública e os particula­
estejam directamente ligados ao fim público concreto. res devem agir e relacionar-se segundo as regras da boa-fé.
ARTIGO 17.º 2. No cumprimento do disposto no número anterior, os
(Princípio da Igualdade)
Ó1gãos AchninistJ-ativos devem ponderar os valores fun­
Nas suas relações com os pa1ticulares, a Achninistração damentais do direito que forem relevantes em face das
Pública deve reger-se pelo Princípio da Igualdade, não situações consideradas e, em especial:
podendo p1ivilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qual­ a) O objectivo de interesse público a alcançar com a
quer direito ou isentar de qualquer dever nenhuma pessoa actuação empreendida;
em razão de ascendência, sexo, raça, língua, te11'itório de ori­ b) A confiança suscitada na contJ·apa1te pela actuação
gem, religião, convicções políticas ou ideológicas, InstJução, achninistJ-ativa desde o início do procedimento;
situação económica ou condição social. e) A necessidade de coerência da AdministJ·ação
ARTIGO 18.º Pública e a obse1vância do princípio do respeito
(Princípio da Proporcionalidade) pela palavra dada.
1. As decisões da AchninistJ·ação Pública que colidam ARTIGO 21.º
com direitos subjectivos ou interesses legahnente protegi­ (Princípio da colaboração da Administração Pública
dos dos pa1ticulares só podem afectar essas posições com com os particulares)
base na lei, em tennos adequados e atJ·avés de meios propor­ 1. Os Órgãos AdministJ·ativos devem actuar em estJ·eita
cionais aos objectivos a realizar. colaboração com os pa1ticulares, procurando assegurar
2. A actuação da AchninistJ·ação deve respeitar os seguin­ a adequada pa1ticipação destes no desempenho da função
tes critérios: administJ·ativa e cumprindo-lhes, designadamente:
a) Ser adequada ao fim que se pretende atingir, dentJ·e a) Prestar aos pa1ticulares todas as infonnações e
as várias altemativas que forem colocadas; esclarecimentos de que careçam;
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b) Apoiar e estimular as iniciativas dos pa1ticula­ pedido e fl.Uldamento, devendo, para o efeito praticar um
res, receber as suas sugestões e infonnações acto em que fl.Uldamente a ausência de decisão.
e encaminhá-las para o seu legítimo superior 5. A faculdade referida no número anterior cessa, se hou­
h ierárqu ic o; ver algum facto novo, sendo, neste caso, a Administração
e) Realizar as demais actuações que não estejam nas Pública obrigada a decidir.
alíneas anteriores, mas que resultem da aplicação 6. A omissão do dever de decidir é judicialmente
do princípio da colaboração da Administração impugnável.
Pública com os pa1ticulares. ARTIGO 25.0
2. AAclministração Pública é responsável pelas infonna­ (Princípio da Boa Administração)

ções prestadas por escrito aos pa1ticulares, ainda que a lei 1. AAclministração Pública deve ser estrnturacla de modo
ou regulamento não imponha especificamente a obrigação a aproximar os se1viços elas populações e ele fonna não buro­
de as prestar. cratizada, a fim de assegurar a celeridade, a economia, a
ARTIGO 22.º eficiência e a eficácia das suas decisões.
(Princípio da participação) 2. A Administração Pública deve prosseguir, da melhor
1. Os Órgãos Administrativos devem assegurar a par­ maneira, o interesse público, acloptando, para o efeito, as
ticipação dos pa1ticulares, bem como das associações que melhores soluções cio ponto de vista técnico e financeiro.
tenham por objecto a defesa dos seus interesses, na fonna­ 3. A Aclministração Pública deve adoptar as soluções
ção das decisões que lhes disserem respeito. mais eficientes e eficazes no quacko da sua tarefa de realizar
2. A pa1ticipação referida no número ante1ior pode o interesse público.
acontecer em qualquer fase do processo decisório e não se 4. As decisões que violam o Princípio da Boa Administra­
restringe aos pa1ticulares com legitimidade para inte1vii: ção são judicialmente sindicáveis.
3. Ao abrigo do princípio da pa1ticipação administrativa, ARTIGO 26.º
(Princípio do Devido Procedimento)
os Ó1gãos da Administração Pública podem solicitar o auxí­
lio de outros órgãos, pessoas colectivas públicas, pessoas 1. Qualquer actividade aclministrativa susceptível de
colectivas privadas e pessoas físicas, estando estas obriga­ lesar posições subjectivas ele pa1ticulares deve ser precedida
das a colaborar. ele procedimento adequado e justo.
4 . Por sua iniciativa, os pa1ticulares podem apresentar as 2. O procedimento adequado e justo envolve:
suas opiniões aos Ó1gãos da Aclministração Pública, sendo a) A pa1ticipação cios interessados no procedimento,
estes obrigados a infonnar os pa1ticulares do resultado das incluindo a obrigação de audiência prévia;
suas petições. b) A efectivação do direito ao contraditório;
5. Salvo em casos previstos na lei, a Aclministração e) A fl.Uldamentação expressa da decisão administra­
Pública não pode tomar decisões sem ouvir os seus tiva.
destinatários. ARTIGO 27.º
ARTIGO 23.º (Princípio da Gratuitidade)
(Princípio da Audiência Prévia) 1. O Procedimento Administrativo é gratuito, salvo na
O Estado deve assegurar que sejam previamente ouvidos medida em que nonnas especiais imponham o pagamento
os interessados, antes ele ser tomada qualquer decisão final. de taxas, emolumentos ou de despesas efectuadas pela
ARTIGO 24.º Aclministração Pública.
(Princípio da Decisão) 2. Em caso de comprovada insuficiência económica,
1. Os Ó1gãos Administrativos têm, nos tennos regulados demonstrada nos tennos da lei sobre o apoio judiciário, a
neste Código, o dever ele se prommciar sobre todos os assun­ Aclministração Pública deve isentar, total ou parcialmente,
tos ela sua competência que lhes sejam apresentados pelos o interessado do pagamento das taxas, emolumentos ou das
pa1ticulares e, nomeadamente: despesas referidas no número anterioi:
a) Sobre os assl.Ultos que disserem directamente res­ ARTIGO 28.º
peito aos requerentes; (Princípio do Acesso à Justiça)

b) Sobre quaisquer petições, reclamações ou queixas Aos pa1ticulares é garantido o acesso à justiça adminis­
fonnuladas em defesa da Constituição, das leis trativa, a fim de obter a fiscalização contenciosa dos actos da
ou cio interesse público. Aclministração Pública, bem como para a tutela dos seus direi­
2. Em regra, a decisão deve ser escrita e integrar os seus tos ou interesses legalmente protegidos, nos tennos previstos
fundamentos. na legislação reguladora cio contencioso aclministrativo.
3. A decisão tácita é aclmiticla nos casos legalmente ARTIGO 29.º
previstos. (Princípio da Administração Digital)
4 . AAdministração Pública pode deixar de se pronunciar 1. Sempre que possível, a Administração Pública
sobre um pedido, se o órgão competente tiver praticado, há deve optar pela utilização de meios digitais de trabalho e
menos de dois anos, um acto administrativo com o mesmo coml.Ulicação.
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2. Na lnstmção dos Procedimentos Achninistrativos, ARTIGO 33.º


(Princípio do Contacto Único)
podem ser utilizados meios digitais com vista a:
a) Tomar mais simples e rápido o acesso dos interes­ 1. Os Ó1gãos Achninistrativos devem, sempre que pos­
sados à infonnação e ao procedimento; sível, satisfazer as pretensões dos pa1ticulares de modo
b) Simplificar e reduzir a duração dos procedimentos, integrado, privilegiando o contacto único entre os particula­
promovendo a celeridade da disponibilização de res e os se1viços respectivos.
infonnações, com as devidas garantias; 2. Sempre que possível, a Achninistração Pública deve-se
e) Promover a transparência administrativa; prommciar num único procedimento sobre vá1ios assl.llltos
d) Garantir a interoperabilidade entre os se1viços da apresentados pelos pa1ticulares.
Administração Pública. ARTIGO 34.º
3. Sempre que pennitido por lei ou por regulamento, é (Princípio da Inexígibilidade de Documentos Emitidos pelo Estado
nas Relações Inter-Administrativas)
possível a prática integral de acto achninistrativo, através de
meios digitais. 1. A Administração Pública deve abster-se de exigir dos
4 . Os meios digitais devem garantir a integridade, con­ pa1ticulares documentos emitidos por ela própria para efei­
se1vação confidencialidade e segurança da infonnação. tos de apresentação a um ó1gão nela integrada.
5. AAchninistração Pública deve organizar-se para asse­ 2. O funcionário da Achninistração Pública que violar o
gurar o exercício de direitos à fonnulação de pretensões, disposto no número anterior, exigindo documentos emiti­
obter infonnações, realizar consultas, apresentar alegações e dos por outras entidades achninistrativas, é disciplinannente
outros actos procedimentais, através de meios digitais. responsabilizado.
6 . A utilização de meios digitais, por pa1te da ARTIGO 35.0
Administração Pública, não pode ser feita de modo a lesar (Princípio da Adequação Procedimental)
direitos e garantias dos pa1ticulares, especialmente nos casos 1. Na condução do Procedimento Administrativo, os
em que possa impedir o acesso à Administração Pública. Ó1gãos da Administração Pública têm a faculdade de adoptar
ARTIGO 30.º as condutas que melhor realizem o interesse público, tendo
(Princípio da Transparência Administrativa) em conta o contexto, desde que não haja nonna a impor as
Os Órgãos da Achninistração Pública devem prosseguir a condutas adequadas.
realização do interesse público com visibilidade, lisura, res­ 2. Caso se verifique a situação apresentada no número
peito do acesso à infonnação e sua divulgação nos meios ante1ior, a Administração Pública está limitada na sua
previstos na legislação. actuação pela Constituição da República de Angola, pelos
princípios gerais da actividade administrativa e pelas garan­
ARTIGO 31.º
(Princípio de Auxílio Administrativo ou Inter-Administrativo) tias dos pa1ticulares.
1. Todas as entidades achninistrativas têm o dever de ARTIGO 36.º
(Princípio da Publicidade)
prestar auxílio às outras entidades achninistrativas quando
tal lhes for solicitado. 1. Os resultados da actividade administrativa, o mi­
2. A entidade pode solicitar auxílio, nomeadamente quando: cio e fim de Procedimentos Administrativos, as decisões
a) Motivos de direito a impossibilitem de realizar a dos Órgãos Achninistrativos e outros actos relevantes estão
sujeitos à publicação e coml.lllicação.
diligência;
2. A violação do disposto no número anterior conduz à
b) Motivos de facto, tais como a falta de pessoal ou
ineficácia do acto.
meios técnicos, a impossibilitem de realizar a
3. Excepcionalmente e nos casos legalmente detennina­
diligência;
dos, os actos descritos no n.º 1 do presente a1tigo não estarão
e) A tomada de decisão exija o conhecimento de fac­
sujeitos à publicação.
tos que ela desconhece e que não pode ave1iguar 4. A publicação da actividade administrativa deve ser
por si mesma; feita nos meios legalmente indicados para o efeito ou naque­
d) A realização das suas funções exija a consulta de les que a Achninistração Pública c1iar para este fim.
documentos ou de outros meios de prova que a
ARTIGO 37.º
entidade solicitada tenha em seu poder; (Princípio da Justiça)
e) O custo de realização da diligência for substancial­ 1. A Achninistração Pública está vinculada ao princípio
mente superior ao da entidade a que é solicitado da justiça que deve ser aferido nos casos concretos.
o auxílio. 2. Para efeito do disposto no número ante1ior, a
ARTIGO 32.º Achninistração Pública deve atender o interesse público, os
(Princípio da Unificação de Documentos) direitos fl.llldamentais dos pa1ticulares, a proporcionalidade,
Sempre que possível e desde que sejam transversais ou a equidade, a razoabilidade, a igualdade, a pa1ticipação dos
incidam sobre a mesma matéria, a Achninistração Pública interessados, o direito ao contraditório, a fundamentação da
deve promover a unificação de documentos emitidos entre decisão, o prazo para a emissão de uma decisão e demais
os diferentes ó1gãos que a compõem. valores ou princípios legais.
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3. O Princípio da Justiça tem natureza instnunental e PARTE II


apresenta-se como critério de aplicação de outros princípios. Suj eitos Públicos e Privados
ARTIGO 38.º
(Princípio da Continuidade e da Actualidade) CAPÍTULO I
Órgãos Administrativos
1. A Administração Pública não pode, em circl.Ulstância
alguma, deixar de prestar os se1viços às populações, sendo SECÇÃO I
que, mesmo em períodos de crise e emergência, deve conti­ Generalidades
nuar a sua actividade, ainda que na modalidade de se1viços ARTIG043.º
mmimos. (Órgãos da Administração Pública)
2. A Achninistração Pública deve sempre se manter ple­ São Órgãos ela Achninistração Pública ou Órgãos
namente infonnada e actualizada acerca das novidades Achninistrativos, para efeitos do presente Código, os previs­
relativas aos assl.Ultos que deve resolver de modo a prestar tos no n.º 2 do a1tigo 3.º
sempre o melhor se1viço.
ARTIG044.º
3. AAchninistração Pública deve, na sua actuação, inovar (Relação entre órgãos)
de modo a ter soluções mais eficientes e eficazes.
1. Os Órgãos Administrativos podem estabelecer, entre
ARTIGO 39.º si, relações com a finalidade de melhorar o seu trabalho,
(Princípio da Discricionariedade Administrativa)
garantindo a eficiência e eficácia na sua actuação.
1. Os Órgãos da Achninistração Pública têm, desde que 2. As relações refe1iclas no número anterior podem con­
pennitidos por nonnas jurídicas, a faculdade de praticar os cretizar-se através de acordos e parcerias, valendo, para o
actos que se ajustem ao seu contexto e melhor respondem às efeito, a liberdade das pa1tes relativamente à fo1ma e ao
exigências impostas pelo interesse público. conteúdo.
2. O poder referido no número anterior implica a pos­ 3. Nas parcerias ou acordos referidos no número ante­
sibilidade de praticar actos, o momento para os praticar, a rior, as vantagens elas pa1tes elevem ser recíprocas e não têm
realização de diligências e a fixação do sentido de nonnas como contrapa1tida valores pecuniários, salvo o previsto na
jmidicas. lei.
3. Os actos praticados com fl.Uldamento na discriciona­ 4. Havendo a necessidade ele inte1venção ele vários
riedade administrativa estão limitados pela Constituição, órgãos na prática ele actos, estes podem estabelecer acordos
pelas regras de competência e pelos fins para os quais foram ou parcerias com objectivo de packonizar e tomar mais efi­
atribuídos. ciente e eficaz a sua actuação conjunta.
ARTIGO 40.º 5. Nos tennos cio número anterior, pode haver simplifica­
(Princípio da Simplificação e Celeridade Procedimental) ções de actos, todas elas, com o objectivo de fumar a vontade
1. Os Órgãos daAchninistração Pública devem optar pela dos vários ó1gãos inte1venientes num único documento.
adopção de procedimentos simplificados e tomar as suas ARTIG045.º
decisões dentro dos prazos legalmente estabelecidos. (húcio do procedimento)
2. A violação dos prazos para a tomada da decisão é san­ 1. A pa1te interessada manifesta à outra a sua vontade
cionada por lei ou por regulamento e deve ser imputada, a para celebração do acordo ou parceria, por via de oficio ou
nível da Administração Pública, ao ó1gão responsável pela e-mail/coireio electrónico, tendo a contrapa1te 30 (trinta)
respectiva tomada de decisão. dias para responder, sob pena de o silêncio ser inte1pretaclo
3. A violação dos prazos para decidir pode ainda originar como negação do interesse no acordo ou parceria.
responsabilidade disciplinar do fl.Ulcionário, responsabi­ 2. Recebido o documento, a contrapa1te deverá respon­
lidade civil da Achninistração Pública e o impedimento de der pela mesma via, devendo marcar um encontro preliminar
praticar outros actos sobre a matéria. onde serão discutidos os po1rnenores cio acordo ou parceria.
ARTIGO 41.º 3. Nos 20 dias subsequentes à rel.Ulião referida no número
(Princípio do Respeito e Validade do Direito Costumeiro) ante1ior, a pa1te a quem couber a responsabilidade deverá
1. Na sua actuação, a Administração está vinculada ao elaborar um projecto de acordo e remeter para outra.
costume nos tennos consagrados na Constituição. 4. Para efeitos do número anterior, as pa1tes têm
2. Nos tennos previstos no número anterior, alguns 30 (trinta) dias para análise e discussão, findo os quais, o
Procedimentos Achninistrativos podem tramitar nas demais acordo ou a parceria é obrigatoriamente celebrado, salvo
línguas deAngola. se existirem situações que objectivamente impeçam a sua
ARTIGO 42.º celebração.
(Princípio da Integração da Norma Administrativa) ARTIG046.º
As disposições do presente Código não podem ser desa­ (Celebração de acordo ou parceria)
plicadas com fl.Uldamento em falta de regulamentação, salvo 1. Concluída a fase referida no a1tigo anterior, as pa1tes
disposição expressa em contrário, devendo ser integradas devem celebrar o acordo ou parceria, que entra em vigor na
nos tennos gerais do ordenamento jurídico. data ela sua celebração.
6226 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. A pa1tir da data de celebração do acordo ou parce­ ARTIGO 50.º


(Reuniões ordinárias)
ria, as pa1tes devem, trimestralmente, avaliar a execução
do mesmo, salvo se o período de vigência for inferior a 1. Na falta de detenninação legal em contrário, cabe ao
6 meses, situação que obriga a avaliações mensais. Presidente, no início do seu mandato, a fixação genérica dos
3. As avaliações referidas no número anterior incidem dias e horas das rel.Uliões ordinárias.
sobre as melhorias proporcionadas pelo acordo ou pela par­ 2. A fixação referida no número anterior só pode ser alte­
ceria e devem ser acompanhadas de dados estatísticos. rada, posterionnente, por consenso dos membros cio órgão
4 . A falta de avaliação gera nulidade e impede a renova­ colegial.
ção do acordo ou da parceria. 3. Quaisquer alterações específicas ao dia e hora fixados
para as reuniões devem ser coml.Ulicadas com a devida ante­
ARTIGO 47.º
(Repartição de responsabilidades) cedência a todos os membros do órgão colegial, de fonna a
garantir a sua recepção segura e em tempo.
1. Nos acordos ou parcerias referidos nesta secção, as
4. As convocatórias e demais documentos devem ser
pa1tes devem definir, com clareza e objectividade, as suas
enviados para todos os membros do ó1gão com antecedên­
responsabilidades, devendo haver entre elas, coffespondên­
cia de 15 dias.
cias em tennos de impacto e peso.
5. O envio das convocatórias e documentos referidos no
2. Excepcionalmente, podem as pa1tes pagar valores
número anterior pode ser feito por via ele e-mail ou outro
pecuniários como contrapa1tida, sendo regra, nesta matéria,
mecanismo mais expedito.
a contrapa1tida mediante se1viços ou equivalente.
6. A falta de convocação ou o desrespeito do prazo refe­
3. Na falta de indicação legal, o poder para celebrar os
rido número anterior conduz à ineficácia da convocatória e à
acordos ou parce1ias regulados nesta secção é exercido pelo
invalidade das deliberações tomadas, salvo se existir anuên­
ó1gão máximo da instituição, sem prejuízo da possibilidade
cia da pa1te iffegulannente convocada.
de delegação de poderes.
7. Os membros cio ó1gão colegial podem impugnar as
ARTIGO 48.º deliberações tomadas em violação elas regras referidas no
(Procedimento Administrativo Conjunto)
número anterioi:
1. Os acordos ou parcerias regulados nesta secção podem 8. Os órgãos têm a liberdade de estabelecer o quómm
envolver a realização de Procedimentos Achninistrativos para as votações cios assl.Ultos em discussão, que em nenhuma
Conjl.Ultos. circl.Ulstância pode ser inferior a 65% dos membros que o
2. A falta de inte1venção de uma das pa1tes no integram, salvo nas situações de estado ele necessidade ou de
Procedimento Administrativo Conjl.Ulto gera a sua eme1gência em que o quómm pode ser inferior.
anulabilidade.
ARTIGO 51.º
SECÇÃO II (Remliões eidraordinárias)
Órgãos Colegiais
1. As rel.Uliões extraordinárias têm lugar quando o
ARTIGO 49.º Presidente as convocar, salvo disposição especial em
(Presidente e Secretário) contrário.
1. Sempre que a lei ou regulamento não disponha de 2. O Presidente é obrigado a proceder à convocação sem­
fonna diferente, cada órgão achninistrativo colegial tem um pre que, pelo menos, um qua1to dos vogais o requeiram por
Presidente e um Secretário, a eleger pelos membros que o escrito, indicando o assunto que pretendam ver agendado.
compõem. 3. A convocatória da reunião eleve ser feita para um
2. Cabe ao Presidente do Ó1gão Colegial, além de cios 10 (dez) dias seguintes à apresentação do pedido, mas
outras competências que lhe sejam acometidas, abrir, dili­ sempre com uma antecedência mínima ele 48 horas sobre à
gir e ence1rnr as rel.Uliões, assegurar o cumprimento das leis, data da rel.Ulião extraordinária.
garantir a regularidade do desenrolar das reuniões e do pro­ 4. Da convocatória devem constar, de fo1ma expressa e
cessamento das votações. especificada, o assunto ou os assl.Ultos a tratar na rel.Ulião.
3. O Presidente pode suspender ou ence1rnr antecipa­ ARTIGO 52.º
damente as rel.Uliões, quando circl.Ulstâncias excepcionais o (Início das remliões)
justifiquem, mediante decisão fl.Uldamentada, que é incluída 1. As rel.Uliões começam na hora que constar na
na acta da rel.Ulião. Convocatória, sem prejuízo da tolerância que, em
4 . O Presidente, ou quem o substituo, pode impugnar regra, é de 15 minutos, findo os quais, a rel.Ulião começa
contenciosamente as deliberações tomadas pelo órgão cole­ incondicionalmente.
gial a que preside, que considere ilegais e, bem assim, se 2. As rel.Uliões são antecedidas cio balanço e avaliação
tiver fl.Uldamento legal para isso, requerer à suspensão judi­ cios assuntos tratados na rel.Ulião anterior.
cial da respectiva eficácia. 3. É exigido a cada responsável a execução do assl.Ulto
5. A faculdade referida no número anterior pressu­ que lhe disser respeito, constante da acta da reunião anterior.
põe a votação em sentido contrário ao da deliberação pelo 4. A inexecução é tida em conta para efeitos de avaliação
impugnante. ele desempenho e de responsabilidade disciplinai:
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6227

