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Lei Que Aprova o Código Do Procedimento Administrativo
Lei Que Aprova o Código Do Procedimento Administrativo
º 164
2. O acto que constitui a pessoa colectiva pública deve 5. O acto executado, nos tennos do número anterior,
identificar a sua natureza e o consequente regime jurídico exime o seu executor de qualquer tipo de responsabilidade,
aplicável. nos tennos da lei.
ARTIGO 5.0 ARTIGO 9.0
(Órgãos das pessoas colectivas públicas) (Impugnação administrativa e judicial)
1. Os ó1gãos têm a missão de exterio1izar a vontade das 1. Os pa1ticulares com legitimidade podem requerer a
pessoas colectivas públicas onde estão inseridos, devendo declaração de invalidade de uma decisão administrativa ou
praticar os actos necessários e adequados à concretização de qualquer acto praticado pela Administração Pública.
das suas atribuições. 2. A impugnação administrativa é concretizada por via da
2. Os actos praticados pelos órgãos são imputáveis às reclamação ou do recurso perante os ÓrgãosAdministrativos.
pessoas colectivas onde eles estão inse1idos. 3. A impugnação judicial é inte1posta nos tribunais, nos
3. Os actos praticados pelos Órgãos Administrativos tennos do Código do Procedimento Administrativo e legis
contrários às atribuições das respectivas pessoas colectivas lação aplicável.
públicas não são imputáveis a estas. ARTIGO 10.º
ARTIGO 6 .0 (Tutela administrativa)
(Atribuições e competências)
1. As pessoas colectivas públicas integradas na
1. As pessoas colectivas públicas são criadas para pros Administração Autónoma estão sujeitas à tutela da lega
seguir detenninados fins que, ao mesmo tempo, definem a lidade da sua actuação, efectuado pelo Titular do Poder
sua capacidade de exercício de direitos. Executivo.
2. Os órgãos das pessoas colectivas públicas não podem 2. Os poderes da entidade que exerce a tutela adminis
praticar actos que estejam fora das suas atribuições ou do trativa constam do diploma legal que constitui a pessoa
seu substrato. colectiva pública e tem como limite a sua autonomia admi
3. As competências dos ó1gãos são sempre definidas por nistrativa, financeira e regulamentar.
nonnas jurídicas e exercidas com a finalidade de realizar o ARTIGO 11.°
interesse público. (Superintendência)
b) Apoiar e estimular as iniciativas dos pa1ticula pedido e fl.Uldamento, devendo, para o efeito praticar um
res, receber as suas sugestões e infonnações acto em que fl.Uldamente a ausência de decisão.
e encaminhá-las para o seu legítimo superior 5. A faculdade referida no número anterior cessa, se hou
h ierárqu ic o; ver algum facto novo, sendo, neste caso, a Administração
e) Realizar as demais actuações que não estejam nas Pública obrigada a decidir.
alíneas anteriores, mas que resultem da aplicação 6. A omissão do dever de decidir é judicialmente
do princípio da colaboração da Administração impugnável.
Pública com os pa1ticulares. ARTIGO 25.0
2. AAclministração Pública é responsável pelas infonna (Princípio da Boa Administração)
ções prestadas por escrito aos pa1ticulares, ainda que a lei 1. AAclministração Pública deve ser estrnturacla de modo
ou regulamento não imponha especificamente a obrigação a aproximar os se1viços elas populações e ele fonna não buro
de as prestar. cratizada, a fim de assegurar a celeridade, a economia, a
ARTIGO 22.º eficiência e a eficácia das suas decisões.
(Princípio da participação) 2. A Administração Pública deve prosseguir, da melhor
1. Os Órgãos Administrativos devem assegurar a par maneira, o interesse público, acloptando, para o efeito, as
ticipação dos pa1ticulares, bem como das associações que melhores soluções cio ponto de vista técnico e financeiro.
tenham por objecto a defesa dos seus interesses, na fonna 3. A Aclministração Pública deve adoptar as soluções
ção das decisões que lhes disserem respeito. mais eficientes e eficazes no quacko da sua tarefa de realizar
2. A pa1ticipação referida no número ante1ior pode o interesse público.
acontecer em qualquer fase do processo decisório e não se 4. As decisões que violam o Princípio da Boa Administra
restringe aos pa1ticulares com legitimidade para inte1vii: ção são judicialmente sindicáveis.
3. Ao abrigo do princípio da pa1ticipação administrativa, ARTIGO 26.º
(Princípio do Devido Procedimento)
os Ó1gãos da Administração Pública podem solicitar o auxí
lio de outros órgãos, pessoas colectivas públicas, pessoas 1. Qualquer actividade aclministrativa susceptível de
colectivas privadas e pessoas físicas, estando estas obriga lesar posições subjectivas ele pa1ticulares deve ser precedida
das a colaborar. ele procedimento adequado e justo.
4 . Por sua iniciativa, os pa1ticulares podem apresentar as 2. O procedimento adequado e justo envolve:
suas opiniões aos Ó1gãos da Aclministração Pública, sendo a) A pa1ticipação cios interessados no procedimento,
estes obrigados a infonnar os pa1ticulares do resultado das incluindo a obrigação de audiência prévia;
suas petições. b) A efectivação do direito ao contraditório;
5. Salvo em casos previstos na lei, a Aclministração e) A fl.Uldamentação expressa da decisão administra
Pública não pode tomar decisões sem ouvir os seus tiva.
destinatários. ARTIGO 27.º
ARTIGO 23.º (Princípio da Gratuitidade)
(Princípio da Audiência Prévia) 1. O Procedimento Administrativo é gratuito, salvo na
O Estado deve assegurar que sejam previamente ouvidos medida em que nonnas especiais imponham o pagamento
os interessados, antes ele ser tomada qualquer decisão final. de taxas, emolumentos ou de despesas efectuadas pela
ARTIGO 24.º Aclministração Pública.
(Princípio da Decisão) 2. Em caso de comprovada insuficiência económica,
1. Os Ó1gãos Administrativos têm, nos tennos regulados demonstrada nos tennos da lei sobre o apoio judiciário, a
neste Código, o dever ele se prommciar sobre todos os assun Aclministração Pública deve isentar, total ou parcialmente,
tos ela sua competência que lhes sejam apresentados pelos o interessado do pagamento das taxas, emolumentos ou das
pa1ticulares e, nomeadamente: despesas referidas no número anterioi:
a) Sobre os assl.Ultos que disserem directamente res ARTIGO 28.º
peito aos requerentes; (Princípio do Acesso à Justiça)
b) Sobre quaisquer petições, reclamações ou queixas Aos pa1ticulares é garantido o acesso à justiça adminis
fonnuladas em defesa da Constituição, das leis trativa, a fim de obter a fiscalização contenciosa dos actos da
ou cio interesse público. Aclministração Pública, bem como para a tutela dos seus direi
2. Em regra, a decisão deve ser escrita e integrar os seus tos ou interesses legalmente protegidos, nos tennos previstos
fundamentos. na legislação reguladora cio contencioso aclministrativo.
3. A decisão tácita é aclmiticla nos casos legalmente ARTIGO 29.º
previstos. (Princípio da Administração Digital)
4 . AAdministração Pública pode deixar de se pronunciar 1. Sempre que possível, a Administração Pública
sobre um pedido, se o órgão competente tiver praticado, há deve optar pela utilização de meios digitais de trabalho e
menos de dois anos, um acto administrativo com o mesmo coml.Ulicação.
6224 DIÁRIO DA REPÚBLICA
5. Caso as circunstâncias o exijam, alguns membros 4. Se for exigível maioria absoluta e esta não se fo1rnar,
podem pa1ticipar viitualmente. nem se verificar empate, procede-se, na mesma reunião, à
ARTIGO 53.º nova votação. Se a mesma situação se mantiver, adia-se a
(Deliberações) deliberação para a reunião seguinte, na qual é suficiente a
1. Atendendo à natureza cio assunto em discussão, o ó1gão maio1ia relativa.
pode estabelecer o seu posicionamento, através ele delibera 5. Em caso ele empate na votação, o Presidente tem voto
ções, desde que a matéria em causa conste ela convocatória. ele qualidade, salvo se a votação se tiver efectuaclo por vota
2. Nas deliberações, todos os membros exercem o seu ção secreta.
direito ele voto. 6. Havendo empate em votação secreta, proceder-se-á,
3. As votações em regra são feitas através cio levanta imediatamente, à nova votação e, se o empate se mantiver,
mento ela mão e ela sua confurnação verbal. adia-se a deliberação para a reunião seguinte; se na primeira
4 . F.xcepcionalmente, podem ser acloptaclas outras for votação dessa reunião se mantiver o empate, procede-se à
mas ele votação, desde que o órgão assim o delibere. votação nominal, tendo o Presidente voto ele qualidade.
5. Em caso ele empate na votação abe1ta, o Presidente
7. As deliberações cios ó1gãos colegiais só podem adquirir
tem voto ele qualidade.
eficácia depois ele aprovadas as respectivas actas ou depois
6. Em caso ele empate na votação secreta, procede-se a
ele assinadas as minutas, nos te1rnos cio número anterior.
uma nova votação e, se o empate se mantiver, é decidida
8. Os membros cio órgão colegial podem fazer constar
pelo Presidente cio ó1gão, através cio voto ele desempate.
ela acta o seu voto ele vencido e as razões que o justifiquem.
7. Os membros cio órgão podem abster-se ele votar, desde
que fundamentem a sua posição. 9. Aqueles que ficarem vencidos na deliberação tomada
8 . Os votos cios membros são registados em acta. e fizerem registo ela respectiva declaração ele voto na acta
9 . Os membros cios órgãos, cuja posição não tiver sido ficam isentos ele qualquer responsabilidade que daquela
acolhida, podem apresentar os fundamentos ela sua votação eventuahnente resulte.
que são registados em acta. SECÇÃO III
Competência dos Órgãos Administrativos
ARTIGO 54.º
(Deliberações inválidas) ARTIGO 56 °
1. São inválidas as deliberações que tiverem sido toma- (Inenmtciabilidade e inalienabilidade)
das nos seguintes casos: 1. A competência ele cada órgão achninistrativo é sempre
a) Sem o preenchimento cio quómm; definida por lei ou por regulamento.
b) Quando o assunto não conste ela convocatória; 2. A competência é iffenunciável e inalienável, sem
e) Quando um ou vários membros tenham sido coagi prejuízo cio disposto neste Código quanto à delegação ele
dos a votar num sentido; competências e figuras afins.
d) Quando o assunto em votação não tenha sido devi 3. Os ó1gãos não podem delegar a totalidade elas suas
damente explicado ou esclarecido; competências.
e) Quando haja tumulto nas reuniões; 4. A extinção ela delegação ele competências implica o
j) Quando a reunião não tenha sido regula1rnente retomo cios poderes para a esfera jurídica cio órgão origina
convocada. riamente competente.
2. Nos casos elas alíneas a) e c) aplica-se a nulidade. 5. É nulo todo o acto ou contrato que tenha por objecto
3. Nas restantes situações aplica-se a anulabilidade. ou por efeito a renúncia à titularidade ou ao exercício ela
ARTIGO 55.0 competência conferida por lei ou regulamento aos Órgãos
(Quórum e deliberações)
Achninistrativos, sem prejuízo cio disposto em matéria ele
1. Os órgãos colegiais só podem, em regra, deliberar delegação ele competências e figuras afins.
quando esteja presente a maioria cio número legal ou con
ARTIGO 57.º
vencional cios seus membros com direito a voto. (Fixação da competência)
2. Sempre que a lei ou regulamento não disponha ele
1. A competência fixa-se no momento em que se inicia
fo1rna diferente, se não se verificar, no início ela reunião,
o quón.un previsto no número anterior, é convocada nova o procedimento, sendo iffelevantes as modificações ele facto
reunião, com o inte1valo ele, pelo menos, 24 horas, decla que ocoffam posterio1rnente.
rando-se, nessa convocatória, que o órgão pode deliberar, 2. São igualmente iirelevantes as modificações ele
desde que esteja presente um terço cios seus membros com direito, excepto se o órgão, a que o procedimento está afecto
direito a voto, em número não inferior a três. for extinto, deixar ele ser competente ou receber competên
3. As deliberações são tomadas por maioria absoluta ele cia ele que inicialmente carecesse.
votos cios membros presentes na reunião, salvo nos casos 3. Quando o ó1gão competente em razão cio te11'itó
em que, por disposição legal, se exija maioria qualificada ou rio passar a ser outro, eleve o processo ser-lhe remetido
seja suficiente maioria relativa. oficiosamente.
6228 DIÁRIO DA REPÚBLICA
4 . A delegação de poderes pode ser feita a ó1gãos que não gado ao abrigo da delegação ou subdelegação, e ainda o
estejam na estrntura hierárquica do órgão delegante. poder de fazer cessar, para o futuro, a própria delegação ou
5. A delegação de poderes, referida nos números ante subdelegação.
riores, não se limita aos ó1gãos públicos, podendo ter como 3. As decisões de avocação e de cessação da delegação
destinatários entidades privadas. ou subdelegação não têm de ser fundamentadas, mas a revo
ARTIGO 65.0 gação de actos praticados pelo delegado ou subdelegado, ao
(Subdelegação de poderes) ab1igo da delegação ou subdelegação, aplicam-se o disposto
1. Salvo disposição legal em contrário, o delegante pode nos a1tigos 209.º a 216.º do presente Código.
autorizar o delegado a subdelegar pa1te da sua competência. ARTIGO 69.º
(Eidinção da delegação ou subdelegação)
2. O subdelegado pode subdelegar pa1te da competência
que lhe tenha sido subdelegado, salvo disposição legal em 1. A delegação e a subdelegação de poderes extinguem-se:
contrário ou rese1va expressa do delegante ou subdelegante. a) Por revogação do acto de delegação ou subdele
ARTIGO 66.º gação;
(Requisitos do acto de delegação ou subdelegação) b) Por caducidade, resultante de se ter esgotado o
1. No acto de delegação ou subdelegação, deve o ó1gão seu prazo de validade ou de se terem produzido
delegante ou subdelegante especificar os poderes que são todos os seus efeitos;
delegados ou subdelegados ou quais os actos que o delegado e) Também por caducidade, se mudar o titular do
ou subdelegado pode praticar e mencionar a nonna atribu órgão delegante ou subdelegante.
tiva do poder delegado. 2. Nos casos da alinea c) do número anterior, a extin
2. A delegação de poderes está sujeita à fl.Uldamentação ção da delegação ou subdelegação produz imediatamente os
específica, devendo no acto o órgão delegante apresentar seus efeitos.
as razões de facto e de direito que o justificam, ao mesmo ARTIGO 70.º
tempo, deverá mostrar que a delegação é a solução mais efi (Violação dos poderes delegados)
caz para a realização do interesse público. 1. Os actos praticados, fora dos limites estabelecidos no
3. Os actos de delegação e subdelegação de poderes estão acto de delegação ou subdelegação de poderes, são anuláveis
sujeitos à publicação no Diário daRepúbüca ou, tratando-se e exclusivamente imputados ao delegado ou subdelegado.
de uma Autarquia Local, no respectivo boletim ml.Ulicipal, 2. Os actos praticados após a extinção da delegação de
devendo ser afixados nos lugares habituais quando tal bole poderes sobre matéria anterionnente constante da delegação
tim não exista. são nulos.
