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PODER JUDICIÁRIO
COORDENADORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
1. GESTOR DO PROJETO1
Dr. Luís Antônio de Abreu Johnson - Juiz-Corregedor e Coordenador da Infância e
Juventude
3. APRESENTAÇÃO
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 13, §1 assegura que as
gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção
serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e
Juventude. Deste modo, a mulher que manifestar interesse em entregar seu filho em
adoção, mesmo estando no período gestacional, deverá receber o atendimento
humanizado, sigiloso e necessário para o prosseguimento ou não da entrega.
Outrossim, no ECA é preconizado, no artigo 4, a garantia de precedência de
atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, além da preferência na
formulação e na execução das políticas sociais públicas. Desta forma, cabe ao
profissional da rede intersetorial que procedeu ao referido atendimento, informar, de
imediato, ao Juizado da Infância e Juventude, bem como proceder com as
orientações para que a genitora procure espontaneamente o Judiciário, asseverando
que receberá o apoio necessário e não sofrerá nenhuma sanção pela decisão
tomada. Neste sentido, o presente projeto propõe um fluxo de atendimento,
considerando as principais portas de entrada desta demanda e suas implicações.
1 Na versão de criação do projeto a Gestora do Projeto à época: Andréa Rezende Russo - Juíza-
Corregedora e Coordenadora da Infância e Juventude.
2 Na versão de criação do projeto o responsável e apoio do Projeto eram: Marleci V. Hoffmeister –
Assistente Social – Dirigente do Núcleo de Projetos e Luiza Dias Corrêa – Estagiária de Serviço Social
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4. JUSTIFICATIVA
Diversos são os motivos que levam uma mulher a considerar a possibilidade
de entregar um filho à adoção: a situação de desemprego, de pobreza, a ausência do
apoio familiar, o medo do abandono, a insegurança, a falta do desejo de ser mãe,
entre outros, os quais não devem ser objeto de julgamento, mas sim de acolhimento
e orientação, incluindo encaminhamentos que possibilitem a garantia de direitos tanto
da mulher quanto da criança. A fim de assegurar a livre manifestação de vontade, o
acolhimento e a orientação quanto à possibilidade de sigilo são fundamentais.
Neste sentido, ações e projetos como o Entrega Responsável, além de ir ao
encontro do que está previsto no aparato legal, da mesma forma auxiliam como
medida preventiva. Quando a entrega espontânea de filhos à adoção não está bem
esclarecida ou é permeada de preconceitos e juízo de valor, pode haver ocorrência
de abandono de recém-nascidos em vias públicas ou entrega ilegal a pessoas sem
condições de lhes proporcionarem que suas necessidades básicas sejam
asseguradas.
Destarte, visando prevenir que situações de risco envolvendo as crianças
ocorram, tais como infanticídio, abandono de bebês ou adoções irregulares, o
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS) vem propor este projeto,
estabelecendo um fluxo de atendimento multidisciplinar e intersetorial entre todos os
órgãos da rede de atendimento. Portanto, as mulheres que manifestarem interesse
na entrega de seus filhos para a adoção devem receber o devido acolhimento,
atendimento e acompanhamento, com vistas a propiciar alternativas seguras e legais
para que estas crianças possam ter o direito à convivência familiar e comunitária
garantido, conforme previsto no ECA.
5. OBJETIVOS
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6. PÚBLICO ATENDIDO
Gestantes ou parturientes que manifestarem interesse em entregar o filho para
a adoção.
7. DETALHAMENTO DO FLUXO
3§ 1 As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
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Psicossocial) ou outro serviço de saúde mental de sua região. O Termo deverá ser
confeccionado em duas (2) vias, para cada local de encaminhamento, sendo que,
uma (1) via deverá ser inserida no processo e a outra destinada ao local de
atendimento.
Estando no período gestacional, a gestante receberá também o Termo de
Comunicação: Judiciário – Maternidade (Anexo IV), destinado à maternidade mais
próxima a sua residência, onde realizará o parto. O referido Termo deverá ser
confeccionado em duas (2) vias, sendo que, uma (1) via deverá ser inserida no
processo e a outra via ficará em posse da gestante para comunicar à maternidade,
na ocasião do parto, sobre sua intenção de entrega do bebê, evitando assim, a
exposição dos seus motivos para inúmeras pessoas.
Com o nascimento da criança, a equipe da maternidade deverá assegurar os
direitos previstos no art. 10 do ECA e noticiar o fato, enviando uma cópia do Termo
de Comunicação (Anexo IV), bem como fazer o encaminhamento da parturiente para
atendimento e/ou audiência no Juizado da Infância e Juventude, a fim de ser ouvida
pelo juiz e pelo Ministério Público e assistida pela Defensoria Pública, quando então,
deverá manifestar formalmente seu desejo de entrega. Após a genitora formalizar o
consentimento para adoção, tendo esta o prazo de 10 dias para exercer o
arrependimento5, o juiz poderá encaminhar a criança para adoção, respeitando a lista
de pretendentes à adoção do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA).