5. Caso as circunstâncias o exijam, alguns membros 4. Se for exigível maioria absoluta e esta não se fo1rnar,
podem pa1ticipar viitualmente. nem se verificar empate, procede-se, na mesma reunião, à
ARTIGO 53.º nova votação. Se a mesma situação se mantiver, adia-se a
(Deliberações) deliberação para a reunião seguinte, na qual é suficiente a
1. Atendendo à natureza cio assunto em discussão, o ó1gão maio1ia relativa.
pode estabelecer o seu posicionamento, através ele delibera­ 5. Em caso ele empate na votação, o Presidente tem voto
ções, desde que a matéria em causa conste ela convocatória. ele qualidade, salvo se a votação se tiver efectuaclo por vota­
2. Nas deliberações, todos os membros exercem o seu ção secreta.
direito ele voto. 6. Havendo empate em votação secreta, proceder-se-á,
3. As votações em regra são feitas através cio levanta­ imediatamente, à nova votação e, se o empate se mantiver,
mento ela mão e ela sua confurnação verbal. adia-se a deliberação para a reunião seguinte; se na primeira
4 . F.xcepcionalmente, podem ser acloptaclas outras for­ votação dessa reunião se mantiver o empate, procede-se à
mas ele votação, desde que o órgão assim o delibere. votação nominal, tendo o Presidente voto ele qualidade.
5. Em caso ele empate na votação abe1ta, o Presidente
7. As deliberações cios ó1gãos colegiais só podem adquirir
tem voto ele qualidade.
eficácia depois ele aprovadas as respectivas actas ou depois
6. Em caso ele empate na votação secreta, procede-se a
ele assinadas as minutas, nos te1rnos cio número anterior.
uma nova votação e, se o empate se mantiver, é decidida
8. Os membros cio órgão colegial podem fazer constar
pelo Presidente cio ó1gão, através cio voto ele desempate.
ela acta o seu voto ele vencido e as razões que o justifiquem.
7. Os membros cio órgão podem abster-se ele votar, desde
que fundamentem a sua posição. 9. Aqueles que ficarem vencidos na deliberação tomada
8 . Os votos cios membros são registados em acta. e fizerem registo ela respectiva declaração ele voto na acta
9 . Os membros cios órgãos, cuja posição não tiver sido ficam isentos ele qualquer responsabilidade que daquela
acolhida, podem apresentar os fundamentos ela sua votação eventuahnente resulte.
que são registados em acta. SECÇÃO III
Competência dos Órgãos Administrativos
ARTIGO 54.º
(Deliberações inválidas) ARTIGO 56 °
1. São inválidas as deliberações que tiverem sido toma- (Inenmtciabilidade e inalienabilidade)
das nos seguintes casos: 1. A competência ele cada órgão achninistrativo é sempre
a) Sem o preenchimento cio quómm; definida por lei ou por regulamento.
b) Quando o assunto não conste ela convocatória; 2. A competência é iffenunciável e inalienável, sem
e) Quando um ou vários membros tenham sido coagi­ prejuízo cio disposto neste Código quanto à delegação ele
dos a votar num sentido; competências e figuras afins.
d) Quando o assunto em votação não tenha sido devi­ 3. Os ó1gãos não podem delegar a totalidade elas suas
damente explicado ou esclarecido; competências.
e) Quando haja tumulto nas reuniões; 4. A extinção ela delegação ele competências implica o
j) Quando a reunião não tenha sido regula1rnente retomo cios poderes para a esfera jurídica cio órgão origina­
convocada. riamente competente.
2. Nos casos elas alíneas a) e c) aplica-se a nulidade. 5. É nulo todo o acto ou contrato que tenha por objecto
3. Nas restantes situações aplica-se a anulabilidade. ou por efeito a renúncia à titularidade ou ao exercício ela
ARTIGO 55.0 competência conferida por lei ou regulamento aos Órgãos
(Quórum e deliberações)
Achninistrativos, sem prejuízo cio disposto em matéria ele
1. Os órgãos colegiais só podem, em regra, deliberar delegação ele competências e figuras afins.
quando esteja presente a maioria cio número legal ou con­
ARTIGO 57.º
vencional cios seus membros com direito a voto. (Fixação da competência)
2. Sempre que a lei ou regulamento não disponha ele
1. A competência fixa-se no momento em que se inicia
fo1rna diferente, se não se verificar, no início ela reunião,
o quón.un previsto no número anterior, é convocada nova o procedimento, sendo iffelevantes as modificações ele facto
reunião, com o inte1valo ele, pelo menos, 24 horas, decla­ que ocoffam posterio1rnente.
rando-se, nessa convocatória, que o órgão pode deliberar, 2. São igualmente iirelevantes as modificações ele
desde que esteja presente um terço cios seus membros com direito, excepto se o órgão, a que o procedimento está afecto
direito a voto, em número não inferior a três. for extinto, deixar ele ser competente ou receber competên­
3. As deliberações são tomadas por maioria absoluta ele cia ele que inicialmente carecesse.
votos cios membros presentes na reunião, salvo nos casos 3. Quando o ó1gão competente em razão cio te11'itó­
em que, por disposição legal, se exija maioria qualificada ou rio passar a ser outro, eleve o processo ser-lhe remetido
seja suficiente maioria relativa. oficiosamente.
6228 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 58.º conhecerá também da questão ou questões prejudiciais que


(Competência conjw1ta)
identificar, mas a respectiva decisão não é vinculativa, fora
1. Quando a lei ou regulamento detennina a inte1venção do procedimento em que for proferida.
de vários órgãos na prática de um acto achninistrativo, a falta ARTIGO 62.º
de um deles é motivo suficiente para declarar a sua anulação. (Controlo da competência)
2. A inte1venção dos vários órgãos deve acontecer na 1. Antes de tomar qualquer decisão, o orgao decisó­
fase da fonnação e execução dos actos e contratos achni­ rio deve ce1tificar-se de que é competente para conhecer a
nistrativos, actos mate1iais, Regulamento Administrativo e questão.
operações urbanísticas. 2. A incompetência deve ser suscitada oficiosamente pelo
3. A lei ou regulamento que consagra a competência con­ órgão administJ·ativo e pode ser a1guida pelos interessados.
junta deve, quando possível, especificar os actos ou o tipo de ARTIGO 63.º
inte1venção de cada um dos ó1gãos e na falta desta referên­ (Apresentação de requerimento ao órgão incompetente)
cia, é presumida a inte1venção das pa1tes em todas as fases 1. Quando o pa1ticular, por e1rn desculpável e dentro
do procedimento em tennos equitativos. do prazo fixado, dirigir requerimento, petição, reclamação
ARTIGO 59.º ou recurso ao ó1gão incompetente, procede-se da seguinte
(Responsabilidade pelo exercício de competências conjw1tas) fonna:
1. Os órgãos podem exercer de fonna conjunta compe­ a) Se o órgão competente pe1tencer ao mesmo
tências que lhes forem acometidas por lei, regulamento ou Depa1tamento Ministerial ou à mesma pessoa
por acto administrativo. colectiva, o requerimento, petição, reclamação
2. O exercício de competências conjuntas não impede a ou recurso é oficiosamente remetido ao órgão
responsabilização individual de cada ó1gão. competente, de tal se notificando o pa1ticular;
3. Para efeito do número anterior, é sempre identificado b) Se o ó1gão competente pe1tencer a outJ·o Depa1ta­
o autor do acto, a intensidade com que o pratica e a sua mento Ministerial ou a outJ·a pessoa colectiva, o
justificação. requerimento, petição, reclamação ou recurso é
ARTIGO 60.º devolvido ao seu autor, acompanhado da indica­
(Questões prejudiciais) ção do Ministério ou da pessoa colectiva a quem
Se a decisão final depender da resolução de uma questão se deve dirigir.
prévia que seja da competência de outro órgão achninistra­ 2. No caso previsto na alínea b) do número anterior,
tivo ou do tJibl.Ulal, deve o órgão competente para a decisão começa a coffer novo prazo, idêntico ao fixado, a pa1tir da
final suspender o Procedimento AdministJ·ativo, até que o notificação da devolução ali refe1ida.
3. Em caso de e1rn indesculpável, o requerimento, peti­
ó1gão ou o tJ·ibl.Ulal competente se pronl.Ulcie, salvo se da
ção, reclamação ou recurso não é apreciado, devendo o
não resolução imediata do assl.Ulto resultar grave prejuízo,
pa1ticular ser notificado em prazo não superior a 48 horas.
quer para o interesse público, quer para um interesse p1i­ 4. Da qualificação do e1rn cabe reclamação e recurso,
vado legítimo, casos em que é aplicável o disposto no n.º 2 nos tennos gerais.
do artigo seguinte.
SECÇÃO IV
ARTIGO 61.° Delegação de Poderes e Figw·as Afins
(Cessação da suspensão)
ARTIGO 64.º
1. A suspensão cessa: (Da delegação de poderes)
a) Quando a decisão da questão prejudicial depender
1. Os Órgãos AchninistJ·ativos nonnalmente competen­
de reque1imento ou documento a apresentar pelo tes para decidir em detenninada matéria podem, sempre que
interessado e este o não entregar jl.Ulto do ó1gão para tal estejam habilitados por lei, pennitir, atJ·avés de um
administJ·ativo ou do tJ·ibl.Ulal competente nos acto de delegação de poderes, que outJ·o ó1gão ou agente pra­
30 (tJ·inta) dias seguintes à notificação da sus­ tique actos achninistrativos sobre a mesma matéria.
pensão; 2. Mediante acto de delegação de poderes, os órgãos
b) Quando o procedimento ou o processo instaurado competentes para decidirem detenninada matéria podem
para conhecimento da questão prejudicial esti­ sempre pennitir que o seu imediato inferior hierárquico,
ver parado, por culpa do interessado, por mais adjunto ou substituto pratique actos de achninistração ordi­
de 30 (tJ·inta) dias; ná1ia nessa maté1ia.
e) Quando, por circl.Ulstâncias supe1venientes, a falta 3. O disposto no número anterior vale igualmente para a
de resolução imediata do assl.Ulto causar grave delegação de poderes dos ó1gãos colegiais nos respectivos
prejuízo para o interesse público. Presidentes, salvo havendo lei de habilitação específica que
2. Se não for declarada a suspensão ou esta cessar, o estabeleça uma diferente repa1tição de competências entJ·e
ó1gão achninistJ·ativo competente para a decisão principal os diversos ó1gãos.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6229

4 . A delegação de poderes pode ser feita a ó1gãos que não gado ao abrigo da delegação ou subdelegação, e ainda o
estejam na estrntura hierárquica do órgão delegante. poder de fazer cessar, para o futuro, a própria delegação ou
5. A delegação de poderes, referida nos números ante­ subdelegação.
riores, não se limita aos ó1gãos públicos, podendo ter como 3. As decisões de avocação e de cessação da delegação
destinatários entidades privadas. ou subdelegação não têm de ser fundamentadas, mas a revo­
ARTIGO 65.0 gação de actos praticados pelo delegado ou subdelegado, ao
(Subdelegação de poderes) ab1igo da delegação ou subdelegação, aplicam-se o disposto
1. Salvo disposição legal em contrário, o delegante pode nos a1tigos 209.º a 216.º do presente Código.
autorizar o delegado a subdelegar pa1te da sua competência. ARTIGO 69.º
(Eidinção da delegação ou subdelegação)
2. O subdelegado pode subdelegar pa1te da competência
que lhe tenha sido subdelegado, salvo disposição legal em 1. A delegação e a subdelegação de poderes extinguem-se:
contrário ou rese1va expressa do delegante ou subdelegante. a) Por revogação do acto de delegação ou subdele­
ARTIGO 66.º gação;
(Requisitos do acto de delegação ou subdelegação) b) Por caducidade, resultante de se ter esgotado o
1. No acto de delegação ou subdelegação, deve o ó1gão seu prazo de validade ou de se terem produzido
delegante ou subdelegante especificar os poderes que são todos os seus efeitos;
delegados ou subdelegados ou quais os actos que o delegado e) Também por caducidade, se mudar o titular do
ou subdelegado pode praticar e mencionar a nonna atribu­ órgão delegante ou subdelegante.
tiva do poder delegado. 2. Nos casos da alinea c) do número anterior, a extin­
2. A delegação de poderes está sujeita à fl.Uldamentação ção da delegação ou subdelegação produz imediatamente os
específica, devendo no acto o órgão delegante apresentar seus efeitos.
as razões de facto e de direito que o justificam, ao mesmo ARTIGO 70.º
tempo, deverá mostrar que a delegação é a solução mais efi­ (Violação dos poderes delegados)

caz para a realização do interesse público. 1. Os actos praticados, fora dos limites estabelecidos no
3. Os actos de delegação e subdelegação de poderes estão acto de delegação ou subdelegação de poderes, são anuláveis
sujeitos à publicação no Diário daRepúbüca ou, tratando-se e exclusivamente imputados ao delegado ou subdelegado.
de uma Autarquia Local, no respectivo boletim ml.Ulicipal, 2. Os actos praticados após a extinção da delegação de
devendo ser afixados nos lugares habituais quando tal bole­ poderes sobre matéria anterionnente constante da delegação
tim não exista. são nulos.
4 . Quando a delegação implicar a prática de um acto em ARTIGO 71.º
concreto, o delegante deve refe1ir na delegação que ela cessa (Relatório da delegação)
após a sua prática. 1. O ó1gão delegado deve elaborar periodicamente um
5. Dependendo do caso, o delegante deve indicar o prazo relatório sobre o exercício de poderes delegados e remeter
de vigência da delegação de poderes. ao órgão delegante.
6 . A falta de menção dos aspectos referidos no número 2. A periodicidade do relatório, seu conteúdo e estrntura
anterior gera a anulabilidade da delegação. são definidos pelo ó1gão delegante.
ARTIGO 67.º ARTIGO 72.º
(Menção da qualidade de delegado ou subdelegado) (Poderes indelegáveis)

Quando praticar actos ou exercer actividades sob fonna Não podem ser objecto de delegação, nomeadamente:
escrita no uso de delegação ou subdelegação de poderes, o a) A totalidade dos poderes do delegante;
ó1gão delegado ou subdelegado deve mencionar, em cada b) Os poderes susceptíveis de serem exercidos sobre
caso, que actua nessa qualidade e referir expressamente o próp1io delegado;
o acto que lhe conferiu tais poderes, a sua data e onde se e) Os poderes a exercer pelo delegado em violação
encontra publicado. das regras de competência te1Titorial;
ARTIGO 68.º d) Os poderes para nomear ou exonerar outros órgãos
(Poderes do delegante ou subdelegante) pennanentes.
1. O órgão delegante ou subdelegante pode emitir ARTIGO 73.º
directivas ou instrnções, vinculativas para o delegado ou (Suplência)
subdelegado, sobre o modo como devem ser exercidos os 1. Nos casos de ausência, falta ou impedimento do titular
poderes delegados ou subdelegados. do cargo, a sua substituição cabe ao ente designado por lei.
2. O órgão delegante ou subdelegante tem o poder de 2. Na falta de designação por lei, a suplência cabe ao
avocar a decisão de qualquer caso concreto, mantendo-se inferior hierárquico imediato do titular a substituir, salvo se
a delegação ou subdelegação em vigor, bem como o poder o superior hierárquico do titular impedido decidir de modo
de revogar os actos praticados pelo delegado ou subdele- diferente, dentro dos limites da lei.
6230 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. O exercício de flll1ções em suplência abrange os pode­ 2. Se os órgãos em conflito pe1tencerem a pessoas colec­
res delegados ou subdelegados no suplente. tivas diferentes, mas sujeitas ao controlo ou outra fonna de
4 . Os actos praticados pelo suplente produzem os mes­ inte1venção do mesmo ó1gão, são resolvidos pela entidade
mos efeitos que os actos praticados pelo ó1gão nonnahnente detentora de tais poderes.
compete. 3. Os poderes referidos no número anterior devem fazer
5. Enquanto durar a ausência, falta ou impedimento do referência expressa à possibilidade de resolução de conflitos.
titular do órgão, o suplente é equiparado para todos efeitos 4. A resolução dos conflitos descritos no presente a1tigo
legais ao titular. não condiciona o recurso aos triblUlais, nos casos aplicáveis.
5. Se o conflito envolver ó1gãos de poderes diferentes, é
ARTIGO 74.º
(Regime de actos de gestão correntes) resolvido pelos tJiblUlais.
6. O regime de resolução de conflitos de competência é
1. Salvo excepção, o substituto apenas poderá praticar
aplicável, com as devidas adaptações, à resolução de confli­
actos de gestão coffentes, sendo aplicável a sanção de nuli­
tos de atJ·ibuições.
dade aos actos de gestão coffentes que não revestirem esta
7. Os conflitos de competências são resolvidos pelas
fonna.
seguintes entidades:
2. Os actos de gestão coffentes são os que fazem pa1te
a) Pela jurisdição achninistrativa, mediante o meio
do dia-a-dia da instituição, que devem ser praticados como
processual adequado, quando envolvam órgãos
fonna de garantir o seu no1mal flll1cionamento.
de diferentes pessoas colectivas públicas, ou de
3. Não se enquadram, no regime de gestão coffente, os
entidades públicas e privadas;
actos incluídos nas opções estratégicas da instituição, ou os
b) Pelo Titular do Poder Executivo, quando envolvam
que implicarem algum comprometimento e vinculação que
órgãos de Depa1tamentos Ministeriais diferentes
apenas os titulares e os que efectivamente dirigem à institui­
ou pessoas colectivas públicas estaduais sujeitas
ção podem praticar.
à supe1visão de Depa1tamentos Ministeriais
4 . Para além de outras situações, não se enquadram nos
diferentes;
actos de gestão coffente os seguintes:
e) Pelo MinistJ·o, quando envolvam ó1gãos do mesmo
a) Contratação de pessoal;
Depa1tamento Ministerial ou pessoas colectivas
b) Abe1tura de procedimentos de contratação pública,
públicas sujeitas ao seu poder de superintendên­
excepto em casos de urgência;
cia ou tutela.
e) Elaboração do orçamento da instituição;
ARTIGO 78.º
d) Aprovação do plano de trabalho e do plano estraté­ (Prazo para a resolução de conflitos)
gico da instituição.
Os conflitos susceptíveis de resolução por Órgãos
ARTIGO 75.0 Achninistrativos devem ser resolvidos, por iniciativa de
(Representação)
qualquer deles, dentJ·o de 15 dias a contar do conhecimento
1. Por motivos devidamente flUldamentados, os órgãos da existência do conflito.
podem indicar outras entidades para os representar em deter­ ARTIGO 79.º
minadas actividades ou na prática de actos. (Tramitação da resolução de conflitos de atribuições e competência)
2. A designação para representar um órgão deve seguir a 1. Qualquer pa1ticular pode requerer a resolução ele um
fonna esc1ita, sendo que neste deve ser indicada a qualidade conflito de atJ·ibuições ou competência entre duas ou mais
do representante e, se for o caso, os poderes que tem para pessoas colectivas.
vincular a instituição em que ele se integra. 2. As pa1tes envolvidas também podem requerer a reso­
ARTIGO 76.º lução de conflitos de atJ·ibuições e de competências.
(Assinatm·a de correspondência) 3. Oficiosamente, a entidade competente pode resolver
A assinatura de coJl'espondência em nome da instituição conflitos de atJ·ibuições e de competências.
é da competência do órgão máximo, do seu substituto legal 4. A entidade competente para a resolução de confli­
ou, na falta ou impedimento, do órgão a quem este indicar tos deve solicitar um pronlUlciamento escrito da pa1te que
por acto fundamentado. requer e da requerida, que têm de responder no prazo de
SECÇÃO V
15 dias contados da notificação.
Resolução de Conflitos de Natm·eza Administrativa 5. Concluído o prazo referido no número anterior, a enti­
dade competente convoca as pa1tes para uma audiência.
SUBSECÇÃO I
6. Realizada a audiência, a entidade competente deve
Resolução de Conflitos de Atribuições e de Competências
tomar a decisão sobre o conflito, tendo, para o efeito,
ARTIGO 77.0 10 (dez) dias contados da data audiência das pa1tes.
(Competência para a resolução de conflitos) 7. Se o requerente não for uma das pa1tes envolvidas no
1. Os conflitos de competência independentemente da conflito, também eleve ser ouvido.
sua natureza são sempre resolvidos pelo superior das par­ 8. Da decisão aclministJ·ativa que resolver um conflito de
tes em conflito. atJ·ibuições ou de competências, só cabe recurso contencioso
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6231