4 . Quando a delegação implicar a prática de um acto em ARTIGO 71.º
concreto, o delegante deve refe1ir na delegação que ela cessa (Relatório da delegação)
após a sua prática. 1. O ó1gão delegado deve elaborar periodicamente um
5. Dependendo do caso, o delegante deve indicar o prazo relatório sobre o exercício de poderes delegados e remeter
de vigência da delegação de poderes. ao órgão delegante.
6 . A falta de menção dos aspectos referidos no número 2. A periodicidade do relatório, seu conteúdo e estrntura
anterior gera a anulabilidade da delegação. são definidos pelo ó1gão delegante.
ARTIGO 67.º ARTIGO 72.º
(Menção da qualidade de delegado ou subdelegado) (Poderes indelegáveis)
Quando praticar actos ou exercer actividades sob fonna Não podem ser objecto de delegação, nomeadamente:
escrita no uso de delegação ou subdelegação de poderes, o a) A totalidade dos poderes do delegante;
ó1gão delegado ou subdelegado deve mencionar, em cada b) Os poderes susceptíveis de serem exercidos sobre
caso, que actua nessa qualidade e referir expressamente o próp1io delegado;
o acto que lhe conferiu tais poderes, a sua data e onde se e) Os poderes a exercer pelo delegado em violação
encontra publicado. das regras de competência te1Titorial;
ARTIGO 68.º d) Os poderes para nomear ou exonerar outros órgãos
(Poderes do delegante ou subdelegante) pennanentes.
1. O órgão delegante ou subdelegante pode emitir ARTIGO 73.º
directivas ou instrnções, vinculativas para o delegado ou (Suplência)
subdelegado, sobre o modo como devem ser exercidos os 1. Nos casos de ausência, falta ou impedimento do titular
poderes delegados ou subdelegados. do cargo, a sua substituição cabe ao ente designado por lei.
2. O órgão delegante ou subdelegante tem o poder de 2. Na falta de designação por lei, a suplência cabe ao
avocar a decisão de qualquer caso concreto, mantendo-se inferior hierárquico imediato do titular a substituir, salvo se
a delegação ou subdelegação em vigor, bem como o poder o superior hierárquico do titular impedido decidir de modo
de revogar os actos praticados pelo delegado ou subdele- diferente, dentro dos limites da lei.
6230 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. O exercício de flll1ções em suplência abrange os pode 2. Se os órgãos em conflito pe1tencerem a pessoas colec
res delegados ou subdelegados no suplente. tivas diferentes, mas sujeitas ao controlo ou outra fonna de
4 . Os actos praticados pelo suplente produzem os mes inte1venção do mesmo ó1gão, são resolvidos pela entidade
mos efeitos que os actos praticados pelo ó1gão nonnahnente detentora de tais poderes.
compete. 3. Os poderes referidos no número anterior devem fazer
5. Enquanto durar a ausência, falta ou impedimento do referência expressa à possibilidade de resolução de conflitos.
titular do órgão, o suplente é equiparado para todos efeitos 4. A resolução dos conflitos descritos no presente a1tigo
legais ao titular. não condiciona o recurso aos triblUlais, nos casos aplicáveis.
5. Se o conflito envolver ó1gãos de poderes diferentes, é
ARTIGO 74.º
(Regime de actos de gestão correntes) resolvido pelos tJiblUlais.
6. O regime de resolução de conflitos de competência é
1. Salvo excepção, o substituto apenas poderá praticar
aplicável, com as devidas adaptações, à resolução de confli
actos de gestão coffentes, sendo aplicável a sanção de nuli
tos de atJ·ibuições.
dade aos actos de gestão coffentes que não revestirem esta
7. Os conflitos de competências são resolvidos pelas
fonna.
seguintes entidades:
2. Os actos de gestão coffentes são os que fazem pa1te
a) Pela jurisdição achninistrativa, mediante o meio
do dia-a-dia da instituição, que devem ser praticados como
processual adequado, quando envolvam órgãos
fonna de garantir o seu no1mal flll1cionamento.
de diferentes pessoas colectivas públicas, ou de
3. Não se enquadram, no regime de gestão coffente, os
entidades públicas e privadas;
actos incluídos nas opções estratégicas da instituição, ou os
b) Pelo Titular do Poder Executivo, quando envolvam
que implicarem algum comprometimento e vinculação que
órgãos de Depa1tamentos Ministeriais diferentes
apenas os titulares e os que efectivamente dirigem à institui
ou pessoas colectivas públicas estaduais sujeitas
ção podem praticar.
à supe1visão de Depa1tamentos Ministeriais
4 . Para além de outras situações, não se enquadram nos
diferentes;
actos de gestão coffente os seguintes:
e) Pelo MinistJ·o, quando envolvam ó1gãos do mesmo
a) Contratação de pessoal;
Depa1tamento Ministerial ou pessoas colectivas
b) Abe1tura de procedimentos de contratação pública,
públicas sujeitas ao seu poder de superintendên
excepto em casos de urgência;
cia ou tutela.
e) Elaboração do orçamento da instituição;
ARTIGO 78.º
d) Aprovação do plano de trabalho e do plano estraté (Prazo para a resolução de conflitos)
gico da instituição.
Os conflitos susceptíveis de resolução por Órgãos
ARTIGO 75.0 Achninistrativos devem ser resolvidos, por iniciativa de
(Representação)
qualquer deles, dentJ·o de 15 dias a contar do conhecimento
1. Por motivos devidamente flUldamentados, os órgãos da existência do conflito.
podem indicar outras entidades para os representar em deter ARTIGO 79.º
minadas actividades ou na prática de actos. (Tramitação da resolução de conflitos de atribuições e competência)
2. A designação para representar um órgão deve seguir a 1. Qualquer pa1ticular pode requerer a resolução ele um
fonna esc1ita, sendo que neste deve ser indicada a qualidade conflito de atJ·ibuições ou competência entre duas ou mais
do representante e, se for o caso, os poderes que tem para pessoas colectivas.
vincular a instituição em que ele se integra. 2. As pa1tes envolvidas também podem requerer a reso
ARTIGO 76.º lução de conflitos de atJ·ibuições e de competências.
(Assinatm·a de correspondência) 3. Oficiosamente, a entidade competente pode resolver
A assinatura de coJl'espondência em nome da instituição conflitos de atJ·ibuições e de competências.
é da competência do órgão máximo, do seu substituto legal 4. A entidade competente para a resolução de confli
ou, na falta ou impedimento, do órgão a quem este indicar tos deve solicitar um pronlUlciamento escrito da pa1te que
por acto fundamentado. requer e da requerida, que têm de responder no prazo de
SECÇÃO V
15 dias contados da notificação.
Resolução de Conflitos de Natm·eza Administrativa 5. Concluído o prazo referido no número anterior, a enti
dade competente convoca as pa1tes para uma audiência.
SUBSECÇÃO I
6. Realizada a audiência, a entidade competente deve
Resolução de Conflitos de Atribuições e de Competências
tomar a decisão sobre o conflito, tendo, para o efeito,
ARTIGO 77.0 10 (dez) dias contados da data audiência das pa1tes.
(Competência para a resolução de conflitos) 7. Se o requerente não for uma das pa1tes envolvidas no
1. Os conflitos de competência independentemente da conflito, também eleve ser ouvido.
sua natureza são sempre resolvidos pelo superior das par 8. Da decisão aclministJ·ativa que resolver um conflito de
tes em conflito. atJ·ibuições ou de competências, só cabe recurso contencioso
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6231
com fundamento em ilegalidade por pa1te do pa1ticular que j) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha
haja requerido a resolução do conflito ou dos contra-interes recta esteja intentada acção judicial proposta por
sados que tenham pa1ticipado no procedimento de resolução interessado ou pelo respectivo cônjuge;
do conflito. g) Quando se trate de impugnação de decisão profe
SUBSECÇÃO II rida por si, ou com sua inte1venção, ou proferida
Decisão de Divergências de Fundo entre Órgãos Administrativos por qualquer das pessoas referidas na almea b)
ARTIGO 80.º ou com inte1venção destas.
(Extensão do procedimento de resolução 2. F.xcluem-se, do disposto no número anterior, as inter
de conflitos de divergências de fw1do) venções que se traduzam em actos de mero expediente,
1. Sempre que, por dive1gências de fundo, dois ou mais designadamente os actos ce1tificativos e os despachos que
Órgãos Administrativos não tomem, no prazo fixado no se limitem a ordenar o agendamento do tema para delibera
a1tigo 96.º do presente Código, a necessária decisão conjunta, ção do órgão colegial competente.
pode o pa1ticular interessado requerer ao ó1gão competente 3. Todos os membros de um órgão colegial são conside
referido no n.º 2 deste a1tigo que decida a questão ou ques rados impedidos, quando se trate de nomear ou promover
tões de fundo que impeçam a conclusão do procedimento. pessoa que seja cônjuge, parente ou afim em linha recta ou
2. O ó1gão competente para a decisão de divergências até ao 2.º grau da linha colateral de qualquer dos membros
entre Órgãos Achninistrativos sobre questões de fundo é o desse ó1gão, bem como pessoa que com algum deles viva em
competente para a resolução de conflitos. economia comum.
3. São aplicáveis ao procedimento para decisão de diver 4. Se a hipótese prevista no número anterior ocoll'er em
gências achninistrativas de fundo os n."' 2 e 3 do a1tigo concurso público ou limitado, devem os se1viços propor ao
anterior. órgão competente a exclusão liminar de qualquer candidato
impedido, estando o ó1gão competente vinculado a detenni
SECÇÃO VI
Garantias de Imparcialidade da Administração Pública nar a exclusão, se se verificarem os respectivos pressupostos
legais e de facto.
ARTIGO 81.º
(Casos de impedimento) ARTIGO 82.º
(Arguição e declaração do impedimento)
1. Nenhum titular de ó1gão, funcionário ou agente da
1. Quando se verifique causa de impedimento em relação
Administração Pública pode inte1vir em Procedimento
a qualquer titular de órgão, funcionário ou agente admi
Administrativo, ou em acto ou contrato de direito público ou
nistrativo, deve o mesmo comunicar, desde logo, o facto,
privado da Administração Pública, em qualquer dos seguin
consoante os casos, ao respectivo superior hierárquico ou ao
tes casos:
Presidente do Ó1gão Colegial competente.
a) Quando nele tenha interesse, por si, como repre
2. Até ser proferida a decisão definitiva ou praticado o
sentante ou como gestor de negócios de outra
acto, qualquer interessado pode requerer a declaração do
pessoa;
impedimento, especificando as razões de facto e de direito
b) Quando, por si ou como representante de outra pes
que constituam a sua causa.
soa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum
3. Compete ao superior hierárquico ou ao Presidente do
parente ou afim em linha recta ou até ao 2.º grau
Ó1gão Colegial conhecer da existência do impedimento e
da linha colateral, bem como qualquer pessoa
declará-lo, ouvindo, se o considerar necessário, o titular do
com quem viva em economia comum;
órgão, funcionário ou agente, seguindo, para o efeito, o dis
e) Quando, por si ou como representante de outra
posto no a1tigo seguinte.
pessoa, tenha interesse em questão semelhante
4. Tratando-se do impedimento de Presidente de Órgão
à que deva ser decidida, ou quando tal situação
Colegial, a decisão do incidente compete ao próprio ó1gão,
se verifique em relação à pessoa abrangida pela
sem inte1venção do presidente.
alínea anterior;
ARTIGO 83.º
d) Quando tenha inte1vindo no procedimento como (Efeitos da arguição do impedimento)
perito ou mandatário ou tenha dado parecer
1. O titular do ó1gão, funcionário ou agente deve sus
sobre alguma questão a resolve,;
pender a sua actividade no procedimento, quando fizer a
e) Quando, em alguma das situações previstas na
comunicação a que se refere o n.º 1 do a1tigo anterior ou
alínea anterior, tenha inte1vindo no procedi tiver conhecimento do requerimento a que se refere o n.º 2
mento como perito ou mandatário, ou tenha do mesmo preceito, até à decisão do incidente, salvo ordem
dado parecer sobre alguma questão a resolver, em contrá1io do respectivo superior hierárquico.
o seu cônjuge, parente ou afim em linha recta 2. Aqueles que se considerarem impedidos, nos tennos
ou até ao 2.º grau da linha colateral, bem como do a1tigo 81.º, podem e devem tomar todas as medidas que
qualquer pessoa com quem viva em economia forem inadiáveis em caso de urgência ou de pe1igo, as quais
comum; ficam sujeitas à ratificação pela entidade que os substituii:
6232 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. Declarado o impedimento de titular de órgão, flll1cio 1. Nos casos previstos no a1tigo anterior, o pedido deve
nário ou agente, é o mesmo imediatamente substituído no ser dirigido à entidade competente para dele conhecer, indi
procedimento pelo respectivo substituto legal, salvo se o cando, com precisão, as razões de facto e de direito que o
justifiquem.
superior hierárquico daquele resolver avocar o assl.Ulto.
2. O pedido de titular de órgão, funcionário ou agente é
2. Tratando-se de ó1gão colegial, e se não houver ou não
fonnulado por escrito, quando assim for detenninado pela
puder ser designado substituto, o ó1gão ftU1ciona1'á sem o
entidade a quem for dirigido.
membro impedido. 3. Quando o pedido seja fonnulado por interessado no
3. Se o órgão impedido for o último da hierarquia, ele procedimento, acto ou contrato, é sempre ouvido, antes da
deve declarar o seu impedimento e criar fonnas para a indi decisão, o titular do ó1gão, flll1cionário ou agente visado.
cação do seu substituto. ARTIGO 87.º
4 . Na situação referida no número anterior, o ó1gão (Decisão sobre a escusa ou suspeição)
impedido deve indicar três membros, que tomam a decisão 1. A competência para decidir acerca da escusa ou suspei
de indicar o seu substituto. ção é dete1minada nos tennos dos n."' 3 e 4 do a1tigo 81.º do
5. Os três membros referidos no número ante1ior devem, presente Código.
entre si, eleger o seu Presidente. 2. A decisão é proferida no prazo de 8 (oito) dias.