Nos casos em que for manifestada a intenção de entrega do bebê na ocasião
do parto, sem a realização de atendimento prévio da rede, a equipe da maternidade
deverá comunicar imediatamente o fato ao Juizado da infância e juventude da
Comarca de residência da genitora, onde será autuado o processo, cabendo ao juiz
determinar os atendimentos necessários antes do colhimento da manifestação de
consentimento da parturiente. Na ausência de atendimento prévio pelo judiciário, os
termos de encaminhamento da Rede de Atendimento, recebidos no juizado da
infância e juventude, servirão para autuar o processo de manifestação de
consentimento, em ambos os casos, deve o estabelecimento de saúde respeitar,
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Art.10 Resolução nº 485/CNJ-2023 - O consentimento é retratável até a data da realização da
audiência especificada no artigo anterior, e os genitores podem exercer o arrependimento no prazo de
10 (dez) dias, contado da data de prolação da sentença de extinção do poder familiar (art. 19-A, § 8º, e
art. 166, § 5º, ambos do ECA).
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caso seja solicitado pela pessoa parturiente, a vontade quanto a não ter contato com
o recém-nascido.
B) Hospital/Maternidade:
No momento em que a parturiente fizer a entrada no Hospital para a realização
do parto e manifestar intenção em entregar o filho em adoção, caberá ao profissional
efetuar a verificação do acompanhamento pelo Juizado da Infância e Juventude,
solicitando o Termo de Encaminhamento Judiciário – Maternidade (Anexo VI).
No caso de a parturiente ainda não ter sido atendida no Juizado da Infância e
Juventude de sua Comarca de residência ou por outros órgãos da rede de seu
Município, o profissional da área de saúde deverá informar ao Juizado da Infância e
Juventude de origem desta mulher, enviando documento constando os dados
coletados (identificação, endereço, contatos e data do provável parto), para a
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D) Conselho Tutelar:
Nos Conselhos Tutelares, a mulher que manifestar interesse em entregar seu
filho em adoção deverá ter um atendimento inicial pelo (a) conselheiro (a), em espaço
que resguarde sigilo, no qual deverão ser obtidos os dados necessários para os
devidos encaminhamentos à rede de atendimento de saúde e assistência social, bem
como ao Juizado da Infância e Juventude.
O encaminhamento para o Juizado da Infância e Juventude e serviços da
Rede de Atendimento, deverá ser realizado mediante termo próprio da instituição
contendo todos os dados de identificação, localização, contato e data provável do
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8. PARCEIROS
Hospitais, maternidades, Unidade de Saúde, Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS), Conselho Tutelar, Ministério Público e
Defensoria Pública.
9. CONTROLE E MONITORAMENTO
O projeto sofrerá avaliação e controle direto pela equipe técnica da
Coordenadoria da Infância e Juventude do RS, sujeito a alterações e a adaptações
na medida em que as necessidades se apresentarem. De igual forma, atendendo a
Resolução nº 485/2023-CNJ, visando avaliar a qualidade e possibilidades de
aprimoramento interinstitucional com enfoque pautado nos direitos tanto da criança
quanto dos genitores, o Formulário entregue para preenchimento em caso de
gestante ou parturiente (Anexo I e Anexo II) deverá ser anexado junto ao Google
Forms, disponível no link: https://forms.gle/BLskXYmna3XVnYgM7, devendo ainda,
ser o respectivo formulário preenchido antes do envio.
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10. FLUXOGRAMA
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11. ANEXOS
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ANEXO I
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ANEXO II
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ANEXO III
TERMO DE ENCAMINHAMENTO
JUDICIÁRIO – REDE6
___________________________________________
Servidor Responsável pelo Atendimento (Assinatura e Carimbo)
6 O presente Termo deverá ser confeccionado em duas vias, devendo uma seguir com a gestante/parturiente
para atendimento na rede socioassistencial e de saúde e a outra via deverá permanecer no processo.
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ANEXO IV
TERMO DE COMUNICAÇÃO
JUDICIÁRIO – MATERNIDADE 7
___________________________________________
Servidor Responsável pelo Atendimento (Assinatura e Carimbo)
7 O referido Termo deverá ser confeccionado em duas (2) vias, sendo que uma (1) ficará com a gestante para
entregá-la na maternidade, na ocasião do parto e a outra via deverá ser juntada no processo.
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OBS:
1. Atendimento humanizado e acolhedor, correspondente à situação peculiar em
que se encontra, evitando constrangimentos e resguardando-se o sigilo,
requisitando seja o juízo comunicado imediatamente quando de sua
internação.
2. Deve o estabelecimento de saúde, respeitar a vontade da paciente quanto a
não ter contato com o recém-nascido
3. É garantida a lavratura do registro de nascimento e emissão da respectiva
certidão, inclusive com a atribuição de nome e incluindo todos os dados
constantes na declaração de nascido vivo. Não tendo a genitora atribuído
nome à criança, o registro será feito com o prenome de algum de seus avós ou
de outro familiar da genitora biológica, conforme dados constantes do relatório
da equipe técnica.
4. O atendimento no Judiciário não implica na obrigação de entregar o filho em
adoção;
5. A entrega do filho em adoção, no Judiciário, não é crime;
6. Comparecer ao Judiciário com os documentos pessoais (RG e CPF) e
comprovante de residência;
7. Se a pessoa gestante ou parturiente já tiver sido atendida no Judiciário,
informar o número do processo judicial;
8. Entregar uma via para a pessoa gestante ou parturiente e a outra via deverá
ser encaminhada para o serviço da rede (saúde, socioassistencial). A via que
será encaminhada deverá ser envelopada e lacrada, aos cuidados de
profissional da área técnica que dará continuidade ao atendimento.
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