com fundamento em ilegalidade por pa1te do pa1ticular que j) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha
haja requerido a resolução do conflito ou dos contra-interes­ recta esteja intentada acção judicial proposta por
sados que tenham pa1ticipado no procedimento de resolução interessado ou pelo respectivo cônjuge;
do conflito. g) Quando se trate de impugnação de decisão profe­
SUBSECÇÃO II rida por si, ou com sua inte1venção, ou proferida
Decisão de Divergências de Fundo entre Órgãos Administrativos por qualquer das pessoas referidas na almea b)
ARTIGO 80.º ou com inte1venção destas.
(Extensão do procedimento de resolução 2. F.xcluem-se, do disposto no número anterior, as inter­
de conflitos de divergências de fw1do) venções que se traduzam em actos de mero expediente,
1. Sempre que, por dive1gências de fundo, dois ou mais designadamente os actos ce1tificativos e os despachos que
Órgãos Administrativos não tomem, no prazo fixado no se limitem a ordenar o agendamento do tema para delibera­
a1tigo 96.º do presente Código, a necessária decisão conjunta, ção do órgão colegial competente.
pode o pa1ticular interessado requerer ao ó1gão competente 3. Todos os membros de um órgão colegial são conside­
referido no n.º 2 deste a1tigo que decida a questão ou ques­ rados impedidos, quando se trate de nomear ou promover
tões de fundo que impeçam a conclusão do procedimento. pessoa que seja cônjuge, parente ou afim em linha recta ou
2. O ó1gão competente para a decisão de divergências até ao 2.º grau da linha colateral de qualquer dos membros
entre Órgãos Achninistrativos sobre questões de fundo é o desse ó1gão, bem como pessoa que com algum deles viva em
competente para a resolução de conflitos. economia comum.
3. São aplicáveis ao procedimento para decisão de diver­ 4. Se a hipótese prevista no número anterior ocoll'er em
gências achninistrativas de fundo os n."' 2 e 3 do a1tigo concurso público ou limitado, devem os se1viços propor ao
anterior. órgão competente a exclusão liminar de qualquer candidato
impedido, estando o ó1gão competente vinculado a detenni­
SECÇÃO VI
Garantias de Imparcialidade da Administração Pública nar a exclusão, se se verificarem os respectivos pressupostos
legais e de facto.
ARTIGO 81.º
(Casos de impedimento) ARTIGO 82.º
(Arguição e declaração do impedimento)
1. Nenhum titular de ó1gão, funcionário ou agente da
1. Quando se verifique causa de impedimento em relação
Administração Pública pode inte1vir em Procedimento
a qualquer titular de órgão, funcionário ou agente admi­
Administrativo, ou em acto ou contrato de direito público ou
nistrativo, deve o mesmo comunicar, desde logo, o facto,
privado da Administração Pública, em qualquer dos seguin­
consoante os casos, ao respectivo superior hierárquico ou ao
tes casos:
Presidente do Ó1gão Colegial competente.
a) Quando nele tenha interesse, por si, como repre­
2. Até ser proferida a decisão definitiva ou praticado o
sentante ou como gestor de negócios de outra
acto, qualquer interessado pode requerer a declaração do
pessoa;
impedimento, especificando as razões de facto e de direito
b) Quando, por si ou como representante de outra pes­
que constituam a sua causa.
soa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum
3. Compete ao superior hierárquico ou ao Presidente do
parente ou afim em linha recta ou até ao 2.º grau
Ó1gão Colegial conhecer da existência do impedimento e
da linha colateral, bem como qualquer pessoa
declará-lo, ouvindo, se o considerar necessário, o titular do
com quem viva em economia comum;
órgão, funcionário ou agente, seguindo, para o efeito, o dis­
e) Quando, por si ou como representante de outra
posto no a1tigo seguinte.
pessoa, tenha interesse em questão semelhante
4. Tratando-se do impedimento de Presidente de Órgão
à que deva ser decidida, ou quando tal situação
Colegial, a decisão do incidente compete ao próprio ó1gão,
se verifique em relação à pessoa abrangida pela
sem inte1venção do presidente.
alínea anterior;
ARTIGO 83.º
d) Quando tenha inte1vindo no procedimento como (Efeitos da arguição do impedimento)
perito ou mandatário ou tenha dado parecer
1. O titular do ó1gão, funcionário ou agente deve sus­
sobre alguma questão a resolve,;
pender a sua actividade no procedimento, quando fizer a
e) Quando, em alguma das situações previstas na
comunicação a que se refere o n.º 1 do a1tigo anterior ou
alínea anterior, tenha inte1vindo no procedi­ tiver conhecimento do requerimento a que se refere o n.º 2
mento como perito ou mandatário, ou tenha do mesmo preceito, até à decisão do incidente, salvo ordem
dado parecer sobre alguma questão a resolver, em contrá1io do respectivo superior hierárquico.
o seu cônjuge, parente ou afim em linha recta 2. Aqueles que se considerarem impedidos, nos tennos
ou até ao 2.º grau da linha colateral, bem como do a1tigo 81.º, podem e devem tomar todas as medidas que
qualquer pessoa com quem viva em economia forem inadiáveis em caso de urgência ou de pe1igo, as quais
comum; ficam sujeitas à ratificação pela entidade que os substituii:
6232 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 84.º ARTIGO 86.º


(Efeitos da declarnção do impedimento) (Formulação e processamento do pedido)

1. Declarado o impedimento de titular de órgão, flll1cio­ 1. Nos casos previstos no a1tigo anterior, o pedido deve
nário ou agente, é o mesmo imediatamente substituído no ser dirigido à entidade competente para dele conhecer, indi­
procedimento pelo respectivo substituto legal, salvo se o cando, com precisão, as razões de facto e de direito que o
justifiquem.
superior hierárquico daquele resolver avocar o assl.Ulto.
2. O pedido de titular de órgão, funcionário ou agente é
2. Tratando-se de ó1gão colegial, e se não houver ou não
fonnulado por escrito, quando assim for detenninado pela
puder ser designado substituto, o ó1gão ftU1ciona1'á sem o
entidade a quem for dirigido.
membro impedido. 3. Quando o pedido seja fonnulado por interessado no
3. Se o órgão impedido for o último da hierarquia, ele procedimento, acto ou contrato, é sempre ouvido, antes da
deve declarar o seu impedimento e criar fonnas para a indi­ decisão, o titular do ó1gão, flll1cionário ou agente visado.
cação do seu substituto. ARTIGO 87.º
4 . Na situação referida no número anterior, o ó1gão (Decisão sobre a escusa ou suspeição)
impedido deve indicar três membros, que tomam a decisão 1. A competência para decidir acerca da escusa ou suspei­
de indicar o seu substituto. ção é dete1minada nos tennos dos n."' 3 e 4 do a1tigo 81.º do
5. Os três membros referidos no número ante1ior devem, presente Código.
entre si, eleger o seu Presidente. 2. A decisão é proferida no prazo de 8 (oito) dias.
3. Reconhecida a procedência do pedido, obse1var-se-á o
6. Os membros indicados, nos tennos do disposto no
disposto nos a1tigos 82.º e 83.º do presente Código.
número anterior, não devem ter qualquer relação ou depen­
ARTIGO 88.º
dência flll1cional com o membro impedido. (Sanção)
ARTIGO 85.0
(Escusa e suspeição)
1. Os procedimentos, actos ou contratos em que tiver
inte1vindo titular de órgão, flll1cionário ou agente impedido
1. O titular de ó1gão, funcionário ou agente deve pedir são anuláveis, nos tennos gerais.
escusa de inte1vir no procedimento, quando ocoffa circuns­ 2. A omissão do dever de coml.Ulicação, estabelecido no
tância pela qual possa razoavelmente suspeitar-se da sua n.º 1 do a1tigo 81.º do presente Código, constitui falta grave
isenção ou da rectidão da sua conduta, designadamente: para efeitos disciplinares.
a) Quando, por si ou como representante de outra
CAPÍTULO II
pessoa, nele tenha interesse parente ou afim em
Interessados
linha recta ou até ao 3.º grau da linha colateral,
ARTIGO 89.º
ou tutelado ou curatelado dele ou do seu côn­ (Intervenção dos particulares no Procedimento Administrativo)
juge;
1. Todos os pa1ticulares têm o direito de inte1vir pessoal­
b) Quando o titular do ó1gão, flll1cionário ou agente
mente no Procedimento Achninistrativo ou de nele se fazer
ou o seu cônjuge, ou algum parente ou afim em representar ou assistii:
linha recta até o 3.º grau da linha colateral, seja 2. A capacidade de inte1venção no Procedimento, salvo
credor ou devedor de pessoa singular ou colectiva disposição especial, tem por base e por medida a capacidade
com interesse directo no procedimento, acto ou de exercício de direitos nos tennos gerais.
contrato; ARTIGO 90.º
e) Quando tenha havido lugar ao recebimento de dádi­ (Legitimid ade)
vas, antes ou depois de instaurado o procedimento, 1. Têm legitimidade para iniciar o Procedimento
pelo titular do órgão, funcionário ou agente, seu Achninistrativo e para inte1vir nele os titulares de direitos
cônjuge, parente ou afim na linha recta; subjectivos ou interesses legalmente protegidos que possam
d) Quando haja animosidade, quezília ou grande inti­ ser afectados pelas decisões que aí hajam de ser tomadas.
2. Consideram-se, ainda, dotados de legitimidade
midade entre o titular do ó1gão, funcionário ou
para a protecção de interesses meta-individuais, difusos e
agente ou o seu cônjuge e a pessoa com interesse
colectivos:
directo no procedimento, acto ou contrato.
a) Os pa1ticulares a quem a actuação achninistrativa
2. Com fl.Uldamento semelhante, e até ser proferida deci­ afecte ou possa previsivelmente afectar, em con­
são definitiva, pode qualquer interessado opor suspeição a sequência de prejuízos relevantes que incidam
titulares de órgãos, funcionários ou agentes que inte1venham sobre bens fl.Uldamentais como a saúde pública,
ou possam vir a inte1vir no procedimento, acto ou contrato. defesa do consumidor, o património público,
3. É aplicável aos casos previstos no número anterior o histórico, linguístico, artísticos e cultural, o
disposto no a1tigo 81.º sobre impedimento por vida em eco­ ambiente, o ordenamento do te11'itório e a qua­
nomia comum. lidade de vida;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6233

b) Os residentes na circunscrição em que se localize 2. Não haverá lugar à comunicação detenninada no


algum bem do dommio público afectado pela número anterior, nos casos em que a lei a dispense e naque­
acção da Administração; les em que a mesma possa prejudicar a natureza secreta ou
e) As associações que tenham por fim a defesa do confidencial da matéria, como tal classificada nos tennos
legais, ou a opo1tuna adopção das providências a que o pro­
interesse ou interesses alegadamente prejudica­
cedimento se destina.
dos.
3. A comunicação deve indicar a entidade que ordenou a
3. Para defender os interesses meta individuais, difusos instauração do procedimento, quem dele tomou a iniciativa,
e colectivas de que sejam titulares os residentes em deter­ a data em que o mesmo se iniciou, o se1viço por onde coffe
minada circunscrição tenitorial, têm legitimidade, além dos e o respectivo objecto.
próprios residentes, as associações dedicadas à defesa de tais 4. A comunicação por meios electrónicos é pennitida,
interesses e os órgãos autárquicos da respectiva área. desde que o destinatário disponibilize, no requerimento ini­
4 . Têm ainda legitimidade as pessoas que não se enqua­ cial, uma ligação de acesso para o efeito.
dram no âmbito dos a1tigos anteriores, mas que podem 5. No caso previsto no número anterior, o documento elec­
trónico deve conter uma assinatura electrónica qualificada.
ajudar na busca da melhor decisão administrativa.
6. A comunicação por telefone ou outro meio é penni­
5. A legitimidade referida no número anterior limita-se
tida, desde que o interessado, na sua primeira inte1venção
a inte1venção no procedimento para nele emitir opiniões e no procedimento ou posterionnente, indicar, para o efeito, o
requerer à Administração Pública a realização de detenni­ seu número de telefone.
nadas diligências. ARTIGO 94.º
(Princípio do inqiúsitório)
PARTE III
Procedimento Administrativo Os Órgãos Achninistrativos, mesmo quando o procedi­
mento tenha sido instaurado por iniciativa pa1ticular, podem
CAPÍTULO I proceder às diligências que considerem convenientes para
Princípios Gerais a lnstmção, ainda que sobre matérias não mencionadas
no requerimento inicial ou nas respostas dos interessados,
ARTIGO 91.º
(I1úcio do procedimento) e podem decidir coisa diferente ou mais ampla do que a
pedida, quando o interesse público assim o exigii:
O Procedimento Administrativo inicia-se, oficiosamente,
mediante despacho do ó1gão competente, ou por iniciativa ARTIGO 95.0
(Dever de celeridade)
dos interessados, mediante requerimento.
Os Ó1gãos Achninistrativos devem providenciar pelo
ARTIGO 92.º
(Elementos de identificação de cada processo) rápido e eficaz andamento de todos os procedimentos ini­
ciados no âmbito dos respectivos se1viços, devendo para o
1. Todo o Procedimento Administrativo, uma vez ini­
efeito:
ciado, dá lugar ao processo coll'espondente, em supo1te de
a) Recusar e evitar tudo o que for impe1tinente ou
papel ou infonnático.
2. A cada processo administrativo é atribuída uma iden­ dilatório;
tificação oficial, constituída pelo número do processo, data b) Ordenar tudo o que for necessário ao avanço do
do seu início, pela menção abreviada do se1viço onde coll'e procedimento e, em especial, ao cumprimento
e por uma referência sintética ao nome do requerente e ao rigoroso dos prazos legais;
objecto do procedimento. e) Promover a conclusão do procedimento, nos pra­
3. Todos os documentos que forem juntos ao processo, zos referidos no a1tigo seguinte, e a sua remessa
quer por iniciativa da Administração Pública, quer do ao órgão competente para a decisão final.
requerente ou dos demais interessados, devem conter a iden­ ARTIGO 96.º
tificação oficial atribuída nos tennos do n.º 2 deste a1tigo, o (Prazo geral para a conclusão)
mesmo se aplica à decisão final e a quaisquer reclamações 1. O procedimento deve ser concluído no prazo de
ou recursos administrativos a que haja lugar. 60 (sessenta) dias, salvo se outro prazo decoffer da lei ou for
4 . O prazo estabelecido no a1tigo 95.º do presente Código imposto por circunstâncias excepcionais.
conta-se sempre a pa1tir da data do início do procedimento. 2. O prazo previsto no número anterior pode ser pror­
ARTIGO 93.º rogado, por um ou mais pe1iodos, até ao limite de mais
(Commúcação aos interessados) 60 (sessenta) dias, mediante autorização do imediato supe­
1. O início do procedimento, quer oficioso quer de ini­ rior hierárquico ou do ó1gão colegial competente.
ciativa pa1ticular, deve ser comunicado às pessoas cujos 3. A falta de decisão, dentro dos prazos estabelecidos no
direitos ou interesses legahnente protegidos possam ser presente a1tigo, gera responsabilidade do agente envolvido
lesados pelos actos a praticar no procedimento e que sejam, que, independentemente de outras sanções, poderá sofrer um
desde logo, nominalmente identificáveis. desconto de até 15% do seu vencimento mensal.
6234 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4 . Sempre que, nos tennos do lei ou por decisão do ó1gão ARTIGO 97.º
(Audiência dos interessados)
competente para a decisão, houver necessidade de obter
infonnações, pareceres ou actos de conteúdo semelhante, 1. Em qualquer fase do procedimento, podem os Órgãos
junto de outros Órgãos Administrativos, o lnstrntor do pro­ Administrativos ordenar a notificação dos interessados para,
cesso procederá do modo seguinte: no prazo que lhes for fixado, se pronunciarem acerca de
a) Envia os elementos necessários aos órgãos que qualquer questão.
devem ser consultados, mencionando o prazo 2. Os interessados podem, nos mesmos tennos, reque­
ou prazos de que dispõem para responder, bem rer flUldamentadamente a sua audiência para uma finalidade
como o preceito legal ou regulamentar que os específica, em momento anterior ao da audiência prévia esta­
estabelecem; belecida nos artigos 151.º e seguintes do presente Código,
b) Regista, no processo, os ó1gãos que foram consul­ mas o Ó1gão lnstrntor pode indeferir o requerimento, se não
tados, a data em que o foram e o prazo em que considerar necessária ou opo1ttU1a a audiência ou se enten­
devem responder; der que ela tem fins meramente dilatórios.
e) Notifica o requerente e/ou o interessado sobre o ARTIGO 98.º
registo feito nos tennos da alínea anterior; (Deveres gerais dos interessados)

d) Toma nota, no livro dos procedimentos em curso, 1. Os interessados têm o dever de não fo1mular preten­
da data ou datas em que as respostas dos órgãos sões ilegais, não a1ticular factos contrários à verdade, nem
consultados devem chegar às suas mãos; requerer diligências com propósitos dilatórios.
e) Nessa data ou datas, averigua se todas as respostas 2. Os interessados têm também o dever de prestar a sua
chegaram ou não nos prazos devidos; colaboração para o conveniente esclarecimento cios factos
j) No caso de uma ou mais respostas não terem che­ e o apuramento da verdade, bem como, quando isso lhes
gado em tempo, apresenta, de imediato, uma seja possível, o ele apresentar devidamente equacionadas as
infonnação sobre o que estiver em falta ao ó1gão questões ele direito cuja resolução viabilize o deferimento
competente para a decisão, propondo a pro1rn­ elas suas pretensões.
gação do prazo de conclusão do procedimento, 3. A violação cios deveres acima referidos é passível de
nos tennos do presente a1tigo, se ela ainda for responsabilização nos tennos gerais cio direito.
possível.
CAPÍTULO II
5. A inobse1vância dos prazos fixados nos números ante­
Direito dos Particulares à Informação
riores deve ser justificada pelo órgão responsável, perante
o imediato supe1ior hierárquico ou perante o ó1gão colegial ARTIGO 99.º
(Direito à informação)
competente, dentro dos 5 (cinco) dias seguintes ao te1mo dos
mesmos prazos, sem o que a falta de justificação constitui 1. Os pa1ticulares têm o direito de ser infonnados pela
Administração Pública, sempre que o requeiram, sobre o
infracção disciplinar.
andamento dos procedimentos em que sejam directamente
6 . No caso de ser detenninada a pro1rngação do prazo,
interessados, bem como o direito ele conhecer as resoluções
são os Órgãos Administrativos em falta novamente instados
definitivas que sobre eles forem tomadas.
a responder até 15 dias antes do tenno do novo prazo de
2. As infonnações a prestar elevem incluir a indicação cio
conclusão do procedimento, notificando-se do facto o reque­
se1viço onde o procedimento se encontra, os actos e diligên­
rente e demais interessados.
cias praticados ou a praticar, as deficiências a suprir pelos
7 . Se um ou mais dos ó1gãos consultados não responde­ interessados, as decisões já adoptadas e quaisquer outros
rem dentro do prazo fixado em função da última pro1rngação elementos solicitados.
detenninada, fica dispensada a sua audiência e o órgão com­ 3. As infonnações requeridas ao abrigo deste a1tigo serão
petente toma a decisão final dentro do prazo legal. fornecidas no prazo máximo de 10 (dez) dias.
8 . Da falta cometida, são notificados o máximo superior
ARTIGO 100.º
hierárquico do ó1gão faltoso ou a respectiva entidade tutelar (Consulta do processo e passagem de certidões)
ou de superintendência, para apuramento da responsabili­ 1. Os interessados têm o direito ele consultar todo o
dade disciplinar, civil ou penal que no caso couber. processo, salvo nas pa1tes em que contenha documentos
9. A decisão definitiva tomada nos tennos do n.º 6 deste classificados ou que revelem segredo comercial ou indus­
a1tigo não pode ser revogada, suspensa ou modificada a trial ou segredo relativo à propriedade intelectual a1tística
pedido das autoridades mencionadas no n.º 7, salvo se a rea­ ou científica.
preciação do caso for dete1minada por Despacho do Titular 2. O direito referido no número anterior abrange os
do Poder Executivo com flUldamento em grave prejuízo para documentos nominativos relativos a terceiros, desde que
o interesse público, com ou sem dispensa da efectivação de excluídos os dados pessoais que, nos tennos legais, não
responsabilidades prevista no número anterior. sejam públicos.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6235

3. Os interessados têm o direito, mediante o pagamento possível a consulta directa dos documentos arquivados ou
de valor que for devido, de obter ce1tidão, reprodução ou registados quando a lei a pennita ou quando o ó1gão compe­
declaração autenticada do teor dos documentos que cons­ tente a autorize.
tem dos processos a que tenham acesso, ou a que tenham 3. O acesso aos arquivos e registos achninistrativos pode
interesse. ser recusado, mediante decisão ftu1damentada, em matérias
4 . A violação do disposto no presente a1tigo legitima o relativas à segurança nacional, à investigação criminal e à
recurso aos tribtu1ais ou a outros mecanismos à disposição intimidade elas pessoas.
dos pa1ticulares. 4. A consulta directa ou a passagem ele ce1tidões ou foto­
ARTIGO 101.º cópias devem ser asseguradas aos interessados no prazo
(Certidões independentes de despacho) máximo de 7 (sete) dias.
1. Os se1viços competentes são obrigados, independen­
CAPÍTULO III
temente de despacho superior, a passar aos interessados, no
Notificações e Prazos
prazo de 1 O (dez) dias, a contar da apresentação do requeri­
mento que os solicite, ce1tidões, reproduções ou declarações SECÇÃO I
Notificações
autenticadas do teor de documentos de que constem, con­
soante o pedido, todos ou alguns dos seguintes elementos: ARTIGO 104.º
a) Data da apresentação ele requerimentos, petições, (Dever de notificar)

reclamações, recursos ou documentos seme­ Devem ser notificados aos interessados os actos admi­
lhantes; nistrativos que:
b) Conteúdo desses documentos ou pretensão neles a) Decidam sobre quaisquer pretensões por eles for­
fonnulacla; muladas;
e) Andamento que tiveram e situação em que se b) Imponham deveres, sujeições, encargos ou san­
encontram; ções, ou causem prejuízos;
d) Resolução tomada ou falta de resolução. e) Criem, extinguem, aumentem ou diminuam direitos
2. O dever estabelecido no número anterior não abrange ou interesses legalmente protegidos, ou afectem
os documentos classificados ou que revelem segredo comer­ as condições do seu exercício.
cial ou industrial ou segredo relativo à propriedade literária, ARTIGO 105.0
a1tística ou científica. (Dispensa de notificação)
3. Quando os elementos constem de procedimentos 1. É dispensada a notificação cios actos nos casos
infonnatizados, as ce1tidões, reproduções ou declarações seguintes:
previstas no n.º 1 são passadas, com a devida autenticação, a) Quando sejam praticados oralmente na presença
no prazo máximo de 5 (cinco) dias, por via electrónica ou dos interessados;
mediante impressão nos se1viços da Achninistração. b) Quando o interessado, através de qualquer
ARTIGO 102.º inte1venção no procedimento, revele pe1feito
(Eidensão do direito de informação) conhecimento ela existência e do conteúdo cios
1. Os direitos reconhecidos nos a1tigos 98.º a 100.º cio actos em causa.
presente Código são extensivos a quaisquer pessoas que, 2. As situações referidas nas alíneas a) e b) devem ser
não sendo directamente interessadas, provem ter interesse posterionnente confurnaclas por meio ele documento escrito,
legítimo no conhecimento cios elementos que pretendam sob pena de invalidade.
obter ou consultar. 3. Os prazos cuja contagem se inicie com a notificação
2. O exercício dos direitos previstos no número ante­ começam a coll'er no dia seguinte ao da prática cio acto, nos
rior depende de despacho do diligente do se1viço, exarado casos previstos na alínea a) do número anterior, e no dia
no requerimento escrito cio interessado e instrnído com os seguinte àquele em que ocoll'er a inte1venção, nos casos pre­
documentos probatórios cio interesse legítimo invocado vistos na alínea b).
ARTIGO 103.º ARTIGO 106.º
(Administração aberta) (Conteúdo obrigatório da notificação)