3. Reconhecida a procedência do pedido, obse1var-se-á o
6. Os membros indicados, nos tennos do disposto no
disposto nos a1tigos 82.º e 83.º do presente Código.
número anterior, não devem ter qualquer relação ou depen
ARTIGO 88.º
dência flll1cional com o membro impedido. (Sanção)
ARTIGO 85.0
(Escusa e suspeição)
1. Os procedimentos, actos ou contratos em que tiver
inte1vindo titular de órgão, flll1cionário ou agente impedido
1. O titular de ó1gão, funcionário ou agente deve pedir são anuláveis, nos tennos gerais.
escusa de inte1vir no procedimento, quando ocoffa circuns 2. A omissão do dever de coml.Ulicação, estabelecido no
tância pela qual possa razoavelmente suspeitar-se da sua n.º 1 do a1tigo 81.º do presente Código, constitui falta grave
isenção ou da rectidão da sua conduta, designadamente: para efeitos disciplinares.
a) Quando, por si ou como representante de outra
CAPÍTULO II
pessoa, nele tenha interesse parente ou afim em
Interessados
linha recta ou até ao 3.º grau da linha colateral,
ARTIGO 89.º
ou tutelado ou curatelado dele ou do seu côn (Intervenção dos particulares no Procedimento Administrativo)
juge;
1. Todos os pa1ticulares têm o direito de inte1vir pessoal
b) Quando o titular do ó1gão, flll1cionário ou agente
mente no Procedimento Achninistrativo ou de nele se fazer
ou o seu cônjuge, ou algum parente ou afim em representar ou assistii:
linha recta até o 3.º grau da linha colateral, seja 2. A capacidade de inte1venção no Procedimento, salvo
credor ou devedor de pessoa singular ou colectiva disposição especial, tem por base e por medida a capacidade
com interesse directo no procedimento, acto ou de exercício de direitos nos tennos gerais.
contrato; ARTIGO 90.º
e) Quando tenha havido lugar ao recebimento de dádi (Legitimid ade)
vas, antes ou depois de instaurado o procedimento, 1. Têm legitimidade para iniciar o Procedimento
pelo titular do órgão, funcionário ou agente, seu Achninistrativo e para inte1vir nele os titulares de direitos
cônjuge, parente ou afim na linha recta; subjectivos ou interesses legalmente protegidos que possam
d) Quando haja animosidade, quezília ou grande inti ser afectados pelas decisões que aí hajam de ser tomadas.
2. Consideram-se, ainda, dotados de legitimidade
midade entre o titular do ó1gão, funcionário ou
para a protecção de interesses meta-individuais, difusos e
agente ou o seu cônjuge e a pessoa com interesse
colectivos:
directo no procedimento, acto ou contrato.
a) Os pa1ticulares a quem a actuação achninistrativa
2. Com fl.Uldamento semelhante, e até ser proferida deci afecte ou possa previsivelmente afectar, em con
são definitiva, pode qualquer interessado opor suspeição a sequência de prejuízos relevantes que incidam
titulares de órgãos, funcionários ou agentes que inte1venham sobre bens fl.Uldamentais como a saúde pública,
ou possam vir a inte1vir no procedimento, acto ou contrato. defesa do consumidor, o património público,
3. É aplicável aos casos previstos no número anterior o histórico, linguístico, artísticos e cultural, o
disposto no a1tigo 81.º sobre impedimento por vida em eco ambiente, o ordenamento do te11'itório e a qua
nomia comum. lidade de vida;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6233
4 . Sempre que, nos tennos do lei ou por decisão do ó1gão ARTIGO 97.º
(Audiência dos interessados)
competente para a decisão, houver necessidade de obter
infonnações, pareceres ou actos de conteúdo semelhante, 1. Em qualquer fase do procedimento, podem os Órgãos
junto de outros Órgãos Administrativos, o lnstrntor do pro Administrativos ordenar a notificação dos interessados para,
cesso procederá do modo seguinte: no prazo que lhes for fixado, se pronunciarem acerca de
a) Envia os elementos necessários aos órgãos que qualquer questão.
devem ser consultados, mencionando o prazo 2. Os interessados podem, nos mesmos tennos, reque
ou prazos de que dispõem para responder, bem rer flUldamentadamente a sua audiência para uma finalidade
como o preceito legal ou regulamentar que os específica, em momento anterior ao da audiência prévia esta
estabelecem; belecida nos artigos 151.º e seguintes do presente Código,
b) Regista, no processo, os ó1gãos que foram consul mas o Ó1gão lnstrntor pode indeferir o requerimento, se não
tados, a data em que o foram e o prazo em que considerar necessária ou opo1ttU1a a audiência ou se enten
devem responder; der que ela tem fins meramente dilatórios.
e) Notifica o requerente e/ou o interessado sobre o ARTIGO 98.º
registo feito nos tennos da alínea anterior; (Deveres gerais dos interessados)
d) Toma nota, no livro dos procedimentos em curso, 1. Os interessados têm o dever de não fo1mular preten
da data ou datas em que as respostas dos órgãos sões ilegais, não a1ticular factos contrários à verdade, nem
consultados devem chegar às suas mãos; requerer diligências com propósitos dilatórios.
e) Nessa data ou datas, averigua se todas as respostas 2. Os interessados têm também o dever de prestar a sua
chegaram ou não nos prazos devidos; colaboração para o conveniente esclarecimento cios factos
j) No caso de uma ou mais respostas não terem che e o apuramento da verdade, bem como, quando isso lhes
gado em tempo, apresenta, de imediato, uma seja possível, o ele apresentar devidamente equacionadas as
infonnação sobre o que estiver em falta ao ó1gão questões ele direito cuja resolução viabilize o deferimento
competente para a decisão, propondo a pro1rn elas suas pretensões.
gação do prazo de conclusão do procedimento, 3. A violação cios deveres acima referidos é passível de
nos tennos do presente a1tigo, se ela ainda for responsabilização nos tennos gerais cio direito.
possível.
CAPÍTULO II
5. A inobse1vância dos prazos fixados nos números ante
Direito dos Particulares à Informação
riores deve ser justificada pelo órgão responsável, perante
o imediato supe1ior hierárquico ou perante o ó1gão colegial ARTIGO 99.º
(Direito à informação)
competente, dentro dos 5 (cinco) dias seguintes ao te1mo dos
mesmos prazos, sem o que a falta de justificação constitui 1. Os pa1ticulares têm o direito de ser infonnados pela
Administração Pública, sempre que o requeiram, sobre o
infracção disciplinar.
andamento dos procedimentos em que sejam directamente
6 . No caso de ser detenninada a pro1rngação do prazo,
interessados, bem como o direito ele conhecer as resoluções
são os Órgãos Administrativos em falta novamente instados
definitivas que sobre eles forem tomadas.
a responder até 15 dias antes do tenno do novo prazo de
2. As infonnações a prestar elevem incluir a indicação cio
conclusão do procedimento, notificando-se do facto o reque
se1viço onde o procedimento se encontra, os actos e diligên
rente e demais interessados.
cias praticados ou a praticar, as deficiências a suprir pelos
7 . Se um ou mais dos ó1gãos consultados não responde interessados, as decisões já adoptadas e quaisquer outros
rem dentro do prazo fixado em função da última pro1rngação elementos solicitados.
detenninada, fica dispensada a sua audiência e o órgão com 3. As infonnações requeridas ao abrigo deste a1tigo serão
petente toma a decisão final dentro do prazo legal. fornecidas no prazo máximo de 10 (dez) dias.
8 . Da falta cometida, são notificados o máximo superior
ARTIGO 100.º
hierárquico do ó1gão faltoso ou a respectiva entidade tutelar (Consulta do processo e passagem de certidões)
ou de superintendência, para apuramento da responsabili 1. Os interessados têm o direito ele consultar todo o
dade disciplinar, civil ou penal que no caso couber. processo, salvo nas pa1tes em que contenha documentos
9. A decisão definitiva tomada nos tennos do n.º 6 deste classificados ou que revelem segredo comercial ou indus
a1tigo não pode ser revogada, suspensa ou modificada a trial ou segredo relativo à propriedade intelectual a1tística
pedido das autoridades mencionadas no n.º 7, salvo se a rea ou científica.
preciação do caso for dete1minada por Despacho do Titular 2. O direito referido no número anterior abrange os
do Poder Executivo com flUldamento em grave prejuízo para documentos nominativos relativos a terceiros, desde que
o interesse público, com ou sem dispensa da efectivação de excluídos os dados pessoais que, nos tennos legais, não
responsabilidades prevista no número anterior. sejam públicos.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6235
3. Os interessados têm o direito, mediante o pagamento possível a consulta directa dos documentos arquivados ou
de valor que for devido, de obter ce1tidão, reprodução ou registados quando a lei a pennita ou quando o ó1gão compe
declaração autenticada do teor dos documentos que cons tente a autorize.
tem dos processos a que tenham acesso, ou a que tenham 3. O acesso aos arquivos e registos achninistrativos pode
interesse. ser recusado, mediante decisão ftu1damentada, em matérias
4 . A violação do disposto no presente a1tigo legitima o relativas à segurança nacional, à investigação criminal e à
recurso aos tribtu1ais ou a outros mecanismos à disposição intimidade elas pessoas.
dos pa1ticulares. 4. A consulta directa ou a passagem ele ce1tidões ou foto
ARTIGO 101.º cópias devem ser asseguradas aos interessados no prazo
(Certidões independentes de despacho) máximo de 7 (sete) dias.
1. Os se1viços competentes são obrigados, independen
CAPÍTULO III
temente de despacho superior, a passar aos interessados, no
Notificações e Prazos
prazo de 1 O (dez) dias, a contar da apresentação do requeri
mento que os solicite, ce1tidões, reproduções ou declarações SECÇÃO I
Notificações
autenticadas do teor de documentos de que constem, con
soante o pedido, todos ou alguns dos seguintes elementos: ARTIGO 104.º
a) Data da apresentação ele requerimentos, petições, (Dever de notificar)
reclamações, recursos ou documentos seme Devem ser notificados aos interessados os actos admi
lhantes; nistrativos que:
b) Conteúdo desses documentos ou pretensão neles a) Decidam sobre quaisquer pretensões por eles for
fonnulacla; muladas;
e) Andamento que tiveram e situação em que se b) Imponham deveres, sujeições, encargos ou san
encontram; ções, ou causem prejuízos;
d) Resolução tomada ou falta de resolução. e) Criem, extinguem, aumentem ou diminuam direitos
2. O dever estabelecido no número anterior não abrange ou interesses legalmente protegidos, ou afectem
os documentos classificados ou que revelem segredo comer as condições do seu exercício.
cial ou industrial ou segredo relativo à propriedade literária, ARTIGO 105.0
a1tística ou científica. (Dispensa de notificação)
3. Quando os elementos constem de procedimentos 1. É dispensada a notificação cios actos nos casos
infonnatizados, as ce1tidões, reproduções ou declarações seguintes:
previstas no n.º 1 são passadas, com a devida autenticação, a) Quando sejam praticados oralmente na presença
no prazo máximo de 5 (cinco) dias, por via electrónica ou dos interessados;
mediante impressão nos se1viços da Achninistração. b) Quando o interessado, através de qualquer
ARTIGO 102.º inte1venção no procedimento, revele pe1feito
(Eidensão do direito de informação) conhecimento ela existência e do conteúdo cios
1. Os direitos reconhecidos nos a1tigos 98.º a 100.º cio actos em causa.
presente Código são extensivos a quaisquer pessoas que, 2. As situações referidas nas alíneas a) e b) devem ser
não sendo directamente interessadas, provem ter interesse posterionnente confurnaclas por meio ele documento escrito,
legítimo no conhecimento cios elementos que pretendam sob pena de invalidade.
obter ou consultar. 3. Os prazos cuja contagem se inicie com a notificação
2. O exercício dos direitos previstos no número ante começam a coll'er no dia seguinte ao da prática cio acto, nos
rior depende de despacho do diligente do se1viço, exarado casos previstos na alínea a) do número anterior, e no dia
no requerimento escrito cio interessado e instrnído com os seguinte àquele em que ocoll'er a inte1venção, nos casos pre
documentos probatórios cio interesse legítimo invocado vistos na alínea b).
ARTIGO 103.º ARTIGO 106.º
(Administração aberta) (Conteúdo obrigatório da notificação)
o acto tiver deferido inteiramente a pretensão fonnulada 1. São aplicáveis à contagem dos prazos as seguintes
pelo interessado ou respeite apenas à prática de diligências regras:
processuais. a) Não se inclui na contagem o dia em que oc01rer o
ARTIGO 107.º evento;
(Prazo das notificações) b) A contagem começa no dia seguinte à ocoffência
Quando não exista prazo especialmente fixado, os actos do evento;
achninistrativos devem ser notificados no prazo de 5 (cinco) e) O prazo começa a coffer independentemente de
dias a contar da sua prática. quaisquer fo1rnalidades e suspende-se nos Sába
ARTIGO 108.º dos, Domingos e Feriados;
(Forma das notificações) d) Quando o teimo do prazo coincida com um
1. As notificações podem ser feitas: Sábado, Domingo ou Fe1iado, transfere-se para
a) Em regra, por via postal, desde que exista distribui o primeiro dia útil seguinte;
ção domiciliária na localidade de residência ou e) A contagem começa depois da publicação ou da
na sede do notificando; notificação do acto;
b) Pessoalmente, se for inviável a notificação por via j) Os prazos fixados podem ser pro1rngaclos.
postal e se a notificação pessoal não prejudicar a 2. A pro1rngação dos prazos deve ser fundamentada e só
celeridade do procedimento; pode ocoffer caso o Órgão ela Administração Pública avaliar
e) Por telefone, se a mgência do caso recomendar o a situação e concluir que da pro1rngação não resultam pre
uso de tais meios, desde que existam e fl.Ulcio juízos para as pa1tes.
nem em relação ao destinatário ou destinatários 3. Na contagem dos prazos legalmente fixados em mais
da notificação; de 6 (seis) meses, incluem-se os Sábados, Domingos e
d) Por edital a afixar nos locais habituais, ou por Feriados.
anúncio a publicar no Diário da República, no ARTIGO 111.°
edital ml.Ulicipal ou em jomais mais lidos da (Dilação)
localidade da residência ou sede dos notificados, 1. Se os interessados residirem ou se encontrarem
se os interessados forem desconhecidos ou em fora da província em que se localize o se1viço por onde o
tal número que se tome inconveniente outra Procedimento Achninistrativo deve tramitar, os prazos fixa
fonna de notificação. dos na lei, se não atenderem já a essa circl.Ulstância, só
e) Por coffeio electrónico ou notificação electrónica iniciam depois de cleco11'idos:
automaticamente gerada por sistema inco1po a) 10 (dez) dias, se os interessados residirem ou se
rado em sítio electrónico pe1tencente ao se1viço encontrarem em te11'itório angolano;
ou sempre e quando o destinatário disponibilize b) 45 (quarenta e cinco) dias, se os interessados resi
uma ligação de acesso para o efeito.
direm ou se encontrarem em país estrangeiro.