1. Os pa1ticulares que demonstrem interesse legítimo 1. Da notificação devem sempre constar:


têm direito de acesso aos arquivos e registos achninis­ a) O texto integral do acto achninistrativo;
trativos, mesmo que não se encontre em curso qualquer b) A identificação oficial do Procedimento Adminis­
procedimento que lhes diga clirectamente respeito, nos ter­ tJ<1tivo, nos te1rnos cio a1tigo 91.º cio presente
mos da legislação específica. Código;
2. O acesso aos arquivos e registos achninistrativos e) Indicação do órgão competente para apreciar a
faz-se, em regra, mediante a passagem de ce1tidões ou foto­ impugnação achninistJ<1tiva do acto;
cópias autenticadas cios elementos que os integram, sendo d) A data e assinatura do responsável.
6236 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O texto integral do acto pode ser substituído pela ARTIGO 110.º


indicação resumida do seu conteúdo e objecto, quando (Contagem dos prazos)

o acto tiver deferido inteiramente a pretensão fonnulada 1. São aplicáveis à contagem dos prazos as seguintes
pelo interessado ou respeite apenas à prática de diligências regras:
processuais. a) Não se inclui na contagem o dia em que oc01rer o
ARTIGO 107.º evento;
(Prazo das notificações) b) A contagem começa no dia seguinte à ocoffência
Quando não exista prazo especialmente fixado, os actos do evento;
achninistrativos devem ser notificados no prazo de 5 (cinco) e) O prazo começa a coffer independentemente de
dias a contar da sua prática. quaisquer fo1rnalidades e suspende-se nos Sába­
ARTIGO 108.º dos, Domingos e Feriados;
(Forma das notificações) d) Quando o teimo do prazo coincida com um
1. As notificações podem ser feitas: Sábado, Domingo ou Fe1iado, transfere-se para
a) Em regra, por via postal, desde que exista distribui­ o primeiro dia útil seguinte;
ção domiciliária na localidade de residência ou e) A contagem começa depois da publicação ou da
na sede do notificando; notificação do acto;
b) Pessoalmente, se for inviável a notificação por via j) Os prazos fixados podem ser pro1rngaclos.
postal e se a notificação pessoal não prejudicar a 2. A pro1rngação dos prazos deve ser fundamentada e só
celeridade do procedimento; pode ocoffer caso o Órgão ela Administração Pública avaliar
e) Por telefone, se a mgência do caso recomendar o a situação e concluir que da pro1rngação não resultam pre­
uso de tais meios, desde que existam e fl.Ulcio­ juízos para as pa1tes.
nem em relação ao destinatário ou destinatários 3. Na contagem dos prazos legalmente fixados em mais
da notificação; de 6 (seis) meses, incluem-se os Sábados, Domingos e
d) Por edital a afixar nos locais habituais, ou por Feriados.
anúncio a publicar no Diário da República, no ARTIGO 111.°
edital ml.Ulicipal ou em jomais mais lidos da (Dilação)
localidade da residência ou sede dos notificados, 1. Se os interessados residirem ou se encontrarem
se os interessados forem desconhecidos ou em fora da província em que se localize o se1viço por onde o
tal número que se tome inconveniente outra Procedimento Achninistrativo deve tramitar, os prazos fixa­
fonna de notificação. dos na lei, se não atenderem já a essa circl.Ulstância, só
e) Por coffeio electrónico ou notificação electrónica iniciam depois de cleco11'idos:
automaticamente gerada por sistema inco1po­ a) 10 (dez) dias, se os interessados residirem ou se
rado em sítio electrónico pe1tencente ao se1viço encontrarem em te11'itório angolano;
ou sempre e quando o destinatário disponibilize b) 45 (quarenta e cinco) dias, se os interessados resi­
uma ligação de acesso para o efeito.
direm ou se encontrarem em país estrangeiro.
2. Sempre que a notificação seja feita por telefone, é a
2. As clilações previstas no presente a1tigo não se aplicam
mesma confurnada nos te1rnos da alínea a) ou b) do número
quando os actos e fo1rnalidades em causa sejam praticados
anterior, consoante os casos, no dia útil imediato, sem pre­
através de meios electrónicos ou por telefone.
juízo de a notificação se considerar feita na data da primeira
comunicação. CAPÍTULO IV
SECÇÃO II Marcha do Procedimento
Prazos
SECÇÃO I
ARTIGO 109.º Início
(Prazo geral)
ARTIGO 112.º
1. Excluindo o disposto nos a1tigos 165.º e 166.º do pre­ (Requerimento inicial)
sente Código, e na falta de disposição especial aplicável, o
1. O requerimento inicial dos interessados, salvo nos
prazo para a prática de actos da competência de qualquer
casos em que lei ou regulamento achnita pedido verbal, deve
ó1gão administrativo é de 8 (oito) dias, se outro não tiver
ser fo1rnulado por escrito e conter:
sido fixado pela Achninistração Pública ou acordado com as
pa1tes. a) A designação do ó1gão achninistrativo a que se
2. É igualmente de 8 (oito) dias o prazo para os interessa­ dirige;
dos requererem ou praticarem quaisquer actos, promoverem b) A identificação do requerente, pela indicação cio
diligências, responderem sobre os assuntos acerca dos nome, estado, profissão, ocupação ou cargo
quais devam pronunciar-se ou exercerem outros direitos no actual e residência, além cio número do seu
procedimento. bilhete de identidade ou documento equivalente;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6237

e) A exposição dos factos em que se baseia o pedido 6. Se no requerimento constarem insuficiências graves
e, se tal for possível ao requerente, os respecti­ que impedem a apreciação do pedido, a administração deve
vos fundamentos de direito; indeferir o requerimento.
d) A fonnulação do pedido em tennos claros, precisos 7. São liminannente indeferidos, com a devida funda­
e completos; mentação, os requerimentos cujo autor não seja identificado
e) A data e a assinatura ou impressão digital do reque­ ou cujo pedido seja ininteligível.
rente, ou de outrem a seu rogo, se o mesmo não ARTIGO 115.0
(Apresentação de requerimentos)
souber ou não puder assinar.
2. Seja qual for o modo por que se apresente, o requeri­ 1. Os requerimentos devem ser apresentados nos se1vi­
ços dependentes dos ó1gãos aos quais são dirigidos, salvo o
mento é sempre objecto de registo, o qual deverá mencionar
disposto nos números seguintes.
o respectivo número de ordem, a data, o objecto do reque­
2. Os requerimentos dirigidos aos Ó1gãos da
rimento, o número de documentos juntos e o nome do
Achninistração Central do Estado podem ser apresen­
requerente.
tados nos se1viços locais desconcentrados do mesmo
3. Os requerentes devem ser registados segundo a ordem
Depa1tamento Ministerial ou organismo, quando os interes­
da sua apresentação, com anotação do respectivo número e
sados residam na área te11'itorial.
data. 3. Se os requerimentos forem dirigidos a órgãos que não
4 . Os interessados podem exigir recibo comprovativo da disponham de se1viços na área te11'itorial da residência dos
entrega dos requerimentos apresentados. interessados, podem aqueles ser apresentados na Secretaria
5. O recibo pode consistir em averbamento no duplicado do Govemo da respectiva província.
ou na fotocópia do requerimento que para o efeito o reque­ 4. Os requerimentos apresentados nos tennos previstos
rente apresente. nos n. 2 e 3 deste a1tigo são remetidos aos ó1gãos compe­
0

6. Em cada requerimento, não pode ser fonnulado mais tentes por coll'eio registado, ou por via mais expedita, no
de um pedido, salvo se se tratar de pedidos altemativos, sub­ prazo de 3 (três) dias após o seu recebimento e com a indica­
sidiários ou complementares relativos ao mesmo assunto. ção ela data em que este se verificou.
ARTIGO 113.º 5. É também possível, o envio por transmissão electró­
(Formulação verbal do requerimento) nica ele dados, valendo como data ela apresentação cio tenno
Quando a lei admita a fonnulação verbal do requeri­ ela expedição.
mento, é de imediato lavrado tenno escrito pelos se1viços 6. A Administração Pública pode estabelecer modelos e
competentes, o qual deve conter as menções a que se referem sistemas nonnatizados de requerimentos, disponibilizando
as alíneas a) a d) do n.º 1 do a1tigo ante1ior e ser assinado, aos interessados os respectivos fonnulá1ios, podendo os
depois de datado, pelo requerente, ou a seu rogo, e pelo fim­ requerentes juntar elementos que considerem convenientes
cionário que receber o pedido. para precisar ou completar os dados do modelo, os quais
elevem ser achniticlos e tidos em conta pelo ó1gão ao qual se
ARTIGO 114.º
dirige o reque1imento.
(Deficiência do requerimento inicial)
ARTIGO 116.º
1. Se o requerimento inicial não satisfizer integrahnente (Apresentação dos requerimentos em Representações
o disposto no a1tigo 111.º, o requerente é convidado a suprir Diplomáticas ou Consulares)
as deficiências existentes, no prazo de 5 (cinco) dias. 1. Os requerimentos de pa1ticulares dirigidos a Órgãos
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, devem Achninistrativos podem ser apresentados nos se1viços das
os ó1gãos, funcionários e agentes achninistrativos procurar Representações Diplomáticas ou Consulares sedeadas no
suprir oficiosamente as deficiências dos requerimentos de País em que os interessados residam ou se encontrem.
pa1ticulares, de modo a evitar que os interessados sofram 2. As Representações Diplomáticas ou Consulares reme­
prejuízos por viltude de simples ill'egularidade fonnal ou tem os requerimentos aos órgãos a quem sejam dirigidos, no
mera impe1feição na elaboração dos seus requerimentos. prazo ele 5 (cinco) dias, com a indicação da data em que se
3. Os órgãos da achninistração devem, no despacho que ve1ificou o recebimento.
detennina o ape1feiçoamento, indicar as razões que estão na ARTIGO 117.º
base de tal pedido e apresentar a fonna coll'ecta de preencher (Emio de requerimento pelo coHeio)
o requerimento. Salvo disposição legal em contrário, os requerimentos
4 . Se a pa1te não ape1feiçoar o requerimento de acordo dirigidos aos Órgãos Achninistrativos podem ser remetidos
com o que foi pedido, mantiver no documento a razão que pelo coll'eio, desde que registado e com aviso de recepção.
justifica o pedido de ape1feiçoamento, a achninistração ARTIGO 118.º
deverá indeferir liminannente o requerimento. (Registo de apresentação de requerimentos)
5. A violação do prazo concedido pela achninistração 1. A apresentação de requerimentos, qualquer que seja o
para ape1feiçoar, conduz iguahnente ao indeferimento do modo por que se efectue, é sempre objecto de registo, nos
reque1imento. tennos cio a1tigo 91.º do presente Código.
6238 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os requerimentos são registados segundo a ordem da 4. O recurso hierárquico das medidas provisórias não
sua apresentação, considerando-se simultaneamente apre­ suspende a sua eficácia, salvo quando o órgão competente o
sentados os que forem recebidos pelo coffeio na mesma data. dete1mine oficiosamente ou a pedido do recoirente.
3. O registo é anotado nos requerimentos apresentados, 5. Os actos que detenninarem medidas provisórias
mediante a menção do respectivo número e data. podem ser impugnados perante os órgãos de contencioso
4 . Nos se1viços que disponibilizem meios electrónicos administrativo.
de comunicação, o registo de apresentação do requerimento ARTIGO 123.º
deve fazer-se por via electrónica. (Requisito para arbitramento das medidas provisórias)

ARTIGO 119.º 1. O decretamento das medidas provisórias está depen­


(Recibo da entrega de requerimentos) dente dos seguintes requisitos:
1. O se1viço competente deve sempre emitir recibo com­ a) Necessidade - a medida provisória tem de ser o
provativo da entrega dos documentos apresentados. único meio para proteger os interesses públicos
2. O recibo pode ser passado em duplicado ou em foto­ e pa1ticulares;
cópia do requerimento que o interessado apresente para esse b) Urgência - acautelar interesses ou situações cuja
fim. realização seja imediata;
3. O registo electrónico emite automaticamente um e) Prevenção - evitar lesão grave ou prejuízos de
recibo comprovativo da entrega dos requerimentos apresen­ difícil reparação;
tados por transmissão electrónica de dados, contendo a hora d) Transitoriedade- as medidas devem ter prazo de
e data de apresentação e o número de registo. vigência ce1to;
ARTIGO 120.º e) Eficiência- os danos que resultam da medida não
(Outros escritos apresentados) devem ser supe1iores aos que se pretende evitar
O disposto nesta secção é aplicável, com as devidas com a sua adopção.
adaptações, às exposições, reclamações, respostas e outros 2. Os requisitos referidos nas alíneas anteriores são
escritos semelhantes apresentados pelos interessados em cumulativos e devem constar do despacho que decreta a
qualquer se1viço público. medida.
ARTIGO 124.º
ARTIGO 121.º
(Decretamento de medidas provisórias)
(Questões que prejudicam a continuação do procedimento
ou impedem a decisão) 1. As medidas provisórias que forem requeridas pelos
1. O Órgão Achninistrativo, logo que estejam apurados pa1ticulares com legitimidade devem ser decididas no prazo
todos os elementos necessários, deve começar por conhe­ de 5 (cinco) dias.
cer de qualquer questão que prejudique o desenvolvimento 2. A falta de decisão no prazo referido no número anterior
nonnal do procedimento ou que impeça a tomada de uma tem como efeito o deferimento do pedido, devendo a admi­
decisão sobre o seu objecto. nistração criar as condições para a efectividade da medida.
2. Consideram-se, para este efeito, como questões preju- 3. A tomada de medidas provisórias deve ser precedida
diciais, nomeadamente as seguintes: de uma audiência dos interessados.
4. A tomada das medidas provisórias é da competên­
a) A incompetência do Ó1gã0Achninistrativo;
cia do ó1gão com competência para decidir o Procedimento
b) A apresentação do pedido fora do prazo legal;
Achninistrativo e deve ocoffer após a realização da audiên­
e) A ilegitimidade do requerente;
cia prévia.
d) A caducidade do direito que se pretende exercei:
ARTIGO 125.0
SECÇÃO II (Prazo de vigência das medidas provisórias)
Medidas Provisórias
1. As medidas provisórias estão sujeitas a um prazo deter­
ARTIGO 122.º minado pela Achninistração Pública no momento da decisão.
(Admissibilidade de medidas provisórias) 2. O prazo referido no número anterior não pode ser infe­
1. Em qualquer fase do procedimento, pode o ó1gão rior a 5 (cinco) dias nem superior a 15 dias.
competente para a decisão final, oficiosamente ou a reque1i­ 3. Por sua iniciativa ou a pedido dos pa1ticulares, os
mento dos interessados, ordenar as medidas provisórias que prazos de vigência das medidas provisórias podem ser pror­
se mostrem necessárias, com fundamento em justo receio rogados até duas vezes.
de, sem tais medidas, se produzir lesão grave ou de difícil ARTIGO 126.º
reparação do interesse público em causa. (Impugnação da medida provisória)
2. A decisão de ordenar ou alterar qualquer medida 1. As medidas provisórias podem ser impugnadas no
provisória deve ser fundamentada e fixar prazo para a sua prazo de 3 (três) dias contados do seu decretamento.
vigência. 2. As pa1tes podem impugnar as medidas provisórias por
3. A revogação das medidas provisórias também deve ser meio de reclamação ou recurso hierárquico a ser decidido no
fundamentada. prazo de 3 (três) dias.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6239

3. A impugnação das medidas provisórias não suspende 3. Alnstmção começa logo após a indicação do lnstrntor
o andamento do processo. e a sua notificação às pa1tes envolvidas no Procedimento
4 . As medidas provisórias também podem ser impugna­ Achninistrativo.
das judicialmente. 4. A indicação do lnstrntor deve ser feita no prazo de
5. A revogação ou anulação de medidas provisórias 5 (cinco) dias contados da achnissão do processo.
carece de fundamento. 5. A lnstrnção deve ser concluída no prazo de 30 (trinta)
dias.
ARTIGO 127.º
(Caducidade das medidas provisórias) ARTIGO 130.º
(Processos m·gentes e critérios de decisão)
1. Salvo disposição especial em contrário, as medidas
provisórias caducam: 1. Nos processos urgentes, a lnstrnção não excede o
a) Logo que for proferida decisão definitiva no pro­ prazo de 8 (oito) dias.
2. Consideram-se processos urgentes:
cedimento;
a) Os que os requerentes forem pessoas com mais
b) Quando decoffer o prazo que lhes tiver sido fixado,
de 70 anos de idade;
ou a respectiva pro1rngação;
b) Aqueles em que, devido a gravidade do assunto,
e) Na data em que tenninar o prazo fixado na lei para
as decisões devam ser tomadas imediatamente.
a decisão final;
3. Os prazos para a conclusão dos procedimentos
d) 6 (seis) meses depois da instauração do procedi­
urgentes coffespondem a metade dos prazos gerais para o
mento, se a decisão final não tiver sido proferida procedimento consagrado no presente Código.
nesse prazo e a lei não fixar ou pennitir outro
ARTIGO 131.°
maior. (Factos sujeitos a prova)
2. Nos casos das alíneas c) e d) do número anterior, a
1. O Ó1gão lnstrntor deve averiguar todos os factos cujo
válida pro1rngação do prazo para a decisão final confere ao conhecimento seja necessário ou conveniente para a justa
Órgão Administrativo competente a faculdade de pro1rngar e rápida decisão do procedimento, podendo, para o efeito,
por igual período as medidas provisórias até aí em vigor. recoffer a todos os meios de prova admitidos em direito.
SECÇÃO III 2. Não carecem de prova os factos notórios, bem como os
Instrução factos de que o órgão competente tenha ou deve ter conheci­
SUBSECÇÃO I mento em vittude do exercício das suas funções.
Disposições Gerais 3. O Órgão lnstrntor fará constar do procedimento os
factos de que tenha conhecimento em vittude do exercício
ARTIGO 128.º
(Passagem para outra fase) das suas funções.
1. Após a análise preliminar feita pela achninistração e ARTIGO 132.º
(Ónus da prova)
não havendo qualquer iffegularidade no requerimento, esta
regista o processo no livro de entrada devendo dele constar 1. Cabe aos interessados provar os factos que tenham
alegado, sem prejuízo do dever cometido ao órgão compe­
os seguintes elementos:
tente nos tennos do n.º 1 do a1tigo anterior.
a) Número do processo;
2. Os interessados podem juntar documentos e pareceres
b) Pa1tes;
ou requerer diligências de prova úteis para o esclarecimento
e) Natureza do pedido;
dos factos com interesse para a decisão.
d) Data de entrada; 3. As despesas resultantes das diligências de prova serão
e) lnstrntor . supo1tadas pelos interessados que as tiverem requerido,
2. Os elementos constantes do número anterior chegam sem prejuízo do disposto no n.º 2 do a1tigo 13.º do presente
ao conhecimento do pa1ticular através de um despacho, que Código.
confinna a admissão do processo, a passagem para a fase ARTIGO 133.º
seguinte, a indicação do lnstrntor e o horário em que as par­ (Exigência de novas provas aos interessados)
tes podem contactá-lo. 1. O Ó1gão lnstrntor pode detenninar aos interessados a
3. O despacho referido no número anterior deve ser emi­ prestação de infonnações, a apresentação de testemunhas e
tido e comunicado às pa1tes, no dia seguinte após a achnissão. declarantes ou documentos ou coisas, a sujeição a inspec­
ARTIGO 129.º ções ou a colaboração noutros meios de prova.
(Indicação do Instrutor) 2. É legítima a recusa às detenninações previstas no
1. O lnstrntor do Procedimento é nomeado pela entidade número anterior, quando a obediência às mesmas:
com competência para decidir, no despacho de achnissão do a) Envolver a violação de segredo profissional,
processo. segredo de justiça ou segredo do Estado;
2. A indicação do lnstrntor é comunicada às pa1tes atra­ b) Implicar o esclarecimento de factos cuja revelação
vés do despacho referido no n.º 2 do a1tigo anterior. esteja proibida ou dispensada por lei;
6240 DIÁRIO DA REPÚBLICA

e) Impo1tar a revelação de factos puníveis, pratica­ SUBSECÇÃO II


Exames e Outras Diligências
dos pelo próprio interessado, pelo seu cônjuge
ou por seu ascendente ou descendente, innão ARTIGO 138.º
ou afim em linha recta até ao 3.º grau da linha (Diligências periciais)
colateral; 1. Os exames, vistorias, avaliações e outras diligências
d) For susceptível de causar dano moral ou material semelhantes são efectuados por perito ou peritos com os
grave ao interessado ou a alguma das pessoas conhecimentos especializados necessários às averiguações
referidas na alínea anterior. a realizar.
ARTIGO 134.º 2. As diligências previstas neste a1tigo podem, tam­
(Notificação para prestação de informações bém, ser solicitadas directamente a outros se1viços públicos
ou apresentação de provas)
que, pela sua competência, sejam aptos para a respectiva
1. Quando seja necessária a prestação de infonnações ou realização.
a apresentação de provas pelos interessados, são estes noti­ 3. À fonna de nomeação de peritos e a sua remuneração
ficados para o fazerem, por escrito ou oralmente, no prazo e
aplicam-se as disposições do Código do Processo Civil, com
condições que forem fixados.
as necessárias adaptações.
2. Se o interessado não residir na província da sede do
ARTIGO 139.º
Órgão lnstrntor, a prestação verbal de infonnações pode ter (Notificação aos interessados)
lugar através de ó1gão ou se1viço com sede na província da
1. Os interessados são notificados da diligência orde­
sua residência, salvo se o interessado preferir comparecer
perante o Órgão lnstmtor ou se quiser prestar as infonnações nada, do respectivo objecto e, com a antecedência mínima
por telefone ou por coITeio electrónico. de 1O (dez) dias, da data, hora e local em que terá início a
diligência.
ARTIGO 135. 0
(Falta de prestação de informações ou de apresentação de provas) 2. Na notificação, se for caso disso, dá-se também conhe­
cimento do perito ou pe1itos designados pela Administração
1. Se os interessados regulannente notificados para
Pública.
a prática de qualquer acto previsto no a1tigo anterior não
cumprirem o dever em causa, pode proceder-se à nova noti­ 3. É dispensada a indicação do objecto da diligên­
ficação ou prescindir-se da prática do acto, confonne as cia, bem como dos peritos designados pela Administração
circunstâncias aconselharem. Pública, se aquela incidir sobre matéria de carácter secreto
2. A falta de cumprimento é livremente apreciada para ou confidencial.
efeitos de prova, consoante as circunstâncias do caso, não ARTIGO 140.º
(Designação de peritos pelos interessados)
dispensando o Órgão lnstmtor de procurar averiguar os fac­
tos, nem de proferir a decisão. 1. Quando a Administração Pública designar pe1itos,
3. Quando as infonnações, documentos ou actos solici­ podem os interessados indicar os seus, em número igual aos
tados ao interessado sejam indispensáveis à apreciação do da Achninistração Pública, salvo o disposto no n.º 3 do a1tigo
pedido por ele fonnulado, não é dado seguimento ao proce­ ante1ioi:
dimento, disso se notificando o pa1ticular. 2. Se a diligência incidir sobre matéria de carácter secreto
ARTIGO 136.º ou confidencial, só depois de o pa1ticular se ter apercebido
(Realização de diligências por outros serviços) do objecto da diligência, se nela for envolvido, pode propor
Com fundamento no princípio do auxílio achninistra­ a nomeação de perito ou peritos por si designados.
tivo ou da colaboração, o Ó1gão lnstmtor pode solicitar 3. Se o interessado fizer uma proposta de designação
a realização de diligências de prova a outros se1viços da de perito ou peritos, cabe ao Órgão lnstrntor decidir livre­
Administração Central, Provincial ou Local, quando aquelas mente se, à luz do interesse público a prosseguir, pode ser
não possam ser por si efectuadas ou sejam da competência admitida a pa1ticipação de pe1ito ou peritos designados por
exclusiva dos se1viços solicitados. pa1ticulares.
ARTIGO 137.º ARTIGO 141.º
(Produção antecipada de prova) (Formulação de quesitos aos peritos)

1. Havendo justo receio de vir a tomar-se impossível ou 1. O Órgão lnstrntor e os interessados podem fonnular
de difícil realização a produção de qualquer prova com inte­ quesitos a que os peritos devem responder ou detenninar a
resse para a decisão, pode o Órgão lnstmtor, oficiosamente estes que se pronunciem expressamente sobre ce1tos aspec­
ou a pedido fundamentado dos interessados, proceder à sua tos que interessem ao apuramento dos factos relevantes.
recolha antecipada. 2. O Ó1gão lnstrntor deve excluir do objecto da diligên­
2. A produção antecipada de prova pode ter lugar antes cia os quesitos ou aspectos indicados pelos interessados que
da instauração do procedimento. incidam sobre matéria de carácter secreto ou confidencial.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6241

SUBSECÇÃO III ARTIGO 147.º


Pareceres (Determinação do objecto)

ARTIGO 142.º Notificadas as pa1tes e resolvidas as questões que even­


(Espécies de pareceres) tualmente forem colocadas, o lnstrntor deve detenninar
1. Os pareceres são obrigatórios ou facultativos, con­ o objecto do Procedimento Administrativo, devendo, ao
soante a sua emissão seja ou não exigida por lei. mesmo tempo, se pronunciar sobre as ilegalidades, ill'e­
2. Os pareceres são vinculativos ou não vinculativos, gularidades ou outras situações que possam inviabilizar o
confonne as respectivas conclusões tenham ou não de ser andamento do procedimento.
seguidas pelo ó1gão competente para a decisão. ARTIGO 148.º
3. Salvo disposição expressa em contrário, os parece­ (Conclusão antecipada do procedimento)

res exigidos por lei consideram-se obrigatórios, mas não 1. As ilegalidades ou ill'egularidades referidas no a1tigo
vinculativos. ante1ior em função da sua natureza podem detenninar o tér­
ARTIGO 143.º mino do procedimento, devendo o lnstrntor apresentar a
(Forma e prazo dos pareceres) proposta à entidade com poderes para decidir.
1. Os pareceres devem ser sempre fundamentados e con­ 2. As pa1tes envolvidas no procedimento podem nesta
cluir, de modo expresso e claro, com uma opinião sobre cada fase apresentar uma proposta à achninistração em que
uma das questões indicadas na consulta. acordam em tenninar antecipadamente o Procedimento
2. Na falta de disposição especial, os pareceres serão emi­ Achninistrativo.
tidos no prazo de 15 dias, excepto quando o Ó1gão Instrntor 3. A proposta referida no número anterior deve ser
fixar, fundamentadamente, prazo diferente. decidida pela entidade competente para praticar o acto
3. Quando um ou mais pareceres obrigatórios e não administrativo.
vinculativos, tendo sido solicitados nos tennos da lei, não SUBSECÇÃO IV
forem emitidos ou recebidos dentro dos prazos previstos Audiência dos Interessados

no número anterior, pode o procedimento prosseguir e ser ARTIGO 149.º


decidido sem o parecer ou pareceres solicitados, salvo dis­ (Notificação da audiência)
posição legal expressa em contrário. 1. Não havendo ilegalidades ou ill'egularidades sus­
ARTIGO 144.º ceptíveis de inviabilizar o andamento do procedimento, o
(Dispensa da Instrução) lnstrntor notifica os interessados para audiência.
1. A lnstrnção do Procedimento Administrativo é obriga­ 2. Na notificação aos interessados devem constar os
tó1ia, devendo ser dispensada nas situações em que as pa1tes seguintes elementos:
acordarem por escrito. a) Data e local de audiência;
2. A dispensa referida no número anterior só é válida se b) Objecto da audiência;
o lnstrntor do Procedimento demonstrar que detém todos os e) Possibilidade de indicação de testemunhas.
elementos que teria caso a lnstrnção fosse realizada, con­ ARTIGO 150.º
cretamente a matéria de prova para que a decisão seja justa. (Audiência prévia dos interessados)

ARTIGO 145. 0 1. Concluída a lnstrnção, e salvo o disposto no


(Relatório da Instrução) a1tigo 155.º, os interessados têm o direito de ser ouvidos no
Concluída a lnstrnção, o lnstrntor deve elaborar um rela­ procedimento antes de ser tomada a decisão final.
tó1io onde constem os elementos que forem produzidos 2. Antes da audiência referida no número anterior, deve
durante esta fase do procedimento. o Órgão lnstrntor prestar aos interessados todas as infor­
ARTIGO 146.º mações necessárias e, nomeadamente, indicar-lhe o sentido
(Notificação dos relatórios) provável da decisão final.
1. Concluída a lnstrnção, o relatório referido no a1tigo 3. O Ó1gão lnstrntor decide, em cada caso, se a audiência
anterior, deve ser remetido às pa1tes para conhecimento, no dos interessados é escrita ou oral.
prazo de 3 (três) dias contados da sua conclusão. 4. A realização da audiência dos interessados sus­
2. Recebido o relatório, as pa1tes podem apresentar pende a contagem de prazos em todos os Procedimentos
sugestões e emendas no prazo de 3 (três) dias contados da Achninistrativos.
notificação. ARTIGO 151.º
3. Os aspectos referidos no número anterior devem ser (Prazo para a realização da audiência)

decididos na data em que forem recebidas pelo lnstrntor do A audiência deve ser realizada 5 (cinco) dias após notifi­
Procedimento. cação dos interessados.
6242 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 152.º b) Se os elementos constantes do procedimento


(Audiência de outras pessoas)
conduzirem a uma decisão favorável aos inte­
Para além dos interessados e contra-interessados, nesta ressados.
fase do procedimento também podem ser ouvidas outras 3. Nos casos referidos nas alíneas anteriores, os interes­
pessoas, por sugestão das pa1tes ou escolhidas pelo Instrntor sados e contra-interessados são sempre notificados acerca da
do Procedimento. dispensa da audiência.
ARTIGO 153.º ARTIGO 156.º
(Audiência escrita) (Consequência da falta de audiência)
1. Quando o Ó1gão Instmtor optar pela audiência escrita, Com excepção do previsto nos a1tigos anteriores, a
notificará os interessados para, em prazo não inferior a audiência dos interessados é sempre obrigatória, sendo a sua
1 O (dez) dias, dizerem o que se lhes oferecer. falta sancionada com a nulidade, nos casos de procedimen­
2. A notificação deve incluir os elementos necessários tos sancionatórios.
para que os interessados fiquem a conhecer todos os aspectos ARTIGO 157.º
relevantes para a decisão, em matéria de facto e de direito, (Diligências complementares)
indicando também as horas e o local onde o processo pode Após a audiência, podem ser efectuadas, oficiosamente
ser consultado. ou a pedido dos interessados, as diligências complementares
3. Na resposta, os interessados podem pronunciar-se que se mostrem convenientes.
sobre todas as questões que constituam objecto do proce­ ARTIGO 158.º
dimento, bem como requerer diligências complementares e (Relatório do Instrutor)
juntar documentos.
1. Realizadas as audiências, o Instmtor deve elaborar o
ARTIGO 154.º relatório do procedimento, tendo para o efeito 5 (cinco) dias
(Audiência oral)
contados da realização da última audiência.
1. Se o Ó1gão Instrntor optar pela audiência oral, ordena
2. Devem constar do relatório os seguintes elementos:
a convocação dos interessados com a antecedência de pelo
a) Identificação das pa1tes;
menos 8 (oito) dias.
b) Objecto do procedimento;
2. Na audiência oral podem ser apreciadas todas as ques­
e) Diligências realizadas e seus resultados;
tões com interesse para a decisão, em matéria de facto e de
direito. d) Razões de facto e de direito que fundamentam a
3. A falta de comparência dos interessados não constitui proposta;
motivo de adiamento da audiência, mas, se for apresentada e) Proposta de decisão.
justificação da falta até ao momento fixado para a audiência, ARTIGO 159.º
deve proceder-se ao adiamento desta. (Remessa para o órgão decisor)

4 . Da audiência é lavrada acta, da qual consta o extracto 1. Elaborado o relatório do procedimento, o mesmo deve
das alegações feitas pelos interessados, podendo estes juntar ser remetido no prazo de 3 (três) dias para a entidade com­
quaisquer alegações ou pareceres escritos, durante a diligên­ petente para tomar a decisão.
cia ou posterionnente. 2. Recebido o relatório, a entidade competente para
5. A acta é assinada pelo Órgão Instrntor, ou por quem o tomar a decisão pode:
substituir, bem como pelos interessados ou seus representan­ a) Ratificar e preparar a decisão;
tes que tenham estado presentes. b) Sugerir melhorias de conteúdo;
ARTIGO 155. 0 e) Ordenar a realização de diligências complementa­
(Inexistência e dispensa de audiência dos interessados) res.
1. Não há lugar a audiência dos interessados: ARTIGO 160.º
a) Quando a decisão seja urgente; (Prazo para a decisão)
b) Quando seja razoável prever que a diligência possa A decisão deve ser tomada no prazo de 7 (sete) dias
comprometer a execução da decisão ou a sua contados da recepção do relatório do procedimento desde
utilidade; que não haja nenhuma recomendação para o Instrntor do
e) Quando o número de interessados a ouvir seja de tal Procedimento.
fonna elevado que a audiência se tome imprati­ ARTIGO 161.º
cável, devendo-se proceder à consulta pública, (Pareceres não vinculativos)
quando possível, pela fonna mais adequada. 1. Antes da tomada de decisão, o ó1gão competente pode
2. O Órgão Instrntor pode dispensar a audiência dos inte­ solicitar pareceres que devem incidir sobre o conteúdo do
ressados nos seguintes casos: relatório.
a) Se os interessados já se tiverem pronunciado no 2. O parecer, referido no número anterior, não é vincula­
procedimento sobre as questões que impo1tem à tivo, devendo ser solicitado a um especialista ou a um
decisão e sobre as provas produzidas; funcionário da instituição.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6243

3. O parecer, refe1ido no número anterior, deve ser profe­ imputável ao interessado e só se inte1rnmpe com a notifica­
rido no prazo de 5 (cinco) dias contados da sua solicitação. ção de decisão expressa.
ARTIGO 162.º 4. Quando a prática de um acto achninistrativo dependa
(Conteúdo da decisão) de autorização prévia ou um acto esteja sujeito à aprovação
Concluídas todas as fases, o ó1gão competente deve tomar de um Ó1gão da Achninistração Pública ou de outra entidade
decisão expressa que deve conter os seguintes elementos: no exercício de poderes públicos, prescinde-se da auto­
a) Identificação das pa1tes; rização prévia ou da aprovação desde que o órgão que as
b) Objecto do procedimento;
solicitou tenha interpelado o órgão competente para as emi­
tir e este não responda no prazo legahnente estatuído.
e) Descrição dos factos;
5. Quando a lei não fixar prazo diferente, o prazo de pro­
d) Fundamentação de facto;
dução do deferimento tácito é de 60 (sessenta) dias a contar
e) Fundamentação de direito;
da fonnulação do pedido, desde que acompanhado de todos
j) Decisão. os elementos essenciais exigidos por lei.
SECÇÃO IV
ARTIGO 166.º
Decisão e Outras Causas de Extinção do Procedimento
(Valor do acto tácito)
ARTIGO 163.º 1. O acto tácito produz todos os efeitos que seriam pro­
(Causas de extinção)
duzidos por acto expresso e vale perante qualquer entidade
O procedimento extingue-se pela tomada da decisão pública ou privada.
final, bem como por qualquer dos outros factos extintivos 2. A existência de acto tácito pode ser atestada por
previstos nesta secção. qualquer meio de prova achnitido em direito, podendo ser
ARTIGO 164.º exigido à achninistração ce1tificado comprovativo da fonna­
(Decisão do procedimento) ção de acto tácito.
1. Salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das ARTIGO 167.º
relações a estabelecer, o procedimento pode tenninar pela (Desistência e renúncia)
prática do acto achninistrativo ou pela celebração de um 1. O interessado pode, mediante requerimento escrito,
contrato onde o ó1gão competente deve resolver todas as desistir do procedimento ou de algum ou alguns dos pedidos
questões pe1tinentes suscitadas durante o procedimento e nele fonnulados, bem como renunciar aos seus direitos ou
que não hajam sido decididas em momento anterior. interesses legalmente protegidos, salvo nos casos previstos
2. Além do disposto no número anterior, a decisão final na lei ou se se tratar de direitos indisponíveis.
expressa do procedimento deve obedecer aos requisitos de 2. A desistência ou renúncia do interessado não prejudica
validade estabelecidos no Capítulo II da Pa1te IV do pre­ a continuação do procedimento, se a achninistração entender
sente Código. que o interesse público assim o exige.
3. Os procedimentos de iniciativa particular devem ser 3. Em caso de desistência ou renúncia do interessado,
decididos no prazo de 60 (sessenta) dias, salvo se outro deve o órgão competente para a decisão final, perante pro­
prazo decoll'er da lei, podendo o prazo, em circunstâncias posta do Ó1gão lnstmtor, detenninar expressamente, em
excepcionais, ser pro1rngado por mais 60 (sessenta) dias decisão fundamentada, a extinção ou a continuação do
pelo ó1gão decisor. procedimento.
4 . Sem prejuízo do disposto no a1tigo 21.º e no a1tigo 4. A falta de proposta do órgão instmctor constitui infrac­
seguinte, a falta, no prazo legal, de decisão final sobre a ção disciplinar grave; a falta de decisão do órgão competente
pretensão dirigida ao Ó1gão Achninistrativo competente para decisão final pode se1vir de fundamento a sua demissão
constitui incumprimento do dever de decisão, confe1indo ao ou dissolução.
interessado a possibilidade de utilizar os meios de impugna­ 5. A achninistração pode desistir de procedimentos inicia­
ção achninistrativa ou judicial. dos de ofício desde que fundamente a decisão e a desistência
ARTIGO 165. 0 não implique a vulneração, injustificada, de direitos e inte­
(Deferimento tácito) resses legalmente protegidos.
1. Existe deferimento tácito quando a lei ou regula­ ARTIGO 168.º
mento detennine que a ausência de notificação da decisão (Deserção)
final sobre pretensão dirigida ao órgão competente dentro do 1. É declarado dese1to o procedimento que, por causa
prazo legal tem o valor de deferimento. imputável ao interessado, esteja parado por mais de 6 (seis)
2. Considera-se que há deferimento tácito se a notifica­ meses, sem prejuízo da continuação do procedimento até ser
ção do acto não for expedida até ao primeiro dia útil seguinte tomada a decisão final, se nisso houver interesse público.
ao tenno do prazo para decisão. 2. A deserção não extingue o direito que o pa1ticular pre­
3. O prazo legal da produção do deferimento tácito tendia fazer valer, salvo se este prescrever ou caducar dentro
suspende-se se o procedimento estiver parado por motivo do prazo fixado no número anterior.
6244 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 169.º vação do regulamento é, no silêncio da lei, de 90 dias, após


(Impossibilidade ou inutilidade superveniente) a entrada em vigor da lei habilitante.
1. O procedimento extingue-se quando o órgão compe­ 2. Se o regulamento não for emitido no prazo devido,
tente para a decisão verificar que a finalidade a que ele se os interessados directamente prejudicados pela situação de
destina ou o objecto da decisão se tomaram impossíveis ou omissão podem requerer a aprovação do regulamento ao
inúteis. órgão com competência na matéria, sem prejuízo do recurso
2. A declaração de extinção, a que se refere o número à impugnação contenciosa nos tennos gerais.
anterior, é sempre fundamentada, dela cabendo impugnação ARTIGO 174.º
contenciosa nos tennos gerais. (Petições)
ARTIGO 170.º 1. Os interessados podem apresentar aos ó1gãos compe­
(Falta de pagamento de taxas ou despesas) tentes petições em que solicitem a elaboração, modificação
1. O procedimento extingue-se pela falta de pagamento, ou revogação de regulamentos, as quais devem ser fl.Ul­
no prazo devido, de quaisquer taxas ou despesas devidas por damentadas, sem o que a Achninistração Publica não fica
lei em fl.Ulção da realização de actos procedimentais, salvo obrigada a tomar conhecimento delas, podendo, no entanto,
os casos previstos no n.º 2 do a1tigo 23.º fazê-lo se nisso houver interesse público.
2. Os interessados podem obstar à extinção do procedi­ 2. Os peticioná1ios têm o direito de ser ouvidos pelo
mento se realizarem o pagamento em dobro da quantia em órgão competente, quer para esclarecerem melhor a razão
falta nos 1O (dez) dias seguintes à notificação de que expirou de ser das respectivas petições, quer para se pronunciarem
o prazo de cump1imento da obrigação. sobre o projecto de regulamento, entretanto elaborado.
3. O ó1gão competente info1ma os interessados do des­
PARTE IV tino dado às petições fonnuladas ao abrigo do n.º 1 deste
Actividade Administrativa a1tigo, quando isso lhe seja requerido, e notificá-los sempre
dos fl.Uldamentos da posição que tomar em relação a elas.
CAPÍTULO I
ARTIGO 175.0
Regulamento Administrativo (Projecto de regulamento)
ARTIGO 171.º Todo o projecto de regulamento elaborado pelo órgão
(Conceito e âmbito de aplicação)
administrativo competente é acompanhado de uma nota jus­
Para efeitos do disposto no presente Código, conside­ tificativa, devidamente fl.Uldamentada, redigida pelo mesmo
ram-se Regulamentos Administrativos as nonnas gerais e órgão, o qual deve incluir uma ponderação dos custos e
abstractas que, no exercício dos poderes jurídico-achninis­ benefícios das medidas projectadas.
trativos, visam produzir efeitos jurídicos internos e externos. ARTIGO 176.º
ARTIGO 172.º (Audiência dos interessados)
(Habilitação legal) 1. Tratando-se de regulamento que imponha deve­
1. A elaboração de regulamento depende de habilitação res, sujeições, enca1gos ou sanções, e quando a isso se não
legal, excepto quando se trate de meros regulamentos inter­ oponham razões de interesse público, as quais são sempre
nos sobre questões organizativas e fl.Ulcionais. fl.Uldamentadas, o órgão competente deve ouvir sobre o pro­
2. Os regulamentos devem indicar expressamente as leis jecto, no prazo de 30 a 90 dias, confonne ele próprio decidir,
que visam regulamentar ou, no caso de regulamentos inde­ as entidades representativas dos interesses afectados, caso
pendentes, as leis que definem a competência objectiva e existam.
subjectiva para sua elaboração. 2. No preâmbulo do regulamento faz-se menção das enti­
3. Para efeitos do disposto no número anterior, conside­ dades ouvidas.
ram-se Regulamentos Independentes os que visam introduzir 3. A audiência das entidades representativas dos interes­
uma disciplina jurídica inovadora no âmbito das atribuições ses afectados pode ser dispensada quando:
das entidades que os emitem. a) A emissão do regulamento seja urgente;
4 . Embora não tenha natureza regulamentar para efeitos b) Seja razoavelmente de prever que a diligência
do disposto no presente capítulo, carecem de lei habili­ possa comprometer a execução ou utilidade do
tante quaisquer coml.Ulicações dos Órgãos da Achninistração regulamento;
Pública que enl.Ulciem de modo orientador pach'ões de e) Os interessados já se tenham pronunciado no
conduta da vida em sociedade com, entre outras, as denomi­ procedimento sobre as matérias que impo1tam à
nações de «Directivas», «Recomendações», «Instmções», decisão.
«Código de Conduta» ou «Manual de Boas Práticas». ARTIGO 177.º
ARTIGO 173.º (Consulta pública)
(Regulamento devido e sua omissão) 1. Sem prejuízo do disposto no a1tigo anterior, e quando
1. Quando a adopção de um regulamento seja necessária a natureza da matéria o pennita, o órgão competente deve
para dar exequibilidade a acto legislativo, o prazo para apro- submeter à consulta pública, o projecto de regulamento, o
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6245