2. Sempre que a notificação seja feita por telefone, é a
2. As clilações previstas no presente a1tigo não se aplicam
mesma confurnada nos te1rnos da alínea a) ou b) do número
quando os actos e fo1rnalidades em causa sejam praticados
anterior, consoante os casos, no dia útil imediato, sem pre
através de meios electrónicos ou por telefone.
juízo de a notificação se considerar feita na data da primeira
comunicação. CAPÍTULO IV
SECÇÃO II Marcha do Procedimento
Prazos
SECÇÃO I
ARTIGO 109.º Início
(Prazo geral)
ARTIGO 112.º
1. Excluindo o disposto nos a1tigos 165.º e 166.º do pre (Requerimento inicial)
sente Código, e na falta de disposição especial aplicável, o
1. O requerimento inicial dos interessados, salvo nos
prazo para a prática de actos da competência de qualquer
casos em que lei ou regulamento achnita pedido verbal, deve
ó1gão administrativo é de 8 (oito) dias, se outro não tiver
ser fo1rnulado por escrito e conter:
sido fixado pela Achninistração Pública ou acordado com as
pa1tes. a) A designação do ó1gão achninistrativo a que se
2. É igualmente de 8 (oito) dias o prazo para os interessa dirige;
dos requererem ou praticarem quaisquer actos, promoverem b) A identificação do requerente, pela indicação cio
diligências, responderem sobre os assuntos acerca dos nome, estado, profissão, ocupação ou cargo
quais devam pronunciar-se ou exercerem outros direitos no actual e residência, além cio número do seu
procedimento. bilhete de identidade ou documento equivalente;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6237
e) A exposição dos factos em que se baseia o pedido 6. Se no requerimento constarem insuficiências graves
e, se tal for possível ao requerente, os respecti que impedem a apreciação do pedido, a administração deve
vos fundamentos de direito; indeferir o requerimento.
d) A fonnulação do pedido em tennos claros, precisos 7. São liminannente indeferidos, com a devida funda
e completos; mentação, os requerimentos cujo autor não seja identificado
e) A data e a assinatura ou impressão digital do reque ou cujo pedido seja ininteligível.
rente, ou de outrem a seu rogo, se o mesmo não ARTIGO 115.0
(Apresentação de requerimentos)
souber ou não puder assinar.
2. Seja qual for o modo por que se apresente, o requeri 1. Os requerimentos devem ser apresentados nos se1vi
ços dependentes dos ó1gãos aos quais são dirigidos, salvo o
mento é sempre objecto de registo, o qual deverá mencionar
disposto nos números seguintes.
o respectivo número de ordem, a data, o objecto do reque
2. Os requerimentos dirigidos aos Ó1gãos da
rimento, o número de documentos juntos e o nome do
Achninistração Central do Estado podem ser apresen
requerente.
tados nos se1viços locais desconcentrados do mesmo
3. Os requerentes devem ser registados segundo a ordem
Depa1tamento Ministerial ou organismo, quando os interes
da sua apresentação, com anotação do respectivo número e
sados residam na área te11'itorial.
data. 3. Se os requerimentos forem dirigidos a órgãos que não
4 . Os interessados podem exigir recibo comprovativo da disponham de se1viços na área te11'itorial da residência dos
entrega dos requerimentos apresentados. interessados, podem aqueles ser apresentados na Secretaria
5. O recibo pode consistir em averbamento no duplicado do Govemo da respectiva província.
ou na fotocópia do requerimento que para o efeito o reque 4. Os requerimentos apresentados nos tennos previstos
rente apresente. nos n. 2 e 3 deste a1tigo são remetidos aos ó1gãos compe
0
•
6. Em cada requerimento, não pode ser fonnulado mais tentes por coll'eio registado, ou por via mais expedita, no
de um pedido, salvo se se tratar de pedidos altemativos, sub prazo de 3 (três) dias após o seu recebimento e com a indica
sidiários ou complementares relativos ao mesmo assunto. ção ela data em que este se verificou.
ARTIGO 113.º 5. É também possível, o envio por transmissão electró
(Formulação verbal do requerimento) nica ele dados, valendo como data ela apresentação cio tenno
Quando a lei admita a fonnulação verbal do requeri ela expedição.
mento, é de imediato lavrado tenno escrito pelos se1viços 6. A Administração Pública pode estabelecer modelos e
competentes, o qual deve conter as menções a que se referem sistemas nonnatizados de requerimentos, disponibilizando
as alíneas a) a d) do n.º 1 do a1tigo ante1ior e ser assinado, aos interessados os respectivos fonnulá1ios, podendo os
depois de datado, pelo requerente, ou a seu rogo, e pelo fim requerentes juntar elementos que considerem convenientes
cionário que receber o pedido. para precisar ou completar os dados do modelo, os quais
elevem ser achniticlos e tidos em conta pelo ó1gão ao qual se
ARTIGO 114.º
dirige o reque1imento.
(Deficiência do requerimento inicial)
ARTIGO 116.º
1. Se o requerimento inicial não satisfizer integrahnente (Apresentação dos requerimentos em Representações
o disposto no a1tigo 111.º, o requerente é convidado a suprir Diplomáticas ou Consulares)
as deficiências existentes, no prazo de 5 (cinco) dias. 1. Os requerimentos de pa1ticulares dirigidos a Órgãos
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, devem Achninistrativos podem ser apresentados nos se1viços das
os ó1gãos, funcionários e agentes achninistrativos procurar Representações Diplomáticas ou Consulares sedeadas no
suprir oficiosamente as deficiências dos requerimentos de País em que os interessados residam ou se encontrem.
pa1ticulares, de modo a evitar que os interessados sofram 2. As Representações Diplomáticas ou Consulares reme
prejuízos por viltude de simples ill'egularidade fonnal ou tem os requerimentos aos órgãos a quem sejam dirigidos, no
mera impe1feição na elaboração dos seus requerimentos. prazo ele 5 (cinco) dias, com a indicação da data em que se
3. Os órgãos da achninistração devem, no despacho que ve1ificou o recebimento.
detennina o ape1feiçoamento, indicar as razões que estão na ARTIGO 117.º
base de tal pedido e apresentar a fonna coll'ecta de preencher (Emio de requerimento pelo coHeio)
o requerimento. Salvo disposição legal em contrário, os requerimentos
4 . Se a pa1te não ape1feiçoar o requerimento de acordo dirigidos aos Órgãos Achninistrativos podem ser remetidos
com o que foi pedido, mantiver no documento a razão que pelo coll'eio, desde que registado e com aviso de recepção.
justifica o pedido de ape1feiçoamento, a achninistração ARTIGO 118.º
deverá indeferir liminannente o requerimento. (Registo de apresentação de requerimentos)
5. A violação do prazo concedido pela achninistração 1. A apresentação de requerimentos, qualquer que seja o
para ape1feiçoar, conduz iguahnente ao indeferimento do modo por que se efectue, é sempre objecto de registo, nos
reque1imento. tennos cio a1tigo 91.º do presente Código.
6238 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Os requerimentos são registados segundo a ordem da 4. O recurso hierárquico das medidas provisórias não
sua apresentação, considerando-se simultaneamente apre suspende a sua eficácia, salvo quando o órgão competente o
sentados os que forem recebidos pelo coffeio na mesma data. dete1mine oficiosamente ou a pedido do recoirente.
3. O registo é anotado nos requerimentos apresentados, 5. Os actos que detenninarem medidas provisórias
mediante a menção do respectivo número e data. podem ser impugnados perante os órgãos de contencioso
4 . Nos se1viços que disponibilizem meios electrónicos administrativo.
de comunicação, o registo de apresentação do requerimento ARTIGO 123.º
deve fazer-se por via electrónica. (Requisito para arbitramento das medidas provisórias)
3. A impugnação das medidas provisórias não suspende 3. Alnstmção começa logo após a indicação do lnstrntor
o andamento do processo. e a sua notificação às pa1tes envolvidas no Procedimento
4 . As medidas provisórias também podem ser impugna Achninistrativo.
das judicialmente. 4. A indicação do lnstrntor deve ser feita no prazo de
5. A revogação ou anulação de medidas provisórias 5 (cinco) dias contados da achnissão do processo.
carece de fundamento. 5. A lnstrnção deve ser concluída no prazo de 30 (trinta)
dias.
ARTIGO 127.º
(Caducidade das medidas provisórias) ARTIGO 130.º
(Processos m·gentes e critérios de decisão)
1. Salvo disposição especial em contrário, as medidas
provisórias caducam: 1. Nos processos urgentes, a lnstrnção não excede o
a) Logo que for proferida decisão definitiva no pro prazo de 8 (oito) dias.
2. Consideram-se processos urgentes:
cedimento;
a) Os que os requerentes forem pessoas com mais
b) Quando decoffer o prazo que lhes tiver sido fixado,
de 70 anos de idade;
ou a respectiva pro1rngação;
b) Aqueles em que, devido a gravidade do assunto,
e) Na data em que tenninar o prazo fixado na lei para
as decisões devam ser tomadas imediatamente.
a decisão final;
3. Os prazos para a conclusão dos procedimentos
d) 6 (seis) meses depois da instauração do procedi
urgentes coffespondem a metade dos prazos gerais para o
mento, se a decisão final não tiver sido proferida procedimento consagrado no presente Código.
nesse prazo e a lei não fixar ou pennitir outro
ARTIGO 131.°
maior. (Factos sujeitos a prova)
2. Nos casos das alíneas c) e d) do número anterior, a
1. O Ó1gão lnstrntor deve averiguar todos os factos cujo
válida pro1rngação do prazo para a decisão final confere ao conhecimento seja necessário ou conveniente para a justa
Órgão Administrativo competente a faculdade de pro1rngar e rápida decisão do procedimento, podendo, para o efeito,
por igual período as medidas provisórias até aí em vigor. recoffer a todos os meios de prova admitidos em direito.
SECÇÃO III 2. Não carecem de prova os factos notórios, bem como os
Instrução factos de que o órgão competente tenha ou deve ter conheci
SUBSECÇÃO I mento em vittude do exercício das suas funções.
Disposições Gerais 3. O Órgão lnstrntor fará constar do procedimento os
factos de que tenha conhecimento em vittude do exercício
ARTIGO 128.º
(Passagem para outra fase) das suas funções.
1. Após a análise preliminar feita pela achninistração e ARTIGO 132.º
(Ónus da prova)
não havendo qualquer iffegularidade no requerimento, esta
regista o processo no livro de entrada devendo dele constar 1. Cabe aos interessados provar os factos que tenham
alegado, sem prejuízo do dever cometido ao órgão compe
os seguintes elementos:
tente nos tennos do n.º 1 do a1tigo anterior.
a) Número do processo;
2. Os interessados podem juntar documentos e pareceres
b) Pa1tes;
ou requerer diligências de prova úteis para o esclarecimento
e) Natureza do pedido;
dos factos com interesse para a decisão.
d) Data de entrada; 3. As despesas resultantes das diligências de prova serão
e) lnstrntor . supo1tadas pelos interessados que as tiverem requerido,
2. Os elementos constantes do número anterior chegam sem prejuízo do disposto no n.º 2 do a1tigo 13.º do presente
ao conhecimento do pa1ticular através de um despacho, que Código.
confinna a admissão do processo, a passagem para a fase ARTIGO 133.º
seguinte, a indicação do lnstrntor e o horário em que as par (Exigência de novas provas aos interessados)
tes podem contactá-lo. 1. O Ó1gão lnstrntor pode detenninar aos interessados a
3. O despacho referido no número anterior deve ser emi prestação de infonnações, a apresentação de testemunhas e
tido e comunicado às pa1tes, no dia seguinte após a achnissão. declarantes ou documentos ou coisas, a sujeição a inspec
ARTIGO 129.º ções ou a colaboração noutros meios de prova.
(Indicação do Instrutor) 2. É legítima a recusa às detenninações previstas no
1. O lnstrntor do Procedimento é nomeado pela entidade número anterior, quando a obediência às mesmas:
com competência para decidir, no despacho de achnissão do a) Envolver a violação de segredo profissional,
processo. segredo de justiça ou segredo do Estado;
2. A indicação do lnstrntor é comunicada às pa1tes atra b) Implicar o esclarecimento de factos cuja revelação
vés do despacho referido no n.º 2 do a1tigo anterior. esteja proibida ou dispensada por lei;
6240 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. Havendo justo receio de vir a tomar-se impossível ou 1. O Órgão lnstrntor e os interessados podem fonnular
de difícil realização a produção de qualquer prova com inte quesitos a que os peritos devem responder ou detenninar a
resse para a decisão, pode o Órgão lnstmtor, oficiosamente estes que se pronunciem expressamente sobre ce1tos aspec
ou a pedido fundamentado dos interessados, proceder à sua tos que interessem ao apuramento dos factos relevantes.
recolha antecipada. 2. O Ó1gão lnstrntor deve excluir do objecto da diligên
2. A produção antecipada de prova pode ter lugar antes cia os quesitos ou aspectos indicados pelos interessados que
da instauração do procedimento. incidam sobre matéria de carácter secreto ou confidencial.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6241
res exigidos por lei consideram-se obrigatórios, mas não 1. As ilegalidades ou ill'egularidades referidas no a1tigo
vinculativos. ante1ior em função da sua natureza podem detenninar o tér
ARTIGO 143.º mino do procedimento, devendo o lnstrntor apresentar a
(Forma e prazo dos pareceres) proposta à entidade com poderes para decidir.
1. Os pareceres devem ser sempre fundamentados e con 2. As pa1tes envolvidas no procedimento podem nesta
cluir, de modo expresso e claro, com uma opinião sobre cada fase apresentar uma proposta à achninistração em que
uma das questões indicadas na consulta. acordam em tenninar antecipadamente o Procedimento
2. Na falta de disposição especial, os pareceres serão emi Achninistrativo.
tidos no prazo de 15 dias, excepto quando o Ó1gão Instrntor 3. A proposta referida no número anterior deve ser
fixar, fundamentadamente, prazo diferente. decidida pela entidade competente para praticar o acto
3. Quando um ou mais pareceres obrigatórios e não administrativo.
vinculativos, tendo sido solicitados nos tennos da lei, não SUBSECÇÃO IV
forem emitidos ou recebidos dentro dos prazos previstos Audiência dos Interessados
decididos na data em que forem recebidas pelo lnstrntor do A audiência deve ser realizada 5 (cinco) dias após notifi
Procedimento. cação dos interessados.
6242 DIÁRIO DA REPÚBLICA
4 . Da audiência é lavrada acta, da qual consta o extracto 1. Elaborado o relatório do procedimento, o mesmo deve
das alegações feitas pelos interessados, podendo estes juntar ser remetido no prazo de 3 (três) dias para a entidade com
quaisquer alegações ou pareceres escritos, durante a diligên petente para tomar a decisão.
cia ou posterionnente. 2. Recebido o relatório, a entidade competente para
5. A acta é assinada pelo Órgão Instrntor, ou por quem o tomar a decisão pode:
substituir, bem como pelos interessados ou seus representan a) Ratificar e preparar a decisão;
tes que tenham estado presentes. b) Sugerir melhorias de conteúdo;
ARTIGO 155. 0 e) Ordenar a realização de diligências complementa
(Inexistência e dispensa de audiência dos interessados) res.
1. Não há lugar a audiência dos interessados: ARTIGO 160.º
a) Quando a decisão seja urgente; (Prazo para a decisão)
b) Quando seja razoável prever que a diligência possa A decisão deve ser tomada no prazo de 7 (sete) dias
comprometer a execução da decisão ou a sua contados da recepção do relatório do procedimento desde
utilidade; que não haja nenhuma recomendação para o Instrntor do
e) Quando o número de interessados a ouvir seja de tal Procedimento.
fonna elevado que a audiência se tome imprati ARTIGO 161.º
cável, devendo-se proceder à consulta pública, (Pareceres não vinculativos)
quando possível, pela fonna mais adequada. 1. Antes da tomada de decisão, o ó1gão competente pode
2. O Órgão Instrntor pode dispensar a audiência dos inte solicitar pareceres que devem incidir sobre o conteúdo do
ressados nos seguintes casos: relatório.
a) Se os interessados já se tiverem pronunciado no 2. O parecer, referido no número anterior, não é vincula
procedimento sobre as questões que impo1tem à tivo, devendo ser solicitado a um especialista ou a um
decisão e sobre as provas produzidas; funcionário da instituição.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6243
3. O parecer, refe1ido no número anterior, deve ser profe imputável ao interessado e só se inte1rnmpe com a notifica
rido no prazo de 5 (cinco) dias contados da sua solicitação. ção de decisão expressa.
ARTIGO 162.º 4. Quando a prática de um acto achninistrativo dependa
(Conteúdo da decisão) de autorização prévia ou um acto esteja sujeito à aprovação
Concluídas todas as fases, o ó1gão competente deve tomar de um Ó1gão da Achninistração Pública ou de outra entidade
decisão expressa que deve conter os seguintes elementos: no exercício de poderes públicos, prescinde-se da auto
a) Identificação das pa1tes; rização prévia ou da aprovação desde que o órgão que as
b) Objecto do procedimento;
solicitou tenha interpelado o órgão competente para as emi
tir e este não responda no prazo legahnente estatuído.
e) Descrição dos factos;
5. Quando a lei não fixar prazo diferente, o prazo de pro
d) Fundamentação de facto;
dução do deferimento tácito é de 60 (sessenta) dias a contar
e) Fundamentação de direito;
da fonnulação do pedido, desde que acompanhado de todos
j) Decisão. os elementos essenciais exigidos por lei.
SECÇÃO IV
ARTIGO 166.º
Decisão e Outras Causas de Extinção do Procedimento
(Valor do acto tácito)
ARTIGO 163.º 1. O acto tácito produz todos os efeitos que seriam pro
(Causas de extinção)
duzidos por acto expresso e vale perante qualquer entidade
O procedimento extingue-se pela tomada da decisão pública ou privada.
final, bem como por qualquer dos outros factos extintivos 2. A existência de acto tácito pode ser atestada por
previstos nesta secção. qualquer meio de prova achnitido em direito, podendo ser
ARTIGO 164.º exigido à achninistração ce1tificado comprovativo da fonna
(Decisão do procedimento) ção de acto tácito.
1. Salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das ARTIGO 167.º
relações a estabelecer, o procedimento pode tenninar pela (Desistência e renúncia)
prática do acto achninistrativo ou pela celebração de um 1. O interessado pode, mediante requerimento escrito,
contrato onde o ó1gão competente deve resolver todas as desistir do procedimento ou de algum ou alguns dos pedidos
questões pe1tinentes suscitadas durante o procedimento e nele fonnulados, bem como renunciar aos seus direitos ou
que não hajam sido decididas em momento anterior. interesses legalmente protegidos, salvo nos casos previstos
2. Além do disposto no número anterior, a decisão final na lei ou se se tratar de direitos indisponíveis.
expressa do procedimento deve obedecer aos requisitos de 2. A desistência ou renúncia do interessado não prejudica
validade estabelecidos no Capítulo II da Pa1te IV do pre a continuação do procedimento, se a achninistração entender
sente Código. que o interesse público assim o exige.
3. Os procedimentos de iniciativa particular devem ser 3. Em caso de desistência ou renúncia do interessado,
decididos no prazo de 60 (sessenta) dias, salvo se outro deve o órgão competente para a decisão final, perante pro
prazo decoll'er da lei, podendo o prazo, em circunstâncias posta do Ó1gão lnstmtor, detenninar expressamente, em
excepcionais, ser pro1rngado por mais 60 (sessenta) dias decisão fundamentada, a extinção ou a continuação do
pelo ó1gão decisor. procedimento.
4 . Sem prejuízo do disposto no a1tigo 21.º e no a1tigo 4. A falta de proposta do órgão instmctor constitui infrac
seguinte, a falta, no prazo legal, de decisão final sobre a ção disciplinar grave; a falta de decisão do órgão competente
pretensão dirigida ao Ó1gão Achninistrativo competente para decisão final pode se1vir de fundamento a sua demissão
constitui incumprimento do dever de decisão, confe1indo ao ou dissolução.
interessado a possibilidade de utilizar os meios de impugna 5. A achninistração pode desistir de procedimentos inicia
ção achninistrativa ou judicial. dos de ofício desde que fundamente a decisão e a desistência
ARTIGO 165. 0 não implique a vulneração, injustificada, de direitos e inte
(Deferimento tácito) resses legalmente protegidos.
1. Existe deferimento tácito quando a lei ou regula ARTIGO 168.º
mento detennine que a ausência de notificação da decisão (Deserção)
final sobre pretensão dirigida ao órgão competente dentro do 1. É declarado dese1to o procedimento que, por causa
prazo legal tem o valor de deferimento. imputável ao interessado, esteja parado por mais de 6 (seis)
2. Considera-se que há deferimento tácito se a notifica meses, sem prejuízo da continuação do procedimento até ser
ção do acto não for expedida até ao primeiro dia útil seguinte tomada a decisão final, se nisso houver interesse público.
ao tenno do prazo para decisão. 2. A deserção não extingue o direito que o pa1ticular pre
3. O prazo legal da produção do deferimento tácito tendia fazer valer, salvo se este prescrever ou caducar dentro
suspende-se se o procedimento estiver parado por motivo do prazo fixado no número anterior.
6244 DIÁRIO DA REPÚBLICA
qual é, para o efeito, publicado em, pelos menos, 2 (dois) res ou dotados de poderes de superintendência
jomais de maior tiragem, e na página do órgão competente ou tutelar;
na intemet. b) Os regulamentos que contrariem os regulamentos
2. Os interessados devem diligir por escrito as suas emanados pelo delegante, salvo se a delegação
contrapropostas ou sugestões ao órgão competente, dentro inclui o poder regulamentai:
do prazo de 30 a 90 dias, confonne for por ele decidido, ARTIGO 184.º
contando-se o prazo da data da publicação do projecto de (Regime de i:n validade)
regulamento. 1. A invalidade do regulamento pode ser invocada a
3. No preâmbulo do regulamento que for publicado todo o tempo por qualquer interessado e pode, também, a
faz-se menção de que o respectivo projecto foi objecto de todo o tempo ser declarada pelos Ó1gãos Achninistrativos
consulta pública, quando tenha sido esse o caso. competentes.
ARTIGO 178.º 2. Os regulamentos inquinados com ilegalidade fonnal
(Avaliação e incorporação das contribuições) da qual não resulte a inConstitucionalidade só podem ser
Durante as consultas públicas, as questões que obtiverem impugnados ou declarados oficiosamente inválidos no prazo
consenso ou voto da maioria devem ser registadas em acta de 6 (seis) meses, a contar da respectiva publicação, salvo
e posterionnente incorporadas no projecto de Regulamento nos casos de carência absoluta da fonna legal ou preterição
Administrativo. de consulta pública exigida por lei.
3. A declaração achninistrativa de invalidade produz efei
ARTIGO 179.º
(Fundamentação para adopção do regulamento) tos desde a data da aprovação do regulamento e detennina
a repristinação das nonnas que ele haja revogado, salvo
1. A adopção de um Regulamento Achninistrativo deve
quando estas sejam ilegais ou tenham deixado de vigorar,
ser fundamentada pela entidade competente para a sua
devendo o ó1gão competente reconhecer o efeito repristina
aprovação. tório, quando este se verifique.
2. A fundamentação referida no número anterior deve 4. A retroactividade da declaração de invalidade não
ser feita por escrito e integrar o documento que aprova o afecta o caso julgado nem os actos achninistrativos que
Regulamento Administrativo. se tenham tomado impugnáveis salvo, neste último caso,
ARTIGO 180.º quando se trate de actos desfavoráveis para os destinatários.
(Publicação)
ARTIGO 185.0
A produção de efeitos do Regulamento Administrativo (Caducidade e revogação de regulamentos de execução)
depende da respectiva publicação no Diário da República 1. Os regulamentos podem ser revogados pelos órgãos
ARTIGO 181.º competentes pela respectiva aprovação.
(Proibição de eficácia retroactiva) 2. Os regulamentos sujeitos a tenno ou condição resolu
1. Não pode ser atribuída eficácia retroactiva aos regu tiva caducam com a verificação destes.
lamentos que imponham deveres, enca1gos, ónus, sujeições 3. Os regulamentos de execução caducam com a revo
ou sanções, que causem prejuízos ou restrinjam direitos ou gação das leis que regulamentam, salvo na medida em que
interesses legahnente protegidos, ou afectem as condições sejam incompatíveis com a lei nova e enquanto não houver
do seu exercício. regulamentação desta.
2. Os efeitos dos regulamentos não podem repo1tar-se a 4. Os regulamentos necessários à execução de uma ou
data anterior àquela da lei habilitante. mais leis em vigor não podem ser objecto de revogação glo
bal sem que a matéria seja simultaneamente objecto de nova
ARTIGO 182.º
(Aplicação de regulamentos) regulamentação.
5. Em caso de inobse1vância do disposto no número
1. Os regulamentos podem ser interpretados, modificados
ante1ior, consideram-se em vigor, para todos os efeitos, até
e suspensos pelos ó1gãos competentes pela sua aprovação. ao início de vigência do novo regulamento, as nonnas regu
2. Os regulamentos não podem ser de1rngados por actos lamentares do diploma legal revogado de que dependa a
achninistrativos de carácter individual e concreto. aplicabilidade da lei exequenda.
ARTIGO 183.º 6. Nos regulamentos que contenham disposições revo
(Invalidade do regulamento) gatórias, faz-se sempre menção especificada das nonnas
1. São inválidos os regulamentos que sejam desconfor revogadas.
mes com a Constituição, a lei, os princípios gerais de direito ARTIGO 186.º
e do direito achninistrativo ou os que infrinjam nonnas de (Reclamação e recm·sos de regulamentos administrativos)
direito internacional, que Angola tenha subscrito, ratificado 1. Os interessados têm direito a solicitar a modifica
ou aderido. ção, suspensão, revogação ou declaração de invalidade de
2. São, ainda, inválidos: regulamentos achninistrativos directamente lesivos dos seus
a) Os regulamentos que contrariem os regulamentos direitos e interesses legahnente protegidos, assim como rea
emanados dos órgãos hierarquicamente superio- gir contra a omissão ilegal de regulamentos administrativos.
6246 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Os direitos reconhecidos no número anterior podem sulas acessórias, desde que estas não sejam, em si mesmas,
ser exercidos, consoante os casos, mediante reclamação contrárias à lei ou ao fim prosseguido pelo acto, nem violem
ou recurso para ó1gão com competência para o efeito, caso o princípio da proporcionalidade.
exista.
ARTIGO 190.º
3. A impugnação administrativa de regulamento segue a (Forma dos actos)
tramitação de impugnação de acto administrativo nos tennos
1. Os actos achninistrativos devem ser praticados por
gerais e do presente Código.
escrito, desde que outra fonna não seja prevista por lei ou
CAPÍTULO II imposta pela natureza e circunstâncias do acto.
Acto Administrativo 2. Quando achnitidos por lei, os actos achninistrativos
SECÇÃO I podem ser orais ou digitais.
Conceito de ActoAdministrativo 3. A fonna escrita só é obrigatória para os actos dos
ARTIGO 187.º
órgãos colegiais quando a lei expressamente a detenninar,
(Acto administrativo) mas esses actos, quando praticados oralmente ou mediante
1. Para os efeitos do presente Código, consideram votação, devem ser sempre consignados em acta, sem o que
-se Actos Administrativos todas as decisões dos Órgãos da não produzem quaisquer efeitos.