qual é, para o efeito, publicado em, pelos menos, 2 (dois) res ou dotados de poderes de superintendência
jomais de maior tiragem, e na página do órgão competente ou tutelar;
na intemet. b) Os regulamentos que contrariem os regulamentos
2. Os interessados devem diligir por escrito as suas emanados pelo delegante, salvo se a delegação
contrapropostas ou sugestões ao órgão competente, dentro inclui o poder regulamentai:
do prazo de 30 a 90 dias, confonne for por ele decidido, ARTIGO 184.º
contando-se o prazo da data da publicação do projecto de (Regime de i:n validade)
regulamento. 1. A invalidade do regulamento pode ser invocada a
3. No preâmbulo do regulamento que for publicado todo o tempo por qualquer interessado e pode, também, a
faz-se menção de que o respectivo projecto foi objecto de todo o tempo ser declarada pelos Ó1gãos Achninistrativos
consulta pública, quando tenha sido esse o caso. competentes.
ARTIGO 178.º 2. Os regulamentos inquinados com ilegalidade fonnal
(Avaliação e incorporação das contribuições) da qual não resulte a inConstitucionalidade só podem ser
Durante as consultas públicas, as questões que obtiverem impugnados ou declarados oficiosamente inválidos no prazo
consenso ou voto da maioria devem ser registadas em acta de 6 (seis) meses, a contar da respectiva publicação, salvo
e posterionnente incorporadas no projecto de Regulamento nos casos de carência absoluta da fonna legal ou preterição
Administrativo. de consulta pública exigida por lei.
3. A declaração achninistrativa de invalidade produz efei­
ARTIGO 179.º
(Fundamentação para adopção do regulamento) tos desde a data da aprovação do regulamento e detennina
a repristinação das nonnas que ele haja revogado, salvo
1. A adopção de um Regulamento Achninistrativo deve
quando estas sejam ilegais ou tenham deixado de vigorar,
ser fundamentada pela entidade competente para a sua
devendo o ó1gão competente reconhecer o efeito repristina­
aprovação. tório, quando este se verifique.
2. A fundamentação referida no número anterior deve 4. A retroactividade da declaração de invalidade não
ser feita por escrito e integrar o documento que aprova o afecta o caso julgado nem os actos achninistrativos que
Regulamento Administrativo. se tenham tomado impugnáveis salvo, neste último caso,
ARTIGO 180.º quando se trate de actos desfavoráveis para os destinatários.
(Publicação)
ARTIGO 185.0
A produção de efeitos do Regulamento Administrativo (Caducidade e revogação de regulamentos de execução)
depende da respectiva publicação no Diário da República 1. Os regulamentos podem ser revogados pelos órgãos
ARTIGO 181.º competentes pela respectiva aprovação.
(Proibição de eficácia retroactiva) 2. Os regulamentos sujeitos a tenno ou condição resolu­
1. Não pode ser atribuída eficácia retroactiva aos regu­ tiva caducam com a verificação destes.
lamentos que imponham deveres, enca1gos, ónus, sujeições 3. Os regulamentos de execução caducam com a revo­
ou sanções, que causem prejuízos ou restrinjam direitos ou gação das leis que regulamentam, salvo na medida em que
interesses legahnente protegidos, ou afectem as condições sejam incompatíveis com a lei nova e enquanto não houver
do seu exercício. regulamentação desta.
2. Os efeitos dos regulamentos não podem repo1tar-se a 4. Os regulamentos necessários à execução de uma ou
data anterior àquela da lei habilitante. mais leis em vigor não podem ser objecto de revogação glo­
bal sem que a matéria seja simultaneamente objecto de nova
ARTIGO 182.º
(Aplicação de regulamentos) regulamentação.
5. Em caso de inobse1vância do disposto no número
1. Os regulamentos podem ser interpretados, modificados
ante1ior, consideram-se em vigor, para todos os efeitos, até
e suspensos pelos ó1gãos competentes pela sua aprovação. ao início de vigência do novo regulamento, as nonnas regu­
2. Os regulamentos não podem ser de1rngados por actos lamentares do diploma legal revogado de que dependa a
achninistrativos de carácter individual e concreto. aplicabilidade da lei exequenda.
ARTIGO 183.º 6. Nos regulamentos que contenham disposições revo­
(Invalidade do regulamento) gatórias, faz-se sempre menção especificada das nonnas
1. São inválidos os regulamentos que sejam desconfor­ revogadas.
mes com a Constituição, a lei, os princípios gerais de direito ARTIGO 186.º
e do direito achninistrativo ou os que infrinjam nonnas de (Reclamação e recm·sos de regulamentos administrativos)
direito internacional, que Angola tenha subscrito, ratificado 1. Os interessados têm direito a solicitar a modifica­
ou aderido. ção, suspensão, revogação ou declaração de invalidade de
2. São, ainda, inválidos: regulamentos achninistrativos directamente lesivos dos seus
a) Os regulamentos que contrariem os regulamentos direitos e interesses legahnente protegidos, assim como rea­
emanados dos órgãos hierarquicamente superio- gir contra a omissão ilegal de regulamentos administrativos.
6246 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os direitos reconhecidos no número anterior podem sulas acessórias, desde que estas não sejam, em si mesmas,
ser exercidos, consoante os casos, mediante reclamação contrárias à lei ou ao fim prosseguido pelo acto, nem violem
ou recurso para ó1gão com competência para o efeito, caso o princípio da proporcionalidade.
exista.
ARTIGO 190.º
3. A impugnação administrativa de regulamento segue a (Forma dos actos)
tramitação de impugnação de acto administrativo nos tennos
1. Os actos achninistrativos devem ser praticados por
gerais e do presente Código.
escrito, desde que outra fonna não seja prevista por lei ou
CAPÍTULO II imposta pela natureza e circunstâncias do acto.
Acto Administrativo 2. Quando achnitidos por lei, os actos achninistrativos
SECÇÃO I podem ser orais ou digitais.
Conceito de ActoAdministrativo 3. A fonna escrita só é obrigatória para os actos dos
ARTIGO 187.º
órgãos colegiais quando a lei expressamente a detenninar,
(Acto administrativo) mas esses actos, quando praticados oralmente ou mediante
1. Para os efeitos do presente Código, consideram­ votação, devem ser sempre consignados em acta, sem o que
-se Actos Administrativos todas as decisões dos Órgãos da não produzem quaisquer efeitos.
Administração Pública que ao abrigo de nonnas de direito ARTIGO 191.º
público visem produzir efeitos jurídicos numa situação indi­ (Menções obrigatórias)
vidual e concreta. 1. Sem prejuízo de outras referências exigidas por
2. As entidades privadas desde que devidamente legitima­ lei especial, devem sempre constar do acto as menções
das podem praticar actos achninistrativos sujeitos ao regime
seguintes:
do presente Código, na prossecução do interesse público.
a) Indicação da autoridade que o praticou e referência
3. Todos os actos jurídicos praticados por Órgãos
Administrativos que não caibam no conceito definido no à delegação ou subdelegação de poderes, quando
número anterior são genericamente designados como actos existam;
da Achninistração Pública. b) Identificação adequada do destinatário ou destina­
SECÇÃO II tários;
Da Validade do Acto Administrativo e) Enunciação dos factos ou actos que tenham dado
ARTIGO 188.º origem à prática do acto, quando relevantes;
(Sujeitos, conteúdo, objecto e fim do acto administrativo) d) Fundamentação da decisão tomada;
1. Os sujeitos do acto administrativo são o órgão ou e) Conteúdo ou sentido da decisão e respectivo
Órgãos Achninistrativos competentes para decidir e o desti­ objecto;
natário ou destinatários da decisão. j) Data em que o acto é praticado e, se for caso disso,
2. O conteúdo do acto achninistrativo é fonnado pela momento do início da sua eficácia;
substância da decisão, delimitada à luz dos seus funda­ g) Assinatura do autor do acto do Secretário ou do
mentos expressos, caso existam, bem como pelas cláusulas
Presidente do Ó1gão Colegial de que emane.
acessórias eventualmente incluídas na decisão.
2. Todas as menções exigidas no número anterior devem
3. O objecto do acto administrativo é composto pelas
situações jurídicas, prestações ou actividades, bens ou ser­ ser enunciadas de fonna clara, precisa e completa, de modo
viços, e quantias a pagar ou a receber, a que o conteúdo do a ser possível detenninar inequivocamente o sentido e
acto se refere. alcance de cada uma, bem como os efeitos jurídicos do acto
4 . O fim do acto administrativo consiste no objectivo ou administrativo.
objectivos que a lei definir para cada tipo de acto em função ARTIGO 192.º
do interesse ou interesses públicos a prosseguir e dos direi- (Dever de fundamentação)
tos e interesses legalmente protegidos dos pa1ticulares. 1. Para além dos casos em que a lei especialmente o
5. Quando do acto achninistrativo resultem, directa ou exija, devem ser fundamentados os actos achninistrativos
indirectamente, vantagens jurídicas, pecuniárias ou outras que, total ou parcialmente:
para os pa1ticulares, a validade do acto depende sempre,
a) Neguem, extingam, restrinjam ou afectem por
além do cumprimento integral dos requisitos legais, da
qualquer modo direitos ou interesses legalmente
prova de que o motivo principahnente detenninante da prá­
tica do acto foi o fim de interesse público definido por lei. protegidos, ou imponham ou agravem deveres,
enca1gos, sujeições ou sanções;
ARTIGO 189.º
(Cláusulas acessórias) b) Decidam reclamação ou recurso achninistrativo;
Além das suas cláusulas principais, e salvo quando a lei e) Decidam em contrário da pretensão ou oposição
ou a natureza do acto o impeçam, os actos achninistrativos fonnulada por interessado, ou de parecer, infor­
podem ser sujeitos à condição, tenno, modo ou outras cláu- mação ou proposta oficial;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6247

d) Decidam de modo diferente da prática habi­ SECÇÃO III


Eficácia do Acto Administrativo
tuahnente seguida na resolução de casos
semelhantes, ou na interpretação e aplicação dos ARTIGO 195.0
mesmos princípios ou preceitos legais; (Regra geral)

e) Impliquem revogação, suspensão ou modificação 1. O acto achninistrativo produz os seus efeitos desde a
de acto administrativo anterior. data em que for praticado, salvo nos casos em que a lei ou o
2. Salvo disposição da lei em contrário, não carecem de próprio acto lhe atribuam eficácia retroactiva ou diferida ou
ser flUldamentados os actos de homologação de deliberações condicionada.
tomadas por jw'is, actos sujeitos a homologação, aprovação 2. O acto achninistrativo considera-se praticado logo que
ou ratificação, bem como as ordens dadas pelos superiores estejam preenchidos os seus elementos.
hierárquicos aos seus subaltemos em matéria de se1viço e ARTIGO 196.º
(Eficácia retroactiva)
sob a fonna legal.
ARTIGO 193.º
1. Têm sempre eficácia retroactiva os actos achninis­
(Requisitos da fm1damentação devida) trativos:
a) Que se limitem a interpretar actos anteriores;
1. A flUldamentação deve ser expressa, através de sucinta
b) Que deem execução a decisões dos tribunais anula­
exposição dos flUldamentos de facto e de direito da decisão,
tórias de actos achninistrativos, salvo tratando-se
não podendo consistir em mera declaração de concordância
de actos renováveis;
com os flUldamentos de pareceres, infonnações ou propos­
e) Que por lei tenham efeitos retroactivos.
tas respeitantes ao caso a decidir, os quais constituem pa1te
2. Fora dos casos refe1idos no número anterior, o autor do
integrante do respectivo acto.
acto achninistrativo só pode atribuir-lhe eficácia retroactiva:
2. Equivale à falta de flUldamentação a adopção de
a) Quando a retroactividade seja favorável aos
fundamentos que, por obscuridade, contradição ou insufi­
interessados e não lese direitos ou interesses
ciência, não esclarecem concretamente a motivação do acto.
legalmente protegidos de terceiros, desde que à
3. Na resolução de asslUltos da mesma natureza, pode
data a que se pretende fazer remontar a eficácia
utilizar-se qualquer meio mecânico que reproduza os flUlda­
do acto já existissem os pressupostos justificati­
mentos das decisões, desde que tal não envolva diminuição
vos da retroactividade;
das garantias dos interessados.
b) Quando se trate de decisões revogatórias ou modi­
ARTIGO 194.º ficativas de actos administrativos a tomar pelo
(Fundamentação de actos orais)
órgão, funcionário ou agente que os tenha pra­
1. Todos os actos achninistrativos orais, incluindo os ticado, na sequência de reclamação ou recurso
resultantes de votação em órgão colegial, devem ser flUlda­ achninistrativo;
mentados nos tennos do presente Código, salvo se se tratar e) Quando a lei o pennitir e o ó1gão competente, em
de eleição de alguém para ca1gos ou tarefas dentro da pessoa decisão devidamente flUldamentada, optar por
colectiva pública em causa. atribuir ao acto eficácia retroactiva.
2. Se a deliberação tomada consistir na aprovação de 3. Os actos achninistrativos que restringem direitos e
proposta ou projecto devidamente fundamentados, consi­ liberdades ou garantias constitucionais nlUlca têm efeitos
dera-se aquela motivada pelos flUldamentos constantes da retroactivos.
proposta ou do projecto, salvo deliberação em contrário do 4. Independentemente do motivo que flUldamenta a apli­
ó1gão que tiver deliberado. cação do efeito retroactivo, o órgão, flUlcionário ou agente
3. Na hipótese do nwnero anterior, bem como se não administrativo pode reconfigurar os efeitos retroactivos do
tiver havido proposta ou projecto flUldamentados, cabe ao acto achninistrativo, com flUldamento no interesse púbico e
Presidente do Ó1gão Colegial inte1pretar o sentido da delibe­ na segurança jurídica.
ração tomada e reduzir a escrito os respectivos fundamentos. ARTIGO 197.º
4 . A flUldamentação dos actos administrativos orais, que (Eficácia diferida)
coJTespondam a alguma das categorias estabelecidas no n.º 1 O acto achninistrativo tem eficácia diferida:
do a1tigo 138.º, mas que por algum motivo não conste de a) Quando estiver sujeito a aprovação, homologação
acto, deve ser reduzida a escrito, a requerimento do inte­ ou ratificação;
ressado, e logo comlUlicada integralmente ao requerente no b) Quando os seus efeitos ficarem dependentes de
prazo de 1 O (dez) dias, através da expedição de oficio sob condição ou tenno suspensivos;
registo do coJTeio ou de entrega de notificação pessoal, a e) Quando a produção dos seus efeitos, pela natureza
cumprir no mesmo prazo. do acto ou por disposição legal, depender da
5. O não exercício, pelos interessados, da faculdade verificação ulterior de qualquer requisito que
confe1ida pelo nwnero anterior não prejudica os efeitos da não respeite à validade do próprio acto, mas à
eventual falta de fundamentação do acto. sua eficácia.
6248 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 198.º e) Os actos cujo objecto seja impossível, ininteligível


(Publicação obrigatória)
ou constitua um crime;
1. A publicação dos actos administrativos só é obrigató­ j) Os actos que ofendam o conteúdo essencial de um
ria quando exigida por lei. direito fundamental;
2. Os actos achninistrativos que atribuem direitos de g) Os actos que lesem, injustificadamente, direitos,
utilização ou exploração de espaços públicos devem ser liberdades ou garantias dos cidadãos;
publicados.
h) Os actos que careçam em absoluto de fonna legal;
3. A falta de publicação do acto, quando legahnente
i) As deliberações de órgãos colegiais que forem
exigida, implica a sua ineficácia até ao momento em que
tomadas tumultuosamente ou com inobse1vância
ocoffer a devida publicação, se o acto não tiver, entretanto
do quómm ou da maioria legalmente exigidos;
caducado.
j) Os actos que ofendam sentença transitada em jul-
ARTIGO 199.º
(Termos da publicação obrigatória) gado;
k) Os actos consequentes de actos achninistrativos
Quando a lei impuser a publicação do acto, mas não
regular os respectivos tennos, deve a mesma ser feita no anterionnente anulados ou revogados, desde
Diário da República ou na publicação oficial adequada a que não haja contra-interessados com interesse
nível local, no prazo de 30 (trinta) dias, e conter todos os legítimo na manutenção do acto consequente;
elementos referidos no n.º 1 do a1tigo 192.º l) Os actos praticados, salvo em estado de necessi­

ARTIGO 200.º
dade, com prete1ição total do procedimento ou
(Eficácia dos actos constitutivos de deveres ou encargos) fonna legalmente exigido susceptível de colocar
1. Os actos de que resulte a imposição de deveres, encar­ em causa a verdade material, a imparcialidade
gos, sujeições ou sanções aos seus destinatários, se não ou o direito de pa1ticipação e defesa dos par­
estiverem por lei sujeitos a publicação obrigatória, começam ticulares e interessados.
a produzir efeitos a pa1tir da sua notificação aos interessados, ARTIGO 202.º
ou de outra fonna de conhecimento oficial pelos mesmos, ou (Regime da nulidade)
do começo da execução do acto. 1.0 acto nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos,
2. Presume-se o conhecimento oficial do acto sem­ independentemente de haver ou não declaração da sua nuli­
pre que o interessado tenha inte1vindo no Procedimento dade, ou do momento dessa declaração.
Administrativo e aí tenha revelado conhecer o conteúdo do 2. A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer
acto na sua versão definitiva. interessado e pode ser declarada, também a todo o tempo,
3. Para os fins do n.º 1, só se considera começo de por qualquer Órgão Achninistrativo ou por qualquer tJibl.Ulal,
execução do acto o início da produção de quaisquer efeitos desde que legalmente competentes em razão da hierarquia,
que atinjam os seus destinatários. da matéria ou do teffitório.
SECÇÃO IV 3. O disposto nos números anteriores não prejudica
Invalidade do Acto Administrativo a possibilidade de atJ·ibuição de ce1tos efeitos jurídicos a
ARTIGO 201.º situações de facto decoffentes de actos nulos, por força do
(Actos nulos) simples decurso do tempo, de hannonia com os princípios
1. São nulos os actos a que falte qualquer dos seus gerais de direito.
elementos essenciais ou para os quais a lei comine expressa­ ARTIGO 203.º
mente essa fonna de invalidade. (Actos anuláveis)
2. São, designadamente, actos nulos: São anuláveis os actos achninistJativos praticados com
a) Os actos emanados por pessoa colectiva ou ó1gão ofensa dos princípios ou nonnas jurídicas aplicáveis, qual­
manifestamente incompetente em razão da quer que seja o vício em que se tJ·aduza a ofensa se, para
matéria ou do te11'itório; esta, o presente Código ou lei especial não detenninar san­
b) Os actos viciados de usmpação ou de desvio de ção mais grave ou mera iffegularidade.
poder, se, neste último caso, não tiver sido pros­ ARTIGO 204 °
seguido nenhum do interesse público definidos (Regime da anulabilidade)
por lei; 1. O acto anulável pode ser anulado com fundamento na
e) Os actos estranhos às atribuições dos órgãos ou sua ilegalidade nos tennos do artigo 220.º e seguintes.
das pessoas colectivas referidas no a1tigo 2. do 0
2. O acto anulável é susceptível de impugnação perante
presente Código a que o seu autor pe1tença; os tJ·ibl.Ulais competentes, nos tennos gerais e da Legislação
d) Os actos praticados por órgãos deliberativos ou do Contencioso AdministJ·ativo.
executivos em matéria rese1vada à competência 3. O acto anulável é juridicamente eficaz até ser anulado
de órgãos de natureza jurisdicional ou discipli­ administJ·ativa ou contenciosamente ou suspenso por deci­
nar; são achninistJ·ativa ou providência cautelar adequada.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6249