Administração Pública que ao abrigo de nonnas de direito ARTIGO 191.º
público visem produzir efeitos jurídicos numa situação indi (Menções obrigatórias)
vidual e concreta. 1. Sem prejuízo de outras referências exigidas por
2. As entidades privadas desde que devidamente legitima lei especial, devem sempre constar do acto as menções
das podem praticar actos achninistrativos sujeitos ao regime
seguintes:
do presente Código, na prossecução do interesse público.
a) Indicação da autoridade que o praticou e referência
3. Todos os actos jurídicos praticados por Órgãos
Administrativos que não caibam no conceito definido no à delegação ou subdelegação de poderes, quando
número anterior são genericamente designados como actos existam;
da Achninistração Pública. b) Identificação adequada do destinatário ou destina
SECÇÃO II tários;
Da Validade do Acto Administrativo e) Enunciação dos factos ou actos que tenham dado
ARTIGO 188.º origem à prática do acto, quando relevantes;
(Sujeitos, conteúdo, objecto e fim do acto administrativo) d) Fundamentação da decisão tomada;
1. Os sujeitos do acto administrativo são o órgão ou e) Conteúdo ou sentido da decisão e respectivo
Órgãos Achninistrativos competentes para decidir e o desti objecto;
natário ou destinatários da decisão. j) Data em que o acto é praticado e, se for caso disso,
2. O conteúdo do acto achninistrativo é fonnado pela momento do início da sua eficácia;
substância da decisão, delimitada à luz dos seus funda g) Assinatura do autor do acto do Secretário ou do
mentos expressos, caso existam, bem como pelas cláusulas
Presidente do Ó1gão Colegial de que emane.
acessórias eventualmente incluídas na decisão.
2. Todas as menções exigidas no número anterior devem
3. O objecto do acto administrativo é composto pelas
situações jurídicas, prestações ou actividades, bens ou ser ser enunciadas de fonna clara, precisa e completa, de modo
viços, e quantias a pagar ou a receber, a que o conteúdo do a ser possível detenninar inequivocamente o sentido e
acto se refere. alcance de cada uma, bem como os efeitos jurídicos do acto
4 . O fim do acto administrativo consiste no objectivo ou administrativo.
objectivos que a lei definir para cada tipo de acto em função ARTIGO 192.º
do interesse ou interesses públicos a prosseguir e dos direi- (Dever de fundamentação)
tos e interesses legalmente protegidos dos pa1ticulares. 1. Para além dos casos em que a lei especialmente o
5. Quando do acto achninistrativo resultem, directa ou exija, devem ser fundamentados os actos achninistrativos
indirectamente, vantagens jurídicas, pecuniárias ou outras que, total ou parcialmente:
para os pa1ticulares, a validade do acto depende sempre,
a) Neguem, extingam, restrinjam ou afectem por
além do cumprimento integral dos requisitos legais, da
qualquer modo direitos ou interesses legalmente
prova de que o motivo principahnente detenninante da prá
tica do acto foi o fim de interesse público definido por lei. protegidos, ou imponham ou agravem deveres,
enca1gos, sujeições ou sanções;
ARTIGO 189.º
(Cláusulas acessórias) b) Decidam reclamação ou recurso achninistrativo;
Além das suas cláusulas principais, e salvo quando a lei e) Decidam em contrário da pretensão ou oposição
ou a natureza do acto o impeçam, os actos achninistrativos fonnulada por interessado, ou de parecer, infor
podem ser sujeitos à condição, tenno, modo ou outras cláu- mação ou proposta oficial;
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6247
e) Impliquem revogação, suspensão ou modificação 1. O acto achninistrativo produz os seus efeitos desde a
de acto administrativo anterior. data em que for praticado, salvo nos casos em que a lei ou o
2. Salvo disposição da lei em contrário, não carecem de próprio acto lhe atribuam eficácia retroactiva ou diferida ou
ser flUldamentados os actos de homologação de deliberações condicionada.
tomadas por jw'is, actos sujeitos a homologação, aprovação 2. O acto achninistrativo considera-se praticado logo que
ou ratificação, bem como as ordens dadas pelos superiores estejam preenchidos os seus elementos.
hierárquicos aos seus subaltemos em matéria de se1viço e ARTIGO 196.º
(Eficácia retroactiva)
sob a fonna legal.
ARTIGO 193.º
1. Têm sempre eficácia retroactiva os actos achninis
(Requisitos da fm1damentação devida) trativos:
a) Que se limitem a interpretar actos anteriores;
1. A flUldamentação deve ser expressa, através de sucinta
b) Que deem execução a decisões dos tribunais anula
exposição dos flUldamentos de facto e de direito da decisão,
tórias de actos achninistrativos, salvo tratando-se
não podendo consistir em mera declaração de concordância
de actos renováveis;
com os flUldamentos de pareceres, infonnações ou propos
e) Que por lei tenham efeitos retroactivos.
tas respeitantes ao caso a decidir, os quais constituem pa1te
2. Fora dos casos refe1idos no número anterior, o autor do
integrante do respectivo acto.
acto achninistrativo só pode atribuir-lhe eficácia retroactiva:
2. Equivale à falta de flUldamentação a adopção de
a) Quando a retroactividade seja favorável aos
fundamentos que, por obscuridade, contradição ou insufi
interessados e não lese direitos ou interesses
ciência, não esclarecem concretamente a motivação do acto.
legalmente protegidos de terceiros, desde que à
3. Na resolução de asslUltos da mesma natureza, pode
data a que se pretende fazer remontar a eficácia
utilizar-se qualquer meio mecânico que reproduza os flUlda
do acto já existissem os pressupostos justificati
mentos das decisões, desde que tal não envolva diminuição
vos da retroactividade;
das garantias dos interessados.
b) Quando se trate de decisões revogatórias ou modi
ARTIGO 194.º ficativas de actos administrativos a tomar pelo
(Fundamentação de actos orais)
órgão, funcionário ou agente que os tenha pra
1. Todos os actos achninistrativos orais, incluindo os ticado, na sequência de reclamação ou recurso
resultantes de votação em órgão colegial, devem ser flUlda achninistrativo;
mentados nos tennos do presente Código, salvo se se tratar e) Quando a lei o pennitir e o ó1gão competente, em
de eleição de alguém para ca1gos ou tarefas dentro da pessoa decisão devidamente flUldamentada, optar por
colectiva pública em causa. atribuir ao acto eficácia retroactiva.
2. Se a deliberação tomada consistir na aprovação de 3. Os actos achninistrativos que restringem direitos e
proposta ou projecto devidamente fundamentados, consi liberdades ou garantias constitucionais nlUlca têm efeitos
dera-se aquela motivada pelos flUldamentos constantes da retroactivos.
proposta ou do projecto, salvo deliberação em contrário do 4. Independentemente do motivo que flUldamenta a apli
ó1gão que tiver deliberado. cação do efeito retroactivo, o órgão, flUlcionário ou agente
3. Na hipótese do nwnero anterior, bem como se não administrativo pode reconfigurar os efeitos retroactivos do
tiver havido proposta ou projecto flUldamentados, cabe ao acto achninistrativo, com flUldamento no interesse púbico e
Presidente do Ó1gão Colegial inte1pretar o sentido da delibe na segurança jurídica.
ração tomada e reduzir a escrito os respectivos fundamentos. ARTIGO 197.º
4 . A flUldamentação dos actos administrativos orais, que (Eficácia diferida)
coJTespondam a alguma das categorias estabelecidas no n.º 1 O acto achninistrativo tem eficácia diferida:
do a1tigo 138.º, mas que por algum motivo não conste de a) Quando estiver sujeito a aprovação, homologação
acto, deve ser reduzida a escrito, a requerimento do inte ou ratificação;
ressado, e logo comlUlicada integralmente ao requerente no b) Quando os seus efeitos ficarem dependentes de
prazo de 1 O (dez) dias, através da expedição de oficio sob condição ou tenno suspensivos;
registo do coJTeio ou de entrega de notificação pessoal, a e) Quando a produção dos seus efeitos, pela natureza
cumprir no mesmo prazo. do acto ou por disposição legal, depender da
5. O não exercício, pelos interessados, da faculdade verificação ulterior de qualquer requisito que
confe1ida pelo nwnero anterior não prejudica os efeitos da não respeite à validade do próprio acto, mas à
eventual falta de fundamentação do acto. sua eficácia.
6248 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ARTIGO 200.º
dade, com prete1ição total do procedimento ou
(Eficácia dos actos constitutivos de deveres ou encargos) fonna legalmente exigido susceptível de colocar
1. Os actos de que resulte a imposição de deveres, encar em causa a verdade material, a imparcialidade
gos, sujeições ou sanções aos seus destinatários, se não ou o direito de pa1ticipação e defesa dos par
estiverem por lei sujeitos a publicação obrigatória, começam ticulares e interessados.
a produzir efeitos a pa1tir da sua notificação aos interessados, ARTIGO 202.º
ou de outra fonna de conhecimento oficial pelos mesmos, ou (Regime da nulidade)
do começo da execução do acto. 1.0 acto nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos,
2. Presume-se o conhecimento oficial do acto sem independentemente de haver ou não declaração da sua nuli
pre que o interessado tenha inte1vindo no Procedimento dade, ou do momento dessa declaração.
Administrativo e aí tenha revelado conhecer o conteúdo do 2. A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer
acto na sua versão definitiva. interessado e pode ser declarada, também a todo o tempo,
3. Para os fins do n.º 1, só se considera começo de por qualquer Órgão Achninistrativo ou por qualquer tJibl.Ulal,
execução do acto o início da produção de quaisquer efeitos desde que legalmente competentes em razão da hierarquia,
que atinjam os seus destinatários. da matéria ou do teffitório.
SECÇÃO IV 3. O disposto nos números anteriores não prejudica
Invalidade do Acto Administrativo a possibilidade de atJ·ibuição de ce1tos efeitos jurídicos a
ARTIGO 201.º situações de facto decoffentes de actos nulos, por força do
(Actos nulos) simples decurso do tempo, de hannonia com os princípios
1. São nulos os actos a que falte qualquer dos seus gerais de direito.
elementos essenciais ou para os quais a lei comine expressa ARTIGO 203.º
mente essa fonna de invalidade. (Actos anuláveis)
2. São, designadamente, actos nulos: São anuláveis os actos achninistJativos praticados com
a) Os actos emanados por pessoa colectiva ou ó1gão ofensa dos princípios ou nonnas jurídicas aplicáveis, qual
manifestamente incompetente em razão da quer que seja o vício em que se tJ·aduza a ofensa se, para
matéria ou do te11'itório; esta, o presente Código ou lei especial não detenninar san
b) Os actos viciados de usmpação ou de desvio de ção mais grave ou mera iffegularidade.
poder, se, neste último caso, não tiver sido pros ARTIGO 204 °
seguido nenhum do interesse público definidos (Regime da anulabilidade)
por lei; 1. O acto anulável pode ser anulado com fundamento na
e) Os actos estranhos às atribuições dos órgãos ou sua ilegalidade nos tennos do artigo 220.º e seguintes.
das pessoas colectivas referidas no a1tigo 2. do 0
2. O acto anulável é susceptível de impugnação perante
presente Código a que o seu autor pe1tença; os tJ·ibl.Ulais competentes, nos tennos gerais e da Legislação
d) Os actos praticados por órgãos deliberativos ou do Contencioso AdministJ·ativo.
executivos em matéria rese1vada à competência 3. O acto anulável é juridicamente eficaz até ser anulado
de órgãos de natureza jurisdicional ou discipli administJ·ativa ou contenciosamente ou suspenso por deci
nar; são achninistJ·ativa ou providência cautelar adequada.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6249
dos quais, num ou noutro caso não poderiam ser sição especial em contrário, o próprio acto de revogação
praticados. expressamente o detenninai:
3. Para efeitos do presente Código, consideram-se cons ARTIGO 218.º
titutivos de direitos os actos que atribuem ou reconhecem (Regime aplicável à anulação)
situações jurídicas de vantagem ou eliminam ou limitem 1. Os actos achninistrativos podem ser objecto de anu
deveres, ânus, enca1gos ou sujeições, salvo quando a sua lação achninistrativa no prazo de 6 (seis) meses, a contar da
precaridade deco1rn da lei ou da natureza do acto. data do conhecimento pelo ó1gão competente da causa de
ARTIGO 213.º invalidade, ou, nos casos de invalidade resultante de e1rn do
(Competência para a revogação) agente, desde o momento da cessação do e1rn, em qualquer
1. Salvo disposição especial, são competentes para a dos casos desde que não tenham deconido 5 (cinco) anos, a
revogação dos actos achninistrativos, além dos seus auto contar da respectiva emissão.
res, os respectivos superiores hierárquicos, desde que não se 2. Salvo nos casos previstos nos números seguintes, os
trate de acto da competência exclusiva do subalterno. actos constitutivos de direitos só podem ser objecto de anu
2. Os actos achninistrativos praticados por delegação ou lação administrativa dentro do prazo de um ano, a contar da
subdelegação de competências podem ser revogados pelo data da respectiva emissão.
ó1gão delegante ou subdelegante, bem como pelo dele 3. Quando o acto tenha sido objecto de impugnação
gado ou subdelegado, enquanto vigorar a delegação ou jurisdicional, a anulação administrativa só pode ter lugar até
subdelegação. ao ence1rnmento da discussão.
3. Os actos administrativos praticados por ó1gãos de 4. Os actos constitutivos de direitos podem ser objecto de
entidades sujeitas às tutelas administrativas só podem ser anulação administrativa no prazo de 5 (cinco) anos, a contar
revogados pelos órgãos tutelares com flUldamento em ile da data da respectiva emissão, nas seguintes circlUlstâncias:
galidade manifesta ou, faltando esta, nos casos em que a lei a) Quando o respectivo beneficiário tenha utilizado
expressamente pennita a revogação tutelai: a1tificio fraudulento com vista à obtenção da sua
ARTIGO 214.º prática;
(Forma dos actos de revogação) b) Apenas com eficácia para o futuro, quando se trate
1. O acto de revogação, salvo disposição especial, deve de actos constitutivos de direitos à obtenção de
revestir a fonna legalmente prescrita para o acto revogado. prestações periódicas, no âmbito de uma relação
2. O acto de revogação deve revestir a mesma fonna que continuada;
tiver sido utilizada na prática do acto revogado quando a lei e) Quando se trate de actos constitutivos de direitos
não estabelecer fonna alguma para este, ou quando o acto de conteúdo peclUliário cuja legalidade, nos ter
revogado tiver revestido fonna mais solene do que a legal mos da legislação aplicável, possa ser objecto de
mente prevista. fiscalização administrativa para além do prazo
ARTIGO 215. 0 de 1 (um) ano, com imposição do dever de res
(Formalidades a observar na revogação)
tituição das quantias indevidamente auferidas.