ARTIGO 205. 0 2. Em caso de incompetência, o poder de ratificar o acto


(Reabertm·a e revisão do procedimento) cabe ao ó1gão competente para a sua prática, mas o poder de
1. A pedido das pa1tes ou por iniciativa da Achninistração o revogar cabe, mediante decisão conjllllta, a esse órgão e ao
Pública, o Procedimento Achninistrativo pode ser reabe1to autor efectivo do acto revogando.
com a finalidade de ser revisto. 3. Desde que não tenha havido alteração ao regime legal,
2. A revisão prevista no número anterior depende do a ratificação, refo1rna ou conversão retroagem os seus efei­
preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos: tos à data da prática dos actos a que respeitam.
a) Ter deco11'ido um ano desde o decurso do prazo 4. Os actos nulos só podem ser objecto de refo1rna ou
para a impugnação de um acto achninistrativo; conversão.
b) F.xistirem novas provas que teriam conduzido a 5. Em caso de incompetência, o poder de ratificar o acto
uma decisão mais favorável para o interessado; cabe ao ó1gão competente para a sua prática.
e) Prejuízo da pennanência do actopara mais de4.000 6. Os actos anuláveis podem ser objecto de ratificação,
(quatro mil) pa1ticulares; refo1rna e conversão.
d) Demonstração e ponderação acerca do prejuízo 7. Os actos inexistentes não estão sujeitos a ratificação,
associado à abe1tura; refo1rna ou conversão.
e) Confurnação por um Tribunal. SECÇÃO V
Da Revogação do Acto Administrativo
ARTIGO 206.º
(Irregularidades) ARTIGO 210.º
(Iniciativa da revogação)
1. Fora das situações previstas em outras fo1rnas de inva­
lidades, os actos administrativos podem ser sindicados com Os actos administrativos podem ser revogados por ini­
fundamentos em ill'egula1idades. ciativa dos órgãos competentes para a revogação, ou a
2. As ill'egularidades não afectam a substância do pedido dos interessados, mediante reclamação ou recurso
acto administrativo e estão ligadas a aspectos de menor administrativo.
relevância. ARTIGO 211.º
(Actos insusceptiveis de revogação)
ARTIGO 207.º
(Regime da irregularidade) 1. Não são susceptíveis de revogação:
1. As ill'egularidades podem ser invocadas, a todo o a) Os actos inexistentes e os actos nulos;
tempo, pelas pa1tes interessadas e não conduzem a invali­ b) Os actos anulados contenciosamente;
dade do acto achninistrativo. e) Os actos revogados com eficácia retroactiva.
2. O pedido pode ser apresentado pelas pa1tes ou resultar 2. Os actos cujos efeitos tenham caducado ou se encon­
da actuação oficiosa da administração. trem esgotados podem ser objecto de revogação com eficácia
3. Caso a situação seja despoletada pela Achninistração retroactiva.
Pública, esta deve convocar os destinatários do acto para o ARTIGO 212.º
devido esclarecimento, tendo para o efeito 5 (cinco) dias (Revogabilidade de actos válidos)
contados da data em que se notou a ill'egularidade. 1. Os actos achninistrativos que sejam válidos são livre­
4. Após a coll'ecção, o acto deve ser notificado às pa1tes mente revogáveis pelo ó1gão legalmente competente,
envolvidas. excepto nos casos seguintes:
ARTIGO 208.º a) Quando a sua ill'evogabilidade resultar de vincula­
(Consequência da irregularidade) ção legal;
1. Detectada a ill'egularidade, a achninistração deve b) Quando forem constitutivos de direitos ou de inte­
actuar em confo1rnidade de modo a ultrapassar a situação. resses legalmente protegidos;
2. Se a Administração Publica não reconhecer a ill'egula­ e) Quando deles resultem, para a Administração
ridade, a pa1te se quiser pode recoll'er aos tribllllais que em Pública, obrigações legais ou direitos ill'enl.lll­
nenhum momento impedem a produção dos efeitos do acto ciáveis.
supostamente ill'egulai: 2. Os actos constitutivos de direitos ou interesses legal­
3. Dependendo da situação e caso se preencham os requi­ mente protegidos são, contudo, revogáveis:
sitos legalmente estabelecidos para o efeito, as situações de a) Na pa1te em que sejam desfavoráveis aos interes­
ill'egularidade são passíveis de gerar responsabilidade civil ses dos seus destinatários;
da Achninistração Pública. b) Quando, não se tratando de direitos ou interesses
ARTIGO 209.º indisponíveis, todos os interessados deem a sua
(Ratificação, reforma e conversão) concordância à revogação do acto;
1. São aplicáveis à ratificação, refo1rna e conversão dos e) Com flllldamento na supe1veniência de conheci­
actos achninistrativos as no1rnas que regulam a competência mentos técnicos e científicos ou em alteração
para a revogação dos actos inválidos e a sua tempestividade. objectiva das circl.lllstâncias de facto, em face
6250 DIÁRIO DA REPÚBLICA

dos quais, num ou noutro caso não poderiam ser sição especial em contrário, o próprio acto de revogação
praticados. expressamente o detenninai:
3. Para efeitos do presente Código, consideram-se cons­ ARTIGO 218.º
titutivos de direitos os actos que atribuem ou reconhecem (Regime aplicável à anulação)
situações jurídicas de vantagem ou eliminam ou limitem 1. Os actos achninistrativos podem ser objecto de anu­
deveres, ânus, enca1gos ou sujeições, salvo quando a sua lação achninistrativa no prazo de 6 (seis) meses, a contar da
precaridade deco1rn da lei ou da natureza do acto. data do conhecimento pelo ó1gão competente da causa de
ARTIGO 213.º invalidade, ou, nos casos de invalidade resultante de e1rn do
(Competência para a revogação) agente, desde o momento da cessação do e1rn, em qualquer
1. Salvo disposição especial, são competentes para a dos casos desde que não tenham deconido 5 (cinco) anos, a
revogação dos actos achninistrativos, além dos seus auto­ contar da respectiva emissão.
res, os respectivos superiores hierárquicos, desde que não se 2. Salvo nos casos previstos nos números seguintes, os
trate de acto da competência exclusiva do subalterno. actos constitutivos de direitos só podem ser objecto de anu­
2. Os actos achninistrativos praticados por delegação ou lação administrativa dentro do prazo de um ano, a contar da
subdelegação de competências podem ser revogados pelo data da respectiva emissão.
ó1gão delegante ou subdelegante, bem como pelo dele­ 3. Quando o acto tenha sido objecto de impugnação
gado ou subdelegado, enquanto vigorar a delegação ou jurisdicional, a anulação administrativa só pode ter lugar até
subdelegação. ao ence1rnmento da discussão.
3. Os actos administrativos praticados por ó1gãos de 4. Os actos constitutivos de direitos podem ser objecto de
entidades sujeitas às tutelas administrativas só podem ser anulação administrativa no prazo de 5 (cinco) anos, a contar
revogados pelos órgãos tutelares com flUldamento em ile­ da data da respectiva emissão, nas seguintes circlUlstâncias:
galidade manifesta ou, faltando esta, nos casos em que a lei a) Quando o respectivo beneficiário tenha utilizado
expressamente pennita a revogação tutelai: a1tificio fraudulento com vista à obtenção da sua
ARTIGO 214.º prática;
(Forma dos actos de revogação) b) Apenas com eficácia para o futuro, quando se trate
1. O acto de revogação, salvo disposição especial, deve de actos constitutivos de direitos à obtenção de
revestir a fonna legalmente prescrita para o acto revogado. prestações periódicas, no âmbito de uma relação
2. O acto de revogação deve revestir a mesma fonna que continuada;
tiver sido utilizada na prática do acto revogado quando a lei e) Quando se trate de actos constitutivos de direitos
não estabelecer fonna alguma para este, ou quando o acto de conteúdo peclUliário cuja legalidade, nos ter­
revogado tiver revestido fonna mais solene do que a legal­ mos da legislação aplicável, possa ser objecto de
mente prevista. fiscalização administrativa para além do prazo
ARTIGO 215. 0 de 1 (um) ano, com imposição do dever de res­
(Formalidades a observar na revogação)
tituição das quantias indevidamente auferidas.
São de obse1var na revogação dos actos achninistrativos 5. Quando, nos casos previstos nos n."' 1 e 4, o acto se
as fonnalidades exigidas para a prática do acto revogado, tenha tomado inimpugnável por via jurisdicional, o mesmo
nomeadamente a audiência prévia do interessado, salvo nos só pode ser objecto de anulação achninistrativa oficiosa.
casos em que a lei dispuser de fonna diferente. 6. A anulação administrativa de actos constitutivos de
ARTIGO 216.º direitos constitui os beneficiários que desconhecessem sem
(Eficácia da revogação) culpa a existência da invalidade e tenham auferido, tirado
1. A revogação dos actos achninistrativos apenas produz pa1tido ou feito uso da posição de vantagem em que o acto
efeitos para o futuro, salvo o disposto nos números seguintes. os colocava, no direito de serem indemnizados pelos danos
2. A revogação tem efeito retroactivo quando se flUlda­ anonnais que sofram em consequência da anulação.
mente na invalidade do acto revogado. ARTIGO 219.º
3. O autor da revogação pode, no próprio acto, atribuir­ (Procedimento)
-lhe efeito retroactivo nos casos seguintes: 1. À anulação dos actos administrativos aplica-se o
a) Quando ele seja favorável aos interessados; regime previsto para a revogação.
b) Quando os interessados tenham concordado 2. Salvo o disposto no número anterior, os actos adminis­
expressamente com a retroactividade dos efeitos trativos podem ser objecto de anulação administrativa pelo
e estes não respeitem a direitos ou interesses órgão que os praticou e pelo respectivo superior hierárquico.
indisponíveis. ARTIGO 220.º
ARTIGO 217.º (Alteração e substituição dos actos administrativos)
(Efeitos repristinatórios da revogação) 1. Na falta de disposição especial, são aplicáveis à alte­
A revogação de um acto revogatório só produz efeitos ração e à substituição dos actos achninistrativos as nonnas
repristinatórios se a lei o pennitir ou se, na falta de dispo- reguladoras da revogação.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6251

2. A substituição de um acto administrativo anulável, ARTIGO 224.º


(Regras aplicáveis ao procedimento executivo)
ainda que na pendência de processo judicial, por um acto
válido com o mesmo conteúdo sana os efeitos por ele produ­ Aos procedimentos executivos, são aplicáveis as regras
zidos, assim como os respectivos actos consequentes. da presente secção, subsidiariamente o disposto no presente
3. No caso previsto no número anterior, se o acto substi­ Código e na legislação aplicável.
tuído tiver tido por objecto a imposição de deveres, enca1gos, ARTIGO 225.0
ónus ou sujeições, a aplicação de sanções ou a restrição de (Obrigatoriedade)

direitos e interesses legalmente protegidos, a renovação 1. Os actos achninistrativos são obrigatórios logo que
não prejudica a possibilidade de anulação dos efeitos lesi­ sejam eficazes, enquanto o forem, e podem ser, coerciva­
vos produzidos durante o período de tempo que precedeu a mente executados, para satisfação de obrigações pectU1iá1ias,
substituição do acto. entrega de coisa ceita, prestação de factos ou ainda do res­
ARTIGO 221.º peito por acções ou omissões em cumprimento de limitações
(Rectificação dos actos administrativos) impostas por actos administrativos, nos tennos previstos no
1. Os etTos de cálculo e os etTos materiais na expressão presente Código.
da vontade do Ó1gão Administrativo, quando manifestos, 2. Se o destinatário ou destinatários de um acto adminis­
podem ser rectificados, a todo o tempo, pelos ó1gãos com­ trativo não o acatarem por inteiro, e dentro do prazo fixado
petentes para a revogação do acto, tendo a notificação, nesse para o efeito, o acto toma-se legalmente executório, salvo o
caso, eficácia retroactiva. disposto no a1tigo seguinte.
2. Se os eiros constantes de acto achninistrativo não ARTIGO 226.º
forem dos tipos referidos no número anterior, ou não forem (Actos não executórios)
manifestos, a revogação do acto só é possível nos te1mos 1. Não são executórios:
gerais estabelecidos no presente Código para a revogação de a) Os actos cuja eficácia esteja ou seja suspensa;
actos achninistrativos. b) Os actos de que tenham sido interpostos recla­
3. A rectificação pode ter lugar oficiosamente ou a pedido mação ou recurso achninistrativo com efeito
dos interessados, devendo ser feita sob a fonna e com a suspensivo;
publicidade usadas para a prática do acto rectificado. e) Os actos sujeitos à aprovação, homologação ou
SECÇÃO VI ratificação;
Execução do Acto Administrativo d) Os actos confinnativos de actos executórios, salvo
ARTIGO 222.º se o acto confinnado ainda não tiver sido aca­
(Garantias das partes na execução) tado ou executado coercivamente.
1. Durante a execução dos actos administrativos, os 2. A eficácia dos actos administrativos pode ser suspensa
direitos dos pa1ticulares devem ser respeitados, valendo pelos ó1gãos competentes para a sua revogação e pelos
com efeito o disposto sobre as garantias nos Procedimentos órgãos tutelares a quem a lei conceda esse poder, bem como
Administrativos declarativos e demais exigências sobre a pelos Ó1gãos do Contencioso Achninistrativo, nos tennos do
matéria. contencioso achninistrativo.
2. Os executados podem impugnar achninistrativa e con­ ARTIGO 227.º
tenciosamente o acto exequendo e, por vícios próprios, a (Legalidade da execução)
decisão de proceder à execução achninistrativa ou outros 1. Salvo em estado de necessidade, os Órgãos da
actos achninistrativos praticados no âmbito do procedimento Achninistração Pública não podem praticar nenhum acto ou
de execução, assim como requerer a suspensão contenciosa operação material de que resulte limitação de direitos sub­
dos respectivos efeitos. jectivos ou interesses legahnente protegidos dos pa1ticulares
ARTIGO 223.º sem terem praticado previamente o acto achninistrativo que
(Executoriedade) legitime tal actuação, indique o fl.Uldamento de proceder à
1. Sempre que pennitida por lei, a Achninistração Pública execução achninistrativa e na qual o órgão competente deter­
pode impor coercivamente, sem recurso prévio aos tribunais, mine o conteúdo e tennos da execução.
o cumprimento das obrigações e o respeito pelas limitações 2. Na execução dos actos administrativos, deve ser res­
geradas por um acto achninistrativo. peitado o princípio da proporcionalidade, designadamente,
2. A execução prevista número anterior deve ser feita nas na medida do possível, ser utilizados os métodos e fonnas
fonnas e tennos achnitidos por lei ou regulamento. que, garantindo a realização integral dos objectivos do acto,
3. A execução prevista neste a1tigo é feita sem prejuízo envolvam menor prejuízo para os direitos e interesses legal­
dos casos de necessidade achninistrativa. mente protegidos dos pa1ticulares.
4 . A execução de decisão achninistrativa fora dos tennos 3. Os interessados podem impugnar achninistrativa e
previstos em lei ou regulamento configura crime de abuso contenciosamente os actos e operações de execução que
de podei: excedam os limites do acto exequendo e, por vícios pró-
6252 DIÁRIO DA REPÚBLICA

prios, a decisão de proceder à execução achninistrativa ou deve aquele promover contra o faltoso o devido processo
outros actos achninistrativos praticados no âmbito do proce­ de execução fiscal, nos tennos do Código de Processo
dimento da execução. Tributário.
4 . São também susceptíveis de impugnação contenciosa 4. Nos tennos estabelecidos no número ante1ior, o órgão
os actos e fonna de execução arguidos de ilegalidade, desde administrativo competente emitirá nos tennos legais uma
que esta não seja mera consequência da ilegalidade do acto ce1tidão, com valor de título executivo, que remete, jlUlta­
exequendo. mente com o processo achninistrativo, à repa1tição de fiscal
5. A coacção directa sobre indivíduos, quando pennitida do domicílio ou sede do devedor.
por lei, deve obse1var o respeito dos direitos flUldamentais e 5. Sem prejuízo da aplicabilidade das garantais na Lei
a dignidade da pessoa humana. Processual Tributária, durante a tramitação dos procedi­
mentos de execução de obrigações para o pagamento de
ARTIGO 228.º
(Meios coercivos utilizáveis) quantia ceita não são admitidos embargos, achninistrativos
ou judiciais, em relação à execução coerciva de actos admi­
1. O ó1gão competente para ordenar a execução coerciva
nistrativos, sem prejuízo do disposto na lei em matéria de
de um acto achninistrativo só pode utilizar, se actuar sozi­
suspensão da eficácia desse tipo de acto.
nho, os meios coercivos que a lei puser à sua disposição, tais
como funcionários do se1viço, viaturas de transpo1te de pas­ ARTIGO 231.°
(Execução para entrega de coisa certa)
sageiros ou mercadorias, tractores, <<lndldozers», máquinas
eléctricas e objectos semelhantes, que façam pa1te do equi­ Se o obrigado não fizer a entrega da coisa que a
pamento nonnal do se1viço para o desempenho regular das Achninistração Pública deveria receber, o ó1gão competente
procede às diligências que forem necessárias para tomar
suas funções.
posse achninistrativa da coisa devida, nos tennos da Lei
2. Se os meios referidos no número anterior não existi­
sobre Expropriação por Utilidade Pública.
rem sob a autoridade do ó1gão competente, ou se não forem
por si sós suficientes, a execução coerciva dos actos achni­ ARTIGO 232.º
(Execução para prestação de facto)
nistrativos é feita, mediante requisição, pela força policial
mais próxima ou mais adequada para o efeito, com toda a 1. No caso de execução para prestação de facto, a
colaboração possível dos se1viços dependentes do ó1gão Achninistração Pública notifica o obrigado para que proceda
à prática do acto devido, fixando um prazo razoável para o
competente para ordenar a execução.
seu cumprimento.
ARTIGO 229.º
(Notificação da execução)
2. Se o obrigado não cumprir dentro do prazo fixado e
a prestação de facto for fungível, a Administração Pública
1. A decisão de proceder à execução coerciva por via
opta por realizar a execução directamente ou por intennédio
achninistrativa é sempre notificada ao seu destinatário antes de terceiro, ficando neste caso todas as despesas, incluindo
de se iniciar a execução. indemnizações e sanções peclUliárias, por conta do obrigado
2. O órgão achninistrativo pode fazer a notificação da e se este as não pagar, segue-se o disposto nos n."' 3 e 4 do
execução conjlll1tamente com a notificação do acto lhe silva a1tigo seguinte.
de base. 3. As obrigações positivas de prestação de facto inflll1-
ARTIGO 230.º gível só podem ser objecto de coacçõo directa sobre os
(Execução para pagamento de quantia certa) indivíduos obrigados, nos casos expressamente previstos
1. Quando, por força de um acto achninistrativo, na lei, e sempre com plena obse1vância dos direitos funda­
devem ser pagos a uma pessoa colectiva pública, ou por mentais consagrados na Constituição e do respeito devido à
ordem desta, montantes peclUliários, segue-se, na falta de dignidade da pessoa humana.
pagamento voluntário no prazo fixado, o Procedimento ARTIGO 233.º
Administrativo estabelecido no n.º 2 ou o processo judicial (Tutela executiva dos particulares)
previsto nos n."' 3 e 4. 1. A Administração Pública tem o dever legal de, espon­
2. No caso de falta de pagamento voluntário e se as obri­ taneamente, no prazo de sessenta dias a contar da data da
gações do pa1ticular forem fungíveis, o ó1gão competente notificação, executar as suas próprias decisões favoráveis
para a execução decide, em despacho fundamentado, se pre­ aos pa1ticulares.
tende optar por realizar directamente os actos de execução 2. Para efeitos do disposto no número anterior, os par­
ou por encaffegar terceiro de os praticar, ficando todas as ticulares têm o direito de, mediante requerimento a dirigir
despesas, incluindo indemnizações e sanções peclUliárias, ao superior hierárquico do ó1gão que praticou o acto, exigir
por conta do obrigado. da Achninistração Pública:
3. Se o órgão competente para a execução afastar a) Prestações de facto, de coisas ou de quantias em
qualquer das possibilidades facultadas pelo n.º 2, ou se o dinheiro;
pa1ticular não pagar no prazo legal todas as despesas a que b) Praticar actos dotados de eficácia retroactiva,
esteja obrigado em consequência do pagamento por terceiro, desde que estes actos não envolvam a imposição
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6253

de deveres, a aplicação de sanções ou a restrição b) Actos dotados de eficácia retroactiva, desde que
de direitos ou interesses legahnente protegidos; estes actos não envolvam a imposição de deve­
e) Remover, refonnar ou substituir actos jmidicos res, a aplicação de sanções ou a restrição de
e alterar situações de facto constituídas na direitos ou interesses legalmente protegidos;
pendência do processo, cuja manutenção seja e) Remover, refonnar ou substituir actos jurídicos
incompatível com os efeitos da anulação. e alterar situações de facto constituídas na
3. As decisões que obriguem a Achninistração Pública pendência do processo, cuja manutenção seja
ao pagamento de quantia ceita devem ser espontaneamente incompatível com os efeitos da anulação.
cumpridas através do pagamento da quantia devida, que SECÇÃO VII
coJTe por conta do orçamento da entidade pública que pro­ Reclamação e Recm·so Administrativo
feriu a decisão. SUBSECÇÃ O !
4 . A anulação ou a declaração de nulidade de acto achni­ Generalidades
nistrativo constitui a Administração Pública no dever de
ARTIGO 235.0
reconstituir a situação que existiria se o acto não tivesse (Princípio geral)
sido praticado, assim como de dar cumprimento aos deveres
1. Os interessados têm o direito de solicitar a revoga­
que não tenha cumprido com flUldamento no acto entretanto ção, suspensão ou modificação de actos achninistrativos
anulado, por referência à situação jurídica e de facto exis­ que os afectem, bem como reagir contra omissão ilegal, em
tente no momento em que deveria ter actuado. violação do dever de decidir solicitando a prática do acto
5. Os pa1ticulares têm o direito de, nos tennos da pretendido nos tennos do presente Código.
Legislação sobre Contencioso Achninistrativo, promover a 2. O direito conferido no número anterior pode ser exer­
execução judicial contra a Administração Pública. cido, consoante os casos:
ARTIGO 234.º a) Mediante reclamação para o autor do acto;
(Dever de execução por parte da administração de decisões judiciais)
b) Mediante recurso para o superior hierárquico do
1. Salvo reconhecimento judicial da ocoJTência de causa autor do acto, para o órgão colegial de que este
legítima de suspensão ou inexecução, segundo o disposto no seja membro, ou para o respectivo delegante ou
Código do Processo do Contencioso Achninistrativo, as deci­ subdelegante;
sões proferidas pelos Órgãos do Contencioso Administrativo e) Mediante recurso para o órgão que exerce poderes
devem ser espontaneamente cumpridas pela Achninistração de tutela ou de superintendência sobre o autor
Pública no prazo de 60 (sessenta) dias, contado desde o trân­ do acto.
sito em julgado da decisão judicial, ou, no caso de decisões
ARTIGO 236.º
objecto de recurso, com efeito meramente devolutivo, da (Natm·eza e fm1damentos da impugnação)
notificação da atribuição desse efeito ao recurso. 1. As reclamações e os recursos têm carácter facultativo.
2. As decisões que condenem a Achninistração Pública 2. Salvo disposição em contrário, as reclamações e os
ao pagamento de quantia ceita devem ser, no prazo de 60 recursos achninistrativos podem ter por flUldamento a ilega­
(sessenta) dias, a contar do trânsito em julgado da decisão, lidade, a inconveniência ou a injustiça do acto achninistrativo
espontaneamente cumpridas através do pagamento da quan­ impugnado.
tia devida, que coffe por conta do orçamento da entidade 3. A inconveniência do acto só pode ser alegada, e even­
pública contra a qual foi proferida a condenação. tualmente decidida, à luz do dever de boa administração, e
3. Sem prejuízo do eventual poder de praticar novo acto sempre com fundamento em razões de interesse público.
achninistrativo de idêntico conteúdo, no respeito pelos limi­ 4. Quando os sacrifícios impostos pelo acto adminis­
tes ditados pela autoridade do caso julgado, a anulação ou trativo prejudiquem, de fonna grave e iITeversível, sem
a declaração de nulidade de acto achninistrativo constitui a habilitação legal específica, os direitos ou interesses legal­
Administração Pública no dever de reconstituir a situação mente protegidos dos interessados, estes podem pedir a
que existiria se o acto não tivesse sido praticado, assim como revogação total ou parcial do acto e se, porém, se alegar a
de dar cumprimento aos deveres que não tenha cumprido violação do princípio da proporcionalidade, o pedido a for­
com fundamento no acto, entretanto anulado, por referência mular é, em regra, o da alteração ou substituição do acto
à situação jurídica e de facto existente no momento em que impugnado.
deveria ter actuado. ARTIGO 237.º
4 . Para efeitos do disposto no número ante1ior, os par­ (Legitimid ade)
ticulares têm, no prazo de 60 (sessenta) dias, após o trânsito 1. Têm legitimidade para reclamar ou para interpor
em julgado da decisão judicial, mediante requerimento a recurso administrativo os titulares de direitos subjectivos ou
diligir ao superior hierárquico do ó1gão que praticou o acto, interesses legalmente protegidos que se considerem directa­
exigir: mente lesados pelo acto administrativo ou pela sua omissão.
a) Prestações de facto, de coisas ou de quantias em 2. É aplicável à reclamação e aos recursos administra­
dinheiro; tivos o disposto nos a1tigos 88.º e 89.º do presente Código.
6254 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SUBSECÇÃO II ARTIGO 241.º


Reclamação (Prazos do recm·so administrativo e contencioso)

ARTIGO 238.º 1. A reclamação ele actos insusceptíveis ele impugnação


(Princípio geral) contenciosa suspende o prazo ele inte1posição ele qualquer
1. Pode reclamar-se ele qualquer acto achninistrativo ou a recurso achninistrativo.
sua omissão, salvo disposição legal em contrário. 2. A reclamação cios demais actos não suspende nem
2. Não é penniticlo, porém, reclamar ou interpor recurso inte1rnmpe o prazo ele inte1posição cio meio processual que
no caso couber.
achninistrativo ele acto que decida ante1ior reclamação ou
3. A reclamação facultativa contra actos achninistrativos
recurso administrativo, salvo com fl.Ulclamento em omissão
não suspende o prazo ele propositura ele acções jl.Ulto cios
ele pronúncia.
Ó1gãos cio Contencioso Administrativo.
ARTIGO 239.º 4. A suspensão cio prazo previsto no artigo anterior não
(Prazo da reclamação)
impede o interessado ele propor acções junto cios Ó1gãos cio
1. A reclamação eleve ser apresentada no prazo ele 15 dias Contencioso Achninistrativo na pendência ela reclamação,
a contar: bem como requerer a aclopção ele providências cautelares.
a) Da publicação cio acto no Diário da República ou
ARTIGO 242.º
em qualquer outro edital, quando a mesma seja (Prazo para a decisão)
obrigatória; O prazo para o ó1gão competente apreciar e decidir recla­
b) Da notificação cio acto, quando esta se tenha efec­ mação ou recurso hierárquico é ele 30 (trinta) dias.
tuaclo, se a publicação não for obrigató1ia; SUBSECÇÃO III
e) Da data em que o interessado tiver conhecimento Recm·so Hierárquico
cio acto, nos restantes casos.
ARTIGO 243.º
2. As reclamações contra omissão ilegal ele actos achni­ (Objecto)
nistrativos podem ser apresentados no prazo ele 1 (um) ano a Podem ser objecto ele recurso hierárquico todos os actos
contar ela data cio incumprimento cio dever ele decisão. administrativos praticados ou a sua omissão legal por órgãos
ARTIGO 240.º sujeitos aos poderes hierárquicos ele outros ó1gãos, desde
(Efeitos da reclamação) que a lei não exclua tal possibilidade.
1. A reclamação ele acto ele que não caiba impugnação ARTIGO 244.º
contenciosa tem efeito suspensivo, salvo nos casos em que (Prazos do recm·so hierárquico)
a lei disponha o contrário ou quando o autor cio acto consi­ 1. Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso
dere que a sua não execução imediata causa grave prejuízo hierárquico necessário eleve ser apresentado no prazo
ao interesse público. ele 30 (trinta) dias a contar:
2. A reclamação ele acto ele que caiba impugnação con­ a) Da publicação cio acto no Diário da República ou
tenciosa não tem efeito suspensivo, salvo nos casos em que em qualquer outro edital, quando a mesma seja
a lei disponha o contrário ou quando o autor cio acto, ofi­ obrigatória;
ciosamente ou a pedido cios interessados, considere que a b) Da notificação cio acto, quando esta se tenha efec­
execução imediata cio acto pode causar prejuízos ill'eparáveis tuaclo, se a publicação não for ob1igatória;
ou ele difícil reparação ao seu destinatário ou destinatários. e) Da data em que o interessado tiver conhecimento
3. A suspensão ela execução a pedido cios interessa­ cio acto, nos restantes casos.
dos eleve ser requerida à entidade competente para decidir 2. O recurso hierárquico contra omissão ilegal ele actos
no prazo ele 5 (cinco) dias a contar ela data em que aque­ administrativos podem ser apresentados no prazo ele 1 (um)
les tiverem sido notificados ou tiverem tido conhecimento ano a contar ela data cio incumprimento cio dever ele decisão.
ela decisão ele execução imediata cio acto reclamado ou 3. Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso
reco11'iclo. hierárquico facultativo eleve ser apresentado no prazo ele
4 . Na apreciação cio pedido, se verifica se as provas impugnação contenciosa.
revelam uma probabilidade séria ele veracidade cios factos ARTIGO 245.0
alegados pelos interessados, devendo decretar-se em caso (Interposição)
afurnativo a suspensão ela eficácia, salvo se for mais grave 1. O recurso hierárquico inte1põe-se por meio ele
o prejuízo para o interesse público cio que para os interesses requerimento, no qual o recoffente eleve expor todos os flll1-
pa1ticulares. clamentos, ele facto e ele direito, cio recurso, podendo jl.Ultar
5. O disposto nos números anteriores não prejudica os documentos que considere convenientes.
o pedido ele suspensão ele eficácia perante os Órgãos cio 2. O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierár­
Contencioso Achninistrativo, nos te1rnos ela legislação quico cio autor cio acto ou ela omissão, salvo se a competência
aplicável. para a decisão se encontrar delegada ou subdelegado.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6255

3. A impugnação de actos praticados ao abrigo de 3. Para efeitos do número ante1ior, o autor do acto recor­
uma delegação de poderes, deve ser apresentada ao ó1gão rido não pode modificar ou substituir o acto reco11'ido em
delegante antes de ser impugnada judicialmente, indepen­ sentido desfavorável ao recoirente.
dentemente da relação entre delegante e delegado. 4 . O ó1gão responsável pelo incump1imento do dever de
4 . O requerimento de inte1posição do recurso tanto pode decisão pode praticar o acto ilegahnente omitido na pendência
ser apresentado ao autor do acto ou da omissão como à auto­ do recurso hierárquico, disso dando conhecimento ao ó1gão com­
ridade a quem seja dirigido, devendo, no primeiro caso, petente e os contra-interessados que hajam dechlzido oposição.
o autor do acto emitir a sua infonnação sobre o pedido e 5. No caso refe1ido no número anterior, o recoffente ou
enviá-lo, no prazo de quinze dias, ao superior hierárquico os contra-interessados podem requerer que o recurso pros­
competente, notificando da remessa o recoffente. siga contra o acto praticado, com a faculdade de alegação de
novos fundamentos e da junção de elementos de prova que
ARTIGO 246.º
julgar pe1tinentes.
(Efeitos)
6. O requerimento previsto no número anterior deve ser
1. O recurso hierárquico necessário suspende os efeitos apresentado no prazo previsto para interposição do recurso
do acto reco11'ido, salvo quando a lei disponha o contrário hierárquico contra o acto praticado.
ou quando o autor do acto considere que a sua não execução
ARTIGO 249.º
imediata causa grave prejuízo ao interesse público. (Rejeição liminar do recurso)
2. O órgão competente para apreciar o recurso pode revo­ O recurso deve ser liminannente rejeitado nos casos
gar a decisão a que se refere o número anterior, ou tomá-la seguintes:
quando o autor do acto o não tenha feito. a) Quando haja sido interposto para órgão incompe­
3. O recurso hierárquico facultativo não suspende os tente ou fora do prazo;
efeitos do acto reco11'ido, salvo nos casos em que a lei dis­ b) Quando o acto impugnado não seja susceptível de
ponha o contrário ou quando o autor do acto ou o ó1gão recurso;
competente para conhecer o recurso, oficiosamente ou a e) Quando o recoffente careça de legitimidade;
pedido do interessado, considere que a sua execução ime­ d) Quando ocoffa qualquer outra causa que nos ter­
diata causa prejuízos ill'eparáveis ou de difícil reparação ao mos da lei obste ao conhecimento do recurso.
destinatário e a suspensão não cause maior gravidade para o ARTIGO 250.º
interesse público. (Decisão)
4 . A suspensão da execução pode ser pedida pelos inte­ 1. Salvas as excepções previstas na lei, o ó1gão com­
ressados a qualquer momento, devendo a decisão ser tomada petente para conhecer do recurso pode, sem sujeição ao
no prazo de 5 (cinco) dias. pedido do recoffente, confümar ou revogar o acto reco11'ido,
5. O disposto nos números anteriores não prejudica podendo modificá-lo ou substituí-lo.
o pedido de suspensão da eficácia perante os Órgãos do 2. O ó1gão competente para conhecer do recurso não
Contencioso A chninistrativo. fica obrigado à pronúncia do autor do acto ou da omissão,
ARTIGO 247.º devendo sempre fundamentar a sua decisão.
(Notificação dos contra -interessados) 3. O órgão competente para decidir o recurso pode, se
Inte1posto o recurso, o autor do acto ou da omissão para for caso disso, anular, no todo ou em pa1te, o Procedimento
dele conhecer deve notificar aqueles que possam ser preju­ Achninistrativo e detenninar a prática ou a repetição dos
actos e fonnalidades legalmente devidos a pa1tir da primeira
dicados com a sua procedência para alegarem, no prazo de
fase ou sequência compreendida na anulação.
15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os
4. No caso de ter havido incumprimento do dever de
seus fundamentos.
decisão, o órgão competente para decidir o recurso pode
ARTIGO 248.º substituir-se ao órgão omisso na prática do acto, se a compe­
(Intervenção do órgão recorrido)
tência não for exclusiva deste, ou ordenar a prática do acto
1. No mesmo prazo referido no a1tigo anterior, ou no ilegalmente omitido.
prazo de 30 (trinta) dias, quando houver contra-interessados, ARTIGO 251.º
deve o autor do acto reco11'ido ou da omissão pronunciar-se (Prazo para a decisão)
sobre o recurso e remetê-lo ao órgão competente para dele 1. Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierár­
conhecer, notificando o recoffente da remessa do processo quico deve ser decidido no prazo de 30 (trinta) dias contados
achninistrativo. a pa1tir da remessa do processo ao ó1gão competente para
2. Quando os contra-interessados não hajam deduzido dele conhecer.
oposição e os elementos constantes do processo demons­ 2. O prazo referido no número anterior pode ser elevado,
trem suficientemente a procedência do recurso, pode o autor por despacho fundamentado, até ao máximo de 90 dias,
do acto reco11'ido revogar, modificar ou substituir o acto de quando haja lugar à retoma do procedimento na pa1te que
acordo com o pedido do recoffente, infonnando da sua deci­ tiver sido anulada, ou à realização de nova lnstmção ou de
são o órgão competente para conhecer do recurso. diligências complementares.
6256 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SUBSECÇÃO IV 2. Qualquer interessado pode, salvo disposição legal em


Recm·so de Supervisão e do Recurso Tutelar
contrário, inte1por recurso tutelar facultativo para os órgãos
ARTIGO 252.º que exerçam poderes de superintendência sobre entidades
(Recm·so de supervisão) públicas pe1tencentes à Achninistração Indirecta do Estado
Há recurso de supe1visão nas seguintes situações: ou de outra pessoa colectiva pública.
a) Para órgão da mesma pessoa colectiva que exerça 3. O recurso tutelar só pode ter por fundamento a incon­
poderes de supe1visão; veniência do acto reco11'ido nos casos em que a lei estabeleça
b) Para o ó1gão colegial, de actos ou omissões de uma tutela de mérito.
qualquer dos seus membros, comissões ou sec­ 4. A modificação ou substituição do acto reco11'ido só é
ções; possível se a lei o pennitir expressamente ou conferir pode­
e) Nas situações em que haja delegação de poderes res de tutela substitutiva e no âmbito destes.
não hierárquica. 5. Ao recurso tutelar são aplicáveis as disposições
ARTIGO 253.º reguladoras do recurso hierárquico, na pa1te em que não
(Poderes de decisão)
contrariem a natureza própria daquele e o respeito devido
1. A entidade que exerce poderes de supe1visão ape­ ao grau de autonomia conferido por lei à entidade tutelada.
nas pode propor soluções à entidade supe1visionada, não
ARTIGO 261.°
podendo impor qualquer decisão. (Direito de oposição administrativa)
2. Na situação descrita na alínea b) do a1tigo anterior, o
ó1gão colegial deve deliberar sobre o sentido do recurso que Os pa1ticulares podem contestar uma decisão que um
deve ser imposto. Ó1gão da Administração Pública pretende tomai:
ARTIGO 254.º ARTIGO 262.º
(Aplicação subsidiária) (Legitimid ade)

Ao recurso de supe1visão aplicam-se, com as devidas Tem legitimidade, para usar a garantia regulada na pre­
adaptações, as regras previstas para a reclamação e recurso sente secção, qualquer pa1ticular no exercício do seu direito
hierárquico achninistrativos. de cidadania.
ARTIGO 255. 0 ARTIGO 263.º
(Natm·eza facultativa) (Tramitação)
A inte1posição do recurso de supe1visão tem a natureza 1. As pa1tes com legitimidade remetem à Administração
facultativa. Pública uma exposição devidamente fundamentada e pro­
ARTIGO 256.º vando que esta pretende tomar uma decisão sobre uma
(Recurso tutelar)
dete1minada maté1ia.
O recurso tutelar tem por objecto actos achninistrativos 2. O requerimento pode ser remetido até antes da tomada
praticados por ó1gãos de pessoas colectivas públicas sujei­ da decisão.
tas à tutela. 3. Após a recepção do requerimento, a Administração
ARTIGO 257.º Pública deve publicar um edital sobre o objecto do processo
(Aplicação subsidiária)
e suas pa1tes.
São aplicáveis ao recurso tutelar as disposições regulado­
ARTIGO 264.º
ras do recurso hierárquico, na pa1te em que não contrariem (Decisão)
a natureza própria daquele e o respeito devido à autonomia
da entidade tutelada. 1. Concluído o procedimento, a Administração Pública
pode tomar uma de três decisões:
ARTIGO 258.º
(Prazo de impugnação) a) Manter a sua pretensão;
O recurso tutelar deve ser inte1posto no prazo de b) Refo1mular o projecto;
30 (trinta) dias contados da data da notificação do acto e) Desistir do projecto.
objecto de recurso. 2. No caso da hipótese da alínea b), a Administração
ARTIGO 259.º Pública dará início a um Procedimento Achninistrativo con­
(Prazo de decisão) ce1tado com os pa1ticulares envolvidos.
O recurso tutelar deve ser decidido no prazo de 5 (cinco) 3. Na hipótese da alínea a) do n.º 1 do presente a1tigo, a
dias contados da realização das últimas diligências. Achninistração Pública deve fundamentar a sua posição com
ARTIGO 260.º um estudo com o impacto e as vantagens da decisão a ser
(Admissibilidade) tomada.
1. O recurso tutelar só existe nos casos expressamente 4. Na hipótese da alínea a) do n.º 1 do presente a1tigo
previstos por lei e tem, salvo disposição em contrá1io, carác­ a pa1te, caso pretenda, deve aguardar que a decisão seja
ter facultativo. tomada para utilizar as garantias impugnatórias.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6257

CAPÍTULO III ARTIGO 273.º


Contratos Administrativos (Contratos públicos)

1. As questões relativas, quer à fonnação quer à execução


ARTIGO 265. 0
(Contrato administrativo) dos contratos públicos, são regidos pela Lei dos Contratos
Através de contrato pode ser constituída, modificada ou Públicos ou por lei especial.
extinta uma relação jurídico-achninistrativa, salvo quando 2. Aos actos destacáveis no domínio da contratação
lei específica dispuser em sentido contrário. pública, aplica-se o regime do presente Código.
ARTIGO 266.º ARTIGO 274.º
(Acthidade contratual da Administração Pública) (Legislação subsidiária)

A actividade contratual da Administração Pública, Em tudo quanto não estiver expressamente regulado
enquanto fonna de actuação administrativa, encontra-se na Lei dos Contratos Públicos são aplicáveis aos contratos
vinculada aos princípios constitucionais e gerais da activi­ públicos os princípios gerais de direito achninistrativo.
dade administrativa.
CAPÍTULO IV
ARTIGO 267.º
Regulação de Outras Matérias
(Contratos procedimentais)
1. Pode, através de contrato, constituir-se, modificar-se SECÇÃO I
Actos Materiais
ou extinguir-se uma relação jurídica achninistrativa, salvo
quando, da lei, resultar o contrário. ARTIGO 275.0
2. As modalidades de contratos procedimentais são as (Conceito)
previstas nos a1tigos seguintes. Consideram-se Actos Materiais as actuações fisicas pra­
ARTIGO 268.º ticadas pela Administração Pública, em seu nome ou por sua
(Contrato substitutivo de acto administrativo) conta, com o objectivo de modificar, manter ou extinguir
A autoridade achninistrativa, obrigada à prática de um uma situação de facto.
acto achninistrativo, pode celebrar um contrato com aquele ARTIGO 276.º
que de outro modo seria o destinatário do acto. (Âmbito)
ARTIGO 269.º As regras do presente capítulo são aplicáveis a todas as
(Contrato substitutivo do procedimento)
actuações da Administração Pública que não estão sujeitas a
1. No âmbito da discricionariedade procedimental, um regime específico, no quacko das várias fonnas de exer­
o órgão competente para a decisão final e os interessados cício do poder administrativo.
podem, por escrito, acordar os tennos do procedimento.
ARTIGO 277. º
2. O contrato finnado nos tennos ante1iores substitui o (Exigência do procedimento)
Procedimento Administrativo.
1. A prática de actos materiais está sujeita ao princípio
ARTIGO 270.º
(Contrato de transacção)
da rese1va do procedimento, sendo por isso ilegais todas
as que tenham sido praticadas sem a obediência de um
Os litígios surgidos no âmbito do contrato administrativo
Procedimento Achninistrativo.
de transacção podem ser resolvidos através da celebração de
2. À prática de actos materiais aplica-se o regime do
contrato achninistrativo, se a auto1idade achninistrativa con­
siderar que o recurso à transacção é o meio mais adequado Procedimento Achninistrativo estabelecido no presente
para pôr tenno ao desacordo. Código.
3. Os prazos aplicáveis aos procedimentos para a prática
ARTIGO 271. º
(Protecção de terceiros) de actos materiais diferem dos prazos gerais, devendo este
ser concluído em 15 dias.
1. Os contratos regulados na presente secção apenas pro­
duzem efeitos inter-pa1tes, salvo se os terceiros afectados ARTIGO 278.º
(Impugnação autónoma dos actos materiais)
derem o seu consentimento nos tennos gerais.
2. Quando um contrato seja celebrado em vez de um acto 1. Independentemente da sua natureza, os actos materiais
achninistrativo para cuja prática é exigida a autorização, a da Achninistração Pública podem ser impugnados adminis­
aprovação, a homologação ou o acordo de outra autoridade, trativa e judicialmente com fundamento na sua ilegalidade
o contrato só produz efeitos após esta última ter pa1ticipado ou na lesão dos direitos fundamentais dos pa1ticulares.
na fo1ma legalmente prescrita. 2. À impugnação achninistrativa aplicam-se as regras do
ARTIGO 272. º presente Código.
(Forma escrita) 3. À impugnação judicial aplicam-se as regras da impug­
Salvo quando lei ou regulamento prescreverem de modo nação contenciosa dos actos achninistrativos até que seja
diferente, os contratos previstos nos números anteriores institucionalizado o meio próprio para impugnação judicial
devem ser reduzidos a escrito. dos actos materiais da Administração Pública.
6258 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 279.º ARTIGO 1.0


(Procedimentos parn aprovação dos planos) (Objecto e âmbito)
Na falta de disposições específicas, as nonnas do pre­ 1. O presente Decreto Executivo tem por objecto res­
sente Código são aplicáveis à aprovação dos planos da tabelecer a vigência do Decreto Executivo n.º 237/08,
Administração Pública. de 6 de Outubro, que cria o Centro Integrado de Fonnação
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernardo da Piedaie Tecnológica (CINFOTEC), revogado pelo Decreto
Dias dos Santos. Executivo n.º 253/22, de 21 de Julho.
o Presidente da República, JoÃo MANUEL GONÇALVES 2. O âmbito da vigência, enunciada no número anterior,
LOURENÇO. restringe-se ao Centro Integrado de Fonnação Tecnológica
(22-6465-E-AN) do Talatona.
ARTIGO 2.0
(Revogação)
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, É revogado o Decreto Executivo n.º 253/22, de 21 de
TRABALHO E SEGURANÇA SOCIAL Julho, e toda a legislação que contra1ie o disposto no pre­
sente Diploma.
ARTIGO 3.0
Decreto Executivo n.º 390/22 (Norma repristinatória)
de 30 de Agosto
O Decreto Executivo n.º 253/22, de 21 de Julho, apro­ É recuperada a vigência do Decreto Executivo n.º 23 7/08,
vou o Estatuto 01:gânico do Centro Integrado de Fonnação de 6 de Outubro, que cria o Centro Integrado de Fonnação
Tecnológica do Talatona, tendo revogado o Decreto Tecnológica (CINFOTEC).
Executivo n.º 237/08, de 6 de Outubro. ARTIG04.º
Considerando as especificidades do Centro Integrado de (Dúvidas e omissões)
Fonnação Tecnológica do Talatona, urge a necessidade de As dúvidas e omissões resultantes da inte1pretação e
manter a sua estrntura 01:gânica, bem como as regras de orga­ aplicação do presente Diploma são resolvidas pelo Titular
nização e funcionamento aprovadas pelo Decreto Executivo do Depa1tamento Ministerial que responde pelo Sector da
n.º 237/08, de 6 de Outubro; Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
Em confonnidade com os poderes delegados pelo
ARTIGO 5.0
Presidente da República, nos tennos do a1tigo 13 7.º da
(Entrada em vigor)
Constituição da República de Angola, conjugado com
o n.º 1 do a1tigo 4.º do Decreto Presidencial n.º 220/20, O presente Diploma entra em vigor na data da sua da sua
de27 deAgosto, que aprova o Estatuto 01:gânico doMinistério publicação.
da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, e Publique-se.
o n.º 2 do a1tigo 25.º do Decreto Presidencial n.º 233/21,
Luanda, aos 22 de Julho de 2022.
de 22 de Setembro, que aprova o Estatuto Orgânico do
Instituto Nacional de Emprego e Fonnação Profissional, A Ministra, Teresa Rodrigues Dias.
detennino: (22-6152-A-MIA)

O. E. 1223 • 8/164 - 150 ex. · I.N. -E. P. • 2022

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