São de obse1var na revogação dos actos achninistrativos 5. Quando, nos casos previstos nos n."' 1 e 4, o acto se
as fonnalidades exigidas para a prática do acto revogado, tenha tomado inimpugnável por via jurisdicional, o mesmo
nomeadamente a audiência prévia do interessado, salvo nos só pode ser objecto de anulação achninistrativa oficiosa.
casos em que a lei dispuser de fonna diferente. 6. A anulação administrativa de actos constitutivos de
ARTIGO 216.º direitos constitui os beneficiários que desconhecessem sem
(Eficácia da revogação) culpa a existência da invalidade e tenham auferido, tirado
1. A revogação dos actos achninistrativos apenas produz pa1tido ou feito uso da posição de vantagem em que o acto
efeitos para o futuro, salvo o disposto nos números seguintes. os colocava, no direito de serem indemnizados pelos danos
2. A revogação tem efeito retroactivo quando se flUlda anonnais que sofram em consequência da anulação.
mente na invalidade do acto revogado. ARTIGO 219.º
3. O autor da revogação pode, no próprio acto, atribuir (Procedimento)
-lhe efeito retroactivo nos casos seguintes: 1. À anulação dos actos administrativos aplica-se o
a) Quando ele seja favorável aos interessados; regime previsto para a revogação.
b) Quando os interessados tenham concordado 2. Salvo o disposto no número anterior, os actos adminis
expressamente com a retroactividade dos efeitos trativos podem ser objecto de anulação administrativa pelo
e estes não respeitem a direitos ou interesses órgão que os praticou e pelo respectivo superior hierárquico.
indisponíveis. ARTIGO 220.º
ARTIGO 217.º (Alteração e substituição dos actos administrativos)
(Efeitos repristinatórios da revogação) 1. Na falta de disposição especial, são aplicáveis à alte
A revogação de um acto revogatório só produz efeitos ração e à substituição dos actos achninistrativos as nonnas
repristinatórios se a lei o pennitir ou se, na falta de dispo- reguladoras da revogação.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6251
direitos e interesses legalmente protegidos, a renovação 1. Os actos achninistrativos são obrigatórios logo que
não prejudica a possibilidade de anulação dos efeitos lesi sejam eficazes, enquanto o forem, e podem ser, coerciva
vos produzidos durante o período de tempo que precedeu a mente executados, para satisfação de obrigações pectU1iá1ias,
substituição do acto. entrega de coisa ceita, prestação de factos ou ainda do res
ARTIGO 221.º peito por acções ou omissões em cumprimento de limitações
(Rectificação dos actos administrativos) impostas por actos administrativos, nos tennos previstos no
1. Os etTos de cálculo e os etTos materiais na expressão presente Código.
da vontade do Ó1gão Administrativo, quando manifestos, 2. Se o destinatário ou destinatários de um acto adminis
podem ser rectificados, a todo o tempo, pelos ó1gãos com trativo não o acatarem por inteiro, e dentro do prazo fixado
petentes para a revogação do acto, tendo a notificação, nesse para o efeito, o acto toma-se legalmente executório, salvo o
caso, eficácia retroactiva. disposto no a1tigo seguinte.
2. Se os eiros constantes de acto achninistrativo não ARTIGO 226.º
forem dos tipos referidos no número anterior, ou não forem (Actos não executórios)
manifestos, a revogação do acto só é possível nos te1mos 1. Não são executórios:
gerais estabelecidos no presente Código para a revogação de a) Os actos cuja eficácia esteja ou seja suspensa;
actos achninistrativos. b) Os actos de que tenham sido interpostos recla
3. A rectificação pode ter lugar oficiosamente ou a pedido mação ou recurso achninistrativo com efeito
dos interessados, devendo ser feita sob a fonna e com a suspensivo;
publicidade usadas para a prática do acto rectificado. e) Os actos sujeitos à aprovação, homologação ou
SECÇÃO VI ratificação;
Execução do Acto Administrativo d) Os actos confinnativos de actos executórios, salvo
ARTIGO 222.º se o acto confinnado ainda não tiver sido aca
(Garantias das partes na execução) tado ou executado coercivamente.
1. Durante a execução dos actos administrativos, os 2. A eficácia dos actos administrativos pode ser suspensa
direitos dos pa1ticulares devem ser respeitados, valendo pelos ó1gãos competentes para a sua revogação e pelos
com efeito o disposto sobre as garantias nos Procedimentos órgãos tutelares a quem a lei conceda esse poder, bem como
Administrativos declarativos e demais exigências sobre a pelos Ó1gãos do Contencioso Achninistrativo, nos tennos do
matéria. contencioso achninistrativo.
2. Os executados podem impugnar achninistrativa e con ARTIGO 227.º
tenciosamente o acto exequendo e, por vícios próprios, a (Legalidade da execução)
decisão de proceder à execução achninistrativa ou outros 1. Salvo em estado de necessidade, os Órgãos da
actos achninistrativos praticados no âmbito do procedimento Achninistração Pública não podem praticar nenhum acto ou
de execução, assim como requerer a suspensão contenciosa operação material de que resulte limitação de direitos sub
dos respectivos efeitos. jectivos ou interesses legahnente protegidos dos pa1ticulares
ARTIGO 223.º sem terem praticado previamente o acto achninistrativo que
(Executoriedade) legitime tal actuação, indique o fl.Uldamento de proceder à
1. Sempre que pennitida por lei, a Achninistração Pública execução achninistrativa e na qual o órgão competente deter
pode impor coercivamente, sem recurso prévio aos tribunais, mine o conteúdo e tennos da execução.
o cumprimento das obrigações e o respeito pelas limitações 2. Na execução dos actos administrativos, deve ser res
geradas por um acto achninistrativo. peitado o princípio da proporcionalidade, designadamente,
2. A execução prevista número anterior deve ser feita nas na medida do possível, ser utilizados os métodos e fonnas
fonnas e tennos achnitidos por lei ou regulamento. que, garantindo a realização integral dos objectivos do acto,
3. A execução prevista neste a1tigo é feita sem prejuízo envolvam menor prejuízo para os direitos e interesses legal
dos casos de necessidade achninistrativa. mente protegidos dos pa1ticulares.
4 . A execução de decisão achninistrativa fora dos tennos 3. Os interessados podem impugnar achninistrativa e
previstos em lei ou regulamento configura crime de abuso contenciosamente os actos e operações de execução que
de podei: excedam os limites do acto exequendo e, por vícios pró-
6252 DIÁRIO DA REPÚBLICA
prios, a decisão de proceder à execução achninistrativa ou deve aquele promover contra o faltoso o devido processo
outros actos achninistrativos praticados no âmbito do proce de execução fiscal, nos tennos do Código de Processo
dimento da execução. Tributário.
4 . São também susceptíveis de impugnação contenciosa 4. Nos tennos estabelecidos no número ante1ior, o órgão
os actos e fonna de execução arguidos de ilegalidade, desde administrativo competente emitirá nos tennos legais uma
que esta não seja mera consequência da ilegalidade do acto ce1tidão, com valor de título executivo, que remete, jlUlta
exequendo. mente com o processo achninistrativo, à repa1tição de fiscal
5. A coacção directa sobre indivíduos, quando pennitida do domicílio ou sede do devedor.
por lei, deve obse1var o respeito dos direitos flUldamentais e 5. Sem prejuízo da aplicabilidade das garantais na Lei
a dignidade da pessoa humana. Processual Tributária, durante a tramitação dos procedi
mentos de execução de obrigações para o pagamento de
ARTIGO 228.º
(Meios coercivos utilizáveis) quantia ceita não são admitidos embargos, achninistrativos
ou judiciais, em relação à execução coerciva de actos admi
1. O ó1gão competente para ordenar a execução coerciva
nistrativos, sem prejuízo do disposto na lei em matéria de
de um acto achninistrativo só pode utilizar, se actuar sozi
suspensão da eficácia desse tipo de acto.
nho, os meios coercivos que a lei puser à sua disposição, tais
como funcionários do se1viço, viaturas de transpo1te de pas ARTIGO 231.°
(Execução para entrega de coisa certa)
sageiros ou mercadorias, tractores, <<lndldozers», máquinas
eléctricas e objectos semelhantes, que façam pa1te do equi Se o obrigado não fizer a entrega da coisa que a
pamento nonnal do se1viço para o desempenho regular das Achninistração Pública deveria receber, o ó1gão competente
procede às diligências que forem necessárias para tomar
suas funções.
posse achninistrativa da coisa devida, nos tennos da Lei
2. Se os meios referidos no número anterior não existi
sobre Expropriação por Utilidade Pública.
rem sob a autoridade do ó1gão competente, ou se não forem
por si sós suficientes, a execução coerciva dos actos achni ARTIGO 232.º
(Execução para prestação de facto)
nistrativos é feita, mediante requisição, pela força policial
mais próxima ou mais adequada para o efeito, com toda a 1. No caso de execução para prestação de facto, a
colaboração possível dos se1viços dependentes do ó1gão Achninistração Pública notifica o obrigado para que proceda
à prática do acto devido, fixando um prazo razoável para o
competente para ordenar a execução.
seu cumprimento.
ARTIGO 229.º
(Notificação da execução)
2. Se o obrigado não cumprir dentro do prazo fixado e
a prestação de facto for fungível, a Administração Pública
1. A decisão de proceder à execução coerciva por via
opta por realizar a execução directamente ou por intennédio
achninistrativa é sempre notificada ao seu destinatário antes de terceiro, ficando neste caso todas as despesas, incluindo
de se iniciar a execução. indemnizações e sanções peclUliárias, por conta do obrigado
2. O órgão achninistrativo pode fazer a notificação da e se este as não pagar, segue-se o disposto nos n."' 3 e 4 do
execução conjlll1tamente com a notificação do acto lhe silva a1tigo seguinte.
de base. 3. As obrigações positivas de prestação de facto inflll1-
ARTIGO 230.º gível só podem ser objecto de coacçõo directa sobre os
(Execução para pagamento de quantia certa) indivíduos obrigados, nos casos expressamente previstos
1. Quando, por força de um acto achninistrativo, na lei, e sempre com plena obse1vância dos direitos funda
devem ser pagos a uma pessoa colectiva pública, ou por mentais consagrados na Constituição e do respeito devido à
ordem desta, montantes peclUliários, segue-se, na falta de dignidade da pessoa humana.
pagamento voluntário no prazo fixado, o Procedimento ARTIGO 233.º
Administrativo estabelecido no n.º 2 ou o processo judicial (Tutela executiva dos particulares)
previsto nos n."' 3 e 4. 1. A Administração Pública tem o dever legal de, espon
2. No caso de falta de pagamento voluntário e se as obri taneamente, no prazo de sessenta dias a contar da data da
gações do pa1ticular forem fungíveis, o ó1gão competente notificação, executar as suas próprias decisões favoráveis
para a execução decide, em despacho fundamentado, se pre aos pa1ticulares.
tende optar por realizar directamente os actos de execução 2. Para efeitos do disposto no número anterior, os par
ou por encaffegar terceiro de os praticar, ficando todas as ticulares têm o direito de, mediante requerimento a dirigir
despesas, incluindo indemnizações e sanções peclUliárias, ao superior hierárquico do ó1gão que praticou o acto, exigir
por conta do obrigado. da Achninistração Pública:
3. Se o órgão competente para a execução afastar a) Prestações de facto, de coisas ou de quantias em
qualquer das possibilidades facultadas pelo n.º 2, ou se o dinheiro;
pa1ticular não pagar no prazo legal todas as despesas a que b) Praticar actos dotados de eficácia retroactiva,
esteja obrigado em consequência do pagamento por terceiro, desde que estes actos não envolvam a imposição
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6253
de deveres, a aplicação de sanções ou a restrição b) Actos dotados de eficácia retroactiva, desde que
de direitos ou interesses legahnente protegidos; estes actos não envolvam a imposição de deve
e) Remover, refonnar ou substituir actos jmidicos res, a aplicação de sanções ou a restrição de
e alterar situações de facto constituídas na direitos ou interesses legalmente protegidos;
pendência do processo, cuja manutenção seja e) Remover, refonnar ou substituir actos jurídicos
incompatível com os efeitos da anulação. e alterar situações de facto constituídas na
3. As decisões que obriguem a Achninistração Pública pendência do processo, cuja manutenção seja
ao pagamento de quantia ceita devem ser espontaneamente incompatível com os efeitos da anulação.
cumpridas através do pagamento da quantia devida, que SECÇÃO VII
coJTe por conta do orçamento da entidade pública que pro Reclamação e Recm·so Administrativo
feriu a decisão. SUBSECÇÃ O !
4 . A anulação ou a declaração de nulidade de acto achni Generalidades
nistrativo constitui a Administração Pública no dever de
ARTIGO 235.0
reconstituir a situação que existiria se o acto não tivesse (Princípio geral)
sido praticado, assim como de dar cumprimento aos deveres
1. Os interessados têm o direito de solicitar a revoga
que não tenha cumprido com flUldamento no acto entretanto ção, suspensão ou modificação de actos achninistrativos
anulado, por referência à situação jurídica e de facto exis que os afectem, bem como reagir contra omissão ilegal, em
tente no momento em que deveria ter actuado. violação do dever de decidir solicitando a prática do acto
5. Os pa1ticulares têm o direito de, nos tennos da pretendido nos tennos do presente Código.
Legislação sobre Contencioso Achninistrativo, promover a 2. O direito conferido no número anterior pode ser exer
execução judicial contra a Administração Pública. cido, consoante os casos:
ARTIGO 234.º a) Mediante reclamação para o autor do acto;
(Dever de execução por parte da administração de decisões judiciais)
b) Mediante recurso para o superior hierárquico do
1. Salvo reconhecimento judicial da ocoJTência de causa autor do acto, para o órgão colegial de que este
legítima de suspensão ou inexecução, segundo o disposto no seja membro, ou para o respectivo delegante ou
Código do Processo do Contencioso Achninistrativo, as deci subdelegante;
sões proferidas pelos Órgãos do Contencioso Administrativo e) Mediante recurso para o órgão que exerce poderes
devem ser espontaneamente cumpridas pela Achninistração de tutela ou de superintendência sobre o autor
Pública no prazo de 60 (sessenta) dias, contado desde o trân do acto.
sito em julgado da decisão judicial, ou, no caso de decisões
ARTIGO 236.º
objecto de recurso, com efeito meramente devolutivo, da (Natm·eza e fm1damentos da impugnação)
notificação da atribuição desse efeito ao recurso. 1. As reclamações e os recursos têm carácter facultativo.
2. As decisões que condenem a Achninistração Pública 2. Salvo disposição em contrário, as reclamações e os
ao pagamento de quantia ceita devem ser, no prazo de 60 recursos achninistrativos podem ter por flUldamento a ilega
(sessenta) dias, a contar do trânsito em julgado da decisão, lidade, a inconveniência ou a injustiça do acto achninistrativo
espontaneamente cumpridas através do pagamento da quan impugnado.
tia devida, que coffe por conta do orçamento da entidade 3. A inconveniência do acto só pode ser alegada, e even
pública contra a qual foi proferida a condenação. tualmente decidida, à luz do dever de boa administração, e
3. Sem prejuízo do eventual poder de praticar novo acto sempre com fundamento em razões de interesse público.
achninistrativo de idêntico conteúdo, no respeito pelos limi 4. Quando os sacrifícios impostos pelo acto adminis
tes ditados pela autoridade do caso julgado, a anulação ou trativo prejudiquem, de fonna grave e iITeversível, sem
a declaração de nulidade de acto achninistrativo constitui a habilitação legal específica, os direitos ou interesses legal
Administração Pública no dever de reconstituir a situação mente protegidos dos interessados, estes podem pedir a
que existiria se o acto não tivesse sido praticado, assim como revogação total ou parcial do acto e se, porém, se alegar a
de dar cumprimento aos deveres que não tenha cumprido violação do princípio da proporcionalidade, o pedido a for
com fundamento no acto, entretanto anulado, por referência mular é, em regra, o da alteração ou substituição do acto
à situação jurídica e de facto existente no momento em que impugnado.
deveria ter actuado. ARTIGO 237.º
4 . Para efeitos do disposto no número ante1ior, os par (Legitimid ade)
ticulares têm, no prazo de 60 (sessenta) dias, após o trânsito 1. Têm legitimidade para reclamar ou para interpor
em julgado da decisão judicial, mediante requerimento a recurso administrativo os titulares de direitos subjectivos ou
diligir ao superior hierárquico do ó1gão que praticou o acto, interesses legalmente protegidos que se considerem directa
exigir: mente lesados pelo acto administrativo ou pela sua omissão.
a) Prestações de facto, de coisas ou de quantias em 2. É aplicável à reclamação e aos recursos administra
dinheiro; tivos o disposto nos a1tigos 88.º e 89.º do presente Código.
6254 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. A impugnação de actos praticados ao abrigo de 3. Para efeitos do número ante1ior, o autor do acto recor
uma delegação de poderes, deve ser apresentada ao ó1gão rido não pode modificar ou substituir o acto reco11'ido em
delegante antes de ser impugnada judicialmente, indepen sentido desfavorável ao recoirente.
dentemente da relação entre delegante e delegado. 4 . O ó1gão responsável pelo incump1imento do dever de
4 . O requerimento de inte1posição do recurso tanto pode decisão pode praticar o acto ilegahnente omitido na pendência
ser apresentado ao autor do acto ou da omissão como à auto do recurso hierárquico, disso dando conhecimento ao ó1gão com
ridade a quem seja dirigido, devendo, no primeiro caso, petente e os contra-interessados que hajam dechlzido oposição.
o autor do acto emitir a sua infonnação sobre o pedido e 5. No caso refe1ido no número anterior, o recoffente ou
enviá-lo, no prazo de quinze dias, ao superior hierárquico os contra-interessados podem requerer que o recurso pros
competente, notificando da remessa o recoffente. siga contra o acto praticado, com a faculdade de alegação de
novos fundamentos e da junção de elementos de prova que
ARTIGO 246.º
julgar pe1tinentes.
(Efeitos)
6. O requerimento previsto no número anterior deve ser
1. O recurso hierárquico necessário suspende os efeitos apresentado no prazo previsto para interposição do recurso
do acto reco11'ido, salvo quando a lei disponha o contrário hierárquico contra o acto praticado.
ou quando o autor do acto considere que a sua não execução
ARTIGO 249.º
imediata causa grave prejuízo ao interesse público. (Rejeição liminar do recurso)
2. O órgão competente para apreciar o recurso pode revo O recurso deve ser liminannente rejeitado nos casos
gar a decisão a que se refere o número anterior, ou tomá-la seguintes:
quando o autor do acto o não tenha feito. a) Quando haja sido interposto para órgão incompe
3. O recurso hierárquico facultativo não suspende os tente ou fora do prazo;
efeitos do acto reco11'ido, salvo nos casos em que a lei dis b) Quando o acto impugnado não seja susceptível de
ponha o contrário ou quando o autor do acto ou o ó1gão recurso;
competente para conhecer o recurso, oficiosamente ou a e) Quando o recoffente careça de legitimidade;
pedido do interessado, considere que a sua execução ime d) Quando ocoffa qualquer outra causa que nos ter
diata causa prejuízos ill'eparáveis ou de difícil reparação ao mos da lei obste ao conhecimento do recurso.
destinatário e a suspensão não cause maior gravidade para o ARTIGO 250.º
interesse público. (Decisão)
4 . A suspensão da execução pode ser pedida pelos inte 1. Salvas as excepções previstas na lei, o ó1gão com
ressados a qualquer momento, devendo a decisão ser tomada petente para conhecer do recurso pode, sem sujeição ao
no prazo de 5 (cinco) dias. pedido do recoffente, confümar ou revogar o acto reco11'ido,
5. O disposto nos números anteriores não prejudica podendo modificá-lo ou substituí-lo.
o pedido de suspensão da eficácia perante os Órgãos do 2. O ó1gão competente para conhecer do recurso não
Contencioso A chninistrativo. fica obrigado à pronúncia do autor do acto ou da omissão,
ARTIGO 247.º devendo sempre fundamentar a sua decisão.
(Notificação dos contra -interessados) 3. O órgão competente para decidir o recurso pode, se
Inte1posto o recurso, o autor do acto ou da omissão para for caso disso, anular, no todo ou em pa1te, o Procedimento
dele conhecer deve notificar aqueles que possam ser preju Achninistrativo e detenninar a prática ou a repetição dos
actos e fonnalidades legalmente devidos a pa1tir da primeira
dicados com a sua procedência para alegarem, no prazo de
fase ou sequência compreendida na anulação.
15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os
4. No caso de ter havido incumprimento do dever de
seus fundamentos.
decisão, o órgão competente para decidir o recurso pode
ARTIGO 248.º substituir-se ao órgão omisso na prática do acto, se a compe
(Intervenção do órgão recorrido)
tência não for exclusiva deste, ou ordenar a prática do acto
1. No mesmo prazo referido no a1tigo anterior, ou no ilegalmente omitido.
prazo de 30 (trinta) dias, quando houver contra-interessados, ARTIGO 251.º
deve o autor do acto reco11'ido ou da omissão pronunciar-se (Prazo para a decisão)
sobre o recurso e remetê-lo ao órgão competente para dele 1. Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierár
conhecer, notificando o recoffente da remessa do processo quico deve ser decidido no prazo de 30 (trinta) dias contados
achninistrativo. a pa1tir da remessa do processo ao ó1gão competente para
2. Quando os contra-interessados não hajam deduzido dele conhecer.
oposição e os elementos constantes do processo demons 2. O prazo referido no número anterior pode ser elevado,
trem suficientemente a procedência do recurso, pode o autor por despacho fundamentado, até ao máximo de 90 dias,
do acto reco11'ido revogar, modificar ou substituir o acto de quando haja lugar à retoma do procedimento na pa1te que
acordo com o pedido do recoffente, infonnando da sua deci tiver sido anulada, ou à realização de nova lnstmção ou de
são o órgão competente para conhecer do recurso. diligências complementares.
6256 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Ao recurso de supe1visão aplicam-se, com as devidas Tem legitimidade, para usar a garantia regulada na pre
adaptações, as regras previstas para a reclamação e recurso sente secção, qualquer pa1ticular no exercício do seu direito
hierárquico achninistrativos. de cidadania.
ARTIGO 255. 0 ARTIGO 263.º
(Natm·eza facultativa) (Tramitação)
A inte1posição do recurso de supe1visão tem a natureza 1. As pa1tes com legitimidade remetem à Administração
facultativa. Pública uma exposição devidamente fundamentada e pro
ARTIGO 256.º vando que esta pretende tomar uma decisão sobre uma
(Recurso tutelar)
dete1minada maté1ia.
O recurso tutelar tem por objecto actos achninistrativos 2. O requerimento pode ser remetido até antes da tomada
praticados por ó1gãos de pessoas colectivas públicas sujei da decisão.
tas à tutela. 3. Após a recepção do requerimento, a Administração
ARTIGO 257.º Pública deve publicar um edital sobre o objecto do processo
(Aplicação subsidiária)
e suas pa1tes.
São aplicáveis ao recurso tutelar as disposições regulado
ARTIGO 264.º
ras do recurso hierárquico, na pa1te em que não contrariem (Decisão)
a natureza própria daquele e o respeito devido à autonomia
da entidade tutelada. 1. Concluído o procedimento, a Administração Pública
pode tomar uma de três decisões:
ARTIGO 258.º
(Prazo de impugnação) a) Manter a sua pretensão;
O recurso tutelar deve ser inte1posto no prazo de b) Refo1mular o projecto;
30 (trinta) dias contados da data da notificação do acto e) Desistir do projecto.
objecto de recurso. 2. No caso da hipótese da alínea b), a Administração
ARTIGO 259.º Pública dará início a um Procedimento Achninistrativo con
(Prazo de decisão) ce1tado com os pa1ticulares envolvidos.
O recurso tutelar deve ser decidido no prazo de 5 (cinco) 3. Na hipótese da alínea a) do n.º 1 do presente a1tigo, a
dias contados da realização das últimas diligências. Achninistração Pública deve fundamentar a sua posição com
ARTIGO 260.º um estudo com o impacto e as vantagens da decisão a ser
(Admissibilidade) tomada.
1. O recurso tutelar só existe nos casos expressamente 4. Na hipótese da alínea a) do n.º 1 do presente a1tigo
previstos por lei e tem, salvo disposição em contrá1io, carác a pa1te, caso pretenda, deve aguardar que a decisão seja
ter facultativo. tomada para utilizar as garantias impugnatórias.
I SÉRIE-N.º 164- DE 30 DE AGOSTO DE 2022 6257
A actividade contratual da Administração Pública, Em tudo quanto não estiver expressamente regulado
enquanto fonna de actuação administrativa, encontra-se na Lei dos Contratos Públicos são aplicáveis aos contratos
vinculada aos princípios constitucionais e gerais da activi públicos os princípios gerais de direito achninistrativo.
dade administrativa.
CAPÍTULO IV
ARTIGO 267.º
Regulação de Outras Matérias
(Contratos procedimentais)
1. Pode, através de contrato, constituir-se, modificar-se SECÇÃO I
Actos Materiais
ou extinguir-se uma relação jurídica achninistrativa, salvo
quando, da lei, resultar o contrário. ARTIGO 275.0
2. As modalidades de contratos procedimentais são as (Conceito)
previstas nos a1tigos seguintes. Consideram-se Actos Materiais as actuações fisicas pra
ARTIGO 268.º ticadas pela Administração Pública, em seu nome ou por sua
(Contrato substitutivo de acto administrativo) conta, com o objectivo de modificar, manter ou extinguir
A autoridade achninistrativa, obrigada à prática de um uma situação de facto.
acto achninistrativo, pode celebrar um contrato com aquele ARTIGO 276.º
que de outro modo seria o destinatário do acto. (Âmbito)
ARTIGO 269.º As regras do presente capítulo são aplicáveis a todas as
(Contrato substitutivo do procedimento)
actuações da Administração Pública que não estão sujeitas a
1. No âmbito da discricionariedade procedimental, um regime específico, no quacko das várias fonnas de exer
o órgão competente para a decisão final e os interessados cício do poder administrativo.
podem, por escrito, acordar os tennos do procedimento.
ARTIGO 277. º
2. O contrato finnado nos tennos ante1iores substitui o (Exigência do procedimento)
Procedimento Administrativo.
1. A prática de actos materiais está sujeita ao princípio
ARTIGO 270.º
(Contrato de transacção)
da rese1va do procedimento, sendo por isso ilegais todas
as que tenham sido praticadas sem a obediência de um
Os litígios surgidos no âmbito do contrato administrativo
Procedimento Achninistrativo.
de transacção podem ser resolvidos através da celebração de
2. À prática de actos materiais aplica-se o regime do
contrato achninistrativo, se a auto1idade achninistrativa con
siderar que o recurso à transacção é o meio mais adequado Procedimento Achninistrativo estabelecido no presente
para pôr tenno ao desacordo. Código.
3. Os prazos aplicáveis aos procedimentos para a prática
ARTIGO 271. º
(Protecção de terceiros) de actos materiais diferem dos prazos gerais, devendo este
ser concluído em 15 dias.
1. Os contratos regulados na presente secção apenas pro
duzem efeitos inter-pa1tes, salvo se os terceiros afectados ARTIGO 278.º
(Impugnação autónoma dos actos materiais)
derem o seu consentimento nos tennos gerais.
2. Quando um contrato seja celebrado em vez de um acto 1. Independentemente da sua natureza, os actos materiais
achninistrativo para cuja prática é exigida a autorização, a da Achninistração Pública podem ser impugnados adminis
aprovação, a homologação ou o acordo de outra autoridade, trativa e judicialmente com fundamento na sua ilegalidade
o contrato só produz efeitos após esta última ter pa1ticipado ou na lesão dos direitos fundamentais dos pa1ticulares.
na fo1ma legalmente prescrita. 2. À impugnação achninistrativa aplicam-se as regras do
ARTIGO 272. º presente Código.
(Forma escrita) 3. À impugnação judicial aplicam-se as regras da impug
Salvo quando lei ou regulamento prescreverem de modo nação contenciosa dos actos achninistrativos até que seja
diferente, os contratos previstos nos números anteriores institucionalizado o meio próprio para impugnação judicial
devem ser reduzidos a escrito. dos actos materiais da Administração Pública.
6258 DIÁRIO DA REPÚBLICA